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Matemática

Financeira
Capitalização e Taxas
Unidade 1
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
RAFAELA RODRIGUES OLIVEIRA AMARO
KÁTIA GISELLE ALBERTO BASTOS
AUTORIA
Rafaela Rodrigues Oliveira Amaro
Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia
do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas
do ensino fundamental, médio e superior. Sou apaixonada pelo que
faço, pela matemática e adoro lecionar e transmitir sobre essa disciplina
fascinante. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Kátia Giselle Alberto Bastos


Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia
do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas
do ensino fundamental e médio. Além deste trabalho, tenho experiência
como docente de cursos de formação de professores em Educação
Matemática.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Capitalização Simples................................................................................ 12
Juros e Montante Simples......................................................................................................... 12

Juros Exatos, Ordinários e Bancários................................................................................23

Capitalização Composta...........................................................................26
Juros e Montante Composto...................................................................................................26

Diferença Entre os Regimes de Capitalização............................................................32

Homogeneidade Entre Taxa e Tempo..............................................................................35

Taxas.................................................................................................................. 37
Taxa Proporcional e Taxa Equivalente...............................................................................37

Taxa Nominal e Taxa Efetiva.....................................................................................................44

Fluxo de Caixa e Equivalência Financeira......................................... 53


Fluxo de Caixa....................................................................................................................................53

Equivalência Financeira...............................................................................................................54
Matemática Financeira 9

01
UNIDADE
10 Matemática Financeira

INTRODUÇÃO
Caro aluno, imagine-se em uma reunião empresarial, em que serão
discutidos diversos assuntos pertinentes a realidade empresarial. Por isso,
deve-se adotar uma linguagem financeira específica para tal situação.
Bem, neste cenário, torna-se necessário a sua efetiva compreensão
acerca dos diversos termos e conceitos que são triviais no universo
empresarial, como juros, taxa de juros, capitalização simples e composta,
fluxo de caixa, que necessitam de um claro entendimento e interpretação
no contexto empresarial.
E a partir desta necessidade, essa primeira unidade se apresenta
como uma base sólida para compreender o mundo em que se situa a
Matemática Financeira.
Os principais fundamentos da Matemática Financeira, que
subsidiarão o desenvolvimento de conceitos mais complexos serão
abordados nessa unidade inicial, de modo a facilitar e viabilizar o
desenvolvimento deste curso.
Bons estudos!
Matemática Financeira 11

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Capitalização e Taxas.
Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de
aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender o regime de capitalização simples e os elementos


que o constitui.

2. Definir o regime de capitalização composto e os itens que o


elabora, diferenciando-o da capitalização simples.

3. Diferenciar os tipos de taxas mais utilizadas no mercado financeiro.

4. Definir equivalência financeira e fluxo de caixa apresentando suas


aplicações.

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Vamos juntos adentrar em um mundo interessante e muito útil para nossa
vida financeira! Ao trabalho! Avante, caro(a) aluno(a)!
12 Matemática Financeira

Capitalização Simples
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo você será capaz de compreender os


conceitos relacionados a capitalização simples e aos seus
componentes: capital, montante, taxa de juros e período.
Além disso, seremos apresentados às definições de juros
exatos, ordinários e bancários.

Então vamos lá. Avante!.

Juros e Montante Simples


Com certeza, em algum momento da vida acadêmica ou social,
você já se deparou com notícias como estas:

“Adquira seu carro com uma pequena entrada e parcele o restante


sem juros”.

“Juros menores possibilitam aumento na compra de imóveis”.

“Juros fecham em queda, com alívio do câmbio e melhora na


percepção geopolítica”.

“Juros do cartão de crédito e cheque especial sobem no mês de


novembro”.

“Cheque especial agora com juros limitados”.

Provavelmente, sua resposta será sim! Mais comum do que


imaginamos, reconhecemos que as situações relacionadas a juros estão
intimamente conectadas às diversas situações que permeiam a dinâmica
de nosso cotidiano, uma vez que essa representação matemática é muito
recorrente para indicar diferentes operações financeiras.

Para iniciarmos nossa jornada definiremos juro.


Matemática Financeira 13

DEFINIÇÃO:

O juro é a remuneração do capital (CASTANHEIRA E


MACEDO, 2013).

O conceito de juro mais trivial é o descrito anteriormente, mas,


ainda conforme os mesmos autores, outras proposições mais populares
também caracterizam juros:

•• Quantia paga pelo uso do dinheiro emprestado, isto é, custo do


capital de terceiros colocados à nossa disposição.

•• Recompensa do capital agregado em atividades produtivas.

•• Remuneração paga pelas instituições financeiras a partir do capital


nelas aplicado.

•• Remuneração do capital emprestado, ou seja, aluguel pago pela


utilização do dinheiro.

VOCÊ SABIA?

A ideia de juros é antiga em nossa sociedade, os


primeiros registros são identificados quando os juros eram
remunerados por sementes entre os agricultores e pagos
após a colheita; era comum essa prática de remunerar por
emprestar determinados produtos e/ou serviços entre
suas transações comerciais.

A maneira na qual os juros são incorporados permitem sua


categorização, desta maneira, ele pode ser classificado como simples ou
composto. O juro simples caracteriza-se como uma modalidade na qual
os juros incidem sobre o capital inicial.

Mas e a capitalização simples? O que é? Onde este conceito se


atrela ao de juros?

Essencialmente, capitalizar associa-se à ideia de juntar, agregar,


acumular e, na Matemática Financeira, essa concepção se mantém
14 Matemática Financeira

agregada a outros conceitos. Assim, a capitalização simples é definida


como:

DEFINIÇÃO:

Regime de capitalização em que se utilizam os juros


simples (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013).

Logo, na capitalização simples, para cada período temos a mesma


taxa de juros calculada sob o mesmo capital, desta maneira é possível ter
uma previsão de seu total multiplicando o total de juros por intervalo pelo
total de intervalos.

Destaca-se que na determinação dos juros simples, a curva do


capital é linear, ou seja, é gerado uma função linear na qual cada adicional
de juros é associada diretamente ao valor que inicialmente é investido.

Ainda Castanheira e Macedo (2013) enfatizam que o juro é sempre


obtido intermediado por uma taxa de juros que é incidida sobre o capital.
Essa medida se relaciona a uma unidade de tempo, que pode ser diária,
mensal, semestral ou anual. As taxas mais comuns no universo financeiro
são:

•• a.d. - ao dia.

•• a.m. - ao mês.

