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2022-2023
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ABSTRACT
Economic stability and financial sustainability are essential pillars for a country's
sustainable growth in a complex global scenario. Faced with the fiscal challenges
facing nations, the implementation of effective fiscal rules has emerged as a widely
debated strategy to ensure fiscal discipline and responsibility in public finances. The
main objective of this project is to explore the relevance of fiscal rules in preserving
economic stability and to analyze their impact in the specific context of Brazil. In
particular, it proposes the construction of a dynamic stochastic general equilibrium
(DSGE) model, based on existing studies, in order to understand how different fiscal
rules affect significant macroeconomic variables. By using the DSGE model, the aim
is to provide a more in-depth and informed analysis of the economic implications of
these rules, contributing to the understanding of fiscal policies in the national context.
1
RESUMO
2
1. Introdução
No Brasil, a trajetória das finanças públicas tem muitos altos e baixos. A crescente
dívida pública e a necessidade de uma reforma fiscal refletem a complexidade da
situação financeira. A implementação pelo PEC de um limite máximo de gastos em
2016, limitando o crescimento dos gastos, gerou debates sobre a alocação de
recursos em áreas-chave como saúde e educação. Recentemente, o governo
brasileiro anunciou uma proposta de nova regulamentação fiscal, substituindo o
limite de gastos da PEC. Esta proposta visa combinar flexibilidade e objetivos-chave
de resultados para melhor equilibrar despesas e receitas públicas. No entanto, a
implementação eficaz destas regras levanta questões sobre o seu impacto
macroeconómico e social.
Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar o impacto das
regulamentações fiscais no Brasil, examinando a interação entre a política monetária
e a política fiscal. Através do modelo DSGE, exploraremos as implicações destas
regras para a estabilidade da dívida pública, bem como o seu impacto no bem-estar
social e na produção. Ao examinar diferentes regras financeiras e as suas
3
consequências, pretendemos fornecer informações valiosas para a formulação de
políticas económicas mais fortes e sustentáveis.
2. O modelo
4
famílias se beneficiam do consumo governamental. O governo entra na função de
utilidade das famílias. Ambos os tipos de famílias recebem um subsídio único do
governo. Famílias pacientes contribuem para o emprego no setor público e privado,
acumulam capital físico e imobiliário e têm acesso irrestrito aos mercados
financeiros, podendo adquirir títulos do governo. Por outro lado, famílias impacientes
fornecem mão de obra, tanto para empresas quanto para o setor público, e têm
acesso limitado aos mercados financeiros, sendo necessário oferecer garantias para
aquisição de títulos governamentais.
Esta construção do modelo DSGE visa oferecer uma representação realista das
características econômicas do Brasil, permitindo uma análise aprofundada do
impacto das políticas fiscais e monetárias em um ambiente neokeynesiano. Na
próxima seção, detalharemos os principais resultados obtidos por meio deste
modelo e discutiremos suas implicações para a economia brasileira.
5
2.1 Famílias
2.1.1 Família Pacientes
A utilidade das famílias pacientes depende dos níveis de consumo, do patrimônio
imobiliário e do tempo de lazer. Assim, as famílias pacientes possuem a seguinte
função utilidade:
∞
𝑇
𝑈𝑡 ( 𝐶'𝑡, 𝐿'𝑡 , 𝐻'𝑡) = ∑ (β' ) [log 𝐶'𝑡 + log( 1 − 𝐿'𝑝,𝑡 − 𝐿'𝑔,𝑡) + 𝑙𝑜𝑔 𝐻'𝑡] (1)
𝑇=0
Onde o β' ∈ (0, 1) é o fator de desconto das famílias pacientes, e 𝐶'𝑇 denota o
consumo total das famílias pacientes. O componente 𝐶'𝑡 = 𝐶'𝑝,𝑡 + µ𝑃𝐶𝑔,𝑡; 𝐶𝑔,𝑡 é o
(2)
1
O consumo do governo é estabelecido com uma proporção fixa do PIB (19%).
