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Fundamentos

Contábeis
Unidade III
Registros Contábeis
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DANIELI PULGA
AUTORIA
Danieli Pulga
Sou bacharel em Administração e especialista em Administração
Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na
área financeira e de custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas
prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração
e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho.
Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e, em
paralelo, venho realizando trabalhos como docente há quase 9 anos. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Registro Contábil .........................................................................................10

Constituição de uma empresa e procedimentos contábeis............................10

Registro do Capital Social na abertura da empresa .................... 20

Registro do capital social na abertura da empresa............................................... 20

Capital .....................................................................................................................................................23

Entendendo os registros de ativo e passivo................................................................24

Registro de Ativo e Passivo ..................................................................... 30

Ativo e Passivo Circulante......................................................................................................... 30

Registro dos principais itens circulantes..................................................... 31

Ativo e passivo não circulante................................................................................................35

Registro dos principais itens não circulantes.......................................... 38

Depreciação e exaustão..........................................................................................44

Registro das Contas de Resultado ...................................................... 49


Fundamentos Contábeis 7

03
UNIDADE
8 Fundamentos Contábeis

INTRODUÇÃO
Lá vamos nós para mais um mundo de descobertas e aprendizado!
Você aprendeu muita coisa sobre a contabilidade, mas ainda há muitas
outras a saber, por exemplo, como se forma o capital de uma empresa,
como são os lançamentos de todas as contas que formam o patrimônio.
Agora você vai aprender a aplicar as técnicas e os métodos de débito e
crédito e isso vai elevar o seu conhecimento na área para um nível superior.

Nesta unidade vamos trabalhar juntos como fazer os registros


contábeis dos ativos, dos passivos e entender melhor as contas de
resultado e como elas são tratadas. Os registros contábeis são realizados
com o intuito de gerar relatórios de fácil leitura e instrução com relação ao
patrimônio de determinada entidade.

Os lançamentos são balizados pelos princípios contábeis que


atendem as Normas Brasileiras da Contabilidade (NBC), portanto, sofrem
alterações para se manterem em consonância com as normas brasileiras
e internacionais. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Interpretar como ocorre a constituição de uma empresa, o a formação


de capital e como funciona o os métodos e técnicas de registro das
contas contábeis;

2. Aplicar as técnicas de lançamentos das contas a débito e crédito


nas contas do Ativo, Passivo e Resultados;

3. Identificar e solucionar problemas relacionados a registros incorretos


e em desacordo com os princípios basilares da contabilidade;

4. Executar os procedimentos de registros e lançamentos contábeis.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
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Registro Contábil

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a constituição de capital de uma empresa.
Tudo o que você conhece até então será ampliado com a
visão da contabilidade. Você compreenderá como se inicia
uma pessoa jurídica portadora de bens que proporcionarão
o desenvolvimento da atividade que a tornará uma empresa
em crescimento. Além disso, entenderá como é realizado o
registro do capital inicial e dos itens patrimoniais que estarão
compondo essa empresa. Motivado para desenvolver essa
competência? Então, vamos lá!

Constituição de uma empresa e procedimentos


contábeis
Vamos supor que você e um amigo estudaram o mercado e
entenderam que há um nicho a ser explorado que casa perfeitamente
com as habilidades que vocês têm, então, iniciam um projeto. Ao estudar
o plano de negócios, percebem que será necessário o investimento
em alguns bens, tais como máquinas, equipamentos e estrutura física.
Além disso, será necessário um estoque inicial de matéria-prima e algum
dinheiro em caixa. Até aí, tudo bem, pois vocês têm tudo isso em mãos e
uma grande energia para gastar com o novo negócio.
Fundamentos Contábeis 11

Figura 1 - Necessidade de investimento em alguns bens, tais como máquinas,


equipamentos e estrutura física e capital de giro – dinheiro, estoques

Fonte: Freepik

Ao iniciar uma empresa, procure um contador. Há um caminho a ser


percorrido para iniciá-la de forma legal e correta.

Para formalizar o negócio, será necessário procurar um contador,


pois será ele que dará andamento à abertura da empresa, como todos
os processos formais e de registro junto aos órgãos necessários. Junto
aos procedimentos de início da sociedade e registro da pessoa jurídica,
são realizados os registros do capital investido pelos sócios. Dentre os
registros a serem realizados, os principais são os seguintes:

• Contrato social, estatuto social ou requerimento - após a


formalização do contrato social, definindo o objeto do contrato
e as cláusulas que regem a sociedade, esse deve ser registrado
na Junta Comercial, tanto o caso de empresário individual como
para o caso de empresas com atividade mercantil e ou/comercial
e prestação de serviços.

• Registro federal - realizado na Receita Federal por meio do CNPJ


(Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas).

• Registro estadual - realizado na Receita Estadual e obrigatório


apenas para atividades de comércio, indústria e de alguns tipos de
serviços, tais como transportes de cargas e outros que possam ser
12 Fundamentos Contábeis

tributados no âmbito do imposto estadual (ICMS – Imposto sobre


Circulação de Mercadoria e de Serviços).

• Registro municipal - realizado na Prefeitura Municipal através do


Alvará de localização e funcionamento, que é liberado pelo corpo
de bombeiros, saúde pública e outros, após vistoria e constatação
de instalação e uso de itens necessários ao correto funcionamento
da atividade naquele local.

• Registros especiais - para o caso de algumas atividades


específicas, tais como: representações comerciais (CORE),
Engenharia e Arquitetura (CREA), Turismo (EMBRATUR), Instituições
Financeiras (BACEN), auditoria (CVM) etc.

Como as empresas são iniciadas com o intuito de mercantilismo


ou prestação de serviços, é importante lembrar que podem ser formadas
por uma ou mais pessoas físicas, podendo ser intitulada como sociedade
empresária ou simples.
Figura 2 - A partir de duas pessoas físicas, forma-se uma sociedade empresária

Fonte: Freepik

Considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o


exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e considera-
se simples, as demais.

Quanto às sociedades por ações, muito comentadas no mercado


financeiro, qualquer que seja seu objeto, são sempre comerciais.

De acordo com a legislação brasileira, os tipos de sociedade são:

• Sociedade simples.

• Sociedade limitada.
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• Sociedade em conta de participação.

• Sociedade anônima.

• Sociedade em comandita simples.

• Sociedade cooperativa.

Os tipos mais comuns são a sociedade limitada e a sociedade


anônima.

Na prática, o contrato ou estatuto social é o documento que fixa


o exercício social de determinada empresa, devendo compreender,
obrigatoriamente, o período de 12 meses. O exercício social não precisa
obedecer exatemente o ano civil, já que as empresas não têm regras
e datas para abertura, no entanto, devido aos períodos de entrega
das demonstrações contábeis e da legislação societária e tributária,
principalmente o regulamento do Imposto de Renda, as pessoas jurídicas
compatibilizam essas datas.
Figura 3 - Relatórios contábeis

Fonte: Freepik

Essas demonstrações a serem levantadas, que são relatórios


financeiros ou contábeis, estão previstas na Lei nº 6.404/1976, são elas:

• Balanço Patrimonial

• Demonstração do resultado do exercício (DRE)


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• Demonstração dos lucros ou prejuizos acumulados (DLPA) ou


Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL)

• Demonstrações dos fluxos de caixa (DFC) em alguns casos

Existem alguns outros relatórios que devem ser gerados e


divulgados, porém são exigências a alguns tipos de sociedades, tais como
a demonstração dos fluxos de caixa para as empresas com Patrimônio
Líquido acima de 2 milhões e a demonstração do valor adicionado (DVA)
e notas explicativas para as sociedades anônimas.

Existem ainda outras expecificações sobre as sociedades, tais como


os requisitos de enquadramento no regime tributário.
Figura 4 - Regime de tributação

Fonte: Freepik

O que os sócios devem saber para estabelecer o porte da empresa


e o tipo de enquadramento mais adequado é basicamente a previsão do
faturamento, a previsão das despesas, margem de lucro e gastos com
funcionários. Assim, o negócio poderá ser definido como microempresa
(ME), empresa de pequeno porte (EPP),  microempreendedor individual
(MEI) ou empresa de médio e grande porte. Sabendo dessas informações,
será possivel optar pelo tipo de regime a ser tributário, podendo ser o
Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real – os mais utilizados no
Brasil.
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IMPORTANTE:

O regime de tributação é também atrelado ao tipo de objeto


social, havendo algumas particularidades e exigências em
lei que podem excluir a possibilidade de enquadramento
no Simples, por exemplo.

Após a providência dos documentos de formalização, como ficará


os registros dos bens e obrigações dessa entidade? Como será formado
seu patrimônio?

