Você está na página 1de 32

Fontes de

Financiamentos
Material Teórico
Os Indicadores de Investimentos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Jean Carlos Cavaleiro

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Os Indicadores de Investimentos

• Investimentos;
• Período de Recuperação do Capital (ROI, Payback).

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Ilustrar os diferentes ativos que uma empresa necessita para operar;
• Demonstrar a importância do controle de custos e como o fluxo de caixa funciona;
• Discutir o papel do caixa nas empresas e como as empresas se endividam mesmo com
vendas altas e fluxo financeiro e operacional positivo;
• Entender os diferentes indicadores para medição da performance financeira das empresas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Investimentos
Qualquer que seja o negócio, do ramo de serviços, indústria, comércio etc., para
que ele opere, há a necessidade de recursos. Esses recursos, sejam materiais, patri-
moniais, financeiros ou tecnológicos, possuem um valor monetário, ou seja, valem
dinheiro. E quanto valem em dinheiro? Qual a avaliação do bem?

A esse recurso, quando aplicado em uma organização empresarial, chamamos


de investimento. E ele, por sua vez, vai fazer parte de uma decisão que o investidor
precisa tomar.

Vale a pena ou não investimento?


Para responder a essa questão uma das terminologias colocadas é o tempo de
retorno de investimento, ou ROI – Return On Investiment.

Se você faz um investimento e, em 12 meses, pode obtê-lo de volta, pode ser


decisivo para escolher entre investir num projeto A ou B, ou mesmo se, em vez de
investir em um negócio, investe em tesouro direto.

A taxa de retorno do investimento é outra informação relevante, determina se


vale a pena o investimento ou não.

Na prática, coloque-se na seguinte situação:

Imagine que você recebeu um recurso financeiro, e precisa escolher o que fazer
com ele:
• Investir em um segmento qualquer, pizzaria, padaria etc. Não importa, mas,
pela pesquisa que fez, soube que rendem em média 18% de ganhos líquidos.
• Ou investir em títulos do Governo, remunerados pela taxa SELIC. Vamos su-
por que seja em um período em que a taxa Selic esteja em 15% ao ano.

Como você faria para decidir?

Veja que, para abrir um negócio, deverá montar toda a estrutura, negociar valo-
res, escolher ponto, comprar mercadoria, estruturar a empresa, planejar operação,
vendas, contratar pessoas etc., correr risco do negócio – pois pode não dar o retor-
no esperado –, fiscalizar o negócio com olhar atento etc. e, se tudo der certo, vai
obter ganhos líquidos de 18%.

E os investimentos em títulos públicos renderia 15% sem nenhum esforço.

Requer grandes explicações? Já teria uma decisão tomada?

Você entendeu o pensamento que devemos ter para decidir sobre investimento?

O ROI é um indicador de desempenho de um investimento, a TIR é outra – com


a ferramenta certa as decisões seriam mais precisas.

8
Os indicadores de desempenho em qualquer atividade são instrumentos que
medem o comportamento de uma tarefa, processo, sistema ou comportamento e
visam dar luz a como essas atividades estão se comportando na linha do tempo e
se estão atendendo ao que foi previamente determinado.

Assim se traz isonomia às regras e se facilitam os controles.

Nesse processo, cumprir regras e dar segurança é a palavra de ordem. Como


analogia a isso, podemos citar a instalação de radares inteligentes que registram a
velocidade instantânea do veículo, mas também alimentam o sistema de controle de
tráfego com dados em tempo real. Como esses radares estão interligados, o sistema
poderá medir se o veículo cruzou o radar abaixo da velocidade limite e acelerou
acima da velocidade limite até o próximo radar, isto é, o sistema irá calcular a ve-
locidade média do veículo entre os dois radares. Isso indicará que o veículo andou
em alta velocidade fora do âmbito do radar e diminuiu a velocidade apenas para
cruzar o radar. Como a velocidade da via deveria ser mantida constante, o sistema
consegue medir e provar que o veículo passou a maior parte do tempo acima da
velocidade e, assim, merece ser multado. Veja que a punição não é por cruzar o ra-
dar em alta velocidade, mas sim por manter velocidade média acima do permitido.

Através dessa analogia, podemos usar a imaginação para compreender que em-
presas ou projetos são diferentes em complexidade, tamanho e objetivos esperados.
As empresas ou projetos podem ser comparados com os veículos circulando, com
destinos e regras locais diferentes, pois, as empresas teriam diferentes meios para
fazer suas atividades, e podemos comparar esses meios como as estradas. Então,
empresas fazem suas atividades de forma diferente, para diferentes públicos e com
diferentes objetivos. Mas as técnicas de administração são iguais e devem ser utili-
zadas por todas as empresas, para, de certa forma, garantir uma padronização em
termos técnicos e éticos. A isso podemos chamar de normas ou leis, que servem de
referências para as ações, servindo de base para analisá-las.

Então, empresas, assim como os automóveis, devem seguir normas, leis e regu-
lamentos para garantir que as formas como elas obtêm seus resultados sejam legais
e corretas do ponto de vista social, financeiro, ambiental etc.

Em uma empresa ou projeto, a lógica da medição é saber o comportamento das


operações durante um período e não pontualmente. Isso ajuda a entender por que
existem diferentes indicadores que são utilizados para medir o desempenho das
empresas e por que um desempenho excelente em um determinado dia ou mês não
significa que a empresa esteja bem, assim como um desempenho ruim pontual não
significa que a empresa esteja indo à falência.

Durante esta unidade, iremos apresentar diferentes indicadores de desempenho


e ações de gestão, os quais podem ajudar a garantir às empresas ou aos projetos
que operem dentro daquilo que é esperado, passando pela lucratividade, pelos ajus-
tes necessários e pelas ações de saída de um investimento.

