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APOSTILA DE ACORDO COM EDITAL DE Nº.

01/2020

FESAÚDE-R J
FUNDAÇÃO ESTATAL DE SAÚDE DE NITERÓI

TÉCNICO DE
ENFERMAGEM

CONTEÚDO
- Língua portuguesa
GRÁTIS
Conhecimentos Específicos
CONTEÚDO ONLINE

Interpretação de Texto
- Tipologia Textual
e Tipos de Discurso

Decreto nº 7.508/2011
- Decreto Regulamentador
da Lei Orgânica da Saúde
Fundação Estatal de Saúde de Niterói do Estado do Rio de Janeiro

FESAÚDE-RJ
Técnico de Enfermagem

FV061-N0
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Fundação Estatal de Saúde de Niterói - RJ

Técnico de Enfermagem

EDITAL Nº. 01/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Conhecimentos Específicos - Profª Ana Luisa M. da Costa Lacida

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Leandro Filho
Roberth Kairo

DIAGRAMAÇÃO
Dayverson Ramon
Rodrigo Bernardes

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretação de Textos verbais e não-verbais. Fala, escrita e níveis de linguagem. Variação Linguística. Gêneros
Textuais. Implicitude e explicitude das informações. ........................................................................................................................ 01
Ortografia. ......................................................................................................................................................................................................... 11
Morfologia. ........................................................................................................................................................................................................ 16
Sintaxe. ................................................................................................................................................................................................................ 18
Figuras de Linguagem. ................................................................................................................................................................................. 28
Pontuação........................................................................................................................................................................................................... 32

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnicas Fundamentais em Enfermagem; Procedimentos técnicos: Verificação de sinais vitais, antropometria,
administração de medicamentos, coleta de material para exames, termoterapia, crioterapia, sondagens,
aspirações, nebulização, uso de oxigenoterapia, lavagens gastro- intestinal, curativos (potencial de
contaminação e técnicas de curativos)................................................................................................................................................... 01
Registro de Enfermagem.............................................................................................................................................................................. 22
Medidas de prevenção e controle de infecções; Processamentos de superfícies: limpeza geral e
gerenciamentos de resíduos....................................................................................................................................................................... 23
Primeiros socorros; Atuação de Técnico de Enfermagem nas Urgências e Emergências.................................................... 46
Noções de farmacoterapia........................................................................................................................................................................... 52
Condutas do Técnico de Enfermagem na Saúde Mental................................................................................................................. 54
Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde da Mulher (Planejamento familiar, pré-natal, parto e
puerpério, prevenção do câncer de colo do útero e mamas); Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde
da Criança; Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)................................................................................................................... 66
Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde do Adulto com Doenças Crônicas Transmissíveis e Não
Transmissíveis.................................................................................................................................................................................................... 120
Imunização (Vacinas, acondicionamento, Rede de frio, dosagens, aplicação, Calendário Vacinal)................................. 131
Processamento de artigo: limpeza, acondicionamento e esterilização/ desinfecção........................................................... 134
Noções de Segurança do Paciente........................................................................................................................................................... 150
Código de Ética de Enfermagem............................................................................................................................................................... 151
Lei do exercício Profissional......................................................................................................................................................................... 158
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretação de Textos verbais e não-verbais. Fala, escrita e níveis de linguagem. Variação Linguística. Gêneros
Textuais. Implicitude e explicitude das informações. ................................................................................................................................ 1
Ortografia. ................................................................................................................................................................................................................. 11
Morfologia. ................................................................................................................................................................................................................ 16
Sintaxe. ........................................................................................................................................................................................................................ 18
Figuras de Linguagem. ......................................................................................................................................................................................... 28
Pontuação................................................................................................................................................................................................................... 32
O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS VERBAIS
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
E NÃO-VERBAIS. FALA, ESCRITA E
NÍVEIS DE LINGUAGEM. VARIAÇÃO
Compreender significa
LINGUÍSTICA. GÊNEROS TEXTUAIS.
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
IMPLICITUDE E EXPLICITUDE DAS
O texto diz que...
INFORMAÇÕES.
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e Erros de interpretação


relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
de codificar e decodificar). contexto, acrescentando ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa um texto é um conjunto de ideias), o que pode
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento ser insuficiente para o entendimento do tema
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada desenvolvido.
de seu contexto original e analisada separadamente, • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
poderá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
conclusões equivocadas e, consequentemente,
Intertexto - comumente, os textos apresentam errar a questão.
referências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação em uma prova de concurso, o que deve ser levado em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. consideração é o que o autor diz e nada mais.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou
fundamentações), as argumentações (ou explicações), Os pronomes relativos são muito importantes na
que levam ao esclarecimento das questões apresentadas interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros
na prova. de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração
que existe um pronome relativo adequado a cada
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: circunstância, a saber:
• Identificar os elementos fundamentais de uma que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
argumentação, de um processo, de uma época mas depende das condições da frase.
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, qual (neutro) idem ao anterior.
os quais definem o tempo). quem (pessoa)
• Comparar as relações de semelhança ou de cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
diferenças entre as situações do texto. o objeto possuído.
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com como (modo)
uma realidade. onde (lugar)
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. quando (tempo)
• Parafrasear = reescrever o texto com outras quanto (montante)
palavras. Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Condições básicas para interpretar Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
aparecer o demonstrativo O).
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-
literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), Dicas para melhorar a interpretação de textos
leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico
(qualidades do texto) e semântico; capacidade de • Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral
LÍNGUA PORTUGUESA

observação e de síntese; capacidade de raciocínio. do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
Interpretar/Compreender mais informação você absorver com a leitura, mais
chances terá de resolver as questões.
Interpretar significa: • Se encontrar palavras desconhecidas, não
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. interrompa a leitura.
Através do texto, infere-se que... • Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
É possível deduzir que... forem necessárias.

1
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me
conclusão). parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato
• Volte ao texto quantas vezes precisar. que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre inteiramente.
as do autor. Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor descoberta temporã.
compreensão. Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom
cada questão. da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente
• Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo consegui boiar.
geralmente mantém com outro uma relação Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os
de continuação, conclusão ou falsa oposição. oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso
Identifique muito bem essas relações. e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, sensação de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas
a ideia mais importante. vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
hora da resposta – o que vale não somente para montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
Interpretação de Texto, mas para todas as demais ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
questões! água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia isso, curiosamente, não é fácil.
principal, leia com atenção a introdução e/ou a Essa experiência me sugeriu algumas considerações
conclusão. sobre a vida em geral.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente,
etc., chamados vocábulos relatores, porque
de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre
remetem a outros vocábulos do texto.
incorporando novidades que nos transformam. Somos
geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas
SITES
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. não só. Também somos profundamente modificados por
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/09- já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de
dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa
provas> capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. pedras.
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. Suspeito que isso tenha importância também para os
html> relacionamentos.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/ Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
cursinho/questoes/questao-117-portugues.htm> está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-
EXERCÍCIOS COMENTADOS se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria
frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística – floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso,
AOCP-2015) sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e
insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não
O verão em que aprendi a boiar apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas na companhia do outro e de si mesmo, no mundo.
capacidades fazem de nós pessoas diferentes do que Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam
éramos ser aprendidas.
IVAN MARTINS Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo,
especial. relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou. combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a
De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade, relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada
minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos
diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada
as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção
a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de
insuspeitada. forma relaxada e consciente um grande amor.

2
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque Observe a charge a seguir:
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas
do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/ A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html destacando o fato de o cientista:

De acordo com o texto, quando o autor afirma que “Todos a) ter alcançado o céu após sua morte;
os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais calma, e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
com mais prazer, com mais intensidade e menos
medo. Resposta: Letra D
b) ser necessário agir com mais cautela nos Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
relacionamentos amorosos para que eles não se Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
desfaçam. = incorreto
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterioso Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
vividos intensamente. Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, = incorreto
inclusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém estávamos esperando”.
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode
acontecer. 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
Resposta: Letra A Lastro e o Sistema Bancário
Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples [...]
que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro depositado
relação existe, há chance de melhorar = sempre há nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade de
tempo para boiar (aprender). ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para tentar metal é limitado, isso garantia que a produção de dinheiro
relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros se
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e deram conta de que ninguém estava interessado em
menos medo = correta. trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a
Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos
reserva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
relacionamentos amorosos para que eles não
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
se desfaçam = incorreta – o autor propõe viver
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
intensamente.
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
economias seguramente guardadas.
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
LÍNGUA PORTUGUESA

Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-


objetivo nos relacionamentos.
ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas
principalmente de valores em contas bancárias, já não
novas, inclusive agir com o raciocínio nas relações
tendo nenhuma riqueza material para representar, é
amorosas = incorreta – ser mais emoção.
criado a partir de empréstimos. Quando alguém vai até
Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
o banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em
porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de
pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
uma decisão administrativa, e assim entra na economia.
não pensando em algo ruim.

3
Essa explicação permaneceu controversa e escondida Resposta: Letra A
por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
Bank of England de 2014. bancos = correta
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
é criado assim, inventado em canetaços a partir da imaginário = nem todo
concessão de empréstimos. O que torna tudo mais Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
estranho e perverso é que, sobre esse empréstimo, clientes = deve ao banco, este paga/empresta a outros
é cobrada uma dívida. Então, se eu peço dinheiro ao clientes
banco, ele inventa números em uma tabela com meu Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
nome e pede que eu devolva uma quantidade maior
mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
do que essa. Para pagar a dívida, preciso ir até o dito
mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
“livre-mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear, para
Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes
conseguir o dinheiro que o banco inventou na conta
de outras pessoas. Esse é o dinheiro que vai ser usado endividados = desde que não paguem a dívida
para pagar a dívida, já que a única fonte de moeda é
o empréstimo bancário. No fim, os bancos acabam com 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
todo o dinheiro que foi inventado e ainda confiscam os GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
bens da pessoa endividada cujo dinheiro tomei. abaixo, publicada no momento da intervenção nas
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma atividades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. 2018.
Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
porque é gerada pela simples manipulação de bancos
de dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e
poder sem precedentes: um mundo onde o patrimônio
de 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde
o 1% mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventando-
dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema


bancário, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
a) tornar ilimitada a produção de dinheiro. pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
b) proteger os bens dos clientes de bancos. seguinte informação:
c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes
e) preservar as economias das pessoas. cometidos no Rio;
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
Resposta: Letra D feita;
Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram c) a linguagem do personagem mostra intimidade com
conta de que ninguém estava interessado em trocar
o interlocutor;
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da
fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que
realmente tinham em ouro nos cofres. charge;
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a
incorreta presença do Exército.
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos =
incorreta Resposta: Letra D
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
incorreta
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
correta
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
LÍNGUA PORTUGUESA

4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)


A leitura do texto permite a compreensão de que
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a
a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos. seguinte informação:
b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imaginário. Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos
c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes. crimes cometidos no Rio = inferência correta
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”. Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados. sendo bem-feita = inferência correta

4
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimidade Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura
com o interlocutor = inferência correta venezuelana = como a repressão política, familiar ou
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local de gênero
da charge = incorreta Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam eletrônico = não consta na Manchete acima
a presença do Exército = inferência correta Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
Rússia = como a repressão política, familiar ou de
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe gênero
a charge abaixo. Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
No caso da charge, a crítica feita à internet é: É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos
caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; em se beneficiar do barateamento do combustível.
c) o risco de contatos perigosos; Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
d) o abandono dos estudos regulares; para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de
e) a falta de contato entre membros da família. eleição, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
Resposta: Letra A desgastar governantes e reforçar seus projetos de poder,
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o que
excessiva; está delimitado pelo estado democrático de direito,
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
incorreto que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto Forças Armadas etc.
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto A greve atravessou vários sinais ao estrangular as
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo
incorreto funcionando, do qual depende a sobrevivência física
Através da fala do garoto chegamos à resposta: da população. Isso não pode ser esquecido e serve de
dependência tecnológica - expressa em sua fala. alerta para que as autoridades desenvolvam planos de
contingência.
7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo O Globo, 31/05/2018.
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse
termo denota, além da agressão física, diversos tipos “É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos
de imposição sobre a vida civil, como a repressão caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
política, familiar ou de gênero, ou a censura da fala e da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
do pensamento de determinados indivíduos e, ainda, se beneficiar do barateamento do combustível.” Segundo
o desgaste causado pelas condições de trabalho e esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” é
condições econômicas”. A manchete jornalística abaixo
que NÃO se enquadra em nenhum tipo de violência a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento.
citado nesse segmento é: b) garantir-se o direito de reunião e de greve.
c) lastrear leis e regras na Constituição.
a) Presa por mensagem racista na internet; d) punirem-se os responsáveis por excessos.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana; e) concluírem-se as investigações sobre a greve.
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia; Resposta: Letra D
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo. Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do
pensamento. = incorreto
Resposta: Letra C Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. =
Em “a”: Presa por mensagem racista na internet = incorreto
como a repressão política, familiar ou de gênero Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto

5
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
= incorreto sustentado e o respeito pelos direitos humanos,
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem reforçando as instituições democráticas, promovendo
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, a liberdade de expressão, preservando a diversidade
conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa cultural e o ambiente.
acontecer... = precisa acontecer a punição dos É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento
excessos. — direitos humanos — democracia” que podemos
vislumbrar a educação para a paz.
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
CESPE-2018) desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com
Texto CG1A1AAA adaptações).
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos
independentemente de idade, sexo, estrato social, “gestão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser
crença religiosa etc. é chamado à criação de um mundo concebidos como
pacificado, um mundo sob a égide de uma cultura da a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
paz. b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças d) etapas para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como e) consequências da construção da cultura da paz.
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,
tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma Resposta: Letra D
rejeição, individual e coletiva, da violência que tem Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
sido percebida na sociedade, em seus mais variados = incorreto
contextos. A cultura da paz tem de procurar soluções que Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
advenham de dentro da(s) sociedade(s), que não sejam paz. = incorreto
impostas do exterior. Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado = incorreto
em sentido negativo, quando se traduz em um estado Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, = incorreto
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção refere-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar
positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
da não violência para resolver conflitos, a prática do para construção da paz.
diálogo na relação entre pessoas, a postura democrática
frente à vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação 10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE
planejada e o movimento constante da instalação de JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o
pensamento e a ação das pessoas para que se promova
a paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso,
a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de
palavras e conceitos que anunciem os valores humanos
que decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A
violência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão
LÍNGUA PORTUGUESA

de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencialmente


violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas
originárias de situação de guerra é um dos exemplos mais
comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às
escolas, instituições públicas e outros locais de trabalho
por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros
de comunicação e associações.

6
O humor da tira é conseguido através de uma quebra de É correto associar o humor da charge ao fato de que
expectativa, que é:
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
a) o fato de um adulto colecionar figurinhas; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos; completo confinamento.
c) a falta de muitas figurinhas no álbum; b) os dois personagens estão muito bem informados
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho; sobre a economia, o que não condiz com a imagem
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário. de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
Resposta: Letra B personagens, pois eles demonstram preocupação
com a aparência.
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; =
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
incorreto
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não por eles nos presídios.
esportivos; e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = para os personagens, dada a condição em que se
incorreto encontram.
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
pelo filho; = incorreto Resposta: Letra E
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada
contrário. = incorreto e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema completo confinamento. = incorreto
incomum: assuntos sociais. Em “b”: os dois personagens estão muito bem
informados sobre a economia, o que não condiz com a
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – imagem de criminosos. = incorreto
VUNESP-2015) Leia a tira. Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
dos personagens, pois eles demonstram preocupação
com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não
surpreende os personagens, que estão acostumados
a pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE
Com sua fala, a personagem revela que JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
a) a violência era comum no passado.
b) as pessoas lutam contra a violência. Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com
c) a violência está banalizada. as figurinhas da Copa
d) o preço que pagou pela violência foi alto. Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018

Resposta: Letra C A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo


Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos
Em “c”: a violência está banalizada. jornaleiros estão levando seus estoques para casa
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. = quando termina o expediente. Pode parecer piada, mas
incorreto há até boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha
Infelizmente, a personagem revela que a violência está espalhados por mensagens de celular.
banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa
12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR adequada é:
[INTERIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do
celular e da carteira nos roubos urbanos;
LÍNGUA PORTUGUESA

b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à


carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa;
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo
principal dos ladrões.

7
Resposta: Letra B A) a língua funcional de modalidade culta, língua
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o culta ou língua-padrão, que compreende a
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = língua literária, tem por base a norma culta, forma
incorreto linguística utilizada pelo segmento mais culto e
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; a língua utilizada pelos veículos de comunicação
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da de serem aliados da escola, prestando serviço à
Copa nas bancas de jornais; = incorreto sociedade, colaborando na educação;
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
B) a língua funcional de modalidade popular;
alvo principal dos ladrões. = incorreto
língua popular ou língua cotidiana, que
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também apresenta gradações as mais diversas, tem o seu
passaram a ser alvo dos assaltantes. limite na gíria e no calão.

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL NORMA CULTA

O que é linguagem? É o uso da língua como forma de A norma culta, forma linguística que todo povo
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem civilizado possui, é a que assegura a unidade da língua
não é somente um conjunto de palavras faladas ou nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão
escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não importante do ponto de vista político--cultural, que é
nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo
verdade? mais espontânea e criativa, a língua popular afigura-se
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem exemplificação:
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se Estou preocupado. (norma culta)
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem Tô preocupado. (língua popular)
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da Não basta conhecer apenas uma modalidade de
verbal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, normas da língua culta.
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou
televisionado, um bilhete? = Linguagem verbal! O conceito de erro em língua
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto
de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma nos casos de ortografia. O que normalmente se comete
dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, são transgressões da norma culta. De fato, aquele que,
a identificação de “feminino” e “masculino” através de num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou
figuras na porta do banheiro, as placas de trânsito? = ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade,
Linguagem não verbal! transgride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e comparece a um banquete trajando xortes ou quanto um
anúncios publicitários. banhista, numa praia, vestido de fraque e cartola.
Alguns exemplos: Releva considerar, assim, o momento do discurso,
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. que pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento
Placas de trânsito. íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na
Imagem indicativa de “silêncio”. fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto,
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. são consideradas perfeitamente normais construções do
tipo:
SITE
Eu não vi ela hoje.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
Ninguém deixou ele falar.
LÍNGUA PORTUGUESA

redacao/linguagem.htm>
Deixe eu ver isso!
NÍVEIS DE LINGUAGEM Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
A língua é um código de que se serve o homem Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
para elaborar mensagens, para se comunicar. Existem
basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
línguas funcionais: norma culta, deixando mais livres os interlocutores.

8
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou no decorrer do discurso), além da possibilidade de
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada
se alteram: a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais
Eu não a vi hoje. espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais
Ninguém o deixou falar. sujeita a transformações e a evoluções.
Deixe-me ver isso! Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em
Eu te amo, sim, mas não abuses! importância. Nas escolas, principalmente, costuma
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. se ensinar a língua falada com base na língua escrita,
considerada superior. Decorrem daí as correções, as
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
retificações, as emendas, a que os professores sempre
estão atentos.
Considera-se momento neutro o utilizado nos
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, mostrando as características e as vantagens de uma
jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem e outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de
deslizes ou transgressões da norma culta na pena ou na superioridade ou inferioridade, que em verdade inexiste.
boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
deve refletir serviço à causa do ensino. língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
poética, caracterizado por construções de rara beleza. dialetos, consequência natural do enorme distanciamento
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. entre uma modalidade e outra.
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta elaborada que a língua falada, porque é a modalidade
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico que mantém a unidade linguística de um povo, além
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) será possível sem a língua escrita, cujas transformações,
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) por isso mesmo, processam-se lentamente e em número
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos consideravelmente menor, quando cotejada com a
dispersar e Não vamos dispersar-nos) modalidade falada.
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho Importante é fazer o educando perceber que o nível
de sair daqui bem depressa) da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
com a situação em que se desenvolve o discurso.
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
O ambiente sociocultural determina o nível da
seu posto)
linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a
pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível.
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos Um padre não fala com uma criança como se estivesse
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são em uma missa, assim como uma criança não fala como
exemplos também de transgressões ou “erros” que se um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e
a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o
tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala de aula.
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem- esses níveis, destacam-se em importância o culto e o
escolarizada tem coragem de usar. cotidiano, a que já fizemos referência.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
referimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão
que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas A linguagem é a característica que nos difere dos
frases da língua popular para a língua culta”. demais seres, permitindo-nos a oportunidade de
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a cotidiano e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao
norma culta. convívio social. Dentre os fatores que a ela se relacionam
LÍNGUA PORTUGUESA

destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois:


o nível de formalidade e o de informalidade.
LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
LINGUAGEM
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um
modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua para a que a mesma pudesse exercer total soberania
falada. sobre as demais.

9
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa Para telha dizem teia
o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem Para telhado dizem teiado
gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez E vão fazendo telhados.
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve Oswald de Andrade
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
desta forma um estigma. SITE
Compondo o quadro do padrão informal da Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, gramatica/variacoes-linguisticas.htm>
as quais representam as variações de acordo com as
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
é utilizada. Dentre elas destacam-se:
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
língua apresenta, a mesma sofre transformações do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ao longo do tempo. Um exemplo bastante repre- que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
sentativo é a questão da ortografia, se levarmos interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
em consideração a palavra farmácia, uma vez que em um texto escrito.
a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à É de fundamental importância sabermos classificar
linguagem dos internautas, a qual se fundamenta os textos com os quais travamos convivência no nosso
pela supressão dos vocábulos. Analisemos, pois, o dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
fragmento exposto: textuais e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
Antigamente fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de- nessas situações corriqueiras que classificamos os
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
debaixo do balaio.” Descrição e Dissertação.
Carlos Drummond de Andrade
As tipologias textuais se caracterizam pelos
Comparando-o à modernidade, percebemos um aspectos de ordem linguística
vocabulário antiquado. Os tipos textuais designam uma sequência definida
pela natureza linguística de sua composição. São
B) Variações regionais: São os chamados dialetos, observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
que são as marcas determinantes referentes a di- relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo,
ferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e
mandioca que, em certos lugares, recebe outras expositivo.
nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Fi- A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
gurando também esta modalidade estão os sota- ação demarcados no tempo do universo narrado,
ques, ligados às características orais da linguagem. como também de advérbios, como é o caso de an-
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e sa, resolveram...
também ao grau de instrução de uma determinada B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jar- descrevem características tanto físicas quanto psi-
gões e o linguajar caipira. cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
As gírias pertencem ao vocabulário específico de
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
certos grupos, como os surfistas, cantores de rap,
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
tatuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados
um assunto ou uma determinada situação que se
ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico.
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
Representando a classe, podemos citar os médicos,
zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
advogados, profissionais da área de informática, dentre
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
outros.
LÍNGUA PORTUGUESA

to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o


Vejamos um poema sobre o assunto:
benefício.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
Vício na fala
uma modalidade na qual as ações são prescritas de
forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
Para dizerem milho dizem mio
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Para melhor dizem mió
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
Para pior pió
até criar uma massa homogênea.

10
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- biente.
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- - Utilize o computador no modo espera.
tituída de argumentos e contra-argumentos que Fique ligado! Evite desperdícios.
justificam a posição assumida acerca de um deter- Energia elétrica.
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- A natureza cobra o preço do desperdício.
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa. Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva.
Gêneros Textuais
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: apresenta tal característica.
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo ORTOGRAFIA.
depende, em grande parte, da situação de produção,
ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
os locutores e os interlocutores, o meio disponível para ORTOGRAFIA
veicular o texto, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a A ortografia é a parte da Fonologia que trata da
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação língua são grafados segundo acordos ortográficos.
científica são comuns gêneros como verbete de dicionário A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender
ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
conferência. familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- etimologia (origem da palavra).
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Regras ortográficas
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – A) O fonema S
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
São escritas com S e não C/Ç
SITE • Palavras substantivadas derivadas de verbos com
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
redacao/tipologia-textual.htm> - pretensão / expandir - expansão / ascender -
ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / impelir
EXERCÍCIO COMENTADO - impulsivo / compelir - compulsório / repelir -
repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO sentir - sensível / consentir – consensual.
JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
2015) São escritos com SS e não C e Ç
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
Ouro em Fios em gred, ced, prim ou com verbos terminados
por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir -
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
LÍNGUA PORTUGUESA

como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de compromisso / submeter – submissão.
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a +
iluminação natural. simétrico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. • No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Exemplos: ficasse, falasse.

11
São escritos com C ou Ç e não S e SS • Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar. surgir.
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, • Depois da letra “a”, desde que não seja radical
Juçara, caçula, cachaça, cacique. terminado com j: ágil, agente.
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, São escritas com J e não G
caniço, esperança, carapuça, dentuço. • Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / • Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. manjerona.
• Após ditongos: foice, coice, traição. • Palavras terminadas com aje: ultraje.
• Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / D) O fonema ch
absorto – absorção.
São escritas com X e não CH
B) O fonema z • Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
xucro.
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
São escritos com S e não Z
lagartixa.
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical
• Depois de ditongo: frouxo, feixe.
é substantivo, ou em gentílicos e títulos
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa,
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
baronesa, princesa. outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese,
metamorfose. São escritas com CH e não X
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
quiseste.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
• Nomes derivados de verbos com radicais terminados chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
empreender - empresa / difundir – difusão. E) As letras “e” e “i”
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. • Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina • Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue.
– pesquisar. Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
-air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
São escritos com Z e não S
• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de Há palavras que mudam de sentido quando
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície),
beleza. ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
de origem não termine com s): final - finalizar / estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
concreto – concretizar. Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
• Consoante de ligação se o radical não terminar com ortografia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
Exceção: lápis + inho – lapisinho. elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
de referência até mesmo para a criação de dicionários,
C) O fonema j pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o
significado). Na Internet, o endereço é www.academia.
São escritas com G e não J org.br.
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso. Informações importantes
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
Formas variantes são as que admitem grafias ou
gim.
pronúncias diferentes para palavras com a mesma
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
significação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
LÍNGUA PORTUGUESA

quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/


bege, foge.
gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/
Exceção: pajem. porcentagem, relampejar/relampear/relampar/
relampadar.
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, Os símbolos das unidades de medida são escritos
litígio, relógio, refúgio. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
mugir. 20km, 120km/h.

12
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L. MAU / MAL

Na indicação de horas, minutos e segundos, não Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mau elemento.
minutos e trinta e quatro segundos).
O símbolo do real antecede o número sem espaço: Mal = pode ser usado como
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
barra vertical ($). “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
Alguns Usos Ortográficos Especiais mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
não compensa.
POR QUE (separado e sem acento)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É usado em: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
1. interrogações diretas (longe do ponto de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
interrogação) = Por que você não veio ontem? CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Cochar - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por – São Paulo: Saraiva, 2010.
que faltara à aula ontem. AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras:
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
POR QUÊ (separado e com acento)
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002.
Usos:
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
SITE
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
Você faltou. Por quê?
aulas/portugues/ortografia>
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê?
Hífen
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
Usos: para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
ponto final) = Compre agora, porque há poucas uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
peças. compa-/nheiro).
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
porque se antecipou. Ortográfica:
1. Em palavras compostas por justaposição que
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se unem para formam um novo significado:
Usos: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
“razão” ou “motivo”, admitindo pluralização arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
(porquês). Geralmente é precedido por artigo = 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
Não sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
de porquês. abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
3. Nos compostos com elementos além, aquém,
LÍNGUA PORTUGUESA

ONDE / AONDE recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-


número, recém-casado.
Onde = empregado com verbos que não expressam 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas
a ideia de movimento = Onde você está? algumas exceções continuam por já estarem
consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
que expressam movimento = Aonde você vai? queima-roupa, deus-dará.

13
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas benfeito, benquerer, benquerido, etc.
combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
Hungria, Angola-Brasil, etc. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento
super- quando associados com outro termo que é seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar,
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- predeterminado, pressuposto, propor.
racional, etc. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex- auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. humano, super-realista, alto-mar.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
10. Nas formações em que o prefixo tem como REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
segundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
hepático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
semi-hospitalar, super-homem.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo SITE
termina com a mesma vogal do segundo elemento: Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto- aulas/portugues/ortografia>
observação, etc.

O hífen é suprimido quando para formar outros EXERCÍCIOS COMENTADOS


termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
#FicaDica Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas
corretamente.
Ao separar palavras na translineação
(mudança de linha), caso a última palavra a a) Extrovertido – extroverção.
ser escrita seja formada por hífen, repita-o b) Disponível – disponibilisar.
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti- c) Determinado – determinassão.
inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. d) Existir – existência.
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” e) Característica – caracterizasão.
(hífen em ambas as linhas). Devido à
diagramação, pode ser que a repetição do Resposta: Letra D
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão
hífen na translineação não ocorra em meus
Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
conteúdos, mas saiba que a regra é esta!
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
Em “d”: Existir / existência = corretas
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
B) Não se emprega o hífen:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, portuguesa em:
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo a) O estagiário foi mal treinado, por isso não
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com desempenhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, pelos seus superiores.
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, b) O time não jogou mau no último campeonato,
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. apesar de enfrentar alguns problemas com jogadores
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos descontrolados.
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificuldade
LÍNGUA PORTUGUESA

inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. em assimilar conceitos mais complexos sobre os temas
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando expostos.
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
coedição, coexistir, etc. na véspera.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram e) Os participantes compreendiam mau o que estava
noção de composição: pontapé, girassol, sendo discutido, por isso não conseguiam formular
paraquedas, paraquedista, etc. perguntas.

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Resposta: Letra A Resposta: Letra A
Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros
(antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se
ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de
frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser ânimo, chamando a si toda a culpa.
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da
= Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente – profissão que lhe valera o apelido = correta
Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira
demonstrar fé, entusiasmo e coragem na aventura de
correta é “Cigarro faz mal à saúde”.
89 = correta
Vamos aos itens: Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes
campeonato = mal sempre lutara pela subsistência = correta
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe enfrentou a pena última = correta
estava de mal (bom) humor = mau
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o 5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
que estava sendo discutido = mal INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – considerando o emprego do por que / porque.
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas (1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
da língua portuguesa as palavras mulheres [...].”
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres.”
a) admissão, paralisação, impasse
( ) Faltei _____________ você estava doente.
b) bambusal, autorização, inspiração ( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
c) consessão, extresse, enxaqueca ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
d) banalisação, reexame, desenlace ( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
e) desorganisação, abstração, cassação outro pensamento.

Resposta: Letra A A sequência está correta em:


Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas a) 1, 1, 1, 2
Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / b) 1, 2, 1, 2
inspiração c) 2, 1, 1, 2
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse / d) 2, 2, 2, 1
enxaqueca
Em “d”: banalisação = banalização / reexame / Resposta: Letra C
desenlace Faltei porque você estava doente. = conjunção causal
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
para substituir por “a causa pela qual”
/ cassação
Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
substituir por “a causa”
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – Este ponto de vista é porque não há manifestação de
ESAF-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada outro pensamento. = conjunção causal
em Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que Teremos: 2, 1, 1, 2
não está isento de erros gramaticais e de ortografia,
considerando-se a ortodoxia gramatical. 6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1
procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou há um erro gramatical, que é:
a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
culpa. a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”;
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão b) haver vírgula após a expressão “Um dia”;
que lhe valera o apelido. c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o perguntaram”;
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé, d) grafar-se “porque” em vez de “por que”;
LÍNGUA PORTUGUESA

e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.


entusiasmo e coragem na aventura de 89.
d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa,
Resposta: Letra D
Alvarenga eram homens requintados, letrados, a “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só
quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre usava meias vermelhas”
lutara pela subsistência. Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como
enfrentou a pena última. objeto direto (sem preposição)

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Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
correto, pois separa o advérbio no início do período número dos nomes. Para a indicação de gênero,
Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o o português costuma opor as desinências -o/-a:
perguntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto garoto/garota; menino/menina. Para a indicação
– perguntaram o que a quem) de número, costuma-se utilizar o morfema –s,
Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”; que indica o plural em oposição à ausência de
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. morfema, que indica o singular: garoto/garotos;
= correto, pois se invertermos haverá mudança de garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a
roupa).
desinência de plural assume a forma -es: mar/
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
que”, já que se trata de uma pergunta indireta. mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as


desinências verbais pertencem a dois tipos
MORFOLOGIA. distintos. Há desinências que indicam o modo e
o tempo (desinências modo-temporais) e outras
que indicam o número e a pessoa dos verbos
ESTRUTURA DAS PALAVRAS (desinência número-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista cant-á-va-mos:
de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
em seus menores elementos (partes) possuidores de modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída
indicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza
por três elementos significativos:
In = elemento indicador de negação a primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
Estes elementos formadores da palavra recebem o subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
nome de morfemas. Através da união das informações a segunda pessoa do plural)
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se
entender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que D) Vogal temática
não tem possibilidade de ser explicado, que não é possível Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
tornar claro”. sempre o morfema –a. Este morfema, que liga
Morfemas = são as menores unidades significativas o radical às desinências, é chamado de vogal
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. temática. Sua função é ligar-se ao radical,
constituindo o chamado tema. É ao tema (radical +
Classificação dos morfemas vogal temática) que se acrescentam as desinências.
Tanto os verbos como os nomes apresentam vogais
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento
temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática
portador de significado. É através do radical que
podemos formar outras palavras comuns a um indica as conjugações: -a (da 1.ª conjugação =
grupo de palavras da mesma família. Exemplo: cantar), -e (da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de conjugação = partir).
palavras que se agrupam em torno de um mesmo
radical denomina-se família de palavras. D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
quando átonas finais, como em mesa, artista,
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes perda, escola, base, combate. Nestes casos, não
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: poderíamos pensar que essas terminações são
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). desinências indicadoras de gênero, pois mesa e
escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão.
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, É a estas vogais temáticas que se liga a desinência
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café,
ocorrem à medida que o verbo vai sendo cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal
flexionado em número (singular e plural) e pessoa temática.
LÍNGUA PORTUGUESA

(primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem


se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
(amava, amara, amasse, por exemplo). Assim,
podemos concluir que existem morfemas que caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
indicam as flexões das palavras. Estes morfemas nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
sempre surgem no fim das palavras variáveis e temática é -a pertencem à primeira conjugação;
recebem o nome de desinências. Há desinências aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
nominais e desinências verbais. segunda conjugação e os que têm vogal temática
-i pertencem à terceira conjugação.

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E) Interfixos Derivação
São os elementos (vogais ou consoantes) que se
intercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou • Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
Por exemplo: na formação de substantivos derivados de verbos.
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é


Formação das Palavras
obtida pela mudança de categoria gramatical da
Há em Português palavras primitivas, palavras palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
derivadas, palavras simples, palavras compostas. forma, mas somente na classe gramatical.
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua Não entendi o porquê da briga. (o substantivo
portuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, “porquê” deriva da conjunção porque)
flor. Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua do verbo olhar).
portuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro,
floricultura.
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só
#FicaDica
radical: azeite, cavalo. A derivação regressiva “mexe” na estrutura
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais da palavra, geralmente transforma verbos
de um radical: couve-flor, planalto. em substantivos: caça = deriva de caçar,
saque = deriva de sacar
As palavras compostas podem ou não ter seus
elementos ligados por hífen.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
Processos de Formação de Palavras apenas faz com que ela pertença a uma classe
Na Língua Portuguesa há muitos processos de gramatical “imprópria” da qual ela realmente, ou melhor,
formação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a costumeiramente faz parte. A alteração acontece devido
derivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e à presença de outros termos, como artigos, por exemplo:
o hibridismo. O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a
funcionar como substantivo devido à presença do artigo
Derivação por Acréscimo de Afixos “o”)
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas
Composição
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação.
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida A) Justaposição: ocorre quando os elementos que
por acréscimo de prefixo. formam o composto são postos lado a lado, ou
In feliz / des leal seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
Prefixo radical prefixo radical roupa, segunda-feira, girassol.
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida elementos que formam o composto aglutinam-
por acréscimo de sufixo. se e pelo menos um deles perde sua integridade
Feliz mente / leal dade sonora: aguardente (água + ardente), planalto
Radical sufixo radical sufixo (plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre
(vinho + acre).
C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir
acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
parassíntese formam-se principalmente verbos.
Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
En trist ecer (pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia).
Prefixo radical sufixo Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
LÍNGUA PORTUGUESA

limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras


En tard ecer iniciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
prefixo radical sufixo Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual
se reduzem locuções substantivas próprias às suas
Há dois casos em que a palavra derivada é formada letras iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais
sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação (siglas impuras), que se grafam de duas formas: IBGE,
regressiva e a derivação imprópria. MEC (siglas puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou
Petrobras (siglas impuras).

17
Hibridismo: é a palavra formada com elementos O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego; (predicado verbal)
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego). núcleo é “fácil” (predicado nominal)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Quanto ao período, ele denomina a frase constituída


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa por uma ou mais orações, formando um todo, com
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. sentido completo. O período pode ser simples ou
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza composto.
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Período simples é aquele constituído por apenas
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. Chove.
A existência é frágil.
SITE Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
Disponível em: http://www.brasilescola.com/
gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
SINTAXE. Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO Termos da Oração


SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
TERMOS DA ORAÇÃO Termos essenciais
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
O sujeito e o predicado são considerados termos
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
estabelecer comunicação. Normalmente é composta para a formação das orações. No entanto, existem
por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não orações formadas exclusivamente pelo predicado. O
obrigatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: que define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o
Trovejou muito ontem à noite. termo que estabelece concordância com o verbo.
O candidato está preparado.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação Os candidatos estão preparados.
em verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e
nominais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”.
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a “Candidato” é a principal palavra do sujeito, sendo, por
partir de seu sentido global: isso, denominada núcleo do sujeito. Este se relaciona
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem com o verbo, estabelecendo a concordância (núcleo no
formula uma pergunta: Que dia é hoje? singular, verbo no singular: candidato = está).
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou A função do sujeito é basicamente desempenhada
faz um pedido: Dê-me uma luz! por substantivos, o que a torna uma função substantiva
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer
estado afetivo: Que dia abençoado! outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A também podem exercer a função de sujeito.
prova será amanhã. Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo,
substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: exemplo: substantivo)
sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos:
verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é sujeito.
a parte da frase que contém “a informação nova para
o ouvinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao Um sujeito é determinado quando é facilmente
tema, constituindo a declaração do que se atribui ao identificado pela concordância verbal. O sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

sujeito. determinado pode ser simples ou composto.


Quando o núcleo da declaração está no verbo (que A indeterminação do sujeito ocorre quando não
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo é possível identificar claramente a que se refere a
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o concordância verbal. Isso ocorre quando não se pode
núcleo estiver em um nome (geralmente um adjetivo), ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma
teremos um predicado nominal (os verbos deste tipo de oração.
predicado são os que indicam estado, conhecidos como Estão gritando seu nome lá fora.
verbos de ligação): Trabalha-se demais neste lugar.

18
O sujeito simples é o sujeito determinado que Trata-se de casos delicados.
apresenta um único núcleo, que pode estar no singular Sempre se está sujeito a erros.
ou no plural; pode também ser um pronome indefinido.
Abaixo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Nós estudaremso juntos. de indeterminação do sujeito.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo
predicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
A mensagem está centrada no processo verbal. Os
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) principais casos de orações sem sujeito com:
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
• os verbos que indicam fenômenos da natureza:
O sujeito composto é o sujeito determinado que Amanheceu.
apresenta mais de um núcleo. Está trovejando.
Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo. • os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
tempo em geral:
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Está tarde.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Já são dez horas.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Faz frio nesta época do ano.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Há muitos concursos com inscrições abertas.
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
Abolimos todas as regras. = (nós)
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
Falaste o recado à sala? = (tu) orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com
primeira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na exceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo
segunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
pronomes não estejam explícitos. Chove muito nesta época do ano.
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito Houve problemas na reunião.
na desinência verbal “-mos”
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na Em ambas as orações não há sujeito, apenas
desinência verbal “-ais” predicado. Na segunda oração, “problemas” funciona
como objeto direto.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós As questões estavam fáceis!
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Sujeito simples = as questões
Predicado = estavam fáceis
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito = uma ideia estranha
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = passou-me pelo pensamento
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser Para o estudo do predicado, é necessário verificar
indeterminado de duas maneiras: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que considerar também se as palavras que formam o
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente: predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao
Bateram à porta; sujeito da oração.
Andam espalhando boatos a respeito da queda do
ministro. Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
de opinião.
Predicado
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
ou composto:
O predicado acima apresenta apenas uma palavra
Os meninos bateram à porta. (simples) que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
LÍNGUA PORTUGUESA

Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) ligam direta ou indiretamente ao verbo.


A cidade está deserta.
B) com o verbo na terceira pessoa do singular,
acrescido do pronome “se”. Esta é uma O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
construção típica dos verbos que não apresentam se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
complemento direto: elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
Precisa-se de mentes criativas. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
Vivia-se bem naqueles tempos. predicativo do sujeito).

19
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo Houve muita confusão na partida final.
significativo um verbo: Queremos sua ajuda.
Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje! O objeto direto preposicionado ocorre
Compraste a apostila? principalmente:

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam referentes a pessoas:
processos. Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
(o objeto é direto, mas como há preposição,
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo denomina-se: objeto direto preposicionado)
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
nome da oração por meio de um verbo (o verbo de cansar a Vossa Senhoria.
ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
predicativo, indicando circunstâncias referentes ao prejudica a crise)
estado do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, O objeto indireto é o complemento que se liga
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele preposição.
relacionadas. Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. Objeto Pleonástico
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à
significativo, indicando processos. É também sempre por
repetição que se dá o nome de objeto pleonástico.
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
o termo a que se refere.
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves
O dia amanheceu ensolarado;
Dias)
As mulheres julgam os homens inconstantes.

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta



duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: objeto pleonástico
um verbal e outro nominal.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o


complemento homens com o predicativo “inconstantes”. Ao traidor, nada lhe devemos.

Termos integrantes da oração O termo que integra o sentido de um nome chama-


se complemento nominal, que se liga ao nome que
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o completa por intermédio de preposição:
complemento nominal são chamados termos integrantes A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a
da oração. palavra “necessária”
Os complementos verbais integram o sentido Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
dos verbos transitivos, com eles formando unidades
LÍNGUA PORTUGUESA

significativas. Estes verbos podem se relacionar com Termos acessórios da oração e vocativo
seus complementos diretamente, sem a presença
de preposição, ou indiretamente, por intermédio de Os termos acessórios recebem este nome por serem
preposição.
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o
adjunto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o
O objeto direto é o complemento que se liga
vocativo – este, sem relação sintática com outros temos
diretamente ao verbo.
da oração.

20
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica Períodos Compostos
uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
O adjunto adnominal é o termo acessório que oração)
determina, especifica ou explica um substantivo. É uma Estou comprando um protetor solar, depois irei à
função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na orações)
oração. Também atuam como adjuntos adnominais os Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
artigos, os numerais e os pronomes adjetivos. um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu orações).
amigo de infância.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
O adjunto adnominal se liga diretamente ao entre as orações de um período composto: uma relação
substantivo a que se refere, sem participação do verbo. de coordenação ou uma relação de subordinação.
Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de Duas orações são coordenadas quando estão juntas
um verbo. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
adjunto adnominal) (Período Composto)
Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada.
1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta deixou-a inacabada.
2. Irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
do objeto)
Separando as duas, vemos que elas são independentes.
Tal período é classificado como Período Composto por
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Coordenação.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
Quanto à classificação das orações coordenadas,
relaciona apenas ao substantivo.
temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Sindéticas.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, A) Coordenadas Assindéticas
segunda-feira, passei o dia mal-humorado. São orações coordenadas entre si e que não são
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
tempo “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente justapostas.
ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu B) Coordenadas Sindéticas
valor na oração, em: Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
humanas, permite-nos interpretar melhor nossa coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
relação com o mundo. orações coordenadas sindéticas são classificadas em
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas
coisas: amor, arte, ação. e explicativas.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e
sonho, tudo forma o carnaval. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. • Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
principais conjunções são: e, nem, não só... mas
também, não só... como, assim... como.
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo é um termo que serve para chamar,


invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
não mantendo relação sintática com outro termo da Comprei o protetor solar e fui à praia.
oração. A função de vocativo é substantiva, cabendo
a substantivos, pronomes substantivos, numerais e • Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
palavras substantivadas esse papel na linguagem. suas principais conjunções são: mas, contudo,
João, venha comigo! todavia, entretanto, porém, no entanto, ainda,
Traga-me doces, minha menina! assim, senão.

21
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi! Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva
• Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; Temos medo de que não sejamos aprovados.
quer...quer; seja...seja. Oração Subordinada Substantiva
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
• Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
suas principais conjunções são: logo, portanto, como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
por fim, por conseguinte, consequentemente, pois como).
(posposto ao verbo).
O garoto perguntou qual seu nome.
Passei no concurso, portanto comemorarei!
Oração Subordinada Substantiva
A situação é delicada; devemos, pois, agir.
Não sabemos quando ele virá.
• Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a
saber, na verdade, pois (anteposto ao verbo). Classificação das Orações Subordinadas
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Substantivas
Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. Conforme a função que exerce no período, a oração
subordinada substantiva pode ser:
Período Composto Por Subordinação
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
Quero que você seja aprovado! verbo da oração principal:
Oração principal oração subordinada
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Observe que na oração subordinada temos o verbo Sujeito
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por É fundamental que você compareça à reunião.
conjunção. As orações subordinadas que apresentam Oração Principal Oração Subordinada
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo Substantiva Subjetiva
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou FIQUE ATENTO!
explícitas.
Observe que a oração subordinada
substantiva pode ser substituída pelo
Podemos modificar o período acima. Veja:
pronome “isso”. Assim, temos um período
simples:
Quero ser aprovado.
É fundamental isso ou Isso é
Oração Principal Oração Subordinada fundamental.
A análise das orações continua sendo a mesma: Desta forma, a oração correspondente a
“Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a “isso” exercerá a função de sujeito.
oração subordinada “ser aprovado”. Observe que a
oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo
(ser). Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na
as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas oração principal:
cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo,
gerúndio ou particípio) são chamadas de orações • Verbos de ligação + predicativo, em construções
reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima). do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
Observação: É bom que você compareça à minha festa.
As orações reduzidas não são introduzidas por
LÍNGUA PORTUGUESA

conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, • Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-
eventualmente, introduzidas por preposição. se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
anunciado, Ficou provado.
A) Orações Subordinadas Substantivas Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
A oração subordinada substantiva tem valor de
substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção • Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
integrante (que, se). importar - ocorrer - acontecer

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Convém que não se atrase na entrevista. As orações subordinadas substantivas objetivas
indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
Observação: que orações subordinadas substantivas completivas
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir
o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do uma da outra, é necessário levar em conta o termo
singular. complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto
e o complemento nominal: o primeiro complementa um
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto verbo; o segundo, um nome.
do verbo da oração principal:

Todos querem sua aprovação no concurso. 5. Predicativa = exerce papel de predicativo do


Objeto Direto sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
depois do verbo ser.
Todos querem que você seja aprovado. (Todos Nosso desejo era sua desistência.
querem isso) Predicativo do Sujeito
Oração Principal Oração Subordinada
Substantiva Objetiva Direta Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso
desejo era isso)
Oração Subordinada
As orações subordinadas substantivas objetivas
Substantiva Predicativa
diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:
• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum
“se”: A professora verificou se os alunos estavam
termo da oração principal.
presentes.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
Aposto
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
do carro importado. Oração subordinada
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às substantiva apositiva reduzida de infinitivo
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. (Fernanda tinha um grande sonho: isso)

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. B) Orações Subordinadas Adjetivas
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Meu pai insiste em meu estudo. valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale.
Objeto Indireto As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste
nisso) Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Objetiva Indireta
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
Observação: “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Subordinada Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Substantiva Objetiva Indireta
Perceba que a conexão entre a oração subordinada
4. Completiva Nominal = completa um nome adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
que pertence à oração principal e também vem feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
marcada por preposição. relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
LÍNGUA PORTUGUESA

uma função sintática na oração subordinada: ocupa o


Sentimos orgulho de seu comportamento. papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no
Complemento Nominal caso, “redação” é sujeito, então o “que” também funciona
como sujeito).
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada
Substantiva Completiva Nominal

23
Agora, a oração em destaque não tem sentido
FIQUE ATENTO! restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade,
Vale lembrar um recurso didático para apenas explicita uma ideia que já sabemos estar contida
reconhecer o pronome relativo “que”: ele no conceito de “homem”.
sempre pode ser substituído por: o qual -
a qual - os quais - as quais Saiba que:
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta A oração subordinada adjetiva explicativa é separada
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno da oração principal por uma pausa que, na escrita,
o qual estuda. é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

Quando são introduzidas por um pronome C) Orações Subordinadas Adverbiais


relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou Uma oração subordinada adverbial é aquela que
subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração
chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as principal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo,
orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
são introduzidas por pronome relativo (podem ser desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa subordinativas (com exclusão das integrantes, que
das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). introduzem orações subordinadas substantivas).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. conjuntiva que a introduz (assim como acontece com as
coordenadas sindéticas).
No primeiro período, há uma oração subordinada
adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito Oração Subordinada Adverbial
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração
subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há A oração em destaque agrega uma circunstância de
pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas acessórios que indicam uma circunstância referente, via
de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
Na relação que estabelecem com o termo que depende da exata compreensão da circunstância que
caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem exprime.
atuar de duas maneiras diferentes. Há aquelas que Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
restringem ou especificam o sentido do termo a que minha vida.
se referem, individualizando-o. Nestas orações não Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas minha vida.
adjetivas restritivas. Existem também orações que realçam
um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, No primeiro período, “naquele momento” é um
que já se encontra suficientemente definido. Estas orações adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
denominam-se subordinadas adjetivas explicativas. “senti”. No segundo período, este papel é exercido
pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma
Exemplo 1: oração subordinada adverbial temporal. Esta oração é
desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do
passava naquele momento. modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo).
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de
No período acima, observe que a oração em destaque minha vida.
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”:
trata-se de um homem específico, único. A oração limita A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
o universo de homens, isto é, não se refere a todos os das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
LÍNGUA PORTUGUESA

homens, mas sim àquele que estava passando naquele


momento. uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
age animalescamente. adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

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Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais Só irei se ele for.
A oração acima expressa uma condição: o fato de
A) Causal = A ideia de causa está diretamente “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
ligada àquilo que provoca um determinado fato, Compare agora com:
ao motivo do que se declara na oração principal. Irei mesmo que ele não vá.
Principal conjunção subordinativa causal: porque.
Outras conjunções e locuções causais: como A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
(sempre introduzido na oração anteposta à oração irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
que. concessiva.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Observe outros exemplos:
forte. Embora fizesse calor, levei agasalho.
Já que você não vai, eu também não vou. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse /
embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
A diferença entre a subordinada adverbial causal e
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela
comparativas estabelecem uma comparação com
apresenta a “causa” do acontecimento expresso na
a ação indicada pelo verbo da oração principal.
oração à qual ela se subordina. Repare:
Principal conjunção subordinativa comparativa:
1. Faltei à aula porque estava doente.
como.
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) Você age como criança. (age como uma criança age)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a • geralmente há omissão do verbo.
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois,
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
vermelhos. seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
para a execução do que se declara na oração
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequência, principal. Principal conjunção subordinativa
é efeito do que se declara na oração principal. São conformativa: conforme. Outras conjunções
introduzidas pelas conjunções e locuções: que, conformativas: como, consoante e segundo (todas
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas com o mesmo valor de conforme).
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) direitos iguais.
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
concretizando-os. G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração se declara na oração principal. Principal conjunção
Reduzida de Infinitivo) subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
finais: que, porque (= para que) e a locução
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe conjuntiva para que.
como necessário para a realização ou não de Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
um fato. As orações subordinadas adverbiais Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer
para que se realize - ou deixe de se realizar - o fato H) Proporcional = exprime ideia de proporção,
expresso na oração principal. ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
Principal conjunção subordinativa condicional: se. oração principal. Principal locução conjuntiva
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, subordinativa proporcional: à proporção que.
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, Outras locuções conjuntivas proporcionais: à
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor),
certamente o melhor time será campeão. quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
Caso você saia, convide-me.
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto
menos...(mais), quanto menos...(menos).
D) Concessiva = indica concessão às ações do
LÍNGUA PORTUGUESA

À proporção que estudávamos mais questões


verbo da oração principal, isto é, admitem uma
acertávamos.
contradição ou um fato inesperado. A ideia de
concessão está diretamente ligada ao contraste, À medida que lia mais culto ficava.
à quebra de expectativa. Principal conjunção
subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
também a conjunção: conquanto e as locuções expresso na oração principal, podendo exprimir
ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, noções de simultaneidade, anterioridade ou
posto que, apesar de que. posterioridade. Principal conjunção subordinativa

25
temporal: quando. Outras conjunções Resposta: Letra C
subordinativas temporais: enquanto, mal e Em “c”: que relembremos este dia;
locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as Em “d”: que relembrássemos este dia;
vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde Em uma oração desenvolvida há a presença de
que, etc. conjunção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. a correlação verbal com o período da oração reduzida
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando (o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom
terminou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) relembrar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia
seja bom que relembremos este dia.
Orações Reduzidas
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE
As orações subordinadas podem vir expressas como LEGISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja,
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas foi usada para criar uma desigualdade social...”; se
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem modificarmos a oração reduzida de infinitivo por uma
conectivo subordinativo que as introduza. oração desenvolvida, a forma adequada seria:
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração desenvolvida a) para a criação de uma desigualdade social;
(presença do conectivo) b) para que se criasse uma desigualdade social;
c) para que se crie uma desigualdade social;
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam d) para a criatividade de uma desigualdade social;
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. e) para criarem uma desigualdade social.
É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo Resposta: Letra B
É preciso que se estude = oração subordinada Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
substantiva subjetiva Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A
Orações Intercaladas diferença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi
usada para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse
São orações independentes encaixadas na sequência uma desigualdade social.
do período, utilizadas para um esclarecimento, um
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou 3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
travessões. – FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
Nós – continuava o relator – já abordamos este 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
assunto. matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
orações desse período mantêm entre si a seguinte
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA relação lógica:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. a) causa e consequência;
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, b) informação e comprovação;
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira c) fato e exemplificação;
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – d) afirmação e explicação;
São Paulo: Saraiva, 2002. e) tese e argumentação.

SITE Resposta: Letra A


Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país
aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao> decreta emergência = devido aos atentados (causa),
o país decretou emergência (consequência).

EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO


– FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode
ser adequadamente substituída pela seguinte oração
LÍNGUA PORTUGUESA

forma de oração desenvolvida adequada correspondente


à oração sublinhada acima é: desenvolvida:

a) relembrarmos este dia; a) para que se evitasse a abstenção;


b) a relembrança deste dia; b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) que relembremos este dia; c) para que se evite a abstenção;
d) que relembrássemos este dia; d) a fim de evitar-se a abstenção;
e) uma nova lembrança deste dia. e) evitando-se a abstenção.

26
Resposta: Letra C d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um
Em “a”: para que se evitasse a abstenção; termo acessório.
Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada; e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um
Em “c”: para que se evite a abstenção; termo acessório.
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para
evitar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com Resposta: Letra B
as novas medidas para que se evite a abstenção”. A expressão destacada exerce a função de aposto
– uma informação a mais sobre o termo citado
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – anteriormente (no caso, Minas Gerais). É um termo
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que acessório, podendo ser retirado do período sem
o termo sublinhado funciona como sujeito. prejudicar a coerência.

a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de 8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –


excessos”. INFORMÁTICA – FCC-2014)
b) “Sempre há, também, o oportunismo político- Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
ideológico para se aproveitar da crise”. uma sala...
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
melhor, ...”. acima está em:
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo a) A capacidade de computação duplicou a cada 18
funcionando”. meses nos últimos 20 anos ...
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. b) ... que deriva da informação.
c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
Resposta: Letra C d) ... do que era nos anos 70.
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- camisa.
ideológico = objeto direto
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto Resposta: Letra C
pior, melhor = sujeito “Ocupava uma sala” = transitivo direto
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando Em “a”: A capacidade de computação duplicou =
= objeto direto verbo intransitivo
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
JUDICIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
lhe daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para intransitivo
que aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre
papel coesivo, mas também sintático na oração. Assim, 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
sintaticamente, ele deve ser classificado como: comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
a) adjunto adnominal. específica que coíba não somente os usos mas os abusos
b) objeto direto. deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
c) complemento nominal. as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do
d) objeto indireto. texto, é correto afirmar que:
e) predicativo.
a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
Resposta: Letra D b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indireto): c) mostram diferentes funções sintáticas;
Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No
d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto =
sintática;
a ele[a])
e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
Resposta: Letra D
ADMINISTRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota
“Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas,
desde os 18, quando ainda era jovem e morava em Minas
LÍNGUA PORTUGUESA

os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da


Gerais, sua terra natal...”, a expressão em destaque
falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba
não somente os usos mas os abusos deste importante
a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da
e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem
oração por tratar-se de um termo essencial.
ser substituídos por “a qual”, portanto são pronomes
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da oração
relativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º
por tratar-se de um termo acessório.
inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o
c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da
2.º, adjetiva restritiva.
oração por tratar-se de um termo essencial.

27
10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA A figura de palavra consiste na substituição de uma
ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico,
afirmações apresentadas a seguir. seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a por uma associação, uma comparação, uma similaridade.
oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva São construções que transformam o significado das
explicativa. palavras para tirar delas maior efeito ou para construir
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o uma mensagem nova.
diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua
como sujeito da locução verbal “ter surgido”. Tipos de Figuras de Linguagem
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Figuras de Som
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração Aliteração - Consiste na repetição de consoantes
subordinada adverbial causal. como recurso para intensificação do ritmo ou como
efeito sonoro significativo.
Estão corretas apenas as afirmativas Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
a) I e II. Quem com ferro fere com ferro será ferido.
b) II e III.
c) III e IV. Assonância - Consiste na repetição ordenada de
d) I, II e IV. sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido
lato mulato democrático do litoral.”
Resposta: Letra B
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir
a oração sublinhada é uma oração subordinada na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, faziam blem, blem, blem.
continua com sentido, então é pronome relativo –
presente nas adjetivas, mas no período em questão Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em
temos uma restritiva = incorreta palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o dor...” (Carlos Lyra)
diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada
atua como sujeito da locução verbal “ter surgido” = Figuras de Palavras ou de Pensamento
correta
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração Metáfora
sublinhada é uma oração subordinada substantiva Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
objetiva direta = correta em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração em virtude da circunstância de que o nosso espírito as
destacada é uma oração subordinada adverbial causal associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o
= adverbial condicional (“se”) = incorreta emprego da palavra fora de seu sentido normal.

Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação
implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
FIGURAS DE LINGUAGEM.
Seus olhos são como luzes brilhantes.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
através do emprego da palavra como.
FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E
CONSTRUÇÃO
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes.
Esta é a verdadeira metáfora.
LÍNGUA PORTUGUESA

Outros exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com. o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando
abr, 2018. a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

28
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
algum. atraindo visitantes do mundo todo.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, A Cidade-Luz (=Paris)
na frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa O rei das selvas (=o leão)
expressão que indica uma alma rústica e abandonada
(e angustiadamente inútil), há uma comparação Observação:
subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
(e inútil) quanto uma estrada de terra que leva a lugar
nome de antonomásia. Exemplos:
algum.
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida
A Amazônia é o pulmão do mundo. praticando o bem.
Em sua mente povoa só inveja. O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
jovem.
Metonímia (ou sinédoque) O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
É a substituição de um nome por outro, em virtude de
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição Sinestesia
pode acontecer dos seguintes modos: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). É o cruzamento de sensações distintas.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
As lâmpadas iluminam o mundo). auditivo; áspero = tátil)
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os
cruz. (= Não te afastes da religião). acontecimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates
tomou veneno). Antítese
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu Consiste no emprego de palavras que se opõem
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
produzo). essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= envolvidos que não se conseguiria com a exposição
Bebeu todo o líquido que estava no cálice). isolada dos mesmos. Observe os exemplos:
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás O corpo é grande e a alma é pequena.
dos jogadores). “Quando um muro separa, uma ponte une.”
Parte pelo todo: Várias pernas passavam Não há gosto sem desgosto.
apressadamente. (= Várias pessoas passavam
apressadamente). Paradoxo ou oximoro
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem É a associação de ideias, além de contrastantes,
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
contraditórias. Seria a antítese ao extremo.
mundo).
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram Ouvimos as vozes do silêncio.
chamadas, não apenas uma mulher).
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Eufemismo
Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). É o emprego de uma expressão mais suave, mais
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa
astronautas foram à Lua). áspera, desagradável ou chocante.
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Senhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Catacrese Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Faltar à verdade. (= mentir)
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito,
Ironia
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário
empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do do que as palavras ou frases expressam, geralmente
LÍNGUA PORTUGUESA

rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”. apresentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal
Perífrase ou Antonomásia construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
Trata-se de uma expressão que designa um ser desejada pelo emissor.
através de alguma de suas características ou atributos, Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota
ou de um fato que o celebrizou. É a substituição de um mínima.
nome por outro ou por uma expressão que facilmente o Parece um anjinho aquele menino, briga com todos
identifique: que estão por perto.

29
O governador foi sutil como um elefante. Zeugma
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Hipérbole a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
É a expressão intencionalmente exagerada com o Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
intuito de realçar uma ideia. português)
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
modernos. (só havia móveis)
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!
Silepse
Prosopopeia ou Personificação A silepse é a concordância que se faz com o termo
É a atribuição de ações ou qualidades de seres que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
animados a seres inanimados, ou características humanas É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
a seres não humanos. Observe os exemplos: com um termo oculto, facilmente identificado. Há três
As pedras andam vagarosamente. tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
cego que guia. Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a
Chora, violão. concordância se faz com a ideia que o termo comporta.
Exemplos:
Figuras de Construção ou de Sintaxe
A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso.
Apóstrofe Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- (a cidade de Porto Velho).
se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe B) Vossa Excelência está preocupado.
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim O adjetivo preocupado concorda com o sexo da
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do Vossa Excelência.
vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? Silepse de Número - Os números são singular e
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da
“Pai Nosso, que estais no céu”
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da
Deus, ó Deus! Onde estás? oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
Gradação (ou clímax) de Salvador.
Apresentação de ideias por meio de palavras, O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
sinônimas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou
descendente (anticlímax). Observe este exemplo: Note que nos exemplos acima, os verbos andaram
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana e gritavam não concordam gramaticalmente com os
com seus olhos claros e brincalhões... sujeitos das orações (que se encontram no singular,
procissão e povo, respectivamente), mas com a ideia que
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade neles está contida. Procissão e povo dão a ideia de muita
dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se gente, por isso que os verbos estão no plural.
refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais:
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos: (as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não
amor”. (Olavo Bilac) concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, que está inscrita no sujeito. Exemplos:
colheu-se.” (Padre Antônio Vieira) O que não compreendo é como os brasileiros
persistamos em aceitar essa situação.
Elipse Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
LÍNGUA PORTUGUESA

Consiste na omissão de um ou mais termos numa “Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins
oração e que podem ser facilmente identificados, tanto públicos.” (Machado de Assis)
por elementos gramaticais presentes na própria oração,
quanto pelo contexto. Observe que os verbos persistamos, temos e somos
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos
A catedral da Sé. (a igreja catedral)
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
estádio) brasileiros, os agricultores e os cariocas).

30
Polissíndeto / Assíndeto Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Para estudarmos as duas figuras de construção é Morrer, todo haveremos de morrer.
necessário recordar um conceito estudado em sintaxe Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
sobre período composto. No período composto por
coordenação, podemos ter orações sindéticas ou A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
assindéticas. A oração coordenada ligada por uma deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
conjunção (conectivo) é sindética; a oração que não interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
apresenta conectivo é assindética. Recordado esse exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também
conceito, podemos definir as duas figuras de construção: é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela interrupção na sequência lógica do pensamento.
repetição enfática dos conectivos. Observe o
exemplo: O menino resmunga, e chora, e grita, e Observação:
ninguém faz nada. O anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
pela ausência, pela omissão das conjunções
coordenativas, resultando no uso de orações Hipérbato / Inversão
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
coordenadas assindéticas. Exemplos:
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
sujeito venha depois do predicado:
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
amor venceu ao ódio)
Pleonasmo Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as Eu cuido dos meus problemas)
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. #FicaDica
Nesta oração, os termos “o problema da violência” O nosso Hino Nacional é um exemplo de
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos:
Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. brado retumbante de um povo heroico”.
Outro exemplo:
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
e o pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
pleonástico. – São Paulo: Saraiva, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Observação: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
O pleonasmo só tem razão de ser quando confere Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo São Paulo: Saraiva, 2002.
vicioso:
Vi aquela cena com meus próprios olhos. SITES
Vamos subir para cima. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Ele desceu pra baixo. secoes/estil/estil8.php>
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Anáfora secoes/estil/estil5.php>
É a repetição de uma ou mais palavras no início Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
de várias frases, criando, assim, um efeito de reforço secoes/estil/estil2.php>
e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão
em causa é posta em destaque, permitindo ao escritor
valorizar determinado elemento textual. Os termos EXERCÍCIOS COMENTADOS
anafóricos podem muitas vezes ser substituídos por
pronomes. 1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – FUNRIO
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te – 2009) Observe o trecho de “O Cortiço”, de Aluísio
conhecia. de Azevedo: “Eram cinco horas da manhã e o cortiço
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo acordava, [...]. Um acordar alegre e farto de quem dormiu
LÍNGUA PORTUGUESA

acaba.” (Padre Vieira) de uma assentada sete horas de chumbo.” Seu autor
utiliza o seguinte recurso estilístico:
Anacoluto
Consiste na mudança da construção sintática no meio a) eufemismo.
da frase, ficando alguns termos desligados do resto do b) gradação.
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a c) comparação.
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma d) antítese.
ligação sintática com as demais. e) personificação.

31
Resposta: Letra E Haverá eleições em outubro
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, [...]. O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
assentada sete horas de chumbo = dar características
humanas a seres inanimados é a figura de • Os números que identificam o ano não utilizam pon-
pensamento da Personificação – também conhecida to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
por Prosopopeia. os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – FUNRIO B) Ponto e Vírgula (;)


– 2009) O hino do América F.C., composto por Lamartine
Babo, diz: “Hei de torcer, torcer, torcer... Hei de torcer • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
até morrer, morrer, morrer... Pois a torcida americana é importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
toda assim, a começar por mim.” O recurso linguístico os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
que enfatiza o compromisso entoado pelo hino é generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum
espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
a) o uso das reticências.
b) a repetição da estrutura sintática. • Separa partes de frases que já estão separadas
c) o emprego do verbo auxiliar “haver”. por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor;
d) a presença da palavra “torcida”. outros, montanhas, frio e cobertor.
e) a autorreferência do pronome “mim”.
• Separa itens de uma enumeração, exposição de
Resposta: Letra C motivos, decreto de lei, etc.
Em “a”, o uso das reticências = incorreta Ir ao supermercado;
Em “b”, a repetição da estrutura sintática = incorreta Pegar as crianças na escola;
Em “c”, o emprego do verbo auxiliar “haver”.
Caminhada na praia;
Em “d”, a presença da palavra “torcida” = incorreta
Reunião com amigos.
Em “e”, a autorreferência do pronome “mim” =
incorreta
C) Dois pontos (:)
O uso do verbo “haver” (hei de ... hei de ...) reforça o
compromisso do torcedor com o time.
• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
Coutinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
PONTUAÇÃO chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá
estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
PONTUAÇÃO vivendo a rotina de sempre.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que • Em frases de estilo direto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Maria perguntou:
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. - Por que você não toma uma decisão?
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação D) Ponto de Exclamação (!)
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente • Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
relacionados ao contexto e ao interlocutor. susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
casar com você!
Principais funções dos sinais de pontuação
• Depois de interjeições ou vocativos
A) Ponto (.) Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo!
• Indica o término do discurso ou de parte dele,
encerrando o período. E) Ponto de Interrogação (?)
• Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. • Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
(Companhia). Se a palavra abreviada aparecer em “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
LÍNGUA PORTUGUESA

final de período, este não receberá outro ponto; Azevedo)


neste caso, o ponto de abreviatura marca, também,
o fim de período. Exemplo: Estudei português,
F) Reticências (...)
matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
• Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
canetas, cadernos...
ponto, assim como após o nome do autor de uma
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
citação:
dizer... é verdad... Ah!”

32
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este Temos, ainda, sinais distintivos:
mal... pega doutor? • a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014),
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, separação de siglas (IOF/UPC);
depois, o coração falar... • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições
feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como
G) Vírgula (,) primeira opção aos parênteses, principalmente na
matemática;
Não se usa vírgula • o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
Separando termos que, do ponto de vista sintático, nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
ligam-se diretamente entre si: um nome que não se quer mencionar.

1. Entre sujeito e predicado: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Todos os alunos da sala foram advertidos. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Sujeito predicado Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
2. Entre o verbo e seus objetos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
V.T.D.I. O.D. O.I.
SITE
Usa-se a vírgula: Disponível em: <http://www.infoescola.com/
portugues/pontuacao/>
1. Para marcar intercalação: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua gramatica/uso-da-virgula.htm>
abundância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos.
Estão produzindo, todavia, altas quantidades de EXERCÍCIOS COMENTADOS
alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As
indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, 1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
isto é, não querem abrir mão dos lucros altos. O enunciado em que a vírgula foi empregada em
desacordo com as regras de pontuação é
2. Para marcar inversão:
A) do adjunto adverbial (colocado no início da a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a
oração): Depois das sete horas, todo o comércio está produção de dinheiro fosse também limitada.
de portas fechadas. b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos ouro.
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de é criado assim, inventado em canetaços a partir da
maio de 1982. concessão de empréstimos.
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
3. Para separar entre si elementos coordenados moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.
(dispostos em enumeração): e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. abundante porque é gerada pela simples manipulação
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e de bancos de dados.
animais.
Resposta: Letra E
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós O enunciado pede a alternativa em desacordo:
queremos comer pizza; e vocês, churrasco. Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia
que a produção de dinheiro fosse também limitada
5. Para isolar: = correta
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o
brasileira, possui um trânsito caótico. padrão-ouro = correta
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no
mundo é criado assim, inventado em canetaços a
Observações: partir da concessão de empréstimos = correta
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona
LÍNGUA PORTUGUESA

expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
seria dispensável o emprego da vírgula antes dele. abundante = correta
Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-
que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de la, (X) e abundante porque é gerada pela simples
política, futebol, lazer, etc. manipulação de bancos de dados = incorreta - a
As perguntas que denotam surpresa podem ter vírgula pode ser utilizada antes da conjunção “e”,
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: desde que haja mudança de sujeito, por exemplo (o
Você falou isso para ela?! que não acontece na questão)

33
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO Resposta: Letra C
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
a pontuação que faltou:
Texto 1 Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente
brasileira , pode ser considerado, sem dúvida, um
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, desvio de caráter.
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcionário
Guedes escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e , embora competente, nem sempre conseguia resolvê-
previdenciário brasileiros são politicamente anacrônicos, los.
economicamente desastrosos e socialmente perversos. Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados avançando, o sentimento geral, às vezes, era de
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista frustração.= correta
de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
programas socialdemocratas, são hoje armas de letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
destruição em massa de empregos locais em meio à Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
competição global. Reduzem a competitividade das são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
empresas, fabricam desigualdades sociais, dissipam em que é evidente.
consumo corrente a poupança compulsória dos encargos
recolhidos, derrubam o crescimento da economia e 4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO –
solapam o valor futuro das aposentadorias”. (adaptado) CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão
da língua portuguesa, a pontuação está corretamente
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na empregada em:
Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de
Mussolini – têm a finalidade textual de: a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando
atendem, de forma voluntária, aos funcionários e
a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado; à comunidade em geral, pode ser definido como
b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes responsabilidade social.
trabalhista e previdenciário; b) As empresas que optam por encampar a prática da
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História; responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário uma melhor imagem no mercado.
por serem muito antigos; c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada
e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado. em campanhas publicitárias: por isso, as empresas
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
Resposta: Letra B d) A responsabilidade social explora um leque abrangente
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de
fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses impactos negativos, no meio ambiente.
servem para se referir aos sistemas políticos fechados, e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem
exemplificando-os. a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e
Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do a geração de empregos não a preocupação com a
passado = incorreta sociedade como um todo.
Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
regimes trabalhista e previdenciário = correta Resposta: Letra A
Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as
História = incorreta inclusões:
Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas,
previdenciário por serem muito antigos = incorreta quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários
Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do e à comunidade em geral, pode ser definido como
passado = incorreta responsabilidade social = correta
Em “b”: As empresas que optam por encampar a
3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE prática da responsabilidade social, (X) beneficiam-se
DADOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a de conseguir uma melhor imagem no mercado.
vírgula está corretamente empregada. Em “c”: A noção de responsabilidade social foi muito
utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, as
a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a
ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter. sociedade.
b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora Em “d”: A responsabilidade social explora um leque
LÍNGUA PORTUGUESA

competente, nem sempre conseguia resolvê-los. abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) ,
c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançando, a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores,
o sentimento geral, às vezes, era de frustração. (X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio
d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, ambiente.
muitos sofreriam sanções diariamente. Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social
e) O tempo não para as transformações sociais são defendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é
urgentes mas há quem não perceba esse fato, que é o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
evidente. com a sociedade como um todo.

34
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)
HORA DE PRATICAR!

1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA AE-


RONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos eram
formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os segredos do
céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com histórias tristes [...]”.
Nas alternativas a seguir, os vocábulos acentuados do trecho
anterior foram colocados em pares com palavras também
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado) acentuadas graficamente. Dentre os pares formados, indique
o que apresenta igual justificativa para tal evento.
De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadrinho,
na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula, a) céu / avô
obrigatoriamente, b) astrônomos / álibi
c) histórias / balaústre
d) formidáveis / ínterim
a) antes da palavra “olho”.
b) antes da palavra “e”. 2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
c) depois da palavra “evitar”. NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU-
d) antes da palavra “evitar”. TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela-
e) depois da palavra “e”. cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica,
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida,
Resposta: Letra C assinale a alternativa com a sequência correta.
“Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com
o doutor (vocativo); portanto, presença obrigatória de (1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam
vírgula após o verbo “evitar”. hiato com a vogal anterior.
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos
ou não de s.
6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO –
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.
VUNESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo (4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
do texto – Nas escolas da Catalunha, a separação da é acentuada.
Espanha tem apoio maciço. É uma situação que contrasta
com outros lugares de Barcelona, uma cidade que vive ( ) íris
hoje em duas dimensões. De um lado, há a Barcelona ( ) saída
dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da ( ) compraríamos
cidade, … –, empregam-se as vírgulas para separar as ( ) vendê-lo
expressões destacadas porque elas ( ) bônus
( ) viúvo
a) acrescem às informações precedentes comentários ( ) bisavôs
que lhes ampliam o sentido.
b) sintetizam as ideias centrais das informações a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4
precedentes.
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2
c) apresentam informações que se opõem às informações d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3
precedentes.
d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o 3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
correto matiz semântico. CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
e) estabelecem certas restrições de sentido às informações Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
precedentes. regras de acentuação todas as palavras em:

Resposta: Letra A a) andróide, odisseia, residência


É uma situação que contrasta com outros lugares b) arguição, refém, mausoléu
de Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade e) sutil, assembléia, arremesso
Os períodos destacados acrescentam informações aos
4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
termos citados anteriormente. TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe


com acento gráfico é:

a) história;
b) evidência;
c) até;
d) país;
e) humanitárias.

35
5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
com seu significado, o conjunto de características for- por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras a) independente = com dependência;
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a b) pública = de publicidade;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras c) relevante = de relevância;
em destaque). d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome 9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(3) conjunção Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
(4) substantivo
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
um adjetivo.
( ) “Não há prisão pior [...]”
( ) “O lugar de estudo era isso.”
a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “E o olho sem se mexer [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” c) Eu queria que ele morresse logo, ...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
tou.” mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
A sequência está correta em 10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 “que” em destaque funciona como pronome relativo.
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
pronome indefinido. influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
a) “Ele não exige fatos...”. votar”.
b) “Era um ídolo para mim.”.
c) “Discordo dele.”. 11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
e) “O bom humor está disponível a todos...”. explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”, relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
como ocorre em:
os termos destacados são, respectivamente,
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos
a) artigo e pronome.
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
b) artigo e preposição.
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
c) preposição e artigo. que índio não sabe nada.
d) pronome e artigo.
e) preposição e pronome. c) O branco está preocupado que não chove mais em
alguns lugares.
8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
– FGV-2017) trajetória.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
roso e independente. A agenda pública é determinada 12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
LÍNGUA PORTUGUESA

pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele- – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAP-
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo TADA)
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
sempre das empresas de conteúdo independentes”. ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017) foram usados com essa finalidade, como o chocolate,

36
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue- d) Em centros com grandes aglomerações populacionais,
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação realiza-se negócios nacionais e internacionais, além
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo de um atendimento bastante diversificado, como jor-
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o nais, teatros, cinemas, entre outros.
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci-
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis dades globais como verdadeiros polos de influência
de fazer quando os valores eram contados em bois ou internacional, devido à presença de sedes de grandes
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, empresas transnacionais e importantes centros de
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo- pesquisas.
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano 15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
960, mas elas não se espalharam para outros lugares e I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às
caíram em desuso no fim do século XIV. exigências de concordância da norma-padrão da língua
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo portuguesa em:
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí-
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- ses as notícias falsas.
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, b) A recomendação de testar a veracidade das notícias
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas.
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re-
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América. sultaram na criação de serviços especializados.
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações). d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para reais porque vem acompanhados de títulos chamati-
medir riquezas e trocar mercadorias”. vos.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 67% das pessoas consultam os jornais diariamente.

13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- 16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen- Texto I
to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam Portugueses no Rio de Janeiro
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz: O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
a) uma informação sobre o significado de um termo an- do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
teriormente empregado; mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimen- de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
to; -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes- como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
ma coisa; além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
antes; variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- bebidas.
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
retamente empregado em: de guetos, denota uma tendência para a sua concen-
tração em determinados bairros, escolhidos, muitas
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- das vezes, pela proximidade da zona de trabalho. No
poles importante papel no desenvolvimento da eco- Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo um grupo significativo de patrícios e algumas asso-
LÍNGUA PORTUGUESA

da hierarquia urbana. ciações de porte, como o Real Gabinete Português de


b) Conforme o grau de influência e importância interna- Leitura e o Liceu Literário Português. Nos bairros da
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três Cidade Nova, Estácio de Sá, Catumbi e Tijuca, outro
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. ponto de concentração da colônia, se localizam outras
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a associações portuguesas, como a Casa de Portugal e
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- um grande número de casas regionais. Há, ainda, pe-
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- quenas concentrações nos bairros periféricos da ci-
gócios e a cultura. dade, como Jacarepaguá, originalmente formado por

37
quintas de pequenos lavradores; nos subúrbios, como 19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018)
Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais privilegiadas, A concordância está em conformidade com a norma-pa-
como Botafogo e restante da zona sul carioca, área drão na seguinte frase:
nobre da cidade a partir da década de cinquenta, pre-
ferida pelos mais abastados. a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza- suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito.
ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES, b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as
Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
texto literário.
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es- c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse ção, a que a linguagem literária apela constantemente.
papel gramatical está repetido corretamente em: d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem não ser influenciadas.
da cidade. e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi- para o cinema, as quais tende a compor seu repertório
cariam ricos. de leituras.
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
na cidade. 20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
empregos. Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer- aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
tas de trabalho.
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
destacada foi realizada de acordo com as exigências da
norma-padrão da língua portuguesa em: a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá- “a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
rio que se promova novos estudos sobre mecanismos cola”.
de proteção mais eficazes. b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
de grande porte permite que se suspeitem dos hac- vos “relação” e “escola”.
kers responsáveis. c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui- vos “relação” e “escola”.
tos milhões de dólares. d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
guerra virtual pela informação, necessitam-se de es-
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
tudos mais aprofundados.
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
porção incontrolável, é aconselhável que se estabele- junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
ça novas restrições de utilização pelos jovens. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
normas de concordância e a adequada articulação entre DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
tempos e modos verbais estão plenamente observadas tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
na frase: da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
crase.
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre- Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. se está corretamente empregado.
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de a) O memorando refere-se à documentos enviados na
constituir textos clássicos desse gênero.
semana passada.
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta-
b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
LÍNGUA PORTUGUESA

lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá


alcançado uma relevância jamais vista. cia urgente.
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de pessoas já desestimuladas.
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- consta na lista.
recer matéria para uma boa crônica, desde que não e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
falte ao cronista recursos de grande imaginação. flexível e são responsáveis.

38
22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor- ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre- novos lançamentos.
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase, e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
devendo ocorrer o mesmo na frase: de crédito para não serem surpreendidas com valores
muito altos.
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
NESP-2014)
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- especialistas, quase metade delas está associada _____
panhia. bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
sempenho. As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da a) às … a
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve b) as … à
ser empregado na palavra destacada em: c) à … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- d) às … à
nada a programação que a empresa pretende desen- e) à … a
volver.
b) As ações destinadas a atrair um número maior de 27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
acento indicativo de crase está corretamente empregado
ceira das instituições. em:
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
do mercado formal de trabalho. com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi- b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova rem a sua postura.
moeda virtual. c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei- ções muito mais severas.
ro foram convidados a comparar as importações e as d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
exportações em 2017. dos demais motoristas e de pedestres.
e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – nova lei para que ela possa funcionar.
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
de crase está de acordo com a norma-padrão em: 28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens Texto 1 – Guerra civil
à esmo. Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
à prazo. blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
danças na trama. 61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse Outro dado relevante é o crescimento da violência em
à emissora. alguns estados do Sul e do Sudeste.
Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão da assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
deve ser empregado na palavra destacada em:
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, plementação de programas estruturantes com o objetivo
LÍNGUA PORTUGUESA

em geral, pequena variação de funções quando com- de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
parados a versões anteriores. de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
junto a crianças do ensino fundamental para ver como e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,
elas se comportam no ambiente virtual. deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- mita o acompanhamento das ações e que incentive o
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
o depoimento de professores. União e das guardas municipais.

39
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é: - VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res-
ponder às questões a seguir:
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
e do Sudeste”; Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos execu-
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de- tivos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transfe-
corre de fato”; riu sua equipe para um chamado escritório aberto, sem
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte paredes e divisórias.
das demais unidades da Federação”; Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas
d) “...viaturas e novas tecnologias”; ele queria que todos estivessem juntos, para se conec-
e) “Definir metas e alcançá-las...”. tarem e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco
tempo ficou claro que Nagele tinha cometido um grande
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- erro. Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as os nove empregados estavam insatisfeitos, sem falar do
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica próprio chefe.
convenientemente substituída por uma oração em forma Em abril de 2015, quase três anos após a mudança
desenvolvida na seguinte opção: para o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa
para um espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu pró-
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; prio espaço, com portas e tudo.
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos
d) que possamos decifrar as referências cristãs; são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
cristãs. Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder
até 15% da produtividade, desenvolver problemas graves
30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI- de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver” organização.
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin- Desde que se mudou para o formato tradicional, Na-
te alternativa: gele já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem
sentir falta do estilo de trabalho do escritório fechado.
a) para que sobrevivam. “Muita gente concorda – simplesmente não aguentam o
b) a fim de que sobrevivessem. escritório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e
c) para sua sobrevida. é preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
d) no intuito de sobreviverem. É improvável que o conceito de escritório aberto caia
e) para sua sobrevivência. em desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exem-
plo de Nagele e voltando aos espaços privados.
31. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- Há uma boa razão que explica por que todos ado-
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL ram um espaço com quatro paredes e uma porta: foco.
MÉDIO – CESPE-2013) A verdade é que não conseguimos cumprir várias tarefas
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- ao mesmo tempo, e pequenas distrações podem desviar
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada nosso foco por até 20 minutos.
por processos que culminaram na sua formalização insti- Retemos mais informações quando nos sentamos em
tucional e na ampliação de sua área de atuação. um local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito e design de interiores.
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- podem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<-
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adap-
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e tado)
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de 32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
procurador da Fazenda (defensor do fisco). DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar-
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à tilhados
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade ção à criatividade.
LÍNGUA PORTUGUESA

brasileira. b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a


Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). transferência de atividades para o lar.
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
No período “A sua história é marcada por processos que teúdos.
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
restritiva. colegas e chefes.
e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
(  ) CERTO   (  ) ERRADO constante dos chefes.

40
33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará- diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
grafo apresenta concordância de acordo com a norma- tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia
-padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos da palavra sublinhada está igualmente correta.
executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
para o chamado escritório aberto, como feito por Ch- c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
ris Nagele. d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas 38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
equipes para escritórios abertos, também foi feito por I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos. vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans- língua portuguesa é:
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
transferido por muitos executivos. a) admissão, infração, renovação
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o b) diversão, excessão, sucessão
que já tinham sido feitos por outros executivos do se- c) extenção, eleição, informação
tor. d) introdução, repreção, intenção
e) transmissão, conceção, omissão
34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão 39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
– até então –, em destaque no início do segundo pará- FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
grafo, expressa um limite, com referência econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
um só vocábulo, a forma adequada será
a) temporal ao momento em que se deu a transferência
da equipe de Nagele para o escritório aberto. a) sociais-econômicos.
b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a b) social-econômicos.
equipe de Nagele antes da mudança para locais aber-
c) sociais-econômico.
tos.
d) socioeconômicos.
c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri- e) socioseconômicos.
tório que adotou.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do 40. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias. I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem- empregado de acordo com a norma-padrão da língua
poral às mudanças favoráveis à integração. portuguesa em:

35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão no campo da política: é menor nas publicações rela-
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece cionadas às catástrofes naturais.
uma relação de sentido com o parágrafo b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
os usuários compartilham informações com as quais
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das concordam: pois não verificam as fontes antes.
empresas que adotaram o modelo de escritórios aber- c) As informações enganosas são mais difundidas do que
tos. as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção por um instituto de pesquisa.
do modelo de escritórios abertos. d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
base em resultados de pesquisas. quase impossível.
d) anterior, introduzindo informações que se contra-
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos.
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
mato tradicional de escritório fechado. cias sem fonte confiável.
41. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA- I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
LÍNGUA PORTUGUESA

TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em retamente em:


relação à ortografia dos pares.
a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
a) Atenção – atenciozo. cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
b) Aprender – aprendizajem. trangimentos às empresas.
c) Simples – simplissidade. b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
d) Fúria – furiozo. quem está conectado de quem não faz parte do mun-
e) Sensação – sensacional. do digital.

41
c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam
confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças. dois metros quadrados de chão. – está de acordo com a
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar norma-padrão de crase, regência e conjugação verbal.
dados e checar se as informações refletem a realidade.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis- a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à dis-
tas porque não estão preocupados em conferir, pon- posição.
tos de vista alternativos. b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
42. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposi-
GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada ção.
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
portuguesa em:
45. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí- CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada)
fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis- Leia as frases.
positivos móveis dos passageiros. As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
alarmantes.
b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
grande, porém não é capaz de absorver uma presença
mente convertidos .......... estados depressivos.
maior de produtos vindos do exterior.
Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
cidade é considerada doença.
lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
nacionais. Para que haja coerência com a regência nominal estabe-
d) Os últimos dados mostram que, muitas economias lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem
apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo ser preenchidas, respectivamente, por:
com que os juros cresçam pouco.
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im- a) ao … com … na
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e b) ao … em … à
ver, se a importação vale a pena. c) do … com … na
d) com o … em … para
43. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) e) com o … para … à
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es- 46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os 2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está cor-
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- reta:
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- a) Ela queria namorar com ele.
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca- b) Já assisti a esse filme.
das por violações das leis antitrust — apenas um item de c) O caminhoneiro dormiu no volante.
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran- d) Quando eles chegam em Campo Grande?
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos e) A moça que ele gosta é aquela ali.
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime 47. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- 2014) A regência nominal está correta em:
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos falso.
nos Estados Unidos da América durante uma década in- b) As meninas têm aversão de verduras.
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos.
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018)
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
Na internet, mentiras têm pernas longas
imediatamente depois de “e”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”,


(  ) CERTO   (  ) ERRADO
mas nestes tempos de internet parece que a situação se
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores
44. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a “longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um
substituição dos trechos destacados na passagem – O maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in-
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere formações verdadeiras.

42
Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
- falsos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
acompanhados, chegando a um total de mais de 4,5 mi- apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
lhões de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pes- mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
soas, formando “cascatas” de compartilhamento. respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Ao compararem os padrões de compartilhamento Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos ví-
dessas milhares de “cascatas”, os pesquisadores obser- deos da Internet restauraria a dignidade de tratamento,
varam que os rumores “falsos” se espalharam com mais que, nesse caso, foi negada às religiões de matrizes afri-
rapidez, aumentando o número de “degraus” da casca- canas. Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu
ta - e com maior abrangência do que os considerados que a veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e
verdadeiros. fomentadores do ódio, da discriminação e da intolerância
A tendência também se manteve, independentemen- contra religiões de matrizes africanas não corresponde
te do tema geral que os rumores abordassem, mas foi ao legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
mais forte quando versavam sobre política do que os de- O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
mais, na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
terrorismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimen- ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
to; e desastres naturais. próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
poucos seguidores e novatos nas redes. No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
— Vivemos inundados por notícias e muitas vezes terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
as pessoas não têm tempo nem condições para verificar prejudicando.
se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As (  ) CERTO   (  ) ERRADO
redes sociais colocam todas as informações no mesmo
nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso, 51. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
uma fonte confiável de uma não confiável. BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas lon- LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.
gas. O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

No trecho “independentemente do tema geral que os ru-


mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
res, por ter sentido equivalente, é:

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas

49. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O


período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
podem trocar de posição é:

a) A arte é a mais bela das mentiras; (www.arionaurocartuns.com.br)


b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) A forma segue a emoção; A palavra só, presente na fala do personagem, tem o
d) A obra de arte: uma interrupção do tempo; mesmo sentido em:
e) Na arte não existe passado nem futuro.
a) Só vence quem concorre.
50. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL b) Mariana veio só, infelizmente.
E TRANSPORTE – CESPE-2015) c) Pedro estava só, quando cheguei.
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
TEXTO II e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.
LÍNGUA PORTUGUESA

A partir de uma ação do Ministério Público Federal


(MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,

43
43 CERTO
GABARITO 44 E
45 B
1 B 46 B
2 A 47 C
3 B 48 B
4 E 49 C
5 A 50 CERTO
6 E 51 A
7 A
8 C
9 A
10 A
11 D
12 CERTO
13 D
14 C
15 E
16 E
17 C
18 C
19 C
20 E
21 D
22 B
23 A
24 E
25 E
26 D
27 A
28 B
29 D
30 E
31 CERTO
32 C
33 C
34 A
35 D
36 E
37 E
LÍNGUA PORTUGUESA

38 A
39 D
40 E
41 D
42 C

44
ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Técnicas Fundamentais em Enfermagem; Procedimentos técnicos: Verificação de sinais vitais, antropometria,


administração de medicamentos, coleta de material para exames, termoterapia, crioterapia, sondagens,
aspirações, nebulização, uso de oxigenoterapia, lavagens gastro- intestinal, curativos (potencial de contaminação
e técnicas de curativos)....................................................................................................................................................................................... 01
Registro de Enfermagem.................................................................................................................................................................................... 22
Medidas de prevenção e controle de infecções; Processamentos de superfícies: limpeza geral e gerenciamentos
de resíduos............................................................................................................................................................................................................... 23
Primeiros socorros; Atuação de Técnico de Enfermagem nas Urgências e Emergências.......................................................... 46
Noções de farmacoterapia................................................................................................................................................................................. 52
Condutas do Técnico de Enfermagem na Saúde Mental....................................................................................................................... 54
Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde da Mulher (Planejamento familiar, pré-natal, parto e puerpério,
prevenção do câncer de colo do útero e mamas); Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde da Criança;
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)................................................................................................................................................ 66
Condutas do Técnico de Enfermagem em Saúde do Adulto com Doenças Crônicas Transmissíveis e Não
Transmissíveis.......................................................................................................................................................................................................... 120
Imunização (Vacinas, acondicionamento, Rede de frio, dosagens, aplicação, Calendário Vacinal)....................................... 131
Processamento de artigo: limpeza, acondicionamento e esterilização/ desinfecção................................................................. 134
Noções de Segurança do Paciente................................................................................................................................................................. 150
Código de Ética de Enfermagem..................................................................................................................................................................... 151
Lei do exercício Profissional............................................................................................................................................................................... 158
Médio porte: hospital com capacidade normal de 50
TÉCNICAS FUNDAMENTAIS EM ENFER- a 150 leitos.
Grande porte: Capacidade normal de 150 a 500 leitos.
MAGEM; PROCEDIMENTOS TÉCNICOS:
Extra ou Especial: capacidade acima de 500 leitos.
VERIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS, AN-
TROPOMETRIA, ADMINISTRAÇÃO DE 3. Terminologia Hospitalar
MEDICAMENTOS, COLETA DE MATE-
RIAL PARA EXAMES, TERMOTERAPIA, Matrícula ou registro: definido como a inscrição de
CRIOTERAPIA, SONDAGENS, ASPIRA- um paciente na unidade médica hospitalar que o habilita
ÇÕES, NEBULIZAÇÃO, USO DE OXIGE- ao atendimento.
NOTERAPIA, LAVAGENS GASTRO- IN- Internação: admissão de um paciente para ocupar um
TESTINAL, CURATIVOS (POTENCIAL leito hospitalar.
DE CONTAMINAÇÃO E TÉCNICAS DE Leito Hospitalar: cama destinada á internação de um
CURATIVOS) paciente em um hospital. Não é considerado leito hos-
pitalar (cama destinada ao acompanhante, camas transi-
tórias utilizadas no serviço diagnóstico de enfermagem,
cama de pré-parto, recuperação pós anestésica e pós
DEFINIÇÕES operatórios, camas instaladas no alojamento de médicos).
Censo Hospitalar Diário: É a contagem a cada 24 ho-
A enfermagem segundo Wanda Horta é “A ciência ras do número de leitos ocupados.
e a arte de assistir o ser humano em suas necessidades Dia Hospitalar: É o período de trabalho, compreendi-
básicas e torna-lo independente destas necessidades do entre dois censos hospitalares consecutivos.
quando for possível através do autocuidado”. A enfer- Leito Dia: Unidade representada pela cama á disposi-
magem como ciência pode ser exercida em vários locais ção de um paciente no hospital.
tais como: Hospitais, Empresas Particulares (Enf. Do Tra- Óbito hospitalar: é o óbito que se verificam no hospi-
balho), Escolas, Unidades de Saúde tal após o registro do paciente.
Nos dias de hoje, o hospital é definido segundo a Alta: ato médico que configura a cessação da assis-
OMS como elemento de uma organização de caráter mé- tência prestada ao paciente.
dico social, cuja função consiste em assegurar assistência
médica completa, curativa, e preventiva a população e 4. O Paciente
cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar
considerada em seu meio; e um centro de medicina e de O paciente e o elemento principal de qualquer insti-
pesquisa biossocial. tuição de saúde. Considera-se paciente todo o individuo
submetido a tratamento, controle especiais, exames e
1. Funções do Hospital observações medicas.
O paciente procura o hospital quando atingido pela
_ Preventiva: Principalmente nos ambulatórios, onde doença, pois cria-se nele angustia, inquietação, que leva
os pacientes retornam após a alta para controle. a exagerar o poder e conhecimento sobre os profissio-
_ Educativa: Através da educação sanitária e prática nais que o socorrem, muitas vezes torna-se difícil o tra-
da saúde pública visando o paciente, a família e a tamento do doente, originando problemas de relaciona-
comunidade. Sob o ponto de vista de formação e mento (paciente pessoal).
aperfeiçoamento de profissionais de saúde.
_ Pesquisa: O hospital serve de campo para a pesquisa
A doença trás ao paciente graves consequências
científica relacionada á saúde.
como:
_ Reabilitação: O hospital através do diagnóstico pre-
• Choque emocional,
coce utilizando os cuidados clínicos, cirúrgicos e es-
peciais por meios do qual o paciente adquire con- • Ameaça do equilíbrio psicológico do paciente,
dições de retornar ao seu meio e suas atividades. • Rompimento das defesas pessoais,
_ Curativa: A função a qual o Brasil faz como função • Leva a pedir proteção e cuidados,
principal. Tratamento de qualquer natureza. • Obriga ao abandono das atividades normais,
• Ao recolhimento ao leito,
2. Classificação • Ao afastamento da comunidade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Segundo o tratamento: O paciente ao ser admitido no hospital espera do me-


Geral: É o hospital destinado á atender pacientes por- dico e da enfermagem, uma explicação, uma palavra de
tadores de doenças das várias especialidades médicas. conforto em relação ao seu estado de saúde. Se isto não
Especial ou Especializada: Limita-se a atender pacien- acontece, o seu quadro psicológico pode ser agravado,
tes necessitados de assistência de determinada especia- levando-o a se tornar submisso e despersonalizado, ou
lidade médica. Ex: Hospital do câncer. então agressivo.

Segundo o número de leitos:


Pequeno porte: hospital com capacidade normal de
até 50 leitos.

1
5. Exame Físico. Preparar o Paciente e o Ambiente:
-Explicar ao paciente o que vai ser feito, a fim de ob-
O diagnóstico do paciente traça as diretrizes para o ter a sua colaboração;
tratamento e cuidado de enfermagem. Para que o diag- -Verificar sua higiene corporal;
nostico seguro seja estabelecido há a necessidade de um -Oferecer-lhe a comadre (se necessário);
exame completo, que consta de exame físico e psicoló- -Levá-lo- para a sala de exame ou cercar a cama com
gico. Os instrumentos básicos dos exames físicos são os biombo;
sentidos humanos da visão, tato, audição e olfato. Certos -Dispor o material para o exame sobre a mesa auxiliar;
instrumentos podem facilitar e oferecer maior precisão -Cobrir o paciente de acordo com o tipo do exame, e
quanto a fenômenos acústicos e visuais como estetoscó- da rotina do serviço.
pio e oftalmoscópio. Obs.:
- Evitar descobrir o paciente mais do que necessário,
5.1. Métodos de Exame Físico procurando também não atrapalhar o medico:
- Usar roupas folgadas ou lençóis para permitir mu-
São quatro os métodos universalmente usados para danças de posição com maior rapidez;
exame físico: - Não permitir que o paciente sinta frio descobrindo
-Inspeção: é a observação do estado geral do paciente, só a região a examinar;
coloração da pele, presença de deformação como - Deixa-lo o mais seguro e confortável possível.
edema, estado nutricional, padrão de fala, tempe-
ratura corporal, postura, movimento do corpo. Prestar Assistência Durante o Exame Físico
-Palpação: consiste em sentir as estruturas (tecidos, -Certificar-se da temperatura e iluminação da sala.
órgão), do corpo através da manipulação. Fechar janelas se estiver frio e providenciar um
-Percussão: efetuada com leves pancadas das pontas foco se a iluminação for deficiente.
dos dedos sobre uma área do corpo. O somprodu- -Verificar T.P.R.P. A, peso, altura e anotar no prontuário;
zido revela o estado dos órgãos internos. -Despir a camisola do paciente, cobrindo-o com lençol;
-Ausculta: consiste em escutar ruídos no corpo, es- -Avisar o medica que o paciente esta pronto para o exame;
pecialmente para verificar o funcionamento do -Colocar-se junto à cama do lado oposto aquele que
coração, pulmão, pleura e outros órgãos. Para isto estiver o medico;
utiliza-se o estetoscópio. -Entregar-lhe os objetos à medida que necessitar.
No exame físico verificar: Obs: Se for o enfermeiro ou auxiliar que for realizar o exa-
-Condições Gerais: estado de consciência, aspecto de
me físico do paciente ou, colher algum material para exame
nutrição e hidratação, expressão facial,condições
todos os cuidados acima deverão também serem seguidos.
de locomoção, vícios, peso, altura, idade aparente,
alergia a drogas.
Posições para o Exame Físico:
-Sinais Vitais: Pulso, respiração, pressão arterial, temp
ratura.
a) Posição Ginecológica
-Postura e Aparelho Locomotor Motricidade, mecâni-
Indicações: (exame vaginal, exame vulvo vaginal, lava-
ca corporal e marcha.
-Tórax e Pulmões Contorno, expansibilidade, intensi- gem vaginal, sondagem vesical, tricotomia).
dade de ruídos respiratórios.
-Abdômen: Cicatrizes, lesões. Descrição da Posição:
-Colocar a paciente em de decúbito dorsal;
6. Atribuições do Auxiliar de Enfermagem no Exame -Joelhos flexionados e bem separados, com os pés
Físico sobre a cama;
-Proteger a paciente com lençol ate o momento do
Preparar o material que consiste em: exame.
- Termômetro;
-Oftalmoscópio; Técnica
- Esfigmomanômetro; - Lavar as mãos
- Otoscópio; - Identificar a paciente, avisando-a que será feito
- Estetoscópio; - Isolar a cama com biombo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Cuba-rim; - Colocar a paciente em decúbito dorsal horizontal;


- Martelo de percussão - Pedir a paciente para flexionar os membros inferio-
- Vidro com álcool res, colocando os calcanhares na cama;
- Abaixador de língua; - Afastar bem os joelhos;
- Bolas de algodão - Proteger a paciente com lençol em diagonal, de tal
- Fita métrica forma que uma ponta fique sobre o peito e a ou-
- Toalha trana região pélvica. As outras duas pontas deve-
rão ser presas sob os calcanhares da paciente;
Para exames especiais, o material varia conforme o - Colocar a paciente em posição confortável apos o
exame: (especulo vaginal, luvas, lubrificantes, laminas, tu- exame ou tratamento;
bos para cultura, etc). - Recompor a Unidade;·.

