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DAVID SOSKICE – OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2006
2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios
Primeiro, se vamos entender porque os governos e os bancos centras adotaram
as regras monetárias, é útil ter um entendimento do enfoque LM como
referência. Além do mais mesmo se o banco central está usando o enfoque MR,
LM ainda existe já que representa equilíbrio no mercado monetário.
1
Todas essas três razões sugerem que mesmo se a LM é menos relevante para
analise política prática do que uma vez pensávamos, permanece um instrumento
útil de analise. O modelo IS/LM pode ser usado para analisar os determinantes
do produto no curto prazo quando o governo controla a oferta monetária. Ele
também prove componentes que serão úteis mais tarde. Nós veremos que a
curva IS é uma parte importante do modelo macro ISPCMR de 3 equações
desenvolvido no cap. 3 para uso com a regra monetária.
Na segunda deste capítulo, o foco muda da demanda agregada para a oferta
agregada. Como veremos no médio prazo, salários e preços respondem a
mudanças no nível de atividade. A segunda tarefa do capitulo é portanto apontar
os determinantes do nível de emprego do médio prazo no qual o mercado de
trabalho está nem equilíbrio e as pressões por salários e preços para mudar são
ausentes. A integração dos componentes do curto e médio prazo são
apresentados no final da seção através do modelo da demanda e oferta
agregada.
Vamos contrastar as explicações dos ciclos de negõcios baseadas em fudanças
na demanda agregadda na presença de salários e preços rígidos no qual nos
concentramos neste livro com um completamente diferente, em que mudanças
do lado da oferta da economia tal cmo mudanças tecnológicas que produzem
expansões e recessões. Este segundo enfoque é chamado de modelo dos
Ciclos Reais.
1. Demanda Agregada
O modelo básico que é usado para sumarizar a forma em que o nível do produto
2
é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele
consiste de duas partes: o mercado de bens e o mercado monetário. Nós
pensamos de um equilíbrio de curto prazo na economia com uma situação em
que ambos os mercados de bens e de moeda estão em equilíbrio. O mercado de
bens é chamado de IS que vem da versão InvestimentoPoupança da condição
de equilíbrio do mercado de bens: investimento planejado deve ser igual a
poupança planejada para equilibro no mercado de bens. A parte do mercado de
moeda é chamada de LM que vem da igualdade entre a demanda de moeda
(Liquidez) e oferta de Moeda quando o mercado de moeda esta em equilibro. No
equilibro IS/LM o nível do produto(e emprego) e a taxa de juros são constantes.
O modelo é útil porque permite entender o que acontece com o produto e a taxa
de juros quando há uma mudança na demanda agregada ou quando o governo
muda as suas políticas. No lado da IS podemos analisar: mudanças no consumo
ou investimento e mudanças na política fiscal isto é nos gastos e taxação do
governo. Do lado da LM podemos analisar mudanças na demanda de moeda e
mudanças na política monetária isto é na oferta de moeda.
2. O Mercado de Bens: a Curva IS
A curva IS mostra as combinações de taxas de juros e nível de produto em que
há equilíbrio no mercado de bens. Para que o mercado de bens apresente
equilíbrio, a demanda agregada por bens(e serviços) deve ser igual a oferta.
Desde que assumimos que salários e preços são fixos, a oferta de produto se
ajustará a qualquer mudança na demanda agregada. A demanda agregada se
refere aos gastos reais planejados em bens e serviços na economia como um
todo. Equilíbrio requer que aquele gasto planejado real em bens e serviços seja
igual ao produto real
y D =y
onde y D
é gasto real planejado e y é produto real.
A demanda agregada é composta do gasto real planejado em consumo e
investimento pelo setor privado e gasto planejado do governo. Pode ser escrito
como
y D =c y,t,riqueza +I r,A +g
3
usar letras minúsculas para variáveis reais e maiúsculas para variáveis
nominais. Nem sempre isto é possível então vamos usar i para taxa de juros
nominal e I para investimento real.
Alguns aspectos importantes do modelo macroeconômico de curto prazo podem
ser mostrados de forma mais fácil se assumirmos funções lineares. Usaremos
uma função consumo linear simples que diz que consumo é uma função da
renda corrente pós taxa (isto é disponível) e outros fatores tais como riqueza que
são resumidos no termo chamado de consumo autônomo, que assumimos ser
uma constante
c=c 0 +c y y−t
c=c 0 +c y 1−t y y
Um aspecto notável da função consumo é que o consumo é afetado pelo nível
da atividade corrente da economia. No cap. 7, vamos olhar os
microfundamentos do comportamento do consumo para ver porque a renda
corrente e a renda esperada futura são relevantes para os gastos em consumo.
A forma mais simples de incorporar as idéias de um modelo de consumo que
olha para frente é incluindo em c0 os determinantes da renda futura
esperada. A função consumo muda quando a renda esperada futura muda. A
evidência empírica discutida no cap. 7 confirma que a renda corrente e a
esperada futura influenciam o consumo corrente.
4
I=I r,A
c 0 +A+g a
y= − r
1−c y 1−t y 1−c y 1−t y
1
y=
1−c y 1−t y
[ c 0 A−ar +g ]
1
y= [ c A−ar +g ]
s y +c y t y 0
A curva IS estabelece que para uma dada taxa de juros o nível de investimento
é fixo; a este nível de investimento é adicionado consumo autônomo e gasto do
governo; e o nível associado do produto é encontrado multiplicando a soma pela
1
constante s +c t que é conhecido como um multiplicador. Poupança e
y y y
taxação ambos representam vazamentos da renda para os gastos. A razão de
5
que a taxa de vazamento t y é multiplicado por c y é que somente aquela
parte do imposto de taxa que teria sido gasto constitui um vazamento extra
acima da poupança. A curva IS é decrescente porque uma taxa baixa de juros
gera um elevado investimento, que estava associado com um produto elevado.
Ao contrario, quando a taxa de juros é elevada, investimento e então o produto
de equilíbrio é baixo.
Figura 2.1 Derivando a curva IS
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Figura 2.2 Ajustamento ao equilibrio do mercado
de bens: excesso de demanda no ponto X leva a
um aumento no produto: excesso de oferta no
ponto Z leva a uma queda no produto
1. Qualquer mudança no tamanho do multiplicador mudará a declividade da
curva IS. Por exemplo, um aumento na propensão de consumo
aumentará o multiplicador, tornando a IS mais plana: roda a curva no
sentido anti horário do intercepto no eixo vertical.
