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Engenharia e

Desenvolvimento
de Produto
Material Teórico
Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Marcio Nunes

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Conceituação Sobre o Desenvolvimento
de Produtos

• Introdução
• Generalidades
• O Processo de Desenvolvimento de um Produto

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Dar ao aluno uma maior compreensão acerca do processo de desen-
volvimento de produtos, suas peculiaridades e atribuições.
· Fornecer as informações básicas para o entendimento de todo o pro-
cesso de desenvolvimento, desde a idealização até a produção de
um produto.
· Entender o que é desenvolver um produto e o processo pelo qual
são desenvolvidos novos produtos.
· Entender a importância estratégica do processo de desenvolvimento
e como ele contribui para a competitividade da empresa.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Contextualização
O desenvolvimento de um produto não é uma tarefa fácil. Nos nossos dias, em
que a competitividade é um fator de extrema importância, desenvolver um produto
significa empenhar-se em tarefas importantes e trabalhar muitas vezes além dos
limites do nosso conhecimento. A velocidade com que as informações trafegam faz
com que o fator tempo seja primordial.

Desenvolver um bom produto requer muita habilidade, conhecimento específico,


acompanhamento das tendências de mercado, dedicação etc. Além disso, existem
os fatores ambientais, que acabam influenciando os projetos. O aquecimento global
e a poluição das grandes cidades hoje estão na mira dos governos, de modo que
normas e regras acabam influenciando o projeto de um novo produto.

Deste modo, você, caro(a) aluno(a), deve estar afinado(a) com essas tendências
do mercado para compreender melhor os pormenores que cercam esta tarefa na
sua atuação profissional.

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Introdução
Nesta Unidade vamos abordar as principais definições e conceitos relativos ao
desenvolvimento de um produto. Este material não é voltado somente para os
alunos de Engenharia, mas também para o público profissional, pois muitos se
tornarão profissionais que poderão trabalhar tanto no desenvolvimento de produtos
como em funções correlatas.

O desenvolvimento de um produto envolve não somente as atividades de ordem


técnica. Neste curso vamos procurar combinar as perspectivas de marketing,
design e fabricação em uma abordagem única para o desenvolvimento de
produtos. Esperamos que com isso você, caro(a) aluno(a), possa desenvolver
uma capacidade de apreciar a realidade da prática industrial e assim perceber o
complexo e essencial papel desempenhado pelos diferentes membros das equipes
de desenvolvimento de produtos. Para os profissionais da indústria, em particular,
este curso poderá oferecer um conjunto de métodos de desenvolvimento de produto
que pode ser colocado em prática imediatamente em seus projetos. Os métodos
que apresentaremos são do tipo passo a passo para a realização de tarefas. Em
nossa experiência, o desenvolvimento de um produto é mais bem compreendido
por intermédio da aplicação de métodos estruturados para o projeto, tanto em
ambientes industriais como acadêmicos.

A aplicação de métodos estruturados no desenvolvimento de produtos também


facilita o estudo e o aperfeiçoamento dos processos de desenvolvimento. Esperamos
que você possa utilizar as ideias aqui apresentadas como base para a criação de
seus próprios métodos de desenvolvimento, adequados às suas potencialidades e
aos recursos que a empresa possa lhe oferecer.

O sucesso econômico da maioria das empresas depende de suas capacidades de


identificar as necessidades dos clientes e criar rapidamente produtos que atendam
a essas necessidades e que possam ser produzidos a um custo baixo. Atingir esses
objetivos não é apenas um problema logístico ou de marketing, nem é apenas um
problema de projeto ou de fabricação; trata-se de um problema de desenvolvimento
de produto que envolve todas essas funções. Na prática, o desenvolvimento começa
com uma ideia ou com a percepção de uma oportunidade de mercado e termina na
produção, venda e entrega do produto.

O foco principal deste estudo está relacionado com produtos tangíveis, embora o
desenvolvimento de um serviço ou de um software também possa ser considerado.
Em suma, o objetivo é apresentar de forma clara e detalhada um conjunto de
métodos de desenvolvimento de produto destinados a aproximar o marketing, o
design e o setor de manufatura de uma empresa.

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Generalidades
Do ponto de vista dos investidores em uma empresa com fins lucrativos, o sucesso
do desenvolvimento do produto resulta de produtos que podem ser produzidos e
vendidos com rentabilidade, mas essa rentabilidade é muitas vezes difícil de avaliar
de maneira rápida e direta. Há cinco itens importantes que se relacionam com
os ganhos das empresas e são comumente usadas para avaliar o desempenho no
desenvolvimento de um produto, que são:
·· Qualidade – o produto deve satisfazer as necessidades do cliente. Deve tam-
bém ser robusto e confiável, além de estar disponível a um preço que os
consumidores estejam dispostos a pagar;
·· Custo de fabricação – o custo de fabricação do produto inclui gastos em
equipamentos e ferramental, assim como despesas adicionais para produzir
cada unidade do novo produto. O custo do produto determina o montante
dos ganhos e lucros da empresa para um determinado volume de vendas e
um determinado preço de venda;
·· Tempo de desenvolvimento – a equipe de desenvolvimento deve completar
o esforço de desenvolvimento do produto no menor tempo possível. O tempo
de desenvolvimento determina a capacidade de resposta da empresa às forças
competitivas e aos desenvolvimentos tecnológicos, bem como a rapidez com
que a empresa recebe os retornos econômicos dos esforços da equipe;
·· Custo de desenvolvimento – o custo de desenvolvimento é geralmente
uma fração significativa do investimento necessário para atingir os resulta-
dos esperados.
·· Capacidade de desenvolvimento – a equipe de desenvolvimento e a em-
presa deverão estar aptas a desenvolver produtos futuros como resultado de
sua experiência com um projeto de desenvolvimento de produto. A capaci-
dade de desenvolvimento é um trunfo que a empresa pode usar para desen-
volver produtos de forma mais eficaz e econômica no futuro.

