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Macroeconomia

Material Teórico
O Modelo IS – LM

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
O Modelo IS – LM

• O Modelo IS-LM
• Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços e a Curva IS
• Equilíbrio no Mercado Monetário: A Curva LM
• Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços e no Mercado Monetário
• Demanda Agregada no Modelo IS-LM
• Interação Demanda Agregada e Oferta Agregada no Modelo IS-LM
• Políticas Monetária e Fiscal no Modelo IS-LM

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Detalhar como surgiu o Modelo IS–LM e quais foram os seus
idealizadores e a partir desse conhecimento definir o que representa
a curva IS e a curva LM, o que é equilíbrio de mercado de bens e
serviços e monetário. Assim como explicar os efeitos das políticas
fiscal e monetária nesse modelo.
· Entender e interpretar gráficos e os resultados possíveis dessas
políticas de acordo com as inclinações das curvas IS e LM e suas
combinações e o que acontece com a taxa de juros, os investimentos,
o estoque de moedas, a renda e outras variáveis passíveis de serem
explicadas pelo modelo.
Orientações de estudo
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aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
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horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Modelo IS – LM

Contextualização
Juros Altos Favorecem Investimento em Renda Fixa; Poupança é
Opção Ruim
A taxa de juros no Brasil continua elevada, o que favorece o investimento
em renda fixa e afasta o investidor de um risco desnecessário, como aplicação
em Bolsa, para garantir um bom rendimento. A poupança continua sendo uma
opção ruim.

Consultores econômicos afirmam que o cenário econômico no país ainda


é incerto, pois precisa passar pela avaliação da força do governo que procura
aprovar no Congresso projetos que podem resultar em aumento de impostos.
O cenário econômico exige do governo tomada de ações impopulares para acertar
a economia.

Se essas ações de ajuste forem tomadas com sucesso, só então os especialistas


acreditam que a Bolsa poderá subir, terminando o ano em curso perto dos 60 mil
pontos. Dólar deve cair a R$ 3,10 no mesmo período e a taxa de juros poderá
baixar para 13% ao ano.

Com a atual taxa elevada de juros se mantendo, a renda fixa continua bem
atraente: ela garante uma rentabilidade alta a um risco menor, dizem os especialistas,
por outro lado, dependendo do apetite de risco do investidor, é possível já começar
a diversificar até 20% do seu capital em investimentos mais arriscados, tais
como ações.

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O Modelo IS-LM
Atribui-se a origem do Modelo IS–LM ao artigo “Mr. Keynes and the classics: a
suggested interpretation”, de autoria do economista britânico John Richard Hicks
em 1937. Neste artigo, Hicks procurava sintetizar as principais ideias contidas no
livro, então recentemente publicado, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda, de John Maynard Keynes.

Alvin Hansen - (1887-1975) John Richard Hicks (1904-1989)


Fonte: Adaptado de Wikimedia/Commons
Explor

Alvin Hansen - https://goo.gl/MpJhhv

Neste artigo, o autor procurava descrever, de maneira simplificada, um sistema


de equações relacionado aos mercados de bens, monetários e de ativos, ao mesmo
tempo buscava resumir tais ideias com base em termos geométricos, a partir de
gráficos com duas curvas assim definidas por ele. “SI” (que representava o equilíbrio
de mercado de bens ou a igualdade entre poupança e investimento), e a curva “LL”
(representando o equilíbrio no mercado monetário ou a igualdade entre oferta e
demanda por moeda). Essa análise foi posteriormente ampliada pelo economista
norte americano Alvin Hansen. Hicks e Hansen chamaram essa formulação de
modelo IS–LM, também conhecida como modelo de Hicks-Hansen.

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UNIDADE O Modelo IS – LM

Uma das partes do modelo é composta pela curva IS (do inglês Investiment
Saving) corresponde a “investimento” e “poupança”, a curva IS representa aquilo
que está acontecendo no mercado de bens e serviços. O outro componente do
modelo é a curva LM (do inglês Liquidity Money), representa aquilo que está
acontecendo com a oferta e demanda por moeda.

