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APOSTILA DE ACORDO COM EDITAL DE Nº.

01/2020

FESAÚDE-R J
FUNDAÇÃO ESTATAL DE SAÚDE DE NITERÓI

ENFERMEIRO

CONTEÚDO
- Língua portuguesa
GRÁTIS
Conhecimentos Específicos
CONTEÚDO ONLINE

Decreto nº 7.508/2011
- Decreto Regulamentador
da Lei Orgânica da Saúde

Lei nº 8.080/1990
- Lei Orgânica da Saúde
Fundação Estatal de Saúde de Niterói do Estado do Rio de Janeiro

FESAÚDE-RJ
Enfermeiro

FV063-N0
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Fundação Estatal de Saúde de Niterói - RJ

Enfermeiro

EDITAL Nº. 01/2020

AUTORES
Conhecimentos Específicos - Profº Ana Luisa M. da Costa Lacida

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Aline Carvalho

DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

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ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - ENFERMEIRO

O cuidado de enfermagem na promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde; Fundamentos do


processo de cuidar em enfermagem;...................................................................................................................................................... 01
Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia Humana;........................................................................................................................... 36
Consulta de Enfermagem; Sistematização da assistência de enfermagem;............................................................................. 38
Procedimentos de enfermagem;............................................................................................................................................................... 38
Manipulação de material estéril;................................................................................................................................................................ 38
Noções de Farmacologia;............................................................................................................................................................................. 47
Assistência de Enfermagem nos diversos transtornos mentais e nos diferentes ciclos de vida; Assistência de
Enfermagem nas doenças crônicas transmissíveis e não transmissíveis; Assistência de Enfermagem nas infecções
agudas;................................................................................................................................................................................................................. 47
Assistência de enfermagem em urgência e emergência;................................................................................................................. 82
Assistência de Enfermagem no controle e administração de medicamentos;........................................................................ 108
Limpeza, desinfecção, esterilização e acondicionamento de materiais;.................................................................................... 108
Práticas de Liderança em Enfermagem; Administração em Enfermagem: Teorias da Administração, Estrutura
Organizacional, Dimensionamento de pessoal de enfermagem, Avaliação de desempenho de pessoal da
enfermagem....................................................................................................................................................................................................... 108
Sistema de informação de enfermagem, Tomada de decisão em enfermagem, Planejamento da assistência de
enfermagem;...................................................................................................................................................................................................... 126
Noções de Segurança do Paciente;.......................................................................................................................................................... 128
Código de Ética dos profissionais de enfermagem; Lei do Exercício Profissional.................................................................. 128
Terminologia Hospitalar
O CUIDADO DE ENFERMAGEM NA
PROMOÇÃO, PREVENÇÃO, PROTEÇÃO Matrícula ou registro: definido como a inscrição de
E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE; um paciente na unidade médica hospitalar que o habilita
FUNDAMENTOS DO PROCESSO DE CUIDAR ao atendimento.
EM ENFERMAGEM; Internação: admissão de um paciente para ocupar
um leito hospitalar.
Leito Hospitalar: cama destinada á internação de
Definições um paciente em um hospital. Não é considerado leito
hospitalar ( cama destinada ao acompanhante, camas
A enfermagem segundo Wanda Horta é ”A ciência transitórias utilizadas no serviço diagnóstico de enferma-
e a arte de assistir o ser humano em suas necessidades gem, cama de pré parto, recuperação pós anestésica e
básicas e torná-lo independente destas necessidades pós operatórios, camas instaladas no alojamento de mé-
quando for possível através do autocuidado’ . A enfer- dicos).
magem como ciência pode ser exercida em vários locais Censo Hospitalar Diário: É a contagem a cada 24 ho-
tais como : Hospitais, Empresas Particulares (Enf. Do Tra- ras do número de leitos ocupados.
balho),Escolas, Unidades de Saúde. Dentro de introdu- Dia Hospitalar: É o período de trabalho, compreen-
ção á enfermagem estuda-se a enfermagem no âmbito dido entre dois censos hospitalares consecutivos.
hospitalar. Leito Dia : Unidade representada pela cama á dispo-
Nos dias de hoje, o hospital é definido segundo a sição de um paciente no hospital.
OMS como elemento de uma organização de caráter mé- Óbito hospitalar: é o óbito que se verificam no hospi-
dico social, cuja função consiste em assegurar assistência tal após o registro do paciente.
médica completa, curativa, e preventiva a população e Alta: ato médico que configura a cessação da assis-
cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar tência prestada ao paciente.
considerada em seu meio; e um centro de medicina e de
pesquisa biossocial. O PACIENTE

Funções do Hospital O paciente e o elemento principal de qualquer insti-


tuição de saúde. Considera-se paciente todo o individuo
- Preventiva: Principalmente nos ambulatórios, onde submetido a tratamento, controle especiais, exames e
os pacientes retornam após a alta para controle. observações medicas.
- Educativa : Através da educação sanitária e prática O paciente procura o hospital quando atingido pela
da saúde pública visando o paciente, a família e a doença, pois se cria nele angustia, inquietação, que leva
comunidade. Sob o ponto de vista de formação e a exagerar o poder e conhecimento sobre os profissio-
aperfeiçoamento de profissionais de saúde. nais que o socorrem, muitas vezes torna-se difícil o tra-
- Pesquisa: O hospital serve de campo para a pesqui- tamento do doente, originando problemas de relaciona-
sa científica relacionada á saúde. mento (paciente pessoal).
- Reabilitação: O hospital através do diagnóstico A doença trás ao paciente graves consequências
precoce utilizando os cuidados clínicos, cirúrgicos como:
e especiais por meios do qual o paciente adquire
condições de retornar ao seu meio e suas ativida- • Choque emocional ,
des. • Ameaça do equilibrio psicológico do paciente,
- Curativa: A função a qual o Brasil faz como função • Rompimento das defesas pessoais,
principal. Tratamento de qualquer natureza. • Leva a pedir proteção e cuidados,
• Obriga ao abandono das atividades normais,
Classificação • Ao recolhimento ao leito,
• Ao afastamento da comunidade .
Segundo o tratamento:
Geral: É o hospital destinado á atender pacientes por- O paciente ao ser admitido no hospital espera do me-
tadores de doenças das várias especialidades médicas. dico e da enfermagem, uma explicação, uma palavra de
Especial ou Especializada: Limita-se a atender pa- conforto em relação ao seu estado de saúde. Se isto não
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cientes necessitados de assistência de determinada es- acontece, o seu quadro psicológico pode ser agravado,
pecialidade médica .Ex: Hospital do câncer. levando-o a se tornar submisso e despersonalizado, ou
Segundo o número de leitos: então agressivo.
Pequeno porte: hospital com capacidade normal de
até 50 leitos. Exame físico
Médio porte: hospital com capacidade normal de 50
a 150 leitos. O diagnóstico do paciente traça as diretrizes para o
Grande porte: Capacidade normal de 150 a 500 lei- tratamento e cuidado de enfermagem. Para que o diag-
tos. nostico seguro seja estabelecido há a necessidade de um
Extra ou Especial: capacidade acima de 500 leitos. exame completo, que consta de exame físico e psicoló-
gico. Os instrumentos básicos dos exames físicos são os

1
sentidos humanos da visão, tato, audição e olfato. Certos - Dispor o material para o exame sobre a mesa au-
instrumentos podem facilitar e oferecer maior precisão xiliar; 
quanto a fenômenos acústicos e visuais como estetoscó- - Cobrir o paciente de acordo com o tipo do exame, e
pio e oftalmoscópio.  da rotina do serviço. 
- Obs.:Evitar descobrir o paciente mais do que neces-
Métodos de exame físico sário, procurando também não atrapalhar o me-
dico: 
São quatro os métodos universalmente usados para - Usar roupas folgadas ou lençóis para permitir mu-
exame físico: danças de posição com maior rapidez; 
-Inspeção: é a observação do estado geral do pa- - Não permitir que o paciente sinta frio descobrindo
ciente, coloração da pele, presença de deformação só a região a examinar; 
como edema, estado nutricional, padrão de fala, - Deixá-lo o mais seguro e confortável possível. 
temperatura corporal, postura, movimento do cor-
po.  Prestar Assistência Durante o Exame Físico 
-Palpação: consiste em sentir as estruturas (tecidos, - Certificar-se da temperatura e iluminação da sala.
órgão), do corpo através da manipulação. Fechar janelas se estiver frio e providenciar um
-Percussão: efetuada com leves pancadas das pontas foco se a iluminação for deficiente. 
dos dedos sobre uma área do corpo. O som pro- - Verificar T.P.R.P.A , peso, altura e anotar no pron-
duzido revela o estado dos órgãos internos. tuário; 
-Ausculta: consiste em escutar ruídos no corpo, es- - Despir a camisola do paciente, cobrindo-o com len-
pecialmente para verificar o funcionamento do çol; 
coração, pulmão, pleura e outros órgãos. Para isto - Avisar o medico que o paciente esta pronto para o
utiliza-se o estetoscópio. exame; 
- Colocar-se junto a cama do lado oposto aquele que
No exame físico verificar: estiver o medico; 
-Condições Gerais: estado de consciência, aspecto de - Entregar-lhe os objetos a medida que necessitar. 
nutrição e hidratação, expressão facial,  condições - Obs.:Se for o enfermeiro ou auxiliar que for realizar
de locomoção, vícios, peso, altura, idade aparente, o exame físico do paciente ou, colher algum mate-
alergia a drogas. rial para exame todos os cuidados acima deverão
-Sinais Vitais: Pulso, respiração, pressão arterial, tem-
também ser seguidos
peratura. 
-Postura e Aparelho Locomotor Motricidade, mecâni-
Posições para o Exame Físico:
ca corporal e marcha. 
-Tórax e Pulmões Contorno, expansibilidade, intensi-
a) Posição Ginecológica
dade de ruídos respiratórios.
Indicações: Exame vaginal, exame vulvo vaginal, lava-
-Abdômen: Cicatrizes, lesões
gem vaginal, sondagem vesical, tricotomia). 
Atribuições do auxiliar de enfermagem no exame - Descrição da Posição:
físico: - Colocar a paciente em de decúbito dorsal; 
- Joelhos flexionados e bem separados, com os pés
Preparar o material que consiste em: sobre a cama; 
- Termômetro - Proteger a paciente com lençol ate o momento do
- Oftalmoscópio exame
- Esfigmomanômetro
- Otoscópio Técnica 
- Estetoscópio - Lavar as mãos
- Cuba-rim - Identificar a paciente, avisando-a que será feito 
- Martelo de percussão - Isolar a cama com biombo 
- Vidro com álcool - Colocar a paciente em decúbito dorsal horizontal; 
- Abaixador de língua - Pedir a paciente para flexionar os membros inferio-
- Bolas de algodão res, colocando os calcanhares na cama; 
- Fita métrica - Afastar bem os joelhos; 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Toalha  - Proteger a paciente com lençol em diagonal, de tal


- Para exames especiais, o material varia conforme o forma que uma ponta fique sobre o peito e a ou-
exame: espéculo vaginal ,luvas, lubrificantes, lami- tra na região pélvica. As outras duas pontas deve-
nas, tubos para cultura, etc.) rão ser presas sob os calcanhares da paciente; 
Preparar o Paciente e o Ambiente : - Colocar a paciente em posição confortável após o
- Explicar ao paciente o que vai ser feito, a fim de ob- exame ou tratamento; 
ter a sua colaboração;  - Recompor a Unidade; 
- Verificar sua higiene corporal; 
- Oferecer-lhe a comadre (se necessário);  b) Posição de Decúbito Dorsal 
- Levá-lo- para a sala de exame ou cercar a cama com Indicação: Realizar exame físico
biombo; 

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Técnica:  - Isolar a cama com biombo
- Lavar as mãos - Manter o paciente em posição dorsal,semi-sentado,
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será recostado, com os joelhos fletidos, apoiados em
feito  travesseiros ou o estrado da cama modificado; 
- Isolar a cama com biombos;  - Elevar a cabeceira da cama mais ou menos em an-
- Deitar o paciente de costas com a cabeça e ombros gulo de 45 graus
ligeiramente elevados por travesseiros, as pernas - Elevar o estrado dos pés da cama para evitar que o
estendidas;  paciente escorregue
- Dar condições necessárias para a expansão pulmo- - Verificar se o paciente esta confortável
nar, não dobrando o pescoço ou cintura;  - Proteger o paciente com lençol
- Manter os membros superiores ao longo do corpo;  - Deixar o paciente em posição confortável após o
- Deixar o paciente em posição correta para evitar exame ou tratamento
distensão dos tendões da perna;  - Recolocar o material no lugar
- Manter os joelhos ligeiramente fletidos e os pés - Lavar as mãos
bem apoiados;  - Anotar no prontuário do paciente
- Evitar a queda dos pés equinos; 
- Proteger o paciente sempre com o lençol, expondo e) Posição de Decúbito Lateral 
apenas o necessário; 
- Colocar o paciente em posição confortável após o Finalidade: Cirurgias renais, massagem nas costas,
exame;  mudança de decúbito.
- Recompor a Unidade; 
- Lavar as mãos;  Técnica :
- Anotar no prontuário do paciente - Lavar as mãos
- Identificar o paciente e avisá-lo sobre o que será
c) Posição de SIMS  feito
- Isolar a cama com biombos
Indicação: Exames retais, lavagem intestinal, exames - Posicionar o paciente na cama sobre um dos lados
vaginais, clister - Colocar a cabeça sobre o travesseiro, apoiando tam-
bém o pescoço
- Colocar outro travesseiro sob o braço que esta su-
Técnica
portando o peso do corpo
- Lavar as mãos
- Colocar um travesseiro entre as pernas para aliviar a
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
pressão de uma perna sobre a outra
feito
- Manter o alinhamento corporal a fim de facilitar a
- Isolar a cama com biombos
respiração; 
- Colocar o paciente deitado do lado esquerdo
- Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o
- Aparar a cabeça do paciente sobre o travesseiro local a ser examinado; 
- Colocar o braço esquerdo para trás do corpo - Colocar o paciente em outra posição confortável
- Flexionar o braço direito e deixa-lo apoiado sobre após o repouso de mudança de decúbito ou exa-
o travesseiro me; 
- Colocar o membro inferior esquerdo ligeiramente - Recompor a Unidade; 
flexionado - Lavar as mãos; 
- Colocar o membro inferior direito fletido ate quase - Anotar no prontuário do paciente
encostar o joelho no abdômen
-Deixar o paciente sempre protegido com lençol, ex- f) Posição em Decúbito Ventral
pondo apenas a região necessária 
- Colocar o paciente em posição confortável após o Finalidade: Laminectomias, cirurgias de tórax poste-
exame ou tratamento;  rior, tronco ou pernas. 
- Recompor a Unidade
- Lavar as mãos Técnica 
- Anotar no prontuário do paciente. - Lavar as mãos
- Identificar o paciente e avisá-lo sobre o que será
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) Posição de Fowler: feito


- Isolar a cama com biombos
Finalidade: pacientes com dificuldades respiratórias, - Deitar o paciente com o abdômen sobre a cama ou
para a alimentação do paciente, pós-operatório sobre a mesa de exames
nasal, buco maxilo, cirurgia de tireoide (tireodec- - Colocar a cabeça virada para um dos lados
tomia). - Colocar os braços elevados, com as palmas das
mãos apoiadas no colchão, à altura da cabeça ou
Técnica: ao longo do corpo
- Lavar as mãos - Colocar um travesseiro, se necessário, sob a parte
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será inferior das pernas e pés, para evitar pressão nos
feito  dedos

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- Proteger o paciente com lençol Técnica de verificação de medidas antropométri-
- Colocar o paciente em posição confortável cas: 
- Recompor a Unidade Definição: é a verificação do peso corporal e altura
- Lavar as mãos do paciente.
- Anotar no prontuário do paciente
- Obs.:Em alguns casos esta posição e contra indicada Finalidade: averiguar o peso e altura do paciente. 
( pacientes portadores de incisões abdominais, ou
com dificuldade respiratória, e idosos, obesos. ) Normas para técnica de verificação de medidas an-
tropométricas
g) Posição Genu-peitoral
O paciente deve estar sem sapatos e com roupas le-
Finalidade Exames do reto e vagina, sigmoidoscopia.  ves; 
A verificação do peso deve ser sempre na mesma
Técnica  hora; 
- Lavar as mãos O paciente deve estar na posição ereta; 
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
feito Material:
- Isolar a cama com biombo Balança antropométrica, 
- Solicitar ao paciente para que fique em decúbito Papel toalha. 
ventral 
- Apoiar o peito o peito do paciente de encontro com Técnica 
o colchão ou mesa de exame Explicar o procedimento ao paciente; 
- Pedir ao paciente para fletir os joelhos;  Aferir a balança; 
- Colocar a cabeça virada para um dos lados, sobre Proteger o piso da balança com papel; 
Solicitar ao paciente que retire os sapatos, roupas pe-
um pequeno travesseiro
sadas e suba na balança; 
- Pedir para o paciente estender os braços sobre a
Posicionar o paciente de frente para a balança, isto e,
cama, na altura da cabeça
para a escala desta; 
- Solicitar ao paciente para que descanse o peso do
Executar a técnica da pesagem; 
corpo sobre a cabeça, ombros peito, e os joe-
Colocar em seguida, o paciente de frente para a pes-
lhos, formando assim, um angulo reto entre as co-
soa que esta fazendo a mensuração e verificar  a estatura; 
xas e as pernas
Encaminhar o paciente ao leito novamente; 
- Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o Anotar no prontuário. 
necessário
- Colocar o paciente em posição confortável após o Obs.: - Causas do aumento de peso:
exame a) Descontrole hormonal, (hipotireoidismo); 
- Recompor a Unidade b) Bulimia (aumento da fome); 
- Lavar as mãos c) Problemas psicológicos; 
- Anotar no prontuário do paciente d) Retenção de água.
h) Posição de Trendelemburg  Causas do emagrecimento: 
a)Desidratação;
Finalidades Cirurgias da região pélvica, estado de b)Anorexia; 
choque, tromboflebites, casos em que deseja melhor irri- c) Descontrole hormonal, (hipertireoidismo).
gação cerebral, drenagem de secreção pulmonar. 
ADMISSÃO DO PACIENTE
Técnica
O paciente deve ser recebido no hospital com toda
Lavar as mãos.  cordialidade e atenção. A primeira impressão que o pa-
Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será feito.  ciente tem e sempre de grande importância para inspi-
Colocar o paciente na posição dorsal horizontal’  rar-lhe confiança no hospital e no tratamento que ali vai
Inclinar a cabeceira da cama em angulo adequado.  receber. Este bom acolhimento influirá também nos fa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Elevar os pés da cama em angulo adequado, de forma miliares ou pessoas que o acompanham.
que a cabeça fique mais baixa em relação ao corpo. 
Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o Técnica 
necessário. 
Recompor a Unidade.  Lavar as mãos; 
Lavar as mãos.  Preencher todos os dados da ficha de identificação
Anotar no prontuário do paciente do paciente; 
Fazer a lista dos valores do paciente sob suas vistas
ou alguém de sua família. Entregá-los ao responsável
para guardá-los no cofre do hospital ou conforme rotina
da instituição; 

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Levar o paciente ate seu quarto e orientá-lo quanto Analisar os cuidados de enfermagem prestados; 
as instalações sanitárias e demais dependências da en- Servir de base para qualquer documentação e ano-
fermaria;  tação
Deixar a campainha ao seu alcance; 
Providenciar para que o paciente conheça a equipe O Que Observar:
que lhe dará assistência. Mostrar-lhe o regulamento do
hospital quanto a visita, horas de repouso, de refeição, Sintomas:É uma manifestação perceptível no orga-
etc.;  nismo que indica alteração na saúde física ou mental.
Encaminhar o paciente para o banho oferecendo o Sintoma Subjetivo: É aquele descrito pelo paciente,
material;  não podendo ser visto ou sentido por outros. Ex. cefaleia. 
Arrumar a cama conforme técnica de arrumação de Sintoma Objetivo: E aquele notado ou sentido pelo
cama aberta;  observador, e sinônimo de sinal. Ex. vômito, Edema, etc. 
Acomodar o paciente e verificar os sinais vitais, fazer Síndrome: E um complexo de conjunto de sinais e
o exame físico conforme a técnica, lavando as mãos em sintomas. 
seguida; 
Anotar na folha de evolução de enfermagem o ho- A observação serve não só para descobrir anormali-
rário da admissão, sinais vitais, exame físico completo, e dades, mas também para identificar a potencialidade do
se o paciente veio sozinho acompanhado, deambulando, individuo. A observação global associada a outras obser-
em cadeira de rodas ou de maca;  vações gerais leva a descoberta de aspectos favoráveis,
Comunicar o serviço de nutrição a dieta do paciente;  podendo indicar ausência de problemas, recuperação, ou
Encaminhar pedidos de exames;  mesmo os recursos físicos e mentais, dos quais o indivi-
Iniciar o tratamento propriamente dito duo dispõe para auxiliar na sua própria recuperação.
ALTA HOSPITALAR  Anotações de enfermagem:
Técnica Finalidades Relatar por escrito as observações do pa-
ciente; 
Verificar se a folha de alta esta assinada pelo medico;  Contribuir com informações para o diagnostico medi-
Reunir e entregar os pertences ao paciente;  co e de enfermagem; 
Verificar se existem valores do paciente guardados Contribuir com informações para fazer o planejamen-
pelo hospital tais como: dinheiro, joias, documentos etc.  to do plano de cuidados de enfermagem; 
Se houver necessidade ajudar o paciente a vestir-se  Servir de elementos para pesquisa; 
Anotar no prontuário o horário e as condições em Fornecer elementos para auditoria de enfermagem; 
que o paciente esta saindo, e as orientações feitas no Servir para avaliação dos cuidados de enfermagem
momento da alta;  prestados (quanto a qualidade e continuidade); 
Esperar os familiares ou responsáveis;  Servir como fonte para a aprendizagem. 
Acompanhar o paciente a portaria;  Tomando como base as observações os elementos
principais a serem anotados são o seguinte:
Obs.: - Em caso de alta por óbito, anotar no prontuá- 01 A aparência; 
rio a hora, e o medico que constatou e atestou o óbito.  02 Estado físico: queixas, observações em geral, ali-
mentação, exames, testes, encaminhamento, eli-
ANOTAÇÃO NO PRONTUÁRIO E RELATÓRIO DE minações, tratamentos dados, resultados dos
ENFERMAGEM cuidados prestados, medicamentos, contenções e
demais observações colhidas pelo exame físico; 
As anotações no prontuário são baseadas em obser- 03A conservação ou a comunicação; 
vação de enfermagem.  04 - O comportamento: 
Observação e o ato, habito ou poder de ver, notar e
perceber; e examinar, contemplar e notar algo através da Equilíbrio do pensamento (senso critico, confusão,
atenção dirigida.  expressão de ideias, delírios, localização no tempo e es-
paço, etc.); 
Finalidades: Equilíbrio do estado perceptivo (alucinações, delírios); 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Equilíbrio de estado afetivo (emoções, sentimentos,


Contribuir com informações para o diagnostico e tra- capacidade para resolver situações, etc.); 
tamento médico e de enfermagem;  Equilíbrio no ajustamento social (dependência, isola-
Conhecer o paciente, família e comunidade;  mento, reação ao ambiente e pessoa); 
Construir fator decisivo entre a vida e a morte através Capacidade de aprendizagem - inteligência; 
dos dados colhidos; 
Auxiliar a equipe multiprofissional na tomada de de- 05 - Atividades; 
cisões especifica;  06 - Recomendações. 
Verificar os problemas aparentes e inaparentes; 
Planejar cuidados de enfermagem; 
Analisar os serviços hospitalares prestados; 

5
Normas para anotações de enfermagem: Procedimento:

01 - Usar termos descritos: Ex. o paciente esta ansio- Retirar anéis, relógio, etc.;
so, o paciente deambula constantemente no cor- Posicionar-se sem encostar-se na pia
redor, torcendo as mãos, apresentando expressão Abrir a torneira;
facial de preocupação;  Ensaboar as mãos;
02 - Usar termos objetivos: aquilo que foi visto ou Friccionar as mãos;
sentido e não de interpretação pessoal;  Enxaguar as mãos, deixando a torneira aberta;
03 - Usar termos concisos;  Enxugar as mãos com papel toalha;
04 - Considerar o aspecto legal das anotações: não Fechar a torneira com a mão protegida com papel
permitindo rasuras, linha em branco entre uma e toalha, caso não tenha fechamento automático.
outra anotação, colocar nomes de pessoas;  Jogar na lixeira, específica, o papel toalha usado.
05 - Considerar o segredo profissional; 
06 - Observar a redação, ortografia, letra: Usar 3a pes- Higiene da unidade do paciente
soa gramatical: Ex. o enfermeiro atendeu imediata-
mente ao chamado da campainha;  Tipos de limpeza
07 - Colocar horário; 
08 - Colocar vias de administração e locais de aplica- Limpeza diária ou concorrente ou desinfecção con-
ção de medicamentos; corrente
09 - Fazer assinatura legível; 
10 - Nunca anotar medicamentos ou tratamentos fei- É aquela feita diariamente para a manutenção da lim-
tos por outras pessoas. peza hospitalar constituindo na arrumação da cama e na
manutenção da limpeza do mobiliário e do ambiente.
Prevenção e controle de infecção Proporciona conforto, segurança e bem-estar ao
cliente, além de minimizar o risco de infecção através de
Alguns conceitos importantes: eliminação de microrganismos existentes no ambiente
Assepsia - Segundo o Ministério da Saúde, é o pro- hospitalar.
cesso pelo qual se consegue afastar germes patogênicos Chamamos também de desinfecção concorrente
de determinado local ou objeto. aquela realizada
Imediatamente após a expulsão de matéria orgânica
Antissepsia - É o método que inibe a proliferação do corpo do indivíduo (cliente) com sangue, fezes, vô-
de germes, sem, no entanto provocar a sua destruição. É mito, etc.
utilizado apenas em relação a tecidos vivos. Ex: utilização
de álcool para limpar a pele antes de aplicar uma injeção, LIMPEZA OU DESINFECÇÃO GERAL OU TERMINAL
lavagem das mãos.
É feita após a saída do cliente por alta, transferência,
Desinfecção - É a destruição de microrganismos pa- óbito ou suspensão das medidas de isolamento e o pre-
togênicos, não incluindo os esporos. paro do leito para que seja recebido outro cliente.
A desinfecção terminal pode ser do leito, no caso de
Esterilização - É o processo aplicado a materiais e alta de um paciente ou do quarto todo. Nesta técnica
ambiente com o objetivo de destruição de microrganis- existe a parte que compete a Enfermagem e a que é da
mo em todas as suas formas, incluindo os esporos. alçada dos funcionários da limpeza, conforme rotina es-
tabelecida.
Infecção Hospitalar - A infecção hospitalar é qual- Outras barreiras empregadas são os isolamentos:
quer infecção adquirida após a internação do paciente e
que se manifeste durante a internação ou mesmo após a 1) Isolamento total: Destina-se a prevenir a trans-
alta, quando puder ser relacionada com a hospitalização. missão de doenças altamente contagiosas, como
por exemplo: Difteria (neste tipo de isolamento
Lavagem das mãos usa-se máscara, luvas e avental);
2) Isolamento respiratório: Usado para prevenção
- Após tocar fluidos, secreções e itens contaminados; de doenças que se transmitem por via respiratória,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Após a retirada das luvas; como por exemplo a Meningite. Há a necessidade


- Antes de procedimentos com paciente; do uso de máscara, somente;
- Entre contatos com pacientes; 3) Isolamento entérico: Para prevenir infecções que
- Entre procedimentos num mesmo paciente; são transmitidas pelo contato direto ou indireto
- Antes e depois de atos fisiológicos; com fezes e/ou urina. Ex: Enterocolitenecrosante.
- Antes do preparo de soros e medicações. Há necessidade do uso de luvas e, às vezes, aven-
tal;
Material 4) Isolamento protetor ou reverso: Para pacientes
imunodeprimidos como no caso de portadores de
Sabão; HIV.
Toalha de papel.

6
Usa-se máscaras para defesa deles, mas para nossa Nomenclatura:
proteção, às vezes, dependendo do grau da doença, ne-
cessita-se de óculos e avental; - Eutermia ou normotermia: valor dentro da norma-
lidade = 36°C a 37°C
5) Isolamento de contato: Para prevenção de doenças - Febril ou febrícula: valor de 37,5°C a 38°C
altamente transmissíveis pelo contato, como é o caso - Febre: valor de 38,1°C a 39°C
de sarna infectada. Necessita-se de luvas e avental. - Pirexia: de 39,1°C a 40°C
- Hiperexia ou hipertermia: acima de 40°C
Arrumação do leito do paciente - Hipotermia: abaixo de 36°C

Tipos de cama: Cuidados de enfermagem para hipertermia:


1. Estimular ingesta hídrica;
Leito fechado: é a cama que está desocupada aguar- 2. Estimular banho de água morna quase fria;
dando a chegada do cliente. Deve ser arrumada aproxi- 3. Colocar compressas frias, não geladas, nas pregas
madamente 2 horas após ter sido feita a limpeza geral, inguinais e axilares e testa;
permitindo arejamento do ambiente. 4. Diminuir a quantidade de roupas;
Leito aberto: é aquela que está sendo ocupado por 5. Proporcionar repouso;
um paciente que pode locomover-se. 6. Orientar que mantenha alimentação.
Na cama aberta, se o cliente estiver usando colcha
e cobertor sobre lençol deve fazer uma dobra sobre os Cuidados de enfermagem para hipotermia:
mesmos, num ângulo de aproximadamente 90 graus. 1. Oferecer alimentos quentes ( chocolates, sopas, be-
Leito operado: É feita para aguardar o paciente que bidas isotônicas);
está na sala de cirurgia ou em exame, sob anestesia. 2. Proporcionar repouso;
Tem finalidade de: 3. Aumentar a quantidade de roupas;
Proporcionar conforto e segurança ao paciente; 4. Oferecer alimentos ricos em vitaminas;
Facilitar a colocação do paciente no leito;
5. Se der, aquecer o ambiente.
Controle de sinais vitais 
Temperatura Axilar: Apesar de não ser a mais pre-
cisa, é a maneira mais utilizada para se verificar a tem-
Definição: sinais vitais são reflexos ou indícios de
peratura.
mudanças no estado do paciente. Eles indicam o estado
A temperatura axilar é contraindicada nas queimadu-
físico do paciente e ajudam no seu diagnóstico e trata-
ras de tórax porque a circulação fica alterada), nas fratu-
mento. 
ras dos membros superiores, na furunculose axilar e em
Normas: pacientes muito caquéticos.
- Os sinais vitais deverão ser verificados a cada 06 ho-
ras. Quando o caso exigir dever ser visto quantas Temperatura Bucal: É contraindicada a verificação
vezes for necessário de temperatura bucal nos casos de comprometimento
- Ao se verificar qualquer um dos sinais vitais, deve da boca e face, e em todos os clientes impossibilitados
ser explicado ao paciente o que ser realizado de manter o termômetro sob a língua, como crianças,
- Quando houver alteração de alguns dos sinais vitais clientes inconscientes e doentes mentais. O termômetro
dever ser comunicado ao enfermeiro da unidade deverá ser de uso individual.
e ao medico responsável pelo paciente, se for ne-
cessário.  Temperatura retal: O reto é o local de maior precisão
para verificar a temperatura. É contraindicada a verifica-
Material  ção de temperatura retal nos casos de comprometimen-
Bandeja contendo: to do ânus, do reto e do períneo. O termômetro deverá
Termômetro,  ser de uso individual.
Bolas de algodão seco, 
Bolas de algodão embebidas no álcool a 70%,  Pulso (P ou FC): É o nome que se dá à dilatação,
Estetoscópio,  pequena e sensível, das artérias, produzida pela corrente
Aparelho P.A. circulatória. Toda vez que o sangue é lançado do ventrí-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esfigmomanômetro; culo esquerdo para a aorta, a pressão e o volume provo-


Caneta  cam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede
Relógio,  arterial, evidenciadas quando se comprime, moderada-
Gazes mente, a artéria contra uma estrutura dura.

Temperatura (T): É o grau de calor que atinge um Valores de normalidade:


determinado corpo. É o equilíbrio entre a produção e a Homens: 60 a 70bpm
eliminação deste calor. Mulheres: 65 a 80bpm
-Axilar: de 36ºC a 36,8ºC
-Bucal :de 36,2ºC a 37ºC
-Retal: de 36,4ºC a 37,2ºC

7
Fatores que alteram a frequência do pulso: Quanto ao ritmo:
Regular: quando o intervalo entre os movimentos res-
Fatores Fisiológicos: emoções, digestão, banho frio piratórios é igual.
(porque faz vaso constrição), exercícios físicos (aceleram), Irregular: quando são diferentes.
algumas drogas como osdigitálicos (diminuem).
Fatores Patológicos: -Quanto à profundidade (intensidade da respira-
Febre - doenças agudas (aceleram) ção): Superficial e Profunda
Choque (diminuem)
Nomenclatura:
Classificação do pulso pode ser quanto à: -Eupneia: respiração com frequência normal
-Bradipnéia: quando a frequência respiratória está
1) Regularidade: abaixo de 12 mrpm
A. Rítmico - bate ou pulsa com regularidade, ou seja, -Taquipnéia: quando frequência respiratória acima de
o tempo de intervalo entre os batimentos é o mes- 24 mrpm
mo. -Apneia: ausência ou parada de respiração por 20 se-
B. Arrítmico - bate sem regularidade (irregular),o in- gundos
tervalo entre os batimentos é diferente. -Dispneia: respiração difícil, caracterizada pelo au-
mento do esforço inspiratório e expiratório
2)Amplitude: volume de sangue dentro da artéria. -Ortopnéia: quando paciente tem dificuldade para
a) Fraco ou filiforme: redução da força ou do volu- respirar na posição deitada e só consegue respirar bem
me sanguíneo (facilmente desaparece com a com- se estiver sentado
pressão). -Cheyne Stokes: quando o ritmo respiratório desi-
b) Forte ou cheio: aumento da força ou do volume gual, ou seja, todo alterado
sanguíneo (dificilmente desaparece com a com- -Estertorosa: respiração com barulho
pressão). -Kussmaul: respiração profunda e ofegante caracte-
rística de coma e acidose diabética grave.
3)Tensão: força da parede da artéria.
a) Macio - fraco
Existem fatores que alteram a respiração:
b) Duro – forte
- Sono e banho quente: diminuem a respiração
- Emoções, exercícios e banho frio: aumentam a res-
4)Tipos de Pulso:
piração.
Bradisfigmico - São os batimentos do pulso abaixo
do normal (lento)
Taquisfígmico - São os batimentos do pulso acima Pressão Arterial – P.A: é a tensão que o sangue exer-
do normal (acelerado) ce nas paredes das artérias. A medida da pressão arterial
Dicrótico - Dá a impressão de dois batimentos compreende a verificação da pressão máxima (sistólica) e
Bradicardia - São os batimentos cardíacos abaixo do a pressão mínima (diastólica), sendo registrado em forma
normal, em número de fração.

Taquicardia - São os batimentos cardíacos acima do A P.A. depende do: 


normal, em número
Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue
Observações importantes: ejetado do ventrículo esquerdo para o leito vascular em
Evitar verificar o pulso em membros superiores afe- um minuto; 
tados por sequelas de lesões neurológicas ou vasculares; Resistência vascular periférica: determinada pelo
Não verificar o pulso em membro com fístula arterio- lúmem (calibre), pela elasticidade dos vasos e viscosida-
venosa (para hemodiálise); de sanguínea; 
Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e ele-
confundir a sua pulsação com a do paciente; mentos figurados do sangue. 
Em caso de dúvida, repetir a contagem; A P.A. é alterada em algumas situações fisiológicas,
Proceder a verificação com as mãos secas e quentes. como:
a) Alimentação, medo, ansiedade, exercícios, estimu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Respiração ( R ou FR):é o processo no qual ocorre a lantes aumentam a P.A.


troca de oxigênio e gáscarbônico entre o corpo e o meio b) Repouso, jejum, depressão, diminuem a P.A. 
ambiente.
Terminologias referentes a pressão arterial:
Avaliação da respiração:
- Quanto à frequência (número de movimentos respi- Hipertensão: P.A. elevada;
ratório por minuto/mrpm). P.A. convergente: P.A. mínima próxima da P.A. má-
xima;
Valores de normalidade: Hipotensão: P.A. baixa;
-No homem (15 a 20 mrpm) P.A. Divergente: P.A. mínima distante da P.A. máxi-
-Na mulher (18 a 20 mrpm) ma. 

8
Local de Verificação: - Anotar na ficha de controle; 
- Lavar as mãos
Membros superiores (braços), 
Membros inferiores (região poplítea) Técnica de Verificação de P.A. nos Membros Infe-
riores 
Valores da PA
- Lavar as mãos
Sistólica - 90 - 140 mmhg - Preparar o material
Diastólica - 60 - 90 mmhg.  - Promover a limpeza das olivas e diafragma do este-
toscópio com álcool a 70%
Normas para verificação da Pressão Arterial: - Explicar ao paciente o que ser feito
- Colocar o paciente em posição confortável com os
Na presença de lesões ou doenças contagiosas, pro- MMII estendidos
teger esfigmomanometro envolvendo o  membro do - Expor o membro inferior do paciente
paciente com sanito. Encaminhar o esfigmomanometro - Colocar o manguito (esfigmomanômetro) cinco cm
para lavanderia na alta do paciente  acima da prega do joelho, prendendo-o de modo
Caso haja alterações no som é importante anotar a não comprimir nem soltar-se
para analise de dados clínicos - Localizar com os dedos a artéria poplítea na dobra
Verificar todos os sinais vitais de um paciente, lavar as do joelho
mãos, e passar para outro - Colocar o estetoscópio no ouvido e segurar o dia-
Em casos de verificar a P.A. com o paciente sentado, fragma do estetoscópio sobre a artéria, evitan-
o membro superior deve ser posicionado de forma que o do uma pressão muito forte
braço permaneça no mesmo nível que o coração, isto é, - Fechar a válvula da pera de borracha e insuflar ate
ao longo do corpo o desaparecimento de todos os sons (cerca de 200
Não verificar a P.A. nos membros com fistulas arte- mmhg)
riovenosas - Abrir a válvula vagarosamente
Lembrar que a P.A. pode ser verificada nos membros - Observar o manômetro. O ponto em que ouvir o
inferiores, se necessário primeiro batimento e a P.A. sistólica m máxima
- Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir
Técnica para verificação da Pressão Arterial claramente o ultimo batimento lendo o manôme-
tro (P.A. diastólica mínima)
- Lavar as mãos - Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação
- Preparar o material se for necessário
- Promover a desinfecção das olivas e diafragma do - Remover o manguito e deixar o paciente confortável
estetoscópio com álcool a 70% - Promover a limpeza das olivas e do diafragma do
- Explicar ao paciente o que ser feito estetoscópio com álcool a 70%
- Colocar o paciente em condição confortável, com - Anotar na ficha de controle
antebraço apoiado e a palma da Mao para cima - Lavar as mãos
- Expor o membro superior do paciente
- Colocar o manguito (esfigmomanometro) cinco Cuidados de Higiene e Conforto
cm acima da prega do cotovelo, na face interna
do braço prendendo-o de modo a não comprimir Higiene do paciente 
nem soltar
- Localizar com os dedos a artéria braquial na dobra Normas para os Cuidados de Higiene e Conforto
do cotovelo; 
- Colocar o estetoscópio no ouvido e segurar o dia- 01 - A higiene do paciente fica a cargo da Equipe de
fragma do estetoscópio sobre a artéria, evitando Enfermagem
uma pressão muito forte;  02 - Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito
- Fechar a válvula da pera de borracha e insuflar ate 03 - Preferencialmente realizar a higiene oral do pa-
o desaparecimento de todos os sons (cerca de 200 ciente, antes do banho e após as refeições, com
mmhg);  solução de Bicarbonato de Sódio, e quando se fizer
- Abrir a válvula vagarosamente;  necessário 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Observar o manômetro, o ponto em que ouvir o pri- 04 - Ao lidar com o paciente, de maneira direta, e
meiro batimento e a P.A. sistólica máxima;  imprescindível o uso de luvas para procedimentos
- Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir 05 - Cuidar durante o banho, para não expor, desne-
claramente o ultimo batimento lendo o manôme- cessariamente, o paciente. A privacidade contribui
tro (P.A. diastólica mínima);  muito para o conforto mental do paciente
- Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação 06 - Secar bem toda a superfície do corpo do pacien-
se for necessário;  te, principalmente as dobras
- Remover o manguito e deixar o paciente confortá- 07 - As portas do banheiro não devem ser trancadas,
vel;  durante o banho
- Promover a desinfecção das olivas e do diafragma 08 - Deve-se testar a temperatura da água, antes do
do estetoscópio com álcool a 70%;  banho do paciente.Geralmente se usa agua morna.

9
Higiene oral  Lubrificante (vaselina liquida)
Copo para colocar solução antisséptica
Definição: consistem na limpeza dos dentes, gengi- Seringa de 20 ml
vas, bochechas, língua e lábios. Aspirador montado
Cânula de guedel (estéril), se necessário
Condições patológicas que predispõem a irritação Toalha
e a lesão da mucosa oral: estado de coma, hipertermia.  Luvas

Finalidades Promover conforto ao paciente: Técnica:


01 - Lavar as mãos
Evitar halitose 02 - Explicar ao paciente o que ser feito
Prevenir carie dentaria 03 - Calcar luvas
Conservar a boca livre de resíduos alimentares 04 - Reunir o material na mesa de cabeceira
05 - Colocar o paciente em posição confortável, com
Higiene oral (em pacientes impossibilitados de cuidar a cabeceira elevada ou em decúbito lateral se esti-
de si)  ver inconsciente. Caso o paciente esteja com sonda
nasogástrica, abri-la, para evitar náuseas e refluxo
Material: do conteúdo gástrico para a boca
Solução antisséptica - solução bicabornatada (para 06 - Colocar a toalha na parte superior do tórax e pes-
cada 1 colher de chá, 500 ml de água) coço do paciente, com forro plástico, se necessário
Espátula envoltas em gazes 07 - Verificar se o cuff da cânula endotraqueal esta
Lubrificante (vaselina liquida) insuflado, para evitar que a solução antisséptica ou
Toalha salivação penetre na traqueia, durante a higieni-
Copo para colocar solução antisséptica zação
08 - Instilar água com auxilio da seringa, pelo orifício
Luvas
da cânula de guedel, e fazer aspiração ao mesmo
Cuba-rim
tempo
09 - Retirar a cânula de guedel e lavá-la em água cor-
Técnica
rente na pia do quarto e recolocá-la, ou proceder
01 - Lavar as mãos
a sua troca por outra estéril, caso, seja necessário
02 - Explicar ao paciente o que ser feito
ou que conforme rotina, já tenha dado 24 horas
03 - Calcar luvas
apos a sua colocação
04 - Reunir o material na mesa de cabeceira 10 - Proceder a limpeza de toda a boca do paciente,
05 - Colocar o paciente em posição confortável, com usando as espátula envoltas em gazes embebidas
a cabeceira elevada. Em pacientes inconscientes, em solução antisséptica. Limpar o palato superior
colocá-los em decúbito lateral e toda a arcada dentaria
06 - Colocar a toalha na parte superior do tórax e pes- 11 - Limpar a também a língua
coço do paciente, com forro plástico, se necessário 12 - Enxugar os lábios com a toalha e lubrificá-los
07 - Proceder à limpeza de toda a boca do paciente com vaselina
usando as espátula envoltas em gazes, embebidas 13 - Retirar luvas 
em solução antisséptica diluído em água  14 - Lavar as mãos
08 - Utilizar cuba-rim para o paciente “bochechar” 15 - Recompor a unidade
09 - Limpar a língua, para evitar que fique seborreica 16 - Anotar no prontuário o que foi feito e anormali-
10 - Enxugar os lábios com a toalha dades detectadas
11 - Lubrificar os lábios com vaselina liquida, para evi-
tar rachaduras Obs.:A troca do cadarço da cânula endotraqueal, deve
12 - Retirar luvas ser feita pelo Técnico/Auxiliar a cada 12 horas, ou quando
13 - Lavar as mãos se fizer necessário, acompanhada do reposicionamento
14 - Recompor a unidade da cânula endotraqueal, que dever ser feito pela Enfer-
15-Anotar no prontuário o que foi feito e anormalida- meira da unidade. A higiene oral do paciente entubado
des detectadas.  dever ser feita 01 vez a cada plantão. 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Obs.:Em pacientes neurológicos, com lesão cervical, HIGIENE DAS PROTESES DENTÁRIAS 
usar a espátula com gaze, para retirar o excesso de liqui-
do da solução antisséptica, sem mobilizar a cabeça; Em Material 
pacientes conscientes, ele próprio deve escovar os den- Copo com solução antisséptica bucal, 
tes.  Escova de dentes, 
Pasta dental ou sabão liquido, 
Higiene oral em paciente entubado: Cuba-rim, 
01 par de luvas, 
Material Toalhas de papel, 
Solução antisséptica - solução bicabornatada Toalhas de Banho, 
Espátula envoltas em gazes Biombos

10
Técnica  Material 
01 Lavar as mãos Carro de banho ou mesa de cabeceira
02 Explicar ao paciente o que vai fazer Luva de banho
03 Reunir o material na bandeja e colocar sobre a Toalha de banho (lençol protetor)
mesa de cabeceira do paciente Material para higiene oral
04 Proteger o leito com biombo Material para higiene intima
05 Colocar toalha sobre o tórax do paciente Pente
06 Colocar o paciente em Fowler ou sentado quando Sabonete individualizado
for permitido  Comadre e/ou papagaio do próprio paciente
07 - Calcar as luvas Roupa para o paciente (pijama ou camisola) 
08 - Pedir ao paciente que remova a prótese com o Roupa de cama (02 lençóis, 01 cobertor S/N, 01
uso da toalha de papel toalha de banho, 01 para fralda S/N, 01 forro S/N
Se o paciente não puder remover as próteses sozinho, Luvas de procedimento
a enfermagem dever fazê-lo em seu lugar, lenta e Luvas de banho 
cuidadosamente Hamper
09 - Colocar as próteses na cuba-rim, forrada com 01 bacia
toalha de papel. Levar ao banheiro 01 balde
10 Colocar a pasta dental ou sabão liquido sobre a Fita adesiva
escova Biombo
11 - Segurar as próteses na palma da mão e escová-la
com movimentos firmes da base dos dentes para Técnica 
as pontas 01 Lavar as mãos e calçar as luvas de procedimentos
12 Escovar a área de acrílico em toda sua extensão 02 Explicar ao paciente o que vai ser feito
13 Lavá-la sob jato de água fria 03 Trazer o carro de banho e o hamper próximo ao
14 Desprezar o papel toalha da cuba-rim e colocar leito
outro 04 Fechar as portas e janelas
15 Colocar a prótese limpa na cuba-rim 05 Proteger a unidade do paciente com biombos
16 Lavar a escova com água corrente e colocá-los na 06 Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e
cuba-rim  procurar saber se tem clister prescrito. Se houver,
17 Lavar as mãos enluvadas faze- ló em primeiro lugar
18 Oferecer copo com solução antisséptica bucal, 07 Desprender a roupa de cama, iniciando do lado
para que o paciente enxague a boca oposto onde permanecer
19 Entregar a prótese ao paciente ou coloque-a por 08 Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeça, se
ele, no caso de impossibilidade do mesmo necessário
20Colocar o paciente em posição confortável 09 Trocar a água do banho, obrigatoriamente, apos a
21 Desprezar as luvas lavagem da cabeça
22 Limpar e guardar todo o material 10 Lavar os olhos, limpando o canto interno para o
23 Lavar as mãos externo, usando gaze
24 Anotar no prontuário 11 Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e pes-
coço
Obs: Quando o paciente retirar a prótese ou recolocá- 12 Remover a camisola ou camisa do pijama, manten-
-la, a Enfermagem dever observar se ha alguma anorma- do o tórax protegido com o lençol, descansando
lidade em cavidade bucal. Se houver, relatá-la no pron- os braços sobre o mesmo
tuário.  13 Lavar e enxugar os braços e mãos do lado oposto
ao que se está trabalhando,depois o mais próxi-
BANHO NO LEITO (Paciente com Dependência Total)  mo,  com movimentos longos e firmes, do punho
a axila
NORMAS  14 Trocar a água
15 Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movimen-
01 Trocar a água do banho sempre que necessário tos circulares, ativando a circulação, observando as
02 Quando houver colostomia e/ou drenos, esvaziar condições da pele e mamas 
as bolsas coletoras antes do banho ou trocá-la, de-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

16 Cobrir o tórax com lençol limpo, abaixando o len-


pois trocar as luvas e iniciar o banho çol em uso, ate a região genital 
03 Quando o banho for dado em apenas uma pessoa, 17 Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, do
levando-se em consideração que o paciente ajuda, tornozelo ate a raiz da coxa, do lado oposto ao
seguir a mesma técnica, porem, sem esquecer-se que se esta trabalhando, depois o mais próximo
de lavar as mãos enluvadas, antes de manipular a 18 Colocar bacia sob os pés e lavá-la, principalmen-
roupa limpa te nos interdígitos, observando as condições dos
04 O uso de mascara para banho e opcional como mesmos e enxugar bem
rotina. Levar em consideração os pacientes alta- 19 Trocar a água da bacia e a luva de pano, obriga-
mente infectados  toriamente
20 Encaixar a comadre no paciente

11
21 Fazer higiene intima do paciente, de acordo com 10 Conduzir o paciente a sua unidade, colocando-o
a técnica em posição confortável na cadeira
22 Trocar, obrigatoriamente, a água da bacia e a luva 11 Arrumar o leito e deixar a unidade em ordem
de banho, retirando a comadre, deixando-a ao 12 Colocar tudo no lugar e chamar o pessoal da lim-
lado do leito peza para proceder a limpeza do banheiro
23 Virar o paciente em decúbito lateral, colocando a 13 Lavar as mãos 
toalha sob as costas e nádegas, mantendo esta po- 14 Anotar no prontuário
sição com o auxilio de outra pessoa
24 Lavar e enxugar as costas, massageando-as, in- Obs: Sentar na cadeira embaixo do chuveiro e muito
cluindo nádegas e cóccix do paciente mais seguro para os pacientes idosos ou para os pacien-
25 Deixar o paciente em decúbito lateral, empurrando tes que ainda estão muito fracos, facilitando para que
a roupa úmida para o meio do leito, enxugando lavem as pernas e pés, com menor probabilidade de es-
o colchão  corregarem, 
26 Trocar de luvas ou lavar as mãos enluvadas, para - Durante o banho deve-se assegurar a privacidade
não contaminar a roupa limpa  ao paciente, mas pedir-lhe para não trancar a por-
27 Proceder a arrumação do leito, com o paciente em ta e chamar se precisar de assistência. Manter-se
decúbito lateral perto do local.
28 Virar o paciente sobre o lado pronto do leito
29 Retirar a roupa suja e desprezá-la no hamper HIGIENE INTÍMA FEMININA 
30 Calçar outras luvas ou lavar as mãos enluvadas e
terminar a arrumação Material 
do leito  01 balde
31 Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés 01 jarra
32 Vestir o paciente Pacote de gazes
33 Pentear os cabelos do paciente Comadre
34 Trocar a fronha Toalha de banho
35 Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no de- Sabão liquido o P.V.P.I., degermante
cúbito mais adequado Luvas para procedimento
36 Limpar balde, bacia, comadre com agua e sabão Hamper
37 Recompor a unidade do paciente, colocando tudo Pinça auxiliar (Cheron)
no lugar Biombo
38 Retirar as luvas e lavar as mãos Forro e saco plástico
39 Anotar no prontuário o que foi feito e as anorma-
Técnica 
lidades detectadas, se houver 
- Lavar as mãos
- Explicar o procedimento ao paciente
BANHO DE ASPERSÃO (chuveiro) 
- Reunir o material e colocá-los sobre a mesa de ca-
beceira
Material 
- Calçar as luvas
Roupa pessoal (pijama, camisola, shorts - fornecidos
- Trazer o hamper próximo ao leito
pelo Hospital)
- Proteger a unidade com biombos
Toalha de banho
- Colocar o paciente em posição ginecológica, procu-
Sabonete (individual) rando expô-la o mínimo possível
Pente - Colocar o forro sobre o saco plástico, colocando-os
Luva de banho (opcional) sobre a região glútea
- Colocar a comadre sob a região glútea da paciente,
Técnica  com ajuda da mesma
01 Lavar as mãos - Irrigar monte pubiano e vulva com água, despejan-
02 Explicar ao paciente o que vai ser feito  do-a suavemente com o auxilio da jarra
03 Reunir o material e levar ao banheiro  - Despejar pequena porção de sabão liquido ou
04 Encaminhar o paciente ao banheiro (portas e jane- P.V.P.I. degermante sobre o monte pubiano
las fechadas)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Ensaboar a região pubiana com a pinça montada


05 Abrir o chuveiro e regular a temperatura da agua em gaze, de cima para baixo sem atingir o anus,
e orientar o paciente sobre o manuseio da torneira desprezando a gaze, apos cada movimento vulva
06 Ajudar o paciente a se despir, caso não consiga - anus; 
fazer sozinho - Afastar os grandes lábios e lavá-la no sentido ante-
07 Iniciar o banho se a situação permitir, deixando o rior posterior, primeiro de um lado, desprezando a
paciente sozinho gaze e depois do outro lado; 
08 Enxugar ou ajudar o paciente a fazê-lo, observan- - Lavar por ultimo a região anal; 
do as condições da pele e a reação do banho - Despejar a Água da jarra, sobre as regiões ensaboa-
09 Vestir e pentear o paciente caso não consiga fazê- das; 
-lo sozinho - Retirar a comadre; 

12
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou - Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou
com o forro que esta sob a região glútea do pa- com o forro que esta sob a região glútea do pa-
ciente;  ciente
- Colocar a paciente em posição de conforto;  - Posicionar o prepúcio
- Desprezar as roupas (toalha, forro) no hamper;  - Colocar a paciente em posição de conforto
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o - Desprezar as roupas no hamper (toalha, forro)
balde e jarra e guardá-los; - Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o
- Retirar a luva;  balde e jarra e guardá-los
- Lavar as mãos;  - Retirar a luva
- Anotar no prontuário.  - Lavar as mãos
- Anotar no prontuário 
Obs: Se houver presença de secreção uretral e/ou
vaginal, utilizar gazes montadas na pinça  auxiliar para Obs: Se houver presença de secreção purulenta na
retirar o excesso, antes de iniciar a limpeza com água e região uretral, limpá-la com gaze, antes de proceder a
sabão liquido ou P.V.P.I. degermante.  limpeza com água e sabão

HIGIENE INTIMA MASCULINA  LAVAGEM DOS CABELOS 

Material  Material 
01 balde  Shampoo
01 jarra Balde
Pacote de gazes Bacia 
Comadre Toalha de banho
Toalha de banho Luvas para procedimento
Sabão liquido o P.V.P.I. degermante Forro e saco plástico
Luvas para procedimento Pente
Hamper Algodão em bola (02 unidades)
Pinça auxiliar (Cheron)
Biombo Técnica
Forro e saco plástico - Explicar ao paciente o que ser feito
- Reunir o material no carro de banho e levá-lo próxi-
Técnica  mo a cama do paciente
- Lavar as mãos - Lavar as mãos
- Explicar o procedimento ao paciente - Fechar portas e janelas
- Reunir o material e levá-lo a unidade do paciente - Abaixar a cabeceira do leito do paciente
- Proteger a unidade com biombos - Retirar o travesseiro
- Trazer o hamper próximo ao leito - Colocar toalha de banho na cabeceira da cama, sob
- Calçar as luvas de procedimentos o forro com o plástico
- Posicionar o paciente expondo somente a área ge- - Colocar sobre o forro com plástico, a bacia com
nital água morna
- Colocar o forro com plástico sob a região glútea do - Colocar o paciente em posição diagonal, com a ca-
paciente beça próxima ao funcionário
- Colocar a comadre sob a região glútea em cima do - Proteger os ouvidos do paciente com algodão
forro com a ajuda do paciente - Colocar outra toalha ao redor do pescoço do pa-
- Irrigar com a jarra com água, a região genital ciente, afrouxando a camisola, no caso de mulher,
- Dobrar e pinçar gaze com a pinça auxiliar ou retirando a camisa no caso de homem, cobrin-
- Despejar pequena porção de sabão liquido ou do-o com o lençol
P.V.P.I.degermante, sobre os genitais - Sustentar a cabeça do paciente com uma das mãos,
- Ensaboar os genitais com a pinça montada em gaze, sobre a bacia com água
desprezando a gaze, a cada etapa - Pentear os cabelos, inspecionando o couro cabelu-
- Tracionar o prepúcio para trás s, lavando-o em se- do, cabelos e observando condições de anormali-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

guida, com movimentos únicos e circulares dade


- Iniciar a higiene intima pelo meato urinário, prepú- - Umedecer os cabelos com um pouco de água, apli-
cio, glande, corpo do pênis, depois região escrotal cando o shampoo evitando que o liquido escor-
e por ultimo a região anal ra nos olhos.
- Despejar o conteúdo da jarra sobre a região pubia- - Massagear o couro cabeludo com as pontas dos
na, pregas inguinais, pênis e bolsa escrotal dedos
- Tracionar o escroto, enxaguando a face inferior no - Lavar os cabelos
- Enxaguar os cabelos do paciente ate sair toda espu-
sentido escroto perineal
ma, com o auxilio de uma jarra
- Retirar todo o sabão liquido ou P.V.P.I. degermante
- Despejar a água da bacia, quantas vezes forem ne-
- Retirar a comadre
cessárias

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- Elevar a cabeça do paciente e espremer os cabelos Bacia com Água morna 
com cuidado, fazendo escorrer água Toalha de banho
- Retirar a bacia que está sob a cabeça do paciente Sabonete
- Descansar e envolver a cabeça do paciente na toalha
- Secar os cabelos com toalha de banho ou forro Técnica 
- Pentear os cabelos do paciente - Lavar as mãos
- Recolocar o travesseiro e voltar o paciente a posição - Identificar o paciente
inicial - Cercar a cama com biombos
- Retirar a toalha, recompor o material no carro de - Explicar ao paciente o que vai ser feito
banho, deixando paciente em posição confortável - Reunir o material necessário junto a unidade
- Lavar as mãos - Colocar as luvas de procedimento
- Anotar na prescrição do paciente - Aquecer a comadre (fazendo movimentos de fricção
em sua superfície, com a extremidade sobre o len-
TRATAMENTO DE PEDICULOSE E REMOÇÃO DE LÊN- çol ou colocando-a em contato com agua quente
DEAS  - Pedir ao paciente para levantar os quadris e se ele
estiver impossibilitado, levantar por ele, com a aju-
Material  da de outro funcionário da Enfermagem
Solução indicada para pediculose - Colocar a comadre sob os quadris
Luvas para procedimento - Deixar o paciente sozinho, sempre que possível
Atadura de crepe - Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame
Esparadrapo - Entregar papel higiênico ao paciente, orientando-o
Forro e saco plástico sobre a higiene intima e se necessário, faca por ele
Pente fino - Pedir novamente ao paciente que levante o quadril
Biombo ou, se necessário, levante por ele
Vaselina Liquida - Retirar a comadre
- Fornecer bacia com Água para que o paciente lave
Técnica  as mãos
- Lavar as mãos;  - Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos
- Trazer a bandeja com o material e colocá-los na - Lavar o material
mesa de cabeceira ou carro de banho - Colocar o material restante no lugar
- Explicar o procedimento ao paciente  - Deixar o paciente em posição confortável
- Colocar biombo  - Desprezar as luvas e lavar as mãos
- Colocar o forro protegido com plástico sobre o tra- - Anotar no prontuário
vesseiro
- Aplicar vaselina nas bordas do couro cabeludo, para Obs: Não deixar um paciente esperando pela coma-
evitar que a solução queime o rosto dre, por se tratar de um ato fisiológico e a espera pode
- Dividir os cabelos em partes, aplicando a solução levar a angustia física e emocional, podendo ocorrer di-
com gaze, fazendo fricção no couro cabeludo e no minuição do tônus dos esfincteres.  Por se tratar de um
final embeber os cabelos momento intimo, muitos pacientes tem que ficar sozi-
- Prender o cabelo e colocar a faixa de crepe ao redor nhos,pois sentem-se inibidos, não conseguindo evacuar
da cabeça, formando um gorro e fixando com es- perto de outras pessoas
paradrapo no final
- Conservar o travesseiro com forro Massagem de conforto 
- Retirar as luvas
- Lavar as mãos Definição: é a massagem corporal realizada durante
- Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem o banho de leito, é aconselhável ainda, apos o uso de
- Levar a bandeja com o material para o local de ori- comadre e durante a mudança de decúbito.
gem
- Fazer anotações no prontuário do paciente Finalidade:
Estimular a circulação local; 
Obs: Deixar a solução no cabelo por 03 a 06 horas Prevenir escaras de decúbito; 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pela manha e lavá-la a tarde, passando vinagre apos e Proporcionar conforto e bem estar; 
penteando. Repetir o procedimento durante 03 dias ou Possibilitar relaxamento muscular. 
mais, se necessário.
Material 
COMO COLOCAR E RETIRAR COMADRE DO PACIENTE Álcool 70%, ou creme ou ainda talco. 
ACAMADO 
Técnica 
Material  - Aproximar o paciente na lateral do leito, onde se
Comadre encontra a pessoa que ira fazer a massagem
Papel higiênico  - Virar o paciente em decúbito ventral ou lateral
Biombos

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- Apos lavar as costas, despejar na palma da mão pe- Nutrição = necessidade humana básica
quena quantidade de álcool, creme ou talco 
- Aplicar nas costas do paciente massageando com A satisfação das necessidades nutricionais pode ser
movimentos suaves e firmes, seguindo a seguinte confirmada através de:
orientação: -bom tônus muscular com reflexos normais
a) Deslizar as mãos suavemente, começando pela base -balanço energético
da espinha e massageando em direção ao centro, -ritmo e batimentos cardíacos normais
em volta dos ombros e dos lados das costas por -pressão arterial normal
quatro vezes -cliente lúcido e orientado no tempo, lugar e em rela-
b) Realizar movimentos longos e suaves pelo centro ção a própria pessoa
e para cima da espinha, voltando para baixo com -valores laboratoriais normais (albumina sérica, he-
movimentos circulares por quatro vezes moglobina, hematócrito, proteína sérica total, co-
c) Realizar movimentos longos e suaves pelo cen- lesterol, glicose, creatinina)
tro da espinha e para cima, retornando para bai- -fezes moldadas, amolecidas, eliminadas regularmen-
xo massageando com a palma da mão, executando te com mínimo esforço
círculos pequenos  -velocidade normal de crescimento para a idade
d) Repetir os movimentos longos e suaves que deram
inicio a massagem por três a cinco minutos e con- Graus de dependência do paciente:
tinuar com o banho ou mudança de decúbito
-Pacientes independentes
Medidas de conforto e segurança do paciente: -Pacientes parcialmente dependentes
-Pacientes dependentes
O conforto e a segurança tem uma concepção ampla
e abrangem aspectos físicos, psicossociais e espirituais, Alimentação por sonda: consiste em oferecer ali-
constituindo necessidade básica do ser humano.  mentos ao paciente através de uma sonda nasogástrica
Na admissão, se suas condições físicas permitirem, (alimento é depositado no estômago), sonda nasoenteral
deve-se apresentar o paciente para os companheiros da (alimento é depositado no intestino) ou por gastrostomia
enfermaria, equipe de saúde, dependências e orientá-lo (alimentos líquidos no estômago, por sonda através da
quanto a equipe de saúde e a rotina da unidade. Todas parede abdominal)
as condutas terapêuticas e assistenciais de enfermagem
devem ser precedidas de orientação, esclarecimento de Cuidados com a alimentação e hidratação
duvidas e encorajamento. 
Como sabemos, a alimentação é essencial para nos-
Medidas Importantes para Proporcionar Conforto sa saúde e bem-estar. O estado nutricional interfere di-
ao Paciente:  retamente nos diversos processos orgânicos como, por
exemplo, no crescimento e desenvolvimento, nos meca-
Ambiente limpo, arejado, em ordem, com temperatu- nismos de defesa imunológica e resposta às infecções, na
ra adequada e leito confortável cicatrização de feridas e na evolução das doenças. 
Boa postura, movimentação ativa ou passiva A subnutrição ( consequente de alimentação insufi-
Mudança de decúbito ciente), desequilibrada, ou resultante de distúrbios asso-
Respeito quanto a individualidade do paciente ciados à sua assimilação – vem cada vez mais atraindo
Inspiração de sentimento de confiança, segurança e a atenção de profissionais de saúde que cuidam de pa-
otimismo  cientes ambulatoriais ou internados em hospitais, certos
Recreação através de TV, grupos de conversação, tra- de que apenas a terapêutica medicamentosa não é sufi-
balhos manuais, leituras ciente para se obter uma resposta orgânica satisfatória.
O profissional de enfermagem tem a função de
Prevenção de Escaras e Deformações acompanhar as pessoas de quem cuida, tanto no nível
domiciliar como no hospitalar, preparando o ambiente e
Pacientes que permanecem muito tempo acamados auxiliando-as durante as refeições.
requerem uma atenção especial; os inconscientes geral- É importante verificar se os pacientes estão aceitan-
mente apresentam reflexos alterados, com diminuição do a dieta e identificar precocemente problemas como
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou abolição de movimentos voluntários. a bandeja de refeição posta fora do alcance do mesmo


A imobilização pode facilitar complicações traqueo- e sua posterior retirada sem que ele tenha tido a possi-
brônquicas; a circulação pode-se tornar deficiente em bilidade de tocá-la fato que se observa com certa fre-
determinados pontos da área corpórea, onde sofrem quência.
maior pressão, provocando ulcerações (escaras de decú- Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados
bito); o relaxamento muscular e a posição incorreta dos ao insuficiente número de pessoal de enfermagem e ou
vários segmentos do corpo pode provocar deformida- ao envolvimento dos profissionais com atividades consi-
des. deradas mais urgentes. Além de causas estruturais como
A mudança de decúbito, exercícios passivos e mas- a falta de recursos humanos e materiais, evidenciam-se
sagem de conforto, são medidas utilizadas para prevenir valores culturais fortemente arraigados no comporta-
deformidades e escaras de decúbito. mento do profissional, como a supervalorização da tec-

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nologia e dos procedimentos mais especializados, o que, fluidos e gases do trato gastrintestinal (descompressão),
na prática, se traduz em dar atenção, por exemplo, ao administrar medicamentos e alimentos(gastróclise) dire-
preparo de uma bomba de infusão ou material para um tamente no trato gastrintestinal, obter amostra de con-
curativo, ao invés de  auxiliar o paciente  a alimentar-se. teúdo gástrico para estudos laboratoriais e prevenir ou
Coincidentemente, os horários das refeições se  aproxi- aliviar náuseas e vômitos
mam do início e término do plantão, momentos em que
há grande preocupação da equipe em dar continuidade Inserindo a Sonda Nasogástrica:
ao turno anterior ou encerrar o turno de plantão, aspec-
to que representa motivo adicional para o abandono do Material necessário:
paciente. -sonda de calibre adequado 
No entanto, os profissionais não devem eximir-se de -lubrificante hidrossolúvel (xilocaína a 2% sem vaso-
tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os constritor) 
resultados do próprio tratamento -gazes
Os pacientes impossibilitados de alimentarem-se -seringa de 20 ml 
sozinhos devem ser assistidos pela enfermagem, a qual -toalha 
deve providenciar os cuidados necessários de acordo -recipiente com água 
com o grau de dependência existente. Por exemplo, vi- -estetoscópio 
sando manter o conforto do paciente e incentivá-lo a co- -luvas de procedimento 
mer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua -tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.)
preferência, em porções pequenas e dadas uma de cada
vez. Ao término da refeição, servir-lhe água e anotar a Para o paciente, a sonda nasogástrica pode repre-
aceitação da dieta no prontuário. sentar uma experiência negativa devido à dor causada
Durante o processo, proteger o tórax do paciente por micro traumatismos de mucosa e reflexo do vômito
com toalha ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre gerado durante sua introdução. Para minimizar seu sofri-
que necessário, são formas de manter a limpeza. mento, é imprescindível orientá-lo quanto à necessidade
Ao final, realizar a higiene oral. Visando evitar que o da sonda e etapas do processo.
paciente se desidrate, a enfermagem deve observar o Como a sonda nasogástrica é um procedimento
atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde realizado sobre limites anatômicos externos, deve-se
que não haja impedimento para que receba líquidos por estar muito atento para estabelecer o mais precisamen-
via oral, cabe ao Serviço de Nutrição e Dietética forne- te possível esses limites descritos na técnica. .O com-
primento da sonda a ser introduzida deve ser medido
cer água potável em recipiente apresentável e de fácil
colocando-se a sua extremidade na ponta do  nariz do
limpeza, com tampa, passível de higienização e reposi-
paciente, alongando-a até o lóbulo da orelha e, daí, até
ção diária, para evitar exposição desnecessária e possível
o apêndice xifoide marcando esta delimitação com uma
contaminação.
fina tira de adesivo - marcação que assegurará a introdu-
Nem sempre os pacientes atendem adequadamente
ção e o alcance da sonda no estômago.
à necessidade de hidratação, por falta de hábito de inge-
A sonda deve ser lubrificada com solução hidrosso-
rir suficiente quantidade de água fato que, em situações
lúvel, antes de sua introdução na narina - o que facilita
de doença, pode levá-lo facilmente à desidratação e de- a manobra e atenua o traumatismo, pois diminui o atrito
sequilíbrio hidroeletrolítico. Considerando tal fato, é im- com a mucosa nasal- e introduzida sempre aberta, o que
portante que a enfermagem o oriente e incentive a tomar permite identificar a saída do conteúdo gástrico ou ar.
água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificuldades A realização da sondagem nasogástrica com o pacien-
para fazê-lo sozinho. te sentado ou decúbito elevado previne a aspiração do
A posição sentada é a mais conveniente, porém, se conteúdo gástrico caso ocorra vômito. A posição de fle-
isto não for possível, deve-se estar atento para evitar as- xão da cabeça reduz a probabilidade da sonda penetrar
piração acidental de líquido. na traqueia.
Para passar a sonda do esfíncter cricofaríngeo para
Nutrição Enteral o esôfago, solicitar ao paciente para que degluta, o que
facilita a progressão no tubo digestivo. Caso o paciente
Desde que a função do trato gastrintestinal esteja apresente sinais de sufocamento, tosse, cianose ou agi-
preservada, a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos tação, deve-se suspender a manobra e reiniciá-la após
em que o paciente está impossibilitado de alimentar-se sua melhora
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

espontaneamente através de refeições normais. A nutri- A localização da sonda no interior do estômago


ção enteral consiste na administração de nutrientes por deve ser certificada através dos testes de aspiração de
meio de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz, suco gástrico, ausculta do ruído em região epigástrica
com posicionamento no estômago) ou transpilórica (in- simultaneamente à introdução de 10 ml de ar pela son-
troduzida pelo nariz, com posicionamento no duodeno da; ou mergulhando-se a extremidade da mesma em um
ou jejuno), ou através de gastrostomia( abertura cirúr- copo com água: se borbulhar, a sonda provavelmente se
gica do estômago, para introdução de uma sonda com encontra nas vias respiratórias, devendo ser imediata-
a finalidade de alimentar, hidratar e drenar secreções mente retirada a sonda.
estomacais) ou jejum ostomia (abertura cirúrgica do je- A fixação da sonda deve ser segura sem compressão,
juno, proporcionando comunicação com o meio exter- para evitar irritação e lesão cutânea. O volume e aspecto
no). A instalação da sonda tem como objetivos retirar os do conteúdo drenado pela sonda aberta deve ser ano-

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tado, pois permite avaliar a retirada ou manutenção da de temperatura para conservação, nome e número do
mesma e detecta anormalidades. Sempre que possível, registro profissional do responsável técnico pelo pro-
orientar o paciente a manter-se predominantemente cesso, verificar a integridade da embalagem e o aspecto
em decúbito elevado, para evitar a ocorrência de refluxo da solução ,observando se há alguma alteração visível
gastresofágico durante o período que permanecer com (presença de elementos estranhos). Se houver, suspen-
a sonda der a dieta desse horário e comunicar o fato ao Serviço
.Se a sonda nasogástrica foi indicada para esvazia- de Nutrição e Dietética; checar as condições de limpeza
mento gástrico, deve ser mantida aberta e conectada a e funcionamento da bomba de infusão, antes de usá-la;
um sistema de drenagem. Se não houver drenagem e o testar o posicionamento da sonda e sua permeabilidade,
paciente apresentar náuseas, vômitos ou distensão ab- antes de instalar a nutrição enteral; conectar o equipo de
dominal, indica-se aspirar a sonda suavemente com uma infusão no recipiente de nutrição enteral ;em seguida, na
seringa, pois pode estar obstruída. inserção da sonda ou gastrostomia cuja administração
É comum que o paciente com sonda respire pela deve cumprir exatamente o prazo estabelecido .Ressal-
boca, o que pode vir a provocar ressecamento e fissuras te-se que todo esse processo exige higiene e assepsia
nos lábios. Visando evitar tais ocorrências, a higiene oral rigorosas, seja em nível hospitalar, ambulatorial ou domi-
e lubrificação dos lábios deve ser realizada no mínimo ciliar, pois a composição da nutrição enteral constitui um
três vezes ao dia, o que promove o conforto e evita infec- meio propício ao desenvolvimento de bactérias.
ção, halitose e o ressecamento da mucosa oral .A limpeza Durante toda a administração da dieta e até aproxi-
dos orifícios nasais do paciente, pelo menos uma vez ao madamente uma hora após, o paciente deve ser posicio-
dia, retira as crostas que se acumulam ao redor da sonda; nado - e mantido - com o tórax mais elevado que o resto
visando prevenir ulcerações, o profissional de enferma- do corpo, o que evita a ocorrência de refluxo gástrico e
gem deve inspecionar o local e mantenha a sonda livre aspiração.
de pressão sobre a mucosa nasal. Lembrar sempre que os pacientes muito debilitados
Quando de sua retirada a sonda nasogástrica deve e inconscientes apresentam maiores riscos de bronco as-
estar sempre fechada, o que evita o escoamento do con- piração .Após a alimentação intermitente, lave a sonda
teúdo gástrico - pelos orifícios da sonda - no trato diges- com 30 a 50 ml de água ,para remover os resíduos aderi-
tivo alto, fato que provoca irritação. dos à parede interna, evitando sua obstrução.
O controle do peso dos pacientes pode ser feito dia-
Administrando a Dieta Enteral riamente, a cada 48-72 horas ou uma vez por semana,
variando conforme a necessidade frente ao distúrbio
A dieta enteral pode ser administrada por método in- que apresentam e a utilização desse dado para modifi-
termitente ou contínuo cações da terapêutica utilizada (alteração de doses me-
Na administração intermitente o volume a ser admi- dicamentosas ,tipo ou frequência da dieta, entre outras
nistrado varia em torno de 350 ml/vez, de 4 a 6 vezes ao situações).A observação de sinais, sintomas de intercor-
dia. rências e complicações e o adequado registro dos dados
A introdução da alimentação pode ser feita com são outros cuidados indispensáveis a serem observados
uma seringa, com fluxo lento ,para evitar a ocorrência de pela enfermagem.
náuseas, diarreia, aspiração, distensão e cólicas. A me-
lhor forma desse tipo de administração é o gotejamento Instalando o cateter vesical
por gravidade, num período de 20 a 30 minutos, ou por
bomba de infusão. A administração contínua pode ser Material necessário: pacote de cateterismo conten-
feita por meio de gotejamento gravitacional. do 1 cuba-rim, 1 cuba redonda, 1 pinça cheron, gazes, 1
Neste caso, deve-se estabelecer rigoroso controle campo fenestrado e 1 ampola de água destilada ,seringa
do gotejamento (aproximadamente a cada 30 minutos). de 10ml  , povidine   tópico  ,lubrificante  estéril  ,sistema
A maneira mais segura é a administração por meio de de drenagem fechado (para cateterismo vesical de de-
bomba de infusão, com fluxo de gotejamento constante mora) ,micropore, esparadrapo ou similar ,1 par de luvas
- mais indicada quando do uso de sondas enteraistrans- estéril ,sonda Folley ou uretrovesical simples ,1 paco-
pilóricas, haja vista que o duodeno e o jejuno são mais te de compressas ,biombo
sensíveis à concentração e ao volume do que o estô- Como todo procedimento, deve – se preparar o am-
mago. biente, o paciente e o material de modo a propiciar con-
O preparo inicial para a administração da nutrição en- forto, segurança e privacidade.
teral é simples.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A higiene íntima, realizada antes do cateterismo ve-


sical, reduz a colonização local, tornando o meio mais
Os cuidados de enfermagem consistem em: reali- seguro para a introdução do cateter. A utilização de água
zar a limpeza e a desinfecção do balcão - mantendo o morna e sabão promove a remoção mecânica eficiente
local livre de qualquer material desnecessário à prepara- de secreções e microrganismos .Por ser um procedimen-
ção; conferir o rótulo da nutrição enteral - no qual devem to invasivo e a bexiga um local isento de microrganis-
constar: nome do paciente, registro hospitalar, número mos, todo o material a ser utilizado no cateterismo deve
do leito, composição qualitativa e quantitativa de todos ser esterilizado e manuseado estritamente com técnica
os componentes, volume total, velocidade de adminis- asséptica. Para evitar a contaminação do lubrificante, de-
tração, via de acesso, data e hora da manipulação, prazo sinfetar o lacre antes de perfurar com agulha estéril - o lu-
de validade, número sequencial de controle e condições brificante visa facilitar a introdução do cateter na uretra

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masculina ou feminina, reduzindo o atrito e traumatismo Não há indicação de troca rotineira de cateter uriná-
de mucosa. Ressaltamos que se faz necessário dispor um rio; porém situações especias como presença de grande
espaço livre junto ao períneo, para colocar o campo, com quantidade de sedimentos, obstrução do cateter ou tubo
todo o material esterilizado, entre as pernas do paciente. coletor e outros sinais de infecção urinária podem indicar
Basicamente, os aspectos técnicos do cateterismo a necessidade de troca do cateter vesical. Nestes casos,
vesical compreendem: posicionamento do paciente, o cateter e o sistema de drenagem devem ser trocados
abertura do pacote de cateterismo e de todo o mate- simultaneamente.
rial necessário sobre o campo esterilizado (sonda vesical No cateterismo de alívio o procedimento é similar,
,sistema de drenagem fechado, seringa e água destilada, só que o cateter é retirado após a drenagem da urina .Ao
lubrificante e antisséptico na cuba redonda), e a coloca- término do procedimento, registrar se houve saída de
ção da sonda propriamente dita. urina, sua coloração e volume, como também possíveis
No cateterismo de demora, os especialistas em in- intercorrências tais como sangramento, ausência de uri-
fecção hospitalar recomendam a conexão do sistema de na, dificuldade na passagem da uretra, várias tentativas
drenagem fechado à sonda no momento em que são de passagem e outras.
colocados no campo estéril, ou seja, antes da inserção Quando o paciente está com sonda vesical e há ne-
da sonda no paciente. Após a colocação das luvas e da cessidade de coletar urina para exame ,deve-se desin-
seringa no campo, faz-se o teste para avaliar a integrida- fetar o intermediário de látex da extensão do sistema
de do balonete, insuflando-se ar com a seringa e desin- com álcool a70% e puncionar o mesmo ,usando seringa
suflando em seguida; quebra-se a ampola estéril de água e agulha fina estéreis. A desconexão da junção sonda-sis-
destilada e aspira-a na seringa, deixando-a pronta para o tema coletor é contraindicada, pois favorece a contami-
momento de uso. Com a colocação de campo fenestrado nação e, consequentemente, a infecção.
sobre o períneo, procura-se ampliar a área estéril, tor- Quando o paciente apresenta baixo débito urinário
nando mais segura e eficaz a realização do cateterismo (choque ,desidratação), a saída da urina não serve como
- momento em que se deve lubrificar o cateter. parâmetro para avaliar a eficácia do cateter de demora .
A visualização do meato urinário é importante para o
sucesso do cateterismo. Assim, a posição mais adequada Realizando a oxigenoterapia
do paciente é aquela que permite sua melhor visualiza-
ção - no caso, o decúbito dorsal tem sido usual nesse Muitas doenças podem prejudicar a oxigenação do
procedimento.
sangue, havendo a necessidade de adicionar oxigênio
No sexo feminino, é necessário manter os grandes e
ao ar inspirado. Há  várias maneiras de ofertar oxigênio
os pequenos lábios afastados com o polegar e o primeiro
ao paciente, como, por exemplo, através de cateter ou
ou segundo dedo; no masculino, retrair o prepúcio com
cânula nasal, nebulização contínua ou respiradores .O
o pênis elevado perpendicularmente ao corpo ; momen-
oxigênio é um gás inflamável que exige cauteloso  ma-
tos em que deve ser realizada a antissepsia com povidine
nuseio relacionado ao seu transporte, armazenamento
tópico: na mulher, em movimento unidirecional do púbis
em ambiente livre de fontes que favoreçam combustão
em direção ao ânus; no homem, do meato urinário para
(cigarros, substâncias) e cuidados no uso da válvula do
o corpo da glande até a sua base.
Para a introdução do cateter no canal uretral, deve- manômetro. Na maioria das instituições de saúde, o oxi-
mos considerar a anatomia geniturinária masculina e gênio é canalizado; mas também existe o oxigênio arma-
feminina. No homem, o pênis deve ser seguro numa po- zenado em cilindros de aço portáteis, que permitem seu
sição quase vertical, procurando diminuir os ângulos e a transporte de um setor para outro, em ambulâncias, para
resistência esfincteriana; na mulher introduz-se o cateter residências, etc.
após o afastamento dos pequenos lábios, solicitando- A administração de oxigênio deve ser feita com cau-
-lhe que respire profundamente para relaxar e diminuir tela, pois em altas doses pode vir a inibir o estímulo da
a resistência esfincteriana. Instalado o cateter, insufla-se respiração .O dispositivo mais simples e bem tolerado
o balão com a água destilada e, bem devagar, o traciona- pelo paciente para a administração de oxigênio é a cânu-
-se até que atinja o colo vesical. la nasal, feita de material plástico comum a alça para fi-
A fixação adequada é aquela que evita a tração da xação na cabeça e uma bifurcação própria para ser adap-
sonda. Na mulher, a sonda é fixada na face interna da tada nas narinas, através da qual o oxigênio - ao sair da
coxa; no homem, na região hipogástrica - cuidado que fonte e passar por um umidificador com água estéril - é
reduz a curva uretral e a pressão no ângulo peniano- liberado .Um outro dispositivo para administrar oxigênio
é o cateter nasal, que, no entanto, provoca mais incômo-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-escrotal, prevenindo a formação de fístulas .No sexo


masculino, após a sondagem vesical o prepúcio deve do ao paciente que a cânula nasal.
ser recolocado sobre a glande, pois sua posição retraída Da mesma forma que a cânula, o oxigênio também
pode vir a causar edema. Com relação ao coletor, deve é umidificado antes de chegar ao paciente. Para insta-
ser mantido abaixo do nível da bexiga ,para evitar o re- lá-lo, faz-se necessário medir o comprimento a ser in-
fluxo da urina e, consequentemente, infecção urinária troduzido - calculado a partir da distância entre a ponta
ascendente. Nos casos de transporte do paciente, pinçar do nariz e o lóbulo da orelha e, antes de sua inserção,
o tubo coletor (atualmente, há coletores com válvula an- lubrificar a ponta do cateter, visando evitar traumatismo.
ti-refluxo). Outros cuidados são fixá-lo ao leito - sem que O profissional deve verificar a posição correta do cateter,
toque no chão e, para possibilitar o fluxo contínuo da inspecionando a orofaringe e observando se o mesmo
urina, evitar dobra. encontra-se localizado atrás da úvula. Caso o paciente

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apresente reflexos de deglutição, tracionar o cateter até Numa abordagem mais simplificada, podemos agru-
a cessação dos reflexos .A instalação da nebulização é par as feridas de acordo com sua causa, época de ocor-
semelhante à da inalação. rência e camada da pele lesada.
Ao fluxômetro, de oxigênio ou ar comprimido, co- Quanto à causa, a ferida pode ser classificada como in-
necta-se o nebulizador e a este o tubo corrugado (co- tencional, para fins de tratamento, como a incisão cirúrgica,
nector); a máscara facial é acoplada à outra extremidade ou não intencional ,como as provocadas por agentes cor-
do tubo e deve estar bem ajustada ao rosto do paciente. tantes, como facas; perfurantes, como pregos; escoriações
A nebulização -utilizada principalmente para fluidifi- por atritos em superfícies ásperas; queimaduras provoca-
car a secreção das vias respiratórias tem efeito satisfa- das por agentes físicos, como o fogo, e químicos, como os
tório quando há formação de névoa. Durante o procedi- ácidos. Ainda nesse grupo, classificamos a úlcera de pres-
mento, o paciente deve inspirar pelo nariz e expirar pela são (escara) causada por deficiência circulatória em pontos
boca .As soluções utilizadas no inalador devem seguir de saliência óssea, como a região sacra, que se desenvolve
devido à compressão da pele e tecidos circunvizinhos com
exatamente a prescrição médica, o que  evita complica-
o colchão, em pacientes acamados e sem mobilidade.
ções cardiorrespiratórias. Recomenda-se a não utilização
Pessoas diabéticas podem vir a desenvolver feridas
de solução fisiológica, pois esta proporciona acúmulo de
ulcerativas também causadas por deficiência circulatória
cristais de sódio na mucosa respiratória, provocando ir-
localizada em membros inferiores.
ritação e aumento de secreção .A inalação que deve ser
Quanto à época, a ferida pode ser aguda, quando sua
realizada com o paciente sentado - é uma outra maneira
ocorrência é muito recente, ou crônica, caso de feridas
de fluidificar secreções do trato respiratório ou adminis- antigas e de difícil cicatrização.
trar medicamentos bronco dilatadores. O inalador possui Quanto à camada da pele lesada, a ferida é classificada
dupla saída: uma, que se conecta à máscara facial; outra, em estágio I quando atinge a epiderme; estágio II quando
ligada a uma fonte de oxigênio - ou ar comprimido – atinge a derme; estágio III quando atinge o subcutâneo e
através de uma extensão tubular. Ao passar pelo inala- estágio IV quando atinge o músculo e estruturas ósseas.
dor, o oxigênio - ou ar comprimido - vaporiza a solução Logo após a ocorrência de feridas o organismo ini-
que, através da máscara facial, é repassada ao paciente. cia o processo biológico de restauração e reparação dos
tecidos lesados. As feridas podem cicatrizar-se por pri-
Na infecção de sítio cirúrgico meira intenção quando as bordas da pele se aproximam
e o risco de desenvolvimento de infecção é mínimo, ou
A cirurgia é um procedimento traumático que pro- por segunda intenção, quando as bordas da pele não se
voca o rompimento da barreira de defesa da pele, tor- aproximam e a ferida é mantida aberta até ser preen-
nando-se, assim, porta de entrada de microrganismos. A chida por tecido de cicatrização caso em que há maior
infecção do sítio cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias possibilidade de infecção.
após a realização da cirurgia, apresentando localmente Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões são: 
eritema, dor, edema e secreção. A prevenção da infec- Idade: a circulação sanguínea e a concentração de
ção de sítio cirúrgico envolve medidas pré-operatórias oxigênio no local da lesão são prejudicados pelo enve-
na Unidade de Internação, tais como, por exemplo, abre- lhecimento, e o risco de infecção é maior.
viação do tempo de internação, lavagem criteriosa das Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às
mãos pelos profissionais de saúde, banho pré-operatório infecções dependem de uma dieta equilibrada e a epi-
e tricotomia. sódios como cirurgias, traumas graves, infecções e de-
No Centro Cirúrgico, as medidas adotadas relacio- ficiências nutricionais pré-operatórias aumentam as exi-
nam-se à preparação do ambiente, equipe cirúrgica e pa- gências nutricionais;
ciente. Na presente edição, priorizaremos os cuidados no Obesidade: O suprimento sangUíneo menos abun-
pós-operatório, especificamente nos aspectos pertinen- dante dos tecidos adiposos impede o envio de nutrientes
tes à prevenção de infecção da ferida operatória. Como e elementos celulares necessários à cicatrização normal;
esses cuidados derivam dos mesmos princípios aplicados
às feridas de maneira geral, abordaremos as questões de Extensão da lesão:
prevenção e tratamento no sentido mais genérico - não - lesões mais profundas, envolvendo maior perda de
especificamente relacionado à ferida cirúrgica. tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por se-
Ferida é o nome utilizado para designar qualquer le- gunda intenção, sendo susceptíveis a infecções:
são de pele que apresente solução de continuidade (rup- - imunossupressão
tura da pele ou tecido adjacente).. - a redução da defesa imunológica contribui para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para prestar os cuidados adequados a alguém que uma cicatrização deficiente; 


apresente uma ferida, faz-se necessário conhecer o tipo
de lesão, o padrão normal e os fatores que afetam a ci- Diabetes: o paciente portador de diabetes tem alte-
catrização. Um aspecto importante na abordagem do ração vascular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua
paciente que tem feridas é observar suas condições psi- oxigenação; além disso, a glicemia aumentada altera o
cológicas e oferecer-lhe apoio - muitas vezes, há neces- processo de cicatrização, elevando o risco de infecção.
sidade de seu encaminhamento para outro profissional - Curativo: É o tratamento utilizado para promover a
como o psicólogo -, pois, dependendo do local e aspecto cicatrização de ferida, proporcionando um meio adequa-
da ferida, a sua autoimagem pode estar seriamente com- do para este processo. Sua escolha dependerá do tipo e
prometida - situação bastante comum, por exemplo, nos condições clínicas da ferida .Os critérios para o curativo
casos de vítimas de queimaduras. ideal foram definidos por Turner, citado por Dealey:

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Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o que tipo de cobertura é indicado para feridas com alta ou
promove epitelização mais rápida, diminuição significati- moderada exsudação e necessita de cobertura secundá-
va da dor e aumento do processo de destruição natural ria com gaze e fita adesiva.
dos tecidos necrosados.
Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar Carvão ativado
a maceração de tecidos circunvizinhos;
Permitir troca gasosa  ressalte-se que a função do Cobertura composta por tecido de carvão ativado,
oxigênio em relação às feridas ainda não está muito es- impregnado com prata - que exerce ação bactericida e
clarecida; envolto por uma camada de não-tecido, selada em toda
Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da a sua extensão. Muito eficaz em feridas com mau odor,
temperatura constante a 37ºC estimula a atividade da di- é indicada para cobertura das feridas infectadas exsuda-
visão celular durante o processo de cicatrização; tivas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura
Ser impermeável às bactérias, funcionando como secundária com gaze e fita adesiva.
uma barreira mecânica entre a ferida e o meio ambiente.
Estar isento de partículas e substâncias tóxicas conta- Hidrocolóide
minadoras de feridas, o que pode renovar ou prolongar
a reação inflamatória , afetando a velocidade de cicatri- As coberturas de hidro coloides são impermeáveis à
zação; água e às bactérias e isolam o leito da ferida do meio ex-
Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais terno. Evita o ressecamento, a perda de calor e mantêm
com frequência ocorrem quando o curativo adere à su- um ambiente úmido ideal para a migração de células. In-
perfície da ferida; nessas condições, a remoção provoca dicada para feridas com pouca ou moderada exsudação,
uma ruptura considerável de tecido recém-formado, pre- podendo ficar até 7 dias.
judicando o processo de cicatrização.
O curativo aderido à ferida deve ser retirado após Hidrogel
umedecimento com solução fisiológica (composta por
água e cloreto de sódio), sem esfregá-la ou atritá-la. Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável
Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem para o processo de cicatrização, evitando o ressecamen-
vitalidade, utilizando cobertura com ação desbridante ou to do leito da ferida e aliviando a dor. Indicada para uso
retirada mecânica com pinça, tesoura ou bisturi em feridas limpas e não -infectadas, tem poder de des-
Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida, bridamento nas áreas de necrose.
devido ao aumento da permeabilidade capilar.
Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que Filmes
geralmente ocorre em torno das bordas da ferida, no
mais das vezes devido à umidade excessiva. Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente
A troca de curativos pode baixar a temperatura da de cicatrização úmido, mas não apresenta capacidade de
superfície em vários graus. Por isso as feridas não de- absorção. Não deve ser utilizado em feridas infectadas.
vem ser limpas com soluções frias e nem permanece-
rem expostas por longos períodos de tempo. Um cura- Papaína
tivo encharcado ou vazando favorece o movimento das
bactérias em ambas as direções ferida e meio ambiente, A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do
devendo, portanto, ser trocado imediatamente. Não se látex das folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem
deve usar algodão ou qualquer gaze desfiada. promovendo a limpeza das secreções, tecidos necróticos,
pus e microrganismos às vezes presentes nos ferimentos,
Tipos de curativos facilitando o processo de cicatrização. Indicada para feri-
das abertas, com tecido desvitalizado e necrosado.
Atualmente, existem muitos curativos com formas e
propriedades diferentes. Para se escolher um curativo fa- Ácidos graxos essenciais (AGE)
z-se necessário, primeiramente, avaliar a ferida, aplican-
do o que melhor convier ao estágio em que se encontra, Produto à base de óleo vegetal, possui grande capa-
a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar as feridas an- cidade de promover a regeneração dos tecidos, acele-
tes da colocação de cobertura com solução fisiológica a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rando o processo de cicatrização. Indicada para preven-


0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas ção de úlcera de pressão e para todos os tipos de feridas,
podem permanecer por vários dias e as trocas depende- apresentando melhores resultados quando há desbrida-
rão da indicação do fabricante e evolução da ferida. mento prévio das lesões.