•• a.b. - ao bimestre.

•• a.t. - ao trimestre.

•• a.q. - ao quadrimestre.

•• a.s. - ao semestre.

•• a.n. - ao ano.
Matemática Financeira 15

Como exemplo de utilização dessas taxas, admita uma taxa de 134%


a.s., na prática qual seu significado. Ora, basicamente essa taxa produzirá
juros de 134% a cada semestre, isto é, seis meses. E uma taxa de 0,14%
a.d.? Essa indica que a remuneração do capital emprestado é diária, por
isso os juros são obtidos diariamente gerenciados por uma taxa de 0,14%.

Os juros são regidos por taxas em porcentagem, que geralmente


são prefixados por índices determinados pelo governo ou interligados
a políticas financeiras; tais operações permitem o reajuste de preços de
diversos produtos de maneira geral e/ou aplicações financeiras (ASSAF
NETO, 2012). Daí a tamanha importância destes índices.

REFLITA:

Constantemente associamos juros a uma ideia pejorativa,


mas por quê? Existem duas facetas deste conceito, afinal,
os juros podem agregar ou depreciar nossa vida financeira,
uma vez que essa operação pode acelerar o crescimento
de uma renda ou bem, assim como atrapalhar, a partir do
momento em que se adquire.

Mas por que a prática de juros? Qual a necessidade da admissão


deste quantitativo nas operações financeiras?

Basicamente, de acordo com Assaf Neto (2012), as taxas de juros


são eficientes de maneira a remunerar:

•• O risco inerente a operação (empréstimo ou aplicação), indicado


pela incerteza em relação ao futuro.

•• A diminuição de compra do capital impulsionada pela inflação,


uma vez que este fator corrói o capital, diminuindo a capacidade
de compra de posse do mesmo montante.

•• O capital aplicado e/ou emprestado, os juros devem agregar lucro


ao proprietário do capital de maneira a compensar a privação do
uso capital emprestado durante certo período de tempo.
16 Matemática Financeira

SAIBA MAIS:

Existe uma legislação que orienta a utilização dos juros em


operações financeiras, a Lei n.º 8.078 de 1990 do Código de
Defesa do Consumidor. Esta Lei institui a maneira na qual a
aplicação dos juros deve ser definida em um contrato entre
as partes envolvidas.

Para aprofundarmos nos cálculos e relações neste contexto de


Matemática Financeira definiremos alguns termos comumente utilizados.
Vamos lá?

O capital é indicado por C e possui outros significados, como valor


presente ou valor atual e pode ser descrito como:

DEFINIÇÃO:

O capital refere-se a qualquer valor expresso na moeda


corrente de uma nação e disponível para operações
financeiras (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013).

Este quantitativo é muito importante no contexto financeiro, uma vez


que, fundamentado nele, a proporção de lucro ou prejuízo será calculada.

Outro componente importante nos cálculos financeiros é o


montante que é caracterizado por:

DEFINIÇÃO:

Montante é o resultado entre o somatório entre o capital


e os juros, correspondendo a um quantitativo capitalizado
após determinado período.

Taxa de juros é um percentual que se aplica sobre o capital


durante certo período.
Matemática Financeira 17

Outro fator importante na relação com o dinheiro é o tempo,


pois é baseado nele que é possível estabelecer relações financeiras,
basicamente ele é definido como:

DEFINIÇÃO:

Período é o tempo que o quantitativo financeiro estará


submetido a determinada taxa de juros.

A partir de agora, embasados em todos esses conceitos, será


possível determinar uma relação que permite o cálculo dos juros simples;
que basicamente depende de três fatores, como apresentado na Figura 1:
Figura 1 – Composição dos juros

Taxa de Juros
Capital Período
juros

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

Assim, a fórmula que possibilita o cálculo dos juros simples é dada


por:

FÓRMULA:

J=C .i. (1)

Ainda neste contexto de juros simples, existem relações específicas


para a determinação do montante e do capital envolvido em diversas
operações financeiras.

FÓRMULA:

M=C ( 1+i.n) (2)

FÓRMULA:

M=C+J (3)
18 Matemática Financeira

Perceba que as fórmulas são equações polinomiais de 1º grau,


que graficamente, são representadas por retas que possuem como
característica a permanência do mesmo coeficiente angular ou a
inclinação da reta tangente. Este fato demonstra que, a cada período, os
juros são os mesmos e sempre acrescentados ao capital inicial aplicado
a certo investimento.

É de suma importância enfatizar que todas as fórmulas apresentadas


anteriormente podem ser reescritas substituindo o capital pelo termo
Valor presente (PV = present value) e o montante por Valor Futuro (FV =
future value), estes termos são muito utilizados na linguagem financeira
e suas abreviações PV e FV representam teclas contidas na calculadora
financeira HP–12C.

Então as fórmulas serão reescritas da seguinte forma:

FÓRMULA:

FV=PV(1+i.n) (4)

FÓRMULA:

FV=PV+J (5)

Grande parte dos cálculos inerentes ao mercado financeiro podem


ser feitos auxiliados por uma calculadora financeira; a mais utilizada é a
HP – 12C, na qual o valor futuro é representado pela tecla FV (future value),
pois representam as iniciais das expressões em inglês. É necessário
enfatizar que a dinâmica de entrada de valores na calculadora HP -12C é
diferente das calculadoras tradicionais, por isso, sugiro a você, aluno(a), a
leitura de alguns manuais para facilitar seu uso.

ACESSE:

No site da fabricante HP há disponível um manual de


utilização da calculadora HP-12C, que pode ser acessado
aqui.
Matemática Financeira 19

Vamos, agora, exercitar estas relações que embasam os cálculos


dos juros simples? Lembrando que as fórmulas se diferenciam devido
aos elementos que as compõem, logo, a escolha de utilização dependerá
do contexto do problema a ser solucionado. Em toda resolução será
apresentado aversão algébrica e outra com base na calculadora HP-12C.

Vamos lá!

EXEMPLO:

Patrícia emprestou, durante um semestre, a quantia de R$10.000,00


a uma taxa de 2,5% a.m. (ao mês). De quanto serão os juros obtidos neste
período?

Sempre iniciaremos a resolução de um exercício destacando as


informações contidas no enunciado, logo:

n=6

i=2,5%= 2,5/100=0,025

C=10 000

J=?

Observe que o período foi definido como seis em referência a


um semestre, porque a taxa de juros é mensal. A taxa de juros sempre
deve ser transformada para sua forma decimal, isto é, deve-se encontrar
seu número decimal correspondente e para isso, basta dividir o valor
informado por 100.

