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Contabilidade

Material Teórico
Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Jose Carlos Pereira Almeida

Revisão Técnica
Prof. Ms. Edson Nunes

Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Contabilidade: Conceitos e Aplicações

• Conceito de Contabilidade
• Objetivos e Importância da Contabilidade
• Campo de Atuação da Contabilidade
• Informações Contábeis
• Princípios de Contabilidade
• Balanço Patrimonial
• Início e Evolução da Contabilidade

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Fornecer conceitos básicos sobre Contabilidade;
· Conhecer os princípios e a finalidade das informações contábeis e a
aplicação do Balanço Patrimonial.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Contextualização
Antes de iniciarmos o estudo teórico da disciplina, gostaríamos que assistisse a
um filme que selecionamos para você sobre a História da Contabilidade.

Vamos lá, sente-se confortavelmente e aproveite para assistir a uma breve


história sobre a Ciência Contábil.
Explor

História da Contabilidade: https://youtu.be/qw5wbbPwXTg

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Conceito de Contabilidade
Contabilidade é a ciência que tem por função apresentar a posição do patrimônio
da entidade em determinado momento, visando à tomada de decisões por parte
dos administradores desse patrimônio.

Por “entidade”, devemos entender qualquer tipo de organização, seja ela física
ou jurídica, que vise ao lucro ou não.

Essa ciência é, possivelmente, a mais antiga do mundo. Constam registros,


na história, de que há seis mil anos o homem já se utilizava de métodos para
o controle do seu patrimônio, que, naquela época, era constituído basicamente
de ovelhas ou outras criações. Inconscientemente, ele já fazia a contabilidade de
seus bens, quando, para cada ovelha existente em seu rebanho, ele colocava uma
pedrinha dentro de um invólucro qualquer, a fim de comparar, depois, a quantidade
de pedrinhas com a quantidade de ovelhas do rebanho.

O que o homem fazia há seis mil anos e sem qualquer conhecimento, movido
única e exclusivamente pela necessidade de controlar a sua riqueza, os contadores
fazem hoje e chamam de inventário. Quando dissemos que a contabilidade tem por
função apresentar a posição do patrimônio da entidade em determinado momento,
devemos entender a expressão “posição” como um inventário detalhado de todos
os Bens, Direitos e Obrigações da entidade objeto da contabilidade.

Objetivos e Importância da Contabilidade


O objetivo principal da contabilidade é o patrimônio da entidade.

Trocando ideias...Importante!
Você já imaginou um veículo em determinada velocidade sem motorista para conduzi-
lo? Um avião em pleno ar sem piloto? Um barco sem leme? Assim devemos ver uma
empresa sem contabilidade; seus administradores não saberiam que rumo dar à
empresa, pois não quantificariam a dimensão de seu patrimônio.

A contabilidade norteia as decisões dos administradores da empresa por meio


de relatórios, seguindo a uma série de normas e procedimentos que conheceremos
mais tarde.

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Trocando ideias...Importante!
Muito embora quando nos referirmos à contabilidade estejamos falando de empresas,
de pessoas jurídicas, vale relembrar que o patrimônio objeto da contabilidade pode ser
de pessoas jurídicas ou também de pessoas físicas.
Costumamos dizer que, onde houver um patrimônio, lá estará a contabilidade para
controlá-lo, seja ele de pessoa física ou jurídica, tenha ou não finalidade de lucro.

Campo de Atuação da Contabilidade


A evolução do mundo é constante e incansável e a Ciência Contábil acompanha
essa evolução, adaptando-se às novas necessidades do mercado, da economia e
das entidades. Atualmente, temos vários campos de atuação para a contabilidade,
entre eles, vamos citar os seguintes:

» Contabilidade Comercial – utilizada para controlar o Patrimônio das


empresas comerciais;

» Contabilidade Industrial – utilizada para controlar o Patrimônio das


empresas Industriais;

» Contabilidade Pública – utilizada para controlar o Patrimônio das entidades


e órgãos públicos;

» Contabilidade Bancária – utilizada para o controle do Patrimônio das


Instituições Financeiras etc.

Informações Contábeis
As informações geradas pela Contabilidade são de interesse de vários grupos
de pessoas, que podem ser divididos em usuários internos e usuários externos.

Usuários Internos
» Sócios, acionistas, proprietários: estão interessados na rentabilidade e
segurança de seus investimentos.

» Administradores, diretores e executivos: esses usuários avaliam as


informações contábeis com um grau de profundidade e análise mais
detalhada; isto porque é com base nessas informações que as decisões e
estratégias são tomadas.

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Usuários Externos
» Bancos, capitalistas: neste caso, os usuários estão interessados na situação
financeira da entidade, ou seja, em sua rentabilidade e nos fluxos de caixa.

