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078
1º semestre de 2023
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA Professor Júlio Bastos
Plano de Ensino
1. Oferta Agregada
1.1. Curvas de oferta agregada
1.2. Curva de Phillips e a análise sobre as expectativas
1.3. Choques de oferta
1.4. Determinação do produto e da inflação
2. Introdução aos ciclos econômicos
2.1. A visão keynesiana
2.2. Novas teorias clássicas e o ciclo real de negócios
2.3. Os novos-keynesianos e a rigidez de preços
2.4. Política econômica
3. Consumo e escolha intertemporal
3.1. Função consumo keynesiana
3.2. Consumo e escolha intertemporal
3.3. Modelo do ciclo de vida
3.4. Consumo e renda permanente
4. Investimento
4.1. Conceitos básicos
4.2. Decisão de investir
4.3. Teoria q
4.4. Investimento e expectativas de lucros
5. O governo (opcional)
5.1. Conceitos de déficit e dívida pública
5.2. Fontes de receita
Bibliografia
Lopes, L. M. e Vasconcellos, M. A. (org.) (2009). Manual de Macroeconomia. SP, Atlas.
Blanchard, O. (2007). Macroeconomia: teoria e política econômica. Rio de Janeiro, Campus.
Dornbusch, R. e Fischer, S. (1991). Macroeconomia. Rio de Janeiro, McGraw-Hill, 5a. edição.
Mankiw, N. G. (1998). Macroeconomia. Rio de Janeiro, LTC.
Simonsen, M. H. e Cysne, R. P. (2009). Macroeconomia. São Paulo, Atlas, 4a. edição.
Bibliografia complementar
Romer, D. (2019). Advanced Macroeconomics. 3ª. ed. McGraw-Hill Irwin.
Snowdon, B. and Vane, H. R. (2005). Modern Macroeconomics Its Origins, Development and
Current State. Edward Elgar.
Mankiw, N. G. (2016). Macroeconomics, 9th Edition. Worth Publishers.
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Teoria Macroeconômica III – SEN 00.078
1º semestre de 2023
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1. Oferta Agregada
Ref.: Manual de Macro, pp. 285-287
Dornbusch e Fischer, pp. 258-260
YP
(a) no longo prazo, a oferta agregada tende a ser vertical, situando-se no nível de
produto de pleno emprego (YP). Neste caso, com os preços perfeitamente
flexíveis, os estoques de fatores de produção ditam o nível de produto, enquanto
a demanda agregada afeta apenas o nível de preços;
(b) no curto prazo, com preços e salários rígidos, a demanda agregada passa a
determinar o produto (até o ponto YP – daí por diante, as firmas racionarão as
vendas dos seus bens) e, por conseguinte, as flutuações que a economia apresenta
(críticas – keynesianos clássicos: TQM, Lei de Say, Equilíbrio do Mercado de
Trabalho – W/P);
(c) em uma situação intermediária, em que nem a oferta agregada seja fixa em
um nível de preços, nem seja fixa no nível de pleno emprego, tem-se uma oferta
agregada positivamente inclinada. A existência desse tipo de oferta agregada
coloca um trade-off de crescimento versus inflação na análise de política
econômica.
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W/P
LS
W0/P0
LD
L
*
L
Se (MS/P0) => r e Y => P0 para P1 (P1>P0) => W0 para W1 (W1>W0), de
modo que W1/P1 = W0/P0.
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E porque W0 aumenta?
Gráfico Demanda Oferta de Trabalho em W e L.
W L1S
L0S
W1
W0
L1D
L0D
L
*
L
Com P0 aumentando para P1 => o salário real diminui, e então LD desloca para
frente e LS desloca para trás. Com isso W0 aumenta para W1, fazendo com que o
salário real volte ao valor inicial antes do choque de oferta.
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da moeda como uma teoria da demanda por moeda, em vez de uma teoria do
nível geral de preços ou renda monetária.
Uma versão simplificada da função de demanda de Friedman para saldos
monetários reais pode ser escrita da seguinte forma:
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O desemprego estrutural é uma forma de desemprego natural. Neste caso, existe um desequilíbrio permanente entre a oferta e a procura (de
trabalhadores) que não é eliminado pela variação dos salários. Resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam
desajustamentos no emprego da mão de obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. A teoria
econômica apresenta duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento
em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.
O desemprego cíclico ou conjuntural é transitório, ocorre durante alguns períodos. Pode ser calculado da seguinte forma: Desemprego cíclico =
Taxa de desemprego observada taxa de desemprego natural. O desemprego cíclico está associado às flutuações da atividade econômica, ou
seja, do produto interno bruto. Esse relacionamento é inversamente proporcional, como demonstrado na Lei de Okun, que demonstra a relação
inversa entre a taxa de desemprego e os ciclos económicos (output gap). A taxa de desemprego diminui em períodos de expansão e aumenta em
períodos de recessão.
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A nova escola clássica surgiu como um grupo distinto durante a década de 1970
e a figura-chave nesse desenvolvimento foi Robert E. Lucas Jr. No entanto, as
raízes da nova tradição de pesquisa clássica são diversas. Por exemplo, a ênfase
nos primeiros novos modelos clássicos em informações e expectativas fornece
uma ligação com a tradição austríaca melhor representada pelo trabalho de
Hayek. A distinção feita por Lucas entre mecanismos de impulso (choques) e de
propagação, ao analisar os ciclos econômicos, tem origem na pesquisa pioneira
de Frisch (1933). O importante papel dado aos distúrbios monetários na geração
de instabilidade agregada está solidamente nas tradições monetaristas clássicas e
friedminianas; de fato, Tobin (1981) refere-se às primeiras contribuições
clássicas como um “Marco Monetarismo II”. O trabalho de Phelps et al. (1970)
sobre os Microfundamentos da Teoria do Emprego e da Inflação inspirou Lucas a
utilizar os insights colhidos do uso de Phelps da “parábola da ilha” e da teoria da
busca para analisar a dinâmica do mercado de trabalho. Finalmente, a abordagem
metodológica de Lucas é fortemente influenciada pela tradição de equilíbrio
geral de Walras, Hicks, Arrow e Debreu (Zijp, 1993; Beaud e Dostaler, 1997).
A nova abordagem clássica, conforme evoluiu no início dos anos 1970, exibiu
várias características importantes:
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Essa discussão nos diz que para a expansão monetária ter efeitos reais, rigidez
nominal não é o bastante; deve haver algum desvio da competição perfeita ou no
mercado de produção ou no mercado de trabalho.
Importante:
Macroeconomia é a aplicação da teoria econômica ao estudo do crescimento, do
ciclo e da determinação do nível de preços da economia. Ela procura levar em
conta os fatos estilizados observados no mundo real e construir arcabouços
teóricos que sejam capazes de explicá-los. Nestes arcabouços existem, em geral,
dois tipos de mecanismos: impulso e propagação. Os mecanismos de impulso são
as causas das mudanças nas variáveis do modelo. Os mecanismos de propagação,
como o próprio nome indica, transmitem os impulsos, ao longo do tempo, e são
responsáveis pela dinâmica do modelo.
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̅
Suposição: Salário nominal rígido > 𝑊
Uma vez que firmas são competitivas, elas contratam trabalho até o ponto em
𝑊
que o custo marginal do trabalho seja igual ao salário real: Y’(L) = .