Um bom desempenho relacionado a essas cinco dimensões deve, em última


instância, conduzir ao sucesso econômico da venda do produto. Entretanto,
outros critérios de desempenho também são importantes. Esses critérios surgem
de interesses de outras partes da empresa, incluindo os membros da equipe de
desenvolvimento e do setor produtivo da mesma. Os membros da equipe de
desenvolvimento podem estar interessados em criar um produto inerentemente
excitante. Já os membros do setor de manufatura podem estar preocupados com
a capacidade de gerar empregos a partir do novo produto a ser produzido. Tanto
os trabalhadores da produção como os usuários do produto podem exigir que
a equipe de desenvolvimento seja responsável por altos padrões de segurança,
independentemente se essas normas poderem ou não ser justificadas com base na
lucratividade. Outras pessoas, que podem não ter conexão direta com a empresa ou
com o produto, podem solicitar que o produto tenha uma utilização ecologicamente
correta dos recursos materiais e que gere resíduos minimamente perigosos.

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O desenvolvimento de produtos é uma atividade interdisciplinar que requer
contribuições de quase todas as áreas de uma empresa; no entanto, três delas são
quase sempre as determinantes no projeto de desenvolvimento de um produto:
· Marketing – a função do setor de marketing é intermediar as interações
entre a empresa e seus clientes. O marketing geralmente facilita a identifica-
ção das oportunidades de mercado para o lançamento de um determinado
produto, realiza a definição de segmentos de mercado e a identificação das
necessidades dos clientes. Normalmente o marketing também organiza a
comunicação entre a empresa e seus clientes, define preços e supervisiona
o lançamento e promoção do produto. Não deve ficar de fora do processo
de desenvolvimento;
· Design – a função de design desempenha o papel principal na definição
da forma física do produto para melhor atender às necessidades do cliente.
Neste contexto, a função de design inclui o projeto de engenharia (mecânica,
elétrica, software etc.) e o projeto do aspecto final (estética, ergonomia, inter-
faces de usuário);
· Fabricação – o setor de manufatura é o principal responsável por projetar,
operar e/ou coordenar o sistema de produção. De um modo geral, a fabri-
cação também inclui muitas vezes a compra de matéria-prima e acessórios,
as instalações fabris e a distribuição. Essa coleção de atividades é conhecida
como cadeia de suprimentos.

Poucas pessoas dentro desses setores frequentemente têm treinamento


disciplinar específico em áreas tais como pesquisa de mercado, Engenharia
Mecânica, Engenharia Elétrica, Ciência de materiais ou operações de manufatura.
Várias outras funções, incluindo finanças e vendas, são frequentemente envolvidas
em tempo parcial no desenvolvimento de um novo produto. Além dessas amplas
categorias funcionais, a composição específica de uma equipe de desenvolvimento
depende das características particulares do produto.

Poucos produtos são desenvolvidos por um único indivíduo. O grupo de pessoas


que desenvolvem um produto compõe a equipe do projeto. Esta equipe geralmente
tem um único líder, que pode ser um funcionário de outros setores da empresa. A
equipe de desenvolvimento pode ser considerada de duas maneiras: uma equipe
principal e uma equipe estendida. A fim de trabalhar em conjunto de forma eficaz, a
equipe principal geralmente permanece pequena o suficiente para se reunir em uma
sala de reuniões, enquanto que a equipe estendida pode ser composta por dezenas,
centenas ou mesmo milhares de outros membros (mesmo considerando que o
termo “equipe” seja inadequado para um grupo de milhares de membros, a palavra
é frequentemente usada neste contexto para enfatizar que o grupo deve trabalhar
em direção a um objetivo comum). Na maioria dos casos, uma equipe dentro da
empresa será apoiada por pessoas ou equipes de empresas parceiras, fornecedores
e empresas de consultoria. Às vezes, como é o caso para o desenvolvimento de um
novo avião, o número de membros da equipe externa pode ser ainda maior do que
a da equipe da empresa.