2. Qualquer mudança na sensitividade do investimento a taxa de juros (a)
terá como consequência uma mudança na declividade da curva IS: uma
função investimento menos elástica à taxa de juros se refletirá numa
curva IS mais inclinada.
3. Qualquer mudança no consumo autônomo ou no gasto do governo (
c0, g ) fará com que a curva IS se desloque pela mudança nos gastos
autônomos vezes o multiplicador. Uma mudança na variável A na função
investimento também desloca IS.
Política pode ser usada para manipular a curva IS pelos canais (1) e (3). Por
exemplo, se o imposto de renda, i.e. se t =t y y , uma alíquota menor aumenta
o tamanho do multiplicador e, como em (1) acima, a curva IS balança para a
direita, tornandose mais plana. Qualquer mudança no gasto do governo
deslocará a curva IS na forma descrita em (3) acima.
Um aspecto do modelo IS do mercado de bens é que as quantidades se ajustam
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pelo processo do multiplicador para levar a economia para um equilíbrio estável
de curto prazo. Por exemplo, uma queda no investimento planejado leva a uma
contração multipla do produto e emprego até que o nível da renda tenha caído
na extensão requerida para tornar a poupança igual ao nível de investimento
menor. Inicialmente, a renda cai pela queda no investimento, △ I . Como
resultado da queda na renda e supondo t y =0 , o consumo declina por
△c=c y △ I . Esta queda no consumo por sua vez reduz a renda, e no próximo
período o consumo cai uma vez mais: △c=c y c y △I=c 2y △ I . para calcular a
queda total na renda, nós somamos a série:
1 1
△ y=1c yc 2y c3y... △ I = ×△ I = ×△I
1−c y sy
Outra forma de olhar a quantidade de ajustamento para um novo equilíbrio no
mercado de bens é caracterizar posições fora da curva IS (Fig. 2.2). No ponto X
com produto y x , a esquerda da curva IS, há excesso de demanda no
mercado de bens porque a taxa de juros r 1 , gasto planejado é igual a y 1 .
Com a demanda agregada em excesso do produto, estoques vão cair e o
produto irá aumentar até que y = y D na curva IS.
3. O Mercado Monetário: a curva LM
3.1 Demanda por Moeda
Uma confusão comum que surge quando se estuda pela primeira vez
macroeconomia é entre a decisão de poupar e decisão de manter moeda. A
decisão de poupar referese ao uso que é feito do fluxo de renda. Da renda
recebida num dado período (por exemplo um mês) do trabalho e de outras
fontes tais como renda do juros, há uma proporção que é poupada e uma
proporção que é consumida. Se o consumo excede a renda, então o individuo
está despoupando – i.e. eles estão emprestando e acumulando débitos.
O que é então 'demanda por moeda' ? Enquanto a poupança é uma decisão
sobre alocação da renda, a demanda por moeda é uma decisão sobre a forma
em que a riqueza será mantida. Você vai mantêla como moeda ou outro tipo de
ativo? Responder isto é necessáriamente conhecer a diferença entre moeda e
outros ativos. Quando alguém pergunta quanto dinheiro você tem, você pode
responder contando as notas e a moedas em sua carteira ou você pode incluir o
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balanço de sua conta corrente porque você tem acesso instantâneo a esta
moeda escrevendo um cheque ou usando um cartão de débito. Você pode
também adicionar o balanço de suas contas remuneradas, onde você tem que
notificar com alguma antecedência se voce quiser retirar sem penalidades.
Todas essas contas são moeda e elas variam numa definição estreita (notas e
moedas) a uma ampla (depósitos a termo). Quando nos movemos de uma
definição estreita para uma definição mais ampla há um ganho na taxa de juros
de retorno e uma perda em liquidez.
3.1.1 Moeda e títulos
Para entender a relação inversa entre o preço de mercado de um título e a taxa
de juros, considere um título que foi emitido pelo governo a um valor de face de
100 reais e paga 5 reais por ano perpetuamente. Se a taxa de juros é de 4%
então o preço que o título vai vender no mercado será tal que torne o rendimento
de 5 reais representar o retorno de mercado de 4%. O valor de mercado do título
será x reais onde 0.04x = 5 isto é, x = 5/0.04 = 125. Uma taxa de juros menor do
que 5% implica um valor de mercado mais elevado do que o valor de face do
título. Se a taxa de juros for menor digamos 2% então x=5/0.02 = 250 e
similarmente, se a taxa de juros for maior, digamos 8%, então o valor de
mercado será 62.50. Há uma relação inversa entre o valor de mercado de um
título e a taxa de juros de mercado. É claro que somente se a taxa de juros for
de 5%, o valor de mercado do título será exatamente igual ao seu valor de face.
Então diferente de 100 reais em caixa, o valor de mercado nominal de um título
de 100 reais subirá sempre que a taxa de juros cair e vice versa.
3.1.2 Demanda por moeda versus títulos
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taxa de juros irá deslocar o balanço de vantagem em favor dos ativos que
rendem juros incluindo títulos. Podemos resumir a demanda por moeda como
segue:
MD
=L y,i
P
onde i é a taxa de juros nominal. Retomamos a questão da diferença entre a
taxa de juros real, r, que aparece na equação IS e a taxa nominal i que aparece
no mercado monetário. Um aumento do nível de renda, mantendo a taxa de
∂L
juros constante, irá aumentar a demanda por moeda (i.e 0 ) e um aumento
∂y
na taxa de juros, mantendo o nível da renda constante irá diminuir a demanda
∂L
por moeda ( 0 ). Observe que a demanda por moeda é expressa em
∂i
M
termos reais i.e. já que é suposto que um aumento do nível de preços vai
P
aumentar a demanda por moeda na mesma proporção.
Assim como na análise do mercado de bens, algumas vezes ajuda expressar a
demanda por moeda como uma função linear do nível de renda e da taxa de
juros:
MD 1
=L y,i =l−l i i+ y onde l , v T e l i são constantes positivas. O termo
P vT
motivo transações para manter moeda. Na famosa teoria chamada de Teoria
Quantitativa da Moeda, o único determinante da demanda por balanços reais
monetários é o nível do produto. Em outras palavras, somente o motivo
transações está presente. A Teoria Quantitativa da Moeda pode ser apresentada
MD 1
como = y onde v é a velocidade de circulação constante. Estamos usando
P v
a formulação mais geral que supõe que a demanda transacional é apenas uma
parte da demanda por moeda. Então, embora a velocidade de transação, v T
seja constante, a relação entre demanda por moeda e produto não é: vai variar
com mudanças na taxa de juros.
