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Economia Internacional

Material Teórico
A Teoria das Vantagens Absolutas e a
Teoria das Vantagens Comparativas

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Bruno Leonardo Silva Tardelli

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

• A Teoria das Vantagens Absolutas;


• A Teoria das Vantagens Comparativas;
• Análise dos Preços Relativos na Teoria das Vantagens Comparativas;
• Intervalo de Preços Relativos de Troca;
• Considerações Adicionais Sobre a Teoria das Vantagens Comparativas.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Inserir os aspectos-chave que cercam a teoria das vantagens abso-
lutas, de Adam Smith, e a teoria das vantagens comparativas, de
David Ricardo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

A Teoria das Vantagens Absolutas


A teoria das vantagens absolutas constitui-se na forma de Smith para tentar
explicar a razão pela qual cada país deveria se especializar na produção dos bens
nos quais possuíssem vantagens em relação a outro(s).

A eficiência técnica está relacionada ao tempo de trabalho para a produção de


determinado bem. Dada que a concepção de valor em Smith reside no tempo de
trabalho para a produção de determinado bem, quanto menor o tempo médio de
trabalho, menor o valor de cada bem. Cada país poderia expandir seus mercados
e poupar tempo de trabalho para se dedicar na produção dos bens nos quais fosse
mais eficiente; em conjunto, a produção especializada seria capaz de possibilitar a
produção de mais bens no total com a mesma limitação de insumos, o que poderia
resultar em melhoria de vida das sociedades sintetizada pela ampliação do consumo.

Um empresário poderia fechar contratos em um dia inteiro de trabalho de modo a ser mais
Explor

vantajoso para ele contratar empregados para assessorá-lo, ao invés de dividir a rotina
diária entre todas as atividades necessárias para o funcionamento da empresa. De modo
análogo, as pessoas responsáveis por assessorar o empresário poderiam preferir dedicar-se
integralmente a esta tarefa e contratar alguém para limpar suas residências, ao invés de,
após um dia inteiro de trabalho, realizar todas as atividades domésticas e poder perder o
“pique” na assessoria.

Considerando I como o coeficiente técnico na produção – tempo médio de produção


(em horas) – de determinado bem por um país (ou região), observe o quadro 1.

Quadro 1 – Coeficientes técnicos de produção nos países W e B com relação aos bens M e Xvv
Bem
País M X
W I mw = 2 I xw =1

B I mb =1 I xb = 3
Fonte: Elaboração própria

O quadro 1 apresenta duas regiões, W e B, que correspondem, respectivamente,


ao resto do mundo e ao Brasil, além de dois bens, M e X.
w
Os índices junto à letra I indicam a região e o bem analisado. Por exemplo, Im
indica o número de horas necessárias para produzir o bem M na região W.

Pela teoria das vantagens absolutas, em uma situação como a colocada no


quadro 1, o resultado seria:
• O país B possui vantagem absoluta na produção de M, pois com relação a
este bem:
Imb = 1 > Imw = 2

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• O país W possui vantagem absoluta na produção de X, pois com relação a
este bem:

I xw = 1 < I xb = 3

Assim, como cada país possui vantagem absoluta na produção de bens distintos,
haveria tendência à especialização e troca (comércio) entre as regiões. O país B
seria exportador do bem M e importador do bem X e o país W, por sua vez, seria
exportador do bem X e importador do bem M.

O Avanço de Ricardo
A questão da ausência de comércio internacional, visto pela perspectiva da teoria
das vantagens absolutas, surge caso ambos os países possuam vantagens absolutas
no mesmo tipo de bem. Observe o quadro 2 para podermos ilustrar esta situação.

Quadro 2 – Coeficientes técnicos de produção modificados nos países W e B com relação aos bens M e X
Bem
País M X
W I =4
w
m I =2
w
x

B I mb = 5 I xb = 5
Fonte: elaboração própria

De acordo com a teoria das vantagens absolutas, caso os coeficientes técnicos


nos países W e B para os bens M e X fossem os apresentados no quadro 2, o
resultado seria:
• O país W possui vantagem absoluta na produção de M, pois com relação a
este bem:

Imw = 4 < Imb = 5

• O país W possui vantagem absoluta na produção de X, pois com relação a


este bem:

I xw = 2 < I xb = 5

Assim, como o país W possui vantagem absoluta na produção de ambos os


bens, não haveria tendência à especialização e troca (comércio) entre as regiões,
pois não seria de interesse do país W, por exemplo, comprar o mesmo bem de
outro país a um preço relativo mais elevado.

