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CÓD: SL-114DZ-21

7908433215172

SARAH
REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO

Técnico de Enfermagem
PROCESSOS SELETIVOS NOS 5 A 10/2021, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Conhecimentos Específicos
Técnico de Enfermagem
1. Ética e legislação em enfermagem. Lei do exercício profissional em enfermagem e Código de Ética Profissional em Enfermagem 01
2. Fundamentos básicos de enfermagem. Sinais vitais: seguindo a variação de acordo com a faixa etária, nomenclaturas e fatores cor-
relatos. Dados antropométricos e seu uso na assistência de enfermagem. Controle hídrico. Higiene, conforto, segurança e bem-estar
do paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Preparo e coleta de materiais para exames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4. Cuidados de enfermagem na admissão, transferência, alta e óbito do paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5. Tipos de dieta e cuidados de enfermagem quando em uso de sondas nasogástrica, nasoentérica e gavagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
6. Administração de medicamentos: princípios da administração de medicamentos, dosagem, classificação, cálculo, vias de adminis-
tração e risco ao paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7. Oxigenoterapia. Assistência de enfermagem às necessidades de eliminação urinária e fecal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
8. Cuidados de enfermagem a pacientes com lesões de pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
9. O papel do técnico de enfermagem na Sistematização de Assistência de Enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
10. Controle de infecção e biossegurança. Conceituação de colonização, contaminação, infecção comunitária e infecção hospitalar. De-
scrição das precauções padrão e das precauções baseadas no modo de transmissão de doenças. Higienização das mãos. Uso de equi-
pamentos de proteção individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
11. Enfermagem médico-cirúrgica. Atuação do técnico de enfermagem na assistência aos pacientes com enfermidades que envolvem os
sistemas neurológico, digestório, cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico e hematológico. Assistência
cirúrgica ao paciente pelo técnico de enfermagem no período transoperatório: pré-operatório imediato e mediato - recepção e prepa-
ro do paciente; intraoperatório - assistência de enfermagem cirúrgica ao paciente pelo circulante e instrumentador na sala operatória
e sua transferência; pós-operatório imediato e mediato - recuperação anestésica e recuperação cirúrgica. Boas práticas de segurança
do paciente no centro cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
12. Central de material e esterilização. Conceito de assepsia, higienização, desinfecção, antissepsia e esterilização de materiais. Meios e
métodos de esterilização. Processo de limpeza, seleção, acondicionamento, esterilização e distribuição de material estéril . . . . . 90
13. Enfermagem em saúde coletiva. Vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, doenças transmissíveis, doenças infecciosas, para-
sitárias e doenças crônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
14. Sistema Único de Saúde (SUS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
15. Enfermagem em saúde da criança. Crescimento e desenvolvimento da criança. Aleitamento materno e alimentação artificial. Assistên-
cia de enfermagem à criança com desidratação, doenças da pele e mucosa, problemas gastrointestinais e respiratórios . . . . . . . 108
16. Assistência de enfermagem ao paciente crítico. Emergências clínicas e traumáticas. Envenenamento e intoxicação. Ressuscitação
cardiopulmonar; choques hemorrágico, cardíaco, hipertensivo, séptico; edema agudo de pulmão, crise convulsiva e crise hiperten-
siva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
17. Enfermagem em saúde da pessoa idosa. Cuidados de enfermagem à pessoa idosa no caso de enfermidades que envolvam os sistemas
neurológico, digestório, cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico, tegumentar. Envelhe-
cimento saudável. Autonomia e independência da pessoa idosa. Internação da pessoa idosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual: emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual; emprego de tempos e modos verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Domínio da estrutura morfossintática do período: emprego das classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração; relações de subordinação entre orações e entre termos da
oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
6. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
9. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
10. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto: significação das palavras; substituição de palavras ou de trechos de texto; reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto; reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
1. Ética e legislação em enfermagem. Lei do exercício profissional em enfermagem e Código de Ética Profissional em Enfermagem 01
2. Fundamentos básicos de enfermagem. Sinais vitais: seguindo a variação de acordo com a faixa etária, nomenclaturas e fatores corre-
latos. Dados antropométricos e seu uso na assistência de enfermagem. Controle hídrico. Higiene, conforto, segurança e bem-estar do
paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Preparo e coleta de materiais para exames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4. Cuidados de enfermagem na admissão, transferência, alta e óbito do paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5. Tipos de dieta e cuidados de enfermagem quando em uso de sondas nasogástrica, nasoentérica e gavagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
6. Administração de medicamentos: princípios da administração de medicamentos, dosagem, classificação, cálculo, vias de administra-
ção e risco ao paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7. Oxigenoterapia. Assistência de enfermagem às necessidades de eliminação urinária e fecal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
8. Cuidados de enfermagem a pacientes com lesões de pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
9. O papel do técnico de enfermagem na Sistematização de Assistência de Enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
10. Controle de infecção e biossegurança. Conceituação de colonização, contaminação, infecção comunitária e infecção hospitalar. Des-
crição das precauções padrão e das precauções baseadas no modo de transmissão de doenças. Higienização das mãos. Uso de equi-
pamentos de proteção individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
11. Enfermagem médico-cirúrgica. Atuação do técnico de enfermagem na assistência aos pacientes com enfermidades que envolvem os
sistemas neurológico, digestório, cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico e hematológico. Assistência
cirúrgica ao paciente pelo técnico de enfermagem no período transoperatório: pré-operatório imediato e mediato - recepção e prepa-
ro do paciente; intraoperatório - assistência de enfermagem cirúrgica ao paciente pelo circulante e instrumentador na sala operatória
e sua transferência; pós-operatório imediato e mediato - recuperação anestésica e recuperação cirúrgica. Boas práticas de segurança
do paciente no centro cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
12. Central de material e esterilização. Conceito de assepsia, higienização, desinfecção, antissepsia e esterilização de materiais. Meios e
métodos de esterilização. Processo de limpeza, seleção, acondicionamento, esterilização e distribuição de material estéril . . . . . 90
13. Enfermagem em saúde coletiva. Vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, doenças transmissíveis, doenças infecciosas, parasitá-
rias e doenças crônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
14. Sistema Único de Saúde (SUS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
15. Enfermagem em saúde da criança. Crescimento e desenvolvimento da criança. Aleitamento materno e alimentação artificial. Assistên-
cia de enfermagem à criança com desidratação, doenças da pele e mucosa, problemas gastrointestinais e respiratórios . . . . . . . 108
16. Assistência de enfermagem ao paciente crítico. Emergências clínicas e traumáticas. Envenenamento e intoxicação. Ressuscitação
cardiopulmonar; choques hemorrágico, cardíaco, hipertensivo, séptico; edema agudo de pulmão, crise convulsiva e crise hiperten-
siva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
17. Enfermagem em saúde da pessoa idosa. Cuidados de enfermagem à pessoa idosa no caso de enfermidades que envolvam os sistemas
neurológico, digestório, cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico, tegumentar. Envelhe-
cimento saudável. Autonomia e independência da pessoa idosa. Internação da pessoa idosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fede-
ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM. LEI DO EXER- ral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
CÍCIO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM E CÓDIGO DE RESOLVE:
ÉTICA PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM
Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de En-
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM fermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e
respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consulta-
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 do através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de En-
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enferma- fermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem
gem como aos atendentes de Enfermagem.
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atri- Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fede-
buições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho ral de Enfermagem.
de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal
Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do
Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Re-
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei
gionais.
5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o Código
Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ou-
ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Re-
vidos os Conselhos Regionais; gionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enferma-
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem gem, em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferên-
deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; cias Regionais.
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vin-
promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e ado- te) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da União,
tada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfer- Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
meiras (1953, revisado em 2012);
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direi- Brasília, 6 de novembro de 2017.
tos Humanos (2005);
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do
Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Pro- ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
fissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as
normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de PREÂMBULO
Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012,
e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres huma- O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de
nos; Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por prin-
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de cípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta
Ética dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Confe- profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e
rência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida uma prática social, indispensável à organização e ao funcionamento
no período de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a
pelo Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comis- restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio
são Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à cole-
de Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016; tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo,
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a
Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violência do- remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos.
da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o
2003, que estabelece a notificação compulsória, no território na- respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão,
cional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à
serviços de saúde públicos e privados; igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça
que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;
ou condição social.
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Fede-
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
ral de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, apro-
mental;
va e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento.
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera-
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor-
respondentes; PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Ex-
traordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enferma- A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do
gem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu-
18 de julho de 2017, e rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para cuidado à pessoa, família e coletividade.
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente rela-
equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, cionada ao exercício profissional da Enfermagem.
com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão
de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili-
da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierar- dade profissional.
quização e descentralização político-administrativa dos serviços de Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e
saúde. extensão, respeitando a legislação vigente.
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui-
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é sa, extensão e produção técnico-científica.
executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis- Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais
tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos,
palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou
CAPÍTULO I divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
DOS DIREITOS Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha
habilidades e competências técnico-científicas e legais.
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança téc- Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mí-
nica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi- dias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais.
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua
legais, éticos e dos direitos humanos. competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis- profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física
sionais de enfermagem. e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig- assistência de Enfermagem.
nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações
por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração, CAPÍTULO II
observados os parâmetros e limites da legislação vigente. DOS DEVERES
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e
transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob- Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida-
servando os preceitos éticos e legais da profissão. de, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, ho-
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza- nestidade e lealdade.
ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional, Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
atendidos os requisitos legais. no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti- ideológica.
co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten- Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos
tação à prática profissional. Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co-
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, famí-
fen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
lia e coletividade, necessárias ao exercício profissional.
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da ca-
ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo
tegoria.
público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional
Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de En-
ou que atinja a profissão.
fermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositi-
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
vos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e
ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi-
go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.
e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En-
Regionais de Enfermagem. fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo,
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em
às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
como participar de sua elaboração. Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi-
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma- cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con-
gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em selhos Regionais de Enfermagem.
que trabalha. Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso
tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional. a documentos e a área física institucional.
Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan- Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem,
do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer- com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional.
cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse-
as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia- lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.
tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni- Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao
co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem. Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter-
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma- minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe
gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
profissional. para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei-
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme- tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
ou rubrica do profissional. em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei-
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura tear vantagens pessoais, quando convocado.
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimen-
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci-
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de são judicial.
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de En- capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re-
fermagem, em consonância com sua competência legal. presentante ou responsável legal.
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida-
fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi-
do paciente. vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência,
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên- Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a res-
cia de Enfermagem. ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s)
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, individualmente.
riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce- Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re- razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis-
presentante legal. lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
de qualquer natureza. § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci-
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida.
ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclare- § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de amea-
cida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, ça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multipro-
realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e fissional, quando necessário à prestação da assistência.
legais. § 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar
no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de- suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de § 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de
expressar, livre e autonomamente, suas vontades. responsabilização criminal, independentemente de autorização, de
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes- casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pes-
soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte. soas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que § 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabili-
ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra
profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate- mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori-
goria. zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis-
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão
os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor- quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de
me a complexidade do paciente. comunicação e publicidade.
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos de- Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento
correntes de imperícia, negligência ou imprudência.
técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro-
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé-
fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.
dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro-
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-
fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.
-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa-
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a execu-
mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
tar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi-
erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres-
mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente
critor ou outro profissional, registrando no prontuário.
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento aprovados nas instâncias deliberativas.
de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên- Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolven-
cia e regulação, conforme Resolução vigente. do seres humanos.
Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen- Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no
tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan- processo de pesquisa, em todas as etapas.
do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul-
imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro
coletividade. para si e para outrem.
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qua- Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente
lidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, mor- relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí-
rer e luto. duos de serviços de saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
CAPÍTULO III Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação,
DAS PROIBIÇÕES ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados
os graus de formação do profissional.
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci-
Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. dos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer na-
profissional, à pessoa, à família e à coletividade. tureza que comprometam a segurança da pessoa.
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou ju- Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou-
rídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem
exercício profissional de Enfermagem. expressamente autorizados na legislação vigente.
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis-
qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole- sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le-
tividade, quando no exercício da profissão. gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi- Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer-
dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza,
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi-
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e
de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, constrangedoras.
nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na le- Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
gislação. que não possa comprovar.
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri-
família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de mônio das organizações da categoria.
garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de
qualquer natureza para si ou para outrem. conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional.
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis- Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi- inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem. prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.
Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inve-
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para
rídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, famí-
impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer
lia ou coletividade.
tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da
Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não
pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional.
executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para pra-
outro profissional.
ticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em
Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a
ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a
terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da
exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa- paciente, representante legal ou responsável legal, por determina-
mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem ção judicial.
e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações
áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re-
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe- gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.
nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a ou-
exercício profissional. tro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emer-
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a gência.
interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a
vigente. outros membros da equipe de saúde.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o pro- Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma-
fissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá-
participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên- veis pelo paciente.
cia. Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.
a morte da pessoa. Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres-
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên- tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou
cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
que possua competência técnica-científica necessária. Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel,
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de ur- público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão
gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro-
ofereça risco a integridade física do profissional. veito próprio ou de outrem.
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui-
saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen- sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e
tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte. coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de
riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e seguran- § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron-
ça da pessoa, família e coletividade. tuário do infrator.
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente esta- terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias
belecidos. em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza- Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, mul-
ção prévia. ta, censura e suspensão do exercício profissional, são da responsa-
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico- bilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas
-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação
participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu- Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. primeiro, da Lei n° 5.905/73.
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem
das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do
ou concessão dos demais partícipes. exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer cons- Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.
tar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica. Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposi-
ção consideram-se:
CAPÍTULO IV I – A gravidade da infração;
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
III – O dano causado e o resultado;
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, bem IV – Os antecedentes do infrator.
como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por este Código, Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra-
sem prejuízo das sanções previstas em outros dispositivos legais. ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis- cada caso.
são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser- § 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a inte-
vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer- gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/ debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca-
Conselhos Regionais de Enfermagem. tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra- financeiros.
ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá- § 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem
tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício. debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan-
análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), ceiros.
e do(s) resultado(s). § 3º São consideradas infrações graves as que provoquem pe-
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e con- rigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun-
duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente, ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem
aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem. danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/ § 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem
Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: dano moral irremediável na pessoa.
I – Advertência verbal; Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
II – Multa; I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
III – Censura; pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as conse-
IV – Suspensão do Exercício Profissional; quências do seu ato;
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. II – Ter bons antecedentes profissionais;
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave amea-
de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, ça;
na presença de duas testemunhas. IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
(um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. fatos.
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En- I – Ser reincidente;
fermagem e em jornais de grande circulação. II – Causar danos irreparáveis;
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissio- III – Cometer infração dolosamente;
nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re-
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada
de ou a vantagem de outra infração;
aos órgãos empregadores.
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas
do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional;
publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem
VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
e em jornais de grande circulação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru- Art. 3º – O planejamento e a programação das instituições e
ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfer-
condução do processo ético. magem.
Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da
CAPÍTULO V assistência de Enfermagem.
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES Art. 5º – (vetado)
§ 1º (vetado)
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente pode- § 2º (vetado)
rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais Art. 6º – São enfermeiros:
de um artigo. I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de de ensino, nos termos da lei;
infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfer-
32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, meira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular
81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz,
101 e 102. ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, Obstétrica ou de Obstetriz;
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti-
86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102. verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea “”d”” do
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, Art. 7º – São técnicos de Enfermagem:
52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfer-
76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, magem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo ór-
97, 99, 100, 101 e 102. gão competente;
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é apli- II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido
cável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo
32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, Técnico de Enfermagem.
93, 94 e 95. Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem:
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti- por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão
gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97. competente;
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de
junho de 1956;
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL: LEI Nº 7498, DE 1986 III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso
III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de
A Lei do Exercício profissional salienta as especificidades quan- Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza-
to as classes na área da enfermagem, o que cada um pode e deve ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
fazer ou participar dentro de uma equipe. congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos
Costuma ser cobrado em concursos ações privativas dos profis- termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De-
sionais e ações cotidianas onde eles são inseridos na equipe. creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10
O Decreto 94.406/1987 regulamenta a Lei 7.498/1986 (Lei do de outubro de 1959;
Exercício Profissional) V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos
termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou
dá outras providências. curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certifi-
O presidente da República. cado de Auxiliar de Enfermagem.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a Art. 9º – São Parteiras:
seguinte Lei: I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº
Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o território 3.640, de 10 de outubro de 1959;
nacional, observadas as disposições desta Lei. II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equiva-
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente lente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado
no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certi-
ocorre o exercício. ficado de Parteira.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Art. 10 – (vetado)
Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma- Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma-
gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação. gem, cabendo-lhe:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
I – privativamente: § 4º Participar da equipe de saúde.
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura bá- Art. 14 – (vetado)
sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei,
de unidade de enfermagem; quando exercidas em instituições de saúde, públicas e privadas, e
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses orientação e supervisão de Enfermeiro.
serviços; Art. 16 – (vetado)
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia- Art. 17 – (vetado)
ção dos serviços da assistência de enfermagem; Art. 18 – (vetado)
d) (VETADO); Parágrafo único. (vetado)
e) (VETADO); Art. 19 – (vetado)
f) (VETADO); Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública dire-
g) (VETADO); ta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na con-
de enfermagem; tratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos
i) consulta de enfermagem; desta Lei.
j) prescrição da assistência de enfermagem; Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo pro-
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris- moverão as medidas necessárias à harmonização das situações já
co de vida; existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos ad-
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica quiridos quanto a vencimentos e salários.
e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to- Art. 21 – (vetado)
mar decisões imediatas; Art. 22 – (vetado)
II – como integrante da equipe de saúde: Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de Enferma-
a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro- gem, em virtude de carência de recursos humanos de nível médio nesta
gramação de saúde; área, sem possuir formação específica regulada em lei, será autorizado,
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares
assistenciais de saúde; de Enfermagem, observado o disposto no Art. 15 desta Lei.
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, que obe-
de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; decerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de Enferma-
d) participação em projetos de construção ou reforma de uni- gem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez)
dades de internação; anos, a contar da promulgação desta Lei.
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de Art. 24 – (vetado)
doenças transmissíveis em geral; Parágrafo único – (vetado)
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
causados à clientela durante a assistência de enfermagem;
120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação.
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em con-
i) execução do parto sem distocia;
trário.
j) educação visando à melhoria de saúde da população.
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º
desta lei incumbe, ainda:
a) assistência à parturiente e ao parto normal; FUNDAMENTOS BÁSICOS DE ENFERMAGEM. SINAIS VI-
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de provi- TAIS: SEGUINDO A VARIAÇÃO DE ACORDO COM A FAIXA
dências até a chegada do médico; ETÁRIA, NOMENCLATURAS E FATORES CORRELATOS. DA-
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes- DOS ANTROPOMÉTRICOS E SEU USO NA ASSISTÊNCIA DE
tesia local, quando necessária. ENFERMAGEM. CONTROLE HÍDRICO. HIGIENE, CONFOR-
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível TO, SEGURANÇA E BEM-ESTAR DO PACIENTE. TIPOS DE
médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de DIETA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM QUANDO EM USO
Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da DE SONDAS NASOGÁSTRICA, NASOENTÉRICA E GAVA-
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente: GEM. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS NECESSIDADES
§ 1º Participar da programação da assistência de Enfermagem; DE ELIMINAÇÃO URINÁRIA E FECAL. OXIGENOTERAPIA.O
§ 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri- PAPEL DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM NA SISTEMATIZA-
vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do ÇÃO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Art. 11 desta Lei;
§ 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer-
magem em grau auxiliar; Fundamentos de Enfermagem
§ 4º Participar da equipe de saúde. A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma
Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente,
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe- vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo-
cialmente: nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o
§ 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; método adotado, sendo basicamente composta por levantamento
§ 2º Executar ações de tratamento simples; de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem,
§ 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente; plano assistencial e avaliação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é
de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados
melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res- como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte,
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte
de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en- especial, acima de 500 leitos.
volver-se no processo. Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida-
entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar
importantes informações para a elaboração de um plano assisten- integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de
cial e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim cons-
equipe. tituído disponibiliza atendimento integral à população, mediante
A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú-
o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra- de.
tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju- As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Progra-
da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de ma Saúde da Família) devem funcionar como porta de entrada para
doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações o sistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos
consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de mais complexos - que, de fato, necessitam de tratamento em regi-
enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário, me de internação.
tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con- De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de
sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que
privacidade. acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terciá-
O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o rio. O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços
paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações, públicos das esferas federal, estadual e municipal e os serviços pri-
até várias vezes ao dia. vados, credenciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar,
Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas 80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao SUS são priva-
as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas, dos e recebem reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da
como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas. atenção ambulatorial, onde 75% da assistência provém de hospitais
Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados públicos.
coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente, Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o
formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se
são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades
elaboração do plano assistencial de enfermagem. básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente,
O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien- filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur-
te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de sos são originários de contribuições e doações particulares para a
enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde, prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados
sempre que necessário. na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos-
Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren-
cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo- te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da
dificar ou não o plano inicialmente proposto. diretoria não recebem remuneração.
O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in- Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessi-
fecção ta durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à
O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos
local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço
fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex-
prover cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregri- tensa divisão técnica de trabalho.
nos. Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi-
Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta- pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que
belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em uma das características do processo de produção hospitalar é a in-
regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-inter- terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi-
nação, no caso de ambulatório ou outros serviços. dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis-
Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala- tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido
res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes
a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de biológicos nocivos ao mesmo.
habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in-
eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados
região com grande população de jovens haja carência de leitos de estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes
maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em outra, físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e
onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a ne- elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica-
cessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica. mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados
De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser por microrganismos.
classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis,
especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres- os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a
tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, materni- diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor-
dade, ortopedia, entre outras. tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será man-
pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter- tida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma que a
médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de maioria se reporta ao receptor do cuidado.
difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva- Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional
sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces-
drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri- sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa
buem para a ocorrência de infecção. fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equi-
Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma pe é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento
infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna- realizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a des-
ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98, pertar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe au-
do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re- xiliá-lo a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe
presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos- presente e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria,
pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa- acompanhando-o em visita às dependências da unidade, orientan-
ciente, os artigos hospitalares e o ambiente. do-o sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É tam-
Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe bém importante solicitar aos familiares que providenciem objetos
deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e de uso pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e va-
controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os lores nos casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu
microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou estado indique a necessidade de tal procedimento.
do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada. É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a
pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha-
Atendendo o paciente no hospital mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui-
O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces- dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que
sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e
ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à
sua vida e estado de saúde.
legal instaurado.
O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá
A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito
de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica
hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto
ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há
significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tem- uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação,
porária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de
maioria das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro, leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem-
isolamento social, perda de privacidade e individualidade, sensação -se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, a
de insegurança, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente,
nova situação é marcada por dificuldades pois, aos fatores acima, medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen-
soma-se a necessidade de seguir regras e normas institucionais to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se-
quase sempre bastante rígidas e inflexíveis, de entrosar-se com a jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a
equipe de saúde, de submeter-se a inúmeros procedimentos e de prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado
mudar de hábitos. de material perfurocortante.
O movimento de humanização do atendimento em saúde pro- O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos-
cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan- pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo-
do formas de tornar menos agressiva a condição do doente institu- tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos
cionalizado. Embora lenta e gradual, a própria conscientização do tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos
paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal inten- de necessidade de transferência para outra instituição de saúde;
to. Fortes aponta a responsabilidade institucional como um aspecto na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a
importante, ao afirmar que existe um componente de responsabili- seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quan-
dade dos administradores de saúde na implementação de políticas to aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada
e ações administrativas que resguardem os direitos dos pacientes. pela equipe.
Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi-
o profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso,
do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes e eficazes na atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos,
medida em que também passam a ser princípios norteadores da momento em que a participação da equipe multiprofissional é im-
organização de saúde. portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas.
Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpe-
Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se
za da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamento,
estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis-
deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza ter-
sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura
minal): teto, paredes, piso e banheiro.
tradicionalmente utilizada no meio hospitalar. As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e
O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce- encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per-
re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên- tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de-
cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das
para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en-
termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe- cargo dos profissionais de enfermagem.
lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa-
seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar,
têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral, gem é a única que permanece continuamente e sem interrupções
em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer- ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocor-
magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais, rências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que o registro
orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital. das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem
Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão,
outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição. a equipe possa acompanhar a evolução do paciente.
Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes
ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor- informações:
tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa- - Observação do estado geral do paciente, indicando manifesta-
ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto ções emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, eufo-
com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma- ria, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações
gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, en- relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade cutâ-
viar os relatórios médico e de enfermagem. neo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações,
padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas,
Sistema de informação em saúde drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
Um sistema de informação representa a forma planejada de re- - A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para
ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de-
cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter- terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo:
net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem-
e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a
dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes. instalação de cateter de oxigênio;
No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor- - A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
mações através de um sistema informatizado é muito útil porque permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad- ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo- gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros
ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de também devem ser registrados, como a instalação de solução ve-
tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi- nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca-
diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes minhamentos e realização de exames externos, bem como outras
e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e ocorrências atípicas na rotina do paciente;
orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição, - A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen-
de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de
taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma- decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres-
nência, etc. tadas ao paciente e familiares;
As informações do paciente, geradas durante seu período de - As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
internação, constituirão o documento denominado prontuário, equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua
e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro
dos cuidados profissionais prestados ao paciente. das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza
O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor-
registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó- tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações
rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico, devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a
diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes- interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se
tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen- necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente
tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a so-
ter suas informações adequadamente registradas, como também ciedade.
acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
necessário. A seguir, destacamos algumas significativas recomendações
Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos para maior precisão ao registro das informações:
de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui- - os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le-
ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização, gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe-
há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a
vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre
informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri- um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen-
vacidade e sigilo dos dados pessoais. te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li-
nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase,
Sistema de informação em enfermagem manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura;
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no - verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina
prontuário do paciente, de todas as observações e assistência pres- que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen-
tada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A chendo ou completando o cabeçalho, se necessário;
importância do registro reside no fato de que a equipe de enferma- - indicar o horário de cada anotação realizada;

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro; Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte
- como não se deve confiar na memória para registrar as infor- do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem-
mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de po de vida junto a Deus ou com o seu destino.
detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho, Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da
o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado, família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de
observação de intercorrências, recebimento de informação ou to- inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais.
mada de conduta, identificando a hora exata do evento; Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e
- quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa- a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o
ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e, acompanhamento de um membro da família ou um amigo
portanto, indicativa do referente;
- jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um en- Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem
gano ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem ra- A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de
surar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças
de que alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado,
casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos-
informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com teriormente a prescrição de patologias.
uma única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habi-
correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administra- lidades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para
da uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo.. o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização
Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem
traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada; papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente.
- distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação; A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações
assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter- disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con-
ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se junto variado de clientes portadores de diversas patologias.
de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos
ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico.
criança .... ou Segundo a nutricionista ....; O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a
- atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico
houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o especializado.
paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII; O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag-
- organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou baseiam no exame clínico bem realizado.
em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o
sido anteriormente omitidas; foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses
- utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu- fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões
ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre- que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha
senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....; domínio de diversas informações.
- evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob- Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as
servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne- mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer-
nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência magem e auxiliar de enfermagem.
prestada; Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve-
- realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira-
horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente fi- ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada
cou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada; técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de
- registrar todas as medidas de segurança adotadas para prote- infecções.
ger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de compli-
cações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora; Sistematização da Assistência em Enfermagem
- assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en-
Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem). aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru-
Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan- mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro-
tes e preparo do corpo pós morte
cesso de Enfermagem.
O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre-
Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in-
paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen-
terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom-
te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada
panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci-
o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos
sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as
pacientes. As etapas do ato de morrer são:
informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das
Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira
condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser
vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar o
diagnóstico. devidamente registrados no Prontuário do Paciente.
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí- Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró- conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a
pria família etc. partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa-

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e É aqui que se determinam os resultados esperados e quais
científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co-
multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi- letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos
víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que,
em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi- igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições
te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão checadas e o registro das ações que foram executadas.
do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade.
Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a 4. Implementação
Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui- A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da
ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra- Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe rea-
zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição. lizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane-
Essas ferramentas digitais permitem: jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma
–ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe-
atualizada, com conteúdo legível; cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais
–criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in- vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa-
consistências; ciente (PEP).
–estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos
terapêuticos; 5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
–realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges- Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no
tão e assistenciais. Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática
e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
funciona a metodologia. ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira
terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas
As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste- etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor-
matização da Assistência de Enfermagem: mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na
tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma-
gem Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer-
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca magem)
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro,
enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência
e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe- prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma-
los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas. gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de
Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter-
Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên- rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas
cia de Enfermagem (SAE). as ocorrências clínicas.
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa-
pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa- ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos
ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP, fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa
com formulários específicos que direcionam o questionamento da acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en-
enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa- fermagem contempla as seguintes informações:
dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim, Observação do estado geral do paciente, indicando manifes-
é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão,
cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade. euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte-
rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade
2. Diagnóstico de Enfermagem cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen- Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão
diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe- curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri-
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi-
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora- nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia
ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu-
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário. ção de cateter de oxigênio;
A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
3. Planejamento de Enfermagem permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma- ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método, o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde. gistrar esse fato e o motivo da negação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor-
como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou
de material para exames, encaminhamentos e realização de exames sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico.
externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa-
ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências Tipos de Pulso:
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- Bradisfigmico – lento
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de Taquisfígmico – acelerado
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos
tadas ao paciente e familiares;
As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da Volume: cheio ou filiforme.
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so-
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso
Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem é denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria
geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as
informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem Tensão ou compressibilidade das artérias
margem a interpretações errôneas. Macio – fraco
Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar Duro – forte
que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis-
sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade. Terminologia:
- Nomocardia: frequência normal
Sinais Vitais - Bradicardia: frequência abaixo do normal
- Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico
Pulso - Taquicardia: frequência acima do normal
São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e respi- - Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico
ração permanecem mais ou menos constantes. São chamados “Si-
nais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade. De- Material para verificação do pulso:
vido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem exata - Relógio com ponteiro de segundos.
na sua verificação e anotação.
Procedimento:
Pulso: É o nome que se dá à dilatação pequena e sensível das - Lavar as mãos;
artérias, produzida pela corrente circulatória. Toda vez que o san- - Explicar o procedimento ao paciente;
gue é lançado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o - Colocá-lo em posição confortável, de preferência deitado ou
volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da pa- sentado com o braço apoiado e a palma da mão voltada pra baixo.
rede arterial, evidenciadas quando se comprime moderadamente a - Colocar as polpas dos três dedos médios sobre o local escolhi-
artéria contra uma estrutura dura. do pra a verificação;
Locais onde pode ser verificado: Normalmente, faz-se a veri- - Pressionar suavemente até localizar os batimentos;
ficação do pulso sobre a artéria radial. Quando o pulso radial se - Procurar sentir bem o pulso, pressionar suavemente a artéria
apresenta muito filiforme, artérias mais calibrosas como a carótida e iniciar a contagem dos batimentos;
e femoral poderão facilitar o controle. Outras artérias, como a bra- - Contar as pulsações durante um minuto (avaliar frequência,
quial, poplítea e a do dorso do pé (artéria pediosa) podem também tensão, volume e ritmo);
ser utilizadas para a verificação. - Lavar as mãos;
- Registrar, anotar as anormalidades e assinar.
Frequência Fisiológica:
Pulso apical: Verifica-se o pulso apical no ápice do coração à
Homem 60 a 70
altura do quinto espaço intercostal.
Mulher 65 a 80
Crianças 120 a 125
Observações importantes:
Lactentes 125 a 130
- Evitar verificar o pulso em membros afetados de paciente com
Observação: Existem fatores que alteram a frequência normal
lesões neurológicas ou vasculares;
do pulso:
- Não verificar o pulso em membro com fístula arteriovenosa;
Fatores Fisiológicos:
- Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode confun-
Emoções - digestão - banho frio - exercícios físicos (aceleram) dir a sua pulsação com a do paciente;
Certas drogas como a digitalina (diminuem) - Nunca verificar o pulso com as mãos frias;
- Em caso de dúvida, repetir a contagem;
Fatores Patológicos: - Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir
Febre - doenças agudas (aceleram) de sentir o batimento do pulso.
Choque - colapso (diminuem)
Temperatura
Regularidade: A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela
Rítmico - bate com regularidade atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo-
Arrítmico - bate sem regularidade vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
com temperatura mais ou menos constante, independente das va- Terminologia
riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda - bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal;
de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de - taquipneia: frequência respiratória acima do normal;
perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé- - dispneia: dificuldade respiratória;
rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti- - ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor. - apneia: parada respiratória;
Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos - respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra-
provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir- dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi-
culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta- dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia.
da e perdida na superfície corpórea. - respiração estertorosa: respiração ruidosa.

Alterações Fisiológicas da Temperatura Pressão Arterial


Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas
respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a
corporal: verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou
- sono e repouso diastólica.
- idade A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car-
- exercícios físicos díaco; e a diastólica, a menor.
- emoções
- fator hormonal A Pressão Arterial depende de:
- em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios. - Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado
- desnutrição do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto.
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo- - Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali-
car alterações transitórias da temperatura bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea.
- agasalhos - Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos
- fator alimentar figurados do sangue.
A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem- ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta. Valores Normais
Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
Terminologia: parâmetros:
Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza- - pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg
-se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores; - pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg
Terminologia
Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi- - hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada;
ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca, - hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal
calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza,
taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões. Locais para verificação da Pressão Arterial
Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser - nos membros superiores, através da artéria braquial;
colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes - nos membros inferiores, através da artéria poplítea.
vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta
leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a Mensuração da Altura e do Peso
verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar. A altura e o peso normalmente são verificados quando existe
Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na
- oral: 3 minutos maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do
- axilar: 03 a 05 minutos peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia.
- retal: 3 minutos Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de
peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica.
Respiração
Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos Terminologia
alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo- Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar-
no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede mazenamento de gordura;
do controle da respiração automática, porém recebe influencias - caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição.
do córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle Observações
voluntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro, - pesar, de preferência sempre no mesmo horário;
variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató- - pesar com mínimo de roupa;
rias. - pesar, se possível, antes do desjejum.

Valores Normais Sinais Iminentes de Falecimentos:


Recém nascido: 30 a 40 por minuto - Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir-
Adulto: 14 a 20 por minuto regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese
abundante;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração O processo de enfermagem proposto por Horta (1979), é o
torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se- conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando
creção; principalmente a assistência ao cliente. Eleva a competência técni-
- Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e ca da equipe e padroniza o atendimento, proporcionando melhoria
do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração, das condições de avaliação do serviço e identificação de problemas,
incontinência fecal e constipação. permitindo assim os estabelecimentos de prioridade para interven-
- Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo- ção direta do enfermeiro no cuidado. O processo de enfermagem
vimentos; pode ser denominado como SAE (Sistematização da Assistência de
- Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária; Enfermagem) e deve ser composto por Histórico de Enfermagem,
- Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare- Exame Físico, Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem. Assim, a
cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer. Evolução de Enfermagem, é efetuada exclusivamente por enfermei-
- Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri- ros. O relatório de enfermagem, que são observações, podem ser
ma, que significa perda do tônus muscular. realizados por técnicos de enfermagem. Em unidades críticas como
uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a evolução de enfermagem
Sinais Evidentes: deve ser realizada a cada turno do plantão, contudo em unidades
Talvez seja mais sensato caracterizar a morte pelo somatório de semi-críticas, como uma Clínica Médica e Cirúrgica, o número exi-
uma série de fenômenos: gido de evolução em vinte e quatro horas é de apenas uma, já os
- Perda da consciência; relatórios, devem ser redigidos á cada plantão.
- Ausência total de movimentos;
- Parada Cardíaca e respiratória sem possibilidades de ressus- O Histórico de Enfermagem
citação; O Histórico de Enfermagem é um roteiro sistematizado para o
- Perda da ação reflexiva a estímulos; levantamento de dados sobre a situação de saúde do ser humano,
- Parada das funções cerebrais; que torna possível a identificação de seus problemas. É denomi-
- Pupilas dilatadas (midríase) não reagindo à presença da luz. nado por levantamento, avaliação e investigação que, constitui a
primeira fase do processo de enfermagem, pode ser descrito como
Como esses fatos podem ocorrer isoladamente é fundamental um roteiro sistematizado para coleta e análise de dados significati-
a coincidência deles para se confirmar à morte. Como após a morte, vos do ser humano, tornando possível a identificação de seus pro-
alguns tecidos podem manter a vitalidade e mesmo servirem para blemas. Ele deve ser conciso, sem repetições, e conter o mínimo
transplantes, exige-se hoje, como prova clínica definitiva da morte, indispensável de informações que permitam prestar os cuidados
a parada definitiva das funções cerebrais, documentada clinicamen- imediatos.
te e por eletroencefalograma.
O Exame Físico
A tanatologia é o ramo da patologia que estuda a morte. O exame físico envolve um avaliação abrangente das condições
Morte Aparente: O termo morte aparente é a denominação físicas gerais de um paciente e de cada sistema orgânico. Informa-
aplicada ao corpo, o qual parece morto, mas tem condições de ser ções úteis no planejamento dos cuidados de um paciente podem
reanimado. ser obtidas em qualquer fase do exame físico. Uma avaliação física,
seja parcial ou completa, é importante para integrar o ato do exame
Alterações cadavéricas: São alterações que ocorrem após a na rotina de assistência de enfermagem. O exame físico deverá ser
constatação da sua morte clínica. Após a morte existe uma série executado em local privado, sendo preferível a utilização de uma
de alterações sequenciais previstas que podem ser modificadas nas sala bem equipada para atender a todos os procedimentos envol-
dependências das condições fisiológicas pré-morte, das condições vidos.
ambientais e do tipo morte, se intencional, natural ou acidental.
Métodos de Avaliação Física:
Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento - Inspeção: Exame visual do paciente para detectar sinais fí-
do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda sicos significativos. Reconhecer as características físicas normais,
progressiva das fontes energéticas. para então passar a distinguir aquilo que foge da normalidade. Ilu-
minação adequada e exposição total da parte do corpo para exame
Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci- são fatores essenciais para uma boa inspeção. Cada área deve ser
mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor- inspecionada quanto ao tamanho, aparência, coloração, simetria,
nando-se progressivamente arroxeadas. posição, e anormalidade. Se possível cada área inspecionada deve
ser comparada com a mesma área do lado oposto do corpo.
Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (putrefa- - Palpação: Avaliação adicional das partes do corpo realizada
ção). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas bacté- pelo sentido do tato. O profissional utiliza diferentes partes da mão
rias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, odor para detectar características como textura, temperatura e percep-
muito forte e mudanças de coloração. ção de movimentos. O examinador coloca sua mão sobre a área a
ser examinada e aprofunda cerca de 1 cm. Qualquer área sensível
Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e localizada deverá ser examinada posteriormente mais detalhada-
musculatura, ficando somente ossos. mente. O profissional avalia posição, consistência e turgor através
de suave compressão com as pontas dos dedos na região do exa-
Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes: me. Após aplicação da palpação suave, intensifica-se a pressão para
A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente examinar as condições dos órgãos do abdômen, sendo que deve ser
em estado de coma. pressionado a região aproximadamente 2,5 cm. A palpação profun-
da pode ser executada com uma das mãos ou com ambas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Percussão: Técnica utilizada para detectar a localização, tama- Necessidade de Proteção e Segurança
nho e densidade de uma estrutura subjacente. O examinador de-
verá golpear a superfície do corpo com um dos dedos, produzindo Lavagem Simples Das Mãos
uma vibração e um som. Essa vibração é transmitida através dos a) Conceito: é o procedimento mais importante na prevenção e
tecidos do corpo e a natureza do som vai depender da densidade no controle das infecções hospitalares, devendo este procedimento
do tecido subjacente. Um som anormal sugere a presença de massa ser rotina para toda a equipe multiprofissional, sendo o objetivo
ou substância, tais como líquido dentro de um órgão ou cavidade do desta técnica reduzir a transmissão cruzada de microorganismos
corpo. A percussão pode ser feita de forma direta (envolve um pro- patogênicos entre doentes e profissionais.
cesso de golpeamento da superfície do corpo diretamente com os
dedos) e indireta (coloca-se o dedo médio da mão não dominante b) Quando lavar as mãos:
sobre a superfície do corpo examinado sendo a base da articulação - ao chegar à unidade de trabalho;
distal deste dedo golpeada pelo dedo médio da mão dominante do - sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas;- antes e
examinador). A percussão produz 5 tipos de som: Timpânico: Se- após contactar com os doentes;
melhante a um tambor - gases intestinais; Ressonância: Som surdo - antes de manipular material esterilizado.
- pulmão normal; Hiper-ressonância: Semelhante a um estrondo – - após contatos contaminantes (exposição a fluidos orgânicos);
pulmão enfisematoso; Surdo: Semelhante a uma pancada surda – - após contactar com materiais e equipamentos que rodeiam o
fígado; Grave: Som uniforme – músculos. doente;- antes e após realizar técnicas sépticas (médica - contami-
- Ausculta: Processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos nada) e assépticas (cirúrgica – não contaminada);
do corpo. As 4 características de um som são a freqüência ou altura, - antes e após utilizar luvas de procedimento;
intensidade ou sonoridade, qualidade e duração. - após manusear roupas sujas e resíduos hospitalares;
- depois da utilização das instalações sanitárias.
Diagnóstico e prescrição de enfermagem - após assoar o nariz.
O Diagnóstico de Enfermagem está baseado na Teoria da Ne-
cessidades Humanas Básicas, preconizadas por Wanda Horta (1979) c)Técnica:
e pela Classificação Diagnóstica da NANDA (North American Nur- - devem ser retirados todos os objetos de adorno, incluindo
sing Diagnosis Association). A fase de diagnóstico está presente em pulseiras. Para a realização da técnica, deve-se utilizar sabão liquido
todas as propostas de processo de enfermagem. Porém, freqüen- com pH neutro;
temente, termina por receber outras denominações tais como: - abrir a torneira com a mão não dominante;
problemas do cliente, lista de necessidades afetadas. Este fato gera - molhar as mãos;
inúmeras interpretações acerca do que se constitui um diagnóstico - aplicar uma quantidade suficiente de sabão cobrindo com es-
de enfermagem e contribui para aumentar as lacunas de conhe- puma toda a superfície das mãos;
cimento sobre as ações de enfermagem, provoca interpretações - esfregar com movimentos circulatórios: palmas, dorso, inter-
dúbias no processo de comunicação inter-profissional, caracteri- digitais, articulações, polegar, unhas e punhos
zando a falta de sistematização do conhecimento na enfermagem - enxaguar as mãos em água corrente e secar com papel toalha
e abalando a autonomia e a responsabilidade profissional. Aparece - se a torneira for de encerramento manual, utilizar o papel toa-
em três contextos: raciocínio diagnóstico, sistemas de classificação lha para fechá-la.
e processo de enfermagem. O raciocínio diagnóstico envolve três
tipos de atividades: coleta de informações, interpretação e denomi- Mecânica Corporal
nação ou rotulação. a) Conceito: Esforço coordenado dos sistemas músculoes-
A Prescrição de Enfermagem deve ter as seguintes característi- quelético e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura e
cas: data, hora de sua elaboração e assinatura do enfermeiro. Deve alinhamento corporal, durante a inclinação, movimentação, levan-
ser escrita com uso de verbos que indiquem uma ação e no infiniti-
tamento de carga e execução das atividades diárias. Facilita o movi-
vo; deve definir quem , o que , onde, quando e com que freqüência
mento para que uma pessoa possa executar atividades físicas sem
ocorrerão as atividades propostas; deve ser individualizada e dire-
usar desnecessariamente sua energia muscular.
cionada aos diagnósticos de enfermagem específicos do cliente,
tornando o cuidado eficiente e eficaz. A seqüência das prescrições
b) Como assistir o paciente utilizando-se os princípios da Me-
deve obedecer à seguinte ordem: a primeira é elaborada logo após
cânica Corporal:
o histórico, e as demais sempre após cada evolução diária, tendo
Alinhamento: Condições das articulações, tendões, ligamentos
assim validade de 24 horas. Para a primeira prescrição, portanto,
e músculos em várias partes do corpo. O alinhamento correto reduz
toma-se como base o histórico de enfermagem, e as demais de-
verão seguir o plano da evolução diária, fundamentado em novos a distensão das articulações, tendões, ligamentos e músculos.
diagnósticos e análise. Entretanto, será acrescentada nova prescri- Equilíbrio do corpo: Realçado pela postura. Quanto melhor a
ção sempre que a situação do cliente requerer. Existem vários tipos postura, melhor é o equilíbrio. Aumentar a base de suporte , afas-
de prescrição de enfermagem. As mais comuns são as manuscritas, tando-se os pés a uma certa distância. Quando agachar dobrar os
documentadas em formulários específicos dirigidos a cada cliente joelhos e flexionar os quadris, mantendo a coluna ereta.
e individualmente. Um outro tipo é a prescrição padronizada , ela-
borada em princípios científicos, direcionada às características da Movimento Corporal Coordenado: O profissional usa uma va-
clientela específica, reforçando a qualidade do planejamento e im- riedade de grupos musculares para cada atividade de enfermagem.
plementação do cuidado. É deixado espaço em branco destinado à A forças físicas de peso e atrito podem refletir no movimento cor-
elaboração de prescrições mais específicas ao cliente. A implemen- poral, e quando corretamente usadas, aumentam a eficiência do
tação das ações de enfermagem deve ser guiada pelas prescrições trabalho do profissional. Caso contrário, pode prejudicá-lo na tarefa
que por sua vez são planejadas a partir dos diagnósticos de enfer- de erguer, transferir e posicionar o paciente. O atrito é uma força
magem, sendo que a cada diagnóstico corresponde uma prescrição que ocorre no sentido oposto ao movimento. Quanto maior for a
de enfermagem. área da superfície do objeto, maior é o atrito. Quando o profissional

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
transfere, posiciona ou vira o paciente no leito, o atrito deve ser Em todas as posições que o paciente se encontrar, o profissio-
vencido. Um paciente passivo ou imobilizado produz maior atrito nal deve avaliar e corrigir quaisquer pontos potenciais de problemas
na movimentação. que se apresentem como hiperextensão do pescoço, hiperextensão
da coluna lombar, flexão plantar, assim como, pontos de pressão
Como utilizar adequadamente o movimento corporal coorde- em proeminências ósseas como queixo, cotovelos, quadris, região
nado: sacra , joelhos e calcâneos.
- Se o paciente não for capaz de auxiliar na sua movimentação
no leito, seus braços devem ser colocados sobre o peito, diminuin- Mudança de Posição e Transporte do paciente debilitado
do a área de superfície do paciente; a) Conceito: A posição correta do paciente é crucial para a ma-
- Quando possível o profissional deve usar a força e mobilidade nutenção do alinhamento corporal adequado. Qualquer paciente
do paciente ao levantar, transferir ou movê-lo no leito. Isto pode cuja mobilidade esteja reduzida, corre o risco de desenvolvimen-
ser feito explicando o procedimento e dizendo ao paciente quando to de contraturas, anormalidades posturais e locais de pressão. O
se mover; profissional tem a responsabilidade de diminuir este risco, incenti-
- O atrito pode ser reduzido se levantar o paciente em vez de vando, auxiliando ou mudando o posicionamento do paciente pelo
empurrá-lo. Levantar facilita e diminui a pressão entre o paciente e menos à cada 3 horas.
o leito ou cadeira. O uso de um lençol para puxar o paciente diminui
o atrito porque ele é facilmente movido ao longo da superfície do b) Técnica de Movimentação do paciente dependente no leito
leito. (realizada no mínimo por 2 profissionais):
- Mover um objeto sobre uma superfície plana exige menos es- - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili-
forço do que movê-lo sobre uma inclinada; dade e tolerância às atividades;
- Trabalhar com materiais que se encontram sobre uma super- - Realizar a lavagem simples das mãos;
fície em um bom nível para o trabalho exige menos esforço que - Explicar ao paciente o que será feito;
levantá-los acima desta superfície; - Propiciar privacidade ao paciente;
- Variações das atividades e posições auxiliam a manter o tono - Utilizar os princípios de mecânica corporal;
- Retirar travesseiros e coxins utilizados previamente;
muscular e a fadiga;
- Posicionar o leito em posição horizontal;
- Períodos de atividade e relaxamento ajudam a evitar a fadiga;
- Baixar grades do leito
- Planejar a atividade a ser realizada, pode ajudar a evitar a
-Alinhar o paciente na posição de escolha, utilizando-se os prin-
fadiga;
cípios de mecânica corporal;
- O ideal é que todos os profissionais que estejam posicionando
- Manter paciente centralizado no leito;
o paciente tenham pesos similares. Se os centros de gravidade dos
- Colocar travesseiro sob a cabeça na região dorsal costal supe-
profissionais estiverem no mesmo plano, estes podem levantar o
rior (na altura da escápula);
paciente como uma unidade equilibrada.
- Colocar coxins e travesseiros sob proeminências ósseas;
- Certificar-se de que o paciente está confortável;
Posicionamento do Paciente: - Manter a unidade em ordem;
a) Conceito: É o alinhamento corporal de um paciente. Pacien- - Realizar a lavagem simples das mãos
tes que apresentam alterações dos sistemas nervoso, esquelético
ou muscular, assim como, maior fraqueza e fadiga, freqüentemen- c) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Cadeira
te necessitam da assistência do profissional de enfermagem para (Técnica realizada no mínimo por 2 profissionais):
atingir o alinhamento corporal adequado enquanto deitados ou - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili-
sentados. dade e tolerância às atividades;
b) Posição de Fowler: A cabeceira do leitoé elevada a um ângu- - Realizar a lavagem simples das mãos;
lo de 45º a 60º e os joelhos do paciente devem estar ligeiramente - Explicar ao paciente o que será feito;
elevados, sem apresentar pressão que possa limitar a circulação das - Propiciar privacidade ao paciente;
pernas. - Utilizar princípios de mecânica corporal;
c) Posição de Supinação (dorsal): A cabeceira do leito deve es- - Manter cadeira de rodas próxima do leito, com freios travados
tar na posição horizontal. Nesta posição, a relação entre as partes e apoios para os pés removidos;
do corpo é essencialmente a mesma que em uma correta posição - Travar os freios da cama;
de alinhamento em pé, exceto pelo corpo estar no plano horizontal. - Ajudar o paciente a sentar-se no leito;
d) Posição de Pronação (decúbito ventral): O paciente estará - Aguardar recuperação de queda de pressão arterial;
posicionado de bruços. - Auxiliar o paciente a ficar em pé, segurando o paciente firme-
e) Posição Lateral (Direito ou Esquerdo): O paciente está dei- mente pelos braços e mantendo as mãos do paciente apoiada nos
tado sobre o lado, com maior parte do peso do corpo apoiada nos ombros do profissional;
quadris e ombro. As curvaturas estruturais da coluna devem ser - Sentar o paciente na cadeira de rodas;
mantidas. A cabeça deve ser apoiada em uma linha mediana do - Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável;
tronco e a rotação da coluna deve ser evitada. - Manter a unidade em ordem;
e) Posição de Sims: Nesta posição o peso do paciente é coloca- - Realizar a lavagem simples das mãos
do no ílio anterior, úmero e clavícula.
f) Posição de Trendelemburgue: posição adotada onde as per- d) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Maca
nas e a bacia ficam em um nível mais elevado que o tórax e a ca- (Técnica realizada por 3 profissionais):
beça. - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili-
dade e tolerância às atividades;
- Realizar a lavagem simples das mãos;
- Explicar ao paciente o que será feito;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Propiciar privacidade ao paciente; Necessidades Nutricionais
- Utilizar princípios de mecânica corporal;
- Posiciona-se ao lado do leito do paciente, cada um respon- Alimentação por via enteral
sabilizando-se por uma determinada parte do corpo, sendo o mais a)Conceito: É a alimentação por sonda a pacientes que são in-
alto pela cabeça e ombros, o mediano pelos quadris e coxas e o capazes de pôr o alimento na boca, mastigar ou engolir, mas que
mais baixo pelos tornozelos e pés; são capazes de digeri-lo e absorvê-lo. As sondas de alimentação
- Girar o paciente em direção ao tórax dos levantadores; podem ser colocadas no esôfago, estômago ou região alta do intes-
- Contar até três em sincronia e elevar o paciente junto ao tórax tino delgado. A sonda pode ser inserida através do nariz, da boca
dos levantadores; ou cirurgicamente implantada. A alimentação via sonda pode ser
- Colocar o paciente suavemente sobre o centro da maca; administrada em bolo ou por gotejamento lento constante, que flui
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável (le- pelo efeito da gravidade, controlada por uma bomba de infusão. A
vantar grades, colocar faixas de segurança) ; alimentação lenta e constante aumenta absorção e reduz a diarréia.
- Manter a unidade em ordem; A sondagem nasoenteral está indicada em pacientes clínicos graves,
- Realizar a lavagem simples das mãos entubados e sedados;

Necessidades de Oxigenação Inserção de Sonda Nasogátrica


Administração de Oxigênio por Cateter Nasal (tipo óculos), Câ- - Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja
nula Nasal ou Máscara Facial: contendo: Sonda nasogástrica com numeração apropriada; copo
a) Conceito: É a administração de oxigênio à razão de 3 a 5 li- com água; estetoscópio, seringa de 20 ml; cuba rim; esparadrapo
tros por minuto por cateter nasal, cânula nasal ou máscara facial. O ou microporen; lubrificante hidrossolúvel; luvas de procedimento;
cateter nasal é um dispositivo simples introduzido nas narinas do pacote com folhas de gase;.saco de lixo;
paciente. A cânula nasal pode ser introduzida pelo nariz até a naso- - Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
faringe, sendo necessário a alternância à cada 8 horas no mínimo. A - Colocar o paciente em posição apropriada (Fowler)
máscara facial é um dispositivo que se adapta perfeitamente sobre - Realizar a lavagem simples das mãos;
o nariz e boca, sendo mantida em posição com auxílio de um fita. - Calçar luvas de procedimento;
Máscara facial simples é usada na oxigenioterapia a curto prazo. - Medir a sonda no paciente: a partir do terceiro furo medir a
Máscara facial de plástico com reservatório e máscara de Venturi, sonda na distância da ponta do nariz até o lóbulo da orelha; medir a
são capazes de fornecer concentrações de oxigênio mais elevadas distância do lóbulo da orelha até o apêndice xifóide e demarcar esta
b) Técnica: medida com fita (aproximadamente 45 a 55 cm);
- Avaliar o paciente e verificar se existem sinais e sintomas su- - Lubrificar a sonda com lubrificante hidrossolúvel;
gestivos de hipóxia ou presença de secreções nas vias aéreas; - Orientar o paciente pedindo para que engula a sonda quando
- Aspirar paciente, se necessário; solicitado;
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Cânula nasal - Fletir o pescoço do paciente quando o mesmo não puder aju-
ou cateter nasal ou máscara facial; tubo de oxigênio; umidificador; dar no procedimento;
água estéril; fonte de oxigênio com fluxímetro; luvas de procedi- - Introduzir a sonda até a demarcação estabelecida;
mento. - Testar a sonda para verificação do posicionamento: Aspirar
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; conteúdo gástrico; administrar 20 ml de ar e auscultar o epigástrio
- Realizar a lavagem simples das mãos; buscando o som de entrada de ar; colocar a extremidade da sonda
- Calçar luvas de procedimento; aberta num copo com água, se a água não borbulhar a sonda está
- Conectar a cânula nasal (medir no paciente o posicionamento posicionada adequadamente;
da cânula : lóbulo da orelha a ponta do nariz) ou cateter nasal ou - Fixar e identificar a sonda;
máscara facial, ao tubo de oxigênio e a uma fonte de oxigênio umi- - Manter a sonda fechada; excetuando-se em casos de drena-
dificada, calibrada na taxa de fluxo desejada; gem gástrica;
- Introduzir as extremidades do cateter nasal ás narinas do pa- - Certificar-se de que o paciente está confortável;
ciente ou posicionar a cânula nasal ou máscara facial; - Manter a unidade em ordem;
- Ajustar a fita elástica na fronte até que o cateter nasal ou más- - Retirar luvas de procedimento;
cara facial esteja perfeitamente adaptado e confortável ou fixar a - Realizar a lavagem simples das mãos;
cânula nasal à face ou região frontal do paciente; - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente.
- Manter o tubo de oxigênio com folga suficiente e prendê-lo às
roupas do paciente; Necessidade de Eliminação Urinária
- Manter o recipiente do umidificador com água no nível deli-
mitado; Cateterismo Vesical de Demora
- Manter o fluxo de oxigênio conforme prescrição médica; a) Conceito: É a inserção de um cateter na bexiga através da
- Observar narinas e superfície superior das orelhas à cada 6 uretra, indicado para aliviar desconforto por distensão vesical
horas (verificar se há laceração de pele); quando ocorre obstrução na saída do fluxo de urina por dilatação
- Certificar-se de que o paciente está confortável; da próstata, ou por coágulos de sangue; nas retenções urinárias
- Manter a unidade em ordem; grave por episódios recorrentes de infecção do aparelho urinário;
- Retirar luvas de procedimento; nos casos em que há incapacidade de esvaziar a bexiga espontanea-
- Realizar a lavagem simples das mãos; mente; para monitorar débito urinário nos quadros clínicos graves;
- Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente. cirurgias do trato urinário ou de suas partes; cirurgias que exijam
anestesias em doses maiores; controlar incontinência urinária e nos
pacientes acometidos por doença terminal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
b) Técnica A Enfermagem, reconhecida por seu respectivo conselho pro-
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja fissional, é uma profissão que possui um corpo de conhecimentos
contendo: Pacote estéril para cateterização vesical contendo: cuba próprios, voltados para o atendimento do ser humano nas áreas de
redonda; cuba rim; pinça para antissepsia, folhas de gaze, torundas promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com-
ou bolas de algodão; campo fenestrado; almotolia contendo povi- posta pelo enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem.
dine tópico; 2 seringas descartáveis de 10 ml; 1 agulha 40X12; 1 A Enfermagem realiza seu trabalho em um contexto mais am-
ampola de água destilada 10 ml; sonda de follley com numeração plo e coletivo de saúde, em parceria com outras categorias pro-
apropriada; coletor de urina sistema fechado; esparadrapo ou mi- fissionais representadas por áreas como Medicina, Serviço Social,
croporen; xylocaína geléia; luvas de procedimento; 1 par de luvas Fisioterapia, Odontologia, Farmácia, Nutrição, etc. O atendimento
estéril com numeração apropriada; pacote com folhas de gase; saco integral à saúde pressupõe uma ação conjunta dessas diferentes ca-
de lixo; material para higiene íntima, se necessário. tegorias, pois, apesar do saber específico de cada uma, existe uma
- Promover ambiente reservado ao paciente; relação de interdependência e complementaridade.
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; Nos últimos anos, a crença na qualidade de vida tem influen-
- Colocar o paciente em posição anatômica (nas mulheres po- ciado, por um lado, o comportamento das pessoas, levando a um
sição ginecológica); maior envolvimento e responsabilidade em suas decisões ou esco-
- Realizar a lavagem simples das mãos; lhas; e por outro, gerado reflexões em esferas organizadas da socie-
- Calçar luvas de procedimento; dade - como no setor saúde, cuja tônica da promoção da saúde tem
- Montar 1 seringa descartável com 10 ml de água destilada direcionado mudanças no modelo assistencial vigente no país. No
- Abrir pacote estéril para cateterização vesical; campo do trabalho, essas repercussões evidenciam-se através das
- Retirar do pacote pinça de antissepsia e cuba redonda; constantes buscas de iniciativas públicas e privadas no sentido de
- Colocar torundas ou bolas de algodão e povidine tópico na melhor atender às expectativas da população, criando ou transfor-
cuba redonda; mando os serviços existentes.
- Realizar a antissepsia da genitália respeitando os princípios de No tocante à enfermagem, novas frentes de atuação são cria-
assepsia (do mais distante para o mais próximo, de cima para bai- das à medida que essas transformações vão ocorrendo, como sua
xo), utilizando para cada área os quatro lados da torunda ou bolas inserção no Programa Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saú-
de algodão; de; em programas e serviços de atendimento domiciliar, em pro-
- Paciente masculino: Antissepsia na seguinte seqüência: púbis; cesso de expansão cada vez maior em nosso meio; e em programas
corpo do pênis; retração do prepúcio; limpeza da glande , por últi- de atenção a idosos e outros grupos específicos.Quanto às ações
mo meato uretral; e tarefas afins efetivamente desenvolvidas nos serviços de saúde
pelas categorias de Enfermagem no país, estudos realizados pela
- Paciente feminino: Antissepsia na seguinte seqüência : púbis; ABEn e pelo INAMPS as agrupam em cinco classes, com as seguintes
vulva: grandes lábios, pequenos lábios e por último meato uretral; características:
- Retirar luvas de procedimento; - Ações de natureza propedêutica e terapêutica complementa-
- Sobre o pacote estéril que está aberto : abrir sonda de folley, res ao ato médico e de outros profissionais, as ações propedêuticas
bolsa coletora sistema fechado e seringa de 10 ml; colocar xylocaína complementares referem-se às que apóiam o diagnóstico e o acom-
geléia sobre folhas de gaze; panhamento do agravo à saúde, incluindo procedimentos como a
- Calçar luvas estéril; observação do estado do paciente, mensuração de altura e peso,
- Colocar campo fenestrado sobre a genitália do paciente, man- coleta de amostras para exames laboratoriais e controle de sinais
tendo em evidência a exposição da uretra; vitais e de líquidos. As ações terapêuticas complementares assegu-
- Introduzir na seringa descartável 10 ml de ar e testar o balo- ram o tratamento prescrito, como, por exemplo, a administração de
nete da sonda de folley; medicamentos e dietas enterais, aplicação de calor e frio, instalação
- Conectar sonda de folley a bolsa coletora de urina; de cateter de oxigênio e sonda vesical ou nasogástrica;
- Lubrificar a sonda de folley com xylocaína geléia; - Ações de natureza terapêutica ou propedêutica de enferma-
- Segurar a sonda com a mão dominante, colocando a bolsa gem, são aquelas cujo foco centra-se na organização da totalidade
coletora sobre as pernas do paciente; da atenção de enfermagem prestada à clientela. Por exemplo, ações
- Com a mão não dominante, nos homens segurar o pênis per- de conforto e segurança, atividades educativas e de orientação;
pendicular ao abdomen e nas mulheres abrir a genitália, eviden- - Ações de natureza complementar de controle de risco, são
ciando a uretra; aquelas desenvolvidas em conjunto com outros profissionais de
- Introduzir toda a sonda no meato uretral; saúde, objetivando reduzir riscos de agravos ou complicações de
- Preencher o balonete com 10 ml de água destilada; saúde. Incluem as atividades relacionadas à vigilância epidemioló-
- Tracionar a sonda; gica e as de controle da infecção hospitalar e de doenças crônico-
- Fixar a sonda na coxa do paciente; -degenerativas;
- Retirar luvas estéreis; - Ações de natureza administrativa, nessa categoria incluem-se
- Calçar luvas de procedimento; as ações de planejamento, gestão, controle, supervisão e avaliação
- Organizar a unidade; da assistência de enfermagem;
- Identificar a bolsa coletora com data e hora da inserção da - Ações de natureza pedagógica, relacionam-se à formação e
sonda e assinatura; às atividades de desenvolvimento para a equipe de enfermagem.
- Manter a sonda aberta para drenagem;
- Certificar-se de que o paciente está confortável e a unidade CUIDADOS COM O PACIENTE
em ordem; Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as ne-
- Realizar a lavagem simples das mãos; cessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e seguran-
- Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente ça ambiental

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Higienizando a boca na mesa-de-cabeceira ou carrinho móvel do lado da cama, da for-
A higiene oral freqüente reduz a colonização local, sendo im- ma que for mais funcional para o paciente. A enfermagem deve dar
portante para prevenir e controlar infecções, diminuir a incidência apoio, auxiliando e orientando no que for necessário.
de cáries dentárias, manter a integridade da mucosa bucal, evitar Para os pacientes acamados, o banho é dado no leito, pelo
ou reduzir a halitose, além de proporcionar conforto ao paciente. pessoal de enfermagem. Convém ressaltar que a grande maioria
Em nosso meio, a maioria das pessoas está habituada a escovar os deles considera essa situação bastante constrangedora, pois a in-
dentes - pela manhã, após as refeições e antes de deitar - e quando capacidade de realizar os próprios cuidados desperta sentimentos
isso não é feito geralmente experimenta a sensação de desconfor- de impotência e vergonha, sobretudo porque a intimidade é inva-
to. n Higienizando a boca Material necessário: bandeja escova de dida. A compreensão de tal fato pelo profissional de enfermagem,
dentes ou espátula com gazes creme dental, solução dentifrícia ou demonstrada ao prover os cuidados de higiene, ajuda a minimizar
solução bicarbonatada copo com água (e canudo, se necessário) o problema e atitudes como colocar biombos e mantê-lo coberto
cuba-rim toalha de rosto lubrificante para os lábios, se necessário durante o banho, expondo apenas o segmento do corpo que está
luvas de procedimento. sendo lavado, são inegavelmente mais valiosas do que muitas pala-
Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a própria higiene. vras proferidas.
Se isto for possível, colocar o material ao seu alcance e auxiliá-lo Quando do banho, expor somente um segmento do corpo de
no que for necessário. Caso contrário, com o material e o ambiente cada vez, lavando-o com luva de banho ensaboada, enxaguando-o
devidamente preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar - tendo o cuidado de remover todo o sabão - e secando-o com a
a cabeceira da cama se não houver contra-indicação e proteger o toalha de banho. Esse processo deve ser repetido para cada seg-
tórax do mesmo com a toalha, para que não se molhe durante o mento do corpo.
procedimento A secagem deve ser criteriosa, principalmente nas pregas cutâ-
Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a neas, espaços interdigitais e genitais, base dos seios e do abdome
higiene bucal, compete ao profissional de enfermagem lavar-lhe os em obesos - evitando a umidade da pele, que propicia proliferação
dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios com o auxílio de uma de microrganismos e pode provocar assaduras. Procurando estimu-
espátula envolvida em gaze umedecida em solução dentifrícia ou lar a circulação, os movimentos de fricção da pele devem preferen-
solução bicarbonatada a qual deve ser trocada sempre que neces- cialmente ser direcionados no sentido do retorno venoso.
sário. Após prévia verificação, se necessário, aplicar um lubrificante Na higiene íntima do sexo feminino, a limpeza deve ser realiza-
para prevenir rachaduras e lesões que facilitam a penetração de da no sentido ântero-posterior; no masculino, o prepúcio deve ser
microrganismos e dificultam a alimentação. Para a proteção do pro- tracionado, favorecendo a limpeza do meato urinário para a base da
fissional, convém evitar contato direto com as secreções, mediante glande, removendo sujidades (pêlos, esmegma, urina, suor) e ini-
o uso de luvas de procedimento. Após a higiene bucal, colocar o pa- bindo a proliferação de microrganismos. A seguir, recobrir a glande
ciente numa posição adequada e confortável, e manter o ambiente com o prepúcio. Durante todo o banho o profissional de enferma-
em ordem. gem deve observar as condições da pele, mucosas, cabelos e unhas
Anotar, no prontuário, o procedimento, reações e anormalida- do paciente, cuidando para mantê-lo saudável. Ao término do ba-
des observadas. nho, abaixar a cabeceira da cama e deixar o paciente na posição em
O paciente que faz uso de prótese dentária (dentadura) tam- que se sinta mais confortável, desde que não haja contra-indicação.
bém necessita de cuidados de higiene para manter a integridade Avaliar as possibilidades de colocá-lo sentado na poltrona. Provi-
da mucosa oral e conservar a prótese limpa. De acordo com seu denciar o registro das condições do paciente e de suas reações.
grau de dependência, a enfermagem deve auxiliá-lo nesses cuida-
dos. A higiene compreende a escovação da prótese e limpeza das Lavando os cabelos e o couro cabeludo
gengivas, bochechas, língua e lábios - com a mesma freqüência in- A lavagem dos cabelos e do couro cabeludo visa proporcio-
dicada para as pessoas que possuem dentes naturais. Por sua vez, nar higiene, conforto e estimular a circulação do couro cabeludo.
pacientes inconscientes não devem permanecer com prótese den- Quando o paciente não puder ser conduzido até o chuveiro, esta
tária. Nesses casos, o profissional deve acondicioná-la, identificá-la, tarefa deve ser realizada no leito. O procedimento a seguir descrito
realizando anotação de enfermagem do seu destino e guardá-la em é apenas uma sugestão, considerando-se que há várias formas de
local seguro ou entregá-la ao acompanhante, para evitar a possibili- realizá-lo. Material necessário: dois jarros com água morna sabão
dade de ocorrer danos ou extravio. A mesma orientação é recomen- neutro ou xampu duas bolas de algodão pente toalha grande de
dada para os pacientes encaminhados para cirurgias. Ao manipular banho (duas, caso necessário) balde bacia luvas de procedimento
a dentadura, a equipe de enfermagem deve sempre utilizar as luvas impermeável / saco plástico
de procedimento.
Cuidados com a alimentação e hidratação
Realizando o banho Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e
Os hábitos relacionados ao banho, como frequência, horário e bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos diversos
temperatura da água, variam de pessoa para pessoa. Sua finalidade processos orgânicos como, por exemplo, no crescimento e desen-
precípua, no entanto, é a higiene e limpeza da pele, momento em volvimento, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às
que são removidas células mortas, sujidades e microrganismos ade- infecções, na cicatrização de feridas e na evolução das doenças.
ridos à pele. Os movimentos e a fricção exercidos durante o banho A subnutrição consequente de alimentação insuficiente, dese-
estimulam as terminações nervosas periféricas e a circulação san- quilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assimilação
guínea. Após um banho morno, é comum a pessoa sentir-se confor- - vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais de saúde
tável e relaxada. que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados em hospitais,
A higiene corporal pode ser realizada sob aspersão (chuveiro), certos de que apenas a terapêutica medicamentosa não é suficien-
imersão (banheira) ou ablução (com jarro banho de leito). O au- te para se obter uma resposta orgânica satisfatória. O profissional
tocuidado deve ser sempre incentivado Assim, deve-se avaliar se de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas
o paciente tem condições de se lavar sozinho. Caso seja possível, de quem cuida, tanto no nível domiciliar como no hospitalar, pre-
todo o material necessário à higiene oral e banho deve ser colocado parando o ambiente e auxiliando-as durante as refeições. É impor-

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tante verificar se os pacientes estão aceitando a dieta e identificar Inserindo a sonda nasogástrica
precocemente problemas como a bandeja de refeição posta fora
do alcance do mesmo e sua posterior retirada sem que ele tenha Material necessário:
tido a possibilidade de tocá-la de fato que se observa com certa - sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí-
frequência. na a 2% sem vasoconstritor)
Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insufi- -gazes
ciente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimento - seringa de 20 ml
dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Além -toalha
de causas estruturais como a falta de recursos humanos e mate- -recipiente com água
riais, evidenciam-se valores culturais fortemente arraigados no -estetoscópio
comportamento do profissional, como a supervalorização da tecno- -luvas de procedimento
logia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática, se - tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.)
traduz em dar atenção, por exemplo, ao preparo de uma bomba de -sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí-
infusão ou material para um curativo, ao invés de auxiliar o paciente na a 2% sem vasoconstritor) gazes
a alimentar-se.
Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam do Ao auxiliar o paciente a alimentar-se, evite atitude de impa-
início e término do plantão, momentos em que há grande preocu- ciência ou pressa o que pode vir a constrangê-lo. Não interrompa
pação da equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar a refeição com condutas terapêuticas, pois isso poderá desestimu-
o turno de plantão, aspecto que representa motivo adicional para lá-lo a comer.
o abandono do paciente. No entanto, os profissionais não devem
eximir-se de tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os Para conhecimento:
resultados do próprio tratamento. Gastrostomia - abertura cirúrgica do estômago, para introdu-
Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem ção de uma sonda com a finalidade de alimentar, hidratar e drenar
ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuida- secreções estomacais.
dos necessários de acordo com o grau de dependência existente. Jejunostomia - abertura cirúrgica do jejuno, proporcionando
Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e incentivá-lo comunicação com o meio externo, com o objetivo de alimentar ou
a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua prefe- drenar secreções. seringa de 20 ml toalha recipiente com água este-
rência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez. Ao término toscópio luvas de procedimento tiras de fita adesiva (esparadrapo,
da refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação da dieta no pron- micropore, etc.)
tuário.
Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toalha Fixação da sonda nasogástrica
ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário, são Deve ser segura, sem compressão, para evitar irritação e le-
formas de manter a limpeza. Ao final, realizar a higiene oral. Visan- são cutânea. O volume e aspecto do conteúdo drenado pela sonda
do evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve observar aberta deve ser anotado, pois permite avaliar a retirada ou manu-
o atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde que não tenção da mesma e detecta anormalidades.
haja impedimento para que receba líquidos por via oral, cabe ao Sempre que possível, orientar o paciente a manter-se predo-
Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em recipiente minantemente em decúbito elevado, para evitar a ocorrência de
apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de higienização refluxo gastroesofágico durante o período que permanecer com a
e reposição diária, para evitar exposição desnecessária e possível sonda.
contaminação. Nem sempre os pacientes atendem adequadamen-
te à necessidade de hidratação, por falta de hábito de ingerir sufi-
ciente quantidade de água fato que, em situações de doença, pode
levá-lo facilmente à desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico.
Considerando tal fato, é importante que a enfermagem o oriente e
incentive a tomar água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificul-
dades para fazê-lo sozinho. A posição sentada é a mais conveniente,
porém, se isto não for possível, devese estar atento para evitar aspi-
ração acidental de líquido.

Nutrição enteral
Desde que a função do trato gastrintestinal esteja preservada,
a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em que o paciente está
impossibilitado de alimentar-se espontaneamente através de re-
feições normais. A nutrição enteral consiste na administração de
nutrientes por meio de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz,
com posicionamento no estômago) ou transpilórica (introduzida
pelo nariz, com posicionamento no duodeno ou jejuno), ou através
de gastrostomia ou jejunostomia. A instalação da sonda tem como
objetivos retirar os fluidos e gases do trato gastrintestinal (des-
compressão), administrar medicamentos e alimentos (gastróclise)
diretamente no trato gastrintestinal, obter amostra de conteúdo
gástrico para estudos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas e
vômitos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Medindo a altura e o peso no adulto conscientes, com distúrbios mentais, portadores de lesões orofarín-
Material necessário: balança papel para forrar a plataforma da geas e, transitoriamente, após o ato de fumar e ingestão de alimen-
balança A balança a ser utilizada deve ser previamente aferida (ni- tos quentes ou frios; retal - o termômetro retal é de uso individual
velada, tarada) para a obtenção de valores mais exatos e destravada e possui bulbo arredondado e proeminente. Deve ser lubrificado e
somente quando o paciente encontra-se sobre ela. O piso da balan- colocado no paciente em decúbito lateral, inserido cerca de 3,5cm,
ça deve estar sempre limpo e protegido com papel-toalha, evitando em indivíduo adulto, permanecendo por 3 minutos.
que os pés fiquem diretamente colocados sobre ele. Para prevenir A verificação da temperatura retal considerada a mais fidedig-
a ocorrência de quedas, fornecer auxílio ao paciente durante todo na - é contra-indicada em pacientes submetidos a intervenções ci-
o procedimento. rúrgicas do reto e períneo, e/ou que apresentem processos inflama-
O paciente deve ser pesado com o mínimo de roupa e sempre tórios locais; axilar - é a verificação mais freqüente no nosso meio,
com peças aproximadas em peso. Para obter um resultado correto, embora seja a menos precisa. O termômetro deve permanecer por,
deve ser orientado a retirar o calçado e manter os braços livres. no máximo, 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos).
Após terse posicionado adequadamente, o profissional deve deslo- As principais alterações da temperatura são: hipotermia - tem-
car os pesos de quilo e grama até que haja o nivelamento horizontal peratura abaixo do valor normal; hipertermia - temperatura acima
da régua graduada; a seguir, travar e fazer a leitura e a anotação de do valor normal; febrícula - temperatura entre 37,2o C e 37,8o C. 29
enfermagem. Atkinson, 1989. 7 8 Fundamentos de Enfermagem .
Em pacientes internados, com controle diário, o peso deve ser
verificado em jejum, sempre no mesmo horário, para avaliação das Verificando a temperatura corporal
alterações. Material necessário: bandeja termômetro clínico bolas de algo-
Para maior exatidão do resultado na verificação da altura, dão seco álcool a 70% bloco de papel caneta .
orientar o paciente a manter a posição ereta, de costas para a has- Para garantir a precisão do dado, recomenda-se deixar o ter-
te, e os pés unidos e centralizados no piso da balança. Posicionar mômetro na axila do paciente por 3 a 4 minutos; em seguida, pro-
a barra sobre a superfície superior da cabeça, sem deixar folga, e ceder à leitura rápida e confirmar o resultado recolocando o termô-
travá-la para posterior leitura e anotação. metro e reavaliando a informação até a obtenção de duas leituras
consecutivas idênticas30. Coluna de mercúrio Bulbo Corpo .
Controlando a temperatura corporal O ponto de localização do mercúrio indica a temperatura
Vários processos físicos e químicos, sob o controle do hipotála- As orientações seguintes referem-se ao controle de tempera-
mo, promovem a produção ou perda de calor, mantendo nosso or- tura axilar, considerando-se sua maior utilização. Entretanto, faz-se
ganismo com temperatura mais ou menos constante, independente necessário avaliar esta possibilidade observando-se os aspectos
das variações do meio externo. que podem interferir na verificação, como estado clínico e psicoló-
A temperatura corporal está intimamente relacionada à ativi- gico do paciente, existência de lesões, agitação, etc.
dade metabólica, ou seja, a um processo de liberação de energia O bulbo do termômetro deve ser colocado sob a axila seca e o
através das reações químicas ocorridas nas células. Diversos fatores profissional deve solicitar ao paciente que posicione o braço sobre
de ordem psicofisiológica poderão influenciar no aumento ou dimi- o peito, com a mão em direção ao ombro oposto. Manter o termô-
nuição da temperatura, dentro dos limites e padrões considerados metro pelo tempo indicado, lembrando que duas leituras consecu-
normais ou fisiológicos. tivas com o mesmo valor reflete um resultado bastante fidedigno.
Desta forma, podemos citar o sono e repouso, emoções, des- Para a leitura da temperatura, segurar o termômetro ao nível
nutrição e outros como elementos que influenciam na diminuição dos olhos, o que facilita a visualização. Após o uso, a desinfecção do
da temperatura; e os exercícios (pelo trabalho muscular), emoções termômetro deve ser realizada no sentido do corpo para o bulbo,
(estresse e ansiedade) e o uso de agasalhos (provocam menor dis- obedecendo o princípio do mais limpo para o mais sujo, mediante
sipação do calor), por exemplo, no seu aumento. Há ainda outros lavagem com água e sabão ou limpeza com álcool a 70% - processo
fatores que promovem alterações transitórias da temperatura cor- que diminui os microrganismos e a possibilidade de infecção cru-
poral, tais como fator hormonal (durante o ciclo menstrual), banhos zada.]
muito quentes ou frios e fator alimentar (ingestão de alimentos e
bebidas muito quentes ou frias). Controlando o pulso
A alteração patológica da temperatura corporal mais freqüen- Também consideradas como importante parâmetro dos sinais
te caracteriza-se por sua elevação e está presente na maioria dos vitais, as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de
processos infecciosos e/ou inflamatórios. É muito difícil delimitar pulso, podem trazer informações significativas sobre estado do pa-
a temperatura corporal normal porque, além das variações indivi- ciente.
duais e condições ambientais, em um mesmo indivíduo a tempera- Esta manobra, denominada controle de pulso, é possível por-
tura não se distribui uniformemente nas diversas regiões e super- que o sangue impulsionado do ventrículo esquerdo para a aorta
fícies do corpo. provoca oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial,
Assim, podemos considerar como variações normais de tempe- que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a
ratura29 : n temperatura axilar: 35,8ºC - 37,0ºC; n temperatura oral: artéria contra uma estrutura dura. Além da frequência, é impor-
36,3ºC - 37,4ºC; n temperatura retal: 37ºC - 38ºC. tante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao passar pela
O controle da temperatura corporal é realizado mediante a uti- artéria.
lização do termômetro - o mais utilizado é o de mercúrio, mas cada Há fatores que podem provocar alterações passageiras na
vez mais torna-se freqüente o uso de termômetros eletrônicos em freqüência cardíaca, como as emoções, os exercícios físicos e a ali-
nosso meio de trabalho. mentação. Ressalte-se, ainda, que ao longo do ciclo vital seus va-
A temperatura corporal pode ser verificada pelos seguintes lores vão se modificando, sendo maiores em crianças e menores
métodos: oral - o termômetro de uso oral deve ser individual e pos- nos adultos. A frequência do pulso no recém-nascido é, em média,
suir bulbo alongado e achatado, o qual deve estar posicionado sob a de 120 batimentos por minuto (bpm), podendo chegar aos limites
língua e mantido firme com os lábios fechados, por 3 minutos. Esse de 70 a 170 bpm31. Aos 4 anos, a média aproxima-se de 100 bpm,
método é contra-indicado em crianças, idosos, doentes graves, in- variando entre 80 e 120 bpm, assim se mantendo até os 6 anos; a

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
partir dessa idade e até 31com. os 12 anos a média fica em torno de nas atividades cotidianas, sendo as dores nas costas causadas por
90 bpm, com variação de 70 a 110 bpm. Aos 18 anos, atinge 75 bpm traumas crônicos repetitivos, que envolvem muitos outros fatores,
nas mulheres e 70 bpm nos homens32. além da manipulação de pacientes. Dessa forma, as recomenda-
A partir da adolescência observamos nítida diferenciação entre ções sobre um aspecto relevante do problema das algias vertebrais,
o crescimento físico de mulheres e homens, o que influencia a fre- que é a prevenção, têm caminhado em direção a uma abordagem
quência do pulso: na fase adulta, de 65 a 80 bpm nas mulheres e de ergonômica.
60 a 70 bpm, nos homens. A literatura tem sugerido a administração de cursos sobre mo-
Habitualmente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria vimentação e transporte de pacientes como uma das estratégias
radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as ar- mais importantes para reduzir a incidência de problemas na coluna
térias mais calibrosas - como a carótida e a femoral. Outras artérias, vertebral entre os trabalhadores da saúde a utilização de equipa-
como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal do pé mentos especiais e auxílios mecânicos também tem sido indicada
também possibilitam a verificação do pulso. O pulso normal - de- para prevenir as dores nas costas9,26. Atualmente sabe-se que para
nominado normocardia - é regular, ou seja, o período entre os ba- resolver tais problemas é necessário um amplo estudo do ambien-
timentos se mantém constante, com volume perceptível à pressão te, dos equipamentos e dos indivíduos, baseando-se num enfoque
moderada dos dedos. ergonômico. Assim, as habilidades em movimentação de pacientes
O pulso apresenta as seguintes alterações: bradicardia: fre- devem ser complementadas com o estabelecimento de práticas se-
qüência cardíaca abaixo da normal; taquicardia: frequência cardía- guras de trabalho dentro de uma estrutura ergonômica, usando-
ca acima da normal; taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico; bradis- -se, sempre que possível, materiais e equipamentos auxiliares. O
figmia: pulso fino e bradicárdico; filiforme: pulso fino. presente trabalho tem por objetivo discutir e descrever as técnicas
de movimentação e transferência de pacientes dentro de uma es-
Controlando a pressão arterial trutura ergonômica e com a utilização de materiais auxiliares que
Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pes- precisam urgentemente ser implementados na realidade brasileira.
soa é o nível de sua pressão arterial, cujo controle é realizado atra-
vés de aparelhos próprios. A pressão arterial resulta da tensão que MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTES
o sangue exerce sobre as paredes das artérias e depende: Os procedimentos que envolvem a movimentação e o trans-
a) do débito cardíaco relacionado à capacidade de o coração porte de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos
impulsionar sangue para as artérias e do volume de sangue circu- para os trabalhadores da saúde. Estudiosos da questão defendem
lante; que o ensino desses procedimentos deve ser complementado com
b) da resistência vascular periférica, determinada pelo lúmen uma avaliação do local de trabalho e com alternativas para torná-
(calibre), elasticidade dos vasos e viscosidade sanguínea, traduzin- -los menos prejudiciais. Um cuidadoso planejamento, antes de se
do uma força oposta ao fluxo sanguíneo; iniciarem esses procedimentos, é essencial e imprescindível. Den-
c) da viscosidade do sangue, que significa, em outros termos, tro deste contexto, desenvolveram-se orientações básicas e proce-
sua consistência resultante das proteínas e células sanguíneas. dimentos que tiveram um suporte teórico na literatura internacio-
nal16,17,22,23.
O controle compreende a verificação da pressão máxima ou Considerando-se tais aspectos, dividiu-se esta fase em cinco
sistólica e da pressão mínima ou diastólica, registrada em forma de partes:
fração ou usando-se a letra x entre a máxima e a mínima. Por exem-
plo, pressão sistólica de 120mmHg e diastólica de 70mmHg devem Avaliação das condições e preparo do cliente
ser assim registradas: 120/70mmHg ou 120x70mmHg. Inicialmente, deve-se fazer uma avaliação das condições físicas
Para um resultado preciso, é ideal que, antes da verificação, da pessoa que será movimentada, de sua capacidade de colabo-
o indivíduo esteja em repouso por 10 minutos ou isento de fatores rar, bem como a observação da presença de soros, sondas e outros
estimulantes (frio, tensão, uso de álcool, fumo). Hipertensão arte- equipamentos instalados. Também é importante, para um planeja-
rial é o termo usado para indicar pressão arterial acima da normal; mento cuidadoso do procedimento, uma explicação, ao paciente,
e hipotensão arterial para indicar pressão arterial abaixo da normal. do modo como se pretende movê-lo, como pode cooperar, para
Quando a pressão arterial se encontra normal, dizemos que onde será encaminhado e qual o motivo da locomoção. Vale a pena
está normotensa. A pressão sanguínea geralmente é mais baixa du- salientar que o cliente deve ser orientado a ajudar, sempre que for
rante o sono e ao despertar. A ingestão de alimentos, exercícios, dor possível, que não deve ser mudado rapidamente de posição e tem
e emoções mmHg - milímetro de mercúrio,como medo, ansiedade, que estar usando chinelos ou sapatos com sola antiderrapante. Ou-
raiva e estresse aumentam a pressão arterial. tro ponto muito importante é que a movimentação e o transporte
Habitualmente, a verificação é feita nos braços, sobre a artéria de obesos precisam ser minuciosamente avaliados e planejados,
braquial. A pressão arterial varia ao longo do ciclo vital, aumentan- usando-se, sempre que possível, auxílios mecânicos.
do conforme a idade. Crianças de 4 anos podem ter pressão em
torno de 85/ 60mmHg; aos 10 anos, 100/65mmHg34. Preparo do ambiente e dos equipamentos
Nos adultos, são considerados normais os parâmetros com Considerando-se que determinados aspectos ergonômicos do
pressão sistólica variando de 90 a 140mmHg e pressão diastólica
posto de trabalho podem prejudicar atividades ocupacionais, tais
de 60 a 90mmHg.
como os procedimentos relacionados com movimentação e trans-
porte 5,8,16,19 abordam-se, nessa parte, os principais cuidados
Verificando a pressão arterial
que necessitam ser observados: Verificar se o espaço físico é ade-
Material necessário: estetoscópio esfigmomanômetro algodão
quado para não restringir os movimentos
seco álcool a 70% caneta e papel
• Examinar o local e remover os obstáculos
• Observar a disposição do mobiliário
Transporte do Paciente
Grande parte das agressões à coluna vertebral em trabalhado- • Obter condições seguras com relação ao piso
res da saúde estão relacionadas a condições ergonômicas inade- • Colocar o suporte de soro ao lado da cama, quando neces-
quadas de mobiliários, posto de trabalho e equipamentos utilizados sário

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Elevar ou abaixar a altura da cama, para ficar no mesmo nível
da maca
• Travar as rodas da cama, maca e cadeira de rodas ou solicitar
auxílio adicional
• Adaptar a altura da cama ao trabalhador e ao tipo de proce-
dimento que será realizado

Devem-se, também, utilizar equipamentos auxiliares e adap-


tar as condições do ambiente a cada paciente em particular. Neste
caso, pode ser necessário:
• Colocar barras de apoio em banheiros
• Elevar a altura do vaso sanitário ( compensadores de altura
para vasos convencionais )
• Utilizar cadeira de rodas própria para banho ou higiene

Preparo da equipe
Existem algumas orientações, especificamente relacionadas
com os princípios básicos de mecânica corporal, que devem ser
utilizadas pelo pessoal de enfermagem durante a manipulação de Trazer o cliente para um dos lados da cama
pacientes6,10,11,12,16 Lembrar que a movimentação no leito deve ser realizada, pre-
• Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão ferencialmente, por duas pessoas, seguindo-se os seguintes passos
• Trabalhar com segurança e com calma (Figura 2):
• Manter as costas eretas
• Usar o peso corporal como um contrapeso ao do paciente
• Flexionar os joelhos em vez de curvar a coluna
• Abaixar a cabeceira da cama ao mover um paciente para cima
• Utilizar movimentos sincrônicos
• Trabalhar o mais próximo possível do corpo do cliente, que
deverá ser erguido ou movido
• Usar uniforme que permita liberdade de movimentos e sapa-
tos apropriados
• Realizar a manipulação de pacientes com a ajuda de, pelo
menos, duas pessoas

Movimentação de clientes no leito


Lembrar que o paciente deve ser estimulado a movimentar-se
de uma forma independente, sempre que não existir contraindica-
ções nesse sentido. Outro ponto que não pode ser esquecido é pro-
curar ter à disposição camas e colchões apropriados, dependendo
das condições e necessidades do cliente. O ideal são camas com
altura regulável, que possam ser ajustadas, dependendo do proce- • As duas pessoas devem ficar do mesmo lado da cama, de
dimento que será realizado7,16. frente para o paciente
Durante a movimentação, deve-se, sempre que possível, uti- • Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com
lizar elementos auxiliares, tais como: barra tipo trapézio no leito, os joelhos e quadris fletidos, trazendo os braços ao nível da cama:
plástico antiderrapante para os pés, plástico facilitador de movi- • a primeira pessoa coloca um dos braços sob a cabeça e, o
mentos, entre outros. outro, na região lombar
Neste tópico serão apresentados separadamente os principais • a segunda pessoa coloca um dos braços também sob a região
motivos que levam os trabalhadores de saúde a movimentar os lombar e, o outro, na região posterior da coxa
clientes no leito: • Trazer o paciente, de um modo coordenado, para este lado
da cama
Colocar ou retirar comadres
Quando o paciente pode auxiliar, deve-se utilizar o trapézio, no Se for necessário mover o paciente sem ajuda, deve-se fazê-lo
leito, e solicitar que eleve o quadril, evitando-se assim, a necessida- em etapas, utilizando-se o peso do corpo como um contrapeso e
de de erguê-lo (Figura 1): plásticos facilitadores de movimentos.

Colocar o cliente em decúbito lateral


Quando o paciente não é obeso, podem-se seguir as seguintes
fases (Figura 3):

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Permanecer do lado para o qual você vai virar a pessoa


• Cruzar seu braço e sua perna no sentido em que ele vai ser vira- Uma outra maneira de movimentação independente é colocar
do, flexionando o joelho. Observar o posicionamento do outro braço um plástico deslizante sob o corpo do paciente e pedir que ele rea-
• Fazer o paciente virar a cabeça em sua direção lize o mesmo impulso com os pés (Figura 6).
• Rolar a pessoa gentilmente, utilizando seu ombro e joelho
como alavancas

Uma outra forma de realizar esse procedimento é usando-se


plásticos deslizantes e resistentes, da seguinte forma (Figura 4):

Quando o paciente não pode colaborar, uma alternativa é se-


guir os seguintes passos (Figura 7):

• Virar o paciente e colocar o plástico sob seu corpo. Voltar o


paciente e puxar o plástico
• Ficar no lado oposto ao que o paciente será virado
• Puxar o plástico, movendo o paciente em sua direção e para
a beira da cama. Manter as costas eretas e utilizar o peso do seu
corpo
• Elevar o plástico, fazendo o paciente virar cuidadosamente.
Manter, no lado oposto da cama, uma grade de proteção • Deixar a cama em posição horizontal
• Colocar um travesseiro na cabeceira da cama
Movimentar o cliente, em posição supina, para a cabeceira • Colocar um lençol ou plástico deslizante sob o corpo do pa-
da cama ciente
Se o paciente tem condições físicas, ele pode mover-se sozi- • Permanecer duas pessoas, uma de cada lado do leito, e
nho, com a ajuda de um trapézio. O cliente flexiona os joelhos e dá olhando em direção dos pés da cama
um impulso, tendo como apoio um plástico antiderrapante sob seus • Segurar firmemente no lençol ou plástico e, num movimento
pés (Figura 5b) ou uma pessoa segurando -os (Figura 5a). Pode-se ritmado, movimentar o paciente
também colocar um plástico deslizante sob as costas e a cabeça do
paciente (Figura 5c).

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Se a altura da cama for regulável, pode-se proceder da seguinte
maneira (Figura 8):

• Abaixar a altura da cama de tal forma que os trabalhadores Quando o paciente não pode colaborar, duas pessoas devem
de enfermagem possam colocar Um joelho na cama e manter a ou- realizar o procedimento. Deve-se também usar um plástico desli-
tra perna firmemente no chão zante e procede-se da seguinte maneira (Figuras 11a e 11b):
• Segurar o plástico e, de ma forma coordenada, sentar sobre
seus calcanhares, movendo ao mesmo tempo o cliente

Movimentar o cliente em posição sentada para a cabeceira


da cama
O paciente deve ser encorajado a movimentar-se sozinho, com
a ajuda de um plástico facilitador de movimentos. Neste caso, o pa-
ciente fica sentado sobre o plástico, podendo deslizar com o auxílio
de blocos de mão antiderrapantes (Figura9).

Ele pode, também, receber a ajuda de uma pessoa, que segu-


ra seus pés, estando suas pernas flexionadas. Neste caso, o cliente
apóia uma mão de cada lado do corpo e ele próprio dá um impulso,
ao endireitar as pernas (Figura 10).

• As duas pessoas devem ficar uma de cada lado do leito,


olhando na mesma direção
• Abaixar a altura da cama, de uma forma tal que os trabalha-
dores de enfermagem possam colocar um joelho na cama, manten-
do a outra perna firmemente no chão
• Segurar a mão do paciente com uma das mãos e agarrar no
local apropriado do plástico com a outra
• Usando movimento coordenado, sentar sobre os calcanha-
res, movendo, ao mesmo, tempo cliente. Repetir o procedimento,
se for necessário

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sentar o paciente no leito
O cliente deve ser encorajado a sentar-se sozinho, ficando de
lado e levantando-se com a ajuda dos braços. Podem-se, também,
utilizar materiais simples, como uma corda com nós ou uma escada
de cordas que, fixadas nos pés da cama, permitem que o cliente
sente sem ajuda (Figura 12).

• Permanecer uma pessoa de cada lado da cama, olhando em


direção da cabeceira
• Ficar ajoelhada, mantendo o joelho ao nível do quadril do
cliente
Quando o cliente é auxiliado por outra pessoa, pode-se fazer • Segurar nos cotovelos e trazer o paciente para frente, en-
da seguinte forma (Figuras 13a e 13b): quanto senta em seus calcanhares. Pode-se usar, como um auxílio
nessa manobra, uma toalha resistente, que é colocada nas costas
do paciente

Sentar o paciente na beira da cama


No caso do cliente estar deitado, seguir os seguintes passos
(Figura 15):

• Colocar o paciente em decúbito lateral, sobre um plástico


deslizante, e de frente para o lado em que vai se sentar
• Elevar a cabeceira da cama
• Uma pessoa apoia a região dorsal e o ombro do paciente e a
outra segura os membros inferiores
• De uma forma coordenada, elevar e girar o paciente até ele
ficar sentado paciente e sentando-se sobre seu próprio tornozelo

Uma outra alternativa é levantar o paciente, apoiando no co-


• A pessoa fica de frente para o paciente, colocando um dos tovelo, como descrito anteriormente, estando o cliente sobre um
seus joelhos ao nível do quadril do paciente sentando-se sobre seu plástico deslizante. Depois, mover os seus membros inferiores para
próprio tornozelo fora do leito (Figura 16).
• Segurar no cotovelo do paciente, que também apoia o coto-
velo da pessoa. O paciente deve se sente apoiando-os na pessoa

Se o paciente não consegue auxiliar, uma outra alternativa é


realizar o procedimento com duas pessoas, da seguinte maneira
(Figura 14):

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Colocar o cliente para a frente da cadeira, puxando-o alterna-
damente pelo quadril
• Permanecer ao lado da cadeira, olhando do mesmo lado que
o paciente
• O cliente deve colocar uma mão no braço mais distante da ca-
deira e a outra é apoiada pela mão do trabalhador de enfermagem.
Com o outro braço, o trabalhador circunda a cintura do paciente,
segurando no cinto de transferência
• Levantar de uma forma coordenada, com movimentos de ba-
lanço.

Dependendo das condições do cliente, pode ser necessária a


participação de uma outra pessoa, do outro lado da cadeira

Auxiliar o cliente a deambular


É importante fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se
o cliente tem condições de deambular. A pessoa deve permanecer
Transporte de pacientes bem próxima do paciente, do lado em que ele apresenta alguma
O transporte de pacientes deve ser realizado com a ajuda de deficiência, colocando um braço em volta da cintura e o outro
elementos auxiliares, tais como cintos e pranchas de transferência, apoiando a mão. O ideal, nestes casos, é utilizar um cinto especial,
discos giratórios e auxílios mecânicos. colocado na cintura do paciente (Figura 18).

