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Fundamentos

Contábeis
Unidade II
O Patrimônio e as Contas
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DANIELI PULGA
AUTORIA
Danieli Pulga
Sou bacharel em Administração e especialista em Administração
Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na
área financeira e de custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas
prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração
e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho.
Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e, em
paralelo, venho realizando trabalhos como docente há quase 9 anos. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Patrimônio........................................................................................................10
Entendendo sobre patrimônio ..............................................................................................10

Bens ...................................................................................................................................... 12

Direitos.................................................................................................................................. 13

Obrigações......................................................................................................................... 14

Patrimônio líquido............................................................................................................................ 16

Equação fundamental da contabilidade......................................................................... 19

Origens e aplicações de recursos...................................................................................... 20

Balanço patrimonial........................................................................................................................ 22

O Estudo das contas .................................................................................. 24


Saldos e movimentos....................................................................................................................24

Plano de contas.................................................................................................................................25

Contas sintéticas e analíticas – obtenção de saldos..........................26

Classificação das contas do Ativo e do Passivo – subgrupos de contas...28

Conceito de curto e longo prazo.......................................................................................... 31

Classificação das contas pelo sistema patrimonial................................................. 31

Regime de caixa e regime de competência................................................................34

Mecanismo de débito e crédito ............................................................ 36


Contas e balanço patrimonial................................................................................................ 36

Débito e crédito................................................................................................................................ 39

Balancete de Verificação ........................................................................ 46


Entendendo os relatórios financeiros............................................................................... 46

Conhecendo o balancete de verificação....................................................................... 48


Fundamentos Contábeis 7

02
UNIDADE
8 Fundamentos Contábeis

INTRODUÇÃO
Você já descobriu o quanto a contabilidade está presente no dia a
dia das pessoas no Brasil e no mundo e como seus conceitos e métodos
são importantes para o funcionamento de empresas e até mesmo do
Estado.

Agora eu convido você a conhecer um pouco mais a fundo o objeto


de estudo da contabilidade, ou seja, o patrimônio e tudo o que o compõe.
Será uma grande novidade e essa nova unidade fará você se sentir um
expert em temos de controle do patrimônio de uma entidade. Venha
estudar esta unidade letiva e mergulhar neste universo!
Fundamentos Contábeis 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Discernir sobre o Patrimônio e sua formação;

2. Identificar e realizar lançamentos e registros de contas patrimoniais


e de resultado;

3. Realizar lançamentos contábeis de débito e crédito;

4. Analisar saldos das contas a partir do balancete de verificação.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Fundamentos Contábeis

Patrimônio

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o


que é e como é formado o patrimônio de uma entidade
e como registrar os seus componentes. Poderá elaborar
e fazer a leitura de relatórios contábeis, auferir resultados
e entender como um empreendedor pode obter lucro e
crescimento de seus negócios conhecendo e utilizando os
conhecimentos contábeis. Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá.

Entendendo sobre patrimônio


Já aconteceu de você estar andando na rua e passar em frente a um
conglomerado de prédios e barracões com entrada e saída de caminhões
e de pessoas uniformizadas, todos como a mesma logomarca? Ao ver
todo esse conjunto você passa a imaginar: “como é grande o patrimônio
dessa empresa!”. Será que observando de forma material e tangível
conseguimos conhecer o patrimônio de uma organização?
Figura 1 – Patrimônio

Fonte: Freepik
Fundamentos Contábeis 11

Patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedades de uma


pessoa ou de uma empresa (de uma entidade).

Em contabilidade, a palavra patrimônio tem sentido amplo: por um


lado significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou
empresa. Por outro, inclui as obrigações a serem pagas.
Figura 2 – Elementos patrimoniais

Bens Direitos Obrigações

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados


elementos patrimoniais positivos. As obrigações, por serem de caráter
restritivo, são consideradas elementos patrimoniais negativos.

Lembra-se quando falamos do passeio? Na visão contábil, o


patrimônio é tudo aquilo que podemos ver, enxergar, mas além disso,
existem as obrigações, tudo aquilo que gerou um compromisso de
pagamento para aquela empresa.
Figura 3 - Patrimônio separado em contas a receber e a pagar

BENS E DIRETOS (A OBRIGAÇÕES (A


RECEBER) SEREM PAGAS)

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Vamos falar agora sobre os componentes patrimoniais. São eles:


bens, direitos e obrigações. Para entender melhor, trataremos de cada um
separadamente.
12 Fundamentos Contábeis

Bens
Vamos começar estudando os bens. Para isso, convém
conhecermos melhor a definição do termo e sua aplicabilidade no âmbito
da contabilidade. Veja a seguir:

De acordo com Ribeiro (2017), no ponto de vista contábil, os bens são


todos os recursos que uma empresa possui. Eles podem ser classificados
de várias maneiras, tais como bens materiais (móveis ou imóveis) ou bens
imateriais.

Podemos considerar bens: veículos, casas, prédios, móveis,


mercadorias, dinheiro etc. Para melhor observá-los e tratá-los, os bens
são classificados conforme a sua forma em bens tangíveis ou intangíveis
e quanto à mobilidade, classificados em móveis ou imóveis.

Classificação quanto à forma:

• Bens tangíveis: têm existência física, são palpáveis e podem


ser: a) bens numerários:  dinheiro; b) bens de venda:  estoque de
mercadorias, estoque de matérias-primas, estoque de produtos
em fabricação e estoque de produtos acabados; c) bens de
uso:  imóveis, terrenos, móveis e utensílios, veículos, máquinas
e equipamentos, computadores e instalações; d) bens de
renda: imóveis para aluguel.

• Bens intangíveis: não são palpáveis, não possuem existência


física, por exemplo, capital intelectual, marcas, direitos autorais,
patentes de invenção (documento pelo qual o Estado garante à
pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma invenção),
franquias, copyrights e softwares.

Classificação quanto à mobilidade:

• Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si


próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas, equipamentos,
estoques de mercadorias etc.
Fundamentos Contábeis 13

Tabela 1 – Exemplo da classificação de bens (valores em milhões)

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

• Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem


ser retirados sem destruição ou danos: edifícios, construções,
árvores etc.

Direitos
Direito é o poder de exigir alguma coisa. Ter o direito normalmente é
ser o proprietário de algo que está em poder de outros, nesse caso, você
tem direito àquilo que está aos cuidados de um terceiro.
Tabela 2 - Exemplo de direitos de uma entidade (valores em mil R$)

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


14 Fundamentos Contábeis

Obrigações
As obrigações são os compromissos de pagamento. Normalmente
a entidade ou a empresa adquire bens ou contrata serviços, e para pagá-
los assume a responsabilidade de devolução em forma de outros bens,
como dinheiro. Em outras palavras, são dívidas com outras pessoas ou
entidades.

Em contabilidade, tais dívidas são denominadas obrigações


exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos de acordo
com o prazo de vencimento. Caso a exigibilidade não seja cumprida,
ocorrem situações de cobrança dela, porém acrescida de penalidade, que
são multas e juros, ou até mesmo a negativação da entidade obrigada.
As obrigações exigíveis normalmente são compromissos assumidos com
terceiros. Esses terceiros são normalmente os demonstrados na figura a
seguir.
Figura 4 - Exemplo de terceiros e obrigações exigíveis

Fornecedores Bancos Governo


• Água, energia, • Empréstimos a • Impostos a
internet. pagar. pagar.
• Fornecedores • Financiamentos • Encargos a
de mercadorias. bancários. recolher.
• Prestadores • Recursos
de serviços financeiros de
terceirizados. crédito.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Compondo o patrimônio, existem também as obrigações


não exigíveis, para as quais, como o nome mesmo nos diz, não há
exigibilidade, não existe uma data de pagamento para que seja cumprida.
Isso é possível?

