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Aula 04

Ministério do Trabalho (Auditor Fiscal do


Trabalho - AFT) Economia do Trabalho -
2022 (Pré-Edital)

Autor:
Amanda Aires, Vicente Camillo

16 de Janeiro de 2022

95531440049 - Fernanda Gomes


Amanda Aires, Vicente Camillo
Aula 04

Introdução.................................................................................................................... 2
Revisando o Mercado de Trabalho.......................................................................... 4
Tipos de Desemprego .............................................................................................. 15
Desemprego friccional (Conjuntural) ................................................................................... 15
Desemprego estrutural .............................................................................................................. 17
Desemprego cíclico ................................................................................................................... 20
Desemprego sazonal ................................................................................................................. 26
Desemprego e NAIRU ............................................................................................... 28
Determinação da taxa natural de desemprego ............................................................. 33
Inflação ...................................................................................................................... 36
ASPECTOS FISCAIS E MONETÁRIOS X INFLAÇÃO ............................................................... 36
Choques X Inflação .................................................................................................................... 40
Curvas de Phillips ...................................................................................................... 45
CURVA DE PHILLIPS ORIGINAL ................................................................................................. 45
CURVA DE PHILLIPS MONETARISTA E AS EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS (OU CURVA
DE PHILLIPS AMPLIADA PELAS EXPECTATIVAS) .................................................................... 47
CURVA DE PHILLIPS NOVO CLÁSSICA E AS EXPECTATIVAS RACIONAIS ..................... 53
Desinflação e Taxa de Sacrifício ............................................................................ 59
Desemprego e Produto (Lei de Okun) ................................................................... 63
Questões Propostas .................................................................................................. 69
Gabaritos ....................................................................................................................................... 83
Questões Comentadas ............................................................................................ 84
Considerações Finais ............................................................................................. 118

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INTRODUÇÃO

Este módulo do curso é dedicado ao estudo do desemprego e de suas várias


dimensões. Mais importante do que saber a definição e formas de desemprego, é
saber suas implicações econômicas. Qual a influência do desemprego no produto
econômico? E na inflação? E assim por diante...

Por isso, essa talvez seja nossa aula mais “macro” do curso, pois, como dito, ela
apresenta as várias dimensões do desemprego na economia em geral.

Introduzindo a ideia, vamos analisar como as interações institucionais e econômicas


do mercado de trabalho provocam efeitos na oferta agregada.

A unidade básica desta interação é dada pela função de produção:

𝒀 = 𝑭(𝑲, 𝑳)

A produção (Y) é dependente do fator trabalho. Desde os primórdios da economia


este é um importante campo de estudo.

Para tanto, as características institucionais do mercado de trabalho e do


desemprego, assim como da taxa natural de desemprego.

A interação entre desemprego e inflação é primordial neste tema, pelo que


também iremos aprofundar um pouco o que já discutimos sobre inflação no
decorrer deste curso. O edital não solicita a análise da inflação individualmente,
mas tão somente relacionada como a política monetária e com o desemprego,
fato que estamos seguindo a risca neste curso. A interação com a política
monetária já foi vista, ficando pendente a interação com o desemprego.

O estudo da Curva de Phillips cumpre esta necessidade. Iremos tratar dos 3


principais modelos, que diferem na maneira de formação das expectativas de
inflação.

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Adiante, seguirão comentários sobre o trade-off entre inflação e desemprego, ou,


mais especificamente, a relação direta entre desinflação e desemprego, expressa
na taxa de sacrifício.

Por fim, será vista a Lei de Okun, pela qual é possível derivar a quantidade e produto
(curva de oferta) em termos da taxa desemprego, entre outras relações possíveis.

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REVISANDO O MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho é, por excelência, o ambiente (instituição) onde os salários


e a quantidade de trabalho são determinados, a partir da interação entre oferta e
demanda por trabalho.

Antes de partirmos para a dinâmica do mercado, precisamos definir algumas


terminologias utilizadas em sua definição.

Em relação à oferta de trabalho, resumidamente temos que:

i.População em idade ativa (PIA) – este conceito refere-se ao total da população


menos (i) a quantidade de pessoas fora da idade de trabalho (abaixo de 10 anos),
e a (ii) população carcerária. O resultado é a população em idade e condições
de trabalho.

ii.População economicamente ativa (PEA) – do resultado obtido acima (PIA), deve-


se deduzir as pessoas que não estão trabalhando e nem procurando trabalho,
como, por exemplo, os estudantes acima de 10 anos. O resultado define a força
de trabalho, ou seja, o total de pessoas trabalhando ou procurando emprego

iii.População não economicamente ativa (PNEA) – já definida acima como os que


não estão trabalhando e não estão procurando trabalho. A seguinte operação
pode ser feita:

PNEA + PEA = PIA

iv.Ocupados – refere-se aos empregados, ou seja, aqueles presentes no grupo PEA


que estão trabalhando. O termo ocupado é mais amplo que o termo empregado,
pois aquele refere-se aos empregados por contra própria, empregadores e
funcionários não remunerados. No Brasil é utilizado o termo ocupado, em
substituição ao termo empregado.

v.Desocupados – das pessoas inseridas no grupo economicamente ativo, as que não


estão ocupadas. Novamente, o termo desocupados é mais amplo que o termo

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desempregados. No Brasil é utilizado o termo desocupados e taxa de


desocupação para referir-se ao desemprego e à taxa de desemprego.

A finalidade de se apresentar estes conceitos é a definição da taxa de


desemprego:

𝑵ú𝒎𝒆𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑫𝒆𝒔𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐𝒔
𝑻𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝑫𝒆𝒔𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆𝒈𝒐 =
𝑷𝒐𝒑𝒖𝒍𝒂ç𝒂𝒐 𝑬𝒄𝒐𝒏𝒐𝒎𝒊𝒄𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑨𝒕𝒊𝒗𝒂

Portanto, o total de desempregados não se refere ao total da população, mas ao


total da População Economicamente Ativa. Cuidado com esta diferença, pois, ora
ou outra, as Bancas tentam confundir os candidatos.

Continuando, cabe analisar a interação feita no mercado de trabalho entre


ofertantes de trabalho (trabalhadores) e demandantes (empregadores).

A análise tradicional é feita pelos economistas clássicos, para os quais a interação


entre oferta e demanda por trabalho resulta na determinação dos salários reais e
da quantidade de emprego.

A oferta de trabalho é medida através do trade-off lazer-trabalho. Em geral, os


trabalhadores se deparam com uma escolha a fazer: gastar mais tempo com
trabalho, podendo auferir maiores rendimentos e consumo, ou permanecer em
constante “estado de lazer”?

Mesmo que pareça uma escolha complexa, a economia procura tratar deste
tema.

Maiores salários provocam aumento na quantidade ofertada de trabalho, assim


como menores salários diminuem a oferta de trabalho. De maneira análoga,
maiores salários promovem aumento na satisfação dos trabalhadores através do
aumento do consumo, enquanto que diminuem a utilidade usufruída pelo lazer. A
quantidade de trabalho ofertada é derivada da maximização da utilidade do
trabalhador, conceito que envolve a satisfação advinda do consumo
(proporcionado pelo trabalho) e do lazer (proporcionado pelo não trabalho).

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Ao unir a utilidade do lazer à possibilidade de consumo, é possível obter a curva de


oferta agregada. O salário real (w/P) é positivamente relacionado com a oferta de
trabalho (LS). No entanto, a taxa de variação é decrescente, pelo que é possível
concluir que, a partir de certo ponto, mais salário real pode passar a reduzir a
quantidade de trabalho. Neste ponto, diz-se que o efeito-renda supera o efeito-
substituição.

Aparentemente estranho, não é? Só aparentemente.

À medida que ganhamos mais, certamente iremos oferta mais trabalho. Mas, e se
estivermos ganhando R$ 100 mil/hora. Será que continuaremos trabalhando tanto
assim? É evidente que não. Neste caso, é muito mais interessante gastar tempo com
lazer, visto que a renda é suficiente para cobrir (quase) todas as necessidades do
indivíduo.

Como o aumento do salário real pode ser visto como o aumento do custo das horas
gastas com lazer (aumento do custo de oportunidade do lazer), o trabalhador
troca lazer por trabalho neste caso, o que explica o efeito substituição e a relação
direta entre oferta de trabalho e aumento do salário real.

Este efeito ocorre até certo ponto. No caso, como o exemplificado acima (salário
de R$ 100 mil/hora), o efeito substituição perde importância, assim como a troca
entre lazer e trabalho. O trabalhador prefere o lazer e eventuais aumentos do
salário real provocam redução da oferta de trabalho. Ou seja, o efeito-renda
supera o efeito substituição.

Já a demanda por trabalho é derivada a partir da produtividade marginal do


trabalho.

Para a teoria clássica, a firma atua de maneira racional afim de maximizar seus
lucros. Deste modo, a firma irá contratar trabalhadores adicionais até o ponto em
que o custo adicional de um trabalhador for condizente com o rendimento

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adicional à produção por ele proporcionado. Faz sentido, não é? Afinal, à empresa
racional não interessa aumentos de produção que registrem prejuízos!

Em termos econômicos, a firma vende cada unidade (Q) de sua produção ao


preço P. A produção é fabricada pelos trabalhadores, que são contratados a partir
de um salário nominal w. A variação na quantidade de trabalho custa para a
empresa (w x ΔL) (salário nominal multiplicado pela quantidade adicional de
trabalho), assim como a receita adicional obtida com a variação no trabalho é
obtida por (P x ΔQ) (preço multiplicado pela variação na produção).

Isto significa que compensa contratar mais trabalhadores no caso do custo


adicional do trabalho ser igual ou inferior ao rendimento extra obtido com as
vendas. Matematicamente:

w x ΔL = P x ΔQ

w/P = ΔQ/ΔL

w/P = PmgL

Como já sabemos, a variação na produção devido a uma variação no trabalho


(ΔQ/ΔL) também é conhecida como produtividade marginal do trabalho. A
empresa deve contratar até o ponto em que o salário real (w/P) for igual à
produtividade marginal do trabalho.

No equilíbrio, a variação na produção derivada da variação no trabalho é igual


ao salário real. Mas, as firmas demandam trabalho de maneira inversa à variação
do salário real, pois elas necessitam respeitar a restrição orçamentária e a condição
de maximização de lucros que possuem.

Da interação entre as curvas obtemos o equilíbrio (ponto de cruzamento das


curvas) no mercado de trabalho, abaixo representado:

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PmgL; w/P

Ls

w/P*

Ld

L* L

Assim, caso os trabalhadores exijam salário reais acima do nível de equilíbrio, a


oferta de trabalho irá superar a demanda por trabalho, evidenciando
desemprego. Os desempregados irão perceber este problema e, naturalmente,
irão passar a ofertar trabalho no salário real de equilíbrio, perfazendo a igualdade
w/P = PmgL.

Algumas conclusões sobre a determinação dos salários e emprego no modelo


clássico devem ficar na mente de todos:

i.Os desempregados possuem este status apenas por que não aceitam o salário real
de equilíbrio, o que define parte do desemprego como voluntário;

ii.A outra parte do desemprego é explicada por movimentos transitórios entre


ocupações. Como o mercado de trabalho está em constante movimentação
(contratações e demissões ocorrem diariamente), é preciso haver tempo para que
a demanda e oferta de trabalho se equalizam. Devido a esta fricção no mercado
de trabalho, diz-se que parte do desemprego é friccional.

iii.Os trabalhadores estão interessados no salário real, isto é, na quantidade de bens


e serviços proporcionada pelos salários nominais; do mesmo modo, os empresários
também estão interessados no conceito de salário real, pois avaliam a quantidade
paga ao fator trabalho em termos da quantidade produzida.

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iv.O salário real é variável endógena, fora de controle. Assim, o melhor a ser feito é
deixar o mercado se autoequilibrar. Interações que desestabilizem o modelo, como
os sindicatos, resultam em aumento de desemprego, ao elevar o nível de salário
real acima da produtividade.

v.O salário nominal é perfeitamente elástico. Assim, ele varia no mesmo sentido da
variação de preços. Caso os preços subam, os salários nominais sobem no mesmo
montante, de modo que o salário real mantenha o mesmo valor. Para os clássicos,
caso houvesse certa resistência no ajuste do salário nominal ao nível de preços, o
resultado seria o desemprego. Como os trabalhadores maximizam sua utilidade,
devendo auferir rendimentos para direcionar ao consumo, ora ou outra iriam
aceitar a variação no salário nominal.

O ponto de vista keynesiano difere do clássico na medida em que, para Keynes, o


salário nominal é rígido principalmente para baixo, pelo menos no curto prazo. Os
contratos de trabalho são definidos para um horizonte temporal (digamos, por 1
ano), fato que impossibilita variações nos salários nominais em termos de variação
nos preços. Deste modo, o salário real também irá variar, não se situando no
equilíbrio do mercado de trabalho.

Este entendimento diverso proposto por Keynes, proporciona algumas conclusões


distintas quanto ao desemprego, pois além do desemprego friccional e voluntário
há também o desemprego involuntário. Muitos decidem trabalhar naquele nível de
salário real, mas não encontram emprego, afinal, o mercado de trabalho está em
desequilíbrio.

Ademais, Keynes modificou a interpretação clássica quanto à demanda por


trabalho. Para ele, a demanda por trabalho não era apenas relacionada à
produtividade marginal do capital.

Os empresários contratam fatores de produção com base nas estimativas de


demanda efetiva projetadas para o período posterior. Assim, considerando a
expectativa na quantidade de consumo e investimento (demanda efetiva) no

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próximo período, os empresários projetam a quantidade ofertada de produção,


empregando os fatores produtivos necessários para tal. Evidentemente, a
demanda assume um importante papel na determinação da quantidade de
trabalho empregada.

Adicionalmente, considerando que o valor pago ao fator trabalho é a demanda


da produção dos próprios empresários, o ajuste dos salários nominais ao nível de
salário real de equilíbrio, levando em conta um período de recessão, seria uma
redução na demanda efetiva provocada pelos próprios empresários. Keynes
considerava este fator, previsto na teoria clássica, um paradoxo. Afinal, os
empresários não teriam interesse em reduzir o poder de compra dos trabalhadores
que, em última análise, é a demanda futura de sua própria produção.

Assim, caso os empresários esperem aumento na demanda efetiva, elevam a


demanda pelo fator trabalho. Do contrário, reduzem a demanda por trabalho.
Deste modo, segundo os ensinamentos keynesianos, a demanda por trabalho é
resultado tanto da produtividade marginal do trabalho quanto da expectativa da
demanda efetiva.

Sintetizando, o mercado de trabalho apresenta certa rigidez em relação aos


salários nominais, que depende do prazo de análise e das instituições da cada país.
Considerando o curto prazo, as considerações keynesianas são válidas, pois os
fatores que resultam na rigidez salarial (que veremos logo mais) não se modificam.
Contudo, as conclusões clássicas captam parte da verdade quando consideramos
o longo prazo e abstraímos a análise keynesiana sobre a demanda efetiva.

Segue um quadro com as diferenças entre as abordagens clássica e keynesiana:

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Variável/Teoria Clássicos Keynes

Salário nominal Flexível Fixo

Salário real Flexível Flexível

Pode ocorrer no pleno emprego, mas


Equilíbrio Pleno emprego a maior probabilidade é de que ocorra
havendo desemprego.

Determinante Lei de Say: oferta Lei da demanda efetiva: demanda


da renda cria a demanda cria a oferta.

Aplicação Longo prazo Curto prazo

De todo modo, podemos analisar as instituições influentes no equilíbrio de mercado


de trabalho e compreender melhor a razão da rigidez dos salários nominais.
Seguem abaixo, com os detalhes necessários:

• Contratos Salariais Formais


Os contratos formais estabelecidos entre os ofertantes demandantes por trabalho,
representam a forma mais básica de rigidez salarial, pois fixam o valor do salário por
determinado período de tempo. O nível de desenvolvimento do país possui relação
com a quantidade de contratos no mercado de trabalho; países desenvolvidos
possuem maior nível de formalidade no trabalho e, consequentemente, maior
número de contratos.

• Sindicatos
Os sindicatos representam o poder de barganha dos trabalhadores. Quanto mais
sindicalizado o setor, mais influente os trabalhadores na determinação dos
contratos salariais. Ademais, a existência dos sindicatos permite aos trabalhadores
negociar salários reais acima do equilíbrio dado pelo mercado de trabalho, além
de mantê-lo em períodos de recessão econômica.

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• Centralização/Descentralização das Negociações


A esfera da negociação salarial é também relevante na rigidez/flexibilidade do
mercado de trabalho. Mercados de trabalho cuja negociação é centralizada
(possuem nível nacional), apresentam maior rigidez; ao contrário, nações cuja
negociação é descentralizada apresentam maior flexibilidade dos salários reais

• Prazo dos Contratos Salariais


Já citamos que os contratos formais influenciam a rigidez salarial em termos de
tempo. A influência do tempo na rigidez é um tanto quanto óbvia e intuitiva. No
entanto, outro fator temporal deve ser analisado. O grau de sincronização do prazo
dos contratos também influencia a variação dos salários.

Há sincronização total quando todos os contratos são estabelecidos ao mesmo


tempo com a mesma validade no tempo. É o caso de negociações centralizadas.
Contudo, quando os contratos são distribuídos no decorrer do tempo, o mercado
de trabalho apresenta mais rigidez, pois qualquer mudança na economia leva
tempo até ser refletida em todos os contratos de trabalho. O resultado: os salários
nominais são mais rígidos.

• Salário Mínimo e Outras Medidas Governamentais


É fato que umas das funções do governo é promover a manutenção da renda real
e da estabilidade econômica, auxiliando na promoção do bem estar social.

O estabelecimento do salário mínimo é um bom exemplo. O piso salarial, quando


estabelecido formalmente, influencia na rigidez salarial. Os trabalhadores passam
a exigir, pelo menos, o valor do salário nominal igual ao salário mínimo. Caso haja
uma retração econômica, com queda brusca de preços e salários reais, a fixação
do salário mínimo promoverá rigidez do salário real (elevando o salário real).

Do mesmo modo, o Governo pode promover outras maneiras de influenciar o


mercado de trabalho, como, por exemplo, conceder incentivos fiscais ao setor
privado (política fiscal expansionista) para controlar aumentos salariais.

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• Indexação Salarial
Indexar salários significa reajustar os salários com base em alguma variável
observada no passado. Na prática, a indexação é feita em relação aos preços e
pode ser expressa da forma que segue:

𝒘+𝟏 = 𝜸𝑷 + 𝜺

O salário no período futuro (w+1) é função de alguma proporção (𝜸) do nível de


preços mais outros fatores aleatórios (𝜺). Caso, por exemplo, a proporção sejam
100%, o salário futuro será reajustado em linha com a variação de preços.

Duas conclusões são essenciais: (i) a indexação perpetua o aumento de preços,


pois promove a chamada inércia inflacionária (a variação dos preços é também
explicada pela variação passada nos preços); (ii) a indexação promove rigidez no
salário real, ou seja, a variação nos salários nominais acompanha a variação da
inflação, mantendo o valor do salário real (este é o próprio objetivo da indexação
salarial).

Para dar toques de realidade na análise, segue o Quadro 1, que discute a influência
das instituições no mercado de trabalho no caso dos EUA e da Europa, quando da
ocorrência do Choque do Petróleo1.

1
Em Macroeconomics for Global Economy; Sachs and Larrain (2000)

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Quadro 1 – Instituições no Mercado de Trabalho e os Choques do Petróleo


O choque do petróleo verificado nos anos 70 impactou o custo das companhias e,
consequentemente, a demanda por trabalho. No entanto, a presença de instituições
variadas entre países promoveu efeitos diversos em cada um deles. Neste quadro,
apresentaremos as diferenças entre EUA e Europa.
Resumidamente, temos que a função de produção, apresentada na Aula 02, é
positivamente relacionada com capital e trabalho. Adicionalmente, podemos adicionar os
insumos de produção na função. Assim, quanto mais insumos (como petróleo), maior a
quantidade produzida, revelando produtividade marginal positiva do insumo.
Assim, o aumento do preço do petróleo e queda na demanda pelo insumo reduziu a
produtividade marginal dos fatores de produção, revelando, inclusive, menor PmgL (a
mesma quantidade de trabalho passou a produzir menos após o choque). Assim, a curva
de demanda por trabalho foi afetada de maneira exógena, deslocando-se à esquerda:

No caso da flexibilidade dos salários, o choque de oferta (aumento nos preços do


petróleo) levaria a economia do ponto representado pelo círculo até o ponto representado
pelo quadrado. A redução na PmgL deslocou a demanda por trabalho, reduzindo o salário
real. No entanto, caso exista rigidez salarial, o nível de salário real não varia e a economia
encontra-se no ponto representado pelo triângulo. Neste, observa-se maior oferta de
trabalho do que demanda, evidenciando a existência de desemprego (que não é visto no
caso de perfeita flexibilidade).
De fato, o choque nos preços do petróleo provocou desemprego nos EUA e nos países
da Europa. No entanto, nestes o desemprego persistiu por maior período de tempo, do
que nos EUA.
Uma das possíveis causas para este fato é a maior rigidez salarial verificada na Europa,
visto a existência de instituições mais fortes no mercado de trabalho (como sindicatos).
Nos EUA, a instituições são menos presentes, liberando o mercado de trabalho a se
autoajustar. A flexibilidade dos salários permitiu que o ajuste nos EUA fosse feito via
redução nos salários reais, evidenciando taxa de desemprego por menor tempo.