» Governo e Economistas Governamentais: primeiramente, tem-se a


intenção de obter conhecimento das informações contábeis para exercer seu
poder de tributar, arrecadando, assim, impostos, taxas e contribuições. Além
disso, compreender a economia de um modo geral, com base em análises
globais e setoriais.

Finalidade da Informação Contábil


Conforme Ludícibius (2010, p.5), as finalidades da informação contábil podem
ser agrupadas da seguinte maneira:

a. Finalidade de planejamento
Planejamento é o processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado
para o futuro.

b. Finalidade de controle
Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a alta administração
se certifica, na medida do possível, de que a organização está agindo em
conformidade com os planos e políticas traçadas pela administração.

c. Finalidade de auxílio no processo decisório


Processo decisório consta do conjunto de ações que faz com que se consiga
a obtenção dos objetivos desejados, definidos pelo planejamento.

Princípios de Contabilidade
Os princípios de contabilidade, como o próprio nome indica, são normas
de procedimentos para a elaboração da escrita e das demonstrações contábeis.
Eles padronizam os procedimentos, visando à facilidade de comparações entre
demonstrativos contábeis feitos por diferentes profissionais, ou seja, ao examinar
um Balanço Patrimonial de uma empresa estabelecida em São Paulo e outro
de uma empresa estabelecida no Amazonas, pode-se ter certeza de que as duas
demonstrações foram feitas com os mesmos critérios de escrituração.

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Em 2010, foi publicada a Resolução CFC 1.282/10, alterando e atualizando


alguns Princípios Contábeis contidos na Resolução CFC 750/93. Tal medida deu-
se por conta do processo de convergência às normas internacionais; assim, a seguir,
quando mencionarmos os Princípios Contábeis, ora estaremos nos remetendo à
Resolução 750/93 ora à Resolução 1.282/10.

A seguir, elencamos, para seu conhecimento, os Princípios Contábeis:

Princípio da Entidade
Art. 4º. O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da
Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de
um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente
de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição
de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência,
nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou
proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único – O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é


verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta
em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

Em Síntese Importante!

O texto acima reconhece que o patrimônio da entidade não deve se misturar com o
patrimônio dos sócios ou vice-versa. Por exemplo: os recursos depositados em conta
bancária em nome da empresa não podem ser utilizados para pagamentos de despesas
particulares dos sócios; por sua vez, os sócios não podem pagar compromissos da
empresa, utilizando seus recursos particulares.

Princípio da Continuidade
Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em
operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes
do patrimônio levam em conta esta circunstância. (Redação dada pela Resolução
CFC nº. 1282/10)

Esse princípio determina, entre outras coisas, a maneira de escriturar os fatos


contábeis ocorridos na entidade. Se houver evidências de que a continuidade das
atividades da entidade esteja em risco de interrupção, a escrituração deve ser feita
com base nos valores de realização do ativo e de liquidação do passivo, porém, se
não houver qualquer evidência nesse sentido, devemos trabalhar com valores de
custo, conforme determina o princípio que vamos ver a seguir.

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Princípio do Registro pelo Valor Original (O Custo como Base de Valor)
Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os
componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores
originais das transações, expressos em moeda nacional.

Esse princípio nos orienta sempre a registrar as transações ocorridas no


patrimônio pelos seus valores de custo originais.

Se adquirimos determinada máquina para uma indústria e, por ela, pagamos R$ 1.000.00,
Explor

não importa que o seu valor demarcado seja R$ 2.000,00; ela será registrada na contabilidade
pelo valor efetivamente pago.

Vejamos agora os Princípios da Oportunidade e da Competência:

Princípio da Oportunidade
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e
apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras
e tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na


divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por
isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da
informação. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10)

O Princípio da Oportunidade pode ser explicado da seguinte maneira: “Aconteceu, Virou


Explor

Manchete”. Calma, não se assuste! Não estamos falando de nenhum assunto relativo a
jornalismo. Utilizamos essa frase somente para que fique claro, para você, o sentido desse
princípio; ele nos sinaliza que todos os fatos ocorridos na entidade, passíveis de escrituração,
devem ser escriturados no momento em que ocorrem.
Havendo possibilidade de um fato ocorrer também devemos registrá-lo.

Trocando ideias... Importante!

Você já imaginou receber um Balanço Patrimonial 180 dias depois de seu encerramento?
De que serviria essa informação, com seis meses de atraso?
Em relação a um fato que pode ocorrer, damos o exemplo de uma empresa que tenha
contra si uma reclamação trabalhista movida por um funcionário e, por orientação
do advogado, chegou-se à conclusão de que há a possibilidade de condenação ao
pagamento de determinado valor a esse funcionário. Esse fato já é suficiente para que a
contabilidade faça uma provisão do valor da suposta condenação que ainda não ocorreu.