𝑃
′
Observe que conforme Y’(L) diminui, Y aumenta2. Portanto, 𝑌 = 𝑓(𝑌(−)(𝐿)), e,
então, 𝑌 = 𝑓(𝑊/𝑃)
(−)
, para um W fixo. Assim, 𝑌 = 𝑓(𝑃/𝑊)
(+)
.
𝑊
Por exemplo, suponha que Y = cLα com (c > 0 e 0 < α < 1), então = 𝛼𝑐𝐿𝛼−1 ∴
𝑃
1 𝛼
1
𝑃 1−𝛼 𝑃 1−𝛼
𝐿 = (𝛼𝑐 ) . Inserindo L na função Y = cLα, temos, 𝑌 = 𝑐 1−𝛼 (𝛼 ) . Desta
𝑊 𝑊
forma temos uma relação positiva entre Y e P para um W fixo.
2
LT = RT – CT => LT = p.Y(L) – w.L => dLT/dL = p.Y’(L) – w = 0 => Y’(L) = w/p
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𝑊 𝑊
𝐿𝑑 = 𝐿𝑑 (𝑌 𝑒 , ) = 𝐿𝑑 (𝑌, 𝑌𝑝 , ),
𝑃 𝑃
onde,
𝐿𝑑 = demanda de mão de obra por parte das empresas;
𝑌 𝑒 = produto esperado;
𝑌 = produto corrente;
𝑌𝑝 = produto de pleno emprego;
𝑊
= salário real.
𝑃
Considere que a taxa de crescimento do salário nominal tenha uma relação com o
mercado de trabalho: o salário nominal diminui quando a taxa de desemprego
excede a taxa natural; e o salário nominal aumenta quando a taxa de desemprego
está abaixo da taxa natural (situação chamada de superemprego).
𝑔𝑊 = −𝛿(𝜇 − 𝜇𝑁 ),
onde,
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Observações:
𝑊−𝑊−1
(𝑖) 𝑔𝑊 = , onde W = salário nominal do período corrente;
𝑊−1
𝑁𝑇 −𝑁
(𝑖𝑖) 𝜇 = => taxa de desemprego, onde
𝑁𝑇
𝑁𝑇 = total de trabalhadores dispostos e capazes de trabalhar (população
economicamente ativa);
𝑁 = número de trabalhadores efetivamente trabalhando.
𝑁𝑇 −𝑁𝑃
(𝑖𝑖𝑖) 𝜇𝑁 = => taxa de desemprego natural: é a taxa de desemprego que
𝑁𝑇
existe em uma situação de equilíbrio de longo prazo. Pressupõe-se que, mesmo
em uma situação de pleno emprego, exista algum desemprego (friccional).
onde,
𝑁𝑃 = número de trabalhadores que efetivamente trabalham em uma situação de
pleno emprego (NP = NT – friccional).
𝑊−𝑊−1
Substituindo 𝑔𝑊 =
𝑊−1
𝑊−𝑊−1
em = −𝛿(𝜇 − 𝜇𝑁 )
𝑊−1
(1) 𝑊 = 𝑊−1 [1 − 𝛿 (𝜇 − 𝜇𝑁 )]
𝑁𝑃 −𝑁
Note que, substituindo (ii) e (iii) em (1), temos 𝑊 = 𝑊−1 [1 − 𝛿 ( )]
𝑁𝑇
Se a taxa de desemprego for a natural, ou seja, existir pleno emprego (a renda
então é YP), tem-se que N = NP => = N => W = W-1.
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Lei de Okun – estabelece uma relação entre produto e desemprego. Essa lei
mostra que o hiato do produto é proporcional à diferença entre a taxa de
desemprego e a taxa natural.
Lembrando que:
=> é a sensibilidade do W em relação ao desemprego;
=> é a sensibilidade do desemprego em relação ao produto (veja que impacta
, ou seja, o W é sensível ao desemprego, e como o desemprego é sensível ao
produto, então W é sensível também ao produto).
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Em P1, desemprego => W => OACP2 => P2, ainda desemprego => W =>
OACP3.
Leitura complementar obrigatória: Dornbusch e Fischer, 13.5 a 13.7, pp. 570-578.
Se (MS/Po) => r e Y, com isso os estoques => Po para P’ (P’>Po)
Com superemprego, o salário nominal vai aumentando, deslocando a curva de
oferta agregada para a esquerda, até o ponto E’’’.
A curva de oferta agregada de curto prazo fica oscilando constantemente em
resposta às condições de mercado (superemprego, desemprego, equilíbrio).
Na curva de oferta agregada de longo prazo o produto tende para seu nível
potencial, independentemente do nível de preços.
Casos:
Y – Yp < 0 Y < Yp ↓W desemprego u > uN u – uN > 0
Y – Yp > 0 Y > Yp ↑W superemprego u < uN u – uN < 0
Y – Yp = 0 Y = Yp 𝑊̅ pleno emprego u = uN u – uN = 0
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Vejamos:
P = γ(L) . W
Segundo Dornbusch e Fischer,
1+𝑚𝑎𝑟𝑘−𝑢𝑝
γ(L) =
𝑌′(𝐿)
1+𝑚𝑎𝑟𝑘−𝑢𝑝
P= .W
𝑌′(𝐿)
𝑃 1 + 𝑚𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝
=
𝑊 𝑌′(𝐿)
Invertendo, temos
𝑊 𝑌′(𝐿)
=
𝑃 1 + 𝑚𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝
Lembrando, Romer considera 1 + 𝑚𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝 = 𝑚𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝, então
𝑊 𝑌′(𝐿)
=
𝑃 𝑚𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝
Vimos, da curva de oferta agregada com base em rigidez dos salários, que Y’(L)
é contracíclico em relação à Y.
Ou seja, se Y = Y’(L)
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Casos:
1º se mark-up é constante, temos
𝑌 ′ (𝐿 ) 𝑊
Se Y => = , curva de oferta agregada positivamente inclinada.
𝑚𝑎𝑟𝑘−𝑢𝑝 𝑃
𝑊
Para , P > W, ou mantendo-se W fixo P;
𝑃
Resumo:
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Suponha que há dois tipos de firmas. Algumas têm preços flexíveis e outras têm
preços rígidos.
As firmas que têm preços flexíveis formam seus preços conforme:
p = P + α(Y – YP)
onde,
p = preço desejado por uma determinada empresa
P = nível de preços geral
Y – YP = hiato do produto
α = mede quanto o preço desejado da empresa reage ao nível do produto (α > 0).
As firmas com preços rígidos fixam seus preços de acordo com:
𝑝 = 𝑃𝑒 + 𝛼(𝑌 𝑒 – 𝑌𝑃𝑒 )
Ou seja, as firmas com preços rígidos fixam seus preços com base no que elas
esperam que as outras empresas cobrem.
Agora, se s é a fração de empresas com preços rígidos e (1 – s) é a fração com
preços flexíveis, então o nível geral de preço é dado pela média ponderada entre
os preços dos dois tipos de firma:
𝑠𝑃 = 𝑠𝑃𝑒 + (1 − 𝑠)[𝛼 (𝑌 − 𝑌𝑃 )]
𝑒
(1 − 𝑠)𝛼
𝑃 =𝑃 +[ ](𝑌 − 𝑌𝑃 )
𝑠
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Onde 𝑃𝑡̇ é a taxa de inflação atual; 𝐸(𝑃𝑡̇ |𝜑𝑡−1 ) é a expectativa racional da taxa
de inflação sujeita à informação disponível em período prévio(𝜑𝑡−1 ).