Sim! Na formação do patrimônio de uma empresa, observamos


que existem terceiros que atuam como credores concedendo itens ativos
através de acordos de crédito. No entanto, antes desses terceiros existem
os sócios, aqueles que investem seu capital próprio para a abertura e o
início das atividades de uma empresa.
Fundamentos Contábeis 15

Esses são os principais credores, sem eles a empresa nem


mesmo existiria. Logo, a empresa tem obrigação com os sócios e como
remuneração por esse capital investido, os rendimentos, os lucros obtidos
pelas atividades são de direito dos sócios. No entanto, lembrando que
não há exigibilidade de pagamento. Assim como o capital investido, o que
chamamos de capital social, não pode ser exigido nem para pagamento
nem para devolução.

REVISANDO: agora que conhecemos os componentes patrimoniais,


que são os bens e direitos e as obrigações, ficará mais fácil de identificarmos
os grupos de contas que a contabilidade utiliza para fazer os registros e
lançamentos dos fatos econômicos realizados por uma entidade.

Vamos ver a demonstração gráfica do patrimônio:


Figura 5 - Representação gráfica do patrimônio

Patrimônio

Obrigações Obrigações não


Bens Direitos
exigíveis exigíveis

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 6 - Representação gráfica do patrimônio – Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido

Patrimônio

ATIVO PASSIVO

Patrimônio
Bens Direitos Obrigações Líquido

Caixa
(dinheiro)
Estoque de
Mercadorias
Móveis
Duplicatas
a pagar
Salários a
pagar
Impostos a
pagar ?
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Na Figura 6 podemos observar alguns termos novos. Para


demonstrar o patrimônio de uma entidade, a contabilidade separa os
16 Fundamentos Contábeis

componentes em grupos diferenciados, de acordo com a sua essência


ou, como podemos observar, separando os bens e direitos do lado do
ativo e as obrigações do lado do passivo.

Patrimônio líquido
O patrimônio líquido é o resultado da soma dos bens e direitos
(elementos patrimoniais positivos) diminuída da somatória das obrigações
(elementos patrimoniais negativos). Significa a sobra, o resíduo, em valor
dos elementos patrimoniais. Daí seus diversos nomes: sobra patrimonial,
patrimônio residual, riqueza líquida, capital próprio, sobra efetiva etc. Os
termos mais comuns são riqueza líquida e capital próprio.

Podemos entender como riqueza líquida porque, hipoteticamente,


na dissolução da empresa ou da entidade, tudo o que ela tem em bens e
direitos deverá pagar suas obrigações com terceiros, restando assim um
montante líquido.

Em outras palavras, caso a empresa feche, tudo o que tem em bens


e direitos deverá pagar as obrigações com terceiros, restando assim um
determinado montante. Essa sobra é de direto dos sócios. Para explicar o
termo “capital próprio” tomamos como base a não exigibilidade, pois tudo
o que compõe o patrimônio líquido são recursos advindos dos sócios, que
não podem exigir devolução e nem determinar prazo para pagamento,
além do mais, esse capital é ou foi utilizado para investimento em itens
ativos para o funcionamento e a atividade da empresa.

Retomando a definição de patrimônio líquido, é a representação do


capital que os sócios aplicaram no ativo da empresa, que ao serem criadas
necessitam de um capital para iniciarem suas atividades que geralmente
é fornecido pelos sócios e em troca recebem ações ou quotas de capital.

As fontes (origens) de patrimônio líquido são as seguintes:

a. Integralização de capital pelos sócios: é o capital cedido pelos


sócios para o início das atividades ou para suprir uma eventual
necessidade de capital para pagamento de dívidas ou para novos
investimentos.
Fundamentos Contábeis 17

b. Lucro: é o resultado econômico positivo auferido pelas operações


de compra e venda de mercadorias ou prestação de serviços a
terceiros. Para obtenção do lucro é necessário que as receitas
sejam maiores que os custos e despesas do período.

c. Doações e subvenções: são recursos recebidos do poder público


como forma de incentivo à atividade da entidade com possibilidade
de contraprestação de serviços.

Para ampliar seu conhecimento, vamos listar outros termos que se


referem ao capital e que são comumente utilizados como termos jurídicos,
corporativos ou contábeis:

• Capital nominal - corresponde ao investimento dos sócios.

• Capital próprio - corresponde ao patrimônio líquido.

• Capital de terceiros - corresponde às dívidas contraídas pela


empresa. Recursos provenientes de terceiros.

• Capital total à disposição da entidade - corresponde à somatória


de todos os recursos obtidos pela empresa.

• Capital subscrito - corresponde ao compromisso assumido pelos


sócios da empresa no sentido de formação do capital social.

• Capital social - corresponde ao investimento inicial efetuado pelos


sócios, acrescido dos aumentos de capital pela incorporação de
reservas ou injeção de novos recursos pelos sócios. Capital social
significa o mesmo que capital nominal.

• Capital a integralizar - corresponde à parte do capital social


subscrito que ainda não foi entregue pelo subscritor à empresa.

Para finalizar nossa exemplificação de patrimônio, temos a seguinte


formação:
18 Fundamentos Contábeis

Tabela 3 - Demonstrativo do patrimônio de uma entidade, apresentando a soma dos bens,


direitos e obrigações

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Fundamentos Contábeis 19

Equação fundamental da contabilidade


A contabilidade utiliza-se de métricas para ajustar e equilibrar
o patrimônio, bem como para a apresentação dos relatórios e demais
informações sobre o patrimônio de alguma entidade, sendo assim, temos
a equação fundamental da contabilidade:
Figura 7 - Equação fundamental da contabilidade

Patrimônio
Bens Direitos Obrigações
Líquido

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Temos também a equação do equilíbrio patrimonial, onde:

B + D = O + PL

'B = BENS; D = DIREITOS; O = OBRIGAÇÕES; PL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

Como observado na Tabela 3, os bens e diretos são agrupados de


um lado da demonstração, de forma que evidenciam o lado positivo do
patrimônio ou as contas de efeito positivo. Ativo é o conjunto de bens
e direitos de propriedade de uma entidade/empresa, com potencial
de geração de benefícios futuros, avaliado monetariamente. Algumas
características importantes do ativo:

• Potencialidade de geração de benefícios futuros para a entidade/


empresa.

• Ser de propriedade da entidade.

• Ser avaliado monetariamente.

CONCEITO: passivo são as obrigações assumidas pela entidade,


seja com terceiros ou com os sócios. Podemos dizer que é de onde vem
o dinheiro, ou seja, tudo o que está no ativo veio de algum lugar e estará
demonstrado no passivo.

A subdivisão do passivo é entre passivos exigíveis, como vimos


anteriormente, obrigações assumidas com terceiros e que têm data de
20 Fundamentos Contábeis

vencimento, exigibilidade e também o passivo não exigível, que são


as obrigações com os sócios, sem a necessidade de pagamento ou
devolução.

IMPORTANTE:

ATIVO (lado esquerdo): elementos patrimoniais positivos


- BENS + DIREITOS; PASSIVO (lado direito): elementos
patrimoniais negativos - OBRIGAÇÕES e também evidencia
a riqueza efetiva, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

Origens e aplicações de recursos


Agora que conhecemos o ativo e o passivo, vamos especificar
outros detalhes que também caracterizam as contas que os compõem.

Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo


passivo e pelo patrimônio líquido. Os recursos (financeiros ou materiais)
são originados dos proprietários (PL), fornecedores, governo, bancos,
financeiras etc. que representam origens de recursos. Através do passivo
e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens de recursos,
ou seja, de onde veio o dinheiro, o recurso para a compra da máquina, do
veículo ou do terreno.

O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos.


Teve origem no capital dos sócios e foi aplicado no caixa, em estoque,
em máquinas, em imóveis etc. A empresa só pode aplicar (ativo) aquilo
que tem origem (passivo e PL). Sendo assim, havendo uma origem de R$
1 milhão, a aplicação deve ser de R$ 1milhão. Dessa forma, fica bastante
simples entender por que o ativo será sempre igual ao Passivo + PL.
Fundamentos Contábeis 21

Figura 8 - Gráfico de origem e aplicação de recursos versus Ativo e passivo

Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

Aplicação de recursos Origem de recursos


Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Outro exemplo a respeito dos ativos e passivos pode ser


demonstrado na tabela seguinte:
Tabela 4 - Ativo e passivo indicando as origens e as aplicações

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A principal origem dos recursos é o LUCRO obtido no negócio. O


lucro obtido pela empresa não pertence a ela, mas a seus sócios (sócios
ou acionistas), pois são eles que correm o risco nos negócios e, nesse
caso, esse investimento feito pelos proprietários é também chamado
capital de risco, pois se a empresa atingir prejuízo constante, são eles que
perdem.