Antes de iniciarmos o passo a passo do registro, é importante


relembrarmos do método utilizado pela contabilidade para registrar
qualquer tipo de fato. Então, vamos lembar do método das partidas
dobradas e de mais alguns conceitos e relações das contas.

Primeiramente, conforme tabela a seguir, temos:


Tabela 1 – Exemplo do método das partidas dobradas

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

As aplicações de recursos compreendem as contas do Ativo,


onde ficam demonstrados os bens e direitos. As origens de recursos
compreendem as contas do Passivo, onde ficam demonstradas as
obrigações. As contas de aplicações de recursos têm natureza devedora,
enquanto as contas de origens de recursos têm natureza credora.

REVISANDO: o método das partidas dobradas – metodologia utilizada


na contabilidade para registrar os fatos e as transações de uma entidade –
define-se por a cada débito existe um ou mais crédito de igual valor.
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• Débito representa para onde foi destinado – aplicado o recurso da


transação.

• Crédito representa a fonte (origem) da transação.

• Destino – aplicação dos recursos: bens e direitos e para as


operações. Fonte (origem) dos recursos – próprios, de terceiros e
das operações.

Em seguida, outra regra importante a lembrarmos é a seguinte:


Tabela 2 - Regra de registro dos fatos para as contas de ativo e passivo

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Importante retomar a questão da tabela anterior, que diferencia os


tipos de lançamentos de acordo com a classificação ativo ou passivo e
tipo do fato, se movimenta entrada ou saída de ativos; ou entrada ou saída
de obrigações.

Agora, para concluirmos nossa revisão, os registros são realizados


em dois tipos de livros obrigatoriamente, ou seja, em dois formatos: livro
diário e livro razão. No livro diário, depreenchimento obrigatório (exigido
por lei), são lançadas as operações diárias da empresa, obedecendo
ordem cronológica e o método das partidas dobradas.

No livro razão, fundamental ao processo contábil e exigido pela


legislação brasileira para empresas cuja tributação do Imposto de Renda
seja com base no Lucro Real, os lançamentos são realizados pelo método
das partidas dobradas. Em nossos exemplos, para facilitar o entendimento,
vamos realizar o registro nos razonetes, que utilizam a essência dos
lançamentos em razão, porém é uma técnica contábil para levantamento
do saldo de cada conta individualmente.
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Figura 5 - Cálculo de Imposto de Renda com base no Lucro Real

Fonte: Freepik

Finalmente, documentação e registros, para a abertura da escrita


contábil da empresa, tem-se os lançamentos de subscrição do capital
e, em seguida, a integralização total ou parcial do capital subscrito. A
integralização do capital social poderá ser efetuada em dinheiro ou em
bens móveis ou imóveis suscetíveis de avaliação em dinheiro.

IMPORTANTE:

Quando uma empresa é iniciada, aberta, seus sócios


atribuem um valor de investimento. Quando é uma empresa
do tipo “sociedade limitada” o valor é representado por
quotas, enquanto, se a empresa é do tipo “sociedade
anonima”, é representada por ações. Essa atribuição de valor
do investimento corresponde a uma promessa de “depósito”
ou integralização desse valor em determinada data.
Quando esse capital subscrito é efetivamente integralizado,
ele passa a ser chamado de capital integralizado.

O capital pode ocorrer na forma de dinheiro ou na disposição de


bens, como máquinas, automóveis ou imóveis.
18 Fundamentos Contábeis

No caso da abertura de uma empresa, o contrato é a forma jurídica


– ato. A essência do lançamento só ocorrerá quando do usufruto do objeto
do contrato (fato).

A subscrição de capital deve ser feita por meio de um documento,


com o claro estabelecimento de direitos e deveres para todos os
envolvidos no processo.

ACESSE:

O artigo Cálculos de análise contábil na abertura de


empresas e estudos iniciais para a constituição eficaz do
capital trata dos primeiros cálculos empresariais que devem
ser feitos por um contador no início de uma formação
patrimonial, ou seja, na criação de um empreendimento.
Esses saberes são importantes para o aprendizado sobre os
principais fatores em relação ao processo de constituição
de uma empresa. Clique aqui para acessar.
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RESUMINDO:

E então? Gostou dessa primeira competência? Agora, só


para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir o
que vimos. Você deve ter entendido como funcionam os
principais aspectos e processos em relação à constituição
de capital de uma empresa. Também podemos relembrar
sobre os registros a serem realizados, tais quais: contrato
social, estatuto social ou requerimento; registro federal;
registro estadual; registro municipal; registros especiais.
Além disso, vimos os tipos de sociedade de acordo
com a legislação brasileira que são: sociedade simples;
sociedade limitada; sociedade em conta de participação;
sociedade anônima; sociedade em comandita simples;
sociedade cooperativa. É importante relembrar que para
a documentação e os registros, para a abertura da escrita
contábil da empresa, tem-se os lançamentos de subscrição
do capital e, em seguida, a integralização total ou parcial do
capital subscrito. Tomando por base esses aprendizados,
o profissional de contabilidade em diversos contextos
práticos de sua área de atuação estará preparado para
entender as responsabilidades das ações e promover em
seu ofício as melhores decisões possíveis.
20 Fundamentos Contábeis

Registro do Capital Social na abertura


da empresa

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a contabilização da subscrição do capital
de uma empresa. Tudo o que você conhece até então será
ampliado com a visão da contabilidade. Você compreenderá
também como aplicar as técnicas de lançamentos das
contas a débito e crédito nas contas do Ativo, Passivo e
Resultados. Vamos lá!

Registro do capital social na abertura da


empresa
Vamos então à contabilização da subscrição do capital. Inicia-se
pelo capital subscrito, que é o valor total do compromisso de contribuição
firmado pelos sócios (em dinheiro ou em bens), por meio de contrato
social, na formação do capital da empresa. Na sequência, a contabilização
da integralização do capital, que é a parte ou o total do capital subscrito,
já recebido pela sociedade.
Figura 6 - Compromisso firmado pelos sócios de uma empresa

Fonte: Freepik
Fundamentos Contábeis 21

EXEMPLO: para ilustrar e facilitar o entendimento da prática do


registro do capital social, vamos utilizar o seguinte exemplo:

Formação e registro da empresa Solutions Ltda.

Os sócios João e Joaquim constituíram uma sociedade por cotas de


responsabilidade limitada. A cláusula do contrato social, relativa à forma
da realização do capital, está redigida da seguinte forma:

• Cláusula 4ª - O capital social é de R$ 30.000,00 (trinta mil reais),


dividido em 30.000 (trinta mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada
uma, a ser integralizado da seguinte forma:

a. João, 15.000 (quinze mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada uma,
totalizando R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sendo que: 15.000
(quinze mil) cotas, totalizando R$ 15.000,00 (quinze mil reais),
serão integralizadas neste ato em moeda corrente do país.

b. Joaquim, 15.000 (quinze mil) cotas de R$ 1,00 (um real) cada uma,
totalizando R$ 10.000,00 (quinze mil reais), integralizadas neste
ato, e integralização do restante, após 120 dias da assinatura do
contrato.

Passo a passo:

Registros contábeis:

1º. Pela subscrição do capital social:

D - Capital Social a Realizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00

D - Capital Social a Realizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00

C - Capital Social Subscrito (Patrimônio Líquido) R$ 30.000,00

• Histórico: valor do capital subscrito no valor de R$ 30.000,00,


dividido em 30.000 cotas de R$ 1,00 cada uma, conforme o
contrato registrado na Junta Comercial, sendo 15.000 cotas ao
sócio João e 15.000 quotas ao sócio Joaquim.

• Nota: dois lançamentos na conta de “Capital a Integralizar” referente


ao compromisso firmado pelos dois sócios, João e Joaquim.
22 Fundamentos Contábeis

2º. Integralização do capital:

Capital integralizado é a parte ou o total do capital subscrito, já


recebido pela sociedade.

D – Caixa (Ativo Circulante – disponível) R$ 15.000,00

D – Caixa (Ativo Circulante – disponível) R$ 10.000,00

C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido) R$ 15.000,00

C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido) R$ 10.000,00

• Nota: Integralização total por parte do sócio A e integralização por


parte do sócio B, da parte firmada em contrato no ato da assinatura
do contrato.

3º. Integralização do capital no prazo de 120 dias.

Após os 120 dias da assinatura do contrato, o sócio B deve integralizar


o restante do capital social. Segue a contabilização:

D – Caixa (Ativo Circulante – disponível): R$ 5.000,00

C – Capital Social a Integralizar (Patrimônio Líquido): R$ 5.000,00

O mesmo lançamento, realizado em razonetes ou conta T:

1º - Pela subscrição do capital social:

2º - Integralização do capital:
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3º - Integralização do capital no prazo de 120 dias:

Para ter uma visão mais clara do patrimônio dessa empresa, veja a
seguir o Balanço Patrimonial.