3.1.3 Ativos e motivos especulativos
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Duas das explicações dadas para a relação inversa entre a demanda por moeda
e a taxa de juros são conhecidas como o motivo ativos e o motivo especulativo.
Ambos relacionam a escolha entre manter moeda e títulos. Keynes argumentou
pela relevância do motivo especulativo como segue: se um individuo acredita
que a taxa de juros corrente está acima do nível que ele considera normal, então
ele esperará que a taxa de juros vai cair para o nível normal em momento
devido. Nestes circunstâncias, ele ira escolher manter ativos financeiros acima
da quantidade de moeda requerida para transações na forma de títulos. Ela faz
isto porque ela espera obter um ganho de capital nos títulos quando a taxa de
juros cair ao seu nível normal. O inverso seria verdade para uma taxa de juros
que se acredita estar abaixo da normal. Keynes acreditava que a posição sobre
a taxa normal de juros iria variar ao longo da população, produzindo uma relação
inversa continua entre a taxa de juros e a demanda agregada por balanços
especulativos. Além disso uma implicação central para o argumento de Keynes
é que as expectativas lideram os mercados financeiros e que mudanças nas
expectativas tem um caráter auto determinante. Se os detentores de títulos de
repente acreditam que a taxa de juros aumentará no futuro mais do que eles
haviam acreditado, eles irão esperar perdas de capital e venderão os seus
títulos, levando os preços dos títulos para baixo e a taxa de juros para cima –
expectativa de um aumento na taxa de juros é auto determinado. Esta
característica dos mercados financeiros é de grande importância para a política
monetária.
3.2 Equilíbrio do Mercado Monetário
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O equilíbrio no mercado monetário requer que a demanda e oferta de moeda
sejam iguais:
MD M S
=
P P
onde a demanda por moeda depende da taxa de juros nominal e o nível do
produto, como definido acima, e a oferta de moeda é suposta fixa pelas
autoridades monetárias em M S . Esta hipótese permite desenvolver um modelo
referencial útil. Se substituímos a função demanda por moeda e a oferta
monetária fixa na condição de equilíbrio temos:
MS
L y,i =
P
e podemos definir um “ locus” com declividade positiva de equilíbrio da oferta
monetária igual a demanda monetária – curva LM no diagrama taxa de juros –
produto.
A curva LM com declividade positiva pode ser explicada como segue. Em um
nível de renda baixo a demanda transacional é baixa porque menos moeda é
mantida para financiar as transações. Já que a oferta de moeda é fixa, para que
a oferta seja igual a demanda no mercado monetário, deve haver uma demanda
correspondente mais elevada de ativos ( ou especulativo).
Uma taxa de juros baixa garante isto, já que os retornos de manter ativos
relativamente aos riscos envolvidos são baixos.
Usando uma função de demanda linear, há uma forma clara de derivar a curva
LM tal que fica fácil ver como mudanças na demanda por moeda ou mudanças
na sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros afeta a curva LM. O
método mostrado na Fig. 2.3 segue em dois passos. Trabalhando com um
diagrama é um bom método para entender:
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Figura 2.3 Derivando a curva LM
● a demanda transacional de moeda e o papel de v T ,
● a demanda por ativos (ou especulativa) monetários e o papel de l i ,
● o papel do nível de oferta de moeda estabelecido pelo banco central ou
pelo governo, M S e a condição de equilíbrio no mercado monetário:
MS
L=
P
No passo 1, desenhe a linha vertical da oferta real de moeda. Agora, desenhe o
componente sensível a taxa de juros ' para trás ' , isto é relativo a oferta de
moeda mostrada na Fig. 2.3. Como se sabe, quando a taxa de juros é alta, a
demanda por moeda como ativo financeiro será baixa (no diagrama esta é a
distância c ). Agora faça uso da condição de equilíbrio de mercado:
MS 1
=l−l i i+ y .
P vT
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Para haver equilíbrio de mercado, a demanda de moeda como ativo l−l i i
1
mais a demanda para transações v y devem ser iguais a oferta de moeda.
T
Podese ver então quanto é a demanda por moeda para transações a taxa de
juros i H na Fig. 2.3. Esta é a distância a , então já que v T é constante, é fácil
dar o segundo passo calculando o nível de produto, y , que é consistente com a
geração desta demanda por moeda:
y 1 =v T x demandatransacionalpormoedaaiH
Isto fixa o nível do produto, y 1 , ao qual o mercado monetário está em equilíbrio
quando a taxa de juros é i H : ponto X no painel de baixo. Ponto Y pode ser
derivado da mesma forma. Juntando os pontos X e Y a curva LM é desenhada.
Da derivação da curva LM existem quatro formas em que a posição e ou a
declividade da curva LM pode ser afetada:
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Figura 2.4 Ajustamento do equilibrio do
mercado de moeda: excesso de oferta de moeda
no ponto X leva a uma queda na taxa de juros
nominal; excesso de demanda por moeda no
ponto Z leva a uma aumento na taxa de juros
nominal
4. Colocando Juntas a IS e a LM
Combinando os mercados de bens e moeda, a taxa de juros e o nível do produto
de equilíbrio de curto prazo, para um dado nível de preços, serão determinados.
Antes disso, há um problema que precisa ser resolvido. Na derivação da curva
IS é a taxa de juros real que interessa já que os gastos de investimento
dependem da taxa de juros real. Na derivação da curva LM, é a taxa nominal de
juros, i, que é relevante já que a demanda por moeda depende da taxa nominal
de juros.
4.1 Taxas de juros reais e nominais
Para clarificar porque é a taxa real em vez da nominal que afeta as decisões de
gastos reais na economia, pense sobre uma firma considerando um projeto de
investimento. Uma taxa nominal de juros maior não irá impor um sacrifício real
maior na firma se ela esta balanceada por uma correspondente inflação mais
elevada porque os lucros esperados do projeto de investimento irão ser maiores
em termos monetários e o balanço entre o custo real e a taxa de retorno real do
projeto não terá mudado.
A taxa real de juros é definida em termos de bens e a nominal em termos de
moeda. Pensando de um bem de consumo, a taxa real de juros, r, é quanto
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extra em termos deste bem deveria ser pago no futuro para poder dispor de um
bem hoje: 1 bemt = 1+r bemt+1 . A taxa nominal de juros é quanto em reais
deveria ser pago no futuro para se dispor de um real hoje: 1R t = 1 +i Rt+1 .
