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Controvérsias Recentes sobre Multiplicadores Fiscais

Manoel Carlos de Castro Pires1

Resumo:

Qual o tamanho do multiplicador fiscal? Longe de convergir para uma única


resposta, a literatura recente tem, como um todo, destacado a importância de
uma série de fatores que podem afetar o tamanho do multiplicador. O objetivo
deste artigo é mostrar a importância dos mais variados mecanismos de
transmissão na discussão sobre o tamanho do multiplicador fiscal e como isso
tem gerado inúmeros pontos de controvérsias entre acadêmicos e policy-
makers. O artigo apresenta novas estimativas dos multiplicadores fiscais para o
Brasil que podem ser utilizadas como referência para uma agenda mais ampla
de pesquisa.

Abstract:

What´s is the fiscal multiplier´s size? Far from converging to a single response,
recent research has, as a whole, highlighted the magnitude of a number of
factors that can affect the size of the multiplier. The goal of this paper is to show
how various transmissions mechanisms affect the multipliers emphasizing the
main controversies between economists. The paper presents new fiscal
multipliers estimates that are useful as reference for a broader agenda.

1. Introdução

A adoção de políticas fiscais expansionistas no contexto da crise


financeira internacional em vários países aumentou o interesse de
economistas e policy makers em entender o impacto da política fiscal sobre
o nível de atividade. Nesse sentido, poucos documentos geraram tanta
controvérsia quanto o American Recovery and Reinvestment Plan lançado
em 2009 nos EUA. Naquele documento, o plano de ação fiscal lançado pelo

1
Técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA cedido para a Secretaria Executiva do Ministério da
Fazenda. As opiniões expressas e os possíveis erros e omissões são de responsabilidade do autor e não
da Instituição.
governo americano foi justificado diante do estabelecimento de
multiplicadores fiscais substanciais (Berstein e Romer, 2009). Diante dessa
justificativa o debate econômico foi canalizado para a discussão a respeito
do verdadeiro multiplicador fiscal das várias economias que adotaram
políticas expansionistas.
Atualmente, uma miríade de resultados está disponível aos
pesquisadores e analistas sem uma conclusão definitiva sobre a questão. O
perigo dessa situação é a conclusão de que multiplicadores fiscais sejam
inúteis para guiar a política econômica. Esse artigo sustenta que a
conclusão a respeito desse debate não gira em torno do multiplicador fiscal
correto, mas das condições econômicas que tornam o multiplicador maior
ou menor e que isso deve ser utilizado para guiar a política econômica.
Para tanto, o artigo conta com mais cinco seções além desta introdução. A
próxima seção apresenta os principais canais de transmissão que afetam o
tamanho do multiplicador fiscal. A terceira seção realiza uma breve
consolidação dos principais resultados teóricos e empíricos apontando os
principais pontos de convergência entre eles. A quarta seção descreve
alguns pontos da literatura sobre consolidações fiscais expansionistas que
ajudaram a criar uma série de confusões no debate fiscal recente.
A quinta seção apresenta evidências empíricas para o Brasil baseada
em um conjunto de dados inteiramente novo e inexplorado encontrando
multiplicadores médios ligeiramente acima da unidade para o consumo do
governo e para o investimento público. A análise preliminar desses dados
sugere que os multiplicadores fiscais durante a crise financeira podem ter
sido bem maiores que os estimados em decorrência das circunstâncias da
economia naquele momento e da própria forma de condução da política
fiscal. Por último, conclui-se que as estimativas apresentadas nesse artigo
podem ser utilizadas como referência para estudos futuros que foquem em
condições específicas da economia para avaliar as condições que tornam
os multiplicadores fiscais maiores ou menores.
2. Principais canais de transmissão: Teoria e evidência

O multiplicador fiscal busca mensurar o impacto sobre o PIB de um


aumento de gastos públicos. Em outras palavras, mede o aumento do PIB
decorrente do aumento nas compras do governo. O multiplicador não é um
parâmetro estrutural, mas pelo contrário, é afetado por uma série de fatores.
Tais fatores são os elementos que regem uma série de controvérsias.