Alginatos Antissépticos

São derivados de algas marinhas e, ao interagirem São formulações cuja função é matar os microrga-
com a ferida ,sofrem alteração estrutural: as fibras de nismos ou inibir seu crescimento quando aplicadas em
alginato transformam-se em um gel suave e hidrófilo à tecidos vivos. Os antissépticos recomendados são álcool
medida que o curativo vai absorvendo a exsudação. Esse a 70%, clorexidina tópica e PVP-I tópico.  Atualmente,

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não são recomendados o hexaclorofeno, os mercuriais Quando do registro do procedimento, o profissional
orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin, deve caracterizar a reação do paciente, condições da
a água oxigenada e o éter. pele, aspectos da ferida e tipo de curativo aplicado, des-
tacando as substâncias utilizadas.
Realizando o curativo com luva estéril

O material a ser utilizado é o mesmo do curativo com FIQUE ATENTO!


pinça, excluindo – se o pacote de curativo. Os procedimentos de enfermagem são mui-
Utilizando-se a luva de procedimento, retirar a co- to abordados em concursos, principalmente
bertura do curativo. Em seguida, abrir o pacote de gaze os temas Curativos, SNG, Sondagem Vesical,
cuidadosamente, para não contaminar seu interior po- devendo sempre estar atento as técnicas
de-se, inclusive, utilizá-lo como campo estéril. Calçar a destes procedimentos e os profissionais ha-
luva estéril, mantendo a mão predominante para mani- bilitados para realização..
pular a gaze e a área da ferida, seguindo rigorosamente
os princípios de assepsia. Com a outra mão, manipular o
material e a solução.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Realizando curativo através de irrigação com so-
lução fisiológica
1. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
BIORIO) O lúpus eritematoso disseminado (LED) é uma
Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de doença inflamatória, caracterizada por distúrbio dos me-
feridas através de irrigação com solução fisiológica mor- canismos imunes. Faz parte dos cuidados de enferma-
na e sob pressão ,utilizando-se seringa de 20 ml conecta- gem a pessoas com LED, EXCETO:
da à agulha de 40 x 12, o que fornece uma pressão capaz
de remover partículas, bactérias e exsudatos. a) cortar e limpar as unhas.
Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais b) oferecer escova de dente macia para a higiene oral ou
próximo possível da ferida. Após a limpeza por esse mé- realizá-la com gaze.
todo, deve-se secar apenas a pele íntegra das bordas e c) orientar para não coçar a pele.
aplicar a cobertura indicada no leito da ferida, usando d) tomar sol diariamente pela manhã para auxiliar na ci-
técnica asséptica. catrização das feridas.
e) verificar o peso diariamente.
Realizando curativo com pinças
Resposta: Letra D. O lúpus eritematoso sistêmico
Material necessário: bandeja, pacote de curati- (LES), conhecido popularmente apenas como lúpus, é
vo composto por pinças anatômicas Kely estéreis, ga- uma doença autoimune que pode afetar principalmen-
zes estéreis ,adesivos (micropore, esparadrapo ou te pele, articulações, rins, cérebro mas também todos os
similar),  cuba-rim  ,solução fisiológica morna ,cobertu- demais órgãos.
ra ou solução prescrita, luvas de procedimento (devido
à presença de secreção, sangue.) 2. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
Executar o procedimento em condições ambientais BIORIO) Quanto aos cuidados aplicados na verificação
favoráveis (com privacidade, boa iluminação, equipa- dos sinais vitais e pressão arterial de pessoas adultas,
mentos e acessórios disponíveis, material devidamente analise se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas
preparado, dentre outros), que evitem a disseminação de a seguir:
microrganismos. Preparar o paciente e orientá-lo sobre o
procedimento. I. O técnico de enfermagem não deve usar o seu polegar
No desenvolvimento de um curativo, observar o prin- para verificar o pulso de um paciente.
cípio de assepsia, executando a limpeza da lesão a partir II. A verificação de temperatura pela via retal está indica-
da área menos contaminada e manuseando o material da em casos de cirurgia retal.
(pacote de curativo, pinças, luvas estéreis) com técnica
asséptica .Ao realizar curativo com pinça, utilizar luvas III. Ao se verificar a pressão do paciente, o primeiro som
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita se- audível corresponde à pressão diastólica.
creção ou sangue. IV. Para verificar a temperatura axilar do paciente é preci-
Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a lim- so antes secar suas axilas com papel-toalha.
peza de dentro para fora (bordas); para um curativo de V. A contagem da respiração do paciente deve ser feita
ferida contaminada o procedimento é inverso, ou seja, de observando-se os movimentos do tórax no período de
fora para dentro. um minuto.
Orientar o paciente quanto à técnica de realização do
curativo e suas possíveis adaptações no domicílio é im- As afirmativas I, II, III, IV e V são respectivamente:
prescindível à continuidade de seu tratamento e estimula
o autocuidado. a) F, V, V, V, V.
b) V, F, F, V, V.

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c) F, V, F, V, F. e) paciente com precaução de contato em uso de equi-
d) V, V, V, V, V. pamento ventilatório: para manusear este equipamen-
e) V, V, F, V, F. to recomenda-se uso de luvas e máscaras, o avental é
facultativo.
Resposta: Letra B. A temperatura retal é contraindi-
cada nos casos de pacientes com diarréias, cirurgias e Resposta: Letra D. As precauções respiratória con-
ferimentos retais, pacientes após infarto do miocárdio sistem em:
pois estimula o nervo vago. Obs:geralmente a tp retal 1. Quarto privativo ou corte de pacientes com o mes-
é mais elevada cerca de 0,5 a 1.0 C que a temperatura mo agente etiológico. A distância mínima entre dois
axilar. pacientes deve ser de 1 metro. A porta pode perma-
Pressão Diastólica , também conhecida como mínima, necer aberta;
se opõe a pressão arterial sistólica e é influenciada 2. Máscara deve ser utilizada se houver aproximação
pela resistência imposta pelos vasos contra a passa- ao paciente, numa distância inferior a um metro. Por
gem do sangue. questões operacionais, as máscaras podem ser reco-
mendadas para todas as vezes que o profissional en-
3. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/ trar no quarto. Devem-se incluir os visitantes e acom-
BIORIO) Sobre os cuidados de biossegurança em relação panhantes;
aos aerossóis é correto afirmar, EXCETO: 3. O transporte dos pacientes deve ser limitado ao
mínimo indispensável e, quando for necessário, o pa-
a) a porta do quarto deve ser mantida sempre fechada e ciente deve usar máscara.
a máscara PFF2 (N95) deve ser posta antes de entrar
no quarto.
b) o transporte do paciente deve ser evitado, mas, quan- Administração de medicamentos
do necessário, ele deverá usar máscara cirúrgica du-
rante toda sua permanência fora do quarto. A maioria das infecções é tratada com medicamentos
c) pacientes com suspeita ou confirmação de tuberculose denominados antibióticos, que têm por objetivo destruir
resistente ao tratamento só podem dividir o mesmo ou inativar os microrganismos que se instalam no or-
quarto se for com outro paciente com tuberculose ganismo. Adicionalmente,são prescritos medicamentos
também resistente ao tratamento. do grupo dos analgésicos, antitérmicos e antiinflamató-
d) quando não houver disponibilidade de quarto privati- rios, indicados principalmente para aliviar sintomas que
vo, o paciente pode ser internado com outros infecta- acompanham processos infecciosos, como hipertermia,
dos pelo mesmo microrganismo. mal-estar geral e dor.
e) as mãos devem ser higienizadas antes e após o conta- Para que possamos administrar os medicamen-
to com o paciente. tos com a segurança necessária e orientar os pacientes
quanto a seu uso, é imprescindível termos um pouco de
Está correto o que consta na alternativa C, pois: conhecimento sobre farmacologia - ciência que estuda
os medicamentos e suas ações no organismo.
A transmissão por aerossóis ocorre através da elimina-
Denomina-se droga qualquer substância capaz de
ção de minúsculas partículas por meio da tosse, respi-
produzir alterações somáticas ou funcionais no organis-
ração ou da fala. Essas permanecem em suspensão no
mo vivo, resultando em efeito benéfico, caso dos antibió-
ar, podendo contaminar diversos locais. Neste tipo de
ticos, ou maléfico, a cocaína, por exemplo.
isolamento o quarto deve ser privativo e a porta deve
Dose refere-se à quantidade de medicamento que
estar sempre fechada. Além disso, o uso de máscaras
deve ser ministrada ao paciente a cada vez. Dose míni-
tipo n. 95 é obrigatório por qualquer profissional que
ma é a menor quantidade de um medicamento capaz de
adentre o local. Essa máscara especial deve ser colo-
produzir efeito terapêutico; dose máxima, a maior, capaz
cada sobre a face antes de entrar no quarto e retirada de produzir efeito terapêutico sem, contudo, apresentar
apenas quando sair definitivamente. efeitos indesejáveis. Dose terapêutica é aquela capaz de
produzir o efeito desejado; dose de manutenção é aque-
4. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/ la necessária para manter os níveis desejáveis de medi-
BIORIO) No que se refere à precaução de contato, assi- camento na corrente sangüínea e nos tecidos, durante o
nale a afirmativa correta: tratamento.
a) o termômetro deve ser de uso exclusivo do paciente,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma droga pode agir como medicamento ou como


mas o esfigmomanômetro pode ser compartilhado, tóxico, dependendo de certos fatores, como a dose utili-
desde que seja higienizado após o uso. zada, as vias de administração e as condições do pacien-
b) o uso de luvas deve ser constante, mas o avental é te. A margem de segurança refere-se aos limites existen-
facultativo quando a manipulação envolver somente tes entre a dose terapêutica e a dose tóxica. Por exemplo,
cateteres e sondas, por exemplo. os digitálicos possuem pequena margem de segurança
c) a higiene das mãos é obrigatória após a manipulação porque o paciente, mesmo fazendo uso de dose tera-
do paciente e facultativa antes do manuseio. pêutica, pode, com relativa facilidade, apresentar sinais
d) quando não houver disponibilidade de quarto priva- de intoxicação digitálica.
tivo, a distância mínima entre dois leitos deve ser de O paciente tem o direito de saber seus valores pres-
um metro. sóricos.

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Nunca lhe negue esse direito nem diga frases como Os antibióticos podem desencadear manifestações
“está ótima!”. As alterações devem ser comunicadas ao alérgicas por reações de hipersensibilidade, com efeitos
paciente e/ ou familiar de modo adequado. benignos, como urticária, ou graves, como choque anafi-
Nos casos de hipertensão ou hipotensão, a enfermei- lático.
ra ou o médico devem ser imediatamente avisados. Podem também desencadear efeitos colaterais de na-
Os medicamentos também podem ser classificados tureza irritativa, derivados da natureza cáustica do pro-
segundo seu poder de ação, que pode ser local ou sis- duto, atingindo basicamente os locais de contato com o
têmica. A ação local, como o próprio nome indica, está medicamento. Na mucosa gastrintestinal provocam dor,
circunscrita ao próprio local de aplicação. Exemplos: cre- sensação de queimação, náuseas, vômitos e diarréia. Es-
mes e pomadas, supositórios de efeito laxativo, colírios. Na sas manifestações clínicas são aliviadas quando o medi-
ação sistêmica, o medicamento é absorvido e veiculado camento é administrado com alimentos ou leite.
pela corrente sanguínea até o tecido ou órgão sobre o qual
exercerá seu efeito. Exemplos:aplicação de vasodilatador Exemplo: Ampicilina.
coronariano sublingual, administração de diurético via oral. Nos músculos, a aplicação de antibióticos (por via
Comumente, os medicamentos são encontrados nos intramuscular) provoca reações que variam desde dor
estados sólido,semi-sólido, líquido e gasoso, fabricados e enduração local até formação de necrose e abscesso.
em diversas apresentações Exemplo: Benzetacil®. Na administração endovenosa as
reações mais freqüentes são dor e flebite ocasionadas
Antibióticos pelo contato do medicamento com o endotélio vascular
– medicamentos como a anfotericina B, penicilina G cris-
Os antibióticos são drogas capazes de inibir o cresci- talina e vancomicina exigem diluição em grande quan-
mento de microrganismos ou destruí-los. Constituem um tidade de solução e aplicação intermitente, gota a gota.
grupo de medicamentos com ação bactericida/fungicida, Os antibióticos são indicados para agir sobre a célula
causando a destruição das bactérias/fungos, pois desen- bacteriana, porém, quando introduzidos no organismo,
cadeiam alterações incompatíveis com sua sobrevida e podem interferir também nas próprias células, causando
ação bacteriostática/fungistática, promovendo a inibição graus variáveis de lesão tecidual em diversos órgãos, pro-
do crescimento e reprodução bacteriana/fúngica, sem
duzindo efeitos colaterais de natureza tóxica tais como:
necessariamente provocar sua morte imediata. O efeito
– cefaléia, convulsões, alucinações, delírios, agitação,
pode ser reversível se o uso da droga for suspenso.
depressão,confusão mental - provenientes da ação
A produção dos antibióticos pode ocorrer de for-
no sistema nervoso central;
ma natural, ou seja, originária de microrganismos como
fungos do gênero Penicillium e Cephalosporium e de – zumbidos, tonturas, vertigem, alterações do equilí-
bactérias do gênero Bacillus e Streptomyces; de forma brio e perda de audição, muitas vezes irreversível
semi-sintética, obtida a partir de modificações dos anti- - no sistema nervoso periférico, alguns grupos de
bióticos naturais por intermédio de processos químicos; antibióticos atingem o nervo auditivo, interferindo
e sintética, através de processos químicos. em sua função, caso dos aminoglicosídeos;
Um dos grandes desafios da medicina moderna é o – comprometimento da função renal – provocada por
controle das infecções provocadas por bactérias multir- antibióticos nefrotóxicos, como os aminoglicosíde-
resistentes, capazes de sobreviver à ação dos antibióticos os e anfotericina B;
mais potentes atualmente existentes. Produtos antes efi- – astenia, anorexia, náuseas, vômitos, hipertermia,
cazes acabam não tendo efeito sobre elas, pois através artralgias, acolia, colúria e icterícia - causadas por
de mudanças em sua constituição desenvolveram um alterações da função do fígado, que podem ser
processo de resistência aos mesmos. Dessa forma, dize- transitórias, desaparecendo com a supressão do
mos que uma bactéria é resistente a determinado an- medicamento;
tibiótico quando tem a capacidade de crescer in vitro, – anemia hemolítica, leucopenia, entre outras - os an-
em presença da mesma concentração que o antibiótico tibióticos podem afetar o sistema hematopoiético,
alcança na corrente sanguínea. alterando a composição sanguínea;
Ressaltamos a importância da enfermagem na mini-
mização do problema, cumprindo com rigor as normas Choque anafilático - é a reação exagerada do orga-
para o preparo e administração de antibióticos. Durante nismo a substâncias as quais está sensibilizado.
o preparo destes medicamentos na forma injetável, de- Flebite - processo inflamatório das veias, com apre-
ve-se ter o cuidado de não dispersar aerossóis no meio sentação de sinais e sintomas de dor, calor e rubor. A
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ambiente ao desconectar a agulha do frasco-ampola e veia inflamada torna-se palpável, dando a sensação de
ao retirar o ar da seringa. cordão endurecido.
Outro aspecto relevante é propiciar a manutenção
– hipotensão, arritmias e parada cardiorrespiratória –
relativamente estável dos níveis de medicamentos na
causados pela administração de antibióticos como
corrente sanguínea, administrando- os no horário esta-
a Anfotericina B, por exemplo, em infusão rápida,
belecido.
por via endovenosa.
Todos os antibióticos apresentam grande potencial
de produzir efeitos colaterais - efeitos secundários e in-
desejáveis da utilização dos antibióticos, resultantes de Sobre o metabolismo e sistema imunológico, a ad-
ações tóxicas ou irritantes inerentes à droga, ou de into- ministração oral de antibióticos de amplo espectro, por
lerância do paciente. período prolongado, provoca efeitos que podem alterar

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a flora intestinal e causar distúrbios na absorção do com- • Cloranfenicol
plexo B. Persistindo tal situação, o paciente pode mani- São drogas bacteriostáticas, contra-indicadas para
festar sinais de hipoavitaminose. portadores de depressão medular ou insuficiência hepá-
Os principais antibióticos de ação bactericida ou bac- tica e recém-nascidos. Podem ser utilizadas por via tópi-
teriostática são: ca, oral e parenteral. Sua formulação apresenta-se sob a
forma de pomadas, colírios, cápsulas, drágeas e frascos
• Penicilinas em pó. Comercialmente conhecidas como Quemiceti-
Termo genérico que abrange grande grupo de fár- na®, Sintomicetina®.
macos. A penicilina é uma droga bactericida, de baixa
toxidade. Por ser capaz de desencadear reações de sen- • Tetraciclinas
sibilização, o profissional deve estar atento a esse tipo de Possuem ação bacteriostática. Seu uso em mulhe-
manifestação. res grávidas, em processo de lactação e em crianças
– Penicilina G cristalina - possui ação rápida, devendo- menores de 8 anos é contra-indicado porque provoca
-se repetir a dose a cada 4 horas. Em adultos, a ad- descoloração dentária permanente (cor cinza-marrom,
ministração deve ser feita por infusão venosa, por cinza-castanho) e depressão do crescimento ósseo. Não
aproximadamente 30 minutos, em 50 a 100ml de devem ser administradas com antiácidos que contenham
solução;– Penicilina G procaína e penicilina G ben- alumínio, cálcio ou magnésio, nem associadas a medica-
zatina - verificam-se ações mais prolongadas nos mentos que possuam ferro na fórmula, porque interfe-
casos de utilização dos medicamentos Wycillin® rem na sua absorção. A administração concomitante com
(penicilina G procaína) e Benzetacil® (penicilina G leite e derivados provoca sua inativação pelo cálcio. As
benzatina). Devem ser aplicadas exclusivamente principais tetraciclinas são: tetraciclina (Tetrex®); oxite-
por via intramuscular profunda, com cautela, para traciclina (Terramicina®); doxiciclina (Vibramicina®).
evitar administração acidental intravenosa, intra-
-arterial ou junto a grandes nervos. • Vancomicina
Deve ser administrada por via endovenosa (Vanco-
Lesões permanentes podem resultar de aplicações micina®), em infusão intermitente, em 100 a 200ml de
nas proximidades ou no nervo; solução salina ou glicosada, por 60 minutos. A infusão rá-
– Outras penicilinas: oxacilina (Oxacilina®, Staficilin pida provoca a reação “síndrome do pescoço vermelho”,
N®), ampicilina (Ampicilina®, Ampicil®, Amplo- caracterizada por rubor de face, pescoço, tórax prurido,
fen®, Binotal®), amoxicilina (Amoxil®, Clavulin®, hipotensão e choque anafilático - sintomas que costu-
Larocin®, Novocilin®), carbenicilina (Carbenici- mam cessar com a interrupção da infusão. É irritante para
lina®) - podem provocar reações alérgicas e, na o tecido, podendo causar dor e até necrose em adminis-
administração oral, irritação gástrica. trações intramusculares ou quando de extravasamento
acidental nas aplicações endovenosas. A ocorrência de
• Cefalosporinas tromboflebite pode ser minimizada com aplicações len-
As cefalosporinas constituem um dos grupos de anti- tas e bem diluídas.
bióticos mais prescritos no nosso meio e têm a vantagem
de ser agentes bactericidas e gerar poucos efeitos cola- • Metronidazol
terais. De maneira geral, são drogas bem toleradas pelo Bactericida específico para os germes anaeróbios,
organismo mas devem ser usadas com cautela em pa- comercializado sob os nomes Flagyl® e Metronix®. Sua
cientes penicilino-alérgicos e/ou com história de doença administração deve ser realizada por infusão venosa,
gastrintestinal. As principais cefalosporinas são: cefalexi- numa velocidade de 5ml/minuto, por 30 minutos.
na (Keflex®,Cefaporex®), cefalotina (Keflin®), cefadro- Durante sua administração não se devem infundir
xil (Cefamox®), cefoxitina (Mefoxin®), cefuroxina (Zina- outras soluções concomitantementee, para evitar trom-
cef®), ceftriaxona (Rocefin®), ceftazidima (Kefadim®, boflebite, o acesso venoso deve ser seguro. Podem ocor-
Fortaz®), cefoperazona sódica (Cefobid®). rer sinais gastrintestinais como anorexia, náuseas,gosto
metálico na boca, dor epigástrica, vômitos e diarréia. As
• Aminoglicosídeos bebidasalcoólicas não devem ser consumidas durante o
A grande maioria das drogas que compõem este gru- tratamento, devido àpossibilidade de surgirem cólicas
po é bactericida. abdominais, náuseas, vômitos, cefaleia e rubor facial.
Os aminoglicosídeos são fármacos que apresentam
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

índice terapêutico e tóxico muito estreito, com alto grau • Sulfametoxazol-trimetoprima


de ototoxidade (irreversível) e nefrotoxidade e pouca ab- São bacteriostáticos, usualmente administrados por
sorção por via oral. Os principais aminoglicos ídeos são: via oral e comercializados sob o nome Bactrim®. A so-
sulfato de gentamicina (Garamicina®), sulfato de amica- lução para infusão deve ser utilizada nas primeiras 6 ho-
cina (Novamin®, Briclin®), estreptomicina (Climacilin®, ras após preparação, e administrada em 30 a60 minutos.
Sulfato de Estreptomicina®) e outros aminoglicosídeos Se durante a administração surgir turvação ou cristali-
(Neomicina, Kanamicina, Kantrex®, Netromicina, Tobra- zação,a infusão deve ser interrompida. A infusão venosa
micina). de Bactrim® exigediluição conforme orientação do fa-
bricante – não devendo em hipótesealguma ser injetada
diretamente na veia em sua forma pura – e requeracesso
venoso exclusivo.

24
Os principais antibióticos de ação fungicida ou fun- Opióides - também conhecidos como hipnoanalgé-
gistático são: Anfotericina B (Fungizon®) - só deve ser sicos ou narcóticos, pela capacidade de proporcionarem
infundida em solução glicosada a 5%, pois a adição de sonolência e analgesia. Derivados do ópio ou análogos,
eletrólitos causa precipitação. Devido à sua ação tóxica, são indicados nas dores moderadas e intensas, especial-
há necessidade de monitorar a freqüência cardíaca. Sua mente nos casos de câncer.
aplicação rápida pode causar parada cardiorrespiratória. O ópio possui cerca de 25 alcalóides farmacologica-
Deve-se observar o aparecimento de sinais de alterações mente ativos, cujos efeitos devem-se principalmente à
urinárias, devido à nefrotoxidade. Geralmente, os pacien- morfina. Os principais medicamentos opióides são: mor-
tes submetidos a tratamento com esse medicamento fina (Dimorf®); meperidina (Demerol®, Dolosal®, Do-
precisam ser hospitalizados. A piridoxina é indicada para lantina®); fentanil (Fentanil®) ; fentanil associado (Ino-
minimizar ou evitar os sintomas de neurite periférica. val®) ; codeína + paracetamol (Tylex®);
Manifestações como febre, calafrios, náuseas, vômi- – Derivados do ácido salicílico - eficientes para dimi-
tos, cefaleia e hipotensão são freqüentes durante a in- nuir a temperatura febril e aliviar dor de baixa a
fusão na primeira semana, diminuindo posteriormente. moderada intensidade.
A droga provoca hipopotassemia e é altamente irritativa
para o endotélio. São indicados no tratamento da artrite reumatóide e
. A anfotericina B deve ser mantida sob refrigeração febre reumática. Além de possuírem efeito irritante sobre
e protegida contra exposição à luz; Nistatina (Micosta- a mucosa gástrica, podem provocar aumento do tempo
tin®) - indicado para tratamento de candidíase; Flucona- de coagulação. Exemplo: ácido acetilsalicílico (AAS®, As-
zol (Zoltec®) - utilizado para prevenção e tratamento de pirina®, Endosprin®);
infecções fúngicas em pacientes imunodeprimidos. – Derivados do para-aminofenol seu principal repre-
sentante é o paracetamol. Possuem ação antipiré-
Medicamentos antivirais tica e analgésica e pouco efeito antiinflamatório.
Os efeitos colaterais são pouco significativos quan-
Expressivo número de medicamentos antivirais foi ul- do usados em doses terapêuticas, porém podem
timamente desenvolvido para o tratamento de pessoas ocorrer reações cutâneas alérgicas. Exemplo: para-
portadoras do vírus HIV ou Aids. São conhecidos pelo cetamol (Tylenol®, Parador®);
nome de anti-retrovirais e capazes de eliminar grande – Derivados da pirazolona - o que apresenta ação
parte dos vírus circulantes na corrente sangüínea. O es- predominantemente analgésica e antipirética é a
quema de tratamento compreende a associação de vá- dipirona, cujo uso intravenoso pode provocar hi-
rios medicamentos, sendo conhecido como “coquetel”. A potensão arterial. Exemplo: dipirona (Novalgina®);
maioria desses medicamentos apresenta efeitos colate- – Derivados dos ácidos arilalcanóicos - caracterizam-
rais que causam muito desconforto, dificultando a ade- -se por sua ação analgésica, antipirética e antiin-
são ao tratamento. As mais freqüentes são dor de cabe- flamatória e baixa incidência de efeitos colaterais.
ça, náusea e vômito, diarréia, fraqueza, formigamentos, Exemplo: diclofenaco (Voltaren®, Biofenac®, Ca-
perda de apetite, febre. taflan®).
Os principais anti-retrovirais são: zidovudina ou azi-
dotimidina (AZT®, Retrovir® ), didanosina (ddl, Videx®), • Cuidados de enfermagem
zalcitabina (ddC, Hivid®), lamivudina (3TC, Epivir®), sa- Os profissionais de enfermagem devem estar atentos
quinavir (Invirase®), ritonavir (Norvir®), delavirdina (Res- aos cuidados que devem ser prestados ao paciente que
criptor®). faz uso de analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios.
Outro medicamento antiviral é o aciclovir (Zovirax®), Medicamentos como ácido acetilsalicílico, por exemplo,
utilizado para tratamento de herpes genital, orolabial devem ser administrados por via oral, com leite, para mi-
primária e recorrente, encefalite herpética e infecção por nimizar a irritação gástrica.
vírus varicela-zoster em pacientes imunodeprimidos. Com relação ao grupo dos opióides, a enfermagem
deve estar atenta para os seguintes sinais e sintomas:
Analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios analgesia; sonolência; bnubilação; náuseas e vômitos; al-
terações de humor (variando de torpor a intensa euforia);
Uma das características do ser humano é sua capaci- sinais de depressão respiratória; miose, que pode indicar
dade de manter a temperatura corporal constante, por toxicidade do medicamento; hipotensão ortostática, pois
ação dos centros termorreguladores do hipotálamo. Na a morfina e análogos causam vasodilatação periférica;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ocorrência de hipertermia, certas drogas são capazes de manifestações crônicas: dependência física e psicológica;
agir sobre o hipotálamo, abaixando a temperatura febril. desenvolvimento de tolerância: os usuários de opióides
Em geral, as doses terapêuticas dessas drogas são inca- toleram grandes doses, bem maiores do que a habitual-
pazes de alterar a temperatura corporal normal. Os me- mente utilizada. por induzir à dependência física e psí-
dicamentos analgésicos/antipiréticos, além de abaixa- quica, a morfina e análogos são rigidamente controlados
rem a temperatura febril, possuem atividade analgésica e devem ser guardados em armários ou gavetas devida-
e muitos deles atuam como excelentes antiinflamatórios. mente trancadas.
Os principais analgésicos/antipiréticos estão incluí- Os opióides podem causar toxicidade de forma agu-
dos nos seguintes grupos: da ou crônica: na forma aguda, pupila puntiforme, de-
pressão respiratória e coma, secura da boca, analgesia,
hipotensão arterial, cianose, hipotonia muscular, respi-

25
ração de Cheyne-Stokes; na forma crônica, dependência nalmente utiliza a regra de administrar o medicamento
física e psicológica. A falta da droga provoca síndrome certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora
de abstinência caracterizada por nervosismo, ansiedade, certa.
sonolência, sudorese, pele arrepiada, contrações mus- Durante a fase de preparo, o profissional de enferma-
culares, dores acentuadas nas costas e pernas, vômitos, gem deve ter muita atenção para evitar erros, assegu-
diarréia, aumento de pressão arterial, aumento de tem- rando ao máximo que o paciente receba corretamente
peratura, sofrimento psicológico. Ressalte-se que um a medicação. Isto justifica porquê o medicamento deve
avançado grau de dependência faz com que o indivíduo ser administrado por quem o preparou, não sendo reco-
procure compulsivamente a droga, utilizando qualquer mendável a administração de medicamentos preparados
meio para obtê-la. por outra pessoa.
As orientações a seguir compreendem medidas de
Princípios da administração de medicamentos organizativas e de assepsia que visam auxiliar o profis-
A administração de medicamentos é uma das ativida- sional nesta fase do trabalho: lavar sempre as mãos antes
des que o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita do preparo e administração de medicamentos, e logo
freqüência, requerendo muita atenção e sólida funda- após; preparar o medicamento em ambiente com boa
mentação técnico-científica para subsidiá-lo na realiza- iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair
ção de tarefas correlatas, pois envolve uma seqüência de a atenção com atividades paralelas e interrupções que
ações que visam a obtenção de melhores resultados no podem aumentar a chance de cometer erros;
tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição Atualmente, muitas farmácias hospitalares têm im-
na qual é realizado o atendimento. Assim, é importante plantado as chamadas “doses individuais”, que são o for-
compreender que o uso de medicamentos, os procedi- necimento dos medicamentos por turno de trabalho, por
mentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas de- paciente e por horário (com as doses prescritas para os
correntes do tratamento envolvem riscos potenciais de horários determinados), facilitando o trabalho da equipe
provocar danos ao paciente, sendo imprescindível que de enfermagem e o reconhecimento dos medicamentos
o profissional esteja preparado para assumir as respon- pelo paciente.
sabilidades técnicas e legais decorrentes dos erros que – realizar o preparo somente quando tiver a certeza
possa vir a incorrer. do medicamento prescrito, dosagem e via de admi-
Geralmente, os medicamentos de uma unidade de nistração; as medicações devem ser administradas
saúde são armazenados em uma área específica, dispos- sob prescrição médica, mas em casos de emergên-
tos em armários ou prateleiras de fácil acesso e organi- cia é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a
zados e protegidos contra poeira, umidade, insetos, raios situação estiver sob controle, todas as medicações
solares e outros agentes que possam alterar seu estado usadas devem ser prescritas pelo médico e checa-
– ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser das pelo profissional de enfermagem que fez as
armazenados e conservados em refrigerador. aplicações);
Os recipientes contendo a medicação devem possuir – identificar o medicamento preparado com o nome
do paciente, número do leito, nome da medicação,
tampa e rótulo, identificados com nome (em letra legível)
via de administração e horário;
e dosagem do fármaco.
– observar o aspecto e características da medicação,
A embalagem com dose unitária, isto é, separada e
antes de prepará-la;
rotulada em doses individuais”, cada vez mais vem sendo
– deixar o local de preparo de medicação em ordem
adotada em grandes centros hospitalares como meio de
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar
promover melhor controle e racionalização dos medica-
a bancada; utilizar bandeja ou carrinho de medi-
mentos.
cação devidamente limpos e desinfetados com
Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclare-
álcool a 70% quando da preparação de medica-
cidos quanto à utilização dos medicamentos receitados mentos para mais de um paciente, é conveniente
pelo médico, e orientados em relação ao seu armazena- organizar a bandeja dispondo-os na sequência de
mento e cuidados - principalmente se houver crianças administração.
em casa, visando evitar acidentes domésticos.
Os entorpecentes devem ser controlados a cada tur- Similarmente, seguem-se as orientações relativas à
no de trabalho e sua utilização feita mediante prescrição fase de administração: manter a bandeja ou o carrinho
médica e receita contendo nome do paciente, quantida- de medicação sempre à vista durante a administração,
de e dose, além da data, nome e assinatura do médico
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nunca deixando-os, sozinhos, junto ao paciente; antes


responsável. Ao notar a falta de um entorpecente, notifi- de administrar o medicamento, esclarecer o paciente so-
que tal fato imediatamente à chefia. bre os medicamentos que irá receber, de maneira clara
A administração de medicamentos segue normas e e compreensível, bem como conferir cuidadosamente a
rotinas que uniformizam o trabalho em todas as unida- identidade do mesmo, para certificar-se de que está ad-
des de internação, facilitando sua organização e controle. ministrando o medicamento à pessoa certa, verificando a
Para preparar os medicamentos, faz-se necessário veri- pulseira de identificação e/ou pedindo-lhe para dizer seu
ficar qual o método utilizado para se aviar a prescrição nome, sem induzi-lo a isso; permanecer junto ao pacien-
- sistema de cartão, receituário, prescrição médica, fo- te até que o mesmo tome o medicamento.
lha impressa em computador. Visando administrar me-
dicamentos de maneira segura, a enfermagem tradicio-

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Deixar os medicamentos para que tome mais tarde tado para cima, para evitar que o medicamento escorra
ou permitir que dê medicação a outro são práticas inde- acidentalmente. Envolver o gargalo do frasco com uma
vidas e absolutamente condenáveis; efetuar o registro do gaze é uma alternativa para aparar o líquido, caso ocorra
que foi fornecido ao paciente, após administrar o medi- tal circunstância.
camento. O momento de entornar o conteúdo do frasco, segu-
Objetivando reduzir a “zero” o erro na administração rando-o na altura dos olhos junto ao copinho, facilita a
de medicamentos, preconiza-se seguir a regra dos cin- visualização da dose desejada.
co certos: medicamento certo, via certa, dose certa, hora Comprimidos, drágeas ou cápsulas devem ser colo-
certa e paciente certo. cados no copinho, evitando-se tocá-los diretamente com
Todo medicamento administrado deve ser registrado as mãos – para tanto, utilizar a tampa do frasco para re-
e rubricado na prescrição. Nas aplicações parenterais é passá-los ao copinho, ou mantê-los na própria embala-
importante anotar o local de administração. gem, se unitária.
Alguns medicamentos pressupõem a coleta de in- Para evitar interações medicamentosas, os medica-
formações e cuidados específicos antes ou após sua ad- mentos não devem ser dados simultaneamente. Assim,
ministração, tais como a medida da freqüência cardíaca sempre que possível, o planejamento dos horários de
antes da administração de cardiotônicos ou antiarrítmi- administração deve respeitar esse aspecto.
cos, o controle da temperatura após a administração de Quando da administração simultânea de vários me-
antitérmicos, etc. – episódios que devem ser devidamen- dicamentos, a prática mais segura é a utilização de reci-
te anotados na papeleta do paciente, para acompanha- pientes separados, possibilitando a correta identificação
mento de possíveis alterações. dos medicamentos que efetivamente o paciente recebeu,
A omissão inadvertida de um medicamento deve ser nos casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de
registrada e comunicada à enfermeira e/ou ao médico parte deles – as embalagens unitárias não fornecem este
tão logo seja detectada. Algumas omissões são delibera- risco.
das, como, por exemplo, medicamento oral em paciente Quando da administração de medicação sublingual,
que vai submeter-se à cirurgia de emergência. Em caso observar a correta colocação do medicamento sob a
de recusa do medicamento, o profissional de enferma- língua do paciente, orientando o para que o mantenha,
gem deve relatar imediatamente o fato à enfermeira e/ sem mastigá-lo ou engoli-lo até ser totalmente dissol-
ou ao médico, e anotá-lo no prontuário. vido. Não se deve oferecer líquidos com a medicação
Em nosso meio, convencionalmente, quando o me- sublingual.
dicamento não foi administrado por algum motivo o Administrando medicamentos por via retal
horário correspondente deve ser circundado (rodelado, Material necessário:
“bolado”) à caneta e a justificativa devidamente anotada – bandeja
no prontuário do paciente. – luvas de procedimento
É importante verificar o(s) motivo(s) de recusa do – forro de proteção
paciente e tentar reorientá-lo quanto à importância – gazes
do(s) medicamento(s) em seu tratamento. – medicamento sólido ou líquido
É comum o paciente queixar-se dos efeitos que al- – comadre (opcional)
guns medicamentos produzem no seu organismo, e
a equipe de enfermagem pode ajudá-lo avaliando e As formulações destinadas para uso retal podem ser
procurando alternativas que melhorem a situação de sólidas ou líquidas. A sólida, denominada supositório,
acordo com os problemas apresentados. Às vezes, o possui formato ogival e consistência que facilita sua apli-
simples fato de desconcentrar os medicamentos em cação, não devendo ser partida. Dissolve-se em contato
horários diferentes pode oferecer resultados satisfa- com a temperatura corporal e é indicada principalmente
tórios. para a estimulação da peristalse, visando facilitar a defe-
Administrando medicamentos por via oral e sublin- cação – geralmente, os resultados manifestam-se dentro
gual de 15 a 30 minutos, mas podem tardar uma hora.
Material necessário: Interação medicamentosa – é quando o efeito de um
– bandeja ou mais medicamentos são alterados pela administração
– copinhos descartáveis simultânea, neutralizando sua ação ou provocando uma
– fita adesiva para identificação reação adversa no paciente.
– material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. Para quem tem intolerância gástrica, alguns analgési-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– água, leite, suco ou chá cos são apresentados sob a forma de supositório.
Se o paciente estiver capacitado para realizar o pro-
Avaliar o paciente antes de preparar os medicamen- cedimento, o profissional deve oferecer-lhe o supositó-
tos, verificando as condições e os fatores que influenciam rio envolto em gaze e orientá-lo a introduzi-lo no orifício
a administração por essas vias, como jejum, controle hí- anal, no sentido do maior diâmetro para o menor (afilado),
drico, sonda nasogástrica, náuseas e vômitos. o que facilita a inserção. Caso esteja impossibilitado, o au-
Os cuidados para o preparo de medicamentos admi- xiliar de enfermagem, utilizando luvas de procedimento,
nistrados por via oral dependem de sua apresentação. com o paciente em decúbito lateral, realiza essa tarefa.
No caso do medicamento líquido, recomenda- se agitar A formulação líquida, também denominada enema,
o conteúdo do frasco antes de entorná-lo no recipien- consiste na introdução de uma solução no reto e sig-
te graduado (copinho), segurando-o com o rótulo vol- móide. As indicações variam, mas sua maior utilização

27
é a promoção da evacuação nos casos de constipação Administrando medicamentos por via parenteral
e preparo para exames, partos e cirurgias - porém, há A via parenteral é usualmente utilizada quando se
enemas medicamentosos para terapêuticas específicas, deseja uma ação mais imediata da droga, quando não
como à base de neomicina, visando reduzir a flora bac- há possibilidade de administrá-la por via oral ou quan-
teriana intestinal. do há interferência na assimilação da droga pelo trato
Administrando medicamentos tópicos por via cutâ- gastrintestinal. A enfermagem utiliza comumente as se-
nea, ocular, nasal, otológica e vaginal guintes formas de administração parenteral: intradérmi-
Material necessário: ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa.
– bandeja Material necessário:
– espátula, conta-gotas, aplicador – Bandeja ou cuba-rim
– gaze – Seringa
– luvas de procedimento – Agulha
– medicamento – Algodão
– Álcool a 70%
De maneira geral, recomenda-se a realização de tes- – Garrote (aplicação endovenosa)
te de sensibilidade antes da aplicação medicamentosa – Medicamento (ampola, frasco-ampola)
por via cutânea.
Para que haja melhor absorção do medicamento pela A administração de medicamento por via parenteral
pele, a mesma deve estar limpa e seca antes da apli- exige prévio preparo com técnica asséptica e as orienta-
cação. As loções, pastas ou pomadas são colocadas na ções a seguir enunciadas visam garantir uma maior segu-
pele e espalhadas uniformemente com gaze, com a mão rança e evitar a ocorrência de contaminação.
devidamente enluvada, seguindo-se as orientações es- Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de
pecíficas de cada medicamento em relação à fricção, co- validade, o aspecto da solução ou pó e a integridade do
bertura, aplicação de calor, etc. frasco.
Para a aplicação tópica ocular, nasal e otológica é Certificar-se de que todo o medicamento está con-
recomendável que o frasco conta-gotas seja individual tido no corpo da ampola, pois muitas vezes o estreita-
e, durante a aplicação, não encoste na pele ou mucosa. mento do gargalo faz com que parte do medicamento
Antes da aplicação ocular, faz-se necessário limpar os fique retida.
olhos para remover secreções e crostas. Com o paciente
Observar a integridade dos invólucros que protegem
confortavelmente posicionado em decúbito dorsal ou
a seringa e a agulha; colocar a agulha na seringa com cui-
sentado, com o rosto voltado para cima, o profissional
dado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a parte
deve expor a conjuntiva da pálpebra inferior e solicitar-
interna do corpo da seringa e sua ponta.
-lhe que dirija o olhar para cima, após o que instila a
Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em
solução com o conta-gotas.Sequencialmente, orientar o
álcool a 70%, destacando o gargalo; no caso de frasco-
paciente para que feche as pálpebras e mova os olhos, o
-ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a bor-
que espalha uniformemente o medicamento.
Identicamente, as mesmas orientações devem ser se- racha.
guidas para a aplicação de pomada a ser distribuída ao Proteger os dedos com algodão embebido em álcool
longo da pálpebra superior e inferior. a 70% na hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa
Para a instilação de medicamento nas narinas o pa- metálica do frasco- ampola. Para aspirar o medicamento
ciente deve manter a cabeça inclinada para trás; nesta da ampola ou frasco ampola, segurá-lo com dois dedos
posição, o profissional aproximando conta-gotas e pin- de uma das mãos, mantendo a outra mão livre para rea-
ga o número prescrito de gotas do medicamento. lizar, com a seringa, a aspiração da solução (figura 2 e 3).
Na aplicação otológica a posição mais adequada é o No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, intro-
decúbito lateral. duzi-lo dentro do frasco e deixar que a força de pressão
A fim de melhor expor o canal auditivo, o profissional interna desloque o ar para o interior da seringa. Homo-
deve puxar delicadamente o pavilhão do ouvido externo geneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e
para cima e para trás, no caso de adultos, e para baixo aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose
e para trás, em crianças, e instilar o medicamento Para múltipla, injetar um volume de ar equivalente à solução
maior conforto do paciente, utilizar solução morna. e, em seguida, aspirá-lo.
Os medicamentos intravaginais têm a forma de cre- O procedimento de introduzir o ar da seringa para
me e óvulos, que são introduzidos com o auxílio de um o interior do frasco visa aumentar a pressão interna do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

aplicador de uso individual. O horário de aplicação mais mesmo, retirando facilmente o medicamento, haja vista
recomendado é à noite, ao deitar, após a realização de que os líquidos movem-se da uma área de maior pressão
higiene íntima. Com a mão enluvada, o profissional deve para a de menor pressão. Portanto, ao aspirar o medi-
encher o aplicador com o creme (ou inserir o óvulo) e, camento, manter o frasco invertido. Após a remoção do
mantendo a paciente em decúbito dorsal, introduzi-lo medicamento, retirar o ar com a agulha e a seringa vol-
aproximadamente 7,5 cm e pressionar o êmbolo para tadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o êm-
aplicar o medicamento . A paciente deve ser orientada bolo, para remover a solução contida na agulha, visando
para permanecer deitada logo após a aplicação, visando evitar seu respingo quando da remoção do ar.
evitar o refluxo do medicamento. As mulheres com con- A agulha deve ser protegida com o protetor e o êm-
dições de auto-aplicar-se devem ser instruídas quanto bolo da seringa com o próprio invólucro.
ao procedimento.

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Identificar o material com fita adesiva, na qual deve Quando da introdução da agulha, fazer uma prega
constar o nome do paciente, número de leito/quarto, no tecido subcutâneo, para facilitar sua localização. Para
medicamento, dose e via de administração. promover a absorção gradativa do medicamento, efe-
As precauções para administrar medicamentos pela tuar leve compressão sem friccionar ao retirar a agulha
via parenteral são importantes para evitar danos muitas da pele.
vezes irreversíveis ao paciente. Locais de aplicação pela via intradérmica Ângulos de
Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál- aplicação 15 graus.
cool a 70%.
É importante realizar um rodízio dos locais de aplica- Via intramuscular
ção, o que evita lesões nos tecidos do paciente, decor- A via intramuscular é utilizada para administrar medi-
rentes de repetidas aplicações. camentos irritantes, por ser menos dolorosa, consideran-
Observar a angulação de administração de acordo do-se que existe menor número de terminações nervo-
com a via e comprimento da agulha, que deve ser ade- sas no tecido muscular profundo. A absorção ocorre mais
quada à via, ao tipo de medicamento, à idade do pacien- rapidamente que no caso da aplicação subcutânea, de-
te e à sua estrutura física. vido à maior vascularização do tecido muscular. O volu-
Após a introdução da agulha no tecido e antes de me a ser administrado deve ser compatível com a massa
pressionar o êmbolo da seringa para administrar o medi- muscular, que varia de acordo com a idade, localização
camento pelas vias subcutânea e intramuscular, deve-se e estado nutricional. Considerando-se um adulto com
aspirar para ter a certeza de que não houve punção de peso normal, o volume mais adequado de medicamento
vaso sanguíneo. Caso haja retorno de sangue, retirar a em aplicação no deltóide é de aproximadamente 2ml; no
punção, preparar novamente a medicação, se necessário, glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora existam autores
e repetir o procedimento. que admitam volumes maiores.
Desprezar a seringa, com a agulha junta, em recipien- De qualquer maneira, quantidades maiores que 3ml
te próprio para materiais perfurocortantes. devem ser sempre bem avaliadas pois podem não ter
uma adequada absorção.
Via intradérmica
É a administração de medicamentos na derme, indi- Locais de aplicação pela via subcutânea
cada para a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em
testes diagnósticos e de sensibilidade. Ângulos de aplicação 90º 45º
Para testes de hipersensibilidade, o local mais utili-
zado é a região escapular e a face interna do antebraço; As complicações mais comuns da aplicação intramus-
para aplicação de BCG, a região deltóide do braço direito. cular são a formação de nódulos, abscessos, necrose e
Esticar a pele para inserir a agulha, o que facilita a lesões de nervo.
introdução do bisel, que deve estar voltado para cima;
visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo Administrando medicamentos por via intramus-
de 15º com a agulha, posicionando-a quase paralela à cular
superfície da mesma. Não se faz necessário realizar aspi-
ração, devido à ausência de vaso sanguíneo na epiderme. Preparar o medicamento, atentando para as reco-
O volume a ser administrado não deve ultrapassar mendações da prescrição e do fabricante. Para aplicação
a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansibilidade, em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são 25x7,
sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5. 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes,
Quando a aplicação é correta, identifica-se a forma- a agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada,
ção de pápula, caracterizada por pequena elevação da visando evitar a ocorrência de lesões teciduais.
pele no local onde o medicamento foi introduzido. Orientar o paciente para que adote uma posição con-
fortável, relaxando o músculo, processo que facilita a in-
Via subcutânea
trodução do líquido, evita extravasamento e minimiza a
É a administração de medicamentos no tecido sub-
dor.
cutâneo, cuja absorção é mais lenta do que a da via intra-
Evite a administração de medicamentos em áreas
muscular. Doses pequenas são recomendadas, variando
inflamadas, hipotróficas, com nódulos, paresias,paraple-
entre 0,5ml a 1ml. Também conhecida como hipodérmi-
gias e outros, pois podem dificultar a absorção do me-
ca, é indicada principalmente para vacinas (ex. anti-rábi-
dicamento.
ca), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex. hepari-
Num movimento único e com impulso moderado,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

na) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e


contínua. mantendo o músculo com firmeza, introduzir a agulha
Seus locais de aplicação são a face externa do braço, num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja
região glútea, face anterior e externa da coxa, região pe- retorno de sangue administrar a solução. Após a intro-
riumbilical, região escapular, região inframamária e flan- dução do medicamento, retirar a agulha - também num
co direito ou esquerdo. único movimento – e comprimir o local com algodão
Para não ultrapassar o tecido, deve-se primeiramen- molhado com álcool a 70%.
te observar a constituição do tecido subcutâneo do pa- Os locais utilizados para a administração de medica-
ciente, definindo o ângulo a ser administrado conforme a mentos são as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventro-
agulha disponível (se agulha de 10x5, aplicar em ângulo glútea e antero-lateral da coxa.
de 90º; se de 25x7, aplicar em ângulo de 45º).

29
A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar- Material necessário:
-se próxima ao nervo ciático, o que contra-indica esse – bandeja
tipo de aplicação em crianças. A posição recomendada – bolas de algodão
é o decúbito ventral, com os pés voltados para dentro, – álcool a 70%
facilitando o relaxamento dos músculos glúteos; caso – fita adesiva hipoalergênica
não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. – garrote
O local indicado é o quadrante superior externo, cerca – escalpe(s) – adequado(s) ao calibre da veia do pa-
de 5cm abaixo do ápice da crista ilíaca. Outra maneira ciente)
de identificar o local de aplicação é traçando uma linha – seringa e agulha
imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan-
ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da Deve-se, preferencialmente, administrar o medica-
linha também é segura (figura 1) . mento no paciente deitado ou sentado, já que muitos
Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda- medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de
-se que o paciente esteja em posição sentada ou deitada. imediato; nesses casos, interromper a aplicação e comu-
Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo nicar o fato à enfermeira ou ao médico.
durante a introdução da agulha . Inspecionar as condições da rede venosa do paciente e
O músculo vasto lateral encontra-se na região ante- selecionar a veia mais apropriada; garrotear o braço apro-
ro-lateral da coxa. ximadamente 10cm acima da veia escolhida. Para facilitar a
Indica-se a aplicação intramuscular no terço médio visualização da veia de mão e braço, solicitar que o paciente
do músculo, em bebês, crianças e adultos cerre o punho durante a inspeção e a punção venosa. Esticar
A região ventroglútea, por ser uma área desprovida a pele durante a introdução da agulha, com o bisel voltado
de grandes vasos e nervos, é indicada para qualquer ida- para cima mantendo um ângulo de 15º a 30º. Observar o
de, principalmente para crianças. retorno do sangue, soltar o garrote e injetar o medicamento
Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo lentamente; ao retirar a agulha, comprimir o local.
Na administração de soluções, não deve haver pre-
indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a
sença de ar na seringa, o que evita embolia gasosa.
palma da mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em
seguida desliza-se o adjacente (médio) para formar um
Venóclise
V. A injeção no centro do V alcança os músculos glúteos
Venóclise é a administração endovenosa de regular
Para aplicar medicamentos muito irritantes por via in-
quantidade de líquido através de gotejamento controla-
tramuscular, a técnica em Z é indicada, pois promove a
do, para ser infundido num período de tempo pré-deter-
vedação do trajeto e a manutenção do medicamento no
minado. É indicada principalmente para repor perdas de
espaço intramuscular. líquidos do organismo e administrar medicamentos. As
Neste caso, a pele é deslocada lateralmente para lon- soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a
ge do local previamente escolhido para aplicação da inje- fisiológica a 0,9%.
ção (figura 7). Penetra-se a agulha no músculo, injetando Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve ser
a medicação lentamente. Retira-se a agulha e solta-se a esclarecido sobre o período previsto de administração,
pele, formando o Z (figura 8). O local da injeção não deve correlacionando-o com a importância do tratamento e
ser massageado, pois isto pode provocar lesão tecidual. da necessidade de troca a cada 72 horas. O profissional
deve evitar frases do tipo “não dói nada”, pois este é um
Via endovenosa procedimento dolorido que muitas vezes requer mais de
A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se engana-
ação rápida do medicamento ou quando outras vias do e coloque em cheque a competência técnica de quem
não são propícias. Sua administração deve ser feita com realiza o procedimento.
muito cuidado, considerando-se que a medicação entra Material necessário:
diretamente na corrente sangüínea, podendo ocasionar – o mesmo utilizado na aplicação endovenosa, acres-
sérias complicações ao paciente caso as recomendações centando- se frasco com o líquido a ser infundido,
preconizadas não sejam observadas. As soluções admi- suporte, medicamentos, equipo, garrote, cateter
nistradas por essa via devem ser cristalinas, não-oleosas periférico como escalpe, gelco ou similar, agulha,
e sem flocos em suspensão. seringa, adesivo (esparadrapo, micropore ou simi-
Para a administração de pequenas quantidades de lar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja,
medicamentos são satisfatórias as veias periféricas da acessórios como torneirinha e bomba de infusão,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prega (dobra) do cotovelo, do antebraço e do dorso das quando necessária.


mãos. A medicação endovenosa pode ser também apli-
cada através de cateteres intravenosos de curta/longa No preparo da solução, atentar para a correta identi-
permanência e flebotomia.- ficação, registrando no rótulo do frasco o nome do pa-
ciente, a solução a ser injetada, os medicamentos, tempo
Locais de aplicação pela via intramuscular e a técnica em que a solução deverá correr, número de gotas/minu-
em Z. to, início e término, data e assinatura.
O medicamento pode ainda ser aplicado nas veias su- A punção venosa deve ser feita em local longe de arti-
perficiais de grande calibre: região cubital, dorso da mão culações e de fácil acesso, visando facilitar a manutenção
e antebraço. da via e oferecer conforto ao paciente. Jamais puncionar
veias esclerosadas, devido à deficiência circulatória.

30
Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo Para se saber o valor de x é necessário isolá-lo, ou
todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua fixação, seja, colocar todos os valores numéricos do mesmo lado.
para prevenir infecção local. Passa-se o valor 500, ou qualquer outro valor que acom-
Manter as conexões do sistema bem adaptadas, evi- panhe a incógnita (x), para o outro lado da igualdade, o
tando extravasamento de solução, contaminação, refluxo que vai gerar uma divisão. Assim:
sangüíneo e entrada de ar. x = 300/ 500
A fim de detectar precocemente a infiltração de so- x = 0,6ml
lução nos tecidos adjacentes, manter constante obser- Portanto, o paciente deve receber uma aplicação de
vação do local. Na presença de sinais de flebite, retirar o 0,6ml de amicacina.
dispositivo de punção e providenciar outra via de acesso.
Para garantir a infusão do volume e dosagem dentro Exemplo 2: Prescrição: 200mg de Keflin EV de 6/6h.
do tempo estabelecido, controlar constantemente o go- Frasco disponível na clínica: frasco em pó de 1 Resolução:
tejamento da infusão. Estes cuidados visam evitar dese- a) siga os mesmos passos do exemplo anterior;
quilíbrio hidroeletrolítico e/ou reações adversas.
O gotejamento não deve ser alterado em casos de b) transforme grandezas diferentes em grandezas
atraso de infusão, para que não haja sobrecarga cardíaca iguais, antes de montar a regra de três; nesse caso,
por aumento brusco de volume. tem-se que transformar grama em miligrama;
Os pacientes que deambulam devem ser orientados
a manter o frasco elevado, para promover gotejamen- 1grama = 1.000mg Assim, temos: 1.000mg -------5 ml
to contínuo, evitar refluxo e coagulação sangüínea com 200mg---------- x ml
possível obstrução do cateter.
Na administração de soluções, não deve haver pre- x (x) = 200 x 5
sença de ar no sistema, para evitar embolia gasosa. x = 200 x 5 = 1ml 1.000
Quando a solução do frasco estiver acabando, ficar aten-
to para promover a troca imediata após seu término, evi- Alguns exemplos de cálculo de medicamentos:
tando a interrupção e perda da via de acesso. Ampicilina (Binotal®) Apresentação: frasco-ampola
Recomenda-se que os acessos periféricos sejam troca- de 1g Prescrição médica: administrar 250mg de ampi-
dos em intervalos de 72 horas e sempre que necessário. cilina Resolução: transformar grama em miligrama 1g =
1.000 mg
Cálculo de medicação. Diluindo-se em 4ml, teremos:
Uma das atividades que o auxiliar de enfermagem 1.000-----------4ml
realiza frequentemente é a administração de medica- 0,8mg--------x
mentos. Para fazê-lo corretamente, na dose exata, mui- (4) x (x) = 0,8 x 1
tas vezes ele deve efetuar cálculos matemáticos, porque x = 0,8/4 x = 0,2 ml
nem sempre a dose prescrita corresponde à contida no
frasco. Os cálculos, todavia, não são muito complicados; Para fazer o cálculo, pode-se também utilizar os ele-
quase sempre podem ser feitos com base na regra de mentos 2,5 ml e 10mg:
três simples. 10mg ----2,5ml
0,8mg------- x
Cálculo de medicação utilizando a regra de três
simples (10) x (x) = 0,8 x 2,5
Na regra de três simples trabalha-se com três x = 2 /10
elementos conhecidos, e a partir deles determina-se o x = 0,2 ml
4º elemento. Algumas regrinhas práticas podem auxiliar- Penicilina cristalina
nos no cálculo, conforme demonstram os exemplos 1 e 2. Apresentação: frasco-ampola de 5.000.000U
Prescrição médica: 3.000.000U
Exemplo 1: O médico prescreve a um paciente 150mg Observação: a penicilina de 5 milhões aumenta 2ml
de amicacina e na clínica existem apenas ampolas con- após a diluição
tendo 500mg/2 ml. Resolução: 5.000.000U -------------------10 ml (8ml de diluente
a) Monte a regra de três dispondo os elementos da + 2ml)
mesma natureza sempre do mesmo lado, ou seja, 3.000.000U -------------------x
peso sob peso, volume sob volume;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5.000.000. x = 3.000.000. 10
b) Utilize os três elementos para montar a regra de X=30.000.10
três e descubra o valor da incógnita x. Para facilitar 5.000
a montagem, uma dica é fazer a seguinte reflexão: X=6ml
se 500mg equivalem a 2ml, 150mg serão equiva-
lentes a x ml: 500mg = 2ml 150mg = x Na regra Heparina
de três, a multiplicação de seus opostos igualam-se Apresentação: frasco-ampola de 5ml com 25.000U
entre si. Assim, o oposto de 500 é x e o oposto de 150 (5.000/ml)
é 2, portanto: (500) x (x) = (150) x (2) 500x = 300

31
Administrar 200U de Heparina EV.
1 ml------------ 5000 U EXERCÍCIOS COMENTADOS
x ml ------------200 U
(5.000) x (x) = (1) x (200) 1. (Agente Administrativo Especializado em Atendi-
x = 200 /5.000 mento de Farmácia - Pref. Cantanhede/MA – IMA –
x = 0,04 ml 2017) Formas farmacêuticas São as diferentes formas
físicas que os medicamentos podem ser apresentados,
Entretanto, na prática é impossível aspirar 0,04ml na para possibilitar o seu uso pelo paciente. As formas far-
seringa. Assim, faz-se necessário fazer a rediluição, acres- macêuticas podem ser todas abaixo, EXCETO.
centando-se um diluente (água destilada estéril ou solu-
ção fisiológica). I) Comprimidos, cápsulas, pós e granulados.
1º passo: 1ml de heparina 5.000U II) Xaropes, Aerossóis, pomadas e suspensões.
1ml de heparina + 9ml de diluente 5.000U III) Soluções (gotas, nasais, colírios, bochechos e garga-
passo: 10ml--------- 5.000U rejos e injetáveis).
x ml ------------200U IV. Supositórios, óvulos e cápsulas ginecológicas.
5000 . x = 10 . 200
x = 2.000/5.000 Após análise das afirmações nos itens acima podemos
x = 0,4 ml concluir que:
Portanto, 200U da prescrição são equivalentes a 0,4ml
de heparina rediluída. a) Apenas I, II e III estão corretas
b) Apenas II, III e IV estão corretas
Cálculo de gotejamento de infusão venosa Exemplo: c) I, II, III e IV estão corretas.
Calcular o gotejamento, para correr em 8 horas, de 500ml d) Apenas I, III e IV estão corretas
de solução glicosada (SG) a 5%. É possível calcular o go-
tejamento de infusões venosas pelos seguintes métodos: Resposta: Letra C. Todas as alternativas em relação
as formas físicas dos medicamentos estão corretas.
Método A Forma farmacêutica é o estado final que as substân-
1º passo - Calcular o nº de gotas que existem no fras- cias ativas apresentam depois de serem submetidas às
co de solução, lembrando-se que cada ml equiva a 20 operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar
gotas. Com três dados conhecidos, é possível obter o a sua administração e obter o maior efeito terapêutico
que falta mediante a utilização de regra de três simples: desejado.
1ml----------------20 gotas
500ml-------------- x 2. (Agente Administrativo Especializado em Aten-
X=500x20 =1.000 gotas dimento de Farmácia - Pref. Cantanhede/MA – IMA
– 2017) Via de administração é a maneira como o medi-
2º passo - Calcular quantos minutos estão contidos camento entra em contato com o organismo, é sua porta
em 8 horas: de entrada, podendo ser, EXCETO.
1h -----------------60 minutos
8h--------------------x a) Oral e Retal
b) Medial e anteroviral
3º passo - Calcular o número de gotas por minuto, c) Parenteral, Nasal e Oftálmica.
com os dados obtidos da seguinte forma: d) Dermatológica e Sublingual
10.000 gotas------------------- 480 minutos
x ---------------------------------1 minuto Resposta: Letra B. Está incorreto o que consta na al-
10.000/480 ternativa B, pois, estes termos não dizem respeito a via
X=21 gotas por minuto de administração medicamentosa.
Cálculo de microgotas: multiplicar o resultado por 3
= 63 mgt/min 3. (Agente Administrativo Especializado em Atendi-
mento de Farmácia - Pref. Cantanhede/MA – IMA –
Método B 2017) A distribuição é o ato farmacêutico de distribuir
Aplicar a fórmula: um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nº de gotas =volume/ tempo x3, sendo que 3 é uma como resposta à apresentação de uma prescrição elabo-
constante. rada por um profissional autorizado. Neste ato, o farma-
cêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequa-
Aplicando-se a fórmula teremos: do do medicamento. São elementos importantes desta
nº de gotas =500/8x3 orientação, entre outros os listados abaixo, EXCETO.
nº de gotas = 500/24
=21 gotas/min a) A ênfase no cumprimento do regime de dosificação.
b) A influência dos alimentos,
Referência c) A interação com outros medicamentos,
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/ d) A negação das reações adversas potenciais.
pae_cad3.pdf

32
Resposta Letra: D. Está incorreto o que consta na Coleta de fezes para pesquisa de sangue oculto
alternativa D, pois o farmacêutico necessita informar Realizar a coleta preferencialmente pela manhã no
ao paciente as reações adversas potenciais. dia da entrega ao laboratório. Se for preciso coletá-las
no dia anterior, mantê-las armazenadas na geladeira.
Colocar as fezes em recipiente adequado, sem enchê-lo,
Coleta de materiais para exames pois a quantidade de amostra necessária para a análise
é pequena. O material deve ser colocado em recipiente
Orientação para a coleta de exames: limpo e seco. Não coletar durante o período menstrual
Caso esteja fazendo uso de medicamentos, não es- ou quando houver sangramento local. Medicamentos
queça de relatar no guichê de atendimento, no momento proibidos:
de cadastro da fatura.
A utilização ou suspensão de medicamentos deve se- -Medicamentos irritantes do trato gastrointestinal
guir orientação do médico que trata o paciente. (analgésicos, antiinflamatórios e vitamina C).
O paciente não deve deixar de beber água, ainda que OBS: A técnica laboratorial utilizada atualmente não
tenha que fazer exames que necessitem de jejum. obriga dieta alimentar para realização do exame, como
Para coletas de crianças e gestantes, a orientação era recomendado no passado.
quanto ao jejum deve ser dada pelo médico. Coleta de fezes com conservante (Exame parasitoló-
O teste alérgico de contato deve ser realizado pre- gico de fezes - MIF)
ferencialmente, de segunda à quarta-feira, visto que a Coletar em recipiente específico, contendo líquido
leitura do exame leva 48 horas. conservante, 03 (três) amostras de fezes em três dias
Exames de sangue em geral consecutivos ou alternados, cada uma delas do tamanho
A coleta de sangue deve ser realizada preferencial- de uma colher do coletor cheia, misturando as amostras
mente com o paciente em jejum, de acordo com o exame ao líquido conservante. ATENÇAO: O líquido conservante
a ser realizado: contido no recipiente de coleta é tóxico (não ingerir).
- 4h para coleta de sangue que tenha cortisol, lem-
brando que a mesma deverá ser feita até às 8h Coleta para dosagem de gordura fecal
da manhã, além de ser imprescindível informar os O paciente não pode estar fazendo uso de suposi-
medicamentos em uso, principalmente glicocorti- tórios ou laxantes e deve evitar contaminação das fezes
cóides (inclusive pomadas e cremes), dia e hora da com urina. Acrescentar à dieta habitual do paciente:
última dose; 03 (três) colheres de sopa de azeite;
- 4h para dosagem de prolactina, recomendando-se 03 (três) fatias de presunto gordo;
um repouso de 30 minutos antes da coleta, para 03 (três) colheres de sopa de creme de leite;
quem fez exercícios físicos; 01 (uma) colher de sopa de manteiga (não pode ser
- 8h para dosagem de glicose; margarina);
- 12h para dosagens que incluam colesterol, triglice- 01 (uma) fatia de queijo.
rídios e lipidograma;
- 06h para as demais coletas. Esta dieta deverá ser iniciada 48 horas (dois dias) an-
tes do início da coleta do material, e mantida durante o
Coleta para a glicemia pós-prandial transcurso da coleta, que deverá ser feita por 72 horas
Este exame exige duas coletas de sangue: a primeira (três dias), colocando todo o volume de todas as evacua-
deve ser feita com o paciente em jejum de 08 horas. Após ções em um único recipiente plástico próprio, que pode-
esta coleta, o paciente deverá fazer uma refeição normal rá ser guardado na geladeira. Se o início da coleta se der
do seu dia a dia ou então, dependendo do horário, um às 10h do dia 17, por exemplo, seu término se efetuará às
lanche contendo pão francês com manteiga e queijo, lei- 10h do dia 20. Para sua própria orientação, não esqueça
te adoçado a gosto e suco de laranja. Duas horas após de assinalar no recipiente a data e a hora de cada coleta
esta refeição, deve proceder-se à segunda coleta de san- realizada, observando que é de extrema importância o
gue. No intervalo entre as duas coletas, o paciente deve exato registro dos horários para a realização do exame.
aguardar sentado.
Coleta de Escarro (Pesquisa de BAAR Cultura para
PSA Total e Livre BK Pesquisa direta de fungos Bacterioscopia - GRAM)
A coleta de sangue deve ser feita com o paciente em A coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

jejum de 4 horas. A coleta só deve ser feita observando ao acordar, antes da ingestão de alimentos sólidos ou
as seguintes instruções: líquidos. Fazer higiene oral com bochechos e gargarejos
- Após ejaculação, aguardar 48 horas; somente com água. Inspirar profundamente algumas ve-
- Após exercícios pesados, aguardar 24 horas; zes e tossir procurando expectorar a quantidade máxima
- Após ter andado de bicicleta (inclusive ergométrica), de secreção dos pulmões. Recolher o catarro diretamen-
motocicleta ou cavalo, aguardar 48 horas; te no recipiente estéril adequado, tampando-o imediata-
- Após toque retal, aguardar 72 horas; mente. é importante lembrar da necessidade de coletar
- Após biópsia de próstata, aguardar 04 semanas; escarro e não saliva, para não invalidar o resultado do
- Após massagem na próstata, aguardar 04 semanas; exame.
- Após realizar ultrassom transretal, aguardar 07 dias.

33
Pesquisa e coleta para fungos mente o jato médio da urina, desprezando a primeira
Suspender o uso de medicamentos antimicóticos, de porção da micção. Fazer a entrega da urina no Setor de
esmalte (caso a coleta seja nas unhas), cremes e loções Recepção de Amostras até 01 (uma) hora após a coleta.
no local com, no mínimo, 15 (quinze) dias de antecedên- Se isto não for possível, acondicionar o recipiente con-
cia. tendo a urina, em saco com gelo.

Coleta de Esperma para espermocultura Exames Complementares


A coleta deve ser realizada com o uso de recipien-
te estéril, fornecido pelo Instituto, o qual só deverá ser Preventivo ginecológico
aberto no momento da ejaculação, devendo-se não to- Conforme descrito anteriormente, a inspeção da vul-
car a parte interna do recipiente. Deve-se tomar os cui- va deve ser realizada rotineiramente uma vez ao ano, du-
dados necessários a fim de evitar a perda do material no rante o exame físico e caso haja anormalidades, deve-se
momento da coleta. proceder à genitoscopia e à biópsia.
A coleta do material para citopatologia deve abranger
Coleta de Esperma para espermograma a ectocérvice e endocérvice, e nas mulheres histerecto-
Manter abstinência sexual (não fazer sexo ou mastur- mizadas, o fundo-de-saco vaginal. A ocorrência de hipo
bação) por 05 (cinco) dias. A coleta deve ser realizada ou atrofia da mucosa pode comprometer a qualidade do
com o uso de recipiente estéril, fornecido pelo Instituto, material citológico, podendo ocorrer sangramentos por
o qual só deverá ser aberto no momento da ejaculação, traumatismos e processo inflamatório que são comuns
devendo-se não tocar a parte interna do recipiente. De- nesta fase. A JEC (Junção Escamo Colunar) migra para o
ve-se tomar os cuidados necessários a fim de evitar a interior do canal endocervical, causando entropia e difi-
perda do material no momento da coleta. culdade de obtenção das células glandulares na amostra.
O pH vaginal também sofre alterações, com tendência
Coleta de urina de 24 horas à alcalinização e mudança da flora, predispondo muitas
Pela manhã, esvaziar a bexiga desprezando toda vezes ao crescimento bacteriano com ocorrência de va-
a urina e marcando a hora exata em que terminou de ginite ou vaginose. As lesões suspeitas identificadas de-
urinar. A partir da hora marcada, coletar todas as urinas vem ser biopsiadas e tratadas. A presença de atrofia que
eliminadas pelas próximas 24 horas em recipientes plás- comprometa a qualidade do exame ou traga desconforto
ticos, do tipo garrafa de água mineral sem gás, tantos importante à mulher, indica a utilização prévia de estro-
quanto forem necessários, mantendo as amostras cole- gênio vaginal. Preferencialmente utiliza-se estriol ou pro-
tadas refrigeradas em geladeira. Por exemplo, se a coleta mestriene, aplicando-se 2 cc do creme durante sete dias
teve início às 08:00 horas, deve-se coletar a urina até às e aguardando de três a cinco dias (ideal) para a coleta.
08:00 horas da manhã seguinte, inclusive.. Quando a atrofia for intensa, pode ser utilizado creme
à base de estrogênios conjugados, (1 a 2 cc do creme
Coleta de urina jato médio (Pesquisa e cultura durante sete dias, aguardando de três a cinco dias para
para BK) coleta), sempre atentando para possíveis alterações en-
Fazer a higiene da região genital com bastante água dometriais, sangramentos ou mastalgia nas mais idosas
e sabão (não usar antisséptico). Colocar em recipiente ou mais sensíveis ao tratamento hormonal.
(garrafa de água mineral sem gás) toda a primeira mic- Os exames complementares essenciais para o acom-
ção matinal. Fazer a entrega da urina no Setor de Recep- panhamento do climatério estão abaixo relacionados,
ção de Material até 01 (uma) hora após a coleta. Se isto cuja indicação e periodicidade de realização deverá se-
não for possível, acondicionar o recipiente contendo a guir as orientações definidas de acordo com os protoco-
urina em saco com gelo. los clínicos adotados por este Ministério seguindo cada
especificidade.
Coleta para exame de urina (EAS) / Cultura de Uri- - Avaliação laboratorial
na - Mamografia e ultrassonografia mamária (de acordo
A amostra deverá ser coletada pelo paciente na ma- com as diretrizes de rastreamento para o câncer
nhã do dia destinado a entrega do mesmo (primeira de mama)
urina do dia). Fazer a higiene da região genital apenas - Exame Preventivo do câncer do colo do útero
com água e sabão. Desprezar o primeiro jato urinário e - Ultrassonografia transvaginal
colher o restante o suficiente para encher o recipiente - Densitometria óssea
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

adequado. Fazer a entrega do material no laboratório até


1h após a coleta. Caso não seja possível, acondicionar o A rotina básica de exames na primeira consulta da
recipiente em um saco com gelo. Para cultura de urina, mulher no climatério consta de exames para prevenção
deve ser adquirido na farmácia o frasco coletor estéril. de doenças, detecção precoce ou mesmo para a avalia-
ção da saúde em geral. Deve ser repetida com regulari-
Cultura e contagem de colônias (Urocultura) dade (semestral, anual, bianual, trianual) de acordo com
A amostra de urina para exame deverá ser coletada os protocolos específicos em vigor, o que pode ser mo-
necessariamente na manhã do dia destinado a entrega dificado na presença ou não de intercorrências ou alte-
do material (primeira urina do dia). Fazer a higiene da rações.
região genital com bastante água e sabão (não utilizar
qualquer antisséptico). Coletar, no recipiente estéril, so-

34
Exames Laboratoriais primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama
A instalação do climatério é gradativa e se eviden- antes dos 50 anos; um ou mais parentes de primeiro grau
cia clinicamente em maior ou menor grau a depender com câncer de mama bilateral ou câncer de ovário; histó-
de vários fatores. Porém a ocorrência da menopausa é ria familiar de câncer de mama masculina; lesão mamária
eminentemente clínica, caracterizada pela cessação das proliferativa com atipia comprovada em biópsia.
menstruações por um período de 12 meses ou mais. As mulheres submetidas ao rastreamento devem ter
Não há, portanto, necessidade de dosagens hormo- garantido o acesso aos exames de diagnóstico, ao tra-
nais a não ser quando a menopausa for cirúrgica e/ou tamento e ao acompanhamento das alterações encon-
houver dúvidas em relação ao quadro hormonal. A dosa- tradas.
gem do FSH é suficiente para o diagnóstico de hipofun- O autoexame das mamas não deve substituir o exame
ção ou falência ovariana, quando o resultado for maior clínico realizado por profissional de saúde treinado para
do que 40 mUI/ml. essa atividade e o INCA não estimula o autoexame das
Os exames laboratoriais de rotina para o acompanha- mamas como estratégia isolada de detecção. Entretan-
mento do climatério constam no quadro abaixo e de- to, o exame das mamas pela própria mulher ajuda no
vem ser colhidos após 12 horas de jejum, à exceção da conhecimento do corpo e deve estar contemplado nas
pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSO), que requer ações de educação para a saúde.
orientações dietéticas para os dias anteriores ao exame. As evidências científicas sugerem que o autoexame
As solicitações de exames relacionados com investiga- das mamas não é eficiente para o rastreamento e não
ções mais específicas devem seguir as indicações preco- contribui para a redução da mortalidade por câncer de
nizadas para cada caso e sua possibilidade de realização. mama. Além disso, o autoexame das mamas traz consigo
Rastreamento mamário consequências negativas, como aumento do número de
A detecção precoce é a principal estratégia para con- biópsias de lesões benignas, falsa sensação de segurança
trole do câncer de mama. Segundo as recomendações nos autoexames falsamente negativos e impacto psicoló-
do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o rastreio para gico negativo nos autoexames falsamente positivos.
detecção precoce do câncer mamário, em mulheres as-
Investigação endometrial
sintomáticas, assim como as condutas clínicas a serem
A indicação da investigação endometrial na rotina está
adotadas para o diagnóstico e tratamento.
relacionada a sintomas genitais como sangramentos irregu-
lares na pré, durante ou após a instalação da menopausa.
Ações recomendadas:
Mulheres, mesmo assintomáticas, em utilização de
terapia hormonal (TH), moduladores seletivos dos recep-
1. Exame Clínico das Mamas
tores de estrogênios (SERMs), tibolona, fitoterápicos e
outros que apresentem ação estrogênica, devem ser ava-
O exame clínico das mamas faz parte do exame físico liadas através de ultrassonografia da pelve, anualmente.
de rotina, e deve ser realizado conforme as recomenda-
ções técnicas do Consenso para o Controle do Câncer de Métodos não invasivos:
Mama/ - Teste de Progesterona: consta da administração de
Diretrizes Nacionais para Condutas Clínicas do Câncer 10mg de acetato de medroxiprogesterona durante
da Mama; 7 a 10 dias. O teste é positivo quando da ocor-
Deve ser realizado em todas as mulheres, em qual- rência de sangramento uterino durante ou até 15
quer idade, durante a consulta, por profissional qualifica- dias após a suspensão da medicação, (quando não
do, médico ou enfermeiro; houver uso prévio de estrogênio) o que sugere es-
- A partir dos 40 anos, deve ser realizado anualmente pessamento endometrial e indica necessidade de
em todas as mulheres. avaliação. Somente tem indicação após a meno-
pausa.
Mamografia - Ultrassonografia pélvica (preferentemente por via
A mamografia permite a detecção precoce do câncer, transvaginal): possibilita a mensuração e observa-
por ser capaz de descobrir lesões em fase inicial. Neste ção do aspecto endometrial. É considerado normal
exame, a mama é comprimida e radiografada, de forma a até 5mm (e até 8mm nas mulheres usuárias de TH).
fornecer melhores imagens, portanto, melhor capacida- Nos casos de espessamento é obrigatório pros-
de de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto seguir a investigação por histeroscopia e biópsia
e suportável. Estudos sobre a efetividade da mamografia endometrial, ou mesmo curetagem para estudo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sempre utilizam o exame clínico como exame adicional, anatomopatológico.


o que torna difícil distinguir a sensibilidade do método
como estratégia isolada de rastreamento. Deve ser soli- Rastreamento ovariano
citada de rotina para as mulheres com idade entre 50 e O rastreio de patologias ovarianas é feito por meio
69 anos, com o intervalo máximo de dois anos entre os da anamnese e do exame físico, que indicam as mani-
exames. festações clínicas sugestivas de patologia ovariana, assim
Está indicado o exame clínico das mamas e a mamo- como de antecedentes familiares positivos que acrescen-
grafia anual, a partir dos 35 anos, para as mulheres per- tam risco a essas mulheres, o que requer avaliação diri-
tencentes a grupos populacionais com risco elevado de gida. A ultrassonografia transvaginal associada ou não à
desenvolver câncer de mama. São consideradas mulheres dopplerfluxometria e à dosagem do CA 125 são exames
de risco elevado aquelas com: um ou mais parentes de indicados na investigação de patologias ovarianas.