Já que estamos utilizando uma variação no termo “Capital” é


importante falarmos um pouco mais desse assunto.

Capital
Retomando o conceito de origem e aplicação dos recursos,
observamos no exemplo que utilizamos para subscrição e integralização
do capital social que o “capital” teve origem no Passivo – Patrimônio
Líquido – Capital Social e sua aplicação ocorreu no Ativo – Circulante –
Disponível – Caixa. Logo, temos a seguinte definição:

O capital é o conjunto de recursos postos à disposição da empresa,


seja por terceiros ou pelos proprietários (passivo ou patrimônio líquido).
24 Fundamentos Contábeis

Figura 7 - Investimento de capital

Fonte: Freepik

Logo, vamos retomar um pouco os demais termos utilizados pela


contabilidade:

REVISANDO: Capital social: também chamado de capital nominal


ou de capital integralizado, é o investimento dos sócios na empresa. Ele
pode ser aumentado a partir de novas integralizações feitas pelos sócios
ou até mesmo pela entrada de novos sócios.

Entendendo os registros de ativo e passivo


Os ativos são as aplicações de recursos, ou seja, como os sócios
aplicaram o capital social investido inicialmente ou, também, como está
sendo aplicado o capital vindo de terceiros. Em ambos os caso, teremos
vários tipos de bens representando as aplicações. Vamos ver alguns
exemplos.

EXEMPLO:

1. Ao iniciar os negócios, os sócios integralizaram capital (Passivo –


Patrimônio Líquido – Origem de Recursos) de forma parcial em
dinheiro, máquinas e imóveis (Ativo – Aplicação de Recursos).
Fundamentos Contábeis 25

2. Para produzir, foi comprado matéria-prima (Ativo – Aplicação) para


pagar a prazo com o fornecedor (Passivo – Origem, a partir de
capital de terceiros).

3. Aquisição de máquina (Ativo – Aplicação) para a fábrica através de


financiamento bancário (Passivo – Origem, a partir de capital de
terceiros).

Além desses exemplos, existem muitos, mas o importante aqui


é entendermos que existem vários tipos de bens no ativo, aqueles de
grau de liquidez imediata, tais como o dinheiro, que já é liquido, contas
correntes em banco, duplicatas a receber e os imobilizados, aqueles que
caracterizam bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da
empresa.

Note que não temos como falar das contas do ativo sem mencionar
as contas do passivo e vice-versa, pois muitas vezes um altera o outro,
então, a partir de agora, vamos estudar mesclando os dois grandes
grupos do Patrimônio, considerando os princípios conceituais básicos e a
regulamentação de acordo com as leis.

IMPORTANTE:

A Lei nº 6.404/1976, que regulamenta a existência das


sociedades por ações (sociedades anônimas) determinou
os relatórios a serem apresentados, estabeleceu os critérios
de avaliação do ativo e passivo. Posteriormente, o Decreto-
lei nº 1.598/1977 aprovou em termos fiscais de imposto de
renda as demonstrações financeiras sugeridas pela Lei nº
6.404/1976 das S/As, estendendo a sua obrigatoriedade
para todas as outras formas de sociedades.

Em atenção e obediência às leis, os relatórios financeiros e


contábeis devem seguir o padrão estabelecido, com nomenclatura e
contas apropriadas para o entendimento do fisco, dos gestores e demais
usuários.

Para facilitar o entendimento, vamos observar a disposição das


contas dentro do Balanço Patrimonial a seguir:
26 Fundamentos Contábeis

Tabela 3 - Estrutura básica do novo formato do Balanço Patrimonial


Fundamentos Contábeis 27

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

E por falar em novo formato, é importante saber um pouco mais sobre


algumas alterações realizadas para atender as práticas internacionais da
Contabilidade.

Em dezembro de 2009, a Lei nº 11.941/2009 complementou a


Lei nº 11.638/2007, consolidando as alterações necessárias. Então, a
obrigatoriedade da apresentação das demonstrações contábeis ou
financeiras, segundo as práticas internacionais da contabilidade, a partir
de 1/1/2010, serve para todas as empresas e entidades brasileiras.

Vamos listar a seguir as principais alterações da Lei nº 11.404/1976,


pronunciada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis:

• Substituição da nomenclatura Longo Prazo por Não Circulante.

• Apresentação do ativo em dois agrupamentos de contas: o Ativo


Circulante e o Ativo Não Circulante.

• Apresentação do passivo em três grandes agrupamentos de


contas: o Passivo Circulante, o Passivo Não Circulante e o
Patrimônio Líquido.

• Extinção da nomenclatura Ativo Permanente, ficando seus


componentes dentro do Ativo Não Circulante.

• Incorporação do Realizável a Longo Prazo dentro do Ativo Não


Circulante.

• Extinção do grupo Ativo Diferido, sendo suas contas transferidas


para o Ativo Imobilizado ou Intangível.
28 Fundamentos Contábeis

• Criação do subgrupo Intangível, apresentado no Ativo Não


Circulante, cujos itens que o compõem serão destacados do
Imobilizado.

• Incorporação do grupo Resultado de Exercícios Futuros como


item do Passivo Não Circulante, sob a terminologia de Receitas –
Despesas Diferidas.

Pronto, agora que essas informações ficaram claras. A compreensão


dos primeiros conceitos sobre ativo e passivo são primordiais para a
compreensão das variações mais detalhadas sobre esses conceitos. A
abordagem que envolve o ativo e o passivo é bem mais complexa do que
se imagina. No próximo capítulo iremos nos dedicar a entender ainda mais
sobre esse conteúdo.

SAIBA MAIS:

Para entender mais aspectos sobre a contabilidade na


abertura de empresas, leia o artigo: A contabilidade na
abertura de empresas. O estudo do tipo de empresa a ser
aberta é essencial para que se entenda o ramo que se
quer atuar e como fará isso, para reduzir as chances desse
negócio dar errado no futuro. Questiona-se qual o papel
da contabilidade, bem como as exigências para que um
empreendedor possa abrir seu negócio, seja MEI, ME ou
EPP. Clique aqui para acessar.
Fundamentos Contábeis 29

RESUMINDO:

E então? Gostou dessa segunda competência? Agora, só


para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos até aqui. Você deve ter entendido como
funciona a contabilização da subscrição do capital de uma
empresa desde o momento de definição do valor total do
compromisso de contribuição firmado pelos sócios, que
origina o capital social do negócio. Para isso, ilustramos
com um exemplo fictício as etapas de integralização
desse capital na empresa, refletindo seus efeitos nas
demonstrações financeiras, como o balanço patrimonial.
Também podemos relembrar que o capital é definido
como um conjunto de recursos postos à disposição da
empresa, seja por terceiros ou pelos proprietários (passivo
ou patrimônio líquido e que o aporte desse capital no
negócio por parte dos sócios é a fonte do capital social.
Além disso, pudemos conhecer melhor sobre a aplicação
e contextualização do ativo e passivo de uma empresa,
tanto sob a forma de demonstrativo financeiro como
discricional. É importante relembrar que a documentação e
os registros que devem ser apresentados pelas empresas
de capital social são estabelecidos com base na Lei nº
6.404/1976, que regulamenta a existência das sociedades
por ações (sociedades anônimas). Tomando por base
esses aprendizados, o profissional de contabilidade, em
diversos contextos práticos de sua área de atuação, estará
preparado para entender as responsabilidades das ações
e promover em seu ofício as melhores decisões possíveis.
30 Fundamentos Contábeis

Registro de Ativo e Passivo

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


aspectos basilares sobre os ativos e passivos em uma
empresa. Entenderá sobre a divisão das contas desses
grupos e o manuseio delas de forma correta, evitando
equívocos em seu uso na prática profissional. E aí? Motivado
para desenvolver esta competência? Vamos lá!

Ativo e Passivo Circulante


Para facilitar os estudos e o entendimento, vamos falar do Ativo e
Passivo em conjunto, porém separando pelos grandes grupos.

Quando falamos do circulante, temos algumas contas de ativo e de


passivo semelhantes, tais como Clientes (Ativo) e Fornecedores (Passivo).
Além da semelhança, estamos falando de componentes patrimoniais
movimentados a curto prazo, ou seja, dentro do exercício contábil. E
como observamos nos lançamentos de abertura da empresa, na grande
maioria das vezes, teremos fatos que envolvem contas dos dois grupos.