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

O Princípio da Competência também está bem relacionado ao da Oportunidade,


que destacamos acima. Veja:

Princípio da Competência
Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações
e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independen-
temente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Com-
petência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas
correlatas. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).

E, por último, apresentamos:

Princípio da Prudência
Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor
para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que
se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações
patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

Em Síntese Importante!

Todos os bens, direitos, e obrigações que a entidade adquire são registrados pelos
valores constantes em documentação própria, (valor original) e não podem ser alterados
enquanto estiverem no patrimônio. Além disso, o patrimônio da empresa e dos sócios
não devem ser confundidos.

Este tópico sobre os Princípios Contábeis, neste momento, serve para você ter o conheci-
Explor

mento, mesmo que superficial, de que existem premissas básicas para registrar e informar
os eventos da Contabilidade, e todo profissional contábil deve conhecê-las e aplicá-las no
seu cotidiano.

Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é um demonstrativo (Relatório) contábil que apresenta,
de forma organizada e estruturada, a situação da empresa (Patrimônio) em
determinado momento.

No decorrer do estudo de nossa disciplina, você aprenderá muito mais sobre


esse relatório, mas, neste momento, achamos importante falar sobre ele, para que
você tenha uma noção a respeito de tudo o que falamos anteriormente.

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Preste atenção no Balanço Patrimonial a seguir:

Balanço Patrimonial em 31/01/20XX


Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa 1.000,00 Passivo
Bancos 800,00 Contas a pagar 3.500,00
Contas a Receber 3.000,00 Fornecedores 1.800,00 5.300,00
Estoque de Materiais 3.000,00 Patrimônio Líquido
Terrenos 1.700,00 Capital 4.000,00
Veículos 500,00 Lucros Acumulados 700,00 4.700,00
Total 10.000,00 Total 10.000,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

O lado esquerdo é representado pelo ATIVO e, no lado direito do Balanço


Patrimonial, apresentamos o PASSIVO e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Perceba que
os dois lados resultam no mesmo valor, R$ 10.000,00.

O Ativo compreende os bens e os direitos da entidade, já o Passivo representa as


obrigações a pagar. Assim, podemos definir o Patrimônio Líquido como a diferença
entre o valor do Ativo e do Passivo. Exemplificando:

Se a entidade tem um Ativo de $ 10.000


e um Passivo de $ 5.300
O Patrimônio Líquido dessa entidade será $ 4.700

Observe novamente nosso Balanço Patrimonial e perceba que o apresentamos


de forma simplificada, incluindo algumas contas para o Ativo e outras para o
Passivo; as nomenclaturas e a quantidade de contas contábeis variam de entidade
para entidade.

No caso do Patrimônio Líquido, vamos conversar sobre a composição dessas


duas contas apresentadas em nosso exemplo:

a. Capital – é o investimento inicial dos sócios, efetuado pelos proprietários


em troca de ações, quotas ou outras participações.

b. Lucros – resultado dos exercícios apresentado de forma acumulada no


Balanço Patrimonial; esses valores não foram distribuídos e servem de fonte
de reinvestimento na entidade.

Normalmente, as entidades apresentam em seus Balanços Patrimoniais um ATIVO


superior ao PASSIVO, ou seja, seus bens e direitos são superiores às suas dívidas.

Veja como a Equipe dos Professores da FEA/USP (2010, p.20) ilustra muito
bem a configuração do Balanço Patrimonial com o seguinte exemplo:

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Suponhamos uma balança de dois pratos: colocaremos no da esquerda


o ATIVO e no da direita o PASSIVO. Se ambos tiverem valores iguais, o
equilíbrio estará conseguido. Mas, como normalmente ATIVO e PASSIVO
apresentam valores diferentes, a balança penderá para um dos lados. O
peso (valor) que colocaremos apenas para a obtenção do equilíbrio é o
que chamamos de PATRIMÔNIO LÍQUIDO e, é lógico, está no lado de
menor valor.

A seguir, vamos exemplificar a criação de uma empresa, bem como suas


operações, preparando, assim, um Balanço Patrimonial:

1ª Operação – Constituição da Empresa


Algumas pessoas resolvem fundar uma sociedade anônima (S/A) e decidem
investir $ 4.000 de Capital. Com isso, subscrevem (assinam o compromisso de
entregar o dinheiro) e integralizam (entregam efetivamente o dinheiro) deliberando
40 ações de $ 100 cada uma.

Iniciamos as atividades da empresa Alfa S.A. em 15 - Janeiro - 20XX, no


ramo de prestação de serviços, de reparos (consertos) de aparelhos eletrônicos
e eletrodomésticos.