Como foi solicitado o cálculo dos juros neste período, basta


substituirmos as informações recolhidas anteriormente e aplicá-las na
relação:

J=C.i.n

J=10.000 .0,025 .6

J=1.500,00
20 Matemática Financeira

Solução na Calculadora HP-12C

10000 CHS PV

2,5 i

6 n

FV

Assim, o valor acumulado após seis meses equivale a R$11.500,00;


agora, deste basta retirar o capital inicial, ou seja, o PV, logo, será
R$11.500,00 menos R$10.000,00 = R$1.500,00.

Para elucidar com mais propriedade a resolução deste exercício, é


possível elaborar uma planilha eletrônica ou quadro para a determinação
deste juro mensal até a conclusão de seu total semestral. Observe o
Quadro 1 com os valores respectivos a este exercício.
Quadro 1 - Capitalização simples

Período Capital Juros Total Parcial Montante

1 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.000 10.250

2 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.250 10.500

3 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.500 10.750

4 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.750 11.000

5 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 11.000 11.250

6 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 11.250 11.500


Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

Observe que o total parcial se refere ao início do período, enquanto


o total é obtido ao final do período e atente-se ao fato de que o valor
encontrado de juros nessa modalidade, é sempre o mesmo, pois, a
base de referência para o cálculo não se modifica no decorrer do tempo.
Observe essa característica na representação gráfica da Figura 2.
Matemática Financeira 21

Figura 2 - Capitalização simples

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

VOCÊ SABIA?

Na Matemática Financeira existe o ano civil e o ano


comercial, que se diferenciam quanto à quantidade de dias
contabilizados; o ano civil é constituído por 365 dias ou 366
dias e o ano comercial é formado por 360 dias.

EXEMPLO:

A quantia de R$12.000,00 foi gerada a partir de um capital de R$


3.000,00 aplicado a juros simples de 5% ao mês. Qual foi o período desta
operação financeira?

Informações do problema:

M ou FV=12 000

C ou PV=3 000

i=5%= 5/100=0,05

n=?
22 Matemática Financeira

Logo: M=C(1+i.n) → → F V=PV(1+i.n)

12 000 = 3 000(1+0,05n)
12 000 = 1+0,05n
3 000

4-1 = 0,05n
n = 3 = 60
0,05

Assim, o período necessário para se obter tal montante foi de 60


meses.
Solução na calculadora HP-12C
12000 CHS PV
3000 FV
5 i
n
EXEMPLO:

Uma empresa aplicou R$10.000,00 e recebeu, após 7 anos, um


montante de R$28.500,00. Qual foi a taxa de juros simples incidida nessa
transação?
Informações do problema:
M ou FV=28.500
C ou PV=10.000
n=7 anos
i=?
Logo: M=C(1+i.n)→→FV=PV(1+i.n)
28 500=10 000(1+i.7)
28 500 = (1+7i)
10 000)
2,85=1+7i
2,85-1=7i
i=1,85 ≅ ≅0,2643≅ ≅ 26,43 a.a.
7
Matemática Financeira 23

Assim, a taxa anual aplicada nesta operação corresponde a 26,43%


a.a.

Solução na calculadora HP-12C

10000 CHS PV

28500 FV

7n

Juros Exatos, Ordinários e Bancários


Os Juros, como já aprendemos, correspondem, resumidamente,
a um “aluguel” pago pela utilização de certa quantia. Esse valor pode
ser adicionado ou retirado da quantidade inicial, variando conforme a
modalidade adotada. No entanto, a base de cálculo referente ao período
estabelecido o diferencia, pois, se calculado em 40 dias será obtido
um valor, já alterado para 41 dias será outro. Em decorrência dessa
diferenciação, assim conheceremos com mais detalhes sobre os juros
exatos, ordinários e bancários.

Os juros exatos são descritos por:

DEFINIÇÃO:

Modalidade de juros em que se adota a quantidade exata


de dias que compõem um ano civil. Pode variar entre 365
dias e 366 dias, caso o ano seja bissexto (ASSAF NETO,
2012).
24 Matemática Financeira

Os juros ordinários são:

DEFINIÇÃO:

Os juros que utilizam como referência o ano comercial, isto


é, consideram que todos os meses são compostos por 30
dias e, por consequência, o ano que é constituído por doze
destes, possui 360 dias (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013).

Já em relação aos juros bancários, a definição é:

DEFINIÇÃO:

Juros que utilizam como referência a quantidade exata que


compõe cada mês, ou seja, 28,29, 30 ou 31 dias; assim,
o ano possui 360 dias, assim como o comercial (ASSAF
NETO, 2012).

VOCÊ SABIA?

Que o comitê de Política Monetária (COPOM) órgão


coordenado por diretores e presidente do Banco Central
determina o valor da taxa Selic (Sistema Especial de
Liquidação e Custodia). Este indicativo é que possibilita
analisar a inflação, uma vez que, quanto maior for a taxa
Selic, menor é a inflação, em contrapartida se ela diminuir,
a inflação sobe.
Matemática Financeira 25

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.

Você deve ter aprendido sobre o regime de capitalização


simples, que utiliza os juros simples e recebe o nome
de capitalização simples. Nesta dinâmica, é necessário
estabelecer uma taxa de juros, um período, assim como o
capital e o montante que também podem ser chamados
de valor presente e valor futuro, respectivamente. É
necessário destacar que o cálculo da taxa, na modalidade
simples, é um valor constante, por isso, não se altera no
período estabelecido. Também aprendemos sobre juros
que podem ser exatos, ordinários, ou bancários, sendo o
período que compõe um ano, 360 ou 365 dias, a diferença
básica entre cada categoria.
26 Matemática Financeira

Capitalização Composta
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, espera-se que você seja capaz de


conhecer sobre a capitalização composta, identificando a
maneira na qual os juros são capitalizados e, por fim, será
possível diferenciar o regime de capitalização composta do
regime de capitalização simples. .

Juros e Montante Composto


Uma vez que o regime de capitalização não é simples, ele se torna
composto e sua característica mais marcante está no fato da reincidência
de juros sob o capital, assim, quando determinado valor já está interligado
a uma parcela de juros é incidindo mais uma vez essa taxa de juros, porém,
sobre o total acumulado.

