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BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA
Governo Lula
Rodrigo Salvato de Assis
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O governo Lula começou, em 2003, com a bagagem de uma mudança cambial
importante para a economia brasileira, de 1999, e a consolidação do tripé macro-
econômico. Este último, um conjunto de ações de políticas econômicas iniciado
igualmente em 1999 e responsável pela estabilização da economia nos anos
seguintes, formou uma base para a atuação mais efetiva do governo de Fernando
Henrique Cardoso e de Lula no enfrentamento da desigualdade e da pobreza.
O tripé macroeconômico norteou as decisões de governo nos mandatos de
Fernando Henrique e Lula e viu seu fim ao longo do governo Dilma. Ele consistiu
em três pontos: metas fiscais, metas de inflação e câmbio flutuante. As três
ações serão exploradas ao longo do capítulo. Além disso, a possibilidade de criar
e expandir a política do Bolsa Família trouxe excelentes resultados sociais para
a distribuição de renda do país.
Neste capítulo, veremos o desenvolvimento das políticas econômicas no
governo Lula e alguns dos principais resultados do conjunto dessas decisões.
2 Governo Lula
metas fiscais;
metas de inflação;
câmbio flutuante.
A primeira medida foi a meta fiscal, criada para controlar os gastos go-
vernamentais, não apenas da União, mas também dos estados. Por meio da
Lei de Responsabilidade Fiscal, União e estados foram obrigados a limitar
os seus gastos ao orçamento. Essa medida possibilitou uma previsão de
orçamentos, feita de um ano para o outro, o que ajudou a controlar os gastos
e melhorou a previsão dos gastos para o ano seguinte. Restringir orçamento
leva a um menor endividamento do governo, e a previsão dos gastos melhora
as expectativas de mercado para a inflação.
A segunda medida foi a implantação das metas de inflação. As metas foram
criadas com o intuito de nivelar as expectativas de mercado em relação à
inflação. O Brasil sofreu com a hiperinflação por anos, entre 1986 e 1994, e
os motivos foram, resumidamente, os gastos descontrolados da União e dos
estados (por meio da criação dos bancos regionais, que possibilitaram aos
estados gerarem oferta monetária localmente, sem um controle nacional),
além dos impactos da crise do petróleo de 1979 e o endividamento externo
brasileiro nos anos 1950 e 1960 (GIAMBIAGI et al., 2011).
A ideia por trás das metas de inflação foi a de dar transparência das decisões
econômicas para o mercado. A principal mensagem era a de controle inflacionário
— o governo fazia uma previsão e uma promessa de manter o nível de preços dentro
de uma banda dessa meta. É importante notar que as metas fiscais e de inflação
estão ligadas pelo mesmo objetivo: controle de preços. No entanto, as metas de
inflação não seriam possíveis sem a última parte do tripé, o câmbio flutuante.
A mudança de política cambial se deu por um choque exógeno, advindo do
mercado internacional. A partir de 1994, com o Plano Real, o Brasil conseguiu
Governo Lula 3
3,0 2,9
2,5
2,3
2,0
1,5
1,5
1,0
1,0
0,6
0,5
0,1
0,0
0,0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
-0,2
-0,3
0,5
Variação
Meta Resultado cotação Taxa Selic
Ano original observado R$/US$ real
(Continua)
6 Governo Lula
(Continuação)
34,0% 34,2%
23,4%
21,8%
18,8%
17,4%
14,6%
12,7% 12,8%
10,8% 11,6% 11,0%
9,6% 9,9%
7,8% 7,2%
6,0% 5,8% 5,4%
4,2% 4,4% 3,6%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014
Referências
BARBOSA, N. Relembrando a evolução recente da dívida líquida. Blog do IBRE, Rio de
Janeiro, 23 out. 2020. Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/relembrando-
-evolucao-recente-da-divida-liquida. Acesso em: 3 abr. 2022.
ENTENDENDO os gráficos: resultado primário e estoque da dívida pública federal.
Tesouro Nacional Transparente, Brasília, [202-?]. Disponível em: https://www.tesouro-
transparente.gov.br/historias/entendendo-os-graficos-resultado-primario-e-estoque-
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GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea: [1945-2010]. 2. ed. Rio de
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UM PAÍS menos desigual: pobreza extrema cai a 2,5% da população. Secretaria Espe-
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Leituras recomendadas
ARAUJO, V. L.; MATTOS, F. A. M. (org.). A economia brasileira de Getúlio a Dilma: novas
interpretações. São Paulo: Hucitec, 2021. 544 p.
LEITE, A. D. A economia brasileira: de onde viemos e onde estamos. 2. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2011. 226 p.
REGO, J. M.; MARQUES, R. M. (org.). Economia brasileira: atualizada com os governos
Dilma e Temer. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 328 p.
SADER, E. (org.). 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. São
Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: FLACSO, 2013. 379 p. Disponível em: https://flacso.
org.br/?publication=10-anos-de-governos-pos-neoliberais-no-brasil-lula-e-dilma.
Acesso em: 3 abr. 2022.