Como a taxa de juros influencia tanto o investimento quanto a demanda por


moeda, ela é a variável que faz a ligação entre as duas metades do modelo IS–LM .
“O modelo demonstra como interações entre o mercado de bens e serviços e o
mercado de moeda determinam a posição e a inclinação da curva de demanda
agregada e, consequentemente, o nível da renda nacional no curto prazo”
(MANKIW, p. 206, 2008).

Agora que você conheceu um pouco sobre o surgimento do modelo objeto


de nosso estudo, passemos agora aos principais conceitos relacionados, suas
aplicações, objetivos e representações gráficas. Vamos lá!

Equilíbrio no Mercado de Bens e


Serviços e a Curva IS
Como vimos, a curva IS representa graficamente a relação entre a taxa de juros
e o nível de renda que surge no mercado de bens e serviços.

Representamos a condição de equilíbrio no mercado de bens e serviços assim


como segue:

Y = C + I + G, também equivalente à expressão: I + G = S + T

Na maioria das vezes, representamos a curva de equilíbrio no mercado de


bens, denominada curva IS, tendo como referência a segunda forma acima da
condição de equilíbrio. Tomando como base um caso simplificado, no qual não
levaremos em conta o setor governamental (G e T são iguais a zero), chegamos
a seguinte conclusão:

I (r) = S (Y)

Indicamos assim a dependência do investimento em relação à taxa de juros e a


dependência da poupança em relação ao nível de renda.

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Com base nessas informações, podemos agora construir a curva IS, que
representamos graficamente na Figura 1 abaixo:
A Curva IS
r

r2 C
Taxa de Juros

r1 B

r0 A

IS
Y
Y2 Y1 Y0
Renda

Figura 1 – Construção da Curva IS (T = G = 0)

Nas combinações taxa de juros-renda (r0, Y0), (r1, Y1) e (r2, Y2) obtemos os pontos
(A, B, C) ao longo da curva IS.

Cada ponto na curva IS (A, B, C) representa equilíbrio no mercado de bens.


Além disso, a curva ilustra o modo como o nível de renda de equilíbrio depende da
taxa de juros. Percebemos também como o aumento na taxa de juros, por exemplo,
de r0 para r1 provoca uma queda no investimento, o que implica em redução na
renda, de Y0 para Y1, a curva IS apresenta uma inclinação negativa (descendente).
Mas o que determinará se esta curva for muito ou pouco inclinada? Veremos mais
a frente que o declive da curva IS é o fator que determina a efetividade relativa das
politicas de estabilização monetária e fiscal.

Quando a curva IS é traçada muito inclinada, indica que o investimento não


é muito sensível a mudanças na taxa de juros, a elasticidade de demanda por
investimento em relação aos juros é baixa. Agora, se a curva IS apresenta pouca
inclinação, isso significa que a elasticidade de demanda por investimento em relação
aos juros é baixa. Ver Figura 2.

O conceito de elasticidade refere-se à mudança percentual em uma variável resultante


Explor

de uma mudança de 1% em outra variável. No caso da elasticidade da demanda por


investimento em relação aos juros, a elasticidade é negativa. Um aumento de 1% na taxa de
juros causará uma queda da demanda por investimento. Essa demanda será muito ou pouco
elástica (sensível) às mudanças na taxa de juros.

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UNIDADE O Modelo IS – LM

A Curva IS

A
r1

Taxa de Juros
B C
r2

IS’

IS
Y
Y1 Y2 Y’2
Renda

Figura 2 - Elasticidade da Demanda de Investimento em Relação aos Juros e a Inclinação da Curva IS

Para exemplificar o que descrevemos acima, o gráfico da Figura 2 demonstra


como seriam as curvas IS muito ou pouco elástica (sensível) a mudanças da taxa
de juros. A curva IS (vermelha) é pouco elástica em relação a variação da taxa de
juros, ocorre um pequeno aumento da renda (poupança) para que se estabeleça
o equilíbrio do mercado de bens. A curva é mais inclinada. A curva IS’ (preta) é
mais elástica (sensível) a variação da taxa de juros. O investimento aumenta num
montante maior, com a queda da taxa de juros. Assim como a poupança e também
a renda devem aumentar numa magnitude maior. A curva IS’ será pouco inclinada.

