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1 Introdução

No mundo globalizado em que as empresas estão inseridas, faz-se necessário


que os gestores tenham à sua disposição informações relevantes e
tempestivas, pertinentes aos custos da empresa, de modo que estas se
configurem em subsídios para aperfeiçoar o desempenho empresarial. Estas
informações são fornecidas pela Contabilidade de Custos, que apresenta
relatórios que auxiliam na gestão de custos, com ênfase na elaboração e
definição de estratégias competitivas que sirvam ao controle e à tomada de
decisões.

Em relação aos sistemas de custeio, observa-se a necessidade de sua


utilização por qualquer tipo de empresa, seja ela comercial, industrial ou
prestadora de serviço. Contudo, a utilização de um sistema de custeio
incompatível com as características da empresa pode levar o gestor a erros ao
longo do processo decisório.

Diante desse contexto, este trabalho, busca analisar a aplicação do sistema de


custeio RKW, visando proporcionar informações mais fidedignas sobre a
composição do custo do produto e possibilitar a atribuição de responsabilidade
aos diversos centros de custos das organizações.

O presente trabalho procura responder ao seguinte problema: Quais os


benefícios que o sistema de custeio RKW proporciona as organizações?

Bem como confirmar a hipótese de que: mesmo não conhecendo o sistema de


custeio RKW de forma detalhada, os gestores dão importância a este, por
acreditarem que ele contribui para a análise dos custos da organização, além
de dar suporte na busca de vantagens competitivas para a mesma.

       

2 Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Analisar a aplicação do sistema de custeio RKW, visando proporcionar


informações mais fidedignas sobre a composição do custo do produto e
possibilitar a atribuição de responsabilidade aos diversos centros de custos das
organizações.

               

2.2 Objetivos Específicos

a) Colher informações sobre o sistema de custeio RKW;

               

b) Analisar a importância desse sistema no processo decisório das


organizações;

               

c) Promover uma breve discussão a cerca da contabilidade de custos.

               

3 Justificativa

Partindo da idéia de que existem técnicas de apropriação de custos, cuja


utilização se faz necessária para apropriar os custos de produção aos
produtos, é que propomos este trabalho de pesquisa, no intuito de esclarecer
aos tomadores de decisões das organizações, que a apropriação dos custos e
despesas pelo método de custeio RKW possibilitará análises gerenciais mais
precisas sobre os custos dos produtos, tendo como base a destinação de todos
os gastos da entidade.

4 Metodologia

Para a realização desta pesquisa utilizou-se quanto aos procedimentos de


coleta, a pesquisa bibliográfica, pesquisando em livros, revistas, artigos e
material disponível na internet; quanto aos objetivos, foram priorizados os
aspectos descritivos; e para análise dos dados, a abordagem qualitativa, uma
vez que nos orientamos em concepções amplas que abrigam a visão de
custos, assim como do sistema de custeio RKW. 

5 Referencial Teórico

A Contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade que se destina a produzir


informações para diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às
funções de determinação de desempenho, e de planejamento e controle das
operações e de tomada de decisões, bem como, tornar possível a alocação
mais criteriosa dos custos de produção aos produtos.
Seguindo esse entendimento, Derberck e Nagy (2001, p. 13), relatam que “a
Contabilidade de Custos fornece as informações que permitem à gerência
alocar recursos para as áreas mais eficientes e rentáveis da operação”.

De acordo com Bornia (2002, p.35) “a Contabilidade de Custos surgiu com o


aparecimento das empresas indústrias (revolução industrial), tendo por objetivo
calcular os custos dos produtos fabricados”, ou seja, o desenvolvimento da
Contabilidade de Custos recebeu seu maior impulso quando da Revolução
Industrial, a ponto de gerar um novo campo de aplicação conhecido como
Contabilidade Industrial. A partir desse evento, a Contabilidade passou de seu
foco principal que era a avaliação de estoques, para as diferentes técnicas de
custeio. No século XX começaram a surgir as teorias e técnicas de gestão
contábil na Europa e posteriormente nos Estados Unidos. Passou-se a
questionar o que muitos autores chamavam de contabilidade tradicional de
custos, basicamente as técnicas centradas na realocação de custos indiretos.

Assim, a Contabilidade de Custos classifica, coleta, e registra os dados


operacionais das diversas atividades da entidade, denominados de dados
internos, bem como, algumas vezes, coleta e organiza dados externos. Os
dados coletados podem ser monetários ou físicos. A Contabilidade de Custos
requer a existência de métodos de custeio para que, ao final do processo, seja
possível obter-se o valor a ser atribuído ao objeto de estudo.

Desta forma, a Contabilidade de custos consiste na aplicação da técnica


contabilística aos fenômenos internos da empresa, que ocorrem na área da
produção, comercial, administrativa, e financeira, com dois objetivos principais:
Avaliação dos bens produzidos e vendidos; Controle das condições internas de
exploração.