9
9
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Período de Recuperação
do Capital (ROI, payback)
ROI – Return On Investiment
Um gestor precisa fazer uso de ferramentas técnicas para tomada de decisão.
Como nosso foco aqui é investimento, as decisões que deveríamos buscar podem ser:
• Devo investir no projeto A ou B;
• Meu objetivo é ter retorno X, o projeto oferece Y, faço ou não?
• Amplio, retiro, ou reduzo investimento em determinados segmentos?
• Qual o grau de risco que estou correndo nos diversos investimentos?

O que você precisa, então, é de ferramentas que tragam essas respostas, e é isso
que vamos estudar aqui.

O profissional que lida com administração e negócios está habituado com a no-
menclatura “retorno de investimento” abreviado como “ROI”, que vem do inglês,
return on investment, ou mesmo taxa de retorno e taxa de lucro. Em uma análise
simplificada, todos esses termos tratam da mesma relação entre lucro e investimen-
to, que orienta boa parte das decisões no mundo dos negócios.

Em qualquer projeto, algumas perguntas são corriqueiras:

Quanto ganho?

Quanto custa?

Em quanto tempo?

Afinal, como calcular esses valores e por que eles interferem na continuidade da
empresa ou do projeto?

Para Phillips (2003), quando o assunto é o futuro, é preciso se cercar de proces-


sos que avaliem o desempenho. E é o que acontece ao se avaliar um projeto, um
investimento ou um retorno, pois vai acontecer em um período futuro.

É a partir de técnicas de análise que decidimos a qualidade, o risco, os volumes


e prazos envolvidos nas operações de investimentos, seja em projetos ou em negó-
cios empresariais. Essa é a base para a avaliação de viabilidade de novos negócios.

Explica Phillips:
As organizações precisam de um processo estruturado e sistematizado
que permita e viabilize a avaliação do processo de gerenciamento de
projetos e respectivos resultados de negócio, funcionando não apenas
como uma ferramenta de mensuração, mas principalmente ferramenta
de melhoria contínua. (PHILLIPS, 2003, p. 9)

10
Para que servem essas análises de investimentos?
Quando realizada sob a perspectiva de médio e longo prazo, permite que os só-
cios e ou empreendedores alterem a estratégia da empresa e adequem o modelo de
negócio conforme objetivos esperados e riscos desejados. Assim, os investimentos
podem se ajustar de forma a atender os objetivos dos investidores.

Se a margem de lucro estiver abaixo do que esperam, abaixo da média de merca-


do, ou abaixo do que poderiam ganhar em outras operações, a estratégia pode ser
em remodelar o negócio para que custe menos à operação, assim teriam resultados
melhores. Ou mesmo reposicionar o produto ou serviço, de forma a reduzirem ou
aumentarem os preços de vendas.

Com o resultado em mãos, é possível mensurar, por exemplo, se vale a pena au-
mentar o investimento e se o modelo atual tem gerado retorno condizente. Se bem
utilizada, a análise revela muito sobre a situação da empresa como um todo – por
mais simples que seja esse cálculo.

Vamos calcular?
Pode ser feito de forma bem simples, sem mesmo fazer uso de matemática fi-
nanceira e fórmulas mirabolantes. O retorno de investimento pode ser calculado
simplesmente dividindo o lucro da empresa, de determinado período de tempo,
pelo valor investido inicialmente para a construção do negócio. Esse resultado será
o percentual de retorno.

A grande questão é, como se obtém o lucro?

E o valor investido?

Lucro: Diferença entre Receitas e Custos

Ou entre entradas e saídas.

O instrumento legal que apura os resultados de uma empresa é o DRE – De-


monstrativo do Resultado do Exercício. É elaborado pelo contador, vem pronto
para que você possa avaliar.

E o valor investido? Vem de onde?

Sabemos que uma empresa inicia sua existência a partir da disponibilização do


chamado “capital social”. Caso seja investimento para a abertura de uma empresa,
esse seria o investimento.

Mas pode ser um projeto, não necessariamente um negócio. Mas o valor inves-
tido também é informado.

11
11
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Então vamos lá:

De forma simplificada, se sua empresa gera um lucro mensal de R$ 2.000 e


você investiu R$ 80.000, a taxa será de 2,5% ao mês (2000/80.000 = 0,025 ×
100 = 2,5).

O ideal é que, para ser verdadeiramente rentável, essa taxa supere de duas a três
vezes o rendimento obtido em outros investimentos, como os fundos de renda fixa
ou a poupança, já que não há liquidez e o risco é muito maior.

Tabela 1
Opção A Opção B Opção C
Negócio acima Poupança Títulos do Governo
Investimento: 80 mil Investimento R$ 80 mil Investimento R$ 80 mil
Liquidez: quando pode sacar valor
principal: não pode. Retiradas mensais,
Liquidez: Imediata Liquidez: Programada
conforme ganhos. Ou ao vender
a empresa.
Rendimento: 2,5% ao mês Rendimento: 0,6% ao mês Rendimento: 12% ao ano.

Qual você escolhe?


Perceba que não há regras. Depende muito dos seus objetivos. Se o foco for não
correr risco com rentabilidade, a escolha seria o C. Aproximadamente 1% ao mês.
Mas se o foco for ter liquidez imediata, essa seria a última opção.

Se for rentabilidade, seria a Opção A.

Se for rentabilidade seria a Opção B.

Como vimos, calcular o retorno de investimento depois que o lucro foi obtido é
bastante simples. A dificuldade reside em projetar esse valor e descobrir, hoje, se o
investimento valerá a pena em médio e longo prazo.

