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Gestão da Produção DEMA – FEUEM

2. LOCALIZAÇÃO DA FÁBRICA
2.1. Introdução

A seleção do melhor sítio para instalar uma fábrica é de extrema importância,


pois afeta as operações de comercialização dos produtos e a própria expansão. A
melhor localização é aquela que baixará os custos aumentando, naturalmente, os
ganhos. Isto é, a melhor localização da fábrica é aquela em que os custos de produção
e de distribuição dos produtos são mínimos e onde o preço dos volumes de venda traz
os máximos lucros.

A má seleção do local para a produção aumenta os custos de aquisição dos


fatores de produção e impede qualquer desenvolvimento das operações e da fábrica. A
escolha de uma certa região para instalação de uma fábrica será, então, a combinação
de fatores de produção como: matéria-prima, o transporte, a energia, a mão-de-obra,
etc. e será diferente de uma outra região independentemente da situação topográfica,
da forma e do tamanho que influem somente no layout e no fluxo de materiais de
entrada e de saída.

Entretanto, nenhum procedimento pode garantir a escolha do melhor local para


a implantação da fábrica. Por isso, o essencial é evitar a escolha de um local
desastroso. Isto induz, de certa forma, a ideia de que um estudo para a implantação
de uma fábrica envolve um grau de complexidade considerável, uma vez que traduz
no seu conteúdo uma ilustração de dificuldade enquanto possibilidade de se concluir
que um determinado local é perfeito para a localização da referida fábrica.

Na realidade, um estudo desta natureza, depende do tipo de empresa, das


pretensões e de uma série de condicionantes e critérios, envolve inúmeras variáveis e
características a serem contempladas e que, portanto, não podem ser ignoradas, sob
pena de correr risco de se chegar a conclusões desastrosas quanto à escolha do
“melhor local”.

Hoje em dia, ao nível global, observa-se uma dinâmica importante no que diz
respeito à busca de mercado por parte das empresas, resultando em constantes
investimentos nos mais variados locais do planeta. Este fenômeno tem induzido a
cidades, países e estados a buscarem atrair estes investimentos recorrendo-se aos
mais esquisitos artifícios. Neste contexto, estudos da localização têm estado cada vez
mais presentes no cotidiano socioeconômico mundial, e vêm assumindo um caracter
estratégico no âmbito das empresas.

2.1.1. Objetivos da decisão de localização

O objetivo global da decisão de localização é atingir um equilíbrio adequado


entre três sub-objetivos relacionados:

 Custos, especialmente os variáveis da operação;

 Serviço que a operação é capaz de prestar;

 Receitas potenciais da organização.

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A decisão de localização para qualquer organização é determinada pela
influência relativa dos factores, tanto do lado da oferta, como do lado da procura,
conforme abaixo se descrimina:

i. Influências do lado da oferta:


 Custos da mão-de-obra;
 Custos da terra;
 Custos de energia;
 Custos de transporte (custos desde o fornecedor, até o cliente);
 Fatores sociais, econômicos e políticos.

ii. Influências do lado da procura:


 Habilidade da mão-de-obra;
 Adequação do local em si;
 Imagem do local (locais em moda);
 Conveniência para os clientes (rapidez e fiabilidade).

2.2. Passos e níveis de decisão na escolha da localização da fábrica

Geralmente, no processo de escolha da localização da nova fábrica são


considerados os seguintes passos:

i. Definição do objetivo da localização e as variáveis a ele ligadas;

ii. Identificação do critério mais importante de escolha, que pode ser:

 Quantitativo – econômico;

 Qualitativo – menos tangível.

iii. Descrição dos objetivos para o critério na forma de um modelo: Ponto de


Equilíbrio, Programação Linear, Problema de Transporte, Análise do Factor
Qualitativo, entre outros;

iv. Coleta de dados necessários e uso de modelos para avaliação dos locais
alternativos;

v. Escolha do local que melhor satisfaz o critério escolhido.

Nos casos em que se trata de níveis geográficos de escolha, o estudo pode


obedecer a seguinte hierarquia:

a) Escolha da região ou país;

b) Escolha da área dentro da região ou país;

c) Escolha de um local específico ou área.


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2.3. Técnicas de localização da fábrica e postos de produção

Uma fábrica, um posto de produção, etc. têm interação com os outros postos de
produção e com o ambiente. Por exemplo, uma máquina implantada numa fábrica
necessita de ter um sistema de manuseamento de materiais e pode se relacionar com
outras máquinas.

Do mesmo modo, uma fábrica necessita de receber a matéria-prima de fora e de


expedir os produtos acabados para o mercado. Os custos de transporte dos materiais
são dependentes das distâncias entre a fábrica e os mercados e entre a fábrica e as
fontes das matérias-primas.