Outro ponto a ser observado com o intuito de facilitar nossos


estudos é o foco nas principais contas do ativo e passivo circulantes, ou
seja, algumas contas são mais comuns e utilizadas de forma geral por
uma grande quantidade de empresas e serão essas as comentadas e
tratadas.

Dentre os ativos circulantes, as principais contas são:

• Caixa.

• Bancos.

• Aplicações financeiras.

• Duplicatas a receber (clientes).

• Estoque de mercadorias.
Fundamentos Contábeis 31

• Impostos a recuperar.

• Despesas do exercício seguinte.

• Outros valores a receber/realizar.

RELEMBRANDO: Dentre os ativos estão os bens e os direitos.

Dentre os componentes patrimoniais do ativo existem aqueles


considerados como ativos corpóreos – que são exatamente os bens que
têm forma, que podem ser vistos, tocados, ou seja, os bens tangíveis,
tais como os veículos, prédios, estoques etc. Existem também os ativos
incorpóreos, que são aqueles que não têm forma física, imateriais, ou
conforme vimos, os bens intangíveis, são exemplos as marcas, as patentes
de invenção, o domínio de internet etc.

Os principais itens do passivo circulante são:

• Duplicatas a pagar – fornecedores.

• Salários e encargos sociais a pagar.

• Impostos a recolher.

• Financiamentos e empréstimos.

• Provisão para imposto de renda.

• Distribuição de lucros diversos.

• Outras contas a pagar.

Registro dos principais itens circulantes


Através do registro dos fatos contábeis ocorridos no dia a dia de
uma empresa será possível entendermos como cada conta é registrada
e quais são suas particularidades. Logo, seguem diversos exemplos de
situações/fatos a serem registrados, cada um deles será comentado.

a. Situação A – Abertura de conta corrente com dinheiro do caixa –


permuta de valores dentro do ativo.

A empresa Solutions Ltda. possui um saldo de caixa no valor de


R$ 30.000,00 (a). Para facilitar as transações de compra, venda e de
32 Fundamentos Contábeis

pagamentos, os sócios João e Joaquim decidiram abrir uma conta corrente


no banco (b). Depositaram em dinheiro (caixa) (c) o valor de R$ 25.000,00.

Lançamento em diário:

D – Banco Conta Corrente (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (b)

C – Caixa (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (c)

Nota explicativa: No dia 01/02/2019 foi realizada a abertura da conta


corrente no Banco através de depósito com comprovante de número
1234, no valor de R$ 25.000,00.

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

Lançamos o saldo da conta caixa a débito (a); depois


registramos a “entrada” a débito do depósito no banco conta
corrente (b) e, por fim, registramos a “saída” de dinheiro do
caixa (c).

Temos aqui um fato do tipo permutativo, ou seja, não houve


alteração patrimonial nem quantitativa. Somente alteração qualitativa, de
uma conta para outra.

Após lançamentos, verifique a seguir o balanço patrimonial


atualizado.
Fundamentos Contábeis 33

b. Situação B: aquisição de ativo utilizando recursos de terceiros.

A empresa Solutions Ltda. é uma empresa de prestação de


serviços de manutenção de equipamentos de informática, mas também
comercializa peças e itens. Para garantir as atividades em 100% do objeto
contratual, realizaram a aquisição de itens para estoque (a) no valor de R$
4.000,00 com pagamento a prazo ao fornecedor, através de duplicatas (b).

Lançamento em diário:

D – Estoque de itens para revenda (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (a)

C – Duplicatas a pagar (Passivo Circulante) R$ 4.000,00 (b)

Nota explicativa: No dia 05/02/2019 foi realizada a aquisição de


mercadorias para estoque através da Nota Fiscal nº 987, no valor de R$
4.000,00, junto ao fornecedor Informática Ltda.

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

Lançamos a débito a entrada de mercadorias na conta


Estoque de itens (a); depois, em contrapartida, registramos
a “entrada” a crédito de uma obrigação na conta Duplicatas
a pagar (b).

Note que nessa situação houve alteração tanto no ativo quanto


no passivo. Temos então um fato do tipo modificativo, ou seja, houve
alteração patrimonial quantitativa e qualitativa. Agora existe uma obrigação
com terceiros e também um novo item patrimonial no ativo referente aos
estoques.
34 Fundamentos Contábeis

Após os lançamentos, veja como ficou o balanço patrimonial


atualizado:

c. Situação C: aplicação de valor em conta corrente para conta de


aplicação financeira.

Os sócios da Solutions Ltda., após conversa com o gerente do


banco, acharam interessante fazer uma aplicação financeira. No dia
12/02/2019, a conta corrente permanece com um saldo de R$ 25.000,00
(a), então, transferiram R$ 2.000,00 da conta corrente no banco (b) para
uma aplicação financeira (c) no mesmo banco.

Lançamento em diário:

D – Aplicação financeira (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (b)

C – Conta corrente banco (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (c)

Nota explicativa: No dia 12/02/2019 foi realizada a transferência de


R$ 2.000,00 da conta corrente através do comprovante nº 1256 para a
conta Aplicação Financeira no mesmo banco.

Lançamento em razonete – conta T:


Fundamentos Contábeis 35

EXPLICANDO MELHOR:

Lançamos a débito o saldo da conta corrente banco (a);


depois, lançamos a “entrada” dos R$ 2.000,00 a débito
na conta Aplicação Financeira (b); e, por fim, registramos
a “saída” de recurso a crédito na conta corrente Banco (c)
diminuindo o saldo dessa conta.

Note que nessa situação não houve alteração quantitativa no


patrimônio, apenas uma modificação no ativo, ou seja, o fato foi apenas
permutativo, alterando a qualidade dos elementos e não os valores do
patrimônio.

Veja como ficou o balanço patrimonial atualizado:

NOTA:

Como você deve ter percebido, nós comentamos sobre


alguns dos elementos patrimoniais que compõem o ativo
e o passivo circulante, mas não comentamos de todos
os considerados mais comuns e importantes, no entanto,
serão comentados na sequência, quando falarmos dos
registros que envolvem as Contas de Resultado.

Ativo e passivo não circulante


De maneira oposta ao ativo circulante, que acontece dentro dos
próximos 365 dias que ocorrerão no exercício seguinte, o não circulante
36 Fundamentos Contábeis

corresponde aos ativos que serão realizados ou recebidos após 365 dias.
Assim também ocorre com as dívidas que serão pagas além desse prazo.
Temos então as contas de ativo ou passivo de longo prazo.

As contas do ativo assumem a classificação de Realizável a Longo


Prazo e as contas do passivo como Exigível a Longo Prazo. Ambas são
consideradas como Não Circulante.

IMPORTANTE:

O ponto de referência para se classificar no circulante


(curto prazo) ou não circulante (longo prazo) é a data do
encerramento do balanço patrimonial.

O ativo não circulante é composto pelos bens e direitos que têm


natureza distinta. Enquanto os itens classificados como Realizável a Longo
Prazo têm a característica básica da intenção de realização (venda ou
recebimento), mesmo que em prazo mais longo do que os bens e direitos
do ativo circulante, os demais itens do ativo não circulante têm como
característica básica a ideia de “não venda” (PADOVEZE, 2014).

Então, os itens do ativo não circulante devem permanecer no


patrimônio, e mesmo sendo essa uma característica semelhante ao “Ativo
Permanente”, que pela nova lei foi extinto e substituído pelos subgrupos:
Investimento, Imobilizado ou Intangível – os substitutos assumem a
mesma ideia de permanência.

São exemplos de itens do Ativo Não circulante:

• Investimentos – empresas controladas, empresas coligadas,


ações etc.

• Imobilizado – terrenos, edifícios, pátios, instalações, máquinas,


móveis e utensílios, veículos, obras em andamento etc.

• Intangível – gastos com pesquisa e desenvolvimento, marcas e


patentes.
Fundamentos Contábeis 37

São também exemplos de ativos intangíveis:

a. Gastos com propaganda.

b. Carteira de clientes adquirida.

c. Direitos autorais.

d. Licença de transmissão.

e. Aquisição de franquias.

f. Direitos de comercialização.

Passivo não circulante era denominado, antes das alterações


vigoradas em 2010, Exigível a Longo Prazo, pela característica das
obrigações com vencimento superior a 365 dias da data do balanço. De
forma geral e simplificada, podemos dizer que todos os itens do Passivo
Circulante, podem vir a se tornar também Passivos Não Circulantes, caso
seus vencimentos ocorram em datas superiores ao balanço ser encerrado.