Para fazer essa conta, são necessárias informações sobre três parâmetros:
• os investimentos atuais;
• a taxa prevista para o crescimento do lucro;
• a taxa de retorno utilizada para o cálculo.

Quanto mais informações você tiver sobre o negócio, melhor. É preciso ter em
mente, portanto, quanto a empresa crescerá nos próximos anos, que valor será
investido e quais mudanças são esperadas no mercado de atuação da organização.

Nem um pouco simples, não é mesmo?


Entenda que o retorno de investimento pode atrair ou afastar investidores, pois
isso depende dos resultados.

Crescer requer investimento, próprio ou de terceiros. Com a informação certa


em mãos, é possível adaptar o planejamento e alcançar um crescimento factível.

12
Pode valer a pena, portanto, investir em uma empresa de consultoria externa para
calcular, com critérios financeiros técnicos específicos, o retorno de investimento
previsto para o futuro, de maneira profissional e legal. Segundo Phillips (2003, p. 9),
“Hoje em dia, os clientes, principalmente aqueles que financiam os projetos, de-
mandam dados críticos de avaliação, e a medição do ROI pode ser uma ferramenta
valiosa para comunicar o impacto positivo de um projeto na organização”.

Existem três tipos possíveis de taxa de retorno:


• Retorno efetivo: O retorno efetivo serve como medida de avaliação do de-
sempenho de um investimento, aferido a posteriori, se verifica o que real-
mente ocorreu;
• Retorno exigido: A taxa de retorno exigida é a que permite determinar o valor
de um investimento. De fato, o valor de um investimento é o equivalente atual
dos seus fluxos de caixa futuros, sendo eles convertidos em equivalente atual
(ou atualizados) justamente à taxa de retorno exigida. Assenta na ideia de que
qualquer investimento deve proporcionar uma taxa de retorno igual a uma taxa
sem risco acrescida de um prémio de risco função do grau de incerteza que
afeta os cash flows futuros do investimento;
• Retorno previsto: O retorno previsto serve como medida ex ante do desem-
penho de um investimento; é a sua taxa implícita ou interna de retorno, aquela
que iguala o valor do investimento do seu preço ou custo.

A taxa de retorno prevista é função do preço (ou custo) do investimento e do fluxo


de caixa futuros atribuíveis ao investimento. Sendo incertos esses fluxos, resulta que
a taxa de retorno prevista é também incerta, apresentando-se mesmo como uma
variável aleatória. Aqui reside o seu risco, que terá que ser medido, para ser tido em
conta na estimativa dos prêmios de risco a incluir nas taxas de retorno exigidas.

O montante de dinheiro ganho ou perdido pode ser referido como juros, lucros
ou prejuízos, ganhos ou perdas, ou ainda rendimento líquido ou perdas líquidas.
O dinheiro investido pode ser referido como ativo, capital, principal ou custo básico
do investimento.

O cálculo do ROI possui diversas metodologias, algumas simples, outras nem


tanto. Cada metodologia varia em função da finalidade ou do enfoque que se deseja
dar ao resultado.

ROI = (Lucro Líquido Vendas) × (Vendas ÷ Total de Ativos)

Representa a relação entre a lucratividade e o giro dos estoques.

ROI = Lucro líquido ÷ Total de ativos

Representa o retorno que o ativo total empregado oferece. Utilizado geralmente


para determinar o retorno que uma empresa dá.

ROI = Lucro Operacional Antes do IR ÷ Investimentos

13
13
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Representa o retorno que determinado investimento oferece. Normalmente é uti-


lizado para determinar o retorno de investimentos isolados. Invertendo-se a relação:
(ROI = Investimento ÷ Lucro Líquido), obtém-se o tempo necessário para se
reaver o capital investido.
Há também a Rentabilidade do Ativo Total Médio ou Taxa de Retorno sobre o
Ativo Total Médio ou Taxa de Retorno sobre o Investimento Total.
Taxa = [(Lucro Líquido do Exercício) / (Vendas Líquidas)] *[(Vendas Líquidas) /
ATM] *100 = [(Lucro Líquido do Exercício) /ATM] *100
ATM = Ativo Total Médio= (Ativo Inicial + Ativo Final) /2

O payback
Essa é o método mais simples, por ser o método definido como o número de
meses ou anos que são necessários para recuperar o desembolso em um deter-
minado investimento. Não considera o valor do dinheiro no tempo, ou seja, a sua
metodologia não se traduz num fluxo de caixa descontado a uma determinada taxa.
A recuperação do investimento feito está mais associada a um prazo-limite fixa-
do pelo investidor para recuperar o valor aplicado ou investido. Havendo grandes
possibilidades de risco de não recuperação no prazo-limite fixado, a decisão é não
aceitar o projeto de investimento. Veja:
Vamos supor um investimento no valor de R$ 360.000,00, desembolsados de
uma única vez e que gera expectativa de entradas conforme tabela abaixo:
Obs.: Qualquer investimento pode ser fracionado em parcela, ao que chamamos
de fluxo de investimento. Logo, um investimento no período 5 antecipado para o
período 1, deve ser atualizado.

Tabela 2
Ano Expectativas de Entradas
1 51.000
2 115.000
3 264.000
4 200.000
5 250.000

Como trabalhar com esses valores para calcular o payback?

Vejamos:

Tabela 3 – Fluxos de caixa acumulados


Ano Fluxo de caixa no período Fluxos acumulados
0 (360.000) (360.000)
(360.000) + 51.000=
1 51.000
(309.000)

14
Ano Fluxo de caixa no período Fluxos acumulados
(309.000) + 115.000 =
2 115.000
(194.000)
(194.000) + 264.000 =
3 264.000
70.000
70.000 + 200.000 =
4 200.000
270.000
270.000 + 250.000 =
5 250.000
520.000

Então se abatem os valores das entradas do investimento inicial feito até que
sejam zerados e se tornem positivos os valores.