2
b) Posição de Decúbito Dorsal - Manter o paciente em posição dorsal, semi-sentado
Indicação: - realizar exame físico , recostado, com os joelhos fletidos, apoiados em
travesseiros ou o estrado da cama modificado;
Técnica: - Elevar a cabeceira da cama mais ou menos em an-
- Lavar as mãos; gulo de 45 graus;
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será - Elevar o estrado dos pés da cama para evitar que o
feito paciente escorregue;
- Isolar a cama com biombos; - Verificar se o paciente esta confortável;
- Deitar o paciente de costas com a cabeça e ombros - Proteger o paciente com lençol;
ligeiramente elevados por travesseiros, as pernas - Deixar o paciente em posição confortável após o
estendidas; exame ou tratamento;
- Dar condições necessárias para a expansão pulmo- - Recolocar o material no lugar;
nar, não dobrando o pescoço ou cintura; - Lavar as mãos;
- Manter os membros superiores ao longo do corpo; - anotar no prontuário do paciente.
- Deixar o paciente em posição correta para evitar
distensão dos tendões da perna; e) Posição de Decúbito Lateral
- Manter os joelhos ligeiramente fletidos e os pés Finalidade: Cirurgias renais, massagem nas costas,
bem apoiados; mudança de decúbito. ·.
- Evitar a queda dos pés equinos;
- Proteger o paciente sempre com o lençol, expondo Técnica:
apenas o necessário; - Lavar as mãos;
- Colocar o paciente em posição confortável apos o - Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
exame; feito;
- Recompor a Unidade; - Isolar a cama com biombos;
- Lavar as mãos; - Posicionar o paciente na cama sobre um dos lados;
- Anotar no prontuário do paciente.
- Colocar a cabeça sobre o travesseiro, apoiando tam-
bém o pescoço;
c) Posição de SIMS
- Colocar outro travesseiro sob o braço que esta su-
Finalidade: exames retais, lavagem intestinal, exames
portando o peso do corpo;
vaginais, clister.
- Colocar um travesseiro entre as pernas para aliviar a
Técnica
- Lavar as mãos; pressão de uma perna sobre a outra;
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será - Manter o alinhamento corporal a fim de facilitar a
feito; respiração;
- Isolar a cama com biombos; - Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o
- Colocar o paciente deitado do lado esquerdo; local a ser examinado;
- Aparar a cabeça do paciente sobre o travesseiro; - Colocar o paciente em outra posição confortável
- Colocar o braço esquerdo para trás do corpo; após o repouso de mudança de decúbito ou exa-
- Flexionar o braço direito e deixa-lo apoiado sobre me;
o travesseiro; - Recompor a Unidade;
- Colocar o membro inferior esquerdo ligeiramente - Lavar as mãos;
flexionado; - Anotar no prontuário do paciente.
- Colocar o membro inferior direito fletido ate quase
encostar o joelho no abdômen; f) Posição em Decúbito Ventral
- Deixar o paciente sempre protegido com lençol, ex- Finalidade: Laminectomias, cirurgias de tórax poste-
pondo apenas a região necessária; rior, tronco ou pernas. ·.
- Colocar o paciente em posição confortável após o
exame ou tratamento; Técnica
- Recompor a Unidade; - Lavar as mãos;
- Lavar as mãos; - Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será
- Anotar no prontuário do paciente. feito;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Isolar a cama com biombos;


d) Posição de Fowler: - Deitar o paciente com o abdômen sobre a cama ou
Finalidade: pacientes com dificuldades respiratórias, sobre a mesa de exames;
para a alimentação do paciente, pós-operatório na- - Colocar a cabeça virada para um dos lados;
sal, buco maxilo, cirurgia de tireoide (tireodectomia). - Colocar os braços elevados, com as palmas das
mãos apoiadas no colchão, à altura da cabeça ou
Técnica: aolongo do corpo;
- Lavar as mãos; - Colocar um travesseiro, se necessário, sob a parte
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será inferior das pernas e pés, para evitar pressão nos
feito; dedos;
- Isolar a cama com biombo; - Proteger o paciente com lençol;

3
- Colocar o paciente em posição confortável; 7.1. NORMAS PARA TÉCNICA DE VERIFICAÇÃO
- Recompor a Unidade; DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário do paciente. - O paciente deve estar sem sapatos e com roupas
leves;
Obs: Em alguns casos esta posição e contra indicada - A verificação do peso deve ser sempre na mesma hora;
(pacientes portadores de incisões abdominais, ou com - O paciente deve estar na posição ereta;
dificuldade respiratória, e idosos, obesos.).
Material:
g) Posição Genu-peitoral -Balança antropométrica,
Finalidade Exames do reto e vagina, sigmoidoscopia. -Papel toalha.
Técnica Técnica
- Lavar as mãos; - Explicar o procedimento ao paciente;
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será - Aferir a balança;
feito; - Proteger o piso da balança com papel;
- Isolar a cama com biombo; - Solicitar ao paciente que retire os sapatos, roupas
- Solicitar ao paciente para que fique em decúbito pesadas e suba na balança;
ventral;
- Posicionar o paciente de frente para a balança, isto
- Apoiar o peito o peito do paciente de encontro com
e, para a escala desta;
o colchão ou mesa de exame;
- Executar a técnica da pesagem;
- Pedir ao paciente para fletir os joelhos;
- Colocar em seguida, o paciente de frente para a
- Colocar a cabeça virada para um dos lados, sobre
pessoa que esta fazendo a mensuração e verificara
um pequeno travesseiro;
estatura;
- Pedir para o paciente estender os braços sobre a
cama, na altura da cabeça; - Encaminhar o paciente ao leito novamente;
- Solicitar ao paciente para que descanse o peso do - Anotar no prontuário.
corpo sobre a cabeça, ombros peito, e os joelhos,-
formando assim, um angulo reto entre as coxas e Obs: Causas do aumento de peso:
as pernas; a) Descontrole hormonal, (hipotireoidismo);
- Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o b) Bulimia (aumento da fome);
necessário; c) Problemas psicológicos;
- Colocar o paciente em posição confortável após o d) Retenção de agua.
exame;
- Recompor a Unidade; Causas do emagrecimento:
- Lavar as mãos; a) Desidratação;
- Anotar no prontuário do paciente. b) Anorexia;
c) Descontrole hormonal, (hipertireoidismo).
h) Posição de Trendelemburg.
Finalidades Cirurgias da região pélvica, estado de Admissão do Paciente:
choque, tromboflebites, casos em que deseja me-
lhor irrigação cerebral, drenagem de secreção pul- O paciente deve ser recebido no hospital com toda
monar. ·. cordialidade e atenção. A primeira impressão que o pa-
ciente tem e sempre de grande importância para inspi-
Técnica rar-lhe confiança no hospital e no tratamento que ali vai
- Lavar as mãos. receber. Este bom acolhimento influirá também nos fa-
- Identificar o paciente e avisa-lo sobre o que será miliares ou pessoas que o acompanham.
feito.
- Colocar o paciente na posição dorsal horizontal’ Técnica
- Inclinar a cabeceira da cama em angulo adequado. - Lavar as mãos;
- Elevar os pés da cama em angulo adequado, de for- - Preencher todos os dados da ficha de identificação
ma que a cabeça fique mais baixa em relação ao do paciente;
corpo. - Fazer a lista dos valores do paciente sob suas vistas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Proteger o paciente com lençol, expondo apenas o ou alguém de sua família. Entrega-los aoresponsá-
necessário. vel para guarda-los no cofre do hospital ou confor-
- Recompor a Unidade. me rotina da instituição;
- Lavar as mãos. - Levar o paciente ate seu quarto e orientá-lo quan-
- Anotar no prontuário do paciente. to às instalações sanitárias e demais dependências
daenfermaria;
7. Técnica de verificação de medidas antropométricas: - Deixar a campainha ao seu alcance;
- Providenciar para que o paciente conheça a equipe
Definição: e a verificação do peso corporal e altura que lhe dará assistência. Mostrar-lhe oregulamen-
do paciente. to do hospital quanto à visita, horas de repouso,
Finalidade: averiguar o peso e altura do paciente. de refeição, etc.;

4
- Encaminhar o paciente para o banho oferecendo o A observação serve não só para descobrir anormali-
material; dades, mas também para identificar a potencialidade do
- Arrumar a cama conforme técnica de arrumação de individuo. A observação global associada a outras obser-
cama aberta; vações gerais leva a descoberta de aspectos favoráveis,
- Acomodar o paciente e verificar os sinais vitais, fa- podendo indicar ausência de problemas, recuperação, ou
zer o exame físico conforme a técnica, lavando as mesmo os recursos físicos e mentais, dos quais o indivi-
mãos em seguida; duo dispõe para auxiliar na sua própria recuperação.
- Anotar na folha de evolução de enfermagem o ho-
rário da admissão, sinais vitais, exame físico com- Anotações de enfermagem:
pleto, e se o paciente veio sozinho acompanhado,
deambulando, em cadeira de rodas ou de maca; -Finalidades Relatar por escrito às observações do
- Comunicar o serviço de nutrição a dieta do paciente; paciente;
- Encaminhar pedidos de exames; -Contribuir com informações para o diagnostico me-
- Iniciar o tratamento propriamente dito;
dico e de enfermagem;
Alta Hospitalar
-Contribuir com informações para fazer o planeja-
Técnica mento do plano de cuidados de enfermagem;
- Verificar se a folha de alta esta assinada pelo medico; -Servir de elementos para pesquisa;
- Reunir e entregar os pertences ao paciente; -Fornecer elementos para auditoria de enfermagem;
- Verificar se existem valores do paciente guardados pelo -Servir para avaliação dos cuidados de enfermagem
hospital tais como: dinheiro, joias, documentos etc. prestados (quanto à qualidade e
- Se houver necessidade ajudar o paciente a vestir-se continuidade);
- Anotar no prontuário o horário e as condições em -Servir como fonte para a aprendizagem.
que o paciente esta saindo, e as orientações feitas-
no momento da alta; Tomando como base as observações os elementos
- Esperar os familiares ou responsável; principais a serem anotados são o seguinte:
- Acompanhar o paciente a portaria; - A aparência;
- Estado físico: queixas, observações em geral, alimen-
Obs: Em caso de alta por óbito, anotar no prontuário tação, exames, testes, encaminhamento, elimina-
a hora, e o medico que constatou e atestou o óbito. ções, tratamentos dados, resultados dos cuidados
prestados, medicamentos, contenções e demais
Anotação no prontuário e relatório de enfermagem. observações colhidas pelo exame físico;
- A conservação ou a comunicação;
As anotações no prontuário são baseadas em obser- - O comportamento:
vação de enfermagem. -Equilíbrio do pensamento (senso critico, confusão, ex-
Observação e o ato, habito ou poder de ver, notar e pressão de ideias, delírios, localização no tempo e es-
perceber; e examinar, contemplar e notar algo através da paço, etc.);
atenção dirigida. -Equilíbrio do estado perceptivo (alucinações, delírios);
-Equilíbrio de estado afetivo (emoções, sentimentos,
Finalidades: capacidade para resolver situações, etc.);
-Contribuir com informações para o diagnostico e
-Equilíbrio no ajustamento social (dependência, isola-
tratamento médico e de enfermagem;
mento, reação ao ambiente e pessoa);
-Conhecer o paciente, família e comunidade;
-Capacidade de aprendizagem - inteligência;
-Construir fator decisivo entre a vida e a morte atra-
vés dos dados colhidos; - Atividades;
-Auxiliar a equipe multiprofissional na tomada de de- - Recomendações.
cisões específicas;
-Verificar os problemas aparentes e inapetentes; Normas para anotações de enfermagem:
-Planejar cuidados de enfermagem;
-Analisar os serviços hospitalares prestados; - Usar termos descritos: Ex. o paciente esta ansioso, o
-Analisar os cuidados de enfermagem prestados; paciente deambula constantemente no corredor,-
-Servir de base para qualquer documentação e anotação. torcendo as mãos, apresentando expressão facial
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de preocupação;
O Que Observar: - Usar termos objetivos: aquilo que foi visto ou senti-
do e não de interpretação pessoal;
Sintomas: É uma manifestação perceptível no orga- - Usar termos concisos;
nismo que indica alteração na saúde física ou mental. - Considerar o aspecto legal das anotações: não per-
Sintoma Subjetivo: É aquele descrito pelo paciente, mitindo rasuras, linha em branco entre uma e outra
não podendo ser visto ou sentido por outros. Ex.cefaleia. anotação, colocar nomes de pessoas;
Sintoma Objetivo: E aquele notado ou sentido pelo - Considerar o segredo profissional;
observador, e sinônimo de sinal. Ex. vomito, edema, etc. - Observar a redação, ortografia, letra: Usar 3ª pessoa
Síndrome: E um complexo de conjunto de sinais e sin- gramatical: Ex. o enfermeiro atendeuimediatamen-
tomas. te ao chamado da campainha;

5
-Colocar horário; É aquela feita diariamente para a manutenção da lim-
- Colocar vias de administração e locais de aplicação peza hospitalar constituindo na arrumação da cama e na
de medicamentos; manutenção da limpeza do mobiliário e do ambiente.
- Fazer assinatura legível; Proporciona conforto, segurança e bem-estar ao
- Nunca anotar medicamentos ou tratamentos feitos cliente, além de minimizar o risco de infecção através de
por outras pessoas. eliminação de microrganismos existentes no ambiente
hospitalar.
8. Prevenção e controle de infecção Chamamos também de desinfecção concorrente
aquela realizada
Alguns conceitos importantes: Imediatamente após a expulsão de matéria orgânica
do corpo do indivíduo (cliente) com sangue, fezes, vô-
Assepsia - Segundo o Ministério da Saúde, é o pro- mito, etc.
cesso pelo qual se consegue afastar germes patogênicos
de determinado local ou objeto. 1.2. Limpeza ou Desinfecção Geral ou Terminal
Antissepsia - É o método que inibe a proliferação de
germes, sem, no entanto provocar a sua destruição. É uti- É feita após a saída do cliente por alta, transferência,
lizado apenas em relação a tecidos vivos. E: utilização de óbito ou suspensão das medidas de isolamento e o pre-
álcool para limpar a pele antes de aplicar uma injeção, paro do leito para que seja recebido outro cliente.
lavagem das mãos. A desinfecção terminal pode ser do leito, no caso de
Desinfecção - É a destruição de microrganismos pa- alta de um paciente ou do quarto todo. Nesta técnica
togênicos, não incluindo os esporos. existe a parte que compete a Enfermagem e a que é da
Esterilização - É o processo aplicado a materiais e am- Alçada dos funcionários da limpeza, conforme rotina
biente com o objetivo de destruição de microrganismo estabelecida.
em todas as suas formas, incluindo os esporos.
Infecção Hospitalar - A infecção hospitalar é qualquer Outras barreiras empregadas são os isolamentos:
infecção adquirida após a internação do paciente e que
se manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, Isolamento total: Destina-se a prevenir a transmissão
quando puder ser relacionada com a hospitalização. de doenças altamente contagiosas, como por exemplo:
Difteria (neste tipo de isolamento usa-se máscara, luvas
Lavagem das mãos e avental);
- Após tocar fluidos, secreções e itens contaminados; Isolamento respiratório: Usado para prevenção de
- Após a retirada das luvas; doenças que se transmitem por via respiratória, como
- Antes de procedimentos com paciente; por exemplo, a Meningite. Há a necessidade do uso de
- Entre contatos com pacientes; máscara, somente;
- Entre procedimentos num mesmo paciente; Isolamento entérico: Para prevenir infecções que são
- Antes e depois de atos fisiológicos; transmitidas pelo contato direto ou indireto com fezes e/
- Antes do preparo de soros e medicações. ou urina. Ex: Enterocolite necrosante. Há necessidade do
uso de luvas e, às vezes, avental;
Material Isolamento protetor ou reverso: Para pacientes imu-
- Sabão; nodeprimidos como no caso de portadores de HIV. Usa-
- Toalha de papel. -se máscaras para defesa deles, mas para nossa proteção,
às vezes, dependendo do grau da doença, necessita-se
Procedimento: de óculos e avental;
- Retirar anéis, relógio, etc.; Isolamento de contato: Para prevenção de doenças
- Posicionar-se sem encostar-se na pia altamente transmissíveis pelo contato, como é o caso de
- Abrir a torneira; sarna infectada. Necessita-se de luvas e avental.
- Ensaboar as mãos;
- Friccionar as mãos; 1.3. Arrumação do Leito do Paciente
- Enxaguar as mãos, deixando a torneira aberta;
- Enxugar as mãos com papel toalha; Tipos de cama:
- Fechar a torneira com a mão protegida com papel Leito fechado: é a cama que está desocupada aguar-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

toalha, caso não tenha fechamento automático. dando a chegada do cliente. Deve ser arrumada aproxi-
- Jogar na lixeira, específica, o papel toalha usado. madamente 2 horas após ter sido feita a limpeza geral,
permitindo arejamento do ambiente.

HIGIENE DA UNIDADE DO PACIENTE Leito aberto: é aquela que está sendo ocupado por
um paciente que pode locomover-se.
1. Tipos de limpeza Na cama aberta, se o cliente estiver usando colcha
e cobertor sobre lençol deve fazer uma dobra sobre os
1.1. Limpeza diária ou concorrente ou desinfecção mesmos, num ângulo de aproximadamente 90 graus.
concorrente Leito operado: É feita para aguardar o paciente que
está na sala de cirurgia ou em exame, sob anestesia.

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Tem finalidade de: 2. Proporcionar repouso;
-Proporcionar conforto e segurança ao paciente; 3. Aumentar a quantidade de roupas;
-Facilitar a colocação do paciente no leito; 4. Oferecer alimentos ricos em vitaminas;
-Prevenir a infecção 5. Se der, aquecer o ambiente.

1.4. Controle de Sinais Vitais Temperatura Axilar: Apesar de não ser a mais precisa,
é a maneira mais utilizada para se verificar a temperatura.
Definição: sinais vitais são reflexos ou indícios de mu- A temperatura axilar é contraindicada nas queimadu-
danças no estado do paciente. Eles indicam oestado físico ras de tórax porque a circulação fica alteradas), nas fratu-
do paciente e ajudam no seu diagnostico e tratamento. ras dos membros superiores, na furunculose axilar e em
pacientes muito caquéticos.
Normas:
- Os sinais vitais deverão ser verificados a cada 06 ho- Temperatura Bucal: É contraindicada a verificação
ras. Quando o caso exigir dever ser visto quantas de temperatura bucal nos casos de comprometimento
vezes for necessário; da boca e face, e em todos os clientes impossibilitados
- Ao se verificar qualquer um dos sinais vitais, dever de manter o termômetro sob a língua, como crianças,
ser explicado ao paciente o que ser realizado; clientes inconscientes e doentes mentais. O termômetro
- Quando houver alteração de alguns dos sinais vitais deverá ser de uso individual.
dever ser comunicado ao enfermeiro da unidade
e ao medico responsável pelo paciente, se for ne- Temperatura retal: O reto é o local de maior precisão
cessário. para verificar a temperatura. É contraindicada a verifica-
ção de temperatura retal nos casos de comprometimen-
Material to do ânus, do reto e do períneo. O termômetro deverá
-Bandeja contendo: ser de uso individual.
-Termômetro,
-Bolas de algodão seco, Pulso (P ou FC): É o nome que se dá à dilatação, pe-
-Bolas de algodão embebidas no álcool a 70%, quena e sensível, das artérias, produzida pela corrente
-Estetoscópio,
circulatória. Toda vez que o sangue é lançado do ventrí-
-Aparelho P.A.
culo esquerdo para a aorta, a pressão e o volume provo-
-Esfigmomanômetro;
cam oscilações ritmadas em toda a extensão da parede
-caneta
arterial, evidenciadas quando se comprime, moderada-
-Relógio,
mente, a artéria contra uma estrutura dura.
-Gazes.
Valores de normalidade:
Temperatura (T): É o grau de calor que atinge um de-
terminado corpo. É o equilíbrio entre a produção e a eli- Homens: 60 a 70bpm
minação deste calor. Mulheres: 65 a 80bpm

-Axilar: de 36ºC a 36,8ºC Fatores que alteram a frequência do pulso:


-Bucal: de 36,2ºC a 37ºC -Fatores Fisiológicos: emoções , digestão , banho frio
-Retal: de 36,4ºC a 37,2ºC ( porque faz vaso constrição),exercícios físicos (aceleram),
algumas drogas como osdigitálicos (diminuem).
Nomenclatura:
- Eutermia ou normotermia: valor dentro da normali- -Fatores Patológicos:
dade = 36°C a 37°C Febre - doenças agudas (aceleram)
- Febril ou febrícula: valor de 37,5°C a 38°C Choque (diminuem)
- Febre: valor de 38,1°C a 39°C
- Pirexia: de 39,1°C a 40°C Classificação do pulso pode ser quanto à:
- Hiperexia ou hipertermia: acima de 40°C
- Hipotermia: abaixo de 36°C Regularidade:
a. Rítmico - bate ou pulsa com regularidade, ou seja ,
Cuidados de enfermagem para hipertermia: o tempo de intervalo entre os batimentos é o mes-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Estimular ingesta hídrica; mo.


- Estimular banho de água morna quase fria; b. Arrítmico - bate sem regularidade (irregular),o in-
- Colocar compressas frias, não geladas, nas pregas tervalo entre os batimentos é diferente.
inguinais e axilares e testa;
- Diminuir a quantidade de roupas; Amplitude: volume de sangue dentro da artéria.
- Proporcionar repouso; a) Fraco ou filiforme: redução da força ou do volume san-
- Orientar que mantenha alimentação. guíneo (facilmente desaparece com a compressão).
b) Forte ou cheio: aumento da força ou do volume san-
Cuidados de enfermagem para hipotermia: guíneo (dificilmente desaparece com a compressão).
1. Oferecer alimentos quentes (chocolates, sopas, be-
bidas isotônicas);

7
Tensão: força da parede da artéria. Existem fatores que alteram a respiração:
a) Macio - fraco -Sono e banho quente: diminuem a respiração
b) Duro – forte -Emoções, exercícios e banho frio: aumentam a respiração.

Tipos de Pulso: Pressão Arterial – P.A: é a tensão que o sangue exerce


Bradisfigmico - São os batimentos do pulso abaixo do nas paredes das artérias. A medida da pressão arterial
normal (lento) compreende a verificação da pressão máxima (sistólica) e
Taquisfígmico - São os batimentos do pulso acima do a pressão mínima(diastólica), sendo registrado em forma
normal (acelerado) de fração.
Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos
Bradicardia - São os batimentos cardíacos abaixo do A P.A. depende do:
normal, em número Debito cardíaco: representa a quantidade de sangue
Taquicardia - São os batimentos cardíacos acima do
ejetado do ventrículo esquerdo para o leito vascular em
normal, em número
um minuto;
Resistência vascular periférica: determinada pelo lu-
Observações importantes:
- Evitar verificar o pulso em membros superiores afe- mem (calibre), pela elasticidade dos vasos e viscosidade
tados por sequelas de lesões neurológicas ou vasculares; sanguínea;
- Não verificar o pulso em membro com fístula arte- Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e ele-
riovenosa (parahemodiálise); mentos figurados do sangue.
- Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode A P.A. é alterada em algumas situações fisiológicas,
confundir a sua pulsação com a do paciente; como:
- Em caso de dúvida, repetir a contagem;
- Proceder à verificação com as mãos secas e quentes. a) Alimentação, medo, ansiedade, exercícios, estimu-
lantes aumentam a P.A.
Respiração (R ou FR): é o processo no qual ocorre a b) Repouso, jejum, depressão, diminuem a P.A.
troca de oxigênio e gáscarbônico entre o corpo e o meio
ambiente. Terminologias referentes à pressão arterial:
Hipertensão: P.A. elevada;
Avaliação da respiração: P.A. convergente: P.A. mínima próxima da P.A. máxima;
- Quanto à frequência (número de movimentos respi- Hipotensão: P.A. baixa;
ratório por minuto – mrpm). P.A. Divergente: P.A. mínima distante da P.A. máxima.

Valores de normalidade: Local de Verificação:


-No homem (15 a 20 mrpm) Membros superiores (braços),
-Na mulher (18 a 20 mrpm) Membros inferiores (região poplítea)
Quanto ao ritmo: Valores da PA:
Regular: quando o intervalo entre os movimentos res- Sistólica - 90 - 140 mmHg
piratórios é igual. Diastólica - 60 - 90 mmHg.
Irregular: quando são diferentes.
1.5. Normas para verificação da Pressão Arterial
Quanto à profundidade (intensidade da respiração):
Superficial e Profunda
- Na presença de lesões ou doenças contagiosas, pro-
Nomenclatura: teger esfigmomanômetro envolvendo omembro
-Eupneia: respiração com frequência normal do paciente com sanito. Encaminhar o esfigmoma-
-Bradipneia: quando a frequência respiratória está nômetro para lavanderia na alta do paciente
abaixo de 12 mrpm - Caso haja alterações no som é importante anotar
para analise de dados clínicos;
-Taquipneia: quando frequência respiratória acima de - Verificar todos os sinais vitais de um paciente, lavar
24 mrpm as mãos, e passar para outro;
-Apneia: ausência ou parada de respiração por 20 se- - Em casos de verificar a P.A. com o paciente sentado,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gundos o membro superior deve ser posicionado de forma


-Dispneia: respiração difícil, caracterizada pelo au- que o braço permaneça no mesmo nível que o co-
mento do esforço inspiratório e expiratório. ração, isto e, ao longo do corpo;
-Ortopneia: quando paciente tem dificuldade para - Não verificar a P.A. nos membros com fistulas arte-
respirar na posição deitada e só consegue respirar riovenosas,
bem se estiver sentado - Lembrar que a P.A. pode ser verificada nos membros
-Cheyne Stokes: quando o ritmo respiratório desi- inferiores, se necessário.
gual, ou seja, todo alterado
-Estertorosa: respiração com barulho
-Kussmaul: respiração profunda e ofegante caracte-
rística de coma e acidose diabética grave.

8
1.5.1.Técnica para verificação da Pressão Arterial - Observar o manômetro. O ponto em que ouvir o
primeiro batimento e a P.A. sistólica m máxima;
- Lavar as mãos; - Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir
- Preparar o material; claramente o ultimo batimento lendo o manôme-
- Promover a desinfecção das olivas e diafragma do tro (P.A. diastólica mínima);
estetoscópio com álcool a 70%; - Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação
- Explicar ao paciente o que ser feito; se for necessário;
- Colocar o paciente em condição confortável, com - Remover o manguito e deixar o paciente confortável;
antebraço apoiado e a palma da Mao para cima; - Promover a limpeza das olivas e do diafragma do
- Expor o membro superior do paciente; estetoscópio com álcool a 70%;
- Colocar o manguito (esfigmomanômetro) 5 cm aci- - Anotar na ficha de controle;
ma da prega do cotovelo, na face interna do bra- - Lavar as mãos.
ço prendendo-o de modo a não comprimir nem
soltar; CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO
- Localizar com os dedos a artéria braquial na dobra
do cotovelo; 1. Higiene do paciente
- Colocar o estetoscópio no ouvido e segurar o dia-
fragma do estetoscópio sobre a artéria, evitando 1.1. Normas para os Cuidados de Higiene e Conforto
uma pressão muito forte;
- Fechar a válvula da pera de borracha e insuflar ate -A higiene do paciente fica a cargo da Equipe de En-
o desaparecimento de todos os sons (cerca de 200 fermagem;
mmHg); -Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito;
- Abrir a válvula vagarosamente; -Preferencialmente realizar a higiene oral do pacien-
- Observar o manômetro, o ponto em que ouvir o pri- te, antes do banho e apos as refeições, com so-
meiro batimento e a P.A. sistólica máxima; lução de Bicarbonato de Sódio, e quando se fizer
- Soltar o ar do manguito gradativamente ate ouvir necessário;
claramente o ultimo batimento lendo o manôme- -Ao lidar com o paciente, de maneira direta, e impres-
tro (P.A. diastólica mínima); cindível o uso de luvas para procedimentos;
- Retirar todo o ar do manguito. Repetir a operação -Cuidar durante o banho, para não expor, desneces-
se for necessário; sariamente, o paciente. A privacidade contribui
- Remover o manguito e deixar o paciente confortável; muito para o conforto mental do paciente;
- Promover a desinfecção das olivas e do diafragma -Secar bem toda a superfície do corpo do paciente,
do estetoscópio com álcool a 70%; principalmente as dobras;
- Anotar na ficha de controle; -As portas do banheiro não devem ser trancadas, du-
- Lavar as mãos rante o banho;
-Deve-se testar a temperatura da água, antes do ba-
1.5.2. Técnica de Verificação de P.A. nos Membros nho do paciente. Geralmente se usa água morna.
Inferiores
1.2. Higiene oral
- Lavar as mãos;
- Preparar o material; Definição: consistem na limpeza dos dentes, gengi-
- Promover a limpeza das olivas e diafragma do este- vas, bochechas, língua e lábios.
toscópio com álcool a 70%; Condições patológicas que predispõem a irritação e a
- Explicar ao paciente o que ser feito; lesão da mucosa oral: estado de coma, hipertermia.
- Colocar o paciente em posição confortável com os
MMII estendidos; Finalidades Promover conforto ao paciente:
- Expor o membro inferior do paciente; - Evitar halitose,
- Prevenir carie dentaria,
- Colocar o manguito (esfigmomanômetro) 5 cm aci- - Conservar a boca livre de resíduos alimentares.
ma da prega do joelho, prendendo-o de modo a
não comprimir nem soltar-se; 1.2.1. Higiene oral (em pacientes impossibilitados
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Localizar com os dedos a artéria poplítea na dobra de cuidar de si)


do joelho;
- Colocar o estetoscópio no ouvido e segurar o dia- Material:
fragma do estetoscópio sobre a artéria, evitando -Solução antisséptica - solução bicarbonatada (para
uma pressão muito forte; cada 1 colher de chá, 500 ml de água);
- Fechar a válvula da pera de borracha e insuflar ate -Espátula envoltas em gazes;
o desaparecimento de todos os sons (cerca de 200 -Lubrificante (vaselina liquida);
mmHg); -Toalha;
- Abrir a válvula vagarosamente; -Copo para colocar solução antisséptica;
-Luvas;
-Cuba-rim

9
Técnica - Retirar a cânula de guedel e lava-la em água corren-
- Lavar as mãos; te na pia do quarto e recoloca-la, ou proceder asua
- Explicar ao paciente o que ser feito; troca por outra estéril, caso, seja necessário ou que
- Calcar luvas; conforme rotina, já tenha dado 24 horas após a sua
- Reunir o material na mesa de cabeceira; colocação;
- Colocar o paciente em posição confortável, com a - Proceder a limpeza de toda a boca do paciente,
cabeceira elevada. Em pacientes inconscientes, co- usando as espátulas envoltas em gazes embebidas
loca-los em decúbito lateral; em solução antisséptica. Limpar o palato superior
- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pesco- e toda a arcada dentaria;
ço do paciente, com forro plástico, se necessário; - Limpar a também a língua;
- Proceder a limpeza de toda a boca do paciente - Enxugar os lábios com a toalha e lubrifica-los com
usando as espátulas envoltas em gazes, embebidas vaselina;
em solução antisséptica diluído em água; - Retirar luvas;
- Utilizar cuba-rim para o paciente “bochechar”; - Lavar as mãos;
- Limpar a língua, para evitar que fique seborreica; - Recompor a unidade;
- Enxugar os lábios com a toalha; - Anotar no prontuário o que foi feito e anormalida-
- Lubrificar os lábios com vaselina liquida, para evitar des detectadas.
rachaduras;
- Retirar luvas; Obs: A troca do cadarço da cânula endotraqueal deve
- Lavar as mãos; ser feita pelo Técnico/Auxiliar a cada 12 horas, ou quando
- Recompor a unidade; se fizer necessário, acompanhada do reposicionamento
- Anotar no prontuário o que foi feito e anormalida- da cânula endotraqueal, que dever ser feito pela Enfer-
des detectadas. meira da unidade;
- A higiene oral do paciente entubado deve ser feita
Obs: Em pacientes neurológicos, com lesão cervical, 01 vez a cada plantão.
usar a espátula com gaze, para retirar o excesso de liqui-
do da solução antisséptica, sem mobilizar a cabeça;
1.2.3. Higiene das Próteses Dentarias
- Em pacientes conscientes, ele próprio deve escovar
os dentes.
Material
-Copo com solução antisséptica bucal,
1.2.2. Higiene oral em paciente entubado
-Escova de dente,
-Pasta dental ou sabão liquido,
Material
-Cuba-rim,
- Solução antisséptica - solução bicarbonatada,
-01 par de luvas,
- Espátula envoltas em gazes,
- Lubrificante (vaselina liquida), -Toalhas de papel,
- Copo para colocar solução antisséptica, -Toalhas de Banho,
- Seringa de 20 ml, -Biombos
- Aspirador montado,
- Cânula de guedel (estéril), se necessário, Técnica
- Toalha, - Lavar as mãos;
- Luvas, - Explicar ao paciente o que vai fazer;
- Reunir o material na bandeja e colocar sobre a mesa
Técnica: de cabeceira do paciente
- Lavar as mãos; - Proteger o leito com biombo;
- Explicar ao paciente o que ser feito; - Colocar toalha sobre o tórax do paciente;
- Calcar luvas; - Colocar o paciente em Fowler ou sentado quando
- Reunir o material na mesa de cabeceira; for permitido;
- Colocar o paciente em posição confortável, com a - Calcar as luvas;
cabeceira elevada ou em decúbito lateral se esti- - Pedir ao paciente que remova a prótese com o uso
ver inconsciente. Caso o paciente esteja com sonda da toalha de papel. Se o paciente não puder re-
nasogástrica, abri-la, para evitar náuseas e refluxo mover as próteses sozinho, a enfermagem dever
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do conteúdo gástrico para a boca; fazê-lo em seu lugar, lenta e cuidadosamente;


- Colocar a toalha na parte superior do tórax e pesco-
ço do paciente, com forro plástico, se necessário; - Colocar as próteses na cuba-rim, forrada com toalha
de papel. Levar ao banheiro;
- Verificar se o cuff da cânula endotraqueal esta insu- - Colocar a pasta dental ou sabão liquida sobre a escova;
flado, para evitar que a solução antisséptica ou sa- - Segurar as próteses na palma da mão e escova-la
livação penetre na traqueia, durante a higienização; com movimentos firmes da base dos dentes para
- Instilar água com auxilio da seringa, pelo orifício as pontas;
da cânula de guedel, e fazer aspiração ao mesmo - Escovar a área de acrílico em toda sua extensão;
tempo; - Lava-la sob jato de água fria;
- Desprezar o papel toalha da cuba-rim e colocar outro;

10
- Colocar a prótese limpa na cuba-rim; - Desprender a roupa de cama, iniciando do lado
- Lavar a escova com água corrente e coloca-los na oposto onde permanecer;
cuba-rim; - Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeça, se
- Lavar as mãos enluvadas; necessário;
- Oferecer copo com solução antisséptica bucal, para - Trocar a água do banho, obrigatoriamente, apos a
que o paciente enxague a boca; lavagem da cabeça;
- Entregar a prótese ao paciente ou coloque-a por - Lavar os olhos, limpando o canto interno para o ex-
ele, no caso de impossibilidade do mesmo; terno, usando gaze;
- Colocar o paciente em posição confortável; - Lavar, enxáguar e enxugar o rosto, orelhas e pescoço;
- Desprezar as luvas; - Remover a camisola ou camisa do pijama, manten-
- Limpar e guardar todo o material; do o tórax protegido com o lençol, descansando
- Lavar as mãos; os braços sobre o mesmo;
- Anotar no prontuário. - Lavar e enxugar os braços e mãos do lado oposto
ao que se esta trabalhando, depois o mais próxi-
Obs: Quando o paciente retirar a prótese ou recoloca- mo, com movimentos longos e firmes, do punho
-la, a Enfermagem dever observar se ha alguma anorma- a axila;
lidade em cavidade bucal. Se houver, relata-la no pron- - Trocar a água;
tuário. - Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movimen-
tos circulares, ativando a circulação, observando as
1.3. Banho no Leito (Paciente com Dependência condições da pele e mamas;
Total) - Cobrir o tórax com lençol limpo, abaixando o lençol
em uso, ate a região genital;
Normas - Lavar, enxáguar e enxugar as pernas e coxas, do tor-
- Trocar a água do banho sempre que necessário; nozelo ate a raiz da coxa, do lado oposto ao que se
- Quando houver colostomia e/ou drenos, esvaziar as esta trabalhando, depois o mais próximo;
bolsas coletoras antes do banho ou troca-la, depois tro- - Colocar bacia sob os pés e lava-la, principalmen-
car as luvas e iniciar o banho; te nos interdigitos, observando as condições dos
- Quando o banho for dado em apenas uma pessoa, mesmos e enxugar bem;
levando-se em consideração que o paciente ajuda, seguir - Trocar a água da bacia e a luva de pano, obrigato-
a mesma técnica, porem, sem esquecer de lavar as mãos riamente;
enluvadas, antes de manipular a roupa limpa; 04 pacien-
- Encaixar a comadre no paciente;
tes altamente infectados.
- Fazer higiene intima do paciente, de acordo com a
técnica;
Material
- Trocar, obrigatoriamente, a água da bacia e a luva
-Carro de banho ou mesa de cabeceira,
de banho, retirando a comadre, deixando-a ao
-Luva de banho,
lado do leito;
-Toalha de banho (lençol protetor),
- Virar o paciente em decúbito lateral, colocando a
-Material para higiene oral,
-Material para higiene intima, toalha sob as costas e adegas, mantendo esta po-
-Pente, sição com o auxilio de outra pessoa;
-Sabonete individualizado, - Lavar e enxugar as costas, massageando-as, incluin-
-Comadre e/ou papagaio do próprio paciente, do nádegas e cóccix do paciente;
-Roupa para o paciente (pijama ou camisola), - Deixar o paciente em decúbito lateral, empurrando
-Roupa de cama (02 lençóis, 01 cobertor S/N, 01 toa- a roupa úmida para o meio do leito, enxugando o
lha de banho, 01 para fralda S/N, 01 forro S/N, colchão;
-Luvas de procedimento, - Trocar de luvas ou lavar as mãos enluvadas, para não
-Luvas de banho, contaminar a roupa limpa;
-Hamper, - Proceder a arrumação do leito, com o paciente em
-01 bacia, decúbito lateral;
-01 balde, - Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
-Fita adesiva, - Retirar a roupa suja e desprezá-la no hamper;
-Biombo - Calcar outras luvas ou lavar as mãos enluvadas e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

terminar a arrumação do leito;


Técnica - Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés;
- Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimentos; - Vestir o paciente;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito; - Pentear os cabelos do paciente;
- Trazer o carro de banho e o hamper próximo ao - Trocar a fronha;
leito; - Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no decú-
- Fechar as portas e janelas; bito mais adequado;
- Proteger a unidade do paciente com biombos; - Limpar balde, bacia, comadre com água e sabão;
- Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e procu- - Recompor a unidade do paciente, colocando tudo
rar saber se tem clister prescrito. Se houver, faze-lo no lugar;
em primeiro lugar; - Retirar as luvas e lavar as mãos;

11
- Anotar no prontuário o que foi feito e as anormali- Técnica
dades detectadas, se houver. - Lavar as mãos;
- Explicar o procedimento ao paciente;
1.3.1. Banho de Aspersão (chuveiro) - Reunir o material e coloca-los sobre a mesa de cabeceira;
- Calcar as luvas;
Material: - Trazer o hamper próximo ao leito;
-Roupa pessoal (pijama, camisola, shorts - fornecidos - Proteger a unidade com biombos;
pelo Hospital), - Colocar o paciente em posição ginecológica, procu-
-Toalha de banho, rando expô-la o mínimo possível;
-Sabonete (individual), - Colocar o forro sobre o saco plástico, colocando-os
-Pente, sobre a região glútea;
-Luva de banho (opcional), - Colocar a comadre sob a região glútea da paciente,
com ajuda da mesma;
Técnica; - Irrigar monte pubiano e vulva com água, despejan-
- Lavar as mãos; do-a suavemente com o auxilio da jarra;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito; - Despejar pequena porção de sabão líquido ou
- Reunir o material e levar ao banheiro; P.V.P.I. degermante sobre o monte pubiano;
- Encaminhar o paciente ao banheiro (portas e janelas - Ensaboar a região pubiana com a pinça montada
fechadas); em gaze, de cima para baixo sem atingir o ânus,
- Abrir o chuveiro e regular a temperatura da água e desprezando a gaze, apos cada movimento vulva
orientar o paciente sobre o manuseio da torneira; - ânus;
- Ajudar o paciente a se despir, caso não consiga fazer - Afastar os grandes lábios e lavá-la no sentido ante-
sozinho; roposterior, primeiro de um lado, desprezando a
- Iniciar o banho se a situação permitir, deixando o gaze e depois do outro lado;
paciente sozinho; - Lavar por ultimo a região anal;
- Enxugar ou ajudar o paciente a fazê-lo, observando - Despejar a água da jarra, sobre as regiões ensaboadas;
as condições da pele e a reação do banho; - Retirar a comadre;
- Vestir e pentear o paciente caso não consiga faze-lo - Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou
sozinho; com o forro que esta sob a região glútea do paciente;
- Conduzir o paciente a sua unidade, colocando-o em - Colocar a paciente em posição de conforto;
posição confortável na cadeira; - Desprezar as roupas (toalha, forro) no hamper;
- Arrumar o leito e deixar a unidade em ordem; - Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o
- Colocar tudo no lugar e chamar o pessoal da limpe- balde e jarra e guardá-los;
za para proceder a limpeza do banheiro; - Retirar a luva;
- Lavar as mãos; - Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário. - Anotar no prontuário.

Obs: Sentar na cadeira embaixo do chuveiro e muito Obs: Se houver presença de secreção uretral e/ou
mais seguro para os pacientes idosos ou para os pacientes vaginal, utilizar gazes montadas na pinça auxiliar para
que ainda estão muito fracos, facilitando para que lavem as retirar o excesso, antes de iniciar a limpeza com água e
pernas e pés, com menor probabilidade de escorregarem, sabão líquido ou P.V.P.I. detergente.
- Durante o banho deve-se assegurar a privacidade
ao paciente, mas pedir-lhe para não trancar a por- 1.5. Higiene Intima Masculina
ta e chamar se precisar de assistência. Manter-se
perto do local. Material
- 01 balde,
1.4. Higiene Intima Feminina - 01 jarra,
- Pacote de gazes,
Material - Comadre,
-01 balde, - Toalha de banho,
-01 jarra, - Sabão liquido o P.V.P.I. detergente.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-Pacote de gazes, - Luvas para procedimento,


-Comadre, - Hamper,
-Toalha de banho, - Pinça auxiliar (Cheron),
-Sabão liquido o P.V.P.I. degermante, - Biombo,
-Luvas para procedimento, - Forro e saco plástico
-Hamper,
-Pinça auxiliar (Cheron), Técnica
-Biombo, - Lavar as mãos;
-Forro e saco plástico, - Explicar o procedimento ao paciente;
- Reunir o material e levá-lo a unidade do paciente;
- Proteger a unidade com biombos;

12
- Trazer o hamper próximo ao leito; - Colocar o paciente em posição diagonal, com a ca-
- Calcar as luvas de procedimentos; beça próxima ao funcionário;
- Posicionar o paciente expondo somente a área genital; - Proteger os ouvidos do paciente com algodão;
- Colocar o forro com plástico sob a região glútea do - Colocar outra toalha ao redor do pescoço do pa-
paciente; ciente, afrouxando a camisola, no caso de mulher,
- Colocar a comadre sob a região glútea em cima do ou retirando a camisa no caso de homem, cobrin-
forro com a ajuda do paciente; do-o com o lençol;
- Irrigar com a jarra com água, a região genital; - Sustentar a cabeça do paciente com uma das mãos,
- Dobrar e pinçar gaze com a pinça auxiliar; sobre a bacia com água;
- Despejar pequena porção de sabão líquido ou - Pentear os cabelos, inspecionando o couro cabeludo,
P.V.P.I. degermante, sobre os genitais; cabelos e observando condições de anormalidade;
- Ensaboar os genitais com a pinça montada em gaze, - Umedecer os cabelos com um pouco de água, apli-
desprezando a gaze, a cada etapa; cando o shampoo evitando que o liquido escorra
- Tracionar o prepúcio para trás, lavando-o em segui- nos olhos;
da, com movimentos únicos e circulares; - Massagear o couro cabeludo com as pontas dos dedos;
- Iniciar a higiene intima pelo meato urinário, prepú- - Lavar os cabelos;
cio, glande, corpo do pênis, depois região escrotal - Enxaguar os cabelos do paciente ate sair toda espu-
e por ultimo a região anal; ma, com o auxilio de uma jarra;
- Despejar o conteúdo da jarra sobre a região pubia- - Despejar a água da bacia, quantas vezes forem
na, pregas inguinais, pênis e bolsa escrotal; necessário;
- Tracionar o escroto, enxaguando a face inferior no - Elevar a cabeça do paciente e espremer os cabelos
sentido escroto perineal; com cuidado, fazendo escorrer água;
- Retirar todo o sabão líquido ou P.V.P.I. degermante; - Retirar a bacia que esta sob a cabeça do paciente;
- Retirar a comadre; - Descansar e envolver a cabeça do paciente na toalha;
- Enxugar a região lavada com a toalha de banho ou - Secar os cabelos com toalha de banho ou forro;
com o forro que esta sob a região glútea do paciente; - Pentear os cabelos do paciente;
- Posicionar o prepúcio;
- Recolocar o travesseiro e voltar o paciente a posição
- Colocar a paciente em posição de conforto;
inicial;
- Desprezar as roupas no Harper (toalha, forro);
- Retirar a toalha, recompor o material no carro de
- Lavar a comadre no banheiro, juntamente com o
banho, deixando paciente em posição confortável;
balde e jarra e guardá-los;
- Lavar as mãos;
- Retirar a luva;
- Anotar na prescrição do paciente.
- Lavar as mãos;
- Anotar no prontuário.
1.6.1. Tratamento de Pediculose e Remoção de
Obs: Se houver presença de secreção purulenta na Lêndeas
região uretral, limpá-la com gaze, antes de proceder a
limpeza com água e sabão. Material
- Solução indicada para pediculose,
1.6. Lavagem dos Cabelos - Luvas para procedimento,
- Atadura de crepe,
Material - Esparadrapo,
- Shampoo, - Forro e saco plástico,
- Balde, - Pente fino,
- Bacia, - Biombo,
- Toalha de banho, - Vaselina Liquida.
- Luvas para procedimento,
- Forro e saco plástico, Técnica
- Pente, - Lavar as mãos;
- Algodão em bola (02 unidades). - Trazer a bandeja com o material e coloca-los na
mesa de cabeceira ou carro de banho;
Técnica - Explicar o procedimento ao paciente;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Explicar ao paciente o que ser feito; - Colocar biombo;


- Reunir o material no carro de banho e leva-lo próxi- - Colocar o forro protegido com plástico sobre o tra-
mo a cama do paciente; vesseiro;
- Lavar as mãos; - Aplicar vaselina nas bordas do couro cabeludo, para
- Fechar portas e janelas; evitar que a solução queime o rosto;
- Abaixar a cabeceira do leito do paciente; - Dividir os cabelos em partes, aplicando a solução
- Retirar o travesseiro; com gaze, fazendo fricção no couro cabeludo e no
- Colocar toalha de banho na cabeceira da cama, sob final embeber os cabelos;
o forro com o plástico; - Prender o cabelo e colocar a faixa de crepe ao redor
- Colocar sobre o forro com plástico, a bacia com da cabeça, formando um gorro e fixando com
água morna; esparadrapo no final;

13
- Conservar o travesseiro com forro; 1.7.Massagem de Conforto
- Retirar as luvas;
- Lavar as mãos; Definição: é a massagem corporal realizada durante
- Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem; o banho de leito, é aconselhável ainda, apos o uso de
- Levar a bandeja com o material para o local de origem; comadre e durante a mudança de decúbito.
- Fazer anotações no prontuário do paciente.
Finalidade:
Obs: Deixar a solução no cabelo por 03 a 06 horas - Estimular a circulação local;
pela manha e lava-la a tarde, passando vinagre apos e - Prevenir escaras de decúbito;
penteando; - Proporcionar conforto e bem estar;
- Repetir o procedimento durante 03 dias ou mais, se - Possibilitar relaxamento muscular.
necessário
Material
Como Colocar e Retirar Comadre do Paciente Acamado - Álcool 70%, ou creme ou ainda talco.

Material Técnica
- Comadre, - Aproximar o paciente na lateral do leito, onde se
- Papel higiênico, encontra a pessoa que ira fazer a massagem;
- Biombos, - Virar o paciente em decúbito ventral ou lateral;
- Bacia com água morna - Apos lavar as costas, despejar na palma da mão pe-
- Toalha de banho, quena quantidade de álcool, creme ou talco;
- Sabonete. - Aplicar nas costas do paciente massageando com movi-
mentos suaves e firmes, seguindo a seguinte orientação:
Técnica a) Deslizar as mãos suavemente, começando pela
- Lavar as mãos; base da espinha e massageando em direção ao
- Identificar o paciente; centro, em volta dos ombros e dos lados das cos-
- Cercar a cama com biombos; tas por quatro vezes;
- Explicar ao paciente o que vai ser feito;
b) Realizar movimentos longos e suaves pelo centro
- Reunir o material necessário junto a unidade;
e para cima da espinha, voltando para baixo com
- Colocar as luvas de procedimento;
movimentos circulares por quatro vezes;
- Aquecer a comadre (fazendo movimentos de fricção
c) Realizar movimentos longos e suaves pelo centro
em sua superfície, com a extremidade sobre o len-
da espinha e para cima, retornando para baixo
çol ou colocando-a em contato com água quente;
massageando com a palma da mão, executando
- Pedir ao paciente para levantar os quadris e se ele
círculos pequenos
estiver impossibilitado, levantar por ele, com a aju- d) Repetir os movimentos longos e suaves que deram
da de outro funcionário da Enfermagem; inicio a massagem por três a cinco minutos e conti-
- Colocar a comadre sob os quadris; nuar com o banho ou mudança de decúbito
- Deixar o paciente sozinho, sempre que possível;
- Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame; Medidas de conforto e segurança do paciente:
- Entregar papel higiênico ao paciente, orientando-o
sobre a higiene intima e se necessário, faça por ele; O conforto e a segurança tem uma concepção ampla
- Pedir novamente ao paciente que levante o quadril e abrangem aspectos físicos, psicossociais e espirituais,
ou, se necessário, levante por ele; constituindo necessidade básica do ser humano.
- Retirar a comadre; Na admissão, se suas condições físicas permitirem,
- Fornecer bacia com água para que o paciente lave deve-se apresentar o paciente para os companheiros da
as mãos; enfermaria, equipe de saúde, dependências e orienta-lo
- Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos; quanto à equipe de saúde e a rotina da unidade. Todas
- Lavar o material; as condutas terapêuticas e assistenciais de enfermagem
- Colocar o material restante no lugar; devem ser precedidas de orientação, esclarecimento de
- Deixar o paciente em posição confortável; duvidas e encorajamento.
- Desprezar as luvas e lavar as mãos;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Anotar no prontuário. Medidas Importantes para Proporcionar Conforto ao


Paciente:
Obs: Não deixar um paciente esperando pela coma- - Ambiente limpo, arejado, em ordem, com tempera-
dre, por se tratar de um ato fisiológico e a espera pode tura adequada e leito confortável;
levar a angustia física e emocional, podendo ocorrer di- - Boa postura, movimentação ativa ou passiva;
minuição do tônus dos esfíncteres. - Mudança de decúbito;
- Por se tratar de um momento intimo, muitos pacien- - Respeito quanto a individualidade do paciente;
tes tem que ficar sozinhos, pois sentem-se inibidos, - Inspiração de sentimento de confiança, segurança
não conseguindo evacuar perto de outras pessoas e otimismo;
- Recreação através de TV, grupos de conversação,
trabalhos manuais, leituras.

14
Prevenção de Escaras e Deformações: O profissional de enfermagem tem a função de
acompanhar as pessoas de quem cuida, tanto no nível
Pacientes que permanecem muito tempo acamados domiciliar como no hospitalar, preparando o ambiente e
requerem uma atenção especial; os inconscientes geral- auxiliando-as durante as refeições.
mente apresentam reflexos alterados, com diminuição É importante verificar se os pacientes estão aceitan-
ou abolição de movimentos voluntários. do a dieta e identificar precocemente problemas como a
A imobilização pode facilitar complicações traqueo- bandeja de refeição posta fora do alcance do mesmo e sua
brônquicas; a circulação pode-se tornar deficiente em de- posterior retirada sem que ele tenha tido a possibilidade
terminados pontos da área corpórea, onde sofrem maior de tocá-la fato que se observa com certa frequência.
pressão, provocando ulcerações (escaras de decúbito); o Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados
relaxamento muscular e a posição incorreta dos vários ao insuficiente número de pessoal de enfermagem e ou
segmentos do corpo pode provocar deformidades. ao envolvimento dos profissionais com atividades consi-
A mudança de decúbito, exercícios passivos e mas- deradas mais urgentes. Além de causas estruturais como
sagem de conforto, são medidas utilizadas para prevenir a falta de recursos humanos e materiais, evidenciam-se
deformidades e escaras de decúbito. valores culturais fortemente arraigados no comporta-
mento do profissional, como a supervalorização da tec-
Nutrição = Necessidade Humana Básica nologia e dos procedimentos mais especializados, o que,
na prática, se traduz em dar atenção, por exemplo, ao
A satisfação das necessidades nutricionais pode ser preparo de uma bomba de infusão ou material para um
confirmada através de: curativo, ao invés de auxiliar o paciente a alimentar-se.
-bom tônus muscular com reflexos normais; Coincidentemente, os horários das refeições se aproxi-
-balanço energético; mam do início e término do plantão, momentos em que
-ritmo e batimentos cardíacos normais; há grande preocupação da equipe em dar continuidade
-pressão arterial normal; ao turno anterior ou encerrar o turno de plantão, aspec-
to que representa motivo adicional para o abandono do
-cliente lúcido e orientado no tempo, lugar e em rela- paciente.
ção a própria pessoa; No entanto, os profissionais não devem eximir-se de
-valores laboratoriais normais (albumina sérica, he- tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os
moglobina, hematócrito, proteína sérica total, co- resultados do próprio tratamento.
lesterol, glicose, creatinina,...); Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozi-
-fezes moldadas, amolecidas, eliminadas regularmen- nhos devem ser assistidos pela enfermagem, a qual deve
te com mínimo esforço; providenciar os cuidados necessários de acordo com o
-velocidade normal de crescimento para a idade. grau de dependência existente. Por exemplo, visando
manter o conforto do paciente e incentivá-lo a comer,
Graus de dependência do paciente: oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua prefe-
-Pacientes independentes; rência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez.
-Pacientes parcialmente dependentes; Ao término da refeição, servir-lhe água e anotar a aceita-
-Pacientes dependentes. ção da dieta no prontuário.
Durante o processo, proteger o tórax do paciente
Alimentação por sonda: consiste em oferecer alimen- com toalha ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre
tos ao paciente através de uma sonda nasogástrica (ali- que necessário, são formas de manter a limpeza. Ao final,
mento é depositado no estômago), sonda nasoenteral realizar a higiene oral. Visando evitar que o paciente se
(alimento é depositado no intestino) ou por gastrostomia desidrate, a enfermagem deve observar o atendimento
(alimentos líquidos no estômago, por sonda através da de sua necessidade de hidratação. Desde que não haja
parede abdominal). impedimento para que receba líquidos por via oral, cabe
ao Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potá-
2. Cuidados Com a Alimentação e Hidratação vel em recipiente apresentável e de fácil limpeza, com
tampa, passível de higienização e reposição diária, para
Como sabemos, a alimentação é essencial para nos- evitar exposição desnecessária e possível contaminação.
sa saúde e bem-estar. O estado nutricional interfere di- Nem sempre os pacientes atendem adequadamente
retamente nos diversos processos orgânicos como, por à necessidade de hidratação, por falta de hábito de inge-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

exemplo, no crescimento e desenvolvimento, nos meca- rir suficiente quantidade de água fato que, em situações
nismos de defesa imunológica e resposta às infecções, na de doença, pode levá-lo facilmente à desidratação e de-
cicatrização de feridas e na evolução das doenças. sequilíbrio hidroeletrolítico. Considerando tal fato, é im-
A subnutrição (consequente de alimentação insufi- portante que a enfermagem o oriente e incentive a tomar
ciente), desequilibrada, ou resultante de distúrbios asso- água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificuldades
ciados à sua assimilação – vem cada vez mais atraindo para fazê-lo sozinho.
a atenção de profissionais de saúde que cuidam de pa- A posição sentada é a mais conveniente, porém, se
cientes ambulatoriais ou internados em hospitais, certos isto não for possível, deve-se estar atento para evitar as-
de que apenas a terapêutica medicamentosa não é sufi- piração acidental de líquido.
ciente para se obter uma resposta orgânica satisfatória.

15
1. Nutrição Enteral Para passar a sonda do esfíncter cricofaríngeo para
o esôfago, solicitar ao paciente para que degluta, o que
Desde que a função do trato gastrintestinal esteja pre- facilita a progressão no tubo digestivo. Caso o paciente
servada, a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em apresente sinais de sufocamento, tosse, cianose ou agita-
que o paciente está impossibilitado de alimentar-se es- ção, deve-se suspender a manobra e reiniciá-la após sua
pontaneamente através de refeições normais. A nutrição melhora.
enteral consiste na administração de nutrientes por meio A localização da sonda no interior do estômago deve
de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz, com po- ser certificada através dos testes de aspiração de suco
sicionamento no estômago) ou transpilórica (introduzida gástrico, ausculta do ruído em região epigástrica simul-
pelo nariz, com posicionamento no duodeno ou jejuno), taneamente à introdução de 10 ml de ar pela sonda; ou
ou através de gastrostomia (abertura cirúrgica do estô- mergulhando-se a extremidade da mesma em um copo
mago, para introdução de uma sonda com a finalidade com água: se borbulhar, a sonda provavelmente se en-
de alimentar, hidratar e drenar secreções estomacais) ou contra nas vias respiratórias, devendo ser imediatamente
retirada a sonda.
jejunostomia (abertura cirúrgica do jejuno, proporcio-
A fixação da sonda deve ser segura sem compressão,
nando comunicação com o meio externo). A instalação
para evitar irritação e lesão cutânea. O volume e aspecto
da sonda tem como objetivos retirar os fluidos e gases
do conteúdo drenado pela sonda aberta deve ser anota-
do trato gastrintestinal (descompressão), administrar do, pois permite avaliar a retirada ou manutenção da mes-
medicamentos e alimentos (gastróclise) diretamente no ma e detecta anormalidades. Sempre que possível, orientar
trato gastrintestinal, obter amostra de conteúdo gástrico o paciente a manter-se predominantemente em decúbito
para estudos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas elevado, para evitar a ocorrência de refluxo gastroesofági-
e vômitos. co durante o período que permanecer com a sonda.
Se a sonda nasogástrica foi indicada para esvazia-
Inserindo a Sonda Nasogástrica: mento gástrico, deve ser mantida aberta e conectada a
um sistema de drenagem. Se não houver drenagem e o
Material necessário: paciente apresentar náuseas, vômitos ou distensão ab-
-sonda de calibre adequado dominal, indica-se aspirar a sonda suavemente com uma
-lubrificante hidrossolúvel (xilocaína a 2% sem seringa, pois pode estar obstruída.
vasoconstritor) É comum que o paciente com sonda respire pela
-gazes boca, o que pode vir a provocar ressecamento e fissuras
-seringa de 20 ml nos lábios. Visando evitar tais ocorrências, a higiene oral
-toalha e lubrificação dos lábios deve ser realizada no mínimo
-recipiente com água três vezes ao dia, o que promove o conforto e evita infec-
-estetoscópio ção, halitose e o ressecamento da mucosa oral. A limpeza
-luvas de procedimento dos orifícios nasais do paciente, pelo menos uma vez ao
-tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc). dia, retira as crostas que se acumulam ao redor da sonda;
visando prevenir ulcerações, o profissional de enferma-
Para o paciente, a sonda nasogástrica pode repre- gem deve inspecionar o local e mantenha a sonda livre
sentar uma experiência negativa devido à dor causada de pressão sobre a mucosa nasal.
por microtraumatismos de mucosa e reflexo do vômito Quando de sua retirada a sonda nasogástrica deve
gerado durante sua introdução. Para minimizar seu sofri- estar sempre fechada, o que evita o escoamento do con-
teúdo gástrico - pelos orifícios da sonda - no trato diges-
mento, é imprescindível orientá-lo quanto à necessidade
tivo alto, fato que provoca irritação.
da sonda e etapas do processo.
Como a sonda nasogástrica é um procedimento rea-
1.1. Administrando a Dieta Enteral
lizado sobre limites anatômicos externos, deve-se estar
muito atento para estabelecer o mais precisamente pos- A dieta enteral pode ser administrada por método in-
sível esses limites descritos na técnica. O comprimento termitente ou contínuo
da sonda a ser introduzida deve ser medido colocando- Na administração intermitente o volume a ser adminis-
-se a sua extremidade na ponta do nariz do paciente, trado varia em torno de 350 ml/vez, de 4 a 6 vezes ao dia.
alongando-a até o lóbulo da orelha e, daí, até o apêndice A introdução da alimentação pode ser feita com uma
xifoide marcando esta delimitação com uma fina tira de seringa, com fluxo lento, para evitar a ocorrência de
adesivo - marcação que assegurará a introdução e o al- náuseas, diarreia, aspiração, distensão e cólicas. A me-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cance da sonda no estômago. lhor forma desse tipo de administração é o gotejamen-


A sonda deve ser lubrificada com solução hidrosso- to por gravidade, num período de 20 a 30 minutos, ou
lúvel, antes de sua introdução na narina - o que facilita por bomba de infusão. A administração contínua pode
a manobra e atenua o traumatismo, pois diminui o atrito ser feita por meio de gotejamento gravitacional. Neste
com a mucosa nasal- e introduzida sempre aberta, o que caso, deve-se estabelecer rigoroso controle do goteja-
permite identificar a saída do conteúdo gástrico ou ar. mento (aproximadamente a cada 30 minutos). A maneira
A realização da sondagem nasogástrica com o pacien- mais segura é a administração por meio de bomba de
te sentado ou decúbito elevado previne a aspiração do infusão, com fluxo de gotejamento constante - mais in-
conteúdo gástrico caso ocorra vômito. A posição de fle- dicada quando do uso de sondasenterais transpilóricas,
xão da cabeça reduz a probabilidade da sonda penetrar haja vista que o duodeno e o jejuno são mais sensíveis à
na traqueia. concentração e ao volume do que o estômago.

16
O preparo inicial para a administração da nutrição en- Como todo procedimento, deve – se preparar o am-
teral é simples. biente, o paciente e o material de modo a propiciar con-
forto, segurança e privacidade.
Os cuidados de enfermagem consistem em: realizar a A higiene íntima, realizada antes do cateterismo vesi-
limpeza e a desinfecção do balcão cal, reduz a colonização local, tornando o meio mais se-
- mantendo o local livre de qualquer material desne- guro para a introdução do Cateter. A utilização de água
cessário à preparação; conferir o rótulo da nutrição morna e sabão promove a remoção mecânica eficiente
enteral - no qual devem constar: nome do pacien- de secreções e microrganismos. Por ser um procedimen-
te, registro hospitalar, número do leito, composi- to invasivo e a bexiga um local isento de microrganis-
ção qualitativa e quantitativa de todos os compo- mos, todo o material a ser utilizado no cateterismo deve
nentes, volume total, velocidade de administração, ser esterilizado e manuseado estritamente com técnica
via de acesso, data e hora da manipulação, prazo asséptica. Para evitar a contaminação do lubrificante, de-
de validade, número sequencial de controle e con- sinfetar o lacre antes de perfurar com agulha estéril - o
dições de temperatura para conservação, nome lubrificante visa facilitar a introdução do cateter na uretra
e número do registro profissional do responsável masculina ou feminina, reduzindo o atrito e traumatismo
técnico pelo processo, verificar a integridade da de mucosa. Ressaltamos que faz-se necessário dispor um
embalagem e o aspecto da solução, observando
espaço livre junto ao períneo, para colocar o campo, com
se há alguma alteração visível (presença de ele-
todo o material esterilizado, entre as pernas do paciente.
mentos estranhos). Se houver, suspender a dieta
Basicamente, os aspectos técnicos do cateterismo
desse horário e comunicar o fato ao Serviço de
Nutrição e Dietética; checar as condições de lim- vesical compreendem: posicionamento do paciente,
peza e funcionamento da bomba de infusão, antes abertura do pacote de cateterismo e de todo o material
de usá-la; testar o posicionamento da sonda e sua necessário sobre o campo esterilizado (sonda vesical, sis-
permeabilidade, antes de instalar a nutrição ente- tema de drenagem fechado, seringa e água destilada, lu-
ral; conectar o equipo de infusão no recipiente de brificante e antisséptico na cuba redonda), e a colocação
nutrição enteral; em seguida, na inserção da son- da sonda propriamente dita.
da ou gastrostomia cuja administração deve cum- No cateterismo de demora, os especialistas em in-
prir exatamente o prazo estabelecido. Ressalte-se fecção hospitalar recomendam a conexão do sistema de
que todo esse processo exige higiene e assepsia drenagem fechado à sonda no momento em que são
rigorosas, seja em nível hospitalar, ambulatorial ou colocados no campo estéril, ou seja, antes da inserção
domiciliar, pois a composição da nutrição enteral da sonda no paciente. Após a colocação das luvas e da
constitui um meio propício ao desenvolvimento de seringa no campo, faz-se o teste para avaliar a integrida-
bactérias. de do balonete, insuflando-se ar com a seringa e desin-
suflando em seguida; quebra-se a ampola estéril de água
Durante toda a administração da dieta e até aproxi- destilada e aspira-a na seringa, deixando-a pronta para o
madamente uma hora após, o paciente deve ser posicio- momento de uso.Com a colocação de campo fenestrado
nado - e mantido - com o tórax mais elevado que o resto sobre o períneo, procura-se ampliar a área estéril, tor-
do corpo, o que evita a ocorrência de refluxo gástrico e nando mais segura e eficaz a realização docateterismo
aspiração. Lembrar sempre que os pacientes muito de- - momento em que se deve lubrificar o cateter.
bilitados e inconscientes apresentam maiores riscos de A visualização do meato urinário é importante para o
bronco aspiração. Após a alimentação intermitente, lave sucesso do cateterismo. Assim, a posição mais adequada
a sonda com 30 a 50 ml de água, para remover os resí- do paciente é aquela que permite sua melhor visualiza-
duos aderidos à parede interna, evitando sua obstrução. ção - no caso, o decúbito dorsal tem sido usual nesse
O controle do peso dos pacientes pode ser feito dia- procedimento
riamente, a cada 48-72 horas ou uma vez por semana,
No sexo feminino, é necessário manter os grandes e
variando conforme a necessidade frente ao distúrbio
os pequenos lábios afastados com o polegar e o primeiro
que apresentam e a utilização desse dado para modifi-
ou segundo dedo; no masculino, retrair o prepúcio com
cações da terapêutica utilizada (alteração de doses me-
dicamentosas, tipo ou frequência da dieta, entre outras o pênis elevado perpendicularmente ao corpo; momen-
situações). A observação de sinais, sintomas de intercor- tos em que deve ser realizada a antissepsia com povidine
rências e complicações e o adequado registro dos dados tópico: na mulher, em movimento unidirecional do púbis
são outros cuidados indispensáveis a serem observados em direção ao ânus; no homem, do meato urinário para
pela enfermagem. o corpo da glande até a sua base.
Para a introdução do cateter no canal uretral, deve-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.2. Instalando o cateter vesical mos considerar a anatomia geniturinária masculina e


feminina. No homem, o pênis deve ser seguro numa po-
Material necessário: pacote de cateterismo conten- sição quase vertical, procurando diminuir os ângulos e a
do 1 cuba-rim, 1 cuba redonda, 1 pinça cheron, gazes, 1 resistência esfincteriana; na mulher introduz-se o cateter
campo fenestrado e 1 ampola de água destilada ,seringa após o afastamento dos pequenos lábios, solicitando-
de 10ml ,povidine tópico ,lubrificante estéril ,sistema de -lhe que respire profundamente para relaxar e diminuir
drenagem fechado (para cateterismo vesical de demora) a resistência esfincteriana. Instalado o cateter, insufla-se
,micropore, esparadrapo ou similar ,1 par de luvas estéril o balão com a água destilada e, bem devagar, o traciona-
,sonda Folley ou uretrovesical simples ,1 pacote de com- -se até que atinja o colo vesical.
pressas ,biombo

17
A fixação adequada é aquela que evita a tração da tada nas narinas, através da qual o oxigênio - ao sair da
sonda. Na mulher, a sonda é fixada na face interna da fonte e passar por um umidificador com água estéril - é
coxa; no homem, na região hipogástrica - cuidado que liberado. Outro dispositivo para administrar oxigênio é o
reduz a curva uretral e a pressão no ângulo peniano- cateter nasal, que, no entanto, provoca mais incômodo
-escrotal, prevenindo a formação de fístulas. No sexo ao paciente que a cânula nasal.
masculino, após a sondagem vesical o prepúcio deve Da mesma forma que a cânula, o oxigênio também
ser recolocado sobre a glande, pois sua posição retraída é umidificado antes de chegar ao paciente. Para insta-
pode vir a causar edema. Com relação ao coletor, deve lá-lo, faz-se necessário medir o comprimento a ser in-
ser mantido abaixo do nível da bexiga, para evitar o re- troduzido - calculado a partir da distância entre a ponta
fluxo da urina e, consequentemente, infecção urinária do nariz e o lóbulo da orelha e, antes de sua inserção,
ascendente. Nos casos de transporte do paciente, pinçar lubrificar a ponta do cateter, visando evitar traumatismo.
o tubo coletor (atualmente, há coletores com válvula an- O profissional deve verificar a posição correta do cateter,
tirreflexo). Outros cuidados são fixá-lo ao leito - sem que inspecionando a orofaringe e observando se o mesmo
toque no chão e, para possibilitar o fluxo contínuo da encontra-se localizado atrás da úvula. Caso o paciente
urina, evitar dobra. apresente reflexos de deglutição, tracionar o cateter até
Não há indicação de troca rotineira de cateter uriná- a cessação dos reflexos. A instalação da nebulização é
rio; porém situações especiais como presença de grande semelhante à da inalação.
quantidade de sedimentos, obstrução do cateter ou tubo Ao fluxômetro, de oxigênio ou ar comprimido, conec-
coletor e outros sinais de infecção urinária podem indicar ta-se o nebulizador e a este o tubo corrugado (conector);
a necessidade de troca do cateter vesical. Nestes casos, a máscara facial é acoplada à outra extremidade do tubo
o cateter e o sistema de drenagem devem ser trocados e deve estar bem ajustada ao rosto do paciente.
simultaneamente. A nebulização - utilizada principalmente para fluidi-
No cateterismo de alívio o procedimento é similar, só ficar a secreção das vias respiratórias tem efeito satisfa-
que o cateter é retirado após a drenagem da urina. Ao tório quando há formação de névoa. Durante o procedi-
término do procedimento, registrar se houve saída de mento, o paciente deve inspirar pelo nariz e expirar pela
urina, sua coloração e volume, como também possíveis boca. As soluções utilizadas no inalador devem seguir
intercorrências tais como sangramento, ausência de uri- exatamente a prescrição médica, o que evita complica-
na, dificuldade na passagem da uretra, várias tentativas ções cardiorrespiratórias. Recomenda-se a não utilização
de passagem e outras. de solução fisiológica, pois esta proporciona acúmulo de
Quando o paciente está com sonda vesical e há ne- cristais de sódio na mucosa respiratória, provocando ir-
cessidade de coletar urina para exame, deve-se desin- ritação e aumento de secreção. A inalação que deve ser
fetar o intermediário de látex da extensão do sistema realizada com o paciente sentado - é uma outra maneira
com álcool a70% e puncionar o mesmo, usando seringa de fluidificar secreções do trato respiratório ou adminis-
e agulha fina estéreis. A desconexão da junção sonda-sis- trar medicamentos broncodilatadores. O inalador possui
tema coletor é contraindicada, pois favorece a contami- dupla saída: uma, que se conecta à máscara facial; outra,
nação e, consequentemente, a infecção. ligada a uma fonte de oxigênio - ou ar comprimido –
Quando o paciente apresenta baixo débito urinário através de uma extensão tubular. Ao passar pelo inala-
(choque, desidratação), a saída da urina não serve como dor, o oxigênio - ou ar comprimido - vaporiza a solução
parâmetro para avaliar a eficácia do cateter de demora. que, através da máscara facial, é repassada ao paciente.

1.3. Realizando a Oxigenoterapia. 1.4. Na Infecção de Sítio Cirúrgico

Muitas doenças podem prejudicar a oxigenação do A cirurgia é um procedimento traumático que pro-
sangue, havendo a necessidade de adicionar oxigênio voca o rompimento da barreira de defesa da pele, tor-
ao ar inspirado. Há várias maneiras de ofertar oxigênio nando-se, assim, porta de entrada de microrganismos. A
ao paciente, como, por exemplo, através de cateter ou infecção do sítio cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias
cânula nasal, nebulização contínua ou respiradores. O após a realização da cirurgia, apresentando localmente
oxigênio é um gás inflamável que exige cauteloso ma- eritema, dor, edema e secreção. A prevenção da infec-
nuseio relacionado ao seu transporte, armazenamento ção de sítio cirúrgico envolve medidas pré-operatórias
em ambiente livre de fontes que favoreçam combustão na Unidade de Internação, tais como, por exemplo, abre-
(cigarros, substâncias) e cuidados no uso da válvula do viação do tempo de internação, lavagem criteriosa das
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

manômetro. Na maioria das instituições de saúde, o oxi- mãos pelos profissionais de saúde, banho pré-operatório
gênio é canalizado; mas também existe o oxigênio arma- e tricotomia.
zenado em cilindros de aço portáteis, que permitem seu No Centro Cirúrgico, as medidas adotadas relacio-
transporte de um setor para outro, em ambulâncias, para nam-se à preparação do ambiente, equipe cirúrgica e pa-
residências, etc. ciente. Na presente edição, priorizaremos os cuidados no
A administração de oxigênio deve ser feita com cau- pós-operatório, especificamente nos aspectos pertinen-
tela, pois em altas doses pode vir a inibir o estímulo da tes à prevenção de infecção da ferida operatória. Como
respiração. O dispositivo mais simples e bem tolerado esses cuidados derivam dos mesmos princípios aplicados
pelo paciente para a administração de oxigênio é a cânu- às feridas de maneira geral, abordaremos as questões de
la nasal, feita de material plástico comum a alça para fi- prevenção e tratamento no sentido mais genérico - não
xação na cabeça e uma bifurcação própria para ser adap- especificamente relacionado à ferida cirúrgica.

18
Ferida é o nome utilizado para designar qualquer le- Extensão da lesão:
são de pele que apresente solução de continuidade (rup- - lesões mais profundas, envolvendo maior perda de
tura da pele ou tecido adjacente). tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por se-
Para prestar os cuidados adequados a alguém que gunda intenção, sendo susceptíveis a infecções;
apresente uma ferida, faz-se necessário conhecer o tipo de imunossupressão.
lesão, o padrão normal e os fatores que afetam a cicatri- - a redução da defesa imunológica contribui para
zação. Um aspecto importante na abordagem do paciente uma cicatrização deficiente;
que tem feridas é observar suas condições psicológicas e
oferecer-lhe apoio - muitas vezes, há necessidade de seu Diabetes: o paciente portador de diabetes tem altera-
encaminhamento para outro profissional - como o psicólo- ção vascular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua
go -, pois, dependendo do local e aspecto da ferida, a sua oxigenação; além disso, a glicemia aumentada altera o
autoimagem pode estar seriamente comprometida - situa- processo de cicatrização, elevando o risco de infecção.
ção bastante comum, por exemplo, nos casos de vítimas
de queimaduras. Curativo: É o tratamento utilizado para promover a
Numa abordagem mais simplificada, podemos agru- cicatrização de ferida, proporcionando um meio adequa-
par as feridas de acordo com sua causa, época de ocor- do para este processo. Sua escolha dependerá do tipo e
rência e camada da pele lesada. condições clínicas da ferida. Os critérios para o curativo
Quanto à causa, a ferida pode ser classificada como ideal foram definidos por Turner, citado por Dealey:
intencional, para fins de tratamento, como a incisão ci- - Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o
rúrgica, ou não intencional, como as provocadas por que promove epitelização mais rápida, diminuição
agentes cortantes, como facas; perfurantes, como pre- significativa da dor e aumento do processo de des-
gos; escoriações por atritos em superfícies ásperas; quei- truição natural dos tecidos necrosados.
maduras provocadas por agentes físicos, como o fogo, e
químicos, como os ácidos. Ainda nesse grupo, classifica- -Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar
mos a úlcera de pressão (escara) causada por deficiência
a maceração de tecidos circunvizinhos;
circulatória em pontos de saliência óssea, como a região
-Permitir troca gasosa ressalte-se que a função do
sacra, que se desenvolve devido à compressão da pele e
oxigênio em relação às feridas ainda não está mui-
tecidos circunvizinhos com o colchão, em pacientes aca-
to esclarecida;
mados e sem mobilidade.
-Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da
Pessoas diabéticas podem vir a desenvolver feridas
temperatura constante a 37ºC estimula a atividade
ulcerativas também causadas por deficiência circulatória
da divisão celular durante o processo de cicatrização;
localizada em membros inferiores.
Quanto à época, a ferida pode ser aguda, quando sua -Ser impermeável às bactérias, funcionando como uma
ocorrência é muito recente, ou crônica, caso de feridas barreira mecânica entre a ferida e o meio ambiente.
antigas e de difícil cicatrização. -Estar isento de partículas e substâncias tóxicas con-
Quanto à camada da pele lesada, a ferida é classi- taminadoras de feridas, o que pode renovar ou
ficada em estágio I quando atinge a epiderme; estágio prolongar a reação inflamatória, afetando a velo-
II quando atinge a derme; estágio III quando atinge o cidade de cicatrização;
subcutâneo e estágio IV quando atinge o músculo e es- -Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais
truturas ósseas. com frequência ocorrem quando o curativo adere
Logo após a ocorrência de feridas o organismo ini- à superfície da ferida; nessas condições, a remoção
cia o processo biológico de restauração e reparação dos provoca uma ruptura considerável de tecido recém-
tecidos lesados. As feridas podem cicatrizar-se por pri- -formado, prejudicando o processo de cicatrização.
meira intenção quando as bordas da pele se aproximam
e o risco de desenvolvimento de infecção é mínimo, ou O curativo aderido à ferida deve ser retirado após
por segunda intenção, quando as bordas da pele não se umedecimento com solução fisiológica (composta por
aproximam e a ferida é mantida aberta até ser preen- água e cloreto de sódio), sem esfregá-la ou atritá-la.
chida por tecido de cicatrização caso em que há maior
possibilidade de infecção. Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem
vitalidade, utilizando cobertura com ação desbridante ou
Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões são: retirada mecânica com pinça, tesoura ou bisturi.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Idade: a circulação sanguínea e a concentração de Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida,


oxigênio no local da lesão são prejudicadas pelo enve- devido ao aumento da permeabilidade capilar.
lhecimento, e o risco de infecção é maior. Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que
Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às in- geralmente ocorre em torno das bordas da ferida, no
fecções dependem de uma dieta equilibrada e a episódios mais das vezes devido à umidade excessiva.
como cirurgias, traumas graves, infecções e deficiências
nutricionais pré-operatórias aumentam as exigências nu- A troca de curativos pode baixar a temperatura da
tricionais; superfície em vários graus. Por isso, as feridas não de-
Obesidade: O suprimento sanguíneo menos abun- vem ser limpas com soluções frias e nem permanecerem
dante dos tecidos adiposos impede o envio de nutrientes expostas por longos períodos de tempo. Um curativo en-
e elementos celulares necessários à cicatrização normal; charcado ou vazando favorece o movimento das bactérias

19
em ambas as direções, ferida e meio ambiente, devendo, Ácidos Graxos Essenciais (AGE)
portanto, ser trocado imediatamente. Não se deve usar al- Produto à base de óleo vegetal possui grande capaci-
godão ou qualquer gaze desfiada. dade de promover a regeneração dos tecidos, aceleran-
do o processo de cicatrização. Indicada para prevenção
1.5. Tipos de Curativos de úlcera de pressão e para todos os tipos de feridas,
apresentando melhores resultados quando há desbrida-
Atualmente, existem muitos curativos com formas e mento prévio das lesões.
propriedades diferentes. Para se escolher um curativo fa-
z-se necessário, primeiramente, avaliar a ferida, aplican- Antissépticos
do o que melhor convier ao estágio em que se encontra, São formulações cuja função é matar os microrga-
a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar as feridas an- nismos ou inibir seu crescimento quando aplicadas em
tes da colocação de cobertura com solução fisiológica a tecidos vivos. Os antissépticos recomendados são álcool
0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas a 70%, clorexidina tópica e PVP-I tópico. Atualmente,
podem permanecer por vários dias e as trocas depende- não são recomendados o hexaclorofeno, os mercuriais
rão da indicação do fabricante e evolução da ferida. orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin,
a água oxigenada e o éter.
Alginatos
São derivados de algas marinhas e, ao interagirem
com a ferida, sofrem alteração estrutural: as fibras de 1.5.1. Realizando o Curativo
alginato transformam-se em um gel suave e hidrófilo à
medida que o curativo vai absorvendo a exsudação. Esse 1.5.1.1. Realizando Curativo Através de Irrigação
tipo de cobertura é indicado para feridas com alta ou com Solução Fisiológica
moderada exsudação e necessita de cobertura secundá-
ria com gaze e fita adesiva. Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de
feridas através de irrigação com solução fisiológica mor-
Carvão ativado na e sob pressão, utilizando-se seringa de 20 ml conecta-
Cobertura composta por tecido de carvão ativado, da à agulha de 40 x 12, o que fornece uma pressão capaz
impregnado com prata - que exerce ação bactericida e de remover partículas, bactérias e exsudatos.
Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais
envolto por uma camada de não-tecido, selada em toda
próximo possível da ferida. Após a limpeza por esse mé-
a sua extensão. Muito eficaz em feridas com mau odor,
todo, deve-se secar apenas a pele íntegra das bordas e
é indicada para cobertura das feridas infectadas exsuda-
aplicar a cobertura indicada no leito da ferida, usando
tivas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura
técnica asséptica.
secundária com gaze e fita adesiva.
1.5.1.2. Realizando Curativo com Pinças
Hidrocolóide
As coberturas de hidrocoloides são impermeáveis à
Material necessário: bandeja, pacote de curativo
água e às bactérias e isolam o leito da ferida do meio ex-
composto por pinças anatômicas e Kely estéreis, gazes
terno. Evitam o ressecamento, a perda de calor e mantêm estéreis, adesivos (micropore, esparadrapo ou similar),
um ambiente úmido ideal para a migração de células. In- cuba-rim, solução fisiológica morna, cobertura ou solu-
dicada para feridas com pouca ou moderada exsudação, ção prescrita, luvas de procedimento (devido à presença
podendo ficar até 7 dias. de secreção, sangue.).
Executar o procedimento em condições ambientais
Hidrogel favoráveis (com privacidade, boa iluminação, equipa-
Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável mentos e acessórios disponíveis, material devidamente
para o processo de cicatrização, evitando o ressecamen- preparado, dentre outros), que evitem a disseminação de
to do leito da ferida e aliviando a dor. Indicada para uso microrganismos. Preparar o paciente e orientá-lo sobre o
em feridas limpas e não infectadas, tem poder de desbri- procedimento.
damento nas áreas de necrose. No desenvolvimento de um curativo, observar o prin-
cípio de assepsia, executando a limpeza da lesão a partir
Filmes da área menos contaminada e manuseando o material
Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente (pacote de curativo, pinças, luvas estéreis) com técnica
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de cicatrização úmido, mas não apresenta capacidade de asséptica. Ao realizar curativo com pinça, utilizar luvas
absorção. Não deve ser utilizado em feridas infectadas. estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita se-
creção ou sangue.
Papaína Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a lim-
A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do peza de dentro para fora (bordas); para um curativo de
látex das folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem ferida contaminada o procedimento é inverso, ou seja, de
promovendo a limpeza das secreções, tecidos necróticos, fora para dentro.
pus e microrganismos às vezes presentes nos ferimentos, Orientar o paciente quanto à técnica de realização do
facilitando o processo de cicatrização. Indicada para feri- curativo e suas possíveis adaptações no domicílio é im-
das abertas, com tecido desvitalizado e necrosado. prescindível à continuidade de seu tratamento e estimula
o autocuidado.

20
Quando do registro do procedimento, o profissional d) V, V, V, V, V.
deve caracterizar a reação do paciente, condições da e) V, V, F, V, F.
pele, aspectos da ferida e tipo de curativo aplicado, des-
tacando as substâncias utilizadas. Resposta: Letra B. A temperatura retal é contraindica-
da nos casos de pacientes com diarréias, cirurgias e feri-
mentos retais, pacientes após infarto do miocárdio pois
FIQUE ATENTO! estimula o nervo vago.Obs:geralmente a tp retal é mais
Os procedimentos de enfermagem são elevada cerca de 0,5 a 1.0 C que a temperatura axilar.
muito abordados em concursos, principal- Pressão Diastólica , também conhecida como mínima,
mente os temas Curativos, SNG, Sondagem se opõe a pressão arterial sistólica e é influenciada
Vesical, devendo sempre estar atento as pela resistência imposta pelos vasos contra a passa-
técnicas destes procedimentos e os profis- gem do sangue.
sionais habilitados para realização.
3. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
BIORIO) Sobre os cuidados de biossegurança em relação
aos aerossóis é correto afirmar, EXCETO:

a) a porta do quarto deve ser mantida sempre fechada e


EXERCÍCIOS COMENTADOS a máscara PFF2 (N95) deve ser posta antes de entrar
no quarto.
b) o transporte do paciente deve ser evitado, mas, quan-
1. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/ do necessário, ele deverá usar máscara cirúrgica du-
BIORIO) O lúpus eritematoso disseminado (LED) é uma rante toda sua permanência fora do quarto.
doença inflamatória, caracterizada por distúrbio dos me- c) pacientes com suspeita ou confirmação de tuberculose
canismos imunes. Faz parte dos cuidados de enferma- resistente ao tratamento só podem dividir o mesmo
gem a pessoas com LED, EXCETO: quarto se for com outro paciente com tuberculose
também resistente ao tratamento.
a) cortar e limpar as unhas. d) quando não houver disponibilidade de quarto privati-
b) oferecer escova de dente macia para a higiene oral ou vo, o paciente pode ser internado com outros infecta-
realizá-la com gaze. dos pelo mesmo microrganismo.
c) orientar para não coçar a pele. e) as mãos devem ser higienizadas antes e após o conta-
d) tomar sol diariamente pela manhã para auxiliar na ci- to com o paciente.
catrização das feridas.
e) verificar o peso diariamente. Resposta: Letra C. A transmissão por aerossóis ocor-
re através da eliminação de minúsculas partículas por
Resposta: Letra D. O lúpus eritematoso sistêmico meio da tosse, respiração ou da fala. Essas permane-
(LES), conhecido popularmente apenas como lúpus, cem em suspensão no ar, podendo contaminar diver-
é uma doença autoimune que pode afetar principal- sos locais. Neste tipo de isolamento o quarto deve ser
mente pele, articulações, rins, cérebro mas também privativo e a porta deve estar sempre fechada. Além
todos os demais órgãos. disso, o uso de máscaras tipo n. 95 é obrigatório por
qualquer profissional que adentre o local. Essa más-
cara especial deve ser colocada sobre a face antes de
2. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
entrar no quarto e retirada apenas quando sair defini-
BIORIO) Quanto aos cuidados aplicados na verificação
tivamente.
dos sinais vitais e pressão arterial de pessoas adultas,
analise se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas 4. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/
a seguir: BIORIO) No que se refere à precaução de contato, assi-
I. O técnico de enfermagem não deve usar o seu polegar nale a afirmativa correta:
para verificar o pulso de um paciente.
II. A verificação de temperatura pela via retal está indica- a) o termômetro deve ser de uso exclusivo do paciente,
da em casos de cirurgia retal. mas o esfigmomanômetro pode ser compartilhado,
III. Ao se verificar a pressão do paciente, o primeiro som desde que seja higienizado após o uso.
audível corresponde à pressão diastólica. b) o uso de luvas deve ser constante, mas o avental é
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV. Para verificar a temperatura axilar do paciente é preci- facultativo quando a manipulação envolver somente
so antes secar suas axilas com papel-toalha. cateteres e sondas, por exemplo.
V. A contagem da respiração do paciente deve ser feita c) a higiene das mãos é obrigatória após a manipulação
observando-se os movimentos do tórax no período de do paciente e facultativa antes do manuseio.
um minuto. d) quando não houver disponibilidade de quarto priva-
tivo, a distância mínima entre dois leitos deve ser de
As afirmativas I, II, III, IV e V são respectivamente: um metro.
e) paciente com precaução de contato em uso de equi-
a) F, V, V, V, V. pamento ventilatório: para manusear este equipamen-
b) V, F, F, V, V. to recomendase uso de luvas e máscaras, o avental é
c) F, V, F, V, F. facultativo.

21
Resposta: Letra D. As precauções respiratória con- Anotações de enfermagem:
sistem em:
1. Quarto privativo ou corte de pacientes com o mesmo -Finalidades Relatar por escrito às observações do
agente etiológico. A distância mínima entre dois pa- paciente;
cientes deve ser de 1 metro. A porta pode permanecer -Contribuir com informações para o diagnostico me-
aberta; dico e de enfermagem;
2. Máscara deve ser utilizada se houver aproximação -Contribuir com informações para fazer o planeja-
ao paciente, numa distância inferior a um metro. Por mento do plano de cuidados de enfermagem;
questões operacionais, as máscaras podem ser reco- -Servir de elementos para pesquisa;
mendadas para todas as vezes que o profissional en- -Fornecer elementos para auditoria de enfermagem;
trar no quarto. Devem-se incluir os visitantes e acom- -Servir para avaliação dos cuidados de enfermagem
panhantes; prestados (quanto à qualidade e
3. O transporte dos pacientes deve ser limitado ao continuidade);
mínimo indispensável e, quando for necessário, o pa- -Servir como fonte para a aprendizagem.
ciente deve usar máscara.
Tomando como base as observações os elementos
principais a serem anotados são o seguinte:
- A aparência;
REGISTRO DE ENFERMAGEM - Estado físico: queixas, observações em geral, alimen-
tação, exames, testes, encaminhamento, elimina-
ções, tratamentos dados, resultados dos cuidados
prestados, medicamentos, contenções e demais
As anotações no prontuário são baseadas em obser- observações colhidas pelo exame físico;
vação de enfermagem. - A conservação ou a comunicação;
Observação e o ato, habito ou poder de ver, notar e - O comportamento:
perceber; e examinar, contemplar e notar algo através da -Equilíbrio do pensamento (senso critico, confusão, ex-
atenção dirigida. pressão de ideias, delírios, localização no tempo e es-
paço, etc.);
Finalidades: -Equilíbrio do estado perceptivo (alucinações, delírios);
-Contribuir com informações para o diagnostico e -Equilíbrio de estado afetivo (emoções, sentimentos,
tratamento médico e de enfermagem; capacidade para resolver situações, etc.);
-Conhecer o paciente, família e comunidade; -Equilíbrio no ajustamento social (dependência, isola-
-Construir fator decisivo entre a vida e a morte atra- mento, reação ao ambiente e pessoa);
vés dos dados colhidos; -Capacidade de aprendizagem - inteligência;
-Auxiliar a equipe multiprofissional na tomada de de- - Atividades;
cisões específicas; - Recomendações.
-Verificar os problemas aparentes e inapetentes;
-Planejar cuidados de enfermagem; Normas para anotações de enfermagem:
-Analisar os serviços hospitalares prestados;
-Analisar os cuidados de enfermagem prestados; - Usar termos descritos: Ex. o paciente esta ansioso, o
-Servir de base para qualquer documentação e anotação. paciente deambula constantemente no corredor,-
torcendo as mãos, apresentando expressão facial
O Que Observar: de preocupação;
- Usar termos objetivos: aquilo que foi visto ou senti-
Sintomas: É uma manifestação perceptível no orga- do e não de interpretação pessoal;
nismo que indica alteração na saúde física ou mental. - Usar termos concisos;
Sintoma Subjetivo: É aquele descrito pelo paciente, - Considerar o aspecto legal das anotações: não per-
não podendo ser visto ou sentido por outros. Ex.cefaleia. mitindo rasuras, linha em branco entre uma e outra
Sintoma Objetivo: E aquele notado ou sentido pelo anotação, colocar nomes de pessoas;
observador, e sinônimo de sinal. Ex. vomito, edema, etc. - Considerar o segredo profissional;
Síndrome: E um complexo de conjunto de sinais e - Observar a redação, ortografia, letra: Usar 3ª pessoa
sintomas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gramatical: Ex. o enfermeiro atendeuimediatamen-


te ao chamado da campainha;
A observação serve não só para descobrir anormali- -Colocar horário;
dades, mas também para identificar a potencialidade do - Colocar vias de administração e locais de aplicação
individuo. A observação global associada a outras obser- de medicamentos;
vações gerais leva a descoberta de aspectos favoráveis, - Fazer assinatura legível;
podendo indicar ausência de problemas, recuperação, ou - Nunca anotar medicamentos ou tratamentos feitos
mesmo os recursos físicos e mentais, dos quais o indivi- por outras pessoas.
duo dispõe para auxiliar na sua própria recuperação.

22
a) manter o ambiente hermeticamente fechado, evitando
MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE contaminações externas.
b) incluir exercícios em sua rotina.
INFECÇÕES; PROCESSAMENTOS DE SUPERFÍ-
c) isolar o compressor de ar com protetores auriculares.
CIES: LIMPEZA GERAL E GERENCIAMENTOS d) manusear instrumentos com temperatura elevada uti-
DE RESÍDUOS; lizando luvas.
e) utilizar óculos de proteção para o manuseio de equi-
pamentos a laser.

1. O QUE É BIOSSEGURANÇA? Resposta: Letra E.


Dentre as alternativas listadas, a única que se refere
O termo “biossegurança” pode ser definido como um a uma das ações de biossegurança empregadas para
conjunto de ações empregadas em laboratórios, hospi- minimizar os riscos na prática odontológica é uso de
tais e consultórios com o objetivo de prevenir, minimizar óculos de proteção próprio para o manuseio seguro
ou eliminar os riscos inerentes as atividades realizadas do equipamento de laser.
nestes locais que possam comprometer a saúde dos in-
divíduos envolvidos e o meio ambiente. 3. (BIO-RIO – Fonoaudiólogo - Superior – IF-RJ/2015)
O conjunto de ações voltadas para a prevenção, prote-
ção do trabalhador, minimizar de riscos inerentes as ati-
vidades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde do
EXERCÍCIOS COMENTADOS homem e dos animais, a preservação do meio ambiente
e a qualidade dos resultados, denomina se:
1. (TRT 11ª Região/AM e RR – Analista jurídico/ En-
fermagem - Médio - FCC/2012) Analise as seguintes a) ergonomia.
definições no âmbito da biossegurança: b) ergometria.
c) biomedicina.
I. Biossegurança é o conjunto de estudos e procedi- d) biotecnologia.
mentos que visam evitar ou controlar os riscos provoca- e) biossegurança.
dos pela exposição aos agentes químicos, físicos, psico-
lógicos e biológicos à biodiversidade. Resposta: Letra E
II. Os riscos são definidos pelo Ministério da Saúde O termo “biossegurança” pode ser definido como um
como uma ou mais condições de uma variável com o po- conjunto de ações que visam prevenir, minimizar ou
tencial necessário para causar danos. eliminar os riscos inerentes as atividades (realizadas
III. Os riscos, compreendidos na definição de biosse- em laboratórios, consultórios e hospitais) que possam
gurança, são classificados em lesões à pessoas, a equipa- comprometer a saúde do homem e o meio ambiente.
mentos e instalações, perda de material em processo ou
redução da capacidade de produção.
AVALIAÇÃO EM SAÚDE
De acordo com a SOBECC (Sociedade Brasileira de En-
fermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica 2. RISCOS AMBIENTAIS
e Centro de Material e Esterilização), está correto o que
se afirma em: A biossegurança envolve medidas que visam preve-
nir, reduzir ou eliminar os possíveis riscos ambientais, ou
a) I, apenas. seja, os riscos encontrados no ambiente de trabalho e
b) II, apenas. que podem causar danos à saúde do trabalhador.
c) I e II, apenas. De acordo com a Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978,
d) II e III, apenas. os riscos ambientais podem ser de em cinco tipos. São eles:
e) I, II e III.
a) Ricos de acidentes;
Resposta: Letra C. b) Riscos ergonômicos;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A biossegurança é um conjunto de ações que visam c) Riscos físicos;


minimizar ou eliminar riscos capazes de comprometer d) Riscos químicos;
a saúde do homem e o meio ambiente. Esses riscos e) Riscos biológicos.
podem ser causados por agentes químicos, físicos,
psicológicos e biológicos.

2. (TRT 23ª Região/MT – Analista jurídico/ Odonto-


logia - Médio - FCC/2011) Na prática odontológica, o
profissional deve adotar alguns procedimentos com vis-
tas a minimizar os riscos físicos, como

23
f) a possibilidade de ocorrência de incêndio e/ou ex-
FIQUE ATENTO! plosão pelo armazenamento ou transporte inade-
De acordo com a Norma Regulamentadora quado de produtos inflamáveis;
9 (NR-9), todos os empregadores e insti- g) defeito/falta de equipamentos para o combate de
tuições que admitam trabalhadores como incêndios;
empregados são obrigados a elaborar e h) estrutura física inadequada do local de trabalho (pi-
implementar o Programa de Prevenção de sos irregulares, falta de espaço para instalação de
Riscos Ambientais (PPRA). máquinas e equipamentos, sinalização inexistente
ou inadequada, falta de limpeza e organização).

O PPRA estabelece medidas para reduzir, eliminar ou No caso das unidades de saúde (hospitais, consultó-
controlar riscos ambientais, preservando a integridade rios odontológicos etc.) e dos laboratórios, os principais
física e mental de cada trabalhador. exemplos de acidentes de trabalho são:
Para funcionar de fato, segundo os parâmetros mí- a) queimaduras por produtos químicos manipulados
nimos e diretrizes gerais estabelecidas na NR-9, o PPRA ou transportados de forma incorreta;
deve apresentar a seguinte estrutura: b) cortes e perfurações realizadas por materiais per-
a) planejamento anual com estabelecimento de me- furocortantes (agulhas, lâminas, utensílios de vidro,
tas, prioridades e cronograma; entre outros).
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma de registro, manutenção e divulgação dos 2.2 Riscos ergonômicos
dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvi- Os riscos ergonômicos podem provocar distúrbios
mento do PPRA. fisiológicos e psicológicos, causando a ocorrência de
É recomendado que, pelo menos uma vez ao ano ou tensão, ansiedade, cansaço físico, problemas na coluna,
sempre que necessário, seja feita uma análise do PPRA dores musculares, taquicardia e alterações do sono, além
para avaliar seu desenvolvimento, fazer ajustes e estabe- de doenças como diabetes, hipertensão arterial, úlcera e
lecer novas metas e prioridades. gastrite, doenças nervosas e LER (Lesão por Esforço Re-
Em relação ao seu desenvolvimento, o PPRA deve petitivo) /DORT (Doenças Osteoarticulares Relacionadas
contar com as seguintes etapas: ao Trabalho).
a) antecipação e conhecimento dos riscos; Geralmente, esses distúrbios são causados por fato-
b) estabelecimento de prioridades e metas de avalia- res como:
ção e controle; a) o levantamento de peso;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; b) esforço físico em excesso;
d) implantação de medidas de controle e avaliação c) atividades realizadas com postura inadequada;
de sua eficácia; d) situações de estresse físico e emocional;
e) monitoramento da exposição aos riscos; e) longas jornadas de trabalho sem descanso;
f) registro e divulgação dos dados. f) trabalhos realizados durante o período noturno;
g) rotina intensa de trabalho;
Os dados registrados devem ser mantidos pelo em- h) trabalhos monótonos ou que exijam a realização
pregador ou instituição por, no mínimo, 20 anos. Além de movimentos repetitivos.
disso, precisam sempre estar disponíveis para qualquer
interessado, sejam eles representantes, autoridades ou No caso dos laboratórios, os riscos ergonômicos são
empregados. provocados por fatores como:
a) as alturas e distâncias inadequadas de balcões, ca-
2.1 Riscos de acidentes deiras, gavetas e prateleiras;
b) falta de espaço para a realização das atividades
Os riscos de acidentes envolvem qualquer fator que (limpeza, manutenção, exames, etc.)
possa comprometer a saúde física ou psíquica do traba-
lhador como, por exemplo: #FicaDica
a) o uso de máquinas e equipamentos sem a proteção
adequada; Um espaço adequado para a realização do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) máquinas e equipamentos inadequados ou com trabalho evita o risco da ocorrência de pos-


defeitos; síveis choques que podem causar acidentes
c) máquinas com comando de liga/desliga longe do como queimaduras, cortes, perfurações, en-
alcance do trabalhador; tre outros.
d) falta de equipamentos de proteção individual
(EPIs) ou fornecimento de EPIs inadequados para
o trabalho realizado; Para evitar que os riscos ergonômicos afetem a saúde
e) instalações elétricas com defeito ou inadequada do trabalhador e a realização de sua atividade, é preciso
(fios expostos ou desencapados, ausência de ater- lançar mão de medidas como:
ramento elétrico, sobrecarga em rede elétrica); a) melhorias nos processos de trabalho;

24
b) melhorias no espaço físico destinado para a reali- d) alterações do ritmo dos batimentos cardíacos;
zação do trabalho; e) alterações no calibre dos vasos sanguíneos;
c) modernização de máquinas e equipamentos; f) alterações no ritmo da respiração;
d) melhoria no relacionamento entre todos os indiví- g) alterações gastrointestinais;
duos envolvidos no trabalho; h) redução da visão noturna;
e) fornecimento de ferramentas e equipamentos que i) dificuldade na diferenciação das cores.
permitam a realização das atividades com postura
adequada a fim de evitar problemas na coluna e Para minimizar ou evitar os prejuízos causados pela
dores musculares; exposição aos ruídos no ambiente de trabalho, é neces-
f) alteração no ritmo de trabalho, caso seja necessário. sário adotar medidas como:
a) afastar ou isolar a máquina ou equipamento pro-
dutora do ruído;
FIQUE ATENTO! b) fornecer equipamentos de proteção individual
A ergonomia, também conhecida como en- (EPIs) como os protetores auriculares;
genharia humana, é uma ciência que estuda c) realizar periodicamente exames audiômetros (exa-
as relações entre o homem e seu ambiente mes que avaliam a audição);
de trabalho. d) fazer o revezamento de funcionários a fim de redu-
zir o tempo de exposição aos ruídos;
2.3 Riscos físicos e) orientar sobre o uso correto dos EPIs;
f) tornar obrigatório e controlar o uso de EPIs.
Os riscos físicos envolvem agentes com variadas for-
mas de energia, normalmente gerados por equipamen-
FIQUE ATENTO!
tos. São alguns exemplos de riscos físicos que podem
afetar a saúde do trabalhador: Quanto maior o nível sonoro do ruído produ-
a) ruídos; zido pelas máquinas e equipamentos, menor
b) vibrações; deve ser o tempo de exposição do trabalha-
c) radiações; dor aos mesmos.
d) temperaturas extremas;
e) pressões anormais;
A seguir, estão listados os limites de tolerância para
f) umidade. os ruídos do tipo contínuo ou intermitente, conforme
descrito na Norma Regulamentadora 15 (NR15):
Nos laboratórios, esses agentes podem ser gerados
principalmente por equipamentos como autoclaves, for- 1) nível de ruído igual a 85 dB (decibéis): tempo
nos micro-ondas, incubadoras, lâmpadas infravermelhas, máximo de exposição diária de 8 horas;
estufas, bicos de gás e muitos outros. 2) nível de ruído igual a 86 dB (decibéis): tempo
máximo de exposição diária de 7 horas;
3) nível de ruído igual a 87 dB (decibéis): tempo
FIQUE ATENTO!
máximo de exposição diária de 6 horas;
Para evitar acidentes, os equipamentos 4) nível de ruído igual a 88 dB (decibéis): tempo
geradores de calor como fornos, estufas, máximo de exposição diária de 5 horas;
autoclaves e bicos de gás devem ser insta- 5) nível de ruído igual a 89 dB (decibéis): tempo
lados em locais ventilados e afastados de máximo de exposição diária de 4h e 30 min;
materiais inflamáveis e voláteis. Também 6) nível de ruído igual a 90 dB (decibéis): tempo
não devem estar próximos de equipamen- máximo de exposição diária de 4 horas;
tos, produtos e materiais termossensíveis 7) nível de ruído igual a 91 dB (decibéis): tempo
(sensíveis a alterações de temperatura). máximo de exposição diária de 3h e 30 min;
8) nível de ruído igual a 92 dB (decibéis): tempo
máximo de exposição diária de 3 horas;
2.3.1 Ruídos 9) nível de ruído igual a 93 dB (decibéis): tempo
máximo de exposição diária de 2h e 40 min;
Geralmente, as máquinas e equipamentos utilizados 10) nível de ruído igual a 94 dB (decibéis): tempo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

no ambiente de trabalho produzem sons conhecidos máximo de exposição diária de 2h e 15 min;


como ruídos. 11) nível de ruído igual a 95 dB (decibéis): tempo
Dependendo do nível sonoro, do tempo de exposição máximo de exposição diária de 2 horas;
e da sensibilidade de cada indivíduo, esses ruídos podem 12) nível de ruído igual a 96 dB (decibéis): tempo
provocar diversos danos à saúdo do trabalhador. máximo de exposição diária de 1h e 45 min;
Ao agir diretamente sobre o sistema nervosos e o 13) nível de ruído igual a 98 dB (decibéis): tempo
aparelho auditivo, os ruídos podem ocasionar conse- máximo de exposição diária de 1h e 15 min;
quências como: 14) nível de ruído igual a 100 dB (decibéis): tempo
a) cansaço mental; máximo de exposição diária de 1 hora;
b) perda de memória, desorientação e irritabilidade; 15) nível de ruído igual a 102 dB (decibéis): tempo
c) hipertensão arterial; máximo de exposição diária de 45 min;

25
16) nível de ruído igual a 104 dB (decibéis): tempo Os efeitos dessa absorção na saúde dependem de fa-
máximo de exposição diária de 35 min; tores como:
17) nível de ruído igual a 105 dB (decibéis): tempo a) quantidade de radiação absorvida;
máximo de exposição diária de 30 min; b) tempo e intervalo de exposição à radiação;
18) nível de ruído igual a 106 dB (decibéis): tempo c) região do corpo atingida pela radiação.
máximo de exposição diária de 25 min;
19) nível de ruído igual a 108 dB (decibéis): tempo De acordo com esses fatores, o indivíduo exposto à
máximo de exposição diária de 20 min; radiação ionizante pode vir a ter:
20) nível de ruído igual a 110 dB (decibéis): tempo a) câncer;
máximo de exposição diária de 15 min; b) mutações genéticas nas células de seu corpo, in-
21) nível de ruído igual a 112 dB (decibéis): tempo cluindo óvulos e espermatozoides;
máximo de exposição diária de 10 min; c) queda de cabelos;
22) nível de ruído igual a 114 dB (decibéis): tempo d) lesões cutâneas.
máximo de exposição diária de 8 min; Esses efeitos podem ser evitados com a adoção de
23) nível de ruído igual a 115 dB (decibéis): tempo medidas preventivas como:
máximo de exposição diária de 7 min. a) usar equipamentos de proteção individuação (EPIs);
b) obedecer o tempo máximo permitido de exposição
2.3.2 Vibrações à radiação;
c) limitar o acesso de pessoas às áreas com emissão
É comum no ambiente de trabalho o uso de máqui- de radiação;
nas e equipamentos que geram vibrações, muitas vezes, d) sinalizar áreas com equipamentos que emitem
potencialmente nocivas à saúde do trabalhador. radiação;
Essas vibrações podem ser do tipo localizadas ou ge- e) realizar exames médicos periodicamente;
neralizadas: f) usar o dosímetros (equipamento que registra a
a) Vibrações localizadas: são vibrações produzidas quantidade de radiação recebida pelo trabalhador).
por ferramentas manuais, elétricas ou pneumáticas
que agem de forma localizada em determinadas b) Radiação não ionizante: radiação com baixa
partes do corpo do trabalhador. Esse tipo de vibra- quantidade de energia, incapaz de ionizar átomos
ção pode causar danos como osteoporose, além e moléculas. Os exemplos mais conhecidos desse
de problemas articulares e neurovasculares nas tipo de radiação são:
mãos e braços.
b) Vibrações generalizadas: são vibrações geradas Micro-ondas e radiofrequência: radiações não ioni-
por máquinas grandes como caminhões, tratores e zantes emitidas pelos aparelhos de rádio, de televisão e
ônibus. Normalmente, atuam sobre o corpo intei- forno micro-ondas.
ro do trabalhador, causando danos como lesões e
dores na coluna vertebral. Laser: radiação muito utilizada na medicina (cirurgias,
clareamento de pele, clareamento de dentes, remoção de
Os prejuízos provocados pelas vibrações localizadas e tatuagens, remoção de pelos etc.), na indústria (corte pre-
generalizadas podem ser minimizados ou evitados com ciso de materiais, aferição de temperaturas etc.), na área
ações como a redução do tempo de exposição ao agente policial (mira de armas, escaneamento de áreas de crime),
danoso, ou seja, com o revezamento entre os funcioná- no comércio (leitura de código de barras) e outros.
rios.
Infravermelho: radiação não ionizante emitida por
2.3.3 Radiações fornos e fundições.
As radiações são uma forma de energia que se propaga
Ultravioleta: radiação não ionizante emitida pelo sol.
por meio de ondas eletromagnéticas, cuja absorção pelo
organismo pode resultar no surgimento de diversas lesões.
De acordo com sua quantidade de energia, as radiações
podem ser classificadas como ionizantes ou não ionizantes.
a) Radiação ionizante: radiação com alto nível de
energia capaz de ionizar átomos e moléculas, isto
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é, de retirar elétrons. Esse tipo de radiação é comu-


mente utilizado em indústrias, hospitais e consul-
tórios odontológicos. Alguns exemplos bastante
conhecidos são o raio x (muito utilizado na medici-
na para diagnosticas problemas em ossos e órgãos
sem ter que abrir o corpo) e a radioterapia (trata-
mento que utiliza a radiação ionizante para des-
truir células tumorais ou evitar seu crescimento).
Durante a realização de raios x e radioterapias, parte
da energia ionizante pode ser absorvida pelo organismo
e provocar vários danos à saúde.