Alfa S.A
Balanço Patrimonial em 15/01/20XX
Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa 4.000,00 Patrimônio Líquido
Capital subscrito 4.000,00
Total 4.000,00 Total 4.000,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

Vamos entender essa primeira operação? Perceba que a entidade recebeu um


ativo, que reconhecemos na conta CAIXA, no valor de $ 4.000 e, em contrapartida,
lançamos contra CAPITAL SUBSCRITO.

Neste caso, nossa “balança” está em total equilíbrio, $ 4.000 para cada lado.

2ª Operação – Aquisição de Edifício


A empresa decide adquirir um edifício, em 10-2-20XX, para abrigar suas
instalações, efetuando o pagamento à vista no valor de $ 1.200.

Veja, com essa transação, a empresa adquire um novo ATIVO que deve ser
classificado na conta Imóveis. Todavia sabemos que o pagamento foi à vista, sendo
assim, o valor do CAIXA vai diminuir.

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Vamos ver essa movimentação espelhada no nosso Balanço Patrimonial?

Alfa S.A
Balanço Patrimonial em 10/02/20XX
Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa 2.800,00 Patrimônio Líquido
Imóveis 1.200,00 Capital subscrito 4.000,00
Total 4.000,00 Total 4.000,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

Continuamos com o mesmo equilíbrio anterior. Verifique que as alterações


promovidas ocorreram apenas no lado do ATIVO, pois adquirimos um novo bem,
pagando à vista.

3ª Operação – Compra de Materiais


A empresa precisa iniciar suas atividades, por isso decide adquirir materiais que
serão estocados para utilização posterior.

Em 13-2-20XX, a empresa compra materiais na importância de $ 2.000 e paga


a prazo. Vamos ao nosso Balanço Patrimonial:

Balanço Patrimonial em 31/01/20XX


Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Bancos 2.800,00 Fornecedores 2.000,0
Imóveis 1.200,00 Patrimônio Líquido
Estoques de Materiais 2.000,00 Capital subscrito 4.000,00
Total 6.000,00 Total 6.000,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

Por essa transação, a empresa adquiriu um novo ATIVO, que são os materiais
reconhecidos na conta de Estoques. Neste caso, movimentamos também o lado
do PASSIVO. Isso porque não efetuamos nenhum pagamento à vista e, sim,
assumimos uma obrigação de pagamento futuro.

Como você aprendeu anteriormente, toda e qualquer obrigação deve ser


registrada do lado direito, lado do passivo.

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

4ª Operação – Compra de Veículo


Para realizar suas atividades, a Alfa S.A precisa de um veículo para atender a
seus clientes, portanto, em 20-2-20XX adquire um automóvel, na Beta Automóveis
S.A., à vista, por $ 200.

O Balanço Patrimonial apresentará a seguinte composição:

Balanço Patrimonial em 31/01/20XX


Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 2.600,00 Fornecedores 2.000,00
Imóveis 1.200,00 Patrimônio Líquido
Estoque de Materiais 2.000,00
Capital subscrito 4.000,00
Veículos 200,00
Total 6.000,00 Total 6.000,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

5ª Operação – Venda de parte do Edifício


Os diretores percebem que o edifício excede as necessidades da empresa, motivo
pelo qual decidem vender o pavimento superior.

Desse modo, a venda ocorre, em 23-2-20XX, por $ 800.

Lembre-se de que o imóvel custou à Alfa S.A a importância de $ 1.200; se


dividirmos por 02, já que está sendo vendida a metade do edifício, cada parte
valeria $ 600. Tudo bem?

Vamos pontuar todas as movimentações ocorridas nesta operação:

a. O ativo aumentou em $ 800 representado por uma nota promissória a


receber, visto que a venda não foi efetivada à vista.

b. Mas o ativo também diminuiu em $ 600 ($ 1.200 da compra dividido por


2 = $ 600)

c. Perceba que tivemos um “lucro” com a venda de parte do edifício no valor


de $ 200.

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Agora, vamos passar essas informações para o nosso Balanço:

Alfa S.A
Balanço Patrimonial em 31/01/20XX
Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 2.600,00 Fornecedores 2.000,00
Imóveis 600,00 Patrimônio Líquido
Estoque de Materiais 2.000,00 Capital subscrito 4.000,00
Veículos 200,00
Lucro 200,00
Título a receber 800,00
Total 6.200,00 Total 6.200,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

6ª Operação – Pagamento de uma Obrigação


Em 05-03-20XX, a Alfa paga parte de sua dívida feita com os fornecedores
quando da aquisição dos materiais eletrônicos, pois essa é a data de vencimento do
primeiro boleto de pagamento no valor de $ 1.300.