DEFINIÇÃO:

Capitalização composta é um regime que adota a taxa de


juros composta, isto é, o juro produzido em determinado
tempo será acrescido ao valor produzido pelo capital,
passando ambos, juro e capital a render juro no próximo
período. Nesta dinâmica financeira, a cada intervalo em
que o juro é agregado ao valor que o gerou é chamado de
período de capitalização (ASSAF NETO, 2012).

Ao realizar um empréstimo, uma compra a prazo, financiamento


de imóvel ou automóvel em certa instituição financeira, sempre estamos
pagando por juros, e na grande maioria das vezes, esse juro é composto.

Na capitalização composta, os juros detêm da mesma concepção


que na capitalização simples, o que basicamente diferencia os juros
simples é o capital, que a cada período é alterado, pois a cada término de
um período de capitalização é obtido um montante ou valor futuro (FV)
Matemática Financeira 27

parcial, assim, as relações que permitem a utilização dos juros compostos


são dadas por:

FÓRMULA:

M=C+J ou FV=PV+J (6)

FÓRMULA:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n (7)

FÓRMULA:

J=C[(1+i)n-1] ou J=PV[(1+i)n-1] (8)

Vale lembrar que, como destacado na Figura 2, na linguagem


financeira utilizamos as seguintes denominações:
Figura 3 -Termos utilizados na Matemática Financeira

•• Valor presente
PV
•• Capital

•• Valor futuro
FV
•• Montante

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

Ter conhecimento desta linguagem facilita manipular calculadoras


financeiras, assim como interpretar os resultados obtidos.

Vamos praticar? Resolveremos juntos alguns exercícios e será


apresentada a resolução algebricamente intermediada por cálculos
matemáticos e na linguagem para utilizar a calculadora HP-12C.

Exemplo: Qual o montante produzido por um capital de R$10.000,00,


a uma taxa de 2,5% a.m. durante seis meses?

Retirando as informações do enunciado:

n=6
i=2,5%=2,5=0,025
100
C=10 000
M=?
28 Matemática Financeira

Assim, substituindo as informações nas relações apresentadas,


encontramos:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n

M=10 000(1+0,025)6

M=11.596,93

Solução na calculadora HP-12C

10000 CHS PV

2,5 i

6 n

FV = 11.596,93

Para você, caro(a) aluno(a), compreender melhor a dinâmica


da capitalização composta foi elaborado o Quadro 2, de maneira a
acompanhar como os juros compostos funcionam.
Quadro 2 - Capitalização composta

Período Capital Juros Montante

1 10.000 10.000(1+0,025)1=250 10.250

2 10.250 10.250(1+0,025)1=256,25 10.506,25

3 10.506,25 10.506,25(1+0,025)1=262,66 10.768,91

4 10.768,91 10.768,91(1+0,025)1=269,22 11.038,13

5 11.038,13 11.038,13(1+0,025)1=275,95 11.314,08

6 11.314,08 11.314,08(1+0,025)1=282,85 11.596,93


Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

Observe que o capital no qual incide a taxa de juros a cada período


é sempre alterado, por isso essa modalidade é reconhecida como juros
sob juros.
Matemática Financeira 29

EXPLICANDO MELHOR:

Utilizaremos em nossos cálculos sempre duas casas


decimais nos cálculos necessários em virtude do Sistema
Monetário Brasileiro, é necessário relembrar as regras
de arredondamento que instituem que para arredondar
a segunda casa após a virgula, é necessário observar o
número que ocupa a terceira casa decimal. Se este valor
for igual ou menor que cinco, este último algarismo será
mantido, caso contrário, acrescenta-se uma unidade ao
algarismo que ocupa a segunda casa após a virgula.

Figura 4 - Capitalização composta

Fonte Elaborado pelas autoras (2022).

EXEMPLO:

Uma poupança foi criada com a entrada de R$20.000,00 e ficou


capitalizando em um período de 12 anos. Após esse tempo, foi comunicado
ao cliente detentor dessa conta que o valor presente era de R$32.000,00.
Logo, qual a taxa de juros compostos aplicado a esse capital?
30 Matemática Financeira

As informações do enunciado são:

n=12

i=?

C=PV=20 000

M=FV=32 000

Assim, substituindo as informações nas relações apresentadas,


encontramos:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n

32 000=20 000(1+i)12
32 000 = (1+i)12
20 000

1,6=(1+i)12
√1,6)=12√(1+i)12
12

1,04=1+i

1,04-1=i→→i=0,04=4%

Solução na calculadora HP-12C

20000 CHS PV

32000 FV

12 n

EXEMPLO:

Uma poupança foi aberta com um saldo de R$23.400,00 e após


determinado período sob uma taxa de juros composto de 1,2% ao mês foi
obtido um montante de R$29.150,00. Determine o período:
Matemática Financeira 31

As informações do enunciado são:

C=PV=23 400

M=FV=29 150

i=1,2%=0,012

n=?

Assim, alterando as informações nas fórmulas apresentadas,


encontramos:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n

29 150=23 400(1+0,012)n
29 150 = (1,012)n
23 400

1,2457=(1,012)n

log1,2457=log⁡(1,012)n

log1,2457=n.log1,012
n=log1,245 ≅≅ 19 meses
log1,012

Solução na calculadora HP-12C

23400 CHS PV

29150 FV

1,2 i

Compare que o cálculo realizado na calculadora financeira HP – 12C


é bem mais rápido e não demanda de manipulações algébricas como no
cálculo tradicional, no entanto, é necessário conhecimento prévio de sua
dinâmica de funcionamento.
32 Matemática Financeira

Diferença Entre os Regimes de


Capitalização
A capitalização é o espaço de tempo em que a aplicação gera os
juros contratados. Desta maneira, um período de três anos e os juros
capitalizados semestralmente produz seis períodos de capitalização, no
entanto, a maneira na qual o valor presente é determinado, adicionado
aos juros obtidos ou não, é que permite categorizá-lo em simples ou
compostos (ASSAF NETO, 2012).

O regime de capitalização simples e o composto se diferenciam


quanto a modalidade que cada um adota ao capitalizar os juros, assim,
a capitalização simples se enquadra em um modelo linear, pois, a cada
período acrescenta a mesma parcela de juros, enquanto a capitalização
composta obedece a um estereótipo exponencial, caracterizado por
acrescentar sempre ao valor presente uma parcela corrigida a partir do
montante anterior.