35
A enfermagem e a consulta clínico-ginecológica
Quando recebemos uma mulher na Unidade de Saú- NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA E
de, é importante valorizar suas queixas e perceber com FISIOLOGIA HUMANA;
que urgência suas necessidades precisam ser atendidas.
O exame preventivo deve ser feito anualmente e após
dois resultados negativos consecutivos o intervalo deve- Noções Básicas de Anatomia e Fisiologia
rá ser de 3 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994). Porém
a mulher deve procurar a unidade de saúde, caso sinta Anatomia – é a ciência que estuda, macro e micros-
qualquer sinal ou sintoma diferente em seu corpo. copicamente, a constituição e o desenvolvimento do or-
A consulta clínico-ginecológica tem por objetivo ganismo do homem. Especificamente, a anatomia (ana
identificar o mais precocemente possível distúrbios que = em partes; tomem = cortar) macroscópica é estudada
afetam especialmente os órgãos reprodutores femininos pela dissecção de peças previamente fixadas por solu-
e as mamas, além de olhar para a saúde da mulher de ções apropriadas.
uma maneira geral. Fisiologia humana – é o estudo das reações físicas e
Os principais sintomas ginecológicos que levam as químicas que ocorrem no organismo humano.
mulheres a buscarem atendimento são: a dor, as modi-
ficações dos ciclos menstruais, as hemorragias e o corri- Conceito e variação anatômica normal:
mento vaginal.
A dor é um sintoma muito frequente em ginecologia, As diferenças morfológicas podem apresentar-se ex-
quase sempre subjetiva e inconstante. É importante iden- ternamente ou internamente, sem que isso traga prejuízo
tificar a origem, o tipo, a intensidade e em que momento funcional aos indivíduos.
ou situação ocorre. As modificações ou perturbações dos
ciclos menstruais podem se caracterizar em diferentes Fatores gerais  de variações anatômicas:
formas:
a) Alterações no volume: hipermenorreia (aumento
Idade – observam-se diferenças anatômicas nos di-
do volume sanguíneo) ou hipomenorreia (diminui-
versos períodos da vida intra ou extra-uterina;
ção do volume sanguíneo).
Sexo – os homens e as mulheres apresentam alguns
b) Período dos ciclos: polimenorreia (ciclos menstruais
caracteres especiais;
frequentes), oligomenorreia (diminuição dos ciclos
Grupo étnico -  compreende os grupamentos  huma-
menstruais) ou amenorreia (ausência de menstrua-
nos com caracteres físicos (internos e externos) comuns,
ção). As amenorreias podem ser primárias quando
fazendo-se distinguir as raças branca, negra, amarela  e
aparecem na adolescência, e secundárias, quando
presentes em mulheres ou adolescentes que já os mestiços;
menstruaram e cujos ciclos se interromperam por Biótipo – é o resultado dos caracteres herdados e dos
pelo menos três meses. adquiridos por influência  do meio ambiente.
c) A menorragia representa o aumento quantitativo Evolução -  com o decorrer do tempo, ocorrem dife-
dos sangramentos menstruais, com alongamento renças morfológicas.
frequente da duração das menstruações. As me-
norragias se diferenciam da metrorragias, que são Divisão do corpo humano
sangramentos que aparecem fora dos ciclos mens-
truais. O corpo humano divide-se em:
d) A dismenorreia ou menstruação dolorosa pode Cabeça – encontra-se dividida em duas partes: crâ-
surgir antes, no desencadeamento ou durante o ci- nio (caixa óssea que contém e protege o encéfalo) e face
clo menstrual. Em seu mecanismo estão presentes (que aloja parte dos órgãos sensoriais e também estrutu-
fenômenos espasmódicos, vasculares, congestivos ras responsáveis pela mastigação)
e, com frequência, também psicológicos. Pescoço – permite a união da cabeça com o tronco
através de músculos, ligamentos e por parte da coluna
As hemorragias genitais podem ser provenientes de vertebral onde situam-se as vértebras cervicais;
qualquer ponto do aparelho genital, mas geralmente Tronco – possui uma estrutura óssea formada pela
procedem do útero e de seus anexos e através do canal coluna vertebral (vértebra torácicas, lombares, sacrais e
vaginal exteriorizam-se na vulva. Têm valor diagnóstico o cóccix), costelas e suas cartilagens, esterno, clavículas e
muito grande. Por isso, deve-se especificá-las conside- escápulas, ossos do quadril . O tronco divide-se em cavi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rando principalmente as características abaixo relaciona- dade torácica, abdômen e cintura pélvica;
das: Dois membros inferiores (MMII) – cada membro pos-
O corrimento vaginal, chamado leucorreia, é repre- sui uma origem (quadril) e uma parte livre (coxa, perna
sentado pela saída de secreção de coloração e abun- e pé). Entre a coxa e a perna situa-se o joelho, e entre a
dância variável. A leucorreia fisiológica é uma secreção perna e o pé, o tornozelo. O pé é constituído pela parte
normalmente produzida pelas mucosas vulvares, endo- plantar e pelo dorso do pé;
cervical, ectocervical e sobretudo vaginal que pode oca- Dois membros superiores (MMSS) – cada membro
sionar corrimento sem dar motivo para inquietação e/ possui uma raiz que se liga ao tronco (ombro) e uma parte
ou tratamento. As leucorreias patológicas estão ligadas livre (braço, antebraço e mão). Entre o braço e o antebraço
a inflamações vulvovaginais, e pela sua relevância e fre- situa-se o cotovelo, e entre o braço e a mão o pulso. A mão
quência devem ser diagnosticadas e tratadas. é formada pela parte palmar e dorso da mão.

36
Inferior – mais próximo da extremidade inferior do
corpo;
Interno – mais próximo do centro de um órgão ou
cavidade;
Externo – mais distante do centro de um órgão ou
cavidade;
Superficial – mais próximo da superfície do corpo;
Profundo – mais afastado da superfície do corpo .

 
EXERCÍCIOS COMENTADOS

O corpo humano é composto por células, substâncias in-


tercelulares e fluídos. O conjunto de células com as mes-
mas propriedades forma o tecido. A reunião de vários
tecidos forma um órgão, e a reunião de vários órgãos
constitui um sistema.

Termos de posições e planos:   1. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental


– UFES – 2009) O maior osso do corpo humano é:
Posição anatômica – é o corpo em posição ereta, com
cabeça, olhos e a ponta dos dedos dos pés dirigidos para a) o frontal.
frente; MMSS estendidos ao lado do corpo, com as pal- b) o escafóide.
mas das mãos voltadas para frente. c) o esfenóide.
Posição que serve de referência para os movimentos. d) a tíbia.
a)  Plano sagital – linha imaginaria que divide o corpo e) o fêmur.
nas regiões direita e esquerda.   
b) Plano transversal – linha imaginaria que divide o Resposta: Letra E. Localizado na coxa entre o quadril
corpo nas partes superiores e inferiores visíveis de e o joelho, o fêmur é o osso mais longo, volumoso e
cima para baixo. resistente do corpo humano, além do mais, o fêmur
c) Plano frontal – linha imaginaria que divide o corpo é constituído por uma diáfise (haste longa do osso),
nas partes ventral (anterior) e dorsal  (posterior). duas epífises, extremidades alargadas por meio das
Visíveis de frente. quais se articula proximalmente com o osso do quadril
e distalmente com a patela e a tíbia.

2. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental


– UFES – 2009) A articulação do ombro é uma exemplo
de articulação:

a) fibrosa.
b) cartilaginosa.
c) sincondrose.
d) sinovial.
e) sínfise.

Resposta: Letra D. As articulações sinoviais realizam


a comunicação entre uma extremidade óssea e outra,
garantindo-lhe movimento, e são compostas de carti-
lagem que revestem as extremidades ósseas, ligamen-
tos, líquido sinovial, cápsula articular.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental –


UFES – 2009) No crânio predominam:

Termos de posição: a) ossos longos.


b) ossos sesamoides.
Medial – mais próximo do plano sagital; c) articulações fibrosas.
Lateral – mais afastado do plano sagital; d) articulações sinoviais.
Anterior ou ventral  - mais próximo da frente do corpo; e) ossos curtos.
Posterior ou dorsal – mais próximo do dorso;
Superior – mais próximo da extremidade superior do corpo;

37
Resposta: Letra C. Existem três tipos de articulações Em relação ao ambiente:
fibrosas: sutura, sindesmose e gonfose.  As suturas, - Manter o ambiente fechado, limpo e seco;
que são encontradas somente entre os ossos do crâ- - Manter a temperatura ambiente entre 18º e 22ºC;
nio,  são  formadas por várias camadas  fibrosas, sen- - Restringir o acesso e movimentação na sala.
do a união suficientemente íntima de modo a limitar
intensamente os movimentos, embora confiram uma Em relação a estocagem:
certa elasticidade ao crânio. - Usar prateleiras móveis, preferencialmente em aço
inoxidável, favorecendo a limpeza;
4. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental – - Usar estantes com cestos removíveis;
UFES – 2009) A articulação do quadril: - Observar que a distância entre o material e o piso
deve ser de no mínimo 30cm e em relação ao teto
a) é uma articulação cartilaginosa esferóide. 50cm;
b) tem mobilidade reduzida. - Estocar separadamente de materiais não estéreis.
c) apresenta discos articulares.
d) envolve o contato entre o osso do quadril e o fêmur. Em relação ao período de estocagem:
e) é uma articulação fibrosa.
Em condições adequadas de estocagem, manuseio
Resposta: Letra A. É uma articulação do tipo esférica e integridade da embalagem, é aconselhado:
formada pela cabeça do fêmur e a cavidade do acetá- Material esterilizado em autoclaves:
bulo. Os ligamentos que formam essa articulação são: - Campos de algodão – 7 dias
Cápsula Articular – A cápsula articular é forte e espessa - Papel grau cirúrgico selado – indeterminado
e envolve toda a articulação coxofemoral.
Material esterilizado em estufa:
- Caixa – 7 dias

CONSULTA DE ENFERMAGEM; Material esterilizado em Plasma de Peróxido de


SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE Hidrogênio:
ENFERMAGEM; - Tecido não tecido – 30 dias
- Tyvec – indeterminado

Em relação a paramentação na área de guarda: Usar


Prezado candidato, este tópico será abordado roupa privativa para o setor, gorro e máscara
no decorrer da matéria.
Controle de qualidade do processo de esterilização
através de indicadores químicos e biológicos e inte-
PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM; gradores químicos em autoclave

Os indicadores e integradores são usados para asse-


gurar a real esterilidade dos artigos e instrumentais que
Prezado candidato, este material já foi aborda- passam por processos de esterilização Químicos indica-
do anteriormente. dor de processo indicadores externos Fita Indicadora/
Fita teste indicadores internos Bowie & Dick Indicadores

Tira de indicador químico para vapor


MANIPULAÇÃO DE MATERIAL ESTÉRIL; Ex: comply indicador de esterilização indicador bioló-
gico Ex: Attest integrador químico Ex: Sterigage Biológico

Guarda do material estéril Indicadores químicos: Consistem de tiras de papel


impregnadas com tinta termocrômica que mudam de cor
Após a esterilização é importante observar: quando expostas à temperatura por tempo suficiente, in-
dicando que as condições em que se processou a esteri-
Em relação aos pacotes: lização estavam corretas. Classificam-se em:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Não retirá-los imediatamente após o final do ciclo; - Indicadores de Processo


deixar o ar circular na autoclave para evitar choque - Indicadores de Esterilização
térmico;
- Não colocar o material estéril quente em superfícies Indicadores de Processo: São usados para evidenciar
compactas ao sair da autoclave; o funcionamento correto ou não do processo realizado
- Observar a integridade e presença de umidade nos pelo equipamento. Porém não atestam se o material foi
pacotes e embalagens; realmente esterilizado.
- Observar mudança na coloração da fita indicadora;
- Manusear o mínimo possível e com delicadeza. Tipos
- Indicadores Externos
- Indicadores Internos

38
Indicadores Externos/ Fita Indicadora Rolo/Fita esterilização e também no interior de caixas e pacotes
Teste: São fitas autoadesivas utilizadas unicamente para grandes. A leitura é fornecida de maneira precisa e de
diferenciar os pacotes processados dos não processados. fácil interpretação, pela mudança de coloração.
Sendo um indicador visual, facilita a detecção de proble-
mas nos equipamentos e falhas do servidor responsável Indicador Biológico – Ex: Attest: É um sistema que
pela esterilização. A fita indicadora possui listras claras contém suspensão de esporos do tipo Bacillus stearo-
que se tornam escuras (marrom/grafite) após a passa- thermophilus (autoclave) e Bacillus subtilis (estufa ou pe-
gem pelo calor; não deixa resíduo após autoclavagem e róxido de hidrogênio ). É uma preparação padronizada
deve estar presente em todos os pacotes de materiais de esporos bacterianos de modo a produzir suspensões
estéreis distribuídos pelo hospital. contendo em torno de 106 esporos por unidade de papel
filtro. É o único meio capaz de assegurar que todas as
Indicadores Internos: Teste de Bowie & Dick/Indica- condições de esterilização estão adequadas porque os
dor de ar residual: É usado para determinar a eficácia do microrganismos são testados quanto ao seu crescimento
sistema de vácuo na autoclave de pré - vácuo. Foi desen- ou não, após a aplicação do processo.
volvido para detectar bolhas de ar e avaliar a habilidade Utilização: Diariamente, para validar os equipamentos
do equipamento em reduzir o ar residual da câmara a de esterilização, após o teste de Bowie & Dick.
um nível suficiente para prevenir a compactação da carga
quando o vapor é introduzido após a eliminação do ar. Esterilização

O teste deve ser feito diariamente no primeiro ciclo É o processo de destruição de todas as formas de vida
do dia, após o ciclo de aquecimento (antes da primeira microbiana: bactérias, fungos, vírus e esporos mediante a
carga processada); seguindo as orientações do fabrican- aplicação de agentes físicos, químicos ou físico-químicos.
te da autoclave sobre o tempo, a temperatura e o uso
correto do indicador. A folha indicadora deverá ser colo- Físicos
cada no interior de um pacote a ser esterilizado sobre o - Vapor saturado /autoclaves
dreno (purgador), com a câmara vazia. Este pacote pode - Calor seco/estufa
ser preparado utilizando-se campos lavados e dobrados, - Raios Gama/cobalto 60
empilhados até a altura de 25 a 28cm. Este indicador mu-
dará para a cor preta após completado o ciclo, eviden- Físico-químicos
ciando a ausência de bolhas de ar. A presença de áreas - Esterilizadoras a Óxido de Etileno (ETO)
mais claras indica ar residual na câmara. - Plasma de Peróxido de Hidrogênio
- Vapor de Formaldeído
Obs: Este teste só deve ser utilizado em autoclaves de
pré-vácuo e nunca em autoclaves gravitacionais, porque Químicos
neste sistema não ocorre eliminação do ar na câmara in- - Glutaraldeído
terna. - Formaldeído
- Ácido peracético
Tira de indicador químico para vapor- Ex: Comply:
É uma tira composta por substâncias químicas que rea- Métodos de esterilização
gem às condições do processo. Oferece resposta através
de uma nítida mudança de coloração, ( - ) grafite e ( + ) Físicos: Esterilização por meio físico consiste na utili-
cinza claro/outros. Monitora a pressão do vapor saturado zação do calor, em suas várias formas, e alguns tipos de
no interior do pacote e caixas, assegurando a exposição radiação.
dos artigos às condições mínimas de tempo e tempera-
tura. Utilizado em cada pacote, aponta problemas locais Esterilização por vapor saturado sob pressão: É o
causados por falhas humanas ou avarias mecânicas na processo que oferece maior segurança no meio hospita-
autoclave. lar. Sendo o método preferencial para o processamento
de material termo-resistente, destruindo todas as formas
Indicadores de Esterilização de vida em temperaturas entre 121°C a 132°C. A esteri-
lização a vapor é realizada em autoclaves. Vale lembrar
Incluem todas as variáveis do processo de esteriliza- que o vapor saturado é um gás e portanto está sujeito às
ção (temperatura, tempo e pressão). Tipos:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

leis dos gases da física. Não se pode obter uma redução


- Integrador Químico na temperatura do vapor saturado sem correspondente
- Indicador Biológico diminuição da pressão e vice-versa. Em regiões de altitu-
de elevada como Brasília, é necessário usar maiores pres-
Integrador Químico para Ciclo de Vapor- Ex: Ste- sões do vapor para se obter a mínima variação de tem-
rigage: É um dispositivo que indica se os materiais den- peratura para esterilização. Isto ocorre porque a pressão
tro do pacote foram expostos às três variáveis críticas: atmosférica varia com a altitude.
temperatura, tempo e presença de vapor saturado, con- Observações: Vapor saturado: É o ideal para uma es-
dições necessárias para esterilização. Pode ser utilizado terilização de qualidade. É a camada de vapor mais próxi-
em todos os processos de esterilização a vapor. Acon- ma da superfície líquida, isto é, se apresenta no limiar do
selha-se colocar, no mínimo, um integrador por ciclo de estado líquido e gasoso, podendo apresentar-se seca ou

39
úmida. Para a esterilização é necessário que o vapor apresente um valor de “secura”. Esse valor é medido pelo técnico
de manutenção.
Vapor úmido: Inadequado para esterilização. É normalmente formado quando a água da caldeira ou condensado
dos tubos é carregado pelo vapor quando injetado na câmara. O resultado é um excesso de água que poderá tornar
úmidos os materiais dentro da esterilizadora, podendo ocorrer contaminação ao retirá-los da autoclave. Para evitar o
problema, realizar o primeiro ciclo/dia vazio, para eliminar o condensado de vapor da rede de caldeira. As autoclaves
elétricas não necessitam pois geram o próprio vapor.

Mecanismo de ação: Os microorganismos são destruídos pela ação combinada da temperatura, pressão e umidade
que promovem a termo-coagulação e a desnaturação das proteínas da estrutura genética celular.

Fases do ciclo de esterilização:


- drenagem do ar na câmara de esterilização – possibilita a penetração do vapor;
- período de exposição – começa a ser marcado no instante em que a câmara atinge a temperatura previamente
estabelecida demonstrada pelo termômetro.

Compreende três tempos:


- da penetração do vapor: é o intervalo necessário para que a carga atinja a temperatura da câmara;
- da esterilização: é o menor intervalo necessário para a destruição de todas as formas de vida microbiana em uma
determinada temperatura;
- da confiança: é um período adicional, geralmente igual à metade do tempo de esterilização, adotado na autocla-
vação de artigos em que a penetração do calor é, ou poderá ser, retardada ou variável. O excesso na margem de
segurança é uma prática antieconômica, pois a combinação do custo de energia com a deterioração dos mate-
riais por excessiva exposição ao calor aumentam as despesas.
- exaustão do vapor – realizado por uma válvula ou condensador;
- secagem da carga – obtida pelo calor das paredes da câmara em atmosfera rarefeita.

Equipamentos:

Autoclaves a vapor: São câmaras de aço inox equipadas com uma ou duas portas dotadas de válvula de segurança,
manômetros de pressão e um indicador de temperatura, geralmente localizado na linha de drenagem da câmara. Para
que haja esterilização é necessário que o vapor entre em contato com todos os artigos colocados na câmara e isso só
ocorre quando o ar é removido adequadamente. As autoclaves podem ser divididas em dois tipos básicos:
- Autoclave gravitacional (evacuação do ar por gravidade): O ar frio, mais denso, tende a sair por um ralo co-
locado na parte inferior da câmara, quando o vapor é admitido. Este processo é relativamente lento e permite a
permanência de ar residual. A fase de secagem é limitada pois não possui capacidade para completa remoção
do vapor, podendo apresentar umidade no material ao final do processo. Em geral, processos em autoclaves
gravitacionais são adequados para esterilização de materiais desempacotados.
- Autoclave pré-vácuo (evacuação mecânica do ar): neste sistema o ar é removido previamente, para formação
de vácuo. Quando o vapor é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes, com pouca chance de permanên-
cia de ar residual. Devido a este mecanismo o processo é mais rápido e eficiente. A bomba de sucção forma o
vácuo num único pulso (alto vácuo) ou através de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em temperatura
ligeiramente inferior a do processo (pulsos de pressurização). O sistema mais eficiente é o de pulsos de pressuri-
zação pois existe grande dificuldade em obter vácuo num único pulso.

Disposição dos artigos dentro da câmara: Os pacotes devem ser posicionados de forma a permitir que o vapor
possa fluir por todos os itens no esterilizador. Para isso, deve ser observado um espaçamento de 25 a 50mm entre
todos os pacotes e entre eles e as paredes da câmara. O volume de material não deve exceder a 80% da capacidade
do aparelho. Os pacotes maiores devem ser colocados na parte inferior da câmara e os menores na superior. Os jarros,
bacias, frascos e outros artigos que apresentam concavidade devem ser colocados com sua abertura para baixo, para
facilitar o escoamento de água resultante da condensação do vapor.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Falhas no processo: Inspeções periódicas, manutenção e troca dos componentes das autoclaves (filtros, válvulas e
diafragma) são necessários para garantir o bom funcionamento e devem seguir as recomendações do fabricante. A
frequência para se realizar a manutenção preventiva depende do número de utilizações e da idade dos equipamentos.
As autoclaves devem ser validadas em função de suas instalações e desempenho. Um calendário de manutenção pre-
ventiva deverá ser estabelecido de acordo com a recomendação do fabricante, como no exemplo:

Frequência Atividade
Diariamente - limpeza da câmara interna (álcool ou éter).
Mensalmente - limpeza dos elementos filtrantes e linha de drenagem.

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Trimestralmente - descarga do gerador.
- verificação e limpeza dos eletrodos de nível
- lubrificação do sistema de fechamento
Semestralmente - verificação da guarnição da tampa
- avaliação dos sistemas de funcionamento e segurança
- desempregnação dos elementos hidráulicos
- ajustamento e reaperto do sistema de fechamento
- verificação do elemento filtrante de entrada de água
- aferição dos instrumentos de controle monitoração e segurança
Anualmente
- limpeza do gerador de vapor
- após 3º ano de funcionamento, teste, avaliação hidrostática,
- aferição dos instrumentos de controle.

Fonte: Manual Técnico da Autoclave Sercon.

Os maiores problemas durante o processo são: remoção do ar, superaquecimento, carga úmida e danificação do
material. Abaixo, quadro dos principais defeitos de funcionamento de autoclave.

Quadro 1: Causa dos principais defeitos de funcionamento das autoclaves

Autoclave com geração elétrica de Autoclave com geração de vapor


Defeito
vapor através de caldeira
• Resistência queimada
• Falta de fase • Válvula redutora desregulada
A pressão do vapor na • Filtro entupido • Suprimento de vapor baixo
câmara não alcança o • Excesso de água ou de entrada de • Purgadores ou filtros entupidos
desejado. água • Pressostato danificado ou desregulado.
• Pressostato ou termostato danificado
ou desregulado.
• Dreno da câmara está entupido • Dreno da câmara está entupido
• Termostato ou pressostato está desre- • Termostato ou pressostato está desregu-
gulado lado.
A temperatura não al-
• Purgador danificado ou sujo • Purgador danificado ou sujo
cança o desejado.
• Filtro entupido • Filtro entupido
• Esquecimento de fechar a válvula de • Esquecimento de fechar a válvula de se-
segurança. gurança.
O redutor da autoclave
• Necessita trocar o redutor ou reparo.
não permite mais regu- • Necessita trocar o redutor ou reparo.
lagem.
• O condensador tem defeito ou a en-
Vapor excessivo na área • O condensador tem defeito ou a entrada
trada de água está fechada.
de esterilização. de água está fechada.

• O Vapor está escapando através da


• O Vapor está escapando através da válvula
válvula de segurança que precisa ser
de segurança que precisa ser trocada.
Poça de água na câmara trocada.
• A autoclave não está nivelada.
• A autoclave não está nivelada.
• O sistema de drenagem está entupido.
• O sistema de drenagem está entupido.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• O vapor está úmido e não saturado.


• O vapor está úmido e não saturado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O tempo de secagem necessita ser
• O tempo de secagem necessita ser maior.
maior.
• Os pacotes estão mal colocados ou encos-
Os pacotes saem mo- • Os pacotes estão mal colocados ou
tados nas paredes ou entre si.
lhados encostados nas paredes ou entre si.
• Dreno sujo.
• Dreno sujo.
• Filtro ou purgador entupido ou defeituo-
• Filtro ou purgador entupido ou defei-
so.
tuoso.
• A pressão do vapor não é suficiente.
• A pressão do vapor não é suficiente.

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• Abertura da porta demasiado rápida.
A carga de líquidos ferve • Abertura da porta demasiado rápida.
Deve-se aguardar pelo menos cinco
na autoclave
minutos com a porta entreaberta.
• Necessita trocar a guarnição. • Necessita trocar a guarnição.
Perda de vapor pela
• Porta desregulada ou empenada. • Porta desregulada ou empenada.
porta
• Mecanismo defeituoso. • Mecanismo defeituoso.
Vapor escapa pela válvu- • Válvula danificada ou desregulada • Válvula danificada ou desregulada
la de segurança • Excesso de pressão, examinar o regis- • Excesso de pressão, examinar o registro
tro do manômetro. do manômetro.
• Lâmpada queimada ou desligada • Lâmpada queimada ou desligada
Piloto não acende
• Fusível queimado. • Fusível queimado

Fonte: Zanon & Neves.1987

Riscos ocupacionais:
- Ruídos emitidos pelo aparelho:
- Alta frequência: causa nervosismo e irritabilidade;
- Frequência moderada: provoca distração;
- Frequência baixa: origina cansaço.

Obs: Sons contínuos ou constantes apresentam efeito cumulativo podendo causar irritação. O ruído diminui a capa-
cidade de trabalho, a produtividade, afeto e bemestar, podendo induzir o trabalhador a erros.

Aspectos ergonômicos e posturais: São necessários cuidados no que se refere ao transporte do rack, carregamen-
to, fechamento da porta da autoclave e descarregamento.

Calor: Desconforto pelo aumento de temperatura e umidade ambiental, como riscos diretos de queimaduras. Em-
bora existam diferentes modelos de autoclave, alguns pontos são fundamentais no seu manuseio, visando a prevenção
de acidentes do seu operador.

Dentre estes, enumeramos algumas das medidas preconizadas pelo “Manual de Segurança para Serviços de Saúde”:
- Manter as válvulas de segurança em boas condições;
- Não abrir a porta da autoclave enquanto a pressão de vapor na câmara não atingir o valor zero;
- Proteger o rosto atrás da porta da autoclave, quando for abri-la , para evitar queimaduras pelo vapor e possíveis
explosões ou implosões dos frascos de vidro tampados;
- Evitar contato direto com as partes metálicas ou com o material quente, utilizando luvas de proteção próprias
(raspa), no descarregamento;
- Verificar periodicamente, o funcionamento de termostatos, purgadores e válvulas de segurança;
- Não forçar a porta para abrir quando emperrar;
- A autoclave deve ser equipada com uma trava ou outro dispositivo que impeça sua abertura enquanto houver
pressão no seu interior.

Validação: É a verificação prática e documentada de todo o processo de esterilização, que avalia o desempenho
dos equipamentos para averiguar se cumprem suas finalidades (Moura 1996).

Validação da Autoclave a Vapor Saturado sob Pressão

Passos na validação:
1- Aquecimento da autoclave: Realizar um ciclo completo de esterilização com tempo máximo de 3 minutos;
2- Na autoclave vazia, posicionar um pacote desafio (roupa cirúrgica) colocando no centro deste, um teste Bowie &
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dick. Repetir a operação por mais 2 vezes com outros pacotes e testes;
3- Retirar os testes a cada ciclo, procedendo as anotações pertinentes em formulário próprio;
4- No centro do pacote desafio (roupa cirúrgica), colocar um teste biológico, um integrador químico e uma tira para
indicador químico para vapor. Posicionar o pacote sobre o dreno em autoclave com carga completa, em ciclo
padronizado de rotina. Repetir a operação por mais 2 vezes com novos pacotes e testes;
5- Retirar os testes a cada ciclo, realizando a incubação dos indicadores biológicos processados, e de um piloto/não
processado, em incubadora de leitura rápida/ 3 horas ou 48 horas e as anotações pertinentes aos demais testes
em formulário próprio;
6- Só liberar os pacotes das cargas testes, após leitura final dos indicadores biológico e integrador químico com
resultados negativos.

42
QUANDO VALIDAR A AUTOCLAVE: Segundo NORMA ção da temperatura interna.
ISO 11.134 - Estufa de convecção mecânica: possui um dispo-
1- Na instalação de equipamentos novos; sitivo que produz rápido movimento de grande
2- Após manutenção corretiva de grande extensão; volume de ar quente, facilitando a transmissão do
3- Após a autoclave ficar parada por muito tempo; calor diretamente para a carga, sob condições de
4- Sempre que trocar guarnição; temperatura controlada e limitando as variações
5- A cada doze meses. de temperatura em vários pontos da câmara a mais
ou menos 1°C. É a mais indicada para uso hospi-
Teste Biológico talar.
Os testes deverão ser realizados diariamente no pri-
meiro ciclo com carga completa, sendo colocado em pa- Princípios operacionais:
cote do tipo cirurgia geral sobre o dreno/purgador. Ope- - validação do equipamento básico e calibração dos
ração do Sistema de Controle Biológico em autoclave instrumentos: deve ser solicitada ao fabricante do
1- Identificar nos espaços apropriados do rótulo do equipamento uma carta de validação indicando o
Indicador Biológico, o número da carga, a data e ponto mais frio, uma vez que existem variações de
o esterilizador; temperatura dentro do ambiente da câmara de
2- Colocar esta ampola identificada no centro de um esterilização. A esterilização é eficiente quando o
pacote desafio; ponto frio registrar 160°C, em exposição por 2 ho-
3- Processar o ciclo de acordo com a rotina da auto- ras. Nesse local, deverão ser realizados os testes
clave; biológicos;
4- Retirar a ampola do pacote; - após iniciado o ciclo a porta não pode ser aberta.
5- Incubar e fazer leitura de acordo com o tipo de Caso ocorra, deve-se esperar que o equipamento
teste; de leitura rápida/3horas ou 48 horas; atinja novamente os 160º C, para reiniciar a conta-
6- Registrar os resultados em formulário próprio. Ar- gem de tempo (2 horas);
quivar na CME e encaminhar mensalmente cópias - seleção de materiais que possuam boa condutibili-
ao SCIH; dade térmica: a esterilização na estufa requer alta
7- Após leitura final, os Indicadores Biológicos utiliza- temperatura e tempo de exposição prolongado,
dos deverão ser esterilizados em autoclave a vapor
portanto, não é recomendada para artigos como
e descartados em lixo comum.
tecidos, borrachas e papéis que não tenham boa
condutibilidade térmica ou não sejam termoresis-
Esterilização por calor seco/estufa
tentes;
Baseia-se na utilização do calor gerado por uma
- preenchimento da carga anteriormente à marcação
fonte. Requer o uso de altas temperaturas e um longo
do tempo de exposição: o material deve ser colo-
tempo de exposição, pois como o ar quente propaga-se
cado assim que se liga a estufa, sendo aquecido ao
lentamente no material, a esterilização exige um aqueci-
mento prolongado. A sua distribuição dentro da câmara mesmo tempo que a câmara;
não ocorre de maneira uniforme, sendo recomendado - distribuição interna da carga: não sobrecarregar a
que não se utilize o centro da estufa, pois este concentra estufa com materiais, nem permitir que toquem
os chamados pontos frios. A carga deve ser o mais uni- nas paredes. A sobrecarga dificulta a circulação do
forme possível e as caixas devem conter uma quantidade calor.
limitada de instrumentais. O calor seco por não ser tão
penetrante quanto o vapor, deve ser utilizado somente As caixas devem ser pequenas contendo poucos ins-
quando não for possível a autoclavação, como nos casos trumentos;
de óleos e pós. - invólucros: os mais utilizados são caixas metálicas
Mecanismo de ação: a morte dos microorganismos fechadas, papel alumínio e frascos de vidro refra-
pelo calor seco tem sido considerada fundamentalmente tário;
um processo de oxidação, em que ocorre uma desidra- - o monitoramento deve ser feito pelo menos uma
tação progressiva no núcleo das células, gerando um de- vez por semana usando fita teste própria e indica-
sarranjo interno e consequente dessecamento. dor biológico (Bacillus subtilis), no centro de cada
caixa.
Equipamento/Estufa ou Forno de Pasteur: seu fun-
cionamento consiste na produção de calor gerado por Riscos ocupacionais:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

resistências elétricas. A temperatura dentro da câmara - queimaduras por acidente;


não é uniforme devido à diferença de densidade entre o - incêndio por extravasamento de óleos.
ar frio e quente. Existem dois tipos de estufa, comumente
utilizados: Esterilização por radiação ionizante:
- Estufa de convecção por gravidade: compõe-se de É utilizada para materiais termossensíveis por utilizar
uma câmara revestida de resistência elétrica em baixa temperatura. Seguro, mas por razões econômicas é
sua parede inferior, possuindo um orifício de dre- normalmente utilizado em escala industrial. As principais
nagem de ar na parede superior. À medida que fontes de radiação utilizadas com fins de radioesteriliza-
ocorre o aquecimento do ar no interior da câmara, ção industrial são os raios beta e gama. Mecanismo de
o ar frio é empurrado pelo ar quente em direção ação: A capacidade antimicrobiana da radiação ionizante se
ao dreno superior, promovendo-se a uniformiza- dá principalmente por modificações no DNA da célula alvo.

43
Físico-químicos Mecanismo de ação: os radicais livres gerados no
De forma geral os métodos físico-químicos são pro- plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-se com
cessos realizados em equipamentos especiais, que uti- cargas negativas e positivas excitadas que tendem a se
lizam substâncias químicas esterilizantes e baixas tem- reorganizar, interagindo com moléculas essenciais ao
peraturas. É indicado para esterilização de materiais metabolismo e reprodução microbianos ligam-se de
termossensíveis e/ou sensíveis à umidade. Óxido de maneira específica às enzimas, fosfolipídios, DNA, RNA
etileno (ETO): é um gás inflamável e explosivo. Quando e etc. Essa reação é rápida , viabilizando o processo de
misturado com gás inerte é uma das principais opções esterilização em curto espaço de tempo.
para esterilização de materiais termossensíveis, desde
que obedecidos alguns parâmetros relacionados com a Fases do ciclo de esterilização:
concentração do gás, temperatura, umidade e tempo de - Vácuo: após a câmara de esterilização ter sido car-
exposição. O ETO tem boa penetração em embalagens e regada e a porta fechada, o ciclo de esterilização
lúmens podendo ser usado na maioria dos artigos hospi- é iniciado, ocorrendo uma redução da pressão da
talares. Entretanto, sua’ utilização é muito complexa, de câmara através do acionamento de uma bomba de
alto custo e toxicidade exigindo uma estrutura física es- vácuo. Esta fase dura aproximadamente 5 minutos,
pecífica. Mecanismo de ação: a sua ação letal é atribuída podendo variar, dependendo do tipo de carga;
a alquilação das cadeias proteicas microbianas, impedin- - Injeção: quando a pressão atinge 0,3 Torr, o conteúdo
do a multiplicação celular. Fatores a serem considerados: de uma ampola de peróxido de hidrogênio ( 1,8 ml
- Concentração: 450 a 1200mg/L;. ) a 58%, fornecendo uma concentração de 6mg/l é
- Temperatura: 49°C a 65°C, o que pode danificar ar- injetado na câmara de esterilização sob a forma de
tigos muito sensíveis ao calor; nesse caso, pode-se vapor. O peróxido de hidrogênio é fornecido em um
adotar temperatura entre 30°C e 38°C, sendo ne- cassete plástico que possui 10 ampolas;
cessário um período de exposição mais longo ou - Difusão: a solução de peróxido de hidrogênio, inje-
concentração mais elevada; tada dentro da câmara sob vácuo, se difunde por
- Umidade: 45% a 80%; todos os materiais. Esta fase dura 44 minutos e as-
- Tempo de exposição: 2 a 5 horas. Havendo limita- segura tempo e concentração de peróxido de hi-
ções, o aumento da concentração do gás pode re- drogênio suficientes para o início da fase seguinte;
duzir o tempo de exposição; - Plasma: como resultado da injeção e difusão do pe-
- Fases do processo: preparo e umidificação, introdu- róxido de hidrogênio na forma gasosa, a pressão
ção do gás, exposição, evacuação do gás e injeções dentro da câmara no final da fase de difusão per-
de ar que requerem aproximadamente duas horas manece demasiadamente elevada para a formação
e meia excluindo o período de aeração; de plasma a baixa temperatura, mediante a aplica-
- Período de aeração: mecânica 8 a 12 horas de 50°C ção de energia de radiofrequência. Esta fase dura
a 60°C; ambiental 7 dias a 20°C. 15 minutos, onde é obtido o fator de segurança de
esterilização previsto;
Plasma de peróxido de hidrogênio - Esterilizadores - Ventilação: a energia de radiofrequência é interrom-
que operam a baixa temperatura utilizando peróxido de pida ao final da fase de plasma, passando-se para a
hidrogênio como substrato para formação de plasma. O ventilação. Esta fase possui duas etapas de injeção
plasma chamado de quarto estado da matéria, é definido de ar, o que permite à câmara retornar à pressão
como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras atmosférica num período de 4 minutos.
(muitas das quais em forma de radicais livres), que são al-
tamente reativos. É formado pela geração de um campo Recomendações de uso: por se tratar de um apare-
eletromagnético (rádio frequência) que produz o plasma. lho extremamente sensível são fundamentais os
Este processo é uma alternativa viável para submeter ar- seguintes passos para evitar abortamento do ciclo:
tigos sensíveis ao calor e umidade. Os materiais compa- - Limpeza com remoção completa de resíduos orgâ-
tíveis com o sistema incluem: alumínio, bronze, acetato nicos;
de vinil etílico (EVA), craton, látex, polietileno de baixa - Secagem completa;
densidade, polietileno de alto peso molecular, policar- - Embalagem e selagem adequadas.
bonatos, poliolefinas, polipropileno, poliuretano, cloreto
de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, vidro, OBS: Não é indicada a esterilização de instrumentos
borrachas, acrílico, fibras ópticas, equipamentos e mate- com lumens longos e estreitos e de fundo fechado.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

riais elétricos e pneumáticos. O equipamento deve ser


monitorizado pelo menos uma vez por semana, toda vez Riscos ocupacionais: O processo de esterilização foi
que sofrer manutenção e quando da esterilização de ma- concebido de forma a evitar o contato direto com o pe-
teriais ainda não testados. Para tanto usa-se: róxido de hidrogênio líquido, na forma de vapor ou plas-
- Indicador químico no interior de todas as embala- ma, independentemente da fase em que o processo se
gens; encontre. O material não necessita aeração, pois o resí-
- Fita química colante nas embalagens que não pos- duos finais do processo são água e ar. Portanto, é seguro
suem o indicador no seu exterior; para o meio ambiente e o trabalhador. Esterilização com
- Indicador biológico próprio/Bacillus subtillis. vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (auto-
clave de formaldeído). A esterilização é conseguida com
formaldeído gasoso na presença de vapor saturado. A

44
combinação desses dois meios de esterilização, distribuí- aprovação do órgão oficial. Esterilização por glutaraldeí-
dos uniformemente na câmara da autoclave, é essencial do a 2%: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com
para o sucesso do processo. potente ação biocida podendo ser utilizado para qui-
mioesterilização de equipamentos que não possam ser
Fases do ciclo de esterilização: processados pelos métodos físicos tradicionais. As solu-
- Evacuação do ar; ções aquosas de glutaraldeído são ácidas e geralmente
- Injeção: o vapor a baixa temperatura e o formaldeí- neste pH não são esporicidas. Somente depois de ativa-
do são injetados na autoclave em vários pulsos; das por agentes alcalinizantes atingindo pH de 7,5 a 8,5
- Difusão: o formaldeído se difunde através da carga é que a solução se torna esporicida. Desde que não este-
(fase de manutenção da esterilização); jam em uso, essas soluções mantém sua atividade bioci-
- Remoção do ar: por repetidas evacuações e injeções da por 14 a 28 dias (de acordo com o fabricante) devido
de jatos de vapor ou ar. a subsequente polimerização de suas moléculas ativas.
- Secagem. Mecanismo de ação: O glutaraldeído tem atividade
bactericida, viruscida, fungicida e esporicida em tempo
A maior parte das autoclaves usa o sistema de jatos que varia de 8 a 10 horas de acordo com a orientação
de ar. Embora tenha sido relatado que os jatos de vapor do fabricante. Indicações de uso: .Utilizado como este-
eliminam mais rapidamente os resíduos de formaldeído, rilizante de materiais termossensíveis. Compatível com
podem necessitar de um estágio subsequente de vácuo instrumentos com lentes (endoscópio), metal, borracha
muito longo, para secar a carga. O processo inteiro nor- e plástico. Não deve ser utilizado em superfícies por ser
malmente inclui 20 pulsos, e dura aproximadamente 2 muito tóxico e de alto custo. Pontos a observar:
horas, a 65°C sendo mais curto a temperaturas mais ele- - Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que
vadas. Indicações de uso: Indicado para esterilização de a água altere a concentração da solução;
materiais sensíveis ao calor, tais como endoscópios rí- - Utilizar solução recém ativada;
gidos, equipamentos elétricos, vários objetos fabricados - Medir a concentração de glutaraldeído, com fita tes-
com plásticos sensíveis ao calor, entre outros. São apli- te própria;
cáveis os mesmos procedimentos de embalagem para - Utilizar a solução apenas se a concentração estiver
esterilização em autoclave a vapor d’água. Controle da a 2% ou mais;
esterilização: a validação de uma autoclave à base de for- - Utilizar equipamento de proteção individual (EPI);
maldeído, inclui testes físico-químicos e microbiológicos. - Imergir completamente o artigo na solução, man-
Os testes físicos investigam: tendo o recipiente tampado;
- integridade da câmara da autoclave; - Rotular o recipiente com a hora do início e término
- capacidade física da máquina para evacuar o ar da do processo;
câmara/carga; - Enxaguar abundantemente os artigos, após a este-
- capacidade de manter a temperatura requerida com rilização, com água destilada ou deionizada estéril.
a admissão de vapor; Evitar soro fisiológico, pois pode promover depó-
- produção de temperatura uniforme para toda a carga. sito acelerando a corrosão do metal;
- Utilizar o material imediatamente (não é recomen-
Depois de estabelecida a função física correta da má- dado o armazenamento).
quina, pode-se estimar a distribuição do formaldeído
dentro da câmara, usando papéis indicadores ou fazen- Toxicidade: Quando o trabalhador de saúde proces-
do a análise química de amostras retiradas da câmara. sa os equipamentos e artigos pode ocorrer exposição ao
Não havendo homogeneidade, deve-se corrigi-la antes vapor de glutaraldeído. O limite máximo de glutaraldeí-
de proceder os estudos de qualificação com os indica- do no ar é de 0,2 ppm. Nesta concentração pode ocor-
dores biológicos. A eficácia da esterilização é medida rer irritação dos olhos, nariz ou garganta. Este problema
por bioindicadores de dois tipos - um com esporos de pode ser minimizado com ventilação adequada, recipien-
Bacillus stearothermophilus e outro com Bacillus subtilis. tes que contém a solução hermeticamente fecha uso de
Avaliação de toxicidade: A determinação do resíduo de EPIs. Devido ao risco de impregnação do glutaraldeído
formaldeído é feita de acordo com o método do ácido em alguns materiais, principalmente plásticos e borra-
cromotrópico. Um filtro circular é utilizado como objeto chas. É fundamental o enxágue abundante dos mesmos,
de teste. A enorme superfície de fibras de filtro absorve para evitar iatrogenias, como bronquites e pneumonite
o formaldeído o suficiente para possibilitar a análise do química. Formaldeído líquido: é apresentado em duas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

total dos resíduos. Não existem requerimentos oficiais no formulações básicas:


Brasil, mas na Escandinávia, o valor máximo de 200g/fil- - aquosa a 10%, composta de tensoativos, seques-
tro é estabelecido. trantes, antioxidantes, dissolvidos em glicerina,
que não libera vapores irritantes, mas conserva as
Químicos: propriedades germicidas do formaldeído.
Esterilização por imersão do artigo em produto quí- - alcoólica a 8%, composta de tensoativos seques-
mico do grupo dos aldeídos e outros, de eficácia com- trantes, antioxidantes e etanol a 70%.
provada. São utilizados para artigos que não possam ser
esterilizados pelo calor. Os artigos devem estar limpos Indicações de uso: O formaldeído é bastante utilizado
e secos, serem imersos na solução, dentro de recipiente como esterilizante de dialisadores em 50% dos Centros
plástico e tampado conforme orientação do fabricante e de Hemodiálise do mundo . O Center for Disease Con-

45
trol (CDC), USA recomenda a reutilização do dialisador Virtualmente todos os casos de raiva humana são
no mesmo paciente se o formaldeído for utilizado em transmitidos através de mordidas ou arranhões de
temperatura ambiente, à concentração de 4% e tempo animais infectados. Como o vírus encontra-se presen-
de exposição mínima de 24 horas. Para evitar problemas te na saliva dos animais contaminados, outra via de
de saúde para o paciente hemodialisado, o material deve transmissão possível, mas bem menos comum, é atra-
ser submetido à lavagem com soro fisiológico e testado vés de lambidas em mucosas, como a boca, ou feridas
quanto a existência de formol, antes do uso. abertas.
A sarna é causada por um ácaro minúsculo, que só
Toxicidade: O uso do formaldeído em estabeleci- pode ser observado por meio de microscópio: o Sar-
mentos de saúde é limitado devido aos vapores irritan- coptes scabiei. Esse parasita se alimenta de queratina,
tes, odor desagradável e comprovado potencial carcino- uma proteína que constitui a cama superficial da pele.
gênico. .O tétano é uma infecção aguda e grave, causada pela
toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani), que en-
Ácido peracético: é um componente de uma equili- tra no organismo através de ferimentos ou lesões de
brada mistura entre ácido acético, peróxido de hidrogê- pele e não é transmitido de um indivíduo para o outro.
nio e água. É bactericida, fungicida e esporicida através O vírus da Influenza A/H1N1 não possui pernas e não
da desnaturação de proteínas e alteração da parede ce- voa. ... Algumas vezes, as pessoas podem se infectar
lular. Sua ação esporicida ocorre a baixas temperaturas, pegando objetos que estão contaminados com o vírus
mesmo em presença de matéria orgânica. Possui ativi- e depois tocando a boca, o nariz ou os olhos.
dade antimicrobiana rápida de amplo espectro em con- A pediculose, popularmente conhecida como infesta-
centração de 0,001 a 0,2% por 20 minutos. Como des- ções de piolhos, é uma doença parasitária contagiosa
vantagem apresenta-se como um poderoso oxidante que pode surgir na cabeça, corpo, cílios, sobrancelhas
podendo causar corrosão em cobre, bronze, aço e ferro ou na região dos pêlos pubianos.
galvanizado. Esses efeitos podem ser contornados atra- De uma mãe portadora do vírus da hepatite B para
vés de aditivos e alterações de pH. seu bebê no nascimento; por contato sexual com uma
pessoa infectada; por injeções ou feridas provocadas
Indicação de uso: como desinfetante de alto nível ou por material contaminado; por tratamento com deri-
esterilizante de materiais termo sensíveis; como endos- vados de sangue contaminados.
cópios. A inativação de microorganismos é dependente Vias de Transmissão do HIV: Transmissão por Via Sexual.
do tempo, temperatura e concentração: microorganis- Ocorre por meio do ato sexual não protegido, ou seja,
mos mais sensíveis em 5 minutos a uma concentração de sem o uso do preservativo; ato sexual anal, oral ou vagi-
100ppm e esporos em 30 minutos a uma concentração nal no qual há o contato com sangue, sêmen ou secre-
de 1000ppm. ções vaginais da pessoa infectada com a pessoa sadia.

2.(Analista Judiciário - Enfermagem TRF 2ª-Superior-


-FCC/2016) Segundo o Ministério da Saúde (in Kawamo-
EXERCÍCIOS COMENTADOS to et al 2011), antissepsia é o conjunto de meios empre-
gados para impedir a proliferação microbiana e utiliza-se
1. (Analista Judiciário Apoio Especializado/Enferma- o termo, dentre outros, quando:
gem do Trabalho/TRF 2ª/2017/CONSULPLAN) Doen-
ças infecciosas que tem como transmissão a via respira- a) na manipulação de material esterilizado é agregado o
tória: uso de produtos capazes de aderirem à pele matéria
orgânica precipitada, garantindo uma técnica asséptica.
a) Hepatite A, cólera, tuberculose e raiva. b) nas mucosas são utilizadas soluções de tintura com
b) Tuberculose, varicela, sarampo e varíola. formulação em veículo aquoso, hipoalergênicas e bac-
c) Escabiose, tétano, influenza e cólera. teriostáticas.
d) Pediculose, escabiose, hepatite B e HIV. c) na pele e mucosas são aplicados compostos fenólicos
e) Hepatite A, hepatite B, raiva e poliomielite. sintéticos com amplo espectro de ação antimicrobia-
na, umectantes e que mantenham a instabilidade pe-
Resposta: Letra B. A hepatite A é uma doença in- rante diluições.
fecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que d) nos materiais utilizados na assistência de enfermagem
produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão ocorre redução do número de microrganismos pato-
gênicos, com a utilização de produtos que eliminem o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e ali-


mentos contaminados ou diretamente de uma pessoa risco ocupacional.
para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou e) na pele e nas mucosas são empregadas soluções an-
não desenvolver a doença. tissépticas germicidas, de baixa causticidade e hipoa-
A cólera é transmitida geralmente através da água, lergênicas.
alimentos e talheres contaminados com o Vibrio cho-
lerae. A contaminação de rios ocorre pelo tratamento Resposta: Letra E. Antissepsia é o método através do
inadequado de água e esgoto (com fezes e vômito qual se impede a proliferação de microrganismos em
de pessoas contaminadas). ... A doença causa diarreia tecidos vivos com o uso de substância químicas (os an-
aquosa e vômitos aumentando a chance de transmis- tis-sépticos) usadas como bactericidas ou bacteriostá-
são. ticos.

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Uma mesma substância química usada em objetos ina- A perda de visão
nimados será chamada de desinfetante e quando usada Deficiência intelectual
em tecidos vivos será chamada de antissépticos. Ex. Clo- Falta de coordenação
rexidina e iodopovidona. Convulsões
A forma mais comum das mulheres grávidas serem
3. (Pref. Manduri/SP-Enfermeiro Intervencionista-Su- infectadas, é tendo contato com fluidos corporais de
perior-CONRIO/2016) O citomegalovírus (CMV) per- uma criança doente (urina ou saliva) em seus: olhos,
tence à família dos herpes vírus e acomete humanos em nariz ou boca.
todas as populações. O citomegalovírus pode ser trans- As crianças pequenas são mais propensos a lançar
mitido da mãe para o filho em diferentes momentos; ex- CMV nos seus fluidos corporais do que os adultos.
ceto: Uma vez infectado, a criança pode lançar o vírus atra-
vés dos anos pré-escolares. As crianças também são
a) No banho de imersão em banheiras. mais propensas a espalhar seus fluidos corporais no
b) No momento do parto (por meio do contato do re- ambiente através de babar, abocanhar brinquedos, e
cém-nascido com sangue e secreções genitais mater- molhando as fraldas.
nas). As mulheres grávidas também podem ser infectados
c) Durante o aleitamento materno (o vírus é encontrado através do contato sexual com um adulto que está
no leite materno de praticamente todas as mulheres (fase aguda transmissível) do CMV.
que foram infectadas por esse vírus em algum mo-
mento de sua vida).
d) Durante a vida fetal (por meio da disseminação san-
guínea do vírus). NOÇÕES DE FARMACOLOGIA;

Resposta: Letra A.
O que é CMV Prezado candidato, este material já foi aborda-
CMV está para citomegalovírus. É um vírus que nor- do anteriormente.
malmente infecta pessoas de todas as idades. Uma vez
que o CMV esteja no corpo de uma pessoa, ele perma-
nece lá para a vida toda. A maioria das vezes as pes- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS
soas com CMV não são contagiosas, porque o vírus DIVERSOS TRANSTORNOS MENTAIS E NOS
“esconde” dentro do seu corpo e não é “derramado”
DIFERENTES CICLOS DE VIDA; ASSISTÊNCIA
em fluidos corporais como urina ou saliva. A maioria
das pessoas com infecção por CMV não apresentam
DE ENFERMAGEM NAS DOENÇAS CRÔNICAS
sintomas da doença. No entanto, o CMV pode causar TRANSMISSÍVEIS E NÃO TRANSMISSÍVEIS;
doença em bebês em gestação quando passado da ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS
mãe. INFECÇÕES AGUDAS;
O que é infecção congênita por CMV
Quando a mãe passa CMV para o bebê durante a gra-
videz, o bebê é conhecido por ter infecção congênita Enfermagem em clínica médica e cirúrgica
por CMV. As mães que ficam infectadas com CMV pela
primeira vez durante a gravidez tem uma chance de 1 Humanizando o preparo do cliente para a cirurgia:
em 3 de passá-la para seus bebês. Se uma mulher está Como o estado emocional pode interferir diretamen-
infectada com o CMV antes de engravidar, o risco de te na evolução pós-operatória, é importante que o clien-
transmitir o vírus para o feto é reduzida para cerca de te receba orientações sobre os exames, a cirurgia, como
1 em 100. Globalmente, cerca de 1 em cada 150 crian- retornará da mesma e os procedimentos do pós-opera-
ças nasce com infecção congênita por CMV.. tório, bem como esclarecimentos sobre a importância de
Como pode um bebê ser prejudicado por infecção sua cooperação.
congênita por CMV? Para transmitir uma sensação de calma e confiança,
A maioria das crianças (9 em 10) com infecção con- a equipe de enfermagem deve manter uma relação de
gênita por CMV não apresentam sintomas no nasci- empatia, ou seja, colocar-se na posição do outro, sem
mento. Algumas crianças (1 em 10) irá ter sintomas no críticas ou julgamentos – o que muitas vezes ajuda a
momento do nascimento, tais como:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

compreender seus medos e inseguranças, possibilitando


Pequeno tamanho corporal uma relação interpessoal de respeito e não de autorida-
Problemas com o fígado, o baço, e / ou nos pulmões de. Além disso, possibilita uma certa tranquilidade, fa-
Icterícia (pele e olhos amarelos) vorecendo o entrosamento do cliente e família com o
Manchas na pele ambiente hospitalar, o que interfere beneficamente nas
Convulsões suas condições para a cirurgia. Com relação ao cliente,
Em casos raros, CMV congênita causa a morte. Cerca é importante lembrar que a comunicação não-verbal (o
de 1 em 5 crianças infectadas com ou sem sintomas olhar, a voz, a postura do cliente) também comunica suas
no nascimento podem desenvolver problemas de saú- necessidades; portanto, ao buscamos entender estes si-
de permanentes em seus primeiros anos, tais como: nais teremos maiores condições de melhor compreen-
A perda auditiva dê-lo.

47
Ao prestar orientações pré-operatórias, a equipe de relaxante muscular. Existem controvérsias quanto
enfermagem deve estar atenta ao fato de que as necessi- à importância desse procedimento pré-operatório.
dades de um cliente são diferentes das de outro. O mo- Dependendo do cliente, da cirurgia e da equipe
mento mais adequado para o cliente e família receberem que o assiste, o preparo intestinal pode ser realiza-
as orientações e participarem do processo de aprendiza- do mediante a utilização de laxativos, lavagem in-
gem é quando demonstram interesse pelas informações, testinal ou ambos. Geralmente, este preparo ocorre
revelada muitas vezes através de perguntas ou busca da entre 8 e 12 horas antes do ato cirúrgico. A solução
atenção da equipe de enfermagem. pode vir pronta para uso individual (enemas) ou
Quanto ao aspecto de fé, a equipe de enfermagem ser preparada pela enfermagem de acordo com a
pode providenciar assistência religiosa, desde que solici- prescrição médica, mas antes de ser aplicada no
tada pelo cliente e/ou família. cliente deve ser aquecida, para ficar morna.
Além disso, é possível conceder ao cliente a permis-
são para uso de figuras religiosas, por exemplo presas Realizando a lavagem intestinal
ao lençol da maca, sem que isso prejudique os cuidados
durante o intra ou pós-operatório. A numeração das sondas retais deve ser selecionada
de acordo com a idade e sexo do cliente, sendo de 14 a
Atuando na Prevenção de Complicações no Pré- 20 para crianças e adolescentes, de 22 a 24 para as mu-
-Operatório lheres e 24 a 26 para os homens.
Caso a sonda apresente diâmetro maior do que o do
O preparo físico do cliente é importante para o bom ânus do cliente e/ou seja introduzida sem lubrificante, po-
andamento do ato cirúrgico, bem como para evitar com- derá provocar dor e lesões durante a sua passagem. Os
plicações posteriores ao mesmo. Evitar estas complica- frascos com solução pronta para uso dispensam a utilização
ções requer alguns cuidados de enfermagem específicos da sonda retal, dependendo das orientações do fabricante.
relacionados com o preparo intestinal, vesical e da pele, O procedimento pode ser realizado no próprio quar-
além de uma avaliação da equipe, do ambiente e do to do cliente ou em sala apropriada, mas a equipe de en-
cliente para prevenir a ocorrência de infecções. fermagem deve estar atenta em promover a privacidade
Em vista da maior incidência de infecções hospita- do cliente.
Antes de iniciar o procedimento, a cama deve ser
lares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de enfermagem
forrada com impermeável e lençol móvel. Para facilitar a
pode contribuir para sua prevenção utilizando uniformes
entrada e o trajeto a ser percorrido pelo líquido do en-
limpos e unhas curtas e limpas, lavando as mãos antes e
teroclisma, o mesmo deverá ser introduzido seguindo os
após cada procedimento, respeitando as técnicas assép-
contornos anatômicos do intestino. Por esse motivo, o
ticas na execução dos cuidados, oferecendo ambiente
cliente é deitado em decúbito lateral esquerdo, com o
limpo e observando os sinais iniciais de infecção.
corpo ligeiramente inclinado para a frente e apoiado so-
A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório
bre o tórax, tendo sua perna direita flexionada e apoiada
depende de vários fatores, mas principalmente da quan- ligeiramente na esquerda (posição de SIMS).
tidade e virulência dos microrganismos e da capacidade Antes da introdução da sonda, o cliente deve ser
de defesa do cliente. orientado para relaxar a musculatura anal, inspirando e
O uso de esteroides, desnutrição, neoplasias com al- prendendo a respiração.
terações imunológicas e clientes idosos ou crianças pe- Caso haja dificuldade para a introdução da sonda,
quenas são fatores de risco de infecção no pós-operató- devem-se verificar as prováveis causas: contração retal
rio devido à redução na capacidade imunológica. Outros involuntária perante a introdução de um corpo estranho,
fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o processo medo da dor, dobra da sonda e outras intercorrências.
de cicatrização; a obesidade, em vista da menor irrigação Para que a lavagem intestinal tenha melhor efeito, reco-
sanguínea do tecido gorduroso; o período pré-opera- menda- se que o cliente tente reter o líquido da lavagem
tório prolongado, que faz com que o cliente entre em por cerca de 15 minutos.
contato maior com a flora hospitalar; e infecções no local
ou fora da região cirúrgica, que podem causar contami- b) Esvaziamento da bexiga
nação da ferida operatória. Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo antes
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído do pré-anestésico.
quando se trata ou compensa as doenças e os agravos Em cirurgias em que a mesma necessite ser mantida
que favorecem a infecção, tais como a obesidade, fo- vazia, ou naquelas de longa duração, faz-se neces-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cos infecciosos, presença de febre e outros. Também no sário passar a sonda vesical de demora, o que é
pré-operatório imediato alguns cuidados são implemen- feito, geralmente, no centro cirúrgico.
tados, tais como o banho com antissépticos específicos
(clorexidine ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e c) Preparo da pele
no dia da cirurgia, tricotomia, lavagem intestinal, retirada O banho e a rigorosa limpeza da região onde será
de objetos pessoais, próteses e outros. feita a incisão cirúrgica devem ser realizados para
diminuir a possibilidade de contaminação.
a) Esvaziamento intestinal De acordo com o tipo de cirurgia, o cliente pode ne-
O esvaziamento intestinal no pré-operatório diminui cessitar ser encaminhado para a cirurgia sem pelos
o risco de liberação do conteúdo intestinal durante na região operatória, sendo então necessária uma
a cirurgia, provocado pelo efeito de medicamento tricotomia da região.

48
Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou di- da anestesia, bem como diminuir tanto a dose dos agen-
minui o potencial de infecção da ferida operatória. tesanestésicos como as secreções do trato respiratório,
Por esse motivo, recomenda-se que sua realização sempre lembrando a necessidade de verificação da exis-
ocorra o mais próximo possível do momento da tência de alergia.
cirurgia (no máximo 2 horas antes) ou no próprio Na noite que antecede à cirurgia, visando evitar a in-
centro cirúrgico, em menor área possível e com sônia do cliente, pode ser administrado um medicamen-
método o menos agressivo. to tranquilizante. Administra-se o MPA cerca de 45 a 60
Também há controvérsia em relação às áreas da tri- minutos antes do início da anestesia. Todos os cuidados
cotomia, que variam conforme as técnicas e tec- pré-operatórios devem ser realizados antes de sua apli-
nologias usadas no processo cirúrgico. Entretanto, cação, porque após sua administração o cliente perma-
existem cirurgias nas quais a tricotomia é absolu- necerá na maca de transporte, devido ao estado de so-
tamente necessária, como as cranianas. Para exem- nolência.
plificar, listamos as áreas de tricotomia segundo a Os MPA mais comuns são os:
região da cirurgia: Opiáceos - que provocam analgesia e sonolência,
Cirurgia craniana – raspa-se o couro cabeludo total sendo normalmente prescritos para clientes que apre-
ou parcialmente, e o pescoço. Nas cirurgias de sentam dor antes da cirurgia. O principal medicamento
pescoço, deve-se incluir o colo e as axilas; é a meperidina;
Cirurgia torácica - raspam-se os pelos do tórax ante- Benzodiazepínicos - apresentam ação ansiolítica e
rior e posterior até a cicatriz umbilical, podendo-se tranquilizante, bem como efeitos edativo, miorelaxante
estender tal processo até a axila e região inguinal; e anticonvulsivante.
Cirurgia cardíaca - as áreas a serem raspadas são o Hipnóticos - provocam sono ou sedação, porém sem
tórax, metade do dorso, punhos, dobras dos co- ação analgésica, sendo os principais o fenobarbital;
tovelos e região inguinal, acrescentando-se a face Neurolépticos - diminuem a ansiedade, a agitação e
interna das coxas quando das cirurgias de revascu- a agressividade. Os principais medicamentos são a clor-
larização do miocárdio; promazina e a prometazina.
Cirurgia abdominal - recomenda-se a tricotomia da re- Os medicamentos hipnóticos, neurolépticos, benzo-
gião mamária até a região pubiana anterior (posterior diazepínicos e opiáceos, utilizados como pré-anestésicos,
no caso das cirurgias renais); nas cesáreas e cirurgia são de uso controlado, daí a necessidade de se guardar
abdominal via baixa, raspa-se a região pubiana; as ampolas vazias, para posterior reposição pela farmácia.
Cirurgia dos membros – raspa-se o membro a ser
operado, acrescentando-se ou não as regiões axi- Encaminhando o Cliente ao Centro Cirúrgico (CC)
lar e pubiana.
Realizando a tricotomia (rever marcador das cirurgias No momento de encaminhar o cliente ao CC, deve-se
anteriores para não ficar igual) observar e comunicar quaisquer anormalidades em re-
Antes de iniciar a tricotomia em áreas de grande pi- lação aos preparos prescritos no dia anterior, tais como
losidade, recomenda-se cortar o excesso de pelo manutenção do jejum, realização da higiene oral e cor-
com uma tesoura. poral e administração de medicação pré-anestésica. E
Quando realizada com barbeador, deve-se esticar a ainda verificar e anotar os sinais vitais, vestir-lhe a roupa
pele e realizar a raspagem dos pelos no sentido do hospitalar (avental, touca e propés), certificar-se da re-
crescimento dos mesmos, tendo-se o cuidado de moção de próteses dentárias (visando evitar seu desliza-
não provocar arranhaduras na pele. mento para as vias aéreas inferiores durante a anestesia)
O uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas e oculares (visando evitar lesões na córnea), joias e ador-
instituições, mas apresenta a desvantagem de, em nos. Após essa sequência de preparos, o cliente deve ser
algumas pessoas, provocar reações alérgicas e dei- deitado na maca e encaminhado ao CC com a documen-
xar a pele avermelhada. A forma de utilização varia tação completa: exames e prontuário.
O transporte do cliente é executado pelo pessoal da
de acordo com as orientações do fabricante.
unidade de internação ou do CC, a critério de cada insti-
Existem ainda aparelhos que ao invés de rasparem os
tuição. O transporte pode ser realizado em maca ou ca-
pelos cortam os mesmos rente à pele, evitando es-
deira de rodas, mas para prevenir acidentes, como que-
coriações e diminuindo o risco de infecção.
das, recomenda-se que para o cliente sonolento devido
à ação de MPA e/ou após a cirurgia. não seja feito em
Prevenindo Complicações Anestésicas cadeira de rodas. O centro cirúrgico deve dispor de ele-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vador privativo, o que diminui os riscos de contaminação


A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da ci- e infecção cirúrgica, agiliza o transporte e propicia con-
rurgia objetiva evitar vômitos e prevenir a aspiração de forto, segurança e privacidade ao cliente.
resíduos alimentares por ocasião da anestesia. É impor-
tante que tanto o cliente como seus familiares tenham Transportando o Cliente
conhecimento deste cuidado, para que possam entender
o motivo e efetivamente cumpri-lo. A maca ou cadeira de rodas deve estar forrada com
O medicamento pré-anestésico (MPA) é prescrito lençol e situada próxima à cama, para facilitar a transfe-
pelo anestesista com os objetivos de reduzir a ansiedade rência do cliente e evitar acidentes. Após deixá-lo confor-
do cliente, facilitar a indução anestésica e a manutenção tável, deve ser coberto com lençol e cobertor (nos dias frios).

49
Os responsáveis pelo transporte do cliente para o CC Fluxo do Cliente no Centro Cirúrgico
devem empurrar a maca ou cadeira de rodas com cuida-
do, e estar atentos para observar alguma anormalidade Na recepção, é importante atender ao cliente com
com o cliente (palidez, sudorese, dificuldade respirató- cordialidade, transmitindo-lhe tranquilidade e confiança,
ria, etc.), além disso verificar se o soro, sondas, drenos e bem como proporcionar- lhe privacidade física e confor-
outros equipamentos que se fizerem necessários estão to.
livres de tração. É fundamental identificá-lo, chamando-o pelo nome,
É recomendável que o cliente seja transportado de checando a pulseira de identificação ou conferindo seus
modo a visualizar o trajeto de frente, para evitar des- dados com quem o transportou; além disso, deve-se
conforto. É importante observar o alinhamento correto verificar se o prontuário está completo, se os cuidados
das partes do corpo durante o transporte e, nos casos pré-operatórios foram realizados, se há anotações sobre
de clientes com venóclise ou transfusão sanguínea, de- problemas alérgicos e condições físicas e emocionais
ve-se adaptar à maca ou à cadeira de rodas o suporte – estes cuidados são absolutamente necessários para
apropriado, posicionando corretamente o frasco de so- evitar erros, ou realização de cirurgias em clientes ina-
lução venosa, cateteres, drenos e equipamentos. Durante dequadamente preparados. Após a checagem de todos
o trajeto, conversar e encorajar o cliente, ou respeitar o esses dados pode-se fazer a tricotomia, se esta for a ro-
seu silêncio. tina do hospital, e encaminhar o cliente para a sala de
operação.
O Cuidado de Enfermagem no Trans-Operatório Através do corredor interno do CC, o cliente é trans-
portado em maca - sempre as grades levantadas para
O período transoperatório compreende o momento evitar quedas acidentaisaté a sala de cirurgia.
de recepção do cliente no CC e o intra-operatório reali- Na sala de operação, o circulante recebe o cliente de
zado na SO. forma a tentar diminuir sua ansiedade, transmitindo-lhe
Nesse período, as ações de enfermagem devem as- confiança, segurança e tranquilidade. Para evitar erros,
segurar a integridade física do cliente, tanto pelas agres- repete os mesmos cuidados de conferência de dados
sões do ato cirúrgico como pelos riscos que o ambiente prévios à entrada no CC.
do CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse Após conferir os dados do prontuário, o cliente deve
ser transferido da maca para a mesa cirúrgica, tendo-se o
físico e exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo;
cuidado de posicionar corretamente os frascos de solu-
daí a importância do uso de técnicas assépticas rigorosas.
ção, drenos e sondas, caso existam.
Ao posicionar o suporte de braço (para a infusão en-
Montagem da sala Cirúrgica
dovenosa) sob o colchonete da mesa cirúrgica, deve-se
ter o cuidado de colocar o braço do cliente num ângu-
O auxiliar de enfermagem desempenha a função de
lo inferior a 90o em relação ao corpo, para evitar dores
circulante da sala cirúrgica, que também pode ser exer-
musculares e articulares no pós-operatório.
cida pelo técnico em enfermagem, quando necessário. Em vista da probabilidade de ocorrer hipotensão ar-
Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala ve- terial provocada pela anestesia e/ou perdas sanguíneas
rifica os materiais, aparelhos ou solicitações especiais à durante o ato operatório, é necessário controlar a pres-
mesma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúr- são arterial pelo monitor ou aparelho de pressão arterial.
gica, é importante manter a sala em boas condições de O cliente pode apresentar hipotermia devido à baixa
limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e temperatura da SO, administração de líquidos gelados,
lavar as mãos. Portanto, antes de equipar a sala, o circu- feridas ou cavidades abertas e diminuição da atividade
lante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou muscular. Para corrigir essa intercorrência, administrar
outro desinfetante recomendado, deixando-os prontos soluções mornas e trocar os campos molhados por ou-
para a recepção do cliente e equipe cirúrgica. tros secos, já que os tecidos molhados promovem a per-
Para evitar problemas durante o ato operatório, o circu- da de calor.
lante deve testar o funcionamento dos aparelhos sob sua Como o cliente está anestesiado e, portanto, incapa-
responsabilidade, verificando suas perfeitas condições de citado para se defender de qualquer tipo de agressão
uso, bem como revisar o material esterilizado e providen- física, é dever da equipe médica e de enfermagem as-
ciar os materiais específicos em quantidade suficiente para segurar-lhe um ato operatório seguro, prestando alguns
a cirurgia, dispondo-os de forma a facilitar o uso. cuidados específicos, entre outros: anestésico adminis-
Com o anestesista, checar a necessidade de material trado na dosagem certa para evitar a dor; manter os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para o carrinho de anestesia. olhos do cliente ocluídos, para evitar úlceras de córnea;
Deve-se também preparar a infusão endovenosa e a atentar para o posicionamento do cliente, de modo a evi-
bandeja de antissepsia, e dispor os pacotes de aventais, tar escaras e dor no pós-operatório; evitar extravasamen-
campos, luvas e a caixa de instrumentais em local limpo to de solução para fora da veia.
e acessível. O circulante, além de auxiliar o anestesista no posi-
Quando do processo de abertura do pacote, tomar o cionamento do cliente, também auxilia, quando neces-
cuidado de manusear somente a parte externa do cam- sário, a suprir material - e durante a cirurgia comunica e
po, para evitar contaminar sua parte interna. Se o pacote registra as alterações do que observou.
for grande, deve ser aberto sobre uma superfície; se pe- Compete ao cirurgião ou assistente posicionar corre-
queno, pode ser aberto afastado do corpo e seu conteú- tamente o cliente para o ato cirúrgico, cabendo ao cir-
do oferecido ao profissional que dele fará uso. culante da sala auxiliá-los no procedimento ou realizá-lo

50
sob orientação médica. O cliente deve estar posicionado - avaliar a perda sanguínea e de líquidos pelas sondas
de forma anatômica, possibilitando boas condições de e do sangue aspirado no frasco do aspirador.
respiração e evitando distensões musculares, compres-
são de vasos, nervos e saliências ósseas. Quando for necessário mudar a posição do cliente
Também é atribuição do circulante ajudar os inte- durante a cirurgia, deve-se evitar movimentos rápidos e
grantes da equipe cirúrgica a se paramentarem. bruscos, porque a mudança repentina de posição pode
Para tanto, no momento de vestir o avental, o cir- ocasionar hipotensão arterial.
culante deve posicionar-se de frente para as costas do Os registros são feitos em impresso próprio, anotan-
membro da equipe que está se paramentando,introduzir do-se os medicamentos, soluções, sangue, equipamen-
as mãos nas mangas - pela parte interna do avental - e tos usados, intercorrências com o cliente, nome da ope-
puxar até que os punhos cheguem nos pulsos; amarrar ração e da equipe cirúrgica, bem como início e término
as tiras ou amarilhos do decote do avental, receber os da cirurgia.
cintos pela ponta e amarrar; posteriormente, apresentar Ao final da cirurgia, desliga-se o foco e aparelhos,
as luvas. afasta-se os equipamentos e aparelhos da mesa cirúrgi-
Após auxiliar a equipe a se paramentar, abrir o paco- ca, remove-se os campos, pinças e outros materiais sobre
te com o impermeável sobre a mesa do instrumentador o cliente.
e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, forne- Até que o cliente seja transportado para a recupera-
cer ao instrumentador os mate riais esterilizados (gaze, ção pós-anestésica ou unidade cirúrgica, o mesmo não
compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao cirurgião a pode ser deixado sozinho devido ao risco de quedas aci-
bandeja de material para antissepsia. Auxiliar o aneste- dentais ou intercorrências pós-cirúrgicas.
sista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de Durante a transferência da SO para a RPA, UTI ou
cada lado da mesa cirúrgica, fixar as pontas dos campos unidade de internação, deve-se ser cuidadoso durante a
esterilizados - recebidos do assistente mudança do cliente da mesa cirúrgica para a maca, ob-
- no arco e suportes, formando uma tenda de separa- servando a necessidade de agasalhá-lo, a manutenção
ção entre o campo operatório e o anestesista. do gotejamento das infusões venosas, as condições do
curativo e o funcionamento de sondas e drenos.
Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o O encaminhamento do cliente à RPA normalmente é
hamper coberto com campo esterilizado e o balde de feito pelo circulante da sala, junto com o anestesista.
lixo; conectar a extremidade de borracha recebida do as- Antes de providenciar a limpeza da sala cirúrgica,
sistente ou instrumentador ao aspirador, e ligá-lo. o circulante deve separar a roupa usada na cirurgia e
Se for utilizado o bisturi elétrico, faz-se necessário encaminhá-la ao expurgo após verificar se não há ins-
aplicar gel condutor na placa neutra, para neutralizar a trumentais misturados. Os materiais de vidro, borracha,
carga elétrica quando do contato da mesma com o corpo cortantes, instrumentais e outros devem ser separados e
do cliente, conforme orientação do fabricante. encaminhados para limpeza e esterilização, ou jogados
A seguir, colocar a placa neutra sob a panturrilha ou no saco de lixo, encaminhando-os, lacrados, para o devi-
outra região de grande massa muscular, evitando áreas do setor, sempre respeitando-se as medidas de preven-
que dificultem o seu contato com o corpo do cliente, ção de acidentes com perfuro cortantes.
como saliências ósseas, pele escarificada, áreas de gran- Com relação a impressos, ampolas ou frascos vazios
de pilosidade, pele úmida. Ao movimentar o cliente, ob- de medicamentos controlados, os mesmos devem ser
servar se ocorre deslocamento da placa, reposicionando- encaminhados para os setores determinados.
-a se necessário. Qualquer que seja a posição escolhida Ao final da cirurgia, normalmente o cirurgião ou ou-
para colocar a placa, ela deve permitir o funcionamento tro profissional que tenha participado de sua realização
correto dos eletrodos dos aparelhos, equipos de solução informa os familiares sobre o ato cirúrgico e o estado
e de sangue, drenos, sondas e cateteres. geral do cliente.
Jamais se deve deixar nenhuma parte do corpo do
cliente em contato com a superfície metálica da mesa Tempo cirúrgico
cirúrgica, pois isto, além de desconfortável, pode ocasio-
nar queimaduras devido ao uso do bisturi elétrico. Abrange, de modo geral, a sequencia dos quatro pro-
Quando não for mais utilizado material estéril dos cedimentos realizados pelo cirurgião durante o ato ope-
pacotes, os mesmos devem estar sempre cobertos para ratório.
possibilitar o seu eventual uso durante a cirurgia, com Inicia-se pela diérese, que significa dividir, separar
segurança.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou cortar os tecidos através do bisturi, bisturi elétrico,


No transcorrer da cirurgia, alguns cuidados se fazem tesoura, serra ou laser; em seguida, se faz a hemosta-
necessários, dentre eles: sia, através de compressão direta com os dedos, uso de
- ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de for- pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para
ma a proporcionar iluminação adequada no cam- prevenir, deter ou impedir o sangramento. Ao se atingir
po cirúrgico, sem projeção de sombras e reflexos; a área comprometida, faz-se a exérese, que é a cirurgia
- observar o gotejamento dos soros e sangue, líqui- propriamente dita. A etapa final é a síntese cirúrgica, com
dos drenados e sinais de intercorrências; a aproximação das bordas da ferida operatória através
- controlar a quantidade e peso das compressas cirúr- de sutura, adesivos e/ou ataduras.
gicas e gazes, para evitar esquecimento acidental
desses materiais no campo operatório;

51
Instrumentais e fios cirúrgicos O sangramento de capilares pode ser estancado pela
aplicação de substância hemostática no local. Podemos
Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas citar, como exemplo, a cera para osso - utilizada para
para isso é necessário que a equipe de enfermagem ofe- estancar o sangramento ósseo nas cirurgias ortopédicas
reça-os em perfeitas condições de uso e no tamanho e neurocirurgias.
correto. Outro recurso é o bisturi elétrico, que pode ser utili-
O instrumentador cirúrgico é o profissional respon- zado com a função de coagulação e secção (corte) dos
sável por prever os materiais necessários à cirurgia, bem tecidos, através da aplicação local de descargas elétricas.
como preparar a mesa com os instrumentais, fios cirúr-
gicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação Tipos de Anestesia
de campos operatórios, fornecer os instrumentais e ma-
teriais à equipe cirúrgica e manter a limpeza e proteção A anestesia é um estado de relaxamento, perda da
dos instrumentais e materiais contra a contaminação. sensibilidade e dos reflexos, de forma parcial ou total,
provocada pela ação de drogas anestésicas. Seu objeti-
Os instrumentais cirúrgicossão classificados de acordo vo é evitar a dor e facilitar o ato operatório pela equipe
com sua função: cirúrgica. Na anestesia geral ocorre, também, um estado
- diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, de inconsciência.
tesouras, trépano; O anestesista é o médico responsável em avaliar o
- hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, cliente no pré-operatório, prescrever a medicação pré-a-
tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester; nestésica, administrar a anestesia, controlar as condições
-síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fecha- do cliente durante a cirurgia e assistir o cliente na sala de
mento decavidades e incisões, sendo o mais co- recuperação pós-anestésica.
mum a agulha de sutura presa no porta-agulha; As drogas anestésicas podem produzir anestesia em
- apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso de todo o corpo (anestesia geral) ou em partes do mesmo
outros grupos de instrumentais, destacando-se o (anestesias local, raquiana e peridural).
afastador Farabeuf para afastar os tecidos e permi- Na anestesia geral administra-se o anestésico por via
tir uma melhor visualização do campo operatório inalatória, endovenosa ou combinado (inalatória e endo-
e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção do venosa), com o objetivo de promover um estado reversí-
tecido; vel de ausência de sensibilidade, relaxamento muscular,
- especiais - aqueles específicos para cada tipo de ci- perda de reflexos e inconsciência devido à ação de uma
rurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea de Aba- ou mais drogas no sistema nervoso.
die, utilizada nas cirurgias do trato digestivo. A raquianestesia é indicada para as cirurgias na região
abdominal e de membros inferiores, porque o anestésico
Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem agu- é depositado no espaço subaracnóide da região lombar,
lhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 produzindo insensibilidade aos estímulos dolorosos por
(doze-zero). São classificados em absorvíveis e não-ab- bloqueio da condução nervosa.
sorvíveis. Na anestesia peridural o anestésico é depositado no
Os fios absorvíveis, como o próprio nome indica, são espaço peridural, ou seja, o anestesista não perfura a du-
absorvidos pelo organismo após determinado período. ramater. O anestésico se difunde nesse espaço, fixa-se no
O catgut é de origem animal (do intestino delgado dos tecido nervoso e bloqueia as raízes nervosas.
bovinos), podendo ser simples ou cromado. O catgut Na anestesia local infiltra-se o anestésico nos tecidos
simples é indicado para os tecidos de rápida cicatrização, próximos ao local da incisão cirúrgica. Utilizam-se anes-
com absorção total em 2 a 3 semanas; o catgut cromado, tésicos associados com a adrenalina, com o objetivo de
devido à impregnação com sais de ácido crômico, é to- aumentar a ação do bloqueio por vasoconstrição e pre-
talmente absorvido em 6 meses. venir sua rápida absorção para a corrente circulatória.
Os fios não-absorvíveispermanecem encapsulados A anestesia tópica está indicada para alívio da dor da
(envolvidos por tecido fibroso) nas estruturas internas e pele lesada por feridas, úlceras e traumatismos, ou de
nas suturas de pele; devem ser removidos entre o 7° e o mucosas das vias aéreas e sistema geniturinário.
O ato anestésico requer atenção do circulante de
10° dia de pós-operatório. Podem ser de origem animal,
sala, especialmente no momento de posicionamento
como a seda; de origem vegetal, como o algodão e linho;
do cliente, transmitindo-lhe conforto e segurança, bem
de origem sintética, como o nylon, perlon, poliéster; ou
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

como facilitando o procedimento para a equipe cirúrgica.


de origem mineral, como o fio de aço.
O posicionamento do cliente relaciona-se com o tipo de
Para suturar as estruturas internas (tecidos internos e
anestesia a ser aplicada:
órgãos), utilizam-se os fios absorvíveis, enquanto que o
- Durante a anestesia peridural ou raquianestesia o
algodão está indicado para ligar vasos sanguíneos e apo-
circulante auxilia na colocação e manutenção do
neurose, o fio de aço para suturar ossos e os fios de ori-
cliente em posição especial, com o objetivo de
gem sintética para a sutura de pele. A seda é geralmente facilitar a punção com a abertura máxima dos es-
utilizada nas pessoas que provavelmente terão dificul- paços intervertebrais. Uma dessas posiçõeso decú-
dade no processo de cicatrização (obesos, desnutridos, bito lateral fetal, com os joelhos próximos do ab-
diabéticos ou aqueles com abdome volumoso), onde a dome e o queixo encostado no tórax. O circulante
sutura é realizada com pontos subtotais. da sala mantém o cliente nessa posição, colocando

52
uma das mãos na região cervical e a outra na do- - Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigê-
bra posterior do joelho. Durante a punção, outra nio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas
posição é o cliente sentado com as pernas pen- de procedimentos, medicamentos, frascos de so-
dendo lateralmente para fora da mesa cirúrgica e lução, equipos de solução e de transfusão sanguí-
o queixo apoiado no tórax. Para mantê-lo assim nea, equipos de PVC (pressão venosa central), ma-
imobilizado, o circulante de sala deve colocar-se à terial para sondagem vesical, pacote de curativo,
frente, com as mãos em sua nuca. bolsas coletoras, termômetro, material de coleta
- Durante a anestesia geral, o cliente deve ser pos- para exames e outros porventura necessários.
to em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório Ime-
braços estendido ao longo do corpo e o outro diato (POI)
apoiado no suporte de braço. Para facilitar a visua-
lização das vias aéreas no momento da intubação, Este período é considerado crítico, considerando-se
é necessário hiperestender o seu pescoço. que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia
- Atualmente, muitas instituições possuem o Serviço geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circuns-
de Apoio Técnico à Anestesiologia, com pessoal tância, apresenta-se bastante vulnerável às complicações.
treinado e com conhecimento de preparo e mon- Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue
tagem de aparelhos utilizados em anestesia. Tam- de forma a restabelecer-lhe as funções vitais, aliviar-lhe a
bém é função desse serviço promover a limpeza dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos
e esterilização dos componentes dos monitores, e distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele
bem como repor os materiais de consumo, enca- e prevenir a ocorrência de infecções.
minhar para reparo os aparelhos danificados e fa- Ao receber o cliente na RPA, UTI ou enfermaria, a
zer a manutenção preventiva dos mesmos equipe deve tranquilizá-lo, informá-lo onde se encon-
tra e perguntar-lhe se sente alguma anormalidade e/ou
O cuidado de Enfermagem no Pós-Operatório (Po) desconforto. Se o cliente estiver sonolento ou aparente-
mente inconsciente, não devem ser feitos comentários
O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da indevidos, pois sua audição pode estar presente.
sala de operação e perdura até sua total recuperação. Sub- Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual
divide-se em pós-operatórioimediato (POI), até às 24 horas deverá conter informações sobre o tipo de anestesia,
posteriores à cirurgia; mediato, após as 24 horas e até 7 dias anestésico recebido, cirurgia realizada, intercorrências e
depois; e tardio, após 7 dias do recebimento da alta. recomendações especiais. Os frascos de solução, sangue
Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente e derivados devem ser postos no suporte e realizados
são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns o controle de gotejamento e dos líquidos infundidos e
aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como eliminados pelas sondas, drenos e cateteres - os quais
dor, laringite pós- intubação traqueal, náuseas, vômitos, deverão estar conectados às extensões e fixados no leito
retenção urinária, flebite pós-venóclise e outros, com a ou outro local adequado.
finalidade de restabelecer o seu equilíbrio. Para os clientes submetidos à anestesia geral, reco-
Posicionamento para facilitar a punção da região lom- menda-se o decúbito dorsal horizontal sem travesseiro,
bar com abertura máxima dos espaços intervertebrais. com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômi-
Idealmente, todos os clientes em situação de POI de- to (caso ocorra). Para os clientes com sonda nasogástrica
vem ser encaminhados da SO para a RPA e sua transfe- (SNG), indica-se a posição semi-fowler, para prevenir a
rência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer ocorrência de esofagite de refluxo. Visando evitar a que-
quando o anestesista considerar sua condição clínica sa- da dos clientes sonolentos, confusos e/ou agitados devi-
tisfatória. do à ação dos anestésicos, as grades da cama devem ser
A RPA é a área destinada à permanência preferencial mantidas elevadas.
do cliente imediatamente após o término do ato cirúr- Normalmente, o cliente apresenta-se hipotérmico ao
gico e anestésico, onde ficará por um período de uma retornar da SO, em vista da ação depressora do sistema
a seis horas para prevenção ou tratamento de possíveis nervoso - provocada pelo anestésico. A primeira condu-
complicações. Neste local aliviará a dor pós-operatória e ta é aquecê-lo com cobertores, fechar as janelas, ligar o
será assistido até a volta dos seus reflexos, normalização aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura com
dos sinais vitais e recuperação da consciência. maior frequência. É absolutamente contraindicada a apli-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Considerando tais circunstâncias, este setor deve cação de bolsa de água quente, pelo risco de surgirem
possuir equipamentos, medicamentos e materiais que queimaduras causadas pela diminuição da sensibilidade
atendam a qualquer situação de emergência, tais como: dolorosa.
- equipamentos básicos: cama/maca com grades Na RPA, na primeira hora o controle dos sinais vitais
laterais de segurança e encaixes para suporte de é realizado de 15 em 15 minutos; se estiver regular, de
solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas 30 em 30 minutos. Mantida a regularidade do quadro, o
saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, tempo de verificação do controle deve ser espaçado para
- aspirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, 1/1h, 2/2h, e assim por diante.
monitor cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmoma- Nos cuidados com o curativo, observar se o mesmo
nômetro, ventiladores mecânicos, carrinho com está apertado demais ou provocando edema no local; se
material e medicamentos de emergência; está frouxo demais ou se desprendendo da pele; ou se