EXEMPLO: vamos supor que foi realizado um empréstimo e o


pagamento deverá ocorrer nas seguintes datas:

1ª Parcela em 10/10/X2

2ª Parcela em 10/10/X3

O encerramento do balanço ocorrerá em 31/12/X1.

A 1ª parcela será considerada Passivo Circulante, pois se contarmos


da data de fechamento do balanço para o vencimento da 1ª parcela,
o vencimento está dentro dos próximos 365 dias, logo, temos um
lançamento na conta Empréstimos (Passivo Circulante). Já a 2ª parcela,
com vencimento em 10/10/X3 será um item do Passivo Não Circulante,
pois seu vencimento ultrapassa os 365 dias a contar do encerramento do
balanço.

Os principais exemplos de componentes do Passivo Não Circulante


são os Empréstimos e Financiamentos que ultrapassam os 12 meses
do encerramento do exercício. Em geral, são recursos de terceiros com
vencimento a longo prazo.
38 Fundamentos Contábeis

Registro dos principais itens não circulantes


Vamos entender melhor como funcionam os lançamentos das
contas de ativo e passivo não circulante. É importante salientar que
normalmente a aquisição de imobilizados sugere uma contrapartida em
contas do passivo não circulante, pois são operações pagas utilizando
crédito a longo prazo.

a. Situação A: aquisição de ativo imobilizado através de financiamento


a longo prazo.

A empresa Solutions Ltda. está montando um laboratório móvel


para atender aos clientes, então, necessitará adquirir um veículo utilitário.
No dia 20/02/2019 adquiriu um veículo no valor de R$ 50.000,00 (a), o
pagamento será efetuado em 2 parcelas iguais, sendo o vencimento da
primeira no dia 20/03/2019 (b) e a segunda no dia 20/04/2020 (c). Para
realizar essa aquisição, contraiu um financiamento junto ao banco.

Lançamento em diário:

D – Veículos (Ativo Não Circulante - Imobilizado) R$ 50.000,00 (a)

C – Financiamento a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 25.000,00 (b)

C – Financiamento a Longo Prazo (Passivo Não Circulante) R$


25.000,00 (c)

Nota explicativa: no dia 20/02/2019 foi adquirido o veículo utilitário


através da nota fiscal nº 555. O pagamento será realizado através do
financiamento com o Banco B, constante no contrato nº 789/2019, em 2
parcelas iguais com vencimento em 20/03/2019 e 20/04/2020.

Lançamento em razonete – conta T:


Fundamentos Contábeis 39

EXPLICANDO MELHOR:

Registramos a aquisição do veículo (Ativo Não Circulante –


Imobilizado) caracterizado por entrada de Ativo através de
lançamento a débito; e considerando o encerramento do
período em 31/12/2019, registramos um crédito referente
à 1ª parcela na conta Financiamento a Curto Prazo (b) (item
do Passivo Circulante) e o restante do saldo respectivo à
2ª parcela, foi registrado a crédito, na conta Financiamento
a Longo Prazo, (Passivo Não Circulante) (c) devido ao
vencimento ocorrer após o encerramento do exercício.

Temos aqui um fato do tipo modificativo, causador de alteração


patrimonial, tanto em contas do ativo quanto em contas do passivo.

Vamos conferir como ficou o balanço patrimonial atualizado:

b. Situação B: levantamento de capital de giro – dinheiro através de


empréstimo a longo prazo.

A empresa Geradores Ltda. está com dificuldade financeira e


precisou fazer um empréstimo de capital de giro (dinheiro). No dia
20/11/2019 efetivou a contratação do empréstimo no valor de R$
20.000,00. O dinheiro será depositado diretamente na conta corrente e o
pagamento será feito em 18 parcelas sem juros com vencimento mensal,
sendo a primeira no dia 20/12/201.
40 Fundamentos Contábeis

Calculando valores:

Valor do capital = 20.000

Nº de parcelas = 18

Pagamento a curto prazo (12 meses) = valor do capital/parcelamento


total x 12

Substituindo os valores:

Pagamento a curto prazo (12 meses) = 20.000 / 18 x 12

Pagamento a curto prazo (12 meses) = 13.333,33*

Para encontrarmos o valor de longo prazo:

Pagamento a longo prazo (quantidade de parcelas que excedem


os 12 meses)

Nº de parcelas = 18

Parcelas a serem pagas a curto prazo 12

Quantidade de parcelas excedentes ao curto prazo = 18 – 12

Quantidade de parcelas excedentes ao curto prazo = 6

Pagamento a longo prazo (6 meses) = 20.000 / 18 x 6

Pagamento a longo prazo (6 meses) = 6.666,67*

Observação: quando o cálculo resultar em uma dízima periódica,


deveremos arredondar os valores após a vírgula, mantendo em 2 casas.
Nesse caso, para facilitar a visualização, estamos mantendo o número
inteiro, sem casas depois da vírgula.

Lançamento em diário:

D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 20.000,00 (a)

C – Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 13.333,00 (b)

C – Empréstimo a Longo Prazo (Passivo Não Circulante) R$ 6.667,00 (c)

Nota explicativa: no dia 20/11/2019 foi contraído empréstimo, junto


ao Banco W, constante no contrato nº 1.515/2019. O pagamento será em
Fundamentos Contábeis 41

18 parcelas iguais com vencimento mensal, sendo a primeira parcela


com vencimento em 20/12/2019. O valor entrou na conta corrente no dia
20/11/2019 através da operação nº 23456.

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

Registramos a contratação de um empréstimo no valor


de R$ 20.000,00, sendo que as 12 primeiras parcelas que
totalizaram R$ 13.333,00 foram lançadas a crédito na conta
Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) e o restante
das parcelas que totalizaram R$ 6.667,00 foi devidamente
lançado a crédito na conta Empréstimo a Longo Prazo
devido ao fato de ultrapassar o fechamento do exercício
contábil de 12 meses. Os R$ 20.000,00 foram lançados a
débito na conta Banco conta corrente.

Temos aqui um fato do tipo modificativo, causador de alteração


patrimonial, tanto em conta do ativo quanto em contas do passivo.

c. Situação C: amortização de parcela de empréstimo.

Chegada a data de 20/12/2019, foi realizado o pagamento da 1ª


parcela do empréstimo contratado em 20/11/2019. A parcela foi paga pelo
banco conta corrente que permaneceu com o saldo de R$ 20.000,00.

Calculando valores:

Na conta Empréstimos a pagar a curto prazo consta o valor de R$


13.333,00, que será pago em 12 parcelas.
42 Fundamentos Contábeis

No dia 20/12/2019 estamos pagando apenas a 1ª parcela, ou seja,


precisamos diluir desse montante o respectivo a 1 parcela apenas, então,
temos o seguinte:

Montante do empréstimo a curto prazo: R$ 13.333,00

Nº de parcelas: 12

Encontrando o valor da parcela:

R$ 13.333,00 / 12 = R$ 1.111,00

Lançamento em diário:

D – Empréstimo a Curto Prazo (Passivo Circulante) R$ 1.111,11 (a)

C – Banco Conta Corrente (Ativo Circulante) R$ 1.111,11 (b)

Nota explicativa: na data 20/12/2019, pagamento de parcela de


empréstimo junto ao Banco W através da conta corrente, no valor de R$
1.111,11 com nº da operação 475869.

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

A conta Banco conta corrente tinha um saldo de R$


20.000,00 e foi registrado a débito, enquanto a conta
Empréstimo a curto prazo tinha um saldo de R$ 13.333,00,
que foi registrado a crédito. Quando realizamos o pagamento
da 1ª parcela, no valor de R$ 1.111,00, registramos na conta
Empréstimos a curto prazo um débito, reduzindo assim o
saldo credor da conta. Em contrapartida, a saída de valor
no banco conta corrente, foi creditada, reduzindo também
o saldo da conta.
Fundamentos Contábeis 43

No exemplo pudemos visualizar o que acontece com as contas de


ativo e passivo quando recebem lançamentos opostos à sua natureza,
ou seja, para a conta banco conta corrente (ativo circulante) que tem
a natureza devedora, registrou o lançamento credor, causando uma
redução no saldo final. O mesmo ocorreu com a conta Empréstimo a curto
prazo (passivo circulante), que tem a natureza credora e registrou uma
operação de débito, reduzindo também o saldo final da conta.

d. Situação D: investimento em ações de outras empresas – Ativo


Não Circulante – Investimentos.

A empresa Solutions Ltda. decidiu investir em ações, acompanhou


o mercado e optou por comprar 5.000 ações da Emprea A, no valor de
R$ 0,50 cada uma, pagas em cheque pelo Banco conta corrente no dia
20/03/2019. Total pago: R$ 2.500,00. Lembrando que a conta Banco conta
corrente dessa empresa está com um saldo de R$ 23.000,00.