Graficamente, a distinção entre essas duas modalidades de


capitalização pode ser observada por meio do Gráfico 3, que apresenta
ambos em um mesmo plano cartesiano.
Figura 5 – Comportamento da capitalização simples e composta

Capitalização composta
$
(exponencial)
150.000

140.000 Capitalização

130.000 simples (linear)


120.000

110.000

100.000

Tempo (ano)
Fonte: Assaf Neto (2012).
Matemática Financeira 33

Observe no gráfico que a inclinação da curva da capitalização


composta é bem mais inclinada em relação à capitalização simples; essa
diferença reflete diretamente no juro obtido nas relações financeiras.

EXEMPLO:

Suponha que você tenha R$100.000,00 e o aplique em determinado


investimento regido por uma taxa de juros de 0,75% a.m., durante um ano.
Qual o montante gerado?

Informações do problema:

n=12
i=0,75%=0,75= 0,0075
100
C=PV=100 000

M=FV= ?

a. Capitalização simples:

M=C(1+i.n) ou FV=PV(1+i.n)

M=100 000(1+0,0075.12)

M=109.000,00

Solução na calculadora HP-12C

100000 CHS PV

12 n

0,75 i

FV = 109.000,00

A calculadora HP-12C calcula juros simples com base em um


período que pode ser de 360 ou 365 dias. Além disso, com o juro
acumulado no visor, a quantia total pode ser calculada (principal somado
ao juro acumulado) pressionando +. Assim, para calcular os juros em um
período de 360 ou 365 dias é necessário:

•• Digitar ou calcular o número de dias e pressionar n.


34 Matemática Financeira

•• Digitara taxa de juros anual e pressionar i.

•• Digitar a quantia do principal e pressionar CHS PV.

•• Pressione:

•• f INT para calcular e exibir o juro acumulado em 360 dias.

•• f INT para calcular e exibir o juro acumulado em 365


dias.

Pressione + para calcular o total do principal e o juro acumulado


agora no visor.

Lembrando que os valores de n, i e PV podem ser inseridos em


qualquer ordem.

b. Capitalização composta:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n

M=100 000(1+0,0075)12

M=109.380,69

Solução na calculadora HP-12C

100000 CHS PV

12 n

0,75 i

FV = 109.938,69

Se atente ao fato de que no período de um ano houve uma diferença


de= R$938,69 e R$ 109.380,69 menos R$109.000,00 = R$938,69). Muita,
não é mesmo?!

Agora imagine esse incremento em transações realizadas em 10, 20,


30 anos? Aumenta ainda mais, não é mesmo? Por isso, o juro composto é
muito utilizado nas transações mais comuns no mercado financeiro.
Matemática Financeira 35

Homogeneidade Entre Taxa e Tempo


Em transações financeiras, sempre o período (n) deve estar
condizente com a unidade de tempo (dias, meses e anos) em que foi
estabelecida a taxa de juros. Lembrando que:

•• O ano civil equivale a 365 dias.

•• O ano comercial é igual a 360 dias.

•• O mês comercial compreende 30 dias.

É comum estar incidido em um empréstimo, por exemplo, uma taxa


de juros capitalizada anualmente, mas um cliente quer contratá-lo em um
período de meses, por isso, a importância de realizar a transformação de
uma taxa para outra.

Vamos entender na prática como ocorre esse processo de


transformação? Avante, caro aluno(a)!

Exemplo: Determine a equivalência de uma taxa de juros de 16%


anual para:

a. Taxa diária.

b. Taxa mensal.

c. Taxa bimestral.

d. Taxa semestral.

Para obter tais transformações, basta realizar a divisão da taxa anual


indicada pelo período em que se almeja a transformação, logo:
36 Matemática Financeira

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe foi apresentado nesta unidade?


Aprendeu mesmo tudo sobre este conteúdo? Agora, só
para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos! Vamos lá?

Você conheceu com mais propriedade sobre a dinâmica da


capitalização composta, isto é, sobre os juros compostos,
modalidade na qual a taxa de juros é calculada sobre o
montante obtido anteriormente; observe que em ambas
as modalidades de capitalização é necessário estabelecer
uma taxa de juros, um período, assim como o capital e
o montante. A principal diferença entre o juro simples e
composto consiste no valor no qual se incide o cálculo da
taxa. Na modalidade simples, esse valor é constante, já na
modalidade composta, esse número sempre aumenta e é
variável. Também aprendemos que, em várias transações
financeiras, é necessário que o período seja igual à unidade
de tempo (dias, meses e anos) em que se é capitalizada a
taxa de juros, representando a homogeneidade entre taxa
e tempo.
Matemática Financeira 37

Taxas
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, é esperado que você compreenda


sobre taxas de juros e as operações possíveis de serem
executadas com ela, identificando o tipo de manipulação
mais condizente com o regime de capitalização
estabelecido. Já estudamos o conceito e aplicação as taxas
neste contexto financeiro, agora será necessário conhecer
um pouco mais sobre esse índice, assim como diferenciá-
las. Então, iniciaremos este conteúdo apresentando as
técnicas para conversão de taxas quanto ao seu período de
capitalização: taxa proporcional e taxa equivalente..

Taxa Proporcional e Taxa Equivalente


Taxa proporcional e equivalente possuem a mesma função, que
basicamente consiste em transformar uma taxa que capitaliza os juros
perante certo período para outro. A grande diferença entre ambas consiste
na categoria de juros; assim, a taxa proporcional é aplicada aos juros
simples, enquanto a taxa equivalente se relaciona aos juros compostos.
Veja na Figura 6 essa distinção.
Figura 6 – Organograma sobre a classificação de taxas conforme o tipo de juros

Taxa Proporcional Juros Simples

Taxas

Taxa Equivalente Juros Compostos

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).


38 Matemática Financeira

DEFINIÇÃO:

Denominam-se as duas taxas como proporcionais quando


promovem a igualdade dos montantes de um mesmo
capital ao término de determinado período, isto é, a razão
entre elas é igual a razão entre os respectivos períodos
(ASSAF NETO, 2012).