26
b) rachaduras cutâneas;
#FicaDica c) congelamento;
d) piora doenças reumáticas;
A radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol e) aumento do risco de doenças respiratórias;
pode ser de três tipos: UVA, UVB e UVC. f) predisposição para a ocorrência de acidentes.
a) UVA: a radiação com comprimento de
onda entre 315 e 400 nm (nanômetros). É Todos esses prejuízos podem ser controlados e evita-
emitida durante o ano todo com maior in- dos com medidas como:
tensidade no período do dia que vai desde a) o uso de ventilação adequada no ambiente de tra-
as 10 horas da manhã até as 16 horas da balho;
tarde. O principal efeito de sua absorção b) o isolamento das fontes de calor ou frio;
pelo organismo é o fotoenvelhecimento da c) o uso de equipamentos de proteção individual
pele. (EPIs) como bota, luvas, avental etc.
b) UVB: radiação com comprimento de
onda entre 280 e 315 nm. Grande parte 2.3.5 Pressões anormais
dessa radiação é absorvida pela camada de
ozônio. O restante atinge a superfície ter- A exposição prolongada à pressões acima ou abaixo
restre com intensidade máxima entre as 10 daquelas consideradas normais também podem causar
e 16 horas, principalmente no verão. Sua problemas para a saúdo de trabalhador.
absorção pelo organismo pode causar des- a) Baixas pressões: são aquelas que estão abaixo da
de queimadura solares até alterações que pressão atmosférica normal. Normalmente, essa é
levam ao surgimento do câncer de pele. a condição de trabalhadores que executam ativi-
Embora seja perigosa, a absorção de UVB dades em grandes altitudes.
pelo organismo é fundamental para a pro- b) Altas pressões: são aquelas que estão acima da
dução de vitamina D, uma substância que pressão atmosférica normal. São características de
previne o desenvolvimento de doenças trabalhos desenvolvidos no fundo do mar ou em
como a osteoporose. tubulações de ar comprimido, máquinas de perfu-
c) UVC: ao contrário das radiações UVA e rações e caixões pneumáticos (muito usados du-
UVB, a UVC é totalmente bloqueada pela rante a construção de pontes e barragens).
atmosfera não atingindo a superfície terres-
tre e, portanto, não sendo absorvida pelo Trabalhos realizados em situações de pressão anor-
corpo. mal podem ocasionar danos como:
a) ruptura do tímpano;
Os efeitos indesejados das radiações emiti- b) ruptura dos alvéolos;
das pelo sol podem ser reduzidos ou evita- c) liberação de nitrogênio pelos tecidos, causando
dos com a adoção de medidas como: dores no corpo;
a) usar protetores solares que confiram pro- d) expansão dos gases intestinais, causando dores
teção contra as radiações UVA e UVB; abdominais;
b) evitar a exposição ao sol durante o perío- e) alterações nervosas como tontura, paralisia e in-
do das 10 às 16 horas; consciência;
c) usar chapéus; f) morte.
d) optar por camisas de mangas longas para
proteger os braços. 2.3.6 Umidade

Indivíduos que exercem trabalhos em regiões alaga-


2.3.4 Temperaturas extremas das, encharcadas ou com umidade excessiva estão cons-
tantemente sujeitos a desenvolver doenças respiratórias,
A exposição à temperaturas extremas, altas ou bai- cutâneas e circulatórias ou sofrer acidentes de trabalho
xas, pode trazer uma série de prejuízos para a saúde do como quedas.
trabalhador. Por esse motivo, é fundamental adotar medidas de
Temperaturas altas podem ocasionar: proteção coletiva e individual como:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) desidratação pela perda de água; a) uso de estrados de madeira;


b) erupções cutâneas; b) instalação de ralos para escoamento da água;
c) câimbras musculares; c) alterações nos processos de trabalho a fim de evitar
d) cansaço físico; a exposição excessiva do trabalhador à umidade;
e) distúrbios psiconeuróticos; d) fornecimento de equipamentos de proteção como
f) alterações cardiovasculares; luvas, botas e aventais.
g) insolação. e) uso adequado dos equipamentos de proteção pe-
Já a exposição à temperaturas muito baixas, pode los trabalhadores.
causar:
a) o aparecimento de feridas na pele;

27
2.4 Riscos químicos Caso o produto recebido seja um gás comprimido, é
importante observar:
Os riscos químicos são produzidos por agentes como a) o estado do recipiente em que se encontra o gás
substâncias capazes de penetrar no organismo do traba- (cilindro, botijão, garrafa etc.);
lhador por meio da via respiratória (quando a substância b) as válvulas de vedação;
se apresenta na forma de poeira, gás ou vapor), da ab- c) o prazo de validade do produto;
sorção através da pele ou pela ingestão. d) a presença de etiquetas de identificação;
Essa exposição (penetração e/ ou absorção) aos e) se a cor da tampa de proteção (capacete) de cada
agentes químicos pode causar prejuízos à saúde do tra- recipiente atende as normas da ABNT (Associação
balhador, como: Brasileira de Normas Técnicas).
a) irritação na pele ou nos olhos;
b) queimaduras leves ou graves;
c) doenças respiratórias crônicas resultantes da inala- 2.4.2 Identificação de substâncias químicas
ção de vapores tóxicos;
d) doenças do sistema nervoso; Antes de manipular qualquer produto químico é ex-
e) doenças renais ou hepáticas; tremamente importante verificar as informações contidas
f) desenvolvimento de câncer. no rótulo, na embalagem ou no recipiente da substância.
Nesse momento, é preciso observar a classificação
Para reduzir ou eliminar esses prejuízos, é essencial que de cada produto quanto ao risco para a saúde que ele
o trabalhador não só utilize equipamentos de proteção, mas oferece (R) e as medidas de segurança exigidas para seu
também, que manipule as substâncias de forma adequada. armazenamento ou manipulação (S).
Para isso, é necessário conhecer as etapas de recebimento,
identificação e armazenamento desses produtos. Conhecer os códigos de risco (R) e os códigos de
medidas de segurança (S) permitem que o trabalhador
manipule os produtos químicos sem que haja danos à
#FicaDica sua saúde.
Para evitar danos ao meio ambiente, é fun- Códigos de risco (R):
damental que as substâncias químicas se- 1. Risco de explosão em estado seco.
jam descartadas obedecendo as normas de 2. Risco de explosão por choque, fricção ou outras
biossegurança. fontes de ignição.
3. Grave risco de explosão por choque, fricção ou ou-
2.4.1 Recebimento de substâncias químicas tras fontes de ignição.
4. Forma compostos metálicos explosivos.
O recebimento é a primeira etapa para a manipula- 5. Perigo de explosão pela ação do calor.
ção adequada dos produtos químicos. Nesse momento, 6. Perigo de explosão com ou sem contato com o ar.
é fundamental observar o estado e todas a informações 7. Pode provocar incêndios.
de cada substância. 8. Perigo de fogo em contato com substâncias
De acordo com seu estado físico, os produtos químicos combustíveis.
podem ser líquidos, sólidos ou gasosos. Ao receber subs- 9. Perigo de explosão em contato com substâncias
tâncias líquidas ou sólidas, o trabalhador deve verificar: combustíveis.
a) o estado da embalagem do produto; 10. Inflamável.
b) a presença de rótulo contendo informações claras 11. Muito inflamável.
sobre características físico-químicas, toxicidade e 12. Extremamente inflamável.
cuidados para manipulação de cada produto; 13. Gás extremamente inflamável.
c) o prazo de validade do produto; 14. Reage violentamente com a água.
d) a presença de Ficha de Segurança. 15. Reage com água produzindo gases muito
inflamáveis.

#FicaDica 16. Risco de explosão em mistura com substâncias


oxidantes.
A Ficha de Segurança é um documento, nor-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

17. Inflama-se espontaneamente ao ar.


matizado pela ABNT (Associação Brasileira 18. Pode formar misturas vapor-ar explosivas.
de Normas Técnicas) que contém informa- 19. Pode formar peróxidos explosivos.
ções objetivas e precisas sobre os compo- 20. Nocivo por inalação.
nentes e os riscos de manipulação, trans- 21. Nocivo em contato com a pele.
porte e estocagem dos produtos químicos. 22. Nocivo por ingestão.
Nela também é possível encontrar medidas 23. Tóxico por inalação.
de primeiros socorros para serem usadas 24. Tóxico em contato com a pele.
em casos de acidentes com substâncias quí- 25. Tóxico por ingestão.
micas. 26. Muito tóxico por inalação.
27. Muito tóxico em contato com a pele.

28
28. Muito tóxico por ingestão. 35. Tomar cuidados para o descarte.
29. Libera gases tóxicos em contato com a água. 36. Usar roupa de proteção durante a manipulação.
30. Pode inflamar-se durante o uso. 37. Usar luvas de proteção apropriadas.
31. Libera gases tóxicos em contato com ácidos. 38. Usar equipamento de respiração adequado.
32. Libera gases muito tóxicos em contato com ácidos. 39. Proteger os olhos e rosto.
33. Perigo de efeitos acumulativos. 40. Limpar corretamente os pisos e objetos contaminados.
34. Provoca queimaduras. 41. Em caso de incêndio ou explosão, não respirar os
35. Provoca graves queimaduras. fumos.
36. Irrita os olhos. 42. Usar equipamento de respiração adequado (fu-
37. Irrita o sistema respiratório. migações).
38. Irrita a pele. 43. Usar o extintor correto em caso de incêndio.
39. Risco de efeitos irreversíveis. 44. Em caso de mal-estar, procurar um médico.
40. Probabilidade de efeitos irreversíveis. 45. Em caso de acidente, procurar um médico.
41. Risco de grave lesão aos olhos. 46. Em caso de ingestão, procurar imediatamente um
42. Probabilidade de sensibilização por inalação. médico, levando o rótulo do frasco ou o conteúdo.
43. Probabilidade de sensibilização por contato com 47. Não ultrapassar a temperatura especificada.
a pele. 48. Manter úmido com o produto especificado pelo
44. Risco de explosão por aquecimento em ambiente fabricante.
fechado. 49. Não passar para outro frasco.
45. Pode provocar câncer. 50. Não misturar com substâncias especificadas pelo
46. Pode provocar problema genético hereditário. fabricante.
47. Pode provocar efeitos teratogênicos. 51. Usar em áreas ventiladas.
48. Risco de sério dano à saúde por exposição 52. Não recomendável para uso interior em áreas de
prolongada. grande superfície.

Códigos de medidas de segurança (S): Assim, se o rótulo de um produto químico específico


1. Manter fechado. mostra os códigos R-10 e S-47, significa que a substância
2. Manter fora do alcance das crianças. em questão é inflamável e não deve ultrapassar a tempe-
3. Manter em local fresco. ratura especificada.
4. Guardar fora de locais habitados. Além de ler todas as informações, para manipular,
5. Manter em líquido inerte especificado pelo fabricante. armazenar, transportar e descartar cada produto com
6. Manter em gás inerte especificado pelo fabricante. segurança, é indispensável que o trabalhador também
7. Manter o recipiente bem fechado. conheça o significado dos símbolos de risco presentes
8. Manter o recipiente em local seco. na rotulagem de cada substância química.
9. Manter o recipiente em local ventilado. Conheça a seguir, o significado de alguns símbolos
10. Manter o produto em estado úmido. de risco:
11. Evitar o contato com o ar. a) Facilmente inflamável (F): esse símbolo acompa-
12. Não fechar hermeticamente o recipiente. nha o rótulo de substância líquidas ou sólidas que
13. Manter afastado de alimentos. pegam fogo com facilidade. Para impedir que isso
14. Manter afastado de substâncias incompatíveis. aconteça, é preciso evitar o contato dessas subs-
15. Manter afastado do calor. tâncias com o ar e mantê-las distantes de fontes
16. Manter afastado de fontes de ignição. de ignição.
17. Manter afastado de materiais combustíveis.
18. Manipular o recipiente com cuidado.
19. Não comer nem beber durante a manipulação.
20. Evitar contato com alimentos.
21. Não fumar durante a manipulação.
22. Evitar respirar o pó.
23. Evitar respirar os vapores.
24. Evitar o contato com a pele.
25. Evitar o contato com os olhos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

26. Em caso de contato com os olhos, lavar com bas-


tante água.
27. Tirar imediatamente a roupa contaminada.
28. Em caso de contato com a pele, lavar conforme
especificado pelo fabricante.
29. Não descartar resíduos na pia.
30. Nunca verter água sobre o produto.
31. Manter afastado de materiais explosivos.
32. Manter afastado de ácidos e não descartar na pia.
33. Evitar a acumulação de cargas eletrostáticas.
34. Evitar choque e fricção.

29
b) Extremamente inflamável (F+): símbolo pre- inflamação de produtos combustíveis e favorecer a
sente no rótulo de líquidos, gases ou misturas de propagação de incêndios. Nunca devem entrar em
gases que pegam fogo com facilidade quando em contato com substâncias combustíveis.
contato com o ar e em pressão normal. Devem ser
mantidos afastados de chamas abertas ou fontes
de ignição.

g) Nocivo (Xn): símbolo que acompanha o rótulo


de produtos químicos cuja inalação, absorção ou
ingestão podem causar danos à saúde de menor
gravidade. Não devem entrar em contato com o
corpo humano.
c) Tóxicos (T): símbolo presente no rótulo de pro-
dutos químicos (cancerígenos, teratogênicos ou
mutagênicos) cuja a inação, absorção ou ingestão
podem provocar danos à saúde ou até a morte.
Exigem cuidados especiais para evitar o contato
com o organismo.

h) Irritante (Xi): símbolo encontrado no rótulo de


produtos químicos capazes de causar irritação na
pele, olhos e trato respiratório. Nunca devem ser
inalados ou entrar em contato com a pele e os
olhos.

d) Muito tóxico (T+): símbolo encontrado no rótulo


de produtos químicos cuja a ingestão, a inalação
pelas vias respiratórias ou a absorção por meio da
pele podem causar danos muito graves à saúde
ou mesmo a morte do trabalhador. Não devem de
forma alguma entrar em contato com o organismo.
i) Explosivo (E): símbolo presente no rótulo de pro-
dutos químicos que, em caso de choque, percus-
são ou fricção, podem produzir calor o suficiente
para dar início a uma violenta liberação de energia
(explosão). Nunca devem sofrer choque, atrito e
fricção. Evitar a formação de faíscas e a ação do
calor.

e) Corrosivo (C): símbolo existente no rótulo de pro-


dutos químicos capazes de provocar a destruição
de tecidos vivos e/ou materiais. Jamais devem ser
inalados e entrar em contato com a roupa ou com
tecidos como a pele e os olhos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2.4.3 Armazenamento de substâncias químicas

Para garantir a segurança de todos os trabalhadores,


é recomendado manter uma quantidade mínima de pro-
dutos químicos no ambiente de trabalho. Esses produtos
devem ser organizados em armários feitos com materiais
não combustíveis e portas de vidro que permitam a vi-
sualização de cada substância. Além disso, é importan-
f) Oxidante (O): símbolo presente no rótulo de pro- te que o ambiente de trabalho tenha sua temperatura
dutos químicos capazes de desprenderem o oxi- controlada para evitar a reação de produtos facilmente
gênio e favorecer a combustão. Podem causar a inflamáveis.

30
Quantidade maiores de produtos químicos devem
ser armazenadas de forma adequada em almoxarifados. #FicaDica
Nesse caso, é preciso considerar fatores como:
a) sistema de ventilação; Cilindros de gás devem ser estocados em
b) sistema de sinalização; áreas específicas cobertas, ventiladas e sem
c) disponibilidade de equipamentos de proteção indi- paredes, cuja rede elétrica seja periodica-
vidual e coletiva (EPIs e EPCs); mente inspecionada. O armazenamento
d) a incompatibilidade existente entre alguns produ- desses produtos deve ser feito:
tos. a) com o recipiente em posição vertical,
sempre amarrado com correntes;
b) sempre respeitando a compatibilidade
FIQUE ATENTO! entre as substâncias.
Em função de suas propriedades químicas,
algumas substâncias, quando armazenadas,
transportadas, utilizadas ou descartadas
Além do armazenamento correto, outras medidas de
juntamente, podem reagir produzindo ga-
segurança para minimizar os riscos de acidentes com
ses tóxicos ou provocando explosões. Por
produtos químicos são:
esse motivo, o trabalhador deve sempre es-
a) desenvolver documentos com informações sobre
tar atento ao grau de compatibilidade entre
o uso, manipulação, transporte, armazenamento e
os produtos químicos.
descarte dos produtos;
b) estocar metais reativos como sódio e potássio
(sempre em pedaços pequenos) imersos em hi-
A seguir, estão alguns exemplos de substâncias in- drocarbonetos secos como benzeno e hexano;
compatíveis:
a) Ácido acético: incompatível com etileno glicol, c) comprar produtos químicos em quantidade sufi-
óxido de cromo IV, ácido nítrico, ácido perclóri- ciente para atender as atividades realizadas no am-
co, permanganatos, anilina, gases combustíveis e biente de trabalho, evitando a aquisição de gran-
outros. des volumes;
b) Água: incompatível com metais alcalinos terrosos, d) no momento do recebimento, não aceitar produ-
peróxido de bário, carbonetos, ácido crômico, áci- tos que estejam com o rótulo danificado ou com a
do sulfúrico, trióxido de enxofre etc. embalagem violada;
c) Amônia: incompatível com bromo, hipoclorito de e) manipular apenas produtos químicos compatíveis
cálcio, cloro, ácido fluorídrico, iodo, mercúrio e com os sistemas de ventilação e exaustão do am-
prata, metais em pó e ácido fluorídrico. biente de trabalho;
d) Cloro: incompatível com acetona, acetileno, amô- f) manter seladas as tampas de recipientes com pro-
nia, benzeno, butadieno, butano e outros gases de dutos químicos voláteis para evitar a formação de
petróleo, hidrogênio, metais em pó, carboneto de odores e a deterioração da substância (muitos pro-
sódio e terebentina. dutos são sensíveis ao ar ou a umidade);
e) Permanganato de potássio: incompatível com g) não estocar recipientes com produtos químicos em
benzaldeído, glicerina, etilenoglicol, ácido sulfúri- prateleiras muito altas (recipientes grandes devem
co, enxofre, piridina, dimetilformamida, ácido clo- ser armazenados, no máximo, a 60 centímetros do
rídrico e substâncias oxidáveis. solo;
O almoxarifado utilizado para estocar os produtos h) não estocar produtos químicos no interior de cape-
químicos deve: las nem no chão;
a) ser construído com, no mínimo, uma de suas pare- i) armazenar produtos químicos em armários que
des voltadas para o meio externo; contenham aberturas laterais ou superiores para
b) ter janelas para o meio externo, além de porta evitar o acúmulo de vapores;
para acesso rápido do Corpo de Bombeiros; j) estocar os produtos químicos sempre observando
c) possuir saída de emergência bem sinalizada; sua compatibilidade;
d) contar com um sistema de exaustão para elimina- k) armazenar substâncias químicas corrosivas, solven-
ção de vapores leve (teto) e pesados (solo); tes, reativas e oxidantes em locais específicos, se-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e) ter temperatura ambiente controlada; paradas de outros produtos;


f) possuir lâmpadas à prova de explosão; l) rotular prateleiras, armários e áreas utilizadas para
g) ter extintores de incêndio, além de borrifadores e estocagem conforme a classe dos produtos que
vasos de areia; armazenam;
h) apresentar prateleiras espaçadas com trava que m) não manter grandes quantidades de produtos
evite a queda de frascos. químicos nas bancadas de trabalho;
n) sempre considerar produtos químicos desconheci-
dos como perigosos.

31
2.4.4 Princípios de segurança para o manuseio de 18) manipular materiais quentes somente com o uso
substâncias químicas de luvas de isolamento térmico;
19) sempre verificar o funcionamento do sistema de
As substâncias químicas são amplamente utilizadas exaustão do laboratório;
nas atividades desenvolvidas em laboratórios de análises 20) avaliar periodicamente equipamentos de segu-
clínicas, farmacêuticos e industriais. rança, materiais, vidrarias e instalações em busca
Para que essas atividades possam ser realizadas de de possíveis irregularidades como furos, rachadu-
forma segura, é fundamental que todos os profissionais ras e vazamentos;
envolvidos sigam alguns princípios de segurança, como: 21) verificar a tensão de cada aparelho antes de co-
1) conhecer os riscos associados ao manuseio, arma- nectá-lo a rede elétrica. Para evitar acidentes, apa-
zenamento, transporte e descarte dos produtos relhos que não estiverem em uso devem permane-
químicos utilizados; cer desconectados da tomada;
2) conhecer os sintomas da exposição aos produtos 22) separar materiais limpos dos contaminados;
químicos utilizados e sempre estar atento as nor- 23) não armazenar produtos químicos em locais ina-
mas de segurança exigidas para seu manuseio; propriados;
3) conhecer a localização precisa dos equipamentos 24) manter no laboratório apenas a quantidade de
usados em casos de emergência (alarmes, extinto- produto químico necessária;
res de incêndios, lava-olhos, chuveiros etc.); 25) não cheirar nem ingerir produtos químicos;
4) saber a forma correta de utilizar os extintores de 26) não voltar para o frasco os produtos químicos não
incêndio; utilizados;
5) não manusear produtos químicos sem o uso de 27) não circular pelo laboratório segurando produtos
equipamentos de segurança específicos para cada químicos;
caso; 28) manter o laboratório sempre limpo e organizado;
6) não fazer improvisações com produtos químicos; 29) usar capelas ou locais bem ventilados para fazer
7) não desviar a atenção de outro profissional no mo- reações químicas;
mento em que ele estiver manipulando algum pro- 30) no caso de derramamento acidental de qualquer
duto químico perigoso; produto químico, proceder imediatamente com a
8) somente utilizar produtos químicos com propósi- limpeza sempre seguindo as orientações do res-
tos específicos; ponsável pelo laboratório;
9) somente utilizar produtos químicos e materiais 31) descartar produtos e materiais de forma correta.
mediante a autorização e orientação do responsá- Nunca jogar materiais insolúveis como sílica e car-
vel pelo laboratório; vão ativo nas pias;
10) se manter atento às condições de segurança, imple- 32) inativar resíduos de reações químicas antes de
mentando ações corretivas sempre que necessário; realizar seu descarte. O descarte de produtos e
11) sempre prender os cabelos antes de iniciar as ati- matérias deve ser feito conforme as orientações
vidades e usar corretamente os equipamentos de do responsável pelo laboratório;
proteção individual (EPIs) como óculos de prote- 33) danos ou defeitos em instalações ou materiais do
ção, máscaras, luvas, botas jalecos de mangas lon- laboratório que envolvam aspectos de segurança
gas e outros; devem ser comunicados e reparados;
12) trocar as lentes de contato por óculos de grau 34) em caso de incêndio, chamar os Bombeiros, des-
antes de iniciar as atividades (lentes de contato po- ligar aparelhos elétricos que estiverem próximos,
dem reter substâncias contaminantes na superfície isolar produtos inflamáveis e iniciar o combate ao
dos olhos). Os óculos de grau devem sempre estar fogo com extintores específicos para cada caso;
cobertos por óculos de proteção. Caso, por razões 35) não entrar em locais de acidentes sem o uso de
médicas, os óculos de grau não possam ser usa- máscara;
dos, o profissional deve informar ao responsável 36) em caso de contato ou ingestão de produtos quí-
pelo laboratório para que o mesmo possa tomar micos, buscar imediatamente a ajuda médica sem-
providências que minimizem os riscos; pre indicando o produto usado;
13) não usar bermudas, saias ou sapatos aberto no 37) em caso de contato de produtos químicos com
laboratório; os olhos, abrir bem as pálpebras e lavar abundan-
14) sempre observar a validade e as especificações temente com água. Caso o produto atinja outras
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de cada EPI, fazendo substituições sempre que ne- partes do corpo, o recomendado é retirar a roupa
cessário; impregnada e lavar a pele com água;
15) não fumar, beber, comer ou se maquiar no labo- 38) comunicar e registar qualquer acidente ocorrido
ratório. Alimentos e bebidas também não devem no laboratório;
ser armazenados na geladeira ou freezer do local; 39) sempre lavar bem as mãos após manusear pro-
16) não trabalhar sozinho no laboratório ou fora dos dutos químicos, principalmente antes de sair do
horários de trabalho; laboratório, comer ou beber;
17) nunca pipetar produtos químicos com a boca. 40) não transportar produtos químicos sem os cuida-
Essa atividade deve ser realizada com o auxílio de dos necessário. Evitar o transporte entre aglome-
materiais próprios como peras de sucção, trompas ração de pessoas;
de vácuo e bombas especiais;

32
41) manter as saídas de emergência desbloqueadas; hialoplasma, ribossomos e cromatina (material ge-
42) organizar e desligar todos os equipamentos antes nético da bactéria). Vivem de forma isolada ou agru-
de deixar o laboratório. pada (formando colônias), podendo causar doenças
como cólera, tétano, difteria, sífilis, hanseníase, go-
Além disso, para que seja um ambiente seguro para o norreia, leptospirose, tuberculose, meningite etc.
profissional, o laboratório precisa ter: c) Fungos: conhecidos popularmente por mofos, bo-
a) a identificação do responsável, assim como seu te- lores, cogumelos, levedos e trufas, os fungos são
lefone de contato, afixados na porta de acesso ao seres importantes responsáveis por boa parte da
local; degradação da matéria orgânica, como os alimen-
b) equipamentos de segurança para prevenir e com- tos. Embora sejam amplamente utilizados nos pro-
bater incêndios (caixas de areia e extintores de in- cessos de fabriacação de bebidas, pães e queijos,
cêndio) em locais de fácil acesso. muitos fungos podem causar doenças (comumen-
te conhecidas como micoses) como a candidíase e
2.5 Riscos biológicos a criptococose.
d) Parasitas: os parasitas, mais conhecidos como ver-
Os riscos biológicos são causados por microrganis- mes, são seres de corpo mole e alongado que se
mos como vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoá- alojam principalmente no intestino do homem e
rios que, em contato com o homem, podem causar di- de outros animais, causando uma série de doenças
versas doenças. como ascaridíase, teníase, cisticercose, esquistos-
Normalmente, o contato entre esses microrganismos somose e muitas outras.
e o homem é favorecido por atividades profissionais que e) Protozoários: são seres vivos microscópicos for-
se desenvolvem em ambientes como laboratórios, hospi- mados por uma única célula do tipo eucarionte.
tais, consultórios e indústrias, além das ruas (onde é feita Sua principal característica é a presença de diver-
a coleta de lixo). sas organelas (pequenas estruturas funcionais das
Nesses locais, dependendo da atividade realizada, é células), além de um núcleo celular envolvido por
comum o trabalhador ficar frequentemente exposto ao uma membrana. Assim como as bactérias, os pro-
risco de contaminação pelo contato direto com: tozoários podem viver isolados ou na forma de
a) tecidos e secreções (sangue, urina, escarro etc.) colônias, causando inúmeras doenças importantes
contaminadas; como toxoplasmose, malária, doença de Chagas e
b) materiais e utensílios contaminados como seringas leishmaniose.
e agulhas;
c) animais doentes ou portadores de microrganismo 2.5.1 Classificação dos microrganismos patogênicos
patogênicos (causadores de doenças).
De acordo com o risco que representam para o mani-
A contaminação por microrganismos ocorrem princi- pulador (aquele que tem contato com animais, utensílios,
palmente por meios da vias: materiais e secreções contaminados), para a comunidade
a) cutânea (por arranhões, mordidas, cortes etc.); e para o meio ambiente, os microrganismos patogênicos
b) respiratória (pela inalação de aerossóis, ou seja, de são distribuídos em cinco classes.
pequenas partículas de secreção); Cada classe leva em consideração fatores como:
c) conjuntiva (pelo contato, por exemplo, das mãos a) poder patogênico do microrganismo, ou seja, capaci-
contaminadas com os olhos); dade dele causar doenças;
d) oral (pela ingestão de água e alimentos contami- b) resistência do microrganismo no meio ambiente;
nados). c) forma de contaminação pelo microrganismo;
d) importância da contaminação pelo microrganismo
FIQUE ATENTO! (dose);
Vírus, bactérias, fungos, parasitas e proto- e) imunidade do manipulador;
zoários podem provocar uma grande varie- f) possibilidade de tratamento (preventivo e curativo).
dade de doenças no homem. Veja a seguir
as principais características e enfermidades Dessa forma, temos o seguinte:
causadas por cada um desses agentes bio- a) Classe 1: agrupa microrganismos que não repre-
lógicos. sentam risco nem para o manipulador, nem para a
comunidade (Exemplos: bactérias Escherichia coli e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lactobacillus).
a) Vírus: são seres muito pequenos e simples, for- b) Classe 2: agrupa microrganismos que representam
mados apenas por uma cápsula proteica (cápsula risco moderado para o manipulador e fraco para
composta por proteínas) e material genético (DNA a comunidade. Causam doenças que podem ser
ou RNA ou os dois juntos). Ao infectar organismos prevenidas com tratamentos específicos (Exem-
vivos (como os seres humanos e outros animais), plos: bactérias Staphylococcus aureus e Clostridium
causam doenças como AIDS, dengue, febre amare- tetani; fungo Candida albicans; e o parasita Schis-
la, hepatite, herpes, sarampo e muitas outras. tosoma mansoni).
b) Bactérias: são microrganismos procariontes, for- c) Classe 3: agrupa microrganismos que representam
mados por uma única célula composta basicamente grave risco para o manipulador e moderado para
por quatro componentes: membrana plasmática, a comunidade. Causam doenças que nem sempre

33
podem ser tratadas (Exemplos: bactérias Bacillus 2. (Prefeitura de Lagoa Salgada/RN – Agente comu-
anthracis e Mycobacterium tuberculosis; vírus das nitário de saúde - Fundamental – MULTI-SAI/2010)
hepatites B e C, do HIV, da febre amarela e da Doença causada por protozoário:
dengue; e os protozoários Leishmania, Toxoplasma
gondii e Trypanosoma cruzi). a) Febre Maculosa;
d) Classe 4: agrupa microrganismos que representam b) Leishmaniose cutânea;
grave risco tanto para o manipulador quanto para c) Raiva;
a comunidade. Causam doenças que não podem d) Cólera.
ser tratadas, por isso, sua propagação é muito gra-
ve (Exemplo: vírus de febres hemorrágicas). Resposta: Letra B Os riscos biológicos são causados
e) Classe 5: agrupa microrganismos que representam por microrganismos como bactérias, fungos, vírus, pa-
alto risco de causar doenças graves em animais rasitas e protozoários. Uma boa medida de segurança
ou que possam se disseminar pelo meio ambiente contra esses riscos é conhecer bem os microrganis-
(Exemplo: vírus da gripe aviária e da febre aftosa). mos e as doenças por eles causadas. Neste contexto,
sabemos que a febre maculosa e a cólera são doenças
2.5.2 Medidas de segurança para os risco patoló- infecciosas causadas por bactérias, já a raiva é causada
gicos por um vírus. Dessa forma, a única doença causada
por protozoário é a leishmaniose cutânea, também
De modo geral, as medidas de segurança recomen- conhecida como leishmaniose tegumentar americana.
dadas para os riscos biológicos envolvem ações como:
a) conhecer bem a legislação de biossegurança, prin- 3. (Câmara de Belo Horizonte/MG – Técnico de segu-
cipalmente no que diz respeito às Normas de Bios- rança do trabalho – Médio - CONSULPLAN/2017) Para
segurança emitidas pela Comissão Técnica Nacio- os riscos biológicos existe uma classificação dos agentes
nal de Biossegurança; causadores que leva em consideração os riscos para o
b) conhecer os riscos que cada microrganismo repre- manipulador e para a comunidade. Esses riscos são ava-
senta para o manipulador; liados em função do poder do agente infeccioso, da sua
c) treinar e fornecer informações para todos os indi- resistência no meio ambiente, do modo de contamina-
víduos envolvidos em atividades que representem ção, da dose de contaminação, do estado de imunidade
algum risco de contaminação; do manipulador e da possibilidade de tratamento pre-
d) respeitar as Regras Gerais de Segurança; ventivo e curativo eficazes. Quanto às classes dos riscos
e) usar equipamentos de proteção individual (EPIs); biológicos, assinale a alternativa correta.
f) usar capelas de fluxo laminar de forma adequada,
sempre a limpando após o uso; a) Classe 1 – Agentes que não apresentam riscos para o
g) autoclavar materiais com microrganismos patogê- manipulador nem para a comunidade.
nicos antes de descarta-los; b) Classe 2 – Representam risco moderado para o ma-
h) usar desinfetantes eficazes para a inativação de mi- nipulador e grave para a comunidade; há sempre um
crorganismos patogênicos. tratamento preventivo.
c) Classe 3 – Representam risco grave para o manipulador
e grave para a comunidade, sendo que as lesões ou
sinais clínicos são graves e nem sempre há tratamento.
d) Classe 4 – Representam risco grave para o manipula-
EXERCÍCIOS COMENTADOS dor e moderado para a comunidade, não existe trata-
mento e os riscos em caso de propagação são bastan-
1. (Câmara de Belo Horizonte/MG – Técnico de segu- te graves.
rança do trabalho – Médio - CONSULPLAN/2017) São
agentes físicos causadores em potencial de doenças ocu- Resposta: Letra A. A Classe 1 agrupa microrganismo
pacionais, EXCETO: que não representam risco nem para o manipulador,
nem para a comunidade.
a) Poeira. A Classe 2 agrupa microrganismo que representam ris-
b) Radiações ionizantes. co moderado para o manipulador e fraco para a comu-
c) Vibrações mecânicas. nidade. Causam doenças que podem ser prevenidas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) Temperaturas extremas. A Classe 3 agrupa microrganismos que representam


grave risco para o manipulador e moderado para a
Resposta: Letra A. No contexto da biossegurança, os comunidade. Causam doenças que nem sempre po-
riscos podem ser classificados em cinco tipos: riscos dem ser tratadas.
de acidentes, riscos ergonômicos, riscos químicos, ris- A Classe 4 agrupa microrganismos que representam
cos físicos e riscos biológicos. grave risco tanto para o manipulador quanto para a
Os riscos físicos são causados por agentes como ruí- comunidade. Causam doenças que não podem ser
dos, vibrações, radiação ionizante ou não, temperatu- tratadas, por isso, sua propagação é muito grave.
ras extremas, pressões anormais e umidade.

34
3. NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA Luvas de látex normalmente são utilizadas em am-
bientes de trabalho onde o profissional é constantemen-
Existem quatro níveis de biossegurança que se dife- te exposto à contaminação por microrganismos como é
renciam conforme o grau de contenção e o nível de pro- o caso dos laboratórios de análises clínicas e hospitais.
teção que oferece ao trabalhador. Essas luvas são pouco resistentes e descartáveis.
Antes de apresentar as características de cada nível Luvas de algodão ou tecido conferem proteção con-
de biossegurança, é fundamental conhecer as barreiras tra agentes como o frio e a poeira.
de contenção utilizadas. Luvas de malhas metálicas protegem as mãos contra
o risco de cortes. É muito utilizada em açougues.
3.1 Barreiras de contenção Luvas de couro muitas vezes são a melhor escolha
para os trabalhos que envolvem o contato com animais
O termo “contenção” é utilizado para descrever os silvestre, pois protegem conta mordidas e arranhões.
equipamentos e métodos de segurança usados para mi- Luvas mais resistentes como é o caso das de borra-
nimizar, eliminar ou controlar os riscos cujo meio am- cha, neoprene e polietileno são indicadas para atividades
biente e os profissionais que atuam em laboratórios, hos- que exigem a manipulação de produtos químicos.
pitais, consultórios e indústrias são expostos. Embora o mercado ofereça uma grande variedade de
De acordo com sua função, as contenções podem ser marcas e modelos, ainda não existe uma luva que confira
classificadas como primárias ou secundárias. proteção para todos os tipos de agentes, reforçando a
necessidade de selecionar aquela que melhor se adapta
3.1.1 Barreiras de contenção primária à rotina do trabalhador.

As barreiras de contenção primária são utilizadas para


proteger o trabalhador e o ambiente de trabalho contra
os possíveis riscos. Essa proteção é alcançada por meio
do uso correto de equipamentos de segurança e da ado-
ção de boas práticas e técnicas laboratoriais.

3.1.2 Barreiras de contenção secundária

As barreiras de contenção secundária são aplicadas


com o objetivo de proteger o ambiente externo contra
agentes contaminantes provenientes de laboratórios,
hospitais, consultórios e indústrias. Essa proteção é obti- b) Jaleco ou avental: normalmente confeccionados
da pela construção de estruturas físicas adequadas com- em tecido, os jalecos ou aventais são utilizados
preende e pela rotina adotada no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger os braços e o tronco
em relação aos processos de descarte de resíduos, lim- do trabalhador contra a exposição a agentes que
peza de desinfecção de materiais etc. possam comprometer sua saúde.
3.2 Equipamentos de segurança Para atividades realizadas em laboratório, recomen-
da-se que o jaleco tenha mangas compridas e botões
Os equipamentos de segurança podem ser de dois que o mantenha fechado, protegendo até a altura dos
tipos: Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equi- joelhos.
pamentos de Proteção Coletiva (EPCs). Quando existe a chance de contato com o fogo, o
indicado é que o trabalhador use jalecos de fibras na-
3.2.1 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) turais (algodão), já que materiais de fibras sintéticas se
inflamam com facilidade.
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 (NR-6), Como muitas vezes o jaleco pode reter microrganis-
os EPIs são equipamentos de segurança, fornecidos pelo mos e produtos tóxicos, o ideal é usá-lo apenas no am-
empregador, com o propósito de proteger a saúde e a biente de trabalhado, sendo retirado deste apenas para
integridade física do trabalhador diante de agentes que lavagem.
possam machucar ou causar doenças como produtos Além dos jalecos de tecido, o mercado também ofe-
químicos e microrganismos patogênicos. rece opções descartáveis.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São alguns exemplos de EPI:

a) Luvas: as luvas são um EPI utilizado para proteger


as mãos. Para funcionar como barreira de proteção
para o trabalhador, a luva deve ser escolhida con-
siderando fatores como a natureza do risco (quími-
co, físico ou biológico), o agente de risco (produtos
químicos, microrganismos etc.), o tipo de ativida-
de (manuseio se produtos químicos, realização de
exames médicos etc.) e a resistência do material
utilizado para sua fabricação.

35
c) Óculos de proteção: os óculos de proteção são
usados para proteger os olhos contra impactos, lu-
minosidade (laser, radiação UVB e UVA etc.), poei-
ra e respingos de produtos químicos ou secreções
contaminadas. Podem ser transparentes, escuros
ou coloridos.

3.2.2 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs)

Equipamentos de segurança utilizados com o objeti-


vo de proteger não só o ambiente, mas também a saúde
e a integridade física de todos os trabalhadores presen-
tes no local de trabalho.
d) Máscaras e respiradores: fabricadas em tecido ou
São alguns exemplos de EPC:
outros materiais, as máscaras podem proteger os
a) Cabines de segurança biológica (CSB): são equi-
olhos, a face e as vias respiratórias do trabalhador
pamentos projetados com o propósito de proteger
contra a radiação, a luminosidade, o impacto de
o trabalhador e todo o ambiente de trabalho con-
partículas e a inalação de gases, fumaça, vapores
tóxicos, poeira e partículas de secreção contami- tra a contaminação por aerossóis (partículas mi-
nadas por microrganismos. núsculas contendo agentes causadores de doen-
ças) provenientes do manuseio de materiais que
contenham microrganismos patogênicos.
Essa proteção é garantida pelo uso correto da CSB e
pela presença de filtros de alta eficiência que filtram mais
de 99% das impurezas existentes no ar, eliminando partí-
culas microscópicas como vírus e bactérias. Atualmente,
o filtro mais utilizado é conhecido como HEPA (High Effi-
ciency Particulate Air).

De acordo com o modo de funcionamento e com o


grau de segurança que oferecem, as CSBs podem ser de
três tipos: Classe I, Classe II e Classe III.
e) Capacetes e capuz: fabricado em materiais varia- 1) Classe I: nessa classe o ar entra na cabine por uma
dos, os capacetes protegem a cabeça do trabalha- abertura frontal, circula em seu interior e, após ser
dor contra impactos externos. Já o capuz, tem a filtrado, é eliminado por um condutor existente na
função de evitar danos na cabeça e no pescoço, sua parte de trás.
causados por temperaturas extremas e respingos 2) Classe II: nessa classe, após passar por um filtro, o
de produtos químicos.
ar entra na cabine e a partir desse momento, 70%
dele recircula e 30% é eliminado após ser filtrado.
Essa classe de cabine é indicada para atividades
que exijam a manipulação de microrganismos das
classes 1 e 2.

#FicaDica
Outra característica importante das cabines
de segurança biológica Classe II é que, de-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pendendo da velocidade de entrada do ar


e da quantidade que recircula, ela pode ser
f) Botas: produzidas em materiais como couro, bor- dividida em quatro subtipos (A1, A2, B1 e
racha e PVC, as botas constituem um item de se- B2).
gurança indispensável para proteger o trabalhador
contra umidade, respingos de produtos químicos,
impacto de materiais pesados, ferimentos por ma- 3) Classe III: nessa classe o ar eliminado da cabine pas-
teriais cortantes, choque elétricos, danos por tem- sa por dois filtros do tipo HEPA. Além disso, como
peratura extremas e muitos outros. funciona com pressão negativa, nenhum ar sai da ca-
bine a não ser que passe pelo sistema de filtragem,

36
conferindo maior proteção para o trabalhador. Essa Para facilitar seu uso, deve ser instalado em locais de
classe de cabine é ideal para atividades que exijam a fácil acesso.
manipulação de microrganismos da classe 4.

d) Lava olhos: equipamento formado por dois pe-


b) Capelas químicas: são cabines elaboradas e uti- quenos chuveiros acoplados a uma bacia metálica,
lizadas com o objetivos de reduzir o risco de con- permitindo o direcionamento de jatos de água de
taminação do trabalhador e do ambiente, além de média pressão nos olhos.
evitar a inalação de gases e vapores tóxicos.
Pode fazer parte ou não do chuveiro de emergência e
Para garantir a proteção oferecida pela capela quími- é indicado para lavar os olhos em caso de acidentes com
ca, é preciso: produtos químicos ou substâncias contaminadas.
1) usar equipamentos de proteção individual (jaleco,
máscara e luvas);

2) colocar todos os materiais e equipamentos neces-


sário para a atividade na capela;
3) realizar a atividade com movimentos mínimos;
4) colocar recipientes próprios para descarte no fun-
do ou na lateral da capela;
5) usar equipamentos apropriados para cada ação;
6) realizar a atividade no centro da capela;
7) interromper as atividades realizadas na capela du-
rante o momento em que equipamentos como
centrífugas e misturadores estiverem funcionando; e) Extintores de incêndio: são equipamentos de se-
8) manter a capela funcionando de 15 a 20 minutos gurança manual utilizado com a finalidade de com-
antes de desliga-la; bater pequenos focos de incêndios. Dependendo
9) não usar objetos que causem turbulência de ar no dos materiais envolvidos, os incêndios podem ser
interior da capela; distribuídos em seis classes: A, B, C, D, E e K.
10) não colocar a cabeça no interior da capela; 1) Classe A: o incêndio é causado pela queima de
11) não fixar papeis no painel de vidro ou acrílico da materiais sólidos combustíveis que geram resí-
capela para não prejudicar o campo de visão. duos. Exemplos: papel, madeira, plástico, borracha,
tecido e fibras orgânicas.
2) Classe B: o incêndio ocorre pela queima de líquidos
e gases combustíveis e inflamáveis que não geram
resíduos. Exemplos: gasolina, óleo, graxa etc.
3) Classe C: o incêndio acontece pela queima de
equipamentos e instalações elétricas. Exemplos:
eletrodomésticos, quadros de força, fiação elétrica
e transformadores.
4) Classe D: o incêndio é gerado pela queima de me-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tais combustíveis. Exemplos: magnésio, titânio, po-


tássio, lítio, sódio e zircônio.
5) Classe E: o incêndio é causado pela queima de
c) Chuveiro de emergência: consiste em um chuvei- materiais radioativos. Exemplos: césio, urânio entre
ro de aproximadamente 30 centímetros de diâme- outros.
tro, acionado por alavancas. 6) Classe K: o incêndio é gerado pela queima de ma-
É usado principalmente em laboratórios químicos teriais utilizados para cozinhar em residências e in-
para lavar a face ou o corpo todo após a exposição aci- dústrias. Exemplos: óleo, banha e gordura.
dental a um agente que possa comprometer a saúde do
trabalhador, como por exemplo, acidentes com produtos
químicos.

37
Cada classe de incêndio deve ser combatido com um 1) sinalizar equipamentos de segurança como extin-
tipo específico de extintor, composto por substâncias como tores e hidrantes;
água, gás carbônico, pó químico e espuma mecânica. 2) orientar quanto a necessidade do uso de equipa-
1) Extintores com água: são indicado para comba- mentos de segurança individual;
ter apenas incêndios de classe A. Dependendo de 3) alertar sobre a existência de degraus, rampas e si-
como é usado, apaga o fogo por resfriamento ou tuações que possam gerar risco de acidentes;
abafamento. 4) indicar a direção de salas, departamentos, sanitá-
2) Extintores com gás carbônico (CO2): são ideias rios e saídas de emergência.
para incêndio de classe C, uma vez que não con-
duzem a eletricidade. Também podem ser usados
para incêndios de classe A, B e E.
3) Extintores com pó químico: os extintores com pó
químico seco são recomendados para incêndios de
classe B, mas também podem ser usados paras as
classes A, C e E. Já os extintores com pó químico
especial são a melhor escolha para combater in-
cêndio de classe D.
4) Extintores com espuma mecânica: são indicados
para combater incêndios de classe A e B. Nunca
deve ser usados para incêndios de classe C.

Também existe o extintor da classe K. Esse tipo é com- 3.3 Estrutura física do ambiente de trabalho
posto por uma solução formada por acetato de potássio
e água, ideal para combater incêndios de classe K. Para permitir que todos os trabalhadores exerçam
suas funções com segurança, o ambiente de trabalho
deve ser planejado e construído considerando as normas
recomendadas para paredes, portas, janelas, pisos, ban-
cadas, pias, iluminação e mobiliários.

3.3.1 Paredes

As paredes e tetos devem ter cantos arredondados e


possuir pintura ou revestimento de cor clara e fosca, re-
sistentes à ação de produtos químicos (para permitir sua
desinfecção). Além disso, precisam ser de fácil limpeza e
apresentar proteção contra o desenvolvimento de fungos.
Quando necessário, divisórias removíveis poderão ser
utilizadas desde que sejam confeccionadas em materiais
impermeáveis, não porosos e de fácil limpeza.
#FicaDica 3.3.2 Portas
Além de usar o extintor adequado para cada
As portas devem ter dimensões compatíveis com o
classe de incêndio, também é importante:
porte das máquinas e equipamentos utilizados no am-
a) verificar se o extintor está dentro da va-
biente de trabalho, variando de 0,80 até 2,10 m.
lidade; Precisam apresentar fechaduras que permitam uma
b) observar se o extintor está carregado (o abertura rápida e fácil no caso de emergências e serem
ponteiro deve estar no verde); confeccionadas com materiais de fácil limpeza e que re-
c) verificar se o cilindro do extintor não se tardem o fogo.
apresenta amassado ou enferrujado;
d) certificar se o extintor se encontra insta- 3.3.3 Janelas
lado em local sinalizado e de fácil acesso,
protegido da ação do sol, da chuva e do As janelas devem ser posicionadas a uma altura de, no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vento; mínimo, 0,90 m do chão. Além disso, precisam oferecer ven-


e) observar se o extintor apresenta o selo tilação e iluminação proporcionais ao espaço do ambiente.
do INMETRO (Instituto Nacional de Metro- Outra recomendação é que sejam confeccionadas a
logia, Qualidade e Tecnologia). partir de materiais lisos, não porosos e de fácil limpeza,
que garantam uma boa vedação.
Quando necessário, podem possuir dispositivos de
abertura ou telas que protejam contra a entrada de inse-
f) Placas sinalizadoras: são equipamentos de pro- tos e animais, principalmente se precisarem ficar abertas.
O ideal é que não sejam instaladas próximas da área
teção coletiva usadas como uma importante fer-
de trabalho ou de equipamentos como balanças, capelas
ramenta de comunicação visual. No ambiente de
químicas e cabines de segurança biológica.
trabalho, elas servem para:

38
3.3.4 Pisos
#FicaDica
Da mesma forma que as paredes, os pisos utilizados
no ambiente de trabalho precisam ser de materiais de Além de uma boa iluminação, outras carac-
fácil limpeza e resistência a ação de produtos químicos. terísticas que tornam o ambiente de traba-
lho mais agradável e confortável são:
3.3.5 Bancadas a) cores claras e suaves nas paredes, tetos
e pisos.
As bancadas devem ser construídas com altura en- b) temperatura ambiente variando entre 20
tre 0,75 a 0,90 m, dependendo da posição de trabalho a 26ºC, dependendo da estação (verão, in-
(sentado ou de pé). Também devem ter profundidade de verno etc.);
aproximadamente 0,75 m, distanciando-se uma das ou- c) níveis de umidade oscilando entre 40 a
tras por um espaço de, pelo menos, 0,70 m. 60%;
Sua superfície precisa ser revestida com materiais re- d) pressão sonora inferior a 65 dB (decibéis).
sistentes, impermeáveis, lisos e sem emendas que sejam
compatíveis com:
a) o peso dos equipamentos e materiais utilizados; 3.3.8 Mobiliário
b) as condições de umidade do ambiente de trabalho; O mobiliário utilizado no ambiente de trabalho deve
c) os produtos químicos utilizados. ser selecionado com base em fatores como custo, flexibi-
lidade, tipo de exposição e uso previsto.
3.3.6 Pias O mercado oferece uma grande variedade de mo-
biliário que vai desde armários e bancadas básicas com
O ambiente de trabalho pode ter pias, inseridas ou alturas e dimensões fixas até peças modulares que per-
não em bancadas e com formatos e dimensões variadas, mitem várias combinações.
destinadas para a lavagem das mãos e para a limpeza de Independente da escolha, é sempre importante levar
materiais e utensílios. em conta características como o tipo de revestimento
A pia para lavagem das mãos constitui um item obri- utilizado no mobiliário. O ideal é sempre optar por ma-
gatório para todos os laboratórios com atividades que teriais de fácil limpeza e que resistam tanto à ação de
exijam a manipulação de microrganismos e deve ser usa- produtos químicos quanto as condições de temperatura
da apenas para essa finalidade. Ainda neste caso, a pia e umidade do local.
deve contar com torneiras ou comandos que não preci-
sem das mãos para fechar a água. 3.4 Boas práticas e técnicas laboratoriais

3.3.7 Iluminação Em ambientes de trabalho como hospitais, consul-


tórios e laboratórios, os trabalhadores estão constante-
Além da luz natural proveniente das janelas, o am- mente expostos a riscos dos mais diversos tipos.
biente de trabalho também precisa contar com uma boa Muitas vezes, esses riscos podem ser minimizados ou,
iluminação artificial que assegure um ambiente confortá- até mesmo, eliminados com a adoção de boas práticas e
vel e agradável para a realização de tarefas. técnicas laboratoriais, como:
A fim de evitar reflexos, superfícies como paredes e 1) conhecer os riscos ambientais (químicos, físicos,
pisos precisam ter acabamento fosco. Além disso, os com- biológicos, ergonômicos etc.);
putadores utilizados não devem ser instalados próximos 2) receber treinamento em biossegurança;
de janelas ou luminárias e precisam ter tela anti-reflexiva. 3) conhecer e seguir as regras de biossegurança;
Para que os funcionários não tenha um cansaço visual 4) não trabalhar sozinha com materiais que apresen-
desnecessário, é importante que a iluminação geral do tem risco de contaminação por agentes microbio-
ambiente de trabalho seja relativamente fraca e que não lógicos como fungos, bactérias e vírus. A presença
ocorra o contraste entre a luz emitida pela tela do com- de outra pessoa durante o trabalho pode ser útil
putador e a luz que entra pelas janelas. no caso de acidentes;
Outra recomendação é que a iluminação seja cons- 5) manter a vacinação em dia;
tante e nunca trêmula. Caso seja necessário iluminar a
bancada de trabalho, o ideal é usar uma luminária de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mesa com luz fraca.

39
19) retirar o jaleco ou avental no momento de sair do
#FicaDica ambiente de trabalho (jaleco e aventais podem trans-
portar microrganismos ou outros contaminantes).
A vacinação é uma das melhores estra- 20) usar sapatos fechados para proteger os pés;
tégias para evitar doenças contagiosas. 21) usar óculos de segurança ou protetores faciais
Atualmente no Brasil são oferecidas 15 va- sempre em que houver o risco de haver o impacto
cinas gratuitas. São elas: de partículas/ objetos ou o respingo de secreções
a) BCG: previne a tuberculose. contaminadas/ produtos químicos;
b) HPV: protege contra o vírus do papiloma 22) não aplicar maquiagem ou cosméticos no am-
humano. biente de trabalho;
c) Pneumocócica: protege contra pneumonia. 23) não retirar canetas ou qualquer outro objeto con-
d) Meningocócica C: protege contra me- taminado do ambiente de trabalho sem antes fazer
ningite. sua desinfecção;
e) Febre Amarela: previne a febre amarela. 24) sempre que possível, trocar as lentes de contato
f) VIP/VOP: previne a poliomielite. por óculos de grau durante a realização de ativida-
g) Hepatite B: previne a hepatite B. des no ambiente de trabalho;
h) Penta: protege contra difteria, tétano, 25) não manusear lentes de contato no ambiente de
meningite, coqueluche e hepatite B. trabalho para evitar sua contaminação;
i) Rotavírus: previne doenças causadas pelo 26) prender cabelos compridos antes de iniciar as ati-
rotavírus. vidades de trabalho;
j) Influenza: protege contra gripe. 27) não usar joias ou bijuterias no ambiente de trabalho;
k) Hepatite A: protege contra hepatite A. 28) sempre lavar as mãos após a manipulação de ob-
l) Tetra viral: previne varicela-catapora, sa- jetos e materiais contaminados;
rampo, caxumba e rubéola. 29) lavar as mãos após retirar o jaleco/ avental ou as
m) Tríplice viral: previne sarampo, caxumba luvas;
e rubéola. 30) lavar as mãos antes de deixar o ambiente de trabalho;
n) Dupla adulto: previne difteria e tétano.
o) dTpa: protege contra difteria, tétano e FIQUE ATENTO!
coqueluche.
Lavar as mãos frequentemente, com água e
sabão, e da forma correta é uma das estraté-
gias mais eficazes para impedir e interrom-
per a transmissão de doenças contagiosas.
6) manter o ambiente de trabalho sempre limpo e or-
ganizado, evitando o armazenamento de materiais
como bebidas e alimentos em locais inapropriados;
7) limitar o acesso ao ambiente de trabalho, impe- O processo deve ser repetido sempre:
dindo a entrada de crianças, mulheres grávidas, a) antes e depois do contato com pessoas doenças;
indivíduos com imunidade comprometida a fim de b) ao entrar e sair do ambiente de trabalho;
c) antes e após usar o banheiro;
evitar que sejam expostos aos riscos biológicos;
d) antes e depois de calçar as luvas.
8) sempre que possível, manter a porta do ambiente
O passo a passo correto para a higienização das mãos
de trabalho fechada;
é ilustrado e descrito a seguir:
9) usar roupas que confiram proteção (uniformes, cal-
ças, aventais, jalecos etc.);
10) usar máscaras específicas para a atividade desen-
volvida;
11) usar luvas em todos os procedimentos que exijam
o contato com animais doentes, secreções conta-
minadas ou toxinas;
12) retirar anéis, alianças e outros adereços antes de
colocar as luvas;
13) retirar as luvas com cuidado para evitar a forma-
ção de aerossóis;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

14) quando necessário, descontaminar as luvas antes


de descarta-las;
15) não tocar o rosto ou qualquer outra parte do cor-
po (sem proteção) com as luvas de trabalho; a) Umedecer as mãos com água.
16) trocar de luvas todas as vezes em que for trocar b) Aplicar e espalhar sabão em quantidade suficiente
de material; em toda a superfície das mãos.
17) não tocar maçanetas, interruptores e outros com c) Esfregar as palmas das mãos.
as luvas de trabalho; d) Esfregar o dorso da mão esquerda com a palma da
18) descartar as luvas usadas em lixeiras apropriadas; mão direita, entrelaçando os dedos e em seguida
repetir o movimento com a outra mão.

40
e) Esfregar palma com palma, entrelaçando os dedos. 55) treinar cada funcionário ou estagiário orientando
f) Esfregar o dorso dos dedos com a palma da mão sobre a biossegurança, além das boas práticas e
oposta. técnicas laboratoriais.
g) Esfregar os polegares com movimentos de rotação.
h) Esfregar as pontas dos dedos.
i) Enxaguar as mãos em água corrente. #FicaDica
j) Enxugar as mãos com o auxílio de uma tolha de
papel descartável. O POP é um documento que descreve cada
k) Fechar a torneira com a ajuda do papel toalha. norma, material e atividade desenvolvida
l) Verificar se as mãos estão completamente limpas. em um laboratório ou qualquer outro am-
biente de trabalho. Ele é elaborado com o
31) durante a manipulação de produtos químicos, objetivo não só de estabelecer regras, mas
nunca pipetar com a boca (usar pera de borracha também de melhorar a qualidade das tare-
ou pipetador automático); fas executadas.
32) usar agulhas, seringas e objetos perfurocortantes
com atenção;
33) descartar agulhar sujas com cuidado para evitar a 3.5 Gerenciamento de resíduos
acidentes e a formação de aerossóis;
34) não tentar recapear agulhas; Visando a proteção dos trabalhadores, a manutenção da
35) descartar agulhas e outros materiais perfurocor- saúde pública e a preservação do meio ambiente, a Resolu-
tantes em recipientes adequados; ção RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004 regulamenta o
36) não transitar pelo ambiente de trabalhado com gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS).
materiais contaminados por microrganismos pato- De acordo com esse documento, o gerenciamento de
gênicos a não ser que sejam tomados os cuidados resíduos é composto por um conjunto de procedimentos
necessários, conforme as normas de biossegurança; elaborados e desenvolvidos a partir de bases científicas e
37) não fumar, comer ou beber em ambientes que técnicas, normativas e legais, com o propósito de:
contenham microrganismos patogênicos; a) reduzir a produção de resíduos de serviços de saúde;
38) não usar equipamentos e utensílios de vidro que- b) oferecer um caminho seguro e eficaz aos resíduos
brados ou trincados; gerados.
39) limpar e desinfetar as bancadas de trabalho após
o encerramentos das atividades; A Resolução RDC Nº 306 determina que todo gerador
40) limpar e descontaminar todos os materiais antes de resíduos precisa elaborar um Plano de Gerenciamento
de reutilizar ou descartar; de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) com base nas
41) não colocar as mãos na boca ou nos olhos en- características dos resíduos produzidos. Esse PGRSS deve
quanto estiver manipulando produtos químicos; ser compatível com procedimentos de biossegurança e
42) evitar a formação de aerossóis no ambiente de com normas municipais, estaduais e federais de coleta,
trabalho; transporte e destino final dos resíduos.
43) não armazenar roupas, bolsas e outros objetos no
local de trabalho; 3.5.1 Etapas do gerenciamento de resíduos de ser-
44) manter as unhas limpas e aparadas; viços de saúde
45) usar cabines de segurança biológica para manipu-
lar materiais que apresentem o risco de contami- O gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
nação por microrganismos; envolve as etapas de segregação, acondicionamento,
46) instalar cabines de segurança biológica em locais identificação, transporte interno, armazenamento tem-
tranquilos e com pouco trânsito de pessoas; porário, tratamento, armazenamento externo, coleta e
47) antes de transportar, armazenar todo o material transporte externo e disposição final.
contaminado por microrganismos em recipientes a
prova de vazamento; a) Segregação: essa primeira etapa consiste no pro-
48) descontaminar todo o material contaminado por cesso de separação dos resíduos. Essa separação é
microrganismos; feita no momento e no local em que os resíduos
49) descontaminar aparelhos e equipamentos antes são gerados, considerando fatores como os riscos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do serviço de manutenção; envolvidos e as características físicas, químicas e


50) conhecer a localização exata de equipamentos de biológicas do material em questão.
segurança como chuveiros, lava olhos e extintores b) Acondicionamento: nessa etapa os resíduos se-
de incêndio; parados são embalados em sacos plásticos im-
51) manter cilindros que armazenem gás fora do am- permeáveis ou recipientes resistentes a ruptura,
biente de trabalho e longe do fogo; perfuração, vazamento e aos processos de des-
52) antes de deixar o ambiente de trabalho, organizar contaminação. Os sacos ou recipientes utilizados
e desligar equipamentos e luzes; precisam ter capacidade compatível com o volume
53) estabelecer normas de Procedimento Operacional de cada tipo de resíduo gerado. Além disso, não
Padrão (POP) para todos os departamentos; devem ser esvaziados ou reaproveitados.
54) seguir as normas descritas no POP;

41
Os resíduos do grupo B devem ser identificados pelo
FIQUE ATENTO! símbolo de risco químico.
De acordo com a Norma Brasileira NBR
9191/20008 os sacos plásticos utilizados
para acondicionamento de resíduos são
classificados em:
a) Classe I: sacos plásticos usados para
acondicionar resíduos domiciliares. Podem
ser de qualquer cor, menos branca.
b) Classe II: sacos plásticos usados para
acondicionar resíduos infectantes. Devem
ter cor branca leitosa.

3) Grupo C: nesse grupo estão todos os resíduos dos


c) Identificação: nessa etapa, sacos plásticos e reci- grupos A, B e D que estejam contaminados por
pientes usados para acondicionamento são identi- radionuclídeos (substância ou partícula que emi-
ficados por meio de símbolos, cores e frases, con- te radiação). Esses resíduos são identificados pelo
forme o grupo de resíduos. símbolo internacional de substância radioativa.

De acordo com a Resolução RDC Nº 306/2004, os re-


síduos de serviços de saúde são classificados em cinco
grupos: A, B, C, D e E.
1) Grupo A: nesse grupo estão os resíduos de risco
biológico, ou seja, que apresentam risco de infec-
ção. O grupo A pode ser dividido em subgrupos
(A1, A2, A3, A4 e A5). O subgrupo A1é formado
por resíduos contaminados por microrganismos
como amostras e materiais de laboratório, descar-
te de vacinas, bolsas de sangue contaminadas etc.
O subgrupo A2 é composto por órgãos, carcaças
e peças anatômicas de animais utilizados em ex- 4) Grupo D: nesse grupo estão todos os resíduos que
perimentos com microrganismos. O subgrupo A3 não oferecem risco químico, radioativo ou bio-
é constituído por peças anatômicas de humanos lógico para nem para a saúde, nem para o meio
(membros) e produtos de fecundação sem sinais ambiente. Podem ser resíduos recicláveis ou não
de vida (que pesem até 500 gramas e tenham esta- como folhas, galhos, fraldas, papel higiênico, ab-
tura até 25 centímetros). O subgrupo A4 é formado sorventes, gesso, restos de alimentos etc.
por resíduos não contaminados como filtros de ar,
amostras de fezes, urina e secreções, kits de linhas
arteriais, órgãos e tecidos humanos, cadáveres de
animais e outros. O subgrupo A5 é constituído #FicaDica
por órgãos, tecidos e fluídos corporais, além de
todos os materiais utilizados na atenção à saúde Recomenda-se que os resíduos do grupo
de animais ou indivíduos contaminados por príons D sejam acondicionados em lixeiras colo-
(microrganismos compostos por proteínas modi- ridas, revestidas por sacos plásticos de lixo
ficadas). Os resíduos do grupo A são identificados preto ou cinza. Nesse caso, a cor da lixeira
pelo símbolo internacional de risco biológico. irá variar de acordo com o tipo de material.
a) Azul: papel e papelão.
b) Vermelha: plástico.
c) Verde: vidro.
d) Amarela: metal.
e) Preta: madeira.
f) Marrom: resíduos orgânicos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

g) Cinza: resíduos não recicláveis.

2) Grupo B: nesse grupo estão os resíduos de risco


químico como medicamentos, cosméticos e rea-
gentes usados em laboratório, além de produtos
utilizados na limpeza e na revelação de exames.

42
Os resíduos do grupo D são identificados por símbo- Nesses locais, os sacos plásticos nunca devem ser coloca-
los variados. dos diretamente sobre o piso. Sempre precisam ser conser-
vados em recipientes próprios para ser acondicionamento.
Os resíduos de fácil putrefação coletados a mais de
24 horas devem ser armazenados sob refrigeração ou
submetidos a processos de conservação.

f) Tratamento: nessa etapa, os resíduos são subme-


tidos a processos físicos ou químicos de desconta-
minação (desinfecção ou esterilização) a fim de ter
suas características químicas, físicas ou biológicas
modificadas, reduzindo, neutralizando ou elimi-
nando agentes nocivos ao meio ambiente e à saú-
5) Grupo E: nesse grupo estão resíduos classificados
de de homens e animais.
como perfurocortantes ou escarificantes, ou seja,
materiais capazes de provocar cortes ou perfura-
ções. Podem lâminas de barbear, agulhas, brocas, A eficácia dos processos de descontaminação aplica-
limas endodônticas, lâminas de bisturi, lancetas, dos precisam ter sua eficácia avaliada por meio de con-
ampolas de vidro entre outros, além de vidros que- troles químicos, físicos e biológicos.
brados. Esses resíduos devem ser identificado por
meio do símbolo de risco correspondente. g) Armazenamento externo: nessa etapa os resí-
duos são armazenados em locais exclusivos de fá-
cil acesso para os veículos coletores.

Assim como acontece no armazenamento interno,


nesses locais, os sacos plásticos devem ser mantidos em
recipientes próprios para ser acondicionamento até o
momento da coleta.

h) Coleta e transporte externo: nessas etapas, os


resíduos são coletados nos locais de armazena-
mento externo e levados até as unidades de trata-
mento ou disposição final.
d) Transporte interno: nessa etapa do gerenciamen-
to de resíduos, o lixo já separado e acondicionado Essas atividades devem ser realizadas utilizando téc-
em sacos ou recipientes devidamente identifica- nicas que assegurem não só a preservação do meio am-
dos é transportado de onde foi gerado até o local biente e da saúde dos indivíduos envolvidos, mas tam-
destinado para seu armazenamento temporário ou bém as condições de acondicionamento dos resíduos.
para coleta.
i) Disposição final: nessa etapa, os resíduos são de-
O transporte interno deve ser realizado em horários
positados no solo previamente preparado para re-
pré-determinados que não coincidam com os serviços de
cebe-los. Essa atividade deve ser realizada confor-
distribuição de roupas, alimentos ou medicamentos. Além
me os critérios regulamentados pela Resolução nº
disso, deve obedecer a um roteiro previamente definido.
237, de 19 de dezembro de 1997.
Os veículos utilizados para transportar os resíduos
devem ser feitos a partir de materiais rígidos e imper- 3.6 Classificação dos níveis de biossegurança
meáveis, de fácil limpeza e resistentes aos processos de
descontaminação. Também precisam ser identificados De acordo com os requisitos de segurança e com o
com símbolos correspondentes ao risco do resíduo que tipo de contenção necessária, os níveis de biossegurança
transportam. são classificados em quatro níveis designados em ordem
e) Armazenamento temporário: nessa etapa, os re- crescente: 1, 2, 3, e 4.
síduos já coletados internamente são armazenado
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de forma temporária locais próximos aos pontos 3.6.1 Nível de biossegurança 1


de geração a fim de agilizar e otimizar o serviço de
transporte interno. O nível de biossegurança 1 é aplicado aos laborató-
rios de ensino de ensino básico e pesquisa que mani-
Os locais destinados para o armazenamento tempo- pulam apenas microrganismo da classe de risco 1 (mi-
rário de resíduos devem ter pisos e paredes laváveis e crorganismos que não representam risco nem para o
resistentes ao tráfego de veículos coletores e aos pro- manipulador, nem para a comunidade).
cessos de descontaminação. Além disso, devem possuir Para esses tipos de laboratórios não é exigida nenhu-
pontos de iluminação artificial e ter área suficiente para ma estrutura específica, apenas um bom planejamento
armazenar os resíduos e estacionar, pelo menos, dois espacial e funcional, além da adoção de boas práticas
veículos coletores. laboratoriais, como:

43
a) reduzir a formação de aerossóis (partículas minús- Além de todos os itens requeridos para o níveis de
culas contendo agentes causadores de doenças); biossegurança 1 e 2, os laboratórios com nível de biosse-
b) realizar a descontaminação diária das superfícies gurança 3 também exigem outras contenções primárias
de trabalho; e secundárias.
c) fazer a descontaminação do lixo; a) Contenções primárias: máscara respiratória com
d) manter um programa para o controle de insetos e filtro.
pequenos animais como roedores. b) Contenções secundária: estrutura física construí-
da em área isolada com alarme e dupla porta de
Além das boas práticas laboratoriais, também são ne- entrada, além de um sistema que faça a troca do ar
cessárias algumas contenções primárias e secundárias. interno. Superfícies (bancadas, parede, teto, piso)
resistentes de fácil descontaminação e cabines de
a) Contenções primárias: óculos de proteção, más- segurança biológica Classe II ou III.
cara, jaleco, luvas e sapatos fechados.

b) Contenções secundária: pias para higienização


FIQUE ATENTO!
das mãos, janelas que permaneçam fechadas, su-
perfícies (bancadas, parede, teto, piso) de fácil lim- Nos laboratórios com nível de biosseguran-
peza e descontaminação, mobiliário resistente e ça classe 3, a operação, inspeção e manu-
cabines de segurança biológica Classe I com filtro tenção das instalações e dos equipamen-
HEPA. tos precisam ser rigidamente controladas.
Além disso, os profissionais devem receber
3.6.2 Nível de biossegurança 2 treinamentos de segurança para manipular
os microrganismos.
O nível de biossegurança 2 é aplicado aos laborató-
rios clínicos e hospitalares que manipulam apenas mi-
crorganismo da classe de risco 2 (microrganismos que 3.6.4 Nível de biossegurança 4
representam risco moderado para o manipulador e fraco
para a comunidade). O nível de biossegurança 4 é aplicado aos laborató-
Nesses ambientes, a saúde e a integridade física do rios que manipulam microrganismo das classes de risco 4
trabalhador são garantidas por boas práticas laborato- (microrganismos que representam grave risco tanto para
riais, além de contenções primárias e secundárias. o manipulador quanto para a comunidade) e 5 (micror-
ganismos que representam alto risco de causar doenças
a) Contenções primárias: óculos de proteção, más- graves em animais ou que possam se disseminar pelo
cara, jaleco, luvas e sapatos fechados. meio ambiente).
Além de todos os itens requeridos para o níveis de
b) Contenções secundária: estrutura física separada biossegurança 1, 2 e 3 os laboratórios com nível de bios-
de áreas públicas, dotada de antecâmara para pa- segurança 4 também exigem outras contenções primá-
ramentação, janelas fixas, portas que possam ser rias e secundárias.
trancadas, pias para higienização das mãos, super-
fícies (bancadas, parede, teto, piso) de fácil limpeza a) Contenções primárias: máscara facial ou macacão
e descontaminação, iluminação adequada, presen- pressurizado.
ça de lava olhos, mobiliário resistente e cabines de b) Contenções secundária: estrutura física isolada
segurança biológica Classe II. com escoamento interno do ar unidirecional; sis-
temas para suprimento/exaustão de ar e formação
de vácuo/descontaminação; antessala de entrada
FIQUE ATENTO! com piso, parede e teto vedados; portas eletrôni-
O ar dos laboratórios que exijam nível de cas; sistema que permita a comunicação entre as
biossegurança classe 2 não deve circular por partes externa e interna do laboratório; geradores
outras áreas. Além disso, o acesso ao labo- e equipamentos para insuflamento do ar, abertura/
ratório deve ser restrito durante o trabalho. fechamento de portas e monitoramento da pressão;
e cabines de segurança biológica classes II ou III.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.6.3 Nível de biossegurança 3


FIQUE ATENTO!
O nível de biossegurança 3 é aplicado aos laborató- Nos laboratórios com nível de biosseguran-
rios que manipulam microrganismo da classe de risco ça 4, todos os líquidos eliminados devem
3 (microrganismos que representam grave risco para o ser descontaminados por produtos quími-
manipulador e moderado para a comunidade) ou gran- cos ou vapor em altas temperaturas.
des volumes e concentrações de microrganismos da
classe de risco 2.

44
a) Investir em medidas de segurança da informação; não
realizar horas-extras; diminuir a incidência de fiscali-
EXERCÍCIOS COMENTADOS zações por parte do Ministério do Trabalho e Empre-
go; punir os colegas de trabalho que não cumprem as
1. (Cress/PE- Auxiliar de serviços gerais - Fundamen- normas de segurança sugeridas pela empresa.
tal – Quadrix/2017) A separação do lixo em lixeiras co- b) Identificar potenciais situações de risco na atividade
loridas deve seguir a lógica abaixo. profissional; investir em medidas de segurança; inse-
rir programas de prevenção de acidentes; executar
campanhas de sensibilização e advertir formalmente
os colegas de trabalho que estejam no exercício da
atividade profissional sem o uso de EPI.
c) Implantar programas de prevenção a acidentes; fiscali-
zar a empresa no cumprimento rigoroso de horas-ex-
tras e orientar colegas de trabalho sobre os riscos de
exercer a atividade profissional sem o uso do EPI.
d) Utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI)
apenas para a finalidade a que se destina; responsa-
bilizar-se pela guarda e conservação dos equipamen-
tos de segurança; comunicar ao empregador qualquer
alteração que torne o uso do EPI impróprio ao uso
e cumprir as determinações do empregador sobre os
diversos aspectos que envolvem a proteção dos tra-
balhadores.
Com base nos dados informados, assinale a alternativa correta. e) Realizar constantemente reuniões para alertar os fun-
cionários quanto à necessidade de cumprir o horário
a) Objetos em MDF devem ser depositados na lixeira preta. de trabalho de forma adequada e substituir anual-
b) Pilhas velhas devem ser depositadas na lixeira amarela. mente os equipamentos de produção, para garantir
c) Lenço de papel usado deve ser depositado na lixeira azul. o aumento da produtividade; discutir com os demais
d) Garrafas PET devem ser depositadas na lixeira cinza. trabalhadores formas de prevenção de acidentes.
e) Termômetro de mercúrio quebrado deve ser deposita-
do na lixeira verde. Resposta: Letra D O trabalhador é responsável por
usar o EPI com a finalidade adequada, guardar e con-
Resposta: Letra A. O MDF (Medium-Density Fiber- servar seus EPIs, avisar ao seu superior imediato quan-
board) é uma placa de densidade média produzida a do houver a necessidade de substituição do EPI e se-
partir da aglutinação de fibras da madeira. Portanto, guir as determinações em relação aos EPIs impostas
deve ser descartado em lixeiras de cor preta. pelo empregador.

2. (Correios – Auxiliar de enfermagem do trabalho jú-


nior - Médio – IADES/2017) Assinale a alternativa que
indica um risco infeccioso no ambiente de trabalho.

a) Poeira de vidro.
b) Pó químico.
c) Radiação.
d) Raios solares.
e) Príons.

Resposta: Letra E. Das opções apresentadas, a única


que oferece risco infeccioso são os príons. Os príons,
também conhecidos como priãos são agentes infec-
tantes capazes de causar doenças degenerativas do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sistema nervoso central. Se diferem de outros agentes


infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) por
não possuírem material genético (DNA ou RNA).

3. (Prefeitura de Pombos/PE - Auxiliar de serviços ge-


rais - Superior - UPENET/UPEOs/2017) O uso do Equi-
pamento de Proteção Individual (EPI) é obrigatório por
parte dos colaboradores. Cabe à empresa o seu forneci-
mento, treinamento e manutenção. Assinale a alternativa
que apresenta as responsabilidades do trabalhador no
processo de prevenção de acidentes do trabalho.

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ridas podem ser ainda punctiformes (espetadela de pre-
PRIMEIROS SOCORROS; ATUAÇÃO DE TÉC- go), lineares (navalha), irregulares (ferida do couro cabe-
ludo, por queda). Não se deve esquecer que um pequeno
NICO DE ENFERMAGEM NAS URGÊNCIAS E
ferimento produzido nos dedos ou na mão pode acarre-
EMERGÊNCIAS tar paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos
superficiais os tendões e os nervos. Além disso, as feridas
podem contaminar-se facilmente, dando lugar a uma
Neste conteúdo procuraremos esclarecer e apresen- infecção purulenta, com febre e formação de íngua. As
tar noções de primeiros socorros, as quais devem ser fei- feridas poluídas de terra, fragmentos de roupa etc., estão
tas mesmo por pessoas leigas, até que seja possível uma sujeitas a infecção, inclusive tetânica. Numa emergência,
assistência médica efetiva. Evidentemente, estes socorros deve-se proteger uma ferida com um curativo qualquer
limitam-se a medidas mínimas que proporcionam à víti- e procurar sustar a hemorragia.
ma, rapidamente, uma situação que possa livrá-la de um 3. Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os
agravamento do seu estado ou mesmo da morte imedia- membros. Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos
ta, por asfixia, hemorragia ou choque. por veículos pesados, desmoronamentos etc. O mem-
Primeiros Socorros também pode ser definido por bro atingido sofre verdadeiro trituramento, com fratura
medidas que se aplicam imediatamente ao acidentado, exposta, hemorragia e estado de choque da vítima, que
enquanto se aguarda assistência médica. Devem limitar- necessitará de socorro imediato para não sucumbir por
-se a providências mínimas, que não prejudiquem a víti- anemia aguda ou choque. Quando o movimento tem de
ma e a coloquem em situação de não sucumbir à asfixia, ser destacado do corpo, a operação recebe o nome de
hemorragia ou choque. Tais medidas se resumem em: amputação traumática. Há também os pequenos esma-
retirar a vítima do local; mantê-la em posição adequada, gamentos, afetando dedos, mão, e cuja repercussão so-
de preferência em decúbito dorsal; identificar as lesões; bre o estado geral é bem menor. Resistindo a vítima à
adotar medidas de urgência; e transportar o paciente, se anemia aguda e ao choque, poderá estar ainda sujeita à
houver condições para isso. infecção, especialmente gangrenosa e tetânica.
4. Choque: É um estado depressivo decorrente
Noções de Primeiros Socorros de um traumatismo violento, hemorragia acentuada ou
queimadura generalizada. Pode também ocorrer em pe-
Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, so- quenos ferimentos, como os que penetram o tórax. Ca-
bretudo, impedir a sua morte imediata. Evidentemente, racteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da face,
o primeiro socorro, que pode ser feito mesmo por uma com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia;
pessoa leiga, servirá para que o acidentado aguarde a pele fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios
chegada do médico, ou seja, transportado para o hospi- e viscosos na face e no tronco; prostração acentuada e
tal mais próximo. Para que alguém se torne útil num so- voz fraca; falta de ar, respiração rápida e ansiedade; pulso
corro urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza fraco e rápido; sede, sobretudo se há hemorragia; cons-
da lesão e como proceder no caso. ciência presente, embora diminuída. Como primeiro so-
corro, precisa-se deitar o paciente em posição horizontal
A. Natureza da Lesão e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar
Inicialmente, cumpre saber que se dá o nome de trau- o sangue, aquecendo-se o corpo moderadamente, por
matismo a toda lesão produzida no indivíduo por um meio de cobertores.
agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletrici- 5. Hemorragia: É a perda sangüínea através de um
dade, calor, irradiação atômica), químico (ácido fênico, ferimento ou pelos orifícios naturais, como as narinas.
potassa cáustica) ou, ainda, biológico (picada de animal Quando a hemorragia ultrapassa 500g no adulto, ocor-
venenoso). De acordo com essa classificação, devem-se re a anemia aguda, cujos sintomas se assemelham aos
considerar alguns tipos de lesões (e suas conseqüências do choque (palidez, sede, escurecimento da vista, pulso
imediatas) a requerer socorro urgente. fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios).
1. Contusão: É o traumatismo produzido por uma A hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro,
lesão, que tanto poderá traduzir-se por uma mancha es- jato lento e contínuo (combate-se pela compressão local
cura (equimose) como por um tumor de sangue (hema- e não pelo garrote). A hemorragia arterial se distingue
toma); este, quando se localiza na cabeça, é denominado, pelo sangue vermelho rutilante em jato forte e intermi-
vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas e não tente (combate-se pela compressão local, quando pe-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

se acompanham de solução de continuidade da pele. A quena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em
parte contundida deve ficar em repouso sob a ação da caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso
bolsa de gelo nas primeiras horas e do banho de luz nos do chocado, requerendo ainda transfusões de sangue,
dias subseqüentes. quando sob cuidados médicos.
2. Ferida: É o traumatismo produzido por um cor- 6. Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor
te sobre a superfície do corpo. Corte ou ferida pode ser sobre a superfície do corpo, em graus maiores ou meno-
superficial, afetando apenas a epiderme (escoriação ou res de extensão (queimadura localizada ou generalizada)
arranhadura), ou profundo, provocando hemorragia às ou de profundidade (1º, 2º, e 3º graus). Consideram-se
vezes mortal. Sendo o ferimento produzido por um pu- ainda queimaduras as lesões produzidas por substância
nhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadura
coração, podem ser atingidos, causando a morte. As fe- elétrica), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas

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formas de calor (chama, explosão, vapor das caldeiras, nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o
líquidos ferventes) são, na verdade, as causas principais prognóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta
das queimaduras. São particularmente graves nas crian- fratura, quando o paciente, depois de acidentado, apre-
ças e na forma generalizada. Assim, a mortalidade é de senta-se com os membros inferiores paralisados e dor-
9% nas queimaduras da cabeça e membros superiores; mentes; as fraturas do pescoço são quase sempre fatais.
18% na face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos Faz-se necessário um cuidado especial no sentido de não
membros inferiores. Como foi dito, classificam-se as praticar manobras que possam agravar a lesão da me-
queimaduras em três graus: 1º grau, ou eritema, em que dula; coloca-se o paciente estendido no solo em posição
a pele fica vermelha e com ardor (queimadura pelo sol); horizontal, com o ventre para cima; o choque também
2º grau ou flictema, com formação de bolhas, contendo pode ocorrer numa fratura dessas.
um líquido gelatinoso e amarelado. Costuma também 10. Irradiação Atômica: As explosões atômicas de-
ser dolorosa, podendo infectar-se quando se rompe a terminam dois tipos de lesões. A primeira, imediata, pro-
bolha; e do 3º grau, ou escara, em que se verifica a morti- vocada pela ação calórica desenvolvida, e a segunda, de
ficação da pele e tecidos subjacentes, transformando-se, ação progressiva, determinada pela radioatividade. Nos
mais tarde, numa ulceração sangrante, que se transforma pacientes atingidos, o primeiro socorro deve ser o da sua
em grande cicatriz. Quando às queimaduras pequenas, remoção do local, combate ao choque e tratamento das
basta untá-las com vaselina ou pomadas antissépticas, queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode
mas, quando ocorrem as queimaduras extensas, o pri- ignorar o perigo que existe em lidar com tais enfermos,
meiro socorro deve dirigir-se para o estado geral contra no que se refere à radioatividade.
o choque, em geral iminente.
7. Distorção: Decorre de um movimento violento B. Primeiros Socorros
e exagerado de uma articulação, como o tornozelo. Não 1. Retirada do Local: O paciente pode ficar preso
deve ser confundida com a luxação, em que a extremida- às ferragens de um veículo, escombros de um desaba-
de do osso se afasta de seu lugar. É uma lesão benigna, mento ou desacordado pela fumaça de um incêndio. Sua
embora muito dolorosa, acompanhando-se de inchação remoção imediata é, então, necessária. Assim proceden-
da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização do, evita-se a sua morte, o que justifica processo de re-
deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se tam- moção até certo ponto perigoso mas indispensável. O
bém bolsa de gelo, nas primeiras horas. socorrista deve conduzir-se com prudência e serenidade,
8. Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremi- embora, em certas ocasiões, a retirada do paciente deve
dade óssea, que forma uma articulação, mantendo-se ser a mais rápida possível. Em certas circunstâncias, será
fora do lugar em caráter permanente. Em certos casos a necessário recorrer ao Corpo de Bombeiros e a operá-
luxação se repete a um simples movimento (luxação re- rios especializados, a fim de libertar a vítima. Enquanto
incidente). As luxações mais comuns são as da mandíbula se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima, pro-
e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e curando estancar a hemorragia, se a houver, e recorrer
imobilização da parte afetada. a medidas que facilitem a respiração, já que em certas
9. Fratura: É toda solução de continuidade súbita e circunstâncias pode ser precário o teor de oxigênio da
violenta de um osso. A fratura pode ser fechada quando atmosfera local. Isso é muito importante para a sobrevi-
não houver rompimento da pele, ou aberta (fratura ex- vência do paciente.
posta) quando a pele sofre solução de continuidade no 2. Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com
local da lesão óssea. As fraturas são mais comuns ao nível o corpo estendido horizontalmente, é a posição mais
dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na pri- aconselhável. A posição sentada favorece o desmaio e
meira infância, é freqüente a fratura da clavícula. Como o choque, fato nem sempre do conhecimento do leigo.
causas de fraturas citam-se, principalmente, as quedas Quando a vítima está inconsciente, é preciso colocá-la
e os atropelamentos. Localizações principais: (a) fratura de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que
dos membros, as mais comuns, tornando-se mais graves possa respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do
e de delicado tratamento quanto mais próximas do tron- vômito. Havendo fratura da mandíbula e lesões da boca,
co; (b) fratura da bacia, em geral grave, acompanhando- é preferível colocar o paciente em decúbito ventral. So-
-se de choque e podendo acarretar lesões da bexiga e mente os portadores de lesões do tórax, dos membros
do reto, com hemorragia interna; (c) fratura do crânio, superiores e da face, desde que não sofram desmaios.
das mais graves, por afetar o encéfalo, protegido por 3. Identificação das Lesões: Estando o paciente
aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo cho- em local adequado, deve-se, imediatamente, identificar
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. certas lesões mais sérias, como ferimentos que sangram,
A fratura do crânio é uma ocorrência mais comum nas fratura do crânio, choque, anemia aguda ou asfixia, ca-
grandes cidades, devido aos acidentes automobilísticos, pazes de vitimar o paciente, se algo de imediato não for
e apresenta maior índice de mortalidade em relação às feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico
demais. O primeiro socorro precisa vir através de apare- dessas lesões: (a) hemorragia, que se denuncia nas pró-
lho respiratório, pois os pacientes podem sucumbir por prias vestes pelas manchas de sangue; basta, então, ras-
asfixia. Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca gar a fazenda no local suspeito, para que se localize o
com o dedo protegido por um lenço e vigiar a respira- ferimento; (b) fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá
ção. Não se deve esquecer que o choque pode também ser levantado quando o indivíduo, vítima de um aciden-
ocorrer, merecendo os devidos cuidados; (d) fratura da te, permanece desacordado e, sobre tudo, se ele sangra
coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropelamentos e pelo ouvido ou pelo nariz; (c) fratura de membros, posta

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em evidência pela deformação local, dificuldade de mo- mesmo. Não convém esquecer-se, também, a sobrepo-
vimentos e dor ao menor toque da lesão; (d) fratura da sição de cobertores do leito; embora o aquecimento do
coluna vertebral, quando o paciente apresenta paralisia enfermo possa tornar-se perigoso, se provocar sudorese.
de ambos os membros inferiores que permanecem dor- 3. Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essen-
mentes, indolores mas sem movimentos; (e) choque e cial de um fraturado é a sua imobilização por qualquer
anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco, sede meio; podem-se improvisar talas com ripas de madeira,
intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com fal- pedaço de papelão, ou, no caso de membro inferior, ca-
ta de ar; (f) luxação, tornando-se o membro incapaz de lha de zinco; nas fraturas de membros superior, as tipóias
movimentos, doloroso e deformado ao nível da junta; (g) são mais aconselháveis. Quando o paciente é fratura-
distorção, com dificuldade de movimento na articulação do de coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso
afetada, apresentando-se este bastante dolorosa e in- completo numa posição adequada, de preferência o de-
chada; (h) queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira cúbito dorsal com extensão do corpo.
que se produziu; resta verificar a sua extensão e gravida- 4. Vigiar a respiração: É muito importante nos trau-
de, o que pode ser orientado pela queimadura das peças matizados observar a respiração, principalmente quan-
do vestuário que ficam carbonizadas em contato com o do eles se encontram inconscientes. A respiração baru-
tegumento; no caso de queimadura generalizada, sus- lhenta, entrecortada ou imperceptível deve despertar no
peitar, logo, de um estado de choque e não esquecer observador a suspeita de dificuldade respiratória, com a
da alta gravidade nas crianças; (i) asfixia, que pode ocor- possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a boca do
rer nos traumatismos do tórax, de crânio, queimaduras paciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomi-
generalizadas e traumatismo da face. Identifica-se esta tada, o que se pode fazer entreabrindo a boca da vítima
condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a e colocando uma rolha entre a arcada dentária a fim de,
dificuldade de respirar e de consciência que logo se ins- com o dedo envolvido em um lenço, proceder a limpe-
tala. za. Em complemento, ao terminar a limpeza, lateriza-se a
cabeça, fecha-se a boca do paciente segurando-lhe a ca-
C. Medidas de Emergência beça um pouco para trás. Isso permitirá que a respiração
Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, se faça melhor. Havendo parada respiratória, é preciso
pode-se seguir a seguinte orientação: iniciar, imediatamente, a respiração artificial boca-a-boca
1. Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a ou por compressão ritmada da base do tórax (16 vezes
hemorragia é pequena ou venenosa, é preferível fazer por minuto). Não se deve esquecer que a ventilação do
uma compressão sobre o ferimento, utilizando-se um local com ar puro se torna muito importante para qual-
pedaço de gaze, um lenço bem limpo ou pedaço de al- quer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os fratu-
godão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou uma rados da mandíbula, com lesões da língua e da boca, de-
tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante verão ser colocados em decúbito ventral com a cabeça
ou arterial, começa por improvisar um garrote (tubo de leterizada, para que a respiração se torne possível.
borracha, gravata ou cinto) que será colocado uns quatro 5. Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos
dedos transversos acima do ferimento, apertando-se até que se apresentam inoculados de fragmentos de roupa,
que a hemorragia cesse. Caso o socorro médico demore, pedaços de madeira etc., podem ser lavados com água
cada meia hora afrouxa-se o garrote por alguns segun- fervida se o socorro médico vai tardar; no caso, porém,
dos, apertando-o novamente; na hemorragia pelas na- de o corpo estranho estar representado por uma faca
rinas basta comprimir com o dedo, externamente, a asa ou haste metálica, que se encontra encravada profunda-
do nariz; finalmente, em caso de hemorragia pós-parto mente, é preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer he-
ou pós-aborto, deve-se colocar a paciente numa posição morragia mortal. No caso de empalação, deve-se serrar
de declive, mantendo-se o quadril e os membros infe- a haste pela sua base e transportar o paciente para o
riores em nível mais elevado. Em casos excepcionais, o hospital, a fim de que lá seja removido o corpo estranho.
ferimento pode estar localizado numa região difícil de se Quando o corpo estranho estiver prejudicando a respi-
colocar um garrote; procede-se, então, pelo método da ração, como no caso dos traumatismos da boca e nariz,
compressão ao nível da ferida; pode-se, inclusive, utilizar cumpre fazer tudo para removê-lo de modo a favore-
o dedo ou a mão, num caso de extrema hemorragia. cer a respiração. Não se deve esquecer que os pequenos
2. Combater o choque e a anemia aguda: Começa- corpos estranhos (espinhos de roseira, farpas de madei-
-se por colocar o paciente, sem travesseiros ou qualquer ra, espinhos de ouriço-do-mar) podem servir de veículo
suporte sob a cabeça, mantendo ou membros inferiores para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em nível mais elevado; removem-se todas as peças do 6. Socorro ao queimado: Faz-se necessário consi-
vestuário que se encontram molhadas, para que não se derar as queimaduras limitadas e as generalizadas. No
agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em seguida, primeiro caso, o socorro urgente consistirá em proteger
o seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe a superfície queimada com gaze ou um pano limpo; no
no momento, a fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir segundo caso, o choque deve ser a primeira preocupa-
chá ou café quente se estiver consciente e sem vômitos; ção. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale,
ao mesmo tempo, deve-se tranqüilizá-la, prometendo- cuidando logo de colocar o paciente em repouso abso-
-lhe um socorro médico imediato e dizendo-lhe da van- luto, protegê-lo contra o resfriamento, fazê-lo ingerir be-
tagem de ficar imóvel. mesmo no caso dos queimados, bidas quentes e tranqüilizá-lo. Nesse último caso, o tra-
observa-se um resfriamento das extremidades do pa- tamento local ocupa um segundo plano. Eis um resumo
ciente, havendo necessidade de usar cobertores sobre o do tratamento local das queimaduras: (a) queimadura do

48
1º grau: protege-se a superfície queimada com vaselina da vítima para o lado até que cessem, limpando-lhe a
esterilizada ou pomada analgésica; (b) queimadura do 2º boca em seguida. Não se deve esquecer de colocar o pa-
grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo um curativo ciente em ambiente de ventilação adequada e ar puro. A
com gaze esterilizada em que se pode estender uma leve parada respiratória requer imediata respiração artificial,
camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a contínua e incessante, num ritmo de 16 vezes por minu-
seguir, o curativo precisa ser resguardado com algodão; to, até que chegue o socorro médico, não importando
quando a superfície queimada se acha suja com frag- que atinja uma hora ou mais.
mentos queimados etc., torna-se necessária uma limpe- 9. Transporte do paciente: Algumas vezes é indis-
za com sabão líquido ou água morna fervida, utilizan- pensável transportar a vítima utilizando meios improvi-
do-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em sados, a fim de que se beneficie de um socorro médi-
seguida a superfície queimada, fazendo-se um curativo co adequado; em princípio, o leigo não deverá fazer o
com pomada acima referida; no caso de queimaduras transporte de qualquer paciente em estado aparente-
poluídas com resíduos queimados, haverá necessidade mente grave, enquanto estiver perdendo sangue, en-
de um antibiótico e de soro antitetânico. A renovação do quanto respirando mal, enfim, enquanto duas condições
curativo só deve ser feita cinco a sete dias depois, a não não pareçam satisfatórias. O transporte pode por si só
ser que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta causar a morte de um paciente traumatizado. Tomando
umedecer com soro fisiológico morno ou água morna em consideração essas observações, devem-se verificar
fervida; (c) queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a as condições gerais do enfermo, o veículo a ser utilizado,
queimadura do 2º grau; o problema principal é a limpeza o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de
da superfície queimada, quando esta se encontra poluí- comunicação, será útil pedir instruções ao hospital mais
da por resíduos carbonizados; neste caso, pode-se em- próximo. Estabelecida a necessidade do transporte, tor-
pregar sabão líquido e água ou soro fisiológico mornos; na-se necessário observar os seguintes detalhes: (a) re-
(d) recomendações especiais: as queimaduras do rosto e moção do paciente para o veículo, o que deverá ser feito
partes genitais devem receber curativos de vaselina es- evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no
terilizada; as queimaduras de 30% do corpo, sobretudo caso de fratura de coluna e de membros; em casos es-
do tronco, e, principalmente, na criança, estão sujeitas ao peciais, o transporte pode ser feito por meio de veículos
choque e mesmo à morte do paciente; exigem, portanto, a motor, padiolas e, mais excepcionalmente por avião;
um tratamento no hospital, de preferência em serviços (b) veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar,
especializados. As complicações mais terríveis das quei- ao conforto do paciente; os caminhões ou caminhonetes
maduras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as prestam-se melhor a esse mister; (c) caminho a percor-
infecções, inclusive tetânica, a toxemia com graves dis- rer: é desnecessário encarecer a importância do repouso
túrbios gerais, e, finalmente, as cicatrizes viciosas que dos traumatizados, evitando abalos durante o transpor-
deformam o corpo do paciente e provocam aderências. te; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do
7. Socorro aos contaminados por raiva: Os indiví- enfermo se agravem; (d) acompanhante: a vítima deve
duos com ferimentos produzidos por animais com hidro- ser acompanhada por pessoa esclarecida que lhe possa
fobia (cão, gato, morcego etc.) devem Ter seus ferimen- ser útil durante a viagem; (e) observação: o transporte
tos tratados de maneiro já referida no item de feridas; há, em avião constitui um dos melhores pela ausência de
todavia, um cuidado especial na maneira de identificar a trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude pode ser
raiva no animal agressor, como também de orientar i pa- nociva para pacientes gravemente traumatizados de tó-
ciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamen- rax, sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com
to anti-rábico imediato; a rapidez do mesmo será tanto falta de ar.
mais imperiosa quanto maior o número de lesões produ-
zidas e quanto mais próximos da cabeça tais ferimentos. Primeiros Socorros no Trânsito
8. Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de trau- • Sinalização do local do acidente;
matismo como aqueles que atingem a cabeça, a boca, • Acionamento de recursos: bombeiros, polícia,
o pescoço, o tórax; os que são produzidos por queima- ambulância, concessionária da via, etc;
duras no decurso de um incêndio; os que ocorrem no • Verificação das condições gerais da vítima;
mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificuldade • Cuidados com a vítima;
respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela
asfixia do que pelas lesões traumáticas. Nesse caso, a Primeiros Socorros!
identificação da dificuldade respiratória pela respiração
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

barulhenta nos indivíduos inconscientes, pela falta de ar


de que se queixam os conscientes, ou ainda, pela cia-
nose acentuada do rosto e dos lábios, servirá de guia
para o socorro à vítima. A norma principal é favorecer a
passagem do ar através da boca e das narinas; colocar,
inicialmente, o paciente em decúbito ventral, com cabe-
ça baixa, desobstruir a boca e as narinas, manter o seu
pescoço em linha reta, mediante a projeção do queixo
para trás, o que se poderá fazer tracionando a mandí-
bula com os dedos, como se fora para manter fechada a
boca do socorrido; se houver vômitos, vira-se a cabeça

49
Primeiros Socorros são procedimentos, cuidados Parada Cardíaca:
imediatos e imprescindíveis, que precisam ser prestados A asfixia pode ser acompanhada de parada cardíaca.
a vítimas de acidentes, antes da chegada do atendimento Nesses casos graves deve-se tentar reanimar os batimen-
médico. tos cardíacos por meio de um estímulo exterior, de natu-
Entretanto, quem presta os primeiros socorros, deve reza mecânica, fácil de ser aplicado por qualquer pessoa.
estar consciente de suas próprias limitações e não tentar A parada cardíaca é de fácil reconhecimento, graças a
substituir o médico ou profissionais especializados. alguns sinais clínicos:
- inconsciência
1 - PRIMEIROS SOCORROS EM ACIDENTES - ausência de batimentos cardíacos
O atendimento imediato, a presteza e atuação corre- - parada respiratória
ta do socorrista, pode ser vital para a vítima e até evitar - extremidades arroxeadas
consequência graves. - palidez intensa
a) Cuide de sua segurança - O veiculo deve estar po- - dilatação das pupilas
sicionado em um local seguro e somente desembarcar
pessoas que tenham condições de ajudar.
A primeira providência antes da chegada do médico,
b) Sinalize e isole o local do acidente - Use triângulo,
é a massagem cardíaca. Trata-se da compressão ritmada
galhos de árvores ou outros objetos que devem ser colo-
do tórax da vítima, na altura do coração, por efeito de
cados a uma distância segura do local.
c) Não tome nenhuma atitude antes de examinar - pressão mecânica. Em casos de asfixia, o exercício pode
observe bem o acidente para melhor se informar e saber - e deve ser realizado continuamente até a chegada do
o que fazer, além de prestar melhores esclarecimentos ao médico ou no caso de morte comprovada do acidentado.
atendimento médico. Massagem Cardíaca:
d) Se estiver escuro não use fósforos ou qualquer ob- Deite o acidentado de costas, sobre uma superfície
jeto inflamável - No caso de vazamento de gases pode dura.
provocar incêndios. Faça pressão sobre o esterno (osso que fica na fren-
e) Peça ajuda - Evite agir sozinhos, principalmente na re- te e no centro do tórax), para comprimir o coração de
moção ou movimentação de veículos ou objetos pesados. encontro do arco costal posterior e à coluna vertebral.
Descomprima rapidamente. Repita a manobra, em um
Respiração Artificial: ritmo de 60 a 70 vezes por minuto, até batimentos es-
Respiração artificial é processo mecânico emprega- pontâneos ou até a chegada do médico. A pressão apli-
do para restabelecer a respiração, e deve ser ministra- cada depende da estrutura física da vítima, para se evitar
do imediatamente, em todos os casos de asfixia. Estes fraturas.
começam com uma parada respiratória e podem evoluir Hemorragia:
para uma parada cardíaca. Garantindo-se a oxigenação Hemorragia é a perda de sangue devido ao rompi-
pulmonar, há grande probabilidade de reativação do co- mento de um vaso, que tanto pode ser uma veia quanto
ração e da respiração. uma artéria. Qualquer hemorragia deve ser controlada
A respiração artificial só obterá êxito se a pessoa for imediatamente, pois pode levar a vítima à morte em 3 ou
atendida o mais cedo possível. Se o paciente for atendido 5 minutos se não forem controladas. A hemorragia pode
nos primeiros 2 minutos, a probabilidade de salvamento ser interna ou externa.
será de 90%. Portanto , o atendimento deve ser feito de Para estancar a hemorragia:
imediato, no próprio local do acidente e por qualquer Aplique uma compressa limpa de pano, lenço, toalha
pessoa presente. ou gaze sobre o ferimento e pressione com firmeza. Para
manter a compressa firme, utilize uma tira de pano, gra-
Respiração boca-a-boca: vata ou cinto.
Como o nome indica, trata-se de uma técnica simples Se o ferimento for pequeno estanque a hemorragia
em que o socorrista procura apenas encher os pulmões com o dedo, pressionando-o fortemente sobre o corte.
do acidentado, soprando fortemente em sua boca. Para
Se o ferimento for em uma artéria, ou em um mem-
garantir a livre entrada de ar nas vias respiratórias a cabe-
bro, pressione a artéria acima do ferimento para inter-
ça do acidentado tem que está na posição adequada. Im-
romper a circulação, de preferência apertando contra o
portante: o pescoço deve ser erguido e flexionado para
trás. Em seguida, com ajuda dos polegares, deve-se abrir osso.
a boca da vítima. Feito isso, inicie o contato boca-a-boca,
descrito a seguir: Hemorragia Nasal:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Aperte as narinas para evitar que o ar escape. Em acidentes de trânsito é comum que a cabeça do
Coloque sua boca sobre a do paciente e sopre com motorista ou de um passageiro se choque contra o pai-
força. nel ou outro obstáculo, principalmente quando não se
Afaste a boca para permitir o esvaziamento do pul- usa o cinto de segurança. O resultado, freqüentemente,
mão do acidentado. é a hemorragia nasal. Se o sangue começa a jorrar pelo
Repita a manobra quantas vezes forem necessárias. nariz é preciso que se tome os seguintes cuidados:
Em casos de ferimento nos lábios, pratique o méto- Ponha o paciente sentado, com a cabeça voltada para
do boca-a-nariz. Esse método é quase igual ao método trás e aperte-lhe as narinas durante uns 4 ou 5 minutos.
boca-a-boca, com a diferença de exigir o cuidado de fe- Se a hemorragia persistir, coloque um tampão com
char a boca do acidentado enquanto se sopra por suas gaze ou algodão dentro das narinas. Além disso aplique
narinas. um plano umedecido sobre o nariz.

50
Se houver gelo, uma compressa pode ajudar muito. Observe a respiração da vítima. Se houver parada res-
piratória, inicie a respiração boca-a-boca;
Hemorragia Estomacal: Mantenha a vítima agasalhada e imóvel;
Normalmente, a pessoa tem náuseas antes da perda Não remova o acidentado até a chegada de equipe
de sangue. Coloque-a deitada de lado com a cabeça vi- especializada.
rada lateralmente. Procure socorro médico.
Programa Nacional de Segurança do Paciente
Hemorragia Pulmonar: (PNSP)
Após acessos de tosses, sai sangue pela boca em gol- O Programa Nacional de Segurança do Paciente
fadas. Coloque a pessoa deitada de lado com a cabeça (PNSP) foi criado para contribuir para a qualificação do
mais alta que o corpo. Não deixe-a falar, tente mantê-la cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saú-
calma e procure um médico imediatamente. de do território nacional. A Segurança do Paciente é um
dos seis atributos da qualidade do cuidado e tem adqui-
Fraturas: rido, em todo o mundo, grande importância para os pa-
Há dois tipos de fratura: cientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a
Fratura Fechada: quando o osso quebrado não apa- finalidade de oferecer uma assistência segura.
rece na superfície.
Fratura Exposta: quando o osso aparece na superfície Para acesso ao documento oficial, confira em http://
corporal, pelo rompimento da carne e pele. bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_refe-
rencia_programa_nacional_seguranca.pdf
O que fazer na fratura fechada:
• Restrinja a movimentação ao mínimo indispensável
•Cubra a área lesada com pano ou algodão
•Imobilize o membro com talas ou apoios adequados
•Fixe as talas com ataduras ou tiras de pano, de ma- EXERCÍCIO COMENTADO
neira firme, mas sem apertar
•Remova o acidentado para o hospital mais próximo. 1. (FCC/2015 – TRT/9ª REGIÃO -PR) Em uma situação de
•Não tente colocar os ossos fraturados no lugar! atendimento de vítima de atropelamento em uma aveni-
da de grande circulação, a primeira preocupação que um
O que fazer na fratura exposta: indivíduo leigo deve ter ao se aproximar da cena é:
•Faça um curativo protetor sobre o ferimento, com
gaze ou pano limpo a) avaliar a segurança do local.
•Se houver hemorragia abundante, procure contê-la b) procurar por hemorragia na vítima.
conforme indicado anteriormente c) iniciar a coleta de informações sobre a causa do
•Imobilize o membro fraturado (aplique talas) acidente.
•Chame um médico ou leve a vítima para o hospital d) imobilizar a coluna cervical da vítima.
mais próximo e) verificar se a vítima está respirando adequadamente.
•Não desloque ou arraste a vítima até que a região
fraturada tenha sido imobilizada. Resposta: Letra A. Em “b” e “c”, Errados – não se deve
O que fazer na fratura do crânio: mexer na vítima, isso deve ser feito pelos paramédicos.
Mantenha a vítima recostada, no maior repouso possível. Em “c”, Errado – coleta de informações sobre o ocorri-
Em caso de hemorragia no couro cabeludo , envolva a do é competência dos policiais que atenderem a ocor-
cabeça com uma faixa ou pano limpo. rência.
Se houver parada respiratória, inicie a respiração bo- Temos então “a” e “e”, ambas podem ser feitas (no caso
ca-a-boca. da “e” sem que se mexa o ferido), porém, o enunciado
Imobilize a cabeça do acidentado, afrouxe suas roupas pede pela primeira preocupação, e esta deve ser a veri-
em torno do pescoço e mantenha-o agasalhado. ficar a segurança e tentar isolar o local, evitando assim,
Conduza o paciente para o hospital o mais rápido que outro acidente acabe por acontecer.
possível.