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Com relação à duração e ao custo do desenvolvimento de um produto, pode-


-se dizer que há produtos que podem ser desenvolvidos em menos de um ano,
outros requerem de 3 a 5 anos, e alguns levam até 10 anos. O custo do desen-
volvimento do produto é aproximadamente proporcional ao número de pessoas
envolvidas no projeto e à duração do mesmo. Além das despesas para o esforço
de desenvolvimento, uma empresa quase sempre terá que fazer algum investi-
mento em ferramental e equipamentos necessários para a produção. Estas des-
pesas são frequentemente tão grandes quanto o orçamento do desenvolvimento
do produto. Entretanto, às vezes é útil pensar nessas despesas como parte dos
custos fixos de produção.

Desenvolver produtos de sucesso não é uma tarefa tão fácil. Poucas empresas
são bem-sucedidas na tarefa de desenvolver um bom produto. Estas probabilidades
representam um desafio significativo para uma equipe de desenvolvimento de
produtos. Vejamos alguns desafios importantes:
· Trade-offs – há no mercado econômico um termo que é o principal gerador
de tomada de decisão: Trade-off significa que há um compromisso entre
atingir um objetivo mais avançado e o custo que isso representa. Por exemplo,
as fábricas de aviões podem torná-los mais leves, mas esta ação muito
provavelmente aumentará o custo de fabricação. E assim fica uma pergunta:
os consumidores estarão dispostos a pagar por isso? Um dos aspectos
mais difíceis do desenvolvimento do produto é reconhecer, compreender e
gerenciar estes trade-offs de uma forma a maximizar o sucesso do produto;
·· Dinâmica – a tecnologia avança a cada dia, as preferências dos clientes
evoluem, os concorrentes introduzem novos produtos e o ambiente
macroeconômico muda. A tomada de decisões em um ambiente de mudanças
constantes é uma tarefa árdua;
·· Detalhes – a escolha entre usar parafusos ou rebites no gabinete de um
computador pode ter implicações econômicas impressionantes. Desenvolver
um produto mais complexo pode exigir milhares de tais decisões;
·· Tempo – qualquer uma dessas dificuldades listadas acima seria facilmente
gerenciável por si mesma, caso houvesse tempo disponível suficiente para
isso. Entretanto, é sabido que as decisões de desenvolvimento de produto
geralmente devem ser feitas rapidamente e sem informações completas;
·· Economia – desenvolver, produzir e comercializar um novo produto requer
um grande investimento. Para obter um retorno razoável desse investimento,
o produto resultante deve ser atraente para os clientes e relativamente barato
de produzir.

Para muitas pessoas, o desenvolvimento de produtos é interessante porque é um


desafio. Para outros, alguns atributos também contribuem para seu apelo:
·· Criatividade. O processo de desenvolvimento do produto começa com
uma ideia e termina com a produção de um bem físico. O processo de
desenvolvimento do produto é intensamente criativo tanto na sua totalidade
como nas atividades individuais;

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· Satisfação das necessidades da sociedade. Todos os produtos são desti-
nados a satisfazer as necessidades das pessoas. A equipe de desenvolvimento
quase sempre poderá encontrar argumentos dentro da empresa para desen-
volverem produtos que possam satisfazer as necessidades mais importantes;
· Diversidade da equipe. O desenvolvimento bem-sucedido requer muitas
habilidades e talentos diferentes. Como resultado, as equipes de desenvolvi-
mento envolvem pessoas com bons currículos, experiências diversas e perso-
nalidades diferentes;
· Espírito de equipe. As equipes de desenvolvimento de produtos são com-
postas frequentemente de grupos altamente motivados e cooperativos. A
equipe deve se reunir sempre e discutir em conjunto o desenvolvimento do
trabalho. Assim, os membros poderão concentrar sua energia coletiva na
criação do produto.

O Processo de Desenvolvimento
de um Produto
O desenvolvimento de um produto é um processo contínuo e concentrado. É
uma sequência de etapas que transforma um conjunto de entradas em uma ou mais
saídas. A maioria das pessoas está familiarizada com a ideia de processos físicos,
como aqueles utilizados para assar um pão ou para montar um automóvel. Um
processo de desenvolvimento de produto é a sequência de etapas ou atividades
que uma empresa emprega para conceber, projetar e comercializar um produto.
Muitas dessas etapas e atividades são de ordem intelectual e organizacional, e não
físicas. Algumas organizações definem e seguem um processo de desenvolvimento
preciso e detalhado, enquanto outras podem nem mesmo ser capazes de descrever
seu processo. Além disso, cada organização emprega um processo diferente do de
qualquer outra organização. Na verdade, a mesma empresa pode seguir diferentes
processos para cada um dos vários tipos diferentes de processos de desenvolvimento.