Auxiliar o cliente a levantar de cadeira ou poltrona


Nesse procedimento, é muito importante selecionar cadeiras
ou poltronas de acordo com as necessidades de cada pessoa, le-
vando em consideração a promoção de conforto e independência.
Não se deve esquecer também os equipamentos auxiliares, como
andadores e bengalas.
Quando o paciente necessita de ajuda, deve-se usar um cin-
to de transferência e proceder da seguinte maneira (Figuras 17a e
17b):

Transferir o cliente do leito para uma poltrona ou cadeira de


rodas
O paciente pode executar essa transferência de uma forma in-
dependente ou com uma pequena ajuda, utilizando uma tábua de
transferência, da seguinte maneira (Figuras 19a e 19b):

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Posicionar a cadeira próxima à cama. Elas devem ter a mesma


altura
• Travar a cadeira e o leito, remover o braço da cadeira e elevar
o apoio dos pés
• Posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e a
cadeira

Um outro modo é usar o cinto de transferência, seguindo-se os


passos(Figuras 20a, 20b, 20c e 20d):

• Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas para o pé


da cama
• Travar as rodas e levantar o apoio para os pés
• Sentar o cliente na beira da cama
• Calçar o cliente com sapato ou chinelo antiderrapante
• Segurar o cliente pela cintura, auxiliando-o a levantar, virar-se
e sentar-se na cadeira

Transferir o paciente do leito para um maca


Não existe maneira segura para realizar uma transferência ma-
nual do leito para uma maca. Existem equipamentos que devem ser
utilizados, como as pranchas e os plásticos resistentes de transfe-
rências nesse caso, o paciente deve ser virado para que se acomode
o material sob ele. .Volta-se o paciente para a posição supina, pu-
xando-o para a maca com a ajuda do material ou do lençol (Figuras
21a e 21b). Devem participar desse procedimento quantas pessoas
forem necessárias, dependendo das condições e do peso do cliente.
Nunca esquecer de travar as rodas da cama e do leito e de ajustar
sua altura.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A RDC/Anvisa nº 36/2013 institui ações para a segurança do
paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Esta nor-
mativa regulamenta aspectos da segurança do paciente como a im-
plantação dos Núcleos de Segurança do Paciente, a obrigatoriedade
da notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano de Se-
gurança do Paciente.
Os protocolos básicos de segurança do paciente são instru-
mentos para implantação das ações em segurança do paciente. A
Portaria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de 2013 e a Portaria nº
2.095, de 24 de setembro de 2013 aprovam os protocolos básicos
de segurança do paciente.

Protocolos Básicos de Segurança do Paciente


Duas questões motivaram a OMS a eleger os protocolos de se-
gurança do paciente: o pouco investimento necessário para a sua
implantação e a magnitude dos erros e eventos adversos decorren-
tes da falta deles.
Os protocolos Básicos de Segurança do Paciente tem por ca-
racterística:
- Protocolos Sistêmicos;
- Protocolos Gerenciados;
- Promovem a Melhoria da Comunicação;
- Constituem instrumentos para construir uma prática assisten-
cial segura;
- Oportunizam a vivência do trabalho em equipes;
- Gerenciamento de riscos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)


Organizações e autores internacionais têm procurado desper- O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi
tar a atenção sobre a importância das orientações, com um enfoque criado para contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em
ergonômico, sobre os procedimentos de movimentação e trans- todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. A Segu-
ferência. A implementação de treinamentos e reciclagem é parte rança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado
obrigatória de programas de prevenção de lesões musculoesque- e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pa-
léticas entre trabalhadores da saúde. Esses procedimentos devem cientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade
ser aprendidos e praticados de uma forma planejada e sistemática. de oferecer uma assistência segura.
Dentro deste contexto, procurou-se colaborar apresentando-se
orientações básicas sobre a mobilização e a transferência de clien-
tes dentro de uma abordagem ergonômica. PORTARIA Nº 529, DE 1º DE ABRIL DE 2013

Fonte: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/510/body/ Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).


v34n2a06.htm
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons-
Segurança do paciente tituição, e
O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), insti-
tuído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, objetiva contribuir para a Considerando o art. 15, inciso XI, da Lei nº 8.080, de 19 de se-
qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de tembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre a atri-
saúde do território nacional. buição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade de exercer, em seu âmbito administrativo, a elaboração de normas
do cuidado, e tem adquirido, em todo o mundo, grande importân- para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em
cia para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde vista a sua relevância pública;
com a finalidade de oferecer uma assistência segura. Considerando o art. 16, inciso III, alínea “d”, da Lei Orgânica da
Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em particular Saúde, que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde
os eventos adversos (incidentes com danos ao paciente), represen- (SUS) a competência para definir e coordenar o sistema de vigilân-
tam uma elevada morbidade e mortalidade nos sistemas de saúde. cia sanitária;
A Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrando preocupa- Considerando o art. 16, inciso XII, da Lei Orgânica da Saúde,
ção com a situação, criou a World Alliance for Patient Safety( Alian- que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) a
ça Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como objetivos competência para controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente substâncias de interesse para a saúde;
e propor medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos ad- Considerando o art. 16, inciso XVII, da Lei Orgânica da Saúde,
versos. que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS)
As ações do PNSP articulam-se com os objetivos da Aliança a competência para acompanhar, controlar e avaliar as ações e os
Mundial e comtemplam demais políticas de saúde para somar es- serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e muni-
forços aos cuidados em redes de atenção à saúde. cipais;

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Considerando o art. 2º, § 1º, inciso I, da Lei nº 9.782, de 26 de IV - Evento adverso: incidente que resulta em dano ao paciente;
janeiro de 1999, que confere ao Ministério da Saúde a competência V - Cultura de Segurança: configura-se a partir de cinco caracte-
para formular, acompanhar e avaliar a política nacional de vigilân- rísticas operacionalizadas pela gestão de segurança da organização:
cia sanitária e as diretrizes gerais do Sistema Nacional de Vigilância a) cultura na qual todos os trabalhadores, incluindo profissio-
Sanitária; nais envolvidos no cuidado e gestores, assumem responsabilidade
Considerando o art. 8º, § 6º, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro pela sua própria segurança, pela segurança de seus colegas, pacien-
de 1999, que confere ao Ministério da Saúde a competência para tes e familiares;
determinar a realização de ações previstas nas competências da b) cultura que prioriza a segurança acima de metas financeiras
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em casos especí- e operacionais;
ficos e que impliquem risco à saúde da população; c) cultura que encoraja e recompensa a identificação, a notifi-
Considerando a relevância e magnitude que os Eventos Adver- cação e a resolução dos problemas relacionados à segurança;
sos (EA) têm em nosso país; d) cultura que, a partir da ocorrência de incidentes, promove o
Considerando a prioridade dada à segurança do paciente em aprendizado organizacional; e
serviços de saúde na agenda política dos Estados-Membros da Or- e) cultura que proporciona recursos, estrutura e responsabili-
ganização Mundial da Saúde (OMS) e na Resolução aprovada duran- zação para a manutenção efetiva da segurança; e
te a 57a Assembleia Mundial da Saúde, que recomendou aos países VI - gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua de iniciati-
atenção ao tema “Segurança do Paciente”; vas, procedimentos, condutas e recursos na avaliação e controle de
Considerando a importância do trabalho integrado entre os riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana,
gestores do SUS, os Conselhos Profissionais na área da Saúde e as a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucio-
Instituições de Ensino e Pesquisa sobre a Segurança do Paciente nal.
com enfoque multidisciplinar; Art. 5º Constituem-se estratégias de implementação do PNSP:
Considerando que a gestão de riscos voltada para a qualidade I - elaboração e apoio à implementação de protocolos, guias e
e segurança do paciente englobam princípios e diretrizes, tais como manuais de segurança do paciente;
a criação de cultura de segurança; a execução sistemática e estru- II - promoção de processos de capacitação de gerentes, profis-
turada dos processos de gerenciamento de risco; a integração com sionais e equipes de saúde em segurança do paciente;
todos processos de cuidado e articulação com os processos organi- III - inclusão, nos processos de contratualização e avaliação de
zacionais do serviços de saúde; as melhores evidências disponíveis; serviços, de metas, indicadores e padrões de conformidade relati-
a transparência, a inclusão, a responsabilização e a sensibilização e vosà segurança do paciente;
capacidade de reagir a mudanças; e IV - implementação de campanha de comunicação social sobre
Considerando a necessidade de se desenvolver estratégias, segurança do paciente, voltada aos profissionais, gestores e usuá-
produtos e ações direcionadas aos gestores, profissionais e usuá- rios de saúde e sociedade;
rios da saúde sobre segurança do paciente, que possibilitem a pro- V - implementação de sistemática de vigilância e monitoramen-
moção da mitigação da ocorrência de evento adverso na atenção à to de incidentes na assistência à saúde, com garantia de retorno às
saúde, resolve: unidades notificantes;
VI - promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendi-
Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Segurança do zado e aprimoramento organizacional, engajamento dos profissio-
Paciente (PNSP). nais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com ênfase em
Art. 2º O PNSP tem por objetivo geral contribuir para a qua- sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização
lificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de individual; e
saúde do território nacional. VII - articulação, com o Ministério da Educação e com o Con-
Art. 3º Constituem-se objetivos específicos do PNSP: selho Nacional de Educação, para inclusão do tema segurança do
I - promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadasà paciente nos currículos dos cursos de formação em saúde de nível
segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização técnico, superior e de pós-graduação.
e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão Art. 6º Fica instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, Co-
de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimen- mitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do
tos de saúde; Paciente (CIPNSP), instância colegiada, de caráter consultivo, com
II - envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança a finalidade de promover ações que visem à melhoria da segurança
do paciente; do cuidado em saúde através de processo de construção consen-
III - ampliar o acesso da sociedade às informações relativasà sual entre os diversos atores que dele participam.
segurança do paciente; Art. 7º Compete ao CIPNSP:
IV - produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre se- I - propor e validar protocolos, guias e manuais voltados à segu-
gurança do paciente; e rança do paciente em diferentes áreas, tais como:
V - fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensi- a) infecções relacionadas à assistência à saúde;
no técnico e de graduação e pós-graduação na área da saúde. b) procedimentos cirúrgicos e de anestesiologia;
Art. 4º Para fins desta Portaria, são adotadas as seguintes de- c) prescrição, transcrição, dispensação e administração de me-
finições: dicamentos, sangue e hemoderivados;
I - Segurança do Paciente: redução, a um mínimo aceitável, do d) processos de identificação de pacientes;
risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde; e) comunicação no ambiente dos serviços de saúde;
II - dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo f) prevenção de quedas;
e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, so- g) úlceras por pressão;
frimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser h) transferência de pacientes entre pontos de cuidado; e
físico, social ou psicológico; i) uso seguro de equipamentos e materiais;
III - incidente: evento ou circunstância que poderia ter resulta- II - aprovar o Documento de Referência do PNSP;
do, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente;

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
III - incentivar e difundir inovações técnicas e operacionais que visem à segurança do paciente;
IV - propor e validar projetos de capacitação em Segurança do Paciente;
V - analisar quadrimestralmente os dados do Sistema de Monitoramento incidentes no cuidado de saúde e propor ações de melhoria;
VI - recomendar estudos e pesquisas relacionados à segurança do paciente;
VII - avaliar periodicamente o desempenho do PNSP; e
VIII elaborar seu regimento interno e submetê-lo à aprovação do Ministro de Estado da Saúde.
Art. 8º O CIPNSP instituições é composto por representantes, titular e suplentes, dos seguintes órgãos e entidades:
I - do Ministério da Saúde:
a) um da Secretaria-Executiva (SE/MS);
b) um da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS);
c) um da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS);
d) um da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS); e
e) um da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS);
II - um da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ);
III - um da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
IV - um da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
V - um do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS);
VI - um do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS);
VII - um do Conselho Federal de Medicina (CFM);
VIII - um do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN);
IX - um do Conselho Federal de Odontologia (CFO);
X - um do Conselho Federal de Farmácia (CFF);
XI - um da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS); e
XII - três de Instituições Superiores de Ensino e Pesquisa com notório saber no tema Segurança do Paciente.
§ 1º A coordenação do CIPNSP será realizada pela ANVISA, que fornecerá em conjunto com a SAS/MS e a FIOCRUZ os apoios técnico
e administrativo necessários para o seu funcionamento.
§ 2º A participação das entidades de que tratam os incisos V a XII do “caput” será formalizada após resposta a convite a eles encami-
nhado pela Coordenação do CIPNSP, com indicação dos seus respectivos representantes.
§ 3° Os representantes titulares e os respectivos suplentes serão indicados pelos dirigentes dos respectivos órgãos e entidades à Coor-
denação do CIPNSP no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da data de publicação desta Portaria.
§ 4º O CIPNSP poderá convocar representantes de órgãos e entidades, públicas e privadas, além de especialistas nos assuntos relacio-
nados às suas atividades, quando entender necessário para o cumprimento dos objetivos previstos nesta Portaria.
§ 5º O CIPNSP poderá instituir grupos de trabalho para a execução de atividades específicas que entender necessárias para o cumpri-
mento do disposto nesta Portaria.
Art. 9º As funções dos membros do CIPNSP não serão remuneradas e seu exercício será considerado de relevante interesse público.
Art. 10. O Ministério da Saúde instituirá incentivos financeiros para a execução de ações e atividades no âmbito do PNSP, conforme
normatização específica, mediante prévia pactuação na Comissão Intergestores Tripartite (CIT).
Art. 11. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Diretrizes e metas internacionais para a segurança do paciente

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
META 1 - IDENTIFICAÇÃO CORRETA DO PACIENTE O que fazer para melhorar esse processo?
- A segurança no uso de medicamentos inclui a checagem da
O que é ? identificação do paciente com a prescrição médica.
A identificação correta do paciente é um dos primeiros cuidados - Fique atento à realização desse passo: confirmação dos dados
para uma assistência segura. Essa ação é o ponto de partida para a cor- da pulseira com o prontuário.
reta execução das diversas etapas de segurança em nossa instituição. - Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
O processo de identificação do paciente deve ser capaz de das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas.
identificar corretamente o indivíduo como sendo a pessoa para a
qual se destina o serviço (medicamentos, sangue ou hemoderiva- META 4 - CIRURGIA SEGURA
dos, exames, cirurgias e tratamentos).
Nosso processo de identificação do paciente inclui três infor- O que é ?
mações distintas utilizadas para identificação do paciente antes de O conceito de cirurgia segura envolve medidas adotadas para
cada ação assistencial: número de prontuário/atendimento, nome redução do risco de eventos adversos que podem acontecer antes,
completo e data de nascimento, afim de garantir que o cuidado seja durante e depois das cirurgias. Eventos adversos cirúrgicos são inci-
realizado no indivíduo certo. dentes que resultam em dano ao paciente.
A identificação acontece no momento da admissão (internação A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu um pro-
e Pronto Atendimento), por meio de pulseira de identificação de grama para garantir a segurança em cirurgias que consiste na ve-
coloração branca. rificação de itens essenciais do processo cirúrgico. O objetivo é
garantir que o procedimento seja realizado conforme o planejado,
O que fazer para melhorar esse processo ? atendendo aos cinco certos:
- Para garantir a segurança do cuidado, é importante: - Paciente.
- Manter a pulseira de identificação até a alta. - Procedimento.
- Verificar se as informações estão corretas e legíveis. - Lateralidade (lado a ser operado, quando aplicável).
- Certifique-se de que a equipe assistencial faça a conferência Posicionamento.
de sua identificação antes de qualquer atendimento. - Equipamentos.
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. Importante: Fazemos também a checagem de segurança nosso
check-list cirúrgico ou time out, um conjunto de ações que envolve
Importante: o número do quarto não pode ser utilizado para todas as fases o procedimento cirúrgico.
identificar o paciente apenas como localizador.
O que fazer para melhorar esse processo?
META 2 - COMUNICAÇÃO EFETIVA
- Nas cirurgias que envolvem lateralidade, o médico marcará o
local correto no corpo do paciente antes que este seja encaminha-
MELHORAR A COMUNICAÇÃO ENTRE OS PROFISSIONAIS DE
do ao centro cirúrgico.
SAÚDE
- Fique atento à realização desse passo:
- confirmação dos dados da pulseira com o prontuário.
O que é ?
- checagem da identificação do paciente e o procedimento ci-
A segurança da assistência depende de uma comunicação en-
tre os colaboradores. A instituição padronizou como, por quem rúrgico.
e para quem são transmitidas as informações acerca do paciente - Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
(prescrições verbais, resultados de exames críticos e transição de das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas.
cuidados), bem como a forma de registro dessas informações, de
maneira que ocorra de forma clara e oportuna, sem ambiguidades, META 5 - REDUZIR O RISCO DE INFECÇÃO ASSOCIADO AO CUI-
com a certeza da correta compreensão por parte do receptor da DADO
informação.
O que é?
Importante: Esta informação deverá ser registrada em pron- A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela ad-
tuário. quirida em função dos procedimentos necessários à monitorização
e ao tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros
O que fazer para melhorar esse processo ? diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
- Registrar as informações do paciente no prontuário, que é um Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para pre-
documento legal e contém todas as informações do processo assis- venção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior risco de
tencial, desde a admissão até a alta. desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacientes em ex-
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- tremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tratamento ou com
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. doenças imunossupressoras, com lesões extensas de pele, submetidas a
cirurgias de grande porte ou transplantes, obesas e fumantes.
META 3 - MELHORAR A SEGURANÇA DOS MEDICAMENTOS
O que você pode fazer para melhorar esse processo?
O que é ?​ - Disponibilizar preparação alcoólica em lugares estratégicos do
As práticas para melhorar da segurança de medicamentos no hospital.
CHAS envolvem a padronizar procedimentos para garantir a se- - Orientar acompanhantes e/ou familiares da importância da
gurança de armazenamento, movimentação e utilização de medi- antissepsia das mão.
camentos de alto risco e que possuem nome, grafia e aparência - Treinar incansavelmente toda equipe multiprofissional.
semelhantes, prevenindo a ocorrência de uma administração inad- - Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
vertida. das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
META 6 - REDUZIR O RISCO DE DANOS AOS PACIENTES RESUL- 3. Apresentá-lo aos demais pacientes do seu quarto;
TANTE DE QUEDAS 4. Orientar o paciente em relação à: localização das instala-
ções sanitárias; horários das refeições; modo de usar a campainha;
O que é a avaliação de risco de queda? nome do médico e da enfermeira chefe;
Como medida de segurança, o centro Hospitalar Albert Sabin- 5. Explicar o regulamento do hospital quanto à: fumo; horário
-CHAS implantou o protocolo de queda no intuito de identificar o de repouso; horário de visita;
risco de queda dos seus pacientes e agir preventivamente, evitando 6. Os pertences do paciente devem ser entregues à família no
esse tipo de evento e eventuais lesões causadas por ele. ato da admissão, se não for possível, colocá-los em um saco e gram-
O protocolo de prevenção de quedas do CHAS inclui a identi- pear, identificando com um impresso próprio e encaminhar para a
ficação de pacientes com risco – em função das condições clínicas, sala de pertences;
dos medicamentos prescritos e dos tratamentos – e a adoção de 7. Preparar o paciente em relação aos exames a que será sub-
medidas preventivas, conforme esse risco. metido, a fim de obter sua cooperação;
A avaliação do risco é realizada a partir da admissão, com base 8. Fornecer roupa do hospital, se a rotina da enfermeira não
nas condições clínicas e necessidades do paciente. Todos os pacien- permitir o uso da própria roupa;
tes são orientados quanto aos riscos e às medidas de prevenção. 9. Fazer o prontuário do paciente;
Além disso, o nosso ambiente hospitalar está sendo adequado para 10. Verificar temperatura, pressão arterial, pulso e respiração,
diminuir o risco das quedas relacionadas a estrutura física e mobi- proceder ao exame físico;
liário, o que inclui o quarto e o banheiro do paciente. 11. Anotar no relatório de enfermagem a admissão;
12. Anotar no Relatório Geral a admissão e o censo diário.
O que você pode fazer para melhorar o processo de preven-
ção de quedas? Alta
- Avaliar, no momento da admissão, o risco de queda do pa- Alta Hospitalar é o encerramento da assistência prestada ao
ciente (pacientes internados, pacientes no serviço de emergência e paciente no hospital. O paciente recebe alta quando seu estado
pacientes externos) de saúde permitir ou quando está em condições de recuperar-se e
- Uma vez identificado o risco de queda, orientar pacientes e continuar o tratamento em casa.
familiares sobre as medidas preventivas individuais, e entregar ma-
terial educativo específico A alta do paciente deve ser assinada pelo médico.
- Pacientes e acompanhantes devem seguir as orientações da-
das pela equipe multiprofissional. Procedimentos:
- Identificação todo paciente com riscos para queda. 1. Certificar-se da alta no prontuário do paciente, que deve es-
- Retirar todos objetos ou mobiliário que possa levar a uma tar assinada pelo médico;
queda e evitar uso de tapetes na instituição. 2. Verificar no prontuário as medicações ou outros tratamen-
- Colocar sinalização visual para identificação de risco de que- tos a serem feitos antes da saída do paciente;
da, a fim de alertar toda equipe de cuidado. 3. Informar ao paciente sobre a alta, hora e de como será trans-
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- portado;
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. 4. Entregar ao paciente a receita médica e orientá-lo devida-
- Notificar imediatamente ao Núcleo de Segurança do Paciente mente;
caso ocorra um evento de queda. 5. Auxiliar o paciente a vestir-se;
6. Reunir as roupas e objetos pessoais e colocá-los na mala ou
sacola;
7. Devolver objetos e medicamentos ao paciente, que foram
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMISSÃO, TRANSFE- guardados no hospital;
RÊNCIA, ALTA E ÓBITO DO PACIENTE 8. Providenciar cadeira de rodas ou maca para transportar o
paciente até o veículo;
Admissão 9. Transportar o paciente;
É a entrada e permanência do paciente no hospital, por deter- 10. Preparar a unidade para receber outro paciente.
minado período. Tem por objetivos facilitar a adaptação do pacien-
te ao ambiente hospitalar, proporcionar conforto e segurança. Transferência interna do paciente
Na unidade de internação o paciente é recebido por um pro- É a transferência do paciente de um setor para o outro, dentro
fissional da unidade e encaminhado ao quarto ou enfermaria. Deve do próprio hospital. Poderá ser transferido quando necessitar de
ser recebido com gentileza e cordialidade para aliviar suas apreen- cuidados intensivos, mudança de setor e troca do tipo de acomo-
sões e ansiedades. Geralmente, o paciente está preocupado com a dação.
sua saúde.
A primeira impressão recebida é fundamental ao paciente e Procedimentos:
seus familiares, inspirando-lhes confiança no hospital e na equipe 1. Após confirmação da vaga pela chefia, orientar o paciente;
que o atenderá. Se recebido atenciosamente, proporcionará sensa- 2. Checar na prescrição toda a medicação que foi administrada
ção de segurança e bem estar, e deste primeiro contato depende e cuidados prestados;
em grande parte a colaboração do paciente ao tratamento. 3. Separar medicamentos para encaminhá-los junto com o pa-
ciente;
Procedimentos: 4. Proceder as anotações de enfermagem no plano assistencial;
1. Receber o paciente cordialmente, verificando se as fichas 5. Fazer rol de roupas e pertences do paciente, entregando-os
estão completas; à família ou encaminhando junto ao paciente;
2. Acompanhar o paciente ao leito, auxiliando-o a deitar e dan- 6. Proceder o transporte do paciente, com auxílio;
do-lhe todo o conforto possível; 7. Levar o prontuário completo, medicamentos e pertences;

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
8. Auxiliar na acomodação do paciente; O objetivo do exame físico de enfermagem é avaliar um órgão
9. Retornar ao setor levando a maca ou cadeira de rodas; ou sistema na busca de alterações anatômicas ou funcionais resul-
10. Preparar a unidade para receber outro paciente. tantes da patologia que o paciente apresenta.Em contrapartida,
pode ser utilizado também para comprovar o bom funcionamento
Óbito dos órgãos e sistemas.
É necessário tratar este momento com ética independente de O exame físico de enfermagem divide em quatro etapas:
como o profissional encara a morte. Profissionalismo e ética são - inspeção;
fundamentais neste momento. - ausculta;
A equipe de Enfermagem deve permitir que os familiares te- - palpação;
nham um tempo com o cadáver, deve entregar à família os objetos - percussão.
pessoais, pedir para assinar o livro de protocolo além de identificar
o cadáver com os dados pessoais, preparar o corpo e enviar ao ne- Um exame físico bem realizado pelo enfermeiro é uma arma
crotério e fazer anotações no prontuário. importante na qualidade da assistência de enfermagem prestada.

A preparação do corpo antes de levá-lo ao necrotério inclui: Técnicas Básicas para o Exame Físico:
• Dar banho no leito se necessário 1) Inspeção: é o processo de observação do paciente. Devemos
• Retirar sondas e drenos neste momento inspecionar nos segmentos corporais, a presença
• Fazer curativos se necessário de dismorfias, distúrbios no desenvolvimento, lesões cutâneas, se-
• Fazer tamponamento dos orifícios com algodão ou gaze creções e presença de cateteres e tubos ou outros dispositivos. É
• Prender braços e pernas com atadura importante verificar o modo de andar, a postura, o contato visual e
• Colocar o cadáver identificado no saco para óbito a forma de comunicação verbal e corporal. Esses dados fornecem
“pistas” sobre o estado emocional e mental do paciente.
No prontuário as anotações de enfermagem devem conter:
• O horário que o médico constatou o óbito; o nome do médico Tipos de inspeção:
que constatou o óbito; Estática: com o paciente parado, observa-se os contornos ana-
• O horário que avisou o Registro Geral do Hospital; tômicos;
• O tipo de óbito (mal definido, bem definido, caso de polícia, Dinâmica: pede-se para que o paciente faça alguns movimen-
etc.); tos, observando com atenção e foco no segmento.
• A retirada de cateteres, drenos, equipamentos para suporte; O paciente deve ser inspecionado por inteiro. Recomenda-se o
• O preparo do corpo realizado (limpeza, tamponamento, co- uso de luz natural e caso seja artificial, a branca é a mais recomen-
locação de próteses, curativo, vestimenta, identificação do corpo); dada. Para a inspeção de cavidades, utiliza-se a lanterna clínica.
• Os pertences encaminhados juntamente com o corpo;
• O horário do encaminhamento do corpo ao necrotério, Ins- 2) Palpação: é uma técnica utilizada para obtenção de dados
tituto Médico Legal (IML), Serviço de Verificação de Óbitos (SVO); por meio do tato (parte mais superficial do corpo) e da pressão
• O encaminhamento do prontuário do paciente ao Registro (parte mais profunda do corpo). A palpação permite a identificação
Geral do Hospital. de modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade,
volume e dureza. Permite a percepção de frêmito, flutuação, elas-
ticidade e edema.

PREPARO E COLETA DE MATERIAIS PARA EXAMES Tipos de palpação:


Superficial: pressão em profundidade de 1 cm;
Profunda: pressão em profundidade de 4 cm.
O exame físico de enfermagem é um conjunto de técnicas e
Variações da palpação:
manobras que os profissionais de enfermagem desenvolvem com
o intuito de diagnosticar nos pacientes problemas associados a al-
Palpação com a mão espalmada, usando-se toda a palma de
guma patologia e com isso elaborar o planejamento da assistência
uma de ambas as mãos;
de enfermagem.
Palpação com uma das mãos sobrepondo-se à outra;
O exame físico pode ser realizado também por outros profissio- Palpação com a mão espalmada, usando-se apenas as polpas
nais da área da saúde, também com o objetivo de evidenciar sinais digitais e a parte ventral dos dedos;
e sintomas que possam levar a um diagnóstico. Palpação usando-se o polegar e o indicador formando uma pin-
É importante ressaltarmos que muitos profissionais confundem ça;
o exame físico de enfermagem com exame clínico, que é a junção Palpação com o dorso dos dedos e das mãos, para avaliar tem-
de exame físico e anamnese, com a verificação das informações clí- peratura;
nicas do paciente, com auxílio da entrevista ou ainda pela avaliação Dígito-pressão: realizada com a polpa do polegar e do indica-
direta por meio de técnicas específicas. dor, consiste na compressão de uma área com o objetivo de pesqui-
O exame físico de enfermagem é realizado após a anamnese, sar dor, detectar edema e/ou avaliar a circulação cutânea;
que é aquela entrevista básica com o paciente e utilizamos equipa- Puntipressão: utiliza-se de um objeto pontiagudo, não cortante
mentos como: em um ponto do corpo para avaliar a sensibilidade dolorosa;
- estetoscópio; Fricção com algodão: com uma mecha, roçar de leve a pele,
- esfigmomanômetro; procurando verificar a sensibilidade tátil.
- termômetro.
3) Percussão: é a aplicação de pequenos golpes em determi-
nada superfície do organismo, que emite vibrações específicas de
acordo com a estrutura anatômica percutida, quanto à intensidade,
tonalidade e timbre.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tipos de percussão mais utilizadas na prática clínica do enfer- Conseguir associar os dados clínicos e ainda entender os sinais
meiro: emitidos pelo paciente, como o significado do adoecer, seus pontos
– Percussão direta: golpeamento diretamente com as pontas fortes e fracos é uma arte, que propicia um cuidado digno e profis-
dos dedos a região-alvo. Os dedos devem estar fletidos, imitando a sionais mais satisfeitos com o resultado do trabalho.
forma de um martelo e os movimentos de golpear são feitos pela Cuidados para realizar o exame físico: mãos higienizadas, aque-
articulação do punho. cidas e unhas cortadas, instrumentos com a devida desinfecção

– Percussão digito-digital: mais utilizada no nosso cotidiano. Fonte: http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/tecnicas-basicas-de-


Trata-se do golpeamento com o dedo médio ou indicador da mão -exame-fisico
dominante, que encontra-se espalmada e apoiada na região de
interesse. A mão dominante deve ficar em posição confortável e
apenas o dedo que irá percutir deverá ter posição de martelo. A Decúbito dorsal horizo ntal : o pac iente fica deitado na maca
movimentação da mão deverá ocorrer apenas com a articulação do co m ventre para ci ma , membros superiores e inferiores relaxados
punho. O cotovelo deve permanecer fixo e fletido a 90º e com o , opaciente deve ser colo cado deitado de co stas com as pernas
braço em semiabdução. estendid as ou ligeiramente fletidas par a provocar o relaxamento
do s músculos abdo minais , os br aço s devem estar estendidos ao
Possíveis sons: longo docorpo . Exemplo : cesariana , tireo idectomia.
Maciço: som que transmite a sensação de dureza e resistência,
em todas as regiões desprovidas de ar, como osso e fígado;
Submaciço: é uma variação do maciço, é a presença de ar em
pequena quantidade que lhe confere essa característica peculiar;
Timpânico: obtido em regiões que contêm ar, recobertas por
membrana flexível, como o estômago. A sensação obtida é de elas-
ticidade;
Hipertimpânico: obtido em regiões que contêm ar em grande
quantidade, por exemplo, no abdome em caso de acúmulo de ga- Decúbito ventral: o pac iente fica deitad o com o ventre para
ses; baixo , b raços fletidos e mãos soba testa . Exemplo : laminecto mia
Claro pulmonar: som obtido quando se percute uma área sobre , cirurgias tórax posterior
os pulmões, quando estão normais, com presença de ar dentro dos
alvéolos.

Atenção:
Evite dar muitos golpes seguidos para confirmar o som, pois
podem interromper a onda vibratória e alterar o som emitido;
Em órgãos simétricos como os pulmões, é preciso realizar a
percussão comparada.
Punho-percussão: com a mão fechada, golpeia-se com a borda
cubital (utilizada para verificar a sensação dolorosa nos rins); Decúbito lateral direito : o paciente fica deitadocom o lado di-
Percussão com a borda das mãos: os dedos ficam estendidos reito votadopara baixo , pernas levemente fletidas , braço dir eito
e unidos, golpeia-se a região desejada com a borda ulnar (utilizada em abdução , o ladoesquerdo para cima e o braçorepousando sobre
para verificar a sensação dolorosa nos rins); a face lateral da coxa. Exemplo : cirurgias re nais , massagens na s
Percussão por piparote: utilizada para pesquisa de ascite. Com costas .
uma das mãos, o examinador golpeia um lado abdome, enquanto a
outra mão, na região contralateral, capta ondas de líquidos que se
chocam com a parede abdominal.

4) Ausculta: procedimento que possibilita ouvir sons produzi-


dos pelo corpo, que são inaudíveis sem o uso de instrumentos, por
isso utilizamos o estetoscópio para examinarmos os pulmões, cora-
ção, artérias e intestino.

Atenção: Decúbito lateral esquerdo : o paciente fica deitadocom o lado


Para realizar a ausculta, faz-se necessário um ambiente sem esquerdopara baixo , pernas levemente fletidas , braço esquerd o
ruídos externos em abdução , olado direito para cima e o braçorepousando sobre a
O estetoscópio deve ser colocado sobre a pele nua; face lateral da coxa
Durante a ausculta devem ser observadas as características dos
sons, como: intensidade, tom, duração e qualidade.

Considerações finais:
Quando o enfermeiro consegue realizar uma boa avaliação clí-
nica, ele consegue reconhecer os diagnósticos de enfermagem, que
subsidiam as condutas de enfermagem e possibilita um trabalho
interdependente, associando os cuidados com a equipe multidis-
ciplinar.

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Semi decúbito de fowler;Paciente fica se mi sentado. Usadopa- - Litotomia; posição q ue se asse melha a ginecológica . Coloca-
ra descanso, conforto,alimentação e patologias respiratór ias ro paciente em decúbito dorsal co m a cabeça e os o mbros ligeira-
mente elevados .As coxas devem está b em flexionadas sob oabdô-
men ,afastadas uma das outras e aspernas sob oabdômen Exemplo
: cirurgia ou e xames de per íneo , reto , vagina e bexiga .

Posição d e sims; colocar o paciente e m decúbito lateral esquer


do , mantendo a cabeçaapoiada no travesseiro , ocorpo deve está
ligeiramente inclinadopara frente co m o braço esquerdo esticado-
paratrás , de forma a permitir que p arte do peso docorpo apoie
sobre o peito ,o braço direito deve está posicionado deacordo com
a vontade do p aciente eos MMII deve m está flexionados , o direito,
mais para o lado esq uerdo .Finalidade (exames retais, la vage m
intestinal, exames vaginais, clister)

Genu- peitoral; o p aciente deve ser co locado ajoelhado sob


re a cama , com os joelhos afastad os as pernas estendidas , e o
peitoapoi ado sobre a cama , a cabeça deve esta la teralizadaapoia-
dasobre os braço s . Exemplo : exames vagi nais e retais
Posição sentado: o paciente deve está sentadocom as mãosre-
pousando sobreas coxas .Exemplo : cirurgia demamoplastia , dreno
d e tórax .

Trendelemburg; o p aciente é colocadoem decúbito dorsal hori-


Ginecológica; colocar a p aciente em decúbito d orsal; Joelhos zontal ,co m o corpo num campo inclinado , de forma que a cabeça
fle xionados e be m separados, co m os pés sobre a cama; Prote- fiq ue mais baixa e m relação ao corpo .Exemplo : cirurgia da região-
ger apaciente com lençol ateo momento doexame. Exemplo :( exa pélvica , estados de cho que tromboflebites.
me vaginal, exame vulvo,lavagem vaginal,sondagem vesical, tricoto
mia) .

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ereta ou ortostática:o paciente fica e m pé com os pés um pou- des próprias independentes ou, ainda, no interior ou anexadas a
coafastado s um do outro e o s membros superiores estendido s na- estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas
turalmente junto ao cor po , o peso ficadistribuídoequitativamente específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individua-
nos MMI I. lizados do ponto de vista físico e funcional.

Procedimentos Técnicos Especiais:


- A execução de procedimentos de coleta de material humano
que exijam a prévia administração, por via oral, de quaisquer subs-
tâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, “in loco”, por
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recur-
sos humanos dos estabelecimentos.
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de
longa duração e que exijam monitoramento durante os processos
de execução, deverão ser supervisionados, “in loco”, por profissio-
nais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos
estabelecimentos.
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de
emergência visando propiciar o atendimento de eventuais intercor-
rências clínicas.
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante
Posição supina : P aciente fica deitadoem decúbito dorsal com indicação médica, e somente para casos em que seja realmente ne-
travesseiro s sobre a cabeça,braços estendidos ao longo d o corpo , cessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amos-
pernas estendidas ou ligeiramente fletidas. tras de material dos usuários.

Coleta nas Unidades de Saúde: Os procedimentos de coleta dos


exames laboratoriais nos ambulatórios são executados por profis-
sionais médicos, assim como por profissionais de saúde componen-
tes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação
clínica e epidemiológica, de diagnose ou apoio diagnóstico, de ava-
liação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico.

Recursos Humanos: O Setor de Coleta obrigatoriamente conta-


Posição prona:Paciente fica e m decúbito ventral com a cabeça rá com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de nível uni-
virad a para um dos lados, b raços abduzidos par a cima, com coto- versitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou biólogo
velos fletidos epernas estendidas. que tenha capacitação para execução das atividades de coleta. Os
profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão estar
presentes, diariamente, no interior de suas dependências durante
o período de funcionamento da coleta destes estabelecimentos. Os
procedimentos de coleta de material humano poderão ser executa-
dos pelos seguintes profissionais legalmente habilitados:
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos,
biomédicos, biólogos e químicos que no curso de graduação, e/ou
em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes confe-
riram capacitação para execução das atividades de coleta.
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técni-
cos de laboratório, técnicos em patologia clínica e demais profissio-
COLETA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS nal legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino
Amostras Biológicas: São consideradas amostras biológicas de médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular
material humano para exames laboratoriais: sangue urina, fezes, frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para exe-
suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e le- cução das atividades de coleta.
são cutânea), escarro, esperma, secreção vaginal, raspado de lesão - De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim como
epidérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secre- profissionais legalmente habilitados que concluíram curso em nível
ção de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfre- de ensino de fundamental que no curso de graduação, e /ou em ca-
gaço), secreção mamilar (esfregaço), secreção uretral (esfregaço), ráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram
swab anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por capacitação para a execução das atividades de coleta.
escarificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de
qualquer outro material humano necessário para exame diagnósti- Espaço Físico
co. Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realiza- Sala para coleta de material biológico: De uma forma geral, os
dos nas próprias Unidades Assistenciais de Saúde da Rede Pública estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de coleta
Municipal. deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de coleta
para esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros quadra-
Laboratórios de Análises: São estabelecimentos destinados à dos, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada, etc. para apoiar
coleta e ao processamento de material humano visando a realiza- o material para coleta e o material coletado. O ambiente deve ter
ção de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em se- janelas, ser arejado, com local para deitar ou sentar o usuário, as

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
superfícies devem ser laváveis. De acordo com a RDC 50/2002 AN- Laboratório:
VISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada são as seguin- Fase pré-analítica do exame no laboratório:
tes: - Recepção
- Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de - Triagem
coleta, este deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados. - Preparação da Amostra
- Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões
para tal. Fase analítica do exame no laboratório:
- Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de - Análise da Amostra
Coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, 01 (um) lavatório
localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta. Fase pós - analítica do exame no laboratório:
- Área para registro dos usuários. - Conferência
- Sanitários para usuários. - Emissão e Remessa de Laudo
- Número necessário de braçadeiras para realização de coletas
= 1 para 15 coletas/hora. Unidades de Saúde:
- Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica em Fase pós - analítica do exame na unidade de saúde:
geral, deve-se utilizar material de fácil lavagem, manutenção e sem - Recepção dos Resultados
frestas. - Conferência
- Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quan- - Arquivamento dos Laudos
tidade suficiente e de forma organizada.
Orientações ao usuário quanto ao preparo e realização do exa-
Biossegurança: Entende-se como incorporação do princípio me: É importante esclarecer com instruções simples e definidas, as
da biossegurança, a adoção de um conjunto de medidas voltadas recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de
para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resultados
às atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa laboratoriais.
e desenvolvimento tecnológico, que possam comprometer a saúde
do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos Importante informar e fornecer:
desenvolvidos. - Dias e horário de coleta da unidade
Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento - Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum,
de Proteção Coletiva – EPC, destinam-se a proteger os profissionais dieta, abstinência sexual, atividade física, medicamentos.
durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco de con- - Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá
tato com sangue e fluidos corpóreos. fornecer os frascos com identificação do material a ser colhido
São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeáveis - Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá-
e sapatos fechados e, são EPC: caixas para material perfurocortan- -la ao pedido de exame.
te, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc... .
Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e Fatores que podem influenciar nos resultados:
outros EPI que devem ser removidos e quando passiveis de este-
rilização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de Jejum
trabalho. - Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é
Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho necessário e pode variar de acordo com o exame solicitado deven-
em todas as atividades que possam resultar em contato acidental do - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unida-
direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas des de saúde sms”.
devem ser descartadas. - Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12
horas para o adulto), pode levar à alterações nos exames, além de
Atenção: ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O
- Observar a integridade do material; quando alterada solicitar excesso interfere nos exames de urina.
substituição.
- Manter cabelos presos e unhas curtas. Dieta: Alguns exames requerem a uma dieta especial antes da
- Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...). coleta de amostra (ex: pesquisa de sangue oculto), caso contrário
- Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos. os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados
possam refletir o estado do paciente no dia-a-dia.
Quando houver um acidente com material biológico envolven- Atividades Físicas: Não se deve praticar exercícios antes dos
do face, olhos e mucosas deve-se lavar imediatamente todas as par- exames, exceto quando prescrito. Eles alteram os resultados de
tes atingidas com água corrente. muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e
bioquímicas. Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve fi-
Fases que envolvem a realização dos exames: car 15 minutos descansando antes da coleta.
Unidades de saúde: Fase pré - analítica do exame na unidade Medicamentos: A Associação Americana de Química Clínica,
de saúde: além de alguns outros pesquisadores brasileiros, mantém publi-
- Requisição do exame cações completas em relação às interferências de medicamentos
- Orientação e preparo para a coleta sobre os exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem sus-
- Coleta pender as medicações devido a patologias específicas.
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de sus-
seus dados): nome, idade, sexo). pensão temporária do medicamento. O usuário NUNCA poderá in-
- Preparação da amostra terromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sem-
- Acondicionamento pre na solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos
- Transporte que o usuário fez uso nos 10 dias que antecederam a coleta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Fumo: Orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O ta- - Nº prontuário;
bagismo crônico altera vários exames como: leucócitos no sangue, - Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade;
lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas, - Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo;
marcadores tumorais e metais pesados. - Indicação clínica;
Bebida Alcoólica: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas - Medicamentos em uso;
durante pelo menos 3 (três) dias antes dos exames. O álcool, entre - Data da última menstruação (DUM), quando for o caso;
outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de - Assinatura e carimbo do solicitante;
coagulação, lipídios e outros. - Nome do responsável pela coleta;
Data da menstruação ou tempo de gestação: Devem ser infor-
mados na solicitação de exames ao laboratório, pois, dependendo A informação é fundamental para garantir a qualidade do re-
da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações fisioló- sultado laboratorial. Devem ser utilizadas para fins de análise de
gicas que alteram a concentração de várias substâncias no organis- consistência do resultado laboratorial, e portanto, necessitam ser
mo, como os hormônios e algumas proteínas séricas. Para a coleta repassadas aos responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica.
de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas se for
urgente, a urina poderá ser colhida, adotando-se dois cuidados: as- Procedimento de coleta:
sepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal para o sangue - Conferir o nome do usuário com a requisição do exame.
menstrual não se misturar à urina. - Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e
medicação).
Relações Sexuais: Para alguns exames como, por exemplo, es- - Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto
permograma e PSA, há necessidade de determinados dias de absti- ao tipo de tubo e volume necessário.
nência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda-se - Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de for-
24 horas de abstinência sexual. ma organizada, em cada Box, no momento da coleta.
- Preencher as etiquetas de identificação do material com
Ansiedade e Stress: O paciente deverá relaxar antes da realiza- nome, nº do registro, no Com os tubos todos identificados, proce-
ção do exame. O stress afeta não só a secreção de hormônio adre- der à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou
nal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade anticoagulantes, devem ser homogeneizados por inversão de 5 a
conduz à distúrbios no equilíbrio ácido-básico, aumenta o lactato 8 vezes).
sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres, entre outras subs- - Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e
tâncias. colocar a data da coleta.

Observações Importantes: Conferência das amostras colhidas: Reservar os 15 minutos fi-


- Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9 nais do período da coleta para verificar se as amostras estão bem
horas da manhã, pois a concentração plasmática de várias substân- tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos
cias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores com os frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado.
de intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamen-
horários. O ritmo biológico também pode ser influenciado pelo rit- to) em duas vias: Relacionar na planilha os nomes de todos os usuá-
mo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas rios atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esque-
de sono. cer de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico an- encaminhada ao laboratório acompanhando o material, os pedidos
tes a administração do medicamento e o estágio da fase constante e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resulta-
depois da próxima dose. dos e relatório estatístico.
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento. Acondicionamento do material nas caixas de transporte:
- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para
A coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a transporte para facilitar a higienização e trocas.
não coleta. - Um jogo de caixa de transporte = 1 cx para transportar sangue
Rotina do setor de coleta de exames laboratoriais: É importan- e 1 cx para transportar fezes/urina/escarro.
te a padronização de uma rotina para a coleta dos exames laborato- - Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e
riais, devendo todos os profissionais envolvidos no processo estar organizar as requisições também seguindo o mesmo critério, para
cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários da co- facilitar a conferência.
leta devem estar orientados para: - Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a
- Atender os usuários com cortesia. tampa de rosca bem fechada.
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em or- - Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos po-
dem. tes de urina/fezes/escarro.
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de - Certificar-se de que o material não tombará durante o trans-
forma organizada. porte (colocar calço ou fixar com fita adesiva).
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar - Todas as solicitações de exames devem ser devidamente
sapato), atendendo às normas de biossegurança. acondicionadas em envelope plástico com a identificação da unida-
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta. de e fixadas na parte externa da caixa.
- Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.
Requisição de exame: Existem impressos próprios (anexá-los)
que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O impresso Acondicionamento e transporte de material biológico
deverá estar totalmente preenchido com letra legível: Objetivo: Garantir o acondicionamento, conservação e trans-
- Nome da unidade solicitante; porte do material até a recepção pelo laboratório executor dos
- Nome do usuário; exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
recipientes rígidos, constituídos de materiais apropriados para tal - Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e
finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e impermeáveis do método utilizado;
para fechamento sob pressão. O acondicionamento do material co- - Valores de referência normais e respectivas unidades.
letado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição Intervalo/valores de referência: Define 95% dos valores limites
dos profissionais da saúde, assim como dos profissionais da frota obtidos de uma população definida.
que transportam o material. - Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e
- Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para respectivas unidades.
acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras bioló- - Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis
gicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que per- Técnicos e/ou por profissionais legalmente habilitados, de nível su-
mitam a fixação em posição vertical, com a extremidade de fecha- perior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes esta-
mento (tampa) voltada para cima e que impeçam o tombamento belecimentos.
do material. - Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus re-
- Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondiciona- presentantes legais, se for o caso, e, ainda, indiretamente, através
mento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de separa- dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos
ção (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento (tampa de Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento
ou fecho). de fax-modem e meios de comunicação on line, quando autorizada
- Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transporte, por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos
destinados à acomodação das estantes e grades com tubos, frascos ou cirurgiões-dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os
e tubetes contendo as amostras biológicas. Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de garantir a guarda
dos Laudos Técnicos originais.
Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, re- - Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deverão
sistentes e impermeáveis, revestidas internamente com material garantir a privacidade dos cidadãos, através da implantação de me-
lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções de- didas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer resul-
sinfetantes devendo, ainda ser, dotadas externamente de dispositi- tados de exames e testes laboratoriais.
vos de fechamento externo. Como medida de segurança na parte
externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado o Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autôno-
símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de mos e Unidades de Laboratórios Clínicos que executem exames e
identificação: Material Infectante. Na parte externa da Caixa Térmi- testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de
ca, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação
apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical, compulsória e de agravos à saúde, em conformidade com as orien-
com as extremidades de fechamento voltadas para cima. tações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sis-
Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de tema de Vigilância.
identificação e da frase de alerta, deverão ser empregadas tecno-
logias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa Exames Laboratoriais
destes recipientes e garantam a legibilidade permanente das ins-
crições. É vedado, em qualquer hipótese, transportar amostras de Coleta de Sangue em crianças maiores e adultos
material humano, bem como recipientes contendo resíduos infec- Posicionamento do braço: O braço do paciente deve ser posi-
tantes, no compartimento dianteiro dos veículos automotores. cionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as
- É importantes a perfeita sintonia entre remetente, transpor- veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possí-
tadora e laboratório de destino, a fim de garantir o transporte se- vel. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada
guro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas para cima.
condições.
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comu- Garroteamento: O garrote é utilizado durante a coleta de san-
nicados ao remetente, a fim de que providências possam ser to- gue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminen-
madas, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos dife- tes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao
rentes contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção),
material biológico sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal,
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa tér- basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso
mica, devendo ser colocados em sacos, pastas ou envelopes e fixa- deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço
dos na parte superior externa da caixa. do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os garrote logo após a venipunção, pois o garroteamento prolongado
materiais, devem verificar se os frascos coletores, tubos, demais re- pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).
cipientes, estão firmemente fechados. Seleção da região de punção: A regra básica para uma punção
bem sucedida é examinar cuidadosamente o braço do paciente. As
Laudos Técnicos: Os resultados dos exames e testes realizados, características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
obrigatoriamente, serão emitidos em impressos próprios para Lau- através de exame visual e/ou apalpação das veias. Deve-se sempre
dos Técnicos que deverão conter os seguintes registros: que for realizar uma venipunção, escolher as veias do braço para
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabe- a mão, pois neste sentido encontram-se as veias de maior calibre
lecimentos responsáveis pelas análises clínico-laboratoriais; e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos nos quais o
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da emis- sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulatório,
são dos Laudos Técnicos e o nome dos profissionais que os assinam que é o coração. As veias podem ser classificadas em: veias de gran-
e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos Regionais de, médio e pequeno calibre, e vênulas. De 1 acordo com a sua
de Exercício Profissional do Estado de São Paulo; localização, as veias podem ser superficiais ou profundas. As veias

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transpa- - O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de co-
rência da pele, sendo mais calibrosas nos membros. Devido à sua leta de 15º em relação ao braço do paciente;
situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são - Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com
nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue. uma das mãos, com a outra pegar o tubo de coleta a ser utilizado
As veias mais usuais para a coleta de sangue são: Veia Cefálica / e conectá-lo ao adaptador.Sempre que possível, a mão que estiver
Veia mediana cubital / Veia mediana cefálica / Veia longitudinal (ou puncionando deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a
antebraquial) / Veia mediana basílica / Veia do dorso da mão / Veia mudança de mão poderá provocar alteração indevida na posição
marginal da mão / Veia basílica da agulha;
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com
Escolher uma região de punção envolve algumas considera- o polegar, até que a tampa tenha sido penetrada. Sempre manter
ções: o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchi-
- Selecionar uma veia que é facilmente palpável; mento;
- Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastecto- - Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote
mia; deve ser retirado. Porém, se a veia for muito fina o garrote poderá
- Não selecionar um local no braço onde o paciente foi subme- ser mantido;
tido a uma infusão intravenosa; - Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remo-
- Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão; va-o do adaptador trocando-o pelo seguinte;
- Não selecionar um local com múltiplas punções. - Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um
dos exames solicitados, sempre seguindo a sequência correta de
Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia: coleta;
- Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou - À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los
menos cinco minutos sobre o local da punção e em seguida garro- gentilmente por inversão (4 a 6 vezes); Nota: Agitar vigorosamente
tear; pode causar espuma ou hemólise; Não homogeneizar ou homoge-
- Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com neizar insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em
o braço acomodado ao lado do corpo e garrotear com o esfigmoma- uma demora na coagulação; Nos tubos com anticoagulante, homo-
nômetro (em P.A. média) por um minuto. geneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/
- Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principal- ou microcoágulos.
mente em idosos, pois se forem portadores de ateroma poderá - Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha;
haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências. - Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da
punção, sem dobrar o braço, até parar de sangrar;
Técnica para coleta de sangue a vácuo: Antes de iniciar uma ve- - Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;
nipunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso: - A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para ma-
- Tubos necessários à coleta; teriais infecto contaminantes;
- Etiqueta para identificação do paciente;
- Luvas; Coleta de Sangue Infantil
- Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a Sala de espera: A sala de espera é um local próprio para que o
70%; paciente repouse, mantendo sua fisiologia estável, enquanto aguar-
- Gaze seca e estéril; da ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é
- Agulhas múltiplas; conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera,
- Adaptador para coleta a vácuo; ou seja, sala de espera infantil. Um ambiente agradável com algum
- Garrote; tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser
- Bandagem, esparadrapo; providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a
- Descartador de agulhas. atenção da situação que a levou até lá.

Após o material estar preparado, iniciar a venipunção: Coleta em criança: A coleta de sangue em criança e neonato é
- Verificar quais os exames a serem realizados; frequentemente problemática e difícil, para o coletador, acompa-
- Lavar e secar as mãos; nhante e criança. No momento em que a criança é convocada para
- Calçar luvas; o procedimento de coleta, deve-se orientar o acompanhante das
- Fazer antissepsia do local da punção; Primeiro, do centro do situações que podem ocorrer:
local de perfuração para fora, em sentido espiral; e após, de baixo - A criança pode se debater e ter que ser contida;
para cima, forçando uma vascularização local; - A maioria das crianças choram muito;
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com - Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há proba-
luvas estéreis. bilidade de se ter que fazer mais de uma punção;
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja - Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por neces-
firme para assegurar que não Solte durante o uso Remover a capa sidade técnica ou diagnóstica.
superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
- Colocar o garrote; A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta,
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da cabendo ao coletador conseguir a confiança da criança. Isto pode
mão e seguro firmemente entre o indicador e o polegar; ser obtido observando o comportamento da criança na sala de es-
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das pera, verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e
mãos esticar a pele do paciente firmando a veia escolhida e com qual o nível de relacionamento com o acompanhante. Caso a crian-
o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com ça traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre
precisão e rapidez (movimento único); que possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sem-
pre que possível evitar que a criança assista a punção.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, di-
ano dependerá muito do nível de entendimento que elas possam ficultando-a:
ter. Como regra básica sugere-se: - Agulha de calibre incompatível com a veia.
- Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca - Estase venosa devido a garroteamento prolongado.
própria, solicitando a ajuda de outro profissional para garantir que a - Bisel voltado para baixo.
coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que o acom-
panhante participe da coleta, pois o mesmo esta envolvido psicolo- Microcoleta de sangue capilar e venoso para neonatos e be-
gicamente com a criança. O auxiliar deve posicionar-se na cabeceira bês
da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de frente para A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de san-
o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança segurando-a gue venoso ou periférico, especialmente em pacientes pediátricos,
próximo ao pulso e com a outra próximo ao garrote, apoiando o quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de
antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador de frente para tubos a vácuo convencionais. O sangue obtido de punção capilar é
o auxiliar faz a venipunção seguindo os mesmos passos utilizados composto por uma mistura de sangue de arteríola e vênulas além
para a punção em adulto; de fluidos intercelular e intersticial. O sangue capilar pode ser assim
- Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face
fazer uma venipunção sentada. Existem duas maneiras confortáveis palmar interna da falange distal do dedo médio.
de se posicionar uma criança. Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na
face lateral plantar do calcanhar. Há uma relação linear entre o volu-
Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompanhan- me de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local da
te, ficando de lado para o coletador. Um dos braços da criança ficará punção. Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo com
abraçando o acompanhante e o outro posicionado para o coletador. o local a ser puncionado e a quantidade de sangue necessária. Em
Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da criança para si neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não devendo
segurando o rosto da mesma com uma das mãos. O auxiliar ficará ultrapassar 2.4 mm., caso contrário, haverá a possibilidade de cau-
posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará sar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode ser evitado
usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25 mm. de profundi-
o braço da criança próximo ao garrote e com a outra mão próximo
dade, com disparo semiautomático com dispositivo de segurança;
ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a venipunção se-
guindo os mesmos passos utilizados para a punção em adulto;
Utilização do Método Microcoleta: A coleta de sangue em be-
A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de fren-
bês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessi-
te para ele com as pernas abertas e entrelaçadas a seu corpo, na
tando um profissional experiente e capacitado. O sistema de mi-
altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de
crocoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para que a coleta
costas ou de lado para o coletador. O braço da criança ficará es-
possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível cole-
tendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O tar sangue capilar e venoso. Desde que o método tradicional para
auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos e bebês
mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra deve-se recorrer ao sistema de microcoleta. A microcoleta pode ser
mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a realizada de várias formas:
venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção - amostra capilar com microtubos e funil;
em adulto - amostra capilar com microtubos e tubo capilar;
- amostra venosa com escalpe (butterfly);
Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta - amostra venosa com cânula-Luer.
- Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem man-
ter pressão sobre o local de punção por cerca de 3 minutos ou até A Técnica para microcoleta de sangue capilar: Antes de iniciar
parar o sangramento. uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a coleta. acesso:
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo ves- - Microtubos necessários à coleta;
timenta que possa estar garroteando o braço puncionado. - Etiquetas para identificação do paciente;
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto - Luvas;
pressiona o local. - Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do - Gaze seca e estéril;
coletor. Se não puder executá-lo, deverá estar atento à maneira do - Lancetas;
paciente fazê-lo. - Bandagem, esparadrapo;
- Descartador de material perfurocortante.
Dificuldades na Coleta: Algumas dificuldades podem surgir pela
inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais frequente a Antes de iniciar a punção:
falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo. Possíveis causas: - Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte.
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: re- - Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa es-
trair a agulha. tante de sustentação.
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. - Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borra-
Solução: apalpar a veia, localizar sua trajetória e corrigir o posicio- cha.
namento da agulha, aprofundando-a.
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: des- Após o material estar preparado, iniciar a punção:
conectar o tubo, girar suavemente o adaptador, liberando o bisel e - Verificar quais os exames a serem realizados;
reiniciar a coleta. - Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote. usando uma bolsa de água-quente ou friccionando o local da pun-
ção para estimular a vascularização;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Lavar e secar as mãos; car bem com uma toalha limpa.- Coletar a primeira urina da manhã
- Calçar luvas; ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da urina
- Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais
etílico a 70%; ou menos ( até a metade do copo) desprezando o restante da mic-
- Secar o local da punção com uma gaze estéril; ção no vaso sanitário.- Imediatamente, passar a urina do copo para
- Selecionar a lanceta; o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e identificar
- Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movi- com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria do
mentos imprevistos. laboratório.

Punção digital: Posicionar o dedo e introduzir a lanceta de for- Cuidados para realizar a coleta de Urina: Jejum: não é necessá-
ma perpendicular na face lateral interna da falange. rio. Retenção Urinária: pode ser a primeira da manhã ou o tempo
mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líqui-
Punção no calcanhar: Posicionar o calcanhar entre o polegar e dos. Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido
o indicador e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face pelo laboratório coleta realizada de acordo com o laboratório.
lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central.
A punção deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e Tipos de exames de Urina: Exame de Urina tipo I de material
não de outra forma, pois poderá causar inflamações. enviado (o procedimento básico de urina deverá ser realizado no
laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o proce-
- Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de dimento básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar
fluidos celulares do que sangue. Colher a amostra a partir da se- ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame de Urina tipo I com
gunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Uri-
a gota de sangue não fluir livremente, efetuar uma massagem leve na deverá ser realizado no laboratório, de acordo com a solicitação
para se obter uma gota bem redonda (esta massagem no local da médica.
punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer
contaminação). Crianças muito pequenas: A coleta pode ser realizada no labo-
- As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar; ratório, onde haverá troca de coletores e assepsia a cada 30 minu-
- Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, tro- tos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa,
que-o pelo subsequente, na sequência correta de coleta. Atenção: em coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma
ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser o higiene intima rigorosa na criança, antes de colocar o coletor.
primeiro e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao
da coleta tradicional para sangue venoso, mas minimiza o efeito de Como coletar Fezes: Procedimento básico.
influência da coagulação nos resultados de análise). - Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções espe-
- Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar cíficas.
deve ser removido e descartado. Agora o microtubo pode ser gen- - Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando cui-
tilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar dado de não contaminar as fezes com a urina ou água do vaso sa-
espuma e hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homoge- nitário.
neização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho
microcoágulos. de uma noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença
- Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca de muco ou sangue, colher também esta porção “feia” das fezes,
estéril até parar o sangramento. sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e iden-
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartado- tificar com seu nome completo e encaminhar ao laboratório.
res apropriados.
Tipos de exames de Fezes
Técnica para microcoleta de sangue venoso: Os locais de pun- Exame parasitológico simples: Pode ser colhida em qualquer
ção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso horário do dia. Enviar ao laboratório em até 2 horas após a coleta,
das mãos e dos pés, e do braço. A área escolhida para ser punciona- se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la
da deve ser mantida imobilizada onde a visualização da veia pode em geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.
ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos Exame parasitológico com conservante: Paciente irá receber
e/ou aquecendo ou friccionando a área. um kit contendo 3 frascos coletores (2 com líquido conservante e 1
- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo car- sem conservante). Seguir o procedimento básico de coleta de fezes
regador ou de transporte. Introduzir o funil através da tampa de porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos
borracha. 1 dia de intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer. frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes no líquido. Conser-
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até var em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A últi-
completar o volume. ma amostra deve ser colocada no frasco sem conservante. Tampar
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o bem, identificar com nome completo e encaminhar ao laboratório.
material utilizado na coleta no descartador apropriado. Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneiza- em temperatura ambiente, ou no máximo 14 horas se refrigerada.
ção perfeita.
Exame parasitológico seriado: Você vai receber 3 frascos cole-
Como coletar Urina ( amostra ocasional): Procedimento Básico. tores sem conservante. Seguir o procedimento básico de coleta de
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instru- fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
ções específicas.- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa, a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente
usando sabonete e água; enxaguar bem com água abundante e se- ou no máximo 14 horas se refrigerada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Cultura de Fezes: Seguir o procedimento básico de coleta de fe- outros métodos radiográficos é que num mesmo estudo avalia as
zes. Após a coleta, encaminhar ao laboratório em até 3 horas, se em estruturas ósseas e os componentes de partes moles, usando dose
temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada. Caso esteja de irradiação menor para o paciente do que uma planigrafia linear
usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do medicamento ou multidirecional.
para colher as fezes. Caso seja necessário o uso de laxantes, são
permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio. Consulte seu Ressonância Nuclear Magnética: É considerada com um dos
médico. maiores avanços da medicina em matéria de diagnóstico por ima-
gem neste século. Seus princípios são bastante complexos e envol-
Crianças muito pequenas: Não utilizar as fezes da fralda quando vem conhecimentos nas mais diversas áreas das ciências exatas. A
estiverem diarreicas ou líquidas, solicitar coletores infantis forneci- grande vantagem da RNM está segurança, já que não usa radiação
dos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente ionizante. Os prótons dos tecidos são submetidos a um campo mag-
para o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente. nético e tendem a alinharem-se contra ou a favor desse campo. O
Encaminhar ao laboratório em até 3 horas se em temperatura am- Contraste da imagem em RNM é baseado nas diferenças de sinal
biente ou em até 6 horas se refrigerada. entre distintas áreas ou estruturas que comporão a imagem.
A RNM tem a capacidade de mostrar características dos dife-
Coleta para pesquisa de sangue oculto: Fazer dieta prévia de 3 rentes tecidos do corpo com um contraste superior a Tomografia
dias e no dia da coleta do material; Dieta deve ser com exclusão de: Computadorizada (TC) na resolução de tecidos ou partes moles.
Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor, Apesar de grande aplicabilidade a RNM tem algumas desvantagens.
brócolis e beterraba);Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha, Por utilizar campos magnéticos de altíssima magnitude, é poten-
grão-de-bico e milho); Azeitona, amendoim, nozes, avelã e casta- cialmente perigosa para aqueles pacientes que possuem implantes
nha; Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspi- metálicos em seus organismos, sejam marcapassos, pinos ósseos de
rina, anti-inflamatórios, corticoides...). Se utilizar, informar ao La- sustentação, clips vasculares e etc. Esses pacientes devem ser minu-
boratório no momento da entrega do material; Evitar sangramento ciosamente interrogados e advertidos dos riscos de aproximarem-
gengival (com escova de dente, palito...). -se de um magnético e apenas alguns casos, com muita observação,
Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega do podem ser permitidos. Outra desvantagem está na pouca definição
material. Manter refrigerado por no máximo 14 horas. de imagem que a RNM tem de tecidos ósseos normais, se compara-
da à TC, pois esses emitem pouco sinal.
Os exames complementares fornecem informações necessá-
rias para a realização do diagnóstico de uma determinada alteração Exames Laboratoriais
ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exa- Exames Hematológicos: A maioria das doenças hematológicas
me complementar devem ser direcionar levando-se em considera- determina o aparecimento de significativas manifestações bucais.
ção os dados obtidos através da anamnese e exame físico, sabendo Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doen-
exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente o ça fazendo com que, em muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro
valor e limitações do exame solicitado. profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças sis-
têmicas de natureza hematológica.
Exames de Imagem Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência de
Radiografia: É de uso comum em todas as especialidades e de hemorragias, analisando fatores importantes como: local, duração
uso frequente em odontologia. Para avaliação de lesões bucais é e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemorragia,
principalmente utilizada quando afetam tecido ósseo, principal- aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de he-
mente maxila e mandíbula. Em determinadas situações, a radiogra- morragia. Ao suspeitar de condição hemorrágica, o profissional
fia será conclusiva, como na detecção de corpos estranhos, dentes deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem
retidos, anedotas parciais, fraturas radiculares e anomalias de po- alterações de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao
sição. hematologista para que o tratamento seja efetuado.
Sialografia: É o exame radiográfico das glândulas salivares A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação
maiores após a injeção de substância como meio de contraste, re- (TC), tempo de sangramento (TS) e realização do teste de fragilida-
velando detalhadamente o seu sistema excretor. É usada no estudo de capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultó-
anatômico e funcional das glândulas parótidas e submandibulares rio, de fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de
com suspeita de anomalias como síndrome de Sjögren, sialoadeni- alterações significativas na hemostasia.
tes crônicas e tumores. O hemograma é uma bateria de exames complementares. Con-
siste na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, dosagem de
Ultrassonografia: A ultrassonografia (US) ou ecografia é um mé- hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
todo exclusivamente anatômico, propiciando a realização da “ma- específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaque-
croscópica patológica” in vivo através de vibrações de alta frequên- tas. O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos,
cia 7-10MHz que se refletem nas interfaces de tecidos de diferentes nos infecciosos supurativos ou não, nos alérgicos específicos, nas
densidades. Nas intensidades utilizadas para fins diagnósticos não moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho he-
produz alterações nos tecidos que atravessa. A ultrassonografia é matopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes
utilizada principalmente nas patologias das glândulas tireoide e pa- processos. Entretanto, o hemograma fornece informações precisas
ratireoide, glândulas salivares e massas cervicais. nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das
Tomografia Computadorizada: A tomografia computadorizada anemias.
(TC) foi descoberta em 1972 na Inglaterra por Godfrey Hounsfield Exame de Urina: A urina é o resultado da filtração de plasma
e James Ambrose. O aparelho de TC consiste basicamente de um pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção exerci-
tubo de raios X que emite raios em intervalos, enquanto roda 180o dos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente
em torno da cabeça do paciente. A grande vantagem da TC sobre os laboratorial valioso na rotina do complexo pré-operatório. É um dos

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
demonstradores das numerosas manifestações de doenças sistêmi- Vantagens
cas. Os elementos de maior importância no exame de urina e que - método simples e praticado sem anestesia;
devem ser analisados são: densidade, volume, cor, aspecto, pH, gli- - rápida execução;
cosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile. - não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às vezes
pela biópsia;
Outros Exames - barato.
O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames labora-
toriais como: reação do Machado-Guerreiro, na doença de Chagas; Limitações
reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diag- - evidencia apenas lesões superficiais;
nóstico de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman, - o diagnóstico geralmente não é fundamentado num resultado
na toxoplasmose; reação de Mantoux, na tuberculose; reação de positivo para malignidade, pois neste caso a biópsia será indispen-
Mitsuda na hanseníase (lepra). sável para confirmação definitiva;
Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação na - em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma
clínica odontológica a taxa de glicemia e exames sorológicos para biópsia, e em caso de resultado negativo pode permanecer a dúvi-
lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer no da.
tratamento odontológico de um paciente diabético. O dentista deve
estar sempre atento, a fim de detectar sinais e sintomas que pos- Indicações
sam sugerir a presença de tal afecção. A dificuldade de cicatrização, - infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose);
hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede excessiva são - doenças autoimunes (pênfigo);
dados que indicam a requisição da determinação da taxa de glice- - infecções virais (herpes primária, herpes recorrente).
mia. Se esta apresentar alta dosagem, estará confirmada a hipótese
clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao médico Contraindicações
para tratamento. A presença de úlceras e placas na mucosa bucal, o - lesões profundas cobertas por mucosa normal;
clínico deve pensar na possibilidade de etiologia luética e requisitar, - lesões com necrose superficial;
quando julgar necessário, os exames complementares específicos - lesões ceratóticas.
que irão ou não confirmar tal suspeita.
Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste Procedimento
basicamente na análise de células que descamam fisiologicamente O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais
da superfície. Não é um método recente e sua utilização é ante- de uma determinada lesão, confecção do esfregaço sobre a lâmina
rior à metade do século XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da
1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos em citologia esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classifi-
colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do cação de esfregaço apresentado por Papanicolau & Traut e modifi-
câncer da genitália feminina. Em 1951, Muller e col. utilizaram a cado por Folson e col.
citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame.
a razão do método útil e válido: classe I - células normais.
classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade.
-sob condições normais, existe uma forte aderência entre as
classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de maligni-
camadas mais profundas do epitélio, o que dificulta a sua remoção.
dade.
- nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa
classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
aderência ou coesão celular é bastante frágil, o que permite facil-
classe V - células indicando malignidade.
mente sua remoção.
- nos processos malignos, as células apresentam alterações ca-
Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e
racterísticas especiais que as diferenciam das células normais, tais
V se faz necessária a biópsia para confirmar resultado. Atualmente
como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares e os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- ausência de células malignas.
citoplasma, nucléolos proeminentes e múltiplos, discrepância de A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvolvi-
maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomor- mento acentuado, talvez em decorrência do número de resultados
fismo celular. falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela deficiên-
- cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem cia, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
epitelial, o que vem favorecer o uso de citologia esfoliativa. Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que
propicie o diagnóstico definitivo de uma lesão mas, é de grande va-
A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bu- lia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve
cal foi demonstrada em diversos trabalhos. Entre eles, ressalta o ser feita, mas nunca em detrimento da análise histopatológica.
resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Vetera- Biópsia: É um procedimento cirúrgico simples, rápido e segu-
nis Administration Cooperative Study, Washington, D.C.” publicados ro, em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido mole ou ós-
por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, os re- seo é removida, para estudo de suas características microscópicas.
sultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em 577 A biópsia permite fazer uma correlação entre os achados clínicos
casos, o que conferiu à citologia uma fidelidade de 97%. e histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos, o
diagnóstico definitivo.
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas
de boca, é revelado por sua aplicação na confirmação de diagnósti- Indicações
co de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomi- - toda lesão cuja história e características clínicas não permitam
cose, candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e elaboração do diagnóstico e que não apresente evidência de cura
esfregaço do material obtido. dentro de um período não superior a duas semanas;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se - introdução de anestésico sobre a lesão;
tem um diagnóstico prévio; - uso de substâncias antissépticas corantes;
- lesões intraósseas que não possam ser positivamente identifi- - informações deficientes;
cadas através de exames de imagem. - troca de material pelo clínico ou pelo laboratório

Contraindicações Biópsia Aspirativa com Agulha Fina: É um método utilizado para


- tumores encapsulados (para não provocar difusão para teci- análise citológica de material obtido através da aspiração por agu-
dos vizinhos). Ex: Adenoma pleomórfico em glândula parótida; lha fina. Exige preparação para a realização do procedimento e prin-
- em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de cipalmente para a interpretação do material colhido. A coleta do
biópsia deve ser criteriosa e quando realizada deve seguir normas material é realizada a nível ambulatorial dispensando a internação
de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia. do paciente, com o mínimo de desconforto e sem a necessidade
A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral de anestesia em lesões superficiais. Em lesões profundas pode ser
não necessita de margem de segurança. Atualmente sabe-se que realizada anestesia somente na área onde a agulha será introduzi-
uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como me- da. A principal indicação é para diferenciar tumores benignos de
lanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada malignos. No entanto, em várias situações o diagnóstico final pode
previamente à cirurgia. ser estabelecido. De acordo com estudos estatísticos, a punção é
Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celula- concordante com o diagnóstico final em 85 a 100% das histologias,
res. sendo utilizada em alguns casos como único recurso diagnóstico
para planejamento do tratamento.
Tipos de biópsia A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada do corpo. Entretanto, tem maior indicação em locais de difícil aces-
em caso de lesões extensas ou de localização de difícil acesso. so, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em le- realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que
sões pequenas e de fácil acesso. mais são investigados pela técnica da punção aspirativa, pois fre-
quentemente apresentam tumorações com aumento de volume.
A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histo- Na região de cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada princi-
patológico sempre acompanhada de um relatório onde são discri- palmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores..
minados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são ob-
do paciente, nome do operador, local da biópsia, descrição breve servadas apenas através de exames de imagem como ultrassono-
dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses diagnósticas. Em caso de grafia, mamografia e tomografia computadorizada.
biópsia óssea enviar radiografia. Nestes casos, a biópsia aspirativa dirigida por ultrassom ou to-
mografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão,
Sequência de biópsia fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames
- infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar- de imagem, principalmente a ultrassonografia e tomografia com-
-se de anestesia regional. putadorizada.
- incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch); Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é um
- preensão da peça com pinça “dente de rato”; aparelho onde acopla- se uma seringa de l 0 ml com uma agulha
- corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi; de 2,0 cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introdu-
- colocação do tecido removido em vidro com formol 10%; zida e movimentada rapidamente com pressão negativa. O mate-
- sutura da região quando necessário; rial aspirado é colocado em laminas de vidro que posteriormente
- relatório do espécime e envio ao laboratório serão examinadas. O exame praticamente não provoca nenhum
dano tecidual importante e as complicações são raras, limitando-se
Biópsia incisional com uso de punch: O punch é um instrumento a pequenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em
cilíndrico oco, de extremidade afiada, biselada, com vários diâme- algumas horas. Nos casos de biópsia de lesões profundas em órgãos
tros, sendo os mais utilizados de 4,5 e 6 mm. A outra extremidade é como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha mais longa
o cabo que irá auxiliar a pressão e a rotação do instrumento sobre e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.
o tecido a ser biopsiado. A peça em forma cilíndrica é liberada sec-
cionando-se com um tesoura e tracionando-a com auxílio de uma Exame de Congelação
pinça “dente de rato”. Os espécimes são de muita boa qualidade, É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessida-
não macerados, facilitando o trabalho do patologista. de de se definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para
avaliar se as margens de ressecção cirúrgica estão livres ou com-
Biópsia incisional com uso de saca-bocados: Os saca-bocados prometidas pela neoplasia. É realizado através do congelamento do
são pinças com parte ativa em ângulo e com a ponta em forma de fragmento a ser analisado, que é cortado e corado em uma lâmina
concha que ao ser fechada corta o fragmento de tecido. Por mace- de vidro que será estudada pelo patologista para obter as informa-
rarem demasiadamente os tecidos, esses instrumentos são empre- ções necessárias. Este é um procedimento preliminar com indica-
gados com muita raridade. São utilizados em lesões de difícil acesso, ções precisas uma vez que apresenta restrições devido a limitações
especialmente na borda lateral posterior da língua e na orofaringe. próprias do método.
Complicações das biópsias. Variam de acordo com localização,
tamanho e relação destas com órgãos vizinhos. As complicações Exames Complementares – Objetivos
mais frequentes são: hemorragias, infecções e má cicatrização. - Comentar o emprego dos exames complementares no diag-
Principais causas de erros e falhas das biópsias: nóstico de lesões.
- falta de representatividade do material colhido; - Discutir o emprego de exames de imagens radiográficas, sia-
- manipulação inadequada da peça; lográficas, tomografias computadorizadas, ressonância nuclear
- fixação inadequada; magnética e ultrassonografia, utilizados no diagnóstico de lesões
buco-maxilo-faciais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Discutir o emprego de exames hematológicos e de urina no diagnóstico de lesões de interesse odontológico.
- Discutir o emprego de outros exames laboratoriais solicitados pelo C.D. no diagnóstico de lesões bucais.
- Conceituar citologia esfoliativa.
- Descrever as vantagens e limitações da C.E.
- Citar as indicações de C.E.
- Comentar as contraindicações da C.E.
- Descrever a técnica empregada para obtenção da amostra tecidual na C.E.
- Demonstrar conhecimento do código de classificação de esfregaço de C.E.
- Conceituar biópsias.
- Classificar biópsias.
- Explicar as indicações e contraindicações da biópsia.
- Descrever os tipos de biópsias empregados no diagnóstico de lesões bucais.
- Descrever a sequência da biópsia para a obtenção de amostra tecidual.
- Demonstrar conhecimentos no emprego das biópsias incisionais dos tipos punch e saca- bocados.
- Demonstrar conhecimentos no emprego de biópsias do tipo excisional.
- Descrever as principais causas de erros e falhas de biópsias.
- Conceituar biópsia aspirativa por agulha fina.
- Descrever as indicações da biópsia aspirativa por agulha fina.
- Conceituar exame de congelação.
- Descrever as indicações do exame de congelação.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS: PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS, DOSAGEM, CLASSIFICAÇÃO,


CÁLCULO, VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E RISCO AO PACIENTE

Fundamentos teóricos e práticos de enfermagem

Métodos, cálculos, vias e cuidados na administração de medicamentos, hemocomponentes, hemoderivados e soluções

Medicamentos
Uma as principais funções da equipe de Enfermagem no cuidado aos pacientes é a administração de medicamentos. Exige dos pro-
fissionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, estes fatores garantem a segurança do paciente. Constitui-se de várias etapas
e envolve vários profissionais,o risco de ocorrência de erros é elevado.

Fármaco
Substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica. Sinônimo de princípio ativo.

Nove Certezas
1. usuário certo;
2. dose certa;
3. medicamento certo;
4. hora certa;
5. via certa;
6. anotação certa;
7. orientação ao paciente;
8. compatibilidade medicamentosa;
9. o direito do paciente em recusar a medicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Farmacocinética: Ação do Organismo no Fármaco

Absorção de Medicamentos
“refere-se a velocidade com que uma droga deixa o seu local de administração e a extensão com que isso ocorre.” • “ biodisponibili-
dade: a extensão com que uma droga atinge seu local de ação”.

Farmacocinética – Distribuição
O medicamento será distribuído pelo sistema circulatório, chegando aos tecidos e células para que ocorra ação. • O fármaco circula
ligado a proteínas plasmáticas
• Mas antes ele será matabolizado

Farmacocinética – Metabolização
• É a biotransformação que ocorre no fígado principalmente
• É uma reação química catalizada por enzimas que transformam o fármaco em ATIVO, ou INATIVO
• A fração ativa, circulará livre ou ligada as proteínas plasmáticas até o receptor para fazer seu efeito.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Vias de Administração

Farmacodinâmica
Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação.
• Só a droga livre se liga ao receptor para fazer efeito
• Absorção
• Distribuição
• Metabolização
• Excreção Interferem na quantidade livre para se ligar aos receptores.

Só neste momento é que começa a fazer efeito farmacológico


A análise dos erros, ocorridos nos Estados Unidos pela FDA (MedWatch Program) e USP-ISMP (Medication Errors Reporting Errors),
mostra que as causas dos erros são multifatoriais. Dentre as principais causas estão:
• falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• falta de informação sobre os pacientes;
• violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• erros de transcrição;
• falhas na interação com outros serviços;
• falhas na conferência das doses;
• problemas relacionados à bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
• inadequado monitoramento do paciente;
• erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.

Prejuízos e Danos Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao cliente devido a fatores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reações indesejadas
• Interações farmacológicas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Interação Medicamentosa

O que é interação medicamentosa?


• Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a interação medicamentosa é definida como uma resposta farmaco-
lógica ou clínica à administração de uma combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois agentes administrados individual-
mente.
• Existem interações medicamentosas do tipo medicamentomedicamento, medicamento-alimento, medicamento-bebida alcoólica e
medicamento-exames laboratoriais. As interações medicamentosas podem ocorrer entre medicamentos sintéticos, fitoterápicos, chás e
ervas medicinais.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-medicamento


Um exemplo comum de interação entre dois medicamentos diferentes é a aquela ocorrida entre antiácidos e anti-inflamatórios. Os
medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção dos antiinflamatórios, reduzindo o seu efeito terapêutico. Quando o paciente for
iniciar um tratamento com anti-inflamatórios, verifique todos os medicamentos que utiliza, inclusive os antiácidos.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-alimento


O leite e os alimentos lácteos podem reduzir a absorção das tetraciclinas e, consequentemente, diminuir o seu efeito terapêutico.
Oriente que o paciente faça a ingestão desses alimentos uma hora depois ou duas horas antes da administração das tetraciclinas.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-bebida alcoólica


As bebidas alcoólicas podem aumentar a toxicidade hepática do paracetamol, provocando problemas no fígado do paciente. Oriente
para o paciente não usar bebidas alcoólicas enquanto estiver em tratamento com paracetamol.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-exame laboratorial


Durante o tratamento com amoxicilina, o exame de urina pode encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na
urina. Sempre que for coletar algum tipo de exame laboratorial, verifique se o pacientes não estiver utilizando o medicamento.

Prejuízos e danos
Prejuízos e Danos Estudo feito em instituições hospitalares americanas demonstrou que erros potencialmente perigosos acontecem
mais de 40 vezes/dia em hospital e que um paciente está sujeito, em média, a dois erros/dia. Mais de 770.000 pacientes hospitalizados
sofrem algum tipo de dano ou morte a cada ano por um evento medicamentoso adverso.

Controle na Administração Medicamento


Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, conhecimentos ou acesso às informações necessárias.
Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocorrência de erros no processo de administração de medicamentos.
Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem durante o preparo e administração de medicamentos (formação com conhe-
cimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro).

Controle na Administração Medicamento


• Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, conhecimentos ou acesso às informações necessárias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- Contudo, como é possível que não ocorra a coagulação do san-
rência de erros no processo de administração de medicamentos. gue? Como já foi descrito anteriormente, a conservação dos produ-
• Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem duran- tos sanguíneos é realizada por meio de soluções anticoagulantes-
te o preparo e administração de medicamentos (formação com co- -preservadoras e soluções aditivas, conforme descreve o Ministério
nhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). da Saúde (2008, p. 17):
Soluções anticoagulantes-preservadoras e soluções aditivas
Diluição de Medicamentos são utilizadas para a conservação dos produtos sanguíneos, pois im-
• As informações sobre diluição de medicamentos no dia a dia pedem a coagulação e mantêm a viabilidade das células do sangue
não estão disponíveis de forma simples e prática, é necessário pro- durante o armazenamento. A depender da composição das solu-
tocolo de diluição de medicamentos ções anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para a pre-
• Exemplo (1): servação do sangue total e concentrados de hemácias pode variar.
• Nome: Keflin A cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue total.
• Apresentação: 1gr + água destilada 4ml Cada coleta poderá ser desdobrada em:
• Reconstituição: Próprio diluente (AD) • 1 unidade de Concentrado de Hemácias;
• Diluentes/Volumes: Água Destilada 10ml • 1 unidade de Concentrado de Plaquetas;
• Tempo mínimo de infusão: 1 minuto • 1 unidade de Plasma;
• Forma de administração: Seringa • 1 unidade crioprecipitada.

Observações: Assim, são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro


• A ação de administrar medicamentos é uma tarefa complexa pacientes. O sangue fresco total é considerado o sangue coletado
que envolve conhecimento de diversas áreas e a sua prática deve há no máximo quatro horas. Para a coleta de sangue podem ser
ser cercada de cuidados e de obediência aos princípios gerais. usadas bolsas adequadas contendo anticoagulantes adicionados ou
• É importante que a enfermagem desenvolva pesquisas de conservastes para hemácias.
competência de sua atuação e atualize-se com pesquisas relacio- Quando o volume é pequeno, o sangue pode também ser co-
nadas a medicamentos, desenvolvidas por outros profissionais, es- lhido em seringas heparinizadas. O sangue total armazenado pode
tando atenta, também, aos medicamentos novos e às formas de ser usado para fornir hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de
apresentação das drogas com diferentes métodos de introdução no coagulação estáveis como o fibrinogênio.
organismo que, continuamente, são lançadas no mercado. O sangue fresco total pode ser separado em papa de hemácias
• A falta de conhecimentos e de atualização na temática “ad- e plasma por centrifugação ou sedimentação. Depois de separado,
ministração de medicamentos” tem possibilitado a ocorrência de a papa de hemácias precisa ser posta a uma temperatura que varia
erros no processo da administração levando às IATROGENIAS. entre 1 e 6°C, o mais rápido possível. É necessário que se utilize so-
• Educação permanente: educação e supervisão contínua, rea- lução salina 0,9% para ressuspender as hemácias, não sendo acon-
lizada pelo enfermeiro em seus diversos ambientes de trabalho + selhado outro tipo de solução (REICHMANN; DEARO, 2001).
pesquisa são práticas altamente fecundas. Se o sangue total não for processado ligeiramente e o plasma
• Elaboração de “protocolos” sobre medicamentos pode auxi- for congelado depois de seis horas da colheita, ele é denominado
liar significativamente a assistência de enfermagem livre de riscos. plasma congelado. O plasma congelado mantém concentrações
ajustadas somente dos fatores de coagulação dependentes de vita-
Hemocomponentes, Hemoderivados e soluções mina K (II, VII, IX, X) e também de imunoglobulinas (Ig).
Para entendimento sobre a hemoterapia é necessário com- O plasma fresco congelado pode também ser processado em
preender a diferença entre Hemocomponentes e Hemoderivados; crioprecipitado e crioplasma pobre. O crioprecipitado é o precipi-
neste caso, o Ministério da Saúde (2008, p. 15) esclarece: tado adquirido depois do descongelamento parcial (a temperaturas
Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos. entre 1 e 6°C) do plasma fresco congelado e tem alta concentração
Os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibri-
do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, con- nogênio.
Este componente precisa ser sustentado a -18°C, apresentando
gelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos
assim validade de um ano após a colheita. Depois da preparação
obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma
do crioprecipitado, o produto remanescente é denominado de crio-
por processos físico-químicos são denominados hemoderivados.
plasma pobre. Este componente possui albumina e imunoglobuli-
Dessa forma, é possível concluir que tanto os hemocomponen-
nas e pode ser armazenado por até um ano a -18°C.
tes como os hemoderivados são os produtos possíveis resultantes
O plasma rico em plaquetas também pode ser obtido por cen-
do sangue. Existem duas formas possíveis de obtenção de hemo-
trifugação diferenciada do plasma fresco. Este precisa ser guardado
componentes, a mais comum é por meio da coleta de sangue total,
a uma temperatura que varie entre 20 e 24°C e em movimentação
e a outra mais específica é pela aférese (MINISTÉRIO DA SAÚDE, constante durante até cinco dias.
2008). Concentrado de Hemáceas: é adquirido pela centrifugação do
A aférese pode ser compreendida como: sangue total. Segundo o Ministério da Saúde (2008), a sobrevida
[...] procedimento caracterizado pela retirada do sangue do varia de acordo com a solução preservativa: de 35 a 42 dias. O ar-
doador, seguida da separação de seus componentes por um equi- mazenamento deve ser de 2ºC a 6º C.
pamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja re- Seu volume varia entre 220 e 280 ml. Então, uma bolsa de san-
tirar na máquina e devolução dos outros componentes ao doador gue total (ST) é submetida à centrifugação, remoção da maior parte
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 15). do plasma e como consequência obtém-se 220 a 280 ml de concen-
O sangue total: a centrifugação é um dos procedimentos que trado de hemácias (CH).
facilita a separação do sangue total, o que permite a formação de A indicação para que seja realizada a transfusão de concen-
camadas. Após sofrer o processo de centrifugação o sangue total trado de hemácias, deve ser criteriosa e individual, de acordo com
fica separado em basicamente três camadas, denominadas, plas- o fator determinante: estado hemodinâmico do paciente, anemia
ma, buffy-coat e hemácias. aguda, classificação de Baskett.