O que fazer na fratura da coluna vertebral:


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A fratura da coluna vertebral constitui uma das emer-


gências mais delicadas em casos de acidentes de trânsito.
Se mal atendida, a vítima pode ter sequelas permanentes
graves.

É preciso muito cuidado na correta identificação desse


tipo de lesão e na conduta do socorrista. Qualquer erro
pode ter consequências sérias. Se possível, conte com a
ajuda de alguma equipe especializada. Caso não seja pos-
sível, aja você mesmo. Mas sempre com muito cuidado.

51
mento.
NOÇÕES DE FARMACOTERAPIA
3.2-TIPOS DE FARMACO:

•FÁRMACO AGONISTA - intensifica ou estimula um


NOÇÕES DE FARMACOTERAPIA, VIAS DE receptor;
ADMINISTRAÇÃO
•FÁRMACO ANTAGONISTAS – Interage com um re-
FARMACOLOGIA: estudo dos fármacos em todas as ceptor mas não estimula, impede as ações de um
suas funções. agonista.

FÁRMACO (PHARMACON = REMÉDIO): estrutura •Podem ser competitivos(compete com o agonista


química conhecida;propriedade de pelos sítios receptores) ou não competitivos( liga-
-se aos sítios receptores e bloqueia os efeitos do
Noções Básicas modificar uma função fisiológica já agonista).
existente.
Noções Básicas
MEDICAMENTO (MEDICAMENTUM = REMÉDIO) :
fármaco com propriedades benéficas, comprovadas por 4- FARMACOTERAPIA:
meio cientifico. Todo medicamento é um fármaco(remé-
dio), mas nem todo fármaco(remédio) é um medicamento. Refere-se ao uso de medicamentos para o combate
de doenças, prevenção e diagnóstico.
DROGA (DRUG = REMÉDIO, MEDICAMENTO, DRO-
GA): substância que modifica a função fisiológica com ou Deve - se levar observar além da escolha do fármaco
sem intenção benéfica. adequado os fatores individuais de cada paciente , tais
como: idade, função cardiovascular, GI, hepática, renal,
REMÉDIO (RE = NOVAMENTE; MEDIOR = CURAR): dieta, doença, interação medicamentosa, entre outros.
substância animal,vegetal, mineral ou sintética; procedi-
mento (ginástica, massagem, acupuntura, banhos); fé ou 5- CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMINIS-
crença; influência: utilizados em benefício da saúde. TRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

PLACEBO (PLACEO = AGRADAR): O que feito com A responsabilidade em administrar medicamentos é


intenção benéfica para aliviar o sofrimento: fármaco/me- um dos maiores pesos sobre a equipe de enfermagem.
dicamento/droga/remédio (em concentração pequena ou
mesmo na sua ausência), a figura do médico (feiticeiro). Deve-se conhecer: A ação do fármaco no organismo;

2.2-Conceitos importantes sobre dosagem A dosagem e os fatores que a modificam;


As vias de administração;
POSOLOGIA: É o estudo das doses de administra-
ção dos medicamentos. Dose: é uma quantidade de uma Absorção e eliminação ( Farmacocinética)
droga que quando administrada no organismo produz
um efeito terapêutico. Classificam-se em: •Regra do 5 C – via certa, medicamento certo, pacien-
te certo, dose certa, hora certa.
1-Dose mínima: é a menor quantidade de um medi-
camento capaz de produzir o efeito terapêutico. 2-Dose 6-FARMACOCINÉTICA:
máxima: é a maior quantidade de um medicamento
capaz de reproduzir o efeito terapêutico. Se esta dose 6.1-Farmacocinética : é o caminho que o [[medica-
for ultrapassada ocorrerá efeitos tóxicos ao organismo mento]] faz no organismo. Não se trata do estudo do seu
doente. 3-Dose tóxica: é a quantidade de medicamento mecanismo de ação mais sim as etapas que a [[droga]]
que ultrapassa a dose máxima, causando pertubações, sofre desde a administração até a excreção, que são: ab-
intoxicações ao organismo, até a morte. 4- Dose Letal; é sorção, distribuição, bio-transformação e excreção. Note
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a quantidade de um medicamento que causa a MORTE. também que uma vez as a droga no organismo, essas
etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão
3-CONCEITO DE FARMACODINÂMICA: 3.1-FAR- apenas de caráter Didático.
MACODINÂMICA:
6.1.1-As fases da farmacocinética são:
É o estudo dos mecanismos relacionados às drogas,
que produzem alterações bioquímicas ou fisiológicas no 1- Absorção: Absorção farmacológica;
organismo. A interação, a nível celular, entre um medica-
mento e certos componentes celulares – proteínas, enzi- A absorção, é a primeira etapa que começa com a es-
mas ou receptores-alvo, representa a ação do fármaco. colha da via de administração até o momento que a droga
A resposta decorrente dessa ação é o efeito do medica- entra na corrente sanguínea. Vias de administração como

52
intra-venosa e intra-arterial não passam por essa etapa, CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA MONITORI-
entram direto na circulação sangüínea. Existem fatores in- ZAÇÃO HEMODINÂMICA INVASIVA, CUIDADOS
terferem nessa etapa, dentre estes temos : o pH do meio, DE ENFERMAGEM EM PROCEDIMENTOS INVA-
forma farmacêutica e patologias (úlceras por exemplo), SIVOS E NÃO INVASIVOS AO PACIENTE CRÍTICO:
dose da droga a ser administrada, concentração da droga
na circulação sistêmica,concentração da droga no local A monitorização hemodinâmica é utilizada para diag-
de ação, distribuição da droga organicamente, as drogas nóstico, terapêutica, e até mesmo fazer prognóstico com
nos tecidos de distribuição e a eliminação metabolizada os dados obtidos. A finalidade é reconhecer e avaliar as
ou excretada. Temos ainda um fator a ser relevado que é possíveis complicações do estado hemodinâmico do pa-
a característica química da droga pois esta interfere no ciente e intervir em tempo hábil com terapia adequada,
processo de absorção. prevenindo maiores complicações.
A monitorização hemodinâmica não invasiva vem
Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAA- aumentando nas unidades de cuidados críticos e centro
grcAJ/farmacologia-basica?part=3 cirúrgico. O objetivo principal de utilizar a técnica não
invasiva é reduzir as complicações associadas às técnicas
de monitorização hemodinâmica invasiva.
CÁLCULO DE DILUIÇÃO E GOTEJAMENTO: A escolha do sistema de monitorização hemodinâmi-
ca não invasiva dá-se por ser uma técnica menos invasi-
É utilizado sempre que houver a prescrição de um va, com facilidade no manuseio, de menor custo e que
volume a ser administrado por via endovenosa em um em estados clínicos duvidosos pode ser confirmada por
período de tempo pré-estabelecido. Para isso, faz-se exames complementares.
necessária a realização de um cálculo para determinar Assim, asseguramos ao paciente a uma monitoriza-
quantas gotas devem ser infundidas por minuto (velo- ção eficaz, menos invasiva e prevenindo até mesmo uma
cidade) de modo que a infusão termine exatamente no infecção.
horário desejado.
A monitorização hemodinâmica não invasiva consiste em:
Exemplo: - Pressão arterial não invasiva, que é a verificação da
Pressão Arterial, através do método escutatório,
A prescrição médica é de Soro Glicosado 5% 500 mL com esfignomanometro e estetoscópio, ou através
para ser infundido em 4 horas. Quantas macrogotas se- do método automatizado que tem como base a
rão infundidas por minuto para que o volume termine no medida da pressão arterial através de curvas de me-
tempo pré-estabelecido? didas, realizada por software validado para tal fim.
- Freqüência cardíaca, que é a verificação dos bati-
Como não existe a possibilidade de controlar déci- mentos cardíacos, representada pelo número de
mos de gotas em um equipo, procedemos a seguinte vezes que o coração bate por minuto.
regra de arredondamento: quando o número após a vír- - Temperatura, mensuração da temperatura corporal
gula for 1, 2, 3 ou 4 mantemos o mesmo número sem os através dos termômetros. Essa pode ser mensura-
décimos quando o número após a vírgula for 6, 7, 8 e 9 da de três maneiras: a temperatura retal e neste
arredondamos para cima, como exceção temos o núme- caso o valor obtido é um grau Celsius acima da
ro 5, neste caso será necessário encontrar a segunda casa temperatura axilar; a temperatura central, que
após a vírgula. pode ser obtida com termômetro esofágico, ca-
teter de pressão intracraniana com dispositivo de
Portanto neste caso teremos que infundir 42 macro- temperatura e também com cateter de artéria pul-
gotas por minuto para que o volume de 500 ml termine monar através da termodiluição.
em 4 horas. - Freqüência respiratória: é mensurada através da ob-
servação da expansão torácica contando o número
E quando for utilizado um equipo de microgotas? de inspirações por um minuto.
Quando for utilizado um equipo de microgotas (mais - Oximetria de pulso: é a mensuração da saturação de
usado em pediatria), a fórmula utilizada é: oxigênio da hemoglobina arterial e o pulso cardía-
co. Vem otimizando os cuidados com o paciente e
Exemplo: minimizando o potencial de episódios de hipóxia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A prescrição é de 400 ml de Soro Fisiológico 0,9% Como monitorização hemodinâmica não invasiva es-
para ser infundido em 4 horas. Quantas microgotas se- pecífica temos:
rão infundidas por minuto para que o volume termine no - Capnografia, é o registro do gás carbônico no final
tempo pré-estabelecido? da expiração. Os capnógrafos analisam e registram
a pressão parcial de co2 durante o ciclo respirató-
*Como há um número “redondo” não existe a neces- rio por um sensor aplicado nas vias áreas do pa-
sidade de usarmos a regra de arredondamento. Portanto ciente ou pela aspiração de uma amostra de ar nas
neste caso teremos que infundir 100 microgotas por mi- vias aéreas processada por um sensor.
nuto para que o volume de 400 ml termine em 4 horas. - Monitorização eletrocardiográfica, através do ele-
trocardiograma, para detecção de arritmias e ou-

53
tras complicações, tais como: isquemias, alterações
do marca-passo e distúrbios eletrolíticos graves. CONDUTAS DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Indice Bispectral (BIS): O BIS foi desenvolvido espe-
NA SAÚDE MENTAL;
cificamente para descrever alterações no EEG que
se relacionam com os níveis de sedação, anestesia,
perda de consciência e lembrança.
O termo Saúde Mental se justifica, assim, por ser uma
A monitorização hemodinâmica invasiva consiste em: área de conhecimento que, mais do que diagnosticar e
pressão arterial invasiva, pressão venosa central, pressão tratar, liga-se à prevenção e promoção de saúde, preocu-
da artéria pulmonar, débito cardíaco, saturação venosa pando-se em reabilitar e reincluir o paciente em seu con-
mista e outros parâmetros derivados do cateter de Swan texto social. Outro ponto é o fato de que a Enfermagem
Ganz. Essas fornecem informações qualitativas e quanti- sempre pareceu, para alguns olhares menos perspicazes,
tativas das pressões intravasculares. estar à sombra do conhecimento médico.
- Pressão arterial invasiva: A pressão por este método Mas, na verdade, ela constrói seu conhecimento e di-
é medida através de um cateter introduzido na ar- vide com todas as outras áreas envolvidas os louros e as
téria, o qual é conectado em uma coluna liquida. A frustrações de trabalhar em (ou para a) Saúde Mental.
medida da pressão é obtida através do transdutor Em última análise, a flexibilidade para desprender-se de
de pressão que faz a leitura; é obtida pressão sis- conceitos científicos fixos e a atenção para as necessida-
tólica, diastólica e média. des de mudanças a cada passo constituem pontos-chave
- Pressão Venosa Central (PVC): mensura à pré-carga para o crescimento pessoal e do conhecimento no setor
do ventrículo direito (VD), ou seja, a capacidade de Saúde Mental.
enchimento do ventrículo direito ao final da diás- Além da jornada excessiva de trabalho, a equipe de
tole. enfermagem vive em constante nível de estresse, pois
- Pressão Artéria Pulmonar (PAP): O cateter da arté- seu objeto de trabalho é o cuidar do outro com o seu
ria pulmonar fornece parâmetros hemodinâmicos sofrimento, com as lesões que transfiguram o corpo, com
para o diagnóstico, não sendo, uma modalidade os seus resíduos (urina, fezes e sangue), o que leva ao
terapêutica. desgaste emocional do profissional.
- Débito cardíaco: pode ser mensurado de duas for- Desta forma, é comum que se encontre nos corre-
mas: com o cateter de quatro vias por termodilui- dores dos hospitais profissionais em crise, alcoolistas,
ção e o cateter o cateter de sete vias. drogaditos e portadores de transtornos mentais. São
Na monitorização hemodinâmica invasiva neurológi- pessoas que estão doentes, se sentem doentes, mas não
ca comumente utilizada, são: pressão intracraniana, tem- podem ficar doentes por depender mensalmente daque-
peratura cerebral e oximetria cerebral. le pequeno salário para o sustento de sua família.
Talvez a efetivação desta proposta no âmbito legal e
Fonte: a criação de um serviço de saúde mental para atender os
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/arti- profissionais de saúde, em particular os de enfermagem,
gos/conteudo/monitorizacao/7602 pela natureza de seu trabalho, já seria um solução.
Ao apresentar pelo menos um episódio de transtorno
mental no decorrer da vida, e, no período de um ano,
um entre cinco indivíduos encontra-se em fase ativa da
doença.
No entanto, a prática aponta o período de resistên-
cia pelo qual as pessoas passam antes de se sentirem
“obrigadas” a procurar ajuda, ressaltando-se o fato de
que algumas jamais a procuram. Freqüentemente ouve-
-se colocações do tipo: “Vim procurar ajuda porque não
agüentava mais”; ou: “Há muitos anos sinto isso, mas ti-
nha medo de me tratar”; ou ainda: “Ficava pensando no
que os meus amigos iriam dizer se soubessem que me
trato aqui...” O medo de “enlouquecer” ou de ser “taxado
como louco” ainda é o causador de uma enorme deman-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da reprimida, que dificulta qualquer análise numérica


mais exata. Isso sem se falar no estigma do próprio trata-
mento, seja ele medicamentoso ou psicoterápico. Em ní-
vel de Brasil, principalmente em algumas áreas carentes,
torna-se ainda mais difícil se obter estatísticas, pois ainda
são poucos os locais onde o Programa de Saúde Mental
está implantado de forma satisfatória.
Apesar de tudo isso, a demanda nesse setor vem au-
mentando a cada dia, causando muitas vezes a impres-
são errônea de que hoje as pessoas apresentam mais
transtornos mentais que antigamente.

54
É comum ouvirmos nossos pais ou avós afirmando de aparência estranha, não somente no que se refere
que “estão todos enlouquecendo”, ou que “antigamente ao vestuário, mas também com auto-mutilações, como
não tinha nada disso”. tatuagens ou piercings. No entanto, estas pessoas nem
É verdade que o ritmo da vida de hoje é capaz de cau- sempre freqüentam um setor de Saúde Mental, embora
sar maior tensão nas pessoas e com isso desencadear epi- algumas vezes precisem de ajuda pela razão com que
sódios de transtornos mentais; no entanto, outros fatores justificam tais procedimentos.
podem estar influenciando no aumento desta demanda: O nível de orientação de uma pessoa é variável com
1 A introdução de um programa de Saúde Mental oca- a situação que está experimentando.
sionou um número maior de unidades assistenciais. As atribulações do dia-a-dia e as preocupações po-
2 A conscientização da necessidade do acompanha- dem nos deixar “desligados”, o que não quer dizer, ne-
mento psicológico para os pacientes de outros cessariamente, que devamos nos inscrever num setor
programas, como Saúde da Mulher (gestação, cli- de Saúde Mental. O inverso também é verdadeiro. Nem
matério, aborto), hanseníase, DST (principalmente todo o usuário deste setor encontra-se desorientado e
suas colocações devem sempre ser ouvidas com atenção.
para os portadores de HIV), tuberculose etc.
Em relação à agressão, embora este pareça ser o
3 A introdução de novas formas de tratamento na
maior ponto de receio para os profissionais quando se
Saúde Mental vem apresentando melhoras nos
trata de lidar com o paciente com transtorno mental, o
quadros clínicos e diminuindo o “medo do trata- índice de profissionais de saúde agredidos neste setor
mento” por parte de pacientes e familiares. não é maior que em muitos outros setores. Isso se deve
4 A conscientização da população de que o programa a dois fatores: violência não tem que estar necessaria-
de Saúde Mental pode e deve atuar como preven- mente presente no transtorno mental, e nem todos os
ção, e não só como tratamento nos surtos, vem usuários do setor apresentam um transtorno mental de
fazendo com que a população busque assistência maior gravidade.
antes de apresentar sintomas de maior complexi- O grau de dificuldade em lidar com todas estas ques-
dade. Assim, a dona de casa que não tinha vontade tões pode variar
de sair e que era considerada excelente, hoje se vê No entanto, pessoas consideradas saudáveis conse-
deprimida. O pai de família que chegava em casa guem perceber suas dificuldades e procurar ajuda. Estas
exaltado e achava que era cansaço, hoje se acha constituem grande parte da demanda do setor de Saúde
nervoso. Mental, sem que sejam portadoras de transtornos men-
tais mais graves, como as psicoses.
Observa-se, desta forma, uma mudança de padrões Também fazem parte dessa demanda indivíduos que
de normalidade. buscam laudos para conseguirem uma aposentadoria
5 A veiculação de informações sobre transtornos por invalidez ou mesmo um período de licença.
mentais através dos meios de comunicação (jor- A maioria destes não pretende ficar em casa, e sim
nais, revistas, televisão, rádio etc), vem fazendo conseguir um ganho monetário extra que permita satis-
com que as pessoas identifiquem-se com os sinto- fazer as necessidades básicas suas e de sua família.
mas e busquem ajuda por valorizarem o que sen- O transtorno mental pode causar um profundo so-
tem. Passam a perceber que não estão sozinhas e frimento ao portador, à sua família e amigos. Freqüente-
que muitas vezes podem até estar na “moda”. Com mente, ele abate o ânimo e leva à autodestruição, que se
todos estes fatores atuando na demanda de Saúde reflete, em parte, na elevada taxa de tentativas de suicí-
Mental, é possível perceber que a alteração que ela dio entre esses pacientes.
Muitas vezes tais pacientes encontram-se abandona-
vem sofrendo não é apenas numérica. Embora em
dos pela família, que ou se afasta por medo de sofrer ou
números venha alcançando índices consideráveis,
por não acreditar, de fato, que as alterações de compor-
a sua caracterização é surpreendentemente dife-
tamento que os indivíduos apresentam sejam derivadas
rente da observada há alguns anos. de uma patologia, e sim de uma deficiência de caráter.
Quem é o paciente que procura o setor de saúde Fatores físicos ou biológicos
mental?
Sua resposta provavelmente será positiva para a pri- O nosso corpo funciona de forma integrada, isto é, os
meira pergunta. Com o atual índice de usuários do setor aparelhos e sistemas se comunicam uns com os outros e
de Saúde Mental, é muito difícil encontrar alguém que o equilíbrio de um depende do bom funcionamento dos
ainda não tenha tido este tipo de contato, mesmo que outros. Muitas vezes podemos achar difícil de entender
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

não atue na área de saúde. No entanto, procure as res- como sintomas tão “emocionais” como sentir-se culpado
postas para as perguntas subsequentes. ou ter pensamentos repetidos de morte ou ouvir vozes
Havia algo de estranho em sua aparência? A aparência possam ter também uma base orgânica, mas ela existe. O
do indivíduo que procura este setor pode ser um sinal mui- envelhecimento, o abuso de álcool ou outras substâncias
to importante na detecção de determinados quadros men- são exemplos comuns.
tais e o auxiliar de enfermagem deve saber percebê-los. Em muitos casos essa base já pode ser identificada e
Mas o que desejamos ressaltar neste momento é que descrita pelos especialistas, em outros casos ainda não.
a menos que o paciente estivesse em franco surto, difi- O que se sabe é que sempre que temos alguma emo-
cilmente haveria nele algo que o classificasse como um ção, seja ela agradável ou desagradável, ocorrem uma
paciente com transtorno mental. É verdade que com as série de trocas elétricas e químicas em nosso cérebro, o
variações da “moda”, muitas vezes encontramos pessoas que já constitui, por si só, um fator orgânico.

55
Podemos definir os fatores físicos ou biológicos fisiológicas permaneceram as mesmas. O estresse é
como sendo as alterações ocorridas no corpo como um uma resposta de adaptação do organismo ao meio. É
todo, em determinado órgão ou no sistema nervosos normal, por exemplo, que ao passarmos à noite por um
central que possam levar a um transtorno mental. Dentre lugar escuro e deserto e vendo dois sujeitos estranhos
os fatores físicos ou biológicos que podem ser a base vindo em nossa direção, nosso coração dispare (para
ou deflagrar um transtorno mental, existem alguns mais enviar mais sangue aos músculos), nossas mãos fiquem
evidentes, que avaliaremos a seguir frias (pois maior aporte sangüíneo está nos grandes
Fatores genéticos ou hereditários músculos), nossa pele fique pálida (assim evitamos maior
Fatores pré-natais sangramento, caso soframos algum ferimento), enfim ...,
Fatores peri-natais que nosso organismo, com sua “sabedoria” milenar, se
Fatores neuro-endocrinológicos prepare para uma emergência, na qual ele vai precisar
Fatores ligados a doenças orgânicas reunir energias para lutar ou fugir. No entanto, não é
Fatores Ambientais normal nem desejável que estejamos em constante es-
Fatores emocionais ou psicológicos
tado de alerta, sempre prontos para respostas de emer-
gência, pois o nosso organismo tem gastos excessivos de
A partir de agora veremos alguns conceitos muito
energia nesses momentos e precisa de um tempo para
usados em Psiquiatria, sendo muitas vezes apontados
como constitutivos ou provocadores do transtorno men- se recuperar.
tal, nos quais percebemos que há uma mescla dos fato-
res físicos, ambientais e emocionais. Alterações da sensopercepção Sensopercepção

Ansiedade é doença? É a capacidade que desenvolvemos de formar uma


síntese de todas as sensações e percepções que temos a
Em nosso contato com a realidade, é comum desen- cada momento e com ela formarmos uma idéia do nosso
volvermos sentimentos de felicidade e gratificação dian- próprio corpo e de tudo o que está à nossa volta. Para
te de sucessos e sentimentos de decepção e sofrimento isso, fazemos uso de todos os nossos órgãos dos senti-
diante de nossos insucessos. Diante de nossos sofrimen- dos. As alucinações, típicas dos estados psicóticos, não
tos passamos a detectar como “perigo” tudo aquilo que costumam constituir um nome estranho, especialmente
ameace nossa segurança e tranqüilidade, seja real ou para quem trabalha em um setor de psiquiatria, mas, às
imaginário. Costumamos também desenvolver uma série vezes, são confundidas com outras alterações. As aluci-
de reações diante das situações que julgamos ameaça- nações são sensações ou percepções em que o objeto
doras, reações às quais chamamos ansiedade. não existe, mas que é extremamente real para o pacien-
Crise é uma palavra das mais usadas atualmente. O te, e ele não pode controlá-las pois independem de sua
país está em crise, a saúde está em crise, o local onde vontade. Assim, numa alucinação auditiva, o paciente
trabalhamos geralmente está passando por uma crise, o não dirá “parece que ouço vozes”, e sim “as vozes vol-
paciente “teve uma crise”, nós estamos em crise. Mas o taram e estão me dizendo para não escutar o que você
que quer dizer crise dentro da Saúde Mental? Existem diz”. As alucinações podem ser auditivas, visuais, gustati-
coisas que acontecem uma vez ou outra em nossas vidas, vas, olfativas, táteis, cinestésicas e das relações e funções
e que podem nos parecer agradáveis ou desagradáveis, corporais. Nas ilusões, ao contrário das alucinações, o
tais como ter um filho, ficar doente, perder o emprego
objeto percebido existe, mas sua percepção é falseada,
etc. Essas situações muitas vezes nos pegam de surpresa
deformada. O paciente pode, por exemplo, estar conven-
e exigem que a gente busque uma forma de se adaptar.
cido que o teto está baixando e que poderá esmagá-lo.
Costumamos chamá-las de crise, um conceito muito im-
portante para quem procura compreender a pessoa com
transtorno mental. O termo crise foi inicialmente empre- Alterações do pensamento
gado em Psiquiatria em 1963, por Caplan e Lindemann,
para descrever as reações de uma pessoa a situações Pensamento é o processo pelo qual associamos e
traumáticas, tais como uma guerra, desemprego, morte combinamos os conhecimentos que já adquirimos no
de alguém querido. mundo e chegamos a uma conclusão ou a uma nova
idéia. Inicia-se com uma sensação (visão, olfato, paladar,
Ansiedade, crise e estresse são a mesma coisa? Hoje audição e tato) e conclui-se com o raciocínio, que é ca-
em dia, todo mundo se diz estressado. Estresse virou si- racterizado pela associação de idéias. Podem ser classi-
nônimo de irritação, cansaço, nervosismo, ansiedade, rai- ficadas de acordo com a direção ou com o conteúdo do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

va e as mais diversas sensações e emoções. Na verdade o pensamento.


estresse foi conceituado, em princípio, como um conjun-
to de reações fisiológicas, comandadas pelo sistema ner- Alterações da linguagem
voso autônomo, possivelmente desenvolvidas em nossa
longa história de adaptação ao mundo. Tais reações têm Podem se tratar de alterações na articulação da lin-
o objetivo de preparar nosso organismo para lutar ou guagem ou no uso da mesma. A logorréia é a fala ace-
fugir diante de uma situação de perigo, que, na época lerada e compulsiva; a gagueira é a repetição de sílabas,
das cavernas, poderia ser, por exemplo, o ataque de al- com dificuldade para dar início e prosseguimento à fala.
gum animal. Através dos tempos, o tipo de “perigos” aos Na ecolalia há repetição, como em eco, das últimas pala-
quais podemos ser submetidos foram se modificando (e vras proferidas por alguém; na glossolalia, o paciente usa
multiplicando), mas as reações a linguagem de forma estranha e incorreta, muitas vezes

56
com a criação de novos termos, incompreensíveis (neo- Na alegria patológica, o paciente mostra-se eufóri-
logismos). No mutismo, o indivíduo mantém-se mudo, co, agitado, com elevada auto-estima, verborréia, grande
sendo comum em estados depressivos e de esquizofre- desinibição, sendo característica de episódios de mania.
nia catatônica.
Alterações da consciência A consciência é que faz de Alterações do sono
nós mesmos seres psíquicos vinculados à realidade. É
através dela que nos damos conta de nossas sensações, Podem ocorrer como um sintoma ou como o próprio
percepções, de nosso ser. Sua alteração apresenta várias transtorno mental, ou ainda, como reação adversa a de-
formas. terminados medicamentos. Encontramos mais facilmen-
te a insônia, que é a falta de sono durante uma parte ou
Alterações da atenção e da orientação toda a noite (ou período habitual de sono do indivíduo).
Pode ser inicial (a pessoa custa a “pegar no sono” – mais
Atenção é quando se focaliza seletivamente algumas característica de quadros de ansiedade), ou terminal (a
partes da realidade. Para que aconteça, é necessário que pessoa acorda de madrugada e não consegue voltar a
o indivíduo esteja em estado de alerta (desperto). Como dormir – mais característico da depressão). Já a narcolep-
alterações mais comuns, podemos citar a dificuldade de sia é sono em excesso durante todo o dia.
concentração ou inatenção e a mudança cons- Transtornos do humor Geralmente oscilamos entre
. Orientação é a capacidade de integrar informações um estado de ânimo mais elevado (elação) e um mais
a respeito de dados que nos localizem, principalmente, baixo. Quem nunca acordou indisposto para uma ativi-
no tempo e no espaço (dados estes que dependem tam- dade, ou nunca se sentiu “eufórico” com alguma boa no-
bém da memória, atenção e percepção). Como altera- tícia? No entanto, isso não costuma prejudicar nossas ati-
ções podemos citar a desorientação, onde o paciente é vidades diárias. Quando o indivíduo fica fixado em uma
incapaz de relacionar os dados a fim de perceber onde destas polaridades, ou varia entre elas de forma muito
e em que época se encontra, e a dupla orientação, onde intensa, a ponto de começar a prejudicar sua vida habi-
o indivíduo oscila entre uma orientação adequada e uma tual, podemos falar em transtornos do humor
inadequada, misturando os dados, como um paciente A depressão não é o mesmo que “baixo astral”, por
que sabe que mudou de século, mas continua afirmando mais que esteja incluída na gíria como “fulano está na
estar em 1959. maior ‘deprê’ ”. Ao contrário da tristeza comum, a de-
pressão caracteriza-se por um estágio mais prolongado e
Alterações da memória grave de abatimento do humor. A pessoa com depressão
apresenta tristeza patológica com perda da auto-estima,
Por memória podemos entender todas as lembran- normalmente reclama de falta de ânimo, cansaço fácil e
ças existentes na consciência. Suas alterações podem ser de não sentir interesse por nada
quantitativas ou qualitativas. A hipermnésia é alteração
em que há clareza excessiva de alguns dados da memó- Transtornos de ansiedade
ria. De forma contrária, a amnésia é a impossibilidade
de recordar total ou parcialmente fatos ocorridos antes Sabemos que a ansiedade faz parte de todos nós.
do início do transtorno (amnésia retrógrada), após o seu Como sintoma, ela pode aparecer em vários transtornos.
início (amnésia anterógrada) ou fatos isolados (amnésia Nos transtornos de ansiedade, entretanto, ela aparece
lagunar). A amnésia pode ainda se dar como uma defesa, como sintoma central. Os transtornos de ansiedade cons-
suprimindo da memória fatos muito carregados afetiva- tituem grande parte da demanda psiquiátrica e envolve
mente (amnésia afetiva). Já a paramnésia constitui-se de um grande grupo de classificações de transtornos, dos
distorções dos dados da memória. Pode ocorrer um fal- quais veremos os principais: O paciente com Transtorno
seamento na recordação de determinados fatos (param- de Ansiedade Generalizada (TAG) é, normalmente, consi-
nésia da recordação), ou ainda ao lançar mão dos dados derado um paciente difícil, pois permanece em constante
da memória para reconhecer alguém, alguma coisa ou estado de irritabilidade, impaciência, apreensão. Geral-
lugar (paramnésia de reconhecimento). mente ele reclama de tensão, suores constantes (frios
ou não), sensação de “cabeça leve”, tonteiras, mal-estar
Alterações da afetividade gastrintestinal, palpitações e dificuldade para dormir. A
pessoa com TAG costuma mostrar-se constantemente
Muito resumidamente, podemos dizer que afetivi- preocupada. O fato é que se trata de uma ansiedade “im-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dade constitui-se na capacidade de experimentar sen- possível de controlar” sem o tratamento adequado, fa-
timentos e emoções. Dentre suas alterações, podemos zendo com que a pessoa tenha suas atividades limitadas.
citar a labilidade afetiva em que ocorre mudança dos es- O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um
tados afetivos sem causa externa aparente. Por exemplo, transtorno de ansiedade no qual o indivíduo desenvolve
o paciente pode mudar da mais profunda tristeza para a pensamentos ou ações repetitivas que ele próprio consi-
mais estrondosa alegria em segundos, alternando estes dera na maioria das vezes como inapropriadas, mas que
estados. Na tristeza patológica, a pessoa sente profundo não consegue controlar, muitas vezes porque acredita
abatimento, baixa auto-estima, geralmente acompanha- que algo trágico ocorrerá a si ou a outros caso ele não
dos de tendência para o isolamento, choro fácil, inibição as execute. Por exemplo, diante de um pensamento ob-
psicomotora, sendo característica da depressão. sessivo de que há doenças espalhadas por todo o ar e
que poderá contraí-las a qualquer momento através de

57
sua pele, o indivíduo com TOC poderá desenvolver o ato rexia nervosa. Nesse transtorno, a pessoa não consegue
compulsivo de tomar longos e repetidos banhos, o que comer, emagrecendo exageradamente, entrando muitas
na verdade é um comportamento evitativo da ansieda- vezes em estado de desnutrição grave. Muitos casos ne-
de que pode causarlhe imaginar-se doente. Esse é um cessitam de internação para um tratamento adequado.
transtorno que pode ser extremamente incapacitante, Outro transtorno bastante falado é a bulimia que se ca-
pois, dependendo do grau em que se encontra, o indiví- racteriza pela pessoa provocar vômitos após a ingestão
duo fica preso em uma série de rituais, não conseguindo, de comida pelo medo de ganhar peso, sendo comum
muitas vezes, realizar nem mesmo tarefas de organização entre as modelos e as atletas. Já a hiperfagia é a fome
diária a contento. Além disso, dependendo do ato com- insaciável, fazendo com que a pessoa coma compulsi-
pulsivo realizado, a pessoa pode provocar lesões em si vamente.
mesma, como por exemplo na lavagem quase contínua
das mãos. CAPS

No Transtorno de Estresse Pós-Traumático Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas dife-
rentes modalidades são pontos de atenção estratégicos
O paciente refere geralmente um evento fortemente da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comuni-
traumático (estupro, catástrofes seqüestros), muito ge- tário constituído por equipe multiprofissional e que atua
rador de estresse e a partir do qual passou a desenvol- sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente
ver repetidos episódios nos quais, mediante a lembrança atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno
do evento, desenvolve toda uma série de reações como mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes
entorpecimento, ausência de respostas aos estímulos do do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial,
ambiente, sonolência excessiva, redução da memória ou seja em situações de crise ou nos processos de reabili-
concentração. tação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar.

Transtornos somatoformes Modalidades

Os pacientes com esse tipo de transtorno são aque- • CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para
les que vão repetidamente à clínica geral, com queixas transtornos mentais graves e persistentes, inclusive
de problemas físicos que não são identificados como pelo uso de substâncias psicoativas, atende cida-
de causa orgânica, o que não lhes satisfaz, fazendo com des e ou regiões com pelo menos 15 mil habitan-
que solicitem continuamente novas investigações (às ve- tes.
zes mudando de um médico para outro). Só conseguem • CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para
identificar seu “mal estar” como tendo origem no corpo, transtornos mentais graves e persistentes, inclusive
o que faz com que geralmente resistam a um encami- pelo uso de substâncias psicoativas, atende cida-
nhamento para o setor de Saúde Mental, ou se sintam, des e ou regiões com pelo menos 70 mil habitan-
até mesmo, ofendidos tes.
• CAPS i:  Atendimento a crianças e adolescentes,
Transtorno esquizofrênico para transtornos mentais graves e   persistentes,
inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, aten-
Normalmente chamado esquizofrenia, esse é um dos de cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil
mais graves transtornos mentais. É também o que mais habitantes.
freqüentemente as pessoas identificam como loucura, • CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas fai-
pois escapa mais claramente a nossa idéia de normali- xas etárias, especializado em transtornos pelo uso
dade. O indivíduo com transtorno esquizofrênico está de álcool e outras drogas, atende cidades e ou re-
com suas funções perceptivas alteradas, vê, ouve e sente giões com pelo menos 70 mil habitantes.
coisas que não são reais (as chamadas alucinações); sele- • CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhi-
ciona estímulos do ambiente que normalmente passam mento noturno e observação; todas faixas etárias;
despercebidos, com freqüência estando alheio ao que se transtornos mentais graves e persistentes inclusive
passa à sua frente. Seu pensamento encontra-se invaria- pelo uso de substâncias psicoativas, atende cida-
velmente esvaziado, sem sentido. Ás vezes, sente que al- des e ou regiões com pelo menos 150 mil habi-
guém lhe “rouba os pensamentos da cabeça”. Seu com- tantes.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

portamento é geralmente identificado como estranho • CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12


e sua aparência também pode causar estranheza, pois, vagas de acolhimento noturno e observação; fun-
estando imerso em percepções distorcidas do mundo e cionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos
de si mesmo, acaba deixando de cuidar de si (inclusive pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades
hábitos de higiene) ou pode vestir-se de acordo com os e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
pensamentos delirantes, que comumente apresenta. Se o seu município não tem CAPS, procure a Atenção
Básica
Transtornos alimentares
• No Brasil, a atenção básica (AB) é desenvolvida
Dos transtornos mentais que levam a dificuldades na com alto grau de descentralização, capilaridade e
alimentação talvez o mais freqüente e grave seja a ano- próxima da vida das pessoas. Deve ser o contato

58
preferencial dos usuários, a principal porta de en- E em relação às drogas ilícitas (inalantes, maconha, etc.),
trada e o centro de comunicação com toda a Rede será que a metodologia do terror é realmente mais segu-
de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ra? E ainda podemos acrescentar: será que a prevenção
ela se oriente pelos princípios da universalidade, por meio da instauração do medo é a melhor ação edu-
da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cativa? Esse tipo de abordagem consegue se sustentar
cuidado, da integralidade da atenção, da respon- eticamente?
sabilização, da humanização, da equidade e da As questões acima nos levam para uma nova pos-
participação social. tura preventiva, que busca a desconstrução do modelo
• Os  Núcleos de Apoio à Saúde da Família  (NASF) proibicionista, pois entende que somente a preconização
foram criados pelo Ministério da Saúde em 2008 da abstinência e a aplicação da metodologia amedron-
com o objetivo de apoiar a consolidação da Aten- tadora não são as melhores estratégias. Assim, por meio
ção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde da aproximação do modelo de Redução de Danos e da
na rede de serviços, assim como a resolutividade, a noção de Vulnerabilidade nasce uma nova abordagem
abrangência e o alvo das ações.  na prevenção ao uso e dependência de drogas: Ações Re-
• A Estratégia Consultório na Rua foi instituída pela dutoras de Vulnerabilidade.
Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, e A abordagem de Redução de Danos não tem como
visa ampliar o acesso da população em situação de objetivo principal fazer com que o usuário interrompa o
rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira uso da droga, ou que o indivíduo nunca a experimen-
mais oportuna, atenção integral à saúde para esse te. Sua preocupação não é a de acabar com o consumo
grupo populacional, o qual se encontra em condi- (entende que de algum modo sempre teremos que lidar
ções de vulnerabilidade e com os vínculos familia- com isso), mas sim pretende lidar com o modo como
res interrompidos ou fragilizado.  este consumo é realizado, priorizando, especificamente,
diminuir os possíveis danos à saúde.
Drogas e ser humano: a prevenção do possível Trabalhar a prevenção na perspectiva da abordagem
de Redução de Danos é compreender que o melhor ca-
Discutir sobre a prevenção ao uso de risco e depen- minho para lidar com o uso de drogas não é o de decidir
dência de drogas evoca muito mais que conhecer so- e definir pelos outros quais são os comportamentos mais
mente os aspectos farmacológicos dos psicoativos ou adequados e corretos. Muito diferente disso, é construir,
novas estratégias/técnicas pedagógicas. Ao lidar com o junto com o outro, possibilidades de escolhas mais au-
fenômeno do uso de drogas somos convocados a pensar tênticas e livres, diminuindo vulnerabilidades.
sobre nós mesmos, sobre o ser humano e o mundo em A noção de vulnerabilidade foi inicialmente pensada
que vivemos. como maneira de fornecer elementos para avaliar, obje-
Porém, a resposta da sociedade à complexidade do tivamente, as diferentes chances que todo e qualquer in-
uso de drogas pode ser caracterizada como um processo divíduo tem de se contaminar pelo HIV, dado o conjunto
de simplificação e reducionismo desse fenômeno, o que formado por certas características individuais e sociais de
na área da prevenção é representada na postura proibi- seu cotidiano, julgadas relevantes para a maior exposi-
cionista. Projetos preventivos balizados pelo “Diga não ção ou menor chance de proteção diante do problema.
às Drogas” trata esta questão de modo idealizado, já que Depois se estendeu para outras questões, como a da vio-
almeja alcançar uma sociedade livre dessas substâncias lência nas relações de gênero e ao uso de drogas.
(o que contraria a história humana, pois não conhecemos Assim, o quadro de vulnerabilidade pode ser com-
sociedade que não tenha algum tipo de uso). Seu obje- preendido na tarefa preventiva ao uso de risco e depen-
tivo principal é fazer com que as pessoas nunca experi- dência de drogas da seguinte forma:
mentem e que se mantenham sempre na abstinência. Por Componente individual – a maior vulnerabilidade
certo, é um modelo que utiliza a metodologia amedron- não deve ser entendida como uma decorrência imediata
tadora. Parte-se do princípio de que o medo faça com da ação voluntária dos indivíduos, grupos populacionais
que as pessoas não tenham coragem de experimentar ou nações, mas sim relacionada a condições objetivas do
as drogas. meio natural e social em que os comportamentos acon-
Essa postura, sem dúvida a mais presente na realida- tecem, ao grau de consciência que os indivíduos, grupos
de brasileira, é aquela fundamentada na “Intolerância e populacionais ou nações têm sobre esses comportamen-
Guerra contra as Drogas” (Exemplo: Proerd, Parceira con- tos e ao poder de transformação que possuem, a partir
tra as drogas, etc). dessa consciência;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por outro lado, várias pesquisas científicas revelam Componente social – diz respeito a aspectos de
que essa abordagem não vem conseguindo responder à como se dá o acesso à informação pelos sujeitos ou
complexidade desse fenômeno. grupos populacionais, bem como o acesso aos serviços
Nesse sentido, não podemos deixar de mencionar de saúde e educação; aspectos sociopolíticos e culturais
que uma dimensão esquecida pela referida postura é em relacionados a determinados segmentos populacionais,
relação às drogas lícitas (álcool e tabaco). Como pensar o tais como: mulheres, crianças, idosos, populações indí-
trabalho preventivo ao uso do álcool por meio do proibi- genas, entre outros; o grau de liberdade de pensamento
cionismo, se sabemos por meio dos dados epidemiológi- e expressão dos diferentes sujeitos;
cos que mais de 80% dos jovens já experimentaram essa Componente programático (político-institucional) – se
droga? Será que a única estratégia preventiva que temos refere a aspectos como financiamentos previstos para pro-
em relação às drogas lícitas é a promoção da abstinência? gramas preventivos, à presença ou não de planejamento

59
das ações, à possibilidade de formação de redes ou coali- Compreender que a vulnerabilidade ao uso de risco e
zão interinstitucional para atuação, além do compromisso dependência de drogas não é algo inerente às pessoas,
expresso das autoridades para tal. mas uma condição que está sempre presente, pois es-
No que tange à prevenção, utilizar a noção de vul- tamos sempre vulneráveis a algo em diferentes graus e
nerabilidade poderia se tornar uma ferramenta valiosa, dimensões, sendo que essas vulnerabilidades mudam ao
ampliando significativamente o modo de compreender longo do tempo, por tudo isso, o trabalho preventivo de-
e intervir nesta questão, além do que ganhar mais rele- veria estar presente durante todo o percurso da vida;
vância quando resgatamos a sua origem no campo dos Cultivar uma relação de dialogicidade no contato
direitos humanos, que, por sua vez, confere ao Modelo com o outro, no sentido de facilitar a formação de uma
de Redução de Danos argumentos éticos e possibilida- consciência crítica, capaz de identificar possíveis riscos;
des de legitimação para efetiva implementação. Respeitar e ouvir as escolhas das pessoas (público-alvo)
Assim, a aproximação do Modelo de Redução de Da- em relação ao modo como lidam com o uso de drogas,
nos e da noção de vulnerabilidade se dá antes de tudo, cultivando um clima afetivo no qual seja possível colocar
no plano da ética, da cidadania e dos direitos humanos. em questão essas decisões, sempre no sentido de ampliar
A compreensão de que ninguém é vulnerável, mas as possibilidades de ser, de reduzir as vulnerabilidades;
está vulnerável, resultante da dinâmica relação entre os Não reproduzir de forma alguma a “pedagogia do
componentes individuais, sociais e programáticos, pro- terror” (terrorismo – instaurar o medo) e os seus proce-
voca novas reflexões sobre a prevenção ao uso nocivo de dimentos de amedrontamento e intimidação, pautada na
drogas, particularmente, em relação a projetos desenvol- exacerbação das advertências sobre os perigos advindos
vidos com jovens e crianças. A partir do entendimento de do uso de drogas;
que a vulnerabilidade não é algo estático e pontual, mas Posicionar-se criticamente perante as informações
dinâmico e contínuo, projetos preventivos pontuais, me- veiculadas pela grande mídia sobre a questão das drogas;
ramente informativos, teriam resultados limitados. Nes- Não banalizar as discussões sobre o uso nocivo de
sa mesma direção, propor a implementação de projetos drogas, minimizando as possíveis consequências nega-
preventivos apenas para adolescentes é negar o caráter tivas desse uso.
construtivo e provisório do quadro de vulnerabilidade.
Ora, considerar esta noção é reconhecer a importância Diretrizes Sociais (contexto):
de possibilitar para o aluno a construção de seu projeto As ações preventivas devem ser pautadas em objeti-
de vida, ou seja, encorajar o poder de transformação, o vos realistas e possíveis de serem alcançados;
que estamos nomeando hoje como a possibilidade de Romper com o imaginário que é possível uma socie-
construção de sua plena cidadania. Torna-se evidente, dade sem o uso de drogas;
assim, que os projetos preventivos que levem em con- Trabalhar a prevenção desde a infância, no sentido de
sideração a noção de vulnerabilidade deveriam, preferi- um cuidado que possibilite à criança se encontrar consi-
velmente, ser iniciados já na educação infantil ou pelo go mesma, buscando o desenvolvimento de um modo
menos no ensino fundamental, percorrendo toda a vida de ser próprio e autêntico;
estudantil, chegando ao ensino médio. É nesse sentido Abordar a prevenção ao uso de drogas de maneira am-
que entendemos o entrelace da prevenção ao uso nocivo pla, contemplando tanto as drogas lícitas como as ilícitas;
de drogas com a noção de vulnerabilidade e, mais espe- Considerar no planejamento das ações preventivas
cificamente, no âmbito escolar, na possibilidade da cons- os aspectos estatísticos sobre o uso de drogas do pú-
trução permanente de uma rede cuidadora entre o pro- blico-alvo, principalmente, sobre a droga mais utilizada
fessor e o aluno. Isso nos parece fundamental: prevenção atualmente, enfatizando as drogas lícitas (por exemplo: o
na escola é trabalhar para construir uma rede cuidadora álcool e o tabaco, como também os remédios comercia-
e permanente entre o professor e o aluno. lizados legalmente);
Ao dialogar com outros interesses, sem ser o da proi- Incentivar experiências que incluem o respeito a si
bição e do controle, o sentido da prática preventiva se mo- mesmo, aos outros e à dignidade humana, reforçar a au-
difica, assim como o seu modo de dialogar. Portanto, não tonomia pessoal, incentivar o desenvolvimento afetivo e
é o técnico (professor, psicólogo, médico etc.) que deter- social, a integridade moral, o senso de dignidade e de
minará como o sujeito–alvo (criança, jovem, professor etc.) cidadania;
deveria se prevenir, mas é o próprio sujeito, a partir de uma Desenvolver atividades que possibilitem a reflexão
intensa reflexão, que se colocará em questão, buscando sobre o projeto de vida dos participantes, encorajando
formas e apoio para reduzir suas vulnerabilidades. o poder de transformação, no sentido da construção de
A partir de nossas considerações, apresentamos sua plena cidadania.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

abaixo algumas diretrizes preventivas na perspectiva das


Ações Redutoras de Vulnerabilidade (SODELLI, 2010): Diretrizes Programáticas (políticas públicas, ins-
Diretrizes Individuais (pessoais): titucionais):
Procurar desenvolver uma postura crítica à mera proi- Considerar sempre que todos os pressupostos enu-
bição do uso de drogas, como também em relação à abs- merados contêm concepções gerais, a serem adaptadas
tinência como o principal e único objetivo da prevenção; e contextualizadas, levando em conta as contingências
Reconhecer que o objetivo da prevenção não é ditar no âmbito em que se pretende desenvolver o trabalho
comportamentos e sim contribuir para que cada pessoa, preventivo;
a partir de uma intensa e contínua reflexão, encontre Todo o trabalho preventivo deve ser entendido a mé-
modos de lidar e reduzir suas próprias vulnerabilidades, dio/longo prazo, por meio de um processo educativo in-
durante toda a sua vida; tegrador e sistemático;

60
Todas as informações devem ser transmitidas de ma- Esses números nos provocam uma reflexão. Esta-
neira fidedigna, objetiva e realista, pautadas no conheci- mos acostumados a dizer que se espera que 10% da
mento científico, respeitando a particularidade e capaci- população usuária de drogas apresente problemas com
dade de compreensão de cada público-alvo; substâncias psicoativas. Mas, quando vemos pelas infor-
mações desse relatório que somente 0,6% das pessoas
Os procedimentos implantados devem ser passíveis relatam o uso problemático de drogas, então temos de
de avaliação múltipla, aplicando aos resultados, proces- começar a questionar as estatísticas que consideramos
sos e estruturas, considerados durante todo o trabalho, básicas.
oferecendo, assim, subsídios para novas posturas e cor- No fim desse encontro, veremos ainda como tem sido
reções de ações preventivas; a resposta mundial no que se refere à procura por trata-
As políticas em relação às drogas devem ser integra- mento, o que tem sido efetivamente realizado, e vere-
das às políticas sociais mais gerais; mos que não temos noção de qual é a população que
Integrar as ações preventivas aos programas já exis- realmente precisaria ser tratada. Assim como no Brasil,
tentes, buscando parcerias com outras instituições de também no resto do mundo existe uma incapacidade de
educação, saúde, meio ambiente, etc.; prover o tratamento necessário para as pessoas que dele
A viabilização dos programas depende da participa- necessitam.
ção de toda a sociedade. É claro que podemos tratar cada assunto individual-
A insistência em preconizar o modelo proibicionista mente, quando falamos ou atendemos à um grupo pe-
e a pedagogia do controle poderá custar a todos nós a queno de pessoas, mas políticas públicas precisam tratar
perpetuação da inexistência de um autêntico trabalho de do cenário mundial, do macrocenário, e não daquele que
prevenção ao uso nocivo de drogas. Ou seja, o esqueci- conhecemos da prática diária no nosso Centro de Aten-
mento de um dos sentidos mais próprios da educação: dimento ou daquela pessoa da nossa rua, de quem gos-
reduzir vulnerabilidades.1 tamos tanto e sentimos por ela enfrentar problemas com
drogas. Isso não é o suficiente para nos preparar para
Drogas e sociedade pensar em políticas públicas.
Se ainda formos separar as drogas por categorias, das
Parece que já é senso comum que o problema de drogas ilícitas veremos que a maconha é a mais utiliza-
drogas, não só no Brasil como no mundo inteiro, está da no mundo. De qualquer forma, ela teve uma variação
relacionado ao conjunto de três elementos: o indivíduo, para mais de 4%, desde o final da década de 90 até os
a substância e a sociedade onde este encontro acontece. anos 2006 e 2007. Esse número, no entanto, leva muita
Digo isso porque ainda há algumas escolas, pensa- gente, inclusive especialistas, a dizer que o uso da erva
mentos e correntes que acabam dando mais ênfase à explodiu no mundo.
questão da substância do que a essa interação. Talvez Ocorre que não é verdade. Mesmo o próprio relatório
seja por isso, como falaremos mais adiante, que a políti- mostra que esse acréscimo de 4% precisa ser olhado com
ca de drogas pensada é sempre o modelo de guerra às cuidado, porque também temos de considerar o cresci-
drogas. mento populacional, ou seja, o crescimento geral da po-
Vale a pena prestarmos um pouco de atenção porque pulação. Assim, esse aumento de 4% talvez não seja tão
mesmo os profissionais que trabalham com dependência alarmante quanto tendemos a pensar que seja.
química acabam tendo ideias e informações nem sempre Em segundo lugar temos as anfetaminas, com um au-
muito apuradas a respeito do que vem a ser o mundo das mento de 0,6%.
drogas e do que falamos quando tratamos dele. Em seguida, a coca é os seus derivados – cocaína, crack,
Trataremos disso e também falaremos sobre a socie- e outros. Depois, os opiáceos com 0,4% de acréscimo.
dade, que é o meio onde essa relação se dá. Veremos Por fim, temos a heroína e o ecstasy, que é outra dro-
que ela acaba influenciando e diferenciando, às vezes de ga que tem sido muito falada aqui no Brasil, com medi-
forma extrema, a resposta que determinado grupo social das muito restritas e duras, mas essas drogas apresentam
fornece para esse problema. um aumento de 0,2% a 0,3%, desde o final da década de
Apresento dados estatísticos do relatório do UNODC, 90 até 2009.
falando sobre a presença de substâncias psicoativas, es- Se olharmos o Brasil dentro desse quadro geral, ve-
pecialmente drogas ilegais, no mundo, entre uma popu- remos que não somos dos piores países nessa questão.
lação de 15 a 64 anos. Vejamos: Isso acaba, às vezes, criando uma situação muito delicada
População mundial estimada em seis bilhões e meio porque, quando trazemos especialistas estrangeiros para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de pessoas; algum evento, esperamos que eles discutam esse cená-


População mundial entre 15 e 64 anos de idade: cerca rio, que quase sempre é apresentado como um grande
de quatro bilhões e 200 milhões de pessoas; problema do nosso país. É quando muitos deles dizem
População entre 15 e 64 anos que já usou droga: 208 que nós não temos um verdadeiro problema de drogas
milhões de pessoas, ou 4,8% da população estudada; no Brasil. É que eles consideram nossa posição dentro do
Pessoas entre 15 e 64 anos que fizeram uso de droga cenário mundial.
no último mês: 112 milhões. Podemos ver que os Estados Unidos ocupam o pri-
0,6% da população mundial, entre 15 e 64 anos, relata meiro lugar no que diz respeito à categoria de uso na
ter problema com uso de drogas. vida para todas as substâncias consideradas – maconha,
cocaína e anfetaminas. Isso também deveria fazer tocar
mais um sino em nossa cabeça. Os norte-americanos são
1 Fonte: www.crpsp.org - Por Marcelo Sodelli

61
os que mais investem na política de guerra às drogas; os dos documentos da ONU concordam que essas substân-
que mais prendem pessoas por crimes relacionados ao cias têm de ser prescritas, não estamos afirmando que
fenômeno drogas – produção, comércio e consumo de todos os países sabem o que estão fazendo. Estamos fa-
substâncias psicoativas (SPAs); os que mais promovem lando de uma pressão política e econômica que certos
essa perseguição aos usuários e dependentes, essa ver- países, uma pequena minoria, provocam sobre a maioria
dadeira caça às bruxas. E toda propaganda a essa posi- dos integrantes das Nações Unidas.
ção acaba influenciando outros países, dentro dos fóruns Então, quando ouvimos que algo é proibido pelas
internacionais, contra qualquer política ou postura mais convenções internacionais, isso não deveria constituir ar-
humanizada em relação aos usuários de drogas. Porém, gumento suficiente para que acreditássemos que é para
mesmo com todas essas políticas restritivas, eles ocupam ser assim mesmo. Pelo contrário, deveríamos nos ques-
o primeiro lugar no que diz respeito ao consumo proble- tionar a respeito. Porque a maioria dos países concorda
mático ou não de SPAs, no mundo. com essa situação quando, na verdade, todos acabam
Será, então, que a guerra às drogas é um bom modelo usando substâncias de uma forma completamente des-
a ser seguido? regrada.
Será que estaremos em uma trilha de sucesso se O mundo passa hoje por uma renovação, uma repro-
pensarmos apenas nesta perspectiva para lidar com este gramação, uma reavaliação. A última grande época de
assunto de dependência ou de consumo de substâncias renovação foi a Revolução Industrial, que trouxe toda
químicas? Será que não deveríamos procurar alternativas, uma modificação de valores, costumes e práticas, para as
além das propostas de abstinência e do proibicionismo, sociedades daquela época.
para tratarmos desse fenômeno? É algo para refletirmos. Hoje a revolução das comunicações e suas conse-
Esta situação, na qual vivemos hoje em relação às dro- quências, como a conectividade constante, traz nova-
gas, não existe desde sempre; não é uma situação que se mente a necessidade de nos reorganizarmos, reprogra-
dá por natureza; ou que venha de imediato, como um marmos, reavaliarmos uma série de valores, costumes, e
dado certo e inquestionável. Trago alguns exemplos de verdades que tínhamos considerado como aceitáveis até
substâncias que usamos hoje, mais do que indiscrimina- recentemente.
damente, quase que elegantemente, que se constituem Esta modificação pela qual estamos passando faz
como uma exigência das boas maneiras sociais, mas que com que mudemos de uma sociedade moralista, de mo-
já foram consideradas substâncias proibidas. ral mais rígida, para outra de maior flexibilidade, com
No tempo do descobrimento das Américas, o mate maiores possibilidades de arranjos individuais. Antiga-
foi proibido no Paraguai, por questões meramente eco- mente as regras eram definidas exteriormente. Tínhamos
nômicas. Muito da proibição das substâncias que temos várias instituições como Família, Igreja e Estado que, de
hoje se originam desse mesmo ponto e não nos damos alguma forma, respondiam a muitos dos nossos anseios,
conta disso. Existe um interesse mercantil no narcotráfico e serviam mesmo para nos conformar, no sentido de nos
atual que, raríssimas vezes nos damos conta, insistindo dar uma forma.
em continuar a pensar que as drogas são proibidas por Por exemplo, podemos pensar em como era a es-
que realmente fazem muito mal para as pessoas. Vocês já cola antigamente e como ela é agora, quanta seguran-
pararam para pensar o que aconteceria à economia mun- ça sentíamos em relação a ela. Novembro e dezembro
dial se o narcotráfico deixasse de existir? Assim como o eram meses gloriosos ou avassaladores em nossas vidas,
narcotráfico, outros comércios ilícitos são extremamente dependendo de termos sido aprovados ou reprovados.
importantes para a economia internacional como, por Hoje, faço severa crítica à aprovação continuada. Mui-
exemplo, o comércio ilícito de armas, envolvendo inú- tas crianças sentem-se inseguras ao ser aprovadas custe o
meras organizações financeiras lícitas (mas que não se que custar. Sabem que vão participar de uma próxima sé-
preocupam com a natureza de licitude das transações fi- rie, no próximo ano, só que não se sentem seguras em sua
nanceiras que passam pelos seus cofres) no mundo todo. capacidade de acompanhar o que vai ser dado. A criança
Voltando ao caráter temporário de proibições, no fica angustiada, e os pais também acabam não sabendo
tempo da Inquisição, tempo das pomadas e poções, se se têm ou não de interferir nesse processo, resultando em
alguém fosse encontrado com gotinhas de beladona – um número cada vez maior de analfabetos funcionais.
assim como hoje alguém pode ser encontrado com pa- E isso não acontece somente em relação às escolas,
pelotes de cocaína –, a pessoa seria condenada à morte, obviamente.
à fogueira, seria queimada viva. Vocês se lembram da As famílias também já não se sentem tão preparadas
beladona? Eu sempre dei para as minhas crianças, eu para educar seus filhos, a Igreja já não consegue atrair o mes-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mesmo tomo beladona, muitos de vocês devem tomar mo número de pessoas, e quando acontece, não consegue
também, e naquela época era totalmente proibida. aplacar as dúvidas e angústias da maioria de seus fiéis. Com
Por fim, o café. O consumo de café na Rússia também relação ao Estado, não é preciso gastar muito para conside-
já foi punido com mutilação do nariz e das orelhas. Em al- rar o quanto a corrupção admitida, ainda que disfarçada de
gumas religiões, o café, assim como o álcool, é proibido. outros nomes, impede que os jovens reconheçam alguma
Pensando historicamente, chegamos a um momento autoridade nesse meio. As instituições estão enfraquecidas.
em que essas substâncias, hoje consideradas proibidas, Testemunhamos diariamente uma sequência impune de
fazem parte de uma lista que é decidida por países parti- descalabros, desrespeitos, agressões e invasões em nossas
cipantes das Nações Unidas. Não sei se vocês conhecem vidas privadas, que impede aos mais jovens a construção
o funcionamento das Nações Unidas. Quando dizemos de uma relação de causa e efeito em nossos atos. É como
que todos os países ou a maioria dos países signatários se para tudo fosse possível encontrar uma solução que não

62
passasse pela necessidade de nos responsabilizarmos pelo Por que eu tenho de assumir que estou cinco quilos
que foi feito. Assim é para qualquer comportamento. Assim acima do meu peso, por exemplo? Bobagem! Simples-
também tem sido para o abuso de SPAs. mente escolho postar uma foto mais antiga na qual apa-
Essa falta de uma definição mais clara de valores, do reço melhor, e assim, dou aos outros (quando não me
cumprimento das regras estabelecidas, de uma perma- engano a mim mesma) a impressão de que estou muito
nência um pouco maior do que foi combinado, faz com melhor do que na verdade estou.
que crianças e adolescentes criem uma ansiedade, uma Como já disse, vivemos hoje a substituição de uma
angústia que vão ter de ser extravasada de alguma forma, moral rigorista e autoritária por uma moral mais flexível e
em algum momento. individual, e encaramos uma nova forma de organização
Aquela sociedade uniforme, modelar, que existiu até social em que os comportamentos deixam de ser geridos
mais ou menos a década de 50 do século passado, não pelos detalhes e acabam sendo geridos com o mínimo
existe mais. A de hoje é outra sociedade. de constrangimento e com o máximo de compreensão. Ou
O que importa é nos darmos conta do que está acon- seja, temos nos exigido cada vez menos e nos desculpa-
tecendo para que possamos agir nessa sociedade e não do, pelo que quer que seja, cada vez mais. Assim tam-
em uma sociedade ideal. Porque senão estaremos nos bém os adolescentes usuários de drogas. A maioria deles
comportando exatamente como as Nações Unidas que não compreende o descumprimento da lei (anti drogas)
acreditam ser possível um mundo sem drogas. como um delito realmente sério. “Foi só na festa”, “foi só
Dentro dessa avaliação de uma nova organização so- para relaxar”, “foi só porque estava todo mundo usando”,
cial, o filósofo francês Gilles Lipovetsky fala sobre um mo- e assim por diante. É mais ou menos como as leis que
mento histórico que ele chama de “Era do vazio”. Na me- não pegam. Essa também não pegou muito bem!
dida em que não temos mais valores construídos de fora O mínimo de constrangimento, concordo; o máximo
para dentro, na medida em que vivemos uma condição de compreensão, não sei muito bem se estou de acordo.
em que as escolhas são absolutamente individuais e elas Como é que isso tem se dado? Tem se dado em uma
são inúmeras, escandalosamente infinitas, temos a possi- vida louca. É importante refrear um pouco essa história,
bilidade de tudo. Nós, psicólogos, lembramos das nossas diminuir um pouco as velocidades, diminuir um pouco a
aulas – talvez do primeiro ou segundo ano – que diziam
possibilidade de tarefas múltiplas ao mesmo tempo.
que: “Se pode tudo, na verdade, não pode nada”. Então,
Antigamente, me orgulhava de dizer que era uma
se podemos tudo, ficamos sem saber direito o que fazer e
mulher multitarefa, hoje já não sou e não quero ser.
fazemos qualquer escolha, até porque não tem ninguém
Quando estou dirigindo, eu só dirijo. Deixei de usar celu-
que tenha moral o suficiente – moral no sentido ético –
lar há uns dois anos, e isso causou a maior polêmica, foi
para nos dizer o que fazer. Por que vou concordar com
uma revolução na minha casa, com meus amigos, cole-
uma política proibicionista que o Estado me coloca, me
gas, todo mundo achou que estava ficando louca. Falei:
impõe, quando vejo o que acontece lá dentro do Senado,
dentro do Congresso? “Mas é porque eu estou ficando louca, vou ter que dar
Por que nossos adolescentes, jovens e adultos vão se uma segurada na onda, eu não vou dar conta”. Era uma
preocupar com o outro, com o que é considerado certo invasão na minha vida que não suportava mais.
e errado, se o que eles veem todo dia é uma constan- Não sei como é que as pessoas, no geral, lidam com
te quebra de regras, de combinações, de contratos? Por a velocidade, mas não me parece que estejam lidando
que nós, formuladores de políticas públicas, temos de bem. Não acho que a revolução das comunicações co-
esperar que eles se preocupem com isso e respeitem es- locou as pessoas para se comunicarem mais, ou melhor.
sas regras? Não temos moral para defender um ponto Não nos comunicamos, não conversamos entre marido e
de vista desses, mas queremos que os adolescentes e os mulher, mal temos tempo de ficar juntos, criar intimida-
jovens adultos se comprometam com uma coisa com a de, cumplicidade, não nos comunicamos com os nossos
qual não nos comprometemos. filhos, vamos na onda. Só que, quando se vê, a coisa já
Essa possibilidade de construção permanente de sen- passou e nem sabemos mais o que está acontecendo.
tidos e de valores, que vemos muito na questão da in- Bem, voltando ao assunto das SPAs, quem é que
ternet, nos dá o direito de, todos os dias, a cada hora, planta a droga?
definirmos uma nova ética. Então decidimos pela ética Planta por quê? Planta onde? O quanto planta? O que
do momento. Em alguns momentos, acho que não devo faz com a produção?
usar drogas, em outros momentos, acho que eu posso, e Quanto dinheiro rende o comércio? As Nações Uni-
até, que é bem legal. das chegam a falar de 600, 700 bilhões de dólares anual-
Uma vez estava discutindo que não são os adoles- mente na negociação de drogas ilícitas. O negócio dro-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

centes que estão perdidos, mas sim, seus pais. Quando gas significa a produção, o comércio e o uso. É com esse
temos de trabalhar feito condenados, quem é que cuida que é mais ou menos com o que nos preocupamos, e
dessa meninada? Quem é que dá atenção? Quem é que deveríamos nos preocupar com o abuso e a dependência
escuta? Quem é que estabelece um vínculo afetivo com de substâncias.
essa meninada? Não é a escola, porque a Escola não quer Então, finalizando, gostaria de dizer que ficaria satis-
saber; não é o Estado, uma vez que ele está pouco se feita se vocês saíssem desse encontro tendo em men-
lixando; a Igreja faliu; a Família sumiu... Como é que faz? te que, quando pensamos em drogas, temos de pensar
Acho que não estamos sabendo muito bem fazer nessas quatro vertentes – produção, comércio, uso e de-
essa passagem. Falando da internet, todos já experimen- pendência, no mínimo, para começarmos a realmente ser
tamos, vez ou outra, a possibilidade de nos apresentar capazes de dialogar sobre esse tema. Outro ponto que
como se fôssemos outra pessoa dentro das redes sociais. me parece essencial é a necessidade de uma atualização

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constante. Temos de estar sempre tentando saber qual é o desemprego, os bolsões de pobreza (que persistem em
a situação atual, senão ficamos por fora e continuamos inúmeras regiões brasileiras), e a mídia trabalhando visi-
a defender pontos que já não representam mais a reali- velmente a favor da glamorização das drogas lícitas, como
dade. Terceiro é pensar que vivemos esse momento de o álcool. Então se faz necessária a coragem de abraçar-
transição. Vamos assumir isso, vamos pensar nisso, va- mos esse desafio e trabalharmos dentro de uma proposta
mos nos angustiar, vamos problematizar essa questão, preventiva de inclusão e não de repressão. Esta visão tem
vamos realmente assumir o nosso compromisso com uma repercussão clara nas nossas práticas, sejam elas pre-
este momento. ventivas ou clínicas.
Será que dá para continuarmos com uma política Uma segunda questão a ser discutida ainda neste pa-
que fez algum sucesso na década de 60? Uma das coisas norama geral é a diferenciação entre o uso, o abuso e a
que me escandaliza é que até hoje, internacionalmente, dependência de drogas. São fenômenos muito diferen-
lidamos com a Convenção de 1961, acrescida de alguns tes dentro de um mesmo tema, que pedem uma diver-
adendos (o último de 1990, ou seja, de 22 anos atrás!). E sidade de intervenções com amplo espectro, passando
é com esse instrumental que continuamos lidando com o pela prevenção, intervenção clínica durante e após o tra-
uso e abuso de SPAs, na segunda década do século XXI. tamento, o que ainda é pouco comum no Brasil. Grandes
Então, para não pensarmos que está tudo perdido ou investimentos são realizados durante o tratamento, mas
que tudo é permitido nesse período de modificação dos poucos recursos são despendidos com a prevenção e o
padrões da ética e da moral, vamos ter de encontrar um pós-tratamento incluindo a reintegração social. Ainda
meio termo. E vamos tomar consciência de que acabou o precisamos avançar na questão da diversificação destas
tempo dos comportamentos padronizados, da obediên- intervenções, uma vez que os indivíduos têm diferentes
cia cega, da aceitação inconteste de limites. necessidades.
Vamos ter de encontrar uma forma de lidar com essas O abuso de drogas é um comportamento evitável,
possibilidades múltiplas, com essa postura individualista, mas pode não estar circunscrito apenas ao indivíduo. As-
com os grupos ilimitados que, de tão grandes, perdem sim, para que possamos evitá-lo, é necessário repensar-
seus contornos e nos levam a caminhar com passos er- mos as políticas públicas voltadas para a juventude.
rantes, meio que às cegas, correndo o risco de ocupar- As práticas de saúde e educação para os adolescen-
mos um lugar burlesco afirmando que tudo está ou pode tes, de maneira geral suscetíveis à curiosidade e sedução
vir a ficar sob controle.2 em relação aos efeitos das drogas, carecem de revisão.
Estou me referindo a algo mais criativo e interessante
Intervenções clínicas: o uso, abuso e dependência que motive os jovens a se interessarem por alguma coisa
de drogas que não seja o uso de drogas.
As práticas educacionais nas escolas são chatas e
Será apresentado um panorama geral sobre os trata- pouco inclusivas.
mentos para dependência de drogas, ou seja, interven- Nesse sentido, é necessário aprimorarmos a lingua-
ções clínicas que se propõem a tratar pessoas, grupos ou gem e as formas de tratar o adolescente, que, por vezes,
famílias em que o problema em relação ao consumo pro- acaba sendo cooptado pelo narcotráfico, em função de
voca prejuízos. Nesse sentido, não podemos deixar de re- falta de políticas públicas que o encaminhem para uma
fletir sobre algumas questões gerais em relação ao tema. proposta de vida mais interessante.
Primeiro, que a droga psicoativa é um assunto que A dependência de drogas é um problema que, embo-
traz percepções e sentimentos variáveis: curiosidade, te- ra complexo e passível de tratamento, passa uma ideia
mor, estigma, preconceito. Sentimentos que mobilizam o de que é difícil de ser solucionado.
imaginário das pessoas de muitas maneiras, mesmo que Essa é a visão dos próprios profissionais de saúde,
estas tenham uma série de informações sobre os riscos e que têm uma visão estigmatizada sobre essa questão.
prejuízos. Ter informação não significa necessariamente Dependência vem de uma palavra latina que significa
ter formação. dependere, ou seja, estar intrinsecamente ligado a algo
O uso de drogas acompanha a história da humani- ou alguém, no caso à droga. É um vínculo desequilibrado
dade e foi passando por diferentes formas de consu- que o indivíduo estabelece com as diferentes substân-
mo, manuseio e função, chegando até nossos dias com cias psicoativas, um conjunto de sinais que caracterizam
inúmeros significados, entre eles busca de prazer, alívio a síndrome da dependência. É um fenômeno complexo,
imediato, fonte de renda, etc. Assim, entre os inúmeros que exige um olhar para o indivíduo em diferentes fases
desafios da contemporaneidade em relação ao uso de da sua vida, dentro de um contexto onde pode fazer o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

drogas, está refletir os contextos onde ele está inserido uso de uma ou várias substâncias lícitas, ilícitas ou ambas.
ou mesmo o que o mantém e constrói. Então, não vamos olhar para a droga somente, mas para
Assim, é necessário ampliar o olhar para além da dro- todo o contexto pessoal, social e psicológico da pessoa.
ga. Esta percepção nos convida cada vez mais para a im- Outro ponto que precisa ser discutido é a questão de
plantação e manutenção de políticas públicas de inclusão que, quando nos referimos às intervenções clínicas ou tra-
e cidadania, para que possamos, cada vez mais, lidar com tamentos para a dependência de drogas, estamos volta-
os desafios da sociedade de modo geral onde a droga está dos para um conjunto de procedimentos que envolvem,
incluída. Não podemos esquecer que vivemos em uma de maneira geral, um alto custo e uma equipe multidis-
sociedade sedutora, competitiva e individualista, em que ciplinar capacitada. O que está na base da intervenção
temos inúmeros desafios: a violência intra e interfamiliar, clínica é o modelo teórico e prático da etiologia da de-
pendência. Vale ressaltar que ele veio se transformando e
2 Fonte: www.crpsp.org - Por Mônica Gorgulho

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avançou no decorrer do tempo. São eles: o modelo moral, O que existe hoje no Brasil, do ponto de vista de polí-
o médico e o da síndrome de dependência e do compor- tica pública sobre saúde na área de drogas, é um grande
tamento aprendido. investimento financeiro nos tratamentos e pouca aten-
Assim surge outro desafio que divido didaticamente ção na prevenção e cuidados pós-tratamento.
em uma tríade: demanda do tratamento para dependên- A grande maioria das propostas trabalha intensiva-
cia; o terapeuta ou cuidador; e o lugar da instituição que mente na questão da interrupção do consumo (que é
está oferecendo a intervenção. É sobre essa questão que necessária), mas dedica pouca atenção à manutenção
irei tratar, pois ela está diretamente relacionada a nossas do comportamento de mudança. Nesse sentido, é ne-
práticas. cessária a construção de redes de políticas sociais que
Em qualquer intervenção clínica, independente da realmente garantam que esse indivíduo possa voltar a
abordagem, existe um pedido para o tratamento, do beber moderadamente ou parar de fazer o consumo de-
próprio usuário, da sua família, de ambos ou do judiciá- finitivamente de uma determinada droga, ou mesmo ser
rio. Por isso é necessário termos uma escuta sensível em reinserido dentro de um programa social que o inclua
relação à demanda do tratamento, pois muitas vezes os como cidadão, trabalhador e protagonista de sua própria
profissionais estão tão voltados para o que têm a ofere- vida. Se isso não acontecer, ele tem sérios riscos de recair
cer, que se esquecem de questionar se aquela pessoa, e ficar entregue ao fenômeno anacrônico da invisibilida-
de fato, irá se beneficiar da intervenção que está sendo de social, despatriado da sua história.
oferecida. Quando e como intervir? Hoje, dentro de uma visão
Na outra ponta do triângulo, temos a pessoa do cui- pós-moderna da evolução do conceito de dependência,
dador. Quem é essa pessoa? Como as instituições ou temos a questão do consumo e de problemas que po-
o Estado fazem para cuidar do seu cuidador? Sabemos dem ir tanto de nenhum até o pesado, entendendo isso
como é desafiador trabalhar na linha de frente com de-
como um continuum e não mais como uma visão unitária
pendentes de drogas e suas famílias. Invariavelmente,
da questão.
trabalhamos também com outras questões como a vio-
Portanto, é necessário atenção nas três fases: preven-
lência, doenças sexualmente transmissíveis, problemas
tivamente, quando ainda não existe o problema; em uma
legais ou ilegais como, por exemplo, o tráfico de drogas,
fase intermediária, em que as intervenções breves têm
a falta de locais para internações quando estas se fazem
apresentado resultados encorajadores; e, finalmente, as
necessárias, entre muitas outras. Assim, os profissionais
recebem todo o impacto da demanda e não são ade- intervenções clínicas para os dependentes de álcool e
quadamente cuidados pelas instituições, gerando muito outras drogas.
vezes afastamento, absenteísmo ou desmotivação em re- As intervenções clínicas incluem tratamentos comuni-
lação ao exercício de suas atividades profissionais. tários, internações, fármacos e psicoterapias. Dentro das
Na ponta do triângulo está outro desafio: de que lu- propostas psicoterapêuticas existem diferentes modali-
gar teórico os profissionais estão falando? Qual teoria dades de intervenção: individual, grupal e familiar.
embasa a prática terapêutica? Que modelo etiológico a Atualmente é reconhecida a importância da inclusão
instituição tem sobre a dependência? da família no tratamento para dependentes, porém a cul-
Como já mencionado anteriormente, em nenhum tura de tratamento enfatiza mais o usuário do que sua
momento da história humana existiu uma civilização livre família.
de qualquer substância. Sabemos que, após a Revolução Na evolução do conceito de dependência, temos três
Industrial, o uso de drogas foi mudando a sua função. conceitos básicos que certamente embasam os modelos
De um uso ritualizado, ligado a práticas religiosas, para de tratamento. O modelo moral que foi substituído por
um uso mais hedonista, individualista, de busca de prazer um modelo médico, inicialmente dentro de uma visão
para o alívio de diferentes dores, sejam elas físicas ou unicista de doença. A partir da década de 70, a visão uni-
psíquicas. cista, ou seja, ser ou não ser dependente se ampliou e
A droga não é um fenômeno isolado, não podemos passou a ser considerado como uma síndrome. Isso pro-
buscar culpados em relação à essa questão. É necessário piciou o surgimento de várias abordagens de tratamento
ampliarmos o nosso olhar para a transdisciplinaridade e da dependência de drogas, entre elas a cognitivo/com-
trabalhar cada vez mais com responsabilidade social e portamental. A dependência de drogas é compreendida
com políticas de inclusão e, se pensamos nas interven- atualmente como fenômeno biopsicossocial de múltiplas
ções por conta dessa complexidade, estas intervenções causas cujas propostas de tratamento são variáveis. O
precisam e devem respeitar essa diversidade. É impossí- tratamento aqui é compreendido como um conjunto de
vel o enfrentamento deste problema sem a construção procedimentos que envolvem cuidados clínicos, suportes
de políticas publicas inovadoras, criativas e efetivas para sociais, psicoterapia, equipe clínica. Entretanto vale ressal-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o seu enfrentamento. tar que, sem suporte financeiro para os projetos clínicos,
Uma das dificuldades que temos no Brasil em relação fica difícil o desenvolvimento de intervenções clínicas efeti-
às intervenções clínicas na área de álcool e outras dro- vas envolvendo as psicoterapias e internações domiciliares
gas é a de conviver com a diversidade de abordagens e (IDs). As internações domiciliares surgiram como uma pro-
avaliar a sua efetividade. É importante ressaltar que não posta devido às dificuldades em relação às vagas para as
existe tratamento melhor ou pior, e sim pessoas que se internações dos dependentes. Nas IDs a família é orientada
adaptam melhor a uma ou outra abordagem. Entretan- em relação ao programa de desintoxicação.
to todas elas necessitam de avaliação e mudanças que Costumo apresentar as intervenções clínicas para de-
possam ir ao encontro de uma prática constantemente pendentes de drogas comparativos a uma árvore que,
adaptada às demandas sob a perspectiva das construções após o tronco, apresentam muitos galhos que estão se
e ampliações das redes sociais de parceira e cooperação. desenvolvendo e outros se ampliando.

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Dentro das psicoterapias, nos deparamos com vá- Referência
rias propostas interventivas com diferentes referenciais http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/
teóricos e modalidades: a cognitivo- -comportamental, pae_cad7.pdf
a prevenção de recaída, a terapia motivacional, a psico- http://www.saude.gov.br/noticias/693-acoes-e-pro-
dinâmica, a terapia individual, a de grupo e a de família. gramas/41146-centro-de-atencao-psicossocial-caps
Esta última vem ganhando força na área do tratamento
de dependentes de drogas no Brasil.
As intervenções breves também chamam atenção
para a importância de detectar precocemente o proble-
ma na rede básica de atenção à saúde. CONDUTAS DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Pois muitas vezes a pessoa está em fase intermediária EM SAÚDE DA MULHER (PLANEJAMENTO
do problema e dificilmente buscará tratamento em um FAMILIAR, PRÉ-NATAL, PARTO E PUERPÉRIO,
serviço especializado para drogas. PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DO
Vários resultados com intervenções breves apontam ÚTERO E MAMAS); CONDUTAS DO TÉCNICO
que estas não são menos efetivas do que as intervenções DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA;
mais longas, principalmente se a pessoa ainda não de- INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
senvolveu a dependência.
(IST);
Vale ressaltar a necessidade de avaliarmos a efetivida-
de do tratamento.
Não basta apenas o tratar ou como tratar, mas tam-
bém quais são os resultados que estamos obtendo com
este tratamento. No Brasil, os serviços para dependentes SAÚDE DA CRIANÇA: ASPECTOS BÁSICOS DO
se dedicam pouco à avaliação dos resultados, ou seja, às CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
evidências.
Atualmente a psicoterapia cognitivo/comportamen- A área técnica de Saúde da Criança, é denominada de
tal, associada ou não à tratamentos farmacológicos, tem Saúde da Criança e Aleitamento Materno.
apontado resultados encorajadores no tratamento da O primeiro programa estatal de proteção à materni-
dependência de álcool e de outras drogas. A entrevista dade, à infância e à adolescência foi instituído durante o
motivacional do dependente e de sua família também é Estado Novo (1937/1945), com atividades do programa
importante, pois existem evidências que apontam que as desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Saúde do
pessoas motivadas apresentam melhores resultados no Ministério da Educação e Saúde (MES), por intermédio da
tratamento. Entretanto, sabemos que muitas vezes a pes- Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância. 
soa, quando busca o tratamento, não necessariamente Cria-se o Departamento Nacional da Criança em 1940,
está motivada, por isso, a atenção e cuidados em relação estabelecendo as primeiras diretrizes de saúde, com foco
à motivação deve ser meta do tratamento. principal em questões como: programa alimentar, pro-
O princípio básico de qualquer abordagem que inclua grama educativo, programa de formação de pessoal e
intervenção clínica na área de drogas é o diagnóstico. programa de imunização.
Conhecer o conceito sobre o uso de droga do paciente e Com o desmembramento do Ministério de Saúde e
da sua família, planejar o tratamento e realizá-lo. Educação em 1953, o Ministério da Saúde incorpora as
O processo deve seguir um planejamento, que deve ações prestadas até 1970, quando se cria a Coordena-
começar imediatamente após o diagnóstico. Definido o ção de Proteção Materno-Infantil. Que cria em 1975: O
problema e com o panorama geral do consumo, vem o Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil, cujo pro-
momento de estabelecer os objetivos e metas do trata- pósito era contribuir para a redução da morbidade e da
mento; reconhecer as situações de risco e proteção; criar mortalidade da mulher e da criança.
estratégias de enfrentamento; e aprender novas habili- O programa objetivava concentrar recursos financei-
dades para lidar com as fissuras e prevenir recaídas. ros, preparar a infraestrutura de saúde, melhorar a qua-
Para finalizar, destaco a necessidade do cuidado em lidade da informação, estimular o aleitamento materno,
relação à equipe clínica que trabalha na linha de frente garantir suplementação alimentar para a prevenção da
de tratamento com dependentes de drogas. A capacita- desnutrição materna e infantil, ampliar e melhorar a qua-
ção sistematizada e contínua é fundamental, assim como lidade das ações dirigidas à mulher durante a gestação, o
as supervisões clínicas. As principais funções desses pro- parto e o puerpério, e à criança menor de 5 anos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fissionais são de facilitadores e colaboradores úteis. É ne- Entre suas diretrizes básicas, destacou-se o aumento
cessário, a todo o momento, cuidar da nossa “síndrome da cobertura de atendimento à mulher, à criança e, con-
de salvador” ou desejo ilimitado de “fazer tudo”. sequentemente, a melhoria da saúde materno-infantil.
Nosso papel é o de motivar e encorajar o indivíduo e Entre as décadas de 80 e 90, surge o Programa de
a família no resgate ou construção de suas competências Assistência Integral à Saúde da Mulher e da Criança, dan-
sem rotular e estigmatizar. do lugar a dois programas específicos para a saúde da
Estabelecer limites claros, evitar confrontos e, princi- mulher e da criança, que funcionavam de forma integra-
palmente, identificar e dominar as nossas reações e os da: Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e
nossos próprios preconceitos.3 Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança. Am-
bos surgindo em resposta aos agravos mais frequentes
desses grupos populacionais, tendo por objetivo diminuir
3 Fonte: www.crpsp.org - Por Eroy Aparecida da Silva

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a morbimortalidade infantil e materna e alcançar melho- A Unidade Básica de Saúde e a equipe de saúde da
res condições de saúde pelo aumento da cobertura e da família devem ser o ponto estratégico e a porta de entra-
capacidade resolutiva dos serviços, conforme preconizava da da criança para o sistema de saúde e garantir a aces-
a Constituição Federal e o Sistema Único de Saúde (SUS), sibilidade no programa de saúde, responsabilizando-se
recém implantados. pelos problemas de saúde das crianças no seu território e
Mesmo com os esforços e avanços alcançados, alguns pelo monitoramento delas. Tendo condições de resolver
indicadores de saúde da criança, como, por exemplo, em torno de 80 a 85% dos problemas/necessidades da
mortalidade infantil em algumas regiões do país, apon- saúde da criança.
tam para problemas que precisam de ações e interven- A atenção deve ser centrada no acompanhamento
ções na tentativa de revertê-los e/ou melhorá-los. Em ju- do crescimento e do desenvolvimento, com base no car-
lho de 2004, com o objetivo de modificar essa realidade, tão da criança, logo após a maternidade notificar a UBS
o Ministério da Saúde lança a Agenda de Compromisso sobre as condições de saúde da mãe e da criança. Para
para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortali- tanto, os profissionais envolvidos devem ter habilidades
dade Infantil, definindo ações profissionais, tendo como técnicas para monitoramento dos indicadores do cres-
foco a criança nos vários espaços de atenção (unidade de cimento (peso, altura, perímetro cefálico) e de interpre-
saúde, domicílio, creches, escolas, hospitais), partindo da tação de possíveis riscos, assim como saber observar o
perspectiva de que a criança poderá ser beneficiada in- desenvolvimento humano na aquisição de funções cada
tegralmente pelo trabalho de uma equipe interdisciplinar vez mais complexas, que são produto dos processos de
que compreenda todas as suas necessidades e direitos maturação e da estimulação ambiental recebida.
como indivíduo. Ações como o incentivo ao aleitamento materno e a
Atualmente, a Organização Mundial de Saúde, como avaliação do estado nutricional possibilitam identificar
forma de organização da assistência, aponta como estra- seu estado de saúde geral e prevenir inúmeras doenças.
tégia as Linhas de Cuidado. Nessa perspectiva, a Atenção Doenças, essas, diferentes das existentes no mundo dos
Integral à Saúde da Criança é organizada em três princi- adultos, com predomínio para as respiratórias, gastroin-
pais eixos, que se inter-relacionam com outros progra- testinais e de pele. Lembrando que, um dos aspectos
mas, compreendendo ações desde o planejamento fa- preventivos da saúde é a imunização contra doenças
miliar à concepção, à atenção ao parto e ao puerpério, infectocontagiosas, as quais no passado eram a princi-
passando pelos cuidados com o recém-nascido e todo o pal responsável pelos elevados índices de mortalidade e
acompanhamento subsequente da criança (triagem neo- morbidade.
natal, aleitamento materno, crescimento e desenvolvi-
mento, doenças prevalentes da infância e saúde coletiva 1. Testes de Triagem
em instituições de educação).
As linhas estratégicas explicitam o conceito de inte- O nascimento de um bebê é um momento muito es-
gralidade por meio da oferta de ações educativas, pro- perado pelos pais, que desejam conhecer o rostinho do
mocionais, preventivas, de diagnóstico e de recuperação filho e ter certeza de que ele nasceu saudável. Para que
da saúde. Marca o reconhecimento do direito das crian- alguns distúrbios ou anormalidades sejam identificados
ças ao propor o atendimento à saúde infantil no contex- precocemente, testes de triagem metabólica (teste do
to da integralidade do cuidado, não apenas com ações pezinho), visual (teste do olhinho) e auditiva (teste da
de prevenção e assistência a agravos que objetivavam orelhinha) são realizados no recém-nascido. Com a de-
a redução da mortalidade infantil, mas com o compro- tecção precoce, há a possibilidade de prevenir sequelas
misso de se prover qualidade de vida para a criança que e outras manifestações, aumentando a viabilidade de um
possibilite o desenvolvimento de todo o seu potencial desenvolvimento saudável da criança. 
humano.
Na sua atual concepção, é o setor do Ministério da • Teste do Pezinho (Teste de Triagem Neonatal)
Saúde responsável por propor e coordenar as políticas Deve ser realizado, preferencialmente, 48 horas após
governamentais de atenção à saúde da criança brasileira o nascimento do bebê e ainda na primeira semana de
de zero a nove anos de idade. Apoiando estados e muni- vida. Para fazer o teste, é necessário que o aleitamento
cípios a colocar em prática as recomendações e políticas materno já tenha sido iniciado; 
públicas elaboradas, de forma a cumprir os compromissos É feito com a coleta de sangue a partir de um furinho
assumidos pelo Brasil, de proteção e atenção à saúde da no calcanhar do bebê; 
criança, como os Objetivos de Desenvolvimento do Milê- Identifica transtornos que incluem: hipotireoidismo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nio, o Pacto pela Saúde, o Pacto de Redução da Mortalida- congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias e fibrose
de Materna e Neonatal, e o Pacto pela Redução da Morta- cística. 
lidade Infantil no Nordeste e Amazônia Legal com quatro
linhas prioritárias de cuidado e suas respectivas ações.
Para entendermos os principais riscos que podem
afetar a saúde da criança, é necessário diferenciar os
principais aspectos que possam atingir a criança durante
o seu crescimento e seu desenvolvimento. Pois sua com-
preensão não se faz baseada em um corte transversal
pelo agravo da doença, mas longitudinal nas repercus-
sões que os mesmos podem levar.

67
• Teste do Olhinho (Teste do Reflexo Vermelho)  Benefícios para a mãe: Reduz o peso mais rapidamen-
Peça ao pediatra que o teste do olhinho seja feito an- te após o parto. Ajuda o útero a recuperar seu tamanho
tes da alta da maternidade ou na consulta do 5º dia;  normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia
É feito na penumbra, com o posicionamento do oftal- após o parto. Reduz o risco de diabetes. Reduz o risco de
moscópio (instrumento para observação do interior do desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Pode
olho) a um metro dos olhos do recém-nascido;  ser um método natural para evitar uma nova gravidez
É o primeiro exame dos olhos da criança, é rápido e nos primeiros 6 meses desde que a mãe esteja amamen-
não dói;  tando exclusivamente (a criança não recebe nenhum ou-
Possibilita a detecção precoce de doenças que com- tro alimento) e em livre demanda (dia e noite, sempre
prometem a visão, como glaucoma congênito, catarata que o bebê quiser) e ainda não tenha menstruado.
congênita, infecções e tumores.  Benefícios para a família e para o sistema de saú-
de: Não amamentar pode significar sacrifícios para uma
• Teste da Orelhinha (Teste de Emissões Otoacústicas) família com pouca renda. Em 2004, o gasto médio mensal
Se não for feito antes da alta da maternidade, solicite com a compra de leite para alimentar um bebê nos pri-
que seja realizado ainda nos primeiros 30 dias de vida
meiros seis meses de vida no Brasil variou de 38% a 133%
do bebê; 
do salário-mínimo, dependendo da marca da fórmula
Permite a detecção precoce de deficiências auditivas, que
infantil. A esse gasto devem-se acrescentar custos com
podem levar à deficiência na linguagem e no aprendizado; 
É feito com um equipamento que emite ondas sono- mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais
ras no ouvido do recém-nascido e analisa a resposta a gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns
esse estímulo. O exame demora entre cinco e 10 minutos;  em crianças não amamentadas. Para os serviços de saúde
E não havendo resposta ao estímulo do exame, este a economia é em um menor número de internações, con-
deverá ser repetido em um mês.  sultas e medicações. Estima-se que o aleitamento mater-
no poderia evitar 13% das mortes em crianças menores
2. Aleitamento materno de 5 anos em todo o mundo por causas evitáveis.
O Pai / Companheiro:  O pai tem sido identificado
O Ministério da Saúde recomenda a amamentação como importante fonte de apoio à amamentação. Ele
até os dois anos de idade ou mais, e que nos primeiros 6 tem importante papel, não apenas nos cuidados com o
meses, o bebê receba somente leite materno, sem neces- bebê, mas também nos cuidados com a mãe. Portanto,
sidade de sucos, chás, água e outros alimentos. cabe ao profissional de saúde dar atenção ao novo pai e
Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor estimulá-lo a participar desse período vital para a família.
para ele e para a mãe. Depois dos 6 meses, a amamenta-
ção deve ser complementada com outros alimentos sau- b) Número e duração das mamadas
dáveis e de hábitos da família. Recomenda-se que a criança seja amamentada na
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. hora que quiser e quantas vezes quiser. É o que se chama
É um processo que envolve interação profunda entre de amamentação em livre demanda. Nos primeiros me-
mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da ses, é normal que a criança mame com frequência e sem
criança, em sua habilidade de se defender de infecções, horários regulares. Em geral, um bebê em aleitamento
em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Mui-
emocional. tas mães, principalmente as que estão inseguras e as com
baixa autoestima, costumam interpretar esse comporta-
a) Benefícios da amamentação mento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou
O leite materno é um alimento completo. Isso sig- pouco leite, o que pode resultar na introdução precoce
nifica que, até os 6 meses, o bebê não precisa de ne- e desnecessária de complementos. A mãe deve deixar o
nhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). Ele bebê mamar até que fique satisfeito, esperando ele es-
é de mais fácil digestão do que qualquer outro leite e
vaziar a mama para então oferecer a outra, se ele quiser.
funciona como uma vacina*, pois é rico em anticorpos,
O leite do início da mamada tem mais água e mata a
protegendo a criança de muitas doenças como diarreia,
sede; e o do fim da mamada tem mais gordura e por isso
infecções respiratórias, alergias, diminui o risco de hiper-
tensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Além disso, mata a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso.
é limpo, está sempre pronto e quentinho. A amamen- No início da mamada o bebê suga com mais força porque
tação favorece um contato mais íntimo entre a mãe e está com mais fome e assim esvazia melhor a primeira
o bebê. Sugar o peito é um excelente exercício para o mama oferecida. Por isso, é bom que a mãe comece cada
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes mamada pelo peito em que o bebê mamou por último
bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração. na mamada anterior. Assim o bebê tem a oportunida-
*O aleitamento materno não exclui a necessidade de de de esvaziar bem as duas mamas, o que é importante
cumprimento do calendário de vacinação da criança. para a mãe ter bastante leite. O tempo de permanên-
Benefícios para o bebê: O leite materno protege con- cia na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja
tra diarreias, infecções respiratórias e alergias. Diminui vista que o tempo necessário para esvaziar uma mama
o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla,
de reduzir a chance de desenvolver obesidade. Crianças pode variar dependendo da fome da criança, do interva-
amamentadas no peito são mais inteligentes, há evidên- lo transcorrido desde a última mamada e do volume de
cias de que o aleitamento materno contribui para o de- leite armazenado na mama, entre outros.
senvolvimento cognitivo.

68
c) Uso de mamadeira o peito, o queixo encosta na mama, os lábios ficam vira-
O Ministério da Saúde  NÃO  recomenda o uso de dos para fora, o nariz fica livre e aparece mais aréola (par-
mamadeiras e chupetas, que devem ser evitadas. Água, te escura em volta do mamilo) na parte de cima da boca
chás e principalmente outros leites devem ser evitados, do que na de baixo. Cada bebê tem seu próprio ritmo de
pois há evidências de que o seu uso está associado com mamar, o que deve ser respeitado.
desmame precoce e aumento da morbimortalidade in- Caso a mulher ou família tenha dificuldades na ama-
fantil. A mamadeira, além de ser uma importante fon- mentação é importante procurar ajuda de um profissional
te de contaminação, pode influenciar negativamente a de saúde e/ou Unidade de Saúde do SUS mais próxima.
amamentação. Observa-se que algumas crianças, depois Há evidências conclusivas de que o aleitamento ma-
de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar terno protege as crianças contra infecções gastrointesti-
dificuldade quando vão mamar no peito. nais e respiratórias. Evidentemente, isto tem implicações
Alguns autores denominam essa dificuldade de “con- importantes para o desenvolvimento infantil, uma vez
fusão de bicos”, gerada pela diferença marcante entre a que crianças que adoecem mais frequentemente tendem
maneira de sugar na mama e na mamadeira. Nesses ca- a não apresentar o melhor desenvolvimento físico, inte-
sos, é comum o bebê começar a mamar no peito, porém, lectual e psicoemocional.
após alguns segundos, largar a mama e chorar. Como No entanto, pouco se sabe sobre a possível influência
o leite na mamadeira flui abundantemente desde a pri- do aleitamento materno sobre o desenvolvimento psi-
meira sucção, a criança pode estranhar a demora de um cossocial das crianças por meio de seus efeitos diretos
fluxo maior de leite no peito no início da mamada, pois o no desenvolvimento cerebral e de sua associação com
reflexo de ejeção do leite leva aproximadamente um mi- a prevenção dos primeiros sintomas de obesidade – um
nuto para ser desencadeado e algumas crianças podem importante fator de risco psicoemocional para a crian-
não tolerar essa espera. ça e decisivo para doenças crônicas debilitadoras, como
Não restam mais dúvidas de que a complementação doenças cardiovasculares e diabetes do tipo
do leite materno com água ou chás nos primeiros seis
meses é desnecessária, mesmo em locais secos e quen- O aleitamento materno pode influenciar o desenvol-
tes. Mesmo ingerindo pouco colostro nos primeiros dois vimento psicossocial da criança de diversas maneiras.
a três dias de vida, recém-nascidos normais não neces- Em primeiro lugar, o leite materno contém substâncias
sitam de líquidos adicionais além do leite materno, pois bioativas, tais como ácidos graxos poli-insaturados de
nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente cadeia longa (AGPICL) que são essenciais para o desen-
altos. volvimento cerebral.
De fato, dois derivados desses ácidos, conhecidos
d) Uso de chupeta como ácido araquidônico (AA) e ácido docosahexaenoi-
Atualmente, a chupeta tem sido desaconselhada pela co (DHA) desempenham papel essencial na manutenção,
possibilidade de interferir negativamente na duração do no crescimento e no desenvolvimento do cérebro.
aleitamento materno, entre outros motivos. Crianças que Em grande parte do mundo, o leite em pó para bebês
chupam chupetas, em geral, são amamentadas com me- ainda não é enriquecido com AGPICL. Portanto, não cau-
nos frequência, o que pode comprometer a produção de sa surpresa o fato de que o aleitamento materno tenha
leite. Embora não haja dúvidas de que o desmame pre- sido consistentemente associado ao melhor desenvolvi-
coce ocorre com mais frequência entre as crianças que mento do sistema nervoso central, como demonstrado
usam chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os pela melhor acuidade visual de crianças amamentadas ao
mecanismos envolvidos nessa associação. seio em relação a crianças alimentadas com leite em pó.
É possível que o uso da chupeta seja um sinal de que Em segundo lugar, as propriedades biológicas e as
a mãe está tendo dificuldades na amamentação ou de diferenças na interação mãe-bebê durante o processo de
que tem menor disponibilidade para amamentar. Além amamentação podem levar a melhores resultados rela-
de interferir no aleitamento materno, o uso de chupe- cionados ao desenvolvimento motor e intelectual.
ta está associado a uma maior ocorrência de candidíase Em terceiro lugar, o aleitamento materno parece ter
oral (sapinho), de otite média e de alterações do palato. efeito protetor contra o início da obesidade infantil, uma
A comparação de crânios de pessoas que viveram antes condição que traz enormes consequências psicossociais
da existência dos bicos de borracha com crânios mais para a criança. Tendo em vista as implicações do desen-
modernos sugere o efeito nocivo dos bicos na formação volvimento físico e intelectual adequado para a produ-
da cavidade oral. tividade e o crescimento, tanto do indivíduo quanto da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sociedade, este tema é de vital importância para a saúde


e) Como amamentar pública.
Com alguns cuidados, a amamentação não machuca Pesquisadores realizaram uma meta-análise (n = 11
o peito. A melhor posição para amamentar é aquela em estudos observacionais) para analisar o impacto do alei-
que a mãe e o bebê sintam-se confortáveis. A amamen- tamento materno sobre o desenvolvimento cognitivo
tação deve ser prazerosa tanto para a mãe como para o após ajustar as variáveis interferentes – variáveis socioe-
bebê. O bebê deve estar virado para a mãe, bem junto conômicas, inclusive o nível de escolaridade da mãe.
de seu corpo, bem apoiado e com os braços livres. A ca- O benefício não ajustado na função cognitiva (ou Quo-
beça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz ciente de Inteligência – QI) atribuído ao aleitamento ma-
bem na frente do mamilo. Só coloque o bebê para sugar terno foi de 5,32 pontos (IC 95%: 4,51-6,14). Após ajustar
quando ele abrir bem a boca. Quando o bebê pega bem as variáveis socioeconômicas interferentes, o benefício

69
ajustado na função cognitiva diminuiu para 3,16 pontos, Dewey, dois outros estudos foram publicados, apresen-
mas manteve-se estatisticamente significativo (IC 95%: tando alguma inconsistência nos resultados,  embora
2,35-3,98). não ofereçam uma definição clara de aleitamento ma-
Os testes cognitivos foram realizados com crianças terno exclusivo. Esses dois estudos destacam a neces-
em idades entre seis meses e 15 anos. Essas diferenças sidade de novas pesquisas em meio a populações de
cognitivas entre crianças alimentadas com aleitamento países em desenvolvimento e entre minorias étnicas de
materno e com leite em pó foram detectadas já entre países desenvolvidos. Embora ainda reste muito traba-
dois e 23 meses de idade, e permaneceram estáveis em lho a ser feito nessa área, principalmente em relação à
idades subsequentes. Uma constatação interessante des- necessidade de estudos longitudinais bem planejados,
sa meta-análise é que, aparentemente, bebês prematu- que permitam uma descrição clara das diversas moda-
ros obtêm maiores benefícios intelectuais do aleitamen- lidades de aleitamento materno, a preponderância de
to materno do que bebês com peso normal ao nascer evidências epidemiológicas sugere, de maneira consis-
(5,18 pontos – IC 95%: 3,59-6,77 versus 2,66 pontos – IC tente, um vínculo entre aleitamento materno e preven-
95%: 2,15-3,17). ção de obesidade na infância e na adolescência. A plau-
sibilidade biológica dessas constatações também é alta.
Aleitamento materno e desenvolvimento motor: em- Em primeiro lugar, indivíduos que foram alimentados
bora os estudos venham demonstrando, de forma con- com leite materno têm um perfil de leptina que pode
sistente, uma relação positiva entre aleitamento materno promover a regulação adequada do apetite e menor de-
e desenvolvimento intelectual, poucos examinam a asso- posição de gorduras. Quanto à regulação do apetite, sa-
ciação entre o método de alimentação do bebê e seu de- be-se que os bebês hondurenhos adaptavam seu volume
senvolvimento motor. Isso provavelmente ocorre devido de ingestão de leite na proporção inversa à densidade
ao fato de que, em populações bem nutridas, o desen- energética do leite de suas mães. Foi proposto, também,
volvimento motor de bebês não foi identificado como que o teor de gordura do leite ao final do episódio de
um fator de prognóstico útil da função intelectual em fa- aleitamento materno – ou seja, “leite posterior” – é mais
ses posteriores da vida. No entanto, em populações des- alto do que no início do episódio (“leite anterior”) para si-
nutridas, o desenvolvimento motor pode ser um preditor nalizar ao bebê o final do episódio de amamentação. Ob-
útil do subsequente funcionamento do corpo humano. viamente, os bebês alimentados com leite em pó não es-
Um estudo realizado na Dinamarca  constatou uma tão expostos a essa “sinalização fisiológica”, uma vez que
relação positiva entre a duração do aleitamento materno a concentração de gordura no leite em pó permanece
e a capacidade mais precoce de engatinhar e de fazer constante ao longo do episódio de alimentação. Como
preensão em pinça, após o controle das potenciais va- consequência, é o cuidador, e não a criança, quem con-
riáveis interferentes. Os dados derivados de dois experi- trola a ingestão calórica de bebês alimentados com leite
mentos aleatórios, realizados em Honduras com mulhe- em pó. Em segundo lugar, os bebês alimentados no seio
res primíparas – um deles baseado em bebês de baixo ganham menos peso durante o primeiro ano de vida do
peso ao nascer e o outro em bebês de peso normal ao que os alimentados com mamadeira. Em terceiro lugar,
nascer – mostram que bebês alimentados por aleitamen- bebês alimentados com mamadeira apresentam níveis
to materno exclusivo por seis meses começaram a enga- mais altos de insulina circulando na corrente sanguínea
tinhar mais cedo do que aqueles que só foram amamen- em consequência do conteúdo proteico mais alto do lei-
tados ao seio por quatro meses. te em pó, que, por sua vez, pode estimular maior depo-
Além disso, o experimento com bebês com peso nor- sição de reservas de gordura. Em quarto lugar, é possível
mal ao nascer mostrou que aqueles haviam sido alimen- que o leite materno influencie o desenvolvimento de um
tados exclusivamente com leite materno por seis meses perfil de receptores gustativos que promove preferências
tinham probabilidade significativamente maior de an- por dietas menos energéticas mais tarde.
dar por volta de um ano de idade em comparação com Ainda estamos longe de dispor de evidências con-
aqueles que foram alimentados exclusivamente com leite clusivas a respeito do(s) mecanismo(s) biológico(s) que
materno por quatro meses (60% contra 39%).  possam explicar o vínculo entre aleitamento materno e
Recentemente, Dewey realizou uma revisão da lite- prevenção da obesidade. É evidente que esses esforços
ratura sobre este tema e concluiu que, provavelmente, de pesquisa exigirão a criação e o financiamento de par-
o aleitamento materno está moderadamente associado cerias multidisciplinares que envolvam pesquisadores
à redução do risco de obesidade infantil. Dewey reviu das áreas de biologia, medicina, saúde pública e de ciên-
11 estudos observacionais que utilizaram amostras de cias do comportamento.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tamanho adequado e informações sobre obesidade in- Há evidências substanciais em apoio a um possível
fantil a partir dos 3 anos de idade. Somente um des- vínculo entre aleitamento materno e desenvolvimento
ses estudos foi considerado longitudinal, e todos foram psicossocial da criança. O aleitamento materno tem sido
realizados em países industrializados na América do associado consistentemente a escores cognitivos mais al-
Norte, na Europa, na Austrália e na Nova Zelândia. Entre tos e é provável que possa ser capaz de evitar o início da
esses 11 estudos, oito apresentaram uma relação inver- obesidade na infância e na adolescência, condição que
sa entre aleitamento materno e obesidade infantil, após prejudica seriamente a autoestima e o desenvolvimento
o controle de variáveis potencialmente interferentes. psicossocial geral da criança. A plausibilidade biológica
Os três estudos em que essa associação não foi docu- das constatações relativas a desenvolvimento intelectual
mentada não dispunham de dados sobre aleitamento é alta, uma vez que:
materno exclusivo. Desde a publicação da revisão de

70
a) o leite humano contém compostos bioativos que normalmente não estão presentes no leite em pó e que são
essenciais para o desenvolvimento máximo do sistema nervoso central; e
b) a interação mãe-bebê durante o processo de amamentação pode ser substancialmente diferente para bebês
alimentados por aleitamento materno e por mamadeira.
Da mesma forma, as constatações sobre prevenção de obesidade são plausíveis, uma vez que indivíduos alimen-
tados ao seio quando bebês podem ter sido precocemente “programados” para conseguir regular melhor seu
apetite e obter o melhor padrão de deposição de gorduras. 