2.1. Modelos keynesianos

Os modelos keynesianos são os mais tradicionais nesse tipo de análise


seja pelo seu pioneirismo, seja pela sua simplicidade, de forma que é
importante tê-los como ponto de partida. A hipótese principal do modelo
keynesiano, tal como ensinado nos livros textos, é a de que o consumo é
função da renda disponível sendo a relação entre esses dois agregados
regida pela propensão marginal a consumir2.
O multiplicador fiscal é, portanto, a soma dos termos de uma progressão
geométrica de razão igual à propensão marginal a consumir. Em sua versão
mais simples é possível amortecer o efeito multiplicador pela propensão
marginal a importar. Nesses termos, não é difícil encontrar um multiplicador
fiscal maior que 2 (dois). Por exemplo, em uma economia fechada, com
uma propensão marginal a consumir de 0,6, o multiplicador dos gastos é
2,5. Em uma economia aberta com propensão a importar de 0,1, o
multiplicador fiscal é exatamente igual a 2.
Seguindo essa linha, Ando e Modigliani (1976) analisam o efeito da
política fiscal sobre o nível de atividade, ressaltando que seu efeito
acelerador sobre o consumo e o investimento tende a se sobrepor aos
efeitos sobre preços e salários que, naquele modelo, inibem a atuação do
multiplicador. Com efeito, concluem por um efeito multiplicador elevado e
próximo de dois3.

2
Para efeitos da presente análise, por modelos keynesianos deve-se entender modelos econométricos
de grande escala nos termos de Sims (1980), mas baseados na teoria da demanda efetiva (e, portanto,
não ricardianos).
3
Em outro artigo, Modigliani (1975) utiliza o modelo do MIT e da Universidade da Pensilvânia
(conhecido como MPS) para simular os efeitos de intervenções de política econômica e também
concluem por um multiplicador próximo de 2. Esse modelo é particularmente importante porque foi
posteriormente adotado pelo Federal Reserve. Para maiores detalhes ver, Federal Reserve Board (1996).
Todavia essa descrição do modelo keynesiano é bastante estilizada
sendo possível encontrar na literatura formulações mais sofisticadas. Por
exemplo, Fair (1984) apresenta um modelo keynesiano mais completo da
economia norte-americana concluindo que o multiplicador fiscal é próximo
de 1,3 no curto prazo4. O mecanismo de transmissão desse modelo é
equivalente ao descrito em sua forma mais simplificada (função consumo
dependente da renda disponível, por exemplo) com efeitos positivos sobre o
emprego e salários5.
O efeito da política fiscal sobre o mercado de trabalho é um ponto de
controvérsia entre os modelos keynesianos e os modelos neoclássicos. Tal
efeito, é um dos principais fatores explicativos para as diferenças entre os
multiplicadores entre modelos dessas duas naturezas.

2.2. Modelos neoclássicos

Os modelos neoclássicos mais básicos possuem dois principais canais


de transmissão. O primeiro canal é o efeito riqueza que é negativo: o
aumento dos gastos públicos eleva a demanda cujo atendimento depende
da queda do salário real. Com efeito, a queda do salário real eleva o
número de horas trabalhadas, elevando, portanto, a produção. O segundo
canal é o efeito substituição: como os agentes antecipam que os impostos
deverão ser maiores no futuro, ofertam mais trabalho no presente quando a
carga tributária é menor. Computando apenas esses dois efeitos, Hall
(2009) conclui que o multiplicador fiscal situa-se em torno de 0,4.
Alguns outros efeitos complementam o tamanho do multiplicador. Um
efeito importante é a relação de complementaridade entre consumo e
trabalho. A idéia dessa hipótese é que a utilidade marginal do consumo
aumenta quando o trabalhador está empregado. Hall (2009) conclui que a
adoção dessa hipótese faz com que o multiplicador fiscal seja de 0,97. Em
modelos dinâmicos, não são alterados os resultados básicos. O
multiplicador no curto prazo é de 0,98.
4
Ver Tabela 9.1 em Fair (1984).
5
No entanto, na medida em que a economia se aproxima do pleno emprego, a política monetária reage
para acomodar a elevação do nível de preços o que acaba por diluir no longo prazo o multiplicador
fiscal. O papel que a reação da política monetária tem nesse debate será um tópico aprofundado mais à
frente.
A discussão sobre forma de financiamento da política fiscal não faz
muita diferença nos casos citados, pois até agora se tratou de modelos
ricardianos. Quando se incorpora a questão de financiamento tributário
distorcivo, os modelos predizem uma queda substancial no multiplicador.
Em alguns casos, o multiplicador fiscal poderia até ser negativo (Baxter e
King, 1993).