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TIPOS DE DESEMPREGO

DESEMPREGO FRICCIONAL (CONJUNTURAL)

Imagine um mercado de trabalho em que a oferta iguala a demanda por trabalho.


Até agora, nossa aula tem tratado tal situação como pleno emprego e tem
implicado que não há desemprego neste caso. No entanto, essa afirmação não é
inteiramente verdadeira. Mesmo quando o mercado está em equilíbrio ou em
situação de pleno emprego, ainda haverá algum desemprego friccional, já que
algumas pessoas estarão “entre empregos”, ou seja, estarão em trânsito de um
emprego para outro.

Neste caso, a busca por emprego e o tempo gasto nesta atividade serão a causa
do desemprego friccional. Este tipo de desemprego é inevitável em uma economia
que esteja sempre em transformação. Por exemplo: por muitas razões, os tipos de
bens exigidos pelas empresas e pelas famílias variam ao longo do tempo. À medida
que a demanda por bens se modifica, o mesmo acontece com a demanda pela
mão-de-obra que produz esses bens. A invenção do computador, por exemplo,
reduziu a demanda por máquinas de escrever e, como resultado, a demanda por
mão-de-obra que produz essas máquinas. Ao mesmo tempo, isso aumentou a
demanda por mão-de-obra na indústria de microcomputadores. Pode levar um
tempo para que os trabalhadores e as empresas se adaptem a essas mudanças na
composição da demanda de bens. Note que a oferta de trabalho continua igual
à demanda. No entanto, haverá um grupo de trabalhadores desempregados
“entre empregos” e algumas firmas precisando destes trabalhadores. Enquanto eles
não “se acham”, haverá desemprego friccional.

Os trabalhadores podem, também, deixar o emprego para mudar de carreira,


mudar para outra cidade ou ainda se verem repentinamente sem emprego devido
a falências. Independentemente da causa, serão necessários tempo e esforço

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para que o trabalhador encontre um novo emprego. Enquanto a oferta e


demanda de trabalho estiverem mudando, haverá desemprego friccional.

O nível ou quantidade deste desemprego friccional dependerá dos fluxos de


indivíduos que entram e saem do mercado de trabalho e da velocidade com que
as pessoas desempregadas encontram emprego. Essa velocidade com que as
pessoas e as firmas “se acham” pode ser influenciada pelas políticas públicas.
Neste ponto, destacam-se dois tipos de políticas públicas e suas influências sobre
o desemprego friccional:

➔ Seguro-desemprego: pesquisas demonstram que o seguro-desemprego2


aumenta o desemprego friccional, ou seja, aumenta o tempo que o
desempregado leva para encontrar outro emprego. O desempregado que recebe
os benefícios do seguro-desemprego é menos pressionado a procurar um novo
emprego, e tem mais probabilidade de rejeitar ofertas de emprego que não sejam
muito atraentes. Assim, de certa forma, é verdadeira a afirmação de que o seguro-
desemprego diminui o ímpeto de encontrar um novo emprego, aumentando,
assim, o desemprego friccional.

➔ Serviço de informações: caso o governo desenvolva agências de emprego


que tenham o objetivo de divulgar informações sobre vagas para empregos, com
o fito de combinar trabalhadores e empregos com mais eficiência e rapidez, o
desemprego friccional diminuirá. Às vezes, não há nem a necessidade de agências
de emprego, a simples implantação de um banco de dados ou sistema
informatizado que congregue informações sobre trabalhadores que estejam
desempregados e empresas que necessitem de trabalhadores já é suficiente para
reduzir o desemprego friccional.

2Seguro-desemprego é um programa governamental adotado pela grande maioria dos


países, no qual o trabalhador desempregado continua recebendo uma fração de seu
salário por um determinado período de tempo depois de ter perdido seu emprego.

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Assim, em relação às políticas públicas e ao desemprego friccional, podemos


concluir que o seguro-desemprego aumenta o desemprego friccional, ao passo
que o aprimoramento do serviço de informações reduz o desemprego friccional.

DESEMPREGO ESTRUTURAL

O desemprego estrutural, como o próprio nome diz, é decorrente de mudanças na


estrutura do emprego. Ele surge quando mudanças no padrão da demanda de
trabalho fazem com que surja diferença entre as qualificações requeridas e as
fornecidas em uma determinada região. Neste caso, teremos um desequilíbrio
ocupacional. O desemprego estrutural ainda pode surgir quando há um
desequilíbrio entre a oferta e a demanda por mão-de-obra em algumas áreas.
Neste caso, teremos um desequilíbrio geográfico. Vejamos exemplos de cada um
dos desequilíbrios para que os conceitos fiquem mais claros:

➔ Desequilíbrio ocupacional: imagine o mercado de engenheiros de


automóveis e de engenheiros aeronáuticos. Suponha que os salários no mercado
de engenheiros de automóveis são inflexíveis e que os mesmos são flexíveis no
mercado de engenheiros aeronáuticos. Agora suponha que, devido à maior
competição com os veículos importados, a produção nacional de automóveis caia
e conseqüentemente a demanda por engenheiros de automóveis também caia.
Neste caso, se os salários desses empregados são inflexíveis no sentido de que eles
não podem diminuir (devido a cláusulas contratuais, sindicatos, normas sociais,
pressão dos trabalhadores, etc), haverá desemprego no mercado de engenheiros
de automóveis. Se eles pudessem se tornar engenheiros aeronáuticos sem custo,
esses funcionários desempregados iriam mudar rapidamente para o mercado
aeronáutico, onde foi presumido que os salários são flexíveis e que, por fim, todo o

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desemprego seria eliminado. No entanto, em razão dos custos de ajustamento 3


serem bastante elevados e dos salários serem inflexíveis no mercado de
engenheiros de automóveis, haverá desemprego estrutural neste último mercado
de trabalho. Este desemprego estrutural será decorrência direta do desequilíbrio
ocupacional; e decorrência indireta da rigidez4 de salários e dos custos inerentes à
mobilidade ocupacional.

➔ Desequilíbrio geográfico: imagine o mercado de trabalho de operários da


construção civil de duas regiões distintas, a região A e a região B, onde os salários
são inflexíveis para baixo (rígidos) na região A e flexíveis na região B. Quando há um
desaquecimento da construção civil na região A, haverá redução na demanda
por mão-de-obra nesta região. Como resultado, em virtude da rigidez salarial,
haverá desemprego na região A. O racional do ponto de vista econômico seria os
desempregados da região A procurarem empregos na região B, onde os salários
são flexíveis e conseqüentemente o desemprego seria eliminado. No entanto, o
que acontece, muitas vezes, é a situação em que os trabalhadores
desempregados aguardam por empregos em sua região de origem, em sua
cidade natal. Isso acontece por três motivos:

i. Os fluxos de informações são imperfeitos, de forma que os trabalhadores


podem não estar cientes de que existem empregos disponíveis em outras regiões
distantes;

ii. Os custos diretos (custos financeiros) de tal mobilidade geográfica são


elevados a ponto de desestimular a migração;

3 Estes custos incluiriam todo o gasto que seria necessário para adquirir a formação e
o treinamento necessários para ser engenheiro aeronáutico.

4É a rigidez de salários que, em primeiro plano, causa o desemprego no mercado de


engenheiros de automóveis.

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iii. Os custos psicológicos da mobilidade geográfica também podem ser fatores


impeditivos da migração, já que família, amigos e toda uma rede social e afetiva
devem ser deixados para trás.

Os três fatores inibem a mobilidade geográfica e, de fato, podem fazer com que
muitos trabalhadores que se tornam desempregados após o fechamento ou
falência de empresas não demonstrem qualquer interesse em buscar empregos em
outras regiões. Estaremos, aqui, diante do desemprego estrutural que, desta vez, é
decorrência direta do desequilíbrio geográfico; e decorrência indireta da rigidez
salarial5, dos fluxos imperfeitos de informações e dos custos da mobilidade
geográfica.

As políticas públicas, da mesma maneira que interferem no desemprego friccional,


também têm o poder de influenciar o nível do desemprego estrutural. Exemplos de
tais políticas incluem:

➔ Treinamento subsidiado: a fim de reduzir os custos da mobilidade


ocupacional.

➔ Informações a respeito das condições do mercado de trabalho de outras


áreas: a fim de melhorar o fluxo de informações.

➔ Subsídios para o deslocamento: a fim de reduzir os custos diretos da


mobilidade geográfica e acelerar o processo de ajustamento.

➔ Aviso prévio para demissões e fechamentos de empresas: é a exigência de


que os empregadores que planejem fechar seus negócios avisem
antecipadamente a seus funcionários: a fim de acelerar o processo de
ajustamento.

5Mais uma vez, é a rigidez salarial que, inicialmente, provoca o desemprego, já que ao
haver a redução da demanda por mão-de-obra, não é possível aos empresários reduzir
os salários.

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Nota → vale ressaltar que as políticas públicas acima citadas acabam reduzindo
também o desemprego friccional.

Assim, pelo visto até agora, observamos que o desemprego estrutural ocorre em
virtude de desequilíbrios ocupacionais e geográficos. Mas, observe bem os
exemplos trabalhados e verá que a causa inicial de tais desequilíbrios é o fato de
os salários serem rígidos (inflexíveis) nos mercados de trabalho em que houve
desemprego. Nesse sentido, decorre o fato de que alguns livros conceituam o
desemprego estrutural como sendo o desemprego decorrente da rigidez salarial.
Mankiw, por exemplo, conceitua assim o desemprego estrutural:

“O desemprego resultante da rigidez salarial e do racionamento de


empregos é chamado de desemprego estrutural.”

Em outra passagem, afirma:

“Quando o salário real excede o nível de equilíbrio e a oferta de


trabalhadores excede a demanda, seria de se esperar que as empresas
reduzissem os salários que pagam. O desemprego estrutural ocorre
porque as empresas deixam de reduzir os salários, apesar de um excesso
na oferta de mão-de-obra.”

Desta forma, podemos concluir que os desempregos surgidos da rigidez salarial


devem ser considerados um tipo de desemprego estrutural. Logo, o desemprego
causado pela legislação do salário mínimo, pelo poder de monopólio dos
sindicatos e pelos salários de eficiência são tipos de desemprego estrutural, já
que esses três fatores são causadores de rigidez salarial.

DESEMPREGO CÍCLICO

Nós vimos que mesmo quando a demanda iguala a oferta de mão-de-obra, ainda
assim, há desemprego friccional e pode haver desemprego estrutural. Aquele surge
devido ao dinamismo do mercado e ao período “entre empregos”, enquanto o

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último surge devido a desequilíbrios geográficos ou ocupacionais na oferta e na


demanda, além da política de salário mínimo, salários de eficiência e poder de
monopólio dos sindicatos.

Quanto acontece alguma flutuação na atividade econômica (um “ciclo


econômico”) que provoca redução, deficiência ou insuficiência na demanda
agregada da economia, e essa redução na demanda agregada da economia
provoca redução na demanda agregada pela mão-de-obra, nós temos o
desemprego cíclico, também chamado de desemprego por deficiência de
demanda, por insuficiência de demanda, ou, ainda, desemprego keynesiano.

Veja que este é um tipo de desemprego mais grave, merecendo, pois, mais
atenção por parte das autoridades. Enquanto os desempregos friccional e
estrutural são causados por fluxos imperfeitos de informações ou desequilíbrios
pontuais, o desemprego cíclico é provocado por queda no ritmo da atividade
econômica. Parte dos trabalhadores e da capacidade produtiva das empresas
fica ociosa, ocasionando perdas aos trabalhadores (através do desemprego) e aos
empresários (através da redução na produção). Vale ressaltar, mais uma vez, que
o desemprego ocorrerá em face da rigidez salarial. Se não fosse ela, o mercado se
ajustaria automaticamente e não haveria desemprego.

➔ Nota: apesar de ter sido falado que a rigidez dos salários reais também é
causadora do desemprego estrutural, as duas situações (desemprego estrutural x
desemprego cíclico) não se confundem. No desemprego estrutural, a demanda
agregada por trabalho é igual à oferta agregada de trabalho, mas, mesmo assim,
haverá desemprego estrutural devido a alguns desequilíbrios pontuais que, por sua
vez, têm suas raízes calcadas na rigidez salarial. No desemprego cíclico, a
demanda agregada por trabalho é inferior à oferta agregada de trabalho e a
rigidez salarial é o mecanismo que impede o ajuste automático entre a demanda
e oferta, causando, assim, desemprego cíclico/keynesiano. Então, observe que a
rigidez salarial está presente nos vários tipos de desemprego (desemprego

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estrutural, cíclico – e também no desemprego friccional), mas as situações são


diferentes: em um caso (cíclico), a demanda por mão-de-obra é menor que a
oferta de mão-de-obra, nos outros casos, a demanda é igual à oferta, mas o
desemprego é causado por desequilíbrios pontuais (geográfico, ocupacional, fluxo
imperfeito de informações, etc).

Quando estudamos o desemprego estrutural, nós aprendemos os motivos pelos


quais há rigidez salarial: salário mínimo, sindicatos e salários eficiência. No entanto,
esses motivos da rigidez salarial estão associados à situação em que a demanda
agregada por trabalho é igual à oferta agregada de trabalho (caso dos
desempregos estrutural e friccional).

Agora, iremos nos concentrar nas razões por que há rigidez salarial mesmo durante
períodos de demanda agregada menor que a oferta agregada (demanda
agregada declinante). Basicamente, quando há insuficiência de demanda,
existem cinco motivos para a rigidez salarial:

i.Na presença de investimentos em capital humano específico da empresa, o


que frequentemente leva a mercados internos6 estruturados, os
empregadores têm incentivos para minimizar a rotatividade voluntária e
maximizar o esforço do trabalho dos empregados e a produtividade.
Reduções salariais aumentariam a propensão dos funcionários a sair e
poderiam levar a uma redução de esforço em seu trabalho. Em contraste, as
demissões afetam os trabalhadores menos experientes, aqueles em quem a
empresa investiu a menor quantia de recursos. Assim, é provável que a
empresa veja a estratégia de demissões como uma alternativa mais lucrativa.

6 É o mercado em que a relação de emprego obedece a uma série de regras e


procedimentos formais. Geralmente os mercados internos estão relacionados às
carreiras empregatícias dentro de grandes empresas, onde há estruturação da carreira
e maiores vinculações entre empregador e empregado.

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ii.Os empregadores com mercados de trabalho internos geralmente


prometem, ao menos implicitamente, um certo rumo de ganhos aos
funcionários no decorrer de suas carreiras.

iii.As empresas com mercados de trabalho interno e, portanto, longas


vinculações entre empregador e empregado, podem ser encorajadas a
realizar dispensas baseadas na antiguidade (os últimos a chegar são os
primeiros a serem dispensados) em vez de realizarem cortes salariais para
todos os trabalhadores.

iv.As pessoas podem preferir ficar desempregadas a aceitarem um emprego


em posição inferior ao que elas tinham antes de estar desempregadas. Isso
se deve ao senso de status. É esse senso de status que impede a expansão
de empregos e uma maior redução dos salários nos setores de baixos salários
durante períodos recessivos.

v.Os desempregados, ao procurarem emprego, são inibidos a tentarem reduzir


os salários prevalecentes dos trabalhadores empregados. Isso acontece
porque esses salários já praticados são aceitos como normas sociais, e são
elas que inibem o desempregado de tentar reduzir os salários dos
trabalhadores empregados e, assim, conseguir uma vaga de emprego.

Da mesma forma, que as políticas públicas podem reduzir o desemprego friccional


e o desemprego estrutural, o governo também pode atuar com o objetivo de
reduzir o desemprego cíclico, que é o desemprego mais grave. Uma resposta
governamental apropriada para a eliminação do desemprego cíclico seria o uso
de políticas fiscais e monetárias expansionistas.

Segue abaixo de forma bem resumida um esquema. Vejamos o que isto significa:

Política fiscal: resumidamente é a política voltada para a administração das


receitas e das despesas do governo. Política fiscal expansionista, expansiva,
inflacionária, anticrise ou anticíclica acontece quando o governo aumenta as

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despesas e/ou reduz as receitas. Quando ele aumenta as receitas e/ou reduz as
despesas, está praticando política fiscal restritiva, antiinflacionária, pró-crise ou pró-
cíclica.

São instrumentos da política fiscal expansiva:

➢ redução da carga tributária;

➢ aumento dos gastos do governo;

➢ aumento das transferências governamentais7.

São instrumentos de política fiscal restritiva:

➢ aumento da carga tributária;

➢ redução dos gastos do governo;

➢ redução das transferências governamentais.

Política monetária: resumidamente é a política que diz respeito à quantidade de


moeda em circulação e, conseqüentemente, das taxas de juros e condições do
crédito. Política monetária expansiva acontece quando há aumento da
circulação de moeda na economia e política monetária restritiva acontece
quando há redução da circulação de moeda na economia. Vale ressaltar que a
política monetária no Brasil é responsabilidade do BACEN.

São instrumentos de política monetária expansiva:

➢ redução das taxas de juros;

➢ redução dos recolhimentos compulsórios8;

7 O Programa bolsa-família é um exemplo de transferência governamental.

8Recolhimento compulsório é o recolhimento em dinheiro que os bancos comerciais


são obrigados a realizar junto ao BACEN. Assim, quando o BACEN quer tirar o dinheiro
de circulação, ele pode aumentar a exigência de recolhimentos compulsórios. Assim,
havendo menos dinheiro no caixa dos bancos comerciais, haverá também menos

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➢ redução das taxas de redesconto9;

➢ compra de títulos públicos10.

São instrumentos de política monetária recessiva:

➢ aumento das taxas de juros;

➢ aumento dos recolhimentos compulsórios;

➢ aumento das taxas de redesconto;

➢ venda de títulos públicos.

De forma simples e resumida, podemos concluir que políticas expansionistas,


expansivas, inflacionárias, anticíclicas ou anticrises, reduzem o desemprego

dinheiro disponível para as pessoas. Se o BACEN quiser colocar moeda em circulação,


ele pode reduzir a exigência de recolhimentos compulsórios, o que fará com que os
bancos comerciais tenham mais dinheiro em caixa, havendo, por conseguinte, mais
dinheiro circulando na economia.

9 Redesconto é a operação em que os bancos comerciais tomam dinheiro emprestado


junto ao BACEN, já que esse é considerado o “banco dos bancos”. Caso o BACEN
aumente a taxa de redesconto, estará efetuando política monetária restritiva, pois
ficará mais caro para os bancos comerciais tomarem empréstimos junto ao BACEN, por
consequência, também ficará mais caro para as pessoas tomarem empréstimos junto
aos bancos comerciais, reduzindo, assim, a circulação de dinheiro na economia. Caso o
BACEN reduza a taxa de redesconto, acontecerá o inverso e teremos política monetária
expansiva.

10A compra e a venda de títulos públicos (operações de open market) interferem


na quantidade de moeda circulante na economia. Quando o governo compra títulos do
mercado, ele recebe os títulos (haver não monetário) e entrega dinheiro (haver
monetário), aumentando, assim, a quantidade de moeda em circulação na economia
(política monetária expansiva). Por outro lado, quando o governo vende títulos ao
mercado, ele entrega os títulos (haver não monetário) e recebe dinheiro (haver
monetário). O fato de ele receber dinheiro reduz a quantidade de moeda em circulação
na economia (política monetária restritiva).

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keynesiano/cíclico. Já as políticas restritivas, antiinflacionárias, pró-cíclicas ou


pró-crises aumentam o desemprego cíclico.

Embora não esteja relacionado à matéria, é bom esclarecer um fato. Por que o
governo não adota sempre políticas expansionistas, já que elas reduzem o
desemprego? A resposta está na inflação. Quando o governo adota políticas
expansionistas, ele aumenta a demanda agregada da economia. Este aumento
da demanda, por sua vez, pressiona os preços para cima, causando inflação (por
isso, as políticas expansionistas também são chamadas de “inflacionárias”). Assim,
deve haver um equilíbrio e o governo, ao mesmo tempo em que se preocupa com
o desemprego, também não pode descuidar do controle da inflação.

DESEMPREGO SAZONAL

O desemprego sazonal é decorrente de deficiência na demanda por mão-de-


obra. Note que neste ponto ele se assemelha ao desemprego cíclico, no entanto,
há uma grande diferença entre este e aquele. No desemprego sazonal, as
flutuações são previsíveis e podem ser antecipadas regularmente. O caso mais
emblemático certamente é o do trabalho agrícola, onde há a época do plantio,
da colheita e da entressafra. Devido à sazonalidade, ocorre desemprego em certas
épocas do ano, tal desemprego é denominado desemprego sazonal, sendo
causado pela insuficiência de demanda.

Uma pergunta que pode surgir é por que os trabalhadores aceitam empregos em
setores em que eles já sabem antecipadamente que ficarão desempregados por
uma parte do ano? Para alguns trabalhadores, a existência de benefícios de
seguro-desemprego, juntamente com a certeza de que serão recontratados ao fim
da temporada de demanda fraca, pode lhes permitir que tratem esses períodos
como sendo de férias pagas. No entanto, a maioria dos trabalhadores poderá
considerar tal situação indesejável, já que os valores do seguro-desemprego não

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são na mesma quantia de suas remunerações quando estão efetivamente


trabalhando.

Assim, para atrair trabalhadores para esses setores sazonais, as empresas terão que
lhes pagar salários mais elevados que o de outras profissões “regulares”. Esses
salários mais altos servirão para compensá-los pelo fato de ficarem periodicamente
desempregados. Assim, podemos concluir que em setores onde ocorre o
desemprego sazonal, há um diferencial de salários compensatórios com o objetivo
de compensar os trabalhadores que aceitam trabalhar em setores de elevado risco
de desemprego.

