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INTERNACIONAL
SISTEMA FINANCEIRO
INTERNACIONAL: TAXAS DE
CÂMBIO E
MACROECONOMIA DAS
ECONOMIAS ABERTAS
Autor: Dr. Mateus Ramalho Ribeiro da Fonseca
Revisor: Cláudia Katherine
INICIAR
introdução
Introdução
Dada a complexidade do sistema financeiro internacional, é necessária uma análise da
taxa de câmbio de maneira aprofundada, com as diferentes variáveis macroeconômicas,
como o produto da economia, o nível de preços, entre outras. Nessa unidade, procura-se
analisar, quais seriam as relações entre o nível de preços e a taxa de câmbio em longo
prazo, se utilizando da análise da lei do preço único e da paridade do poder de compra.
Posteriormente, se examinará o nível de produção da economia e a taxa de câmbio de
curto prazo em que a demanda agregada da economia doméstica se relaciona com o
mercado cambial e monetário, gerando o equilíbrio de mercado. Em seguida, veremos os
tipos de câmbio fixo e o motivo de se intervir no mercado cambial utilizando o Banco
Central. Por fim, será destrinchado o sistema monetário internacional, desde o padrão
ouro, que vigorou de 1870 até 1914, quando houve seu abandono, entre as duas guerras
mundiais, também conhecido como o período entre guerras e o auge e a decadência do
sistema de Bretton Woods de 1945 até 1973.
Níveis de Preço e Taxa
de Câmbio de Longo
Prazo
Para entender o sistema financeiro internacional, precisa-se, antes de tudo, analisar como
a taxa de câmbio afeta os aspectos macroeconômicos das economias abertas. O ponto de
partida será o de analisar a relação entre a taxa de câmbio de longo prazo com o do nível
de preços. Essa análise mostra-se importante, pois, no longo prazo, os níveis de preços
praticados dentro de um determinado país, desempenham um papel importante na
determinação das taxas de juros e dos preços relativos aos produtos nos países onde são
comercializados. Para se analisar essa relação, será abordada a teoria da Paridade Poder
de Compra (PPC), que tem por objetivo explicar os movimentos da taxa de câmbio entre
as moedas de dois países e as modificações que ocorrem no nível de preços desses países.
reflita
Reflita
O índice Big Mac foi inventado pelo The
Economist , em 1986, como um guia informal,
para saber se as moedas estão no nível
"correto". Baseia-se na teoria da paridade do
poder de compra (PPP) a noção de que, em
longo prazo, as taxas de câmbio devem
passar para uma taxa que iguala os preços de
uma cesta de bens e serviços idênticos (nesse
caso, um hambúrguer), em dois países.
Assim, a PPC, estabelece que todos os níveis de preços dos países são iguais, quando
medidos em termos da mesma moeda.
A relação entre a PPC e a lei do preço único mostra que há uma diferença entre ambas. A
primeira, é que enquanto a lei do preço único se aplica apenas às mercadorias individuais,
a PPC se aplica ao nível geral de preços, o que equivale a dizer que a PPC refere-se ao
preço de todos os bens e serviços que estão computados na cesta de referência.
Basicamente, a ideia por trás do enfoque monetário para as taxas de câmbio é que o
preço relativo de ambas as moedas são determinadas no longo prazo dado a demanda e a
oferta relativa entre essas duas moedas. Se o conceito existente no enfoque monetário for
verdadeiro, pode-se dizer que mudanças nas taxas de juros e nos níveis de produto da
economia, afetam diretamente o nível da taxa de câmbio através de suas influências sobre
a demanda de moeda.
Isso quer dizer que o aumento esperado da taxa de inflação de um país, terá como
consequência o crescimento, na mesma proporção, da taxa de juros na qual os depósitos
de sua moeda são oferecidos. De maneira similar, quando há uma queda na inflação
esperada, o resultado esperado é uma queda da taxa de juros. Essa relação é chamada
efeito Fisher, em que há uma relação de longo prazo entre inflação e taxa de juros. Feita a
discussão acerca dos fatores monetários que afetam as taxas de câmbio de longo prazo,
partiremos para uma análise mais ampla da PPC, com um modelo geral de taxas de
câmbio de longo prazo (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
A PPC é útil, pois é um modelo que mostra situações importantes, por exemplo, quando
ocorrem mudanças monetárias, de maneira geral as suas relações econômicas e as
previsões do enfoque monetário sobre a taxa de câmbio são conhecidas no longo prazo.