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apresenta-se sujo de sangue, o que indica sangramento choque, que é a intercorrência mais grave, muitas vezes
ou hemorragia. Nestas situações, a equipe de enferma- fatal. Assim, estes controles devem ser realizados até que
gem solicita avaliação médica ou refaz o curativo, man- o cliente estabilize suas condições físicas.
tendo uma maior vigilância sobre o cliente que apresenta No tocante à respiração, esta pode estar alterada por
sangramento. efeito do anestésico que deprime o sistema nervoso ou
Quando o cliente está com os reflexos presentes, si- por obstrução das vias aéreas devido à aspiração de vô-
nais vitais estabilizados, drenos e sondas funcionantes, mitos ou secreções.
recebe alta médica da RPA e é encaminhado para a uni- A cirurgia provoca no cliente um período de instabi-
dade de internação. lidade orgânica que pode se manifestar pela alteração
No tocante à ansiedade e agitação apresentada por de temperatura (hipertermia ou hipotermia). Na hiperter-
alguns clientes, a equipe de enfermagem pode diminuir mia, a equipe de enfermagem pode retirar os cobertores,
seus receios dizendo-lhes onde se encontram, pergun- resfriar o ambiente, aplicar compressas frias nas regiões
tando-lhes o que os está incomodando ou tranquilizan- da fronte, axilar e inguinal e medicar antitérmico, de
do-os mediante aplicação de analgésicos ou tranquili- acordo com a prescrição; na hipotermia, o cliente deve
zantes. ser agasalhado e sua temperatura monitorada.
Com relação aos clientes agitados, a contenção dos A diminuição da pressão arterial e pulso é ocasiona-
mesmos ao leito só deve ocorrer após terem sido reali- da pela perda de sangue durante a cirurgia, efeito do
zadas várias tentativas para acalmá-los (orientação, mu- anestésico ou, mesmo, mudança brusca de posição. A hi-
dança de posicionamento, oferecer óculos e/ou aparelho potensão arterial é a complicação precoce mais frequen-
de audição, dentre outras estratégias). Quando da con- temente encontrada nas pessoas submetidas à raquia-
tenção, alguns cuidados de enfermagem devem ser reali- nestesia, devendo ser corrigida com hidratação rigorosa
zados visando evitar a ocorrência de complicações circu- pela via EV, mantendo-se o cliente na posição de Trende-
latória e respiratória: evitar o garroteamento e proteger lemburg - para melhorar o retorno venoso – e adminis-
a área com algodão em rama (ortopédico), camadas de trando-lhe oxigênio. A administração de medicamentos
algodão ou compressa; manter vigilância da área restrita; vasopressores está indicada apenas quando outras me-
massagear o local e refazer a restriçãoduas vezes ao dia e didas não conseguiram normalizaram a pressão arterial.
sempre que houver cianose e edema; além disso, verificar
queixas de dor ou formigamento. Alterações Neurológicas
A decisão pela restrição deve basear-se na real ne-
cessidade do cliente, e não por ser a medida que dimi- a) Dor
nuirá o trabalho da equipe de enfermagem. Após a sua O estado neurológico do cliente pode ser afetado
adoção, não se deve esquecer que o cliente sob restrição pela ação do anestésico, do ato cirúrgico ou de um
permanece sendo um ser humano que necessita ser con- posicionamento inadequado na mesa cirúrgica.
fortado, tranquilizado e receber os adequados cuidados Por isso, a equipe de enfermagem deve observar o
de enfermagem, incluindo avaliação constante da neces- nível de consciência e as funções motora e sensiti-
sidade de manutenção da restrição. va. Quando o cliente apresentar quadro de confu-
são mental ou agitação, pesquisar se isto não está
Após os cuidados recebidos, devem ser registrados,
sendo provocado pela dor que surge na medida
pela enfermagem, dados como o tipo de anestesia, a ci-
em que a ação do anestésico vai sendo eliminada
rurgia realizada, o horário de chegada, as condições ge-
pelo organismo. Confirmando-se a dor, medicá-lo
rais do cliente, a presença de drenos, soluções venosas,
conforme prescrição médica.
sondas, cateteres e a assistência prestada.
A dor mais comum é a que ocorre na região alvo
da cirurgia, a qual diminui gradativamente com o
Anormalidades e Complicações do Pós-Operatório
passar do tempo. Por ser a dor uma experiência
subjetiva e pessoal, ou seja, só o cliente sabe iden-
A ocorrência de complicações no pós-operatório im- tificá-la e avaliar sua intensidade, não devemos
plica piora do quadro clínico do cliente, aumento do pe- menosprezá-la mas, sim, providenciar o medica-
ríodo de recuperação cirúrgica e, em alguns casos, até mento prescrito para a analgesia de forma a não
mesmo o óbito. Por isso, é vital que a prevenção, iden- permitir que se torne mais intensa. Muitas vezes,
tificação e imediata intervenção sejam realizadas o mais na prescrição médica há analgésicos que devem
precocemente possível. ser administrados a intervalos regulares e sempre
Geralmente, as complicações mais comuns são:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que necessário. Mesmo que o clientenão relate dor


intensa, a administração da medicação é importan-
Alteração dos Sinais Vitais (TPR-PA) te para prevenir a sensação dolorosa mais intensa
e contínua. A dor pode variar quanto à localização,
É importante que a temperatura corporal seja con- intensidade, duração e tipo (em pontadas, com-
trolada com maior frequência, bem como atentar para pressiva, constante, intermitente) – características
a instalação de quadro convulsivo, principalmente em que podem ser obtidas pelas informações dadas
crianças. Como as alterações térmicas levam a alterações pelo cliente.
nos sistemas cardiovascular e respiratório, recomenda-se Outras manobras/estratégias podem auxiliar no alívio
que os sinais vitais também recebam idêntica frequência da dor, tais como, respeitadas as devidas contrain-
de controle – o qual possibilita a identificação precoce do dicações: afrouxar e/ou trocar os curativos, aliviar

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a retenção de urina e fezes, fazer a mudança de As ações da equipe de enfermagem priorizam a pre-
decúbito, apoiar segmentos do corpo em coxins venção das complicações pulmonares pelo reconheci-
e aplicar compressas frias ou quentes, escurecer mento precoce dos sinais e sintomas (cianose, dispneia,
o ambiente e diminuir os barulhos, estimulando o tiragem intercostal, batimentos de asa de nariz, agita-
cliente a repousar e/ou proporcionar-lhe algo que ção), movimentação e deambulação precoces, lateraliza-
o distraia, por exemplo, televisão, música, revis- ção da cabeça do cliente com vômito e não infusão de
tas, etc. As ações a serem implementadas devem soluções endovenosas pelos membros inferiores - para
considerar a necessidade e o tipo de cliente, bem evitar a formação de trombos e embolia pulmonar. Nor-
como os recursos disponíveis na unidade. malmente, a causa dessas complicações é o acúmulo de
Realizadas estas medidas, se a dor ainda persistir, de- secreções brônquicas, cuja remoção pode ser favorecida
ve-se verificar junto ao enfermeiro e/ou médico a pela fluidificação.
possibilidade de administrar outros medicamentos. A expectoração é o meio natural de expeli-las, o que
A equipe de enfermagem deve acompanhar a evolu- ocorre pela tosse. Assim, o cliente deve ser estimulado a
ção da dor, pois só assim saberá se o medicamento hidratar-se, realizar os exercícios respiratórios e não ini-
está fazendo efeito, comunicando à enfermeira ou bir a tosse.
médico a sua persistência, para reavaliação da cau- Ao tossir, o cliente pode referir medo e dor. Para mi-
sa e/ou seu tratamento. nimizar esta sensação, deve ser orientado a colocar as
É importante lembrar que a analgesia precoce ajuda o mãos, com os dedos entrelaçados, sobre a incisão ci-
cliente a se movimentar sem grandes restrições, o rúrgica; ou utilizar-se de um travesseiro, abraçando- o
que auxilia e agiliza sua efetiva recuperação. e expectorando no lenço de papel. A broncopneumo-
Outra dor bastante comum é a cefaleia pós-raquia- nia (BCP) é a principal complicação e acontece devido
nestesia, causada pela saída de líquor durante à aspiração de vômitos ou alimentos, estase pulmonar,
a punção lombar realizada para a introdução do infecção e irritação por produtos químicos. Além dessa,
anestésico. O cliente, ao elevar a cabeça, pode podem ocorrer a atelectasia, que é o colabamento dos
apresentar cefaleia intensa – o que também pode alvéolos pulmonares pela obstrução dos brônquios por
ocorrer mais tardiamente, entre o 2° e 7° dias após tampão mucoso, e a embolia pulmonar, que consiste
a punção. Nessas circunstâncias, recomenda-se na obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por
colocá-lo em decúbito baixo, em posição supina, e êmbolos. O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia,
dar-lhe hidratação adequada por VO e/ou EV, bem alterações na frequência e profundidade da respiração,
como os analgésicos prescritos dispneia e dor torácica. Como algumas complicações ins-
talam-se bruscamente, faz-se necessário que a equipe de
b) Sonolência enfermagem mantenha material de oxigenação pronto
A sonolência é uma característica muito frequente no para o uso emergencial: material de aspiração de secre-
cliente cirúrgico. Assim, a certificação do seu ní- ção, nebulizadores, cateter de oxigênio, balão auto inflá-
vel de consciência deve ser sempre verificada me- veltipoambú com intermediários, máscaras de diversos
diante alguns estímulos (perguntas, estímulo tátil) tamanhos e material de intubação (laringoscópio, sondas
e as alterações comunicadas o mais rapidamente endotraqueais de diversos calibres, mandril).
possível, pois podem indicar complicações graves
– como, por exemplo, hemorragia interna. Complicações Urinárias

c) Soluço As mais frequentes são a infecção urinária e a reten-


Os soluços são espasmos intermitentes do diafrag- ção urinária (bexigoma). A infecção urinária é geralmente
ma, provocadospela irritação do nervo frênico. No causada por falhas na técnica de sondagem vesical e re-
pós-operatório, suas causas mais comuns são a fluxo da urina. Como sintomatologia o cliente apresenta
distensão abdominal e a hipotermia. hipertermia, disúria e alterações nas características da
No mais das vezes, os soluços terminam esponta- urina.
neamente ou por condutas simples. Uma delas Visando minimizar a ocorrência de infecção urinária,
é eliminar as causas pela aspiração ou lavagem deve-se manter a higiene íntima adequada do cliente,
gástrica (na distensão abdominal), deambulação, bem como obedecer à técnica asséptica quando da pas-
aquecimento do cliente hipotérmico e mudança sagem da sonda e sempre utilizar extensões, conectores
de decúbito. Outras, orientar o cliente para inspirar e coletores esterilizados com sistema fechado de drena-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e expirar em um saco de papel, porque o dióxido gem.


de carbono diminui a irritação nervosa; ou admi- No caso de retenção urinária, a equipe de enferma-
nistrar-lhe medicação de acordo com a prescrição gem deve eliminar suas prováveis causas: medicando o
médica. cliente contra a dor, promovendo sua privacidade, mu-
dando-lhe de posição (se não houver contraindicação) e
Complicações Pulmonares avaliando a presença de dobraduras e grumos nas exten-
sões das sondas e drenos nas proximidades da bexiga.
São as complicações mais sérias e frequentes no pós- Se essas medidas não surtirem efeito, realizar higie-
-operatório, principalmente nos clientes obesos, fuman- ne íntima com água morna, aquecer e relaxar o abdome
tes, idosos e naqueles com outros agravos clínicos. pela aplicação de calor local e realizar estimulação pelo
ruído de uma torneira aberta próxima ao leito. Caso o

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cliente não consiga urinar após tentados estes métodos, c) Sede
deve-se comunicar tal fato à enfermeira e/ou médico, e Provocada pela ação inibidora da atropina, perdas
discutir a possibilidade da passagem de uma sonda de sanguíneas e de líquidos pela cavidade exposta
alívio. durante o ato operatório, sudorese e hipertermia.
A equipe de enfermagem deve observar a presen-
Complicações Gastrintestinais ça de sinais de desidratação (alteração no turgor
da pele e da PA e diminuição da diurese), manter a
a) Náuseas e vômito hidratação por via oral e, nos clientes impossibilita-
Os efeitos colaterais dos anestésicos e a diminuição dos de hidratar-se por via oral, umidificar os lábios
do peristaltismo ocasionam distensão abdominal, e a boca, realizar higiene oral e manter hidratação
acúmulo de líquidos e restos alimentares no trato endovenosa.
digestório; em consequência, o cliente pode apre-
sentar náuseas e vômito. Complicações Vasculares
Na presença de náuseas, os clientes sem sonda naso-
gástrica devem ser colocados em decúbito lateral A permanência prolongada no leito, associada à imo-
ou com a cabeça lateralizada para facilitar a drenagem bilidade após a cirurgia, provoca estase venosa, predis-
do vômito pela boca. Nos clientes com sonda naso- pondo o aparecimento de trombose, tromboflebite e
gástrica, abrir a sonda e, mantendo-a aberta, proceder embolia.
à aspiração para esvaziar a cavidade gástrica. Quando o cliente muda de decúbito isto estimula sua
Para proporcionar conforto ao cliente, o vômito deve circulação e a respiração mais profunda, aliviando-lhe
ser aparado em uma cuba-rim ou lençol/toalha; a também as áreas de pressão. Portanto, para melhorar a
seguir, trocar as roupas de cama e proceder à hi- circulação dos membros inferiores (MMII) o cliente deve,
giene oral o mais rápido possível. Geralmente, fa- só ou com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar
z-se necessário medicá-lo com antieméticos, pas- o joelho e levantar o pé; um outro bom exercício é fazer
sar a sonda nasogástrica (mantendo- a aberta) e com que movimente as articulações.
aspirar mais frequentemente o conteúdo gástrico, A mudança de decúbito a cada 2 ou 4 horas, com
de acordo com as orientações da enfermeira e/ou ou sem auxílio da equipe de enfermagem, bem como a
médico. Posteriormente, anotar a intercorrência e movimentação, realização de exercícios ativos no leito e
as providências adotadas. início da deambulação o mais precocemente possível são
A dieta é introduzida de forma gradativa nos clientes, os cuidados recomendados para evitar a ocorrência de
desde que não apresentem náuseas, vômitos ou complicações vasculares
distensão abdominal, ou de acordo com as condi- Não havendo contraindicação, a partir do primeiro
ções de aceitação. A equipe de enfermagem deve PO inicia-se a deambulação precoce. Para prevenir a hi-
estar atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser potensão postural, deve-se orientar o cliente para que
esta uma das formas de reposição das perdas líqui- não se levante bruscamente do leito. Caso seja este seu
das ocorridas na cirurgia, devidas principalmente desejo, deve, primeiramente, sentar-se no leito com as
ao sangramento. pernas para baixo e, em seguida, ficar em pé, sempre
com o auxílio de outra pessoa. Deve ainda ser orientado
b) Constipação intestinal para solicitar medicação analgésica caso a dor dificulte-
A constipação intestinal ocorre quando há diminuição -lhe a movimentação, desestimulando-o a levantar-se do
do peristaltismo provocada pelo efeito colateral do leito.
anestésico, imobilidade prolongada no leito, qua-
dro inflamatório, exposição e manipulação do in- Complicações na Ferida Operatória
testino durante as cirurgias abdominais e o medo
da dor. Como resultado, ocorre retenção de fezes a) Hemorragia
acompanhada ou não de dor, desconforto abdo- A hemorragia pode ser externa, quando o sangra-
minal e flatulência. mento é visível, ou interna, quando o sangramento
O objetivo principal do cuidado é facilitar a saída dos não é visível – circunstância mais difícil de imediata
gases e fezes retidos, o que pode ser obtido me- identificação.
diante movimentação no leito, deambulação pre- A hemorragia acontece mais frequentemente nas
coce, ingestão de líquidos e aceitação de alimentos primeiras 24horas após a cirurgia. Dependendo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ricos em celulose. A nutricionista deve ser notifi- da intensidade, o cliente apresentará sensação de
cada para que possa rever a dieta. A aplicação de desconforto, palidez intensa, mucosa descorada,
calor na região abdominal e a orientação, ao clien- taquicardia, dispneia e choque hipovolêmico. No
te, para que degluta menos ar ao beber ou ingerir caso de hemorragia interna, pode também referir
alimentos pode ajudar no retorno do movimento dor.
peristáltico e diminuir o acúmulo de gases. Deve- As ações de enfermagem consistem em observar a
-se preferencialmente promover sua privacidade presença de sangramento no curativo e/ou roupas
para que possa eliminar os gases. de cama. Qualquer sinal de aumento no sangra-
Nos casos em que o cliente não consegue evacuar mento deve ser comunicado com urgência à enfer-
de forma satisfatória, o médico pode prescrever la- meira ou médico, para que sejam tomadas as de-
xante no período noturno e/ou lavagem intestinal. vidas providências pois, conforme o caso, o cliente

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deverá ser preparado para uma possível revisão Os sinais e sintomas mais frequentes são pulso ta-
cirúrgica. Na ocorrência de sangramento aumen- quicárdico e filiforme, hipotensão arterial, dispneia, pali-
tado, a verificação dos sinais vitais é importante, dez, sudorese fria, hipotermia, cianose de extremidades,
pois pode indicar possível choque hemorrágico. agitação, oligúria ou anúria, valores de PVC abaixo do
normal.
b) Infecção da ferida cirúrgica Como o choque se instala rapidamente, é fundamental
A infecção da ferida operatória caracteriza-se pela detectar e notificar precocemente seus sinais indicativos
presença de secreção purulenta que varia de cla- e a variação no nível de consciência, bem como controlar
ra inodora a pus espesso com odor fétido, com a frequentemente a pressão venosa central, temperatura,
presença ou não de necrose nas bordas da ferida. pressão arterial e frequência respiratória, principalmente
Quando ocorre um processo inflamatório, normal- o pulso e a pressão arterial, e observar focos hemorrági-
mente os sintomas se manifestam entre 36 e 48 cos fazendo, se necessário, curativo compressivo.
horas após a cirurgia, mas podem passar desaper- Considerando os sinais e sintomas e a possibilidade
cebidos devido à antibioticoterapia. de o cliente entrar em choque, recomenda-se a punção
A equipe de enfermagem pode prevenir a infecção de uma veia o mais precocemente possível, haja vista
através de um preparo pré-operatório adequado, que após a instalação do choque haverá dificuldade para
utilização de técnicas assépticas, observação dos a visualização da mesma. A ênclise deve ser mantida en-
princípios da técnica de curativo e alerta aos sinais quanto se águarda a conduta médica.
que caracterizam a infecção. O material de emergência deve estar pronto para uso:
Os clientes devem ser orientados quanto aos cuida- tábua de massagem cardíaca, aspirador, sondas de aspi-
dos, durante o banho, com o curativo fechado. ração de diversos calibres, luvas esterilizadas, balão auto
Nas instituições que têm por rotina trocar o cura- inflável tipo ambú com intermediário, máscaras de diver-
tivo somente após o 2º dia pós-operatório (DPO), sos tamanhos, material de intubação (laringoscópio, son-
o mesmo deve ser coberto com plástico, como das endotraqueais de diversos calibres e mandril), cateter
proteção à água do chuveiro - caso molhe-se aci- de oxigênio, nebulizador, cânulas de Guedell, medica-
dentalmente, isto deve ser notificado. Nas institui- mentos utilizados na parada cardíaca e soluções diversas.
ções onde os curativos são trocados diariamente, Drenos: cuidados necessários: Algumas cirurgias
o curativo pode ser retirado antes do banho, para exigem a necessidade da colocação de drenos para faci-
que o cliente possa lavar o local com água e sabão, litar o esvaziamento do ar e líquidos (sangue, secreções)
e refeito logo após. acumulados na cavidade. Assim, para que exerça corre-
tamente sua função o profissional deve ter a compreen-
c) Deiscência são do que vem a ser dreno, bem como suas formas e
A deiscência é a abertura total ou parcial da incisão localizações. Dreno pode ser definido como um objeto
cirúrgica provocada por infecção, rompimento da de forma variada, produzido em materiais diversos, cuja
sutura, distensão abdominal, ascite e estado nutri- finalidade é manter a saída de líquido de uma cavidade
cional precário do cliente. para o exterior.
O tratamento da deiscência realiza-se mediante lava- De maneira geral, os cuidados de enfermagem são:
gem ou irrigação do local com solução fisiológica, manter a permeabilidade, visando garantir uma drena-
podendo haver a necessidade de o cliente revisar gem eficiente; realizar o adequado posicionamento do
os pontos cirúrgicos. A troca do curativo pode ou dreno, evitando que ocorra tração e posterior desloca-
não ser atribuição da equipe de enfermagem e o mento; realizar o curativo conforme a necessidade e com
tempo de permanência dos curativos fechados de- o material determinado para a prevenção de infecções;
pende da rotina da instituição ou da equipe médi- controlar a drenagem, atentando para a quantidade e
ca. Todos os curativos com saída de secreções (pu- aspecto da secreção drenada, e registrar corretamente
rulenta, sanguinolenta) devem ser do tipo fechado; todos estes dados.
nos casos de sangramento, indica-se o curativo Para melhor entendimento, apresentaremos a seguir
compressivo. alguns tipos de drenos, seu posicionamento, cuidados
específicos e em que tipos de cirurgia podem ser utili-
Choque zados.
O sistema para drenagem fechada de feridas realiza
No quadro de choque ocorre suprimento inadequado a drenagem com o auxílio de uma leve sucção (vácuo),
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de sangue para os tecidos, provocando alterações nos sendo composto por uma extensão onde uma extremi-
órgãos essenciais. dade fica instalada na cavidade e a outra em uma bol-
Por ser uma ocorrência grave, o prognóstico depen- sa com o aspecto de sanfona. Seu manejo consiste em
derá da rapidez no atendimento. manter essa sanfona com a pressão necessária para que
No PO imediato o choque hipovolêmico é o mais a drenagem ocorra com mais facilidade. Este sistema é
comum, provocado pela perda sanguínea excessiva ou utilizado principalmente para a drenagem de secreção
reposição hídrica ou sanguínea inadequada durante ou sanguinolenta, sendo amplamente utilizado nas cirurgias
após a cirurgia. Outro tipo frequente é o choque séptico de osteosíntese e drenagem de hematoma craniano.
decorrente de cirurgias infectadas, infecções crônicas ou Outra forma de drenagem fechada são os drenos
adquiridas durante ou após o ato cirúrgico. com reservatório de Jackson-Pratt (JP), que funciona com
pressão negativa e diferencia-se do anterior por possuir

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a forma de pera – sendo comumente utilizado para cirur- do cliente – o qual, durante a deambulação, poderá uti-
gias abdominais. O principal cuida do com esse tipo de lizar uma sacola como suporte para o frasco coletor. O
dreno é a correta manutenção do vácuo, obtido com a cliente deve ser orientado para manter o frasco coletor
compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem sempre abaixo do nível de seu tórax, e atentar para que
não será eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção - não quebre - caso isto ocorra, deve imediatamente pin-
o que provocaria no cliente dor, desconforto e alterações çar com os dedos a extensão entre o dreno e o frasco, o
dos seus sinais vitais, entre outras intercorrências. que evitará a penetração de ar na cavidade pleural.
Existem também os sistemas de drenagem aberta, O dreno originário do tórax deve ser mantido mergu-
nos quais o dreno mais utilizado é o de Penrose, consti- lhado em solução estéril contida no frasco coletor (selo
tuído por um tubo macio de borracha, de largura varia- de água) – no qual deve ser colocada uma fita adesiva
da, utilizado principalmente para cirurgias em que haja em seu exterior, para marcar o volume de solução depo-
presença de abcesso na cavidade, particularmente nas sitada, possibilitando, assim, o efetivo controle da dre-
cirurgias abdominais – nas quais se posiciona dentro da nagem. A intervalos regulares, o auxiliar de enfermagem
cavidade, sendo exteriorizado por um orifício próximo à deve checar o nível do líquido drenado, comunicando à
incisão cirúrgica. Com relação aos cuidados de enferma- enfermeira e/ou médico as alterações (volume drenado,
gem, por se tratar de um sistema aberto - que deverá viscosidade e coloração).
estar sempre protegido por um reservatório (bolsa) - a Observar a oscilação da coluna de líquido no inte-
manipulação deve ser feita de maneira asséptica, pois rior do frasco coletor – que deve estar de acordo com
existe a comunicação do meio ambiente com a cavidade, os movimentos respiratórios do cliente. Caso haja a ne-
o que possibilita a ocorrência de infecção – e o profissio- cessidade de seu transporte, o profissional deverá pin-
nal deve estar atento para a possibilidade de exterioriza- çar a extensão apenas no momento da transferência da
ção, o que não é incomum. cama para a maca. Nessa circunstância, o cliente deve ser
Além dessas, existe uma outra forma de drenagem orientado para não deitar ou sentar sobre a extensão e
que pode ser realizada tanto no momento da realização a equipe deve observar se não existem dobras, forma-
do ato cirúrgico como na presença de algum colapso: a ção de alças e/ou obstrução da extensão, visando evitar
drenagem de tórax – a qual, em vista de suas particulari- o aumento da pressão intrapleural, que pode provocar
dades, será detalhada a seguir. parada cardiorrespiratória.
A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drena-
Dreno de Tórax gem, de maneira asséptica, cujo pinçamento de sua ex-
tensão deve durar apenas alguns segundos (o momento
Sabemos que os pulmões estão envolvidos por um da troca), observando-se e anotando-se, nesse processo,
saco seroso, completamente fechado, chamado pleura - a quantidade e aspecto da secreção desprezada.
que possui um espaço (cavidade pleural) com pequena Com relação aos clientes em posição pleural e com
quantidade de líquido. Nesta cavidade a pressão é me- drenos o controle da dor é de extrema importância, pois
nor que a do ar atmosférico, o que possibilita aentrada lhes diminui a ansiedade e desconforto, além de evitar a
de ar. Sempre que o pulmão perde essa pressão negati- infecção pulmonar - como sabemos, a pessoa com dor
va, sejapor abertura do tórax devido à cirurgia, trauma ou não realiza corretamente a fisioterapia respiratória, o que
por presença de ar, pus, ou sangue no tórax ocorrerá o aumenta o acúmulo de secreção e,consequentemente, a
colapso pulmonar. possibilidade de infecção pulmonar.
Na presença desse colapso faz-se necessária a reali- Os familiares, o cliente e a alta hospitalar :A alta é
zação de drenagem torácica para a reexpansão pulmonar um momento importante para o cliente e seus familiares,
pela restauração da pressão negativa. Para tal procedi- pois significa sua volta ao contexto social. É uma fase de
mento faz-se necessária a utilização de máscara, aventais transição que causa muita ansiedade e preocupação para
e luvas estéreis, solução para a assepsia do local de pun- todos os envolvidos. Para minimizar esses sentimentos,
ção, sistema de drenagem montado, anestésico local e faz-se importante a correta orientação quanto aos cui-
material para curativo. Durante o procedimento, a equipe dados a serem prestados e as formas de adaptá-los no
de enfermagem deve auxiliar a circulação dos materiais e domicílio; bem como alertar o cliente sobre seu retor-
promover conforto e segurança ao cliente. no ao serviço de saúde, para avaliação da evolução. Para
Em relação à manutenção do sistema fechado, a que os familiares efetivamente compreendam a comple-
equipe de enfermagem deve observar e realizar algumas xidade dos cuidados (técnicas assépticas, manuseio dos
ações específicas para impedir a entrada de ar no sistema curativos, grau de dependência, uso de medicações, etc.),
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pois, caso isto ocorra, o ar pode entrar nas pleuras (co- as informações devem ser passadas paulatinamente. Esta
labamento pulmonar) e comprimir os pulmões, provo- estratégia evita que o momento da saída não seja con-
cando dispneia e desconforto respiratório para o cliente. turbado por conta de um acúmulo de informações para
Como precaução a esta eventualidade o dreno deve estar a continuidade do bem-estar do cliente.
corretamente fixado ao tórax do paciente com fita ade-
siva – o que impede seu deslocamento. Visando evitar o REFERÊNCIA:
colabamento pulmonar a equipe deve adotar os seguin- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do
tes cuidados: certificar-se de que as tampas e os interme- Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Ges-
diários do dreno estejam corretamente ajustados e sem tão da Educação na Saúde. Projeto deprofissionalização
presença de escape de ar, o que prejudicaria a drenagem; dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissiona-
manter o frasco coletor sempre abaixo do nível do tórax lização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno:

58
saúde do adulto, assistência cirúrgica, atendimento de • Desenvolvimento de instrumentos para monitorar
emergência / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão e avaliar a estruturação institucional no enfrenta-
do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de mento das emergências epidemiológicas, permi-
Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profissionaliza- tindo o aprimoramento e manutenção dos siste-
ção dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. ed., mas implementados.
1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. Plano Brasileiro de Preparação para Pandemia de
Influenza.
Emergências em saúde públicas
Fatos recentes vêm alertando o mundo para a amea-
Respostas às doenças emergentes e reemergentes, ça de ocorrência de uma nova pandemia de gripe, tor-
surtos e emergência em saúde pública. nando-se urgente que a sociedade se prepare para o seu
A ocorrência de epidemias e pandemias por doenças enfrentamento.
emergentes ou reemergentes fez com que a comunida- Atualmente há uma preocupação global com a possi-
de internacional aprimorasse os serviços de vigilância bilidade de surgimento de um novo subtipo pandêmico
em saúde. Dentre os fatores que contribuíram para esta do vírus influenza, que pode vir a constituir-se em uma
mudança estão: a pressão demográfica; mudanças no ameaça que poderá impactar gravemente os sistemas
comportamento social e alterações ambientais. A globa- de saúde, além de provocar sérias consequências sociais
lização que integrou os países refletiu no aumento da e econômicas. Frente a esse fato, os países reunidos na
circulação de pessoas e mercadorias, estreitou as distân- Assembleia Mundial da Saúde de 2003 aprovaram uma
cias e o compartilhamento de agentes de doenças que resolução incentivando que todos elaborassem planos
são endêmicos ou inofensivos em determinadas regiões, de preparação que pudessem fazer frente a uma nova
mas que podem provocar graves problemas de ordem pandemia de influenza.
econômica, social, política e de saúde. O plano brasileiro foi elaborado por um grupo técni-
A expansão da circulação do vírus da influenza, H5N1, co especialmente constituído para esse fim, tendo como
bem como a pandemia por síndrome respiratória aguda base as discussões acumuladas até o momento e as
grave, mais conhecida por SARS, e o uso de Antraz em orientações da Organização Mundial da Saúde.
atos terroristas são alguns exemplos da necessidade de O objetivo geral desse plano é impedir a entrada e
aperfeiçoamento na vigilância em saúde em âmbito in- minimizar os efeitos da disseminação de uma cepa pan-
ternacional e nacional (federal, estadual e municipal). dêmica sobre a morbimortalidade e suas repercussões
Todas as ações de respostas à emergência em saúde na economia e no funcionamento dos serviços essenciais
pública devem se realizar de maneira coordenada e ar- do país.
ticulada entre as três esferas de governo, sendo funda- Para o acompanhamento e a proposição de medidas
mental o papel das SES na articulação e assessoria junto emergenciais necessárias para a implementação deste
aos municípios. plano foi instituído um Grupo Executivo Interministerial,
Diante deste cenário e continuando o processo de criado pelo Decreto Presidencial n. 205, de 24 de outubro
estruturação e aperfeiçoamento do serviço de recebi- de 2005, que conta com representantes da Presidência
mento, processamento e resposta oportuna às emer- da República (Casa Civil e Gabinete de Segurança Ins-
gências epidemiológicas, existe no âmbito da SVS/MS titucional); Ministério da Saúde (responsável pela coor-
o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em denação deste grupo); Ministério da Fazenda; Ministé-
Saúde (Cievs), que articula as necessidades de respostas rio do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério
rápidas às emergências epidemiológicas junto as SES. Os da Agricultura, Pecuária e abastecimento; Ministério da
profissionais de saúde dos serviços públicos e privados e Integração Nacional; Ministério das Relações Exteriores;
técnicos das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde Ministério da Justiça e Ministério da Defesa.
No Brasil, o Sistema de Vigilância da Influenza está
constituem-se como fonte notificadora do Cievs.
implantado em 46 unidades sentinelas, a maioria delas
localizadas nas capitais das cinco regiões brasileiras, em
Para o aperfeiçoamento das respostas às emergên-
20 estados e no Distrito Federal, com previsão de con-
cias epidemiológicas é necessário que se contemple uma
cluir a implantação ou reimplantação, em todos os esta-
série de pontos, como:
dos, em 2006.
• Aumento da sensibilidade para a detecção de even-
tos relevantes, por meio da institucionalização de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Núcleos Hospitalares de Epidemiologia


canais permanentes para recebimento e processa-
mento de notificações. As doenças de notificação compulsória constituem
• Articulação e agilidade dos processos de verifica- risco à saúde da população e para que sejam desenca-
ção e análise de relevância das emergências epi- deadas ações de controle é primordial o conhecimento
demiológicas entre as diferentes esferas de gestão oportuno da ocorrência das mesmas.
do SUS. O ambiente hospitalar é uma importante fonte para
• Ampliação da capacidade técnica de respostas às a notificação dessas doenças, principalmente dos casos
emergências epidemiológicas; mais graves, com impacto para a saúde pública no país.
• Ampliação das estruturas físicas e logísticas para o A detecção de aumento do número de casos de doen-
enfrentamento das emergências epidemiológicas. ças transmissíveis pode levar a identificação de epide-

59
mias, sendo fundamental o conhecimento precoce para Programa Nacional de Controle da Dengue
a adoção de medidas de controle. Além disso, o hospital
é fonte de informação para outros problemas de saúde, Aspectos gerais
possibilitando o acompanhamento do perfil de morbi-
mortalidade da população atendida, apoiando o plane- Em nosso país, as condições socioambientais favo-
jamento do sistema de saúde. ráveis à expansão do Aedes aegypti possibilitaram uma
O Ministério da Saúde instituiu por meio da Portaria dispersão desse vetor, desde sua reintrodução em 1976,
GM/n. 2.529, de 23 de novembro de 2004, o Subsistema para mais de 3.500 municípios.
Nacional de Vigilância Epidemiológica em âmbito hospi- Programa essencialmente centrados no combate quí-
talar com o objetivo de ampliar a detecção, notificação mico, com baixíssima ou mesmo nenhuma participação
e investigação de Doenças de Notificação Compulsória da comunidade, sem integração intersetorial e com pe-
(DNC) e de outros agravos emergentes e reemergentes. quena utilização do instrumental epidemiológico mos-
A implantação desse subsistema está regulamentada traram-se incapazes de conter um vetor com altíssima
pela Portaria SVS/MS n. 1, de 17 de janeiro de 2005. capacidade de adaptação ao novo ambiente criado pela
As atividades realizadas pelos Núcleos Hospitalares urbanização acelerada e pelos novos hábitos da popu-
de Epidemiologia (NHE), estão vinculadas às unidades de lação.
saúde componentes da Rede de Hospitais de Referência, Em 2002, o Ministério da Saúde instituiu o Programa
que será composta de 190 hospitais, subdividida em três Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que incorporou
níveis. Até 31 de agosto 2006, 152 núcleos já foram im- as lições das experiências nacionais e internacionais de
plantados, sendo 75, “Nível I”, 45, “Nível II” e 32, “Nível controle da dengue, enfatizando a necessidade de mu-
III”, distribuídos em 24 Unidades Federadas. dança nos modelos anteriores, fundamentalmente em
alguns aspectos essenciais:
Compete ao Gestor Estadual do SUS: • A elaboração de programas permanentes, uma vez
• Apoiar os hospitais na implantação do NHE. que não existe qualquer evidência técnica de que
• Elaborar e disseminar o processo de implantação erradicação do mosquito seja possível, em curto
desta portaria. prazo.
• Prestar assessoria técnica e supervisão no funciona- • O desenvolvimento de campanhas de informação e
mento dos NHE. de mobilização das pessoas, de maneira a se criar
• Definir o responsável técnico pela gestão do subsis- uma maior responsabilização de cada família na
tema no estado. manutenção de seu ambiente doméstico livre de
• Assessorar e supervisionar as ações de VE no âm- potenciais criadouros do vetor.
bito hospitalar, de forma complementar a atuação • O fortalecimento da vigilância epidemiológica e en-
dos municípios. tomológica para ampliar a capacidade de predição
• Definir o processo de estruturação do Sistema de e de detecção precoce de surtos da doença.
Vigilância Epidemiológica em âmbito hospitalar • A melhoria da qualidade do trabalho de campo de
em nível estadual, integrando-o às normas e ro- combate ao vetor.
tinas já estabelecidas pelo Sistema Nacional de • A integração das ações de controle da dengue na
Agravos de Notificação. atenção básica.
• Proceder à normalização técnica complementar da • A utilização de instrumentos legais que facilitem o
esfera federal para a sua unidade federada. trabalho do poder público na eliminação de cria-
• Divulgar informações e análise de doenças notifica- douros em imóveis comerciais, casas abandona-
das pelos hospitais. das, etc..
• Monitorar e avaliar o desempenho dos NHE, em • A atuação multissetorial por meio do fomento à
articulação com os gestores municipais, quando destinação adequada de resíduos sólidos e a uti-
cabível. lização de recipientes seguros para armazenagem
de água.
Programas de prevenção e controle de doenças • O desenvolvimento de instrumentos mais eficazes
de acompanhamento e supervisão das ações de
Nesta seção serão apresentados os principais pro- controle desenvolvidas.
gramas de prevenção e controle de doenças, entretan-
to as ações de vigilância epidemiológica das doenças Verifica-se que quase 70% dos casos notificados da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

transmissíveis abrangem um elenco muito maior de dengue no país se concentram em municípios com mais
agravos como: as doenças imunopreveníveis (sarampo, de 50.000 habitantes que, em sua grande maioria, fazem
tétano, coqueluche, etc.); antropozoonoses e doenças parte de regiões metropolitanas ou polos de desenvolvi-
transmitidas por vetores (leishmaniose, esquistossomo- mento econômico.
se, leptospirose, febre amarela, raiva, etc.); as doenças de Dos 5.564 municípios brasileiros, 653 (11,7%) são
veiculação hídrica e alimentar (febre tifoide, botulismo, prioritários para o Programa Nacional de Controle da
etc.) e de veiculação respiratória, como as meningites. Dengue (PNCD). Estes municípios concentram 55,3%
(101.811.213) da população do país.
O PNCD está baseado em 10 componentes. Em cada
Unidade Federada deverão ser realizadas adequações
condizentes com as especificidades locais, inclusive com

60
a possibilidade da elaboração de planos sub-regionais, Com o Programa Nacional de Controle da Malária
em sintonia com os objetivos, metas e componentes do (PNCM), o Ministério da Saúde estabelece uma política
PNCD, cabendo às SES a coordenação desse processo. permanente para a prevenção e o controle dessa en-
demia, agregando as sugestões emanadas do processo
Objetivos e metas contínuo de avaliação realizado pelas secretarias esta-
duais e municipais de saúde e pelo Comitê Técnico de
Os objetivos do PNCD são: Acompanhamento e Assessoramento.
• Reduzir a infestação pelo Aedes aegypti. O Programa é alicerçado em uma série de compo-
• Reduzir a incidência da dengue. nentes, listados abaixo, que correspondem às estratégias
• Reduzir a letalidade por febre hemorrágica de den- de intervenção, a serem implementadas e/ou fortalecidas
gue. de forma integrada, de acordo com as características da
malária em cada área. Os dois últimos componentes se
A participação das regiões do país na distribuição dos referem a importantes elementos para sustentação do
casos de dengue varia ano a ano. No início da década de controle da doença:
1990, a maior proporção de casos era proveniente das • Apoio à estruturação dos serviços locais de saúde.
Regiões Sudeste e Nordeste. Nos últimos, anos a região • Diagnóstico e tratamento.
Nordeste tem participação maior que o Sudeste, porém • Fortalecimento da vigilância da malária.
as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram aumento • Capacitação de recursos humanos.
gradativo de casos. Nos estados de Santa Catarina e Rio • Educação em saúde, Comunicação e Mobilização
Grande do Sul não há transmissão autóctone da doença. social (ESMS).
• Controle seletivo de vetores.
Atribuições e responsabilidades • Pesquisa.
• Monitoramento do PNCM.
As esferas federal, estadual e municipal têm atribui- • Sustentabilidade política.
ções distintas e complementares na implantação, gestão
e acompanhamento do PNCD. Abaixo estão listadas al- Embora a malária continue sendo grave problema
gumas atribuições e responsabilidades da esfera estadual. de saúde pública na região Amazônica, ela é passível de
intervenção efetiva pelos serviços de saúde. A intensifi-
Ao estado compete: cação das ações de controle da malária tem contribuído
para modificar a dinâmica da transmissão da doença na
• A gestão da vigilância epidemiológica e entomoló-
região, alcançando resultados promissores na maioria
gica da dengue.
dos municípios. Este novo perfil da transmissão da ma-
• Execução de ações de Vigilância Epidemiológica e
lária torna mais factível a abordagem do problema pelos
Controle da Dengue, de forma complementar a
serviços de saúde.
atuação dos municípios.
A análise sistemática dos dados produzidos pelos
• Supervisão, monitoramento e avaliação das ações
sistemas de informação dos serviços de saúde permi-
executadas nos municípios.
te identificar mudanças na dinâmica da transmissão da
• Gestão dos estoques estaduais de inseticidas, bio-
larvicidas para combate ao vetor e meios de diag- doença e readequação, em tempo hábil, das estratégias
nóstico da dengue (kit diagnóstico). de enfrentamento.
• Gestão do sistema de informação da dengue no A rede estruturada para realizar o diagnóstico de ma-
âmbito estadual, consolidação e envio regular à lária vem sendo fortalecida desde o ano 2000, passando
instância federal. de 1.182, em 1999, para 2.909 laboratórios, em 2005, o
• Análise e retroalimentação dos dados da dengue que significa um aumento de 146%. Atualmente, existem
aos municípios. 13.934 unidades notificantes na Amazônia Legal e 37.735
• Divulgação de informações e análises epidemiológi- agentes notificantes – esta expansão da rede diagnóstica
cas da situação da dengue no estado. visa melhorar o acesso da população amazônica ao diag-
nóstico precoce e ao tratamento oportuno e adequado.
Programa Nacional de Controle da Malária Em 2001, com o objetivo de monitorar a resistência
às drogas antimaláricas em toda a região amazônica, foi
Aspectos gerais criada a Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às
Drogas Antimaláricas (Ravreda), utilizando protocolos
padronizados para a avaliação da suscetibilidade dos pa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A malária é reconhecida como grave problema de


saúde pública no mundo, atingindo 40% da população rasitos aos medicamentos. Os trabalhos desenvolvidos
de mais de 100 países. De acordo com a Organização no projeto Ravreda visam subsidiar o Programa Nacio-
Mundial de Saúde (OMS), estima-se que ocorrem no nal de Controle da Malária. Assim, todos os estudos pro-
mundo cerca de 300 a 500 milhões de novos casos e um postos estão no campo da pesquisa aplicada e têm por
milhão de mortes ao ano. objetivo fornecer informações para a tomada de decisão
A malária continua sendo um grave problema de saú- baseada em evidências.
de pública na região Amazônica, devido à alta incidência Os estudos realizados pela rede foram fundamentais
e aos efeitos debilitantes para as pessoas acometidas por para orientar importantes mudanças no Programa Na-
essa doença, com um importante potencial de influenciar cional de Controle da Malária, tais como a alteração da
o próprio desenvolvimento dessa região. terapêutica para o tratamento da malária falciparum.

61
Objetivos e metas lar, sendo importante as Secretarias Estaduais de Saúde
orientarem os municípios nesse aspecto.
Os objetivos do PNCM são: Apesar do aumento do número absoluto de casos
• Reduzir a incidência da malária. nos últimos anos, observa-se uma redução significati-
• Reduzir a mortalidade por malária. va na proporção de óbitos e internações por malária na
• Reduzir as formas graves da doença. Amazônia Legal.
• Eliminar a transmissão da malária em áreas urbanas
nas capitais. Atribuições e responsabilidades
• Manter a ausência da transmissão da doença nos
locais onde ela tiver sido interrompida. As esferas federal, estadual e municipal têm atribui-
ções distintas e complementares na implantação, gestão
Situação epidemiológica atual e acompanhamento do PNCM. Abaixo estão listadas al-
gumas atribuições e responsabilidades da esfera estadual
Na região extra-amazônica, 64% dos casos registra- presentes no Programa Nacional de Prevenção e Controle
dos são importados: cerca de 55% são provenientes dos da Malária publicado em 2003 pela Secretaria de Vigilân-
estados pertencentes à Amazônia Legal e aproximada- cia em Saúde:
mente 9%, de outros países, destacando os vizinhos da • Coordenação estadual do PNCM.
América do Sul (Guiana Francesa, Paraguai e Suriname) • Gestão da vigilância epidemiológica e entomológica
e da África. Destacam-se, na transmissão, os municípios da malária.
localizados às margens do lago da usina hidrelétrica de • Execução de ações de Vigilância Epidemiológica e
Itaipu, as áreas cobertas pela Mata Atlântica nos estados Controle da Malária, de forma complementar à
do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia e a atuação dos municípios.
região Centro-Oeste (estados de Goiás e Mato Grosso do • Assistência técnica aos municípios.
Sul). Os 36% restantes são casos autóctones esporádicos • Supervisão, monitoramento e avaliação das ações
que ocorrem em áreas focais restritas. executadas pelos municípios.
• Gestão dos estoques estaduais de medicamentos,
Para intensificação das ações de controle, de acor- inseticidas para combate ao vetor.
do com o risco de transmissão, Incidência Parasitária • Gestão do sistema de informação da malária no âm-
Anual (IPA) por 1.000 habitantes, os municípios fo- bito estadual, consolidação e envio regular à ins-
ram estratificados como de: tância federal dentro dos prazos estabelecidos.
• Alto risco – IPA maior ou igual a 50 casos de malária • Análise e retroalimentação dos dados da malária
por mil habitantes. aos municípios.
• Médio risco – IPA entre 10 e 49,9 casos de malária • Divulgação de informações e análises epidemiológi-
por mil habitantes. cas da situação da malária.
• Baixo risco – IPA até 9,9 casos de malária por mil • Definição e estruturação de centros de referência
habitantes. para tratamento das formas graves da malária.

Entre 1999 e 2005, observa-se uma diminuição do Programa Nacional de Controle da Tuberculose
número de municípios de alto risco, de 160 para 109
(31,9%), e de médio risco, de 129 para 93 (27,9%). Conse- Aspectos gerais
quentemente, o número de municípios sem notificação
de casos teve um incremento de 164 para 193 (17,7%); e Em todo o mundo, um terço da população já está
os de baixo risco de transmissão, de 339 para 412 (21,5%). infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, e o número
Na Amazônia Legal, a maior parte dos casos de ma- atual de casos novos da doença está em torno de 8,8 mi-
lária é devida ao P. vivax. No entanto, é preocupante o lhões. Estima-se que ocorrem, anualmente, 2,7 milhões
incremento do percentual de casos de malária por P. fal- de óbitos por tuberculose, e, destes, aproximadamen-
ciparum, o que favorece a ocorrência de formas graves e te 98% ocorrem em países em desenvolvimento. Cerca
óbitos. No período de 1999 a 2005, observa-se aumento de 350.000 são casos de TB associados com HIV/aids. O
de 19,2% para 25,7% na proporção de malária por P. fal- surgimento da epidemia de aids e de focos de tubercu-
ciparum, representando um incremento de 33,9%. lose multirresistente em zonas com controle deficiente
Os estados que mais contribuíram para esse incre- da doença complica ainda mais o problema em escala
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mento na proporção de malária por P. falciparum foram mundial.


Amapá (189,8%), Maranhão (156,5%), Amazonas (41,2%), O Brasil ocupa o 15ºlugar entre os 22 países res-
Pará (30,0%) e Mato Grosso (23,1%). ponsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no
Em 2005, 33% das internações foram decorrentes de mundo. A prevalência estimada é de 50 milhões de in-
malária por P. falciparum, entretanto a notificação de fectados, aproximadamente 111 mil casos novos e em
formas não especificadas e outras formas representaram torno de seis mil óbitos por ano. No Brasil, a tuberculose
29% dos casos, denotando deficiência no diagnóstico constitui a nona causa de hospitalização e a quarta causa
específico da rede hospitalar, bem como na atualização de mortalidade por doenças infecciosas.
de dados do sistema de informações. Esse fato pode in-
fluenciar o tratamento adequado e aponta para a neces-
sidade de capacitação das equipes de atenção hospita-

62
Objetivos e Metas A distribuição geográfica da tuberculose indica que
70% dos casos concentram-se em 315 municípios, que
O objetivo principal do PNCT é reduzir a morbidade, a incluem as grandes cidades e capitais, designadas priori-
mortalidade e a transmissão da tuberculose. Além disso, tárias pelo Ministério da Saúde para o controle da TB e a
são objetivos do programa: implementação da estratégia Dots.
• Sensibilizar e mobilizar os gestores do SUS, líderes A situação da infecção por HIV é um problema impor-
políticos, formadores de opinião, visando a priori- tante no Brasil, em especial nas grandes cidades, onde a
zar as ações de combate à tuberculose. epidemia tem progredido rapidamente nos últimos anos.
• Incorporar o tratamento supervisionado na Atenção Segundo dados do Programa Nacional de DST/AIDS, a
Básica, especialmente na estratégia da Saúde da Fa- taxa de prevalência estimada da infecção por HIV é de
mília e às unidades de saúde das grandes cidades. 0,65% na população de 15 a 45 anos.
• Fortalecer a vigilância epidemiológica de maneira As taxas de co-infecção TB/HIV no período 2001-
a aumentar a detecção de casos novos e a cura 2004 foram as seguintes: 8,7% em 2001; 7,9% em 2002;
de casos diagnosticados, assim como diminuir o 8,1% em 2003; e 7,7% em 2004. Os estados com mais
abandono do tratamento. alta carga de co-infecção são o Rio Grande do Sul, Santa
• Capacitar os profissionais de saúde que participam Catarina e São Paulo.
no controle e na prevenção da TB em todos os ní- Mesmo assim, cerca de 6.000 óbitos são notifica-
veis de gestão. dos todo ano, sendo os estados com as maiores taxas
• Manter cobertura adequada da vacinação com BCG. de mortalidade o Rio de Janeiro (6,1), Pernambuco (5,3),
• Reforçar as atividades de colaboração entre os pro- Mato Grosso do Sul (3,1) e Bahia (3,0). Com uma taxa mé-
gramas de TB e o HIV/AIDS; dia de letalidade de 7,8%, Pernambuco é o estado mais
• Reforçar e melhorar o Sistema de Informação (Si- afetado.
nan). A heterogeneidade do grau de cobertura do progra-
• Desenvolver, nos laboratórios, as atividades de ma também é visível na análise dos desfechos dos trata-
diagnóstico e testes de sensibilidade aos medica- mentos para a coorte de 2004 (casos novos que inicia-
mentos usados no tratamento de tuberculose. ram tratamento entre abril de 2003 a março de 2004) dos
• Desenvolver atividades de comunicação e mobiliza- municípios prioritários. Destacam-se os altos percentuais
ção social para a educação em saúde, em todas as de transferência e os percentuais de encerramento dos
esferas (nacional, estadual e municipal), focalizan- casos.
do a promoção, prevenção, assistência e reabilita- Apenas nos municípios prioritários de Sergio e Mato
ção em saúde. Grosso foram atingidas as metas de cura superior a 85%
(considerando apenas os casos com informação de en-
As metas do PNCT são: cerramento).

• Manter um nível de detecção anual de pelo menos Atribuições e Responsabilidades


70% dos casos estimados.
• Tratar corretamente 100% dos casos de tuberculo- As esferas federal, estadual e municipal têm atribui-
se diagnosticados e curar, pelo menos, 85% dos ções distintas e complementares na implantação, gestão
mesmos. e acompanhamento do PNCT. Abaixo estão listadas algu-
• Manter a proporção de abandono do tratamento mas atribuições e responsabilidades da esfera estadual.
em nível aceitável (menos de 5%).
• Estender o tratamento supervisionado para 100% Compete à Esfera Estadual
das unidades de saúde dos 315 municípios prio-
ritários e, pelo menos, 80% dos casos bacilíferos • Exercer a gestão e gerência da vigilância epidemio-
detectados nesses municípios, até 2007. lógica, prevenção e controle da tuberculose.
• Manter atualizado o registro de casos, notificando • Cooperar tecnicamente com os municípios nas
100% dos resultados de tratamento. ações do PCT.
• Acompanhar, monitorar e avaliar as ações de vigi-
• Aumentar em 100% o número de sintomáticos res-
lância, prevenção e controle da tuberculose nos
piratórios examinados (2004/2007).
municípios.
• Disponibilizar o exame de HIV a 100% dos adultos
• Programar, acompanhar e controlar a distribuição
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

com tuberculose ativa.


de medicamentos e insumos.
• Realizar avaliação epidemiológica e operacional das
Situação Epidemiológica Atual
ações do Programa em âmbito estadual.
• Realizar análise epidemiológica, retroalimentar os
O número de casos novos registrados em 2004 foi de
dados de tuberculose aos municípios e enviar os
80.515, com uma taxa de incidência de 49,4 por 100 mil. dados e análise a esfera nacional.
Analisando uma série de 10 anos (1994-2004), a tendên- • Divulgar informações e a análise epidemiológica da
cia da incidência da tuberculose no Brasil parece bastan- situação da TB no estado.
te estável, embora ligeiramente descendente nos casos • Garantir a qualidade dos exames laboratoriais reali-
de tuberculose de todas as formas. zados da rede do SUS conforme normas do Minis-
tério da Saúde.

63
• Realizarbaciloscopia, cultura, identificação do baci- Outras diretrizes para a eliminação e controle desta
lo e teste de sensibilidade às drogas utilizadas no doença é o fortalecimento da vigilância epidemiológica,
tratamento da TB. da logística de abastecimento de medicamentos, o de-
• Criar mecanismos que promovam a participação senvolvimento de capacidade orientada ao trabalho para
efetiva da Sociedade Civil nas discussões e defini- os profissionais de saúde em geral e uma rede eficiente
ções do programa de TB. de referência e contra-referência, além da expansão da
cobertura das atividades de eliminação da hanseníase
Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase em comunidades e populações especiais e atenção espe-
cial aos estados que ainda têm uma alta carga de doença:
Aspectos Gerais Pernambuco, Goiás, Espírito Santo, Pará, Tocantins, Mara-
nhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima.
A hanseníase parece ser uma das mais antigas doen-
ças que acometem o homem. As referências mais remo- Objetivos e Metas
tas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, junta-
mente com a África, podem ser consideradas o berço da • Manter o compromisso político de implantar uma
doença. A melhoria das condições de vida e o avanço do Política de Atenção à Hanseníase no SUS, promo-
conhecimento científico modificaram significativamente vendo uma atenção integral e integrada aos doen-
esse quadro e, hoje, a hanseníase tem tratamento e cura. tes de hanseníase em todos os níveis de atenção.
É uma doença crônica granulomatosa, proveniente de • Intensificar as atividades colaborativas com os par-
infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Este bacilo ceiros, nas esferas estadual e municipal para a
tem a capacidade de infectar grande número de indiví- oferta de serviços de qualidade a todas as pessoas
duos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem atingidas pela hanseníase, incluindo os antigos
(baixa patogenicidade). O domicílio é apontado como doentes residentes nos hospitais-colônia.
importante espaço de transmissão da doença, embora • Garantir a oferta de medicação específica para to-
ainda existam lacunas de conhecimento quanto aos pro- dos os pacientes.
váveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles • Intensificar e apoiar os esforços de advocacia a fim
relacionados ao ambiente social. de reduzir o estigma e a discriminação contra as
O acesso a informações, diagnóstico e o tratamento pessoas e as famílias afetadas pela hanseníase,
com poliquimioterapia (PQT) continuam sendo elemen- promovendo a consolidação de uma política de
tos chaves na estratégia para eliminar a doença como um direitos humanos.
problema de saúde pública, definido como alcançar uma • Fortalecer a integração dos registros de hanseníase
prevalência menor que 1 caso de hanseníase por 10.000 no Sinan de modo a qualificar o monitoramento e
habitantes. A prevalência global da hanseníase no início o acompanhamento do sistema de vigilância epi-
de 2006 foi de 219.826 casos, o número dos casos no- demiológica.
vos detectados durante 2005 foi 296.499. O número dos • Apoiar o desenvolvimento e a capacitação dos
casos novos detectados no mundo caiu mais de 111.000 profissionais de saúde nos serviços integrados de
casos (diminuição de 27%) durante 2005 comparados atenção.
com o 2004. Os países previamente com a maior endemi-
cidade têm alcançado agora eliminação, os poucos que São Metas do PNEH:
restam estão muito perto de eliminar a doença. Entretan- • As taxas de conclusão do tratamento e de cura de-
to, os bolsões com elevada endemicidade permanecem verão ser superiores a 90% em todos os estados
ainda em algumas áreas da Angola, do Brasil, da Repúbli- do País.
ca Africana Central, da República Democrática de Congo, • Redução de prevalência em menos de um caso por
da Índia, de Madagascar, de Moçambique, de Nepal, e da cada 10.000 habitantes em pelo menos 50% dos
República Unida de Tanzânia. 2.017 municípios endêmicos em dezembro de
O Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase 2005, para dezembro de 2008.
(PNEH) estabeleceu em 2004 o redirecionamento da po- • Prevalência de menos de um caso por cada 10.000
lítica de eliminação da doença enquanto problema de habitantes deverá ter sido alcançada em todos os
saúde pública e da atenção à hanseníase no Brasil, em municípios do País para 2010.
um novo contexto que permite aferir a real magnitude
da endemia no País. Situação Epidemiológica Atual
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em janeiro de 2005, o PNEH divulgou os coeficientes


de detecção e de prevalência do Brasil relativos a 2004, A hanseníase é uma doença endêmica que tem apre-
expressos pelos seguintes valores: 2,76 casos para cada sentado redução significativa de sua prevalência de 16,4
10.000 habitantes e 1,71 casos para o mesmo número de por 10.000 habitantes em 1985 para 1,48 por 10.000 ha-
habitantes, respectivamente, trazendo à luz novas pers- bitantes em 2005, aproximando-se da meta proposta
pectivas para abordagem de planejamento estratégico pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de elimina-
quanto à endemia no País. ção da doença como problema de saúde pública.
As ações do PNEH devem ser conduzidas de modo Segundo a taxa de prevalência de 2005, as regiões
a garantir o desenvolvimento de ações que favoreçam Sul e Sudeste já alcançaram a meta de eliminação. Ape-
o diagnóstico precoce na faixa etária de menores de 15 sar da importante redução do coeficiente de prevalência
anos. da hanseníase no Brasil, em 2004, algumas regiões de-

64
mandam intensificação das ações para eliminação, justi- tuída uma política de incentivo com a definição de um
ficadas por um padrão de alta endemicidade. Portanto, o conjunto de municípios que deveriam receber recursos
Brasil deverá manter os esforços para o alcance da meta extras para o desenvolvimento de ações de prevenção e
de eliminação de hanseníase em nível municipal até o controle ao HIV/AIDS e outras DST, com base em crité-
ano 2010. rios epidemiológicos, capacidade instalada e capacidade
gestora das Secretarias de Saúde.
Programa Nacional de DST/AIDS Para expandir a qualidade e acesso das intervenções
busca-se a ampliação das ações de promoção e preven-
Aspectos Gerais ção; a inserção dos grupos mais vulneráveis nas redes de
atenção; o acesso aos insumos para adoção de práticas
A AIDS foi identificada no Brasil, pela primeira vez, mais seguras (preservativos, gel lubrificante, kits de re-
em 1980 e apresentou um crescimento na incidência dução de danos); e a implantação do projeto QualityIm-
até 1998, quando foram registrados 25.732 casos novos, provement.
com um coeficiente de incidência de 15,9 casos/100.000 Ainda, esta política visa à expansão da cobertura e à
hab. A partir de então verificou-se uma desaceleração equidade, através da implementação de serviços de refe-
nas taxas de incidência de AIDS no país. Atualmente, rência e assistência em casas de apoio, focalizados para
verifica-se uma tendência de heterossexualização, femi- populações emergentes, populações distantes e pessoas
nização, envelhecimento e pauperização da epidemia, vivendo com HIV e AIDS. Além disso, foram pactuadas as
aproximando-a cada vez mais do perfil socioeconômico responsabilidades do Ministério da Saúde, estados e mu-
do brasileiro médio. nicípios para aquisição e distribuição de medicamentos
Desde o início da década de 1980 até setembro de antirretrovirais e para tratamento de infecções oportu-
2003, o Ministério da Saúde notificou 277.154 casos de nistas e outras DST. Outra ação é a ampliação do acesso
AIDS no Brasil. Desse total, 197.340 foram verificados em ao diagnóstico do HIV e outras DST.
homens e 79.814 em mulheres. No ano de 2003, foram É muito importante que, para garantir a continuidade
notificados 5.762 novos casos da epidemia e, desses, do abastecimento de medicamentos antirretrovirais, as
3.693 foram verificados em homens e 2.069 em mulhe- Secretarias Estaduais de Saúde estejam atentas para os
res, o que comprova o maior crescimento da AIDS entre seguintes aspectos:
o sexo feminino. • Regularidade no envio dos relatórios mensais;
Outro dado não menos preocupante é a crescente • Uso do medicamento de acordo com as recomen-
incidência da AIDS na faixa etária de 13 a 19 anos, em dações do Ministério da Saúde;
adolescentes do sexo feminino. • Manutenção do padrão do consumo do medica-
Quanto às principais categorias de transmissão entre mento;
os homens, as relações sexuais respondem por 58% dos • Comunicação com antecedência da situação de
casos de AIDS, com maior prevalência nas relações hete- possível desabastecimento ao Programa Nacional
rossexuais, que é de 24%. de DST e AIDS.
Entre as mulheres, a transmissão do HIV também se
dá predominantemente pela via sexual (86,7%). As de- A responsabilidade pelo gerenciamento dos medi-
mais formas de transmissão, em ambos os sexos, de me- camentos destinados às doenças oportunistas deve ser
nor peso na epidemia, são: transfusão, transmissão ma- pactuada nas CIB de cada estado, de forma a assegurar o
terno-infantil ou ignoradas pelos pacientes. No Brasil, a acesso da população aos medicamentos.
AIDS foi identificada, pela primeira vez, em 1980. Na dé- A notificação de casos de AIDS é obrigatória, des-
cada de 90, a situação epidemiológica da doença mudou. de 1986, a médicos e outros profissionais de saúde no
A transmissão se tornou basicamente heterossexual, com exercício da profissão, bem como aos responsáveis por
participação significativa das mulheres, com transmissão organizações e estabelecimentos públicos e particulares
materno-infantil. Nos últimos anos, verificou-se também de saúde.
uma interiorização da epidemia, com o crescimento da É responsabilidade da Secretaria de Vigilância em
doença em municípios pequenos, além de sua pauperi- Saúde, por intermédio do Programa Nacional DST/AIDS,
zação. A doença que antes ocorria em camadas sociais de apoiar as Secretarias Estaduais de Saúde na elaboração
maior instrução, agora atinge as de menor escolaridade. dos seus Planos de Ações e Metas, caso seja necessário,
A missão do Programa Nacional de DST e AIDS (PN- assim com as SES devem apoiar a elaboração dos planos
-DST/AIDS) é reduzir a incidência do HIV/AIDS e melho- dos municípios.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/


AIDS. Para isso, foram definidas diretrizes de melhoria Diretrizes e Prioridades do Incentivo.
da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pes-
soas portadoras de AIDS e outras DST; de redução da • Fortalecer, implementar e ampliar a institucionali-
transmissão vertical do HIV e da sífilis; de aumento da zação das ações de prevenção, promoção e assis-
cobertura do diagnóstico e do tratamento das DST e da tência às DST, HIV e aids na rede do SUS, de forma
infecção pelo HIV; de aumento da cobertura das ações integral e equânime.
de prevenção em mulheres e populações com maior vul- • Ampliar a cobertura e garantia de acesso:
nerabilidade; da redução do estigma e da discriminação; - Aos insumos de prevenção para a população em
e da melhoria da gestão e da sustentabilidade. geral, priorizando as populações sob maior risco e
Para fomentar a descentralização das ações foi insti- vulnerabilidade.

65
Ao diagnóstico para a população em geral, priorizan- chegar a altas taxas, como 14%, no Egito, sendo de 26%
do gestantes e populações sob maior risco e vulnerabi- no Cairo. Em geral, a infecção pelo vírus da hepatite D
lidade. ocorre em área com prevalência moderada a alta de he-
Universal e gratuito ao tratamento com ARV, para In- patite B crônica, visto que o vírus delta depende do vírus
fecções oportunistas e sífilis. B para ser infectante. As maiores prevalências de hepatite
À informação sobre DST e HIV/AIDS para a população delta ocorrem no sul da Itália e em algumas áreas da ex-
em geral. -URSS e África, além da Bacia Amazônica.
As hepatites A e E apresentam alta prevalência nos
Às ações educativas para crianças e adolescentes países em desenvolvimento, onde as condições sanitárias
nas escolas. e socioeconômicas são precárias.
O Programa Nacional de Prevenção e Controle das
• Reduzir a transmissão vertical do HIV e sífilis. Hepatites Virais (PNPCHV) foi criado pela Portaria GM/
• Reduzir as iniquidades regionais no que concerne às MS n. 2.080, de 31 de outubro de 2003 para normatizar,
respostas ao HIV/AIDS e sífilis. coordenar e promover a articulação entre Ministério da
• Ampliar a capacidade nacional para produção de Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, no
medicamentos ARV. acompanhamento de todos os aspectos relacionados à
• Aprimorar, ampliar e qualificar a informação sobre prevenção, vigilância e assistência aos pacientes porta-
AIDS, sífilis na gestação e sífilis congênita. dores de hepatites virais, com ênfase nas hepatites A, B,
• Promover mecanismos para a sustentabilidade das C, D e E.
ações da sociedade civil. Por ser um programa recente, as ações de estrutura-
• Promover mecanismos para melhoria da qualidade ção de uma rede de atenção primária e de serviços de
do atendimento às pessoas vivendo com HIV/AIDS média complexidade que atendam hepatites virais, para
e outras DST. qualificar o diagnóstico e ampliar a oferta de tratamento
• Aprimorar mecanismos de gestão que promovam é sua prioridade. O diagnóstico dos casos de hepatites é
a eficiência das ações e o exercício dos direitos de
realizado por meio da triagem sorológica nos centros de
cidadania.
testagem e aconselhamento (CTA).
• Institucionalizar o Monitoramento e a Avaliação
Todos os casos de hepatites devem ser notificados na
como ferramentas para melhoria do programa.
ficha do Sinan, investigados e encaminhados ao órgão
• Promover a defesa dos direitos humanos e reduzir o
responsável pela vigilância epidemiológica local.
estigma e a discriminação.
• Reduzir iniquidades raciais no acesso à informação,
Objetivos e metas:
ao diagnóstico e ao tratamento.
• Desenvolver ações de prevenção e promoção à saú-
• Combater a homofobia e promover o respeito à di-
versidade. de.
• Estimular e garantir as ações de vigilância epidemio-
Atribuições e Responsabilidades lógica e sanitária.
• Garantir o diagnóstico e o tratamento das hepatites.
O reconhecimento do direito constitucional à saúde • Ampliar o acesso e incrementar a qualidade e a ca-
responde diretamente ao foco da Rede de Direitos Hu- pacidade instalada dos serviços de saúde em todos
manos do Programa Nacional de DST e AIDS e garante os seus níveis de complexidade.
a regulamentação e a aplicação de uma legislação que • Promover a capacitação de recursos humanos em
equacione e proponha a solução dos conflitos gerados todos os níveis de complexidade.
pela manifestação das DST e da epidemia do HIV. A pro- • Promover a sensibilização de gestores e entidades
dução da legislação brasileira em saúde, mais especifi- profissionais.
camente ligada às DST e AIDS, tem como objetivo maior • Promover a articulação com a sociedade civil.
oferecer extenso material de consulta, comparação e re-
flexão sobre as diversas leis e suas interpretações à rea- OPNPCHV tem como metas:
lidade da epidemia, para melhor enfrentar esse desafio à • Inserir a triagem sorológica e o aconselhamento nos
saúde pública e manter os princípios da cidadania. Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
• Estruturar os serviços de diagnóstico e tratamento
Programa Nacional de Prevenção e Controle das das hepatites virais nos serviços de média comple-
xidade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Hepatites Virais.
• Implementar as ações de prevenção e controle das
Aspectos Gerais hepatites virais.
• Implementar as ações de vigilância epidemiológica
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca para as hepatites virais.
de 2 bilhões de pessoas já tiveram contato com o vírus • Incorporação da atenção às hepatites na rede de
da hepatite B, contabilizando 325 milhões de portado- atenção básica e de média complexidade.
res crônicos. A prevalência de hepatite C, com base em • Padronização da realização de exames de anatomia-
dados de pré-doadores de sangue, pode variar entre ín- -patológica através de capacitações em parceria
dices menores que 1% em países como Reino Unido, Es- com a Sociedade Brasileira de Patologia.
candinávia, Nova Zelândia e algumas áreas do Japão, ou • Padronização clínica terapêutica.

66
• Expansão da atuação dos laboratórios de saúde pú- Nesse sentido, a prioridade dada pela Secretaria de
blica, ampliando sua capacidade de realização de Vigilância em Saúde, tem sido a estruturação e a des-
exames sorológicos. centralização da área de vigilância de Dant (agravos e
• Expansão da cobertura para realização de exames doenças crônicas não transmissíveis), atuando em três
de PCR e genotipagem (biologia molecular). eixos, a saber:
• Inserção das ações de prevenção e controle das he- I) A VIGILÂNCIA DE DCNT E SEUS FATORES PROTETO-
patites virais na atenção básica. RES E DE RISCO;
II) A VIGILÂNCIA DE ACIDENTES E VIOLÊNCIAS;
Vigilância Epidemiológica de Doenças Crônicas III) A PROMOÇÃO DA SAÚDE.
Não-Transmissíveis Acidentes e Violências.
A vigilância das doenças crônicas não transmissí-
O Brasil vem passando por importantes mudanças veis (DCNT) e seus fatores protetores e de risco
em sua estrutura demográfica e em seu perfil epidemio-
lógico. São determinantes dessas mudanças a queda da A vigilância de doenças crônicas não transmissíveis
fecundidade, a persistência de declínio da mortalidade (DCNT) exige estratégias especificas, integradas e com-
precoce e da mortalidade por doenças infecciosas, o in- plementares entre si, poucas vezes coincidentes com
cremento da expectativa de vida ao nascer e o aumen- as estratégias tradicionalmente usadas na vigilância de
to na intensidade e frequência de exposição a modos doenças infecciosas. Isso por que, em geral, no campo
de vida pouco saudáveis, contribuindo com o aumento das DCNT, a morbidade e a mortalidade refletem ris-
da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis co acumulado durante toda a vida, e tendem a mudar
(DCNT). Como consequência, a população brasileira en- lentamente, a partir de intervenções específicas pois os
velhece, aumentando a proporção de idosos e reduzin- eventos abordados são doenças que apresentam longos
do a proporção de crianças de 0-4 anos de idade, assim períodos de indução e latência. Ou seja, a morbidade e
como o perfil de morbimortalidade se altera, ampliando mortalidade em um dado ano, reflete sempre a exposi-
a relevância das DCNT. ção a um ou mais fatores de risco no passado. Por outro
Como já foi dito anteriormente, um dos aspectos im- lado, a exposição atual a estes fatores de risco indicam
portantes nesse processo, que se denomina transição uma maior ou menor probabilidade de desenvolver uma
demográfica e epidemiológica, é a rapidez com que ele doença crônica no futuro. Entre aqueles já doentes, o
vem ocorrendo no país. Enquanto nos países desenvol- perfil de exposição a estes mesmos fatores de risco no
vidos foram necessários cerca de 80 a 100 anos para que presente influencia o prognóstico destas doenças. Por-
mudanças semelhantes ocorressem, especialmente em tanto, a modificação do perfil de risco, com a adoção de
relação à queda da fecundidade, no Brasil tardou cerca modos de vida saudável é a estratégia mais importante
de 30 anos apenas. Consequentemente, rápida também tanto para prevenir novos casos de doenças crônicas, e
tem que ser a reorganização e adaptação das instituições deter o crescimento das mesmas, quanto para melhorar
e processos para atender adequadamente aos desafios o prognóstico daqueles que já estão doentes.
dessa nova estrutura demográfica e de suas demandas Nesse contexto, um sistema baseado apenas na vigi-
especificas de atenção. lância de casos (novos e/ou prevalentes) e óbitos, resulta,
O envelhecimento de uma população é um fator geralmente, em um sistema de baixa sensibilidade e es-
que, por si só, contribui para um aumento da carga de pecificidade, apresentando grande dificuldade em iden-
DCNT, já que a idade é um fator associado ao excesso tificar resultados positivos ou negativos decorrentes de
de ocorrência de muitas dessas doenças. No entanto, a mudanças contemporâneas nos padrões de exposição
persistência e/ou rápida adesão, no mundo contempo- das populações.
râneo, a modos de viver pouco saudáveis – tais como o Para as DCNT, a vigilância da morbimortalidade deve
sedentarismo crescente, a baixa ingestão de frutas, legu- ser realizada, mas não como mecanismo exclusivo de
mes e verdura, o tabagismo, a prevalência crescente da acompanhamento do perfil de risco das populações. A
obesidade, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas vigilância da prevalência e características de adesão a
e o estresse – condicionados tanto pelas características fatores protetores e de risco já conhecidos, tem se apre-
biológicas inatas quanto pelas culturais, sociais e econô- sentado como o principal instrumento nessa tarefa, per-
micas, delineiam um cenário mais complexo. A transição mitindo aferir as exposições atuais e as tendências fu-
alimentar e nutricional aliada às mudanças nos padrões turas, possibilitando a análise e construção de cenários
de atividade física e a adição (especialmente ao álcool e de riscos prospectivos. Além disso, alguns dos fatores de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ao tabaco), tem sido destacada como fatores mais rele- risco conhecidos são potencialmente modificáveis, o que
vantes na determinação do atual perfil de morbidade e os tornam alvos importantes de políticas publicas com
mortalidade por DCNT nas populações, do que o enve- certo potencial de sucesso. Outra vantagem dessa abor-
lhecimento populacional isoladamente (BARRETO et al., dagem situa-se no fato de que é uma prática, geralmen-
2005). te, com boa relação custo-efetividade, uma vez que um
A reorganização do setor saúde exigida por esse ce- conjunto limitado de fatores protetores e de risco está
nário visa à prevenção da mortalidade precoce e atenua- associado a uma grande gama de desfechos indesejá-
ção da carga das DCNT, com acolhimento das demandas veis em saúde. Por exemplo, a prevenção do tabagismo
crescentes dos idosos, necessitando, para tanto, de ade- pode auxiliar na redução da ocorrência de vários desfe-
quação dos modelos de vigilância, promoção e atenção chos desfavoráveis em saúde, como cânceres e doenças
à saúde. cardiovasculares, entre outros.

67
São características desejáveis de um sistema de vigi- fontes de dados úteis para esse processo, e têm sido cria-
lância de DCNT, a coleta e análise sistemática (contínua e/ das novas fontes de dados, especialmente com base em
ou periódica) de dados e informações, preferencialmente inquéritos e pesquisas pontuais e/ou sistemáticas.
de base populacional, que permita estimar a magnitude Apresenta as fontes de dados e informações estraté-
do problema que está sendo abordado prevalência de gicas para apoio aos processos de vigilância de DCNT,
seus fatores de risco, magnitude de sua morbimortalida- segundo três eixos: fatores protetores e de risco para
de, aferir suas tendências no tempo, produzir evidências DCNT, morbidade e mortalidade por DCNT.
úteis para a tomada de decisão e interferir ativamente
na formulação de políticas e programas de promoção e Fatores protetores e de risco para DCNT:
atenção à saúde. Esse processo deve, ainda, incluir ações Para o monitoramento de fatores protetores e de ris-
de avaliação e monitoramento do impacto das interven- co, existe a necessidade de coleta de dados primários
ções implementadas. combinando estratégias de base populacional e oportu-
Para um conjunto expressivo de determinantes e con- nistas. Entre as estratégias realizadas ou em andamento,
dicionantes, existem evidências científicas sólidas sobre destacam-se:
seu impacto na saúde de indivíduos e populações. Ba- - Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Ris-
seado nesse fato e na urgente demanda imposta pela co e Morbidade Referida de Doenças e Agravos
ascensão das DCNT, a Organização Mundial da Saúde não Transmissíveis (Conprev, INCA e SVS/MS): esse
(OMS) publicou um conjunto de recomendações aos inquérito de base populacional (15 anos ou mais
países, denominado Estratégia Global para prevenção e de idade) foi realizado entre 2002 e 2003, e incluiu
controle das DCNT (EG/OMS) e visa à abordagem dos 15 capitais brasileiras. As estimativas de prevalên-
principais fatores de risco modificáveis, em especial a ali- cias dos principais fatores de proteção e de risco
mentação e a atividade física (WHO 2000). Atendendo a para as DCNT derivadas desse inquérito permiti-
uma demanda do Ministério da Saúde (Portaria GM/MS ram traçar uma linha de base para o processo de
n. 596, de 8 de abril de 2004), um grupo de pesquisado- vigilância nas capitais estudadas. A continuidade
res revisou as evidências cientificas que apoiavam essas dessa iniciativa, de maneira sistemática, a cada
recomendações, identificando que a proposta de promo- cinco anos, permitirá traçar tendências e prever
ção da alimentação saudável e atividade física contida cenários futuros em relação a essas prevalências,
na EG/OMS serve como um importante marco teórico e assim como oferecerão evidências de adequação
prático para as ações de promoção da saúde e preven- e plausibilidade do impacto proporcionado pelas
ção das DCNT, deflagrando oportunidades de ação com políticas implementadas.
potencial de efetividade. - Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense): essa
Ademais da alimentação e da atividade física, mere- pesquisa, a ser implantada a partir de 2007, abor-
cem destaque outros importantes fatores de risco com- dará fatores de risco comportamentais na popu-
portamentais associados às DCNT, em especial, o taba- lação de adolescentes escolares (13 a 15 anos de
gismo e o consumo abusivo de bebidas alcoólicas. A idade) em todas as capitais brasileiras. Essa pes-
abordagem desses fatores de forma integrada tem sido quisa dará início a um processo sistemático de
recomendada, uma vez que potencializa o impacto para acompanhamento de uma população vulnerável a
a minimização da carga das DCNT. adesão a comportamentos diversos que refletirão
Importante destacar que o enfoque nos fatores de – positiva ou negativamente – em sua qualidade
risco comportamentais não deve levar à culpabilização de vida atual e futura, ao mesmo tempo em que,
do sujeito no processo de exposição, pois a adesão a cer- por estar inserida em escolas, é estratégica para
tos modos de viver, não resulta apenas de escolha indivi- intervenções oportunas.
dual, mas é mediada por determinantes sociais, culturais - Indicadores de fatores protetores e de risco de in-
e econômicos assim como pela herança genética. teresse incluem as prevalências especificas e dis-
Coerente com essa perspectiva, o Pacto pela Vida tem tribuição dos fatores de risco, a saber: i) Fatores de
como uma de suas prioridades a promoção, informação risco comportamentais (modificáveis) tabagismo,
e educação em saúde, com ênfase na promoção de ativi- atividade física, alimentação e consumo de álcool;
dade física e de hábitos saudáveis de alimentação e vida,
controle do tabagismo, controle do uso abusivo de be- Fatores de risco intermediários:
bidas alcoólicas e demais cuidados especiais voltados ao - Obesidade, usos de serviços de saúde, hiperten-
processo de envelhecimento. são arterial, glicemia e colesterol. A padronização
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

desses indicadores segundo módulo central e am-


Vigilância da Morbimortalidade por DCNT e seus pliado (e opcional – não descrito) para a imple-
Fatores Protetores e de Risco mentação gradativa em passos (1 a 3) da vigilân-
cia das DCNT é um processo em construção. Uma
A vigilância de DCNT e seus fatores protetores e proposta inicial encontra-se descrita no Quadro
de risco implica no uso complementar de varias fontes 4. A presente estratégia é inspirada em proposta
de dados coletados de forma continua, sistemática ou da Organização Mundial da Saúde, que preconiza
pontual, de caráter primário ou secundário, a partir de uma metodologia de vigilância de fatores de risco
abordagem populacional, de demandas especificas dos para DCNT baseada em coleta padronizada de da-
serviços de saúde ou oportunista. Nesse sentido encon- dos e gradativo desenvolvimento (em passos ou
tram-se disponíveis diferentes sistemas de informação e steps). Além disso, enfatiza a utilidade das peque-

68
nas quantidades de dados de boa qualidade, no Política de Promoção da Saúde
lugar de grande quantidade de dados deficientes
e pouco comparáveis (Bonitaet al., 2001a,b). Propósitos e Bases Conceituais

Modelo de Vigilância dos Acidentes e Violências. Em 2005, foi publicada a Política Nacional de Promo-
ção da Saúde (PNPS) que tem como objetivo promover
Bases Conceituais. a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e riscos à
saúde relacionados aos seus determinantes e condicio-
No ano de 2004, as causas externas foram responsá- nantes – modos de viver, condições de trabalho, habita-
veis por 127.470 mortes no Brasil, com especial destaque ção, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e
aos homicídios e acidentes de transporte terrestre. Além serviços essenciais. A PNPS tem caráter transversal e in-
disso, elas foram causas de 755.826 hospitalizações, des- tersetorial, envolvendo diferentes setores governamen-
tacando, nesse caso, as quedas. tais e a sociedade.
A ascensão dos homicídios, a magnitude persisten- Para uma adequada abordagem de um tema com ta-
te da violência no trânsito e a oculta face da violência manha complexidade, este deve estar inserido nas agen-
doméstica contra a mulher, o idoso, a criança e o ado- das de prioridades de diferentes setores da sociedade.
lescente são diferentes manifestações do contexto sócio, Não obstante, é tarefa do setor saúde, em suas várias
político e econômico experimentado historicamente pelo esferas de gestão, mobilizar os demais setores para que
país, mediado pelas desigualdades sociais, o desempre- compartilhem desse compromisso de busca de maior
go, a concentração de renda e a persistência de um gran- qualidade de vida para as populações brasileiras.
de contingente de excluídos sociais.
Fenômeno de natureza tão complexa exige interven- Os objetivos da PNPS incluem:
ções articuladas, interdisciplinares e intersetoriais para • Estimular a elaboração de políticas, estratégias e
o seu enfrentamento. Assim sendo, deve ser assumido ações integradas e intersetoriais que ampliem o
como prioridade de políticas públicas de vários setores acesso aos modos de viver mais favoráveis à saú-
- educação, transporte, segurança, saúde, entre outros -, de e à qualidade de vida e fortaleçam as ações de
bem como envolver e mobilizar toda a sociedade. Além prevenção e controle de doenças e agravos não
disso, constata-se o fato desses serem eventos em sua transmissíveis (Dant) e transmissíveis.
grande maioria evitáveis. Apenas como exemplo des- • Definir mecanismos e instrumentos para o moni-
ta evitabilidade, no ano de 1998 o Brasil experimentou toramento, acompanhamento e avaliação das es-
uma redução imediata de mais de cinco mil mortes por tratégias de promoção da saúde e a vigilância de
acidentes de transporte terrestre, coincidindo com a im- doenças e agravos não transmissíveis (Dant) no
plantação do novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) Brasil.
• Fomentar e desenvolver estudos e pesquisas para a
(Ministério da Saúde, 2004; POLI DE FIGUEIREDO et al.,
produção de conhecimentos, evidências e práticas
2001). Infelizmente, essa tendência de queda não foi
no campo da promoção da saúde e Dant.
completamente sustentável, e em anos mais recentes, já
• Sensibilizar e qualificar gestores, profissionais e
se observa uma reversão nesse quadro, com retomada
usuários de saúde quanto à promoção da saúde,
da ascensão das mortes no trânsito. O objetivo da Vigi-
vigilância e prevenção de Dant.
lância de Acidentes e Violências é identificar os principais
• Favorecer a preservação do meio ambiente e a pro-
fatores associados a esses eventos e oferecer evidências
moção de ambientes mais seguros e saudáveis.
para programas e políticas que objetivam a promoção • Superar a fragmentação das ações e aumentar a
da saúde e a prevenção de acidentes e violências, a se- efetividade e eficiência das políticas específicas do
rem implementadas e fomentadas pelas três esferas de setor sanitário mediante o fortalecimento da pro-
gestão do SUS, articuladas com os demais setores en- moção da saúde como eixo integrador/articulador
volvidos. das agendas dos serviços de saúde e a formulação
de políticas públicas saudáveis.
Principais Iniciativas Implantadas e em Perspecti-
va de Estruturação.