Assim como a hipótese das expectativas racionais, várias explicações para a
hipótese da oferta agregada podem ser encontradas na literatura. Dito isso, duas
abordagens principais para a oferta agregada podem ser identificadas.
Subjacentes a essas abordagens estão dois pressupostos microeconômicos
ortodoxos: (i) as decisões racionais tomadas por trabalhadores e empresas
refletem um comportamento otimizador de sua parte; e (ii) a oferta de
trabalho/produção por trabalhadores/empresas depende dos preços relativos.
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Como o indivíduo não tem informação perfeita do nível geral de preços, ele
atribui um peso para o aumento do preço do seu bem e um peso para o aumento
dos preços da economia, ou seja, ele aumenta a produção em um determinado
nível (pi e 𝐸[𝑝] são diferentes).
Neste modelo, os preços variam de uma empresa para outra por causa das
imperfeições do sistema de informações, as quais separam as empresas em
diferentes ilhas – Modelo de Ilhas.
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Resumo:
𝑃
A curva de oferta de Lucas pode ser vista como: 𝑌 = 𝛼
𝑃𝑒
Em termos de log, temos y = α(p – pe).
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Observação:
Modelo de Lucas como um problema de extração de sinal (Simonsen e Cysne,
pp. 669-672).
1 1
Considerando 𝑙𝑖 como yi, temos 𝑦𝑖 = (𝑝𝑖 − 𝐸[𝑝|𝑝𝑖 ]). Vamos chamar de
𝛾−1 𝛾−1
b. Então, 𝑦𝑖 = 𝑏(𝑝𝑖 − 𝐸[𝑝|𝑝𝑖 ]). Conforme Simonsen e Cysne (2009), podemos
reescrever essa última equação de forma agregada como 3:
𝑏𝜎 2
𝑦= 2 (𝑝 − 𝐸[𝑝])
𝜎 + 𝑠2
Onde, 𝜎 2 é a variância dos preços relativos e 𝑠 2 é a variância da taxa de inflação.
Lucas implicitamente supõe que a variância dos preços relativos independe da
variância da taxa de inflação. A primeira reflete, presumivelmente, as mudanças
reais na economia; a segunda, a instabilidade monetária. Posto isso, chega-se a
duas conclusões:
(i) a resposta dos agentes econômicos aos estímulos de preços é tanto menor
quanto mais instável for a taxa de inflação;
(ii) a inclinação da curva não é um parâmetro estrutural da economia, mas uma
variável dependente da política monetária. Quanto maior a imprevisibilidade da
taxa de inflação, menor o efeito de um ponto percentual de inflação imprevista
sobre o produto real. Isso faz com que a política de estabilizar o emprego à custa
de instabilidade monetária se torne autodestrutiva. Com efeito, quanto mais se
usa essa política, mais aumenta a variância percebida do ruído, o que cada vez
mais aproxima da vertical a curva no curto prazo.
A equação acima indica que o sinal estimado a partir de (𝑝 − 𝐸[𝑝]) é uma fração
igual à relação entre as variâncias de y e de (𝑝 − 𝐸[𝑝]); essa fração é tanto maior
quanto menor a relação s2/σ2 entre as variâncias do ruído e do sinal.
3
y é uma variável aleatória não observável e (p – E[p]) é uma variável aleatória observável.
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Uma forma mais convencional de ver a curva de oferta agregada conhecida como
oferta de Lucas, é a seguinte:
𝑌 − 𝑌𝑃 = 𝛼 (𝑃 − 𝑃𝑒 )
𝑌 = 𝑌𝑃 + 𝛼 (𝑃 − 𝑃𝑒 ),
𝑐𝑜𝑚 𝛼 > 0
Onde:
YP = Produto potencial à taxa natural de desemprego;
P = Nível corrente de preço;
Pe = Preço esperado.
𝑏𝜎 2
α= , que é a sensibilidade de resposta do produto a mudanças inesperadas
𝜎 2 +𝑠2
de preços.
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Introdução
=> contexto: discussão sobre se políticas econômicas que afetam a demanda
agregada são ou não desejáveis, uma vez que o efeito sobre o desemprego seria
apenas no curto prazo, uma vez que no longo prazo, a economia voltaria para sua
taxa natural de desemprego.
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W = 0.9 + 9.638(U)1.394
𝐷𝐿 − 𝑆𝐿
𝑊̇ = 𝛼 (𝑋𝐿 ) = 𝛼 ( )
𝑆𝐿
𝑋𝐿 = 𝛽(𝑈)
Se houver um excesso de demanda por trabalho (DL), 𝑊̇ será maior. Ou seja, uma
maior DL significa menor desemprego. Então há uma relação negativa entre
variação dos salários nominais (inflação dos salários) e desemprego.
𝑊̇ = 𝑓(𝜇)
𝑊̇ = −𝛿(𝜇)
Essa curva estabelece o tradeoff entre inflação dos salários e desemprego, e traz
uma importante mensagem: o combate à inflação (ampliando o pensamento de
inflação dos salários para inflação geral) exige ampliação do desemprego
(redução do produto), então, impõe-se uma taxa de sacrifício para a sociedade.
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O caso para esse tradeoff foi questionado no final dos anos 60 e início dos anos
70. No lado teórico, o ataque tomou a forma da hipótese da taxa natural de
Friedman (1968) e Phelps (1968). Friedman e Phelps argumentaram que a ideia
de que variáveis nominais tais como oferta de moeda ou inflação, poderiam
permanentemente afetar variáveis reais, tais como produto e desemprego, não
eram razoáveis; no longo prazo, eles argumentaram, o comportamento das
variáveis reais é determinado por forças reais.
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Uma fonte da falha empírica para a curva de Phillips original pode ser devida a
choques de oferta, como o choque do petróleo nos anos 1970. Uma outra fonte
seria a hipótese da taxa natural de Friedman e Phelps. Assim, altas taxas de
inflação dos anos 1970 mudaram como preços e salários eram fixados.
Como veremos, a curva de Phillips reapareceu, mas sob a forma de uma relação
entre a taxa de desemprego e a variação da taxa de inflação.
𝑊̇ = 𝑓(𝑈) + 𝑃̇𝑒
Onde 𝑃̇𝑒 é a inflação esperada, e f(U) considera a diferença entre desemprego
observado e desemprego na taxa natural.
𝑊
DA1=>DA2=>(𝑊̇ = 0)=>[𝑊̇1 |(𝑃̇𝑒 = 0)] =>𝑃̇𝑒 =>SRPC1=>SRPC2=>𝑊̇1 |𝑃̇𝑒 => =>U até o ponto C.
𝑃
𝑃̇ = 𝑓(𝑈) + 𝑃̇𝑒
𝑓(𝑈)
𝑃̇ =
1−𝛽
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Por conta disso, uma típica formulação moderna da curva de oferta agregada
keynesiana de curto prazo não micro fundamentada difere dos modelos
apresentados anteriormente.
Por outro lado, pode-se também deduzir uma versão modificada da curva de
Phillips com base na oferta agregada de Lucas.