Embora os gestores da produção precisem de exercer um nível de julgamento


considerável na escolha das localizações alternativas, existem algumas técnicas
sistemáticas e quantitativas que podem ajudar no processo de decisão. Neste texto
são destacadas as seguintes:

 Problema das distâncias retilíneas;

 Problema Euclidiano quadrático ou problema de centro de gravidade;

 Método do centro de gravidade/custo;

 Método da pontuação ponderada ou análise do factor qualitativo; e

 Análise do ponto de equilíbrio da localização.

2.3.1. Problema das distâncias retilíneas

Qualquer fábrica necessita de receber a matéria-prima de fora e de expedir os


produtos acabados para o mercado. Assim, os custos de transporte dos materiais são
dependentes das distâncias entre a fábrica e os mercados e entre a fábrica e as fontes
das matérias-primas. Assim, o modelo matemático para a ótima localização da fábrica
sem sucursais é formulado segundo se apresenta abaixo.

Seja:

 n , o número de postos de produção existentes com as quais o novo


posto de produção terá interação;

 wi , a quantidade do material movimentado entre um i-ésimo posto de


produção existente e o novo posto de produção;

 (ai , bi ) , as coordenadas dos i-ésimos postos de produção existentes; e

 ( x,y ) , as coordenadas do novo posto de produção.

Assumindo que o custo de manuseamento do material é proporcional ao


produto da quantidade do material a ser movimentado e a distância a ser
percorrida, o custo total do manuseamento do material será proporcional ao valor
TC , dado pela fórmula 2.1.
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n
TC   wi d (i ) 2.1
i 1

Onde d (i ) é a distância entre um i-ésimo posto de produção existente, com as


coordenadas (ai , bi ) , e o novo posto de produção localizada no ponto ( x,y ) . A
distância d (i ) pode ser expressa pela seguinte fórmula:

d (i)  ai  x  bi  y 2.2

A fórmula 2.2, conhecida como distância retilínea, é usada quando o movimento


dos materiais é efetuado ao longo de corredores perpendiculares, se for dentro de uma
fábrica, ou ao longo de estradas retas com cruzamentos perpendiculares, se for numa
cidade.
Substituindo d (i ) da fórmula 2.1 pelo segundo membro da equação 2.2, tem-se:

TC   wi  xi  x  yi  y 
n
2.3
i 1

O Problema das distâncias retilíneas pode ser resolvido usando o modelo de


Programação Linear. Alternativamente, este problema pode ser resolvido usando o
método da Localização Mediana que é muito mais fácil. Este último método é descrito
conforme se apresenta abaixo.

A equação 2.3 pode ser partida em dois componentes: TC1 e TC2 , conforme se
define abaixo:
n n
TC1   wi xi  x ; e TC2   wi yi  y
i 1 i 1

Note-se que a relação 3.5 será minimizada se TC1 e TC2 forem também
minimizadas. Note-se, ainda, que o valor absoluto de a  b pode ser expresso como:

a b  p  q,
a b pq  0
p0
Onde:
q0
pq  0

Por isso, TC1 pode ser expresso como:

n n
TC1   wi xi  x   wi  pi  q  2.4
i 1 i 1

xi  x  pi  q  0
p0
Onde:
q0
pi  q  0
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Deste modo, o problema de minimização do TC1 pode ser formulado do seguinte
modo:
n
Minimizar : TC1   wi  pi  q 
i 1

Sujeito a : xi  x  p  q  0, para i  1, 2, ..., n

Similarmente, um outro modelo pode ser formulado para a minimização do CT2 ,


podendo, ambos os modelos, serem resolvidos separadamente. O primeiro modelo
dará o ótimo valor para a coordenada X e o último dará o ótimo valor para a
coordenada Y .

Sendo assim, o problema da localização da fábrica sem sucursais e


considerando distâncias retilíneas, pode ser resolvido como sendo dois problemas
independentes de Programação Linear. Este problema, por causa da sua estrutura
especial, pode ser facilmente resolvido, de acordo com o seguinte algoritmo:

i. Colocar as facilidades existentes, incluindo as respetivas quantidades


movimentadas, em ordem crescente das coordenadas da variável X ;

ii. Determinar a mediana das quantidades movimentadas e a facilidade


associada a mediana. A coordenada desta facilidade é a coordenada ótima
da variável X , para a nova facilidade.

iii. Repetir os dois passos anteriores para a variável Y , para a determinação


da coordenada ótima da variável Y , para a nova facilidade.