Se os preços dos bens permanecem constantes então é claro que as taxas reais
e nominais serão as mesmas: se você empresta um real hoje você será capaz
de comprar 1 +r bens no futuro. Em geral,
P
1 +r= 1+i Et+ 1 . Se usarmos a seguinte definição de inflação esperada:
P
Et+ 1 P 1
P −P
π E= então E = Substituindo e rearrumando chegamos:
P P 1 +π E t+ 1
1 +i i−π E
1 +r = e portanto: r=
1+π E 1 +π E
Quando a inflação esperada é pequena o denominador da expressão acima é
próximo de 1 e podemos usar a aproximação entre a taxa de juros real e
nominal:
i≈r+π E
4.2 O Modelo IS/LM
Vamos admitir que a inflação é zero e a taxa de inflação esperada se mantem
em zero. Podemos com isto abstrair a diferença entre a taxa de juros nominal e
a real.
A taxa de juros de curto prazo de equilíbrio e o produto serão determinados pela
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intersecção das duas curvas IS e LM. Para ver como o modelo IS/LM funciona, o
equilíbrio inicial IS/LM é perturbado mudando uma das variáveis exógenas.
Primeiro, vamos considerar a característica do novo equilíbrio de curto prazo e
segundo, vamos discutir o ajustamento da economia ao mesmo. A trajetória de
ajustamento da economia em face a uma perturbação irá depender da
velocidade de ajustamento em cada mercado. A hipótese mais plausivel é que o
mercado monetário equilibra muito rapidamente em relação ao desequilíbrio no
mercado de bens e serviços. No diagrama IS/LM isto significa que a economia
retorna a curva LM rapidamente – o ajustamento ocorre através da mudança nos
preços dos títulos nos mercados financeiros e portanto nas taxas de juros de
mercado. O ajustamento no mercado de bens é mais lento já que envolve
ajustamentos de produção e emprego.
Nós olhamos dois exemplos de mudanças na política do governo. No primeiro
exemplo (Fig. 2.5), os gastos do governo aumentam. A nova IS é IS g1 à
direita da original. O novo equilíbrio de curto prazo é no ponto A' : o produto e a
taxa de juros são mais elevadas. Maiores gastos do governo irão gerar demanda
agregada maior e um nível de produto maior. Rendas mais elevadas significam
uma demanda por moeda maior mas já que a política monetária não mudou (i.e.
a curva LM permanece fixa) uma taxa de juros mais elevada será requerida no
novo equilíbrio para reduzir a demanda monetária de ativos.
Vamos agora pensar a respeito do processo de ajustamento ao novo equilíbrio.
No primeiro instante, o aumento dos gastos do governo produz excesso de
demanda por bens e resulta em uma desacumulação não planejada de
inventários ou em filas de esperas por serviços maiores. Se o aumento da
demanda é sustentável, então o emprego cresce. A economia se move de A
para B. O aumento na renda real associado com um maior produto expande a
demanda monetária transacional de moeda. Com o resultado há um excesso de
demanda por encaixes monetários em B. Títulos são vendidos, causando um
queda no preços dos títulos e um aumento na taxa de juros (B para C). O
aumento na taxa de juros reduz o excesso de demanda por bens reduzindo a
demanda de investimento; entretanto, em C permanece excesso de demanda
devido ao aumento de consumo associado com o efeito multiplicador do
aumento nos gastos do governo. Produto e emprego crescem mais (C para D).
O processo de ajustamento continua até que o novo equilíbrio em A' é atingido.
A expansão completa do produto pelo efeito do multiplicador (A para A'') não
ocorre porque quando há uma expansão fiscal sem uma mudança da oferta
monetária, o aumento da taxa de juros provoca uma queda do gasto sensível ao
juros. As implicações de financiar um aumento dos gastos do governo por (i)
taxação, (ii) emissão de títulos, e (iii) emissão monetária são comparados
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usando o modelo IS/LM no cap. 6.
No segundo exemplo (Fig. 2.5) o governo ou o banco central aumentam a oferta
monetária através das operações do mercado aberto. Isto signfiica que ele entra
no mercado monetário comprando títulos em troca por papel moeda emitido. A
S1
M
curva LM se desloca para a direita para LM . Novamente, nós vamos
P
considerar primeiro o novo equilíbrio de curto prazo que tem um nível de produto
maior e uma taxa de juros menor. Com uma oferta monetária maior, a demanda
maior de moeda no novo equilíbrio vai requerer uma taxa de juros menor. Uma
taxa de juros menor estará associada com um nível mais elevado de
investimento e produto (ponto A' na parte de baixo do painel da (Fig.2.5)).
Nós nos voltamos agora ao ajustamento do ponto A para o novo equilíbrio de
curto prazo A' . O efeito imediato da ação da autoridade monetária é criar um
excesso de oferta de moeda; o excesso de demanda implícita por títulos
aumenta os preços dos títulos e reduz a taxa de juros. A economia se move de
A para B, atingindo imediatamente o novo equilíbrio no mercado monetário ao
S1
M
longo LM . A queda na taxa de juros cria excesso de demanda no
P
mercado de bens estimulando investimento. Demanda maior de investimento
estimula o produto e o emprego; aumentando o produto de B para C. Em C, há
novamente um desequilíbrio de excesso de demanda por moeda no mercado
monetário que acompanha o aumento do produto. A taxa de juros aumenta (C
para D). O ajustamento do produto e da taxa de juros irá continuar até que o
novo equilíbrio em A' seja atingido.
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Figura 2.5 Estática comparativa no modelo IS/LM:
ajustamento lento no mercado de bens e ajustamento no
mercado monetário
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Figura 2.6 Armadilha pela Liquidez
A Fig. 2.6 mostra porque política monetária expansionista pode não aumentar o
produto mesmo no curto prazo. Se a taxa de juros é i , a curva LM é plana.
Quando o banco central entra no mercado monetário para comprar títulos, não
há nenhum efeito no preço dos títulos: se todo mundo acredita que a única
direção da taxa de juros no futuro é para cima, isto implica que eles acreditam
que os preços dos títulos cairão. Os detentores de títulos estarão dispostos a
vender os títulos ao preço existente, sendo indiferentes entre títulos e moeda na
medida em que as perdas de capital prospectivas nos títulos apenas compensa
o juros recebido, com o resultado que não há aumento no preço dos títulos e
nem queda na taxa de juros. A economia esta na armadilha pela liquidez onde
moeda nova bombeada para a economia é mantida de bom grado como
balanços monetários. O banco central não tem portanto poder de usar a política
monetária para deslocar a economia para um nível mais elevado de produto. Por
décadas o caso da armadilha pela liquidez era vista como uma possibilidade
teórica com pouca relevância prática mas o resurgimento de uma era com taxas
nominais de juros muito baixas nos anos 1990 reviveu o interesse nela. Já que a
taxa nominal de juros não pode cair abaixo de zero, a noção de que todos
acreditam que a taxa de juros aumentará se torna plausível. A armadilha pela
liquidez tem um papel na analise da longa recessão japonesa nos anos 1990.