Como falamos anteriormente, o lucro é a remuneração ao capital


investido na empresa pelos proprietários. Imaginemos uma aplicação em
caderneta de poupança, os juros pertencem ao investidor. Na empresa
ocorre o mesmo: todo lucro é adicionado à conta do proprietário, ou
seja, ao patrimônio líquido. O lucro acumulado no patrimônio líquido
aumenta o investimento dos proprietários, logo, há um reinvestimento
22 Fundamentos Contábeis

para a expansão do próprio negócio. O lucro distribuído aos proprietários


(remuneração ao capital próprio) é chamado de dividendos. Essa
distribuição ocorre normalmente após o encerramento de um exercício
contábil.

EXPLICANDO MELHOR:

A palavra “balanço” decorre do equilíbrio: ATIVO – PASSIVO


+ PL ou da igualdade: APLICAÇÕES = ORIGENS. Parte-
se da ideia de uma balança de dois pratos, onde sempre
encontramos a igualdade.

Balanço patrimonial
Como vimos anteriormente, existe um equilíbrio entre o ativo
e passivo, que representam as origens e aplicações de recursos. Esse
equilíbrio assegura a qualidade e a quantidade dos componentes
patrimoniais.

VOCÊ SABIA?

O termo “patrimonial” tem origem no patrimônio da empresa,


ou seja, é um conjunto de bens, direitos e obrigações, por
isso, chama-se patrimonial.

Juntando-se ambas as palavras obtém-se balanço patrimonial, ou


seja, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. O balanço patrimonial
é a demonstração utilizada para refletir a posição financeira e patrimonial
da empresa em dado momento. É o relatório de maior utilização pelas
empresas e tem como finalidade demonstrar a posição de bens, direitos
e obrigações da empresa em determinado momento evidenciando a
situação líquida. Caracteriza-se como importante instrumento para análise
da estrutura de capital e da capacidade de pagamento da empresa.
Fundamentos Contábeis 23

SAIBA MAIS:

Para se aprofundar acerca do conteúdo de balanço


patrimonial, clique aqui.

RESUMINDO:

Neste capítulo você viu que patrimônio é o conjunto de


riquezas de propriedades de uma pessoa ou de uma
empresa (de uma entidade). A palavra patrimônio tem
sentido amplo: por um lado significa o conjunto de bens e
direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa. Por outro,
inclui as obrigações a serem pagas. Você viu ainda que
componentes patrimoniais são bens, direitos e obrigações.
Você pode constatar também que as obrigações são
os compromissos de pagamento e que compondo o
patrimônio, existem também as obrigações não exigíveis,
para as quais, como o nome mesmo nos diz, não há
exigibilidade, não existe uma data de pagamento para que
seja cumprida.
24 Fundamentos Contábeis

O Estudo das contas

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo você aprenderá que para o controle


do patrimônio, a contabilidade quantifica e qualifica. Então,
para qualificar, são dados nomes às contas. É uma forma de
padronizar e linguagem de apresentação dos relatórios e
informações que serão apresentadas aos interessados.

Saldos e movimentos
A definição de conta é a representação contábil de elementos
patrimoniais que apresentam semelhanças ou que são iguais em
características. As contas trazem informações do que a entidade possui
e qual o valor que ela possui. Quanto ganhou e como foi o ganho. O
contador pode criar a quantidade de contas necessárias para registrar os
fatos econômicos de uma entidade, o que importa é que essas contas
proporcionem o entendimento do que, de que valor e como foi.

Para reforçar o entendimento, as contas são criadas para registrar


os fatos nos livros contábeis. Essas contas representam os elementos
patrimonias, aqueles que compõem o ativo e o passivo e que aparecem
basicamente no balanço patrimonial. É importante ressaltar que além
dessas contas, é necessário criar contas que expliquem os gastos e os
rendimentos, nesse caso então, as contas para representar as despesas
e as receitas.

Durante determinado período de registro, suponhamos que existam


vários fatos que se refiram à mesma conta, logo, o valor final, o somatório
da movimentação é chamado de saldo da conta.
O movimento da conta pode ser dividido em dois:
movimento que aumenta e movimento que diminui o
saldo. Utilizando a nomenclatura de débito e crédito,
seriam dois tipos de movimentos de contas: movimento
a débito (aumento de saldos devedores e diminuição
de saldos credores) e movimento a crédito (aumento
Fundamentos Contábeis 25

de saldos credores e diminuição de saldos devedores).


(PADOVEZE, 2014)

O saldo inicial de determinada conta é o valor do saldo final, que


vem de um período anterior àquele em que se iniciará os registros.

Plano de contas
Utilizar um plano de contas para o lançamentos dos fatos é como
“arrumar a própria casa”, pois localizamos os itens e a que setor corresponde.
Assim, o plano de contas é um agrupamento ordenado de todas as contas
que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa.
Portanto, o elenco de contas é considerado indispensável para os registros
de todos os fatos contábeis (MARION, 2018).

Podemos dizer que a função de um plano de contas é possibilitar


o registro dos fatos contábeis de forma ordenada. É uma classificação
e acumulação de dados resumida, qualificada e quantificada de fácil
visualização e entendimento.

NOTA:

Uma empresa organizada, padroniza suas contas em


sistemas integrados, de forma que outros setores possam
utilizar-se desse padrão e realizar e analisar os registros de
informações. Podemos observar esse modelo na inserção
de itens de estoque de matéria-prima, que compõem a
quantidade disponível em estoque, sendo essa mesma
informação utilizada pela contabilidade, pelo setor de
contas a pagar e pela produção.

Para montarmos um plano de contas, devemos ter em mente


alguns parâmetros, de forma que a ferramenta seja útil e prática.

Seguem algumas recomendações para a elaboração do plano de


contas:

a. Atender as necessidades específicas de cada empresa e as


necessidades de informação dos principais usuários dos relatórios.
26 Fundamentos Contábeis

Cada empresa difere em tamanho, ramo de atividade e outras


caracteristicas que devem ser adaptadas.

b. A classificação deve partir do geral para o particular.

c. Deve ser codificado.

d. Os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios que


eles originarão.

e. Os títulos das contas devem refletir os elementos patrimoniais que


representam.

f. Deve ter operacionalidade e flexibilidade.

g. Deve atender a uma estrutura e ordem, já que as contas são


subdividas de acordo com sua essência e característica.

h. Atender as necessidades legais societárias e fiscais.

Estrutura Básica:

• Conta (ativo, passivo, PL, resultados)

• Grupo de contas (circulante, L.P. permanente)

• Conta do grupo (caixa, fornecedores, reservas)

Contas sintéticas e analíticas – obtenção de saldos


Normalmente, para a tomada de decisão ou para o conhecimento
da situação econômica da empresa, os gestores visualizam relatórios
contábeis gerados pela contabilidade, assim como outros usuários
também avaliam relatórios com diversas finalidades e tipos de decisões.

Alguns relatórios trazem a transcrição das contas de forma sintética,


ou seja, simplificada, resumida. Normalmente, constituem os planos de
contas de menor grau. Quanto menor o grau da conta, mais sintético é
o seu saldo, ou seja, o saldo representa um resumo muito maior do que
outras contas.
Fundamentos Contábeis 27

Tabela 5 - Exemplo de demonstração das contas de forma sintética

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Uma conta analítica, mais detalhada, configura-se quando a


obtenção de seu saldo é conseguida através de lançamentos, ou
seja, através de registro de cada fato administrativo, em resumo,
elas representam os elementos patrimoniais em seu maior grau de
detalhamento.