3. Caderneta de saúde

Toda criança nascida em maternidades pública ou privada no Brasil tem direito a receber gratuitamente a Caderneta
de Saúde da Criança que deve ser devidamente preenchida e orientada pelo profissional por ocasião da alta hospitalar.
A Caderneta é um documento importante para acompanhar a saúde, crescimento e desenvolvimento da criança do
nascimento até os 9 anos de idade.
A primeira parte da caderneta é mais direcionada a família/quem cuida da criança. Contém informações e orienta-
ções sobre saúde, direitos da criança e dos pais, registro de nascimento, amamentação e alimentação saudável, vaci-
nação, crescimento e desenvolvimento, sinais de perigo de doenças graves, prevenção de violências e acidentes, entre
outros.
A segunda parte da Caderneta é destinada aos profissionais de saúde, com espaço para registro de informações
importantes relacionadas à saúde da criança. Contém, também, os gráficos de crescimento, instrumentos de vigilância
do desenvolvimento e tabelas para registro de vacinas aplicadas. 
As Cadernetas de Saúde da Criança são distribuídas pelo Ministério da Saúde diretamente para as Secretaria de
Saúde Estaduais, de capitais e do Distrito Federal, que distribui para as maternidades públicas ou privadas.
A Caderneta de Saúde da Criança (CSC) foi implantada pelo Ministério da Saúde a partir de 2005 para substituir o
Cartão da Criança, e reúne o registro dos mais importantes eventos relacionados à saúde infantil.
A CSC é destinada a todos os nascidos em território brasileiro, e, por basear-se em ações de acompanhamento e
promoção da saúde, inclui-se como estratégia privilegiada nas políticas de redução da morbimortalidade infantil.
Nossos principais objetivos incluem acompanhar e divulgar as propostas, resoluções e recomendações dos órgãos
gestores – Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria Municipal da Saúde – em relação à CSC.
As atividades do eixo “Caderneta de Saúde da Criança” começaram em outubro de 2009, com a organização da
equipe e ampla revisão bibliográfica sobre o tema. A partir disso, os objetivos foram definidos e o eixo iniciou seus
trabalhos.
Atualmente o eixo está desenvolvendo um projeto de pesquisa sobre a Caderneta de Saúde da Criança e as polí-
ticas públicas de saúde infantil; materiais didáticos multimídia sobre a nova CSC voltado aos profissionais de saúde e
familiares.

FAKE NEWS O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA SAÚDE


Vacinas causam autismo Não, vacinas não causam autismo. Um estudo apresentado em 1998, que levan-
tou preocupações sobre uma possível relação entre a vacina contra o sarampo,
a caxumba e a rubéola e o autismo, foi posteriormente considerado seriamente
falho e o artigo foi retirado pela revista que o publicou.

Uma melhor higiene e sanea- As vacinas são necessárias, assim como a higiene e o saneamento. As doenças
mento farão as doenças desa- que podem ser prevenidas por vacinas retornarão caso os programas de imuniza-
parecerem – vacinas não são ção sejam interrompidos. Uma melhor higiene, lavagem das mãos e uso de água
necessárias limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas. Entretanto, muitas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dessas infecções podem se espalhar, independente de quão limpos estamos.

71
As vacinas têm vários efeitos co- Não é verdade. As vacinas são muito seguras. A maioria das reações são geralmente
laterais prejudiciais e de longo pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos
prazo que ainda são desconhe- graves de saúde são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investi-
cidos. A vacinação pode ser até gados. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfer-
fatal midade evitável pela vacina do que pela própria vacina. A poliomielite, por exemplo,
pode causar paralisia; o sarampo pode causar encefalite e cegueira; e algumas doen-
ças preveniveis por meio da vacinação podem até resultar em morte.

A vacina combinada contra a Não é verdade. Não há relação causal entre a administração de vacinas e a síndrome
difteria, tétano e coqueluche e a da morte súbita infantil (SMSI), também conhecida como síndrome da morte súbita do
vacina contra a poliomielite cau- lactente. No entanto, essas vacinas são administradas em um momento em que os bebês
sam a síndrome da morte súbita podem sofrer com essa síndrome. Em outras palavras, as mortes por SMSI são coinci-
infantil dentes à vacinação e teriam ocorrido mesmo se nenhuma vacina tivesse sido aplicada.
É importante lembrar que essas quatro doenças são fatais e que os bebês não vacinados
contra elas estão em sério risco de morte ou incapacidade grave.

As doenças evitáveis por vacinas Não se pode relaxar em relação à vacinação. Embora as doenças evitáveis por
estão quase erradicadas em meu vacinação tenham se tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos que
país, por isso não há razão para as causam continuam a circular em algumas partes do mundo. Em um mundo
me vacinar altamente interligado, esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e
infectar qualquer pessoa que não esteja protegida. Desde 2005, por exemplo,
na Europa Ocidental ocorrem focos de sarampo em populações não vacinadas
(Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Uni-
do). Dessa forma, as duas principais razões para a vacinação são proteger a nós
mesmos e também as pessoas que estão à nossa volta.

Doenças infantis evitáveis por Essa afirmação é errada e absurda. As doenças evitáveis por vacinas não têm que
vacinas são apenas infelizes fa- ser “fatos da vida”. Enfermidades como sarampo, caxumba e rubéola são graves e
tos da vida podem levar a complicações graves em crianças e adultos, incluindo pneumonia,
encefalite, cegueira, diarreia, infecções de ouvido, síndrome da rubéola congênita
(caso uma mulher seja infectada com rubéola no início da gravidez) e, por fim,
à morte. Todas essas doenças e o sofrimento que elas causam podem ser pre-
venidos com vacinas. O fato de não vacinar as crianças faz com que elas fiquem
desnecessariamente vulneráveis.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

72
Aplicar mais de uma vacina ao Não é verdade. Evidências científicas mostram que aplicar várias vacinas ao mes-
mesmo tempo em uma criança mo tempo não causa aumento de eventos adversos sobre o sistema imunológico
pode aumentar o risco de even- das crianças. Elas são expostas a centenas de substâncias estranhas, que desenca-
tos adversos prejudiciais, que deiam uma resposta imune todos os dias. O simples ato de comer introduz novos
podem sobrecarregar seu siste- antígenos no corpo e numerosas bactérias vivem na boca e no nariz. Uma criança
ma imunológico é exposta a muito mais antígenos de um resfriado comum ou dor de garganta
do que de vacinas. As principais vantagens de aplicar várias vacinas ao mesmo
tempo são: menos visitas ao posto de saúde ou hospital, o que economiza tempo
e dinheiro; e uma maior probabilidade de que o calendário vacinal seja comple-
tado. Além disso, quando é possível ter uma vacinação combinada – como para
sarampo, caxumba e rubéola – menos injeções são aplicadas.

As vacinas contêm mercúrio, que Não existe evidência que sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vaci-
é perigoso nas represente um risco para a saúde. O tiomersal é um composto orgânico, que
contém mercúrio, adicionado a algumas vacinas como conservante. É o conser-
vante mais utilizado para vacinas que são fornecidas em frascos multidose.

Vacinas

Ao nascer
BCG: Dose única dada no primeiro mês depois de nascimento, em bebês com mais de 2 kg, que protege contra
as formas mais graves de tuberculose. Dada gratuitamente em postos de saúde e maternidades públicas, e disponível
para aplicação nas maternidades privadas. Se a cicatriz não se formar, recomenda-se uma segunda dose após 6 meses.
Modo de aplicação: Picada no braço direito (aplicação intradérmica). A ferida que se forma é normal e esperada,
podendo também gerar uma secreção parecida com pus. Vai formar uma cicatriz. 
Hepatite B: Primeira dose do total de três ou quatro, dependendo do tipo. É recomendável a aplicação nas pri-
meiras 12 horas de vida, na maternidade, ou então logo depois da alta. É gratuita em maternidades públicas e postos
de saúde. Quando a mãe é portadora do vírus da hepatite B, a vacina é dada logo depois do nascimento, junto com a
imunoglobulina específica contra hepatite B, quanto antes melhor.
Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa (intramuscular).

2 meses
Públicas: Pentavalente brasileira (DTP + Hib + hepatite B) / pólio inativada / Rotavírus monovalente / Pneumocócica
conjugada 10-valente
O que o esquema particular tem de diferente: Existe a versão acelular da DTP (DTPa), que dá menos reação, e que
inclui a pólio, eliminando uma picada (e por isso chamada de hexavalente). Há uma vacina para o rotavírus que protege
contra cinco tipos do vírus, em vez de um só, mas se se aplica a rotavírus pentavalente serão necessárias três doses, em
vez de duas. E existe uma pneumocócica que protege contra 13 tipos da bactéria, em vez de 10. 

Pentavalente brasileira (DTP + Hib + hepatite B): Primeira dose. Contra difteria, tétano, coqueluche, infecções
provocadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b (como meningite, pneumonia e outras) e segunda dose contra
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a hepatite B. É gratuita em postos de saúde. 


Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa (intramuscular). 
Pólio inativada: Primeira dose. Previne a poliomielite, ou paralisia infantil. A vacina dada gratuitamente nos postos
de saúde substituiu a versão oral (VOP ou Sabin) pela injetável. Nos laboratórios particulares a VIP (forma injetável) faz
parte da pentavalente e da hexavalente, o que economiza uma picada na criança. 
Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da coxa.

Rotavírus: Primeira dose. Evita infecções pelo rotavírus, que causa vômito e diarreia e pode levar à desidratação. A
vacina monovalente é dada de graça nos postos de saúde. Na rede particular, também existe uma versão que protege
contra mais tipos de vírus, também oral, mas o esquema completo será de três doses, em vez de duas. 

73
Modo de aplicação: gotinhas.  Rotavírus:  Segunda dose. Evita infecções pelo  rota-
Pneumocócica conjugada:  Primeira dose. Evita al- vírus  que causa vômito e diarreia. É dada de graça nos
guns tipos de pneumonia, meningites e outras doenças postos de saúde (esquema total de duas doses, aos 2 e 4
causadas pela bactéria pneumococo. Passou a fazer parte meses). Na rede particular, existe uma versão que prote-
do Programa Nacional de Imunizações em 2010, portan- ge contra mais tipos de vírus, mas o esquema completo
to é gratuita. A da rede pública é contra 10 tipos da bac- será de três doses (aos 2, 4 e 6 meses). É preciso repetir
téria. Na rede particular existe uma versão que evita 13 a mesma versão de vacina entre a primeira e a segunda
tipos da bactéria (13-valente).  dose. 
Modo de aplicação:  picada no músculo lateral da
coxa (intramuscular). Modo de aplicação: gotinha (via oral). 

3 meses Pneumocócica: Segunda dose. Previne alguns tipos


Pública: Meningococo C conjugada de pneumonia, meningite e infecções causadas pela bac-
Particular: Meningococo B téria pneumococo. Passou a fazer parte do Programa Na-
O que o esquema particular tem de diferente: Além cional de Imunizações em 2010. A da rede pública prote-
da vacina contra meningococo C, inclui a vacina contra o ge contra 10 tipos de bactéria. Na rede particular existe
meningococo B, que causa meningite grave.  uma versão que protege contra até 13 tipos. Como existe
Meningococo C conjugada:  Primeira dose. Protege mais de um tipo, é preciso dar o mesmo tipo da primei-
contra a meningite e outras doenças disseminadas pela ra dose (atenção se tiver dado a primeira dose na rede
bactéria meningococo C.  privada e quiser passar para a particular, ou vice-versa). 
Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da Modo de aplicação:  picada no músculo lateral da
coxa (intramuscular). coxa (intramuscular).
5 meses
Meningococo B: Primeira dose. Protege contra a me- Pública: Meningococo C conjugada
ningite e outras infecções disseminadas graves provoca- Particular: Meningococo B 
das pela bactéria meningococo tipo B. 
O que o esquema particular tem de diferente: Além
Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
da vacina contra o meningococo C, inclui a vacina contra
coxa (intramuscular).
meningococo B. 
4 meses
Meningococo C conjugada: Segunda dose. Protege
Públicas: Pentavalente brasileira (DTP + Hib + hepa-
contra a meningite e outras infecções graves, como no
tite B) / Pólio inativada / Rotavírus oral / Pneumocócica
sangue. 
conjugada 10-valente
O que o esquema particular tem de diferente: Opção Modo de aplicação:  Picada no músculo lateral da
de usar a versão acelular da DTP (DTPa), que causa menos coxa.
reação, e já inclui a pólio inativada na mesma picada. Essa
versão de pentavalente (DTPa, Hib, pólio inativada-IPV) Meningococo B: Segunda dose. Protege contra a
é diferente da pentavalente brasileira, usada nos postos meningite e outras infecções graves provocadas pela
de saúde, que não contém a vacina contra pólio, e sim bactéria meningococo tipo B. 
uma dose extra de vacina contra hepatite B. Novamente, Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
existe uma vacina contra rotavírus que inclui 5 tipos do coxa (intramuscular).
vírus, em vez de um só, e há uma opção da pneumocóci-
ca contra 13 tipos da bactéria, em vez de dez.  6 meses
Observação: Segunda dose das vacinas aplicadas aos Públicas: Pentavalente brasileira (DTP + Hib + hepati-
2 meses. Se o bebê teve reação ou ficou incomodado te B) / Pólio (VIP) / Gripe
quando recebeu estas vacinas aos 2 meses, não neces- O que o esquema particular tem de diferente: Opção
sariamente o problema se repetirá, mas é possível que particular: A versão acelular da DTP (DTPa) dá menos rea-
aconteça. Siga as orientações do pediatra.  ção. Também existe uma versão que junta a pentavalente
semelhante à dada pelo governo com a pólio inativada,
Pentavalente (DTP + Hib + hepatite B):  Segunda formando a hexavalente. A vacina contra rotavírus (ter-
dose. Contra difteria, tétano, coqueluche, infecções pro- ceira dose) tem uma versão mais completa.
vocadas pela bactéria  Haemophilus influenzae  tipo b e Observação: Terceira dose das vacinas aplicadas aos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

contra a hepatite B. É gratuita em postos de saúde.  2 e 4 meses, mais a terceira dose da hepatite B. Se, com
Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa alguma dose anterior, o bebê teve reação ou ficou inco-
(intramuscular).  modado, não necessariamente isso acontecerá de novo,
mas pode ocorrer. Siga as orientações do pediatra. 
Pólio inativada: Segunda dose. Previne a poliomie-
lite (paralisia infantil). Substituiu a da gotinha, que era a DTP + Hib + hepatite B: Terceira dose. Contra difte-
Sabin, pela forma injetável. Na rede particular, pode ser ria, tétano, coqueluche, infecções provocadas pela bac-
dada junto com a DTPa + Hib (pentavalente), o que eco- téria  Haemophilus influenzae  tipo b e hepatite B (quarta
nomiza uma picada na criança.  dose). É gratuita em postos de saúde. Os especialistas da
Modo de aplicação: Aplicada no músculo da lateral da Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam, no entanto,
coxa (intramuscular).  quando possível, a versão acelular (DTPa), por ter menos

74
risco de efeitos colaterais. Essa versão está disponível na esquema gratuito, a primeira dose da vacina contra ca-
rede particular. Não é obrigatório usar o mesmo tipo de tapora é dada apenas com 1 ano e 3 meses. No esque-
formulação das doses anteriores.  ma particular, a vacina contra hepatite A é dada em duas
Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa doses, uma agora e uma depois de 6 meses. No público,
(intramuscular).  ela é dada em dose única. No esquema particular, já se
recomenda a vacinação com a meningocócica (em ver-
Pólio: Terceira dose. Previne a poliomielite (paralisia são conjugada, ACWY, mais completa, a partir de 1 ano)
infantil). A vacina dada gratuitamente nos postos de saú- e a pneumocócica (também disponível em versão mais
de é injetável(VIP). Pode ser dada na rede particular, junto completa, no reforço a partir de 1 ano).
com a DTPa + Hib + hepatite B, formando a hexavalente. Por fim, o calendário particular inclui o reforço da va-
Modo de aplicação: É aplicada no músculo da lateral cina contra meningococo B. 
da coxa (intramuscular). 
Tríplice viral (SRC, ou MMR): Primeira dose. Pro-
Rotavírus:  Terceira dose, prevista apenas no esque- tege contra rubéola, sarampo e caxumba. Faz parte do
ma de vacinação da rede particular (pentavalente, com calendário do Ministério da Saúde, portanto é aplicada
esquema completo de três doses, aos 2, 4 e 6 meses). É gratuitamente nas unidades básicas de saúde. Também
obrigatória se criança tomou as duas primeiras doses da disponível na rede particular. 
pentavalente.  Modo de aplicação: Picada subcutânea (agulha curti-
Modo de aplicação: gotinhas.  nha) preferencialmente no braço. 
Gripe: A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda Catapora (Varicela): Primeira dose de duas. Pode ser
a aplicação da vacina contra a gripe (influenza) todos os dada em uma picada isolada, no mesmo dia que a tríplice
anos para crianças de 6 meses a 5 anos. A cada ano o viral, ou na mesma picada, na quádrupla viral. Segundo
Ministério da Saúde oferece atualmente a vacina gratui- a Sociedade Brasileira de Pediatria, observou-se que na
tamente para essa faixa etária. A vacina da gripe deve ser versão com duas picadas separadas houve menos ocor-
aplicada de preferência durante o outono. Na primeira rência de febre como efeito colateral. No Programa de
vez que a criança toma a vacina da gripe, são necessárias Nacional de Imunizações é dada com 1 ano e 3 meses. 
duas doses, com intervalo de um mês. É preciso reaplicar Modo de aplicação: Picada subcutânea (com agulha
a vacina todo ano, porque todo ano o vírus muda. curtinha) normalmente no braço. 
7 meses Hepatite A: No esquema público, dada em dose úni-
Particular: Meningococo B ca, aos 15 meses. No particular, é dada em duas doses.
O que o esquema particular tem de diferente:  Só é O esquema sugerido é com 1 ano, mas o início pode ser
vacinado aos 7 meses o bebê que está fazendo a imu- adiado por alguns meses para dividir o número de apli-
nização contra o meningococo B no esquema particular. cações. A segunda dose, no esquema particular, é dada
Não há vacinas públicas programadas. 
seis meses depois da primeira. 
Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
Meningococo B: Terceira dose. Protege contra a me-
coxa (intramuscular). 
ningite e infecções graves provocadas pela bactéria me-
ningococo tipo B. 
Meningococo C conjugada:  Dose de reforço. Pro-
Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
tege contra a meningite e outras doenças disseminadas
coxa (intramuscular).
pela bactéria meningococo C. A SBP recomenda o uso da
9 meses
Pública: Febre amarela versão conjugada, ACWY, mais completa.
O que o esquema particular tem de diferente: Nada. Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
coxa (intramuscular). 
Febre amarela: Dose única da vacina contra o vírus Pneumocócica conjugada: Dose de reforço, segun-
da febre amarela. Cada vez mais Estados estão sendo in- do o calendário do Programa Nacional de Imunizações.
cluídos nas áreas de vacinação recomendada, e a previ- Pode ser aplicada a qualquer momento entre 1 (prefe-
são é chegar a todo o território nacional. Informe-se com rencialmente) e 4 anos, mas a versão gratuita é dada com
o pediatra ou na unidade básica de saúde. Dada gratuita- 1 ano. Em São Paulo, os postos de saúde a aplicam com
mente nos postos de saúde. Também disponível na rede 1 ano e 3 meses. Não há problema se houver diferença
particular.  entre o tipo de vacina das primeiras doses e do reforço
(10-valente ou 13-valente). 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Modo de aplicação: Picada subcutânea (com agulha


curtinha) normalmente no braço, mas pode ser no bum- Modo de aplicação: picada no músculo lateral da per-
bum ou na lateral da coxa. na, ou às vezes no bumbum.
Obs: Como são várias imunizações com 1 ano, o pe-
1 ano diatra pode preferir dividir a imunização nos meses se-
Públicas: Pneumocócica / Tríplice viral / Meningococo C  guintes.
Particular: Hepatite A / Meningococo B / meningocó- 1 ano e 3 meses
cica conjugada ACWY Públicas: DTP / Pólio (gotinha) / Quádrupla viral (ou
O que o esquema particular tem de diferente:  Tem triviral + varicela)/Hepatite A. Em São Paulo, o reforço
uma dose a mais da vacina contra catapora, sendo a pri- é da pneumocócica, pois a meningocócica é dada com
meira com 1 ano e a segunda com 1 ano e 3 meses. No 1 ano.

75
O que o esquema particular tem de diferente:  Há a Hepatite A: Segunda dose. No calendário do gover-
opção de usar a versão acelular da DTP (DTPa), que dá no, é dada em dose única, entre 1 e 2 anos. No esquema
menos reação. Esta versão pode incluir um reforço de particular, a segunda dose é aplicada seis meses depois
Hib e de pólio inativada, tudo na mesma picada, como da primeira, e alguns pediatras preferem fazer o esque-
recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria, enquanto ma um pouco mais tarde (intervalo entre 6 e 12 meses). 
na rede pública a DTP é dada isolada. O reforço da me- Modo de aplicação: picada no músculo da lateral da
ningocócica C pode ser substituído pela meningocócica coxa (intramuscular).
ACWY.
DTP (tríplice bacteriana):  Dose de reforço. Contra 4 anos
difteria, tétano, coqueluche. É gratuita em postos de saú- Pública: DTP e dose de reforço da vacina contra va-
de. Os especialistas recomendam a versão tríplice acelu- ricela. 
lar (DTPa), por ter menos risco de efeitos colaterais. Essa Particular: DTPa, reforço da pólio e reforço na menin-
formulação não é encontrada de rotina nos postos de gocócica C (ou ACWY)
saúde. Não há obrigatoriedade de usar a mesma formu- O que o esquema particular tem de diferente: Versão
lação das doses anteriores, elas são intercambiáveis.  acelular da DTP, que dá menos reação (DTPa), e um refor-
Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa ço da pólio, em forma de gotinha ou na forma inativada,
(intramuscular).  na mesma picada da tríplice. O reforço da meningocócica
C só está previsto na rede particular, aos 4 anos. Na rede
Pólio: Dose de reforço. Previne a poliomielite (parali- pública há um reforço da meningocócica C previsto aos
sia infantil). A vacina de reforço dada gratuitamente nos 11 anos.
postos de saúde continua sendo a oral (VOP, ou Sabin), a DTP (tríplice bacteriana): Segunda dose de reforço.
da gotinha, embora ela possa ser dada também na forma Contra difteria, tétano, coqueluche. É gratuita em postos
inativada, em combinação com a DTPa com Hib, todas na de saúde. Os especialistas da Sociedade Brasileira de Pe-
mesma agulhada.  diatria recomendam a versão da tríplice acelular (DTPa),
Modo de aplicação: A Sabin é oral, em forma de goti- por ter menos risco de efeitos colaterais. Não é obrigató-
nhas. Já a Salk (VIP ou inativada) é dada junto com outras rio tomar o mesmo tipo das doses anteriores. 
vacinas na formulação pentavalente, aplicada na parte Modo de aplicação:  Picada intramuscular, que pode
lateral da coxa (intramuscular).  ser no braço, glúteo (bumbum) ou parte lateral da coxa. 

Hib:  Dose de reforço contra infecções provocadas Varicela: Dose de reforço na rede pública, sendo que
pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b. A dose de a primeira dose é dada com 1 ano e 3 meses. No esque-
reforço é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pe- ma particular, a primeira dose é com 1 ano e o reforço
diatria no caso de aos 2, 4 e 6 meses a criança ter tomado com 1 ano e 3 meses.
a vacina combinada com a DTPa. Nesse caso o reforço vai Modo de aplicação Picada subcutânea.
dentro da vacina pentavalente (pólio inativada + DTPa +
Hib), aplicada normalmente em clínicas particulares. Esse Pólio: Dose de reforço, recomendada pela Sociedade
reforço da Hib não faz parte do Programa Nacional de Brasileira de Pediatria. Pode ser aplicada em combinação
Imunizações.  com a DTPa (tetravalente), ou então na forma oral. Re-
Modo de aplicação: Picada no músculo lateral da coxa comenda-se que as crianças recebam a vacina oral nas
ou do bumbum (intramuscular).  campanhas de vacinação, desde que já tenham tomado
Quadriviral ou tríplice viral + varicela: Protege duas doses da vacina inativada (aos 2 e 4 meses). 
contra rubéola, sarampo, caxumba e catapora. É aplicada Modo de aplicação: A vacina Sabin é oral, em forma
gratuitamente nas unidades básicas de saúde.  de gotinhas. Já a VIP é dada em conjunção com a DTPa,
Modo de aplicação: Picada subcutânea (agulha curti- com a mesma picada no músculo da lateral da coxa. 
nha) preferencialmente no braço. 
Meningocócica C conjugada ou ACWY: Reforço
Meningococo B: Dose de reforço, disponível apenas contra meningite e outras doenças, recomendado pela
na rede particular. Protege contra a meningite e outras Sociedade Brasileira de Pediatria. A versão ACWY é mais
doenças graves provocadas pela bactéria meningococo completa. Enquanto a SBP recomenda dois reforços, um
tipo B. Crianças que não tenham recebido as primeiras com 4 anos e outro com 11, o Programa Nacional de
doses ao longo do primeiro ano de vida precisam tomar Imunização possui um único reforço, com 11 anos, da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

duas doses, com um intervalo mínimo de 2 meses entre meningocócica C. 


elas. Modo de aplicação: Picada no músculo da lateral da
coxa (intramuscular). 
Hepatite A:  No calendário do governo, é dada em
dose única aos 15 meses.  9 anos
Modo de aplicação: picada no músculo da lateral da Pública: HPV quadrivalente para meninas. Para meni-
coxa (intramuscular). nos a idade está sendo escalonada, começando com 11
1 ano e 6 meses anos em 2017. 
Particular: Hepatite A  Particular: HPV quadrivalente para meninos fora da
faixa etária incluída na regra de transição.

76
O que o esquema particular tem de diferente: O ca-
lendário gratuito do SUS está incluindo os meninos aos
poucos. Meninos fora da faixa etária contemplada (de 11
EXERCÍCIO COMENTADO
a 15 anos incompletos) só podem tomar a versão par-
ticular. Em algumas clínicas particulares há uma vacina 1. (Prefeitura de Criciúma – SC – Técnico em Enfer-
menos abrangente, contra dois tipos de vírus, e não qua- magem – Médio – Fundação de Estudos e Pesquisas
tro. Nas particulares o esquema de doses é diferente. Sócio-Econômicos (FEPESE) - 2014)
A respeito de vacinação, julgue os itens a seguir.
HPV:  Vacina contra o papilomavírus humano (HPV), I A vacina BCG é administrada em dose única, por via in-
vírus que pode levar a alguns tipos de câncer. São duas tradérmica, o mais precocemente possível, de preferên-
doses: na rede pública a segunda dose é dada 6 meses cia na maternidade, logo após o nascimento.
depois da primeira. Dada gratuitamente nos postos de II Recomenda-se, quando o esquema de vacinação se en-
saúde. Na rede particular, dependendo da idade, a se- contra incompleto para hepatite B, reiniciá-lo.
gunda dose é dada 2 meses depois da primeira, e a ter- III Viajantes devem receber vacinação contra febre ama-
ceira, 6 meses depois da primeira. rela pelo menos dez dias antes da viagem, mesmo no
Modo de aplicação: Picada no músculo do braço ou caso de revacinação.
da coxa. IV Contraindica-se a vacina tríplice bacteriana (DTP) para
criança a partir de sete anos de idade.
11 anos
Pública: HPV quadrivalente para meninos (a idade Estão certos apenas os itens
está sendo ajustada aos poucos até ser uniformizada aos
9 anos, como as meninas). Meninos de até 15 anos in- a) I e II.
completos também podem tomar a vacina.  b) I e III.
Meningocócica C: pode ser aplicada em crianças de c) I e IV.
11 anos até 15 anos incompletos. d) II e III.
Particular: Meningocócica ACWY e) III e IV.
O que o esquema particular tem de diferente: Na rede
particular o esquema de doses da vacinação contra HPV Resposta: Letra C. BCG: Dose única dada no primeiro
pode ser diferente, e existe uma vacina que imuniza con- mês depois de nascimento, em bebês com mais de
tra apenas dois tipos de vírus, em vez de quatro, como 2 kg, que protege contra as formas mais graves de
a do SUS. Apenas na rede particular está disponível o tuberculose. Dada gratuitamente em postos de saúde
reforço da versão mais completa da vacina contra o me- e maternidades públicas, e disponível para aplicação
ningococo C (ACWY). Os reforços são recomendados aos nas maternidades privadas. Se a cicatriz não se formar,
4 e 11 anos. Na rede pública, o reforço é feito apenas aos recomenda-se uma segunda dose após 6 meses.
11 anos, com a vacina mais simples.  Modo de aplicação: Picada no braço direito (aplicação
intradérmica). Não se usa DTP a partir de sete anos de
HPV:  Vacina contra o papilomavírus humano (HPV), idade. 
vírus que pode levar a alguns tipos de câncer. São duas
doses: na rede pública a segunda dose é dada 6 meses
depois da primeira. Dada gratuitamente nos postos de SAÚDE DO ADOLESCENTE
saúde. Na rede particular, o esquema de doses pode ser
diferente. A adolescência é a fase de transição entre a infância e
Modo de aplicação: Picada no músculo do braço ou a vida adulta que ocorre dos 12 até os 18 anos de idade.
da coxa. Durante ela, o adolescente passa por diversas alterações
físicas, metais e sociais.
Meningocócica C ou ACWY: Reforço da meningocócica Nessa fase da vida, a promoção da saúde e a pre-
C no programa nacional de imunização. A Sociedade Brasileira venção de agravos deve ser desenvolvida pela equipe
de Pediatria recomenda o reforço com a ACWY, que abrange 4 de saúde em articulação com escolas, grupos de jovens,
sorogrupos da bactéria, disponível apenas na rede particular.  grupos de capoeira etc.
Modo de aplicação: Intramuscular, de preferência no braço. Para isso, é importante que os envolvidos construam
uma relação de vínculo e confiança com os jovens, ou-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vindo e respeitando suas ideias sem fazer julgamentos.


Em sua área de atuação, o ACS deve identificar os
adolescentes e ajudar no esclarecimento de dúvidas,
prestando orientações sobre:
a) o esquema vacinal;
b) as doenças sexualmente transmissíveis (DST);
c) os métodos contraceptivos e a gravidez;
d) o uso de álcool e outras drogas;
e) os riscos de trânsito;
f) a violência e os acidentes;
g) a importância da educação;

77
h) a prática de atividades físicas;
i) os hábitos saudáveis;
j) a saúde bucal.

O ACS também deve ficar atento a sinais de alerta, como alterações de peso (magreza excessiva ou obesidade) e
fugas frequentes de casa, além de indícios de:
a) exploração sexual;
b) violência na família;
c) transtornos mentais;
d) uso de álcool, cigarro e/ou outras drogas;
e) vida sexual precoce e/ou promíscua.

FIQUE ATENTO!
O adolescente tem direito à privacidade, a preservação do sigilo e ao consentimento informado. Assim, na
atenção à saúde, ele deve ser atendido em local apropriado (privacidade) e ter a garantia de que os assun-
tos discutidos durante a consulta não serão passados para seus pais ou responsáveis (preservação do sigilo)
sem que haja seu consentimento (consentimento informado).

Esquema vacinal

Todas as vezes que encontrar um adolescente sem carteira de vacinação ou Caderneta de Saúde do Adolescente e/
ou com o esquema vacinal incompleto ou atrasado, o ACS deve orienta-lo a procurar a UBS.
O esquema vacinal recomendado para jovens de 11 a 19 anos de idade pode ser observado na tabela ilustrada a
seguir:

Vacinas para jovens de 11 a 19 anos (Fonte: Ministério da Saúde)


Sexualidade

Durante a adolescência, meninos e meninas passam por diversas transformações físicas e fisiológicas que, normal-
mente, são acompanhadas de mudanças comportamentais.
Com todas essas alterações, é comum surgirem muitos questionamentos sobre a sexualidade e o funcionamento
do corpo.
Por isso, é importante desenvolver ações educativas não só para promover a saúde sexual e reprodutiva dos ado-
lescentes, mas também para estimular o respeito mútuo entre homens e mulheres e fazer com que todas as formas de
violência e discriminação sejam rejeitadas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essas ações podem ser realizadas em espaços comunitários (clubes, escolas e associações), com o objetivo de trans-
mitir aos jovens, informações importantes sobre:
a) sexualidade;
b) medidas contraceptivas;
c) gravidez;
d) doenças sexualmente transmissíveis;
e) prevenção do câncer do colo uterino.

78
Quem tem mais risco de contrair DST?
#FicaDica
Qualquer pessoa pode contrai uma DST, seja ela ca-
A realização de ações educativas na comu- sada, solteira, rica, pobre, jovem ou adulta. No entanto,
nidade permite que o adolescente tenha esse risco é maior em pessoas que:
uma vida sexual saudável, sem doenças ou a) fazem sexo sem camisinha;
problemas. b) se relacionam com usuários de drogas injetáveis e
compartilham agulhas;
c) recebem transfusões de sangue não testado.
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
As DST têm cura?
Manter relações sexuais sem o uso do preservativo
torna os adolescentes mais susceptíveis as doenças se- A maior parte das DST tem cura, desde que seja diag-
xualmente transmissíveis (DST). nosticada no início e tratada de forma adequada. A Aids
As DST podem apresentar diversos sinais e sintomas. é uma das únicas doenças que não possui cura, mas pode
Os mais comuns em meninas são: ser controlada com o uso de medicamentos específicos.
a) corrimento vaginal; Para que o tratamento da DST seja realmente eficaz,
b) verrugas e feridas; é necessário que seu portador
Orientarsiga
nãoalgumas
significaorientações,
escolher pela
c) coceira e ardência; como: outra pessoa, apenas auxiliar na
d) dor durante a relação sexual; a) seguir rigorosamente
tomadao tratamento
de decisão,determinado
respeitando o
e) dor no baixo ventre. pelo médico; princípio de autonomia, ou seja, o
Já os meninos podem apresentar: b) tomar os medicamentos na quantidade
direito de cada um em e na hora se
decidir
a) corrimento uretral (pinga-pinga); certa, conforme adeseja
receitaou
médica;
não fazer o planejamento
b) verrugas e feridas; c) levar o tratamentoreprodutivo.
até o fim, mesmo que os sinais
c) coceira e ardência. e sintomas já tenham desaparecido;
d) conscientizar seu(s) parceiro(s) sobre a importância
Caso o adolescente apresente qualquer um desses de também fazer o tratamento para evitar que o
sinais e sintomas, é importante que o ACS o oriente a problema continue;
procurar uma UBS para confirmar a suspeita de DST. e) evitar relações sexuais ou, pelo menos, utilizar pre-
Vale ressaltar que nem sempre esses sinais e sintomas servativos durante todo o tratamento;
são percebidos pelo doente (isso acontece principalmen- f) retornar na UBS ao final do tratamento para uma
te na mulher). Mesmo assim, a doença pode ser transmi- nova avaliação.
tida para o parceiro.
Planejamento reprodutivo
Além de encaminhar o adolescente para a UBS sem-
pre que houver a suspeita de DST, o ACS também precisa: O planejamento reprodutivo envolve uma série de
ações, tanto para concepção quanto para a anticoncep-
a) falar sobre sexualidade e convidar o adolescente a ção. Essas ações não devem colocar em risco a saúde das
refletir sobre os fatores (carinho, respeito, crenças, pessoas e precisam respeitar a liberdade de escolha de
valores e outros) que possam contribuir para uma cada um.
vivência responsável de sua sexualidade;
b) reforçar a importância do uso de preservativo (mas-
culino ou feminino) em todas as relações sexuais, FIQUE ATENTO!
orientando o jovem sobre a forma de consegui-los; Orientar não significa escolher pela outra pes-
c) alertar sobre o risco do compartilhamento de agu- soa, apenas auxiliar na tomada de decisão,
lhas e seringas; respeitando o princípio de autonomia, ou
d) desenvolver ações preventivas em áreas de maior seja, o direito de cada um em decidir se de-
risco como bares, pontos de prostituição, locais de seja ou não fazer o planejamento reprodutivo.
uso de drogas e outros;
e) facilitar o acesso aos materiais para prevenção e
serviços de saúde; Embora todos, incluindo os adolescentes, tenham o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

f) respeitar o direito de privacidade (nem todos se direito de decidir se querem ou não ter filhos e em que
sentem à vontade para falar de assuntos como época isso acontecerá, é importante lembrar que, em
sexo e uso de drogas); função do risco que oferece, a gravidez em menores de
g) orientar indivíduos de grupos prioritários (porta- 15 anos não é recomendada.
dores de HIV menores de 21 anos) sobre a vacina- Caso a gravidez aconteça, é papel do ACS:
ção contra hepatite B; a) orientar a adolescente a procurar a UBS para iniciar
h) conversar sobre a importância de realizar exames o pré-natal;
preventivos a cada um ou três anos (caso dois exa- b) incentivar o companheiro e os familiares a partici-
mes seguidos, feitos no intervalo de um ano, apre- parem de todas as etapas da gestação.
sentem resultado normal).

79
Anticoncepção Dentre as alterações em saúde bucal que mais ocor-
rem na adolescência, estão a erosão dental, as doenças
O uso de preservativo nas relações sexuais permite que periodontais, o traumatismo dentário e o bruxismo.
o adolescente vivencie sua sexualidade sem risco de con-
trair uma DST ou de acontecer uma gravidez não planejada. a) Erosão dentária: consiste na perda irreversível do
Por isso, é importante que os métodos contraceptivos esmalte do dente (tecido dentário) devido ao consumo
sejam de fácil acesso e que a orientação sobre o plane- de bebidas ácidas, como refrigerante, café, água com gás
jamento reprodutivos seja facilitada e discutida na pers- e suco de frutas.
pectiva de seus direitos. Essa alteração pode ser evitada com a adoção de me-
didas simples, como manter hábitos alimentares saudá-
veis, beber bastante água, não consumir bebidas ácidas
#FicaDica em excesso e escovar os dentes (no intervalo de até uma
hora) após consumir bebidas ou alimentos ácidos.
São princípios centrais dos direitos sexuais
e reprodutivos:
b) Doenças periodontais (doenças das gengivas): são
a) ter fácil acesso à informação;
doenças causadas pela placa bacteriana, uma película
b) decidir sobre a própria vida sexual e re-
produzida pelas bactérias que se adere aos dentes.
produtiva;
Quando não é removida pela escovação e uso do fio
c) ter acesso aos meios que permita o exer-
dental, a placa bacteriana se acumula, podendo causar
cício dos direitos sexuais sem discrimina-
inflamação nas gengivas, nos dentes e até no tecido gen-
ção, coerção e violência.
gival e osso que suporta os dentes (periodontite). Se não
tratada, essa inflamação pode levar à perda dos dentes.

Caso exista a suspeita de gravidez, é importante que Para evitar as doenças periodontais, é importante es-
o ACS oriente a adolescente a procurar a UBS para fazer covar diariamente os dentes com pasta dental contendo
o teste de gravidez e iniciar o pré-natal (caso a suspeita flúor e fazer o uso do fio dental.
seja confirmada).
Além de preparar a futura mãe e sua família para a c) Traumatismo dentário: bastante comum entre os
chegada do bebê, o pré-natal reduz: jovens, o traumatismo dentário é causado, principalmen-
a) a mortalidade no parto e puerpério; te, por acidentes envolvendo bicicleta, skate etc.
b) a ocorrência de abortos espontâneos; Nessas ocasiões, o dente pode lascar, quebrar ou sal-
c) a mortalidade de recém-nascidos e mortes prematuras; tar completamente da boca (avulsão dental). Caso isso
d) a ocorrência de partos prematuros; aconteça, é importante que o pedaço do dente ou o
e) os casos de recém-nascidos com baixo peso. dente perdido seja conservado hidratado (em leite, água,
soro fisiológico ou até mesmo na própria saliva) e que o
Saúde bucal no adolescente adolescente procure imediatamente o dentista da equipe
de saúde.
Tanto a equipe de saúde quanto a família precisa
compreender os processos da adolescência. Trabalhar d) Bruxismo: normalmente causado pelo estresse do
com pessoas nessa faixa etária exige o uso de uma lin- dia a dia, o bruxismo consiste no ato inconsciente de ran-
guagem que facilite o entendimento e a divulgação dos ger dos dentes durante o sono.
conceitos de promoção à saúde bucal. Esse hábito pode causar dor de cabeça, dor nos mús-
Os cuidados com a saúde bucal devem iniciar na in- culos dos maxilares, fratura dental e desgaste dos dentes.
fância e ter continuidade para que tanto a ideia de au- Por isso, é importante procurar um dentista e encontrar,
tocuidado quanto a importância da saúde bucal sejam junto da equipe de saúde, formas de relaxamento.
consolidados.
Dentre os assuntos abordados pela equipe de saúde
com o adolescente e sua família, estão:
a) as orientações de higiene bucal;
b) o uso de exaguatórios bucais;
c) as manifestações bucais mais comuns.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Higiene bucal

Na adolescência, os cuidados de higiene bucal como


escovação correta dos dentes e uso de fio dental podem
ser motivados pela valorização estética.

Alterações em saúde bucal mais frequentes nos


adolescentes

80
e psicológicas), os casos diagnosticados precisam ser
#FicaDica acompanhados por uma equipe de saúde multiprofis-
sional. Quando não tratados, os transtornos alimentares
Dicas para ter um sorriso bonito e saudável: podem continuar durante toda a vida.
a) escovar os dentes todos os dias após as
refeições e antes de dormir;
b) usar o fio dental diariamente; FIQUE ATENTO!
c) limpar a língua durante a escovação (evi-
É essencial que o ACS esteja sempre atento
ta o mau hálito);
às queixas vagas e mudanças de compor-
d) ter uma alimentação saudável, sem o
tamento do adolescente, dando apoio e o
consumo exagerado de doces;
orientando a buscar o serviço de saúde sem-
e) visitar o dentista regularmente;
pre que necessário.
f) reduzir o estresse para evitar o bruxis-
mo (caminhar, ler um livro ou ouvir música
pode ajudar);
g) manter a boca sempre limpa e livre de
cáries.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Observação: a cárie é causada por uma bactéria que 1. (Tribunal Regional do Trabalho/6ª Região – Analis-
pode ser transmitida pelo beijo na boca. Por isso, é im- ta judiciário – Superior – FCC/2012) Dentre os princí-
portante manter a boca sempre limpa e tratar as cáries pios do programa de atenção à saúde de jovens e ado-
existentes. lescentes, consta que:
Transtornos alimentares a) os adolescentes e jovens devem ser atendidos somen-
te na presença de pais ou outro familiar.
A bulimia e a anorexia nervosa são transtornos ali- b) o sigilo profissional e a confidencialidade devem ser
mentares que, nos últimos anos, tem se tornado cada vez mantidos, inclusive nas situações de abuso sexual.
mais frequente entre os jovens. c) as visitas domiciliares estão excluídas nas estratégias
Desencadeados por fatores como ansiedade, depressão de captação de jovens para o atendimento em saúde.
e perdas importantes, os transtornos alimentares são mais d) os menores de 18 anos devem ser atendidos mediante
comuns em mulheres, mas também pode afetar homens. apresentação da carteira de identidade, e a não apre-
Na maior parte das vezes, esses transtornos estão re- sentação do documento acarretará a dispensa do me-
lacionados a distorção de imagem, uma condição onde nor no programa.
a pessoa, apesar de magra, se enxerga gorda na frente e) as informações obtidas no atendimento em saúde não
do espelho. serão repassadas aos pais e/ou responsáveis sem a
concordância explícita do assistido.
Anorexia nervosa x bulimia
Resposta: Letra E
A anorexia nervosa consiste em uma severa restrição O adolescente tem direito à privacidade, a preserva-
alimentar (a pessoa não come) que se manifesta na for- ção do sigilo e ao consentimento informado. Assim,
ma de cansaço extremo, fraqueza, tontura, visão turva, na atenção à saúde, ele deve ser atendido em local
desnutrição e desidratação. apropriado (privacidade) e ter a garantia de que os
Já a bulimia é caracterizada por episódios de consu- assuntos discutidos durante a consulta não serão pas-
mo exagerado de alimentos seguidos de métodos com- sados para seus pais ou responsáveis (preservação do
pensatórios para evitar o ganho de peso, como indução sigilo) sem que haja seu consentimento (consentimen-
do vômito, uso de laxantes e prática prolongada de ati- to informado).
vidade física.
Ao contrário da anorexia, a bulimia não gera uma 2. (Prefeitura de Natal/RN – Técnico de enfermagem
perda de peso tão evidente, o que dificulta a detecção - Médio – COMPERVE/2018) A educação em saúde é
do transtorno pela equipe de saúde e pelos familiares. entendida como uma importante vertente da prevenção
Embora apresentem diferentes características, tanto a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

relacionada à aprendizagem, desenhada para alcançar a


anorexia quanto a bulimia podem causar graves compli- saúde, portanto, torna-se necessário que ela seja voltada
cações, como: a atender a população de acordo com a respectiva reali-
a) doenças do coração; dade, provocando conflito nos indivíduos, criando opor-
b) infecções frequentes; tunidade para que estes pensem e repensem a própria
c) anemia grave; cultura, e eles próprios transformem a respectiva realida-
d) morte súbita. de.
(GONÇALVES, Maria J. F.; OLIVEIRA, Hadelância M. Edu-
Dessa forma, é extremamente fundamental diagnos- cação em Saúde: uma experiência transformadora. In:
ticar e tratar as pessoas doentes. Por se tratar de doenças Rev Bras Enferm, vol. 57, nº6, nov/dez 2004, p. 761-3,
que envolvem diversas causas e consequências (físicas com adaptações.)

81
A respeito da educação em saúde, julgue os itens a seguir. Neonatologia: A Neonatologia (do latim: ne(o) -
Os adolescentes são mais vulneráveis às questões rela- novo; nat(o) - nascimento e logia - estudo), é o ramo da
cionadas à sexualidade, como DST/Aids, gravidez preco- Pediatria que se ocupa das crianças desde o nascimento
ce e aborto. até aos 28 dias de idade (quando as crianças deixam de
ser recém-nascidos passam a ser lactentes). Na atualida-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO de é muito frequente as crianças nascerem prematuros
com peso abaixo do normal, que ao ultrapassarem os 28
Resposta: Letra A dias de vida, continuam sob o cuidado do Neonatologis-
Durante a adolescência, meninos e meninas passam tas, porque ainda necessitam permanecer internados nas
por diversas transformações físicas e fisiológicas que, Unidades Neonatais. Pierre Budin, obstetra de origem
normalmente, são acompanhadas de mudanças com- francesa é considerado o pai da Neonatologia, foi o pri-
portamentais. Com todas essas alterações, é comum meiro a escrever um livro (1892) sobre lactentes nascidos
surgirem muitos questionamentos sobre a sexualida- de parto prematuro e classificou as crianças em peque-
de e o funcionamento do corpo. Por isso são mais vul- nas e grandes para a idade gestacional.
neráveis a doenças sexualmente transmissíveis (DST), Em 1914,o Dr. Julius Hess e a Dra. Evelyn Lundeen
gravidez precoce e aborto. implantaram unidades de cuidados para recém-nascidos
prematuros no Michael Reese Hospital em Chicago. Em
3. (FUNDAC/PB – Técnico em enfermagem - Médio 1924 o pediatra Albert Peiper interessou-se pela matura-
– CESPE/2008) A adolescência é um período do desen- ção neurológica dos prematuros. Por volta de 1940 foram
volvimento humano no qual ocorrem alterações nas di- unificados os critérios para manejo dos recém-nascidos
versas áreas biológicas, psicológicas, sociais e culturais. prematuros e foram inventadas as incubadoras para que
Acerca desse assunto, assinale a opção correta. se pudesse controlar a temperatura dessas crianças.
Nessa altura Budin estudou a influência da tempe-
a) A acne é uma dermatose comum nessa faixa etária e ratura ambiente na mortalidade dos prematuros, tendo
deve ser drenada pelo próprio adolescente sempre sido o primeiro a usa garrafas de vidro com água quente
para termorregulação dos bebês durante o transporte
que se apresentar com comedões, pápulas e pústulas.
neonatal.
b) A gravidez na adolescência é um fator preocupante, pois
Em 1953 a Dra. Virginia Apgar divulgou no meio
pode representar riscos relativos à saúde da mãe e da
científico a sua escala para avaliação do grau de asfixia
criança. É fundamental muito diálogo e orientação, ofe-
neonatal e de adaptação á vida extrauterina (Escala de
recendo-se suporte para recuperação da autoestima.
Apgar). Em 1957 Ethel Dunham escreveu o livro “O Pre-
c) A obesidade nos adolescentes do sexo masculino até
maturo”. Em 1960 o Dr. Alexander Schaffer usou o termo
os 16 anos de idade pode ser resolvida a partir de uma
Neonatologia pela primeira vez no livro “Diaseases of the
dieta restritiva e uso de medicamentos para perda de Newborn”. Na década de 60 começaram a ser utilizados
peso rápida. os monitores eletrônicos, as gasometrias arteriais tor-
d) O estímulo ao consumo de álcool e drogas pode vir naram-se possíveis e surgiram antibióticos apropriados
da própria família, por isso a medida mais adequada é para tratar à sepse neonatal.
não conversar com o adolescente sobre esse tema, a Em 1967 o Colégio Americano de Ginecologia e Obs-
fim de não despertar interesses. tetrícia reconheceu a necessidade do trabalho conjunto
dos Obstetras e Neonatologistas para diminuir a mor-
Resposta: Letra B talidade perinatal. Iniciou-se assim, em 1973, o primeiro
A gravidez na adolescência, principalmente em meni- Serviço de Cuidados Perinatais nos EUA.
nas menores de 15 anos, pode representar riscos tanto Na década de 70 houve progressos importantes na
à saúde da mãe quanto da criança. Por isso, é impor- nutrição, alimentação por sondas e na alimentação pa-
tante que haja bastante diálogo, orientação e suporte renteral. Tornou-se rotina o uso de cateteres umbilicais.
para que a jovem mãe recupere sua autoestima Uma das mudanças mais importantes na Neonatologia
foi a atenção intensiva para o recém-nascido prematuro
SAÚDE DA MULHER e a vigilância dos problemas respiratórios, através do uso
da ventilação mecânica. Em 1887 Dwyer utilizou o pri-
Ginecologia e Obstetrícia: A ginecologia literalmente meiro ventilador rudimentar de pressão positiva e Egon
significa “a ciência da mulher”, mas na medicina é a es- Braun e Alexander Graham Bell introduziram a pressão
pecialidade que trata de doenças do sistema reprodutor negativa em 1888. Em 1953 Donald e Lord introduziram
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

feminino, útero, vagina e ovários. Quase todos gineco- a uso do ventilador com ciclos.
logistas atuais são também obstetras. A obstetrícia é o Em 1971 Gregory, Kitterman e Phibbs introduziram a
ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Pressão Positiva Continua nas vias aéreas (CPAP). Pouco
Investiga a gestação, o parto e o puerpério nos seus as- depois Bird com a colaboração de Kirby desenvolveram o
pectos fisiológicos e patológicos. O obstetra é o médico primeiro ventilador neonatal de pressão positiva, o “Baby
especialista que cuida do desenvolvimento do feto, além Bird”. Posteriormente, através de um melhor conheci-
de prestar assistência à mulher no período da gravidez e mento da fisiologia respiratória neonatal, foram melho-
pós-parto (puerpério). No entanto, existem outros pro- rados os resultados da assistência respiratória mecânica
fissionais habilitados no cuidado ao ciclo gravídico puer- aos recém-nascidos. É de destacar ainda as contribuições
peral do parto normal: Enfermeiros Obstetras e Obstetriz. de Downes, Anderson, Silverman, Gregory e Fujiwara
com o uso de surfactante exógeno.

82
A Neonatologia avançou muito nos últimos tempos, 1.2. Aparelho Reprodutor
conseguindo menores índices de mortalidade e de mor-
bilidade graças a uma maior compreensão das particula- Planejamento Familiar: É uma forma que o casal en-
ridades dos recém-nascidos, melhores equipamentos e contra para organizar o crescimento da sua família. Fa-
medicamentos. zendo isto o casal terá condições de ter apenas o nú-
mero de filhos que poderá criar, sendo possível dar a
1. Mulheres e os Ciclos Reprodutivos eles melhores condições de vida. A responsabilidade do
planejamento familiar é do casal, para isto eles precisam
Na infância nosso corpo ainda não está totalmente conhecer os vários métodos que podem ser utilizados
formado. Durante a puberdade, quando a menina está se para evitar a gravidez indesejada. Existem vários mé-
tornando mulher, ela passa da infância para a fase adulta. todos de evitar uma gravidez, todos eles voltados para
Na mulher a puberdade se caracterizada seguinte ma- o planejamento familiar, de maneira que o casal possa
neira: ter seus filhos no período que desejar. Cada método de
- Diminuição no crescimento dos ossos, contracepção (evitar a gravidez) tem suas vantagens e
- Surgimento dos seios (peitos), desvantagens. Um método é mais seguro quando usado
- Surgimento de pelos no ventre e nas axilas, corretamente; em caso de dúvidas, procure o posto de
- Chegada da menstruação (menarca) e ovulação, saúde de seu município.
- Aumento do desejo sexual,
- Mudanças emocionais. 1.3. Métodos Anticonceptivos

A mulher tem um terceiro ciclo, que é o climatério Relacionamos a seguir os métodos mais utilizados,
(menopausa), quando a menstruação e a ovulação termi- com suas propriedades, vantagens e desvantagens.
nam. Veremos sobre a menopausa mais adiante. Métodos considerados muito seguros são:
- Camisinha do Homem;
1.1. Menstruação - Dispositivo Intrauterino (Diu);
- Pílula Anticoncepcional;
A menstruação começa na metade da puberdade, - Pílula do dia seguinte;
geralmente entre 11 e 12 anos, é normal que aconteça - Anticoncepcional injetável;
até os 16 anos, mas se, aos 14, a jovem ainda não ti- - Camisinha da mulher;
ver menstruado, vale a pena consultar um médico para - Vasectomia;
avaliar se está tudo bem. A menstruação continua até os - Ligadura de Trompas.
49 ou 50 anos, podendo estender-se até os 55 anos. A
Métodos considerados pouco seguros:
menstruação não é doença; é algo totalmente normal
- Tabelinha;
na vida da mulher e pode ser encarada sem restrições:
- Diafragma;
pode (e deve) tomar banho, lavar a cabeça, comer o que
- Geleias espermicidas.
quiser agir normalmente. O ciclo menstrual varia de 20 a
36 dias, sendo que a maioria das mulheres tem um ciclo
Camisinha Masculina: A camisinha masculina é um
de 28 dias. Geralmente dura de 4 a 6 dias, podendo em
método utilizado pelo homem no momento da relação
algumas mulheres variar de 2 a 8 dias. sexual. É uma capinha de borracha fina, porém resisten-
Cada mulher reage de forma distinta quando está te, que é colocada sobre o pênis. Ela evita a gravidez e
menstruada, podendo ocorrer alguns destes sintomas: Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), impedindo
- Aumento do desejo sexual; que os espermatozoides penetrem na vagina da mulher.
- Dores no abdome (cólicas); Use a camisinha apenas uma vez e jogue fora depois de
- Dores nas pernas; usada.
- Dores de cabeça (enxaqueca); Vantagens: Não faz mal a saúde; oferece segurança
- Mau humor, irritação ou depressão; quando usada corretamente e, principalmente, quando
- Dores nos seios. combinada com o uso de espermicida; protege contra
Esses sintomas são chamados de “síndrome pré-mens- as doenças venéreas; faz com que o homem divida com
trual”. a mulher a responsabilidade com o planejamento fami-
Importante: Se você tem filhas mulheres, perto da pu- liar; contribui para a prevenção de doenças venéreas, tais
berdade, procure prepará-las para a chegada da mens- como a AIDS.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

truação. Explique que é algo normal na vida das mulhe- Desvantagem: Alguns homens reclamam de descon-
res: que não é doença. Fale da importância da higiene forto na relação sexual.
pessoal nesse período. E, caso você ou suas filhas apre-
sentarem todos (ou quase todos) dos sintomas listados Dispositivo Intrauterino (DIU): É uma pequena peça
acima, procure um médico, para se certificar que você de plástico flexível com cobre que é colocada por um
ou elas não tenham algum problema maior, como por médico dentro do útero, impedindo a gravidez.
exemplo, a chamada ‘síndrome pré-menstrual’. Lembre- Vantagens: É um método seguro que, com acompa-
-se que esse problema, bem como outros problemas nhamento médico, pode ser usado até oito anos. Não
menstruais podem ser tratados, e a mulher pode e deve interfere no ato sexual, é um método reversível, isto é,
viver normalmente durante o ciclo menstrual. pode ser retirado a qualquer momento. É um método
altamente eficaz.

83
Desvantagens: É raro, mas pode haver rejeição por Recomendações Importantes: Deve-se pensar muito
parte do organismo, pode ocasionar efeitos secundários antes de realizar a operação de vasectomia, pois a mes-
como: maior sangramento e cólicas. ma é irreversível. Após a operação é recomendável o uso
da camisinha por dois meses, pois leva algum tempo
Pílula Anticoncepcional: As pílulas anticoncepcionais para que os espermatozoides que estão no canal do pê-
são comprimidos feitos com substâncias químicas seme- nis sejam eliminados.
lhantes aos hormônios da mulher, que impedem a ovula-
ção, evitando a gravidez. Deve-se tomar um comprimido Anticoncepcional Injetável: É considerado um méto-
por dia, na mesma hora, durante um período de 21 dias. do simples e seguro. Consiste em uma injeção de hormô-
A pílula só deve ser tomada com prescrição médica. Só o nios, aplicada na mulher que pode ser tomada uma vez
médico pode avaliar qual o tipo adequado. Uma marca por mês ou de três em três meses, a mulher escolhe junto
pode servir para uma mulher e não servir para a outra. com o seu médico o que achar melhor. Esse é um mé-
A pílula não deve ser tomada por mulheres: grávidas todo que pode ser usado por mulheres que não se dão
ou com suspeita de gravidez; fumantes; com menos de bem com o uso da pílula. Alguns médicos não gostam de
16 e mais de 35 anos; que estejam amamentando (pode recomendar este método porque há suspeitas de que ele
secar o leite). Também não deve ser usada por mulheres diminui o desejo sexual nas mulheres.
com pressão alta e outras doenças do coração; que te-
nham sangramento fora do período menstrual; que pos- Pílula do dia seguinte: Esse é considerado um méto-
suam varizes; que tenham fortes enxaquecas; convulsões; do para casos de emergência. É indicado para mulheres
diabetes; glaucoma; que estão operadas ou vão se ope- que foram vítimas de estupro ou fizeram sexo sem usar
rar. Deve-se evitar tomá-la por mais de 5 anos (mesmo nenhum tipo de método anticoncepcional. Também cha-
não contínuos). mada de Técnica de Intercepção, consiste na ingestão de
Vantagens: Segurança, quando tomada corretamente. pílulas com alta dosagem de progesterona na sua for-
Desvantagens: Como é um produto químico, só fun- mulação. Em dose elevada, o estrogênio impossibilita a
ciona se a mulher seguir exatamente as instruções do nidação do óvulo (que leva quatro a seis dias para descer
para a trompa), fazendo com que as condições do útero
médico, isto é, não pode esquecer-se de tomá-la duran-
não sejam favoráveis à gravidez.
te o período prescrito, caso contrário, corre-se o risco de
Existem dois tipos. Um deles vem em dose única e
engravidar. Também, nem todas as mulheres sentem-se
o outro são dois comprimidos (um ingerido logo após
bem com o seu uso.
a relação e outro após 12 horas). Seja qual for o tipo,
deve ser usado no máximo 72 horas após a relação se-
Laqueadura: A laqueadura é uma operação de este-
xual. Nos dois casos, o princípio ativo é o levonorgestrel,
rilização que se realiza na mulher, com a finalidade de um derivado sintético do hormônio progesterona, em
evitar definitivamente a possibilidade da gravidez. A la- concentração de 1,5 miligramas (na dose única) e 0,75
queadura é a amarração ou ligadura de trompas. Essa miligramas (em cada uma das duas doses). Uma diferen-
operação é irreversível e só deve ser feita em casos de ça em relação às pílulas comuns é que a do dia seguinte
indicação médica, em que haja risco de vida para a mãe não contém o hormônio estrogênio na fórmula.
ou para a criança. Contraindicação: A dose elevada de estrogênio pro-
Recomendações Importantes: A Laqueadura deve ser voca muitos efeitos colaterais.
indicada pelo médico para mulheres que tiveram gran- Benefícios: Legalmente, no Brasil, a gestação só ocor-
des riscos na gravidez e nas seguintes condições: re quando o óvulo adere à parede do útero, portanto,
- Fizeram mais de três cesarianas; a pílula do dia seguinte pode ser consumida sem pro-
- Doenças graves no coração; blemas nessa área. Para mulheres que foram vítimas de
- Diabetes grave; estupro, tiveram relações sexuais sem proteção ou a no
- Problemas de RH negativo e gestações anteriores caso em que camisinha estourou no dia em que estavam
sem os devidos cuidados; férteis.
- Pressão muito alta; Diafragma: O diafragma é um método anticoncepcio-
- Problemas renais; nal de barreira, é uma cúpula rasa feita de silicone (ou
- Problemas pulmonares. látex), com bordas firmes e flexíveis. Cobrindo o colo do
útero, impede a passagem dos espermatozoides, evitan-
Em qualquer um destes casos, a decisão final cabe- do a fecundação.
rá sempre à mulher. O médico deve ajudar dando infor- Além de prevenir contra a gravidez, não tem efeitos
mações sobre os riscos e as consequências, discutindo a hormonais, seu uso pode ser interrompido a qualquer
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

possibilidade de usar outros métodos. momento, é relativamente fácil de ser usado, pode ser
colocado em até seis horas antes da relação sexual, não
Vasectomia: A vasectomia é uma operação que se é sentido pelo parceiro, e pode durar por até dois anos.
realiza no homem com a finalidade de evitar a gravidez. Alguns estudos preliminares afirmam que o diafrag-
É uma operação feita nos órgãos genitais do homem ma pode diminuir a manifestação de doenças como a
que fecha a passagem da saída dos espermatozoides. gonorreia, doença inflamatória pélvica aguda e câncer de
Fechando a sua saída, o homem continua expelindo um colo de útero, este por evitar uma possível passagem do
líquido, o sêmen, que não conterá os espermatozoides HPV para esta região. Porém, como a vulva e a parede
e, portanto, não fecundará a mulher. Após a vasectomia vaginal não são protegidas, a camisinha se mostra, ain-
o homem continuará, normalmente, a ter desejo sexual, da, o único método anticoncepcional com alta eficácia de
ereção e ejaculação. prevenção contra DSTs.

84
Largamente utilizado antes do advento das pílulas Assistência de enfermagem aplicada à saúde sexual e
anticoncepcionais, este método se mostra seguramente reprodutiva da mulher.
eficaz neste sentido, quando utilizado da forma correta.
Quanto a isso, primeiramente a mulher deve se consul- Assistência de enfermagem à mulher no climatério e
tar com um médico ginecologista, a fim de verificar se menopausa e na prevenção e tratamento de ginecopatias
há alguma contraindicação e, caso não exista, receber as
orientações de uso e checar o tamanho exato do diafrag- Assistência de enfermagem na saúde da mulher
ma que deverá adquirir.
Como usar: Escolha uma posição confortável (dei- 1. Assistência aos Casais Férteis
tada, de cócoras, etc.) dobre-o ao meio, formando um
oito, e introduza-o na vagina, cobrindo o colo do útero. É o acompanhamento dos casais que não apresentam
Muitos profissionais aconselham o uso associado com dificuldades para engravidar, mas que não o desejam.
espermicidas com o nonoxinol-9 a 5% como princípio Desta forma, estudaremos os métodos contraceptivos
ativo, adicionados à cúpula antes de sua introdução; a mais conhecidos e os oferecidos pelas instituições.
fim de potencializar os efeitos contraceptivos pela morte Durante muitos anos, a amamentação representou
de espermatozoides. Outros já indicam o uso contínuo uma alternativa exclusiva e eficaz de espaçar as gesta-
do diafragma, retirando-o apenas no período menstrual ções, pois as mulheres apresentam sua fertilidade di-
e durante o banho, para lavá-lo; sendo reintroduzido minuída neste período, considerando que, quanto mais
logo depois. frequentes são as mamadas, mais altos são os níveis de
Informações adicionais: O diafragma deve ser retirado prolactina e consequentemente menores as possibilida-
pelo menos seis horas após o coito, não se estendendo des de ovulação.
por período superior a vinte e quatro horas. No primeiro Os fatores que determinam o retorno da ovulação
caso, tal cuidado é para evitar que espermatozoides, ain- não são precisamente conhecidos, de modo que, mesmo
da vivos, se direcionem às trompas; no segundo, a fim de diante dos casos de aleitamento exclusivo, a partir do 3º
evitar infecções. mês é recomendada a utilização de um outro método.
Após a retirada, o diafragma deve ser lavado com Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo e ainda não
água fria e sabão neutro; e secado naturalmente, ou com ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são
auxílio de uma toalha macia e limpa. Depois, deve ser mínimas.
guardado em sua caixinha. Gravidez, aborto, operação Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas
do períneo e ganho de peso acima de 5kg requerem uma tecnologias contraceptivas e a mudança nos modos de
nova medição para possível mudança de diafragma. viver das mulheres em relação a sua capacidade de tra-
Tabelinha: É um método que exige que a mulher co- balho, o seu desejo de maternidade, a forma como per-
nheça seu ciclo menstrual. Só assim ela terá condições cebe seu corpo como fonte de prazer e não apenas de
de saber o período fértil, ou seja, aquele em que poderá reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
ficar grávida. Tabelas prontas não são seguras. A tabela e o descrédito do aleitamento como método capaz de
de uma mulher não serve para outra, pois cada uma tem controlar a fertilidade.
o seu ciclo menstrual. Outro método é o coito interrompido, sendo também
Como proceder: Utilize um calendário para marcar uma maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste
todo o mês o início do seu ciclo menstrual. Não confunda na retirada do pênis da vagina e de suas proximidades,
o dia do ciclo menstrual com o dia do mês. Para melhor no momento em que o homem percebe que vai ejacular.
esclarecimento, marque no calendário o primeiro dia da Desta forma, evitando o contato do sêmen com o colo
sua menstruação durante seis meses e depois mostre ao do útero é que se impede a gravidez.
seu médico. Seu uso está contraindicado para os homens que têm
Vantagens: Não prejudica a saúde, ensina a mulher a ejaculação precoce ou não conseguem ter controle sobre
conhecer o comportamento do corpo. a ejaculação.
Desvantagens: Requer um período longo para come- Os métodos naturais ou de abstinência periódica são
çar a ser usado; exige disciplina e responsabilidade da aqueles que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se
mulher e do homem; não serve para as mulheres com baseiam na auto-observação de sinais ou sintomas que
ciclo menstrual irregular. Não é um método seguro. ocorrem fisiologicamente no organismo feminino, ao
Geleias Espermicidas: É um produto para ser usado longo do ciclo menstrual, e que, portanto, ajudam a iden-
na vagina antes da relação sexual. As geleias espermici- tificar o período fértil.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

das contêm produtos que matam os espermatozoides, Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos
evitando assim a gravidez. Os espermicidas podem ser dias férteis, e quem não os quer, deve abster-se das re-
usados sozinhos, mas são mais seguros quando usados lações sexuais ou nestes dias fazer uso de outro método
com outros métodos (camisinha, diafragma, tabela). Ao – os de barreira, por exemplo.
utilizar o espermicida, não se deve fazer lavagem vaginal A determinação do período fértil baseia-se em três
pelo menos até 8 horas após a relação sexual. princípios científicos, a saber:
Vantagens: É um método simples e pode ser associa- A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da pró-
do a outros métodos. xima menstruação (pode haver uma variação de 2 dias,
Desvantagens: É considerado pouco seguro. para mais ou para menos);
O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24
horas;

85
O espermatozoide, após sua deposição no canal va- Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual
ginal, tem capacidade para fecundar um óvulo até o pe- não é igual ao dia do mês.
ríodo de 48-72 horas. Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela
Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da de uma mulher não serve para outra.
Saúde, são: No período de 6 meses em que a mulher estiver fa-
a) Método de Ogino-Knaus método é também co- zendo as anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro
nhecido como tabela, que ajuda a mulher a des- método, com exceção da pílula, pois esta interfere na re-
cobrir o seu período fértil através do controle dos gularização dos ciclos.
dias do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher de- Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações
verá elaborar a sua própria tabela. no uso desse método.
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela
Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a junto com a mulher e refazer os cálculos todas as vezes
formulação de tabelas únicas que supostamente pode-
que forem necessárias, até que a mulher se sinta segura
riam ser utilizadas por qualquer mulher. Isto levou a um
para tal, devendo retornar à unidade dentro de 1 mês e,
grande número de falhas e consequente descrédito no
depois, de 6 em 6 meses.
método, o que persiste até os dias de hoje.
Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do b) Método da Temperatura Basal Corporal é o méto-
ano, anotando em todos os meses o 1º dia da menstrua- do que permite identificar o período fértil por meio
ção. O ciclo menstrual começa no 1º dia da menstruação das oscilações de temperatura que ocorrem duran-
e termina na véspera da menstruação seguinte, quando te o ciclo menstrual, com o corpo em repouso.
se inicia um novo ciclo.
A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mu- Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher
lher tem os ciclos regulares. Para tal é preciso que se te- permanece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a
nha anotado, pelo menos, os seis últimos ciclos. formação do corpo lúteo e o consequente aumento da
Como identificar se os ciclos são regulares ou não? produção de progesterona, que tem efeito hipertérmico,
Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se a temperatura do corpo se eleva ligeiramente e perma-
contá-los, anotando quantos dias durou cada um. Sele- nece assim até a próxima menstruação.
cionar o maior e o menor dos ciclos.
Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura?
for igual ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher se- A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar
rão considerados irregulares e, portanto, ela não deverá e anotar a temperatura todos os dias, antes de se levan-
utilizar este método. Além do que, devem procurar um tar da cama, depois de um período de repouso de 3 a 5
serviço de saúde, pois a irregularidade menstrual indica horas, usando-se sempre o mesmo termômetro.
um problema ginecológico que precisa ser investigado A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo
e tratado. local: na boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral
Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ci- deve ser verificada em um tempo mínimo de 5 minutos
clos são considerados regulares e esta mulher poderá e as temperaturas retal e vaginal, no mínimo 3 minutos,
fazer uso da tabela. observando-se sempre o mesmo horário para que não
haja alteração do gráfico de temperatura.
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil? Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o
um dia, deve recomeçar no próximo ciclo.
dia do início do período fértil.
Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o
papel quadriculado comum, em que as linhas horizontais
último dia do período fértil.
referem-se às temperaturas, e as verticais, aos dias do
Após a determinação do período fértil, a mulher e ciclo. Após a marcação, ligar os pontos referentes a cada
seu companheiro que não desejam obter gravidez, de- dia, formando uma linha que vai do1º ao 2º, do 2º ao 3º,
vem abster-se de relações sexuais com penetração, neste do 3º ao 4ºdia e daí por diante.
período, ou fazer uso de outro método. Caso contrário, Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento
devem-se intensificar as relações sexuais neste período. persistente da temperatura basal por 3 dias seguidos, no
período esperado da ovulação.
O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC.
FIQUE ATENTO! A diferença de no mínimo 0,2ºC entre a última tempera-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O parceiro deve sempre ser estimulado a par- tura baixa e as três temperaturas altas indica que a ovula-
ticipar, ajudando com os cálculos e anotações. ção ocorreu e a temperatura se manterá alta até a época
da próxima menstruação.
O período fértil termina na manhã do 3º dia em que
for observada a temperatura elevada. Portanto, para evi-
Após a definição do período fértil, a mulher deverá tar gravidez, o casal deve abster-se de relações sexuais,
continuar anotando os seus ciclos, pois poderão surgir com penetração, durante toda a primeira fase do ciclo
alterações relativas ao tamanho do maior e menor ciclo, até a manhã do 3º dia de temperatura elevada.
mudando então o período fértil, bem como poderá inclu- Após 3 meses de realização do gráfico da temperatu-
sive surgir, inesperadamente, uma irregularidade mens- ra, pode-se predizer a data da ovulação e, a partir daí, a
trual que contraindique a continuidade do uso do método. abstinência sexual poderá ficar limitada ao período de 4

86
a 5 dias antes da data prevista da ovulação até a manhã Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da pro-
do 3º dia de temperatura alta. Os casais que quiserem gesterona, o muco forma uma verdadeira rolha no colo
engravidar devem manter relações sexuais neste período. uterino, impedindo que os espermatozoides penetrem
Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprenden- no canal cervical. É um muco pegajoso, branco ou ama-
do a usar a tabela da temperatura, deverá utilizar outro relado, grumoso, que dá sensação de secura no canal
método contraceptivo, com exceção do contraceptivo vaginal.
hormonal. No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período
A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alte- de infertilidade.
rar a temperatura deve ser anotada no gráfico. Como As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia
exemplo, tem-se: mudança no horário de verificação da em que aparece o muco grosso até quatro dias depois
temperatura; perturbações do sono e/ou emocionais; al- do aparecimento do muco elástico.
gumas doenças que podem elevar a temperatura; mu- No início, é bom examinar o muco mais de uma vez
danças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas. ao dia, fazendo o registro à noite, preferencialmente, no
Esse método é contraindicado em casos de irregula- mesmo horário. É importante anotar as características do
ridades menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com muco e os dias de relações sexuais.
períodos de sono irregular ou interrompido (por exem- Quando notar, no mesmo dia, mucos com caracterís-
plo, trabalho noturno). ticas diferentes, à noite, na hora de registrar, deve con-
Assim como no método do calendário, para a cons- siderar o mais indicativo de fertilidade (mais elástico e
trução do gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ translúcido).
ou casal deverá contar com a orientação de profissionais No período de aprendizagem do método, para iden-
de saúde e neste caso em especial, no decorrer dos três tificar os dias em que pode ou não ter relações sexuais, o
primeiros meses de uso, quando, a partir daí, já se pode- casal deve observar as seguintes recomendações:
rá predizer o período da ovulação. O retorno da cliente Só deve manter relações sexuais na fase seca poste-
deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início rior à menstruação e, no máximo, dia sim, dia não, para
do uso do método. Em seguida, os retornos podem ser que o sêmen não interfira na avaliação.
anuais. Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias
após o dia ápice.
c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Bil- É importante ressaltar que o muco não deve ser exa-
lings é o método que indica o período fértil por minado no dia em que a mulher teve relações sexuais,
meio das características do muco cervical e da sen- devido à presença de esperma; depois de utilizar pro-
sação de umidade por ele provocada na vulva. dutos vaginais ou duchas e lavagens vaginais; durante a
excitação sexual; ou na presença de leucorreias.
O muco cervical é produzido pelo colo do útero, ten- É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se
do como função umidificar e lubrificar o canal vaginal. abstenha de relações sexuais. Os profissionais de saúde
A quantidade de muco produzida pode oscilar ao longo devem acompanhar semanalmente o casal no 1º ciclo e
dos ciclos os retornos se darão, no mínimo, uma vez ao mês do 2º
Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as carac- ao 6º ciclo e semestral a partir daí.
terísticas do muco. Isto pode ser feito observando-se
diariamente a presença ou ausência do muco através d) Método sinto-térmico baseia-se na combinação
da sensação de umidade ou secura no canal vaginal ou de múltiplos indicadores de ovulação, conforme os
através da limpeza da vulva com papel higiênico, antes e anteriormente citados, com a finalidade de deter-
após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando- minar o período fértil com maior precisão e con-
-se a presença de muco na calcinha ou através do dedo fiabilidade.
no canal vaginal.
Logo após o término da menstruação, tem-se, em ge- Associa a observação dos sinais e sintomas relativos
ral, uma fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece à temperatura basal corporal e ao muco cervical, levan-
muco nesta fase, geralmente é opaco e pegajoso. do em conta parâmetros subjetivos (físicos ou psicoló-
Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era es- gicos) que possam indicar ovulação, tais como sensação
branquiçado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada de peso ou dor nas mamas, dor abdominal, variações de
dia mais elástico e lubrificante, semelhante à clara de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite,
ovo, podendo-se puxá-lo em fio. Isto ocorre porque nes- ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

te período os níveis de estrogênio estão elevados e é dentre outros.


nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais, Os métodos de barreira são aqueles que não permi-
com penetração, pois há risco de gravidez. tem à entrada de espermatozoides no canal cervical.
O casal que pretende engravidar deve aproveitar este e) Condom Masculino também conhecido como ca-
período para ter relações sexuais. misinha, camisa de vênus ou preservativo, é uma
O último dia de muco lubrificante, escorregadio e capa de látex bem fino, porém resistente, descar-
com elasticidade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o tável, que recobre o pênis completamente durante
muco com a máxima capacidade de facilitar a espermo- o ato sexual.
migração. Portanto, o dia ápice só pode ser identificado
a posteriori e significa que em mais ou menos 48 horas a
ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.

87
Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides cados no canal vaginal, antes da relação sexual. O
penetrem no canal vaginal, pois retém o sêmen ejacula- espermicida atua formando uma película que re-
do. O condom protege contra as doenças sexualmente cobre o canal vaginal e o colo do útero, impedindo
transmissíveis e por isso seu uso deve ser estimulado em a penetração dos espermatozoides no canal cervi-
todas as relações sexuais. cal e, bioquimicamente, imobilizando ou destruin-
Deve ser colocado antes de qualquer contato do pê- do os espermatozoides, impedindo desta forma a
nis com os genitais femininos, porque alguns espermato- gravidez.
zoides podem escapar antes da ejaculação. Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias,
Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um óvulos e espumas.
espaço de aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais
que o sêmen seja depositado sem que haja rompimento devem ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermi-
da camisinha. cida é a mais conhecida. A geleia espermicida deve ser
As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, colocada na vagina com o auxílio de um aplicador. A mu-
seco e de fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada lher deve estar deitada e após a colocação do medica-
ou inflada, para efeito de teste. Antes de utilizá-la, cer- mento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta
tifique-se do prazo de validade. Mesmo que esteja no escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser
prazo, não utilizá-la quando perceber alterações como inserido o mais profundamente possível no canal vaginal.
mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo Da mesma forma, quando os espermaticidas se apresen-
ou outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de tarem sob a forma de óvulos, estes devem ser colocados
fábrica. com o dedo ou com aplicador próprio no fundo do canal
A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mu- vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia seja
lher. Sua manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual,
unhas longas que podem danificá-la. Deve-se observar sendo ideal o tempo de 30 minutos para que o agen-
se o canal vaginal está suficientemente úmido para per- te espermaticida se espalhe adequadamente na vagina
mitir uma penetração que provoque pouca fricção, evi- e no colo do útero. Deve-se seguir a recomendação do
tando- se assim que o condom se rompa. fabricante, já que pode haver recomendação de tempos
Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser diferentes de um produto para o outro. Os espermicidas
utilizados. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base devem ser colocados de novo, se houver mais de uma
de água. Cremes, geleias ou óvulos vaginais espermici- ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não
das podem ser utilizados em associação com a camisinha. ocorrer dentro do período de segurança garantido pelo
Após a ejaculação, o pênis deve ser retirado ainda ereto. espermicida, deve ser feita outra aplicação. Deve-se evi-
As bordas da camisinha devem ser pressionadas com os tar o uso de duchas ou lavagens vaginais pelo menos 8
dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase horas após o coito. Caso se observe algum tipo de leu-
ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso corréia, prurido e ardência vaginal ou peniana, interrom-
isto ocorra, é só puxar com os dedos e colocar esperma- per o uso do espermaticida. Este é contraindicado para
ticida na vagina, com um aplicador. Caso não consiga re- mulheres que apresentem alto risco gestacional
tirar a camisinha, coloque espermicida e depois procure h) Diafragma é uma capa de borracha que tem uma
um posto de saúde para que a mesma seja retirada. Nes- parte côncava e uma convexa, com uma borda de
tes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra ain- metal flexível ou de borracha mais espessa que
da mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo
uso, deve-se dar um nó na extremidade do condom para necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro,
evitar o extravasamento de sêmen e jogá-lo no lixo e nun- identificando a medida adequada a cada mulher
ca no vaso sanitário. O uso do condom é contraindicado A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da
em casos de anomalias do pênis e de alergia ao látex. relação sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas
f) Condom feminino ou camisinha feminina feita de bordas ficam situadas entre o fundo de saco posterior da
poliuretano, a camisinha feminina tem forma de vagina e o púbis.
saco, de aproximadamente 25 cm de comprimen- Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o
to, com dois anéis flexíveis, um em cada extremi- uso associado de um espermaticida que deve ser coloca-
dade. O anel menor fica na parte fechada do saco do no diafragma em quantidade correspondente a uma
e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, colherinha de café no fundo do mesmo, espalhando-se
irá se encaixar no colo do útero. O anel maior fica com os dedos. Depois, colocar mais um pouco por fora,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

aderido às bordas do lado aberto do saco e ficará sobre o anel.


do lado de fora, na vulva. Deste modo, a camisinha O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da
feminina se adapta e recobre internamente toda a barreira mecânica e, ainda assim, caso algum espermato-
vagina. zoide consiga escapar, se deparará com a barreira quími-
Assim, impede o contato com o sêmen e consequen- ca, o espermaticida.
temente tem ação preventiva contra as DST. Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher
Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua di- uma posição confortável (deitada, de cócoras ou com um
vulgação tem sido maior em algumas regiões do país, pé apoiado sobre uma superfície qualquer), colocar o es-
sendo ainda pouco conhecida em outras. permaticida, pegar o diafragma pelas bordas e apertá-lo
no meio de modo que ele assuma o formato de um 8.
g) Espermaticida ou Espermicida são produtos colo-

88
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e intro- que além da matriz de polietileno possuem substâncias
duzi-lo profundamente na vagina. Após, fazer um toque que podem ser metais, como o cobre, ou hormônios.
vaginal para verificar se está bem colocado, ou seja, certi- Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou
ficar-se de que está cobrindo todo o colo do útero. seja, os DIUs que têm o formato da letra T e são medica-
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolo- dos com o metal cobre.
cado até acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem
borda do diafragma e puxá-lo para fora e para baixo. fino.
É importante observar os seguintes cuidados, visando A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma
o melhor aproveitamento do método: urinar e lavar as reação inflamatória crônica no endométrio, como nas
mãos antes de colocar o diafragma (a bexiga cheia pode- reações a corpo estranho.
rá dificultar a colocação); antes do uso, observá-lo com Esta reação provavelmente determina modificações
cuidado, inclusive contra a luz, para identificar possíveis bioquímicas no endométrio, o que impossibilita a im-
furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar plantação do ovo. Outra ação do DIU é o aumento da
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. contratilidade uterina, dificultando o encontro do esper-
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. matozoide com o óvulo. O cobre presente no dispositivo
Caso aconteça mais de uma, deve-se fazer uma nova tem ação espermicida.
aplicação do espermaticida, por meio do aplicador vagi- A colocação do DIU é simples e rápida. Não é neces-
nal, sem retirar o diafragma. sário anestesia. É realizada em consultório e para a inser-
O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas ção é utilizado técnica rigorosamente asséptica.
após a última relação sexual, evitando-se o uso de du- A mulher deve estar menstruada. A menstruação,
chas vaginais neste período. O período máximo que o além de ser uma garantia de que não está grávida, fa-
diafragma pode permanecer dentro do canal vaginal é cilita a inserção, pois neste período o canal cervical está
de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções. mais permeável. Após a inserção, a mulher é orientada a
Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão verificar a presença dos fios do DIU no canal vaginal.
neutro, enxaguar bem, secar com um pano macio e pol- Na primeira semana de uso do método, a mulher não
vilhar com amido ou talco neutro. Não usar água quente. deve ter relações sexuais. O Ministério da Saúde reco-
Guardá-lo em sua caixinha, longe do calor e da luz. menda que após a inserção do DIU a mulher deva retor-
nar ao serviço para revisões com a seguinte periodici-
Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma dade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12 meses. A
depois de gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (su- partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será
perior a 10 kg) e cirurgias de períneo. Deverá ser trocado anual, com a realização do preventivo.
rotineiramente a cada 2 anos. O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser,
As contraindicações para o uso desse método ocor- quando tiver com a validade vencida ou quando estiver
rem no caso de mulheres que nunca tiveram relação se- provocando algum problema.
xual, configuração anormal do canal vaginal, prolapso A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A vali-
uterino, cistocele e/ou retocele acentuada, anteversão dade do DIU Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saú-
ou retroversão uterina acentuada, fístulas vaginais, tônus de, varia de 3 a 7 anos.
muscular vaginal deficiente, cervicites e outras patolo- Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor
gias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações severa, sangramento intenso, doença pélvica inflamató-
psíquicas graves, que impeçam o uso correto do método. ria, expulsão parcial, gravidez (até a 12ª semana de gravi-
i) Os contraceptivos hormonais orais constituem um dez, se os fios estiverem visíveis ao exame especular, pois
outro método muito utilizado pela mulher brasilei- indica que o saco gestacional está acima do DIU, e se a
ra; são hormônios esteroides sintéticos, similares retirada não apresentar resistência)
àqueles produzidos pelos ovários da mulher.
Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncep- 2. Assistência aos Casais Portadores de Esterilida-
cional, ela deve ser submetida a uma criteriosa avaliação de e Infertilidade
clínico-ginecológica, durante a qual devem ser realizados
e solicitados diversos exames, para avaliação da existên- A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas
cia de possíveis contraindicações. mulheres brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por
O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez entidades que sob o rótulo de “planejamento familiar”
se tomado adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma desenvolviam programas de controle da natalidade em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

orientação específica a considerar. nosso país. O reconhecimento da importância e comple-


j) DIU (Dispositivo Intrauterino) é um artefato feito de xidade que envolve as questões relativas à esterilização
polietileno, com ou sem adição de substâncias me- cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Plane-
tálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva jamento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do
quando posto dentro da cavidade uterina. Ministério da Saúde normatizam os procedimentos, per-
mitindo que o Sistema Único de Saúde (SUS)os realize,
Também podem ser utilizados para fins de tratamen- em acesso universal. Os critérios legais para a realização
to, como é o caso dos DIUs medicados com hormônios. da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter capacidade ci-
Podem ser classificados em DIUs não medicados vil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de 25
aqueles que não contêm substâncias ativas e, portanto, anos de idade, independente do número de filhos; ma-
são constituídos apenas de polietileno; DIUs medicados nifestar, por escrito, a vontade de realizar a esterilização,

89
no mínimo 60 dias antes da realização da cirurgia; ter tido 3. Assistência de Enfermagem a Gestante
acesso a serviço multidisciplinar de aconselhamento so-
bre anticoncepção e prevenção de DST/AIDS, assim como Diagnosticando a Gravidez: Quanto mais cedo for
a todos os métodos anticoncepcionais reversíveis; ter realizado o diagnóstico de gravidez, mais fácil será o
consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto
conjugal. e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que mulher, possibilitando prevenir, identificar e tratar even-
interrompe a passagem, pelos canais deferentes, dos tuais situações de anormalidades que possam compro-
espermatozoides produzidos nos testículos, impedindo meter a saúde da grávida e de sua criança (embrião ou
que estes saiam no sêmen. Na mulher, é a ligadura de feto), desde o período gestacional até o puerpério.
trompas ou laqueadura tubária que impede o encontro Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se
do óvulo com o espermatozoide. como ponto de partida informações trazidas pela mu-
O serviço que realizar o procedimento deverá ofere- lher. Para tanto, faz-se importante sabermos se ela tem
cer todas as alternativas contraceptivas visando desenco- vida sexual ativa e se há referência de amenorreia (ausên-
rajar a esterilização precoce. cia de menstruação). A partir desses dados e de um exa-
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da me clínico são identificados os sinais e sintomas físicos
cirurgia, efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A e psicológicos característicos, que também podem ser
lei impõe restrições quanto à realização da laqueadura identificados por exames laboratoriais que comprovem
tubária por ocasião do parto cesáreo, visando coibir o a presença do hormônio gonadotrofina coriônica e/ou
abuso de partos cirúrgicos realizados exclusivamente exames radiográficos específicos, como a ecografia ges-
com a finalidade de realizar a esterilização. tacional ou ultrassonografia.
A abordagem desta problemática deve ser sempre Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três
conjugal. Tanto o homem quanto a mulher podem pos- categorias que, quando positivas, confirmam o diagnós-
suir fatores que contribuam para este problema, ambos tico. É importante lembrar que muitos sinais e sintomas
devem ser investigados. presentes na gestação podem também aparecer em ou-
tras circunstâncias. Visando seu maior conhecimento,
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gra-
identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacionais
videz após pelo menos um ano de relações sexuais fre-
mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
quentes, com ejaculação intravaginal, sem uso de ne-
Sinais de presunção: São os que sugerem gestação, de-
nhum método contraceptivo. Pode ser classificada em
correntes, principalmente, do aumento da progesterona:
primária ou secundária. A esterilidade primária é quando
a) Amenorreia: Frequentemente é o primeiro sinal que
nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal
alerta para uma possível gestação. É uma indicação
já conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir
valiosa para a mulher que possui menstruação re-
daí passou a ter dificuldades para conseguir uma nova gular; entretanto, também pode ser resultado de
gestação. condições como, por exemplo, estresse emocional,
A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao mudanças ambientais, doenças crônicas, meno-
final da gravidez com filhos vivos, ou seja, conseguem pausa, uso de métodos contraceptivos e outros;
engravidar, porém as gestações terminam em aborta- b) Náusea com ou sem vômitos: Como sua ocorrência
mentos espontâneos ou em natimortos. A infertilidade é mais frequente pela manhã, é denominada “en-
também pode ser classificada em primária ou secundária. joo matinal”, mas pode ocorrer durante o restante
A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu do dia. Surge no início da gestação e, normalmen-
gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as di- te, não persiste após 16 semanas;
ficuldades em gerar filhos vivos acontecem com casais c) Alterações mamárias: Caracterizam-se pelo aumen-
com filhos gerados anteriormente. to da sensibilidade, sensação de peso, latejamento
e aumento da pigmentação dos mamilos e aréola;
De acordo com o Ministério da Saúde, para esta clas- a partir do segundo mês, as mamas começam a
sificação não são consideradas as gestações ou os filhos aumentar de tamanho;
vivos que qualquer dos membros do casal possa ter tido d) Polaciúria: É o aumento da frequência urinária. Na
com outro(a) parceiro(a). gravidez, especialmente no primeiro e terceiro tri-
A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe mestre, dá-se o preenchimento e o consequente
um estresse e tensão no inter-relacionamento. Os clien- crescimento do útero que, por sua vez, pressiona
tes costumam admitir sentimentos de culpa, ressenti- a bexiga diminuindo o espaço necessário para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mentos, suspeita, frustração e outros. Pode haver uma realizar a função de reservatório. A esta alteração
distorção da autoimagem, pois a mulher pode conside- anatômica soma-se a alteração fisiológica causada
rar-se improdutiva e o homem desmasculinizado. pela ação da progesterona, que provoca um rela-
Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de xamento da musculatura lisa da bexiga, diminuin-
saúde dar orientações ao casal e encaminhamento para do sua capacidade de armazenamento;
consulta no decorrer da qual se iniciará a investigação e) Vibração ou tremor abdominal: São termos usados
diagnóstica com posterior encaminhamento para os ser- para descrever o reconhecimento dos primeiros
viços especializados, sempre que necessário. movimentos do feto, pela mãe, os quais geralmen-
te surgem por volta da 20ª semana. Por serem de-
licados e quase imperceptíveis, podem ser confun-
didos com gases intestinais.

90
Sinais de probabilidade são os que indicam que existe Algumas gestantes apresentam essas alterações de
uma provável gestação: forma mais intensa; outras, de forma mais leve-o que
a) Aumento uterino: Devido ao crescimento do feto, pode estar associado às particularidades psicossociocul-
do útero e da placenta; turais. Dentre estes casos, podemos observar as perver-
b) Mudança da coloração da região vulvar: Tanto a sões alimentares decorrentes de carência de minerais no
vulva como o canal vaginal torna-se bastante vas- organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de inge-
cularizados, o que altera sua coloração de rosa rir barro, gelo ou comidas extravagantes.
avermelhado para azul escuro ou vinhosa; Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário
c) Colo amolecido: Devido ao aumento do aporte acompanhar a evolução da gestação por meio do pré-
sanguíneo na região pélvica, o colo uterino tor- -natal, identificando e analisando a sintomatologia apre-
na-se mais amolecido e embebido, assim como as sentada, ouvindo a mulher e lhe repassando informações
paredes vaginais tornam-se mais espessas, enru- que podem indicar mudanças próprias da gravidez. Nos
gadas, amolecidas e embebidas.
casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-
d) Testes de gravidez: Inicialmente, o hormônio gona-
-se a referência a algumas medidas terapêuticas.
dotrofina coriônica é produzido durante a implan-
tação do ovo no endométrio; posteriormente, pas-
sa a ser produzido pela placenta. Esse hormônio 4. Assistência Pré-Natal
aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após
a fecundação, podendo ser identificado mediante A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vi-
exame específico; vência da gestação, parto e nascimento saudável e hu-
e) Sinal de rebote: É o movimento do feto contra os manizado. Todas as mulheres têm o direito constitucional
dedos do examinador, após ser empurrado para de ter acesso ao pré-natal e informações sobre o que
cima, quando da realização de exame ginecológico está ocorrendo com o seu corpo, como minimizar os
(toque) ou abdominal; desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co-
f) Contrações de Braxton-Hicks: São contrações ute- nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mes-
rinas indolores, que começam no início da gesta- mos, quando a eles estiverem exposta.
ção, tornando-se mais notáveis à medida que esta O conceito de humanização da assistência ao parto
avança, sentidas pela mulher como um aperto no pressupõe a relação de respeito que os profissionais de
abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais for- saúde estabelecem com as mulheres durante todo o pro-
tes, podendo ser confundidas com as contrações cesso gestacional, de parturição e puerpério, mediante um
do parto. conjunto de condutas, procedimentos e atitudes que per-
mitem à mulher expressar livremente seus sentimentos.
Sinais de certeza são aqueles que efetivamente con- Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto pro-
firmam a gestação: mover um parto e nascimento saudáveis como prevenir
a) Batimento cardíaco fetal (BCF): Utilizando-se o es- qualquer intercorrência clínico-obstétrica que possa le-
tetoscópio de Pinard, pode ser ouvido, frequente- var à morbimortalidade materna e perinatal.
mente, por volta da 18a semana de gestação; caso
seja utilizado um aparelho amplificador denomina- A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo
do sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A fre- de promover a saúde no período reprodutivo; prevenir
quência cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a
a ocorrência de fatores de risco; resolver e/ou minimizar
160 batimentos por minuto;
os problemas apresentados pela mulher, garantindo-lhe
b) Contornos fetais: Ao examinar a região abdominal,
a aderência ao acompanhamento. Assim, quando de seu
frequentemente após a 20ª semana de gestação,
identificamos algumas partes fetais (polo cefálico, contato inicial para um primeiro atendimento no serviço
pélvico, dorso fetal); de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
c) Movimentos fetais ativos: Durante o exame, a ativi- resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está
dade fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª se- grávida o que pode ser comprovado por exame clínico
mana de gestação. A utilização da ultrassonografia e laboratorial; inscrição/registro no pré-natal; marcação
facilita a detectar mais precoce desses movimentos; de nova consulta com a inscrição no pré-natal e encami-
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrasso- nhamento ao serviço de nutrição, odontologia e a outros
nografia: Pode mostrar o produto da concepção como psicologia e assistência social, quando necessários.
(embrião) com quatro semanas de gestação, além Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem
de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa mesma pode minimizar a ansiedade e/ou temores fazendo com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

época. Após a 12ª semana de gestação, a ultras- que a mulher, seu companheiro e/ou família participem
sonografia apresenta grande precisão diagnósti- ativamente do processo, em todos os momentos, desde
ca. Durante a evolução da gestação normal, veri- o pré-natal até o pós-nascimento. Visando promover a
ficamos grande número de sinais e sintomas que compreensão do processo de gestação, informações so-
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da bre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as
gravidez. Além dos já descritos, frequentemente mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entre-
encontrados no primeiro trimestre gestacional, tanto, que as ações educativas devem ser prioridades da
existem outros como o aumento da salivação (sia- equipe de saúde.
lorreia) e sangramentos gengivais, decorrentes do Durante o pré-natal, os conteúdos educativos impor-
edema da mucosa gengival, em vista do aumento tantes para serem abordados, desde que adequados às
da vascularização. necessidades das gestantes, são:

91
- Pré-natal e Cartão da Gestante: Apresentar a impor- Existem diversas maneiras para se calcular a idade
tância, objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e an- gestacional, considerando-se ou não o conhecimento da
siedades das mulheres; data da última menstruação.
- Desenvolvimento da gravidez: Apresentar as alte- Quando a data da Última Menstruação é Conhecida
rações emocionais, orgânicas e da autoimagem; pela Gestante:
hábitos saudáveis como alimentação e nutrição, a) Utiliza-se o calendário, contando o número de se-
higiene corporal e dentária, atividades físicas, sono manas a partir do 1º dia da última menstruação
e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento até a data da consulta. A data provável do parto
afetivo e sexual; direitos da mulher grávida/direitos corresponderá ao final da 40ª semana, contada a
reprodutivos no Sistema de Saúde, no trabalho e partir do 1º dia da última menstruação;
na comunidade; identificação de mitos e precon- b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao
ceitos relacionados à gestação, parto e maternida- primeiro dia da última menstruação e adicionar
de, esclarecimentos respeitosos; vícios e hábitos nove meses ao mês em que ela ocorreu.
que devem ser evitados durante a gravidez; prepa-
ro para a amamentação; Quando a data da Última Menstruação é Desconhe-
cida pela Gestante:
5. Tipos de parto Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da
idade gestacional é a verificação da altura uterina, ou a
Aspectos facilitadores do preparo da mulher; exercí- realização de ultrassonografia.
cios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; Geralmente, essa medida equivale ao número de se-
preparo psíquico e físico para o parto e maternidade; iní- manas gestacionais, mas só deve ser considerada a partir
cio do trabalho de parto, etapas e cuidados; de um exame obstétrico detalhado.
- Participação do pai durante a gestação, parto e ma-
ternidade/ paternidade: Importância para o desen- Outro dado a ser registrado no cartão é a situação
volvimento saudável da criança; vacinal da gestante. Sua imunização com vacina antite-
- Cuidados com a criança recém-nascida, acompa- tânica é rotineiramente feita no pré-natal, considerando-
nhamento do crescimento e desenvolvimento e -se que os anticorpos produzidos ultrapassam a barreira
medidas preventivas e aleitamento materno; placentária, vindo a proteger o concepto contra o tétano
- Anormalidades durante a gestação, trabalho de par- neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium te-
to, parto e na amamentação: Novas condutas e en- tani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o
caminhamentos. período de cicatrização do coto umbilical, se não forem
observados os adequados cuidados de assepsia.
O processo gravídico-puerperal é dividido em três Ressalte-se que este procedimento também previne
grandes fases: a gestação, o parto e o puerpério. Cada o tétano na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se
uma das quais possui peculiaridades em relação às al- por ocasião da episiotomia ou cesariana.
terações anátomo-fisiológicas e psicológicas da mulher. A proteção da gestante e do feto é realizada com a
vacina dupla tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o to-
6. O Primeiro Trimestre da Gravidez xóide tetânico (TT).
O esquema recomendado é o seguinte:
No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, Gestante não vacinada:
medos e anseios em relação às condições sociais e O esquema básico consta de três doses, podendo-se
emocionais. Será que conseguirei criar este filho? Como adotar um dos seguintes:
esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei
conciliar o trabalho com um futuro filho? Será que esta 1ª Dose 2ª Dose 3ª Dose
gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha
família?. Outras, apresentam modificação no comporta- 30-60 dias depois da 180 dias depois da
Precoce
mento sexual, com diminuição ou aumento da libido, ou 1ª dose 2ª dose
alteração da autoestima, frente ao corpo modificado. 60 dias depois da 1ª 60 dias depois da 2ª
Essas reações são comuns, mas em alguns casos ne- Precoce
dose dose
cessitam de acompanhamento específico (psicólogo, psi-
quiatra, assistente social). Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanha- ser antecipada se, após a aplicação da última dose, ocor-
mento da gestante através da inscrição no pré-natal, com rer nova gravidez em cinco anos ou mais.
o preenchimento do cartão, onde são registrados seus
dados de identificação e socioeconômicos, motivo da Gestante Vacinada:
consulta, medidas antropométricas (peso, altura), sinais
vitais e dados da gestação atual. Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou
Visando calcular a idade gestacional e data provável duas doses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou
do parto (DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de DT), deverão ser aplicadas mais uma ou duas doses da
sua última menstruação (DUM), registrando-se sua cer- vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, o toxoi-
teza ou dúvida. de tetânico (TT), para se completar o esquema básico de
três doses.