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UNIDADE A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

Na avaliação desta teoria, um país com uso intensivo de tecnologia em diversas


áreas – como a Inglaterra no início da primeira Revolução Industrial – por ter
maior eficiência técnica, estaria limitada na expansão do comércio internacional.
Neste sentido, David Ricardo pondera a situação a partir da extensão da teoria das
vantagens absolutas de Smith. Ricardo defende que o livre comércio internacional
poderia não estar restrito neste caso. A defesa de Ricardo vem a partir da teoria das
vantagens comparativas, a qual resolve a limitação da teoria smithana.

A Teoria das Vantagens Comparativas


A teoria das vantagens comparativas é considerada um avanço em relação
à teoria das vantagens absolutas. De forma simples, a teoria das vantagens
comparativas prega que mesmo que determinado país possua vantagem absoluta
na produção em bens distintos, este deveria se especializar no(s) bem(ns) em que é
comparativamente melhor em relação a outros.

Para exemplificar esta ideia, vamos partir das informações contidas no quadro
2. Pela teoria das vantagens absolutas, o resultado é que não haveria tendência à
especialização e troca entre os países, dado que um deles é mais eficiente tecnicamente
que o outro, tanto na produção de M como na produção de X, entretanto a análise
é alterada do ponto de vista da teoria das vantagens comparativas.

Para compreender a teoria das vantagens comparativas, vamos separar os


produtos e analisar a relação entre os países em cada um destes bens (Quadro 3).

Quadro 3 – Coeficientes técnicos relativos dos bens M e X

I mw 4 I mw
b
= → b = 0 , 80 → I mw = 0,80 I mb
Im 5 Im
Bem M
I mb 5 I mb
w
= → w = 1, 25 → I mb = 1,25I mw
Im 4 Im

I xw 2 I xw
b
= → b = 0 , 40 → I xw = 0,40 I xb
Ix 5 Ix
Bem X
I xb 5 I xb
w
= → w = 2, 50 → I xb = 2,50 I xw
Ix 2 Ix
Fonte: elaboração própria

Observe que na parte superior do quadro 3 a análise repousa-se somente sobre o


bem M. O primeiro passo é criar a relação dos coeficientes técnicos entre os países
W e B, a partir do bem M, de duas formas (uma invertida em relação à outra):

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Imw 4 Imb 5
= = 0, 80 e = = 1, 25
Imb 5 Imw 4

A seguir, deve-se criar a mesma relação entre as regiões, mas para o bem X,
como na parte inferior do quadro 3.

I xw 2 I xb 5
= = 0, 40 e = = 2, 50
I xb 5 I xw 2

Posteriormente, multiplique cruzado os termos dos denominadores para criar os


resultados em cores vermelho e azul do quadro 3.

Observe que a equação Imw = 0, 80Imb indica que o país W gasta 0,80 (ou 80%)
do tempo que B para produzir M. Ou seja, W gasta 20% a menos de tempo para
produzir o bem M. Dito de outra forma, a equação Imb = 1, 25 Imw revela que país B
gasta 25% a mais que W para produzir o bem M.

Ambas as análises, levam a mesma conclusão: W é mais eficiente tecnicamente


que B na produção de M.

Analogamente, pode-se realizar a análise sobre o bem X. Observando o quadro


3, o coeficiente I xw aponta que o tempo necessário à produção de X no país W
representa 40% em relação ao país B, ou seja, W gasta 60% menos tempo para
produzir X.

I xw = 0, 40I xb

b w
Com outras palavras, a equação I x = 2, 50I x indica que o país B gasta 150% a
mais de tempo que o país W para a produção do bem W. A conclusão é que W é
mais eficiente tecnicamente que B na produção de X.

As análises do quadro 3 indicam que o país W é mais eficiente que B, tanto na


produção de X como de M, entretanto a disparidade é maior em relação ao bem X
do que ao bem M. Assim, W possuiria vantagem comparativa na produção de X e
o país B, na produção de M.