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sobre a indicação de concentrado de hemácias o Ministério da O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximada-
Saúde (2008, p. 29) alerta: mente 30min em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser reali- a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. A avaliação da res-
zada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de posta terapêutica a transfusão de CP deve ser feita através de nova
oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a resposta
todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situa- clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais,
ções de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compen- a avaliação laboratorial 10min após o término da transfusão pode
satórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição facilitar a avaliação da resposta e possui resultados comparáveis
da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 37).
nível de hipóxia tecidual. Plasma fresco congelado: é obtido depois do fracionamento
Em algumas ocasiões a transfusão não é indicada, como no do sangue total, congelar até oito horas depois da coleta. Deve ser
caso de anemia por perda sanguínea crônica, anemia por insuficiên- guardado a uma temperatura de, no mínimo, -20º C, tendo validade
cia renal crônica, anemia hemolítica constitucional, Doença Falci- de doze meses.
forme, Talassemias, etc. O plasma fresco congelado (PFC) possui albumina, globulina,
Não se deve valorizar somente os valores de Ht e Hb, pois em fibrinogênia e fatores de coagulação sanguínea. Uma vez que é des-
casos de anemia hemolítica autoimune, em geral, não é encontrado congelado precisa ser usado em até quatro horas.
sangue compatível e todo sangue que for transfundido é hemolisa- A indicação de utilização do Plasma Fresco Congelado é, como
do, indicado imunossupressão imediata. Transfusão sanguínea, nes- nos casos anteriores, dependente da avaliação médica, cabe res-
ses casos, somente com grande risco de vida. Solicitando sempre saltar o que é preconizado pelo Ministério da Saúde (2008, p. 38):
acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta. As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restri-
Portanto, a indicação do CH segue critérios médicos, já que é tas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da
este profissional que realiza a prescrição e indicação da transfusão, coagulação. O componente deve ser usado, portanto, no tratamen-
por este motivo este item não será abordado amplamente, pois to de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente na-
existem protocolos médicos que especificam quais são as situações queles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando
nas quais é indicada a terapia com CH e as contraindicações. não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de
Outra questão importante é a dose a ser infundida no pacien- fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral.
te, que também é realizada pela avaliação médica. Quanto a isto, o A dose volume a ser transfundida em um paciente vai depen-
Ministério da Saúde (2008, p. 32) descreve:
der do peso e das condições hemodinâmicas do paciente, esta ava-
Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente
liação será feita pelo médico. É importante ressaltar que o uso de
para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb
10-20 ml de PFC por Kg aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores
atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a
de coagulação do paciente.
transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3%
Os cuidados antes da administração do PFC devem ser seguidos
e a Hb em 1 g/dl. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido
rigorosamente para impedir intercorrências, são eles:
não deve exceder 10 a 15ml/kg/hora.
• Antes da transfusão deve ser completamente descongelado,
O modo de administração é de suma importância e neste a
para isto pode-se utilizar o banho-maria a 37ºC ou equipamento
enfermagem envolve-se diretamente, por isso é necessário ter co-
nhecimento. A este respeito o Ministério da Saúde (2008, p. 32) específico;
esclarece: • Após ser descongelado deve ser utilizado o mais rápido pos-
O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 min sível, no máximo seis horas após o congelamento em temperatura
a 120 minutos (min) em pacientes adultos. Em pacientes pediá- ambiente ou 24 horas após refrigeração;
tricos, não exceder a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. • Depois de ser descongelado não pode mais ser congelado;
A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser • É importante observar atentamente o aspecto das bolsas an-
feita através de nova dosagem de HB ou HT 1-2 horas (hs) após a tes de iniciar a transfusão, pois vazamentos e alterações de cor são
transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes alertas para não administração.
ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30min após o
término da transfusão e possui resultados comparáveis. Também é importante seguir a seguinte orientação:
Concentrado de plaquetas: as plaquetas são decorrentes dos Na transfusão de plasma, todos os cuidados relacionados à
megacariócitos, que se localizam na medula óssea. Elas operam na transfusão de hemocomponentes devem ser seguidos criteriosa-
fase primária da coagulação e são conseguidas pela centrifugação mente. A conferência da identidade do paciente e rótulo da bolsa
do plasma. Precisam ser estocadas à temperatura de 22º C, em agi- antes do início da infusão e uso de equipo com filtro de 170 a 220
tação contínua. nm são medidas obrigatórias. O tempo máximo de infusão deve ser
A indicação para a utilização de concentrado de plaquetas (CP) de 1 hora (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 45).
depende igualmente ao CH de avaliação e protocolos médicos, en- Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido por meio
tretanto é possível ressaltar: do procedimento de congelamento rápido, descongelamento e
Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associa- centrifugação do plasma. É rico em fator VIII: c (atividade pró-coa-
das às plaquetopenias desencadeadas por falência medular, rara- gulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator
mente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição XIII e Fibronectina.
periférica ou alterações congênitas de função plaquetária (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 32). Conforme o Ministério da Saúde (2008, p. 45), as indicações
A dose indicada é estabelecida por meio do critério de uma para a utilização do crioprecipitado são:
unidade de CP para cada 7 a 10 Kg de peso do paciente. Todavia, o [...] tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida
médico poderá avaliar também a contagem plaquetária do paciente (<100mg/dl), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hi-
para, posteriormente, realizar a prescrição de dosagem. O tempo pofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento
de infusão a ser seguido para administração de CP é: trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular dis-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
seminada (CID). Somente 50% do total dos 200mg de fibrinogênio nome do paciente, quantidade e dose, além da data, nome e assina-
administrados/bolsa no paciente com complicações devido à trans- tura do médico responsável. Ao notar a falta de um entorpecente,
fusão maciça são recuperados por meio intravascular. notifique tal fato imediatamente à chefia.
E também nos seguintes casos: A administração de medicamentos segue normas e rotinas que
a) Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiên- uniformizam o trabalho em todas as unidades de internação, facili-
cia isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se tando sua organização e controle. Para preparar os medicamentos,
dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial. faz-se necessário verificar qual o método utilizado para se aviar a
b) Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascu- prescrição - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, folha
lar disseminada-CID e graves hipofibrinogenemias. impressa em computador.
c) Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por deficiên- Visando administrar medicamentos de maneira segura, a enfer-
cia deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator XIII magem tradicionalmente utiliza a regra de administrar o medicamento
industrial. certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora certa.
d) Repor Fator de von Willebrand em pacientes que não têm Durante a fase de preparo, o profissional de enfermagem deve
indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que
não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de o paciente receba corretamente a medicação. Isto justifica porquê
concentrados de Fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand. o medicamento deve ser administrado por quem o preparou, não
sendo recomendável a administração de medicamentos preparados
O crioprecipitado antes de ser infundido deve ser descongela- por outra pessoa.
do em uma temperatura de 30ºC a 35ºC no prazo máximo de quinze
As orientações a seguir compreendem medidas de organizati-
minutos, podendo ser feito por meio de banho-maria.
vas e de assepsia que visam auxiliar o profissional nesta fase do tra-
A transfusão após o descongelamento deve ser imediata, mas
balho: lavar sempre as mãos antes do preparo e administração de
poderá também ficar estocado por até seis horas em temperatura
medicamentos, e logo após; preparar o medicamento em ambiente
ambiente e entre 20º e 24º C ou por até quatro horas quando o com boa iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair
sistema for aberto. a atenção com atividades paralelas e interrupções que podem au-
Uma das formas para se calcular a dosagem a ser administrada mentar a chance de cometer erros;
de crioprecipitado é 1.0 a 1.5 bolsas de Criopreciptado para cada 10 Ler e conferir o rótulo do medicamento três vezes: ao pegar
Kg de peso do paciente, sendo a intenção de se atingir níveis de fi- o frasco, ampola ou envelope de medicamento; antes de colocar
brinogênio de 100mg/dl com reavaliação a cada três ou quatro dias. o medicamento no recipiente próprio para administração e ao re-
colocar o recipiente na prateleira ou descartar a ampola/frasco ou
Princípios da administração de medicamentos e Cálculo de outra embalagem.
Medicacão Um profissional competente não se deixa levar por comporta-
A administração de medicamentos é uma das atividades que mentos automatizados, pois tem a consciência de que todo cuidado
o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita frequência, re- é pouco quando se trata de preparar e administrar medicamentos;
querendo muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica Realizar o preparo somente quando tiver a certeza do medica-
para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve mento prescrito, dosagem e via de administração; as medicações
uma sequência de ações que visam a obtenção de melhores resul- devem ser administradas sob prescrição médica, mas em casos de
tados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a situa-
na qual é realizado o atendimento. ção estiver sob controle, todas as medicações usadas devem ser
Assim, é importante compreender que o uso de medicamen- prescritas pelo médico e checadas pelo profissional de enfermagem
tos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas que fez as aplicações;
decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais de provocar Identificar o medicamento preparado com o nome do pacien-
danos ao paciente, sendo imprescindível que o profissional esteja te, número do leito, nome da medicação, via de administração e
preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais de- horário; observar o aspecto e características da medicação, antes
correntes dos erros que possa vir a incorrer. de prepará-la; deixar o local de preparo de medicação em ordem
Geralmente, os medicamentos de uma unidade de saúde são e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; utilizar
bandeja ou carrinho de medicação devidamente limpos e desinfe-
armazenados em uma área específica, dispostos em armários ou
tados com álcool a 70%; quando da preparação de medicamentos
prateleiras de fácil acesso e organizados e protegidos contra poeira,
para mais de um paciente, é conveniente organizar a bandeja dis-
umidade, insetos, raios solares e outros agentes que possam alterar
pondo-os na seqüência de administração.
seu estado ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser ar-
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à fase de ad-
mazenados e conservados em refrigerador.
ministração: manter a bandeja ou o carrinho de medicação sempre
Os recipientes contendo a medicação devem possuir tampa e
à vista durante a administração, nunca deixando-os, sozinhos, junto
rótulo, identificados com nome (em letra legível) e dosagem do fár- ao paciente; antes de administrar o medicamento, esclarecer o pa-
maco. ciente sobre os medicamentos que irá receber, de maneira clara e
A embalagem com dose unitária, isto é, separada e rotulada compreensível, bem como conferir cuidadosamente a identidade
em doses individuais, cada vez mais vem sendo adotada em gran- do mesmo, para certificar-se de que está administrando o medica-
des centros hospitalares como meio de promover melhor controle mento à pessoa certa, verificando a pulseira de identificação e/ou
e racionalização dos medicamentos. pedindo-lhe para dizer seu nome, sem induzi-lo a isso; permanecer
Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclarecidos quan- junto ao paciente até que o mesmo tome o medicamento.
to à utilização dos medicamentos receitados pelo médico, e orienta- Deixar os medicamentos para que tome mais tarde ou permitir
dos em relação ao seu armazenamento e cuidados - principalmente que dê medicação a outro são práticas indevidas e absolutamente
se houver crianças em casa, visando evitar acidentes domésticos. condenáveis; efetuar o registro do que foi fornecido ao paciente,
Os entorpecentes devem ser controlados a cada turno de trabalho e após administrá-los.
sua utilização feita mediante prescrição médica e receita contendo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Administrando medicamentos por via oral e sublingual: Para aspirar o medicamento da ampola ou frasco ampola, segu-
Material necessário: rá-lo com dois dedos de uma das mãos, mantendo a outra mão livre
-bandeja para realizar, com a seringa, a aspiração da solução.
- copinhos descartáveis No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, introduzi-lo den-
- fita adesiva para identificação tro do frasco e deixar que a força de pressão interna desloque o ar
- material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. para o interior da seringa.
- água, leite, suco ou chá trar o medicamento. Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e
aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose múltipla, inje-
Administrando medicamentos por via retal tar um volume de ar equivalente à solução e, em seguida, aspirá-lo.
Material necessário: O procedimento de introduzir o ar da seringa para o interior
bandeja do frasco visa aumentar a pressão interna do mesmo, retirando fa-
luvas de procedimento cilmente o medicamento, haja vista que os líquidos movem-se da
forro de proteção uma área de maior pressão para a de menor pressão. Portanto, ao
gazes aspirar o medicamento, manter o frasco invertido
medicamento sólido ou líquido Após a remoção do medicamento, retirar o ar com a agulha
comadre (opcional) e a seringa voltadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o
êmbolo, para remover a solução contida na agulha, visando evitar
Administrando medicamentos tópicos por via cutânea, ocular, seu respingo quando da remoção do ar
nasal, A agulha deve ser protegida com o protetor e o êmbolo da se-
-otológica e vaginal ringa com o próprio invólucro.
Identificar o material com fita adesiva, na qual deve constar o
Material necessário: nome do paciente, número de leito/quarto, medicamento, dose e
- bandeja via de administração.
- espátula, conta-gotas, aplicador As precauções para administrar medicamentos pela via paren-
- gaze teral são importantes para evitar danos muitas vezes irreversíveis
- luvas de procedimento ao paciente. Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál-
-medicamento cool a 70%.
É importante realizar um rodízio dos locais de aplicação, o que
Administrando medicamentos por via parenteral evita lesões nos tecidos do paciente, decorrentes de repetidas apli-
A via parenteral é usualmente utilizada quando se deseja uma cações.
ação mais imediata da droga, quando não há possibilidade de admi- Observar a angulação de administração de acordo com a via e
nistrá-la por via oral ou quando há interferência na assimilação da comprimento da agulha, que deve ser adequada à via, ao tipo de
droga pelo trato gastrintestinal. medicamento, à idade do paciente e à sua estrutura física.
A enfermagem utiliza comumente as seguintes formas de ad- Após a introdução da agulha no tecido e antes de pressionar o
ministração parenteral: intradérmica, subcutânea, intramuscular e êmbolo da seringa para administrar o medicamento pelas vias sub-
endovenosa. cutânea e intramuscular, deve-se aspirar para ter a certeza de que
não houve punção de vaso sanguíneo.
Material necessário: Caso haja retorno de sangue, retirar a punção, preparar nova-
- Bandeja ou cuba-rim mente a medicação, se necessário, e repetir o procedimento. Des-
-Seringa prezar a seringa, com a agulha junta, em recipiente próprio para
- Agulha materiais perfurocortantes.
- Algodão
- Álcool a 70% Via intradérmica
-garrote (aplicação endovenosa) É a administração de medicamentos na derme, indicada para
- Medicamento (ampola, frasco-ampola) a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em testes diagnósticos e
de sensibilidade
A administração de medicamento por via parenteral exige pré- Para testes de hipersensibilidade, o local mais utilizado é a re-
vio preparo com técnica asséptica e as orientações a seguir enun- gião escapular e a face interna do antebraço; para aplicação de BCG,
ciadas visam garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de a região deltóide do braço direito. Esticar a pele para inserir a agulha,
contaminação. o que facilita a introdução do bisel, que deve estar voltado para cima;
Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de validade, visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo de 15º com a
o aspecto da solução ou pó e a integridade do frasco. agulha, posicionando-a quase paralela à superfície da mesma.
Certificar-se de que todo o medicamento está contido no corpo Não se faz necessário realizar aspiração, devido à ausência de
da ampola, pois muitas vezes o estreitamento do gargalo faz com vaso sanguíneo na epiderme. O volume a ser administrado não
que parte do medicamento fique retida. Observar a integridade dos deve ultrapassar a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansi-
invólucros que protegem a seringa e a agulha; colocar a agulha na bilidade, sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5.
seringa com cuidado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a Quando a aplicação é correta, identifica-se a formação de pápula,
parte interna do corpo da seringa e sua ponta. caracterizada por pequena elevação da pele no local onde o medi-
Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool camento foi introduzido.
a 70%, destacando o gargalo no caso de frasco-ampola, levantar a
tampa metálica e desinfetar a borracha. Via subcutânea
Proteger os dedos com algodão embebido em álcool a 70% na É a administração de medicamentos no tecido subcutâneo,
hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa metálica do frasco- cuja absorção é mais lenta do que a da via intramuscular. Doses
ampola. pequenas são recomendadas, variando entre 0,5ml a 1ml. Também

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
conhecida como hipodérmica, é indicada principalmente para vaci- Via endovenosa
nas (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex. A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma ação rápida
heparina) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e con- do medicamento ou quando outras vias não são propícias. Sua ad-
tínua. Seus locais de aplicação são a face externa do braço, região ministração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que
glútea, face anterior e externa da coxa, região periumbilical, região a medicação entra diretamente na corrente sangüínea, podendo
escapular, região inframamária e flanco direito ou esquerdo. ocasionar sérias complicações ao paciente caso as recomendações
preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por
Via intramuscular essa via devem ser cristalinas, não-oleosas e sem flocos em suspen-
A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos são. Para a administração de pequenas quantidades de medicamen-
irritantes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe me- tos são satisfatórias as veias periféricas da prega (dobra) do cotove-
nor número de terminações nervosas no tecido muscular profundo. lo, do antebraço e do dorso das mãos. A medicação endovenosa
A absorção ocorre mais rapidamente que no caso da aplicação sub- pode ser tam bém aplicada através de cateteres intravenosos de
cutânea, devido à maior vascularização do tecido muscular. O volu- curta/longa permanência e flebotomia. O medicamento pode ainda
me a ser administrado deve ser compatível com a massa muscular, ser aplicado nas veias superficiais de grande calibre: região cubital,
que varia de acordo com a idade, localização e estado nutricional. dorso da mão e antebraço. Material necessário: bandeja bolas de
Considerando-se um adulto com peso normal, o volume mais algodão álcool a 70% fita adesiva hipoalergênica garrote escalpe(s)
adequado de medicamento em aplicação no deltóide é de aproxi- adequado(s) ao calibre da veia do paciente) seringa e agulha.
madamente 2ml; no glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora exis-
tam autores que admitam volumes maiores. De qualquer maneira, Venóclise
quantidades maiores que 3ml devem ser sempre bem avaliadas Venóclise é a administração endovenosa de regular quantidade
pois podem não ter uma adequada absorção3 de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundido
Para aplicação em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmen-
25x7, 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes, a te para repor perdas de líquidos do organismo e administrar medi-
agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, visando evitar camentos.
a ocorrência de lesões teciduais. As soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a
Orientar o paciente para que adote uma posição confortável, fisiológica a 0,9%. Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve
relaxando o músculo, processo que facilita a introdução do líquido, ser esclarecido sobre o período previsto de administração, corre-
evita extravasamento e minimiza a dor. lacionando-o com a importância do tratamento e da necessidade
Evite a administração de medicamentos em áreas inflamadas, de troca a cada 72 horas. O profissional deve evitar frases do tipo
hipotróficas, com nódulos, paresias, plegias e outros, pois podem não dói nada, pois este é um procedimento dolorido que muitas ve-
dificultar a absorção do medicamento. Num movimento único e zes requer mais de uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se
com impulso moderado, mantendo o músculo com firmeza, intro- enganado e coloque em cheque a competência técnica de quem
duzir a agulha num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja realiza o procedimento.
retorno de sangue administrar a solução. Material necessário: o mesmo utilizado na aplicação endoveno-
Após a introdução do medicamento, retirar a agulha - também sa, acrescentando-se frasco com o líquido a ser infundido, suporte,
num único movimento - e comprimir o local com algodão molhado medicamentos, equipo, garrote, cateter periférico como escalpe,
com álcool a 70%. gelco ou similar, agulha, seringa, adesivo (esparadrapo, micropore
Os locais utilizados para a administração de medicamentos são ou similar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja, acessórios
as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventroglútea e antero-lateral como torneirinha e bomba de infusão, quando necessária.
da coxa. A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar-se pró-
xima ao nervo ciático, o que contra-indica esse tipo de aplicação
em crianças.
A posição recomendada é o decúbito ventral, com os pés vol- CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM LESÕES
tados para dentro, facilitando o relaxamento dos músculos glúteos; DE PELE
caso não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. O
local indicado é o quadrante superior externo, cerca de 5cm abaixo Teoria e prática do cuidado de feridas e ostomias
do ápice da crista ilíaca. A prática no cuidado ao paciente portador de ferida crônica é
Outra maneira de identificar o local de aplicação é traçando uma especialidade dentro da enfermagem, reconhecida pela Socie-
uma linha imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan- dade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e Asso-
ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da linha ciação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST).
também é segura. A resolução do COFEN nº 0501/2015 regulamenta a competên-
Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda-se que o cia da equipe de enfermagem no cuidado as feridas. De acordo com
paciente esteja em posição sentada ou deitada essa resolução cabe ao enfermeiro capacitado a avaliação e prescri-
Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo durante ção de coberturas para tratamento das feridas crônicas.
a introdução da agulha ) . O músculo vasto lateral encontra-se na A equipe de enfermagem desempenha um papel importante
região antero-lateral da coxa. Indica-se a aplicação intramuscular no no tratamento de feridas sendo que 80% dos casos são acompa-
terço médio do músculo, em bebês, crianças e adultos nhados a nível primário ou ambulatorial onde a realização dos cura-
A região ventroglútea, por ser uma área desprovida de gran- tivos é feita pela equipe de enfermagem em um processo dinâmico
des vasos e nervos, é indicada para qualquer idade, principalmente e gradativo, sendo necessário domínio no conhecimento teórico
para crianças. Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo para um acompanhamento e tratamento eficaz, pois a escolha de
indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a palma da um tratamento equivocado pode prolongar ainda mais o tratamen-
mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em seguida desliza-se o to da ferida.
adjacente (médio) para formar um V. A injeção no centro do V al-
cança os músculos glúteos essos, necrose e lesões de nervo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de existência ou não , tipo de dor apresentada ( pontada, queimação,
uma ferida crônica ardência ou latejante) , tempo e intensidade, se cessa com uso de
Pacientes com Diabetes Melito (DM) e Hipertensão Arterial analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos.
Sistêmica (HAS), possuem alto potencial de desenvolver feridas • Infecção: a pele representa uma barreira consideravel-
crônicas visto que complicações vasculares neste grupo são muito mente eficaz contra agentes patogênicos, quando ocorre uma lesão
mais que frequentes podendo ser potencializados por outros fato- essa barreira é rompida facilitando a penetração de agentes pato-
res como o tabagismo e a obesidade. Esses fatores comprometem gênicos. Os mais comuns são Staphylococcus e Streptococcus, sa-
a perfusão tecidual, aumentando o risco de desenvolver lesões e be-se que alguns microrganismos estão se tornando cada vez mais
dificultando a cicatrização quando as mesmas ocorrem. resistentes como Staphylococcus aureus e Streptococcus aureus,
Nos casos de pacientes acamados ou em uso de cadeira de podendo causar graves prejuízos a ferida e ao paciente, retardan-
rodas o cuidado deve ser redobrado para evitar o surgimento de do o processo de cicatrização. A identificação precoce de infecção
lesões por pressão que normalmente surgem devido a pressão con- nas feridas é fundamental para determinar o tratamento com co-
tinua em proeminências ósseas. berturas apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se
E paralelamente a estes problemas o paciente pode apresentar identificar sinais clínicos de infecção como a presença de exsudato
problemas que interferem no processo de cicatrização como idade purulento com odor. É imprescindível avaliar e registrar a presença
e o seu estado nutricional que se estiver comprometido dificulta o dos sinais de inflamação: rubor, calor, edema e febre.
processo de cicatrização prolongando seu tratamento. • Evolução: A maioria dos serviços especializados em tra-
A cicatrização é um processo sistêmico, isso significa que de- tamento de feridas possuem protocolos bem delineados com for-
pende do organismo como um todo. Por tanto, o profissional de mulários apropriados com informações do estado geral de saúde
saúde deve se concentrar na avaliação holística do paciente ou seja do paciente proporcionando evolução a resposta do tratamento
em seu estado nutricional, emocional, psicossocial e ambiental evi- proposto e possibilitando o detalhamento do aspecto da ferida.
tando focar-se apenas na ferida, cabendo-lhe tirar dúvidas e escla- Todos os itens acima descritos devem constar no registro diário da
recer a importância de hábitos de vida saudáveis como higiene e evolução da lesão.
controle rigoroso de doenças de base como HAS e DM. Em modo geral a característica do tecido encontrado na ferida
nos mostra a recuperação ou a piora da ferida com potencial de im-
Como são classificadas as feridas? pedir novo crescimento celular dificultando o processo de cicatri-
As feridas encontram-se de diversas classificações, sendo ne- zação. Alguns tecidos podem ser vitalizados quando vascularizados
cessário conhecê-las para melhor abordagem terapêutica. apresentam-se de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor. Muitas
feridas podem apresentar tecidos mistos, devendo ser levado em
As lesões crônicas mais comuns são: consideração o tecido predominante no leito da lesão.
- Úlceras vasculogênicas (venosas, arteriais ou mistas);
- Pé diabético; Quais são os aspectos a serem considerados na realização do
- Lesão por doenças autoimunes; curativo?
- Estomas; Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização
- Feridas oncológicas; de curativos:
- Lavagem das mãos antes e depois do procedimento;
Como o enfermeiro deve avaliar uma ferida? - Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e
O enfermeiro ao realizar a avaliação da ferida, deve avaliar explicar o tratamento em curso;
todo seu aspecto a fim de decidir qual o melhor tratamento a ser - A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%;
seguido.Alguns elementos devem ser avaliados e registrados para - Avaliar se a técnica deve ser estéril ou limpa;
garantir um tratamento adequado, cada um dos itens a seguir de- - Não secar o leito da ferida;
vidamente registrados facilitam posteriormente a avaliação do pro- - Utilizar coberturas que favorecem a cicatrização, mantendo
fissional: meio úmido ;
• Área de abrangência e extensão da lesão: define a área - Preencher cavidades ;
onde está localizada a lesão através de medidas de largura e com- - Proteger as bordas da ferida;
primento, devendo ser anotados periodicamente para realização - Ocluir com material hipoalergênico;
de comparação e evolução da ferida. - Desbridar quando necessário;
• Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao re- - Utilizar cobertura conforme a apresentação do tecido;
dor da ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela - Registrar em prontuário o procedimento realizado e a evolu-
ção da ferida.
encontra-se: integra, lacerada, macerada, com presença de ecze-
ma, celulite, edema, corpos estranhos ou sujidades.
Curativos
• Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granula-
Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões são:
ção\esfacelo\recrose).
Idade: a circulação sanguínea e a concentração de oxigênio no
• Características do Exsudato: importante durante a avalia-
local da lesão são prejudicadas pelo envelhecimento, e o risco de
ção, observar a presença de exsudato, a quantidade e a qualidade
infecção é maior.
tem ligação direta a suas condições, devendo portanto ser eviden-
Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às infecções
ciado o tipo de exsudato, coloração o volume , se muito ou pouco,
dependem de uma dieta equilibrada e a episódios como cirurgias,
se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso ou serossanguio traumas graves, infecções e deficiências nutricionais pré-operató-
, além da presença ou não de odor. rias aumentam as exigências nutricionais;
• Dor: Na pele encontramos uma variada rede de termina-
ções nervosas sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecâ- Obesidade: O suprimento sanguíneo menos abundante dos te-
nicos, térmicos e dolorosos provenientes de meio externo. Deve-se cidos adiposos impede o envio de nutrientes e elementos celulares
ser levado em consideração todos os aspectos relacionados a dor, a necessários à cicatrização normal;

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Extensão da lesão: lesões mais profundas, envolvendo maior Alginatos
perda de tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por segunda in- São derivados de algas marinhas e, ao interagirem com a fe-
tenção, sendo susceptíveis a infecções; imunossupressão. rida, sofrem alteração estrutural: as fibras de alginato transfor-
Redução da defesa imunológica contribui para uma cicatriza- mam-se em um gel suave e hidrófilo à medida que o curativo vai
ção deficiente; absorvendo a exsudação. Esse tipo de cobertura é indicado para
Diabetes: o paciente portador de diabetes tem alteração vas- feridas com alta ou moderada exsudação e necessita de cobertura
cular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua oxigenação; além secundária com gaze e fita adesiva.
disso, a glicemia aumentada altera o processo de cicatrização, ele-
vando o risco de infecção. Carvão ativado
Curativo: É o tratamento utilizado para promover a cicatriza- Cobertura composta por tecido de carvão ativado, impregnado
ção de ferida, proporcionando um meio adequado para este pro- com prata - que exerce ação bactericida e envolto por uma camada
cesso. Sua escolha dependerá do tipo e condições clínicas da ferida. de não-tecido, selada em toda a sua extensão. Muito eficaz em feri-
Os critérios para o curativo ideal foram definidos por Turner, citado das com mau odor, é indicada para cobertura das feridas infectadas
por Dealey: exsudativas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura se-
- Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o que pro- cundária com gaze e fita adesiva.
move epitelização mais rápida, diminuição significativa da dor e au-
mento do processo de destruição natural dos tecidos necrosados. Hidrocolóide
-Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar a mace- As coberturas de hidrocoloides são impermeáveis à água e às
ração de tecidos circunvizinhos; bactérias e isolam o leito da ferida do meio externo. Evitam o res-
-Permitir troca gasosa ressalte-se que a função do oxigênio em secamento, a perda de calor e mantêm um ambiente úmido ideal
relação às feridas ainda não está muito esclarecida; para a migração de células. Indicada para feridas com pouca ou mo-
-Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da tempera- derada exsudação, podendo ficar até 7 dias.
tura constante a 37ºC estimula a atividade da divisão celular duran-
te o processo de cicatrização; Hidrogel
-Ser impermeável às bactérias, funcionando como uma barrei- Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável para o
ra mecânica entre a ferida e o meio ambiente. processo de cicatrização, evitando o ressecamento do leito da fe-
-Estar isento de partículas e substâncias tóxicas contaminado- rida e aliviando a dor. Indicada para uso em feridas limpas e não
ras de feridas, o que pode renovar ou prolongar a reação inflama- infectadas, tem poder de desbridamento nas áreas de necrose.
tória, afetando a velocidade de cicatrização;
-Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais com fre- Filmes
quência ocorrem quando o curativo adere à superfície da ferida; Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente de cica-
nessas condições, a remoção provoca uma ruptura considerável de trização úmido, mas não apresenta capacidade de absorção. Não
tecido recém-formado, prejudicando o processo de cicatrização. deve ser utilizado em feridas infectadas.

O curativo aderido à ferida deve ser retirado após umedeci- Papaína


mento com solução fisiológica (composta por água e cloreto de só- A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do látex
dio), sem esfregá-la ou atritá-la. das folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem promovendo a
Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem vitalidade, limpeza das secreções, tecidos necróticos, pus e microrganismos
utilizando cobertura com ação desbridante ou retirada mecânica às vezes presentes nos ferimentos, facilitando o processo de cica-
com pinça, tesoura ou bisturi. trização. Indicada para feridas abertas, com tecido desvitalizado e
Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida, devido ao necrosado.
aumento da permeabilidade capilar.
Ácidos Graxos Essenciais (AGE)
Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que geralmen- Produto à base de óleo vegetal possui grande capacidade de
te ocorre em torno das bordas da ferida, no mais das vezes devido promover a regeneração dos tecidos, acelerando o processo de ci-
à umidade excessiva. catrização. Indicada para prevenção de úlcera de pressão e para to-
A troca de curativos pode baixar a temperatura da superfície dos os tipos de feridas, apresentando melhores resultados quando
em vários graus. Por isso, as feridas não devem ser limpas com so- há desbridamento prévio das lesões.
luções frias e nem permanecerem expostas por longos períodos de
tempo. Um curativo encharcado ou vazando favorece o movimen- Antissépticos
to das bactérias em ambas as direções, ferida e meio ambiente, São formulações cuja função é matar os microrganismos ou
devendo, portanto, ser trocado imediatamente. Não se deve usar inibir seu crescimento quando aplicadas em tecidos vivos. Os antis-
algodão ou qualquer gaze desfiada. sépticos recomendados são álcool a 70%, clorexidina tópica e PVP-I
tópico. Atualmente, não são recomendados o hexaclorofeno, os
Tipos de Curativos mercuriais orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin,
Atualmente, existem muitos curativos com formas e proprie- a água oxigenada e o éter.
dades diferentes. Para se escolher um curativo faz-se necessário,
primeiramente, avaliar a ferida, aplicando o que melhor convier ao Realizando Curativo Através de Irrigação com Solução Fisio-
estágio em que se encontra, a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar lógica
as feridas antes da colocação de cobertura com solução fisiológica Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de feridas
a 0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas podem através de irrigação com solução fisiológica morna e sob pressão,
permanecer por vários dias e as trocas dependerão da indicação do utilizando-se seringa de 20 ml conectada à agulha de 40 x 12, o
fabricante e evolução da ferida. que fornece uma pressão capaz de remover partículas, bactérias e
exsudatos.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais próximo dos na assistência ao paciente cujo diagnóstico é conhecido, subes-
possível da ferida. Após a limpeza por esse método, deve-se secar timando-se a vulnerabilidade do organismo humano a infecções.
apenas a pele íntegra das bordas e aplicar a cobertura indicada no O recomendável é que o trabalhador proteja-se sempre que tiver
leito da ferida, usando técnica asséptica. contato com material biológico e, também, durante a assistência
cotidiana aos pacientes, independente de conhecer o diagnóstico
Realizando Curativo com Pinças ou não, utilizando-se, portanto, das precauções universais padrão.
Material necessário: bandeja, pacote de curativo composto por Estudos demonstram que as maiores causas de acidentes punctó-
pinças anatômicas e Kely estéreis, gazes estéreis, adesivos (micro- rios, entre os trabalhadores da enfermagem, estão nas práticas de
pore, esparadrapo ou similar), cuba-rim, solução fisiológica morna, risco como o reencape de agulhas, o descarte inadequado de obje-
cobertura ou solução prescrita, luvas de procedimento (devido à tos perfurocortantes e a falta de adesão aos EPI.
presença de secreção, sangue.). Além disso, em grande parte dos casos de exposição a material
Executar o procedimento em condições ambientais favoráveis biológico, o status do paciente fonte não é conhecido, o que poten-
(com privacidade, boa iluminação, equipamentos e acessórios dis- cializa o risco de adquirir doenças como o HIV, hepatite B e hepatite
poníveis, material devidamente preparado, dentre outros), que C. A exposição ocupacional é uma importante fonte de infecção por
evitem a disseminação de microrganismos. Preparar o paciente e esses vírus. Um estudo demonstrou que a cobertura vacinal contra
orientá-lo sobre o procedimento. hepatite B dos trabalhadores da saúde envolvidos com os acidentes
No desenvolvimento de um curativo, observar o princípio de estava em torno de aproximadamente 73%, evidenciando o risco
assepsia, executando a limpeza da lesão a partir da área menos de infecção pelo HBV em aproximadamente 27% dos trabalhadores
contaminada e manuseando o material (pacote de curativo, pinças, que não haviam completado o esquema vacinal.
luvas estéreis) com técnica asséptica. Ao realizar curativo com pin- Como se pode perceber, algumas evidências científicas de-
ça, utilizar luvas estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita monstram que o risco para acidentes com material biológico é uma
secreção ou sangue. realidade configurada em muitos cenários. Considerando-se essas
Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a limpeza de informações e o fato de que os trabalhadores da área da saúde en-
dentro para fora (bordas); para um curativo de ferida contaminada contram-se em permanente contato com agentes biológicos (vírus,
o procedimento é inverso, ou seja, de fora para dentro. bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospi-
Orientar o paciente quanto à técnica de realização do curativo tais e laboratórios e, até mesmo na agricultura e pecuária), é fun-
e suas possíveis adaptações no domicílio é imprescindível à conti- damental, portanto, a observância dos princípios de biossegurança
nuidade de seu tratamento e estimula o autocuidado. na assistência aos pacientes e no tratamento de seus fluidos, bem
Quando do registro do procedimento, o profissional deve ca- como no manuseio de materiais e objetos contaminados em todas
racterizar a reação do paciente, condições da pele, aspectos da feri- as situações de cuidado e não apenas quando o paciente-fonte é
da e tipo de curativo aplicado, destacando as substâncias utilizadas. sabidamente portador de alguma doença transmissível.
É válido salientar que em muitos locais de atuação da enfer-
Realizando o Curativo com Luva Estéril magem, são insatisfatórias as condições de trabalho, evidenciadas
O material a ser utilizado é o mesmo do curativo com pinça, por problemas de organização, deficiência de recursos humanos e
excluindo – se o pacote de curativo. materiais e área física inadequada do ponto de vista ergonômico.
Utilizando-se a luva de procedimento, retirar a cobertura do Acredita-se que esta conformação é fator preditivo para a exposi-
curativo. Em seguida, abrir utilizá-lo como campo estéril. Calçar a ção a riscos ocupacionais.
luva estéril, mantendo a mão predominante para manipular a gaze Neste panorama, é instituída a Norma Regulamentadora nú-
e a área da ferida, seguindo rigorosamente os princípios de assep- mero 32 (NR 32), do Ministério do Trabalho e Emprego (BR) que
sia. Com a outra mão, manipular o material e a solução.o pacote de trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, com
gaze cuidadosamente, para não contaminar seu interior. o objetivo de agrupar o que já existe no país em termos de legisla-
ção e favorecer os trabalhadores da saúde em geral, estabelecendo
diretrizes para implementação de medidas de proteção à saúde e
CONTROLE DE INFECÇÃO E BIOSSEGURANÇA. CONCEI- segurança dos mesmos. Esta norma trata dos riscos biológicos; dos
TUAÇÃO DE COLONIZAÇÃO, CONTAMINAÇÃO, INFECÇÃO riscos químicos; das radiações ionizantes; dos resíduos; das con-
COMUNITÁRIA E INFECÇÃO HOSPITALAR. DESCRIÇÃO dições de conforto por ocasião das refeições; das lavanderias; da
DAS PRECAUÇÕES PADRÃO E DAS PRECAUÇÕES BASEA- limpeza e conservação; e da manutenção de máquinas e equipa-
DAS NO MODO DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS. HIGIENI- mentos em serviços que prestam assistência à saúde.
ZAÇÃO DAS MÃOS. USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTE- A infecção hospitalar é uma síndrome infecciosa (infecção) que
ÇÃO INDIVIDUAL o indivíduo adquire após sua hospitalização ou realização de proce-
dimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos ambu-
latoriais mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames radioló-
Por volta dos anos 1970, iniciaram-se as discussões envolvendo gicos com utilização de contraste, retirada de pequenas lesões de
a proteção e segurança dos trabalhadores, principalmente aqueles pele e retirada de nódulos de mama, etc.
envolvidos com pesquisa em organismos geneticamente modifica- Para ser considerada infecção hospitalar, o paciente precisa
dos. A partir daí, a questão da exposição ocupacional e o conceito estar internado apelo menos 72 horas.
de biossegurança foram sendo desenvolvidos e introduzidos pela A manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a
comunidade científica, com foco, inicialmente, nos trabalhadores alta, desde que esteja relacionada com algum procedimento reali-
dos laboratórios de análise de material biológico, considerando-se zado durante a internação.
a incidência, nestes profissionais, de doenças como a tuberculose
e hepatite B. Fatores predisponentes
Sabe-se que, em grande parte dos cenários de prestação de - Pacientes imunodeprimidos;
cuidados de enfermagem, negligenciam-se normas de biosseguran- - Lavagem incorreta das mãos, dos profissionais, acompanhan-
ça; os equipamentos de proteção individual (EPI) são mais utiliza- tes e visitantes.

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Esterilização deficiente de instrumental cirúrgico. - Lavagem das mãos.
- Técnicas incorretas e procedimentos invasivos. - Vacinação de pacientes de alto risco para complicações de
- Limpeza deficiente de ambientes, materiais e roupas. infecções pneumocócicas.
- Alimentos trazidos de fora do hospital.
- Flores e objetos trazidos de fora do hospital. Prevenção de infecção urinária em pacientes cateterizados
- Evitar o uso de cateterismo vesical quando desnecessário.
Baseando-se nesses fatores devem ser elaboradas ações pre- - Lavar as mãos antes e depois de manipular o sistema. Empre-
ventivas, tais como: uso racional de antimicrobiano, controle de es- gar técnica asséptica e equipamento estéril.
terilização, desinfecção e limpeza, e bloqueio de transmissão pelos - Utilizar cateter de calibre adequado. Fixar a sonda para evitar
profissionais de saúde. movimentação.
- Usar exclusivamente COLETOR FECHADO.
Principais medidas de prevenção e controle - Evitar desconexão do sistema fechado. Manter a bolsa coleto-
ra de urina em nível inferior à bexiga.
Lavagem das mãos - Esvaziar a bolsa coletora a intervalos de oito horas, no máxi-
- Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a su- mo, ou quando preenchidos 2/3 da sua capacidade.
perfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, segui- - Higienizar a região perineal, com água e sabão, três vezes ao
da de enxágue abundante em água corrente. dia, ou quando necessário.
- A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante
para a prevenção e controle das infecções hospitalares. Prevenção de infecção da corrente sanguínea
- O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após Cuidados relacionados aos cateteres periféricos
contatos que envolvam mucosas, sangue ou fluidos corpóreos, se- - Lavagem e antissepsia das mãos antes de colocar as luvas es-
creções ou excreções. téreis.
- A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto - Preferir veias de membros superiores.
necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que - Usar técnica asséptica para fazer a punção.
houver contato com diversos sítios corporais, e frente cada uma - Fazer antissepsia do local a ser puncionado.
das atividades. - Realizar troca de cateteres e mudar o sítio de inserção a cada
- A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre 72 horas, ou intervalo menor se indicado.
antes dos procedimentos cirúrgicos.
- A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico Cuidados relacionados aos cateteres centrais
deve considerar o tipo de contato, o grau de contaminação, as con- - Selecionar o Cateter.
dições do paciente e o procedimento a ser realizado. - Usar de preferência a subclávia.
- A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em: - Usar técnica asséptica, incluindo avental, luvas e campos es-
realização de procedimentos invasivos, prestação de cuidados a téreis e máscara.
pacientes críticos, contato direto com feridas e/ou dispositivos in- - Utilizar equipamentos com local próprio para infusão de me-
vasivos, tais como cateteres e drenos. dicamentos.
- Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo - Manter o sistema fechado durante a infusão.
de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis da - Usar o cateter para nutrição parenteral apenas para este fim.
assistência hospitalar. - Trocar os curativos quando estiverem úmidos, sujos ou fora
- A distribuição e a localização de unidades ou pias para lava- do local.
gem das mãos, de forma a atender à necessidade nas diversas áreas - Trocar o cateter apenas se houver suspeita de infecção rela-
hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a cionada ao cateter.
obrigatoriedade da prática. - Trocar todo o sistema em caso de flebite ou bacteremia.

Prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC) E outras medidas gerais como


- Tempo de internação abreviado. - Avaliar bem os pacientes internados;
- Banho completo antes da cirurgia. - Treinar a equipe do hospital, orientando sobre os fatores de
- Tricotomia restrita ao local de incisão, quando necessário, risco que podem levar à uma infecção;
imediatamente antes da cirurgia - Usar antibióticos , quando necessário;
- Fluxo adequado do Bloco Cirúrgico, com circulação mínima. - Comprar material de boa qualidade para a assistência médica;
- Equipe cirúrgica restrita. - Esterilizar corretamente todos os materiais;
- Montagem correta das salas de cirurgia. - Ter uma boa limpeza em todo hospital;
- Paramentação completa (avental, gorro, luvas, máscara e - Uso de equipamento de proteção individual (luvas, óculos
propés) protetor de óculos, protetor de face, avental e outros.) nos proce-
- Lavagem e antissepsia das mãos e ante braços da equipe ci-
dimentos.
rurgica.
- Uso de profilaxia antimicrobiana antes da cirurgia.
- Secagem das mãos com toalhas estéreis.
- Antissepsia do campo operatório.
Prevenção de infecções em profissionais da área da saúde
- Instrumental cirúrgico esterilizado.
O profissional da área da saúde (PAS) pode adquirir ou trans-
mitir infecções para os pacientes, para outros profissionais no am-
Prevenção de infecção respiratória
biente de trabalho e para comunicantes domiciliares e da comuni-
- Educação do corpo clínico e vigilância das infecções.
- Esterilização, desinfecção e manutenção de equipamentos e dade. Deste modo, os programas de controle de infecção hospitalar
artigos. devem também contemplar ações de controle de infecção entre os
- Interrupção da transmissão pessoa para pessoa – precauções PAS.
de barreira.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Aa ações do serviço de saúde ocupacional, no que diz respeito Infecção cruzada
ao controle de infecção, têm como objetivos: É a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganis-
1. Educar o PAS acerca dos princípios do controle de infecção, mo de um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente
ressaltando a importância da participação individual neste contro- ou um instrumento contaminado.
le;
2. Colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de Infecção endógena
exposições a agentes infecciosos e surtos; É um processo infeccioso decorrente da ação de microrganis-
3. Dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças mos já existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medi-
relacionadas ao trabalho; das terapêuticas que reduzem a resistência do indivíduo facilitam a
4. Identificar riscos e instituir medidas de prevenção; multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito impor-
5. Reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas tante, a anti-sepsia pré-cirúrgica.
que resultem em faltas ao trabalho e incapacidade.
Infecção exógena
Ações do serviço de saúde ocupacional É aquela causada por microrganismos estranhos a paciente.
Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário Para impedir essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumen-
que o serviço de saúde ocupacional atue nas seguintes áreas: tos e demais elementos que são colocados na boca do paciente,
Integração com outros serviços: devem estar estéreis. È importante, que barreiras sejam colocadas
- As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coorde- para impedir que instrumentos estéreis sejam contaminados, pois
nadas com o serviço de infecção hospitalar e outros departamentos não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é im-
que se façam necessários. portante que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A
infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o
Avaliações médicas: que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganis-
- Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condi- mos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como é o caso
ções que possam predispor o profissional a adquirir ou transmitir da AIDS, Hepatite B e C.
infecções no ambiente de trabalho; - Procedimento crítico: É todo procedimento em que existe a
- Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de
ao trabalho ou seguimento de exposição de risco (p. ex. triagem continuidade.
para tuberculose, exposição a fluidos biológicos). - Procedimento semi-crítico: Todo procedimento em que exis-
- Atividades educativas: A adesão a um programa de contro- te a presença de secreção orgânica (saliva) sem perda de continui-
le de infecção é facilitada pelo entendimento de suas bases. Todo dade do tecido.
pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de - Procedimento não-crítico: Todo procedimento onde não há
controle de infecção da instituição. presença de sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva). Em
A elaboração de manuais para procedimentos garante unifor- Odontologia não existe este tipo de procedimento.
midade e eficiência. O material deve ser direcionado em linguagem Equipamentos de proteção individual (EPIs)
e conteúdo para o nível educacional de cada categoria de profissio- Equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso
nal. Grande parte dos esforços deve estar dirigida para a conscien- individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
tização sobre o uso do equipamento de proteção individual (EPI). trabalhador. A seguir, uma relação de alguns dos equipamentos de
Programas de vacinação: Garantir que o PAS esteja protegido proteção individual, mais usados em estabelecimentos de saúde,
contra as doenças preveníveis por vacinas é parte essencial do pro- como por exemplo:
grama de saúde ocupacional. Os programas de vacinação devem
incluir tanto os recém-contratados quanto os funcionários antigos. 1. Proteção à cabeça:
Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos que os - Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face
voluntários. contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores de
Manejo de doenças e exposições relacionadas ao trabalho: produtos químicos e radiações luminosas intensas;
Fornecer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar feri-
(p. ex.: exposição ocupacional ao HIV), além de providenciar o diag- mentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas;
nóstico e o tratamento adequados das doenças relacionadas ao tra- - Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que
balho. Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão possam causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da
de infecção para outros profissionais, através do afastamento do ação de líquidos agressivos;
profissional doente (p. ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irrita-
varicela). ção nos olhos, provenientes de poeiras e
Aconselhamento em saúde: Fornecer informação individua- - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irri-
lizada com relação a risco e prevenção de doenças adquiridas no tação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de radiações
ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de profila- perigosas.
xia pós-exposição e consequências de doenças e exposições para o
profissional, seus familiares e membros da comunidade. 2. Proteção para os membros superiores:
Manutenção de registro, controle de dados e sigilo: A manu- - Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores de-
tenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e vem ser usados em trabalhos em que haja perigo de lesão provo-
profilaxias é obrigatória e permite a monitorização do estado de cada por:
saúde do PAS. Devem ser mantidos registros individuais, em condi- - Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou per-
ções que garantam a confidencialidade das informações, que não furantes;
podem ser abertas ou divulgadas, exceto se requerido por lei. - Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos,
oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de petróleo;
- Materiais ou objetos aquecidos;

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Choque elétrico; - Transmissão aérea por aerossol: Quando ocorre pela dissemi-
- Radiações perigosas; nação de partículas, cujo tamanho é de 5um ou menos. Tais partí-
- Frio; culas permanecem suspensas no ar por longos períodos e podem
- Agentes biológicos. ser dispersas a longas distâncias. Medidas especiais para se impedir
a recirculação do ar contaminado e para se alcançar a sua descon-
3. Proteção para os membros inferiores: taminação são desejáveis. Consistem em exemplos os agentes de
- Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares varicela, sarampo e tuberculose.
úmidos, lamacentos ou encharcados; - Transmissão por contato: É o modo mais comum de trans-
- Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos missão de infecções hospitalares. Envolve o contato direto (pessoa-
agressivos; -pessoa) ou indireto (objetos contaminados, superfícies ambientais,
- Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos e itens de uso do paciente, roupas, etc.) promovendo a transferência
- Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica. física de microrganismos epidemiologicamente importantes para
um hospedeiro susceptível.
4. Proteção do tronco: Hospedeiro: Pacientes expostos a um mesmo agente patogêni-
- Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção co podem desenvolver doença clínica ou simplesmente estabelecer
para trabalhos em haja perigo de lesões provocadas por: uma relação comensal com o microrganismo, tornando-se pacien-
- Riscos de origem radioativa; tes colonizados.
- Riscos de origem biológica e Fatores como idade, doença de base, uso de corticosteróides,
- Riscos de origem química. antimicrobianos ou drogas imunossupressoras e procedimentos ci-
rúrgicos ou invasivos podem tornar os pacientes mais susceptíveis
5. Proteção da pele: às infecções.
- Cremes protetores – só poderão ser postos à venda ou utiliza-
dos como EPI, mediante o Certificado de Aprovação (CA) do Minis- Precaução padrão as precauções padrão
tério do Trabalho e Emprego. São um conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos
de transmissão de microrganismos nos hospitais e constituem-se
6. Proteção respiratória: basicamente em:
Para exposição a agentes ambientais em concentrações preju-
diciais à saúde do trabalhador, de acordo com os limites estabele- Lavagem das mãos:
cidos na NR15: 1. Após realização de procedimentos que envolvem presença
- Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem de sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e itens conta-
produção de poeiras; minados.
- Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a 2. Após a retirada das luvas.
agentes químicos prejudiciais à saúde; 3. Antes e após contato com paciente e entre um e outro pro-
- Aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), cedimento ou em ocasiões onde existe risco de transferência de
para locais de trabalho onde o teor de oxigênio seja inferior a 18% patógenos para pacientes ou ambiente.
em volume. 4. Entre procedimentos no mesmo paciente quando houver
risco de infecção cruzada de diferentes sítios anatômicos.
Precaução padrão
A partir da epidemia de HIV/AIDS, do aparecimento de cepas * OBS: O uso de sabão comum líquido é suficiente para lava-
de bactérias multirresistentes (como o Staphylococcus aureus re- gem de rotina das mãos, exceto em situações especiais definidas
sistente à meticilina, bacilos Gramnegativos não fermentadores, pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH (como
Enterococcus sp. resistente à vancomicina), do ressurgimento da nos surtos ou em infecções hiperendêmicas).
tuberculose na população mundial e do risco aumentado para a
aquisição de microrganismos de transmissão sanguínea (hepatite Luvas
viral B e C, por exemplo) entre os profissionais de saúde, as normas - Usar luvas limpas, não estéreis, quando existir possibilidade
de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial. de contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções,
Para entender os mecanismos de disseminação de um micror- membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer item contami-
ganismo dentro deum hospital, é necessário que se conheça pelo nado.
menos três elementos: a fonte, o mecanismo de transmissão e o - Mudar de luvas entre duas tarefas e entre procedimentos no
hospedeiro susceptível. mesmo paciente.
Fonte: As fontes ou reservatórios de microrganismos, geral- - Retirar e descartar as luvas depois do uso, entre um pacien-
mente, são os profissionais de saúde, pacientes, ocasionalmente te e outro e antes de tocar itens não contaminados e superfícies
visitantes, ou materiais e equipamentos infectados ou colonizados ambientais. A lavagem das mãos após a retirada das luvas é obri-
por microrganismos patogênicos. gatória.
Transmissão: A transmissão de microrganismos em hospitais
pode se dar por diferentes vias.
Máscara, protetor de olhos, protetor de face
Os principais mecanismos de transmissão são:
- É necessário em situações nas quais possam ocorrer respin-
- Transmissão aérea por gotículas: Ocorre pela disseminação
gos e espirros de sangue ou secreções nos funcionários.
por gotículas maiores do que 5um. Podem ser geradas durante tos-
se, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos
Avental
(broncoscopia, inalação, etc.). Por serem partículas pesadas e não
- Usar avental limpo, não estéril, para proteger roupas e super-
permanecerem suspensas no ar, não são necessários sistemas es-
peciais de circulação e purificação do ar. As precauções devem ser fícies corporais sempre que houver possibilidade de ocorrer conta-
tomadas por aqueles que se aproximam a menos de 1 metro da minação por líquidos corporais e sangue.
fonte.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Escolher o avental apropriado para atividade e a quantidade Artigos semi-críticos
de fluido ou sangue encontrado. Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra,
- A retirada do avental deve ser feita o mais breve possível com porém, restrito às camadas da pele ou com mucosas íntegras são
posterior lavagem das mãos. chamados de artigos semi-críticos e requerem desinfecção de mé-
dio ou de alto nível ou esterilização. Ex. cânula endotraqueal, equi-
Equipamentos de cuidados ao paciente pamento respiratório, espéculo vaginal, todos os tipos de sondas:
- Devem ser manuseados com proteção se sujos de sangue ou sonda naso e orogástrica, vesicais, nasoenterica etc.
fluidos corpóreos, secreções e excreções e sua reutilização em ou- Artigos não críticos
tros pacientes deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção. Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra e também
- Assegurar-se que os itens de uso único sejam descartados em os que não entram em contato direto com o paciente são chama-
local apropriado. dos artigos não-críticos e requerem limpeza ou desinfecção de bai-
xo ou médio nível, dependendo do uso a que se destinam ou do
Controle ambiental último uso realizado. Ex. termômetro, materiais usados em banho
Estabelecer e garantir procedimentos de rotina adequados de leito como bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do
para a limpeza e desinfecção das superfícies ambientais, camas, paciente, etc.
equipamentos de cabeceira e outras superfícies tocadas frequen-
temente. Limpeza
É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para man-
Roupas ter em estado de asseio os artigos, reduzindo a população micro-
- Manipular, transportar e processar as roupas usadas, sujas de biana. Constitui o núcleo de todas as ações referentes aos cuidados
sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções de forma a pre- de higiene com os artigos hospitalares.
venir a exposição da pele e mucosa, e a contaminação de roupas A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou
pessoais, evitando a transferência de microrganismos para outros de esterilização, pois reduz a carga microbiana através remoção da
pacientes e para o ambiente. sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais. O excesso
de matéria orgânica aumenta não só a duração do processo de es-
Saúde ocupacional e patógenos veiculados por sangue terilização, como altera os parâmetros para este processo. Assim,
- Atenção com o uso, manipulação, limpeza e descarte de é correto afirmar que a limpeza rigorosa é condição básica para
agulhas, bisturis e outros materiais pérfuro-cortantes. Não retirar qualquer processo de desinfecção ou esterilização. “É possível lim-
agulhas usadas das seringas descartáveis, não dobrá-las e não reen- par sem esterilizar, mas não é possível garantir a esterilização sem
capá-las. O descarte desses materiais deve ser feito em caixas apro- limpar”
priadas e de paredes resistentes.
- Usar dispositivos bucais, conjunto de ressuscitação e outros Esterilização
dispositivos de ventilação quando houver necessidade de ressus- A esterilização de materiais é a total eliminação da vida micro-
citação. bianadestes materiais. Caracteriza-se por um processo de destrui-
ção por meio de agentes físicos ou químicos de todas as formas de
Local de internação do paciente vidas microscópica. Um objeto esterilizado, no sentido microbioló-
A alocação do paciente é um componente importante da pre- gico, está, completamente livre de microrganismos viáveis.
caução de isolamento. Quando possível, pacientes com microrga-
nismos altamente transmissíveis e/ou epidemiologicamente impor- 1. A flambagem: É a colocação de material sobre o fogo até que
tantes devem ser colocados em quartos privativos com banheiro e o metal fique vermelho
pia próprios. Vantagem: fácil execução
Desvantagem: Não é seguro, pode não esterilizar alguns tipos
* OBS: Quando um quarto privativo não estiver disponível, pa- de bactérias pelo baixo tempo de exposição. Estraga o material.
cientes infectados devem ser alocados com companheiros de quar-
to infectados com o mesmo microrganismo e com possibilidade 2. Calor seco: Penetra nas substancias de uma forma mais lenta
mínima de infecção. que o calor úmido e por isso exige temperaturas mais elevadas e
tempos mais longos, para que haja uma eficaz esterilização. São
Processamento de artigos hospitalares utilizadas as estufas. Conforme o calor gerado recomenda-se um
certo tempo: a 170 graus Celsius, são necessários 60 minutos. A 120
Artigos Graus são necessárias 12 horas.
A variedade de materiais utilizados nos estabelecimentos de Vantagens: Não forma ferrugem, não danifica materiais.
saúde pode ser classificada segundo riscos potenciais de transmis- Desvantagens: O material deve ser resistente a variação da
são de infecções para os pacientes, em três categorias: críticos, se- temperatura. Na esteriliza líquidos.
mi-críticos e não críticos.
3. Calor úmido
Artigos críticos Autoclave: É a exposição do material a vapor de água sob pres-
Os artigos destinados aos procedimentos invasivos em pele e são, a 121ºC durante 15 min. É o processo mais usado e os mate-
mucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais e no sistema vascu- riais devem ser embalados de forma a permitirem o contato total
lar, bem como todos os que estejam diretamente conectados com do material com o vapor para permitir que a temperatura não seja
este sistema, são classificados em artigos críticos. Estes requerem inferior à desejada, permitir a penetração do vapor nos poros dos
esterilização. Ex. agulhas, cateteres intravenosos, materiais de im- corpos porosos e impedir a formação de uma camada inferior mais
plante, etc. fria. Podem ser usados autoclaves de parede simples ou de parede
dupla, que permitem melhor extração do ar e melhor secagem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
É muito usado para o vidro seco e materiais que não oxidem Controle de qualidade
com a água (os materiais termolábeis não podem ser esterilizado - Indicador paramétrico: Relatório emitido ao término de cada
por esta técnica). É utilizada ainda para esterilizar tecidos. ciclo onde são apresentados parâmetros de controle de esteriliza-
- Indicadores químicos: Mudam de cor consoante a tempera- ção.
tura. - Indicador biológico: Bacillus stearothermophilus (forma espo-
- Indicadores biológicos: Tubo com suspensão de esporos de ruladas mais resistente aos esterilizantes físicos químicos.)
bactérias resistentes que morrem quando exposto por 12 min. Ou - Indicador químico: Marcador de concentração ótima do peró-
mais a uma temperatura de121ºC. Após um repouso de 14h, faz-se xido no interior da câmara.
uma sementeira dos esporos, que deve dar negativa. - Fita indicadora: Utilizada no interior das embalagens com
Vantagens: Fácil uso, custo acessível para grandes hospitais manta de polipropileno.
Desvantagens: Não serve para esterilizar pós e líquidos. - Fita teste: Utilizada no fechamento das embalagens.

Químico Desinfecção, antissepsia e assepsia


- Gás óxido de etileno: O gás óxido de etileno é um produto - Desinfecção: Processo que consiste na destruição, remoção
altamente tóxico usado para esterilizar materiais ou redução dos microrganismos presentes num material inanimado
Vantagens: Não danifica o material através do uso de agentes químicos.
Desvantagens: Danos ao meio ambiente quando manipulado A desinfecção não implica na eliminação de todos os microrga-
erroneamente, alto custo, tóxico para o manipulador, requer aera- nismos viáveis, porém elimina a potencialidade infecciosa do obje-
ção de 48 horas. Demorado. to, superfície ou local tratado.
- Glutaraldeído: Fornecido na forma de líquido a 25 ou 50%, O agente empregado na desinfecção é denominado de desin-
são pouco voláteis a frio e utilizados para a desinfecção de instru- fetante.
mentos médicos. Irritante das mucosas e tóxico, necessita de cui- - Antissepsia: Consiste no mesmo termo usado à desinfecção,
dados especiais só que está relacionada com substâncias aplicadas ao organismo
Vantagens: Facilidade de uso humano, é a redução do número de microrganismos viáveis na pele
pelo uso de uma substancia denominada de antisséptico.
Desvantagens: Esterilização é tempo dependente. Alérgeno,
- Assepsia: Conjunto de meios usados para impedir a penetra-
tóxico e irritante, Mycobactérias podem ser resistentes
ção de microrganismo, em local que não os tenha.
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio
O plasma é o quarto estado da matéria. É definido como uma
nuvem de elétrons, partículas neutras, produzidas a partir da in- ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA. ATUAÇÃO DO TÉC-
teração do peróxido de hidrogênio e um campo magnético. A es- NICO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES
terilização com gás plasma combina peróxido de hidrogênio p/ COM ENFERMIDADES QUE ENVOLVEM OS SISTEMAS
gerar uma onda eletromagnética. O plasma de peróxido não oxida NEUROLÓGICO, DIGESTÓRIO, CARDIOVASCULAR, RESPI-
o material, não degrada o corte, pontas, sulcos de instrumentais RATÓRIO, RENAL, GENITURINÁRIO, ENDÓCRINO, ORTO-
cirúrgicos. Seu produto final não é tóxico, não polui o meio am- PÉDICO E HEMATOLÓGICO. ASSISTÊNCIA CIRÚRGICA AO
biente e nem apresenta toxicidade para o profissional e nem para PACIENTE PELO TÉCNICO DE ENFERMAGEM NO PERÍODO
o paciente. TRANSOPERATÓRIO: PRÉ-OPERATÓRIO IMEDIATO E ME-
- Agente esterilizante: Ampolas contendo: 1,8ml de H2O2 DIATO - RECEPÇÃO E PREPARO DO PACIENTE; INTRAOPE-
(água oxigenada) na forma líquida numa concentração de 58%.Que RATÓRIO - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA
durante a fase da injeção passará da forma líquida para gasosa. AO PACIENTE PELO CIRCULANTE E INSTRUMENTADOR
NA SALA OPERATÓRIA E SUA TRANSFERÊNCIA; PÓS-OPE-
Sterrad RATÓRIO IMEDIATO E MEDIATO - RECUPERAÇÃO ANES-
Esterilização a baixa temperatura 45ºC, é uma alternativa de TÉSICA E RECUPERAÇÃO CIRÚRGICA. BOAS PRÁTICAS DE
esterilização para materiais termo sensíveis. SEGURANÇA DO PACIENTE NO CENTRO CIRÚRGICO
Vantagens: rapidez, ciclo de 50’, ausência de resíduos tóxicos,
fácil instalação, segurança.
Desvantagens: alto custo dos insumos, câmara pequena, 100 Assistência de Enfermagem perioperatória
litros. O termo Peri operatório é empregado para descrever todo o
período da cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. As três
Fases do processo fases dos cuidados Peri operatórios são: Pré-operatório, Transope-
1. Vácuo: Nesta fase através da bomba de vácuo, é removido o ratório e Pós-operatório.
ar de dentro da câmara de esterilização. Pré-Operatório: esse período tem início desde o momento em
2. Injeção: Neste momento as agulhas perfuram as ampolas, que o paciente recebe a indicação da operação e se estende até
fazendo com que passem de liquido p/ gás. a sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se divide em duas
3. Difusão: O peróxido na forma gasosa se espalha por todo o fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.
material, é importante que todos os materiais estejam totalmente Pré-operatório Mediato: começa no momento da indicação da
expostos para que o peróxido entre em contato com toda a super- operação e termina 24 horas antes do seu início. Geralmente, nesse
fície. período o paciente ainda não se encontra internado.
4. Plasma: esterilização propriamente dita. Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz
5. Ventilação: Dura 1 minuto, o ar é filtrado p/ dentro da câ- uma avaliação do estado geral do paciente através de exame clínico
mara do equipamento, igualando a pressão interna com a externa, detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X,
possibilitando a abertura da porta. E os materiais estão prontos! eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de
identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco cirúr-
gico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tratando-se de cirurgias eletivas, onde há previsão de trans- − Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os
fusão sanguínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para provi- exames que porventura forem necessários, salientar a importância
denciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo. de sua colaboração durante os procedimentos;
Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue dis- − Tranquilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido
ponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos hemo- e de destruição da auto-imagem, ouvir atentamente seu discurso,
centros, evitando sua comercialização. dar importância às queixas e seus relatos;
Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem - Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se
os preparos psicoespiritual e o preparo físico. acordado, com ou sem gesso, etc.) e assegurar que terá sempre um
Consentimento cirúrgico:  Antes da cirurgia, o paciente deve profissional da enfermagem para atendê-lo;
assinar um formulário de consentimento cirúrgico ou permissão - Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hos-
para realização da cirurgia. Quando assinado, esse formulário indica pitalar, esclarecer sobre normas e rotinas do local, e proporcionar
que o paciente permite a realização do procedimento e compreen- um ambiente calmo e tranquilo e
de seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se o paciente - Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solicitada.
não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião
antes que o paciente assine o formulário de consentimento.  Preparo físico:
Os pacientes devem assinar um formulário de consentimento − Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as con-
para qualquer procedimento invasivo que exija anestesia e compor- dições que podem atuar negativamente na cirurgia e reforçando as
te risco de complicações. positivas;
Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não - Providenciar e/ou preparar o paciente para exames labora-
é mentalmente competente, um familiar ou um tutor deve assinar toriais e outros exames auxiliares no diagnóstico; − Iniciar o jejum
o formulário de consentimento. Quando o paciente tem menos de após o jantar ou ceia;
18 anos de idade, um dos pais ou um tutor legal deve assinar o - Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocor-
formulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade, que vivem reram sinais ou sintomas de anormalidade ou alteração dos sinais
longe de casa e sustentam-se por conta própria, são considerados vitais;
menores emancipados e assinam o formulário de consentimento. - Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de rou-
Numa emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consenti- pa, cortar as unhas e mantê-las limpas e fazer a barba;
mento. No entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo − Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita; − Reali-
para obter o consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo zar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com água e sabão,
enfermeiro deve estar familiarizado com as normas da instituição e passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário) com bandagens
com as leis estatais relacionadas aos formulários de consentimento estéreis;
cirúrgico. - Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, prende-
Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento an- dores de cabelo e roupas íntimas;
tes que lhes seja administrado qualquer sedativo pré-operatório. - Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apro-
Quando o paciente ou a pessoa designada tiver assinado a permis- priada (camisola, toucas),transportá-lo na maca até o centro cirúrgi-
são, uma testemunha adulta também assina para confirmar que o co com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).
paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um em- Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior
pregado do setor de admissão. É responsabilidade do enfermeiro e pé:
assegurar que todas as assinaturas necessárias figurem no formu- − Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integri-
lário de consentimento, e que este se encontre no prontuário do dade da pele (deverá estar hidratada e lubrificada);
paciente antes que ele seja encaminhado ao centro cirúrgico (CC).
− Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações
hansênicas;
Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de
− Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fi-
material esterilizado
siológica ou água e sabão e ocluir com gaze e atadura de crepe.
Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam de
− Observar perfusão periférica do membro a ser operado;
acordo com o tipo de cirurgia e de paciente para paciente, aten-
- No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora
dendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e físicas
deverá estar hidratada e lubrificada. Este procedimento inicia-se
manifestadas durante este período. Neste capítulo iremos abordar
os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de cirurgia e os alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a
cuidados específicos voltados para cirurgias de mão e membro su- tricotomia e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o
perior e de pé e membro inferior. quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo, equipado
A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcionar com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infu-
uma recuperação pós-operatória mais rápida, reduzir complica- são, travesseiros para elevação do membro operado, cobertores,
ções, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitalização que comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termômetro, e de-
se inicia na admissão e termina momentos antes da cirurgia, devol- mais equipamentos necessários.
vendo o paciente o mais rápido possível ao meio familiar.
2 - Assistência pós-cirúrgica geral:
1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúrgico
preparo sócio-psíquico-espiritual e o preparo físico. e retorna à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo detectar
Preparo sócio-psíquico-espiritual: e prevenir a instalação de complicações pós-operatória e conse-
− Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, au- quentemente obter urna rápida recuperação
torizando o hospital a realizar o procedimento . A assistência pós-cirúrgica consiste em:
− Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o pa- − Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de
ciente retornará da sala operatória e a importância em apoiá-lo acordo com o tipo de cirurgia a que foi submetido e com o membro
nesse período; operado elevado;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
− Aquecê-lo, se necessário; − Manter repouso absoluto do membro inferior e posiciona-
− Manter a função respiratória; mento elevado, geralmente acima do nível do corpo. Ao encami-
− Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agita- nhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadei-
ção e outros comprometimentos neurológicos; ras adequadas;
− Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e pre- − Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a seca-
sença de sangramento; gem adequada e a liberação para a deambulação, conforme orien-
− Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e co- tação médica, alternando a deambulação e o repouso com elevação
nectá-los às extensões; do membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado não conte-
− Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de nha salto, isso é indicativo de que a deambulação é proibida;
soro, sangue ou derivados; - Verificar anotações do centro cirúrgico) − Não fletir o membro durante a secagem do gesso;
e executar a prescrição médica; − Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias
− Promover conforto e segurança através de meio ambiente ou depois da retirada do aparelho gessado.
adequado, uso de grades na cansa, imobilização de mãos (se agi-
tado); Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de mem-
− Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os bro inferior:
líquidos eliminados por sondas, drenos, etc; - Realizar mudança de - Promover o alívio da dor se houver;
decúbito de acordo com a evolução clínica; − Os amputados experimentam com freqüência dor fantasma
− Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada; ou sensação fantasma. Tais sensações são reais e devem ser aceitas
− Promover movimentação ativa, passiva e deambulação precoces pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência.
se forem permitidas e houver condições físicas; − Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução,
- Trocar curativos; a mesma altera a imagem corporal do paciente. O enfermeiro deve-
- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância rá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o
do retomo médico para controle e cuidados a serem dispensados paciente a olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o
no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada; apto e participante ativo no autocuidado;
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV − Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas,
coloração, temperatura e aspecto da cicatrização;
Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior: − Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e
- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 não deixar o membro residual pendurado. A pressão excessiva so-
graus, apoiados em travesseiros, quando estiver em decúbito hori- bre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a
zontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada acima cicatrização da incisão cirúrgica;
do tórax; − O membro residual não deverá ser apoiado sobre o traves-
− Observar edema, palidez, cianose ou alteração da temperatu- seiro, o que pode resultarem contratura e flexão do quadril. Uma
ra em extremidades das mãos; contratura da próxima articulação acima da amputação constitui
− Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços inter- complicação freqüente. De acordo com a preferência do cirurgião, o
digitais membro residual poderá ser posicionado em extensão ou elevação
- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: lim- por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desestimular a
peza com solução fisiológica a 0,9%, aplicação tópica de rifocina posição sentada por períodos prolongados para evitar as contratu-
spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto ras em flexão de quadril e de joelho;
cutâneo, a frequência da troca do curativo da área doadora será es- − Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O
tabelecida conforme a necessidade, isto é, quando houver extrava- paciente pode utilizar um trapézio acima da cabeça ou um lençol
samento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição
área receptora será realizado pelo médico responsável, geralmente e fortalecer o bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia
após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se algum produto sobre a adequação dos exercícios ao paciente.
não aderente;
− Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a tala A sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanômetro,
ou faixa para curativos, tomando o cuidado de manter o mesmo monitor de eletrocardiograma, material para entubação traqueal,
alinhamento do membro superior e mão durante o procedimento e equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secre-
recolocar a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem de início ções, oxímetro de pulso e outros aparelhos especializados. Os equi-
da região distal para a proximal; pamentos auxiliares são aqueles que podem ser movimentados
− Movimentar passivamente e delicadamente as articulações pela sala, de acordo com a necessidade: suporte de hamper e ba-
não gessadas; cia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar, banco giratório,
− Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não mo- escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros
lhá-lo (durante o banho, protegê-lo coin material plástico, um sani- ou prateleiras para materiais estéreis, de consumo e soluções an-
to, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo tissépticas.
superior); observar sinais de garroteamento como edema e palidez Também são necessários diversos pacotes esterilizados conten-
ou gesso apertado; ausência ou diminuição da sensibilidade ou mo- do aventais, “opa” (avental com abertura para a frente), luvas de
tricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformi-
aparelho gessado e odor desagradável; dade externa e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou
− Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de pru- aliviar um problema físico.
rido e não retirar algodão do gesso É realizada na sala de cirurgia do hospital e em ambulatório
ou consultório, quando o procedimento for considerado simples”1 .
Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferio- Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergên-
res: cia, urgência, programada ou opcional. Por exemplo: nos casos de
− Realizar cuidados acima citados hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ser realizada sem demora; no abdome agudo, o tratamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se, entretanto,
aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente; as cirurgias programadas ou eletivas, como no caso de varizes de membros infe-
riores, são realizadas com data pré-fixada, enquanto que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de preferência pessoal
do cliente.
A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade: diagnóstica ou exploratória, quando utilizada para se visualizar as partes
internas e/ou realizar biópsias (laparotomia exploradora); curativa, quando se corrige alterações orgânicas (retirada da amígdala inflama-
da);reparadora, quando da reparação de múltiplos ferimentos (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, quando se processa uma re-
constituição (plástica para modelar o nariz, por exemplo); e paliativa, quando se necessita corrigir algum problema, aliviando os sintomas
da enfermidade, não havendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal, por exemplo).

As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no organismo do cliente, que precisará de algum tempo para se adaptar às
mesmas.
É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade de vida da pessoa, mas é importante compreendermos que o tratamen-
to cirúrgico sempre traz um impacto (positivo ou negativo) tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemocionais e sociais. Com esta
compreensão, temos maior chance de realizar uma comunicação interpessoal mais individualizada e prestar ao cliente orientações mais
adequadas.
As reações emocionais guardam relação direta com o “significado” que o cliente e familiares atribuem à cirurgia, sendo a ansiedade
pré-operatória a mais frequente.
Por isso, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos podem representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em algumas
cirurgias (amputação da perna) uma invasão social, obrigando mudanças no estilo de vida. A aceitação ao tratamento cirúrgico, apesar do
medo da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que
o cliente deposita na equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de relação interpessoal
que especificamente temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-socorro, ambulatório, enfermaria
clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-anestésica (RPA).
Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência menos traumática possível e promover uma recu-
peração rápida e segura ao cliente. O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescrição do tratamento clínico
ou cirúrgico e os exames diagnósticos.
A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tratamento clínico não surtiu o efeito desejado. O cliente pode ser internado
um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo de preparo que a mesma requer.
O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergência do ato
cirúrgico
. O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções cirúrgicas e deve possuir a recuperação pós-anestésica para prestar a assis-
tência pós-operatória imediata.
Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à unidade de internação, onde receberá os cuidados pós-operatórios que
visam prevenir a ocorrência de complicação.

Classificação da cirurgia por potencial de contaminação


O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de contaminação da ferida cirúrgica. De
acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da Saúde, as cirurgias são classificadas em:
- limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo infeccioso local, sem penetração nos
tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
- potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de supuração local, com penetração
nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;
- contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil descontaminação, com processo inflamatório
mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
- infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e ânus
com pus.
Nomenclatura cirúrgica
A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de termos usados para indicar o procedimento cirúrgico.
O nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a parte do corpo a ser submetida à cirurgia, somada ao prefixo ou ao sufixo.
Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sangüíneos), flebo (veia), traqueo (traquéia), rino (nariz), oto (ouvido), oftalmo (olhos), hister(o)
(útero), laparo (parede abdominal), orqui (testículo), etc.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Além desses termos, existem as denominações com o nome do da-se a existência de salas específicas para a guarda de medicamen-
cirurgião que introduziu a técnica cirúrgica (Billroth: tipo de cirurgia tos, materiais descartáveis, esterilizados, de anestesia e de limpeza,
gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: re- aparelhos e equipamentos e roupa privativa. Dependendo do ta-
moção de um órgão ou tecido) manho do CC, é também recomendável que haja uma sala adminis-
Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgi- trativa, sala de espera para familiares e/ou acompanhantes, sala de
co destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, estar para funcionários e copa.
sendo considerada área critica no hospital por ser um ambiente
onde se realizam procedimentos de risco e que possue clientes com ANESTESIA
sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção. A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão logo
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anes- o procedimento cirúrgico seja concluído e o paciente transferido
tesistas, cirurgiões, instrumentador cirúrgico, enfermeiro, técnico e para a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta Unida-
auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o ins- de deve ser adjacente ao centro-cirúrgico, oferecendo facilidade de
trumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a acesso. O estado do paciente deve ser avaliado quanto às necessi-
infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúr- dades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo manual de
gica, a planta física e a dinâmica de funcionamento possuem ca- pressão negativa, um leito no lugar da maca).
racterísticas especiais. Assim, o CC deve estar localizado em área A permanência do paciente nesta unidade permite rápida con-
livre de trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta valescença, evita infecções hospitalares, poupa tempo, reduz gas-
unidade é dividida em áreas: tos, ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo.
- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, por
áreas não-restritas e compreendem os vestiários, corredor de en- isso, vários cuidados de enfermagem são dispensados a ele com as
trada para os clientes e funcionários e sala de espera de acompa- seguintes dificuldades: prestar assistência intensivista até a total
nhantes. O vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde recuperação dos reflexos, assistir o paciente integralmente, propor-
todos devem colocar o uniforme privativo: calça comprida, túnica, cionando segurança e retorno rápido às suas atividades normais,
gorro, máscara e propés. prevenir complicações, e em alguns casos, auxiliar na reabilitação e
-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do na adaptação do paciente às novas condições resultantes da opera-
pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem inter- ção, como é o caso, por exemplo, da colostomia, da mastectomia, e
ferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como da amputação, entre outras.
exemplos temos as salas de guarda de material, administrativa, de O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma ava-
estar para os funcionários, copa e expurgo. A área de expurgo pode liação inicial e um relato da equipe de transferência; deve sistema-
ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a re- tizar o registro das informações, mantendo vínculo ativo com os
ceber e lavar os materiais utilizados na cirurgia. profissionais de saúde, além de oferecer à equipe de enfermagem
-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos condições para atuar com o cliente de maneira efetiva, planejada
e a sala de operação (SO) são consideradas áreas restritas dentro e segura.
do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pes- O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-operatório
soal, equipamentos e materiais. começa com a determinação da avaliação imediata da via aérea e
circulatória adequada. A via aérea é avaliada quanto à perviedade,
A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados oxigênio umidificado é aplicado e a frequência respiratória contada.
para facilitar a limpeza; as parede, o piso e as portas devem ser É iniciada a oximetria de pulso em todos os pacientes, e a qualidade
laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser dos sons respiratórios é determinada.
de material condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de O paciente é então conectado ao monitor cardíaco, e a fre-
eletricidade estática; as tomadas devem possuir sistema de ater- quência cardíaca e ritmo são avaliados, assim como a verificação
ramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do da pressão arterial.
piso. As portas devem ter visor e tamanho que permita a passa-
Avaliação inicial
gem de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas devem
Após a avaliação imediata e completados os registros, inicia-se
ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar
uma avaliação mais completa pós-anestesia. A avaliação é realizada
condicionado. A iluminação do campo operatório ocorre através do
rapidamente e é específica para o tipo de procedimento cirúrgico.
foco central ou fixo e, quando necessário, também pelo foco móvel
Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vitais na
auxiliar. O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local
admissão e inicia a avaliação pelo sistema respiratório. A avaliação
onde a equipe cirúrgica faz a degermação das mãos e antebraços
respiratória consiste em frequência, ritmo, ausculta dos sons res-
com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação
piratórios e o nível de saturação do oxigênio. A presença de uma
mecânica da escovação. As torneiras do lavabo devem abrir e fe- via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação de oxigênio são
char automaticamente ou através do uso de pedais, para evitar o anotados.
contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da fre-
recipientes contendo a solução degermante e um outro, contendo quência e ritmo cardíacos. A pressão arterial inicial do paciente é
escova esterilizada. comparada para uma ou mais leituras do pré-operatório.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é exami-
RPA – a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte nada, incluindo o pulso periférico, se indicado. O paciente é então
do cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta para a avaliado quanto ao funcionamento neurológico. O paciente está
SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibi- reativo (despertando da anestesia)? O paciente pode responder
litar, ainda, o fácil acesso dos componentes da equipe que operou aos comandos?
o cliente. O paciente está orientado no mínimo quanto a nomes e hos-
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condi- pital? O paciente pode movimentar as extremidades? Existem des-
ções para pronto uso bem como evitar a circulação desnecessária vios da função neurológica pré-operatória? Alguns procedimentos
de pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomen- operatórios requerem uma avaliação mais detalhada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são examina- desde a sua internação à alta após a cirurgia, devendo a enferma-
das. O líquido total intra-operatório e a estimativa de perda san- gem ficar atenta a todas as alterações que poderão surgir e atuar na
guínea são avaliados. Os acessos venosos, infusões e soluções de recuperação plena do paciente.
irrigação são anotados. A presença de todos os acessos venosos,
drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina é anotada O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERATÓRIO
quanto à coloração, quantidade e consistência. O período trans-operatório compreende o momento de recep-
ção do cliente no CC e o intra-operatório realizado na SO.
Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada no
relatório da URPA Montagem da sala cirúrgica
A avaliação inicial inclui o registro de: O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante
1. Sinais vitais: da sala cirúrgica, que também pode ser exercida pelo técnico em
- Pressão arterial; enfermagem, quando necessário. Ao receber a lista de cirurgia, o
- Pulso; circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações es-
- Temperatura; peciais à mesma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica,
- Respiração é importante manter a sala em boas condições de limpeza, observar
se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes
2. Nível de consciência de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álcool
3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado; etílico a 70% ou outro desinfetante recomendado, deixando-os
4. Posição do paciente; prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica. ambiente do
5. Condição e coloração da pele; CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e exposi-
6. Necessidade de segurança do paciente; ção dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância do uso
7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremidades de técnicas assépticas rigorosas.
quando possível;
8. Condições de curativos ou linhas de sutura; Tempo cirúrgico
9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cateteres Abrange, de modo geral, a seqüência dos quatro procedimen-
e recipientes; tos realizados pelo cirurgião durante o ato operatório. Inicia-se pela
10. Quantidade e tipo de drenagem; diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através do
11. Resposta muscular e força; bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, se faz
12. Resposta pupilar quando indicado; a hemostasia, através de compressão direta com os dedos, uso de
13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quantida- pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir, de-
de de soluções infundidas em acessos venosos (inclusive sangue e ter ou impedir o sangramento. Ao se atingir a área comprometida,
derivados); faz-se a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A etapa final é
14. Nível de suporte físico e emocional; a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida opera-
15. Escore numérico de escala utilizada na unidade. tória através de sutura, adesivos e/ou ataduras.

A rotina em algumas instituições da frequência da verificação Instrumentais e fios cirúrgicos


dos sinais vitais bem como seu estado geral dá-se a cada quinze Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas para isso
minutos na primeira hora de chegada do paciente a URPA; a cada é necessário que a equipe de enfermagem ofereça-os em perfeitas
trinta minutos na segunda hora e a cada hora nas horas subsequen- condições de uso e no tamanho correto. O instrumentador cirúrgi-
tes até a liberação deste para a unidade de internação de origem. co é o profissional responsável por prever os materiais necessários
à cirurgia, bem como preparar a mesa com os instrumentais, fios
Assistência Pré Operatória cirúrgicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação de
A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento es- campos operatórios, fornecer os instrumentais e materiais à equipe
tressante e complexo para o paciente. Muitos dos procedimentos cirúrgica e manter a limpeza e proteção dos instrumentais e mate-
cirúrgicos são realizados na sala de operação do hospital, embora riais contra a contaminação.
muitos procedimentos simples que não precisam de hospitalização Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua
sejam feitos em centros cirúrgicos e unidades ambulatoriais de ci- função:
rurgia. Pacientes com problemas de saúde que cujo tratamento en- - diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras,
volve uma intervenção cirúrgica, geralmente se submetem a uma trépano;
cirurgia. Tal procedimento envolve a administração de anestesia - hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como
local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
do paciente o que provoca alterações emocionais decorrentes do - síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fechamento de
anúncio do diagnóstico cirúrgico. Isto causa, portanto situações de- cavidades e incisões, sendo o mais comum a agulha de sutura pre-
sagradáveis no estado biópsico sócio espiritual do paciente, acarre- sa no porta-agulha; ! apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o
tando problemas graves podendo chegar à suspensão da cirurgia ou uso de outros grupos de instrumentais, destacando-se o afastador
até mesmo óbito do paciente. Farabeuf para afastar os tecidos e permitir uma melhor visualização
Com o aumento considerável de complicações no préoperató- do campo operatório e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção
rio é exigido da enfermagem um sólido conhecimento sobre todos do tecido; especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia,
os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais o conhe- como, por exemplo, a pinça gêmea de Abadie, utilizada nas cirurgias
cimento sobre a enfermagem préoperatória e pósoperatória é su- do trato digestivo. Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem
ficiente devendose ter uma compreensão plena sobre a atividade agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-zero).
intraoperatória. Surge a visita préoperatória (VPO) de enfermagem São classificados em absorvíveis e não-absorvíveis.
do Centro Cirúrgico, que consiste em acompanhar o paciente não
só no Centro Cirúrgico, mas durante toda a sua estadia no hospital

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Pós operatório No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi à primeira teórica a apre-
O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da sala sentar estudos sobre o tema. Ela propôs a sistematização das ações
de operação e perdura até sua total recuperação. Subdivide-se em de Enfermagem, por meio da aplicação do Processo de Enferma-
pósoperatório imediato (POI), até às 24 horas posteriores à cirurgia; gem, o que contribuiu para o registro e documentação de ocorrências
mediato, após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias e procedimentos realizados por integrantes da equipe de Enfermagem,
do recebimento da alta. Nesta fase, os objetivos do atendimento para a análise e organização do cuidado prestado e, para o reconheci-
ao cliente são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns mento social da profissão (BOTELHO, VELOSO, FAVERO, 2013).
aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite
pós- entubação traqueal, náuseas, vômitos, retenção urinária, fle- A SAE trata-se de um valioso instrumento para assistência do
bite pós-venóclise e outros, com a finalidade de restabelecer o seu paciente de forma integralizada, contínua, segura e humanizada
equilíbrio pela enfermagem, sendo composta por cinco fases: visita pré-ope-
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser ratória de enfermagem, planejamento, implementação, avaliação e
encaminhados da SO para a RPA e sua transferência para a enferma- reformulação da assistência a ser planejada (RIBEIRO, FERRAZ, DU-
ria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista considerar RAN, 2017).
sua condição clínica satisfatória. Nessa linha de pensamento, a SAE atua no sentido de conduzir
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do cliente e organizar o trabalho da equipe de enfermagem conforme os re-
imediatamente após o término do ato cirúrgico e anestésico, onde cursos humanos, instrumentos e método, facilitando o trabalho do
ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou trata- enfermeiro. Ainda, tem sua definição no planejamento e ordenação
mento de possíveis complicações da execução das atividades com enfoque coletivo e individual e de
. Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a caráter privativo do enfermeiro (PENEDO, SPIRI, 2014).
volta dos seus reflexos, normalização dos sinais vitais e recuperação Neste sentido, o Processo de Enfermagem se constitui em ação
da consciência. Considerando tais circunstâncias, este setor deve revestida de significados, possível de ser utilizada pelos enfermei-
possuir equipamentos, medicamentos e materiais que atendam a ros enquanto metodologia para prestação de cuidados; entretan-
qualquer situação de emergência, tais como: to, apresenta desafios para sua implementação. A enfermagem se
- equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de utiliza da sistematização da assistência de enfermagem como um
segurança e encaixes para suporte de solução, suporte de solução modelo de processo de trabalho que possibilita sistematizar a as-
fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, as- sistência e direcionar o cuidado, contribuindo para a segurança do
pirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco, usuário e dos profissionais no sistema de saúde especialmente em
oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, ventiladores mecânicos, Centro Cirúrgico (PENEDO, SPIRI, 2014).
carrinho com material e medicamentos de emergência; No hospital, o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde acontece
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas grande parte dos eventos adversos à saúde dos pacientes. Sua cau-
de aspiração, luvas esterilizadas, luvas de procedimentos, medica- sa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à
mentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão san- interação das equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão,
güínea, equipos de PVC (pressão venosa central), material para son- pois, apesar de as intervenções cirúrgicas integrarem a assistência
dagem vesical, pacote de curativo, bolsas coletoras, termômetro, à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade
material de coleta para exames e outros porventura necessários. física e à perda de vidas, estão associadas, consideravelmente, aos
riscos de complicações (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016).
Cuidados de enfermagem no pósoperatório imediato (POI) Assim, a participação do enfermeiro no Centro Cirúrgico tem
Este período é considerado crítico, considerando-se que o merecido atenção por envolver especificidades e articulações in-
cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia geral, raquia- dispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades
nestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se complexas, que requerem conhecimento científico, manejo tecno-
bastante vulnerável às complicações. Assim, é fundamental que a lógico e humanização extensiva a familiares, pelo impacto que o
equipe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe as funções risco cirúrgico propicia (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016).
vitais, aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, O estudo Henrique, Costa e Lacerda (2016) demonstrou que
vômitos e distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele e ainda há muito a percorrer nos caminhos da segurança efetiva para
prevenir a ocorrência de infecções. o paciente no período perioperatório, uma vez que encontraram
muitos entraves que, de certa forma, desfavorecem a segurança do
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para pa- paciente. Assim, as reflexões sobre a segurança do paciente e os
cientes com alterações clínicas e cirúrgicas. processos do Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, necessi-
A assistência de enfermagem é uma das principais ações no tando-se de novos estudos acerca do tema para novas discussões e
cuidado da saúde do paciente. Assim, a Sistematização da Assis- busca de melhores práticas.
tência de Enfermagem (SAE) normatizada pelo Conselho Federal de Estudos recentes de revisão integrativa revelam que, com base
Enfermagem (CFE), a Resolução n. 358/2009, preconiza que deve nas diversas necessidades específicas das funções do profissional,
ser implantada no setor público e privada (BRASÍLIA, 2009, p. 317). na assistência ao paciente cirúrgico é importante melhorar a quali-
Existem atualmente diferentes maneiras de sistematizar a as- dade da assistência de enfermagem. É preciso lembrar que a evolu-
sistência de enfermagem, entre elas pode-se mencionar os planos ção cirúrgica e novas descobertas de tecnologias auxiliam significa-
de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o tivamente a enfermagem avançar na assistência no Centro Cirúrgico
processo de enfermagem. Visto que a SAE direciona a atuação do (ADAMY; TOSATTI, 2012, p.301).
enfermeiro no exercício de suas atividades profissionais e facilita o
desenvolvimento da assistência ao paciente. Neste contexto, a im- Importância da implantação da SAE para a organização do
plantação de um método para sistematizar a assistência de enfer- centro cirúrgico
magem deve ter como premissa um processo individualizado, holís- Neste sentido os estudos de Adami, Tosati (2012) tiveram o ob-
tico, planejado, contínuo, documentado e avaliado (VASCONCELOS, jetivo de avaliar implantação da (SAE) no período perioperatório de
BORGES, BOHRER, et al. 2017). um Hospital do Oeste de Santa Catarina, sob a visão da equipe de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
enfermagem os autores constataram que, a instituição deve viabi- EMERGÊNCIAS
lizar estratégias que culminam para uma SAE efetiva e com resulta- A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser
dos mais satisfatórios tendo em vista que ela oferece Segurança/ resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter imedia-
paciente; registros de enfermagem mais precisos; organização das tista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser
atividades de enfermagem. planejada para que este paciente não corra risco de morte.
Segundo Santos e Rennó (2013), a SAE surgiu no centro cirúrgi-
co com o objetivo de capacitar funcionários para atender as neces- A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada
sidades da equipe médica, como no preparo da sala de cirurgia, dos imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresenta-
materiais e equipamentos hospitalares necessários durante o pro- rá uma sequela irreversível.
cedimento. A preocupação com a qualidade prestada ao paciente
é um marco no mercado competitivo, pois cada vez mais busca-se Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos,
assistências eficientes prestada ao indivíduo, satisfação da clientela tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde
e a redução dos custos hospitalares. os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo:
A SAE constitui nos dias atuais um importante instrumento • Unidades de atendimento pré-hospitalar;
inerente ao processo de trabalho do enfermeiro, que possibilita a • Unidades de saúde 24 horas;
ampliação de ações que modificam o processo de vida e de saúde- • Pronto socorro;
-doença dos pacientes. Deste modo, a sistematização permite a ob- • Unidades de terapia intensiva;
tenção de resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, como • Unidades de dor torácica;
a organização do serviço, especialmente no centro cirúrgico (MELO, • Unidade de terapia intensiva neo natal
NUNES, VIANA, 2014). • E até mesmo em unidades de internação.
Assim, sua implantação, proporciona cuidados individualiza-
dos, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa-
situações de gerenciamento da equipe de enfermagem, oportuniza rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a
avanços na qualidade da assistência, o que impulsiona sua adoção capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e
nas instituições que prestam assistência à saúde ((SILVA, GARANHA- prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento
NI, PERES, 2015) ao paciente.
A implantação da SAE com base em um conhecimento espe-
cífico e de uma reflexão crítica acerca da organização do trabalho Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando
de enfermagem juntamente com a coleta de dados, tem-se um ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais
instrumento de fundamental importância para que o profissional correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda-
possa gerenciar a assistência de enfermagem de forma organizada,
des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da
segura, dinâmica e competente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015).
situação.
Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada
Enfermagem em Clínica Médica
e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên-
cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas.
O que é a Clínica Médica?
A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco
É um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do
de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham
indivíduo com idade superior a 12 anos que se encontra em esta-
suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as-
do crítico ou semi-crítico, que não são provenientes de tratamento
cirúrgico e ainda àqueles que estão hemodinamicamente estáveis, sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim,
neste setor é prestada assistência integral de enfermagem aos pa- a qualidade e a importância da nossa profissão.
cientes de média complexidade.
Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen-
O papel da Enfermagem em Clínica Médica volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-
É propiciar a recuperação dos pacientes para que alcancem o fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas
melhor estado de saúde física, mental e emocional possível, e de no dia a dia de trabalho é fundamental.
conservar o sentimento de bem-estar espiritual e social dos mes-
mos, sempre envolvendo e capacitando-os para o auto cuidado PEDIATRIA
juntamente com os seus familiares, prevenindo doenças e danos, A atenção a saúde dos indivíduos e populações, ao longo da
visando a recuperação dentro do menor tempo possível ou pro- história dos homens, vem sendo desenvolvida de muitas formas e
porcionar apoio e conforto aos pacientes em processo de morrer e nem sempre foi espaço exclusivo de atuação profissional e nem en-
aos seus familiares, respeitando as suas crenças e valores. Realizar volveu uma única abordagem diagnóstico-terapêutica.
também todos os cuidados pertinentes aos profissionais de enfer-
magem. Alguns trabalhos de saúde surgem quando o sistema industrial
se instala e se desenvolve a ponto de exigir trabalhadores mais habi-
Inter-relação com outras clínicas litados. Neste período, os sistemas de assistência à saúde ampliam
Por ser um setor onde temos pacientes com as mais diversas seus objetivos de modo a dar conta de uma necessidade social que
doenças, este setor tem uma ligação direta com a maioria dos seto- desponta, ou seja, a de preservar a mão de obra treinada para os
res do hospital, como: postos de trabalho então existentes.
- Unidade de Terapia Intensiva (UTI);
- Unidade de Hemodiálise; Nesta mesma época, dentre os trabalhadores estavam as crian-
- Banco de Sangue; ças, que se tornavam preocupação quando estavam doentes, pelo
- Pronto-Socorro; mesmo motivo dos adultos, ou seja, diminuição da produtividade e
- Entre outros. capacidade de trabalho. A mortalidade infantil era considerada alta