5. Oferta Agregada
5.1 Equilíbrio competitivo no mercado de trabalho
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negativamente inclinada mostra o trabalho demandado a um dado salário real.
Com um estoque de capital fixo, como nós supomos é o caso no curto e médio
prazo, o produto e uma função positivamente inclinada do nível de emprego, isto
é:
Em um mercado competitivo de trabalho, o mercado se equilibra, estabelecendo
o salário real e o nível de emprego. Isto é mostrado na Fig. 2.7 com o nível de
salário w 0 e emprego E CE (para equilíbrio competitivo). Qualquer deslocamento
da economia do equilíbrio é por hipótese eliminado pelo movimento nos salários
reais. Por exemplo se o salário real aumenta acima do nível de equilíbrio do
mercado (devido por exemplo a uma queda inesperada no nível de preços) a
oferta de trabalho excede a demanda a este salário real . O excesso de oferta
de trabalho resultará na queda dos salários nominais até que o equilíbrio
competitivo único seja reestabelecido com o salário w real em w 0 e o
1
emprego em E CE . Neste modelo, o único grupo de pessoas que
estarão desempregados serão aqueles voluntariamente desempregados no
sentido de que ao salário real vigente eles preferem procurar por um trabalho ou
laser acima dos bens que podem obter trabalhando.
21
Figura 2.7 Equilíbrio no mercado
competitivo de trabalho: valores de
equilíbrio do salário real e do emprego
6. O lado da oferta no modelo de competição imperfeita
Como vimos no cap. 1 a negociação coletiva afeta uma proporção substancial
de trabalhadores na maioria das economias desenvolvidas. Mesmo na ausência
de sindicatos, problemas de motivar os trabalhadores a trabalhar eficientemente
leva os empregadores a estabelecer salários acima dos salários de equilíbrio
competitivo. Em modelos de concorrência imperfeita o ERU é a taxa de
desemprego a qual o salário real é consistente com as expectativas de salário
real tanto dos que estabelecem o salário quanto os que estabelecem os preços.
6.1 Estabelecimento do Salário
Com concorrência imperfeita, há uma curva de determinação do salário (WS)
positivamente inclinada que é a contraparte da oferta de trabalho do modelo de
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concorrência perfeita. Por conta das imperfeições do mercado, a curva de
determinação do salário fica acima da curva de oferta de trabalho. Na Fig. 2.8,
se o salário real é igual a w 1 , então a oferta competitiva seria E 1 .
Mas com as imperfeições do mercado w 1 será estabelecido a um nível menor
de emprego, E 0 apesar do fato de que um numero adicional de trabalhadores
E 1−E 0 estariam preparados para trabalhar àquele salário. Semelhantemente,
se E=E 0 , então esta oferta de trabalho é consistente com um salário real de
w 0 , mas com concorrência imperfeita, um salário maior, w 1 , é determinado
naquele nível de emprego.
As condições no mercado de trabalho são os determinantes chaves do salário
real. Em termos de salários monetários a equação de determinação do salário é:
W=Pxb E
onde P é o nível de preços, E é o nível do emprego e b é uma função crescente
do emprego. Quando os salários são determinados pelos sindicatos,
empregadores, ou através da barganha, é o salário nominal que é controlado.
Entretanto, trabalhadores irão avaliar as ofertas de salário em termos do salário
real que são esperados ser estabelecidos – i.e. é o salário monetário relativo ao
nível de preços do consumo esperado que afeta o custo de vida e portanto a
utilidade do trabalhador.
Supondo que o nível de preços atual e esperados são iguais a equação do
salário pode ser escrita em termos dos salários reais para definir a curva de
determinação de salário no diagrama do mercado de trabalho (veja Fig. 2.8)
W
w WS =b E onde w WS≡
P
O excesso do salário real na curva WS acima da curva de oferta de trabalho a
qualquer nível de emprego é o “mark up” por trabalhador (em termos reais)
associado às imperfeições do mercado.
1) salário determinado pelos sindicatos
2) salário de eficiência determinado pelas firmas
23
Figura 2.8 A curva de determinação do
salário real: a curva WS e a curva de oferta
de trabalho
6.1.1 Salário determinado pelos sindicatos
Em lugares sindicalizados os salários são estabelecidos através de negociações
entre empregador e sindicatos. Um modelo simplificado de determinação de
salários por sindicato toma o caso dos sindicatos monopólios onde o sindicato
pode determinar unilateralmente os salários. O sindicato estabelece o salário no
interesse dos seus membros que estão preocupados tanto com o salário real
como com o emprego. Ele se preocupa com o balanço entre um salário muito
alto que empurraria o preço do produto da empresa e decresce a demanda pelo
produto da empresa e portanto o emprego e um salário muito baixo que deixaria
de usar o poder de monopólio para assegurar melhores padrões de vida. Isto
resulta no estabelecimento de um salário a um nível de emprego que é mais
elevado do que o salário competitivo e produz uma declividade positiva da curva
que estabelece salários que está acima da curva de oferta competitiva.
6.1.2 Salário de eficiência determinado pelas empresas
24
firma estabelece um salário que permite a ela resolver eficientemente sua
motivação, recrutamento, e/ou problemas de retenção. Esses problemas surgem
porque não é possível especificar completamente o que o trabalhador faz, isto é
o empregador não pode observar acuradamente o esforço do trabalhador. O
empregador deve portanto usar o salário para motivar o trabalhador a se
comportar bem. Na medida em que o mercado se torna aquecido, i.e o
desemprego cai, tornase mais difícil para a firma resolver esses problema
porque os trabalhadores podem facilmente abandonar a firma e encontrar
emprego em outro lugar. O resultado é que o empregador estabelece um salário
acima do salário competitivo e seu salário de eficiência aumenta na medida em
que o desemprego cai. Esta portanto é a segunda maneira de se entender a
curva que estabelece o salário.