Exemplo 2.1. Uma nova fábrica a ser estabelecida receberá matéria-prima de três
fornecedores F1, F2 e F3 e abastecerá com produtos acabados a três armazenistas
A1, A2 e A3. As coordenadas das fontes de matéria-prima e dos destinos dos
produtos acabados, bem como das quantidades movimentadas dos materiais, entre a
nova fábrica e os postos existentes, são dados na tabela abaixo.

Postos Coordenadas Quantidade



existentes xi yi movimentadas
1 F1 400 300 600
2 F2 200 500 400
3 F3 300 100 500
4 A1 100 550 300
5 A2 500 400 600
6 A3 350 600 600

Use o método das distâncias lineares para determinar a ótima localização da nova
fábrica.

Resolução: Para este problema, a quantidade total do material movimentado é de


3000 e a mediana é 1800. Esta mediana está associada a facilidade FFAA. A
coordenada da variável X para esta facilidade é 350. Por isso, 350 é a ótima
coordenada da variável X . O procedimento é apresentado no quadro abaixo.

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Quadro 2.1. Determinação da coordenada da variável X para a nova facilidade


i Facilidades xi yi wi Σwi Observação
4 A1 100 550 300 300
2 F2 200 500 400 700
3 F3 300 100 500 1200
6 A3 350 600 600 1800 mediana
1 F1 400 300 600 2400
5 A2 500 400 600 3000

O procedimento para a determinação da ótima coordenada para a variável Y é


apresentado no quadro abaixo. Onde se pode observar que a ótima coordenada, da
variável Y , para a localização da nova facilidade é 400.

Quadro 2.2. Determinação da coordenada da variável Y para a nova facilidade


i Facilidades xi yi wi Σwi Observação
3 F3 300 100 500 500
1 F1 400 300 600 1100
5 A2 500 400 600 1700 mediana
2 F2 200 500 400 2100
4 A1 100 550 300 2400
6 A3 350 600 600 3000

Resposta: A ótima localização para a nova facilidade terá as seguintes coordenadas:


x*  350 e y*  400 .

w x  x  y y 
6
Para esta ótima localização, o custo total será dado por: TC  i i i
i 1

TC  600  400  350  400  200  350  500  300  350  300  100  350  600  500  350
 600  350  350  600  300  400  400  500  400  500  100  400  300  550  400
 600  400  400  600  600  400  695.000

O custo de transporte será de 695.000.

2.3.1.1. Limitação do Modelo das Distâncias Retilíneas

O modelo assume que qualquer que seja a coordenada determinada pode servir
para a localização de um novo posto de produção. Sendo assim, a ótima localização
dada pelo modelo pode coincidir como o cimo ou encosta de uma montanha, um
ponto sobre um rio, lago ou mar ou, ainda, sobre uma área habitacional onde a
atividade industrial não é permitida. Por causa destas, ou de outras razões, a ótima
localização pode não ser aceitável para a localização da nova fábrica. Para se
ultrapassar este problema, traçam-se curvas para custos iguais à volta do ponto
ótimo. A localização da nova fábrica será num ponto aceitável em que o custo total
será mínimo.

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2.3.2. Problema Euclidiano Quadrático

No Problema Euclidiano Quadrático, também conhecido como problema de


centro de gravidade, assume-se que o custo de transporte entre dois postos de
produção é proporcional ao quadrado das distâncias euclidianas entre os postos de
produção.

Deste modo, suponhamos que existem n postos de produção nos pontos


P1, P2 , ..., Pn , com as coordenadas (a1 , b1 ), (a2 , b2 ), ..., (an , bn ) . E se pretende adicionar um
novo posto de produção, no arranjo físico existente, de modo que os custos de
manuseamento dos materiais sejam mínimos. Neste caso, seja:

 n , o número de postos de produção existentes;

 Pi com coordenadas ( xi , yi ) , as localizações dos i-ésimos postos de produção


existentes;

 wi a quantidade dos materiais movimentados entre os i-ésimos postos de


produção existentes e o novo posto de produção cuja localização se pretende
que seja determinada.

Se se poder assumir que os custos de manuseamento dos materiais são


proporcionais às quantidades dos materiais movimentados e aos quadrados das
distâncias euclidianas entre as fontes e os destinos, o custo total Z , pode ser
expresso como:

 
n
Z   wi x  ai    y  bi 
2 2
2.5
i 1

Z  Z
A função Z pode ser minimizada anulando as suas devidas parciais e
x y
que são expressões lineares. Sendo assim:
Z Z
 0e  0 ; resolvendo estas equações em ordem x e a y , obtêm-se as
x y
coordenadas ótimas para a localização do novo posto de produção.