Da mesma maneira, a existência destes diferenciais de salários que compensam os


trabalhadores que aceitam trabalhar em setores sazonais torna difícil avaliar se esse
tipo de desemprego sazonal (que ocorre nas épocas de baixa demanda) é
voluntário, pelo fato do trabalhador ter aceitado a situação e o risco de ficar
desempregado, ou involuntário, pelo fato de, uma vez estando empregado, ele
preferir permanecer empregado em vez de se tornar desempregado. A conclusão
é que esse desemprego (sazonal) pode ser considerado voluntário ou involuntário,
dependendo da perspectiva que se esteja assumindo.

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DESEMPREGO E NAIRU

Já definimos o conceito de desempregado, além de citar que, para pertencer a


este grupo, o indivíduo deve atender as seguintes condições: (i) estar dentro de
determinada faixa etária; (ii) estar desempregado; (iii) estar procurando trabalho e
disposto a trabalhar.

A taxa de desemprego (Desocupados/PEA) reflete o percentual de indivíduos que


atendem às condições acima citadas, seja voluntária, involuntariamente ou
friccional.

Não obstante, nosso interesse, sobretudo em relação aos tópicos a seguir, está na
definição da Taxa Natural de Desemprego (Non-Accelerating Inflation Rate of
Unemployment, NAIRU). Como o próprio nome em inglês sugere, a taxa natural de
desemprego é aquela que não acelera a taxa de inflação 11.

Veremos adiante na Curva de Phillips, como os economistas interpretam as


variações da inflação em termos da variação na taxa de desemprego. Também
citaremos que a taxa natural é aquela em que a inflação adquire estabilidade, ou
seja, aquela em que a inflação esperada é igual ao nível real verificado.

No nível natural, a taxa de desemprego também representa o pleno emprego.


Destas definições, algumas condições se sobressaem:

i.Considerando que a taxa natural não acelera a inflação, pode-se afirmar que,
neste nível de emprego, o produto real é semelhante ao produto potencial. A
economia opera na capacidade possibilitada pelos fatores de produção, não
havendo excesso/déficits de oferta;

11
É comum se deparar com a afirmação de que a taxa natural de desemprego é aquela em que os preços não variam
(muitos materiais e provas cometem este erro). Na verdade, a NAIRU não permite a aceleração da inflação. Contudo,
a inflação é, por excelência, variação de preços. Assim, a NAIRU não provoca variação da taxa de variação dos preços.

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ii.Na taxa natural de desemprego, o desemprego é friccional e voluntário, assim


como sugerido pela economia clássica; bem da verdade, o desemprego
representa a vontade pessoal e a dinâmica do mercado de trabalho, na qual
trabalhadores estão constantemente mudando de trabalho, assim como as
empresas estão variando o estoque de trabalho empregado;

iii.Por fim, a diferença entre o desemprego efetivo e o desemprego natural representa


o desemprego cíclico, ou seja, representa a diferença entre o nível de pleno
emprego (ocupação total dos fatores de produção) e o nível real de emprego,
com fatores de produção subutilizados (produto efetivo < produto potencial).

Vista de outro prisma, a taxa natural de desemprego representa o desemprego


estrutural. Ou seja, as variações cíclicas (de curto prazo) do produto não
conseguem reduzi-la de maneira significativa. Para tanto, necessariamente deve-
se modificar questões institucionais e estruturais da economia.

O método de cálculo da taxa de desemprego natural não é unanimidade entre os


economistas. Não obstante, alguns métodos podem ser utilizados, como
mencionados abaixo:

i. Estabelecer a média da taxa de desemprego para um período determinado


de tempo (médio a longo prazo), de modo a minimizar os efeitos de desemprego
cíclico;
ii. Selecionar determinado ano que se considera a economia operando no
pleno emprego com taxa de inflação estável;

iii. Ou, de maneira análoga, calcular a Curva de Phillips ampliada pelas


expectativas (veremos como no próximo tópico) para determinado período e
encontrar a taxa de desemprego que não resulta em variação da taxa de inflação,
ou seja, a taxa de desemprego que corresponde à taxa de inflação não-
aceleracionista.

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Independente do método utilizado, se verá que a taxa natural de desemprego é


mutável, a depender das questões institucionais, entre outras, que apresentamos
abaixo:

• Migração e Demografia
A taxa natural de desemprego pode ser calculada a partir da média ponderada
da taxa natural de desemprego dos grupos demográficos. Assim, podemos
considerar, por exemplo, a média entre as faixas etárias da população.
Naturalmente, caso aumente a parcela de determinada faixa etária que
apresenta maior índice de desemprego, a taxa natural irá aumentar. O mesmo
raciocínio aplica-se à migração.

• Salário Mínimo
Além de influenciar a rigidez salarial, o salário mínimo provoca efeitos na
determinação da NAIRU. A fixação do salário mínimo acima do nível de equilíbrio
de mercado pode provocar aumento da taxa natural de desemprego, ao não
incentivar a contratação de mais trabalho.

Controvérsias à parte, o salário mínimo afeta mais a contratação de trabalhadores


menos qualificados, que apresentam menor produtividade do trabalho. Uma das
evidências empíricas é a informalidade do trabalho presente em diversos países nos
setores de menor produtividade e baixa escolaridade.

• Variabilidade Setorial
A economia é composta por diversos setores, e isto influencia a determinação da
NAIRU de duas maneiras.

Primeiro, os setores se expandem/contraem de maneira variada. Alguns estão


contratando, enquanto outros estão demitindo. Mas, a mobilidade do fator
trabalho não é imediata e livre de custos de transação, o que acarreta elevação
na taxa natural de desemprego (chamado de hiato na recolocação intersetorial
de mão de obra).

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Segundo, alguns setores necessitam de mais fator de trabalho do que outros. Assim,
caso o crescimento econômico é liderado pelo setor com maior dotação de fator
trabalho (indústria, por exemplo), a taxa natural tende a cair. Caso contrário, tende
a subir. Atenção ao termo “tende”, pois diversos outros fatores podem influenciar,
modificando as considerações aqui realizadas. No momento da prova, há que se
ponderar a respeito.

• Seguro Desemprego
O seguro desemprego influencia a taxa natural pois reduz o custo no status de
desemprego do indivíduo. Quanto maior a taxa de desemprego, mais a propensão
ao indivíduo se manter desemprego enquanto recebe o benefício, elevando a
taxa natural.

Podemos pensar nisto da mesma forma que pensamos no efeito substituição. Ao


estabelecer a razão entre seguro desemprego e a renda líquida auferida pelo
trabalho (seguro/renda líquida), quanto maior o número, maior a propensão a
gastar as horas com lazer, ou seja, fora do trabalho.

Mais uma vez há que se ponderar o assunto. Afinal, o seguro desemprego


representa um importante benefício em períodos de recessão econômica e, se
bem utilizado, pode ser útil na manutenção da renda e demanda agregada.

• Sindicatos
As considerações sobre sindicatos na taxa natural seguem as mesmas observações
feitas no tópico sobre rigidez salarial.

Quanto maior o poder dos sindicatos, maior o poder de barganha dos


trabalhadores em pleitear salários reais acima do nível de equilíbrio e maior a taxa
natural de desemprego.

Novamente, esta relação é objeto de ponderação. Considerando os sindicatos


centralizados e com forte presença em todo o país, quase todos os trabalhadores
estão sob o âmbito do sindicato, pelo que usufruem de maior proteção. No caso

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de um choque de oferta (como vimos no Quadro 01), a proteção sindical reduz os


efeitos sobre o salário, ao passo que majoram a taxa natural; sindicatos
descentralizados, ou mais fracos, não possuem tanta influência na determinação
dos salários, mas tendem a influenciar em menor variação da taxa natural.

• Impostos diretos
A relação entre impostos sobre a renda e a taxa natural é direta e intuitiva. Quanto
maior os impostos sobre a renda (sobretudo sobre as rendas mais baixas), mais
elevado o incentivo a não trabalhar e a não contratar, elevando a taxa natural. A
informalidade surge como alternativa a este cenário. Analiticamente, a elevação
dos tributos diretos interfere na relação w/P=PmgL, ao passo que torna, para o
empregador, o salário real maior que a produtividade marginal do trabalho.

• Histerese
A histerese é um efeito amplamente discutido entre os economistas, mas pouco
citado pelos materiais didáticos.

Há histerese quando a variação de um agregado (variável), resultado de uma


força externa, não retorna ao nível anterior, mesmo depois da retirada desta força.
A histerese é estuda pela física (mas, não me perguntem para quê).

Assim, a taxa natural de desemprego pode ser aumentada, caso o desemprego


cíclico aumente.

Um exemplo pode elucidar o fato. Considerando uma recessão temporária, os


empresários irão demitir e elevar a taxa de desemprego. Na medida em que a
economia volta a crescer, os empresários podem aproveitar o momento e substituir
certos trabalhadores por capital (aproveitando avanços tecnológicos). Deste
modo, parte dos trabalhadores não consegue recolocação imediata no mercado
de trabalho, elevando a taxa natural de desemprego mesmo após a recessão
passar.

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Certamente, há inúmeras ponderações a serem feitas. No entanto, memorizem a


lógica da histerese que é suficiente para todos os concursos.

Bom, acredito que estas discussões, baseadas em conceitos de economia política,


são suficientes para a prova. Como já mencionamos, ponderações devem ser
feitas; no entanto, deve-se memorizar o mérito de cada uma e como elas podem
influenciar a taxa de desemprego natural e rigidez salarial. No decorrer da aula
trataremos da NAIRU de forma analítica.

DETERMINAÇÃO DA TAXA NATURAL DE DESEMPREGO

Apresentaremos agora um modelo que nos permite calcular a taxa natural de


desemprego.

Uma vez que todo trabalhador pertencente à força de trabalho estará sempre
empregado ou desempregado, a força de trabalho corresponde à soma entre os
empregados e os desempregados. Nesse sentido, sejam L a força de trabalho
(PEA), E o número de empregados e D o número de desempregados, teremos:

L=E+D

(No nosso modelo, a taxa de desemprego é D/L).

Para verificar os fatores que determinam a taxa de desemprego, supomos que a


força de trabalho, L, seja fixa, e centramos o foco na transição dos indivíduos na
força de trabalho entre o emprego, E, e o desemprego, D. Consideremos p o índice
de perdas de emprego, a fração (o percentual) de indivíduos empregados que
perde seus empregos a cada mês. Seja o a taxa de obtenção de emprego, a
fração (o percentual) de desempregados que consegue obter um emprego a

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cada mês. Juntas, a taxa de perda, p, e a taxa de obtenção de emprego, o,


determinam a taxa de desemprego. Vejamos como:

Se considerarmos que a taxa de desemprego está em equilíbrio, ou seja, não está


aumentando nem diminuindo (aqui é mais uma suposição do modelo!), o número
de pessoas que está obtendo emprego deve ser igual ao número de pessoas que
está perdendo emprego. A esta situação de equilíbrio chamamos de estado
estacionário (deriva de estacionado, parado, em equilíbrio).

O número de pessoas que está obtendo emprego é igual a o.D (afinal, é o número
de pessoas que ainda não tem emprego, D, multiplicado pelo percentual/fração
de indivíduos desempregados que consegue obter um emprego, o).

O número de pessoas que está perdendo emprego corresponde a p.E (número de


pessoas que têm emprego, E, multiplicado pela fração de indivíduos empregados
que perde seus empregos, p).

A condição de equilíbrio (estado estacionário – número de pessoas que obtém


emprego é igual ao número de pessoas que perde emprego) será representada
por:

o.D = p.E

Podemos utilizar essa equação para encontrar a taxa de desemprego na condição


de estado estacionário. Partindo de nossa definição anterior sobre força de
trabalho, sabemos que E = L – D; ou seja, o número de empregados é igual ao total
da força de trabalho menos os desempregados. Se substituirmos E por (L – D), na
condição de estado estacionário, encontramos:

o.D = p.(L – D)

Dividindo os dois lados dessa equação por L:

𝑜. 𝐷 𝑝. 𝐿 𝑝. 𝐷
= −
𝐿 𝐿 𝐿

Então,

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𝑜. 𝐷 𝐿 𝐷
= 𝑝. ( − )
𝐿 𝐿 𝐿

E,

𝑜. 𝐷 𝐷
= 𝑝. (1 − )
𝐿 𝐿

E,

𝑜. 𝐷 𝑝. 𝐷
+ =𝑝
𝐿 𝐿

E,

𝐷
. (𝑜 + 𝑝 ) = 𝑝
𝐿

Finalmente,

𝑫 𝒑
=
𝑳 𝒐+𝒑
𝐷
Esta equação mostra que a taxa de desemprego natural ( ) no estado
𝐿

estacionário depende das taxas de perda de emprego, p, e de obtenção de


emprego, o. A relação entre as variáveis é bastante lógica, intuitiva: quanto mais
alta a taxa de perda de emprego, maior a taxa de desemprego. Quanto mais alta
a taxa de obtenção de emprego, menor a taxa de desemprego.

Assim, qualquer política direcionada para a redução da taxa natural de


desemprego deve reduzir a taxa de perda de emprego ou aumentar a taxa de
obtenção de emprego. De modo semelhante, qualquer política que venha a
afetar a taxa de perda de emprego ou a taxa de obtenção de emprego irá alterar,
também, a taxa natural de desemprego.

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INFLAÇÃO

À primeira vista pode parecer estranho o tema inflação estar presente no capítulo
referente ao Mercado de Trabalho. Mas, não.

Após o desenvolvimento dos tópicos referentes à inflação será compreendida a


importância do estudo da inflação no âmbito do mercado de trabalho.

Define-se inflação como a variação percentual de preços. Notadamente,


podemos ter variação única, assim como variação persistente dos preços. A
primeira é resultado de choques ou problemas conjunturais (momentâneos). A
segunda é consequência de problemas econômicos estruturais, os quais
acompanham o passar do tempo de maneira prolongada, resultando, inclusive,
em hiperinflações (grau mais severo de inflação).

Neste tópico seremos diretos e objetivos. Serão pontuados os aspectos fiscais,


monetários e choques que podem influenciar a inflação que funcionam como
introdução ao estudo do relacionamento entre inflação e desemprego, dado pelas
diferentes Curvas de Phillips.

ASPECTOS FISCAIS E MONETÁRIOS X INFLAÇÃO

O setor público têm motivos relevantes para apresentar déficit fiscal, como, por
exemplo, praticar política fiscal expansiva quando a economia se encontra em
recessão.

De todo modo, para financiar os gastos públicos que superam o valor das receitas,
o governo pode captar empréstimos com o setor privado, utilizar a poupança
externa (reduzir as reservas internacionais), elevar os tributos, além de emitir moeda.
Algebricamente, podemos demonstrar a situação como segue:

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(𝑫𝑮𝒑 − 𝑫𝑮𝒑−𝟏 ) + (𝑴𝒉 + 𝑴𝒉−𝟏 ) − 𝑬(𝑩∗𝒄 − 𝑩∗𝒄−𝟏 ) = 𝑷(𝑮 + 𝑰 − 𝑻) + 𝒊𝑫𝑮𝒑−𝟏 − 𝑬(𝒊∗ 𝑩∗𝒄−𝟏 )

sendo:

(𝑫𝑮𝒑 − 𝑫𝑮𝒑−𝟏 ) variação na receita pública via lançamento de títulos

(𝑴𝒉 + 𝑴𝒉−𝟏 ) variação na receita pública via emissão de moeda

𝑬(𝑩∗𝒄 − 𝑩∗𝒄−𝟏 ) variação das reservas em ativos estrangeiro pela autoridade


monetária multiplicada pela taxa de câmbio vigente

𝑷(𝑮 + 𝑰 − 𝑻) déficit orçamentário (gastos do governo – tributos)

𝒊𝑫𝑮𝒑−𝟏 pagamento de juros sobre os títulos emitidos no período anterior

𝑬(𝒊∗ 𝑩∗𝒄−𝟏 ) recebimento de juros pelas reservas internacionais acumuladas.

O conhecimento da expressão propriamente dita é desnecessário. Serve apenas


para organizar as ideias e aos mais hábeis em matemática.

A seguir seguem resumidas as ideias por ela expressas: ao lado esquerdo está
presente as formas de receita do governo, que pode ser (i) via emissão de títulos;
(ii) pela emissão de moeda; e (iii) pela acumulação de reservas internacionais,
quando o país apresenta superávit em transações correntes. O lado direito
apresenta as formas de gasto: (i) consumo e investimentos menos a receita de
tributos; (ii) o pagamento de juros dos títulos públicos emitidos em período anterior;
e (iii) a receita de juros das reservas internacionais acumuladas.

Ademais, podemos pontuar algumas conclusões sobre a relação supracitada12:

• Considerando o regime cambial de taxa fixa, e equilíbrio no mercado


monetária (demanda por moeda = oferta de moeda), a cobertura do déficit
público é feita apenas via empréstimos internacionais. Mesmo que o ente público
tente tomar empréstimos internamente, a variação na base monetária resultante
deve ser compensada com a variação de reservas, pois a taxa cambial deve ser

12
Para cada conclusão, faz-se necessário manipulações com esta expressão, que omitiremos.

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mantida no nível anunciado. Assim, enquanto o governo manter déficit público e


estoque de reservas internacionais, ele pode evitar a inflação. No limite, ao zerar as
reservas internacionais com a cobertura do déficit, o governo deverá depreciar a
moeda. Provavelmente ocorrerá o fenômeno do overshooting, majorando os
preços internos de bens internacionais, e a inflação. Esta é a relação entre inflação
e déficit público em um regime de câmbio fixo.

• Ao passar para o regime de câmbio flutuante, a única maneira do país


financiar o déficit é via emissão de moeda. De acordo com o modelo, as reservas
já se esgotaram, assim como a emissão de títulos já atingiu o limite (veremos adiante
o porquê). Neste caso, o déficit é financiado via emissão de moeda. Mas, ao emitir
mais moeda, o governo provoca o ônus da inflação, que é suportado pelo setor
privado através do imposto inflacionário. Assim, o imposto inflacionário multiplicado
pela variação real da base monetária (senhoriagem) é igual à receita do ente
público.

• Por fim, sabemos que o déficit pode ser financiado via emissão de títulos (𝑫𝑮𝒑 −
𝑫𝑮𝒑−𝟏 ). Em resumo, a cobertura do déficit via lançamento de títulos adia a
ocorrência do imposto inflacionário. Quanto maior a quantidade de títulos
lançados, mantendo-se constante o déficit, haverá aumento da dívida pública e
elevação dos juros cobrados nesta operação (deslocamento da IS à direita).
Quando este ponto chegar, a emissão de novos títulos não será mais uma
possibilidade viável, tendo em vista os altos juros, e o governo deve recorrer ao
financiamento via emissão de moeda.

Portanto, lembre-se:

No regime de câmbio fixo, o governo administra o déficit sem gerar inflação, pois,
mesmo que tome empréstimos internamente, o excesso de dinheiro é compensado
pela perda de reserva, ou seja, em última instância o déficit é financiado pela
redução de reservas internacionais.

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Com taxa flutuante, o déficit é financiado via emissão de moeda, resultando em


receita para o governo igual ao imposto inflacionário multiplicado pela variação
real da base monetária (senhoriagem). Mesmo que o governo recorra ao
financiamento via emissão de títulos, o problema apenas é adiado.

A possibilidade de financiamento do déficit via emissão de moeda já foi


anunciada. Mas, como se relacionam imposto inflacionário e senhoriagem? Mais
objetivamente, o déficit pode ser financiado até quando via emissão de moeda?

A senhoriagem é definida como a variação percentual da base monetária entre o


período passado e o presente multiplicada pelo estoque real de moeda. Assim:

𝑴 − 𝑴−𝟏 𝑴
𝑺=( )𝒙( )
𝑴 𝑷

O imposto inflacionário é definido como a perda de poder de compra em face ao


aumento da base monetária, que pode ser do seguinte modo expresso:

𝑷 − 𝑷−𝟏 𝑴
𝑰𝒊 = 𝒙( )
𝑷 𝑷

O valor da senhoriagem e do imposto inflacionário não são iguais. Como o governo


necessita manter o financiamento do déficit, ao passar do tempo ele irá elevar a
quantidade de moeda emitida. Como consequência, a inflação irá variar
positivamente, resultando em perda de valor real do estoque de moeda em
circulação. Pela expressão da senhoriagem, ao passo que P aumenta, mais
quantidade de moeda deve ser emitida para gerar o mesmo ganho de receita ao
governo. Deste modo, a senhoriagem é decrescente com o aumento da oferta
monetária.

O imposto inflacionário tem caráter inverso. Ao passar do tempo, com o aumento


da quantidade de moeda para financiar o déficit os preços aumentam, assim
como o imposto inflacionário.

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As duas variáveis são iguais tão somente quando a quantidade real de moeda em
circulação é constante (M/P), ou seja, quando a variação de moeda é igual à
variação de preços.

Portanto, podemos considerar que há uma taxa ótima de inflação, pela qual o
governo maximiza seus ganhos de senhoriagem. A partir desta taxa, a persistência
do déficit financiado via emissão de moeda, aumenta mais a inflação do que a
quantidade de moeda em circulação, exigindo quantidades cada vez mais
elevadas de moeda para a mesma receita de senhoriagem. A insistência deste
processo pode acarretar em hiperinflação.

A solução para o problema é, quase sempre, resolver sua causa: o déficit público.