Para um projeto de investimento conforme quadro acima, cuja saída é de


R$ 360.000 e torna-se positiva durante o terceiro ano, e admitindo-se que a entrada
de $ 264.000, no terceiro ano ocorra de maneira uniforme, ou seja, 264.000/12 =
22.000 por mês, então o fluxo de caixa torna-se positivo após decorridos dois anos
e aproximadamente 8,81 meses ou nove meses. Como se chegou a esse valor?

Veja:

No fim do ano dois, há um saldo a recuperar de 194.000, que deveria ser recu-
perado no ano três.

No ano três, há uma entrada superior a esse valor, 264 mil reais. Então precisa-
mos apurar ou fazer um rateio das entradas mensais, ou seja, 264 mil em um ano
representam 22 mil por mês, supondo entrada linear.

Assim, o saldo a recuperar de 194 mil deve ser dividido por esse valor, 22 mil
reais, o que vai apontar que esse valor será atingido em 8,81 meses.

Se a empresa estabeleceu um limite de quase três anos, então o projeto deve


ser aceito. Porém, se houver uma margem de risco que possa determinar que o
fluxo de caixa ocorra muito além dos três anos, por exemplo, quatro anos, então a
decisão é não aceitar o projeto.

Observação: Veja que a decisão dos investidores de qual o prazo é aceitável


para obter o retorno, se os cálculos apontarem retorno em tempo igual ou inferior
ao prazo estipulado, o investimento é aceito, se for superior, deve ser negado.

Outra forma de calcular os meses do payback


Uma forma alternativa de se calcular o tempo do payback, conforme quadro
acima é:
194.000´12
Período = = 8,81 meses.
264.000
Os nove meses somados aos dois anos iniciais determinam que o período
de recuperação do valor investido é de dois anos e nove meses, ou quase três
anos aproximadamente.

15
15
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Taxa média de retorno


É também um método que não considera o valor do dinheiro no tempo. Utili-
zando os mesmos dados do quadro abaixo, o fluxo médio de entradas de caixa é
assim calculado:

Tabela 4 – Fluxos das entradas


Anos ou períodos Entradas de caixa
Ano 1 51.000,00
Ano 2 115.000,00
Ano 3 264.000,00
Ano 4 200.000,00
Ano 5 250.000,00
Total 880.000,00

Como realizar ?
O primeiro passo seria calcular a média anual dos cinco anos, igualando, mesmo
que em média os valores de entradas.

Então:

Entradas médias anuais: 880.000/5 = 176.000 por ano.

Cada entrada será considerada como uma parcela de retorno, assim a Taxa Mé-
dia de Retorno =

176.000
´100 = 48,99%
360.000

Se o padrão desejado for inferior a 48,89%, digamos, 35%, então a decisão é


também aceitar o projeto de investimento.

Porém, devemos estar conscientes de que a taxa de quase 50% poderá nos levar
à ideia errônea de que o investimento será recuperado em dois anos. Mas, como
vimos no método do payback, o projeto levará quase três anos para ser recupera-
do, ou, precisamente, mais nove meses e, após decorridos dois anos, ou 2,9 anos.

Veja que parte da taxa esperada é comparada com a taxa efetiva ou real.

Uma das deficiências apresentadas pelos dois métodos é de não levar em con-
sideração o valor do dinheiro no tempo e ainda os aspectos inflacionários, pois a
saída de caixa para o investimento e as respectivas entradas não estão em uma
mesma moeda, e que possam ser comparáveis em uma mesma data as entradas e
saídas de caixa.

Os modelos que consideram esses itens acima são denominados de fluxo des-
contado de caixa, em que estão o Valor Atual Líquido (VPL), a Taxa Interna de

16
Retorno (TIR) e o EVA de Market Value Added (MVA) ou lucro econômico, que
veremos abaixo.

Valor Presente Líquido (VPL)


Também conhecido como Valor Atual Líquido. É uma técnica que traz a valor
presente na data do investimento ou desembolso todas as entradas futuras de caixa.

Como avaliar?
Se o VPL for maior ou igual ao valor desembolsado (investimento inicial), então
a decisão de investir deve ser aceita.

Se o VPL for negativo ou menor que o valor investido, a decisão é não aceitar o
investimento. Tomando os mesmos dados apresentados no quadro acima, utilizado
no método do payback, e sabendo que a empresa deseja uma taxa de retorno de
investimento de 25% ao ano, vamos ver como fica?

Tabela 5 – Fluxo das operações


Fator de valor atual Valor atual do fluxo de
Anos ou períodos Entradas de caixa
a 25% ao ano caixa a 25%ao ano
0 (360.000,00) 1,0000 (360.000,00)
Ano 1 51.000,00 0,8000 40.800,00
Ano 2 115.000,00 0,6400 73.600,00
Ano 3 264.000,00 0,5120 135.168,00
Ano 4 200.000,00 0,4096 81.920,00
Ano 5 250.000,00 0,3277 81.920,00
Total VPL 53.408

Com os resultados obtidos, o projeto deve ser aceito, pois o valor atual líquido é
positivo em $ 53.408.

Vamos entender como se fazem os cálculos:

Ano 1:

Fator de valor atual 25% ao ano – como estamos no ano 1, temos que antecipar
um período:

1
n
(1 + i )
1
1
(1 + 0, 25)
1
= 0,8
1, 25

17
17
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Então temos:

51.000 × 0,8 = 40.800,00, que é o valor de fluxo de caixa antecipado 1 período.

