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Macroeconomia

Material Teórico
Debates Recentes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Fulan
Debates Recentes

• Os Monetaristas
• A Teoria da Taxa Natural
• Política Monetária, Produto e Inflação
• Visão Keynesiana do Trade-off Produto-Inflação

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Destacar alguns dos debates recentes ligados à interpretação
macroeconômica que tem como foco novas interpretações sob a
ótica dos monetaristas, novo-clássicos e novo-keynesianos. Entender
como essas teorias procuram reformular conceitos defendidos pelos
teóricos fundadores dos estudos macroeconômicos. Despertar o
interesse pelo estudo macroeconômico, assim como pela pesquisa
nessa área em constante atualização e repleta de novos desafios.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
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estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
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colegas e tutores Complementar.
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Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

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de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Debates Recentes

Contextualização
Com recados claros para o mercado financeiro, governo e Congresso
Nacional, o Banco Central (BC) afirmou que não pode cortar juros neste
momento, apesar da recessão econômica. A ata do Comitê de Política
Monetária (Copom) aponta para um período maior de taxa básica em
14,25% ao ano. Nela, os dirigentes da autoridade monetária disseram que
não há espaço para um alívio na política de controle inflacionário porque
as expectativas para os preços — feita pelos analistas — ainda estão muito
longe da meta de 4,5%. Frisaram também que a velocidade do processo
de desinflação depende da aprovação das medidas de controle de gastos
enviadas ao Legislativo.
Os membros do Copom concordam que houve melhora perceptível do
cenário macroeconômico e que indicadores recentes mostram perspectiva
de estabilização da atividade econômica no curto prazo. Houve progressos
também no controle da inflação, principalmente por causa das quedas das
estimativas para os próximos dois anos, mas numa velocidade aquém da
almejada. O BC falou claramente que a sua política depende das projeções
do mercado:
“O Comitê deve procurar conduzir a política monetária de modo que suas
projeções de inflação, inclusive no cenário de mercado, apontem inflação
na meta nos horizontes relevantes”.
A aposta do mercado está em IPCA de 7,25% para este ano. Está mais alta
que as previsões feitas nos modelos do BC. Tanto no chamado cenário de
referência (quando o Copom faz a conta com juros e câmbio estáveis),
quanto no cenário de mercado (quando usa as estimativas dos analistas
para fazer as projeções), os cálculos apontam para inflação em torno de
6,75%. O BC observa que contempla desinflação na economia brasileira
nos próximos anos, mas aponta que as expectativas do mercado ainda não
convergiram.
Fonte: O Globo

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Os Monetaristas
O termo Monetarismo ou Monetaristas tem
origem na década de 1960 quando um grupo
de economistas, liderados por Milton Friedman,
(1912 - 2006), economista norte-americano, ar-
gumentava que a política monetária exercia gran-
de efeito sobre a atividade econômica.

Podemos resumir as proposições monetaristas


nas quatro características seguintes:
1. A oferta de moeda é a influência dominante
sobre a renda nominal;
2. No longo prazo, a influência da moeda re-
vela-se, basicamente, nos preços e em ou-
tras magnitudes nominais. No longo prazo,
variáveis reais, como produto real e nível de Milton Friedman (1912 – 2006)
emprego, são determinadas por fatores reais, Fonte: commons.wikimedia.org
e não monetários.
3. No curto prazo, a oferta de moeda influencia variáveis reais. A moeda é
o fator dominante que causa movimentos cíclicos na produção e nível
de emprego.
4. O setor privado é inerentemente estável. A instabilidade na economia
resulta, basicamente, de políticas econômicas governamentais. (FROYEN,
p. 239, 2005)

Com base nessas quatro proposições, duas conclusões são possíveis sobre a
política econômica.

Primeiro, “a estabilidade no crescimento do estoque de moeda é fundamental


para a estabilidade econômica”. Em segundo lugar, “a política fiscal, em si, tem
pouco efeito sistemático sobre a renda real ou nominal, não sendo instrumento
eficiente de estabilização”.