CHOQUES X INFLAÇÃO

As questões monetárias e fiscais são explicações para a inflação situadas do lado


da demanda. A elevação da quantidade de moeda, assim como do déficit
público, resultam em aumento da absorção interna.

Mas, considerando o Modelo OA-DA, é razoável supor que variações na oferta


agregada também resultam em variações de preços e, consequentemente, em
inflação. Pelo respectivo modelo, um deslocamento à esquerda da Curva OA
aumenta o nível de preços para a mesma quantidade de produto, ou, do mesmo
modo, a quantidade de produto é menor para o mesmo nível de preços. Segue
abaixo a demonstração gráfica:

A economia encontrava-se no equilíbrio (Q1, P1). No entanto


devido a um choque de oferta (variação exógena provoca
P2
deslocamento), a curva de oferta deslocou-se à esquerda,
P1 levando a economia ao ponto (Q2, P2), com quantidade inferior e
preço superior.

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Q2 Q1
Mas, de fato, o que seria mais precisamente um choque de oferta? E, o que explica
o deslocamento?

O choque de oferta pode ser entendido como algum fenômeno exógeno que
afeta negativamente os fatores de produção, isolada ou conjuntamente. Assim,
podemos considerar uma mudança climática muito severa que resultou em quebra
de safra de produtos primários utilizados como insumos no processo produtivo de
diferentes setores da economia. Estes setores, provavelmente irão pagar mais pela
demanda dos insumos produtivos, e repassar este preço aos seus produtos.
Paulatinamente, os indivíduos vão suportando o aumento de preços por toda a
cadeia, evidenciado o aumento da inflação.

Para a nossa análise entre desemprego e inflação, é importante compreender o


choque de oferta gerado pelo trabalho, ou seja, pelo preço pago ao fator
trabalho: o salário.

Os contratos salariais são geralmente estabelecidos para um período temporal


compatível com as expectativas de inflação. Assim, caso a previsão seja de
inflação acumulada de 10% em 2 anos, é natural que os agentes incorporem esta
expectativa e proponham aumento salarial do mesmo montante para o mesmo
período, pois estariam provavelmente interessados em manter o poder de compra
dos salários.

Caso a economia fosse previsível desta maneira, o produto real estaria, na média,
com o valor mantido. A inflação seguiria a trajetória da renda, e tudo se manteria
em conformidade com o equilíbrio macroeconômico.

No entanto, dois problemas são colocados. Primeiro, nem sempre os acordos


salariais negociados condizem com o nível de inflação, muitas vezes superando-o.
Segundo, as negociações salariais quase nunca são feitas ao mesmo tempo, pois

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são sobrepostas no decorrer do tempo, ou seja, cada setor/sindicato promove


rodadas de negociações em determinado período com base em determinada
projeção de inflação, pelo que não se pode afirmar que os aumentos salariais
adquirem projeção linear e comportada, condizente com a inflação.

O resultado: a curva de oferta desloca-se à esquerda, como evidenciado no


gráfico acima, devido ao aumento nos custos produtivos. Ao mesmo nível de
produto é necessário um preço maior, ou, a um preço maior se faz a mesma
produção.

Considerando que o ente público está interessado em manter a estabilidade


econômica, e o produto dentro do equilíbrio, o controle da inflação deverá ser feito
via curva de demanda agregada. Mas, a redução na demanda agregada
provoca redução no produto da economia. Menos produto exige menor emprego
do fator trabalho, ou seja, menos produto é igual a maior desemprego.

Chegamos ao ponto da chave da aula: é razoável supor a existência de um trade-


off entre inflação e desemprego.

Ainda mais importante: é possível inferir que a cada nível de desemprego


corresponde um nível de preços.

Esta é a relação dada pela Curva de Phillips.

Mas, precisamos antes formalizar a análise entre preços e salários (não podemos
perder o costume de utilizar a matemática quando ela é útil à análise).

É razoável supor que a determinação dos salários é função da taxa de desemprego


da economia. Afinal, caso a taxa de desemprego se encontre em níveis elevados,
muito provavelmente haverá pressão para a queda dos salários reais, até que o
desemprego de equilíbrio se reestabeleça no sistema. Do mesmo modo, caso a
taxa de desemprego esteja abaixo do nível de equilíbrio, o poder de barganha dos
trabalhadores é maior, facilitando o aumento dos salários reais.

Algebricamente, esta relação define-se da seguinte forma:

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𝒘 𝒘
[( ) − ( )]
𝑷 +𝟏 𝑷
𝒘 = −𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)
𝑷

Do lado esquerdo da expressão está a variação percentual do salário real entre o


período presente o próximo período. Do lado direito, b indica o grau de associação
entre a variação no desemprego e a variação no salário real, e (𝑼 − 𝑼𝒏) representa
o desvio do desemprego à taxa natural de desemprego.

Milton Friedman foi o economista que primeiramente definiu a taxa de desemprego


natural. Em uma tradução livre, do seu artigo The Role of Monetary Police,
publicado em 1968, Friedman cita que a taxa natural de desemprego “é o nível
decorrente do equilíbrio walrasiano, feita a incorporação de características
estruturais do mercado de trabalho e de bens, incluindo imperfeições de mercado,
custos de mobilidade, entre outros”.

Assim, podemos definir a taxa natural de desemprego como aquela condizente


com o nível de equilíbrio de longo prazo, pelo qual o produto potencial e efetivo
são iguais. Salvo considerações institucionais, desemprego friccional, e outros
fatores ligados a falhas de mercado, como as assimetrias informacionais, os
trabalhadores encontram trabalho ao salário real vigente quando a economia
encontra-se no equilíbrio com desemprego natural. Mas, mesmo assim, há
desemprego na taxa de desemprego natural.

Adicionalmente, a taxa de desemprego natural é aquela em que iguala a taxa de


inflação à taxa esperada de inflação. Dito de outro modo, quando a economia
encontra-se sobre a taxa natural de desemprego, a taxa de inflação é estável. Esta
definição vem do próprio nome da taxa natural de desemprego em inglês: NAIRU
(Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment). Todas estas questões serão
exaustivamente vistas nesta aula.

Voltando à expressão, podemos observar que os desvios do desemprego em


relação à taxa natural geram efeitos no salário real em período posterior, indicado

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pelo índice +1. Este efeito é compatível com a rigidez salarial, isto é, como falta de
flexibilidade dos salários em termos das condições do mercado de trabalho, como
originalmente observado por Keynes.

Manipulando nossa expressão para que ela possa demonstrar a determinação


salarial em termos de variação, ficamos com a seguinte forma:

𝒘 ̂ +𝟏 − 𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)
̂ +𝟏 = 𝑷

Sendo 𝒘
̂ +𝟏 a variação percentual no salário entre o período presente e o período
futuro (lembrando que o acento acima da variável representa variação); e 𝑷
̂ +𝟏 a

variação e preços no mesmo período.

Mas, tendo em vista que a determinação dos salários para o período futuro é feita
como base na expectativa de inflação, há que se considerar a variação de preços
como uma previsão de variação.

Este é outro importante ponto: caso varie o modo em que as expectativas são
formuladas, as considerações serão distintas. Logo mais retomaremos esta
discussão, que foi introduzida em nossa primeira aula.

No momento, cabe-nos considerar apenas que a variação dos salários é feita com
base na previsão de variação nos preços, tornando nossa expressão da seguinte
forma:

𝒘 ̂ 𝒆+𝟏 − 𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)


̂ +𝟏 = 𝑷

Esta é a expressão derivada dos estudos do economista neozelandês William


Phillips, comumente conhecida como Curva de Phillips.

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CURVAS DE PHILLIPS

Temos basicamente 3 versões para a Curva de Phillips. É útil fazermos a


apresentação de cada uma de maneira cronológica. A primeira versão
chamaremos de Curva de Phillips Original, a segunda de Curva de Philips
Monetarista e a terceira de Curva de Phillips Novo Clássica. A diferença entre elas
é basicamente a maneira de formular as expectativas de inflação.

CURVA DE PHILLIPS ORIGINAL

A proposta de Phillips para o trade-off entre salários e taxas de desemprego era


relativamente simples. A ligação entre a variação na taxa de desemprego e a
variação do salário nominal haveria de ser feita através de um coeficiente
indicando o grau associativo entre elas. Não há inflação, assim como não há
expectativas quanto ao nível futuro de preços. A expressão e o gráfico propostos
por Phillips têm a seguinte forma:
gw

𝒈𝒘 = −𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)

Há variação negativa dos salários (𝒈𝒘 ) quando a taxa de


desemprego (U) excede a taxa natural de desemprego
(Un). De maneira análoga, há crescimento dos salários
quando a taxa de desemprego é menor que a taxa
natural de desemprego.

Resumidamente, há uma relação negativa entre a taxa de desemprego e variação


dos salários nominais. Alta taxa de desemprego está relacionada à baixa variação
dos salários nominais, assim como baixa taxa de desemprego é função de maiores

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variações no salário. Está dado o tão famoso trade-off entre inflação e


desemprego.

Supondo que a economia se encontre no nível de desemprego natural (portanto,


não havendo hiato de desemprego, que é a diferença entre a taxa de
desemprego efetiva e a taxa natural de desemprego), uma política fiscal
expansionista que desloque positivamente a demanda agregada irá provocar
aumento pela demanda de trabalho. As firmas estarão interessadas em elevar a
produção, pressionando para baixo a taxa de desemprego. Mas, como ela se
encontrava no nível natural, é evidente que a taxa de desemprego irá se situar
abaixo deste ponto, provocando, como consequência, aumento nos salários
nominais.

A situação proposta originalmente por Phillips tornou claro um famoso dilema de


política econômica: é preferível baixa taxa de desemprego junto com aumento de
preços, ou preços estáveis com elevada taxa de desemprego?

Ainda mais importante, a Curva de Phillips, ao relacionar exatamente que a taxa


de desemprego x é compatível com o índice de preços y, fez parecer possível aos
formuladores de política econômica a escolha balanceada ideal entre
desemprego e inflação.

Mas, alguns problemas foram colocados à Curva de Phillips Original. Primeiro, o que
importa à análise econômica é a variação salarial real, e não a nominal.
Trabalhadores e empresários negociam salários de acordo com o poder de compra
possibilitado, e não apenas em termos monetários. Segundo, os preços constantes
apesar de representarem uma realidade à época de Phillips, poderiam variar em
outros momentos, como, de fato, ocorreu. Ainda, o trade-off entre inflação e
desemprego nem sempre ocorre, ou seja, é possível a existência de alta taxa de
desemprego juntamente com elevada inflação.

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CURVA DE PHILLIPS MONETARISTA E AS EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS


(OU CURVA DE PHILLIPS AMPLIADA PELAS EXPECTATIVAS)

A crítica à tradicional Curva de Phillips partiu de dois destacados economistas


(Milton Friedman e Edmund Phelps) que, trabalhando independentemente,
chegaram praticamente à mesma conclusão. Primeiro, as expectativas de preços
futuros não são estáticas, havendo grande possibilidade dos preços de amanhã
serem distintos dos preços de hoje. Grande parte desta diferença poderia ser
explicada pela variação dos salários reais.

Deste modo, a Curva de Phillips poderia ser ampliada para um modelo que
relacionasse a variação da inflação (medida pela diferença entre a inflação
presente e a expectativa de inflação) com a variação do desemprego, tendo em
vista que salários reais e inflação estão intimamente ligados (salário real acima da
Produtividade Marginal do Trabalho resulta em aumento do preço da produção
[inflação] e redução do emprego).

Como as negociações salariais são realizadas com base nos salários reais e
fechadas por um período de tempo futuro, é razoável supor que trabalhadores e
empregadores estimam o comportamento da inflação, a fim de manter o poder
de compra dos salários, o que implica na relação entre desemprego e desvio do
nível de preços ao nível esperado.

Um exemplo pode elucidar.

Imaginem que os sindicatos negociem um aumento salarial de 5% no início do ano,


número aceito pelo empregador. Não obstante, a expectativa de inflação para o
decorrer do ano é de 20%. O resultado é uma perda de poder de compra da
ordem de 15% (20% - 5%). No curto prazo os empresários, já cientes desta evolução
nos preços, possuem incentivos claros em contratar novos funcionários, pois estão
pagando salários reais abaixo da produtividade do trabalho. O desemprego irá

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abaixo do nível natural. No entanto, ao passo que os trabalhadores percebem o


aumento nos preços, eles voltam a exigir reposição salarial de modo a recuperar o
valor do salário real. Como o ajuste da situação o desemprego é novamente
aumentado à nova taxa de inflação e o desemprego volta ao nível natural. Neste
caso, existem duas Curvas de Phillips: a de curto prazo, semelhante à curva original,
e a de longo prazo, que apresenta formato vertical, compatível com a curva de
oferta agregada do modelo clássico.

Desta forma, a proposta de Friedman e Phelps para a Curva de Phillips assume a


seguinte forma gráfica e algébrica:

𝜋
PCLP
𝝅 = 𝝅𝒆 − 𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)
𝜋𝑒
A taxa de inflação (𝝅) é igual a taxa
de inflação esperada (𝝅𝒆 ) menos o

𝜋𝑒 desvio do desemprego efetivo ao

PCCP desemprego natural.

PCCP

Un U

A economia encontra-se inicialmente em equilíbrio, representado pela Curva de


Phillips de curto prazo (PCCP) mais baixa. Neste ponto, a taxa de desemprego é
igual à taxa natural, pelo que a inflação realizada (𝝅) é igual à inflação esperada
(𝝅𝒆 ).

Considerem, por exemplo, que o governo adote uma política monetária


expansionista (se adotar uma política fiscal as conclusões serão análogas), com o
objetivo de elevar a demanda agregada e o emprego. Partindo do equilíbrio
citado, a economia se desloca pela Curva de Phillips de curto prazo a um ponto
representado pelo quadrado, evidenciando menor desemprego ao custo de maior

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inflação. Até aqui se aplicam as mesmas considerações feitas na Curva de Phillips


Original.

Como já citado no exemplo acima, o movimento é possível em face à rigidez dos


salários. No momento da implantação da política monetária, os salários já estavam
determinados e estabelecidos contratualmente, considerando a expectativa de
inflação anteriormente definida.

As firmas, por sua vez, aproveitam o momento de redução nos salários reais para
contratar mais funcionários, resultando na queda de desemprego. Friedman
denominou esta situação de ilusão monetária. Na prática, como os efeitos da
inflação são sentidos com certo atraso, os trabalhadores entendem que sua
situação é confortável, pelo que aceitam o salário real vigente.

Ao passo que os trabalhadores passam a notar o aumento da inflação, inserem


esta maior expectativa nas próximas negociações salariais, reduzindo a ilusão
monetária a zero.

Neste novo ponto, a economia volta ao nível de desemprego natural, mas passa a
conviver com preços mais altos. A mudança na expectativa de inflação possui o
efeito de deslocar a Curva de Phillips de curto prazo: caso a expectativa aumente,
a Curva é deslocada acima; do contrário, abaixo.

Deste modo, considerado a passagem do curto ao longo prazo, Friedman e Phelps


denotaram que a Curva de Phillips de longo prazo (PCLP) possui o formato vertical,
como apresentado no gráfico acima. A razão principal deste motivo é a maneira
como os indivíduos formulam as expectativas quanto ao nível de preços futuro, que,
para os dois economistas, são expectativas adaptativas, ou seja, projetam o
comportamento futuro da taxa de inflação com base na variação passada mais
uma taxa de erro que represente o desvio da inflação efetiva passada à projetada,
como representado pela expressão abaixo:

𝝅𝑬+𝟏 = 𝝅𝑬 + 𝜻(𝝅 − 𝝅𝑬 )

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A expectativa de inflação do período seguinte (𝜋+1


𝐸
) é igual à expectativa de
inflação para o período presente(𝝅𝑬 ) mais o desvio encontrado entre o previsto (𝝅)
e o efetivo (𝝅𝑬 ). A constante 𝜻 indica a velocidade em que as expectativas de
inflação se adaptam à inflação efetiva. Considerar, por exemplo, 𝜻 = 𝟏, significa
entender que os erros de previsão dos anos anteriores será totalmente verificado
na próxima previsão. É como validar a hipótese de que os agentes cometem erros
sucessivos, ou seja, como sempre erram, errarão novamente e a inflação efetiva do
próximo período será igual à expectativa de inflação formulada no presente mais
o erro verificado no passado.

Vamos supor alguns números para a situação ficar mais real. Os trabalhadores, ao
negociar os salários futuros, entendem que os erros de previsão passados serão
totalmente repassados para o período futuro, ou seja: 𝜻 = 𝟏. Ademais, a
expectativa é de taxa de inflação futura de 5% e os erros passados são da ordem
de 3%. Qual a expectativa de inflação?

Substituindo na expressão:

𝝅𝑬+𝟏 = 𝟓% + 𝟏 𝒙 (𝟑%)

𝝅𝑬+𝟏 = 𝟖%

Voltando à Curva de Phillips, quanto mais insistente forem os formuladores de


política econômica em reduzir o desemprego abaixo da taxa natural, maior a
tendência da inflação aumentar, podendo o desemprego inclusive atingir patamar
superior à taxa natural. A este fato foi dado o nome de estagflação.

É simples compreendê-la. Caso a economia encontre-se na Curva de Phillips


superior, evidenciado alta inflação e taxa de desemprego igual à taxa natural, uma
recessão econômica pode elevar o desemprego para o ponto representado pelo
triângulo. Não obstante, mesmo que a expectativa de inflação caia, ela ainda se
encontrará em nível absoluto elevado, evidenciando estagnação e alta inflação.

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Neste caso, o trade-off entre inflação e desemprego se esvaiu. Isto é, ocorre ao


mesmo tempo alta inflação e alto desemprego.

Para os Monetaristas, estas conclusões foram de suma importância para a


prescrição de política econômica. Considerando que, no longo prazo, a taxa de
desemprego é igual à taxa natural e que, qualquer política econômica que tenha
a intenção de desconsiderar esta igualdade não conseguirá atingir o objetivo, visto
que apenas tenderá aumentar o desemprego, não se recomenda a adoção de
política econômica com este objetivo. Principalmente políticas que incentivem a
demanda agregada, tal como a política fiscal.

Para Friedman e outros Monetaristas, o setor privado é relativamente estável (ao


contrário de Keynes, que considerava o setor privado suscetível a instabilidades na
taxa de investimento, reduzindo a demanda agregada), operando no ponto
apontado pela taxa natural de desemprego, dentro do produto potencial. Ao
passo que o governo aciona uma política expansiva (aumento de gastos ou de
moeda), o efeito irá apenas reduzir o desemprego no curto prazo, ao custo de mais
inflação no curto e longo prazo, e retorno do desemprego ao nível natural no longo
prazo.

Deste modo, a adoção de política econômica é desejável apenas no curto prazo.


Considerando que a economia sofra certa recessão econômica que a desvie do
equilíbrio, a adoção de política monetária expansionista, que fomente a demanda
agregada, pode auxiliar no retorno da economia no curto prazo, em que pese o
aumento da inflação. Mas, como períodos de crise são acompanhados de baixa
inflação, e até deflação, o custo advindo da política expansionista é pequeno
quando comparado ao custo do desemprego.

Assim, devemos ter em mente que, de acordo com a Curva de Phillips Ampliada
pelas Expectativas, a troca entre inflação e desemprego existe apenas no curto-
prazo. No longo-prazo, o desvio do desemprego em relação à taxa natural provoca
apenas aumento da inflação, pois o desemprego, cedo ou tarde, retorna à taxa

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natural. Mesmo que o Governo tente, por exemplo, manter baixo o desemprego,
as expectativas de inflação irão se elevar, deslocando a PC CP para cima,
evidenciando mais inflação e desemprego à taxa natural.

CONCLUSÕES DA CURVA DE PHILLIPS AMPLIADA PELAS EXPECTATIVAS

• No curto prazo:

i. A taxa de desemprego está negativamente relacionada à taxa de inflação, no


grau estabelecido por b.

ii. Quando a taxa de desemprego é igual a taxa natural, a inflação é igual à


inflação esperada, pelo que podemos denominar a taxa natural de
desemprego como não-aceleracionista.

iii. Políticas econômicas que tenham o objetivo de desviar a taxa efetiva de


desemprego da taxa natural obtém resultado, ao custo de maior desemprego,
notadamente devido à ilusão monetária e à rigidez dos salários; considerando
períodos de recessão, cuja inflação é zero ou negativa, justifica-se a adoção de
política monetária para que a economia retorno ao nível de equilíbrio, pois o
custo da inflação é menor que o custo do desemprego

iv. Variações nas expectativas dos indivíduos deslocam a PCCP; expectativas


maiores deslocam a Curva para o alto; do contrário, para baixo.

• No longo prazo:

i. O trade-off entre inflação e desemprego não existe, pois a PC LP apresenta forma


vertical.

ii. Deste modo, a tentativa de desviar a economia do produto de equilíbrio e da


taxa natural de desemprego apenas resulta em inflação mais elevada.

iii. A ocorrência de choques ou recessões pode resultar em estagflação, ou seja,


alto desemprego e alta inflação.

iv. O ajuste das expectativas de inflação resulta na formação da PCLP, ao passo


que deslocam a PCCP.

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CURVA DE PHILLIPS NOVO CLÁSSICA E AS EXPECTATIVAS RACIONAIS

Os Novos Clássicos, “liderados” por Robert Lucas, Thomas Sargent, entre outros,
retomaram diretrizes da escola clássica para explicar variáveis econômicas, tais
como inflação, desemprego e crescimento econômico. Todavia, inovaram na
maneira de tratar as expectativas, modificando paradigmas da macroeconomia
até então vigente.