*
As coordenadas ótimas x* e y são obtidas através das seguintes relações:
n

w  a i i
x*  i 1
n 2.6
w
i 1
i

w b i i
y*  i 1
n 2.7
w
i 1
i

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Onde: wi , é a quantidade dos materiais movimentados entre os i-ésimos postos
de produção existentes e o novo posto de produção;

ai , é a coordenada da variável X do i-ésimo postos de produção


existente;

bi , é a coordenada da variável Y do i-ésimo postos de produção


existente;

*
Note-se que x* e y coincidem com as coordenadas do centro de gravidade dos
pesos w1 , w2 , ..., wn com as coordenadas ( x1 , y1 ), ( x2 , y2 ),..., ( xn , yn ) . Por esta razão, o
Problema Euclidiano Quadrático é também conhecido como o Problema de Centro de
Gravidade.

Para exemplificar o Problema Euclidiano Quadrático retomamos o exemplo dado


na secção anterior.

Exemplo 2.2. Uma nova fábrica a ser estabelecida receberá matéria-prima de três
fornecedores F1, F2 e F3 e abastecerá com produtos acabados a três armazenistas
A1, A2 e A3. As coordenadas das fontes de matéria-prima e dos destinos dos
produtos acabados, bem como das quantidades movimentadas dos materiais, entre a
nova fábrica e os postos existentes, são dados na tabela abaixo.

Postos Coordenadas Quantidade



existentes xi yi movimentadas
1 F1 400 300 600
2 F2 200 500 400
3 F3 300 100 500
4 A1 100 550 300
5 A2 500 400 600
6 A3 350 600 600

Use o método Euclidiano Quadrático para determinar a ótima localização da nova


fábrica.

Resolução:

Determinação das coordenadas para a ótima localização da nova fábrica:


n

a w i i
600  400  400  200  500  300  300  100  600  500  600  350
x 
* i 1

n
600  400  500  300  600  600
w
i 1
i

x*  336,66

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n

b w i i
600  300  400  500  500  100  300  550  600  400  600  600
y 
* i 1

n
600  400  500  300  600  600
w
i 1
i

y*  398,33

Resposta: A ótima localização da nova fábrica deve ter as seguintes coordenadas:


x*  336,66 e y*  398,33 .

2.3.3. Método de Centro de Gravidade/Custo

O método do centro de gravidade/custo resulta do acréscimo da variável custo


na utilização do método do centro de gravidade. Neste método as coordenadas ótimas
das varáveis x e y são determinadas de acordo com as seguintes relações:

 TC  w  a i i i
x*  i 1
n
2.8
 TC  w
i 1
i i

 TC  w  b i i i
y*  i 1
n
2.9
 TC  w
i 1
i i

Onde: TCi , é o custo de transporte entre os i-ésimos postos de produção


existentes e o novo posto de produção;

wi , é a quantidade dos materiais movimentados entre os i-ésimos postos


de produção existentes e o novo posto de produção;

ai , é a coordenada da variável X do i-ésimo postos de produção


existente;

bi , é a coordenada da variável Y do i-ésimo postos de produção


existente;

Exemplo 2.3 Uma nova fábrica a ser estabelecida receberá matéria-prima de dois
fornecedores F1 e F2 e abastecerá com produtos acabados a três armazenistas A1,
A2 e A3. As quantidades a serem movimentadas e os custos de transporte, entre a
nova fábrica e os postos existentes, bem como as coordenadas das fontes de matéria-
prima e dos destinos dos produtos acabados, são dados tabela abaixo.

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Postos Quantidades Custo de Transporte Coordenadas



existentes Movimentadas (Mt103/km/Ton.) xi yi
1 F1 600 2 400 300
2 F2 400 4 200 500
3 A1 500 3 300 100
4 A2 300 5 100 550
5 A3 600 4 500 400

Use o método do Centro de Gravidade/Custos para determinar a ótima localização da


nova fábrica.

Resolução

As ótimas coordenadas para a localização da nova fábrica são dadas pelas


seguintes relação:
n

 TC  w  a i i i
2  600  400  4  400  200  3  500  300  5  300  100  4  600  500
x*  i 1

n
2  600  4  400  3  500  5  300  4  600
 TC  w
i 1
i i

x*  317,07
n

 TC  w  b i i i
2  600  300  4  400  500  3  500  100  5  300  550  4  600  400
y*  i 1

n
2  600  4  400  3  500  5  300  4  600
 TC  w
i 1
i i

y*  377,44

Resposta: A ótima localização da nova fábrica deve ter as seguintes coordenadas:


x*  317,07 e y*  377,44 .