Contudo, antes de analisarmos o modelo propriamente dito, é preciso definir alguns
pontos. O primeiro a ser definido é o conceito de taxa de câmbio real, que é a taxa de
câmbio na moeda entre dois países, descontada a inflação. Em outras palavras, a taxa de
câmbio real é definida como sendo a taxa de câmbio nominal, levando em consideração o
nível de preços de ambos os países a serem analisados. Um exemplo prático seria supor a
taxa de câmbio nominal entre Brasil e Estados Unidos. Dada uma taxa de câmbio entre os
dois países, comparando-se o nível de preços de ambos, obtém-se a taxa de câmbio real.
Esse conceito é importante, pois as mudanças, tanto da taxa de câmbio quanto da inflação
doméstica ou da inflação estrangeira afetam a taxa de câmbio real (KRUGMAN; OBSTFELD;
MELITZ, 2015).
Mercado monetário
Mercado de Produto
Pode-se concluir que se todas as perturbações são monetárias por natureza, fazendo com
que as taxas de câmbio correspondam à PPC de longo prazo. Isso significa que, no longo
prazo,
[...] quando todas as alterações são de natureza monetária, as taxas de
câmbio obedecem à PPC relativa no longo prazo. Portanto, no longo prazo, a
alteração monetária afeta somente o poder de compra geral de uma moeda, e
essa mudança no poder de compra muda igualmente o valor da moeda em
termos de mercadorias nacionais e estrangeiras. Quando as alterações
ocorrem em mercados de produção, é improvável que a taxa de câmbio
obedeça à PPC relativa, mesmo no longo prazo. (KRUGMAN; OBSTFELD;
MELITZ, 2015, p. 345).
Dessa forma, haveria uma relação intrínseca entre a taxa de câmbio de longo prazo com o
nível de preços e o produto, tanto da economia doméstica, quanto das economias
estrangeiras.
praticar
Vamos Praticar
A teoria da PPC se apoia na lei do preço único, na qual se estabelece que, sob livre concorrência e
na falta de impedimento ao comércio, um bem será vendido a um preço único, em qualquer
parte do mundo. Isso quer dizer que, dado a teoria da PPC, um bem terá o mesmo valor em
qualquer parte do mundo dada a taxa de câmbio entre as moedas dos países analisados. Com
base nesse conceito, assinale a alternativa correta.
a) A diferença entre a PPC e a lei do preço único é que enquanto esta se aplica ao nível
geral de preços, que é composto de uma cesta de bens, aquela se aplica a mercadorias
individuais.
b) A diferença entre a PPC e a Lei do preço único é que enquanto esta se aplica ao nível
geral de preços do atacado do país doméstico, que é composto de uma cesta de bens,
aquela se aplica a mercadorias individuais.
c) Não há qualquer diferença entre a lei do preço único e a PPC.
d) A diferença entre a PPC e a lei do preço único é que enquanto esta se aplica a
mercadorias individuais, aquela se aplica ao nível geral de preços, que é composto de uma
cesta de bens.
e) A diferença está no fato de que enquanto a lei do preço único se aplica a mercadorias
individuais, a PPC se aplica ao nível geral de preços, que é composto de uma cesta de
bens do país estrangeiro, apenas.
Produção e a Taxa de
Câmbio no Curto Prazo
Sabe-se que o produto de uma economia é a soma de quatro tipos possíveis de gastos
que geram a renda nacional: consumo, investimento, gastos do governo e exportações
líquidas. Os dois principais itens a serem analisados para o propósito da sessão serão a
determinação do consumo e das transações correntes. No primeiro caso, a determinação
da demanda por consumo, basicamente, é dada pela propensão marginal a consumir
(ideia keynesiana) e pela renda disponível (que é a renda total menos os tributos). A
determinação das transações correntes necessita de dois fatores principais. O primeiro
fator é a taxa de câmbio real da moeda doméstica em relação à moeda estrangeira e a
renda interna disponível. Perceba que, aqui, não é importante apenas a renda das
pessoas, mas também a relação de preços da moeda doméstica em relação à moeda
estrangeira, que é caracterizada pela taxa de câmbio. Dada essa relação entre taxa de
câmbio e transações correntes, mudanças na taxa de câmbio real afetam de maneira
significativa o saldo em transações correntes.
