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Construindo o sucesso de sua carreira

Módulo I

Conteúdo Curricular: Matemática Financeira

Matemática Financeira Prática

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1 - Conceituação e importância do estudo da Matemática Financeira

Podemos conceituar matemática financeira, de maneira simplista, como o ramo da matemática


que tem como objeto de estudo o comportamento do dinheiro ao longo do tempo. Avalia-se a maneira
como este dinheiro está sendo ou será empregado de maneira a maximizar o resultado que se espera
positivo. Com as ferramentas adequadas pode-se também comparar entre duas ou mais alternativas,
aquela que mais benefícios nos trará, ou menos prejuízo acarretará.
Na atual economia, que se diz globalizada, não se concebe qualquer projeto, seja de que área for, em que
o aspecto financeiro não seja um dos mais relevantes para sua execução. No dia a dia das famílias ocorre
o mesmo fenômeno. Discute-se cada vez mais o último IGP, a inflação ou deflação, a taxa de juros
básicos da economia, a famosa SELIC divulgada após longas reuniões do COPOM. Enfim, números, índices
e taxas que em princípio nos parece saídos de algum caldeirão alquímico, mas que na verdade são sempre
variações sobre o mesmo tema: Estatística, matemática pura e matemática financeira.
Para exemplificarmos melhor imagine a decisão entre comprar aquele fogão em 10 vezes “sem juros”
ou pouparmos o dinheiro para comprarmos o mesmo produto à vista. Quais os custos envolvidos
nessa decisão? Como avaliar monetariamente a decisão? Pois é. Quantas vezes já não nos vimos diante
deste e de outros dilemas, que podem parecer simples, mas, se você não possuir alguns conhecimentos
básicos, parecem insolúveis?
Então, a matemática financeira se ocupa em estudar e fornecer as tais ferramentas adequadas para a
tomada de decisão com a maior precisão possível.
Se na vida pessoal já temos que tomar decisões que nos afetarão por um bom tempo, imagine na vida de
uma empresa cujo faturamento, na maioria das vezes é bastante superior a renda de uma família. Note
que as decisões são, basicamente, as mesmas. O que muda são os efeitos e o grau de precisão com
que os cálculos devem ser feitos.
Assim o estudo da matemática financeira se reveste de vital importância para qualquer pessoa que almeje
entender o mundo atual tal qual ele se apresenta: Fluxos de capital em corrente pelo mundo, tornando
economias, hoje estáveis, em instáveis de uma hora para outra. Decisões de cunho social, sendo
tomadas considerando como mais relevantes aspectos financeiros. Enfim, o dinheiro ditando as regras
em quase todos, senão todos os aspectos de nossas vidas. Já não cabe discutir se isso é bom ou mau, até
porque não dá para se discutir aquilo que não entendemos. Cabe-nos tentar compreender essa nova
realidade, da melhor maneira possível para, aí sim, tentarmos altera-la para o que julgamos melhor.

2- Elementos básicos em Matemática Financeira


Por mais práticos que possamos querer ser, alguns princípios básicos devem ser seguidos. Assim
iniciaremos nosso estudo da maneira tradicional e iremos aos poucos demonstrando a aplicação dos
conceitos nas atividades da empresa. Apresento a seguir os termos mais comumente encontrados nos
relacionamentos financeiros:

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Capital

Valor aplicado através de alguma transação financeira. Nas operações de crédito pode ser conhecido
como Valor Principal (aí embutidos os encargos financeiros). Também pode ser tratado como Valor Atual,
Valor presente ou Valor Aplicado.
Note que o mais importante não é a maneira como ele é chamado, mas sim o fato de que é sobre ele
que incidirão os encargos financeiros, também conhecidos como juros.

Juros

Juros representam a remuneração do capital empregado, seja pelo Banco seja pela Empresa. Quando
você aplica um capital em algo, está tomando uma decisão de adiar um consumo, certo? Assim, você
espera obter de alguma forma um prêmio por ter deixado de consumir e ter poupado. Esse prêmio é
representado pelo juro que você recebe, caso aplique o r e c u r s o e m u m a I n s t i t u i ç ã o Financeira
ou empreste o capital para alguém.