2.3. Modelos novo-keynesianos

Modelos novo-keynesianos tendem a produzir multiplicadores


ligeiramente superiores aos obtidos pelos modelos neoclássicos. Muito
disso ocorre pelo fato de que os modelos novo-keynesianos são
construídos dentro dos fundamentos neoclássicos. Em geral, a inclusão de
rigidez de preços ou no mercado de trabalho não são suficientes para
explicar a existência de multiplicadores mais elevados.
Esse resultado muda de figura quando as hipóteses desses modelos se
afastam um pouco dos fundamentos neoclássicos. Uma hipótese importante
é a de que a função consumo agregada da economia é composta de uma
fração expressiva de indivíduos que seguem regras de bolso em suas
decisões de consumo e os demais se comportam conforme a teoria da
renda permanente. Uma segunda hipótese relevante é que o mercado de
trabalho seja determinado pela demanda, tal que os trabalhadores sempre
possam ofertar a quantidade de horas demandada pelas firmas (Gali,
López-Salido e Vallés, 2007). Nesses casos, é possível obter
multiplicadores próximos a dois. Como afirmado anteriormente a dinâmica
assumida pelo mercado de trabalho tem efeitos decisivos sobre essa
discussão.
Uma alternativa seguida por Eggertsson e Krugmam (2010) decorre da
existência de fração relevante de indivíduos restritos por elevado
endividamento e que tem que se desalavancar rapidamente. Nessas
situações, fração do consumo agregado depende da renda disponível e,
portanto, emerge daí a dinâmica keynesiana tradicional. Uma política fiscal
capaz de relaxar a restrição desses agentes torna-se extremamente potente
para administrar a demanda agregada gerando, assim, multiplicadores
próximos a dois.
Outro efeito dentro da linha de modelos novo-keynesianos é obtido por
Eggertsson e Woodford (2003) que elaboraram o argumento de que o
aumento do déficit eleva as expectativas de inflação fazendo com que a
taxa de juros real caia a ponto de estimular a economia. Christiano,
Eichembaum e Rebelo (2009) mostram que, nessa situação, o multiplicador
obtido seria de 2,3. No entanto, há que se considerar que nesse caso
particular, o efeito é potencializado por meio da flexibilização da política
monetária e não diretamente pela política fiscal.

2.4. Efeitos ateóricos: como a persistência, a dependência de estado


e o limite inferior para a taxa de juros podem afetar o tamanho
do multiplicador.

Para além da discussão dos modelos econômicos discutidos


anteriormente, existem algumas noções gerais que alimentam o debate
sobre multiplicadores fiscais, mas que por conta das suas especificidades
torna difícil de serem identificadas com determinada corrente teórica. Essas
noções acabam justificando a adoção da política fiscal em determinadas
situações, pois nesses casos o efeito multiplicador seria elevado.
A primeira noção utilizada é a ideia de que quanto maior a persistência
do gasto, maior é o efeito multiplicador. Um dos argumentos utilizados é
que quando a política fiscal expansionista tem duração mais prolongada, os
trabalhadores devem trabalhar mais horas para compensar o efeito riqueza
negativo gerado pela tributação maior. Hall (2009) afirma que esse efeito
contradiz a discussão sobre equivalência ricardiana, concluindo que a
mesma não se mostra relevante nesse debate. Em modelos keynesianos
esse efeito se justifica porque o mercado de trabalho é determinado
diretamente pela demanda por trabalho. Cumpre notar que esse efeito tem,
de fato, respaldo na evidência empírica6.
A segunda noção está relacionada ao nível de utilização da capacidade
ociosa. Nesse caso, o multiplicador fiscal seria tão maior quanto maior fosse

6
Para evidências para o Brasil, ver Cavalcanti e Silva (2010).
o hiato de produção, pois a produção teria condições de responder de forma
rápida e quantitativamente relevante ao impulso fiscal. Esses efeitos são de
difícil caracterização em modelos econômicos, mas de fácil aferição em
modelo econométricos de dependência de regime. Nesse sentido, as
evidências disponíveis indicam que o multiplicador fiscal é maior em
períodos de recessão (Mitnik e Seemler, 2011 e Auerbach e
Gorodnichenko, 2011).
Por último, um debate mais recente surgiu com a impossibilidade de
administrar choques macroeconômicos por meio da política monetária.
Nesse contexto, a política fiscal seria o principal instrumento para
administrar a demanda agregada e estimular o crescimento econômico. De
certa forma, essa situação se constitui como um caso particular da anterior,
pois só se justificaria dentro de um contexto de hiato de produto que não
conseguiria ser resolvido totalmente via política monetária.
Outras considerações importantes sobre o tamanho dos multiplicadores
fiscais podem ser destacados tais como o tamanho da dívida pública
(Favero e Giavazzi, 2007), a composição da expansão fiscal entre
investimentos, consumo do governo e os programas de transferências
direta de renda (Hall, 2010).

3. Os estudos recentes sobre multiplicadores fiscais: Uma tentativa


de conciliação entre a teoria e a evidência empírica disponível.