92
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois
ser antecipada se, após a aplicação da última dose, ocor- existe o risco de infecção urinária, gengivite e dermatite.
rer nova gravidez em cinco anos ou mais. Se a gestante apresentar reações a odores de pasta de
O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar dente, sabonete ou desodorante, entre outros, deve ser
para o surgimento das reações adversas mais comuns, orientada a utilizar produtos neutros ou mesmo água e
como dor, calor, rubor e endurecimento local e febre. bucha, conforme permitam suas condições financeiras.
Nos casos de persistência e/ou reações adversas signifi- É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o prepa-
cativas, encaminhar para consulta médica. ro das mamas para o aleitamento materno, banho de sol
A única contraindicação é o relato, muito raro, de rea- nas mamas é uma orientação eficaz.
ção anafilática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal Outras orientações referem-se a algumas das sin-
fato mostra a importância de se valorizar qualquer inter- tomatologias mais comuns, a seguir relacionadas, que
corrência anterior verbalizada pela cliente. a gestante pode apresentar no primeiro trimestre e as
Na gestação, a mulher tem garantida a realização de condutas terapêuticas que podem ser realizadas.
exames laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns Essas orientações são válidas para os casos em que os
são: sintomas são manifestações ocasionais e transitórias, não
Segundo o Ministério da Saúde, os exames laborato- refletindo doenças clínicas mais complexas. Entretanto,
riais abaixo devem ser solicitados de rotina no pré-natal a maioria das queixas diminui ou desaparece sem o uso
de baixo risco para todas as gestantes, não fazendo dis- de medicamentos, que devem ser utilizados apenas com
tinção em suas recomendações entre a gestante atendi- prescrição.
da no setor público ou privado (1): a) Náuseas e vômitos: Explicar que esses sintomas
- Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. são muito comuns no início da gestação. Para di-
Quando o pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negati- minuí-los, orientar que a dieta seja fracionada (seis
vo, deve-se solicitar Coombs indireto na primeira refeições leves ao dia) e que se evite o uso de fri-
consulta e mensalmente a partir de 24 semanas. A turas, gorduras e alimentos com odores fortes ou
positivação do teste de Coombs requer manejo em desagradáveis, bem como a ingestão de líquidos
serviço de referência. durante as refeições (os quais devem, preferencial-
- Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira mente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola-
consulta. chas secas antes de se levantar ou tomar um copo
- VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre). de água gelada com algumas gotas de limão, ou
- Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de ainda chupar laranja, ameniza os enjoos.
pré-natal (se normal, repetir na 20ª semana).
- EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (re- Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta
petir na 30ª semana). médica ou de enfermagem para avaliar a necessidade de
- Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta usar medicamentos;
pré-natal (realizar aconselhamento pré e pós-tes- b) Sialorreia: É a salivação excessiva, comum no início
te). Quando o resultado é negativo e a paciente se da gestação.
enquadra em uma situação de risco (portadora de Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada
alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou para náuseas e vômitos; que é importante tomar líquidos
parceira de usuário de drogas injetáveis), o exame (água, sucos) em abundância (especialmente em épocas
deve ser repetido no intervalo de três meses. de calor) e que a saliva deve ser deglutida, pois possui
- HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para enzimas que auxiliarão na digestão dos alimentos;
possibilitar a identificação das gestantes soroposi- c) Fraqueza, vertigens e desmaios: Verificar a ingesta
tivas cujos bebês, logo após o nascimento, podem e frequência alimentar; orientar quanto à dieta fra-
se beneficiar do emprego profilático de imunoglo- cionada e o uso de chá ou café com açúcar como
bulina e vacina específica. estimulante, desde que não estejam contraindi-
- Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, cados; evitar ambientes mal ventilados, mudan-
IgM para todas as gestantes e IgG, quando houver ças bruscas de posição e inatividade. Explicar que
disponibilidade para realização. sentar- se com a cabeça abaixada ou deitar-se em
- Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, decúbito lateral, respirando profunda e pausada-
quando não foi realizado durante o ano precedente. mente, minimiza o surgimento dessas sensações;
Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° d) Corrimento vaginal: Geralmente, a gestante apre-
trimestre de gravidez, objetivam avaliar as condições de senta-se mais úmida em virtude do aumento da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

saúde da gestante, ajudando a detecção, prevenindo se- vascularização. Na ocorrência de fluxo de cor ama-
quelas, complicações e a transmissão de doenças ao RN, relada, esverdeada ou com odor fétido, com pruri-
possibilitando, assim, que a gestante seja precocemente do ou não, agendar consulta médica ou de enfer-
tratada de qualquer anormalidade que possa vir a apre- magem. Nessa circunstância, consultar condutas
sentar. no Manual de Tratamento e Controle de Doenças
A enfermagem deve informar acerca da importância Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;
de uma alimentação balanceada e rica em proteínas, vi- e) Polaciúria: Explicar porque ocorre, reforçando a
taminas e sais minerais, presentes em frutas, verduras, importância da higiene íntima; agendar consulta
legumes, tubérculos, grãos, castanhas, peixes, carnes e médica ou de enfermagem caso exista disúria (dor
leite - elementos importantes no suprimento do organis- ao urinar) ou hematúria (sangue na urina), acom-
mo da gestante e na formação do novo ser. panhada ou não de febre;

93
f) Sangramento nas gengivas: Recomendar o uso Como posso viver um bom relacionamento sexual?
de escova de dente macia e realizar massagem A penetração do pênis machucará a criança?”. Nessas
na gengiva. Agendar atendimento odontológico, circunstâncias, a equipe deve proporcionar-lhe o apoio
sempre que possível. devido, orientando-a, esclarecendo-a e, principalmente,
ajudando-a a manter a autoestima.
Os principais microrganismos que, ao infectarem a A partir dessas modificações e alterações anátomo-fi-
gestante, podem transpor a barreira placentária e infec- siológicas, a gestante pode ter seu equilíbrio emocional
tar o concepto são: e físico comprometidos, o que lhe gera certo desconfor-
- Vírus: principalmente nos três primeiros meses da to. Além das sintomatologias mencionadas no primeiro
gravidez, o vírus da rubéola pode comprometer trimestre, podemos ainda encontrar queixas frequentes
o embrião, causando má formação, hemorragias, no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no terceiro tri-
hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepatite, en- mestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien-
cefalite e outras. Outros vírus que também podem tações e condutas terapêuticas são de grande importân-
prejudicar o feto são os da varicela, da varíola, do cia no sentido de minimizar essas dificuldades.
herpes, da hepatite, do sarampo e da AIDS; a) Pirose (azia): Orientar para fazer dieta fracionada,
- Bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a evitando frituras, café, qualquer tipo de chá, refri-
infecção ocorra a partir do quinto mês de gestação, gerantes, doces, álcool e fumo. Em alguns casos, a
há o risco de óbito fetal, aborto e parto prematuro; critério médico, a gestante pode fazer uso de me-
- Protozoários: causadores da toxoplasmose congê- dicamentos;
nita. A diferença da toxoplasmose para a rubéola b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal
e sífilis é que, independentemente da idade ges- e cólicas: Nos casos de flatulências (gases) e/ou
tacional em que ocorra a infecção do concepto, os constipação intestinal, orientar dieta rica em fibras,
danos podem ser irreparáveis. evitando alimentos de alta fermentação, e reco-
Considerando-se esses problemas, ressalta-se a im- mendar aumento da ingestão de líquidos (água,
portância dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-na- sucos). Adicionalmente, estimular a gestante a fa-
tal, que permitem o diagnóstico precoce da(s) doença(s) zer caminhadas, movimentar-se e regularizar o há-
bito intestinal, adequando, para ir ao banheiro, um
e a consequente assistência imediata.
horário que considere ideal para sua rotina. Agen-
dar consulta com nutricionista; se a gestante apre-
7. O segundo trimestre da gravidez
sentar flacidez da parede abdominal, sugerir o uso
de cinta (com exceção da elástica); em alguns ca-
No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a
sos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
27ª semana de gestação, a grande maioria dos proble- medicamentos para gases, constipação intestinal e
mas de aceitação da gravidez foi amenizada ou sanada e cólicas. Nas situações em que a dor abdominal ou
a mulher e/ou casal e/ou família entram na fase de “curtir cólica forem persistentes e o abdômen gravídico
o bebê que está por vir”. Começa então a preparação do apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar
enxoval. para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais
Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de breve possível;
estresse e encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. c) Hemorroidas: Orientar a gestante para fazer dieta
Os questionamentos estão mais voltados para a identi- rica em fibras, visando evitar a constipação intes-
ficação do sexo (“Menino ou menina?”) e condições de tinal, não usar papel higiênico colorido e/ou mui-
saúde da futura criança (“Meu filho será perfeito?”). to áspero, pois podem causar irritações, e realizar
A mulher refere percepção dos movimentos fetais, após defecar, higiene perianal com água e sabão
que já podem ser confirmados no exame obstétrico rea- neutro. Agendar consulta médica caso haja dor ou
lizado pelo enfermeiro ou médico. sangramento anal persistente; se necessário, agen-
Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de dar consulta de pré-natal e/ou com o nutricionista;
Pinnard, pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). d) Alteração do padrão respiratório: Muito frequente
Nesse momento, o auxiliar de enfermagem deve cola- na gestação, em decorrência do aumento do útero
borar, garantindo a presença do futuro papai ou acom- que impede a expansão diafragmática, intensifi-
panhante. A emoção que ambos sentem ao escutar pela cada por postura inadequada e/ou ansiedade da
primeira vez o coração do bebê é sempre muito grande, gestante. Nesses casos, recomendar repouso em
pois confirma-se a geração de uma nova vida. decúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de tra-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos vesseiros altos que possibilitem elevação do tórax,
estão diferenciados e o feto começa o amadurecimento melhorando a expansão pulmonar. Ouvir a ges-
de seus sistemas. Reagem ativamente aos estímulos ex- tante e conversar sobre suas angústias, agendan-
ternos, como vibrações, luz forte, som e outros. do consulta com o psicólogo, quando necessário.
Estar atento para associação com outros sintomas
Tendo em vista as alterações externas no corpo da (ansiedade, cianose de extremidades, cianose de
gestante; aumento das mamas, produção de colostro e mucosas) ou agravamento da dificuldade em res-
aumento do abdômen, a mulher pode fazer questiona- pirar, pois, embora não frequente, pode tratar-se
mentos tais como: “Meu corpo vai voltar ao que era an- de doença cardíaca ou respiratória; nessa circuns-
tes? Meu companheiro vai perder o interesse sexual por tância, agendar consulta médica ou de enferma-
mim? gem imediata;

94
e) Desconforto mamário: Recomendar o uso constante
de sutiã, com boa sustentação; persistindo a dor, en-
caminhar para consulta médica ou de enfermagem;
f) Lombalgia: Recomendar a correção de postura ao
sentar-se e ao andar, bem como o uso de sapatos
com saltos baixos e confortáveis.

A aplicação de calor local, por compressas ou banhos


mornos, é recomendável. Em alguns casos, a critério mé-
dico, a gestante pode fazer uso de medicamentos;

g) Cefaleia: Conversar com a gestante sobre suas ten-


sões, conflitos e temores, agendando consulta com
o psicólogo, se necessário.

Verificar a pressão arterial, agendando consulta médi-


ca ou de enfermagem no sentido de afastar suspeita de
hipertensão arterial e pré-eclâmpsia (principalmente se
mais de 24 semanas de gestação);
h) Varizes: Recomendar que a gestante não permane-
ça muito tempo em pé ou sentada e que repouse
por 20 minutos, várias vezes ao dia, com as pernas
elevadas, e não use roupas muito justas e nem li-
gas nas pernas e se possível, deve utilizar meia-cal-
ça elástica especial para gestante;
i) Câimbras: Recomendar, à gestante, que realize mas-
sagens no músculo contraído e dolorido, mediante
aplicação de calor local, e evite excesso de exercícios;
j) Hiperpigmentação da pele: Explicar que tal fato é
muito comum na gestação mas costuma diminuir
ou desaparecer, em tempo variável, após o parto.
Pode apresentar como manchas escuras no rosto
(cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ain-
da, escurecimento da linha alva (linha nigra). Para
minimizar o cloasma gravídico, recomenda-se à
gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de
protetor solar e chapéu;
l) Estrias: Explicar que são resultado da distensão dos
tecidos e que não existe método eficaz de preven-
ção, sendo comum no abdome, mamas, flancos, 8. O terceiro trimestre da gravidez
região lombar e sacra. As estrias, que no início
Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos
apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo,
precocemente devido a vários fatores (social, econômi-
a ficar de cor semelhante à da pele;
co, biológico, psicológico), nos quais se destacam estilos
m) Edemas: Explicar que são resultado do peso extra
de vida (urbano ou rural), tipos de ocupação (horário e
(placenta, líquido amniótico e feto) e da pressão
distância do trabalho), estrutura de apoio ao aleitamento
que o útero aumentado exerce sobre os vasos san-
(creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou au-
guíneos, sendo sua ocorrência bastante comum
sência de informação.
nos membros inferiores. Podem ser detectados
quando, com a gestante em decúbito dorsal ou Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz
sentada, sem meias, se pressiona a pele na altura ainda no pré-natal, que pode ser desenvolvido indivi-
do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no dualmente ou em grupo. As orientações devem abranger
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nível do seu terço médio, na face anterior (região as vantagens do aleitamento para a mãe (prático, eco-
prétibial). nômico e não exige preparo), relacionadas à involução
uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares
O edema fica evidenciado mediante presença de uma da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-re-
depressão duradoura (cacifo) no local pressionado. Nes- lação afetiva entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens
ses casos, recomendar que a gestante mantenha as per- relacionam-se com a composição do leite, que atende a
nas elevadas pelo menos 20 minutos por 3 a 4 vezes ao todas as suas necessidades nutricionais nos primeiros 6
dia, quando possível, e que use meia elástica apropriada. meses de vida, é adequada à digestão e propicia a pas-
sagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe;
além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada
dentária, o que facilitará, posteriormente, a fala.

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No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve rece- Observamos que a frequência urinária aumenta no
ber várias orientações: este deve ocorrer sempre que a final da gestação, em virtude do encaixamento da ca-
criança tiver fome e durante o tempo que quiser (livre beça do feto na cavidade pélvica; em contrapartida, a
demanda). Para sua realização, a mãe deve procurar um dificuldade respiratória se ameniza. Entretanto, enquan-
local confortável e tranquilo, posicionar a criança da for- to tal fenômeno de descida da cabeça não acontece, o
ma mais cômoda de forma que lhe permita a abocanhar desconforto respiratório do final da gravidez pode ser
o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do amenizado adotando a posição de semi fowler durante
nariz da criança com o auxílio dos dedos e oferecer-lhe o descanso.
os dois seios em cada mamada, começando sempre pelo Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais
que foi oferecido por último (o que permitirá melhor es- varizes e edema de membros inferiores, tanto pela com-
vaziamento das mamas e maior produção de leite, bem pressão do útero sobre as veias ilíacas, dificultando o
como o fornecimento de quantidade constante de gor- retorno venoso, quanto por efeitos climáticos, principal-
dura em todas as mamadas). mente climas quentes. É importante observar a evolução
do edema, pesando a gestante e, procurando evitar com-
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto
plicações vasculares, orientando seu repouso em decúbi-
pode causar rachadura ou fissura. Como prevenção, de-
to lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas
ve-se orientar a mãe a introduzir o dedo mínimo na boca
anteriormente mencionadas.
do bebê e, quando ele suga-lo, soltar o mamilo.
Destacamos que no final desse período o feto diminui
seus movimentos pois possui pouco espaço para mexer-
-se. Assim, a mãe deve ser orientada para tal fenômeno,
mas deve supervisionar diariamente os movimentos fe-
tais, o feto deve mexer pelo menos uma vez ao dia. Caso
o feto não se movimente durante o período de 24 horas,
deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar com
urgência.
Como saber quando será o trabalho de parto? Quais
os sinais de trabalho de parto? O que fazer? Essas são al-
gumas das perguntas que a mulher/casal e família fazem
constantemente, quando aproxima-se a data provável do
parto.
A gestante e/ou casal devem ser orientados para os
sinais de início do trabalho de parto. O preparo abrange
um conjunto de cuidados e medidas de promoção à saú-
de que devem garantir que a mulher vivencie a experiên-
cia do parto e nascimento como um processo fisiológico
e natural.
A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve
ser orientada para identificar os sinais que indicam o iní-
Em virtude da proximidade do término da gestação, cio do trabalho de parto.
as expectativas estão mais voltadas para os momentos Para tanto, algumas orientações importantes devem
do parto (“Será que vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e ser oferecidas, como:
de ver o bebê (“Será que é perfeito?”). - A bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão
(bolsa de líquido amniótico) pode ou não romper-se;
da gestante.
- A barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma
dor tipo cólica que a fará endurecer e que será
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecar-
ga dos sistemas cardiovascular, respiratório e locomotor intermitente, iniciando com intervalos maiores e
desencadeiam alterações orgânicas e desconforto, pois o diminuindo com a evolução do trabalho de parto;
organismo apresenta menor capacidade de adaptação. - No final do terceiro trimestre, às vezes uma semana
Há aumento de estresse, cansaço, e surgem as dificulda- antes do parto, ocorre a saída de um muco branco
des para movimentar-se e dormir. (parecendo “catarro”) o chamado tampão mucoso,
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica o qual pode ter sinais de sangue no momento do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e constipação intestinal, decorrentes tanto da diminui- trabalho de parto;


ção da área gástrica quanto da diminuição da peristal- - A respiração deve ser feita de forma tranquila (inspi-
se devido à pressão uterina sobre os intestinos, levando ração profunda e expiração soprando o ar).
ao aumento da absorção de água no intestino, o que
colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum A gestante e seu acompanhante devem ser orienta-
observarmos queixas em relação à digestão de alimen- dos a procurar um serviço de saúde imediatamente ao
tos mais pesados. Portanto, é importante orientar dieta perceberem qualquer intercorrência durante o período
fracionada, rica em verduras e legumes, alimentos mais gestacional, como, por exemplo, perda transvaginal (lí-
leves e que favoreçam a digestão e evitem constipações. quido, sangue, corrimento, outros); presença de dores
O mais importante é a qualidade dos alimentos, e não abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores loca-
sua quantidade. lizadas; contração do abdome, abdome duro (hipertôni-

96
co); parada da movimentação fetal; edema acentuado de Esses fatores, associados a fatores obstétricos como
membros inferiores e superiores (mãos); ganho de peso primeira gravidez, multiparidade, gestação em idade re-
exagerado; visão turva e presença de fortes dores de ca- produtiva precoce ou tardia, abortamentos anteriores e
beça (cefaleia) ou na nuca. desnutrição, aumentam a probabilidade de morbimorta-
Enfatizamos que no final do processo gestacional a lidade perinatal.
mulher pode apresentar um quadro denominado “falso Devemos considerar que a maioria destas mortes ma-
trabalho de parto”, caracterizando por atividade uterina ternas e fetais poderiam ter sido prevenidas com uma as-
aumentada (contrações), permanecendo, entretanto, um sistência adequada ao pré-natal, parto e puerpério, “98%
padrão descoordenado de contrações. destas mortes seriam evitadas se as mulheres tivessem
Algumas vezes, estas contrações são bem perceptí- condições dignas de vida e atenção à saúde, especial-
veis. Contudo, cessam em seguida, e a cérvice uterina mente pré-natal realizado com qualidade, assim como
não apresenta alterações (amolecimento, apagamento e bom serviço de parto e pós-parto”.
dilatação). Tal situação promove alto grau de ansiedade e Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes
expectativa da premência do nascimento, sendo um dos que, por terem algumas características ou sofrerem de
principais motivos que levam as gestantes a procurar o alguma patologia, apresentam maiores probabilidades
hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clien- de evolução desfavorável, tanto para elas como para o
tela e estar atento para tais acontecimentos, visando evi- feto. Essa parcela é a que constitui o grupo chamado de
tar uma admissão precoce, intervenções desnecessárias e gestantes de risco.
estresse familiar, ocasionando uma experiência negativa Dentre as diversas situações obstétricas de risco ges-
de trabalho de parto, parto e nascimento. tacional, destacam-se as de maior incidência e maior ris-
Para amenizar o estresse no momento do parto, de- co, como abortamento, doença hipertensiva específica
vemos orientar a parturiente para que realize exercícios da gravidez (DHEG) e sofrimento fetal.
respiratórios, de relaxamento e caminhadas, que dimi-
nuirão sua tensão muscular e facilitarão maior oxigena- 1. Abortamento
ção da musculatura uterina. Tais exercícios proporcionam
melhor rendimento no trabalho de parto, pois propiciam Conceitua-se como abortamento a morte ovular
uma economia de energia, sendo aconselháveis entre as ocorrida antes da 22ª semana de gestação, e o processo
metrossístoles. de eliminação deste produto da concepção é chamado
Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma de aborto. O abortamento é dito precoce quando ocor-
inspiração abdominal lenta e profunda, e uma expiração re até a 13ª semana; e tardio, quando entre a 13ª e 22ª
como se a gestante estivesse soprando o vento (apagan- semanas.
do a vela), principalmente durante as metrossístoles. Na
primeira fase do trabalho de parto, são muito úteis para Algumas condições favorecem o aborto, entre elas:
evitar os espasmos dolorosos da musculatura abdominal. fatores ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituo-
sos); diminuição do hormônio progesterona, resultando
Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas em sensibilidade uterina e contrações que podem levar
de Risco ao aborto; infecções como sífilis, rubéola, toxoplasmose;
traumas de diferentes causas; incompetência istmo cer-
Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior vical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo,
índice de mortalidade materna, estimada em 134 óbitos álcool, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mel-
para 100.000 nascidos vivos. litus; doenças hipertensivas e fatores emocionais.
Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifesta-
No Brasil, as causas de mortalidade materna se ca- ções clínicas estão voltadas para a gravidade de cada
racterizam por elevadas taxas de toxemias, outras causas caso e dependência de uma assistência adequada à mu-
diretas, hemorragias (durante a gravidez, descolamento lher. Os tipos de aborto são11:
prematuro de placenta), complicações puerperais e abor- - Ameaça de aborto: situação em que há a probabili-
tos. Essas causas encontram-se presentes em todas as dade de o aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-
regiões, com predominância de incidência em diferentes -se por sangramento moderado, cólicas discretas e
estados. colo uterino com pequena ou nenhuma dilatação;
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a - Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso
prevenção e controle dessas intercorrências, como a hi- e o subsequente desenvolvimento de defeitos no
pertensão arterial associada à gravidez (toxemias), que se feto e placenta. Dependendo da natureza do pro-
caracteriza por ser fator de risco para eclampsia e outras cesso, é considerado:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

complicações.
Denomina-se fator de risco aquela característica ou a) Evitável: O colo do útero não se dilata, sendo evita-
circunstância que se associa à probabilidade maior do do através de repouso e tratamento conservador;
indivíduo sofrer dano à saúde. Os fatores de risco são de b) Inevitável: Quando o aborto não pode ser preve-
natureza diversa, a saber: biológicos (idade, adolescen- nido, acontecendo a qualquer momento. Apresen-
te ou idosa; estatura, baixa estatura; peso, obesidade ou ta-se com um sangramento intenso, dilatação do
desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), ambientais colo uterino e contrações uterinas regulares. Pode
(abastecimento deficiente de água, falta de rede de es- ser subdivido em aborto completo (quando o feto
gotos), relacionados à assistência (má qualidade da assis- e todos os tecidos a ele relacionados são elimina-
tência, cobertura insuficiente ao pré-natal), socioculturais dos) e aborto incompleto (quando algum tecido
(nível de formação) e econômicos (baixa renda). permanece retido no interior do útero);

97
- Habitual: Quando a mulher apresenta abortamentos Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobra-
repetidos (três ou mais) de causa desconhecida; mentos do pós-aborto, como reposição hídrica e nu-
- Terapêutico: É a intervenção médica aprovada pelo tricional, sono e repouso, expressão dos seus conflitos
Código Penal Brasileiro (art. 128), praticado com o emocionais e, psicologicamente, faze-la acreditar na ca-
consentimento da gestante ou de seu represen- pacidade de o seu corpo viver outra experiência reprodu-
tante legal e realizado nos casos em que há risco tiva com saúde, equilíbrio e bem-estar.
de vida ou gravidez decorrente de estupro; É fundamental a observação do sangramento vaginal,
- Infectado: Quando ocorre infecção intra-útero por atentando para os aspectos de quantidade, cor, odor e se
ocasião do abortamento. Acontece, na maioria das está acompanhado ou não de dor e alterações de tempe-
vezes, durante as manobras para interromper uma ratura corporal. As mamas precisarão de cuidados como:
gravidez. A mulher apresenta febre em grau variá- aplicar compressas frias e enfaixá-las, a fim de prevenir
vel, dores discretas e contínuas, hemorragia com ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha nem
odor fétido e secreção cujo aspecto depende do massagens; administrar medicação para inibir a lactação
microrganismo, taquicardia, desidratação, diminui- de acordo com a prescrição médica.
ção dos movimentos intestinais, anemia, peritoni- No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada
te, septicemia e choque séptico. para acompanhamento ginecológico com o objetivo de
fazer a revisão pós-aborto; identificar a dificuldade de se
Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebi- manter a gestação se for o caso; e receber orientações
te e embolia pulmonar; acerca da necessidade de um período de abstinência se-
Provocado: É a interrupção ilegal da gravidez, com a xual e, antes de iniciar sua atividade sexual, escolher o
morte do produto da concepção, haja ou não a expulsão, método contraceptivo que mais se adeque à sua reali-
qualquer que seja o seu estado evolutivo. São praticados dade.
na clandestinidade, em clínicas privadas ou residências,
utilizando-se métodos anti-higiênicos, materiais perfu- 2. Placenta Prévia (PP)
rantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar
à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado; É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada
Retido: É quando o feto morre e não é expulso, ocor- pela implantação da placenta na parte inferior do útero.
rendo a maceração. Não há sinais de abortamento, po- Com o desenvolvimento da gravidez, a placenta evolui
rém pode ocorrer mal-estar geral, cefaleia e anorexia. para o orifício do canal de parto.

O processo de abortamento é complexo e delicado Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre
para uma mulher, principalmente por não ter podido man- parte do orifício, ou total (oclusiva), quando cobre to-
ter uma gravidez, sendo muitas vezes julgada e culpabili- talmente o orifício. Ambas as situações provocam risco
zada, o que lhe acarreta um estigma social, afetando-lhe de vida materna e fetal, em vista da hemorragia a qual
tanto do ponto de vista biológico como psicoemocional. apresenta sangramento de cor vermelho vivo, indolor,
Independente do tipo de aborto, cada profissional constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da
tem papel importante na orientação, diálogo e auxílio 22a semana de gravidez.
a essa mulher, diante de suas necessidades. Assim, não Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a interna-
deve fazer qualquer tipo de julgamento e a assistência ção é a conduta imediata com a intenção de promover
deve ser prestada de forma humanizada e com qualidade uma gravidez a termo ou o mais próximo disso. A super-
- caracterizando a essência do trabalho da enfermagem, visão deve ser constante, sendo a gestante orientada a
que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios fazer repouso no leito com os membros discretamente
pessoais e julgamentos acerca do caso clínico. elevados, evitar esforços físicos e observar os movimen-
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e tos fetais e características do sangramento (quantidade e
mediatos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando frequência). A conduta na evolução do trabalho de parto
sinais de choque hipovolêmico, mediante avaliação da dependerá do quadro clínico de cada gestante, avaliando
coloração de mucosas, hipotensão, pulso fraco e rápido, o bem-estar materno e fetal.
pele fria e pegajosa, agitação e apatia; verificar sangra-
mento e presença de partes da placenta ou embrião nos 3. Prenhez Ectópica ou Extrauterina
coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do san- Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, ca-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gramento pelo volume do sangue e número de vezes de racterizada pela implantação do ovo fecundado fora do
troca do absorvente); controlar o gotejamento da hidra- útero, como, por exemplo, nas trompas uterinas, ovários
tação venosa para reposição de líquido ou sangue; admi- e outros.
nistrar medicação (antibioticoterapia, soro antitetânico, Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta
analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) conforme forte dor no baixo ventre, podendo estar seguida de san-
prescrição médica; preparar a paciente para qualquer gramento em grande quantidade.
procedimento (curetagem, microcesariana, e outros); O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimes-
prestar os cuidados após os procedimentos pós-opera- tre gestacional, através de ultrassonografia. A equipe de
tórios; procurar tranquilizar a mulher; comunicar qual- enfermagem deverá estar atenta aos possíveis sinais de
quer anormalidade imediatamente à equipe de saúde. choque hipovolêmico e de infecção.
A conduta obstétrica é cirúrgica.

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4. Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a
(DHEG) dor abdominal súbita e intensa, seguida por sangramen-
to vaginal de coloração vermelha-escuro, levando a uma
A hipertensão na gravidez é uma complicação comum movimentação fetal aumentada, o que indica sofrimento
e potencialmente perigosa para a gestante, o feto e o fetal por diminuição de oxigênio (anoxia) e aumento ex-
próprio recém-nascido, sendo uma das causas de maior cessivo das contrações uterinas que surgem como uma
incidência de morte materna, fetal e neonatal, de baixo defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o
peso ao nascer e prematuridade. Pode apresentar-se de estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção ci-
forma leve, moderada ou grave. rúrgica de emergência, cesariana; para maior chance de
Existem vários fatores de risco associados com o au- sobrevivência materna e fetal.
mento da DHEG, tais como: adolescência/idade acima de Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos
35 anos, conflitos psíquicos e afetivos, desnutrição, pri- tecidos e, principalmente, o tecido uterino, relacionam-
meira gestação, história familiar de hipertensão, diabetes -se à: superdistensão uterina (gemelar, polidrâmnia, fe-
mellitus, gestação múltipla e polidrâmnia. tos grandes); aumento da tensão sobre a parede abdo-
A DHEG aparece após a 20ª semana de gestação, como minal, frequentemente observado na primeira gravidez;
um quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô-
de edema e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão
para convulsão e coma (DHEG grave ou eclampsia). muscular; alimentação inadequada.
Durante uma gestação sem intercorrências, a pres- A assistência pré-natal tem como um dos objetivos
são permanece normal e não há proteinúria. É comum detectar precocemente os sinais da doença hipertensiva,
a maioria das gestantes apresentarem edema nos mem- antes que evolua. A verificação do peso e pressão arte-
bros inferiores, devido à pressão do útero grávido na veia rial a cada consulta servirá para a avaliação sistemática
cava inferior e ao relaxamento da musculatura lisa dos da gestante, devendo o registro ser feito no Cartão de
vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial. Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e
Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta dife- parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e ter-
rencial, pois não é normal, podendo estar associado à ele- ceiro trimestre, ou sempre que houver queixas urinárias
vação da pressão arterial. Um ganho de peso de mais de
ou alterações dos níveis da pressão arterial.
500 g por semana deve ser observado e analisado como
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante
um sinal a ser investigado. O exame de urina, cujo resul-
sobre a importância de diminuir a ingesta calórica (ali-
tado demonstre presença de proteína, significa diminui-
mentos ricos em gordura, massa, refrigerantes e açúcar)
ção da função urinária. A elevação da pressão sistólica em
e não abusar de comidas salgadas, bem como sobre os
mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15 mmhg,
perigos do tabagismo, que provoca vasoconstrição, di-
representa outro sinal que deve ser observado com aten-
minuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoo-
ção. A gestante o companheiro e a família devem estar
convenientemente orientados quanto aos sinais e sinto- lismo, que provoca o nascimento de fetos de baixo peso
mas da DHEG. e abortamento espontâneo.
Todos esses sinais são motivos de preocupação, de- O acompanhamento pré-natal deve atentar para o
vendo ser pesquisados e avaliados através de marcação de aparecimento de edema de face e dos dedos, cefaleia
consultas com maior frequência, para evitar exacerbação frontal e occipital e outras alterações como irritabilidade,
dessa complicação em uma gravidez de baixo risco, tor- escotomas, hipersensibilidade a estímulos auditivos e lu-
nando-a de alto risco, o que fará necessário o encaminha- minosos. A mulher, o companheiro e a família devem ser
mento e acompanhamento pelo pré-natal de alto risco. orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG e suas
A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movi-
proteinúria, e mais hipertensão. À medida que a doença mentação fetal.
evolui e o vaso espasmo aumenta, surgem outros sinais A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no
e sintomas. O sistema nervoso central (SNC) sofre irrita- leito em decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circu-
bilidade crescente, surgindo cefaleia occipital, tonteiras, lação, tanto renal quanto placentária, reduzindo também
distúrbios visuais (moscas volantes). As manifestações o edema e a tensão arterial, bem como ser encorajada a
digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sin- exteriorizar suas dúvidas e medos, visando minimizar o
tomas que revelam comprometimento de outros órgãos. estresse.
Com a evolução da doença pode ocorrer a convul- As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificul-
são ou coma, caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, dade de acesso aos serviços de saúde, hábitos alimen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

uma das complicações obstétricas mais graves. Nesta, a tares inadequados, entre outros, são fatores que podem
proteinúria indica alterações renais, podendo ser acom- vir a interferir no acompanhamento ambulatorial. Sendo
panhada por oligúria ou mesmo anúria. específicos à cada gestante, fazem com que a eclampsia
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio tor- leve evolua, tornando a internação hospitalar o trata-
na-se hipertônico, afetando diretamente a placenta que, mento mais indicado.
dependendo da intensidade, pode desencadear seu des- Durante a internação hospitalar a equipe de enferma-
locamento prematuro. Também a hipertensão materna gem deve estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas
prolongada afeta a circulação placentária, ocorrendo o da DHEG. Portanto, deve procurar promover o bem-estar
rompimento de vasos e acúmulo de sangue na parede materno e fetal, bem como proporcionar à gestante um
do útero, representando outra causa do deslocamento ambiente calmo e tranquilo, manter a supervisão cons-
da placenta. tante e atentar para o seu nível de consciência, já que os

99
estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de
convulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, alguns sinais, como frequência cardíaca fetal acima de
também, controlar a pressão arterial e os batimentos car- 160 batimentos ou abaixo de 120 por minuto, e movi-
diofetais (a frequência será estabelecida pelas condições mentos fetais inicialmente aumentados e posteriormente
da gestante), bem como pesar a gestante diariamente, diminuídos.
manter-lhe os membros inferiores discretamente eleva-
dos, providenciar a colheita dos exames laboratoriais soli- Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve es-
citados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações tar atento aos níveis pressóricos da gestante, bem como
fisiológicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e admi- aos movimentos fetais. Nas condutas medicamentosas,
nistrar medicações prescritas, observando sua resposta. deve atuar juntamente com a equipe de saúde.
Além disso, deve-se estar atento para possíveis epi- Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e
sódios de crises convulsivas, empregando medidas de a gestante esteja recebendo infusão venosa contendo
segurança tais como manter as grades laterais do leito ocitocina, tal fato deve ser imediatamente comunicado à
elevadas (se possível, acolchoadas), colocar a cabeceira equipe e a solução imediatamente suspensa e substituí-
elevada a 30° e a gestante em decúbito lateral esquerdo da por solução glicosada ou fisiológica pura.
(ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das secreções); A equipe responsável pela assistência deve tranquili-
manter próximo à gestante uma cânula de borracha zar a gestante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família
(Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe - as características do seu quadro e a conduta terapêuti-
a língua de um eventual traumatismo. Ressalte-se que os ca a ser adotada, o que a ajudará a manter o controle e,
equipamentos e medicações de emergência devem estar consequentemente, cooperar. A transmissão de calma e
prontos para uso imediato, na proximidade da unidade a correta orientação amenizarão o medo e a ansiedade
de alto risco. pela situação.
Gestantes que apresentam DHEG moderada ou gra- A gestante deve ser mantida em decúbito lateral es-
ve devem ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, querdo, com o objetivo de reduzir a pressão que o feto
por profissional médico, durante todo o período de in- realiza sobre a veia cava inferior ou cordão umbilical, e
ternação. Os cuidados básicos incluem: observação de melhorar a circulação materno-fetal. Segundo prescrição,
sinais de petequeias, equimoses e/ou sangramentos es- administrar oxigênio (O2 úmido) para melhorar a oxige-
pontâneos, que indicam complicação séria causada por nação da gestante e do feto e preparar a parturiente para
rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada
pressão arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pela equipe responsável pela assistência.
pulso e respiração de duas em duas horas; instalação de
cateterismo vesical, visando o controle do volume uriná- PARTO E NASCIMENTO HUMANIZADO
rio (diurese horária); monitoramento de balanço hídrico;
manutenção de acesso venoso para hidratação e admi- Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em
nistração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, casa; o parto era um acontecimento domiciliar e familiar.
anticonvulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; A partir do momento em que o parto se tornou institu-
colheita de exames laboratoriais de urgência; instalação cionalizado (hospitalar) a mulher passou a perder auto-
de oxigeno terapia conforme prescrição médica, caso a nomia sobre seu próprio corpo, deixando de ser ativa no
gestante apresente cianose. processo de seu parto.
Com a estabilização do quadro e as convulsões con-
troladas, deve-se preparar a gestante para a interrupção Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-
da gravidez (cesárea), pois a conduta mais eficaz para a -se que apenas 10% a 20% dos partos têm indicação ci-
cura da DHEG é o término da gestação, o que merece rúrgica. Isto significa que deveriam ser indicados apenas
apreciação de todo o quadro clínico e condição fetal, para as mulheres que apresentam problemas de saúde,
considerando-se a participação da mulher e família nesta ou naqueles casos em que o parto normal traria riscos ao
decisão. recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos
É importante que a puérpera tenha uma avaliação é a existência de um sistema de saúde voltado para a
contínua nas 48 horas após o parto, pois ainda pode atenção ao parto e nascimento pautado em rotinas de
apresentar risco de vida. intervenções, que favorece e conduz ao aumento de ce-
sáreas e de possíveis iatrogenias que, no pós-parto, ge-
5. Sofrimento Fetal Agudo (SFA) ram complicações desnecessárias.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o


O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e parto não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um
a vida do feto estão sob-risco, devido à asfixia causada recém-nascido de dentro”, afastá-lo da “mãe” para colo-
pela diminuição da chegada do oxigênio ao mesmo, e à cá-lo num berço solitário, enquanto a mãe dorme sob o
eliminação do gás carbônico. efeito da anestesia.
As trocas metabólicas existentes entre o sangue ma- A enfermagem possui importante papel como inte-
terno e o fetal, realizadas pela circulação placentária, são grante da equipe, no sentido de proporcionar uma as-
indispensáveis para manter o bem-estar do feto. Qual- sistência humanizada e qualificada quando do parto,
quer fator que, por um período provisório ou permanen- favorecendo e estimulando a participação efetiva dos
te de carência de oxigênio, interfira nessas trocas será principais atores desse fenômeno; a gestante, seu acom-
causa de SFA. panhante e seu filho recém-nascido.

100
Precisamos valorizar esse momento pois, se viven- 1. Admitindo a Parturiente
ciado harmoniosamente, favorece um contato precoce
mãe-recém-nascido, estimula o aleitamento materno e O atendimento da parturiente na sala de admissão de
promove a interação com o acompanhante e a família, uma maternidade deve ter como preocupação principal
permitindo à mulher um momento de conforto e segu- uma recepção acolhedora à mulher e sua família, infor-
rança, com pessoas de seu referencial pessoal. mando-os da dinâmica da assistência na maternidade e
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, os cuidados pertinentes a esse momento: acompanhá-la
emoções, necessidades e valores culturais, ajudando-a a na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os exa-
diminuir a ansiedade e insegurança, o medo do parto, da mes laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros
solidão do ambiente hospitalar e dos possíveis proble- exames, caso não os tenha realizado durante o pré-na-
mas do bebê. tal); promover um ambiente tranquilo e com privacidade;
A promoção e manutenção do bem-estar físico e monitorar a evolução do trabalho de parto, fornecendo
emocional ao longo do processo de parto e nascimento explicações e orientações.
ocorre mediante informações e orientações permanen-
tes à parturiente sobre a evolução do trabalho de parto, Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
reconhecendo-lhe o papel principal nesse processo e até
mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe causem O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem
constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer que o feto percorre ao nascer, desde o útero à abertura
espaço e apoio para a presença do(a) acompanhante que vulvar. É formado pelo conjunto dos ossos ilíaco, sacro e
a parturiente deseja. cóccix - que compõem a pequena bacia pélvica, também
Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozi- denominada de trajeto duro - e pelos tecidos moles (par-
nho, tende a assumir uma postura de defesa, gerando te inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e períneo)
ansiedade e medos. A gestante não preparada desco- que revestem essa parte óssea, também denominada de
nhece seu corpo e as mudanças que o mesmo sofre. trajeto mole.
O trabalho de parto é um momento no qual a mu- No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: au-
lher se sente desprotegida e frágil, necessitando apoio
mento do útero; amolecimento do colo para a dilatação
constante.
e apagamento; hipervascularização e aumento do tecido
O trabalho de parto e o nascimento costumam de-
elástico da vagina, facilitando sua distensão; aumento
sencadear excitação e apreensão nas parturientes, inde-
das glândulas cervicais para lubrificar o trajeto do parto.
pendente do fato de a gestante ser primípara ou multí-
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da
para. É um momento de grande expectativa para todos,
mobilidade nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea,
gestante, acompanhante e equipe de saúde.
O início do trabalho de parto é desencadeado por fa- lombo-sacral, sínfise púbica), auxiliado pelo hormônio
tores maternos, fetais e placentários, que se interagem. relaxina.
Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto O feto tem importante participação na evolução do
são: trabalho de parto: realiza os mecanismos de flexão, ex-
- Eliminações vaginais, discreto sangramento, perda tensão e rotação, permitindo sua entrada e passagem
de tampão mucoso, eliminação de líquido amnió- pelo canal de parto - fenômeno facilitado pelo cavalga-
tico, presente quando ocorre a ruptura da bolsa mento dos ossos do crânio, ocasionando a redução do
amniótica - em condições normais, apresenta- se diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve
claro, translúcido e com pequenos grumos seme- materna.
lhantes a pedaços de leite coalhado (vérnix);
- Contrações uterinas inicialmente regulares, de pe- 1. O Primeiro Período do Trabalho de Parto: Dilatação
quena intensidade, com duração variável de 20 a
40 segundos, podendo chegar a duas ou mais em Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação,
dez minutos; as contrações uterinas progridem e aos poucos aumen-
- Desconforto lombar; tam a intensidade, o intervalo e a duração, provocando a
- Alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação do colo uterino. Como resultado, a cabeça do
dilatação progressiva; feto vai gradualmente descendo no canal pélvico e, nes-
- Diminuição da movimentação fetal. se processo, rodando lentamente. Essa descida, auxiliada
pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão
A duração de cada trabalho de parto está associada à maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagan-
paridade (o número de partos da mulher), pois as primí- do. Para possibilitar a passagem do crânio do feto - que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

paras demandam maior tempo de trabalho de parto do mede por volta de 9,5 cm - faz-se necessária uma dilata-
que as multíparas; à flexibilidade do canal de parto, pois ção total de 10 cm. Este é o período em que a parturiente
as mulheres que exercitam a musculatura pélvica apre- experimenta desconfortos e sensações dolorosas e pode
sentam maior flexibilidade do que as sedentárias; às con- apresentar reações diferenciadas como exaustão, impa-
trações uterinas, que devem ter intensidade e frequência ciência, irritação ou apatia, entre outras.
apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente Além das adaptações no corpo materno, visando o
durante o trabalho de parto, caso contrário dificultará o desenrolar do trabalho de parto, o feto também se adap-
nascimento do bebê; ao estado geral da cliente e sua ta a esse processo: sua cabeça tem a capacidade de fle-
reserva orgânica para atender ao esforço do trabalho xionar, estender e girar, permitindo entrar dentro do ca-
de parto; e à situação e apresentação fetais (transversa, nal do parto e passar pela pelve óssea materna com mais
acromial, pélvica e de face). mobilidade.

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Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se O exame do toque deve ser realizado e, constatada a
aproximam uns dos outros e podem acavalar, reduzindo dilatação total, o auxiliar de enfermagem deve encami-
o tamanho do crânio e, assim, facilitar a passagem pela nhar a parturiente à sala de parto, em cadeira de rodas
pelve materna. ou deambulando.
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto,
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente a parturiente deve ser orientada para respirar tranqui-
com alternativas que possam amenizar-lhe o desconfor- lamente e não fazer força. É importante auxiliá-la a se
to. O cuidar envolve presença, confiança e atenção, que posicionar na mesa de parto com segurança e conforto,
atenuam a ansiedade da cliente, estimulando- a adotar respeitando a posição de sua escolha: vertical, semiverti-
posições alternativas como ficar de cócoras, de joelho calizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado
sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) res-
para o útero, tornam as contrações mais eficazes, am- ponsável pela condução do parto deve fazer a escova-
pliam o canal do parto e facilitam a descida do feto pela ção das mãos e se paramentar (capote, gorro, máscara e
ação da gravidade. A mulher deve ser encorajada e en- luvas). A seguir, realizar a antissepsia vulvoperineal e da
caminhada ao banho de chuveiro, bem como estimulada raiz das coxas e colocar os campos esterilizados sobre a
a fazer uma respiração profunda, realizar massagens na parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se a
região lombar, o que reduz sua ansiedade e tensão mus- necessidade de anestesia local. Em todo esse processo,
cular; e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do o auxiliar de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) pro-
feto na bacia materna. fissional(is).
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são
Durante a evolução do trabalho de parto, será rea- necessárias cinco contrações num período de 10 minu-
lizada, pelo enfermeiro ou médico, a ausculta dos ba- tos e com intensidade de 60 segundos cada. O auxiliar
timentos cardiofetais, sempre que houver avaliação da de enfermagem deve orientar que a parturiente faça res-
dinâmica uterina (DU) antes, durante e após a contração piração torácica (costal) juntamente com as contrações,
uterina. O controle dos sinais vitais maternos é contínuo repousando nos intervalos para conservar as energias.
e importante para a detecção precoce de qualquer alte- Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é im-
ração. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de portante assistir ao desprendimento fetal espontâneo.
quatro em quatro horas, e a tensão arterial de hora em Caso esse desprendimento não ocorra naturalmente, a
hora ou mais frequentemente, se indicado. cabeça deve ser tracionada para baixo, visando favorecer
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou a passagem do ombro. Com a saída da cabeça e ombros,
enfermeira, e tem a finalidade de verificar a dilatação e o o corpo desliza facilmente, acompanhado de um jato de
apagamento do colo uterino, visando avaliar a progres- líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nasci-
são do trabalho de parto. Para a realização do procedi- do, com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permi-
mento, o auxiliar de enfermagem deve preparar o mate- tir que a mãe o faça, se a posição do parto favorecer esta
rial necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com prática. Neste momento, o auxiliar de enfermagem deve
solução anti séptica e comadre. estar atento para evitar a queda do recém-nascido.
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensá- O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado
vel para o exame. quando o recém-nascido estiver respirando. A laquea-
dura é feita com material adequado e estéril, a uns três
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou centímetros da pele. É importante manter o recém-nas-
necessite permanecer no leito durante o trabalho de cido aquecido, cobrindo-o com um lençol/campo, o que
parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve ser
ser aconselhada a ficar na posição de decúbito lateral es- incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas
querdo, tanto quanto possível. após o parto, o que facilita a saída da placenta e esti-
mula a involução do útero, diminuindo o sangramento
2. O Segundo Período do Trabalho de Parto: Expulsão pós-parto.

O período de expulsão inicia-se com a completa di- 3. O Terceiro Período do Trabalho de Parto:
latação do colo uterino e termina com o nascimento do Dequitação
bebê.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a
sangramento aumenta com a laceração dos capilares no saída da placenta e membranas (amniótica e coriônica).
colo uterino. Náuseas e vômitos podem estar presentes, Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve
por ação reflexa. A parturiente refere pressão no reto e ser espontâneo, sem compressão uterina. Pode durar de
urgência urinária. Ocorre distensão dos músculos peri- alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante
neais e abaulamento do períneo (solicitação do períneo), atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser
e o ânus dilata-se acentuadamente. superiores a 500 ml.

Esses sinais iminentes do parto devem ser observados As contrações para a expulsão da placenta ocorrem
pelo auxiliar de enfermagem e comunicados à enfermei- em menor quantidade e intensidade. A placenta deve ser exa-
ra obstétrica e ao obstetra. minada com relação à sua integridade, tipo de vascularização

102
e local de inserção do cordão, bem como verificação do nú- A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplica-
mero de vasos sanguíneos deste (1 artérias e 2 veias), presen- ção, levando à perda temporária de sensibilidade e mo-
ça de nós e tumorações. Examina-se ainda o canal vaginal, o vimentos dos membros inferiores, que retornam após
colo uterino e a região perineal, com vistas à identificação de passado seu efeito. Entretanto, tem o inconveniente de
rupturas e lacerações; caso tenha sido realizada episiotomia, apresentar como efeito colateral cefaleia intensa no pe-
proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou das lacerações. ríodo pós-anestésico - como prevenção, deve-se manter
A dequitação determina o início do puerpério imedia- a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a
to, onde ocorrerão contrações que permitirão reduzir o zero grau e sem travesseiro), orientando- a para que não
volume uterino, mantendo-o contraído e promovendo a eleve a cabeça e estimulando-a à ingestão hídrica.
hemostasia nos vasos que irrigavam a placenta. A anestesia peridural é mais empregada, porém de-
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem mora mais tempo para fazer efeito e não leva à perda
deve verificar a tensão arterial da puérpera, identificando total da sensibilidade dolorosa, diminuindo apenas o
alterações ou não dos valores que serão avaliados pelo movimento das pernas – como vantagem, não produz o
médico ou enfermeiro. incômodo da dor de cabeça.
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode,
deve-se, utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia nas primeiras horas, permanecer com a mãe na sala de par-
da área pubiana, massagear-lhe as panturrilhas, trocar- to e/ou alojamento conjunto- dependendo da recuperação,
-lhe a roupa e colocar-lhe um absorvente sob a região a mulher pode deambular, tomar banho e até amamentar.
perianal e pubiana. Caso o médico ou enfermeiro avalie Tal situação não acontecerá nas puérperas que realizaram
que a puérpera esteja em boas condições clínicas, será cesarianas, pois estarão com hidratação venosa, cateter ve-
encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o sical, curativo abdominal, anestesiadas, sonolentas e com
alojamento conjunto - acompanhados de seus prontuá- dor mais uma razão que justifica a realização do parto ce-
rios, prescrições e pertences pessoais. sáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente
4. O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg com relação aos procedimentos pré-operatórios, tais
como retirada de próteses e de objetos (cordões, anéis,
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, roupa íntima), realização de tricotomia em região pubia-
fase em que ocorre a loquiação e se avalia a involução na, manutenção de acesso venoso permeável, realização
uterina e recuperação da genitália materna. É considera- de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
do um período perigoso, devido ao risco de hemorragia; laboratoriais (solicitados e de rotina).
por isso, a puérpera deve permanecer no centro obstétri- Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve
co, para criterioso acompanhamento. ser encaminhada à sala de cirurgia, onde será conforta-
velmente posicionada na mesa cirúrgica, para adminis-
Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo tração da anestesia. Durante toda a técnica o auxiliar
de enfermagem deve estar atento para a segurança da
O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento ci- parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-la
rúrgico, invasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando
uma incisão no abdome e no útero, com exposição de também a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfer-
vísceras e perda de sangue, por onde o feto é retirado. magem desenvolve ações de circulante ou instrumenta-
Ressalte-se que esse procedimento expõe o organismo dor. Após o nascimento, presta os primeiros cuidados ao
às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista das bebê e encaminha-o ao berçário.
perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar
através da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de a transferência da puérpera para a sala de recuperação
implicar maior tempo de recuperação. pós-anestésica, prestando-lhe os cuidados relativos ao
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas processo cirúrgico e ao parto.
condições clínicas, da gestante e do feto que contraindi-
quem o parto normal, tais como desproporção cefalopél- 1. Puerpério e suas Complicações
vica, discinesias, apresentação anômala, descolamento
prematuro da placenta, pós-maturidade, diabete mater- Durante toda a gravidez, o organismo materno so-
no, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta prévia fre alterações gradativas, as mais marcantes envolvem o
total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão órgão reprodutor. O puerpério inicia-se logo após a de-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

umbilical. quitação e termina quando a fisiologia materna volta ao


Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alte- estado pré-gravídico. Esse intervalo pode perdurar por
ração do BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais ma- 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas
ternos; perda transvaginal de líquido com presença de mulheres que estiverem amamentando.
mecônio; período de dilatação cervical prolongado) que O período puerperal é uma fase de grande estresse
indique necessidade de parto cesáreo, a equipe respon- fisiológico e psicológico.
sável pela assistência deve comunicar o fato à mulher/ A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto
família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento. e outras condições desencadeadas pelo nascimento po-
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utili- dem causar complicações – sua prevenção é o objetivo
zadas são as raquidianas e as peridurais, ambas aplicadas principal da assistência a ser prestada.
na coluna vertebral.

103
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive tar a propagação das infecções. Além disso, visando evi-
um período de transição, ficando vulnerável às pressões tar a contaminação da vagina pelas bactérias presentes
emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões
com facilidade podem deixá-la ansiosa em vista das res- da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica,
ponsabilidades com o novo membro da família (“Será no sentido da vulva para o ânus.
que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê cho- Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se
ra tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da ensinar a puérpera a limpar a região com antisséptico,
casa com o bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me bem como estimular-lhe a ingesta hídrica e administrar-
ajudar? Como dividir a atenção entre ele e o bebê?”) e a -lhe medicação, conforme prescrição, visando diminuir
família (“Como dividir a atenção com os outros filhos? O seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos de curetagem,
que fazer, se cada um diz uma coisa?”). preparar a sala para o procedimento.
Nesse período, em vista de uma grande labilidade A involução uterina promove a vasoconstrição, con-
emocional, somada à exaustão física, pode surgir um trolando a perda sanguínea. Nesse período, é comum a
quadro de profunda tristeza, sentimento de incapaci- mulher referir cólicas.
dade e recusa em cuidar do bebê e de si mesma - que O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do
pode caracterizar a depressão puerperal. Essas manifes- púbis, duro e globoide pela contração, formando o glo-
tações podem acontecer sem causa aparente, com du- bo de segurança de Pinard em resposta à contratilidade
ração temporária ou persistente por algum tempo. Esse e retração de sua musculatura. A total involução uterina
transtorno requer a intervenção de profissionais capa- demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rápida na mulher
zes de sua detecção e tratamento precoce, avaliando o sadia que teve parto normal e está em processo de ama-
comportamento da puérpera e proporcionando-lhe um mentação.
ambiente tranquilo, bem como prestando orientações à Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume
família acerca da importância de seu apoio na superação (grande ou pequeno), aspecto (coloração, presença de
deste quadro. coágulos, restos placentários) e odor (fétido ou não).
De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode Para remoção efetiva dos coágulos, deve-se massagear
ser classificado em quatro fases distintas: imediato (pri- levemente o útero e incentivar a amamentação e deam-
meiras 2 horas pós-parto); mediato (da 2ª hora até o 10º bulação precoces.
dia pós-parto); tardio (do 11º dia até o 42º dia pós-parto) De acordo com sua coloração, os lóquios são classi-
e remoto (do 42º dia em diante). ficados como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro
O puerpério imediato, também conhecido como até quatro dias); serosanguinolentos (acastanhado - de
quarto período do parto, inicia-se com a involução ute- 5 a 7 dias) e serosos (semelhantes à “salmoura”, uma a
rina após a expulsão da placenta e é considerado crítico, três semanas).
devido ao risco de hemorragia e infecção. A hemorragia puerperal é uma complicação de alta
A infecção puerperal está entre as principais e mais incidência de mortalidade materna, tendo como causas
constantes complicações. a atonia uterina, lacerações do canal vaginal e retenção
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem de restos placentários. É importante procurar identificar
a resistência à infecção causada por microrganismos en- os sinais de hemorragia, de quinze em quinze minutos
contrados no corpo. e avaliar rotineiramente a involução uterina através da
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimen- palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
to de infecções: o trabalho de parto prolongado com a complicação são útero macio (maleável, grande, acima
bolsa amniótica rompida precocemente, vários toques do umbigo), lóquios em quantidades excessivas (conten-
vaginais, condições socioeconômicas desfavoráveis, ane- do coágulos e escorrendo num fio constante) e aumento
mia, falta de assistência pré-natal e história de doenças das frequências respiratória e cardíaca, com hipotensão.
sexualmente transmissível não tratada. O parto cesáreo Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfer-
tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, magem deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando
pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, va- na assistência para reverter o quadro instalado, atentan-
sos sanguíneos, linfáticos e peritônio estão expostos às do, sempre, para a possibilidade de choque hipovolêmi-
bactérias existentes na cavidade abdominal e ambiente co. Deve, ainda, providenciar um acesso venoso permeá-
externo. A perda de sangue e consequente diminuição vel para a administração de infusão e medicações; bem
da resistência favorecem o surgimento de infecções. como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, mas-
Os sinais e sintomas vão depender da localização e sageando-o suavemente para estimular as contrações,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do grau da infecção, porém a hipertermia é frequente colher sangue para exames laboratoriais e prova cruzada,
- em torno de 38º C ou mais. Acompanhando a febre, certificar-se de que no banco de sangue existe sangue
podem surgir dor, não involução uterina e alteração das compatível (tipo e fator Rh) com o da mulher, em caso
características dos lóquios, com eliminação de secreção de reposição e preparar a puérpera para a intervenção
purulenta e fétida, e diarreia. cirúrgica, caso isto se faça necessário.
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médi- Complementando esta avaliação, também há verifi-
co, objetiva identificar restos ovulares; nos casos neces- cação dos sinais vitais, considerando-se que a frequência
sários, deve-se proceder à curetagem. cardíaca diminui para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos pri-
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais meiros dias após o parto, em vista da redução no volume
vitais da puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica sanguíneo. Uma taquicardia pode indicar perda sanguí-
correta de lavagem das mãos e outras que ajudem a evi- nea exagerada, infecção, dor e até ansiedade. A pressão

104
sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode enfermagem deve estar atento para as seguintes
estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu au- condutas: orientar sobre a pega correta da aréola
mento é sugestivo de hipertensão. É também importante e a posição adequada do recém-nascido durante a
observar o nível de consciência da puérpera e a colora- mamada; o uso do sutiã firme e bem ajustado; e a
ção das mucosas. realização de massagens e ordenha sempre que as
Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, mamas estiverem cheias;
avaliando a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar - Rachaduras e/ou fissuras, podem aparecer nos pri-
compressas de gelo nesta região, pois isto propicia a va- meiros dias de amamentação, levando a nutriz a
soconstrição, diminuindo o edema e hematoma e evitan- parar de amamentar.
do o desconforto e a dor; avaliar os membros inferiores
(edema e varizes) e oferecer líquidos e alimentos sólidos Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfer-
à puérpera, caso esteja passando bem. magem deve orientar a mãe a manter a amamentação;
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados incentivá-la a não usar sabão ou álcool para limpar os
de um parto normal e mais os cuidados de um pós-ope- mamilos; a expor as mamas ao sol por cerca de 20 minu-
ratório, observando as características do curativo opera- tos (antes das 10 horas ou após às 15 horas); e a alternar
tório. Se houver sangramento e/ ou queixas de dor, co- as mamas em cada mamada, retirando cuidadosamente
municar tal fato à equipe. o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con-
dutas adotadas para o ingurgitamento mamário.
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no - Mastite é um processo inflamatório que costuma se
alojamento conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, desenvolver após a alta e no qual os microrganis-
inicia os cuidados com o bebê, sob supervisão e orienta- mos penetram pelas rachaduras dos mamilos ou
ção da equipe de enfermagem, o que lhe possibilita uma canais lactíferos. Sua sintomatologia é dor, hipe-
assistência e orientação integral. remia e calor localizados, podendo ocorrer hiper-
No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo termia. A puérpera deve ser orientada a realizar os
auxiliar de enfermagem baseia-se em observar e regis- mesmos cuidados adotados nos casos de ingurgi-
trar o estado geral da puérpera, dando continuidade aos tamento mamário, rachaduras e fissuras.
cuidados iniciados no puerpério imediato, em intervalos
mais espaçados. Deve também estimular a deambulação
Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve
precoce e exercícios ativos no leito, bem como observar
ser dada às orientações sobre o retorno à atividade se-
o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nas-
xual, planejamento familiar, licença-maternidade de 120
cido (incentivando o aleitamento materno), a aceitação
dias (caso a mulher possua vínculo empregatício) e im-
da dieta e as características das funções fisiológicas, em
portância da consulta de revisão de pós-natal e pueri-
vista da possibilidade de retenção urinária e constipação,
cultura.
orientando sobre a realização da higiene íntima após cada
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, pre-
eliminação e enfatizando a importância da lavagem das
mãos antes de cuidar do bebê, o que previne infecções. ferencialmente, junto com a primeira avaliação da criança
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para na unidade de saúde ou, de preferência, na mesma uni-
o auxiliar de enfermagem desenvolver ações educativas, dade em que efetuou a assistência pré-natal, entre o 7º e
buscando valorizar as experiências e vivências das mães o 10º dia pós-parto.
e, com as mesmas, realizando atividades em grupo de Até o momento, foi abordado o atendimento à ges-
forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa metodologia tante e ao feto com base nos conhecimentos acumula-
propicia a detecção de problemas diversos (emocionais, dos nos campos da obstetrícia e da perinatologia. Com o
sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puér- nascimento do bebê são necessários os conhecimentos
pera e/ou família para uma tentativa de solução. de um outro ramo do saber, a neonatologia.
O profissional deve abordar assuntos com relação ao re- Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comu-
lacionamento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, mente definida como um ramo da medicina especiali-
colocando em prática a técnica de amamentação; higiene zado no diagnóstico e tratamento dos recém-nascidos
corporal da mãe e do bebê; curativo da episiorrafia e cica- (RNs). No entanto, ela abrange mais do que isso, engloba
triz cirúrgica; repouso, alimentação e hidratação adequada também o conhecimento da fisiologia dos neonatos e de
para a nutriz; uso de medicamentos nocivos no período suas características.
da amamentação, bem como álcool e fumo; importância
da deambulação para a involução uterina e eliminação de AS PRINCIPAIS DOENÇAS FEMININAS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.


A mama é o único órgão que após o parto não invo- 1. Câncer de útero
lui, enchendo- se de colostro até trinta horas após o par-
to. A apojadura, que consiste na descida do leite, ocorre O câncer de útero atinge milhares de mulheres. É uma
entre o 3º ou 4º dia pós-parto. doença que se desenvolve devagar e silenciosamente. O
A manutenção da lactação depende do estímulo da período de desenvolvimento pode ir de 10 a 20 anos.
sucção dos mamilos pelo bebê. Começa com pequenas lesões que vão aumentando e se
As mamas também podem apresentar complicações: aprofundando quando não são tratadas.
- Ingurgitamento mamário, em torno do 3º ao 7º dia
pós-parto, a produção láctea está no auge, oca- Fatores que favorecem o câncer de útero:
sionando o ingurgitamento mamário. O auxiliar de - Início da atividade sexual muito cedo;

105
- Ter tido muitas infecções sexualmente transmissíveis; todas as neoplasias, considerando ambos os sexos, cor-
- Falta de higiene respondendo a 7,3% de todos os cânceres humanos. O
- Ser fumante câncer cervical é uma doença potencialmente prevení-
- Desnutrição vel, através de métodos de rastreamento de lesões pré-
- Falta de vitamina A (encontrada em requeijão, lei- -malignas e da identificação e controle dos fatores de
te, manteiga, peixe, ovos, fígado, cenoura, batata risco associados. O Brasil é o nono lugar entre os quin-
doce, espinafre, couve, alface, salsa). ze países com maiores taxas de mortalidade por câncer
de colo uterino no mundo. O número de casos novos
O câncer do colo do útero é fácil prevenir? de câncer do colo do útero esperado para o Brasil, em
Nenhuma mulher deveria morrer de câncer do colo 2006, é de 19.260, com um risco estimado de 20 casos a
do útero, porque esse é um câncer fácil de prevenir e cada 100 mil mulheres. A idade é um marcador de risco
de curar. Se o câncer for percebido bem no começo, a importante, com o pico de incidência, para o carcinoma
mulher tem 100% de chance de cura. Muito antes de ele “ïn situ” ocorrendo entre os 20 e 30 anos de idade. O
aparecer, o exame Papanicolau (ou ‘preventivo’) revela se vírus do papiloma humano (HPV) é considerado o mar-
o colo da mulher tem certas condições que podem levar cador de risco mais importante para o câncer de colo
ao câncer. Se essas condições pré cancerígenas forem uterino. É um achado citológico encontrado em 3 a 8%
tratadas, a doença pode ser evitada. O câncer do colo das mulheres rastreadas. O risco relativo de desenvol-
do útero é um tumor que cresce devagar e pode ser per- vimento do câncer de colo de útero apresenta um au-
cebido bem no comecinho, muito antes de aparecerem mento linear (até aproximadamente 9) proporcional ao
sinais ou sintomas. Da ferida ou inflamação inicial até o número de parceiros, assim como mulheres com início
câncer localizado, podem decorrer de dois a dez anos. da atividade sexual anterior aos 17-18 anos apresentam
Enquanto está somente no colo o câncer é curável em um risco relativo variando entre 2-3. Alguns estudos epi-
85% dos casos. demiológicos têm sugerido vários fatores implicados no
Esse é o tipo de câncer que mais aparece no apare- desenvolvimento de neoplasia cervical, entre os quais se
lho genital das mulheres. Os canceres de ovário, trompas, encontram o baixo nível socioeconômico e a presença
endométrio (parede interna do útero) e vagina são mais de doenças sexualmente transmissíveis (DST), tabagismo
raros. e diversas características associadas ao comportamento
sexual, como número de parceiros e idade da primeira
Como prevenir o câncer do colo do útero?
relação sexual. As fumantes parecem ter um risco maior
- Fazer todo ano uma consulta ginecológica e o exa-
de apresentar câncer de colo de útero do que as nãos fu-
me Papanicolau (o ‘preventivo’). Esses exames des-
mantes. Também um fator importante a ser considerado
cobrem cedo qualquer problema;
é a dificuldade de acesso ao serviço de saúde, material
- Tratar feridas e infecções do colo produzidas por
coletado inadequadamente pelo profissional de saúde e
situações de aborto, parto e doenças sexualmente
lâmina mal avaliada pelo citologista.
transmissíveis;
- Se consultar mesmo sem perceber qualquer proble-
ma ginecológico; Particularmente, infecção pelo Papilomavírus Huma-
- Usar camisinha para se proteger de doenças sexual- no (HPV), especialmente os sorotipos 16, 18, 31, 33, 35
mente transmissíveis; foram associados ao risco de desenvolver o câncer de
colo uterino. Uso de anticoncepcionais orais e o taba-
Sinais do câncer de colo do útero gismo são fatores que parecem contribuir para elevar
- Corrimento parecido com água de lavagem de carne; o risco de displasias associadas ao HPV. Além disso, o
- Sangramento fora do normal, principalmente de- início precoce de relações sexuais e o elevado número
pois da menopausa; de parceiros são fatores reconhecidamente associados à
- Dor e sangramento nas relações sexuais; maior prevalência de DSTs, dentre elas se destacando a
- Dor na parte mais baixa da barriga; infecção pelo HIV. É uma patologia que evolui muito len-
- Mau cheiro. tamente. Estima-se que cerca de 50% de todos os casos
Magnitude (o quanto é frequente a condição) de carcinoma “in situ” progridam para carcinoma invasor
num período de anos de evolução. A padronização das
As maiores causas de morte na população feminina ações de saúde da mulher visa a alcançar a melhoria da
são as doenças cardiovasculares, seguidas das neopla- qualidade e cobertura da assistência à saúde das mulhe-
sias. Entre essas, a principal causa de morte é o câncer res que procuram o Sistema Único de Saúde em nossa
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de mama e o câncer de colo uterino está em 4º lugar. cidade.


No Brasil, estima-se que o câncer do colo do útero seja o
terceiro mais comum na população feminina, sendo su- Transcendência (gravidade do problema)
perado pelo câncer de pele não melanoma e de mama.
Este tipo de câncer representa 10% de todos os tumores As mulheres representam uma prioridade para as po-
malignos em mulheres. É uma doença que pode ser pre- líticas públicas de saúde pelas suas peculiaridades sócias
venida, estando diretamente vinculada ao grau de sub- biológicas, nas quais as ações de saúde podem ter um
desenvolvimento do país. impacto direto na redução dos índices de morbimortali-
Cerca de 80% dos casos ocorrem em países em de- dade, interferindo positivamente nos indicadores de saú-
senvolvimento, onde o carcinoma de cérvice é o princi- de de uma população.
pal câncer em mulheres, atingindo o quinto lugar entre

106
Vulnerabilidade (o quanto é efetivo o tratamento) 1A. - Oferecer o rastreamento ao câncer de colo ute-
rino a mulheres a partir dos 18 anos de idade ou
O protocolo tem por objetivo padronizar o atendi- com vida sexual ativa em qualquer idade, inclusive
mento, orientar a realização do mínimo a ser feito para durante a gestação. Ainda não há evidências epi-
garantia de boa qualidade, facilitando a informatização demiológicas clínicas de benefícios na diminuição
dos dados e possibilitando a realização de vigilância das da morbimortalidade da mulher em executar cito-
situações de risco. A prioridade deve ser no sentido de patológico de colo uterino em mulheres com me-
diminuir a morbimortalidade da mulher por câncer de nos de 18 anos. Há evidências fortes de diminuição
colo uterino. O câncer de colo uterino atinge mulheres da mortalidade após rastreamento regular com o
jovens com grande frequência e é potencialmente pre- teste de Papanicolau e a inspeção visual com ácido
venível. Assim sendo, sua prevenção e detecção preco- acético e lugol em mulheres sexualmente ativas ou
ces apresentam importante impacto em saúde pública com idade igual ou superior a 18 anos. O limite de
prevenindo milhares de mortes. É uma patologia que idade em que o rastreamento deve ser suspenso é
evolui muito lentamente. Estima-se que cerca de 50% desconhecido, mas pela história natural da doença
de todos os casos de carcinoma “in situ” progridam para a literatura aponta como sendo 65 anos este limite;
carcinoma invasor num período de anos de evolução. desde que nos últimos 10 anos os exames de ras-
Nos países desenvolvidos, a sobrevida média estima- treamento para câncer de colo uterino tenham tido
da em cinco anos varia de 59% a 69%. Nos países em resultado normal e que esta mulher não pertença a
desenvolvimento, os casos são encontrados em estágios nenhum grupo de risco para câncer cervical.
relativamente avançados e, consequentemente, a sobre-
vida média é estimada em 49% após cinco anos. A pre- Os fatores de risco para câncer de colo uterino são
venção e tratamento de doenças sexualmente transmis- (DST, promiscuidade, precocidade das relações sexuais,
síveis (DST), particularmente a comportamento sexual, tabagismo, etc.) e os fatores protetores são (uso de pre-
como número de parceiros e idade da primeira relação servativos, higiene, exame ginecológico periódico, par-
sexual podem ser passíveis de interferência das equipes ceiros fixos, tratamento e diagnóstico precoce das lesões
de saúde e educação, podendo ter impacto na prevenção pré-malignas).
dos fatores de risco associados ao desenvolvimento do
Nível de Evidências:
câncer de colo uterino.
3. (estudo de coorte / caso controle)
4. (evidências de séries múltiplas, com ou sem inter-
Objetivo
venção)
5. (opiniões de autoridades respeitadas, baseadas na
Diminuir a morbimortalidade por câncer de colo, experiência clínica, estudos descritivos ou comitês
através de: de experts)
1. Ampliação da cobertura de rastreamento, privile-
giando a busca àquelas pacientes que nunca foram Há boas evidências para se incluir o exame de pre-
submetidas a qualquer exame preventivo anterior; venção e detecção precoce do câncer de colo uterino no
2. Identificação das pacientes expostas aos fatores de exame de saúde de mulheres sexualmente ativas. Mulhe-
risco; res dos grupos de risco devem ser rastreadas com maior
3. Detecção precoce e tratamento das lesões precur- frequência, se possível anualmente(Grau de recomenda-
soras do câncer de colo uterino; ção B). Quanto à citologia em meio líquido não há evi-
4. Realização de vigilância epidemiológica e de bus- dências que suportem sua indicação como método de
ca ativa de mulheres faltosas, cujos resultados dos rastreio, especialmente devido a seu alto custo.
exames de prevenção mostraram-se alteradas;
5. Qualificação e humanização destas ações, integran- 2A. - Rastreamento de Câncer de Colo Uterino Atendi-
do-as às demais ações e programas de assistência mento Individual. O exame de prevenção ao câncer
à saúde; de colo uterino realizado nos postos de saúde de-
6. Revisar a literatura médica para atualização deste verá estar integrado à consulta de saúde da mulher.
protocolo clínico anualmente.
- Anamnese: avaliar saúde geral, gineco obstétrica e
População Alvo dados sócio econômicos, buscando a identificação
de riscos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Todas as mulheres com mais de 18 anos ou com vida - Exame Clínico


sexual ativa em qualquer idade. - Exame ginecológico:
População com ênfase especial - Exame de mamas: inspeção e palpação (segundo
- Mulheres com inicio de vida sexual ativa anterior protocolo de mama).
aos 18 anos. - Realização do exame a fresco de secreção vaginal
- Mulheres com comportamento de risco para DST/ (onde houver microscópio);
AIDS
- Mulheres em situação de vulnerabilidade social - Rastreamento do câncer de colo uterino: coleta do
- Tabagistas exame citopatológico de colo uterino; inspeção vi-
- Mulheres soropositivas para HIV ou imunodeprimidas. sual do colo uterino com ácido acético e lugol.
Anotações referentes ao algoritmo - Exame de toque vaginal.

107
Técnica de coleta de exame citopatológico de preven- 2. Atipias celulares
ção ao câncer de colo uterino 2.1. Alterações de significado indeterminado:
2.1.1 Células Escamosas:
- Não estar menstruada. Diferenciar menstruação de - Possivelmente não neoplásicas (ASC-US de Bethesda)
sangramento vaginal, pois este poderá ser sinal de - Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau
lesão de colo detectável à inspeção visual; Coletar (ASC-H de Bethesda)
mesmo na presença de menstruação se esta for a 2.1.2. Células Glandulares:
melhor oportunidade de realizar o exame em pa- - Possivelmente não neoplásicas
ciente que não tenha tido acompanhamento regular. - Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau.
- Não usar cremes vaginais há pelo menos 4 dias; 2.1.3. De origem indefinida:
- Não ter relações sexuais até 24 horas antes; - Possivelmente não neoplásicas
- Coletar o exame mesmo na presença de leucorréia, - Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau.
pois esta poderá ser a única oportunidade (retirar
o excesso de secreção com gaze); 2.2. Atipias celulares em células escamosas:
- Colocar espéculo sem lubrificantes; 2.2.1 Lesão intraepitelial de baixo grau (compreen-
- Não utilizar nenhuma solução intravaginal antes da dendo efeito citopático pelo HPV e NICI).
coleta; 2.2.2 Lesão intraepitelial de alto grau (compreenden-
- Realizar coleta ecto e endocervical: do NIC II e NICIII).
2.2.3 Lesão intraepitelial de alto grau, não podendo
A combinação mais eficiente é o uso de escova para excluir microinvasão
coleta da endocérvice, e da espátula de Ayre para coleta 2.2.4 Carcinoma epidermóide invasor.
da ectocérvice, girando-a 360 graus sobre a JEC (junção
escamo colunar) colocadas de forma sobreposta na mes- 2.3 Atipias celulares em células glandulares:
ma lâmina. (Grau de recomendação A). 2.3.1 Adenocarcinoma in situ
- Espalhar o material sobre a lâmina previamente 2.3.2 Adenocarcinoma invasor: cervical, endometrial,
identificada e fixar imediatamente com fixador ci- sem outras especificações
tológico ou álcool 95%.
3. Outras neoplasias malignas
Periodicidade do Rastreamento
- A cada três anos, após dois exames normais con- 4. Presença de células endometriais (na pós-menopau-
secutivos com intervalo de um ano. (Grau de re- sa ou acima de 40 anos, fora do período menstrual).
comendação A). Existe pouca evidência de que o 4A. - Exames Normais: A paciente apresenta inspeção
rastreamento anual é mais efetivo do que a cada 3 visual do colo uterino normal e resultado do exa-
anos para a população em geral. me citopatológico do colo uterino normal. Neste
- Anualmente em mulheres com risco (HIV positivo, momento avalia-se a adequabilidade da amostra:
imunodeprimidas, com lesões prévias de alto risco). satisfatória ou insatisfatória.
- Mulheres histerectomizadas por outras razões que 5A. - Satisfatória, com representatividade da JEC. A
não o câncer ginecológico, não precisam ser incluí- periodicidade do rastreamento será a cada três
das no rastreamento. anos, desde que existam dois exames normais
consecutivos (com intervalo de um ano) e que não
3A. - No exame de rastreamento de câncer de colo exista situação de risco.
uterino (coleta de citopatológico de colo uterino, inspe- 6A. - Insatisfatória. Tratar as vulvovaginites, se neces-
ção visual e inspeção com ácido acético e lugol) são con- sário, e repetir imediatamente. 7 e
sideradas alteradas as seguintes situações: 8A. - Na presença de lesões intraepiteliais de baixo
grau (NIC I e HPV) e atipias em células escamosas
Alterações visuais no colo uterino: (ASC-US), realizar citologia em 6 meses.
- Pólipos 9A. - Duas citologias consecutivas normais ( 6/6 me-
- Tumores ses) voltar a rotina de rastreamento básica.
- Erosões 11A. - Se uma das duas citologias forem: ASC-US, AS-
- Epitélio branco C-H ou lesões de baixo grau (NICI- HPV) encami-
- Áreas leucoacéticas nhar para colposcopia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Áreas com Teste de Schiller positivo. 12A. - Vide 17 A ou 21 A.


13A. - Se alto grau (NICII ou NICIII), microinvasão, carci-
Alterações no exame citopatológico de colo uterino: noma epidermóide invasor, adenocarcinoma in situ
ou invasor, devemos encaminhar para a referência.
1. Alterações celulares benignas: (citologia normal) 15A. - Na presença de ASC-H (atipias em células es-
- Inflamação camosas de significado indeterminado que não se
- Reparação pode afastar lesão de alto grau) ou alterações na
- Metaplasia escamosa imatura inspeção visual encaminhar para colposcopia.
- Atrofia com inflamação 17A. - Colposcopia normal ou insatisfatória. É con-
- Radiação siderada satisfatória a colposcopia em que a JEC
(junção escamo colunar) é visível e insatisfatória

108
quando ocorrer inflamação intensa ou atrofia acen- Doenças Sexualmente Transmissíveis
tuada. Nestes casos tratar a alteração e repetir a
colposcopia após 30 dias. Para os casos de atrofia, São chamadas doenças sexualmente transmissíveis
usar estrogênio via vaginal por 7 dias antes do exa- àquelas que geralmente são transmitidas pelo ato sexual.
me, desde que não haja contraindicações para tal No caso do seu aparecimento é o casal que deve ser tra-
conduta. Se após o tratamento a colposcopia for tado. Durante o tratamento deve-se evitar a relação se-
normal, repetir citologia em 6 meses. xual ou fazê-la com o uso de preservativo. As infecções
18A. 19 e 20 - Após duas citologias normais coletadas mais comuns são:
com intervalo de 6 meses , retornar a rotina de ras- - Candidíase
treamento básico. - Tricomoníase
21A. - Colposcopia com lesão: encaminhar para a - Gonorreia
referência - Sífilis
- AIDS (A mais perigosa)
Colposcopia com lesões de baixo grau
Candidíase: É causada por um fungo que está pre-
As lesões colposcópicas de baixo grau são: epitélio sente nas pessoas, animais domésticos, água, ar e solo. A
acetobranco tênue e plano, pontilhado fino, mosaico mulher sente coceira na vagina e irritação, sente ardên-
regular, ausência de vasos atípicos, zona iodo negativa cia ao urinar e dor nas relações sexuais. O corrimento é
muda. Observar se as alterações encontram-se dentro branco ou amarelado, tem cheiro azedo e aparência de
ou fora da zona de transformação; Nível de Evidências: leite talhado, podendo aparecer inchação e vermelhidão.
4 (evidências de séries múltiplas, com ou sem interven- O homem não sente nenhum sintoma. O aparecimento
ção) e 5 (opiniões de autoridades respeitadas, baseadas da candidíase é favorecido por uso de muito antibióti-
na experiência clínica, estudos descritivos ou comitês de co, corticoides, alergias, gravidez, obesidade e falta de
experts) higiene.

Colposcopia com lesões de alto grau ou insatisfatória Para prevenir a Candidíase, é importante evitar o uso
com lesão de antibiótico sem receita médica, fazer higiene da va-
gina antes e depois da relação sexual, lavando da frente
As alterações observadas na colposcopia de alto grau para trás, usar calcinha de algodão. O tratamento é sim-
são: epitélio branco com relevo, pontilhado grosseiro, ples e eficaz. O medicamento receitado por um médico é
mosaico irregular; vasos atípicos; orifícios glandulares tomado por via oral em dose única.
com halos espessados. Observar se as alterações encon-
tram-se dentro ou fora da zona de transformação. Tricomoníase: A mulher sente muita coceira, apre-
senta corrimento fino, cinzento amarelado e com mau
23A. - Se citologia com atipias (ASC-US ou mais) en- cheiro, dificuldade de urinar, dor na relação, menstrua-
caminhar para referência ção muito forte. No homem os sintomas quase não apa-
24A. - Na presença de: Lesão intra-epitelial de alto recem, quando aparecem são: ligeira coceira no pênis,
grau (NIC II e NICIII), carcinoma epidermóide mi- secreção clara no pênis, dificuldade de urinar.
croinvasor ou invasor, adenocarcinoma e AGUS:
Encaminhar para referência e tratar as vulvova- Gonorreia: Também chamada de pingadeira ou escor-
ginites, se presentes, antes do OBS: Na presença rimento. É uma doença que muitas vezes não tem sin-
de células endometriais em mulher com mais de tomas no seu início. Na mulher os sintomas podem ser:
quarenta anos, fora do período menstrual, acon- - Corrimento amarelado com cheiro fétido;
selha-se investigar patologias ovariana, tubária ou - Dor ao urinar;
endometrial, sendo então encaminhadas para a - Desconforto retal.
unidade de referência.
Muitas vezes esta infecção está localizada no colo do
Câncer de Mama útero, nas trompas e no ânus. No homem o primeiro sin-
toma é a dificuldade de urinar pela ardência e coceira.
O câncer de mama tem matado e continua matando Do pênis sai secreção amarelada (pus) com mau cheiro.
muitas mulheres no Brasil. A maioria dessas mortes po- A ereção do pênis fica dolorida. A infecção pode ir para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

deria e pode ser evitada se a doença for descoberta no a próstata, para a vesícula, causando ínguas na virilha e
início, quando o tratamento tem mais chances de cura. É febre. Tanto na mulher quanto no homem, a gonorreia
uma doença que aparece nos seios, como um caroço, em pode levar à esterilidade (não ter mais filhos). As bac-
alguns casos, cresce rapidamente e precisa ser retirado o térias da gonorreia podem entrar no sangue e causar
mais rápido possível. As formas de descobrir a doença são: doenças nas juntas e no coração. Podem também causar
- Através do exame dos seios feito em uma consulta conjuntivite nos recém-nascidos. Não se deve esperar
ginecológica, no mínimo uma vez por ano; para tratar a doença. É preciso procurar o médico. Du-
- através do “auto exame”; ou seja, o exame feito pe- rante o tratamento até a cura da doença não se deve
las próprias mulheres. manter relação sexual.

109
Sífilis: Esta doença apresenta três fases: - Use sempre papel higiênico macio para retirar se-
creções na vagina;
1º fase. Surge nas primeiras semanas após o contá- - Evite o uso de roupas justas ou de tecidos sintéticos;
gio. Aparece uma ferida vermelha, brilhante, dura, - Dê preferência a dormir sem calcinhas;
sem dor, com mais ou menos 1 cm de tamanho no - Fique atenta para os corrimentos;
local onde o agente causador entrou. Geralmente, - Use sempre camisinha em suas relações sexuais.
aparece perto dos órgãos genitais da mulher e do Não tenha vergonha de procurar um médico para
homem, na boca ou nos seios. Nesta fase é muito tratar estas doenças.
fácil passar a doença de uma pessoa para outra. AIDS, a doença mais perigosa: É uma doença provo-
2º fase. Situa-se entre os 45 e 180 dias após o con- cada por um vírus, o HIV, que ataca a defesa do corpo
tágio. Nesta fase o corpo todo está afetado. Os contra as doenças. Por isso a pessoa que tem AIDS chega
sinais da infecção são diversos. Os mais comuns à morte por doenças comuns. A transmissão do vírus se
são: feridas na pele que variam de local, número
dá por meio de líquidos corporais como secreção vagi-
e tamanho. Podem aparecer manchas esbranqui-
nal, sêmen e sangue. Fora dos líquidos corporais o vírus
çadas na boca e na garganta e queda de cabelos.
não dura mais do que dois minutos.
Muitas vezes também surgem febres, ínguas e do-
res nas juntas. Nesta fase a doença continua sendo A transmissão se dá por: Relação sexual, anal ou oral
contagiosa. se houver ferida na boca; Uso comum de agulhas con-
3º fase. Mesmo sem tratar, as feridas desaparecem taminadas; Transfusão de sangue contaminado; De mãe
e a doença entra para a fase silenciosa (latente). para filho durante a gestação.
Os sintomas finais desta doença se apresentam
somente entre dez e trinta anos após o contágio. Sintomas:
Eles são: doenças cardíacas, doenças cerebrais que - Cansaço persistente com duração de mais de três
levam à paralisia, cegueira e morte. Pelas conse- meses;
quências graves, a sífilis deve ser tratada logo no - Grande perda de peso sem motivo aparente;
início da doença com muita seriedade. Para des- - Febres persistentes, acompanhadas por calafrios e
cobrir se a pessoa foi contagiada é preciso fazer suores noturnos;
exame de sangue. A mulher grávida que tiver sífilis - Diarreia frequente;
transmite ao bebê e ele nasce com malformações - Ínguas por todo o corpo;
causadas pela doença. - Tosse seca, com longa duração;
- Manchas (lesões) esbranquiçadas na boca, em gran-
Corrimento: O corrimento vaginal pode ser caracteri- de quantidade;
zado como a presença de muco de cor clara ou esbran- - Diminuição do fôlego durante o esforço físico;
quiçada na vagina, acima da quantidade habitual. O au- - Facilidade de sangramento em qualquer ferimento;
mento do corrimento vaginal isolado ou associado com a - Dores de cabeça, fortes e persistentes, acompanha-
mudança na cor ou no cheiro do corrimento ou com co- das de problemas de visão.
ceira vaginal pode, por outro lado, ser o primeiro sinal de
uma doença específica. Estas doenças, além de causarem Estes sintomas aparecem quando a doença encon-
problemas e complicações para as próprias mulheres, tra-se em estágio avançado. O vírus pode permanecer
são usualmente transmissíveis sexualmente, podendo
durante muito tempo de forma latente.
ser transmitidas para seus companheiros. É importante
consultar um médico.
Como prevenir: Use sempre camisinha em suas rela-
Cistites: A cistite é um tipo de infecção urinária na be- ções sexuais; Faça o teste de HIV sempre que você esteve
xiga. Embora, em alguns casos, a cistite pode desapare- exposta a uma situação de risco; Esteja atento para as
cer em alguns dias, é recomendado procurar um médico formas de contágio.
para o tratamento com remédios antimicrobianos em
períodos de 3 a 14 dias, dependendo do grau da infecção No ano de 2004 a Secretaria Municipal de Saúde de-
e da medicação usada. A falta de tratamento pode levar a finiu como uma de suas prioridades a política de atenção
repetições da enfermidade. Prevenção da cistite: à saúde da mulher. Como parte desta proposta, foi ela-
- Urinar frequentemente; borado o Protocolo de Detecção Precoce e Prevenção ao
- Beber muito líquido, o ideal são 2 litros de água por Câncer de Colo do Útero, com seu respectivo algoritmo.
dia - Higiene pessoal constante, com cuidado es- Este documento foi elaborado por um grupo de especia-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pecial nas partes íntimas. listas da rede que, através de discussões clínicas baseadas
- Evitar o uso de roupas justas por longos períodos, em evidências, buscou aperfeiçoar as rotinas já existentes
de calcinhas de nylon ou material sintético. Usar de de assistência à saúde da mulher em Porto Alegre. No
preferência calcinhas de algodão. ano de 2007 o Protocolo foi revisado pela equipe técnica
da Saúde da Mulher baseando-se na atualização da No-
Medidas de Higiene e Prevenção menclatura Brasileira para Laudos cervicais e Condutas
- A prevenção através da correta higiene das partes preconizadas pelo INCA / Ministério da Saúde (2006).
íntimas é muito importante para a mulher. Os protocolos são recomendações desenvolvidas sis-
- No banho procure usar sabonete neutro na região tematicamente, dentro de uma circunstância clínica especí-
da vagina e evite esfregar forte, pois pode provo- fica, baseados na melhor informação científica. Eles servem
car irritações; como instrumento de auxílio, nunca de obrigatoriedade, e

110
devem ser periodicamente revisados segundo as novas evi- III - Sentar com a cabeça abaixada ou deitar em decúbito
dências médicas. Dentre todos os tipos, o câncer do colo lateral, respirando profunda e pausadamente, melhora a
do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais sensação de fraqueza e desmaio.
de prevenção e cura, chegando perto de 100%, quando Marque a alternativa correta:
diagnosticado precocemente. Seu pico de incidência situa-
-se entre 40 e 60 anos de idade, e apenas uma pequena a) apenas as afirmativas I e III estão corretas.
porcentagem ocorre antes dos 30 anos. b) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) apenas as afirmativas I e II estão corretas.
Embora o Brasil tenha sido um dos primeiros países d) apenas a afirmativa I está correta.
do mundo a introduzir o exame de Papanicolau para ras- e) apenas a afirmativa III está correta.
treamento do câncer do colo do útero, a doença conti-
nua a ser entre nós um grave problema de saúde pública, Resposta. Letra A. A  Sialorreia, também designa-
sendo que os índices de mortalidade continuam estáveis da  hipersalivação, é comum principalmente entre o
nos últimos dez anos. Nos anos de 2002-2003 foi realiza- segundo e o quinto mês de gestação, podendo causar
do pelo Ministério da Saúde o Inquérito Domiciliar que ou acentuar os enjoos próprios do início da gravidez.
mostrou que a cobertura estimada do Papanicolau va-
riou de 74% a 93%. Entretanto, o percentual da realização 2. (PREF. ITUPEVA-SP – 2016 – TÉCNICO DE ENFER-
desse exame pelo SUS variou de 33% a 64%. A Pesquisa MAGEM – BIORIO) São orientações de enfermagem
Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Saúde 2003, apropriadas para as gestantes em pré-natal de baixo ris-
divulgados pelo IBGE /2005, mostraram que nos últimos co, EXCETO:
três anos, a cobertura do exame citológico do colo do
útero foi de 68,7% em mulheres acima de 24 anos de a) o repouso em decúbito lateral esquerdo melhora o
idade, sendo que 20,8% das mulheres nesta faixa etária sintoma de falta de ar.
nunca tinham sido submetidas ao exame preventivo. b) em caso de mastalgia, recomenda-se o uso constante
de sutiã, com boa sustentação, após descartar qual-
Pesquisa de HPV-DNA quer intercorrência mamária.
c) o aumento do número de micções é frequente no iní-
Não se justifica a pesquisa de HPV-DNA porque em cio da gestação, portanto, deve-se orientar a gestante
cerca de 80% será positiva para vírus de alto risco onco- a diminuir a ingestão de líquidos.
gênico. Porém nem toda mulher com HPV de alto risco d) aplicação de calor local é recomendada em caso de
apresentará lesão de alto grau. Para que isto ocorra são lombalgia.
necessários outros cofatores tais como suscetibilidade e) usar protetor solar ajuda na prevenção do cloasma
genética, fatores nutricionais, tabagismo, etc. A pesquisa gravídico.
molecular pode ser utilizada nas pacientes cujo resulta-
do de exame citopatológico apresentar atipias de signi- Resposta. Letra C. Ainda de acordo com o Ministério
ficado indeterminado (para detectar a presença de vírus da Saúde (BRASIL, 2011), apesar da ampliação na co-
oncogênico) ou no seguimento de pacientes que tenham bertura, alguns dados demonstram comprometimen-
sido submetidas a conização ou à cirurgia de alta fre- to da qualidade dessa atenção, o que pode ser ates-
quência. No entanto, como o custo deste procedimento tado pela alta incidência de Sífilis congênita, estimada
é elevado, não existe indicação de realizá-lo como rotina, em 12 casos/1000 nascidos vivos, no SUS (PN-DST/
optando-se pela colposcopia. AIDS, 2002), pelo fato de a hipertensão arterial ain-
da ser a causa mais frequente de morte materna no
Brasil, e o fato de que somente pequena parcela das
gestantes inscritas no Programa de Humanização no
EXERCÍCIOS COMENTADOS Pré-Natal e Nascimento (PHPN) conseguem realizar o
elenco minimodas ações preconizadas.
1. (PREF. ITUPEVA-SP – 2016 – TÉCNICO DE ENFER- 3. (PREF. ITUPEVA-SP – 2016 – TÉCNICO DE ENFER-
MAGEM – BIORIO) No atendimento pré-natal a equi- MAGEM – BIORIO) Sobre os cuidados que devem ser
pe de enfermagem precisa estar atenta às solicitações realizados no alojamento conjunto, na assistência ao bi-
e principais queixas da gestante, de modo a prestar os nômio mãe-filho, analise as afirmativas a seguir:
cuidados e o acolhimento necessários nesta fase da vida
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - Não dar bicos artificiais ou chupetas as crianças ama-


da mulher. Nos casos em que não há patologias clíni- mentadas no seio.
cas mais complexas, o técnico de enfermagem deve dar II - A amamentação cruzada só está permitida em caso
algumas orientações quando se depara com algumas de bebês saudáveis.
queixas frequentes da gestante. Sobre tais queixas e con- III - No que se refere à amamentação deve-se abordar
dutas, analise as afirmativas a seguir: com a mãe as desvantagens da introdução precoce de
qualquer outro alimento, sólido ou líquido (incluindo
I - Em caso de pirose, a gestante deve evitar ingerir café, água e chás).
chá preto, mates, doces e bebida alcoólica.
II - Em caso de sialorreia, a gestante deve fazer repouso
e diminuir a ingestão de líquidos.

111
Assinale a alternativa correta: d) naturalmente colorida (composta por diversos tipos
de alimentos);
a) apenas a afirmativa I está correta. e) segura (preparada de modo que não ofereça riscos
b) apenas as afirmativas I e III estão corretas. à saúde).
c) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) apenas as afirmativas I e II estão corretas. Dicas para uma alimentação saudável
e) as afirmativas I, II e III estão corretas.
Ter uma alimentação saudável é fácil! Basta adotar as
Resposta. Letra B. Contraindicado formalmente pelo dicas listadas a seguir.
Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde
(OMS), a amamentação cruzada, como é conhecida a) faça, no mínimo, cinco refeições por dia (café, al-
a prática de mães que amamentam filhos de outras moço, jantar e dois lanches). Cada refeição deve ser com-
que apresentam alguma dificuldade com o aleitamen- posta por alimentos saudáveis, típicos da região.
to, traz diversos riscos ao bebê, podendo transmitir
doenças, infecto-contagiosas, a mais grave, Aids. 
#FicaDica
Não pule refeições! Fazer todas as refeições
SAÚDE DO ADULTO reduz o risco de gastrite (o estômago não
fica vazio por muito tempo) e auxilia no
Ao visitar as casas que possuem adultos, o ACS deve controle de peso (comer ao longo dia im-
orientar, principalmente, sobre: pede que a pessoa fique com muita fome
a) o esquema vacinal; e acabe exagerando na quantidade de ali-
b) os hábitos alimentares; mentos).
c) a prática de atividades físicas;
d) o consumo de álcool, cigarro e outras drogas;
e) os problemas de saúde (diabetes, hipertensão, tos- b) consuma cereais, tubérculos e raízes, como arroz,
se etc.); milho, mandioca e batata. O ideal é que esses alimentos
f) o rotina. sejam consumidos, sempre que possível, em sua forma
integral e natural.
Esquema vacinal

O esquema vacinal recomendados para pessoas a par- #FicaDica


tir dos 20 anos de idade conta com vacinas para evitar Cereais, tubérculos e raízes são alimentos
sarampo, caxumba, rubéola, tétano, difteria e febre ricos em carboidrato, uma molécula que
amarela, conforme ilustrado a seguir: fornece energia para o funcionamento do
corpo. Por isso, precisam estar presentes
em todas as refeições do dia.

c) coma diariamente, no mínimo, três porções de fru-


tas, legumes e verduras, como banana, laranja, cenoura,
abobrinha, alface e agrião.

#FicaDica
Frutas, legumes e verduras são alimentos
ricos em vitaminas, fibras e minerais. Quan-
do consumidos diariamente, impedem a
prisão de ventre e a ocorrência de várias
doenças.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vacinas indicadas a partir dos 20 anos (Fonte: Minis-


tério da Saúde)

Hábitos alimentares

Uma alimentação saudável deve ser:


a) acessível (com preços acessíveis);
b) variada (com uma grande a variedade de alimen-
tos);
c) harmônica em quantidade e qualidade;

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d) coma arroz com feijão, pelo menos, cinco vezes i) beba água no intervalo entre as refeições.
por semana.
#FicaDica
#FicaDica
A água é essencial para o bom funciona-
A mistura de arroz com feijão fornece uma mento do organismo. Por isso, é indicado
combinação completa de proteínas para o que cada pessoa beba, pelo menos, de dois
organismo. Por isso, precisam ser consumi- a oito copos de água por dia (cerca de dois
dos todos os dias, na proporção de 1 parte litros).
de feijão para 2 de arroz.

j) pratique atividade física e evite o consumo de ál-


e) consuma carnes, aves, peixes, ovos, leite e deriva- cool e cigarro.
dos. O leite desnatado e as carnes magras são os mais
indicados por possuírem menor quantidade de gordura.
#FicaDica
#FicaDica
O uso consumo frequente de álcool e ci-
Leite e derivados são ótimas fontes de cál- garro aumenta o risco de doenças graves
cio para o organismo. Já as carnes, aves, como câncer e cirrose. Já a falta de ativida-
peixes e ovos fornecem vitaminas, proteí- de física pode levar à obesidade.
nas e minerais essenciais para o crescimen-
to saudável.
Atividade física

f) consuma poucas quantidades de óleos vegetais, O estado nutricional de uma pessoa é determinado
manteiga, azeite e margarina. pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), confor-
me a fórmula ilustrada a seguir:
#FicaDica
Embora seja saudável, o azeite deve ser
consumido em poucas quantidades, as-
sim como os óleos vegetais de soja, milho,
canola, algodão e girassol. A manteiga, a
margarina e a gordura vegetal não devem
ser utilizadas para cozinhar. De acordo com o resultado obtido pelo cálculo, a
pessoa pode apresentar:
a) Baixo peso: se tiver IMC menor ou igual a 18,5 kg/
g) evite bebidas industrializadas e alimentos ricos em m2;
açúcar. b) Peso adequado: se tiver IMC entre 18,5 e 24,99 kg/
m2;
#FicaDica c) Sobrepeso: se tiver IMC entre 25 e 29,99 kg/m2;
d) Obesidade: se tiver IMC maior que 30 kg/m2.
Além de muito açúcar, sucos industrializa-
dos, refrigerantes, bolos e biscoitos reche- Os casos de baixo peso, sobrepeso e obesidade po-
ados podem conter corantes e outras subs- dem ser melhorados com orientação nutricional, adoção
tâncias que não fazem bem à saúde. de bons hábitos alimentares e prática de atividades físicas.
Quando associada a uma dieta adequada, a prática
regular de atividade física auxilia no controle do peso,
h) reduza o consumo de sal nas refeições e evite os ali- fortalece o corpo e impede a ocorrência de doenças crô-
mentos ricos em sódio. nicas. Além disso:
a) melhora o funcionamento corporal, reduzindo as
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

perdas funcionais;
#FicaDica b) diminui o risco de morte por doenças
cardiovasculares;
O sal é composto por sódio, uma substân- c) favorece o controle da pressão arterial;
cia bastante encontrada em alimentos in- d) mantém os ossos e as articulações saudáveis;
dustrializados como hambúrguer, salsicha, e) aumenta a resistência dos músculos;
presunto e salgadinhos. O consumo exage- f) melhora a flexibilidade das articulações;
rado de sal pode trazer riscos à saúde. Por g) melhora a postura e o equilíbrio;
isso, recomenda-se consumir, no máximo, h) melhora o funcionamento do intestino;
uma colher rasa de chá por pessoa. i) fortalece o sistema imunológico do organismo;

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j) melhora a qualidade do sono; a) Disfunção erétil: embora seja mais frequente entre
k) reduz o estresse e a ansiedade; os homens mais velhos, a disfunção erétil ou impotência
l) melhora o humor e a autoestima; sexual também pode ser encontrada em indivíduos mais
m) amplia o contato social. jovens.
Saúde bucal no adulto Normalmente relacionada a causas orgânicas e psi-
cológicas, a doença pode acontecer devido a ansieda-
Para contribuir com a saúde bucal dos adultos existen- de, depressão, sentimento de culpa, hipertensão arterial,
tes em sua área de atuação, o ACS deve orientar sobre: diabetes, alterações hormonais, tabagismo, consumo de
a) a forma correta de higienizar a boca; álcool, uso de medicamentos etc.
b) a importância de passar regularmente por avalia- Faz parte das funções do ACS, orientar sobre as op-
ções de saúde bucal, fazendo os tratamentos indi- ções de tratamento disponíveis e tentar controlar/evitar
cados quando necessário; os fatores que contribuem para sua ocorrência.
c) hábitos alimentares saudáveis; b) Câncer de próstata: a próstata é um órgão peque-
d) os riscos e prejuízos do uso de tabaco/derivados e no que se localiza abaixo da bexiga do homem, cuja fun-
outras drogas; ção é produzir parte do sêmen (líquido que carrega os
e) os riscos e prejuízos do consumo abusivo de bebi- espermatozoides).
das alcoólicas; Por razões ainda desconhecidas, suas células podem
f) a necessidade de procurar rapidamente o serviço passar a se multiplicar de forma desordenada, formando
de saúde bucal sempre que houver cáries, dentes um tumor. Em alguns casos, esse tumor cresce rapida-
quebrados, problemas com a dentadura, feridas na mente e se espalha para outros órgãos, causando diver-
cavidade bucal, entre outros. sas complicações. Em outros, cresce de forma tão lenta
que não chega nem a causar sintomas ou problemas que
Saúde do homem afetem a saúde do homem.
O câncer de próstata acontece com maior frequên-
A baixa procura pelos serviços de saúde é uma carac- cia em indivíduos com mais de 50 anos ou que tenham
terística comum dos homens que, geralmente, enxergam casos da doença na família (pai ou irmão com menos de
a doença como um sinal de fragilidade e fraqueza. 60 anos).
Esse comportamento contribui com o aumento de Ainda não se conhecem medidas eficazes para preve-
mortes que, muitas vezes, poderiam ser evitadas se as nir a doença. No entanto, é recomendado que homem
doenças fossem diagnosticadas mais cedo. adote hábitos saudáveis (pode evitar diversas doen-
Diante disso, é importante que o ACS atue em sua ças) e procure o serviço de saúde sempre que perce-
comunidade, alertando os homens sobre a importância ber sintomas, como: dificuldade ou dor ao urinar, au-
de prevenir e tratar problemas de saúde, como: mento da frequência urinária (inclusive à noite), perda
a) câncer; espontânea de urina e urgência para urinar.
b) doenças sexualmente transmissíveis;
c) doenças relacionadas ao excesso de peso, maus há- c) Câncer de pênis: o pênis é um órgão sexual de for-
bitos alimentares e falta de atividade física, como mato cilíndrico que possui, em sua extremidade, uma
diabetes e hipertensão arterial; região volumosa, denominada glande (ou cabeça do pê-
d) doenças ligadas ao uso de álcool, tabaco e outras nis).
drogas. A glande é coberta por uma pele fina e elástica, cha-
Para isso, pode distribuir cartilhas informativas, lançar mada prepúcio. Em alguns homens, o prepúcio tem seu
campanhas voltadas para o público masculino, fazer reu- orifício tão estreito que não permite a exposição da glan-
niões na comunidade, entre outras ações que estimulem de. Essa condição é conhecida como fimose.
o cuidado com a saúde a adoção de um estilo de vida A fimose impede que o homem realize a higienização
mais saudável. adequada do órgão, favorecendo a ocorrência de infec-
Além disso, ao visitar famílias onde há homens, o ACS ções e outras doenças, incluindo o câncer.
deve orientar sobre: O câncer de pênis é uma doença rara, frequentemen-
a) os hábitos alimentares saudáveis; te associada a má higiene íntima, de maior incidência em
b) a prática regular de exercícios; homens com mais de 50 anos e não circuncidados.
c) a importância de manter as vacinas em dia;
d) os riscos e consequência do uso de bebidas alcoó-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

licas, tabaco e outras drogas;


e) os sinais e sintomas de doenças crônicas;
f) a necessidade de passar regularmente por avalia-
ções médicas e odontológicas na UBS.

Problemas de saúde específicos da saúde do homem

Dentre os problemas de saúde que afetam, exclusiva-


mente, os homens, estão a disfunção erétil, o câncer de
próstata e o câncer de pênis.

114
h) se o local onde o idoso mora é seguro;
#FicaDica i) se o idoso faz uso contínuo de medicamentos;
j) se o idoso está acamado e quais cuidados ele ne-
Para contribuir com a redução dos casos de cessita.
câncer e outras doenças que afetam os in-
divíduos do sexo masculino, é importante Caderneta de Saúde do Idoso
que o ACS:
a) esclareça as dúvidas sobre o exame de A principal função da Caderneta de Saúde da Pessoa
toque; Idosa é possibilitar um levantamento periódico de infor-
b) fale sobre essas doenças com a mulheres mações sobre o idoso, permitindo que a esquipe de saú-
para que possam conversar com seus par- de possa atuar precocemente na prevenção de doenças
ceiros/irmãos; e agravos.
c) oriente os homens, com mais de 50 anos Para funcionar como uma ferramenta eficaz, a Cader-
e/ou com histórico de câncer na família, a neta de Saúde da Pessoa Idosa deve ser corretamente
buscarem o serviço de saúde sempre que preenchida com informações passadas pelo próprio ido-
perceberem sintomas urinários. so. Esse preenchimento pode ser feito pelo ACS no mo-
mento da visita domiciliar.
É importante ressaltar que a Caderneta de Saúde da
SAÚDE DO IDOSO Pessoa Idosa é um documento e, por isso, deve estar com
o idoso em todas as consultas médicas.
Os avanços na saúde pública (vacinas, melhorias nas
condições de saneamento ambiental, maior acesso aos Questões que devem ser observadas nas visitas
serviços de saúde e melhor cobertura da Atenção Primá- domiciliares
ria) contribuíram com o aumento da expectativa de vida
da população. Consequentemente, houve um aumento Ao realizar as visitas domiciliares, o ACS deve estar
da população de pessoas idosas (pessoas com mais de atento a questões importantes, como: identificação do
60 anos de idade). idoso, relações familiares, escolaridade, ocupação e há-
Diante dessa nova realidade, em outubro de 2003, foi bitos de vida.
publicado o Estatuto do Idoso, um conjunto de leis que a) Identificação do idoso: a identificação visa conhe-
reafirmam os direitos fundamentais da pessoa idosa no cer o idoso quanto aos seus hábitos de vida, situa-
ção de moradia, ocupação, relações familiares etc.
país. Além disso, também houve a promulgação da Polí-
b) Relações familiares: a perda de um cônjuge pode
tica Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2528,
causar prejuízo emocional e outros transtornos fa-
de 19 de outubro de 2006) e o Pacto pela Vida (Portaria
miliares. Também pode interferir na área econômi-
nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006), tornando a saú-
ca e se tornar um dos principais motivos de asila-
de do idoso uma das prioridades do SUS (Sistema Único
mento do idoso.
de Saúde).
c) Escolaridade: a baixa escolaridade pode interferir
Todas essas políticas têm como objetivo garantir os na comunicação do idoso, exigindo que o profis-
direitos sociais da pessoa idosa, fornecendo condições sional da saúde adeque seu vocabulário, usando
para promover sua autonomia, integração e participação uma linguagem mais simples e acessível.
na sociedade. d) Ocupação: a insatisfação com a ocupação e situa-
Para que, apesar das progressivas limitações, os ido- ção financeira de antes e atual pode repercutir ne-
sos possam continuar vivendo com o máximo de qualida- gativamente no idoso. Além disso, a aposentadoria
de possível, os serviços de saúde precisam oferecer uma pode tornar o indivíduo inativo.
atenção humanizada, com orientação, acompanhamento e) Hábitos de vida: hábitos como tabagismo, sedenta-
e apoio, não só na UBS, mas também no domicílio. rismo e consumo de bebidas alcoólicas podem fa-
Uma das estratégias usadas pelo Ministério da Saúde vorecer o surgimento de diversas doenças na ter-
para identificar os idosos com risco de doenças ou agra- ceira idade, como depressão, ansiedade, câncer de
vos à saúde é a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, pulmão, doenças cardíacas, problemas no fígado,
cujo preenchimento correto permite que as equipes de dores articulares etc. Dessa forma, é preciso refor-
saúde realizem ações de prevenção, recuperação e rea- çar a importância da adoção de hábitos saudáveis
bilitação. mesmo em idades avançadas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para melhor atender as necessidades de sua comuni-


dade, ao visitar famílias com pessoas idosas, o ACS deve Atividades de vida diária e avaliação funcional
verificar:
a) como o idoso mora; Atividades Básicas de Vida Diária (AVD) são as ativida-
b) com quem o idoso mora; des essenciais à sobrevivência de qualquer pessoa, como
c) qual o grau de escolaridade do idoso; vestir roupa, tomar banho, comer, ir ao banheiro e fazer
d) qual o grau de dependência do idoso para realizar a higiene pessoal. Idosos que não conseguem realiza-las,
atividades do dia a dia; precisam de alguém que as faça.
e) se o idoso tem cuidador; Já as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)
f) se o esquema vacinal do idoso está completo; são atividades relacionadas à participação social que re-
g) se o idoso apresenta sinais de violência; velam se o idoso é capaz de levar uma vida independente

115
na comunidade, ou seja, se consegue utilizar meios de Independente da dieta, a tarefa de alimentar um ido-
transporte, manipular medicamentos, usar telefone, pre- so nem sempre é fácil. Por isso, para melhorar a aceitação
parar refeições, entre outras. do alimento e evitar problemas, é recomendado que cui-
É papel do ACS observar as limitações e necessidades dadores e familiares:
do idoso em relação a realização das atividades citadas a) respeitam as preferências e os hábitos culturais do
anteriormente e transmitir todas as informações para a idoso;
equipe de saúde. b) ofereçam as refeições sempre nos mesmos horá-
Essas informações ajudam a determinar o grau de rios, em um ambiente calmo e tranquilo;
dependência do indivíduo e permite que o ACS oriente c) leiam as informações nutricionais presentes nos ró-
familiares e cuidadores sobre as formas de incentivar a tulos dos alimentos no momento da compra, dan-
autonomia do idoso. do preferência para os que forem mais saudáveis;
Medidas como mudanças no ambiente físico e social, d) verifiquem a data de validade de todos os produtos;
uso de equipamentos (próteses, muletas, andadores) e e) não pulem refeições;
administração de determinados medicamentos podem f) não troquem refeições principais (café, almoço e
diminuir as dificuldades do idoso em realizar algumas jantar) por lanches;
atividades, melhorando sua qualidade de vida. g) preparem refeições coloridas, cheirosas e saboro-
sas para estimular o paladar do idoso;
#FicaDica h) evitem o uso exagerado de sal, temperos industria-
lizados e alimentos com muita gordura;
Você sabia? i) utilizem temperos naturais (alho, cebola, orégano
a) Autonomia: significa ter liberdade de etc.) para preparar os alimentos;
agir e tomar decisões. j) ofereçam de seis a oito copos de água por dia ao
b) Independência: significa não ser capaz idoso (no intervalo entre as refeições);
de realizar determinadas atividades sem k) preparem os alimentos de forma que o idoso com
ajuda. ausência parcial ou total dos dentes possa comer
c) Dependência: significa ser capaz de exe- (os alimentos mais duros podem ser picados, moí-
cutar atividade diárias em auxílio. dos, cortados ou ralados);
l) estejam atentos a mudanças de peso do idoso (tan-
to o ganho quanto a perda de peso podem ser
Esquema de vacinação da pessoa idosa
prejudiciais à saúde do idoso);
m) informem a equipe de saúde caso o idoso passe a
A vacinação é capaz de prevenir uma série de doen-
ter dificuldades para engolir;
ças. Por isso, ao realizar as visitas domiciliares, o ACS
n) preparem refeições com alimentos ricos em fibras
deve sempre verificar se o esquema vacinal do idoso está
(frutas, verduras e legumes);
completo.
O calendário vacinal do idoso é composto pelas se- o) ofereçam alimentos ricos em ferro juntamente com
guintes vacinas: outros que contenham vitamina C para aumentar a
a) Dupla bacteriana: previne difteria e tétano. É apli- absorção do nutriente e evitar o aparecimento de
cada em três doses. anemia;
b) Febre amarela: previne contra a febre amarela. p) ofereçam alimentos ricos em cálcio e vitamina D
c) Influenza: previne contra a gripe. para evitar a osteoporose;
d) Pneumococo: previne contra a pneumonia causada q) evitem carnes muito gordas, frituras, biscoitos
pelo pneumococo. amanteigados, pães recheados e doces;
r) não ofereçam água ou alimentos enquanto o idoso
Promoção a hábitos saudáveis estiver deitado (é preciso que ele esteja sentado
para comer ou beber).
Como já citado inúmeras vezes, a adoção de hábitos
alimentares saudáveis previne uma série de doenças e Ambiente seguro e risco de quedas
permite uma melhor qualidade de vida na idade avançada.
A alimentação de uma pessoa idosa que não neces- A queda representa um importante problema de saú-
sita de cuidados específicos deve ser variada, colorida e de pública. Além de reduzir a qualidade de vida das pes-
saudável, composta por: soas idosas, também pode gerar um gasto considerável
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) cereais, tubérculos e raízes; (financeiro, familiar e social).


b) frutas, verduras e legumes; Por isso, ao visitar casas com idosos, o ACS deve ob-
c) leguminosas; servar e alertar cuidadores e familiares quanto a presença
d) carnes, peixes, ovos; de:
e) leites e derivados. a) Tapetes soltos: devem ser substituídos por capachos,
tapete antiderrapante ou com ventosas aderentes.
Idosos em situação de doença (diabetes, hipertensão, b) Pouca iluminação: cômodos e escadas precisam ter
obesidade, câncer e outros) exigem mais cuidados e pre- iluminação adequada (que não ofusque a visão). O
cisam seguir uma dieta alimentar orientada por profis- uso de lanternas ou luminárias pode ser útil quan-
sionais de nível superior da equipe de saúde e acompa- do o interruptor estiver distante.
nhada pelo ACS.