Para produzir M, o país B precisa de 25% a mais de tempo que o país W, entretanto quando
Explor

observado o bem X, o país B necessita de 150% mais tempo que W.


Da mesma forma, mas observando o ponto de vista do país W, este gasta 20% a menos de
tempo que B na produção de M e 60% de tempo a menos do que B na produção de X.
Assim, de acordo com a teoria de Ricardo, o país W possui vantagem comparativa na
produção de X e o país B possui vantagem comparativa na produção de M.

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UNIDADE A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

Em termos formais, como:


I xw Imw
<
I xb Imb

Ou seja, 0,40 é menor que 0,80, W possuiria vantagem comparativa na


produção de X – dada que a vantagem na produção de X é relativamente maior
para este país.

Por outro lado, como:


Imb I xb
<
Imw I xw

Ou seja, 1,25 é menor que 2,50, B possuiria vantagem comparativa na produção de


M – dada que a desvantagem na produção de M é relativamente menor para este país.

Análise dos Preços Relativos na


Teoria das Vantagens Comparativas
O coeficiente técnico de produção simboliza o tempo de trabalho que em média
é dedicado à produção de determinado bem. A partir deste coeficiente podemos
realizar uma associação entre os bens de determinado país, a qual é capaz de
comparar os valores relativos entre estes.

Deve-se lembrar de que, em essência, Ricardo defende a tese do tempo de trabalho


como balizador do valor dos bens. Assim, ao comparar o tempo relativo entre os
bens em determinado país ou região, pode-se entender o valor de um em termos do
outro. Podemos assim, obter o preço pago por um bem em termos do outro como
sendo definido pelo tempo relativo de trabalho. O quadro 4 expõe essa comparação.

Quadro 4 – Preços relativos dos bens M e X em cada país

Pmw 4 Pmw
= → = 2 → Pmw = 2Pxw
Pxw 2 Pxw
País W
Pxw 2 Pxw
w
= → w = 0 , 50 → Pxw = 0,50 Pmw
Pm 4 Pm

Pmb 5 Pmb
b
= → b = 1 → Pmb = Pxb
Px 5 Px
País B
Pxb 5 Pxb
b
= → b = 1 → Pxb = Pmb
Pm 5 Pm
Fonte: elaboração própria

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Pelas informações do quadro 4, no país W o preço do produto W ( Pmw ) é igual
a duas vezes o preço do produto X ( Pxw ). Assim, para se comprar uma unidade do
bem W é preciso entregar duas unidades de X, conforme a equação:
Pmw = 2Pxw

De forma equivalente, no país W, para poder se obter uma unidade de X, deve-se


“dar em troca” 0,5 unidade de M, pois o valor de uma unidade de X é equivalente
à metade do bem M, conforme a equação:

Pxw = 0,50Pmw

Importante! Importante!

Atente-se para o fato de que as duas equações anteriores são equivalentes, pois:
Pmw = 2Pxw

Pmw w
= Px
2

0 , 5Pmw = Pxw

Pxw = 0 , 50 Pmw

A análise de preços relativos no país B é feita de forma similar. A relação entre


os preços no país B resultou em “um para um”. Para se obter uma unidade de M,
deve-se pagar com uma unidade de X.

Pmb = Pxb

Da mesma forma, para se obter uma unidade de X, deve-se trocar por uma
unidade de M.

Pxb = Pmb

Intervalo de Preços Relativos de Troca


Agora que sabemos relacionar os preços relativos internos, ou seja, em cada
um dos países isoladamente, vamos interagir os dois países para verificar o que um
país pagaria pelo produto do outro. Para isto, observe a linha de preços relativos
a seguir.

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UNIDADE A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

Figura 1 – Preço relativo de M

1x 2x

Chegamos anteriormente à conclusão de que no país W seria pago até duas


unidades de X para cada M ( Pmw = 2Pxw ). Por outro lado, no país B o valor pago
por cada unidade de M seria de uma unidade de X. Vê-se assim, que o país W teria
de pagar relativamente mais caro pelo bem M. Uma ideia que o país W poderia ter
é a de importar cada unidade do bem M por um valor inferior a duas unidades de
X. No país B, o valor mínimo aceito seria de uma unidade de M para cada unidade
de X (Pmb = Pxb ), pois, afinal, este é o preço relativo neste país e não faria sentido
“fazer mais barato”. Assim, a troca de cada unidade de M seria estabelecida entre
uma unidade de X (ou seja, 1X) e duas unidades de X (ou seja, 2X).