A prioridade tem sido dada para ações que visam a EXERCÍCIOS COMENTADOS
redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e a prevenção da violência e estímulo à cultura da paz. 1. (Pref. Castelo do Piauí/PI – Enfermeiro – CAPS – Su-
Destacam-se as seguintes: perior – IMA - 2010) Hanseníase é uma doença que tem
•Campanha nacional de mídia de prevenção de aci- cura. Na primeira dose do tratamento, 99% dos bacilos
dentes de transporte, em parceria com Departa- são eliminados e não há mais chances de contaminação.
mento Nacional de Transito (Denatran). Para a hanseníase podemos afirmar:
•Expansão do Projeto de Redução da Morbimortali-
dade por Acidentes de Trânsito para mais 12 capi- a) Doença causada por um micróbio chamado bacilo de
tais, além das 5 já envolvidas. Hansen (mycobacteriumleprae), que ataca normal-
•Implantação do Sistema Sentinela de Vigilância de mente a pele, os olhos e os nervos. Também conhe-
Acidentes e Violências, em hospitais polos por re- cida como lepra, morfeia, mal-de-Lázaro, mal-da-pele
gião (piloto). ou mal-do-sangue;

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b) Não é uma doença hereditária. A forma de transmis- 2. (Pref. São Gonçalo do Rio Abaixo/MG - Técnico de
são é pelas vias aéreas: uma pessoa infectada libera Enfermagem - IDECAN - 2012) Para a coleta de amos-
bacilo no ar e cria a possibilidade de contágio. Porém, tras de escarro em pacientes suspeitos de tuberculose,
a infecção dificilmente acontece depois de um simples todas as orientações a seguir estão corretas, EXCETO.
encontro social. O contato deve ser íntimo e frequen-
te; a) A primeira amostra deve ser coletada quando o sinto-
c) A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e, portan- mático respiratório procura o atendimento na unidade
to, não adoece. De 7 doentes, apenas um oferece risco de saúde e a segunda, coletada na manhã do dia se-
de contaminação. Das 8 pessoas que tiveram contato guinte, assim que o paciente despertar.
com o paciente com possibilidade de infecção, apenas b) Uma boa amostra de escarro é a que provém da árvore
2 contraem a doença. Desses 2, um torna-se infectan- brônquica, obtida após esforço de tosse, e não a que
te; se obtém da faringe ou por aspiração de secreções
d) O bacilo de Hansen pode atingir vários nervos, mas nasais, nem tampouco a que contém somente saliva.
contamina mais frequentemente o dos braços e das O volume ideal está compreendido entre 5 a 10 ml.
pernas. Com o avanço da doença, os nervos ficam da- c) Orientar o paciente quanto ao procedimento de coleta:
nificados e podem impedir os movimentos dos mem- ao despertar pela manhã, lavar a boca, sem escovar os
bros, como fechar mãos e andar; dentes, inspirar profundamente, prender a respiração
e) Todas estão corretas. por um instante e escarrar após forçar a tosse. Repetir
essa operação até obter duas eliminações de escarro,
Resposta: Letra E. A hanseníase é uma doença crôni- evitando que esse escorra pela parede externa do pote.
ca, infectocontagiosa, causada por uma bactéria deno- d) Orientar o paciente que as amostras devem ser coleta-
minada Mycobacterium leprae. A doença afeta a pele das em local fechado e escuro.
e os nervos. Quase todo o corpo pode ser acometi- e) Informar ao paciente que o pote deve ser tampado e
do, mas as regiões mais afetadas são as extremidades colocado em um saco plástico com a tampa para cima,
(braços, mãos, coxas, pernas, pés) e a face.  Quando cuidando para que permaneça nessa posição.
não tratada, a doença pode causar deformidades que
incapacitam o indivíduo para o trabalho e socialmen- Resposta: Letra D. A orientação para o paciente sobre
te. A hanseníase aflige a humanidade desde a antigui- a coleta de escarro nos casos de exames de cultura e
dade. No passado era comum em todos os continen- baciloscopia é essencial para um resultado certo. Os
tes, e deixou uma imagem assustadora de mutilação, profissionais de saúde devem orientar o paciente de
fazendo com que os portadores da hanseníase sofres- modo claro e simples quanto à coleta de escarro, se-
sem rejeição e segregação por parte da sociedade. No guindo os seguintes passos:
momento atual, depois da introdução do tratamento Ao despertar pela manhã o paciente deverá inspirar
poliquimioterápico, da Organização Mundial de Saú- profundamente retendo por alguns instantes o ar nos
de (PQT-OMS), pode-se afirmar que a hanseníase tem pulmões, tossir e depositar o material no pote; essa
cura. O diagnóstico precoce, o tratamento regular e o operação deve ser repetida até a obtenção de 3 eli-
acompanhamento da equipe médica poderão impedir minações de escarro (evitar que escorra na parede
o aparecimento das deformidades incapacitantes, mo- externa do frasco). O paciente deve, então, tampar o
dificando a imagem da doença no Brasil e no mundo. pote firmemente e logo após lavar as mãos. Em segui-
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, trans- da deve prepará-lo para o transporte até a unidade
mitida diretamente da pessoa não tratada para a ou- ou laboratório, colocando-o em um saco plástico ou
tra através das vias respiratórias. A doença ocorre em em uma caixa com a tampa para cima e firmando-o
pessoas de ambos os sexos, de qualquer idade, cor ou para não virar durante o trajeto. Não há necessidade
classe social. de coletar em locais escuros.
Entretanto, a maioria das pessoas, mesmo entrando
em contato com o micróbio, não adoece porque tem 3. (Pref. São Gonçalo do Rio Abaixo/MG - Técnico de
uma resistência natural. Nem todos aqueles que adoe- Enfermagem – IDECAN - 2012)O nome mais antigo da
cem são capazes de transmitir a doença. Aqueles que hanseníase é:
transmitem a doença são chamados de multibacilares.
Após o início do tratamento o paciente multibacilar a) candidíase.
deixa de transmitir a doença. b) tifo.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um caso é suspeito de hanseníase quando uma pessoa c) malária.


apresenta um ou mais dos seguintes sinais: Manchas d) lepra.
esbranquiçadas, róseas, vermelhas ou acobreadas, e) tricomoníase
com perda de pelo, com alteração de sensibilidade.
Ou área como mãos e pés com alteração da sensibili- Resposta: Letra D. A Hanseníase é uma doença co-
dade ou diminuição da força muscular. nhecida desde a antiguidade, pelos nomes de lepra e
morfeia e que devido à incapacidade física que pro-
voca nos pacientes sem tratamento ou naqueles que
tiveram um diagnóstico tardio, foi motivo, secular-
mente, de grande discriminação contra o portador da
mesma.

70
4. (Instituto Dante Pazzanese - Técnico de Enferma- b) Remover as barreiras que impedem a adesão, utilizan-
gem – QUADRIX - 2013) Em relação à Dengue, assinale do estratégias de reabilitação social, melhora da au-
a alternativa que completa de forma INCORRETA a sen- toestima, qualificação profissional etc.
tença a seguir. São sinais e sintomas de Dengue: c) Realizar o tratamento diretamente observado.
d) Observar o paciente deglutir os medicamentos.
a) Prova do laço positiva em todos os casos. e) Todas as alternativas estão corretas.
b) Mialgia e artralgia.
c) Dor retro-orbitária. Resposta: Letra E. O acompanhamento constante
d) Presença ou não de exantema. aos pacientes com turbeculose que leva o nome de
e) Febre alta de início abrupto, associada à cefaléia. tratamento supervisionado é muito importante para
a eficácia da terapêutica. Pois, o abandono ao trata-
Resposta: Letra A. Dengue é uma virose transmitida mento de Tuberculose é comum acontecer, por causa
por um tipo de mosquito Aedes aegypt, que pica du- dos efeitos colaterais dos medicamentos, pelo estilo
rante o dia. A infecção é causada por qualquer um dos de vida das pessoas, principalmente daqueles que tem
quatro tipos do vírus. è uma doença que pode levar hábitos de consumir bebidas alcoólicas e cigarro. A
a fragilidade capilar, sendo assim faz a prova do laço, equipe que assiste pacientes portadores de TB, devem
mas, não é em todos os casos positivos de dengue provocar o vinculo, a autoestima e o autocontrole nos
que temos a prova do laço positiva. Lembrando que pacientes.
este exame pode ser feito quando houver suspeita de
outras doenças dentre elas a leptospirose e a rubéola. 7. ( Pref. Londrina/PR - Assistência de Enfermagem
em Urgência e Emergência – Médio - AMS - 2013) O
5. ( Pref. Londrina/PR - Assistência de Enfermagem Mycobacterium lepraeé o bacilo causador da Hansenía-
em Urgência e Emergência – Médio - AMS - 2013) A se, uma doença infecciosa, crônica, de grande impor-
tuberculose é transmitida por via aérea em praticamente tância para a saúde pública. Os principais sintomas
todos os casos. A infecção ocorre a partir da inalação de desta doença são:
núcleos secos de partículas contendo bacilos expelidos
pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose a) Falta ou ausência de sudorese no local, pele seca.
ativa de vias respiratórias. Para interromper a cadeia de b) Aumento de pêlos localizado ou difuso, especialmente
transmissão é fundamental a descoberta precoce dos ca-
sobrancelhas.
sos bacilíferos. A estratégia utilizada para esta ação é:
c) Manchas com alterações da sensibilidade (hipereste-
sia).
a) Busca ativa de sintomáticos respiratórios.
d) Febre e artralgia.
b) Implementar a imunização através da vacina BCG em
e) As alternativas a, c, e d estão corretas.
indivíduos já infectados pelo mycobacteriumtubercu-
losis.
Resposta: Letra E. A Hanseníase é uma doença infec-
c) Identificar precocemente pessoas com tosse por tem-
po igual ou superior a três semanas. ciosa que afeta pele e nervos, apresenta alguns sinto-
d) As alternativas a e c estão corretas. mas clássicos importantes, dentre eles tem-se: perda
e) Todas as alternativas estão corretas. da sensibilidade, manchas na pele, perda de pelos
(alopecia) local, e pode levar a artralgias, neurites e
Resposta: Letra B. A tuberculose é uma doença in- outras complicações.
fecciosa causada por um micróbio chamado “bacilo
de Koch”. É uma doença contagiosa, quer dizer, que 8. ( Pref. Londrina/PR - Assistência de Enfermagem
passa de uma pessoa para outra. É uma doença que em Urgência e Emergência – Médio - AMS - 2013)
atinge principalmente os pulmões, mas pode ocorrer Em relação à transmissão do HIV, assinale a alternativa
em outras partes do nosso corpo, como nos gânglios, INCORRETA:
rins, ossos, intestinos e meninges. Importante a vigi-
lância constante dos serviços de saúde, em busca de a) A transmissão do vírus de mãe para filho pode dar-se
sintomáticos respiratórios, a implementação da vacina durante a gestação, durante o trabalho de parto, no
BCG e incentivo as pessoas a uma vida saudável. Lem- parto e pela amamentação. Este modo de transmissão
brando que é uma doença que diagnostica a tempo e do HIV é chamado de transmissão vertical.
tratada tem cura. b) A amamentação está contraindicada, quando a mãe
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

for soropositiva.
6. ( Pref. Londrina/PR - Assistência de Enfermagem c) Durante a relação sexual vaginal há maior probabili-
em Urgência e Emergência – Médio - AMS - 2013) Em dade de transmissão do vírus HIV do que durante a
relação ao tratamento da tuberculose pulmonar, no Bra- relação anal, sem preservativo.
sil as taxas de cura são inferiores à meta preconizada de d) Os usuários de drogas injetáveis são considerados
85% (oitenta e cinco por cento) e de abandono superior a grupos de risco para a transmissão do HIV.
5% (cinco por cento). As estratégias recomendadas para e) O vírus HIV esta presente na saliva.
adesão ao tratamento são:

a) Construir um vínculo entre o doente e o profissional


de saúde.

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Resposta: Letra C. O HIV, vírus da AIDS, pode ser • Econômico - a necessidade e a miséria podem levar
transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e ao aumento da criminalidade e esta, ao aumento
pelo leite materno. Durante a relação sexual sem o uso da tensão no nosso dia a dia (o consumismo leva a
de preservativos (camisinha) corre o risco de contrair dívidas que ultrapassam os ganhos);
o HIV, independente de que tipo de relação sexual se
anal ou vaginal, havendo com as excreções acima des- Sabemos que a incidência de transtornos mentais é
critas há a probabilidade de contrair o vírus. O impor- alta, e também que as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
tante é usar da prevenção com o uso da camisinha. são as mais procuradas nesses casos, e é por isso que a
equipe de enfermagem deve estar preparada para esse
9. ( Pref. Londrina/PR - Assistência de Enfermagem tipo de atendimento.
em Urgência e Emergência – Médio - AMS - 2013) A maior parte dos profissionais reconhece como
São drogas utilizadas no tratamento da Tuberculose: ações de saúde mental apenas a administração de medi-
camentos psiquiátricos e o encaminhamento do paciente
a) RifampicinaIsoniazida e Pirazinamida. para serviços especializados. Mas, na realidade o atendi-
b) Isoniazida e Pirimetamina. mento da enfermagem para esses casos deve ir muito
c) Sulfadiazina e Pirimetamina. além, começando por acolher e escutar o cliente.
d) Sulfadiazina e Etambutol A priori deve-se entender que os transtornos mentais
não aparecem de forma clara e explícita, nós devemos
Resposta: Letra A. Depois de quase 30 anos de es- aprender a identificá-los também nos pacientes que não
quema tríplice Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida, aparentam ter transtornos mentais. É preciso identificar
a tuberculose passa, agora a ser tratada com quatro os pacientes que sofrem exclusão social e até mesmo ob-
drogas, acrescentando-se o Etambutol. Esquema este servar os familiares.
utilizado por quase todos os países do mundo, adota- Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade,
do no Brasil a partir de 2009. esquecimento, dificuldade de concentração e queixas so-
máticas são os mais comuns e podem levar à incapacida-
de e à procura por serviços de saúde.
Assistência de enfermagem em Saúde Mental As ações de enfermagem em Saúde Mental devem
começar já na entrevista, perguntando e ouvindo com
Saúde Mental é estar de bem consigo e com os ou- atenção não somente a queixa do paciente, mas sua his-
tros. Saber lidar com as boas emoções e também com as tória de vida, sua cultura, seu processo de adoecimen-
desagradáveis, aceitar as exigências da vida, reconhecer to, seus problemas emocionais e sofrimentos.  É preciso
seus limites e buscar ajudam quando necessário. conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes
Vários são os fatores que influenciam nossos compor- essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via te-
tamentos, as nossas escolhas, a nossa cultura, entre ou- rapêutica nesse indivíduo. Além disso, conversar e orien-
tros. A desarmonia desses fatores pode levar uma pessoa tar a família também são ações relevantes.
a desenvolver um transtorno mental em um determinado Quanto mais confiança o paciente sentir do profissio-
momento de sua vida. nal mais ele se manifestará de forma sincera e verbalizará
Como exemplo, podemos citar alguém que desenvol- as suas dúvidas.
ve um medo excessivo da violência, a ponto de recusar- Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo,
-se em sair às ruas, fato que nos leva a concluir de ime- principalmente se este estiver fazendo uso de terapia
diato que existem várias causas colaborando para isso, medicamentosa. Deve-se observar também se o mesmo
como a própria história de vida da pessoa. está tendo melhora no seu quadro de saúde mental.
É por isso que, na consulta de enfermagem, preci- Os profissionais de enfermagem devem entender que
samos conhecer mais os nossos clientes, saber do que o portador de distúrbio mental é um sujeito ativo, e que
gostam, a sua etnia, como vivem, a fim m de tornar mais apesar de pensar ou agir de forma diferente da maioria,
fácil identificar os fatores que exercem influência no mo- seus pensamentos e desejos devem ser levados em con-
mento atual de seu transtorno e, assim, elaborar as inter- sideração e respeitados na medida do possível.
venções necessárias. Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é
preciso, além de assistir o enfermo, investir em reuniões
Podemos dizer que alguns grupos influenciam o com a família, visitas domiciliares, contato com a escola
surgimento da doença mental. São eles: e/ou trabalho, e também orientá-lo quanto aos centros
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Biológico- alterações ocorridas no corpo como um de cultura e programas de inclusão social, pois sociabili-
todo, em determinado órgão ou no sistema nervo- zá-lo com pessoas novas, pode e deve fazer muito bem
so central (fatores genéticos ou hereditários, pré- para a sua recuperação.
-natais e perinatais, neuro-endocrinológicos); Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde
• Social- interações que temos com os outros, nos- da Família (ESF) equipes de Saúde Mental. O principal
sas relações pessoais, profissionais e ou em grupos objetivo é tratar do paciente no contexto familiar, pois
(medo na infância); realizar o tratamento isolado da família, das pessoas que
• Culturais- modificam-se de país para país, ou seja, a o indivíduo tem contato diário, nem sempre apresenta
noção de certo e errado modifica-se conforme o gru- resultados positivos.
po de convívio (religião, escola, família, país, cultura);

72
Não há um modelo pronto de atendimento a ser se- - Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como
guido pelo profissional de saúde, cabe ao enfermeiro ser depressão ou transtorno bipolar.
criativo e estar disposto a ajudar o paciente, além de pro- - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados
curar se aprimorar e se qualificar a respeito nesse âmbito. com o “stress” e transtornos somatoformes(F-
40-F48), como transtorno obsessivo-compulsivo
Psicopatologia na Atualidade ou transtorno de estresse pós-traumático;
- Síndromes comportamentais associadas a disfun-
Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais ções fisiológicas e a fatores físicos (F50-F59), como
os problemas classificados no DSMIV e CID-10, como de- os transtornos alimentares ou disfunções sexuais
pressão, ansiedade, autismo e esquizofrenia. Também é ou de sono causados por fatores emocionais;
reconhecido o diagnóstico de atraso mental como um - Transtornos da personalidade e do comportamento
déficit de inteligência, que pode ser leve, moderado, gra- do adulto (F60-F69), como transtornos de hábitos
ve ou profunda. e impulsos.
- Retardo Mental (F70-79), classificados como leve,
O DSM-IV classifica os diferentes transtornos moderado, grave ou profundo;
mentais nos seguintes grupos: - Transtornos do desenvolvimento psicológico
- Transtornos usualmente diagnosticados na lac- (F80-F89), como transtornos relacionados à lingua-
tância, infância e adolescência, como os retardos gem ou ao desenvolvimento motor;
mentais e distúrbios de aprendizagem; - Transtornos do comportamento e transtornos emo-
- Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Ou- cionais que aparecem habitualmente durante a
tros Transtornos Cognitivos; infância ou a adolescência (F90-F98), como distúr-
- Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Ge- bios de conduta ou transtornos hipercinéticos;
ral, como transtornos catatônicos e desvios de per- - Transtorno mental não especificado (F99).
sonalidade;
- Transtornos Relacionados a Substâncias, como abu- Referências:
so de álcool ou dependência de drogas, ou ainda CID-10 [2008]: http://www.datasus.gov.br/cid10/
transtornos induzidos por uso de substância como v2008/webhelp/cid10.htm
abstinência de nicotina ou demência alcoólica; Psiquiatria Geral: http://www.psiquiatriageral.com.br/
- Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como
paranoia (esquizofrenia do tipo paranoide) ou Sinais e Sintomas de Transtornos Mentais
transtorno delirante;
- Transtornos do Humor, como depressão ou trans- De acordo com a apresentação do cliente:
torno bipolar; - Aparência: maneira de se vestir e de cuidar da hi-
- Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico; giene pessoal;
- Transtornos somatoformes, como transtornos con- - Psicomotricidade: atividade motora, envolvendo a
versivos e transtornos dismórficos; velocidade e intensidade; agitação (hiperativida-
- Transtornos factícios, como a síndrome de Mun- de); retardo (hipoatividade); tremores; maneirismo;
chousen; tiques; catatonia; obediência automática; negati-
- Transtornos dissociativos, como anmésia dissociati- vismo;
va ou fuga dissociativa;
- Transtornos sexuais e de identidade de gênero, De acordo com a Linguagem e Pensamento:
como aversão sexual ou parafilias (como pedofilia); - Característica da fala: observar se a fala é espontâ-
- Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e nea, se ocorre logorreia (fala acelerada); mutismo
bulimia nervosa; (mantém- se mudo); gagueira; ecolalia (repetição
- Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno; das ultimas palavras, como em eco);
- Transtornos de controle de impulso, como clepto- - Pensamento: inicia com os cinco sentidos (visão, ol-
mania ou piromania; fato, paladar, audição e tato) e conclui se com o
- Transtornos de personalidade, como personalidade raciocínio.
paranoica ou personalidade obsessivo-compulsiva. - Inibição do pensamento: lentificado, pouco produtivo;
- Fuga de ideias: tem um aporte tão grande de ideias
O CID-10 classifica os transtornos mentais e de que não consegue concluí-las, emenda um assunto
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

comportamento, da seguinte forma: no outro de tal maneira que torna difícil sua com-
- Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sinto- preensão;
máticos (F00-F09), como Alzheimer, demência vas- - Desagregação do pensamento: constrói sentenças cor-
cular ou transtornos mentais devido a lesão cere- retas, muitas vezes até rebuscadas, mas sem um senti-
bral ou doença física; do compreensível, fazendo associações estranhas;
- Transtornos mentais e comportamentais devidos ao - Ideias supervalorizadas e obsessivas: mantém um
uso de substância psicoativa (F10-F19), como uso discurso circular voltando sempre para o mesmo
de álcool ou múltiplas drogas; assunto;
- Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e trans- - Ideias delirantes: ideias que não correspondem à reali-
tornos delirantes (F20-F29), como esquizofrenia e dade, mas que para o indivíduo são a mais pura ver-
psicose aguda; dade. Ex.: meus olhos possuem sistema de raio laser.

73
De acordo com Senso-Percepção: co. Estes distúrbios compreendem habitualmente vários
- Senso-percepção: síntese de todas as sensações e elementos da personalidade, acompanham-se em geral
percepções (pelos 5 sentidos) que temos e com ela de angústia pessoal e desorganização social; aparecem
formamos uma ideia de tudo o que está à nossa habitualmente durante a infância ou a adolescência e
volta. persistem de modo duradouro na idade adulta.
- Alucinações: são sensações ou percepções em que As pessoas comtranstorno de personalidadenão têm o
o objeto não existe, mas que é extremamente real que se considera um padrão normal de vida – do ponto de
para o paciente e ele não pode controlá-las, pois vista estatístico, ou seja, comparado ao modo de viver das
independem de sua vontade; podem ser auditivas, outras pessoas. Esta perturbação atinge todos os pontos da
visuais, gustativas, olfativas, táteis, sinestésicas e personalidade de uma pessoa que causam uma ação nos
outras; que a cercam e sobre o contexto em que habita – na forma
- Ilusões: sensação referente à percepção de objeto de demonstrar seus sentimentos, nas atitudes sociais.
que existe. Ex.: O teto está baixando e poderá es- O portador deste transtorno provoca danos a si mes-
magá-lo. mo e aos que com ele convivem. Quando as mutações
na personalidade se tornam persistentes, embora não
De acordo com afetividade e Humor: caracterizem nenhuma mudança patológica, elas com-
- Tristeza patológica: profundo abatimento, baixa au- põem então o Transtorno de Personalidade.
toestima, geralmente acompanhados de tendência Quando certos contextos com os quais as pessoas
para o isolamento, choro fácil, inibição psicomo- estão familiarizadas subitamente se transformam, algu-
tora; mas delas não conseguem adaptar seus traços de perso-
- Alegria patológica: estado eufórico, agitado, com nalidade às novas circunstâncias. É como se elas fossem
elevada autoestima, grande desinibição. prisioneiras do seu modo de ser e, não sendo capazes
de se adaptar ao novo, ao desconhecido, seus traços de
De acordo com a Atenção e Concentração: personalidade passam a lhes perturbar, bem como aos
- Inatenção: dificuldade de concentração; seus parentes e amigos.
- Distração: mudança constante de focos de atenção; Muitas vezes o comportamento de alguém passa a
- Orientação: consciência de dados que nos locali- não corresponder a determinadas expectativas dos pa-
zem, principalmente, no tempo e no espaço; drões culturais atualmente em vigor, tanto na área da
- Desorientação: incapacidade de relacionar os dados impressão de si mesmo, das outras pessoas ou de alguns
a fim de perceber o espaço e o tempo. acontecimentos, quanto no campo afetivo, envolvendo a
vantagem ou não das réplicas emocionais; no andamen-
Transtorno Bipolar de Humor. to das relações entre as pessoas, bem como no freio dos
impulsos. Outras vezes, suas atitudes tornam-se intransi-
O transtorno de Humor é uma doença caracterizada gentes, com sérias consequências.
pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de eu- Outra característica deste transtorno é a ausência de
foria (mania), ora de depressão, com períodos intercala- bem-estar nas interações sociais e profissionais. Este pro-
dos de normalidade. Com o passar dos anos os episódios cesso tem início, geralmente, na fase da adolescência ou,
repetem-se com intervalos menores, havendo variações no máximo, assim que o sujeito se torna adulto. É ne-
e existindo até casos em que a pessoa tem apenar um cessário ter certeza, antes de se valer deste diagnóstico,
episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar que não há a ocorrência de nenhuma outra patologia,
de o Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser fa- o uso excessivo de determinadas substâncias químicas,
cilmente identificado, existem evidências de que fatores nem mesmo a incidência de problemas orgânicos ou de
genéticos possam influenciar o aparecimento da doença. lesões cerebrais. Certas perturbações desta natureza não
Durante o tratamento farmacoterápico, a enferma- devem ser analisadas como transtorno de personalidade
gem deve estar atenta para a avaliação do paciente em menores de 18 anos.
quanto à adesão ao tratamento e às respostas fisioló- Deve-se distinguir o transtorno de personalidade,
gicas aos medicamentos, percebendo sua adaptação ou como caracterizado acima, dos Transtornos de Altera-
não aos mesmos. ção da Personalidade, que ocorrem a partir de um certo
Importante ainda é perceber o grau de orientação momento, desencadeados normalmente por um evento
do paciente e da família quanto à terapêutica utilizada, traumático ou um estresse grave. Para se definir melhor
direcionando, quando necessária, atenção aos mesmos, este fenômeno, os pesquisadores costumam subdividi-lo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

propiciando conhecimentos suficientes para que possam em várias categorias.


identificar eventos adversos. Também é necessário cuidar
do preparo da medicação, levando a família a apoiar e o Classe A – Transtornos excêntricos ou estranhos:
paciente a aderir ao tratamento. - Transtorno de personalidade esquizoide: embaraços
na hora de interagir socialmente e de revelar os
Transtorno de personalidade sentimentos. Pessoas indiferentes e solitárias.
- Transtorno de personalidade esquizotípica: forma
Trata-se de distúrbios graves da constituição caracte- mais suave de esquizofrenia. Presença de pensa-
rológica e das tendências comportamentais do indivíduo, mentos nada comuns.
não diretamente imputáveis a uma doença, lesão ou ou- - Transtorno de personalidade paranoide: desconfian-
tra afecção cerebral ou a um outro transtorno psiquiátri- ça constante em relação às pessoas.

74
Classe B - Transtornos dramáticos, imprevisíveis ciais e clínicos, podendo, nos casos extremos, acarretar
ou irregulares: a morte. As características comportamentais gerais são
- Transtorno de personalidade antissocial: pessoas a preocupação excessiva com o peso e a aparência do
insensíveis aos sentimentos dos outros. Não dese- corpo acarretando comportamentos alimentares preju-
jam se adaptar às leis vigentes. diciais a saúde, dificuldades no relacionamento social e
- Transtorno de personalidade histriônica: seus por- sofrimento.
tadores estão sempre se desdobrando para ser o
centro das atenções. Classificação dos transtornos alimentares segundo o
- Transtorno de personalidade limítrofe: interações CID-10:
afetivas intensas, porém caóticas e carentes de or- - anorexia nervosa– há importante conflito na ima-
ganização; instáveis e impulsivas. gem corporal, com medo excessivo de engordar.
- Transtorno de personalidade narcisista: caracteriza Acometem as pessoas magras e negam a fome.
os apaixonados por sua própria imagem. - anorexia nervosa atípica - transtornos que apresen-
tam algumas das características da anorexia ner-
Classe C – Transtornos ansiosos ou receosos: vosa mas cujo quadro clínico global não justifica
- Transtorno de personalidade dependente: pessoas tal diagnóstico. Por exemplo, ausência do temor
muito dependentes afetiva e fisicamente de outros. acentuado de ser gordo na presença de uma acen-
- Transtorno de personalidade esquiva: aqueles que tuada perda de peso e de um comportamento para
são portadores de uma timidez exagerada. emagrecer.
- Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: -bulimia nervosa – em geral os pacientes apresentam
não confundir com o TOC-Transtornos Obsessivos peso normal ou sobrepeso, não negam a fome.
Compulsivos. Indivíduos que têm uma tendência -transtorno de compulsão alimentar periódica – o pa-
para serem perfeccionistas, severos, impertinentes ciente come sem fome até sentir-se repleto e com
com eles mesmos e com os outros; são muito frios culpa. Pode ter relação com a obesidade, as die-
e submetidos constantemente a uma intensa dis- tas para emagrecer não funcionam. Apresentam
ciplina. autocrítica negativa com sintomas depressivos e
ansiosos.
Tipos de distúrbios de personalidade: -transtorno alimentar não especificado. Incluem to-
- Paranoide; dos outros transtornos, inclusive a orthorexia, vi-
- Esquizoide; gorexia, drunkorexia, diaberexia etc.
- Esquizotípica;
- Antissocial; Epidemiologia da anorexia nervosa: Yates, 1989,
- Borderline; relatou que a maioria dos estudos estabeleceu uma pre-
- Histriônica; valência de 1 caso entre 100 garotas adolescentes, sendo
- Narcisista; as mulheres de classe social mais alta as que têm o maior
- Esquiva; risco. Cecil Loeb - Tratado de Medicina Interna, 14ª Edi-
- Obsessivo- Compulsiva. ção relatou que a incidência de novos casos atinge uma
faixa de 0,6 a 1,6 por 100.000 habitantes. A idade comum
Transtornos de Ansiedade de início é entre 14 e 17 anos, mas pode ocorrer mais cedo
entre 10 a 13 anos ou mais tarde até aos 40 anos de idade.
A ansiedade é uma reação normal diante de situações que A doença é pelo menos 10 vezes mais frequente nas moças
podem provocar medo, dúvida ou expectativa. Nesses casos, do que nos rapazes e aflige principalmente as mulheres de
a ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa nível sócio econômico médio ou superior. Há importante
para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado, conflito na imagem corporal, com medo excessivo de en-
favorece sua adaptação às novas condições de vida. gordar. Acometem as pessoas magras e negam a fome.
O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segun-
do o manual de classificação de doenças mentais (DSM. Epidemiologia da bulimia nervosa- BN: Aflige prin-
IV), é um distúrbio caracterizado pela “preocupação ex- cipalmente as mulheres de nível socioeconômico médio
cessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil ou superior. Em geral os pacientes apresentam peso nor-
controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem mal ou sobrepeso, não negam a fome. Embora haja um
acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: registro considerável de bulimia na imprensa popular a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concen- maioria da atenção tem sido dada aos aspectos relativa-
tração, tensão muscular, perturbação do sono, palpita- mente benignos do problema. Segundo Fairburn e Beglin
ções, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, (1990) que fizeram uma média dos resultados de vários
sudorese excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos estudos, estimaram uma prevalência de 2,6%. Cooper e
intestinais, náuseas, aperto no peito, dores musculares. Fairburn (1983), com base em uma amostra da comuni-
dade, estimaram que 1,9% em mulheres. Pyle et al (1983)
Transtornos Alimentares relatou que a prevalência de BN clinicamente significati-
va e maior em estudantes universitárias que a da comu-
São transtornos mentais graves, crônicos, que aco- nidade, correspondendo a aproximadamente 4%. Outros
metem principalmente os adolescentes e adultos jovens, estudos epidemiológicos tem mostrado uma prevalência
mais do sexo feminino, levando a danos psicológicos, so- menor que 2% da verdadeira bulimia nervosa entre me-

75
ninas no segundo grau escolar – grupo que se acredita -deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pes-
ter o maior risco. Outras referências bibliográficas citam soas;
a prevalência entre 1,1 à 4,2% na faixa dos 18 anos de -culpar os outros por seus erros;
idade. -muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido
pelos outros;
Arthorexia:Não se conhece a prevalência, mas ob- -agressividade;
serva-se que a incidência está aumentando. É a obsessão -dificuldade em manter as amizades;
em comer extremamente correto com perigo a saúde e -problemas acadêmicos
as relações sociais. O orthorético é extremamente con-
centrado se um determinado alimento lhe fará bem ou Os sintomas são geralmente vistos em várias configu-
mal, a ponto de inibir o apetite. Tal preocupação excessi- rações, massão mais perceptíveis em casa ou na escola.
va também prejudica as relações afetivas e sociais e até Este problema é bastante comum, ocorrendo entre 2% e
mesmo ocasionar emagrecimento excessivo. 16% das crianças e adolescentes.

Vigorexia: e caracteriza pelo excesso de preocupa- Esquizofrenia


ção em ter um corpo forte. Os portadores desse transtor-
no exercitam-se em excesso e constantemente medindo Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios men-
sua musculatura para verificar se já obtiveram resultados. tais graves e persistentes, caracterizados por distorções
Apesar de fortes ainda sim se consideram fracos. Quase do pensamento e da percepção, por inadequação e em-
sempre usam suplementos alimentares anabolizantes e botamento do afeto por ausência de prejuízo no sensório
até mesmo esteroides, mesmo que saibam que isto pos- e na capacidade intelectual (embora ao longo do tempo
sa prejudicar a saúde. Esta doença é mais comum nos possam aparecer déficits cognitivos). Seu curso é variá-
homens, mas também há casos em mulheres. Não se co- vel, com cerca de 30% dos casos apresentando recupe-
nhece a prevalência, mas observa-se que está cada vez ração completa ou quase completa, 30% com remissão
mais comum. Diferente do fisiculturismo. incompleta e prejuízo parcial de funcionamento e 30%
com deterioração importante e persistente da capacida-
Transtorno compulsivo alimentar periódico:O de de funcionamento profissional, social e afetivo.
transtorno de compulsão alimentar periódico (TCAP) é A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena,
uma doença caracterizada por episódios de comer com- ou seja, originada dentro do organismo, que se caracteri-
pulsivo, sem o comportamento de purgação. O principal za pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode
sintoma do transtorno de compulsão alimentar é o im- ficar fechada em si mesma, com o olhar perdido, indife-
pulso incontrolável para ingestão de grandes quantida- rente, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que nin-
des de alimentos, sendo que a principal consequência é guém mais escuta e imagina estar sendo vítima. Não há
o ganho de peso progressivo, resultando em obesidade, argumento nem bom senso que a convença do contrário.
por vezes mórbida.
Os dois sintomas “produtivos e negativos” da es-
REFERÊNCIAS: quizofrenia:
Manual Merck de Medicina – 16ª Edição -Os produtivos, que são basicamente, os delírios e
Guideline 2000. as alucinações. O delírio se caracteriza por uma
http://www.flumignano.com/medicos/biblioteca.htm visão distorcida da realidade. O mais comum, na
Dr. Steven Bratman – www.orthorexia.com esquizofrenia, é o delírio persecutório. O indivíduo
acredita que está sendo perseguido e observado
Transtorno Opositor Desafiante por pessoas que tramam alguma coisa contra ele.
As alucinações caracterizam-se por uma percepção
O transtorno desafiador de oposição (TDO) ou Trans- que ocorre independentemente de um estímulo
torno Opositor Desafiante é um transtorno disruptivo, ou externo. Por exemplo: o doente escuta vozes, em
seja, não aceita regras, caracterizado por um padrão glo- geral, as vozes dos perseguidores, que dão ordens
bal de desobediência, desafio e comportamento hostil. e comentam o que ele faz. São vozes imperativas
Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não que podem levá-lo ao suicídio. Delírio e alucina-
aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomo- ções são sintomas produtivos que respondem
dam deliberadamente os demais, possuem dificuldade mais rapidamente ao tratamento.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em aceitar regras e perdem facilmente o controle se as


coisas não seguem a forma que eles desejam. Os sintomas negativos da doença, mais resistentes
Geralmente os pacientes apresentam um padrão con- ao tratamento, e que se caracterizam por diminuição dos
tínuo de comportamento não cooperativo, desafiante, impulsos e da vontade e por achatamento afetivo. Há a
desobediente e hostil incluindo resistência à figura de perda da capacidade de entrar em ressonância com o
autoridade. o padrão de comportamento pode incluir: ambiente, de sentir alegria ou tristeza condizente com a
-frequentes acessos de raiva; situação externa.
-discussões excessivas com adultos, muitas vezes, É uma doença frequente e universal que incide em 1%
questionando as regras; da população. Ocorre em todos os povos, etnias e cultu-
-desafio e recusa em cumprir com os pedidos de ras. Existem estudos comparativos indicando que ela se
adultos; manifesta igualmente em todas as classes socioeconô-

76
micas e nos países ricos e pobres. Isso reforça a ideia de Abuso de Substâncias Psicoativas
que a esquizofrenia é uma doença própria da condição
humana e independe de fatores externos. Em cada 100 Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a subs-
mil habitantes, surgem de 30 a 50 casos novos por ano.  tância química que age principalmente no sistema ner-
Existe um componente genético importante. O risco voso central, onde altera a função cerebral e temporaria-
sobe para 13%, se um parente de primeiro grau for por- mente muda a percepção, o humor, o comportamento e
tador da doença. Quanto mais próximo o grau de paren- a consciência.
tesco, maior o risco, chegando ao máximo em gêmeos Substâncias psicoativas são aquelas que alteram o
monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia, a possibili- psiquismo. Diversas dessas drogas possuem potencial de
dade de o outro desenvolver o quadro é de 50%. Mas, em abuso, ou seja, são passíveis da autoadministração repe-
linhas gerais o ambiente pode influenciar o adoecimento tida e consequente ocorrência de fenômenos, como uso
nas etapas mais precoces do desenvolvimento cerebral, da nocivo (padrão de uso de substâncias psicoativas que
gestação à primeira infância, bem como na adolescência. está causando dano à saúde física ou mental), tolerân-
cia (necessidade de doses crescentes da substância para
Tipos de Esquizofrenia: atingir o efeito desejado), abstinência, compulsão para
- esquizofrenia residual: refere-se a uma esquizo- o consumo e a dependência (síndrome composta de fe-
frenia que já tem muitos anos e com muitas con- nômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos no
sequências. Neste tipo de esquizofrenia podem qual o uso de uma substância torna-se prioritário para
predominar sintomas como o isolamento social, o o indivíduo em relação a outros comportamentos que
comportamento excêntrico, emoções pouco apro- antes tinham maior importância).
priadas e pensamentos ilógicos.
-esquizofrenia simples: normalmente, começa na As substâncias psicoativas são divididas em três
adolescência com emoções irregulares ou pouco grupos: 
apropriadas, pode ser seguida de um demorado
isolamento social, perda de amigos, poucas rela- - Drogas psicoanalépticas ou estimulantes do SNC
ções reais com a família e mudança de personali- (cocaína, anfetamina, nicotina, cafeína etc.).
dade, passando de sociável a antissocial e termi- -Drogas psicolépticas ou depressoras do SNC (álcool-
nando em depressão. É também pouco frequente. benzodiazepínicos, barbitúricos, opioides, solventes etc.
-esquizofrenia indiferenciada: apesar desta classifica- -Drogas psicodislépticas ou alucinógenas (cannabis,
ção, é importante destacar que os doentes esqui- LSD, fungos alucinógenos, anticolinérgicos etc.).
zofrénicos nem sempre se encaixam perfeitamente  
numa certa categoria. Também existem doentes Os limites são entre o uso recreativo, o abuso e a
que não se podem classificar em nenhum dos gru- dependência de substâncias psicoativas. Postula-se que
pos mencionados. A estes doentes pode-se atribuir sejam fenômenos que ocorram continuamente e que
o diagnóstico de esquizofrenia indeferenciada. alguns parâmetros orientem a transição de um estágio
-esquizofrenia paranoide: predominam sintomas posi- para o outro.
tivos como alucinações e enganos, com uma relativa O abuso ou uso nocivo seria um momento interme-
preservação o funcionamento cognitivo e do afetivo, diário entre o uso recreativo (de baixo risco, não sendo
o inicio tende ser mais tardio que o dos outros tipos. caracterizado como um problema médico) e a depen-
-esquizofrenia catatónica: sintomas motores carac- dência. Já há prejuízo decorrente do consumo da subs-
terísticos são proeminentes, sendo os principais tância, mas ainda há algum controle do indivíduo quanto
a atividade motora excessiva, extremo negativis- à quantidade consumida e à duração dos efeitos.
mo (manutenção de uma postura rígida contra A dependência de substâncias psicoativas é uma sín-
tentativas de mobilização, ou resistência a toda e drome cujo elemento central é um desejo intenso de
qualquer instrução), mutismo, cataplexia (paralisia consumir a substância.
corporal momentânea), ecolalia (repetição patoló-
gica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido Dependência de Substâncias Psicoativas
de uma palavra ou frase que outra pessoa acabou
de falar) e ecopraxia (imitação repetitiva dos mo- Alguns fatores de risco podem contribuir para a
vimentos de outra pessoa). Necessita cuidadosa Dependência Química, são eles:
observação, pois existem riscos potenciais de des-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nutrição, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto Fatores Biológicos:


infligidos. - predisposição genética
-esquizofrenia desorganizada: discurso desorganiza- - capacidade do cérebro de tolerar presença constan-
do e sintomas negativos como comportamento te da substância.
desorganizado e achatamento emocional predo- - capacidade do corpo em metabolizar a substância.
minam neste tipo de esquizofrenia. Os aspectos - natureza farmacológica da substância, tais como
associados incluem trejeitos faciais, maneirismos e potencial de toxicidade e dependência, ambas in-
outras estranhezas do comportamento. fluenciadas pela via de administração escolhida.

77
Fatores Psicológicos: - idosos;
- distúrbios do desenvolvimento - risco de vida (comportamento autodestrutivo, dívi-
- morbidades psiquiátricas: ansiedade, depressão, das com traficantes etc.).
déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de
personalidade. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH
- problemas / alterações de comportamento.
- baixa resiliência e limitado repertório de habilidades O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperativida-
sociais. de- TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas ge-
- expectativa positiva quanto aos efeitos das substân- néticas, que aparece na infância e frequentemente acom-
cias de abuso panha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza
por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Fatores sociais: Ocorre em 3 a 5% das crianças.
- estrutura familiar disfuncional: violência doméstica, Os sintomas desatenção, hiperatividade e impulsivi-
abandono, dade podem ser explicados da seguinte forma: Em geral
- carências básicas. as crianças são tidas como desligadas, avoadas, “vivendo
- exclusão e violência social. no mundo da lua”, e geralmente estabanadas ou ligadas,
- baixa escolaridade. não param quietas por muito tempo.
- oportunidades e opções de lazer precárias.
- pressão de grupo para o consumo. Retardo mental
- ambiente permissivo ou estimulador do consumo
de substâncias Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento in-
completo do funcionamento intelectual, caracterizados
Intoxicação por uso Abusivo de Substancias Psi- essencialmente por um comprometimento, durante o
coativas. período de desenvolvimento, das faculdades que deter-
minam o nível global de inteligência, isto é, das funções
Em geral, os quadros de intoxicação são atendidos cognitivas (processo de conhecimento/cognição), de lin-
em serviços de emergência, frequentemente em decor- guagem, da motricidade e do comportamento social. O
rência de complicações clínicas, como rebaixamento do retardo mental pode acompanhar um outro transtorno
nível de consciência, convulsões e agitação psicomotora. mental ou físico, ou ocorrer de modo independentemen-
As condutas devem ser tomadas de acordo com o qua- te.
dro clínico à admissão do paciente. Frequentemente não
dispomos de informações como a identificação exata Tipos de retardo mental:
da(s) droga(s) utilizada(s), assim como a quantidade usa- Quociente de Inteligência-QI é um fator que mede
da e o grau de tolerância prévia. As medidas específicas a inteligência das pessoas com base nos resultados de
devem ser de acordo com cada substância ingerida. testes específicos. O QI mede o desempenho cognitivo
de um indivíduo comparando a pessoas do mesmo gru-
Síndrome de Abstinência po etário.
- retardo mental leve: amplitude aproximada do
No manejo das síndromes de abstinência, devemos QI entre 50 e 69 (em adultos, idade mental de 9 a
priorizar o alívio dos sintomas e a prevenção de complica- menos de 12 anos). Provavelmente devem ocor-
ções inerentes à abstinência da substância. O tratamento rer dificuldades de aprendizado na escola. Muitos
da síndrome de dependência, em geral, pode ser realizado adultos serão capazes de trabalhar e de manter
ambulatorialmente ou em regime de internação hospita- relacionamento social satisfatório e de contribuir
lar. Algumas possíveis indicações de internação hospitalar, para a sociedade.
conforme estão presentes na listagem a seguir: - retardo mental moderado: amplitude aproximada
- rebaixamento do nível de consciência; do QI entre 35 e 49 (em adultos, idade mental de
- crises convulsivas; 6 a menos de 9 anos). Provavelmente devem ocor-
- sintomas depressivos severos ou persistentes, espe- rer atrasos acentuados do desenvolvimento na in-
cialmente com risco de suicídio; fância, mas a maioria dos pacientes aprende a de-
- sintomas psicóticos severos ou persistentes; sempenhar algum grau de independência quanto
- comorbidades psiquiátricas (p. ex., esquizofrenia, aos cuidados pessoais e adquirir habilidades ade-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

transtorno afetivo bipolar, depressão melancólica, quadas de comunicação e acadêmicas. Os adultos


transtornos ansiosos graves etc.); necessitarão de assistência em grau variado para
- comorbidades clínicas severas (p. ex., AVC, hepato- viver e trabalhar na comunidade.
patia, cardiopatias, infecções, doenças respirató- - retardo mental grave: amplitude aproximada de
rias etc.); QI entre 20 e 40 (em adultos, idade mental de 3 a
- antecedente de síndrome de abstinência severa (de- menos de 6 anos). Provavelmente deve ocorrer a
lirium tremens,crises convulsivas); necessidade de assistência contínua.
- falha de tratamento ambulatorial; - retardo mental profundo: QI abaixo de 20 (em
- falta de motivação para qualquer forma de trata- adultos, idade mental abaixo de 3 anos). Devem
mento; ocorrer limitações graves quanto aos cuidados
- ausência de suporte familiar ou social; pessoais, continência, comunicação e mobilidade.

78
Reabilitação Psicossocial Horários e funcionamento de acordo com cada
tipo de CAPS:
A reabilitação psicossocial é um conjunto de estra- Os CAPS funcionam, pelo menos, durante os cinco
tégias que aumenta a capacidade do cliente/paciente dias úteis da semana (2ª a 6ª feira).
de estabelecer trocas sociais e afetivas nos diversos ce-
nários: em casa, no trabalho e na sociedade. Priorizar, o Seu horário e funcionamento nos fins de semana
tecido social em reabilitação psicossocial implica em sair dependem do tipo de CAPS:
de centros de reabilitação, hospitais e de oficinas abri-
gadas, para criar espaços de intervenção na própria co- CAPS I – municípios com população entre 20.0 e 70.0
munidade. habitantes Funciona das 8 às 18 horas De segunda a sex-
A reabilitação psicossocial também pode ser consi- ta-feira
derada um “processo pelo qual se facilita ao indivíduo CAPS I – municípios com população entre 70.0 e
com limitações a restauração no melhor nível possível de 200.0 habitantes Funciona das 8 às 18 horas De segunda
autonomia de suas funções na comunidade” a sexta-feira Pode ter um terceiro período, funcionando
até 21 horas.
Centro de Atenção Psicossocial – CAPS CAPS I – municípios com população acima de 200.000
habitantes funcionam 24 horas, diariamente, também
O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do
nos feriados e fins de semana.
Brasil foi inaugurado em março de 1986, na cidade de
CAPSi – municípios com população acima de 200.000
São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz
da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itape- habitantes funciona das 8 às 18 horas De segunda a sex-
va. A criação desse CAPS e de tantos outros, com outros ta-feira Pode ter um terceiro período, funcionando até
nomes e lugares, fez parte de um intenso movimento so- 21 horas.
cial, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que CAPSad – municípios com população acima de 100.0
buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denun- habitantes Funciona das 8 às 18 horas De segunda a sex-
ciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, ta-feira Pode ter um terceiro período, funcionando até
que ainda eram o único recurso destinado aos usuários 21 horas
portadores de transtornos mentais.
Os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS são insti- Os usuários que permanecem um turno de quatro
tuições destinadas a acolher os pacientes com transtor- horas nos CAPS devem receber uma refeição diária; os
nos mentais, estimular sua integração social e familiar, assistidos em dois períodos (oito horas), duas refeições
apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, diárias; e os que estão em acolhimento noturno nos
oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua ca- CAPS I e permanecem durante 24 horas contínuas devem
racterística principal é buscar integrá-los a um ambiente receber quatro refeições diárias. A frequência dos usuá-
social e cultural concreto, designado como seu “territó- rios nos CAPS dependerá de seu projeto terapêutico. É
rio”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quo- necessário haver flexibilidade, podendo variar de cinco
tidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a vezes por semana com oito horas por dia a, pelo menos,
principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. três vezes por mês.
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à po-
pulação de sua área de abrangência, realizando o acom- Bases do Cuidado
panhamento clínico e a reinserção social dos usuários
pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis As práticas realizadas nos CAPS se caracterizam por
e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor e inserido na
um serviço de atendimento de saúde mental criado para cidade, no bairro. Os projetos desses serviços, muitas ve-
ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.
zes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da
rede de suporte social, potencializadora de suas ações,
O Funcionamento do CAPS
preocupando-se com o sujeito e sua singularidade, sua
Os CAPS devem contar com espaço próprio e ade- história, sua cultura e sua vida quotidiana.
quadamente preparado para atender à sua demanda es-
pecífica, sendo capazes de oferecer um ambiente conti- São atividades comuns nos CAPS:
nente e estruturado. Deverão contar, no mínimo, com os - Tratamento medicamentoso: tratamento realizado
com remédios chamados medicamentos psicoati-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

seguintes recursos físicos:


-consultórios para atividades individuais (consultas, vos ou psicofármacos.
entrevistas, terapias); - Atendimento a grupo de familiares: reunião de fa-
- salas para atividades grupais; mílias para criar laços de solidariedade entre elas,
-espaço de convivência; discutir problemas em comum, enfrentar as situa-
-oficinas; ções difíceis, receber orientação sobre diagnóstico
-refeitório (o CAPS deve ter capacidade para oferecer e sobre sua participação no projeto terapêutico.
refeições de acordo com o tempo de permanência - Atendimento individualizado a famílias: atendimen-
de cada paciente na unidade); tos a uma família ou a membro de uma família que
-sanitários; precise de orientação e acompanhamento em si-
-área externa para oficinas, recreação e esportes. tuações rotineiras, ou em momentos críticos.

79
- Orientação: conversa e assessoramento individual em Brasília, entre os dias 27 de junho a 1º de julho de
ou em grupo sobre algum tema específico, por 2010. O tema da IV Conferência – “Saúde Mental direito
exemplo, o uso de drogas. e compromisso de todos: consolidar avanços e enfren-
- Atendimento psicoterápico: encontros individuais tar desafios” – permitiu a convocação não só dos setores
ou em grupo onde são utilizados os conhecimen- diretamente envolvidos com as políticas públicas, mas
tos e as técnicas da psicoterapia. também de todos aqueles que têm indagações e pro-
- Atividades comunitárias: atividades que utilizam os postas a fazer sobre o vasto tema da saúde mental. A
recursos da comunidade e que envolvem pessoas, convocação da intersetorialidade, de fato, foi um avanço
instituições ou grupos organizados que atuam na radical em relação às conferências anteriores, e atendeu
comunidade. Exemplo: festa junina do bairro, fei- às exigências reais e concretas que a mudança do mode-
ras, quermesses, campeonatos esportivos, passeios lo de atenção trouxe para todos.
a parques e cinema, entre outras. Os dados da Coordenação Nacional de Saúde Mental,
- Atividades de suporte social: projetos de inserção Álcool e outras Drogas apontam que o movimento de
no trabalho, articulação com os serviços residen- desospitalização dos portadores de transtornos mentais
ciais terapêuticos, atividades de lazer, encaminha- continua em curso. Entre 2002 e 2012 houve uma que-
mentos para a entrada na rede de ensino, para ob- da no quantitativo de leitos psiquiátricos de 51.393 para
tenção de documentos e apoio para o exercício de 29.958 e uma redução do percentual de gastos com a
direitos civis através da formação de associações rede hospitalar de 75,24% para 28,91%. Por outro lado,
de usuários e/ou familiares. a quantidade de Centros de Atenção de Atenção Psi-
- Oficinas culturais: atividades constantes que procu- cossocial (CAPS) subiu de 424 para 1.981 e o percentual
ram despertar no usuário um maior interesse pe- de gastos extra-hospitalares aumentou de 24,76% para
los espaços de cultura (monumentos, prédios his- 71,09%. Em 2012 houve ainda importante investimento
tóricos, saraus musicais, festas anuais etc.) de seu financeiro nos CAPS, que passou de 460 milhões no ano
bairro ou cidade, promovendo maior integração anterior, para 776 milhões,representando um aumento
de usuários e familiares com seu lugar de moradia. de 68%.
- Visitas domiciliares: atendimento realizado por um A mudança do modelo assistencial e a consequente
profissional do CAPS aos usuários e/ou familiares inversão das prioridades de financiamento foram acom-
em casa. panhadas por um aumento global dos recursos financei-
- Desintoxicação ambulatorial: conjunto de procedi- ros destinados à saúde mental, que passaram de R$ 619
mentos destinados ao tratamento da intoxicação/ milhões em 2002, para R$ 1,8 bilhão em 2011.
abstinência decorrente do uso abusivo de álcool e O processo de mudança na assistência só terá susten-
de outras drogas. tação se os portadores de transtornos mentais, cuidados
adequadamente, não forem excluídos da comunidade
Reforma Psiquiátrica em que vivem ou não se tornarem um fardo para seus
familiares. Desde 2004 existem políticas do Ministério da
A partir da promulgação da Lei nº 10.216, de 6 de abril Saúde e da Secretaria de Economia Solidária, do Ministé-
de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das rio do Trabalho voltadas para a inserção social por meio
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona de programas de geração de renda, que já computou
o modelo assistencial em saúde mental, o Brasil entrou 660 experiências nesse sentido.
para o grupo de países com uma legislação moderna e Dentre os desafios da Reforma há consenso sobre a
coerente com as diretrizes da Organização Mundial da necessidade da sociedade conviver de forma mais har-
Saúde e seu Escritório Regional para as Américas, a OPAS. mônica com os diferentes e o reconhecimento das po-
A Lei indica uma direção para a assistência psiquiá-
tencialidades dessas pessoas, que não estão à margem
trica e estabelece uma gama de direitos das pessoas
do projeto de Nação, que têm capacidade de trabalhar
portadoras de transtornos mentais; regulamenta as in-
e de produzir. Nos últimos anos, tem ocorrido a valori-
ternações involuntárias, colocando-as sob a supervisão
zação, por mérito, de diversas expressões culturais e ar-
do Ministério Público, órgão do Estado guardião dos di-
tísticas de portadores de transtornos mentais. Em todo
reitos indisponíveis de todos os cidadãos brasileiros.
o País, é possível encontrar artistas usuários de serviços
A Reforma Psiquiátrica é entendida como processo
de Saúde Mental produzindo, pintando, gravando, es-
social complexo, que envolve a mudança na assistência
de acordo com os novos pressupostos técnicos e éticos, crevendo, expondo e se expondo, orgulhosos de seus
a incorporação cultural desses valores e a convalidação dons e valores. Comercializam telas, livros e CD, o que é,
provavelmente, uma segura manifestação de cidadania e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

jurídico-legal desta nova ordem.


A reestruturação da assistência, principal pilar da Re- pertencimento a esse mundo do mercado que compra e
forma, contava, desde 1990, com a Declaração de Cara- vende arte.
cas, documento norteador das políticas de Saúde Mental. Infelizmente a sociedade ainda está longe do con-
Os três níveis gestores do Sistema Único de Saúde bus- senso sobre essas práticas e valores, mas não há como
caram soluções efetivas para esta área, sustentados por negar que essa é uma tendência que vem se tornando
vigoroso movimento social e com diretrizes pactuadas hegemônica.
nas conferências nacionais de 1987, 1992, 2001 e 2010.
A IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Inter-
setorial (IV CNSM-I) foi convocada por decreto presiden-
cial em abril de 2010 e teve sua etapa nacional realizada

80
Rede de Atenção Psicossocial –RAPS e demais Re- muitos transtornos mentais resultam da inadaptação
des de Atenção à Saúde ou do desajuste das pessoas a situações adversas que
ocorrem no decurso da sua vida. Nesse sentido, cabe-
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é um modelo ria à comunidade estar preparada para responder às
de atenção aberto e comunitário da Política Nacional de necessidades da população.
Saúde Mental com proposta de assegurar a livre circu- c) A recuperação é a principal meta da reabilitação psi-
lação de pessoas com sofrimento mental pelos serviços quiátrica/psicossocial. As intervenções devem facilitar
da comunidade e pela cidade. Em outras palavras, é uma o processo de recuperação. As pessoas que estão sen-
rede de saúde mental integrada e articulada nos dife- do assistidas por esses serviços necessitam de alguém
rentes pontos de atenção para fins de atender a pessoas para cuidar/direcionar de sua própria vida, inclusive
com sofrimento mental e/ou consequente do uso de dos assuntos referentes a sua doença psiquiátrica.
substâncias psicoativas. d) Propõe: agir, isto é, inserir socialmente indivíduos se-
A Rede de Atenção Psicossocial é composta por um gregados e ociosos, e de recuperá-los enquanto cida-
conjunto de serviços de saúde destinados ao atendimen- dãos, através de ações que passam, fundamentalmen-
to do portador de sofrimento psíquico tendo o Centro te, pela inserção do paciente psiquiátrico no trabalho
de Atenção Psicossocial como equipamento articulador e/ou em atividades artísticas, artesanais, ou em dar-
central. Desde modo, as demandas e necessidades dos -lhes acesso aos meios de comunicação entre outros.
usuários do CAPS são norteadoras para a construção de
cuidados integrados de saúde com os demais serviços do Resposta: Letra B. A reabilitação psicossocial é um
município ou região de saúde. conjunto de estratégias que aumenta a capacidade do
cliente/paciente de estabelecer trocas sociais e afeti-
vas nos diversos cenários: em casa, no trabalho e na
EXERCÍCIOS COMENTADOS sociedade. Priorizar, o tecido social em reabilitação
psicossocial implica em sair de centros de reabilitação,
hospitais e de oficinas abrigadas, para criar espaços
1. (UNAMA/SEAD - Enfermeiro em Saúde Mental-
de intervenção na própria comunidade. A reabilitação
FPEHCGV– 2013) A reabilitação psicossocial (também
psicossocial também pode ser considerada um “pro-
chamada de reabilitação psiquiátrica) é um conjunto de
cesso pelo qual se facilita ao indivíduo com limitações
serviços dirigidos a pessoas com doenças mentais e défi-
a restauração no melhor nível possível de autonomia
cits funcionais graves. O objetivo da reabilitação psicos-
de suas funções na comunidade”.
social é capacitar os indivíduos a compensar ou eliminar
os déficits funcionais, e restaurar nelas a capacidade de
2. (UNAMA/SEAD - Enfermeiro em Saúde Mental-
viver de maneira independente. A reabilitação psicosso-
cial representa uma revolução no tratamento de doenças FPEHCGV– 2013) O manejo dos transtornos psicóticos
mentais graves, e foi desenvolvida na mesma época que agudos é um desafio complexo para o enfermeiro de
os medicamentos. Os medicamentos tratam, antes de pronto socorro. Os episódios de agitação psicomotora
mais nada, os sintomas positivos, como as alucinações, e agressividade tornam a avaliação e a abordagem do
a depressão ou oscilações de disposições de espírito. A paciente muito difícil. Muitas vezes, os pacientes são
reabilitação psicossocial neutraliza os sintomas negativos arredios e pouco colaborativos, podendo mesmo estar
da doença, como a dificuldade de cumprir tarefas, de se violentos. Por vezes, o paciente é trazido ao serviço de
concentrar e de ser assertivo. Atinge esta meta ensinando pronto-socorro pela polícia ou serviço de resgate. Sobre
habilidades e técnicas para lidar com as situações, e aju- o tema abordado no texto acima, é correto afirmar:
dando o indivíduo a desenvolver um ambiente que lhe dê
apoio e a readquirir a sensação de dominar sua própria a) Para os pacientes em crise psicóticas agudas é com-
vida. Aqueles que promovem a reabilitação psicossocial preensível à indicação de condutas como: contenção
partem dos pontos fortes de cada indivíduo, enfatizando física e sedação, antes de se iniciar uma avaliação ini-
a sensação de bem-estar e incluindo as famílias e a comu- cial deste tipo de emergência psiquiátrica.
nidade no processo de recuperação. (InternationalAsso- b) Prevenir um comportamento violento é mais difícil
ciationofPsychosocialRehabilitation Services) que retomar o controle de um paciente que já iniciou.
No que se refere à reabilitação psicossocial, é correto afir- Ao primeiro sinal de um comportamento ameaçador,
mar: o paciente deve ser informado sobre a preocupação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da equipe, no que diz respeito ao próprio compor-


a) A reabilitação psicossocial precisa contemplar dois vér- tamento do paciente, e na sua interferência sobre a
tices da vida de qualquer cidadão: casa e trabalho. A capacidade de ajuda da equipe do pronto-socorro.
associação das oficinas terapêuticas, do trabalho e a c) O número ideal de funcionários para se realizar a con-
reabilitação não podem apresentar variações na práti- tenção física é de três pessoas, uma para os membros
ca ou no contexto onde é operacionalizada, mas difi- superiores, uma para os membros inferiores e outra
cilmente há contradição na idéia de que o trabalho é protegendo a cabeça. A contenção deve ser realizada
um instrumento de reabilitação. com faixas específicas que não comprimam os vasos
b) O enfoque da reabilitação psicossocial tem caráter sanguíneos e plexos nervosos, e em cama ou maca
preventivo e geral, adotado pela psiquiatria moder- adequadas para tal finalidade.
na, baseia-se em dois pressupostos principais, ou seja,

81
d) Na avaliação de um paciente agitado e agressivo, o Após o aparecimento desta fase ocorre estabilização
principal objetivo é a obtenção do maior número de da viremia em diversos níveis (velocidade de replicação
dados clínicos relevantes, da forma mais prolongada e e clareamento rival) estando desta forma a queda pro-
objetiva possível. gressiva de linfócitos t CD4+ relacionada com a queda
de replicação viral e progressão para a AIDS (MINISTÉRIO
Resposta: Letra A. Transtornos psicóticos agudos DA SAÚDE, 2005).
são grupo heterogêneo de transtornos caracteriza- -Fase assintomática; A fase assintomática pode durar
dos pela ocorrência aguda de sintomas psicóticos meses ou anos sem que os sintomas apareçam ou
tais como idéias delirantes, alucinações, perturbações no caso de aparecimento dos sinais clínicos estes
das percepções e por uma desorganização maciça do são mínimos. A sorologia para o HIV utiliza reagen-
comportamento normal. O termo “agudo” é aqui uti- tes e a contagem de linfócitos T CD4+ que pode
lizado para caracterizar o desenvolvimento crescen- apresentar-se estável ou e declínio (MINISTÉRIO
te de um quadro clínico manifestamente patológico DA SAÚDE, 2005).
em duas semanas no máximo. Para estes transtornos
não há evidência de uma etiologia orgânica. Acompa- Fase sintomática inicial
nham-se freqüentemente de uma perplexidade e de
uma confusão, mas as perturbações de orientação no Já nesta fase o cliente portador do vírus HIV, pode
tempo e no espaço e quanto à pessoa não são sufi- apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensida-
cientemente constantes ou graves para responder aos de variável, doenças oportunistas de menor gravidade
critérios de um delirium de origem orgânica. Em geral conhecidas como ARC [Complexo Relacionado a AIDS
estes transtornos se curam completamente em menos ex.: candidíase oral, teste de hipersensibilidade tardia, e
de poucos meses, freqüentemente em algumas sema- presença de mais de um sinal e sintoma com duração
nas ou mesmo dias. Quando o transtorno persiste o superior a 1 mês, sem causa identificada (linfoadenopatia
diagnóstico deve ser modificado. O transtorno pode generalizada, astenia, febre, diarréia, sudorese noturna
estar associado a um “stress” agudo (os acontecimen- e perda de peso superior a 10%)]. E também apresenta
tos geralmente geradores de “stress” precedem de
uma elevação da carga viral e contagem de linfócitos T
uma a duas semanas o aparecimento do transtorno).
CD4 + já se encontram abaixo de 500 cel/mm3. (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2005)
INFECÇÃO AGUDA
Fonte: Infecção aguda: Manifestações clínicas dis-
ponível em https://siteantigo.portaleducacao.com.br/
Esta fase é considerada como sendo infecção pri-
conteudo/artigos/medicina/infeccao-aguda-manifes-
mária, manifestando em cerca de 50 a 90% dos clientes,
sendo desta forma de difícil diagnóstico sendo realizado
tacoes-clinicas/28709 Acesso em 27 de fevereiro de
em sua maioria de forma retrospectiva. Esta infecção ca- 2020
racteriza-se tanto por viremia elevado quanto atividade
imunológica intensa e rápida queda na contagem linfóci-
tos dos CD4 + transitório (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA;
As manifestações clínicas podem variar desde de sin-
tomas de gripe, febre, adenopatia, faringite, mioalgia, ar-
tralgia, ulcerações mucocutaneas (envolvendo mucosas URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
genitais, oral e esofágica) hiporexia, adinamia, cefaléia,
fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de peso náu- Urgência: quando há uma situação que não pode ser
sea e vômito. Em alguns casos pode haver presença de adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se hou-
candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite ver demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Na
asséptica e sindrtome de Guiliain- Barré (MINISTÉRIO DA medicina, ocorrências de caráter urgente necessitam de
SAÚDE, 2005). tratamento médico e muitas vezes de cirurgia, contudo,
possuem um caráter menos imediatista. Esta palavra vem
Crianças do verbo “urgir” que tem sentido de “não aceita demora”:
O tempo urge, não importa o que você faça para tentar
pará-lo. Estado grave, que necessita atendimento médi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A indicação de tratamento da infecção aguda recente


em crianças menores de 6 meses, ainda não esta total- co, embora não seja necessariamente urgente. Exemplos:
mente estabelecida. Já os pacientes HIV+ maiores de 6 contusões leves, entorses, hemorragia classe I, etc.
meses com infecção crônica (sinais clínicos indicativos de
imunodeficiência e parâmetros laboratoriais (contagem Emergência: quando há uma situação crítica ou algo
de linfócitos CD4+ e carga viral )o tratamento anti-re- iminente, com ocorrência de perigo; incidente; imprevis-
troviral potente é indicado com associação de 3 ou mais to. No âmbito da medicina, é a circunstância que exige
drogas e monitoramento periódico (MINISTÉRIO DA uma cirurgia ou intervenção médica de imediato. Por
SAÚDE, 2005). isso, em algumas ambulâncias ainda há “emergência” es-
crita ao contrário e não “urgência”. Estado que necessita
de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto

82
entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu e produzir hemorragia maciça; caso o paciente esteja co-
encaminhamento deve ser o mais curto possível. Exem- matoso, imobilizar o pescoço; retirar a roupa de cima do
plos: hemorragias de classe II, III e IV, etc. ferimento; contar o n° de ferimentos; localizar a entrada
e saída dos ferimentos; avaliar a presença de hemorra-
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho: gias; cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos es-
téreis de soro fisiológico para prevenir o ressecamento
No caso do paciente consciente: fique por traz do das vísceras; controlar a hemorragia até que recupere e
paciente e envolva a cintura da seguinte forma: coloque possa ser feita a cirurgia; aspirar conteúdos gástricos pois
o polegar na barriga do paciente contra o abdômen do previne complicações pulmonares; introduzir cateter ure-
paciente na linha media comprima com o punho o ab- tral para avaliar débito urinário e presença de hematuria;
dômen do paciente, cada pressão deve ser separada e suspender ingestão de líquidos pela boca, prevenindo o
distinta. aumento da peristalse e vômitos; no caso de ferimentos
produzido por arma branca preparar para sinografia para
No caso do paciente inconsciente: posicioná-lo so- detectar penetração peritoneal; administrar profilaxia
bre as costas ajoelhar acalvagado pelas coxas do pacien- contra tétano; administrar antibiótico de largo espectro
te voltado para a cabeça comprimir o abdômen de forma prescrito; preparar o paciente para procedimento cirúrgi-
rápida com o punho. co caso ocorra, hemorragia, ar sobre o diafragma, evisce-
- retirada com o dedo: abrir a boca do paciente segu- ração ou hematuria;
rando toda a sua língua introduzir o dedo indicador Contusão Abdominal: iniciar método de ressusci-
sobre a boca. tação; efetuar avaliação física constante; observar a pre-
sença de presença de hiperestesia, rigidez, espasmos,
Assistência em hemorragias: observe o aumento da distensão abdominal; ausculte
Externa: aplique compressão direta na veia do pa- ruídos peritoniais; monitorize frequente sinais vitais; ava-
ciente; aplique curativo compressivo; eleve a parte lesa- lie complicações imediatas: como hemorragias, choques
da para interromper o sangramento; puncionar veia de e lesões associadas; encaminhe solicitação de exames
grosso calibre para reposição de sangue e soro. laboratoriais; encaminhe para exames radiográficos; co-
Interna: administre sangue de acordo com a prescri- loque sonda nasogástrica para prevenir vômitos e conse-
ção; monitorize as respostas hemodinâmicas do pacien- quentes aspirações de secreção;
te; mantenha o paciente em posição supina ate melhora Esmagamentos: o controle do choque sistêmico
do quadro; obtenha sangue arterial para monitorar gaso- constitui prioridade de tratamento; Controlar o choque;
metria; caso for procedimento cirúrgico imediatamente Observar a presença de comprometimento renal; Imobi-
preparar para cirurgia; não esquecer que antes da apli- lizar os grandes esmagamentos de parte mole; Elevar as
cação do sangue e plasma submeter o paciente a prova extremidades para aliviar a pressão dos líquidos extra-
cruzada. vasados; Administrar medicações para dor e ansiedade
Choque hipovolêmico: Proporcionar assistência prescritas, encaminhar a cirurgia, observar presença de
ventilatória; Restaurar o volume sanguíneo circulante; choques; Monitorar os sinais vitais do paciente; Adminis-
Leituras contínuas de pressão arterial; Mantenha a pres- trar plasma e sangue prescritos;
são sanguínea sistólica; Mantenha a vigilância constante Traumatismos Múltiplos: Efetuar um exame físico
de enfermagem; Os pacientes de choque séptico devem simplificado, para determinar sangramento, parada res-
ser mantidos frios, devido a febre alta. piratória, ou choque; Iniciar ressuscitação; Observar as-
Ferimentos: Retire os pelos em torno do ferimento; pecto e assimetria da movimentação da parede torácica
com exceção das sobrancelhas; limpe em torno da ferida e padrão da respiração; Ventilar o paciente prevenindo a
com a solução indicada; pois limpando dentro a solução hipoxia; Introduzir cânula evitando orofaríngea evitando
poderá ser nociva caso haja exposição de tecidos; ajude oclusão pela língua; Avaliar a função cardíaca; Puncionar
o médico a limpar e debridar o ferimento; auxilie o mé- veia calibrosa e iniciar administração de sangue, deriva-
dico na sutura; aplique um curativo não aderente para dos e eletrólitos; Controlar a hemorragia; Prevenir e tra-
proteger a ferida; administre tratamento bacteriano de tar o choque hipovolêmico; Introduzir cateter uretral de
ataque prescrito; ministre profilaxia contra tétano para demora, e monitorizar débito cardíaco; Avaliar presença
proteger o paciente; oriente o paciente a contactar com de traumatismo de pescoço; Avaliar a presença de trau-
o médico e procurar o serviço de saúde no caso de dor matismo de crânio; Imobilizar fraturas evitando trauma-
súbita persistente, febre, hemorragia ou sinais de mau tismo maior de partes moles; Preparar para laparotomia
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cheiro, secreção ou vermelhidão em torno da ferida. caso o paciente mostre sinais contínuos de hemorragias
Feridas abdominais penetrantes: inspecionar o lo- e piora; Mobilizar a cada hora o débito urinário; Adminis-
cal para verificação de lesões penetrantes; auscultar ve- trar tratamento contra tétano.
rificando ausência ou presença de traumatismo; avaliar Fraturas: Dar imediata atenção ao estado geral do
progressão da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, paciente; Avaliar presença de dificuldade respiratórias;
rigidez muscular e hiperestesia de rebote, hiperestesia, Prepara para traqueostomia, caso necessário; Adminis-
e diminuição do peristaltismo intestinal; registrar todos trar sangue e hemoderivados e eletrólitos, prescrito;
os sinais físicos à medida que o paciente for examinado. Manter controle de sinais vitais constantes; Avaliar défi-
Cuidados Emergenciais: restauração das vias aéreas; cits neurológicos; Administrar oxigenação prescrita; Apli-
manter o paciente na maca, já que o movimento pode car curativo estéril em fratura exposta; Imobilizar antes
causar fragmentação de um coágulo em um grande vaso de movimentar o paciente; Avaliar sinais de choque e

83
hemorragias; Manusear a parte afetada o mínimo pos- Intoxicação alimentar: Determinar a fonte da in-
sível; Transportar o paciente com segurança; Administrar toxicação; Presença de sinais neurológicos; Dar suporte
analgésicos prescritos. respiratório; Corrigir e controlar a hipoglicemia.
Emergências de Temperatura: Internação: Causada
por insuficiente mecanismo de regulação de calor; Pes- O Papel das Unidades de Urgência e Emergência
soas de riscos as não acostumadas com calor excessivos; no Sistema de Atenção à Saúde
Remover a roupa do paciente; Reduzir a temperatura
central interna; Usar lençóis frios; Massagear o pacien- No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência,
te promovendo a circulação e mantendo vasodilatação contrariando o que para elas havia sido planejado torna-
cutânea; Colocar aparelho de ventilação para resfriar o ram-se, principalmente a partir da última década do sé-
paciente; Monitorizar a temperatura do paciente de for- culo passado, as principais porta de entrada no sistema
ma constante; Monitorizar cuidadosamente sinais vitais; de atenção à saúde, eleitas pela população como o me-
Administrar oxigênio para suprir a as necessidades te- lhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento
ciduais; Iniciar infusão prescrita; Medir o débito urinário dos problemas de saúde, independentemente do nível
a complicação da internação e a necrose tubular; Admi- de urgência e da gravidade destas ocorrências.
nistrar tratamento de suporte prescritos: diuréticos, an- Com a universalização da atenção, garantida pela
ticonvulsivante, potássio para hipocalemia; Continuar a constituição de 1988, os contingentes populacionais, até
monitorização com ECG; Admitir o paciente em UTI, pois então sem nenhum tipo de cobertura, passaram a pres-
pode ocorrer lesão permanente no fígado. sionar o sistema fazendo com que, tanto nas pequenas
Lesões pelo frio: Eritema pernio: Traumatismo recor- cidades como nos grandes centros urbanos, os hospi-
rente a exposição a baixas temperaturas que provoca um tais, através de suas Unidades de Urgência e Emergên-
verdadeiro congelamento dos líquidos teciduais e das cia, recebessem o impacto direto desta nova demanda,
células e dos espaços celulares; Não permita que o pa- que em outras circunstâncias deveria destinar-se, prio-
ciente deambule, caso o eritema seja de extremidades; ritariamente ao atendimento ambulatorial, prestado na
Remova as roupas para evitar compressão; Reaqueça as rede de postos de saúde, nas policlínicas e nos hospitais.
extremidades com calor rápido e controlado; Adminis- São inúmeras as explicações para esta distorção, res-
tre profilaxia contra o tétano; Eleve a parte afetada para ponsável em parte pela crescente queda de qualidade do
controlar o edema; Efetue exame físico e restaure o equi- atendimento nos hospitais, sufocados que estão por uma
líbrio hidroeletrolítico; Proteja a parte aquecida e não demanda que não têm condições financeiras, tecnológi-
estore as bolhas que formarem; Encoraje a mobilização; cas e espaciais de satisfazer. Enfrentando filas interminá-
Hipotermia Acidental: É um estado de temperatura veis a população que depende da rede pública, encontra
interna de 35°, ou menos por exposição ao frio; Moni- grandes dificuldades na marcação de consultas, inclusive
torar sinais vitais; Monitorar temperatura interna; Trata- nos postos de saúde, idealizados para ser a principal por-
mento de suporte e reaquecimento. ta de entrada no sistema de atenção à saúde.
Reação Anafilática: Em presença de edema glótico: A realidade demonstra que este sistema tem sido in-
incisão na membrana cricotireóidea para liberar via aé- capaz de oferecer atendimento adequado a nível ambu-
rea; Proceder respiração cardiorespiratória; Administre latorial no diagnóstico e tratamento de ocorrências que
epinefrina prescrita; Inicie infusão e medicamento para exijam a presença de especialistas ou exames de maior
reversão de efeito; Avalie e monitorize sinais vitais; Ad- complexidade. Mesmo quando estes serviços estão dis-
ministre oxigênio; Caso o paciente esteja com convul- poníveis, os prazos de atendimento oferecidos geral-
sões administre medicamento anticonvulsivante; mente não se mostram compatíveis com a gravidade dos
Envenenamento: Controlar vias áreas; Avaliar a fun- problemas ou ainda com a paciência, quase inesgotável,
ção cardiovascular; Administrar oxigenoterapia; Monito- dos que buscam tratamento.
rar débito cardíaco; Procurar determinar qual o veneno Nestes aspectos concordamos inteiramente tanto
para estabelecer antídoto; Monitorar estado neurológi- com o diagnóstico de Cecílio ao colocar em dúvida a
co; Obter amostra de sangue para dosar a concentração adequação de um modelo de atenção idealizado para
do veneno; Puncionar veia calibrosa; Administrar trata- operar na forma de uma pirâmide, como com sua pro-
mento de suporte; Monitorize equilíbrio hidroeletrolíti- posta de diversificar as portas de entrada no sistema,
co; Lavagem gástrica para paciente obnubilado; Monito- que passaria a ter a forma de um círculo. Infelizmente
rize e trate complicações. o drama das longas esperas não se esgota com a reali-
Queimaduras Químicas: Lavar a pele com água cor-
zação da primeira consulta, já que na maioria dos casos
rente; Aplicar lavagens prolongadas com água morna;
são solicitados exames complementares que via de regra
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Caracterizar para tratamento correto verificar o tipo de


não estão disponíveis nos postos de saúde, obrigando os
substancia que causou o envenenamento; Tratamento
pacientes a procurar unidades com maiores recursos de
adequado para queimadura.
diagnóstico e se sujeitar novamente a prazos de atendi-
Acidentes com animais peçonhentos: Determinar
mento extremamente longos.
se a cobra é venenosa ou não; Determinação do local e
Outro agravante do sistema é o horário reduzido de
circunstancias; Monitorização de sinais vitais; Proceder
a tratamento de suporte antes de proceder a aplicação funcionamento das unidades de menor porte da rede de
de soro; Solicitar exames laboratoriais; Não usar gelo saúde, horário que coincide com a jornada de trabalho,
torniquete ou heparina; Raramente e indicada a limpeza dificultando sua utilização por grande parte da popu-
cirúrgica; Observar o paciente nas primeiras 6h, cons- lação. Assim um grande número de pacientes prefere
tantemente; abrir mão do atendimento oferecido nos postos de saú-

84
de, apesar de sua maior acessibilidade, para se dirigir às ciente, para somente então encaminhá-lo às áreas de
Unidades de Urgências e Emergências que oferecem, em diagnóstico e tratamento. Esta avaliação pode ser feita
geral, atendimento de 24 horas, maior oferta de clínicas pela equipe médica, ou eventualmente pela de enferma-
especializadas, exames de maior complexidade e, caso gem. A consulta de enfermagem, por sua vez, tem como
necessário, a possibilidade de internação. objetivo agilizar o atendimento, através da diminuição
Esta distorção, entre inúmeras outras que afetam o do tempo da consulta médica, cuidando a equipe de en-
modelo brasileiro de atenção à saúde, provoca uma série fermagem de levantar as primeiras informações do so-
de impactos no funcionamento das Unidades de Emer- bre o paciente, anotando seus dados antropomórficos,
gência que devem, necessariamente, ser consideras pelo tomando sua temperatura e tirando sua pressão arterial.
arquiteto já nas primeiras tarefas de programação e di- A existência de salas de triagem e a realização de
mensionamento, prevendo, por exemplo, um número consultas de enfermagem dependerão do modelo de
maior de consultórios, para responder ao atendimento atendimento adotado pela direção da unidade, que po-
ambulatorial disfarçado que nelas é prestado, um reforço derá optar por efetuar os procedimentos de triagem em
no dimensionamento dos recursos de diagnóstico e uma outros ambientes da edificação (salas de espera, consul-
maior permanência dos pacientes após receber algum tórios indiferenciados e, até mesmo, nos halls de aces-
tipo de atenção. so), assim como descartar a realização das consultas de
A falta de atenção a esta realidade faz com que as enfermagem, alegando que a diminuição do tempo de
salas de espera e as salas de observação sejam, em geral, consulta médica não é desejável quando se busca um
sub-dimensionadas, sendo fato corriqueiro a presença melhor acolhimento do paciente.
de pacientes e acompanhantes amontoados nas salas de As consultas de enfermagem são mais comuns em
espera e nos corredores sem nenhum tipo de conforto unidades ambulatoriais, onde o tempo de espera pela
e orientação. Nestas condições os ambientes de obser- consulta médica não é tão crítico. Quando realizadas em
vação deixam de atender às suas funções específicas, unidades de emergência, este tipo de consulta contribui
passando a funcionar como verdadeiras unidades de in- para retardar o contato do paciente com a equipe médi-
ternação. ca, o que não se coaduna com os procedimentos nelas
As Unidades de Urgência prestam atendimento ime- praticados. A adoção crescente da consulta de enferma-
diato em casos que, em princípio, não ofereçam risco de gem nas unidades de emergência deve-se, em parte, ao
vida, exigindo instalações e equipamentos mais simples, atendimento ambulatorial disfarçado que, cada vez mais,
próprios de uma retaguarda de baixa e média comple- vem sendo praticado nessas unidades.
xidade. As Unidades de Urgência / Emergência, por sua Posto de Enfermagem Central: Além dos postos de
vez, são locais onde são praticados além dos procedi- enfermagens exclusivos das salas de observação a uni-
mentos de menor complexidade, característicos das si- dade de emergência deve ser dotada de um posto de
tuações de urgência, procedimentos de maior complexi- enfermagem central, que além de exercer uma atividade
dade, que podem oferecer risco de vida. de controle de todo o funcionamento da unidade apoia,
Estas unidades, diferentemente das Urgências devem com o serviço de enfermagem, os diferentes atendimen-
operar com um nível elevado de resolutividade, deman- tos realizados na unidade. Para exercer de forma ade-
dando uma retaguarda dotada de recursos de apoio ao quada estas funções a localização do posto de enfer-
diagnóstico (imagenologia, traçados gráficos, laborató- magem central deve ser cuidadosamente estudada de
rio de análises clínicas etc.), tratamento (centro cirúrgico, forma a proporcionar uma visão o mais ampla possível
centro obstétrico e UTIs), observação e internação com- da unidade, facilitando o controle das diferentes tare-
patíveis com a complexidade dos procedimentos nelas fas e o acesso da equipe de saúde. A correta disposição
praticados. e o dimensionamento das partes que integram o posto
Dentre as diversas unidades funcionais que compõem de enfermagem são cuidados importantes para otimizar
o edifício hospitalar, as emergências são as que mais ne- seu funcionamento. Podemos considerar que o posto de
cessitam de flexibilidade arquitetônica, já que seu mode- enfermagem divide-se em três partes principais: a área
lo de funcionamento poderá sofrer constantes mudan- onde se localiza o serviço de enfermagem, dotada de
ças, tanto pela incorporação de novas tecnologias como banca e cuba de lavagem, a área de prescrição e a área
pela orientação dada por diferentes equipes de saúde. onde se localiza o balcão de atendimento.
O dimensionamento, a sinalização e a localização
destas áreas, externas à edificação, devem ser cuidadosa- RCP
mente estudados, devido à necessidade de garantir aos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

usuários (que em geral, não estão familiarizados com a A parada cardiorrespiratória pode ser entendida
EAS) um rápido acesso ao hall de entrada, fundamental como uma condição de emergência severa no qual há
nos casos que por sua gravidade exijam um atendimento uma interrupção das atividades respiratórias e circula-
imediato. A área de manobra das ambulâncias deve ser tórias. A intervenções de emergência visam restabelecer
dimensionada de modo a possibilitar que encostem de a circulação sanguínea e a oxigenação.O suporte Básico
ré, facilitando os procedimentos de desembarque dos de Vida são medidas de primeiros socorros para pacien-
pacientes. Deve-se prever uma área de desembarque co- tes em parada cardio respiratória fora do ambiente hos-
berta para no mínimo duas ambulâncias. pitalar.
Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem:
O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao
atendimento, efetuando uma primeira avaliação do pa-

85
SUPORTE BÁSICO DE VIDA Vítima apresenta pulsação – faça ventilação a cada
5 a 6 segundos, mantendo uma frequência de 10 a
Em uma situação de parada cardiorrespiratória fora 12 ventilações por minuto. Cheque o pulso a cada 2
da Unidade de Saúde devemos utilizar o Suporte Bási- minutos.
co de Vida através de seus passos chamados de “CABD Vítima não apresenta pulsação ou está em dúvida –
primário“, em que: Inicie cilos de compressões e ventilações (30 compres-
“C”  significa  Checar se a vítima responde e se há sões por 2 ventilações).
respiração, Chamar por ajuda, Checar pulso, reali- Inicie Ciclos de 30 compressões seguidas por 2 Ven-
zar Compressões (30 compressões); tilações
“A” significa Abertura de vias aéreas; Caso haja ausência de pulso e respiração, inicia-se as
“B” significa Boa ventilação (realizar 2 ventilações); compressões torácicas seguidas de 2 ventilações.
“D” significa Desfibrilação.
Procedimento Adequado de Compressões Torácicas
Sequência Completa de Atendimento a uma Víti-
ma em Parada cardiorrespiratória Para reverter a parada cardiorrespiratória é fundamen-
tal realizar as compressões torácicas de forma corre-
Segurança do Local ta. Para realizar as compressões torácicas:
1. Posicione ao lado da vítima. Mantenha seus joelhos
A primeira decisão a tomar quando encontrar uma com certa distância um do outro de forma que dê
vítima em parada cardiorrespiratória fora da unidade uma melhor estabilidade;
hospitalar é avaliar a segurança do local. Deve haver 2. Afaste as roupas, ou se tiver tesoura, corte as roupas
segurança tanto para a vítima quanto para o socorrista. que cobrem o tórax deixando essa região desnuda;
Caso o local seja de risco, o socorrista deverá primeiro 3. Posicione-se – Coloque a região hipotênar de uma
garantir a segurança antes de iniciar as manobras de su- mão sobre o esterno da vítima e coloque a outra mão
porte básico de vida. Ex.: Se a vítima encontra-se em um sobre a primeira, de forma a entrelaça-las. Estenda
prédio em desmoronamento, o socorrista deverá retirar os braços e posicione formando um ângulo de apro-
a vítima deste local; Caso a vítima esteja no trânsito, o ximadamente 90ºC acima da vítima;
socorrista deverá primeiro tornar o local seguro (sinali- 4. Faça compreensões com uma frequência, de no
zando de forma a desviar ou parar o trânsito) ou remo- mínimo, 100 compressões por minuto. A compressão
ver a vítima para um local seguro. Depois de garantir a deverá realizar uma profundidade de, no mínimo,
segurança, prosseguir o atendimento. 5 cm. Permita que o tórax volte á posição normal
antes de realizar a próxima compressão; Atente-se
Avaliar a Responsividade e a Respiração da Vítima para minimizar interrupções das compressões;
Chamar a vítima, se ela não responder, aplique conta-
to físico. Caso a vítima responda, apresente-se e converse
Observação: Importante reversar com outro socor-
com ela indagando se precisa de ajuda. Se a vítima não
rista, a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e compres-
responder, cheque a respiração através da observação do
sões de má qualidade.
tórax, se há elevação do tórax em menos de 10 segundos.
Se a vítima tem respiração, permaneça ao seu lado e ob-
Ventilações
serve a sua evolução. Se achar necessário chame ajuda.
As ventilações deverão ocorrer apenas após as 30
Caso a vítima não tenha respiração ou estiver somente
com  gasping (respiração agonizante), chame ajuda ime- compressões. Deve-se realizar 30 compressões para 2
diatamente. ventilações com duração de 1 segundo cada e oferecer
quantidade de ar que promova a elevação do tórax da
Chame Ajuda vítima.
Em um ambiente fora do hospital, ligue para a emer- Além disso, antes de iniciar as compressões e ventila-
gência (Sistema de Atendimento Móvel de Saúde – SAMU ções, será necessária a abertura da via aérea, que poderá
192). Se estiver sozinho no atendimento, peça para uma ser feita inclinando a cabeça da vítima e elevando o seu
pessoa chamar ajuda, enquanto continua prestando as- queixo. Caso haja suspeita de trauma, proceda com a ele-
sistência. A pessoa que ficou responsável por ligar para vação das mandíbulas de modo a não tracionar a coluna
o Serviço Médico de Urgência deverá ter condições de cervical.
responder as perguntas como a localização do incidente, Ventilação em Vítima com Apenas Parada Respi-
ratória
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

condições da vítima, tipo de atendimento que está sendo


prestado e o que já foi realizado, etc. Quando a vítima apresenta somente uma parada res-
Se por ventura, o socorrista estiver sozinho, sem nin- piratória ou em vítima com gasping apresentando pul-
guém por perto, e a vítima está em arada cardiorrespira- so, o socorrista deverá fazer 1 ventilação a cada 5 ou 6
tória por hipóxia (trauma, overdose de drogas e crianças), segundos que darão uma frequência média de 10 a 12
o socorrista deverá primeiro fazer 5 ciclos de ressuscitação ventilações por minuto.
cardiopulmonar “RCP” e só depois chamar ajuda.
Desfibrilação
Cheque o Pulso A fibrilação ventricular é uma condição na qual o co-
Caso a vítima não apresenta respiração, cheque o pul- ração desempenha um grande quantidade de sístoles
so carotídeo em menos de 10 segundos: num período de tempo curto de modo que não há tem-

86
po do coração se encher de sangue durante a diástole Tentar visualizá-lo na região posterior da faringe após
provocando uma condição de choque cardiogênico se- realizar a primeira ventilação. A varredura digital às cegas
guido de parada cardíaca. A melhor forma de evitar a não deve ser realizada.
parada cardíaca é desfibrilar antes que a parada cardíaca Para pessoas obesas, aplique compressões torácicas
se concretize. em vez de abdominais, caso não consiga envolvê-la com
os braços.
Tempo Ideal para realizar a Fibrilação Ventricular
Ovace em Crianças
Primeiros 3 a 5 minutos de parada cardiorrespirató- A Manobra de Heimlich pode ser aplicada em crian-
ria, o coração se encontra em fibrilação ventricular ças, porém, observe que a estatura da criança é menor
grosseira; que a do adulto. Para que a manobra seja realizada com
Depois de 5 minutos, a fibrilação ventricular diminui eficiência, você deve ficar ajoelhado atrás da criança, de
amplitudes das sístoles devido á queda de energia modo que fique aproximadamente com sua estatura
do tecido miocárdio. para a execução da manobra. Cuidado, pois as compres-
sões abdominais em crianças podem causar lesões inter-
Neste sentido, o tempo ideal para realizar a desfibri- nas pela proximidade dos órgãos.
lação é quando a fibrilação ventricular se inicia, ou seja,
nos primeiros 3 a 5 minutos da parada cardiorrespirató- Ovace no bebê
ria. Para realizar a desobstrução de vias aéreas em bebês
A desfibrilação é o único tratamento para parada car- responsivos, sentar-se ou ajoelhar-se com bebê em seu
diorrespiratória em fibrilação ventricular ou taquicardia colo, segurando-o de barriga para baixo e com a cabeça
ventricular sem pulso. levemente mais baixa que o tórax, apoiada em seu ante-
braço. Apoie a cabeça e a mandíbula do bebê com sua
Referências Bibliográficas mão, com cuidado para não comprimir os tecidos moles
www.enfermagemesquematizada.com.br/parada- do pescoço.
-cardiorrespiratoria Apoie seu antebraço sobre sua coxa ou colo para dar
suporte ao bebê. Com a região hipotênar de sua mão,
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho aplicar cinco golpes nas costas entre as escápulas do
(Ovace) bebê; cada golpe deve ter a intensidade suficiente para
A obstrução de vias aéreas por corpo estranho é deslocar o corpo estranho. Após aplicar os cinco golpes
bastante comum em nosso cotidiano, podendo ocorrer nas costas, posicione a outra mão nas costas do bebê
durante o almoço, brincadeiras entre crianças, churrasco e apoie a região posterior de sua cabeça com a palma
entre amigos, dentre outros. de sua mão. O bebê ficará adequadamente posicionado
O reconhecimento precoce é fator determinante para entre seus dois antebraços, com a palma de uma mão
o tratamento e evolução satisfatória do quadro. dando suporte à face e à mandíbula, enquanto a palma
Podemos encontrar obstrução leve da via aérea quan- da outra mão apoia a parte posterior da cabeça. Girar o
do o cliente tem troca gasosa, está consciente, consegue bebê enquanto apoia sua cabeça e pescoço. Segure-o
tossir e apresentar chiados no peito quando respira. Nes- de costas. Repouse seu antebraço sobre sua coxa e man-
se caso, encorajar a pessoa a tossir para expelir o corpo tenha a cabeça do bebê mais baixa que o tronco. Apli-
estranho, acompanhando sua evolução. Caso a obstru- que cinco compressões torácicas rápidas abaixo da linha
ção da via aérea se torne grave, a troca gasosa pode es- dos mamilos, no mesmo local onde se realiza a RCP.
tar insuficiente ou ausente. A pessoa pode não conseguir Aplique as compressões torácicas com uma frequên-
tossir, ruídos respiratórios podem ser percebidos ou es- cia de uma por segundo, com a intensidade suficiente
tar ausente, a pele fica cianótica e não consegue falar para deslocar o corpo estranho.
nem respirar. Nesse momento, a pessoa leva as mãos ao Alterne a sequência de cinco golpes nas costas e cin-
pescoço, agarrando-o com o polegar e os dedos, olhos co compressões torácicas até que o objeto seja remo-
arregalados, apresentando claro sinal de asfixia. É neces- vido. Se o bebê tornar-se inconsciente, parar de aplicar
sário acionar imediatamente o serviço de emergência. os golpes nas costas, colocando-o em uma superfície
Nessa situação, indica-se a Manobra de Heimlich. rígida e plana. Abra a via aérea e inspecione se o corpo
Para isso, você deve posicionar-se atrás do cliente, en- estranho se encontra na região posterior da faringe, pois
volvendo-o com os braços, fechando uma das mãos, que só deve ser removido quando visualizado. A varredura
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

digital às cegas não deve ser realizada.