Montante

Montante é a soma do capital ou valor presente com os juros. Pode também ser chamado de valor
futuro (capital empregado mais a soma dos juros no tempo correspondente).
As notações mais comumente apresentadas pelas publicações são representadas abaixo. Algumas, pela
maneira como apresentarei as fórmulas, são pouco utilizadas. Entretanto é interessante que sejam
conhecidas já que aparecerão em praticamente qualquer outro curso.
C= capital
n = número de períodos (dias, meses, anos ou simplesmente numero de parcelas- tempo)
j= juros simples decorridos n períodos
J = juros compostos decorridos n períodos
r = taxa percentual de juros
i = taxa unitária de juros (i = r/100)
P = valor principal ou valor atual
M = Montante de capitalização simples
S = Montante de capitalização composta

Obs: Notem que existem notações em letras maiúsculas e minúsculas e que têm sentidos diferentes.
Nos nossos modelos, sempre que possível, utilizaremos os termos com os quais identificamos os
valores no dia a dia. Como:
Taxa: representação do juro em sua forma porcentual. Ex: 4,50% ao mês
Montante: valor do principal mais encargos, independente do tipo de capitalização.

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Prazo: tempo decorrido
Principal: valor total financiado
Parcelas: número de prestações ou períodos de pagamento

3- Taxas de Juros

A taxa de juro é o coeficiente que determina o valor de juro, ou seja, a remuneração do valor presente utilizado
durante certo período de tempo.
As taxas de juros referem-se sempre a uma unidade de tempo (mês, semestre, ano, etc) e podem ser
representadas equivalentemente de duas formas: taxa percentual e taxa unitária.

Taxa Percentual

Refere-se aos centos do capital, ou seja, o valor dos juros para cada centésima parte do capital.
Exemplo: Um capital de R$ 1000,00 apicado a uma taxa de juros de 20% a.a (ao ano), obteve que valor em
juros?

Juro = 1000/100 X 20

Juro = 10,00 X 20 = R$ 200,00

Veja: o capital de R$ 1000,00 tem dez centos. Como cada um deles rende 20,00 a remuneração total da
aplicação do período é, portanto de R$ 200,00.
A taxa unitária centra –se na unidade de capital. Reflete o rendimento de cada unidade de capital em certo
período de tempo.
No exemplo acima, a taxa percentual de 20% ao ano indica um rendimento de 0,20 (20%/100) por unidade de
capital aplicada, ou seja:

Juro = R$ 1000,00 X 20/100

Juro = R$ 1000,00 X 0,20 = R$ 200,00

A transformação da taxa percentual em unitária se processa simplesmente pela divisão da notação em


percentual por 100. Para a transformação inversa basta multiplicar por 100.

Exemplos:

Taxa Percentual Taxa Unitária


1,5% 0,015
8% 0,08
17% 017
86% 0,86
120% 1,20
1500% 15,0

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Nas fórmulas de matemática financeira todos os cálculos são efetuados utilizando-se a taxa unitária de juros.

Juros simples.
São calculados apenas sobre o valor principal, não se registrando juros sobre o saldo dos juros acumulados.
Juros compostos

Incorpora ao capital não somente os juros referentes a cada período, mas também os juros sobre juros
acumulados até o momento anterior. É um comportamento equivalente a uma progressão geométrica (PG)
no qual os juros incidem sempre sobre o saldo apurado no início do período correspondente.

Compatibilidade dos dados


Para que possamos efetuar os cálculos os dados devem estar expressos de forma compatível. Ou seja,
se uma taxa está representada de forma anual, o prazo também deverá estar de igual forma (as unidades
precisam conversar). Da mesma forma se estiver representada de forma mensal.
Fórmulas básicas Juros Simples

j=c. i. n
Um contrato de capital de giro no valor de R$ 40.000,00 com taxa de 4,5% ao mês cujo vencimento ocorrerá
em 60 dias.