2
Tal como no trabalho Iacoviello (2005), nesse trabalho, acreditamos que não há depreciação de
imóveis.
3
Tal como no trabalho de Iacoviello (2005), assumimos que o património imobiliário e o consumo são
separáveis. Bernanke (1984) estudou o comportamento conjunto do consumo de bens duradouros e
não duradouros e concluiu que a separabilidade entre os dois tipos de bens é uma boa aproximação.
6
Onde π𝑡 é a taxa bruta de inflação (π𝑡= 𝑃𝑡/ 𝑃𝑡−1); 𝑃𝑡 representa o nível geral de
refere-se aos preços dos imóveis (𝑞𝑡=𝑄𝑡/ 𝑃𝑡); ω𝑝,𝑡 (ω𝑝,𝑡=𝑊𝑝,𝑡/ 𝑃𝑡) e ω𝑔,𝑡 (ω𝑔,𝑡= 𝑊𝑔,𝑡/ 𝑃𝑡
𝑐 ι
(
(1 + 𝑇 ) 𝐶'𝑡 + 𝐾'𝑝,𝑡– (1– δ𝑘) 𝐾'𝑝,𝑡−1+ ϵ𝑘,𝑡 + 𝑏'𝑡 = (1– 𝑇 ) ω𝑝,𝑡𝐿'𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿'𝑔,𝑡 ) +
𝑐
Na restrição orçamental acima referida, a expressão (1+ 𝑇 )𝐶'𝑡 representa o total
7
(1 − 𝑇ι)(ω𝑝,𝑡𝐿'𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿'𝑔,𝑡) é a renda do trabalho das famílias de pacientes, e
∞
𝑇
𝑈𝑡 ( 𝐶''𝑡, 𝐿''𝑡 , 𝐻''𝑡) = ∑ (β'' ) [log 𝐶''𝑡 + log( 1 − 𝐿''𝑝,𝑡 − 𝐿''𝑔,𝑡) + 𝑙𝑜𝑔 𝐻''𝑡] (5)
𝑇=0
em que β'' ϵ (0, 1) é o fator de desconto das famílias impacientes; β'' < β' ; 𝐶''𝑡
representa o consumo das famílias impacientes, de tal forma que 𝐶''𝑡= 𝐶''𝑝,𝑡 + µ𝑖𝐶𝑔,𝑡
(1 + 𝑡𝑐)𝐶''𝑡 + 𝑏''𝑡 = ( 1 −𝑡
ι
)( ) ( 𝑞
)
ω𝑝,𝑡𝐿''𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿''𝑔,𝑡 + 𝑅𝑡−1 𝑏''𝑡−1/π𝑡+ 1 − 𝑡 𝑞𝑡∆𝐻''𝑡
+ T 𝑅𝑡 (6)
8
Além disso, tal como no trabalho de Iacoviello (2005), famílias impacientes e com
restrições no mercado obrigacionista podem ser representadas pela seguinte
equação:
( ) (
𝑅𝑡𝑏''𝑡 = π𝑡+1𝑚ω ω𝑝,𝑡𝐿''𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿''𝑔,𝑡 + π𝑡+1𝑚𝑞 𝑞𝑡+1𝐻''𝑡 ) (7)
onde 𝑚ω é a parcela do rendimento salarial da família que deseja ser usada como
é usada como garantia. Esses termos (𝑚ω e 𝑚𝑞) também são conhecidos como
financeiros.