Equilíbrio no Mercado Monetário: A Curva LM


Vamos agora estudar a curva LM e como se dá o equilíbrio no mercado monetá-
rio. Vimos anteriormente que a curva LM representa graficamente a relação entre
a taxa de juros e o nível de renda que ocorre no mercado por encaixes monetários
(o dinheiro que pertence aos bancos é mantido junto ao Banco Central em forma
de garantia ou lastro). Para que você entenda essa relação é preciso, antes de qual-
quer coisa, compreender a teoria relacionada à taxa de juros denominada teoria
da preferência pela liquidez.

A preferência pela liquidez, segundo Keynes, determina a quantidade de moeda


que o público deseja reter de acordo com a taxa de juros,
[...] sendo a taxa de juros, a qualquer momento, a recompensa da renúncia
à liquidez, é uma medida de relutância dos que possuem dinheiro alienar
o seu direito de dispor do mesmo. A taxa de juros não é o “preço” que
equilibra a demanda de recursos para investir e a propensão de abster-se
do consumo imediato. É o “preço” mediante o qual o desejo de manter
a riqueza em forma líquida se concilia com a quantidade de moeda
disponível. Isso implica que, se a taxa de juros fosse menor, isto é, se a
recompensa da renúncia à liquidez se reduzisse, o montante agregado de
moeda que o público desejaria conservar excederia a oferta disponível

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e que, se a taxa de juros se elevasse, haveria um excedente de moeda
que ninguém estaria disposto a reter. Se esta explicação for correta,
a quantidade de moeda é outro fator que, aliado à preferência pela
liquidez, determina a taxa corrente de juros em certas circunstâncias. A
preferência pela liquidez é uma potencialidade ou tendência funcional
que fixa a quantidade de moeda que o público reterá quando a taxa de
juros for dada. (KEYNES, 1996, 174)

Dessa forma, tendo como base a teoria da preferência por liquidez, podemos
explicar o que determina a taxa de juros, e a partir dessa teoria podemos derivar
a curva LM.
Em síntese, uma renda alta implica em gasto alto, as pessoas se envolvem em
um maior número de transações que exigem o uso de moeda. Portanto, de acordo
com a teoria da preferência pela liquidez, uma renda mais alta acarreta uma taxa de
juros mais alta, isso porque a oferta de encaixes monetários permanecerá inalterada
provocando o aumento da taxa de juros.
Vejamos como podemos ilustrar essa relação com base no gráfico da
Figura 3 abaixo:
a) O Mercado de Encaixes Monetários Reais b) A Curva LM

r r
Aumento na renda, aumenta LM
a demanda por moeda.
B
r2
r2
Taxa de Juros

L(r2 ,Y2) A
r1
r1

L(r1 ,Y1)

M/P Encaixes monetários Y1 Y2 Renda, produto, Y


reais, M/P

Figura 3
Fonte: MANKIW, 2008

Derivando a Curva LM: O painel (a) apresenta o mercado de encaixes monetários


reais, um crescimento na renda, de Y1 para Y2, faz crescer a demanda por moeda e,
por conseguinte, faz crescer a taxa de juros, de r1 para r2. O painel (b) apresenta a
curva LM, sintetizando essa relação entre a taxa de juros e a renda, quanto mais alto
o nível de renda, maior a taxa de juros. (MANKIW, p. 218, 2008)

A curva LM, ilustrada na Figura 3, sintetiza a relação entre o nível de renda e a


taxa de juros. Cada ponto na curva LM (A e B), por exemplo, representa equilíbrio
no mercado monetário, e a curva ilustra no modelo como a taxa de juros de
equilíbrio depende do nível de renda. Quanto mais alto o nível de renda, maior a
demanda por encaixes monetários reais, maior a taxa de juros de equilíbrio. Por
essa razão, a curva LM tem inclinação ascendente (positiva).