116
c) Dificuldade para levantar-se de vaso sanitário, ca- Diante disso, é importante que, durante a consulta,
deira e sofá: é recomendado o uso de barras de os familiares e/ou cuidador do idoso informem ao pro-
apoio no banheiro e a troca de cadeiras, sofás e fissional da saúde:
vaso sanitário por outros mais altos. a) todos os medicamentos que o idoso utiliza e em
d) Armários altos: as roupas e objetos mais usados quais dosagens;
devem ser colocados em prateleiras mais baixas b) qualquer problema que o idoso tenha tido em fun-
que sejam de fácil acesso para o idoso. ção do uso de medicamentos;
e) Fios soltos: o uso de extensões deve ser evitado. c) o histórico de alergias do idoso;
Caso seja preciso, as mesmas devem ser fixadas no d) se o idoso faz uso de bebidas alcoólicas, tabaco ou
chão com fita adesiva. outras drogas.
f) Piso escorregadio: o chão deve ser mantido sempre
seco e limpo (sem cera). O uso de piso cerâmico an- Também é preciso perguntar ao profissional da saúde:
tiderrapante ou fitas antiderrapantes pode ajudar. a) como o medicamento deve ser usado e por quanto
g) Dificuldade em visualizar os degraus da escada: a tempo;
ponta de cada degrau deve ser pintada de cor di- b) se o idoso pode praticar atividade física enquanto
ferente para facilitar sua identificação. estiver usando o medicamento;
h) Tropeços: o chão precisa estar livre de objetos, c) se o medicamento pode interferir no sono, no es-
brinquedos, vasos, roupas etc. Carpetes e pisos tado de alerta e na capacidade de dirigir veículos;
danificados devem ser reparados. Fitas antiderra- d) como proceder caso o idoso esqueça de tomar
pantes pode ser aplicadas nos degraus da escada. uma dose;
e) se o medicamento pode causar efeitos adversos;
Além dessas observações, também é preciso estar f) se o medicamento pode ser mastigado, partido ou
atento a fatores que apodem aumentar o risco de quedas dissolvido.
e acidentes, como:
a) perda visual (a capacidade visual do idoso pode ser
comprometida por catarata, glaucoma, degeneração #FicaDica
de mácula, derrames, uso de lentes multifocais etc.); O profissional da saúde deve fazer a receita
b) uso de muitos medicamentos; por escrito, de forma que dê para identi-
c) doenças cardiovasculares ou neurológicas; ficar o nome do medicamento, a dose, o
d) osteoporose (atinge principalmente em mulheres horário e o modo de uso.
pós-menopausa);
e) dificuldade de para escutar;
f) sedentarismo;
Para assegurar o uso correto da medicação, tanto o
g) deficiências nutricionais; idoso quanto seus familiares e/ou cuidadores devem ser
h) depressão e medo de cair; orientados pelo ACS a:
i) problemas ou deformidades nos pés; a) colocar os medicamentos em uma caixa com tam-
j) diabetes; pa, diferenciando a cor da caixa de acordo com
k) uso de roupas e sapatos inadequados; o tipo do medicamento (medicamento oral, para
l) uso inadequado de bengalas e andadores. inalação etc.). Caso o idoso não saiba ler, os medi-
camentos podem ser divididos em saquinho com o
FIQUE ATENTO! desenho do horário que deve ser usado;
b) confirmar com o profissional da saúde se os me-
Idosos com histórico de duas ou mais quedas dicamentos poderão ser tomados em horários pa-
em um mesmo ano são considerados pesso- dronizados (café, almoço e jantar);
as frágeis ou em processo de fragilização. In- c) fazer uma lista dos medicamentos que podem e
divíduo frágil é aquele que possui qualquer não podem ser tomados no mesmo horário;
tipo de debilidade ou condição que possa d) deixar somente a receita atual na caixa com os me-
afetar seu vigor físico e/ou mental. Faz par- dicamentos para evitar confusões;
te das funções do ACS, desenvolver junto da e) manter a caixa de medicamentos em local fora do
equipe de saúde, estratégias específicas para alcance de crianças e animais domésticos, protegi-
prevenir a ocorrência de quedas e acidentes, dos da luz e da umidade;
garantindo ao idoso condições para viver f) guardar as embalagens originais dos medicamen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

com mais independência e a autonomia. tos para controle da validade;


g) descartar os medicamentos vencidos;
i) anotar todos os medicamentos que devem ser usa-
Uso de medicamentos dos, assim como suas dosagens e horários, em
uma caderneta;
Pessoas com mais de 60 anos de idade que fazem j) não acrescentar, trocar ou retirar medicamentos
uso de mais de um medicamento por dia devem receber sem orientação médica;
maior atenção por parte da equipe de saúde. k) usar um calendário para anotar a data e o horário
Além de terem o funcionamento do organismo dife- dos medicamentos, evitando doses repetidas;
rente de adultos e jovens, também estão mais sujeitos a l) sempre conferir o nome, a dose e o horário do me-
ocorrência de interações medicamentosas. dicamento antes de dar ao idoso;

117
m) verificar a quantidade disponível de medicamento Idosos que utilizam próteses dentárias exigem maior
antes de feriados e finais de semana para não cor- atenção. Manter a prótese limpa previne doenças e me-
rer o risco do idoso fica sem a medicação. lhora a qualidade de vida do indivíduo.
Uma dica importante é ingerir bastante água ao lon-
Serviços e telefones úteis go do dia para evitar a desidratação, manter a umidade
da boca e reduzir a quantidade de bactérias que se ins-
Familiares e/ou cuidadores de idosos devem manter talam nela.
uma lista com contatos úteis em locais de fácil acesso,
como ao lado do telefone, por exemplo. Alterações em saúde bucal mais frequentes nos
Dentre esses contatos devem estar: idosos:
a) Disque-Saúde (0800 61 1997);
b) SAMU (192); As alterações em saúde bucal que mais acontecem
c) Corpo de Bombeiros (193); em pessoas idosas, são:
d) Polícia (190); a) Alterações na parte interna da boca: alterações
e) Violência contra a Mulher (180); como feridas e machucados brancos podem apa-
f) PREVfone (0800 78 0191); recer na cavidade bucal, exigindo que o idoso pro-
g) Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde (para cure um dentista para fazer o disgnóstico de o tra-
denúncias sobre o atendimento no SUS); tamento adequado.
h) Delegacia de Polícia, ministérios públicos esta- b) Sangramento nas gengivas: pequenos sangra-
duais, conselhos estaduais e municipais do idoso mentos nas gengivas podem ser melhorados em
(para denúncias sobre maus-tratos); poucos dias com escovação e uso do fio dental. Se
i) Unidade Básica de Saúde (UBS responsável pela co- mesmo com esses cuidados, o sangramento per-
munidade); sistir, o idoso deve procurar um dentista na UBS.
j) Pessoas da família que sejam responsáveis pelo c) Doença periodontal: trata-se de uma doença que
idoso. não causa dor, apenas sangramento durante a
escovação. Deixar fazer a escovação para evitar o
sangramento pode piorar a situação e provocar o
#FicaDica amolecimento e queda do dente. Uma dica para
A caderneta de saúde do idoso precisa ser evitar a doença periodontal é manter uma escova-
apresentada em todas as consultas e aten- ção correta e frequente dos dentes.
dimentos de urgência/emergência. Por d) Candidíase: a candidíase é uma doença causada
isso, é necessário que ela sempre esteja em por fungos que se manifesta pelo surgimento de
seu bolso. placas brancas na boca. É favorecida pela baixa re-
sistência e/ou pela higiene deficiente da prótese
dentária (dentadura).
Saúde bucal no idoso e) Raízes dentárias expostas: a exposição da raiz do
dente pode causar sensibilidade ao frio e a subs-
Cuidar da saúde bucal é essencial para melhorar a tâncias ácidas. O uso de pastas de dente específi-
situação atual e prevenir problemas futuros. Por isso, é cas podem melhorar a situação.
recomendado que o idoso visite regularmente o dentista. f) Feridas de longa duração: feridas na cavidade bu-
A consulta com o dentista pode ser feita a cada seis cal podem ser provocadas por dentes quebrados e
meses ou sempre que for necessário. Nela, o profissional dentaduras afiadas e/ou danificadas.
deve examinar cuidadosamente a gengiva, a língua, os g) Boca seca: determinados medicamentos e doenças
dentes e as próteses do idoso. (diabetes) podem diminuir a produção de saliva,
Familiares e/ou cuidadores precisam ser orientado deixando a boca seca. Com isso, o idoso pode pas-
pelo ACS a procurar a UBS sempre que o idoso se queixar sar a ter dificuldades para mastigar, engolir e fixar
de dor ou desconforto. Embora sintam dor, muitos ido- a dentadura. Mascar chicletes e beber bastante
sos não se queixam por medo de ir ao dentista. É papel água pode ajudar.
do ACS reforçar a importância da consulta e tranquilizar h) Escorrimento de saliva: dentaduras mal feitas e
o idoso. doenças como o Parkinson podem causar o es-
Além de dor, o idoso pode apresentar outros sinais, corrimento de saliva. Nesse caso, é indicado que o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

como dificuldades para comer, falar e sorrir. Por isso, fa- idoso procure o dentista da UBS.
miliares e/ou cuidadores precisam estar sempre atentos. i) Déficit alimentar: a dificuldade de mastigar faz com
que o idoso passe a se alimentar apenas de alimen-
Higiene bucal no idoso tos pastosos ou líquidos (normalmente pobres em
vitaminas e fibras), prejudicando sua saúde. Buscar
Pessoas idosas precisam escovar os dentes e utilizar orientação na UBS é o mais indicado nesse caso.
o fio dental todos os dias. Nessa fase da vida, é comum
surgirem distúrbios de audição, visão, memória e coor-
denação motora. Por isso, em alguns casos a família e/
ou do cuidador precisam ajudar no processo de higieni-
zação bucal.

118
a) ter alguma deficiência ou ter 65 anos ou mais;
#FicaDica b) não ter direito à previdência social;
c) não ter condições de trabalhar;
Para chegar na terceira idade com os den- d) ter renda familiar inferior a ¼ do salário mínimo.
tes íntegros é necessário cuidar da saúde
bucal durante a vida toda. Para solicitar o benefício, é necessário comprovar:
a) que tem 65 anos ou mais;
b) a identidade do deficiente, a deficiência e o nível
Emergências no domicílio
de incapacidade por meio da avaliação do Serviço
O envelhecimento provoca mudanças no funciona- de Perícia Médica do INSS;
mento do organismo, fazendo com que a pessoa se tor- c) que não recebe nenhum benefício previdenciário;
ne mais susceptível a agravos, que devem ser cuidados d) que possui renda familiar inferior a ¼ do salário
para evitar complicações. mínimo.
Por isso, familiares e/ou cuidadores precisam es-
tar sempre atentos a alterações na rotina do idoso que Caso apresente todos os requisitos exigidos para re-
possam representar situações de emergência, como por ceber o benefício, a pessoa deve procurar agência do
exemplo: INSS mais próxima de sua residência, levando os seguin-
a) mudança de comportamento; tes documentos:
b) sonolência excessiva; a) Certidão de nascimento ou casamento;
c) apatia; b) Documento de identidade, carteira de trabalho ou
d) confusão mental; outro que identifique o requerente;
e) agitação; c) CPF (se a pessoa tiver);
f) estado febril. d) Comprovante de residência;
e) Documento legal (nos casos de procuração, guar-
Essas alterações podem indicar que existe algo de er- da, tutela ou curatela).
rado e que o idoso precisa passar por uma avaliação da
equipe de saúde. Também deve apresentar os seguintes documentos
de sua família:
a) Documento de identidade;
FIQUE ATENTO! b) Carteira de trabalho;
O idoso deve ser levado imediatamente ao c) CPF;
hospital sempre que apresentar sinais de: d) Certidão de nascimento ou casamento (ou outros
a) infecção grave (confusão mental junto documentos que identifiquem todos os integran-
com febre); tes da família e suas respectivas rendas).
b) pressão baixa (desmaio, tontura, calor re-
pentino, pouca reação e/ou pele manchada, Além de apresentar todos os documentos, no mo-
lembrando mármore); mento da inscrição, o requerente deverá preencher o
c) infecção pulmonar ou problema cardíaco Formulário de Declaração da Composição e Renda Fa-
(muita falta de ar); miliar.
d) desidratação ou falha dos rins (quando o Após o processo, o requerente receberá em sua casa,
idoso para de urinar). uma carta do INSS informando se ele terá ou não o direi-
to ao benefício e como receberá o dinheiro.
Observação: ao procurar o hospital, os familiares e/ 4.9.13 Benefícios previdenciários
ou cuidadores precisam levar os documentos do idoso
(carteira de identidade, caderneta de saúde, cartão do São benefícios previdenciários: a aposentadoria por
plano de saúde etc.) e os medicamentos que ele estiver idade, a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte.
usando, incluindo os comprados sem receita.
a) Aposentadoria por idade: para receber esse bene-
Políticas de assistência social disponíveis à pessoa
fício a pessoa precisa ter contribuído para a Previ-
idosa
dência Social e apresentar a idade mínima exigida
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para trabalhadores urbanos e rurais.


A atenção da política de assistência social é realizada
b) Aposentadoria por invalidez: trata-se de um be-
por meio de serviços, benefícios, programas e projetos
nefício concedido aos trabalhadores que, seja por
específicos para pessoas e famílias que se encontram em
doença ou por acidente do trabalho, se tornaram
situação de risco pessoal e/ou social.
incapazes de exercer suas atividades profissionais.
Benefício de Prestação Continuada (BCP) c) Pensão por morte: esse benefício é pago à famí-
lia quando o trabalhador morre. Para ter direito a
O BCP é um benefício pago pelo governo federal, no ele, o trabalhador precisa ter contribuído para o
qual idosos e pessoas com deficiência recebem, mensal- INSS. O benefício pode ser requerido por esposa,
mente, o valor de um salário mínimo. Para ter direito a marido, companheiro(a), pai, mãe, filho ou irmão
ele, é preciso: menores de 21 anos ou inválidos.

119
d) Orientar quanto à medicação correta, alterando-a, se
necessário.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) Identificar os hipertensos de sua área de atuação e
preencher a ficha B-HA do SIAB (Sistema de Informa-
1. (Prefeitura de Catolé do Rocha/PB – Agente Comu- ção de Atenção Básica).
nitário de Saúde - Fundamental – CPCON/2015) Den-
tre as ações preconizadas para a Hipertensão Arterial, Resposta: Letra E
algumas são específicas do ACS. Assinale a alternativa Em relação aos casos de hipertensão arterial, é papel
INCORRETA. do agente comunitário de saúde rastrear em sua área
de atuação e identificar os indivíduos com a doença,
a) Esclarecer a comunidade sobre os riscos das doenças preenchendo a ficha (ficha específica para casos de hi-
cardiovasculares e da hipertensão. pertensão) do SIAB.
b) Rastreamento dos hipertensos no seu território.
c) Realizar a verificação da pressão arterial em todas as visitas.
d) Estimular a participação dos hipertensos em grupos
educativos e de atividades físicas. CONDUTAS DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM
e) Estimular a ida à consulta pré-agendada com o médico
EM SAÚDE DO ADULTO COM DOENÇAS
ou enfermeiro.
CRÔNICAS TRANSMISSÍVEIS E NÃO
Resposta: Letra C TRANSMISSÍVEIS
São atribuições do agente comunitário de saúde:
a) informar sobre os fatores de risco e as medidas de
prevenção de diversas doenças, dentre as quais en-
contra-se a hipertensão arterial; TUBERCULOSE
b) identificar e encaminhar casos suspeitos de hiper-
tensão para consulta com médico ou enfermeiro nas A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo
unidades básicas de saúde (UBS); mycobacterium tuberculosisou bacilo de Koch em ho-
c) estimular e verificar o comparecimento dos indiví- menagem ao seu descobridor, o bacteriologista alemão
duos encaminhados nas consultas agendadas. Robert Koch em 1882. Essa doença pode atingir todos os
órgão do corpo, em especial os pulmões.
2. (Prefeitura de Maturéia/PB – Agente Comunitário Segundo Souza (2008)
de Saúde - Fundamental – EDUCA/2016) Na atenção à A Tuberculose é uma doença crônica, infectoconta-
saúde do adulto, o Agende Comunitário de Saúde pode giosa, produzida pelo Mycobacterium tuberculosis e que
contribuir para a realização da busca ativa, dentro da sua se caracteriza anátomo patológicamente pela presença
microárea, para cadastro e acompanhamento na unidade de granulomas e de necrose caseosa central, ainda re-
de vários grupos de pacientes, EXCETO: presentando um grande problema em Saúde Pública.
Pode atingir todos os grupos etários, embora cerca de
a) Pacientes Hipertensos. 85% dos casos ocorram em adultos e 90% em sua forma
b) Pacientes Diabéticos. pulmonar. De cada 100 pessoas que se infectam com o
c) Pacientes Usuários de Drogas Ilícitas. bacilo, cerca de 10 a 20% adoecerão. Dados recentes do
d) Pacientes Tuberculosos. Ministério da Saúde indicam um aumento de sua inci-
e) Pacientes com Hanseníase. dência em todo o território nacional.
O Brasil integra o grupo dos 22 países que conce-
Resposta: Letra C tram 80% dos casos de Tuberculose registrados no mun-
Dentro de sua área de atuação, os agentes comunitá-
do. Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saú-
rios de saúde coletam dados que permitem cadastrar
de (SVS), do Ministério da Saúde, cerca de 6 mil pessoas
e acompanhar vários grupos de pacientes com hiper-
morrem todos os anos no país em decorrência da tuber-
tensão, diabetes, tuberculose e hanseníase.
culose. Nos últimos anos, a média de detecção foi de 85
3. (Prefeitura de Duque de Caxias/RJ – Agente Comuni- mil novos casos.
tário de Saúde - Fundamental – IDECAN/2014) Doenças Atualmente o Brasil apresenta 73% de índice de cura
crônicas são aquelas que demoram meses ou até anos dos casos tratados e cerca de 12% de abandono do tra-
para se manifestar; surgindo às vezes, complicações. De- tamento.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ve-se identificar e mapear com a equipe de saúde, quais A transmissão da tuberculose é quase que exclusiva-
são as doenças crônicas mais frequentes no território de mente por vias aéreas. Através da tosse de uma pessoa
atuação da equipe e oferecer estratégias para a sua abor- com tuberculose pulmonar são eliminadas gotículas con-
dagem. Assinale como o agente comunitário de saúde tendo o microrganismo e podem infectar uma pessoas
pode atuar em relação às pessoas com diagnóstico de em contato íntimo e prolongado. A ocorrência ou não
hipertensão arterial. da infecção dependerá também do estado imunológico
da pessoa.
a) Prescrever uma dieta saudável. Os sintomas da tuberculose incluem:
b) Aferir a pressão arterial em toda visita domiciliar. - Tosse seca e contínua;
c) Não permitir que os pacientes faltosos continuem no - Tosse com catarro quando a doença evolui. Poden-
programa. do surgir pus ou sangue no catarro;

120
- Febre baixa, geralmente no final da tarde; Parestesias (sensação de formigamento na pele,
- Suores noturnos; principalmente das mãos e dos pés).
- Perda de apetite; Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao
- Fraqueza, cansaço e prostração; longo dos nervos dos braços e das pernas.
- Perda de peso. Edema ou inchaço de mãos e pés.
Diminuição da força dos músculos das mãos, pés
Em casos mais graves, a pessoa doente pode apre- e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos
sentar dificuldade para respirar, dor no peito e tosse com podem estar engrossados e doloridos.
eliminação de sangue. Úlceras de pernas e pés.
É importante também destacar que alguns pacien- Nódulo (caroços) no corpo, em alguns casos aver-
tes não apresentam nenhum indício da doença e outros melhados e dolorosos.
apresentam sintomas aparentemente simples que são Hanseníase tem cura, por isso é fundamental seguir
ignorados durante meses ou anos. o tratamento. Segundo Araújo (2003)
Segundo Souza (2008) O tratamento da hanseníase compreende quimiote-
O tratamento é feito através de drogas, e é eficaz. rapia específica, supressão dos surtos reacionais, preven-
Hoje em dia são usadas arifampicina, isoniazida, pirazi- ção de incapacidades físicas, reabilitação física e psicos-
namida, estreptomicina, etambutol, etionamida e outras. social. Este conjunto de medidas deve ser desenvolvido
Estas drogas produzem diversos efeitos colaterais e des- em serviços de saúde da rede pública ou particular, me-
ta forma o acompanhamento médico é imperativo. O diante notificação de casos à autoridade sanitária com-
esquema atualmente mais utilizado é o RIP (rifampicina, petente. As ações de controle são realizadas em níveis
isoniazida e pirazinamida) num esquema de seis meses progressivos de complexidade, dispondo-se centros de
de terapia, dito tríplice para diminuir a possibilidade de referência locais, regionais e nacionais para o apoio da
resistência das drogas e de diminuir a população bacte- rede básica.
riana a curto prazo. Uma importante medida de prevenção é a informa-
A prevenção da tuberculose é feita coma aplicação ção sobre os sinais e sintomas da doença, pois, quanto
da vacina BCG em crianças, que geralmente é aplicada mais cedo for identificada, mais fácil e rápida será a cura.
nos primeiros meses de vida. Uma outra medida preventiva é a realização do exame
dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG nas pes-
HANSENÍASE soas vivem com os portadores dessa doença.

A hanseníase é uma doença causada por um micró- DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS


bio chamado de Hansen (mycobacterium leprae), que
ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. É tam- Doenças sexualmente transmissíveis ou Infecção
bém conhecida como Lepra, morfeia, mal de Lázaro, mal- sexualmente transmissível, conhecida popularmente
-da-pele ou mal-do-sangue. por DST são patologias antigamente conhecidas como
Segundo Araújo (2003) doenças venéreas. São doenças infecciosas que se trans-
A hanseníse é doença infecciosa crônica causada mitem essencialmente (porém não de forma exclusiva)
pelo M. leprae. A predileção pela pele e nervos periféri- pelo contato sexual. O uso de preservativo (camisinha)
cos confere características peculiares a esta moléstia, tor- tem sido considerado como a medida mais eficiente para
nando o seu diagnóstico simples na maioria dos casos. prevenir a contaminação e impedir sua disseminação. Al-
Em contrapartida, o dano neurológico responsabiliza-se guns grupos, principalmente os religiosos, afirmam que
pelas sequelas que podem surgir. Constitui importante a castidade, a abstinência sexual e a fidelidade poderiam
problema de saúde pública no Brasil e em vários países bastar para evitar a disseminação de tais doenças.
do mundo e persiste como endemia em 15 países ao fi- Pesquisas afirmam que a contaminação de pessoas
nal de 2000 (prevalência acima de 1,0/ 10.000 habitan- monogâmicas e não-fiéis portadoras de DST tem au-
tes). Apesar de todo o empenho em sua eliminação, o mentado, em resultado da contaminação ocasional do
Brasil continua sendo o segundo país em número de ca- companheiro(a), que pode contrair a doença em relações
sos no mundo. extra-conjugais. Todavia, as campanhas pelo uso do pre-
Os sinais e sintomas da hanseníase estão localizados servativo nem sempre conseguem reduzir a incidência de
principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na doenças sexualmente transmissíveis.
face, nas orelhas, nas costas, nas nádegas e nas pernas. História: Nas primeiras civilizações havia o culto aos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os principais sintomas são: deuses e deusas da fertilidade, que eram consideradas


Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amar- como uma dádiva. O culto à essas deusas era feito princi-
ronzadas em qualquer parte do corpo. palmente a partir da prostituição. Uma das características
Área de pele seca e com falta de suor. presentes nessas sociedades era a promiscuidade, um dos
Área da pele com queda de pêlos, mais especial- motivos para o surgimentos dessas doenças, que mais tarde
mente nas sobrancelhas. seriam conhecidas como doenças venéreas, em referência à
Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade Vênus, considerada a deusa do amor. A Gonorreia foi citada
(dormências, diminuição da sensibilidade ao toque, ca- na bíblia, mas a causa da doença só foi conhecida no século
lor ou dor). Neste caso, pode ocorrer de uma pessoa se XIX. Além disso, no Egito antigo tumbas apresentaram al-
queimar no fogão e nem perceber, indo verificar a lesão guns registros sobre a Sífilis. Em 1494 houve um surto de
avermelhada da queimadura na pele mais tarde. sífilis na Europa. A doença se espalhou rapidamente pelo

121
continente, matando mais de cinco milhões de pessoas. da mulher, em especial aquelas com vida sexual ativa, in-
Cada localidade que ela passava recebia um nome diferente. dependente da idade, consultas periódicas ao serviço de
Contudo, em 1536 foi publicado um poema médico, em que saúde. Certas DST, quando não diagnosticadas e tratadas
um dos personagens da história havia contraído a doença. O a tempo, podem evoluir para complicações graves como
nome do personagem era Sifilo. Antes de serem inventados infertilidade, infecções neonatais, malformações congêni-
os medicamentos, as doenças eram consideradas incuráveis, tas, aborto, câncer e a morte. Num caso, a primeira reco-
e o tratamento se limitava a diminuir os sintomas. Todavia, mendação é procurar um médico, que fará diagnóstico
no século XX surgiu os antibióticos, que se mostraram bas- para que seja preparado um tratamento. Também há o
tante eficientes. Em 1980 a herpes genital e a AIDS na socie- controle de cura, ou seja, uma reavaliação clínica. A auto-
dade como doenças incuráveis. Essa, por sua vez se tornou medicação é altamente perigosa, pois pode até fazer com
uma pandemia. que a doença seja camuflada.

Causa Epidemiologia: Incidência de DST’s (exceto AIDS) por


idade a cada 100 mil habitantes em 2004. As taxas de
Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, incidência de doenças sexualmente transmissíveis conti-
bactérias e parasitas) estão envolvidos na contaminação nuam a altos níveis em todo o mundo, apesar dos avan-
por DST, gerando diferentes manifestações, como feri- ços de diagnosticação e tratamento. Em muitas culturas,
das, corrimentos, bolhas ou verrugas. especialmente para as mulheres houve a eliminação de
Bactérias Cancro mole (Haemophilus ducreyi) restrições sexuais através da mudança na moral e o uso
Clamídia (Chlamydia trachomatis’) de contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam
Granuloma inguinal (Dovania granulamatis) tendo dificuldade em lidar de forma aberta e francamen-
Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) te com essas questões. Além disso, o desenvolvimento e
Sífilis (Treponema pallidum) a disseminação de bactérias resistentes aos antibióticos
Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis) fazem que certas doenças sejam cada vez mais difíceis de
Vírus Hepatite serem curadas.
Herpes simples Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de
HIV ou Aids pessoas estavam sendo infectadas diariamente, e cerca
HPV de 60% dessas infecções em jovens menores de 25 anos
Molusco contagioso de idade, e cerca desses jovens 30% são menores de 20
Parasitas Piolho-da-púbis anos. Entre as idades de 14 a 19 anos, as doenças ocor-
Protozoários Tricomoníase (Trichomonas vaginalis) rem mais em mulheres em uma proporção quase dobra-
da. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos
Prevenção de sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase ocorreram em
todo o planeta em 1999. A Aids é a maior causa da mor-
Preservativo: O preservativo, mais conhecido como talidade na África Subsaariana, sendo que em cinco mor-
camisinha é um dos métodos mais seguros contra as tes uma é por causa da doença. Por causa da situação, o
DSTs. Sua matéria prima é o latex. Antes de chegar nas governo do Quênia pediu que a população deixasse de
lojas, é submetido à vários testes de qualidade. Apesar fazer sexo por dois anos. No Brasil, desde o primeiro caso
de ser o método mais eficiente contra a transmissão do até junho de 2011 foram registrados mais de seisentos
vírus HIV (causador da epidemia da SIDA), o uso de pre- mil casos da doença. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu
servativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pe- na Região Sudeste, enquanto nas outras regiões aumen-
las Igrejas Ortodoxas e pelos praticantes doHinduísmo. tou. A mortalidade também diminuiu. As cidades de São
O principal argumento utilizado pelas religiões para sua Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre são as que
recusa é que um comportamento sexual avesso à pro- possuem o maior número dos portadores da doença. Em
miscuidade e à infidelidade conjugal bastaria para a pro- contrapartida, o país é um dos que mais se destacam no
tecção contra DSTs. combate, além de ser o líder em distribuição gratuita do
Vacina: Alguns tipos de HPV, a Hepatite A e B podem Coquetel anti-HIV.
ser prevenidas através da vacina.
O modelo de Política Pública para DST/Aids do Estado
Abstinência sexual: A abstinência sexual consiste em de São Paulo. O Programa Estadual de DST/Aids (PE-DST/
evitar relações sexuais de qualquer espécie. Possui forte Aids) foi criado em 1983, com quatro objetivos básicos:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ligação com a religião. vigilância epidemiológica, esclarecimento à população


Tratamento para evitar o pânico e discriminação dos grupos conside-
rados vulneráveis na época, garantia de atendimento aos
Algumas DST’s são de fácil tratamento e de rápida casos verificados e orientação aos profissionais de saúde.
resolução quando tratadas corretamente, contudo outras No primeiro momento, a Divisão de Hanseníase e Derma-
são de tratamento difícil ou permanecem latentes, apesar tologia Sanitária, órgão do Instituto de Saúde da SES/SP,
da falsa sensação de melhora. As mulheres representam sediou o Programa e a organização inicial do que seria
um grupo que deve receber especial atenção, uma vez posteriormente o serviço de referência.
que em diferentes casos de DST os sintomas levam tempo O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) e o Insti-
para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as tuto Adolfo Lutz (IAL) foram designados, respectivamente,
reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige como retaguardas hospitalar e laboratorial. Em 1988, foi

122
criado o Centro de Referência e Treinamento em Aids (CR- HIV
T-A), vinculado ao gabinete do Secretário da Saúde. Tinha
como metas prioritárias, além da referência técnica, atuar O vírus da imunodeficiência humana (VIH), também
como capacitador e gerador de normas técnicas, com vis- conhecido por HIV (sigla em inglês para human immuno-
tas a um processo de descentralização das atividades de deficiency virus), é da família dos retrovírus e o respon-
prevenção, vigilância e assistência no Estado de São Paulo. sável pela SIDA (AIDS). Esta designação contém pelo me-
Além de capacitação e monitorização técnica, o CR- nos duas sub-categorias de vírus, o HIV-1 e o HIV-2. No
T-A teve, neste período, um importante papel na imple- grupo HIV-1 existe uma grande variedade de subtipos
mentação de alternativas assistenciais, como hospital-dia designados de -A a -J. Esses dois grupos tem diferen-
e assistência domiciliar terapêutica. Em 1993, ocorre a ças consideráveis, sendo o HIV-2 mais comum na África
junção dos programas de aids e DST e a transformação Subsaariana e bem incomum em todo o resto do mundo.
do CRT em Centro de Referência e Treinamento em DST/ Portugal é o país da Europa com maior número de ca-
Aids (CRT-DST/Aids). Em 1995, o CRT-DST/Aids retoma sos de HIV-2, provavelmente pelas relações que mantém
seu papel de instância de Coordenação do Programa com diversos países africanos. É estimado que 45% dos
Estadual de DST/Aids, o que delimitou com maior pre- portadores de HIV em Lisboa tenham o vírus HIV-2. Em
cisão a função estratégica da instituição, como referên- 2008, a OMS estimou que existam 33,4 milhões de infec-
cia técnica e como sede da Coordenação do Programa tados, sendo 15,7 milhões mulheres e 2,1 milhões jovens
Estadual de DST/Aids. Em 1996 o CRT-DST/Aids passa a abaixo de 15 anos. O número de novos infectados neste
ser vinculado à Coordenação dos Institutos de Pesquisa ano (2009) foi de 2,6 milhões. O número de mortes de
(CIP), órgão então responsável pela definição das políti- pessoas com AIDS é estimado em 1,8 milhões.
cas de saúde pública no âmbito da Secretaria de Estado Já dentro do corpo, o vírus infecta principalmente
da Saúde-SP. uma importante célula do sistema imunológico, desig-
Com a mudança de estrutura ocorrida na Secretaria nada como linfócito T CD4+ (T4). De uma forma geral,
de Estado da Saúde em 2005, a Coordenação dos Insti- o HIV é um retrovírus que ataca o sistema imunológico
tutos de Pesquisa passou a chamar-se Coordenadoria de causando eventualmente a síndrome da imunodeficiên-
Controle de Doenças. A Coordenação do Programa Esta- cia adquirida em casos não tratados.
dual de DST/Aids, apoiada na estrutura do CRTDST/Aids,
é responsável pela implementação, articulação, supervi- História: o HIV-1 foi descoberto e identificado como
são e monitoramento das políticas e estratégias relativas causador da AIDS por Luc Montagnier e Françoise Barré-
às DST/Aids, nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilân- -Sinoussi da França e Odete Ferreira de Portugal em 1983
cia Epidemiológica, em todo o Estado de São Paulo. no Instituto Pasteur na França. O HIV-2 foi descoberto
O PE-DST/Aids adota como referências éticas e po- por Odete Ferreira de Portugal em Lisboa em 1985. Sua
líticas a luta pelos direitos de cidadania dos afetados e descoberta envolveu uma grande polêmica, pois cerca
contra o estigma e a discriminação, a garantia do acesso de um ano após Montagnier anunciar a descoberta do
universal à assistência gratuita, incluindo medicamentos vírus, chamando-o de LAV (vírus associado à linfoadeno-
específicos, e o direito de acesso aos meios adequados patia), Robert Gallo publicou a descoberta e o isolamen-
de prevenção. O PE-DST/Aids atua de forma coordenada to do HTLV-3. Posteriormente se descobriu que o vírus
com outros setores governamentais, como Justiça, Edu- de Gallo era geneticamente idêntico ao de Montagnier,
cação e Promoção Social, e em estreita colaboração com e que possivelmente uma amostra enviada pelo francês
as ONGs que atuam nesta área. havia contaminado a cultura de Gallo.
O Estado de São Paulo é dividido em 28 Grupos de O último boletim da UNAIDS projeta cerca de 33,2
Vigilância Epidemiológica (GVE) que, por sua vez, contam milhões de pessoas que vivem com o HIV em todo o
com um interlocutor do PE-DST/Aids, responsáveis pela mundo no final de 2007, a maioria na África. Segundo a
implementação das ações nos níveis regionais e locais. UNAIDS (2008), dois terços dos infectados estão na Áfri-
A estrutura e a missão do CRT DST/Aids permitem ca sub-saariana. Nos Estados Unidos, infectar voluntaria-
prover atendimento, criar e validar procedimentos pre- mente outro indivíduo configura transmissão criminosa
ventivos e modelos de assistência, avaliar e levar adian- do HIV. Acontece o mesmo em muitos países ocidentais,
te pesquisas clínicas e oferecer treinamentos com maior inclusive no Brasil.
legitimidade diante dos profissionais e instituições do O vírus do HIV adaptou-se à espécie humana a partir de
Estado. símios SIV.Ver artigo principal: Vírus da imunodeficiência sí-
Este modelo organizacional é único no Brasil e na mia. Nas pessoas com HIV, o vírus pode ser encontrado no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

América Latina e tem sido umA estrutura e a missão do sangue, no esperma, nas secreções vaginais e no leite ma-
CRTDST/Aids permitem prover atendimento, criar e vali- terno. Assim, uma pessoa pode adquirir o HIV por meio de
dar procedimentos preventivos e modelos de assistência, relações sexuais, sem proteção - camisinha -, com parceiros
avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer trei- portadores do vírus, transfusões com sangue contaminado
namentos com maior legitimidade diante dos profissio- e injeções com seringas e agulhas contaminadas. Mulheres
nais e instituições do Estado. Este modelo organizacional grávidas portadoras de HIV podem transmitir o vírus para o
é único no Brasil e na América Latina e tem sido um dos feto através da placenta, durante o parto ou até mesmo por
fatores para os êxitos obtidos pelo Programa Estadual meio da amamentação. A transmissão de doenças de mãe
DST/Aids, nos últimos anos. para filho é chamada de transmissão vertical.

123
Na África subsaariana, principalmente na África do - Penetração sem camisinha;
Sul, por muitos anos houve um movimento contrário à - Ser o receptor (passivo) na relação sexual;
existência do HIV, por parte de membros do governo, - Presença concomitante de doenças sexualmente
aliada a inúmeras superstições e mitos, apesar das com- transmissíveis, especialmente aquelas que levam
provações científicas. Por isso em alguns locais dessa re- ao aparecimento de feridas genitais;
gião a quantidade de indivíduos infectados é de mais de - Lesões genitais durante a relação sexual;
35%. - Elevado número de parceiros sexuais e relações
desprotegidas;
Reprodução em laboratório do genoma viral: em - Carga viral elevada da pessoa infectada;
2010, pesquisadores da Universidades Federais de Per- - Hemorróida avançada;
nambuco e do Rio de Janeiro, da equipa do professor - Uso de drogas injetáveis;
do Departamento de Genética da UFPE, Sergio Crovella, - Transtornos psicológicos associados a descaso com
divulgaram trabalho de investigação dirigido à obtenção a própria saúde;
de uma vacina terapêutica de vírus recombinante, tendo - Falta de conhecimento.
reproduzido artificialmente o genoma do vírus. - Outro dado observado é o aumento na proporção
de pessoas com escolaridade mais baixa e em
Transmissão: Dois modelos sobre a entrada do vírus adultos com mais de 30 anos.
no linfócito TO vírus é mais frequentemente transmitido
pelo contacto sexual (característica que faz da AIDS uma Fatores de proteção: o uso de camisinha evita a
doença ou infecção sexualmente transmissível), pelo transmissão do HIV em casais heterossexuais onde um
sangue (inclusive em transfusões), durante o parto (mãe dos parceiros é HIV positivo. Alguns dos fatores que di-
para o filho), durante a gravidez ou no aleitamento. Por minuem a probabilidade da transmissão são:
isso é importante que todas as mulheres grávidas façam - Usar sempre preservativo masculino ou preservativo
testes para HIV. No Brasil, é uma prática comum aconse- feminino corretamente;
lhar gestantes que chegam ao hospital a fazer todos os - Usar lubrificante (pois resulta em menos microferi-
testes de doenças transmissíveis verticalmente. mentos);
No Brasil, em 2002, a cobertura de exames de HIV
- Baixa quantidade de vírus no portador;
em grávidas foi estimada em 52%, sendo pior no Nor-
- Tomar os medicamentos antirretrovirais correta-
deste com 24% e melhor no Sul com 72% de cobertu-
mente;
ra. Somente 27% seguiram todas as recomendações do
- Circuncisão masculina. (porém há estudos com re-
Ministério da Saúde. Ter maior escolaridade e morar em
sultados controversos)
cidades com mais de 500 mil habitantes foram os melho-
res preditores de grávidas que fazem todos os exames.
Em um estudo longitudinal de 20 meses de duração
Ainda relativo ao Brasil, o Ministério da Saúde oferece
gratuitamente o leite substituto em alguns postos de com casais heterossexuais sorodiferentes, de 124 casais
saúde, hospitais e farmácias cadastrados. que usaram sempre camisinha nenhum contaminou seu
No caso de transmissão pelo sangue, é mais provável parceiro, enquanto 12 dos 121 que usavam camisinha
por seringas compartilhadas entre usuários de drogas ou inconsistentemente foram infectados. Também são raros
caso seja feita reutilização. Algumas pessoas consideram os casos de transmissão por ferimentos, pois apesar de
a possibilidade de transmissão pelo beijo, porém é alta- haver relatos esporádicos, o vírus não resiste muito tem-
mente improvável, pois o vírus é danificado por 10 subs- po fora do corpo e é necessário que haja contato com o
tâncias diferentes presentes na saliva. Além disso existem sangue tanto por parte do portador como do receptor. É
poucas células CD4 na boca. Ter boa higiene oral e tomar pouco provável que o sangue contaminado em contato
os medicamentos diminui as possibilidades ainda mais. com uma pele saudável (sem ferimentos) contamine ou-
Mesmo em pessoas com AIDS (carga viral no sangue por tra pessoa, apesar de ser possível, pois existem muitos
volta de 100.000/ml) é difícil encontrar HIV na saliva. fatores envolvidos.
O uso da terapia antirretroviral diminui em 96% o ris-
Características: no Brasil, nos últimos anos a trans- co de transmissão do HIV. Por isso os remédios podem
missão do HIV que antes era predominantemente mas- ser receitados aos parceiros não infectados de soroposi-
culina, mais frequente entre os homossexuais e afetando tivos. No caso de profissionais de saúde, é possível tomar
todas as classes sociais, agora caracteriza-se por quatro os medicamentos antirretrovirais para prevenir a infecção
processos: por 28 dias caso o contágio tenha ocorrido em menos de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Heterossexualização (aumento entre os heterosse- 72h. O risco estimado de contaminação por contato com
xuais, que já são a maioria); uma agulha contaminada é de 0,3%. No Brasil, pacien-
- Feminização (aumento entre mulheres, cerca de 1/3 tes que tenham experienciado situação com alto nível de
dos casos no Brasil); contágio (como sexo anal sem camisinha com pessoa de
- Interiorização (aumento nas cidades do interior); sorologia desconhecida) há menos de 72h podem solici-
- Pauperização (aumento nas populações mais pobres). tar ao médico que prescreva antirretrovirais para preve-
nir a contaminação.
Fatores de risco: no contato sexual, pode ser qualquer
tipo de sexo, como oral, vaginal e anal. A transmissão
do HIV durante o contacto sexual pode ser facilitada por
vários fatores, incluindo:

124
1. Sinais e sintomas 100.000 cópias/ml de sangue. A escala para carga viral é
habitualmente logarítmica. Com o tratamento adequado,
Infecção aguda inicial: assim que se adquire o HIV, a carga viral tende a ficar abaixo de 50 cópias/ml.
o sistema imunológico reage na tentativa de eliminar o O HIV destrói os linfócitos CD4 gradativamente (em
vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode surgir um con- média a contagem declina 80-100 células/ml/ano). A
junto de sinais e sintomas semelhantes ao estado gripal, contagem relaciona-se inversamente com a gravidade da
o que é conhecido como síndrome da soroconversão doença. Para fins de tratamento com as drogas antirre-
aguda. A infecção aguda pelo HIV é uma síndrome ines- trovirais consideram-se os seguintes parâmetros:
pecífica, que não é facilmente percebida devido à sua se- - Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tratar
melhança com a infecção por outros agentes virais como imediatamente;
a mononucleose, gripe, até mesmo dengue ou muitas - Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser ini-
outras infecções virais. Mas os sintomas mais comuns da ciado o tratamento para evitar riscos;
infecção aguda são: - Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável, pode
- Febre persistente começar a critério médico;
- Cansaço e Fadiga - Acima de 500: Saudável, não precisa começar o
- Erupção cutânea tratamento.
- Perda de peso rápida - Porém todos os pacientes com doença oportunis-
- Diarreia que dure mais de uma semana ta relacionada ao HIV devem ser tratados mesmo
- Dores musculares com CD4 alto.
- Dor de cabeça
- Tosse seca prolongada Doenças oportunistas: Os sinais e sintomas das
- Lesões roxas ou brancas na pele ou na boca doenças relacionadas ao HIV são extremamente variá-
- Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. Fa- veis. Uma característica importante é a contagem de lin-
ringite, mialgia e muitos outros sintomas também fócitos T CD4. As doenças oportunistas mais comuns que
ocorrem. podem sinalizar a contaminação por HIV são:
- Tuberculose
Em geral esta fase é auto-limitada e não há sequelas. - Neurotoxoplasmose
Por ser muito semelhante a outras viroses, dificilmente - Candidíase
os pacientes procuram atendimento médico e raramente - Pneumocistose recorrente
há suspeita da contaminação pelo HIV, a não ser que o - Sarcoma de Kaposi
paciente relate ocorrência de sexo desprotegido ou com- - Histoplasmose
partilhamento de seringas, por exemplo. Entretanto, na - Linfomas
fase aguda inicial, mesmo sem tratamento adequado, os - Câncer cervical
sintomas são temporários. Os pacientes poderão ficar as- - Infecções bacterianas severas
sintomáticos por um período variável entre 3 e 20 anos e
alguns nunca desenvolverão doença relacionada ao HIV. Geralmente apenas pessoas que desconhecem que
Este fato relaciona-se com a quantidade e qualidade dos estão com o vírus adoecem e só descobrem que estão
receptores de superfície dos linfócitos e outras células do contaminadas por causa das coinfecções. Tomar os antir-
sistema imune. Tais receptores (os principais são o CD4, retrovirais retorna a imunidade a níveis saudáveis, preve-
CCR5 e CXCR4) funcionam como fechaduras que permi- nindo essas e outras doenças. Quando uma dessas doen-
tem a entrada do vírus no interior das células: quanto ças é diagnosticadas alguns médicos recomendam que
maior a quantidade e afinidade dos receptores com o sejam feitos testes para verificar a presença do HIV. Ape-
vírus,maior será a sua penetração nas células, maior a sar de correlacionadas ao HIV, é importante lembrar que
replicação viral e maior velocidade de progressão para é possível que essas doenças estejam presentes mesmo
doença. sem o vírus do HIV, geralmente relacionado a outro fator
que leve a uma queda grave da imunidade.
Foi criada então uma classificação não muito rígida:
- Rápido progressor (adoece em até 3 anos) Prevenção: com o surgimento das Terapias Antirre-
- Médio progressor (adoece entre 4 e 7 anos) trovirais (TAR), foram desenvolvidas estratégias de pre-
- Longo progressor (entre 8 e mais anos) venção primária (antes da infecção), secundária (após
a doença) e terciária (após agravamento). Entretanto a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estas características são determinadas por fatores ge- epidemia continua a contaminar anualmente 2,7 milhões
néticos e outros fatores desconhecidos. Não obstante, os de pessoas, segundo dados da OMS de 2008. Em 2006, o
hábitos e a qualidade de vida podem ser determinantes médico da OMS Brian G. William defendeu a circuncisão
da velocidade de progressão da doença, tendo em conta masculina na África como método eficaz de prevenção
o impacto de fatores como tabagismo, alcoolismo, toxi- (60% de eficácia). O mesmo médico em fevereiro de 2010
codependência, estresse, alimentação irregular e outros. defendeu em San Diego o uso de antirretrovirais com
A velocidade de progressão está relacionada com a que- baixos efeitos colaterais por pessoas sem o vírus como
da da contagem de linfócitos T CD4 no sangue (a conta- meio de frear a epidemia.
gem normal dos linfócitos varia de 1.000 a 2.500 células/ Segundo a Organização Não-Governamental sem
ml de sangue) e com a contagem da carga viral do HIV fins lucrativos IAVI (International AIDS vaccine iniciative)
(a contagem da carga viral é considerada alta acima de o HIV infecta quase 7.400 pessoas por dia e uma vacina

125
com 50% de eficácia distribuída para 30% da população Genes específicos do HIV
mundial poderia proteger 5.6 milhões de indivíduos. Em
conjunto com 40 laboratórios, o grupo trabalha na vacina - tat. Um porção da estrutura do RNA do HIV é uma
desde 1996. Até agora nenhuma vacina teve mais de 33% estrutura como um grampo de cabelo que ini-
de eficácia. Em um estudo recente que incluiu o Brasil, cialmente impede que uma transcrição completa
o uso de um comprimido de antirretroviral (tenofovir) ocorra. Parte do RNA é transcrita (ie. antes da parte
por homens saudáveis preveniu 44% de novas infecções, do grampo) e codifica a proteína tat. A tat liga-se à
chegando a 72% nos pacientes que tomaram o remédio CdK9/CycT e a fosforila, ajudando a alterar sua for-
em mais de 90% dos dias. ma e a eliminar o efeito da estrutura de grampo do
Mães soropositivas que tomem o antirretroviral du- RNA. Isso por si só aumenta a taxa de transcrição,
rante a gravidez tem apenas de 1 a 2% de chance de fornecendo um ciclo de retroalimentação positiva.
transmitir o HIV ao filho. Muitas grávidas ainda tem Isto permite que o HIV tenha uma resposta explo-
medo de fazer o teste e/ou se recusam por não se iden- siva, uma vez que uma grande quantidade de tat
tificarem como possíveis portadoras mesmo sem saber a é produzida.
sorologia do parceiro. Por isso, campanhas de conscienti- - rev. A rev permite que fragmentos do mRNA do HIV
zação estão sendo feitas em vários hospitais públicos no que contém uma unidade de resposta a rev (RRE)
Brasil desde 2000. sejam exportados do núcleo ao citoplasma. Na
Após situação de riscoCaso um dos parceiros seja ausência da rev, a maquinaria de splicing do RNA
diagnosticado como HIV positivo e o outro como HIV no núcleo rapidamente cliva o RNA. Na presença
negativo, é possível, a critério médico, prescrever os an- da rev, o RNA é exportado do núcleo antes de ser
tirretrovirais para o parceiro soronegativo também, para clivado, num mecanismo de retroalimentação po-
prevenir a infecção. De forma semelhante, em vários paí- sitiva.
ses inclusive no Brasil, é possível solicitar antirretrovirais
gratuitamente a um médico até 72h após uma situação O HIV e a resposta imune: a infecção começa com
uma fase de viremia aguda, seguida por um período de
de risco (como sexo anal sem camisinha). Esse tratamen-
latência clínica. Primeiramente, acreditava-se ser uma
to preventivo dura aproximadamente um mês e é eficaz
verdadeira latência viral como resultado da inserção do
na prevenção de HIV em mais de 80% dos casos. É uma
HIV no genoma hospedeiro em um estado não produti-
opção do médico prescrever ou não, mas o paciente
vo, aguardando condições favoráveis à transcrição. Hou-
pode procurar outros médicos em caso de recusa. Em
ve, subsequentemente, um grande trabalho de pesquisa
uma pesquisa em uma parada gay nos Estados Unidos
sobre os fatores de transcrição do HIV. Infelizmente, até
7% dos entrevistados já tomaram antirretrovirais preven-
por volta de 1993, a sensibilidade dos ensaios virais era
tivamente. (Mais informações no site da sociedade brasi- precária. O uso das técnicas de amplificação por PCR a
leira de infectologia) partir de 1993 permitiu detectar contagens virais de até
O HIV tem muitos genes que codificam proteínas es- 50 cópias/ml. Foram detectadas células dendríticas infec-
truturais. tadas com vírions, mostrando que a tão chamada fase de
latência não implica inatividade do vírus.
Genes retrovírus gerais
Centros de Testagem e Aconselhamento no Brasil:
- gag. proteínas derivadas do gag sintetizam o cap- o Ministério da Saúde oferece gratuitamente exames para
sídeo viral em forma de cone (p24, i.e. proteína de detectar a resposta do organismo ao vírus do HIV. Podem
24 Quilo[[dáltons, CA) a proteína do núcleocapsí- ser feitos em Centros de Testagem e Aconselhamento
deo (p17, NC) e um proteína da matriz (MA). (CTA) e em alguns hospitais. Primeiro é efetuado um teste
- pol. O gene pol codifica as proteínas enzimatica- ELISA. Caso o resultado seja positivo ou haja dúvidas, é
mente ativas do vírus. A mais importante é a cha- feito o Western-blot, um exame mais eficaz na detecção
mada transcriptase reversa (RT) que realiza a única mas que também é mais caro e complexo. É importante
transcrição reversa do RNA viral em uma cadeia lembrar que, como ambos os exames detectam a respos-
dupla de DNA. O último é integrado ao genoma ta imunológica ao vírus, é necessário esperar de 30 a 90
do hospedeiro, ou seja, em um cromossomo de dias depois do contágio para o exame ser mais preciso.
uma célula infectada de uma pessoa HIV-positiva O resultado é sigiloso, sendo geralmente entregue pes-
pela integrase (IN) pol-codificadora. Além disso, a soalmente ao paciente que pode ser seguido em consulta
pol codifica uma protease viral específica (PR). Essa de aconselhamento por profissionais de saúde, de forma
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

enzima cliva o gag e as proteínas derivadas de gag a alertar sobre os riscos, encaminhar para outros serviços
e pol em pedaços funcionais. de saúde e a serviços de acompanhamento psicossocial.
- env. env, abreviação para “envelope”. As proteínas Além do HIV, são feitos simultaneamente exames para sífi-
derivadas de env são uma membrana de superfí- lis, Hepatite B e Hepatite C pois elas também são doenças
cie (gp120) e uma proteína transmembrana (gp41). sexualmente transmissíveis transmissíveis pelo sangue e
Elas estão localizadas na parte externa da partícula que podem levar a danos permanentes e morte se não
viral, formando um envelope viral o qual permite tratadas corretamente.
que o vírus se anexe e incorpore às células-alvo
para então iniciar o ciclo infeccioso. A gp possui Teste rápido: desde 2010 a Fiocruz produz o kit de
uma estrutura semelhante a uma maçaneta. teste rápido usando os fluídos da boca para identificar
resposta do organismo ao HIV entre 20 a 30 minutos. O

126
teste tradicional demora cerca de um mês e um grande de o vírus conseguir entrar no CD4 e se reproduzir. Geralmen-
número de pacientes não retorna para buscar o resul- te são receitados junto com pílulas do dia seguinte. O mesmo
tado. Esse novo teste Confirmatório Imunoblot Rápido, procedimento pode ser prescritos para profissionais que tive-
possui uma margem mínima de erro e custa cinco vezes ram contato com o sangue de pacientes contaminados, por
menos ao governo federal que o modelo rápido anterior. exemplo através de cirurgia ou de agulha contaminada. Se o
Já está disponível em alguns hospitais públicos desde TARV for tomado em menos de 72h, é eficaz na preven-
2011. Uma das principais vantagens é não precisar expor ção da infecção por HIV.
mãe grávida e feto aos antirretrovirais preventivamente HIV e Saúde mental: pacientes com transtornos psi-
enquanto o resultado não fica pronto como podia ser cológicos são mais vulneráveis a serem infectados com
necessário no tradicional. Algumas cidades em Pernam- HIV. Portadores de HIV tem altos índices de depressão
buco, Bahia e Rondônia fizeram um projeto para aplicar maior, alcoolismo e tendência ao suicídio. Em outro es-
o teste rápido em centenas de pessoas após o carnaval. tudo também identificaram correlação com transtornos
de ansiedade, transtornos sexuais e abuso de substân-
Tratamento: hoje, os pacientes têm acesso a um re- cias. Um antirretroviral ITRNN muito usado no mundo,
gime complexo de drogas que atacam o HIV em vários o Efavirenz, também tem como possível efeito colateral
estágios do seu ciclo de vida. Elas são conhecidas como transtornos neuropsiquiátricos crônicos, principalmen-
medicamentos antirretrovirais e incluem: te na forma de transtornos de ansiedade e de sono. A
- Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa revelação do diagnóstico de HIV positivo é considerado
(NRTI): Danificam o RNA do vírus indiretamente um evento muito estressante e com impacto em várias
ao atuar na enzima transcriptase reversa, impe- áreas da vida do portador, de modo semelhante a outras
dindo-o de se reproduzir. Exemplos: Zidovudina, doenças que ameaçam a vida. A maioria dos portadores
Abacavir, Didanosina, Estavudina, Lamivudina e reagiu ao diagnóstico como um evento traumatizante,
Tenofovir. porém conseguiram lidar com a situação sem muitos pro-
- Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Re- blemas psicossociais. Os portadores que desenvolveram
versa (NNRTI): Bloqueiam diretamente a ação da transtornos psicológicos beneficiaram de psicoterapia de
enzima e a multiplicação do vírus. Exemplos: Efavi- longo prazo, principalmente da terapia interpessoal em
renz, Nevirapina e Etravirina. conjunto com remédios psiquiátricos. A Terapia cogni-
- Inibidores da Protease (IP): Atuam bloqueando tivo-comportamental também demonstrou ser uma in-
a protease, uma enzima usada pelo vírus para tervenção benéfica e aumentar a adesão ao tratamento.
produção de novas cópias de células infectadas. Mesmo com o desenvolvimento da terapia antirre-
Exemplos: Amprenavir, Atazanavir, Darunavir, Indi- troviral altamente eficaz (HAART) a não-adesão ao tra-
tamento ainda é frequente. É recomendado que os pro-
navir, Lopinavir, Nelfinavir, Ritonavir e Saquinavir.
fissionais de saúde trabalhem em equipe, desenvolvendo
- Inibidores de fusão: Bloqueiam os receptores que
programas específicos para lidar com essa demanda e
permitiriam a entrada do vírus na célula. Exemplo:
dediquem mais tempo e atenção aos pacientes com di-
Enfuvirtida.
ficuldade de adesão para evitar o desenvolvimento de
- Inibidores da Integrase: bloqueiam a atividade da en-
AIDS e doenças oportunistas nesses pacientes.
zima integrase, responsável pela inserção do DNA
Imunidade: após a infecção inicial, o sistema imuno-
do HIV ao DNA humano (código genético da célu- lógico inicia uma série de reações para tentar conter a
la). Assim, inibe a replicação do vírus e sua capaci- multiplicação do vírus no corpo. Elas incluem a produção
dade de infectar novas células. Exemplo: Raltegravir. de anticorpos e o desenvolvimento de células capazes de
identificar e eliminar outras células que foram infectadas
Muitas questões importantes estão envolvidos no pelo HIV, chamadas linfócitos T CD8+ citotóxicos. Infeliz-
estabelecimento de um curso de tratamento para o HIV mente, a resposta imunológica não é capaz de controlar
como a tolerância ao medicamento e efeitos colaterais o vírus na grande maioria das pessoas que se infectam
apresentados. Efeitos colaterais comuns incluem náusea pelo vírus. O HIV passa, então, a destruir cada vez mais
e diarréia, dano e falência do fígado e icterícia. Qualquer as células T CD4+. Quando as células T CD4+ estão em
tratamento requer testes regulares de sangue para ava- número muito baixo no sangue (em geral, quando fi-
liar a eficácia através da contagem de linfócitos T CD4+ cam abaixo de 200 células por microlitro de sangue), o
no sangue total e a carga viral) no plasma, além de averi- paciente fica mais predisposto a desenvolver doenças
guar efeitos colaterais. Alterações de medicamentos são que se aproveitam de sua fragilidade imunológica, daí o
feitas para que o paciente tenha um mínimo de efeitos nome de doenças oportunistas. Cerca de 10% de todos
colaterais, ou mesmo que não apresente nenhum, o que os europeus carregam um polimorfismo do CCR5, um re-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é frequente após o primeiro mês de tratamento. Não ceptor de superfície celular que participa nas infecções
existe nenhum caso conhecido no qual a terapia antiviral por HIV-1 M-trófico. Segundo Grimaldi (2002), na popu-
tenha eliminado a infecção pelo HIV, porém com o trata- lação brasileira, cerca de 5,3% carregam essa mutação.
mento é possível ter uma vida perfeitamente saudável e O HIV-1 M-trófico usa os receptores CCR5 e CD4 para
assintomática por mais de três décadas (não se sabe por entrar nas células-alvo, diferentemente do HIV T-trófico
quanto tempo o tratamento continua eficaz pois a TARV que usa o CXCR4 com o CD4. Pessoas com essa mutação
só existe há desde 94). (uma deleção de 32 pares de bases) têm um risco muito
baixo de infecção pelo HIV-1, já que o HIV M-trófico ge-
HIV e estupro: em caso de estupro, como a violên- ralmente inicia a infecção. De fato, 1% de todos os euro-
cia do ato aumenta a probabilidade de contágio, um médico peus homozigotos para o polimorfismo podem ter uma
pode prescrever antirretrovirais para diminuir a probabilidade proteção adicional (apesar de incompleta).

127
2. Mitos comuns a respeito do HIV com infecção pelo HIV está aumentando. Em ge-
ral, pessoas mais velhas tendem a desenvolver de-
- “AIDS e HIV são a mesma coisa” - O HIV é um vírus ficiência imunológica mais rápido que os adultos
que pode levar ao desenvolvimento da AIDS. Que mais jovens.
ocorre quando o sistema imune fica comprome- - “Uma mulher HIV positivo não pode dar à luz um
tido pela ação do vírus. Alguns tipos de doenças bebê saudável” - o HIV é às vezes transmitido da
oportunistas do HIV podem estar presentes em mãe para o bebê no útero, mas nem sempre. O
uma pessoa que possa ser diagnosticada como risco é pelo menos de 20 a 30% para a transmissão
tendo AIDS. Uma pessoa pode estar infectada por materno-fetal do HIV. O parto por cesárea e a in-
anos sem ter desenvolvido a AIDS. Alguém que gestão de medicamentos antiretrovirais durante a
seja HIV positivo pode não ter AIDS. gravidez pode reduzir as chances de a mãe passar
- “O HIV afeta apenas homossexuais e usuários de a infecção para o bebê; Quando esses tratamentos
drogas” - O HIV pode afetar qualquer um. Bebês, estão disponíveis e a futura mãe é diagnosticada o
mais cedo possível, apenas cerca de 2% das mães
mulheres, idosos, adolescentes, e pessoas de qual-
HIV-positivas que estão prestes a dar à luz, terão
quer etnia, classe social e país podem contrair o
filhos infectados. As infecções podem ocorrer tam-
HIV. Alguns religiosos disseram e ainda dizem que
bém através do leite materno sendo recomendado
a AIDS é uma punição divina aos homossexuais ou usar aleitamento artificial para evitar que isso ocor-
a promiscuidade, porém se isso fosse verdade não ra. No Brasil o substituto de leite materno em pó
deveriam haver contaminados pela mãe durante o está disponível gratuitamente em alguns hospitais
nascimento, em transplantes de órgãos, por doa- da rede pública.
ção de sangue ou ferimentos. - “Uma única pessoa identificada trouxe o HIV para
- “Homossexuais, prostitutas e usuários de drogas são a América do Norte” - Ver verbete Paciente Zero.
os grupos de risco” - O termo grupos de risco é evi- - A expectativa de vida de vida de uma portador de
tado atualmente por razões éticas, para não estig- HIV é de alguns anos - Sem tratamento a expecta-
matizar este ou aquele grupo, e também para que tiva média é de 9 a 11 anos. E caso só seja detec-
as pessoas fora do grupo de risco mantenham-se tada quando o quadro de AIDS já está instalado e
cautelosas. Prefere-se usar o termo comportamen- não for feito o tratamento adequado, a expectati-
to de risco (como não usar preservativo, manter va é de apenas 6 a 19 meses. Mas com o avanço
sexo com mais de um parceiro(a), compartilhar se- dos retrovirais a expectativa aumentou para 20-50
ringas). Apesar disso a ONU faz referência a uma anos. É possível que seja maior pois o HIV só co-
maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV por al- meçou a ser estudado mais intensamente por volta
gumas populações como profissionais do sexo e de 1985 e a terapia antirretroviral eficaz só chegou
seus clientes, população carcerária e homens que ao Brasil por volta de 1996. Como vários laborató-
fazem sexo com homens. Ainda segundo a ONU, rios do mundo estão procurando novos tratamen-
em 2008, os jovens eram os mais vulneráveis já que tos é provável que a expectativa aumente cada vez
representavam 45% do total de novas infecções. mais e tenha cada vez menos efeitos colaterais.
No Brasil, entre os homens infectados 20,1% são - Picada de mosquito transmite HIV? - Não há relatos
homossexuais e 11,5% bissexuais, mas a maioria conhecidos de infecção por mosquitos no mundo.
dos infectados são heterossexuais. Dentre os in- - Beijo transmite HIV - Existe um risco teórico, porém
fectados, segundo dados do SUS de 2009, cerca de é quase nulo. Não há nenhum caso confirmado de
infecção pelo beijo no mundo. Mesmo em pacien-
37,5% eram mulheres. O mesmo ocorre na maioria
tes com AIDS (carga viral média acima de 100.000)
dos outros países.
e com doenças na cavidade oral menos de 1/3 ti-
- “Não há risco para duas pessoas já infectadas ao
nham vestígios do vírus na boca. Em um paciente
ter sexo sem proteção” - Há anos a reinfecção por seguindo o tratamento retro-viral corretamente
HIV (ou superinfecção como é às vezes chamada) (carga viral menor que 100) é tão improvável que
tem sido vista como a consequência de relações em 2009 o ministério da saúde brasileiro começou
sexuais sem proteção entre pessoas infectadas uma campanha contra esse preconceito. Existem
pelo HIV. A reinfecção ocorre quando uma pessoa 10 substâncias na saliva que destroem o vírus. [46]
com HIV infecta-se pela segunda vez ao ter uma - Quem tem HIV pegou fazendo sexo desprotegido -
relação sexual sem proteção com outra pessoa Provavelmente pela forte campanha de prevenção
que também tem o HIV. A reinfecção tem sido de- focalizada no uso da camisinha muita gente pense
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

monstrada em estudos laboratoriais, bem como isso. Mas não necessariamente, até 1996, nem todo
em modelos animais. Por anos, as provas de que sangue ou órgão era examinado corretamente an-
isso poderia acontecer em situações da vida real tes da transfusão. Além disso, até 2000 menos da
tem sido difíceis de serem obtidas, mas uma evi- metade das mães faziam todos os exames pré-na-
dência recente tem emergido em estudos de casos tal indicados e tanto complicações durante a ges-
humanos que confirmou que a reinfecção pelo HIV tação, durante o parto ou no leite podem transmitir
pode ocorrer e pode ser muito problemática para o HIV. Mesmo quem foi contaminado sexualmente
pessoas com o HIV. pode ter sido vítima de estupro (a violência do ato
- “Pessoas acima dos 50 anos não contraem HIV” - aumenta o risco de transmissão) ou pode ter sido
Pessoas acima dos 50 anos podem contrair HIV. O contaminado antes das campanhas de conscienti-
número de pessoas acima dos 50 diagnosticadas zação terem se popularizado nos anos 90.

128
- Quem tem HIV é mais vulnerável a infecções opor-
tunistas - Com o tratamento antirretroviral (TARV)
é possível o portador ter uma vida perfeitamen-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
te saudável, sem qualquer sintomas nem efeitos
colaterais e com um sistema imunológico normal. 1. (Prefeitura de Porto Velho/RO – Agente comunitá-
E a quantidade do vírus geralmente fica centenas rio de saúde - Fundamental – CONSULPLAN/2012) A
de milhares de vezes menor que o de um paciente ocorrência habitual de uma doença ou a presença per-
com AIDS. Caso o paciente tome os remédios cor- manente de um agente infeccioso em determinada área
retamente ele não tem nenhuma restrição. geográfica denomina-se:
- Depois de beber não se deve ingerir os medicamen-
tos antirretrovirais - O álcool faz mal por diversos a) epidemia.
outros motivos, então é bom evitar para não des- b) surto.
gastar o organismo e a saúde, porém ele não in- c) endemia.
terage medicamentosamente com a maioria dos d) infestação.
tratamentos antirretrovirais. Portanto mesmo após e) pandemia.
consumir álcool deve-se ingerir os medicamentos
normalmente! Uma exceção é a interação com o
Resposta: Letra C
efavirenz que tem seus possíveis efeitos colaterais
Quando uma doença sempre se manifesta apenas em
como depressão, insonia e dor de cabeça poten-
pessoas de uma determinada região, dizemos que se
cializados pelo álcool.
trata de uma endemia.
- Assim que a pessoa descobrir que é portador ela
deve começar o tratamento - Apenas caso os sin-
2. (Prefeitura de Picos/PI – Agente comunitário de
tomas da AIDS já tenham aparecido. Mas caso fei-
saúde - Fundamental – LUDUS/2010) São doenças cuja
tos antes dos sintomas podem demorar anos antes
de começar o tratamento. O tratamento só começa transmissão ocorre por mosquitos:
quando a imunidade está seriamente comprome-
tida. Existem alguns casos de pacientes que foram a) doença de chagas, esquistossomose, raiva;
contaminados há mais de 12 anos e ainda não b) Aids, leptospirose, larva migrans;
precisaram tomar o antirretroviral mas geralmente c) bico geográfico, esquistossomose, Aids;
leva de 4 a 7 anos desde a infecção inicial. d) dengue, febre amarela, malária;
e) dengue, doença de chagas, Aids.
Ciclo de vida do HIV: o HIV usa a membrana da
própria célula para se proteger enquanto se locomove Resposta: Letra D
para outra célulaO HIV entra no linfócito auxiliar(Helper) Sabendo que a doença de chagas é transmitida pelo
T CD4+ ao ligar-se à molécula CXCR4 ou às moléculas inseto conhecido como barbeiro e que a aids é trans-
CXCR4 e CCR5, dependendo do estágio no qual a infec- mitida pelo contato com secreções contaminadas do
ção pelo HIV se encontra. Uma proteína cofator (fusina) é doente (como sangue, esperma e outros), é possível
requerida para auxiliar na ligação do vírus à membrana da eliminar quatro alternativas, sobrando apenas a letra
célula T. Durante as fases iniciais de uma típica infecção “d”. Dengue, febre amarela e malária são doenças in-
pelo HIV, as duas moléculas CCR5 e CXCR4 estão ligadas, fecciosas cuja transmissão depende da picada de um
enquanto que um estágio mais avançado da infecção ge- mosquito.
ralmente envolve mutações do HIV que apenas ligam-se
à molécula CXCR4. Uma vez que o HIV está ligado ao lin- 3. (FUNDASUS – Técnico de enfermagem - Funda-
fócito T CD4+, uma estrutura viral conhecida como GP41 mental – OACP/2015) Paciente do sexo feminino, 34
penetra na membrana celular e o RNA do HIV e várias anos, procurou a UBS. Durante o atendimento, o técnico
enzimas, incluindo (mas não limitada) à transcriptase re- de enfermagem constatou que, nos últimos três meses,
versa, integrase e protease são injetadas na célula. Uma a paciente tem apresentado poliúria, polidipsia, polifagia
vez que a célula T hospedeira não processa o RNA em e relato de perda inexplicada de peso. Esses elementos
proteínas, o próximo passo é gerar um DNA a partir do clínicos levantam a suspeita de qual patologia?
RNA do HIV usando a enzima transcritase reversa para
que ocorra a transcripção reversa. Se bem sucedida, o a) Diabetes mellitus.
DNA pró-viral deve ser então integrado ao DNA da célula b) Hipertensão arterial.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

hospedeira usando a enzima integrase. Se o DNA pró- c) Tuberculose.


-viral é integrado ao DNA da célula hospedeira, a célula d) Hanseníase.
torna-se altamente infectada, mas não produzindo ati- e) Trombofilia.
vamente proteínas do HIV. Esse é o estágio latente do
HIV, uma infecção durante a qual a célula infectada pode Resposta: Letra A
ser uma “bomba não explodida” potencialmente por um A diabetes mellitus é uma doença que apresenta den-
longo tempo. O vírus pode ficar escondido na medula tre seus principais sintomas: poliúria (produção de
óssea, onde fica protegido do efeito de medicamentos e urina em excesso), polidipsia (sensação excessiva de
dormente, conforme estudo publicado na revista Nature sede), polifagia (sensação excessiva de fome) e perda
Medicine. Descobrir onde o vírus latente se esconde é o de peso involuntária.
primeiro passo para eliminá-lo.

129
HIPERTENSÃO ARTERIAL DIABETES

Hipertensão arterial é a pressão arterial acima de O diabetes constitui uma das principais causas de
140x90 mmHg (milímetros de mercúrio) em adultos com morbimortalidade, principalmente em países desenvolvi-
mais de 18 anos, medida em repouso de quinze minutos dos, decorrente de complicações agudas e crônicas.
e confirmada em três vezes consecutivas e em várias vi- As principais complicações agudas do diabetes são a
sitas médicas. cetoacidose diabética, estado hiperglicêmico hiperosmo-
Elevações ocasionais da pressão podem ocorrer com lar e a hipoglicemia.
exercícios físicos, nervosismo, preocupações, drogas, ali- As complicações crônicas podem estar relacionadas
mentos, fumo, álcool e café. à microangiopatia como a nefropatia, a retinopatia e a
neuropatia diabética, ou a macroangiopatia relacionada
Cuidados para medir a pressão arterial à doença arterial coronariana, doença cérebro-vascular e
Alguns cuidados devem ser tomados, quando se veri- arterial periférica.
fica a pressão arterial:
Dados do estudo NHANES (National Health andNu-
- repouso de 15 minutos em ambiente calmo e agra-
tritionExaminationSurvey) revelam que 9,3% dos indiví-
dável
duos acima de 20 anos de idade apresentam diabetes
- a bexiga deve estar vazia (urinar antes)
- após exercícios, álcool, café ou fumo aguardar 30 diagnosticado e não-diagnosticado (glicemia em jejum
minutos para medir >126mg/ dL). A prevalência da doença aumenta com a
- o manguito do aparelho de pressão deve estar fir- idade ocorrendo em 15,8% da população acima dos 65
me e bem ajustado ao braço e ter a largura de 40% da anos. Vários fatores contribuem para um número cada
circunferência do braço,sendo que este deve ser mantido vez mais elevado de diabéticos, como a obesidade, o se-
na altura do coração dentarismo e número maior de idosos.
- não falar durante o procedimento A American Diabetes Association (ADA) define dia-
- esperar 1 a 2 minutos entre as medidas betes como “um grupo de doenças metabólicas carac-
- manguito especial para crianças e obesos devem ser terizado por hiperglicemia resultante de defeitos na se-
usados creção ou na ação da insulina, ou ambos”. Considera o
- a posição sentada ou deitada é a recomendada na diabetes como um grupo heterogêneo de doenças com
rotina das medidas diferentes mecanismos fisiopatogênicos e abordagens
- considere-se como valor a média das duas. Deve-se terapêuticas distintas.
salientar que estas medidas são feitas no mesmo braço.
No diabetes mellitus pode ocorrer o estado de coma
3.1. Níveis de pressão arterial em decorrência de hiper ou hipoglicemia. O coma é uma
emergência médica que exige avaliação imediata para
A pressão arterial é considerada normal quando a determinar sua causa e iniciar o tratamento apropriado.
pressão sistólica (máxima) não ultrapassar a 130 e a dias- No caso de hiperglicemia pode ser devido à deficiência
tólica (mínima) for inferior a 85 mmHg. absoluta da insulina caracterizando a cetoacidose dia-
De acordo com a situação clínica, recomenda-se que bética ou deficiência relativa, às vezes responsável pelo
as medidas sejam repetidas pelo menos em duas ou mais coma hiperglicêmico hiperosmolar não-cetótico.
visitas clínicas. A freqüência do estado de coma atualmente é muito
No quadro abaixo, vemos as variações da pressão menor nos indivíduos diabéticos. Esses três estados são
arterial normal e hipertensão em adultos maiores de 18
denominados mais apropriadamente: cetoacidose diabé-
anos em mmHg:
tica, estado hiperglicêmico hiperosmolar e hipoglicemia.

No Brasil 10 a 15% da população é hipertensa. A


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

maioria das pessoas desconhece que são portadoras de


hipertensão.
A hipertensão arterial pode ser sistólica e diastólica
(máxima e mínima) ou só sistólica (máxima). A maioria
desses indivíduos, 95%, tem hipertensão arterial chama-
da de essencial ou primária (sem causa) e 5% têm hiper-
tensão arterial secundária a uma causa bem definida.
O achado de hipertensão arterial é elevado nos obe-
sos 20 a 40%, diabéticos 30 a 60%, negros 20 a 30% e
idosos 30 a 50%. Nos idosos, quase sempre a hiperten-
são é só sistólica ou máxima.

130
Considerando o Decreto nº 3.156, de 27 de agosto de
IMUNIZAÇÃO (VACINAS, ACONDICIONA- 1999, que dispõe sobre as condições para a prestação de
assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do
MENTO, REDE DE FRIO, DOSAGENS, APLI-
Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Ministério da Saúde,
CAÇÃO, CALENDÁRIO VACINAL); altera dispositivos dos Decretos nº 564, de 8 de junho
de 1992, e nº 1.141, de 19 de maio de 1994, e dá outras
providências;
Calendário Nacional de Vacinação Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro
de 1990, para dispor sobre a organização do SUS, o pla-
O Programa Nacional de Imunizações foi criado em
nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
1973 e, com os avanços obtidos, o país convive com um
interfederativa, e dá outras providências;
cenário de reduzida ocorrência de óbitos por doenças
Considerando a Portaria nº 254/GM/MS, de 31 de ja-
imunopreveníveis.
neiro de 2002, que aprova a Política Nacional de Atenção
O País investiu recursos vultosos na adequação de
à Saúde dos Povos Indígenas;
sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos pós-
Considerando a Portaria nº 3.252/GM/MS, de 22 de
-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus dezembro de 2009, que aprova as diretrizes para execu-
sistemas de informação, descentralizou as ações e ga- ção e financiamento das ações de Vigilância em Saúde
rantiu capacitação e atualização técnico-gerencial para pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
seus gestores, em todas as esferas. Considerando a Portaria nº 104/GM/MS, de 25 de
Entre as realizações do PNI estão a bem-sucedida janeiro de 2011, que define as terminologias adotadas
Campanha da Erradicação da Varíola (CEV), que recebeu em legislação nacional, conforme o disposto no Regula-
a certificação de desaparecimento da doença por comis- mento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação
são da Organização Mundial de Saúde (OMS). de doenças, agravos e eventos em saúde pública de no-
Em 1994, o Brasil recebeu a certificação do bloqueio tificação compulsória em todo o território nacional e es-
da transmissão autóctone do poliovírus selvagem. O últi- tabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições
mo caso brasileiro ocorreu em 1989, na Paraíba. aos profissionais e serviços de saúde; e
Destaca-se também o controle do sarampo, ainda Considerando a Resolução da Diretoria Colegiada da
hoje uma das doenças que mais afetam e matam crian- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC) nº 64, de
ças em países com altos índices de pobres e miseráveis 28 de dezembro de 2012, que publica a Lista das De-
em suas populações. Em 1992, foi iniciado o Plano de nominações Comuns Brasileiras (DCB) da Farmacopeia
Controle e Eliminação do Sarampo, com ações de imuni- Brasileira, resolve:
zação e a vigilância epidemiológica da doença em todo o
país. Hoje, pode-se afirmar que o sarampo é uma doen- Art. 1º Esta Portaria redefine o Calendário Nacional
ça em processo de eliminação no Brasil, mas estratégias de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação
vêm sendo implementadas em vigilância e imunizações, dos Povos Indígenas e as Campanhas Nacionais de
visando a manutenção dessa situação, uma vez que o Vacinação, no âmbito do Programa Nacional de Imu-
país registra intenso fluxo de viajantes internacionais, e o nizações (PNI), em todo o território nacional.
sarampo circula em todo o mundo. Art. 2º Os Calendários e as Campanhas Nacionais de
Hoje, o Programa apresenta um novo perfil gerencial, Vacinação têm por objetivo o controle, a eliminação e
com integração entre as três esferas de governo, que a erradicação de doenças imunopreveníveis.
discutem juntos normas, definições, metas e resultados, § 1º O Calendário Nacional de Vacinação será adota-
propiciando a modernização continuada de sua infraes- do de acordo com o disposto no Anexo I.
trutura e operacionalização. § 2º O Calendário Nacional de Vacinação dos Povos
Indígenas será adotado de acordo com o disposto no
PORTARIA Nº 1.498, DE 19 DE JULHO DE 2013. Anexo II.
§ 3º As Campanhas Nacionais de Vacinação serão
Redefine o Calendário Nacional de Vacinação, o Ca- adotadas de acordo com o disposto no Anexo III.
lendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e Art. 3º As Secretarias de Saúde dos Estados, do Distri-
as Campanhas Nacionais de Vacinação, no âmbito do to Federal e dos Municípios adotarão os Calendários
Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o ter- Nacionais de Vacinação para execução das ações de
ritório nacional. vacinação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atri- Art. 4º Compete à Secretaria Especial de Saúde Indíge-
buição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do na (SESAI/MS) a execução das ações de vacinação nas
art. 87 da Constituição. áreas indígenas.
Considerando a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de Art. 5º O Ministério da Saúde será responsável pela
1975, que dispõe sobre a organização das ações de Vi- aquisição e pelo fornecimento às Secretarias de Saúde
gilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios das va-
Imunizações (PNI), estabelece normas relativas à notifi- cinas preconizadas nos Calendários e nas Campanhas
cação compulsória de doenças e dá outras providências; Nacionais de Vacinação de que trata esta Portaria.
Considerando o disposto nos arts. 27 e 29 do Decreto Parágrafo único. Os insumos necessários ao atendi-
nº 78.231, de 12 de agosto de 1976, que regulamenta a mento dos Calendários e das Campanhas Nacionais de
Lei nº 6.259, de 1975; Vacinação, quais sejam seringas, agulhas e impressos

131
para registro das atividades de vacinação, serão fornecidos às unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) de
acordo com as competências de cada esfera de direção do SUS.
Art. 6º Compete às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a gestão da Rede de Frio.
Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Portaria, considera-se Rede de Frio o processo de armazenamento, con-
servação, manuseio, distribuição e transporte de imunobiológicos, sendo composta por:
I - equipe técnica qualificada para execução de suas atividades;
II - equipamentos para execução de suas atividades;
III - procedimentos padronizados para manutenção das condições adequadas de refrigeração e das características dos
imunobiológicos, desde o laboratório produtor até o momento de sua administração.
Art. 7º O registro das informações quanto às vacinas administradas será feito nos instrumentos padronizados no âm-
bito do PNI, obedecendo-se ao fluxo e à periodicidade ali definidos, sendo responsabilidade:
I - das Secretarias de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios, no que se refere ao registro no Sistema de Informação
do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI); e
II - da SESAI/MS, no que se refere ao registro no Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena (SIASI).
Art. 8º A comprovação da vacinação será feita por meio do cartão ou caderneta de vacinação, emitido pelas unidades
de saúde públicas e privadas, devidamente credenciadas no âmbito do SUS, contendo as seguintes informações:
I - nome da vacina;
II - data;
III - número do lote;
IV - laboratório produtor;
V - unidade vacinadora;
VI - nome do vacinador.
Art. 9º Fica a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) autorizada a editar normas complementares a esta Porta-
ria e adotar as medidas necessárias para a implantação e o cumprimento do Calendário Nacional de Vacinação, do
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e das Campanhas Nacionais de Vacinação.
Art. 10. O Ministério da Saúde disponibilizará manual instrutivo com normatizações técnicas sobre o Calendário Nacio-
nal de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as Campanhas Nacionais de Vacinação,
cujo conteúdo encontra-se disponível no endereço eletrônico www.saude.gov.br/svs.
Art. 11. Ficam revogadas:
I - a Portaria nº 1.946/GM/MS, de 19 de julho de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 137, Seção 1, do dia
seguinte, pág. 38;
II - a Portaria nº 3.318/GM/MS, de 28 de outubro de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 208, Seção 1, do
dia seguinte, pág. 105.
Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA

CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO

Idade Vacinas
– BCG
Ao nascer
– Hepatite B
– Pentavalente 1ª dose (Tetravalente + Hepatite B 2ª dose)
– Poliomielite 1ª dose (VIP)
2 meses
– Pneumocócica conjugada 1ª dose
– Rotavírus 1ª dose
3 meses – Meningocócica C conjugada 1ª dose
– Pentavalente 2ª dose (Tetravalente + Hepatite B 3ª dose)
– Poliomielite 2ª dose (VIP)
4 meses
– Pneumocócica conjugada 2ª dose
– Rotavírus 2ª dose
5 meses – Meningocócica C conjugada 2ª dose
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– Pentavalente 3ª dose (Tetravalente + Hepatite B 4ª dose)


6 meses
– Poliomielite 3ª dose (VIP)
9 meses – Febre Amarela
– Pneumocócica conjugada reforço
12 meses – Meningocócica C conjugada reforço
– Tríplice Viral 1ª dose

132
– DTP 1º reforço (incluída na pentavalente)
– Poliomielite 1º reforço (VOP)
15 meses
– Hepatite A
– Tetra viral (Tríplice Viral 2ª dose + Varicela)
– DTP 2º reforço (incluída na pentavalente)
4 anos – Poliomielite 2º reforço (VOP)

– HPV 2 doses*
9-14 anos
– Meningocócica C (reforço ou dose única)**
– Hepatite B (3 doses a depender da situação vacinal)
– Febre Amarela (dose única)
Adolescentes, Adultos e – Tríplice Viral
Idosos – DT (Reforço a cada 10 anos)
– dTpa (para gestantes a partir da 20ª semana, que perderam a
oportunidade de serem vacinadas)***

Hepatite B: oferta da vacina para toda a população independente da idade e/ou condições de vulnerabilidade,
justificada pelo aumento da frequência de atividade sexual em idosos e do aumento de DST nesta população.
Poliomielite: A 3ª dose é a vacina inativada da polio (VIP), a exemplo do que já ocorre com as 1ª e 2ª doses da
vacina. As doses de reforço aos 15 meses e 4 anos e as campanhas de vacinação continuam aplicando a vacina VOP
(bivalente).
Pneumocócica: Esquema básico com duas doses (aos 2 e 4 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo ser
aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas anteriormente podem receber dose única dos 12 meses aos 4 anos.
Hepatite A: Aplicada aos 15 meses, podendo ser aplicada até os 5 anos.
Vacinas tríplice viral e varicela:  Ministério passa a disponibilizar duas doses de vacina tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola) para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade e uma dose da vacina varicela (atenuada) para
crianças até quatro anos de idade.
*HPV: Esquema básico com duas doses com 6 meses de intervalo em meninas de 9 a 14 anos e meninos de 12 a
13 anos. A vacina HPV passa a estar disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais – CRIE para
indivíduos imunodeprimidos (indivíduos submetidos a transplantes de órgãos sólidos, transplantes de medula óssea
ou pacientes oncológicos), que deverão receber o esquema de 3 (três) doses (0, 2 e 6 meses) para ambos os sexos, nas
faixas etárias entre 9 e 26 anos de idade.  Os homens de 14 a 26 anos de idade vivendo com HIV/Aids também passam
a ser contemplados.
**Meningocócica: Esquema básico com duas doses (aos 3 e 5 meses) e dose de reforço aos 12 meses (podendo
ser aplicada até os 4 anos). Crianças não vacinadas anteriormente podem receber dose única dos 12 meses aos 4 anos.
O Ministério passa a disponibilizar a vacina conjugada para adolescentes de 12 a 13 anos. A faixa-etária será ampliada,
gradativamente, até 2020, quando serão incluídos crianças e adolescentes com 9 anos até 13 anos.
***dTpa: 1 (uma) dose a partir da 20ª semana de gestação, para aquelas que perderam a oportunidade de serem
vacinadas durante a gestação. Administrar uma dose no puerpério, o mais precocemente possível.

Cadeia de frio
A conservação das vacinas é feita através de um sistema denominado rede ou cadeia de frio que inclui o armaze-
namento, o transporte, a manipulação das vacinas e as condições de refrigeração, desde o laboratório produtor até o
momento em que a vacina é aplicada.
O termômetro de máxima e de mínima deve ser colocado em pé na prateleira central e a temperatura deve ser
verificada duas vezes ao dia (início e fim do expediente) e registrada no mapa de controle de temperatura (lembrar que
atemperatura ideal para conservação de vacina é de +2 a +8°C).
A cadeia de frio (também conhecida por rede de frio e rede ou cadeia frigorífica) é todo o processo desde a con-
cepção, passando pelo armazenamento, até ao transporte do produto, preservando todas as condições de refrigeração
e garantindo a sua conservação
Algumas vacinas podem congelar sem alteração do seu poder imunogênico como a Febre Amarela, Sabin e Triviral.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Entretanto, algumas delas como a BCG, dupla adulto (dt), tríplice bacteriana (DPT), hepatite b, influenza, tetravalente,
uma vez congeladas, podem perder potência comprometendo a sua proteção imunogênica.

133
Não-Críticos: São artigos que entram em contato
PROCESSAMENTO DE ARTIGO: LIMPEZA, com pele íntegra, mas não com mucosas. A pele ínte-
gra é uma barreira efetiva a muitos microorganismos. Há
ACONDICIONAMENTO E ESTERILIZAÇÃO/
baixíssimo risco de se transmitir agentes infecciosos para
DESINFECÇÃO pacientes através dos artigos não críticos. Entretanto,
eles podem servir de fonte de contaminação das mãos
dos profissionais ou dos fômites em geral que por sua
CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO vez poderão carrear microorganismos quando entrarem
em contato com outro paciente. Os artigos não críticos
No cenário hospitalar, a Central de Material e Esteri- dependendo da sua particularidade ou grande contami-
lização é a unidade encarregada de expurgar, preparar, nação poderão ser lavados com água e sabão, ou receber
esterilizar, guardar e distribuir materiais estéreis ou de- desinfecção de nível intermediário ou baixo. Ex: coma-
sinfetados para todos os setores do hospital que pres- dres, aparelhos de pressão, móveis do paciente e etc.
tam cuidados aos pacientes. Neste contexto, é o setor
responsável diuturnamente por atividades fundamentais 2. Etapas do preparo de Material para Esterilização
no controle de qualidade do processo de esterilização e
no controle das infecções hospitalares. Seleção: É a separação dos materiais odonto-médi-
Na estrutura hospitalar brasileira, até a década de 40, co-hospitalares, por tipo, para que sejam limpos adequa-
não existia central de material e esterilização; todos os damente sem sofrer danos. Ex. Instrumentais, endoscó-
processos de preparo, esterilização e armazenamento
pios, borrachas, vidros, etc.
de materiais eram feitos no centro cirúrgico. A partir dos
anos 50, com o surgimento de novos métodos de lim-
Limpeza: É o processo de remoção de sujidades
peza e esterilização de materiais e o advento de instru-
mentais especializados para cirurgias mais complexas é realizado pela aplicação de energia mecânica (fricção),
que começaram a destinar uma área própria para o pre- química (soluções detergentes, desincrostantes ou enzi-
paro de materiais. Porém, só no início dos anos 70 é que mática) ou térmica. A utilização associada de todas estas
alguns hospitais, especialmente os grandes e os univer- formas de energia aumentam a eficiência da limpeza. A
sitários, iniciaram a implantação de setores destinados matéria orgânica presente (óleo, gordura, sangue, pus e
às atividades de limpeza autônomas e independentes outras secreções) envolve os microrganismos, protegen-
do centro cirúrgico. Surgiu então a Central de Material do-os da ação do agente esterilizante. Por essa razão, a
e Esterilização, chefiada por um enfermeiro, composta limpeza constitui núcleo de todas as ações referentes aos
por áreas: de recepção, expurgo, preparo, esterilização cuidados de higiene com os artigos e áreas hospitalares,
e guarda (armazenamento e distribuição de materiais). além de ser o primeiro passo nos procedimentos técni-
O desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas cos de desinfecção e esterilização. A limpeza dos artigos
décadas na área de saúde, impulsionou as atividades de- deve ser feita de maneira escrupulosa e meticulosa pro-
senvolvidas nas CMEs de forma vertiginosa, colocando-a curando-se escolher para cada tipo de material a melhor
como um setor de vital importância no ambiente hos- maneira de executar esta tarefa.
pitalar, dada a magnitude do trabalho ali desenvolvido. Quanto aos produtos de limpeza, merece destaque o
Neste manual os principais métodos de limpeza, desin- seguinte grupo:
fecção, esterilização e validação do processo de esterili- Detergentes: São produtos que contém tensoativos
zação desenvolvidos nas CMEs são abordados de forma em sua formulação, com a finalidade de limpar através
clara e objetiva para que todos possam realizá-los, ofe- de redução da tensão superficial, umectação, dispersão,
recendo aos seus clientes materiais seguros que contri- suspensão e emulsificação da sujeira.
buam para a qualidade da assistência prestada. Detergente Enzimático: À base de enzimas e surfac-
tantes, não-iônico, com pH neutro, destinado a dissolver
1. Classificação de Artigos Hospitalares e digerir sangue, restos mucosos, fezes, vômito e outros
restos orgânicos de instrumental cirúrgico, endoscópios
Críticos: São artigos que estão envolvidos em alto e artigos em geral. As enzimas que promovem a quebra
risco de aquisição de infecção se estiverem contamina- da matéria orgânica são basicamente de três tipos:
dos com quaisquer microorganismos, incluindo os espo-
1- Proteases: decompõem as proteínas
ros bacterianos. Estes objetos penetram tecidos estéreis
2- Amilases: decompõem os carbohidratos
ou sistema vascular e devem ser esterilizados para uso.
3- Lipases: decompõem as gorduras
Ex: instrumentos cirúrgicos, cateteres urinário e cardíaco,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

implantes, agulhas e etc.


Observações:
Semi-Críticos: São artigos que entram em contato - Diluir o produto conforme orientações do fabricante;
com membranas mucosas íntegras ou pele não íntegra . - Produtos abrasivos: Lã de aço e similares não são
Devem estar livres de todos os microorganismos na forma recomendados, principalmente para metais, pois tornam
vegetativa, mas, podem conter alguns esporos. Membra- suas superfícies progressivamente ásperas e proporcio-
nas mucosas intactas geralmente são resistentes aos es- nam abrigo para a proliferação de microrganismos;
poros bacterianos mais comuns; porém, são suscetíveis a - Sabões: Os comuns, são combinações de substân-
infecções por microbactérias e alguns vírus. Estes artigos cias fortes e gordurosas. Têm pouco valor para a limpeza
requerem desinfecção de alto nível. Ex: equipamentos res- de materiais odonto-médico-hospitalares, quando com-
piratórios e de anestesia, endoscópios digestivo e etc. parados aos modernos detergentes.

134
3. Alternativas de Limpeza Preparo: É a montagem das bandejas e pacotes; Deve
ser feito em área limpa e organizada; O setor deve ter
Manual: Por fricção com escova macia e/ou espon- livro (ou pasta) com as listas dos materiais e orientações
ja, atentando para ranhuras, articulações, concavidades para o preparo.
e lumens do material. Ex: Instrumentais, circuito respira- Observações:
tório, etc. - Os campos e/ou embalagens devem estar íntegros;
O artigo deve ser imerso, por completo, em água com - Observar a presença de pelos, lanugem, sujidade,
detergente enzimático ou sabão neutro líquido, friccio- etc, nos campos a serem usados;
nado, enxaguado em água corrente abundante e seco. - Os profissionais devem usar gorro, cobrindo total-
mente os cabelos para evitar queda nas mesas, bancadas
Por equipamentos e materiais.
- Lavadoras Ultrassônicas: emitem vibrações ultrassô-
nicas na água aquecida para remover a sujidade das su- Empacotamento: Deve ser adequado ao processo de
perfícies externa e interna dos instrumentais com ajuda esterilização, de maneira a garantir a esterilidade do ma-
de soluções químicas; terial. Devemos observar:
- Lavadoras esterilizadoras (a 121ºC e alta pressão): de Na seleção da embalagem:
acordo com o nome, existem dois ciclos: um de lavagem - Permeabilidade ao agente esterilizante;
(não remove toda a matéria orgânica dos instrumen- - Impermeabilidade a partículas microscópicas;
tas), e outro de esterilização (devido a alta temperatura - Resistência às condições físicas do processo de es-
a matéria orgânica não removida na lavagem adere-se terilização;
aos instrumentais dificultando a remoção na limpeza ma- - Adequação ao material a ser esterilizado;
nual), necessitando de lavagem manual posterior; - Flexibilidade e resistência à tração durante o ma-
- Lavadora descontaminadora (descontaminadora nuseio;
térmica, desinfectora e sanitizadora): essa máquina emite - Se proporciona selagem adequada;
numerosos jatos de água, através de espargidores, que - Ausência de resíduos tóxicos (corantes e alvejantes)
são estrategicamente dispostos para remover a sujida- e nutrientes microbianos (amido).
de, proporcionando excelente limpeza, sem danificar os
instrumentais. O ciclo inicia um banho de água fria (re- No empacotamento:
duz a impregnação de matéria orgânica), e depois, água - Tamanho do pacote deve ser, no máximo 25x25x-
quente (até 85ºC), com detergente, seguido de enxágue 40cm;
múltiplos. - Peso máximo de 5 Kg;
Observações: - Embalagem adequada ao volume do material.
- Após a limpeza, deve ser feita revisão de todo ma-
terial, com cuidado especial para ranhaduras e lumens, Na montagem dos pacotes:
para detecção de sujidade; - Não deixá-los muito apertados, para que o agente
- A escolha da alternativa de limpeza deve levar em esterilizante possa penetrar facilmente nem muito folga-
conta a realidade de cada unidade e a natureza do artigo dos para que não se desfaçam, permitindo contaminação
a ser processado; durante o manuseio.
- O uso dos EPIs pelo servidor, é obrigatório nesta
fase. Tipos de embalagens:
Secagem: Tem por objetivo evitar que a umidade in-
terfira nos processos químicos e/ou físicos de desinfec- Campo duplo de algodão cru
ção e/ou esterilização dos materiais. Deve ser feita rigo- - permeável ao vapor;
rosamente utilizando-se: - 140 fios/polegada = 56 fios/cm2 = 200g/m2;
- Pano limpo e seco; - lavado recentemente.
- Secadoras de ar quente;
- Ar comprimido. Papel grau cirúrgico: É um laminado com duas faces
de papel ( uso industrial ) ou uma face de papel e outra
Observações: A secagem deve ser criteriosa porque com filme transparente.
havendo água nos artigos pode ocorrer: • Permeável ao vapor e óxido de etileno;
- Alteração da concentração em que as soluções quí- • Resistente a temperaturas de até 160º C;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

micas agem adequadamente; • Impermeável a microorganismos, oferecendo segu-


- Interferência no ciclo de secagem na autoclave por- rança ao material esterilizado;
que esse processo tem umidade relativa definida; • Validade de esterilização de acordo com as condi-
- Aumento do tempo necessário para esterilização ções de estocagem e integridade da embalagem;
em estufa, por ampliar o tempo de aquecimento inicial. • Não pode ser reaproveitado porque torna-se imper-
meável ao agente esterilizante após uma esterilização;
Revisão: Feita durante o preparo das bandejas, con- • O ar deve ser removido ao máximo da embalagem
siste na verificação da integridade das funções e presen- para evitar ruptura dos pacotes por expansão do mesmo.
ça de sujidade no material. Confere-se: ranhuras, crema-
lheiras, corte, etc.

135
Papel crepado - Receber e conferir material sujo das unidades, na
- Atóxico, biodegradável; própria bandeja, sem descartáveis e pérfuro-cortantes;
- Composto de celulose tratada, resiste até 150º C por - Selecionar os delicados, pontiagudos, de anestesia,
1 hora; materiais elétricos, etc;
- Permeável ao vapor e óxido de etileno; - Abrir os instrumentais, com exceção das pinças pon-
- É flexível mas menos resistente à tração que o tecido tiagudas (Backaus, Pozzi), para reduzir risco ocupacional;
e não tecido; - Materiais leves devem ficar sobre os pesados a fim
- Funciona como barreira microbiana efetiva; de evitar danos (os delicados lavar manualmente);
- Guarda memória das dobras. - Se a CME dispuser de máquinas, o material conti-
nuará a ser processado nelas.
Papel Kraft
Caso contrário, obedecer as etapas seguintes:
Observação: - Fazer enxágue prévio dos instrumentais com jato de
- O papel Kraft vem caindo em desuso devido à fragi- água fria (para remoção de restos de sangue e matéria
lidade e vulnerabilidade como barreira microbiana após orgânica);
a esterilização. Além da presença do amido, corante e - Colocar os instrumentais imersos em sabão neutro
outros produtos tóxicos que podem se depositar sobre líquido ou detergente enzimático, tendo o cuidado de
os artigos. abrir as pinças, exceto os pontiagudas (evitar acidente
com o servidor). Obs: não utilizar detergente de uso do-
Não tecido méstico; ao longo do tempo danifica os instrumentais;
- Sintético, resultado da união de três camadas de - Deixar agir na solução de acordo com as orienta-
não tecido, 100% polipropileno; ções do fabricante;
- Barreira microbiana; - Retirar desta solução e lavar friccionando com esco-
- Maleável, facilitando a confecção dos pacotes; va, observando ranhuras, articulações, cavidades e con-
- Resistente às condições físicas do processo de es- cavidades. Lavar os delicados separadamente;
terilização; - Enxaguar em água corrente abundantemente, secar
- Atóxico e livre de furos; e encaminhar para preparo.
- Permeável ao vapor, óxido de etileno e plasma de
peróxido de hidrogênio; OBS:
- Não guarda memória nas dobras. - Os instrumentais com peças removíveis devem ser
desmontados para facilitar a limpeza em todos os pontos
Tyvec críticos;
- Compatível com óxido de etileno, vapor, radiação - Caneta de bisturi deve ser encaminhada envolvida em
gama e plasma de peróxido de hidrogênio; compressa, não misturada com os demais instrumentais;
- Alta resistência à tração e perfuração; - Os instrumentais com grande carga de sujidade,
- Excelente barreira microbiana; (sangue, pus e fezes), encaminhar à CME acondicionados
- O uso em larga escala é limitado pelo alto custo. em dois sacos plásticos identificados;
- Os instrumentais com grande carga de sujidade
Caixas metálicas (pus, fezes etc.) deverão ser colocados de preferência
- Podem ser usadas por vapor, se as mesmas forem na lavadora – esterilizadora evitando qualquer contato
perfuradas e recobertas por embalagens permeáveis ao destes resíduos com pia, bancadas e mesas, para reduzir
vapor. riscos ocupacionais.
Containers Procedimento de secagem e revisão dos instru-
- Apresentam perfurações na tampa e fundo, onde mentais cirúrgicos
são colocados filtros permeáveis ao vapor e impermeá- - Secagem minuciosa com compressas limpas e/ou ar
veis a microorganismos. comprimido;
- Fazer revisão observando integridade das funções
Identificação: Todo o material a ser esterilizado deve de cada instrumental e presença de sujidade;
ser identificado na própria fita (ou etiqueta) adesiva com - Lubrificação das articulações quando necessário;
os seguintes dados: - Encaminhar os materiais para a área de preparo.
- Identificação do material (bandeja de parto, etc); Área de preparo dos instrumentais cirúrgicos
- data e lote; - Separar por tipo: pinças, tesouras, afastadores, etc,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- setor de origem; inspecionando os materiais;


- assinatura legível do servidor que preparou. - Solicitar à enfermeira a substituição de materiais da-
nificados ou quebrados, quando necessário;
Procedimentos Gerais adotados em setores e CME - Montar bandejas conforme relação de instrumentais
padronizada;
Instrumentais Cirúrgicos - Acondicionar em bandejas, caixas perfuradas ou
pacotes, tendo o cuidado de colocar os materiais leves
Procedimento de pré lavagem sobre os pesados a fim de evitar danos;
- Uso obrigatório de EPI completo (máscara, óculos - Juntar e amarrar frouxamente peças delicadas como:
protetores, gorro, avental plástico, propés/botas, luvas ganchos, espátulas, etc, para evitar que caiam ao abrir a
de borracha de cano longo); bandeja em sala de cirurgia;

136
- Proteger os instrumentos pontiagudos para evitar Vidrarias
danos aos materiais e acidente de trabalho. Para tan-
to pode-se usar envelope aberto de papel cirúrgico ou Vidros de aspiração
compressa de gaze 7,5 x 7,5 cm. - Receber sem secreção;
- Colocar solução limpadora dentro do vidro e pro-
Empacotamento ceder de acordo com as recomendações do fabricante;
- Lavar com água corrente, sabão neutro líquido e es-
Instrumentais cirúrgicos, embalar na seguinte cova própria;
sequência: - Escorrer em local próprio ( dispensador );
- Abrir campo duplo de algodão cru; - Devolver ao setor de origem.
- Sobrepor campo de cretone simples;
- Colocar o instrumental; Seringas de vidro
- Fechar segundo técnica de envelope. - Colocar em recipiente adequado com sabão neutro
líquido e água quente, corpo e êmbolo separadamente;
Obs: os pacotes também podem ser feitos em papel - Lavar com escova própria;
grau cirúrgico com termoselagem. - Colocar para escorrer e secar;
- Separar corpo e êmbolo por tamanho;
Instrumental acondicionado em bandejas e caixas - Testar o êmbolo e observar se o bico está íntegro;
perfuradas, na seguinte sequência: - Enrolar com gaze aberta, corpo e embolo conforme
- Abrir campo duplo de algodão cru; rotina;
- Sobrepor campo simples de cretone; -• Fixar, identificar e assinar.
- Colocar a bandeja, forrando-a com campo simples
de cretone; Obs: As seringas de vidro são usadas atualmente para
- Colocar os instrumentais conforme relação padro- confecção de bandejas de bloqueio anestésico e punção
nizada sobrepondo os materiais leves sobre os pesados; lombar.
- Fechar segundo a técnica de envelope.
Vidros para biópsia
- Lavar com água corrente e sabão neutro líquido e
Identificação
escova própria;
- Usar preferencialmente fita teste para autoclave;
- Enxaguar com água corrente e escorrer em local
- Colocar nome do material, especialidade, setor de
próprio;
origem, data e assinatura;
- Empacotar individualmente tampa e vidro em papel
- Encaminhar para esterilização.
grau cirúrgico ou embalagem descartável, observando
OBS: Para o fechamento com fita branca, com adesivo para que a tampa não entre em contato direto com o
acrílico, faz-se necessário o uso de no mínimo 5 cm ( 3 vidro;
listras ) de fita teste para autoclave. - Fixar, identificar, datar e assinar;
- Encaminhar para esterilização.
Tubos para aspiração e oxigenação (látex e silicone)
- Após uso, passar em jato de água corrente imedia- Bacias, comadres e papagaios
tamente, para retirar excesso de matéria orgânica; - A limpeza, desinfecção e secagem devem ser feitas
- Imergir em solução de sabão neutro de 20 a 30 mi- no setor de origem;
nutos; - Em caso de lesão de pele do paciente que entra em
- Levar para pia, friccionando toda extensão da borra- contato direto com bacia, comadre ou papagaio, após
cha para retirada total da sujidade; limpeza, empacotar, identificar e encaminhar a CME para
- Enxaguar em água corrente; esterilização.
- Colocar para escorrer o excesso de água em suporte;
- Encaminhar para preparo, após inspeção visual; Limpeza no setor:
- Todo tubo usado em procedimento de grande su- - Desprezar as secreções na própria enfermaria;
jidade (pus, fezes, etc) deve ser desprezado no local do - Levar ao expurgo colocar solução enzimática, caso
procedimento; não tenha, lavar com água e sabão neutro líquido, utili-
- Os tubos novos devem ser lavados antes do pre- zando escova para friccionar;
paro; - Enxaguar em água corrente abundante;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Separar por tamanho (máximo 1,50m), enrolar em - Colocar para escorrer em local próprio;
círculo frouxo, colocar conexão quando for para o centro - Secar com pano limpo e seco;
cirúrgico; - Friccionar com pano umedecido em álcool etílico a
- Envolver em campo de cretone e campo duplo de 70%;
algodão cru; - Guardar em local adequado.
- Fixar e identificar;
- Encaminhar para esterilização. Obs: Dispondo de lavadora com rack próprio, colocar
os materiais diretamente na máquina; conforme orienta-
Obs: As borrachas deverão ser preparadas ainda úmi- ção do fabricante.
das internamente, para facilitar a penetração de vapor
no lúmem.