Então, para atender aos principais objetivos da Contabilidade de Custos, quais


sejam, avaliação de estoques, auxílio ao controle e auxílio à tomada de
decisões, há a necessidade de um sistema de custos, no qual são
selecionadas as opções mais convenientes em função das informações
desejadas, levando-se em conta, é claro, a questão custo versus benefício da
informação a ser gerada.
De acordo com Bornia (2002, p. 52) “o sistema de custos faz parte de um
sistema mais amplo: o de gestão”. Dessa forma, o sistema de custos irá
adaptar-se de acordo com o que é recomendado no modelo de gestão da
empresa.

Dada a importância das informações de custos no meio empresarial, deve-se


buscar constantemente o aprimoramento da Contabilidade, a qual analisa e
gerencia este tipo de informação. A relevância dessas informações pode ser
percebida em diferentes momentos, como por exemplo, através da expansão
da capacidade fabril, do lançamento de novos produtos, da formação do preço
de venda, etc.

Para a realização da análise desses itens, a empresa requer a utilização de


sistemas de custeio. No que diz respeito aos sistemas de custeio, esses se
referem à forma de apropriação dos custos de uma determinada empresa aos
seus produtos. Seguindo essa visão, Cherman (2002, p. 50), diz que “apropriar
custo significa o modo em que os custos serão atribuídos aos produtos”.

Já, Perez Jr, Oliveira e Costa (1999, p.30) mencionam que “o objetivo principal
de qualquer sistema de custeio é determinar o custo incorrido no processo de
produção de bens ou de prestação de serviços”.

Nesta perspectiva, Beuren (1993, p.61) destaca que:

A operacionalização adequada de um sistema de custeio pode encontrar


ampla aplicação nas empresas. Ressalta-se que a utilização efetiva de um
sistema de custeio não se limita apenas à sua importância na avaliação de
estoques. Ele também é um instrumento de suporte voltado ao fornecimento de
subsídios importantes à avaliação de desempenho dos gestores, taxa de
retorno nas decisões de investimentos, decisões do tipo comprar X fabricar,
formação de preço de venda etc.

Portanto, a partir das informações oferecidas pela Contabilidade de Custos, os


gestores poderão tomar as decisões necessárias na organização. Para tanto
devem analisar as características específicas de cada sistema de custeio a fim
de verificar aquele que mais condiza com a estrutura da empresa, além de
considerar aquele que mais pode contribuir na análise dos custos e dar suporte
na busca de vantagens competitivas para a empresa. Diversos são os sistemas
de custeio que podem ser utilizados pelas empresas para alocação dos custos
aos produtos e/ou serviços, dentre os quais se pode citar: custeio por
absorção; custeio variável ou direto; ABC; RKW e Custeio padrão. Sendo que,
é referenciado neste trabalho, o método RKW (Reichskuratorium Für
Wirtscchaftlichtkeit)

Desta metodologia nasceu na Alemanha, consiste no método em que todas as


despesas tanto de produção como despesa da administração da empresa são
rateadas. De acordo com Vartanian (2000), no Brasil o método é mais
conhecido pela sigla RKW, que representa as iniciais de um antigo conselho
governamental alemão para assuntos econômicos. A técnica utilizada para
esse rateio é semelhante às dos custeios tradicionais e cada departamento da
empresa recebe sua cota de custos de maneira que no final, o rateio será
sobre os produtos da empresa.

Com este rateio chega-se ao valor unitário do produto.

Conforme conceituam NASCIMENTO & VARTANIAM (1999:34),

Método de custeio pleno é aquele em que todos os custos e despesas de uma


entidade são levados aos objetos de custeio, normalmente unidades de
produtos e/ou ordens de serviços.

É necessário esclarecer que este método de custeio é usado exclusivamente


para fins gerenciais, podendo ser implantado nas empresas, dependendo das
informações que se pretende.

O RKW busca uma melhor distribuição dos custos indiretos em determinados


períodos da produção. Para Perez Jr. e Costa apud Massuda (2003, p. 32):

A distribuição de custos indiretos nos departamentos permite melhor


distribuição dos produtos fabricados, reduzindo a probabilidade de erros e a
transferência indevida de custos indiretos de um produto para outro.
A maior vantagem deste método é o fato de levar em consideração todos os
gastos de uma organização, sem exceção.

Assim, de forma mais conservadora esse método ressalta a prudência em


considerar como base na formação de preços o montante total de custos e
despesas em que a empresa incorre, pois, a partir disso, o preço praticado
para cada produto permite a cobertura de todos os gastos. Bastando então
acrescentar o lucro desejado para se obter o preço de venda final.