2.2 Empresas
2.2.1 Empresas de varejo
1 ψ−1 ψ
⎡ ⎤
𝑌𝑡 = ⎢∫ 𝑌𝑗,𝑡ψ 𝑑𝑗⎥ ψ−1
(8)
⎢0 ⎥
⎣ ⎦
. 𝑌𝑗,𝑡 = ( )
𝑃𝑗,𝑡,
𝑃𝑡
−ψ
𝑌𝑡 (9)
9
A expressão acima implica que a procura do bem intermediário 𝐽 é uma função da
sua diminuição relativa no preço e do aumento na produção do bem final.
família do paciente (𝐾𝑝) e capital público (𝐾𝑔). Neste caso, o sector público ajuda o
( )
𝐾𝑔,𝑡 = 1 − δ𝑘 𝐾𝑔,𝑡−1 + 𝐼𝑔,𝑡 (10)
𝑔
onde 𝐼𝑡 é o investimento público, que é determinado exogenamente pelo governo.
α
( )
𝑌𝑗,𝑡 = 𝐴𝑡 𝐾𝑝,𝑗,𝑡 (𝐿𝑝,𝑗,𝑡) γ(𝐾𝑝,𝑗,𝑡𝐿𝑝,𝑗,𝑡) 1−α−γ
(11)
10
Portanto, o problema da empresa capaz de ajustar preços é:
∞
max: 𝐸𝑡 ∑ (βθ)
𝑖=0
(𝑃
𝑖 ∗
𝑌
𝑗,𝑡 𝑗,𝑡+𝑖
− 𝐶𝑇𝑗,𝑡 ) (12)
1
1−ψ ∗1−ψ
𝑃𝑡 = ⎡⎢θ𝑃𝑡−1 + (1 − θ)𝑃𝑡 ⎤⎥ 1−ψ
(13)
⎣ ⎦
2.3 Governo
2.3.1 Política Fiscal
𝑑𝑡 𝑅𝑡−1𝑑𝑡−1 𝑆𝑃𝑡
𝑌𝑡
= 𝑌𝑡
– 𝑌𝑡
(14)
(
dívida pública como proporção do PIB 𝑑𝑡 = 𝐷𝑡/𝑃𝑡 = 𝑅𝑡𝑏𝑡 ; a variável 𝑏𝑡 é o total )
montante de títulos públicos (𝑏𝑡= 𝑏' 𝑡 + 𝑏''𝑡).
𝑆𝑃𝑡 𝑇𝑡 𝐺𝑡
𝑌𝑡
= 𝑌𝑡
– 𝑌𝑡
(15)
11
onde
𝑘 𝑐 𝑞
ι
(
𝑇𝑡 = 𝑇 ω𝑝,𝑡𝐿'𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿'𝑔,𝑡 + ω𝑝,𝑡𝐿''𝑝,𝑡 + ω𝑔,𝑡𝐿''𝑔,𝑡 𝑇 𝑅 𝐾 ) 𝑘,𝑡 𝑝,𝑡 ( )
+ 𝑇 𝐶'𝑡 + 𝐶''𝑡 – 𝑇 𝑞𝑡
∆𝐻''𝑡 (17)
montante da dívida pública excede esse nível, quando o ciclo econômico está no
seu pico, o governo deve reduzir a sua participação na economia.
4
No modelo de base, a despesa do governo é dada por Gt = Cg,t + TRt + Ig,t.
12
Neste caso, esta regra estabelece uma relação inversa entre gastos públicos, dívida
e ciclo econômico.