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UNIDADE O Modelo IS – LM

Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços e


no Mercado Monetário
Como já vimos, a curva IS tem inclinação negativa e mostra todos os pontos de
equilíbrio no mercado de bens, já a curva LM tem inclinação positiva e nos mostra
todos os pontos de equilíbrio no mercado monetário. Agora vamos combinar essas
duas curvas, IS e LM. O ponto de intersecção entre as duas curvas (E) é o único
ponto de equilíbrio geral para ambos os mercados. Todos os pontos fora dessa
intersecção indica algum tipo de desequilíbrio.

A Figura 4 abaixo ilustra graficamente essa combinação:

r LM
B
F
Taxa de Juros

A E
r0 C

IS

Y
Y0
Renda
Figura 4 - Ajuste ao Equilíbrio no Modelo das Curvas IS -LM

O ponto de intersecção (E) das curvas IS e LM representa a combinação da taxa


de juros e a renda (r0 e Y0), que produz o equilíbrio tanto para o mercado de bens
quanto para o mercado monetário.

Importante a compreensão desse equilíbrio no modelo IS–LM se levarmos em


consideração as razões pelas quais os pontos fora da intersecção das duas curvas
não são pontos de equilíbrio e o que cada um desses pontos quer nos dizer.

Os pontos acima da curva LM indicam que há um excesso de oferta de moeda.


A renda associada a qualquer dos pontos A ou B (Figura 4), a taxa de juros
correspondente é excessivamente alta para o equilíbrio do mercado monetário.
Há um excesso de oferta de moeda, com isso há pressão de baixa sobre a taxa
de juros. Por outro lado, nos pontos abaixo da curva LM, por exemplo, C e D,
haverá excesso de demanda por moeda, e consequentemente, pressão de alta
sobre a taxa de juros.

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Agora, nossa referência será a curva IS, sendo agora observados os pontos B
e C, que estão à direita da curva IS, a produção excederá a demanda agregada,
ou da mesma forma, o valor da poupança somado aos impostos excederá o do
investimento somado aos gastos do governo. Há, portanto um excesso de oferta
de bens, consequentemente uma pressão sobre a produção. Por outro lado, nos
pontos que ficam à esquerda da curva IS, pontos A e D, a produção está abaixo
do nível que equilibra o mercado de bens. Há um excesso de demanda por bens,
haverá, portanto, pressão para aumento da produção.

Um ponto na curva IS, por exemplo, o ponto F, representa equilíbrio no


mercado de bens, mas, ao mesmo tempo, um ponto ao longo da curva IS que
não seja o ponto E, resulta em desequilíbrio no mercado monetário. Já um ponto
ao longo da curva LM, indica equilíbrio no mercado monetário, no entanto, com
exceção do ponto E, qualquer outro ponto ao longo da curva LM implica em
desequilíbrio, ou seja, aplica-se a lógica do ponto acima ou abaixo da curva IS.

Demanda Agregada no Modelo IS-LM


A curva da demanda agregada sintetiza os resultados do modelo IS-LM,
mostrando a renda de equilíbrio em qualquer nível de preços determinado. A curva
da demanda agregada tem inclinação negativa, uma vez que o nível de preços mais
baixo faz crescer a quantidade de encaixes monetários reais, reduz a taxa de juros,
estimula o gasto com investimento e, com isso, faz crescer a renda de equilíbrio.

Agora, substituiremos a teoria quantitativa pelo modelo IS–LM para explicar os


determinantes de demanda agregada. Nesse modelo a renda nacional cai à medida
que o nível de preços cresce, isso explica por que a curva da demanda agregada
tem inclinação negativa e nos mostra o conjunto de pontos de equilíbrio que surge
no modelo IS–LM à medida que variamos o nível de preços e verificamos o que
acontece com a renda.

Na Figura 5, derivamos a curva de demanda agregada com o modelo IS-LM


para facilitar a compreensão do que definimos acima.