2.3.4. Método de Pontuação Ponderada

O Método da Pontuação Ponderada, também denominado por Análise do Fator


Qualitativo, é um procedimento que envolve os seguintes passos:

i. Identificação dos critérios a serem usados para a avaliação das diversas


localizações;

ii. Definição da importância relativa de cada critério e a atribuição de fatores


de ponderação (pesos) para cada um deles;

iii. Avaliação de cada localização segundo cada um dos critérios definidos.

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Avaliar segundo este sistema consiste, portanto, na ponderação de fatores
qualitativos e quantitativos, ou seja, é a atribuição de valores quantitativos a todos
os critérios relacionados com cada alternativa de decisão e computar o peso relativo
de cada uma para efeito de comparação. Esta avaliação permite que a pessoa que
toma a decisão introduza as suas próprias preferências (valores) numa decisão de
local, abrigando tanto os fatores quantitativos como os qualitativos.

Geralmente, a escala de pontuação usada é de 0 a 100; onde o zero (0)


representa a pior pontuação possível e cem (100), a melhor.

Refira-se que as pontuações são as que os decisores fornecem como uma


indicação de como cada local atende às necessidades específicas da empresa. Por
isso, nada se pode concluir em relação ao valor intrínseco das localizações. Da
mesma forma, os pesos são uma indicação da importância que a gerência da
empresa atribui a cada critério nas circunstâncias em que se encontra.

Deste modo, o “valor” de um local, segundo cada critério, é então determinado


multiplicando a sua pontuação pelo peso de cada critério.

Exemplo 2.4. Uma empresa que imprime e faz materiais de embalagens para a
indústria alimentar decidiu construir uma nova fábrica em algum local em
Moçambique, a fim de oferecer serviços rápidos aos seus clientes da SADC. Para
escolher o local, decidiu avaliar todas alternativas em relação aos seguintes critérios:
custo do local; acesso a energia elétrica, disponibilidade de mão-de-obra com
qualificação desejada, acesso do local à rede rodoviária, acesso do local a via ferro
portuária e o potencial do local para expansão futura. Após levantamentos de dados
em vários locais, a empresa identificou três localidades que pareciam aceitáveis:
Namialo, Mocuba e Dondo. A equipa de técnicos da empresa também analisou cada
local e elaborou o quadro a seguir com pontuação ponderada de cada local.

Quadro 2.3 – Ilustração do método de pontuação ponderada


Ponderação Pontuação 0 a 100
Critérios da Importância LOCAIS
(Peso) Namialo Mocuba Dondo
Custo do local 4 80 65 60
Energia elétrica 2 20 50 80
Mão-de-obra 1 80 60 70
Rede rodoviária 1 20 60 40
Via ferro portuária 1 50 60 40
Expansão futura 1 75 40 55
TOTAL - 585 580 605

O melhor local é Dondo que tem a pontuação ponderada total mais alta (605)
e, por isso, seria a escolha preferida.

É importante salientar que o neste exemplo, Dondo tem a menor nota do


critério que é mais importante para a empresa, o custo do local. Contudo, a sua
alta pontuação nos outros critérios compensa essa deficiência.

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Se, na análise do Quadro 2.3, uma empresa não aceitar o que lhe parece ser
uma inconsistência, então os pesos atribuídos a cada critério ou as notas dadas
não refletem as preferências da empresa e devem ser refeitos.

2.3.5. Análise do ponto de equilíbrio da localização.

Tanto as empresas com fins lucrativos, como as sem fins lucrativos,


trabalham com restrições orçamentais. Por isso, os locais com potencial para a
localização podem ser comparados numa base econômica, calculando-se os custos
fixos e variáveis e, depois, variando-os em função de diferentes volumes em cada
local. Se existem ganhos iguais, é possível encontrar um ponto de equilíbrio.

A análise do ponto de equilíbrio da localização é um método em que se


comparam diferentes localidades em função dos custos totais de operação (custos
fixos e variáveis). Este método aplica-se para situações em que existem produtos
únicos, custos fixos constantes e custos variáveis lineares.

O algoritmo do método para análise do Ponto de Equilíbrio da localização é o


seguinte:

i. Determinar todos os custos importantes que variam com os locais;

ii. Classificar os custos para cada local em custos fixos anuais ( CF ) e custos
variáveis por unidade ( CV );

iii. Apresentar graficamente os custos ligados a cada local num único gráfico
de custos anuais versus volume anual;

iv. Escolher o local com o custo total ( CT ) mais baixo para um dado volume
esperado de produção ( Q ).