Observe que esta operação vai diminuir o Passivo na conta Fornecedores e


também a disponibilidade de dinheiro na conta Caixa (Ativo). Veja, agora, a nova
composição do Balanço após essa operação:

Alfa S.A
Balanço Patrimonial em 31/01/20XX
Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido

Caixa 1.300,00 Passivo


Imóveis 600,00 Fornecedores 700,00
Estoque de Materiais 2.000,00 Patrimônio Líquido
Veículos 200,00 Capital subscrito 4.000,00
Título a receber 800,00 Lucro 200,00
Total 4.900,00 Total 4.900,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

7ª Operação – Recebimento de Dinheiro


Em 10-03-20XX, a empresa recebe $ 400 referentes ao 1º pagamento da Nota
Promissória da aquisição do imóvel. Esse fato aumentou o caixa e diminuiu os
valores a receber. Segue:

Alfa S.A
Balanço Patrimonial em 31/01/20XX
Em $mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido

Caixa 1.700,00 Passivo


Imóveis 600,00 Fornecedores 700,00
Estoque de Materiais 2.000,00 Patrimônio Líquido
Veículos 200,00 Capital subscrito 4.000,00
Título a receber 400,00 Lucro 200,00
Total 4.900,00 Total 4.900,00
Fonte: Adaptado de Contabilidade Introdutória, 2008

Bem, acreditamos que você tenha entendido as operações realizadas e também que tenha
Explor

constatado, por meio dos exemplos apresentados, que haverá sempre um equilíbrio em
nosso Balanço Patrimonial. Mas também fique tranquilo, caso não tenha ainda conseguido
assimilar essa situação de equilíbrio, durante o desenvolvimento do estudo da disciplina,
teremos muitas atividades que o ajudarão a alcançar o objetivo proposto.

Início e Evolução da Contabilidade


Introdução
O início da contabilidade como ciência é atribuído ao frei Lucca Pacciolo, que
escreveu, num livro sobre geometria e aritmética, o princípio da partida dobrada,
isto é, que cada débito corresponde a um crédito de igual valor. Conta-se que ele foi
convidado pelo Papa para tomar conta de um convento localizado numa pequena
cidade italiana próxima a Roma. Para aceitar tal incumbência, solicitou do Sumo
Pontífice uma lista de tudo o que pertencia ao convento.

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A lista lhe foi fornecida e continha as seguintes informações:

Caixa .................................................................................... 2.000,00


Valores a Receber .................................................................................... 4.000,00
Convento (Casa) .................................................................................... 7.000,00
Valores a Pagar .................................................................................... 2.000,00
Total .................................................................................... 15.000,00

No Caixa, estava todo o dinheiro, em espécie, que pertencia ao convento.


Os Valores a Receber eram representados por pedaços de papel, onde estavam
descritos as mercadorias e serviços que as pessoas tinham adquirido do convento,
para o pagamento no futuro. O valor da Casa representava o custo pelo qual
tinha sido adquirida. E os Valores a Pagar eram anotações que relatavam os
serviços e mercadorias adquiridas pelo convento às pessoas da cidade, para o
pagamento posterior.

De posse dessas informações, frei Lucca começou a refletir sobre o significado


daquela lista. Logo ele percebeu que as informações continham os valores de todos
os bens, direitos e obrigações que pertenciam ao convento. O Caixa ($2.000) e
a Casa ($7.000) eram os bens materiais. Os pedaços de papel que registravam
os Valores ($4.000) que o convento tinha a Receber da comunidade eram os
direitos (bens materiais) e, finalmente, os papéis que registravam os Valores a Pagar
($2.000) eram as obrigações do convento.

Dessa maneira, ele chegou a um conceito muito importante para a contabilidade,


o conceito de patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações que pertencem
a uma pessoa física ou jurídica. Esse conceito ele expressou matematicamente,
através da seguinte equação:

a. Bens (B) + Direitos (D) + Obrigações (O) = Patrimônio


9.000 + 4.000 + 2.000 = 15.000

Conceito de Patrimônio Líquido


Lucca Pacciolo achou que essa informação era importante e por isso merecia ser
finada. Para isso pensou: qual seria o valor do convento se todos os seus valores a
receber fossem recebidos, a casa fosse vendida pelo valor registrado e, finalmente,
pagasse todas as suas dívidas? Para responder a essa questão, transformou a
equação (a) na seguinte:

b. B + D – O = PL ou
9.000 + 4.000 – 2.000 = 11.000

21
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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

E, assim, ele chegou a outro conceito de fundamental importância para a


contabilidade: o conceito de patrimônio líquido. O patrimônio líquido pode,
portanto, ser definido como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
pessoa física ou jurídica, levando em consideração, porém, que os bens e direitos
são valores positivos e as obrigações são valores negativos.