Para os Novos Clássicos, as expectativas adaptativas não poderiam ser


consideradas na análise econômica. Afirmar que os indivíduos replicam a inflação
presente mais o erro de previsão para a inflação futura é afirmar que eles cometem
erros sucessivos no passado, presente e futuro. Se entendêssemos a economia
desta maneira, estaríamos concluindo que os indivíduos e as firmas não são
racionais. Afinal, errar sistematicamente é irracional.

Como exemplo, podemos citar uma política monetária expansionista adotada


continuamente. Ao se basear apenas no comportamento passado da inflação, os
indivíduos muito provavelmente irão subestimar a inflação futura, pelo que, em
determinado momento, devem ser racionais ao ponto de modificar o modelo de
previsão de inflação, e considerar a política monetária expansionista.

Para Lucas e Sargent, a expectativa de inflação deve se basear na hipótese de


racionalidade dos indivíduos. Como são inteligentes no sentido de maximizar sua
utilidade, empregados e empregadores estão interessados na manutenção dos
níveis de produtividade do trabalho e de salário real. Assim, é de seu interesse prever
o comportamento exato da inflação e não somente replicar o comportamento
passado/presente ao futuro.

Assim, a hipótese das expectativas racionais considera que os agentes utilizam


todas as informações disponíveis no presente, incluindo as mudanças de política

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econômica e choques com possibilidade de ocorrência no futuro, para estimar


com certa precisão a inflação futura e compreender o correto modelo econômico.
É comum afirmar que os agentes antecipam de forma racional as condicionantes
do modelo econômico (como a variação anunciada ou esperada na política
econômica) e utilizam estes dados na determinação da expectativa de inflação
do próximo período.

Um exemplo pode elucidar. Podemos considerar que, em resposta a um desvio da


economia ao nível de desemprego natural, a autoridade monetária considera um
aumento da quantidade de moeda em 10% no próximo período. Tudo o mais
==1e00d3==

constante, o aumento da quantidade de moeda tende a aumentar os preços no


mesmo montante, portanto a inflação esperada para o próximo período será de
10%.

Deste modo, mesmo que a inflação passada tenha sido de 2% e o erro na


estimativa também de 2%, totalizando 4% para o período futuro, com base na
hipótese de expectativa adaptativa (considerando 𝜁 = 1), os indivíduos sabem que
novos fatos inseridos no contexto presente (política monetária expansionista)
resultarão em novas expectativas de inflação. Seria “burrice” apenas replicar o
passado ao futuro, neste caso.

O que trabalhadores e empregadores fazem? Reajustam o salário nominal nos


mesmos 10%, mantendo o salário real no período futuro ao nível de desemprego
natural. Afinal, ambos consideram de seu interesse manter a remuneração e a
produção nos níveis de produto potencial.

A conclusão: variações esperadas na política economia não acarretam em


mudanças no emprego e no produto da economia, inclusive no curto prazo. Para
os monetaristas, a adoção de certas políticas econômicas detinha a possibilidade
ajustar o emprego e o produto no curto prazo, em que pese no longo prazo a
economia se ajustar ao nível de desemprego natural.

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Para os adeptos das expectativas racionais, nem no curto prazo há esta


possibilidade, considerando que a mudança na política econômica é antecipada.
Caso não antecipada, os indivíduos não podem inserir os novos fatos em sua
estimativa do modelo econômico no próximo período, e a política econômica
pode provocar variações no desemprego e no produto somente curto prazo, do
mesmo modo afirmado pelos monetaristas.

Para os economistas novo-clássicos, a Curva de Phillips tanto de curto, como de


longo prazo, é vertical. Desde que não ocorra um choque não antecipado, os
indivíduos acertam na média a inflação futura, mantendo o desemprego no nível
natural.

Estas conclusões evidentemente fornecem base para prescrições de política


econômica. Tendo em vista que, caso antecipada, a adoção de políticas fiscal e
monetária que ativam a demanda agregada não resultam em efeitos nem no
curto prazo, não há motivação plausível para serem utilizadas. Isto é, como irão
resultar apenas em variação (aumento) da inflação, mas não no desemprego, não
há porque adotá-las. Lembrando que estamos tratando de políticas anunciadas
que elevem a demanda agregada.

Agora, vamos formalizar o trade-off entre inflação e desemprego sob a hipótese de


expectativas racionais e seguir adiante com a derivação da Curva de Phillips neste
caso.

Antes, devemos considerar os seguintes pressupostos para formatar a Curva de


Phillips às expectativas racionais:

(i) os agentes utilizam toda informação disponível para a derivação do modelo


econômico que estime com habilidade a inflação do próximo período;
(ii) a previsão de inflação é feita com o intuito de manter o salário real futuro no
nível de desemprego natural, resultando na manutenção do nível de emprego e
produto de longo prazo; caso a estimativa de inflação esteja correta, a economia
estará no pleno emprego à taxa natural de desemprego;

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(iii) considerando que no modelo estimado se inclui a mudança


anunciada/esperada da política econômica (fiscal e monetária), apenas
mudanças não esperadas alteram o nível de desemprego/inflação no curto prazo
(do mesmo modo, afirma-se que choques na demanda inesperados alteram o
desemprego/produto/inflação apenas no curto prazo);
(iv) os erros do período passado não possuem relação com supostos erros de
estimativa para a inflação futura; deste modo, afirma-se que os erros são
estocásticos e não auto-correlacionados (estes dois conceitos, utilizados em
econometria, significam que os erros são aleatórios, não dependem de nada além
deles mesmo, e sua formação não tem relação com os erros encontrados no
passado, pelo que se pode afirmar que a covariância dos erros é igual a zero);
(v) a previsão feita no presente da expectativa de inflação futura determina o
desemprego futuro; como já observado, caso a previsão acerte (na média) a
inflação futura, o desemprego encontra-se na taxa natural, o que permite concluir
que caso a previsão não acerte a inflação futura, o desemprego não estará na
taxa natural (mais inflação do que o esperado, resulta em menor desemprego;
menos inflação, em maior desemprego).

Da posse destas informações e manipulando o modelo matematicamente, temos


que o trade-off entre inflação e desemprego sob a hipótese das expectativas
racionais tem a seguinte forma:

𝑼+𝟏 = 𝑼𝒏 − 𝒉(𝝅+𝟏 − 𝝅𝒆+𝟏 )

O desemprego no próximo período (𝑼+𝟏 ) é igual à taxa natural de desemprego


menos o desvio para o mesmo período da inflação efetiva (𝝅+𝟏 ) à inflação
esperada (𝝅𝒆+𝟏 ) multiplicado por 𝒉, que mede o impacto do desvio dos preços no
ajuste do salário real e, consequentemente, na taxa de desemprego (se
considerarmos que o salários real é plenamente ajustável ao desvio da inflação
efetiva à esperada, 𝒉 = 𝟏 e todo o desvio reverte-se em desemprego distinto da
taxa natural).

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Assim, caso a inflação efetiva futura supere a expectativa de inflação para o


mesmo período, o desemprego efetivo será inferior ao desemprego natural. Este
caso é compatível com a adoção de políticas econômicas sobre a demanda
agregada não antecipadas, que, no curto prazo, possuem o condão de alterar o
desemprego e o produto.

Do contrário, caso a inflação efetiva futura encontre-se abaixo do previsto, o


desemprego será maior que a taxa natural. Esta hipótese é compatível com a
adoção de política econômica contracionista não antecipada que, ao reduzir a
demanda agregada, reduz o emprego e o produto.

Com base na Curva de Phillips sob a hipótese das expectativas racionais, o


desemprego efetivo no próximo período é função do erro de previsão da inflação
para o mesmo período. Percebam quão sutil, mas fundamental, é a diferença entre
esta abordagem e abordagem das expectativas adaptativas.

Nesta, a expectativa de inflação do futuro é feita com base na inflação atual mais
o desvio da previsão feita no passado à inflação efetiva presente, pelo que
podemos denominá-la como “expectativa olhando para o passado” (backward-
looking).

Do mesmo modo, a hipótese das expectativas racionais, ao considerar o desvio da


inflação do próximo período à expectativa de inflação, possui um olhar para o
futuro, pelo que podemos denominá-la de “expectativas olhando para o futuro”
(forward-looking).

Abaixo, segue Resumo com as conclusões e hipóteses da Curva de Phillips Novo


Clássica:

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CONCLUSÕES DA CURVA DE PHILLIPS NOVO CLÁSSICA

i. Os agentes são racionais, ou seja, utilizam todas as informações disponíveis no


presente (incluindo previsões sobre a mudança futura de políticas e ocorrência
de choques) para estimar a inflação futura e compreender o correto modelo
econômico;

ii. Variações esperadas na política economia não acarretam em mudanças no


emprego e no produto da economia, inclusive no curto prazo, acarretando em
Curva de Phillips vertical e inexistência de trade-off entre inflação e desemprego
tanto no curto, como no longo prazo;

iii. Variações inesperadas na política econômica, além de choques inesperados,


acarretam em mudanças no emprego e no produto da economia, somente no
curto prazo, pelo que há duas Curvas de Phillips possíveis (de curto e longo prazo).

iv. O desvio do desemprego efetivo à taxa natural de desemprego é função do erro


de previsão da inflação futura em relação à inflação futura efetiva.

v. O modelo é forward-looking, ou seja, os erros de previsão futuros não possuem


relação com os erros passados, restando em covariância dos erros igual a zero.

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DESINFLAÇÃO E TAXA DE SACRIFÍCIO

Através dos modelos de Curva de Phillips apresentados, vimos como se relacionam


inflação e desemprego e como a formulação das expectativas modifica as
considerações de análise.

No entanto, independente do modelo, há evidente trade-off entre inflação e


desemprego. Caso a economia opere com desemprego abaixo do nível natural,
necessariamente apresentará inflação acima das expectativas, seja qual for a
maneira que ela é estimada. Contrariamente, baixa inflação provavelmente
resultará em alto desemprego.

Portanto, a perspectiva de redução da inflação pode ser mensurada através do


sacrifício feito pela sociedade em termos de desemprego necessário.
Naturalmente, caso a redução da inflação exija desemprego mais alto, a taxa de
sacrifício será maior.

Para tanto, vamos relembrar da Curva de Phillips Monetarista para compreender a


dinâmica da Taxa de Sacrifício:

𝝅 = 𝝅𝒆 − 𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)

Para os Monetaristas, a expectativa de inflação é adaptativa, pelo que podemos


aproximá-la da inflação atingida no período anterior, como segue:

𝝅𝒕 − 𝝅𝒕−𝟏 = −𝒃(𝑼 − 𝑼𝒏)

Para facilitar os cálculos podemos considerar que 𝒃 = 𝟏. Assim, caso o desemprego


encontre-se, por exemplo, 5 pontos percentuais acima da taxa natural, a redução
na inflação entre os dois períodos deve ser de 5% para que a taxa de desemprego
retorne à taxa natural.

Indo além, a desinflação pode ocorrer em velocidades diferentes. Pode-se escolher


que a redução no desemprego ocorra dentro de 5 anos, pelo que a taxa de
desemprego deve se encontrar 1% acima da taxa natural durante 5 anos.

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Desta forma, é possível também representar a taxa de sacrifício da seguinte


maneira:

[(𝑼𝟎 − 𝑼𝒏) + (𝑼𝟏 − 𝑼𝒏) + ⋯ (𝑼𝒕 − 𝑼𝒏)


𝑺=
(𝝅𝟏 − 𝝅)

Da expressão acima, podemos observar o seguinte: a taxa de sacrifício (S) mede o


sacrifício extra de desemprego (U) acima da taxa natural (Un) necessário, no
período escolhido (t), para reduzir a inflação (𝝅) no mesmo período. O numerador
apresenta o acúmulo de desemprego extra entre os períodos 0 e t; o denominador,
a redução da inflação.

Esta é a visão Monetarista.

Os Novo-Clássicos apresentaram uma abordagem diferente. Como os indivíduos


ajustam a expectativa de inflação de maneira racional, não apenas adaptando a
inflação futura à passada, basta que a política econômica seja anunciada e tenha
credibilidade para que os indivíduos ajustem a inflação futura à taxa pretendida,
não necessitando elevar o desemprego acima da taxa natural para obter o
resultado pretendido.

Tudo se passaria como segue. A autoridade monetária, pretendendo reduzir a


inflação em 5% de um ano para o outro, anunciaria ao público esta intenção, bem
como maneira que este fato será realizado (por exemplo, a quantidade de moeda
a ser reduzida para atingir o objetivo).

As negociações salariais e os preços da economia serão fixados neste novo


cenário, pelo que os salários, assim como os preços, serão reduzidos no período
considerado. Ao final do período, a necessidade de desemprego acima da taxa
natural é reduzida, pois a redução da inflação foi atingida através da adaptação
dos salários ao novo cenário. No limite, não há taxa de sacrifício nenhuma.

Para tanto, duas questões são fundamentais:

1. A intenção de desinflação deve ser plenamente anunciada e

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2. A autoridade monetária (ou outro órgão condutor da política econômica)


deve ter credibilidade, ou seja, os indivíduos devem ter convicção no compromisso
da autoridade monetária em reduzir a inflação.

Mas, os economistas novos-clássicos foram também desafiados (no bom sentido)


pelos economistas novos-keynesianos.

Para este grupo, a rigidez de salários e preços é algo verificado no mundo real,
pelo que, mesmo com credibilidade e anúncio antecipado da intenção de reduzir
a inflação, os contratos salariais não são reajustados instantaneamente, resultando
em desemprego mais elevado, ou seja, maior taxa de sacrífico.

Indo além, os contratos de salários são justapostos no tempo, ou seja, não são todos
estabelecidos ao mesmo tempo. Interessados em manter o poder de compra
relativo, os trabalhadores procuram manter o padrão salarial em relação ao
padrão de outras categorias. Por exemplo, a obtenção de aumentos salariais em
determinada categoria de trabalho resulta na intenção em obter o mesmo reajuste
de outras categorias com características semelhantes.

Mesmo que a autoridade monetária adote uma política monetária contracionista,


tenha credibilidade e a anuncie com relativa antecedência, é inevitável certa
recessão econômica e desemprego acima da taxa natural, considerando a rigidez
salarial. A taxa de sacrifício será superior a apresentada pela escola Novo-Clássica.

Mesmo assim, os novos-keynesianos consideram que a expectativa dos indivíduos


é racional, pelo que o anúncio da redução de inflação e a credibilidade da
autoridade monetária reduzem a taxa de sacrifício, quando comparada à
Monetarista, evidenciado a necessidade de taxa de desemprego acima da taxa
natural por menor tempo. Isto é, em que pese a rigidez de preços e salários há certa
tendência em ajuste de preços factível com o cenário econômico.

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De todo o exposto, devemos ficar com as seguintes conclusões:

CONCLUSÕES SOBRE TAXA DE SACRIFÍCIO

i. A taxa de sacrifico é representada pela taxa de desemprego acima da taxa


natural em determinado período, para se atingir a desinflação pretendida.

ii. A redução da inflação pode ser obtida em um menor espaço de tempo,


necessitando de mais desemprego; ou, realizada em maior espaço de tempo,
com menor desemprego por um período prolongado.

iii. Pelo enfoque Monetarista, a taxa de sacrifício é relativamente mais alta que as
outras abordagens, pelo que a exigência de taxa de desemprego acima da
natural é elevada para se atingir a desinflação pretendida.

iv. Para os Novo-Clássicos, basta a autoridade monetária ter credibilidade e


anunciar a intenção de reduzir a inflação com antecedência para que os
indivíduos ajustem suas expectativas de inflação, trazendo-a ao nível pretendido
com menor desemprego, ou seja, com menor taxa de sacrifício. Isto é possível à
perfeita flexibilidade de preços e salários.

v. Para os Novo-Keynesianos, a rigidez de salários e preços, além da justaposição de


contrato salariais, evidencia a necessidade de desemprego, mesmo com
credibilidade da autoridade monetária e anúncio prévio da intenção de reduzir
a inflação; a taxa de sacrifício é menor que a taxa Monetarista e mais elevada
que a taxa novo-clássica.

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DESEMPREGO E PRODUTO (LEI DE OKUN)

A relação entre desemprego e produto é natural e direta. Como já observamos por


diversas vezes, ao menos no curto prazo, a produção da economia é função do
fator trabalho. Os empregadores contratam trabalho com a expectativa de elevar
a produção. Considerando que esta produção será demandada, teremos
aumento na renda.

Mas, de fato, em que grau se dará esta variação? A resposta foi fornecida pelo
economista Arthur Okun, que cunhou a chamada Lei de Okun13.

Podemos considerar uma relação simples e direta entre produto e desemprego. Por
exemplo, o caso em que a redução de 5% no desemprego acarreta a elevação
de 5% no produto da economia. Considerando a expressão abaixo, podemos
demonstrar esta relação da forma que segue:

𝝁𝒕 − 𝝁𝒕−𝟏 = −𝒈𝒚𝒕

Sendo 𝝁𝒕 o desemprego no período t; 𝝁𝒕−𝟏 o desemprego no período anterior a t e


𝒈𝒚𝒕 o crescimento do produto no período considerado. O sinal negativo aparece
antes da variável crescimento do produto, pois o desemprego e o produto
relacionam-se negativamente isto é, mais desemprego significa menos produto.

Mas, ao analisar dados sobre o tema, Arthur Okun percebeu que a relação não era
tão direta deste modo e propôs a seguinte expressão básica para a Lei de Okun:

𝝁𝒕 − 𝝁𝒕−𝟏 = −𝜷(𝒈𝒚𝒕 − 𝒈𝒚 )

As seguintes observações devem ser feitas:

• a relação entre produto e desemprego continua negativa; no entanto, para


que a redução no desemprego resulte em aumento na renda, 𝒈𝒚𝒕 deve ser, no

13
Em que pese o edital não solicitar a Lei de Okun explicitamente, é prudente analisar este tema, pois ele pode ser
cobrado indiretamente

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mínimo, igual a 𝒈𝒚 . Esta variável exprime o crescimento da força de trabalho e da


produtividade em determinado período. Assim, para haver redução no
desemprego, a economia deveria crescer mais que a soma do aumento da força
de trabalho com o aumento de produtividade. A ideia é lógica: caso a economia
cresça menos, o aumento da produtividade substituirá o fator trabalho por capital
ou tecnologia, assim como o aumento da força de trabalho não será absorvida
pela economia, ambos os fatores resultando em aumento no desemprego. 𝒈𝒚 é
conhecida como taxa normal de crescimento.

• −𝜷 exprime o grau em que a variação no produto acima/abaixo da taxa


normal de crescimento modifica a taxa de desemprego. Se considerarmos, por
exemplo, que o produto cresça 1% acima da taxa normal, e – 𝜷 = 𝟎, 𝟓, a variação
no desemprego será de 0,5%. Geralmente, as empresas ajustam o emprego em
proporção inferior ao ajuste no produto, o que representa ganhos de escala na
utilização do fator trabalho. As companhias entesouram mão de obra, pois
necessitam de uma quantidade mínima de trabalhadores para manter a atividade,
mesmo que seu uso não seja justificado em termos de produtividade do trabalho.
Assim, quando a economia passa a crescer, a empresa não necessita logo
contratar trabalhadores para elevar a produção. Mais duas considerações
explicam o valor de 𝜷: (i) contratações e demissões envolvem custos, que, a
depender do valor, podem não incentivar demissões/contratações, pelo que a
companhia tende a postergar ao máximo movimentos na folha de pagamento; (ii)
a redução no desemprego nem sempre é preenchida por desempregados (pode-
se, por exemplo, empregar entrantes na força de trabalho, que não estavam
anteriormente desempregados). Retomando nossa discussão no tópico anterior, é
possível relacionar certas fontes de rigidez do mercado de trabalho e
determinantes da taxa natural de desemprego como capazes de influenciar 𝜷.
Assim, a existência de sindicatos fortes que conferem rigidez aos salários e alta taxa
natural de desemprego, podem reduzir o valor em módulo de 𝛽, diminuindo o grau

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de relação entre crescimento do produto acima da taxa normal e redução da taxa


de desemprego.

Feitas estas observações, vamos sintetizar a expressão da Lei de Okun, com a


relação entre as variáveis:

𝝁𝒕 − 𝝁𝒕−𝟏 = −𝛽(𝒈𝒚𝒕 − 𝒈𝒚 )

O crescimento do produto acima/abaixo da taxa normal de crescimento resulta


em diminuição/aumento na taxa de desemprego. O grau de associação entre as
variáveis é dado por 𝜷. Obviamente, a relação entre crescimento do produto e
desemprego é negativa.

Lei de Okun x Demanda Agregada x Curva de Phillips

O conhecimento da Lei de Okun era o que nos faltava para relacionar


desemprego, inflação, e crescimento do produto.

Lá na Aula 02 discutimos a curva de demanda agregada, na qual se dava uma


relação positiva entre os itens de absorção (C, G, I), a quantidade real de moeda
(M/P). Podemos sumarizar estas relações através da simples expressão abaixo:

𝑴𝒕
𝒀𝒕 = 𝜶
𝑷𝒕

Em todas variáveis t representa o período presente. A quantidade de renda e,


portanto, de demanda por bens (C, G, I) é diretamente relacionada ao estoque
real de moeda, no grau representado por 𝜶. Ademais, temos na expressão acima
a descrição da Curva IS (Y) e da LM (M/P), o que permite concluir que a elevação
da quantidade de moeda reduz a taxa de juros, eleva a quantidade demandada
de bens/serviços e aumenta o produto.