O quadro a seguir resume como a taxa de câmbio real e a renda disponível afetam as
transações correntes.
â
D = C(Y − T ) + I + G + T C(taxadec mbioreal, Y − T )
Contudo, é importante ressaltar que alguns fatores podem alterar a forma ou a posição da
curva de demanda agregada, como por exemplo, mudanças no nível de demanda do
governo, os impostos cobrados pelo governo, o nível de investimentos, os níveis de preços
domésticos e estrangeiros, a variação do comportamento do consumo doméstico e a
demanda estrangeira pelo produto local. No primeiro caso, uma mudança do gasto
governamental tem um efeito de alterar a demanda agregada, isto é, dado um aumento
dos gastos do governo haverá um aumento da demanda agregada. E de maneira
semelhante dada uma redução dos gastos do governo, haverá uma redução da demanda
agregada. O segundo caso é uma mudança nos impostos, que afeta a demanda agregada
de maneira direta, pois afeta a renda disponível pelo lado do consumo como também
afeta o saldo em transações correntes. Assim, quando há aumento da tributação, a renda
disponível é reduzida, fazendo com que haja diminuição da demanda agregada. Redução
de impostos provoca aumento da renda disponível, afetando positivamente o consumo,
em sua expansão. A terceira alteração ocorre quando há uma mudança no investimento,
isto é, quando há demanda por investimento, o efeito é muito parecido com o que
acontece com os gastos do governo: aumentos do investimento fazem crescer a demanda
agregada e reduções do investimento a reduzem.
Também pode haver uma mudança na função de consumo, isto é, na forma como a
sociedade consome. Suponha que a sociedade decida poupar mais, gastará menos com
consumo e mais com poupança, o que acarreta a redução da demanda agregada.
Entretanto, se houver uma redução da poupança, haverá mais gasto e o aumento da
demanda agregada. Por fim, ocorrerá uma mudança na divisão da demanda entre bens
estrangeiros e domésticos, que pode decorrer do fato de que residentes domésticos e
estrangeiros decidirão consumir mais ou menos bem nos serviços produzidos no país
local. Geralmente, essa mudança está associada a um apelo para se valorizar o produto
nacional em detrimento do produto importado. Esse consumo faz com que haja uma
alteração tanto das transações correntes quanto da demanda agregada do país local
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
Com relação à mudança na oferta doméstica, suponha que, para um dado nível fixo de
produto, um aumento da oferta monetária faz com que haja uma depreciação da moeda
doméstica no mercado de câmbio, permanecendo tudo mais constante.
Proporcionalmente, uma diminuição da oferta monetária faria com que houvesse uma
apreciação da moeda doméstica. A segunda forma de mudança da curva AA é oriunda de
uma mudança do nível de preços domésticos: uma elevação do nível de preços faz com
que haja uma redução da oferta de moeda real, e por consequência, uma elevação da taxa
de juros, se tudo o mais permanecer constante, faria com que a taxa de câmbio nominal
caia. Se houver uma redução do nível de preços, a oferta de moedas se leva, causando
uma redução da taxa de juros, impactando diretamente a elevação da taxa de câmbio
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
Uma mudança na taxa de juros estrangeira também tem o poder de influenciar o mercado
de câmbio, caso haja um aumento da taxa de juros estrangeira, elevando o retorno
esperado. Dada a condição de paridade da taxa de juros, os depósitos em moeda
estrangeira fazem com que haja uma depreciação da taxa de câmbio. Por sua vez, uma
queda da taxa de juros resulta em uma apreciação da taxa de câmbio.
Por fim, supondo uma mudança na demanda por moeda real, com a previsão de redução
dessa demanda, dado o produto da economia constante, a taxa de juros se reduz,
provocando um aumento da taxa de câmbio. Assim, uma redução na demanda por moeda
tem o mesmo efeito de um aumento da oferta de moeda, pois altera a curva AA
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
praticar
Vamos Praticar
A demanda agregada em uma economia aberta é composta de quatro componentes, que
correspondem aos quatros componentes do PIB: demanda por consumo, demanda por
investimento, demanda pelo governo e transações correntes. Dado esse conceito, assinale a
alternativa correta.
a) Uma elevação dos tributos altera a demanda agregada, representada pela curva AA,
expandido-a.
b) Uma redução da cobrança de tributos altera a demanda agregada, representada pela
curva DD, expandido-a.
c) Uma elevação do consumo alteraria a demanda agregada, representada pela curva DD,
reduzindo a demanda agregada.
d) A redução dos tributos não altera nada na demanda agregada.
e) A redução dos tributos altera a taxa de câmbio real, pois gera inflação.