C = 40.000
I = 4,5 % a. m ( sempre dividimos por 100) = 4,5/100 = 0,045
n = 60 dias (transformando em meses, pois as unidades precisam conversar = 2 meses. Veja que a taxa
equivale a 4,5 % ao mês)

Então: j = C. i. n
J = 40.000 X 0,045 X 2
J = 40.000 X 0,090
j = 3.600

Juros compostos
Em nosso dia a dia nos deparamos rotineiramente com taxas expressas mensalmente e prazos expressos
em dias. Por exemplo: U t i l i z a n d o o s d a d o s a c i m a . ( Um contrato de capital de giro no valor de R$
40.000,00 com taxa de 4,5% ao mês cujo vencimento ocorrerá em 60 dias). Assim a variação da fórmula de
juros compostos que utilizaremos daqui para frente será:

J= C. (1 + i)n

C = 40.000
I = 4,5 % a. m ( sempre dividimos por 100) = 4,5/100 = 0,045
n = 60 dias (transformando em meses, pois as unidades precisam conversar = 2 meses. Veja que a taxa
equivale a 4,5 % ao mês)

6
J= C . (1 + i )n Sabe-se que: J = M - C
J= 40.000 X (1 + 0,045) 2 M= Montante = Capital + Juros
J= 40.000 X (1,045)2 Então: J= M- C
J= 40.000 X 1.092 J = 43.681 – 40.000 = 3.681
J = 43.681
Aplicando os conceitos:

1-Um capital de R$ 80.000,00 é aplicado à taxa de 2,5% a.m. durante um trimestre. Pede-se determinar o
valor dos juros acumulados neste período.

C = R$ 80.000,00 J= C. i. n
I = 2,5% a.m. (0,025) J= 80.000 X 0,025 X 3
n= 3 meses J= R$ 6.000,00
J=?

2- Um negociante tomou um empréstimo pagando uma taxa de juros simples de 6% ao mês durante 9 meses.
Ao final deste período, calculou em R$ 270.000,00 o total dos juros incorridos na operação. Determinar o
valor do empréstimo.

C= ? J= C . i. n
I = 6% a.m (0,06) 270.000,00 = C. 0,06 X 9
n=9m 270.000,00 = C. 0,54
j= R$ 270.000,00 C= 270.000,00/0,54
C= R$ 500.000,00

3- Um capital de R$ 40.000,00 foi aplicado num fundo de poupança por 11 meses, produzindo um rendimento
financeiro de R$ 9.680,00. Pede-se apurar a taxa de juros oferecida por esta operação.

C = R$ 40.000,00 J= C. i. n
I=? 9680,00 = 40.000,00 X i X 11
n= 11 m 9680,00 = 440.000,00 . i
J = R$ 9680,00 i = 9680/440.000,00
I= 0,022 x 100 = 2,2% a.m

4- Uma aplicação de R$ 250.000,00 rendendo uma taxa de juros de 1,8% ao mês produz, ao final de
determinado período, juros no valor de R$ 27.000,00. Calcule o prazo da aplicação.

C= R$ 250.000,00 J= C . i. n
I= 1,8 a.m (0,018) 27.000,00 = 250.000,00 X 0,018 X n
J= R$ 27.000,00 27.000,00 = 4500,00 X n
n= ? n = 27000,00/ 4500,00
n = 6 meses

4 - Montante e Capital

Um determinado capital, quando aplicado a uma taxa periódica de juro por determinado tempo, produz um
valor acumulado denominado de montante, e identificado em juros simples por M. Em outras palavras, o
montante é constituído do valor do Capital mais o valor dos Juros Acumulado.

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M=C+J

Ou

𝑴
M = C (1 + i x n ) ou C =
(𝟏+𝒊 𝑿 𝑵 )

A expressão (1 + i X N) é denominado de fator de capitalização (ou de valor futuro) dos juros simples. Ao
multiplicar um capital por este fator, corrige-se o seu valor para uma data futura, determinando o montante.
O inverso, ou seja, 1/(1 + i X N) é denominado de fator de atualização ou de valor presente. Ao se aplicar o
fator sobre um valor expresso em uma data futura, apura-se o seu equivalente numa data atual.