Matematicamente, isso corresponde à definição que será


apresentada a seguir:

DEFINIÇÃO:

Por meio da propriedade fundamental da proporção, o


produto dos meios é igual ao produto dos extremos, ou
seja:

FÓRMULA:

i1.n2=i2.n1 (9)

Uma vez considerando:

i1 e i2=taxas de juros

n1 e n2=períodos

EXEMPLO:

Admitindo uma taxa anual igual a 45%, determine esse índice


proporcional a:

a. Mensal.

b. Trimestral.

c. Semestral.

d. Diária.
Matemática Financeira 39

Para solucionar esse exercício, inicialmente basta substituir as


informações na relação apresentada anteriormente:

a. Mensal:

Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é


constituído por 12 meses, logo:

i1=0,45 e n1=12

i2= ? e n2=1

Assim:
i1.n2=i2.n1 → →0,45 .1=i2.12→→ i2= 0,45 =0,0375=3,75% a.m.
12

b. Trimestral:

Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é


constituído por 4 trimestres, logo:

i1=0,45 e n1=4

i2= ? e n2=1

Assim:
i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1=i2 .4 → i2= 0,45 = 0,1125=11,25% a.t.
4

c. Semestral:

Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é


constituído por 2 semestres, logo:

i1=0,45 e n1= 2

i 2= ? e n 2= 1

Assim:
i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1=i2 .2 → i2= 0,45 = 0,1125=11,25% a.t.
2
40 Matemática Financeira

d. Diária:

Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é


constituído por 360 dias, logo:

i1=0,45 e n1= 360

i 2= ? e n 2= 1

Assim:

i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1=i2 .360 → i2= 0,45 = 0,1125=11,25% a.t.


360

Agora, de volta ao contexto da capitalização composta,


conheceremos mais sobre as taxas equivalentes, assim como as técnicas
admissíveis de serem utilizadas. Vamos lá?

Assaf Neto (2012) declara que as taxas equivalentes são descritas


da seguinte forma:

DEFINIÇÃO:

Duas taxas são denominadas equivalentes, se quando


aplicadas a juros compostos e considerando um mesmo
capital, produzem um mesmo valor de montante (ASSAF
NETO, 2012).

Existe uma relação matemática específica que possibilita determinar


essa equivalência, dada por:

FÓRMULA:

(1+i1 )n1 = (1+i2 )n2 (10)

Em que:

i1 e i2=taxas de juros

n1 e n2=períodos
Matemática Financeira 41

Mas, em quais situações devo utilizar de tais relações? É o que


veremos na prática nos exemplos a seguir:

EXEMPLO:

Qual a taxa bimestral, semestral e anual equivalente a taxa mensal


de 3%?

Para solucionar esse problema, utilizaremos como referência um


bimestre como 2 meses ou 60 dias, um semestre com 6 meses ou 180
dias e um ano como 12 meses ou 360 dias.

•• Bimestral:

i1 (taxa semestral) = ? , n1= 1 , i2= 3% a.m , n2= 2

(1+i1)n1 = (1+i2)n2

(1+i1)1 = (1+0,03)2

1+i1 = (1,03)2

1+i1 = 1,0609

i1 = 1,0609-1

i1 = 0,0609 ≅ 6,1% a.b.

Solução na calculadora HP-12C


1 ENTER
0,03+
60 ENTER
30 ÷
yx
1 -
100 X
42 Matemática Financeira

Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal equivale a uma


taxa bimestral de 6,1%.
•• Semestral:
i1 (taxa semestral) = ? , n1= 1 , i2= 3% a.m , n2= 6

(1+i1)n1 = (1+i2)n2

(1+i1)1 = (1+0,03)6

1+i1 = (1,03)6

1+i1 ≅ 1,1941

i1 = 1,1941-1

i1 = 0,1941 ≅ 19,41% a.s

Solução na calculadora HP-12C

1 ENTER

0,03 +

180 ENTER

30 ÷

yx

1 -

100 X

Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal, equivale a uma


taxa bimestral de 6,1%.

•• Anual:
i1 (taxa anual) = ? , n1 = 1 , i2 = 3% a.m , n2 = 12

(1+i1)n1 = (1+i2)n2

(1+i1)1 = (1+0,03)12

1+i1 = (1,03)12

1+i1 ≅ 1,4258

i1 = 1,4258-1

i1 = 0,4358 ≅ 42,58% a.n.


Matemática Financeira 43

Solução na Calculadora HP-12C

1 ENTER

0,03 +

360 ENTER

30 ÷

yx

1 -

100 X

Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal equivale a uma


taxa anual de 42,58%.

Basicamente as fórmulas que permitem realizar as conversões mais


comuns são apresentadas no quadro, no qual:

•• prazo inicial (informação que tenho relativo ao período).

•• prazo final (prazo solicitado).

•• taxa informada (taxa fornecida no exercício).

•• taxa a ser determinada (taxa procurada).


Quadro 1 - Fórmulas para equivalência entre taxas
44 Matemática Financeira

Período Relação

Anual para diário (a.a. para a.d.) id= [(1+ia)1/360-1]∙100

Mensal para diário (a.a. para a.d.) id= [(1+im)1/30-1]∙100

Anual para mensal (a.a. para a.d.) im= [(1+ia)1/12-1]∙100

Diário para anual (a.a. para a.d.) ia= [(1+id)360-1]∙100

Diário para mensal (a.a. para a.d.) im= [(1+id)30-1]∙100

Mensal para anual (a.a. para a.d.) ia= [(1+im)12-1]∙100

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

Taxa Nominal e Taxa Efetiva


Ao realizar um empréstimo, é comum questionarmos sobre o
valor referente à taxa incidida na operação e como resposta somos
informados que a taxa anual praticada é de 38%; porém, o prazo referente
à constituição do juro, assim como sua agregação ao capital que o gera
costumeiramente, é mensal.

Na maioria das vezes, o mercado financeiro institui para uma mesma


operação, expressões distintas de juros para sua forma de capitalização;
um exemplo prático é ser comum nos juros do cheque especial utilizar
tanto a taxa efetiva, quanto a taxa nominal. Assim, para comparar o custo
para se realizar tal transação é essencial conhecer a fundamentação
teórica de cada modalidade de taxa. A partir de situações como esta,
surge a necessidade de identificar, assim como diferenciar, a taxa nominal
da efetiva e, posteriormente, efetuar a transformação entre ambas.
Matemática Financeira 45

Castanheira e Macedo (2013) reiteram que a taxa nominal:

DEFINIÇÃO:

Uma taxa é chamada de nominal quando o intervalo de


tempo ao qual se refere a taxa não se equipara com o
período de capitalização.

Tendo como exemplo uma taxa de 16% semestral, a capitalização


trimestral é tida como uma taxa nominal, pois, a taxa se refere ao
semestre. No entanto, a capitalização dos juros ocorre trimestralmente,
isto é, existem quatro períodos de capitalização em um ano.

Vamos, portanto, caro(a) aluno(a), considerar, para tornar mais claro


essa definição, a resolução do exemplo a seguir.