Para a aplicação do Método do Ponto de Equilíbrio da Localização usam-se as


seguintes fórmulas:

CT  CF  CV  Q 2.10

Onde: CT representa os custos totais;


CF representa os custos fixos;
CV representa os custos variáveis; e
Q representa a quantidade produzida;

RT  PV  Q 2.11

Onde: RT representa as receitas totais;


PV representa o preço de venda; e
Q representa a quantidade produzida;

L  RT  CT 2.12
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Onde: L representa o lucro;
RT representa as receitas totais; e
CT representa os custos totais;

Se os ganhos por unidade variarem de um local para outro, os valores do


ganho precisarão também ser incluídos e devem ser feitas comparações na base de
ganhos totais ( GT ) menos custos totais ( CT ) para cada local.

Exemplo 2.5: Uma empresa do ramo alimentar, pretende implantar uma nova
fábrica em algum local em Moçambique. E, após a análise dos vários locais
alternativos, foram apontados três locais com potencial para a instalação da nova
fábrica, que têm as estruturas de custos apresentadas na tabela abaixo.

Cidade Custos fixos/ano (Mt) Custos variáveis/ano (Mt)


Nacala 150.000,00 75,00
Quelimane 200.000,00 50,00
Pemba 400.000,00 25,00

Sabendo que se espera que o produto seja vendido a 130,00 Mt, por unidade,
determine:

a) O local mais econômico para um volume esperado de 6000 unidades, por ano.

b) O lucro esperado para qualquer um dos três locais que for escolhido para a
implantação da fábrica.

c) Para que volume de produção será melhor para cada um dos três locais?

Resolução:

a) Determinação do custo total para cada local:

 Custo total para Nacala:


CT  CF  CV  Q  150.000  75  6.000  600.000 Mt

 Custo total para Quelimane:


CT  CF  CV  Q  200.000  50  6.000  500.000 Mt

 Custo total para Pemba:


CT  CF  CV  Q  400.000  25  6.000  550.000 Mt

Resposta: O local mais econômico para um volume esperado de 6.000 unidades,


por ano, é Quelimane, porque tem os menores custos totais de 500.000,00 Mt/ano.

b) Determinação do lucro esperado para cada um dos três locais.

 Lucro esperado para Nacala:

27
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
L  PV  Q  CT  130  6.000  600.000  180.000 Mt / ano

 Lucro esperado para Quelimane:


L  PV  Q  CT  130  6.000  500.000  280.000 Mt / ano

 Lucro esperado para Pemba:


L  PV  Q  CT  130  6.000  550.000  230.000 Mt / ano

Resposta: O lucro esperado para Nacala é de 180.000,00 Mt/ano; para Quelimane


é de 280.000,00 Mt/ano; e para Pemba é de 230.000,00 Mt/ano.

c) Determinação do melhor volume de produção será para cada um dos três


locais.

Para este fim, é necessário determinar os custos totais das localizações em


função do volume produzido. Assim, tem-se:
 Custo de localização em Nacala: CT  150.000  75  Q

 Custo de localização em Quelimane: CT  200.000  50  Q


 Custo de localização em Pemba: CT  400.000  25  Q

Variando a quantidade Produzida ( Q ) podem ser apresentada, graficamente, a


varação dos custos em função do volume produzido, conforme apresenta o
gráfico da Figura 2.1.

1000000

900000

800000
Custos Totais (Mt/ano)

700000

600000
Nacala
500000
Quelimane
400000 Pemba
300000

200000

100000

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
Quantidade (unidades)

Figura 2.1. Custos das localizações em função do volume de produção


28
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Analisando o gráfico da Figura 1, pode-se notar que, para o volume de
produção igual a 2000 unidades, os custos totais de Nacala e de Quelimane são
iguais a 300.000,00 Mt, conforme se pode demonstra com os cálculos abaixo:
 Custos de Nacala: CT  150.000  75  Q  150.000  75  2000  300.000
 Custos de Quelimane: CT  200.000  50  Q  200.000  50  2000  300.000
Similarmente, para o volume de produção igual a 5000 unidades, os custos
totais de Nacala e de Pemba são iguais a 525.000,00 Mt, conforme se pode
demonstra com os cálculos abaixo:
 Custos de Nacala: CT  150.000  75  Q  150.000  75  5000  525.000

 Custos de Pemba: CT  400.000  25  Q  400.000  25  5000  525.000


E, de igual modo, para o volume de produção igual a 8000 unidades, os custos
totais de Quelimane e de Pemba são iguais a 600.000,00 Mt, conforme se pode
demonstra com os cálculos abaixo:
 Custos de Quelimane: CT  200.000  50  Q  200.000  50  8000  600.000
 Custos de Pemba: CT  400.000  25  Q  400.000  25  8000  600.000

Do gráfico da Figura 1, pode-se notar, ainda, que Nacala é melhor local para
um volume de produção de até 2000 unidades, por ano. Quelimane é melhor local
para volume de produção que varia entre 2001 e 8000 unidades, por ano, e Pemba
é melhor local para um volume de produção acima de 8000 unidades.