EXEMPLO: de contas analíticas, contendo os subtotais. Ativo total =


150. Circulante = 50 ou do ativo circulante disponível 50, ou ainda, o valor
do ativo circulante disponível, caixa = 10, e o valor do ativo não circulante
imobilizado, máquinas = 100.
Tabela 6 - Exemplo de demonstração das contas de forma analítica

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

EXEMPLO: plano de contas sintético; somente o saldo do ativo e


do passivo; plano de contas analítico; saldo da conta do fornecedor João
da Esquina, que pertence ao passivo circulante, com seu saldo total além
de outras subcontas formadoras do subgrupo, finalizando com o total do
passivo, compostos pelos subgrupos e subtotais.
28 Fundamentos Contábeis

Classificação das contas do Ativo e do


Passivo – subgrupos de contas
De acordo com a Lei nº 6.404/1976, as contas são agrupadas
em subgrupos para facilitar o conhecimento e a análise da situação da
entidade ou da empresa. No ativo, as contas aparecem dispostas em
ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados,
ou seja, quanto maior a facilidade de liquidação aparecerá mais ao topo no
balanço patrimonial. As contas mais utilizadas são: Ativo circulante; Ativo
não circulante; Ativo realizável a longo prazo; Investimento; Imobilizado;
Intangível.

Os ativos circulantes são todos aqueles que se espera que sejam


realizados ou consumidos durante o curso do exercício social. É o grupo
que representa o dinheiro gerado pela empresa para pagar suas contas
de curto prazo. Dentro do ativo circulante temos:

• Disponibilidades - são as contas de liquidez imediata, tais como o


caixa, bancos (conta corrente e aplicações financeiras de resgate
imediato).

• Contas a receber - contas que representam direitos de receber


por vendas ou serviços prestados.

• Estoques - estoques de mercadorias, materiais de uso e consumo,


matérias-primas, produtos em fabricação e produtos acabados.

• Títulos, valores mobiliários e bens - as aplicações financeiras


não alocadas em disponibilidades e com prazos de vencimento e
resgate até o fim do exercício seguinte à data de apresentação do
Balanço e os ativos destinados à venda, que não sejam estoques
e espera-se que sejam realizados no curso do exercício seguinte
à apresentação do balanço.

Ativos não circulantes são aqueles em que se espera que sejam


realizados após o término do exercício social seguinte. A liquidez dos
elementos patrimoniais pertencentes a esse subgrupo é menor, ou seja,
demandam mais tempo para serem liquidados. Ao contrário do circulante,
são recursos de longo prazo.
Fundamentos Contábeis 29

• Ativo realizável a longo prazo: mesma natureza dos Ativos


Circulantes, mas que, entretanto, serão realizados ou consumidos
apenas após o término do exercício seguinte à apresentação do
Balanço.

• Investimentos: imóveis que a empresa eventualmente possua


com a finalidade de locação ou valorização participações em
sociedades coligadas, controladas.

• Imobilizado: todas as contas que representem bens materiais


(corpóreos, tangíveis) que sejam mantidos pela empresa com
a finalidade de produção ou fornecimento de mercadorias e
serviços, para locação, ou para fins administrativos, e que se
espera utilizar para além do exercício seguinte à apresentação do
balanço. Exemplos: terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos,
móveis e utensílios, veículos, instalações, computadores, etc.

• Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos


ligados à manutenção da empresa ou exercidos com esta
finalidade. (BRASIL, 1976, Art. 179, 243)

No Passivo, as contas seguem a ordem da exigibilidade e do prazo


de vencimento, ou seja, primeiro aparecem as contas que representam
obrigações com terceiros e têm vencimento a curto prazo, seguindo para
as de vencimento a longo prazo e depois as contas não exigíveis.

As contas serão classificadas nos seguintes subgrupos, como:


passivo circulante; passivo exigível a longo prazo e; patrimônio líquido,
dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação,
reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados.

No passivo circulante aparecem todas as obrigações da entidade,


inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante,
quando vencerem no exercício seguinte. Temos como exemplo
fornecedores, contas a pagar, salários a pagar etc.

No passivo não circulante estão todas as obrigações da entidade,


inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante,
30 Fundamentos Contábeis

quando vencerem após o exercício seguinte. Exemplos de contas:


empréstimos a longo prazo, financiamentos a longo prazo etc.

Por fim, no patrimônio líquido, a diferença entre o valor dos ativos


e dos passivos. O mesmo é constituído por capital social, reservas de
capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em
tesouraria e prejuízos acumulados.

Veja na tabela a seguir como fica um balanço patrimonial seguindo


um plano de contas.
Tabela 7 - Balanço Patrimonial gerado a partir de um plano de contas

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Fundamentos Contábeis 31

Conceito de curto e longo prazo


Muitas vezes estamos acostumados a ouvir falar sobre curto e longo
prazo pelo entendimento da gestão financeira, que classifica o longo
prazo como sendo contas ou contratos de cinco ou dez anos. Porém, para
a contabilidade, o conceito de custo e longo prazo é bem diferente.

Curto prazo é o período que compreende doze meses, ou seja,


englobam as contas que se extinguem em no máximo um ano. O longo
prazo, por sua vez, ultrapassa os doze meses, abrange um período maior
do que um ano.
Figura 9 - Linha do tempo de curto e longo prazo

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Classificação das contas pelo sistema


patrimonial
A classificação acontece visando os dois relatórios básicos de um
sistema de informação contábil que são:

a. Balanço patrimonial.

b. Demonstração de resultado do exercício.

De acordo com essa observação, podemos classificar as contas em


dois grandes grupos: contas patrimoniais e contas de resultado.
32 Fundamentos Contábeis

Contas patrimoniais

Já estudamos a definição das contas patrimoniais. Elas representam


os elementos patrimoniais componentes do ativo e do passivo,
representando bens, direitos e obrigações. São as contas que compõem
o balanço patrimonial.

Essas contas são consideradas permanentes, pois entende-se que


enquanto houver saldo em determinada conta, ela aparecerá no balanço.
Os valores de saldo poderão se alterar, no entanto, a conta persiste.

EXEMPLO: a conta de banco (conta corrente), embora sofra


alterações em seu saldo, desde que ela se mantenha existindo, vai
continuar compondo o patrimônio ou plano de contas.

Contas de resultado

As contas de resultado compõem outro grande grupo de contas,


com as quais o contador vai auferir o resultado obtido pelas atividades de
uma empresa. Para o resultado, temos dois tipos de contas: a) Contas de
despesas e receitas e b) Contas de apuração.

As contas de despesas e receitas têm a função de registrar ganhos e


gastos e não representam nenhum elemento patrimonial, são utilizadas
apenas para o segundo relatório contábil, que é a demonstração de
resultados do exercício.

As receitas podem ser explicadas como um fluxo de elementos para


o ativo, sem correspondente aumento de passivo, na forma de dinheiro,
títulos a receber ou outros tipos de bens e dinheiros provenientes de
terceiros, estando sempre relacionada com a venda de mercadorias ou
produtos ou à prestação de serviços.

Representam os valores provenientes das operações de uma


empresa que ela recebe ou tem previsão de receber. Por exemplo: receitas
de serviços; receitas de aluguel; receitas de vendas e; receitas financeiras.

As despesas são gastos decorrentes do uso de bens ou serviços


realizados com o objetivo de obter uma receita. Um administrador faz
propaganda esperando atrair clientes, contrata empregados, aluga locais
Fundamentos Contábeis 33

onde possa estabelecer seus negócios, utiliza bens ou serviços com o


objetivo de gerar receita, incorrendo, portanto, em uma despesa.

