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Material Teórico
O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização
dos Governos Militares
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
O Golpe de 1964 e os Planos de
Estabilização dos Governos Militares
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Descrever o cenário econômico após o Golpe de 1964;
· Analisar as principais medidas do PAEG;
· Caracterizar as ações de reforma estrutural do sistema financeiro,
tributário e das relações de trabalho;
· Analisar os principais aspectos do “Milagre Brasileiro”;
· Descrever as principais medidas do PED;
· Analisar o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND);
· Caracterizar o efeito do Choque do Petróleo;
· Caracterizar os efeitos da alta de juros de 1982;
· Caracterizar as medidas de ajuste recessivo, anti-inflacionária.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
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material e local de
estudos sempre
organizados.
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contato com seus de Material
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horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
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de se alimentar
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Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Contextualização
Alguns mecanismos das políticas econômicas determinadas no período militar
foram herdados pela Nova República, após a Abertura, em 1985, alinhando-se com
a perspectiva desenvolvimentista inaugurada na era Vargas e ainda permanecem
para muitos como estratégias válidas para promover o capitalismo no País.
Assista à reportagem exibida por meio do link abaixo, para conhecer o legado
do período militar.
https://youtu.be/rvhA95tPMuI
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O Golpe de 1964 e os Planos de
Estabilização dos Governos Militares
A estabilidade política do período militar foi mantida por um regime de exceção,
instituído pelo golpe militar que depôs o então presidente João Goulart em 31 de
março de 1964 (GIAMBIAGI, 2011).
Fonte: commons.wikimedia.org
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https://youtu.be/UKu4CFfnlgc
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· Uma política de controle do crédito ao setor privado pela qual o crédito
total ficaria limitado às mesmas taxas de expansão definidas para os
meios de pagamento;
· Um mecanismo de correção salarial no qual as revisões salariais nor-
teadas pelo critério da manutenção, durante o período de vigência de
cada reajustamento, do salário real médio verificado no biênio anterior,
acrescido de porcentagem correspondente ao aumento de produtividade
(GIAMBIAGI, 2011).
GAMBIAGI, Fábio; VILELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer. Economia
Explor
Por sua vez, as Reformas Estruturais tiveram por foco a estrutura tributária
e a financeira.
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Para viabilizar esse modelo, foi necessário ainda estabelecer outras medidas:
·· Definição de regras claras de funcionamento do mercado de capitais;
·· Dotação das instituições financeiras, bem como as empresas interessadas
no financiamento direto, de condições de acesso a recursos de longo prazo;
·· Ampliação do grau de abertura da economia ao capital externo, de risco,
por meio de investimentos diretos, e, principalmente, de empréstimo.
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As principais estratégias criadas para atrair os recursos necessários foram
os seguintes:
1. Regulamentação de alguns tópicos da Lei no 4.131 (de 1962), a fim de permitir
a captação direta de recursos externos por empresas privadas nacionais;
2. Resolução 63 do Bacen, que regulamentou a captação de empréstimos exter-
nos pelos bancos nacionais para repasse às empresas domésticas;
3. Mudança na legislação sobre investimentos estrangeiros no País, para facilitar
as remessas de lucros ao exterior, tornando o mercado brasileiro mais compe-
titivo na captação de investimentos diretos;
4. Criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que veio substituir
o regime de trabalho vigente nos anos de 1960, que garantia a estabilidade do
trabalhador no emprego após dez anos de serviço no mesmo estabelecimento.
O FGTS é um fundo formado por depósitos mensais, por parte do empregador, em nome de
cada trabalhador, de valor inicial equivalente a 8% dos respectivos salários nominais. Com o
FGTS, as empresas ganharam o direito de demitir funcionários a qualquer momento. Em caso
de demissão ou em algumas situações especiais (como a compra de imóvel, por exemplo),
os recursos poderiam ser liberados para o trabalhador. A ideia era que a flexibilização do
mercado de trabalho, permitida pelo Fundo, não estimularia as demissões, gerando uma
maior quantidade de contratações de empregados, na medida em que diminuía o risco e
os custos de longo prazo do emprego para os empregadores. Infelizmente, não é possível
avaliar quantitativamente essa hipótese. Isso exigiria alguma forma de comparação entre
as taxas de desemprego antes e depois do FGTS. Contudo, a pesquisa de emprego do IBGE só
teve início na década de 1980.