Foi Milton Friedman quem defendeu veementemente que a política fiscal tem
pouca participação independente como instrumento eficiente de estabilização
econômica, mas outros monetaristas não aceitam uma forma tão forte dessa
proposição, no entanto a posição monetarista geral concorda com Friedman.

Para conhecer mais detalhes sobre a concepção monetarista consulte o Capítulo 9 –


Explor

A Contra-Revolução Monetarista. Livro; Macroeconomia. Richard Froyen, 2005

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UNIDADE Debates Recentes

Importante destacar, por hora, um elemento central do monetarismo, a posição


forte da reformulação da teoria quantitativa da moeda, que produz conclusões
de política econômica bastante diferente das visões keynesianas modernas. Na
Figura 1, ilustramos as curvas IS-LM como faria um teórico do quantitativismo
forte, o que facilitará comparar monetaristas e keynesianos.

A curva LM é quase, mas não completamente, vertical, pois, segundo Friedman


a elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros é bastante baixa.

Figura 1- IS–LM Uma Versão Monetarista


Fonte: FROYEN, 2005

Na visão monetarista, a curva IS é bastante plana, refletindo uma alta elasticidade


da demanda agregada em relação aos juros. A curva LM é quase vertical, refletindo
uma baixíssima elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros. (FROYEN,
p. 253, 2005)

Por fim, após um caloroso debate entre duas correntes formuladoras de políticas
econômicas e muita pesquisa, chegou-se à conclusão de que tanto a política fiscal
quanto a política monetária afetavam claramente a economia. Para os formuladores
dessas políticas que se preocupavam não apenas com o nível, mas também com
a composição do produto, a melhor política seria, na verdade, a combinação das
duas, a fiscal com a monetária.

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A Teoria da Taxa Natural
Partindo-se da seguinte proposição:
“No longo prazo a influência da moeda é basicamente sobre o nível de
preços e outras magnitudes nominais. No longo prazo, variáveis reais,
como o produto real e o emprego, são determinadas por fatores reais,
não monetários.” (FROYEN, p. 268, 2005)

A teoria das taxas naturais de desemprego e produto desenvolvida por Milton


Friedman é a base dessa proposição.

Essa teoria defende que existe um nível de equilíbrio do produto e uma taxa de
emprego a ele associada que são determinados pela oferta de fatores de produção,
tecnologia e instituições da economia, determinadas por fatores reais. Esta é a taxa
natural segundo Friedman. Ele acreditava que mudanças na demanda agregada,
basicamente na oferta de moeda, causariam movimentos temporários na economia,
afastando-a da taxa natural.

Por exemplo, uma política expansionista moveria o produto para cima da taxa
natural, temporariamente deslocando a taxa de desemprego para baixo da taxa
natural. “Os monetaristas não concordam com a posição clássica de que o
produto é completamente determinado pela oferta, mesmo no curto prazo.”

Na Figura 2, simbolizamos graficamente as taxas naturais de Emprego e Produto.

Figura 2 – Taxas Naturais de Emprego e Produto


Fonte: FROYEN, 2005

Na parte a, a taxa natural de emprego (N*) é determinada no ponto em que a oferta


de mão de obra é igual a demanda com os ofertantes de mão de obra avaliando
corretamente o nível de preços (Ps = P). A taxa natural do produto (y*) é, então,
determinada na parte b pela função produção. (FROYEN, p. 269, 2005)

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UNIDADE Debates Recentes

Encontramos a taxa natural de desemprego pela subtração da quantidade de


trabalhadores empregados da força de trabalho total e, então, pela expressão do
número encontrado como uma porcentagem da força de trabalho total.

Política Monetária, Produto e Inflação


Friedman e outros monetaristas defendem que produto e emprego divergem
de suas taxas naturais temporariamente, mas convergirão em um determinado
momento. Agora vamos ver como Friedman analisa as consequências de curto e
longo prazo provocado pelo aumento de crescimento do estoque de moeda.