Não se deve confundir custo com despesa. Custo é o preço pelo


qual se obtém um bem, direito ou serviço.
O custo é o preço pelo qual se obtém um bem, direito ou
serviço. Por extensão é também o montante do preço
da matéria-prima, da mão de obra e de outros encargos
incorridos para a produção de bens e serviços. É, pois,
tanto o preço pelo qual um bem ou serviço é adquirido,
como o preço incorrido no processo interno da empresa
para a prestação de serviços ou a obtenção de bens, para
venda ou uso interno. O custo, num primeiro momento não
acarreta alteração no Patrimônio Líquido, uma vez que tais
gastos farão parte de um ativo (produto acabado, imóveis em
construção, etc.). Ele só altera o Patrimônio Líquido quando o
bem ao qual foi agregado é vendido. (MULLER, 2010)

Essas são denominadas contas transitórias, pois aparecem apenas


no último período analisado, ou seja, elas são abertas no primeiro dia de
cada período analisado, com saldo igual a zero. Ao longo do período,
recebem saldo cumulativo. Todas as contas de despesas e receitas são
lançadas apurando-se o lucro (saldo credor) ou prejuízo (saldo devedor).
Os possíveis resultados obtidos podem ser os seguintes:

• LUCROS.

RECEITAS MAIORES QUE DESPESAS E CUSTOS.

• PREJUÍZOS.

RECEITAS MENORES QUE DESPESAS E CUSTOS.

• SITUAÇÃO NULA.

RECEITAS IGUAIS AOS CUSTOS E DESPESAS.

• Encerramento das contas de resultado

É válido lembrar que as contas de resultado têm caráter transitório,


ou seja, elas são abertas no início de um período, com saldo zero.
Recebem a acumulação de valor (dados de receita ou despesa) do período
em questão e são encerradas ao final. O confronto entre as receitas e
34 Fundamentos Contábeis

despesas vão auferir o resultado do exercício, que poderá ser lucro ou


prejuízo, retornando as contas de despesa e receita para o saldo zero.

Isso ocorre porque não se pode confundir os dados ou os saldos


dessas contas em períodos diferentes e esse processo de zerar os saldos
chamamos de encerramento das contas.

É uma exigência legal. As empresas são obrigadas a encerrar as


contas de resultados, elas não poderão apresentar saldos nem credor
nem devedor para o início do próximo período contábil.

Passo a passo:

1. Criar conta de apuração de lucros e perdas que servirá de


resumo de todas as contas de resultado; receitas, custos e
despesas. Também podemos chamar de Apuração do Resultado
do Exercício (ARE).

2. Transferir para a conta lucros e perdas (ou ARE) os resultados


das contas de receitas, custos e despesas. Assim, as contas de
despesas terão um lançamento a crédito no valor total de seu
saldo final, em contrapartida do débito em lucros e perdas. Ao
contrário, as contas de receita terão um lançamento de débito
zerando seus saldos de um lançamento de crédito na conta lucros
e perdas.

3. O processo de encerramento da conta de lucros e perdas é o


lançamento final que fecha o balanço. Transfere-se para uma
conta no patrimônio líquido, denominada lucros ou prejuízos
acumulados, encerrando-a.

Regime de caixa e regime de competência


O princípio da competência define a forma e o tratamento do fato e
o período em que deve ser considerado para o registro e para a apuração
do resultado.

• Regime de competência: regime universalmente adotado

É o critério aceito e recomendado pelo Imposto de Renda. Nesse


regime, as receitas são contabilizadas/registradas no período em que foi
Fundamentos Contábeis 35

gerada (independente do recebimento) e as despesas são contabilizadas/


registradas no período em que foi consumida, independente do
pagamento ter sido ou não realizado.

D.R.E è Lucro apurado observando-se as ocorrências do período

Toda despesa gerada no período (mesmo que ainda não tenha


sido paga) será subtraída do total da receita, também gerada no mesmo
período (mesmo que ainda não tenha sido recebida).

• Regime de caixa: aplicação restrita (entidades sem fins lucrativos)

Nesse regime, o registro das receitas é realizado no momento do


recebimento do dinheiro e as despesas são registradas no momento do
pagamento.

D.R.E è Lucro apurado = Receitas Recebidas X Despesas Pagas

O regime de caixa somente é admissível em entidades sem fins


lucrativos, em que os conceitos de receita e de despesa se identificam,
algumas vezes, com os de recebimento e pagamento.

RESUMINDO:

Você aprendeu que a definição de conta é a representação


contábil de elementos patrimoniais que apresentam
semelhanças ou que são iguais em características. As
contas trazem informações do que a entidade possui e qual
o valor que ela possui, quanto ganhou e como foi o ganho.
Aprendeu também que as contas são criadas para registrar
os fatos nos livros contábeis. Essas contas representam
os elementos patrimonias, aqueles que compõem o ativo
e o passivo e que aparecem basicamente no balanço
patrimonial. Viu que utilizar um plano de contas para o
lançamento dos fatos é como “arrumar a própria casa”,
pois localizamos os itens e a que setor corresponde e que
as contas são agrupadas em subgrupos para facilitar o
conhecimento e a análise da situação da entidade ou da
empresa.
36 Fundamentos Contábeis

Mecanismo de débito e crédito

OBJETIVO:

Você já viu que o método das partidas dobradas significa


que para todo débito existe um crédito de igual valor.
Neste capítulo você aprenderá que os lançamentos da
movimentação tanto das contas patrimoniais quanto das
contas de resultado devem ser realizados obedecendo
o mecanismo de débito e crédito, com os quais serão
auferidos o saldo devedor e o saldo credor conforme a
conta em questão.

Contas e balanço patrimonial


Não é incomum encontrar na contabilidade termos específicos das
práticas e teorias. Diversos termos utilizados no contexto contábil possuem
sentidos diferentes do que utilizamos em nosso dia a dia. Quando usamos
o termo “conta” em nosso cotidiano, sabemos que ele poderá ter inúmeros
significados. Na contabilidade, o registro dos fatos administrativos que
acontecem numa empresa é realizado separadamente, de acordo com a
natureza de cada fato.

Normalmente, nesse contexto, chamamos de conta os agrupamen-


tos dos fatos de uma mesma natureza. Sendo assim, as contas no domínio
contábil são atribuídas de uma denominação fixa, ou de um título, que
possibilite identificar, de forma clara, a natureza dos fatos que a represen-
tam. Sobre isso, Araújo e Costa Cabral (2008, p. 3) apresentam o nome de
algumas contas e o que cada uma representa:

• Caixa – essa conta registra todo o movimento de entrada e saída


de dinheiro.

• Despesa de pessoal – registra todas as despesas efetuadas pela


empresa para pagamento de seus colaboradores (empregados).

• Veículos – registra o valor de todos os carros que a empresa


possui.
Fundamentos Contábeis 37

• Fornecedores – representa o valor que a empresa deve a terceiros


pelas compras a prazo.

• Empréstimos a pagar – registra o valor que a empresa deve,


referente a algum tipo de empréstimo ou financiamento.

• Despesas com publicidade e propaganda – registra os gastos


efetuados com propaganda e publicidade em geral.

• Duplicatas a pagar – representa o valor que a empresa deve a


terceiros, devido a uma compra a prazo, quando a mesma foi feita
mediante aceite de duplicatas.

• Duplicatas a receber – registra o valor que terceiros devem à


empresa, por uma venda a prazo.

• Receita com juros – registra os valores correspondentes aos juros


que ela venha a receber.

• Despesas com juros – registra os valores correspondentes aos


juros que a empresa venha a pagar.

As contas vêm cumprindo a ordem do balanço patrimonial ao


apresentar as informações em três elementos: ativo, passivo e patrimônio
líquido. A natureza dos ativos é composta pelos bens e direitos da entidade.
Já o passivo se refere às obrigações que a entidade tem a cumprir com
terceiros, e o patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo.
Essa equação contábil básica está ilustrada na figura a seguir:
Figura 10 - Equação básica do balanço patrimonial

PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
LÍQUIDO

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A relação demonstrada na representação anterior explica a lógica do


balanço patrimonial. Quando a empresa está em uma boa situação o seu
ativo (bens + direitos) encontra-se em devido equilíbrio com a soma entre
38 Fundamentos Contábeis

seu passivo (obrigações) e patrimônio líquido. Para melhor entendimento,


detalharemos a seguir quais fatores podem ser classificados como ativos,
passivos e patrimônio líquido.

a. Ativo: podem ser definidos como os bens e direitos da empresa.