Lançamento em diário:

D – Ações de outras empresas (Ativo Não Circulante, Investimentos)


R$ 2.500,00

C – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.500,00

Nota explicativa: na data de 20/03/2019, foi realizada a compra de


5.000 ações da Empresa A, com pagamento através do cheque nº 1234,
banco conta corrente, no valor de R$ 2.500,00.

Lançamento em razonete – conta T:


44 Fundamentos Contábeis

EXPLICANDO MELHOR:

Ao realizar investimento em ações, a Solutions Ltda.


movimentou uma nova conta, no Ativo Não Circulante. As
cotas adquiridas foram registradas com uma operação de
débito enquanto o valor pago saiu do banco através do
cheque, tendo o registro de um crédito, reduzindo o saldo
da conta.

Houve aqui um fato permutativo, pois o total do patrimônio permanece


inalterado, havendo apenas uma permuta entre as contas do ativo.

Confira o balanço patrimonial atualizado.

Depreciação e exaustão
Constantes no Ativo Não Circulante, comumente visível no
Imobilizado, as contas de depreciação e exaustão são contas consideradas
“redutoras” de ativos. Isso porque elas aparecem reduzindo o valor de
determinados bens que sofrem desvalorização ou desgaste.

CONCEITO: Depreciação é a perda de valor dos bens pelo uso,


desgaste natural do bem ou obsolescência.

São exemplos de depreciação:

a. Máquinas utilizadas no processo produtivo - a utilização da


máquina ao longo do tempo promove um desgaste natural e seu
valor deprecia, diminui em paralelo.
Fundamentos Contábeis 45

b. Computadores sofrem uma grande desvalorização em função da


obsolescência tecnológica.

c. Veículos que sofrem desvalorização em função do uso do


bem e também por causa da substituição de modelos e novos
lançamentos.

Os prazos para depreciação dos ativos se diferenciam de um para


outro, contabilmente as taxas de depreciação devem ser definidas de
acordo com o tempo de vida útil estimada para o bem.

Entende-se por vida útil a quantidade de anos, horas de trabalho ou


quantidade/capacidade de produção em que o bem opera em condições
normais de uso.

Uma das alterações feitas pela Lei nº 11.638/2007 consiste na


obrigatoriedade de se rever a vida útil estimada utilizada para o cálculo da
depreciação dos ativos imobilizados e intangíveis. Além disso, as novas
práticas contábeis trazem um novo conceito para o procedimento de
cálculo das depreciações, o valor residual.

Na prática, toda vez que um ativo imobilizado está com muito


tempo de uso, demandando de manutenção, as empresas vendem por
um valor bem abaixo do que pagaram, isso porque, devido ao desgaste e
ao tempo de uso, o bem perdeu o valor econômico e de mercado. A esse
valor estimado de venda chamamos de valor residual.

Para calcularmos o valor da depreciação, será necessário determinar


uma taxa anual em função da vida útil do bem. Esse cálculo é descrito da
seguinte forma:

Fórmula:

Taxa de depreciação = 100%

Tempo de vida útil em anos

Exemplo prático:

No caso de um veículo, o tempo de depreciação é de 5 anos. Então,


para calcularmos a taxa de depreciação anual, devemos substituir o
tempo de vida útil do bem na fórmula apresentada anteriormente:
46 Fundamentos Contábeis

Taxa de depreciação = 100%


5 anos
Taxa de depreciação do veículo = 20% ao ano

Na tabela a seguir, estão listados alguns itens do imobilizado


com suas respectivas estimativas de vida útil e taxas de depreciação.
Contabilmente são utilizadas, porém, atendendo às novas práticas, as
empresas deverão revisar essas taxas com frequência.

É importante lembrar que esses valores serão utilizados em nossa


exemplificação e nas questões de prática.
Tabela 4 - Tempo de vida útil e taxas de depreciação de ativos imobilizados

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Exemplo de cálculo do valor da depreciação de um veículo de R$


50.000,00, com valor residual zero.
Valor depreciação = Valor do bem x taxa de depreciação
Valor depreciação = 50.000 x 20%
Valor depreciação = R$ 10.000,00/ano
Para calcular a depreciação em meses:
Valor depreciação anual/12 meses
Depreciação mensal = 10.000/12 = R$ 833,00 por mês
Fundamentos Contábeis 47

IMPORTANTE:

Caso exista um valor residual para o bem, o valor contábil


do bem ao final do período de sua vida útil será igual ao
valor residual. Caso não tenha valor residual, o valor contábil
no final será igual a zero. É como se o bem se esgotasse.

A baixa do bem do imobilizado deve ocorrer apenas quando ele


não estiver mais em uso ou disponível para venda. O valor contábil deverá
ser transferido para o ativo circulante, caso o bem seja vendido.

A contabilização das contas de depreciação será demonstrada


quando tratarmos das contas de resultado, já que ela é lançada como
despesa, evolvendo também algumas particularidades de subcontas a
serem esclarecidas quando fizermos o registro das referidas contas.

Quanto à exaustão, entendemos que é a aplicação de todos


os conceitos que estudamos para a depreciação, porém aplicados à
exploração de recursos naturais, tais como florestas, jazidas, poços de
minérios. E para cálculo de vida útil, considera-se a capacidade mínima
de potencial de exploração/extração.

Até aqui aprendemos muitas coisas, todas relacionadas a registro


e lançamento de contas ou dos itens patrimoniais, porém é importante
lembrar que os itens patrimoniais sofrem alteração devido à movimentação
da empresa que envolve as vendas/receitas e as despesas, que são as
contas de resultado.

Para fechar nosso aprendizado, no próximo capítulo iremos nos


dedicar a entender ainda mais sobre os procedimentos de registros e
lançamentos contábeis dessas contas.
48 Fundamentos Contábeis

RESUMINDO:

E então? Gostou desta terceira competência? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema de
estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir o que vimos
neste terceiro capítulo. Estudamos detalhadamente sobre
aspectos basilares das contas de ativos e passivos em
uma empresa. Por meio desses procedimentos, é possível
compreender sobre a divisão das contas desses grupos
e o manuseio delas de forma correta, proporcionando
maior assertividade de conduta na prática profissional.
O entendimento e a prática sobre as contas de ativo e
passivo em seus grupos, além do tópico de depreciação
e exaustão é um fator essencial para que os gestores,
sócios, investidores e demais usuários da contabilidade
que fazem parte das decisões de uma empresa possam
exercer, com efetividade, o controle social sobre as contas,
tendo assim maior clareza e capacidade de efetuar uma
análise situacional que sirva de base para planejamento
e execução de ações assertivas nos negócios. Com
esse conhecimento, o profissional de contabilidade em
diversos contextos práticos de sua área de atuação estará
preparado para entender as responsabilidades das ações
em promover em seu ofício as melhores decisões possíveis.
Fundamentos Contábeis 49

Registro das Contas de Resultado


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a execução dos procedimentos de registros
e dos lançamentos contábeis. Entenderá como é realizado
o registro do capital inicial e dos itens patrimoniais que
estarão compondo a empresa. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Avante!

Ao tratarmos dos lançamentos de ativo e passivo, absorvemos


muitas informações. Foi possivel através dos exemplos entendermos
um pouco mais sobre as origens e aplicações de recursos, ficou visivel
também como as operações lançadas a débito ou a crédito podem
aumentar ou diminuir o saldo das contas. Além do mais, retomamos
alguns conceitos vistos no inicio desta disciplina.

Foi possivel perceber também que várias contas do ativo não foram
comentadas, nem algumas que compõem o patrimônio líquido, isso
porque elas são afetadas pelos registros das contas de resultado, então,
agora que vamos estudar essas contas, exclareceremos também como
funciona o registro de todas as outras.

Primeiramente, vamos retomar um assunto bastante comentado


até aqui, mas que também é de grande importância para realizarmos os
lançamentos contábeis, que é o princípio da competência.

Trata-se do regime de competência que determina que as receitas


e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado da empresa
no período em que ocorreram, independente do recebimento (receitas)
ou do pagamento (despesas).

A verificação da receita ocorre quando a empresa fornecece bens


ou serviços ao cliente, independente do recebimento do valor da venda
dos bens ou prestação dos serviços. A verificação da despesas ocorre
no momento em que há consumo de bens ou a utilização dos serviços,
independente do pagamento. As receitas são respaudadas pelas notas
50 Fundamentos Contábeis

fiscais de saída, ou seja, toda vez que ocorre uma venda, gera-se uma
nota fiscal para o cliente. No caso da despesa, o consumo de itens ou
serviços também será documentado por nota fiscal.