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
e as crianças morriam de doenças como sarampo, varicela, febre Segundo George (1993) a enfermagem organizada começou
amarela, difteria, coqueluche, doenças nutricionais e também por sob a liderança de Florence Nightingale. Antes de seu tempo, o tra-
acidentes. balho de cuidar de doentes era realizado por pessoas incapacitadas.
Construíam hospitais em locais onde os pobres sofriam com mais
Não existia ainda uma preocupação com a vivência da infância, frequência em razão do ambiente do que da doença que os levara
na verdade a criança era vista como um adulto pequeno, que tra- até lá, predominavam cirurgias sem anestesia, com pouca ou ne-
balhava cedo, estudava pouco e adoecia mais, simplesmente por nhuma higiene.
não haver preocupação social e política com a saúde e bem-estar
durante o período infantil. Os preceitos de Florence acerca da enfermagem constituem
o fundamento básico sobre o qual se pratica a enfermagem atual-
Segundo Vaz (1996) a saúde é um universo concreto como pro- mente. O conceito central que é mais refletido nos escritos de
duto das relações do ser humano, sua expressão pode ser vista nas Nightingale é a interação entre o indivíduo e o ambiente além da
formas biológicas do indivíduo e nas estruturas das ações coletivas. contribuição fundamental para a profissionalização e capacitação
As ações situam-se exteriormente ao mundo e constituem-se em das “pessoas que cuidam de doentes”, ou seja, os enfermeiros.
expressão e condição de desenvolvimento das formas biológicas Florence (1969) afirma que existe uma necessidade de uma
frente à individualidade do sujeito como ser social. preparação formal e sistemática para a aquisição de um conheci-
mento de natureza distinta daquele buscado pelos médicos, que
No preceito de exterioridade ao mundo como forma de visua- os fundamentos permitam manter as condições necessárias ao
lizar a saúde dos indivíduos, um questionamento maior é feito em organismo para não adoecer ou se recuperar de doenças.Confor-
relação ao trabalho em saúde com a criança: já que no adulto a me Almeida (1986), Florence introduziu treinamento aos agentes
expressão pode ser ouvida pelos sinais e sintomas do paciente, con- da enfermagem abordando técnicas disciplinares de enfermagem
trolada por sua própria capacidade de dependência enquanto su- a fim de delimitar o espaço social que cada trabalhador da saúde
jeito sadio, nesta perspectiva, como visualizar a expressão de saúde deve ocupar na hierarquia hospitalar, em especial na hierarquia do
nas crianças? pessoal de enfermagem; o treinamento era realizado em níveis de
complexidade, tarefas de cuidados diretos dirigidas aos elementos
Traduz-se aí a reflexão de tamanha importância da atuação da menos categorizados socialmente e tarefas de gerência aos ele-
enfermagem em pediatria, assim como a atuação de outros pro- mentos mais categorizados socialmente.
fissionais nesta área, já que além dos pressupostos de saúde que
se trabalha diariamente referindo-se ao tratamento com adultos, Com o crescimento abrupto das instituições hospitalares e
na criança a subjetividade aumenta, em razão da dependência de desenvolvimento da ciência médica, tornou-se necessária mão de
sobrevivência da criança e pela incapacidade temporária de mani- obra para desenvolver o trabalho atribuído à enfermagem, para tal
festações concretas. Leopardi et al. (1999) afirmam que o trabalho começou a ser utilizado o pessoal elementar, que consistiam em
em saúde é essencial para vida humana e que faz parte do setor de indivíduos com outras funções que eram treinados no próprio local
serviços, incluí-se como um trabalho da esfera não material e se de trabalho para cumprir as exigências da demanda do mercado.
completa diante de sua realização. O uso funcional destas pessoas favorece a função de super-
Diferencia-se por não possuir como resultado um produto ma- visão e gerência de enfermagem, que eram desenvolvidas basica-
terial, sendo o produto indissociável do processo que o produz. mente pelas chamadas “enfermeiras-chefe”, pessoas de classe so-
cial elevada, enquanto as pessoas treinadas pelas enfermeiras eram
Nery & Vanzin (2000), caracterizam a história da enfermagem consideradas auxiliares de enfermagem. Começa aí, a primeira ca-
como possuidora de duas fases, Pré-Profissional e Profissional, sen- tegorização informal da enfermagem.
do que a primeira constitui-se basicamente pelo surgimento do pro-
fissional “enfermeiro” sem formação científica, enquanto a segunda No Brasil, a enfermagem teve seu marco, por intermédio de
caracteriza-se pela fundação das escolas de enfermagem que per- Anna Justina Ferreira – Anna Nery. Viúva com 51 anos de idade, mo-
mitiram embasamento científico aos profissionais. vida pelo amor, Anna Nery escreve um pedido para ser voluntária
na guerra Brasil-Paraguai, em 1865; seus três filhos e dois irmãos
A história da enfermagem não pode ser sintetizada sem a men- lutavam na guerra. Tendo o pedido aceito, dedicou-se aos cuidados
ção de alguns nomes que realmente difundiram as bases da enfer- dos feridos, improvisando hospitais e obtendo o título de “Enfer-
magem até os dias atuais, dentre eles cita-se Florence Nightingale, meira – Mãe dos Brasileiros”.Nery & Vanzin (2000) descrevem que
com início real da enfermagem na Inglaterra, e Ana Nery, conside- Anna Nery foi o maior vulto de enfermagem no período pré-pro-
rada a primeira enfermeira do Brasil. fissional, destacando-se pela sua coragem, dedicação e amor aos
Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra vitoriana, in- feridos nos campos de batalha, durante a Guerra Brasil-Paraguai,
dustrial, moralista e progressista, um grupo de mulheres dedica-se consagrando-se a primeira enfermeira do Brasil.
a cuidar de doentes durante a Guerra da Crimeia, dentre elas desta- A partir destes acontecimentos começam a ser fundadas as
ca-se a figura de Florence Nightingale, que demonstra grande dedi- primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil, com o objetivo de ca-
cação e preocupação ao cuidar dos soldados doentes. pacitar, por meio de conhecimentos científicos, os profissionais en-
fermeiros. A primeira escola de enfermagem do Brasil teve o nome
Florence começou a assumir papel importante na sociedade de Anna Nery.
pelo seu reconhecimento com a preocupação em cuidar os doen-
tes. Passou a influenciar assuntos militares e legislativos, reformu- Conforme Pires (1998), em termos educacionais o que veio ser-
lando hospitais, elaborando políticas sanitárias internas e externas, vir de referência para a formação do enfermeiro foi a criação da
e finalmente lançando para o mundo as bases da enfermagem escola de enfermagem Anna Nery, seguindo o modelo de ensino
como profissão. embasado em Florence Nightingale, da Inglaterra do século XIX, seu
currículo foi considerado padrão para o desenvolvimento de outras
escolas.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Desde o início da enfermagem moderna já se identificou uma O enfermeiro obstetra trabalha sempre em parceria com o mé-
preocupação relacionada com a atenção da saúde das crianças, não dico especializado em Obstetrícia. Esta teve início no estudo dos
somente centrada a elas, mas que retrata esta dedicação ao estu- conhecimentos adquiridos pelas parteiras, através de registros dei-
do como uma especificidade. Florence (1987) afirmou que todas as xados por elas a respeito de sua prática. Um dos princípios existen-
medidas e normas para a prevenção e conservação das condições tes era que a parturição deveria ser um processo natural, isso fez
sanitárias nas habitações eram de suma importância para que as com que, por muito tempo não existissem processos cirúrgicos ou
crianças não passassem por epidemias. participação de homens nos partos.
No final do século XVIII e ao longo do século XIX, a ciência da Com o avanço da medicina, nasceu a Obstetrícia e com ela a
pediatria começou a expandir principalmente pela cooperação de possibilidade de serem realizadas cirurgias para amenizar ou re-
estudos na área de atenção à criança, realizados pelo médico ale- solver problemas existentes no momento do parto, fossem eles na
mão Abraham Jacobi, considerado o pai da Pediatria. mãe ou na criança. As mães passaram, portanto, a serem acompa-
Em 1940, a enfermagem em pediatria consagrou-se como es- nhadas por médicos durante a sua gestação, e se tornou comum a
pecialidade. Em 1973, no Brasil, foi criado o primeiro curso de es- intervenção cirúrgica no trabalho de parto, com as técnicas cada
pecialização em pediatria na UNIFESP (Universidade Federal de São vez mais evoluidas e sempre buscando melhores condições de de-
Paulo) e a partir de 1978 e 1986 foram oferecidos cursos de mestra- senvolvimento e nascimento da criança. Com esta realidade, esta
do e doutorado na especificidade pediátrica nesta mesma escola. profissional de enfermagem passou por várias denominações: par-
teira, obstetriz, enfermeira obstetra, etc. Há alguns especialistas
PSIQUIATRIA que defendem a substituição do termo “Enfermagem Obstétrica”
O primeiro contato com a saúde mental pode ser na maioria por “Enfermagem Perinatal”, que é um termo mais recente.
das vezes estressante. Tudo é secundário, o principal personagem é
o paciente. Para quem nunca teve nenhum contato com a área de Esta área da enfermagem é responsável pelo diagnóstico e tra-
saúde mental, a falta de procedimentos invasivos parecem sem sen- tamento de problemas com a parte fisiológica e psicossocial das
tido, mas os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) configuram-se famílias com relação à procriação. Vai desde o planejamento da
como um espaço para interações entre a equipe multiprofissional, gravidez até os três primeiros meses após o parto. Alguns princípios
com confluência de saberes. que orientam a profissão são a valorização do humano, mais que o
A realidade é que o CAPS deve ser um local no quais profissio- tecnológico, o peso das decisões racionais relacionadas ao estado
nais treinados de diversas áreas proveem assistência diferenciada de gravidez da mulher e à chegada da crianças, a saúde materno-
e humanizada. A comunicação mostra-se como extraordinário ins- -infantil, etc.
trumento de alicerce das relações entre profissionais e pacientes. A formação do enfermeiro obstetra deve dar-lhe capacidade de
O interesse em manter uma equipe interdisciplinar é de garantir ser um profissional adequado e competente, que possa dar uma
cuidado otimizado ao paciente. assistência de qualidade à mulher, respeitando sua fisiologia, seu
corpo, sua saúde mental e psicológica. O curso de enfermagem obs-
Conhecer as pessoas que fazem parte da equipe é importante tétrica tem o objetivo de capacitar o profissional para tal fim.
para definir papéis, responsabilidades e ganhar com esta experiên-
cia e alcançar o mesmo objetivo nas tomadas de decisões. A razão O enfermeiro obstetra é habilitado para conduzir um parto
do trabalho da enfermagem nesse novo modelo é o cuidado tera- quando acontece de forma natural, examinar a gestante, verificar
pêutico, vislumbrando uma assistência segura, integral e de quali- contrações, dilatações e demais alterações no funcionamento do
dade. Espera-se que o profissional de enfermagem em saúde men- organismo feminino no momento do parto, e discernir quaisquer
tal seja empático, autêntico, criativo e com capacidade de inovar alterações patológicas que possam requerer um atendimento mé-
nas práticas do cuidar. dico especializado.
Com a autorização do Ministério da Saúde, portanto, o enfer-
O objetivo da enfermagem nos centros de atenção psicossocial meiro obstetra é habilitado para realizar qualquer parto normal
deve ser a promoção de ações terapêuticas voltadas para identifi- sem nenhuma complicação na saúde da criança ou da mãe.
car e auxiliar na recuperação do paciente em sofrimento psíquico,
visando à reabilitação de suas capacidades físicas e mentais, respei- Durante o período pós-parto, é da competência do enfermei-
tando suas limitações e os seus direitos de cidadania. ro obstetra os cuidados necessários à mãe, cuidando para que seu
organismo volte o quanto antes às condições normais. É ele quem
A enfermagem tem que se permitir uma nova proposta, o pa- orienta os cuidados que a mãe deve ter para com seu corpo e para
ciente em sofrimento psíquico apresenta-se ansioso, inseguro de com a criança recém-nascida, podendo também planejar algumas
seu destino, desconfortável emocionalmente e com uma vivência ações que proporcionem a reabilitação da mãe e o conforto da
na maioria das vezes permeada de solidão e desamparo, acompa- criança.
nhado por tratamentos invasivos, agressivos e até mesmo doloro-
sos. O profissional deve estar aberto e disponível a essas situações NEONATOLOGIA
novas, exigindo a criação de um novo modo de agir e pensar. Na Maternidade, o técnico de enfermagem neonatal presta
assistência de enfermagem segura, humanizada e individualizada
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA às pacientes, sob supervisão do enfermeiro. Auxilia na prevenção
O curso de enfermagem se ramifica em diversas especializa- e controle das doenças transmissíveis em geral; realiza coletas de
ções, uma delas é a enfermagem obstétrica, que capacita, qualifica materiais para exames laboratoriais; realiza movimentação e trans-
e atualiza o enfermeiro para que ele possa prestar assistência in- porte de pacientes de maneira segura; manipula equipamentos
tegral à mulher nas diversas fases da sua vida, com maior foco no hospitalares; auxilia na preparação do corpo após o óbito; e auxilia
período da gravidez e lactência. O profissional enfermeiro obstetra em procedimentos médicos.
é preparado para analisar criticamente a situação da paciente e in-
vestigar problemas que possam prejudicá-la ou a seu filho, sempre
buscando soluções através de diversos métodos científicos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Presta atendimento de qualidade às pacientes e familiares com O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico
orientação à família e cuidados de higiene, alimentação e utilização possui autonomia para lidar com o paciente neurológico e através
de medicamentos, além de cuidados específicos com o recém-nas- desta pode tomar decisões, realizar intervenções e diagnósticos de
cido. enfermagem. Ele se vê diante de situações que requerem o mínimo
de raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim dizer,
Verifica os sinais vitais do paciente; auxilia o enfermeiro na co- o enfermeiro necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus
leta da gasometria; prepara e administra medicações segundo pres- conhecimentos na sua área de atuação, sem esquecer o enfoque
crição médica; realiza o controle de medicamentos, equipamentos interdisciplinar e/ou multidimensional.
e materiais sob sua responsabilidade; recepciona o recém-nascido Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da
na hora do parto e realiza os procedimentos necessários após o equipe multidisciplinar, a enfermeira desempenha um papel central
parto (identificação do bebê e da mãe, pesar, medir e relatar em no cuidado ao paciente durante a doença. Ela participa no diagnós-
prontuário). tico, tratamento e cuidado de acompanhamento do paciente”.
A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracrania-
Os setores onde atuam o técnico de enfermagem neonatal são: na, é uma função de primordial importância para a enfermagem ao
Unidade de Tratamento Intensivo ao Recém-Nascido (UTI Neona- cuidar de um paciente com lesão neurológica. Em primeiro lugar, é
tal), Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico (UTI Pediátrica) e essencial que a enfermeira realize uma avaliação neurológica basal
Berçário. no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma pio-
ra adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por
Cuidados de enfermagem ao paciente com problemas nos comprometimento geral de todos os aspectos da função neurológi-
sistemas orgânicos neurológico, respiratório, cardiovascular, di- ca (HILTON, 2007, p. 775).
gestório, renal, urológico, ginecológico, endócrino,hematológico, O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva.
musculoesquelético e dermatológico. Inicialmente, o paciente pode evidenciar inquietação, confusão e
combatividade. Isso descompensa, então, os níveis inferiores de
Pacientes com Problemas Neurológicos consciência, variando da letargia até a obnubilação e ao coma. As
As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: here- reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente
ditária/genética ou congênita, ou seja, dependente de um distúr- reativas até chegarem a pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar
bio do desenvolvimento embrionário ou fetal do sistema Nervoso deve ser realizado e deve incluir o tamanho e simetria (comparação
Central ou Periférico; adquirida ao longo dos diferentes períodos da do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação, as
vida, desde a fase neonatal até à velhice. contraturas musculares, os tremores e relacionar a presença de ce-
Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al., faleia com variações de PA.
2010, p. 156), o “paciente com sequelas neurológicas apresenta A função motora também declina e o paciente começará a
uma série de alterações orgânicas e psíquicas em decorrência da mostrar atividade motora anormal, presença de flexão ou exten-
não aceitação da doença e, consequente, não aceitação do seu cor- são anormal. Os achados tardios são alterações nos sinais vitais. As
po, visualizado como representante desta condição”. variações nos padrões respiratórios são evidenciadas, mais tarde
Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões tempo- como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tar-
rárias ou permanentes que prejudicam o individuo em suas funções dios da herniação: aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução
tornando-o um dependente parcial ou total de outras pessoas. Eles da frequência cardíaca e um padrão respiratório irregular. O alar-
podem limitar de modo significativo o desempenho funcional do gamento da pressão de pulso também está associado à herniação”
indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais, fa- (ZINK, 2007, p. 856).
miliares, sociais e, sobretudo na qualidade de vida.
Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as inca- Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois es-
pacidades funcionais podem “desestruturar as bases do indivíduo, tas indicam inicio das alterações agudas no SNC. Elas devem ser ob-
interferir no desempenho de regras e papéis sociais, na indepen- servadas e acompanhadas quanto à hora de início e término, onde
dência e habilidade para realizar tarefas essenciais à sua vida, na ca- começaram os movimentos ou rigidez, tipo de movimento da parte
pacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”. comprometida.
Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada in-
dos fatores que colaboram para o agravamento dessas incapacida- cluem a manutenção do alinhamento corporal, evitar mudar a posi-
des. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam que “durante o curso ção lateral da cabeça de forma brusca e a flexão ostensiva do qua-
da doença, muitos pacientes com afecções neurológicas exigem tra- dril, para evitar o aumento da pressão intra-abdominal. A rotação
tamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular
neurocirúrgicos envolvem uma internação de duração curta na Uni- diminuindo ou cessando a drenagem do sangue venoso.
dade de terapia Intensiva (UTI). O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar
A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neu- sempre atento, pois o seu quadro pode alterar rapidamente e ele
rológicos. Ela é parte integrante do tratamento de pacientes neuro- deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só aten-
lógicos, dentre eles: tumores cerebrais, malformações arterioveno- to ao monitor. O enfermeiro deve ter o cuidado com a elevação
sas e aneurismas. da cabeceira do paciente, com o período de troca dos cateteres,
Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia In- com as anotações dos parâmetros registrados (PAM, PIC, Relação
tensiva, o enfermeiro se faz necessário, já que segundo o Conselho P / F, entre outros) pelos equipamentos, assim como os horários e
Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe a “obrigatoriedade aprazamentos dos medicamentos administrados ao paciente, sem
de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços nos quais esquecer-se das coletas de sangue para gasometria e principalmen-
são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedi- te oferecer uma assistência humanizada, sem medos e receios de
mentos de alta complexidade, comuns na assistência a pacientes complicações, mas com confiança e conhecimento para enfrenta-
críticos/potencialmente críticos”. -las.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os O instrumento para a realização do cuidado é o processo de
distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico por diversos motivos, cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa-
como administração de diuréticos osmóticos, aumento da perda ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para”
hídrica insensível e disfunção pituitária, gerando distúrbios de sódio. e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili-
A enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas as dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas
variáveis quando examina o paciente. Ela deve observar e avaliar cons- de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
tante os níveis de oxigenação para que o paciente aumente os níveis de promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu-
oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para perceber se há isque- mana.
mia miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir lesões cerebrais, O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
monitorar os níveis de eletrólitos séricos e registrar rigorosamente a especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
ingesta e o débito do paciente com intuito de mantê-los dentro do nível paciente crônico cardíaco.
de estabilidade pré-estabelicido (ZINK, 2007, p. 865). O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi-
mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
Pacientes com Problemas Respiratórios pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Te- diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a
rapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiência no sistema respi- perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o
ratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas Unidades de Terapia doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas
Intensiva, de pacientes com insuficiência respiratória como causa pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata-
primária da internação, ou secundária em pacientes já internados mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra-
devido a outras afecções. gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito
Insuficiência Respiratória existe quando um paciente não é expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar
capaz de manter as tensões de seus gases sanguíneos dentro dos as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas
limites normais. suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse
O tipo de insuficiência respiratória encontrada em UTI tem modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien-
evolução relativamente rápida, ao contrário da deterioração gra- tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um
dual das doenças respiratórias crônicas. Ela resulta da incapacidade raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação
progressiva do sistema respiratório remover dióxido de carbono do que apresentem pode colocar em risco suas vidas.
sangue venoso e de adicionar oxigênio a ele, por um período que O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú-
varia desde alguns momentos até alguns dias. de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá
Alguns fatores podem ser considerados como predisponentes à realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência
insuficiência respiratória: obesidade, idade avançada e exacerbação externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu-
da doença pulmonar crônica (enfisema, bronquite crônica). Estas mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja
causas primárias são agravadas pelo uso de drogas anestésicas, por atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou
lesão da caixa torácica ou distensão abdominal, levando a altera- de enfermagem.
ções ventilatórias. Além disso, a dor e a imobilização contribuem A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuida-
muito para a instalação do processo de atelectasia. dos inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente
A Abordagem de vias aéreas pela Cânula orofaríngea É um mé- portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes
todo rápido e prático de se manter a via aérea aberta, podendo ser de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção inte-
utilizado temporariamente em conjunto com ventilação com más- grada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuidadores,
cara, enquanto se aguarda um método definitivo, como por exem- além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si
plo a intubação endotraqueal. mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares precisam
A cânula de Guedel tem forma semicircular, geralmente é de de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos
material plástico e descartável e, quando apropriadamente colo- eventos crônicos4
cada, desloca a língua da parede posterior da faringe, mantendo Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei-
a via respiratória aberta. Pode também ser utilizada no paciente ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica
com tubo traqueal, evitando que o reflexo de morder cause dano cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para
ao tubo. atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram:
O paciente nunca deve ser deixado sozinho e deve estar loca- identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en-
lizado de forma a ser visualizado continuamente, pois alterações fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os
súbitas podem ocorrer, levando à necessidade de ser reavaliada a elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao
modalidade respiratória à qual o mesmo está sendo submetido. portador de doença crônica cardíaca.
O paciente entubado perde suas barreiras naturais de defesa
das vias aéreas superiores. Além disso, a equipe de saúde, através Pacientes com Problemas Digestórios
das suas mãos e do equipamento respiratório, constitui a maior fon- O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento
te de contaminação exógena. total) que se estende da boca através do esôfago, estômago, intes-
tino e ânus.
Pacientes com Problemas Cardiovasculares • Anexos: glândulas salivares (amilase), pâncreas (suco pan-
O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór- creático) e fígado (bile);
dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne- • Esôfago 25 cm de comprimento;
cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro • Estômago capacidade aproximadamente 1.500 ml (cárdia,
integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhe- fundo, corpo, piloro) - esfíncter esofagiano inferior ou esfíncter car-
cimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas dos díaco (entrada) e esfíncter pilórico (saída);
fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of Nur- • Intestino delgado maior segmento 2/3 do total do compri-
ses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enfermagem. mento do trato GI;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Duodeno parte superior (esvaziamento da bile e secreções • Do pâncreas (suco pancreático 1 litro/dia): enzimas digesti-
pancreáticas através do canal biliar comum na ampola de Vater); vas, incluindo a tripsina q/ ajuda na digestão de proteínas, a amilase
• Jejuno: parte mediana; q/ ajuda na digestão do amido e a lipase q/ ajuda na digestão das
• Íleo: parte inferior; gorduras. A secreção pancreática tem um pH alcalino devido à sua
• Ceco junção entre o intest. delgado e grosso (porção inferior alta concentração de bicarbonato;
direita do abd), onde se encontra a válvula íleocecal q/ funciona no • Do fígado (500 ml/dia de bile): a bile secretada pelo fígado e
controle da passagem dos conteúdos intestinais no intest. grosso e armazenada na vesícula biliar ajuda na emulsificação das gorduras
previne o refluxo de bactérias p/ o intest. delgado. É nesta área q/ o ingeridas, facilitando a sua digestão e absorção;
apêndice vermiforme está localizado; • Das glândulas intestinais (3 litros/ dia secreção das glândulas
• Intestino Grosso Ascendente / Transverso / Descendente / intestinais): as secreções consistem em muco, que recobre as cs e
cólon sigmóide / reto; protege a mucosa do ataque do ácido hidroclorídrico, hormônios,
• Ânus esfíncter anal interno e externo. eletrólitos e enzimas. Os hormônios, neurorreguladores e regula-
dores locais encontrados nessas secreções intestinais controlam a
O trato GI recebe o suprimento sanguíneo de muitas artérias taxa de secreção intestinal e também influenciam a motilidade GI.
que se originam ao longo de toda a extensão da aorta torácica e ab-
dominal. As principais são a artéria gástrica (estômago) e as artérias Ação colônica - Cerca de 4 hs após a alimentação, o material
mesentéricas superior e inferior (intestino). residual passa pelo íleo terminal e, lentamente, pela porção termi-
O sangue é drenado desses órgãos pelas veias que se fundem nal do cólon, através da válvula íleocecal. A cada onda peristáltica
com outras no abdômen para formar um grande vaso, chamado do intestino delgado, a válvula se abre rapidamente permitindo q/
veia porta. É um sangue rico em nutrientes que é levado ao fígado. um pouco do conteúdo passe para o cólon. A população bacteria-
O fluxo sanguíneo para todo o trato GI é cerca de 20% de todo o na é o principal componente do conteúdo do intestino grosso. As
débito cardíaco e aumenta significativamente após a alimentação. bactérias ajudam no término da degradação do material residual e
O TGI é inervado pelo SNA simpático e parassimpático. sais biliares.
SNA parassimpático - libera acetilcolina que: aumenta ativida- Uma atividade peristáltica fraca impulsiona o conteúdo colô-
de do TGI, aumenta movimentos peristálticos, aumenta tônus. nico lentamente ao longo do trato. Este lento transporte permite
SNA simpático - libera noradrenalina que: diminui atividade do uma eficiente absorção de água e eletrólitos. O material residual de
TGI, diminui movimentos peristálticos, diminui tônus. uma refeição eventualmente atinge e distende o reto, geralmente
em cerca de 12 horas. Cerca de 1/4 do material residual de uma
O processo digestivo refeição pode permanecer no reto três dias após a refeição ter sido
Todas as células do organismo requerem nutrientes. Esses nu- ingerida.
trientes derivam da ingesta alimentar contendo: proteína, gordura, As fezes se compõem de resíduos alimentares não digeridos,
carboidratos, vitaminas e minerais, assim como fibras de celulose e materiais inorgânicos, água e bactérias. A matéria fecal tem cerca
outras matérias vegetais sem valor nutricional. de 75% de líquido e 25% de material sólido. A cor marrom das fezes
As principais funções digestivas do trato GI são especificamen- é devida à degradação da bile pela bactéria intestinal.
te para fornecer estas necessidades do corpo: Substâncias químicas formadas pelas bactérias intestinais são
• Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a responsáveis, em grande parte, pelo odor fecal. Os gases formados
digestão; contém metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O
• Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas; trato GI normalmente contém cerca de 150 ml desses gases, q/ são
• Eliminar restos alimentares não digeridos e não absorvidos e ou absorvidos na circulação porta e detoxificados pelo fígado, ou
outros produtos tóxicos nocivos ao corpo. expelidos pelo reto (flatos). Pacientes c/ dça hepática frequente-
mente são tratados c/ antibióticos p/ reduzir o nº de bactérias colô-
Ação gástrica - O estômago secreta um líquido ácido em res- nicas e, desta forma, inibir a produção de gases tóxicos.
posta à presença de alimento ou à sua ingesta antecipada. Este
líquido deriva sua acidez do ácido hidroclorídrico secretado pelas Respostas fisiológicas às disfunções gastrintestinais
glândulas do estômago. Esta secreção tem dupla função: reduzir o 1.Halitose: mau hálito, pode indicar um processo periodôntico
alimento a componentes mais absorvíveis e ajudar na destruição de ou infecção oral;
bactérias ingeridas. O estômago pode produzir cerca de 2,4 litros/ 2. Disfagia: dificuldade de engolir, pode resultar de um proble-
dia dessas secreções gástricas. ma mecânico (neoplasia, cirurgia) ou ocorrer secundariamente a
As secreções gástricas também contêm a enzima pepsina, im- um dano neurológico (AVC);
portante para iniciar a digestão de proteínas. 3. Odinofagia: deglutição dolorosa (infecção ou doença);
Hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontra- 4. Pirose: sensação de queimação na área médio esternal, cau-
dos nas secreções gástricas controlam a taxa das secreções gástri- sada pelo refluxo dos conteúdos gástricos para o esôfago;
cas e influenciam a motilidade gástrica. 5. Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo di-
O fator intrínseco também é secretado pela mucosa gástrica. gestivo; dys = mal pepsia = digestão
Este componente combina-se com a vitamina B12 da dieta de for- 6. Anorexia: perda de apetite;
ma que essa vitamina possa ser absorvida no íleo (na ausência do 7. Náuseas: sensação de desconforto gástrico caracterizada por
fator intrínseco a vitamina B12 não pode ser absorvida, resultando vontade de vomitar;
na anemia perniciosa). O alimento permanece no estômago por um 8. Vômitos: expulsão dos conteúdos gástricos, em geral após
tempo variado, de meia hora até muitas horas, dependendo do ta- uma sensação de náuseas;
manho das partículas alimentares, composição da refeição e outros 9. Câimbras abdominais: contração muscular espasmódica in-
fatores. voluntária que causa desconforto e dor:
Ação do intestino delgado - O processo digestivo continua no 10. Distensão abdominal: expansão do abdome notada por ob-
duodeno. As secreções duodenais procedem: servação, percussão ou palpação (aumento da quantidade de ar ou
líquidos ou presença de massa abdominal);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
11. Má absorção: incapacidade de absorver nutrientes secun- nizante; a retenção urinária crônica causa menos dor e pode ser
dária a um distúrbio GI; assintomática. Disúria é um sintoma de irritação vesical ou uretral.
12. Dor: sensação de desconforto que varia em gravidade; A dor prostática manifesta-se como desconforto vago ou sensação
13. Diarreia: expulsão excessiva de fezes aquosas em grande de peso nas regiões perineal, retal ou suprapúbica.
vol. ou c/ frequência maior. Os sintomas de obstrução vesical em homens incluem hesita-
14. Constipação: frequência diminuída de evacuação fecal, le- ção, força para urinar, diminuição da força e do calibre do jato uri-
vando à impactação intestinal; a consistência das fezes é mais co- nário e gotejamento terminal. Incontinência tem várias formas. A
mumente seca e dura, entretanto ela pode ser mole e formada se enurese após os 3 ou 4 anos de idade pode ser um sintoma de este-
estiverem presentes distúrbios de motilidade; nose uretral em meninas, válvulas de uretra posterior em meninos,
15. Sons intestinais alterados: os sons intestinais ouvidos na alteração psicológica ou, se de início súbito, infecção.
ausculta indicam a passagem de ar e líquidos no trato GI, a faixa A pneumatúria (passagem de ar na urina) sugere fístula vesico-
de frequência normal é de aproximadamente 5 a 25 por minuto; vaginal, vesicoentérica ou ureteroentérica; as duas últimas podem
os sons intestinais podem estar diminuídos ou ausentes após uma ser causadas por diverticulite, doença de Crohn, abscesso ou câncer
cirurgia abdm., ou ser hiperativos ou de som agudo (borborigmos) de cólon. A pneumatúria também pode ser causada por pielonefrite
como resultado de hipermotilidade do trato GI; enfisematosa.
16. Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (san-
gramento ou hemorragia); Exame físico
17. Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão O exame físico é dirigido aos ângulos costovertebrais, abdome,
inadequada ou má absorção. reto, região inguinal e genitais. Em mulheres com sintomas uriná-
rios, geralmente é feito exame pélvico.
Pacientes com Problemas Renal
A insuficiência renal aguda é uma síndrome caracterizada pela Ângulo costovertebral
redução aguda da função renal, em horas ou dias, com conseqüente A dor surgida após percussão com o punho na região lombar,
retenção sérica de produtos nitrogenados, tendo caráter reversível. flancos e no ângulo formado pelo 12º arco costal e espinha lombar
Refere-se principalmente, à diminuição do ritmo de filtração glo- (dolorimento costovertebral) pode indicar pielonefrite, cálculos ou
merular e/ou do volume urinário, mas, ocorrem também distúrbios obstrução do trato urinário.
no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia(5), na litera- Abdome
tura existem mais de 30 definições de IRA. A utilização de diferen- Abaulamento visível do abdome superior é um achado extre-
tes definições dificulta a comparação de estudos. Recentemente, o mamente raro e inespecífico de hidronefrose ou massa renal ou ab-
grupo internacional e multidisciplinar Acute Kidney Injury Network dominal. Som maciço à percussão no abdome inferior indica disten-
(AKIN) propôs uma nova definição e classificação da IRA, a fim de são vesical; normalmente, mesmo uma bexiga cheia não pode ser
uniformizar este conceito para efeitos de estudos clínicos e, princi- percutida acima da sínfise púbica. A palpação da bexiga, algumas
palmente, prevenir e facilitar o diagnóstico desta síndrome. A AKIN vezes, é utilizada para confirmar distensão e retenção urinária.
propõe o diagnóstico e a classificação da insuficiência renal aguda
baseada na dosagem sérica da creatinina e no volume urinário em Reto
um período de 48 horas. Durante o toque retal, pode-se detectar prostatite através do
encontro de uma próstata dolorosa e edemaciada. Nódulos focais e
A IRA induzida por contraste, na maioria das vezes, é assinto- áreas pouco endurecidas devem ser distinguidas de câncer da prós-
mática, não oligúrica e os níveis séricos usualmente aumentam em tata. A próstata pode estar simetricamente aumentada, fibroelásti-
24 a 72 horas após a exposição, alcançando seu valor máximo em ca e não dolorosa na hipertrofia benigna da próstata.
3 a 5 dias.
A insuficiência renal aguda, apesar de sua característica reversí- Região inguinal e genitais
vel, ainda apresenta um prognóstico com índice de mortalidade de O exame inguinal e genital deve ser realizado com o paciente
aproximadamente 50%. Este prognóstico na IRA tem sido associado em pé. A presença de hérnia inguinal ou adenopatia pode explicar
a alguns fatores como oligúria persistente (refratária a volume), fa- dor escrotal ou inguinal. Assimetria grosseira, edema, eritema ou
lência de múltiplos órgãos e septicemia. Esta alta mortalidade re- pigmentação dos testículos podem indicar infecção, torção, tumor
força ainda mais a necessidade da sua prevenção e a importância ou outras massas. A horizontalização do testículo pode indicar ris-
da atuação do enfermeiro na identificação dos fatores de risco e na co de torção testicular. A elevação de um testículo (normalmente o
detecção precoce da IRA. esquerdo é mais baixo) pode ser sinal de torção testicular. O pênis
O contraste iodado é substância radiopaca empregada em exa- é examinado com e sem retração do prepúcio. A inspeção do pênis
mes radiológicos, como o cateterismo cardíaco, amplamente utili- pode detectar
zado para fins diagnósticos e terapêuticos. Tal substância, apesar de • Hipospádias ou epispádias em meninos ou adultos jovens
melhorar a visualização das artérias e de outras estruturas anatômi- • Doença de Peyronie em homens
cas durante o exame, pode provocar reações adversas indesejáveis • Priapismo, úlceras e corrimento em todos os grupos
que se devem, principalmente, à alta osmolaridade do contraste
em relação ao sangue. A palpação pode revelar hérnia inguinal. O reflexo cremastérico
Pacientes com Problemas urológico pode estar ausente na torção testicular. A localização das massas
Dor originada nos rins ou ureteres; em geral, é vagamente lo- em relação aos testículos e o grau e a localização do dolorimento
calizada nos flancos ou na região lombar baixa e pode irradiar-se podem auxiliar a diferenciar massas testiculares (p. ex., esperma-
para fossa ilíaca ipsolateral, coxa superior, testículos ou grandes lá- toceles, epididimite, hidroceles, tumores). Em caso de edema, a
bios. Tipicamente, a dor causada por cálculos é em cólica e pode área deve ser transiluminada para auxiliar a detectar se o aumento
ser muito significativa; é mais constante se causada por infecção. A é cístico ou sólido. Placas fibrosas na haste do pênis são sinais de
retenção urinária aguda distal à bexiga causa dor suprapúbica ago- doença de Peyronie.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Exames As doenças podem ser o resultado de um problema na própria
Exame de urina é fundamental para a avaliação de doenças uro- glândula ou porque o eixo hipotálamo-hipófise (a interação dos si-
lógicas. Os exames de imagem (p. ex., ultrassonografia, tomografia nais hormonais entre o hipotálamo e a hipófise) está fornecendo
computadorizada, ressonância nuclear magnética) são solicitados estímulo excessivo ou insuficiente. Dependendo do tipo de célula
com frequência. Para análise do sêmen, Alterações espermáticas. da qual são originados, os tumores podem produzir hormônios em
O teste de antígeno do tumor de bexiga para carcinoma de cé- excesso ou destruir o tecido glandular normal, diminuindo a produ-
lulas transicionais do trato urinário é mais sensível que a citologia ção hormonal. Às vezes, o sistema imunológico do organismo ataca
urinária para detectar cânceres de baixo grau; não é sensível o sufi- uma glândula endócrina (uma doença autoimune), o que diminui a
ciente para substituir o exame endoscópico. A citologia urinária é o produção hormonal.
melhor exame para detectar câncer de alto grau.
O antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific anti- Exemplos de doenças endócrinas incluem
gen) é uma glicoproteína de função desconhecida produzida pelas • Hipertireoidismo
células epiteliais prostáticas. Os níveis podem estar elevados em • Hipotireoidismo
câncer de próstata e em algumas doenças comuns não neoplásicas • Doença de Cushing
(p. ex., hipertrofia benigna da próstata, infecção, trauma). Mede-se • Doença de Addison
o PSA para detectar recidiva de câncer após tratamento; seu uso • Acromegalia
generalizado para a triagem de câncer é controverso. • Baixa estatura em crianças
• Diabetes
Pacientes com Problemas ginecológico • Distúrbios da puberdade e da função reprodutiva
O câncer de colo uterino representa um grande problema de
saúde pública no Brasil. Pesquisa recente em um hospital escola do Os médicos costumam medir os níveis de hormônios no sangue
Triângulo Mineiro identificou que os cânceres ginecológicos em 321 para dizer como a glândula endócrina está funcionando. Às vezes,
casos, foram 15 casos (15,63%) dos cânceres de colo de útero (SOA- os níveis sanguíneos sozinhos não fornecem informações suficien-
RES; SILVA, 2010).Segundo dados do instituto nacional de câncer, o tes sobre a função da glândula endócrina; por isso, os médicos me-
câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na popu- dem os níveis hormonais depois de dar um estímulo (tal como uma
lação feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer bebida contendo açúcar, um medicamento ou um hormônio que
no Brasil (INCA,2014 ).O câncer do colo do útero é caracterizado possa desencadear a liberação hormonal) ou depois de o paciente
pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, ter exercido uma ação (tal como jejum).
comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir As doenças endócrinas costumam ser tratadas ao repor o hor-
estruturas e órgãos vizinhos ou à distância. (BRASIL, 2013). Conside- mônio, cujo nível é insuficiente. Contudo, às vezes, a causa da doen-
ra-se que a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) representa ça é tratada. Por exemplo, se houver um tumor em uma glândula
o principal fator de risco para o câncer de colo do útero. Outros fa- endócrina, é possível que ele seja removido.
tores foram identificados como de risco, como os socioeconômicos
e ambientais e os hábitos de vida (FRIGATO; HOG, 2003). Pacientes com Problemas musculoesquelético e dermatoló-
Segundo o Ministério da Saúde além da importância de reali- gico
zar o exame periodicamente, torna-se relevante evidenciar que, ao
longo da vida, a mulher pode estar exposta a fatores de risco para Pacientes com Problemas musculoesquelético
o câncer de colo uterino, como: idade precoce da primeira relação O sistema osteomuscular compreende principalmente a dois
sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, lesão genital por HPV, sistemas da fisiologia humana: o sistema ósseo e o sistema mus-
tabagismo, multiparidade, entre outros (BRASIL,2013). As ações cular. A função do sistema ósseo é de proteger, sustentar, armaze-
de prevenção da saúde são estratégias fundamentais, não só para nar e liberar os íons de cálcio e potássio, permitir o deslocamento
aumentar a frequência e adesão das mulheres aos exames, como do corpo servindo como alavanca e de produzir certas células do
para reforçar sinais e sintomas de alerta, que devem ser observados sangue. Os ossos trabalham em conjunto com os músculos que são
pelas usuárias. É fundamental que os processos educativos ocor- responsáveis pelo movimento.
ram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando- No sistema muscular existe a divisão dos músculos que são
-a a realizar os exames de acordo com a indicação (BRASIL, 2013). lisos e estriados. O músculo liso não faz parte do aparelho loco-
Considerando tais dados verifica-se a importância de uma atenção motor, pois eles são responsáveis pela formação de órgãos como o
voltada para saúde da mulher, oferecendo além dos procedimen- estomago, intestinos, artérias, etc. O músculo estriado pode ser do
tos básicos, cuidados especiais que possam prevenir complicações tipo músculo esquelético e músculo cardíaco. Os músculos estria-
físicas e emocionais. Entende-se que a consulta de enfermagem é dos esquelético fazem parte do aparelho locomotor sendo um tipo
extremamente importante, pois propicia o trabalho do enfermeiro de músculo voluntário.
no desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, bem
como a atenção ginecológica. Os músculos esqueléticos ficam ligados aos ossos pelos ten-
dões que são formados por tecido conjuntivo altamente denso rico
Pacientes com Problemas endócrino, hematológico em colágeno no qual se liga de um lado ao periósteo, camada de
O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e tecido conjuntivo presente nos ossos e do outro as camadas de te-
órgãos que regulam e controlam várias funções do corpo por meio cidos conjuntivos que revestem o ventre muscular ou músculo pro-
da produção e secreção de hormônios. Os hormônios são substân- priamente dito, os fascículos e as fibras. E a ligação de um osso a
cias químicas que afetam a atividade de outra parte do corpo. Em outro ou outros é chamado de juntas ou articulações.
essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e Os ossos se classificam como longo, plano, curto, irregular,
coordenam as atividades em todo o corpo. pneumático e sesanoides.
As doenças endócrinas dizem respeito a O sistema muscular é composto pelo conjunto de músculos do
• Uma secreção hormonal excessiva ou corpo humano, são encontrados cerca de 600 músculos no corpo
• Uma secreção hormonal insuficiente humano e eles representam cerca de 40 a 50% do peso total de

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
uma pessoa. Os músculos têm a capacidade de contrair ou relaxar e blicação da Portaria GM/MS nº 221, de 15 de fevereiro de 2005, que
proporcionam movimentos que permitem que a pessoa ande, cor- instituí a Política de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortope-
ra, salte, etc. dia Instituída no SUS. Tal política é regimentada pela Portaria SAS/
MS nº 90, publicada em 27 de março de 2009. Esta Portaria concei-
Ortopedia tua Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Traumatolo-
A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e gia e Ortopedia e Centro de Referência de Alta Complexidade em
deformidades relacionadas aos elementos do aparelho locomotor, Traumatologia e Ortopedia, orientando o papel que cada uma des-
como ossos, músculos, ligamentos e articulações. A traumatologia sas habilitações desempenha na atenção à saúde e na qualificação
é a especialidade médica que lida com o trauma do aparelho mús- técnica exigida para o atendimento dos usuários, e ainda, orienta o
culo-esquelético. gestor quanto aos requisitos mínimos, para se habilitar um estabe-
No Brasil as especialidades são unificadas, recebendo o nome lecimento em alta complexidade em Ortopedia.
de “Ortopedia e Traumatologia”. Tanto os Centros de Referência de Alta Complexidade em Trauma-
Dentro dos órgãos/ossos do corpo humanos tratados pela or- tologia e Ortopedia quanto às Unidades de Assistência em Alta Com-
topedia temos: Coluna, Joelho, Quadril, Ombro e Cotovelo, Mão, Pé plexidade em Ortopedia estão aptos a realizar qualquer procedimento
e Tornozelo. traumato-ortopédico, independentemente da complexidade em que
As causas das principais lesões ortopédicas são: Artralgia, Ar- este procedimento se insere. A diferença básica entre as duas habili-
trose. Artrose Joelho, Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), tações está no papel de formar e qualificar novos profissionais na área
Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Lesão do Ligamento desempenhada pelos Centros. (Relatório de Gestão SAS 2016)
Colateral, Lesão Meniscal, Mialgia, Lesões Musculares, Lombalgia,
Síndrome do Manguito Rotador; Tendinites, Síndrome Patelo Femo- Pacientes com problemas dermatológicos
ral e Cervicalgia. A pele constitui o maior órgão do corpo humano, envolven-
A traumatologia dedica-se ao estudo e ao tratamento das dife- do-o e protegendo-o por completo. Montagu (1988, p.30) fala da
rentes lesões que se podem produzir nas extremidades e na coluna. pele como o espelho do funcionamento do organismo: sua cor,
Na sua órbita de ação entram as fraturas ósseas, as luxações e dife- textura, umidade, secura, e cada um de seus demais aspectos re-
rentes classes de contusões. fletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico ..., é
Os tratamentos da traumatologia podem ser diversos. Alguns espelho de nossas paixões e emoções, sendo como uma roupagem
são conservadores, como a implementação de ligaduras ou a colo- contínua e flexível, além de ter a mesma origem embrionária que
cação de um gesso. Outros tratamentos são mais invasivos, como o sistema nervoso. Reveste e limita o organismo, protegendo-o de
as intervenções cirúrgicas que são utilizadas para instalar parafusos, agentes externos, e é importante na manutenção do equilíbrio do
placas e outros elementos no interior do corpo. A escolha de um meio interno (Souza et al., 2005). Por configurar o órgão de limi-
ou outro tratamento é realizada pelo profissional de acordo com o te entre mundo interno e externo, a pele, quando lesionada, pode
tipo de lesão. trazer constrangimento ao indivíduo. Nesse sentido, Strauss (1989,
Embora a traumatologia ortopédica pareça ser o estudo de p.1221) refere que “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fa-
todo tipo de trauma, ela lida apenas com as lesões ósseas e mus- chada que nos expõe”.
culares tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e co- Alguns autores sugerem dificuldades quando da exposição das
luna. O trauma abdominal é avaliado pelo cirurgião geral; o trauma lesões de pele, como Fonseca e Campos (2003), ao mencionar que
craniano pelo neurocirurgião; o trauma de tórax é avaliado pelo lesões visíveis causam constrangimento nos pacientes, e Azulay R.
cirurgião do trauma ou cirurgião torácico. Erro muito comum é o D. e Azulay D. R. (1992), que postulam que “convém lembrar que o
encaminhamento de vítimas de trauma torácico e facial para o orto- indivíduo com a pele comprometida, sobretudo em áreas desco-
pedista, o qual trata do esqueleto axial (coluna) e membros. bertas, dificilmente deixa de ficar envergonhado, ansioso e triste”.
Nadelson (1978) complementa esta idéia, referindo que a doença
Sobre as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético de pele, na mente popular, pode muitas vezes estar ligada à idéia
As afecções músculo-esqueléticas representam uns dos princi- de sujo, feio e contagioso, devendo permanecer afastado. Nesse
pais agravos à saúde no Brasil. Trata-se de distúrbios de importância sentido, está implicada a relação entre doenças de pele e aspectos
crescente em vários países do mundo, com dimensões epidêmicas emocionais, mais especificamente o stress, neste estudo. Frente a
em diversas categorias profissionais, principalmente na Traumato- dados como esses, percebe-se a importância de pesquisas nesta
-Ortopedia. Na traumatologia, o crescente problema da violência, área, explorando as repercussões dos problemas dermatológicos e
das doenças ocupacionais, dos acidentes de trânsito e causas ex- buscando sensibilizar a população em geral, assim como os profis-
ternas, que perfazem mais de 90% dos atos médicos destinados ao sionais que trabalham com esses pacientes, para que o atendimen-
tratamento das afecções do sistema músculo-esqueléticos, é de ex- to abarque as diferentes dimensões do ser humano.
trema preocupação, tanto do ponto de vista epidemiológico quan- Embora a existência de uma relação entre as alterações psico-
to da gestão, pelo elevado número de procedimentos realizados e lógicas e as doenças dermatológicas não seja um tema novo, ainda
pelo alto valor de recursos financeiros envolvidos. não é possível definir com clareza que alterações psicológicas são
capazes de causar alterações dermatológicas, ou se as enfermida-
SUS e as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético des cutâneas crônicas carregam, necessariamente, como qualquer
O Sistema Único de Saúde − SUS oferta diversos tratamentos
outro transtorno com essas características, alterações psicopatoló-
clínicos, cirúrgicos e de reabilitação na área de ortopedia. Os pro-
gicas significativas (Grimalt, Peri & Torres, 2002). Talvez essa seja
cedimentos relacionados a essas especialidades estão incluídos em
uma das razões pelas quais muitas vezes o atendimento ao paciente
várias ações e políticas do Ministério da Saúde. Todos os procedi-
aconteça de forma dissociada, ou seja, o dermatologista se respon-
mentos podem ser consultados no Sistema de Gerenciamento da
sabiliza somente pela dimensão orgânica, a pele, e o psicólogo, pe-
Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do Sistema Único
los aspectos emocionais, de forma isolada.
de Saúde (SIGTAP/SUS).
Segundo Mingorance, Loureiro, Okino e Foss (2001), muitos es-
Especificamente sobre a atenção especializada no SUS, a área
de ortopedia recebeu atenção especial, principalmente no que dis- tudos têm sido realizados associando o funcionamento mental do
pensa a utilização de alta tecnologia/alta complexidade, com a pu- paciente com psoríase a correlatos psíquicos: o impacto emocional

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
da doença, o aumento de preocupações e a ansiedade estão asso- físico, psicológico ou ambiental, provoca no indivíduo reações como
ciados à piora das lesões, o alto nível de depressão, à presença de taquicardia, diminuição da temperatura do corpo, entre outras, e
distúrbios no ambiente familiar e outros. Os temas das pesquisas que atualmente um número crescente de cientistas tem aceitado o
revelam que a dermatose não está relacionada somente à pele, às stress como fator precipitante de qualquer doença, não apenas das
questões orgânicas, mas que influencia e é influenciada por outros psicossomáticas.
aspectos da vida do indivíduo, tanto questões emocionais quanto o Além disso, Azambuja (2000) refere a insustentabilidade da
próprio contexto em que vive. concepção cartesiana de mente e corpo, falando do campo da psi-
De acordo com Sampaio e Rivitti (2001), é indiscutível que os coneuroimunologia, que “cria um novo contexto em que não exis-
fatores emocionais influenciam inúmeras dermatoses que, de ou- tem partes separadas, e tudo influencia tudo, tornando-se absurdo
tro lado, atuam no estado mental. A partir da idéia de que toda enfocar a patologia e o tratamento unicamente do corpo e, pior
doença humana é psicossomática, pois incide em um ser provido ainda, de uma de suas partes sem considerar o funcionamento ge-
de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente (Mello ral” (p.407).
Filho, 2002), o adoecimento (neste caso, da pele), pode repercutir No que tange à localização das lesões de pele, a maior parte
em diversos âmbitos da vida do indivíduo. dos estudos avalia qualidade de vida. Schmid, Jaeger e Lamprecht
Quando se pensa na inseparabilidade da psique e do corpo, ou (1996) mencionam que os pacientes com lesões na região do baixo
das emoções e da pele, o stress é uma variável importante. Des- ventre e genital relatam sentimentos de estigmatização com maior
de os estudos de Selye, em 1936, o stress é um fator que está re- intensidade do que pacientes acometidos em outras áreas do cor-
lacionado ao surgimento e desenvolvimento de doenças. Vivas e po. Quando se discute local da lesão, está implicada a questão
Serritiello (2002) referem que extensos estudos indicam que o da aparência física. No estudo de Mingnorance, Loureiro e Okino
stressemocional pode exacerbar alguns eventos, como na psoría- (2002), os pacientes que relataram insatisfação quanto à aparência
se, por exemplo. Steiner e Perfeito (2003) corroboram esta idéia, física, quando comparados ao grupo com percepção satisfatória da
mencionando que “o stress físico ou emocional tem repercussões aparência, apresentaram prejuízo significativamente maior nas ati-
em inúmeras dermatoses e estas, indiscutivelmente, também são vidades rotineiras (p<0,05) e na qualidade de vida geral (p<0,01).
geradoras de stress” (p.113). No estudo de Ludwig e Oliveira (2007), que avaliou qualidade
A literatura, de modo geral, enfoca a influência do stress no de vida e localização da lesão dermatológica, não foram encontra-
desenvolvimento das dermatoses (Asadi & Usman, 2001; Picardi, das diferenças significativas na comparação entre dois grupos (ros-
Porcelli, Pasquini & Fassoni, 2006; Taborda, Weber & Freitas, 2005), to e/ou mãos; outras partes do corpo), sendo o número de associa-
e poucos são os estudos que avaliam o contrário, ou seja, o quanto ções entre os instrumentos de qualidade de vida SF-36 (qualidade
a lesão de pele interfere no grau de stress do indivíduo. Lipp (1996) de vida geral) e DLQI-BRA (qualidade de vida específica) muito su-
refere as doenças relacionadas ao stress e cita a psoríase entre as perior no grupo com lesões em rosto e/ou mãos. Quando se fez a
mais estudadas, sugerindo que «doenças relacionadas ao stress se- divisão mais detalhada da localização da lesão, em cinco grupos,
jam classificadas como psicofisiológicas, termo este que enfatiza a houve diferenças significativas, sendo o grupo com a maior media-
correlação entre aspectos físicos e psicológicos que se manifestam na aquele com lesões generalizadas (rosto e mãos e outras). As au-
de modo quase que inseparável durante a resposta ao stress”. toras inferem que, independentemente da localização da lesão no
Hoffmann, Zogbi, Fleck e Müller (2005) mencionam que o viti- corpo, o sentimento de exposição e os prejuízos a que fica subme-
ligo está associado a fatores psicológicos, visto que, no estudo de tido o paciente dermatológico são semelhantes, seja a lesão mais
Müller (2005), o aparecimento da doença se deu após situação de exposta ou menos exposta ao olhar do outro.
stress emocional. O’leary, Creamer, Higgins e Weinman (2004) estu- Kadyk, McCarter e Achen (2003) estudaram qualidade de vida
daram as causas atribuídas pelos pacientes psoriáticos à sua doen- em pacientes com dermatite de contato, encontrando um escore
ça, e encontraram uma grande proporção dos pacientes referindo o significativamente pior no item relacionado à aparência da pele,
stress como a causa da sua doença. Esta crença está associada a um em comparação aos que não têm a face acometida. Além disso, pa-
baixo bem-estar psicológico e à percepção de que a psoríase tem cientes com a face afetada sentem um maior grau de prejuízo, que
um impacto emocional muito grande. Apesar da prevalência desta tende a ser significativo, e apresentam escores melhores do que
crença, os níveis de stress, mesmo fortemente associados ao humor aqueles sem acometimento da face em duas questões: medo de ser
e à qualidade de vida, não foram associados com a severidade da despedido e dificuldade de usar as mãos no trabalho.
psoríase. Não houve diferenças significativas, nas escalas de sintomas ou
O stress psicológico e a ansiedade têm sido reconhecidos clini- emoções, entre ter ou não as mãos afetadas, no mesmo estudo. Os
camente pelos dermatologistas como fatores relacionados à piora autores da pesquisa referem diversos relatos de que a dermatite de
das lesões de pele (Fortune, Main, O’Sullivan & Griffiths, 1997). No contato nas mãos afeta negativamente as habilidades para traba-
estudo de Amorim-Gaudêncio, Roustan e Sirgo (2004), que avaliou lhar e continuar as atividades diárias normais.
dois grupos, um com e outro sem dermatoses, foram encontradas Também M.A. Gupta e A.K. Gupta (2003) e Hautman e Panco-
associações entre altos níveis de ansiedade e stress em pessoas que nesi (1997) apontam a importância de considerações sobre o tema
sofrem de dermatoses inflamatórias crônicas. da localização da lesão, referindo que até mesmo uma doença be-
nigna em partes do corpo “carregadas de emoção” (por exemplo, o
Panconesi e Hautmann (1996), em um artigo sobre a psicofisio- rosto, a cabeça e o pescoço) pode debilitar particularmente o pa-
logia do stress na dermatologia, referem que os fatores genéticos e ciente.
de percepção podem influenciá-lo, sendo a percepção do indivíduo
sobre o desafio que o estímulo específico implica o fator mais im- Assistência de Enfermagem em UTI
portante. UTI’s podem ser classificadas em Adulto, Pediátrica, Pediátrica
Em relação aos problemas dermatológicos, Azambuja (2000) Mista (Pediátrica e Neonatal), Neonatal e as UTI’s Especializadas,
menciona que existem íntimas ligações entre o sistema nervoso e dentre elas destacamse: Cardiológica ou Coronariana, Cirúrgica,
a pele, o que a torna extremamente sensível a emoções, de forma Neurológica, Transplante, dentre outras.
que qualquer problema de pele, independentemente de sua causa,
tem impacto emocional. O autor discorre ainda que o stress, seja

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Este é o local no hospital destinado à oferta do SAV – Supor- pensáveis à assistência dos pacientes como higiene, alimentação,
te Avançado de Vida ao paciente agudamente enfermo que tenha terapêutica medicamentosa, realização de curativos, entre outras
chances de sobreviver; e essa definição nos traz algumas reflexões e atividades consideradas essencialmente manuais.
questionamentos, principalmente na falta de critérios para internar
pacientes em UTI.  Observa-se ainda, que, em sua grande maioria, o trabalho nas
Não muito raro, observamos em nosso cotidiano profissional UTIs está voltado para a assistência norteada pelo modelo biomé-
e acadêmico, diversos pacientes fora destes critérios que eu citei dico, ou seja, para o corpo do paciente e para as patologias, muitas
acima hospitalizados nesta área: pacientes crônicos e sem qualquer vezes, esquecendo-se de outros aspectos que também compõem e
prognóstico, sem mais condições terapêuticas, sem nenhum esfor- interferem na evolução de uma doença.
ço ou tecnologia disponível que possa reverter o quadro terminal Para se atingir a assistência humanizada é preciso criar a pos-
de saúde, causando apenas um prolongamento do estado de termi- sibilidade da existência desses outros fatores que fazem parte da
nalidade desses indivíduos em especial. vida do ser humano, sua história, seus sentimentos, sua cultura,
Esse é um exemplo, mas ainda vale destacar uma ocorrência seu modo de viver. Dessa forma, considera-se importante que toda
também muito comum, que é a internação de pacientes submetidos equipe de saúde que trabalha em UTI reflita sobre os princípios di-
a algum procedimento cirúrgico, que poderiam ser monitorados no recionadores da assistência. Nesse sentido, é relevante compreen-
próprio Centro Cirúrgico, nas salas de Recuperação PósAnestésica e, der os próprios sentimentos enquanto profissionais da área da
logo que devidamente despertos e estáveis, seriam encaminhados saúde nessa unidade, para conseguir acolher os sentimentos dos
para as Unidades de Internação (quartos/enfermarias), mas infeliz- pacientes e de seus familiares.
mente, em muitos casos, ainda são direcionados às UTI, fato este Observa-se que muitos sentimentos dos profissionais de saúde
que além de aumentar o tempo de internação desses pacientes, são negados ou velados, ignorando-se a complexidade do ambiente
ainda os colocam em maior risco de infecções, pois a unidade de estressante em que atuam.
terapia intensiva é um ambiente de alta complexidade.  Diante do exposto interroga-se: como é trabalhar em uma
Outro fato que vale ressaltar é a ocupação de um leito de UTI UTI? Como será que o trabalhador técnico de enfermagem se sente
com pacientes não elegíveis para tal, isto acontece muitas vezes nessa unidade, convivendo com a iminência da morte? Que senti-
por falta de disponibilidade de leitos comuns. Isso pode gerar um mentos surgem ao trabalhar nessa unidade? Como lidam com esses
problema para pacientes dentro dos critérios (ou seja, pacientes sentimentos?
agudamente enfermos que tenham chances de sobreviver), que
acabam às vezes agravando sua situação de saúde ou até levandoos Diante dessas interrogações, o presente estudo teve como ob-
a óbito por falta de leito de UTI. jetivo identificar os significados atribuídos pelos técnicos de enfer-
magem ao vivenciarem o processo de trabalho na UTI.
Fonte: https://www.iespe.com.br/blog/oqueeunidadedeterapiainten- Acredita-se que é um desafio aprofundar esse tema, mas é de
siva/ importância ímpar, pois pode contribuir para revelar os sentimen-
tos vivenciados pelos técnicos de enfermagem de UTI, contribuindo
para que os enfermeiros, gerentes do processo de trabalho nesse
ENFERMAGEM EM UTI ADULTO local, conheçam as reais necessidades desse profissional. Assim, o
Nas instituições de saúde e, principalmente, nos hospitais, o enfermeiro pode planejar medidas visando adequar as condições
serviço de enfermagem representa papel fundamental no processo laborais de acordo com os recursos disponíveis, aumentando a
assistencial em qualquer unidade. Em se tratando de pacientes em atenção à saúde do trabalhador, bem como propiciar melhora efeti-
estado crítico em unidades de terapia intensiva (UTIs) essa assistên- va na assistência ao paciente, familiares e comunidade.
cia é tida como complexa e especial. Da análise das unidades de significados interpretadas de cada
No Brasil, as primeiras UTIs foram implantadas na década de um dos discursos foram obtidas cinco categorias que, conjuntamen-
1970 e se tornaram unidades especializadas e consideradas como te, revelaram o fenômeno: o que significa trabalhar na UTI para os
de alta complexidade. Foi necessário a aquisição de equipamentos técnicos de enfermagem.
cada vez mais sofisticados para se manter ou prolongar a vida das A primeira categoria foi denominada: o cuidado ao ser humano
pessoas. Houve, também, necessidade de aperfeiçoamento dos re- como finalidade do trabalho dos técnicos de enfermagem. Foi evi-
cursos humanos que ali desempenham suas atividades continua- denciada nos depoimentos a seguir.
mente. (.....) onde você tem a oportunidade de estar cuidando do ser
As UTIs configuram-se como locais que têm por finalidade o humano, do seu próximo, é diferente de mexer com exames de la-
tratamento dos doentes considerados graves e de alto risco, deven- boratórios, com pipetas, é outro tipo de sentimento. A gente aqui
do dispor de recursos materiais e humanos que possibilitem vigilân- mexe com o ser humano.
cia constante, atendimento rápido e eficaz, baseados no objetivo A gente administra as drogas necessárias, aspira, conversa (....)
comum que é a recuperação dos indivíduos(1). busca atender a pessoa na íntegra, a enfermagem é continuidade, é
A importância do trabalho em equipe de enfermagem e de nossa responsabilidade cuidar dos pacientes (E1).
saúde na UTI é imprescindível para a efetiva qualidade da assis- Aqui você trabalha com tudo, tudo que é tipo de doença, de
tência ao paciente e seus familiares. Os trabalhadores enfrentam paciente. A experiência é boa, você sabe que a pessoa depende de
cotidianamente as diversas dificuldades relacionadas à complexida- você. (....) você sabe que praticamente todos os pacientes depen-
de técnica da assistência a ser prestada, às exigências e cobranças dem dos cuidados que você faz, é assim eles dependem exclusiva-
dos pacientes, familiares, muitas vezes dos médicos, da instituição, mente dos cuidados da gente é cuidar do paciente como um todo.
dentre outros. (....) então se você não fizer é lógico que vai prejudicar, a medicação
Na maioria das instituições de saúde, o enfermeiro freqüen- tem que ser na hora certa, virar o paciente, aspirar e todos os ou-
temente assume as atividades de gerenciamento e supervisão das tros cuidados, é você cuidar da pessoa como um todo é você que
atividades e a grande parcela dos cuidados diretos ao paciente é tem a responsabilidade do doente (E3).
realizado por técnicos de enfermagem. São esses técnicos que exe-
cutam as atividades consideradas mais pesadas, cansativas e indis-

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
As falas demonstram que o significado de cuidado ao paciente cada um dos trabalhadores em seus diversos aspectos(13). É neces-
é importante para os técnicos de enfermagem, devendo buscar a sário, no entanto, o acompanhamento de profissionais especialistas
assistência contínua e individualizada. A finalidade de cuidar é vista para que se desenvolva um trabalho específico, a fim de ser evitado
como integral, assumindo isso como uma responsabilidade. ou diminuído o estresse e o sofrimento vivenciados.
O cuidado é uma constituição ontológica sempre subjacente a A terceira categoria que emergiu foi designada: vivenciado o
tudo que o ser humano empreende, projeta e faz. É reconhecido trabalho em equipe. Esse fato foi apontado nos discursos dos en-
como o modo de existir essencial ao ser humano. Considerando o trevistados, os quais entendem que o trabalho na UTI é realizado
cuidado enquanto essência do homem, ele diz respeito à própria através da união da equipe, tendo por características o companhei-
formação do indivíduo; o que une o espírito é o cuidado. A pessoa, rismo, a colaboração, a humanização, a compreensão e também as
através do cuidado, expressa o que sente, pensa e acredita. É pelo relações de hierarquia entre seus integrantes. Os depoimentos a
cuidado que ele constrói o mundo e sua história. seguir mostram essa realidade.
A enfermagem tem sido descrita como a ciência do cuidado e (.....) é a união, a gente tem que trabalhar com o paciente da
os cuidados são realizados, na grande maioria das vezes, por auxi- gente como também auxiliar o companheiro tem que ser uma equi-
liares e técnicos de enfermagem preparados para essa função(7-8). pe(E1).
É possível cuidar do paciente de forma integral, como um indi- Você tem respaldo da chefia em tudo é um trabalho hierarqui-
víduo em toda sua complexidade, com determinantes biológicos, zado e em equipe (E2).
sociais, psicológicos, familiares, culturais e ambientais, pois o cerne O trabalho aqui é em equipe, mas o que diferenciou para mim
do trabalho de enfermagem não deve ser apenas o corpo biológico, de outros locais foi a humanização das pessoas, principalmente dos
mas, sim, o ser humano em todos os seus aspectos(7-8). funcionários, o companheirismo, a solidariedade, muito compa-
O trabalhador de enfermagem almeja ser responsável em suas nheiro mesmo, o colega pergunta o que você tem hoje? Ele com-
ações de cuidado, uma vez que os pacientes estão sob sua respon- preende que você não está bem, não te cobra, procura entende
sabilidade e necessitam de assistência para a recuperação da saúde (E4).
É fundamental para o trabalhador de enfermagem estar preo- Trabalhar em equipe é fundamental na dinâmica das inter-re-
cupado com o cuidado ao paciente, pois quem presta o cuidado ex- lações e no vínculo entre os componentes. Trabalhar em grupo po-
pressa ou não a solidariedade, o compromisso, a dedicação, dentre tencializa a realização do trabalho e, como conseqüência, há aten-
outros atributos necessários para os pacientes e familiares. dimento com maior qualidade aos pacientes.
A segunda categoria foi nomeada: vivenciando o desgaste no A forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efe-
cotidiano do processo de trabalho dos técnicos de enfermagem. Os tuar o trabalho em saúde tem sido a organização baseada na for-
trabalhadores entrevistados expuseram a sobrecarga de trabalho mação de equipes. O labor transcorre com mais tranqüilidade e as
e o ambiente pesado da UTI que gera cansaço, estresse, desgaste relações em grupo passam da formalidade para a informalidade por
físico e mental, conforme foi percebido nos depoimentos que se alguns momentos, no sentido de os membros dessa equipe terem
seguem. liberdade de expor seus problemas relacionados ao ambiente de
(...) É também um ambiente pesado, cansativo, torna-se can- trabalho, bem como os pessoais.
sativo porque você tem dois ou três pacientes para você às vezes Quando há espaço que favorece a interação e a integração en-
tocar, porque o número de funcionários às vezes não é grande e a tre os membros da equipe de enfermagem e, também, o trabalho
demanda dos paciente é sempre grande (....) É estressante porque a ser desenvolvido é planejado e realizado dentro da competência
você trabalha com paciente entubado, totalmente inconsciente, de cada um ocorre o envolvimento de todos, favorecendo o com-
totalmente dependente da enfermagem, você tem que fazer tudo prometimento e a implementação das atividades conjuntamente.
por ele, e as vezes você fica estressado, fica cansado no físico e no Nos depoimentos dos entrevistados, eles reconhecem que há
mental (E1). uma hierarquia estruturada, mas pautada na flexibilidade, na ajuda, no
(....) mas, às vezes, dependendo do período é bem desgastante, estar sempre presente nos momentos em que necessitam de auxílio.
quando falta um funcionário mesmo você tem que assumir o lugar A postura autoritária dos supervisores, coordenadores e/ou
do outro colega que não veio, você assume mais de dois pacientes, chefes de enfermagem não contribui para o bom desempenho dos
eu acho muito corrido, cansativo, e acaba estressando a gente, é membros da equipe, ao contrário, provoca distanciamento entre
também um cansaço porque você percebe que o paciente veio aqui todos, inclusive dos pacientes. Quando há proximidade entre os
para morrer e um desgaste mental (E2). indivíduos da equipe, ocorre facilidade no trabalho e até mesmo
O trabalho de enfermagem na UTI desenvolve-se em um ce- troca de conhecimentos.
nário do qual fazem parte pacientes em estado crítico de saúde, Os discursos dos técnicos de enfermagem desvelam que os en-
dependentes da assistência, transformando esse ambiente em um fermeiros estão adotando postura norteada pela gerência participa-
lugar estressante, cansativo e com sobrecarga de trabalho. tiva, flexível, preservando o compromisso com todos os integrantes
O labor em UTI, por ser uma unidade complexa e com muitas da equipe e com a assistência aos pacientes, tornando o ambiente
atividades no cotidiano dos trabalhadores, pode levá-los a desenca- de trabalho harmonioso e com características de equipe em que
dear o estresse ocupacional. todos se ajudam mutuamente.
Trabalhar em unidades críticas é deparar-se com a morte imi- A quarta categoria foi nominada: vivenciando o trabalho como
nente constantemente, com o sofrimento de quem está sendo cui- uma experiência que traz sentimentos ambíguos. No cotidiano do
dado e também dos familiares desse cliente, sendo que tais fatores trabalho na UTI, foi identificado que os técnicos de enfermagem
podem levar ao estresse. vivenciam muitos sentimentos paradoxais. Nos discursos verificou-
-se que caminham juntos: alegria e tristeza, sofrimento e prazer,
O conhecimento do sofrimento mental na saúde é antigo, po- estresse e gratificação, realização pessoal e impotência, conforme
rém, constitui-se em desafios para os profissionais que desenvol- demonstram os relatos a seguir.
vem atividades específicas de saúde mental para os indivíduos em Então existem os dois lados, o estressante e o gratificante. Tem
qualquer ambiente. um sentimento de perda também, quando você se aproxima muito
É de importância ímpar criar espaço para ouvir e ser ouvido, das pessoas, ganha carinho da pessoa e retribui quando o paciente
compartilhar os sentimentos vivenciados, contribuindo para am- está consciente e de repente ele falece [ ] então você sente aquela
pliar a consciência de todos sobre o que está acontecendo com perda também (E1).

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(...) Às vezes me pergunto será que eu podia ter feito mais algu- nização do trabalho. A identidade é mediada, então, pela atividade
ma coisa, a gente se sente meio impotente com esse tipo de situa- do trabalho que envolve o julgamento dos pares. O coletivo surge
ção, mas por outro lado, há momentos de prazer quando o paciente como uma ligação de fundamental importância e é o ponto sensível
recupera, quando tem alta, quando você vai insistindo e vê que va- da dinâmica intersubjetiva da identidade no trabalho.
leu a pena investir no paciente (E2). A identidade representa a abertura que cada um, em um deter-
(....) Também a gente fica estressada e triste porque o pacien- minado momento, consegue ter diante do mundo no qual está. Em
te fica muito tempo com a gente, você trabalha em cima dele e toda parte, onde quer que se mantenha qualquer tipo de relação,
vê que não adiantou, ele faleceu (....) o sentimento de impotência, com qualquer tipo de ser no mundo, há a interpelação pela iden-
será que fiz tudo que foi necessário? Mas tem o lado da gratificação tidade. Em cada identidade reside uma relação, uma ligação, uma
quando você investe e vê que o paciente dia-a-dia vai se recuperan- união. Dessa forma, a identidade surge na história com o caráter da
do até ter alta, é muito prazeroso a gente se realiza como pessoa e unidade.
profissional (E3). Em um estudo com professores passando por transformações
Os achados do presente estudo são semelhantes aos encon- curriculares intensas, observou-se inicialmente a perda da identida-
trados em pesquisa realizada com equipe multiprofissional de uma de profissional e, somente com a vivência do processo, o confronto
UTI, na qual os resultados revelaram que, para os membros da equi- com as dificuldades e após o ganho da familiaridade da nova ação é
pe, a morte representa o sofrimento, a perda e o sentimento de que a identidade profissional foi ressignificada.
impotência desses profissionais. A experiência de ser trabalhador técnico de enfermagem na
A morte é capaz de provocar para o trabalhador de enferma- UTI leva-o a ampliar suas percepções sobre si mesmos, contribuin-
gem e saúde a vivência de sentimentos de sofrimento, questionan- do com o seu aprendizado para o aprimoramento profissional e a
do sobre o que poderia e que deixou de ser feito para manter ou vivência de forma mais autêntica, participando dessa realidade e
recuperar a vida do paciente sob seus cuidados. crescendo com ela.
Em síntese, a morte de um paciente na UTI é sempre uma Este estudo não teve a pretensão de esgotar essa temática,
possibilidade de situação geradora de sofrimento para os trabalha- principalmente considerando as limitações quando se estuda um
dores de enfermagem e de saúde, pois vivenciam sentimentos de tema que envolve a subjetividade dos indivíduos. Porém, pode-se
impotência, fracasso profissional e os vínculos que foram estabele- dizer que esses resultados mostram a realidade vivenciada em uma
cidos são rompidos, às vezes, abruptamente. UTI.

Por outro lado, há o sentimento de gratificação, de prazer, de Descrição sumária


realização pessoal e profissional quando o paciente recebe alta. É o Orientar e executar o trabalho técnico de enfermagem, partici-
sentimento de se ter cumprido com a sua missão que é o cuidar, ou pando da elaboração do plano de assistência de enfermagem, em
seja, o salvar vidas, sentir-se útil. conformidade com as normas e procedimentos de biossegurança.
Quando o paciente se recupera, o trabalhador de enfermagem
Descrição detalhada
sente-se vitorioso e desfruta de sentimentos de prazer. Consegue
1. Executar ações assistenciais de enfermagem, sob supervi-
perceber que os resultados de seus esforços valeram à pena. Vi-
são, observando e registrando sinais e sintomas apresentados pelo
vencia a sensação de que colaborou para que o paciente grave se
doente, fazendo curativos, ministrando medicamentos e outros.
recuperasse e sente que conquistou uma nova vida.
2. Executar controles relacionados à patologia de cada pacien-
A quinta categoria foi identificada como:criando uma identida-
te.
de com a UTI. É demonstrada nas expressões dos sujeitos que, mes-
3. Coletar material para exames laboratoriais.
mo reconhecendo o processo de trabalho na UTI como desgastante, 4. Auxiliar no controle de estoque de materiais, equipamentos
estressante e que pode levá-los a viver momentos de tristeza, os en- e medicamentos.
trevistados aprenderam a lidar com essas situações, acostumando- 5. Operar aparelhos de eletrodiagnóstico.
-se com a rotina da unidade e criando laços fortes de identificação 6. Cooperar com a equipe de saúde no desenvolvimento das
com a mesma, como é constatado nos discursos a seguir. tarefas assistenciais, de ensino, pesquisa e de educação sanitária.
Mas a gente acaba se acostumando com a rotina, com o tempo. 7. Fazer preparo pré e pós operatório e pré e pós parto.
Você vai ficando mais embrutecida. Você acostuma com os cole- 8. Auxiliar nos atendimentos de urgência e emergência.
gas, com a rotina, com tudo (....) e aí quero é ficar aqui mesmo. Eu 9. Circular salas cirúrgicas e obstétricas, preparando a sala e o
aprendi muita coisa é claro que aqui (E2). instrumental cirúrgico, e instrumentalizando nas cirurgias quando
(...) a gente aprende a lidar com as coisas aqui dentro, porque necessário.
acontece constantemente e vemos que somos úteis, não quero ir 10. Realizar procedimentos referentes à admissão, alta, trans-
para outra unidade aprendi muito aqui e continuo a aprender (E3). ferência e óbitos.
Quando eu estava querendo desistir dessa área, porque sem- 11. Manter a unidade de trabalho organizada, zelando pela sua
pre trabalhei no comércio eu vim para cá, e agradeço a Deus por ter conservação comunicando ao Enfermeiro eventuais problemas.
passado no concurso, no começo fiquei chocada, mas vi que existia 12. Auxiliar em serviços de rotina da Enfermagem.
outro lado. Eu não saio daqui para outro setor de maneira nenhu- 13. Colaborar no desenvolvimento de programas educativos,
ma, aqui eu aprendi muito e tenho aprendido todos os dias (E4). atuando no ensino de pessoal auxiliar de atividades de enfermagem
Os depoimentos indicam que os trabalhadores, ao se familiari- e na educação de grupos da comunidade.
zarem com o cotidiano da UTI, se fortalecem para o enfrentamento 14. Verificar e controlar equipamentos e instalações da unida-
dos sofrimentos e conseguem, com maior freqüência, utilizar estra- de, comunicando ao responsável.
tégias defensivas conscientes ou não. A partir disso, criam identi- 15. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle das doenças
ficação com o seu local de trabalho e não querem ser transferidos transmissíveis em geral, em programas de vigilância epidemiológica
para outras unidades. e no controle sistemático da infecção hospitalar.
A construção da identidade profissional mobiliza um processo 16. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle sistemático
de retribuição simbólica de reconhecimento do trabalhador em sua de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a
singularidade pelo outro, por meio das suas contribuições à orga- assistência de saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
17. Desempenhar tarefas relacionadas a intervenções cirúr- Peiper, interessou-se pela maturação neurológica de prematuros.
gicas médico-odontológicas, passando-o ao cirurgião e realizando Silverman foi pioneiro em estabelecer o uso de processos cuidado-
outros trabalhos de apoio. samente controlados em berçário de prematuros. O interesse da
18. Conferir qualitativa e quantitativamente os instrumentos Dra. Dunhan sobre problemas clínicos dos recém-nascidos levou-
cirúrgicos, após o término das cirurgias. -a enfatizar a importância do controle contínuo dos dados federais
19. Orientar a lavagem, secagem e esterilização do material ci- sobre a mortalidade de recém-nascidos. Isto serviu de base para
rúrgico. a política federal, aumento do interesse nos serviços de cuidados
20. Zelar, permanentemente, pelo estado funcional dos apa- materno-infantis assim como nas pesquisa peri e neonatais.
relhos que compõe as salas de cirurgia, propondo a aquisição de Ainda segundo AVERY (1984), o termo Neonatologia foi estabe-
novos, para reposição daqueles que estão sem condições de uso. lecido por Alexander Schaffer cujo livro sobre o assunto, “Diaseases
21. Preparar pacientes para exames, orientando-os sobre as of the Newborn”, foi publicado primeira vez em 1960 , esse livro
condições de realização dos mesmos. junto com o “Physiology of the Newborn Infant”, de Clement Smint,
22. Registrar os eletrocardiogramas efetuados, fazendo as ano- constituem a base do novo campo.
tações pertinentes a fim de liberá-los para os requisitantes e possi- O trabalho da enfermagem é muito importante na Neonato-
bilitar a elaboração de boletins estatísticos. logia, pois a enfermeira pode acompanhar o desenvolvimento da
23. Auxiliar nas atividades de radiologia, quando necessário. criança antes, durante e depois do nascimento, prestando assistên-
24. Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utilizando- cia à gestante, à parturiente, à puérpera e ao recém-nascido.
-se de equipamentos e programas de informática. O nascimento de uma criança hígida e sadia, a sua sobrevivên-
25. Executar outras tarefas para o desenvolvimento das ativida- cia e desenvolvimento normal constituem o objetivo da Enferma-
des do setor, inerentes à sua função. gem Perinatal (FONTES et al., 1984). O trabalho da enfermagem é
muito importante na Neonatologia, pois a enfermeira pode acom-
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi- panhar o desenvolvimento da criança antes, durante e depois do
d=S1806-69762008000200007 nascimento, prestando assistência à gestante, à parturiente, à puér-
http://www.drh.uem.br/Proposta/Cargos/suporte/descricaosup/tecni- pera e ao recém-nascido.
co_de_enfermagem.htm A Enfermeira Neonatal trabalha em dois setores de fundamen-
tal importância: alojamento conjunto e unidade de cuidados inten-
sivos neonatais.
ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL, MATERNO INFANTIL O alojamento conjunto, conceituado por Pizzato (apud FONTES
E PEDIATRA et al., 1984), é um sistema especial de instalações em maternidade
A Neonatologia é um campo vasto em desenvolvimento e re- , no qual a mãe e o filho podem conviver na mesma área, favore-
presenta hoje um grande campo de pesquisa e assistência. É um cendo, através desta aproximação e do contato físico, atendimento
campo jovem, uma sub-especialidade da pediatria que se ocupa do às necessidades afetivas, sociais e biológicas da criança e de sua
recém-nascido, ou seja, do ser humano nas primeiras quatro sema- mãe. A enfermeira é responsável pela elaboração e manutenção de
nas de vida (VIEGAS et al.,1991). Tem por finalidade a assistência ao um plano educacional, organização, administração da assistência de
enfermagem ao recém-nascido e a mãe, coordenação dessa assis-
recém-nascido, bem como a pesquisa clínica, sendo sua principal
tência, desenvolvimento de atividades no campo multidisciplinar,
meta a redução da mortalidade e morbilidade perinatais e a pro-
orientação, ensino e supervisão dos cuidados de enfermagem pres-
cura da sobrevivência do recém-nascido nas melhores condições
tados, entre outras (VIEGAS,1986).
funcionais possíveis (MARCONDES et al., 1991).
Na unidade de cuidados intensivos neonatais são internados os
recém-nascidos prematuros, que correm risco de vida e necessitam
HISTÓRICO
de cuidados 24h por dia. Além das responsabilidade já citadas, a
A história do surgimento da Neonatologia é relatada por AVERY
enfermeira deve promover adaptação do recém-nascido ao meio
(1984) em seu livro “Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Re- externo (manutenção do equilíbrio térmico adequado, quantidade
cém-Nascido”. Segundo esse autor, a Neonatologia, como especia- ideal de umidade, luz, som e estimulo cutâneo), observar o qua-
lidade, surgiu na França. Um obstetra, Dr Pierre Budin, resolveu dro clínico (monitorização de sinais vitais e emprego de procedi-
estender suas preocupações além da sala de parto e criou o Ambu- mentos de assistência especiais), fornecer alimentação adequada
latório de Puericultura no Hospital Charité de Paris, em 1882. Pos- para suprir as necessidades metabólicas dos sistemas orgânicos em
teriormente, chefiou um Departamento Especial para Debilitados desenvolvimento (se possível, através de aleitamento materno),
estabelecido na Maternidade por Madame Hery , antiga parteira realizar controle de infecções, estimular o recém-nascido, educar
chefe . Em 1914, foi criado por um pediatra, Dr Julius Hess, o primei- os pais, estimular visitas dos familiares, dentre outras atividades
ro centro de recém-nascidos prematuros no Hospital Michel Reese, (FONTES,1984).
em Chicago. Depois disso, foram criados vários outros centros, que
seguiram os princípios de um obstetra, Dr Budin e de um pediatra Fonte: http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/neo.htm
,Dr Hess, para a segregação dos recém-nascidos prematuros com a
finalidade de lhes assegurar enfermeiras treinadas com dispositivos
próprios, incluindo incubadoras e procedimentos rigorosos para a O enfermeiro ao longo dos anos vem buscando um saber em-
prevenção de infeções. basado técnica e cientificamente para a realização de um cuidado
Um centro criado em 1947 na Universidade do Colorado , além eficaz e consequentemente uma melhor qualidade de vida ao pa-
dos cuidados prestados aos prematuros, possuía leitos para mães ciente e ao próprio profissional de saúde, a partir da satisfação pro-
com gravidez de risco para parto prematuro e programas de treina- fissional.
mento para serem ministrados em todo o Colorado. Com o objetivo principal de manter o bem-estar da criança e
Arvo Ylppo, pediatra finlandês, publicou monografia sobre sua reabilitação, a enfermagem vem desenvolvendo uma nova con-
patologia, fisiologia, clínica, crescimento e prognóstico de recém- cepção de assistência integral, com inserção de novas responsabi-
-nascidos, relatos que serviram como ponto inicial para pediatras lidades ao pessoal de enfermagem, aperfeiçoando os métodos de
clínicos, professores e investigadores . Em 1924, o pediatra Albert trabalho, técnicas, normas e rotinas (CAMPESTRINI, 1991).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Com o decorrer dos anos, a preocupação com a saúde das - Cabe ao enfermeiro manter sua equipe de atendimento ca-
crianças vem aumentando em todas as potências mundiais, mesmo pacitada para a prestação da assistência de enfermagem infantil,
em países subdesenvolvidos, onde as taxas de morbimortalidade construindo em conjunto com os demais profissionais da especia-
infantil destacam-se. lidade pediátrica protocolos de atendimento, maneiras de relacio-
Criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, houve a re- namento entre a equipe, criança e pais; capacitação e atualização
pressão do trabalho infantil, acelerou-se a fiscalização sobre a vio- técnica diante de todos os procedimentos realizados em seu local
lência e abuso sexual na infância, destaca-se em várias campanhas de trabalho, entre outros;
educativas a prevenção de acidentes na infância, estimula-se a - O enfermeiro em sua atuação no atendimento infantil deverá
criança a frequentar a escola, as políticas de saúde na atenção à contribuir para a adaptação da criança ao meio, na consulta ou na
criança baseiam-se na prevenção educativa entre pais e filhos, en- internação hospitalar.
fim, várias ações são implementadas no cotidiano das crianças para
que se tornem adultos mais saudáveis física e psicologicamente. Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfer-
A Lei nº 8.069 de 1990 institui o Estatuto da Criança e do Ado- magem/atribuicoes-do-enfermeiro-em-pediatria/11742
lescente (ECA), regulamentando os direitos das crianças e adoles-
centes a partir das diretrizes contidas na Constituição Federal de
1988, e na inter-relação de algumas normativas internacionais FÁRMACOS E DROGAS VASOATIVAS
como: Declaração dos Direitos da Criança (Resolução 1.386 da ONU Pacientes graves na sua grande maioria precisa de suporte cir-
– 20 de novembro de 1959), Regras Mínimas das Nações Unidas culatório e hemodinâmico. Deste modo as drogas vasoativas são
para a administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras essenciais no manejo destes casos. Assim sendo conhecer suas indi-
de Beijing Resolução 40/33 da ONU – 29 de novembro de 1985) cações, contraindicações,ações, benefícios, malefícios e interações
e Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência são fundamentais.
Juvenil (Diretriz de Riad – ONU 1º de março de 1988).
Mesmo diante de todas as ações e organizações que estimulam A priori as drogas vasoativas são utilizadas em estados de cho-
direta ou indiretamente o cuidado, ainda é espantoso algumas esta- que circulatório, independente da etiologia. Ou seja, distributiva,
tísticas apresentadas relacionadas com: morbimortalidade infantil; obstrutiva, hipovolêmica ou cardíaca. Choque é definido como “um
pedofilia; trabalho infantil; violência física e sexual; uso de drogas desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e nutrientes para
na infância; abandono da criança pelos pais; acidentes de trânsito as necessidades celulares”.
que envolvem crianças; entre tantos outros. Os parâmetros hemodinâmicos devem ser corrigidos, para me-
Desta forma, é imprescindível a atenção continuada sobre a lhorar da oxigenação tecidual. Mais digno de nota que a morbimor-
situação das crianças, no intuito de buscar diariamente uma me-
talidade só melhora se os parâmetros de oxigenação tecidual me-
lhor qualidade de vida a elas por meio da prevenção de doenças
lhorarem. Assim o foco do tratamento não deve ser apenas a macro
e agravos. O enfermeiro enquanto agente de promoção e preven-
hemodinâmica. Sem dúvida, achar o suficiente apenas manter a
ção da saúde da criança é ligado diretamente a todas as situações
pressão arterial média (PAM) em níveis aceitáveis (60 a 65 mmHg),
cotidianas da vida da criança, talvez este seja um dos motivos tão
é um erro. Por certo que as drogas vasoativas devem ser tituladas
peculiares de trabalhar com este público.
para restaurar a PAM sem prejudicar o fluxo sanguíneo.
O trabalho de enfermagem com crianças vai além de uma mera
observação e avaliação física, já que quaisquer situações sociais e/
ou ambientais que a criança estiver exposta terão reflexo na evolu- Drogas vasoativas e hemodinâmica
ção do crescimento e desenvolvimento, tendo o enfermeiro a res- Aqui chamaremos de drogas vasoativas os vasopressores, os
ponsabilidade investigativa das causas dos déficits detectados. inotrópicos e os vasodilatadores. Elas são utilizadas para otimização
Diante disso, podem-se descrever como principais habilidades da pressão arterial, o débito cardíaco e a perfusão tecidual. A saber,
e atribuições do enfermeiro em pediatria as seguintes: as drogas vasoativas podem ter efeitos diretos e indiretos, possuem
- O enfermeiro deve conhecer todo o processo de Crescimen- efeito rápido e dose dependente. Os fármacos vasopressores pro-
to e Desenvolvimento da Criança, para realização de uma avaliação vocam vasoconstrição, aumentando a resistência vascular periférica
eficiente; e a pressão arterial. Enquanto os fármacos inotrópicos aumentam
- O enfermeiro deve interagir sempre com a criança e a famí- a contratilidade do miocárdio. Por fim os vasodilatadores que pro-
lia, uma vez que todos os processos ambientais e sociais que in- vocam vasodilatação, diminuição da resistência vascular periférica
terferem no desenvolvimento normal de uma criança podem estar e a pressão arterial.
ligados ao convívio familiar ou social;- O enfermeiro necessita ser
conhecedor de todas as políticas de saúde de atenção à criança e De certo que em pacientes com instabilidade hemodinâmica,
a operacionalização das mesmas, para que consiga sempre em sua as drogas vasoativas muito importantes. Acima de tudo para restau-
atuação realizar os encaminhamentos necessários; rar e manter a perfusão efetiva dos órgãos vitais. Assim diminuindo
- O enfermeiro precisa buscar ferramentas na comunicação os riscos de disfunção de múltiplos órgãos. As drogas vasoativas são
com a criança, interação, tornando assim a informação um processo geralmente iniciadas após otimização do volume intravascular, com
presente e a relação com a equipe de enfermagem satisfatória para reposição volêmica adequada. Tanto uma reposição volêmica insu-
busca de bons resultados; ficiente quanto a excessiva causam complicações.
- O enfermeiro deve promover um ambiente saudável à criança
e de interação buscando a cooperação da criança; Naturalmente as drogas vasoativas também podem ter efeitos
- Para o enfermeiro é necessário conhecer o Estatuto da Crian- colaterais importantes. A saber, taquicardia, taquiarritmia, hipoten-
ça e do Adolescente e agir sempre na intenção de cumpri-lo; são, hipertensão, vasoconstrição excessiva. Tanto que se deve ter
- O enfermeiro tem responsabilidade de promover a segurança cuidado com isquemia de órgãos, principalmente esplâncnicos e
no atendimento à criança em todas as suas fases, por meio de pro- extremidades.
cedimentos técnicos isentos de riscos e manutenção da criança em
ambiente seguro quando nos momentos de consulta de enferma-
gem e internação hospitalar;

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Neurotransmissores
Neurotransmissores são moléculas liberadas pelo neurônio pré-sináptico em resposta a uma despolarização. Com isso eles se difun-
dem na fenda sináptica e se ligam em um receptor pós-sináptico. Salienta-se que o neurônio pré-sináptico produz, armazena e libera o
neurotransmissor. Logo após ser liberado o neurotransmissor é inativado por reações químicas ou recaptado. Com isso essa recaptação é
feita pelo neurônio pré-sináptico. Assim sendo poderá ser reutilizado posteriormente.

Os neurotransmissores podem ser quimicamente classificados quimicamente em cinco grupos, sendo as aminas biogênicas, colinér-
gicos, aminoácidos, peptidérgicos e purinérgicos. A noradrenalina, adrenalina, dopamina, serotonina e histamina são aminas biogênicas.
Contudo a noradrenalina, dopamina e adrenalina são catecolaminas, porque possuem em sua molécula um grupo catecol e outro amina.
À propósito todas as catecolaminas são sintetizadas a partir do aminoácido tirosina.

A tirosina é convertida em dopa pela enzima tirosina-hidroxilase. Esta enzima tirosina-hidroxilase se encontra principalmente no ci-
tosol das células da medula adrenal. Mas também em algumas áreas do sistema nervoso central. Já a conversão de L-dopa em dopamina
é feita pela enzima aminoácido descarboxilase. Logo após a dopamina é transportada para dentro de vesículas chamadas de grânulos
cromafins e é convertida em noradrenalina pela a enzima dopamina-β hidroxilase.
Finalmente, a noradrenalina é convertida em adrenalina no citosol pela enzima feniletanolamina-N-metiltransferase. Sendo que está
última ocorre exclusivamente na adrenal.

Receptores Adrenérgicos
Os receptores adrenérgicos são divididos nos tipos α e β. Sendo que, os receptores α produzem vasoconstrição, os β1 aumentam a
frequência cardíaca e a contratilidade do miocárdio e os do tipo β2 fazem vasodilatação.
As drogas vasoativas agem estimulando receptores α-adrenérgicos, β-adrenérgicos e dopaminérgicos na superfície celular. Por conse-
quência são muito utilizadas como inotrópicos positivos e vasopressores.
Noradrenalina, adrenalina, dopamina, fenilefrina e dobutamina são drogas agonistas adrenérgicas. A noradrenalina e fenilefrina são
predominantemente agonistas α, a dobutamina é β e a adrenalina e dopamina são agonistas α e β.

Receptores Adrenérgicos e Respostas Associadas


receptores α Receptores β1 Receptores β2
Vasoconstrição Cardioaceleração Vasodilatação
Dilatação da íris Aumento da Broncodilatação
contratilidade
cardíaca
Piloereção Lipolist Aumento da glicólise
Relaxamento uterino

Tabela 01: Receptores adrenérgicos e respostas associadas.

Efeito das catecolaminas nos diferentes receptores


Receptor
Catecolamina um β1 β2
ProterenolIso 0 ++ +++
Dopamina + ++ +
Dobutamina + ++++ +++
Adrenalina ++ ++ +++
Noradrenalina +++ + +
fenilefrina ++++ 0 0

Tabela 02: Efeito das diferentes catecolaminas sobre os diferentes receptores.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Algumas considerações sobre os receptores Principais Efeitos Clínicos
Os receptores β-adrenérgicos se dividem em β1, β2 e β3. Sen-
do que os β1 se localizam principalmente no miocárdio, aumentan- Cardiovascular
do o inotropismo e o cronotropismo cardíaco. Os receptores β2 es- A princípio busca-se um efeito cardiovascular com a dopami-
tão principalmente nos vasos sanguíneos, levando a vasodilatação. na. Sempre buscando um aumento da PAM naqueles pacientes que
Igualmente os β2 estão presentes na musculatura lisa brônquica, mesmo após reposição volêmica adequada estão hipotensos. De
gerando broncodilatação. Acrescenta-se que nos pneumócitos tipo certo que o aumento da PAM ocorre devido ao aumento do débito
II aumentam a produção de surfactante. Já nos mastócitos, mo- cardíaco (DC). Pois os efeitos vasoconstritores só ocorrem com do-
dulam a produção de mediadores inflamatórios. Similarmente os ses elevadas.
receptores β3-adrenérgicos desempenham papel na regulação da
taxa metabólica. Renal
Em casos de insuficiência renal em casos graves, a dopamina
Os receptores α-adrenérgicos são divididos em α1 e α2. Porém não mudou desfechos como mortalidade e necessidade de diálise.
ambos promovem vasoconstrição periférica e intra órgãos. A ati- Atualmente não se indica o uso da dopamina para nefroproteção.
vação dos receptores α1 vasculares pós-sinápticos promove vaso-
constrição. Entretanto a ativação pré-sináptica dos receptores α2 Esplâncnicos
reduz a liberação do neurotransmissor por feedback inibitório da Os efeitos esplâncnicos da dopamina são questionados. Atual-
noradrenalina. Logo também promovem constrição de arteríolas e mente é consenso não afirmar que a dopamina proteja o fluxo he-
de vasos venosos de capacitância. patoesplâncnico.
A dopamina ainda age sobre os receptores dopaminérgicos.
Estes se dividem em dois subtipos, DA1 e DA2. Desta maneira a ati- Hipófise anterior
vação dos receptores DA1 pós-sinápticos leva a vasodilatação renal, Ocorre diminuição na concentração plasmática de todos os
mesentérica, coronariana e cerebral. Inclusive inibe a reabsorção hormônios produzidos pela hipófise anterior, exceto o ACTH. Assim
tubular renal de sódio, promovendo natriurese. A ativação dos re- com a redução da produção de prolactina reduz a imunidade celu-
ceptores DA2 pré-sinápticos inibe a liberação de prolactina e nora- lar. Também ocorre diminuição de hormônio do crescimento com
drenalina, resultando em vasodilatação. diminuição da velocidade de cicatrização das feridas.

Dopamina Considerações Gerais


Primeiro de tudo a dopamina é o precursor imediato de nora- Em pacientes graves sua farmacocinética extremamente variá-
drenalina e adrenalina. É uma catecolamina natural, sintetizada à vel. Pois uma dose infundida não prediz a concentração plasmática.
partir do aminoácido tirosina. De acordo com a dose usada apre- Assim sendo pode ocorrer diferenças entre concentração infundida
senta vários efeitos farmacológicos. Assim podendo estimular re- e plasmática de até 17 vezes. Logo nestes pacientes existe uma so-
ceptores dopaminérgicos (DA) e adrenérgicos. breposição de efeitos das variadas doses. Os efeitos adversos mais
comuns são taquicardia e arritmias cardíacas. Sendo que a principal
Doses menores que 5 mcg/kg/min é a fibrilação atrial. Ainda pode ocorrer náuseas, vômitos, cefaleia,
Receptores estimulados: DA1 e DA2 renais, mesentéricos e co- isquemia tecidual e supressão hormonal da hipófise anterior.
ronarianos. Por isso essa dose é chamada dopaminérgica.
Efeito: Doses e soluções mais usadas
Vasodilatação. De certo que além de saber a ação farmacológica e as possíveis
Aumento do fluxo sanguíneo renal. Porém esse efeito na diu- indicações, saber as doses e o preparo das soluções a serem infun-
rese é mais efetivo em pacientes hemodinamicamente estáveis. didas é fundamental.
Assim pacientes instáveis hemodinamicamente não se beneficiam.
Além disso ocorre melhora da depuração de creatinina.
Aumento da taxa de filtração glomerular (TFG).
Aumento da excreção renal de sódio.
Doses de 5 a 10 mcg/kg/min
Receptores estimulados: β1 miocárdicos.

Efeito:
Aumento do inotropismo (contratilidade cardíaca).
Aumento do cronotropismo (frequência cardíaca).
Doses maiores que 10 mcg/kg/min
Receptores estimulados: predominantemente os receptores
α-adrenérgicos, principalmente de vasos. Com efeito aumentando Principais indicações
a resistência vascular periférica. Choque séptico com hipotensão refratária a volume. De prefe-
rência não usar em pacientes hipovolêmicos. Porém pode ser usado
Efeito: inicialmente até a restauração da volemia.
Vasoconstrição.
Aumento da pressão arterial. Insuficiência cardíaca com hipotensão grave associado a falên-
Vasoconstrição de veias pulmonares com aumento da pressão cia de bomba – associar com drogas inotrópicas.
de capilar pulmonar. Mecanismo de Ação
A noradrenalina age principalmente em receptores α adrenér-
gicos arteriais e venosos. Bem como em receptores β em menor
intensidade.

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Principais Efeitos Clínicos Principais Efeitos Clínicos

Cardiovascular Cardiovascular
Aumento rápido da Pressão arterial (PA) pelo estímulo α1 que Aumento da pressão arterial (PA) e da pressão arterial média
tem potente efeito vasoconstritor arterial. (PAM). Principalmente em pacientes que não respondem aos vaso-
Aumento da pressão arterial média (PAM) sem danos nas fun- pressores tradicionais.
ções orgânicas e geralmente sem taquicardia. Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS).
Aumento da frequência cardíaca. Devido a menor ação nos re- Aumento do débito cardíaco (DC).
ceptores β adrenérgicos a FC não se eleva tanto. Pode ter efeito Aumento da frequência cardíaca (FC).
inotrópico positivo pela estimulação dos receptores β1 cardíacos Oxigenação
e em menor grau dos receptores α1. Sendo que em baixas doses, Aumenta a entrega de oxigênio, porém eleva sua demanda.
predominam os efeitos β1 adrenérgicos. Lactato
Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS). Com doses
mais elevadas ocorre uma ação mista e ativação α1 e β1 adrenérgi- Aumenta os níveis de lactato. Contudo isso ocorre pela maior
ca. Assim ocorre aumento da RVS, contratilidade miocárdica e au- produção aeróbica de lactato e não por metabolismo anaeróbico.
mento da PA. Isso ocorre principalmente no músculo esquelético, mediado por
Aumento ou diminuição do débito cardíaco (DC). Ocorre um receptores adrenérgicos β2.
aumento da pressão média sistêmica podendo assim aumentar o
retorno venoso. Consequentemente melhorando o débito cardía- Renal
co. Porém em alguns pacientes pode aumentar principalmente a Piora a filtração glomerular principalmente se hipovolemia. Os
resistência ao retorno venoso. Assim diminuindo o débito cardíaco. efeitos renais dependem volemia.

Renal Esplâncnicos
Os efeitos renais dependem da volemia. No caso de hipovole- Diminuição do fluxo sanguíneo por vasoconstrição. Porém es-
mia pode piorar a vasoconstrição renal, aumento da resistência vas- tudos recentes mostram variáveis, semelhantes a outras drogas.
cular renal e isquemia. Contudo se volemia adequada pode ocorrer
um aumento da diurese e melhora função renal. A noradrenalina Considerações Gerais
leva a uma maior vasoconstrição na arteríola eferente que na arte- A adrenalina é uma catecolamina endógena. Sendo sintetizada,
ríola aferente. Assim aumentando a pressão de filtração glomerular. armazenada pela medula adrenal, e liberada em resposta à estimu-
lação simpática. Estudos que compararam adrenalina com a combi-
Esplâncnicos
nação noradrenalina-dobutamina no choque cardiogênico e séptico
O fluxo sanguíneo e o consumo de oxigênio hepato esplâncnico
não mostram diferenças em relação aos efeitos hemodinâmicos e
são muito variáveis.
desfechos clínicos. Geralmente é um agende de segunda escolha
em situações de choque resistente aos outros vasopressores. Os
Considerações Gerais
efeitos adversos mais comuns são arritmias, hipertensão, aumento
O relevante é sempre assegurar uma adequada reposição de
do consumo miocárdico de oxigênio, vasoconstrição esplâncnica e
fluidos e monitorizar a perfusão tecidual. A noradrenalina não
ansiedade.
é inferior a outros vasopressores e tem menos efeitos colaterais.
Por isso inicialmente é a droga de escolha nos estados de choque.
Antigamente pensava-se que poderia ocorrer vasoconstrição im- Sendo assim, as drogas vasoativas são utilizadas em todos os
portante com diminuição da função renal. Além de vasoconstrição tipos de choque para promover a estabilidade hemodinâmica do
e isquemia em outros leitos. Clorpromazina e inibidores da MAO paciente, quando a terapia hídrica isolada não é eficaz. A admi-
potencializam a ação vasopressora. Antidepressivos tricíclicos redu- nistração desses agentes vasoativos em pacientes com distúrbios
zem a ação vasopressora. Não há contraindicação absoluta. Contu- perfusionais tem como objetivo fazer a correção das alterações
do deve-se evitar o uso em hipovolemia, trombose vascular, hipóxia cardiovasculares, para restaurar a oferta de nutrientes e oxigênio
grave ou hipercapnia. aos tecidos e órgãos, evitando distúrbios do equilíbrio ácidobase e
falência de órgãos vitais.
Adrenalina Atualmente, com as práticas voltadas à segurança dos pacien-
tes (busca da máxima qualidade do atendimento com o mínimo de
Principais indicações riscos), fazse ainda mais necessário o conhecimento sobre as pro-
Parada cardiorrespiratória é a principal indicação. priedades farmacológicas e a identificação de intercorrências relati-
Anafilaxia. vas a essa modalidade terapêutica.
Choque séptico com hipotensão refratária a volume e vaso- As DVA constituemse em fármacos específicos com ações di-
pressores tradicionais. versificadas e, por esse motivo, exigem amplo conhecimento por
Bradicardia sintomática. parte da equipe envolvida no tratamento medicamentoso, incluin-
dose, neste caso, o profissional enfermeiro.
Mecanismo de Ação Entre os princípios científicos que devem guiar a administração
É um potente agonista α e β adrenérgico. Sua ação é dose-de- de medicamentos, está o conhecimento sobre:
pendente, estimulando receptores β1, β2 e α1 adrenérgicos.  A  farmacodinâmica  – interação do fármaco com o alvo
(receptor) e a produção do efeito terapêutico – “o que o fármaco
faz no organismo”.
 A farmacocinética – processos de absorção, distribuição,
metabolismo e excreção – “o que o organismo faz com o fármaco”.
 Os tipos de infusão – contínua ou isolada

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
 As interações medicamentosas – respostas farmacológi-
cas onde os efeitos de um fármaco são alterados devido a adminis- CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO. CONCEITO DE
tração anterior ou simultânea de outro. O evento “interações me- ASSEPSIA, HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO, ANTISSEPSIA
dicamentosas” é, atualmente, um dos destaques na prática clínica. E ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS. MEIOS E MÉTODOS
 A estabilidade do fármaco – o tempo durante o qual a es- DE ESTERILIZAÇÃO. PROCESSO DE LIMPEZA, SELEÇÃO,
pecialidade farmacêutica ou a matéria prima, mantém dentro dos ACONDICIONAMENTO, ESTERILIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
limites especificados e durante o período de armazenamento e uso, DE MATERIAL ESTÉRIL
as mesmas condições e características que possuía no momento da
fabricação A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele-
 As reações adversas – “qualquer efeito prejudicial ou inde- cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo
sejável, não intencional, que aparece após a administração de um e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los, bem
medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavande-
a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade”. ria e armazenar esses artigos para futura distribuição. No quadro
(OMS) atual, a CME não atende às normas necessárias para um funciona-
mento eficaz.
Alguns estudos feitos acerca do conhecimento dos enfermei- Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos dos
ros sobre as drogas vasoativas serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, pessoal
 “40% dos enfermeiros pesquisados percebiam dificulda- e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se transformará
des em alguns aspectos”. (Melo et al, 2016) numa Central de Materiais de esterilização da Microrregião aten-
 O enfermeiro é detentor de conhecimento superficial, des- dendo a um total de 173 leitos, prestando apoio técnico ao centro
conhecendo aspectos significantes…. Tem dificuldade em associar a cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-intensivo e ao atendimento
teoria com a prática clínica”. (Nishi, 2007) de ência deste estabelecimento de saúde, além dos serviços solici-
 Os enfermeiros demonstram, na maioria das vezes, conhe- tados pelo SAMU-192, que na proposta, terá uma base descentra-
cimento insuficiente, no que diz respeito à ação de determinados lizada.
fármacos, à resposta esperada e às possíveis reações adversas de- A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um
correntes da medicação, bem como às intervenções imediatas, caso novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um
isso ocorra. (Rocha et al, 2010) bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a amplia-
ção do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, foram
Frente a grande oferta de profissionais nessa área, hoje, as ins- pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram realizadas
tituições exigem enfermeiros dotados de características como agili- visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da CME de
dade, raciocínio clínico, tomada de decisões assertivas, capacidade outros hospitais.
de investir no autodesenvolvimento e de enfrentar desafios. Esse
perfil é valorizado porque, acima de tudo, agrega valor social e eco- CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
nômico às instituições. Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de saú-
O maior tempo de formação não assegura que o enfermeiro de são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por muitas
desenvolva sua prática fundamentada no conhecimento científico, vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de doenças
pois, para isso, é necessário o interesse em adquirir conhecimento. infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, 50% de todas
Opitz (2016) afirma que “o despreparo independe da experiên- as mortes são derivadas das infecções.” É importante ressaltar:
cia do enfermeiro, não possuindo relação, portanto, com o tempo • A padronização de normas e rotinas técnicas e na validação
em que o enfermeiro atua na área”. dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no con-
Sabese que o enfermeiro é peça imprescindível no manejo dos trole de infecção.
fármacos durante a assistência ao paciente crítico e que o aperfei- • É de extrema importância a atuação dos órgãos de fiscaliza-
çoamento do profissional em farmacologia irá, sem dúvida, contri- ções para o controle e avaliação das normas e processos de traba-
buir significativamente para a melhoria na qualidade do atendimen- lho.
to. • A capacitação profissional.
Segundo a Profa. Ms. Luciana Giaquinto, farmacêutica e coor-
denadora do Curso de Farmácia, da UNIP/Santos, “como profissio- De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as con-
nal farmacêutica tenho observado que o conhecimento traz auto- dições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infecção de
nomia e desenvolvimento para qualquer área em que estejamos serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferentes am-
trabalhando. O conhecimento específico na área de farmacologia bientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. Nesse
se faz urgentemente necessário. Há muito tempo que esse conhe- sentido, eles podem ser classificados:
cimento não é somente de responsabilidade do farmacêutico. Cada • Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos aumen-
vez mais as equipes multidisciplinares são essenciais no tratamento tados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos
e recuperação do paciente”. de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes
Ela também afirma que “quando se trata de conhecimentos imunodeprimidos
técnicos sobre os fármacos, sua ação, atuação e reações estamos A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos
falando diretamente para profissionais que terão grande responsa- materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des-
bilidade sobre o tratamento de muitos pacientes. Sendo o Enfermei- contaminação de material Æ separação e lavagem de material pre-
ro o profissional mais próximo do paciente, quando bem capacita- paro de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distribuição, a
do, ele fará a grande diferença no êxito do tratamento“. barreira física que delimita a área suja e contaminada da área limpa
minimizando a entrada de microorganismos externos.
Fonte: https://noticias.4medic.com.br/saiba-tudo-sobre-drogas-vasoa-
tivas

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
RECURSOS HUMANOS É o processo de destruição de todos os microorganismos, a
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes
uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à as- microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a
sistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o conta-
atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser minavam é menor do que 1:1.000.000.
composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização
enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão des- disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o
critas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma
descritas abaixo: líquida, gasosa e plasma

Enfermeiro Supervisor Processos físicos


• Atua na coordenação do setor; Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado
• Prever os materiais necessários para prover as unidades con- em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da
sumidoras; forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra
• Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quan- confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu-
to de produtividade; ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara
• Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com ante- apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de
cedência de 04 a 6 meses testes biológicos, a presença de formas esporuladas.
• Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre
procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgico,
dos colaboradores. no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda
• Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribuam abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas Recomenda-
para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, participando das- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúr-
de tais projetos e colaborando com seu andamento. gico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização.
• Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e cien- 4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este pro-
tíficas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e com o cesso está relacionado com o mecanismo de calor latente e o con-
uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem tato direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas.
artigos processados pelo CME. Realizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esteri-
• Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâ- lizado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que
mica de trabalho do CME. permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo,
totalmente automatizadas. Entretanto, esses equipamentos sofis-
PROCESSOS DESENVOLVIDOS ticados necessitam de profissionais qualificados, pois estes são, e
Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível – continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do
orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente processo de esterilização.
neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Se um ar- Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no
tigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os processos de equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar
desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realiza- é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dis-
das através das “lavadoras termodesifectadoras” que utilizam jatos persão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os
de água quente e fria, realizando enxágüe e drenagem automatiza- pacotes que contém a respectiva carga. Após a esterilização, a bom-
da, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a ba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tor-
vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágüe dos artigos nando a secagem mais rápida e completando o ciclo. Os materiais
processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos submetidos à esterilização a vapor são liberados após checklist feito
riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorren- pelo auxiliar de enfermagem da área.
tes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes químicos
ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do
pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para comple- Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde
mentar a limpeza dos artigos com lumens. que atendam a legislação especifica.
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial
da carga microbiana de artigos e superfícies. O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de
Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e des- etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados em
truição de microorganismos, patogênicos ou não em sua forma ve- baixa temperatura Validação dos processos de esterilização de ar-
getativa, que estejam presentes nos artigos e objetos inanimados, tigos:
mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de A validação é o procedimento documentado para a obtenção
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em de registro e interpretação de resultados desejados para o estabe-
um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns prin- lecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer
cípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação
tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja su-
eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios ficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana
ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: al- não superior a 10º.
deídos, compostos fenólicos, ácido paracético.
Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento Controles do processo de esterilização
dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma falha
após o reprocessamento, garante a integridade do material Esteri- em potencial no processo de esterilização por meio da mudança de
lização: sua coloração.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e vazia.
Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que consideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização monitorada
por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e, cuja leitura
é realizada em incubadora com método de fluorescência, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, trazendo maior segu-
rança na liberação dos materiais. Os produtos são liberados quando os indicadores revelarem resultados negativos.