De acordo com Ferreira et al. (2019), são ativos todas as peças
referentes a investimento de recursos financeiros efetuados pela
empresa, que poderão dividir-se em: ativos circulantes, ou seja,
os bens que têm um alto giro de circulação sob os domínios da
empresa, por exemplo, valores em caixa, valores a receber a curto
prazo e demais contas, e os ativos não circulantes, que são os
realizáveis a longo prazo, por exemplo: investimentos, imobilizado
e intangível. Sobre isso, o art. 178 da Lei nº 6.404/1976 (alterado
pela Lei nº 11.941 de 2009) determina que o Ativo é dividido
em Ativo Circulante e Ativo Não Circulante, composto por ativo
realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
No balanço patrimonial, esses ativos são organizados em ordem
decrescente de liquidez.

b. Passivo: como peças do passivo, podemos incluir todos os deveres


e obrigações que a empresa tem a pagar à terceiros. Nesse
caso, normalmente os recursos do passivo são classificados em
recursos de curto prazo e longo prazo. Dessa forma, os passivos
de curto prazo, também considerados passivos circulantes, são
os que serão pagos até o fim do exercício seguinte, por exemplo:
impostos a pagar, fornecedores a pagar, salários a pagar etc.
Já os passivos de longo prazo, ou passivos não circulantes,
representam as obrigações que a empresa assume com credores
e que serão liquidadas com um prazo de no mínimo 1 ano.

c. Patrimônio Líquido: é uma métrica que indica o total do patrimônio


da empresa, e como anda a sua saúde financeira. Essa métrica é
o resultado da diferença entre o ativo e o passivo. Nessa conta
são considerados os Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas
de Capital, Reservas de Lucros, entre outros. A esse respeito, o
art. 178 da Lei nº 6.404/1976, esclarece que o grupo do Passivo é
divido em Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio
Fundamentos Contábeis 39

Líquido, este último subdivido em capital social, reservas de


capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações
em tesouraria e prejuízos acumulados.

Apesar da fácil compreensão entre as variáveis que compõem essa


equação, o balanço patrimonial pode ser uma demonstração trabalhosa
de se construir, até mesmo nos casos das pequenas empresas.

Sobre bens, direitos e obrigações, termos também utilizados no


balanço patrimonial, Nascimento (2016, p. 4) disserta o seguinte:
Os bens são todos os valores de uma Entidade que
podem existir materialmente ou imaterialmente. Sendo
que os bens tangíveis (ou palpáveis) e corpóreos são os
bens materiais e os intangíveis e incorpóreos são os bens
imateriais. Por exemplo: Bens materiais: Veículos, Móveis,
Imóveis; e a nota de 100 reais (ou simplesmente Caixa). E,
Bens imateriais: Fundos de Comércio, Marcas e Patentes
etc. Os direitos são todos os valores que uma Entidade
tem a receber de terceiros. A expressão “a receber” é
uma característica de um Direito. Por exemplo: Títulos a
receber, Aluguéis a receber; e a promissória a receber de
50 reais (ou simplesmente Clientes). As obrigações são
todos os valores que uma Entidade tem a pagar a terceiros.
A expressão “a pagar” caracteriza uma Obrigação. Por
exemplo: Duplicatas a Pagar, Salários a Pagar; e o Boleto
a Pagar de 30 reais (ou simplesmente Fornecedores). Na
contabilidade convenciona-se chamar os valores dos bens,
direitos e obrigações de Contas. E, por serem o patrimônio
da Entidade, são conhecidas por Contas Patrimoniais e
dividem-se em Ativas e Passivas.

O profissional de contabilidade, ao elaborar esse demonstrativo,


deve considerar todas essas variáveis, para não correr o risco de que
haja erros quanto à análise situacional da empresa, levando os gestores a
decisões equivocadas que possam prejudicar a organização.

Débito e crédito
Débito e crédito, na linguagem contábil, tem significado diferente
do que eles podem significar na linguagem comum ou usual. Portanto,
é de suma importância que seja feita essa diferenciação para um melhor
40 Fundamentos Contábeis

aproveitamento. As contas de débito e de crédito são típicos termos


contábeis, além disso, o significado desses termos na contabilidade e
o seu uso são utilizados de forma diferente do que usamos em nosso
cotidiano. A conta que representa a aplicação de recursos sofre um débito
e a conta que representa a origem dos recursos sofre um crédito.

Além desses dois termos, existe o saldo. De acordo com Araújo


e Costa Cabral (2008) “saldo” é a denominação usada para representar
a diferença entre os valores do débito e do crédito. O saldo poderá ser
devedor ou credor, dependendo do total que se apresente maior. Se o
débito for maior que o crédito, teremos um saldo devedor. Se o crédito for
maior que o débito, teremos um saldo credor.

Para saber como realizar o registro conforme as contas, devemos


entender a natureza delas. Todas as contas que representam aplicação de
recursos têm natureza devedora, logo seus saldos deverão ser sempre a
débito. Assim, todas as contas que representam origem de recursos têm
natureza credora, logo seus saldos deverão ser sempre a crédito. Vamos
observar o quadro abaixo para balizar o registro dos lançamentos.
Tabela 8 - Esquema de lançamento das contas conforme o mecanismo de débito e crédito

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Quando se tratar de contas patrimoniais, que são contas


consideradas permanentes, se for do ativo (aplicação de recursos) e
Fundamentos Contábeis 41

estiver entrando um elemento, ele deve ser registrado a débito, porém,


se estiver saindo, o registro deverá ser feito a crédito. Se for uma conta
do passivo (origem de recurso) e estiver uma nova obrigação para ser
registrada, ela deverá ser lançada a crédito. Apenas se a obrigação estiver
sendo saldada deverá ter o seu valor lançado a débito.

Quando se tratar de contas de resultado, que são temporárias, no


caso das receitas que são origem de recursos, o registro deve ser feito a
crédito. Já os custos e as despesas (aplicação de recursos), devem ser
seus saldos lançados a débito.

• DÉBITO é um lançamento que aumenta um saldo devedor.

• CRÉDITO é um lançamento que aumenta um saldo credor.

Regras básicas para lançamento de débito e crédito: devedor é


inverso de credor.

• Tudo o que aumenta um saldo devedor é um débito.

• Tudo o que diminui um saldo devedor é um crédito.

• Tudo o que aumenta um saldo credor é um crédito.

• Tudo o que diminui um saldo credor é um débito.

IMPORTANTE:

Para facilitar os registros e lançamentos a débito e a crédito,


a contabilidade utiliza o que chamamos de razonete. É um
método ou uma ferramenta para realizarmos o lançamento
dos valores a débito ou a crédito e ao final gerarmos o saldo
da conta.

Ele se assemelha ao livro-razão, porém sintetizado, por isso o nome


razonete – por apresentar uma forma reduzida.

Sua disposição é em forma de T.


42 Fundamentos Contábeis

Figura 11 - Modelo de razonete

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Resumo dos lançamentos por áreas contábeis.

ATIVO tem saldo DEVEDOR:

a. Todo AUMENTO de saldo significa um lançamento a DÉBITO.

b. Toda DIMINUIÇÃO de saldo significa um lançamento a CRÉDITO.

PASSIVO tem saldo CREDOR:

a. Todo AUMENTO de saldo significa um lançamento a CRÉDITO.

b. Toda DIMINUIÇÃO de saldo significa um lançamento a DÉBITO.

DESPESAS são redutoras de PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

O patrimônio líquido é do PASSIVO, que tem saldo CREDOR.


PORTANTO, toda DESPESA É DÉBITO, porque diminui um saldo credor
(patrimônio líquido).

RECEITAS são aumentativas de PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto,


toda RECEITA é CRÉDITO, porque aumenta um saldo CREDOR (o
patrimônio líquido).

O grande trabalho para se saber se é débito ou crédito está centrado em:

• Identificar os elementos patrimoniais alterados pelo fato.

• Saber se aumenta ou diminui o saldo do elemento alterado.