1
𝑃 = 𝑃𝑒 + (𝑌 − 𝑌𝑃 )
𝛼
Juntando com a curva estabelecida pela Lei de Okun, temos
𝑃 = 𝑃𝑒 − 𝜑(𝜇 − 𝜇𝑁 )
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𝜋 = 𝜋 𝑒 − 𝜑(𝜇 − 𝜇𝑁 ) +
= choques de oferta
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Duas hipóteses:
(i) expectativas adaptativas;
(ii) expectativas racionais.
Nesse caso, quando os indivíduos olham para o passado como melhor previsor do
futuro, mesmo que não haja choques de oferta ou o desemprego se encontre em
sua taxa natural, a inflação tende a se perpetuar no nível previamente atingido,
gerando a chamada inércia inflacionária.
𝜋 − 𝜋𝑡−1 = −𝜑(𝜇 − 𝜇𝑁 ) +
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𝐸 (𝜋 𝑒 ) = 𝜋
𝐶𝑜𝑣 𝜀𝑡 , 𝜀𝑡−1 = 0
𝜋 = 𝜋 𝑒 − 𝜑(𝜇 − 𝜇𝑁 ) +
e
𝜋 = 𝜋𝑒
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Essa situação será válida mesmo que o governo tenha por objetivo alterá-la.
Qualquer política de redução de desemprego antecipada pelos agentes
transformar-se-ia em inflação.
∆𝑝𝑡 − ∆𝑝𝑡−1 = 𝛽1 + 𝛽2 𝜇𝑡 + 𝜀𝑡
Tomando dados para inflação (IPCA) obtidos no Bacen e do desemprego obtidos
no IPEADATA, de 2000-01 a 2019-01, temos a seguinte estimação via MQO.
0 = 0.0565 − 0.0038𝑢∗
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P = W + ϴPM
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Quando ocorre o choque de oferta, a curva de Phillips desloca-se para cima (para
CP1), o que geraria uma taxa de inflação maior que zero ao nível da taxa natural
de desemprego igual a , conforme a Figura 7.11. Mas, como visto, o choque de
oferta desloca a curva de AO para trás, com P > P-1, ou seja, gerando inflação π1,
e com Y < YP, faz com que > N (ponto A). A curva de Phillips deslocou de
CPo para CP1 por conta do choque de oferta e aumento nas expectativas de
inflação (de π0 para π1).
Notemos, porém, que se o governo não fizer nada, mantendo uma taxa de
expansão monetária igual a zero, a inflação será inferior ao que seria em N (),
com desemprego no ponto A na Figura 7.11, uma vez que Y < YP. No momento
seguinte, a expectativa inflacionária será π1, e na ausência de novos choques, e
com desemprego, a curva de Phillips desloca para uma posição intermediária
(para CP2), uma vez que mantido o desemprego (tendência é W), a taxa de
inflação será menor que a esperada, podendo inclusive ser zero (ponto B). Isso
leva as pessoas a reverem novamente suas expectativas deslocando novamente
para baixo a curva de Phillips (para CP3), que, em nosso exemplo, voltaria à
posição original. Note-se que, como ainda há desemprego, no ponto C haverá
deflação. O estoque real de moeda começa a voltar a seu nível inicial (lembrar
que ele foi corroído pela inflação) e a economia volta à posição original: taxa de
desemprego natural e inflação zero.
Já, se o governo for tentar acomodar o choque, de modo a evitar o desemprego,
terá que ampliar a taxa de emissão monetária, para fazer o desemprego ficar igual
a taxa natural, gerando uma inflação no primeiro momento igual ao choque de
oferta (). Ao ser incorporada nas expectativas, essa taxa de inflação, para manter
a economia na taxa natural de desemprego, o governo deverá manter uma taxa de
expansão monetária maior, perpetuando a inflação no novo patamar.
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𝑎1
= 𝛼 -> sensibilidade de demanda por bens e serviços a taxa de juros.
1−𝑐1
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Para eliminar a variável endógena 𝑟𝑡 na equação (2), a taxa real de juros, vamos
usar a Equação de Fischer,
𝑟𝑡 = 𝑖𝑡 − 𝐸𝑡 𝜋𝑡+1
Então, podemos reescrever a equação (2) como
𝑌𝑡 = 𝑌̅𝑡 − 𝛼 (𝑖𝑡 − 𝐸𝑡 𝜋𝑡+1 − 𝜌) + 𝜀𝑡 (3)
Para eliminar outra variável endógena, a taxa nominal de juros 𝑖𝑡 , na equação (3),
vamos utilizar uma equação de política monetária, como segue:
𝑖𝑡 = 𝜋𝑡 + 𝜌 + 𝜃𝜋 (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡∗ ) + 𝜃𝑌 (𝑌𝑡 − 𝑌̅𝑡 )
Nesta equação, 𝜋𝑡∗ é a meta de inflação. Dois parâmetros-chave de política são𝜃𝜋
e 𝜃𝑌 , ambos considerados maiores que zero. Eles indicam o quanto o banco
central permite que a meta da taxa de juros responda às flutuações da inflação e
do produto. Quanto maior o valor de 𝜃𝜋 , mais responsivo é o banco central ao
desvio da inflação de sua meta; quanto maior o valor de 𝜃𝑌 , mais responsivo é o
banco central ao desvio do produto de seu nível natural.
Por que não usamos a oferta de moeda como instrument de política monetária
aqui em nosso modelo? Supõe-se que o banco central estabeleça uma meta para a
taxa de juros nominal. Em seguida, ajusta a oferta monetária para qualquer nível
necessário para garantir que a taxa de juros de equilíbrio (que equilibra a oferta e
a demanda monetária) atinja a meta.
A principal vantagem de usar a taxa de juros, em vez da oferta de moeda, como
instrumento de política no modelo AD-AS dinâmico é que ela é mais realista.
Substituindo a taxa nominal de juros na equação (3), temos
𝑌𝑡 = 𝑌̅𝑡 − 𝛼 (𝜋𝑡 + 𝜌 + 𝜃𝜋 (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡∗ ) + 𝜃𝑌 (𝑌𝑡 − 𝑌̅𝑡 ) − 𝐸𝑡 𝜋𝑡+1 − 𝜌) + 𝜀𝑡 (4)
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A curva DAS é desenhada para valores dados de inflação passada 𝜋𝑡−1 , o nível
natural de produção 𝑌̅𝑡 , e o choque de oferta 𝑣𝑡 . Se qualquer uma dessas três
variáveis mudar, a curva DAS muda.
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𝛼𝜃 1
𝑌𝑡 = 𝑌̅𝑡 − [(1+𝛼𝜃𝜋 )] (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡∗ ) + [(1+𝛼𝜃 )] 𝜀𝑡 (7) – DAD
𝑌 𝑌
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1 – Crescimento no Longo-prazo
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2 – Choque de oferta
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(1) Yt = Ct + It + ∆estoquest-1
Ct = Ct-1= C1Yt-1
(3) Y = C + I + ∆estoques
Yt = 2C1Yt-1 – C1Yt-2+ It
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Essa foi uma das explicações para a crise dos anos 30. Outra forma de ver aquela
flutuação era uma queda do consumo autônomo, em decorrência de uma
desvalorização da riqueza, provocada pela queda da Bolsa em 1929.