Como fazer cálculo do ano dois:

1
n
(1 + i )
1
2
(1 + 0, 25)
1
= 0, 64
1,5625

Que, multiplicado por 115.000, temos:

115.000 × 0,64 = 73.600,00 – fluxo antecipado em 2 períodos

Ano três:

1
n
(1 + i )
1
3
(1 + 0, 25)
1
= 0,5120
1,9531

Que, multiplicado por 264.000, temos:

264.000 × 0,5120 = 135.168,00 – antecipados 3 períodos

Ano quatro:

1
n
(1 + i )
1
4
(1 + 0, 25)
1
= 0, 4096
2, 4414

Que, multiplicado por 200.000, temos:

200.000 × 0,4496 = 81.920,00 – antecipados 4 períodos

18
Ano cinco:

1
n
(1 + i )
1
5
(1 + 0, 25)
1
= 0,3277
3, 0517

Que, multiplicado por 250.000, temos:

250.000 × 0,3277 = 81.920,00, antecipado 5 períodos

O mesmo ocorre nos períodos quatro e cinco. Ao final, devem-se abater do valor
investido as atualizações de valores de entradas.

Então, compilando os dados, temos:

Tabela 6
Ano Valor atualizado
1 40.800
2 73.600
3 135.168
4 81.920
5 81.920
Total 413.408

Então:

413.408 – 360.000 = 53.408,00

Resultado positivo, o que isso significa?

Dado esse contexto acima, analise os números e faça de conta que você é um
gestor de uma empresa e precisa decidir se aprova ou não esse investimento. E ai,
o que diz? Aprovar ou não? Vale a pena o investimento?
Explor

Juros Sobre o Capital Social (Remuneração do Capital Próprio). Disponível em: http://bit.ly/2pcv5r0

Valor Econômico Agregado (EVA)


Também chamado de lucro econômico, o EVA conduz aos mesmos resultados
do VPL, porém, a sua utilização tem importância para entendermos qual taxa de
desconto deve ser utilizada para trazer os fluxos de caixas futuros a valor presente.

19
19
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

A taxa-desconto que deve ser utilizada é a taxa que corresponde ao conceito de


custo de capital.

O custo de capital é definido como a taxa de retorno desejada pelos detentores


do capital. Em uma economia de mercado, o empresário que investe uma dada
quantia de capital em uma empresa ou em um conjunto de ativos que produzirão
lucros anuais geralmente não possui capital próprio suficiente para aplicação em
um determinado negócio ou empreendimento. Uma das alternativas é buscar capi-
tal emprestado nas instituições financeiras ou bancárias.

Quando aplicados os capitais próprios e de terceiros, o empresário deve ter


consciência principalmente sobre o capital de terceiros que deve produzir lucros
suficientes para pagar os juros e que proporcionem uma diferença favorável entre
o lucro produzido pelo capital emprestado e juros pagos. Nesse sentido, a empresa
está sendo alavancada financeiramente, porque o excesso entre o lucro produzido
pelo capital emprestado e os juros pagos são acrescidos aos lucros produzidos pelo
capital dos proprietários da empresa.

Da mesma forma, o lucro produzido pelo capital próprio da empresa ou o capi-


tal de propriedade dos sócios ou acionistas devem produzir um lucro que dê para
remunerar os sócios ou acionistas pela taxa de retorno desejada, e o que exceder
após a remuneração dos sócios ou acionistas é o chamado EVA, ou lucro econo-
micamente ganho.

De outra forma, de acordo com a metodologia do EVA, lucro, efetivamente, é o


que sobrar após a dedução do custo do capital próprio.

Ilustrando, vamos supor que uma determinada empresa possua os seguintes


capitais à sua disposição:
• capital de terceiros: $ 100.000 a uma taxa de juros de 15%; e
• capital próprio: $ 100.000 a uma taxa de retorno desejada de 25%.

E que tenha produzido os seguintes resultados:

Tabela 7 – Fluxo das operações


Opção 1 Opção 2
Itens
Capital de terceiros Capital próprio
Receita de vendas 100.000,00 100.000,00
(–) Custos de despesas (20.000,00) (20.000,00)
Lucro antes das
80.000,00 80.000,00
despesas financeiras
(–) despesas financeiras (15.000,00) (15.000,00)
Lucro líquido 65.000,00 65.000,00
(–) custo de capital próprio (25.000,00)
EVA – ou lucro econômico 40.000,00

20
Vemos nesse quadro, mais especificamente na opção 1, indicação do lucro que
é apurado tradicionalmente pela contabilidade. Pelo conceito do EVA, indicado na
opção 2, lucro é somente o que exceder o custo sobre o capital próprio.

Nas opções 1 ou 2, tomando o lucro de $ 80.000 antes de computar o custo


do capital de terceiros (juros) e o custo do capital próprio, podemos obter a taxa de
retorno sobre a soma dos capitais. Essa taxa é usualmente denominada “Taxa de
Retorno sobre os Ativos” (RSA):

RSA = Lucro antes das despesas financeiras / Soma dos capitais x 100

RSA = 80.000 / 200.000 x 100 = 40%.

Os capitais de terceiros e próprios renderam juntos uma taxa de 40%.

Mas qual é o custo da dívida ou qual é o custo da remuneração do capital


de terceiros?

Custo da dívida = Despesas financeiras / Capital de terceiros x 100.

Custo da dívida = 15.000 / 100.000 × 100 = 15%.