Exemplos:

1-Uma pessoa aplica R$ 18.000,00 à uma taxa de 1,5% ao mês durante 8 meses. Determinar o valor
acumulado ao final deste período.
C = R$ 18.000,00 M= C (1 + i x N )
I = 1,5% a. m ( 0,015) M= 18.000,00 (1 + 0,015 x 8)
N= 8 meses M= 18.000,00 . ( 1 + 0,12)
M=? M= 18.000,00 X 1,12
M= 20.160,00

2- Uma dívida de R$ 900.000,00 irá vencer em quatro meses. O credor está oferecendo um desconto de 7%
ao mês caso o devedor deseje antecipar o pagamento para hoje. Calcular o valor que o devedor pagaria caso
antecipasse a liquidação da dívida.
𝑀
M = R$ 900.000,00 C=
(1+𝑖 𝑥 𝑛)
900.000,00
N = 4 meses C=
(1+0,07 𝑥 4)
I = 7% a. m (0,07)
900.000,00
C=? C=
(1+0,28)

C = 703.125,00

5- Taxa Nominal e Efetiva

Taxa efetiva de juros: considerada como a taxa dos juros apurada durante todo o prazo n, sendo
formada exponencialmente através dos períodos de capitalização. (através dos juros compostos).

Taxa efetiva (if ) = ( 1 + I ) q - 1

q = número de períodos de capitalização de juros

Suponhamos que uma taxa de 3,8% ao mês proporciona um montante efetivo de juros de 56,45% ao
ano.

8
Taxa efetiva (if ) = ( 1 + I ) q - 1

If = ( 1 + 0,038 ) 12 - 1
If = 1.564 – 1 = 0. 564 x 100 = 56,45% a.a

Taxa nominal de juros: quando o prazo de capitalização dos juros é diferente daquele que é definido
para taxa de juros.
Supõe se uma taxa nominal de juros de 36% ao ano, capitalizada mensalmente. Os prazos não são
coicidentes. O prazo de capitalização é de um mês e o prazo a que se refere a taxa de juros é igual a um
ano.
Então, 36% a.a representa uma taxa nominal de juros, compreendendo um período inteiro, que deve
ser atribuída ao período de capitalização.
Ao tratarmos de taxa nominal é comum utilizarmos juros proporcionais simples.
Se, a taxa de capitalização for de 36% a.a, então pode ser dizar que temos uma taxa mensal de 3% a. m
(36/12), significando taxa proporcional ou linear.
Quando se capitaliza esta taxa nominal, apura-se uma taxa efetiva de juros superior àquela considerada
para a operação. Veja:
*taxa nominal da operação para o período = 36%a.a.
*taxa proporcional simples (taxa estipulada para o período de capitalização) = 3% a.m
* taxa efetiva de juros = (if ) = ( 1 + I ) q - 1
if = ( 1 + 0,36) 12 - 1
if = 39,04 % a.a
Interpreta-se que a taxa de juros anual é de 36% a.a, porém capitalizados mensalmente apura-se uma taxa
efetiva de 39,04%.

6-A Duplicata

A definição clássica de duplicata, encontrada no dicionário é de título de crédito formal, nominativo,


emitido por negociante com a mesma data, valor global e vencimento da fatura, representativo e
comprobatório de crédito preexistente (venda de mercadoria a prazo), destinado a aceite e pagamento
por parte do comprador, circulável por meio de endosso, e sujeito à disciplina do direito cambiário.
Vamos tentar entender cada período do parágrafo acima de forma a traze-lo mais para perto da nossa
realidade diária.
Quando a sua empresa por meio dos seus vendedores próprios ou representantes efetua uma venda,
gera uma nota fiscal ou fatura correspondente (na maioria das vezes). Com base nessa nota fiscal é
emitido um documento chamado duplicata. Você já deve t er reparado q ue to da s elas são quase
i d ên ti ca s e i sso não é coincidência não, acontece que o impresso é padronizado por normas do
Banco Central do Brasil, baseadas em lei de 1968. Assim uma duplicata só pode ser emitida se houver uma
operação mercantil correspondente. Normalmente essa duplicata seguirá dois caminhos diferentes: Será