2.4. Problema de transporte para adição da nova fábrica

Uma empresa pode necessitar de expandir a capacidade de produção da sua


fábrica ou pode necessitar de implantar uma nova fábrica. No caso de implantação de
uma nova fábrica, pode ser necessário determinar a ótima localização da nova
instalação fabril.

Geralmente, um determinado número de localizações viáveis podem estar


disponíveis. Neste caso, surge a necessidade de avaliar todas as localizações viáveis e
escolher a melhor. Nestes casos, o Problema de Transporte para a localização de uma
nova fábrica pode ajudar a resolver a questão. Esta subsecção explica o método
através de um exemplo.

Exemplo 2.6. Uma empresa tem três fábricas localizadas nos pontos A, B e C com as
capacidades de produção de 7000, 5000 e 8000 unidades, respetivamente, por ano. As
fábricas abastecem a três armazéns localizados nos pontos P, Q e R que demandam
6000, 10000 e 9000 unidades, respetivamente. Os custos de transporte das fábricas
aos armazéns são apresentados na tabela abaixo.

Armazéns
Fábricas Capacidades
P Q R
A 10 15 12 7000
B 12 13 11 5000
C 9 11 13 8000

29
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Devido o aumento da demanda, a empresa pretende implantar uma nova fábrica
com uma capacidade anual de 8000 unidade, para a qual foram identificadas duas
localizações possíveis X e Y, e que se pretende determinar qual dos dois é mais
conveniente. Os custos de transporte dos locais X e Y para os armazéns P, Q e R, são
dados na tabela abaixo:

Armazéns
Locais
P Q R
X 10 9 12
Y 12 8 10

Assumindo que os custos de produção em todas fábricas manter-se-ão as


mesmas, determine qual dos dois locais, X ou Y, é mais conveniente para a implantação
da nova fábrica.

Resolução

Assumindo que a nova fábrica será implantada no local X, a tabela de formulação


do problema de transporte será a seguinte:
Armazéns
Fábricas Capacidades
P Q R
A 10 15 12 7000
B 12 13 11 5000
C 9 11 13 8000
X 10 9 12 8000
Demandas 6000 10000 9000 -

Com a implantação da nova fábrica a capacidade de produção total da empresa


passou a ser de 28000 unidades. Entretanto, a demanda total é de 25000 unidades.
Por isso, deve-se criar um armazém fictício, com a demanda de 3000 unidades, que
será designado por F, conforme se apresenta no quadro abaixo.
Armazéns
Fábricas Capacidades
P Q R F
A 10 15 12 0 7000
B 12 13 11 0 5000
C 9 11 13 0 8000
X 10 9 12 0 8000
Demandas 6000 10000 9000 3000 28000

A solução ótima deste problema é dada no quadro abaixo.

Quadro 2.4. Solução ótima do problema para o local X


Da Para Unidades Custo de
Custo Total
Fábrica Armazém Transportadas Transporte
A R 4000 12 48000
B R 5000 11 55000
C P 6000 9 54000
C Q 2000 11 22000
X Q 8000 9 72000
Custo Total 251000
30
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Se a nova fábrica estiver localizada no local Y, após a introdução do armazém
fictício o problema será formulado conforme o quadro abaixo.

Quadro 2.5. Formulação do Problema para o local Y.


Armazéns
Fábricas Capacidades
P Q R F
A 10 15 12 0 7000
B 12 13 11 0 5000
C 9 11 13 0 8000
Y 12 8 10 0 8000
Demandas 6000 10000 9000 3000 28000

A solução ótima do problema será conforme apresenta o quadro abaixo.

Quadro 2.6. Solução ótima do problema para o local Y


Da Para Unidades Custo de
Custo Total
Fábrica Armazém Transportadas Transporte
A R 4000 12 48000
B R 5000 11 55000
C P 6000 9 54000
C Q 2000 11 22000
Y Q 8000 8 64000
Custo Total 243000

Este último quadro apresenta um custo total de transporte menor em relação


àquele encontrado no caso anterior. Por isso, a nova fábrica deve ser implantada no
local Y e deve abastecer o armazém Q com 8000 unidades. Note-se que apesar da
fábrica A possuir uma capacidade de produção de 7000 unidades deve produzir
apenas 4000 unidades, podendo usar a capacidade remanescente para produção de
um outro produto.