Limpeza, desinfecção e esterilização


Limpeza: remoção de sujidade de um artigo. É de suma importância na redução da carga microbiana de um artigo, favorecendo a
eficácia do processo. É a remoção de sujidade visível aderida nas superfícies, nas fendas, nas serrilhas, nas articulações e lúmens de ins-
trumentos, dispositivos e equipamentos, por meio de um processo manual, realizando fricção com escovas apropriadas e por meio de
enxágue utilizando água sob pressão. Ou de forma mecânica utilizando detergente e água em lavadoras com ou sem ultrassom. Em ambos
são utilizados detergentes ou produtos enzimáticos.
Alguns fatores interferem na efetividade da limpeza, como a qualidade da água, tipo e qualidade dos agentes e acessórios de limpeza,
manuseio e preparação dos materiais para a limpeza, método manual ou mecânico usado. Além do tempo-temperatura dos equipamentos
de limpeza mecânica, posicionamento do material e a configuração da carga das máquinas.
No final de qualquer processo é recomendado uma observação criteriosa do processo de limpeza para garantir que o protocolo foi
seguido completamente; realizar validação; e aplicar metodologias de verificação que garantam a limpeza.
Importante lembrar: os resíduos orgânicos tais como sangue, soro, lípides, fragmentos de tecido e sais inorgânicos, se não forem reti-
rados adequadamente durante o processo de limpeza, podem impedir a desinfecção e a esterilização, uma vez que limitarão a difusão dos
agentes esterilizantes ou inativarão a ação dos desinfetantes.

Desinfecção: é o processo aplicado a um artigo ou superfície que visa a eliminação de microrganismos, exceto esporos, das superfícies
fixas de equipamentos e mobílias utilizadas em assistência à saúde. A desinfecção é indicada para artigos semicríticos que entram em con-
tato com membranas mucosas ou pele não íntegra. Sendo os mais comuns: acessórios para assistência respiratória, diversos endoscópios,
espéculos, lâminas para laringoscopia, entre outros.
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, ou químicos, pelo uso de desinfetantes. Os físicos são os equipa-
mentos de pasteurização como desinfetadoras e lavadoras de descarga. Os desinfetantes mais utilizados são a base de aldeídos, ácido
peracético, soluções cloradas e álcool. Podem, também, ser utilizados produtos à base de quaternário de amônia e peróxido de hidrogênio.

Esterilização: é o processo que utiliza agentes químicos ou físicos para destruir todas as formas de vida microbiana, sendo aplicada
especificamente a objetos inanimados. O processo de esterilização de artigos hospitalares que oferece maior segurança é o vapor saturado
sob pressão, realizado em autoclave. Este processo tem como parâmetros: o vapor, a pressão, a temperatura e o tempo.
Há, porém, no mercado, uma gama de artigos utilizados no cuidado à saúde que são produzidos com materiais complexos e que não
suportam a termo desinfecção ou a umidade do vapor, exigindo uma esterilização com métodos de baixa temperatura como: óxido de
etileno (ETO), plasma, ozônio, radiação gama entre outros. A seguir, o fluxo de processamento de artigos médicos cirúrgicos:

Lembramos que os métodos de esterilização à baixa temperatura normalmente não estão disponíveis nos serviços de saúde. Entre os
agentes químicos esterilizantes, ressaltamos o glutaraldeído e o ácido peracético:

Glutaraldeído: é um dialdeído saturado que reúne muitas vantagens como desinfetante de alto nível e esterilizante, devido ao seu am-
plo espectro de ação, bem como a estabilidade e a compatibilidade com as mais diversas matérias primas dos materiais e equipamentos
médico-hospitalares, pois não é corrosivo a metal e não danifica equipamentos ópticos, borracha ou plástico. Utiliza-se o glutaraldeído a
2% como agente químico desinfetante de alto nível ou esterilizante.
Sua utilização foi condenada por força de lei pela Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA nº 8 de 2009. Sua toxicidade também foi
questionada em 2004 pela Associação Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico –AORN, que recomendou três enxágues assépticos
com revezamento, para cada material por ele processado. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo publicou a resolução SS nº 27 em
2007 referente as medidas de controle sobre o uso do glutaraldeído, com foco na segurança ocupacional.

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ácido peracético: tem uma rápida ação microbicida e age pela e seu exercício exige conhecimento analítico da situação de saúde
desnaturação das proteínas, ruptura da parede celular e oxidação local. Por sua vez, cabe aos níveis nacional e estadual conduzirem
de proteínas, enzimas e outros metabólicos. É essencial que o usuá- ações de caráter estratégico, de coordenação em seu âmbito de
rio conheça as vantagens e as desvantagens de cada formulação ação e de longo alcance, além da atuação de forma complementar
para, junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - ou suplementar aos demais níveis.
CCIH, façam a melhor escolha baseada no custo-efetividade, uma A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmôni-
vez que há no mercado diferentes formulações. co das funções realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais capa-
Independentemente do método a ser utilizado, o monitora- citada e eficiente a instância local, mais oportunamente poderão
mento e validação de cada processo é imprescindível para um me- ser executadas as medidas de controle. Os dados e informações aí
lhor controle e segurança. produzidos serão, também, mais consistentes, possibilitando me-
Outra preocupação que deve haver nos estabelecimentos de lhor compreensão do quadro sanitário estadual e nacional e, conse-
saúde é sobre a reutilização de artigos de uso único que, embora quentemente, o planejamento adequado da ação governamental.
venham de fábrica contendo a identificação de “uso único”, ainda Nesse contexto, as intervenções oriundas do nível estadual e, com
são reutilizados. O reuso destes artigos envolve questões legais, maior razão, do federal tenderão a tornar-se seletivas, voltadas para
médicas, éticas e econômicas, sendo amplamente discutido. As questões emergenciais ou que, pela sua transcendência, requerem
normas brasileiras que regulam o reuso de artigos são a Resolu- avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas
ção da Diretoria Colegiada nº 156, a Resolução 2605 e a Resolução e centros de referência, inclusive internacionais. Com o desenvolvi-
2606, publicadas em 2006, que obrigam a instituição de saúde a mento do SUS, os sistemas municipais de vigilância epidemiológica
realizar, por meio de um instrumento normativo interno do esta- vêm sendo dotados de autonomia técnico-gerencial e ampliando o
belecimento, todo e qualquer processo de reuso dos artigos a ser enfoque, para além dos problemas definidos como de prioridade
realizado e dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e nacional, que inclui os problemas de saúde mais importantes de
implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médi- suas respectivas áreas de abrangência.
cos e dá outras providências.
Estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) com-
ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA. VIGILÂNCIA SANI- preende o conjunto articulado de instituições do setor público e pri-
TÁRIA, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, DOENÇAS TRANS- vado, componente do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou
MISSÍVEIS, DOENÇAS INFECCIOSAS, PARASITÁRIAS E indiretamente, notifica doenças e agravos, presta serviços a grupos
DOENÇAS CRÔNICAS populacionais ou orienta a conduta a ser tomada para o controle
dos mesmos.
Para adequar-se aos princípios de universalidade, equidade e
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA integralidade da atenção à saúde, tendo como estratégia operacio-
nal a descentralização. Esse processo foi bastante impulsionado a
Propósitos e funções partir das Portarias GM/MS n° 1.399, de 15 de dezembro de 1999, e
A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orien- n° 950, de 23 de dezembro de 1999. Esses instrumentos legais ins-
tação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a tituíram o repasse fundo a fundo dos recursos do Governo Federal
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle para o desenvolvimento das atividades de epidemiologia, vigilância
de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, infor- e controle de doenças, rompendo os mecanismos de repasses con-
mações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, veniais e por produção de serviços.
bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica Além disso, estabeleceram requisitos e atividades mínimas de
ou população definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemioló- responsabilidade municipal, definiram o teto de recursos financei-
gica constitui-se em importante instrumento para o planejamento, ros e a transferência de recursos humanos dos níveis federal e esta-
a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como dual para o municipal. Posteriormente, a Portaria GM/MS n° 1.172,
também para a normatização de atividades técnicas correlatas. A de 15 de junho de 2004, revogou as de 1999, para incorporar os
operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um avanços das mesmas como ampliar o escopo da Vigilância em Saú-
ciclo de funções específicas e intercomplementares, desenvolvidas de, que passou a compreender a vigilância das doenças transmissí-
de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o com- veis, vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, vigilância
portamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, em saúde ambiental e a vigilância da situação de saúde. Esta por-
para que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desen- taria estabelece competências da União, Estados, Distrito Federal e
cadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da vigilância Municípios, reorienta as condições para certificação dos diferentes
epidemiológica: níveis, na gestão das ações de epidemiologia e controle de doenças;
• coleta de dados; além disso, estabelece a PPI-VS (Programação Pactuada Integrada
• processamento de dados coletados; da área de vigilância em Saúde) e o TFVS (Teto Financeiro de Vigi-
• análise e interpretação dos dados processados; lância em Saúde) dentre outras ações. Os resultados das estratégias
• recomendação das medidas de prevenção e controle apro- adotadas vêm sendo operadas com maior ou menor efetividade por
priadas; cada sistema local de saúde (Silos), não restando dúvidas de que
• promoção das ações de prevenção e controle indicadas; representam um avanço para a vigilância epidemiológica auxiliando
• avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; o seu fortalecimento em todo o país.
• divulgação de informações pertinentes.
Indicadores de Saúde
As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde A construção da matriz de indicadores pautou-se nos critérios
(municipal, estadual e federal) abarcam todo o espectro das fun- de: relevância para a compreensão da situação de saúde, suas cau-
ções de vigilância epidemiológica, porém com graus de especifici- sas e conseqüências; validade para orientar decisões de política e
dade variáveis. As ações executivas são inerentes ao nível municipal apoiar o controle social; identidade com processos de gestão do

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
SUS; e disponibilidade de fontes regulares. Esses critérios se man- Avanços nos indicadores de desenvolvimento econômico e
têm no processo de revisão e atualização periódicas da matriz, que social, combinados ao aprimoramento de aspectos quantitativos
resulta em eventuais alterações, acréscimos e supressões de indica- (oferta, uso e cobertura) e qualitativos do Sistema Único de Saú-
dores. Por esse motivo, a consistência da série histórica disponibili- de (SUS), incluindo as ações de promoção da saúde, prevenção e
zada demanda atenção constante. controle de doenças nas diferentes regiões, resultaram em inques-
Convencionou-se classificar os indicadores em seis subconjun- tionável impacto na qualidade de vida das populações brasileiras.
tos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, mor- Incremento expressivo no acesso à rede geral de instalações sani-
bidade e fatores de risco, recursos e cobertura. Cada indicador é ca- tárias, à rede geral de água, à coleta de lixo, à escolaridade de boa
racterizado na matriz pela sua denominação, conceituação, método qualidade e à redução da pobreza extrema são alguns exemplos
de cálculo, categorias de análise e fontes de dados. A produção de desses avanços. Paralelamente, avanços na busca de universalidade
cada indicador é de responsabilidade da instituição-fonte melhor das ações do SUS e o aprimoramento da efetividade dos programas
identificada com o tema, a qual fornece anualmente os dados bru- e políticas de saúde têm sido perseguidos. Apesar desses avanços,
tos utilizados no cálculo, em planilha eletrônica padronizada, pre- persistem desigualdades que devem ser discutidas e enfrentadas.
parada pelo Datasus ou obtida diretamente das bases de dados dos Entre 1991 e 2000, o acesso ao saneamento básico na área ur-
sistemas nacionais de informações de saúde. bana foi ampliado para grande parcela da população brasileira . A
De maneira geral estão disponíveis, para cada indicador, dados prevalência percentual da população urbana sem acesso às instala-
desagregados por unidade geográfica 9 , idade e sexo. Dados sobre ções sanitárias reduziu de 4,3%, em 1991 para 2,5%, em 2000. As
cor/raça e situação de escolaridade, quando disponíveis, são utili- regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste que já apresentavam valores
zados como proxy de condição social. Há ainda categorias de aná- baixos em 1991 reduziram ainda mais o percentual de suas popula-
lise específicas a determinados indicadores como, por exemplo, a ções urbanas sem acesso às instalações sanitárias em 2000.
situação urbana ou rural do domicílio. A matriz orienta a elaboração A região Nordeste ainda apresenta 6,2% de sua população
anual do produto finalístico da Ripsa “Indicadores e Dados Básicos urbana sem instalações sanitárias. Os diferenciais entre as regiões
(IDB)”, a partir do qual devem ser realizados análises e informes so- aumentaram no período. Em 1991, a região Nordeste apresentou
bre a situação de saúde no Brasil e suas tendências. uma prevalência da população urbana sem instalação sanitária 5,9
Fichas de Qualificação Um importante avanço na produção vezes, maior do que na região Sul. Já em 2000, essa razão de preva-
do IDB foi a introdução de instrumento de orientação técnica ao lências foi de 10,3.
usuário, que esclarece os conceitos e critérios adotados na Ripsa A escolaridade persiste, ainda nos dias de hoje, como um dos
para os indicadores. Por recomendação da Terceira OTI (1997), cada principais fatores associados à saúde e ao bem estar das popula-
indicador está definido em uma ficha de qualificação padronizada ções brasileiras. Têm sido descritas associações entre baixos níveis
que dispõe sobre as seguintes características: • Conceituação: in- de escolaridade das populações dos estados e municípios brasilei-
formações que definem o indicador e a forma como ele se expres- ros e maior risco de morte infantil, maior risco de morte por causas
sa, se necessário agregando elementos para a compreensão de seu externas e maior risco de doenças infecciosas (BRASIL, 2004-2005;
conteúdo. DUARTE et al., 2002). Foram observados ganhos expressivos na pro-
• Interpretação: explicação sucinta do tipo de informação obti- porção de adultos (20 anos ou mais de idade) alfabetizados de 1991
da e seu significado. (78,9%) a 2000 (84,8%) .
• Usos: principais finalidades de utilização dos dados, a serem As regiões Nordeste e Norte foram as que apresentaram maio-
consideradas na análise do indicador. res incrementos desse indicador, apresentando um aumento rela-
• Limitações: fatores que restringem a interpretação do indi- tivo da proporção de população adulta alfabetizada de 17% e 11%
cador, referentes tanto ao próprio conceito quanto às fontes utili- respectivamente, no período analisado.
zadas. Como maior incremento desse indicador foi observado nas re-
• Fontes: instituições responsáveis pela produção dos dados giões com mais baixos valores do indicador em 1991, as discrepân-
utilizados no cálculo do indicador e pelos sistemas de informação a cias regionais (razão entre região Sul e Nordeste) reduziram ligeira-
que correspondem. mente, passando de 1,4 em 1991 para 1,3 em 2000.
• Método de cálculo: fórmula utilizada para calcular o indica- Igualmente aos demais indicadores analisados, também os ser-
dor, definindo os elementos que a compõem. viços de coleta de lixo tiveram ampliação de suas coberturas nas
• Categorias sugeridas para análise: níveis de desagregação regiões brasileiras , atingindo 71% da população brasileira em 2000.
definidos pela sua potencial contribuição para interpretação dos As regiões Norte e Nordeste, apesar de apresentarem cerca de ape-
dados e que estão efetivamente disponíveis. nas metade de sua população com acesso aos serviços de coleta
• Dados estatísticos e comentários: tabela resumida e comen- de lixo, foram também as que apresentaram maiores incrementos
tada, que ilustra a aplicação do indicador em situação real. Ideal- desse serviço no período de 1991 a 2000. Devido a esse fato, a de-
mente, a tabela apresenta dados para grandes regiões do Brasil, em sigualdade regional quanto a esse indicador reduziu de 2,5 (excesso
anos selecionados desde o início da série histórica. de cobertura da população com serviços de coleta de lixo na região
Sudeste em relação à região Norte) em 1991, para 1,7, em 2000.
Determinantes de Saúde
As fichas de qualificação foram progressivamente aperfeiçoa- Processo Saúde e Doença
das com a contribuição de consultores, especialistas e grupos ad
hoc. O processo de revisão e atualização está a cargo dos Comitês O processo saúde-doença e sua determinação social e histó-
de Gestão de Indicadores (CGI) da Ripsa. rica Doença
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das
Determinantes sociais em saúde segundo regiões brasileiras medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doen-
Instalações sanitárias da população urbana, rede geral de água ca- ça é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos
nalizada, população adulta alfabetizada e acesso à coleta de lixo por expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPO-
serviços de limpeza. NI, 1995. In: BRÊTAS; GAMBA, 2006). Para Evans e Stoddart (1990),
a doença não é mais que um constructo que guarda relação com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
o sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde integralmente. Duarte Araújo ressalta em seu artigo que o Brasil é um exemplo
Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros da polarização epidemiológica descrita por Frenk e colaboradores,
biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem combinando elevadas taxas de morbidade e mortalidade por doen-
afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em dife- ças crônico-degenerativas com altas incidências de doenças infec-
rentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprome- ciosas e parasitárias, e a prolongada persistência de níveis diferen-
timento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade. ciados de transição entre grupos sociais distintos.
O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do
conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado A transição demográfica no Brasil
nesses termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar indivi- Também nesse número da RESS, Vasconcelos & Gomes revi-
dual e do desempenho social, a percepção individual sobre a saúde sitam e atualizam o fenômeno da transição demográfica no Brasil,
é que conta (EVANS; STODDART, 1990). entre 1950 e 2010, e destacam os diferenciais frente a um modelo
teórico de transição, de uma sociedade rural e tradicional para uma
Conceito de saúde sociedade urbana e moderna, com quedas das taxas de natalidade
O que é saúde? Segundo o conceito de 1947 da Organização e mortalidade.
Mundial da Saúde (OMS), com ampla divulgação e conhecimento Vivemos na região mais urbanizada do planeta: em 2010, 82,0%
em nossa área, a saúde é definida como: “Um estado de completo da população da América do Norte e 79,0% da América Latina e
bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doen- Caribe residiam no meio urbano. Naquele mesmo ano, a taxa de
ça ou enfermidade”. urbanização no Brasil alcançou 84,0%. A completa inversão desse
indicador no país foi descrita em 1970, quando a população urbana
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf superou a rural e logo, gradativamente, foi se distanciando dela.
O processo de urbanização acompanhou-se de importantes
mudanças sociais, como nas formas de inserção da mulher na so-
Perfil epidemiológico da população brasileira ciedade, rearranjos familiares, incrementos tecnológicos, entre ou-
Em 1992, foi publicado na revista Epidemiologia e Serviços de tras. O padrão demográfico alterou-se. A forte queda na fecundida-
Saúde (RESS) o artigo intitulado ‘Polarização Epidemiológica no Bra- de e o aumento da longevidade impulsionaram um envelhecimento
sil’, de autoria de Duarte de Araújo. Hoje, em 2012, quando come- acelerado da população brasileira, conforme foi discutido por Vas-
moramos os 20 anos de existência da RESS, o pioneiro artigo é repu- concelos & Gomes. Em anos recentes, observam-se tendências de
blicado e nos brinda com um debate rico e atual. Conceitualmente, crescimento baixo ou mesmo negativo da população jovem, desa-
Omran, em 1971, focou a teoria da transição epidemiológica nas celeração do crescimento da população em idade ativa e grande
complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações crescimento do contingente de idosos.
entre esses padrões, seus determinantes demográficos, econômi- Entre 1940 e 1960, a taxa média de fecundidade no Brasil man-
cos e sociais, e suas consequências.2Entre as proposições centrais teve-se em torno de 6 filhos por mulher. Desde então, esse indica-
incluídas em sua teoria, destacam-se: dor vem decrescendo em todas as Regiões do país e entre todos
(I) existe um processo longo de mudanças nos padrões de mor- os grupos sociais, ainda que em ritmos diferentes. Em 2010, o país
talidade e adoecimento, em que as pandemias por doenças infec- apresentou taxa de fecundidade de 1,9 filhos por mulher, inferior
ciosas são gradativamente substituídas pelas doenças degenerati- à média observada para a região das Américas (2,1 filhos por mu-
vas e agravos produzidos pelo homem*; lher), variando de 2,1 a 3,0 nas unidades federadas (UF) da região
(II) durante essa transição, as mais profundas mudanças nos Norte, e de 1,6 a 1,7 nas UF das regiões Sul e Sudeste. Observa-se,
padrões de saúde-doença ocorrem nas crianças e nas mulheres jo- também, um padrão de gradativo incremento da idade gestacional
vens; no Brasil.
(III) as mudanças que caracterizam a transição epidemiológica Como aponta Vasconcelos & Gomes, a rapidez do processo e os
são fortemente associadas às transições demográfica e socioeconô- distintos ritmos observados entre as regiões caracterizam a transi-
mica que constituem o complexo da modernização; e ção demográfica no Brasil, assim como em outros países da America
(IV) as variações peculiares no padrão, no ritmo, nos determi- Latina. A França levou 115 anos para duplicar a proporção da popu-
nantes e nas consequências das mudanças na população diferen- lação de idosos (de 7,0 para 14,0%), enquanto no Brasil, a mesma
ciam três modelos básicos de transição epidemiológica, o modelo mudança proporcional levou apenas 40 anos para ocorrer (de 5,1
clássico ou ocidental, o modelo acelerado e o modelo contemporâ- para 10,8%).
neo ou prolongado. Além dessa robusta discussão apresentada por Vasconcelos &
Gomes, o artigo republicado de Duarte Araújo discute a polariza-
Vinte anos mais tarde, Frenk e colaboradores defendem a exis- ção epidemiológica brasileira vis-à-vis esse processo de transição
tência de um modelo ‘polarizado prolongado’ de transição epide- demográfica e as mudanças socioeconômicas experimentadas no
miológica na América Latina, caracterizado por: país.
(I) superposição de etapas - incidência alta e concomitante das
doenças de ambas as etapas, pré e pós-transição -; Redução da mortalidade precoce
(II) contra-transição - ressurgimento de algumas doenças infec- O Brasil tem experimentado notável êxito na redução da mor-
ciosas que já haviam sido controladas -; talidade precoce. A proporção de mortes ocorridas antes dos 20
(III) transição prolongada - processos de transição inconclusos, anos de idade passou de 12,2% em 2000 para 7,4% em 2010. Nesta
com certo estancamento dos países em estado de morbidade mista mesma década, o risco de morrer no primeiro ano de vida caiu de
-; e 26,6 para 16,2 por 1000 nascidos vivos (NV).
(IV) polarização epidemiológica - níveis diferenciados de transi- Não obstante, poderíamos - e deveríamos - fazer melhor. Cerca
ção entre e intrapaíses, inclusive entre grupos sociais de um mesmo de 70,0% das mortes infantis no Brasil são consideradas evitáveis
país. por ações efetivas do Sistema Único de Saúde.10 Nossa taxa de
mortalidade infantil é superior às médias para a América do Norte
(6,3 por 1000 NV) e mesmo para a América Latina e Caribe (15,6

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
por 1000 NV). Estamos também com valor maior para esse indica- mil óbitos em 2010) e aos acidentes de transporte terrestre (com
dor quando nos colocamos junto a países com níveis de desenvolvi- 42,5 mil óbitos em 2010), com destaque em grandes centros ur-
mento econômico semelhantes ao nosso, como é o caso do México banos.9 Os homens jovens são os mais afetados pelo crescimento
(14,1 por 1000 NV), Argentina (11,9/1000 NV), Costa Rica (9,1/1000 dos homicídios - como agressores e vítimas - e pelos acidentes de
NV) e Chile (7,4/1000 NV). trânsito. Transições demográficas rápidas em contextos históricos
complexos e de grandes desigualdades sociais alimentam a violên-
Doenças imunopreveníveis e outras doenças infecciosas e pa- cia e dificultam as soluções para esse problema.
rasitárias
A mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) vem Novos e velhos desafios nesse persistente contexto de mu-
declinando desde a década de 1940, inicial;mente com queda agu- danças
da, recentemente mais lenta, embora persistente.9,12 Entre 2000 Por si só, o aumento da população idosa e as demandas, cres-
e 2010, a mortalidade proporcional por DIP caiu de 4,7 para 4,3%. centes, de um envelhecimento saudável representam desafios im-
Parte relevante da tendência histórica de queda nesse grupo portantes para o Sistema Único de Saúde do Brasil. Esses desafios
de causas de morte deve-se ao expressivo êxito alcançado pela área são potencializados pela sobreposição de agendas, expressão de
da saúde em relação às doenças passíveis de prevenção por imuni- uma transição epidemiológica prolongada, com a persistência das
zação. Em conjunto, a notificação de casos e óbitos por sarampo, doenças transmissíveis, o crescimento dos fatores de risco para as
poliomielite, rubéola, síndrome da rubéola congênita (SRC), menin- DCNT e a enorme pressão das causas externas. Adicionalmente,
gite (H. influenzae), tétano, coqueluche e difteria em crianças me- como antecipado por Duarte Araújo, o país apresenta fases distintas
nores de 5 anos de idade reduziu-se de mais de 153 mil casos e 5,5 dessa transição, com polarização entre diferentes áreas geográficas
mil óbitos em 1980, para cerca de 2 mil casos e 50 óbitos em 2009.9 e grupos sociais, ampliando as contradições no território. Os atribu-
Nesse contexto, merece destaque, também, a redução da mortali- tos desse complexo contexto costuram e pressionam as agendas da
dade e hospitalização por algumas DIP potencialmente letais, como Saúde Pública e dos Sistemas Previdenciário e Educacional no Bra-
as doenças diarréicas agudas em crianças e a malária. sil. Da mesma forma como foi debatido por Frenk e colaboradores,
Permanecem, no horizonte da Saúde Pública, desafios históri- os processos de transição demográfica e epidemiológica também
cos como a persistência de doenças associadas à miséria e exclusão demandam transformações nas respostas sociais, expressas inclu-
social, a exemplo da tuberculose e a hanseníase; a alta incidência sive pela forma como o sistema de saúde se organiza para ofertar
da malária na região da Amazônia Legal, oscilando em torno de serviços, impondo, portanto, uma transição na atenção à saúde.
300 mil casos novos/ano; e as recorrentes epidemias da dengue. A
emergência de novas DIP, bem como as novas formas de transmis- Endemia
são de antigas DIP, aportam complexidade a esse cenário. Como foi É qualquer doença localizada em um espaço limitado denomi-
discutido por Duarte Araújo, esses são aspectos que nos afastam nado “faixa endêmica”. Significa que endemia é uma doença que
do modelo clássico de transição epidemiológica e exigem contínuas se manifesta apenas numa determinada região, de causa local, não
atingindo nem se espalhando para outras comunidades.
inovações dos modelos de vigilância em um contexto social diverso
Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a ende-
e complexo, como é a vida urbana atual.1,9,12
mia tem duração continua porém, restrito a uma determinada área.
No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode
Fatores de risco e as doenças crônicas não transmissíveis
ser citada a febre amarela comum Amazônia. No período de infes-
(DCNT)
tação da doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser
O envelhecimento, a urbanização, as mudanças sociais e eco-
vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, pois são regis-
nômicas e a globalização impactaram o modo de viver, trabalhar
trados focos da doença em um espaço limitado, ou seja, ela não se
e se alimentar dos brasileiros. Como consequência, tem crescido espalha por toda uma região, ocorre apenas onde há incidência do
a prevalência de fatores como a obesidade e o sedentarismo, con- mosquito transmissor da doença.
correntes diretos para o desenvolvimento das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT). Em 2011, quase a metade dos adultos (≥ 18 Doenças endêmicas
anos de idade) em capitais brasileiras relataram excesso de peso O Brasil já teve e tem várias doenças endêmicas. Por exemplo, na
(48,5%), 17,0% referiram consumo abusivo de álcool, 20,0% consu- década de 80, a doença de Chagas era uma importante endemia rural,
miam frutas e hortaliças em quantidadeinsuficiente e 14,0% eram mas ao longo dos anos teve a sua incidência melhorada, embora per-
inativos fisicamente. Não é de se surpreender que, em 2010, as maneça classificada como uma das graves endemias no Brasil.
DCNT responderam por 73,9% dos óbitos no Brasil, dos quais 80,1% Atualmente, a malária e febre amarela são importantes doen-
foram devido a doença cardiovascular, câncer, doença respiratória ças endêmicas que preocupam as autoridades e necessitam de cui-
crônica ou diabetes. Esses dados reafirmam a relevância das DCNT dados especiais. Podem ser citadas a esquistossomose, a leishma-
neste momento de transição epidemiológica do Brasil. niose, a tuberculose, a dengue e algumas verminoses intestinais
Esta realidade das últimas décadas também trouxe exemplos (como a ancilostomose). A dengue, por exemplo, é uma doença
de sucesso para o controle dos principais fatores de risco para as que encontrou no Brasil boas condições climáticas (clima quente e
DCNT. É o caso da política de controle do tabagismo, que fez cair a úmido) e sociais (disponibilidade de criadouros das larvas), se insta-
prevalência de fumantes de 35,6% em 1986 para 15,0% em 2010. lando e se tornando uma doença endêmica.
Estimativas recentes calculam que essa queda preveniu cerca de
420 mil (260 mil a 715 mil) mortes. Espécies endêmicas
Você pode estar se perguntando se doenças endêmicas estão
Causa externas de morte relacionadas as famosas espécies endêmicas.
O crescimento da violência representa um dos maiores e mais As espécies endêmicas são aquelas que ocorrem em apenas
difíceis desafios do novo perfil epidemiológico do Brasil. Em 2010, determinadas regiões geográficas. Elas são muito discutidas na área
ocorreram 143 mil (12,5%) óbitos devido as causas externas. O au- ambiental devido à sua importância para a biodiversidade e a ne-
mento da mortalidade por causas externas, observado a partir da cessidade da sua conservação. De maneira semelhante, as espécies
década de 1980, deve-se principalmente aos homicídios (com 52 endêmicas são aquelas que ocorrem em apenas algumas regiões.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Algumas doenças endêmicas podem ser causadas por agentes De acordo com o evoluir da história da humanidade, várias
etiológicos ou vetores endêmicos, ou seja, espécies que não conse- epidemias foram registradas. Doenças como a Varíola, a Malária,
guem sobreviver em outros lugares. A transmissão da malária, por a Tuberculose, o Tifo Epidêmico, a Poliomielite, a Febre Amarela e,
exemplo, depende do mosquito prego, que é endêmico da região mais recentemente, a AIDS, assolaram a população mundial em di-
norte, por essa ser uma região úmida e quente que favorece a so- ferentes épocas.
brevivência desse vetor. A Varíola, doença causada por vírus que começou a infectar hu-
Assim, a restrição do vetor a uma determinada área geográfica manos há milhares de anos, causa febre alta, dores no corpo e erup-
pode ser considerada um dos motivos de essa doença não se espa- ções na pele. A transmissão da doença pode ser por contato com a
lhar pelo Brasil. pele de alguém infectado, ou pelo ar, em locais fechados. Durante a
descoberta das Américas, por volta de 1500, os conquistadores eu-
Epidemia ropeus trouxeram consigo o vírus da Varíola, que assolou boa parte
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa co- da população Inca e Asteca. O último caso de infecção natural por
munidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pes- Varíola aconteceu em 1977, a doença hoje só existe em laboratório.
soas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá A Malária tem registros na humanidade há mais de quatro mil
ocorrer por causa de um grande desequilíbrio (mutação) do agente anos. A doença é transmitida por um mosquito, que se prolifera
transmissor da doença ou pelo surgimento de um novo agente (des- em águas paradas, que ao picar a pele do ser humano deposita um
conhecido). protozoário na corrente sanguínea que se aloja nos glóbulos ver-
A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se ini- melhos e os destrói. Alguns dos principais sintomas da malária são:
ciou como surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso febre, calafrios, sudorese, dores de cabeça e musculares. A Malária
de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso continua representando um sério fator epidêmico, principalmente
de uma doença até então desconhecida na área (ex.: gripe do fran- na África subsaariana.
go) requerem medidas de avaliação e uma investigação completa, A Tuberculose destruiu populações e diversos momentos da
pois, representam um perigo de originarem uma epidemia. história da humanidade. A doença é causada por uma bactéria, e é
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença transmitida pelo ar. A bactéria chega aos pulmões, causando dores
passa de epidêmica para endêmica e depois para esporádica. no peito, fraqueza, emagrecimento e tosse com sangue. Em casos
mais graves pode atingir o cérebro, os rins ou a coluna vertebral.
Doenças epidêmicas Apesar dos atuais tratamentos modernos, a tuberculose continua
A história da humanidade foi marcada por algumas doenças infectando muitas pessoas todo ano, e fatores agravantes, como o
epidêmicas, como a peste negra, a cólera e a gripe espanhola, que vírus HIV faz com que portadores do mesmo sejam mais suscetíveis
fizeram inúmeras vítimas. a desenvolver a forma grave da tuberculose, e chegar a óbito muitas
Recentemente, a sífilis passou a ser epidemia no Brasil, o que vezes.
está relacionado, entre outros fatores, ao menor uso de preservati- O Tifo Epidêmico atingiu a humanidade durante muitos anos,
vos nas relações sexuais, contribuindo para a sua transmissão entre matando milhares de pessoas. A doença, causada por um micróbio
as pessoas. O sarampo e a poliomielite (paralisia infantil) são doen- existente em piolhos, apresenta inicialmente sintomas como dor de
ças que estavam controladas no país, mas que hoje constituem sur- cabeça, falta de apetite, náuseas e febre. Logo pode evoluir e afetar
tos, principalmente pela negligência na vacinação das crianças. a circulação sanguínea, causando gangrena em algumas partes do
corpo, pneumonia e insuficiência renal, e a febre alta pode evoluir
Principais Endemias e Epidemias para um coma e insuficiência cardíaca. Uma vacina foi desenvol-
Endemia é uma doença infecciosa que ocorre em um dado ter- vida durante a Segunda Guerra Mundial, e o Tifo Epidêmico hoje
ritório, e que permanece provocando novos casos frequentemente. é bastante controlado, apresentando remotos casos em áreas da
Já epidemia é o grande número de casos de uma doença num curto América do Sul, África e Ásia.
espaço de tempo. A Poliomielite atingiu os humanos durante milhares de anos,
Exemplos de endemia no Brasil são as áreas afetadas por fe- paralisando milhões de crianças. A doença é causada pelo Polio-
bre amarela na Amazônia e áreas afetadas pela Dengue, como o vírus, que ataca o sistema nervoso humano. Os sintomas iniciais
sul da Bahia e a região sudeste. Estas regiões são denominadas fai- são dor de cabeça, dor e rigidez nos membros, vômito e febre. Não
xas endêmicas, pois estas doenças possuem um alto grau de conti- existe cura efetiva para a Poliomielite, mas a vacina, aperfeiçoada
nuidade, na mesma região. Há outros exemplos de endemias pelo na década de 1950, garantiu o controle e extinção da doença em
mundo, como a malária e a AIDS em várias regiões da África, e a boa parte do mundo. Apenas alguns países subdesenvolvidos ainda
tuberculose em diversas partes do mundo. Quando se viaja para apresentam casos da doença.
uma área endêmica, é recomendável prevenir-se, se houver vacinas A Febre Amarela, doença transmitida por picada de mosquitos,
ou medicamentos para a doença de tal faixa. tem como principais sintomas dores de cabeça, muscular, nas cos-
Caracterizar um agente epidêmico depende de vários fatores, tas, febre e comumente insuficiência hepática, que causa icterícia,
como a suscetibilidade da população exposta, experiência prévia o que dá nome à doença. Apesar da vacina e dos programas de pre-
com o agente, intensidade do agente, o tempo, o local e o com- venção, a doença ainda assola regiões da América do Sul e da África.
portamento do agente com relação à população. Doenças novas ou Por fim a AIDS, doença que surgiu nos anos 80, causada pelo
que há muito tempo não apresentem casos, quando aparecem ou vírus HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana. O contágio se dá pelo
reaparecem já podem ser consideradas surtos epidêmicos, mesmo contato com líquidos do corpo infectados, como sangue e sêmen.
sem a contaminação em massa. Com o sistema imunológico afetado, quaisquer infecções que nor-
O termo epidemia não se refere apenas a doenças infecto-con- malmente não apresentam grande ameaça à saúde, tornam-se um
tagiosas, mas a qualquer doença que apresente muitos casos em potencial fator mortal. Em alguns países da África a doença já se
uma população. É denominada epidemia toda doença que afeta tornou epidemia, pelos altos índices de prostituição e por mitos po-
uma grande quantidade de pessoas dentro de uma população ou pulares, como, por exemplo, o de que uma pessoa infectada que
região, e se estas proporções tornam-se muito grandes, é caracteri- mantém relação sexual com outra virgem cura-se da doença. Estes
zada uma pandemia. fatores contribuem para a transmissão acelerada da doença. Não

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
há cura para a AIDS, no entanto há medicamentos que controlam o O que são zoonoses
vírus, e a recomendação é sempre a mesma, o uso de preservativos Zoonoses são doenças típicas de animais que podem ser trans-
para evitar o contágio por relação sexual, e o uso de agulhas des- mitidas aos seres humanos e vice-versa. A palavra tem origem
cartáveis, para evitar o contágio por contato com sangue infectado. grega, onde zoon significa animal e nosos significa doença. Geral-
As doenças epidêmicas muitas vezes são também endêmicas. mente estas doenças são provocadas por parasitas hospedados em
As atuais condições sanitárias de muitas partes do mundo evitam os animais. Porém, as zoonoses também podem ser provocadas por
surtos epidêmicos, e a avançada tecnologia permite controlar rápi- microorganismos como, por exemplo, vírus, bactérias e fungos.
da e satisfatoriamente quando ocorre algum surto. No entanto, há
muitas localidades que ainda sofrem com fatores já erradicados em Animais transmissores
outras partes do mundo. O recomendável sempre é a prevenção. Os principais animais que transmitem estas doenças aos ho-
mens são: cachorros, gatos, morcegos, ratos, aves e insetos.
Pandemia
Uma pandemia ocorre quando uma doença espalha-se por Como evitar
uma grande quantidade de regiões no globo, ou seja, ela não está Pessoas que possuem animais domésticos devem levá-los
restrita a apenas uma localidade, estando presente em uma grande constantemente ao veterinário com o objetivo de checar a existên-
área geográfica. Nem todas as doenças podem causar uma pande- cia de zoonoses. Estas pessoas também devem levar seus animais
mia, entretanto, outras podem espalhar-se rapidamente e causar a para tomar todas as vacinas necessárias. Não entrar em contato
contaminação de milhares de pessoas. com animais doentes e evitar se expor em locais (matas, florestas,
bosques) com grande presença de animais silvestres.
→ Pandemias na atualidade
As pandemias atualmente podem ocorrer com mais facilidade Zoonoses mais comuns:
do que no passado. Isso porque é cada vez mais fácil o deslocamen- - leishmaniose
to das pessoas de um local para outro e, consequentemente, haver - febre amarela silvestre
disseminação de uma doença de uma região para outra. - hantavirus
Muitas vezes, o doente não apresentou sintomas de uma de- - leptospirose
terminada doença e relaciona-se com outras pessoas não se preo- - raiva
cupando com a transmissão. A falta de cuidado causa a transmissão - peste bubônica
da doença e a infecção de um grande número de pessoas. Nesses - sarna
casos em que não há sintomas, é fácil ir de uma região para outra - toxoplasmose
- tuberculose
sem levantar suspeitas das autoridades de saúde.
- esquistossomose
Quando uma doença espalha-se por várias regiões, fica difícil
prever o desfecho da história. Uma doença grave, por exemplo, ao
Hospedeiro
atingir uma região pobre, pode causar uma grande devastação em
Hospedeiro é um organismo que abriga um parasita em seu
virtude da falta de recursos para conter o avanço da enfermidade.
corpo. O parasita pode ou não causar doença no hospedeiro. O pa-
rasita possui dependência metabólica em relação ao hospedeiro,
→ Exemplos de pandemias
utilizando recursos para a sua sobrevivência. O hospedeiro também
Recentemente vivenciamos uma grande pandemia de gripe constitui o habitat do parasita. Normalmente os parasitos são es-
H1N1. Essa pandemia, que ocorreu em 2009, levou várias pessoas pecíficos dos hospedeiros, mas existem espécies de parasitas que
à morte em virtude do avanço relativamente rápido de um vírus da conseguem se instalar em duas ou mais espécies de hospedeiros
gripe que apresentava genes suínos, aviários e humanos. De acordo durante o seu ciclo de vida. Como exemplo, a Taenia solium que
com a Organização Mundial de Saúde, em apenas oito semanas, o causa a teníase e vive no intestino humano na fase adulta, parasita
vírus da gripe H1N1 alcançou cerca de 120 territórios. No Brasil, a o porco na sua fase larval.
pandemia, que se finalizou em 2010, levou duas mil pessoas à mor- Chamamos de endoparasita ou parasita interno aquele parasi-
te. Vale destacar que atualmente existe vacina contra a gripe H1N1, ta que se aloja no interior do hospedeiro. Exemplo: lombriga (Asca-
que é liberada gratuitamente para alguns grupos, como idosos e ris lumbricoides). E ectoparasita ou parasita externo é aquele para-
pessoas com doenças crônicas. sita que se abriga sobre a pele ou couro cabeludo do hospedeiro.
Outra pandemia bastante conhecida é a da AIDS, uma doen- Exemplo: piolho (Pediculus humanus capitis). Podemos encontrar
ça sexualmente transmissível que infectou e infecta milhões de três tipos de hospedeiros:
pessoas em todo o planeta. Essa doença, que também pode ser Hospedeiro definitivo – que é o que apresenta o parasita em
transmitida por meio de transfusões com sangue contaminado e sua fase de maturidade ou na sua forma sexuada. Exemplo: Schis-
compartilhamento de objetos perfurocortantes com o doente, afe- tosoma mansoni (que causa a esquistossomose) e o Trypanosoma
ta o sistema imunológico, deixando o indivíduo mais propenso a cruzi (que causa a Doença de Chagas), tem no homem o seu hos-
infecções. São essas infecções que levam o paciente à morte, e não pedeiro definitivo, pois a sua fase sexuada ocorre no ser humano.
propriamente a AIDS. Hospedeiro intermediário – é o que apresenta o parasita e sua
fase larvária ou assexuada. Como exemplo, o caramujo é o hospe-
→ Pandemia e epidemia são sinônimos? deiro intermediário do Schistosoma mansoni, causador da esquis-
Epidemia e pandemia são dois termos diferentes que não de- tossomose.
vem ser utilizados como sinônimos. Quando falamos em epidemia, Hospedeiro paratênico ou de transporte – é um ser vivo que
referimo-nos ao aumento de casos de uma doença em uma região serve de refúgio temporário e de veículo até que o parasita atin-
que excede o número esperado para aquele período do ano. As epi- ja o hospedeiro definitivo. O parasita não evolui neste hospedeiro.
demias podem atingir municípios, estados e até mesmo todo um Esse hospedeiro não é imprescindível para completar o ciclo vital.
país. No caso das pandemias, observa-se a distribuição da doença Exemplo: peixes maiores, que ingerem peixes menores contamina-
por diferentes países, que podem ser do mesmo continente ou não. dos com larvas de Diphyllobothrium transportam essas larvas até o
ser humano ingerir o peixe maior, geralmente cru.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A interação parasita-hospedeiro ocorre por infecção ou infesta- b) Reservatório animal
ção. Na infecção, ocorre a invasão e colonização do organismo hos- As doenças infecciosas que são transmitidas em condições nor-
pedeiro por parasitas internos, como helmintos (Taenia saginata) e mais de animais para o homem são denominadas zoonoses.
protozoários (Giárdia, Tripanossomo). Na infestação ocorre ataque Geralmente, essas doenças são transmitidas de animal para
ao organismo hospedeiro por parasitas externos, como os artrópo- animal, atingindo o homem só acidentalmente. Segundo os espe-
des (piolho, carrapato). cialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), zoonoses pode
ser definida como “doenças e infecções que são naturalmente
Características do reservatório do agente infeccioso transmitidas entre animais e o homem”.
O reservatório pode ser entendido como o habitat de um agen-
te infeccioso, no qual este vive, cresce e se multiplica. É aceitável Como exemplo, pode-se citar:
dizer que a característica que diferencia o reservatório da fonte de • leptospirose - reservatórios: roedores e equinos;
infecção diz respeito ao fato de o reservatório ser indispensável • raiva - reservatórios: várias espécies de mamíferos;
para a perpetuação do agente, ao passo que a fonte de infecção é a • doença de Chagas - reservatórios: mamíferos silvestres, etc.
responsável eventual pela transmissão. • toxoplasmose, amebíase, febre amarela, salmonelose, tuber-
Podem comportar-se como reservatório ou fontes de infecção: culose bovina, brucelose, tétano, dengue e inúmeras outras.
o homem, os animais e o ambiente.
c) Reservatório ambiental
a) Reservatório humano A água, o solo, as plantas podem comportar-se como reservató-
Grande parte das doenças infecciosas tem o homem como rios para alguns agentes infecciosos. Como exemplo, pode-se citar:
reservatório. Entre as doenças de transmissão indivíduo para indi- • o fungo (Paracoccidioides brasiliensis) causador da blasto-
víduo estão o sarampo, as doenças sexualmente transmissíveis, a micose sul-americana, cujos reservatórios são alguns vegetais ou
caxumba, a infecção meningocócica e a maioria das doenças res- o solo;
piratórias. • a bactéria causadora da doença-dos-legionários (Legionellae
Existem dois tipos de reservatório humano: pneumophila) tem a água como reservatório, sendo encontrada
• pessoas com doença clinicamente discernível; com certa frequência em sistemas de aquecimento de água, tais
• portadores. como na água de torres de refrigeração existente em sistemas de
circulação de ar, umidificadores, etc.;
Portador é o indivíduo que não apresenta sintomas clinicamen- • o reservatório do Clostridium botulinum, produtor da toxina
te reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser botulínica, é o solo.
examinado, mas que está albergando e eliminando o respectivo
agente etiológico. Diferença entre vetor e agente etiológico
Quando o assunto é uma doença, é importante explicar sua for-
Os portadores podem se apresentar de várias formas: ma de transmissão, citando seu agente etiológico e, quando houver,
• Portador ativo convalescente: pessoa que se comporta como o vetor. Muitas pessoas confundem esses termos, usando-os como
portador durante e após a convalescença de uma doença infeccio- sinônimos, apesar de terem significados bastante distintos.
sa. É comum esse tipo de portador entre pessoas acometidas pela
febre tifoide e difteria. → O que é vetor?
• Portador ativo crônico: pessoa que continua a albergar o Quando falamos em vetor, referimo-nos a organismos que ser-
agente etiológico muito tempo após a convalescença da doença. O vem de veículo para a transmissão de algum causador de doença.
momento em que o portador ativo convalescente passa a crônico é Esse organismo pode ser, por exemplo, um artrópode, como mos-
estabelecido arbitrariamente para cada doença. No caso da febre quitos ou moluscos.
tifoide, por exemplo, o portador é considerado como ativo crônico Os vetores podem ser classificados em dois tipos de acordo com a
quando alberga a Salmonella thyphi por mais de um ano após ter Sociedade Brasileira de Parasitologia: vetor biológico e vetor mecânico.
estado doente. O vetor biológico é aquele que serve de local para a multiplicação de
• Portador ativo incubado ou precoce: pessoa que se comporta um agente causador de doenças. Já o vetor mecânico é aquele em que
como portador durante o período de incubação de uma doença. o agente causador da doença não se multiplica e não se desenvolve
• Portador passivo: pessoa que nunca apresentou sintomas de nesse local, sendo o vetor apenas uma forma de transporte.
determinada doença transmissível, não os está apresentando e não No caso das doenças transmitidas por vetores, é impossível
os apresentará no futuro; somente pode ser descoberto por meio a transmissão de uma pessoa para outra. No caso da dengue, por
de exames laboratoriais. exemplo, o vírus não é transmitido pelo contato com o doente, sen-
do necessária a picada de um mosquito Aedes aegypti infectado
Em termos práticos os portadores, independentemente de sua para que a transmissão ocorra. Nesse caso, o mosquito é o vetor.
classificação, podem comportar-se de forma eficiente ou não, ou Além da dengue, a malária, a doença de chagas, febre amarela,
seja, participando ou não da cadeia do processo infeccioso, o que zika, chikungunya e leishmaniose são exemplos de doenças que são
permite classificá-los ainda em: transmitidas por vetores.
• Portador eficiente: aquele que elimina o agente etiológico
para o meio exterior ou para o organismo de um vetor hematófago, → O que é agente etiológico?
ou que possibilita a infecção de novos hospedeiros. Essa eliminação O agente etiológico é o agente causador da doença, aquele que
pode se fazer de maneira contínua ou intermitente. desencadeia os sinais e sintomas de determinada enfermidade. O ter-
• Portador ineficiente: aquele que não elimina o agente etioló- mo agente etiológico pode ser usado em substituição a patógeno.
gico para o meio exterior, não representando, portanto, um perigo Vírus, bactérias, protozoários, fungos, platelmintos e nema-
para a comunidade no sentido de disseminar o microrganismo. telmintos são alguns exemplos de agentes etiológicos. No caso da
dengue, por exemplo, o agente etiológico é o vírus da dengue, um
arbovírus da família Flaviviridae.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
→ Diferença entre vetor e agente etiológico Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter
A diferença entre vetor e agente etiológico é que esse último sido maltratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “clas-
causa a doença, mas o vetor transporta o agente etiológico. A ma- se social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial,
lária, por exemplo, é provocada por protozoários do gênero Plas- 8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o
modium (agente etiológico), que são transmitidos pela picada do percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas,
mosquito (vetor) do gênero Anopheles infectado. Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixas-
se de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma
A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en- pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos,
mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa- No Brasil, a busca por novas formas de produzir saúde pode ser
mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais identificada em diferentes ações políticas, assistenciais e na forma-
problemas enfrentados pelo setor no país. ção profissional. Tal contexto se pode perceber a partir da proposta
1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas de dois programas: Programa de Agentes Comunitários de Saúde
do SUS, segundo destacou o o presidente do TCU, ministro Raimun- (PACS), a partir de 1991, e Programa de Saúde da Família (PSF), a
do Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saú- partir de 1994.
de), há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que A adoção de tais propostas representa, de modo geral, uma
na Europa, cuja taxa é de 33,3. tentativa de reorganização da atenção à saúde do país, marcada
2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con- pela institucionalização do direito à saúde, como consta no artigo
sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen- 196 da Constituição Federal de 1988, no qual a saúde é assim de-
tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o finida:
27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me-
bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8). diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re- ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRA-
clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados SIL, 2004).
indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do Assim, ao garantir a universalidade do acesso, a Constituição
recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI Federal intensificou a demanda pelos serviços de saúde, tradicional-
neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade mente centrados no eixo hospitalar, buscando criar estratégias para
Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9 reverter o atual modo de atenção. A partir de então, puderam-se
leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela identificar várias experiências, em nível local, que priorizam ações
entidade. No SUS, a taxa é de 1,5. de promoção da saúde e prevenção de agravos, incorporando, em
4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi muitas delas, as contribuições da própria população, por meio de
o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI sua cultura, no “saber-fazer” os cuidados com sua própria saúde.
(Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços. Essas experiências influenciaram a concepção dos programas acima
Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema citados (BRASIL, 2004).
recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú- Em 1991, o Ministério da Saúde propõe o Programa de Agentes
de) e 31,4% (urgência ou emergência). Comunitários de Saúde (PACS) como uma estratégia de implemen-
5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento
tação do Sistema Único de Saúde (SUS), que desenvolve atividades
do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mun-
relacionadas à prevenção e educação nessa área, implantadas prin-
dial é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média
cipalmente em municípios de baixa densidade populacional. No
no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa
(13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%. PACS, o enfoque principal é a ampliação da cobertura da atenção
6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria básica e a introdução do Agente Comunitário de Saúde (ACS) como
na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de um trabalhador incumbido de desenvolver ações relacionadas ao
Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Re- controle de peso, orientações a grupos específicos de patologias,
gional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40% distribuição de medicamentos, entre outras (CHIESA, FRACOLLI,
dos recém-formados não passam em seu exame. 2004).
7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das men- Posteriormente, o Ministério da Saúde propõe o Programa de
salidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das Saúde da Família (PSF), como estratégia de reestruturação do sis-
queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Na- tema, constituindo uma unidade prestadora de serviços e atuando
cional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensa- numa lógica de transformação das práticas de saúde na atenção bá-
lidades e reajustes». sica (CHIESA; FRACOLLI, 2004).
8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos pla- A Saúde da Família vem sendo implantada em todo o Brasil, nos
nos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS, últimos anos, e tem garantido a ampliação do acesso e da abran-
foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No es- gência para uma parcela significativa da população. Passados quin-
tudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço. ze anos de sua implantação, são mais de 180 milhões de pessoas
9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse acompanhadas por mais de 234.000 agentes comunitários de saúde
é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor em todo o país. No município de Volta Redonda - RJ, no ano de
privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação 2009, existiam 308 ACS (BRASIL, 2009).
no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a institui- Esse novo ator surge no cenário da saúde do Brasil como in-
ção, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses tegrante das equipes de Saúde da Família, compostas, no mínimo,
do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações. por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfer-
10. Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasi- magem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada,
leira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e
na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
um técnico em higiene dental (BRASIL, 2007). O ACS, nesse cenário, busca facilitar o processo de cuidar, uma vez que ele pertence à
apresenta-se com um papel de destaque na atenção básica, visto mesma comunidade que o paciente que recebe o cuidado dispen-
que atua como elo entre a equipe de saúde, famílias e usuários. sado pelo agente.
Dessa forma, o cuidado em saúde resulta de processos de
Estratégia reestruturante da Atenção Básica: uma aposta na trabalho individuais e coletivos, institucionalizados ou não. Além
Saúde da Família disso, envolve relações entre as pessoas, trocas afetivas e de sabe-
No contexto do SUS, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) em- res, comunicações e inúmeros atos associados entre si, em que os
prega no seu processo de trabalho o planejamento e a programação cuidadores - sejam eles profissionais, semiprofissionais, quase pro-
da oferta de serviços a partir do enfoque epidemiológico, incluindo fissionais, ‘trabalhadores’ ou práticos - passam a produzir modos
a compreensão dos múltiplos fatores de risco à saúde e a possibi- de agir para interferirem no processo saúde-doença, mantendo e
lidade de intervenção sobre eles a partir de diferentes estratégias, restaurando a vida. Utilizam, para tanto, diferentes tecnologias do
tais como como a promoção da saúde (SAMPAIO; LIMA, 2004). cuidado, do campo cientifico e também empírico.
Como adiantam os autores, a ESF vai agir de acordo com a
necessidade de cada município e área, a partir de uma análise da
situação de saúde da população com a qual se pretende realizar SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
as ações de promoção à saúde e de prevenção e tratamento dos
agravos.
A ação dessa estratégia é destinada a cobrir determinadas fa- O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?
mílias a partir da identificação da situação-problema de cada uma O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com-
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o
delas, para garantir uma ação diferenciada e humanizada. E, por ser
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio
o ACS responsável pelo cadastramento das famílias e pelo levan-
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces-
tamento de seus perfis sócio-econômico e epidemiológico, enten-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com
de-se que seu papel é de extrema importância para o incremento
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
do PSF, pois ele é o elemento que circula no território, responsável
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e
por uma microárea e por um número determinado de pessoas. Em
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
média, um ACS é designado para o acompanhamento de até 750
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco
pessoas.
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção
O exercício da atividade profissional de Agente Comunitário de da saúde.
Saúde deve observar a Lei nº 10.507/2002, que cria a profissão de A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e
Agente Comunitário de Saúde; o Decreto nº 3.189/1999, que fixa as participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitário de e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
Saúde; e a Portaria nº 1.886/1997 (do Ministro de Estado da Saúde), to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária,
que aprova as normas e diretrizes do Programa de Agente Comuni- média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
tário e do Programa de Saúde da Família. atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemioló-
Segundo Nascimento e Nascimento (2005), o trabalho do ACS gica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.
se produz pelo fato dele pertencer ao mesmo universo do usuário
e, portanto, supostamente compreender esses conflitos. Por essa AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a
mesma razão, a superação dessas dificuldades é, em alguns casos, “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a
buscada por esse ator a partir de uma perspectiva interior ao uni- CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos
verso de sentido das pessoas da comunidade. trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente
Corroborando Nascimento e Nascimento, para o Ministério 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben-
da Saúde, o agente comunitário é um trabalhador que faz parte da do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
equipe de saúde da comunidade onde mora. É uma pessoa prepa-
rada para orientar famílias sobre cuidados com sua própria saúde Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
e também com a da comunidade (BRASIL, 1999). Sem dúvida, esse O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da
trabalhador apresenta características especiais, uma vez que atua Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição
na mesma comunidade onde vive, tornando mais forte a relação Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
entre trabalho e vida social.
O ACS é responsável por um trabalho que toma por base de Ministério da Saúde
suas ações a vinculação e o conhecimento dos modos e hábitos da Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora
população, com ação prática de adentrar no espaço íntimo da fa- e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacio-
mília e de identificar naquele espaço os riscos e as necessidades de nal de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite
saúde. A maior dificuldade desse processo reside no fato da saúde (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estru-
ser, antes de qualquer coisa, uma experiência individual. As formas tura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hos-
como as pessoas percebem sua saúde, e os meios como cuidam pitais federais.
dela, são tão diversas quanto as diferentes formas de significar e
experimentar a vida (TRAVERSO-YÉPEZ, 2007). Secretaria Estadual de Saúde (SES)
A produção do cuidado com a saúde, de um modo geral, en- Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
volve um conjunto milenar de saberes e práticas desenvolvidas em ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
diferentes contextos e efetuadas por diversos grupos, não sendo, participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
portanto, nessa perspectiva, uma ação exclusiva de uma categoria implementar o plano estadual de saúde.
profissional. Essa produção de cuidado conta, ainda, com várias
abordagens diagnóstico-terapêuticas. Além disso, a ação do ACS

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges-
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento
de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta- à saúde em seu território.
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
Municípios
Conselhos de Saúde São responsáveis pela execução das ações e serviços de saú-
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta- de no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O mu-
colegiado composto por representantes do governo, prestadores nicípio formula suas próprias políticas de saúde e também é um
de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de
de estratégias e no controle da execução da política de saúde na saúde. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitan-
instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi- do a normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder municípios para garantir o atendimento pleno de sua população,
legalmente constituído em cada esfera do governo. para procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, que pode oferecer.
que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa- História do sistema único de saúde (SUS)
tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas
sem fins lucrativos. com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul-
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos
Comissão Intergestores Tripartite (CIT) 80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, esta- No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo
dual e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS
Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para
Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
à Saúde.
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa-
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in-
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fe-
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde.
deral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co- da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
nasems) saúde e alguns parlamentares.
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tra- As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime
tar de matérias referentes à saúde autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons-
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti-
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) ca, considerando a descentralização, universalização e unificação
São reconhecidos como entidades que representam os entes como elementos essenciais para a reforma do setor.
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
forma que dispuserem seus estatutos. descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS em 1976.
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos
União de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -,
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da
da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede públi- Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple-
ca de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra processo de descentralização da saúde.
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na- A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela- Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
Estados e Distrito Federal a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado uma política de recursos humanos.
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro- Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces- comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos
so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de área da saúde e dá outras providências.
todos e dever do Estado” (art. 196). Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa-
ção social em cada esfera de governo.
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar- Responsabilização Sanitária
quização, descentralização com direção única em cada esfera de Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara-
governo, participação da comunidade e atendimento integral, com mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú-
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi- de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem
ços assistenciais. o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e
A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi- complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as-
ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma- junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do
nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III). processo de pactuação, no âmbito regional.

Princípios do SUS Responsabilização Macrossanitária


São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus
Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
8.080/1990. Os principais são: cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a
Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
sem qualquer custo; e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ-
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção
saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O
de complexidade; cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri-
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com buições de gestão, incluindo:
justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando - execução dos serviços públicos de responsabilidade munici-
maior atenção aos que mais necessitam; pal;
Participação social: é um direito e um dever da sociedade par- - destinação de recursos do orçamento municipal e utilização
ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par- do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini-
ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa das no Plano Municipal de Saúde;
participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e - planejamento, organização, coordenação, controle e avalia-
Descentralização: é o processo de transferência de responsa- ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
bilidades de gestão para os municípios, atendendo às determina- - participação no processo de integração ao SUS, em âmbito
ções constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atri- regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a ser-
buições comuns e competências específicas à União, aos estados, viços de maior complexidade, não disponíveis no município.
ao Distrito Federal e aos municípios.
Responsabilização Microssanitária
Principais leis É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi- sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
participação da iniciativa privada. equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen-
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as Instâncias de Pactuação
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com-
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal
nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível
do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços
Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por- É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces-
tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de
existentes no País. modo a atender as necessidades da população de seu município
com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS)
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa- deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua
ritariamente por representantes do governo estadual, indicados execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração
pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal
de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em
municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá- função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais,
rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con-
apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins- sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os
tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde, objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu-
sendo de extrema importância a participação dos gestores locais tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de
nesse espaço. avaliação dos resultados.

Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS
pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações
necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla-
devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades es- nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de
pecíficas em saúde existentes nas regiões. saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica);
Descentralização rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local
O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, es- de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas
pecialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
para a esfera municipal, estimulando novas competências e capa- mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami-
cidades político-institucionais dos gestores locais, além de meios nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de
adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e ma- base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse
crorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel
racionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de
para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
financeira para o processo de municipalização.
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser- saúde em níveis de atenção, que são de básica, média e alta com-
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos plexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planeja-
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida- mento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve,
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem atenção à saúde deve ser integral.
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de ponsabilidade.
atendimento e o processo de descentralização. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densida-
de, objetivando solucionar os problemas de saúde de maior fre-
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- quência e relevância das populações. É o contato preferencial dos
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- usuários com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de singularidade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural,
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- além de buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamen-
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- to de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
atendimento em um nível mais primário. prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
porque possibilita melhor organização e funcionamento também
dos serviços de média e alta complexidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so- e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade
corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo
indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução
os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados
Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali- à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran-
dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul- gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e
ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am-
recursos existentes. biental em saúde e a análise de situação de saúde.

Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte Competências municipais na vigilância em saúde
da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as
reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias,
específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em
conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer- seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi-
magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças
com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa- de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
em saúde e capacitação de recursos.
A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es- lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian- lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
do os resultados obtidos. Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina a fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o gestor ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
municipal entende que sua responsabilidade acaba na atenção básica Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
em saúde e que as ações e os serviços de maior complexidade são res- e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
ponsabilidade do Estado ou da União – o que não é verdade. garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- mais, um projeto que defenda e promova a vida.
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
a realização de ações conjuntas. cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- inventivas e capacidade de governo.
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera-
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios universal e igualitário às ações e serviços de saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição
que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis- garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com- (segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art.
petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza 200 e leis específicas.
os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais. O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui-
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po-
pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen-
pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na dem, também, de lei para a sua exequibilidade.
gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re- Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli- 6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
nam as políticas e ações em cada Subsistema. explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja- tido os incisos daquele artigo, tão somente).
mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa São objetivos do SUS:
participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen- a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
terminantes da saúde;
tes na União, nos Estados e Municípios.
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover,
nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e
Níveis de Gestão do SUS
outros agravos; e
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação
política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - For- O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi- O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For- que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza- de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
recursos públicos arrecadados. sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni-
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a dade humana.
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis- lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
social e econômica protetivas da saúde. clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer o
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fundos
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscrever o que
área de atuação do Sistema Único de Saúde. deve ser colocado à disposição da população, no âmbito do SUS, ainda
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham definido o campo de
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações e serviços públicos
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações de saúde, conforme dissemos acima. (O Conselho Nacional de Saúde e
e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o o Ministério da Saúde também disciplinaram o que são ações e servi-
direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú- ços de saúde em resoluções e portarias).
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços
públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia- ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente, causas.
do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti- Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas
dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio- que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po-
nado somente nos arts. 198 e 200. líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais).
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200
com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni- Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos
porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de
Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a- serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca- rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca- Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen- da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis-
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087- sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra-
6/600-RJ, aqui mencionado. mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, ins- compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu
tituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, determi- art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu
nando que suas atividades correrão à conta do orçamento do Fundo inciso I a “alimentação e nutrição”.
Estadual da Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. O PSDB, O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar recursos da saúde buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
para uma ação que não é de responsabilidade da área da saúde, mo- cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
veu ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de cautelar. que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- põe o Sistema Único de Saúde.
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
necessidade básica de alimentar-se. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “as- Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
sistência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. A saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o sanea- art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or-
mento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda e lazer, a ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento
falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicionantes e deter- integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de-
minantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. 8.080/90. vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS não podem ser prejudicadas.
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí-
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to-
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas dos os níveis de complexidade do sistema”.
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
previstas na Lei n. 8.080/90. do sistema.
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
da Saúde: necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
a) política nacional de saúde; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c) dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos ín- individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
dios; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
d) informações em saúde; los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
e) insumos críticos para a saúde; A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
camentos e alimentos; da assistência
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA. CRESCIMENTO
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. ALEITAMENTO MA-
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde. TERNO E ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL. ASSISTÊNCIA DE EN-
FERMAGEM À CRIANÇA COM DESIDRATAÇÃO, DOENÇAS
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de DA PELE E MUCOSA, PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS E
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da RESPIRATÓRIOS
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas Saúde da Criança e Adolescente
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. A população adolescente e jovem vive uma condição social que
7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demar- é única: uma mesma geração, num mesmo momento social, econô-
cação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos mico, político e cultural do seu país e do mundo. Ou seja, a modali-
entes políticos. dade de ser adolescente e jovem depende da idade, da geração, da
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- moratória vital, da classe social e dos marcos institucionais e de gê-
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- nero presentes em dado contexto histórico e cultural (MARGULIS;
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão URRESTI, 1996; ABRAMO, 2005). Nesse sentido, a atenção integral
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e à saúde dos adolescentes e jovens apresenta-se como um desafio,
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando por tratar-se de um grupo social em fase de grandes e importan-
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju- tes transformações psicobiológicas articuladas a um envolvimen-
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da to social e ao redimensionamento da sua identidade e dos novos
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes papéis sociais que vão assumindo (AYRES; FRANÇA JÚNIOR, 1996).
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. Os universos plurais e múltiplos que representam adolescentes e
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. jovens intervêm diretamente no modo como eles traçam as suas
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação trajetórias de vida. Essas trajetórias bem-sucedidas ou fracassadas
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto são mais que histórias de vida, são “reflexo das estruturas e dos
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na processos sociais” que ocorrem de maneira imprevisível, vulnerável
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- e incerta e que vão interferindo no cuidado com a vida e com a
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses suas demandas de saúde (LEÓN, 2005, p. 17). Tendo essas questões
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes no nosso horizonte, a ênfase dada às discussões produzidas nesse
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- documento focará no grupo populacional denominado de Adoles-
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, apro- cências, que vive o ciclo etário entre os 10 a 19 anos. Portanto, as
var e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. diferenças e as multiplicidades existentes nesta população devem
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, ser orientação para a acolhida, o cuidado e a atenção integral aos
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que adolescentes que acessam a atenção básica na política pública de
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti- saúde.
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover- O art. 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o
namentais. atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por in-
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, termédio do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso universal
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- e igualitário às ações e aos serviços para promoção, proteção e re-
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira cuperação da saúde. A partir da atenção integral à saúde pode-se
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo intervir de forma satisfatória na implementação de um elenco de
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano direitos, aperfeiçoando as políticas de atenção a essa população.
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- Uma estratégia de sucesso tem sido a utilização da Caderneta de
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser- Saúde de Adolescente, masculina e feminina, que contém informa-
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades ções a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação
de recursos, além da necessária observação do que ficou decidido saudável, da prevenção de violências e promoção da cultura de paz,
nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que da saúde bucal e da saúde sexual e saúde reprodutiva desse gru-
não contrariem a lei. po populacional. Traz ainda método e espaço para o registro an-
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- tropométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus odontológicas e o calendário vacinal. Profissionais de saúde, educa-
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente dores, familiares e os próprios adolescentes encontram nesse ins-
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob trumento um facilitador para a abordagem dos temas de interesse
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar das pessoas jovens e que são, ao mesmo tempo, importantes para
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados a promoção da saúde e do autocuidado. Os profissionais de saúde
em instrumentos jurídicos competentes . devem usar a Caderneta como instrumento de apoio à consulta,
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- registrando os dados relevantes para o acompanhamento dos ado-
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações lescentes na Atenção Básica.
e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua in- Entre as forças que podem participar da rede de apoio das
dividualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e famílias, crianças e adolescentes tem fundamental importância a
emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as Rede de Atenção Primária em Saúde.
demais atividades da saúde como a de maior reivindicação indivi- Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até
dual. Falemos dela no tópico seguinte. mesmo, comunitário (outros níveis de atenção à saúde, conselhos
tutelares, vara da infância e da adolescência etc.), a rede de atenção
básica quase sempre é a primeira porta de entrada para a busca

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma ou tre outras. Estar atento ao que eles hoje valorizam e apoiá-los em
de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso suas iniciativas. Ademais, é importante incentivar a construção de
de substância psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). Nem um projeto de vida próximo de seus ideais; orientar sobre a busca
sempre é o(a) adolescente que procura a Unidade Básica de Saúde. de oportunidades de emprego e promover o resgate da cidadania,
Com muita frequência, a família é a primeira a demandar atenção. onde o conceito de adolescer não seja entendido como aborrecer,
Em outras situações, são as escolas e os órgãos de proteção mas respeitá-los e fazer que se respeitem. Em suma, trabalhar essas
da criança e do adolescente, ou até mesmo agentes de saúde, que questões na atenção à saúde dos adolescentes e jovens difere da
encaminham a demanda. O primeiro desafio para a Atenção Básica assistência clínica individual e da simples informação ou repressão.
ir além da demanda referenciada é o trabalho interno com a equi- O modelo a ser desenvolvido deve permitir uma discussão sobre
pe, conscientizando que o acolhimento de adolescentes e jovens é as razões da adoção de um comportamento preventivo e o desen-
tarefa de todos os profissionais: da recepção à dispensação de me- volvimento de habilidades que permitam a resistência às pressões
dicamentos, do agente comunitário de saúde ao técnico de Enfer- externas, a expressão de sentimentos, as opiniões, as dúvidas, as
magem, do dentista aos demais profissionais de saúde com forma- inseguranças, os medos e os preconceitos. A proposta é reforçar as
ção universitária. À gerência destes serviços, cabe o planejamento condições internas de cada sujeito para o enfrentamento e resolu-
com a equipe e o acompanhamento das ações ofertadas, da gestão ção de problemas e dificuldades do dia a dia
do cuidado ofertado e da articulação da linha de cuidado interna
e externa na Rede de Atenção à Saúde e na rede intersetorial de Vulnerabilidade
assistência. O conjunto de forças psicológicas e biológicas exigidas para que
Destaca-se que a assistência ao adolescente começa na assis- uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso seus
tência à criança e sua família. É no atendimento desta faixa etária percalços, situações adversas ou situações estressantes, que mo-
que podemos detectar e problematizar questões como: o estilo dificam muito a vida das pessoas, tem sido chamado de resiliência.
parental de cuidado, o monitoramento do desenvolvimento e do Esta palavra foi emprestada da Física para a Psicologia em meados
cuidado tanto no período escolar como no período complementar, dos anos 70. Na década de 90, passa a integrar o discurso da Saú-
os serviços e órgãos de apoio de outros setores e as situações de es- de Coletiva e da Assistência Social. Na Física e na Engenharia de
tresse e adversidades que podem comprometer o desenvolvimento materiais, significa uma propriedade da matéria pela qual a ener-
etc. gia armazenada em um corpo deformado por um impacto seja de-
Além do atendimento de todas as referidas demandas, o traba- volvida quando cessa a tensão causadora, possibilitando ao corpo
lho com as escolas e com a rede de assistência social é fundamental readquirir sua forma inicial sem desestruturar-se. Frederick Flach,
para ampliar a procura direta do adolescente pelo serviço de Aten- psiquiatra norte-americano, estudioso dos mecanismos de produ-
ção Básica. ção e superação do estresse, passa a empregar o termo resiliência
Parcerias em projetos de Educação e Saúde nas escolas, como com o significado acima em suas investigações nos anos 70. Suas
proposto pelo Programa de Saúde na Escola do Ministério da Saúde pesquisas partiram da observação de que as pessoas superam ad-
(PSE/MS), qualificação das reuniões intersetoriais para acompanha- versidades semelhantes de forma muito diferente. Passou então a
mento de situações de maior vulnerabilidade e parcerias com pro- tentar identificar quais seriam as forças internas que aqueles que
jetos de Secretarias de Cultura, Esporte e Lazer dos municípios são superavam suas adversidades, sem prejuízos significativos para sua
fundamentais neste sentido. A oferta de grupos de encontro para personalidade, tinham e que não eram identificadas nas pessoas
adolescentes e familiares que cuidam de adolescentes e jovens é que não conseguiam superar satisfatoriamente eventos semelhan-
uma boa estratégia que deve ser estimulada pelos profissionais de tes.
saúde e entrar no rol de ações ofertadas no planejamento à atenção Identificou uma série de características na personalidade resi-
a adolescentes e jovens. Além disso, a leitura de vulnerabilidade e liente que são significativas:
resiliência, como proposto em capítulo específico deste documen- • Criatividade, reconhecimento e desenvolvimento de seus
to, também deve ser uma prática constante, que propiciaria a iden- próprios talentos.
tificação das situações que merecerão maior atenção e projetos te- • Um forte e flexível sentido de autoestima.
rapêuticos singulares e familiares para complementar a assistência • Independência de pensamento e ação.
prestada. • A habilidade de dar e receber nas relações com os outros, e
Promoção de saúde e prevenção de agravos É importante dar um bem estabelecido círculo de amigos pessoais, que inclua alguns
ao jovem a oportunidade dele fazer por ele mesmo. Desenvolver o amigos mais íntimos e que podem ser seus confidentes.
protagonismo juvenil engajando-o em projetos que ele mesmo crie, • Disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade.
assuma e administre. Dar-lhe autonomia, apoio e aprovação. Usar • Receptividade a novas ideias
seu potencial de energia em atividades comunitárias que propiciem • Disposição para sonhar e grande variedade de interesses.
autoconhecimento e altruísmo. Devem-se criar oportunidades de • Senso de humor alegre.
esporte, lazer e cultura. Usar os espaços físicos disponíveis, para • Percepção de seus sentimentos e dos sentimentos dos outros
que eles não sejam apenas expectadores, mas também atores. e capacidade de comunicá-los de forma adequada.
Isso pode ser feito dentro do plano de aula escolar ou apenas • Compromisso com a vida e um contexto filosófico no qual as
usando o espaço da escola, do clube e praças em horário extracurri- experiências pessoais possam ser interpretadas com significados e
cular. Para incentivar os adolescentes e jovens a participar das ativi- esperança, até mesmo nos momentos mais desalentadores da vida.
dades de promoção de saúde, é interessante a organização de gin- Seria impossível esperar de uma pessoa todas estas características
canas, competições e jogos cujos desafios principais sejam a ênfase de personalidade. Ninguém é perfeito e muito menos invulnerável.
na ecologia, alimentação natural, saúde, valores éticos e morais. No entanto, uma composição dessas características é fundamen-
Outra proposta seria a promoção de eventos festivos de acordo com tal para se perseverar na existência. Em alguma intensidade, essas
a cultura local, desenvolvendo temas sugeridos pelo público-alvo, características estão presentes em todos, não de forma inata, mas
bem como a criação de oficinas terapêuticas, onde o adolescente podendo ser desenvolvidas em maior ou menor intensidade na in-
possa criar vídeos, jornais, arte por intermédio da informática, mo- teração das pessoas umas com as outras. Esta interação inicia-se,
delagem, escultura, música, dança, desenhos, dramatizações, en- na maioria das vezes, no interior da família, prossegue na escola,

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
depois no trabalho, na comunidade etc. Ou seja, podem-se identi- em intervalos regulares (em média a cada seis meses), e inscritas
ficar, também, elementos de resiliência nas instituições humanas. em gráficos padronizados, que se pode avaliar adequadamente o
E, se estivermos atentos na identificação destes elementos, iremos crescimento. A velocidade do crescimento, assim obtida, constitui
detectar padrões diferentes de resiliência nas famílias, nas institui- um indicador importante de normalidade, que ajuda o profissional
ções, nas organizações e na comunidade. Mangham e colaborado- de saúde a esclarecer o diagnóstico de qualquer transtorno. As ve-
res (1996) identificam como elementos chaves da resiliência fami- locidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm
liar, de equipes e de outros arranjos grupais: um padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente
• Estabilidade: entendida como resistência à ruptura interna e cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). A média de velo-
senso de permanência. cidade de crescimento máxima durante a puberdade é cerca de 10
• Coesão: senso de afeto mútuo, companheirismo e segurança. cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo feminino.
• Adaptabilidade: habilidade coletiva para adaptar-se às mu- A velocidade máxima de crescimento em altura ocorre, em média,
danças e continuar funcionando a despeito de condições adversas. entre 13 e 14 anos no sexo masculino e 11 e 12 anos no sexo femi-
• Repertório de estratégias e atitudes para superar situações nino. Atingida a velocidade máxima de crescimento, segue-se uma
estressantes. gradual desaceleração até a parada de crescimento, com duração
• Redes de suporte para estender as capacidades da família ou em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas crescem, no
dos grupos por meio de outros familiares, amigos, vizinhos, compa- máximo, de 5 a 7 cm. As curvas de crescimento individual seguem
nheiros de trabalho, outros grupos etc. um determinado percentil desenhado no gráfico de crescimento. É
importante salientar que, tanto na infância quanto na adolescência,
Durante o processo de atendimento, a equipe pode ir cons- podem ocorrer variações no padrão de velocidade de crescimen-
truindo com o(a) adolescente uma leitura de sua resiliência e de to, ocasionando mudanças de percentil de crescimento, mas nem
sua vulnerabilidade, que poderá propiciar estratégias de cuidado sempre refletem uma condição patológica. De um modo geral, o
singularizadas. Daí a importância de se conhecer as demais políticas adolescente termina o seu desenvolvimento físico com cerca de
desenvolvidas para adolescentes e jovens pela Educação, Assistên- 20% da estatura final do adulto em um período de 18 a 36 meses.
cia Social, Cultura, Esportes, Conselho de Direitos etc. 42 Proteger e A evolução do peso segue uma curva semelhante à da altura. Na
cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica . puberdade, a velocidade de crescimento ponderal acompanha a do
crescimento em altura, com a incorporação final de 50% do peso
Crescimento e Desenvolvimento do adulto.
A adolescência é marcada por um complexo processo de cres-
cimento e desenvolvimento biopsicossocial. Embora já mencionado Idade óssea
em outro capítulo deste documento, vale relembrar que, seguindo A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evo-
a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde considera lutivas da maturação óssea, que acompanham a idade cronológica
que a adolescência compreende a segunda década da vida (10 a 20 no processo de crescimento, sendo considerada como um indica-
anos incompletos) e a juventude estende-se dos 15 aos 24 anos. dor da idade biológica. Ela é calculada por meio da comparação de
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescência radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões definidos
a faixa etária de 12 a 18 anos. Por outro lado, o Estatuto da Juven- de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade óssea
tude preconiza que os jovens estão entre 15 a 29 anos. Os grupos pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, con-
etários são explicados pelos diferentes parâmetros usados na sua siderando a sua relação com a idade cronológica.
concepção, como por exemplo, o crescimento e desenvolvimento,
as questões sociais e econômicas e aquelas relacionadas à inimpu- Composição e proporção corporal
tabilidade penal. O importante é que essas faixas etárias estejam Todos os órgãos do corpo participam do processo de cresci-
representadas nos sistemas de informação para que cada setor pos- mento da puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura
sa ter dados confiáveis sobre esse grupo populacional. subcutânea que apresentam um decréscimo absoluto ou relativo.
Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a puberdade, sendo
Desenvolvimento físico que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com o
O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade pico de velocidade do crescimento.
fértil; a palavra pubis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. A pu- Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a
berdade expressa o conjunto de transformações somáticas da ado- hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes
lescência, que, entre outras, englobam: nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo
• Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponde- masculino. Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma dimi-
ral e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações nuição da cavidade da medula óssea, mais acentuada nas meninas
puberais. Este acontecimento explica um volume final maior da cavidade
• Modificação da composição e proporção corporal, como re- medular para os meninos, que somado à estimulação da eritropoe-
sultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do tina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um
tecido adiposo. número maior de células vermelhas, maior concentração de hemo-
• Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com globina e ferro sérico.
ênfase no circulatório e respiratório.
• Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais se- Sequência do crescimento
cundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma or-
(1962). Desenvolvimento C dem invariável que vai das extremidades para o tronco. Os diâme-
tros biacromial e biilíaco também apresentam variações de cresci-
Crescimento mento durante a puberdade, sendo que o biacromial cresce com
O crescimento estatural é um processo dinâmico de evolução maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, observa-se
da altura de um indivíduo em função do tempo. Por isto, é somente também um alargamento da pelve. Os pelos axilares aparecem,
por intermédio de repetidas determinações da estatura, realizada em média, dois anos após os pelos pubianos. O pelo facial, no sexo

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar. Critérios de Tanner para classificação da puberdade feminina
O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas Pelos pubianos A evolução da distribuição de pelos pubianos é se-
situações, às primeiras manifestações puberais. Durante a puber- melhante nos dois sexos, de acordo com as alterações progressivas
dade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas vocais relativas à forma, espessura e pigmentação.
tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este mo-
mento, mais marcante nos meninos do que nas meninas, chama- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adoles-
mos de muda vocal. Na maioria dos indivíduos a mudança completa centes_atencao_basica.pdf
da voz se estabelece em um prazo de aproximadamente seis meses.
O crescimento dos pelos da face indica o final deste processo, quan- SAÚDE DA CRIANÇA
do a muda vocal deve estar completa. Adolescentes com uma alte-
ração na voz, que persista por mais de 15 dias, a Equipe de Saúde da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos
que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma in- estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da
terconsulta ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados in-
visando solucionar o problema em questão. É de suma importância tegrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com espe-
que o profissional de saúde saiba orientar os adolescentes quanto a cial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnera-
comportamentos nocivos a sua saúde, como o uso de tabaco. bilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente
facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno de-
Maturação sexual senvolvimento.
A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos Os princípios que orientam esta política afirmam a garantia do
ainda não plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotála- direito à vida e à saúde, o acesso universal de todas as crianças à
mo-hipofisário-gonadal. Em fase inicial da puberdade, o córtex ce- saúde, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da
rebral transmite estímulos para receptores hipotalâmicos, que, por atenção e a gestão participativa. Propõe diretrizes norteadoras para
meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise anterior a a elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças,
secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea. como a gestão interfederativa, a organização de ações e os servi-
ços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes temáticas de
Sexo masculino atenção à saúde; promoção da saúde, qualificação de gestores e
As gonadotrofinas, ou seja, os hormônios folículo-estimulante trabalhadores; fomento à autonomia do cuidado e corresponsabili-
e luteinizante (FSH e LH) atuam aumentando os testículos. Os túbu- zação de trabalhadores e familiares; intersetorialidade; pesquisa e
los seminíferos passam a ter luz e promover a proliferação das cé- produção de conhecimento e monitoramento e avaliação das ações
lulas intersticiais de Leydig, que liberam a testosterona e elevam os implementadas. Os sete eixos estratégicos que compõem a políti-
seus níveis séricos. Esses eventos determinam o aumento simétrico ca têm a finalidade de orientar gestores e trabalhadores sobre as
(simultâneo e semelhante) do volume testicular, que passa a ter ações e serviços de saúde da criança no território, a partir dos de-
dimensões maiores que 4 cm3 , constituindo-se na primeira mani- terminantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e
festação da puberdade masculina. Segue-se o crescimento de pelos à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integrali-
pubianos, o desenvolvimento do pênis em comprimento e diâme- dade da atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução
tro, o aparecimento de pelos axilares e faciais e o estirão puber- de vulnerabilidades e riscos. Suas ações se organizam a partir das
tário. O tamanho testicular é critério importante para a avaliação Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para as redes temá-
das gônadas e da espermatogênese, que costuma ocorrer, mais fre- ticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil
quentemente, no estágio 4 de Tanner. Avaliase o volume testicular e tendo a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora
de forma empírica ou utilizando-se o orquímetro e orquidômetro das ações e do cuidado no território, e servirão de fio condutor do
de Prader. Estes instrumentos contêm elipsoides de volumes cres- cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à Saúde, com ações e
centes de 1 ml a 25 ml. O tamanho testicular adulto situa-se entre estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio
de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode
12 ml e 25 ml.
se constituir em um grande diferencial a favor da saúde da criança.
A normativa busca integrar diversas ações já existentes para
Critérios de Tanner para classificação dos estágios da puber-
atendimento a essa população. O objetivo é promover o aleitamen-
dade masculina
to materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos
de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos)
Sexo feminino
e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com defi-
Os hormônios folículo-estimulante e luteinizante (FSH e LH)
ciência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua.
atuam sobre o ovário e iniciam a produção hormonal de estróge-
no e progesterona, responsáveis pelas transformações puberais Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
na menina. A primeira manifestação de puberdade na menina é o Criança
surgimento do broto mamário. É seguido do crescimento dos pelos Os sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada
pubianos e pelo estirão puberal. A menarca acontece cerca de um e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; alei-
ano após o máximo de velocidade de crescimento, coincidindo com tamento materno e alimentação complementar saudável; promo-
a fase de sua desaceleração. A ocorrência da menarca não significa ção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento inte-
que a adolescente tenha atingido o estágio de função reprodutora gral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com
completa, pois os ciclos iniciais podem ser anovulatórios. Por outro doenças crônicas; atenção à criança em situação de violências, pre-
lado, é possível acontecer também a gravidez antes da menarca, venção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde
com um primeiro ciclo ovulatório. de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulne-
rabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A Política considera como criança a pessoa na faixa etária de 7) Humanização da atenção – Princípio que busca qualificar as
zero a nove anos e a primeira infância, de zero a cinco anos. Para práticas do cuidado, mediante soluções concretas para os proble-
atendimento em serviços de pediatria no Sistema Único de Saúde mas reais vividos no processo de produção de saúde, de forma cria-
(SUS), são contempladas crianças e adolescentes menores de 16 tiva e inclusiva, com acolhimento, gestão participativa e cogestão,
anos, sendo que este limite etário pode ser alterado conforme as clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos
normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre
atendimento. humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde eta-
pas iniciais da vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários,
Dos princípios: trabalhadores e gestores neste processo, a construção de redes de
1) Direito à vida e à saúde – Princípio fundamental garantido cooperação e a participação coletiva, fomentando a transversalida-
mediante o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção
para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, por e gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2006a).
meio da efetivação de políticas públicas que permitam o nascimen- 8) Gestão participativa e controle social – Preceito constitucio-
to, crescimento e desenvolvimento sadios e harmoniosos, em con- nal e um princípio do SUS, com o papel de fomentar a democracia
dições dignas de existência, livre de qualquer forma de violência representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cida-
(BRASIL, 1988; 1990b). dania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as audiên-
2) Prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que cias públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as
compreende a primazia da criança de receber proteção e cuidado esferas de governo que conferem à gestão do SUS realismo, trans-
em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos parência, comprometimento coletivo e efetividade dos resultados.
serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a No caso da saúde da criança, o Brasil possui um extenso leque de
rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e do
como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas aleitamento materno e que podem potencializar a implementação
públicas (BRASIL, 1988; 1990b). deste princípio (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS
3) Acesso universal à saúde – Direito de toda criança receber MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009; MARTINS, 2010).
atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde, por
meio dos equipamentos de saúde, de atender às demandas da Das Diretrizes:
comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos 1) Gestão interfederativa das ações de saúde da criança – Fo-
problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilida- mento à gestão para implementação da Pnaisc, por meio da viabili-
des sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento zação de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos
responsável, quando necessário, para a rede de atenção (BRASIL, necessários para fortalecer a convergência dela com os planos de
2005a). saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à
4) Integralidade do cuidado – Princípio do SUS que trata da criança.
atenção global da criança, contemplando todas as ações de promo- 2) Organização das ações e dos serviços em Redes de Atenção
ção, de prevenção, de tratamento, de reabilitação e de cuidado, de à Saúde – Fomento e apoio à organização de ações e aos serviços
modo a prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não da Rede de Atenção à Saúde, com a articulação de profissionais e
se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende, serviços de saúde, mediante estratégias como o estabelecimento
ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante de linhas de cuidado, a troca de informações e saberes, a tomada
a integração dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada horizontal de decisões, baseada na solidariedade e na colaboração,
pela Atenção Básica, com o acompanhamento de toda a trajetória garantindo a continuidade do cuidado com a criança e a completa
da criança em uma rede de cuidados e proteção social, por meio de resolução dos problemas colocados, de forma a contribuir para a
estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo a família e integralidade da atenção e a proteção da criança.
as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005a). 3) Promoção da Saúde – Reconhecimento da Promoção da
5) Equidade em saúde – Igualdade da atenção à saúde, sem Saúde como conjunto de estratégias e forma de produzir saúde na
privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e saúde, com
de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com ações intrassetoriais e intersetoriais, voltadas para o desenvolvi-
maior alocação dos recursos onde e para aqueles com maior neces- mento da pessoa humana, do ambiente e hábitos de vida saudáveis
sidade. Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas não
programas para populações vulneráveis, em condição de iniquida- transmissíveis, envolvendo o trabalho em rede em todos os espaços
des em saúde, por meio do diálogo entre governo e sociedade ci- de produção de saberes e práticas do cuidado nas dimensões indivi-
vil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde, duais, coletivas e sociais (BRASIL, 2014h).
pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005a; 4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família –
BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família, princípio
SAÚDE, 2009). constitucional, que deve ser estimulado e apoiado pelo poder pú-
6) Ambiente facilitador à vida – Princípio que se refere ao es- blico, com informações qualificadas sobre os principais problemas
tabelecimento e à qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/fa- de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos,
mília/cuidadores e também destes com os profissionais que atuam o estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cui-
em diferentes espaços que a criança percorre em seus territórios dados com a criança, com especial foco nas etapas iniciais da vida,
vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral (PENEL- para a efetivação de seus direitos.
LO, 2013). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão da 5) Qualificação da força de trabalho – Qualificação da força de
relação entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desen- trabalho para a prática de cuidado, da cogestão e da participação
volvimento permeado pelo cuidado essencial, abrangendo toda nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da arti-
a comunidade em que vive. Este princípio é a nova mentalidade culação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais, efe-
que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados na tivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de
Atenção Integral à Saúde da Criança. resposta qualificada às necessidades em saúde da família.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
6) Planejamento no desenvolvimento de ações – Aperfeiçoa- saúde estar atenta e sensível a esses problemas em geral. O profis-
mento das estratégias de planejamento na execução das ações da sional bem treinado pode fazer avaliações e elaborar intervenções
Pnaisc, a partir das evidências epidemiológicas, definição de indi- durante a experiência da internação. O uso do brincar terapêutico,
cadores e metas, com articulação necessária entre as diversas po- atividades de recreação, atividades escolares, visitas hospitalares
líticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma a e grupos de apoio podem fornecer medidas criativas para guiar a
tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem criança e a família para longe da experiência negativa e em direção
as questões específicas de saúde. à experiência benéfica. (BOWDEN; GREENBERG, 2005)
7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – In-
centivo à pesquisa e à produção de conhecimento para o desen- Cuidados com as medicações
volvimento de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação Medicamento é toda a substância que, introduzida no organis-
e à tecnologia no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança, mo, previne e trata doenças, alivia e auxilia no diagnóstico. As ações
possibilitando a geração de evidências e instrumentos necessários de enfermagem relativas aos medicamentos dizem respeito ao pre-
para a implementação da Pnaisc, sempre respeitando a diversida- paro, à administração e a observação das reações da criança que se
de étnico-cultural, aplicada ao processo de formulação de políticas submeteu a este procedimento.
públicas. Considerar os seis certos tradicionais da administração de me-
8) Monitoramento e avaliação – Fortalecimento do monitora- dicamentos (registro certo, dose certa, via certa, droga certa, hora
mento e avaliação das ações e das estratégias da Pnaisc, com apri- certa e paciente certo) e de checar o procedimento realizado, em
moramento permanente dos sistemas de informação e instrumen- pediatria a equipe de enfermagem tem de levar em consideração
tos de gestão, que garantam a verificação a qualquer tempo, em certas peculiaridades durante o procedimento, tais como, a criança
que medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais sentir-se insegura durante a hospitalização e ter medo do que lhe
os processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indi- vai acontecer, não aceitando, muitas vezes, as medicações, princi-
cando novos rumos, mais efetividade e satisfação. palmente as injetáveis. (COLLET; OLIVEIRA, 2002)
9) Intersetorialidade – Promoção de ações intersetoriais para a Observam-se os seguintes cuidados para administração do me-
superação da fragmentação das políticas sociais no território, me- dicamento em pediatria segundo Collet e Oliveira 2002:
diante a articulação entre agentes, setores e instituições para am- - ler cuidadosamente os rótulos dos medicamentos;
pliar a interação, favorecendo espaços compartilhados de decisões, -questionar a administração de vários comprimidos ou frascos
que gerem efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania. para uma única dose;
-estar alerta para medicamentos similares;
Marcos do crescimento e do desenvolvimento -verificar a vírgula decimal;
O desenvolvimento da criança é o aumento da capacidade do -questionar aumento abrupto e excessivo nas doses;
indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. Para -quando um medicamento novo for prescrito, buscar informa-
uma definição mais completa e necessário diferenciar as noções re- ções sobre ele;
ferentes ao crescimento e desenvolvimento: -não administrar medicamentos prescritos por meio de apeli-
― crescimento e o aumento do corpo, de ponto de vista dos ou símbolos;
físico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de -não tentar decifrar letras ilegíveis;
medida dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele: -procurar conhecer crianças que tem o mesmo nome ou so-
aumento de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumen- brenome.
to do numero das células (hiperplasia);
― maturação e uma noção bem diferente – nesse caso, Cuidados prévios para a administração de medicamentos:
trata-se de organização progressiva das estruturas morfológicas. - orientar a criança e a mãe/acompanhante por meio do brin-
Aqui entra: crescimento e diferenciação celular, mielinização, espe- quedo terapêutico;
cialização dos aparelhos e sistemas; -lavar as mãos;
― desenvolvimento: e um ponto de visto holístico, inte- -reunir o material;
grante dos processos do crescimento e maturação, mas que junta
-lero rótulo da medicação (observar validade, cor, aspecto, do-
a isto o impacto e o aprendizagem sobre cada evento, e, também,
sagem)
a integração psíquicos e sociais;
-preparar o medicamento na dose certa;
― o desenvolvimento psicossocial – e, de fato a integração
-identificar a medicação a ser ministrada – nome da criança,
do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar
nº do leito, nome da medicação, a via de administração, a dose e o
as regras da sociedade, a rotina diária –praticamente, a criança vai
horário e a assinatura de quem prepararam;
seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a
-não deixar ao alcance das crianças os medicamentos;
sociedade cuja pertence.
-explicar a criança que entende a relação do medicamento com
O recém-nascido e a criança hospitalizada a doença;
As crianças tendem a responder à hospitalização com um dis- -restringir a criança quando necessário, para garantir a admi-
túrbio emocional, estas respostas geralmente manifestam-se atra- nistração correta e segura.
vés de comportamentos agressivos, como choro, retraimento, chu-
te, mordida, tapas, resistência física aos procedimentos, ou ignora FARMACOCINETICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
as solicitações. As internações são consideradas ameaças ao desen-
volvimento da criança e a união familiar. Fatores que Afetam a Absorção dos Medicamentos
Vários são os sinais dos transtornos que a criança possa apre-
sentar dentre eles destacam-se: Ansiedade de Separação; Perda de - Gastrintestinal
controle e Medos. O pH gástrico é alto em neonatos, atingindo os valores de adul-
A unidade de internação é um ambiente ocupado e barulhento, to por volta da idade de 2 anos. Os medicamentos ácidos são mais
cheio de eventos imprevistos e geralmente sem prazer para crianças biodisponíveis; os medicamentos-base apresentam menor biodis-
e seus pais. É responsabilidade de todos os membros da equipe de ponibilidade.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A motilidade gástrica e intestinal (tempo de transito) esta dimi- A administração de medicamentos por via oral consiste no pre-
nuída nos neonatos e lactentes menores, mas aumenta nos lacten- paro ideal, escolher o material de administração de acordo com a
tes maiores e crianças. idade da criança (colher ou copo de medidas, conta-gotas, seringa,
A quantidade de ácido biliar e o funcionamento estão diminuí- copo descartável, fita crepe ou etiqueta de identificação); orien-
dos nos recém-nascidos e atingem a sua capacidade máxima ao lon- tar a criança e o acompanhamento se preciso por intermédio do
go dos primeiros meses de vida. brinquedo terapêutico, sentar a criança semi-sentada no colo do
acompanhante ou decúbito dorsal elevado no leito; administra-se
- Retal o medicamento certificando-se de que a criança engoliu; oferecer
Somente alguns medicamentos são adequados para adminis- líquidos após o medicamento, registrar aceitação e se houver rea-
tração retal. Além disso, o tamanho da exposição na mucosa retal ção comunicar.
afeta a absorção.
Vantagens:
- Intramuscular ― Autoadministração, econômica e fácil;
Variável no grupo pediátrico secundário a (a) fluxo sanguíneo e ― Confortável, indolor;
instabilidades vasomotoras, (b) contração e tônus muscular insufi- ― Forma Farmacêutica de fácil conservação
cientes e (c) oxigenação muscular diminuída. ― Possibilidade de remover o medicamento

- Percutâneo Desvantagens:
Diminuído com espessura aumentada do estrato córneo e dire- ― Absorção variável;
tamente relacionado à hidratação da pele. ― Período de latência médio a longo;
Os neonatos e os lactentes tem a permeabilidade da pele au- ― Ação dos sucos digestivos;
mentada, permitindo maior penetração da medicação e uma rela- ― Interação com alimentos;
ção maior de área de superfície – peso corporal com potencial para ― Pacientes não colaboradores (inconscientes), com náu-
toxicidade. seas e vômitos o incapazes de engolir;
― pH do trato gastrintestinal
- Intraocular
As mucosas de neonatos e lactentes são particularmente finas; Via Retal: A administração consiste na administração de medi-
os medicamentos oftalmológicos podem causar efeitos sistêmicos camentos do tipo supositório ou enema no reto. O volume de líqui-
do a ser administrado varia conforme a idade da criança: em lacten-
nos recém-nascidos e nas crianças jovens.
tes, de 150 a 250 ml; em pré-escolar, de 250 a 350ml; em escolar, de
Fatores que Afetam a Distribuição
350 a 500ml e em adolescentes, de 500 a 750ml.
- Os neonatos têm uma maior proporção de água corporal total
Vantagens:
que rapidamente de reduz durante o primeiro ano de vida. Valores
― Fármacos não são destruídos ou desativados no Trato
de adultos são gradualmente alcançados por volta de 12 anos de
Gastro Intestinal-TGI;
idade. Este fator é uma consideração importante relacionado à so-
― Preferível quando a VIA ORAL está comprometida
lubilidade do medicamento na água.
― Pacientes que não cooperam, inconscientes ou incapazes
- As crianças têm uma proporção mais baixa de gordura corpo- de aceitar medicação por via oral .
ral que os adultos.
- A capacidade de ligação das proteínas depende da idade. Desvantagens:
― Lesão da mucosa ;
A concentração de proteína total ao nascimento corresponde ― Incômodo
a somente 80% dos valores de um adulto, o que leva a uma maior ― Expulsão
fração livre ou ativa da droga na circulação com um maior potencial ― Absorção irregular e incompleta
para toxicidade. ― Adesão
- A albumina fetal no período imediato após o parto tem a ca-
pacidade de ligação a drogas limitada. Via oftalmológica: A administração de medicamentos nos
- Uma barreira hemato-encefálica imatura durante o período olhos se dá na presença de infecções oculares ou para realizações
logo após o parto pode levar a altas concentrações de medicamen- de exames de pequenas cirurgias. Deixar a criança em decúbito dor-
tos no cérebro do que em outras idades. sal elevado; realizar higiene ocular com gaze estéril e soro fisiológi-
co; separar as pálpebras para expor o saco conjuntival e instilar as
Fatores que Afetam o Metabolismo gotas prescritas neste local, mantendo-se o conta-gotas a 3 cm de
- O sistema microssomal enzimático do recém-nascido é menos distância e soltar as pálpebras, secando-se a medicação excedente
eficaz. no sentido do canto interno para o externo e de cima para baixo.
- A maturação varia entre as pessoas; cada enzima hepática tor-
na-se funcional a uma frequência diferente. ATENÇÃO: Ao utilizar mais de um tipo de colírio no mesmo olho
é necessário aguardar pelo menos 10 minutos entre as aplicações.
Fatores que Afetam a Eliminação
- A filtração glomerular e a secreção tubular estão reduzidas no Via Inalatória: Este método utiliza o trato respiratório para
nascimento. transportar o medicamento através da inalação ou da administra-
- Existe um aumento gradual na função renal, com os valores ção direta para dentro da árvore respiratória através do tubo endo-
de adultos sendo alcançados nos(s) primeiro(s) 1-2 anos de vida. traqueal. O medicamento, depois de inalado ou infundido, se move
para dentro dos brônquios e, em seguida, atinge os alvéolos do
Vias de Administração de Medicação Infantil paciente, sendo difundidos para os capilares pulmonares. Os me-
Via Oral: Formas Farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, xaro- dicamentos fornecidos através da via respiratória podem produzir
pes e drágeas. efeitos locais ou sistêmicos.