Importante! Importante!

Observe que o fato do bem M ser relativamente mais barato no país B está absolutamente
de acordo com a teoria das vantagens comparativas, pois já foi visto ao longo da unidade
que este país teria vantagem comparativa na produção de M. Desse modo, B teria
tendência clara a ser o exportador deste bem.

Assim como realizamos a análise para o bem M, podemos proceder igualmente


em relação ao bem X. Para isto, observe a linha de preços relativos a seguir.
Figura 2 – Preço relativo de M

0,5M 1M

A partir dos preços relativos encontrados para os países W e B, chegamos à


conclusão que o valor de cada unidade de X seria equivalente a 0,5 e 1 unidade de
M, respectivamente. Desta forma, o bem X seria relativamente mais barato no país
W. Assim, ao invés de pagar o equivalente a uma unidade de M, o país B poderia
querer importar o bem X do país W pagando menos que uma unidade de M. O
país W, por sua vez, não teria motivos para vender cada unidade de X por menos
de 0,5 unidade de M. Assim, chega-se à conclusão de que o preço relativo de X na
existência de comércio internacional estará situado entre 0,5 unidade de M e uma
unidade de M.

Observe que o fato do bem X ser relativamente mais barato no país W está
absolutamente de acordo com a teoria das vantagens comparativas, pois já foi visto
ao longo da unidade que este país teria vantagem comparativa na produção de X.
Deste modo, W teria tendência clara a ser o exportador deste bem.

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Considerações Adicionais Sobre a
Teoria das Vantagens Comparativas
Uma importante consideração em relação à teoria ricardiana é que quando
os países se especializam na produção de determinados bens nos quais são
relativamente mais eficientes tecnicamente, estes seriam capazes de produzir uma
quantidade maior de bens em comparação à situação de ausência de comércio
internacional, ou seja, cada país teria mais horas para dedicar aos bens em que
são mais eficientes na produção. Esta especialização poderia – mas nem sempre! –
levar os países a consumir mais de ambos os bens e, portanto, elevar o estado de
bem-estar deles, a depender da taxa de troca estabelecida entre eles.

Os limites da teoria das vantagens comparativas


A teoria das vantagens comparativas de David Ricardo possui algumas limitações
como, por exemplo:
• A teoria utiliza apenas o fator trabalho como recurso produtivo;
• A teoria prevê apenas a existência de retornos constantes de escala, de modo
que a expansão da produção não sofreria efeitos da lei dos rendimentos
decrescentes no longo prazo. Esta lei só veio a ser incorporada de forma
significativa na teoria de economia internacional, posteriormente, por meio do
teorema de Hecksher-Ohlin, com a inserção da teoria marginalista da escola
neoclássica;
• A teoria não consegue estabelecer um único preço relativo quando ocorre
comércio internacional, mas sim, apenas um intervalo de preços relativos
entre os bens;
• A possibilidade de troca de bens não implica, necessariamente, que o bem estar
de um ou mais países melhore, pois se houver queda no consumo de um bem
e aumento no consumo de outro, o bem-estar da população do país dependerá
das preferências em relação aos bens. Esta limitação somente vem a ser
superada com o apoio da teoria utilitarista quando esta ordena as preferências
por meio da utilidade que cada bem poderia fornecer aos consumidores.

Exemplo complementar da teoria das vantagens


absolutas e teoria das vantagens comparativas
Considerando I como o coeficiente técnico na produção – tempo médio de
produção (em horas) de determinado bem por um país (ou região) – os países W e
B e os bens M e X, observe o quadro 5.

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UNIDADE A Teoria das Vantagens Absolutas e
a Teoria das Vantagens Comparativas

Quadro 5 – Coeficientes técnicos de produção nos países W e B com relação aos bens M e X
Bem
País M X
W I mw =1 I xw = 4

B I mb = 5 I xb = 6
Fonte: elaboração própria

A partir da teoria das vantagens absolutas, o país W possuiria vantagem absoluta


na produção tanto de M quanto de X por ser mais eficiente tecnicamente que o
país B. Portanto de acordo com esta teoria não haveria tendência ao comércio
internacional, entretanto uma conclusão distinta pode ser encontrada pela teoria
das vantagens comparativas, de David Ricardo.