é colocada com o lado do polegar contra o abdome na
Realize cinco ciclos de 30 compressões e duas ven-
linha média entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbili-
tilações, observando durante a ventilação se visualiza o
cal. O punho fechado deve ser agarrado pela outra mão.
corpo estranho. Após aproximadamente 2 minutos de
Em seguida, aplicar golpes rápidos para dentro e para
RCP, acione o serviço de emergência.
cima até que o corpo estranho seja expelido ou a pes-
O lactente não deve ser abandonado para solicitar
soa tornar-se inconsciente. Esta manobra provoca uma
ajuda. Mantê-lo sempre ao seu lado.
tosse artificial, tentando expelir o corpo estranho. Caso a
pessoa fique inconsciente, inicie o protocolo de SBV. Em
Ovace, é importante a retirada do corpo estranho, que
somente deve ser removido se for visualizado.

87
Cuidando do cliente com agravos respiratórios É muito importante que, ao receber o resultado da
em urgência e emergência gasometria arterial, o técnico de enfermagem comuni-
que imediatamente o enfermeiro e o médico, pois este
Dentre os agravos respiratórios destacam-se a insu- exame é relevante para a reavaliação da terapêutica.
ficiência respiratória, a asma, a embolia pulmonar e ede- As manifestações clínicas da IR dependem necessa-
ma agudo de pulmão. riamente dos efeitos da hipoxemia, da hipercapnia e da
Sabemos que a incidência de problemas respirató- ação sinérgica sobre os tecidos nobres do organismo. O
rios é maior nos meses de inverno, principalmente em sistema nervoso é o mais vulnerável a estes mecanismos
crianças e idosos. Segundo pesquisa coordenada pelo fisiopatogênicos, seguido pelo rim, coração e fígado, jus-
professor Saldiva, do Departamento de Poluição Atmos- tificando assim o predomínio dos sintomas neurológicos
férica da FMUSP, nessa estação do ano a procura por na insuficiência respiratória.
pronto-socorros infantis aumenta cerca de 25% no mu- Podemos observar os efeitos da hipoxemia sob dois
nicípio de São Paulo. Aponta ainda que nesse mesmo aspectos:
período a taxa de mortalidade de idosos acima de 65 1) Ação indireta no sistema nervoso vegetativo, por
anos aumenta em torno de 12%. Segundo o pesquisa- meio da produção de catecolaminas, originando:
dor, esses números indicam os chamados efeitos agu- - alteração do padrão respiratório: taquipneia e polip-
dos da poluição, considerada um dos fatores de risco neia;
para a maior incidência de problemas respiratórios. - alteração da frequência cardíaca: taquicardia, com
Em atenção às urgências, a insuficiência respiratória aumento da velocidade de circulação e do débito
(IR) destaca se como um dos agravos que requer aten- cardíaco, devido a ação sobre os centros vegetativos
ção especial devido a sua gravidade. Está relacionada à cardiocirculatórios;
incapacidade do sistema respiratório em manter as tro- - hipertensão pulmonar: pode condicionar sobrecarga
cas gasosas em níveis adequados, resultando na defi- do coração direito por vasoconstrição da artéria pul-
ciência de captação e transporte de oxigênio (O2) e/ou monar e dos seus ramos;
na dificuldade relacionada à eliminação de gás carbôni- - poliglobulia: por estimulação da medula óssea.
co (CO2).Pode ser classificada em aguda e crônica. Esta
classificação é eminentemente clínica, baseada na maior 2) Ação direta, depressora nos tecidos e órgãos, como:
ou menor rapidez em que surgem os sintomas e sinais - cianose: devido ao aumento da carboxihemoglobina
clínicos, acompanhados por alterações evidenciadas por no sangue;
meio de exames laboratoriais e outros métodos diag- - insuficiência cardíaca: ocasionando o cor pulmonale
nósticos. como resultado da sobrecarga cardíaca direita e das
Em condições fisiológicas e repouso, o lado direito lesões induzidas pela hipóxia no miocárdio;
do coração envia para a circulação pulmonar cerca de - confusão, convulsões e coma: resultantes da irritação
5 litros de sangue por minuto. Ao passar pelos capilares e depressão dos neurônios;
ocorre a hematose, com captação de oxigênio pela cor- - uremia, anúria e insuficiência renal: por ação direta
rente sanguínea e eliminação de CO2 para os alvéolos. da hipoxemia sobre as estruturas nobres do rim.
Para que estes 5 litros de sangue regressem para o lado A hipercapnia moderada determina duas ações simul-
esquerdo do coração como sangue arterial, é necessário tâneas e contrapostas sobre o sistema nervosocen-
que no mesmo intervalo de tempo circule pelos alvéolos tral e cardiovascular:
cerca de 4 litros de ar.Em caso de diminuição da ventila- - a elevação do PaCO2 exerce um estímulo sobre a me-
ção alveolar surge a hipoxemia. dula suprarrenal aumentando asecreção de cateco-
Esse fato pode ocorrer quando um grupo de alvéolos laminas, desencadeando a vasoconstrição, hiperten-
está parcialmente ocupado por líquido ou quando a via são e taquicardia;
aérea está parcialmente obstruída. Com o agravamento - para a ação de vasoconstrição das catecolaminas é
do quadro, a ventilação de uma área considerável do pul- necessária a presença de terminaçõesdo sistema
mão poderá entrar em colapso, originando um verdadei- nervoso vegetativo, encontradas nos vasos do orga-
ro “curto-circuito” ou shunt e retenção de CO2, caracte- nismo, exceto no cérebro.
rizando a hipercapnia.
Para avaliar as condições de ventilação pulmonar do Portanto, sobre a circulação cerebral, produz vaso-
paciente utiliza-se o exame de gasometria, cuja variação dilatação e cefaleia.O efeito estimulante da hipercapnia
da medida dos gases e outros parâmetros podem ser origina agitação e agressividade. Ao deprimir o centro
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

analisados no sangue arterial ou venoso. A gasometria respiratório, determina a oligopneia e apneia, ao mesmo
arterial é mais utilizada e os valores normais são: tempo em que atua sobre o neurônio, deprimindo-o e
acarretando sonolência, confusão, coma e vasodilatação
Parâmetros................ Valores de normalidade paralítica.
pH.................................... 7,35 a 7,45 O organismo tenta eliminar CO2 com uma respiração
PaO2................................. 80 - 90 mmHg profunda e rápida, mas este tipo de respiração pode ser
PaCO2.............................. 35 - 45 mmHg inútil, se os pulmões não funcionam com normalidade.
Bicarbonato..................... 22 - 26 mEq/L
Excesso de base.............. -2 a +2 mEq/L
Saturação de 02............... 96 - 97%

88
Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares em repouso, o lado de fora da célula é positivo e o de
em urgência e emergência dentro negativo, processo este denominado estado ba-
lanceado ou polarizado.
Arritmias cardíacas Ao ocorrer o estímulo destas células, sua polaridade
As arritmias são distúrbios na geração, condução e/ é invertida, ou seja, positiva dentro e negativa fora, ocor-
ou propagação do impulso elétrico no coração, podendo rendo assim a despolarização, que reflete o fluxo de uma
representar risco iminente de morte quando associada corrente elétrica para todas as células ao longo das vias de
a agravos como insuficiência cardíaca congestiva (ICC), condução, retornando posteriormente ao seu estado origi-
tromboembolismo e choque cardiogênico. nal em repouso, estado este denominado de repolarização.
Podem ser espontâneas, denominadas primárias, ou As propriedades das células miocárdicas, que permi-
secundárias quando vinculadas a outras patologias de tem estes eventos levando à contração do músculo car-
base como infarto agudo do miocárdio. A incidência de díaco, são a automaticidade ou capacidade de iniciar um
arritmias é maior em adultos, relacionadas ou não a ou- impulso elétrico, a excitabilidade ou capacidade em res-
tras patologias. Em crianças, a grande maioria das arrit- ponder a um impulso, condutividade ou capacidade de
mias tem característica secundária a patologias de base, transmitir um impulso e, contratilidade ou capacidade de
pós-operatórios de cirurgia cardíaca, distúrbios metabó- responder a ação de bomba cardíaca. Essas propriedades
licos, hipoxemia e choque. determinam a atividade elétrica do coração.
A eletrofisiologia cardíaca envolve todo o processo É importante que você saiba que o ECG é um gal-
de ativação elétrica do coração, destacando-se os poten- vanômetro que mede pequenas intensidades de cor-
ciais de ação cardíacos, a condução de ação desses po- rente elétrica a partir de dois eletrodos dispostos no
tenciais ao longo dos tecidos condutores especializados, corpo, registrando a atividade elétrica cardíaca em
a excitabilidade e os períodos refratários, os efeitos mo- um gráfico. As ondas originárias dessa atividade elé-
duladores do sistema autônomo sobre a frequência car- trica são designadas pelas letras P-Q-R-S-T.
díaca e velocidade de condução sobre a excitabilidade. Como as forças elétricas geradas pelo coração se es-
Para que o coração funcione como bomba é neces- palham simultaneamente em várias direções, as ondas
sário que os ventrículos sejam eletricamente ativados. podem ser captadas em diferentes planos do órgão. Há
No músculo cardíaco, a ativação elétrica é o potencial três derivações dos membros denominadas bipolares
de ação do coração, que normalmente se origina no nó I-II-II, três derivações dos membros tipo unipolares, que
sinoatrial (SA), também denominado de nó sinusal, loca- são AVR-AVLAVF, e seis derivações ventriculares do tipo
lizado no átrio direito. A seguir, é conduzido ao miocár- unipolares, que são V1-V2-V3-V4-V5-V6 captadas ao
dio em uma sequência, pois os átrios devem ser ativados longo da parede torácica. A cada uma destas derivações
à contração antes dos ventrículos, a partir do ápice em é atribuída uma função, como você pode ver :
direção à base para a eficiente ejeção do sangue. Onda P: atividade elétrica que percorre os átrios;
O coração consiste em dois tipos de células muscu- Intervalo P-R: intervalo de tempo entre o início da
lares, que são as contráteis, que compõem a maioria das despolarização atrial até o início da despolarização ven-
células dos átrios e ventrículos levando à contração, ge- tricular;
rando força e pressão no coração; e as condutoras, que Complexo Ventricular QRS: despolarização dos ven-
compreendem os tecidos do nó sinoatrial, as vias inter- trículos;
nodais dos átrios, o nó atrioventricular (AV), o feixe de His Onda Q: despolarização septal;
e o sistema de Purkinje, que têm por objetivo propagar Onda R: despolarização ventricular;
rapidamente o potencial de ação por todo o miocárdio. Onda S: despolarização da região basal posterior do
O impulso elétrico, que normalmente se inicia no nó ventrículo E;
sinusal e se propaga pelas vias internodais, atinge os Onda T: repolarização dos ventrículos;
átrios direito e esquerdo e, simultaneamente, o nó atrio- Segmento S-T: período de inatividade elétrica depois
ventricular, com velocidade de ação diminuída. de o miocárdio estar despolarizado;
A condução lenta assegura que os ventrículos tenham Intervalo Q-T: tempo necessário para despolarização
tempo suficiente para se encherem de sangue antes de e repolarização dos ventrículos.
sua ativação e contração.
É importante que você fique atento à instalação cor-
A partir do nó AV, o potencial de ação avança pelo
reta dos eletrodos e cabos do ECG, conforme abaixo,
sistema de condução ventricular, que se inicia no feixe
para um diagnóstico correto e o atendimento eficaz.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de His, ramos esquerdos (RE) e direito (RD) dos feixes


Localização das derivações precordiais (unipolares):
menores do sistema de Purkinje. A condução pelo sis-
V1: 4º espaço intercostal direito do esterno
tema His-Purkinje é muito rápida e distribui o potencial
V2: 4º espaço intercostal esquerdo do esterno
de ação aos ventrículos, permitindo a contração e ejeção
V3: a meia distância entre V2 e V4
eficiente do sangue caracterizando o ato mecânico da
V4: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha
bomba cardíaca. média clavicular
O eletrocardiograma (ECG) é um registro da ativação V5: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha
elétrica do coração. média clavicular
Para que a corrente elétrica faça todo o percurso in- V6: linha axilar média no mesmo nível de V4
tracardíaco, cargas positivas e negativas estão contidas
dentro das células especializadas do coração. Quando

89
As manifestações da frequência cardíaca muito alta O bloqueio AV de 3º grau – Bloqueio átrio ventricular
ou muito baixa com distúrbio de ritmo são denominadas total (BAVT) caracteriza-se pela não passagem de estí-
de taquiarritmias e bradiarritmias, respectivamente, po- mulos atriais aos ventrículos. A onda P não tem relação
dendo ocasionar alteração de nível de consciência, sín- fixa com o complexo QRS. A frequência atrial é maior que
cope, palpitações, parada cardiorrespiratória e, em casos a ventricular e o intervalo P-P é normal.
extremos, morte súbita.
Observe que, nesse caso, a arritmia está sendo clas- Ritmos ventriculares
sificada com base na frequência cardíaca e verificada em Os ritmos ventriculares são considerados importantes
batimento por minuto (bpm). por levarem a maior número de casos de morte súbita.
Outra forma conhecida de classificação é por sua lo- Por esse motivo, é importante a sua atuação como técni-
calização, podendo aparecer nos átrios ou nos ventrícu- co na identificação desses ritmos ventriculares.
los. Quando os focos ectópicos, também chamados de A fibrilação ventricular (FV) é desencadeada por
extrassístoles (batimentos extras), estão localizados nos múltiplos focos ventriculares ectópicos, levando a
átrios, temos as arritmias supraventriculares ou atriais, e uma contração caótica dos ventrículos. Cada foco ec-
quando os focos se localizam nos ventrículos, as arrit- tópico dispara em diferente frequência, comprome-
mias são denominadas ventriculares. tendo a musculatura ventricular e interrompendo, de
forma abrupta, o débito cardíaco.
Taquicardias ou taquiarritmias A identificação é facilitada tanto no eletrocardiogra-
As taquicardias ou taquiarritmias são aquelas que ma como no monitor cardíaco, porque não há padrão
aceleram o músculo cardíaco com frequência cardíaca característico de traçado devido à irregularidade que
superior a 100 bpm. As manifestações mais graves es- apresenta. Trata-se de uma emergência pela perda da
tão associadas ao baixo débito como sudorese, palidez, função cardiovascular, podendo ser consequência do uso
hipotensão e perfusão inadequada, e a sintomas relacio- de drogas, de situações de trauma, patologias cardiovas-
nados à insuficiência cardíaca ou coronariana como disp- culares como síndromes isquêmicas, entre outras.
neia e angina. Na presença desses fatores, as arritmias
são denominadas instáveis. Fibrilação ventricular
A taquicardia ventricular (TV) pode aparecer de forma
É importante que você observe atentamente o tra- contínua, intermitente ou sustentada, sendo este último
çado que está monitor cardíaco, associando aos sinais
o mais grave. A frequência oscila entre 150 a 250 bati-
e sintomas, agilizando assim o atendimento à urgência.
mentos por minuto, com complexo QRS alargado e de
As principais arritmias são taquicardia sinusal, arrit-
morfologia bizarra, e pode ou não afetar a atividade atrial
mia sinusal e ritmos atriais não sinusal.
uma vez que está dissociada da atividade ventricular.
As taquicardias sinusais estão relacionadas ao aumen-
Denominamos de Torsades de Pointes a TV sustenta-
to do tônus adrenérgico como nos casos de isquemias,
da, de característica polimórfica, o que justifica ter, ana-
insuficiência respiratória, hipertireoidismo, hipotensão
lisando as derivações eletrocardiográficas, polaridades
arterial, efeitos de drogas como broncodilatadores, dro-
gas ilícitas, febre, hipovolemia e outras. Considerada diferentes nos complexos QRS separados por batimen-
como sinal clínico e não como arritmia, não apresentada tos, de maneira intermediária, com duração maior que 30
sintomatologia específica, devendo ser avaliada a condi- minutos, independente da morfologia elétrica.
ção clínica que desencadeou a taquicardia e, portanto, o No flutter ventricular, o ritmo é intermediário entre a
tratamento direcionado a etiologia de base. taquicardia ventricular e fibrilação ventricular de evolu-
Na arritmia sinusal, encontramos morfologia da onda ção rápida e comprometedora da manutenção da vida
P, constante com intervalo P-P variável. do paciente. Necessita de reversão rápida, evitando-se a
deterioração do sistema cardiovascular, seguido por fi-
É importante destacar que essa arritmia sinaliza a brilação ventricular e PCR. A frequência cardíaca oscila
gravidade de outras que poderão ser desencadeadas. de 250 a 350 bpm.

Bradicardia ou bradiarritmia Crise Hipertensiva


Possuem frequências cardíacas menores do que 100 A hipertensão arterial sistêmica (HAS) constitui um
bpm. dos grandes problemas de saúde pública no Brasil e no
Incluem bradicardia sinusal e bloqueio átrio ventricu- mundo. Representa um dos mais importantes fatores de
lar (AV) de 1º, 2º e 3º grau. O bloqueio AV de 3º grau, de- risco para o desenvolvimento das doenças cardiovascu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nominado bloqueio átrio ventricular total, é o mais grave lares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por
de todos, porque nenhum dos impulsos atriais estimula pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cere-
o nódulo AV. bral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana
e, em combinação com diabete, 50% dos casos de insu-
É comum o paciente apresentar síncope, desmaio ficiência renal terminal (MS. Caderno de Atenção Básica
ou insuficiência cardíaca súbita. nº 15, 2006).
Na bradicardia sinusal, o ritmo sinusal apresenta fre- A crise hipertensiva pode surgir em qualquer idade e
quência menor do que 60 bpm no adulto e menor de 80 representa o desencadeamento da hipertensão de cau-
bpm em crianças. As causas estão relacionadas ao au- sas variadas. Pode ser dividida em urgência hipertensiva
mento do tônus. Exemplos: drogas, isquemias, miocar- e emergência hipertensiva.
dites, hipotireoidismo, treinamento físico, entre outros.

90
A urgência hipertensiva é uma situação em que ocor- Nas urgências hipertensivas são utilizadas drogas
re aumento da pressão arterial, atingindo valores na por via oral, de ação moderada, com intuito de reduzir
pressão arterial diastólica (PAD) > 110 mmHg e sistólica a pressão arterial de forma gradual. Como orientação
(PAS) > 180 mmHg, sem lesão aguda a órgãos-alvo, que na alta, é feito o ajuste de dose da medicação ou para
são olhos, coração, rim e cérebro. Os níveis pressóricos pacientes que não utilizam medicações, iniciar esquema
podem ser reduzidos em até 24 horas. medicamentoso com drogas de ação curta administradas
Ao contrário, a emergência hipertensiva é uma situa- por via oral em horários ao longo do dia. O paciente deve
ção que requer redução rápida da PA, no período máxi- ser orientado a aferir a pressão arterial uma vez ao dia
mo de uma hora. Representa risco imediato à vida de- até o ajuste da dose.
vido a lesões de órgão alvo com complicações do tipo
encefalopatia, infarto, angina instável, edema agudo de Cuidando do cliente com agravos neurológicos em
pulmão, acidente vascular encefálico isquêmico (Avei), urgência e emergência
acidente vascular encefálico hemorrágico (Aveh), dissec-
ção de aorta e eclâmpsia. Geralmente, a PAD é maior que Acidente Vascular Encefálico (AVE)
130 mmHg e sintomas clínicos estão presentes, o que As doenças do aparelho circulatório tornaram-se,
indica a necessidade de internação hospitalar, se possível dentre as patologias não transmissíveis, aquelas que
em UTI, com início imediato de drogas anti-hipertensi- apresentam maior índice de morbimortalidade. Dados
vas por via endovenosa. Faz-se necessário ressaltar que analisados no Estado de São Paulo em 2007, demons-
o nível absoluto da PA não deve ser o parâmetro mais tram que, do total de óbitos, aproximadamente 36% fo-
importante de diagnóstico, mas sim a presença de lesões ram em consequência de patologias do aparelho circu-
de órgão-alvo e as condições clínicas associadas. latório, observando-se discreta predominância do sexo
Nas emergências hipertensivas, ocorre injúria vascu- masculino (53%). Segundo Fundação Sistema Estadual
lar em virtude da falha no sistema autorregulatório que, de Análise de Dados (Seade-SP), esse índice de morta-
mediante níveis tensionais elevados, provoca a vaso- lidade inclui doenças hipertensivas, doenças isquêmicas
constrição. cardíaca, doenças cerebrovasculares, doenças do apare-
Essa falha propicia o aparecimento de lesões na pa- lho circulatório e demais patologias cardíacas.
rede vascular, iniciando-se pelo endotélio vascular, e Os acidentes vasculares encefálicos acarretam ônus
permitindo que o material fibrinoide penetre na parede econômico para ossistemas de saúde, pois resultam em
vascular levando ao estreitamento ou obliteração do lú- altos níveis de invalidez precoce.Déficits neurológicos,
men vascular. com frequência, tornam a pessoa dependente deum
O quadro clínico, principalmente nas emergências cuidador, geralmente um membro da família. A relação
hipertensivas, geralmente está associado a níveis ten- entre o graude severidade do agravo e o tempo em que
sionais elevados, presentes em pacientes portadores de se estende a doença indicaa necessidade de desenvolvi-
hipertensão maligna de difícil controle e portadores de mento de estratégias de proteção e cuidadoao familiar
hipertensão renovascular, caracterizada pelo estreita- doente.
mento de uma ou mais artérias renais. “Acidente Vascular Encefálico” Trata-se de mal súbi-
O diagnóstico é fundamentado, documentando o au- to com evolução rápida que acomete um ou vários va-
mento da pressão arterial, com sinais e sintomas relevantes sos sanguíneos responsáveis pela irrigação do encéfalo,
que indicam ou não comprometimento de órgão alvo. ocasionando alterações histopatológicas e resultando
A avaliação clínica minuciosa com busca de altera- em déficits neurológicos. Esse acometimento vascular in-
ções dos sistemas neurológico, cardiovascular, pulmona- clui aspectos funcionais e estruturais, bem como o fluxo
res e vasculares é imprescindível. Exames de imagem tais sanguíneo e distúrbios de coagulação, podendo originar
como eletrocardiograma, radiografia de tórax, fundos- duas situações: o AVE isquêmico, que corresponde de
copia (exame de fundo de olho) e exames laboratoriais 80% a 85% dos casos, e o AVE hemorrágico, que acome-
(ureia, creatinina e demais eletrólitos, urina I) colaboram te em torno de 10% a 15% da população. Ambos causam
na investigação diagnóstica. sequelas distintas e de extensão variável, conforme a re-
Várias são as condições clínicas que podem desenca- gião afetada.
dear a crise hipertensiva. Nas emergências hipertensivas, O AVE isquêmico é caracterizado por uma área de in-
destacam-se edema agudo de pulmão, uremia de qual- farto cerebral devido à interrupção do fluxo sanguíneo,
quer causa, hemorragia cerebral, epilepsia, encefalites, que acarreta em dano estrutural irreversível. Conjunta-
ansiedade com hiperventilação, ingestão excessiva de mente, ocorre uma região de instabilidade, denomina-
drogas, dissecção de aorta, infarto agudo do miocárdio da zona de penumbra, cujas sequelas dependerão da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(IAM), acidente vascular encefálico (AVE),feocromocito- magnitude do dano e de sua repercussão futura. Na fase
ma, eclâmpsia e algumas colagenoses. aguda da isquemia, essa região tem sua irrigação dimi-
Para as urgências hipertensivas, destacam-se a hiper- nuída, mas suficiente para manter a viabilidade celular
tensão maligna, suspensão abrupta do tratamento com temporariamente.
anti-hipertensivos, cirurgias com HAS grave no período Para a delimitação da área afetada pelo infarto cere-
pré, trans e pós-operatório de cirurgias gerais, e pós- bral, bem como sua extensão, devem ser consideradas a
-transplante renal. oxigenação, o equilíbrio metabólico, o fluxo sanguíneo e
O princípio para o tratamento da crise hipertensiva a circulação colateral do local afetado.
difere quanto à urgência e à emergência. O principal ob- A principal causa do AVE isquêmico é o tromboembo-
jetivo é o controle da pressão, evitando-se lesões orgâni- lismo arterial em decorrência de embolias cardíacas ou
cas agudas com sequelas irreversíveis. ainda de grandes vasos, que incluem as artérias aorta,

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carótida e vertebrais. Situações de oclusão de pequenos períodos de contração e relaxamento; ou ainda tônico-
vasos, vasculites, dissecção vascular e ainda discrasias -clônicas, que se caracterizam pelas duas formas descri-
sanguíneas, enxaqueca, cardiopatias congênitas também tas, com perda da consciência e do controle esfincteria-
são considerados fatores etiológicos. no.
Segundo o protocolo do National Institute of Neuro- O período de duração de uma crise convulsiva é de
logical Disorders and Stroke (NINDS), as metas de tem- aproximadamente de 2 a 5 minutos, podendo sobrevir
po para que pacientes sejam beneficiados com a terapia a cefaleia, confusão mental, dores musculares e fadiga.
trombolítica é de até três horas, a partir da primeira ma- A investigação diagnóstica é fundamentada na histó-
nifestação clínica. Deve ser utilizada após avaliação crite- ria pregressa e atual do paciente, complementando com
riosa das condições clínicas do paciente, conjuntamente exame de tomografia computadorizada e eletroencefa-
aos métodos diagnósticos laboratoriais ou de imagem. lograma. Há necessidade de exames laboratoriais para
Há evidência de real melhora da zona de penumbra pesquisa de possíveis alterações bioquímicas e metabóli-
após a trombólise com a administração do ativador plas- cas para auxiliar no diagnóstico.
minogênico tecidual humano recombinante (rt-PA), pro- O tratamento é baseado na manifestação clínica, com
piciando o restabelecimento da circulação que envolve a intuito de minimizar as contrações musculares por meio
área de necrose. da administração de medicamentos miorrelaxante por
Os processos cerebrais inflamatório, traumático, neo- via endovenosa. Por vezes, é necessária a infusão contí-
plásico parasitário e vascular podem alterar o equilíbrio nua ou intermitente de medicamento anticonvulsivante
do sangue, líquor e massa encefálica levando à hiperten- para prevenção de novos episódios.
são intracraniana. Medidas para contenção da pressão No estado pós-convulsivo podem ocorrer injúrias
intracraniana (PIC), como diminuição do edema cerebral, como broncoaspiração, coma, hipóxia, acidose metabó-
prevenção de convulsão e sedação para diminuição da lica, entre outras.
atividade cerebral podem ser iniciadas no serviço de A atuação da enfermagem frente à convulsão se ini-
emergência após confirmação diagnóstica. cia com a segurança do paciente, afastando os objetos e
Puncione um acesso venoso calibroso para a ad- condições que representem risco, orientando às pessoas
ministração de medicamentostais como trombolíticos, que se mantenham afastadas, pois a curiosidade provoca
anticonvulsivantes, anticoagulantes, entre outros, que uma aglomeração de pessoas e pode dificultar o atendi-
colaboram na prevenção dos agravos como edema, he- mento inicial. É fundamental que você promova a prote-
morragia e convulsão. ção do paciente a fim de reduzir danos em virtude dos
Esteja atento à variação do nível de consciência, a al- espasmos musculares, uma vez que a contenção física
terações de motricidade, sensibilidade e a modificações dos movimentos não é recomendada.
pupilares que podem significar uma piora do quadro Certifique-se de que esse indivíduo não sofreu uma
neurológico. A passagem de sonda gástrica e de sonda queda, pois essa condição modifica a sua ação na abor-
vesical de demora facilita o controle de débitos e do ba- dagem em situação de trauma, visando, então, preservar
lanço hídrico. a integridade da coluna cervical.
A decisão quanto ao tratamento clínico ou cirúrgico Durante a crise convulsiva, coloque algo macio sob
dependerá do tipo de AVE e da evolução do paciente, ca- a cabeça do paciente, se encontrado deitado no chão,
bendo à equipe de enfermagem prepará-lo para unidade apoiando-a cuidadosamente a fim de evitar traumas. Se
especializada. possível, remova ou afrouxe a roupa apertada, observe
se há adornos no pescoço que possam dificultar a res-
Crise convulsiva piração.
Clínica bastante frequente, que se manifesta tanto em Avaliar o padrão respiratório e condições hemo-
patologias neurológicas como acidente vascular cerebral, dinâmicas, permanecendo atento durante o episódio
traumatismo cranioencefálico e encefalite é a convulsão. convulsivo, inclusive em relação ao tipo de contração
Pode ocorrer como evento isolado em decorrência de (tônica, clônica ou ambas), horário de início e térmi-
doenças sistêmicas tais como distúrbios hidroeletrolíti-
no do episódio, frequência (um ou mais), liberação de
cos, insuficiência renal, insuficiência hepática, septicemia,
esfíncter vesical e/ou intestinal. Durante a convulsão,
estado hiperglicêmico, entre outros.
administrar a oxigênio e droga miorrelaxante. A via de
Considerada uma condição multifatorial, a crise con-
administração preferencial é a endovenosa. Na impossi-
vulsiva pode ser definida como uma desordem na trans-
bilidade ou insucesso da venopunção, a opção é por via
missão dos impulsos elétricos cerebrais, que se manifesta
intraóssea, procedimento de atribuição do enfermeiro.
por espasmos involuntários dos grupos musculares com
Após a cessação das contrações, reavaliar a per-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou sem perda da consciência, sendo limitada em relação


ao tempo. meabilidade das vias aéreas e eventual necessidade de
Devido à alteração paroxística da atividade cerebral, aspiração de secreções, administração de outras medi-
que se inicia em um grupo de neurônios ou ainda se es- cações, controle da glicemia capilar e realizar a higiene
palha por uma área generalizada, as convulsões se ca- proporcionando o conforto. Em presença de prótese
racterizam por movimentos musculares involuntários e dentária, remova assim que possível.
súbitos, de forma generalizada ou acometendo um seg- Em pacientes idosos, é importante considerar que a
mento do corpo. história clínica, bem como a ocorrência do fato descrita
Podem ser classificadas em tônicas, quando caracte- por familiares ou outrem que presenciaram a convulsão,
rizadas por sustentação e imobilização das articulações; seja considerada em virtude da avaliação do evento. A
clônicas, quando se apresentam de forma ritmada, com hipótese da queda pela fragilidade óssea ou vice-versa

92
podem acarretar em danos neurológicos tendo como O controle periódico de sinais vitais, incluindo a pres-
manifestação a convulsão. A atenção deve estar volta- são venosa central (PVC), é importante para avaliação de
da para prevenção e antecipação do evento por meio hipovolemia e possíveis agravos como o choque. É ne-
de medidas simples como iluminação adequada, dife- cessário que a reposição de potássio, quando prescrita,
renciação visível entre degraus, instalação de corrimão seja realizada diluída e preferencialmente em bomba de
para apoio, conservação dos pisos, retirada de tapetes infusão.
ou fixação dos mesmos, entre outros. Estar atento a sonolência, letargia, confusão mental
e/ou outros transtornos neurológicos são cuidados que
Desequilíbrio Hidroeletrolítico visam detectar alterações na concentração de sódio.
Aprofundar seus conhecimentos sobre desequilíbrio Ao realizar a coleta de sangue e urina para acompa-
hidroeletrolítico lhe possibilitará identificar os cuida- nhamento dos níveis séricos de K e Na, é importante agi-
dos de enfermagem preconizados ao paciente nessas lizar o encaminhamento ao laboratório.
condições, estabelecendo correlação entre o cuidado, Providenciar acesso venoso calibroso para reposição
sinais, sintomas e tratamento. hídrica e eletrolítica.
Muitos pacientes que dão entrada na unidade de Outros cuidados incluem a observação sistemática da
atendimento de urgência podem ter o equilíbrio hi- perfusão periférica, coloração e turgor de pele e muco-
droeletrolítico comprometido em função de diferentes sas, instalação de oximetria de pulso e controle de peso
agravos à saúde. se houver edema. Em relação à administração de medi-
Certas condições em que ocorre retenção excessi- camentos como diuréticos, estar atento ao volume de
va de líquidos, como na insuficiência cardíaca ou renal, diurese e balanço hídrico.
ou que levam a perdas exageradas, como em casos de Distúrbios gastrointestinais podem ocorrer nas alte-
diarreia e vômitos persistentes, pode haver desequilí- rações de volume e de eletrólitos. É fundamental assistir
brio hidroeletrolítico. A ação fundamental de enferma- o paciente em casos de náuseas e vômitos e observar o
gem ao cliente, no caso, seráo controle da volemia e funcionamento intestinal, pois, na presença de hipoca-
dos eletrólitos. lemia a motilidade pode estar diminuída, enquanto na
Entendemos que para o profissional de enfermagem hipercalemia pode haver episódios de diarreia. Lembre-
prestar cuidados com segurança é necessário que saiba -se de manter o paciente em condições adequadas de
relacionar a sintomatologia, o tratamento e os cuidados higiene e conforto, assegurando sua privacidade.
de enfermagem. Para que isso ocorra, é preciso conhe- Não se esqueça de anotar todas as intercorrências em
cer primeiramente a estrutura e os fenômenos fisioló- prontuário de forma clara e objetiva, garantindo assim a
gicos relacionados ao equilíbrio hidroeletrolítico que comunicação entre a equipe multidisciplinar. As anota-
ocorrem no organismo. ções de enfermagem, registradas no prontuário do pa-
É uma condição associada à distribuição de água ciente, além de ser um instrumento legal, implica na con-
e eletrólitos no nosso corpo e depende de alimenta- tinuidade da assistência prestada por conter informações
ção saudável, bem como do adequado funcionamen- pertinentes do processo do cuidar. Fornecem dados para
to dos órgãos. que o enfermeiro possa estabelecer o plano de cuidados
A privação, o aumento ou a diminuição de água e/ou após avaliação dos cuidados prestados e da resposta do
eletrólitos pode acarretar em desequilíbrios importantes paciente em consonância com os resultados esperados.
detectados em diferentes agravos.
A hipervolemia é uma condição em que ocorre o ex-
Insuficiência Renal Aguda
cessivo ganho de líquidos pela disfunção dos mecanis-
A maioria desses agravos poderia ser evitada com
mos homeostáticos evidenciados na insuficiência cardía-
medidas de prevenção e controle das dislipidemias, da
ca, renal ou hepática. As principais manifestações clínicas
hipertensão arterial, do diabetes e de outras patologias
são edema, ingurgitamento jugular e taquicardia. Nor-
previsíveis. Essas patologias, quando não tratadas ade-
malmente há aumento da pressão arterial, da pressão de
quadamente, podem provocar a perda da função renal
pulso e da pressão venosa central.
O tratamento é direcionado à patologia de base e levando à insuficiência renal. Esta se caracteriza por redu-
para a condição que desencadeou o agravo. As condutas ção da filtração glomerular (RFG), levando à diminuição
incluem a restrição de volume e sódio, como também o da diurese e retenção de ureia e creatinina.
uso de diuréticos. A realização de hemodiálise ou diálise As funções renais incluem, além do equilíbrio de água
peritoneal pode ser imperativa. e eletrólitos e da eliminação de toxinas, a liberação de
Os cuidados de enfermagem nos distúrbios hidroele- eritropoetina, que estimula a medula óssea na produção
de glóbulos vermelhos, a manutenção de ossos sadios
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

trolíticos visam restabelecer as condições clínicas do pa-


ciente, mantendo perfusão tecidual adequada e preve- com o equilíbrio de fósforo e cálcio e ajuda no controle
nindo o agravamento do quadro. De acordo com a idade da pressão arterial por meio da liberação de hormônios.
do paciente, história pregressa e seu metabolismo basal, A insuficiência renal pode se manifestar de forma
haverá a necessidade de reposição hídrica e eletrolítica. aguda, situação mais comum nos serviços de urgência/
Na admissão do paciente em sala de emergência, é emergência, em pacientes em situações críticas interna-
premente a monitoração da atividade cardíaca devido dos em UTI por patologias variadas bem, como na forma
às possíveis arritmias que se manifestam na presença de crônica, quando há perda total e irreversível da função
alterações de potássio. Parestesias e câimbras ou outras renal, que se manifesta lenta e progressivamente.
alterações neuromusculares podem advir de sua dimi- De acordo com a etiologia, a insuficiência renal aguda
nuição. (IRA) é classificada em pré-renal, renal e pós-renal.

93
A IRA pré-renal é caracterizada quando há hipoperfu- Normalmente, o metabolismo celular libera ácidos e
são renal de causas variadas, normalmente relacionadas bases na corrente sanguínea e esses se ligam por meio
à hipovolemia e corresponde a 50%- 60% dos casos. A de reações químicas mantendo o pH sanguíneo.
IRA renal implica no acometimento dos néfrons, seja em O principal ácido é o ácido carbônico que, devido à
vasos, glomérulos ou túbulos renais, comprometendo sua instabilidade, se transforma em dióxido de carbono
suas funções e sendo responsável por aproximadamente e água, que são eliminados pelos pulmões e pela uri-
35% dos casos. Na IRA pós-renal, há uma obstrução agu- na, respectivamente. A principal base é o bicarbonato,
da em qualquer localização do sistema coletor, ureter ou obtido por meio da reação química entre o dióxido de
bexiga em 5% dos casos, causando aumento da pressão carbono e a água. Para que essas reações se mantenham
nas vias urinária que acarreta na diminuição da RFG. Atin- em equilíbrio, ou seja, a manutenção do pH neutro, é
ge indivíduos de todas as faixas etárias e pode evoluir necessário que o organismo disponha de mecanismos
para a insuficiência renal crônica. denominados sistemas tampões.
A história clínica do paciente pode dar indícios impor- As alterações de pH podem causar aumento da resis-
tantes para saber a causa da IRA como doenças crônicas, tência vascular pulmonar e redução da resistência vascu-
antecedentes familiares de doenças renais, uso recente lar sistêmica; alterações no sistema nervoso central, na
ou contínuo de medicamentos tais como anti-inflamató- atividade elétrica e contratilidade do miocárdio; e dificul-
rios, antibióticos, anestésicos, contrastes, diuréticos tam- dade de ligação hemoglobina/oxigênio e alterações das
bém podem alterar a função renal. reações químicas do organismo devido a agentes quími-
cos endógenos ou exógenos.
É importante que se descarte a possibilidade de O valor normal do pH do sangue arterial é de 7,35–
obstruções renais como tumores, litíase, uropatia obs- 7,45. O sistema tampão que mantém o pH sanguíneo
trutiva principalmente em idosos do sexo masculino e ideal é o ácido carbônico versus bicarbonato, resultando
intoxicações acidentais ou intencionais por substân- em água, que será eliminada pelo rim e o CO2 eliminado
cias químicas. pelos pulmões. Observe a reação química:
A conduta terapêutica é direcionada de acordo com o H+ + HCO3 - ↔ H2CO3 ↔ H2O + CO2
histórico, exame físico e dos resultados de exames labo- O mecanismo respiratório, de ação rápida, é respon-
ratoriais e de imagem. sável pela eliminação de ácido carbônico, enquanto o
Intervenções rápidas com a finalidade de evitar com- mecanismo renal, de ação lenta, tanto elimina íons hi-
plicações e consequências irreversíveis são aplicadas drogênio como retém bicarbonato.
desde o momento que o paciente procura o serviço de As variações de pH ocasionam a acidose ou alcalose,
pronto-socorro. que podem ser metabólicas ou respiratórias.
Controles dos parâmetros da pressão arterial e da Valores muito abaixo ou muito acima são incompatí-
pressão venosa central evidenciam a necessidade da re- veis com a vida.
posição volêmica. A punção de acesso venoso calibroso A acidose respiratória ocorre devido à redução da eli-
facilita a expansão de fluidos, como nos casos de quei- minação do dióxido de carbono pelos pulmões, o que
maduras, hemorragias, vômitos e diarreia. acarreta na retenção do CO2 no sangue. Esse CO2 au-
Muitas vezes, a reposição de volume por meio de so- menta a quantidade de ácido carbônico no sangue, re-
luções cristaloides, coloidais ou hemocomponentes res- duzindo o pH. Acidose respiratória
tabelecem a função renal. Esteja atento à velocidade de Quando aumenta a eliminação de CO2 ocorre a redu-
infusão desses volumes para que não ocorra sobrecarga ção de íons hidrogênio e de ácido carbônico no sangue,
cardíaca. aumentando o pH. Alcalose respiratória
A monitoração cardíaca evidencia a possibilidade de A acidose metabólica ocorre pelo aumento de ácidos
arritmias cardíacas sugestivas de alterações bioquímicas do organismo tais como o ácido lático e os corpos cetô-
como a hipocalemia ou hipercalemia, considerada como nicos, bem como os íons de hidrogênio. Esse aumento
principal causa de morte em pacientes com IRA. de ácidos provoca uma diminuição do pH. Acidose me-
tabólica
Desequilíbrio Ácido Básico A alcalose metabólica é caracterizada pelo aumento
A compreensão do metabolismo normal do nosso de bases no sangue (bicarbonato), ao contrário dos áci-
corpo é fundamental para o entendimento do desequi- dos que estão reduzidos. Alcalose metabólica.
líbrio ácido básico. Para que a função celular ocorra de Os cuidados de enfermagem iniciam-se com a admis-
forma adequada, é necessário que o organismo mante- são do paciente na sala de emergência. A monitoração
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nha o equilíbrio de eletrólitos, água e concentração de dos parâmetros vitais implica na observância de possíveis
íons de hidrogênio, fundamentais para a regulação dos arritmias, alteração da frequência cardíaca e da pressão
líquidos corpóreos. O equilíbrio de bases e ácidos pre- arterial. A avaliação da frequência respiratória é funda-
sentes no organismo são mantidos por reações químicas mental para que intervenções de enfermagem sejam rea-
que permitem a entrada e saída dos íons de hidrogênio lizadas com agilidade e eficácia. Materiais que permitam
pela membrana celular. Essa regulação preserva as fun- a oferta de oxigênio devem estar dispostos de modo a
ções de órgãos e sistemas. facilitar seu manuseio, incluindo o acesso à ventilação
Na medida em que há alterações da concentração mecânica.
de íons de hidrogênio, a membrana celular modifica sua A possibilidade de infusão venosa e administração
permeabilidade, alterando todo metabolismo orgânico. medicamentosa exigem do profissional de enfermagem
a punção de veia calibrosa. Exames laboratoriais neces-

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sitam de urgência em relação à coleta, bem como a exi- rentemente inexplicáveis quanto ao nível de consciência
gência dos resultados para que se possa assistir o pa- ou estado mental, aos sinais vitais, convulsões, arritmias
ciente de imediato. O acompanhamento de exames por cardíacas, distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos.
imagens também é de atribuição da equipe de enferma- Em geral, logo ao início das manifestações, as pessoas
gem, que deve considerar a gravidade do quadro e a ne- mais próximas, familiares, vizinhos, colegas de trabalho
cessidade que esse seja acompanhado juntamente com identificam a necessidade de ajuda e acionam o serviço
um membro da equipe médica. A atenção aos familiares de atendimento pré-hospitalar móvel.
e a preservação da privacidade do paciente faz das ações No local, a equipe multiprofissional inicia o atendi-
de enfermagem um trabalho humanizado baseado nos mento, determinando a segurança da cena. A avaliação
princípios da ética. primária é efetuada considerando se a vítima está res-
pirando, apresenta batimentos cardíacos, pois, se for
Cuidando do cliente com intoxicação aguda necessário, as manobras de RCP serão iniciadas pronta-
A intoxicação pode ser decorrente de um acidente, mente.
de uma tentativa deliberada contra a vida de outros ou Para continuar o atendimento é importante que a
contra a própria vida. Por isso, a população acometida é equipe proceda a avaliação secundária, realizando a en-
muito variada. trevista e o exame físico minucioso. Observe o nível de
As crianças, especialmente menores de três anos de consciência, presença de palidez, temperatura, rubor, su-
idade, são particularmente vulneráveis à intoxicação aci- dorese, cianose, icterícia, hálitos e odores, resposta a es-
dental. Entre os principais agentes tóxicos que acome- tímulos, alteração das pupilas, tônus muscular, tremores,
tem as crianças nessa faixa etária destacam-se os me- fasciculações, preservação dos reflexos e movimentos,
dicamentos, os domissanitários e os produtos químicos posições anormais e traumatismos. Investigue sempre a
industriais. cronologia dos sinais e sintomas, perguntando sobre o
Algumas peculiaridades nos idosos, como aspectos momento em que a vítima foi encontrada e há quanto
cognitivos, capacidade visual e o número de medica- tempo iniciou o primeiro contato com o agente tóxico
mentos que fazem uso, podem provocar sérias confu- para estimar o tempo de exposição. Dependendo do
sões no atendimento. tempo, as manifestações podem se intensificar, aumen-
Os pacientes hospitalizados também estão expostos tando a gravidade da situação, determinando as diferen-
aos riscos de intoxicação devido aos erros de medicação, ciações nas condutas para o tratamento imediato.
relacionados à omissão, administração de medicamen- Procure obter os dados relativos aos agentes tóxicos
to não prescrito, erros na dosagem, preparo, via de ad- suspeitos, olhe ao redor e veja se encontra sinais de pro-
ministração, prescrição, distribuição ou dispensação da dutos ou resíduos da substância.
medicação. É importante que você seja um bom observador.
Outro grupo afetado pelas intoxicações são os tra- Conforme a história relatada, peça aos familiares
balhadores, em diferentes áreas, devido à exposição aos para trazer frascos, rótulos, embalagens e cartelas
produtos químicos, ocasionando acidentes de trabalho e vazias do provável agente causador. Veja se é possível
doenças ocupacionais. calcular, por exemplo, quantos comprimidos podem
Em geral, as intoxicações agudas se manifestam ra- ter sido ingeridos.
pidamente, produzem sintomas alarmantes em poucos Tenha sempre em mente que dados relacionados ao
segundos, enquanto outras se manifestam após horas ou tipo de substância, a via de introdução do agente tóxico
dias. Alguns produtos tóxicos causam poucos sintomas e magnitude da exposição, bem como os antecedentes
evidentes até que tenha ocorrido uma lesão permanente clínicos e psiquiátricos e atividade profissional são deter-
da função de órgãos vitais, como fígado ou rins. Essas minantes para a decisão rápida da melhor conduta, em
manifestações insidiosas, dependem de alguns fatores e cada caso.
variam conforme o agente tóxico, a quantidade, o tempo No pronto-socorro, proceda a avaliação primária, di-
de exposição ao agente e as características individuais de recionando os cuidados conforme as alterações apresen-
cada pessoa. Alguns produtos tóxicos não são muito po- tadas pelo cliente. Se necessário, monitorize, administre
tentes e exigem exposição prolongada ou repetida para oxigenoterapia, realize a venopunção, a coleta de sangue
causar problemas. Outros produtos são tão potentes que para análise laboratorial e inicie a infusão de fluidos. Ge-
basta uma pequena quantidade para causar uma intoxi-
ralmente, a administração de fluidos por via EV mantém
cação grave.
o nível de hidratação e colabora na manutenção da fun-
Daí a importância da competência profissional para
ção renal, assegurando débito urinário adequado. A es-
atender em casos de intoxicações. Lembre-se: não me-
sas soluções, podem ser adicionadas bases ou ácidos fra-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nospreze nenhuma informação. Porém, em algumas si-


cos para facilitar a excreção do produto tóxico pela urina.
tuações, essas informações importantes não podem ser
Substâncias químicas, como os quelantes, se ligam a
obtidas, pela incapacidade de informação ou pelo des-
determinados produtos tóxicos, sobretudo metais pesa-
conhecimento sobre o que aconteceu. Nesses casos, seu
raciocínio clínico é fundamental, ao associar as manifes- dos como o chumbo, mercúrio, alumínio; podem ser ad-
tações apresentadas com as diversas causas desencadea- ministrados por diferentes vias para ajudar a neutralizar
doras do agravo, iniciando os cuidados imediatos mais e a eliminá-los.
adequados, em cada caso. A diálise pode ser necessária para a remoção de pro-
No quadro de intoxicação, os sintomas iniciais po- dutos tóxicos que não são imediatamente neutralizados
dem variar desde prurido, sensação de boca seca, visão ou eliminados do sangue. Quando o produto tóxico é
borrada e dor. Fique atento às alterações súbitas e apa- desconhecido, a identificação por meio de exames labo-

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ratoriais, como exame de urina, de sangue e do conteúdo queimadura, colisão de veículos, entre outros. Essa
gástrico pode colaborar na análise para identificação do subclassificação é importante para que medidas pos-
agente. sam ser criadas e aplicadas nos ambientes e popula-
Como o tratamento é realizado de forma mais ade- ções de risco com o objetivo de diminuir a mortalidade e
quada quando o produto tóxico é conhecido, ouça aten- a morbidade provocada pelo trauma.
tamente as informações sobre a ocorrência, verifique as
embalagens e amostras trazidas com o cliente. Conhecendo a Cinemática do Trauma
Ao prestar o primeiro atendimento, não provoque Para que as equipes que prestam atendimento pré-
o vômito. Pode ser realizada a aspiração do conteúdo -hospitalar ou hospitalar possam dimensionar as possí-
ou lavagem gástrica associada ao carvão ativado (CA). veis lesões e a gravidade provocadas pela transferência
Ponderar o uso do cateterismo gástrico em presença de de energia, algumas informações referentes à cinemática
varizes esofágicas e lesões ao longo do trajeto digestó- são importantes como, por exemplo, “Caiu de que altu-
rio, provocadas pela substância ingerida. Entretanto, têm ra”?“O solo era de terra, grama ou concreto”? “Há quanto
sido amplamente discutidos os reais benefícios da lava- tempo”? Desta forma, é importante considerar, na ad-
gem e os sérios prejuízos advindos do uso do CA. Duran- missão do cliente na urgência e emergência, que a equi-
te a lavagem gástrica com o CA, o indivíduo pode apre- pe de saúde, seja o técnico de enfermagem, enfermeiro
sentar vômitos e, na ocorrência de aspiração brônquica, ou médico, busque o máximo de informações sobre o
há um sério risco de provocar pneumonia. Além disso, os mecanismo do trauma. Todas as informações referentes
grânulos podem se impregnar na mucosa gastrintestinal, ao mecanismo do trauma são importantes, devendo ser
ocasionando a constipação intestinal e, em casos mais associadas às alterações identificadas na avaliação.
graves, a obstrução intestinal.
Prestando Atendimento Pré-Hospitalar
O atendimento à vítima de trauma O reconhecimento da necessidade de se prestar aten-
Considerado a terceira causa de morte no mundo, dimento no local onde o trauma foi produzido partiu do
perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e o médico Barão Dominick Jean Larrey, cirurgião-chefe mi-
câncer, o trauma atinge uma população jovem e em fase litar de Napoleão, que criou as “ambulâncias voadoras”
produtiva, tendo como consequência o sofrimento hu- com equipes treinadas no atendimento médico. Tinha o
mano e o prejuízo financeiro para o Estado, que arca com objetivo de encaminhar rapidamente essas vítimas para
as despesas da assistência médica e reabilitação, custos o hospital, promovendo a assistência durante o transpor-
administrativos, seguros, destruição de bens e proprie- te, por entender que assim elas teriam mais chances de
dades e, ainda, encargos trabalhistas. sobreviver.
Embora as estatísticas mostrem incidência maior de A partir de então, outros profissionais aderiram à
trauma em grandes centros urbanos, essa situação vem ideia e passaram a ter uma abordagem sistematizada
atingindo também municípios menores, principalmente no atendimento pré-hospitalar (APH), reconhecendo
aqueles próximos às grandes rodovias. Essa situação re- que não bastava simplesmente transportá-las para um
flete diretamente nos serviços locais de saúde, havendo a hospital; havia a necessidade de se corrigir as lesões
necessidade cada vez maior de profissionais qualificados responsáveis pela mortalidade no trauma no menor es-
para esse tipo de atendimento. paço de tempo possível.
O trauma é um evento nocivo decorrente da libe- A atividade de APH apresenta algumas peculiaridades
ração de uma das diferentes formas físicas de energia comparadas ao atendimento realizado no hospital, sendo
existente. A energia mecânica é uma das causas mais importante o seu conhecimento, como você pode notar:
comuns de lesões, encontradas nas colisões de veículos - Segurança no local do atendimento: esse item tem
automotores. Percebemos a presença da energia química que ser assegurado para que o profissional não se
quando uma criança ingere soda cáustica acondicionada torne vítima. Tal fato geraria instabilidade emocio-
em uma garrafa de refrigerante. A energia térmica pode nal nos outros membros da equipe, sem contar a
ser dissipada no momento em que um cozinheiro borri- necessidade de mais recursos para o atendimento.
fa combustível na churrasqueira, aumentando a chama Muitas são as situações de insegurança para a equi-
e queimando a face. As lesões de pele são frequentes pe, como violência contra os profissionais do APH,
no verão, devido exposição à energia por irradiação. A lesões com material perfurocortante contaminado,
transferência de energia elétrica é comum quando ocor- atropelamentos por falta de sinalização, posiciona-
re manipulação com fiação elétrica, provocando diferen- mento incorreto das viaturas e ausência de unifor-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tes padrões de lesões, como queimaduras (pele, nervos, mes refletivos, quedas, intoxicações em incêndios e/
vasos sanguíneos, músculos e ossos), ejeção no momen- ou material radioativo, contaminação ambiental,
to da passagem da corrente elétrica levando à diferentes entre outros. A segurança não se restringe apenas
traumas (cabeça, coluna, tronco e membros) e, ainda, aos profissionais. O cliente deve ter a sua segurança
arritmia, em algumas vezes, seguida de parada cardior- garantida durante todo o atendimento, não sendo
respiratória devido a liberação de potássio na circulação admissível que ele tenha suas condições agravadas
sanguínea decorrente da lesão do músculo cardíaco. em decorrência do atendimento prestado.
É classificado de forma intencional quando há a - Condições climáticas: quanto às condições climá-
intenção de ferir alguém ou a si próprio, e não in- ticas, o atendimento é realizado independente da
tencional quando as lesões são desenvolvidas devido exposição às adversidades climáticas (chuva, sol e
a um determinado evento, como queda, afogamento, frio).

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- Luminosidade: a ausência de luminosidade é um fa- - Curativa: A função a qual o Brasil faz como função
tor que dificulta o atendimento e, muitas vezes, po- principal. Tratamento de qualquer natureza.
demos contar apenas com lanternas e a habilidade
e destreza dos profissionais. Classificação
- Local de difícil acesso: há situações em que o APH
só é possível após manobras de salvamento devido Segundo o tratamento:
aos locais de difícil acesso. Geral: É o hospital destinado á atender pacientes por-
tadores de doenças das várias especialidades médicas.
Garantida a segurança da equipe, o atendimento é Especial ou Especializada: Limita-se a atender pa-
iniciado com a avaliação da vítima, buscando por le- cientes necessitados de assistência de determinada es-
sões que comprometam sua vida e, posteriormente, a pecialidade médica .Ex: Hospital do câncer.
avaliação de situações que possam comprometer algum Segundo o número de leitos:
membro. Pequeno porte: hospital com capacidade normal de
Nos atendimentos de vítimas de trauma, a gravidade até 50 leitos.
frequentemente está associada à dificuldade respirató- Médio porte: hospital com capacidade normal de 50
ria e a perfusão inadequada devido aos sangramentos a 150 leitos.
expressivos. Grande porte: Capacidade normal de 150 a 500 lei-
Nestes casos, manter a via aérea desobstruída, ofe- tos.
recer oxigênio, fazer contenção de sangramentos exter- Extra ou Especial: capacidade acima de 500 leitos.
nos e iniciar reposição volêmica são intervenções que
contribuem para manter a condição hemodinâmica ne- TERMINOLOGIA HOSPITALAR
cessária à sobrevivência até a chegada deste cliente em
um centro de trauma. Matrícula ou registro: definido como a inscrição de
Todo atendimento, incluindo cinemática, avaliações, um paciente na unidade médica hospitalar que o habilita
lesões percebidas e tratamento instituído no APH deve ao atendimento.
ser repassado para os profissionais que admitem o Internação: admissão de um paciente para ocupar
cliente no hospital, devendo estes utilizar tais informa- um leito hospitalar.
ções para dar continuidade ao atendimento e também
registrar as informações no prontuário. Leito Hospitalar: cama destinada á internação de
um paciente em um hospital. Não é considerado leito
Definições hospitalar ( cama destinada ao acompanhante, camas
transitórias utilizadas no serviço diagnóstico de enfer-
A enfermagem segundo Wanda Horta é ”A ciência e a
magem, cama de pré parto, recuperação pós anestésica
arte de assistir o ser humano em suas necessidades bási-
e pós operatórios, camas instaladas no alojamento de
cas e torná-lo independente destas necessidades quan-
médicos).
do for possível através do autocuidado’ . A enfermagem
Censo Hospitalar Diário: É a contagem a cada 24
como ciência pode ser exercida em vários locais tais como :
horas do número de leitos ocupados.
Hospitais, Empresas Particulares (Enf. Do Trabalho),Escolas,
Dia Hospitalar: É o período de trabalho, compreen-
Unidades de Saúde. Dentro de introdução á enfermagem
estuda-se a enfermagem no âmbito hospitalar. dido entre dois censos hospitalares consecutivos.
Nos dias de hoje, o hospital é definido segundo a Leito Dia : Unidade representada pela cama á dispo-
OMS como elemento de uma organização de caráter mé- sição de um paciente no hospital.
dico social, cuja função consiste em assegurar assistência Óbito hospitalar: é o óbito que se verificam no hospi-
médica completa, curativa, e preventiva a população e tal após o registro do paciente.
cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar Alta: ato médico que configura a cessação da assis-
considerada em seu meio; e um centro de medicina e de tência prestada ao paciente.
pesquisa biossocial.
O PACIENTE
FUNÇÕES DO HOSPITAL
O paciente e o elemento principal de qualquer insti-
- Preventiva: Principalmente nos ambulatórios, onde tuição de saúde. Considera-se paciente todo o individuo
os pacientes retornam após a alta para controle. submetido a tratamento, controle especiais, exames e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Educativa : Através da educação sanitária e prática observações medicas.


da saúde pública visando o paciente, a família e a O paciente procura o hospital quando atingido pela
comunidade. Sob o ponto de vista de formação e doença, pois se cria nele angustia, inquietação, que leva
aperfeiçoamento de profissionais de saúde. a exagerar o poder e conhecimento sobre os profissio-
- Pesquisa: O hospital serve de campo para a pesqui- nais que o socorrem, muitas vezes torna-se difícil o tra-
sa científica relacionada á saúde. tamento do doente, originando problemas de relaciona-
- Reabilitação: O hospital através do diagnóstico mento (paciente pessoal).
precoce utilizando os cuidados clínicos, cirúrgicos A doença trás ao paciente graves consequências
e especiais por meios do qual o paciente adquire como:
condições de retornar ao seu meio e suas ativida- • Choque emocional ,
des. • Ameaça do equilíbrio psicológico do paciente,

97
• Rompimento das defesas pessoais, - Em locais onde não haja ambulância, o acidenta-
• Leva a pedir proteção e cuidados, do só poderá ser transportado após ser avaliado,
• Obriga ao abandono das atividades normais, estabilizado e imobilizado adequadamente. Evite
• Ao recolhimento ao leito, movimentos desnecessários. 12.Só retire o aciden-
• Ao afastamento da comunidade . tado do local do acidente se esse local causar risco
de vida para ele ou para o socorrista. Ex: risco de
O paciente ao ser admitido no hospital espera do explosão, estrada perigosa onde não haja como si-
medico e da enfermagem, uma explicação, uma palavra nalizar, etc
de conforto em relação ao seu estado de saúde. Se isto
não acontece, o seu quadro psicológico pode ser agra- Estado de Choque
vado, levando-o a se tornar submisso e despersonaliza- O choque é um complexo grupo de síndromes car-
do, ou então agressivo. diovasculares agudas que não possui, uma definição úni-
ca que compreenda todas as suas diversas causas e ori-
EM HIPÓTESE NENHUMA PONHA SUA PRÓPRIA gens. Didaticamente, o estado de choque se dá quando
VIDA EM RISCO. há mal funcionamento entre o coração, vasos sanguíneos
(artérias ou veias) e o sangue, instalando-se um desequi-
Os circunstantes devem ser afastados do acidenta- líbrio no organismo. O choque é uma grave emergência
do, com calma e educação. O acidentado deve ser man- médica. O correto atendimento exige ação rápida e ime-
tido afastado dos olhares de curiosos, preservando a sua diata. Vários fatores predispõem ao choque. Com a finali-
integridade física e moral. dade de facilitar a análise dos mecanismos, considera-se
Saiba que qualquer ferimento ou doença súbita especialmente para estudo o choque hipovolêmico, por
dará origem a uma grande mudança no ritmo da vida ter a vantagem de apresentar uma sequência bem defi-
do acidentado, pois o coloca repentinamente em uma nida. Há vários tipos de choque: Choque Hipovolêmico
situação para a qual não está preparado e que foge a É o choque que ocorre devido à redução do volume in-
seu controle. Suas reações e comportamentos são di- travascular por causa da perda de sangue, de plasma ou
ferentes do normal, não permitindo que ele possa ava- de água perdida em diarreia e vômito. Choque Cardiogê-
liar as próprias condições de saúde e as consequências nico Ocorre na incapacidade de o coração bombear um
do acidente. Necessita de alguém que o ajude. Atue de volume de sangue suficiente para atender às necessida-
maneira tranquila e hábil, o acidentado sentirá que está des metabólicas dos tecidos.
sendo bem cuidado e não entrará em pânico. Isto é mui-
to importante, pois a intranquilidade pode piorar muito Choque Septicêmico
o seu estado. Pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica.
Em caso de óbito serão necessárias testemunhas do
ocorrido. Obter a colaboração de outras pessoas dando Choque Anafilático
ordens claras e concisas. Identificar pessoas que se en- É uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que
carreguem de desviar o trânsito ou construir uma prote- ocorre quando um indivíduo é exposto a uma substância
ção provisória. Uma ótima dica é dar tarefas como, por à qual é extremamente alérgico.
exemplo: contatar o atendimento de emergência, buscar
material para auxiliar no atendimento, como talas e gaze, Choque Neurogênico
avisar a polícia se necessário, etc É o choque que decorre da redução do tônus vaso-
-JAMAIS SE EXPONHA A RISCOS. Utilizar luvas des-
motor normal por distúrbio da função nervosa. Este cho-
cartáveis e evitar o contato direto com sangue,
que pode ser causado, por exemplo, por transecção da
secreções, excreções ou outros líquidos. Existem
medula espinhal ou pelo uso de medicamentos, como
várias doenças que são transmitidas através deste
bloqueadores ganglionares ou depressores do sistema
contato
nervoso central.
- Tranquilizar o acidentado. Em todo atendimento ao
O reconhecimento da iminência de choque é de im-
acidentado consciente, comunicar o que será fei-
portância vital para o salvamento da vítima, ainda que
to antes de executar para transmitir-lhe confiança,
evitando o medo e a ansiedade. pouco possamos fazer para reverter a síndrome. Muitas
-Quando a causa de lesão for um choque violento, vezes é difícil este reconhecimento, mas podemos notar
deve-se pressupor a existência de lesão interna. As algumas situações predisponentes ao choque e adotar
vítimas de trauma requerem técnicas específicas condutas para evitá-lo ou retardá-lo. De uma maneira
geral, a prevenção é consideravelmente mais eficaz do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de manipulação, pois qualquer movimento errado


pode piorar o seu estado. Recomendamos que as que o tratamento do estado de choque.
vítimas de traumas não sejam manuseadas até a
chegada do atendimento emergencial. Acidenta- O choque pode ser provocado por várias causas,
dos presos em ferragens só devem ser retirados especialmente de origem traumáticas. Devemos ficar
pela equipe de atendimento emergencial. sempre atentos à possibilidade de choque, pois a gran-
-No caso do acidentado ter sede, não ofereça líqui- de maioria dos acidentes e afecções abordadas neste
dos para beber, apenas molhe sua boca com gaze manual pode gerar choque, caso não sejam atendidos
ou algodão umedecido. corretamente.
-Cobrir o acidentado para conservar o corpo quente e
protegê-lo do frio, chuva, etc.

98
Causas Principais do Estado de Choque Este procedimento deve ser feito apenas se não hou-
ver fraturas desses membros; ele serve para melhorar
-Hemorragias intensas (internas ou externas) · o retorno sanguíneo e levar o máximo de oxigênio ao
-Infarto · cérebro. Não erguer os membros inferiores da vítima a
-Taquicardias mais de 30 cm do solo. No caso de ferimentos no tórax
·-Bradicardias · que dificultem a respiração ou de ferimento na cabeça,
-Queimaduras graves · os membros inferiores não devem ser elevados. No caso
- Processos inflamatórios do coração de a vítima estar inconsciente, ou se estiver consciente,
· -Traumatismos do crânio e traumatismos graves de mas sangrando pela boca ou nariz, deitá-la na posição
tórax e abdômen · Envenenamentos lateral de segurança (PLS), para evitar asfixia.
·- Afogamento ·
-Choque elétrico · RESPIRAÇÃO: Verificar quase que simultaneamente se
- Picadas de animais peçonhentos a vítima respira. Deve-se estar preparado para iniciar a
· -Exposição a extremos de calor e frio · respiração boca a boca, caso a vítima pare de respirar.
-Septicemia. PULSO: Enquanto as providências já indicadas são execu-
tadas, observar o pulso da vítima. No choque o pulso da
No ambiente de trabalho, todas as causas citadas vítima apresenta-se rápido e fraco (taquisfigmia).
acima podem ocorrer, merecendo especial atenção os
acidentes graves com hemorragias extensas, com perda CONFORTO: Dependendo do estado geral e da exis-
de substâncias orgânicas em prensas, moinhos, extruso- tência ou não de fratura, a vítima deverá ser deitada da
ras, ou por choque elétrica, ou por envenenamentos por melhor maneira possível. Isso significa observar se ela
produtos químicos, ou por exposição a temperaturas ex- não está sentindo frio e perdendo calor. Se for preciso, a
tremas. Sintomas vítima deve ser agasalhada com cobertor ou algo seme-
A vítima de estado de choque ou na iminência de lhante, como uma lona ou casacos.
entrar em choque apresenta geralmente os seguintes
sintomas: TRANQUILIZAR A VÍTIMA: Se o socorro médico esti-
·-Pele pálida, úmida, pegajosa e fria. Cianose (arro- ver demorando, tranquilizar a vítima, mantendo-a calma
xeamento) de extremidades, orelhas, lábios e pon- sem demonstrar apreensão quanto ao seu estado. Per-
tas dos dedos. · Suor intenso na testa e palmas manecer em vigilância junto à vítima para dar-lhe segu-
das mãos. · rança e para monitorar alterações em seu estado físico e
-Fraqueza geral. · de consciência.
-Pulso rápido e fraco. ·
-Sensação de frio, pele fria e calafrios. · Edema Agudo de Pulmão
-Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil. Definição É o acúmulo anormal de líquido nos te-
cidos dos pulmões. É uma das emergências clínicas de
·- Expressão de ansiedade ou olhar indiferente e pro-
maior importância e seriedade. Principais causas O ede-
fundo com pupilas dilatadas, agitação. ·
ma pulmonar é uma emergência médica resultante de
-Medo (ansiedade).
alguma doença aguda ou crônica ou de outras situações
· -Sede intensa. · Visão nublada. ·
especiais. Problemas do coração, como cardiomiopatia
-Náuseas e vômitos. ·
(doença do músculo do coração), infarto agudo do mio-
-Respostas insatisfatórias a estímulos externos. ·
cárdio ou problemas nas válvulas do coração, que de-
-Perda total ou parcial de consciência.
terminam uma fraqueza no bombeamento do sangue
-Taquicardia. pelo coração, estão entre as principais causas do edema
pulmonar.
Prevenção do Choque Quando o coração não funciona bem, o sangue acu-
Algumas providências podem ser tomadas para evi- mula-se nos pulmões, o que leva à falta de ar. Já a infec-
tar o estado de choque. Mas infelizmente não há muitos ção pulmonar (pneumonia) ou a infecção generalizada
procedimentos de primeiros socorros a serem tomados do corpo também leva ao edema pulmonar, mas por um
para tirar a vítima do choque. mecanismo diferente.
Existem algumas providências que devem ser memo- Outra alteração que leva ao edema pulmonar é a
rizadas com o intuito permanente de prevenir o agrava- diminuição de proteínas circulantes no sangue, seja por
mento e retardar a instalação do estado de choque. problema nos rins ou no fígado.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando o nível de proteína no sangue diminui, há


DEITAR A VÍTIMA: A vítima deve ser deitada de cos- uma tendência de acúmulo de líquidos nos pulmões. As
tas. Afrouxar as roupas da vítima no pescoço, peito e cin- reações alérgicas por uso de medicações (reações anafi-
tura e, em seguida, verificar se há presença de prótese láticas agudas); o uso de narcóticos para dor (morfina,
dentária, objetos ou alimento na boca e os retirar. por exemplo) ou de certas drogas (heroína, nitrofurantoí-
na); inalação de fumaça, de gases irritantes, ou de outras
Os membros inferiores devem ficar elevados em re- substâncias tóxicas, como por exemplo os compostos or-
lação ao corpo. Isto pode ser feito colocando-os sobre gânicos fosfóricos, acidentes traumáticos graves com o
uma almofada, cobertor dobrado ou qualquer outro ob- comprometimento do sistema nervoso central e a radio-
jeto. terapia para tumores do tórax, podem também ocasionar
o edema pulmonar.

99
Quando uma pessoa muda rapidamente de um lo- Encefalopatia.
cal de baixa altitude para um de alta, o edema pulmonar Cefaleia intensa, geralmente posterior e na nuca. ·
também pode ocorrer. Falta de ar. · Sensação dos batimentos cardíacos (palpita-
ção). · Ansiedade, nervosismo. · Perturbações neurológi-
Sintomas cas, tontura e instabilidade. Zumbido.
· Alteração nos movimentos respiratórios - os movi- · Escotomas cintilantes (visão de pequenos objetos
mentos são bastante exagerados · brilhantes). · Náusea e vômito podem estar presentes.
· Encurtamento da respiração (falta de ar), que nor- Pessoas previamente hipertensas apresentam, na crise,
malmente piora com as atividades ou quando a níveis de pressão diastólica (ou mínima) de 140 ou 150
pessoa deita-se com a cabeceira baixa. O doente mm Hg ou mais. Em alguns casos, o aumento repentino
assume a posição sentada. · Dificuldade em res- tem mais importância do que a altura da pressão diastó-
pirar - aumento na intensidade da respiração (ta- lica, surgindo sintomas com cifras mais baixas, em tor-
quipneia) no de 100 ou 110 mm Hg. Em ambos os casos as cifras
· Respiração estertorosa; pode-se escutar o borbulhar sistólicas (ou máxima) apresentam-se elevadas. Abaixo,
do ar no pulmão apresentamos as variações da pressão arterial normal e
· Eventualmente - batimento das asas do nariz hipertensão, em adultos maiores de 18 anos, em mmHg.
· A pele e mucosas se tornam frias, acinzentadas, às Existem alguns fatores de risco predispõem pessoas
vezes, pálidas e cianóticas (azuladas), com sudo- não hipertensas, a terem crises hipertensivas, são eles: ·
rese fria
· Ansiedade e agitação Glomerulonefrite (inflamação no interior dos rins) ·
· Aumento dos batimentos cardíacos (taquicardia) Pielonefrite (inflamação do sistema excretor renal)
· Aumento da temperatura corporal (hipertermia) nos · arteriosclerose · diabete · sedentarismo e obesidade ·
casos de anafilaxia aguda · Mucosa nasal verme- liberação de catecolaminas secretadas por tumores das
lho-brilhante glândulas supra-renais (feocromocitomas) · ingestão de
· Tosse que no princípio não é produtiva, ou seja, não inibidor da monoaminoxidase · colagenose · toxemia da
há expectoração, passa a ser acompanhada por gravidez (pré-eclâmpsia leve e pré-eclâmpsia grave) ·
expectoração espessa e espumosa, eventualmente mulheres após a menopausa · fumo · dieta rica em sal e
sanguinolenta gorduras
· Outros sintomas específicos da causa do edema pul- Todos os sintomas e sinais de crise hipertensiva po-
monar podem ocorrer. dem evoluir para acidente vascular cerebral, edema agu-
do do pulmão e encefalopatia.
Primeiros Socorros A encefalopatia é uma síndrome clínica de etiologia
desconhecida. Ela é causada pela resposta anormal da
Transferência para um serviço de urgência ou emer- auto-regulação circulatória cerebral, em decorrência de
gência de um hospital. elevação súbita ou acentuada da pressão arterial.
· Não movimentar muito a vítima. Esta síndrome é geralmente caracterizada por cefa-
· O movimento ativa as emoções e faz com que o co- leia intensa, generalizada, de início súbito e recente; náu-
ração seja mais solicitado. sea; vômito; graus variados de distúrbios da consciência
Observar com precisão os sinais vitais. como sonolência, confusão mental, obnubilação e coma;
· Manter a pessoa na posição mais confortável, em distúrbios visuais e perturbações neurológicas transitó-
ambiente calmo e ventilado. rias como convulsões, afasia (ausência da fala), dislalia
· Obter um breve relato da vítima ou de testemunhas (dificuldade de falar), hemiparesia e movimentos mioclô-
sobre detalhes dos acontecimentos. nicos nas extremidades.
· Aplicação de torniquetes alternados, a cada 15 mi-
nutos, de pernas e braços pode ser feita enquanto Primeiros Socorros
se aguarda o atendimento especializado. A gravidade potencial da crise hipertensiva exige
· Tranquilizar a vítima, procurando inspirar-lhe con- tratamento imediato, já que a reversibilidade das pos-
fiança e segurança. síveis complicações descritas está condicionada à pres-
· Afrouxar as roupas. · teza das medidas terapêutica. O objetivo inicial do tra-
· Evitar a ingestão de líquidos ou alimentos. tamento a ser feito por médico é a rápida redução das
· Se possível, dar oxigênio por máscara à vítima. cifras tensionais.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

· No caso de parada cardíaca aplicar as técnicas de O atendimento é essencialmente especializado e a


ressuscitação cardío-respiratória. principal atitude de quem for prestar os primeiros so-
corros é a rápida identificação da crise hipertensiva e re-
Crise Hipertensiva moção da vítima. Para identificar a crise, mesmo sem ve-
Crise Hipertensiva Apesar dos atuais conhecimentos rificar a pressão arterial, deve-se conhecer os sintomas
sobre a fisiopatologia e a terapêutica da doença hiper- já descritos. Procurar saber se a vítima já é hipertensa,
tensiva, sua evolução é eventualmente marcada por epi- há quanto tempo, e que medicamentos usa. A remoção
sódio de elevação súbita e acentuada da pressão arterial, para atendimento especializado deve ser urgente.
representando uma séria e grave ameaça à vida.
O aumento rápido e excessivo da pressão arterial
pode evidencia-se pelos seguintes sintomas: ·

100
Convulsão Tentar introduzir um pano ou lenço enrolado entre os
dentes para evitar mordedura da língua
Definição É uma contração violenta, ou série de con- · Não jogar água fria no rosto da vítima.
trações dos músculos voluntários, com ou sem perda de · Quando passar a convulsão, manter a vítima deitada
consciência. Principais Causas Nos ambientes de traba- até que ela tenha plena consciência e autocontrole. · Se a
lho podemos encontrar esta afecção em indivíduos com pessoa demonstrar vontade de dormir, deve-se ajudar a
histórico anterior de convulsão ou em qualquer indiví- tornar isso possível. ·
duo de qualquer função. Contatar o atendimento especializado do NUST, pela
necessidade de diagnóstico e tratamentos precisos.
De modo específico, podemos encontrar trabalhado- No caso de se propiciar meios para que a vítima dur-
res com convulsão quando expostos a agentes químicos ma, mesmo que seja no chão, no local de trabalho, a me-
de poder convulsígeno, tais como os inseticidas clora- lhor posição para mantê-la é deitada na “posição lateral
dos e o óxido de etileno. · Febre muito alta, devido a de segurança” (PLS). Devemos fazer uma inspeção no es-
processos inflamatórios e infecciosos, ou degenerativos tado geral da vítima, a fim de verificar se ela está ferida e
· Hipoglicemia sangrando. Conforme o resultado desta inspeção, deve-
· Alcalose mos proceder no sentido de tratar das conseqüências do
· Erro no metabolismo de aminoácidos. ataque convulsivo, cuidando dos ferimentos e contusões.
· Hipocalcemia · É conduta de socorro bem prestado permanecer jun-
Traumatismo na cabeça · to à vítima, até que ela se recupere totalmente.
Hemorragia intracraniana Devemos conversar com a vítima, demonstrando
· Edema cerebral atenção e cuidado com o caso, e informá-la onde está e
· Tumores com quem está, para dar-lhe segurança e tranqüilidade.
· Intoxicações por gases, álcool, drogas alucinató- Pode ser muito útil saber da vítima se ela é epiléptica. Em
rias, insulina, dentre outros agentes · Epilepsia ou outras qualquer caso de ataque convulsivo, a vítima deve ser
doenças do Sistema Nervoso Central. encaminhada ao NUST, mesmo que ela tenha consciên-
cia de seu estado e procure demonstrar a impertinência
Sintomas dessa atitude. A obtenção ou encaminhamento para o
Inconsciência NUST deve ser feito com a maior rapidez, especialmente
· Queda desamparada, onde a vítima é incapaz de se a vítima tiver um segundo ataque; se as convulsões
fazer qualquer esforço para evitar danos físicos a durarem mais que 5 minutos ou se a vítima for mulher
si própria. grávida.
· Olhar vago, fixo e/ou revirar dos olhos.
· Suor · Midríase (pupila dilatada) Hemorragias
· Lábios cianosados · Espumar pela boca
· Morder a língua e/ou lábios
Definição
· Corpo rígido e contração do rosto
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas ca-
· Palidez intensa · Movimentos involuntários e desor-
vidades naturais como nariz, boca, etc; ela pode ser tam-
denados
bém, interna, resultante de um traumatismo.
· Perda de urina e/ou fezes (relaxamento esfincteria-
As hemorragias podem ser classificadas inicialmente
no)
em arteriais e venosas, e, para fins de primeiros socorros,
Geralmente os movimentos incontroláveis duram de
2 a 4 minutos, tornando-se, então, menos violentos e em internas e externas.
o acidentado vai se recuperando gradativamente. Estes Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em que o
acessos podem variar na sua gravidade e duração. De- sangue sai em jato pulsátil e se apresenta com coloração
pois da recuperação da convulsão há perda da memória, vermelho vivo.
que se recupera mais tarde. Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em que o
sangue é mais escuro e sai continuamente e lentamente,
Primeiros Socorros escorrendo pela ferida.
· Tentar evitar que a vítima caia desamparadamen- Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eli-
te, cuidando para que a cabeça não sofra traumatismo e minado para o exterior do organismo, como acontece em
procurando deitá-la no chão com cuidado, acomodan- qualquer ferimento externo, ou quando se processa nos
do-a. · Retirar da boca próteses dentárias móveis (pontes, órgãos internos que se comunicam com o exterior, como
o tubo digestivo, ou os pulmões ou as vias urinárias.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dentaduras) e eventuais detritos. · Remover qualquer ob-


jeto com que a vítima possa se machucar e afastá-la de
locais e ambientes potencialmente perigosos, como por Hemorragia Interna:
exemplo: escadas, portas de vidro, janelas, fogo, eletrici- É aquela na qual o sangue extravasa em uma cavida-
dade, máquinas em funcionamento. · de pré-formada do organismo, como o peritoneu, pleu-
Não interferir nos movimentos convulsivos, mas as- ra, pericárdio, meninges, cavidade craniana e câmara do
segurar-se que a vítima não está se machucando. · Afrou- olho.
xar as roupas da vítima no pescoço e cintura. ·
Virar o rosto da vítima para o lado, evitando assim a Consequências das Hemorragias ·
asfixia por vômitos ou secreções. · Não colocar nenhum Hemorragias graves não tratadas ocasionam o de-
objeto rígido entre os dentes da vítima. · senvolvimento do estado de choque e morte.

101
· Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, através de uma úlcera) causam anemia (ou seja, quantidade baixa de
glóbulos vermelhos).

Quadro Clínico
Varia com a quantidade perdida de sangue, velocidade do sangramento, estado prévio de saúde e idade do aci-
dentado.
Quantidade de sangue perdido .
Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as hemorragias.
Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada através da avaliação do acidentado
(sinais de choque compensado ou descompensado).
Quantidade de sangue perdido (Quadro IX) Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as hemorragias.
Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada através da avaliação do acidentado
(sinais de choque compensado ou descompensado).

.Velocidade
Quanto mais rápida as hemorragias, menos eficientes são os mecanismos compensatórios do organismo. Um indiví-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

duo pode suportar uma perda de um litro de sangue, que ocorre em período de horas, mas não tolera esta mesma per-
da se ela ocorrer em minutos. Não pode ser medida, mas pode ser estimada através de dados clínicos do acidentado.
A hemorragia arterial é menos freqüente, mas é mais grave e precisa de atendimento imediato para sua contenção
e controle. A hemorragia venosa é a que ocorre com maior frequência, mas é de controle mais fácil, pois o sangue
sai com menor pressão e mais lentamente. As hemorragias podem se constituir em condições extremamente graves.
Muitas hemorragias pequenas podem ser contidas e controladas por compressão direta na própria ferida, e curativo
compressivo. Uma hemorragia grande não controlada, especialmente se for uma hemorragia arterial, pode levar o aci-
dentado à morte em menos de 5 minutos, devido à redução do volume intravascular e hipoxia cerebral (anemia aguda).
A hemorragia nem sempre é visível, podendo estar oculta pela roupa ou posição do acidentado, por exemplo, uso
de roupas grossas, onde a absorção do sangue é completa ou hemorragias causadas por ferimentos nas costas quando
o acidentado estiver deitada de costas.