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Nós vimos que a escola monetarista e a escola novo clássica criticam políticas de
estabilização. Pela escola monetarista, a questão da existência de uma taxa
natural de desemprego (produto potencial) e pela escola novo clássica,
implicações das expectativas racionais: variações previstas na oferta de moeda
não afetam a produção; apenas as mudanças imprevistas o fariam. Lucas
formalizou a ideia de Friedman – considera a política econômica como a
principal fonte de instabilidade. Tal pensamento era fundado na ideia de que
choques na demanda agregada eram a principal fonte de instabilidade.
Os teóricos do ciclo econômico real foram muito mais longe em sua análise do
lado da oferta. Kydland e Prescott (1982) iniciou um “marco II” da
macroeconomia novo clássica.
Hartley et al. (1998) apontam a existência de um censo comum de que booms são
bons enquanto que quedas são ruins. Com base nesse pensamento, em períodos
de queda, a política de estabilização se faz necessária. Teóricos do ciclo real dos
negócios rejeitam essa visão de falha de mercado. Enquanto recessões não são
desejáveis, elas representam o produto agregado de resposta a inevitáveis
mudanças nas restrições que os agentes encaram. Dadas essas restrições, os
agentes reagem de maneira otimizada e os resultados do mercado exibindo
flutuações agregadas são eficientes. Não há necessidade de os economistas
recorrerem à análise de desequilíbrio, falha de coordenação, rigidez de preços,
choques monetários e financeiros e noções como incerteza fundamental para
70
Teoria Macroeconômica III – SEN 00.078
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. Nelson e Plosser (1982) sua pesquisa com dados dos EUA mostra que não se
pode rejeitar a hipótese que o PIB segue um random walk. A visão de que
flutuações cíclicas reversíveis podem explicar a maioria dos movimentos de
curto prazo do PIB real pode ser representado pela equação:
Yt = at + bYt-1 + et
A visão de flutuações cíclicas reversíveis trabalha com a hipótese de que 0 < b < 1.
Neste caso o produto é dito “trend-reverting” ou “trend-stationary”.
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Ofereceram um desafio, sugerindo que a tendência não é tão suave, mas está
sujeita a choques grandes e frequentes que têm um efeito permanente no nível do
PIB. Se a visão de Nelson e Plosser estiver correta, choques de demanda
agregados - que são transitórios - são menos importantes que choques de oferta
agregados - que podem ser permanentes.
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Teoria Macroeconômica III – SEN 00.078
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Essa teoria busca explicar os ciclos dos negócios com base no referencial
clássico. Considera-se em primeiro lugar que os choques tecnológicos são os
principais distúrbios a que estão sujeitas as economias, e que estes choques
propagam-se em mercados concorrenciais, com o que a economia encontra-se
sempre no nível de pleno emprego, isto é, os preços são perfeitamente flexíveis,
garantindo o equilíbrio econômico.
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Observações:
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Rigidez Nominal
Tanto a abordagem ortodoxa keynesiana, quanto a nova keynesiana, assumem
que os preços se ajustam lentamente após uma perturbação. Mas, ao contrário das
abordagens da cruz keynesiana, ou IS-LM, que assumem arbitrariamente salários
e preços nominais fixos, a nova abordagem keynesiana busca fornecer uma base
microeconômica para o lento ajuste de salários e preços. Em linha com a
estrutura teórica de escolha da nova análise clássica, a nova abordagem
keynesiana assume que trabalhadores e empresas fazem uso da utilidade racional
e são maximizadoras de lucro, respectivamente. Porém, os novos clássicos
adotam o modelo de leilão de preço flexível e o aplicam à análise de transações
realizadas em todos os mercados, inclusive no mercado de trabalho. Em
contraste, os novos keynesianos argumentam que é importante usar a distinção
hicksiana (1974) entre mercados que são essencialmente de preço fixo,
predominantemente o mercado de trabalho e uma grande parte do mercado de
bens, e mercados que são de preço flexível, predominantemente financeiro e
mercados de commodities. Nos mercados de preço fixo, a fixação de preços é a
norma, sendo a inércia de preços e salários uma realidade. Para gerar não-
neutralidade monetária (efeitos reais), os modelos keynesianos baseiam-se na
incapacidade dos salários e preços nominais de se ajustarem prontamente aos
seus novos níveis de equilíbrio de mercado após uma perturbação da demanda
agregada. Os keynesianos têm tradicionalmente concentrado sua atenção sobre o
mercado de trabalho e a rigidez dos salários nominais para explicar a evolução do
mercado para o equilíbrio de pleno emprego.
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4
Fischer (1977) e Phelps e Taylor (1977) mostraram que as perturbações nominais eram capazes de produzir efeitos reais em
modelos que incorporam expectativas racionais, desde que a suposição de um “market clearing” fosse descartada (ver também
Buiter, 1980).
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De acordo com Phelps (1985, 1990) existem vantagens privadas tanto para as
empresas como para os trabalhadores ao celebrarem contratos salariais de longo
prazo:
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3. Não será uma estratégia ótima para uma empresa 'saltar' seus salários para o
novo equilíbrio 'último' após um choque de demanda negativo, porque se outras
empresas não fizerem o mesmo, a empresa terá reduzido seu salário relativo, o
que provavelmente aumentará a rotatividade de mão de obra, o que é caro para a
empresa.
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Following the decline in demand, the firm
suffers a significant reduction in its
profits. Before the reduction in demand,
profits are indicated in Figure 7.2 by the
area SP0YX. If the firm does not initially
reduce its price following the decline in
demand, profits fall to the area indicated
by SP0JT. Because this firm is a ‘price
maker’ it must decide whether or not to
reduce price to the new profit-maximizing
point indicated by W on the new demand
curve D1. The new profit-maximizing
level of output is determined where MR1 =
MC0. With a level of output of Q1, the
firm would make profits of SP1 WV. If
there were no adjustment costs associated
with changing price, a profit-maximizing
firm would reduce its price from P0 to P1.
However, if a firm faces non-trivial ‘menu
costs’ of z, the firm may decide to leave
price at P0; that is, the firm moves from
point Y to point J in Figure 7.2.
Rigidez real
Obs.:
(i) A rigidez nominal é dada na forma de custos de ajustamento de preços e a
rigidez real é inserida na forma de custos convexos5 de ajustar capital e/ou
emprego;
(ii) Rigidez real (Ball e Mankiw, 1994: 19) -> rigidez de preços relativos.
Uma crítica importante à literatura de custo de cardápio, observada por Ball et al.
(1988), é que modelos com atritos nominais podem, em teoria, produzir grandes
rigidezes nominais, mas “fazem isso para valores de parâmetros implausíveis”.
No entanto, Ball e Romer (1990) demonstraram que rigidez nominal substancial
pode resultar de uma combinação de rigidez real e pequenos atritos para ajuste
nominal. De fato, Mankiw e Romer (1991) identificam a interação entre
imperfeições nominais e reais como “uma característica distintiva das novas
economias keynesianas”.6
5 As estruturas teóricas para custos de ajustamento do emprego encontradas na literatura podem ser agrupadas em custos
convexos (que incluem a popular função quadrática) e não-convexos (como custos fixos).