( )
𝐺𝑡= 1 + π𝑡−1 𝐺𝑡−1 (19)
( ⎣) ( ) ( )
𝑅𝑡 = ϕ𝑅𝑅𝑡−1 + 1 − ϕ𝑅 ⎡⎢ϕπ 𝐸𝑡(π𝑡+𝑝)π𝑡 + ϕ𝑌𝐸𝑡 𝑌𝑡+𝑧 ⎤⎥ + 𝑒𝑅,𝑡
⎦
(20)
Esta regra especifica que a taxa de juro nominal atual depende de uma componente
2.4 Choques
13
O modelo inclui seis choques exógenos: choque de rendimento agregado, 𝑒𝐴,𝑡;
𝐴𝑡, 𝑒𝑅,𝑡, 𝐼𝑔,𝑡, ω𝑔,𝑡, 𝐿𝑔,𝑡 e 𝑇𝑅𝑡 são dados pelas seguintes expressões:
2.5 Equilíbrio
∞
;por uma sequência de oferta de capital privado e público 𝐾𝑝,𝑡, 𝐾𝑔,𝑡 { } 𝑡=0
; por uma
∞
sequência de preços {𝑃𝑡, 𝑃𝑗,𝑡, 𝑅𝑘,𝑡, 𝑞𝑡, ω𝑝,𝑡} 𝑡=0
; pela taxa de juros nominal da
∞
economia 𝑅𝑡{ } 𝑡=0
, que é compatível com a solução do problema do consumidor,
14
3. Estimativa Bayesiana
3.1 Dados
Para estimar o modelo DSGE são utilizadas três variáveis para cada trimestre:
PIB real, taxas de juro nominais e consumo das famílias. Essas variáveis foram
escolhidas por serem as variáveis endógenas mais relevantes. As variáveis
utilizadas são logarítmicas naturais e ajustadas sazonalmente. O modelo foi
estimado utilizando o software Dynare em Matlab. O PIB real é retirado do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (conta nacional trimestral), a taxa de
juros nominal é a SELIC (Sistema Especial de Acompanhamento e Pagamentos)
retirada do Banco Central do Brasil e o consumo das famílias é a taxa final. O
consumo das famílias é calculado pelo IBGE.
15
2018, Wesselbaum, (2017). A Tabela 3 no Apêndice (A) fornece uma breve
descrição desses parâmetros.
16
na produção de bens intermediários, devido ao último valor deste parâmetro nos
três modelos distintos, significativamente do valor anterior. Este resultado contrasta
com os resultados de Gomes e Mendicino (2015) e Silva e Besarria (2018) para a
economia brasileira; esses autores obtiveram valores posteriores idênticos aos
valores iniciais que utilizaram. Finocchiaro e Heideken (2013) também encontraram
resultados semelhantes para o Japão e o Reino Unido, e Silva e Besarria (2018)
também encontraram resultados semelhantes.
17
Os resultados estimados do modelo DSGE demonstram que, nos três cenários de
despesa pública após um choque restritivo de política monetária, todas as variáveis
econômicas reagem negativamente ao choque, exceto a dívida pública.
Nesta seção, é feita uma análise do bem-estar das famílias. Para determinar o bem-
estar das famílias, foi utilizada a medida aplicada no trabalho de Paes e Bugarin
(2006); essa medida consiste no uso da variação compensada do consumo.
18
Tabela 1: Bem-estar para as regras fiscais
19
de transmissão sobre a interação entre política monetária e fiscal como fizemos
neste estudo.
20
monetária na economia, o modelo de regras de gastos fixos (equivalente ao EA
95/2016) implica menores índices de produção e consumo.
Os resultados indicam que uma política fiscal mais restritiva, representada pela
regra de substituição, garantirá maior estabilidade em termos de dívida pública após
choques nas taxas de juro e, assim, reduzirá a interação entre a política fiscal e
monetária, tornando a política fiscal menos suscetível às flutuações das taxas de
juro. choque nas taxas de juros. taxa aumentou. Por outro lado, tal política dá ao
banco central mais liberdade no aumento das taxas de juro para combater a
inflação. Contudo, a implementação desta regulamentação fiscal cria uma perda
maior de bem-estar.
Portanto, para fins políticos, para o governo alcançar maior estabilidade financeira
e menos interação política entre a política fiscal e monetária, seria mais apropriado
implementar a regra alternativa. Contudo, se os decisores políticos não quiserem
reduzir o bem-estar das famílias a curto prazo, especialmente das mais pobres, é
melhor não implementar qualquer regulamentação fiscal.
4. Conclusões
21
destacam a necessidade de considerar as interações complexas entre diferentes
setores da economia e os efeitos distributivos das políticas adotadas.
22
Referências
23
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/10.1007/s10368-017-0389-z
24
Apêndice A - Calibração e distribuições prévias
25