6.2 Estabelecimento do Preço
P=MC
W W
P= =MPL
MPL P
Ao contrário, em concorrência imperfeita, as firmas estabelecem um preço que
maximiza os lucros. O mark up sobre o custo marginal dependerá da
elasticidade de demanda: quando a elasticidade da demanda cresce, o markup
cai até o caso especial da competição perfeita onde a elasticidade de demanda
é infinito.
Se nós consideramos o caso mais simples de monopólio, então os lucros são
maximizados quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Se o (o valor
absoluto da) elasticidade da demanda ( , chamado de epsilon) é constante,
então há um markup constante maior do que um de e temos a formula
−1
do preço básico de monopólio:
W
P=
−1 MPL
e o salário real é:
25
W −1
= MPL
P
Fig. 2.9 ilustra a curva PS no caso de monopólio: porque , salário real que surge
do processo de determinação de preço é uma fração do produto marginal do
trabalho.
Figura 2.9 Relação entre a MPL, a elasticidade preço
da demanda, e a curva PS
como a curva PS. Como já vimos, passando de concorrência perfeita para
imperfeita não leva a uma curva PS horizontal. Hipóteses adicionais são
necessárias. Três alternativas são:
se o produto marginal do trabalho é constante (que implica que é igual ao
produto médio) e o “ mark up” é constante, o salário real determinado pelo
preço é igual a fração constante da produtividade do trabalho.
se o produto marginal do trabalho declina mas o “ mark up” é contra
cíclico (declina quando o emprego cresce) então a curva PS se torna
menos inclinada. O “mark up” seria contra cíclico se por exemplo, nova
entrada fosse encorajada na expansão aumentando a concorrência de
mercado
se as firmas estabelecem seus preços usando uma regra de bolso,
baseando o seu preço no seu custo médio ao longo do ciclo (i.e. quando
a economia se move de recessão para a expansão e vice versa) a curva
26
PS se tornaria menos inclinada (mais horizontal). Tal preço baseado na
regra do custo normal pode resultar de firmas que desejem limitar a
extensão em que modificam os seus preços em resposta a mudanças no
custo associada com mudanças na demanda. Mudanças freqüentes de
preços em resposta a mudanças na demanda são custosas em si
mesmas (esses são os chamados custos de menu das mudanças de
preço) e firmas podem também desejar evitalos por razões estratégicas.
Quando buscamos explicitamente diferentes padrões de como o salário real se
move ao longo do ciclo ou às implicações de políticas do lado da oferta para
salários reais, deveríamos considerar a curva PS mais geral e que é
negativamente inclinada. Em outros casos, é mais fácil usar uma curva PS sem
declividade ou plana. A curva PS plana oferece uma simplificação útil porque
implica que firmas não mudam seus preços em resposta a flutuações no
produtor(em linha com nossas hipótese de preços viscosos no curto prazo);
talvez, eles mudem seus preços somente quando seus custos mudam, como
consequência de uma mudança nos salários por exemplo. Sob a hipótese
razoável de que as mudanças nos salários ocorrem relativamente com pouca
freqüência, são as mudanças de salário que oferecem o disparo natural para o
final do curto prazo no modelo.
Neste modelo de referencia, usamos hipóteses simples para chegar a uma curva
PS plana: produto marginal constante e um mark up constante. Dadas essas
suposições, se as firmas estabelecem preços para obter uma margem de lucro
específica, então o montante fixo de produto por trabalhador é separado em
duas partes: lucros por trabalhador e salários reais por trabalhador. O salário
real implícito no comportamento de preços é portanto constante e a curva PS é
plana. O estabelecimento de preços pode então ser sumarizado como um mark
up sobre uma unidade de custo de trabalho por uma percentagem fixa, , sobre
o custo de trabalho unitário.
W
P=1
em que os custos unitários de trabalho são o custo do trabalho por unidade de
y
produto isto é W x E dividido por y . Definimos (produto por trabalhador) por
E
(produtividade do trabalho).
27
1 W
P= x
1−
onde nos referimos a como o “mark up” daqui para frente. Isto significa que na
medida em que a competição aumenta o tamanho do “mark up” cai. Dividindo
cada lado por P e rearrumando chegamos:
W
=
P
Em outras palavras, dado o “mark up”, o nível de produtividade do trabalho, e o
salário monetário, o nível de preço estabelecido pelas empresas implica um
valor específico do salário real. Este é o salário real que resulta do
estabelecimento de preço.
W
w PS = =1−
P
Figura 2.10 A curva do salário real de
determinação de preços: curva PS
28
Figura 2.11 Emprego e desemprego de equilíbrio:
UICE e EICE
6.3 Equilíbrio no mercado de trabalho sob concorrência imperfeita
w WS =w PS
bE =1−
A hipótese que os preços são estabelecidos logo depois dos salários (i.e sem
um atraso) significa que o salário real está sempre na curva PS onde como
observado acima, trabalhadores estão na curva WS acreditando que o nível de
preços correntes está no seu nível esperado. Para dar um exemplo, vamos
supor que o emprego aumenta para E 1 como consequência de uma política
fiscal expansionista. No novo período de estabelecimento dos salários, isto
provoca um aumento no salário monetário na medida em que os negociadores
dos salários tem como objetivo atingir o ponto A . Entretanto, o ajustamento
imediato de preços ao aumento de custo significa que os preços aumento em
linha com o aumento de salário e a economia se move para o ponto A'. A
29
hipótese da cronologia significa que a economia está normalmente na curva PS;
se PP E , os trabalhadores estarão na curva PS a direita do equilíbrio e se
E
PP , eles estarão na curva PS a esquerda do equilíbrio. Seguese que se
atrasos na determinação de preços fossem introduzidas o salário real estaria
entre as curvas WS e PS.
Figura 2.12 Conceitos de desemprego
30
estão por trás das curvas de salário e preço, o ERU é a taxa de desemprego que
constitui um equilíbrio no sentido de que os determinadores dos salários e
preços não tem razão para modificar o seu comportamento. A separação entre
desemprego involuntário e voluntário no modelo de concorrência imperfeita é
mostrado no diagrama.