Taxas de Câmbio Fixas
e Intervenção Cambial
Seria inocência supor que as taxas de câmbio são completamente flexíveis, sem qualquer
intervenção das autoridades monetárias nacionais. Na vida real, é bem diferente. No final
da Segunda Guerra Mundial, até 1973, a economia mundial operou sobre um sistema de
câmbio fixo, em que havia uma relação entre moeda doméstica, dólar e ouro. Esse sistema
ficou conhecido como padrão ouro-dólar, em que todas as moedas tinham uma
equivalência no dólar, e este era lastreado em ouro. A partir de 1973, o padrão ouro-dólar
foi abandonado, fazendo com que nenhuma moeda fosse lastreada em ouro, e como
consequência, fez com que os bancos centrais atuassem sobre as taxas de câmbio de sua
moeda doméstica em relação às moedas internacionais. Atualmente, os países
industrializados atuam com sistema híbrido conhecido como taxa de câmbio com
flutuação administrada. Entretanto, isso não é uma exclusividade dos países
industrializados. Países em desenvolvimento e países em transição também podem atuar
sobre as taxas de câmbio vigentes (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
O estudo das taxas de câmbio fixas se baseia em quatro motivos principais: taxa de
câmbio administrada, arranjos regionais de moedas, países em desenvolvimento e países
em transição, e por fim, lições do passado para o futuro. No primeiro caso, da flutuação
administrada, o Banco Central atua de forma que a taxa de câmbio tenha uma certa
flutuação e que operem um intervalo determinado pela autoridade monetária. Isso faz
com que a flutuação seja suja, quando há muita intervenção no mercado cambial, ou
limpa, quando há pouca ou nenhuma intervenção no mercado cambial. O segundo motivo
– os arranjos de moedas regionais – diz respeito à acordos bilaterais ou multilaterais em
que os países transacionam bens e serviços utilizando suas próprias moedas, sem a
utilização de uma moeda de conversão internacional, como o dólar, por exemplo.
O terceiro motivo reside no fato de que, nos países em desenvolvimento ou em países em
transição, que são países que estão se desenvolvendo economicamente, podem atuar
sobre a taxa de câmbio de forma a favorecer o seu balanço de pagamentos. É o caso do
Brasil e de outros países da América Latina. Por fim, é relevante considerar lições do
passado para o futuro, em que em episódios específicos, como da década de 1920 e entre
anos 1940 e 1970, houve a ampla utilização do câmbio fixo. A partir de então, não houve
mais nenhum acordo internacional que estabelecesse uma nova forma de fixação das
taxas de câmbio.
A primeira coisa que se deve ter em mente quando se fala em intervenção no mercado
cambial é que o Banco Central altera seu balancete, em virtude da sua composição de
ativos e passivos. Toda vez que há aquisição de moeda estrangeira na forma de reserva
cambial, elevam-se os ativos estrangeiros no balancete do Banco Central, provocando um
aumento dos ativos que deverá ser contrabalanceado com o aumento da moeda em
circulação, representado pelo seu passivo. Com isso, qualquer compra de ativos que o
Banco Central faça resulta em um aumento da oferta da moeda doméstica. Em
contrapartida, caso haja uma venda de ativos do balancete disponível no Banco Central,
automaticamente, ocorre uma redução da oferta de moeda (KRUGMAN; OBSTFELD;
MELITZ, 2015).
Uma das formas de o Banco Central adquirir ou reduzir seus ativos sem alterar a oferta
monetária seria a utilização da operação de esterilização. Essa operação funciona da
seguinte forma: o governo, ao adquirir ativos estrangeiros e não objetivando o aumento
da base monetária, emitem-se títulos públicos de maneira automática, causando a
esterilização do aumento da moeda em circulação, em razão da compra de ativos
estrangeiros. Essa relação também está presente quando se leva em conta o balanço de
pagamentos. Segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015, p. 392)
Dessa forma, há uma estreita relação entre a forma como atua o Banco Central sobre as
reservas cambiais e, consequentemente, sobre o resultado do balanço de pagamentos.