6
Embora Akerlof e Yellen (1985), Mankiw (1985), Blanchard e Kiyotaki (1987) e Ball e Romer (1989) tenham mostrado que
flutuações econômicas podem originar-se de pequenos custos de menu, esse resultado favorável é válido “apenas para valores
extremos dos parâmetros” (Ball e Mankiw, 1994: 18-19). Para explicá-las, portanto, torna-se necessário recorrer à rigidez real
(Ball e Mankiw, 1994: 19), ou seja, à rigidez de preços relativos, que “amplia a rigidez nominal gerada por custos de menu” (Ball
e Romer, 1989), pois “reduz o custo privado da rigidez nominal” (Ball e Mankiw, 1994: 19; veja-se, também, Snowdon e Vane,
1995: 462).
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Desde que o custo marginal é o salário nominal (W) dividido pelo produto
marginal do trabalho (MPL), finalmente obtém-se a equação8:
7
R = P(Q).Q => dR/dQ = (dQ/dQ)P+(dP/dQ)Q => P + Q(dP/dQ) => P + Q(dP/dQ)(P/P) => P + P[(Q/P)(dP/dQ)] => P + P(1/n)
8
(P-MC)/P = -1/n é chamado de índice de Lerner.
9
Com elasticidade preço-demanda fixa, se MPL aumenta tanto quanto W cai, a relação W/MPL não vai alterar.
83
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Muitos de seus fornecedores podem ser empresas de outros países que enfrentam
diferentes condições de demanda agregada. Reduzir o preço nessas
circunstâncias é mais provável que produza a falência de uma determinada
empresa do que contribua para a eliminação do ciclo de negócios, porque uma
empresa típica estará sujeita a choques de demanda local e agregada, bem como a
choques de custo local e agregado. Como Gordon (1990) argumenta, em tal
mundo nenhuma empresa provavelmente correria o risco de indexação do PIB
nominal que inibiria sua liberdade e flexibilidade de ação para responder à ampla
variedade de choques que podem influenciar a posição de suas curvas de receita e
custo marginal. Como a indexação é indesejável quando há independência
substancial do custo marginal e da demanda agregada, a teoria insumo-produto
de Gordon não apenas fornece uma explicação da rigidez real dos preços, mas
também se traduz em uma teoria da rigidez nominal. A razão fundamental para o
ajuste gradual dos preços é que isso representa o curso de ação mais seguro para
as empresas que operam em um mundo incerto, onde a informação é
inevitavelmente imperfeita.
preços. Eles não apenas precisam conhecer a posição e o formato de suas curvas
de demanda e custo; eles também precisam prever o comportamento de preços de
todas as outras empresas na tabela de insumo-produto. Como as curvas de
demanda e custo da empresa são influenciadas pela demanda agregada, também é
necessário que as empresas prevejam o valor de todas as variáveis macro
relevantes que influenciam a demanda agregada. Em suma, os tomadores de
decisão dentro de empresas monopolisticamente competitivas precisam ser
teóricos de equilíbrio geral de primeira classe com informações perfeitas! Dadas
essas complicações, a tendência das empresas de seguir regras simples de preços
de mark-up pode estar próxima do ótimo. O incentivo para seguir tais regras é
reforçado se outras firmas fizerem o mesmo, pois isso garante que uma firma
manterá seu preço relativo, o que tenderá a minimizar suas perdas (ver Naish,
1993). Outra regra simples que uma empresa pode seguir em um mundo
complexo de insumos-produtos é esperar até que outras empresas aumentem ou
diminuam seus preços antes de iniciar uma mudança. Isso produz um
escalonamento na fixação de preços, o que implica que o nível de preços levará
mais tempo para se ajustar a um choque de demanda agregada.
Imperfeições do mercado de capitais
Um obstáculo importante para as empresas que buscam financiamento externo é
o problema da informação assimétrica entre tomadores e credores; ou seja, os
mutuários estão muito mais bem informados sobre a viabilidade e a qualidade de
seus projetos de investimento do que os credores. Uma consequência disso será
que o financiamento externo será mais caro para uma empresa do que o
financiamento interno. Durante os booms, quando as empresas estão lucrando
mais, há mais fundos internos para financiar vários projetos. Assim, durante as
recessões, o custo das finanças aumenta como resultado de uma maior
dependência de fontes externas. Se o custo de capital for contracíclico, isso
também tenderá a fazer com que os custos de uma empresa subam durante uma
recessão (ver Bernanke e Gertler, 1989; D. Romer, 1993).
Julgando a qualidade pelo preço
Stiglitz (1987) enfatizou outra razão pela qual as empresas podem relutar em
reduzir o preço quando confrontadas com um declínio na demanda. Em mercados
onde os clientes têm informações imperfeitas sobre as características dos
produtos que desejam comprar, o preço pode ser usado como um sinal de
qualidade. Ao baixar o preço, uma empresa corre o risco de seus clientes (ou
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O maior problema das defasagens é que, uma vez identificado o choque, decidido
intervir sobre o mesmo, identificado o instrumento econômico adequado, e
finalmente quando a política econômica começa a surtir efeito, as condições
econômicas podem já estar completamente alteradas, tendo um efeito
desestabilizador ao invés de estabilizador.
Em geral, a política fiscal possui uma defasagem interna maior, pois necessita ser
aprovada pelo Congresso. Enquanto que a política monetária uma defasagem
externa maior.
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Uma segunda questão em relação à política econômica é como esta deve ser
conduzida. A pergunta é se o governo deve seguir um conjunto de regras ou agir
de forma discricionária, conforme diagnóstico da situação. Essa discussão muitas
vezes foi confundida com a discussão sobre se a política econômica deve ou não
atuar sobre os ciclos, ou seja, se ela deve ser ativa ou passiva frente às condições
econômicas.
Condução por Regras – Quando se diz que uma política deve seguir regras,
refere-se ao fato de que os formuladores devem anunciar antecipadamente qual
será a resposta da política econômica em cada caso, tendo como objetivo não
provocar surpresas nos agentes econômicos.
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- Regra Ativa → Considere, por exemplo, que o Banco Central fixe a expansão
monetária (Ms) em 5% e adiciona uma parte que oscile conforme a taxa de
desemprego se afasta da taxa natural (u – un). Suponha que a taxa natural de
desemprego (un) seja de 4% e que para cada desvio a variação do estoque
monetário (M) responde em dobro. A quantidade de moeda (M) se expande
quando a taxa de desemprego (u) é maior e vice-versa.
Provavelmente, a regra de taxa de juros mais famosa é a proposta por Taylor. Sua
regra tem dois elementos. O primeiro é que a taxa de juros nominal suba mais de
um para um com a inflação, de modo que a taxa real aumente quando a inflação
aumentar. O segundo é que a taxa de juros aumente quando o produto estiver
acima do normal e caia quando o produto estiver abaixo do normal.
∗ ∗)
𝑌𝑡 − 𝑌𝑡∗
𝑖𝑡 = 𝑟 + 𝜋𝑡 + 𝛼 (𝜋𝑡 − 𝜋 + 𝛽 (100 ∙ )
𝑌𝑡∗
ou
𝑖𝑡 = 𝑟 ∗ + 𝜋𝑡 + 𝛼 (𝜋𝑡 − 𝜋 ∗ ) + 𝛽(𝑙𝑛𝑌𝑡 − 𝑙𝑛𝑌𝑡∗ )
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Taylor argumenta que uma regra com α = 1,5 e = 0,5 e r* = 2%, fornece uma
boa descrição da política monetária dos EUA no período após o Federal Reserve
ter mudado para uma política clara de tentar ajustar as taxas de juros para manter
a inflação baixa e a economia razoavelmente estável. Especificamente, a taxa de
juros prevista pela regra acompanha bem a taxa de juros real começando por
volta de 1985 e terminando quando a taxa de juros nominal de curto prazo
atingiu zero no final de 2008. Ele também argumenta que essa regra com esses
valores de parâmetro provavelmente levará a bons resultados macroeconômicos.
