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Material Teórico
A Evolução da Economia Industrial
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
A Evolução da Economia Industrial
• Introdução;
• A Evolução Teórica da Economia Industrial;
• Principais Formulações Teóricas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar a evolução da Teoria da Economia Industrial a partir de
uma análise crítica da teoria microeconômica, indagando o debate
sobre o mercado, na alocação de recursos, determinação dos preços
e distribuição de renda.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Introdução
Começaremos um desafio interessante para o qual, até agora no curso de eco-
nomia, provavelmente, você estava se preparando para ele. Boa parte das fer-
ramentas e conhecimentos estudados em várias das disciplinas até já concluídas,
como microeconomia e história econômica, por exemplo, terão adjacências com
estas quatro unidades a seguir.
Lei de Say – amplamente discutida e que diz em linhas gerais “que a oferta cria sua própria
demanda” – foi superada no pensamento econômico na teoria keynesiana pelo Princípio
da Demanda Efetiva. Todavia, até hoje, tal lei ainda é motivo de muita controversa entre os
economistas. Veja, por exemplo, a posição dos economistas adeptos da Escola Austríaca e
reflita sobre o assunto: https://goo.gl/ogacc9.
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os recursos para atingir à maximização dos resultados. Dessa forma, a empresa
procura os fatores de produção na forma de capital, trabalho, tecnologia e terra,
e os emprega a fim de produzir bens e serviços (unidade de produção) e, poste-
riormente, vender no mercado (unidade de distribuição). Esse conceito independe
do tamanho, qual sua forma jurídica ou quantos trabalhadores são empregados;
quando falamos em empresa, trata-se de uma unidade.
A indústria, por seu turno, constitui o conjunto de empre-
sas que ofertam produtos ou serviços idênticos ou semelhantes Fácil: a empresa
quanto à sua forma ou mesmo que utilizam a mesma matéria- é uma unidade
e a indústria é
-prima para produção. Portanto, é um conjunto de empresas um conjunto de
que pode ser considerado como setores e gêneros, podendo empresas.
ser público e/ou privado.
Com isso em mente, passamos a delimitar no pensamento econômico quando
a devida importância foi dada para a análise das empresas enquanto unidades de
produção, formação da indústria e suas relações com o mercado.
Passemos então para o fim do século XVIII, quando as ideias do liberalismo clássico
começaram a se disseminar, dando condições para que as bases filosóficas do capitalismo
industrial se estabelecessem, as cidades se expandissem e as fábricas se tornassem o
centro da economia. É nesse momento histórico de profundas transformações que se
percebe a divisão social do trabalho entre o campo e a indústria.
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Importante! Importante!
Essas formulações sobre como as empresas se comportam no mercado são as bases dos
posteriores desenvolvimentos da teoria econômica. Por isso a importância da apreensão
da condição da indústria a partir da leitura do Tratado de Economia Política de Say.
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Marshall, entre outros avanços na Teoria Econômica, aponta, no que tange
à organização industrial, elementos que contribuem para o entendimento da
produção enfocando na divisão do trabalho e na influência das máquinas. Suscita
ainda as ideias de concentração industrial em determinadas regiões e o advento da
produção em larga escala (KON, 1994).
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Importante! Importante!
Enquanto a Teoria do Valor Utilidade propõe que o valor provém da utilidade das coisas
para as pessoas, a Teoria do Valor Trabalho propõe que o valor provém da quantidade de
trabalho necessário para sua produção.
Nesse contexto, já é possível identificar conceitos que são avançados para a teoria
microeconômica neoclássica. Por isso, entre outros aspectos abordados, o estudo da
Economia Industrial parte da crítica aos neoclássicos, sendo parte da estrutura geral
da microeconomia, porém apontando diferenças de objetivo e metodologia.
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rência perfeita conduz ao equilíbrio; na Economia Industrial, não há o pressuposto
de equilíbrio e concorrência perfeita, a análise parte da particularidade do compor-
tamento individual das empresas e do mercado para compreender movimentos de
concentração e crescimento das estruturas produtivas.