A taxa de desemprego de equilíbrio é o resultado de características estruturais
ou do lado da oferta da economia que estão por trás das curvas de
determinação do salário e dos preços. Podem portanto em princípio serem
modificadas por políticas do lado da oferta ou mudanças estruturais Por
exemplo, mudanças na legislação para enfraquecer os sindicatos podem levar a
uma redução do poder de barganha dos mesmos e isto reduziria o salário real
esperado que seria negociado pelos trabalhadores a qualquer nível de
desemprego baixando b(E) e deslocando a curva WS para baixo. Mantendo
todas as outras características da economia constantes, isto iria reduzir a taxa
de equilibro de desemprego. Alternativamente, um aumento no grau de
competição do mercado do produto – como resultado, digamos, de mudanças na
aplicação da política de competição ou porque o internet torna mais fácil a
comparação de preços – iria produzir uma redução na margem de lucro e levara
a uma salário real mais alto a cada nível de emprego (a curva PS iria se
deslocar para cima). Semelhantemente, qualquer mudança na política
governamental que afeta salário e determinação de preços irá deslocar o
equilíbrio de desemprego. Políticas relacionadas aos benefícios de desemprego,
taxação, regulação do trabalho e mercado do produto e acordos de renda todos
são relevantes. É fácil então imaginar que diferenças internacionais em política e
nas estruturas institucionais produzem diferenças no desemprego de equilíbrio.
7 . Demanda Agregada e Oferta Agregada
Em muitas apresentações da macroeconomia do curto e médio prazo, os dois
componentes de demanda agregada e oferta são colocados juntos usando um
diagrama em que o nível de preços aparece no eixo vertical e o produto no
horizontal. Nós não faremos uso extensivo deste diagrama neste livro porque
não é particularmente bom para analisar choques e respostas de política.
Entretanto, serve um par de propósitos úteis: primeiro provê uma forma simples
de ver como o nível de preços é determinado e segundo ele provê outra forma
pela qual modelos macro podem ser comparados.
7.1 A Demanda Agregada: do diagrama IS/LM ao curva AD
31
transferidas para o diagrama com o nível de preços no eixo vertical e produto no
horizontal. No painel de cima da Fig. 2.13, a economia começa no ponto A (Note
MS
que a curva LM é indexada pela oferta real de moeda: , que significa que a
P1
posição da curva LM é fixada pela oferta real de moeda assim definida) Em
seguida, vamos manter a oferta nominal de moeda constante e reduzir o nível de
preços P 0 : o novo equilíbrio do mercado de moeda é mostrado por
LM
MS
P0
. O aumento do valor dos encaixes reais de moeda nas mãos do
A curva AD tem um caráter completamente diferente da curva de demanda do
mercado microeconomios, onde a curva de demanda relaciona a quantidade
demandada ao preço de um bem particular. Em contraste, a curva AD
representa dois conjuntos de condições de equilibro. Uma mudança no nível de
preços P perturba o equilibro no mercado monetário que desencadeia uma
mudança no comportamento que leva a taxa de juros a mudar. Isto por usa vez
cria um desequilibro no mercado de bens e o produto muda quando o equilibro é
restabelecido.
32
Figura 2.13 Derivando a curva AD
Nós já encontramos de forma indireta o caso em que uma queda no nível de
prelos não está associado com um aumento no produto: a armadilha pela
liquidez. Se a curva LM é horizontal então uma queda de P desloca a seção
horizontal da LM para a direita e a taxa de juros não muda. A razão é que as
famílias estão felizes de manter encaixes reais maiores porque eles acreditam
que a taxa de juros não cairá mais. Em tais circunstâncias, uma queda dos
preços falha em estimular a economia. Esta é uma forma de interpretar a
depressão japonesa dos inicio dos anos 2000.
Quando Keynes argumentou a relevância da armadilha pela liquidez nos anos
1930 alguns economistas responderam dizendo que mesmo que a taxa de juros
não respondesse a uma queda do nível de preços, havia uma outra maneira de
reavivar a demanda. O chamado efeito Pigou depende da resposta do consumo
a mudanças o valor real da riqueza. Se o feito Pigou funcionar, uma queda dos
preços aumenta a riqueza real e estimula o consumo restaurando a declividade
da curva AD. Mas parece que o efeito Pigou funciona ao reverso no caso do
Japão, onde a queda dos preços levou os consumidores a entesourarem na
33
expectativa que os preços cairão mais: consumo é adiado e não estimulado.
7.2 Oferta Agregada: do diagrama do mercado de trabalho a curva AS
Informação a respeito do equilibro do mercado de trabalho pode também ser
transferida no chamado diagrama ADAS. Tanto nos modelos de mercado
competitivo quanto de imperfeitamente competitivo existe um nível único de
emprego consistente com o equilibro do mercado de trabalho. A função de
produção de curto prazo é usada para converter o nível de emprego em nível de
equilibro de produto de médio prazo. Já que o equilibro do mercado de trabalho
é definido em termos reais mudanças no nível de preços não afetam o equilibro.
A curva de oferta agregada é portanto vertical em em y CE ou y ICE que é o nível
de produto y 0 na Fig. 2.14. O diagrama pode ser interpretado como
representando ou o caso competitivo ou o não competitivo. Um deslocamento
para a direita da curva de demanda agregada por um aumento no consumo
autônomo, por exemplo, iria estar associado com um mercado de trabalho de
equilíbrio no nível não modificado de y CE ou y ICE . Se o nível de preços pula
como mostrado na Fig. 2.14, então a economia se movimenta direto de A para
Z.
O caso especial de ajustamento imediato de salários e preços é representado
pela curva AD combinada com uma curva AS vertical. Uma economia deste tipo
experimenta flutuações no produto somente em consequência de mudanças no
lado da oferta já que flutuações na demanda agregada desloca a curva AD (por
ex. política fiscal, política monetária, ou choques do setor privado), que afetam o
nível de preços mas não o produto e emprego. Vamos retornar a Fig 2.14
abaixo, mas primeiro vamos olhar com mais cuidado o modelo de ciclos de
negócios em que os mesmos são gerados pelo lado da oferta.
7.3 Dois enfoques de Ciclos de Negócios
7.3.1 O Ciclo Real de Negócios: choques de oferta
A idéia de que as flutuações do emprego que observamos na economia quando
se move de recessão a expansão e de volta novamente são devidas somente
aos fatores do lado da oferta e não das flutuações na demanda agregada é
central no modelo dos Ciclos Reais de Negócios.