Relembrando: outra característica importante a ser lembrada


sobre as contas de resultado é que ao contrário das contas patrimoniais,
as primeiras são temporárias, ou transitórias, e em todo fechamento do
período elas devem ser zeradas para a apuração do resultado do exercício.

Logo, os lançamentos a débito ou a crédito para registro da


ocorrência do fato serão da seguinte forma:

• As contas são abertas com saldo igual a zero no primeiro dia do


período analisado.

• Durante esse período, recebem os dados de forma cumulativa.

• As contas de receitas recebem apenas lançamentos a crédito.

• As contas de despesas recebem apenas lançamentos a débito.

• Ao final do período, tanto as contas de receitas como as de


despesas são zeradas e encerradas.

Relembradas algumas informações importantes, vamos aos registros


e lançamentos das contas de resultado!

a. Situação A: no mês de abril/2019 a Solutions Ltda. realizou a venda


de alguns itens a preço de custo (R$ 4.000,00), com recebimento à
vista em dinheiro. Lembrando que essa empresa tem R$ 5.000,00
de saldo na conta caixa.

Lançamento em diário:

D – Caixa (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (a)

C – Receita de Vendas (Conta de Resultado) R$ 4.000,00 (b)


Fundamentos Contábeis 51

Além de registrar as receitas e a entrada de caixa, devemos registrar


também a saída de estoque.

D – Custo da Mercadoria Vendida (Conta de Resultado) R$ 4.000,00 (c)

C – Estoque de itens (Ativo Circulante) R$ 4.000,00 (d)

Nota explicativa: no mês de abril/2019, a Solutions Ltda. vendeu


itens do seu estoque pelo valor de R$ 4.000,00 – preço de custo, através
da nota fiscal nº 001. O recebimento foi em dinheiro e entrou no caixa
através do recibo nº 001/2019.

Lançamento em razonete – conta T:

Registro da operação de venda:

Registro da operação de saída de estoque:


52 Fundamentos Contábeis

EXPLICANDO MELHOR:

Foi realizado o resgistro de uma venda de mercadoria, que


já estava em estoque, pelo preço de custo, ou seja, pelo
valor que foi pago por ela, sem nenhum tipo de ganho.
A venda e foi registrada com o lançamento de crédito
na conta Receitas de Vendas (b). O valor da venda foi
recebido a vista, em dinheiro, logo, foi registrado através
de um débito na conta Caixa (a). Na segunda situação,
a mercadoria que estava em estoque foi vendida, logo,
precisa ser baixada, então, registramos um lançamento
a crédito na conta Estoque de itens para venda (d) no
valor pago pela mercadoria, ou seja, a preço de custo. O
custo da mercadoria vendida (CMV) (c) deve ser lançado
sempre que ocorre a venda de mercadoria para que seja
registrado o custo dessa venda. O lançamento será sempre
a débito.

b. Situação B: registro de receita de vendas, com recebimento


composto: parte à vista e outra parte a prazo.

A empresa Solutions Ltda., durante o mês de abril, realizou vendas


no total de R$ 8.000,00 e o recebimento foi da seguinte forma: R$
2.000,00 através de depósito à vista em banco e o restante a prazo através
de duplicatas. O custo dessa venda foi de R$ 3.600,00.

Lançamento em diário

Lançamento da venda:

D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (a)

D – Duplicatas a receber de cliente (Ativo Circulante) R$ 6.000,00 (b)

C – Receita de vendas (Conta de Resultado) R$ 8.000,00 (c)

Lançamento do custo da mercadoria vendida:

D – Custo da mercadoria vendida (Conta de Resultado) R$ 3.600,00 (d)

C – Estoque de itens para venda (Ativo Circulante) R$ 3.600,00 (e)


Fundamentos Contábeis 53

Nota explicativa: no mês de abril/2019, a Solutions Ltda. prestou


serviços no valor total de R$ 8.000,00 através da nota fiscal nº 002 e
recebeu R$ 2.000,00 através do depósito de comprovante nº 56896. O
restante receberá a prazo (30/60/90 dias) através das duplicatas pelo
Banco W.

Lançamento em razonete – conta T:

Lançamento da venda:

Lançamento do custo da mercadoria vendida:

EXPLICANDO MELHOR:

Nessa situação ocorreu uma venda de mercadoria com


preço de venda maior do que o custo de aquisição dos
itens. A venda também teve uma parte recebida à vista e
outra parte a receber a prazo. Registramos assim a receita a
crédito no valor total e fracionamos o recebimento em dois
registros a débito, um no banco, no valor de R$ 2.000,00,
e o outro a débito também, porém na conta Duplicatas
a receber de cliente. O custo da mercadoria vendida foi
lançado a débito na respectiva conta de resultado e baixou
o mesmo valor do estoque, com um lançamento a crédito.
Note que reduziu o saldo em estoque, porém não zerou.
54 Fundamentos Contábeis

c. Situação C: recebimento da primeira parcela das duplicatas a


receber através do banco, conta corrente, no valor de R$ 2.000,00

Lançamento em diário:

D – Banco conta corrente (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (a)

C – Duplicatas a receber de clientes (Ativo Circulante) R$ 2.000,00 (b)

Nota explicativa: recebimento de duplicata com vencimento no mês


de maio/2019 do cliente ABC através do banco, documento de liquidação
nº 9235689.

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

Após ter realizado venda a prazo, a empresa Solutions Ltda.


gerou uma carteira de recebimenrto de clientes – direito
de recebimento. Quando ocorrer o pagamento por parte
do cliente, então, o saldo de duplicatas a receber deverá
diminuir, pois parte está sendo recebida, logo, ocorreu o
lançamento a débito da entrada do valor no banco conta
corrente e um lançamento a crédito na conta duplicatas a
receber.

Antes de exemplificar outro tipo de registro que envolva contas de


resultado, vamos falar sobre o cálculo do Custo da Mercadoria Vendida.

Primeiramente é importante não se confundir custo com


despesa, pois custo é a soma dos gastos incorridos para a aquisição ou
industrialização de um bem que será revendido e transformado em receita,
já as despesas são gastos necessários para a manutenção da atividade da
empresa ou valores gastos com a venda dos produtos acabados.
Fundamentos Contábeis 55

Podemos observar nas situações A e B a presença do Custo da


Mercadoria Vendida (CMV) que faz contrapartida com o Estoque de
Mercadoria, porém a 1ª Conta é de resultado e a 2ª Conta é patrimonial
– ativo circulante. Ele é na verdade uma despesa avaliada pelo custo ou
valor de compra.

O que ocorre é que a empresa, ao longo do exercício contábil,


precisa manter mercadoria em estoque para realizar vendas e para isso
são feitas compras de mercadoria com diversos fornecedores em valores
diferenciados.

Então, suponhamos que existe mercadoria em estoque, porém a


empresa tem uma previsão de vendas que excederá as expectativas, logo,
ela realizará novas compras. Assim, teremos um saldo final de estoque.

Para que seja feito o controle correto, há uma fórmula prática para
calcularmos o valor do CMV.

Fórmula:

CMV = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS – ESTOQUE FINAL

Ou

CMV = EI + C - EF

Na prática: O estoque encerrou o mês com um saldo de R$ 3.600,00.


O saldo inicial de estoques era de R$ 2.000,00. No decorrer do mês foram
realizadas compras no total de R$ 12.000,00.

Então, nossos dados são os seguintes:

Estoque inicial (EI) = 2.000,00

Compra (C) = 12.000,00

Estoque final (EF) = 3.600,00

Aplicando a fórmula:

CMV = EI + C – EF

CMV = (2.000 + 12.000) – 3.600

CMV = 10.400,00
56 Fundamentos Contábeis

É necessário esclarecer que os registros que envolvem as contas


de resultado estão sendo demonstrados como exemplos avulsos, para
que se conheça e entenda como devem ser lançados os débitos e os
crédito com as contas de contrapartida.

O encerramento das contas de resultado e a apuração do resultado


do exercício veremos em outro momento. Vamos agora retomar a
exemplificação dos registros.

d. Situação D: registro de impostos que incidem sobre a venda.

Antes de fazermos o registro do imposto sobre a venda, vamos


trabalhar uma situação de compra de mercadoria, onde a empresa deverá
registrar o imposto a recuperar.

VOCÊ SABIA?

Como consumidor final, quando compramos algum tipo


de bem, seja ele durável ou de consumo imediato, no
preço que pagamos, está embutido o imposto. No caso
de empresas, que não são consumidores finais, ainda vão
processar o bem ou revendê-lo, o imposto é registrado
e acumulado e quando ocorrer a venda, com a retenção
do valor a ser recolhido para o goveno, é possível abater o
valor a recolher daquele que já foi pago, ou seja, pode ser
recuperado.