No entanto, a quantidade de moeda não fornece a taxa de inflação, que é a


variável que desejamos relacionar com o crescimento do produto e desemprego.
Omitindo operações matemáticas, podemos, da expressão acima, derivar outra

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que relaciona a taxa de crescimento da moeda, a taxa de inflação e a taxa de


crescimento do produto, que segue abaixo:

𝒈𝒚𝒕 = 𝒈𝒎𝒕 − 𝝅𝒕

Sendo 𝒈𝒚𝒕 o crescimento do produto, 𝒈𝒎𝒕 o crescimento da quantidade de moeda


no período t, e 𝝅𝒕 a inflação no mesmo período. Assim, o crescimento no produto
só se verifica se o crescimento da moeda atingir taxa superior ao nível de inflação.
De maneira análoga, dada a taxa de inflação, o crescimento de moeda acima
desta taxa resulta em crescimento do produto. Bom, nada diferente das
considerações sobre a Curva LM, ou seja, que o aumento na quantidade real de
moeda resultava em aumento do produto. Afinal, a taxa de crescimento de moeda
menos a taxa de inflação dá a quantidade real de moeda.

Por fim, nos basta retomar a expressão da Curva de Phillips para que o modelo se
complete. Já citamos que, no Modelo de Phillips tradicional, há uma relação
inversa entre desemprego e inflação. Algebricamente, podemos assim representá-
la:

𝝅𝒕 − 𝝅𝒕−𝟏 = −𝜶(𝝁𝒕 − 𝝁𝒏 )

O desemprego abaixo da taxa natural (𝝁𝒏 ) resulta em aumento na taxa de inflação


de um período ao outro, cujo grau associativo é representado por 𝜶.

Juntando as peças, podemos compreender como uma política monetária


expansionista, por exemplo, gera efeitos na inflação e desemprego.

O crescimento real de moeda resulta em crescimento do produto. Pela Lei de Okun,


o crescimento do produto reduz o desemprego. Através da Curva de Phillips, menos
desemprego resulta em maior inflação, que reduz a quantidade real de moeda,
completando o sistema. Abaixo, segue a relação estilizada 14:

14
Com base em Blanchard(2011): Macroeconomics, ed. Pearson Education Inc.

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Crescimento
de Moeda

Crescimento
Inflação
do Produto

Desemprego

Considerando que a economia está em seu nível de equilíbrio, com desemprego


efetivo igual ao desemprego natural e crescimento do produto igual ao
crescimento normal, uma política monetária expansionista provoca efeitos no curto
e no médio prazo. Vejamos o passo a passo do curto ao médio prazo:

1. O aumento da quantidade de moeda, no curto prazo, resulta em aumento


do produto. Como a inflação não aumenta automaticamente, em face a certa
rigidez de preços. Esta conclusão é obtida através do Modelo IS-LM.

2. Mais produto, considerando a Lei de Okun, reflete em menor desemprego.


Aqui, continuamos no curto prazo, pois podemos considerar as observações de
ilusão monetária feitas por Friedman, que possibilita aos empresários contratar mais
trabalhadores ao salário real vigente.

3. A redução no desemprego resulta em aumento de salários nominais e,


consequentemente, aumento no índice geral de preços. Neste ponto, já podemos
considerar a passagem do curto ao longo prazo, em face à variação da inflação,
que provoca a redução na quantidade real de moeda e de produto, além do
retorno da economia ao nível natural de desemprego e de crescimento normal do
produto.

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Portanto, no médio prazo, a variação na quantidade de moeda provoca apenas


variação nos preços, mantendo as demais variáveis constantes. Esta é a conclusão
monetarista: no curto prazo, a moeda provoca efeitos no produto, mas no
médio/longo prazo não!

Esta é a conclusão monetarista sobre a neutralidade da moeda. Como os agentes


possuem expectativas adaptativas, eles adequam preços e salários ao crescimento
da moeda e a inflação resultante anula os ganhos reais obtidos no curto prazo.
Para Milton Friedman, o crescimento da quantidade de moeda deveria ser
consistente ao crescimento do produto, o que permitiria ao produto crescer à taxa
normal e ao desemprego permanecer na taxa natural. Deste modo, não haveria a
necessidade de adoção de política econômica expansiva para reduzir o
desemprego, tendo em vista seu aspecto estrutural. No entanto, no curto prazo, a
moeda pode e deve ser utilizada na adequação do produto e desemprego ao
nível natural, caso ocorra algum choque negativo.

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QUESTÕES PROPOSTAS
Questão 01 01. (CESPE - Consultor Legislativo (SEN)/Economia - Agricultura/2002)

A taxa natural de desemprego é aquela que prevalece quando a economia está


produzindo no nível de seu produto potencial.

Questão 02 02. (ESAF - Analista de Comércio Exterior/1998)

Uma maneira possível de reduzir a "taxa natural" de desemprego de uma economia


seria

a) aumentar o valor do salário mínimo real

b) praticar uma política monetária expansionista

c) praticar uma política fiscal expansionista

d) aumentar o volume de informações sobre oferta e demanda por trabalhadores

e) aumentar o valor dos benefícios do seguro-desemprego em termos reais

Questão 03 03. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2008)

Os fatores que afetam o desemprego estrutural de determinada região incluem a


concentração industrial, o ritmo da evolução tecnológica e a imobilidade da força
de trabalho.

(CESPE/MTE/AFT/2013) Considere uma economia descrita pelas seguintes


condições matemáticas:

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Nesse sentido, considere que:

p é o preço;

w é o salário nominal;

λ e a produtividade do trabalho; e 1/λ o requisito unitário de mão de obra;

τ e o mark-up; zp representa o conjunto de instituições existentes no mercado de


bens que deslocam o preço dos produtos industriais;

E é a taxa de emprego; e zw representa as instituições do mercado de trabalho,


incluindo seguro-desemprego, densidade sindical ou proporção dos trabalhadores
cobertos por acordos coletivos;

é a derivada da função f em relação ao mark-up;

é a derivada da função f em relação as instituições do mercado de bens;

é a derivada da função b em relação ao emprego;

é a derivada da função b em relação as instituições do mercado de trabalho.

Acerca dessa economia, julgue os itens que se seguem.

Questão 04 04. (CESPE/MTE/AFT/2013)

Se essa economia passar a ser regulamentada por um conjunto de leis que


permitam maior flexibilidade nas relações trabalhistas, o resultado será o
deslocamento para baixo da curva de determinação salarial, com redução da
taxa natural de desemprego.

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Questão 05 05. (CESPE/MTE/AFT/2013)

A longo prazo, o desemprego nessa economia será igual a zero.

Questão 06 06. (CESPE/MTE/AFT/2013)

O aumento do seguro-desemprego, em equilíbrio, acarreta o aumento do


desemprego observado.

Questão 07 07. (CESPE/MTE/AFT/2013)

A taxa de desemprego de equilíbrio independe da estrutura sindical da economia.

Questão 08 08. (CESPE/MTE/AFT/2013)

Na economia em questão, as firmas conseguirão contratar a quantidade desejada


de trabalhadores, bastando que seja respeitada a condição de o salário real ser
maior ou igual à produtividade marginal do trabalho.

Questão 09 09. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)

O financiamento do gasto público por intermédio da criação de moeda de alta


potência gera uma espécie de tributação explícita. Sendo assim, o governo pode
obter montantes significativos de recursos ano após ano pela emissão de moeda.

a) Essa receita tributária será aumentada se a economia estiver operando sob o


regime de metas de inflação.

b) Essa fonte de receita não é absorvida pelo público sob a forma de moeda.

c) O efeito inflacionário dessa expansão monetária para financiar o gasto público


é anulado com a redução da alíquota do imposto de renda.

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d) O efeito inflacionário dessa expansão monetária para financiar o gasto público


é anulado quando há regime de câmbio fixo.

e) Essa fonte de receita é conhecida como senhoriagem, que é a capacidade de


o governo arrecadar receita por meio de seu direito de criar moeda.

Questão 10 10. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2010)

A curva de Phillips surgiu da relação entre salários monetários e taxas de


desemprego. Posteriormente, a curva de Phillips moderna adotou a inflação de
preços, incorporando a inflação esperada e os choques de oferta.

Questão 11 11. (CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998)

Quando a inflação aumenta, a curva de Phillips desloca-se para a direita,


acarretando, assim, taxas mais elevadas de desemprego.

Questão 12 12. (CESPE - Analista do Executivo (ES)/Ciências Econômicas/2013)

Com relação às principais teorias monetárias e aos resultados da política monetária


sobre variáveis da economia, assinale a opção correta.

a) Na curva de Phillips de Milton Friedman, que introduz o conceito de taxa natural


de desemprego, uma maior inflação resulta da pressão que os trabalhadores fazem
por maiores salários em face do incremento do emprego.

b) O principal resultado da curva de Phillips de Milton Friedman foi estabelecer a


proposição de plena neutralidade da política monetária.

c) De acordo com a teoria quantitativa da moeda, cujos adeptos consideram


essencialmente os resultados de curto prazo da economia, a elevação da oferta
de moeda ocorre na mesma proporção do aumento do nível geral de preços.

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d) Consoante a análise da curva de Phillips de Milton Friedman, os agentes possuem


expectativas racionais.

e) Segundo a teoria quantitativa, a moeda deve ser sempre neutra.

Questão 13 13. (CESPE - Agente de Polícia Federal/2004)

Um choque de oferta decorrente, por exemplo, do aumento do preço do petróleo


no mercado internacional provoca deslocamento ao longo da curva de Phillips e
aumenta tanto o emprego como a taxa de inflação.

Questão 14 14. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2010)

Na relação entre a demanda agregada e a curva de Phillips, o aumento na


demanda agregada conduz a um deslocamento ao longo dessa mesma curva e o
choque de custos desloca toda a curva de Phillips.

Questão 15 15. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

De acordo com a hipótese da taxa natural, a curva de Phillips de longo prazo é


negativamente inclinada porque taxas de inflação mais elevadas coexistem com
baixas taxas de desemprego.

Questão 16 (CESPE - Especialista em Regulação de Serviços Públicos de


Telecomunicações/Geral (Ciências Exatas ou Humanas)/2006)

De acordo com a visão monetarista, quando os mercados reagem a mudanças na


política monetária por meio do ajustamento dos preços relevantes, essas
mudanças afetam o lado real da economia e conduzem a modificações
duradouras no nível de atividade econômica.

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Questão 17 17. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 2/2009)

Os economistas utilizam, com muita frequência, construções teóricas com o


objetivo de analisar situações reais e dinâmicas, com simplicidade. Longo prazo x
curto prazo, produto potencial e taxa natural de desemprego são alguns exemplos.

Nesse contexto, analise as proposições abaixo.

I - O produto potencial corresponde ao potencial de produto de uma economia,


dadas suas instituições sociais, a disponibilidade de recursos produtivos e a
tecnologia; por isso, produto potencial corresponde ao conceito de curva de
possibilidades de produção.

II - Além dos mercados de bens e serviços, de recursos produtivos, de ativos


financeiros e de moeda estrangeira (câmbio) usados na caracterização do modelo
de demanda e oferta agregadas, os economistas utilizam o conceito de produto
potencial para caracterizar a oferta agregada de longo prazo.

III - A Curva de Phillips, originariamente percebida como uma regularidade


estatística, pode ser interpretada como a oferta agregada de curto prazo, enquanto
que sua versão de longo prazo à la Friedman-Phelps pode ser interpretada como
oferta agregada de longo prazo.

Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões)

a) I, apenas.

b) III, apenas.

c) I e II, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

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Questão 18 18. CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Engenharia/2013/

A curva de Phillips aceleracionista, proposta pelos economistas Milton Friedman e


Edmund Phelps, propõe que, a longo prazo, a taxa esperada de inflação e a taxa
real de inflação são iguais, e a curva de Phillips se torna uma reta vertical.

Nessas condições, a taxa real de desemprego é igual à taxa natural de


desemprego, contanto que a(o)

a) taxa nominal de juros permaneça constante.

b) taxa natural de desemprego possa ser observada.

c) neutralidade monetária exista a longo prazo.

d) inflação não diminua.

e) Banco Central não aumente a oferta monetária.

Questão 19 19. CESPE - Economista (MJ)/2013/

Julgue o item a seguir, relativo à economia monetária.

Na curva de Phillips com expectativas adaptativas, a inflação reage aos desvios da


taxa efetiva de desemprego em relação à taxa natural de desemprego, aos
choques de oferta e ao componente de inflação esperada.

Questão 20 20. (CESPE - Analista do Ministério Público da União/Perito/Economia/2010)

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

No longo prazo, a curva de Phillips é vertical.

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Questão 21 21. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

Os adeptos da teoria das expectativas racionais tendem a recomendar que o


governo utilize políticas fiscais discricionárias.

Questão 22 22. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2008)

Quando empregadores e trabalhadores dispõem de tempo e flexibilidade


suficientes para acomodar plenamente as mudanças decorrentes de variações
não-antecipadas da demanda agregada, isso é compatível com a existência de
uma curva de Phillips de longo prazo vertical.

Questão 23 23. (CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998)

Se a taxa de desemprego efetivamente observada for inferior à taxa de


desemprego natural, então, ceteris paribus, a taxa de inflação que prevalece na
economia encontra-se acima da taxa de inflação antecipada pelos agentes
econômicos.

Questão 24 24. ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013/

A hipótese de expectativas racionais considera que:

a) em sua versão fraca, os agentes usam as informações passadas e os agentes


não comentem erros sistemáticos.

b) o valor esperado da inflação é igual à inflação efetiva e a covariança dos erros


igual a zero. Assim, a principal hipótese é de que a política monetária tem pleno
efeito sobre o produto e os preços da economia.

c) a curva de Phillips é vertical, tanto no curto quanto no longo prazo, de modo que
os desvios ocorrem apenas em função de choques não antecipados.

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d) em sua versão forte, considera que os agentes só levam em conta as


informações do passado.

e) a curva de Phillips é horizontal no curto prazo.

Questão 25 25. (CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Economia/2011)

A figura abaixo mostra três linhas, (I), (II) e (III), com inclinações diferentes,
relacionando a taxa de inflação com a taxa de desemprego em determinada
economia.

Suponha total flexibilidade dos preços e dos salários, propiciando contínuo


equilíbrio entre a oferta e a demanda nos mercados. Se as expectativas dos
participantes dos mercados, a respeito das variáveis relevantes, fossem sempre
corretas, a curva de Phillips de

a) curto prazo seria como em (I)

b) curto prazo seria como em (II)

c) curto prazo seria como em (III)

d) longo prazo seria como em (I)

e) longo prazo seria como em (II)

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Questão 26 26. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)


A hipótese de expectativas racionais considera que:

a) em sua versão fraca, os agentes usam as informações passadas e os agentes


não comentem erros sistemáticos.

b) o valor esperado da inflação é igual à inflação efetiva e a covariança dos erros


igual a zero. Assim, a principal hipótese é de que a política monetária tem pleno
efeito sobre o produto e os preços da economia.

c) a curva de Phillips é vertical, tanto no curto quanto no longo prazo, de modo


que os desvios ocorrem apenas em função de choques não antecipados.

d) em sua versão forte, considera que os agentes só levam em conta as


informações do passado.

e) a curva de Phillips é horizontal no curto prazo.

Questão 27 27. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 2/2009)

A incorporação das expectativas dos agentes econômicos na avaliação de


prováveis impactos da política de estabilização ou anticíclica é indispensável.
Como não se dispõe de informações sobre as expectativas dos agentes
econômicos, os economistas desenvolveram modelos de formação de expectativa
que pudessem ser usados para antecipar as reações dos agentes econômicos e,
desse modo, inferir sobre os impactos das políticas. Considerando uma situação
inicial, na qual haja estabilidade de preços e o nível corrente do produto seja o de
pleno emprego (produto potencial), suponha que seja introduzida uma política
econômica expansionista. Associe os dois modelos de formação de expectativas
com os resultados para a economia, antecipados no curto e no longo prazos, em
decorrência da nova política macroeconômica, apresentados abaixo.

Modelo de Expectativas

I - Adaptativas

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II - Racionais

Impactos da política macroeconômica sobre a economia:

No curto prazo:

P - Preços ficam mais elevados e há aumento de produto.

Q - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

No longo prazo:

R - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

S - Não há mudança nos preços e no produto.

T - Não há mudança nos preços e o produto aumenta.

As associações corretas são:

a) I - P e R; II - Q e R

b) I - P e T; II - Q e S

c) I - P e S; II - P e S

d) I - Q e S; II - P e T

e) I - Q e R; II - P e R

Questão 28 28. CESGRANRIO - Analista (FINEP)/Análise Estratégica em Ciência, Tecnologia


e Inovação/2014/

Considere a moderna teoria da curva de Phillips, relacionando a taxa de inflação


e o nível de atividade econômica.

Essa teoria prediz que se a inércia e a expectativa inflacionárias forem nulas e se


houver capacidade ociosa na economia (ou seja, o hiato do produto for negativo),
tenderá a ocorrer, a curto prazo, uma situação de

a) deflação

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b) aceleração da inflação

c) aumento dos juros nominais

d) redução do produto potencial

e) valorização cambial da moeda doméstica

Questão 29 29. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

Após uma mudança credível nas políticas fiscais ou monetárias, a hipótese das
expectativas racionais, quando comparada com a hipótese das expectativas
adaptativas, implica que a transição para um novo equilíbrio de longo prazo será
mais demorada.

Questão 30 30. (CESPE - Economista (MTE)/2008)

Na visão keynesiana, a coexistência entre taxas elevadas de inflação e de


desemprego, nas décadas de 80 e 90 do século passado, explica-se não somente
pelas expectativas de altas dessas duas variáveis, mas também pela ausência,
mesmo no curto prazo, de um trade-off entre inflação e desemprego.

Questão 31 31. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)

Suponha uma economia representada pelas seguintes equações:

I. Lei de Okun:

II. Demanda agregada:

III. Curva de Phillips:

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a) caso a taxa de desemprego vigente seja igual à natural e a taxa de inflação em


vigor seja de 2%, uma taxa de crescimento monetário de 6% manterá constante a
taxa de desemprego.

b) a taxa de desemprego natural é igual a 2%.

c) para manter a inflação nula é necessário expandir a demanda em 10%.

d) se a taxa de desemprego vigente for maior que a taxa natural, a taxa de inflação
vigente será maior que aquela que seria observada caso a taxa de desemprego
vigente fosse igual à taxa natural.

e) admitindo a hipótese das expectativas racionais, a taxa de inflação será igual a


5%.

Questão 32 32. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

Se for observada inflação de 10% ao ano e a economia estiver operando no nível


do produto potencial, a taxa de crescimento da oferta de moeda será de 13% ao
ano.

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Questão 33 33. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

O produto potencial da economia é de 3% ao ano.

Questão 34 34. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

Caso o Banco Central reduza a taxa de inflação de 10% para 5% ao ano de uma
única vez, a taxa de desemprego subirá para 13%.

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GABARITOS

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

CERTO D CERTO CERTO ERRADO CERTO ERRADO ERRADO E CERTO

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

ERRADO A ERRADO CERTO ERRADO ERRADO E C CERTO CERTO

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

ERRADO CERTO CERTO C C C C A ERRADO ERRADO

31 32 33 34

B CERTO CERTO ERRADO

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Aula 04

QUESTÕES COMENTADAS
Questão 01 01. (CESPE - Consultor Legislativo (SEN)/Economia - Agricultura/2002)

A taxa natural de desemprego é aquela que prevalece quando a economia está


produzindo no nível de seu produto potencial.

Questão direta. De fato, a taxa natural de desemprego coincide com o produto


potencial, pois é a taxa compatível com o emprego de todo o fator trabalho que
aceita o nível de salário real, ou seja, é compatível com a existência apenas de
desemprego voluntário e friccional.

GABARITO: Certo

Questão 02 02. (ESAF - Analista de Comércio Exterior/1998)

Uma maneira possível de reduzir a "taxa natural" de desemprego de uma economia


seria

a) aumentar o valor do salário mínimo real

b) praticar uma política monetária expansionista

c) praticar uma política fiscal expansionista

d) aumentar o volume de informações sobre oferta e demanda por trabalhadores

e) aumentar o valor dos benefícios do seguro-desemprego em termos reais

A taxa natural de desemprego é determinada por questões institucionais


(estruturais). Deste modo, a adoção de política econômica expansionista em nada
ajudaria, por ser tratar de medida para variar a taxa de desemprego conjuntural,
pelo que as alternativas b e c estão erradas.

Aumentar o valor do salario mínimo real e o valor do seguro-desemprego em termos


reais resulta em aumento da taxa de desemprego, pois a demanda por trabalho

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está inversamente relacionada com o valor do salário real, pelo que as alternativas
a e e estão incorretas.

Aumentar o volume de informações sobre oferta e demanda por trabalhadores


tem como efeito reduzir os custos em se ofertar/demandar trabalho, reduzindo a
taxa natural de desemprego.

Este fator é compatível com uma mudança institucional, como, por exemplo, a
adoção de novos canais de comunicação que centralizam a oferta e demanda
de trabalho.

GABARITO: LETRA D

Questão 03 03. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2008)

Os fatores que afetam o desemprego estrutural de determinada região incluem a


concentração industrial, o ritmo da evolução tecnológica e a imobilidade da força
de trabalho.