A análise empírica recente tem se utilizado de dois tipos de


metodologias. A primeira refere-se à evidência a partir de Vetores Auto
Regressivos (VAR). Nesse caso, os estudos tem se subdividido em duas
vertentes. A primeira utiliza a identificação estrutural do VAR sendo que o
maior desafio reside na adequada identificação do multiplicador fiscal o que
tem sido objeto de muito debate. A segunda utiliza a abordagem narrativa
que busca encontrar nos registros históricos o melhor momento para
identificar o impulso fiscal exógeno com preferência dada aos eventos em
que a expansão fiscal é maior e duradoura. Dentre essas evidências, é
comum concluir que a abordagem narrativa tem encontrado multiplicadores
maiores em relação ao VAR estrutural.
A segunda metodologia trata de encontrar efeitos de estímulos fiscais a
partir de microdados. Nesse caso, busca-se o efeito sobre as decisões de
consumo das famílias a partir de programas de transferências de renda. Os
resultados desses estudos são bastante convincentes. A decisão de
consumo é positivamente influenciada por meio de programas de
transferências de renda. O problema desses estudos, é que eles não
respondem às questões macroeconômicas (Ramey, 2011b). Por exemplo, é
possível que para criar o programa de estímulo para determinado conjunto
de consumidores, o governo tenha elevado os impostos de outros
consumidores. Portanto, o efeito líquido ou macroeconômico do pacote é a
priori indefinido.
Hall (2009) oferece uma boa discussão sobre como os variados modelos
podem ser traduzidos em evidências empíricas. As evidências obtidas a
partir de VAR estruturais mostram a prevalência de efeitos entre os modelos
clássicos e novo-keynesianos, ou seja, multiplicadores próximos a unidade.
No entanto, as abordagens narrativas - que estudam o efeito de grandes
intervenções fiscais - têm encontrado multiplicadores bem maiores, muitas
vezes próximos a 2. Nesse caso, cabe destacar que esses estudos
possuem algumas similitudes com as situações destacadas pelos efeitos
“ateóricos” que tendem a caracterizar multiplicadores maiores. Grandes
intervenções fiscais ocorrem precisamente em momentos de elevado hiato
do produto e de armadilha da liquidez. Além disso, tendem a possuir
elevada persistência, como no caso em que ocorrem em períodos de
guerras.
Tabela 1 – Evidência Empírica Recente

Fonte Método Estimativa Informações Adicionais

Blanchard e Perroti (2002) VAR estrutural 0,90-1,29


Modelos com consumo
VAR e Calibragem dependendo da renda
Galí, Lopes-Salido e Valdés (2007) em um modelo 0,31-2,08 disponível faz o
DSGE multiplicador se
aproximar de 2
Utilizou os gastos
Perroti (2008) VAR estrutural 0,70
militares
VAR com restrição Expansão financiada por
Mountford e Uhlig (2009) 0,65
de sinais déficit

VAR com
Almunia, Bénétrix e Eichengreen
decomposição de 1,20-2,50
(2009)
cholesky
Multiplicador válido para
VAR com
períodos de grande
Krenn-Gordon (2010) decomposição de 1,80
ociosidade baseado em
cholesky
evidência narrativa
Estima o modelo
Cogan, Cwik, Taylor, Wieland (2010) Smets-Wouters 0,64
(2007)
Utiliza o valor presente
dos gastos militares
Ramey (2011a) VAR estrutural 0,60-1,0
baseado em evidência
narrativa
VAR estrutural e
O multiplicador é maior
Auerbach e Gorodnichenko (2011) dependência de -0,3 - 3,6
em perídos de recessão
regime
Faz associação indireta
VAR com regime relacionando o choque de
Mittnik e Semmler (2011) 0,70-1,60
de threshold demanda a um choque
fiscal

Existe uma grande diferença, no entanto, entre o debate estritamente


acadêmico recente sobre multiplicadores fiscais e o debate de política
econômica aplicada. Curiosamente, o debate de política econômica
aplicada tem se fundamentado em argumentos que tem desconsiderado os
desenvolvimentos mais recentes. Cochrane (2009), por exemplo, explica a
ineficácia de políticas fiscais expansionistas:
“The problem is simple: bailouts and stimulus plans are funded by
issuing more government debt. (The money must come from
somewhere!) The added debt absorbs savings that would otherwise
go to private investment. In the end, despite the existence of idle
resources, bailouts and stimulus plans do not add to current
resources in use. They just move resources from one use to
another.”

O argumento, no entanto, ignora a questão principal que é a idéia,


bastante difundida na macroeconomia, de que na existência de recursos
disponíveis, a demanda agregada determina o nível de produção e
emprego. Na resposta de Krugman (2009):

“Similarly, after a change in desired savings or investment


something happens to make the accounting identity hold. And if
interest rates are fixed, what happens is that GDP changes to make
S and I equal.”