A análise parte, agora, para a forma como o Banco Central fixa a taxa de câmbio. Esse ato
de fixar a taxa de câmbio é obtido por meio das transações financeiras que o Banco
Central realiza, assegurando que o mercado de ativos permanece em equilíbrio quando a
taxa de câmbio estiver em seu nível ótimo. Isso significa que, para obter o equilíbrio no
mercado de ativos, deve haver equilíbrio simultâneo do câmbio e também do mercado
monetário, que é obtido quando há uma paridade entre as taxas de juros internacionais e
a taxa de juros doméstica. Essa condição de paridade de juros garante o equilíbrio no
mercado monetário e, por conseguinte, a taxa de câmbio permanecerá no patamar
desejado.
A intervenção feita na taxa de câmbio fixa deve considerar os efeitos das diversas políticas
macroeconômicas. Serão considerados, para efeito de estudo, três tipos de políticas: a
monetária, a fiscal e uma mudança abrupta no nível fixo da taxa de câmbio. Quando o
interesse é analisar a política monetária, a taxa de câmbio fixa é a mais descomplicada,
pois “as ferramentas de política monetária do banco central são impotentes para afetar a
oferta de moeda da economia ou a sua produção." (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015,
p. 395).
Por fim, quando se tem mudanças abruptas da taxa de câmbio, por exemplo, processos
de desvalorização ou valorização, o que está sendo alterado é o mercado cambial e o
mercado monetário, e essa alteração poderá promover aumento ou redução do produto
na mesma magnitude em que se altera a taxa de câmbio.
saiba
mais
Saiba mais
O Brasil passou por uma crise de balanço de
pagamentos, em 1999, quando se utilizava do câmbio
fixo como âncora inflacionária. A partir de meados de
1999, as reservas cambiais foram se esgotando, o
que fez com que o Brasil passasse por uma crise
monetária autorrealizável, tendo de renegociar sua
dívida externa no Fundo Monetário Internacional
(FMI) e adotar um regime monetário cuja âncora seria
as metas de inflação e taxa de câmbio flutuante.
ACESSAR
De maneira geral, há alguns mecanismos que mostram como que funciona essa
intervenção esterilizada na administração da taxa de câmbio. O primeiro mecanismo é a
substituição perfeita de ativos e a ineficácia da intervenção esterilizada. Com isso, quando
o Banco Central realiza uma operação de esterilização cambial, suas transações mantêm a
oferta de moeda doméstica igual ao que era anteriormente. Contudo, para que isso ocorra
de maneira eficiente, deve-se ter em mente que o Banco Central troca ativos domésticos e
estrangeiros. Essa substituição será considerada perfeita entre ativos quando o
rendimento esperado, ou seja, o retorno dos ativos domésticos e internacionais for igual;
caso contrário, mesmo no equilíbrio, se os retornos esperados dos ativos forem
diferentes, a substituição será imperfeita.
praticar
Vamos Praticar
A desvalorização da taxa de câmbio é, muitas vezes, usada pelos países para melhorar suas
contas-correntes. No entanto, desde que a conta‑corrente seja igual à poupança nacional menos
o investimento doméstico, essa melhoria pode ocorrer somente se o investimento cair, a
poupança subir ou ambos.
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. J. Economia internacional . São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.
a) A taxa de câmbio atua como uma tarifa geral sobre os produtos importados e
exportados. Ao valorizar, torna os produtos domésticos mais baratos, e os importados,
mais caros, fazendo com que haja uma tendência de melhoria na conta corrente.
b) Ao depreciar a taxa de câmbio, não há nenhuma alteração no preço dos bens
domésticos ou importados, fazendo com que não haja nenhum impacto sobre a
transação corrente.
c) A depreciação cambial não impactaria o saldo em transações correntes, mas afetaria os
fluxos de capital entre a economia doméstica e o exterior.
d) A depreciação cambial afetaria as exportações, mas não as importações, pois as
importações não seriam afetadas.
e) A taxa de câmbio atua como uma tarifa geral sobre os produtos importados e
exportados. Ao desvalorizar, torna os produtos domésticos mais baratos, e os
importados, mais caros, fazendo com que haja uma tendência de melhoria na conta
corrente.