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enviada a um Banco para cobrança simples. Nesse caso o valor integral do título será depositado na
conta da empresa. Obviamente o Banco cobrará por esse serviço uma tarifa conhecida como tarifa de
cobrança. Caso o título não seja pago e tenha que ser protestado, outras tarifas serão cobradas.
Outro caminho, que é o que vai nos interessar, é o título seguir para o Banco para ser descontado. Nessa
situação o Banco antecipa o valor do título, mediante a cobrança de juros pelo período, conhecidos como
taxa de desconto. Para que o Banco possa realizar a cobrança dos títulos é necessário que a empresa,
através de seu representante legal, seja ele o dono ou alguém com poderes definidos pelo contrato social,
endosse a duplicata assinando no verso da mesma.
Esta introdução objetiva demonstra que a duplicata é um dos documentos mais importantes da
empresa, na medida que possibilita a geração de recursos financeiros para pagamentos de matéria - prima,
salários e etc. Portanto duplicata deve ser vista como dinheiro por todos os funcionários envolvidos e
como tal deve ser tratado. Assim, lembre-se sempre que qualquer alteração nos dados da duplicata, seja
vencimento, abatimento ou outra condição, irá gerar um custo para a Empresa ou para o Banco que,
com certeza o repassará a Empresa. Nunca ache que uma alteração não vai ter importância. Na dúvida
peque pelo excesso de zelo e consulte um superior.
Está comprovado que a correta administração da cobrança ou contas a receber, gera resultados quase
imediatos no caixa da empresa. Apenas como exemplo cito o fato de que a maioria das empresas
despreza um relatório que acredito ser da maior importância que é o relatório de localização das
duplicatas. Com esse relatório é possível identificar para qual Banco determinado título foi enviado, se
foi descontado ou colocado em cobrança simples, etc.
Outro detalhe quase sempre desprezado é o correto cadastro dos dados do cliente. Uma simples
desatualização no endereço do cliente fará com que o boleto bancário de cobrança não chegue ao destino
e, com certeza provocará transtornos no recebimento. Algumas empresas com as quais trabalhei
deixavam essa tarefa a cargo do vendedor ou representante, como se eles já não tivessem problemas
demais no cumprimento da meta de vendas.
Cuidado especial deve ser dedicado ao acompanhamento dos pagamentos dos clientes de forma a se
conhecer o comportamento de cada um deles e assim tentar reduzir ao mínimo possível a inadimplência.
Lembre-se que ao efetuar uma venda a prazo você está fazendo o papel do Banco e concedendo um
crédito, portanto todas as análises pertinentes deverão ser feitas, tais como: Consulta a alguma empresa
de informações como SERASA, SPC etc. Consultar a empresa sempre com telefone obtido junto à
telefônica para evitar ser dirigido na ligação, etc.
Cabe ressaltar que após o Banco descontar uma duplicata, ela passa a ser garantia da operação e qualquer
movimentação que você precise fazer na mesma deverá ter a aprovação do Banco que, para isso, promoverá
os reembolsos financeiros necessários. Por exemplo se houver a necessidade de prorrogar o vencimento
do título a empresa deverá antes efetuar o pagamento do diferencial de valor ao Banco, já que ele antecipou
o recurso contando em recebe-lo em determinado prazo.

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Então, para evitar qualquer erro, sempre que for necessário alterar a condição inicial de uma duplicata
temos de pensar nela em termos de dinheiro. Qual a consequência, em termos monetários, da alteração
solicitada e quem tem poderes para aprovar uma alteração dessas? Tomando esses cuidados dificilmente
haverá problemas na administração da carteira de títulos.

