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CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VISEU

CURSO TÉCNICO/A DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

UFCD 6364 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS


AGRÍCOLAS
(50 horas)
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS
CONTEÚDOS
1. Conceito e classificação de projetos agrícolas
2. Ciclo de vida dos projetos agrícolas
3. Óticas de avaliação dos projetos
4. Critérios de avaliação de projetos agrícolas
5. Elementos de base para a avaliação de projetos agrícolas na ótica empresarial
6. Análise de investimentos com base em orçamentos anuais
7. Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos plurianuais
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS
1- Conceito e classificação de projetos agrícolas
Os projetos agrícolas classificam-se em duas grandes categorias, as quais
diferem entre si, essencialmente, quanto à respetiva área de influência e aos
tipos de efeitos esperados com a sua realização:
A- Projetos de investimento no âmbito da empresa agrícola
B- Projetos de desenvolvimento agrícola e rural
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A- Projetos de investimento no âmbito da empresa agrícola
Propostas de aplicação de recursos cuja área de influência se insere apenas no
âmbito de uma única unidade de produção agrícola e que visam o alcance de
objetivos de natureza empresarial usualmente associados com a melhoria dos
resultados futuros da exploração agrícola.
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A- Projetos de investimento no âmbito da empresa agrícola
Os projetos de investimento de âmbito empresarial são, usualmente,
classificados:
 projetos de criação de uma nova empresa,
 projetos de investimentos de substituição,
 projetos de investimentos de modernização ou inovação
 projetos de investimentos de expansão da capacidade instalada.
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B- Projetos de desenvolvimento agrícola e rural
Proposta de aplicação de recursos com uma área de influência que integra um
conjunto mais ou menos numeroso de explorações agrícolas com a intenção
de criar condições favoráveis não só à melhoria dos resultados futuros de
cada uma das empresas agrícolas abrangidas como também à promoção do
desenvolvimento sócio-económico regional integrado das zonas rurais.
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2- Ciclo de vida dos projetos agrícolas:
Divide-se em quatro fases:
1- Conceção e formulação;
2- Execução ou realização;
3- Exploração ou funcionamento;
4- Extinção.
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2- Ciclo de vida dos projetos agrícolas:
Fase1- Conceção e formulação - objetivo a recolha e tratamento de
toda a informação de base necessária à fundamentação das decisões quanto ao
futuro da correspondente iniciativa de investimento.
Fase 2- Execução ou realização - corresponde à implementação, por parte
das entidades individuais ou coletivas responsáveis pela promoção do projeto,
do conjunto de decisões de investimento previamente definidas em ordem à
concretização dos objetivos visados.
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2- Ciclo de vida dos projetos agrícolas:
Fase 3- Exploração ou funcionamento - consiste no desenvolvimento das
atividades diretamente associadas ao investimento ao longo do respetivo
período de vida útil, cujo termo dá origem à chamada fase 4 de extinção do
projeto.
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ANÁLISE DE INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS
3- Óticas de avaliação de projetos:
A avaliação «ex ante» de projetos agrícolas é um processo dinâmico que se
desenvolve ao longo de toda a fase de conceção e formulação.
Tal processo consiste essencialmente no estabelecimento de uma estreita
relação entre os objetivos a atingir e os efeitos esperados com a realização dos
projetos.
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3- Óticas de avaliação de projetos:
Avaliação «ex ante»
segundo duas perspetivas distintas mas complementares:
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3- Óticas de avaliação de projetos:
Avaliação «ex ante»
Nos projetos de desenvolvimento agrícola e rural, as duas óticas de
avaliação deverão ser encaradas na perspetiva da análise da rendibilidade
empresarial de cada uma das unidades de produção englobadas no projeto e
da análise social do conjunto das ações que se pretendem vir a implementar.
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4- Critérios de avaliação de projetos agrícolas:
1- Critério da rendibilidade empresarial
orientada para a análise do interesse do projeto para o empresário agrícola,
independentemente das condições de financiamento.
2- Critério da viabilidade
considerando as condições de financiamento existentes.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
A construção das variantes
alternativas de um projeto
baseiam-se nos diferentes tipos
de soluções que venham a ser
encontradas no âmbito dos
estudos de mercado, técnicos e
de enquadramento jurídico e
financeiro que integram a etapa
de preparação do projeto.
5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