Um processo de desenvolvimento bem definido é baseado em atividades


importantes e necessárias. Vejamos algumas delas:
· Garantia de qualidade. Um processo de desenvolvimento especifica por
quais fases um projeto de desenvolvimento passará e quais os pontos de
verificação ao longo do percurso. Quando estas fases e pontos de verificação
são escolhidos convenientemente, a probabilidade com que a qualidade do
produto resultante seja garantida é elevada;
· Coordenação. Um processo de desenvolvimento bem articulado atua como
um script teatral que define os papéis de cada um dos atores da equipe
de desenvolvimento. Este plano informa os membros da equipe quando
suas contribuições serão necessárias e com quem eles precisarão trocar
informações e materiais;

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

·· Planejamento. Um processo de desenvolvimento inclui etapas que corres-


pondem à conclusão de cada fase. O cronograma desses eventos subsidia o
cronograma global do projeto de desenvolvimento;
·· Gestão. Um processo de desenvolvimento é uma referência para avaliar o
desempenho de um esforço contínuo de desenvolvimento. Ao comparar os
eventos realizados com os previstos, um gerente pode identificar possíveis
áreas problemáticas;
·· Aperfeiçoamentos. A documentação cuidadosa e a revisão contínua do
processo de desenvolvimento de uma organização e seus resultados podem
ajudar a identificar oportunidades de melhoria.

Afinal, como é mesmo feito o desenvolvimento de um produto? Alguns dizem


que basta ter uma ideia na cabeça e recursos suficientes para tornarmos um sonho
em realidade. Todavia, sabemos que não é tão simples assim. Em linhas gerais,
podemos imaginar o desenvolvimento de um produto conforme mostrado na
Figura 1, a seguir.

De um modo genérico, o ponto de partida pode ser uma ideia, uma oportunidade
de negócio ou uma necessidade do mercado. Entretanto, se o produto será ou
não bem-sucedido, isso é outra história. Entretanto, neste Curso vamos analisar
também a questão do sucesso de um novo produto.

O processo de desenvolvimento de produtos genéricos consiste basicamente de


seis fases, conforme ilustrado na Figura 2. O processo começa com uma fase de
planejamento, que é o elo com atividades avançadas de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico. A saída da fase de planejamento é a declaração da missão do projeto,
que é a entrada necessária para iniciar a fase de desenvolvimento do conceito e que
serve como um guia para a equipe de desenvolvimento. A conclusão do processo
de desenvolvimento do produto é o lançamento do produto no mercado, momento
em que o produto fica disponível para compra. Uma maneira de pensar sobre o
processo de desenvolvimento é como a criação inicial de um amplo conjunto de
conceitos de produtos alternativos e, em seguida, o estreitamento subsequente
de alternativas e especificação crescente do produto até que o produto pode ser
confeccionado pelo sistema de produção de forma confiável e repetida. Note-se
que a maioria das fases de desenvolvimento são definidas em termos de estado de
evolução do produto, embora o processo de produção e os planos de marketing,
entre outros produtos tangíveis, também estejam evoluindo à medida que o
desenvolvimento progride.

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Desenvolvimento de um Produto

Ideia

Concepção Planejamento
Oportunidade Protótipo Produto
do Projeto do Projeto

Necessidade dos
Consumidores

Figura 1 – As origens do desenvolvimento de um produto


Fonte: Acervo do Conteudista

Outra maneira de pensar sobre o processo de desenvolvimento é imaginá-lo como


um sistema de processamento de informação. O processo começa com insumos tais
como os objetivos corporativos, oportunidades estratégicas, tecnologias disponíveis,
plataformas de produtos e sistemas de produção. Várias atividades processam a
informação de desenvolvimento, formulando especificações, conceitos e detalhes
de design. O processo é concluído quando todas as informações necessárias para
apoiar a produção e as vendas foram criadas e comunicadas. Uma terceira maneira
de pensar sobre o processo de desenvolvimento é como se fosse um sistema de
gerenciamento de risco. Nas fases iniciais do desenvolvimento do produto, vários
riscos são identificados e priorizados. À medida que o processo progride, os riscos
são reduzidos à medida que as principais incertezas são eliminadas e as funções
Evolução no Desenvolvimento
do produto são validadas. Quando o processo for concluído, a equipe deve ter
confiança substancial de que o produto funcionará corretamente e que será bem
recebido pelo mercado.
de um Produto

Desenvolvimento Desenvolvimento Testes e


Planejamento Detalhamento Produção
do Conceito do Processo Refinamento

O funil do
desenvolvimento

Figura 2 – O funil do desenvolvimento de um produto


Fonte: Ulrich e Eppinger, 2012

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Agora vamos detalhar as seis etapas de desenvolvimento de um produto genérico,