7 – Descontos

Compreende se por valor nominal o valor do resgate, ou seja, o valor definido por um título em sua data de
vencimento. Determina, então, o próprio montante da operação. Quando se liquida um título antes do
período correspondente normalmente obtem-se uma recompensa ou um desconto pelo pagamento
antecipado. Pode se definir desconto como a diferença entre o valor nominal de um título ou o seu valor
atualizado em N períodos antes do seu vencimento.
Valor descontado de um título é o seu valor atual na data do desconto, sendo determinado pela
diferença entre o valor nominal e o desconto.
Valor Descontado = Valor Nominal - Desconto

As operações de desconto podem ser realizadas tanto sob o regime de juros simples como de juros
compostos. O desconto simples normalmente é utilizado em operações de curto prazo e o desconto de
juros compostos nas operações de longo prazo.

7.1 Desconto Simples


Pode ser “por dentro, incorpora os conceitos e relações básicas de juros simples.

7.2 Desconto Racional ou por Dentro


Dr = C x I x n ou Dr = Vr X i X n
Dr = Desconto Racional
C= Capital
I = Taxa
n = Tempo
Vr = Valor atual

O desconto é oferecido sobre o valor do título, na data atual.


Dr = N - Vr

Dr = Desconto Racional
N= Valor Nominal ou Futuro
Vr = Valor atual

𝑵𝒙𝒊𝒙𝒏
Dr =
𝟏+𝒊 𝒙 𝒏

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O desconto racional representa exatamente as relações de juros simples. O juro incide sobre o capital (valor
atual) do título, ou seja, sobre o capital liberado da operação.
Taxa de juro (desconto) cobrada, representa, dessa maneira, o custo efetivo de todo o período do desconto.
Exemplo:
1- Um título de valor nominal de R$ 4.000,00 vencível em um ano, que está sendo liquidado três meses antes
de seu vencimento. Considerando a taxa nominal de juros corrente em 42% ao ano, calcule o desconto e o
valor descontado desta operação.

a - Vamos calcular taxa: 42% a.a /12 meses = 3,5 a. m (3,5/100) = 0,035% a.m
𝑵𝒙𝒊𝒙𝒏
b- Vamos calcular o desconto: Dr =
𝟏+𝒊 𝒙 𝒏

𝟒𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎 𝒙 𝟎,𝟎𝟑𝟓 𝒙 𝟑 𝟒𝟐𝟎


Dr = = Dr = = 380,10
𝟏+𝟎,𝟎𝟑𝟓 𝒙 𝟑 𝟏,𝟏𝟎𝟓

c- Vamos calcular o valor descontado: Vr = N - Dr


Vr = 4000,00 – 380,10
Vr = 3.619,90

𝑵 𝟒𝟎𝟎𝟎
Ou Valor atual = = = 3619,90
𝟏+𝒊 𝒙 𝒏 𝟏+𝟎,𝟎𝟑𝟓 𝒙 𝟑

2- Calcule a taxa mensal de desconto racional de um título negociado 60 dias antes de seu vencimento,
sendo seu valor de resgate igual a R$ 26.000,00 e o valor atual na data de desconto de R$ 24.436,10.
n = 60 dias = 2 meses Dr = Vr x i x n
N = 26.000,00 1563,90 = 24.436,10 x I x 2
Vr = 24.436,10 1563,90 = 48.872,20 i
I = 1563,90/48.872,20
I = 0,032 x 100 = 3,2% a.m
Obs: Dr = N – Vr

7.3 Desconto bancário, comercial ou por fora


Este tipo de desconto, simplificadamente por incidir sobre o valor nominal (valor de resgate) do título,
proporciona maior volume de encargos financeiros efetivos nas operações. Observe que, ao contrário dos
juros “por dentro”, que calculam os encargos sobre o capital efetivamente liberado na operação, ou seja,
sobre o valor presente, o critério “por fora” apura os juros sobre o montante, indicando custos adicionais ao
tomador de recursos. É utilizada pelo Mercado, notadamente em operações de crédito bancário e comercial
a curto prazo.
Df = N x d x n

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Df = Desconto por fora para regime de juros simples
N = Valor nominal
d= Taxa de desconto periódica, por fora, contratada na operação
n = Tempo

Vf = N (1 – d x n) ou Df = Dr (1 + I x n )

Vf = Valor descontado por fora


N = Valor nominal
d = Taxa de desconto periódica, por fora, contratada na operação
n = Tempo
Df = Desconto por fora para regime de juros simples
Dr = Desconto racional