De acordo com Fatás e Mihov (2003), em teoria, é útil pensar a política fiscal
como consistindo em três componentes: (1) estabilizadores automáticos, (2)
política fiscal discricionária que reage ao estado da economia e (3) política fiscal
discricionária que é implementada por outros motivos que não as condições
macroeconômicas apresentadas no momento da implementação.
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Y=C+I+G
C = Co + C1.Y
dY = [1/(1 – C1)]. dG
O fato de 0 < C1 < 1 resulta em um maior poder da política fiscal sobre a renda.
Keynes pressupôs que a razão entre o consumo e a renda, chamada de propensão
média a consumir (PMC), cai à medida que a renda aumenta.
𝐶 𝐶𝑜+𝐶1𝑌
= = 𝑌 −1 (𝐶𝑜 + 𝐶1𝑌) = 𝑌 −1 𝐶𝑜 + 𝐶1 => função decrescente
𝑌 𝑌
𝐶
𝑑(𝑌) 1
= (− ) 𝐶𝑜 => atinge um ponto de mínimo
𝑑𝑌 𝑌2
Isso significa que as famílias de renda mais alta tendem a poupar mais do que as
de baixa renda.
C = 47,6 + 0,73Yd
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Achados de Kuznets
1869-1898 1884-1913 1904-1933
Propensão média a consumir 0.867 0.867 0.879
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Uma provável explicação para essa diferença pode residir no fato de que a função
consumo de curto prazo deve ser considerada em dado ano, com base nas classes
de renda (dados em cross-section), chamada de função consumo a partir de
orçamentos familiares, enquanto a longo prazo, tem-se uma função consumo a
partir de séries de tempo.
Com base no estudo utilizado para figura 11-1, a figura 8-2 mostra a propensão
média a consumir observada, C/Yd, em cada ano, comparada com a média de
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S1 = Y1 – C1
C2 = (1 + r).S1 + Y2
C1 + C2/(1 + r) = Y1 + Y2/(1 + r)
Essa conclusão é muito diferente daquela a que Keynes chegou. Keynes propôs
que o consumo corrente de uma pessoa depende em grande parte da sua renda
corrente. O modelo de Fischer diz que, em vez disso, o consumo baseia-se nos
recursos que o consumidor espera ter ao longo da sua vida.
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poupança
empréstimo
C2 = Y1(1+r)+Y2 – (1+r)C1
No ponto A, temos que C1=Y1 e C2= Y2, ou seja, não há poupança nem
empréstimo.
A Figura 9.6 apresenta duas curvas de indiferença. Cada uma delas representa
combinações intertemporais de consumo nos períodos 1 e 2, que proporcionam o
mesmo nível de utilidade. Curvas de indiferença mais altas são preferíveis.
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Y2
Y1
A reta orçamentária gira em torno do ponto (Y1,Y2), pois nesse ponto C1=Y1 e
C2=Y2, ou seja, não há impacto da taxa de juros neste ponto.
O efeito da alteração da taxa de juros sobre o consumo em ambos os períodos
não é direto como no caso anterior. Tal efeito pode ser decomposto em dois:
efeito renda e efeito substituição. O efeito renda é a mudança do consumo que
resulta do movimento para uma curva de indiferença mais alta. Se o consumidor
é um poupador, uma elevação na taxa de juros melhora sua situação,
proporcionando maior consumo no período 2. Trata-se do efeito renda. A
elevação dos juros torna, portanto, mais barato o consumo no período 2 em
relação ao período 1. Nessa situação, o consumidor tenderá substituir o consumo
no período 1 pelo consumo no período 2 (o efeito substituição). O efeito
substituição é a mudança do consumo que resulta da mudança no preço relativo
do consumo nos dois períodos. O efeito total é dado pela soma dos dois efeitos.
No caso do poupador, podemos afirmar com certeza que o consumo no período 2
aumenta com o aumento na taxa de juros. Com relação ao período l, no entanto,
nada podemos afirmar, já que o efeito renda pode atuar a favor do consumo nos
dois períodos.
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Gráfico A Gráfico B
C2 C2
E D
Y1 C1 Y1 C1
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O consumo de toda a vida é igual à renda de toda a vida. Essa hipótese implica
que o consumo é gerado não pela renda corrente (zero durante a aposentadoria),
mas sim pela renda de toda a vida.
C x NL = Yd x WL
então,
C = WL/NL x Yd
Obs.:
S = Yd – C = Yd (1 – WL/NL)
Exemplo numérico: suponha que uma pessoa comece a trabalhar aos 20 anos de
idade, planeje trabalhar até os 65 anos e morrer aos 80.
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Neste exemplo, 0,75 (WL/NL) da renda do trabalho é consumido a cada ano que
a pessoa trabalha. Ou seja, durante 45 anos de trabalho, o indivíduo consome
75% da sua renda, após, 15 anos de aposentadoria são sustentados pela poupança
que se fez durante os anos de trabalho.
. Durante a vida de trabalho => 75% de $ 1.350.000,00 = $ 1.012.500,00, que
divididos por 45 (anos de trabalho), é igual a $ 22.500,00.
. Durante a aposentadoria => 25% de $ 1.350.000,00 = $ 337.500,00, que
divididos por 15 anos (anos de aposentadoria), é igual a $ 22.500,00.
C/Y = WR/Y + C1
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Formalização:
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Segue que
𝑇
1
𝑌 𝑝𝑒𝑟𝑚 = (𝐴0 + ∑ 𝑌𝑡 )
𝑇
𝑡=1
𝑇
1
𝑌 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑖𝑡 = 𝑌𝑡 − [ (𝐴0 + ∑ 𝑌𝑡 )]
𝑇
𝑡=1
C = Yperm
Y = Yperm + Ytransit
Três exemplos:
. Uma pessoa se forma em economia, e passa a ganhar mais do que outra que não
se formou. Essa nova renda é uma renda permanente, e será gasta em consumo;
. Uma pessoa é plantadora de laranjas e, em um determinado ano, ganhou menos
do que o habitual por conta de uma geada. Essa queda de renda é transitória, não
alterando o consumo de forma significativa;
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Poupança
S t = Y t – Ct
𝑇
1
𝑆𝑡 = 𝑌𝑡 − [ (𝐴0 + ∑ 𝑌𝑡 )]
𝑇
𝑡=1
Então, St = Yt – Y perm
=> St = Ytransit.
Ainda,
𝛼̂ = 𝐶̅ − 𝑏̂𝑌̅
= 𝑌̅ 𝑝𝑒𝑟𝑚 − 𝑏̂(𝑌̅ 𝑝𝑒𝑟𝑚 + 𝑌̅ 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑖𝑡 )
𝛼̂ = (1 − 𝑏̂)𝑌̅ 𝑝𝑒𝑟𝑚 .
Com 𝑏̂ igual a 1 (sem variação na renda transitória – see equação (1)), temos que
𝛼̂ é igual a zero.