ilustradas na Figura 2. São elas:
1. Planejamento – a atividade de planejamento é muitas vezes referida como
“fase zero”, porque precede a aprovação do projeto e o lançamento do pro-
cesso de desenvolvimento do produto real. Esta etapa começa com a iden-
tificação de oportunidades, é orientada pela estratégia corporativa e inclui
a avaliação de desenvolvimentos tecnológicos e objetivos de mercado. O
resultado da fase de planejamento é a declaração de missão do projeto, que
especifica o mercado-alvo do produto, metas de negócios, premissas-chave e
restrições. Posteriormente veremos com maiores detalhes a questão da iden-
tificação de oportunidades e do planejamento do produto;
2. Desenvolvimento do conceito – na fase de desenvolvimento do conceito
são identificadas as necessidades do mercado-alvo, são gerados e avaliados
conceitos de produtos alternativos e um ou mais conceitos são selecionados
para desenvolvimento e testes. Um conceito é uma descrição da forma, função
e características de um produto e geralmente é acompanhado por um conjunto
de especificações, uma análise de produtos competitivos e uma justificativa
econômica do projeto. Esse assunto será melhor discutido posteriormente;
3. Projeto em nível de sistema – a fase de projeto em nível do sistema in-
clui a definição da arquitetura do produto, a decomposição do produto em
subsistemas e componentes e o projeto preliminar de componentes-chave.
Planos iniciais para o sistema de produção e montagem final também são ge-
ralmente definidos durante esta etapa. A saída desta fase geralmente resulta
em um layout geométrico do produto, uma especificação funcional de cada
um dos subsistemas e um diagrama preliminar de fluxo de processo para a
fase de montagem final;
4. Design detalhado – a fase de design detalhado inclui a especificação com-
pleta da geometria, materiais e tolerâncias de todas as peças exclusivas no
produto e a identificação de todas as peças padrão a serem compradas dos
fornecedores. É estabelecido um plano de processo e é também projetado o
ferramental de fabricação ou de montagem para cada peça a ser fabricada
dentro ou fora da empresa. A saída desta fase é a documentação do produto
– desenhos ou arquivos de computador, descrevendo a geometria de cada
peça, suas ferramentas de produção, especificações das peças compradas
prontas e os planos de processo para a fabricação e montagem do produto.
Há três questões críticas que serão melhor consideradas ao longo do pro-
cesso de desenvolvimento do produto, mas que são finalizadas na fase de
projeto detalhado: a) seleção de materiais; b) custo de produção; e c) desem-
penho robusto. Essas questões serão discutidas nas próximas Unidades – IV
e V – do Curso;
5. Testes e aperfeiçoamentos – a fase de testes e refinamentos envolve a
construção e avaliação de protótipos de pré-produção do produto. Os pro-
tótipos iniciais (geralmente denominados “alfa”) são construídos com partes

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de peças com a mesma intenção de produção, com as mesmas propriedades
geométricas e materiais, conforme especificado para a versão de produção
do produto, mas não necessariamente fabricados com os processos reais a
serem utilizados na produção. Os protótipos “alfa” são testados para deter-
minar se o produto funcionará como projetado e se o produto satisfaz as
principais necessidades do cliente. Os protótipos posteriores (denominados
“beta”) são geralmente construídos com peças fornecidas pelos processos de
produção especificados, mas não podem ser montados usando o processo
de montagem final idealizado. Os protótipos “beta” são extensivamente ava-
liados internamente e também são tipicamente testados pelos clientes em seu
próprio ambiente de uso. O objetivo dos protótipos “beta” é, em geral, res-
ponder a perguntas sobre desempenho e confiabilidade, a fim de identificar
as mudanças de engenharia necessárias para o produto final. Veremos com
maiores detalhes esse tópico na Unidade VI;
6. Produção piloto – na fase de produção piloto, o produto é fabricado utili-
zando o sistema de produção especificado. O objetivo é treinar a força de tra-
balho e resolver os problemas remanescentes dos processos de produção. Os
produtos produzidos durante a fase piloto são muitas vezes enviados a clien-
tes preferenciais e são cuidadosamente avaliados para identificar eventuais
falhas. A transição da produção piloto para a produção regular é geralmente
feita de forma gradual. Em algum momento dessa transição, o produto é
lançado e torna-se disponível para distribuição generalizada. Uma revisão do
projeto pós-lançamento pode ocorrer logo após o lançamento. Esta revisão
inclui uma avaliação do projeto a partir de perspectivas comerciais e técnicas
e destina-se a identificar formas de introduzir melhorias no processo de de-
senvolvimento de futuros projetos. Na Unidade V abordaremos esse assunto.

A fase conceitual do processo de desenvolvimento exige talvez mais coor-


denação entre funções do que qualquer outra. Assim, muitos dos métodos de
desenvolvimento integradores apresentados neste Curso estão concentrados
nesta fase. Vamos expandir a fase de desenvolvimento conceitual para o que
chamamos de processo front-end. O termo front-end veio da informática e
significa a parte do processamento de dados que está mais próxima do usuário.
Literalmente, poderia ser traduzido como “extremidade da frente”. O processo
front-end geralmente contém muitas atividades inter-relacionadas e ordenadas
numa sequência lógica. Porém, nem sempre todo o processo prossegue de
forma puramente sequencial, onde cada atividade seria totalmente completada
antes de iniciar a próxima. Na prática, as atividades de front-end podem ser
sobrepostas no tempo e a iteração é muitas vezes necessária. Em quase to-
das as fases, novas informações podem aparecer e isso faz com que a equipe
recue uma ou mais etapas já concluídas. Essa intervenção causará atrasos no
cronograma e redundará em custos adicionais. Esta repetição de atividades já
completadas é conhecida como iteração de desenvolvimento.