EXEMPLO:

Determine o valor futuro de um capital de R$7.000,00 aplicado a


taxa nominal de 32% ao ano, durante um ano, sob regime de capitalização:

a. Bimestral.

b. Semestral.

Chamo sua atenção, aluno(a), para o fato de que o período variará


conforme a modalidade de capitalização. Logo, será necessário mudar
o número correspondente ao tempo percorrido, lembrando que sempre
será considerado nessas operações o juro composto. Caso seja os juros
simples, será especificado no comando da questão.

a. Bimestral: como um bimestre compreende dois meses, para


determinar o período basta calcular a razão: 12/2=6 bimestres,
assim como a taxa deve também ser modificada para 32%/6 ≅ 0,05

M = C (1+i)n

M = 7000(1+0,05)6

M=9.380,66
46 Matemática Financeira

Solução pela calculadora HP-12C

7000 CHS PV

5 i

6 n

FV

b. Semestral: como um semestre compreende seis meses, para


determinar o período basta calcular a razão: 12/6=2 semestres,
assim, como a taxa deve também ser modificada para 32%/2 ≅ 0,16

M = C (1+i)n ou FV = PV(1+i)n

M =7000(1+0,16)2

M = 9.419,20

Solução pela calculadora HP-12C

7000 CHS PV

16 i

2 n

FV

É comum que surjam dúvidas quanto à maneira de converter


períodos, conforme a periodicidade de conversão. Assim, para facilitar sua
compreensão, basta identificar no Quadro 2 a alteração necessária a ser
realizada no exercício proposto.

Quando o período da taxa é maior que o período de capitalização, a


transformação ocorre dividindo valores. Observe o Quadro 2:
Matemática Financeira 47

Quadro 2 – Transformação de taxa com período maior ao período de capitalização

Taxa Capitalização Operação

Semestral ÷2

Trimestral ÷4

Anual Bimestral ÷6

Mensal ÷12

Diária ÷360

Trimestral ÷2

Bimestral ÷3
Semestral
Mensal ÷6

Diária ÷180

Bimestral ÷1,5

Trimestral Mensal ÷3

Diária ÷90

Mensal ÷2
Bimestral
Diária ÷60

Mensal Diária ÷30

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).


48 Matemática Financeira

Em contrapartida, quando o período da taxa é menor que o período


de capitalização, a transformação ocorre multiplicando valores; agora
observe o Quadro 3.
Quadro 3 – Transformação de taxa com período menor ao período de capitalização

Taxa Capitalização Operação

Anual ×360

Semestral ×180

Diária Trimestral ×90

Bimestral ×60

Mensal ×30

Anual ×12

Semestral ×6
Mensal
Trimestral ×3

Bimestral ×2

Anual ×6

Bimestral Semestral ×3

Trimestral ×2,5

Anual ×4
Trimestral
Semestral ×2

Semestral Anual ×2

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).


Matemática Financeira 49

Agora que finalizamos as definições relacionadas à taxa nominal,


conheceremos outra modalidade de taxa, a efetiva, que de acordo com
Castanheira e Macedo (2013) é:

DEFINIÇÃO:

Quando o prazo referente a uma taxa coincide com o


período de formação e incorporação do juro ao capital que
o produziu e existe uma taxa efetiva.

Na dinâmica taxa efetiva não importa o prazo no qual o capital


será acrescentado de juros, pois o resultado, isto é, o montante, será
sempre o mesmo, porque o juro é capitalizado uma única vez no período
correspondente a taxa (ASSAF NETO, 2012).

Inicialmente, podem parecer confusas as definições da taxa


nominal e da taxa efetiva, no entanto, a maneira mais fácil de entender
essas definições é a partir das distinções entre ambas. Mas como?

Observe atentamente as informações a seguir e compreenderá


esse comando.
Figura 7 – Comparação entre taxa nominal e taxa efetiva

Unidade de tempo
TAXA NOMINAL DIFERENTE da unidade do
período de capitalização.

Unidade de tempo IGUAL


TAXA EFETIVA a unidade do período de
capitalização.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2022).

É importante destacar que a taxa nominal não é usada nos cálculos


financeiros e sim, a taxa efetiva, e por convenção, a transformação da taxa
nominal para a taxa efetiva é realizada proporcionalmente.

Agora vamos praticar?


50 Matemática Financeira

EXEMPLO:

Determine o montante e a taxa efetiva incidido sobre um empréstimo


de R$5.000,00 a ser pago em parcela única em um ano? Considere uma
taxa nominal de 11% anual com capitalização mensal.

Retirando as informações do exercício, encontramos:

i = 11% a.a. É necessário realizar a conversão para taxa nominal, logo


proporcionalmente uma taxa anual para mensal:

11%/12 = ≅ 0,92% = 0,0092

C = PV = 5.000

n = 12

Agora substituindo na fórmula de juros compostos:

M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n

M =5000(1+0,0092)12

M =5580,81

Solução pela calculadora HP-12C

5000 CHS PV

16 i

0,92 n

FV = 5.580,81

Assim, o montante é igual a R$ 5.580,81. Já para determinar a taxa


efetiva pertencente a essa operação, é necessário retornarmos com os
valores do montante encontrado e do capital; em contrapartida, o período
será modificado para um, pois encontraremos a taxa efetiva anual. Veja:

5580,81=5.000(1+i)1

=5580,81/5000=1+i

1,1162=1+i

i=0,1162=11,62% a.a.(taxa efetiva)


Matemática Financeira 51

Solução pela calculadora HP-12C

1 n

Outra maneira de se determinar a taxa efetiva é por meio da relação:

FÓRMULA:

if = (1+i)q-1 (11)

Em que:

if= taxa efetiva;

q= número de períodos de capitalização de juros;

Assim, resolvendo o exemplo anterior já direto na fórmula,


encontramos:

if=(1+i)q-1

if=(1+0,0092)1-1

if=0,1162

EXEMPLO:

Uma instituição financeira possui, dentre sua cartela de produtos,


uma aplicação financeira que paga 40% ao ano. Um cliente, após um mês
de prazo, solicitou a rentabilidade efetiva considerando os juros de 40%
a.a. como:

a. Taxa efetiva.

b. Taxa nominal.

Hora de praticar! Vamos lá?


52 Matemática Financeira

a. Taxa efetiva: a rentabilidade mensal corresponde a taxa equivalente


composta de 40% a.a.; logo:

b. Taxa nominal: a rentabilidade mensal de 40%a.a. é encontrada pela


taxa proporcional, assim:

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos neste capítulo?


Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos nesta terceira
unidade.

Você deve ter aprendido sobre a classificação das taxas


de juros e suas respectivas peculiaridades; inicialmente,
estas podem ser calculadas proporcionalmente quando
manejando os juros da modalidade simples e encontradas
equivalentemente no trabalho com os juros compostos;
também você deve ter conhecido sobre as taxas efetivas e
nominais; estas se diferenciam e se classificam quanto ao
período que ocorre a capitalização e o período de incidência
e cálculo da taxa de juros. Basicamente, quando estes
indicativos são iguais, estas taxas recebem a denominação
de taxas efetivas e se o período de capitalização e o
período de cálculo da taxa são distintos, ou seja, diferentes
no período, então estas são chamadas de taxas nominais.
Matemática Financeira 53

Fluxo de Caixa e Equivalência Financeira


OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, é esperado que você entenda


sobre um dispositivo gráfico muito útil na administração,
denominado fluxo de caixa, assim como, entenda sobre
o conceito de equivalência financeira que relaciona a
igualdade de capitais, conforme determinado período..

Fluxo de Caixa
Fluxo de caixa e equivalência financeira são conceitos imprescindíveis
em uma administração consciente dos recursos financeiros de uma
empresa.

A Matemática Financeira estuda a relação do dinheiro conforme


o tempo e o fluxo de caixa e é muito importante nas operações de
Matemática Financeira, uma vez que possibilita a visualização da variação
do capital.

Assaf Neto (2012) define fluxo de caixa como:

DEFINIÇÃO:

Representação gráfica de um conjunto de entradas e saídas


em uma linha do tempo.

O fluxo de caixa não será o mesmo sempre, pois, os valores e


quantidade de entradas e saídas variarão. No entanto, há um estereótipo
definido para essa representação, que é identificado pela Figura 8.
54 Matemática Financeira

Figura 8 – Fluxo de caixa

Fonte: Assaf Neto, 2012.

Para construir essa representação é necessário seguir algumas


regras, são elas:

•• A linha horizontal indica uma escala de tempo, isto é, o horizonte


financeiro da operação.

•• O ponto zero indica o período inicial e os demais pontos às datas


com registro financeiro.

•• Setas acima da linha do tempo indicam recebimentos ou entradas.

•• Setas para abaixo da linha do tempo sinalizam aplicações ou


saídas de dinheiro.

•• PV ou valor presente simboliza o capital no momento atual.

•• FV ou valor futuro que simboliza o montante obtido após o


investimento de certo capital em determinado período.

•• PMT indica o valor de uma parcela que pode ser adicionada ou


subtraída do montante a cada período.

Equivalência Financeira
Imagine a seguinte situação: você vai ao banco e um atendente te
afirma que R$1.000,00 hoje equivale a R$1.200,00 daqui a um ano.

E essa situação te intriga, afinal, será verdadeira tal afirmação?

Sim, é! No âmbito da Matemática Financeira um valor hoje, pode


sim, ser equivalente a outro, em determinado futuro, pois ambos capitais
produzem, em uma determinada data e submetido à determinada taxa,
resultados semelhantes.
Matemática Financeira 55

A equivalência financeira se refere diretamente a equivalência


entre capitais. Esse conceito é muito útil em ocasiões em que se desejam
postergar ou antecipar o vencimento de diferentes títulos.

Teoricamente, Assaf Neto (2012) descreve equivalência financeira


como:

DEFINIÇÃO:

Dois ou mais capitais são ditos equivalentes quando, a


uma certa taxa de juros produzem resultados iguais em
uma data em comum e a data para o qual os capitais são
transferidos recebe o nome de data focal..

Quando relacionados ao fluxo de caixa, estes são equivalentes se


seus valores presentes quando submetidos a mesma taxa de juros forem
idênticos.

É importante enfatizar que, para a capitalização simples, a


equivalência entre capitais depende da escolha da data focal escolhida e,
por isso, na prática não é muito utilizada.

Já na capitalização composta, a data focal pode ser qualquer uma,


porque se dois ou mais capitais são equivalentes em determinada data,
logo, o serão em qualquer data.

Assim, considerando que os capitais com


vencimentos para datas são equivalentes, mantém-se a
seguinte proporção:

Mas, e na prática?

Como algebricamente conseguimos comprovar a equivalência


entre dois ou mais capitais?
56 Matemática Financeira

Existem diferentes relações para quando os vencimentos são


anteriores a data focal ou posteriores a ela; assim como o regime de
capitalização simples ou composta também altera as relações.

Vamos resolver mais um exemplo? Avante!

EXEMPLO:

Considere dois títulos nos valores de R$15.208,18 e R$17.107,13, com


vencimentos de 5 e 8 meses, respectivamente, e submetidos a uma taxa
de 4% ao mês. Verifique a equivalência destes capitais.

Para identificar a equivalência ou não destes capitais, inicialmente


retiraremos as informações do enunciado:
V1=15.208,18
V2=17,107,13
t1=5 meses
t2=8 meses
i=4%=0,04

Agora, basta substituir estes valores na relação apresentada


anteriormente e verificar se obtemos valores coincidentes.

Logo, é possível concluir que os capitais são equivalentes.

Solução pela calculadora HP-12C

15208,18 CHS PV

4 i

5 n

FV
Matemática Financeira 57

E depois conferir com o outro cálculo:

17107,13 CHS PV

4 i

8 n

FV

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.

Você deve ter aprendido sobre um dispositivo gráfico


que apresenta diversas operações financeiras pertinentes
a uma empresa e que recebe o nome de fluxo de caixa,
e, por meio desta representação, é possível visualizar as
movimentações com o caixa da empresa, conforme o
período.

Por fim, conhecemos o conceito de equivalência financeira,


que simplesmente se refere à igualdade entre os mesmos
valores de capitais, quando regidos nas diferentes técnicas
de capitalização: simples ou composta. Este conceito é
muito utilizado em instituições financeiras na prática de
liquidação de débitos, assim, é possível identificar o valor a
ser pago por uma antecipação de saldos.
58 Matemática Financeira

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas Aplicações. 12. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.

BAUER, U. R. Matemática Financeira Fundamental. São Paulo:


Atlas, 2003.

CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D.  Matemática Financeira


Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2013.

LAPPONI, J. C. Matemática Financeira: uma abordagem moderna.


2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática Financeira. São Paulo:


Editora Atlas, 1996.

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