DIZ, Rosangela Maria Kraviski Grainert. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. ANIMA:
Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET. Curitiba PR - Brasil. Ano IV, nº 9,
jan/jun 2013. ISSN 2175-7119.
https://goo.gl/35RT39
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Explor
“Com o afastamento de Costa e Silva, a mesma orientação de política econômica foi mantida
no governo Médici (1969-73). No campo político, porém, o período marca uma fase de nítida
radicalização do regime autoritário. Em resposta às inúmeras manifestações contrárias ao
regime militar desde 1964, em dezembro de 1968, o governo Costa e Silva decretou o AI-5
(Ato Institucional no 5), que suspendeu as garantias constitucionais, fechou o Congresso
por tempo indeterminado e cassou mandatos de políticos opositores ao regime. Ao AI-5
seguiu-se um longo período, conhecido como “anos de chumbo”, marcado por prisões
arbitrárias (e sem qualquer direito de defesa por parte do acusado), torturas e deportações
de cidadãos considerados “subversivos da ordem” — leia-se, críticos ao regime autoritário.
Esse ambiente político favoreceu, indiretamente, a política antiinflacionária do governo,
calcada no controle direto de preços e na contenção dos salários reais. “
GAMBIAGI, Fábio; VILELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer. Economia
brasileira contemporânea. (1945-2010). Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p. 65).
Essa façanha foi tornada possível por algumas condições econômicas e políticas
favoráveis, que foram aproveitadas com êxito pelo governo.
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Fonte: gazetadopovo.com.br
A seguir, o choque dos preços do petróleo entre 1973-74 deu início a uma
longa fase de dificuldades para a economia brasileira, pois estabeleceu restrições
externas de bens de capital e de insumos industriais, além de subir os preços
dos combustíveis.
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Diante do alto custo e do longo prazo de maturação dos investimentos, e da
virtual inexistência de mecanismos privados de financiamento de longo prazo no
Brasil, a viabilização do II PND dependeu de fontes de financiamento público e
externo. O primeiro apoiou-se no BNDE, a quem coube o financiamento dos
investimentos privados, com base em linhas especiais de crédito a juros subsidiados.
Além disso, os investimentos públicos foram financiados por recursos do orçamento
(impostos) e por empréstimos externos captados pelas empresas estatais, em
melhores condições de obtenção de crédito do que as empresas privadas.
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Você Sabia? Importante!
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Fonte: uol.com.br
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O diagnóstico inicial de Delfim Netto foi que o estrangulamento externo que
afetava a economia brasileira em 1979 se devia a um desajuste de preços relativos
que distorcia a distribuição dessa demanda entre os diversos setores.
Na visão de Delfim Neto, diante dos novos choques externos, a taxa de câmbio
deveria ser corrigida para promover o redirecionamento da demanda em favor dos
bens de produção doméstica e estimular as exportações.
Mas a recessão foi evitada. No biênio 1979-80, o PIB cresceu à taxa média de
8% ao ano no período, devido às seguintes medidas:
· Aumento das exportações;
· “Crescimento inercial” dos investimentos públicos e privados do II PND,
que estavam sendo finalizados.
No que tange ao BP, porém, o desequilíbrio externo não foi sequer amenizado
entre 1979-80, devido a diversos fatores:
1. a maxidesvalorização de 1979 não se materializou em desvalorização real do
câmbio, porque foi consumida pelo rápido aumento da inflação;
2. apesar do forte crescimento das exportações, o déficit comercial aumentou
alavancado pelo aumento dos preços (especialmente do petróleo) e, em 1979,
também da quantidade de importações;
3. sob o efeito do aumento dos juros internacionais, as despesas com rendas
cresceram;
4. os superávits da conta de capital não foram suficientes para cobrir os déficits
correntes, tornando o BP deficitário.
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Fonte: og.infg.com.br
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Neste contexto, ao final do período militar, o ajuste externo e fiscal requerido
dependia diretamente de uma redução significativa das despesas financeiras que
pesavam sobre o BP e as contas públicas. A solução do problema dependia da
renegociação ampla da dívida externa, com a aceitação de um deságio por parte
dos credores, que só foi estabelecida em 1994, o que favoreceu a estabilização do
câmbio e dos preços no País.
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Em Síntese Importante!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro Pós-1930
ABREU, Alzira A. de et al. (coord.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro
Pós-1930 (ed. rev. e atual.). Rio de Janeiro: Editora FGV/CPDOC, 2001.
A Lanterna na Popa
CAMPOS, Roberto de. A Lanterna na Popa: memórias. 2.ed. Rio de Janeiro:
Topbooks, 1994.
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Referências
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico
do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, 1988. (Série PNPE, n. 19.)
SALLUM JR., Brasilio. Labirintos: dos generais à Nova República. São Paulo:
Hucitec, 1996.
SKIDMORE, Thomas. Brasil: De Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
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