Se ocorrer um aumento na taxa de crescimento do estoque de moeda, a demanda


agregada será estimulada, consequentemente a renda nominal também. Friedman
descreve os resultados de curto prazo desse aumento da seguinte forma:
Para começar, muito, ou a maior parte, da elevação da renda assumirá a
forma de um aumento no produto e no emprego, mas não nos preços.
As pessoas vinham esperando preços estáveis e, com base nisso, os
preços e salários foram fixados para certo tempo futuro. Leva algum
tempo para que as pessoas se ajustem a um novo estado da demanda.
Os produtores tenderão a reagir à expansão inicial da demanda agregada
aumentando a produção, os empregados, trabalhando por mais horas
e, os desempregados, aceitando, agora, trabalhos oferecidos a salários
nominais anteriores. Isso é basicamente a doutrina padrão. (apud
FROYEN, p. 271, 2005)

Friedman está definindo como doutrina padrão a ideia da curva de Phillips. A


curva de Phillips é uma relação negativa entre a taxa de desemprego (μ) e a taxa
de inflação (π). A Figura 3 simboliza graficamente essa curva, mostrando uma
relação de trade-off entre inflação e desemprego.

William Phillips (1914 – 1975)


Fonte: commons.wikimedia.org

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TRADE-OFF - Em economia, expressão que define situação de escolha conflitante, isto é,
Explor

quando uma ação econômica que visa à resolução de determinado problema acarreta,
inevitavelmente, outros.

Figura 3 - Curva de Phillips


Fonte: FROYEN, 2005

No curto prazo, um aumento na taxa de crescimento no estoque de moeda move a


economia do ponto A para o ponto B ao longo da curva de Phillips de curto prazo. O
desemprego diminui e a inflação sobe. (FROYEN, p. 272, 2005)

Para Friedman, taxas mais baixas de desemprego só podem ser obtidas ao custo
de taxas de inflação mais altas, concordando assim com a tese de trade-off entre
inflação e desemprego no curto prazo.

Fundamentalmente, o elemento central da análise de Friedman é sua visão dos


efeitos de longo prazo da política monetária, é nessa análise que a ideia de taxa
natural de desemprego entra em cena.

Para os monetaristas, a política monetária expansionista só consegue mover


a taxa de desemprego para baixo da taxa natural temporariamente, ou seja, no
curto prazo.

Quando a inflação é totalmente antecipada e teve tempo de se ajustar à taxa de


inflação efetiva ( π = πe) podemos representar essa situação com a curva de Phillips
de longo prazo, ou seja, vertical. Conforme ilustramos na Figura 4.

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Figura 4 - Efeito de uma Tentativa de Fixar a Taxa de Desemprego Abaixo da Taxa Natural
Fonte: FROYEN, 2005

Aumentos adicionais no crescimento da moeda, para...


A teoria de Friedman da taxa natural de desemprego e produto é a base
teórica para a crença monetarista de que, no longo prazo, a influência
do estoque de moeda atua, basicamente, sobre o nível de preços e outras
variáveis nominais. Variáveis reais como produto e emprego têm tempo
para se ajustar a seus níveis naturais de longo prazo. Essas taxas naturais
de produto e desemprego dependem de variáveis reais, como oferta de
fatores (mão de obra e capital) e tecnologia. (FROYEN, p. 276, 2005)

A teoria da taxa natural fortalece a tese dos monetaristas favorável a políticas


econômicas não intervencionistas.

Sendo assim, para Friedman, a curva de Phillips apresenta uma inclinação


negativa no curto prazo, no entanto, é vertical no longo prazo.

Visão Keynesiana do Trade-off


Produto-Inflação
Agora vamos procurar responder algumas questões: Qual a visão keynesiana
da curva de Phillips e como ela se difere da teoria da taxa natural? Como defender
política intervencionista se a teoria da taxa natural estiver correta?