137
Equipamento elétrico Desinfecção

Caneta de bisturi elétrico Conceito: É o processo físico (raios ultravioleta, pas-


- Desconectar o eletrodo da caneta e lavar separada- teurização) ou químico (solução germicida) que elimina
mente com água e sabão neutro líquido; muitos ou todos os microorganismos na forma vegetati-
- Passar compressa com sabão neutro líquido em va em objetos inanimados com exceção de esporos bac-
toda extensão do fio; terianos.
- Passar compressa úmida com água para retirar o
sabão; Níveis de desinfecção:
- Secar com compressa limpa;
- Readaptar o eletrodo na caneta; De alto nível
- Encaminhar para área de preparo; Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz so-
- Enrolar o fio em forma circular de maneira folgada bre todos as bactérias nas formas vegetativas, microbac-
( sem amarrar ); térias, fungos, vírus e alguns dos esporos bacterianos.
- Envolver a caneta de bisturi e colocar em papel grau
cirúrgico ou campo de algodão, selar ou fixar, identificar, De nível intermediário
datar e assinar; Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz con-
- Encaminhar para esterilização em autoclave. tra microbactérias, bactérias na forma vegetativa, maioria
dos fungos, maiorias dos vírus, mas não é eficaz contra
Perfurador elétrico esporos bacterianos.
- Passar compressa úmida, com sabão neutro líquido
em todo aparelho externamente, inclusive o fio; Baixo nível
- Abrir o mandril e limpar rigorosamente com gaze, Ocorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz con-
haste flexível ou escova embebida em sabão neutro lí- tra a maioria dos fungos, alguns vírus, mas não é eficaz
contra microorganismos resistentes como a microbacté-
quido, em seguida retirar o sabão com gaze umedecida
ria ou contra esporos bacterianos.
em água;
- Secar com ar comprimido;
Processos
- Embalar individualmente e encaminhar para esterili-
zação em ciclo de materiais termossensíveis.
Físicos
Retossigmoidoscópio
Lavadoras termo-desinfectoras: são usadas para
descontaminar e desinfetar artigos. Emitem numerosos
Peças metálicas: jatos de água através de espargidores dispostos estrate-
- Paramentar-se usando EPIs; gicamente para prover uma excelente limpeza sem da-
- Passar água corrente para retirar o excesso de sujidade; nificar os instrumentos. A limpeza é realizada com água
- Colocar em detergente enzimático (conforme orien- fria e depois água quente e detergente. A etapa da água
tação do fabricante); fria é importante para reduzir a impregnação da maté-
- Enxaguar abundantemente; ria orgânica nos instrumentos. A temperatura da água
- Fazer revisão das peças para detectar sujidades; na etapa subsequente é em torno de 90º C, indicadas
- Acondicionar em campos de cretone simples e cam- para a desinfecção de itens de baixo risco de aquisição
po de algodão cru e/ou bandejas; de infecção como comadres, papagaios, cubas e frascos
- Fixar, identificar, datar e assinar; coletores de secreção. Não devem ser utilizadas para lim-
- Encaminhar para esterilização em autoclave. par equipamentos de fibra óptica por causa da natureza
delicada das fibras.
Óticas:
- Lavar manual e delicadamente evitando impactos, Pasteurização: É o processo que destrói através
não enrolar para não danificar; da coagulação de proteínas todos os microorganismos
- Usar água e sabão neutro líquido ou detergente en- patogênicos, porém não elimina esporos bacterianos.
zimático; Consiste na imersão de artigos em água a 77º C por 30
- Enxaguar bem em água corrente; minutos. Indicado para desinfecção de equipamento de
- Secar com compressa limpa; terapia respiratória e de anestesia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Enrolar em forma de círculo grande para não dani-


ficar internamente; Químico
- Encaminhar para preparo;
- Colocar as óticas em solução esterilizante ( confor- Um grande número de germicidas são usados em
me orientação do fabricante); unidades de saúde. Cada formulação é única e deve ter
- Enxaguar em água corrente; registro no Ministério de Saúde. O profissional de saúde
- Colocar sobre um campo duplo; deverá estar familiarizado com as características de cada
- Secar com compressa limpa; um para selecionar aquele apropriado à sua necessidade.
- Acondicionar em campo estéril para uso imediato. Glutaraldeído 2%: É um dialdeído saturado utiliza-
do para desinfecção de alto nível e esterilização química,
dependendo do tempo de exposição. Espectro de ação:

138
possui ação bactericida, fungicida, viruscida, micobacte- exposição e a concentração variam de acordo com o ar-
ricida e esporicida. Tempo de exposição: o glutaraldeído tigo e superfície a ser desinfetada. Concentrações baixas
a 2% requer no mínimo 20 minutos de exposição para de 25ppm atuam em microorganismos mais sensíveis. A
efetivar alto nível de desinfecção. concentração mínima necessária para eliminar microbac-
Indicação de uso: endoscópios semi-críticos (en- térias é de 1000ppm (0,1%). Para desinfecção de circuitos
doscópios digestivos, broncoscópios, laringoscópios, ventilatórios e inaladores: 30 minutos na concentração
retossigmoidoscópios) e críticos (artroscópios e lapa- 10.000 ppm (1%) ou 200 ppm (0,02 %) por 60 minutos.
roscópios) quando a esterilização não é possível. Artigos Bicos de mamadeiras e chupetas devem ser desinfeta-
metálicos semi-críticos como espéculos vaginais, otorri- das utilizando concentração de 0,015% (150ppm) por
nológicos e lâminas de laringoscópios entre outros. 60 minutos. Pode-se utilizar a concentração de 0,5%
(5000ppm) para desinfecção de artigos semi-críticos,
Critérios para uso do glutaraldeído a 2%: desde que a diluição seja para uso imediato. A concen-
- A ativação e manuseio desses produtos devem tração de 1% pode ser mais segura do ponto de vista de
ocorrer em salas ventiladas; degradação mas oferece a desvantagem do forte odor e
- Usar equipamento de proteção individual - EPI: requer enxágue abundante para evitar irritação química
máscara com filtro, avental plástico, luvas grossas de bor- iatrogênica.
racha, óculos de proteção;
- Usar recipiente de acrílico ou plástico limpo com Preparo de Materiais de Consumo e Roupa Cirúrgica
tampa para colocar a solução;
- Verificar a validade do produto e data de ativação Escovas para unhas
do mesmo; - Envolver individualmente papel crepado ou algodão cru;
- Observar o tempo de exposição necessária de acor- - Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5;
do com o material a ser desinfetado; - Encaminhar para esterilização em autoclave no me-
- O material a ser desinfetado ou esterilizado deve nor tempo possível.
estar rigorosamente limpo e seco, para evitar a alteração
do pH do produto; Ataduras de crepon e de algodão ortopédico
- Imergir completamente o artigo observando a con- - Separar por tamanho;
figuração física do material (tubos, lumens, etc.) para evi- - Retirar o invólucro;
tar a formação de bolhas de ar, as quais impedem a ação - Envolver cada unidade em papel grau cirúrgico ou
do glutaraldeído;
papel crepado;
- Deixar o material em contato com a solução de
- Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5;
acordo com o tempo recomendado;
- Encaminhar para esterilização em autoclave.
- Retirar o material com pinça estéril e/ ou luva;
- Enxaguar abundantemente, usando de preferência
Obs: A atadura de algodão ortopédico muito densa
água estéril. Se não for viável, enxaguar com água potá-
deve ser desenrolada e enrolada novamente, deixando-a
vel e após fazer rinsagem com álcool a 70% para facilitar
fofa, de modo a facilitar a esterilização.
a secagem;
- Secar com compressa estéril, usando campos duplos
de cretone estéril sobre a mesa, em bandeja esterilizada. Compressa cirúrgica para campo operatório
Álcool etílico a 70%: Espectro de ação: Através da - Observar cuidadosamente os dois lados, verificando
desnaturação da proteína. É bactericida, tuberculicida, a integridade, limpeza, presença de corpo estranho e in-
fungicida e viruscida, entretanto, não é esporicida. Tem- tegridade da alça;
po de exposição: é difícil especificar o tempo de exposi- - Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e ou-
ção pois o álcool evapora rapidamente. Os artigos devem tros objetos estranhos;
permanecer umedecidos pelo álcool por 5 minutos. - Selecionar as compressas:
- Com sujidades - encaminhar a lavanderia;
Indicação de uso: desinfecção de nível intermediário - Rasgadas, não íntegras – utilizar para secagem de
de superfícies de mobiliário e equipamentos, termôme- material e outros procedimentos de clínica;
tros, diafragmas e olivas de estetoscópios. É utilizado, - Com algumas asperezas e manchas e/ou sem alças
usando uma compressa embebida fazendo fricção. O ál- – utilizar para preparo de pacotes de parto e aventais e
cool não tem penetração em matéria orgânica. Apresen- outros procedimentos de clínicas;
ta desvantagem de opacificar acrílico e ressecar plásticos. - Limpas, com alças, sem manchas, íntegras, livres de
quaisquer objetos estranhos- preparar para cirurgias;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cloro e compostos clorados: Quanto maior a con- - Dobrar conforme a rotina;


centração e/ou o tempo, maior o espectro de ação. São - Para procedimento cirúrgico, agrupar cinco unidades;
utilizados para desinfecção de nível intermediário de ar- - Envolver em campo duplo de algodão cru 70x70 cm;
tigos e superfícies. Possui como vantagens o baixo custo - Fixar e identificar;
e ação rápida e como desvantagem, ser extremamente - Encaminhar para esterilização em autoclave.
corrosivo para metais, sofrer interferência de matéria or-
gânica e ser instável. Palito e haste flexível
Espectro de ação: viruscida, fungicida, bactericida, - Fazer pacotes com 2 a 3 unidades em papel grau
micobactericida e esporicida para grande número de es- cirúrgico;
poros. Concentração e tempo de exposição: o tempo de - Selar e identificar;

139
- Encaminhar para esterilização em autoclave no me- - Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e ou-
nor tempo de superfície. tros objetos estranhos;
- Selecionar as roupas:
Dissectores - Com sujidades - encaminhar à lavanderia;
- Fazer pacotes com 3 a 5 unidades em papel grau - Rasgadas, não íntegras - encaminhar à costuraria;
cirúrgico duplo; - Com algumas manchas – utilizar para empacotamen-
- Selar e identificar; to, forrar bandejas e outros procedimentos de clínicas;
- Encaminhar para esterilização em autoclave. - Limpas, sem manchas, íntegras, livres de qualquer
objeto estranho – preparar para cirurgias;
Tampões ginecológico e nasal - Dobrar conforme a rotina cirúrgica;
- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico - Montar os pacotes de acordo com a rotina de cada
duplo; unidade;
- Selar e identificar; - Envolver em campo duplo de algodão usando téc-
- Encaminhar para esterilização em autoclave. nica de envelope;
- Fixar e identificar;
Borboletas e bolas de amígdalas - Encaminhar para esterilização em autoclave.
- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico
duplo; Guarda do material estéril
- Selar e identificar;
- Encaminhar para esterilização em autoclave. Após a esterilização é importante observar:

Vidros para coleta de secreções, biópsias e outros Em relação aos pacotes:


- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico, - Não retirá-los imediatamente após o final do ciclo;
ou papel crepado. Vidro aberto, com a tampa solta; deixar o ar circular na autoclave para evitar choque tér-
- Selar ou fixar e identificar; mico;
- Encaminhar para esterilização em autoclave. - Não colocar o material estéril quente em superfícies
compactas ao sair da autoclave;
Líquidos - Observar a integridade e presença de umidade nos
pacotes e embalagens;
Óleo - Observar mudança na coloração da fita indicadora;
- Acondicionar em caixa metálica, colocando até 1.0 - Manusear o mínimo possível e com delicadeza.
cm da altura do recipiente;
- Tampar a caixa; Em relação ao ambiente:
- Encaminhar para esterilização em estufa a 160ºC por - Manter o ambiente fechado, limpo e seco;
2 horas; - Manter a temperatura ambiente entre 18º e 22ºC;
- Após a esterilização, deixar esfriar e lacrar o reci- - Restringir o acesso e movimentação na sala.
piente com fita adesiva. Em relação a estocagem:
Violeta genciana/azul de metileno - Usar prateleiras móveis, preferencialmente em aço
- Colocar 3 ml da solução em um vidro pequeno (tipo inoxidável, favorecendo a limpeza;
Xylocaína); - Usar estantes com cestos removíveis;
- Vedá-lo com fita adesiva e colocar uma agulha hipo- - Observar que a distância entre o material e o piso
dérmica no centro para permitir a penetração do vapor; deve ser de no mínimo 30cm e em relação ao teto 50cm;
- Identificar; - Estocar separadamente de materiais não estéreis.
- Encaminhar para esterilização em autoclave no ciclo
de líquidos ou gravidade; Em relação ao período de estocagem:
- Após a esterilização retirar a agulha.
Em condições adequadas de estocagem, manuseio
Observação: e integridade da embalagem, é aconselhado:
- Dentro da autoclave, acondicionar os vidros com so-
lução em bandeja ou cuba. Material esterilizado em autoclaves:
- Campos de algodão – 7 dias
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pós - Papel grau cirúrgico selado – indeterminado


- Acondicionar em placa de Petri grande, colocando
uma camada de cerca de 1mm de altura, uniformemente; Material esterilizado em estufa:
- Esterilizar em estufa a 1600 C por 2 horas. - Caixa – 7 dias

Roupa cirúrgica Material esterilizado em Plasma de Peróxido de


- Selecionar por tamanho e tipo; Hidrogênio:
- Observar cuidadosamente os dois lados, verificando - Tecido não tecido – 30 dias
a integridade, limpeza, presença de corpos estranhos; - Tyvec – indeterminado

140
Em relação a paramentação na área de guarda: Usar para a cor preta após completado o ciclo, evidenciando a
roupa privativa para o setor, gorro e máscara ausência de bolhas de ar. A presença de áreas mais claras
indica ar residual na câmara.
Controle de qualidade do processo de esterilização
através de indicadores químicos e biológicos e inte- Obs: Este teste só deve ser utilizado em autoclaves de
gradores químicos em autoclave pré-vácuo e nunca em autoclaves gravitacionais, porque nes-
te sistema não ocorre eliminação do ar na câmara interna.
Os indicadores e integradores são usados para asse-
gurar a real esterilidade dos artigos e instrumentais que Tira de indicador químico para vapor- Ex: Comply:
passam por processos de esterilização Químicos indica- É uma tira composta por substâncias químicas que rea-
dor de processo indicadores externos Fita Indicadora/ gem às condições do processo. Oferece resposta através
Fita teste indicadores internos Bowie & Dick Indicadores de uma nítida mudança de coloração, ( - ) grafite e ( + )
cinza claro/outros. Monitora a pressão do vapor saturado
Tira de indicador químico para vapor no interior do pacote e caixas, assegurando a exposição
Ex: comply indicador de esterilização indicador bioló- dos artigos às condições mínimas de tempo e tempera-
gico Ex: Attest integrador químico Ex: Sterigage Biológico tura. Utilizado em cada pacote, aponta problemas locais
causados por falhas humanas ou avarias mecânicas na
Indicadores químicos: Consistem de tiras de papel autoclave.
impregnadas com tinta termocrômica que mudam de cor
quando expostas à temperatura por tempo suficiente, in- Indicadores de Esterilização
dicando que as condições em que se processou a esteri-
lização estavam corretas. Classificam-se em: Incluem todas as variáveis do processo de esteriliza-
- Indicadores de Processo ção (temperatura, tempo e pressão). Tipos:
- Indicadores de Esterilização - Integrador Químico
- Indicador Biológico
Indicadores de Processo: São usados para evidenciar
o funcionamento correto ou não do processo realizado Integrador Químico para Ciclo de Vapor- Ex: Ste-
pelo equipamento. Porém não atestam se o material foi rigage: É um dispositivo que indica se os materiais den-
realmente esterilizado. tro do pacote foram expostos às três variáveis críticas:
temperatura, tempo e presença de vapor saturado, con-
Tipos dições necessárias para esterilização. Pode ser utilizado
- Indicadores Externos em todos os processos de esterilização a vapor. Acon-
- Indicadores Internos selha-se colocar, no mínimo, um integrador por ciclo de
esterilização e também no interior de caixas e pacotes
Indicadores Externos/ Fita Indicadora Rolo/Fita grandes. A leitura é fornecida de maneira precisa e de
Teste: São fitas autoadesivas utilizadas unicamente para fácil interpretação, pela mudança de coloração.
diferenciar os pacotes processados dos não processados. Indicador Biológico – Ex: Attest: É um sistema que
Sendo um indicador visual, facilita a detecção de proble- contém suspensão de esporos do tipo Bacillus stearo-
mas nos equipamentos e falhas do servidor responsável thermophilus (autoclave) e Bacillus subtilis (estufa ou pe-
pela esterilização. A fita indicadora possui listras claras róxido de hidrogênio ). É uma preparação padronizada
que se tornam escuras (marrom/grafite) após a passa- de esporos bacterianos de modo a produzir suspensões
gem pelo calor; não deixa resíduo após autoclavagem e contendo em torno de 106 esporos por unidade de papel
deve estar presente em todos os pacotes de materiais filtro. É o único meio capaz de assegurar que todas as
estéreis distribuídos pelo hospital. condições de esterilização estão adequadas porque os
microrganismos são testados quanto ao seu crescimento
Indicadores Internos: Teste de Bowie & Dick/Indica- ou não, após a aplicação do processo.
dor de ar residual: É usado para determinar a eficácia do
sistema de vácuo na autoclave de pré - vácuo. Foi desen- Utilização: Diariamente, para validar os equipamentos
volvido para detectar bolhas de ar e avaliar a habilidade de esterilização, após o teste de Bowie & Dick.
do equipamento em reduzir o ar residual da câmara a
um nível suficiente para prevenir a compactação da carga Esterilização
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

quando o vapor é introduzido após a eliminação do ar.


É o processo de destruição de todas as formas de vida
O teste deve ser feito diariamente no primeiro ciclo microbiana: bactérias, fungos, vírus e esporos mediante a
do dia, após o ciclo de aquecimento (antes da primeira aplicação de agentes físicos, químicos ou físico-químicos.
carga processada); seguindo as orientações do fabricante
da autoclave sobre o tempo, a temperatura e o uso cor- Físicos
reto do indicador. A folha indicadora deverá ser colocada - Vapor saturado /autoclaves
no interior de um pacote a ser esterilizado sobre o dreno - Calor seco/estufa
(purgador), com a câmara vazia. Este pacote pode ser pre- - Raios Gama/cobalto 60
parado utilizando-se campos lavados e dobrados, empi-
lhados até a altura de 25 a 28cm. Este indicador mudará

141
Físico-químicos Compreende três tempos:
- Esterilizadoras a Óxido de Etileno (ETO) - da penetração do vapor: é o intervalo necessário
- Plasma de Peróxido de Hidrogênio para que a carga atinja a temperatura da câmara;
- Vapor de Formaldeído - da esterilização: é o menor intervalo necessário para
a destruição de todas as formas de vida microbiana em
Químicos uma determinada temperatura;
- Glutaraldeído - da confiança: é um período adicional, geralmente igual
- Formaldeído à metade do tempo de esterilização, adotado na autocla-
- Ácido peracético vação de artigos em que a penetração do calor é, ou po-
derá ser, retardada ou variável. O excesso na margem de
Métodos de esterilização segurança é uma prática antieconômica, pois a combinação
do custo de energia com a deterioração dos materiais por
excessiva exposição ao calor aumentam as despesas.
Físicos: Esterilização por meio físico consiste na utili-
- exaustão do vapor – realizado por uma válvula ou
zação do calor, em suas várias formas, e alguns tipos de
condensador;
radiação.
- secagem da carga – obtida pelo calor das paredes
da câmara em atmosfera rarefeita.
Esterilização por vapor saturado sob pressão: É o
processo que oferece maior segurança no meio hospita- Equipamentos:
lar. Sendo o método preferencial para o processamento
de material termo-resistente, destruindo todas as formas Autoclaves a vapor: São câmaras de aço inox equi-
de vida em temperaturas entre 121°C a 132°C. A esteri- padas com uma ou duas portas dotadas de válvula de
lização a vapor é realizada em autoclaves. Vale lembrar segurança, manômetros de pressão e um indicador de
que o vapor saturado é um gás e portanto está sujeito às temperatura, geralmente localizado na linha de drena-
leis dos gases da física. Não se pode obter uma redução gem da câmara. Para que haja esterilização é necessário
na temperatura do vapor saturado sem correspondente que o vapor entre em contato com todos os artigos colo-
diminuição da pressão e vice-versa. Em regiões de altitu- cados na câmara e isso só ocorre quando o ar é removido
de elevada como Brasília, é necessário usar maiores pres- adequadamente. As autoclaves podem ser divididas em
sões do vapor para se obter a mínima variação de tem- dois tipos básicos:
peratura para esterilização. Isto ocorre porque a pressão - Autoclave gravitacional (evacuação do ar por
atmosférica varia com a altitude. gravidade): O ar frio, mais denso, tende a sair por um
Observações: Vapor saturado: É o ideal para uma es- ralo colocado na parte inferior da câmara, quando o va-
terilização de qualidade. É a camada de vapor mais pró- por é admitido. Este processo é relativamente lento e
xima da superfície líquida, isto é, se apresenta no limiar permite a permanência de ar residual. A fase de secagem
do estado líquido e gasoso, podendo apresentar-se seca é limitada pois não possui capacidade para completa re-
ou úmida. Para a esterilização é necessário que o vapor moção do vapor, podendo apresentar umidade no ma-
apresente um valor de “secura”. Esse valor é medido pelo terial ao final do processo. Em geral, processos em auto-
técnico de manutenção. claves gravitacionais são adequados para esterilização de
Vapor úmido: Inadequado para esterilização. É nor- materiais desempacotados.
malmente formado quando a água da caldeira ou con- - Autoclave pré-vácuo (evacuação mecânica do
ar): neste sistema o ar é removido previamente, para
densado dos tubos é carregado pelo vapor quando
formação de vácuo. Quando o vapor é admitido, pene-
injetado na câmara. O resultado é um excesso de água
tra instantaneamente nos pacotes, com pouca chance de
que poderá tornar úmidos os materiais dentro da este-
permanência de ar residual. Devido a este mecanismo o
rilizadora, podendo ocorrer contaminação ao retirá-los processo é mais rápido e eficiente. A bomba de sucção
da autoclave. Para evitar o problema, realizar o primeiro forma o vácuo num único pulso (alto vácuo) ou através
ciclo/dia vazio, para eliminar o condensado de vapor da de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em
rede de caldeira. As autoclaves elétricas não necessitam temperatura ligeiramente inferior a do processo (pulsos
pois geram o próprio vapor. de pressurização). O sistema mais eficiente é o de pulsos
de pressurização pois existe grande dificuldade em obter
Mecanismo de ação: Os microorganismos são des- vácuo num único pulso.
truídos pela ação combinada da temperatura, pressão e
umidade que promovem a termo-coagulação e a desna- Disposição dos artigos dentro da câmara: Os pacotes
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

turação das proteínas da estrutura genética celular. devem ser posicionados de forma a permitir que o va-
por possa fluir por todos os itens no esterilizador. Para
isso, deve ser observado um espaçamento de 25 a 50mm
Fases do ciclo de esterilização: entre todos os pacotes e entre eles e as paredes da câ-
- drenagem do ar na câmara de esterilização – possi- mara. O volume de material não deve exceder a 80% da
bilita a penetração do vapor; capacidade do aparelho. Os pacotes maiores devem ser
- período de exposição – começa a ser marcado no colocados na parte inferior da câmara e os menores na
instante em que a câmara atinge a temperatura previa- superior. Os jarros, bacias, frascos e outros artigos que
mente estabelecida demonstrada pelo termômetro. apresentam concavidade devem ser colocados com sua
abertura para baixo, para facilitar o escoamento de água
resultante da condensação do vapor.

142
Falhas no processo: Inspeções periódicas, manutenção e troca dos componentes das autoclaves (filtros, válvulas
e diafragma) são necessários para garantir o bom funcionamento e devem seguir as recomendações do fabricante. A
frequência para se realizar a manutenção preventiva depende do número de utilizações e da idade dos equipamentos.
As autoclaves devem ser validadas em função de suas instalações e desempenho. Um calendário de manutenção pre-
ventiva deverá ser estabelecido de acordo com a recomendação do fabricante, como no exemplo:

Frequência Atividade
Diariamente - limpeza da câmara interna (álcool ou éter).
Mensalmente - limpeza dos elementos filtrantes e linha de drenagem.
Trimestralmente - descarga do gerador.
- verificação e limpeza dos eletrodos de nível
- lubrificação do sistema de fechamento
Semestralmente - verificação da guarnição da tampa
- avaliação dos sistemas de funcionamento e segurança
- desempregnação dos elementos hidráulicos
- ajustamento e reaperto do sistema de fechamento
- verificação do elemento filtrante de entrada de água
- aferição dos instrumentos de controle monitoração e segurança
Anualmente
- limpeza do gerador de vapor
- após 3º ano de funcionamento, teste, avaliação hidrostática,
- aferição dos instrumentos de controle.

Fonte: Manual Técnico da Autoclave Sercon.

Os maiores problemas durante o processo são: remoção do ar, superaquecimento, carga úmida e danificação do
material. Abaixo, quadro dos principais defeitos de funcionamento de autoclave.

Quadro 1: Causa dos principais defeitos de funcionamento das autoclaves

Autoclave com geração elétrica de Autoclave com geração de vapor


Defeito
vapor através de caldeira
• Resistência queimada
• Válvula redutora desregulada
• Falta de fase
• Suprimento de vapor baixo
A pressão do vapor na • Filtro entupido
câmara não alcança o • Purgadores ou filtros entupidos
• Excesso de água ou de entrada de
desejado.
água • Pressostato danificado ou desregulado.
• Pressostato ou termostato danificado
ou desregulado.
• Dreno da câmara está entupido • Dreno da câmara está entupido
• Termostato ou pressostato está desre- • Termostato ou pressostato está desregu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gulado lado.
A temperatura não al-
• Purgador danificado ou sujo • Purgador danificado ou sujo
cança o desejado.
• Filtro entupido • Filtro entupido
• Esquecimento de fechar a válvula de • Esquecimento de fechar a válvula de se-
segurança. gurança.

143
O redutor da autoclave
não permite mais regu- • Necessita trocar o redutor ou reparo.
lagem. • Necessita trocar o redutor ou reparo.

• O condensador tem defeito ou a en-


Vapor excessivo na área trada de água está fechada. • O condensador tem defeito ou a entrada
de esterilização. de água está fechada.

• O Vapor está escapando através da


• O Vapor está escapando através da válvula
válvula de segurança que precisa ser
de segurança que precisa ser trocada.
trocada.
Poça de água na câmara
• A autoclave não está nivelada.
• A autoclave não está nivelada.
• O sistema de drenagem está entupido.
• O sistema de drenagem está entupido.
• O vapor está úmido e não saturado.
• O vapor está úmido e não saturado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O nível de água deve estar elevado.
• O tempo de secagem necessita ser
• O tempo de secagem necessita ser maior.
maior.
Os pacotes saem mo- • Os pacotes estão mal colocados ou encos-
• Os pacotes estão mal colocados ou
lhados tados nas paredes ou entre si.
encostados nas paredes ou entre si.
• Dreno sujo.
• Dreno sujo.
• Filtro ou purgador entupido ou defeituoso.
• Filtro ou purgador entupido ou defeituoso.
• A pressão do vapor não é suficiente.
• A pressão do vapor não é suficiente.
• Abertura da porta demasiado • Abertura da porta demasiado rápi-
A carga de líquidos ferve da.
rápida. Deve-se aguardar pelo menos
na autoclave
cinco minutos com a porta entreaberta.
• Necessita trocar a guarnição. • Necessita trocar a guarnição.
Perda de vapor pela
• Porta desregulada ou empenada. • Porta desregulada ou empenada.
porta
• Mecanismo defeituoso. • Mecanismo defeituoso.
Vapor escapa pela válvu- • Válvula danificada ou desregulada • Válvula danificada ou desregulada
la de segurança
• Excesso de pressão, examinar o regis- • Excesso de pressão, examinar o registro
tro do manômetro. do manômetro.
• Lâmpada queimada ou desligada • Lâmpada queimada ou desligada
Piloto não acende
• Fusível queimado. • Fusível queimado

Fonte: Zanon & Neves.1987

Riscos ocupacionais:
- Ruídos emitidos pelo aparelho:
- Alta frequência: causa nervosismo e irritabilidade;
- Frequência moderada: provoca distração;
- Frequência baixa: origina cansaço.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Obs: Sons contínuos ou constantes apresentam efeito cumulativo podendo causar irritação. O ruído diminui a capa-
cidade de trabalho, a produtividade, afeto e bemestar, podendo induzir o trabalhador a erros.

Aspectos ergonômicos e posturais: São necessários cuidados no que se refere ao transporte do rack, carregamen-
to, fechamento da porta da autoclave e descarregamento.

Calor: Desconforto pelo aumento de temperatura e umidade ambiental, como riscos diretos de queimaduras. Em-
bora existam diferentes modelos de autoclave, alguns pontos são fundamentais no seu manuseio, visando a prevenção
de acidentes do seu operador.
Dentre estes, enumeramos algumas das medidas preconizadas pelo “Manual de Segurança para Serviços de Saúde”:

144
- Manter as válvulas de segurança em boas condições; Teste Biológico
- Não abrir a porta da autoclave enquanto a pressão
de vapor na câmara não atingir o valor zero; Os testes deverão ser realizados diariamente no pri-
- Proteger o rosto atrás da porta da autoclave, quan- meiro ciclo com carga completa, sendo colocado em pa-
do for abri-la , para evitar queimaduras pelo vapor e cote do tipo cirurgia geral sobre o dreno/purgador. Ope-
possíveis explosões ou implosões dos frascos de vidro ração do Sistema de Controle Biológico em autoclave
tampados; 1- Identificar nos espaços apropriados do rótulo do
- Evitar contato direto com as partes metálicas ou Indicador Biológico, o número da carga, a data e o es-
com o material quente, utilizando luvas de proteção pró- terilizador;
prias (raspa), no descarregamento; 2- Colocar esta ampola identificada no centro de um
- Verificar periodicamente, o funcionamento de ter- pacote desafio;
mostatos, purgadores e válvulas de segurança; 3- Processar o ciclo de acordo com a rotina da autoclave;
- Não forçar a porta para abrir quando emperrar; 4- Retirar a ampola do pacote;
- A autoclave deve ser equipada com uma trava ou 5- Incubar e fazer leitura de acordo com o tipo de
outro dispositivo que impeça sua abertura enquanto teste; de leitura rápida/3horas ou 48 horas;
houver pressão no seu interior. 6- Registrar os resultados em formulário próprio.
Arquivar na CME e encaminhar mensalmente cópias ao
Validação: É a verificação prática e documentada de SCIH;
todo o processo de esterilização, que avalia o desempe- 7- Após leitura final, os Indicadores Biológicos utili-
nho dos equipamentos para averiguar se cumprem suas zados deverão ser esterilizados em autoclave a vapor e
finalidades (Moura 1996). descartados em lixo comum.

Validação da Autoclave a Vapor Saturado sob Esterilização por calor seco/estufa


Pressão
Baseia-se na utilização do calor gerado por uma
fonte. Requer o uso de altas temperaturas e um longo
Passos na validação:
tempo de exposição, pois como o ar quente propaga-se
1- Aquecimento da autoclave: Realizar um ciclo com-
lentamente no material, a esterilização exige um aqueci-
pleto de esterilização com tempo máximo de 3 minutos;
mento prolongado. A sua distribuição dentro da câmara
2- Na autoclave vazia, posicionar um pacote desafio
não ocorre de maneira uniforme, sendo recomendado
(roupa cirúrgica) colocando no centro deste, um teste
que não se utilize o centro da estufa, pois este concentra
Bowie & Dick. Repetir a operação por mais 2 vezes com
os chamados pontos frios. A carga deve ser o mais uni-
outros pacotes e testes; forme possível e as caixas devem conter uma quantidade
3- Retirar os testes a cada ciclo, procedendo as ano- limitada de instrumentais. O calor seco por não ser tão
tações pertinentes em formulário próprio; penetrante quanto o vapor, deve ser utilizado somente
4- No centro do pacote desafio (roupa cirúrgica), co- quando não for possível a autoclavação, como nos casos
locar um teste biológico, um integrador químico e uma de óleos e pós.
tira para indicador químico para vapor. Posicionar o pa- Mecanismo de ação: a morte dos microorganismos
cote sobre o dreno em autoclave com carga completa, pelo calor seco tem sido considerada fundamentalmente
em ciclo padronizado de rotina. Repetir a operação por um processo de oxidação, em que ocorre uma desidra-
mais 2 vezes com novos pacotes e testes; tação progressiva no núcleo das células, gerando um de-
5- Retirar os testes a cada ciclo, realizando a incuba- sarranjo interno e consequente dessecamento.
ção dos indicadores biológicos processados, e de um pi-
loto/não processado, em incubadora de leitura rápida/ 3 Equipamento/Estufa ou Forno de Pasteur: seu fun-
horas ou 48 horas e as anotações pertinentes aos demais cionamento consiste na produção de calor gerado por
testes em formulário próprio; resistências elétricas. A temperatura dentro da câmara
6- Só liberar os pacotes das cargas testes, após leitura não é uniforme devido à diferença de densidade entre o
final dos indicadores biológico e integrador químico com ar frio e quente. Existem dois tipos de estufa, comumente
resultados negativos. utilizados:
- Estufa de convecção por gravidade: compõe-se de
QUANDO VALIDAR A AUTOCLAVE: Segundo NORMA uma câmara revestida de resistência elétrica em sua pa-
ISO 11.134 rede inferior, possuindo um orifício de drenagem de ar
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

na parede superior. À medida que ocorre o aquecimento


1- Na instalação de equipamentos novos; do ar no interior da câmara, o ar frio é empurrado pelo ar
2- Após manutenção corretiva de grande extensão; quente em direção ao dreno superior, promovendo-se a
3- Após a autoclave ficar parada por muito tempo; uniformização da temperatura interna.
4- Sempre que trocar guarnição; - Estufa de convecção mecânica: possui um dispositi-
5- A cada doze meses. vo que produz rápido movimento de grande volume de
ar quente, facilitando a transmissão do calor diretamente
para a carga, sob condições de temperatura controlada e
limitando as variações de temperatura em vários pontos
da câmara a mais ou menos 1°C. É a mais indicada para
uso hospitalar.

145
Princípios operacionais: exposição. O ETO tem boa penetração em embalagens e
- validação do equipamento básico e calibração dos lúmens podendo ser usado na maioria dos artigos hospi-
instrumentos: deve ser solicitada ao fabricante do equi- talares. Entretanto, sua’ utilização é muito complexa, de
pamento uma carta de validação indicando o ponto mais alto custo e toxicidade exigindo uma estrutura física es-
frio, uma vez que existem variações de temperatura den- pecífica. Mecanismo de ação: a sua ação letal é atribuída
tro do ambiente da câmara de esterilização. A esteriliza- a alquilação das cadeias proteicas microbianas, impedin-
ção é eficiente quando o ponto frio registrar 160°C, em do a multiplicação celular. Fatores a serem considerados:
exposição por 2 horas. Nesse local, deverão ser realiza- - Concentração: 450 a 1200mg/L;.
dos os testes biológicos; - Temperatura: 49°C a 65°C, o que pode danificar ar-
- após iniciado o ciclo a porta não pode ser aberta. tigos muito sensíveis ao calor; nesse caso, pode-se ado-
Caso ocorra, deve-se esperar que o equipamento atinja tar temperatura entre 30°C e 38°C, sendo necessário um
novamente os 160º C, para reiniciar a contagem de tem- período de exposição mais longo ou concentração mais
po (2 horas); elevada;
- seleção de materiais que possuam boa condutibili- - Umidade: 45% a 80%;
dade térmica: a esterilização na estufa requer alta tempe- - Tempo de exposição: 2 a 5 horas. Havendo limita-
ratura e tempo de exposição prolongado, portanto, não ções, o aumento da concentração do gás pode reduzir o
é recomendada para artigos como tecidos, borrachas e tempo de exposição;
papéis que não tenham boa condutibilidade térmica ou - Fases do processo: preparo e umidificação, introdu-
não sejam termoresistentes; ção do gás, exposição, evacuação do gás e injeções de
- preenchimento da carga anteriormente à marcação ar que requerem aproximadamente duas horas e meia
do tempo de exposição: o material deve ser colocado excluindo o período de aeração;
assim que se liga a estufa, sendo aquecido ao mesmo - Período de aeração: mecânica 8 a 12 horas de 50°C
tempo que a câmara; a 60°C; ambiental 7 dias a 20°C.
- distribuição interna da carga: não sobrecarregar a
estufa com materiais, nem permitir que toquem nas pa- Plasma de peróxido de hidrogênio - Esterilizadores
que operam a baixa temperatura utilizando peróxido de
redes. A sobrecarga dificulta a circulação do calor.
hidrogênio como substrato para formação de plasma. O
plasma chamado de quarto estado da matéria, é definido
As caixas devem ser pequenas contendo poucos ins-
como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras
trumentos;
(muitas das quais em forma de radicais livres), que são al-
- invólucros: os mais utilizados são caixas metálicas
tamente reativos. É formado pela geração de um campo
fechadas, papel alumínio e frascos de vidro refratário;
eletromagnético (rádio frequência) que produz o plasma.
- o monitoramento deve ser feito pelo menos uma
Este processo é uma alternativa viável para submeter ar-
vez por semana usando fita teste própria e indicador bio- tigos sensíveis ao calor e umidade. Os materiais compa-
lógico (Bacillus subtilis), no centro de cada caixa. tíveis com o sistema incluem: alumínio, bronze, acetato
de vinil etílico (EVA), craton, látex, polietileno de baixa
Riscos ocupacionais: densidade, polietileno de alto peso molecular, policar-
- queimaduras por acidente; bonatos, poliolefinas, polipropileno, poliuretano, cloreto
- incêndio por extravasamento de óleos. de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, vidro,
borrachas, acrílico, fibras ópticas, equipamentos e mate-
Esterilização por radiação ionizante: riais elétricos e pneumáticos. O equipamento deve ser
monitorizado pelo menos uma vez por semana, toda vez
É utilizada para materiais termossensíveis por utilizar que sofrer manutenção e quando da esterilização de ma-
baixa temperatura. Seguro, mas por razões econômicas é teriais ainda não testados. Para tanto usa-se:
normalmente utilizado em escala industrial. As principais - Indicador químico no interior de todas as embala-
fontes de radiação utilizadas com fins de radioesteriliza- gens;
ção industrial são os raios beta e gama. Mecanismo de - Fita química colante nas embalagens que não pos-
ação: A capacidade antimicrobiana da radiação ionizante suem o indicador no seu exterior;
se dá principalmente por modificações no DNA da célula - Indicador biológico próprio/Bacillus subtillis.
alvo.
Mecanismo de ação: os radicais livres gerados no
Físico-químicos plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-se com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cargas negativas e positivas excitadas que tendem a se


De forma geral os métodos físico-químicos são pro- reorganizar, interagindo com moléculas essenciais ao
cessos realizados em equipamentos especiais, que uti- metabolismo e reprodução microbianos ligam-se de
lizam substâncias químicas esterilizantes e baixas tem- maneira específica às enzimas, fosfolipídios, DNA, RNA
peraturas. É indicado para esterilização de materiais e etc. Essa reação é rápida , viabilizando o processo de
termossensíveis e/ou sensíveis à umidade. Óxido de esterilização em curto espaço de tempo.
etileno (ETO): é um gás inflamável e explosivo. Quando
misturado com gás inerte é uma das principais opções Fases do ciclo de esterilização:
para esterilização de materiais termossensíveis, desde - Vácuo: após a câmara de esterilização ter sido carre-
que obedecidos alguns parâmetros relacionados com a gada e a porta fechada, o ciclo de esterilização é iniciado,
concentração do gás, temperatura, umidade e tempo de ocorrendo uma redução da pressão da câmara através

146
do acionamento de uma bomba de vácuo. Esta fase dura A maior parte das autoclaves usa o sistema de jatos
aproximadamente 5 minutos, podendo variar, depen- de ar. Embora tenha sido relatado que os jatos de vapor
dendo do tipo de carga; eliminam mais rapidamente os resíduos de formaldeído,
- Injeção: quando a pressão atinge 0,3 Torr, o conteú- podem necessitar de um estágio subsequente de vácuo
do de uma ampola de peróxido de hidrogênio ( 1,8 ml ) a muito longo, para secar a carga. O processo inteiro nor-
58%, fornecendo uma concentração de 6mg/l é injetado malmente inclui 20 pulsos, e dura aproximadamente 2
na câmara de esterilização sob a forma de vapor. O pe- horas, a 65°C sendo mais curto a temperaturas mais ele-
róxido de hidrogênio é fornecido em um cassete plástico vadas. Indicações de uso: Indicado para esterilização de
que possui 10 ampolas; materiais sensíveis ao calor, tais como endoscópios rí-
- Difusão: a solução de peróxido de hidrogênio, inje- gidos, equipamentos elétricos, vários objetos fabricados
tada dentro da câmara sob vácuo, se difunde por todos com plásticos sensíveis ao calor, entre outros. São apli-
os materiais. Esta fase dura 44 minutos e assegura tem- cáveis os mesmos procedimentos de embalagem para
po e concentração de peróxido de hidrogênio suficientes esterilização em autoclave a vapor d’água. Controle da
para o início da fase seguinte; esterilização: a validação de uma autoclave à base de for-
- Plasma: como resultado da injeção e difusão do pe- maldeído, inclui testes físico-químicos e microbiológicos.
róxido de hidrogênio na forma gasosa, a pressão dentro Os testes físicos investigam:
da câmara no final da fase de difusão permanece dema- - integridade da câmara da autoclave;
siadamente elevada para a formação de plasma a baixa - capacidade física da máquina para evacuar o ar da
temperatura, mediante a aplicação de energia de radio- câmara/carga;
frequência. Esta fase dura 15 minutos, onde é obtido o - capacidade de manter a temperatura requerida com
fator de segurança de esterilização previsto; a admissão de vapor;
- Ventilação: a energia de radiofrequência é inter- - produção de temperatura uniforme para toda a carga.
rompida ao final da fase de plasma, passando-se para a
ventilação. Esta fase possui duas etapas de injeção de ar, Depois de estabelecida a função física correta da má-
o que permite à câmara retornar à pressão atmosférica quina, pode-se estimar a distribuição do formaldeído
num período de 4 minutos. dentro da câmara, usando papéis indicadores ou fazen-
do a análise química de amostras retiradas da câmara.
Recomendações de uso: por se tratar de um aparelho Não havendo homogeneidade, deve-se corrigi-la antes
extremamente sensível são fundamentais os seguintes de proceder os estudos de qualificação com os indica-
passos para evitar abortamento do ciclo: dores biológicos. A eficácia da esterilização é medida
- Limpeza com remoção completa de resíduos orgânicos; por bioindicadores de dois tipos - um com esporos de
- Secagem completa; Bacillus stearothermophilus e outro com Bacillus subtilis.
- Embalagem e selagem adequadas. Avaliação de toxicidade: A determinação do resíduo de
formaldeído é feita de acordo com o método do ácido
OBS: Não é indicada a esterilização de instrumentos cromotrópico. Um filtro circular é utilizado como objeto
com lumens longos e estreitos e de fundo fechado. de teste. A enorme superfície de fibras de filtro absorve
o formaldeído o suficiente para possibilitar a análise do
Riscos ocupacionais: O processo de esterilização foi total dos resíduos. Não existem requerimentos oficiais no
concebido de forma a evitar o contato direto com o pe- Brasil, mas na Escandinávia, o valor máximo de 200g/fil-
róxido de hidrogênio líquido, na forma de vapor ou plas- tro é estabelecido.
ma, independentemente da fase em que o processo se
encontre. O material não necessita aeração, pois o resí- Químicos:
duos finais do processo são água e ar. Portanto, é seguro
para o meio ambiente e o trabalhador. Esterilização com Esterilização por imersão do artigo em produto quí-
vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (auto- mico do grupo dos aldeídos e outros, de eficácia com-
clave de formaldeído). A esterilização é conseguida com provada. São utilizados para artigos que não possam ser
formaldeído gasoso na presença de vapor saturado. A esterilizados pelo calor. Os artigos devem estar limpos
combinação desses dois meios de esterilização, distribuí- e secos, serem imersos na solução, dentro de recipiente
dos uniformemente na câmara da autoclave, é essencial plástico e tampado conforme orientação do fabricante e
para o sucesso do processo. aprovação do órgão oficial. Esterilização por glutaraldeí-
do a 2%: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fases do ciclo de esterilização: potente ação biocida podendo ser utilizado para qui-
- Evacuação do ar; mioesterilização de equipamentos que não possam ser
- Injeção: o vapor a baixa temperatura e o formaldeí- processados pelos métodos físicos tradicionais. As solu-
do são injetados na autoclave em vários pulsos; ções aquosas de glutaraldeído são ácidas e geralmente
- Difusão: o formaldeído se difunde através da carga neste pH não são esporicidas. Somente depois de ativa-
(fase de manutenção da esterilização); das por agentes alcalinizantes atingindo pH de 7,5 a 8,5
- Remoção do ar: por repetidas evacuações e injeções é que a solução se torna esporicida. Desde que não este-
de jatos de vapor ou ar. jam em uso, essas soluções mantém sua atividade bioci-
- Secagem. da por 14 a 28 dias (de acordo com o fabricante) devido
a subsequente polimerização de suas moléculas ativas.

147
Mecanismo de ação: O glutaraldeído tem atividade Ácido peracético: é um componente de uma equili-
bactericida, viruscida, fungicida e esporicida em tempo brada mistura entre ácido acético, peróxido de hidrogê-
que varia de 8 a 10 horas de acordo com a orientação nio e água. É bactericida, fungicida e esporicida através
do fabricante. Indicações de uso: .Utilizado como este- da desnaturação de proteínas e alteração da parede ce-
rilizante de materiais termossensíveis. Compatível com lular. Sua ação esporicida ocorre a baixas temperaturas,
instrumentos com lentes (endoscópio), metal, borracha mesmo em presença de matéria orgânica. Possui ativi-
e plástico. Não deve ser utilizado em superfícies por ser dade antimicrobiana rápida de amplo espectro em con-
muito tóxico e de alto custo. Pontos a observar: centração de 0,001 a 0,2% por 20 minutos. Como des-
- Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que vantagem apresenta-se como um poderoso oxidante
a água altere a concentração da solução; podendo causar corrosão em cobre, bronze, aço e ferro
- Utilizar solução recém ativada; galvanizado. Esses efeitos podem ser contornados atra-
- Medir a concentração de glutaraldeído, com fita teste vés de aditivos e alterações de pH.
própria; Indicação de uso: como desinfetante de alto nível ou
- Utilizar a solução apenas se a concentração estiver esterilizante de materiais termo sensíveis; como endos-
a 2% ou mais; cópios. A inativação de microorganismos é dependente
- Utilizar equipamento de proteção individual (EPI); do tempo, temperatura e concentração: microorganis-
- Imergir completamente o artigo na solução, man- mos mais sensíveis em 5 minutos a uma concentração de
tendo o recipiente tampado; 100ppm e esporos em 30 minutos a uma concentração
- Rotular o recipiente com a hora do início e término de 1000ppm.
do processo;
- Enxaguar abundantemente os artigos, após a este-
rilização, com água destilada ou deionizada estéril. Evitar
soro fisiológico, pois pode promover depósito aceleran-
do a corrosão do metal; EXERCÍCIOS COMENTADOS
- Utilizar o material imediatamente (não é recomen-
dado o armazenamento). 1. (Analista Judiciário Apoio Especializado/Enferma-
gem do Trabalho/TRF 2ª/2017/CONSULPLAN) Doen-
Toxicidade: Quando o trabalhador de saúde proces- ças infecciosas que tem como transmissão a via respira-
sa os equipamentos e artigos pode ocorrer exposição ao tória:
vapor de glutaraldeído. O limite máximo de glutaraldeí-
do no ar é de 0,2 ppm. Nesta concentração pode ocor- a) Hepatite A, cólera, tuberculose e raiva.
rer irritação dos olhos, nariz ou garganta. Este problema b) Tuberculose, varicela, sarampo e varíola.
pode ser minimizado com ventilação adequada, recipien- c) Escabiose, tétano, influenza e cólera.
tes que contém a solução hermeticamente fecha uso de d) Pediculose, escabiose, hepatite B e HIV.
EPIs. Devido ao risco de impregnação do glutaraldeído e) Hepatite A, hepatite B, raiva e poliomielite.
em alguns materiais, principalmente plásticos e borra-
chas. É fundamental o enxágue abundante dos mesmos, Resposta: Letra B. A hepatite A é uma doença in-
para evitar iatrogenias, como bronquites e pneumonite fecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que
química. Formaldeído líquido: é apresentado em duas produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão
formulações básicas: do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e ali-
- aquosa a 10%, composta de tensoativos, seques- mentos contaminados ou diretamente de uma pessoa
trantes, antioxidantes, dissolvidos em glicerina, que não para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou
libera vapores irritantes, mas conserva as propriedades não desenvolver a doença.
germicidas do formaldeído. A cólera é transmitida geralmente através da água, ali-
- alcoólica a 8%, composta de tensoativos seques- mentos e talheres contaminados com o Vibrio cholerae.
trantes, antioxidantes e etanol a 70%. A contaminação de rios ocorre pelo tratamento inade-
quado de água e esgoto (com fezes e vômito de pes-
Indicações de uso: O formaldeído é bastante utilizado soas contaminadas). ... A doença causa diarreia aquosa
como esterilizante de dialisadores em 50% dos Centros e vômitos aumentando a chance de transmissão.
de Hemodiálise do mundo . O Center for Disease Con- Virtualmente todos os casos de raiva humana são
trol (CDC), USA recomenda a reutilização do dialisador transmitidos através de mordidas ou arranhões de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

no mesmo paciente se o formaldeído for utilizado em animais infectados. Como o vírus encontra-se presen-
temperatura ambiente, à concentração de 4% e tempo te na saliva dos animais contaminados, outra via de
de exposição mínima de 24 horas. Para evitar problemas transmissão possível, mas bem menos comum, é atra-
de saúde para o paciente hemodialisado, o material deve vés de lambidas em mucosas, como a boca, ou feridas
ser submetido à lavagem com soro fisiológico e testado abertas.
quanto a existência de formol, antes do uso. A sarna é causada por um ácaro minúsculo, que só
pode ser observado por meio de microscópio: o Sar-
Toxicidade: O uso do formaldeído em estabelecimen- coptes scabiei. Esse parasita se alimenta de queratina,
tos de saúde é limitado devido aos vapores irritantes, odor uma proteína que constitui a cama superficial da pele.
desagradável e comprovado potencial carcinogênico. .O tétano é uma infecção aguda e grave, causada pela
toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani), que entra

148
no organismo através de ferimentos ou lesões de pele 3. (Pref. Manduri/SP-Enfermeiro Intervencionista-Su-
e não é transmitido de um indivíduo para o outro. perior-CONRIO/2016) O citomegalovírus (CMV) per-
O vírus da Influenza A/H1N1 não possui pernas e não tence à família dos herpes vírus e acomete humanos em
voa. ... Algumas vezes, as pessoas podem se infectar todas as populações. O citomegalovírus pode ser transmi-
pegando objetos que estão contaminados com o vírus tido da mãe para o filho em diferentes momentos; exceto:
e depois tocando a boca, o nariz ou os olhos.
A pediculose, popularmente conhecida como infesta- a) No banho de imersão em banheiras.
ções de piolhos, é uma doença parasitária contagiosa b) No momento do parto (por meio do contato do recém-
que pode surgir na cabeça, corpo, cílios, sobrancelhas -nascido com sangue e secreções genitais maternas).
ou na região dos pêlos pubianos. c) Durante o aleitamento materno (o vírus é encontrado
De uma mãe portadora do vírus da  hepatite B  para no leite materno de praticamente todas as mulheres
seu bebê no nascimento; por contato sexual com uma que foram infectadas por esse vírus em algum mo-
mento de sua vida).
pessoa infectada; por injeções ou feridas provocadas
d) Durante a vida fetal (por meio da disseminação san-
por material contaminado; por tratamento com deri-
guínea do vírus).
vados de sangue contaminados.
Vias de Transmissão do HIV: Transmissão por Via Se- Resposta: Letra A.
xual. Ocorre por meio do ato sexual não protegido, ou O que é CMV
seja, sem o uso do preservativo; ato sexual anal, oral CMV está para citomegalovírus. É um vírus que nor-
ou vaginal no qual há o contato com sangue, sêmen malmente infecta pessoas de todas as idades. Uma vez
ou secreções vaginais da pessoa infectada com a pes- que o CMV esteja no corpo de uma pessoa, ele perma-
soa sadia. nece lá para a vida toda. A maioria das vezes as pes-
soas com CMV não são contagiosas, porque o vírus
2.(Analista Judiciário - Enfermagem TRF 2ª-Superior- “esconde” dentro do seu corpo e não é “derramado”
-FCC/2016) Segundo o Ministério da Saúde (in Kawamo- em fluidos corporais como urina ou saliva. A maioria
to et al 2011), antissepsia é o conjunto de meios empre- das pessoas com infecção por CMV não apresentam
gados para impedir a proliferação microbiana e utiliza-se sintomas da doença. No entanto, o CMV pode causar
o termo, dentre outros, quando: doença em bebês em gestação quando passado da
mãe.
a) na manipulação de material esterilizado é agregado o O que é infecção congênita por CMV
uso de produtos capazes de aderirem à pele matéria Quando a mãe passa CMV para o bebê durante a gra-
orgânica precipitada, garantindo uma técnica asséptica. videz, o bebê é conhecido por ter infecção congênita
b) nas mucosas são utilizadas soluções de tintura com por CMV. As mães que ficam infectadas com CMV pela
formulação em veículo aquoso, hipoalergênicas e bac- primeira vez durante a gravidez tem uma chance de 1
teriostáticas. em 3 de passá-la para seus bebês. Se uma mulher está
c) na pele e mucosas são aplicados compostos fenólicos infectada com o CMV antes de engravidar, o risco de
sintéticos com amplo espectro de ação antimicrobia- transmitir o vírus para o feto é reduzida para cerca de
na, umectantes e que mantenham a instabilidade pe- 1 em 100. Globalmente, cerca de 1 em cada 150 crian-
rante diluições. ças nasce com infecção congênita por CMV..
d) nos materiais utilizados na assistência de enfermagem Como pode um bebê ser prejudicado por infecção
congênita por CMV?
ocorre redução do número de microrganismos pato-
A maioria das crianças (9 em 10) com infecção con-
gênicos, com a utilização de produtos que eliminem o
gênita por CMV não apresentam sintomas no nasci-
risco ocupacional.
mento. Algumas crianças (1 em 10) irá ter sintomas no
e) na pele e nas mucosas são empregadas soluções an- momento do nascimento, tais como:
tissépticas germicidas, de baixa causticidade e hipoa- Pequeno tamanho corporal
lergênicas. Problemas com o fígado, o baço, e / ou nos pulmões
Icterícia (pele e olhos amarelos)
Resposta: Letra E. Antissepsia é o método através do Manchas na pele
qual se impede a proliferação de microrganismos em Convulsões
tecidos vivos com o uso de substância químicas (os an- Em casos raros, CMV congênita causa a morte. Cerca
tis-sépticos) usadas como bactericidas ou bacteriostá- de 1 em 5 crianças infectadas com ou sem sintomas
ticos. no nascimento podem desenvolver problemas de saú-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma mesma substância química usada em objetos ina- de permanentes em seus primeiros anos, tais como:
nimados será chamada de desinfetante e quando usada A perda auditiva
em tecidos vivos será chamada de antissépticos. Ex. Clo- A perda de visão
rexidina e iodopovidona. Deficiência intelectual
Falta de coordenação
Convulsões
A forma mais comum das mulheres grávidas serem
infectadas, é tendo contato com fluidos corporais de
uma criança doente (urina ou saliva) em seus: olhos,
nariz ou boca.

149
As crianças pequenas são mais propensos a lançar Cabe ao enfermeiro, conforme descrito em suas atri-
CMV nos seus fluidos corporais do que os adultos. buições neste protocolo à solicitação de HEMOGRAMA
Uma vez infectado, a criança pode lançar o vírus atra- COMPLETO, ALBUMINA/GLOBULINA SÉRICA E GLICEMIA
vés dos anos pré-escolares. As crianças também são EM JEJUM.
mais propensas a espalhar seus fluidos corporais no
ambiente através de babar, abocanhar brinquedos, e Por fim, especifica se as coberturas, soluções e medi-
molhando as fraldas. cações padronizadas e produtos não padronizados.
As mulheres grávidas também podem ser infectados
através do contato sexual com um adulto que está PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO
(fase aguda transmissível) do CMV. PACIENTE

O Programa Nacional de Segurança do Paciente


(PNSP), instituído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, ob-
NOÇÕES DE SEGURANÇA DO PACIENTE jetiva contribuir para a qualificação do cuidado em saú-
de em todos os estabelecimentos de saúde do território
nacional.
A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da
Avaliar os usuários portadores de lesões cutâneas; qualidade do cuidado, e tem adquirido, em todo o mun-
· Prevenir o aparecimento de lesões cutâneas através do, grande importância para os pacientes, famílias, ges-
do cuidado ao pé diabético e portadores de doenças tores e profissionais de saúde com a finalidade de ofere-
vasculares; cer uma assistência segura.
· Estabelecer conduta para cicatrização de lesões Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em
cutâneas; particular os eventos adversos (incidentes com danos ao
· Orientar e estimular mudanças de hábitos que com- paciente), representam uma elevada morbidade e mor-
prometam o estado de saúde dos usuários portadores de talidade nos sistemas de saúde. A Organização Mundial
lesões cutâneas; de Saúde (OMS) demonstrando preocupação com a si-
· Reduzir custos com o tratamento de lesões cutâneas; tuação, criou a World Alliance for Patient Safety( Alian-
· Capacitar equipe médica e de enfermagem com a ça Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como
uniformização de conduta;
objetivos organizar os conceitos e as definições sobre
· Respaldar a atuação da equipe na realização dos
segurança do paciente e propor medidas para reduzir os
curativos;
riscos e diminuir os eventos adversos.
Consta ainda a descrição da operacionalização com a
As ações do PNSP articulam-se com os objetivos da
inserção do público alvo, critérios de inclusão, acompa-
Aliança Mundial e comtemplam demais políticas de saú-
nhamento e critérios de alta.
de para somar esforços aos cuidados em redes de aten-
ção à saúde.
O protocolo define claramente as atribuições de cada
profissional de saúde no tratamento de lesões cutâneas, A RDC/Anvisa nº 36/2013 institui ações para a se-
sendo descrito o técnico de Enfermagem, Enfermeiro e gurança do paciente em serviços de saúde e dá outras
Médico. providências. Esta normativa regulamenta aspectos da
segurança do paciente como a implantação dos Núcleos
E ainda conta os fluxos de atendimento através do de Segurança do Paciente, a obrigatoriedade da notifi-
fluxograma de atendimento à sala de curativo, fluxo da cação dos eventos adversos e a elaboração do Plano de
rede municipal e fluxo de dispensação e armazenamento. Segurança do Paciente.
Os protocolos básicos de segurança do paciente são
Também é descrito os cuidados gerais para preven- instrumentos para implantação das ações em segurança
ção e tratamento de lesões cutâneas através da técnica do paciente. A Portaria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de
de limpeza, descrição da técnica com material necessá- 2013 e a Portaria nº 2.095, de 24 de setembro de 2013
rio, procedimento, avaliação da lesão através do sistema aprovam os protocolos básicos de segurança do paciente.
de avaliação de por cores RYB, mensuração da área le-
sada, profundidade da ferida, solapamento da ferida, da Fonte:
circunferência de membros inferiores, dor, classificação http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/
da ulcera de pressão, edema, tecido necrótico, exsudado, programa-nacional-de-seguranca-do-paciente-pnsp/
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pele ao redor da ferida e avaliação do pé diabético, bem sobre-o-programa


como categorias de risco, encaminhamento e índice tor-
nozelo e braço.

Outro aspecto descrito no protocolo refere se aos


exames complementares, sendo o hemograma comple-
to com contagem de plaquetas, contagem de leucócitos,
contagem diferencial e leucócitos, albumina e globulina
sérica, hemoglobina glicosada/glicada, cultura com an-
tibiograma, técnica para realização de cultura de feridas
com descrição da técnica com aspiração de seringa.

150
soas portadoras de transtornos mentais e redireciona o
CÓDIGO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM; modelo assistencial em saúde mental;
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o fun-
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 cionamento dos serviços correspondentes;
CONSIDERANDO  as sugestões apresentadas na As-
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de sembleia Extraordinária de Presidentes dos Conselhos
Enfermagem. Regionais de Enfermagem, ocorrida na sede do Cofen,
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso em Brasília, Distrito Federal, no dia 18 de julho de 2017, e
das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Con-
de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, selho Federal de Enfermagem em sua 491ª Reunião Or-
aprovado pela Resolução Cofen nº 421, de 15 de feverei- dinária,
ro de 2012, e
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do ar- RESOLVE:
tigo 8º da Lei 5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao
Cofen elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissio-
e alterá-lo, quando necessário, ouvidos os Conselhos Re- nais de Enfermagem, conforme o anexo desta Resolu-
gionais; ção, para observância e respeito dos profissionais de
CONSIDERANDO  que o Código de Deontologia de Enfermagem, que poderá ser consultado através do
Enfermagem deve submeter-se aos dispositivos consti- sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
tucionais vigentes; Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos de Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes
Humanos, promulgada pela Assembleia Geral das Na- e Parteiras, bem como aos atendentes de Enfermagem.
ções Unidas (1948) e adotada pela Convenção de Gene- Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conse-
bra (1949), cujos postulados estão contidos no Código lho Federal de Enfermagem.
de Ética do Conselho Internacional de Enfermeiras (1953, Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho
revisado em 2012); Federal de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Con-
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioéti- selheiros Efetivos do Conselho Federal ou mediante
ca e Direitos Humanos (2005); proposta de 2/3 dos Conselhos Regionais.
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfer- Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida
magem do Conselho Federal de Enfermagem (1976), o de ampla discussão com a categoria, coordenada pelos
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (1993, Conselhos Regionais, sob a coordenação geral do Con-
reformulado em 2000 e 2007), as normas nacionais de selho Federal de Enfermagem, em formato de Conferên-
pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de Saúde – cia Nacional, precedida de Conferências Regionais.
CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120
e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo (cento e vinte) dias a partir da data de sua publicação
seres humanos; no Diário Oficial da União, revogando-se as disposi-
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Có- ções em contrário, em especial a Resolução Cofen nº
digo de Ética dos Profissionais de Enfermagem, conso- 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
lidada na 1ª Conferência Nacional de Ética na Enferma- Brasília, 6 de novembro de 2017.
gem – 1ª CONEENF, ocorrida no período de 07 a 09 de MANOEL CARLOS N. DA SILVA COREN-RO Nº 63592
junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo Conselho Presidente
Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comissão MARIA R. F. B. SAMPAIO COREN-PI Nº 19084 Primei-
Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Pro- ra-Secretária
fissionais de Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen  
nº 1.351/2016; ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de  
2006 (Lei Maria da Penha) que cria mecanismos para coi- PREÂMBULO
bir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal e a Lei  O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Códi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, que estabelece a go de Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-
notificação compulsória, no território nacional, nos casos -se por princípios fundamentais, que representam imperativos
de violência contra a mulher que for atendida em servi- para a conduta profissional e consideram que a Enfermagem
ços de saúde públicos e privados; é uma ciência, arte e uma prática social, indispensável à orga-
CONSIDERANDO  a Lei nº 8.069, de 13 de julho de nização e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como
1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado- responsabilidades a promoção e a restauração da saúde, a
lescente; prevenção de agravos e doenças e o alívio do sofrimento;
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro proporciona cuidados à pessoa, à família e à coletividade;
de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, ou
CONSIDERANDO  a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de em colaboração com outros profissionais da área; tem direito
2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pes- a remuneração justa e a condições adequadas de trabalho,

151
que possibilitem um cuidado profissional seguro e livre de  Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Or-
danos. Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam ganizações da Categoria e Órgãos de Fiscalização do
que o respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais.
da profissão, o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde,  Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-cientí-
à liberdade, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, ficos, ético-políticos, socioeducativos, históricos e cul-
à dignidade e a ser tratada sem distinção de classe social, ge- turais que dão sustentação à prática profissional.
ração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, de-  Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pes-
ficiência, doença, identidade de gênero, orientação sexual, soa, família e coletividade, necessárias ao exercício
nacionalidade, convicção política, raça ou condição social. profissional.
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Con-  Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enferma-
selho Federal de Enfermagem, no uso das atribuições gem, de forma fundamentada, medidas cabíveis para
que lhe são conferidas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº obtenção de desagravo público em decorrência de
5.905, de 12 de julho de 1973, aprova e edita esta nova ofensa sofrida no exercício profissional ou que atinja
revisão do CEPE, exortando os profissionais de Enferma- a profissão.
gem à sua fiel observância e cumprimento.  Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enferma-
  gem, de forma fundamentada, quando impedido de
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS cumprir o presente Código, a Legislação do Exercício
Profissional e as Resoluções, Decisões e Pareceres Nor-
A Enfermagem é comprometida com a produção e mativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Re-
gestão do cuidado prestado nos diferentes contextos so- gionais de Enfermagem.
cioambientais e culturais em resposta às necessidades da  Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação dispo-
pessoa, família e coletividade. níveis, às diretrizes políticas, normativas e protocolos
O profissional de Enfermagem atua com autonomia institucionais, bem como participar de sua elaboração.
 Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de
e em consonância com os preceitos éticos e legais, téc-
Enfermagem, bem como de comissões interdisciplina-
nico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades
res da instituição em que trabalha.
com competência para promoção do ser humano na sua
 Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais
integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da
de que tenha conhecimento em razão de seu exercício
Bioética, e participa como integrante da equipe de Enfer-
profissional.
magem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com
 Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou cole-
ênfase nas políticas de saúde que garantam a universa-
tivas, quando o local de trabalho não oferecer condi-
lidade de acesso, integralidade da assistência, resoluti- ções seguras para o exercício profissional e/ou des-
vidade, preservação da autonomia das pessoas, partici- respeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações
pação da comunidade, hierarquização e descentralização de urgência e emergência, devendo formalizar ime-
político-administrativa dos serviços de saúde. diatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhe- correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional
cimento próprio da profissão e nas ciências humanas, de Enfermagem.
sociais e aplicadas e é executado pelos profissionais na  Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como ins-
prática social e cotidiana de assistir, gerenciar, ensinar, trumento metodológico para planejar, implementar,
educar e pesquisar. avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e
coletividade.
CAPÍTULO I  Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordena-
DOS DIREITOS ção, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta
ou indiretamente relacionada ao exercício profissional
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segu- da Enfermagem.
rança técnica, científica e ambiental, autonomia, e ser Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e
tratado sem discriminação de qualquer natureza, se- extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho
gundo os princípios e pressupostos legais, éticos e dos sob sua responsabilidade profissional.
direitos humanos. Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino,
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente.
de riscos e danos e violências física e psicológica à Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação
saúde do trabalhador, em respeito à dignidade hu- em pesquisa, extensão e produção técnico-científica.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mana e à proteção dos direitos dos profissionais de Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias
enfermagem. sociais e meios eletrônicos para conceder entrevistas,
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defe- ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assun-
sa da dignidade profissional, do exercício da cidadania tos de sua competência e/ou divulgar eventos com fi-
e das reivindicações por melhores condições de assis- nalidade educativa e de interesse social.
tência, trabalho e remuneração, observados os parâ- Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais
metros e limites da legislação vigente. detenha habilidades e competências técnico-científi-
Art. 4º  Participar da prática multiprofissional, inter- cas e legais.
disciplinar e transdisciplinar com responsabilidade, Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto
autonomia e liberdade, observando os preceitos éticos em mídias sociais durante o desempenho de suas ati-
e legais da profissão. vidades profissionais.

152
Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não se- Art. 37 Documentar formalmente as etapas do pro-
jam de sua competência técnica, científica, ética e le- cesso de Enfermagem, em consonância com sua com-
gal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à petência legal.
pessoa, à família e à coletividade. Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, com-
Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo pletas e fidedignas, necessárias à continuidade da as-
da relação profissional/usuários quando houver risco sistência e segurança do paciente.
à sua integridade física e moral, comunicando ao Co- Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a
ren e assegurando a continuidade da assistência de respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrên-
Enfermagem. cias acerca da assistência de Enfermagem.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, be-
CAPÍTULO II nefícios, riscos e consequências decorrentes de exames
DOS DEVERES e de outros procedimentos, respeitando o direito de
recusa da pessoa ou de seu representante legal.
Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discri-
equidade, resolutividade, dignidade, competência, res-
minação de qualquer natureza.
ponsabilidade, honestidade e lealdade.
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia
Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na pru-
da pessoa ou de seu representante legal na tomada de
dência, no respeito, na solidariedade e na diversidade
de opinião e posição ideológica. decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde, seguran-
Art. 26  Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código ça, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações
de Ética dos Profissionais de Enfermagem e demais necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais.
normativos do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da
Enfermagem. pessoa no que concerne às decisões sobre cuidados e
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profis- tratamentos que deseja ou não receber no momento
sionais de Enfermagem no desempenho de atividades em que estiver incapacitado de expressar, livre e auto-
em organizações da categoria. nomamente, suas vontades.
Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade
de Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de
infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam pre- morte e pós-morte.
judicar o exercício profissional e a segurança à saúde Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em con-
da pessoa, família e coletividade. dições que ofereçam segurança, mesmo em caso de
Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regio- suspensão das atividades profissionais decorrentes de
nal de Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ movimentos reivindicatórios da categoria.
ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e,
pela necessidade do profissional em cumprir o presen- nos casos de movimentos reivindicatórios da catego-
te Código e a legislação do exercício profissional. ria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que
Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, garantam uma assistência segura, conforme a com-
notificações, citações, convocações e intimações do plexidade do paciente.
Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos
Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exer- decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.
cício profissional e prestar informações fidedignas, permi- Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enferma-
tindo o acesso a documentos e a área física institucional. gem e Médica na qual não constem assinatura e nú-
Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de
mero de registro do profissional prescritor, exceto em
Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer o
situação de urgência e emergência.
exercício profissional.
§ 1º  O profissional de Enfermagem deverá recusar-
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. -se a executar prescrição de Enfermagem e Médica
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financei- em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da
ras junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou outro
jurisdição. profissional, registrando no prontuário.
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cum-
legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho primento de prescrição à distância, exceto em casos de
Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos urgência e emergência e regulação, conforme Resolu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

documentos, quando no exercício profissional. ção vigente.


§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome comple- Art. 47  Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos
to, número e categoria de inscrição no Coren, devendo competentes, ações e procedimentos de membros da
constar a assinatura ou rubrica do profissional. equipe de saúde, quando houver risco de danos de-
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a as- correntes de imperícia, negligência e imprudência ao
sinatura deverá ser certificada, conforme legislação paciente, visando a proteção da pessoa, família e co-
vigente. letividade.
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documen- Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promoven-
tos as informações inerentes e indispensáveis ao pro- do a qualidade de vida à pessoa e família no processo
cesso de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, do nascer, viver, morrer e luto.
legível, completa e sem rasuras.

153
Parágrafo único.  Nos casos de doenças graves incu- Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desen-
ráveis e terminais com risco iminente de morte, em volvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão,
consonância com a equipe multiprofissional, oferecer devidamente aprovados nas instâncias deliberativas.
todos os cuidados paliativos disponíveis para assegu- Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa
rar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, res- envolvendo seres humanos.
peitada a vontade da pessoa ou de seu representante Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos auto-
legal. rais no processo de pesquisa, em todas as etapas.
Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quan-
coletividade em casos de emergência, epidemia, ca- do se julgar técnica, científica e legalmente apto para
tástrofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, o desempenho seguro para si e para outrem.
quando convocado. Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legisla-
Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante con- ção vigente relativa à preservação do meio ambiente
sentimento prévio do paciente, representante ou res- no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
ponsável legal, ou decisão judicial.  
Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que CAPÍTULO III
não haja capacidade de decisão por parte da pessoa, DAS PROIBIÇÕES
ou na ausência do representante ou responsável legal.
Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao
atividades profissionais, independentemente de ter Código de Ética e à legislação que disciplina o exercí-
sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, cio da Enfermagem.
imprudência ou negligência, desde que tenha partici- Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua com-
pação e/ou conhecimento prévio do fato. petência técnica, científica, ética e legal ou que não
Parágrafo único. Quando a falta for praticada em ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à famí-
equipe, a responsabilidade será atribuída na medida lia e à coletividade.
do(s) ato(s) praticado(s) individualmente. Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas fí-
Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conheci-
sicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e
mento em razão da atividade profissional, exceto nos
princípios que disciplinam o exercício profissional de
casos previstos na legislação ou por determinação ju-
Enfermagem.
dicial, ou com o consentimento escrito da pessoa en-
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso
volvida ou de seu representante ou responsável legal.
diante de qualquer forma ou tipo de violência contra
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja
a pessoa, família e coletividade, quando no exercício
de conhecimento público e em caso de falecimento da
da profissão.
pessoa envolvida.
§ 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em
de ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou decorrência de fatos que envolvam recusa ou demissão
em atividade multiprofissional, quando necessário à motivada pela necessidade do profissional em cumprir o
prestação da assistência. presente código e a legislação do exercício profissional;
§ 3º  O profissional de Enfermagem intimado como bem como pleitear cargo, função ou emprego ocupado
testemunha deverá comparecer perante a autoridade por colega, utilizando-se de concorrência desleal.
e, se for o caso, declarar suas razões éticas para ma- Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de
nutenção do sigilo profissional. pessoal de qualquer instituição ou estabelecimento
§ 4º  É obrigatória a comunicação externa, para os congênere, quando, nestas, não exercer funções de
órgãos de responsabilização criminal, independente- enfermagem estabelecidas na legislação.
mente de autorização, de casos de violência contra: Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa,
crianças e adolescentes; idosos; e pessoas incapacita- pessoa, família e coletividade, além do que lhe é de-
das ou sem condições de firmar consentimento. vido, como forma de garantir assistência de Enferma-
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de respon- gem diferenciada ou benefícios de qualquer natureza
sabilização criminal em casos de violência doméstica para si ou para outrem.
e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de
independentemente de autorização, em caso de risco à mecanismos de coação, omissão ou suborno, com pes-
comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com soas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo
conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável. de vantagem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da pro- Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou
fissão quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos cargo, para impor ou induzir ordens, opiniões, ideo-
diferentes meios de comunicação e publicidade. logias políticas ou qualquer tipo de conceito ou pre-
Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfei- conceito que atentem contra a dignidade da pessoa
çoamento técnico-científico, ético-político, socioedu- humana, bem como dificultar o exercício profissional.
cativo e cultural dos profissionais de Enfermagem sob Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem
sua supervisão e coordenação. para praticar atos tipificados como crime ou con-
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-cientí- travenção penal, tanto em ambientes onde exerça a
ficos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em profissão, quanto naqueles em que não a exerça, ou
benefício da pessoa, família e coletividade e do desen- qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais.
volvimento da profissão.

154
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calú- Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou
nia e difamação de pessoa e família, membros das fatos, e inserir imagens que possam identificar pessoas
equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da ou instituições sem prévia autorização, em qualquer
Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e institui- meio de comunicação.
ções em que exerce sua atividade profissional. Art. 87 Registrar informações incompletas, impreci-
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contra- sas ou inverídicas sobre a assistência de Enfermagem
venção penal ou qualquer outro ato que infrinja pos- prestada à pessoa, família ou coletividade.
tulados éticos e legais, no exercício profissional. Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática desti- que não executou, bem como permitir que suas ações
nada a interromper a gestação, exceto nos casos per- sejam assinadas por outro profissional.
mitidos pela legislação vigente. Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e docu-
Parágrafo único.  Nos casos permitidos pela legisla- mentos a terceiros que não estão diretamente envolvi-
ção, o profissional deverá decidir de acordo com a sua dos na prestação da assistência de saúde ao paciente,
consciência sobre sua participação, desde que seja ga- exceto quando autorizado pelo paciente, representante
rantida a continuidade da assistência. legal ou responsável legal, por determinação judicial.
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas de-
antecipar a morte da pessoa. clarações sobre o exercício profissional quando soli-
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de citado pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou
emergência ou naquelas expressamente autorizadas Comissão de Ética de Enfermagem.
na legislação, desde que possua competência técnica- Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermei-
-científica necessária. ro(a) a outro membro da equipe de Enfermagem, ex-
Art. 76  Negar assistência de enfermagem em situa- ceto nos casos de emergência.
ções de urgência, emergência, epidemia, desastre e  Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades pri-
catástrofe, desde que não ofereça risco a integridade vativas a outros membros da equipe de saúde.
Art. 92  Delegar atribuições dos(as) profissionais de
física do profissional.
enfermagem, previstas na legislação, para acompa-
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assis-
nhantes e/ou responsáveis pelo paciente.
tência à saúde sem o consentimento formal da pessoa
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica
ou de seu representante ou responsável legal, exceto
nos casos da atenção domiciliar para o autocuidado
em iminente risco de morte.
apoiado.
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer in-
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assis-
dicação, ação da droga, via de administração e po-
tência prestada aos pacientes sob seus cuidados reali-
tenciais riscos, respeitados os graus de formação do zados por alunos e/ou estagiários sob sua supervisão
profissional. e/ou orientação.
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam es- Art. 94  Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel
tabelecidos em programas de saúde pública e/ou em ou imóvel, público ou particular, que esteja sob sua
rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em responsabilidade em razão do cargo ou do exercício
situações de emergência. profissional, bem como desviá-lo em proveito próprio
Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer ou de outrem.
natureza que comprometam a segurança da pessoa. Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino,
Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, compe- pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis
tem a outro profissional, exceto em caso de emergên- da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados
cia, ou que estiverem expressamente autorizados na ou ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previ-
legislação vigente. síveis aos envolvidos.
Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e
profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no des- segurança da pessoa, família e coletividade.
cumprimento da legislação referente aos transplantes Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa,
de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução bem como usá-los para fins diferentes dos objetivos
assistida ou manipulação genética. previamente estabelecidos.
Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifi-
no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de quem o participante do estudo e/ou instituição envol-
qualquer natureza, contra pessoa, família, coletivida- vida, sem a autorização prévia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção
meio de atos ou expressões que tenham por conse- técnico-científica ou instrumento de organização for-
quência atingir a dignidade ou criar condições humi- mal do qual não tenha participado ou omitir nomes
lhantes e constrangedoras. de coautores e colaboradores.
Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ain-
título que não possa comprovar. da não publicadas, sem referência do autor ou sem a
Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo sua autorização.
ao patrimônio das organizações da categoria. Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-
Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inve- -científicas, das quais tenha ou não participado como
rídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua autor, sem concordância ou concessão dos demais
área profissional. partícipes.

155
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fa- § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o pro-
zer constar seu nome como autor ou coautor em obra fissional terá sua carteira retida no ato da notificação,
técnico-científica. em todas as categorias em que for inscrito, sendo de-
volvida após o cumprimento da pena e, no caso da
CAPÍTULO IV cassação, após o processo de reabilitação.
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 109 As penalidades, referentes à advertência ver-
bal, multa, censura e suspensão do exercício profis-
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e dis- sional, são da responsabilidade do Conselho Regional
ciplinares, bem como a aplicação das respectivas pe- de Enfermagem, serão registradas no prontuário do
nalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das profissional de Enfermagem; a pena de cassação do
sanções previstas em outros dispositivos legais. direito ao exercício profissional é de competência do
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a Conselho Federal de Enfermagem, conforme o dispos-
ação, omissão ou conivência que implique em desobe- to no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73.
diência e/ou inobservância às disposições do Código Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver
de Ética dos Profissionais de Enfermagem, bem como origem no Conselho Federal de Enfermagem e nos ca-
a inobservância das normas do Sistema Cofen/Conse- sos de cassação do exercício profissional, terá como
lhos Regionais de Enfermagem. instância superior a Assembleia de Presidentes dos
Art. 105  O(a) Profissional de Enfermagem responde Conselhos de Enfermagem.
pela infração ética e/ou disciplinar, que cometer ou Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva
contribuir para sua prática, e, quando cometida(s) por imposição consideram-se:
outrem, dela(s) obtiver benefício. I – A gravidade da infração;
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
meio da análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) III – O dano causado e o resultado;
ou ato(s) omissivo(s), e do(s) resultado(s). IV – Os antecedentes do infrator.
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado Art. 111 As infrações serão consideradas leves, mode-
radas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do
e conduzido nos termos do Código de Processo Ético-
ato e a circunstância de cada caso.
-Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a
de Enfermagem.
integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa,
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Siste-
sem causar debilidade ou aquelas que venham a difa-
ma Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, con-
mar organizações da categoria ou instituições ou ainda
forme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12
que causem danos patrimoniais ou financeiros.
de julho de 1973, são as seguintes:
§ 2º São consideradas infrações moderadas as que
I – Advertência verbal; provoquem debilidade temporária de membro, senti-
II – Multa; do ou função na pessoa ou ainda as que causem da-
III – Censura; nos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
IV – Suspensão do Exercício Profissional; § 3º São consideradas infrações graves as que pro-
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. voquem perigo de morte, debilidade permanente de
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao in- membro, sentido ou função, dano moral irremediável
frator, de forma reservada, que será registrada no pron- na pessoa ou ainda as que causem danos mentais,
tuário do mesmo, na presença de duas testemunhas. morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de paga- § 4º São consideradas infrações gravíssimas as que
mento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuida- provoquem a morte, debilidade permanente de mem-
de da categoria profissional à qual pertence o infrator, bro, sentido ou função, dano moral irremediável na
em vigor no ato do pagamento. pessoa.
§ 3º A censura consiste em repreensão que será di- Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
vulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/ I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por
Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou
grande circulação. minorar as consequências do seu ato;
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício II – Ter bons antecedentes profissionais;
profissional da Enfermagem por um período de até 90 III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou gra-
(noventa) dias e será divulgada nas publicações ofi- ve ameaça;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ciais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfer- IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
magem, jornais de grande circulação e comunicada V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
aos órgãos empregadores. VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucida-
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exer- ção dos fatos.
cício da Enfermagem por um período de até 30 anos Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/ I – Ser reincidente;
Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de II – Causar danos irreparáveis;
grande circulação. III – Cometer infração dolosamente;
§ 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
no prontuário do infrator. V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outra infração;

156
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima; As definições referem-se respectivamente a:
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade
ou violação do dever inerente ao cargo ou função ou a) Mapa de Saúde e Portas de Entrada.
exercício profissional; b) Rede de Atenção à Saúde e Região de Saúde.
VIII – Ter maus antecedentes profissionais; c) Região de Saúde e Mapa de Saúde.
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a d) Região de Saúde e Rede de Atenção à Saúde.
desconstrução de fato que se relacione com o apurado e) Mapa de Saúde e Rede de Atenção à Saúde.
na denúncia durante a condução do processo ético.
Resposta: Letra D. O decreto 7508/11 regulamenta a
CAPÍTULO V lei  8080/90,  ou seja tenta colocar em prática :
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES -A Organização do Sus,
-O Planejamento de Saúde,
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somen-
-A Assistência à Saúde e
te poderão ser aplicadas, cumulativamente, quando
-A Articulação Interfederativa.
houver infração a mais de um artigo.
Busca também concretizar  e aprofundar os princípios 
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos
casos de infrações ao que está estabelecido nos arti- propostos  por essa lei, que são  a regionalização, hie-
gos:, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, rarquização, região de saúde e oficializa a Atenção Bá-
41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, sica como porta de entrada, ordenadora do cuidado e
57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, acesso ao SUS .Além disso, reconhece a Comissão In-
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, tergestoraBipartite (CIB) juntamente com a Comissão
99, 100, 101 e 102. Intergestora Tripartite (CIT) como essenciais para o for-
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de in- talecimento da governança do SUS.
frações ao que está estabelecido nos artigos: 28, 29,
30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 2.(Pref. Marilândia/ES-2016/Analista de Serviços
57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, Afins-Enfermagem/IDECAN) Em 1994, o Conselho
73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, Federal de Enfermagem homologou a Resolução nº
88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 172/1994, que autoriza a criação de Comissões de Éti-
e 102. ca de Enfermagem nas instituições de saúde, em âmbito
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de nacional. Sobre essas Comissões, é correto afirmar que
infrações ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41,
42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, a) têm função exclusivamente fiscalizadora do exercício
66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, profissional e ético dos profissionais de enfermagem.
82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99, b) são órgãos autônomos pertencentes às instituições de
100, 101 e 102. saúde e independentes dos Conselhos Regionais de
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional Enfermagem.
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabe- c) umas das suas finalidades é aplicar as penalidades pre-
lecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, vistas no Código de Ética dos Profissionais de Enfer-
59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, magem, nos casos de infração ética.
78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95. d) deverão ser compostas por enfermeiros e técnicos de
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício
enfermagem com vínculo empregatício nas institui-
Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que
ções de saúde às quais pertencem.
está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80,
82, 83, 94, 96 e 97.
Resposta: Letra D. O COFEN tem por finalidade auto-
rizar a criação de Comissões de Ética de Enfermagem
como órgãos representativos dos Conselhos Regionais
junto a instituições de saúde, com funções educativas,
EXERCÍCIOS COMENTADOS consultivas e fiscalizadoras do exercício profissional e
ético dos profissionais de Enfermagem.
1. (Pref. Itupeva/SP-2016/Técnico de Enfermagem/ A Comissão de Ética de Enfermagem tem como fina-
BIORIO) Avalie, com base no Decreto 7.508/11, as defi- lidade:
nições a seguir: a) Garantir a conduta ética dos profissionais de Enfer-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Espaço geográfico contínuo constituído por agru- magem na instituição.


pamentos de Municípios limítrofes, delimitado a b) Zelar pelo exercício ético dos profissionais de En-
partir de identidades culturais, econômicas e so- fermagem na instituição, combatendo o exercício ile-
ciais e de redes de comunicação e infraestrutura gal da profissão, educando, discutindo e divulgando
de transportes compartilhados, com a finalidade o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
de integrar a organização, o planejamento e a exe- c) Notificar ao Conselho Regional de Enfermagem de
cução de ações e serviços de saúde. sua jurisdição irregularidades, reivindicações, suges-
• Conjunto de ações e serviços de saúde articulados tões, e, as infrações éticas
em níveis de complexidade crescente, com a fina-
lidade de garantir a integralidade da assistência à
saúde.

157
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Ser-
viço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmá-
cia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere
da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação,
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da en- nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro
fermagem e dá outras providências. de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA  Faço saber que o 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enferma-
gem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de feve-
Art. 1º É livre o exercício da enfermagem em todo o reiro de 1967;
território nacional, observadas as disposições desta lei. VI - o titular do diploma ou certificado conferido por
Art. 2º A enfermagem e suas atividades auxiliares so- escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país,
mente podem ser exercidas por pessoas legalmente registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultu-
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfer- ral ou revalidado no Brasil como certificado de Auxi-
magem com jurisdição na área onde ocorre o exercício. liar de Enfermagem.
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativa- Art. 9º São Parteiras:
mente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, I - a titular do certificado previsto no art. 1º do Decre-
pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeita- to-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado
dos os respectivos graus de habilitação. o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
Art. 3º O planejamento e a programação das insti- II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou
tuições e serviços de saúde incluem planejamento e equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro,
programação de enfermagem. segundo as leis do país, registrado em virtude de in-
Art. 4º A programação de enfermagem inclui a pres- tercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois)
crição da assistência de enfermagem. anos após a publicação desta lei, como certificado de
Art. 5º (VETADO). Parteira.
§ 1º (VETADO). Art. 10. (VETADO).
§ 2º (VETADO). Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de
Art. 6º São enfermeiros: enfermagem, cabendo-lhe:
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por I - privativamente:
instituição de ensino, nos termos da lei; a) direção do órgão de enfermagem integrante da es-
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou trutura básica da instituição de saúde, pública e priva-
de Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos da lei; da, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermei- b) organização e direção dos serviços de enfermagem
ra e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido prestadoras desses serviços;
por escola estrangeira segundo as leis do país, regis- c) planejamento, organização, coordenação, execução e
trado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou avaliação dos serviços da assistência de enfermagem;
revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de d) (VETADO);
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz; e) (VETADO);
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anterio- f) (VETADO);
res, obtiverem título de Enfermeiro conforme o dispos- g) (VETADO);
to na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre
de março de 1961. matéria de enfermagem;
Art. 7º São Técnicos de Enfermagem: i) consulta de enfermagem;
I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de j) prescrição da assistência de enfermagem;
Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves
registrado pelo órgão competente; com risco de vida;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente m) cuidados de enfermagem de maior complexidade
conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado técnica e que exijam conhecimentos de base científica
em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou re- e capacidade de tomar decisões imediatas;
validado no Brasil como diploma de Técnico de Enfer- II - como integrante da equipe de saúde:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

magem. a) participação no planejamento, execução e avalia-


Art. 8º São Auxiliares de Enfermagem: ção da programação de saúde;
I - o titular de certificado de Auxiliar de Enfermagem b) participação na elaboração, execução e avaliação
conferido por instituição de ensino, nos termos da lei e dos planos assistenciais de saúde;
registrado no órgão competente; c) prescrição de medicamentos estabelecidos em pro-
II - o titular de diploma a que se refere a Lei nº 2.822, gramas de saúde pública e em rotina aprovada pela
de 14 de junho de 1956; instituição de saúde;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere d) participação em projetos de construção ou reforma
o inciso III do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de unidades de internação;
de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de e) prevenção e controle sistemático da infecção hospi-
20 de dezembro de 1961; talar e de doenças transmissíveis em geral;

158
f) prevenção e controle sistemático de danos que pos- Art. 23. O pessoal que se encontra executando tare-
sam ser causados à clientela durante a assistência de fas de enfermagem, em virtude de carência de recur-
enfermagem; sos humanos de nível médio nessa área, sem possuir
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente formação específica regulada em lei, será autorizado,
e puérpera; pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer ati-
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de vidades elementares de enfermagem, observado o dis-
parto; posto no art. 15 desta lei.
i) execução do parto sem distocia; Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de en-
j) educação visando à melhoria de saúde da população. fermagem, admitidos antes da vigência desta lei, o
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II exercício das atividades elementares da enfermagem,
do art. 6º desta lei incumbe, ainda: observado o disposto em seu artigo 15. (Redação dada
a) assistência à parturiente e ao parto normal; pela Lei nº 8.967, de 1986)
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de Art. 24. (VETADO).
providências até a chegada do médico; Parágrafo único. (VETADO).
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação Art. 25. O Poder Executivo regulamentará esta lei no
de anestesia local, quando necessária. prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de
Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade sua publicação.
de nível médio, envolvendo orientação e acompanha- Art. 26. Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
mento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e cação.
participação no planejamento da assistência de enfer- Art. 27. Revogam-se (VETADO) as demais disposições
magem, cabendo-lhe especialmente: em contrário.
a) participar da programação da assistência de Brasília, 25 de junho de 1986; 165º da Independência
enfermagem; e 98º da República.
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto JOSÉ SARNEY
as privativas do Enfermeiro, observado o disposto no Almir Pazzianotto Pinto
parágrafo único do art. 11 desta lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho
de enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades
de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo ser-
viços auxiliares de enfermagem sob supervisão, bem
como a participação em nível de execução simples, em
processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
b) executar ações de tratamento simples;
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
d)  participar da equipe de saúde.
Art. 14. (VETADO).
Art. 15. As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta
lei, quando exercidas em instituições de saúde, públi-
cas e privadas, e em programas de saúde, somente po-
dem ser desempenhadas sob orientação e supervisão
de Enfermeiro.
Art. 16. (VETADO).
Art. 17. (VETADO).
Art. 18. (VETADO).
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 19. (VETADO).
Art. 20. Os órgãos de pessoal da administração públi-
ca direta e indireta, federal, estadual, municipal, do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Distrito Federal e dos Territórios observarão, no pro-


vimento de cargos e funções e na contratação de pes-
soal de enfermagem, de todos os graus, os preceitos
desta lei.
Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este artigo
promoverão as medidas necessárias à harmonização
das situações já existentes com as disposições desta
lei, respeitados os direitos adquiridos quanto a venci-
mentos e salários.
Art. 21. (VETADO).
Art. 22. (VETADO).

159
HORA DE PRATICAR!

1. (DPE/RS-Enfermeiro-FCC-2017) De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde/2009, a hepatite viral crônica


B pode ser dividida em fases, sendo elas:

1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase 4ª Fase


a) Incubação Replicação viral Latência Portador sintomático
b) Secundária Latência Terciária Não há
c) Primária Secundária Não há Não há
d) Latência Tolerância à replicação viral Reativação Não há
e) Imunotolerância Imunoclearance Portador inativo Reativação

2. (DPE/RS-Enfermeiro-FCC-2017) São drogas utilizadas no tratamento da Tuberculose: Rifampicina, ...

a) Isoniazida e Pirazinamida.
b) Isoniazida e Pirimetamina.
c) Sulfadiazina e Pirimetamina.
d) Sulfadiazina e Etambutol

3. (Pref. Castelo do Piauí-Enfermeiro para CAPS- Instituto Machado de Assis-2017) São Agravos de Notificação
Compulsória:

a) Hanseníase, Leishmaniose, Esquistossomose;


b) Febre amarela, Malária, Lupus Eritematoso;
c) Hanseníase, Poliomielite, Influenza A H1N1;
d) Síndrome de Williams, Diabetes, HPV;
e) Nenhuma das Alternativas

4.(Pref. Castelo do Piauí-Enfermeiro para CAPS- Instituto Machado de Assis-2017) Hanseníase é uma doença que
tem cura. Na primeira dose do tratamento, 99% dos bacilos são eliminados e não há mais chances de contaminação.
Para a hanseníase podemos afirmar:

a) Doença causada por um micróbio chamado bacilo de Hansen (mycobacterium leprae),


que ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. Também conhecida como lepra, morféia, mal-de-Lázaro, mal-da-
-pele ou mal-do-sangue;
b) Não é uma doença hereditária. A forma de transmissão é pelas vias aéreas: uma
pessoa infectada libera bacilo no ar e cria a possibilidade de contágio. Porém, a infecção dificilmente acontece depois
de um simples encontro social. O contato deve ser íntimo e frequente;
c) A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e, portanto, não adoece. De 7 doentes, apenas um oferece risco de con-
taminação. Das 8 pessoas que tiveram contato com o paciente com possibilidade de infecção, apenas 2 contraem a
doença. Desses 2, um torna-se infectante;
d) O bacilo de Hansen pode atingir vários nervos, mas contamina mais frequentemente o dos braços e das pernas.
Com o avanço da doença, os nervos ficam danificados e podem impedir os movimentos dos membros, como fechar
mãos e andar;
e) Todas estão corretas.

5. (Pref. São Domingos da Prata- MG, Processo Seletivo de Técnico de Enfermagem-2016) Para a coleta de amos-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tras de escarro em pacientes suspeitos de tuberculose, todas as orientações a seguir estão corretas, EXCETO.

a) A primeira amostra deve ser coletada quando o sintomático respiratório procura o atendimento na unidade de saúde
e a segunda, coletada na manhã do dia seguinte, assim que o paciente despertar.
b) Uma boa amostra de escarro é a que provém da árvore brônquica, obtida após esforço de tosse, e não a que se ob-
tém da faringe ou por aspiração de secreções nasais, nem tampouco a que contém somente saliva. O volume ideal
está compreendido entre 5 a 10 ml.
c) Orientar o paciente quanto ao procedimento de coleta: ao despertar pela manhã, lavar a boca, sem escovar os den-
tes, inspirar profundamente, prender a respiração por um instante e escarrar após forçar a tosse. Repetir essa opera-
ção até obter duas eliminações de escarro, evitando que esse escorra pela parede externa do pote.

160
d) Orientar o paciente que as amostras devem ser coleta- 10.(IDECAN- MG Concurso público de Técnico de En-
das em local fechado e escuro. fermagem-2016) Analise as assertivas abaixo e assinale
e) Informar ao paciente que o pote deve ser tampado e a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
colocado em um saco plástico com a tampa para cima,
cuidando para que permaneça nessa posição. I. As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa
Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria de Vigilância
6.(Pref. São Domingos da Prata- MG, Processo Sele- em Saúde do Ministério da Saúde, que tem como obje-
tivo de Técnico de enfermagem-2016) O sistema de tivo erradicar, eliminar e controlar as doenças imunopre-
informação em saúde utilizado pela vigilância epidemio- veníveis no território brasileiro.
lógica para registros dos agravos de notificação é o: II. Entende-se por evento adverso pós-vacinação (EAPV)
qualquer ocorrência clínica indesejável em indivíduo que
a) SINAN. tenha recebido algum imunobiológico. Podem ser locais
b) SIAB. ou sistêmicos e, de acordo com sua intensidade, podem
c) SIA. ser leves, moderados ou severos (graves).
d) SINASC. III. Um evento que está temporalmente associado ao uso
e) SIH. de uma vacina nem sempre tem relação causal com a
vacina administrada.
7.(IDECAN- MG Concurso público de Técnico de En-
fermagem-2016) O nome mais antigo da hanseníase é: a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II esta correta.
a) candidíase. c) Somente a afirmativa III esta correta.
b) tifo. d) Todas as afirmativas estão corretas.
c) malária. e) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
d) lepra.
e) tricomoníase 11.(IDECAN- MG Concurso público de Técnico de En-
8.(IDECAN- MG Concurso público de Técnico de En- fermagem-2016) O auxiliar de Enfermagem atende um
fermagem-2016) A técnica que têm por objetivo reduzir paciente do sexo masculino, 16 (dezesseis) anos de ida-
a microbiota sobre determinadas estruturas, geralmente de, que refere ter sido arranhado por um gato de rua
da pele e mucosa, denomina-se: que apareceu em sua casa. Logo após o ocorrido, o gato
fugiu. Ao examinar o local, observa-se que foi um feri-
a) Desinfecção; mento puntiforme no rosto. O paciente não refere san-
b) Assepsia; gramento no local e diz que já lavou a região com água.
c) Limpeza; Qual a conduta correta neste caso?
d) Antissepsia;
e) Disseminação da infecção a) É considerado acidente leve e não é indicado vacina.
b) É considerado acidente grave, deve ser iniciado imediata-
9. (IDECAN- MG Concurso público de Técnico de En- mente o esquema vacinal antirrábico com 3 (três) doses de
fermagem-2016) Em relação à vacinação, assinale a al- vacina antirrábica, mas não é necessário soro antirrábico.
ternativa INCORRETA. c) É considerado acidente leve e deve-se indicar 3 (três)
doses de vacina antirrábica.
a) Prematuros menores que 34 (trinta e quatro) semanas d) É considerado acidente grave, deve ser iniciado ime-
de gestação ou recém-nascidos com peso inferior a diatamente o esquema vacinal antirrábico com 5 (cin-
2,0 (dois) Kg, devem receber 4 (quatro) doses de vaci- co) doses de vacina. Encaminhar o paciente para rece-
na Hepatite B. ber soro antirrábico.
b) Para evitar a transmissão vertical, os recém-nascidos e) É considerado acidente leve e deve-se apenas lavar o local
de mães portadoras do vírus da Hepatite B devem ser com água e sabão e completar o esquema antitetânico.
vacinadas com a vacina e uma dose de imunoglobu-
lina humana anti-hepatite B nas primeiras horas de 12.(Pref. Londrina-Enfermairo-UEL- 2013) Em relação
vida. à conservação dos imunobiológicos, assinale a alternati-
c) A via subcutânea é indicada para a aplicação das va- va que contém as afirmativas CORRETAS:
cinas antirrubéola, antiamarílica, tríplice viral e dupla
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

viral, pois nesta via, são absorvidas mais lentamente. I. Quando se utiliza o refrigerador vertical, a caixa térmica
d) O esquema básico para a vacina Pentavalente é de 03 deve ser usada apenas quando
(três) doses aos 02 (dois), 04 (quatro) e 06 (seis) meses houver queda de energia ou em vacinação de campa-
de idade, não sendo necessário reforço. nhas extramuros.
e) O prazo de validade da vacina BCG após ser reconsti- II. Deve-se verificar constantemente a temperatura do inte-
tuída, é de 8 horas, desde que mantida sob tempera- rior da caixa térmica, trocando o
tura adequada. “gelóx”, se necessário, e fazendo a ambientação do mesmo.
III. Na conservação de imunobiológicos utilizando-se re-
frigerador vertical, utilizar a segunda prateleira para colo-
car as vacinas que podem ser submetidas a temperaturas
negativas, como toxóides, hepatite B e BCG.

161
IV. As vacinas devem ser armazenadas em bandejas per-
furadas atentando-se ao prazo de validade do rótulo.
GABARITO
a) Estão corretas as afirmativas II e IV.
b) Estão corretas as afirmativas I e III. 1 E
c) Estão corretas as afirmativas I, II e IV.
d) Estão corretas as afirmativas II, III e IV. 2 A
e) Todas as afirmativas estão corretas. 3 C

13.(Pref. Londrina-Enfermairo-UEL- 2013)Em relação 4 E


à Dengue, assinale a alternativa que completa de forma 5 D
INCORRETA a sentença a seguir. São sinais e sintomas de 6 A
Dengue:
7 D
a) Prova do laço positiva em todos os casos. 8 A
b) Mialgia e artralgia.
c) Dor retro-orbitária. 9 E
d) Presença ou não de exantema. 10 D
e) Febre alta de início abrupto, associada à cefaleia. 11 D
14.(Pref. Londrina-Enfermairo-UEL- 2013)A tuberculo- 12 A
se é transmitida por via aérea em praticamente todos os 13 A
casos. A infecção ocorre a partir da inalação de núcleos
secos de partículas contendo bacilos expelidos pela tos- 14 E
se, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa de 15 E
vias respiratórias. Para interromper a cadeia de transmis-
são é fundamental a descoberta precoce dos casos baci-
líferos. A estratégia utilizada para esta ação é:
a) Busca ativa de sintomáticos respiratórios.
b) Implementar a imunização através da vacina BCG em in-
divíduos já infectados pelo mycobacterium tuberculosis.
c) Identificar precocemente pessoas com tosse por tem-
po igual ou superior a três semanas.
d) As alternativas a e c estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.

15.(Pref. Londrina-Enfermairo-UEL- 2013) Em relação


ao tratamento da tuberculose pulmonar, no Brasil as ta-
xas de cura são inferiores à meta preconizada de 85%
(oitenta e cinco por cento) e de abandono superior a
5% (cinco por cento). As estratégias recomendadas para
adesão ao tratamento são:

a) Construir um vínculo entre o doente e o profissional


de saúde.
b) Remover as barreiras que impedem a adesão, utilizan-
do estratégias de reabilitação social, melhora da au-
toestima, qualificação profissional etc.
c) Realizar o tratamento diretamente observado.
d) Observar o paciente deglutir os medicamentos.
e) Todas as alternativas estão corretas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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