Cada uma das variantes


correspondentes à situação com
projeto irá ser caracterizada
pelos três seguintes elementos base
de avaliação:
• plano de investimento,
• plano de exploração,
• plano de financiamento.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
O plano de investimento - consiste na descrição e escalonamento ao longo
da vida útil do projeto dos investimentos inicial e de substituição previstos e
concretiza-se, na prática, através dos chamados Mapas Síntese do
Investimento e Calendário de Execução dos Investimentos.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
O plano de exploração - consiste na descrição e escalonamento ao longo da
vida útil do projeto, dos encargos e receitas anuais de exploração previstos
com a realização do investimento e concretiza-se, na prática, através da
chamada Conta de Exploração Previsional (CEP) do projeto.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
O plano de financiamento - consiste na descrição e escalonamento ao longo
da vida útil do projeto dos empréstimos previstos para o financiamento do
investimento no curto e longo prazos e dos respetivos serviços de dívida
(juros e amortizações). Na prática, a concretização deste plano processa-se
através dos chamados Balanço Previsional, Orçamento de Tesouraria, Fundo
de Maneio e Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (ou Funds-flow).
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
A conta de exploração previsional (CEP), que integra os orçamentos anuais
previsionais correspondentes aos diferentes anos de vida útil do projeto, vai
servir de base, conjuntamente com o Mapa Síntese de Investimento e o
Calendário de Execução de Investimentos, à elaboração do chamado cash-
flow antes do financiamento.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
Cash-flow - O cash-flow representa o excedente de disponibilidades gerado
pelo projeto:
Entradas de Dinheiro – Saídas de Dinheiro
No cálculo dos cash-flows é necessário ter em consideração o momento em
que o dinheiro entra (recebimentos) e sai (pagamentos)
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:
Exemplo: Período de Recuperação do Investimento
Atualizado

Este critério destina-se a determinar o tempo de recuperação do capital investido, atualizando os cashflows (i=10%)
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

Será a partir deste tipo de orçamento plurianual que se procederá à avaliação


da rendibilidade do conjunto dos capitais a investir, independente da sua
origem, a qual será ou o autofinanciamento, e/ou o recurso a subsídios de
capital e/ou o recurso a empréstimos junto de instituições financeiras
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

Com base no cash-flow antes do financiamento e no funds-flow da respetiva


variante do projeto proceder-se-á à elaboração do chamado cash-flow
depois do financiamento, com base no qual se poderá vir a avaliar da
rentabilidade dos capitais próprios a investir.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

A avaliação de um investimento implica que se proceda à comparação entre


os benefícios líquidos que se espera venham a ser gerados pelo projeto e os
respetivos custos iniciais de investimento, comparação esta a concretizar
segundo diferentes tipos de procedimentos alternativos de acordo com as
características dos investimentos que se pretendem analisar.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

Quando os investimentos propostos tiverem um período de maturação


relativamente curto, a comparação entre benefícios e custos do projeto
poderá basear-se na elaboração de orçamentos anuais da empresa agrícola
para as situações «antes» e «depois» do investimento.
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5- Elementos de base para avaliação de projetos agrícolas na ótica
empresarial:

Quando os investimentos propostos tiverem um período de maturação dos


relativamente longo a comparação entre benefícios e custos do projeto
implicará o recurso a orçamentos plurianuais do tipo cash-flow e funds-flow,
pois só assim se tornará possível levar na devida consideração a forma como
evolui o fluxo de benefícios líquidos ao longo da vida útil do projeto.
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6-Análise de Investimentos Agrícolas, na Ótica Empresarial com Base em
Orçamentos Anuais

Baseia-se no apuramento dos resultados de exploração anual da empresa para


as situações «antes» e «depois» da realização dos investimentos.
O tipo de critérios a utilizar, depende fundamentalmente do tipo da empresa
agrícola :
6.1- explorações agrícolas de tipo familiar,
6.2- explorações agrícolas de tipo empresarial.
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6-Análise de Investimentos Agrícolas, na Ótica Empresarial com Base em
Orçamentos Anuais

6.1- explorações agrícolas de tipo familiar


Nas explorações agrícolas de tipo familiar os resultados de exploração anual
mais indicados para serem utilizados como base para o estabelecimento de
critérios de avaliação de projetos são os seguintes:
- rendimento do empresário e da família (REF),
- rendimento do trabalho familiar (RTF).
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6-Análise de Investimentos Agrícolas, na Ótica Empresarial com Base em
Orçamentos Anuais