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

O processo de desenvolvimento do conceito inclui as seguintes atividades:


·· Identificar as necessidades dos clientes. O objetivo desta atividade é en-
tender as necessidades dos clientes e comunicá-las de forma efetiva à equipe
de desenvolvimento. A saída desta etapa é um conjunto de declarações das
necessidades do cliente cuidadosamente construídas, organizadas em uma
lista hierárquica, com ponderações de importância para todas ou quase to-
das as necessidades;
·· Estabelecimento de especificações básicas. As especificações fornecem
uma descrição precisa do que um produto tem e o que pode fazer. Eles são
a tradução das necessidades do cliente em termos técnicos. As metas para
as especificações são estabelecidas no início do processo e representam os
anseios da equipe de desenvolvimento. Posteriormente, essas especificações
são refinadas para serem consistentes com as restrições impostas pela esco-
lha da equipe de um conceito de produto. A saída dessa etapa é uma lista de
especificações básicas;
·· Geração do conceito. O objetivo da geração do conceito é explorar com-
pletamente o espectro de conceitos do produto que podem atender às ne-
cessidades do cliente. A geração do conceito inclui uma mistura de pesquisa
externa, resolução de problemas criativos dentro da equipe e exploração sis-
temática da solução. O resultado dessa atividade é geralmente um conjunto
de 10 a 20 conceitos, cada um tipicamente representado por um esboço e
um breve texto descritivo;
·· Seleção de conceitos. É a atividade na qual vários conceitos de produto
são analisados e sequencialmente eliminados para identificar os conceitos
mais promissores. O processo geralmente requer várias iterações e pode ge-
rar um conceito adicional e um posterior refinamento;
·· Testes do conceito. Um ou mais conceitos são então testados para verificar
se as necessidades do cliente foram atendidas, avaliar o potencial de mer-
cado para o produto e identificar as deficiências que devem ser corrigidas
durante o desenvolvimento. Se for identificado que a resposta do cliente
seria fraca, o projeto de desenvolvimento pode ser encerrado ou algumas
atividades anteriores podem ser repetidas conforme necessário;
·· Definição das especificações finais. As especificações básicas definidas
anteriormente no processo são revisadas após a seleção e teste de um con-
ceito. Nesse ponto, a equipe deve se comprometer com valores específicos
das métricas que reflitam as restrições inerentes ao conceito do produto, as
limitações identificadas através da modelagem técnica e os trade-offs entre
custo e desempenho;
·· Planejamento do projeto; Nesta atividade final de desenvolvimento do
conceito, a equipe cria um cronograma de desenvolvimento detalhado, pla-
neja uma estratégia para minimizar o tempo de desenvolvimento e identifica
os recursos necessários para concluir o projeto. O conjunto dos principais
resultados das atividades de front-end, da declaração de missão, das neces-

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sidades do cliente, dos detalhes do conceito selecionado, das especificações
do produto, da análise econômica do produto, do cronograma de desenvol-
vimento e do orçamento é então resumido em um livro de contrato. Este livro
de contrato serve para documentar a interação entre a equipe de desenvol-
vimento e a gerência sênior da empresa;
· Análise econômica. A equipe de TI, muitas vezes com o apoio de um ana-
lista financeiro, constrói um modelo econômico para o novo produto. Este
modelo é utilizado para justificar a continuação do programa de desenvolvi-
mento global e para resolver compromissos específicos, tais como, por exem-
plo, custos de desenvolvimento e de produção. A análise econômica é mos-
trada como uma das atividades em andamento na fase de desenvolvimento
do conceito. Uma análise econômica preliminar quase sempre será realizada
antes mesmo de o projeto começar, e esta análise é atualizada à medida que
mais informações se tornam disponíveis;
· Benchmarking de produtos competitivos. O benchmarking consiste no
processo de busca das melhores práticas industriais e que conduzem ao me-
lhor desempenho de um produto. A compreensão de produtos competiti-
vos é crítica para o posicionamento bem-sucedido de um novo produto e
pode fornecer uma rica fonte de Ideias para o projeto do produto e processo
de produção. Um benchmarking desta natureza é por definição aquele que
apoia muitas das atividades de front-end.
· Modelagem e prototipagem. Cada etapa do processo de desenvolvimento
do conceito envolve várias formas de modelos e protótipos. Estes podem in-
cluir, entre outros: os primeiros “modelos de conceito”, que ajudam a equipe
de desenvolvimento a demonstrar a viabilidade. Há vários tipos de modelos.
Os chamados modelos “form-only”, ou aqueles que representam somente “a
casca” do produto, podem ser mostrados aos clientes para que estes avaliem
a ergonomia e o estilo. E há os modelos de teste experimentais, que podem
ser usados para definir parâmetros de projeto para a obtenção de um desem-
penho robusto.

O processo de desenvolvimento descrito até aqui é bastante genérico, cujo


objetivo é dar ao aluno o conceito de desenvolvimento de um produto e consiste no
processo de busca das melhores práticas que podem conduzir a um desempenho
superior. Porém, dependendo do tipo de produto e da expectativa das empresas,
processos específicos nortearão a rota a ser seguida. O processo genérico é mais
adequado ao desenvolvimento de produtos cujo processo de desenvolvimento segue
o seguinte roteiro: uma empresa começa o desenvolvimento do produto com base
em uma oportunidade de mercado e, em seguida, utiliza uma tecnologia existente
para satisfazer a necessidade do mercado (em outras palavras, o mercado “dita as
regras” para nortear as decisões de desenvolvimento). Há, porém, outras variantes
para este tipo de atitude e veremos a seguir.