102
O sangue pode ser absorvido pelo solo ou tapetes, Conter uma hemorragia com pressão direta usando
lavado pela chuva, dificultando a avaliação do socorrista. um curativo simples, é o método mais indicado. Se não
Por este motivo o acidentado deve ser examinada com- for possível, deve-se usar curativo compressivo; se com a
pletamente para averiguar se há sinais de hemorragias. pressão direta e elevação da parte atingida de modo que
Os locais mais frequentes de hemorragias internas são fique num nível superior ao do coração, ainda se não for
tórax e abdome. possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo méto-
Observar presença de lesões perfurantes, de equimo- do do ponto de pressão.
ses, ou contusões na pele sobre estruturas vitais. Atenção:
Os órgãos abdominais que mais frequentemente pro- Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou
duzem sangramentos graves são o fígado, localizado no se houver suspeita de lesão interna tal como fratura.
quadrante superior direito, e o baço, no quadrante supe-
rior esquerdo. Algumas fraturas, especialmente as de ba- Torniquete
cia e fêmur podem produzir hemorragias internas graves Há casos em que uma hemorragia torna-se intensa,
e estado de choque. com grande perda de sangue. Estes casos são de extre-
Observar extremidades com deformidades e doloro- ma gravidade. Nestes casos, em que hemorragias não
sas e estabilidade pélvica. podem ser contidas pelos métodos de pressão direta,
A distensão abdominal com dor após traumatismo curativo compressivo ou ponto de pressão, torna-se ne-
deve sugerir hemorragia interna. cessário o uso do torniquete.
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, O torniquete é o último recurso usado por quem fará
por vezes hemorragias do tórax produzem hemoptise. O o socorro, devido aos perigos que podem surgir por sua
sangramento do esôfago, estômago e duodeno podem má utilização, pois com este método impede-se total-
se exteriorizar através da hematêmese (vômito com san- mente a passagem de sangue pela artéria. Para fazer um
gue), ou dependendo do volume, através também de torniquete usar a seguinte técnica:· Elevar o membro fe-
melena (evacuação de sangue). rido acima do nível do coração.
Neste caso as condutas do socorrista visarão somen- · Usar uma faixa de tecido largo, com aproximada-
te o suporte da vida, principalmente de via aérea e respi- mente sete centímetros ou mais, longo o suficiente
ração, até o hospital, pois pouco há o que se fazer. para dar duas voltas, com pontas para amarração.
A hemorragia recebe nomes conforme o lugar onde · Aplicar o torniquete logo acima da ferida.
se manifesta ou o aspecto onde se apresenta. Tem basi- · Passar a tira ao redor do membro ferido, duas vezes
camente duas causas, espontânea ou traumática. . Dar meio nó.
No caso da espontânea, geralmente é o sinal de alar- · Colocar um pequeno pedaço de madeira (vareta, ca-
me de uma doença grave. A hemorragia causada por neta ou qualquer objeto semelhante) no meio do
traumatismo é a mais comum nos ambientes de traba- nó.
lho, e dependendo da sua intensidade e localização, o · Dar um nó completo no pano sobre a vareta. · Aper-
mais indicado é levar o acidentado a um hospital, porém tar o torniquete, girando a vareta.
em certos casos pode-se ajudar o acidentado, tomando · Fixar as varetas com as pontas do pano.
atitudes específicas, como veremos a seguir. · Afrouxar o torniquete, girando a vareta no sentido
Em casos particulares, um método que pode vir a ser contrário, a cada 10 ou 15 minutos.
temporariamente eficaz é o método do ponto de pres-
são. Devemos estar conscientes dos perigos decorrentes
A técnica do ponto de pressão consiste em comprimir da má utilização do torniquete. A má utilização (tempo
a artéria lesada contra o osso mais próximo, para dimi- muito demorado) pode resultar em deficiência circulató-
nuir a afluência de sangue na região do ferimento. Em ria de extremidade.
hemorragia de ferimento ao nível da região temporal e É absolutamente contra indicado a utilização de fios
parietal, deve-se comprimir a artéria temporal contra o de arame, corda, barbante, material fino ou sintético na
osso com os dedos indicadores, médios e anular. técnica do torniquete. Usar torniquete nos casos de he-
No caso de hemorragia no membro superior, o ponto morragias externas graves: esmagamento mutilador ou
de pressão está na artéria braquial, localizada na face in- amputação traumática. A fixação do torniquete também
terna do terço médio do braço. pode ser feita com o uso de uma outra faixa de tecido
Ver localização da artéria na No caso de ferimento amarrada sobre a vareta, em volta do membro ferido.
com hemorragia no membro inferior, o ponto de pressão É importante que se saiba da necessidade de afrouxar
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é encontrado na parte interna no terço superior, próximo o torniquete gradual e lentamente a cada 10 ou 15 mi-
à região inguinal, que é por onde passa a artéria femoral. nutos, ou quando ocorrer arroxeamento da extremidade,
Nesta região a artéria passa por trás dos músculos. para que o sangue volte a circular um pouco.
Usar compressão muito forte para atingi-la e diminuir a Evitando assim maior sofrimento da parte sã do mem-
afluência de sangue. Deve-se inclinar para frente, com bro afetado. Se a hemorragia for contida, deve-se deixar
o acidentado deitada e pressionar com força o punho o torniquete frouxo no lugar, de modo que ele possa ser
contra a região inguinal. É importante procurar manter reapertado caso necessário.
o braço esticado para evitar cansaço excessivo e estar
preparado para insistir no ponto de pressão no caso de a
hemorragia recomeçar.

103
HEMORRAGIA INTERNA ser estancadas. As medidas para contenção devem ser apli-
cadas o mais rapidamente possível, a fim de evitar perda
Os casos de hemorragia interna são também de mui- excessiva de sangue.
ta gravidade, devido ao grau de dificuldade de sua iden-
tificação por quem está socorrendo. Suspeitar de hemor- Primeiros Socorros
ragia interna se o acidentado estiver envolvido em: Ao atender um caso de epistaxe deve-se observar a se-
· Acidente violento, sem lesão externa aparente guinte conduta: · Tranquilizar o acidentado para que não
· Queda de altura entre em pânico.
· Contusão contra volante ou objetos rígidos · Afrouxar a roupa que lhe aperte o pescoço e o tórax.
· Queda de objetos pesados sobre o corpo mesmo · Sentar o acidentado em local fresco e arejado com
que, a princípio, o acidentado não reclame de nada tórax recostado e a cabeça levantada. · Verifique o
e tente dispensar socorro, é importante observar pulso, se estiver forte, cheio e apresentar sinais de
os seguintes sintomas: hipertensão, deixe que seja eliminada certa quan-
tidade de sangue.
a) Pulso fraco e rápido · Fazer ligeira pressão com os dedos sobre a asa do
b) Pele fria orifício nasal de onde flui o sangue, para que as
c) Sudorese (transpiração abundante) paredes se toquem e, por compressão direta o
d) Palidez intensa e mucosas descoradas sangramento seja contido. · Inclinar a cabeça do
e) Sede acentuada acidentado para trás e manter a boca aberta. Sem-
f) Apreensão e medo pre que possível aplicar compressas frias sobre a
g) Vertigens h) Náuseas testa e nuca. ·
i) Vômito de sangue Caso a pressão externa não tenha contido a hemor-
j) Calafrios ragia, introduzir um pedaço de gaze ou pano lim-
k) Estado de choque po torcido na narina que sangra. Pressionar o local.
l) Confusão mental e agitação · Encaminhar o acidentado para local onde possa
m) “Abdômen em tábua” (duro não compressível) receber assistência adequada.
n) Dispnéia (rápida e superficial) o) Desmaio A con- · Em caso de contenção do sangramento, avisar o
duta deve ser procurar imediatamente atendimen- acidentado para evitar assoar o nariz durante pelo
to especializado, enquanto se mantém o acidenta- menos duas horas para evitar novo sangramento.
do deitado com a cabeça mais baixa que o corpo,
e as pernas elevadas para melhorar o retorno san- HEMOPTISE
guíneo.
Hemoptise Hemoptise é a perda de sangue que vem
Este procedimento é o padrão para prevenir o estado dos pulmões, através das vias respiratórias. O sangue flui
de choque. Nos casos de suspeita de fratura de crânio, pela boca, precedido de tosse, em pequena ou grande
lesão cerebral ou quando houver dispnéia, a cabeça deve quantidade, de cor vermelho vivo e espumoso. Para al-
ser mantida elevada. Aplicar compressas frias ou saco de guns autores, a excessiva perda de sangue e a insuficiência
gelo onde houver suspeita de hemorragia interna. Se não respiratória são igualadas por poucas condições em suas
for possível, usar compressas úmidas. potencialidades de ameaçar diretamente a vida do aciden-
tado. Neste contexto a hemoptise pode representar um
Hemorragia Nasal (Epistaxe ou Rinorragia) dos mais alarmantes sinais de emergência. Ao contrário da
hemorragia externa, a fonte e a causa exatas da hemorragia
É a perda de sangue pelo nariz. pulmonar são muitas vezes desconhecidas das vítimas des-
sa condição, e a sua natureza desconhecida contribui para
A hemorragia nasal pode ocorrer por traumatismo
acentuar o medo. As causas mais frequentes de hemoptise
craniano. Neste caso, especialmente quando o sangue
são:
sai em pequena quantidade acompanhada de líquor, o
a) Bronquiectasia
corrimento não deve ser contido e o acidentado precisa
b) Tuberculose
de atendimento especializado com urgência.
c) Abscesso pulmonar
A hemorragia do nariz é uma emergência comum
d) Tumor pulmonar
que geralmente resulta de um distúrbio local, mas pode
e) Estenose da válvula mitral
decorrer de uma grave desordem sistêmica. Em muitos ca-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

f) Embolia pulmonar
sos a epistaxe não tem causa aparente. g) Traumatismo
Pode ocorrer devido à manipulação excessiva no ple- h) Alergia (poeiras, vapores, gases, etc).
xo vascular com rompimento dos vasos através das unhas;
diminuição da pressão atmosférica; locais altos; viagem de Hematêmese
avião; saída de câmara pneumática de imersão ou sino de
mergulho; contusão; corpo estranho; fratura da base do É a perda de sangue através de vômito de origem
crânio; altas temperaturas; dentre outras. Às vezes pode gástrica (sangramento, por exemplo: úlcera) ou esofa-
ocorrer como sintoma de um grave transtorno no organis- giana (ruptura de varizes esofagianas). O sangue sai só
mo que requer investigação imediata, como por exemplo ou junto com resto de alimento. A coloração do sangue
crise hipertensiva. As hemorragias nasais sempre podem pode ser de um vermelho rutilante (raro) ou, após ter

104
sofrido ação do suco gástrico, apresentar-se com uma A PELE
coloração escura. É a chamada hematêmese em borra
de café. Entre os órgãos atingidos pelas queimaduras, a pele é
A hematêmese é comum em enfermidades como a mais frequentemente afetada. Considerada o maior ór-
varizes do esôfago, úlcera, cirrose e esquistossomose. gão do corpo humano,a pele é a parte do organismo que
Pode ter como causas: mecânicas ou tóxicas (arsênico, recobre e resguarda a superfície corporal, tendo algumas
sulfureto de carbono, mercúrio) ou inflamatórias. Toda funções, tais como controlar a perda de água e proteger
hemorragia interna que demora a se exteriorizar pode o corpo contra atritos. A pele desempenha também um
ser identificada pelos seguintes sinais: palidez intensa, papel importante na manutenção da temperatura geral
distensão abdominal, extremidades frias e úmidas, pul- do corpo, devido à ação das glândulas sudoríparas e
so rápido e fraco. Quando se exterioriza o sangramento, dos capilares sanguíneos nela encontrados. A pele for-
os sinais são os mesmos, acrescidos dos sintomas: fra- ma uma barreira protetora contra a atuação de agentes
queza, tontura, enjôo, náusea antes da perda de sangue, físicos, químicos ou bacterianos sobre os tecidos mais
vômitos com sangue escuro e desmaio. Proceder de profundos do organismo. Além disso, a pele é composta
acordo com a seguinte conduta: · Manter o acidentado por camadas que detectam as diferentes sensações cor-
em repouso em decúbito dorsal (ou lateral se estiver in- porais, como o sentido do tato, a temperatura e a dor.
consciente), não utilizar travesseiros. · As camadas que compõem a pele são a epiderme e a
Suspender a ingestão de líquidos e alimentos. · Apli- derme. De igual forma, existem ainda na pele vários ane-
car bolsa de gelo ou compressas frias na área do es- xos, como as glândulas sebáceas e os folículos pilosos.
tômago. · Encaminhar o acidentado para atendimento Na fase aguda do tratamento da queimadura, vários ór-
especializado no NUST. gãos são afetados em intensidade variável, dependendo
do caso.
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/ma-
nuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA DAS QUEIMADU-
pdf RAS

Queimaduras 1. Tratamento imediato de emergência:


• Interrompa o processo de queimadura.
As queimaduras são lesões decorrentes de agentes • Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses.
(tais como a energia térmica, química ou elétrica) capa- • Cubra as lesões com tecido limpo.
zes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos 2. Tratamento na sala de emergência: a. Vias aéreas
corporais e acarreta a morte celular. (avaliação):
2. • Avalie a presença de corpos estranhos, verifique
Tais agravos podem ser classificados como queima- e retire qualquer tipo de obstrução. b. Respiração:
duras de primeiro grau, de segundo grau ou de terceiro 3. • Aspire as vias aéreas superiores, se necessário.
grau. Esta classificação é feita tendo-se em vista a pro- Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e,
fundidade do local atingido. Por sua vez, o cálculo da ex- na suspeita de intoxicação por monóxido de car-
tensão do agravo é classificado de acordo com a idade. bono, mantenha a oxigenação por três horas.
Nestes casos, normalmente utiliza-se a conhecida • Suspeita de lesão inalatória: queimadura em am-
regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em biente fechado com acometimento da face, pre-
conta a extensão atingida, a chamada superfície corpo- sença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo,
ral queimada (SCQ). Para superfícies corporais de pouca dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência
extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos respiratória
corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o . • Mantenha a cabeceira elevada (30°).
tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do pa- • Indique intubação orotraqueal quando: a escala de
ciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ. A coma Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for me-
avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com nor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na
a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma gasometria; a dessaturação for menor do que 90
e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. na oximetria; houver edema importante de face e
O processo de reparação tecidual do queimado depen- orofaringe.
derá de vários fatores, entre eles a extensão local e a c. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

profundidade da lesão. membros superiores e inferiores e verifique a per-


A queimadura também afeta o sistema imunológico fusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de
da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas impor- pulso).
tantes, com consequências sobre o quadro clínico geral d. Avalie traumas associados, doenças prévias ou ou-
do paciente. Antes de apresentarmos o passo a passo tras incapacidades e adote providências imediatas.
para o atendimento inicial das vítimas de queimaduras, e. Exponha a área queimada. f. Acesso venoso:
iniciaremos esta cartilha com uma breve informação so- • Obtenha preferencialmente acesso venoso perifé-
bre o principal órgão atingido pelo agravo, a pele rico e calibroso, mesmo em área queimada, e so-
mente na impossibilidade desta utilize acesso ve-
noso central.

105
g. Instale sonda vesical de demora para o controle da 5. Cálculo da hidratação: Fórmula de Parkland = 2 a
diurese nas queimaduras em área corporal supe- 4ml x % SCQ x peso (kg): • 2 a 4ml/kg/% SCQ para
rior a 20% em adultos e 10% em crianças. crianças e adultos.
3. Profundidade da queimadura: a. Primeiro grau (es- • Idosos, portadores de insuficiência renal e de in-
pessura superficial) – eritema solar: • Afeta somen- suficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter seu
te a epiderme, sem formar bolhas. tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e ne-
• Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em cessitam de observação mais criteriosa quanto ao
4 a 6 dias. b. Segundo grau (espessura parcial-su- resultado da diurese
perficial e profunda): . • Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer
• Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou com lactato).
flictenas • Faça a infusão de 50% do volume calculado nas pri-
. • Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e do- meiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes.
lorosa. • Profunda: a base da bolha é branca, seca, • Considere as horas a partir da hora da queimadura.
indolor e menos dolorosa (profunda). • Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h.
• A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. c. • No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno
Terceiro grau (espessura total): • Afeta a epiderme, de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina.
a derme e estruturas profundas. • Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e
• É indolor. sempre que necessário.
• Existe a presença de placa esbranquiçada ou ene- • Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso
grecida de coloide, diurético e drogas vasoativas.
• Possui textura coreácea. 6. Tratamento da dor: Instale acesso intravenoso e
• Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indi- administre:
cada também para o segundo grau profundo). • Para adultos: Dipirona = de 500mg a 1 grama em
4. Extensão da queimadura (superfície corpórea quei- injeção endovenosa (EV); o
mada – SCQ): • Regra dos nove (urgência) (veja a
figura 1). Morfina = 1ml (ou 10mg) diluído em 9ml de solução
• A superfície palmar do paciente (incluindo os dedos) fisiológica (SF) a 0,9%, considerando-se que cada 1ml é
representa cerca de 1% da SCQ. igual a 1mg.
• Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas,
face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes Administre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso.
articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, arti-
culação coxofemural, joelho e tornozelo) e órgãos • Para crianças: Dipirona = de 15 a 25mg/kg em EV;
genitais, bem como queimaduras profundas que ou Morfina = 10mg diluída em 9ml de SF a 0,9%,
atinjam estruturas profundas como ossos, múscu- considerando-se que cada 1ml é igual a 1mg. Ad-
los, nervos e/ou vasos desvitalizados. ministre de 0,5 a 1mg para cada 10kg de peso.

7. Gravidade da queimadura: Condições que classifi-


cam queimadura grave:
• Extensão/profundidade maior do que 20% de SCQ
em adultos.
• Extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ
em crianças.
• Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65
anos.
• Presença de lesão inalatória.
• Politrauma e doenças prévias associadas.
• Queimadura química.
• Trauma elétrico.
• Áreas nobres/especiais (veja o terceiro tópico do
item 4).
• Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(suicídio), entre outras. 8. Medidas gerais imediatas


e tratamento da ferida:
• Limpe a ferida com água e clorexidina desgermante
a 2%.
Na falta desta, use água e sabão neutro.

Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da


cama do paciente, pescoço em hiperextensão e
membros superiores elevados e abduzidos, se
houver lesão em pilares axilares.

106
• Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço • Avalie os traumas associados (queda de altura e ou-
antitétano. tros traumas).
• Administre bloqueador receptor de H2 para profila- • Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada
xia da úlcera de estresse. cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente.
• Administre heparina subcutânea para profilaxia do • Avalie a extensão da lesão e a passagem da cor-
tromboembolismo. rente.
• Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimi- • Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a
crobiano tópico. 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem de
• Curativo exposto na face e no períneo. enzimas (CPK e CKMB).
• Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de • Procure sempre internar o paciente que for vítima
morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o deste tipo de trauma.
princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze • Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumen-
absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e to da diurese com maior infusão de líquidos
atadura de crepe . • Na passagem de corrente pela região do punho
. • Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço,
apenas às queimaduras potencialmente coloniza- o braço e os membros inferiores e verifique a ne-
das e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em cessidade de escarotomia com fasciotomia em tais
outros casos, evite o uso. segmentos.
• Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por
qualquer via. Queimadura química:
• As queimaduras circunferenciais em tórax podem • A equipe responsável pelo primeiro atendimento
necessitar de escarotomia para melhorar a expan- deve utilizar proteção universal para evitar o con-
são da caixa torácica. tato com o agente químico.
• Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha • Identifique o agente causador da queimadura: áci-
axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos ar- do, base ou composto orgânico.
cos costais (veja a figura 2). • Avalie a concentração, o volume e a duração de
contato.
Para escarotomia de membros superiores e membros
inferiores, realize incisões mediais e laterais (veja a figura Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas
2). e retire o excesso do agente causador.
• Remova previamente o excesso com escova ou pa-
• Habitualmente, não é necessária anestesia local
nos em caso de queimadura por substância em pó.
para tais procedimentos; porém, há necessidade
• Dilua a substância em água corrente por no mínimo
de se proceder à hemostasia.
30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos no
caso de queimaduras oculares.
• Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato
com o centro toxicológico mais próximo.
• Nas queimaduras por ácido fluorídrico com reper-
cussão sistêmica, institua a aplicação por via en-
dovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais
10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe
laboratorialmente a reposição do cálcio iônico.
• Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel
sobre a lesão, friccione a região afetada durante 20
minutos (para atingir planos profundos) e monito-
re os sintomas dolorosos.
• Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área
da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro
fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centíme-
tro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina
de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

centro (assepsia normal).


• Nos casos associados à dificuldade respiratória, po-
derá ser necessária a intubação endotraqueal.

. Infecção da área queimada: São considerados sinais


Trauma elétrico: e sintomas de infecção em queimadura:
• Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, • Mudança da coloração da lesão.
por corrente alternada ou contínua e se houve pas- • Edema de bordas das feridas ou do segmento cor-
sagem de corrente elétrica com ponto de entrada póreo afetado. • Aprofundamento das lesões.
e saída. • Mudança do odor (cheiro fétido).

107
• Descolamento precoce da escara seca e transfor-
mação em escara úmida. • Coloração hemorrágica ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO
sob a escara. CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO DE
• Celulite ao redor da lesão. MEDICAMENTOS;
• Vasculite no interior da lesão (pontos avermelha-
dos).
• Aumento ou modificação da queixa dolorosa. 12. Prezado candidato, este material já foi aborda-
Critérios de transferência de pacientes para unida- do anteriormente
des de tratamento de queimaduras:
• Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que
20% da SCQ em adultos. LIMPEZA, DESINFECÇÃO, ESTERILIZAÇÃO E
• Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da ACONDICIONAMENTO DE MATERIAIS;
SCQ em crianças ou maiores de 50 anos. • Queima-
duras de 3° grau em qualquer extensão.
• Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, Prezado candidato, este material já foi abordado
nos pés e em grandes articulações. • Queimadura anteriormente.
elétrica.
• Queimadura química.
• Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou PRÁTICAS DE LIDERANÇA EM
de membros. 17 ENFERMAGEM; ADMINISTRAÇÃO
• Doenças associadas, tentativa de aut oextermínio EM ENFERMAGEM: TEORIAS DA
(suicídio), politrauma, maus-tratos ou situações ADMINISTRAÇÃO, ESTRUTURA
sociais adversas. ORGANIZACIONAL, DIMENSIONAMENTO
• A transferência do paciente deve ser solicitada à
DE PESSOAL DE ENFERMAGEM,AVALIAÇÃO
unidade de tratamento de queimaduras (UTQ) de
referência, após a estabilização hemodinâmica e as
DE DESEMPENHO DE PESSOAL DA
medidas iniciais, com leito de UTI reservado para ENFERMAGEM,
queimados.
• Pacientes graves somente deverão ser transferidos
acompanhados de médico em ambulância com Administração em Enfermagem
UTI móvel e com a possibilidade de assistência
ventilatória. A prática de enfermagem é uma das principais ativi-
• O transporte aéreo para pacientes com trauma, dades profissionais da área de saúde, onde se abrange
pneumotórax ou alterações pulmonares deve ser diversos departamentos de atuação. Em função do de-
realizado com extremo cuidado, pelo risco de ex- senvolvimento técnico-científico e de sua prática profis-
pansão de gases e piora clínica. sional, a enfermagem é uma profissão que vem evoluindo
• As UTQs de referência sempre têm profissionais ha- muito ao longo dos anos. Para esses dois autores a en-
bilitados para dar orientações sobre o tratamento fermagem é um conjunto de ciências humanas e sociais,
completo das vítimas de queimaduras. uma profissão que vem evoluindo consideravelmente ao
• A transferência do paciente deve ser solicitada à longo dos anos e vem sendo estudada e através disto
UTQ de referência após a estabilização hemodinâ- observa-se uma grande contribuição de sua parte para o
mica e as medidas iniciais. desenvolvimento de seu pessoal.
• Envie sempre relatório com todas as informações Rothbarth, Wolff e Peres entendem que a mais im-
colhidas, as anotações de condutas e os exames portante responsabilidade do enfermeiro é a assistência
realizados. em saúde e tem como foco a excelência de atendimento
buscando o bem estar do cliente. A profissão de enfer-
magem exige de eu profissional um perfil que agregue
Referências: um conjunto de características que o capacite para exer-
eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/ cer sua profissão da melhor e mais adequada maneira
2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf possível, sendo algumas delas: agilidade, decisões as-
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tra- sertivas, criatividade e agregação de valores à instituição
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tamento_emergencia_queimaduras.pdf onde trabalha. É necessário também que o enfermeiro


http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2610-sin- esteja sempre buscando atualização dos seus conheci-
drome-metabolica mentos e técnicas de trabalho, que seja capaz de atuar
http://www.fhemig.mg.gov.br/index.php/docman/Pro- em diferentes campos de ação, oferecendo uma assis-
tocolos_Clinicos-1/59-016-sindrome-de-abstinencia-alcooli- tência de excelência em todos os setores em que atuar.
ca-2014/file Segundo Arone e Cunha, são atribuição do enfermeiro
prestar ao cliente uma assistência satisfatória e isenta
de riscos a fim de passar confiança e desta forma contar
com a colaboração do cliente para todo tipo e assistência
que for necessária ao mesmo.

108
Liderança em enfermagem: Considerando que o tabelece uma melhor satisfação e aumento de produtivi-
enfermeiro é o principal responsável por sua equipe e dade no trabalho. A enfermagem busca na administração
tem como objetivo a realização de determinadas ativida- uma ciência capaz de tornar a profissão operacionalmen-
des pelas quais depende do desempenho de sua equipe te racional, tendo em vista que administração é defendia
para a realização de uma forma eficiente, entende-se que como um instrumento de qualquer organização e que
é necessário que haja no enfermeiro o perfil de líder, para pode ser aplicada em qualquer área.
que assim estimule e influencie sua equipe a alcançar os Ao longo deste estudo vimos que o administrador
objetivos. tem como função: planejar, organizar, coordenar, exe-
cutar e avaliar os serviços de uma organização. Assim
Segundo Trevizan a palavra liderar vem do verbo in- como o administrador o enfermeiro também exerce essa
glês to lead e significa, conduzir, dirigir, guiar, comandar, função no que diz respeito aos serviços de enfermagem
persuadir, encaminhar. O primeiro registro dessa palavra os serviços de enfermagem. É bem verdade que em al-
foi no ano 825 d.C. Os diversos conceitos ligados a ele gumas ocasiões tem sido necessário que o enfermeiro
estão ligados ao latim, ducere, que no português signi- resolva questões que não são de sua responsabilidade,
fica conduzir. Entre as décadas de 30 e 40 a palavra lead fazendo com que ele se sinta sobrecarregado pondo em
foi adaptada ao português significando líder, liderança, risco a eficácia de seu trabalho. Visando o acúmulo de
liderar. Os primeiros estudos realizados sobre liderança responsabilidades entende-se que é necessário que o
têm a tendência de classificá-la como a capacidade de enfermeiro/ administrador na resolução de problemas
influenciarem seus respectivos liderados em prol de um busque não somente soluções imediatistas, ou seja, a
objetivo comum, assim sendo liderança pode ser defini- curto prazo, mas também a médio e longo prazo, através
da como o processo de coordenar e influenciar determi- de planejamento e organização evitando assim o acúmu-
nadas tarefas de membros de grupos variados. lo de situações problemáticas e o estresse e sobrecarga
É comum o uso do termo liderança para definir a pes- enfermeiro prejudicando assim seu desempenho.
soa que está no comando, ou seja que está a frente de
uma equipe e junto a ela busca um objetivo único. En- Processo Gerencial do enfermeiro
quanto que Mendes, liderança é o processo de condução
de pessoas, é a capacidade de influenciar e motivar as Segundo Weirich, a gerência deve ser entendida atri-
pessoas lideradas a realização de uma tarefa da melhor buição dos dirigentes na perspectiva de construção de
maneira possível de acordo com os objetivos do grupo um objetivo a fim de atender às necessidades da popu-
ou da organização. A liderança é fator capaz de harmo- lação voltada para integralidade de atendimento. Para
nizar a exigência das organizações com a necessidade Pesut e Herman o processo de enfermeiro oferece outro
das equipes. É um processo que abrange todos os de- sistema teórico de resolução dos problemas e tomada
partamentos da vida, sejam eles familiares, acadêmicos, de decisão. Os educadores de enfermagem identificam
trabalhistas, sociais e muitos outros mais. A liderança é o processo de enfermagem como um modelo eficiente
manifestada todas as vezes que é aplicada a influência de tomada de decisão. É necessário que o enfermei-
sobre outras pessoas a fim de se realizar algum objetivo. ro tenha competência para assumir a responsabilidade
Segundo Kotter, em quanto à visão do administrador de gerenciar, tendo em vista que o gerenciamento de
é focada para o resultado final, a do líder é voltada para enfermagem corresponder a coordenar os serviços de
o objetivo inicial, inspirando as pessoas a traçar seus ob- assistência em enfermagem e de tomada de decisões a
jetivos. Para Kotter o sucesso dos lideres estão entrelaça- fim oferecer uma assistência de qualidade. O enfermeiro
dos ao sucesso das pessoas ao seu redor, havendo uma deve estar sempre aprimorando suas competências ge-
atuação harmônica entre eles. Segundo Souza e Soares, o renciais, o que pode ser feito através de cursos, cursos
exercício da liderança é uma das principais responsabili- de especialização, educação continuada, dentre outros.
dades do enfermeiro tendo em vista que ser líder e saber E um outro elemento importante no processo gerencial
administrar são condições absolutamente necessárias do enfermeiro a ser considerado é o que Weirich salienta:
para o eficiente desenvolvimento do trabalho do profis- uma característica importante nas praticas gerenciais é
sional de enfermagem. Assim sendo podemos observar a inclusão das relações humanas, onde viabiliza as prá-
a importância da realização de liderança nos serviços de ticas para a administração do trabalho de pessoas. Um
enfermagem. Ainda Hunter, afirma que ser líder não é outro aspecto a ser salientado é que não compete ao
apenas influenciar, mas sim ter a capacidade de servir ao enfermeiro somente identificar a cultura da organização
próximo. O autor acreditar que quando a pessoa se dis- e sua influência no processo de gestão, mas também a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ponibiliza a serviço de um outro alguém, isso causa um compreensão de como é aprendida e disseminada essa
impacto profundo, onde a satisfação é o retorno. cultura pelos seus integrantes, possibilitando assim suas
ações gerenciais.
Aplicação da administração em enfermagem Voltando ao objetivo geral deste artigo, a seguir
apresenta-se a definição comum de administração como
Ao longo dos anos a práxis da enfermagem tem con- sendo o processo que incluí o administrar na esfera do
tribuído muito para o desenvolvimento da profissão o trabalho do enfermeiro:
que faz com que ela necessite do apoio de outras ciên- - Planejamento: planejar se consiste em arquitetar
cias como a administração para a sua expansão. Segundo um plano, analisar recursos, criar uma estratégia
Souza e Soares, a administração participativa no que diz para realização de um objetivo.
respeito à democratização das tomadas de decisões, es-

109
- Organização: este processo se dá logo após o pla- A administração se aplica praticamente em todas as
nejamento e se consiste em colocar cada etapa do esferas da vida humana, tanto pessoal como profissio-
planejamento em seu devido lugar, ou seja, juntar nal. Trazendo este corpo de conhecimentos para a esfera
as informações e colocá-las de forma ordenadas, de saúde, o trabalho do enfermeiro no cumprimento das
delegar funções e atribuir responsabilidade e au- suas funções focando o objetivo de atingir a eficiência e
toridade a pessoas. a eficácia no seu processo gerencial, conclui-se que há
- Liderança: após o planejamento e a organização, é uma forte correlação dos conceitos apresentados pela
necessário que haja uma influência sobre as pes- administração na enfermagem, mas se perceber que
soas que irão realizar determinadas tarefas, mo- esse processo é multidisciplinar e não se dá de forma
tivando-as a realizarem o trabalho de uma forma ordenada como foi apresentado. Portanto, ela trata-se
eficaz. de um processo que acontecesse simultaneamente e de-
- Execução: é o processo de realizar tarefas e con- pendendo de cada circunstância especifica, assim com na
sumir recursos cuja sua eficácia depende da for- teoria contingencial, a qual se observa a maior aproxima-
ma pela qual a motivação e influencia foi exer- ção do processo gerencial do enfermeiro.
cida através do líder.
- Controle: é onde se realiza o feedback da realiza- EDUCAÇÃO EM SERVIÇO. EDUCAÇÃO CONTINUA-
ção de um objetivo, onde se verifica a mudança DA
de estratégia, ou seja, é a análise do decorrer e da
conclusão de uma determinada tarefa. Educação continuada se faz necessária pela própria
natureza do saber e do fazer humano como práticas que
Acima foi apresentado de forma breve o conceito dos se transformam constantemente. A realidade muda, e o
termos chaves que caracterizam a definição da adminis- saber que constituímos sobre ela precisam ser revistos e
tração. Por outro lado, não deixa de se fazer presente ampliados sempre. Dessa forma o processo de educação
no processo gerencial do enfermeiro. Na enfermagem, se faz necessário para atualizar conhecimentos e esti-
planejar e executar atividades são imprescindíveis para mular mudanças positivas. Compõem-se por diferentes
garantir assistência com qualidade. A função de plane- ações como, cursos, congressos, seminários, orientações,
jamento costuma figurar como uma das atividades de- técnicas e estudos individuais.
senvolvidas predominantemente pela enfermeira, dada a A educação continuada é componente essencial dos
divisão social e técnica do trabalho. Costuma também, programas de formação e desenvolvimento de recursos
ser associado imediatamente ao planejamento da assis- humanos das instituições. Oguisso afirma que, sendo
tência de enfermagem ou ainda, Como uma função das o capital humano o elemento mais importante no fun-
enfermeiras que desenvolvem predominantemente o cionamento de qualquer empresa, grande ou pequena,
processo de trabalho de gerenciamento do serviço ou da pública ou privada, ele deve ser objeto de análises per-
unidade assistencial. manentes e de adequação de funções para melhorar a
A fase de planejamento do processo administrativo eficiência do trabalho, a competência profissional e o ní-
é um elemento essencial que antecede todas as demais vel de satisfação do pessoal.
funções. Sem planejamento adequado, ocorre fracasso De acordo com a Organização Panamericana de Saú-
no processo administrativo, considera Marquis. Desse de, educação continuada é um processo dinâmico de
modo, planejar pode ser considerado como uma função ensino-aprendizagem, ativo e permanente, destinado a
proativa, necessária a todos os enfermeiros para que as atualizar e melhorar a capacitação de pessoas, ou gru-
necessidades e os objetivos pessoais e organizacionais pos, face à evolução científico-tecnológica, às necessida-
possam ser alcançados. Ela se inicia se inicia à medida des sociais e aos objetivos e metas institucionais. Assim,
que se determinam os objetivos a serem alcançados, se a educação continuada precisa ser considerada como
definem estratégias e políticas de ação e se detalham parte de uma política global de qualificação dos traba-
planos para conseguir alcançar os objetivos, se estabe- lhadores de saúde, centrada nas necessidades de trans-
lece uma sequência de decisões que incluem a revisão formação da prática.
dos objetivos propostos alimentando um ciclo de plani- A OMS reconhece a educação continuada como es-
ficação. sencial para a qualidade da assistência à saúde. Segun-
Já foi abordado o papel da liderança no trabalho do do Oguisso, a OMS entende que a educação continuada
enfermeiro. A partir do planejamento, se dá a organi- faz parte do desenvolvimento dos recursos humanos,
zação, execução do trabalho, onde se podem incluir os num esforço sistemático de melhorar o funcionamento
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

demais dois elementos: a liderança e o controle. Essas dos serviços por meio do desempenho do seu pessoal.
funções coexistem no desempenho do trabalho do en- Atualmente, o Ministério da Saúde descreve que alguns
fermeiro. Determinar quem faz o que e onde nas organi- programas utilizados pelos Serviços de Educação Conti-
zações, assim como evidencia as relações de autoridade nuada (SEC) das instituições de saúde possuem limitada
e poder existentes entre os componentes organizacio- capacidade de produzir impacto sobre as instituições for-
nais. A organização é um dos meios de que se utilizam madoras, no sentido de alimentar os processos de mu-
as organizações para atingirem eficientemente seus ob- dança, já que mantêm a lógica programática das ações,
jetivos. E nesse processo o controle essencial, de horas, não desafiando os distintos atores para uma postura de
custos, salários, horas extras, ausência de doença, patri- mudança e problematização de suas próprias práticas e
mônio, suprimentos, etc. do trabalho em equipe. Assim, para minimizar essas de-
ficiências, propõe a implementação da Educação Perma-

110
nente em Saúde, que tem por desafio constituir-se em: com uma bagagem específica. Ao assumir sua profissão,
eixo transformador; estratégia mobilizadora de recursos o trabalhador precisa integrar “seu jeito de ser”, adap-
e poderes; recurso estruturante do fortalecimento dos tando suas características pessoais à cultura organizacio-
serviços de educação das instituições de saúde. nal. Para isso, o profissional deve estar engajado e querer
A Educação Permanente em Saúde é uma nova es- crescer, pois o aprendizado se dá pela conscientização.
tratégia para a formação e desenvolvimento das práti- Como afirma Freire: “[…] a conscientização não é apenas
cas educativas, devendo ser tomada como um recurso conhecimento ou reconhecimento, mas opção, decisão e
inovador para a gestão do trabalho, entendendo que compromisso […]”.
o aprender e ensinar se incorporam ao quotidiano das Também, diante das novas exigências das organiza-
organizações e ao trabalho. Na proposta da Educação ções de saúde, a enfermagem enfrenta contínuas trans-
Permanente, a mudança das estratégias de organização formações, o que mostra que as pessoas precisam pro-
e do exercício da atenção terá que ser construída na prá- curar a melhor forma de ampliar seus conhecimentos, e
tica concreta das equipes. As demandas para capacitação um dos caminhos é a educação e a aprendizagem contí-
não se definem somente a partir de uma lista de neces- nuas. O papel do processo educativo na enfermagem é
sidades individuais de atualização, nem das orientações a formação de trabalhadores com uma visão mais crítica
dos níveis centrais, mas prioritariamente a partir dos e reflexiva de suas ações, a fim de que possam construir
problemas que acontecem no dia-a-dia do trabalho re- sua realidade, articulando teoria e prática.
ferentes à atenção à saúde e à organização do trabalho, Kurcgant alerta para a tendência dos serviços de en-
considerando a necessidade de prestar ações e serviços fermagem buscarem modelos de programas educativos,
relevantes e de qualidade. É a partir da problematização que, muitas vezes, são dissociados da realidade, que nem
do processo e da qualidade do trabalho – em cada ser- sempre alcançam os resultados esperados. Na nossa
viço de saúde – que são identificadas as necessidades prática, enquanto enfermeiras, estamos de acordo com
de capacitação, garantindo a aplicabilidade e a relevância a afirmação de Kurcgant, pois atualmente os programas
dos conteúdos e tecnologias estabelecidas. de aperfeiçoamento visam a assegurar a eficiência e a
O marco conceitual da Educação Permanente é o de atualização do funcionário, desenvolvendo-o para ativi-
aceitar que formação e desenvolvimento devem ser fei- dades específicas. Dalvim, Torres, Santos verificaram, em
tos de modo: descentralizado e transdisciplinar, que pro- sua prática como docentes assistenciais em uma institui-
picie a democratização institucional, o desenvolvimento ção pública.
da capacidade de aprendizagem, a melhora permanente Visto a importância do Serviço de Educação Conti-
da qualidade do cuidado à saúde e a constituição de prá- nuada nas instituições de saúde, observamos que mui-
ticas técnicas críticas, éticas e humanísticas. Desse modo, tos profissionais, inclusive o enfermeiro, desconhecem
transformar a formação e gestão da educação em saúde sua finalidade, o que mostra que poucos profissionais
não pode ser considerada questão simplesmente técni- entendem qual é a real função do Serviço de Educação
ca, já que envolve mudanças nas relações, nos processos, Continuada na instituição. Acredita-se que esse “desco-
nos atos de saúde e, principalmente, nas pessoas. nhecimento” é resultado das poucas discussões acerca
O marco conceitual da Educação Permanente é o de desse tema durante a graduação, como também da não
aceitar que formação e desenvolvimento devem ser fei- informação nos cursos de nível médio; em consequência
tos de modo: descentralizado e transdisciplinar, que pro- a esse fato, observamos que alguns profissionais acre-
picie a democratização institucional, o desenvolvimento ditam ser de total responsabilidade desse Serviço o seu
da capacidade de aprendizagem, a melhora permanente desenvolvimento profissional.
da qualidade do cuidado à saúde e a constituição de prá- No entanto, acreditamos que o treinamento não
ticas técnicas críticas, éticas e humanísticas. Desse modo, pode ser apenas um meio para o funcionário capacitar-
transformar a formação e gestão da educação em saúde -se para o trabalho; deve ser um instrumento que auxilie
não pode ser considerada questão simplesmente técni- o profissional a refletir sobre a importância do seu traba-
ca, já que envolve mudanças nas relações, nos processos, lho e quanto ele pode ser rico no seu dia-a-dia, devendo
nos atos de saúde e, principalmente, nas pessoas. sempre motivá-lo à busca de enriquecimento profissio-
Nesse contexto, a educação continuada pode con- nal. Assim, a Educação Continuada deve ser uma ferra-
figurar-se como um campo de captação e propagação menta para promover o desenvolvimento das pessoas e
de conhecimentos, práticas e reflexões sobre o proces- assegurar a qualidade do atendimento aos clientes, de-
so de trabalho da enfermeira e da equipe de enferma- vendo, também, ser voltada para a realidade institucional
gem. Dessa forma, evidencia-se o importante papel da e necessidades do pessoal, visto que foi citado pelos en-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

educação continuada na mobilização das potencialida- fermeiros que a proximidade e o contato diário com os
des dos trabalhadores de enfermagem, pois, ao resgatar técnicos de enfermagem, o interesse pessoal e o interes-
uma concepção voltada para o desenvolvimento desses se da equipe são facilitadores das ações educativas, pois
profissionais, permite uma melhor compreensão da ex- nesse contexto o enfermeiro pode atuar diretamente so-
periência, da identidade e de seus saberes. bre as necessidades do trabalhador no momento em que
este executa suas atividades, percebendo o real interesse
O desenvolvimento de um processo educativo junto da equipe diante das situações cotidianas.
a adultos no seu ambiente de trabalho ou para o seu tra- Segundo Bezerra, os especialistas de recursos huma-
balho, deve levar em consideração que o ponto de parti- nos têm se preocupado, particularmente, com o desen-
da da aprendizagem é a experiência adquirida por esses volvimento de aspectos comportamentais que envolvem
profissionais em sua vida diária e que cada um já vem as relações de trabalho, tais como: formação, necessida-

111
de de treinamento das pessoas, formas de satisfazê-las para o seu trabalho; (...) e que adequada, deveria refletir
e fatores motivacionais; visto que a globalização dos as necessidades e conduzir a melhoria planejada de saú-
mercados mostra que a competitividade está cada vez de da comunidade”
mais presente em qualquer tipo de empresa, tanto in- A educação continuada é vista por Silva et al. como
dustrializadas como de prestação de serviços, no Brasil um conjunto de práticas educacionais planejadas no sen-
e no mundo, sendo as pessoas o recurso mais valioso tido de promover oportunidades de desenvolvimento ao
neste cenário. funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais
Para Chiavenato, no ambiente competitivo, a única efetiva e eficazmente na sua vida institucional. Ela deve
vantagem real são as pessoas, e sobreviverão as empre- ser uma constante troca de experiências, envolvendo
sas que considerarem o trabalho humano, não apenas toda a equipe e a organização em que está inserida. Dilly
físico, mas o desenvolvimento global. Assim, cada vez & Jesus entendem a educação continuada de uma ma-
mais o conhecimento constitui a força propulsora dos neira mais ampla, considerando-a “... como um processo
indivíduos nas organizações e na sociedade. É importan- que se confunde com a própria vida, sendo que na área
te ressaltar que o desenvolvimento das pessoas na área da enfermagem tem de ser reservado o uso do termo
da enfermagem é de responsabilidade do enfermeiro de para designar o conjunto de práticas educacionais que
Educação Continuada que conta com o apoio de outros visem a melhorar e a atualizar a capacidade do indivíduo,
enfermeiros, do gerente de enfermagem e da institui- oportunizando o desenvolvimento do funcionário e sua
ção; por isso é desejável que o enfermeiro desse Serviço participação eficaz na vida institucional”.
tenha a formação compatível com a de um educador, Na enfermagem, a educação continuada deveria fri-
devendo buscar continuamente o autodesenvolvimen- sar sempre a melhoria da assistência ao paciente/cliente.
to, sendo capaz de influenciar as pessoas na busca do Nesse sentido, Davini, ao refletir sobre essa temática en-
conhecimento e compartilhar seu trabalho com todos tende a mesma, como sendo o conjunto de experiências
os envolvidos na assistência de enfermagem nas institui- que se seguem à formação do profissional permitindo ao
ções de saúde. trabalhador, manter, aumentar ou melhorar sua compe-
Temos observado que o avanço da tecnologia vem tência, visando o desenvolvimento de suas responsabili-
ajudando as profissões de um modo geral. Na enferma- dades. Nunes, caracteriza a educação continuada como
gem, existe um ponto fundamental que torna esta pro- sendo alternativas educacionais mais centradas no de-
fissão muito especial, que é o relacionamento humano. senvolvimento de grupos profissionais, seja através de
Para que este relacionamento não seja prejudicado por cursos de caráter complementar ou seriado, seja através
este desenvolvimento tecnológico, torna-se necessário de publicações específicas de um determinado campo.
um processo de educação para os profissionais, tornan- Em sintonia com essas ideias, Silva et al., enfatizam
do-os qualificados e elevando de certa forma a qualida- que a educação continuada atuante pode conduzir à me-
de da assistência. lhoria da assistência de enfermagem, promover satisfa-
Esta qualificação poderá ser adquirida através da ção no serviço e melhorar as condições de trabalho na
sistematização do aprendizado nos serviços de enfer- busca de um objetivo comum, através da identificação de
magem, à qual tem sido reforçada por esses avanços problemas, insatisfações, necessidades e a utilização de
tecnológicos e pelas mudanças socioeconômicas e cul- meios e métodos para saná-los. Conclui-se então, que o
turais. Essas mudanças podem ser alcançadas através de fator mais influente na aprendizagem e nas mudanças, é
estratégias realizadas com a educação do funcionário a prática constante e o conhecimento atualizado, acres-
intra ou extramuros, favorecendo dessa maneira o seu cido da especialização clínica, criando no indivíduo-fun-
desenvolvimento, levando-o a adquirir maior satisfação cionário necessidades de adaptação e reorientação em
como profissional, melhorando assim sua produtividade. suas atividades.
Para Koizumi et al., a necessidade de se proporcio-
Dilly & Jesus referem que a educação intramuros
nar programas de educação continuada que atendam
do funcionário deve ser um processo que propicie co-
adequadamente as carências do enfermeiro, bem como
nhecimentos, capacitando-o para a execução adequada
o uso eficiente de tecnologia avançada, tem se tornado
do trabalho e que prepare esse funcionário para futu-
um desafio tanto para os enfermeiros dessa área, como
ras oportunidades de ascensão profissional, objetivando
para os de educação em serviço, possibilitando assim, as
tanto o seu crescimento pessoal quanto o profissional.
mudanças nas atividades desenvolvidas e nas estruturas
Para os autores, é a educação continuada que permite
organizacionais das instituições. Souza em seus estudos
ao profissional, o acompanhamento das mudanças que
sobre educação continuada, ressalta que programas nes-
ocorrem na profissão, visando mantê-lo atualizado acei-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sa área não podem ficar ao sabor do acaso, mas que os


tar essas mudanças e aplicá-las no seu trabalho. Consi- mesmos devem ser planejados de forma individual ou
deram, então, a educação continuada como um conjunto organizacional e avaliados sistematicamente. Dessa for-
de práticas educacionais que visam melhorar e atualizar ma, esse processo de educação continuada irá ajudar os
a capacidade do indivíduo, favorecendo o seu desenvol- enfermeiros a se manterem competentes e atuantes, re-
vimento e sua participação eficaz na vida institucional. lacionando teoria e prática em benefício da assistência
Já a Organización Mundial De La Salud, tem em conta prestada.
a educação continuada de profissionais de saúde como O’Connor, refere que a profissão da enfermagem re-
“(...) um processo que inclui as experiências posteriores conhece a necessidade de seus membros atualizarem
ao adestramento inicial que ajudam o pessoal de assis- seus conhecimentos e habilidades através da participa-
tência à saúde a aprender competências importantes ção na educação continuada, com a finalidade de pro-

112
moverem a qualidade do serviço de cuidados médicos EDUCAÇÃO PERMANENTE
que a sociedade requer. Diante disso, entende-se que as
atividades efetivamente desenvolvidas em uma educação A educação permanente precisa ser entendida, ao
continuada, constituem uma das formas de assegurar a mesmo tempo, como uma prática de ensino-aprendiza-
manutenção da competência da equipe de enfermagem gem e como uma política de educação na saúde. Ela se
em relação à assistência. parece com muitas vertentes brasileiras da educação po-
Para KoizumI et al., a educação continuada concilia as pular em saúde e compartilha muitos de seus conceitos,
necessidades sentidas pelos enfermeiros com as normas mas enquanto a educação popular tem em vista a cida-
institucionais, mantém formas de avaliação visando a dania, a educação permanente tem em vista o trabalho.
promoção e o desenvolvimento, favorece condições ma- Como prática de ensino-aprendizagem significa a
teriais e de tempo para o cumprimento da mesma, que produção de conhecimentos no cotidiano das institui-
é um direito do cidadão e ao mesmo tempo, uma res- ções de saúde, a partir da realidade vivida pelos atores
ponsabilidade profissional. Souza, refere também, que a envolvidos, tendo os problemas enfrentados no dia-a-
educação continuada nas instituições deve acompanhar -dia do trabalho e as experiências desses atores como
o profissional desde a sua inserção, fazendo-o adaptar- base de interrogação e mudança. A ‘educação perma-
-se à mesma e dando-lhe condições de prosseguir na sua nente em saúde’ se apoia no conceito de ‘ensino pro-
performance profissional, mantendo sua prática relevan- blematizador’ (inserido de maneira crítica na realidade e
te e orientada, valorizando o seu fazer diário e transfor- sem superioridade do educador em relação ao educan-
mando-o em trabalho de comunicação científica. do) e de ‘aprendizagem significativa’ (interessada nas ex-
Uma experiência vivenciada por Silva et al. no setor periências anteriores e nas vivências pessoais dos alunos,
de educação continuada da divisão de enfermagem, ob- desafiante do desejar aprender mais), ou seja, ensino-
servaram como resultados importantes, o relacionamen- -aprendizagem embasado na produção de conhecimen-
to interdisciplinar e a aprendizagem, tanto para os com- tos que respondam a perguntas que pertencem ao uni-
ponentes do serviço como para os demais elementos da verso de experiências e vivências de quem aprende e que
equipe de saúde, como também, o interesse de outros gerem novas perguntas sobre o ser e o atuar no mundo.
setores do hospital nas ações de educação continuada. É contrária ao ensino-aprendizagem mecânico, quando
Os referidos autores entendem que investir em educa- os conhecimentos são considerados em si, sem a neces-
ção, ou seja, na educação continuada em serviço, é a for- sária conexão com o cotidiano, e os alunos se tornam
ma de atingir com maior profundidade os objetivos da meros escutadores e absorvedores do conhecimento do
instituição e da melhoria de vida da clientela. outro. Portanto, apesar de parecer, em uma compreen-
As necessidades de implementação de novas práticas são mais apressada, apenas um nome diferente ou uma
e ações de saúde nos serviços para a reorientação das designação da moda para justificar a formação contínua
políticas sanitárias e a necessidade de atualização dos e o desenvolvimento continuado dos trabalhadores, é
profissionais, têm a mesma resposta segundo os autores um conceito forte e desafiante para pensar as ligações
anteriormente citados pela concepção de que as mudan- entre a educação e o trabalho em saúde para colocar em
ças desejadas para as instituições realimentam o profis- questão a relevância social do ensino e as articulações da
sional através do saber fazer, e abrem mais espaços para formação com a mudança no conhecimento e no exer-
a participação e possibilidades de reflexão na busca de cício profissional, trazendo, junto dos saberes técnicos e
alternativas, tendo em vista a melhoria da prática. científicos, as dimensões éticas da vida, do trabalho, do
Em consonância com as ideias dos autores já citados, homem, da saúde, da educação e das relações.
entendemos que a educação continuada para a enfer- Como ‘política de educação na saúde’, a ‘educação
magem deve ser constituída de uma aquisição e reflexão permanente em saúde’ envolve a contribuição do ensino
progressiva de conhecimentos e competências, e que à construção do Sistema Único de Saúde(SUS). O SUS e
só poderá ser reconhecida à medida que a qualidade a saúde coletiva têm características profundamente bra-
do cuidado prestado ao cliente/paciente seja efetivada sileiras, são invenções do Brasil, assim como a integra-
através de uma assistência sistematizada e planejada de lidade na condição de diretriz do cuidado à saúde e a
ações qualificadas, fazendo dessa maneira, com que o participação popular com papel de controle social sobre
pessoal se sinta valorizado e motivado, capaz de apre- o sistema de saúde são marcadamente brasileiros. Por
sentar um bom desempenho através de suas competên- decorrência dessas particularidades, as políticas de saú-
cias profissionais. de e as diretrizes curriculares nacionais para a formação
Portanto, para que programas de educação continua- dos profissionais da área buscam inovar na proposição
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da possam ser realizados de forma eficiente, são neces- de articulações entre o ensino, o trabalho e a cidadania.
sários também, recursos humanos, materiais, financeiros A ‘educação permanente em saúde’ não expressa,
e físicos, de forma adequada e disponível. É imprescindí- portanto, uma opção didático-pedagógica, expressa
vel ainda, que a instituição ofereça as mínimas condições uma opção político-pedagógica. A partir desse desafio
de trabalho, para que dessa forma, os profissionais en- político-pedagógico, a ‘educação permanente em saúde’
volvidos com a educação continuada desenvolvam suas foi amplamente debatida pela sociedade brasileira orga-
atividades de maneira eficiente e contínua. nizada em torno da temática da saúde, tendo sido apro-
vada na XII Conferência Nacional de Saúde e no Conse-
lho Nacional de Saúde (CNS) como política específica no
interesse do sistema de saúde nacional, o que se pode
constatar por meio da Resolução CNS n. 353/2003 e da

113
Portaria MS/GM n. 198/2004. A ‘educação permanente mas no concreto do trabalho de cada equipe – e cons-
em saúde’ tornou-se, dessa forma, a estratégia do SUS truir novos pactos de convivência e práticas, que apro-
para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores ximem o SUS da atenção integral à saúde. Não bastam
para a saúde. novas informações, mesmo que preciosamente bem
comunicadas, senão para a mudança, transformação ou
Essa política afirma: crescimento.
1) a articulação entre ensino, trabalho e cidadania; Porque queremos tanto que novas informações che-
2) a vinculação entre formação, gestão setorial, aten- guem aos serviços, aos trabalhadores, aos usuários e aos
ção á saúde e participação social; gestores? Para esclarecê-los? Para torná-los mais cultos?
3) a construção da rede do SUS como espaço de edu- Para torná-los mais letrados em ciência e tecnologias?
cação profissional; Se for assim, podemos apenas transmitir conhecimento,
4) o reconhecimento de bases locorregionais como mandar ler manuais e exercitar jogos de perguntas e res-
unidades político-territoriais onde estruturas de postas. A ‘educação permanente em saúde’, entretanto,
ensino e de serviços devem se encontrar em ‘coo- configura uma ‘pedagogia em ato’, que deseja e opera
peração’ para a formulação de estratégias para o pelo desenvolvimento de si e dos entornos de trabalho
ensino, assim como para o crescimento da gestão e atuação, estabelecendo tanto o contato emocionado
setorial, a qualificação da organização da atenção com as informações como movimentos de transforma-
em linhas de cuidado, o fortalecimento do contro- ção da realidade. Enfatizamos novamente: será ‘educa-
le social e o investimento na intersetorialidade. O ção permanente em saúde’ o ato de colocar o trabalho
eixo para formular, implementar e avaliar a ‘educa- em análise, as práticas cotidianas em análise, as articula-
ção permanente em saúde’ deve ser o da integrali- ções formação-atenção-gestão-participação em análise.
dade e o da implicação com os usuários. Não é um processo didático-pedagógico, é um processo
político-pedagógico; não se trata de conhecer mais e de
Para a educação permanente em saúde, não existe a maneira mais crítica e consciente, trata-se de mudar o
educação de um ser que sabe para um ser que não sabe, cotidiano do trabalho na saúde e de colocar o cotidia-
o que existe, como em qualquer educação crítica e trans- no profissional em invenção viva (em equipe e com os
formadora, é a troca e o intercâmbio, as deve ocorrer usuários).
também o ‘estranhamento’ de saberes e a ‘desacomo- A escolha pela ‘educação permanente em saúde’ é a
dação’ com os saberes e as práticas que estejam vigen- escolha por novas maneiras de realizar atividades, com
tes em cada lugar. Isto não quer dizer que aquilo que maior resolutividade, maior aceitação e muito maior com-
já sabemos ou já fazemos está errado, quer dizer que, partilhamento entre os coletivos de trabalho, querendo
para haver ensino aprendizagem, temos de entrar em um a implicação profunda com os usuários dos sistemas de
estado ativo de ‘perguntação’, constituindo uma espécie saúde, com os coletivos de formulação e implementação
de tensão entre o que já se sabe e o que há por saber. do trabalho, e um processo de desenvolvimento setorial
Uma condição indispensável para um aluno, traba- por ‘encontro’ com a população.
lhador de saúde, gestor ou usuário do sistema de saúde É nesse sentido que, no Brasil, se constituiu o con-
mudar ou incorporar novos elementos à sua prática e aos ceito de ‘quadrilátero da formação’: educação que asso-
seus conceitos é o desconforto com a realidade naquilo cia o ensino como suas repercussões sobre o trabalho,
que ela deixa a desejar de integralidade e de implicação o sistema de saúde e a participação social. É o debate
com os usuários. A necessidade de mudança, transfor- e a problematização que transformam a informação em
mação ou crescimento vem da percepção de que a ma- aprendizagem, e é a ‘educação permanente em saúde’
neira vigente de fazer ou de pensar alguma coisa está que torna grupos de trabalho em coletivos organizados
insatisfatória ou insuficiente em dar conta dos desafios de desenvolvimento de si e de seus entornos de trabalho
do trabalho em saúde. Esse desconforto funciona como e atuação na saúde.
um ‘estranhamento’ da realidade, sentindo que algo está Para a ‘educação permanente em saúde’, a informa-
em desacordo com as necessidades vividas ou percebi- ção necessária é aquela que se propõe como ocasião
das pessoalmente, coletivamente ou institucionalmente. para aprendizagem, mas que também busca ocasião de
Uma instituição se faz de pessoas, pessoas se fazem maior sensibilidade diante de si, do trabalho, das pessoas,
em coletivos e ambos fazem a instituição. Todos e cada do mundo e das realidades. Então, a melhor informação
um dos profissionais de saúde trabalhando no SUS, na não está no seu conteúdo formal, mas naquilo de que é
atenção e na gestão do sistema, têm ideias, conceitos e portadora em potencial. Por exemplo: a nova informação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

concepções acerca da saúde e da sua produção; do sis- gera inquietação, interroga a forma como estamos traba-
tema de saúde, de sua operação e do papel que cada lhando, coloca em dúvida a capacidade de resposta co-
profissional e cada unidade deve cumprir na organização letiva da nossa unidade de serviço? Se uma informação
das práticas de saúde. É a partir dessas concepções que nos impede de continuarmos a ser o mesmo que éramos,
cada profissional se integra às equipes ou agrupamen- nos impede de deixar tudo apenas como está e tensiona
tos de profissionais em cada ponto do sistema. É a partir nossas implicações com os usuários de nossas ações, ela
dessas concepções, mediadas pela organização dos ser- desencadeou ‘educação permanente em saúde’.
viços e do sistema, que cada profissional opera. A ‘educação permanente em saúde’ pode ser um pro-
Para produzir mudanças de práticas de gestão e de cesso cada vez mais coletivo e desafiador das realidades.
atenção, é fundamental dialogar com as práticas e con- O primeiro passo é aceitar que as realidades não são da-
cepções vigentes, problematizá-las – não em abstrato, das. Assim como as informações, as realidades são pro-

114
duzidas por nós mesmos, por nossa sensibilidade diante ● Era da Qualidade Total - processo produtivo contro-
dos dados e por nossa operação com os dados de que lado; empresa responsável; ênfase na prevenção
dispomos ou de que vamos em busca. O segundo passo de defeitos; qualidade assegurada.
é organizar espaços inclusivos de debate e problematiza-
ção das realidades, isto é, cotejar informações, cruzá-las, Saúde significa o estado de normalidade de funciona-
usá-las em interrogação umas às outras e não segregar mento do organismo humano. Ter saúde é viver com boa
e excluir a priori ou ensimesmar-se em territórios estrei- disposição física e mental, incluindo o bem-estar entre
tos e inertes. O terceiro passo é organizar redes de in- os indivíduos.
tercâmbio para que informações nos cheguem e sejam
transferidas, ou seja, estabelecer interface, intercessão e Gestão da Qualidade: É um trabalho contínuo e cres-
democracia forte. O quarto passo é produzir as informa- cente que, aplicados no dia a dia, permite a empresa se
ções de valor local num valor inventivo que não se furte superar em atendimento e profissionalismo, tornando-se
às exigências do trabalho em que estamos inseridos e à referência na sociedade .
máxima interação afetiva com nossos usuários de ações
de saúde. EVOLUÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE
O ‘quadrilátero’ da ‘educação permanente em saúde’
é simples: análise e ação relativa simultaneamente à for-
mação, à atenção, à gestão e à participação para que o
trabalho em saúde seja lugar de atuação crítica, reflexiva,
propositiva, compromissada e tecnicamente competen-
te. Diferentemente das noções programáticas de imple-
mentação de práticas previamente selecionadas em que
as informações são empacotadas e despachadas por en-
trega rápida às mentes racionalistas dos alunos, traba-
lhadores e usuários, as ações de ‘educação permanente’
desejam os corações pulsáteis dos alunos, dos trabalha-
dores e dos usuários para construir um sistema produtor
de saúde (uma abrangência), e não um sistema presta-
dor de assistência (um estreitamento). Uma política de
‘educação permanente em saúde’ congrega, articula e
coloca em roda diferentes atores, destinando a todos um
lugar de protagonismo na condução de sistemas locais
de saúde. No Brasil, essa é a política atual do SUS para a
educação em saúde e, portanto, a diretriz para os atores
que atuam na área.
Ao colocar o trabalho na saúde sob as lentes da ‘edu-
cação permanente em saúde’, a informação científica e
tecnológica, a informação administrativa setorial e a in-
formação social e cultural, entre outras, podem contribuir
para pôr em evidência os ‘encontros rizomáticos’ que
ocorrem entre ensino, trabalho, gestão e controle social
em saúde, carreando consigo o contato e a permeabili-
dade às redes sociais que tornam os atos de saúde mais
humanos e de promoção da cidadania. Componentes da Qualidade

Qualidade em Saúde As ações e serviços de saúde devem estar em con-


cordância com aquilo que é esperado pelos clientes/pa-
Conceitos Gerais de Qualidade ciente, ou seja, é a aceitabilidade que garante a plena
satisfação dos clientes. A aceitabilidade depende da con-
I. Qualidade Intrínseca: sideração de alguns elementos.
-ACESSIBILIDADE
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

● Artesãos das aldeias; confiança na técnica e repu- - CUSTO


tação. - OPORTUNIDADE
- COMODIDADE
II. Qualidade Estruturada: - RESULTADO
● Era da Inspeção - produtos são verificados um a
um; cliente participa da inspeção; inspeção encon- CROSBY: “FAZER A COISA CERTA JÁ DA PRIMEIRA
tra defeitos, mas não produz qualidade. VEZ” Define qualidade como a conformidade com as es-
● Era do Controle Estatístico - produtos são verifica- pecificações. Esta definição é voltada inteiramente para o
dos por amostragem; departaento especializado cliente, enfatizando que a qualidade é tangível, gerenciá-
faz a inspeção da qualidade; ênfase na localização vel e pode ser medida. ENFATIZA:
de defeitos; ● Formação de uma equipe de melhoria

115
● Fazer o certo da primeira vez; atributo é composto por cinco conceitos: acessibi-
● Especificar bem; lidade, relação médico-paciente, amenidades, pre-
● avaliação dos custos da qualidade ferências do paciente quanto aos efeitos da assis-
tência, preferências do paciente quanto aos custos
JURAN: “ADEQUAÇÃO AO USO” da assistência. Relação médico-paciente.
Qualidade tem duas dimensões: a primeira é o perfil 6. Legitimidade, que é a conformidade às preferências
do produto que atende às necessidades do cliente; a se- sociais relativas aos aspectos acima, isto é, a possi-
gunda é a “ausência de defeitos”. (JURAN, 2010) bilidade de adaptar satisfatoriamente um serviço à
comunidade ou à sociedade como um todo. Impli-
CUSTOS DA QUALIDADE: ca conformidade individual, satisfação e bem-estar
da coletividade.
● Falha externa - depois que o produto chega ao 7. Equidade, que é a determinação da adequada e
cliente como: garantias, reclamações, etc; justa distribuição dos serviços e benefícios para
● Falha interna - antes do produto chegar ao cliente, todos os membros da comunidade, população ou
como: refugos, retrabalhos, etc; sociedade.
● Avaliação - inspeções, teste, auditoria na conformi-
dade, etc; Há três características dos hospitais, que diferem as
● Prevenção - planejamento, controle, avaliação, etc. empresas, e que constituem grandes desafios à aplicação
bem sucedida da melhoria da qualidade:
DEMING: “REDUÇÃO NAS VARIAÇÕES” ● Conexão obscura entre os “inputs” e os “outputs”
A redução nas variações aumenta a possibilidade de na assistência médica; falta de clareza de quais ati-
melhoria e inovação. Qualidade é conseguir traduzir as vidades estão levando à quais resultados clínicos;
futuras necessidades do usuário em características men- relações de causa e efeito raramente são definidas
suráveis, de modo que o produto possa ser projetado ● Os pacientes têm dificuldade em distinguir o aten-
para garantir a sua satisfação, no preço que ele está dis- dimento de elevada qualidade do de baixa quali-
posto a pagar. dade;
● Os hospitais muitas vezes operam com linhas distin-
DONABEDIAN: “OBTENÇÃO DOS MAIORES GA- tas de autoridade: administrativo, de enfermagem
NHOS COM OS MENORES RISCOS” A qualidade é a e médico, em vez da pirâmide única de autoridade
obtenção dos maiores ganhos associados aos menores comum na indústria.
riscos e custos para os pacientes (que devem ser enten-
didos como clientes). Esses ganhos, ou vantagens, devem Você considera 99,9% um bom padrão para a quali-
ser determinados em relação ao que se é possível atingir, dade? A porcentagem de 0,1% pode significar:
considerando os recursos disponíveis e os valores sociais
•20 mil prescrições medicamentosas erradas/ano;
enraizados.
•500 cirurgias incorretas/semana;
•15 mil quedas acidentais de recém nascidos em hos-
QUALIDADE É UM CONJUNTO DE PROPRIEDADES
pitais/ano
DE UM PRODUTO OU SERVIÇO, QUE O TORNAM CON-
DIZENTES COM A MISSÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO,
Considerando que a busca por qualidade pelos ser-
COMPROMETIDA COM O PLENO ATENDIMENTO DAS
viços de atenção à saúde é uma necessidade técnica e
NECESSIDADES DE SEUS CLIENTES.
social e, tendo em vista que a adoção de um sistema de
A Qualidade da Saúde está centrada em 7 atributos: gestão da qualidade é uma decisão estratégica das or-
ganizações, as instituições de saúde podem ser avaliadas
1. Eficácia, que é a habilidade da ciência médica em de várias formas:
oferecer melhorias na saúde e no bem-estar dos 1.Avaliação da estrutura: existência de recursos físicos
indivíduos. Resolutividade (instalações), humanos (pessoal) e organizacionais
2. Eficiência, que é a habilidade de obter ao melhor (comitês, protocolos assistenciais, etc.) adequados;
resultado ao menor custo, isto é, a relação entre o 2.Avaliação dos processos de trabalho nas áreas de
benefício oferecido pelo sistema de saúde ou as- gestão, serviços de apoio e serviços assistenciais:
sistência médica e seu custo econômico. Fazer da organização e documentação, protocolos, normas
melhor forma. e rotinas;
3.Avaliação dos resultados: o impacto da assistên-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. Efetividade, que é a relação entre o benefício real


oferecido pelo sistema de saúde ou assistência e o cia prestada na situação de saúde, conhecimento
resultado potencial de um “sistema ideal.” e comportamento do paciente. (Ex.: indicadores
4. Otimização, que é o balanço mais vantajoso entre como taxa de mortalidade e de infecção, média de
custo e benefício, ou seja, é o estabelecimento do permanência etc);
ponto de equilíbrio relativo, em que o benefício é 4.Avaliação da satisfação dos pacientes em relação
elevado ao máximo em relação ao seu custo eco- ao atendimento recebido e dos provedores destes
nômico. serviços em relação aos seus ambientes de traba-
5. Aceitabilidade, é a adaptação dos cuidados médi- lho. *(seja para satisfazer exigências legais ou, con-
cos e da assistência à saúde às expectativas, de- dições de classificação segundo a qualidade)
sejos e valores dos pacientes e suas famílias. Este

116
Mensuração da Qualidade receptor, para que o paciente receba e entenda a men-
sagem que lhe foi passada, se o receptor não entender a
Indicadores de Qualidade ideia que lhe foi transmitida, a comunicação efetiva não
● Mede o grau de satisfação dos clientes/pacientes e ocorre.
a eficácia dos processos;
● Foco voltado para os resultados; Formas de comunicação
● Aponta o caminho, do ponto de vista estratégico,
que a organização tem que seguir; A comunicação é realizada em três formas: verbal,
● é uma ferramenta capaz de identificar os aspectos não verbal e paraverbal. A comunicação verbal refere-
relacionados com os resultados, podendo apontar -se à linguagem falada e/ou escrita, fortemente influen-
ou não a necessidade de mudanças. ciada por pessoas que tem origem a própria linguagem.
Referencia A comunicação não verbal refere-se à cinésia (parte da
http://www.ufjf.br/oliveira_junior/files/2011/08/Ges- ciência que estuda o comportamento cinético do corpo),
t%C3%A3o-da-qualidade-slides.pdf toque e territorialidade, traduz a linguagem transparen-
te do corpo, particularmente não temos consciência da
IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES nossa comunicação não-verbal. A expressão facial é uma
HUMANAS NO SERVIÇO DE ENFERMAGEM forma de demonstrar a linguagem transparente, a men-
sagem é transmitida e recebida pelos órgãos do sentido,
Comunicação é o ato ou efeito de comunicar-se, pro- ganha importância no processo comunicativo. Podemos
cesso de emissão, transmissão e recepção de mensagens concluir que a comunicação verbal e não verbal podem
por meio de métodos e/ou sistemas convencionados, provocar equívocos entre o emissor e o receptor, pois
com vista ao bem entendimento das pessoas. (dicionário um receptor desatento não pode, não consegue captar
Aurélio). toda a mensagem se não observar além das palavras do
A comunicação é uma to que se faz presente na vida emissor.
mesmo antes do nascimento onde já estamos transmi- “A cinésia mostra que se atentarmos a postura cor-
tindo e recebendo mensagens do meio externo. Ato este poral e expressões corporais de nosso interlocutor nos-
que envolve aspectos complexos que necessariamente sa comunicação terá mais chances de se tornar efetiva.”
precisam ser claros entre as pessoas que se comunicam (CIANCIARULLO, 2003, p. 64).
para não gerar desentendimentos e não haver fracasso Tocar pode ser diferente dependendo da pessoa, da
nas relações entre estas pessoas. A comunicação é mo- cultura e do contexto. A territorialidade é o espaço além
tivo de estudos aprofundados em vários ramos do co- do nosso corpo, onde esta distância pode influenciar e
nhecimento, sendo a literatura extensa, e o assunto não definir o tipo de envolvimento de comunicação que que-
esgotado, pois está sempre surgindo aspectos novos sob remos estabelecer. Outra forma de comunicação é a cha-
a mesma. mada paraverbal ou paralinguística, que se refere ao tom
“Comunicação é a capacidade de trocar ou discutir de voz, ritmo, suspiros e período de silêncio. Dessa forma
ideias, de dialogar, de conversar com vistas ao bom rela- as conversas estão compostas pelo o que queremos di-
cionamento entre as pessoas.” (FERREIRA apud CIANCIA- zer e como queremos ser entendidos.
RULLO, 2003, p.61).
Essa capacidade é uma habilidade que pode ou não Barreiras da comunicação
desenvolver-se nas pessoas.
O presente trabalho abordará os componentes quan- Percebemos que se não estivermos atentos a todas as
to ao processo que é composto por emissor, receptor e formas de comunicação este processo comunicativo não
mensagem. Abordarão quais são as formas de comuni- ocorre, causando frustração aos interlocutores. Barreira
cação sendo caracterizadas em verbal, não verbal e para- da comunicação nada mais é do que a falta de capaci-
verbal, onde também englobará as barreiras e as funções dade de concentração, limitação do emissor/receptor,
da comunicação. Quanto ao instrumento básico utilizado influência de mecanismos inconscientes.
pela enfermagem o presente trabalho englobará a co-
municação e a sua relação com os demais instrumentos Funções da comunicação
utilizados pela enfermagem, o seu uso na assistência, na
pesquisa e no ensino de enfermagem. Esta tem a função de promover relacionamento en-
tre as pessoas para a busca de entendimento e soluções,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Componentes da comunicação senão houver participação entre emissor e receptor não


existe mudança de comportamento e crescimento das
Vamos viabilizar componentes dos aspectos de como relações interpessoais.
desenvolver a habilidade de comunicar. A maioria dos
autores refere que o meio de comunicação é compos- A comunicação como instrumento básico utilizado
to por emissor, receptor e mensagem, onde o emissor é pela enfermagem e sua relação com os demais instru-
aquele que envia mensagens, já o receptor é o que re- mentos
cebe a mensagem de um modo fácil de entendê-la, mas
existe necessidade para que ocorra um processo comu- Tudo o que foi descrito até agora está e se faz pre-
nicativo, o receptor deve emitir uma resposta ao emissor, sente na vida do enfermeiro, precisamos enfatizar que a
sendo assim, um enfermeiro faz os dois papéis emissor e comunicação é uma ferramenta para desenvolver e aper-

117
feiçoar o saber fazer profissional. O processo cuidar de O ensino e desenvolvimento não se esgota no con-
um ser é complexo e para a comunicação com este é texto escolar, os estudos mostram que o enfermeiro com
preciso considerar valores e crenças, estabelecendo um pouco conhecimento na comunicação não verbal e para-
relacionamento empático. O profissional não atento a verbal pode com esforço, dedicação e estudos aprimo-
comunicação paraverbal e não verbal pode interpretar rar-se nesta habilidade. Esta habilidade pode e deve ser
incorretamente o padrão de resposta do paciente, o rela- desenvolvida durante toda a nossa vida, tanto profissio-
cionamento se constitui em teoria de comunicação. Todo nal quanto pessoal.
o planejamento de assistência é comunicado pela lingua-
gem escrita ou falada, sendo o objetivo das mensagens
compartilhados por todos. A avaliação fornece subsídios TRABALHO EM EQUIPE
para a adequação e definir objetivos a serem alcançados.
O enfermeiro também cria novas maneiras para se Um conceito cada vez mais valorizado no ambiente
comunicar com o paciente. Habilidade psicomotora de profissional é o trabalho em equipe. Ter agilidade para
certa forma não verbal é a nossa identidade profissional desenvolver trabalhos em conjunto tem sido um das
que fica traduzida como movimentos no espaço enquan- qualidades mais exigidas nos processos de contratação.
to agimos, geralmente o paciente associa este fato com Trabalhar em equipe significa criar um esforço coletivo
competência. A comunicação terapêutica segue o méto- para resolver um problema, são pessoas que se dedicam
do científico. a realizar uma tarefa visando concluir determinado tra-
Como levantamentos de hipóteses a serem confirma- balho, cada um desempenhando uma função específica,
das, é um processo de compreender o comportamento mas todos unidos por um só objetivo, alcançar o tão al-
das pessoas nela envolvidas. mejado sucesso.
A atividade em equipe deve ser entendida como re-
O uso da comunicação na assistência de enferma- sultado de um esforço conjunto e, portanto as vitórias
gem e fracassos são responsabilidades de todos os membros
envolvidos. Muitas pessoas, que atuam em diversas orga-
O papel do enfermeiro não se restringe a executar nizações, estão trabalhando em grupo e não em equipe
técnicas e/ou procedimentos, mais que isso, desenvolve , como se estivessem em uma linha de produção, onde o
a habilidade de comunicação que satisfaz a necessidade
trabalho é individual e cada um se preocupa em realizar
do paciente. Mostrar a interação favorece um cuidado
apenas sua tarefa e pronto.
personalizado, onde não ocorre comportamento de au-
No trabalho em equipe, cada membro sabe o que
toridade e desrespeito por parte do enfermeiro em re-
os outros estão fazendo e reconhecem sua importância
lação ao paciente. Portanto apelidos ou frases que não
para o sucesso da tarefa. Os objetivos são comuns e as
convém acabam provocando afastamento do pacien-
metas coletivas são desenvolvidas para ir além daquilo
te, dificultando a comunicação. Quanto a comunicação
que foi pré-determinado. O trabalho em equipe possi-
não verbal o toque pode ser o mais importante de to-
dos, porém nem sempre tem o mesmo significado para bilita trocar conhecimentos e agilidade no cumprimento
o paciente. Todas as ações devem ser documentadas na de metas e objetivos compartilhados. Na sociedade em
maioria dos serviços por escrita, em termos corretos, pre- que vivemos, o trabalho em equipe é muito importante,
cisão e exatidão, além disso, é um documento legal que pois cada um precisa da ajuda do outro.
retrata a qualidade de assistência. Pense numa vela acesa, ela é bonita, envolvente, ilu-
Para sistematizar a assistência à primeira etapa é a mina tudo ao seu redor. Uma vela acesa simboliza espe-
interação com o paciente, colhendo dados seja qual for rança, harmonia, fé. Por si só é bonita, porque ela mesma
o referencial teórico. tem a sua luz. Mas a vela por outro lado é muito frágil, e
Anotações estas que são lidas por médicos e enfer- qualquer vento ou sopro pode apagá-la.
meiros, e toda equipem de enfermagem, sendo julgadas Transferindo isso para o trabalho em equipe pode-
para a avaliação do paciente, como fonte de investiga- mos concluir, que por mais que tenhamos luz própria,
ção. que brilhemos e tenhamos talento, é preciso lembrar que
A comunicação e a pesquisa em enfermagem sozinhos nós somos muito frágeis e é exatamente por
isso que qualquer problema do dia-a-dia pode ofuscar
A comunicação é um tema complexo com importân- o nosso brilho. Daí a importância de entendermos o po-
cia na qualidade em assistência por ser direta ou indireta- der da ajuda mútua, sempre lembrando de que líderes e
mente associada ao cuidado de enfermagem. Nos cursos equipes superam crises quando se unem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de pós-graduação no Brasil existem linhas de pesquisa Muitas pessoas, que atuam em diversas organizações,
e disciplinas referentes à comunicação em enfermagem. estão trabalhando em grupo e não em equipe, como se
estivessem em uma linha de produção, onde o trabalho é
A comunicação e o ensino de enfermagem individual e cada um se preocupa em realizar apenas sua
tarefa e pronto. No trabalho em equipe, cada membro
Este tema encontra-se presente na maioria dos currí- sabe o que os outros estão fazendo e sua importância
culos das Escolas de Enfermagem no Brasil desde 1970. para o sucesso da tarefa. Eles têm objetivos comuns e
A comunicação enfoca desde o primeiro ano de gradua- desenvolvem metas coletivas que tendem a ir além da-
ção em todas as disciplinas como sendo um instrumento quilo que foi determinado. Se no exemplo anterior você
básico pela enfermagem, além do conhecimento teórico e os demais integrantes do grupo trabalhassem como
para que o aluno desenvolva habilidade e experiência. equipe, conhecendo a importância do trabalho de cada

118
membro, tendo uma visão e objetivos comuns, certa- Nesse contexto, vê-se que a política de pessoal para
mente vocês diriam: “nosso colega faltou, vamos ter que enfermagem deve partir de aspectos gerais para situa-
substituí-lo ou mudar o modo como estamos plantando, ções específicas da categoria. Assim, é fundamental
se não nosso trabalho será improdutivo”. conhecer a realidade dos problemas: absenteísmo, ro-
tatividade, escala de horário, número de pacientes por
Toda equipe é um grupo, porém... nem todo grupo é pessoal de enfermagem, turnos de trabalho, legislação
uma equipe. (Carlos Basso, sócio-diretor da Consultoria específica, desvios de funções, facilidades educacionais,
CR Basso) físicas e de acomodações, alimentação, salários e planos
Grupo é um conjunto de pessoas com objetivos co- de incentivos.
muns, em geral se reúnem por afinidades. No entanto O que se pretende mostrar é que a política de RH
esse grupo não é uma equipe. Pois, equipe é um conjun- em enfermagem não deve ignorar esses fatos, mas sim
to de pessoas com objetivos comuns atuando no cum- colocar o profissional como o núcleo das preocupações,
primento de metas específicas. uma vez que o seu desempenho irá ser analisado e ava-
Grupo são todas as pessoas que vão ao cinema para liado pelo padrão de atendimento que presta ao pacien-
assistir ao mesmo filme. Elas não se conhecem, não in- te. Se esses fatores não estiverem claramente definidos,
teragem entre si, mas o objetivo é o mesmo: assistir ao refletirão diretamente na qualidade do serviço. Daí a im-
filme. Já equipe pode ser o elenco do filme: Todos traba- portância de políticas que visem melhorar as condições
lham juntos para atingir uma meta específica, que é fazer humanas de trabalho para que, direta ou indiretamen-
um bom trabalho, um bom filme. te, haja uma melhoria na quantidade e na qualidade do
Saiba que quando pegamos os nossos sonhos e jun- atendimento de enfermagem. Além disso, a política de
tamos com os sonhos de outras pessoas, tudo se torna RH deve existir e ser cumprida. Basta que um grupo de
mais forte, iluminado e por mais escuro que o mundo pessoas trabalhe para que os objetivos sejam atingidos.
pareça ser, quando o ser humano se junta consegue mi- Para Higginson M. Valliant citado por Ribeiro, a políti-
lagres extraordinários. O ser humano trabalhando em ca de RH é útil pelas seguintes razões:
equipe, colaborando uns com os outros, cooperando. - Ajuda a manter a continuidade e a estabilidade da
Consegue com certeza, afastar a escuridão e todos os administração.
problemas que possam afligir a organização. - Integra funções e atividades e encoraja o trabalho
Na vida temos que enfrentar muitas adversidades, em grupo.
mas quando nos juntamos um ao outro a coragem au- - Promove a consistência das decisões da administra-
menta, o nosso potencial se duplica e os nossos objetivos ção e aperfeiçoa as relações.
se tornam mais passíveis de realização. - Permite aos chefes manobrar os problemas mais ra-
pidamente e com maior liberdade.
POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS EM ENFERMA- - Habilita os chefes a preencher suas responsabili-
GEM dades, definindo os limites dentro dos quais eles
devem operar.
O princípio básico para se estabelecer a política· de
pessoal está no pleno conhecimento dos objetivos or- Em outras palavras, a política de pessoal promove a
ganizacionais, sejam os genéricos, sejam os específicos. integração organizacional, constituindo-se em um veícu-
Obviamente, os objetivos gerais abrangem informa- lo orientador para o chefe e demais níveis administrati-
ções, princípios administrativos e aspectos tipicamente vos, além de reforçar os princípios da descentralização e
profissionais, referindo-se à dimensão maior que atinge delegação de competências.
todas as categorias. As políticas de RH racionalmente fixadas, conhecidas,
Os objetivos específicos estão relacionados com uma aceitas e praticadas, são de extraordinário auxílio à ad-
determinada área de pessoal. ministração, porque evitam sua dispersão operativa e o
desvio dos objetivos traçados, e também ao próprio pes-
Portanto, para uma formulação coerente, correta e soal, que está imune a qualquer tipo de arbitrariedade e
consistente de uma política de RH, torna se necessário tem seus interesses respeitados.
um instrumento legal, que sirva como diretriz geral para
a instituição. DIMENSIONAMENTO DO PESSOAL DE ENFERMAGEM
MacGibony citado por Ribeiro, arrola alguns itens que
podem figurar num manual de política de pessoal: O serviço de enfermagem constitui cerca de 60% a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Posições e relações. 70% do pessoal hospitalar. É, portanto, a principal cate-


- Responsabilidades. goria profissional em termos quantitativos que faz a ins-
- Organizações. tituição de saúde produzir serviços. O termo dotação de
- Funções departamentais. pessoal é utilizado com referência ao número necessário
- Políticas de emprego: condições, horários, férias, au- de pessoas para o serviço de enfermagem, pois repre-
sência por doença e preceitos de saúde. sentaria um caos sob o ponto de vista técnico, financeiro
- Planejamento do serviço de treinamento. e social, trabalhar com um número insuficiente de pes-
- Aspectos legais. soas, isso acarretaria sobrecarga de trabalho que traria
- Segurança. consequências graves como por exemplo: esgotamento
- Registros e relatórios. físico, fadiga e estresse, além de baixa produtividade e
- Rotinas. aumento no índice de absenteísmo.