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Vantagens Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes
― Rápido contato com o fármaco. de: falha na administração como aplicação profunda subcutânea;
― Utilizada principalmente por pacientes com distúrbios da dosagem incorreta com maior volume que o necessárioe con-
respiratórios taminação.
― Pode ser administrada em pacientes inconscientes.
― A principal vantagem é administrar pequenas doses para Via subcutânea: Consiste na aplicação de solução na tela sub-
ação rápida e minimizar os efeitos adversos sistêmicos cutânea, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele), Via utili-
zada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente
Via Tópica: É a via através da qual os medicamentos são admi- absorvidas, vacinas como a antirrábica, a insulina têm indicação es-
nistrados e absorvidos através da pele ou mucosas. pecífica para esta via. Os locais recomendados para aplicação são:
parede abdominal (hipocôndrio, face anterior e externa da coxa,
Vantagens: face anterior e externa do braço, a região glútea, e a região dorsal,
― É uma via prática; abaixo da cintura)
― Não é dolorosa;
― É a única via que pode garantir o efeito apenas no local Via intramuscular: Consiste na aplicação de solução no tecido
da aplicação (evita efeito sistêmico). Ex.: Uso de pomada ou gel. muscular. Procedimento muito comum 46% dos casos atendidos no
PS e no ambulatório resultam em administração de medicamentos
Desvantagens: por esta via. A escolha do local deve respeitar os seguintes critérios:
― Pode causar irritação na pele ou mucosas; - Quantidade e característica da droga
― Estímulo a automedicação; - Condição da massa muscular
― Ocorre perda do medicamento para o meio ambiente - Quantidade de injeções prescritas
- Locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superfi-
Via Parenteral (injetáveis): Este tipo de procedimento é consi- ciais
derado pela criança como um ato agressivo contra si, pois na maio- - Acesso ao local e risco de contaminação
ria das vezes é acompanhado de dor ou medo, o que se traduz no -Inserção, tamanho da agulha e ângulo apropriado para apli-
choro e na ansiedade. Existem quatro meios comuns para adminis- cação.
trar medicamentos por esta via: via endovenosa; via subcutânea; a
intradérmica e a intramuscular. Locais de aplicação ,os mesmos do adulto : Vasto lateral; Ven-
troglútea; Dorsoglútea; Deltoide.
Vantagens: O risco da aplicação intramusculares em Pediatria: Trauma ou
― Efeito farmacológico imediato; compressão aacidental de nervos; Injeção acidental em veia ou
― Evitar a inativação por ação enzimática; artéria; Injeção em músculo contraído; Lesão do músculo por so-
― Administração a pacientes inconscientes luções irritantes; Pode provocar dano celular, abscessos e alergias.
Via endovenosa: Via de ação rápida, pois o medicamento é mi-
Desvantagens: nistrado diretamente no plasma,com ação imediata.
― Toxicidade local ou sistêmica (alergias, erros) Tipo de medicamento injetado na veia: Solução solúvel no san-
― Resistência do paciente (Psicológico) gue; Não oleosos;Não devem conter cristais visíveis.
― Pureza e esterilidade dos medicamentos (Custo)
A administração da medicação ocorre por meio de um dispo-
Preparo do medicamento em ampola: sitivo intravenoso instalado por punção,podendo ser um procedi-
― Abrir a embalagem da seringa; mento repetitivo,no qual a criança revive as angústias geradas por
― Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não essa experiência,que pode resultar em traumas.
contaminar as duas partes; A equipe deve preparar adequadamente a criança para esse
― Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se procedimento para minimizar as consequências e os traumas gera-
a agulha está firmemente adaptada; das pela hospitalização.
― Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e
segurar a ampola entre os dedos médio e indicador da outra mão; Locais mais utilizados: Dorso da mão (veias metacarpianas
― Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração dorsais, arco venoso dorsal) Antebraço (cefálica acessória, cefálica
do conteúdo, invertendo lentamente a agulha, sem encostá-la na e basílica), Braço (mediana cubital, mediana antebraqueal, basíli-
borda da ampola; ca e cefálica),Dorso do pé: último recurso devido às complicações
tromboembólicas (arco venoso dorsal, mediana marginal),tornoze-
― Virar a seringa com a agulha para cima, em posição verti-
lo (safena interna), Pescoço (jugular externa e interna).
cal e expelir o ar que tenha penetrado;
As Indicações para administração endovenosas:
― Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento;
- Manter e repor eletrólitos, vitaminas e líquidos;
― Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apro-
- Restabelecer o equilíbrio ácido-básico;
priado à solubilidade da droga e à espessura do tecido subcutâneo
- Restabelecer o volume sanguíneo;
do indivíduo;
- Ministrar medicamentos;
― Manter a agulha protegida com protetor próprio.
- Induzir e manter sedações e bloqueios neuromusculares;
- Manter estabilidade hemodinâmica por infusões contínuas de
Via Intradérmica: Consiste na aplicação de solução na der- drogas vasoativas
me(área localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo) Via uti-
lizada para realizar testes de sensibilização e vacina BCG é de fácil As soluções utilizadas:
acesso, restrita a pequenos volumes - Isotônicas-concentração semelhante ao plasma(S.G.5% e
S.F.0,9%) fornecem água e calorias utilizadas para repor perdas
anormais e corrigir desidratação;

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Hipertônicas-concentração maior que a do plasma (S.G.10 % - Encaminhar a criança para o leito, organizar o ambiente;
,25% e 50%) indicado para hipoglicemia, combate ao edema e ao - Observar e anotar a normalidade da infusão e o local, estar
aumento da pressão intracraniana; atento aos sinais flogísticos, obstrução e presença de ar no equipo;
- Hipotônicas-concentração menor que a do plasma(ringer lac- - Trocar o equipo de acordo com as normas da instituição 24
tato) indicado para tratamento de desidratação, alcalose branda,hi- a 72h;
pocloremia,correção de desidratação; - Fazer anotações sobre o procedimento, o local e as ocorrên-
- Fluidos derivados do sangue: sangue total,plasma,papa de he- cias.
mácias,expansoresplasmáticos;
- Nutrição parenteral. Contenção para procedimentos: É necessária para garantir
segurança à criança e facilitar o procedimento, podendo ser feita
As complicações causadas pela administração de medicamen- manualmente ou com dispositivos físicos. Os pais e a criança devem
tos por via endovenosa: Infiltrações locais; Reações pirogênicas; ser orientados sobre a sua finalidade e objetivo. Pode ser manual,
trombose venosa e flebite (ações irritantes dos medicamentos ou executada com o auxílio de outra pessoa ou com a ajuda de lençóis
formação de coágulos); Hematomas e necrose. e faixas de contenção.

Fatores Contribuintes para extravasamento ou infiltração En- Sinais Vitais


dovenosa:
― Má perfusão periférica-propicia o extravasamento da Sinais Vitais: Avaliação da Dor
solução;
― Visualização inadequada do local da inserção do cateter; Diretrizes Clínicas
― Não observação de sinais flogísticos precoce e frequen- - Avaliar o nível de dor na primeira hora após a internação na
temente unidade de cuidados agudos ou durante a consulta ambulatorial,
para obter dados de referencia sobre o conforto da criança.
Sinais de Extravasamento ou Infiltração: - No caso de uma criança com dor crônica, a frequência de ava-
― Edema local que pode se estender por toda extremidade liações da dor baseia-se na condição da criança, mas é realizado ao
afetada; menos uma vez por mês.
― Perfusão local diminuída - Avaliar o nível da dor a cada 8 a 12 horas em uma criança com
― Extremidades afetadas frias doença aguda e com maior frequência, segundo a indicação clinica.
― Coloração da pele alterada(escura sugere necrose) A avaliação da dor é um processo continuo; cada cuidador realiza
― Bolhas no local. uma avaliação ampla da dor ao assumir os cuidados com a criança.
Após a avaliação inicial, se a condição da criança mudar, se a crian-
Cuidados importantes: Antes da infusão, verificar a permea- ça apresentar sinais de dor ou for submetida a um procedimento
bilidade do acesso; Não infundir medicação associada a hemode- provavelmente doloroso, ou se houver modificação da velocidade
rivados; Fazer controle de gotejamento, respeitando o tempo e o de infusão de medicamentos sedativos, analgésicos ou anestésicos,
volume prescritos. realizar outra avaliação ampla da dor. Se a criança estiver confortá-
vel, não é necessário realizar uma avaliação ampla da dor com cada
Técnica e procedimento de cateterização venosa periférica: grupo de sinais vitais; entretanto, procure conhecer a legislação do
- Realizar a seleção da veia; seu estado, porque alguns exigem que a avaliação da dor seja regis-
- Escolher uma veia visível e que permita a mobilidade da crian- trada toda vez que são registrados os sinais vitais.
ça - Avaliar o nível de dor dentro de 1 hora antes e após as inter-
- Selecionar o dispositivo para punção; venções para seu alivio em criança com doença aguda (o intervalo
- Preparar todo material (soro, equipo ou bureta, cateter de depende da intervenção especifica) para avaliar a resposta aos es-
dupla via) e retirar o ar do equipo; quemas de tratamento.
- Utilizar foco de 30cm de distância do local da punção para - Os profissionais são responsáveis pela avaliação da dor.
facilitar a visualização epromover a vasodilatação; - O médico, a enfermaria, a técnica ou auxiliar de enfermagem
podem obter relatos subjetivos de dor. Quando a determinação é
Não golpear o local da punção, pode causar dor e medo realizada por técnico ou auxiliar, qualquer variação em relação aos
- Garrotear o local; valores de referencia deve ser comunicada ao profissional.
- Fazer antissepsia do local com álcool 70%,seguindo a direção
da corrente sanguínea; Procedimento
- Solicitar ajuda para restrição dos movimentos;
- Fazer tricotomia; Passos
- Preparar material para fixação (micropore,esparadrapo e - Rever a história da dor inicial da criança e o nível anterior de
tala); dor, quando possível.
- Observar o diagnóstico médico e a história de eventos consi-
Distender a pele com uma das mãos e com a outra introduzir derados dolorosos ou causadores de traumatismo tecidual.
a agulha com o bisel voltado pra cima e paralelo à veia; Verificar - Determinar se a criança esta tomando quaisquer medicamen-
refluxo de sangue tos que possam afetar a percepção da dor ou a capacidade de co-
- Retirar o garrote municar que esta com dor.
- Conectar equipo de soro, verificar o fluxo do gotejamento - Lavar as mãos.
- Fixar e imobilizar a extremidade com tal; - Avaliar a presença de indicadores de dor, considerando a ida-
- Controlar gotejamento de da criança e o estado de sono:
-Identificar na fixação a data da punção, o horário e o nome do
responsável;

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Dor Aguda Frequência da Pulsação, Respiração
- Subjetiva: declaração de dor; se for incapaz de relatar, per-
guntar aos pais. Idade Pulso Respiração
- Fisiológica: aumento da frequência respiratória ou frequência
cardíaca, respirações superficiais, diminuição da saturação de oxi- Recém-natos 70 -170 30 – 50
gênio, diaforese, dilatação da pupila. 11 meses 80 -160 26 – 40
- Comportamental: choro, gemido, inquietação, ansiedade,
raiva, diminuição do nível de atividade, alteração do sono, posição 2 anos 80 -130 20 – 30
assumida pela criança (p. ex., deitada imóvel, posição fetal, mem- 4 anos 80 -120 20 – 30
bro fletido ou rígido) careta facial, posição antálgica, tocar a área
6 anos 75 -115 20 – 26
dolorosa.
8 anos 70 -110 18 – 24
Dor Crônica 10 anos 70 -110 18 – 24
- Sinais vitais estáveis.
- Interrupção do sono. Adolescentes 60 -120 12 – 20
- Regressão do desenvolvimento.
- Alteração dos padrões alimentares. Pressão Arterial
- Problemas de comportamento ou escolares.
- Afastamento de atividades em grupo. Idade Pressão Pressão
- Depressão. Sistólica Diastólica
- Agressão.
6m - 1 ano 90 61
No caso de uma criança submetida a bloqueio neuromuscu- 2 - 3 anos 95 61
lar:
4 - 5 anos 99 65
- Avaliar parâmetros fisiológicos.
- Avaliar o tamanho da pupila. 6 anos 100 65
- Interromper agentes paralisantes por um curto período para 8 anos 105 57
avaliar os comportamentos da dor.
- Avaliar o nível de dor utilizando um instrumento de avaliação 10 anos 109 58
valido, apropriado para o desenvolvimento; usar sempre o mesmo 12 anos 113 59
instrumento para comparar a adequação do controle da dor (p. ex.,
o mesmo instrumento ensinado previamente à criança e à família). Temperatura (T)
- Realizar o exame físico da área dolorosa. Oral 35,8º - 37,2º C
- Determinar o nível de dor da criança e as intervenções apro- Retal 36,2º C – 38º C
priadas; considerar a situação especifica (idade, estilo de adapta- Axilar 35,9º C – 36.7º C
ção, ambiente) e o tipo e a intensidade da dor. Implementar inter-
venções de controle da dor. Sinais Vitais: Frequência Cardíaca
- Realizar ampla reavaliação do nível da dor:
- Se houver indicadores clínicos de dor. Diretrizes clínicas
- Após implementação de intervenções para alivio da dor, com - A frequência cardíaca é determinada para avaliar o estado ge-
modificação da velocidade de infusão de medicamentos sedativos, ral de cada paciente na primeira hora após a internação na unidade
analgésicos ou anestésicos; a avaliação deve ser realizada em 1 hora de cuidados agudos.
após a intervenção, mas pode ser realizada mais cedo dependendo - Monitorar a frequência cardíaca a cada 4 a 8 horas durante
da intervenção (p. ex., 5 a 20 minutos após injeção em bolo intra- a fase aguda da doença se o paciente estiver na unidade de inter-
venosa). nação clínica e a cada 1 a 2 horas na unidade de terapia intensiva.
- Lavar as mãos. - A frequência cardíaca é reavaliada para monitorar a resposta
aos esquemas de tratamento e conforme indicado pela avaliação de
Dicas para verificação dos Sinais Vitais na Pediatria enfermagem ou médica.
- O técnico ou auxiliar de enfermagem e/ou a enfermeira po-
Ordem para Verificação dos Sinais Vitais: dem verificar a frequência cardíaca. Quando a frequência cardíaca
Frequência Respiratória – FR: Uma maneira prática para se ve- é verificada pelo auxiliar, qualquer variação em relação a medidas
rificar a frequência respiratória é colocando-se a mão levemente anteriores deve ser comunicada à enfermeira.
sobre o tórax da criança e contando quantas vezes a mão sobe du-
rante um minuto. Determinação da Frequência Cardíaca
Frequência cardíaca – FC: Procure verificar a FC , quando a
criança estiver dormindo ou em repouso. Quando o paciente for Passos
lactente, dê preferência ao pulso apical. A frequência apical é ve- - Rever no prontuário do paciente os dados de referencia sobre
rificada colocando-se o estetoscópio próximo ao mamilo esquerdo a frequência de pulso conhecer a variação para a idade.
por um minuto. - Determinar o pulso:
Temperatura – T – considera-se febre: acima de 37,8ºC - Nas crianças com menos de 2 anos de idade, é mais fácil rea-
Pressão arterial – PA – a PA deverá estar solicitada na prescri- lizar a ausculta apical.
ção médica e verificada quando necessário. - Em crianças maiores, pode ser realizada ausculta apical ou
Variação Normal dos Sinais Vitais em Crianças palpado o pulso periférico.

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Acalmar a criança, se necessário. Sempre que possível, fazer a Verificação da Frequência Respiratória
medida quando a criança estiver tranquila.
- Lavar as mãos. Passos
- Rever a frequência respiratória anterior da criança, quando
Determinação da Frequência Cardíaca por Ausculta do Pulso possível.
Apical - Observar o diagnostico médico da criança e a historia de pro-
blemas e dificuldades respiratórias.
Passos - Determinar se a criança esta tomando alguma medicação que
- Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com um lenço possa afetar a frequência e a profundidade respiratória.
embebido em álcool antes e depois do exame. - Lavar as mãos.
- Introduzir os olivas nos ouvidos com as extremidades curvas - Contar as respirações:
para a frente em direção à face. - Observar o movimento abdominal quando for lactentes e
- Identificar o pulso. Palpar a parede torácica para determinar o crianças pequena.
ponto de impulso máximo (PIM): - Observar os movimentos torácicos nas crianças mais velhas.
- Em crianças menores de 7 anos – imediatamente à esquerda - Se as respirações forem regulares, contar o numero de res-
da linha hemiclavicular no quarto espaço intercostal. pirações em 30 segundos e multiplicar por dois. Se as respirações
- Em crianças maiores de 7 anos – linha hemiclavicular esquer- forem irregulares, contar o numero de respirações em um minuto
da no quinto espaço intercostal. inteiro. Contar as respirações nos lactentes durante 1 minuto.
- Colocar o diafragma do estetoscópio sobre o PIM e contar a - Observar a profundidade e o padrão das respirações, ocor-
FC: rência de ansiedade, irritabilidade e posição de conforto. Observar
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e a coloração da criança, incluindo extremidades.
multiplicar por 2. - Lavar as mãos.
- Se o pulso for irregular, contar por 1 minuto completo. - Registrar os resultados; a frequência respiratória é registrada
- Lavar as mãos. por respirações por minuto.
- Registrar a frequência cardíaca, o pulso usado e o nível de
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) Sinais Vitais: Pressão Arterial
no prontuário.
Diretrizes clínicas
Determinação da Frequência Cardíaca por Palpação de Pulsos - A pressão arterial é verificada inicialmente para se obter um
Periféricos dado de referencia para avaliar o estado hemodinâmico geral de
cada paciente dentro da primeira hora de admissão em um ambien-
Passos te de cuidado agudo.
- Identificar o local; os pulsos radial e branquial são usados com - A pressão arterial é verificada para avaliar a resposta aos es-
maior frequência. quemas terapêuticos.
- Localizar o pulso da criança e palpar com seus dois ou três - Durante a doença aguda, verifique a pressão arterial a cada
primeiros dedos; não usar pressão excessiva. Observar o ritmo. 4 ou 8 horas, ou mais frequentemente se houver indicação clínica.
- Nos neonatos, verifique a pressão arterial se houver suspeita
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e de doença renal ou coarctação da aorta ou se estiverem presentes
multiplicar por 2. Se for irregular, contar durante 1 minuto comple- sinais clínicos de hipotensão. Não é recomendada uma triagem uni-
to. versal dos neonatos.
- Lavar as mãos. - Para a manutenção da saúde, a pressão arterial deveria ser
- Registrar a frequência cardíaca, a região usada e o nível de verificada:
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) - Uma vez ao ano nas crianças com idade superior a 3 anos.
no prontuário. - Em criança de qualquer idade com sintomas de hipertensão,
hipotensão, ou doença renal ou cardíaca.
Sinais Vitais: Frequência Respiratória - Um técnico ou auxiliar de enfermagem ou uma enfermeira
podem verificar a pressão arterial. Quando a pressão arterial for ve-
Diretrizes clínicas rificada por um auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer varia-
- Os movimentos respiratórios são medidos inicialmente para ção das medidas anteriores é informada ao enfermeiro ou médico.
se obter os dados de referência para avaliar o estado geral de cada - Use o braço direito sempre que possível para haver consistên-
paciente dentro da primeira hora da admissão em um ambiente de cia das aferições e comparação com as normas padronizadas.
cuidado agudo. - A ausculta é o método de escolha para a verificação da pressão
- As respirações são medidas antes e imediatamente após as arterial nas crianças, porque é necessária uma frequente calibração
intervenções respiratórias para avaliar a resposta aos esquemas te- dos equipamentos automáticos e existe uma falta de padrões de
rapêuticos. referencia estabelecidos para as crianças. Os equipamentos auto-
- A mensuração das respirações é feita a cada 4 ou 8 horas em máticos são aceitos quando a ausculta for difícil (p.ex., em crianças
uma criança agudamente doente e mais frequentemente conforme pequenas) ou quando forem necessárias verificações frequentes.
indicado clinicamente.
- Uma auxiliar ou técnica de enfermagem ou enfermeira podem Método de Ausculta
verificar a frequência respiratória. Quando a mensuração é encami-
nhada à enfermeira ou ao médico. Passos
- Rever as leituras da pressão arterial prévias da criança, se dis-
poníveis.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Analisar o diagnostico da criança e as medições atuais que Método da Palpação
provocam efeito sobre a pressão arterial.
- Lavar as mãos. Limpar o diafragma do estetoscópio. Passos
- Selecionar o local: - Seguir os 7 primeiros itens no procedimento anterior (Méto-
- Usar o braço direito quando possível. do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e
- Verificar no mesmo local e posição das verificações anterio- colocação.
res, quando possível. - Palpar a artéria à medida que infla o manguito.
- Não usar a extremidade que tiver uma lesão ou equipamen- - Inflar o manguito 30mmHg acima do ponto em que você per-
tos estranhos (p. ex., punção venosa, fistula de diálise arterioveno- cebeu o pulso da ultima vez.
sa ou renal). - Lentamente desinflar o manguito e perceber o ponto em que
- Não usar a extremidade com circulação alterada (p. ex., deri- o pulso volta a ser sentido.
vação de Blalock-Taussig, coarctação). - Desinflar completamente o manguito e removê-lo da extre-
- Selecionar manguito de tamanho apropriado: midade.
- A largura da câmara deve ser cerca de 40% da circunferência - Lavar as mãos.
do braço e estar a meio caminho entre o olecrânio (cotovelo) e o - Registrar os achados no prontuário do paciente como leitura
acrômio (ombro). da sistólica por palpação (p. ex., 100/p). Registrar também a posi-
- geralmente isto corresponde a um manguito que cobre cerca ção da criança, extremidade e local utilizado, tamanho do mangui-
de 80% a 100% da circunferência do braço. to, nível de atividade.
- Usar a linha do manguito do fabricante como um guia para a
seleção do manguito. Sinais Vitais: Temperatura
- Se não for possível obter o manguito do tamanho apropriado,
escolha um que seja maior, em vez de um muito pequeno. Diretrizes clínicas
- Centralizar a câmara do manguito na extremidade proximal - A temperatura é verificada para avaliar o estado de referencia
do pulso (p, ex., na área branquial, posição cerca de 2,5 a 5 cm aci- de cada paciente dentro da primeira hora após a admissão e para
ma da fossa antecubial), e prender o manguito de forma bem justa. detectar a mudança no estado do paciente (p. ex., hipotermia, pre-
Não posicionar o manguito sobre a roupa. sença de infecção, ou outras mudanças na condição do paciente).
- Verificar a PA após 3 a 5 minutos de repouso, quando possí- - A temperatura é avaliada de novo 30 minutos a 1 hora após a
vel. Posicionar o braço (extremidade) da criança ao nível do coração intervenção para medir a resposta ao esquema terapêutico.
durante o repouso. - A temperatura deve ser verificada a cada 4 ou 8 horas, ou
- Localizar a posição exata do pulso. Coloque o diafragma do mais frequentemente quando instável ou quando a criança estiver
estetoscópio onde o pulso é sentido, abaixo da borda do manguito. agudamente doente ou com problemas de termorregulação.
- Fechar a válvula do diafragma e inflar o manguito a uma pres- - Quando utilizar um equipamento para regular a temperatura
são de 30mmHg acima do ponto em que a pulsação da artéria é (p. ex., incubadora, cobertor para hipotermia, luz de aquecimento
obstruída. Estabilizar a extremidade durante a verificação. suspenso), a temperatura da criança deve ser verificada a cada 1 a
- Desinflar o manguito a uma velocidade de 2 a 3 mmHg por 3 horas.
segundo. - Os termômetros de mercúrio não devem ser usados (Gold-
- Observe os sons de Korotkoff: man, Shannon & o Committe on Environmental Health, 2001).
- Inicio do som de pancada.
- Abafamento do som, se aplicado. - A via oral deve ser usada em crianças com idade superior a 5
- Desaparecimento do som. anos a não ser que seja contraindicado pelas condições médicas ou
- Não inflar novamente o manguito durante a desinsuflação. de desenvolvimento (convulsões, atraso no desenvolvimento, nível
Dar alguns minutos entre as verificações da PA. de consciência alterado).
- Desinflar o manguito completamente e removê-lo do braço. - A mensuração timpânica (infravermelha) não é recomendada
- Lavar as mãos. para ser usada em crianças com idade inferior a 3 meses. Os estu-
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar dos mostram que as mensurações timpânicas não são tão exatas
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama- quanto outras formas de mensuração de temperatura e mostram
nho do manguito, nível de atividade (p. ex., 90/50 mmHg, supina, uma grande variedade.
braço direito, branquial, manguito infantil, calma). Se a PA estiver - Os termômetros descartáveis (p. ex., Tempa – DOT) são mais
muito alta ou baixa, verificar também a frequência cardíaca. exatos para as crianças com idade inferior a 5 anos.
- verificar a temperatura retal dos lactentes após o parto ime-
Método com Equipamento Automático diato. Após essa verificação de temperatura retal, usar a via axilar
nos lactentes e nas crianças pequenas. A temperatura retal está
Passos contraindicada nas crianças que se submeteram a cirurgia retal e
- Seguir os 6 primeiros itens no procedimento anterior (Méto- intestinal, com neutropenia, ou trompocitopenia.
do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e - O auxiliar ou técnico de enfermagem ou a enfermeira podem
colocação. verificar a temperatura. Quando a temperatura for verificada pelo
- Seguir as instruções do fabricante para o uso da maquina. auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer variação do referen-
- Estabilizar a extremidade durante a verificação. cial, ou desvio da mensuração anterior, deve ser relatada ao médico
- Lavar as mãos. ou enfermeira.
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama- Verificação da Temperatura Corporal
nho do manguito, nível de atividade.
Passos
- Rever o prontuário da criança quanto a:

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Sinais vitais das ultimas 24 horas. Verificação da Temperatura Axilar com Termômetro Eletrô-
- Avaliação dos problemas médicos atuais. nico
- Parâmetros de temperatura desejados
Passos
Verificação da Temperatura Oral de uma Criança com Idade - Lavar as mãos.
Superior a 5 Anos com Termômetro Eletrônico - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
mostrador se o termômetro esta carregado.
Passos - Selecionar o cabo apropriado: azul-oral.
- Lavar as mãos - Colocar o protetor do cabo no cabo.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no - Colocar o cabo protegido na axila da criança e segurar o braço
mostrador se o termômetro esta carregado. dela firmemente na lateral.
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral. - Observar a temperatura quando o mostrador digital estabili-
- Colocar o protetor do cabo no cabo. zou e a unidade emitiu um som; observar se a mensuração foi em
- Gentilmente inserir o cabo com o protetor no saco sublingual Celsius ou Fahrenheit.
posterior da criança até que a unidade emita um sinal. - Retornar a unidade para carregar na base.
- Remover o cabo da boca e observar a temperatura do mostra- - Lavar as mãos.
dor; observar se é em Celsius ou Fahrenheit.
- Jogue fora o protetor do cabo. Verificação da Temperatura com Termômetro Descartável
- Retornar a unidade para carregar na base.
- Lavar as mãos. Passos
- Lavar as mãos.
Verificação da Temperatura Timpânica em Criança com Idade - Remover uma única unidade do pacote.
Superior a 3 meses - Retirar a fita protetora do termômetro descartável.
- Colocar a fita de temperatura segundo as instruções de uso
Passos do fabricante:
- Lavar as mãos. - Pressionar a fita firmemente na testa ou axila da criança.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no - Colocar no saco sublingual.
mostrador se a unidade está carregada. - Usar a fita para monitorar a temperatura assim que a cor para
- Garantir que o mostrador indica modo timpânico (as unidades de mudar.
podem avaliar temperatura de superfície, retal, central e timpâni- - Ler a temperatura de acordo com as instruções do fabricante,
ca). por exemplo:
- Colocar o protetor descartável na ponta do cabo. - Ler o bloco indicado pela mudança de cor; verde indica tem-
- Puxar a orelha – retrair a pina posteriormente (empurrar para peratura registrada. Se o verde não aparecer, a temperatura está a
cima e para trás). meio caminho entre o indicado pelo marrom e o azul.
- Inserir o cabo no conduto auditivo enquanto pressiona o bo- - O numero de pontos que mudaram de cor.
tão do scan; cheque para garantir que o conduto auditivo esteja - Se for registrada uma temperatura acima de 37°C, confirmar
fechado. com a temperatura oral ou retal.
- Liberar o botão do scan. - Lavar as mãos.
- Remover o cabo quando o termômetro emitir sinal. Observar
o mostrador de leitura se a leitura é em Celsius ou Fahrenheit. Medidas Antropométricas
- Jogar fora o protetor do cabo pressionando o botão de liberar. A antropometria é importante ferramenta para avaliação do
- Retornar a unidade para carregar na base. crescimento infantil e aceita universalmente. Vantagens como baixo
- Lavar as mãos. custo, facilidade de execução e relativa sensibilidade e especificida-
de levam à elaboração de índices de crescimento fáceis de serem
Verificação da Temperatura Retal com Termômetro Eletrônico avaliados. Esse método pode ser aplicado em todas as fases do ciclo
de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo
Passos seu estado nutricional.
- Lavar as mãos, colocaras luvas de procedimento. As medidas antropométricas consistem nos dados sobre peso,
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no altura, perímetros cefálico e torácico. Sua verificação objetiva o
mostrador se o termômetro está carregado. acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança,
- Selecionar o cabo apropriado: vermelho-retal. vem como a base para a prescrição médica e de enfermagem.
- Colocar o protetor do cabo no cabo. É importante que o enfermeiro ao participar do processo de
- Lubrificar a ponta com gel hidrossolúvel. avaliação do crescimento da criança tenha o conhecimento de que
- Gentilmente abra as pregas interglúteas da criança e introdu- os principais aspectos que englobam uma avaliação eficiente e efi-
za o cabo 1,7 cm no lactente e 2,5 cm na criança maior. caz ao paciente são:
- Manter as pregas interglúteas fechadas com uma das mãos e -Medição dos valores antropométricos de maneira padroniza-
manter o cabo no lugar com a outra. da;
- Monitorar a mudança de temperatura no mostrador até que a -Relação dos valores encontrados conforme o sexo e a idade,
unidade emita um som. Observar a temperatura no mostrador e se comparando-os com os valores da população de referência;
a mensuração é em Celsius ou Fahrenheit. -Verificação da normalidade dos valores encontrados.
- Jogue fora o protetor do cabo apertando o botão de liberar.
- Retornar a unidade para carregar na base. 1 – Peso/Idade: as relações entre o peso da criança e sua idade
- Lavar as mãos. são de vital importância para uma identificação precoce de casos
de desnutrição ou obesidade, ou riscos para ambos. Esta relação

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
também poderá alertar o enfermeiro quanto a outros problemas Tipos de Banho:
relacionados que estejam ocasionando tais perdas ou ganhos anor- Banho de chuveiro: Normalmente é indicado para crianças na
mais de peso. faixa etária pré-escolar, escolar e adolescente, que consigam deam-
2 – Estatura/Idade: a mensuração da estatura da criança é de bular, sem exceder sua capacidade em situação de dor. Sempre que
suma importância para o acompanhamento do crescimento con- possível incentivar a criança a banhar-se sozinha, sob supervisão,
siderado dentro dos padrões da normalidade; como foi visto an- em caso de adolescentes permitir que tomem banho sozinhos.
teriormente nos fatores que influenciam o crescimento é possí-
vel verificar que o déficit de crescimento pode estar associado a Incentivar a criança a banhar-se sob supervisão ou, em caso de
problemas como a desnutrição e/ou socioeconômicos, entretanto adolescente, que queiram privacidade, permitir que tome banho
quando estes déficits tornarem-se muito elevados é importante a sozinho.
investigação de um especialista para detectar a real causa. - Quando for possível, ao término, verificar a limpeza da região
3 – Peso/Estatura: a relação entre o peso e a estatura da crian- atrás do pavilhão auditivo, mãos, pés e genitais.
ça é utilizada e recomendada pela Organização Mundial da Saúde
para detectar sobrepeso; também deve ser utilizado para detectar Higiene do Coto Umbilical
precocemente perdas de peso que indiquem a desnutrição aguda, Tem como objetivo prevenir infecções e hemorragias, além de
ou o risco desta. acelerar o processo de cicatrização.
O enfermeiro enquanto integrante da equipe de saúde par- -Manter o coto posicionado para cima, evitando contato com
ticipa do processo de avaliação do crescimento da criança, sendo fezes e urina; efetuar higiene na inserção e em toda extensão do
importante salientar que todas as funções do processo avaliativo coto umbilical, evitando que o excesso de álcool escorra pelo ab-
são delegadas a diferentes profissionais, conforme a especialidade dômen.
de cada um. -Fazer curativo com álcool a 70% até a queda do coto umbilical
Desta forma, quando se fala em desnutrição e/ou obesidade e ou de acordo coma rotina da unidade.
obtenção de valores fidedignos é sempre de grande valia a inserção -Observar e registrar as condições do coto (presença de secre-
do nutricionista, já que o mesmo possui a responsabilidade de ins- ção ou sangramento) e região peri umbilical (hiperemia e calor .).
truir sobre a alimentação da criança e realizar demais testes antro-
pométricos necessários para uma análise mais detalhada. Higiene Nasal
É a remoção de excesso de secreção (cerúmen) do conduto au-
Referências: ditivo externo e a remoção da sujeira do pavilhão auricular.
ORLANDI, O. V.; SABRÁ, A. O Recém-Nascido a Termo. In: FILHO, J. R. Fazer higiene com cotonete embebido em SF 0,9% ou água des-
Obstetrícia. 10º ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005 tilada, observar e registrar o aspecto da secreção retirada.
FERNANDES, K.; KIMURA, A. F. Práticas assistenciais em reanimação
do recém-nascido no contexto de um centro de parto normal. Rev. Esc. Higiene Ocular
Enferm. USP, São É a retirada de secreções localizadas na face interna do globo
Paulo, v.39.n.º 4, p.383-390, 2005. ocular.
WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica elementos essências à interven- -Fazer higiene ocular com SF 0,9 % ou água destilada, observar
ção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999 e registrar o aspecto da secreção retirada.
BOWDEN, V. R.; GREENBERG, C. S. Procedimentos de enfermagem -Proceder à limpeza do ângulo interno do olho ao externo, uti-
pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. lizando o lado do cotonete somente uma vez.
COLLET, N.; OLIVEIRA, B.R.G. Manual de Enfermagem em Pediatria.
Goiania:AB Editora, 2002.
Aleitamento Materno
Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem sucedi-
Higiene
do é importante que a mãe esteja motivada e, além disso, que o
A higiene da criança hospitalizada é um cuidado de necessi-
profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para
dade básica, objetiva-se prevenir doenças, proporcionar conforto
resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a
e bem estar a criança e ainda provocar a recuperação de sua en-
amamentação.
fermidade.
Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Por-
Possibilita a avaliação do exame físico e promove a educação
em saúde aos acompanhantes. que acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas,
Entre os procedimentos de higiene os mais utilizados são: ba- para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que
nho; higiene das unhas; troca de fraldas; higiene oral e nasal e hi- seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamen-
giene perineal. te a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não es-
tão tranquilas quanto a sua capacidade para amamentar. É preciso
Banho: É um procedimento de rotina no momento da admis- orientá-las:
são, diariamente e sempre que necessário. O banho diário é indis- -Que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colostro,
pensável a saúde, proporciona bem-estar, estimula a circulação san- é produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos primeiros
guínea e protege a pele contra diversas doenças. dias de vida, inclusive para bebês prematuros, pelo seu alto teor de
O momento do banho deve ser aproveitado para estimular a proteínas.
criança com (ou através de) estímulos psicoemocionais (acariciar), - Que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até o
auditivos (conversar e cantar) e psicomotores (inclusive movimen- 6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos e água
tos ativos com os membros). é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazendo com
- Banho: neste momento pode-se estimular o sistema senso- que ele mame menos leite materno, pois o volume desses líquidos
rial, afetivo da criança. Nele deve-se conversar, dar-lhe brinquedos, irá substituí-lo. Água, chá e suco representam um meio de contami-
estimular o tato e sempre incentivando o acompanhante a acompa- nação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta desses líqui-
nhar este momento. Existem vários tipos de banhos: o de chuveiro, dos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais
de leito e de banheira. ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
gases, e consequentemente, cólicas no bebê. Além disso, pode-se Boa pega:
instalar a confusão de bicos, dificultando a pega correta da mama - O queixo toca a mama
e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiólogos. - O lábio inferior está virado para fora
-A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama, - Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo
impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da ma- - Ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo
mada) que é rico em gordura, interferindo na saciedade e encurtan-
do os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que Produção versus ejeção do leite materno
seu leite é insuficiente e fraco. A produção adequada de leite vai depender, predominante-
-Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam in- mente, da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas),
gurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela
devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da produção do leite).
produção de leite. Entretanto, a produção de ocitocina, hormônio responsável
-Em média a produção de leite é de um litro por dia, assim é pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emo-
necessário que a mãe reponha em seu organismo a água utilizada cional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com
no processo de lactação. É importante que a mãe tome mais água pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20 g
(filtrada e fervida) e evite a ingestão de líquidos com calorias como e molha menos de seis fraldas por dia. O profissional de saúde pode
refrigerantes e refrescos. contribuir para reverter essa situação orientando a mãe a colocar
-As mulheres que precisam se ausentar por determinados pe- a criança mais vezes no peito para amamentar inclusive durante a
ríodos, por exemplo, para o trabalho ou lazer, devem ser incentiva- noite, observando se a pega do bebê está correta.
das a realizar a ordenha do leite materno e armazená-lo em frasco
de vidro, com tampa plástica de rosca, lavado e fervido. Na gela- Puericultura
deira, pode ser estocado por 12 horas e no congelador ou freezer Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crian-
por no máximo 15 dias. O leite materno deve ser descongelado e ças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança
aquecido em banho Maria e pode ser oferecido ao bebê em copo como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. É
ou xícara, pequenos. O leite materno não pode ser descongelado uma especialidade médica contida na Pediatria que leva em conta
em micro-ondas e não deve ser fervido. a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-
-sócio-cultural.
É importante que a mãe seja orientada sobre: Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, inda-
O leite materno contém a quantidade de água suficiente para ga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos
as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes. e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil
A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em
líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o cada consulta o pediatra vai pedir informações de como a criança se
volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo. alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de
O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê; higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, atra-
há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o vés da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico
faz em trinta minutos ou mais. e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde
Ao amamentar: das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-escolares, esco-
a) a mãe deve escolher uma posição confortável, podendo lares e jovens devem ter seu crescimento e seu desenvolvimento
apoiar as costas em uma cadeira confortável, rede ou sofá e o bebê avaliado. Crescimento é o ganho de peso e altura, um fenômeno
deve estar com o corpo bem próximo ao da mãe, todo voltado para quantitativo, que termina ao final da adolescência. Por outro lado,
ela. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil; o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas,
b) ela não deve sentir dor, se isso estiver ocorrendo, significa evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo con-
que a pega está errada. tínuo.
DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS NA INFÂNCIA (ATEN-
A mãe que amamenta precisa ser orientada a beber no mínimo ÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA -
um litro de água filtrada e fervida, além da sua ingestão habitual AIDPI)
diária, considerando que são necessários aproximadamente 900 ml Doenças de etiologia viral que costumam deixar imunidade
de água para a produção do leite. É importante também estimular permanente, sendo a maior incidência na primavera e inverno. Não
o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive du- existe tratamento específico, apenas a administração de medica-
rante a noite) ções para aliviar sintomas, como a febre. porém é importante ficar
atento à criança. Se ela apresentar: sonolência incomum, recusar
Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma beber líquidos, dor de ouvido, taquipnéia, respiração ruidosa ou ce-
adequada faléia intensa faz-se necessário procurar um médico, pois estes são
alguns sinais de alerta para possíveis complicações dessas doenças.
Boa posição:
- O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás, Sarampo
semestar distendido Via de Transmissão: aérea, pela mucosa respiratória ou conjun-
- A boca está bem aberta tival
- O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe Período de Incubação: 8 a 12 dias
- A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe Manifestações Prodrômicas: febre (geralmente elevada, alcan-
- Todo o corpo do bebê recebe sustentação çando o máximo no aparecimento do exantema), manifestações
- O bebê e a mãe devem estar confortáveis sistêmicas, coriza, conjuntivite, tosse, exantema característico, po-
dendo apresentar também: cefaléia, dores abdominais, vômitos,
diarréia, artralgias e mialgia, associados a prostração e sonolência,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
quadro que pode dar a impressão de doença grave. Um sinal pa- Caxumba (Parotidite Epidêmica)
tognomônico da doença é o aparecimento das manchas de Koplick Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
- pontos azulados na mucosa bucal que tendem a desaparecer. contaminadas e contato oral com utensílios contaminados
Manifestações Clínicas: as lesões cutâneas, aparecem no 14º Período de Incubação: 14 a 21 dias
dia de contágio, são máculo-papulosas avermelhadas, isoladas uma Manifestações Prodrômicas: passa desapercebido, só se notan-
das outras e circundadas por pele não comprometida, podendo do a doença quando aparecem dor e edema da glândula.
confluir. Começam no início da orelha, após 24 horas são encontra- Manifestações Clínicas: aumento das parótidas, que é uma
das em: face, pescoço, tronco e braços ,e após 2 ou 3 dias: membros glândula situada no ramo ascendente da mandíbula. Pode afetar
inferiores e desaparecendo no 6º dia. As lesões evoluem para man- um ou ambos os lados do rosto. Irá se apresentar mole, dolorosa
chas pardas residuais com descamação leve. A temperatura tende a a palpação, sem sinais inflamatórios e sem limites nítidos. Com o
se normalizar no quarto dia de exantema. edema da parótida há uma elevação da febre e dor de gargganta.
Período de Transmissibilidade: começa 2 a 4 dias antes do pe- Período de Transmissibilidade: 3 dias antes do edema da paró-
ríodo prodrômico e vai até o 6º dia do aparecimento do exantema. tida, até 7 dias depois do inchaço ter diminuído.
Importante: recomenda-se o repouso, sendo obrigatório para
Rubéola adolescentes e adultos, principalmente do sexo masculino.
Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas Doença infecciosa endêmica e epidêmica, de origem bacteria-
contaminadas na, sendo uma importante causa de morbi-mortalidade em crianças
Período de Incubação: 14 a 21 dias de baixa idade, principalmente em crianças não-imunizadas. Sua
Manifestações Prodrômicas: em crianças não existem pródro- imunidade, também, parece ser permanente após a doença e não
mos da doença, mas em adolescentes e adultos, o exantema pode há influência sazonal evidente nos picos de incidência.
ser precedido por 1 ou 2 dias de mal-estar, febre baixa, dor de gar-
ganta e coriza discreta. Coqueluche
Manifestações Clínicas: 7 dias antes da erupção cutânea, perce- Via de Transmissão: contato direto através da via respiratória.
be-se um aumento dos gânglios cervicais, retroauriculares e occip- Período de Incubação: varia entre 6 e 20 dias
tais. As lesões cutâneas são máculo-papulosas, de coloração rósea Manifestações Clínicas: dura de 6 a 8 semanas, sendo que o
e às vezes confluentes. Iniciam na face, pescoço, tronco, membros quadro clínico depende da idade e grau de imunização do indivíduo.
É dividida em estadios:
superiores e inferiores em menos de 24 horas. Na maioria dos ca-
(1) Estádio catarral - dura de 1 a 2 semanas e é o período de
sos, a erupção permanece por 3 dias. Existem muitos indivíduos
maior contagiosidade. Caracterizado por secreção nasal, lacrimeja-
que apresentam a infecção inaparente.
mento, tosse discreta, congestão conjutival e febre baixa.
Período de Transmissibilidade: começa 1 semana antes do apa-
(2) Estádio paroxístico - dura de 1 a 4 semanas (ou mais). Há
recimento de exantema até 5 dias após o início da erupção cutânea.
uma intensificação da tosse manifestada em crises, frequentemen-
Importante: por ser uma doença teratogênica, recomenda-se
te mais numerosas durante a noite.
que os indivíduos acometidos fiquem em casa evitando o contágio
(3) Estádio de convalescença - acessos são menos intensos e
de mulheres grávidas. menos frequentes.
Catapora (varicela) Importante: por ser uma patologia bacteriana faz-se necessário
Via de Transmissão: por contato direto, por meio de gotículas a introdução de antibioticoterapia e isolamento respiratório por 5
infectadas, mas em curtas distâncias. Também pode ser transmitido dias após o início da administração medicamentosa, ou por 3 sema-
por via indireta, através de mãos e roupas. nas após o começo do estádio paroxístico, se a antibioticoterapia
Período de Incubação: 14 a 17 dias for contra-indicada.
Manifestações Prodrômicas: curto (24 horas), constituído de Faz-se necessário a hospitalização de lactentes com problemas
febre baixa e discreto mal-estar. importantes na alimentação, crises de apnéia e cianose, e pacientes
Manifestações Clínicas: exantema é a primeira manifestação da com complicações graves.
doença. As lesões evoluem em menos de 8 horas: máculas > pápu- Procurar evitar fatores desencadeantes de crises como temor,
las > vesículas > formação de crosta. As crostas costumam cair em 7 decúbito baixo, permanência em recintos fechados e exercícios físi-
dias até 3 semanas, se houver contaminação. Neste caso ou se hou- cos. Procurar manter nutrição e hidratação adequada.
ver remoção prematura da crosta deixa cicatriz residual. As lesões
acometem predominantemente tronco, pescoço, face, segmentos DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA)
proximais dos membros, poupando palma das mãos e planta dos
pés. Aparecem em surtos de 3 a 5 dias, por isso pode-se visualizar O que é são doenças diarreicas agudas?
em uma mesma área a presença de todos os estágios de lesão. A As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um gru-
intensidade varia de poucas lesões, surgidas de um único surto, a po de doenças infecciosas gastrointestinais. São caracterizadas por
inúmeras lesões que cubram todo corpo, surgidas em 5 ou 6 surtos, uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios
no decurso de 1 semana. A febre costuma ser baixa e sua intensida- de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência
de acompanha a intensidade da erupção cutânea. das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode
Período de Transmissibilidade: desde 1 dia antes do apareci- ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em
mento de exantema até 5 dias após o aparecimento da última ve- geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em al-
sícula. guns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como
Importante: evite que a criança coce as lesões, evitando a con- disenteria. A depender do agente causador da doença e de caracte-
taminação local e cicatrizes residuais. Se a coceira for muita, procu- rísticas individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir clinicamen-
re um médico que indicará métodos para aliviar o prurido. te para quadros de desidratação que variam de leve a grave.
A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser cau-
sada por medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimiote-
rápicos utilizados para tratamento de câncer, ingestão de grandes

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem
bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não sempre é possível, uma vez que há uma grande dificuldade para a
infecciosas também podem desencadear diarreia, como a doen- realização das coletas de fezes, o que se deve, entre outras ques-
ça de Chron, as colites ulcerosas, a doença celíaca, a síndrome do tões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais
intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes.
glúten. Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem
esclarecido quanto à relevância da coleta de fezes, especialmente
O que causa as doenças diarreicas agudas? na ocorrência de surtos, casos com desidratação grave, casos que
As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera a fim de
diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia.
parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – in- Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença
flamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o in- para outras pessoas.
testino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande impor-
contaminados, contato com objetos contaminados e também pode tância para a identificação de agentes circulantes e, especialmente
ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos conta- em caso de surtos, para se identificar o agente causador do surto,
minadas, e contato de pessoas com animais. bem como a fonte da contaminação.

Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas? Como tratar as doenças diarreicas agudas?
Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode ma- O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta na
nifestar sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas após a con- prevenção e na rápida correção da desidratação por meio da inges-
taminação. No entanto, alguns comportamentos podem colocar as tão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos
pessoas em risco e facilitar a contaminação como: endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da gravidade
- Ingestão de água sem tratamento adequado; do caso. Por isso, apenas após a avaliação clínica do paciente, o tra-
- Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência, tamento adequado deve ser estabelecido, conforme os planos A, B
do preparo e armazenamento; e C descritos abaixo.
- Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e de- Para indicar o tratamento é imprescindível a avaliação clínica
rivados; do paciente e do seu estado de hidratação. A abordagem clínica
- Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início
malcozidos; dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco
- Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada; ou sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos; presença de doen-
- Viagem a locais em que as condições de saneamento e de ças crônicas; verificação se há parentes ou conhecidos que também
higiene sejam precárias; adoeceram com os mesmos sinais/sintomas.
- Falta de higiene pessoal. O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidra-
tação, é importante para avaliar a presença de desidratação e a ins-
ATENÇÃO ESPECIAL: Crianças e idosos com DDA correm risco tituição do tratamento adequado, além disso, o paciente deve ser
de desidratação grave. Nestes casos, a procura ao serviço de saúde pesado, sempre que possível.
deve ser realizada em caráter de urgência. Se não houver dificuldade de deglutição e o paciente estiver
consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se au-
Quais são os sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas? mentar a ingestão de líquidos, especialmente de água.
Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no
período de 24hrs (diminuição da consistência das fezes – fezes líqui- Plano A
das ou amolecidas – e aumento do número de evacuações) poden- O plano A consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente
do ser acompanhados de: HIDRATADO para realizar no domicílio:
- Cólicas abdominais. Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo so-
- Dor abdominal. lução de SRO principalmente após cada episódio de diarreia, pois
- Febre. dessa forma evita-se a desidratação;
- Sangue ou muco nas fezes. Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleita-
- Náusea. mento materno;
- Vômitos.
Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou
Como diagnosticar as doenças diarreicas agudas (diarreia)? apresente piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa
O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganis- de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição da diurese;
mos causadores da DDA é realizado apenas por exame laboratorial Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re-
por meio de exames parasitológicos de fezes, cultura de bactérias conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
(coprocultura) e pesquisa de vírus. O diagnóstico laboratorial é im- administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
portante para determinar o perfil de agentes etiológicos circulantes e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as me- higienização dos alimentos);
didas de controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
de vigilância epidemiológica do município para coleta de amostras.
Plano B
IMPORTANTE: As fezes devem ser coletadas antes da adminis- O Plano B consiste em três etapas direcionadas ao paciente
tração de antibióticos e outros medicamentos ao paciente. Reco- COM DESIDRATAÇÃO, porém sem gravidade, com capacidade de in-
menda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por paciente. gerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na Unidade de Saúde,
onde deve permanecer até a reidratação completa.

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volu- Os manipuladores de alimentos e os insetos podem contami-
mes e aumento da oferta e da frequência aos poucos. A quantidade nar, principalmente, os alimentos, utensílios e objetos capazes de
a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser admi- absorver, reter e transportar organismos contagiantes e infecciosos.
nistrada continuamente até que desapareçam os sinais da desidra- Locais de uso coletivo, como escolas, creches, hospitais e peniten-
tação; ciárias apresentam maior risco de transmissão das doenças diarrei-
Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B ter- cas agudas.
mina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir de O período de incubação, ou seja, tempo para que os sintomas
quando se deve adotar ou retornar ao Plano A; comecem a aparecer a partir do momento da contaminação/infec-
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re- ção, e o período de transmissibilidade das DDA são específicos para
conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e cada agente etiológico.
administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e Como prevenir as doenças diarreicas agudas?
higienização dos alimentos); As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institu-
cionais de saneamento e de saúde, além de ações individuais que
Plano C devem ser adotadas pela população:
O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente
destinada ao paciente COM DESIDRATAÇÃO GRAVE. Nessa situação antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após
o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar
primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos e já sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e
devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao depois de amamentar e trocar fraldas.
serviço hospitalar de saúde. Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos
Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida usados na preparação de alimentos.
e de manutenção); Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, ani-
O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem mais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em reci-
os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, iniciar ba- pientes fechados).
lanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas; Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas
Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de
frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera a sua recupera- água, aguardar por 30 minutos antes de usar).
ção e reduz drasticamente o risco de complicações. Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo
Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e sem vômitos. Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contami-
Para tratamento detalhado acesse aqui o Manejo do Paciente nados para banhar ou beber.
com Diarreia. Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principal-
mente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições
OBSERVAÇÃO: O Tratamento com antibiótico deve ser reserva- higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
do apenas para os casos de DDA com sangue ou muco nas fezes (di- Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando
senteria) e comprometimento do estado geral ou em caso de cólera não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apro-
com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico. priado.
Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, en-
Quais são as possíveis complicações das doenças diarreicas terre as fezes sempre longe dos cursos de água;
agudas? Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno au-
A principal complicação é a desidratação, que se não for corri- menta a resistência das crianças contra as diarreias.
gida rápida e adequadamente, em grande parte dos casos, especial-
mente em crianças e idosos, pode causar complicações mais graves. Situação epidemiológica das doenças diarreicas agudas (diar-
O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediata- reia aguda)
mente ao serviço de saúde se não melhorar ou se apresentar qual- Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em
quer um dos sinais e sintomas: unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O prin-
- Piora da diarreia. cipal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas
- Vômitos repetidos. Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos,
- Muita sede. visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacio-
- Recusa de alimentos. nados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etio-
- Sangue nas fezes. lógicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações
- Diminuição da urina. de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos
de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância
Como ocorre a transmissão das doenças diarreicas agudas? Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é reali-
A transmissão das doenças diarreicas agudas pode ocorrer pe- zado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para
las vias oral ou fecal-oral. verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos
Transmissão indireta -Pelo consumo de água e alimentos con- de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no
taminados e contato com objetos contaminados, como por exem- comportamento da doença, deve ser realizada investigação e ava-
plo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos liação de risco para subsidiar as ações necessárias.
hospitalares. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diar-
Transmissão direta -Pelo contato com outras pessoas, por meio reicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças
de mãos contaminadas e contato de pessoas com animais. menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA
são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
menores de um ano) e se constituem um dos mais graves proble- - havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imer-
mas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de são, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna
casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos) e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se
por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de des- ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pe-
nutrição em crianças menores de cinco anos. diatra.
Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmi-
tida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água RESFRIADO
potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene. Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações lin-
No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos do- fóides anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou
micílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água, contágio ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio
percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos do- ou úmido, condições da habitação e dormitório da criança, quedas
micílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana bruscas e acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilida-
e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apre- de individual, relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA,
sentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma 1994).
de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%). Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, cor-
Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abaste- rimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da respi-
cimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso, ração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principalmente
freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%). ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não obri-
Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas indu- gatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando a
zidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de criança é forçada a comer).
acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de
e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde. exercícios rrespiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for
Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminan- muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar
tes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização.
pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização
de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluindo PNEUMONIA
água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoecimen- Inflamação das paredes da árvore respiratória causando au-
to por doenças diarreicas. mento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificul-
A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais dade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado ge-
afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorren- ral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60
tes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente),
Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse
maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, cau- da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão ab-
sando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infraes- dominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).
trutura de saúde.
Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao AMIGDALITES
desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao
clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anual- Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de
mente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA, 3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a
registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sen- um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar,
tinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de de-
glutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou
DOENÇAS RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala.
São as doenças mais frequentes durante a infância, acometen- Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a fa-
do um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econô- mília a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base
micos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as in- de sopas, papas ...
fecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante
causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de OTITE
1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para
são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutri- sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirma-
ção, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e do pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes:
assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996). - alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo ali-
A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da mentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando
criança sobre alguns fatores: à otite média;
- preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, ofere- - crianças que vivem em ambiente úmido ou filhas de pais fu-
cendo em menores quantidades e em intervalos mais curtos, res- mantes;
peitando a falta de apetite e não forçando a alimentação; - diminuição da umidade relativa do ar;
- aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas, - limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, pre-
levando em consideração a preferência da criança; judicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obs-
- manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasa- trutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites
lhada se estiver frio; micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes.
- fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas supe-
riores frequentemente; Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água,
- evitar contato com outras crianças; sabonete, toalha e dedo.

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
SINUSITE Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medica-
“Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos mentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura
seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bac- e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem
teriana secundária” (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna, esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento
secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que rara- psicológico.
mente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes
são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fato- SAÚDE DA MULHER
res predisponentes:
- episódios muito frequentes de resfriado; Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
- crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu- Mulher
mantes; – O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado
- diminuição da umidade relativa do ar. para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que
contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da po-
RINITE pulação feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse
Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou grupo e a garantia do direito à saúde.
coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta “olheiras”; du- – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mu-
pla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo pru- lheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades
rido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste caso das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar alergia. (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiá-
BRONQUITE rias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento – A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde
da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre, da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e
predominando em idades menores. Quando apresentam grande de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as
quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório (“chia- fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcan-
do” ou “ronqueira”) (RIBEIRO, 1994). çar todos os aspectos da saúde da mulher.
Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com – A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer
maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando uma dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEI- demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
RO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar – As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas
alergias. em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação
das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja
ASMA no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com
Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção mui- outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a
to frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, de- justiça, trabalho, previdência social e educação.
vido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e – A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto
infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saú-
(GRUMACH, 1994). de, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica
Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com à alta complexidade).
dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar. – O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis
São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medica- de atenção à saúde, no contexto da descentralização, hierarquiza-
mentos com retorno normal das funções na maioria das crianças. ção e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos
Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença sur- três níveis gestores, de acordo com as competências de cada um,
gem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desapare- garantir as condições para a execução da Política de Atenção à Saú-
cem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a de da Mulher.
um agravo da doença. – A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi-
Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares), mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex-
infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda,
climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su-
acetil salicílico e similares). jeito capaz e responsável por suas escolhas.
É importante que haja: – A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres-
tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas
- estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais,
de saúde;
de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor-
- controle ambiental, procurando afastar elementos alergêni-
tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de
cos;
qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais.
- higiene alimentar;
Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza-
- suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma
ção e capacitação para humanização das práticas em saúde.
nítida relação com a sintomatologia apresentada;
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da
- fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respira-
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen-
tória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentan- tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter
do a resistência física. da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa-
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú-
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de- -organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con-
interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo
de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
participação da sociedade civil organizada, em particular do movi- abortamento;
mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc- – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- mortalidade materna
tadual e municipal requer -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
– cabendo, portanto, às instâncias gestoras – melhorar e qua- de violência doméstica e sexual:
lificar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
de saúde da mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação ção de violência sexual e doméstica;
do SUS. – articular a atenção à mulher em situação de violência com
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- ações de prevenção de DST/aids
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais – promover ações preventivas em relação à violência domés-
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes tica e sexual.
realidades regionais.
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se- controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para HIV/aids na população feminina:
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob- – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
tenção dos resultados esperados. – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo
com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula-
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à ção feminina:
Saúde da Mulher – organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re-
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu- ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de
lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons- câncer de colo uterino e de mama;
tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia;
brasileiro. – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi- no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico
nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci- de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor.
clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob
de qualquer espécie. o enfoque de gênero:
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da – melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de
mulher no Sistema Único de Saúde. transtornos mentais no SUS;
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o
Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de
Atenção Integral à Saúde da Mulher transtornos mentais e promover a integração com setores não-go-
Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí-
para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST: tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im-
– fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:
– ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica – ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli-
na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên- matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na
cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e terceira idade:
adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde: – incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da
– ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in- mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar
cluindo a assistência à infertilidade; a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso
– garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu- no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra:
lação em idade reprodutiva; – melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro-
– ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op- fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme
ções de métodos anticoncepcionais; (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade
– estimular a participação e inclusão de homens e adolescen- fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte
tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté- racial/étnico nas ações de saúde ;
trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência -estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da
ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles- mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona-
centes: dos à saúde da população negra.
– construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional
pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
cidade: O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a são:
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde.
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: a) Método de Ogino-Knaus
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in- Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids própria tabela.
nessa população: Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presi- de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
diárias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
lheres: Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
– promover a integração com o movimento de mulheres femi- do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
da mulher, no âmbito do SUS; truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
Assistência aos Casais Férteis ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul- nos, os seis últimos ciclos.
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu-
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci- Como identificar se os ciclos são regulares ou não?
dos pelas instituições. Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los,
Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter- anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me-
nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres nor dos ciclos.
apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual
que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní- ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados
veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além
de ovulação. do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade
Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre- menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves-
cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de tigado e tratado.
aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza- Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são
ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela.
e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são
mínimas.
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil?
Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo-
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início
gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres
do período fértil.
em relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de materni-
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia
dade, a forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não
do período fértil.
apenas de reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa-
e o descrédito do aleitamento como método capaz de controlar a
nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela-
fertilidade.
Outro método é o coito interrompido, sendo também uma ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro
maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais
pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho- neste período.
mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez. Recomendações Importantes:
Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu- O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando
lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação. com os cálculos e anotações.
Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar
Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao
que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto- tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil,
-observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu-
organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto, laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do
ajudam a identificar o período fértil. método.
Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis, Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual
e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes ao dia do mês.
dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo. Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma
A determinação do período fértil baseia-se em três princípios mulher não serve para outra.
científicos, a saber: No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as
A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens- anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção
truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me- da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos.
nos);

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
desse método. partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida-
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings
É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
b) Método da Temperatura Basal Corporal ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
É o método que permite identificar o período fértil por meio na vulva.
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens- O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
trual, com o corpo em repouso. função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma- produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor- Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- geralmente é opaco e pegajoso.
mo termômetro. Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui-
A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e
boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio.
em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi- Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele-
nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais,
para que não haja alteração do gráfico de temperatura. com penetração, pois há risco de gravidez.
Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia, O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período
deve recomeçar no próximo ciclo. para ter relações sexuais.
Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua- O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici-
driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem- dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima
peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só
pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos
2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante. 48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.
Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona,
da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo
ovulação. que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco
O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen- pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se-
ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três cura no canal vaginal.
temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer-
se manterá alta até a época da próxima menstruação. tilidade.
O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for obser- As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que
vada a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do
deve abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda muco elástico.
a primeira fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura ele-
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa-
vada.
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É
Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se
importante anotar as características do muco e os dias de relações
predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po-
sexuais.
derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife-
ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica-
quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido).
Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo, No período de aprendizagem do método, para identificar os
com exceção do contraceptivo hormonal. dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar
A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe- as seguintes recomendações:
ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan- Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens-
ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in-
e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu- terfira na avaliação.
ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
Esse método é contraindicado em casos de irregularidades Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o
menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono dia ápice.
irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno). É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no
Assim como no método do calendário, para a construção do dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de
gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con- esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens
tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se- caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo, aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí. misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
d) Método sinto-térmico tem ação preventiva contra as DST.
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. nhecida em outras.
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera-
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme- g) Espermaticida ou Espermicida
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula- São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal, sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite, canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou- matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
tros. destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
da de espermatozoides no canal cervical. espumas.
Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem
e) Condom Masculino ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci-
Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre- da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio
servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar- de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação
tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual. do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta
Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido
no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma,
contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos,
deve ser estimulado em todas as relações sexuais. estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no
Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia
genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen-
antes da ejaculação. do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida
Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se
aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen-
depositado sem que haja rompimento da camisinha. dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es-
As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma
fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer
de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes- dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve
mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava-
como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe
outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica. algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana,
A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para
manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po- mulheres que apresentem alto risco gestacional
dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien-
temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca h) Diafragma
fricção, evitando- se assim que o condom se rompa. É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma
Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza- convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais
dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes, espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo
geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a
associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re- medida adequada a cada mulher
tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação
com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situa-
ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra, das entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis.
é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as-
um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper- sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma
micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo
retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um
ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de- pouco por fora, sobre o anel.
ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava- O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira
samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca-
do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de par, se deparará com a barreira química, o espermaticida.
alergia ao látex. Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi-
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre
f) Condom feminino ou camisinha feminina
uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag-
Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o
de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
formato de um 8.
veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun- cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
o colo do útero. positivo tem ação espermicida.
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
puxá-lo para fora e para baixo. ca rigorosamente asséptica.
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar vaginal.
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon- relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in-
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati- serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma. a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12
O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será
relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período. anual, com a realização do preventivo.
O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca- O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti-
nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções. ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum
Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxá- problema.
guar bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU
neutro. Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos.
calor e da luz. Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa,
Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par-
gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur- cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem
gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos. visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está
As contraindicações para o uso desse método ocorrem no acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência).
caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade e Infertili-
acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas dade
vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato- A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe-
logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui- res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que
cas graves, que impeçam o uso correto do método. sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im-
i) Os contraceptivos hormonais orais portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra- rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja-
sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro- mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério
duzidos pelos ovários da mulher. da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema
Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios
deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica, legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter
durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames, capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de
para avaliação da existência de possíveis contraindicações. 25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar,
O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma- por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias
do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe- antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis-
cífica a considerar. ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever-
j) DIU (Dispositivo Intrauterino) síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união
É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs- conjugal.
tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan- No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe
do posto dentro da cavidade uterina. a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ-
Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu-
o caso dos DIUs medicados com hormônios. lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o
Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que encontro do óvulo com o espermatozoide.
não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas
de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização
possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor- precoce.
mônios.
Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia,
que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre. efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições
O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino. quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce-
A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in- sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu-
flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra- sivamente com a finalidade de realizar a esterilização.
nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal. sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri- danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
buam para este problema, ambos devem ser investigados. contraceptivos e outros;
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é normalmente, não persiste após 16 semanas;
quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
ter dificuldades para conseguir uma nova gestação. mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra- mas começam a aumentar de tamanho;
videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi-
gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati- dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen-
mortos. chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez,
A infertilidade também pode ser classificada em primária ou pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a
secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte-
gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca
gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante- um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca-
riormente. pacidade de armazenamento;
De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para
não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto,
dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a). pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana.
A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres- Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi-
se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir dos com gases intestinais.
sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou- Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma
tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode provável gestação:
considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado. a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero
Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar e da placenta;
orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva
da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami- como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera
nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário. sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo
Assistência de Enfermagem á Gestante na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe-
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en-
Diagnosticando á Gravidez rugadas, amolecidas e embebidas.
Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina
fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé-
e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher, trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor-
possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda-
anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e de ção, podendo ser identificado mediante exame específico;
sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até o e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do
puerpério. examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização
Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa- f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in-
z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe- dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no-
rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um
dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes,
físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden- podendo ser confundidas com as contrações do parto.
tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe- Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam
cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia. a gestação:
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego- a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó-
rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador
lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência
também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto;
nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre-
nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu-
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade
tes, principalmente, do aumento da progesterona:
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação.
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce
para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher desses movimentos;
que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia – Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- para serem abordados, desde que adequados às necessidades das
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa gestantes, são:
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia - Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges- objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres;
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que - Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo-
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali-
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas,
gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor- sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e
reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste-
gengival, em vista do aumento da vascularização. ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos
e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es-
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados
intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às durante a gravidez; preparo para a amamentação;
particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher;
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi- exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre-
nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho
barro, gelo ou comidas extravagantes. de parto, etapas e cuidados;
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar -Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/
a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali- paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da
sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas- criança;
sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi- -Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do
dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita-
a referência a algumas medidas terapêuticas. mento materno;
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e
Assistência Pré-Natal na amamentação – novas condutas e encaminhamentos.
A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa-
mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui
informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi- peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi-
nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co- cológicas da mulher.
nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando
a eles estiver exposta. O Primeiro Trimestre da Gravidez
O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an-
a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar
com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi- este filho?
ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen- Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei
tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que
sentimentos. esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí-
Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação
parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên- no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido,
cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado.
e perinatal. Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam
A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro- de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente
mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de social).
fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta- Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da ges-
dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento. tante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimento do
Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento cartão, onde são registrados seus dados de identificação e socioe-
no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e conômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso,
resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi- altura), sinais vitais e dados da gestação atual.
da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial; Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(-
inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última mens-
inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição, truação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida.
odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional,
necessários. considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens-
Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi- truação.
nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher,
seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo, Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges-
em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento. tante.
Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor- a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a
mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A
mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con-
as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde. tada a partir do 1º dia da última menstruação;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira
dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in-
ela ocorreu. tervalo de três meses.
- HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi-
Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo
Gestante após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de
Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade imunoglobulina e vacina específica.
gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul- - Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para
trassonografia. todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea-
Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges- lização.
tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs- - Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não
tétrico detalhado. foi realizado durante o ano precedente.
Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre
feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante,
ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans-
contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja
tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a
de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade- apresentar.
quados cuidados de assepsia. A enfermagem deve informar acerca da importância de uma
Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi-
na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi- nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos,
siotomia ou cesariana. castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri-
A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla mento do organismo da gestante e na formação do novo ser.
tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT). A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco
de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen-
Gestante Vacinada tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante,
Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas do- entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes-
ses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser apli- mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras.
cadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou, É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das
na falta desta, o toxoide tetânico (TT), para se completar o esquema mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é
básico de três doses. uma orientação eficaz.
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an- Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias
tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen-
em cinco anos ou mais. tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser
O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur- realizadas.
gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, rubor Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas
e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou rea- são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças
ções adversas significativas, encaminhar para consulta médica. clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui
A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação anafi- ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza-
lática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im- dos apenas com prescrição.
portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbaliza-
da pela cliente. a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito
Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta
laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são: seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de
Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai- frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis,
xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de-
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola-
todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada
entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os
- Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o
enjoos.
pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou
indireto na primeira consulta e mensalmente a partir de 24 sema-
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos;
nas. A positivação do teste de Coombs requer manejo em serviço
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges-
de referência.
tação.
- Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta.
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu-
- VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre). seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em
- Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve
(se normal, repetir na 20ª semana). ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos
- EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na alimentos;
30ª semana). c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre-
-Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de
(realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam
negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por- contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante –
abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome
pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações; - a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai
d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse
mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên- sexual por mim?
cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra-
prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi-
circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con- pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare-
trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS; cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima.
e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân- A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas,
cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi-
caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina), dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias
acompanhada ou não de febre; mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar
f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no
dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien-
odontológico, sempre que possível. tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti-
do de minimizar essas dificuldades.
Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante, a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando
podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são: frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e
-vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso
vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for- de medicamentos;
mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati- b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli-
te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal,
o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa- orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta-
rampo e da AIDS; ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos).
-bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi-
ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal, mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao
aborto e parto prematuro; banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar
-protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife- consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa-
rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente- rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica);
mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto, em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
os danos podem ser irreparáveis. medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si-
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab-
Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar
dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível;
diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em
imediata. fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higiê-
nico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e
O segundo trimestre da gravidez realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro.
No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per-
de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra- sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o
videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família nutricionista;
entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na
preparação do enxoval. gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex-
Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou
encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen- ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de-
tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que
menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar.
perfeito?”). Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con-
A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po- sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso-
dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei- ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades,
ro ou médico. cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar,
Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard, pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou
pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de
auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do enfermagem imediata;
futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su-
escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran- tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con-
de, pois confirma-se a geração de uma nova vida. sulta médica ou de enfermagem;
A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di- f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se
ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas. e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor-
Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz táveis.
forte, som e outros. A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode
fazer uso de medicamentos;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con- nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz
flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá- da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios
rio. em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por
Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior
enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons-
e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta- tante de gordura em todas as mamadas).
ção); Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau-
h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe
tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve- a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo,
zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e soltar o mamilo.
nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec-
especial para gestante; tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que
i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per-
no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local, feito?”).
e evite excesso de exercícios; Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges-
j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co- tante.
mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis-
variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte-
rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci- rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor
mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi- capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur-
co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de gem as dificuldades para movimentar-se e dormir.
protetor solar e chapéu; Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti-
l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica
e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab- quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre
dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti-
início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum
cor semelhante à da pele; observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe-
m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen- sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em
ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges-
exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos
comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando, alimentos, e não sua quantidade.
com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres-
siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, Observamos que a frequência urinária aumenta no final da
no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial). gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi-
O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres- dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame-
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não
são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco-
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser
mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso.
20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes
elástica apropriada.
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por
O terceiro trimestre da gravidez
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob-
Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce-
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi-
mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló- tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito
gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente
de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio mencionadas.
ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo-
ausência de informação. vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe
Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia-
pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru- riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos
po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período
para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar
à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares com urgência.
da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti- Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais
va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun-
a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando
nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e aproxima-se a data provável do parto.
propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe; A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de
além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui-
que facilitará, posteriormente, a fala. dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro-
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e cesso fisiológico e natural.
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização, A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho
criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca- de parto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere- Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân-
cidas, como: cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano
-a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló-
líquido amniótico) pode ou não romper-se; gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso
-a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo – obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am-
cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo-
intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober-
parto; tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e
-no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do econômicos (baixa renda).
parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira
chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo- gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou
mento do trabalho de parto; tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba-
-a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro- bilidade de morbimortalidade perinatal.
funda e expiração soprando o ar). Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada
A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro- ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi-
curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção
intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo, à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim
perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença como bom serviço de parto e pós-parto”.
de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali- Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por
zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia,
da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan-
superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen- to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo
ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca. chamado de gestantes de risco.
Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional,
pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”, destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta-
caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per- mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri-
manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações. mento fetal.
Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu-
do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações Abortamento
(amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an-
grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen- tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste
do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito
hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a
atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre- 13ª e 22ª semanas.
coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores
uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento. ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do
Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e con-
orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola,
relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo
facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álcool,
proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro- chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças hi-
piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as pertensivas e fatores emocionais.
metrossístoles. Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas
Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira- estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de
ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges-
uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11:
tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente
-Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do
durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto,
aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo-
são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura
derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma
abdominal.
dilatação;
-Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse-
Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco
quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen-
Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de
mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci- do da natureza do processo, é considerado:
dos vivos. a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através
No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam de repouso e tratamento conservador;
por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon-
(durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli- tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento
cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares.
em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen- Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos
tes estados. os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção (quando algum tecido permanece retido no interior do útero);
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso- -Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco (três ou mais) de causa desconhecida;
para eclampsia e outras complicações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe- No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para
nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão
ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for
de vida ou gravidez decorrente de estupro; o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período
-Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco-
abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade.
para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido Placenta Prévia (PP)
e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia, É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im-
desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri- plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol-
tonite, septicemia e choque séptico. vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de
Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em- parto.
bolia pulmonar; Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am-
Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da
produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo,
seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a
privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma- semana de gravidez.
teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con-
à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado; duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo
Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a
a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre-
mal-estar geral, cefaleia e anorexia. tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos
O processo de abortamento é complexo e delicado para uma fetais e características do sangramento (quantidade e frequência).
mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez, A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro
sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal.
estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
psicoemocional. Prenhez Ectópica ou Extrauterina
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada
Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem-
importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante plo, nas trompas uterinas, ovários e outros.
de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul- Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor
gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande
e com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enfer- quantidade.
magem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pes- O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta-
soais e julgamentos acerca do caso clínico. cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de-
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media- verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de
tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho- infecção.
que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas, A conduta obstétrica é cirúrgica.
hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e
apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG)
embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten-
colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci-
pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente); do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna,
controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode
líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro apresentar-se de forma leve, moderada ou grave.
antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor- Existem vários fatores de risco associados com o aumento da
me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi- DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos
mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa-
após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli-
mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi- drâmnia.
pe de saúde. A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um
Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema
pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso, e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e
expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze- coma (DHEG grave ou eclampsia).
-la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma-
reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar. nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes
É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan- apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do
do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha- útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura
do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.
precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las, Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
acordo com a prescrição médica. observado e analisado como um sinal a ser investigado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro- de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a
teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres- família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG
são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15 e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen-
mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten- tação fetal.
ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien- A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em
temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG. decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal
Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial,
pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi-
maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em sando minimizar o estresse.
uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de
necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados,
de alto risco. entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha-
A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú- mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com
ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es- que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra-
pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner- tamento mais indicado.
voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani- Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve
festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto- estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto,
mas que revelam comprometimento de outros órgãos. deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como
Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma, proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a
caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já
obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re- que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con-
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria. vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con-
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi- trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência
pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a
intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam- gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta-
bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen- mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais
tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio-
parede do útero, representando outra causa do deslocamento da lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica-
placenta. ções prescritas, observando sua resposta.
Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab- Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de
dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co- crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como
loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au- manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolchoa-
mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio das), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbito
(anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha
estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de (Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de
emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma- um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me-
terna e fetal. dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na
Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e, proximidade da unidade de alto risco.
principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem
uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé-
sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in-
gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô- cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra-
nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular; mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por
alimentação inadequada. rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão
A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração
precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua. de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando
A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de
a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e
Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti-
parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri- convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa-
mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor-
níveis da pressão arterial. me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose.
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im- Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu- deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá-
ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas, rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri- da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo, condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento nesta decisão.
espontâneo. É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua nas
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci- 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida.
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e
outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida-

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sofrimento Fetal Agudo (SFA) Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne-
O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e
feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e
chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico. dos possíveis problemas do bebê.
As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao
fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa-
manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do
provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse pro-
trocas será causa de SFA. cesso e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe cau-
O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns sem constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço
sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou e apoio para a presença do(a) acompanhante que a parturiente
abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au- deseja.
mentados e posteriormente diminuídos. Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende
Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A
aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe- gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que
tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a o mesmo sofre.
equipe de saúde. O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente
Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante desprotegida e frágil, necessitando apoio constante.
esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear
ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen- excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a
te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura. gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex-
A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges- pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde.
tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi- O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma-
cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que ternos, fetais e placentários, que se interagem.
a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são:
transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e - eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão
a ansiedade pela situação. mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre
A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo, a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se
com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços
cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater- de leite coalhado (vérnix);
no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para - contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten-
melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien- sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
a duas ou mais em dez minutos;
te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada
- desconforto lombar;
pela equipe responsável pela assistência.
- alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação
progressiva;
Parto e Nascimento Humanizado
- diminuição da movimentação fetal.
Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o
parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo-
A duração de cada trabalho de parto está associada à parida-
mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a
de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam
mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei- maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili-
xando de ser ativa no processo de seu parto. dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula-
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape- tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias;
nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência
deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o
problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra- trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê;
ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao
é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais
parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo- (transversa, acromial, pélvica e de face).
rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias
que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias. Admitindo a Parturiente
Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma-
não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco-
de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário, lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis-
enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia. tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
A enfermagem possui importante papel como integrante da acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa-
qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici- mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har-
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci- Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal. conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te- realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa-
cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com
períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de solução anti séptica e comadre.
trajeto mole. A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o
No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do exame.
útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper- Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite
vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli-
sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra- cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição
jeto do parto. de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível.
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida-
de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão
púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina. O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do
O feto tem importante participação na evolução do trabalho colo uterino e termina com o nascimento do bebê.
de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per- Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra-
mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu-
facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu-
redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão
materna. dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do
períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au-
Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con- xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade, obstetra.
o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação
Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à
canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida, sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien-
maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for-
possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se-
9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe- gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical,
ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado
dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão, deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
impaciência, irritação ou apatia, entre outras. O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa-
do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis-
cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili-
entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se
com mais mobilidade. a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar
Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e, Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
assim, facilitar a passagem pela pelve materna. cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alterna- de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
tivas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve pre- a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as
sença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente, contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias.
estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante
de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi-
escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero, mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca-
facilitam a descida do feto pela ação da gravidade. beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda, com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
feto na bacia materna. recém-nascido.
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem- recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate-
pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan-
e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera- campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen- o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do
temente, se indicado. útero, diminuindo o sangramento pós-parto.
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira,
e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo
uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan-
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla- do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem-
centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de- bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto,
livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man-
importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero
superiores a 500 ml. grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça
As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor e estimulando-a à ingestão hídrica.
quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re- A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais
lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade
do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van-
deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami- tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça.
na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri-
vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido rea- meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo-
lizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode
das lacerações. deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não aconte-
cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi-
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas,
ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino, sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do
mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
irrigavam a placenta. A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri- aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses
ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto-
dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro. mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável,
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana, laboratoriais (solicitados e de rotina).
massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca-
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en- minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio-
fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas, nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante
será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja- toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a
mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-
e pertences pessoais. -la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também
a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve
O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário.
ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe-
da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres-
ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto.
centro obstétrico, para criterioso acompanhamento.
Puerpério e suas Complicações
Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações
O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico, in- gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor. O
vasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no abdo- puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi-
me e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode
onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas
o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista mulheres que estiverem amamentando.
das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra- O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico
vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior e psicológico.
tempo de recuperação. A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli-
clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto normal, cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser
tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresentação prestada.
anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturidade, Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período
diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta pré- de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Problemas
via total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão umbilical. que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansio-
Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do sa em vista das responsabilidades com o novo membro da famí-
BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans- lia (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora
vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir
equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu- a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção
lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento. com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional,
raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral. somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris-
teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados
manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura- como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias);
ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme-
requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e lhantes à “salmoura” – uma a três semanas).
tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência
proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la-
orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe- cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im-
ração deste quadro. portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze
De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas- em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina
sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós- através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
-parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo),
dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante). lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren-
O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío- do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car-
do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da díaca, com hipotensão.
placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e
infecção. Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para
complicações. reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida-
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis- de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso
tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor- venoso permeável para a administração de infusão e medicações;
po. bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa-
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in- geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue
fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no
rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe- banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o
conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a
história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, Complementando esta avaliação, também há verificação dos
pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí- sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto,
na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode
consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade.
infecções. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su-
infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de
mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute- consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian-
secreção purulenta e fétida, e diarreia. do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os
à curetagem. membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen-
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um
das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando
Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/
presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento
da vulva para o ânus. conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular- que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres- No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de
crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da
de curetagem, preparar a sala para o procedimento. puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular
perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas. a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob-
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido
e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi- (incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca-
nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de
A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá-
retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da
pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de
higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância
amamentação.
da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in-
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou
fecções.
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen-
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação
as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
e deambulação precoces.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao
metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio- permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à
nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados
e/ou família para uma tentativa de solução. e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as-
O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona- sistência.
mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em
prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do Classificação de Acordo com o Peso
bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen- A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe-
tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas.
nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im- Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen- Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons-
consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto. titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele-
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis-
mamilos pelo bebê. ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e
As mamas também podem apresentar complicações: o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da
-ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, família, o que pode acarretar graves consequências sociais.
a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma-
mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin- Classificação de Acordo com a IG
tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir- até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei-
me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre ro dia da última menstruação e a data do parto.
que as mamas estiverem cheias; O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
-rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar. a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
de gestação;
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de
deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não gestação;
usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de
ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 gestação.
horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado-
samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con- Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e
dutas adotadas para o ingurgitamento mamário. a necessidade de cuidados neonatais adequados.
-mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen- Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde
volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de
rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da
dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se-
puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota- manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e
dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras. nutricionais importantes no período neonatal.

Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG
às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau-
familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os
vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós- bebês são classificados como:
-natal e puericultura. a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial- cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas
mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos
saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as- são de bebês adequados para a IG;
sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto. b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei-
feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs- ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá- importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri-
rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia. ção maternas.
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos
definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se-
e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili-
dos neonatos e de suas características. zadas.

Classificação dos Recém-Nascidos (RNS) Características Anatomofisiológicas dos RNS


Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró-
gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro. prias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O conhecimento dessas características possibilita que a assis- d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de
tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for- fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare-
ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal
permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re-
após a alta. gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas,
O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso- como septicemia e doenças hemolíticas graves.
ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali- e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés)
mentação materna. e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é
considerada como um achado normal, em função da circulação pe-
Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por
uma diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera-
de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr-
líquidos e reduzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs bios respiratórios e/ou cardíacos.
prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo-
nascimento. lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou
Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições
brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter- associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em
mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,- geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que fisiológicas ou próprias do RN.
a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon-
o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi-
(Navantino, 1995). tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos.
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos bebês, O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência
ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório, cardio- cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos.
circulatório e metabólico; se os valores encontrados estiverem dentro
dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de que a criança se Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos;
encontra em boas condições no que se refere a esses sistemas. já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados.
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda- A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamen- associada à presença de malformações cromossômicas.
te calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre-
ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corpo- quentemente observada em bebês prematuros.
ral dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são
têm uma capacidade limitada para produzir calor. incompletas e até ausentes nos prematuros.
A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re- Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa-
fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por mente soldados e são separados por estruturas membranosas de-
exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos
manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron- parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a
co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co- lambdoide (separa os parietais do occipital).
xas e coxas, sobre o abdômen. Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande
A avaliação da pele do RN fornece importantes informações fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só
acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta-
presença de condições patológicas. nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas
A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em
hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur- A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça
gor normal e é recoberta por vernix caseoso. do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem
Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras
nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên-
descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos:
pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído. a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta- do
camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição
Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra
ou não de normalidade.
a
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas,
Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amoleci-
emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º
da com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não
dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos
atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido.
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza-
Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos
dos para a higienização dos bebês.
à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos.
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es-
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos
pontos brancos. b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca-
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa- beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos,
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare- não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri-
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer meiros dias de vida.
com o decorrer dos anos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi- É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de
ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares. aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam-
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal
que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um ou pseudomenstruação.
achado sugestivo de malformações cromossômicas. Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res-
No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada
atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me-
passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor-
possibilidade. tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de
dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina. completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi- características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri-
lidade. meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato- intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração
logia, o que requer uma avaliação mais detalhada. verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho-
O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é
um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação
sua parede. de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada
Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do
das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor- reto).
monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral. Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo
Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou
geral é consequência de uma infecção por estafilococos. fezes do leite.
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode
O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama-
é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação.
paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho- Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Traba-
rando e nos períodos após a alimentação. lho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na
A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob- Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da Área de En-
servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente fermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos
associada a condições graves como septicemia e obstruções intes- do aluno: saúde da mulher, da criança e do adolescente / Ministério
tinais. da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde,
O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre- Departamento de Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profis-
senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração sionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a
branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa
a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical
ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida. Cadernos de Atenção Básica
A observação do abdômen do bebê permite também a avalia-
ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama
do tipo abdominal.
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de
movimentos. Anatomia e Fisiologia do Útero
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha-
O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está
do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular.
situado no abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e
Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
é dividido em corpo e colo. Essa última parte é a porção inferior do
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas-
útero e se localiza dentro do canal vaginal.
sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com
O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o
frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até
chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma
vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo
camada única de células cilíndricas produtoras de muco - epitélio
de tratamento.
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a vagi-
testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande na, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias
está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con- camadas de células planas – epitélio escamoso e estratificado. En-
dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário tre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar – JEC -,
no momento da micção. que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endocérvice,
A transferência de hormônios maternos durante a gestação dependendo da situação hormonal da mulher.
também é responsável por várias alterações na genitália feminina. Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC
A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti- situa-se dentro do canal cervical.
mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geral-
hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes mente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse
lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema- – ectopia ou eversão.
turos.

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Vale ressaltar que a ectopia é uma situação fisiológica e por isso a denominação de “ferida no colo do útero” é inapropriada.
Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com um ambiente vaginal ácido, hostil à essas células. Assim, células subcilíndricas,
de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se transformam em células mais adaptadas – escamosas –, dando origem a um novo
epitélio, situado entre os epitélios originais, chamado de terceira mucosa ou zona de transformação. Nessa região, pode ocorrer obstrução
dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado patológico, chamadas
de Cistos de Naboth. É nessa zona em que se localizam mais de 90% das lesões cancerosas do colo do útero.

História Natural da Doença


O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para
um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos.
O colo do útero é revestido por várias camadas de células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa de-
sordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão
celular. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial
Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana).
Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana estamos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC II – Alto
Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a
membrana basal.
A coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam mais
intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o carcinoma
invasor. Para chegar a câncer invasor, a lesão não tem, obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.

Fatores de Risco Associados ao Câncer do Colo do Útero


Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do câncer do colo do útero são:
• Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo esse o principal fator de risco;
• Início precoce da atividade sexual;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados;
• Baixa condição sócio-econômica;
• Imunossupressão;
• Uso prolongado de contraceptivos orais;
• Higiene íntima inadequada

Manifestações Clínicas
• O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso;
• Existe uma fase pré-clínica, sem sintomas, com transformações intra-epiteliais progressivas importantes, em que a detecção de
possíveis lesões precursoras são por meio da realização periódica do exame preventivo do colo do útero.
• Progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, se não impossível.
Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.