Neste modelo, o mercado de trabalho está sempre em equilíbrio. Veremos que
isto contrasta com a situação no modelo em que, o ciclo de negócios é
provocado por flutuações na demanda agregada onde na expansão, emprego
34
está acima do equilíbrio e na recessão, emprego está abaixo dele. No modelo
RBC são os fatores do lado da oferta tais como mudanças na tecnologia que
provocam o ciclo. Para ver como isto funciona nós assumimos que na Fig. 2.15,
a economia está inicialmente no ponto A. Um choque positivo de tecnologia
como uma onda de inovação, desloca a curva de produto marginal do trabalho
para a direita (para MPLH ) e a economia se move para o ponto B: esta é a
expansão. A oportunidade dos trabalhadores de ganharem salários mais
elevados como consequência da nova tecnologia, os leva a ofertar mais
trabalho, isto é a mover para cima a curva de oferta de trabalho. B é portanto
também uma posição de equilíbrio do mercado de trabalho. Um choque negativo
de oferta, por exemplo uma escassez repentina de uma matéria prima, levaria a
economia a uma recessão na medida em que a curva MPL se desloca para a
esquerda levando a um novo equilibro no ponto C. Em C, os trabalhadores
escolhem ofertar menos trabalho. A queda no emprego é inteiramente voluntária
no sentido de que dadas as novas circunstâncias em que eles se defrontam
depois do deslocamento da curva de produto marginal do trabalho para a
esquerda, os trabalhadores escolhem ofertar menos trabalho. Os trabalhadores
escolhem mudar o timing de sua oferta de trabalho em resposta a mudanças na
demanda trabalhando mais em bons tempos e menos em tempos ruins. Isto é
chamado de substituição intertemporal do trabalho.
35
Figura 2.14 As curvas AD e AS
Muitos economistas permanecem pessimistas quanto a idéia que as forças do
lado de oferta são a fonte dominante das flutuações dos ciclos de negócios e
que os ciclos de negócios são unicamente fenômenos de equilíbrio.
36
menos plausível que flutuações na taxa de progresso esteja por trás do padrão
de expansões e recessões que caracterizam as economias. Quando uma
economia recobre de uma recessão a produtividade tipicamente aumenta
relativamente ao seu valor de longo prazo, com uma caracterização reversa na
recessão. Entretanto, isto não significa que é o padrão de mudança tecnológica
que está causando a expansão e a recessão, uma explicação mais simples e
consistente com a visão baseada na demanda agregada é que a demanda cai,
as firmas mantém os trabalhadores na esperança que a recessão será de curta
duração. É custoso empregar e despedir trabalhadores de forma que
entesouramento de trabalho é esperado . Isto produzirá um resultado de que a
produtividade cai na recessão e cresce na expansão.
Figura 2.15 O modelo dos ciclos reais de negócios:
flutuações do equilíbrio devido a choques de
tecnologia
Da Fig. 2.15, é claro que para que o mecanismo do RBC seja capaz de explicar
as mudanças substanciais do emprego que acontecem durante o ciclo, uma
pequena mudança no salário real deve levar a uma grande mudança na oferta
de trabalho, isto é a oferta de trabalho deve ser muito elástica. Entretanto isto
parece que não corresponde a evidência empírica que mostra que para o chefe
da casa a elasticidade intertemporal da oferta de trabalho é muito baixa. Embora
o enfoque RBC não seja a visão dominante sobre os ciclos ele tem tido uma
grande influencia na metodologia da moderna macroeconomia na fronteira da
pesquisa.
37
No extremo oposto do mundo dos salários e dos preços que se ajustam
rapidamente está o modelo IS/LM, onde supomos que salários e preços não se
ajustam no curto prazo.
O curto prazo termina quando os salários e preços começam a se ajustar em
resposta ao desequilibro no mercado de trabalho. A natureza do desequilibro é
claro: o salário real prevalecente, w 0 , não está nem na curva de oferta nem na
curva de demanda na interpretação competitiva da Fig. 2.14; nem tampouco
está na curva WS ou PS na interpretação não competitiva. O salário real é muito
baixo para prover uma oferta de trabalho E 1 e muito alta para o emprego de E 1
trabalhadores ser lucrativo. Com concorrência imperfeita os controladores de
salário não estarão satisfeitos com um salário real de w 0 se o emprego é tão
alto como E 1 ; e se o emprego mais elevado é acompanhado de uma
produtividade marginal decrescente, então a margem de lucro não pode ser
mantida se o salário real permanece em w 0 .
Uma forma de explicar o que acontece uma vez que os salários e os preços
começam a se ajustar é assumir que os salários nominais sobem por α nós
supomos que isto é interpretado com um aumento do salário baseado na sua
visão do nível de preços prevalecente. Mas subseqüentemente, os preços
aumentam por α+β para restabelecer o equilibro no lado da determinação de
preços do mercado de trabalho. Isto deixa a economia no ponto B' no mercado
de trabalho e nos diagramas ADAS.
A linha que passa por A e B' no diagrama ADAS define uma oferta agregada de
curto prazo, a SAS P−1 =P 0 . A curva SAS é indexada ao nível de preços do
último período P−1 para capturar a hipótese de que quando os salários
aumentam, as implicações para o salário real são interpretadas pelos
trabalhadores em termos do nível de preços préexistente, P 0 . A declividade
da SAS depende do valor de α e β e portanto na declividade das curvas de
oferta de trabalho e da demanda de trabalho (ou as curvas WS e PS). Uma
curva PS horizontal produz uma curva SAS menos inclinada (já que β= 0 ).
38
De fato, a economia se move do ponto B para o C em lugar de B' por causa do
impacto dos preços mais elevados na demanda agregada. Um aumento no nível
de preços leva a uma queda da oferta real de moeda e aumento da taxa de
juros, reduzindo a demanda agregada (a LM se desloca para a esquerda, a
economia se move para o nordeste ao longo da curva AD). Quando a economia
está no ponto C, o desequilíbrio no mercado de trabalho é menor do que antes
mas não desapareceu completamente. O ajustamento de C para Z ocorre
através do movimento para cima das curvas SAS na medida em o aumento de
preço é incorporado nas decisões do mercado de trabalho do período seguinte.
O nível de preços tende a preço P Z e a SAS P −1 =P Z cruza a curva AS em Z.
Em Z, o equilíbrio no mercado de trabalho é restaurado.
● A curva IS se desloca para a direita e o produto e emprego aumentam
com o preço e o nível de salários não modificado no curto prazo. Isto é
uma expansão cíclicla (o contrário ocorre com um choque negativo na IS);
● No mercado de trabalho, há um desequilíbrio e os salários e preços se
movem em resposta;
● Nível de preços mais elevados levam por outro lado a uma redução na
demanda agregada via o Efeito Keynes;
● No longo prazo, o equilíbrio é restaurado com desemprego em ERU, uma
taxa de juros real mais elevada (e uma mudança na composição do
produto de investimento para por exemplo, consumo), a um nível mais
elevado de preços.
8 Conclusões
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