A visão keynesiana obedece a seguinte lógica: O salário monetário é flexível e a


oferta de mão de obra é considerada dependente do salário real esperado (W/Pe),
o salário monetário conhecido dividido pelo nível de preços esperado.

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O modelo keynesiano também estabelece uma relação de trade-off entre inflação
e desemprego: altas taxas de crescimento da demanda incorre em baixos níveis
de desemprego e altas taxas de inflação. A curva de Phillips nesse modelo tem
inclinação negativa. No curto prazo, produto, nível de preços e nível de emprego
irão subir.

Para os keynesianos o longo prazo difere do curto prazo, pois o preço esperado
ajusta-se ao preço efetivo. Aqueles que ofertam mão de obra percebem a inflação
resultante da política de expansão da demanda agregada. O emprego aumenta no
modelo keynesiano apenas porque a elevação dos preços reduz os salários reais,
aumentando a demanda por mão de obra. Dessa forma a quantidade de mão de
obra ofertada aumenta à medida que o salário monetário (W) sobe. Isso muda no
longo prazo, quando o preço esperado se ajusta ao preço efetivamente praticado.

Figura 5 - A Curva de Phillips: A Perspectiva Keynesiana


Fonte: FROYEN, 2005

No curto prazo, a curva Phillips, no modelo keynesiano, tem inclinação negativa.


No longo prazo, tanto no modelo keynesiano como na análise de Friedman, a curva
Phillips é vertical. (FROYEN, p. 282, 2005)

Importante ter em mente que no modelo keynesiano chegamos à conclusão que


um aumento no nível de demanda agregada eleva os níveis de produto e emprego,
diminuindo a taxa de desemprego somente no curto prazo. Agora, percebemos
que tanto na visão keynesiana como na monetarista a curva de Phillips de longo
prazo é vertical, mas para os keynesianos isso não implica, no longo prazo, em
consequências importantes para a política de estabilização de curto prazo. Os
keynesianos levantam dúvidas quanto ao próprio conceito de taxa natural. Para
Robert Solow, “Uma taxa natural que varia... sob a influência de forças inesperadas,
incluindo taxas de desemprego anteriores, não pode ser ‘natural’” (apud FROYEN,
p. 288, 2005).

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Os Custos da Inflação
Basicamente, a inflação ocorre quando a quantidade de bens demandados a
qualquer nível de preços específico está subindo mais rápido que a quantidade
agregada de bens a esse nível de preços. Alguns dos fatores que podem provocar
aumentos rápidos e desproporcionais entre demanda agregada e oferta agregada por
bens. Podemos destacar: aumentos no consumo ou nos gastos com investimento,
políticas fiscais expansionistas e choques diversos na oferta. Em geral, um único
fator pode gerar aumentos prolongados na demanda agregada, consequentemente,
na inflação corrente. Este fator é uma taxa de crescimento monetário.

Vários são os custos advindos do processo inflacionário que acomete uma


economia. O mais cruel deles á o fato de que sob uma inflação permanente ocorre
transferência de renda de um grupo para outro. Essa transferência ocorre do grupo
daqueles que não tem como se precaver da inflação para aqueles que dominam os
instrumentos que os protege do processo inflacionário, aumentando com isso a
desigualdade social.

Os economistas keynesianos defendem uma estratégia de combate inflacionário


gradual, ou seja, uma redução gradual do crescimento monetário e da inflação
ao longo dos anos. Esse gradualismo pode minimizar os custos de aumento do
desemprego cíclico, além disso, os ajustes necessários dos preços, salários e
expectativas ajustem-se a desinflação.

As curvas de Phillips de curto e longo prazo ilustram de forma mais clara como
se dá o processo de custos provocados pela inflação e a taxa de desemprego
segundo a expectativa de inflação dos ofertantes de mão de obra.