Linha de Cuidado

Promoção
Incentivo à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja, estímulo à exposição aos fatores de proteção. Dicas que podem ajudar
na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer:
• Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer em pelo menos 40%. Comer mais frutas, legumes, verduras, cereais
e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. A dieta deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas, verduras
e legumes. Dar preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, lembrando
sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de porco, carne
vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Atividade física regular, qualquer atividade que movimente Além desses riscos as mulheres fumantes devem saber que:
seu corpo; O uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em
• Evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas; 10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto.
• Parar de fumar!
Grávidas fumantes aumentam o risco de:
Tabagismo e a mulher • Ter aborto espontâneo em 70%;
Uma das principais causas de mortes prematuras e incapacida- • Perder o bebê próximo ou depois ao parto em 30%;
des, o tabagismo representa um problema de saúde pública, não • O bebê nascer prematuro em 40%;
somente nos países desenvolvidos como também em países em de- • Ter um bebê com baixo peso em 200%.
senvolvimento, como o Brasil.
O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes Mais informações sobre Tabagismo está disponível na página
prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hiperten- eletrônica do Instituto Nacional de Câncer - INCA (www.inca.gov.
são arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e br/tabagismo).
câncer.
Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco in- Detecção Precoce/Rastreamento
cluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção preco-
fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero. ce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta
Nascimento de material para exames citopatológicos cervico-vaginal e microflo-
Promoção ra, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do
Rastreamento, útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest.
Diagnóstico e A efetividade da detecção precoce associado ao tratamento
Tratamento em seus estádios iniciais tem resultado em uma redução das taxas
Precoces de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acor-
Diagnóstico do com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura
Tratamento e – 80% – e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica
Reabilitação efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
Cuidados Paliativos Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvolvi-
Exposição das no Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Nacio-
Amiental nal de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas de
Fase incidência e mortalidade têm-se mantido praticamente inalteradas
Pré-clínica ao longo dos anos. Parte da manutenção das taxas podem estar as-
Fase sociadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a
Clínica qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez,
DESFECHO dentre as causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com:
Cura 1. A dificuldade de acesso da população feminina aos serviços
Sequela de saúde;
Morte 2. A baixa capacitação de recursos humanos envolvidos na
atenção oncológica, principalmente em municípios de pequeno e
Informação e comunicação médio porte;
Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de 3. A capacidade do sistema público em absorver a demanda
trabalho seu papel social também foi se alterando rapidamente. A que chega as unidades de saúde;
mulher passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de deci- 4. A dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir
são, dentro da própria sociedade, onde já exercia um papel funda- e estabelecer uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis
mental de modelo de comportamento para seus filhos. de atenção - atenção básica, média complexidade e alta complexi-
Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou- dade – e de atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tra-
-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, tamento, reabilitação e cuidados paliativos.
que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e
independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de Faixa Etária e Periodicidade para Realização do Exame Preven-
fumantes, principalmente entre o sexo feminino, aumente na Amé- tivo do Colo do Útero
rica Latina. A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do
A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988,
de colo de útero, menopausa precoce, em média dois anos antes, permanece atual e está em acordo com as recomendações dos prin-
dismenorréia e irregularidades menstruais. cipais programas internacionais.
O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25
O que acontece? a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais
Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fu- consecutivos negativos, a cada três anos.
mantes apresentam um risco de: Essa recomendação apóia-se na observação da história natural
• 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão; do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de le-
• 5 vezes maior de sofrer infarto; sões pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pul- à lenta progressão que apresenta para doença mais grave.
monar;
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os estudos têm demonstrado que, na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvimento
de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral, estima-se que
a maior parte das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evolui-
rão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que
somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído
decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento.
Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, nas mulheres entre 35 a 64 anos, depois de um exame citopatológico
do colo do útero negativo, um exame subseqüente pode ser realizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual. Con-
forme apresentado abaixo, a expectativa de redução percentual no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado negativo,
é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anualmente – redução de 93% do risco – ou quando ele é realizado a cada 3 anos
– redução de 91% do risco.
Efeito protetor do rastreamento para câncer do colo do útero de acordo com o intervalo entre os exames, em mulheres de 35 a 64
anos.

No Brasil observa-se que, a maior parte do exame preventivo do colo do útero, é realizada em mulheres com menos de 35 anos, pro-
vavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a subaproveitar a rede, uma
vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa etária de maior risco.
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o objetivo
da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de saúde,
movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros.
Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada, torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os fatores
de risco, (2) a freqüência de realização dos exames, (3) os resultados dos exames anteriores. A freqüência do rastreamento deverá ser para
cada caso individualizado. É fundamental que a equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério, orientação sobre o que
é e qual a importância do exame preventivo do colo do útero, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do
colo do útero na população de risco.

Idade média da incidência máxima das lesões

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Situações Especiais Recomendações prévias a mulher para a realização da coleta
Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a rea- do exame preventivo do colo de útero
lização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer período da Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim
gestação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indicada de garantir a qualidade dos resultados recomenda-se:
a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita • Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames in-
com a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical. travaginais, como por exemplo a ultrassonografia, durante 48 horas
Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na antes da coleta;
rotina. A ocorrência de condilomatose genitália externa, principal- • Evitar relações sexuais durante 48 horas antes da coleta;
mente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização • Anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anterio-
do exame do colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitando res ao exame.
a vontade da mulher. • O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presen-
ça de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguarda o 5° dia
Mulheres submetidas a histerectomia: após o término da menstruação. Em algumas situações particulares,
• Histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada.
fundo de saco vaginal.
• Histerectomia subtotal: rotina normal Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibiliza-
ção da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se
Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais prejudicada, assim como pode haver dificuldades no diagnóstico ci-
frequentemente pelo seu maior risco de serem portadoras do cân- topatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de
cer do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com condi- cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido
lomas em genitália externa não necessitam de coletas mais freqüentes à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por 07 dias antes do exame,
do que as demais, salvo em mulheres imunossuprimidas. aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e
Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopa- a realização do preventivo.
tológico: Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser
• A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada; por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a
• A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber 14 dias - 0,3 mg /dia -, a depender da idade, inexistência de contra-
informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinfor- -indicações e grau de atrofia da mucosa.
mação ou por não ter buscado seu resultado. Se possível, fornecer
cópia ou transcrição do resultado desse exame à própria mulher. Fases que antecedem a coleta
Nos casos dos serviços que dispuserem de documentos específicos a) Organização do material, ambiente e capacitação da equipe
como a Agenda da Mulher, os resultados devem ser registrados nos de saúde:
espaços indicados.
Equipe de Saúde capacitada
É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos Além da preocupação inicial com o acolhimento, é fundamen-
ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopato- tal a capacitação da equipe de saúde para a realização da coleta e
logia. Nesses casos, a mulher deve ser tratada e retornar para coleta no fornecimento das informações pertinentes às ações do controle
do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto do câncer do colo do útero.
na abordagem sobres as DST). Consultório equipado para a realização do exame ginecológico:
Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não • Mesa ginecológica;
deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações: • Escada de dois degraus;
1. Quando é possível a investigação para DST, por meio do diag- • Mesa auxiliar;
nóstico bacteriológico, por exemplo bacterioscopia, essa deve ser • Foco de luz com cabo flexível;
feita inicialmente. A coleta para exame citopatológico deve ser feita • Biombo ou local reservado para troca de roupa;
por último. • Cesto de lixo;
2. Nas situações em que não for possível a investigação, o ex- • Espaço físico adequado.
cesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebi-
dos em soro fisiológico e só então deve ser procedida a coleta para Material necessário para coleta
o exame citopatológico. Espéculo de tamanhos variados - pequeno, médio, grande e
para virgem - devem ser preferencialmente descartáveis - instru-
A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qua- mental metálico deve ser esterilizado de acordo com as normas
lidade da amostra. O tratamento dos processos inflamatórios/DST vigentes;
diminuem o risco de insatisfatoriedade da lâmina. • Balde com solução desincrostante em caso de instrumental
não descartável;
Coleta do Material para o Exame Preventivo do Colo do Útero • Lâminas de vidro com extremidade fosca;
É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, • Espátula de Ayre
sendo coletada uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra • Escova endocervical
da parte interna, endocérvice. Para a coleta do material, é introdu- • Par de luvas para procedimento;
zido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação • Pinça de Cherron;
da superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula • Solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou
de madeira e de uma escovinha endocervical. Spray de Polietilenoglicol;
Uma adequada coleta de material é de suma importância para • Gaze;
o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se • Recipiente para acondicionamento das lâminas, mais ade-
de que está preparado para realizá-lo e de que tem o material ne- quado para o tipo de solução fixadora adotada pela Unidade, tais
cessário para isso. A garantia da presença de material em quantida- como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou
des suficientes é fundamental para o sucesso da ação. plástica para transporte de lâminas;

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Formulários de requisição do exame citopatológico; da axila. Um sistema de linfonodos é responsável pela drenagem
• Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos; linfática da mama, principalmente os linfonodos axilares e da ca-
• Lápis grafite ou preto nº2; deia mamária interna.
• Avental/ camisola para a mulher. Os aventais devem ser, pre-
ferencialmente, descartáveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser Câncer da Mama
desprezadas em local apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mu-
encaminhados à rouparia para lavagem, segundo rotina da Unidade lheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo pelos seus efeitos
Básica de Saúde; psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria
• Lençóis: Os lençóis devem ser preferencialmente descar- imagem pessoal.
táveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser desprezados em local
apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser encaminhados à rou- Esse tipo de câncer representa nos países ocidentais, uma das
paria para lavagem e esterilização; principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o
aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos quanto
b) Preenchimento dos dados nos formulários para requisição de nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial
exame citopatológico – colo do útero da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumen-
É de fundamental importância o correto preenchimento do for- to de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Re-
mulário de requisição do exame citopatológico – colo do útero, pois gistros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. O
a falta ou os dados incompletos poderá comprometer por completo câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais
a coleta do material, o acompanhamento, o tratamento e outras frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres.
ações de controle do câncer do colo do útero, conforme anexo 4. Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom
prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas
c) Preparação da Lâmina de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil,
A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o material muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em
a ser examinado devem ser preparados previamente: estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após
• O uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidade fosca cinco anos é de 61%.
é obrigatório;
• Identificar a lâmina escrevendo as iniciais do nome da mulher História Natural
e o seu número de registro daUnidade, com lápis preto nº2 ou gra- Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele
fite, na extremidade fosca, previamente a coleta; pode ser descoberto pelo exame físico (tumor subclínico) isto é, a
• Identificar a caixa do porta-lâmina. partir de 1 cm de diâmetro, passam-se, em média,10 anos.
• Não usar caneta hidrográfica, esferográfica, etc., pois leva à Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada
perda da identificação do material. Essas tintas se dissolvem duran- período de 3-4 meses. No início da fase subclínica (impalpável),
te o processo de coloração das lâminas no laboratório tem-se a impressão de crescimento lento, porque as dimensões das
células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável,
Manter os frascos de acondicionamentos, fechados permanen- a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor
temente a não ser na hora de inserir as lâminas. No preparo da desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais
lâmina ver se ela está limpa sem a presença de artefatos, caso ne- comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3-4 anos do des-
cessário limpar com gaze. cobrimento do tumor pela palpação, ocorre o óbito.

CONTROLE DO CÂNCER DA MAMA Fatores de Risco


As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e te- • História familiar é um importante fator de risco para o câncer
cido glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as es- de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau
truturas anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos (mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade;
conecta os lóbulos ao mamilo. Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde
a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama;
• A idade constitui um outro importante fator de risco, haven-
do um aumento rápido da incidência com o aumento da idade;
• A menarca precoce (idade da primeira menstruação);
• A menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade);
• A ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos;
• A nuliparidade;
• Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos
orais com o aumento do risco para o câncer de mama, apontando
para certos subgrupos de mulheres como as que usaram contracep-
tivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, as que fizeram uso
da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional
em idade precoce, antes da primeira gravidez.

São definidos como grupos populacionais com risco elevado


para o desenvolvimento do câncer de mama:
• Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
Raramente uma mama é do mesmo tamanho da outra, po- de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
dendo apresentar-se de forma diferente de acordo com o período mama, abaixo dos 50 anos de idade;
menstrual. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Mulheres com história familiar de pelo menos um parente páveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos
de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM
mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária; em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente
• Mulheres com história familiar de câncer de mama mascu- benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissio-
lino; nal de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama,
• Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a compo-
proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ. sição e variabilidade da mama normal.
As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus
Sintomas detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a pal-
Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tu- pação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares).
mor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos
alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou re- estudos analisam como reportar os achados dos exames.
trações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da
também surgir nódulos palpáveis na axila. mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos
contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das
Prevenção Primária mamas.
Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais É importante o examinador comparar as mamas para identificar
ou comportamentais associados a um risco aumentado de desen- grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, tempera-
volver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem tura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês)
evidências conclusivas que justifiquem a recomendação de estraté- significando B – massa na mama (breast mass), R – retração (re-
gias específicas de prevenção. É recomendável que alguns fatores traction), E-edema (edema), A-linfonodos axilares (axillary nodes),
de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de S-ferida no mamilo (scaly nipple) e T-sensibilidade na mama (tender
ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crô- breast) podem ajudar na memorização das etapas na inspeção vi-
nicas não transmissíveis, em geral. sual. A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao
Não há consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomen- lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as
dada às mulheres assintomáticas, independente de pertencerem palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção di-
a grupos com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de nâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual
mama. ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas.
A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas
Detecção Precoce as áreas do tecido mamário e linfonodos.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de câncer maior a Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a pacien-
probabilidade de cura. Rastreamento significa detectar a doen- te deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a
ça em sua fase pré-clínica enquanto diagnóstico precoce significa paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada a mão
identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce. As ações correspondente a mama a ser examinada deve ser colocada sobre
de diagnóstico precoce consistem no exame clínico da mama por a cabeça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda
um profissional de saúde treinado. As ações de rastreamento im- a mama deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de
plementadas no País preconizam a mamografia bilateral em deter- palpação.
minados grupos de mulheres. A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher
mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele
Recomendações para Detecção Precoce e incisão cirúrgica
Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pres-
Recomendações para o rastreamento de mulheres assintomá- são devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, cor-
ticas respondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais
• Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir profundamente à parede torácica. Devem-se realizar movimentos
dos 40 anos de idade, com periodicidade anual. circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como
se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região
Esse procedimento é ainda compreendido como parte do aten- da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
dimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em to- Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada.
das as consultas clínicas, independente da faixa etária. Duas características fundamentais do ECM são a interpretação
• Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do
idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames. ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os acha-
• Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para mulhe- dos do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição
res a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacio- dos achados limitam o seu potencial em direcionar para novas ava-
nais com risco elevado de desenvolver câncer de mama. liações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama.
• Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpre-
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados. tação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos
para o ECM.
Exame Clínico das Mamas (ECM) De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpre-
Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado tados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anorma-
por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame lidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal,
podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, se- caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e pos-
rão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a sível encaminhamento para especialista (referência). A descrição
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito:
referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama pal- inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas.

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Mamografia • Encaminhamento a Unidade de Referência dos casos suspei-
A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção tos de câncer de mama;
precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial, • Encaminhamento das mulheres com exame clínico das ma-
muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de mas alterado, para Unidade de Referência;
raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é compri- • Busca ativa das mulheres que foram encaminhadas a Unidade
mida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor de Referência e não compareceram para o tratamento;
capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e • Busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamo-
suportável. gráfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o
Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o resultado;
exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a • Orientação das mulheres com exame clínico das mamas nor-
sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento. mal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina.
A sensibilidade varia de 46% a 88% e depende de fatores tais como:
tamanho e localização da lesão, densidade do tecido mamário (mu- Unidade de Referência de Média Complexidade
lheres mais jovens apresentam mamas mais densas), qualidade dos É a unidade de média complexidade no SUS e funciona como
recursos técnicos e habilidade de interpretação do radiologista. A referência para o encaminhamento das mulheres com resultados
especificidade varia entre 82%, e 99% e é igualmente dependente alterados. Este nível exige a presença de profissionais treinados
da qualidade do exame. para realizarem a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de
Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam câncer de mama, tais como, mamografia, biópsia por agulha grossa,
a mortalidade em mulheres convidadas para rastreamento mamo- punção por agulha fina. Assim como para o tratamento de lesões
gráfico com mulheres não submetidas a nenhuma intervenção são benignas mamárias.
favoráveis ao uso da mamografia como método de detecção preco-
ce capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama. Unidade de Alta Complexidade - UNACON ou CACON
As conclusões de estudos de meta-análise demonstram que os É a unidade de alta complexidade no SUS que realiza exames
benefícios do uso da mamografia se referem, principalmente, a cer- e tratamentos especializados. Neste nível é realizado o tratamento
ca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos das mulheres diagnosticadas com câncer de mama, assim como o
50 anos, depois de sete a nove anos de implementação de ações tratamento do câncer em estágios que envolvam procedimentos ci-
organizadas de rastreamento. rúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos.
Com base nas Portarias MS/GM nº 2439 de 08 de dezembro
Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS de 2005 que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e a
O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos laudos Portaria MS/SAS nº 741 de 19 de dezembro de 2005 que defini as
mamográficos levando em consideração a evolução diagnóstica e Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNA-
a recomendação da conduta, não devendo se esquecer da história CON), os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncolo-
clínica e do exame físico da mulher. gia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em
No Congresso Americano de Radiologia, em dezembro de 2003 Oncologia e suas aptidões e qualidades.
(RSNA), em Chicago, foi divulgado a 4ª edição do BI-RADS (Breast
Imaging and Reporting Data System Mammography). O BI-RADS Considerações Sobre Auto-Exame das Mamas (AEM)
é um trabalho entre membros de vários Departamentos do Insti- O Auto-exame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efe-
tuto Nacional do Câncer, de Centros de Controle e Prevenção da tivo em diminuir a mortalidade nos programas de detecção preco-
Patologia Mamária, da Administração de Alimentos e Drogas, da ce quando utilizado isoladamente. Este exame, entretanto, ajuda a
Associação Medica Americana, do Colégio Americano de Radiolo- mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observa-
gia, do Colégio Americano de Cirurgiões e do Colégio Americano de da alguma alteração, a mulher deverá procurar o serviço de saúde
Patologistas, por conseguinte todas essas Instituições ajudaram na mais próximo de sua residência para ser avaliada por um profissio-
elaboração do BI-RADS. nal de saúde.
O AEM sistemático das mamas tem sido recomendado desde a
Níveis de Atendimento
década de 30 e foi incorporado nas políticas da saúde pública norte
– americanas desde os anos 50. Considerando-se que até 90% dos
Unidade Básica de Saúde
casos de câncer de mama são detectados pelas próprias mulheres,
A Unidade Básica de Saúde deve estar organizada para receber
pode-se deduzir que a promoção do AEM seja uma estratégia eficaz
e realizar o exame clínico das mamas das mulheres, solicitar exames
para sua detecção.
mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resul-
Embora já tenham sido realizados mais de 30 estudos não ran-
tados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo
domizados sobre o uso do AEM para o rastreamento do câncer de
exame clínico indiquem necessidade de maior investigação.
As atividades abaixo descritas devem ser também realizadas mama, não há evidências científicas incontestáveis de que sua prá-
nesse nível de atendimento pela equipe de saúde: tica promova a redução da mortalidade por este câncer. Diversos
• Reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e estudos de tipo caso-controle apontaram para uma leve redução na
conscientização para o cuidado com a própria saúde; à importân- mortalidade em pacientes submetidas ao AEM, enquanto estudos
cia da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama; à de coorte e ensaios clínicos não suportaram esses achados.
quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à im- Em um ensaio clínico não randomizado, iniciado em 1973 na
portância de todas as etapas do processo de detecção precoce; não Inglaterra pelo “UK Early Detection of Breast Câncer Study Group”,
deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos não foi constatada redução nas taxas de mortalidade por este cân-
necessários; cer. Há apenas dois ensaios clínicos randomizados que avaliariam o
• Busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca rea- impacto do AEM sobre a mortalidade por câncer de mama. O pri-
lizaram o ECM; meiro foi iniciado em 1985, em Moscou e São Petersburgo, enquan-
• Busca ativa na população alvo, de mulheres para a realização to o segundo teve início em 1989, em Xangai.
de mamografia;

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ambos envolveram um grande número de mulheres que foram meticulosamente treinadas e receberam reforços para garantir o
aprendizado da técnica. Após um seguimento de 5 a 10 anos, ambos apontaram para a ineficácia do AEM em reduzir a mortalidade pelo
câncer de mama. Em outubro de 2002, a publicação dos resultados finais deste último ensaio clínico confirmou as observações anteriores,
concluindo-se pela incapacidade do AEM em alterar as taxas de mortalidade pelo câncer de mama.
Uma síntese destes estudos é apresentada na tabela.

Síntese dos estudos experimentais sobre a eficácia do AEM na redução da mortalidade por câncer de mama:

Embora a sensibilidade do AEM nunca tenha sido formalmente avaliada, estimativas indicam que cada 100 casos de câncer de mama,
o AEM detecta 26, o ECM (Exame Clínico das Mamas) detecta 45 e a MMG (Mamografia) 71.
Apesar de não haver evidência direta de que o AEM efetivamente reduza a mortalidade por câncer de mama, é importante que as
mulheres mantenham-se atentas às alterações em suas mamas e reportem qualquer alteração ao profissional de saúde. Recomenda-se,
desta forma, a efetividade potencial do estímulo à sua prática como estratégia complementar.
Embora as mulheres, individualmente, possam ver a realização do AEM como parte de seu autocuidado, as recomendações para
profissionais de saúde devem enfatizar que não há evidências científicas de que o AEM reduza a mortalidade por câncer de mama e que
do ponto de vista ético deve-se otimizar a utilização dos recursos públicos em ações coletivas de eficácia comprovada”- (Revista Brasileira
de Cancerologia, 2003, 49 (4): 227-238).

Linfedema
O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de mama, acarretando importantes altera-
ções físicas, psicológicas e sociais, que comprometem a qualidade de vida das mulheres. Pode ser definido como todo e qualquer acúmulo
de líquido, altamente protéico, nos espaços interticiais, seja ele devido à falhas de transporte, por alterações da carga linfática, por defi-
ciência de transporte ou por falha da proteólise extralinfática (Mayall,2000).
Local do Estudo
Ano do Início Faixa Etária Número de
Mulheres % de Participação
Tempo de Seguimento
RR de morte por Câncer de mama (IC 95%)
INGLATERRA 1979 45-64 anos 253.219 30-53% 9 a 9,8 anos 1,07 (0,93-1,22)
XANGAI 1989 31-64 anos 266.064 98% 5 anos 1,04 (0,82-1,33)
RÚSSIA 1985 40-64 anos 120.310 76,4% 10 anos 0,95 (0,76 – 1,19)

Prevenção
A prevenção do linfedema pode ser conseguida por meio de uma série de cuidados, que se iniciam a partir do diagnóstico de câncer
de mama. As cirurgias devem ser o mais conservadoras possíveis, e o linfonodo sentinela pode representar um importante aliado na di-
minuição do linfedema. A radioterapia axilar deve ser restrita a casos em que há um extenso comprometimento ganglionar, sendo a dose
limitada a 45 – 50 Gy. As pacientes obesas devem ser incentivadas a restringir o peso corporal.
Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem ser orientadas sobre os cuidados com a pele e o membro superior homolateral ao
câncer de mama, a fim de evitar possíveis traumas e ferimentos. Os cuidados, entretanto, devem ser repassados de forma bastante tran-
qüila para que não haja um sentimento de incapacidade e impotência física. As orientações com relação à vida doméstica, a profissional
e de lazer devem ser direcionadas às rotinas das pacientes e condutas alternativas devem ser ensinadas quando forem realmente neces-
sárias.
As mulheres devem ter conhecimento sobre os sinais e sintomas iniciais dos processos infecciosos e do linfedema, para que comuni-
quem o profissional assistente e uma correta conduta terapêutica seja implantada. A equipe de saúde deve estar preparada para diagnos-
ticar e intervir precocemente.

Orientações após linfadenectomia axilar


As mulheres devem ser informadas em relação aos cuidados com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir qua-
dros infecciosos e linfedema. Entretanto, deve-se tomar o cuidado para não provocar sensação de incapacidade e impotência funcional.
Elas devem ser encorajadas a retornarem as atividades de vida diária e devem ser informadas sobre as opções para os cuidados pessoais.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Recursos fisioterapêuticos que produzam calor, tais como in-
fravermelho, ultra-som, ondas curtas, microondas, forno de Bier, ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO.
compressas quentes, turbilhão, parafina entre outros, devem ser EMERGÊNCIAS CLÍNICAS E TRAUMÁTICAS. ENVENENA-
evitados nas áreas de drenagem para a axila homolateral, devido ao MENTO E INTOXICAÇÃO. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPUL-
aumento do risco de desenvolvimento de linfedema. Nas regiões MONAR; CHOQUES HEMORRÁGICO, CARDÍACO, HIPER-
distantes, desde que não haja neoplasia em atividade, os recursos TENSIVO, SÉPTICO; EDEMA AGUDO DE PULMÃO, CRISE
podem ser realizados seguindo as devidas precauções. CONVULSIVA E CRISE HIPERTENSIVA

Procedimentos após linfadenectomia axilar Enfermagem em emergência e cuidados intensivos:

EVITAR a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e


• Micoses nas unhas e no braço; emergência:
• Traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto, A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser
queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila); resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter imedia-
• Banheiras e compressas quentes, saunas e exposição solar; tista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser
• Apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; reló- planejada para que este paciente não corra risco de morte.
gios, anéis e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial);
• Receber medicações por via subcutânea, intramuscular e en- A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada
dovenosa e coleta de sangue; imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresenta-
• Movimentos bruscos, repetidos e de longa duração; rá uma sequela irreversível.
• Carregar objetos pesados no lado da cirurgia. Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos,
• Deitar sobre o lado operado tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde
os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo:
FAZER • Unidades de atendimento pré-hospitalar;
• Manter a pele hidratada e limpa; • Unidades de saúde 24 horas;
• Usar luvas de proteção ao fazer as atividades do lar (cozinhar, • Pronto socorro;
jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos); • Unidades de terapia intensiva;
• Durante a execução de atividades, promova intervalos para • Unidades de dor torácica;
descanso; • Unidade de terapia intensiva neo natal
• Ao fazer a unha do lado operado, utilize removedor de cutí- • E até mesmo em unidades de internação.
culas;
• Para retirada de pelo da axila do lado operado, utilize cremes Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa-
depilatórios, tesoura ou máquina de cortar cabelo; rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a
• Ficar atenta aos sinais de infecção no braço (vermelhidão, in- capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e
chaço, calor local); prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento
• Durante viagens aéreas, usar malha compressiva. ao paciente.
Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando
Diagnóstico ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais
Na maioria das vezes, a presença do linfedema é verificada por correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda-
intermédio do diagnóstico clínico. des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da
Os exames complementares como tonometria, ressonância situação.
magnética, ultra-sonografia e linfocintigrafia, são utilizados quando Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada
se objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para analisar pa- e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên-
tologias associadas. cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas.
A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco
Tratamento fisioterapêutico de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham
O tratamento do linfedema está baseado em técnicas já bem suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as-
aceitas e descritas na literatura mundial. sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim,
Este tratamento consiste de várias técnicas que atuam con- a qualidade e a importância da nossa profissão.
juntamente, dependendo da fase em que se encontra o linfedema, Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen-
incluindo: cuidados com a pele, drenagem linfática manual (DLM), volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-
contenção na forma de enfaixamento ou por luvas/braçadeiras e fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas
cinesioterapia específica. Outros tratamentos têm sido descritos no dia a dia de trabalho é fundamental.
na literatura, porém, seus resultados não são satisfatórios quando Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exem-
comparados ao tratamento supra citado: plo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospi-
tais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendi-
mento de demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas
em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas e
traumatológicas.
O importante é que, independente da complexidade ou da
classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo
Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber.

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
1. Acolhimento e Classificação de Risco - Preparação
O acolhimento do paciente e família na prática das ações de - Triagem
atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para - Avaliação primária
uma atenção humanizada e resolutiva. - Reanimação
A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países, - Avaliação secundária
inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di- - Monitorização e reavaliação contínua
versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar - Tratamento definitivo
em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta
imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do Triagem
paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe
catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfermeiro um método de cores para definir:
deve estar além de acolher o paciente e família, estar habilitado a -VERMELHO
atendê-los utilizando os protocolos de classificação de risco. - LARANJA
- AMARELO
2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV) - VERDE
A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem - AZUL
atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tan-
to dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência * Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o me-
devem estar aptos. nos grave.
O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência
de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/pro-
sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma fissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminen- dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento
te de morte sem realização de manobras invasivas e o SAV requer e pessoal.
procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³.
Avaliação Primária
Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições
3. Atendimento à Vítima de Trauma
físicas /emocionais/ neurológicas.
Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores cau-
Verifica-se:
sas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das
- Obstrução das vias aéreas
regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e
- Insuficiência Respiratória
neoplasias4.
- Alterações Hemodinâmicas
Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma - Déficit Neurológico
nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de
acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hospi- Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E (casos
talar ao Trauma. sem comprometimento circulatório).
C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).
4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Aci-
dente Vascular Encefálico (AVE) Significados:
As doenças cardiovasculares representam uma das maiores A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das princi- B- Respiração e ventilação
pais manifestações clínicas da doença arterial coronária5. C- Circulação
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas D- Incapacidade neurológica
de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas E- Exposição e controle da temperatura
brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito na
população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10% Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma
das internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta a quarta obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando
taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e você conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário
Caribe6. deve fazer da seguinte maneira:
Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avaliação 1- Elevação do queixo
clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE ou 2- Elevação da mandíbula
AVC e prevenção de complicações. 3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)

5. Assistência às Emergências Obstétricas Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar
As principais causas de morte materna no Brasil são por he- a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
morragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identi- Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça
ficar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as he- a devida imobilização.
morragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante
dos serviços de urgência e emergência e até mesmo os que não são Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessário
referência em atendimento gestacional. de apoio:
1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manual.
1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral; 2 - Ventilação Mecânica
Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas Em caso de dificuldade considerar:
terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida. . Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se
Consiste em: outras opções falharem.

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
. Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromisso respiratório.
. Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
. Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trauma torácico)
. Lesão diafragmática com herniação.

Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:

Atuação:
1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14,
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colocado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬óssea (a
considerar também no adulto).
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso acima e outro abaixo do diafragma.
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se necessariamente no grau de choque, não estando provada qualquer
diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volume a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma relação
de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e perdas/colóides a administrar, respectivamente.
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia. Por
norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adulto politraumatizado não são suficientes para originar um edema pulmonar,
mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga numa situação
de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressivamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando parâmetros vitais de forma seriada.

Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou estado de choque.

Avaliar:
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
- Função motora (estímulo à dor) • Via aérea com imobilização cervical
• Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
Atuação: • Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado)
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com • Avaliação seriada da GCS
protocolo específico. • Equipamentos necessários na ambulância.
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobili-
zadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo. Tratamento Definitivo
Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima,
Letra E: será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado e controle de todos os sinais vitais.
despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna ver-
tebral. Utilizar técnicas de rolamento. 2) suporte de vida em situações de queimaduras;
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica. O queimado necessita boa assistência de enfermagem para
que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce
Manter: A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe
1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização. médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a
2- Analgesia de acordo com as necessidades. serem prestados aos queimados.
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
paciente. pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíquico,
devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a ocasião
Avaliação secundária da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto aos
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pes- cuidados a serem seguidos.
soais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com rea-
valiação e exames radiológicos pertinentes. Assistência Imediata
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro-
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra- porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúr-
tura da coluna vertebral. gica, tendo sempre presente a importância do problema do contro-
le da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o
Tipos de trauma primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se
O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis- fazem necessários na sala:
mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de
energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE:
trauma. A única diferença é a perfuração da pele. - Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado.
Alguns exemplos: - Aspirador de secreção.
. Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal - Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente.
. Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax - Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo).
. Trauma Facial - Suporte de soro.
. Trauma Torácico (pneumotórax) - Caixa com material de pequena cirurgia.
- Caixa com material de traqueostomia.
Trauma contuso (fechado) - Caixa com material de dissecção de veia.
O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia - Material para intubação endotraqueal.
em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis- - Aparelho ressuscitador “Air-viva”.
tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamen- - Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça
to e compressão. dente de rato e pinça de Kocher).
O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de MATERIAL DE CONSUMO
velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando - Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm.
sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que - Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais.
na aceleração brusca. - Ataduras de rayon e morim.
A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura - Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina.
ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente- - Algodão hidrófilo.
mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária. - Ataduras de crepe.
- Luvas.
Trauma penetrante (aberto)
O trauma penetrante tem como característica a transferência
Pacotes de campos cirúrgicos e aventais.
de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão
- Fita adesiva e esparadrapo.
de energia provocando laceração da pele.
- Máscara e gorro.
Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as
- Medicamentos de emergência.
lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, de-
- Antissépticos.
ve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As
- Seringas de vários tamanhos.
lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo,
arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil - Agulhas e catéteres de vários calibres.
de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que so- - Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais.
freram um deslocamento temporário. - Frascos de soro fisiológico.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM Cuidados Especiais Dependentes da Localização da Queima-
dura
Na Sala de Cirurgia
Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a CABEÇA:
finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa. - Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo.
Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para - Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró-
colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man- ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão
ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfusão do edema.
de sangue ou outros líquidos. - Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada
Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico.
esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados. - Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e
Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans- soro fisiológico.
cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações. - Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não
Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades.
de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas - Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico.
queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para - Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em-
mantê-las expostas (método de exposição). bebida em água bicarbonatada a 2%.
- Lábios: passar vaselina para remoção de crostas.
Unidade de Internação
- Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de - PESCOÇO:
proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá- Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen-
rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres-
a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen- são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
to é o de exposição. o médico executará a escarotomia.
Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate-
terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o - MEMBROS SUPERIORES:
volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finali-
hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além dade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de
da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito, enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial
sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as- e em ligeira elevação.
pecto, a freqüência e o volume.
Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontuá- - TRONCO:
rio do paciente (Anexo I). Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a
- Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração, expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de
Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita
devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente-
também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin-
mente se o caso exigir.
cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim,
Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o
que será trocado todas as vezes que se fizer necessário.
manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada,
sempre que possível.
- PERÍNEO:
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser
Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti-
controlada através do cateter venoso.
lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab-
- Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e
exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja- sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos
mento e da quantidade dos líquidos em perfusão. a seguinte fórmula de solução oleosa:
O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas -Cloroxilenol 0.1%.
dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo -Essência de alfazema 1%.
uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da -Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml.
F.M.U.S.P. (Anexo II).
- Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa- - MEMBROS INFERIORES:
ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação
quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra- das pernas, e prevenir o pé eqüino.
dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen-
forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos, temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e
caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por atuação da enfermagem.
parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza-
consistentes até chegar à dieta geral. ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer
- Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com que seja a localização das lesões.
água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os
cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar Cuidado Relacionado ao Ambiente
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser
feita semanalmente, como medida de higiene. - UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO:
Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão,
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante
(hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên-

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda 1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica
1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal do que procura a sala de emergência; e
paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas, e 2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organiza-
outros. da na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de
cuidados, eficiência e contenção de custos.
- PISO:
O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou
facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma- adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce- leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional
der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algo-
no chão. ritmos sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da
equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a
- JANELAS: equipe de médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae- o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.
ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de in-
setos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e solução Diagnóstico
desinfetante.
Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial
- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS: A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fe- manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um diag-
chados. nóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre
as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com potencial
Medidas Gerais para o Controle de Infecção: de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do
- Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes es- médico emergencista para definir sobre a liberação ou admissão do
pecíficos. paciente ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médi- Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-
cos, enfermeiros e outros). cárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visi- torácica nas salas de emergência, e por possuir uma significativa
tantes). morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre
- Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e feita no sentido de confirmar ou afastar este diagnóstico.
visitantes. Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia
- Supervisão e controle do uso da técnica asséptica. diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes
admitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnós-
Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa tico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica
primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se tem sido identificada como o dado com maior poder preditivo de
trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e mi- doença coronariana aguda.
norar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é
presentes em todos os momentos. O primeiro consegue-se com expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro-
a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo, babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias
trabalhando sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular
necessitará para a sua futura reintegração à sociedade. E o último, encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas causado-
dando-lhe ânimo, carinho e apoio ras de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo
exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da peri-
3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi- cardite, da embolia pulmonar, etc.
nais; A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que
Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na depen-
local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os exce- dência das informações da história clínica, do exame físico e dos
lentes resultados observados nestas unidades, em especial através dados laboratoriais.
do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e
da parada cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a in-
ternar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia mio-
cárdica aguda. O resultado desta atitude mais liberal foi que mais da
metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não ti-
nham, na verdade, síndrome coronariana aguda. Consequentemen-
te, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser
ocupados também por pacientes de baixa probabilidade de doença
e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda
desses leitos, com consequente saturação das unidades coronaria-
nas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde
então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assis-
tência emergencial. Essas unidades visam a:

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação opressiva
localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula,
acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minutos (geralmente entre 10 e 20) e ce-
der, como nos casos de angina instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do miocárdio. O paciente pode também apresentar
uma queixa atípica como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. Pacientes idosos e mulheres frequentemente manifestam
dispnéia como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não ter dor ou mesmo não valorizá-la o suficiente.
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles que
sofreram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente inician-
do-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de regurgitação
aórtica. Pode haver um significativo gradiente de amplitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços.
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais co-
mumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos casos.
Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, taquipnéia e cianose.
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é localizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande pneu-
motórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). Ao exame
físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado.
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou no he-
mitórax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia miocárdica, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e melhora na posição
sentada e inclinada para frente. No exame físico podemos encontrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado patognomônico).
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica frequentemente encontrada no consultório médico e, também, na sala
de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geralmente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e descrita
como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnóstico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos um clique
meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante mitral e/ou tricúspide.
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas características se assemelham à da doença coronariana. A presença de um sopro
ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG indica a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade de síndrome
coronariana aguda.

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75% A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va-
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. No ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM
exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sistólico está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg-
ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma transto- mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo
rácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular esquerda, é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo do
com ou sem alterações de ST-T. miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o diag-
As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronariana nóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes têm
crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apresen- uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do miocárdio
tar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), mas ou morte cardíaca ao final de 1 ano).
que às vezes é definido como uma sensação opressiva, localizada Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM
na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar para ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien-
o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação ali- tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car-
mentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso de díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda
antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais de sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível
cálcio ou repouso. do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser
A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epigás- identificados pelo ECG.
trica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser refe- Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da
rida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geralmente natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten-
ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de antiácidos. ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um
Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na região epi- paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do
gástrica. miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização
A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados
emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia
síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83% de repouso.
dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab- Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar
dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG
esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal de admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima es-
se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra- pecificidade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de
diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural à síndrome coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade
esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto em = 99,5%).
27% dos casos. A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos-
Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia
relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%.
diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral- Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos-
mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs-
ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações trução coronariana subtotal em relação à obstrução total.
produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou O monitor de ST também tem-se mostrado como método de
músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor. grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com angi-
A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada na instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiologia
por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge- a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e al-
ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência tamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não-fa-
se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé- tal ou isquemia recorrente.
Assim é recomendado:
sicas.
1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser
O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do
prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi-
segmento ST
dência B e D);
O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce papel
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em
fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo
pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou
seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplici-
qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini-
dade de interpretação. cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor-
Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau
pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência. de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de 3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín-
cerca de 5%.. drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame
Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico
de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60% da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar-
quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar-
diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de
infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único Evidência B e D);
ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada 4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve
para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor torá-
e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se cica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra-
realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau
pós-chegada ao hospital. de Recomendação I , Nível de Evidência B);

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as
que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como
do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente a as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal.
ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão coronaria- A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro-
na (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas
técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm
Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica.
miocárdica A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de
Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan- IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade
te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto
coronariana aguda. de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de
Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu- 85 a 99%.
lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica
necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen-
pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana. sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta e
A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global varia
significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK- de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os resul-
-MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me- tados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem da não
nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de níveis
sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que afe-
chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es- tam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilidade
pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-posi- das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor preditivo
tivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convulsões, negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não per-
cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam o seu mitindo que se afaste o diagnóstico na admissão.
uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido 3-4h Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido
após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico de IAM identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e
(valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resultado ne- tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra-
gativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diagnóstico desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân-
de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente em pa- cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in-
ciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes.
negativo ³ 95%). A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras
horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes na
admissão hospitalar, além do que resultados negativos não excluem
Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é
a ocorrência de eventos imediatos.
uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia
e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car-
Assim sendo, esta diretriz recomenda:
díaco e esquelético e tecido nervoso).
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser
A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro-
chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós-
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência
tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei-
ou à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas
ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a próximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evi-
85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada dência B e D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de
3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu- doença podem ter o seu período de investigação dos marcadores
são coronariana) 17,63-66. séricos reduzido a 3h (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidên-
Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obtida cia B);
até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de 2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquími-
subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem cos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica
este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e
média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo D);
negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a ne- 3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne-
cessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar ou crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos
afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade da dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo: um
CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos encon- marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após
trados principalmente quando a metodologia é a da atividade da o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da CK-MB)
CK-MB e não da massa. e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e especifici-
dade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da CK-MB ou das
Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple- troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido 4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método
à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve
pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo)
CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);
sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro 5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação
para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a tro- ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao
ponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível
não-isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como de Evidência D);

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose cificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de repouso
miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacientes com
paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³ 98%).
tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní- Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece
vel de Evidência B e D); importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per-
7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de
segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio- desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses
cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica 45,91.
(p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco- A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re-
mendação I, Nível de Evidência B). pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de
emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm
Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de preconizado a realização do exame para pacientes com média ou
emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen-
teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata
Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi- destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares
car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido 94,95.
na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e
isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na
estresse - e também prognóstica. avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se
Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé- alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM
todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados
para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre-
baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na ditivo negativo varia de 85 a 95%.
inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar- Quando se busca também o diagnóstico de angina instável
diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à (além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi-
admissão e durante o período de observação. vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%,
Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses
teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar informa-
a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando ções diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela
comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame história e ECG.
é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli- Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com
nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai- dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor
xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o
o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa- diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec-
cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes- tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de
mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose 80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos,
miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar-
diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste) dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor
mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%). preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo segurança
Além da sua importância na exclusão de doença coronariana, ao médico emergencista em dispensar a realização de outros testes
o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico e liberar imediatamente o paciente para casa.
dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto
risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor Deste modo, recomenda-se:
Torácica. A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou 1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de
inconclusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e
que estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isque-
maior risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e mia miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá
de readmissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do ser realizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia
teste para eventos também é elevadíssimo (³ 98%). miocárdica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de
Evidência B e D);
Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de 2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução
hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres-
de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes
alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro-
realização de outros exames para confirmar a positividade, encare- nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse
cendo o processo diagnóstico.
poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi
inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto-
Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu-
ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I,
são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a chega-
Nível de Evidência B e D);
da à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferramenta
4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser
importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e ECG não-
realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade
-diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100% e espe-
de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar IAM,

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados para Desta forma, recomendações para a realização de métodos de
casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bioquí- imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são:
micos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível de 1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien-
Evidência B). tes com suspeita clínica de embolia pulmonar.
2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos
O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da
não-coronariana função do ventrículo direito e para a possível visualização do trom-
Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dis- bo.
secção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem 3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à
não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu-
baixíssima incidência em pacientes com dor torácica na sala de tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na
emergência. dependência da sua disponibilidade na instituição.
3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de 4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente na-
apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acu- queles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma tran-
rácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a sesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnós-
forma de apresentação) e da complexidade de realização da arte- tica, principalmente naqueles cuja possibilidade de trombo central
riografia pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classifi- é elevada.
cará os graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidên- 5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética
cia para a realização destes métodos. são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo
As alterações radiológicas mais frequentemente encontradas limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos subseg-
na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da he- mentares.
micúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco 6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para
e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar seg- pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos
mentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma trian- não-invasivos foram inconclusivos.
gular com a base voltada para a pleura (sinal de Hampton) são os
achados mais específicos da embolia pulmonar mas, infelizmente,
Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam
são pouco sensíveis.
exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula-
A ecocardiografia pode contribuir com importantes informa-
ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in-
ções na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma
diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem
transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função
do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica
ventricular direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmo-
mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na
nar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir visualizar o trom-
diretriz da SBC sobre este tema.
bo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua
sensibilidade nesta situação é de 80% para pacientes com trombo Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis-
localizado em tronco da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito, secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e
com especificidade de 100% 105. É considerado o método de es- precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata-
colha para a avaliação inicial dos pacientes hemodinamicamente mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de
instáveis. um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta
A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também
não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da proba- na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas
bilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmentos e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s).
pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade de O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre-
doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacientes qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos
com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica devem casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste
ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa associação exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo
apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal prati- negativo de 88%).
camente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face de seu A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro
valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos falso- para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com
-negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária proba- o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a
bilidade necessita da realização de outro método de imagem para ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e
definição do diagnóstico. a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doença
A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico, clas-
boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida- sificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz aór-
de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não tica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissecção
apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos ramos
somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares). aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul- a existência de extravasamento sanguíneo para pericárdio, pleura,
monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão- mediastino e estruturas peri-aórticas.
-ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti-
cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili-
exame permite uma adequada visualização das artérias pulmonares dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados
e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e é falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para
custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não conse- estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente a
guem definir a suspeita clínica. presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e nega-
tivo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal da aorta
ascendente e na porção anterior do arco aórtico.
A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibilidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, localização
e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das artérias
coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada em pacientes com intolerância ao contraste iodado.
A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detecção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e espe-
cificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao tempo
prolongado para aquisição de imagens.
A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica, com
especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem maior sensi-
bilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase aguda da dissecção,
sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angiotomografia
computadorizada helicoidal ou da angiorressonância magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos


Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemáticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão clíni-
ca e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especificidade diagnós-
tica na avaliação de pacientes que se apresentam na sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos têm sido validados
prospectivamente, mostrando uma redução nas internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado, trabalhos indicam
que programas computadorizados validados retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectivamente, à alta sensibilidade
e especificidade dos médicos 122.
Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli-
cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente definidos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização da
qualidade e da relação custo-benefício.
Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e que
podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição.
O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cincinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de baixa
a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste na realização
de cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente e haja condição
de se administrar o fármaco radionúcleo imediatamente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de medicina nuclear for
negativo para isquemia miocárdica, o paciente é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos marcadores de necrose
miocárdica. Se o resultado for positivo, o paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame cintilográfico não puder ser
realizado, o paciente é investigado na Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plasmáticos de CK-MB e de troponina
I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização eletrocardiográfica contínua da ten-
dência do segmento ST. Teste ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI são realizados naqueles sem evidência de
necrose ou isquemia miocárdica persistente (fig. 2).

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica. Se a
avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com resulta-
do positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompanhamento
em 72h (fig. 3).

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer-
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de síndro-
me coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e prova-
velmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo no ECG,
procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor preditivo ne-
gativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%, respectivamente). A
associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de síndrome coronariana agu-
da e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima probabilidade de IAM (75%)
os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome coronariana aguda de 60%
e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h. O teste
ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de repouso.

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi-
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba-
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento

Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda


A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avaliação
das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em 5-10min
após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos
processos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST mas
apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos o risco de
complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-isquêmico
pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com-
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.

Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguintes,
realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.

Contenção ou controle da isquemia miocárdica


Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sintomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129-133.
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) e sedação
utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D).

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanis- mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala-
mo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da
de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente
poucos e pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
A e D). hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, poden- início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
do ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até o fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray na- emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
sal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais eleva-
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de da taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia- dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento não requerendo uso concomitante de heparina.
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is- Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei-
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades- çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me- maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o procedi-
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda mento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his- a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex-
tória de asma brônquica. periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con-
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan- ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
çar uma frequência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên-
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu-
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im-
ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca,
ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG.
devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis-
tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil- que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra- devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser- (tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis-
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re-
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados comendação IIa e Nível de Evidência A e D).
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona- gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as-
riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA
uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta- imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com-
bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e
B e D). tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida
de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia.
Recanalização coronária e controle do processo aterotrombó-
tico Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente
Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada sugestiva a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con-
de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesnível do tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária
segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo esquer- percutânea 168.
do) são candidatos à terapia de recanalização coronariana visto que Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na
mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85% têm oclusão substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes
de uma artéria coronária. com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in-
tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após
Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco-
a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele-
cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início
cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A).
da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano)
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida da
maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose inicial é
preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de 12/12h.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo-
peso molecular). lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí- maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa
vel benefício do uso das heparinas na SCA. quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de- A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa- kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari-
controle do PTTa. na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de Evidência C).
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabilidade
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as drogas
o controle. trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo, promoven-
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si do uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estreptoquinase
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de uma infusão
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose de 100 U EV
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên-
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. cia C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qualquer ou-
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo tra situação clínica, apresenta uma série de contra-indicações que
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente instáveis,
A e D para uso na SCA. um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâmica e venti-
latória, porém com disfunção do ventrículo direito ao ecocardiogra-
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi- ma, pode também se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau de
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efei- Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
tos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-II-
Ia em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto,
Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta
isquemia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização
No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te-
miocárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalida-
rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível
de 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma
com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações ca-
atitude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco,
tastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão
ou seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras
é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato
variáveis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência
A). Já o abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma de sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, me-
atitude invasiva imediata planejada, independentemente do risco toprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que a redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labeta-
inicialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta lol que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível
invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo de Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de
ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). betabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O con-
Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre trole da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também
analisados diante de seu alto custo. auxilia na redução da pressão arterial e estabilização da dissecção.
Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con- Os pacientes deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica,
comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina. do débito urinário e da pressão arterial, e encaminhados à unida-
O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min de de terapia intensiva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado
EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O e possível. Aqueles com instabilidade hemodinâmica deverão ser
abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se- colocados em suporte ventilatório e submetidos a monitorização
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/ invasiva da pressão arterial e das pressões do coração direito para
min) por 12 a 24h. melhor controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco,
além das variáveis de oxigenação tissular.
Tratamento inicial da embolia pulmonar O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissecções
Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi- agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico (tipo
dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão de
ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos- um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências
pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata- de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico.
dos. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien-
A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente
necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento es- (tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o
sencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulante passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D).
venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de no-
vos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como a 4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão;
serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativadas O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e
encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor-
não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre-
contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres-
combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I, piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades
Nível de Evidência C e D) de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con-

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos
pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua-
responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo-
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN- ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
TINO, 2007). Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien-
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi- te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu- à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esfor-
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for- ço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). da respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz.
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira-
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi-
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com-
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal- sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal
mente as de frequência muito elevada. de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012).
Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in-
suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta ACHADOS DIAGNÓSTICOS
cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode Através da ausculta pulmonar revela-se presença de estertores
ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte- nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pulmões,
rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco, sendo estes causados pela movimentação de ar através do líqui-
arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração, do alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicardia, e
entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada a ga-
infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema sometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER &SU-
agudo de pulmão. DDARTH, 2009).
A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo
que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que a TRATAMENTO
pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para po- Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia
para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a furo-
sitiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e dos
semida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides (sen-
alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como cau-
do o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na redução
sas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença valvu-
do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio pelo
lar mitral com consequente aumento na pressão capilar pulmonar e
miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normalmente é
inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também a lesão da
a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodilatador
membrana dos capilares pulmonares, causada por infecções como
venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece rápida
pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas como os gases
e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas como a
cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação (SALLUM
de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006). E PARANHOS, 2013).
Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP
EDEMA AGUDO DE PULMÃO busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar
O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo anor- o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni-
mal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em am- tratos, diuréticos e oxigênio.
bos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na maioria
dos casos, em consequência do aumento da pressão microvascular CUIDADOS DE ENFERMAGEM
proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o que leva Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem
ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar (BRUN- incluem organização e provimento de recursos materiais e huma-
NER &SUDDARTH, 2009). nos, mas também descrevem outros cuidados como:

PRINCIPAIS SINTOMAS Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou


As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul- 90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo
mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar;
espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen- Posicionar em Fowler alto.
tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio-
a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz, nando um fluxo de 10 L/min;
retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas
tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com permeáveis;
sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es- 5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva;
querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico, Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por
pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética, elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su-
pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es- perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas É importante avaliar a presença de deterioração da função re-
e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen- nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele- a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
vação que esta ocorreu. urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres- estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo.
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa- Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado.
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial
Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor- A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes emergência hipertensiva:
desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva. • Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins-
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara- talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adre- avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via
nomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o
alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas;
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri- • Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento insta-
férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi- lado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins);
velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em CTI’s
envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm
e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise é
5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge-
acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais
néticos e imunológicos também podem ter papel importante.
como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, aci-
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão
dente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissecção
renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de
pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte;
hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do
sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma-
das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu- gem no tratamento das crises hipertensivas são:
lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça • Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo;
– como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas • Puncionar veia periférica;
de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência • Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário);
hipertensiva. • Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de
Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi- infusão;
cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas, • Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores,
como o TNFa, que perpetuam o processo. obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu-
ção desejada da pressão arterial.
Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca- Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados
lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é
Alterações agudas no fundo do olho; um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que
Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa, atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro-
Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha; vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do
Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri- nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o
nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina; qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação
Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência catalisadora por enzima hepática.
médica é necessária uma história e um exame físico direcionados, Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de
porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par- forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi-
ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais
dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos
para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história
efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato são
deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos
notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que
pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata-
esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo
ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de
pressão arterial. uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do nitro-
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais prussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a infusão
de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de papi- da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de
la, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procurar a resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e ve-
presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão men- nosa central e um aumento moderado na frequência cardíaca.
tal ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais, Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento
particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve bus- da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi-
car a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se
ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de congestão e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do
pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação da aorta glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten-
abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso ca- sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi-
rotídeo. mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periférica

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora no genciais apresenta a importância dos procedimentos teóricos que
desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do volu- aprendemos como enfermeiros que o socorro nos momentos após
me urinário e excreção de sódio. um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila- importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, pessoas feridas.
sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín- Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra-
cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali-
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé-
dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção
.Os principais cuidados de enfermagem na administração desta hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma
medicação são: complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas
ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências.
fisiológica ou glicose 5%); As emergências são as principais portas de entrada desses pacien-
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente tes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência
em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão correta demandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo
do medicamento; considerável de internação, acarretando um custo elevado.
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra- Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en-
fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30 fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança
minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob- participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o
horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in- ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado
tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto- e livre de quaisquer danos.
mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito- O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto
rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à
o pulso, pressão arterial e oximetria; interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná-
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri- rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente,
gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias.
os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado
gotejamentos, conforme a orientação médica. de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios
vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se
6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár- com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das
dio; artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen-
As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí-
principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial
no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da
2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais
2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da
de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENATO,
futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú- 2010).
de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía-
as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe- co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi-
leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um
20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En- conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias.
tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas-
coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um
(IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa- processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car-
ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com sé-
é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência, rias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010).
cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio- Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do
ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe-
enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei- res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia
ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que
procedimentos que serão prestados. após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir-
cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA,
Importância dos atendimentos de emergência 2006).
A emergência é uma propriedade que uma dada situação as- O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que
sume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assis- têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co-
tência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e
necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espa- também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de
ço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES-
onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo TIO, 2002).
deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que neces-
sidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emer-

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM: 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobreviventes, cerca
• Dor intensa e prolongada no peito; de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios para desenvol-
• Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra- vimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ, 2015).
ços; O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
• Dor prolongada na “boca do estômago”; AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012,
• Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento; instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como
• Respiração curta mesmo no estado de repouso; objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio-
• Sentir tonteira; nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela doen-
• Náusea, vômito e intensa sudorese; ça, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde na-
• Ataques de dor no peito que não são causados por exercício cionais (BRASIL, 2013).
físico. A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de aten-
dimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma equipe
Contudo, há de ser levado em consideração que existem em multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como respon-
muitos indivíduos um componente genético importante na susce- sável direto na assistência prestada, permitindo o reconhecimento
tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose, precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma conduta
embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus- diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO, 2015).
cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente (2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio-
genético é definido como herança genética ou características não nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um
modificáveis. conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con-
A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví- templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve
tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no
importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias ambiente clínico.
de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en- Os resultados encontrados por Oostema e outros autores
fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de (2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser-
intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, es- varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes
tabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados para esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes
a realização de suas ações sistemática na sequência que devem ser nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava-
executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é um profis- liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e
sional essencial na assistência e recuperação da saúde da vítima de a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom-
IAM (BRANDÃO, 2003). bolítica.
O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser
importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi- avaliado com base em protocolos que definem as principais ma-
víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis- nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no
melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes
tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para
do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013).
o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as-
Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza-
pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom
ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH)
conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encaixa-
permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na
-se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de
corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções
saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres ve-
são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
no¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, transporte
imediato com elevada prioridade médica e comunicação precoce à
7. suporte de vida em situações de acidente vascular encefá- instituição que receberá o paciente.
lico; As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro-
primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015). porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos
São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras, (BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad-
diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en- ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua-
volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão
motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento
al., 2015). no risco de morte do paciente.
As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas, As princiais dificuldades para implementação de protocolos
diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento
Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis- deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência
túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada
decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do (FRANGIONE-EDFORT, 2014).
encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al., Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no
2015; OLIVEIRA et al., 2016). atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi-
O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável por ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet-
847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cinco anos, man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as-
por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% (3.969) em sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando
Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 corres¬pon- a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares.
deu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região Nordeste e

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Atuação do enfermeiro no manejo do AVE 8) suporte de vida em situações de estados de choque;
Durante o período de permanência em internação hospitalar,
o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe
multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro,
du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta-
do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden-
tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen-
tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar e
registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE dos
Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este ins-
trumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmico
Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar Tipos de choque
eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica. - Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo.
A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi- - Cardiogênico – falha primária da função cardíaca.
ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento - Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular.
de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia- - Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração.
das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identifi-
cação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de pa- O paciente em estado de choque exige atenção total da equi-
cientes com AVE (BRETHOUR, 2012). pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a
Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de
nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução resposta exerce influência direta na recuperação do paciente.
clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer-
78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento
realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir
os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%. rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo.
Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei- Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da
ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações clíni- perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção
cas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das vezes, orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar em
são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária desses falência.
pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento precoce e es- Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda-
colha da terapêutica adequada são fatores positivos para o prog- mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a
nóstico do paciente. execução do plano de cuidados.
Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei-
ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE, A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi-
48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em mentos:
seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem - Controlar a glicemia capilar
875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram - Verificar o monitor multiparamêtrico
que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da - Coletar exames laboratoriais
doença. - Realizar oxigenoterapia
Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limi- - Verificar a dor e realizar o controle
tações físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que - Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho-
podem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório)
aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado - Realizar acesso venoso calibroso
para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as-
sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma
uma comunicação tera-pêutica efetiva. diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio-
Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im- nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de
portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento
e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No concentram-se em três etapas:
estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica- - Restaurar o volume intravascular
ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%). - Redistribuir o volume de líquidos corporais
Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado - Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equi-
para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo pe médica tão logo for possível.
de prestar assistência adequada e de qualidade.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os ín-
dices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfermeiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, monitora
o paciente e o protege de eventuais complicações.
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação humanizada, que considera a questão emocional como parte integrante
do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da enfermagem não se resume à saúde física.
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a aproxima-
ção com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propiciando controle e monitorização constantes.

9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória;


Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de atividades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela ausên-
cia de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente inconsciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbieri (2015), a
parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirmada
por ausência de pulso detectável, ausência de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.
Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, associada
à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam palavras
diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva (2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inesperada das
funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume sistólico
insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da interrupção súbita da atividade mecânica ventricular .
Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro e a
outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea possibilite o
restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacientes gravemente
enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou prestes a desenvolver
uma.
A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm demonstrado
que quanto menor o tempo entre a parada cardiorrespiratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima (GOMES et al.,
2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).

Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das ma-
nobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de compressões torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o método de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à tentativas
de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação universal (o que independe da causa base da PCR), com atualizações protoco-
lares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjunto de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais, até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER E BAR-
BIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas
e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o coração e o pulmão
voltem a funcionar de acordo com seu padrão de normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras destinadas a garantir
a oxigenação para todos os órgãos e tecidos, principalmente ao coração e cérebro.
O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente, sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e inicia as
manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012). Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecendo circulação
e ventilação até a chegada da assistência médica, para tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar adequadamente
a assistência necessária.
A enfermagem tem papel extremamente importante no atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização, o
equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe, bem como a correta distribuição das funções por parte destes profissio-
nais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na maioria
das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de PCR, devendo,
portanto estar preparado para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e consequentemente, na
sua identificação precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a dimi-
nuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.

Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des-
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas;


Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma
substância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.

Conduta:

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:

Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal

Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg •Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

Conduta:
• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm diminui a
meia vida da COHb em cerca de 13 vezes.

Meia vida da COHb = 5 horas

11) suporte de vida em situações de acidente ofídico.


Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos são
descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação humana no
Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glândulas produtoras
de veneno ou substância tóxica e um aparelho especializado utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no mundo existem cerca
de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que no Brasil os animais peçonhentos mais comuns são escorpiões, aranhas, abelhas, arraias,
serpentes e vespas. O atendimento médico pré-hospitalar foi criado devido ao aumento exacerbado de enfermidades relacionados a situa-
ções de urgência e emergência, com o objetivo de uma intervenção precoce
A atenção primária às urgências e emergências era considerada um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria 1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar.
e educação continuada, humanização da atenção e organização em O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimen- trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
tos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos. estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa-
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce- uma unidade hospitalar.
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser-
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino- a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen- constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter- No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo-
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi-
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi- da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer-
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con- Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido.
tato mais precoce com esse paciente. No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser-
viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas
Atendimento Pré Hospitalar particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e
O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em
descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e conhecimento, capacitação técnica e humanização.
prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre- A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a
valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau-
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica- máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem
ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên- nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem,
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje,
Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer-
neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado
contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando do APH.
aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter
a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. No No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar
atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a manu- (APH)?
tenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os cuidados O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti-
gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a reposição hi- ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha-
droeletrolítica, monitorização e observação da função neurológica bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de
imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia não é usual, difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros,
mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou laquético com além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe
presença de necrose extensa, podendo por optar por penicilina G requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço
ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação cardiorrespi- de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encami-
ratória e identificação de fatores de risco, reconhecendo precoce- nhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre
mente a gravidade e agir de forma rápida para garantir a sobrevida. eles ambulância, helicóptero ou lancha.
Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por ani-
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta
mal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator re-
área?
lacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele
a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No
estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham
atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos
uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre-
dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida,
sento algumas atribuições da minha vivência.
identificação do tipo de acidente e principalmente a administração
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no
precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes atendimento Pré-Hospitalar Móvel;
por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in- - Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade
tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe-
acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi- cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões
dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento imediatas;
instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar - Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei-
menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con- namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e
sequentemente, menores índice de notificações de classificação de emergências;
gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para - Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio-
avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in- nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele-
fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento. cendo e controlando indicadores.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atua- da, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parceria
ção do profissional de enfermagem? com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele acesso no site da AHA - www.heart.org .
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co-
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re- Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com ra- tos prestados?
fting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre- de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que
a cada dez mil torcedores. documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans-
feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente.
Como acontece o chamado do APH? No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localização duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha.
do atendimento a ser prestado. No momento do contato com a cen-
tral segue-se um questionário de perguntas necessárias para enviar Como deve ser composta uma unidade de APH?
o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico poderá ini- O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
ciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao serviço indica- Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as
do estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a chegar ao modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o
local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo
para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no local, por A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate
exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo de trânsi- (Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de
to). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima determinando à Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F).
central qual o recurso necessário, se hospital primário ou terciário, Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que
de acordo com a condição e necessidade da mesma. atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma-
“A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas
atual realidade e as necessidades para o bom andamento” e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na
eficácia e no sucesso do atendimento.
Como é dividido o atendimento?
Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano- Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par-
bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais tiu para esta especialização?
até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos
com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis- meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de-
tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hospi-
prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar à talar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica e no
população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. Qual meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou o so-
serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no corro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a equipe
momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar. Coinciden-
de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o me- temente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extremamente satis-
lhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado. feita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por esta situação.
Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui em busca do
Existe um protocolo nacional de atendimento? meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi que eu que-
O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re- ria mais do que esperar, eu queria chegar na pior situação em que
presentantes da American Heart Association (AHA), da European um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP voltado para
Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca- parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmente, o concurso
nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço
da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM Emergências
falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa- Médicas há 13 anos.
rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992, “percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar
durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na na pior situação em que um indivíduo possa estar”
Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua por
meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, para Como está a especialização em Emergência atualmente no
diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life support Brasil? Você considera esta uma área promissora?
seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimentos no As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de-
APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas Amé- senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de
ricas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. No especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e
Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse sobre criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio
ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois, Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente.
John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscita- Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e
ção e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em segui- há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en-
fiscalizações atuantes neste mercado. fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
Enfermagem devem ter em seus currículos? Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e co-
nhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic life Limpeza e desinfecção da Ambulância
support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life su-
pport) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são desenvol- Limpeza
vidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria em grandes a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao
hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, em São Paulo, paciente;
por exemplo, e em universidades como Anhembi Morumbi e outras b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san-
instituições que se vincularam a AHA, pois é ela quem controla a gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des-
qualidade dos cursos. O Funcor, por exemplo, que é credenciado na cartando o mesmo no lixo hospitalar;
AHA, oferece esses cursos. c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem
ser desprezados em recipiente adequado;
Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço? d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca-
Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví- mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de
tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane- contato, com papel toalha;
jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so- e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini-
corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da
inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à
em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen- porta traseira.
to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do
paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes, Desinfecção
disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente. a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies
não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas,
O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao ou utilizar outro produto disponível para a completa desinfecção;
atendimento de emergência? b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des-
As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten- contaminação mais ampla;
dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças
mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina, infectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc)
que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além realizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância,
de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam materiais e equipamentos utilizados.
a comunicação.
Quais competências devem ter os profissionais que estão co-
Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré- meçando a atuar em APH?
-hospitalar e intra-hospitalar? Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so-
Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de
ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lota- equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios.
ção dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender toda O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH,
a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da jornada em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas
e melhores condições de trabalho no serviço público são fatores não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem
que podem, e muito, contribuir para um atendimento público de como utilizar criatividade para inovar e se atualizar.
maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.

Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in- c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten-
tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH? siva.
Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de-
senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além, RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010
é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual. DOU 25.02.2010
As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32,
e em situações específicas, como salvamento na água, devemos Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de
contar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia, Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências.
corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen- ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re-
sor etc. gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999,
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54
Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria
e higienização do veículo. Como se dá este processo? nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U.,
Esse processo geralmente tem início no hospital de destino de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro
do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo- de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu,
sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV Diretor-Presidente, determino sua publicação:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona- IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen-
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolu- são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão
ção. da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli-
CAPÍTULO I gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete
o grau de disfunção orgânica de um paciente.
SEÇÃO I XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente
OBJETIVO habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as-
sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente.
Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi-
mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, litado, com atuação em regime de plantões.
visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre-
e meio ambiente. dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais
classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de
SEÇÃO II alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum
ABRANGÊNCIA agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci-
lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos
Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro-
Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; bianos disponíveis.
civis ou militares. XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica:
Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para
especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes- monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi-
te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi-
se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência
que necessitam de cuidados especializados. aos antimicrobianos.
XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como
SEÇÃO III base a ser seguida.
DEFINIÇÕES XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto-
Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes regulação, necessitando de assistência contínua.
definições: XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e
I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envol-
pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou vam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26
Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que de janeiro de 1999.
exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária. XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como
II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para de- produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”.
senvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al-
pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada
biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre- a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à
sença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes saúde individual e coletiva.
infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epi- XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com-
demiológica. provação que determinado produto ou serviço submetido ao con-
III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente.
mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva. XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um
IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de dano e a gravidade de tal dano.
acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para
de 1998. a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen-
V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro- te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização
cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador, da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem
de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando-
institucional ou fora dele. -lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando
VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese- os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de
jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca- fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As
lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal rotinas são peculiares a cada local.
com a intervenção. XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados
VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação
aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi- quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem
lidade de ocorrência. necessários para o cuidado.
VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna- XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis-
ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por
assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de
atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de dados colhidos dos pacientes.
urgência/emergência e de ensino/pesquisa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos
meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da coordenadores de enfermagem e de fisioterapia;
área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora-
Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São exemplos ção de novas tecnologias;
de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos, IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade.
marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatiza- Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
dos, e outros de natureza similar. nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no
XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina- mínimo, os seguintes itens:
da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro- I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio-
fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e nal e ambiental;
tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indivi-
XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des- dual (EPI) e de proteção coletiva (EPC);
tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 III – procedimentos em caso de acidentes;
anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica.
normas da instituição.
XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des- SEÇÃO II
tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença INFRAESTRUTURA FÍSICA
ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre
outras. Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/
XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des- Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002.
tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu-
dias. tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua
XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des- monitorização.
tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e
anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins- Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas.
tituição. § 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de
XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): apoio podem ser compartilhados entre si.
UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri- § 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi-
cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
SEÇÃO III
CAPÍTULO II RECURSOS HUMANOS
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERA-
PIA INTENSIVA Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro-
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig-
SEÇÃO I nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI.
ORGANIZAÇÃO Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc-
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma-
Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia,
um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária mu- assim como seus respectivos substitutos.
nicipal ou estadual. § 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en-
Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, con-
sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de forme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e asso-
licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi- ciações reconhecidas por estes para este fim. (Redação dada pela
cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso- Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro de 2017)
lução e outras normas sanitárias vigentes. § 2º (Revogado pela Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro
Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está de 2017)
localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa- § 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde-
ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci- nação em, no máximo, 02 (duas) UTI.
mentos de Saúde (CNES). Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de-
Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga- signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual
rantir: deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo
I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá- com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen-
rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os se-
conformidade com as disposições desta RDC; guintes profissionais:
II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi- I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos
tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia-
e coletiva. lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação
Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio- em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica;
nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neona-
realizados na unidade, as quais devem ser: tologia para atuação em UTI Neonatal;
I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis- II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10
tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a (dez) leitos ou fração, em cada turno.
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10 XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e
(dez) leitos ou fração, em cada turno; (Redação dada pela Resolu- hemogasometria;
ção - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012) XXIV – serviço de radiografia móvel;
IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei- XXV – serviço de ultrassonografia portátil;
tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen- XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa;
do um total de 18 horas diárias de atuação; XXVII – serviço de fibrobroncoscopia;
V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória
(dois) leitos em cada turno; (Redação dada pela Resolução - RDC nº de morte encefálica.
26, de 11 de maio de 2012) Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na
VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e
da unidade; terapêuticos:
VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida- I – centro cirúrgico;
de, em cada turno. II – serviço radiológico convencional;
Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio- III – serviço de ecodopplercardiografia.
terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag-
tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em
durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI. outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado:
Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados I- cirurgia cardiovascular,
contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de II – cirurgia vascular;
acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços III – cirurgia neurológica;
de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no- IV – cirurgia ortopédica;
vembro de 2005. V – cirurgia urológica;
Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de VI – cirurgia buco-maxilo-facial;
educação continuada, contemplando, no mínimo: VII – radiologia intervencionista;
I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade; VIII – ressonância magnética;
II – incorporação de novas tecnologias; IX – tomografia computadorizada;
III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvol- X – anatomia patológica;
vidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais. XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico.
IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên-
cia à saúde. SEÇÃO V
§ 1º As atividades de educação continuada devem estar regis- PROCESSOS DE TRABALHO
tradas, com data, carga horária e lista de participantes.
§ 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên-
capacitação para atuar na unidade. cia integral e interdisciplinar.
Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui-
SEÇÃO IV dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de
ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada
turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos
Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza- de classe profissional e normas institucionais.
dos, os seguintes serviços à beira do leito: Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló-
I – assistência nutricional; gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral
II – terapia nutricional (enteral e parenteral); e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às
III – assistência farmacêutica; demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu-
IV – assistência fonoaudiológica; tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional.
V – assistência psicológica; Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais
VI – assistência odontológica; deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente,
VII – assistência social; de forma legível e contendo o número de registro no respectivo
VIII – assistência clínica vascular; conselho de classe profissional.
IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pe- Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que
diátrica atuam na UTI, os seguintes itens:
X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá-
I – preservação da identidade e da privacidade do paciente, as-
trica nas UTI Pediátricas e Neonatais;
segurando um ambiente de respeito e dignidade;
XI – assistência clínica neurológica;
II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes,
XII – assistência clínica ortopédica;
quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a
XIII – assistência clínica urológica;
assistência a ser prestada desde a admissão até a alta;
XIV – assistência clínica gastroenterológica;
III – ações de humanização da atenção à saúde;
XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise;
IV – promoção de ambiência acolhedora;
XVI – assistência clínica hematológica;
XVII – assistência hemoterápica; V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente,
XVIII – assistência oftalmológica; quando pertinente.
XIX – assistência de otorrinolaringológica; Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma-
XX – assistência clínica de infectologia; tizada pela instituição, com base na legislação vigente.
XXI – assistência clínica ginecológica; Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos
XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur- procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri-
gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica; dos para execução dos mesmos.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in- II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar
formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes- eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo
mo será submetido. órgão sanitário competente.
Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos
devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul- no
gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco
institucionais vigentes. ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas
Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas institucionais.
dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo-
sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302, SEÇÃO VIII
de 13 de outubro de 2005. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
SEÇÃO VI
TRANSPORTE DE PACIENTES Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con-
trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini-
Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acom- das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital.
panhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfer- Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec-
meiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção
urgência e emergência. e controle de IRAS.
Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa
de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga-
prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância
do setor de destino. clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos.
Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra- Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância
ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis-
n. 2048, de 05 de novembro de 2002. mos multirresistentes na unidade.
Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in-
UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans- fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul-
ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente; tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de
Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no prevenção e controle das IRAS.
mínimo: Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser
I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós- baseadas na avaliação dos indicadores da unidade.
ticos de base; Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução
II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta-
realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções, to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumpri-
transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência mento das mesmas.
em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali- Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan-
zação de diálise e exames diagnósticos; tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec-
III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transferên- ções, baseadas nas recomendações da CCIH.
cia, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especi- Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti-
ficando aprazamento de horários e cuidados administrados antes microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci-
da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório
ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas. de Microbiologia.
Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi-
SEÇÃO VII pamentos e instalações necessários para as práticas de higienização
GERENCIAMENTO DE RISCOS E NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS de mãos de profissionais de saúde e visitantes.
ADVERSOS § 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis-
ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e
Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen-
às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub- sador com sabonete líquido e papel toalha.
metidos ao controle e fiscalização sanitária. § 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de-
Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e
minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a: em outros locais estratégicos definidos pela CCIH.
I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer-
reabilitação do paciente; magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de
II – medicamentos e insumos farmacêuticos; higienização das mãos pelos profissionais e visitantes.
III – produtos para saúde, incluindo equipamentos;
IV – uso de sangue e hemocomponentes; SEÇÃO IX
V – saneantes; AVALIAÇÃO
VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa-
nitária utilizados na unidade. Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia-
Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
da UTI deve: assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho-
I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me-
ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade; didas de controle ou redução dos mesmos.

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
§ 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós- II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
científica especializada. III – estetoscópio;
§ 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta- IV – conjunto para nebulização;
lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro-
acordo com o Índice de gravidade utilizado. lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
§ 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na 01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos:
Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA VI – fita métrica;
§4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis- VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou contínua de:
quando solicitado. a) freqüência respiratória;
Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por b) oximetria de pulso;
meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados c) freqüência cardíaca;
de Enfermagem recomendado por literatura científica especializa- d) cardioscopia;
da. e) temperatura;
§1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as f) pressão arterial não-invasiva.
necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de:
pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti- I – materiais para punção lombar;
lizado. II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
§2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal- III – oftalmoscópio;
mente, em local de fácil acesso. IV – otoscópio;
V – negatoscópio;
SEÇÃO X VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de
RECURSOS MATERIAIS Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos;
VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor- fechado;
do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento VIII – aspirador a vácuo portátil;
de sua demanda. IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/
Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo X – ventilômetro portátil;
com a legislação vigente. XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa-
língua portuguesa. mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos,
Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi- XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não
pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for- invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul-
mal entre o hospital e a empresa contratante. monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali-
Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim- zar a modalidade de ventilação não invasiva;
pos e prontos para uso. XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre- não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor- XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço XVI – materiais para traqueostomia;
de engenharia clínica da instituição. XVII – foco cirúrgico portátil;
Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do ca- XVIII – materiais para acesso venoso profundo;
lendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções XIX – materiais para flebotomia;
realizadas. XX – materiais para monitorização de pressão venosa central;
XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão
CAPÍTULO III arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
INTENSIVA ADULTO (dez) leitos;
XXII – materiais para punção pericárdica;
SEÇÃO I XXIII – monitor de débito cardíaco;
RECURSOS MATERIAIS XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
cada 10 (dez) leitos;
Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
e biotipo do paciente. ou fração;
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria:
seguintes equipamentos e materiais: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e ro- XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
dízios; 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí- III – estetoscópio;
fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; IV – conjunto para nebulização;
XXIX – materiais para curativos; V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro-
XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em sistema lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
fechado; 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente; VI – fita métrica;
XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des-
assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração. tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1 contínua de:
(uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- b) oximetria de pulso;
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; c) freqüência cardíaca;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte, d) cardioscopia;
com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; e) temperatura;
XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com f) pressão arterial não-invasiva.
bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de:
XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa- I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin-
cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi- co) leitos;
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; II – estadiômetro;
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; III – balança eletrônica portátil;
XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi- IV – oftalmoscópio;
tir visualização em todos os leitos. V – otoscópio;
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de VI – materiais para punção lombar;
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
registro de temperatura. VIII – negatoscópio;
Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia;
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada X – máscara facial que permite diferentes concentrações de
sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
Anvisa. XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos fechado;
incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci- XII – aspirador a vácuo portátil;
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
nulas de Guedel e fio guia estéril. XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
pela unidade e baseados em evidências científicas. pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa-
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mi-
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- croprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); ventilação não invasiva;
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
prontos para uso. XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
XIX – materiais para traqueostomia;
CAPÍTULO IV XX – foco cirúrgico portátil;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS rização venosa central de inserção periférica (PICC);
XXII – material para flebotomia;
SEÇÃO I XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
RECURSOS MATERIAIS XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pressão
arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pe- com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
diátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e (dez) leitos;
biotipo do paciente. XXV – materiais para punção pericárdica;
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
seguintes equipamentos e materiais: XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
rodízios; tos ou fração;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com na unidade;
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os
01 (um) equipamento para a unidade; seguintes equipamentos e materiais:
XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específico I – incubadora com parede dupla;
para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
XXXI – materiais para curativos; to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em siste- III – estetoscópio;
ma fechado; IV – conjunto para nebulização;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com suporte V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua
para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera-
cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- VI – fita métrica;
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte, contínua de:
com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;
XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com b) oximetria de pulso;
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; c) freqüência cardíaca;
XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa- d) cardioscopia;
cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi- e) temperatura;
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; f) pressão arterial não-invasiva.
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de:
XXXVIII – relógio e calendário de parede; I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos;
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três)
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e leitos;
registro de temperatura. III – estadiômetro;
Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os lis- IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez)
tados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua leitos;
eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa. V – oftalmoscópio;
Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos VI – otoscópio;
incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci- VII – material para punção lombar;
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado;
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- IX – negatoscópio;
nulas de Guedel e fio guia estéril. X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa-
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um)
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados para cada 5 (cinco) leitos;
pela unidade e baseados em evidências científicas. XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits fechado;
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. XII – aspirador a vácuo portátil;
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa-
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
prontos para uso. XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar
SEÇÃO II microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
UTI PEDIÁTRICA MISTA de ventilação não invasiva;
XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para XVIII – material para traqueostomia;
UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. XIX – foco cirúrgico portátil;
Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. rização venosa central de inserção periférica (PICC);
XXI – material para flebotomia;
CAPÍTULO V XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão
INTENSIVA NEONATAIS arterial invasiva;
XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo
SEÇÃO I transfusão;
RECURSOS MATERIAIS XXV – materiais para punção pericárdica;
XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Neo- XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
natal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e bio- para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
tipo do paciente. tos ou fração;

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re-
na unidade; solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de
XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi- 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad-
co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, ministrativa e penal cabíveis.
sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
XXX – materiais para curativos; ção.
XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
ma fechado; d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase
XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa- terminal.
mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na-
oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no
XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela
plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a
transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão,
XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa-
XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien- ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces-
tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte
às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração. e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo,
XXXVI – cilindro transportável de oxigênio; diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida.
XXXVII – relógio e calendário de parede; Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem
XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá- antes entendermos claramente sobre o que seja a vida.
vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração; O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com-
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela,
uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade, perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se
com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os
de 24 horas. hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável
Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os que na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas,
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa
sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela vez se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro
ANVISA. da célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer
Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas
incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci- substâncias que se transformam em substância celular no pequeno
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé-
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ- lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin-
nulas de Guedel e fio guia estéril. tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs-
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e
pela unidade e baseados em evidências científicas. o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits deve desvendar o problema do metabolismo das células.
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva,
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi-
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte-
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e rístico. (LIPSCHUTZ 1933).
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe-
prontos para uso. riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se
relaciona com a morte e o cadáver.
CAPÍTULO VI Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca-
mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decristal
Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota
têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se
de sua publicação para promover as adequações necessárias do agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados
serviço para cumprimento da mesma. como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo-
§1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Re- bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta
cursos Humanos, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo voltem
Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados os os Infusórios á atividade anterior.
incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (Redação dada Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi-
pela Resolução - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012) nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num
§ 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele- transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação
cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos,
atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní- essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito
cio de seu funcionamento. apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à necessidade
um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos de melhor compreender este fenómeno com que os enfermeiros
distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primeiro se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo de investiga-
caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há ção relacionado com as atitudes do enfermeiro perante a morte e
remédio. circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão acerca do
tema e consequentemente a uma melhor prática profissional.
De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem
exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo- no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais quan-
lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe- to pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um pouco
raturas. mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causadas pelo
Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por- impacto da notícia.
quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatura Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, rea-
normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram que lizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os senti-
o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão baixa mentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele esclarece
temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo quarenta ve- que passamos por vários estágios quando nos deparamos com a
zes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabaixa, pois o morte, sendo que a negação é o primeiro estágio.
metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não obstante, A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporária,
essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta trasladar o onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não está
mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do corpo, para acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro compor-
constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxigênio cres- tamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse acon-
ce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos para uma tecendo.
câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero para ser “Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en-
examinado depois á temperatura do corpo, então já não se resta- trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado
belece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me-
por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de grau lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991).
acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável; Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente-
a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são:
maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen-
animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais
e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per-
Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII. gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir
Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la. períodos de total descrença.
Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de mais
respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus se
os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil torna presente em sua vida, faz promessas de mudança se for cura-
uma resposta unânime”. do.
Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua
acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade
de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati- de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen-
vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças to, relaciona-se pouco com outras pessoas.
agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), segui- A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente
da de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma- dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir
terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
experiência impregnada de significações cientificas, mas também A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa-
de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO- ção e tenta dar um sentido para sua vida.
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006) Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológico, podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi-
mas um processo construído socialmente, que não se distingue das víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual-
outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos
está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores,
ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e institui- como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati-
ções de saúde. BRETAS (2006) tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais, país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto,
por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen-
surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi-
causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos. palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos
É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen- e espacio-temporais.
tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida, Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros,
a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex-
evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansieda- periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um
de. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compromisso certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza por-
com a vida, lidar com a morte pode torna-se um acontecimento difí- que não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o
cil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por parte dos bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
morte; desespero porque se sente impotente para fazer algo que o Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do pa-
conserve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectiva- ciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade
mente com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram em três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).
severamente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para
está eminente. que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja possível
abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua peculia-
“O enfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do ridade. Também consideramos ser de fundamental que na interdis-
doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente, ciplinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de psicote-
concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo rapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de proporcionar
da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de um espaço de reflexão e expressão dos sentimentos, angústias, me-
afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfermei- dos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emocional e o estresse
ro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer con- vivenciado pelos familiares, pacientes e outros profissionais nesse
tacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma que momento da internação. Aprendemos que, o momento de hospita-
“afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o enfermei- lização significa uma crise para a família, o que causa uma ruptura
ro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a morte e daquilo que é esperado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto
que lhe causem mal-estar”. Rees (1983), o paciente que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção,
Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços não serão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com
de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e seu limite, com sua fragilidade, com sua impotência, mas também
reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave é um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não
e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que podemos negar que aprendemos muito sobre a vida, doença e mor-
estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons- te com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos leito ao
cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa. encontro de pessoas diferentes, o que acaba por exigir criatividade
De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte sur- em nossa prática diária. Cada casa é um casa e vem revestido de
gem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos. particularidades e, é este o nosso lugar, nosso espaço e nossa fun-
Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias, ção na equipe que requer um exercício de criatividade contínua e,
insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os especialmente, de escuta. Em cada leito com cada doente, com as
mais citados são: pensamentos involuntários dedicados ao doente, diferentes doenças e com as diversas famílias, podemos dizer que
sentimentos de impotência, choro e sensação de abatimento, sen- crescemos.
timento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificulda- A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova pos-
des de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorren- tura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendi-
tes destas atitudes, registam-se: absentismo, desejo de mudança zado mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções
de serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes revelado- e, consequentemente nossas representações. (VALENTE 2008)
ras da situação e de insegurança.Para que o fenômeno da Morte
seja encarado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la e. Atendimento de urgência e emergência em desastres na-
como inevitável. Assim deve ter como atitudes, como: comunicar a turais e catástrofes.
situação terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como o
aceitação do doente, ter respeito pela diferença, cada doente têm o ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do esta-
seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os fa- do de São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes em Santa
miliares podem ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica, surgem ques-
expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e tionamentos sobre a atuação dos profissionais de saúde nestes ca-
a angustia, auxiliar corretamente o doente a assumir a morte como sos emergenciais e diferenciados, por sua natureza e repercussão.
experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um com- Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenôme-
portamento idêntico, linguagem, em relação à informação dada ao nos naturais como, inundações, tornados, terremotos, avalanches,
doente para não existir contradições, promover a vivência da fase erupções vulcânicas, entre outros; por ação humana em forças na-
final de vida no domicilio sempre que possível. turais ou materiais como, acidentes rodoviários, ferroviários, aero-
O apoio da família também é muito importante Apoio da famí- viários e marítimos, por radiação nuclear, desabamentos, incêndios
lia, já que a família sempre está presente. A definição de família tem e explosões, eletrocussão, entre demais exemplos; e outras origens
evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradigmas, como, causas combinadas e pânico generalizado com pisoteamen-
no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere-se a to.
dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio A preocupação com tais situações torna-se emergente, me-
emocional, físico e econômico. Os membros da família são auto- diante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos que
-definidos.” (Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a unidade estão programados para os próximos meses no Brasil.
primária dos cuidados de saúde. Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão pron-
Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doen- tos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas naturezas
te em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio e magnitudes?
para que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes casos,
de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição considerando as especificidades que competem a sua profissão.
da dor e angústia. O familiar do paciente crítico ao ter consciência Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas ví-
da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo timas, um plano de emergência diferenciado precisa ser implemen-
que está na UTI, expressa o vazio existencial através de sentimentos tado.
como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia e
falta de sentido para viver.

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário de
situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que a triagem
e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos disponíveis. O
princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e iniciadas
as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.

Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci-
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita a
implementação das medidas de preservação da vida.

O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em eventos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessidades es-
pecíficas que a instituição de saúde e equipes de trabalho apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. Por exemplo,
o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das vítimas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação para tal e respaldo

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
da instituição, dar assistência no luto as famílias com a identificação • Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as atividades de cuida- demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
do em hospitais de campanha (provisórios) ou mesmo coordenar a os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
distribuição dos recursos materiais e humanos entre as equipes de • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
atendimento. considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem • Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempe- da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
nhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle viços de urgência/emergência
e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento
de possíveis conflitos internos, como o uso dos recursos disponí- EQUIPE
veis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
particulares dos acidentados e familiares; e de cunho religioso, re- serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
lacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas, estagiários.
principalmente nos casos de óbito.
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissio- É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
nais de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
acontecer em eventos que envolvam um grande número de turis- de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
tas, sendo do próprio país ou estrangeiros. cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros de- tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do
vem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami-
ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for pos- nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
sível. caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- tocolo e classifica o usuário.
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su- 1 - Apresentação usual da doença;
perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para 3 - Situação – queixa principal;
o atendimento” (BRASIL, 2002). 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai etc.);
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia
de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins- dimento)
titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons- • Queixa principal
truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas • Início – evolução – tempo de doença
e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo e • Estado físico do paciente
cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incorporar • Escala de dor e de Glasgow
critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a comple- • Classificação de gravidade
xidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento dos • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, di- • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
minuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. A
Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor orga-
nizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de
urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e huma-
nizado.

MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
2 - Humanizar o atendimento;
3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.

OBJETIVOS
•Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
gência/emergência;

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação
de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). A Lei
9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita
quando for constatada a morte encefálica.
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con-
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência do
médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte ence-
fálica, assunto amplamente debatido e acordado com as entidades
médicas.
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser feita
por médicos com capacitação específica, observando o protocolo
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados
critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em
todo o território nacional.

Quero ser doador de órgãos. O que fazer?


Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a sua
família. Os principais passos para doar órgãos são:

Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o


seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares,
devem autorizar a doação de órgãos.
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização
familiar.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a
vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria
dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar
do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informação
e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessá-
rios. Essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à
g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos realidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos
envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os
O que é doação de órgãos? serviços de transplantes.
A vontade do doador, expressamente registrada, também pode
ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em razão disso
tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador de órgãos e
tecidos comunique sua vontade aos seus familiares.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um
transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central
de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada
pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Existem dois tipos de doador.


1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que
Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Mui- concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria
tas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, par-
ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de te da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o
doação. É preciso que a população se conscientize da importância quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com
do ato de doar um órgão. Hoje é com um desconhecido, mas ama- autorização judicial.
nhã pode ser com algum amigo, parente próximo ou até mesmo 2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com mor-
você. Doar órgãos é doar vida. te encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que con- traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
siste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão,
rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doen- Qual tempo de isquemia de cada órgão?
te (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e
ou morto. transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o
tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado
O que é morte encefálica? para transplante:
A morte encefálica é a perda completa e irreversível das fun-
ções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções Órgão Tempo de isquemia
corticais e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma pessoa.
Coração 04 horas

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Pulmão 04 a 06 horas
Rim 48 horas
Fígado 12 horas
Pâncreas 12 horas

Estatísticas
As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole-
tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.

QUAIS SÃO OS PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE AFOGAMENTO?


Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a vítima da água.
O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar na água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda, galho ou
qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita agarrar para não afundar.
A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no objeto flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa prendê-lo
ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segurar no cabo.
Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda ligando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, deixe-a sentada
enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se estiver inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
2) Observe se ela está respirando;
3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193 (leve a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).

Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reanimação cardiopulmonar:


1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os pés
para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);
2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre a
outra;
4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritmadas e não podem ser interrompidas;
5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não interrompa as compressões cardíacas;
6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da vítima.

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom na-
dador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Principais causas de afogamentos A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique
Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum
pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a
das condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória.
as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mer- Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en-
gulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da quanto espera pela ambulância:
aspiração de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsi-
vas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em Reanimação cardíaca
residências, destacam-se os de crianças que se afogam em banhei- Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima;
ras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit-
um adulto. madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se peso do próprio corpo para fazer a compressão;
observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natu- Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120
ralmente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. compressões por minuto
Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificul- Após as 30 compressões observe se a pessoa está respondendo
te que a vítima mantenha-se na superfície. ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se não
volte às compressões;
Como ocorre o afogamento? Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa-
Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me-
que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia uma lhor resultado;
luta para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, ins- Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência
tantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da respi- ou até à chegada do socorro.
ração depende da capacidade física de cada indivíduo. Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma parada
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos cau-
aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um sados ao organismo.
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias res-
piratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa con- Estudos recentes comprovam que a realização de massagem
tração pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo
afogamento do tipo seco. sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo e e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-boca,
o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de movi- salvado muitas vidas.
mentos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água chegue
aos pulmões, levando à perda da substância que promove a abertu- Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afetada
ra dos alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilidade dos ca- com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local. Se
pilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão puder mergulhar a queimadura na água, melhor.
enche-se completamente de água, o indivíduo perde a consciência,
sofre parada respiratória e morre.

Primeiros socorros em caso de afogamento ENFERMAGEM EM SAÚDE DA PESSOA IDOSA. CUIDADOS


Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao DE ENFERMAGEM À PESSOA IDOSA NO CASO DE ENFER-
tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua MIDADES QUE ENVOLVAM OS SISTEMAS NEUROLÓGICO,
tendência é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando DIGESTÓRIO, CARDIOVASCULAR, RESPIRATÓRIO, RENAL,
salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, por- GENITURINÁRIO, ENDÓCRINO, ORTOPÉDICO, HEMATO-
tanto, é fundamental jogar algo para que ela se segure, como boias LÓGICO, TEGUMENTAR. ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL.
e pneus. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA PESSOA IDOSA.
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou INTERNAÇÃO DA PESSOA IDOSA
uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em
pessoas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a SAÚDE DO IDOSO
respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem
cardíaca. Quando acordada, é importante manter a vítima deitada INTRODUÇÃO
de lado e aquecida. Parte essencial da Política Nacional de Saúde, a presente Polí-
tica fundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à popu-
O que fazer em caso de choque elétrico? lação idosa e àquela em processo de envelhecimento, na conformi-
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser dade do que determinam a Lei Orgânica da Saúde – N.º 8.080/90
prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque – e a Lei 8.842/94, que assegura os direitos deste segmento popu-
são vitais para socorrer e salvar a vítima. lacional.
No conjunto dos princípios definidos pela Lei Orgânica, desta-
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com ca-se o relativo à “preservação da autonomia das pessoas na defesa
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é de sua integridade física e moral”, que constitui uma das questões
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima essenciais enfocadas nesta Política, ao lado daqueles inerentes à in-
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como tegralidade da assistência e ao uso da epidemiologia para a fixação
objetos de borracha ou madeira. de prioridades (Art. 7º, incisos III, II e VII, respectivamente).