Outro tipo de argumento é o de que a política fiscal não seria eficaz por
conta de algum tipo de consideração ricardiana. Dentro da lógica utilizada, o
aumento do gasto teria que ser financiado de alguma forma por outros
indivíduos o que eliminaria o efeito líquido do impulso fiscal. Nas palavras
de Lucas (2009):

“But if we do build the bridge by taking tax money away from


somebody else, and using that to pay the bridge builder... then it's
just a wash.... [T]here's nothing to apply a multiplier to. You apply
a multiplier to the bridge builders, then you've got to apply the
same multiplier with a minus sign to the people you taxed to build
the bridge... taxing them later isn't going to help, we know that...”

Essa lógica da equivalência ricardiana não tem se confirmado nos


modelos, conforme disposto por Hall (2009). Ainda que o argumento possa
ser considerado seu efeito pode ser pequeno. Nas palavras de Krugman
(2009):

“But suppose that the increase in government spending is


temporary, not permanent — that it will increase spending by $100
billion per year for only 1 or 2 years, not forever. This clearly
implies a lower future tax burden than $100 billion a year forever,
and therefore implies a fall in consumer spending of less than $100
billion per year. So the spending program IS expansionary in this
case, EVEN IF you have full Ricardian equivalence.”
Ao constatar a completa dissociação desse debate econômico aplicado
dos recentes resultados encontrado pela literatura, Romer (2011) tem
apontado a existência de um viés eminentemente ideológico:

“Policymakers and far too many economists seem to be arguing


from ideology rather than evidence. As I have described this
evening, the evidence is stronger than it has ever been that fiscal
policy matters – that fiscal stimulus helps the economy add jobs,
and that reducing the budget deficit lowers growth at least in the
near term.”

Assim, pode-se dizer que uma parte relevante do debate ainda não tem
se beneficiado dos resultados mais recentes gerando toda essa
controvérsia. Em parte isso é resultado de algumas evidências que ficaram
famosas, mas que aos poucos têm sido revisitadas como a idéia de que as
contrações fiscais são expansionistas.

4. Contrações são contracionistas.

A idéia de que as contrações fiscais podem ser expansionistas obteve


respaldo empírico a partir de uma série de estudos que justificavam seus
efeitos expansionistas a partir da idéia de que uma contração fiscal seria
capaz de aumentar a confiança do setor privado e estimular novas decisões
de consumo e investimento.
Um resultado bastante representativo dessa literatura é o de Ardagna e
Alesina (2009) que identificam em vários países os momentos de grande
consolidação fiscal e correlacionam esses eventos com a dinâmica do PIB
no momento seguinte ao do ajuste fiscal. Com base nesse conjunto de
dados, os autores encontram evidências de que os países que praticaram
consolidações fiscais expressivas obtiveram melhor desempenho
econômico.
O impacto que essa literatura teve na política econômica foi notável. Na
realidade, o respaldo empírico que essa literatura deu foi bastante frágil. Em
primeiro lugar, essa literatura nunca foi além de identificar padrões de
correlação ao invés de causalidade. É claramente factível que o
crescimento econômico tenha sido responsável pela melhoria dos
resultados fiscais. Esse ponto é adequadamente demonstrado por Jayadev
e Konczal (2011). Quando esse tipo de controle é feito, os resultados não
respaldam a conclusão da contração fiscal expansionista.
Em segundo lugar, está o problema de omissão de variável relevante.
Tanto o resultado fiscal quanto o comportamento do PIB podem ter sido
influenciados por uma terceira variável omitida. Em matéria de política
fiscal, esses exemplos são abundantes, como a elevação do preço das
commodities, a evolução mais favorável da taxa de câmbio em países
exportadores, o relaxamento da política monetária, maior crescimento na
construção civil e no preço dos imóveis, etc. Quando a consolidação fiscal é
feita de forma exógena, Guajardo, Leigh e Pescatori (2011) concluem em
favor do seu efeito contracionista.
Um terceiro tipo de crítica é a definição ou identificação de episódios de
grande contração fiscal. Com efeito, ao contrário de se observar o tamanho
puro e simples do respectivo indicador corrente de política fiscal, o mais
adequado é observar as variações ajustadas pelo ciclo econômico (FMI,
2010). Quando esse tipo de ajuste é feito, também se conclui a favor dos
efeitos contracionistas da consolidação fiscal.
A partir desses novos resultados, a literatura tem dado maior atenção
aos potenciais efeitos expansionistas da política fiscal buscando entender
em quais situações esse efeito pode ser maximizado, buscando
metodologias novas para esse propósito.