Diante desses dois cálculos, podemos concluir o seguinte:

Tabela 8 – Fluxo das operações


Capitais Valor Taxa Lucro produzido
Capital de terceiros 100.000,00 40% 40.000
(–) Juros pagos 100.000 15% (15.000)
= Excesso 25.000
Capital próprio 100.000 40% 40.000
Lucro líquido 65.000

Leitura da tabela:

O capital de terceiros proporcionou um lucro de $ 40.000, dos quais $ 15.000


foram pagos ao banco, e sobraram $ 25.000, que são acrescidos automaticamente
para os acionistas. O capital próprio rendeu também $ 40.000, que, somados aos
$ 25.000 de excesso obtido pela aplicação do capital de terceiros, deu um lucro
líquido final dos acionistas de $ 65.000.

Nesse sentido, é que dizemos que a empresa está alavancando financeiramen-


te e favoravelmente, isto é, consegue obter um lucro sobre o capital emprestado,
pagar os juros de $ 15.000 e ainda sobram $ 25.000, que são acrescidos ao patri-
mônio dos proprietários.

Observe ainda que, se os capitais fossem somente dos proprietários, o retorno


sobre o capital próprio seria somente de 40%, ou seja, sendo o capital total próprio
no montante de $ 200.000 e, como consequência, não tendo a despesa financeira

21
21
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

de $ 15.000, o lucro líquido seria de $ 80.000. Então o retorno sobre o capital


próprio seria de (80.000 / 200.000) × 100 = 40%, enquanto, somente com a
metade do capital no valor de $ 100.000, os acionistas conseguiram uma taxa
de retorno sobre o capital próprio de 65.000 / 100.000 × 100 = 65%. Qual é a
melhor alternativa: é ganhar 40% sobre $ 200.000 (= $ 80.000) ou ganhar 65%
sobre $ 100.000 (= $ 65.000)? E se os acionistas aplicarem os restantes $ 100.000
em outro negócio?

Mas, para atingirmos o conceito do EVA ou lucro econômico, torna-se neces-


sário ainda deduzir do lucro líquido de $ 65.000, o custo sobre o capital próprio,
conforme demonstrado na opção 2 do quadro acima, ou seja, $ 65.000 deduzi-
dos o custo do capital próprio ou retorno desejado pelos acionistas de 25% sobre
$ 100.000 = $ 25.000, sendo o lucro econômico de $ 40.000.

Observe que, pelo conceito EVA, lucro é somente após deduzidos não só a remu-
neração do capital de terceiros, mas principalmente o custo do capital próprio, de tal
forma que o lucro econômico que resta é para aplicação na própria empresa, pois a
mesma necessita cada vez mais de lucro para as suas necessidades de capital de giro
ou para manutenção de suas atividades, ou mesmo aumentar o seu nível de atividade.

Do mesmo modo, utilizando os dados do quadro do modelo do VPL, cuja taxa


é de 25%, vamos supor que o investimento inicial de $ 360.000 seja composto de
metade de capital próprio e que os sócios ou acionistas desejam uma taxa de retor-
no de seu capital inicial investido de 16% ao ano. A outra metade dos $ 360.000
decorre de capital de terceiros, cuja taxa exigida pelos emprestadores de dinheiro
ou bancos é de 9% ao ano, perfazendo então a taxa total de 25%.

Observação:

Pelo conceito EVA, lucro é somente após deduzidos não só a remuneração do


capital de terceiros, mas principalmente o custo do capital próprio, de tal forma que
o lucro econômico que resta é para aplicação na própria empresa, pois a mesma
necessita cada vez mais de lucro para as suas necessidades de capital de giro ou
para manutenção de suas atividades, ou mesmo aumentar o seu nível de atividade.

Importante! Importante!

Vamos abrir um parêntese para tratar de dois pontos importantes para a avaliação dos
resultados de uma empresa, que são:
• Grau de alavancagem financeira;
• Grau de alavancagem operacional.

E o estudo desses temas se justifica por apontar meios de verificar mudanças


nas atuações da empresa, podendo mostrar mudanças na análise de investimento.

22
Grau de alavancagem operacional
Esse índice indica a relação entre a variação dos lucros e a variação das vendas.
Vamos enxergar que aumentar vendas não vai significar aumento de lucro. Então na
análise de um investimento não se pode fazer simulações de ampliação de lucros sim-
plesmente ampliando previsão de vendas. A forma de calcular que podemos apontar é:

Variação % do lucro líquido


GAO =
variação % de receitas

Assim, esse índice aponta o efeito que o aumento de vendas terá nos lucros,
mais precisamente se o lucro vai aumentar na mesma proporção ou não, e qual é
essa proporção.

Esse índice auxilia na projeção dos resultados que uma empresa poderia ter nos
mais variados níveis de produção ou de vendas. Pois, se a empresa produzir, por exem-
plo, 10.000 unidades de um produto qualquer, terá um impacto em custos; se produzir
20.000 unidades, o impacto em custos será outro e, por consequência, os lucros serão
diferentes. Essa análise é o objetivo do índice grau de alavancagem operacional.