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Vamos observar em linhas gerais como cada uma dessas correntes propõem
seus modelos de análise neste item, a fim de que seja possível compreender como
se estabelece na ciência econômica o campo da economia industrial, para depois
aprofundarmos as especificidades das estruturas de mercado nas próximas unidades.
Modelo Estrutura-Conduta-Desempenho
Na abordagem tradicional, o estudo das empresas e do mercado se estabelece com
a construção do modelo Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), cuja elaboração se
dá como avanço da teoria neoclássica, propondo novos pressupostos e a revisão da
teoria a fim de aproximar a análise da realidade, tomando o caráter de paradigma
da microeconomia.
Em Síntese Importante!
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áveis nos elementos de conduta, fugindo um pouco da construção original, que
tinha seu fundamento na política de preços, e passando a utilizar conceitos como
propaganda e pesquisa e desenvolvimento.
Quadro 1
Condições básicas
Oferta Demanda
matéria-prima elasticidade
tecnologia substitutos
sindicalização taxa de crescimento
perecibilidade do produto sazonalidade
peso/valor método de compra
ambiente institucional tipo de comercialização
Estrutura de mercado
número de compradores e vendedores
diferenciação de produto
barreiras à entrada e à saída
estruturas de custo
integração vertical
diversificação
Conduta
precificação
estratégia de produto e propaganda
pesquisa e desenvolvimento
expansão da capacidade
estratégias institucionais
Desempenho
eficiência produtiva e alocativa
desenvolvimento
pleno emprego
equidade
Fonte: Scherer e Ross (apud AZEVEDO, 2004)
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Para sentir um pouco do ambiente do desenvolvimento da Teoria dos Jogos, indico o filme
Explor
Uma Mente Brilhante (2001), que apresenta a história do matemático responsável pela
teoria do Equilíbrio de Nash.
Teoria Evolucionista
O desenvolvimento da corrente alternativa de interpretação da economia
industrial se estabelece no sentido de elaborar teorias que não se amparam na
noção de equilíbrio, logrando apresentar um novo paradigma à microeconomia com
caráter não determinístico. O cerne dessa análise perpassa a lógica do processo
de inovação e os respectivos impactos sobre a atividade econômica. Nesse caso, a
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noção de equilíbrio é substituída pela trajetória de evolução, enfatizando o papel do
avanço tecnológico na conformação das estruturas de mercado.
Por sua vez, os conceitos básicos que estruturam a abordagem e sustentam essas
premissas são os seguintes:
1. A tecnologia é apropriável, cumulativa, tácita e irreversível;
2. A incerteza é a lógica que permeia as decisões dos agentes econômicos;
3. As trajetórias tecnológicas ordenam o progresso técnico, fazendo com que
a apropriação e o desenvolvimento tecnológico tenham o caráter de um
processo não aleatório, e nem completamente exógeno (HASENCLEVER;
KUPFER, 2013).
Importante! Importante!
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Os custos de transação são aqueles custos que emergem nas etapas do funcio-
namento do sistema de produção, ou seja, provenientes da divisão do trabalho.
Ao tomar como significativos esses custos no processo de produção, o autor
elenca pressupostos importantes que contribuem com o estudo da economia
industrial: racionalidade limitada, complexidade e incerteza, oportunismo e espe-
cificidade dos ativos.
Mercado
Antes de partir para o estudo das estruturas de mercado propriamente dito,
vamos encerrar esta unidade com o entendimento de o que é o mercado. Para
isso, faz-se necessário discutir três dimensões fundamentais do mesmo para que
depois seja possível discutir suas configurações na indústria: alocação de recursos,
determinação de preços e distribuição de renda.
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Importante! Importante!
Nas fábricas mais antigas de automóveis, por exemplo, alguns trabalhadores tinham
a única função de apertar uma porca em determinada fase do processo produtivo,
por todo o expediente de trabalho – uma atividade repetitiva e enfadonha. Esse
trabalhador, com suas habilidades individuais, não tinha condição de produzir sozinho
um automóvel, apesar de sua atividade ser indispensável para o produto final. Dizemos
que esse distanciamento do trabalhador da mercadoria final é uma forma de alienação.
A outra forma de alienação é o fato de o trabalhador não ser proprietário das máquinas
e equipamentos que utiliza para incrementar a produção.