5. Evidências para o Brasil.

Não é difícil concluir que as evidências para o Brasil são muito escassas.
Cavalcanti e Silva (2010), por exemplo, mostram que o impacto da política
fiscal é relevante para a economia brasileira, mas ressaltam que o efeito da
política fiscal se torna menor quando se incorpora a dinâmica da dívida
pública. No entanto, ressaltam que esse tipo de ponderação só se torna
relevante em momentos de maior restrição fiscal. Em estudo relativamente
similar, do ponto de vista metodológico, Peres e Ellery (2009) concluem que
a política fiscal brasileira possui efeitos próximos aos postulados em
modelos keynesianos.
O grande problema dessa literatura aplicada ao Brasil é que estas estão
limitadas à disponibilidade dos dados. Com efeito, Cavalcanti e Silva (2010)
estimam as despesas primárias pela diferença entre a carga tributária bruta
e o resultado primário e, portanto, não conseguem separar as
transferências de renda, o consumo do governo e os investimentos
públicos. Peres e Ellery (2009), por sua vez, decompõem os gastos
correntes dos investimentos, mas se restringem a analisar o Governo
Federal.
Melhores estimativas, portanto, dependem de informações mais precisas
sobre a dinâmica do setor público no Brasil. Essas informações encontram-
se, atualmente, disponíveis a partir de uma série de pesquisas realizadas
pelo IPEA que divulgaram estimativas trimestrais dos investimentos
públicos e da carga tributária líquida das administrações públicas7. Essas
informações foram deflacionadas, respectivamente, pelo INCC e pelo
deflator do PIB e ambas dessazonalizadas pelo X12-arima. A vantagem das
evidências a serem reportadas é, portanto, o uso de informações
inteiramente novas para análise dos multiplicadores fiscais.
Além dessas novas informações será utilizado o consumo do governo e
o PIB, calculados pelo IBGE. Vale ressaltar que, curiosamente, os dados de
consumo do governo ainda não foram utilizados nesse tipo de análise
sendo importante destacar que as outras séries são ainda mais relevantes.
No caso dos investimentos públicos e da carga tributária líquida, não existe
outra base de dados que consolide informações dos três entes da
federação em base trimestral para o Brasil.
Um ponto que merece atenção é com relação à interpretação dos
resultados a serem obtidos. Como o multiplicador fiscal, não é um
parâmetro estrutural e seu valor pode variar conforme a estrutura da
economia a das circunstâncias econômicas, os valores aqui encontrados
devem ser considerados multiplicadores médios para o período de
referência. Os multiplicadores podem ser maiores ou menores em função
de situações específicas. Com relação a esse ponto, os dados sugerem que

