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É comum a alegação de que entre 1968 e 1973 ocorreu a fase do “milagre econômico
brasileiro”. Durante aquele período, o país foi governado pelos ditadores Costa e
Silva e Emílio Médici, mas foi o presidente Castelo Branco, que, logo no primeiro
ano do regime militar (1964), preparou o terreno para o desenvolvimento posterior, ao
lançar o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG).
Segundo o estudo feito por Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) e da UnB, em 1965, a fração recebida pelo 1% mais rico, considerando apenas os rendimentos
tributáveis brutos (só o passível de pagar tributo), era cerca de 10% do “bolo” total. Apenas três anos depois, a cifra
foi a 16%. A cifra alcançou 16% em apenas três anos.
07/08/2017 O mito do milagre econômico da ditadura militar
Por sua vez, o setor público financiava seus investimentos por meio do endividamento externo, aprofundando as
características de uma economia dependente e subordinada. O petróleo, importado a preços baixos no período,
impulsionava ainda mais a economia nacional. Mas, em 1974, ocorreu o primeiro choque do petróleo, quando seu
preço foi elevado abruptamente. “Nessa época, o Brasil ainda não produzia petróleo, e com o enorme salto no
preço dos barris, o governo precisou retirar recursos de programas de desenvolvimento, além de se endividar
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muito, para poder comprá-los”, como narra o professor, mestre em Ciência Sociais e Educação e pós-doutor em
História e Política, José Eudes, acrescentando que essa crise também provocou uma aceleração da taxa de
inflação no mundo todo, principalmente no Brasil, passando de 15,5%, em 1973 para 34,5% no ano seguinte.
O milagre logo se transformava em pesadelo. Ao fim do regime, a dívida externa passou de cerca de US$ 3
bilhões, em 1964, para quase US$ 100 bilhões, em termos nominais. Para pagar essa dívida, eram usados 90% da
receita oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica, que duraria até a
década de 1990.
A maior consequência foi o elevado desemprego, que se agravou com o passar dos anos e apenas declinou nos
anos 2000. A inflação, que já era alta nos tempos de João Goulart, disparou. Ocorreram grandes movimentos
migratórios, de Norte e Nordeste para São Paulo e Rio de Janeiro. e do campo para as cidades. Sem empregos,
renda e direito à moradia nas cidades, que representavam sonho e esperança, as favelas surgiram como uma
alternativa, mas também como um problema urbano e social. Era o fim da utopia dos militares de um “Brasil
Grande Potência”.
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