Figura 5

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UNIDADE O Modelo IS – LM

Derivando a Curva da Demanda Agregada com o Modelo IS-LM. O painel (a) mostra
o modelo IS-LM um aumento no nível de preços, de P1 para P2, diminui os encaixes
monetários reais e, por conseguinte, desloca a curva LM para cima. O deslocamento
da curva LM diminui a renda, de Y1 para Y2. O painel (b) mostra a curva de demanda
agregada, sintetizando essa relação entre o nível de preços e a renda, quanto mais
alto o nível de preços, mais baixo o nível de renda. (MANKIW, p. 232, 2008)

Em síntese, quando ocorre uma variação no modelo IS–LM em decorrência


de uma variação no nível de preços representa um movimento ao longo da
curva da demanda agregada. Uma variação na renda nesse mesmo modelo,
para um determinado nível de preços provoca um deslocamento na curva da
demanda agregada.

Interação Demanda Agregada e Oferta


Agregada no Modelo IS-LM
O modelo de Demanda Agregada (DA) e Oferta Agregada (OA) e o Modelo
IS–LM podem ser considerados modelos equivalentes. Ambos são baseados nas
mesmas premissas sobre o comportamento e ajuste de preços e quando utilizados
para analisar os efeitos de vários choques na economia dão as mesmas respostas.

O modelo IS–LM relaciona a taxa de juros real ao produto, já o modelo


DA–OA relaciona o nível de preços ao produto. A escolha de um modelo ou
outro dependerá sempre da variável que queremos analisar expressando a maior
aproximação possível da realidade. Portanto, se tratamos de assuntos relacionados
ao comportamento da taxa de juros real será crucial utilizarmos o modelo IS–LM.
Por outro lado, assuntos relacionados ao nível de preços ou inflação, o uso do
modelo DA–OA é mais conveniente. A escolha da estrutura IS–LM ou da estrutura
DA–OA é uma questão de conveniência, os dois modelos expressam a mesma
teoria macroeconômica básica.

Curva de Demanda Agregada


A curva de demanda agregada representa a relação entre quantidade agregada
de bens demandados, Cd + Id + G e o nível de preços P, e tem inclinação negativa,
assim como a demanda por um produto único. O que diferencia uma curva da
outra e que é muito importante: demanda por um produto, por exemplo, batata,
relaciona a demanda por esse produto com o preço desse produto em relação
aos preços de outros bens. Já a curva DA relaciona a quantidade agregada de
produto demandada ao nível geral de preço.

Destaque-se que, para um dado nível de preços, a quantidade agregada de


produto que as famílias, as empresas e o governo decidem demandar é onde a
curva IS e a curva LM se cruzam.

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Como a demanda agregada é determinada pela interseção entre as curvas IS
e LM, mantido o nível de preços constante, qualquer fator que desloque para a
direita esse ponto de interseção entre as curvas IS e LM eleva a demanda agregada
e desloca a curva DA para cima e para a direita. Assim como, qualquer fator que
desloque para a esquerda o ponto de interseção entre as curvas IS e LM, desloca a
curva DA para baixo e para a esquerda.

Na Figura 6, a curva DA tem inclinação negativa porque um aumento no nível


de preços reduz a oferta real de moeda deslocando a curva LM para cima e para a
esquerda; a redução na oferta real de moeda eleva a taxa de juros real, reduzindo
a demanda de famílias e empresas por bens. Os pontos E e F na Figura 6a
corresponde respectivamente aos pontos E e F na Figura 6b.
Taxa de juros real r

LM2(P=P2)

LM2(P=P1)
r F
2

r E
1

IS

Y2 Y1 Produto, Y
(a) IS-LM
Nivel de preços, P

F
P2

P1 E

DA

Y2 Y1 Produto, Y
(b) Curva de demanda agredada

Figura 6
Fonte: ABEL, BERNANKE e CROUSHORE, 2008

Curva de Oferta Agregada


A curva de oferta agregada mostra a relação entre o nível de preços e a
quantidade agregada de produtos que as empresas ofertam. Importante salientar
que no modelo IS–LM destacamos a premissa de que as empresas se comportam
de forma diferente no curto prazo e no longo prazo.