7
Para análise das metodologias e fonte de informações que geraram esse conjunto de dados ver, Dos
Santos e Costa (2008) e Dos Santos et al (2011).
esse é o caso da resposta fiscal anticíclica durante a crise o que requer
uma reflexão mais detalhada.
A Figura 1 apresenta a evolução da taxa de crescimento do consumo do
governo. É importante destacar que a série apresenta uma observação
aberrante logo no seu início e que depois possui comportamento bastante
regular com crescimento médio positivo e rápida reversão para a média,
apresentando, portanto, baixa persistência. Durante o ano de 2009, o
consumo do governo cresceu a taxa positivas, mas moderadas e
decrescentes até o final de 2010. Conforme mostra a literatura, esse
comportamento mais persistente pode ter sido importante para a
recuperação anticíclica.
A Figura 2 apresenta a evolução da taxa de crescimento dos
investimentos públicos. Diferentemente do consumo do governo, os
investimentos públicos possuem elevada volatilidade. Uma característica
marcante é a elevação da taxa de crescimento dos investimentos públicos
após 2006. Enquanto a taxa de crescimento entre 1996 e 2005 foi de 0,2%
ao trimestre, a taxa de crescimento entre 2006 e 2011 foi de 2,2% ao
trimestre. Além disso, a volatilidade da série se reduziu substancialmente. É
possível perceber que seu comportamento durante os anos de 2009-10 foi
bastante expansionista sendo revertido no ano seguinte como resultado da
expansão anticíclica e de seu posterior processo de moderação.
Novamente, esse comportamento sugere um multiplicador fiscal elevado.
A Figura 3 descreve a evolução da carga tributária líquida que assim
como o investimento apresenta elevada volatilidade. Enquanto são
conhecidos os efeitos de reformas tributárias anteriores que geraram
substancial ganho de arrecadação, é importante notar sua dinâmica no
período da crise internacional. Essa foi a primeira variável fiscal a refletir os
efeitos da crise. No quarto trimestre de 2008, a carga tributária líquida caiu
11% após, seguidos trimestres de elevação substancial. A sua recuperação
se deu apenas no terceiro trimestre de 2009 quando volta a apresentar
crescimento positivo. Essa queda foi prolongada, não apenas por conta dos
estabilizadores automáticos, mas também pelo aumento das transferências
de renda e por uma série de desonerações feitas com o objetivo de
administrar a demanda agregada.
O objetivo da análise empírica é identificar o multiplicador médio da
política fiscal sobre o PIB. O período amostral coberto pela análise será
entre o segundo trimestre de 1996 até o segundo trimestre de 2011. Os
modelos apresentados são baseados em uma defasagem conforme
definido conjuntamente pelos critérios de Akaike, Schwarz e Hanna-Quinn.
O primeiro exercício foi realizado no vetor de variáveis composto pelo
consumo do governo, PIB e carga tributária líquida. O VAR foi identificado
de forma equivalente a Blanchard e Perroti (2002) que assume que o
consumo do governo é estritamente exógeno, que o PIB é afetado
simultaneamente pelo consumo do governo e apenas posteriormente pela
carga tributária líquida. A carga tributária líquida, por sua vez, seria afetada
pelo PIB e pelo consumo do governo de forma contemporânea.
Os resultados (Figura 4) mostram que, de fato, o consumo do governo
possui baixa persistência. O consumo do governo possui impacto
significativo sobre o PIB, mas de curta duração, possivelmente refletindo
sua pequena persistência. O multiplicador de curto prazo do consumo do
governo é 1,11. Não foi constatado efeito significativo da carga tributária
líquida.
O segundo exercício inclui o investimento público no VAR anterior. Os
critérios de adequação do modelo mantiveram a indicação por uma
defasagem. A identificação tentou seguir a abordagem anterior com as
despesas de investimento afetando o PIB de forma contemporânea, mas
não sendo afetadas pelo PIB e pela carga tributária líquida.
Os resultados indicam efeitos similares aos anteriores, com o consumo
do governo sendo significativo na determinação do PIB, mas de forma
pouco persistente. O multiplicador do consumo do governo é um pouco
menor, igual a 0,99. O investimento público, por sua vez, possui efeito
ligeiramente maior sobre o PIB em relação ao consumo do governo e com
durabilidade um pouco maior, refletindo, provavelmente o fato de que seus
choques são mais elevados. O multiplicador do investimento, nesse modelo,
é de 1,26. Mais uma vez o efeito da carga tributária líquida não foi
significativo.
Tabela 2 – Multiplicadores Fiscais no Brasil
Modelo 1 Modelo 2
% médio
Política Fiscal Elasticidade Elasticidade
Multiplicador Multiplicador do PIB
contemporânea* contemporânea*
consumo do
0,223 (0,062) 1,11 0,199 (0,062) 0,99 0,202
governo
n.a. n.a. 0,025 (0,014) 1,26 0,020
investimento
* Desvio padrão entre parêntesis.

6. Conclusões

A adoção de políticas anticíclicas como resposta à crise financeira tem


despertado o interesse dos economistas em redescobrir o efeito da política
fiscal sobre o nível de atividade econômica estabelecendo uma vasta
literatura teórica e empírica que tem ajudado a melhor compreender a
repercussão macroeconômica da política fiscal.
Nesse sentido, os resultados recentes têm mostrado que não existe um
único multiplicador fiscal. Na verdade, a questão mais adequada parece ser
entender as condições que tornam o multiplicador fiscal grande. Nesse
sentido, uma miríade de fatores tem sido destacada como propulsores da
política fiscal tais como o formato da função consumo, a dinâmica do
mercado de trabalho, a persistência da política fiscal, o momento do ciclo
econômico e a política monetária.
Esse artigo apresentou evidências empíricas, baseados em dados
inexplorados, de que os multiplicadores fiscais médios no Brasil são
substanciais e, provavelmente maiores que a unidade. Ainda assim cabe
destacar que os mesmos podem ter sido substancialmente maiores no
período da crise em decorrência da dinâmica que assumiram, pois
apresentaram respostas consistentes e maior persistência em um momento
em que o hiato do produto foi elevado e com substancial funcionamento dos
estabilizadores automáticos.
Esta constatação abre um campo com várias possibilidades de pesquisa
dentre as quais é possível destacar o comportamento do multiplicador em
períodos de grandes intervenções fiscais e em períodos de elevado hiato do
produto. Além disso, é importante destacar a importância de se avaliar a
importância do multiplicador em relação à política monetária e aprofundar a
discussão dos seus efeitos dinâmicos tendo em vista que não foi possível,
nesse artigo, explorar um padrão dinâmico mais rico.

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Apêndice

Figura 1- Evolução da taxa de crescimento do consumo do governo


15

O consumo do governo tende a apresentar Durante a crise, a


relativa estabilidade com crescimento médio no persistência do consumo
10
período de 0,94% por trimestre. Período de do governo foi elevada.
maior crescimento são rapidamente revertidos
5 levando a série a apresentar baixa persistência.