(CESPE/MTE/AFT/2013) Considere uma economia descrita pelas seguintes


condições matemáticas:

Nesse sentido, considere que:

p é o preço;

w é o salário nominal;

λ e a produtividade do trabalho; e 1/λ o requisito unitário de mão de obra;

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τ e o mark-up; zp representa o conjunto de instituições existentes no mercado de


bens que deslocam o preço dos produtos industriais;

E é a taxa de emprego; e zw representa as instituições do mercado de trabalho,


incluindo seguro-desemprego, densidade sindical ou proporção dos trabalhadores
cobertos por acordos coletivos;

é a derivada da função f em relação ao mark-up;

é a derivada da função f em relação as instituições do mercado de bens;

é a derivada da função b em relação ao emprego;

é a derivada da função b em relação as instituições do mercado de trabalho.

Acerca dessa economia, julgue os itens que se seguem.

De certo modo, estas observações completam as que foram citadas na aula sobre
determinantes da taxa de desemprego natural (ou estrutural).

A concentração industrial indica a existência de monopólio ou oligopólio,


resultando em emprego do fator trabalho inferior ao de concorrência perfeita.

O ritmo da evolução tecnológico pode resultar em extinção de maior número de


postos de trabalho do que criação de novas vagas. Notadamente, isto pode
ocorrer devido à substituição do fator trabalho pelo capital e também pela
necessidade de fator trabalho mais especializado, nem sempre existente na região
considerada.

Por fim, a imobilidade da força de trabalho pode também afetar o desemprego


estrutural. Atualmente, a cadeia produtiva é dividida globalmente, além de
apresentar mobilidade em função dos custos do trabalho. Assim, caso vagas sejam

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extintas em determinada região cujo fator trabalho possui imobilidade, a taxa


natural de desemprego irá aumentar.

GABARITO: Certo

Questão 04 04. (CESPE/MTE/AFT/2013)

Se essa economia passar a ser regulamentada por um conjunto de leis que


permitam maior flexibilidade nas relações trabalhistas, o resultado será o
deslocamento para baixo da curva de determinação salarial, com redução da
taxa natural de desemprego.

Este conjunto de questões demonstra muito bem o que podemos esperar para a
prova do BACEN. A questão fornece um pouco de matemática para complicar a
vida, em que pese ela não servir para quase nada.

Podemos considerar as observações institucionais feitas para o mercado de


trabalho e para a taxa natural de desemprego para responder todos os itens
tranquilamente. Vejamos:

A flexibilidade no mercado de trabalho confere menores custos para a demanda


por trabalho, ou seja, reduz o valor do salário real. Como visto durante a aula, a
redução do salário real eleva, ou ajusta, a demanda por trabalho, reduzindo a taxa
desemprego. Caso esta modificação institucional seja permanente, a redução
ocorrerá também na taxa natural de desemprego, como afirma a questão.

Matematicamente, podemos visualizar isto pela >0, o que significa que o


fortalecimento das instituições aumenta b, elevando o salário. Contrariamente, a
flexibilização das instituições de trabalho reduzem b, assim como o salário,
incentivando o aumento do emprego.

GABARITO: CERTO

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Questão 05 05. (CESPE/MTE/AFT/2013)

A longo prazo, o desemprego nessa economia será igual a zero.

A presença de instituições no mercado de trabalho, tais como os sindicatos,


resultam em elevação do salário real acima do nível de PMgL, o que inviabiliza a
taxa de desemprego zero. Ademais, mesmo que a economia se encontra na taxa
natural de desemprego, ela é maior do que zero.

GABARITO: ERRADO

Questão 06 06. (CESPE/MTE/AFT/2013)

O aumento do seguro-desemprego, em equilíbrio, acarreta o aumento do


desemprego observado.

Como vimos na exposição sobre fatores que influenciam o mercado de trabalho e


a NAIRU, o aumento do seguro desemprego eleva a propensão a não trabalhar
dos trabalhadores, pois eles podem dispender horas com lazer e auferir
remuneração. Assim, este fato acarreta aumento da taxa de desemprego.

GABARITO: CERTO

Questão 07 07. (CESPE/MTE/AFT/2013)

A taxa de desemprego de equilíbrio independe da estrutura sindical da economia.

A estrutura sindical da economia é um importante fator na determinação da taxa


de desemprego natural, ou de equilíbrio, da economia. Há diversas evidências
sobre a influência do poder dos sindicatos na determinação dos salários, e
consequentemente, níveis de emprego da economia.

GABARITO: ERRADO

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Questão 08 08. (CESPE/MTE/AFT/2013)

Na economia em questão, as firmas conseguirão contratar a quantidade desejada


de trabalhadores, bastando que seja respeitada a condição de o salário real ser
maior ou igual à produtividade marginal do trabalho.

Simplesmente errado. Como já vimos, revimos, e vimos de novo, a firma demanda


trabalho no ponto em que w/P = PMgL. No caso de salário real acima da
produtividade marginal do trabalho, as firmas deixam de contratar a quantidade
de trabalhadores que deseja, reduzindo a eficiência e a produção.

Visto de oura forma, a presença de instituições no mercado de trabalho não


assegura o equilíbrio entre oferta e demanda por trabalho como considerado pelo
livre mercado. As instituições podem resultar em aumento do salário real acima da
produtividade do trabalho, provocando redução na demanda por trabalho.

GABARITO: ERRADO

Questão 09 09. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)

O financiamento do gasto público por intermédio da criação de moeda de alta


potência gera uma espécie de tributação explícita. Sendo assim, o governo pode
obter montantes significativos de recursos ano após ano pela emissão de moeda.

a) Essa receita tributária será aumentada se a economia estiver operando sob o


regime de metas de inflação.

b) Essa fonte de receita não é absorvida pelo público sob a forma de moeda.

c) O efeito inflacionário dessa expansão monetária para financiar o gasto público


é anulado com a redução da alíquota do imposto de renda.

d) O efeito inflacionário dessa expansão monetária para financiar o gasto público


é anulado quando há regime de câmbio fixo.

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e) Essa fonte de receita é conhecida como senhoriagem, que é a capacidade de


o governo arrecadar receita por meio de seu direito de criar moeda.

A questão trata da senhoriagem, que nada mais é do que o financiamento de


gastos públicos através da emissão de moeda pela autoridade monetária.

Ao emitir mais moeda, o governo aumenta seu poder de compra, que pode ser
calculado através do valor nominal da moeda criada (-) o custo para produzi-la,
ou, de maneira análoga, através do valor real possibilitado pela nova quantidade
de moeda em circulação.

É importante entender que ao aumentar a receita de senhoriagem, a autoridade


monetária gera efeitos inflacionários na economia, transferindo renda do setor
privado para o setor público. Este efeito é chamado de imposto inflacionário.

Vamos aos itens:

a) caso a economia esteja sob um regime de metas de inflação, a autoridade


monetária deverá respeitar o limite de inflação, ou seja, a emissão de moeda e os
ganhos de senhoriagem possuem esta limitação; consequentemente o imposto
inflacionário também será menor

b) como explicado acima, ao passo que o governo gera ganhos de senhoriagem


ao emitir moeda, o setor privado arca com o ônus através do imposto inflacionário,
de modo que a receita de senhoriagem é absorvida pelo setor privado na forma
de moeda

c) a senhoriagem gera pressões inflacionárias por si só; a redução na alíquota do


imposto de renda provoca aumento da renda disponível do setor privado, o que
pode fomentar a demanda da economia e alimentar ainda mais a inflação.

d) a senhoriagem gera pressões inflacionárias por si só, independentemente do


regime de câmbio da economia; no caso de câmbio fixo, a elevação da inflação
provoca valorização do câmbio real.

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e) item correto, pois, como explicado acima, a senhoriagem é fonte de receita do


governo obtida a partir da elevação da oferta de moeda.

GABARITO: LETRA E

Questão 10 10. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2010)

A curva de Phillips surgiu da relação entre salários monetários e taxas de


desemprego. Posteriormente, a curva de Phillips moderna adotou a inflação de
preços, incorporando a inflação esperada e os choques de oferta.

Nesta aula estão apresentadas as 3 versões da Curva de Phillips. Como notado, a


versão original continha apenas o trade-off entre salários nominais e taxas de
desemprego. As demais versões adotaram o trade-off entre inflação e
desemprego.

GABARITO: Certo

Questão 11 11. (CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998)

Quando a inflação aumenta, a curva de Phillips desloca-se para a direita,


acarretando, assim, taxas mais elevadas de desemprego.

Pelo visto no modelo aceleracionista da Curva de Phillips, o aumento na


expectativa de inflação resulta em maior inflação efetiva à mesma taxa de
desemprego (taxa natural de desemprego). Assim, a taxa de desemprego não
aumenta, mas sim a inflação efetiva.

GABARITO: Errado

Questão 12 12. (CESPE - Analista do Executivo (ES)/Ciências Econômicas/2013)

Com relação às principais teorias monetárias e aos resultados da política monetária


sobre variáveis da economia, assinale a opção correta.

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a) Na curva de Phillips de Milton Friedman, que introduz o conceito de taxa natural


de desemprego, uma maior inflação resulta da pressão que os trabalhadores fazem
por maiores salários em face do incremento do emprego.

b) O principal resultado da curva de Phillips de Milton Friedman foi estabelecer a


proposição de plena neutralidade da política monetária.

c) De acordo com a teoria quantitativa da moeda, cujos adeptos consideram


essencialmente os resultados de curto prazo da economia, a elevação da oferta
de moeda ocorre na mesma proporção do aumento do nível geral de preços.

d) Consoante a análise da curva de Phillips de Milton Friedman, os agentes possuem


expectativas racionais.

e) Segundo a teoria quantitativa, a moeda deve ser sempre neutra.

Questão interessante.

De acordo com a visão monetarista, os indivíduos utilizam a inflação passada como


variável de ajuste nos contratos salariais. A inflação passada possibilitou aos
empresários elevar a demanda por trabalho, tendo em vista a redução nos salários
reais.

No entanto, assim que os contratos de trabalho são reajustados, mantendo o valor


do salário real anteriormente vigente, o emprego volta ao nível de longo prazo e a
inflação aumenta ainda mais, tendo em vista o aumento do custo de produção.

GABARITO: LETRA A

Questão 13 13. (CESPE - Agente de Polícia Federal/2004)

Um choque de oferta decorrente, por exemplo, do aumento do preço do petróleo


no mercado internacional provoca deslocamento ao longo da curva de Phillips e
aumenta tanto o emprego como a taxa de inflação.

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A questão relaciona os conceitos da Curva de Phillips a da Curva OA-DA. Como já


visto em aulas anteriores, um choque de oferta reduz a demanda de trabalho pelas
firmas, ao reduzir a PMgL e a produtividade dos demais fatores produtivos.

Neste cenário, há primeiramente um deslocamento da Curva de Phillips de curto


prazo para cima, evidenciando maior taxa de inflação a mesma taxa de
desemprego. Posteriormente, ocorre deslocamento ao longo da Curva de Phillips,
resultando em maior desemprego à maior taxa de inflação, ou seja, estagflação.

GABARITO: Errado

Questão 14 14. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2010)

Na relação entre a demanda agregada e a curva de Phillips, o aumento na


demanda agregada conduz a um deslocamento ao longo dessa mesma curva e o
choque de custos desloca toda a curva de Phillips.

Importante questão para complementar o conteúdo da aula.

O deslocamento ao longo da Curva de Phillips é feito por variáveis endógenas, ou


seja, a taxa de inflação ou de desemprego. A variação positiva da demanda
agregada resulta em aumento do emprego e do produto. Esta mudança é
demonstrada na Curva de Phillips pela redução da taxa de desemprego e
aumento da inflação, gerando deslocamento ao longo da Curva.

As mudanças em variáveis exógenas, por sua vez, deslocam a Curva de Phillips.


Assim, considerando um choque de oferta negativo, que aumenta os custos da
quantidade produzida, há deslocamento da Curva de Phillips para cima,
evidenciando maior preço ao mesmo nível de desemprego.

GABARITO: Certo

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Questão 15 15. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

De acordo com a hipótese da taxa natural, a curva de Phillips de longo prazo é


negativamente inclinada porque taxas de inflação mais elevadas coexistem com
baixas taxas de desemprego.

A hipótese da taxa natural segue a tradição monetarista, cuja Curva de Phillips é


vertical no longo prazo. Como os indivíduos possuem expectativas adaptativas, o
reajuste dos salários compatível com a taxa natural de desemprego no longo prazo
resulta apenas em aumento de preços.

GABARITO: Errado

Questão 16 (CESPE - Especialista em Regulação de Serviços Públicos de


Telecomunicações/Geral (Ciências Exatas ou Humanas)/2006)

De acordo com a visão monetarista, quando os mercados reagem a mudanças na


política monetária por meio do ajustamento dos preços relevantes, essas
mudanças afetam o lado real da economia e conduzem a modificações
duradouras no nível de atividade econômica.

Para afetar o lado real da economia, e provocar modificações duradouras no nível


de atividade econômica, devem-se variar os fatores produtivos presentes na
função de produção, ou seja, capital, trabalho, insumos e tecnologia, e/ou variar
configurações institucionais que incentivam a produção, mesmo sem variar os
fatores produtivos (como, por exemplo, a adoção de uma nova lei que fomente a
atividade produtiva).

O ajustamento de preços relevantes, no âmbito da Curva de Phillips, corresponde


ao ajustamento dos salários que, no longo prazo, mantém a economia à taxa de
desemprego natural.

GABARITO: Errado

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Questão 17 17. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 2/2009)

Os economistas utilizam, com muita frequência, construções teóricas com o


objetivo de analisar situações reais e dinâmicas, com simplicidade. Longo prazo x
curto prazo, produto potencial e taxa natural de desemprego são alguns exemplos.

Nesse contexto, analise as proposições abaixo.

I - O produto potencial corresponde ao potencial de produto de uma economia,


dadas suas instituições sociais, a disponibilidade de recursos produtivos e a
tecnologia; por isso, produto potencial corresponde ao conceito de curva de
possibilidades de produção.

II - Além dos mercados de bens e serviços, de recursos produtivos, de ativos


financeiros e de moeda estrangeira (câmbio) usados na caracterização do modelo
de demanda e oferta agregadas, os economistas utilizam o conceito de produto
potencial para caracterizar a oferta agregada de longo prazo.

III - A Curva de Phillips, originariamente percebida como uma regularidade


estatística, pode ser interpretada como a oferta agregada de curto prazo, enquanto
que sua versão de longo prazo à la Friedman-Phelps pode ser interpretada como
oferta agregada de longo prazo.

Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões)

a) I, apenas.

b) III, apenas.

c) I e II, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

I - O produto potencial indica a quantidade possível de produção que pode ser


obtida com o emprego de fatores de produção e instituições disponíveis. Assim,
este conceito corresponde á curva de possibilidades de produção, ou seja,

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corresponde à curva que indica o emprego de fatores e obtém como resultado a


produção.

II – Como já apresentado em aulas anteriores, a curva de oferta de longo prazo


está relacionada com a função de oferta, ou seja, com o produto potencial. A
curva de demanda agregada, por sua vez, está relacionada com os determinantes
do Modelo IS-LM-BP (mercado de bens, mercado monetário e transações com o
resto do mundo)

III – A diferença entre a Curva de Phillips tradicional e a monetarista é exatamente


esta. No curto prazo, representado pela Curva de Phillips negativamente inclinada,
há um trade-off entre inflação e desemprego. No longo prazo, representado pela
Curva de Phillips vertical, a economia converge para o emprego da taxa natural
de desemprego que, quando colocada na função de produção juntamente com
os demais fatores produtivos, evidencia a curva de oferta de longo prazo.

Portanto, todos os itens estão corretos.

GABARITO: LETRA E

Questão 18 18. CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Engenharia/2013/

A curva de Phillips aceleracionista, proposta pelos economistas Milton Friedman e


Edmund Phelps, propõe que, a longo prazo, a taxa esperada de inflação e a taxa
real de inflação são iguais, e a curva de Phillips se torna uma reta vertical.

Nessas condições, a taxa real de desemprego é igual à taxa natural de


desemprego, contanto que a(o)

a) taxa nominal de juros permaneça constante.

b) taxa natural de desemprego possa ser observada.

c) neutralidade monetária exista a longo prazo.

d) inflação não diminua.

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e) Banco Central não aumente a oferta monetária.

A proposta de Friedman e Phelps para a Curva de Phillips assume a seguinte forma


gráfica e algébrica:

A economia encontra-se inicialmente em equilíbrio, representado pela Curva de


Phillips de curto prazo (PCCP) mais baixa. Neste ponto, a taxa de desemprego é
igual à taxa natural, pelo que a inflação realizada é igual à inflação esperada .

Considere, por exemplo, que o governo adote uma política monetária


expansionista, com o objetivo de elevar a demanda agregada e o emprego.

Partindo do equilíbrio citado, a economia se desloca pela Curva de Phillips de


curto prazo a um ponto representado pelo quadrado, evidenciando menor
desemprego ao custo de maior inflação.

O movimento é possível em face à rigidez dos salários. No momento da


implantação da política monetária, os salários já estavam determinados e
estabelecidos contratualmente, considerando a expectativa de inflação
anteriormente definida.

As firmas, por sua vez, aproveitam o momento de redução nos salários reais para
contratar mais funcionários, resultando na queda de desemprego. Friedman
denominou esta situação de ilusão monetária. Na prática, como os efeitos da

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inflação são sentidos com certo atraso, os trabalhadores entendem que sua
situação é confortável, pelo que aceitam o salário real vigente.

Ao passo que os trabalhadores passam a notar o aumento da inflação, inserem


esta maior expectativa nas próximas negociações salariais, reduzindo a ilusão
monetária a zero.

Este ajuste do preço, no médio/longo prazo, face ao aumento da quantidade de


moeda permite concluir que a moeda é neutra neste mesmo período.

GABARITO: LETRA C

Questão 19 19. CESPE - Economista (MJ)/2013/

Julgue o item a seguir, relativo à economia monetária.

Na curva de Phillips com expectativas adaptativas, a inflação reage aos desvios da


taxa efetiva de desemprego em relação à taxa natural de desemprego, aos
choques de oferta e ao componente de inflação esperada.

A expressão da Curva de Phillips com expectativas adaptativas é a que segue:

A diferença entre a taxa de inflação efetiva e a taxa de inflação esperada é igual


ao desvio da taxa de desemprego em relação à taxa natural de desemprego,
exatamente como afirmado pela questão.

Um exemplo pode elucidar.

Supondo o ajuste de salários no mercado de trabalho, os trabalhadores e


empregadores estão interessados no valor real do salário. Assim, caso ocorra
expectativa de aumento de inflação, o salário será ajustado no mesmo montante.
No caso de inflação efetiva = inflação esperada, a taxa de desemprego é a taxa

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natural. Caso contrário, como inflação esperada < inflação efetiva, a taxa de
desemprego efetiva será mais elevada que a taxa natural de desemprego.
Adicionalmente, os choques de oferta provocam também variações na inflação.
Choques de oferta negativos, na medida que reduzem a produtividade dos
insumos produtivos, encarecendo o valor da produção, provocam aumento de
preços, isto é, aumento da inflação.

Portanto, a inflação responde sim (i) aos desvios da taxa efetiva de desemprego
em relação à taxa natural de desemprego, (ii) aos choques de oferta e (iii) ao
componente de inflação esperada.

GABARITO: CERTO

Questão 20 20. (CESPE - Analista do Ministério Público da União/Perito/Economia/2010)

Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o


nível de atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego,
julgue o item a seguir.

No longo prazo, a curva de Phillips é vertical.

O item está CERTO.

Esta é a interpretação proposta pelos monetaristas para explicar as relações entre


produto, desemprego e inflação no longo prazo.

Vamos entender passo a passo este processo:

1. considere que a economia encontra-se no equilíbrio (ponto A), com taxa de


inflação e desemprego estáveis.

2. o governo promove uma expansão no estoque de moeda (política monetária


expansionista).

3. no curto prazo os preços da economia aumentam mais depressa que o salário


nominal, pois o salário encontra-se estabelecido em contratos de médio prazo

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(salários são rígidos no curto prazo); como resultado, o salário real diminui e os
empresários contratam mais trabalhadores e aumentam a produção, diminuindo o
desemprego, mas com uma taxa de inflação mais elevada (consequência da
política monetária); a economia se move ao ponto B.

4. no médio e longo prazo, os trabalhadores percebem o declínio dos salários reais


e promovem renegociação salarial, de modo que o antigo salário real seja
estabelecido (o aumento no salário nominal é equivalente à taxa de inflação);

5. neste novo ponto, o desemprego volta ao nível inicial, no entanto a taxa de


inflação não, devido à oferta monetária expansionista e ao aumento de salários; a
economia se move ao ponto C.

Portanto, a Curva de Phillips de longo prazo (curva vermelha) é vertical, como pode
ser visto abaixo:

É importante salientar que movimentos de curto prazo ocorrem ao longo da curva.


Movimentos de longo prazo deslocam a curva, pois as expectativas de preços e,
consequentemente, da taxa de inflação variam.

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Questão 21 21. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

Os adeptos da teoria das expectativas racionais tendem a recomendar que o


governo utilize políticas fiscais discricionárias.

Política discricionária é aquela escolhida em determinado momento, mediante a


conveniência e oportunidade do policy maker, sem guardar relação com a ideia
de políticas previamente anunciadas.

Portanto, políticas discricionárias são não recomendadas pelos adeptos da teoria


das expectativas racionais, pois podem provocar inflação acima da inflação
esperada, ou desemprego acima da taxa natural.