Propensão Média a Consumir = C/Y = bYP/Y => PMC = b, se não houver renda
transitória => C/Y = bYP/Y = bYP/(YP+Ytrans). Se não há renda transitória, Ytrans
= 0, e C/Y = b.
Renda Permanente sob certeza => Caso seja válida a hipótese da “renda
permanente” e caso as expectativas sejam “racionais”, somente mudanças
inesperadas na política econômica poderão influenciar o consumo.
Renda Permanente sob incerteza => Quando variações de uma variável são
imprevisíveis, diz-se que é um passeio aleatório (um martingale): segundo
Robert Hall, a combinação da hipótese da renda permanente com as expectativas
racionais sob incerteza, indica que o consumo segue um passeio aleatório. Hall
demonstrou que, sob certas condições, a estimativa da renda permanente do ano
corrente deve dar a melhor ideia de qual vai ser a sua renda permanente no
próximo ano. Isso significa que o consumo do próximo ano deve ser igual ao
consumo do ano corrente mais um montante aleatório resultante dos choques
inesperados que vão afetar, no próximo ano, a estimativa familiar da renda
permanente. The rational-expectations approach to
consumption has implications not only for
Ct+1 = + bYt + et
forecasting but also for the analysis of
economic policies. If consumers obey the
Ct+1 = bCt + et permanent-income hypothesis and have
rational expectations, then only unexpected
Com b = 1, temos policy changes influence consumption.
C = et These policy changes take effect when they
change expectations.
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4. Investimento
4.1. Conceitos básicos
Ref.: Mankiw, pp. 316-329.
Dornbusch e Fischer, pp. 347-392.
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Investimento em estoques
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. quanto mais baixo o capital instalado (K), mais alto o preço real de aluguel;
. quanto maior o trabalho empregado (L), mais alto o preço real de aluguel;
. quanto melhor a tecnologia (A), maior o preço real do aluguel do capital.
Custo do Capital
A empresa de locação recebe o preço real de aluguel do capital R/P para cada
unidade de capital que possui e aluga.
O custo de se possuir capital é mais complexo. Para cada período durante o qual
a empresa aluga uma unidade de capital, a empresa de locação arca com três
custos:
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Suponha que o preço de bens de capital aumenta com os preços de outros bens.
Neste caso, PK/PK = π. Como i – π = r, temos
Determinantes do investimento
I = K + K
4.3. Teoria q
Ref.: Mankiw, pp. 320-321.
. q > 1 => o mercado de ações avalia o capital instalado em mais do que seu
custo de substituição. Nesse caso, os empresários podem aumentar o valor de
mercado das ações da empresa comprando mais capital;
. q < 1 => o mercado de ações avalia o capital em menos do que seu custo de
substituição. Nesse caso, os empresários não substituirão o capital à medida que
ele se desgasta.
empresas têm lucro sobre o capital instalado. Esses lucros fazem com que seja
desejável possuir empresas de locação, pois aumenta o valor de mercado das
ações, indicando um alto valor de q, e vice-versa.
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M ↓ ⇒ i ↑ ⇒ PA ↓ ⇒ q ↓ ⇒ I ↓ ⇒ Y ↓.
Decisão de investir
It = I[𝑉 (Π𝑡𝑒 )]
(+)
Caso especial
𝑒 𝑒 𝑒 𝑒
Se Π𝑡+1 = Π𝑡+2 = ⋯ = Π𝑡 , e 𝑟𝑡+1 = 𝑟𝑡+2 = ⋯ = 𝑟𝑡 , temos o que se chama de
expectativas estáticas, então:
Π𝑡
𝑉 (Π𝑡𝑒 ) =
𝑟𝑡 + 𝛿
e,
Π𝑡
𝐼𝑡 = 𝐼 [ ]
𝑟𝑡 + 𝛿
Demonstração
1 1
𝑉 (Π𝑡𝑒 ) = Π𝑡 + (1 − 𝛿 )Π𝑡 + ⋯
(1 + 𝑟𝑡 ) (1 + 𝑟𝑡 )2
1
Fatorando o termo Π𝑡 , temos:
(1+𝑟𝑡 )
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1 1−𝛿
𝑉 (Π𝑡𝑒 ) = Π𝑡 [1 + + ⋯ ] (1)
(1+𝑟𝑡 ) 1+𝑟𝑡
1−𝛿
Aqui, x é igual a , logo,
1+𝑟𝑡
1−𝛿 1−𝛿 2 1 1 + 𝑟𝑡
[1 + +[ ] + ⋯] = =
1 + 𝑟𝑡 1 + 𝑟𝑡 1 − 𝛿 𝑟𝑡 + 𝛿
1−
1 + 𝑟𝑡
Substituindo em 1, temos:
1 1 + 𝑟𝑡
𝑉 (Π𝑡𝑒 ) = Π
(1 + 𝑟𝑡 ) 𝑟𝑡 + 𝛿 𝑡
Simplificando,
Π𝑡
𝑉 (Π𝑡𝑒 ) = .
(𝑟𝑡 + 𝛿)
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5. O governo
5.1. Conceitos de déficit e dívida pública
Considerando que,
(2) 𝐽𝑡 = 𝐷𝑡−1 ∙ 𝑖𝑡
𝐷𝑡 𝐷𝑡−1 ∙ (1 + 𝑖) 𝑆𝑃𝑡 𝑆𝑡
(4) = − −
𝑌𝑡 𝑌𝑡 𝑌𝑡 𝑌𝑡
Y = é o PIB nominal
Multiplicando e dividindo o primeiro termo do lado direito de (4) por Yt-1, temos
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𝑑𝑡−1 ∙ (1 + 𝑖𝑡 )
(6) 𝑑𝑡 = − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡
(1 + 𝑦𝑡 )
Dado que (1+yt) = (1+gt) (1+πt) e que (1+it) = (1+rt) (1+πt), em que gt
corresponde a taxa de crescimento do produto real, rt corresponde a taxa real de
juros, e πt corresponde a taxa de inflação, a equação (6) pode ser reescrita como,
(1+𝑟𝑡 )∙(1+𝜋𝑡 )
𝑑𝑡 = 𝑑𝑡−1 − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡 , e, portanto,
(1+𝑔𝑡 )∙(1+𝜋𝑡 )
(1 + 𝑟𝑡 )
(7) 𝑑𝑡 = 𝑑𝑡−1 − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡
(1 + 𝑔𝑡 )
𝑑𝑡−1 + 𝑑𝑡−1 𝑟𝑡
𝑑𝑡 = − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡
(1 + 𝑔𝑡 )
𝑑𝑡−1 + 𝑑𝑡−1 𝑟𝑡
𝑑𝑡 − 𝑑𝑡−1 = − 𝑑𝑡−1 − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡
(1 + 𝑔𝑡 )
(𝑟𝑡 − 𝑔𝑡 )
(8) ∆𝑑𝑡 = 𝑑𝑡−1 − 𝑠𝑝𝑡 − 𝑠𝑡
(1 + 𝑔𝑡 )
Obs.: a equação permite ver que adiar o ajustamento tende a torná-lo cada vez
mais difícil, pois a postergação das medidas destinadas a obter esse ajuste
implica a persistência de déficits, que por usa vez geram um aumento da dívida
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pública, que tende a realimentar por meio dos juros os déficits em períodos
subsequentes, tornando o ajustamento progressivamente maior.
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