Segundo essa premissa com os preços fixos no curto prazo, é que as empresas
ofertam a quantidade de produto demandada a esse nível de preços fixos. Assim a
curva de oferta agregada de curto prazo OACP é uma linha horizontal.

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UNIDADE O Modelo IS – LM

No longo prazo, preços e salários se ajustam para equilibrar todos os mercados


na economia. As empresas ofertam Y para qualquer nível de preços e, assim a
curva de oferta agregada de longo prazo OALP é uma linha vertical em Y = Y
como mostra a Figura 7.

Figura 7
Fonte: ABEL, BERNANKE e CROUSHORE, 2008

Qualquer fator que aumente o pleno emprego do produto, Y, desloca a curva


OALP para a direita e qualquer fator que reduza Y desloca a curva OALP para a
esquerda. Sendo assim, qualquer alteração que desloque a linha de pleno emprego
para a direita no diagrama IS–LM também desloca a curva OALP para a direita.

Políticas Monetária e Fiscal no Modelo IS-LM


Vamos iniciar nossos estudos relacionados às políticas econômicas estabelecen-
do algumas relações que nos facilitarão compreender os resultados proporcionados
por dois instrumentos dessas políticas, o monetário e o fiscal que podem ser utiliza-
dos para afetar o nível de renda. A “eficácia”, ou seja, o tamanho do efeito sobre a
renda de uma determinada mudança na variável de política econômica (monetária
ou fiscal) depende das inclinações das curvas IS e LM. A tabela abaixo nos possibi-
lita visualizar os efeitos dessas ações.

M, estoque de moeda; G, nível de gastos do governo; T, impostos. O sinal + indica que uma mudança no
instrumento de política faz com que a variável nessa coluna (Y ou r) se mova na mesma direção. O sinal -
indica o oposto.

Efeitos das Variáveis das Políticas Monetária e Fiscal


Efeito de M G F
Sobre Y + + -
Sobre r - + -
(FROYEN, p.178, 2005)

Em primeiro lugar vamos analisar os efeitos da política monetária com base em três
situações de inclinação da curva IS, ou seja, muito inclinada, pouco inclinada e vertical.

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No caso da curva IS muito inclinada (baixa elasticidade da demanda por
investimentos em relação aos juros), Figura 8a, observamos que a política
monetária é relativamente ineficaz. A renda aumenta muito pouco como resultado
do aumento do estoque de moeda e a curva LM desloca-se de LM0 para LM1. No
caso da Figura 8b, a curva IS está bem menos inclinada, refletindo uma maior
elasticidade da demanda por investimentos em relação aos juros. Verificamos
nesse caso que a política monetária torna-se mais eficaz. Agora simulando um caso
extremo, a curva IS vertical, Figura 8c investimento completamente insensível
às variações da taxa de juros (elasticidade zero). O efeito do aumento do estoque
de moeda simplesmente deslocará a curva LM para baixo ao longo da curva IS,
ou seja, nesse caso o investimento não é afetado pela política monetária, não
depende da taxa de juros.

Importante! Importante!

Quanto maior for a inclinação da curva IS, mais nos aproximamos desse caso extremo, e
a política monetária será menos eficaz.

Figura 8
Fonte: FROYEN, 2005

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UNIDADE O Modelo IS – LM

Agora, vamos analisar os efeitos da política fiscal com base nas mesmas três
situações de inclinação da curva IS, ou seja, muito inclinada, pouco inclinada e vertical.

Nos casos mostrados nas Figuras 9a e 9b, o aumento nos gastos do governo,
seja a curva IS muito ou pouco inclinada, em ambos os casos, esta se desloca
de IS0 para IS1. A distância horizontal, ΔG (1/1-b), é a mesma nos dois casos,
podemos deduzir que a magnitude do impacto da política é igual em ambos os
casos. Observamos nos gráficos que a política fiscal é muito mais eficaz quando a
curva IS é mais inclinada, Figura 9a.