Assim como a teoria das vantagens absolutas, a análise das vantagens compa-
rativas tem como base os coeficientes técnicos de produção, mas em termos rela-
tivos. O quadro 6 leva em consideração a relação entre os coeficientes técnicos de
cada bem entre os países W e B.

Quadro 6 – Coeficientes técnicos relativos dos bens M e X

I mw 1 I mw
b
= → b = 0 , 20 → I mw = 0,20 I mb
Im 5 Im
Bem M
I mb 5 I mb
w
= → w = 5, 00 → I mb = 5I mw
Im 1 Im

I xw 4 I xw
b
= → b ≅ 0 , 67 → I xw ≅ 0,67I xb
Ix 6 Ix
Bem X
I xb 6 I xb
w
= → w = 1, 50 → I xb = 1,50 I xw
Ix 4 Ix
Fonte: elaboração própria

A partir das razões encontradas no quadro 6 chega-se às seguintes conclusões:


• Apesar de o país W ser mais eficiente tecnicamente que o país B, tanto na
produção do bem M como do bem X, a vantagem é maior com relação ao
bem M;
• A vantagem do país W em relação ao país B na produção dos bens M e X é
de, respectivamente, 400% e 50%;
• A desvantagem do país B em relação ao país W na produção do bem M e X é,
por sua vez, de 80% e 33% respectivamente.
• Pelo fato da vantagem comparativa do país W ser maior na produção do bem
M – ou, de outra forma, a desvantagem do país B ser maior na produção do bem
M –, então o país W possui vantagem comparativa na produção deste bem; e,

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• Pelo fato da vantagem comparativa do país W ser menor na produção do bem
X – ou, de outra forma, a desvantagem do país B ser menor na produção do
bem X –, então o país B possui vantagem comparativa na produção deste bem.

Quadro 7 – Preços relativos dos bens M e X em cada país

Pmw 1 Pmw
w
= → w = 0 , 25 → Pmw = 0,25Pxw
Px 4 Px
País W
Pxw 4 Pxw
w
= → w = 4 → Pxw = 4 Pmw
Pm 1 Pm

Pmb 5 Pmb
b
= → b ≅ 0 , 83 → Pmb ≅ 0,83Pxb
Px 6 Px
País B
Pxb 6 Pxb
= → = 1, 20 → Pxb = 1,20 Pmb
Pmb 5 Pmb
Fonte: elaboração própria

A partir dos preços relativos é possível afirmar que o intervalo de troca do bem
M é entre 0,25 e 0,83 unidade de X. Em relação ao intervalo de troca pelo bem
X seria entre 1,20 e 4,00 unidades de X. O país W importaria o bem X e o país
B importaria o bem M, por serem relativamente mais baratos para os respectivos
países realizar a importação destes bens.

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a Teoria das Vantagens Comparativas

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Economia Internacional: Teoria e Prática
COSTA, A. J. D.; SANTOS, E.R. de S. Economia Internacional: teoria e prática.
Curitiba: Intersaberes, 2012. (e-book).
Temas da Agenda Internacional: O Brasil e o Mundo
PECEQUILO, C. S. Temas da agenda internacional: o Brasil e o mundo. Curitiba:
Intersaberes, 2017. (e-book).
Comércio Internacional: Teoria e Prática
TRIPOLI, A.C.K.; PRATES, R.C. Comércio Internacional: teoria e prática. Curitiba:
Intersaberes, 2016. (e-book).
Economia Internacional
KRUGMAN, P.R.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M.J. Economia Internacional. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. (e-book).
Introdução às Finanças Internacionais
CARVALHO, G de. Introdução às finanças internacionais. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007. (e-book).

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Referências
CARVALHO, M. A. V.; SILVA, C. R. L. Economia Internacional. 3 ed. São
Paulo: Saraiva, 2004.

KRUGMAN, P.R.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M.J. Economia Internacional. São


Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. (e-book).

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