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Por sua vez, a Lei N.º 8.842 – regulamentada pelo Decreto N.º No Brasil, em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7
1.948, de 3 de julho de 1996 –, ao definir a atuação do Governo, anos; nos anos 40, de 39 anos; em 50, aumentou para 43,2 anos
indicando as ações específicas das áreas envolvidas, busca criar e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980, essa expectativa
condições para que sejam promovidas a autonomia, a integração e ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em
a participação dos idosos na sociedade, assim consideradas as pes- três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982
soas com 60 anos de idade ou mais. (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Fundação
IBGE).
Segundo essa Lei, cabe ao setor saúde, em síntese, prover o De 1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco
acesso dos idosos aos serviços e às ações voltadas à promoção, anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68
proteção e recuperação da saúde, mediante o estabelecimento de anos e meio. As projeções para o período de 2000 a 2025 permitem
normas específicas para tal; o desenvolvimento da cooperação en- supor que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima
tre as esferas de governo e entre centros de referência em geriatria de 80 anos, para ambos os sexos (Kalache et al., 1987).
e gerontologia; e a inclusão da geriatria como especialidade clínica Paralelamente a esse aumento na expectativa de vida, tem
para efeito de concursos públicos, além da realização de estudos e sido observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado
pesquisas na área (inciso II do Art. 10). da fecundidade, levando a um aumento importante da proporção
Ao lado das determinações legais, há que se considerar, por ou- de idosos na população brasileira. De 1980 a 2000, o grupo etário
tro lado, que a população idosa brasileira tem se ampliado rapida- com 60 anos e mais de idade deverá crescer 105%; as projeções
mente. Em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60 anos apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025.
de idade é a que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo Mesmo que se leve em conta que uma parcela do contingente
as projeções estatísticas da 2 Organização Mundial de Saúde – OMS de idosos participe da atividade econômica, o crescimento deste
–, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, grupo populacional afeta diretamente a razão de dependência,
enquanto a população total em cinco. O País ocupará, assim, o sex- usualmente definida como a soma das populações jovem e idosa
to lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, em relação à população economicamente ativa total. Esse coefi-
cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. ciente é calculado tomando por base a população de menos de 15
O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se anos e a de 60 e mais anos de idade em relação àquela considerada
pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das populações em idade produtiva (situada na faixa etária dos 15 aos 59 anos de
adulta e idosa modificaram a pirâmide populacional. Até os anos 60, idade).
todos os grupos etários registravam um crescimento quase igual; a O processo de urbanização e a consequente modificação do
partir daí, o grupo de idosos passou a liderar esse crescimento. mercado de trabalho aceleraram a redistribuição da população en-
Nos países desenvolvidos, essa transição ocorreu lentamente, tre as zonas rural e urbana do País. Em 1930, dois terços da popula-
realizando-se ao longo de mais de cem anos. Alguns desses países, ção brasileira viviam na zona rural; hoje, mais de três quartos estão
hoje, apresentam um crescimento negativo da sua população, com em zona urbana. O emprego nas fábricas e as mais diferenciadas
a taxa de nascimentos mais baixa que a de mortalidade. A transi- possibilidades de trabalho nas cidades modificaram a estrutura
ção acompanhou a elevação da qualidade de vida das populações familiar brasileira, transformando a família extensa do campo na
urbanas e rurais, graças à adequada inserção das pessoas no mer- família nuclear urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as
cado de trabalho e de oportunidades educacionais mais favoráveis, famílias passaram a ser constituídas por várias gerações, exigindo
além de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e os necessários mecanismos de apoio mútuo entre as que comparti-
de moradia. lham o mesmo domicílio.
À semelhança de outros países latino-americanos, o envelhe- A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema
cimento no Brasil é um fenômeno predominantemente urbano, re- de apoio aos idosos, está passando por alterações decorrentes des-
sultando, sobretudo do intenso movimento migratório iniciado na sas mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de di-
década de 60, motivado pela industrialização desencadeada pelas vórcios e segundo ou terceiro casamento, a contínua migração dos
políticas desenvolvimentistas. mais jovens em busca de mercados mais promissores e o aumento
Esse processo de urbanização propiciou um maior acesso da no número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe
população a serviços de saúde e saneamento, o que colaborou para são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do
a queda verificada na mortalidade. Possibilitou, também, um maior suporte informal aos idosos na sociedade brasileira. Essas situações
acesso a de planejamento familiar e a métodos anticoncepcionais, geram o que se convencionou chamar de intimidade à distância, em
levando a uma significativa redução da fecundidade. que diferentes gerações ou mesmo pessoas de uma mesma família
A persistir a tendência de o envelhecimento como fenômeno ocupam residências separadas.
urbano, as projeções para o início do século XXI indicam que 82% Tem sido observada uma feminilização do envelhecimento no
dos idosos brasileiros estarão morando nas cidades. As regiões mais Brasil. O número de mulheres idosas, confrontado com o de ho-
urbanizadas, como a Sudeste e o Sul, ainda oferecem melhores mens de mais de 60 anos de idade, já é superior há muito tempo.
possibilidades de emprego, disponibilidade de serviços públicos e Da mesma forma, a proporção de idosas em relação à popula-
oportunidades de melhor alimentação, moradia e assistência mé- ção total de mulheres supera aquela correspondente aos homens
dica e social. idosos. No Brasil, desde 1950, as mulheres têm maior esperança de
Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza, vida ao nascer, sendo que a diferença está ao redor de sete anos e
nos países menos desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da meio.
medicina moderna, verificadas nos últimos 60 anos – assepsia, va- De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda
cinas, antibióticos, quimioterápicos e exames complementares de é bastante precário. Por se tratar de uma atividade predominan-
diagnóstico, entre outros –, favoreceram a adoção de meios capa- temente restrita ao âmbito familiar, o cuidado ao idoso tem sido
zes de prevenir ou curar muitas doenças que eram fatais até então. ocultado da opinião pública, carecendo de visibilidade maior.
O conjunto dessas medidas provocou uma queda da mortalidade O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos funda-
infantil e, consequentemente, um aumento da expectativa de vida mentais na atenção à saúde desse grupo populacional Isso não sig-
ao nascer. nifica, no entanto, que o Estado deixa de ter um papel preponde-

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
rante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos • o índice de custo (custo de hospitalização por habitante/ano)
três níveis de gestão do SUS, capaz de otimizar o suporte familiar foi de R$ 10,93 no segmento de 0-14 anos de idade, de R$ 18,48
sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este no de 15-59 anos de idade e de R$ 55,25 no de mais de 60 anos de
grupo populacional. idade.
Além das transformações demográficas descritas anteriormen-
te, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, com Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras
alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenças faixas etárias, consome muito mais recursos do sistema de saúde
infectocontagiosas que, em 1950, representavam 40% das mortes e que este maior custo não reverte em seu benefício. O idoso não
registradas no País, hoje são responsáveis por menos de 10% (RA- recebe uma abordagem médica ou psicossocial adequada nos hos-
DIS: “Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980”). O oposto pitais, não sendo submetido também a uma triagem rotineira para
ocorreu em relação às doenças cardiovasculares: em 1950, eram fins de reabilitação.
responsáveis por 12% das mortes e, atualmente, representam mais A abordagem médica tradicional do adulto hospitalizado – fo-
de 40%. Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de mor- cada em uma queixa principal e o hábito médico de tentar explicar
bimortalidade típico de uma população jovem, para um caracteri- todas as queixas e os sinais por um único diagnóstico, que é ade-
zado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais quada no adulto jovem – não se aplica em relação ao idoso. Estudos
avançadas, com custos diretos e indiretos mais elevados. populacionais demonstram que a maioria dos idosos – 85% – apre-
Essa mudança no perfil epidemiológico acarreta grandes des- senta pelo menos uma doença crônica e que uma significativa mi-
pesas com tratamentos médicos e hospitalares, ao mesmo tempo noria – 10% – possui, no mínimo, cinco destas patologias (Ramos,
em que se configura num desafio para as autoridades sanitárias, em LR e cols, 1993). A falta de difusão do conhecimento geriátrico junto
especial no que tange à implantação de novos modelos e métodos aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para as
para o enfrentamento do problema. O idoso consome mais serviços dificuldades na abordagem médica do paciente idoso.
de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes e o tem- A maioria das instituições de ensino superior brasileiras ainda
po de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias. não está sintonizada com o atual processo de transição demográfica
Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram e suas consequências médico-sociais. Há uma escassez de recursos
por vários anos e exigem acompanhamento médico e de equipes técnicos e humanos para enfrentar a explosão desse grupo popula-
multidisciplinares permanentes e intervenções contínuas. cional no terceiro milênio.
Tomando-se por base os dados relativos à internação hospita- O crescimento demográfico brasileiro tem características par-
lar pelo Sistema Único de Saúde – SUS –, em 1997, e a população ticulares, que precisam ser apreendidas mediante estudos e dese-
estimada pelo IBGE para este mesmo ano, pode-se concluir que o nhos de investigação que deem conta dessa especificidade. O cui-
idoso, em relação às outras faixas etárias, consome muito mais re- dado de saúde destinado ao idoso é bastante caro, e a pesquisa
cursos de saúde. Naquele ano, o Sistema arcou com um total de corretamente orientada pode propiciar os instrumentos mais ade-
12.715.568 de AIHs (autorizações de internações hospitalares), as- quados para uma maior eficiência na adoção de prioridades e na
sim distribuídas: alocação de recursos, além de subsidiar a implantação de medidas
• 2.471.984 AIHs (19,4%) foram de atendimentos na faixa etá- apropriadas à realidade brasileira.
ria de 0-14 anos de idade, que representava 33,9% da população A transição demográfica no Brasil exige, na verdade, novas
total (aqui também estão incluídas as AIHs dos recém-nascidos em estratégias para fazer frente ao aumento exponencial do número
ambiente hospitalar, bem como as devidas a parto normal); de idosos potencialmente dependentes, com baixo nível socioe-
• 7.325.525 AIHs (57,6%) foram na faixa etária de 15-59 anos conômico, capazes de consumir uma parcela desproporcional de
de idade (58,2% da população total); recursos da saúde destinada ao financiamento de leitos de longa
• 2.073.915 AIHs (16,3%) foram na faixa etária de 60 anos ou permanência.
mais de idade (7,9% da população total); A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e simi-
• 480.040 AIHs (3,8%) foram destinadas ao atendimento de in- lares está sendo questionada até nos países desenvolvidos, onde
divíduos de idade ignorada; essas hospitalizações, em sua grande estes serviços alcançaram níveis altamente sofisticados em termos
maioria, corresponderam a tratamento de enfermidades mentais de conforto e eficiência. O custo desse modelo e as dificuldades
de longa permanência, geralmente em pessoas acima de 50 anos de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e
de idade (essa parcela de AIHs foi excluída dos estudos em que se menos onerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares,
diferencia o impacto de cada faixa etária no sistema hospitalar); já bastante discutido, não pode ter como única finalidade baratear
• a taxa de hospitalização, em um ano, alcançou um total de 46
custos ou transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos
por 1.000 indivíduos na faixa etária de 0 a 14 anos de idade, 79 no
idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda de
segmento de 15 a 59 anos de idade e 165 no grupo de 60 anos ou
orientação, informação e assessoria de especialistas.
mais de idade;
A maioria das doenças crônicas que acometem o indivíduo ido-
• o tempo médio de permanência hospitalar foi de 5,1 dias
so tem, na própria idade, seu principal fator de risco. Envelhecer
para o grupo de 0-14 anos de idade, 5,1 dias no de 15-59 e 6,8 dias
sem nenhuma doença crônica é mais exceção do que regra. No en-
no grupo mais idoso;
tanto, a presença de uma doença crônica não significa que o idoso
• o índice de hospitalização (número de dias de hospitalização
consumidos, por habitante, a cada ano) correspondeu a 0,23 dias não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de
na faixa de 0-14 anos de idade; a 0,40 dias na faixa de 15-59; e a forma totalmente independente.
1,12 dias na faixa de 60 anos ou mais de idade; A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz
• do custo total de R$ 2.997.402.581,29 com despesas de inter- de decidir sobre seus interesses e organizar-se sem nenhuma ne-
nações hospitalares, 19,7% foram com pacientes da faixa etária de cessidade de ajuda de quem quer que seja. Consoante aos mais
0-14 anos de idade, 57,1% da faixa de 15-59 anos de idade e 23,9% modernos conceitos gerontológicos, esse idoso que mantém sua
foram de idosos; autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão
• o custo médio, por hospitalização, foi de R$ 238,67 em rela- para realizar-se no seu cotidiano deve ser considerado um idoso
ção à faixa etária de 0-14 anos de idade, R$ 233,87 à de 15-59 anos saudável, ainda que seja portador de uma ou mais de uma doença
e R$ 334,73 ao grupo de mais de 60 anos de idade; crônica.

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a ca- Propósito
pacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias Como se pode depreender da análise apresentada no capítulo
para uma vida independente e autônoma. Do ponto de vista da saú- anterior, o crescimento demográfico da população idosa brasileira
de pública, a capacidade funcional surge como um novo conceito exige a preparação adequada do País para atender às demandas
de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos de idade. Essa prepa-
atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de rea- ração envolve diferentes aspectos que dizem respeito desde a ade-
bilitação devem objetivar a melhoria da capacidade funcional ou, quação ambiental e o provimento de recursos materiais e humanos
no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a recupera- capacitados, até a definição e a implementação de ações de saúde
ção desta capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se, portanto, específicas.
de um enfoque que transcende o simples diagnóstico e tratamento Acresce-se, por outro lado, a necessidade de a sociedade en-
de doenças específicas. tender que o envelhecimento de sua população é uma questão que
A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da extrapola a esfera familiar e, portanto, a responsabilidade indivi-
máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo dual, para alcançar o âmbito público, neste compreendido o Esta-
maior tempo possível – foco central desta Política –, significa a va- do, as organizações não governamentais e os diferentes segmentos
lorização da autonomia ou autodeterminação e a preservação da sociais.
independência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas Nesse sentido, a presente Política Nacional de Saúde do Idoso
quanto as mentais podem levar à dependência e, consequentemen- tem como propósito basilar a promoção do envelhecimento saudá-
te, à perda da capacidade funcional. vel, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcio-
Na análise da questão relativa à reabilitação da capacidade fun- nal dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde
cional, é importante reiterar que a grande maioria dos idosos de- dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua
senvolve, ao longo da vida, algum tipo de doença crônica decorren- capacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes perma-
te da perda continuada da função de órgãos e aparelhos biológicos. nência no meio em que vivem, exercendo de forma independente
Essa perda de função pode ou não levar a limitações funcionais que, suas funções na sociedade.
por sua vez, podem gerar incapacidades, conduzindo, em última Para tanto, nesta Política estão definidas as diretrizes que de-
instância, à dependência da ajuda de outrem ou de equipamentos
vem nortear todas as ações no setor saúde, e indicadas às respon-
específicos para a realização de tarefas essenciais à sobrevivência
sabilidades institucionais para o alcance do propósito acima expli-
no dia a dia.
citado. Além disso, orienta o processo contínuo de avaliação que
Estudos populacionais revelam que cerca de 40% dos indi-
deve acompanhar o desenvolvimento da Política Nacional de Saúde
víduos com 65 anos ou mais de idade precisam de algum tipo de
do Idoso, mediante o qual deverá ser possível os eventuais redi-
ajuda para realizar pelo menos uma tarefa do tipo fazer compras,
mensionamentos que venham a ser ditados pela prática.
cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela
menor, mas significativa – 10% –, requer auxílio para realizar tarefas
A implementação desta Política compreende a definição e ou
básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se
e, até, sentar e levantar de cadeiras e camas (Ramos, L. R. e cols., readequação de planos, programas, projetos e atividades do setor
1993). É imprescindível que, na prestação dos cuidados aos idosos, saúde, que direta ou indiretamente se relacionem com o seu obje-
as famílias estejam devidamente orientadas e relação às atividades to.
de vida diária (AVDs). O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado, im-
Tanto a dependência física quanto a mental constituem fatores plica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no
de risco significativos para mortalidade, mais relevantes até que as âmbito do SUS, envolve a construção de contínua cooperação entre
próprias doenças que levaram à dependência, visto que nem todo o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de
doente torna-se dependente, conforme revelam estudos popula- Saúde.
cionais de segmentos de idosos residentes em diferentes comuni-
dades (Ramos, L. R. e cols., 1993). No entanto, nem todo depen- Diretrizes
dente perde sua autonomia e, neste sentido, a dependência mental Para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde
deve ser objeto de atenção especial, na medida em que leva, com do Idoso, são definidas como diretrizes essenciais:
muito mais frequência, à perda de autonomia. • a promoção do envelhecimento saudável;
Doenças como depressão e demência já estão, em todo mun- • a manutenção da capacidade funcional;
do, entre as principais causas de anos vividos com incapacidade, • a assistência às necessidades de saúde do idoso;
exatamente por conduzirem à perda da independência e, quase • a reabilitação da capacidade funcional comprometida;
que necessariamente, à perda da autonomia. • a capacitação de recursos humanos especializados;
Os custos gerados por essa dependência são tão grandes quan- • o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;
to o investimento de dedicar um membro da família ou um cuida- • o apoio a estudos e pesquisas.
dor para ajudar continuamente uma pessoa que, muitas vezes, irá
viver mais 10 ou 20 anos, requerendo uma atenção que, não raro, Promoção do Envelhecimento Saudável
envolve leitos hospitalares e institucionais, procedimentos diagnós- O cumprimento dessa diretriz compreenderá o desenvolvimen-
ticos caros e sofisticados, bem como o consenso frequente de uma to de ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo
equipe multiprofissional e interdisciplinar, capaz de fazer frente à de envelhecimento quanto à importância da melhoria constante de
problemática multifacetada do idoso. suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de hábi-
Dentro desse contexto é que são estabelecidas novas priori- tos saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos
dades dirigidas a esse grupo populacional, que deverão nortear as à saúde.
ações em saúde nesta virada de século. Entre os hábitos saudáveis, deverão ser destacados, por exem-
plo, a alimentação adequada e balanceada; a prática regular de
exercícios físicos; a convivência social estimulante; e a busca, em
qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de mecanismos de atenuação do estresse. Em relação aos hábitos • antecipação de danos sensoriais, com o rastreio precoce de
nocivos, merecerão destaque o tabagismo, o alcoolismo e a auto- danos auditivos, visuais e propioceptivos;
medicação. • utilização dos protocolos próprios para situações comuns en-
Tais temas serão objeto de processos educativos e informa- tre os idosos, tais como riscos de queda, alterações do humor e
tivos continuados, em todos os níveis de atuação do SUS, com a perdas cognitivas;
utilização dos diversos recursos e meios disponíveis, tais como: dis- • prevenção de perdas dentárias e de outras afecções da cavi-
tribuição de cartilhas e folhetos, bem como o desenvolvimento de dade bucal;
campanhas em populares de rádio; veiculação de filmetes na tele- • prevenção de deficiências nutricionais;
visão; treinamento de agentes comunitários de saúde e profissio- • avaliação das capacidades e habilidades funcionais no am-
nais integrantes da estratégia de saúde da família para, no trabalho biente domiciliar, com vistas à prevenção de perda de independên-
domiciliar, estimular os cidadãos na adoção de comportamentos cia e autonomia;
saudáveis. • prevenção do isolamento social, com a criação ou uso de
Ênfase especial será dada às orientações dos idosos e seus oportunidades sociais, como clubes, grupos de convivência, asso-
familiares quanto aos riscos ambientais, que favorecem quedas e ciação de aposentados etc.
que podem comprometer a capacidade funcional destas pessoas.
Deverão ser garantidas aos idosos, assim como aos portadores de A operacionalização da maioria dessas medidas dar-se-á nas
deficiência, condições adequadas de acesso aos espaços públicos, próprias unidades de saúde, com suas equipes mínimas tradicio-
tais como rampas, corrimões e outros equipamentos facilitadores. nais, às quais deverão ser incorporados os agentes de saúde ou
visitadores, além do estabelecimento de parcerias nas ações inte-
Manutenção da Capacidade Funcional grantes da estratégia de saúde da família e outras congêneres. Além
Ao lado das medidas voltadas à promoção de hábitos saudá- disso, na implementação dessa diretriz, buscar-se-á o engajamento
veis, serão promovidas ações que visem à prevenção de perdas fun- efetivo dos grupos de convivência, com possibilidades tanto tera-
cionais, em dois níveis específicos: pêuticas e preventivas, quanto de lazer.
• prevenção de agravos à saúde;
• detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já Assistência às necessidades de saúde do idoso
instalados, cujo avanço poderá pôr em risco as habilidades e a au- A prestação dessa assistência basear-se-á nas orientações abai-
tonomia dos idosos. xo descritas, as quais compreendem os âmbitos ambulatorial, hos-
pitalar e domiciliar.
As ações de prevenção envolvidas no primeiro nível estarão No âmbito ambulatorial, a consulta geriátrica constituirá a base
centradas na aplicação de vacinas, medida já consolidada para a dessa assistência. Para tal, deverá ser estabelecido um modelo es-
infância, mas com prática ainda limitada e recente entre idosos. pecífico, de modo a alcançar-se um impacto expressivo na assistên-
Deverão ser aplicadas as vacinas contra o tétano, a pneumonia cia, em particular na redução das taxas de internação hospitalar e
pneumocócica e a influenza, que representam problemas sérios en- em clínicas de repouso – e mesmo asilos –, bem como a diminuição
tre os idosos no Brasil e que são as preconizadas pela Organização da demanda aos serviços de emergência e aos ambulatórios de es-
Mundial da Saúde – OMS – para este grupo populacional. pecialidades. A consulta geriátrica deverá ser fundamentada na co-
A grande maioria das hospitalizações para o tratamento do té- leta e no registro de informações que possam orientar o diagnóstico
tano ocorre em indivíduos acima dos 60 anos de idade. Nesse sen- a partir da caracterização de problemas e o tratamento adequado,
tido, essa população será estimulada a fazer doses de reforço da va- com a utilização rotineira de escalas de rastreamento para depres-
cina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista a sua comprovada são, perda cognitiva e avaliação da capacidade funcional, assim
efetividade, a qual alcança quase os 100%. como o correto encaminhamento para a equipe multiprofissional
As pneumonias, em especial a de origem pneumocócica, es- e interdisciplinar.
tão entre as patologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde Considerando que a qualidade da coleta de dados apresenta di-
dos idosos, com altas taxas de internação, além de alta letalidade ficuldades peculiares a esse grupo etário, em decorrência de eleva-
nesta faixa etária. São apontadas como fatores de descompensação do índice de morbidade, apresentações atípicas de doenças e pela
funcional de piora dos quadros de insuficiência cardíaca, desenca- chance aumentada de iatrogenia, o modelo de consulta a ser esta-
deadoras de edema agudo de pulmão e fonte de deterioração nos belecido pautar-se-á pela abrangência, sensibilidade diagnostica e
quadros de doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Levando em orientação terapêutica, nesta incluídas ações não farmacológicas.
conta as recomendações técnicas atuais, a vacina antipneumocó- A abrangência do modelo de consulta geriátrica compreende-
cica deverá ser administrada em dose única nos indivíduos idosos. rá a incorporação de informações que permitam a identificação de
Embora vista como enfermidade trivial, a influenza – ou gripe problemas não apenas relacionados aos sistemas cardiorrespirató-
–, no grupo dos idosos, pode trazer consequências graves, levan- rio, digestivo, hematológico e endócrino-metabólico, como, tam-
do a processos pneumônicos ou, ainda, à quebra do equilíbrio, já bém, aos transtornos neuropsiquiátricos, nos aparelhos locomotor
instável, destes indivíduos, portadores de patologias crônicas não e geniturinário.
transmissíveis. A vacina antigripal deverá ser aplicada em todos os Essa forma de consulta deverá possibilitar a sensibilização do
idosos, pelo menos duas semanas antes do início do inverno ou do profissional para questões sociais eventualmente envolvidas no
período das chuvas nas regiões mais tropicais. bem-estar do paciente.
No segundo nível da manutenção da capacidade funcional, Por sua vez, a sensibilidade diagnóstica deverá implicar a ca-
além do reforço das ações dirigidas à detecção precoce de enfer- pacidade de motivar a equipe para a busca de problemas de ele-
midades não transmissíveis – como a hipertensão arterial, a dia- vada prevalência, que não são comumente diagnosticados, como
betes milito e a osteoporose –, deverão ser introduzidas as novas por exemplo: doenças tireoidianas, doença de Parkinson, hipoten-
medidas, de que são exemplos aquelas dirigidas ao hipotireoidismo são ortostática, incontinência urinária, demências e depressões. É
subclínico – ainda pouco usuais e carentes de sistematização –, me- importante que informações relacionadas a glaucoma, catarata e
diante o desenvolvimento de atividades específicas, entre as quais hipoacusia sejam coletadas. A possibilidade de iatrogenia sempre
destacam se: deverá ser considerada.

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Finalmente, a orientação terapêutica, incluindo mudanças de A implantação de forma diferenciada de assistência ao idoso
estilo de vida, deverá possibilitar que a consulta geriátrica enfren- dependente será gradual, priorizando-se hospitais universitários e
te os problemas identificados, levando a alguma forma de alívio e públicos estatais.
atenuação do impacto funcional. Ao mesmo tempo, o médico de- Uma questão que deverá ser considerada refere-se ao fato de
verá evitar excessos na prescrição e uso de fármacos com elevado que o idoso tem direito a um atendimento preferencial nos órgãos
potencial iatrogênico. estatais e privados de saúde (ambulatórios, hospitais, laboratórios,
planos de saúde, entre outros), na conformidade do que estabe-
A orientação terapêutica compreenderá, sempre que neces- lece a Lei N.º 8.842/94, em seu Art. 4º, inciso VIII, e o Art. 17, do
sário, informações aos pacientes e seus acompanhantes sobre as Decreto N.º 1.948/96, que a regulamentou. O idoso terá também
medidas de prevenção dos agravos à saúde e acerca das ações de uma autorização para acompanhante familiar em hospitais públicos
reabilitação precoce – ou “preventiva” – e corretiva, levando em e privados – conveniados ou contratados – pelo SUS.
conta, da melhor maneira possível, o ambiente em que vivem e as Na relação entre o idoso e os profissionais de saúde, um dos
condições sociais que dispõem. aspectos que deverá sempre ser observado diz respeito à possibili-
Já no âmbito hospitalar, a assistência a esse grupo populacional dade de maus-tratos, quer por parte da família, quer por parte do
deverá considerar que a idade é um indicador precário na determi- cuidador ou mesmo destes profissionais. É importante que o idoso
nação das características especiais do idoso enfermo hospitalizado. saiba identificar posturas e comportamentos que significam maus-
Nesse sentido, o estado funcional constituirá o parâmetro mais -tratos, bem como os fatores de risco neles envolvidos. Esses maus-
fidedigno para o estabelecimento de critérios específicos de aten- tratos podem ser por negligência – física, psicológica ou financeira
dimento. –, por abuso – físico, psicológico ou financeiro – ou por violação dos
Assim, os pacientes classificados como totalmente dependen- direitos pessoais. O profissional de saúde, o idoso e a família, quan-
tes constituirão o grupo mais sujeito a internações prolongadas, do houver indícios de maus-tratos, deverá denunciar a sua suspeita
reinternações sucessivas e de pior prognóstico e que, por isso, se às autoridades competentes.
enquadram no conceito de vulnerabilidade. Os serviços de saúde Considerando que a vulnerabilidade à perda de capacidade
deverão estar preparados para identificar esses pacientes, proven- está ligada a aspectos socioeconômicos, atenção especial deverá
do-lhes uma assistência diferenciada. ser concedida aos grupos de idosos que estão envelhecendo em
Essa assistência será pautada na participação de outros profis- condições mais desfavoráveis, de que são exemplos aqueles resi-
sionais, além de médicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas, dentes na periferia dos grandes centros urbanos e os que vivem nas
assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudió- zonas rurais desprovidas de recursos de saúde e assistência social,
logos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, a disponibilidade de onde também se observa uma intensa migração da população jo-
equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico com vem.
formação em geriatria, de equipamentos e de serviços adequados,
será pré-requisito para as instituições públicas estatais ou privadas Reabilitação da capacidade funcional comprometida
– conveniadas ou contratadas pelo SUS –, que prestarem assistência As ações nesse contexto terão como foco especial a reabili-
a idosos dependentes internados. tação precoce, mediante a qual buscar-se-á prevenir a evolução e
Idosos com graves problemas de saúde, sem possibilidade de recuperar a perda funcional incipiente, de modo a evitar-se que as
recuperação ou de recuperação prolongada, poderão demandar in- limitações da capacidade funcional possam avançar e que aquelas
ternação hospitalar de longa permanência; forma esta definida na limitações já avançadas possam ser amenizadas. Esse trabalho en-
Portaria N.º 2.413, editada em 23 de março de 1998. No entanto, volverá as práticas de um trabalho multiprofissional de medicina,
esses pacientes deverão ser submetidos à tentativa de reabilitação enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, fonoau-
antes e durante a hospitalização, evitando-se que as enfermarias diologia, psicologia e serviço social.
sejam transformadas em locais de acomodação para pacientes ido-
Na definição e na implementação das ações, será levado em
sos com problemas de saúde não resolvidos e, por conseguinte,
conta que, na realidade, as causas de dependência são, em sua
aumentando a carga de sofrimento do próprio idoso, bem como o
maioria, evitáveis e, em muitos casos, reversíveis por intermédio
aumento dos custos dos serviços de saúde.
de técnicas de reabilitação física e mental, tão mais efetivas quanto
Entre os serviços alternativos à internação prolongada, deverá
mais precocemente forem instituídas.
estar incluída, obrigatoriamente, a assistência domiciliar. A adoção
Além da necessidade de prevenir as doenças crônicas que aco-
de tal medida constituirá estratégia importante para diminuir o
metem aos que envelhecem, procurar-se-á, acima de tudo, evitar
custo da internação, uma vez que assistência domiciliar é menos
onerosa do que a internação hospitalar. O atendimento ao idoso que estas enfermidades alijem o idoso do convívio social, compro-
enfermo, residente em instituições – como, por exemplo, asilos –, metendo sua autonomia.
terá as mesmas características da assistência domiciliar Deverá ser No conjunto de ações que devem ser implementadas nesse
estimulada, por outro lado, a implantação do hospital-dia geriátri- âmbito, estão aquelas relacionadas à reabilitação mediante a pres-
co, uma forma intermediária de atendimento entre a internação crição adequada e o uso de órteses e próteses como, por exemplo,
hospitalar e a assistência domiciliar. Esse serviço terá como objetivo óculos, aparelhos auditivos, próteses dentárias e tecnologias assis-
viabilizar a assistência técnica adequada para pacientes cuja neces- tivas (como andador, bengala, etc.).
sidade terapêutica – hidratação, uso de medicação endovenosa, Essas e as outras ações que vierem a ser definidas deverão es-
quimioterapia e reabilitação – e de orientação para cuidadores não tar disponíveis em todos os níveis de atenção ao idoso, principal-
justificarem a permanência em hospital. mente nos postos e centros de saúde, com vistas à detecção pre-
Tal medida não poderá ser encarada como justificativa para o coce e o tratamento de pequenas limitações funcionais capazes de
simples aumento do tempo de internação. Contudo, a internação levar a uma grave dependência.
de idosos em UTI, em especial daqueles com idade igual ou superior A detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações
a 75 anos, deverá obedecer rigorosamente os critérios adotados em funcionais, potenciais causas de formas graves de dependência,
todas as faixas etárias, de potencial de reversibilidade do estado integrarão as atribuições dos profissionais e técnicos que atuam
clínico e não a sua gravidade, quando reconhecidamente irrecupe- nesses níveis de atenção, e deverão ser alvo de orientação aos cui-
rável. dadores dos idosos para que possam colaborar com os profissionais

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
da saúde, sobretudo na condição de agentes facilitadores, tanto na Dessa forma, os cuidados são prestados por pessoa ou agên-
observação de novas limitações, quanto no auxílio ao tratamento cias comunitárias contratadas para tal. Já os sistemas informais são
prescrito. constituídos por pessoas da família, amigos próximos e vizinhos,
frequentemente mulheres, que exercem tarefas de apoio e cuida-
Capacitação de recursos humanos especializados dos voluntários para suprir a incapacidade funcional do seu idoso.
O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos cons- Na cultura brasileira, são essas pessoas que assumem para si
tituem diretriz que perpassará todas as demais definidas nesta as funções de provedoras de cuidados diretos e pessoais. O papel
Política, configurando mecanismo privilegiado de articulação Inter de mulher cuidadora na família é normativo, sendo quase sempre
setorial, de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em esperado que ela assuma tal papel. Os responsáveis pelos cuidados
qualidade e quantidade adequadas, e cujo provimento é de respon- diretos aos seus idosos doentes ou dependentes geralmente resi-
sabilidade das três esferas de governo. dem na mesma casa e se incumbem de prestar a ajuda necessária
Esse componente deverá merecer atenção especial, sobretudo ao exercício das atividades diárias destes idosos, tais como higiene
no tocante ao que define a Lei N.º 8.080/90, em seu Art. 14 e pa- pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de
rágrafo único, nos quais está estabelecido que a formação e a edu- saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano, por exemplo ida
cação continuada contemplarão ação Inter setorial articulada. A lei a bancos ou farmácias.
estabelece, como mecanismo fundamental, a criação de comissão O modelo de cuidados domiciliares, antes restrito à esfera pri-
permanente de integração entre os serviços de saúde e as institui- vada e à intimidade das famílias, não poderá ter como única finali-
ções de ensino profissional e superior, com a finalidade de “propor dade baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistência
prioridades, métodos e estratégias”. domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional está comprometida
O trabalho articulado com o Ministério da Educação e as insti- demanda orientação, informação e assessoria de especialistas.
tuições de ensino superior deverão ser viabilizados por intermédio Para o desempenho dos cuidados a um idoso dependente, as
dos Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia tendo em pessoas envolvidas deverão receber dos profissionais de saúde os
vista a capacitação de recursos humanos em saúde de acordo com esclarecimentos e as orientações necessárias, inclusive em relação
as diretrizes aqui fixadas. à doença crônico-degenerativa com a qual está eventualmente li-
Os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia serão, dando, bem como informações sobre como acompanhar o trata-
preferencialmente, localizados em instituições de ensino superior mento prescrito.
e terão atribuições específicas, conforme as características de cada
instituição. A indicação desses Centros deverá ser estabelecida pelo Essas pessoas deverão, também, receber atenção médica pes-
Ministério da Saúde, de acordo com as necessidades identificadas soal, considerando que a tarefa de cuidar de um adulto dependente
no processo de implantação desta Política Nacional No âmbito da é desgastante e implica riscos à saúde do cuidador. Por conseguinte,
execução de ações, de forma mais específica, a capacitação busca- a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá, igualmen-
rá preparar os recursos humanos para a operacionalização de um te, a pessoa do cuidador.
elenco básico de atividades, que incluirá, entre outras, a prevenção Assim, a parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas
de perdas, a manutenção e a recuperação da capacidade funcional que cuidam dos idosos deverá possibilitar a sistematização das tare-
da população idosa e o controle dos fatores que interferem no esta- fas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas
do de saúde desta população. relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e
A capacitação de pessoal para o planejamento, coordenação à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do
e avaliação de ações deverá constituir as bases para o desenvolvi- seu cuidador, evitando-se, assim, na medida do possível, hospitali-
mento do processo contínuo de articulação com os demais setores, zações, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.
cujas ações estão diretamente relacionadas com o idoso no âmbito Dessa parceria, deverão resultar formas mais efetivas e efi-
do setor saúde. cazes de manutenção e de recuperação da capacidade funcional,
Essa capacitação será promovida pelos Centros Colaboradores assim como a participação mais adequada das pessoas envolvidas
de Geriatria e Gerontologia, os quais terão a função específica de com alguém em processo de envelhecimento com dependência.
capacitar os profissionais para prestar a devida cooperação técnica O estabelecimento dessa ação integrada será realizado por meio
demandada pelas demais esferas de gestão, no sentido de uniformi- de orientações a serem prestadas pelos profissionais de saúde, do
zar conceitos e procedimentos que se tornarão indispensáveis para intercâmbio de informações claras e precisas sobre diagnósticos e
a efetivação desta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como tratamentos, bem como relatos de experiências entre pessoas que
para o seu processo contínuo de avaliação e acompanhamento. estão exercitando o papel de cuidar de idoso dependente.

Apoio ao Desenvolvimento de Cuidados Informais Apoio a Estudos e Pesquisas


Nesse âmbito, buscar-se-á desenvolver uma parceria entre os Esse apoio deverá ser levado a efeito pelos Centros Colabo-
profissionais da saúde e as pessoas próximas aos idosos, responsá- radores de Geriatria e Gerontologia, resguardadas, nas áreas de
veis pelos cuidados diretos necessários às suas atividades da vida conhecimento de suas especialidades, as particularidades de cada
diária e pelo seguimento das orientações emitidas pelos profissio- um.
nais. Tal parceria, como mostram estudos e pesquisas sobre o en- Esses Centros deverão se equipar, com o apoio financeiro das
velhecimento em dependência, configura a estratégia mais atual e agências de ciência e tecnologia regionais e ou federais, para orga-
menos onerosa para manter e promover a melhoria da capacidade nizar o seu corpo de pesquisadores e atuar em uma ou mais de uma
funcional das pessoas que se encontram neste processo. linha de pesquisa. Tais grupos incumbir-se-ão de gerar informações
Nos países aonde o envelhecimento da população vem ocor- com o intuito de subsidiar as ações de saúde dirigidas à população
rendo há mais tempo, convencionou-se que há cuidados formais e de mais de 60 anos de idade, em conformidade com esta Política.
informais na atenção às pessoas que envelheceram e que, de alguma Caberá ao Ministério da Saúde e ao Ministério Ciência Tecnologia,
forma, perderam a sua capacidade funcional. Os sistemas formais de em especial, o papel de articuladores, com vistas a garantir a efeti-
cuidados são integrados por profissionais e instituições, que realizam vidade de ações programadas de estudos e pesquisas desta Política
este atendimento sob a forma de prestação de serviço. Nacional de Saúde do Idoso.

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
As linhas de pesquisa deverão concentrar-se em quatro gran- Ministério da Educação
des tópicos de produção de conhecimentos sobre o envelhecimen-
to no Brasil, contemplando as particularidades de gênero e extratos A parceria com esse Ministério buscará, sobretudo:
sociais nas zonas urbanas e rurais. • a difusão, junto às instituições de ensino e seus alunos, de
informações relacionadas à promoção da saúde dos idosos e à pre-
O primeiro tópico refere-se a estudos de perfil do idoso, nas venção ou recuperação de suas incapacidades;
diferentes regiões do País, e prevalência de problemas de saúde, • a adequação de currículos, metodologias e material didático
incluindo dados sociais, nas formas de assistência e seguridade, de formação de profissionais na área da saúde, visando o atendi-
situação financeira e apoios formais e informais. Nesse contexto, mento das diretrizes fixadas nesta Política;
será estimulada a sistematização das informações produzidas pelos • o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia, em articulação Gerontologia nas instituições de ensino superior, que deverão atuar
com os dados das agências governamentais, particularmente aque- de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipais
las que lidam com estudos demográficos e populacionais. de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e
No segundo tópico, deverão estar concentrados estudos vi- contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
sando a avaliação da capacidade funcional; prevenção de doenças, dos idosos e a capacitação de equipes multiprofissionais e interdis-
vacinações; estudos de seguimento; e desenvolvimento de instru- ciplinares, visando a qualificação contínua do pessoal de saúde nas
mentos de rastreamento. áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;
O terceiro tópico diz respeito aos estudos de modelos de cui- • o estímulo e apoio à realização de estudos que contemplem
dado, na assessoria para a implementação e no acompanhamento as quatro linhas de pesquisa definidas como prioritárias por esta
e na avaliação das intervenções. Política, visando o desenvolvimento de um sistema de informação
O quarto tópico concentrar-se-á em estudos sobre a hospita- sobre esta população, que subsidie o planejamento, execução e
lização e alternativas de assistência hospitalar, com vistas à maior avaliação das ações de promoção, proteção, recuperação e reabi-
eficiência e à redução dos custos no ambiente hospitalar. Para tal, litação;
a padronização de protocolos para procedimentos clínicos, exames • a discussão e a readequação de currículos e de ensino nas
complementares mais sofisticados e medicamentos deverão consti- instituições de ensino superior abertas para a terceira idade, con-
tuir pontos prioritários. soantes às diretrizes fixadas nesta Política.

Comporão, ainda, esse último tópico estudos sobre orientação Ministério da Previdência e Assistência Social
e cuidados aos idosos, alta hospitalar e diferentes alternativas de
assistência – como assistência domiciliar, centro-dia, já utilizados A parceria buscará principalmente:
em outros países –, bem como investigações acerca de formas de • a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas, junto
articulação de informações básicas em geriatria e gerontologia para aos seus segurados, relativos às doenças e agravos mais prevalen-
os profissionais de todas as especialidades. tes nesta faixa etária, sobretudo quanto aos seus impactos no in-
divíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setor
Responsabilidades Institucionais saúde;
Caberá aos gestores do SUS, de forma articulada e na confor- • a elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado
midade de suas atribuições comuns e específicas, prover os meios aos idosos segurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.
e atuar de modo a viabilizar o alcance do propósito desta Política • Secretaria de Estado da Assistência Social
Nacional de Saúde do Idoso, que é a promoção do envelhecimento • A parceria com essa Secretaria terá por finalidade principal-
saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade mente:
funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da • a difusão, junto aos seus serviços e àqueles sob a sua supervi-
saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter são, de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção
a sua capacidade funcional restringida. ou recuperação de incapacidades;
Considerando, por outro lado, as diretrizes aqui definidas para • a adequação, na conformidade das diretrizes aqui estabele-
a consecução do propósito fixado, cuja observância implica o de- cidas, de seus cursos de treinamento ou capacitação de profissio-
senvolvimento de um amplo conjunto de ações, entre as quais figu- nais que atuam nas unidades próprias, conveniadas ou sob a sua
rarão aquelas compreendidas no processo de promoção da saúde supervisão;
e que, por isso mesmo, irão requerer o compartilhamento de res- • a promoção da formação e o acompanhamento de grupos de
ponsabilidades específicas tanto no âmbito interno do setor saúde, autoajuda aos idosos, referentes às doenças e agravos mais comuns
quanto no contexto de outros setores. nesta faixa etária;
Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em • o apoio à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e
suas respectivas áreas de abrangência, processos de articulação Gerontologia nas instituições de ensino superior, que devem atuar
permanente, visando o estabelecimento de parcerias e a integra- de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipal
ção institucional que viabilizem a consolidação de compromissos de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e
multilaterais efetivos. Será buscado, igualmente, a participação de contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
diferentes segmentos da sociedade, que estejam direta ou indireta- de idosos e o treinamento de equipes multiprofissionais e interdis-
mente relacionadas com a presente Política. ciplinares, visando a capacitação contínua do pessoal de saúde nas
áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;
Articulação Intersetorial • o apoio à realização de estudos epidemiológicos para detec-
No âmbito federal, o Ministério da Saúde buscará estabelecer, ção dos agravos à saúde da população idosa, visando o desenvolvi-
em especial, articulação com as instâncias a seguir apresentadas, mento de sistema de informação sobre esta população, destinado
para as quais estão identificadas as medidas essenciais, segundo as a subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação das ações de
suas respectivas competências. promoção, proteção, recuperação e reabilitação;

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• a promoção da observância das normas relativas à criação saúde do idoso e ou na produção de material científico, bem como
e ao funcionamento de instituições gerontológicas e similares, nas em pesquisa nas áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção
unidades próprias e naquelas sob a sua supervisão. a este grupo populacional.
• Apoiar estudos e pesquisas definidos como prioritários nesta
Ministério do Trabalho e Emprego Política visando a ampliar o conhecimento sobre o idoso e a subsi-
• Com esse Ministério, a parceria a ser estabelecida visará, em diar o desenvolvimento das ações decorrentes desta Política.
especial:
• a elaboração e a implementação de de preparo para futuros • Promover a cooperação das Secretarias Estaduais e Muni-
aposentados nos setores públicos e privados; cipais de Saúde com os Centros Colaboradores de Geriatria e Ge-
• a melhoria das condições de emprego do idoso, compreen- rontologia com vistas à capacitação de equipes multiprofissionais e
dendo: a eliminação das discriminações no mercado de trabalho e interdisciplinares.
a criação de condições que permitam a inserção do idoso na vida • Promover a inclusão da geriatria como especialidade clínica,
socioeconômica das comunidades. para efeito de concursos públicos.
• Criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano às instâncias estadual e municipal ao desenvolvimento de um mo-
Será estabelecida a parceria com essa Secretaria visando, entre delo adequado de atenção à saúde do idoso.
outras: • Estimular e apoiar a realização de pesquisas consideradas es-
• a melhoria de condições de habitação e moradia, além da tratégicas no contexto desta Política.
diminuição das barreiras arquitetônicas e urbanas que dificultam • Promover a disseminação de informações técnico-científicas
ou impedem a manutenção e apoio à independência funcional do e de experiências exitosas referentes à saúde do idoso.
idoso; • Promover a capacitação de recursos humanos para a imple-
• a promoção de ações educativas dirigidas aos agentes execu- mentação desta Política.
tores e beneficiários de habitacionais quanto aos riscos ambientais • Promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida sau-
à capacidade funcional dos idosos. dáveis, por parte dos idosos, mediante a mobilização de diferentes
• o estabelecimento de previsão e a instalação de equipamen- segmentos da sociedade e por intermédio de campanhas publicitá-
tos comunitários públicos voltados ao atendimento da população rias e de processos educativos permanentes.
idosa previamente identificada, residentes na área de abrangência • Apoiar estados e municípios, a partir da análise de tendên-
dos empreendimentos habitacionais respectivos; cias, no desencadeamento de medidas visando a eliminação ou o
• a promoção de ações na área de transportes urbanos que controle de fatores de risco detectados.
permitam e ou facilitem o deslocamento do cidadão idoso, sobre- • Promover o fornecimento de medicamentos, órteses e próte-
tudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como ses necessários à recuperação e à reabilitação do idoso.
elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas • Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de
nas calçadas, bancos mais altos nas paradas de ônibus. controle social do SUS.
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên-
Ministério da Justiça cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse
Com esse Ministério, a parceria terá por finalidade a promo- contexto.
ção e a defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões • Estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades
de saúde, mediante o acompanhamento da aplicação das disposi- de cuidados diurnos – hospital dia, centro-dia – de atendimento
ções contidas na Lei N.º 8.842/94 e seu regulamento (Decreto N.º domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para o idoso.
1.948/96).
Responsabilidades do Gestor Estadual – Secretaria Estadual
Ministério do Esporte e Turismo de Saúde
Essa parceria buscará, em especial, a elaboração, a implemen- • Elaborar, coordenar e executar a política estadual de saúde
tação e o acompanhamento de esportivos e de exercícios físicos do idoso, consoante a esta Política Nacional.
destinados às pessoas idosas, bem como de turismo que propiciem • Promover a elaboração e ou adequação dos planos, progra-
a saúde física e mental deste grupo populacional. mas, projetos e atividades decorrentes desta Política.
• Promover processo de articulação entre os diferentes setores
Ministério da Ciência e Tecnologia no Estado, visando a implementação da respectiva política de saúde
Buscar-se-á, por intermédio do Conselho Nacional de Desen- do idoso.
volvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, o fomento à pesquisa • Acompanhar o cumprimento de normas de funcionamento
na área de geriatria e gerontologia contemplando, preferencial- de instituições geriátricas e similares, bem como de serviços hospi-
mente, as linhas de estudo definidas nesta Política. talares geriátricos.
• Estabelecer cooperação com os Centros Colaboradores de
Responsabilidades do Gestor Federal – Ministério da Saúde Geriatria e Gerontologia com vistas ao treinamento de equipes
• Implementar, acompanhar e avaliar a operacionalização des- multiprofissionais e interdisciplinares, e promover esta cooperação
ta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como os planos, pro- com as Secretarias Municipais de Saúde, de modo a capacitar re-
gramas, projetos e atividades dela decorrentes. cursos humanos necessários à consecução da política estadual de
• Promover a revisão e o aprimoramento das normas de fun- saúde do idoso.
cionamento de instituições geriátricas e similares (Portaria 810/89). • Promover a capacitação de recursos humanos necessários à
• Elaborar e acompanhar o cumprimento de normas relativas consecução da política estadual de saúde do idoso.
aos serviços geriátricos hospitalares. • Adequar os serviços de saúde com a finalidade do atendi-
• Designar e apoiar os Centros Colaboradores de Geriatria e mento às necessidades específicas da população idosa.
Gerontologia, preferencialmente localizados em instituições de en- • Prestar cooperação técnica aos municípios na implementa-
sino superior envolvidos na capacitação de recursos humanos em ção das ações decorrentes.

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Apoiar propostas de estudos e pesquisas estrategicamente resultaram da ação articulada preconizada nesta Política e que es-
importantes para a implementação, avaliação ou reorientação das tão explicitadas no capítulo anterior deste documento, bem como a
questões relativas à saúde do idoso. observância dos compromissos internacionais assumidos pelo País
• Promover a adoção de práticas e hábitos saudáveis, por parte em relação à atenção aos idosos.
dos idosos, mediante a mobilização de diferentes segmentos da so-
ciedade e por intermédio de campanhas de comunicação. É importante considerar que o processo de acompanhamento
e avaliação referido será apoiado, sobretudo para a aferição de re-
• Promover o fornecimento de medicamentos, próteses e órte- sultados no âmbito interno do setor, pelas informações produzidas
ses necessários à recuperação e à reabilitação de idosos. pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e ou atividades
• Estimular e viabilizar a participação de idosos nas instâncias decorrentes desta Política Nacional.
de participação social. Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados,
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên- voltados principalmente para a verificação do impacto das medidas
cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse sobre a saúde dos idosos, buscar-se-á investigar a repercussão des-
contexto. ta Política na qualidade de vida deste segmento populacional.
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que me-
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- dida a Política Nacional de Saúde do Idoso tem contribuído para a
dimento domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para concretização dos princípios e diretrizes do SUS, na conformidade
o idoso. do Art. 7º, da Lei N.º 8.080/90, entre os quais, destacam-se aqueles
• Prover o Sistema Nacional de Informação em Saúde com da- relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomia
dos respectivos e análises relacionadas à situação de saúde e às das pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prio-
ações dirigidas aos idosos. ridades (respectivamente incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá
ser observado, ainda, se:
Responsabilidades do Gestor Municipal – Secretaria Munici- • potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de uti-
pal de Saúde ou organismos correspondentes. lização pelo usuário estão sendo devidamente divulgados junto à
• Coordenar e executar as ações decorrentes das Políticas Na- população de idosos;
cional e Estadual, em seu respectivo âmbito, definindo componen- • os planos, programas, projetos e atividades que operaciona-
tes específicos que devem ser implementados pelo município. lizam esta Política estão sendo desenvolvidos de forma descentrali-
• Promover as medidas necessárias para integrar a programa- zada, considerando a direção única em cada esfera de gestão;
ção municipal à adotada pelo Estado, submetendo-as à Comissão • a participação dos idosos nas diferentes instâncias do SUS
Inter gestores Biparti-te. está sendo incentivada e facilitada.
• Promover articulação necessária com as demais instâncias do
SUS visando o treinamento e a capacitação de recursos humanos Terminologia
para operacionalizar, de forma produtiva e eficaz, o elenco de ativi- Ação terapêutica: processo de tratamento de um agravo à saú-
dades específicas na área de saúde do idoso. de por intermédio de medidas farmacológicas e não farmacológi-
• Manter o provimento do Sistema Nacional de Informação em cas, tais como: mudanças no estilo de vida, abandono de hábitos
Saúde com dados e análises relacionadas à situação de saúde e às nocivos, psicoterapia, entre outros.
ações dirigidas aos idosos. AIH (Autorização de Internação Hospitalar): documento de au-
• Promover a difusão de conhecimentos e recomendações so- torização e fatura de serviços hospitalares do SUS, que engloba o
bre práticas, hábitos e estilos de vida saudáveis, junto à população conjunto de procedimentos realizados em regime de internação.
de idosos, valendo-se, inclusive, da mobilização da a comunidade. Assistência domiciliar: essa assistência engloba a visitação do-
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de miciliar e cuidados domiciliares que vão desde o fornecimento de
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- equipamentos, até ações terapêuticas mais complexas.
dimento domiciliar.
• Estimular e apoiar a formação de grupos de autoajuda e de Atividades de vida diária (AVDs): termo utilizado para descre-
convivência, de forma integrada com outras instituições que atuam ver os cuidados essenciais e elementares à manutenção do bem-es-
nesse contexto. tar do indivíduo, que compreende aspectos pessoais como: banho,
• Realizar articulação com outros setores visando a promoção vestimenta, higiene e alimentação, e aspectos instrumentais como:
a qualidade de vida dos idosos. realização de compras e cuidados com finanças.
• Promover o acesso a medicamentos, órteses e próteses ne-
cessários à recuperação e à reabilitação do idoso. Autodeterminação: capacidade do indivíduo poder exercer sua
• Aplicar, acompanhar e avaliar o cumprimento de normas de autonomia.
funcionamento de instituições geriátricas e similares, bem como de
serviços geriátricos da rede local. Autonomia: é o exercício da autodeterminação; indivíduo au-
• Estimular e viabilizar a participação social de idosos nas di- tônomo é aquele que mantém o poder decisório e o controle sobre
versas instâncias. sua vida.

Acompanhamento e Avaliação Capacidade funcional: capacidade de o indivíduo manter as


A operacionalização desta Política compreenderá a sistemati- habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida indepen-
zação de processo contínuo de acompanhamento e avaliação, que dente e autônoma; a avaliação do grau de capacidade funcional é
permita verificar o alcance de seu propósito – e, consequentemen- feita mediante o uso de instrumentos multidimensionais.
te, o seu impacto sobre a saúde dos idosos –, bem como proceder a
eventuais adequações que se fizerem necessárias. Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia: centros
Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indi- localizados de preferência em instituições de ensino superior, que
cadores e metodologia específicos, capazes de evidenciar, também, colaboram com o setor saúde, fundamentalmente na capacitação
a repercussão das medidas levadas a efeito por outros setores, que

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de recursos humanos em saúde do idoso e ou na produção de ma- Idoso: a Organização das Nações Unidas, desde 1982 considera
terial científico para tal finalidade, bem como em pesquisas nas idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na
áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção a este grupo po- Lei Nº 8.842/94, adota essa mesma faixa etária (Art. 2º do capítulo
pulacional. I).

Centro-dia: ambiente destinado ao idoso, que tem como carac- Incapacidade: quantificação da deficiência; refere-se à falta
terística básica o incentivo à socialização e o desenvolvimento de de capacidade para realizar determinada função na extensão, am-
ações de promoção e proteção da saúde. plitude e intensidade consideradas normais; em gerontologia, diz
respeito à incapacidade funcional, isto é, à perda da capacidade de
Cuidador: é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou realizar pelo menos um ou mais de um ato de vida diária.
sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exer-
cício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene Incontinência urinária: refere-se à perda involuntária de urina.
pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de
saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano – por exemplo, Iatrogenia: qualquer agravo à saúde, causado por uma inter-
ida a bancos ou farmácias –, excluídas as técnicas ou procedimentos venção médica Psicoterapia: terapêutica que, por métodos psico-
identificados com profissões legalmente estabelecidas, particular- lógicos, busca a restauração do equilíbrio emocional do indivíduo.
mente na área da enfermagem.
Reabilitação física: conjunto de procedimentos terapêuticos fí-
Deficiência: expressão de um processo patológico, na forma de sicos que visam adaptar ou compensar deficiências motoras (quan-
uma alteração de função de sistemas, órgãos e membros do corpo, do aplicadas a limitações insipientes pode ser considerada reabilita-
que podem ou não gerar uma incapacidade. ção precoce ou “preventiva”).

Demência: conceitua-se demência como uma síndrome pro- Rastreamento: um protocolo de aplicação rápida e sistemática
gressiva e irreversível, composta de múltiplas perdas cognitivas ad- para detecção de problemas de saúde em uma determinada popu-
quiridas, que ocorrem na ausência de um estado de confusão men- lação.
tal aguda (ou seja, de uma desorganização súbita do pensamento).
As funções cognitivas que podem ser afetadas pela demência in- Síndrome: conjunto de sinais e sintomas comuns a diversas en-
cluem a memória, a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia, as fermidades.
construções, a prosódia e o controle executivo.

Envelhecimento: a maioria dos autores o conceituam como


“uma etapa da vida em que há um comprometimento da homeos- EXERCÍCIOS
tase, isto é, o equilíbrio do meio interno, o que fragilizaria o indiví-
duo, causando uma progressiva vulnerabilidade do indivíduo peran- 1. (ANO: 2018 BANCA: CESPE ÓRGÃO: EBSERH PROVA: CES-
te a uma sobrecarga fisiológica”. PE - 2018 - EBSERH) Acerca da assistência de enfermagem na vigi-
lância em saúde e da saúde da criança e da mulher, julgue o item
Envelhecimento saudável: é o processo de envelhecimento subsequente.
com preservação da capacidade funcional, autonomia e qualidade Mesmo com o avanço do trabalho de enfermagem na atenção
de vida. primária em saúde no Brasil, ainda devem ser superados alguns
desafios, como a sobrecarga de trabalho em razão do acúmulo de
Geriatria: é o ramo da ciência médica voltado à promoção da atividades gerenciais e de assistência com enfoque no indivíduo em
saúde e o tratamento de doenças e incapacidades na velhice. detrimento da coletividade.
( ) CERTO
Gerontologia: área do conhecimento científico voltado para o ( ) ERRADO
estudo do envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, em que
são levados em conta não somente os aspectos clínicos e biológi- 2. (ANO: 2018 BANCA: PREFEITURA DE FORTALEZA - CE ÓR-
cos, mas também as condições psicológicas, sociais, econômicas e GÃO: PREFEITURA DE FORTALEZA - CE PROVA: PREFEITURA DE
históricas. FORTALEZA - CE - 2018 - PREFEITURA DE FORTALEZA) As ações de
Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições:
Dependência: é a condição que requer o auxílio de pessoas (A) da Equipe de Saúde da Família.
para a realização de atividades do dia a dia Centros de convivência: (B) da Coordenação de Vigilância em Saúde.
locais destinados à permanência do idoso, em um ou dois turnos, (C) de todos os profissionais da Atenção Básica.
onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, (D) da Equipe de Enfermagem da Atenção Básica.
culturais, associativas e de educação para a cidadania.
3. (ANO: 2018 BANCA: CESPE ÓRGÃO: EBSERH PROVA: CES-
Habilidade física: refere-se à aptidão ou capacidade para rea- PE - 2018 - EBSERH) Julgue o item a seguir, a respeito de segurança
lizar algo que exija uma resposta motora, tal como caminhar, fazer hospitalar.
um trabalho manual, entre outros. A garantia da segurança na incorporação de tecnologias na as-
sistência à saúde requer uma série de processos, tais como: regu-
Hospital-dia geriátrico: refere-se ao ambiente hospitalar, no lação de pré-comercialização e de pós-comercialização, avaliação e
qual atua equipe multiprofissional e interdisciplinar, destinado a controle da qualidade dos produtos e do processo de assistência à
pacientes que dele necessitam em regime de um ou dois turnos, saúde e gerenciamento de risco.
para complementar tratamentos e promover reabilitação. ( ) CERTO
( ) ERRADO

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
4. (ANO: 2018 BANCA: CS-UFG ÓRGÃO: UFG PROVA: CS-UFG 7. (ANO: 2018 BANCA: FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS)
- 2018 - UFG) O Modelo Calgary de avaliação e intervenção de famí­ ÓRGÃO: PREFEITURA DE PARÁ DE MINAS - MG PROVA: FUNDEP
lias, desenvolvido pelas enfermeiras pesquisadoras Wrigth e Leah- (GESTÃO DE CONCURSOS) - 2018 - PREFEITURA DE PARÁ DE MI-
ey, vem sendo continuamente utilizado. Fundamenta se em um NAS - MG) O objetivo do dimensionamento de pessoal de enfer-
esquema conceitual necessário à compreensão do sistema familiar magem é fixar e estabelecer parâmetros no quadro de profissionais
como uma unidade de cuidados. Consta de três categorias e cada de enfermagem para as unidades assistenciais nas instituições de
uma é dividida em várias subcategorias. Neste modelo de avaliação, saúde e similares.
(A) o genograma e o ecomapa não devem ser utilizados du- Considerando o dimensionamento de pessoal de enfermagem,
rante a coleta de dados, uma vez que a visualização de ambos é incorreto afirmar:
dificulta a identificação de forças e problemas das famí­lias e o (A) O responsável técnico de enfermagem deve dispor de 3%
relacionamento de seus membros. Entretanto, pode ser útil na a 5% do quadro geral de profissionais de enfermagem para co-
elaboração de um plano de tratamento esquematizado e codi- bertura de situações relacionadas à rotatividade de pessoal e
ficado, facilitando a comunicação sigilosa da equipe de enfer- participação de programas de educação continuada.
magem. (B) O quadro de profissionais de enfermagem da unidade de
(B) o outro instrumento utilizado é o ecomapa, o qual permite internação composto por 60% ou mais de pessoas com idade
uma visão geral da família, retratando relações importantes de superior a 50 anos deve ser acrescido de 10% ao índice de se-
educação ou relações conflituosas e de opressão entre a famí- gurança técnica (IST).
lia e o mundo. Demonstra o fluxo ou a falta de recursos e as (C) Compete ao enfermeiro estabelecer o quadro quantitativo
privações e tem como objetivo representar os relacionamentos / qualitativo de profissionais, necessário para a prestação da
íntimos dos membros da família com pessoas significativas. assistência de enfermagem.
(C) a avaliação e intervenção das famílias prevê a utilização de (D) O dimensionamento e a adequação quanti-qualitativa do
todas as subcategorias durante o processo, que devem estar quadro de profissionais de enfermagem devem se basear na
todas registradas no prontuário do paciente índice. Algumas quantidade de pacientes internados.
categorias e subcategorias precisarão ser criteriosamente rea-
valiadas em determinadas famílias, facilitando a tomada de de- 8. (ANO: 2018 BANCA: QUADRIX ÓRGÃO: SEDF PROVA:
cisão pelo enfermeiro. QUADRIX - 2018 - SEDF) Quanto às teorias de enfermagem e ao
(D) o instrumento preconizado para avaliação estrutural da fa- processo de enfermagem, julgue o item.
mília é o genograma, que consiste em uma árvore familiar que A teoria do autocuidado, empreendida por Dorothea Orem,
representa a estrutura familiar interna. Este instrumento de- descreve que a enfermagem é um sistema que identifica e executa
sencadeia informações úteis tanto para a família como para os as necessidades básicas do indivíduo até que ele aprenda a reali-
profissionais da saúde e propicia a informação sobre relaciona- zá‐las.
mentos ao longo do tempo, incluindo dados de saúde, doença, ( ) CERTO
ocupação, religião, etnia e migração ( ) ERRADO

9. (ANO: 2019 BANCA: VUNESP ÓRGÃO: PREFEITURA DE VA-


5. (ANO: 2018 BANCA: QUADRIX ÓRGÃO: SEDF PROVA:
LINHOS - SP PROVA: VUNESP - 2019 - PREFEITURA DE VALINHOS
QUADRIX - 2018 – SEDF) Quanto às teorias de enfermagem e ao
- SP) No suporte básico de vida ao paciente com agravo clínico, a
processo de enfermagem, julgue o item.
avaliação
Os diagnósticos de enfermagem são interpretações empíricas
(A) primária da ventilação inclui observar o padrão ventilatório,
dos dados levantados, usados para orientar o planejamento, a im-
a circunferência torácica e a autonomia respiratória.
plementação e a avaliação de enfermagem.
(B) secundária do estado circulatório consiste em pesquisar he-
( ) CERTO morragias externas de natureza não traumática e verificar, nos
( ) ERRADO pulsos periféricos, frequência, ritmo e simetria.
(C) complementar da ventilação requer observar, em especial,
6. (ANO: 2018 BANCA: QUADRIX ÓRGÃO: SEDF PROVA: se há uso de musculatura acessória e tiragem intercostal, além
QUADRIX - 2018 - SEDF ) Quanto às teorias de enfermagem e ao de movimentos assimétricos dos membros superiores.
processo de enfermagem, julgue o item. (D) secundária é importante, porém não obrigatória, principal-
Segundo a teoria das necessidades humanas básicas de Wanda mente nos pacientes críticos, ou se sua realização implicar em
Horta, o prognóstico de enfermagem estima a capacidade do ser atraso de transporte.
humano de atender suas necessidades básicas após a implementa- (E) secundária tem como objetivo único localizar assimetrias
ção do plano realizado a partir da evolução da enfermagem. morfológicas e instabilidades hemodinâmicas.
( ) CERTO
( ) ERRADO 10. (ANO: 2018 BANCA: AOCP ÓRGÃO: PREFEITURA DE JUIZ
DE FORA - MG PROVA: AOCP - 2018 - PREFEITURA DE JUIZ DE
FORA – MG) A violência é um fenômeno que atinge mulheres de di-
ferentes orientações sexuais, classes sociais, origens, regiões, esta-
dos civis, escolaridade ou raças/etnias em relações desiguais de po-
der. Sobre a violência contra mulher, assinale a alternativa correta.
(A) Violência patrimonial são atos violentos, nos quais se fez
uso da força física de forma intencional, com o objetivo provo-
car dor e sofrimento, deixando, ou não, marcas evidentes no
seu corpo.
(B) É desnecessário que sejam descritos em prontuário dados
completos sobre as circunstâncias da situação de violência,
para que a mulher não seja constrangida.

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(C) Pelo fato de a Atenção Básica estar nos territórios, mais (C) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
próxima do cotidiano das pessoas, tem papel insignificante na adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a
identificação de situações de violência. realização das atividades.
(D) Somente os casos de violência sexual devem ser notifica- (D) a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
dos. (E) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis
(E) Pode ser definida como qualquer ato ou conduta baseada
no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual 15. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
ou psicológico à mulher. RO-2018) São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO
a via
11. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO- (A) oral.
CP-2018) O que é vigilância (B) subcutânea.
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou preve- (C) intraóssea.
nir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor- (D) endovenosa.
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e (E) intramuscula
da prestação de serviços de interesse da saúde.
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e 16. (CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- T;ECNI-
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita- CO EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Ao orientar um paciente adulto
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra- sobre os cuidados com a dieta a ser administrada pela sonda na-
vos advindos das condições de trabalho. soenteral no domicílio, o profissional de saúde deve orientar que
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre- (A) antes de administrar a dieta, deverá aquecê-la em banho-
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, -maria ou em micro-ondas.
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro- (B) após o preparo da dieta caseira, deverá guardá-la na gela-
vocam à saúde. deira e, 40 minutos antes do horário estabelecido para a admi-
(D) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de nistração, retirar somente a quantidade que for utilizar.
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem (C) no caso de ter pulado um horário de administração da dieta,
com a saúde. o volume do próximo horário deve ser aumentado em, pelo
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, menos, 50%.
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de- (D) a dieta enteral industrializada deve ser guardada fora da
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, geladeira e, após aberta, tem validade de 72 horas.
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre-
17. (CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- T;ECNI-
venção e controle das doenças ou agravo
CO EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Dentre as medidas de controle
de infecção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres intra-
12. PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
vasculares encontra-se
RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande im-
(A) o uso de cateteres periféricos para infusão contínua de pro-
portância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas para:
dutos vesicantes.
(A) HIV, Hepatite A e difiteria.
(B) a higienização das mãos com preparação alcoólica (70 a
(B) HIV, Sífilis e Hepatite B.
90%), quando as mesmas estiverem visivelmente sujas.
(C) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A. (C) o uso de novo cateter periférico a cada tentativa de punção
(D) HIV, Hepatite A e Tularemia. no mesmo paciente.
(E) Hepatite A, tricomoníase e HIV. (D) a utilização de agulha de aço acoplada ou não a um coletor,
para coleta de amostra sanguínea e administração de medica-
13. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- mento em dose contínua.
RO-2018) O Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda (E) o uso de luvas de procedimentos para tocar o sítio de inser-
a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como ção do cateter intravascular após a aplicação do antisséptico.
missão
(A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até 18. (CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- T;ECNI-
2020. CO EM ENFERMAGEM- FCC-2018) A equipe de saúde, ao realizar
(B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu- o acolhimento com escuta qualificada a uma mulher apresentando
nopreveníveis. queixas de perda urinária, deve atentar-se para, dentre outros si-
(C) vacinar crianças e adultos vulneráveis. nais de alerta:
(D) o controle de doenças imunossupressoras. (A) amenorreia.
(E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco (B) dismenorreia.
controlável. (C) mastalgia.
(D) prolapso uterino sintomático.
14. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- (E) ataxia.
RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala
de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol- 19. (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC-
vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é 2018) As técnicas de higienização das mãos, para profissio-
correto afirmar que nais que atuam em serviços de saúde, podem variar de-
(A) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e pendendo do objetivo ao qual se destinam. Na técnica de
demais medicações intramusculares. higienização simples das mãos, recomenda-se
(B) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos (A) limpar sob as unhas de uma das mãos, friccionando o local
promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação. com auxílio das unhas da mão oposta, evitando-se limpá-las
com as cerdas da escova.

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(B) respeitar o tempo de duração do procedimento que varia 25. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
de 20 a 35 segundos. FCC-2018)
(C) executar o procedimento com antisséptico degermante du- Após o término de um pequeno procedimento cirúrgico, o
rante 30 segundos. técnico de enfermagem recolhe os materiais utilizados e separa
(D) utilizar papel toalha para secar as mãos, após a fricção an- aqueles que podem ser reprocessados daqueles que devem ser
tisséptica das mãos com preparações alcoólicas. descartados, observando os princípios de biossegurança. A fim de
(E) higienizar também os punhos utilizando movimento circu- destinar corretamente cada um dos referidos materiais, o técnico
lar, ao esfregá-los com a palma da mão oposta. de enfermagem deve considerar como materiais a serem reproces-
sados aqueles destinados à
20. (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC- (A) diérese, como tesoura de aço inox; e descarta na caixa de
2018) Processo físico ou químico que destrói microrganismos pa- perfurocortante, materiais como agulhas com fio de sutura.
togênicos na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e (B) hemostasia, como pinça de campo tipo Backaus; e descarta
dos fungos, de objetos inanimados e superfícies. Essa é a definição no saco de lixo branco, materiais com sangue, como compres-
de sas de gaze.
(A) desinfecção pós limpeza de alto nível. (C) diérese como porta-agulhas; e descarta no lixo comum par-
(B) desinfecção de alto nível. te dos fios cirúrgicos absorvíveis utilizados, como o categute
(C) esterilização de baixo nível. simples.
(D) barreira técnica. (D) síntese, como lâminas de bisturi; e descarta as agulhas na
(E) desinfecção de nível intermediário. caixa de perfurocortante, após terem sido devidamente desco-
nectadas das seringas.
21. (PREFEITURA DE MACAPÁ- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- (E) diérese, como cânula de uso único; e descarta no saco de
FCC- 2018)Foi prescrito pelo médico uma solução glicosada a 10%. lixo branco luvas de látex utilizadas.
Na solução glicosada, disponível na instituição, a concentração é de
5%. Ao iniciar o cálculo para a transformação do soro, o técnico de 26. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
enfermagem deve saber que, em 500 mL de Soro Glicosado a 5%, o FCC-2018) Na desinfecção da superfície de uma mesa de aço inox,
total de glicose, em gramas, é de onde será colocado uma bandeja com um pacote de curativo esté-
(A) 5. ril, o técnico de enfermagem, de acordo com as recomendações da
(B) 2,5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode optar pela
(C) 50. utilização dos seguintes produtos:
(D) 25. (A) álcool a 70% aplicado sem fricção, por ser esporicida, desde
(E) 500 que aguardado o tempo de evaporação recomendado, porém
tem a desvantagem de ser inflamável.
22. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- (B) ácido peracético a 0,2% por não ser corrosivo para metais,
FCC-2018)Com relação à Sistematização da Assistência de Enferma- tendo como desvantagem não ser efetivo na presença de ma-
gem, considerando as atribuições de cada categoria profissional de téria orgânica.
enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar (C) hipoclorito de sódio a 1,0% por ser de amplo espectro, ter
(A) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro. baixo custo e ação lenta, apresentando a desvantagem de não
(B) o exame físico. ter efeito tuberculocida.
(C) a anotação de enfermagem. (D) álcool a 70% por ser, dentre outros, fungicida e tuberculo-
(D) a consulta de enfermagem. cida, porém apresenta a desvantagem de não ser esporicida,
(E) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com- além de ser poluente ambiental.
plexidade. (E) hipoclorito de sódio a 0,02% por não ser corrosivo para
metais nesta concentração, ser fungicida de primeira escolha,
23. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- tendo a desvantagem da instabilidade do produto na presença
FCC-2018) O profissional de enfermagem, para executar correta- de luz solar.
mente a técnica de administração de medicamento por via intra-
dérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a 27. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
ser injetado. O volume máximo indicado a ser introduzido por esta FCC-2018) No pós-operatório imediato de uma colaboradora que
via é, em mL, de foi submetida a uma intervenção de colecistectomia, e já se encon-
(A) 1,0. tra com respiração espontânea e sem sonda vesical, a assistência
(B) 5,0. prestada pelo técnico de enfermagem inclui verificar e comunicar
(C) 0,1. ao enfermeiro sinais e sintomas associados a seguinte alteração:
(D) 1,5. (A) complicações do sistema digestório: náuseas e vômitos de-
(E) 0,5. corrente da administração de antieméticos.
(B) hipertermia: coloração da pele, sudorese, elevação da tem-
24. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- peratura, bradipneia e bradicardia.
FCC-2018) Na pessoa idosa com depressão, um dos sintomas/sinais (C) retenção urinária: dificuldade do paciente para urinar,
indicativo do chamado suicídio passivo é abaulamento em região suprapúbica e diurese profusa.
(A) o distúrbio cognitivo intermitente. (D) complicações respiratórias: acúmulo de secreções, ocasio-
(B) a recusa alimentar. nado pela maior expansibilidade pulmonar devido à dor, exa-
(C) o aparecimento de discinesia tardia. cerbação da tosse e eliminação de secreções.
(D) a adesão a tratamentos alternativos. (E) hipotermia: confusão, apatia, coordenação prejudicada,
(E) a súbita hiperatividade. mudança na coloração da pele e tremores.

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
28. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMA- 31. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉC-
GEM- FCC-2018) Um adulto de porte médio apresenta uma para- NICO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018) No
da cardiorrespiratória (PCR) durante o período de trabalho em um Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) se destaca por ser
Tribunal, onde recebe o suporte básico de vida (SBV), conforme as um dos melhores programas de imunização do mundo, atuando na
recomendações da American Heart Association (AHA), 2015. Nessa prevenção e na erradicação de várias doenças. São doenças que po-
situação, ao proceder à ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ma- dem ser prevenidas através da vacinação, EXCETO:
nual, recomenda-se aplicar compressões torácicas até uma profun- (A) Hanseníase.
didade de (B) Rubéola.
(A) 4,5 cm, no máximo, sendo esse limite de profundidade da (C) Tuberculose.
compressão necessário, devido à recomendação de que se (D) Coqueluche.
deve comprimir com força para que a mesma seja eficaz.
(B) 5 cm, no mínimo, atentando para evitar apoiar-se sobre o
tórax da vítima entre as compressões, a fim de permitir o retor-
no total da parede do tórax a cada compressão. GABARITO
(C) 6,5 cm, no mínimo, a fim de estabelecer um fluxo sanguíneo
adequado, sem provocar aumento da pressão intratorácica. 1 CERTO
(D) 4 cm, no mínimo, objetivando que haja fluxo sanguíneo su-
ficiente para fornecer oxigênio para o coração e cérebro. 2 C
(E) 5 cm, ou menos, porque uma profundidade maior lesa a 3 CERTO
estrutura torácica e cardíaca.
4 D
29. (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- 5 ERRADO
RO-2018) Paciente chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) com his-
6 CERTO
tória de lesões na pele, com alteração da sensibilidade térmica e
dolorosa. É provável que esse paciente tenha qual doença? 7 D
(A) Síndrome de Mono like. 8 ERRADO
(B) Tuberculose.
(C) Hepatite A. 9 D
(D) Hanseníase. 10 E
(E) Varicela.
11 E
30. (PREF. PAULISTA/PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO 12 B
DE ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018)
13 B
O paciente cirúrgico recebe assistência de enfermagem nos pe-
ríodos pré, trans e pós-operatório. Sobre o período pré-operatório 14 D
e pós-operatório, analise as afirmativas abaixo: 15 C
I. O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instru-
mentos de observação e avaliação das necessidades individuais, 16 B
objetiva identificar alterações físicas e emocionais do paciente, pois 17 C
estas podem interferir nas condições para o ato cirúrgico, compro-
metendo o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua sus- 18 D
pensão. 19 E
II. São fatores físicos que podem diminuir o risco operatório 20 E
tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hiperten-
são arterial. 21 D
III. No pós-operatório, os objetivos do atendimento ao paciente 22 E
são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos procedi-
mentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, náuseas, vômitos, 23 E
retenção urinária, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio. 24 B
IV. No pós-operatório, aos pacientes submetidos à anestesia
25 A
geral recomenda-se o decúbito ventral horizontal sem travesseiro,
com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito. 26 D
27 E
Estão CORRETAS
(A) I e II, apenas. 28 B
(B) I e III, apenas 29 C
(C) II e III, apenas
(D) I, II, III e IV. 30 B
(E) I e IV, apenas 31 A

216
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual: emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual; emprego de tempos e modos verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Domínio da estrutura morfossintática do período: emprego das classes de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração; relações de subordinação entre orações e entre termos da ora-
ção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
6. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
9. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
10. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto: significação das palavras; substituição de palavras ou de trechos de texto; reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto; reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . 25
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE


GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
ou que faça com que você realize inferências. damos a este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretação de Texto
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
Percebeu a diferença? a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
Tipos de Linguagem de um texto.
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
facilite a interpretação de textos. prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
pode ser escrita ou oral. uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica
e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, polêmicos;
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e
verbal com a não-verbal. mutável).

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
tópicos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
são uma distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além As informações que se relacionam com o tema chamamos de
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se capaz de identificar o tema do texto!
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações,
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
apresentadas na prova. cundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com TEXTOS VARIADOS
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
nunca extrapole a visão dele. Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, novo sentido, gerando um efeito de humor.
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo Exemplo:
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia verbal NERO EM QUE SE INSCREVE
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
intenção são diferentes. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia de situação Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Busca de sentidos
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
morte. os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.
Ironia dramática (ou satírica) Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
textos literários quando a personagem tem a consciência de que citadas ou apresentando novos conceitos.
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a Importância da interpretação
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Humor pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- específicos, aprimora a escrita.
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
rer algo fora do esperado numa situação. ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
acessadas como forma de gerar o riso. presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Opinião


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
curto.
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
anteriores:
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
como horas ou mesmo minutos. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
imagens. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a mos expressando nosso julgamento.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
vencer o leitor a concordar com ele. analisamos um texto dissertativo.

Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um Exemplo:


entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas com o sofrimento da filha.
de destaque sobre algum assunto de interesse.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
e o do leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ríodo, e o tópico que o antecede. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- Gíria
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
sem coerência. a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
mais direto.
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
de pequenos grupos ou cair em desuso.
NÍVEIS DE LINGUAGEM
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
“mina”, “tipo assim”.
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Linguagem vulgar
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
e caem em desuso.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
comportamentos, nas leis jurídicas. nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. deios.
Exemplo: Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- administração política (tese), porque a força governamental certa-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
perior para formação de oficiais. traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-

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LÍNGUA PORTUGUESA
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Novela
Crônica
Características principais: Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado. Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
reais/4835684 textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
GÊNEROS TEXTUAIS dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes provérbios, charges, dentre outros.
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- Tipos de Intertextualidade
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (pa-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- rodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (seme-
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela lhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
textuais que neles predominam. • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
significa a “repetição de uma sentença”.
Descritivo Diário • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Relatos (viagens, históricos, etc.) ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Biografia e autobiografia alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Notícia mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Currículo e “graphé” (escrita).
Lista de compras • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Cardápio textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Anúncios de classificados entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Injuntivo Receita culinária Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Bula de remédio lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Manual de instruções “citação” (citare) significa convocar.
Regulamento • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Textos prescritivos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Expositivo Seminários • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Palestras o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Conferências
Entrevistas ARGUMENTAÇÃO
Trabalhos acadêmicos O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
Enciclopédia ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
Verbetes de dicionários de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,

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LÍNGUA PORTUGUESA
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento.
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira.
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende Exemplo:
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
mento de premissas e conclusões. cimento. Nunca o inverso.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: Alex José Periscinoto.
A é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a C.
Então: C é igual a A. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
que C é igual a A. um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
Outro exemplo: acreditar que é verdade.
Todo ruminante é um mamífero.
A vaca é um ruminante. Argumento de Quantidade
Logo, a vaca é um mamífero. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
também será verdadeira. desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, largo uso do argumento de quantidade.
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- Argumento do Consenso
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-

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LÍNGUA PORTUGUESA
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que por bem determinar o internamento do governador pelo período
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
carentes de qualquer base científica. tal por três dias.

Argumento de Existência Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão texto tem sempre uma orientação argumentativa.
do que dois voando”. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela outras, etc. Veja:
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vios, etc., ganhava credibilidade. vam abraços afetuosos.”

Argumento quase lógico O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do injustiça, corrupção).
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
indevidas. o argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
Argumento do Atributo texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi- atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
que é mais grosseiro, etc. uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- outros à sua dependência política e econômica”.
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida- ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
de. dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da o assunto, etc).
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
dizer dá confiabilidade ao que se diz. afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- dades não se prometem, manifestam-se na ação.
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo da verdade:
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - evidência;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - divisão ou análise;
comportamento. - ordem ou dedução;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - enumeração.
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica e até o choro. mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma caracteriza a universalidade.
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- o efeito. Exemplo:
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Fulano é homem (premissa menor = particular)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Logo, Fulano é mortal (conclusão)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
ver as seguintes habilidades: te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o ferro (particular)
mente contrária; O calor dilata o bronze (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o cobre (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- O ferro, o bronze, o cobre são metais
ria contra a argumentação proposta; Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
ta. Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques- deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé- argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do sofisma no seguinte diálogo:
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões - Lógico, concordo.
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Claro que não!
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos de sofismas: A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Dedução partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Todo professor tem um diploma (geral, universal) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Fulano tem um diploma (particular) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Indução classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
cular) empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
– conclusão falsa) integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. sabiá, torradeira.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
dos nos sentimentos não ditados pela razão. Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa.
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
(Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - a diferença específica.
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
lha dos elementos que farão parte do texto. ma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. Elemento especie diferença
a ser definido específica

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LÍNGUA PORTUGUESA
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
dida;d forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as que, melhor que, pior que.
diferenças). Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
vra e seus significados.
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
mentação coerente e adequada. caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, caso, incluem-se
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a mortal, aspira à imortalidade);
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos dos e axiomas);
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro- desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe- parece absurdo).
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. cretos, estatísticos ou documentais.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
virtude de, em vista de, por motivo de. evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade

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LÍNGUA PORTUGUESA
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
gumentação: desenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; sado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- quências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento
é que gera o controle demográfico”.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para ORTOGRAFIA OFICIAL
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- troduzidas as letras k, w e y.
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
elaboração de um Plano de Redação. PQRSTUVWXYZ
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
tecnológica gui, que, qui.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- Regras de acentuação
ta, justificar, criando um argumento básico; – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação sílaba)
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
(rever tipos de argumentação); Como era Como fica
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- alcatéia alcateia
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse- apóia apoia
quência);
apóio apoio
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
argumento básico;
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
mento básico;
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou Como era Como fica
menos a seguinte: baiúca baiuca
Introdução bocaiúva bocaiuva
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia; Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Desenvolvimento
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
vimento tecnológico; e ôo(s).
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;

13
LÍNGUA PORTUGUESA

Como era Como fica DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTU-


abençôo abençoo AL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE
crêem creem OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Atenção: Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a com-
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural preensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coeren-
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). te, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma. Coerência
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
Uso de hífen Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
Regra básica: mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
mem. outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
Outros casos estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
1. Prefixo terminado em vogal: der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, elementos formativos de um texto.
semicírculo. A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
mo, antissocial, ultrassom. elementos textuais.
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
das. de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
2. Prefixo terminado em consoante: tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- imediato a coerência de um discurso.
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- A coerência:
persônico. - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
tual;
Observações: - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra o aspecto global do texto;
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala- Coesão
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
rar, cooperação, cooptar, coocupante. fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- tem-se a coesão lexical.
mirante. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
pontapé, paraquedas, paraquedista. nentes do texto.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso A coesão:
vamos passar para mais um ponto importante. - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PE- uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
RÍODO: EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
CLASSES DE PALAVRAS forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
Substantivo a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- macho/palmeira fêmea.
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
Classificação dos substantivos testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ o/a estudante, o/a colega.
sua estrutura. macaco/João/sabão • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/ – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ diminutivo.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
a primeira. /formiga – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro Adjetivo
radicais da língua. É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
designa determinado ser /Brasil composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad-
espécie. São sempre iniciados Liberdade jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal
por letra maiúscula. vespertino).
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Flexão do Adjetivos
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
• Gênero:
uma mesma espécie.
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente no: homem feliz, mulher feliz.
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
própria. Esses seres podem /lobisomem para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
reais ou imaginários.
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ • Número:
nomeiam ações, estados, bondade/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
qualidades e sentimentos que confiança/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
não tem existência própria, ou lembrança/ res, japonês/ japoneses.
seja, só existem em função de amor/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
um ser. alegria branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ • Grau:


referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) rioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
no singular e constituem um rioso (do) que o seu.
substantivo comum. – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS quanto o seu.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
mo.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- moso.
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
uniformes mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
nos famoso de todos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas

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LÍNGUA PORTUGUESA
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição.  Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas • Conjunções Coordenativas
recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por: Tipos Conjunções Coordenativas
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros)
+  verbo principal da ação conjugado no particípio  + preposição Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
por/pelo/de + agente da passiva. contudo, entretanto, mas, não obstante, no
A casa foi aspirada pelos rapazes Adversativas
entanto, porém, todavia...

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva prono- já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…,
Alternativas
minal (devido ao uso do pronome se) é formada por: quer…
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plu- assim, então, logo, pois (depois do verbo), por
ral) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente. Conclusivas
conseguinte, por isso, portanto...
Aluga-se apartamento.
pois (antes do verbo), porquanto, porque,
Explicativas
que...
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro ad-
vérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns- • Conjunções Subordinativas
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, ama- Tipos Conjunções Subordinativas
nhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-
-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez Embora, conquanto, ainda que, mes-
Concessivas
em quando, em nenhum momento, etc. mo que, posto que, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, Se, caso, quando, conquanto que,
perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em Condicionais
salvo se, sem que, etc.
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapi- Conforme, como (no sentido de con-
Conformativas
damente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às forme), segundo, consoante, etc.
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc. Para que, a fim de que, porque (no
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, Finais
sentido de que), que, etc.
efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
À medida que, ao passo que, à
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo al- Proporcionais
proporção que, etc.
gum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, as- Quando, antes que, depois que, até
Temporais
saz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, que, logo que, etc.
de todo, etc. Que, do que (usado depois de mais,
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, por- Comparativas
menos, maior, menor, melhor, etc.
ventura, etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de
Consecutivas
Preposição modo que, De maneira que, etc.
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo com- Integrantes Que, se.
plete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:
Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções,
apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.

• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas


é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten-
der o estudo da Sintaxe.

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma
oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que li-
gam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é
determinante e o outro é determinado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO; RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO EN-
TRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 
Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas


Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela  ora  quer comer hambúrguer,  ora  quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante,  portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do jantar.
Exercem a função de sujeito
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a refeição
Exercem a função de predicativo no lugar.
Orações Subordinadas Substantivas
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se aborrecesse
Exercem a função de aposto com ela.
Objetivas Direta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de quinta,
Explicam um termo dito anteriormente. terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Causais Estou vestida assim porque vou sair.
Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de condição reunião.
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais tarde.
Assumem a função de advérbio de
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de tempo suas casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organi-
zar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da
sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais
gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ...
]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo
[ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências.
Estaremos presentes na festa.

Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Você vai à festa?

Ponto de exclamação ( ! )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclamativa.
Ex: Que bela festa!

Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve
espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
Dois-pontos ( : ) Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. re por alguns motivos:
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. verbo e o adjunto.

Ponto e vírgula ( ; ) Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem


Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, é necessária:
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- Ontem, Maria foi à padaria.
ração (frequente em leis), etc. Maria, ontem, foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- À padaria, Maria foi ontem.
bém uma linda decoração e bebidas caras.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Travessão ( — ) sário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- ção.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- serem observadas na redação oficial.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa aposto.
um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico Aquele aluno era esforçado, esforçado.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- efeito, digo.
rem uma nova inserção. O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- ou seja, de fácil compreensão.
vernador)
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-
tos).
Aspas ( “ ” )
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula-
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
• Separa orações coordenadas assindéticas.
apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
da, para marcar o discurso direto e a citação breve. ideias na cabeça...
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
• Isola o nome do lugar nas datas.
Vírgula Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
vírgula: conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- mações comprovam, etc.
mos” o momento certo de fazer uso dela. Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em nizar o problema.
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal, A vírgula realmente tem uma quantidade maior de regras, mas
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! nada impossível de saber, não é?!?! Bom, já vimos muita coisa até
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex- aqui e não vamos parar agora.
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Maria foi à padaria ontem. Concordância Nominal
Sujeito Verbo Objeto Adjunto Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
referem.

22
LÍNGUA PORTUGUESA
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto- Regência de algumas palavras
sa.
Casos Especiais de Concordância Nominal
Esta palavra combina com Esta preposição
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Acessível a
alerta. Apto a, para
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Atencioso com, para com
ção de palavras compostas: Coerente com
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
Conforme a, com
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Dúvida acerca de, de, em, sobre
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Empenho de, em, por
Fácil a, de, para,
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
Junto a, de
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
do advérbios: Pendente de
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Preferível a
Usou meia dúzia de ovos.
Próximo a, de
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Respeito a, com, de, para com, por
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Situado a, em, entre
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Ajudar (a fazer algo) a
substantivo estiver determinado por artigo:
Aludir (referir-se) a
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Aspirar (desejar, pretender) a
Concordância Verbal Assistir (dar assistência) Não usa preposição
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Deparar (encontrar) com
mes. Implicar (consequência) Não usa preposição

Concordância ideológica ou silepse Lembrar Não usa preposição


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Pagar (pagar a alguém) a
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Precisar (necessitar) de
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Proceder (realizar) a
Blumenau estava repleta de turistas. Responder a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- Visar ( ter como objetivo a
texto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
sos. QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a


REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
demonstrativo.
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
• Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- • Devemos usar crase:
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- – Antes palavras femininas:
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- Iremos à festa amanhã
mento é estabelecida por uma preposição. Mediante à situação.
• Regência Verbal O Governo visa à resolução do problema.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas
Isto pertence a todos. locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Mas... há crase, sim! Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
– Expressões fixas Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de jam reduzidas: Percebia que o observavam.
crase: Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- tudo dá.
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à tentos são para nos prejudicarem.
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
didas, à medida que, à proporção que. Ênclise
• NUNCA devemos usar crase: Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
pé. indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
plural) usado em sentido generalizador: posição em: Saí, deixando-a aflita.
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
mem. Apressei-me a convidá-los.

– Antes de artigo indefinido “uma” Mesóclise


Iremos a uma reunião muito importante no domingo. Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.

– Antes de pronomes É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no


Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa. futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela. Far-me-ias um favor?
A quem vocês se reportaram no Plenário?
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
– Antes de verbos no infinitivo Eu lhe direi toda a verdade.
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar. Tu me farias um favor?

Colocação do pronome átono nas locuções verbais


Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da Exemplos:
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Devo-lhe dizer a verdade.
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Devo dizer-lhe a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
após o verbo – ênclise. Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- do auxiliar ou depois do principal.
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Exemplos:
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Não lhe devo dizer a verdade.
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Não devo dizer-lhe a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- o pronome átono ficará depois do auxiliar.
dique a eufonia da frase. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.

Próclise Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do


Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- do infinitivo.
cientemente. Exemplos:
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Hei de dizer-lhe a verdade.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Tenho de dizer-lhe a verdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Observação Expressões que demandam atenção
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
Devo-lhe dizer tudo. – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
Estava-lhe dizendo tudo. aceito
Havia-lhe dito tudo. – acendido, aceso (formas similares) – idem
– à custa de – e não às custas de
– à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
forme
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEX- – a meu ver – e não ao meu ver
TO. REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES – a ponto de – e não ao ponto de
E DE PERÍODOS DO TEXTO. REESCRITA DE TEXTOS DE – a posteriori, a priori – não tem valor temporal
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE – em termos de – modismo; evitar
– enquanto que – o que é redundância
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos – implicar em – a regência é direta (sem em)
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – ir de encontro a – chocar-se com
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – ir ao encontro de – concordar com
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, parado; quando não se pode, junto
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – todo mundo – todos
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – todo o mundo – o mundo inteiro
Quando reescrevemos,  refazemos  nosso texto, é um proces- – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor for substantivo
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- – esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer (tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa Expressões não recomendadas
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento – a partir de (a não ser com valor temporal).
do processo de escrever do aluno. Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...

Operações linguísticas de reescrita: – através de (para exprimir “meio” ou instrumento).


A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope- Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons- gundo...
trução do texto escrito.
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele- – devido a.
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam- Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
várias frases. – dito.
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi- Opção: citado, mencionado.
do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases. – enquanto.
- Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter- Opção: ao passo que.
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados. – inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo- Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
dificar sua ordem no processo de encadeamento.
– no sentido de, com vistas a.
Graus de Formalismo Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo- – pois (no início da oração).
quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso – principalmente.
de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.
entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
cífico de algum campo científico, por exemplo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
EXERCÍCIOS campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é organização em delinqüência.
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
se fundamenta em intertextualidade é: 6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
há muito tempo.” (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se extraordinária de imitar vários estilos musicais.
mete onde não é chamada.” (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente mentos pessoais por meio de sua música.
mesmo!” (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, composições do músico na cultura ocidental.
tudo bem.” (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compositor
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” termina em uma cena de reconciliação entre os personagens.
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alterna- deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
tiva em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”. 7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa-
(C) “sérios”, “potência”, “após”. drão na seguinte sentença:
(D) “Goiás”, “já”, “vários”. (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(E) “solidária”, “área”, “após”. (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse
objetivo é a seguinte: 8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(A) pôr. DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(B) ilhéu. pontuação em:
(C) sábio. (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(D) também.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
(E) lâmpada.
teiramente pela porta?
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras:
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra-
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
-vermelho.
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
fra-assinado. penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
trarregra. 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- mente correta a pontuação do seguinte período:
-mencionado. (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- sem importância, ditam o rumo de toda a história.
pregadas e grafadas. (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
qualquer excesso e violência. importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
isso, num modo de intervenção específico. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
ta que ambos possam suscitar. importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
corpo dos supliciados. nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
sem importância, ditam o rumo de toda a história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – 16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor-
mesmo processo de formação é: reta.
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(C) deslealdade, colunista, incrível; (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
(D) anoitecer, festeiro, infeliz; 35% deles fosse despejado em aterros.
(E) reeducação, dignidade, enriquecer. (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – de lixo.
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação 17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
palavra primitiva foi formada respectivamente é: de concordância no texto abaixo.
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté- O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
tica (en + trist + ecer); um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
(en + triste + cer); ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin- flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
tética (en + trist + ecer); receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi- Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
xal (des + entristecer); ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti- salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
ca (des + entristecer). Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
formada por derivação: plural em “deflacionados”.
(A) parassintética; (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
(B) prefixal; em “Elevaram-se”.
(C) sufixal; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(D) imprópria; regras de concordância com “economia”.
(E) regressiva. (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
singular em “fez aumentar”.
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: com “relevantes”.
(A) pronome;
(B) adjetivo; 18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(C) advérbio; – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
(D) substantivo; te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(E) preposição. (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação (C) Pretendo viajar a Paraíba.
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (D) Ele gosta de bife à cavalo.
(A) Pronome demonstrativo.
(B) Pronome relativo. 19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
(C) Pronome possessivo. “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
(D) Pronome pessoal. que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
(E) Pronome indefinido. a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na marcada com o acento, EXCETO em:
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba- (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli- (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
nhados classificam-se, respectivamente, em eleitorado pelo resultado final.
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. vel.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. tema.

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LÍNGUA PORTUGUESA
20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração (B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um plicativa;
(a): (C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver-
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças bial concessiva;
americanas, entre na fila.” (D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e sindética adversativa;
subordinadas. (E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
(B) Período, composto por três orações. cessiva.
(C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) Período, pois é composto por frases e orações. 26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe-
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor- história.”, a oração sublinhada é classificada como:
miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda (A) coordenada assindética;
oração. (B) subordinada substantiva completiva nominal;
(A) Oração coordenada assindética aditiva. (C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(B) Oração coordenada sindética aditiva. (D) subordinada substantiva apositiva.
(C) Oração coordenada sindética adversativa.
(D) Oração coordenada sindética explicativa. Leia o texto abaixo para responder a questão.
(E) Oração coordenada sindética alternativa. A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
orações. ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
sativa. Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva. peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi- pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
tiva. anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
tiva. que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
bial consecutiva. coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana- se tornou uma bomba relógio na região.”
lise sintaticamente a oração em destaque: Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
sados” (Machado de Assis). do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
(B) oração subordinada adverbial causal. insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
(D) oração coordenada sindética conclusiva. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
(E) oração coordenada sindética explicativa. senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
(A) subordinada substantiva predicativa; QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
(B) subordinada adjetiva restritiva;
(C) subordinada substantiva subjetiva; 27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
(D) subordinada substantiva objetiva direta; I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
(E) subordinada adjetiva explicativa. fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No gênero textual editorial.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: que se trata de uma reportagem.
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
mas nunca à custa de nossos filhos...” se trata de um editorial.
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin-
dética adversativa;

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LÍNGUA PORTUGUESA
Analise as assertivas e responda: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
(A) Somente a I é correta. Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(B) Somente a II é incorreta. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(C) Somente a III é correta e acima…
(D) A III e IV são corretas. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
ainda suja o Brasil”: ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
no desenvolvimento do assunto. c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
blemas no uso de conjunções e preposições. que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
de palavras e da ordem sintática. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
temática e bom uso dos recursos coesivos. bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
Analise as assertivas e responda: perguntou-lhe:
(A) Somente a I é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(B) Somente a II é incorreta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(C) Somente a III é correta. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
(D) Somente a IV é correta. a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
Leia o texto abaixo para responder as questões. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
UM APÓLOGO — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
Machado de Assis. que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: fico.
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Deixe-me, senhora. muita linha ordinária!
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me 29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
der na cabeça. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos elementos dos textos:
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su- (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- e mando...” (L.14-15)
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
isto uma cor poética. E dizia a agulha: abaixo e acima.” (L.25-26)

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(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que novas fontes de petróleo.
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi- (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
(A) dimensão e pejoratividade; da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
(B) afetividade e intensidade; menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
(C) afetividade e dimensão; (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
(D) intensidade e dimensão; com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
(E) pejoratividade e afetividade. da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co- que o do Brasil.
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi- 35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa o seguinte par de palavras:
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) (A) estrondo – ruído;
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. (B) pescador – trabalhador;
Agulha não tem cabeça.” (L.06) (C) pista – aeroporto;
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um (D) piloto – comissário;
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) (E) aeronave – jatinho.
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
nária!” (L.43) 36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
(L.25) questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo tem como antônimo:
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente (A) fortuna;
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- (B) opulência;
sente no texto: (C) riqueza;
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação (D) escassez;
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (E) abundância.
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; 37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA –
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, 2019)
cada sujeito possui atribuições próprias. Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti-
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do nado ao presidente do Congresso Nacional é
sujeito. (A) Senhor Presidente.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, (B) Excelentíssimo Senhor Presidente.
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. (C) Presidente.
(D) Excelentíssimo Presidente.
33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- (E) Excelentíssimo Senhor.
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase 38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR
acima, na ordem dada, as expressões: ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
(A) a que – de que; Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi-
(B) de que – com que; cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm
(C) a cujas – de cujos; várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
(D) à que – em que; que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que
(E) em que – aos quais. se quer dizer.
(A) Dois-pontos.
34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) (B) Ponto-e-vírgula.
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. (C) Ponto-de-interrogação.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de (D) Ponto-de-exclamação.
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
maior taxa registrada na última década.

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LÍNGUA PORTUGUESA
39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS- A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
AOCP – 2018)  (A) 1 – 2 – 3.
Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder (B) 2 – 1 – 3.
Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda- (C) 3 – 1 – 2.
ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, (D) 3 – 2 – 1.
os itens a seguir.
A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos
são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con- GABARITO
teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa.
Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis-
tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto 1 E
é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto 2 A
dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros 3 A
Poderes da União.
( ) CERTO 4 D
( ) ERRADO 5 B
6 C
40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )
Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Con- 7 B
forme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor em 8 E
2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras gra-
fadas conforme o Acordo. 9 A
I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca- 10 A
pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di- 11 A
retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente. 12 D
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
13 A
tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação, 14 E
pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria- 15 B
-Geral.
V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró- 16 E
-ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria- 17 A
-Executiva, tenente-coronel.
18 A
Assinale a alternativa CORRETA: 19 D
(A) As afirmações I, II, III e V estão corretas. 20 B
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas. 21 C
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas. 22 C
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas.
23 E
41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) 24 A
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua.
25 D
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
mentem esses usos. 26 B
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: 27 C
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. 28 D
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª 29 E
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime.
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- 30 D
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes 31 D
de desferir os golpes.
32 D
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso 33 A
da vírgula em cada frase. 34 D
( ) Para destacar deslocamento de termos.
( ) Para separar adjuntos adverbiais. 35 E
( ) Para indicar um aposto. 36 D
37 B
38 B

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39 A ANOTAÇÕES
40 E
41 C ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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