Podemos distinguir alguns processos de desenvolvimento de produtos com


características peculiares. Vamos listar alguns:

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

·· Produtos technology-push. Este tipo de produto é bastante comum e ge-


ralmente envolve investimentos modestos. No desenvolvimento deste tipo
de produto, a empresa começa com uma nova tecnologia proprietária e pro-
cura um mercado adequado para aplicar esta tecnologia (ou seja, a tecnolo-
gia “empurra” o desenvolvimento). Um exemplo é o computador com tela
touch, desenvolvido pela empresa Hewlett Packard. Muitos produtos bem-
-sucedidos produzidos a reboque da tecnologia envolvem materiais básicos
ou tecnologias de processo básicas. Isto se deve ao fato de materiais e pro-
cessos básicos serem implementados em milhares de aplicações e, conse-
quentemente, há uma elevada probabilidade de que as novas e incomuns
características dos materiais e processos possam ser combinadas e gerar uma
aplicação apropriada. O processo genérico de desenvolvimento de produto
pode ser usado com pequenas modificações para produtos deste tipo. O
processo de “empurrar” a tecnologia começa com a fase de planejamen-
to, na qual a tecnologia é combinada com uma oportunidade de mercado.
Uma vez que essa correspondência tenha ocorrido, o restante do processo
genérico de desenvolvimento pode ser seguido. É improvável que o produto
seja bem-sucedido a menos que: a) a tecnologia utilizada ofereça uma cla-
ra vantagem competitiva em atender às necessidades dos clientes; e b) as
tecnologias alternativas adequadas não estejam disponíveis ou sejam muito
difíceis de utilizar pelos concorrentes. O risco do projeto pode ser minimizado
considerando simultaneamente o mérito de um conjunto mais amplo de con-
ceitos que não necessariamente incorporam a nova tecnologia. Desta forma,
a equipe verifica se o conceito de produto incorporando a nova tecnologia é
superior às alternativas;
·· Produtos-plataforma. Um produto-plataforma é construído em torno
de um subsistema tecnológico preexistente (uma plataforma tecnológica).
Exemplos dessas plataformas incluem o chipset Intel em um computador
pessoal, o sistema operacional Apple iPhone e o design da lâmina em uma
lâmina Gillette. Grandes investimentos são feitos no desenvolvimento de tais
plataformas e, portanto, cada tentativa é feita para incorporá-los em vários
produtos diferentes. Em certo sentido, os produtos de plataforma são mui-
to semelhantes aos produtos technology-push, na medida em que a equipe
começa o esforço de desenvolvimento com a suposição de que o conceito
de produto incorporará uma determinada tecnologia. Uma diferença é que
uma plataforma de tecnologia já demonstrou sua utilidade no mercado para
atender às necessidades dos clientes. A empresa pode, em muitos casos,
assumir que a tecnologia também será útil em mercados relacionados. Os
produtos construídos em plataformas tecnológicas são muito mais simples de
desenvolver do que se a tecnologia fosse desenvolvida a partir do zero. Por
esta razão, e devido à possível partilha de custos entre vários produtos, uma
empresa pode ser capaz de oferecer um produto de plataforma em mercados
que não poderiam justificar o desenvolvimento de uma tecnologia única.

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· Produtos que exigem processamento intensivo. São produtos altamen-
te processados durante a fabricação. Exemplos de produtos intensivos em
processos incluem semicondutores, alimentos, produtos químicos e papel.
Para estes produtos, o processo de produção impõe restrições rigorosas às
propriedades do produto, de modo que o projeto do produto não pode ser
separado, mesmo na fase de conceito. Em muitos casos, este tipo de produ-
to é produzido em massa, em oposição a produtos discretos. Em algumas
situações, um novo produto e um novo processo são desenvolvidos simul-
taneamente. Por exemplo, a criação de uma nova forma de cereais para o
café da manhã exigirá atividades de desenvolvimento de novos produtos
e processos;
· Produtos personalizados. Exemplos de produtos personalizados incluem
motores e baterias. Produtos personalizados são feitos a partir de produtos
estabelecidos e incluem pequenas variações nas configurações padronizadas
e normalmente são desenvolvidos em resposta a uma encomenda feita por
um cliente. O desenvolvimento de produtos personalizados consiste princi-
palmente em definir valores de variáveis de projeto, tais como dimensões
físicas e materiais. Para os produtos personalizados, o processo genérico é
ampliado com uma descrição das atividades específicas de processamento
de informações necessárias dentro de cada uma das fases. Tais processos de
desenvolvimento podem consistir em centenas de atividades cuidadosamen-
te definidas e podem ser altamente automatizadas.
· Produtos de alto risco. O processo de desenvolvimento deste tipo de pro-
duto envolve muitos riscos. Isso inclui risco técnico (será que o produto fun-
cionará corretamente?), riscos de mercado (será que os clientes irão gostar
o que a equipe desenvolveu?), e orçamento e cronograma de risco (pode
a equipe concluir o projeto dentro do prazo e dentro do orçamento?). Os
produtos de alto risco são aqueles que envolvem grandes incertezas rela-
cionadas à tecnologia ou ao mercado, de modo que há um risco técnico
ou de mercado substancial. O processo de desenvolvimento de produtos
genéricos é modificado em situações de alto risco, tomando medidas para
enfrentar os maiores riscos nas fases iniciais do desenvolvimento do produto.
Isso geralmente requer a antecipação da conclusão de algumas atividades de
design e teste. Se houver alta incerteza relacionada ao desempenho técnico
do produto, faz sentido construir modelos de trabalho dos principais recursos
e testá-los anteriormente no processo. Vários caminhos de solução podem
ser explorados em paralelo para garantir que uma das soluções tenha êxito.
Os exames de projeto devem avaliar regularmente os níveis de risco, com a
expectativa de que os riscos estejam sendo reduzidos ao longo do tempo e
não sejam adiados;
· Produtos de montagem rápida. Para o desenvolvimento de alguns produ-
tos, como software e muitos produtos eletrônicos, construir e testar protótipos
de modelos é um processo tão rápido que o ciclo de design-construção-teste
pode ser repetido muitas vezes. De fato, as equipes podem aproveitar a ite-