Vejamos exemplo:

Vamos utilizar como base os dados abaixo:


Tabela 9
Custo fixo + despesa fixa R$ 10.000,00
Preço de venda unitário R$ 110,05
Custo variável unitário R$ 66,00
Margem de contribuição (PV – CVU) R$ 110,05 – 66 = 44.05

Vamos imaginar que, em um primeiro momento, vamos projetar os lucros com


um volume de vendas de 500 unidades:
500 unidades × 110,05 = Receita de R$ 55.025,00
Custos variáveis totais 66 × 500 = CV de R$ 33.000,00
= margem de contribuição total 44,05 × 500 = R$ 22.025,00
– custo fixo total R$ 10.000,00
= Lucro R$ 12,025,00

Agora, vamos projetar os lucros com vendas de 600 unidades:


600 unidades × 110,05 = Receita de R$ 66.030,00
Custos variáveis totais 66 × 600 = CV de R$ 39.600,00
= margem de contribuição total 44,05 × 600 = R$ 26.430,00
– custo fixo total R$ 10.000,00
= Lucro R$ 16,430,00

23
23
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Assim, a variação dos lucros foi de:


16.430 – 12.025 = 4.405,00 que corresponde a 36,63% de crescimento.
A variação na receita foi de:
66.030 – 55.025 = 11.005 que corresponde a 20% de crescimento.
Uma leitura financeira diz que um crescimento de 20% nas vendas resulta em
crescimento de 36,63% nos lucros.
Assim o GAO seria:

Variação % do lucro líquido


GAO =
variação % de receitas
36, 63%
GAO = = 1,83 vezes
20%

Como profissional da área financeira, o gestor deve ler essa informação da se-
guinte maneira:
O grau de alavancagem operacional de 1,83 vezes significa que qualquer acréscimo
percentual no volume de 500 unidades acarretará aumento de lucro em 1,83 vezes.

Você como aluno, futuro gestor, deve estar se perguntando: como qualquer acrésci-
mo em unidades vendidas acima de 500 unidades gerará um acréscimo nos lucros
de 1,83 vezes? Como podemos tirar a prova?

Para sanar essa possível dúvida, vamos adotar mais um exemplo fazendo outra si-
mulação, vamos assumir um número qualquer. Vamos supor vendas de 800 unidades.

Vendas iniciais de 500 unidades geraram lucros de R$ 12.025,00 e receita de


R$ 55.025,00. Se houver aumento para 800 unidades, qual seria o impacto
nos lucros?

Vamos ver:

Vendas de 800 unidades:

800 unidades × 110,05 = Receita de R$ 88.040,00


Custos variáveis totais 66 × 800 = CV de R$ 52.800,00
= margem de contribuição total 44,05 × 800 = R$ 35.240,00
– custo fixo total R$ 10.000,00
= Lucro R$ 25,240,00

Seguindo o mesmo raciocínio, vamos pegar as receitas de 800 unidades, as


quais foram de R$ 88.040,00, e subtrair as receitas de 500 unidades, que foram de
R$ 55.025,00, o que daria uma diferença de R$ 33.015,00, significando 60% de
crescimento na receita.

24
Fazendo os cálculos:

Crescimento nos lucros = 88.040 – 55.025 = 33.015

Veja que a diferença de um período para o outro foi de R$ 33.015,00. Se fizer


a proporção em relação ao primeiro período, temos:

No período 1, tivemos receitas de R$ 55.025; no período 2, houve crescimento


de receita de R$ 33.015,00:

Regra de três simples:

55.025 100%

33.015 X%

55.025 × X = 33.015 × 100%

55.025 X% = 3.301.500

3.301.500
X%= = 60%
55.025

Esse foi o crescimento percentual nas receitas da empresa.

Em relação aos lucros, vamos fazer os mesmos passos:

Os lucros do período 2 foram de R$ 25.240,00, os lucros do período 1 foram


de R$ 12.025,00. Ao subtrair os lucros do período 2 do período 1, temos um valor
de R$ 13.215,00. O que significa crescimento nos lucros de 109,89%.

Observação: os lucros do período 1 referem-se às vendas de 500 unidades, os lucros


do período 2 referem-se às vendas de 800 unidades.

Cálculos:

crescimento nos lucros = 25.240 – 12.025 = 13.215

O aumento nos lucros de um período para o outro foi de R$ R$ 13.215,00, o


que percentualmente significa 109,89% de crescimento.

12.025 100%

13.015 X%

25
25
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

12.025 × X % = 13.215 × 100%

12.025X = 1.321.500

1.321.500
X%= = 109,89%
12.025

Esse foi o crescimento dos lucros de um período para o outro, agora, podemos
calcular o GAO dividindo a variação dos lucros pela variação das receitas, como já
foi visto:

Variação dos lucros = 109,89%

Variação nas receitas = 60%

Então:

109,89%
GAO = = 1,83 vezes
60%

Assim, um determinado investimento que resulte em ampliação de vendas facili-


ta saber qual o impacto no aumento nos lucros.

Grau de alavancagem financeira


Ao abrir uma empresa, tem-se a possibilidade de abrir com capital próprio ou
capital de terceiros. Adotando esse último, estaria assumindo uma dívida, buscando
recursos no mercado à determinada taxa de juros e aplicando na empresa (ativo)
com outra taxa de atratividade. Assim, a taxa de atratividade, que é o retorno espe-
rado pela empresa, será certa porcentagem e a taxa de juros assumida na empresa
será outra taxa. Essa diferença vai para os acionistas e afeta o retorno sobre o
patrimônio líquido.

Assaf Neto (2003) chama essa diferença de alavancagem financeira, que pode
ser para mais ou para menos em relação ao retorno que teria se o investimento
fosse feito todo com recursos próprios. O autor diz que, para ser favorável, quanto
maior for a participação de capital de terceiro maior será a alavancagem financeira.

Observação: não podemos esquecer que o excesso de participação de capital de


terceiros coloca a empresa em risco, traz retorno maior sobre o capital aplicado, mas
o risco da operação é maior por estar mais endividada.

Sendo assim, podemos citar Gitman (1984), que diz que alavancagem financeira
é a capacidade de a empresa usar encargos financeiros fixos (de terceiros) para ma-
ximizar os efeitos da variação no Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda LAJIR
sobre o lucro por ação, LPA.