6.1- explorações agrícolas de tipo familiar


Nas explorações agrícolas de tipo familiar os resultados de exploração anual
mais indicados para serem utilizados como base para o estabelecimento de
critérios de avaliação de projetos são os seguintes:
- rendimento do empresário e da família (REF),
- rendimento do trabalho familiar (RTF).
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6-Análise de Investimentos Agrícolas, na Ótica Empresarial com Base em
Orçamentos Anuais

6.1- explorações agrícolas de tipo familiar


- rendimento do empresário e da família (REF)
Representa o total dos valores (monetários e em natureza) que a família pode
consumir sem diminuir a capacidade de produção da respetiva empresa.
- rendimento do trabalho familiar (RTF).
Exprime a remuneração alcançada pela mão-de-obra familiar aplicada na
empresa, serve de base para a comparação com as remunerações que a mão-
de-obra familiar possa obter alternativamente.
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6-Análise de Investimentos Agrícolas, na Ótica Empresarial com Base em
Orçamentos Anuais

6.2- explorações agrícolas de tipo empresarial


O rendimento do capital de empresa (RCE) é o resultado de exploração
anual e traduz a remuneração do conjunto dos capitais da empresa, servindo
de base para a comparação da remuneração média dos capitais investidos com
outro tipo de aplicações alternativas em iguais condições de duração e de
risco.
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais

7.1- Estrutura e processo de elaboração do cash-flow


O cash-flow antes do financiamento de um projeto agrícola integra os
seguintes elementos básicos,
• Entradas (ou in-flows)- o fluxo de receitas, rendimentos e benefícios que
afluem à empresa agrícola em consequência da realização do projeto cuja
rendibilidade se pretende analisar.
• Saídas (ou out-flows)- constituem o fluxo de despesas e encargos a que a
empresa agrícola tem de fazer face em consequência da realização do
investimento a analisar.
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais

7.1- Estrutura e processo de elaboração do cash-flow


No in-flow incluem-se as seguintes rubricas:
• Valor bruto da produção;
• Outros rendimentos da empresa;
• Valor residual.

No out-flow incluem-se as seguintes rubricas:


• Investimentos;
• Encargos de exploração;
• Capital de exploração adicional.
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais
Critérios de Rentabilidade de Projetos
• VLA - O valor líquido atualizado de um investimento é a diferença entre
os valores dos benefícios e dos custos previsionais que o caracterizam, depois
de atualizados a uma taxa de atualização convenientemente escolhida
• TIR - É a taxa em que o VLA = 0. É a taxa máxima dos capitais a investir.
• PRI(A)
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais
Critérios de Rentabilidade de Projetos - VLA
VLA>0
O projeto é viável, pois permite uma adequada remuneração dos capitais
investidos, cobre o risco económico e financeiro e ainda permite a criação de
um excedente monetário (no valor do VLA)
VAL=0
O projeto é viável, mas não apresenta nenhum excedente
VAL<0
O projeto não é viável
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais
Critérios de Rentabilidade de Projetos - VLA
VANTAGENS
– Utiliza todos os cashflows do projeto
– Considera o valor temporal do dinheiro

DESVANTAGENS
– Para o cálculo é necessária uma taxa de atualização que, por vezes, é
definida com alguma arbitrariedade.
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7- Análise de investimentos agrícolas com base em orçamentos
plurianuais
Critérios de Rentabilidade de Projetos – TIR

- Se i prevista >TIR O projeto terá um VLA negativo, logo não será viável
- Se i prevista <TIR O projeto terá um VLA positivo, ou seja, o projeto é
viável

Pelo critério TIR, o projeto é tanto melhor quanto maior for a sua TIR.
A taxa interna de rendibilidade de um investimento mede a taxa de juro anual
efetivamente proporcionada durante o seu período de vida útil pelo conjunto
dos capitais nele aplicados.
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS
Exercício:
No âmbito da análise de um projeto de investimento agrícola, foi determinado
os seguintes valores de Benefício Líquido (cash-flow):

Considerando uma taxa de atualização de 6 % ao ano, proceda ao cálculo do


VLA, TIR e PRI.
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Exercício:
Resolução
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Exercício:
Resolução
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Exercício:
Resolução
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS
Exercício:
Resolução
c) PRI
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CURSO TÉCNICO/A DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

FIM
UFCD 6364 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
AGRÍCOLAS

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