Exemplo:

1- Um título de valor nominal de R$ 4.000,00 vencível em um ano, e está sendo liquidado três meses antes
de seu vencimento. A taxa de desconto utilizada foi de 42% ao ano. Calcule o desconto e o valor descontado
desta operação.
Df = N x d x n Vf = N (1 – d x n)
Df = 4.000,00 x 0,035 x 3 Vf = 4.000 (1- 0,035 x 3)
Df = 420,00 Vf = 4.000 (1 – 0,105)
Vf = 4000 x 0,895
Vf = 3,580,00 (valor descontado)
A taxa de juros efetiva desta operação não equivale à taxa de desconto utilizada. Observe que se são pagos
R$ 420,00 de juros sobre um valor atual de R$ 3580,00, a taxa de juros representa:

I = 420,00/3580,00 = 0.117 x 100 = 11,73% ao trimestre

2- Calcule a taxa mensal de desconto por fora de um título negociado 60 dias antes de seu vencimento,
sendo seu valor de resgate igual a R$ 26.000,00 e o valor atual na data de desconto de R$ 24.436,10.
Df = N x d x n
1.563,90 = 26.000,00 x d x 2
1.563,90 = 52.000,00 x d
d = 1.563,90/52.000,00
d = 0,030 x 100 = 3,0% a. m
Obs: Esta taxa de 3,0% não indica o custo efetivo da operação, mas ataxa de desconto aplicada sobre o valor
nominal (resgate) do título. O juro efetivo desta operação de desconto é aquele obtido pelo critério racional
(por dentro).
3- Uma operação de desconto de um título de R$ 50.000,00 é realizada por uma empresa pelo prazo de três

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meses. A taxa de desconto cobrada pelo banco é de 2,2% a. m. Solicita se que faça uma análise da operação
pelo método de desconto por dentro (racional) e por fora (desconto bancário ou comercial).
Desconto “Por Dentro”
Valor nominal = R$ 50.000,00
Tempo = 3 meses
Taxa = 2,2% a.m. (2,2/100 = 0,022 a.m)
𝑵𝒙𝒊𝒙𝒏
Dr =
𝟏+𝒊 𝒙 𝒏

𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎 𝒙 𝟎,𝟎𝟐𝟐 𝒙 𝟑
Dr = 𝟏+𝟎,𝟎𝟐𝟐 𝒙 𝟑
= 3.300/1,066 = 3095,68 (valor do desconto)

𝑵 𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎
Valor atual = = = 50.000/1.066= 46.904,32
𝟏+𝒊 𝒙 𝒏 𝟏+𝟎,𝟎𝟐𝟐 𝒙 𝟑

Desconto “Por Fora”

Df = N x d x n
Df = 50.000,00 x 0,022 x 3
Df = 3.300,00
Vf = N (1 – d x n)
Vf = 50.000 (1-0,022 x 3)
Vf = 50.000 ( 1- 0,066 )
Vf = 50.000 x 0,934
Vf = 46.700,00 (valor atual/liberado)

Pode se observer que o método de desconto por fora ou comercial é menos convidativo, visto que a taxa
efetiva de juros é maior.

8- Taxa Interna de Retorno

Representado por IRR, considerado um dos mais importantes instrumentos de avaliação da matemática
financeira. Utilizada para calcular a taxa de retorno (rentabilidade) de uma aplicação, como também
para determinar o custo de um empréstimo/ financiamento. Também conhecida como taxa interna de
juros.
Esta taxa se iguala numa única data, os fluxos de entrada e saída de caixa produzidos por uma operação
financeira (aplicação ou captação). Esta taxa de juros, quando utilizada para descontar um fluxo de caixa,
produz um resultado nulo. Na formulação de juros compostos apresentada, a taxa interna de retorno é
o “i” da expressão de cálculo.
Exemplo:
Uma aplicação de R$ 360.000,00 que produz montante de R$ 387.680,60 ao final de três meses. A taxa
de juros que iguala a entrada de caixa (resgate da aplicação) no mês três com a saída de caixa (aplicação
financeira) de R$ 360.000,00 na data zero, constitui-se na IRR da operação, ou seja, em sua