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

ração rápida para obter um processo de desenvolvimento de produto mais


flexível, às vezes chamado de processo de desenvolvimento de produtos em
espiral. Após o desenvolvimento do conceito neste processo, a fase de pro-
jeto em nível de sistema implica a decomposição do produto em recursos de
alta, média e baixa prioridade. Isso é seguido por vários ciclos de projeto,
construção, integração e atividades de teste, começando com os itens de
maior prioridade. Este processo aproveita o ciclo de prototipagem rápida
usando o resultado de cada ciclo para aprender a modificar as prioridades
para o próximo ciclo. Os clientes podem até mesmo estar envolvidos no
processo de teste após um ou mais ciclos. Quando o tempo ou o orçamento
se esgotam, geralmente todos os recursos de alta e média prioridade foram
incorporados ao produto em desenvolvimento e os recursos de baixa priori-
dade podem ser omitidos até a próxima geração do produto;
·· Sistemas complexos. Os produtos de maior escala, como automóveis e avi-
ões, são sistemas complexos que compreendem muitos subsistemas e com-
ponentes interagentes. Ao desenvolver sistemas complexos, as modificações
no processo genérico de desenvolvimento de produtos abordam uma série
de problemas em nível de sistema. A fase de desenvolvimento do conceito
considera a arquitetura de todo o sistema, e arquiteturas múltiplas podem ser
consideradas como conceitos concorrentes para o sistema global. A fase de
projeto no nível do sistema torna-se crítica. Durante esta fase, o sistema é de-
composto em subsistemas e estes ainda em muitos componentes. As equipes
são designadas para desenvolver cada componente. Equipes adicionais são
atribuídas ao desafio especial de integrar componentes nos subsistemas e es-
tes no sistema global. O projeto detalhado dos componentes é um processo
altamente paralelo em que as muitas equipes de desenvolvimento trabalham
de uma vez, geralmente separadamente. Gerenciando a rede de interações
entre os componentes e subsistemas é a tarefa de especialistas em Engenha-
ria de sistemas de vários tipos. A fase de teste e refinamento inclui não só
a integração de componentes e sistemas, mas também testes extensivos e
validação em todos os níveis.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Projeto e Desenvolvimento de Produtos
BARBOSA FILHO, A. N. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo:
Atlas, 2009.
Elaboração de Projetos da Introdução a Conclusão
CONSALTER, M. A. C. Elaboração de projetos da introdução a conclusão. [S.l.]:
Ibpex, 2013.
Moderno Gerenciamento de Projetos
DALTON. V. Moderno gerenciamento de projetos. 2. ed. [S.l.]: Pearson, 2015.
LOURES, R. C. R.; SCHIEM. M. Inovação em ambiente organizacionais teorias,
reflexos e práticas. [S.l.]: Ebpex, 2012.
Desenvolvimento de Novos Produtos e Serviços
PAIXÃO, M. V. Desenvolvimento de novos produtos e serviços. [S.l.]: Ibpex, 2013.
O Gestor de Projetos
RICHARD, N. O gestor de projetos. 2. ed. [S.l.]: Pearson, 2010.
Product Design and Development
ULRICH, T. K.; EPPINGER, S. D. Product design and development. New York:
McGraw-Hill, 2012.

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UNIDADE Conceituação Sobre o Desenvolvimento de Produtos

Referências
BAXTER, M. Projeto de produto: um guia prático para o design de novos
produtos. São Paulo: Edgar Blücher, 2011.

ROTONDARO, R. G.; MIGUEL, P. A. C. Projeto do produto e do processo.


São Paulo: Atlas, 2010.

ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência


para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2014.

SLACK, N.; CHAMBERS, C. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2012.

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