GABARITO: Errado

Questão 22 22. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências Econômicas/2008)

Quando empregadores e trabalhadores dispõem de tempo e flexibilidade


suficientes para acomodar plenamente as mudanças decorrentes de variações
não-antecipadas da demanda agregada, isso é compatível com a existência de
uma curva de Phillips de longo prazo vertical.

Questão interessante. Como vimos na aula, variações antecipadas na política


econômica (e na demanda agregada) não resultam em variações no produto e
desemprego, pelo que são ineficazes. A Curva de Phillips é vertical no curto e longo
prazo.

Não obstante, caso esta variação não seja antecipada, aplica-se as disposições
da Curva de Phillips Monetarista, pelo que, apenas no longo prazo, ela é vertical.

GABARITO: Certo

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Questão 23 23. (CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/1998)

Se a taxa de desemprego efetivamente observada for inferior à taxa de


desemprego natural, então, ceteris paribus, a taxa de inflação que prevalece na
economia encontra-se acima da taxa de inflação antecipada pelos agentes
econômicos.

Este é exatamente o trade-off demonstrado pela Curva de Phillips sob a hipótese


das expectativas racionais. No curto prazo, taxa de desemprego efetiva menor que
a taxa de desemprego natural resulta em inflação acima da taxa prevista.

GABARITO: Certo

Questão 24 24. ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013/

A hipótese de expectativas racionais considera que:

a) em sua versão fraca, os agentes usam as informações passadas e os agentes


não comentem erros sistemáticos.

b) o valor esperado da inflação é igual à inflação efetiva e a covariança dos erros


igual a zero. Assim, a principal hipótese é de que a política monetária tem pleno
efeito sobre o produto e os preços da economia.

c) a curva de Phillips é vertical, tanto no curto quanto no longo prazo, de modo que
os desvios ocorrem apenas em função de choques não antecipados.

d) em sua versão forte, considera que os agentes só levam em conta as


informações do passado.

e) a curva de Phillips é horizontal no curto prazo.

A hipótese das expectativas racionais considera que os agentes utilizam a


experiência e todas as informações disponíveis para formular um modelo sobre o
comportamento econômico. Deste modo, eles reagem de modo racional à

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adoção de políticas econômicas previamente anunciadas, ou esperadas, e


adequam suas expectativas, anulando em certo grau a efetividade desta política.

Se aplicada à Curva de Phillips, esta hipótese resulta em curva vertical tanto no


curto como no longo prazo, pois uma determinada política monetária com o
objetivo de reduzir o dezemprego e, consequentemente, aumentar a inflação, é
antecipada pelos agentes já no curto prazo, de modo que a efetividade da política
é anulada.

Em resumo, se considerada a teoria das expectativas racionais, a política


monetária expansionista resultaria em aquecimento da economia, com elevação
na demanda por trabalho. No entanto, como os trabalhadores antecipam este
movimento e passam a exigir de antemão salários maiores, o aumento na
demanda por trabalho logo é reduzido, não provocando mudanças no emprego,
mas sim aumento nos preços e, consequentemente, inflação.

Este conceito é apresentado na letra c.

Vamos ao erro dos demais itens:

a) o item afirma que os agentes utilizam as informações passada, o que é incorreto.


Os agentes não só utilizam as informações passadas como todas as outras possíveis,
assim como se antecipam a possíveis mudanças na política econômica, quando
esperadas.

b) na hipótese das expectativas racionais a política monetária tem efeito nulo sobre
o produto, ao passo que afeta apenas o nível de preços; ademais, o valor da
inflação é exatamente o seu valor esperado, com a covariância dos erros igual a
zero (em português, os valor efetivo da inflação é idêntico ao valor que os agentes
esperam, não havendo erros siginificantes nas previsões).

d) idem ao item 'a', pois os agentes consideram todas as informações disponíveis,


além das mudanças esperadas na condução da política econômica, tanto na
versão fraca como na versão forte.

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e) como já explicado, a Curva de Phillips é vertical no curto prazo

GABARITO: LETRA C

Questão 25 25. (CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Economia/2011)

A figura abaixo mostra três linhas, (I), (II) e (III), com inclinações diferentes,
relacionando a taxa de inflação com a taxa de desemprego em determinada
economia.

Suponha total flexibilidade dos preços e dos salários, propiciando contínuo


equilíbrio entre a oferta e a demanda nos mercados. Se as expectativas dos
participantes dos mercados, a respeito das variáveis relevantes, fossem sempre
corretas, a curva de Phillips de

a) curto prazo seria como em (I)

b) curto prazo seria como em (II)

c) curto prazo seria como em (III)

d) longo prazo seria como em (I)

e) longo prazo seria como em (II)

A total flexibilidade dos preços e dos salários, propiciando contínuo equilíbrio entre
a oferta e a demanda nos mercados, é equivalente com a Curva de Phillips vertical

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no curto e no longo prazo. Este fato ocorre devido à possibilidade de perfeito


ajustamento dos salários nominais à inflação, mantendo o salário real constante e
o desemprego na taxa natural, independentemente da taxa de inflação.

GABARITO: LETRA C

Questão 26 26. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)


A hipótese de expectativas racionais considera que:

a) em sua versão fraca, os agentes usam as informações passadas e os agentes


não comentem erros sistemáticos.

b) o valor esperado da inflação é igual à inflação efetiva e a covariança dos erros


igual a zero. Assim, a principal hipótese é de que a política monetária tem pleno
efeito sobre o produto e os preços da economia.

c) a curva de Phillips é vertical, tanto no curto quanto no longo prazo, de modo


que os desvios ocorrem apenas em função de choques não antecipados.

d) em sua versão forte, considera que os agentes só levam em conta as


informações do passado.

e) a curva de Phillips é horizontal no curto prazo.

A hipótese das expectativas racionais considera que os agentes utilizam todas as


informações disponíveis para formular um modelo sobre o comportamento
econômico. Deste modo, eles reagem de modo racional à adoção de políticas
econômicas previamente anunciadas, ou esperadas, e adequam suas
expectativas, anulando em certo grau a efetividade desta política.

Se aplicada à Curva de Phillips, esta hipótese resulta em curva vertical tanto no


curto como no longo prazo, pois uma determinada política monetária com o
objetivo de reduzir o dezemprego e, consequentemente, aumentar a inflação, é

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antecipada pelos agentes já no curto prazo, de modo que a efetividade da política


é anulada.

Em resumo, se considerada a teoria das expectativas racionais, a política


monetária expansionista resultaria em aquecimento da economia, com elevação
na demanda por trabalho. No entanto, como os trabalhadores antecipam este
movimento e passam a exigir de antemão salários maiores, o aumento na
demanda por trabalho logo é reduzido, não provocando mudanças no emprego,
mas sim aumento nos preços e, consequentemente, inflação.

Este conceito é apresentado na letra c.

Vejamos o erro dos demais itens:

a) o item afirma que os agentes utilizam as informações passada, o que é incorreto.


Os agentes não só utilizam as informações passadas como todas as outras possíveis,
assim como se antecipam a possíveis mudanças na política econômica, quando
esperadas.
b) na hipótese das expectativas racionais a política monetária tem efeito nulo sobre
o produto, ao passo que afeta apenas o nível de preços; ademais, o valor da
inflação é exatamente o seu valor esperado, com a covariância dos erros igual a
zero (em português, os valor efetivo da inflação é idêntico ao valor que os agentes
esperam, não havendo erros siginificantes nas previsões).
d) idem ao item 'a', pois os agentes consideram todas as informações disponíveis,
além das mudanças esperadas na condução da política econômica, tanto na
versão fraca como na versão forte.
e) como já explicado, a Curva de Phillips é vertical no curto prazo

GABARITO: LETRA C

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Questão 27 27. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 2/2009)

A incorporação das expectativas dos agentes econômicos na avaliação de


prováveis impactos da política de estabilização ou anticíclica é indispensável.
Como não se dispõe de informações sobre as expectativas dos agentes
econômicos, os economistas desenvolveram modelos de formação de expectativa
que pudessem ser usados para antecipar as reações dos agentes econômicos e,
desse modo, inferir sobre os impactos das políticas. Considerando uma situação
inicial, na qual haja estabilidade de preços e o nível corrente do produto seja o de
pleno emprego (produto potencial), suponha que seja introduzida uma política
econômica expansionista. Associe os dois modelos de formação de expectativas
com os resultados para a economia, antecipados no curto e no longo prazos, em
decorrência da nova política macroeconômica, apresentados abaixo.

Modelo de Expectativas

I - Adaptativas

II - Racionais

Impactos da política macroeconômica sobre a economia:

No curto prazo:

P - Preços ficam mais elevados e há aumento de produto.

Q - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

No longo prazo:

R - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

S - Não há mudança nos preços e no produto.

T - Não há mudança nos preços e o produto aumenta.

As associações corretas são:

a) I - P e R; II - Q e R

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b) I - P e T; II - Q e S

c) I - P e S; II - P e S

d) I - Q e S; II - P e T

e) I - Q e R; II - P e R

Como de praxe, as questões do BACEN são as mais sagazes. Vamos analisar cada
relação:

No curto prazo:

P - Preços ficam mais elevados e há aumento de produto

• Este caso é compatível com hipótese de expectativas adaptativas; a


existência de ilusão monetária pelos trabalhadores e a rigidez salarial permite aos
empresários elevar a produção e o emprego na presença de inflação no curto
prazo.

Q - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

• De acordo com as expectativas racionais, no curto prazo, a política


econômica anunciada não produz qualquer efeito no nível de produto, pois os
indivíduos automaticamente ajustam preços e salários de acordo com a política
econômica.

No longo prazo:

R - Preços ficam mais elevados e não há mudança no produto.

• De acordo com a hipótese das expectativas adaptativas, no longo prazo, os


contratos de trabalho são reajustados no nível da inflação, o salário real volta ao
nível anteriormente verificado e a taxa de desemprego retorna à taxa natural,
assim como o produto volta ao nível de longo prazo compatível com o produto
potencial.

S - Não há mudança nos preços e no produto.

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• Esta conclusão não faz parte dos modelos de Curva de Phillips

T - Não há mudança nos preços e o produto aumenta.

• Esta conclusão não faz parte dos modelos de Curva de Phillips

Portanto, temos que:

I-PeR

II - Q e R

GABARITO: LETRA A

Questão 28 28. CESGRANRIO - Analista (FINEP)/Análise Estratégica em Ciência, Tecnologia


e Inovação/2014/

Considere a moderna teoria da curva de Phillips, relacionando a taxa de inflação


e o nível de atividade econômica.

Essa teoria prediz que se a inércia e a expectativa inflacionárias forem nulas e se


houver capacidade ociosa na economia (ou seja, o hiato do produto for negativo),
tenderá a ocorrer, a curto prazo, uma situação de

a) deflação

b) aceleração da inflação

c) aumento dos juros nominais

d) redução do produto potencial

e) valorização cambial da moeda doméstica

A moderna teoria da Curva de Phillips corresponde à Curva de Phillips Novo


Clássica (expectativas racionais). Para os Novo Clássicos, a expectativa de
inflação deve se basear na hipótese de racionalidade dos indivíduos. Como são
inteligentes no sentido de maximizar sua utilidade, empregados e empregadores
estão interessados na manutenção dos níveis de produtividade do trabalho e de

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salário real. Assim, é de seu interesse prever o comportamento exato da inflação e


não somente replicar o comportamento passado/presente ao futuro.

Assim, a hipótese das expectativas racionais considera que os agentes utilizam


todas as informações disponíveis no presente, incluindo as mudanças de política
econômica e choques com possibilidade de ocorrência no futuro, para estimar
com certa precisão a inflação futura e compreender o correto modelo econômico.
É comum afirmar que os agentes antecipam de forma racional as condicionantes
do modelo econômico (como a variação anunciada ou esperada na política
econômica) e utilizam estes dados na determinação da expectativa de inflação
do próximo período.

Um exemplo pode elucidar. Podemos considerar que, em resposta a um desvio da


economia ao nível de desemprego natural, a autoridade monetária considera um
aumento da quantidade de moeda em 10% no próximo período. Tudo o mais
constante, o aumento da quantidade de moeda tende a aumentar os preços no
mesmo montante, portanto a inflação esperada para o próximo período será de
10%.

Trazendo estes conceitos à questão, uma situação de inércia inflacionária igual a


zero (não há reprodução da inflação passada no presente)e expectativa de
inflação também igual a zero, a capacidade ociosa na economia tenderá a
promover no curto prazo uma deflação. Uma capacidade ociosa na economia
corresponde a um desvio negativo no nível de desemprego natural da economia,
ou seja, a taxa de desemprego efetiva está acima da taxa de desemprego natural.
Como a taxa de desemprego natural corresponde à taxa que mantém a variação
da inflação igual a zero, uma taxa superior corresponde à taxa que mantém a
variação em um valor negativo, isto é, representa uma situação de deflação.

GABARITO: LETRA A

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Questão 29 29. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

Após uma mudança credível nas políticas fiscais ou monetárias, a hipótese das
expectativas racionais, quando comparada com a hipótese das expectativas
adaptativas, implica que a transição para um novo equilíbrio de longo prazo será
mais demorada.

Como visto, a taxa de sacrifício, interpretada pela ótica das expectativas racionais,
é menor devido à credibilidade e compromisso de redução da inflação das
políticas monetária e fiscal, diferentemente do que afirma a questão.

GABARITO: Errado

Questão 30 30. (CESPE - Economista (MTE)/2008)

Na visão keynesiana, a coexistência entre taxas elevadas de inflação e de


desemprego, nas décadas de 80 e 90 do século passado, explica-se não somente
pelas expectativas de altas dessas duas variáveis, mas também pela ausência,
mesmo no curto prazo, de um trade-off entre inflação e desemprego.

A visão keynesiana é compatível com as observações feitas por Stanley Fischer


sobre o mercado de trabalho. Preços e salários são rígidos, além da negociação
de contratos de trabalho serem justapostas, conferindo trade-off negativo entre
inflação e desemprego no curto prazo.

Ademais, a estagflação das décadas de 80 e 90 pode ser explicada, pelos


keynesianos, justamente pela rigidez salarial e taxa de sacrifício vigente.
Considerando os choques de oferta verificados à época (choques do petróleo e
outros), a economia passou a operar em estagnação e alta inflação. Os salários,
sendo rígidos, preservaram o valor real, mantendo a inflação em elevado patamar,
assim como a estagnação.

GABARITO: ERRADO

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Questão 31 31. (ESAF - Analista de Finanças e Controle (STN)/Economico-Financeira/2013)

Suponha uma economia representada pelas seguintes equações:

I. Lei de Okun:

II. Demanda agregada:

III. Curva de Phillips:

a) caso a taxa de desemprego vigente seja igual à natural e a taxa de inflação em


vigor seja de 2%, uma taxa de crescimento monetário de 6% manterá constante a
taxa de desemprego.

b) a taxa de desemprego natural é igual a 2%.

c) para manter a inflação nula é necessário expandir a demanda em 10%.

d) se a taxa de desemprego vigente for maior que a taxa natural, a taxa de inflação
vigente será maior que aquela que seria observada caso a taxa de desemprego
vigente fosse igual à taxa natural.

e) admitindo a hipótese das expectativas racionais, a taxa de inflação será igual a


5%.

Questão muito boa!!! Vamos apresentar cada relação e depois efetuar as contas

Lei de Okun – relaciona o crescimento do produto e a variação no desemprego.

O desemprego no ano t é identificado por μ1, assim como o desemprego no


período t-1 é representado por μt-1. A taxa de crescimento do produto entre os
anos t-1 e t é representada por gyt

Demanda Agregada – apresenta uma relação entre o crescimento do produto,


crescimento do estoque de moeda e inflação.

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Gyt representa a taxa de crescimento do produto entre os períodos t-1 e t


Gmt representa a taxa de crescimento da moeda nominal
πt representa a taxa de inflação, ou seja, a taxa de crescimento de preços entre
os períodos t-1 e t

Curva de Phillips – relaciona a taxa de desemprego com a evolução da taxa de


inflação entres os períodos t-1 e t. Através desta relação é possível determinar
como será a variação da inflação caso o desemprego se distancie do nível natural
de desemprego, que neste caso é de 2% (0,02). Perceba que esta relação o sinal
negativo faz com que esta relação seja inversa, isto é, a elevação do desemprego
em relação ao nível da taxa natural reduz a variação da inflação.

Deste modo, é possível perceber que, ao se relacionar estas 3 identidades,


podemos relacionar taxas de desemprego, crescimento do produto, crescimento
da moeda nominal e, por fim, variação da inflação.

Agora, vamos às alternativas:

a) Caso a taxa de desemprego seja igual a taxa natural (2%) e taxa de inflação
de 2%, um crescimento monetário de 6% resultará em desemprego inferior à taxa
natural, ao menos no curto prazo
b) A taxa natural de desemprego está demonstrada na curva de Phillips e é iguala
2% ou 0,02, como explicado acima. Item correto .
c) Caso a demanda agregada se eleve em 10%, o nível nominal de moeda teria
que se reduzir também em 10% para a inflação se manter nula, algo impensável.
d) Se a taxa de desemprego for menor que a taxa natural, a inflação será maior.
É só observar a curva de Phillips.

e) Admitindo a hipótese das expectativas racionais, a taxa de inflação se


comportaria de modo variável, dependendo da discricionariedade da política
econômica (antecipada ou não- antecipada).

GABARITO: LETRA B

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Questão 32 32. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

Se for observada inflação de 10% ao ano e a economia estiver operando no nível


do produto potencial, a taxa de crescimento da oferta de moeda será de 13% ao
ano.

Questão muito interessante. Vamos apresentar cada relação e depois efetuar as


contas

Lei de Okun – relaciona o crescimento do produto e a variação no desemprego. É


representada pela primeira expressão.

O desemprego no ano t é identificado por μt, assim como o desemprego no


período t-1 é representado por μt-1. A taxa de crescimento do produto entre os
anos t-1 e t é representada por gt

Curva de Phillips – relaciona a taxa de desemprego com a evolução da taxa de


inflação entres os períodos t-1 e t. Através desta relação é possível determinar como
será a variação da inflação caso o desemprego se distancie do nível natural de
desemprego, que neste caso é de 3% (0,02). Perceba que esta relação o sinal
negativo faz com que esta relação seja inversa, isto é, a elevação do desemprego
em relação ao nível da taxa natural reduz a variação da inflação. É representada
pela segunda expressão.

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Demanda Agregada – apresenta uma relação entre o crescimento do produto,


crescimento do estoque de moeda e inflação. É representada pela terceira
expressão.

Gt representa a taxa de crescimento do produto entre os períodos t-1 e t

Gmt representa a taxa de crescimento da moeda nominal

πt representa a taxa de inflação, ou seja, a taxa de crescimento de preços entre os


períodos t-1 e t

Deste modo, é possível perceber que, ao se cruzar estas 3 identidades, podemos


relacionar taxas de desemprego, crescimento do produto, crescimento da moeda
nominal e, por fim, variação da inflação.

Desta forma, se for observada inflação de 10% ao ano e a economia estiver


operando no nível do produto potencial, a taxa de crescimento da oferta de
moeda será de 13% ao ano.

A taxa de crescimento potencial é aquela que mantém a taxa de desemprego em


seu nível natural. Assim, considerando que a taxa de desemprego natural é de 3%
e, portanto, a taxa de crescimento potencial é compatível com esta taxa, temos
que:

GABARITO: CERTO

Questão 33 33. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

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Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

O produto potencial da economia é de 3% ao ano.

Considerando as observações feitas na questão anterior, o produto potencial da


economia é aquele em que a taxa de desemprego efetiva é igual a taxa de
desemprego natural. Desta forma, podemos encontrar o referido produto a partir
da seguinte expressão:

ut = ut - 1 - 0,2(gt - 0,03)

De modo que:

ut = ut - 1

Para que isto aconteça: 0,2(gt - 0,03) = 0.

Resolvendo a expressão acima, temos que gt = 0,03.

Ou seja, o produto potencial é de 3% (0,03).

GABARITO CERTO

Questão 34 34. CESPE - Economista (SUFRAMA)/2014/

Considere que uma economia seja descrita pelas equações abaixo, em que u é a
taxa de desemprego, g é a taxa de crescimento da economia, π é a taxa de
inflação, gm é a taxa de crescimento da oferta de moeda e t é o indicativo de
tempo, base anual.

Com base nas informações apresentadas acima, julgue o item que se segue.

Ministério do Trabalho (Auditor Fiscal do Trabalho - AFT) Economia do Trabalho - 2022 (Pré-Edital) 116
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Caso o Banco Central reduza a taxa de inflação de 10% para 5% ao ano de uma
única vez, a taxa de desemprego subirá para 13%.

Para resolver a questão, precisamos utilizar a seguinte expressão:

πt = πt - 1 - (ut - 0,06)

Sendo que:

πt = 5%

πt - 1 = 10%

Substituindo, temos que:

5% = 10% - ut + 6%

ut = 11%

A taxa de desemprego subirá para 11%.

GABARITO: ERRADO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos aqui a nossa aula. Espero que tenha gostado e compreendido nossa
proposta de curso.

Saiba que ao optar pelos Estratégia Concursos estará fazendo a escolha certa. Isso
será perceptível no decorrer do curso, a medida em que formos desenvolvendo os
assuntos.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou


disponível no fórum no Curso, por e-mail ou pelo Facebook.

vdalvocamillo@gmail.com

https://www.facebook.com/profvicentecamillo/

https://www.instagram.com/profvicentecamillo/

Obrigado pela companhia. Aguardo você na próxima aula.

Bons estudos e até lá!

Prof. Vicente Camillo

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