Alocação de Recursos
Dentre os problemas econômicos, a alocação de recursos é um dos mais
relevantes para se discutir, tendo em vista que nenhuma sociedade consegue
produzir bens em quantidade suficiente para satisfazer todas as necessidades e os
desejos nutridos pelos indivíduos, pois os recursos são escassos.
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Em Síntese Importante!
Nos termos econômicos, a escassez quer dizer que a determinado nível de preços,
os produtores não estão dispostos a ofertar no mercado quantidade suficiente de
determinado bem que seja capaz de suprir a demanda nesse mesmo preço. Todavia,
essa escassez tende a encontrar um equilíbrio através da concorrência perfeita e alocar
otimamente os recursos.
Determinação de preços
Como já indicado na seção anterior, a fim
de entender como evoluiu a teoria econômica Como se explica isso na teoria?
para a interpretação da economia industrial, Como a empresa vende a preço
a determinação de preços no mercado, tendo de custo? A resposta é simples:
na concorrência perfeita, a
como referência a teoria do valor-utilidade, empresa só pode aferir lucros
provém da estrutura de custo da empresa. normais, que já estão embutidos
Refere-se que, no equilíbrio, o preço é equi- na estrutura de custos.
valente ao custo marginal.
A teoria do valor-utilidade, que aponta o comportamento dos consumidores e
das empresas a partir de uma racionalidade total que encontra condições ótimas
na alocação dos recursos, respectivamente, ao maximizar a utilidade e minimizar
os custos, está preocupada em compreender no longo prazo como se estabele-
cem as relações no mercado, uma vez que o equilíbrio e a concorrência perfeita
são pressupostos.
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Nesse sentido, as empresas são tomadoras de preços no mercado em concorrência
perfeita. Evidentemente que, em estruturas de mercado em que a concorrência
perfeita não se estabelece, a estrutura de custos e determinação de preços é mais
complexa, como veremos na unidade seguinte.
Mais-valia é a quantidade de trabalho não pago ao trabalhador por sua produção, uma vez
Explor
que no capitalismo o trabalhador não tem posses, a única coisa que possui é sua própria
força de trabalho, cuja oferta no mercado, como uma mercadoria, lhe garante uma renda
igual ao custo de sua sobrevivência e reprodução de sua força de trabalho. O valor total da
produção proveniente de seu trabalho menos a renda recebida pelo trabalho é a mais-valia.
Distribuição de renda
A discussão sobre distribuição de renda é um tema delicado para a ciência eco-
nômica, muito tratado na macroeconomia, que, se formos aos fatos, não há muito
como argumentar contra a evidência da pobreza e da extrema desigualdade.
Estudo amplamente divulgado recentemente nos meios de comunicação aponta para que a acu-
Explor
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
está submetido às suas decisões. Isso porque, uma vez que detêm a maior parte
da renda, os proprietários são os capazes de fazer as poupanças que direcionarão
o investimento.
Os críticos dessa teoria entendem que o lucro por si é o fundamento que permite
o funcionamento da economia capitalista e propõem uma relação de via única entre
exploradores e explorados. Nesse sentido, os trabalhadores produzem a totalidade
do produto e o capitalista expropria parte desse produto através dos lucros, na
lógica da mais valia.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
A Lei de Say é irrefutável e, sozinha, destrói todo o arcabouço keynesiano
https://goo.gl/ogacc9
1% da população global detém a mesma riqueza dos 99% restantes
https://goo.gl/z4zV68
Livros
Tratado de Economia Política
Tratado de Economia Política de Jean-Baptiste Say. Capítulos I e II.
Filmes
Uma Mente Brilhante (2001)
Leitura
Revista Economia Contemporânea
n. 2, jul./dez. 1997
https://goo.gl/JBy2wq
Custos de Transação e política de defesa da concorrência
Mario Possas, João Luiz Pondé e Jorge Fagundes.
https://goo.gl/vWe3S9
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UNIDADE A Evolução da Economia Industrial
Referências
AZEVEDO, P. F. Organização Industrial. In: PINHO, D. B.; VASCONCELLOS,
M. A. S. (org.). Manual de Economia: equipe de professores da USP. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. p. 203-226
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