EXEMPLO: Aquisição de estoque de mercadoria no valor de R$


30.000,00 a ser pago a prazo para o fornecedor.
Fundamentos Contábeis 43

Quadro 1 - Aquisição de estoque de mercadoria

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Explicando o lançamento: na conta estoque de mercadoria, temos


o lançamento a débito (entrada de elemento patrimonial = aplicação de
recurso) e na conta fornecedores, temos o lançamento do mesmo valor
a crédito (entrada de uma obrigação, elemento patrimonial = origem de
recurso). Acompanhe os exemplos a seguir:

a) Baixa do Estoque de mercadoria pelo preço de custo; b)


pagamento de fornecedor utilizando dinheiro do caixa, cujo saldo é de
R$ 40.000,00.

Situação a:
Quadro 2 - Aquisição de estoque de mercadoria

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


44 Fundamentos Contábeis

Situação b:
Quadro 3 - Aquisição de estoque de mercadoria

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Nos dois exemplos podemos observar como funcionam os registros


a débito e a crédito, obedecendo as regras de lançamento conforme a
natureza da operação. Também é possível observar a atualização dos
saldos das contas.

ACESSE:

Recomendamos a leitura do artigo O porquê dos débitos e


créditos, de Sandro Vieira Soares com base em Martim Noel
Monteiro. O artigo explica sobre o uso de débito e crédito
de forma prática e simplificada. Clique aqui para acessar.
Fundamentos Contábeis 45

RESUMINDO:

Você aprendeu que o método das partidas dobradas


significa que para todo débito existe um crédito de
igual valor. Aprendeu também que os lançamentos da
movimentação tanto das contas patrimoniais quanto das
contas de resultado devem ser realizados obedecendo
o mecanismo de débito e crédito, com os quais serão
auferidos o saldo devedor e o saldo credor conforme a
conta em questão. Você viu também que quando se tratar
de contas patrimoniais, consideradas permanentes, se a
conta for do ativo (aplicação de recursos) e estiver entrando
um elemento, ele deve ser registrado a débito, porém, se
estiver saindo, o registro deverá ser feito a crédito.
46 Fundamentos Contábeis

Balancete de Verificação

OBJETIVO:

Neste capítulo, você verá que com o intuito de simplificar


a observação e o resultado dos saldos das contas ou o
próprio esquema do livro-razão, foi elaborado o balancete
de verificação. Este conteúdo será fundamental para o
exercício de sua profissão. Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Entendendo os relatórios financeiros


Os relatórios financeiros são ferramentas que auxiliam a
contabilidade a cumprir seus objetivos de fornecer informações sobre a
situação financeira da entidade, além de servir como um eficiente auxílio
para o controle das ações e o processo de tomada de decisão que os
gestores necessitam fazer constantemente nas empresas.

Entenda mais sobre os relatórios financeiros, ou as demonstrações


financeiras, conhecendo a definição do termo demonstrada por Silva e
Souza (2011) a seguir.

De acordo com os autores, as “Demonstrações Financeiras” se


tratam de registros de informações que revelam operações realizadas na
organização em um determinado período de tempo que serão apreciadas
antes do processo de tomada de decisão.

As informações descritas pelos profissionais de contabilidade nas


demonstrações financeiras, de acordo com Assaf Neto (2007), possibilitam
aos gestores a identificação de pontos fortes e pontos de melhoria na
organização, além de suas potenciais chances de investimento que
tragam maiores benefícios à organização.
Fundamentos Contábeis 47

Figura 12 - Demonstrações financeiras

Fonte: Freepik

Os critérios para a utilização dos relatórios variam de acordo com


a realidade das entidades. Marion (2009) cita que a Demonstração dos
Fluxos de Caixa, por exemplo, é um dos relatórios mais importantes que
as organizações podem ter, pois eles apresentam as entradas e saídas de
dinheiro dentro de um determinado período, o que revela se as decisões
tomadas pelos gestores e a saúde financeira da organização correm
maiores riscos ou não.

Nesse sentido, Marion (2009, p. 46) complementa:


Os administradores mais hábeis preferem, antes de
pronunciar a palavra lucro, avaliar cuidadosamente seu
Fluxo de Caixa. Os administradores mais bem-sucedidos
normalmente dizem que gerenciam ambos: o lucro e o
fluxo de caixa. Você não pode ressaltar um e ignorar o outro.

Os relatórios contábeis descrevem de forma prática e resumida a


situação econômica e financeira de uma empresa. Além de serem uma
ferramenta essencial para gestão de empresas, os relatórios contábeis
auxiliam os empresários a analisar e identificar problemas nos negócios
e tomar decisões.
48 Fundamentos Contábeis

Conhecendo o balancete de verificação


O balancete é uma espécie de relatório que antecede e auxilia na
elaboração dos demais relatórios, como a demonstração de resultado e
o balanço patrimonial. Veja o que Padoveze (2014, s. p.) comenta sobre o
balancete:
O balancete nada mais é do que a simples listagem das
contas, contendo o nome delas e o seu saldo, colocando
os saldos devedores numa coluna e os saldos credores
em outra. A palavra verificação vem do fato de que o
balancete também serve para, num primeiro momento e
numa análise superficial, verificarmos se o total dos saldos
devedores é igual ao total dos saldos credores e para
podermos constatar se o método das partidas dobradas
foi obedecido em todos os lançamentos e que deram
origem aos saldos das contas.

O balancete de verificação é utilizado na contabilidade como


uma importante ferramenta, indispensável para a compreensão sobre a
maneira como estão sendo alocados os recursos das entidades e, por esse
motivo, é necessário que os estudantes e profissionais de contabilidade
o conheçam bem.

É importante diferenciarmos o balancete de verificação do balanço


patrimonial. Ambos são relatórios distintos e a grande diferença é que no
balancete aparecem todas as contas, inclusive as de resultado (receitas,
custos e despesas).

Enquanto o balanço patrimonial consiste em um relatório final,


dotado de obrigatoriedade, que demonstra a situação da empresa em um
período específico, o balancete de verificação é um caminho que pode
auxiliar a elaboração do balanço patrimonial. O balancete é um relatório
de controle e sua elaboração é opcional.

Além disso, o balancete de verificação pode ser considerado como


uma espécie de demonstrativo financeiro, em que sua principal função é
auxiliar na realização de outros tipos de relatórios, não apenas o balanço
patrimonial, mas também o Demonstrativo do Resultado do Exercício
(DRE), por exemplo. No balancete de verificação são demonstrados todos
Fundamentos Contábeis 49

os valores de patrimônio e de resultado, bem como as movimentações


(de crédito e débito) e o saldo final.

NOTA:

A DRE é uma técnica contábil utilizada nas organizações


públicas e privadas, como bancos, nos relatórios de
investidores e administradores, no governo, entre outros.
Por meio dela a empresa pode gerir e modificar suas ações
alinhando o seu processo decisório em busca de melhores
resultados.

Iudícibus e Marion (2004, s. p.) apresentam a seguinte definição


sobre essa ferramenta contábil:
A Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo
ordenado das receitas e despesas da empresa em
determinado período. É apresentada de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e
em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).

Os fatos obtidos com a análise da DRE proporcionam à empresa


a reorganizar sua estrutura e buscar cada vez mais a eficiência, sendo
flexível aos interesses de cada entidade.

Através do balancete é possível analisar se houve gastos excessivos,


desnecessários ou ainda se ocorreu alguma falha de gestão financeira.
Essa é uma ferramenta muito importante e deve ser usada por qualquer
empresa que tem o desejo de possuir uma vida financeira saudável.

A elaboração de um balancete de verificação é basilar no âmbito


contábil-financeiro, além disso, é importante conhecer as fórmulas dos
lançamentos contábeis, assim como sua operacionalização e, para isso,
também será preciso aprender a fazer os razonetes, conforme vimos no
capítulo anterior.
50 Fundamentos Contábeis

EXPLICANDO MELHOR:

Razonetes são demonstrações gráficas em forma de T


para onde se transferem os valores a débito e a crédito de
cada conta lançada separadamente (lembre-se: do lado
direito do T ficam os valores que foram debitados e do lado
esquerdo os valores que foram creditados).