Figura 6 - Curvas de Phillips de Curto e de Longo Prazo


Fonte: FROYEN, 2005

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Quando os ofertantes de mão de obra passam a ter expectativa de uma taxa de
inflação mais alta, a curva de Phillips de curto prazo desloca-se de CP(πe = 0) para
CP(πe = 2%). A taxa de desemprego retorna à taxa natural de 6%, e a taxa de
inflação permanece mais alta, em 2% (movemo-nos do ponto B para o ponto C)

A Economia Novo-Clássica
A teoria novo-clássica foi desenvolvida durante de década de 1970 tendo como
fatores centrais de discussão a alta inflação e as taxas de desemprego no período
em diversas economias. Nasce como resposta a insatisfação com a ortodoxia
keynesiana dominante.

A principal crítica sustentada pelos economistas novo-clássicos conclui que


medidas sistemáticas de política fiscal e monetária de alteração da demanda
agregada não alterarão o produto e o emprego, nem mesmo no curto-prazo. A
isso denominaram de ineficácia das políticas econômicas.

Um conceito central da teoria novo-clássica se refere às expectativas racionais e


suas aplicações. Duas hipóteses caracterizam essa teoria, primeiro, as economias
não admitem a constituição de estoque indesejado após as trocas no mercado, com
isso os preços se ajustam instantaneamente, garantindo o permanente equilíbrio do
mercado como resultado do comportamento dos agentes, como resposta ótima de
suas percepções dos preços. A segunda hipótese defende que as decisões racionais
tomadas pelos empresários e trabalhadores refletem o comportamento otimizador
de sua parte. Segundo essa hipótese, os indivíduos utilizam as informações
relevantes disponíveis sobre a variável que está sendo prevista.

Os ofertantes de mão de obra, por exemplo, terão como referência as


informações passadas relevantes na realização de uma previsão para o valor do nível
agregado de preços para o período corrente, e não apenas as informações sobre o
comportamento dos preços no passado. A elaboração das suas expectativas passa
por essa análise e estimativa. No entanto, os economistas novo-clássicos entendem
que os agentes não têm como perceber os efeitos sobre o nível de preços exercidos
pelas mudanças imprevistas na demanda agregada. Mesmo assim não atribuem
nenhum papel significativo para as políticas de estabilização macroeconômicas.

Uma linha de pesquisa recente cujo líder intelectual é o economista norte


americano Edward Prescott, defende a tese de que os macroeconomistas deveriam
ver até que ponto podiam explicar as flutuações como efeitos de choques nos
mercados competitivos com preços e salários totalmente flexíveis. Pesquisas
desenvolvidas por Prescott e seus seguidores desenvolveram modelos que ficaram
conhecidos como modelos dos ciclos econômicos reais (CER).

Esses modelos supõem que o produto está sempre em seu nível natural. Isso
significa que todas as flutuações do produto são movimentos do nível natural de
produto, e não variações em relação ao nível natural de produto. Para Prescott

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tais movimentos resultam do progresso tecnológico. À medida que surgem novas


descobertas, a produtividade cresce provocando o aumento do produto.

O aumento da produtividade leva a um aumento do salário, levando o trabalhador


a trabalhar mais. Dessa forma, os aumentos da produtividade levam a aumentos
tanto do produto quanto do emprego, exatamente como vemos no mundo real.

Essa conclusão defendida pelo enfoque CER têm recebido críticas de várias
frentes. O desenvolvimento tecnológico ocorre em vários setores como resultado
de muitas inovações, sendo processado no longo prazo, difícil de gerar grandes
flutuações do produto no curto prazo. Podemos destacar também evidências muito
fortes de que variações da moeda, que não têm efeito sobre o produto nos modelos
CER, na verdade exercem forte efeito sobre o produto no mundo real.

A Economia Novo-Keynesiana
A corrente teórica identificada como novo-keynesiana tem como característica a
identificação com a tradição keynesiana, mas buscam explicações adicionais para
o desemprego involuntário. Importantes contribuições foram desenvolvidas para a
economia novo-keynesiana por Mankiw e David Romer, principalmente na busca
da construção de uma macroeconomia sobre uma microeconômica sólida.

A economia novo-keynesiana é sustentada por uma literatura de ampla


diversidade de abordagens. Seguem alguns dos elementos de abordagem comuns.