Diante desse conceito, frei Lucca começou a pensar sobre o que significava o
valor de $11.000. Seria o valor de mercado da empresa? Seria o valor real? Ou
o valor contábil? Ele concluiu que o patrimônio líquido ($11.000) representava o
valor contábil da empresa de acordo com os registros efetuados pela contabilidade,
isto é, se todos os valores a receber fossem recebidos exatamente pelos mesmos
valores constantes dos registros contábeis, se os bens fossem vendidos pelos
mesmos valores registrados pela contabilidade e suas obrigações fossem pagas
pelos mesmos valores que haviam sido inscritos nos livros contábeis, o valor final da
empresa, em dinheiro, seria exatamente o valor do patrimônio líquido determinado
pela contabilidade. É evidente que essa coincidência de valores é praticamente
impossível de acontecer. Os valores a receber, assim como os valores a pagar
nem sempre são recebidos e pagos pelos mesmos valores constantes nos registros
contábeis, sobretudo os bens, que dificilmente seriam realizados pelos mesmos
valores da contabilidade.

A Equação do Balanço
Diante da equação (b) que formulou para explicar o conceito de patrimônio
líquido, o frei, como bom matemático que era, fez o seguinte raciocínio: se eu
colocar de um lado da equação os valores positivos do patrimônio e do outro os
valores negativos, mais a diferença entre eles, terei uma equação perfeitamente
equilibrada. Agindo dessa maneira, a equação (b) foi transformada na seguinte:

c. B + D = O + PL ou
9.000 + 4.000 = 2.000 + 11.000

Observando esta equação, decidiu arrumar as contas representativas do convento


da mesma forma, isto é:

Caixa 2.000,00 Valores a Pagar 2.000,00


Valores a Receber 4.000,00 Patrimônio Líquido 11.000,00
Casa 7.000,00
Total 13.000,00 13.000,00

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Redefinição do Conceito de Patrimônio
Analisando essa nova forma de apresentação do patrimônio de uma empresa, o
frei observou que o lado esquerdo registrava as aplicações de recursos efetuados, e
o outro lado, o direito, registrava as origens desses recursos aplicados pela empresa.
Ele então chegou à conclusão de que o conceito inicial de patrimônio não estava
matematicamente correto, pois havia uma dupla contagem quando se somava
também o valor das obrigações. Ora, pensou o brilhante frei, se uma obrigação é
uma origem de recursos que foram aplicados pela empresa e, portando, registrados
no lado esquerdo na nova apresentação, seu valor já está incluído no total desse
lado; seria um erro considerar a soma das obrigações na equação do patrimônio.
Dessa maneira, ele concluiu que realmente o patrimônio de uma pessoa física ou
jurídica é representado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Contudo, a
soma desse conjunto não tem sentido.

Muitos anos mais tarde, essa forma de apresentação do patrimônio de uma


empresa passou a ser chamada de Balanço, devido ao equilíbrio sugerido por ela.
Esse formato se assemelha a uma balança com dois pratos de peso exatamente
iguais. Aliás, balança é uma palavra grega composta por duas partes: bi e lancis. Bi
significa dois e lancis é traduzido por pratos de balança.

Posteriormente, o lado esquerdo da balança foi chamado de Ativo, devido


ao fato de estas contas representarem a parte viva, ativa da empresa. Este lado
registra, em última instância, todas as aplicações da empresa, como Caixa, Valores
a Receber, Imobilizado, Investimentos etc.

O lado direito foi denominado Passivo em virtude de suas contas registrarem,


passivamente, as origens dos recursos que foram aplicados no ativo. O passivo total
de uma empresa pode ser dividido em duas partes: o passivo fictício, que representa
os recursos dos proprietários e, por isso, também chamado de recursos próprios,
e o passivo propriamente dito, que representa as exigibilidades da empresa para
com terceiros.

Receitas e Despesas
Diz a história que, mal o frei acabara de ter arrumado o convento, apareceu
um grupo de tropeiros pedindo para passar a noite lá porque não havia hotéis na
cidade. O frei aceitou sob condição de receber o equivalente, hoje, a $500.

Balanço

Caixa 2.500,00 Valores a Pagar 2.000,00


Valores a Receber 4.000,00 Patrimônio Líquido 11.500,00
Casa 7.000,00
Total 13.500,00 13.500,00

23
23
UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Conforme podemos constatar, comparando este balanço com o anterior,


apenas o Caixa, entre as contas patrimoniais, foi alterado, passando de $2.000
para $2.500. Como consequência dessa modificação, o patrimônio líquido, que é
um valor diferencial, pois registra a diferença entre bens e direitos e obrigações,
evoluiu para $11.500.

Entusiasmado com o resultado da primeira transação, Lucca Pacciolo enviou


uma cópia do novo balanço para o papa. Sua santidade, o papa, ficou muito
satisfeito com o resultado, principalmente porque a decisão da escolha de Lucca
Pacciolo para dirigir o convento fora dele.