119
O outro extremo da questão é o excesso de pessoal pital, quanto a: número de leitos, número de atendimen-
no serviço, fato que pode provocar má distribuição de tos, taxa de ocupação, média de permanência, paciente/
tarefas, conflitos pessoais e ociosidade. Portanto, em se dia, relação empregado/leito, dentre outros.
tratando de administrar recursos humanos, não se pode
utilizar o empirismo para definir o quantitativo de pes- INDICADORES DE QUALIDADE - instrumentos que
soal. É necessário um estudo profundo que indique, ma- permitem a avaliação da assistência de Enfermagem, tais
tematicamente, o número ideal de pessoas para o traba- como: sistematização da assistência de Enfermagem;
lho, a fim de possibilitar condições satisfatórias para uma taxa de ocorrência de incidentes (iatrogenias); anotações
boa assistência e um bom relacionamento em equipe. de Enfermagem quanto à frequência e qualidade; taxa de
A dotação de pessoal pode ser definida como sen- absenteísmo; existência de normas e padrões da assis-
do uma estimativa da quantidade necessária de recursos tência de Enfermagem, entre outros.
humanos, que possibilite a adequação entre o volume de ÍNDICE DE SEGURANÇA TÉCNICA – é um valor
trabalho (necessidade de assistência de enfermagem) e a percentual que se destina a cobertura das taxas de ab-
força de trabalho (pessoal de enfermagem). senteísmo e de ausências de benefícios. Ela destina-se
Mas, para se definir o quantitativo de pessoal devem à cobertura das ausências do trabalho, previstas ou não,
ser levadas em consideração algumas informações, tais estabelecidas ou não em Lei.
como: as características da instituição, do serviço de en-
fermagem e da clientela. Qualquer que seja a fórmula o MÉTODO DE TRABALHO - relacionam-se à maneira
método aplicado, essas variáveis devem ser observadas. de organização das atividades de Enfermagem, podendo
Antes de fazermos a demonstração dos métodos e ser através do cuidado integral ou outras formas.
fórmulas para o dimensionamento do pessoal de en- MISSÃO – é a razão de ser (da existência) da institui-
fermagem, algumas terminologias devem ser conheci- ção/empresa incorporada por todos os seus integrantes.
das, de acordo com o Anexo III da Resolução COFEN Nº
293/2004: MODELO ASSISTENCIAL - metodologia estabelecida
na sistematização da assistência de Enfermagem (Art. 4º
ÁREA OPERACIONAL - consultório, sala de exame, da Lei nº 7.498/86 e Art. 3º do Dec. nº 94.406/87).
sala de tratamento, sala de trauma, sala de emergência,
sala de pronto-atendimento, sala de imunização, sala de MODELO GERENCIAL - compreende as atividades
diálise / hemodiálise, sala de cirurgia, sala de pré e pós- administrativas desenvolvidas pelos Enfermeiros nas uni-
-parto, sala de parto, sala de preparo de material, sala de dades de serviço (Art. 3º da Lei nº 7.498/86 e Art. 2º do
esterilização, sala de ultrassom, sala de eletrocardiogra- Dec. nº94.406/87).
ma etc.
PACIENTE DE CUIDADO MÍNIMO (PCM)/AUTO-
ATIVIDADE: pré–consulta, consulta, tratamento -CUIDADO - cliente/paciente estável sob o ponto de vis-
(curativo, quimioterapia, hemodiálise, diálise, instrumen- ta clínico e de enfermagem e fisicamente auto suficiente
tação e circulação de cirurgias, atendimento / assistên- quanto ao atendimento das necessidades humanas bá-
cia), preparo de material, esterilização, chefia, coordena- sicas.
ção ou supervisão etc.
PACIENTE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS (PCI)
- cliente/paciente estável sob o ponto de vista clínico
BENCHMARKING - é uma ferramenta prática de me-
e de enfermagem, requerendo avaliações médicas e de
lhoria para a realização de comparações da empresa ou
enfermagem, com parcial dependência dos profissionais
outras organizações que são reconhecidas pelas melho-
de enfermagem para o atendimento das necessidades
res práticas administrativas, para avaliar produtos, servi-
humanas básicas.
ços e métodos de trabalho. Pode ser aplicado a qualquer
nível da organização, em qualquer sítio funcional (SF).
PACIENTE DE CUIDADOS SEMI-INTENSIVOS (PCSI)
- cliente/ paciente recuperável, sem risco iminente de
COMPLEXIDADE - é o que abrange ou encerra ele- morte, passíveis de instabilidade das funções vitais, re-
mentos ou partes, segundo Mário Chaves, os Hospitais, querendo assistência de enfermagem e médica perma-
pela sua complexidade, caracterizam-se como secundá- nente e especializada.
rios terciários e quaternários, de acordo com a assistência
prestada, tecnologia utilizada e serviços desenvolvidos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PACIENTE DE CUIDADOS INTENSIVOS (PCIt) -


cliente/ paciente grave e recuperável, com risco iminente
GRAU DE DEPENDÊNCIA - é o nível de atenção de morte, sujeitos à instabilidade das funções vitais, re-
quanti-qualitativa requerida pela situação de saúde em querendo assistência de enfermagem e médica perma-
que o cliente se encontra, exigindo demandas de cuida- nente e especializada.
dos mínimos, intermediários, semi-intensivos e intensi-
vos. PERÍODO DE TRABALHO (PT) - é diferente e varia
nas diversas Instituições e Unidades Assistenciais, com os
INDICADORES - instrumentos que permitem quanti- valores típicos de 4 h; 5 h e 6 h, decorrentes de jornadas
-qualificar os resultados das ações. São indicadores que diárias de 8, 10 e 12 horas.
devem nortear o dimensionamento de pessoal do Hos-

120
PORTE – é determinado pela capacidade instalada de TOTAL DE HORAS DE ENFERMAGEM (THE) - é o
leitos, segundo definição do Ministério da Saúde. somatório das horas necessárias para assistir os clien-
tes com demanda de cuidados mínimos, intermediários,
POLÍTICA DE PESSOAL - diretrizes que determinam semi - intensivos e intensivos.
as necessidades de pessoal, sua disponibilidade e utili-
zação através do processo de recrutamento, seleção, ROTATIVIDADE DE PESSOAL - TURNOVER - é a re-
contratação, desenvolvimento e avaliação, incluindo be- lação entre as admissões e os desligamentos de profis-
nefícios previstos na legislação e as especializações exis- sionais ocorridos de forma voluntária ou involuntária, em
tentes. um determinado período.

PROGRAMAS - conjunto de atividades ordenadas UNIDADE ASSISTENCIAL ESPECIAL (UE) - local


para atingir objetivos específicos que signifiquem a utili- onde são desenvolvidas atividades especializadas por
zação dos recursos combinados. Exemplo: Programa In- profissionais de saúde, em regime ambulatorial, ou para
tegral de Saúde da Mulher, Programa de Transplante etc. atendimento de demanda ou de produção de serviços,
com ou sem auxilio de equipamentos de alta tecnologia.
QUANTIDADE DE PESSOAL (QP) - é o número de UNIDADE DE INTERNAÇÃO (UI) - local com infraes-
profissionais de enfermagem necessárias na UI, com base trutura adequada para a permanência do paciente em
no SPC e na TO. um leito hospitalar.
SERVIÇOS - conjunto de especialidades na área da 2 Metodologia de cálculo de pessoal de enferma-
saúde oferecidas à clientela, cujas características podem gem
sofrer influência da entidade mantenedora, tempo de
permanência, entre outras (serviços médicos hospitala- I) UNIDADE DE INTERNAÇÃO
res).
1-UNIDADE DE INTERNAÇÃO (UI): Local com infraes-
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES (SCP)
trutura adequada para apermanência do paciente
- Categorias de pacientes por complexidade assistencial
em um leito hospitalar.
(adaptado de Fugulin, F.M. et alii). Sistema de classifica-
2-SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES (SCP):
ção de pacientes: (por complexidade assistencial) é um
2.1 - Paciente de Cuidado Mínimo (PCM): cliente/
método para determinar, validar e monitorar o cuidado
paciente estável sob o ponto de vista clínico e de
individualizado do paciente, objetivando o alcance dos
enfermagem e autossuficientes quanto ao atendi-
padrões de qualidade assistencial. (De Groot, H.A-J. Nurs.
mento das necessidades humanas básicas;
Adm. v.19, n.7, p.24-30, 1989).
2.2 - Paciente de Cuidados Intermediários (PCI): clien-
SÍTIO FUNCIONAL (SF) - é a unidade de medida que te/paciente estável sob o ponto de vista clínico e
tem um significado tridimensional para o trabalho de de enfermagem, requerendo avaliações médicas
enfermagem. Ele considera a(s) atividade(s) desenvolvi- e de enfermagem, com parcial dependência dos
da(s), a área operacional ou local da atividade e o perío- profissionais de enfermagem para o atendimento
do de trabalho, obtida da distribuído no decurso de uma das necessidades humanas básicas;
semana padrão (espelho semanal padrão). 2.3 - Paciente de Cuidados Semi-Intensivos (PCSI):
cliente/paciente recuperável, sem risco iminente
-SF1 significa um sítio funcional com um único pro- de morte, passíveis de instabilidade das funções
fissional; vitais, requerendo assistência de enfermagem e
-SF2 consiste de um sítio funcional com dois profis- médica permanente e especializada;
sionais; 2.4 - Paciente de Cuidados Intensivos (PCIt): cliente/
-SF3 traduz o sítio funcional com três profissionais paciente grave e recuperável, com risco iminente
-SFn refere-se a um sítio funcional com “n” profissio- de morte, sujeitos à instabilidade das funções vi-
nais. tais, requerendo assistência de enfermagem e mé-
dica permanente e especializada.
TAXA DE ABSENTEÍSMO - são ausências não progra- 3-DIAS DA SEMANA (DS): 7 dias completos ou 168
madas ao trabalho, em um determinado período (mês). horas redondas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4-JORNADA SEMANAL DE TRABALHO (JST): assume


TAXA DE AUSÊNCIAS DE BENEFÍCIOS - são ausên- os valores de 20h.; 24h.; 30 h.; 32,5h.; 36h. ou 40h.
cias programadas ao trabalho, em um determinado pe- nas unidades assistenciais.
ríodo (férias, licença prêmio, etc.). 5-ÍNDICE DE SEGURANÇA TÉCNICA (IST): admite-se
o coeficiente empírico de 1,15(15%), que conside-
TAXA DE OCUPAÇÃO (TO) - expressa a razão entre a ra 8,33% para cobertura de férias (item da Taxa de
média do número de leitos ocupados por clientes e o nú- Ausências de Benefícios) e 6,67% para cobertura
mero de leitos disponíveis, em um determinado período. da Taxa de Absenteísmo.
Nota 1 - o IST é composto de duas parcelas funda-
mentais, a taxa de ausências por benefícios (plane-
jada, isto é, para cobertura de férias, licenças - prê-

121
mio, etc.) e a taxa de absenteísmo (não – planejada, É conveniente lembrar que o gerente de enferma-
ou seja, para cobertura de ausências/faltas por di- gem para desempenhar bem o seu papel deve possuir
versos motivos). uma série de qualidades:
6-TAXA DE OCUPAÇÃO (TO): expressa a razão entre a - capacidade para conviver e trabalhar com outras
média do número de leitos ocupados por clientes pessoas;
e o número de leitos disponíveis, em um determi- - capacidade para saber ouvir, examinar e conciliar;
nado período. - coragem para assumir riscos, tomar decisões e man-
tê-las;
Nota 2 - a quantidades de clientes é obtida da mé- - elevado caráter moral;
dia aritmética de uma série histórica de leitos ocupados - elevado controle emocional;
colhida diariamente, de acordo com o SCP e que deverá - facilidade de comunicação e elevada capacidade
guardar correspondência com a Taxa de Ocupação (TO) para motivar a equipe de trabalho que dirige;
da UI. Para reduzir a margem de variação os dados de- - ser constante e justo sem se tornar rígido;
vem ser obtidos de 4 a 6 períodos (meses) padrões, isto - ser dotado de liderança, iniciativa, lealdade e espí-
é sem feriados ou interrupções significativas na tomada rito público.
de dados.
Não se pretende, com a apresentação desses atri-
6-QUANTIDADE DE PESSOAL (QP): é o número de butos, traçar o perfil de supergerente de enfermagem.
profissionais de enfermagem necessárias na UI, Mas, eles devem ser considerados com indispensáveis
com base no SPC e na TO. para quem administra pessoas. É importante frisar que o
7-TOTAL DE HORAS DE ENFERMAGEM (THE): é o enfermeiro – gerente precisa ter a capacidade de avaliar
somatório das horas necessárias para assistir os as pessoas que dirige segundo suas personalidades, seus
clientes com demanda de cuidados mínimos, in- interesses e suas capacidades, com o objetivo de propor-
termediários, semi-intensivos e intensivos. cionar oportunidades reais de satisfação no trabalho. É
imprescindível a capacidade de saber delegar atividades,
O SERVIÇO DE ENFERMAGEM E A GESTÃO DE PES- descentralizando responsabilidades e criando um clima
SOAL de confiança entre o pessoal que, sem dúvida, retribuirá
com atitudes amigáveis, espírito de iniciativa e colabora-
Administrar pessoas não é tarefa fácil. Ao contrário, é ção dos integrantes da equipe.
uma atividade complexa, porque se trata de comporta- O gerente do serviço de enfermagem é o responsável
mentos individuais que precisam ser coordenados, a fim pelo nível de motivação e satisfação no grupo, que exis-
de alcançar os objetivos organizacionais. tirá quando conseguir harmonizar os interesses do grupo
No campo hospitalar, a figura básica em que os obje- com os objetivos da instituição. Isso é a chave para uma
tivos de trabalho estão centralizados é o paciente. Assim administração de pessoal conduzida para o sucesso.
sendo, ele deve receber uma assistência integral e huma-
nizada no hospital. Mas, para que este processo aconte- RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DO PESSOAL DE EN-
ça, alguns princípios devem ser seguidos pelo adminis- FERMAGEM:
trador. Maudonnet faz as seguintes recomendações:
É definido como um conjunto de procedimentos que
- trabalhe com pessoas; visam atrair candidatos potencialmente qualificados e
- estabeleça altos e reais padrões para seus subordi- capazes de ocupar cargos dentro da instituição. O recru-
nados; tamento é a faze que antecede a seleção, é a divulga-
- estabeleça um clima de cooperação entre todos; ção em que se deverá atrair candidatos potencialmente
- saiba para onde vai; capacitados para atender as necessidades da instituição
- defenda seu pessoal; (através dos meios de comunicação atingir a população
- delegue autoridade; alvo).
- aceite com naturalidade certas críticas e rivalidades; O recrutamento funciona como elo de ligação entre
- tome decisões certas e não “populares”; o ambiente interno e a organização, constituindo o 1º
- admita falha humana. ponto de contato entre profissional e a instituição.
Os critérios de seleção devem ser estabelecidos com
Além desses princípios, que merecem ser lembrados, base nesses dois tipos de fatores que influenciam o re-
Gonçalves, analisando a administração de recursos hu- crutamento interno e externo.
-Fatores internos: estão relacionados as necessida-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

manos no contexto organizacional, afirma que se trata de


um conjunto de atividades capazes de garantir o alcance des do pessoal da instituição.
dos objetivos definidos originalmente, com a menor in- -Fatores externos: diz respeito ao mercado de traba-
tensidade de esforço e de conflito interpessoal, para o lho (fontes de recrutamento).
que se exige amplo espírito de cooperação e acentuado
interesse pelo bem-estar de cada integrante da organi- Fontes de Recrutamento: agências de emprego, es-
zação. colas, jornais, anúncios em portas de empresas, pessoas
Administrar pessoas implica planejamento, provisão, encaminhadas, arquivos de candidatos que se apresen-
organização, direção,coordenação e pesquisa. Tais as- taram espontaneamente por conhecerem e se interes-
pectos exercem influência no ambiente e nas pessoas, sarem pelas condições de emprego oferecidas ou pela
porque constituem a própria essência da administração. imagem da instituição no mercado de trabalho.

122
A periodicidade do recrutamento depende da política 4 - Análise de diploma e currículo
do pessoal da instituição, podendo ocorrer sempre que Este método é colocado essencialmente como pré-
houver vagas ou periodicamente independente de existir -seleção:
ou não a vaga, servindo então para manter um arquivo
atualizado de possíveis candidatos à seleção. 5 - Provas e testes de conhecimento:
O recrutamento tem um caráter de chamamento, Visam verificar se o candidato tem o preparo exigi-
ou seja, é a recepção dos candidatos na recepção, onde do para o desempenho do cargo oferecido. Devem por-
deverão preencher um formulário de solicitação de em- tanto, avaliar o grau de conhecimento adquirido por ele
prego. A ficha ou formulário de solicitação de emprego através de estudos ou da prática. Poderão ter um conteú-
deverá possuir alguns elementos considerados básicos: do geral ou específico contendo perguntas de respostas
cargo pretendido, residência, salário desejado, experiên- simples, dissertativas e de preferência nunca testes de
cia anterior, data de nascimento, último emprego, moti- múltipla escolha.
vo de saída, objetivo profissional e outros (esse formu-
lário poderá ser utilizado no aquecimento no início da A seleção ainda pode ser feita considerando ou-
entrevista). tros aspectos:

SELEÇÃO DE PESSOAL 1 - Seleção Administrativa:


Tem como objetivo a satisfação das necessidades da
Conceito: os seres humanos diferem entre si, tanto organização, objetivando os requisitos legais dispostos
nas características físicas como nas psicológicas. A essas em legislação geral e específica, visa:
características somam diferentes experiências de vida, -Verificar se o candidato tem as qualificações exigidas
valores e crenças; fazem com que as pessoas apresentem pela organização e a categoria;
diferentes interesses, aptidões e atividades. Uma organi- -Se o candidato se encontra regularmente inscrito no
zação, na busca de conseguir eficiência e eficácia de seus Órgão Fiscalizador do exercício profissional (o nos-
funcionários no desempenho de suas atividades deverá so é o COREN).
dar importância à escolha destes desde a sua seleção. -Verificar se os candidatos possuem todos os docu-
A tarefa da seleção é analisar e decidir sobre qual o mentos exigidos no processo de admissão
individuo que melhor se adapta ao tipo de trabalho a ser
desempenhado e que está sendo oferecido, ou seja, é a 2 - Seleção Técnica:
escolher fundamental da pessoal para um determinado Leva-se em consideração sua capacidade técnica re-
local e tempo objetivando maior eficiência individual e quisitada para desenvolver as atividades planejadas; nes-
do grupo. te momento, poderão ser aplicados os testes específicos,
teóricos e práticos.
Métodos de seleção pessoal:
3 - Seleção Sanitária:
Existem vários métodos para seleção de pessoal, no Essa é a faze decisiva e tem importância relativa, su-
entanto, a escola de um deles ou a integração de vários, perior as demais, pois, não basta ao candidato possuir
irá depender das necessidades da instituição; de acordo os requisitos administrativos e técnicos e não ter suas
com o momento ou com o cargo oferecido. potencialidades físicas e mentais capazes de suportar as
cargas de qualquer natureza que a eles forem delegadas.
Métodos de seleção: A esta seleção inclui-se os exames pré admissionais (exa-
me físico e completo e de laboratório).
1 - Seleção experimental de trabalho:
Este método baseia-se no contrato do individuo por SAÚDE NO TRABALHO
um determinado tempo, no qual será verificada sua ex-
periência anterior na função. As ações aqui preconizadas devem pautar sobretudo
na identificação de riscos, danos, necessidades, condi-
2 - Análise do formulário na solicitação de empre- ções de vida e trabalho que determinam as formas de
go: adoecer e morrer dos trabalhadores.
É a análise do formulário feito durante o recruta- O termo Saúde do Trabalhador refere-se a um campo
mento; que é elaborado de maneira a fornecer dados de do saber que visa compreender as relações entre o traba-
identificação e um breve panorama de vida social, edu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lho e o processo saúde/doença. Nesta acepção, conside-


cacional e profissional do candidato ra a saúde e a doença como processos dinâmicos, estrei-
tamente articulados com os modos de desenvolvimento
3 -Referências e Recomendações (antigos empre- produtivo da humanidade em determinado momento
gadores): histórico. Parte do princípio de que a forma de inserção
As referências e recomendações são obtidas junto as dos homens, mulheres e crianças nos espaços de traba-
pessoas que conheçam os candidatos ou “chefes” para lho contribui decisivamente para formas específicas de
os quais se tenha trabalhado. adoecer e morrer.
O fundamento de suas ações é a articulação multi-
profissional, interdisciplinar e intersetorial. Para este
campo temático, trabalhador é toda pessoa que exerça

123
uma atividade de trabalho, independentemente de es- Vigilância em Saúde do Trabalhador (Anexo VI) e demais
tar inserido no mercado formal ou informal de trabalho, normas existentes para a atuação do SUS no campo da
inclusive na forma de trabalho familiar e/ou doméstico. Saúde do Trabalhador, a Coordenação de Saúde do Tra-
Ressalte-se que o mercado informal no Brasil tem balhador divulga as presentes diretrizes. Cabe aos que
crescido acentuadamente nos últimos anos. Segundo o vivenciam a problemática da oferta e organização de ser-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, cerca viços de saúde fazer as adequações necessárias para tor-
de 2/3 da população economicamente ativa - PEA têm ná-Ias viáveis em sua realidade social. otexto está dividi-
desenvolvido suas atividades de trabalho no mercado in- do em cinco itens: o primeiro apresenta uma panorâmica
formal. É importante ressaltar, ainda, que a execução de do papel das instituições governamentais no campo da
atividades de trabalho no espaço familiar tem acarretado Saúde do Trabalhador, especificamente aquele a ser de-
a transferência de riscos/fatores de risco ocupacionais1 senvolvido pelos ministérios do Trabalho e Emprego, da
para o fundo dos quintais, ou mesmo para dentro das Previdência e Assistência Social, da Saúde/Sistema Único
casas, num processo conhecido como domiciliação do de Saúde e do Meio Ambiente; o segundo, traz uma pro-
risco. posta das ações em Saúde do Trabalhador, que deverão
Num momento em que o processo de descentraliza- ser desenvolvidas pelo nível local de saúde; o terceiro,
ção das ações de saúde consolida-se em todo o país, um fornece um conjunto de informações básicas sobre os
dos mais importantes desafios sobre os quais os municí- agravos mais prevalentes à saúde dos trabalhadores; o
pios brasileiros têm se debruçado é o da organização da quarto, aborda os instrumentos de notificação e inves-
rede de prestação de serviços de saúde, em consonância tigação em Saúde do Trabalhador; e o item 5 refere-se
com os princípios do Sistema Único de Saúde - SUS: des- aos anexos, seguido pela relação da bibliografia utilizada.
centralização dos serviços, universalidade, hierarquiza- As propostas de ações apresentadas a seguir deverão
ção, eqüidade, integralidade da assistência, controle so- ser desenvolvidas pela rede básica municipal de saúde,
cial, utilização da epidemiologia para o estabelecimento quer ela se organize em equipes de Saúde da Família, em
de prior\dades, entre outros. Agentes Comunitários de Saúde e/ou em centros/pos-
A municipalização e a distritalização, como espaços tos de saúde. Não devem ser compreendidas como um
descentralizados de construção do SUS, não considera- check-list, devendo ser discutidas e adaptadas em fun-
dos territórios estratégicos para estruturação das ações ção da dinâmica de trabalho dos grupos de profissionais
de saúde do trabalhador. que atuam na atenção básica no nível municipal de saú-
de. Atribuições gerais Para o território, a equipe de saúde
Prevenção de agravos fisiológicos e sociais. deve identificar e registrar:

Situações de violências. Acompanhamento do Pro- • A população economicamente ativa, por sexo e faixa
cesso de Crescimento e Desenvolvimento. etária.
Cuidados de enfermagem à Saúde da Criança (recém • As atividades produtivas existentes na área, bem
nascido, lactente, pré-escolar e escolar) e Adolescente. como os perigos e os riscos potenciais para a saú-
Intervenções de Enfermagem à clientela nas unidades de de dos trabalhadores, da população e do meio am-
internação e ambulatorial. biente.
Em relação aos trabalhadores, há que se considerar • Os integrantes das famílias que são trabalhadores
os diversos riscos ambientais e organizacionais aos quais (ativos do mercado formal ou informal, no domicí-
estão expostos, em função de sua inserção nos processos lio, rural ou urbano e desempregados), por sexo e
de trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador de- faixa etária.
vem ser incluídas formalmente na agenda da rede básica • A existência de trabalho precoce (crianças e ado-
de atenção à saúde. lescentes menores de 16 anos, que realizam qual-
Dessa forma, amplia-se a assistência já ofertada aos quer atividade de trabalho, independentemente de
trabalhadores, na medida em que passa a olhá-Ios como remuneração, que frequentem ou não as escolas).
sujeitos a um adoecimento específico que exige estra- • A ocorrência de acidentes e/ou doenças relacio-
tégias - também específicas - de promoção, proteção e nadas ao trabalho, que acometam trabalhadores
recuperação da saúde. inseridos tanto no mercado formal como informal
No que se refere à população em geral, é preciso ter de trabalho. Mais adiante serão apresentados e
em mente os diversos problemas de saúde relacionados discutidos os agravos considerados neste momen-
aos contaminantes ambientais, causados por processos to como prioritários para a Saúde do Trabalhador.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

produtivos danosos ao meio ambiente. Vale citar como Poro o serviço de saúde:
exemplos os problemas causados por garimpos, utiliza- • Organizar e analisar os dados obtidos em visitas do-
ção de agrotóxicos, reformadoras de baterias ou indús- miciliares realizadas pelos agentes e membros das
trias siderúrgicas, cuja contaminação ambiental acarreta equipes de Saúde da Família.
agravos à saúde da população como um todo, além dos Desenvolver programas de Educação em Saúde do
específicos da população trabalhadora. No intuito de Trabalhador.
contribuir com o avanço da organização dessas ações na • Incluir o item ocupação e ramo de atividade em
rede básica de saúde, nos programas Saúde da Família toda ficha de atendimento individual de crianças
e Agentes Comunitários de Saúde, e sob orientação da acima de 5 anos, adolescentes e adultos.
Norma Operacional de Saúde do Trabalhador no SUS/ • Em caso de acidente ou doença relacionada com o
MS - NOST/SUS (Anexo V), da Instrução Normativa de trabalho, deverá ser adotada a seguinte conduta:

124
1. Condução clínica dos casos (diagnóstico, trata- • Agentes químicos - substâncias químicas tóxicas,
mento e alta) para aquelas situações de menor comple- presentes nos ambientes de trabalho nas formas
xidade, estabelecendo os mecanismos de referência e de gases, fumo, névoa, neblina e/ou poeira
contra-referência necessários. . • Agentes biológicos - bactérias, fungos, parasitas,
2. Encaminhamento dos casos de maior complexi- vírus, etc.
dade para serviços especializados em Saúde do • Organização do trabalho - divisão do trabalho, pres-
Trabalhador, mantendo o acompanhamento dos são da chefia por produtividade ou disciplina, rit-
mesmos atéa suaresolução. mo acelerado, repetitividade de movimento, jorna-
3. Notificação dos casos, mediante instrumentos do das de trabalho extensas, trabalho noturno ou em
setor saúde: Sistema de Informações de Mortali- turnos, organização do espaço físico, esforço físico
dade - SIM; Sistema de Informações Hospitalares intenso, levantamento manual de peso, posturas e
do SUS - SIH; Sistema de Informações de Agravos posições inadequadas, entre outros. É importante
Notificáveis - SINAN e Sistema de Informação da destacar que no processo de investigação de de-
Atenção Básica - SIAB. terminada doença e sua possível relação com o
4. Solicitar à empresa a emissão da CAT4, em se tra- trabalho, os fatores de risco presentes nos locais
tando de trabalhador inserido no mercado formal de trabalho não devem ser compreendidos de for-
de trabalho. Ao médico que está assistindo o tra- ma isolada e estanque. Ao contrário, é necessário
balhador caberá preencher o item 2 da CAT, refe- apreender a forma como eles acontecem na dinâ-
rente a diagnóstico, laudo e atendimento. mica global e cotidiana do processo de trabalho.
5. Investigação do local de trabalho, visando estabe- Nesse sentido, o resumo a seguir trata das doenças
lecer relações entre situações de risco observadas do trabalho consideradas pela Área Técnica de Saú-
e o agravo que está sendo investigado. de do Trabalhador, do Ministério da Saúde, como
6. Realizar orientações trabalhistas e previdenciárias, prioridades para notificação e investigação epide-
de acordo com cada caso. miológica, visando à intervenção sobre a situação
7. Informar e discutir com o trabalhador as causas de provocadora do evento. Ressalte-se que cada es-
seu adoecimento. tado ou município tem autonomia para a inclusão
• Planejar e executar ações de vigilância nos locais de de outras doenças, em função de suas específicas
trabalho, considerando as informações colhidas necessidades regionais e locais. Observação: Será
em visitas, os dados epidemiológicos e as deman- distribuído para os serviços de saúde o documen-
das da sociedade civil organizada. to “Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de
• Desenvolver, juntamente com a comunidade e ins- Procedimentos para os Serviços de Saúde”.
tituições públicas (centros de referência em Saúde
do Trabalhador, Fundacentro, Ministério Público, Referência:
laboratórios de toxicologia, universidades etc.), http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_
ações direcionadas para a solução dos problemas trabalhador_cab5_2ed.pdf
encontrados, para a resolução de casos clínicos e/
ou para as ações de vigilância.
• Considerar o trabalho infantil (menores de 16 anos)
como situação de alerta epidemiológico / evento EXERCÍCIOS COMENTADOS
- sentinela.
1.(MPE/RO-Analista-Enfermagem-Superior-FUN-
Doenças relacionadas ao trabalho CAB/2012) Segundo CHORNY (1998), “planejar consis-
te,basicamente, em decidir com antecedência o que será
As doenças do trabalho referem-se a um conjunto feito para mudar condições insatisfatórias no presente
de danos ou agravos que incidem sobre a saúde dos tra- ou evitar que condições adequadas venham a deteriorar-
balhadores, causados, desencadeados ou agravados por -se no futuro.” Em relação ao Planejamento da Saúde, é
fatores de risco presentes nos locais de trabalho. correto afirmar que:
Manifestam-se de forma lenta, insidiosa, podendo
levar anos, às vezes até mais de 20, para manifestarem a) o processo de planejamento da saúde será descen-
o que, na prática, tem demonstrado ser um fator dificul- dente e integrado, do nível federal até o local, ouvidos
tador no estabelecimento da relação entre uma doença os respectivos representantes legais e compatibilizan-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sob investigação e o trabalho. Também são consideradas do-se as necessidades das políticas de saúde com a
as doenças provenientes de contaminação acidental no disponibilidade de recursos financeiros.
exercício do trabalho e as doenças endêmicas quando b) no planejamento devem ser considerados as ações
contraídas por exposição ou contato direto, determinado e serviços prestados pela iniciativa privada, de forma
pela natureza do trabalho realizado. Tradicionalmente, os complementar ou não ao SUS, os quais deverão com-
riscos presentes nos locais de trabalho são classificados por os Mapas da Saúde regional, estadual e nacional.
em: c) o Conselho Municipal de Saúde estabelecerá as diretri-
zes a serem observadas na elaboração dos planos de
• Agentes físicos - ruído, vibração, calor, frio, lumi- saúde, de acordo com as características epidemiológi-
nosidade, ventilação, umidade, pressões anormais, cas e da organização de serviços nos entes federativos
radiação etc. e nas Regiões de Saúde.

125
d) o Mapa de Saúde deve ser realizado de maneira re- -elaborar plano de ação para um desempenho satis-
gionalizada, a partir das necessidades dos Municípios, fatório;
considerando o estabelecimento de metas de saúde. -oferecer subsídios para promoção;
e) o planejamento da saúde em âmbito estadual será uti- -oferecer oportunidades para que o funcionário co-
lizado na identificação das necessidades de saúde e nheça seus pontos fracos e procure corrigir falhas.
orientará o planejamento integrado dos entes federa- - competência das avaliadoras.
tivos, contribuindo para o estabelecimento das metas
de saúde. Pricipais dificuldades nas avaliações.
Resposta: Letra B. Foi criado o Sistema de Planejamen-
to do SUS, cuja regulamentação obteve a aprovação da Avaliação é baseada em suposições.
Comissão Intergestores Tripartite no dia 9 de novembro Quando determinados avaliadores registram sempre
de 2006, na qual estão estabelecidos os instrumentos avaliações muito altas ou baixas, o que resulta em men-
básicos que dão expressão concreta a este Sistema, que surações não criteriosas, refletindo personalidade con-
são: o Plano de Saúde, a Programação Anual de Saúde descendente ou não do avaliador.
e o Relatório Anual de Gestão. Outra manifestação do erro constante é a adoção da
posição central evitando deste modo os extremos supe-
2.(MPE/RO-Analista-Enfermagem-Superior-FUN- rior ou inferior.
CAB/2012) O fundamento de que o funcionário possa Efeito do Emocional — Não se pode desconhecer a
ser contratado, treinado e promovido em função de sua influência que favoritismos, preferências, simpatias e an-
competência e de habilidades técnicas, tem base na teo- tagonismos exercem na avaliação. Por esta razão há ne-
ria deTaylor denominada: cessidade de neutralizar essas influências através de um
a) Atitude independente. julgamento objetivo e imparcial.
b) Organização burocrática. Comunicação — A comunicação é na enfermagem
c) Função administrativa. um dos mais importantes instrumentos de trabalho. “É
d) Permissividade. uma forma canalizadora de energia para a interação gru-
e) Administração científica. pai e um instrumento para propiciar as mudanças com-
portamentais”. (1)
Resposta: Letra E. Taylor concentra seu argumento na É imprescindível que o avaliador informe aos funcio-
eficiência do trabalho, que envolve fazer as tarefas de
nários o resultado da avaliação. Para que esta comunica-
modo mais inteligente e com a máxima economia de
ção produza os efeitos desejados é necessário que seja
esforço. Para isso era preciso selecionar corretamente
feita de forma planejada, observando-se os princípios e
o operário, e treiná-lo na função específica que iria de-
procedimentos estabelecidos para a técnica de entrevis-
senvolver. Também propunha melhores salários (o que
ta.
foi aceito por Ford, entre outros) para os operários, com
Durante este contato recomenda-se que o avaliador:
a concomitante diminuição dos custos unitários de pro-
— Apresente os aspectos positivos em primeiro lugar
dução, o que idealmente levaria prosperidade a patrões
e empregados. e os negativos posteriormente.
— Discuta os aspectos da avaliação, procurando esti-
mular a aceitação de orientação ou ajuda.
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EM ENFERMA- — Elabore um plano com a participação do funcioná-
GEM rio objetivando seu aperfeiçoamento profissional

A avaliação de desempenho dentro de uma organi-


zação é um instrumento valioso de desenvolvimento de SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE
seus recursos humanos. ENFERMAGEM, TOMADA DE DECISÃO
Com este objetivo em mente o Serviço de Enferma- EM ENFERMAGEM, PLANEJAMENTO DA
gem do Hospital Ana Nery, através da chefia, elaborou
um formulário de avaliação que denominou “Boletim de
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM;
Avaliação”.

Importância dessa ferramenta no estabelecimento Sistema de informação e Tomada de decisão em


de saúde: enfermagem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- definir o grau de contribuição do funcionário;


-promover o auto desenvolvimento; O sistema de informação em enfermagem nào pode
-descobrir talentos e potencialidades, verificando os ser caracterizado sistema de como somente software ou
que têm condições de ocupar outras funções de um hardware devemos compreender que é um processo
maior conteúdo; que envolve estudos técnicos vivenciados, organizacio-
-oferecer oportunidades para que o potencial se ma- nais, comportamentais e ambientais . Integrá-lo a prática
nifeste; e o processo de enfermagem envolvem muitos fatores
-posicionar o funcionário em um trabalho onde possa como educação, mudanças de atitude, cultura organiza-
render mais e estar mais satisfeito; cional, padronização da linguagem e prática sistematiza-
-identificar os que precisam de aperfeiçoamento em da. Portanto, o sistema de informação em enfermagem
determinadas áreas de seu trabalho; não é um software ou um hardware, na medida em que

126
envolve pessoas, estrutura organizacional e processos nal. A documentação em si torna visível o trabalho invi-
que permitem a coleta de dados, o processamento e o sível da enfermagem diante do sistema de informação
uso racional da informação(6). hospitalar e do registro médico-eletrônico. Na realidade,
Os enfermeiros e analistas de sistemas, ao tentarem somente o trabalho que é visível pode verdadeiramente
desenvolver um software usando a metodologia tradicio- ser identificado como valioso.
nal, ignoram o complexo contexto organizacional e so-
cial que os envolve. Na realidade, os enfermeiros, assim Gerenciamento do processo da tomada de deci-
como os profissionais de saúde e as pessoas em geral, são.
têm pouco conhecimento em tecnologia e sistemas de A enfermeiro(a), como profissional da área de saúde,
informação e acreditam que a tecnologia, por si só, é a continuamente necessita tomar decisões relativas admi-
solução para todos os problemas. Em conseqüência, há nistração da assistência de enfermagem a ser prestada
uma má interpretação na definição de tecnologia, que é em sua unidade. .
vista, geralmente, como o «computador» e seus progra- O processo de tomada de decisão, explica CIAMPO-
mas. NE (1991), “envolve fenômenos tanto individuais como
A Organização Pan-Americana de Saúde define tec- sociais, baseado em premissas de fatos e de valores, que
nologia da informação como um conjunto de conheci- inclui a escolha de um comportamento, dentre uma ou
mentos técnicos e práticos, que tem o objetivo de favo- mais alternativas, com a intenção de aproximar-se de
recer sua aplicação no atendimento dos usuários. Envolve algum objetivo desejado”. STONER; FREEMAN (1995)
a criação, direção e suprimento de recursos tecnológicos também concordam que as decisões são influenciadas
(hardware,  software e comunicação), necessários para o e guiadas por princípios de valores Os valores represen-
desenvolvimento e operação de aplicações documentais tam um dos elementos da cultura organizacional. Toda
de uma organização(7). organização tem uma cultura, ou seja, normas, valores,
A tecnologia está voltada para um mercado onde as atitudes e crenças compartilhados os quais determinam
pessoas são convidadas a adaptar-se a ela, em vez de seus objetivos, estilos de trabalho e natureza das rela-
procurarem outras formas que podem ser adequadas. ções humanas (STONER; FREEMAN ,1995; FREITAS,1991).
Nessa perspectiva, a tecnologia deve ir ao encontro das Na tentativa de classificar o que venha a ser um valor
necessidades das pessoas, beneficiando-as no seu bem- KLUCKHOHN (1951) ressalta que é “uma concepção; ex-
-estar e na qualidade de vida. Essa abordagem sugere plícita ou implícita, distintiva de um indivíduo ou carac-
que a tecnologia usada no desenvolvimento do sistema terístico de um grupo, do desejável que vai influenciar
de informação deve ter uma configuração sociotécni- a seleção dentre os modos, meios e finalidades de ação
ca. Isso pressupõe um enfoque tanto empírico-analítico disponíveis”. Dessa forma, buscandose os valores que
como fenomenológico-hermenêutico, além de uma vi- regem o comportamento torna-se possível analisar os
são de mundo socialmente determinada pela experiência fundamentos motores do agir humano.
vivenciada na prática(8). Devido a isso, possuem inúmeras e diversificadas si-
Assim, para que se possa estabelecer a interação teo- tuações que envolvem o processo decisório. Muitas des-
ria e prática no sistema de informação em enfermagem, sas envolvem diretamente seres humanos, trabalhadores,
é indispensável a participação dos profissionais de enfer- clientes ou familiares. Desse modo, àquelas requerem do
magem no processo de desenho do sistema. Para tanto, enfermeiro conhecimentos em diversas áreas a fim de
eles devem considerar o que está acontecendo na prá- clarificar a problemática, discernir entre vários fatores e
tica, em termos de definição, interpretação, significado, optar pela solução adequada, no momento. 
conhecimentos baseados no trabalho, objetos, comuni-
cação, símbolos, processos e comportamento social. Vale No sentido de simplificar a complexidade do pro-
salientar que a interação da organização com o conheci- cesso de tomada de decisão, Chiavenato (1999), apre-
mento (tácito/explícito) e o sistema de informação supõe senta os seguintes elementos envolvidos: 
a captura e o processamento de dados de enfermagem • TOMADOR DE DECISÃO: é a pessoa que faz uma
com ampla densidade de detalhes. Isso permite o esta- escolha ou opção entre várias alternativas de ação.
belecimento de um registro longitudinal do paciente, É o agente que está frente a alguma situação. 
que pode ser desenvolvido através de sistemas compu- • OBJETIVOS:  são as finalidades que o tomador de
tadorizados e do registro eletrônico. decisão pretende alcançar com suas ações. 
O processo de enfermagem, como parte do sistema • PREFERÊNCIAS: são os critérios que o tomador de
de informação e como instrumento que direciona os cui- decisão usa para fazer sua escolha pessoal. 
dados ao paciente, não tem sua aplicabilidade na prática • ESTRATÉGIA: é o curso de ação que o tomador de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de enfermagem tal qual se ensina nos cursos de gradua-


decisão escolhe para melhor atingir os objetivos.
ção em enfermagem.
O curso de ação é o caminho escolhido. Depende
Essa deficiência ocorre porque o corpo de conhe-
dos recursos que dispõe e da maneira como per-
cimento da enfermagem apresenta várias estruturas
cebe a situação. 
conceituais e métodos para se pôr em prática nas mais
• SITUAÇÃO: são os aspectos do ambiente que en-
diversas situações, o que exige do profissional de enfer-
volve o tomador de decisão, muitos dos quais são
magem características cognitivas e afetivas como fatores
do seu controle, conhecimento ou compreensão e
basilares a considerar.
Vale salientar que o registro ajuda a construir a base que afetam sua escolha. 
de conhecimentos (teórico e prático) para o desenvolvi- • RESULTADO: é a consequência ou resultante de
mento científico da enfermagem e a formação profissio- uma dada estratégia.

127
A partir dos elementos do processo de decisão pro-
posto por Chiavenato (1999), entende-se que o tomador NOÇÕES DE SEGURANÇA DO PACIENTE;
de decisão está inserido em um contexto singular, deli-
neiam objetivos a serem alcançados, possui conhecimen-
tos e preferências pessoais, e ainda segue estratégias
Prezado candidato, este material já foi aborda-
(cursos de ação), conforme a situação apresentada, para
do anteriormente.
buscar a solução adequada para o momento. 

O autor acima, em suas reflexões considera o proces-


so decisório complexo, dependente tanto das caracte- CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS
rísticas pessoais do tomador de decisão, quanto da si- DE ENFERMAGEM; LEI DO EXERCÍCIO
tuação em que está envolvido e da maneira como este PROFISSIONAL.
percebe a situação. 
Compreendendo a complexidade da temática e bus-
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFER-
cando clarificar os caminhos da problemática apresenta-
MAGEM
da, delinearam-se três modelos de etapas do processo
de tomada de decisão. Ressalta-se que cada autor pos-
PREÂMBULO
sui seu modelo próprio, sendo possivelmente adaptado
e implementado conforme a necessidade da instituição. 
A enfermagem compreende um componente próprio
de conhecimentos científicos e técnicos, construído e
Chiavenato (1999), estrutura seu modelo em sete eta-
reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas
pas: 
e políticas que se processa pelo ensino, pesquisa e as-
-Percepção da situação que envolve algum problema; 
sistência. Realiza-se na prestação de serviços à pessoa,
-Análise e definição do problema; 
família e coletividade, no seu contexto e circunstâncias
-Definição de objetivos; 
de vida.
- Procura de alternativas de solução ou de cursos de
O aprimoramento do comportamento ético do pro-
ação; 
fissional passa pelo processo de construção de uma
- Avaliação e comparação dessas alternativas; 
consciência individual e coletiva, pelo compromisso so-
- Escolha (seleção) da alternativa mais adequada ao
cial e profissional configurado pela responsabilidade no
alcance dos objetivos; 
plano das relações de trabalho com reflexos no campo
- Implementação da alternativa escolhida. 
científico e político.
A enfermagem brasileira, face às transformações so-
O autor ressalta que cada etapa influencia as demais
cioculturais, científicas e legais, entendeu ter chegado o
no decorrer do processo e, complementa que nem sem-
momento de reformular o Código de Ética dos Profissio-
pre tais etapas são seguidas. Diante do modelo enuncia-
nais de Enfermagem (CEPE).
do, esclarece-se que o autor apenas cita as etapas, não as
A trajetória da reformulação, coordenada pelo Con-
descreve fato que pode gerar dúvidas em uma possível
selho Federal de Enfermagem com a participação dos
aplicação. 
Conselhos Regionais de Enfermagem, incluiu discussões
com a categoria de enfermagem. O Código de Ética dos
Com outro modelo de etapas do processo decisório,
Profissionais de Enfermagem está organizado por assun-
Simon (1963, p. 14), considera que o “processo de toma-
to e inclui princípios, direitos, responsabilidades, deveres
da de decisões compreende três fases principais: desco-
e proibições pertinentes à conduta ética dos profissio-
brir as ocasiões em que deve ser tomada; identificar os
nais de enfermagem.
possíveis cursos de ação e decidir-se entre um deles”. 
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
leva em consideração a necessidade e o direito de as-
Referencias:
sistência em enfermagem da população, os interesses
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4114091/
do profissional e de sua organização. Está centrado na
mod_resource/content/1/Gerenciamento%20do%20cui-
pessoa, família e coletividade e pressupõe que os traba-
dado.pdf
lhadores de enfermagem estejam aliados aos usuários na
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
luta por uma assistência sem riscos e danos e acessível a
t&pid=S0034-71671978000300304
toda população.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
O presente Código teve como referência os postu-
t&pid=S0034-71672005000100020
lados da Declaração Universal dos Direitos do Homem,
promulgada pela Assembléia Geral das Nações Unidas
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/410.pdf
(1948) e adotada pela Convenção de Genebra da Cruz
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/arti-
Vermelha (1949), contidos no Código de Ética do Con-
gos/enfermagem/processo-de-tomada-de-decisao-na-
selho Internacional de Enfermeiros (1953) e no Código
-enfermagem-hospitalar/28683
de Ética da Associação Brasileira de Enfermagem (1975).
Teve como referência, ainda, o Código de Deontologia
de Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem
(1976), o Código de Ética dos Profissionais de Enferma-
gem (1993) e as Normas Internacionais e Nacionais so-

128
bre Pesquisa em Seres Humanos [Declaração Helsinque PROIBIÇÕES
(1964), revista em Tóquio (1975), em Veneza (1983), em Art. 8º - Promover e ser conivente com a injúria, ca-
Hong Kong (1989) e em Sommerset West (1996) e a Re- lúnia e difamação de membro da equipe de enferma-
solução 196 do Conselho Nacional de Saúde, Ministério gem, equipe de saúde e de trabalhadores de outras
da Saúde (1996)]. áreas, de organizações da categoria ou instituições.
Art. 9º - Praticar e/ou ser conivente com crime, con-
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS travenção penal ou qualquer outro ato, que infrinja
postulados éticos e legais.
A enfermagem é uma profissão comprometida com
a saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e cole- SEÇÃO I
tividade. DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMILIA E COLETI-
O profissional de enfermagem atua na promoção, VIDADE.
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com
autonomia e em consonância com os preceitos éticos e DIREITOS
legais. Art. 10 - Recusar-se a executar atividades que não
O profissional de enfermagem participa, como inte- sejam de sua competência técnica, científica, ética e
grante da equipe de saúde, das ações que visem satisfa- legal ou que não ofereçam segurança ao profissional,
zer as necessidades de saúde da população e da defesa à pessoa, família e coletividade.
dos princípios das políticas públicas de saúde e ambien- Art. 11 - Ter acesso às informações, relacionadas à
tais, que garantam a universalidade de acesso aos servi- pessoa, família e coletividade, necessárias ao exercício
ços de saúde, integralidade da assistência, resolutivida- profissional.
de, preservação da autonomia das pessoas, participação
da comunidade, hierarquização e descentralização políti- RESPONSABILIDADES E DEVERES
co-administrativa dos serviços de saúde.
O profissional de enfermagem respeita a vida, a dig- Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade as-
nidade e os direitos humanos, em todas as suas dimen- sistência de enfermagem livre de danos decorrentes de
sões. imperícia, negligência ou imprudência.
Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência
O profissional de enfermagem exerce suas atividades
técnica, científica, ética e legal e somente aceitar en-
com competência para a promoção do ser humano na
cargos ou atribuições, quando capaz de desempenho
sua integralidade, de acordo com os princípios da ética
seguro para si e para outrem.
e da bioética.
Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, cientí-
ficos, éticos e culturais, em benefício da pessoa, família
CAPÍTULO I
e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS Art. 15 - Prestar assistência de enfermagem sem dis-
criminação de qualquer natureza.
DIREITOS Art. 16 - Garantir a continuidade da assistência de
Art. 1º - Exercer a enfermagem com liberdade, auto- enfermagem em condições que ofereçam segurança,
nomia e ser tratado segundo os pressupostos e princí- mesmo em caso de suspensão das atividades profis-
pios legais, éticos e dos direitos humanos. sionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da
Art. 2º - Aprimorar seus conhecimentos técnicos, cien- categoria.
tíficos e culturais que dão sustentação a sua prática Art. 17 - Prestar adequadas informações à pessoa,
profissional. família e coletividade a respeito dos direitos, riscos,
Art. 3º - Apoiar as iniciativas que visem ao aprimora- benefícios e intercorrências acerca da assistência de
mento profissional e à defesa dos direitos e interesses enfermagem.
da categoria e da sociedade. Art. 18 - Respeitar, reconhecer e realizar ações que ga-
Art. 4º - Obter desagravo público por ofensa que atin- rantam o direito da pessoa ou de seu representante
ja a profissão, por meio do Conselho Regional de En- legal, de tomar decisões sobre sua saúde, tratamento,
fermagem. conforto e bem estar.
Art. 19 - Respeitar o pudor, a privacidade e a intimi-
RESPONSABILIDADES E DEVERES dade do ser humano, em todo seu ciclo vital, inclusive
Art. 5º - Exercer a profissão com justiça, compromisso, nas situações de morte e pós-morte.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

eqüidade, resolutividade, dignidade, competência, res- Art. 20 - Colaborar com a equipe de saúde no escla-
ponsabilidade, honestidade e lealdade. recimento da pessoa, família e coletividade a respeito
Art. 6º - Fundamentar suas relações no direito, na dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca
prudência, no respeito, na solidariedade e na diversi- de seu estado de saúde e tratamento.
dade de opinião e posição ideológica. Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade con-
Art. 7º - Comunicar ao COREN e aos órgãos compe- tra danos decorrentes de imperícia, mnegligência ou
tentes, fatos que infrinjam dispositivos legais e que imprudência por parte de qualquer membro da equipe
possam prejudicar o exercício profissional. de saúde.
Art. 22 - Disponibilizar seus serviços profissionais à
comunidade em casos de emergência, epidemia e ca-
tástrofe, sem pleitear vantagens pessoais.

129
Art. 23 - Encaminhar a pessoa, família e coletividade Art. 39 - Participar da orientação sobre benefícios, ris-
aos serviços de defesa do cidadão, nos termos da lei. cos e conseqüências decorrentes de exames e de ou-
Art. 24 - Respeitar, no exercício da profissão, as normas tros procedimentos, na condição de membro da equi-
relativas à preservação do meio ambiente e denunciar pe de saúde.
aos órgãos competentes as formas de poluição e dete- Art. 40 - Posicionar-se contra falta cometida durante o
rioração que comprometam a saúde e a vida. exercício profissional seja por imperícia, imprudência
Art. 25 - Registrar no prontuário do paciente as in- ou negligência.
formações inerentes e indispensáveis ao processo de Art. 41 - Prestar informações, escritas e verbais, com-
cuidar. pletas e fidedignas necessárias para assegurar a conti-
nuidade da assistência.
PROIBIÇÕES
Art. 26 - Negar assistência de enfermagem em qual- PROIBIÇÕES
quer situação que se caracterize como urgência ou Art. 42 - Assinar as ações de enfermagem que não
emergência. executou, bem como permitir que suas ações sejam
Art. 27 - Executar ou participar da assistência à saúde assinadas por outro profissional.
sem o consentimento da pessoa ou de seu represen- Art. 43 - Colaborar, direta ou indiretamente com ou-
tante legal, exceto em iminente risco de morte. tros profissionais de saúde, no descumprimento da le-
Art. 28 - Provocar aborto, ou cooperar em prática des- gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos,
tinada a interromper a gestação. esterilização humana, fecundação artificial e manipu-
Parágrafo único - Nos casos previstos em lei, o profis- lação genética.
sional deverá decidir, de acordo com a sua consciên-
SEÇÃO III
cia, sobre a sua participação ou não no ato abortivo.
DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES
Art. 29 - Promover a eutanásia ou participar em práti-
DA CATEGORIA
ca destinada a antecipar a morte do cliente.
Art. 30 - Administrar medicamentos sem conhecer a DIREITOS
ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de Art. 44 - Recorrer ao Conselho Regional de Enferma-
riscos. gem, quando impedido de cumprir o presente Código,
Art. 31 - Prescrever medicamentos e praticar ato cirúr- a legislação do exercício profissional e as resoluções e
gico, exceto nos casos previstos na legislação vigente e decisões emanadas do Sistema
em situação de emergência. COFEN/COREN.
Art. 32 - Executar prescrições de qualquer natureza, Art. 45 - Associar-se, exercer cargos e participar de en-
que comprometam a segurança da pessoa. tidades de classe e órgãos de fiscalização do exercício
Art. 33 - Prestar serviços que por sua natureza com- profissional.
petem a outro profissional, exceto em caso de emer- Art. 46 - Requerer em tempo hábil, informações acer-
gência. ca de normas e convocações.
Art. 34 - Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso Art. 47 - Requerer, ao Conselho Regional de Enferma-
com qualquer forma de violência. gem, medidas cabíveis para obtenção de desagravo
Art. 35 - Registrar informações parciais e inverídicas público em decorrência de ofensa sofrida no exercício
sobre a assistência prestada. profissional.

SEÇÃO II RESPONSABILIDADES E DEVERES


DAS RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES DE Art. 48 - Cumprir e fazer os preceitos éticos e legais
ENFERMAGEM, SAÚDE E OUTROS da profissão.
Art. 49 - Comunicar ao Conselho Regional de Enfer-
DIREITOS magem fatos que firam preceitos do presente Código
Art. 36 - Participar da prática multiprofissional e in- e da legislação do exercício profissional.
terdisciplinar com responsabilidade, autonomia e li- Art. 50 - Comunicar formalmente ao Conselho Regio-
nal de Enfermagem fatos que envolvam recusa ou de-
berdade.
missão de cargo, função ou emprego, motivado pela
Art. 37 - Recusar-se a executar prescrição medicamen-
necessidade do profissional em cumprir o presente
tosa e terapêutica, onde não conste a assinatura e o
Código e a legislação do exercício profissional.
número de registro do profissional, exceto em situa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 51 - Cumprir, no prazo estabelecido, as determi-


ções de urgência e emergência. nações e convocações do Conselho Federal e Conselho
Parágrafo único - O profissional de enfermagem po- Regional de Enfermagem.
derá recusar-se a executar prescrição bmedicamento- Art. 52 - Colaborar com a fiscalização de exercício
sa e terapêutica em caso de identificação de erro ou profissional.
ilegibilidade. Art. 53 - Manter seus dados cadastrais atualizados, e
regularizadas as suas obrigações financeiras com o
RESPONSABILIDADES E DEVERES Conselho Regional de Enfermagem.
Art. 38 - Responsabilizar-se por falta cometida em Art. 54 - Apor o número e categoria de inscrição no
suas atividades profissionais, independente de ter sido Conselho Regional de Enfermagem em assinatura,
praticada individualmente ou em equipe. quando no exercício profissional.

130
Art. 55 - Facilitar e incentivar a participação dos pro- RESPONSABILIDADES E DEVERES
fissionais de enfermagem no desempenho de ativida- Art. 69 - Estimular, promover e criar condições para
des nas organizações da categoria. o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural dos
profissionais de Enfermagem sob sua orientação e su-
PROIBIÇÕES pervisão.
Art. 56 - Executar e determinar a execução de atos Art. 70 - Estimular, facilitar e promover o desenvolvi-
contrários ao Código de Ética e às demais normas que mento das atividades de ensino, pesquisa e extensão,
regulam o exercício da Enfermagem. devidamente aprovadas nas instâncias deliberativas
Art. 57 - Aceitar cargo, função ou emprego vago em da instituição.
decorrência de fatos que envolvam recusa ou demis- Art. 71 - Incentivar e criar condições para registrar as
são de cargo, função ou emprego motivado pela ne- informações inerentes e indispensáveis ao processo de
cessidade do profissional em cumprir o presente códi- cuidar.
go e a legislação do exercício profissional. Art. 72 - Registrar as informações inerentes e indis-
Art. 58 - Realizar ou facilitar ações que causem prejuí- pensáveis ao processo de cuidar de forma clara, obje-
zo ao patrimônio ou comprometam a finalidade para tiva e completa.
a qual foram instituídas as organizações da categoria.
PROIBIÇÕES
Art. 59 - Negar, omitir informações ou emitir falsas Art. 73 - Trabalhar, colaborar ou acumpliciar-se com
declarações sobre o exercício profissional quando soli- pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem princí-
citado pelo Conselho Regional de Enfermagem. pios e normas que regulam o exercício profissional de
enfermagem.
SEÇÃO IV Art. 74 - Pleitear cargo, função ou emprego ocupado
DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES EMPREGA- por colega, utilizando-se de concorrência desleal.
DORAS Art. 75 - Permitir que seu nome conste no quadro de
pessoal de hospital, casa de saúde, unidade sanitária,
DIREITOS clínica, ambulatório, escola, curso, empresa ou esta-
Art. 60 - Participar de movimentos de defesa da digni- belecimento congênere sem nele exercer as funções de
dade profissional, do aprimoramento técnicocientífico, enfermagem pressupostas.
do exercício da cidadania e das reivindicações por me- Art. 76 - Receber vantagens de instituição, empresa,
lhores condições de assistência, trabalho e remuneração. pessoa, família e coletividade, além do que lhe é de-
Art. 61 - Suspender suas atividades, individual ou co- vido, como forma de garantir Assistência de Enferma-
letivamente, quando a instituição pública ou privada gem diferenciada ou benefícios de qualquer natureza
para a qual trabalhe não oferecer condições dignas para si ou para outrem.
para o exercício profissional ou que desrespeite a le- Art. 77 - Usar de qualquer mecanismo de pressão ou
gislação do setor saúde, ressalvadas as situações de suborno com pessoas físicas ou jurídicas para conse-
urgência e emergência, devendo comunicar imedia- guir qualquer tipo de vantagem.
Art. 78 - Utilizar, de forma abusiva, o poder que lhe con-
tamente por escrito sua decisão ao Conselho Regional
fere a posição ou cargo, para impor ordens, opiniões,
de Enfermagem.
atentar contra o pudor, assediar sexual ou moralmente,
Art. 62 - Receber salários ou honorários compatíveis
inferiorizar pessoas ou dificultar o exercício profissional.
com o nível de formação, a jornada de trabalho, a
Art. 79 - Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel
complexidade das ações e a responsabilidade pelo
ou imóvel, público ou particular de que tenha posse
exercício profissional.
em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio
Art. 63 - Desenvolver suas atividades profissionais ou de outrem.
em condições de trabalho que promovam a própria Art. 80 - Delegar suas atividades privativas a outro
segurança e a da pessoa, família e coletividade sob membro da equipe de enfermagem ou de saúde, que
seus cuidados, e dispor de material e equipamentos não seja enfermeiro.
de proteção individual e coletiva, segundo as normas
vigentes. CAPÍTULO II
Art. 64 - Recusar-se a desenvolver atividades profissio- DO SIGILO PROFISSIONAL
nais na falta de material ou equipamentos de proteção
individual e coletiva definidos na legislação específica. DIREITOS
Art. 65 - Formar e participar da comissão de ética da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 81 - Abster-se de revelar informações confiden-


instituição pública ou privada onde trabalha, bem ciais de que tenha conhecimento em razão de seu
como de comissões interdisciplinares. exercício profissional a pessoas ou entidades que não
Art. 66 - Exercer cargos de direção, gestão e coordenação estejam obrigadas ao sigilo.
na área de seu exercício profissional e do setor saúde.
Art. 67 - Ser informado sobre as políticas da institui- RESPONSABILIDADES E DEVERES
ção e do serviço de enfermagem, bem como participar Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de que
de sua elaboração. tenha conhecimento em razão de sua atividade pro-
Art. 68 - Registrar no prontuário, e em outros docu- fissional, exceto casos previstos em lei, ordem judicial,
mentos próprios da enfermagem, informações refe- ou com o consentimento escrito da pessoa envolvida
rentes ao processo de cuidar da pessoa. ou de seu representante legal.

131
§ 1º - Permanece o dever mesmo quando o fato seja Art. 95 - Eximir-se da responsabilidade por atividades
de conhecimento público e em caso de falecimento da executadas por alunos ou estagiários, na condição de
pessoa envolvida. docente, enfermeiro responsável ou supervisor.
§ 2º - Em atividade multiprofissional, o fato sigiloso Art. 96 - Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e
poderá ser revelado quando necessário à prestação da segurança da pessoa, família ou coletividade.
assistência. Art. 97 - Falsificar ou manipular resultados de pesqui-
§ 3º - O profissional de enfermagem, intimado como sa, bem como, usá-los para fins diferentes dos pré-de-
testemunha, deverá comparecer perante a autoridade terminados.
e, se for o caso, declarar seu impedimento de revelar Art. 98 - Publicar trabalho com elementos que iden-
o segredo. tifiquem o sujeito participante do estudo sem sua au-
§ 4º - O segredo profissional referente ao menor de ida- torização.
de deverá ser mantido, mesmo quando a revelação seja Art. 99 - Divulgar ou publicar, em seu nome, produção
solicitada por pais ou responsáveis, desde que o menor técnico-científica ou instrumento de organização for-
tenha capacidade de discernimento, exceto nos casos mal do qual não tenha participado ou omitir nomes
em que possa acarretar danos ou riscos ao mesmo. de co-autores e colaboradores.
Art. 83 - Orientar, na condição de enfermeiro, a equi- Art. 100 - Utilizar sem referência ao autor ou sem a
pe sob sua responsabilidade, sobre o dever do sigilo sua autorização expressa, dados, informações, ou opi-
profissional. niões ainda não publicados.
Art. 101 - Apropriar-se ou utilizar produções técnico-
PROIBIÇÕES -científicas, das quais tenha participado como autor
Art. 84 - Franquear o acesso a informações e docu- ou não, implantadas em serviços ou instituições sem
mentos para pessoas que não estão diretamente en- concordância ou concessão do autor.
volvidas na prestação da assistência, exceto nos casos Art. 102 - Aproveitar-se de posição hierárquica para
previstos na legislação vigente ou por ordem judicial. fazer constar seu nome como autor ou co-autor em
Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos, situa- obra técnico-científica.
ções ou fatos de forma que os envolvidos possam ser
identificados. CAPÍTULO IV
DA PUBLICIDADE
CAPÍTULO III
DO ENSINO, DA PESQUISA, E DA PRODUÇÃO DIREITOS
TÉCNICO-CIENTÍFICA Art. 103 - Utilizar-se de veículo de comunicação para con-
ceder entrevistas ou divulgar eventos e assuntos de sua
DIREITOS competência, com finalidade educativa e de interesse social.
Art. 86 - Realizar e participar de atividades de ensino e Art. 104 - Anunciar a prestação de serviços para os
pesquisa, respeitadas as normas ético-legais. quais está habilitado.
Art. 87 - Ter conhecimento acerca do ensino e da pes-
quisa a serem desenvolvidos com as pessoas sob sua RESPONSABILIDADES E DEVERES
responsabilidade profissional ou em seu local de tra- Art. 105 - Resguardar os princípios da honestidade,
balho. veracidade e fidedignidade no conteúdo e na forma
Art. 88 - Ter reconhecida sua autoria ou participação publicitária.
em produção técnico-científica. Art. 106 - Zelar pelos preceitos éticos e legais da pro-
fissão nas diferentes formas de divulgação.
RESPONSABILIDADES E DEVERES
Art. 89 - Atender as normas vigentes para a pesquisa PROIBIÇÕES
envolvendo seres humanos, segundo a especificidade Art. 107 - Divulgar informação inverídica sobre assun-
da investigação. to de sua área profissional.
Art. 90 - Interromper a pesquisa na presença de qual- Art. 108 - Inserir imagens ou informações que pos-
quer perigo à vida e à integridade da pessoa. sam identificar pessoas e instituições sem sua prévia
Art. 91 - Respeitar os princípios da honestidade e fide- autorização.
dignidade, bem como os direitos autorais no processo Art. 109 - Anunciar título ou qualificação que não pos-
de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus sa comprovar.
resultados. Art. 110 - Omitir em proveito próprio, referência a
pessoas ou instituições.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 92 - Disponibilizar os resultados de pesquisa à co-


munidade científica e sociedade em geral. Art. 111 - Anunciar a prestação de serviços gratuitos ou
Art. 93 - Promover a defesa e o respeito aos princípios propor honorários que caracterizem concorrência desleal.
éticos e legais da profissão no ensino, na pesquisa e
produções técnico-científicas. CAPÍTULO V
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
PROIBIÇÕES
Art. 94 - Realizar ou participar de atividades de ensi- Art. 112 - A caracterização das infrações éticas e dis-
no e pesquisa, em que o direito inalienável da pessoa, ciplinares e a aplicação das respectivas penalidades
família ou coletividade seja desrespeitado ou ofereça regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções
qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos. previstas em outros dispositivos legais.

132
Art. 113 - Considera-se infração ética a ação, omissão II - As circunstâncias agravantes e atenuantes da in-
ou conivência que implique em desobediência e/ou fração;
inobservância às disposições do Código de Ética dos III - O dano causado e suas conseqüências;
Profissionais de Enfermagem. IV - Os antecedentes do infrator.
Art. 114 - Considera-se infração disciplinar a inobser- Art. 121 - As infrações serão consideradas leves, gra-
vância das normas dos Conselhos Federal e Regional ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a cir-
de Enfermagem. cunstância de cada caso.
Art. 115 - Responde pela infração quem a cometer ou § 1º - São consideradas infrações leves as que ofen-
concorrer para a sua prática, ou dela obtiver benefício, dam a integridade física, mental ou moral de qualquer
quando cometida por outrem. pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham
Art. 116 - A gravidade da infração é caracterizada por a difamar organizações da categoria ou instituições.
meio da análise dos fatos do dano e de suas conse- § 2º - São consideradas infrações graves as que provo-
qüências. quem perigo de vida, debilidade temporária de mem-
Art. 117 - A infração é apurada em processo instau- bro, sentido ou função em qualquer pessoa ou as que
rado e conduzido nos termos do Código de Processo causem danos patrimoniais ou financeiros.
Ético das Autarquias Profissionais de Enfermagem. § 3º - São consideradas infrações gravíssimas as que
Art. 118 - As penalidades a serem impostas pelos Con- provoquem morte, deformidade permanente, perda
selhos Federal e Regional de Enfermagem, conforme o ou inutilização de membro, sentido, função ou ainda,
que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho dano moral irremediável em qualquer pessoa.
de 1973, são as seguintes: Art. 122 - São consideradas circunstâncias atenuantes:
I - Advertência verbal; I - Ter o infrator procurado, logo após a infração, por
II – Multa; sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou
III – Censura; minorar as conseqüências do seu ato;
IV - Suspensão do exercício profissional; II - Ter bons antecedentes profissionais;
V - Cassação do direito ao exercício profissional. III - Realizar atos sob coação e/ou intimidação;
§ 1º - A advertência verbal consiste na admoestação
IV - Realizar ato sob emprego real de força física;
ao infrator, de forma reservada, que será registrada
V - Ter confessado espontaneamente a autoria da in-
no prontuário do mesmo, na presença de duas teste-
fração.
munhas.
Art. 123 - São consideradas circunstâncias agravantes:
§ 2º - A multa consiste na obrigatoriedade de paga-
I - Ser reincidente;
mento de 01 (uma) a 10 (dez) vezes o valor da anuida-
II - Causar danos irreparáveis;
de da categoria profissional à qual pertence o infrator,
III - Cometer infração dolosamente;
em vigor no ato do pagamento.
IV - Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
§3º - A censura consiste em repreensão que será di-
vulgada nas publicações oficiais dos Conselhos Fede- V - Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
ral e Regional de Enfermagem e em jornais de grande impunidade ou a vantagem de outra infração;
circulação. VI - Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
§ 4º - A suspensão consiste na proibição do exercício VII - Cometer a infração com abuso de autoridade ou
profissional da enfermagem por um período não su- violação do dever inerente ao cargo ou função;
perior a 29 (vinte e nove) dias e será divulgada nas VIII - Ter maus antecedentes profissionais.
publicações oficiais dos Conselhos Federal e Regional
de Enfermagem, jornais de grande circulação e comu- CAPÍTULO VI
nicada aos órgãos empregadores. DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
§ 5º - A cassação consiste na perda do direito ao exer-
cício da enfermagem e será divulgada nas publicações Art. 124 - As penalidades previstas neste Código so-
dos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem e mente poderão ser aplicadas, cumulativamente,
em jornais de grande circulação. quando houver infração a mais de um artigo.
Art.119 - As penalidades, referentes à advertência ver- Art. 125 - A pena de advertência verbal é aplicável
bal, multa, censura e suspensão do exercício profissio- nos casos de infrações ao que está estabelecido nos
nal, são da alçada do Conselho Regional de Enferma- artigos: 5º a 7º; 12 a 14; 16 a 24; 27; 30; 32; 34; 35; 38
gem, serão registradas no prontuário do profissional a 40; 49 a 55; 57; 69 a 71; 74; 78; 82 a 85; 89 a 95; 98
de enfermagem; a pena de cassação do direito ao a 102; 105; 106; 108 a 111 deste Código.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

exercício profissional é de competência do Conselho Art. 126 - A pena de multa é aplicável nos casos de
Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. infrações ao que está estabelecido nos artigos: 5º a 9º;
18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73. 12; 13; 15; 16; 19; 24; 25; 26; 28 a 35; 38 a 43; 48 a 51;
Parágrafo único - Na situação em que o processo ti- 53; 56 a 59; 72 a 80; 82; 84; 85; 90; 94; 96; 97 a 102;
ver origem no Conselho Federal de Enfermagem, terá 105; 107; 108; 110; e 111 deste Código.
como instância superior a Assembléia dos Delegados Art. 127 - A pena de censura é aplicável nos casos de
Regionais. infrações ao que está estabelecido nos artigos: 8º; 12;
Art. 120 - Para a graduação da penalidade e respecti- 13; 15; 16; 25; 30 a 35; 41 a 43; 48; 51; 54; 56 a 59;
va imposição consideram-se: 71 a 80; 82; 84; 85; 90; 91; 94 a 102; 105; 107 a 111
I - A maior ou menor gravidade da infração; deste Código.

133
Art. 128 - A pena de suspensão do exercício profissio- Art. 2º - A Enfermagem e suas atividades Auxiliares
nal é aplicável nos casos de infrações ao que está es- somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
tabelecido nos artigos: 8º; 9º; 12; 15; 16; 25; 26; 28; 29; habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfer-
31; 33 a 35; 41 a 43; 48; 56; 58; 59; 72; 73; 75 a 80; 82; magem com jurisdição na área onde ocorre o exercí-
84; 85; 90; 94; 96 a 102; 105; 107 e 108 deste Código. cio.
Art.129 - A pena de cassação do direito ao exercício Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativa-
profissional é aplicável nos casos de infrações ao que mente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem,
está estabelecido nos artigos: 9º; 12; 26; 28; 29; 78 e pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeita-
79 deste Código. dos os respectivos graus de habilitação.
Art. 3º - O planejamento e a programação das insti-
CAPITULO VII tuições e serviços de saúde incluem planejamento e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS programação de Enfermagem.

Art. 130 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Con- Art. 4º - A programação de Enfermagem inclui a pres-
selho Federal de Enfermagem. crição da assistência de Enfermagem.
Art. 131- Este Código poderá ser alterado pelo Conse- Art. 5º - (vetado)
lho Federal de Enfermagem, por iniciativa própria ou § 1º (vetado)
mediante proposta de Conselhos Regionais. § 2º (vetado)
Parágrafo único - A alteração referida deve ser prece- Art. 6º - São enfermeiros:
dida de ampla discussão com a categoria, coordenada I - o titular do diploma de enfermeiro conferido por
pelos Conselhos Regionais. instituição de ensino, nos termos da lei;
Art. 132 - O presente Código entrará em vigor 90 dias II - o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou
após sua publicação, revogadas as disposições em de enfermeira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
contrário. III - o titular do diploma ou certificado de Enfermei-
ra e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira
Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2007. Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido
por escola estrangeira segundo as leis do país, regis-
trado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL (7.498/1986)
revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
A Lei do Exercício profissional salienta as especificida-
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anterio-
des quanto as classes na área da enfermagem, o que cada
res, obtiverem título de Enfermeiro conforme o dispos-
um pode e deve fazer ou participar dentro de uma equipe.
to na alínea “”d”” do Art. 3º do Decreto nº 50.387, de
Costuma ser cobrado em concursos ações privativas
28 de março de 1961.
dos profissionais e ações cotidianas onde eles são inse-
ridos na equipe. Art. 7º - São técnicos de Enfermagem:
O Decreto 94.406/1987 regulamenta a Lei 7.498/1986 I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de
(Lei do Exercício Profissional) Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da En- registrado pelo órgão competente;
fermagem e dá outras providências. II - o titular do diploma ou do certificado legalmente
O presidente da República. conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou re-
sanciono a seguinte Lei: validado no Brasil como diploma de Técnico de Enfer-
Veja na íntegra no link abaixo: magem.
http://novo.portalcofen.gov.br/wp-content/ Art. 8º - São Auxiliares de Enfermagem:
uploads/2012/03/resolucao_311_anexo.pdf I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem
conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei
Implicações éticas e jurídicas no exercício da en- e registrado no órgão competente;
fermagem II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822,
de 14 de junho de 1956;
LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO 1986 III - o titular do diploma ou certificado a que se refere
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o inciso III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de se-


Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfer- tembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº
magem e dá outras providências. 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou
O presidente da República. Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Ser-
viço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmá-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu cia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere
sanciono a seguinte Lei: da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação,
nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro
Art. 1º - É livre o exercício da Enfermagem em todo o de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de
território nacional, observadas as disposições desta Lei. 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;

134
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enferma- g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente
gem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de feve- e puérpera;
reiro de 1967; h) acompanhamento da evolução e do trabalho de
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por parto;
escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, i) execução do parto sem distocia;
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultu- j) educação visando à melhoria de saúde da popula-
ral ou revalidado no Brasil como certificado de Auxi- ção.
liar de Enfermagem. Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II
Art. 9º - São Parteiras: do art. 6º desta lei incumbe, ainda:
I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decre- a) assistência à parturiente e ao parto normal;
to-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado b) identificação das distócias obstétricas e tomada de
o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; providências até a chegada do médico;
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação
equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, de anestesia local, quando necessária.
segundo as leis do país, registrado em virtude de in-
tercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) Art. 12 - O Técnico de Enfermagem exerce atividade
anos após a publicação desta Lei, como certificado de de nível médio, envolvendo orientação e acompanha-
Parteira. mento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e
Art. 10 - (Vetado) participação no planejamento da assistência de Enfer-
magem, cabendo-lhe especialmente:
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de § 1º Participar da programação da assistência de En-
enfermagem, cabendo-lhe: fermagem;
I - privativamente: § 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, ex-
a) direção do órgão de enfermagem integrante da es- ceto as privativas do Enfermeiro, observado o disposto
trutura básica da instituição de saúde, pública e priva- no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
da, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem; § 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho
b) organização e direção dos serviços de enfermagem de Enfermagem em grau auxiliar;
e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas § 4º Participar da equipe de saúde.
prestadoras desses serviços; Art. 13 - O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades
c) planejamento, organização, coordenação, execução de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo ser-
e avaliação dos serviços da assistência de enferma- viços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem
gem; como a participação em nível de execução simples, em
d) (Vetado); processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
e) (Vetado); § 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sinto-
mas;
f) (Vetado);
§ 2º Executar ações de tratamento simples;
g) (Vetado);
§ 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao pacien-
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre
te;
matéria de enfermagem;
§ 4º Participar da equipe de saúde.
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
Art. 14 - (Vetado)
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves
com risco de vida; Art. 15 - As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade Lei, quando exercidas em instituições de saúde, públi-
técnica e que exijam conhecimentos de base científica cas e privadas, e em programas de saúde, somente po-
e capacidade de tomar decisões imediatas; dem ser desempenhadas sob orientação e supervisão
de Enfermeiro.
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avalia- Art. 16 - (Vetado)
ção da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação Art. 17 - (Vetado)
dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em pro-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 18 - (Vetado)
gramas de saúde pública e em rotina aprovada pela Parágrafo único. (Vetado)
instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma Art. 19 - (Vetado)
de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospi- Art. 20 - Os órgãos de pessoal da administração pú-
talar e de doenças transmissíveis em geral; blica direta e indireta, federal, estadual, municipal, do
Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provi-
f) prevenção e controle sistemático de danos que pos- mento de cargos e funções e na contratação de pes-
sam ser causados à clientela durante a assistência de soal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos
enfermagem; desta Lei.

135
Parágrafo único - Os órgãos a que se refere este artigo Resposta: Letra D. O decreto 7508/11 regulamenta a
promoverão as medidas necessárias à harmonização lei  8080/90,  ou seja tenta colocar em prática :
das situações já existentes com as diposições desta Lei, -A Organização do Sus,
respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimen- -O Planejamento de Saúde,
tos e salários. -A Assistência à Saúde e
Art. 21 - (Vetado) -A Articulação Interfederativa.
Art. 22 - (Vetado)
Art. 23 - O pessoal que se encontra executando tare- Busca também concretizar  e aprofundar os princípios 
fas de Enfermagem, em virtude de carência de recur- propostos  por essa lei, que são  a regionalização, hie-
sos humanos de nível médio nesta área, sem possuir rarquização, região de saúde e oficializa a Atenção Bá-
formação específica regulada em lei, será autorizado, sica como porta de entrada, ordenadora do cuidado
pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer ati- e acesso ao SUS .Além disso, reconhece a Comissão
vidades elementares de Enfermagem, observado o dis- IntergestoraBipartite (CIB) juntamente com a Comis-
posto no Art. 15 desta Lei. são Intergestora Tripartite (CIT) como essenciais para
Parágrafo único - A autorização referida neste artigo, o fortalecimento da governança do SUS.
que obedecerá aos critérios baixados pelo Conselho
Federal de Enfermagem, somente poderá ser conce- 2.(Pref. Marilândia/ES - Analista de Serviços Afins-
dida durante o prazo de 10 (dez) anos, a contar da -Enfermagem – IDECAN - 2016) Em 1994, o Conse-
promulgação desta Lei. lho Federal de Enfermagem homologou a Resolução nº
Art. 24 - (Vetado) 172/1994, que autoriza a criação de Comissões de Ética
Parágrafo único - (Vetado) de Enfermagem nas instituições de saúde, em âmbito na-
cional. Sobre essas Comissões, é correto afirmar que
Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de a) têm função exclusivamente fiscalizadora do exercício
sua publicação. profissional e ético dos profissionais de enfermagem.                               
Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- b) são órgãos autônomos pertencentes às instituições de
blicação. saúde e independentes dos Conselhos Regionais de
Enfermagem.
Art. 27 - Revogam-se (Vetado) as demais disposições c) umas das suas finalidades é aplicar as penalidades pre-
em contrário. vistas no Código de Ética dos Profissionais de Enfer-
magem, nos casos de infração ética.
Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Indepen- d) deverão ser compostas por enfermeiros e técnicos de
dência e 98º da República enfermagem com vínculo empregatício nas institui-
ções de saúde às quais pertencem.
José Sarney
Almir Pazzianotto Pinto Resposta: Letra D.. O COFEN tem por finalidade auto-
rizar a criação de Comissões de Ética de Enfermagem
como órgãos representativos dos Conselhos Regionais
junto a instituições de saúde, com funções educativas,
EXERCÍCIOS COMENTADOS consultivas e fiscalizadoras do exercício profissional e
ético dos profissionais de Enfermagem.
1.(Pref. Itupeva/SP - Técnico de Enfermagem – BIO- A Comissão de Ética de Enfermagem tem como fina-
RIO - 2016) Avalie, com base no Decreto 7.508/11, as lidade:
definições a seguir: a) Garantir a conduta ética dos profissionais de Enfer-
magem na instituição.
• Espaço geográfico contínuo constituído por agrupa- b) Zelar pelo exercício ético dos profissionais de En-
mentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de fermagem na instituição, combatendo o exercício ile-
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes gal da profissão, educando, discutindo e divulgando
de comunicação e infraestrutura de transportes compar- o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
tilhados, com a finalidade de integrar a organização, o c) Notificar ao Conselho Regional de Enfermagem de
planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. sua jurisdição irregularidades, reivindicações, suges-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Conjunto de ações e serviços de saúde articulados em tões, e, as infrações éticas


níveis de complexidade crescente, com a finalidade de
garantir a integralidade da assistência à saúde.

As definições referem-se respectivamente a:

a) Mapa de Saúde e Portas de Entrada.


b) Rede de Atenção à Saúde e Região de Saúde.
c) Região de Saúde e Mapa de Saúde.
d) Região de Saúde e Rede de Atenção à Saúde.
e) Mapa de Saúde e Rede de Atenção à Saúde.

136
d) O filme ou membrana semipermeável é composto por
íon de prata, com ação bactericida. É indicado para
HORA DE PRATICAR! fixação de cateteres e feridas com muito exsudato.
1. (Pref. Munic. Barrinha/SP - Técnico em Enferma- e) Nenhuma das alternativas está correta.
gem – SOLER - 2013) Relacione
I – Cefalosporinas ( ) Ganciclovir. 5. (FUMEC/CEPROCAMP - Docente-Enfermagem –
II – Penicilinas ( ) Vancomicina. CAIPIMES - 2013) Leia as frases abaixo e a seguir as-
III – Antivirais ( ) Ceftazidima. sinale a alternativa que corresponde à resposta correta.
IV – Polipeptídeos ( ) Oxacilina.
I- A troca do carvão ativado utilizado em curativos deve
a) II, I, III e IV. ser efetuada a cada 10 dias, independentemente da ca-
b) III, IV, I e II. racterística da ferida.
c) IV, I, II e III. II- O carvão ativado utilizado em curativos atua absor-
d) III, II, IV e I. vendo o exsudato e diminui o odor da ferida.
III- O carvão ativado é indicado principalmente em feri-
2.( Pref. Munic. Barrinha/SP - Técnico em Enferma- das secas, queimaduras e lesões granuladas.
gem – SOLER - 2013) Curativo é a limpeza e o trata- IV- O carvão ativado utilizado em curativos é um anti-
mento da ferida, através da aplicação local de produtos biótico bactericida. Seu uso é indicado em feridas com
específicos. Considerando os tempos de curativo, pode- grande drenagem de exsudato.
mos afirmar que:
a) Apenas as frases I e III estão corretas.
a) No 1º (primeiro) tempo se faz a remoção do curativo b) As frases I, II, III e IV estão corretas.
anterior com a pinça anatômica. c) Apenas a frase II está correta.
b) No 2º (segundo) tempo se faz o tratamento da lesão d) Apenas as frases II e IV estão corretas.
com pinças Kocher e Kelly.
c) No 4º (quarto) tempo se faz a limpeza da lesão com 6.(Assistência de Enfermagem em Urgência e Emer-
pinças anatômica e Kelly. gência - Pref. Londrina/PR – VUNESP – 2013 ) O Su-
d) No 3º (terceiro) tempo se faz a proteção da lesão com porte Básico de Vida (SBV) foi acionado para um atendi-
pinça anatômica e dente de rato. mento a domicílio a um recém nascido (RN), de 10 (dez)
e) Todas as alternativas estão incorretas. dias. Chegando ao local depara com o RN em Parada
Cardiorrespiratória (PCR). Durante a reanimação, após
3.( Pref. Munic. Barrinha/SP - Técnico em Enferma- receber ventilação com pressão positiva, com bolsa-val-
gem – SOLER - 2013) Assinale a alternativa que com- va-máscara por 30 (trinta) segundos, apresenta frequên-
pleta CORRETAMENTE a assertiva a seguir: O mecanismo cia de 50bpm. Esse recém-nascido deverá receber, na
de ação do cloreto de sódio 0,9% no tratamento de feri- sequência:
das, usado durante o curativo, é:
a) Oxigenação 100% inalatória, com fluxo de 5litros/mi-
a) Limpeza das feridas com secreção provocada por fungos. nuto.
b) Manutenção da ferida seca pela ação do sódio. b) Observação, oxigenação e monitorização.
c) Mantém o meio úmido estimulando o processo autolí- c) Mantém as compressões torácicas e as ventilações
tico natural do organismo, através da hidrolase ácida. com pressão positiva.
d) Mantém o meio úmido e provoca a hidrólise das célu- d) Mantém somente a ventilação com pressão positiva,
las em processo de decomposição. pois o pulso voltou.
e) Somente a alternativa b está correta. e) Mantém as compressões torácicas.

4.(Pref. Munic. Barrinha/SP - Técnico em Enferma- 7. (Assistência de Enfermagem em Urgência e Emer-


gem – SOLER - 2013) Em relação aos curativos, é cor- gência - Pref. Londrina/PR – VUNESP – 2013 ) Jovem
reto afirmar. de 20 anos é atendido apresentando crise convulsiva do
tipo tônico-clônica generalizada. Assinale a alternativa
a) A papaína é um gel composto por água,carboximetil- que contenha sinais clínicos que não são apresentados
celulose e propilenoglicol, com ação bactericida. Atua durante a crise convulsiva.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

na prevenção de necrose tecidual.


b) A colagenase é uma pomada composta por colágeno, a) Palidez e cianose.
que favorece o crescimento interno de vasos sanguí- b) Retenção urinária.
neos, e alginato de cálcio, utilizado como absorvente c) Contração muscular violenta.
em ferida com intenso exsudato. d) Perda da consciência e queda ao solo.
c) Os ácidos graxos essenciais (AGEs) são soluções oleo- e) Movimentos mastigatórios.
sas, compostas por ácido linoleico, ácido caprílico,-
lecitina de soja e vitaminas A e E. Os AGEs atuam em
pele íntegra, formando uma película protetora e pre-
venindo escoriações.

137
8. (Assistência de Enfermagem em Urgência e Emer-
gência - Pref. Londrina/PR – VUNESP – 2013 ) Crianças
quando são vítimas de trauma apresentam algumas pe- GABARITO
culiaridades diferentes do adulto. Assinale a alternativa
que contenha a afirmativa INCORRETA. 1. B
a) A criança apresenta, proporcionalmente, menor super-
fície corporal e maior quantidade de tecido adiposo 2. E
do que o adulto, estando mais susceptível a hipoter- 3. C
mia.
b) O esforço ventilatório pode evoluir para fadiga impor- 4. C
tante, resultando em parada cardiorrespiratória. 5. D
c) A parede torácica das crianças é complacente, poden-
6. C
do ocorrer lesões internas graves sem fraturas de cos-
telas. 7. B
d) O choro provoca aumento da resistência ao fluxo de 8. A
ar para os pulmões, piorando a condição respiratória.
e) Se a criança estiver em ambiente aquecido, a colora- 9. B
ção e a temperatura de sua pele devem ser equivalen- 10 B
tes em tronco e extremidades.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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