Primeiro: esse modelo pressupõe alguma forma de concorrência imperfeita


para o mercado de produtos, o que contraria os modelos keynesianos anteriores
que defendem a concorrência perfeita;

Segundo: nos modelos keynesianos anteriores, o salário nominal era a principal


rigidez nominal, já os modelos novo-keynesianos também se voltam para a rigidez
nos preços dos produtos;

Terceiro: Os modelos novo-keynesianos introduzem a rigidez real, ou seja,


fatores que provocam a rigidez do salário real ou do preço relativo das firmas diante
de mudanças na demanda agregada.

Vejamos três tipos de modelos novo-keynesianos: modelos de preços rígidos,


modelos do salário eficiência e modelos incluído-excluído.

Modelos de preços rígidos:


O conceito fundamental nesses modelos defende que a firma não precisa estar
em concorrência perfeita. Caso tenhamos concorrência perfeita os preços são
definidos pela lei da oferta e demanda.

Mas, outro fator pode implicar em rigidez dos preços, ou seja, se os custos
percebidos com a alteração de preços forem suficientemente altos, existirá rigidez
de preços. Custos como informação aos clientes, emissão de novas tabelas de
preços etc.

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Modelos de Salário-Eficiência:
Esses modelos têm como premissa maior: a eficiência dos trabalhadores depende
positivamente do salário real que eles recebem.

Segundo a premissa desses modelos de salário-eficiência, em muitos setores, os


salários são definidos com base em determinados cálculos de eficiência. Os salários
reais não se ajustam para equilibrar o mercado de trabalho., na verdade as firmas,
nesses modelos definirão o salário real acima do nível de equilíbrio de mercado,
resultando num estado de desemprego involuntário persistente.

Modelos Incluído-Excluído e Histerese


Estes modelos estão mais relacionados às persistentes altas taxas de desemprego
observadas na Europa desde a década de 1980. Procuram explicar por que altas
taxas de desemprego persistem mesmo depois que sua causa inicial, há muito
tempo deixou de existir.

Sendo assim, no modelo incluído-excluído, o desemprego resulta de um salário


real fixado acima do nível de equilíbrio do mercado (desemprego de excluídos) e de
uma resposta cíclica a mudanças na demanda agregada. Os incluídos seriam aqueles
que usufruiriam das negociações dos sindicatos, mas os incluídos só empurrarão o
salario real para cima do nível de equilíbrio do mercado.

A conclusão a que chegamos é que o desemprego passado também causa o de-


semprego atual por transformar incluídos em excluídos, esse é o fenômeno da histe-
rese, o desemprego atual sendo fortemente influenciado pelo desemprego passado.

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
Explor

Biblioteca Virtual - https://goo.gl/EAp09m

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UNIDADE Debates Recentes

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
A Evolução da Macroeconomia Moderna entre Perspectivas em Busca da Síntese Perdida
AGUILAR Fo. H. A.; SAVIANI Fo., H. A evolução da macroeconomia moderna
entre perspectivas em busca da síntese perdida.
https://goo.gl/4kvsCP
Regimes Monetários: teoria e a experiência do real.
MODENESI, André de Melo. Regimes monetários: teoria e a experiência do real.
Barueri: Manole, 2005
A Moeda Importa? A macroeconomia pós-keynesiana e a não-neutralidade da moeda
LIRA, Vitor Carvalho; JESUS, Cleiton Silva de. A moeda importa? A macroeconomia
pós-keynesiana e a não-neutralidade da moeda. v. 18, nº 34, Chapecó, SC:
Cadernos de Economia, 2016.
https://goo.gl/TO1M5B

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Referências
BLANCHARD, J. O. Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007.

DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed. , v., São Paulo: Pearson


Makron Books, 2006.

FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005.

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia: Nivel


Básico e Nível Intermediário. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed. ,Rio de Janeiro: LTC-Livros


Técnicos e Científicos, 2008.

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