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rentabilidade.
Sendo: FV = PV ( 1 + i )n

FV = Valor future
PV = Valor presente
I = Taxa
n = Tempo

𝟑 𝟑
FV = PV ( 1 + i )n √(𝟏 + 𝒊)3 = √𝟏. 𝟎𝟕𝟔𝟗
387.680,60 = 360.000,00 ( 1 + i ) 3
387.680,60/360.000,00 = ( 1 + i ) 3 1 + i = 1,025
1.0769 = ( 1 + i ) 3 →→ i = 1,025 -1 = 0,25 x 100 = 2,5% a. m

Observe que pela equivalência de capitais em juros compostos, a taxa de 2,5% a.m. iguala o fluxo de
caixa em qualquer data determinada. Normalmente se adota a data zero como a de comparação de
valores. Desta forma, a taxa de 2,5% a.m. corresponde a taxa interna de retorno da aplicação realizada,
visto que iguala no horizonte de tempo, o capital de R$ 360.000,00 com o montante de R$ 387.680,60
no período de três meses.

9 – Capital de Giro
Operação comum no mercado financeiro, caracteriza-se por ter um prazo de vencimento mais longo, já
que o seu objetivo é possibilitar à empresa a compra de matéria prima, fabricação e venda dos produtos.
Uma das formas mais tradicionais do mercado para obter um capital de giro é o desconto bancário que
incorpora além da taxa de desconto paga a vista o IOF – Imposto sobre Operações Financeiras e de despesas
bancárias, impondo maior rigor na determinação de resultados.
As operações de desconto oferecidas pelos bancos comercias envolvem os seguintes encargos financeiros,
cobrados sobre o valor nominal do título (valor de resgate) e pagos a vista (descontados no momento da
liberação dos recursos).

a) Taxa de desconto nominal


Representa a relação entre juros e o valor nominal do título. Normalmente definida em bases mensais e
utilizada de forma linear nas operações de desconto.
b) IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
É um imposto cobrado sobre as operações financeiras calculado linearmente sobre o valor nominal do título
e cobrado no ato da liberação de recursos.
c) Taxa Administrativa
Normalmente cobrada pelas instituições financeiras com intuito de cobrir certas despesas de abertura,
concessão e controle de crédito. Calculada de uma única vez sobre o valor do título e descontada na liberação
de recursos.
Fórmula direta de apuração desta taxa racional de juros:

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𝑑𝑥𝑛
I= Sendo: i = Taxa
1−𝑑 𝑥 𝑛
d = Taxa de desconto periódica, por fora, contratada na operação
n = Tempo

Inserindo agora a despesa de IOF, tem-se a expressão de cálculo do custo efetivo para todo o período da
operaçao.

𝑑+ 𝐼𝑂𝐹
I= Sendo “d” e o “IOF” taxas representativas de todo o período de desconto.
1−(𝑑+𝐼𝑂𝐹)

(𝑑 𝑥 𝑛 )+( 𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 )
I=
1−(𝑑 𝑥 𝑛 +𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 )

Exemplo:

Atingindo a 3,8% ao mês a taxa de desconto bancário (taxa nominal), 0,0041% ao dia o IOF, e um prazo de
desconto de 60 dias, o custo efetivo desta operação, aplicando se a fórmula direta de cálculo ficaria:

(𝑑 𝑥 𝑛 )+( 𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 )
I=
1−(𝑑 𝑥 𝑛 +𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 )
(𝑑 𝑥 𝑛 )+( 𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 ) (0,038 𝑥 2 )+( 0,000041 𝑥60 ) (0,076 )+( 0,002460)
I = 1−(𝑑 𝑥 𝑛 +𝐼𝑂𝐹 𝑥 𝑛 ) = =
1−(0,038 𝑥 2) +( 0,000041 𝑥 60 ) 1−(0,076) +( 0,002460 )

0,07846
= = 0,085140 x 100 = 8,51% a. b (ao bimestre)
0,92154

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