Sistemas Monetários
Internacionais
Nas economias abertas, os policy-makers têm como objetivo manter o equilíbrio interno,
pelo qual se busca o pleno emprego e nível de preços estáveis, e o equilíbrio externo, cujo
nível de transações correntes não seja demasiado negativo, o que faz com que o país não
consiga pagar sua dívida externa, e nem tão demasiado positivo, fazendo com que os
estrangeiros tenham risco de ficarem inadimplentes. Essa definição de equilíbrio externo
depende de alguns fatores, o que inclui o regime de taxa de câmbio adotado pela
economia analisada e as condições econômicas mundiais. De maneira geral, considerando
as políticas macroeconômicas adotadas pelo país doméstico, que causariam impactos nos
países estrangeiros, a forma como cada país tem para atingir os equilíbrios interno e
externo simultaneamente depende, basicamente, da política econômica que os outros
países adotam.
Até 1914, o sistema internacional que vigorou foi o sistema de padrão ouro, em que havia
um poderoso mecanismo automático de equilíbrio externo. Esse mecanismo se baseava
no fluxo de metais preciosos. Basicamente, os fluxos de ouro que acompanhavam os
déficits e os superávits impunham alterações nos preços dos bens importados e
exportados, fazendo com que se reduzissem os equilíbrios das transações correntes
tendendo a levar os países ao equilíbrio externo. Entretanto, o desempenho do sistema de
manter o equilíbrio interno não foi uniforme no mundo.
Após o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, tentou-se, sem êxito, retornar ao
padrão ouro vigente nos anos da guerra. Entre 1918 e 1929, a economia mundial não
estabeleceu um padrão monetário internacional, o que gerou problemas econômicos,
culminando na depressão de 1929. Como as condições econômicas desse período foram
extremamente turbulentas, os governos focaram o equilíbrio interno e tentavam
minimizar o desequilíbrio externo, fechando suas economias ou mesmo depreciando suas
taxas de câmbio.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, foi acordada, em Bretton Woods, a arquitetura que
seria aplicada no sistema financeiro internacional. Esse sistema ficou conhecido como o
sistema Bretton Woods, em que se arquitetou, primeiramente, o fundo monetário
internacional, que tinha por objetivo projetar um sistema de taxa de câmbio fixa, que
incentivasse o crescimento do comércio internacional, mas ao mesmo tempo, tornasse os
requisitos para equilíbrio externo suficientemente flexíveis, de modo que o equilíbrio
interno não fosse sacrificado. Com essa finalidade, o regulamento do fundo monetário
internacional previa financiamento aos países deficitários e, ao mesmo tempo, permitia
que esses países ajustassem a taxa de câmbio em condições de manter o desequilíbrio no
menor patamar possível. Essa arquitetura baseava-se na premissa de que todos os países
deveriam atrelar suas moedas ao dólar, e os Estados Unidos atrelaria sua emissão
monetária em ouro, fazendo com que o preço da Onça Troy de ouro equivalesse a US$35.
Ao final dos anos 1960, as políticas adotadas pelos Estados Unidos, de arcabouço
macroeconômico, contribuíram para a falência do sistema de Bretton Woods, que se daria
em 1973, com a política fiscal expansionista americana. Assim, tornou-se necessária, logo
no início dos anos de 1970, uma desvalorização da moeda norte-americana, frente às
outras moedas. Havia o temor de que essa desvalorização pudesse afastar os capitais
especulativos do dólar, causando um grande aumento nas ofertas das moedas
estrangeiras. Essa aceleração monetária norte-americana fomentou a inflação dentro e
fora do país, deixando os países estrangeiros cada vez mais relutantes em continuar
importando a inflação americana, por meio de taxas fixas, o que gerou diversas críticas e
forçou o abandono da paridade dólar-ouro e das taxas de câmbio fixas do dólar entre os
países industrializados.
Muitos economistas começaram a defender as taxas de câmbio flutuantes antes mesmo
de 1973, em razão de falhas do sistema de Bretton Woods. Os argumentos principais em
favor na flutuação eram três. No primeiro, os economistas consideravam que as taxas
flutuantes poderiam permitir, aos formuladores de políticas macroeconômicas, maior
autonomia para administrar as economias domésticas. O segundo argumento é que as
taxas de câmbio flutuantes removem as assimetrias dos arranjos construídos com o
sistema de Bretton Woods. Já no terceiro argumento, alegava-se que as taxas de câmbio
flutuantes poderiam eliminar rapidamente os desequilíbrios externos fundamentais que
haviam levado, na atualidade, ataques especulativos sobre as taxas de câmbio fixas.