-5

-10

-15

-20
1996Q2
1996Q4
1997Q2
1997Q4
1998Q2
1998Q4
1999Q2
1999Q4
2000Q2
2000Q4
2001Q2
2001Q4
2002Q2
2002Q4
2003Q2
2003Q4
2004Q2
2004Q4
2005Q2
2005Q4
2006Q2
2006Q4
2007Q2
2007Q4
2008Q2
2008Q4
2009Q2
2009Q4
2010Q2
2010Q4
2011Q2
Fonte: IBGE.

Figura 2 – Evolução da taxa de crescimento do investimento público


25

Crescimento
15 médio de
2,20%

-5
Crescimento
médio de
-15 0,14%

-25 Taxa de Crescimento do Investimento Público


Média 1996-2005
Media 2006-2010
-35
1996Q2
1996Q4
1997Q2
1997Q4
1998Q2
1998Q4
1999Q2
1999Q4
2000Q2
2000Q4
2001Q2
2001Q4
2002Q2
2002Q4
2003Q2
2003Q4
2004Q2
2004Q4
2005Q2
2005Q4
2006Q2
2006Q4
2007Q2
2007Q4
2008Q2
2008Q4
2009Q2
2009Q4
2010Q2
2010Q4
2011Q2

Fonte: Dos Santos et al. (2011).


Figura 3 – Evolução da taxa de crescimento da carga tributária líquida
18
Impulso anticíclico em decorrência dos
estabilizadores automáticos, desonerações e
13 aumento das transferências de renda .

-2

-7
A carga tributária líquida cresce de
forma muito instável até 2004. A partir
-12 desse ano apresenta menor volatilidade
e se tornando mais correlacionada com
o ciclo econômico.
-17
1996Q2
1996Q4
1997Q2
1997Q4
1998Q2
1998Q4
1999Q2
1999Q4
2000Q2
2000Q4
2001Q2
2001Q4
2002Q2
2002Q4
2003Q2
2003Q4
2004Q2
2004Q4
2005Q2
2005Q4
2006Q2
2006Q4
2007Q2
2007Q4
2008Q2
2008Q4
2009Q2
2009Q4
2010Q2
2010Q4
2011Q2
Fonte: Dos Santos et al. (2008).
Figura 4 – Funções de impulso resposta no modelo 1
Resposta do consumo do governo à inovação no Resposta do consumo do governo à inovação na carga
4 0.8
consumo do governo tributária líquida
3 0.6

2 0.4

0.2
1
0
0
-0.2
-1
-0.4
-2 -0.6

-3 -0.8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Resposta do PIB à inovação no consumo do governo Resposta do PIB à inovações na carga tributária líquida
0.5
1
0.4
0.8
0.3
0.6

0.4 0.2

0.2 0.1

0 0

-0.2 -0.1

-0.4 -0.2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Resposta da carga tributária líquida à inovação no Resposta da carga tributária líquida à inovações na carga
consumo do governo tributária líquida
2.5 6
2 5
1.5 4
1 3
2
0.5
1
0
0
-0.5 -1
-1 -2
-1.5 -3
-2 -4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Figura 5 – Funções de impulso resposta no modelo 2
Resposta do consumo do governo à inovação do Resposta do consumo do governo à inovação do Resposta do consumo do governo à inovação da carga
consumo do governo investimento tributária líquida
0.6
4 0.8
0.4
3 0.6
0.2
2 0.4
0
0.2
1 -0.2
0
0 -0.4 -0.2
-1 -0.6 -0.4
-2 -0.8 -0.6
-3 -1 -0.8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Resposta do investimento à inovação do consumo do Resposta do investimento à inovação do investimento Resposta do investimento à inovação da carga tributária
governo 14 líquida
5 4
12
4 3
10
3
8 2
2
6 1
1
4 0
0
-1 2 -1

-2 0 -2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
-2

Resposta do PIB à inovação do consumo do governo Resposta do PIB à inovação do investimento Resposta do PIB à inovação na carga tributária líquida
1 0.6 0.4
0.5
0.8 0.3
0.4
0.6 0.3 0.2

0.4 0.2 0.1


0.1
0.2 0 0

0 -0.1 -0.1
-0.2
-0.2 -0.2
-0.3
-0.4 -0.4 -0.3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Resposta da carga tributária líquida à inovação do Resposta da carga tributária líquida à inovação do Resposta da carga tributária líquida à inovação na carga
consumo do governo investimento tributária líquida
2.5 2 6
2 1.5 5
1.5 4
1
1 3
0.5 2
0.5
0 1
0
-0.5 0
-0.5 -1
-1 -1
-2
-1.5 -1.5 -3
-2 -2 -4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

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