O balancete de verificação reúne todas as contas que foram utilizadas


pela contabilidade com o objetivo de analisar, verificar e controlar com
exatidão os lançamentos contábeis, além de prestar informações sobre a
situação econômica da entidade. Sobre as características particulares do
balancete de verificação e a utilização do débito e crédito, Araújo (2009, p.
3) realiza a seguinte contextualização:
De acordo com o método das partidas dobradas, para cada
débito corresponderá um crédito de igual valor, e para um
conjunto de débitos também corresponderá um conjunto
de créditos de igual valor. Sendo assim, no Balancete de
Verificação, a soma dos débitos deverá ser igual à soma
dos créditos, e a soma dos saldos devedores também
deverá ser igual à soma dos saldos credores. O balancete
poderá ser levantado a qualquer momento para poder se
verificar a exatidão dos saldos das contas. Caso não haja
igualdade entre os saldos devedores e saldos credores
houve algum erro de escrituração. Mesmo que os totais
dos saldos estejam corretos, é necessário também se
fazer a revisão de todos os lançamentos para se verificar
se as contas foram debitadas ou creditadas corretamente.

O balancete de verificação, normalmente, é composto por duas,


quatro, seis ou oito colunas. Essa quantidade será definida de acordo com
a necessidade, o contexto e com a realidade da entidade e de suas contas.

A elaboração de um balancete necessita primeiramente do


lançamento de todas as contas, feito isso, deve-se transferir conta a conta
para o balancete, bem como os respectivos valores a débito e a crédito
dos razonetes. Pode parecer complexo, mas essa é uma atividade ainda
mais simples do que você possa imaginar.

Conheça a estrutura de um balancete de verificação através da


demonstração de um exemplo fictício na tabela a seguir.
Fundamentos Contábeis 51

Tabela 9 - Modelo de balancete de verificação

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


52 Fundamentos Contábeis

Existem diversas formas de se apresentar um Balancete de


Verificação, no entanto, a sua estrutura obedece basicamente um padrão,
por exemplo, em todos os balancetes é necessário que haja um cabeçalho
que delimite a identidade da empresa e a data de ocorrência dos valores.

Além disso, a representação dos dados e informações devem indicar


os saldos iniciais de cada conta, sendo devedor ou credor, e também
registrar as suas modificações no período, como débitos e créditos, ou
simplesmente com os saldos finais das contas. Este último caso é o mais
comum e também o mais prático.

Vamos analisar as contas demonstradas no modelo da Tabela 9.

É importante ressaltar que as contas listadas no balancete do


modelo são tanto patrimoniais quanto de resultado.

• Algumas contas patrimoniais do balancete fazem parte do ativo


da empresa, por exemplo: Caixa, banco conta corrente, estoques,
veículos, máquinas e equipamentos e móveis e utensílios.

• Existem algumas contas patrimoniais que, apesar de também


pertencerem ao ativo da empresa, são entendidas como contas
que registram a deterioração do patrimônio, ou seja, diminui o seu
ativo. No balancete podemos citar a conta Depreciação acumulada
de veículos. Por diminuir o ativo, o seu saldo é credor.

• Algumas contas patrimoniais do balancete são passivo da empresa,


dentre elas podemos identificar as seguintes: fornecedores, salários
a pagar e ICMS a recolher.

• A conta capital social é referente ao Patrimônio Líquido (PL) e fica


na subdivisão do Passivo. É também uma conta patrimonial.

• As demais contas, no modelo, são contas de resultado, podendo


ser tanto receitas quanto despesas e custos. Dentre elas podemos
identificar: receita de vendas, receita financeira, ICMS sem vendas,
custo da mercadoria vendida (CMV), despesas com salários, despesas
com férias, despesas com FGTS e despesas com depreciação.

Veja a seguir outro modelo de um balancete de verificação


elaborado por Araújo (2009):
Fundamentos Contábeis 53

Figura 13 - Balancete de verificação 4 colunas

Fonte: Araújo (2009, p. 7).

Esse modelo trata-se de um balancete de verificação com quatro


colunas. Nele percebemos que a coluna “Movimento” aloca os valores
das contas quanto ao débito e ao crédito e, a coluna “Saldo” demonstra o
saldo credor e o saldo devedor de cada umas das contas.

O balancete de verificação ainda pode contar com outra variação.


Observe o exemplo da Figura 14:
Figura 14 - Balancete de verificação seis colunas

Fonte: Araújo (2009, p. 7).

Podemos observar que nesse modelo há uma derivação dos saldos,


eles são separados em saldo anterior e saldo atual. A coluna de saldo
anterior organiza os dados credores ou devedores das contas antes da
movimentação; a coluna movimentação organiza o valor das contas em
débito e crédito no período e a coluna do saldo atual demonstra os valores
credores e devedores de cada uma das contas após a movimentação. Todo
balancete com esse formato recebe o nome de balancete de seis colunas.
54 Fundamentos Contábeis

SAIBA MAIS:

O artigo Uso das informações contábeis nos processos


decisionais de empresas estabelecidas em shopping center
demonstra um estudo sobre a intensidade de uso das
informações geradas pela contabilidade nos processos
decisionais de empresas estabelecidas em shopping
center. A leitura do artigo possibilita a compreensão sobre a
aplicação prática das ferramentas estudadas neste capítulo.
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RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio
e que todos os métodos são uma engrenagem para
controlar as suas mutações. Basicamente, o patrimônio
é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
entidade. Esses elementos são divididos em dois grandes
grupos, os ativos e o passivo. No primeiro, estão os bens
e direitos, considerados elementos patrimoniais positivos,
e no segundo, estão as obrigações que são consideradas
elementos patrimoniais negativos. Além das contas
patrimoniais, existem as contas de resultado, que são
receitas, custos e despesas, que finalmente resultarão
em lucros ou prejuízos. O registro de todos os fatos que
envolvem os elementos patrimoniais ou de resultado
devem ser lançados obedecendo o mecanismo do débito
e do crédito e ao final, podemos fazer uma conferência
de dados através do balancete de verificação, que deverá
apresentar um valor equilibrado entre os saldos de débito
e de crédito. Além disso, você estudou sobre como
elaborar um balancete e as variações de um balancete de
quatro ou seis colunas. O balancete nos certifica sobre a
situação das atividades financeiras da empresa sobre a sua
movimentação e, consequentemente, dos saldos.
Fundamentos Contábeis 55

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, S. M.; COSTA CABRAL, M. S. Conceito, Débito, Crédito e
Saldo. Natal: EduTech, UFRN, 2009.

ARAÚJO, S. M. Balancete de Verificação. Natal: EduTech, UFRN, 2009.

ASSAF, A. N. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque


econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

BRASIL. Lei no  6.404, de 15 de dezembro de 1976. Sociedades por


Ações. Brasília, DF. Presidência da República. 1976. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 31 maio 2021.

FERREIRA, A. I. et al. Relatórios contábeis para gestão dos


negócios. Revista Científica, v. 1, n. 1. UNILAGO - União das Faculdades
dos Grandes Lagos, São José do Rio Preto, 2019.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. v. 3. São


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NASCIMENTO, M. V. S. Teorias aplicadas à técnica de débito e


crédito. In: X SEMANA de iniciação científica da Faculdade R. Sá. Picos –
PI, 2016, p.1-10.

MARION, J. C.  Contabilidade básica. 10. ed. 2. reimpr. São Paulo:


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MULLER, A. N. Contabilidade Básica – Fundamentos Especiais.


São Paulo: Pearson, 2009.

PADOVEZE, L. C. Manual de contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

RIBEIRO, O. M.  Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva Educação


S/A, 2017.

SILVA, K. R.; SOUZA, P. C. Análise das demonstrações financeiras


como instrumento para tomada de decisões. INGEPRO-Inovação, Gestão
e Produção, v. 3, n. 1, p. 067-078, 2011.

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