Contudo, havia críticos das taxas flutuantes, com alguns contra-argumentos. Esses
economistas temiam que a flutuação da taxa de câmbio pudesse propiciar excessos
monetários e fiscais e políticas do tipo “empobreça seu vizinho”. Outros argumentam que
a taxas flutuantes de câmbio estariam sujeitas à especulação, desestabilizadora e que a
incerteza sobre as taxas de câmbio prejudicaria o investimento internacional. Por fim,
diversos economistas especularam que os países estariam dispostos, na prática, a
desconsiderar a taxa de câmbio e formular suas políticas monetárias fiscais, o que nunca
ocorreu, na prática.
Entre 1973 e 1980, as taxas flutuantes pareciam funcionar bem após o abandono do
padrão ouro-dólar. Com os dois choques de petróleo nos anos de 1970, seria de se
esperar que os países industrializados, conseguissem manter suas taxas de câmbio fixas
durante o período de estabilização. Mas o dólar, ao seu passo, sofreu uma grande
depreciação após 1976, quando os Estados Unidos adotaram deliberadamente políticas
macroeconômicas expansionistas.
A partir dos anos de 1980, houve algumas tentativas de coordenação dos países
industrializados, mas sem qualquer resultado efetivo. Apenas um acordo, em fevereiro de
1987, conseguiu deixar as moedas mais estáveis. A partir da década de 1990, estabilidade
da taxa de câmbio deixou de ser o principal objetivo das políticas macroeconômicas. Em
vez disso, os governos objetivam conter a inflação doméstica e, ao mesmo tempo, manter
o crescimento econômico (CINTRA; MARTINS, 2013).
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. J. Economia internacional . São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.
FILME
O Mágico de Oz
Ano : 1939
Comentário : o filme conta a história de Dorothy (interpretada
por Judy Garland), que vive em uma fazenda com seus tios, no
Kansas. Um dia, um tornado chega à região, e a menina e seu
cachorro são carregados pelo ciclone. Os dois aterrissam na
terra de Oz, caindo em cima da Bruxa Má do Leste, matando-a. A
protagonista é vista como uma heroína, contudo, a garotinha só
quer voltar para a sua terra natal. Para isso, precisará de ajuda
do Mágico de Oz, que mora na Cidade das Esmeraldas, para
retornar para casa. No caminho, é ameaçada pela Bruxa Má do
Oeste (interpretada por Margaret Hamilton), que culpa Dorothy
pela morte da irmã. Juntaram-se à jornada três companheiros:
um leão covarde (interpretado por Bert Lahr), que precisa de
coragem; um homem de lata (interpretado por Jack Haley), que
anseia por um coração e um espantalho (interpretado por Ray
Bolger), que quer ter um cérebro. O filme, na realidade, é uma
alegoria à disputa política ocorrida nos EUA nos anos 1870 até
1910, quando se criticava o padrão-ouro, até então, o padrão
monetário da época. Os personagens listados – o leão, o homem
de lata e o espantalho – representavam setores da sociedade na
época, que buscavam por uma conversibilidade maior, não
apenas com o ouro, mas também com a utilização da prata,
podendo aumentar, assim, as emissões monetárias da época,
com o intuito de se expandir a base monetária.
Para saber mais sobre o filme, acesse o trailer , disponível em:
TRAILER
LIVRO
referências
Referências
Bibliográficas
AVERBUG, A.; GIAMBIAGI, F. A crise brasileira de 1998/1999 : origens e conseqüências.
Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: http://www.tharcisio.com.br/arquivos/textos/td-77.pdf
. Acesso em: 30 maio 2020.
STEIL, B. The battle of Bretton Woods : John Maynard Keynes, Harry Dexter White, and
the making of a new world order. Princeton University Press, 2013.
THE BIG Mac Index. The Economist , jan. 2020. Disponível em:
https://www.economist.com/news/2020/01/15/the-big-mac-index . Acesso em: 1º maio
2020.