2.5. Problema de Afetação Para Adição do Novo Equipamento

Similarmente ao caso do Problema de Transporte para a localização de uma


nova fábrica, o Problema de Atribuição pode ser usado para instalação de um novo
equipamento, conforme apresenta o exemplo abaixo.

Exemplo 2.7: Numa fábrica existem cinco máquinas e existe a necessidade de se


instalar mais quatro novas máquinas. Na fábrica existem quatro locais viáveis onde as
máquinas podem ser instaladas. As quantidades dos materiais movimentados ( wij )
entre uma máquina nova i e uma máquina velha j são dadas no Quadro 2.7. As
distâncias d ij entre uma máquina antiga i e uma nova localização j são dadas no
Quadro 2.8.

31
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Quadro 2.7. Fluxo de materiais entre uma nova máquina i e uma máquina antiga j.
Novas Máquinas Antigas
Máquinas 1 2 3 4 5
1 10 0 0 4 0
2 0 6 8 3 1
3 5 0 6 0 5
4 8 7 3 0 7

Assumindo que o custo de manuseamento dos materiais é proporcional ao produto


da quantidade do material movimentado e a distância, determine os pontos de
instalação das novas máquinas que minimizem os custos de movimentação dos
materiais.

Quadro 2.8. Fluxo de materiais entre uma máquina antiga i e uma nova localização j.
Máquinas Novas Máquinas
Antigas 1 2 3 4
1 1 3 5 2
2 3 1 2 4
3 1 2 4 1
4 2 1 4 3
5 3 2 1 4

Solução: Supondo que uma nova máquina i é afeta à localização 1. O custo de


manuseamento do material entre a nova máquina 1 e todas outras existentes será dada
por:
c11  (w11  d11)  (w12  d21)  (w13  d31)  (w14  d41)  (w15  d51)

Similarmente, o custo de manuseamento do material entre a nova máquina i e


todas outras existentes no caso esta se encontre instalada na localização j ( cij ), é dada
por: cij  (wi1  d1 j )  (wi 2  d2 j )  (wi 3  d3 j )  (wi 4  d4 j )  (wi 5  d5 j )

O Quadro 2.9 apresenta a matriz de custos de atribuição da máquina i à


localização j ( cij ).

Quadro 2.9. Custos de atribuição da máquina i à localização j.


Localização
Máquina
1 2 3 4
1 18 34 64 32
2 35 27 49 45
3 26 37 54 36
4 53 51 73 75

A atribuição ótima é determinada pelas técnicas do problema de atribuição pelo


Método Húngaro, estudada em Investigação Operacional.

O algoritmo de resolução do Problema de Transporte pelo Método Húngaro é o


seguinte:

32
Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Passo 1. Da matriz de custos original, identificar o mínimo elemento de cada
linha e subtrai-lo de todos os elementos dessa linha;

Passo 2. Da matriz resultante do Passo 1, identificar o mínimo elemento de cada


coluna e subtrai-lo de todos os elementos dessa coluna;

Passo 3. Identificar a ótima atribuição que é associada com o adequado


enquadramento dos elementos nulos da matriz obtida no Passo 2.

Passo 2a). Após a execução dos Passo 1 e 2, se não for possível obter-se uma
afetação viável deve-se:

i. Traçar o mínimo número de linhas verticais e horizontais que


cubram todos os elementos nulos da última matriz obtida;

ii. Selecionar o menor elemento não coberto e subtrai-lo de todos os


elementos não cobertos e adiciona-lo a todos elementos que se
situam na intersecção entre duas linhas.

iii. Se não se obter uma atribuição viável, repetir o Passo 2a). Caso
contrário, ir para o Passo 3 para determinar a ótima atribuição.

Retomando o exemplo, e seguindo os passos de resolução do problema de


atribuição, tem-se:

Localização
1 2 3 4
1 18 34 64 32
Máquinas

2 35 27 49 45
3 26 37 54 36
4 53 51 73 75
Localização
1 2 3 4
1 0 16 46 14
Máquinas

2 8 0 22 18
3 0 11 28 10
4 2 0 22 24

Localização
1 2 3 4
1 0 16 24 4
Máquinas

2 8 0 0 8

3 0 11 6 0

4 2 0 0 14

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Gestão da Produção DEMA – FEUEM
Solução: A ótima atribuição obtida é a seguinte:

Tabela VI – Atribuição ótima


Máquina Localização
1 1
2 3
3 4
4 2

Esta solução indica que: A máquina 1 deve ser instalada no ponto 1; a máquina
2 deve ser instalada no ponto 3; a máquina 3 deve ser instalada no ponto 4; e a
máquina 4 deve ser instalada no ponto 2.

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