Vamos admitir que a empresa Solutions Ltda. adquiriu mercadoria


para revenda para pagar a prazo ao Fornecedor A no valor de R$ 25.000,00.
O registro dessa compra de mercadoria ocorrerá da sequinte forma:

Lançamento em diário:

D – Estoque de Mercadoria (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 (a)

C – Duplicatas a Pagar a Fornecedores (Passivo Circuante) R$


25.000,00 (b)

Depois,

D – ICMS a recuperar – 18% - (Ativo Circulante) R$ 4.500,00 (c)


Fundamentos Contábeis 57

C – Estoque de mercadoria (Ativo Circulante) R$ 4.500,00 (d)

Lançamento em razonete – conta T:

Agora sim, vamos ao registro da venda: a empresa realizou uma


venda de mercadoria no valor de R$ 21.000,00 com recebimento a prazo
através de duplicatas. O custo dessa venda foi de R$ 9.000,00. Destacar
ICMS de 18%.

Lançamento em diário

Registro da venda:

D – Duplicatas a Receber de Cliente (Ativo Circulante) R$ 21.000,00 (a)

C – Receitas de Vendas (Conta de Resultado) R$ 21.000,00 (b)

Registro do Custo da Mercadoria Vendida:

D – CMV (Conta de Resultado) R$ 9.000,00 (c)

C – Estoque de Mercadoria (Ativo Circulante) R$ 9.000,00 (d)

Registro do ICMS sobre vendas:

D – ICMS sobre vendas (Conta de Resultado) R$ 3.780,00 (e)

C – ICMS a recuperar – 18% - (Ativo Circulante) R$ 3.780,00 (f)


58 Fundamentos Contábeis

EXPLICANDO MELHOR:

Toda vez que acontece uma venda, ocorrem três tipos


de registros: 1 – o da venda e como será recebida; 2 – o
custo da venda e a baixa do estoque; 3 – o imposto sobre
a venda. Como pode perceber no exemplo, as contas
vêm com saldos anteriores e vão se alterando conforme
acontecem novas operações. O registro da venda (1) tem
o lançamento a crédito na conta de receitas de vendas e
contrapartida a débito em duplicatas a receber. O registro
do CMV (2) é feito a débito (conta de resultado), creditando
estoque de mercadoria e reduzindo seu saldo. Por fim,
no registro do ICMS (3), debitamos o ICMS sobre a venda
(conta de resultado) com contrapartida de crédito na
conta já existente e com saldo de ICMS a recuperar (Ativo
Circulante).
Fundamentos Contábeis 59

No exemplo, o imposto citado foi o ICMS, porém, no caso de


outros impostos, o processo de registro é o mesmo, apenas muda-se a
nomeclatura. Para o caso de impostos (IPI, PIS, COFINS) sem recuperação
é lançada a despesa e contrapartida com conta de impostos a recolher
(Passivo Circulante).

e. Situação E: pagamento de salários.

A empresa Solutions Ltda. tem três funcionários e o total a ser pago


em salário é de R$ 6.000,00. A folha corresponde ao mês de maio/2019,
porém será paga no mês de junho/2019, no 5º dia útil.

Lançamento em diário:

D – Despesas com salários (conta de resultado) R$ 6.000,00 (a)

C – Salários a pagar (Passivo Circulante) R$ 6.000,00 (b)

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

O registro realizado anteriormente refere-se aos salários


a serem pagos pelo período trabalhado em maio. Ou
seja, estamos trabalhando a competencia de maio, então,
registramos o débtio na conta de despesa referente ao mês,
porém, a contrapartida é uma obrigação futura, a ser paga
no próximo mês (periodo), logo, temos um lançamento a
crédito na conta salários a pagar.

f. Situação F: pagamento de despesas dentro do período.

A empresa Solutions Ltda. pagou R$ 150,00 em reconhecimentos


e autenticação de documentos no cartório. O valor foi pago em dinheiro.
Lembrando que o saldo de caixa é de R$ 9.000,00.
60 Fundamentos Contábeis

Lançamento em diário:

D – Despesa de cartório (conta de resultado) R$ 150,00 (a)

C – Caixa (Ativo Circulante R$ 150,00 (b)

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

A despesa de cartório ocorreu e foi paga dentro do mês,


sendo assim, registramos lançando um débito na conta de
resultado – despesa e um crédito na conta caixa, fazendo a
retirada de valor do caixa –ativo circulante.

g. Situação G: depreciação do veículo.

A empresa Solutions Ltda. possui um veículo no valor de R$


50.000,00. Sem valor residual a considerar. Conforme tabela 4, a vida útil
esperada para esse tipo de bem é de 5 anos, logo a taxa de depreciação
anual é de 20%.

Calculando o valor da depreciação:

Valor do bem = 50.000

Taxa de depreciação = 20% a. a.

Depreciação = 50.000 X 20% = 10.000 por ano

Depreciação mensal = 10000/12 meses = R$ 833,00/mês

Lançamento em diário:

D – Depreciação (conta de resultado) R$ 833,00 (a)

C – Depreciação acumulada (Ativo Imobilizado) R$ 833,00 (b)


Fundamentos Contábeis 61

Lançamento em razonete – conta T:

EXPLICANDO MELHOR:

A depreciação é considerada como despesa e registrada a


débito dentro do mês de acompanhamento. A contrapartida
é um crédito na conta Depreciação acumulada, no ativo
imobilizado. Ao longo da vida útil, esse valor da depreciação
informa a desvalorizção gradativa do bem. É importante
lembrar que a conta Depreciação acumulada é uma conta
retificadora ou subconta do ativo imobilizado e sempre terá
seus lançamentos feitos a crédito.

h. Situação H: registro de receita financeira

A empresa Solutions Ltda. investiu em uma aplicação financeira o


valor de R$ 2.000,00. Após 30 dias aplicado, houve um rendimento de
juros no valor de R$ 10,00.

Lançamento em diário:

D – Aplicação Financeira (Ativo Circulante) R$ 10,00 (a)

C – Receitas financeiras (conta de resultado) R$ 10,00 (b)

Nota explicativa: rendimento financeiro de aplicação.

Lançamento em razonete – conta T:


62 Fundamentos Contábeis

EXPLICANDO MELHOR:

Ao realizarmos aplicações financeiras sem resgatar o valor,


ele renderá juros que serão pagos a nós pela instituição
financeira. Esses juros são registrados como Receitas
Financeiras e lançados a crédito na conta desse nome. A
contrapartida é um débito na conta Aplicação financeira,
resultando num aumento de saldo.

Ao concluir o registro das movimentações, as contas de resultados


devem ser encerradas e zeradas, apurando o resultado final do período.

Para exemplificar, vamos utilizar as situações D, E, F, G e H.

O fechamento do período resultou em receitas maiores do que as


despesas, logo, obtivemos aqui um resultado positivo, sendo declarado
assim como LUCRO.

O lucro do período deverá ser lançado no balanço patrimonial,


junto ao Patrimonio Líquido em uma conta chamada Lucros Acumulados.
Aumentando assim a riqueza líquida da empresa.
Fundamentos Contábeis 63

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido
o que a prática contábil; como é realizado o registro dos
fatos, os lançamentos a débito e a crédito, respeitando
as particularidades de cada grupo de conta; como são
tratados os fatos e principalmente a respeito ao regime
de competência, que é observado e praticado devido
à obediência à lei, como ele funciona e o quanto é
importante. Na prática desta unidade, pudemos ver com
maior clareza as alterações patrimoniais, ou seja, como
as aplicações de recursos são feitas e quais as origens de
recursos e como cada uma é tratada. E vimos que é muito
importante sempre termos em mente os conceitos, pois a
prática contábil é religiosamente baseada nos conceitos e
princípios. Observamos também algumas alterações que
foram determinadas por lei e alteraram a formulação do
próprio balanço patrimonial. Em geral, a partir de agora,
você tem o conhecimento do conceito e já foi introduzido
à prática!
64 Fundamentos Contábeis

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
Sociedades por Ações. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 29 jun. 2021.

GIROTTO, M. Revogação da Resolução nº 750/1993: contexto e


considerações. Conselho Federal de Contabilidade, 2016. Disponível em:
https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-
e-consideracoes/. Acesso em: 29 jun. 2021.

MARION, J. C.; SANTOS, A. C. M. Contabilidade Básica. 12. ed. São


Paulo: Atlas, 2018.

MULLER, A. N. Contabilidade Básica – Fundamentos especiais.


São Paulo: Pearson, 2009.

PADOVEZE, L. C. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

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