Mas seu contentamento durou pouco. Após a saída dos tropeiros, o frei pagou
$20 para fazer a limpeza do convento e arrumar as camas. Ao registrar essa
despesa na contabilidade, o balanço passou a ter a seguinte forma:

Balanço

Caixa 2.480,00 Valores a Pagar 2.000,00


Valores a Receber 4.000,00 Patrimônio Líquido 11.480,00
Casa 7.000,00
Total 13.480,00 13.480,00

Mais uma vez, ao compararmos o novo balanço com o imediatamente anterior,


notamos que houve apenas uma redução no Caixa no valor de $20, permanecendo
inalterados os demais itens do patrimônio.

Como consequência disso, por força da lógica da equação do balanço, o


patrimônio líquido foi também reduzido em $20.

Como bom administrador que era, Lucca Pacciolo, a cada alteração no


patrimônio líquido do convento, enviava uma cópia do balanço para seu chefe.
Dessa vez, porém, a reação do Papa foi inversa à anterior.

O santo padre observou que o Caixa havia sido reduzido e também o patrimônio
líquido, o que, para ele, era um absurdo. Imediatamente, convocou o frei para ir
a Roma dar pessoalmente as devidas explicações. Pacciolo foi até lá e mostrou
ao chefe da Igreja que aquela não era tão absurda como podia parecer à primeira
vista. Seus argumentos surtiram bons efeitos, pois o papa ficou satisfeito com a
explicação e Pacciolo continuou gerenciando o convento.

Nosso frei, contudo, não ficou nada satisfeito de ter ido a Roma dar explicações
sobre fatos tão simples. E, muito pior, pensou ele, ter que ir novamente dar
explicações banais toda vez que ocorressem alterações no patrimônio líquido
do convento, principalmente quando fossem negativas. Diante desse quadro,
ele começou a pensar em como registrar essas operações na contabilidade de
maneira tal que não houvesse necessidade de explicações adicionais para que
fossem entendidas.

24
A Solução Milagrosa
Evidentemente que se, para cada despesa ou receita, houvesse alteração imediata
do patrimônio líquido _ sem que elas fossem registradas _ após várias despesas e
receitas, ao final de um determinado período não se poderia dizer ou entender
como um resultado foi obtido. Poder-se-ia, é verdade, dizer que houve um resultado
no período, positivo ou negativo. Para isso bastaria comparar o patrimônio líquido
do final do período em questão com o do período anterior. Porém, não seria
possível dizer como o resultado foi constituído: quais as receitas e as despesas e o
valor de cada uma delas.

Frei Lucca, que, como já sabemos, era matemático, resolveu aplicar no balanço
atual a equação do Patrimônio Líquido (d) e observar o resultado.

d. B + D – O = PL ou
9.480 + 4.000 – 2.000 = 11.480

Ele notou que o Patrimônio Líquido, agora, era $11.480 de acordo com a
equação (b). Esse valor apresentava uma diferença, a maior, de $480 em relação
ao Patrimônio Líquido inicial, ou seja, aquele antes das operações de receitas e
despesas. Na realidade, essa diferença era exatamente o lucro do convento no
período, isto é, receitas ($500 recebidos pelos tropeiros) menos despesas ($20
pagos pela limpeza).

Ora, raciocinou o bom frei, se chamarmos o Patrimônio Líquido de antes do início


das operações de Patrimônio Líquido Inicial (PLI) ou Capital, passando a registrar na
contabilidade as despesas e receitas ocorridas, poderemos acompanhar pari passu
a evolução do resultado da empresa. Ao final de um período qualquer, poderemos
informar quais foram as receitas e despesas do exercício e, consequentemente, o
resultado que a empresa obteve. Podemos informar, também, o Patrimônio Líquido
do final do período, que nada mais é do que o valor do patrimônio inicial mais o
resultado do exercício.

Portando, esse problema estava resolvido. O frei colocou a sua ideia em prática,
desenvolvendo a equação do balanço (e) da seguinte maneira:

e. B + D = O + PLI ou
9.000 + 4.000 = 2.000 +11.000

Para registrar o dinheiro recebido dos tropeiros ou a receita (R) de $500, a


equação (g) se transformou na equação (f):

f. B + O = O + PLI + R ou
9.500 + 4.000 = 2.000 + 11.000 + 500

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

E para registrar a despesa (DE) de $20, referente à limpeza do convento e à


arrumação das camas, a equação (f) evoluiu para (g):

g. B + D + DE = O + P1.I + R ou
9.480 + 4.000 + 20 = 2.000 + 11.000 + 500

Assim como a equação (e) representa o balanço, a equação (g) diz respeito ao
balancete e pode ser apresentada da forma a seguir:

Balanço

Caixa 2.480,00 Valores a Pagar 2.000,00


Valores a Receber 4.000,00 Patrimônio Líquido 11.000,00
Casa 7.000,00 Receita: Hospedagem 500,00
Despesa Limpeza 20
Total 13.500,00 13.500,00

Diferença entre Balanço e Balancete


Agora podemos conceituar qual é a diferença entre esses demonstrativos. O
balanço apresenta apenas as contas patrimoniais. O balancete, além de apresentar
as contas patrimoniais, apresenta também as contas de receitas e despesas. Só nos
casos de receitas e despesas futuras e de despesas antecipadas e diferidas o balanço
pode apresentar contas de despesas e receitas, devido ao princípio contábil da
competência do exercício. Aí, as despesas e receitas não foram consideradas para
apuração do resultado do período para o qual o balanço foi levantado. Elas serão
levadas em consideração na apuração de resultado de exercícios subsequentes.

A Apuração de Resultado e o Levantamento de Balanço


Resolvido o problema do registro das despesas e receitas, conforme vimos, o
frei se deparou com a seguinte questão: qual o patrimônio da empresa e qual o
resultado do exercício.

Evidentemente, o balancete não responde diretamente a essas perguntas. É


preciso que se façam cálculos aritméticos para respondê-las. Por isso, o frei não
ficou completamente satisfeito com essa peça contábil. O ideal seria elaborar uma
demonstração que evidenciasse essas respostas da melhor maneira possível.

Pensando assim, Lucca Pacciolo resolveu separar as contas que diferenciam o


balancete do balanço, ou seja, as contas que representam as receitas e despesas
consideradas para a apuração do resultado econômico de um período. E assim fez:

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Parte de Cima
Caixa 2.480,00 Valores a Pagar 2.000,00
Valores a Receber 4.000,00 Patrimônio Líquido 11.000,00
Casa 7.000,00
Total 13.500,00 13.000,00

Parte de Baixo

Despesas: Limpeza 20 Receita 2.000,00

Ele observou que, na parte de cima, o total do ativo supera o do passivo em


$480 e, na parte de baixo, ocorria exatamente o contrário. Essa diferença era
semelhante à existente entre o Patrimônio Líquido do início e do final do período,
conforme ele já tinha percebido quando aplicou a equação (b) (B + D - O = PL) no
balancete do final do exercício. Como o Patrimônio Líquido Inicial era $11.000
e, no final do período, evoluiu para $11.480, isso significa que o convento obteve
um lucro de $480. E isso é o que as contas da parte de baixo traduzem: a diferença
entre as receitas e despesas de um período nada mais é do que o resultado da
empresa nesse período.

Dessa maneira, o frei observou que as contas de resultado (receitas e despesas)


apenas registram os aumentos (receitas) e as diminuições (despesas) do Patrimônio
Líquido. Portanto, ao final de um período qualquer, para a apuração do resultado,
é necessário que se faça uma comparação entre as somas das despesas e receitas.
Se as receitas forem maiores, o resultado do período será lucro. Nesse caso, o
lucro será adicionado ao Patrimônio Líquido do início do exercício aumentando
o valor contábil da empresa e, consequentemente aumentando a riqueza dos seus
proprietários. Se, ao contrário, as despesas forem maiores, o resultado será um
prejuízo, que reduzirá o Patrimônio Líquido inicial, tornando menor a riqueza dos
proprietários da empresa.

MARION, “Contabilidade Básica” – 7º edição Modernizada e NCC Atlas, 2003.

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UNIDADE Contabilidade: Conceitos e Aplicações

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Análise de Balanços, Estruturação e Avaliação das Demonstrações Financeiras Contábeis
BLATT, A. Análise de Balanços, Estruturação e Avaliação das Demonstrações Financeiras
Contábeis. Pearson: 2000. (ebook)

Gestão de Custos Perspectivas e Funcionalidades


CRUZ, A.W. Gestão de Custos Perspectivas e Funcionalidades. IBPEX: 2012. (e-book)

Contabilidade Gerencial Novas Práticas Contábeis para Gestão de Negócios


HONG, Y.C. Contabilidade Gerencial Novas Práticas Contábeis para Gestão de Negócios.
Pearson: 2005. (e-book)

Contabilidade Básica
Além das bibliografias citada acima, sugerimos a leitura do texto a seguir, extraído do livro
“Contabilidade Básica” – 7º edição Modernizada e NCC Atlas, 2003, de autoria de José Carlos
Marion, que trata do início da Contabilidade como ciência

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Referências
IUDICIBUS, S. Contabilidade Introdutória. Equipe de Professores da Faculdade
de Economia, Adm. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

OSNI, M. R. Contabilidade Geral Fácil – Atualizado Conforme Lei 11.638/2007


e MP 449/2008. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

PADOVESE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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