26
Vamos trabalhar com a visão de Assaf Neto, que utiliza o índice para decidir se
é viável utilizar capital de terceiros ou capital próprio. Em sua visão, quanto maior o
capital de terceiro, maior a alavancagem financeira. Vamos ver o exemplo:

Uma empresa pretende executar um projeto que necessita de investimento de


R$ 98.000,00 e pretende ter um retorno de capital de 1,77% sobre esse capital.
Feita as projeções, os dados foram os seguintes:

Tabela 10
Vendas 28.333,33
CMV (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas com vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85

Observando o investimento feito de 98.000,00, o retorno sobre o ativo foi de:

Lucro / ativo total

1.735,85 / 98.000 = 0,0177 × 100 = 1,77% de retorno

Atendeu o previsto. Mas e se, no lugar de utilizar capital próprio, a empresa de-
sejasse investir 50% do valor de capital próprio e para o restante buscasse recursos
de terceiros com juros de 1% ao mês. O que ocorreria?

Observação: 49.000,00 de capital próprio e 49.000,00 de capital de terceiros – isso im-


plicará juros de 490,00. Vamos considerar que: os juros foram calculados no primeiro mês
de utilização do capital, a operação fecha com um lucro financeiro, mas gera dívidas a
vencer; em um balanço, estaria no lado do passivo. Lembre-se de que lucro é igual a
receitas menos despesas, não se computam despesas a vencer, somente as realizadas.

Tabela 11
Vendas 28.333,33
CMV (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas com vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Despesas financeiras (490,00) 1% do cap. De 3°s.
Lucro depois dos pag. De juros. 1.245,85

Veja que, numericamente, o lucro foi menor. Isso nos levaria a pensar que foi
ruim a situação, mas vamos lembrar que acionista quer retorno do capital, e seu
papel como gestor financeiro é justamente maximizar esse retorno.

27
27
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

O retorno sobre o PL, que é o retorno sobre o capital próprio na primeira situ-
ação, ficou:

(1.735,85 / 98.000) × 100 = 1,77%

Isso significa que, para cada R$ 100,00 aplicados na empresa, houve retorno
de R$ 1,77.

Se a empresa trabalhasse com capital de terceiro, o lucro diminuiria para


R$ 1.245,85 e o capital próprio aplicado seria de R$ 49.000,00.

Isso significa que:

(1.245,85/49.000) × 100 = 2,54%

Isso significa que, para cada R$ 100,00 aplicados na empresa, houve retorno
de R$ 2,54.

Percebeu que o retorno para cada real aplicado foi maior? Maximizou os ganhos
dos acionistas. Para atrair investidores isso pode ser interessante, é claro, sem es-
quecer o risco gerado para isso.

Bom, não vamos esquecer que nosso objetivo é calcular a alavancagem financei-
ra, então vamos simplificar e utilizar a seguinte fórmula para essa situação:

Retorno sobre PL
GAF =
Retorno sobre Ativo
2,54
GAF = = 1, 43
1, 77

Importante! Importante!

Esse caminho é para decidir entre utilizar capital próprio ou de terceiros e em que volu-
me. Dessa forma, foram utilizados o retorno sobre o patrimônio líquido na operação com
capital de terceiros (2,54) e o retorno sobre o ativo calculado na situação de investimento
próprio total (1,77).

Então esse GAF de 1,43 significa que a segunda opção oferece um retorno 43%
maior do que a primeira. Em outras palavras: se utilizar recursos de terceiros em
50%, terá um retorno sobre capital investido 43% maior do que se utilizasse inves-
timento 100% próprio.

Outros autores consideram o índice de endividamento como referência de análi-


se da alavancagem financeira, utilizando a fórmula:

28
PC + PE
GEPL =
PL

Onde:
• GEPL: grau de endividamento do patrimônio líquido, ou quanto das dívidas da
empresa são dívidas com terceiros?
• PC: Passivo circulante;
• PE: Passivo exigível de LP;
• PL: Patrimônio líquido.

Esses valores podem ser extraídos do balanço patrimonial, e se, por exemplo,
der 0,5, vai significar que 50% das dívidas da empresa são dividas com terceiros,
e quanto maior for esse índice maior será a alavancagem financeira, pois neces-
sitará de menos capital próprio e, por consequência, terá maior retorno sobre o
capital aplicado.

Observação: é claro que devem ser levados em consideração os juros aplicados


na operação.

29
29
UNIDADE Os Indicadores de Investimentos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Análise de Investimentos com VPL Payback e TIR no Mercado Imobiliário
https://youtu.be/oiQZ0LK6I2I
Laboratório Brasil – 15 anos do Real
https://youtu.be/3LHH7nigO6A
Depreciação – métodos de cálculo e explicação do valor residual – CPC 27
https://youtu.be/4X7CS0RFH4Y

 Leitura
Estudo da viabilidade de investimento em uma indústria de confecções: utilização das técnicas VPL, TIR, Payback
Descontado e Índice de Lucratividade
http://bit.ly/34Ohwx1

30
Referências
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. S. Administração do Capital de Giro. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 1997.

BRASIL, H. V.; BRASIL, H. G. Gestão Financeira das Empresas: Um modelo


dinâmico. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1993.

FIGUEIREDO, S.; CAGGIANO, P. C. Controladoria: teoria e prática. São Paulo:


Atlas, 1997.

FREZATTI, F. Gestão do fluxo de caixa diário. São Paulo: Atlas. 1997.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São Paulo:


Harbra, 1997.

HOJI, M. Administração Financeira: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 2000.

IUDICIBUS, S. Contabilidade Gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial.


5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

OLIVEIRA, D. de P. R. de. Planejamento estratégico: conceito, metodologia e


práticas. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

ROSS, A. S.; WESTERFIED, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira:


Corporate Finance. 2. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2002.

31
31

Você também pode gostar