A curva IS muito inclinada ocorre quando o investimento, como vimos, é


relativamente inelástico aos juros, com isso maior será o efeito de uma determinada
política fiscal.
“Qual a importância desse efeito no investimento, em geral chamado
de crowding out (ou efeito deslocamento)? Um fator que determina a
importância desse deslocamento no investimento privado é a inclinação
da curva IS.”(FROYEN, p. 183, 2005).

No caso da curva IS vertical, como mostrado na Figura 9c, o investimento é


completamente sensível aos juros. O aumento dos gastos do governo faz subir a
taxa de juros, mas não interfere nos investimentos.
a. Curva IS muito inclinada b. Curva IS pouco inclinada

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c. Curva IS pouco inclinada

Figura 9
Fonte:FROYEN, 2005

O Efeito da Política Fiscal e a Inclinação da Curva IS


Comparando os resultados das duas políticas tratadas acima, verificamos que
a política fiscal é mais eficaz quando a curva IS é muito inclinada (elasticidade da
demanda por investimento em relação a juros é baixa), por outro lado, a política
monetária é mais eficaz quando a curva IS é pouco inclinada (elasticidade da
demanda por investimento em relação aos juros é alta).

Agora, nosso foco será a inclinação da curva LM, sabemos que essa inclinação
depende da elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros. Veremos
agora como a eficácia das políticas monetária e fiscal depende da inclinação da
curva LM, ou seja, da elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros.

Na Figura 10, ilustramos os efeitos do aumento na quantidade de moeda em


relação à inclinação da curva LM, muito ou pouco inclinada ou vertical. Nos
casos exemplificados, supomos que o aumento no estoque de moeda desloque a
curva LM, de LM1 para LM0. A inclinação da curva IS é a mesma em todos os
gráficos. Nos três casos, o aumento no estoque de moeda desloca a curva LM a
uma distância (∆M/c1) igual, de LM0 para LM1.

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UNIDADE O Modelo IS – LM

No gráfico da Figura 10ª, onde a curva LM é relativamente pouco inclinada,


a política monetária é menos eficaz (a elasticidade da demanda por moeda em
relação aos juros é alta). O efeito sobre a renda do aumento no estoque de moeda
é sucessivamente maior quando consideramos a Figura 10b, caso em que a
elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros é menor, e depois a
Figura 10c, onde a elasticidade da demanda por moeda em relação aos juros é
zero, ou seja, a curva LM é vertical.

Figura 10

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A tabela abaixo faz um resumo dos efeitos das Políticas Fiscal e Monetária no
contexto do Modelo IS–LM.

Efeitos das Políticas Fiscal e Monetária

Mudança na taxa
Deslocamento de IS Deslocamento de LM Mudança no produto
de juros
Aumentos dos
esquerda nenhum diminui diminui
impostos
Diminuição dos
direita nenhum aumenta aumenta
impostos
Aumento dos gastos do
direita nenhum aumenta aumenta
governo
Diminuição dos gastos
esquerda nenhum diminui diminui
do governo
Aumento da moeda nenhum para baixo aumenta diminui
Diminuição da moeda nenhum para cima diminui aumenta
Fonte: BLANCHARD, 2007

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UNIDADE O Modelo IS – LM

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Macroeconomia
ABEL, B. A; BERNANKE, B. S.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

 Leitura
IS-LM: uma história?
ANDRADE, A. A. S. & MAGALHÃES, M. A. IS-LM: uma história? v. 24, nº 4.,São
Paulo: Revista de Economia Política, out./dez. 2004.
https://goo.gl/W61Yo5
As primeiras impressões de Hicks sobre a Teoria Geral
SOROMENHO, J. E. de C. As primeiras impressões de Hicks sobre a Teoria Geral. v.
34, nº 2, São Paulo: Revista de Eco. Pol., pp. 327-343, abr./jun. 2014.
https://goo.gl/cRrrSU

24
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2007.
FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005.
KEYNES, John Maynard. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São
Paulo: Nova Cultural, 1996.

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia: Nivel


Básico e Nível Intermediário. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed. ,Rio de Janeiro: LTC-Livros


Técnicos e Científicos, 2008.

25
25
Cruzeiro do Sul
Educacional

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