Este método de custeio não faz distinção entre custos fixos e variáveis, o que
pode levar a empresa a não vender determinado produto por não cobrir o custo
do produto, porém o custo estaria distorcido visto que uma parcela dos custos
fixos totais já está embutida ao produto e o custo unitário do produto não é real.

É aplicado ao custo dos produtos um índice percentual igual para fazer a


provisão de lucros, o que pode levar a uma superestimativa de lucros ou
esconder um produto que não dá lucro devido ao custo de fabricação ser
elevado.

Nesse método, considera-se a eficiência máxima da empresa, não leva em


consideração a concorrência, o que pode acarretar um preço de venda irreal,
pois, para manter-se no mercado a empresa deve ter um preço competitivo.

No dia-a-dia torna-se impossível encontrar o custo unitário do produto (CPV)


por possuir a parcela de custo fixo total, assim como despesa operacional
unitária. Também não são considerados as oscilações no volume de produção
e os efeitos desta no custo unitário.

Para a implantação do método RKW ou custeio pleno, é necessário obedecer


aos seguintes procedimentos dos quais, segundo Bornia (2002), podem ser
sintetizados em cinco etapas: Separação dos custos em itens; Divisão da
empresa em centros de custos; Identificação dos custos com os centros
(distribuição primária); Redistribuir os custos dos centros indiretos até os
diretos (distribuição secundária); Distribuição dos custos dos centros diretos
aos produtos (distribuição final).
A primeira etapa consiste em realizar a separação dos custos em itens, já que
os custos são os valores dos insumos consumidos, possuindo naturezas e
comportamentos diferentes, não podendo ser tratados de uma só maneira,
mediante rateio simples.

A segunda etapa divide a empresa em centros de custos. Para isso, pode


utilizar-se o organograma da empresa, sendo possível visualizar cada setor e
torná-lo um centro de custo.

A terceira etapa procura identificar os custos com os respectivos centros ou


distribuição primária, utilizando-se de bases ou critérios de distribuição para
alocar os custos aos centros. De acordo com Bornia (2002 p. 105) a regra para
a escolha dessas bases é uma só:

A distribuição dos custos deve representar da melhor forma possível o uso dos
recursos. Como os custos são os valores dos insumos utilizados, a distribuição
dos custos deve respeitar o consumo daqueles insumos pelos centros. Assim o
centro que usou um certo recurso deve arcar com os custos correspondentes.
Da mesma maneira, um centro que utilizou com maior intensidade um recurso
compartilhado com outros centros deve ficar com uma parcela maior dos
custos referentes àqueles insumos.

Na quarta etapa, denominada distribuição secundária, ocorre a distribuição dos


custos dos centros indiretos para os diretos. Para que ocorra uma distribuição
mais precisa, é necessário usar critérios que condizem com a efetiva utilização
dos centros indiretos pelos outros.

A quinta e última etapa do processo de implantação consiste em distribuir os


custos aos produtos. Para se conseguir uma distribuição adequada é preciso
utilizar uma unidade de medida do trabalho do centro direto, o qual deve
demonstrar o quanto de esforço utilizou-se para a fabricação de determinado
produto. É necessariamente importante que a unidade de trabalho demonstre
da melhor forma possível a parcela do trabalho do centro dedicada a cada
produto.
6. Considerações Finais

A contabilidade de custos representa um instrumento de grande importância


para a gestão empresarial, pois produz relatórios eficazes e eficientes para a
tomada de decisões.

Assim, diante de um mercado cada vez mais competitivo, as informações sobre


custos têm sido consideradas um elemento estratégico dentro de uma
organização. Nesta conjuntura, a utilização de sistemas de custeio pelas
empresas vem auxiliar o gestor no momento de definir as estratégias da
empresa e gerenciar os custos incorridos nos processos e atividades.

Desta forma, o trabalho apresentou um estudo sobre a utilização do sistema de


custeio RKW, abordando algumas características próprias deste sistema, suas
vantagens e condicionantes.

Nesse sentido, o presente estudo realizado com o objetivo de analisar a


aplicação do sistema de custeio RKW, visando proporcionar informações mais
fidedignas sobre a composição do custo do produto e possibilitar a atribuição
de responsabilidade aos diversos centros de custos das organizações. Espera-
se ter contribuído com os gestores, no que diz respeito às informações
oferecidas, para que estes possam tomar as decisões necessárias na
organização.

Assim conclui-se que, considerando a necessidade de identificação dos custos


dos serviços prestados, bem como dos materiais utilizados, o sistema de custo
pesquisado atende satisfatoriamente a demanda por informações gerenciais,
propiciando também tempo de resposta adequado. O adequado uso do sistema
de custo RKW, bem como a correta divulgação de sua aplicação é um passo
importante para a profissionalização do ambiente e a adequada gestão dos
recursos consumidos.

Referências

BEUREN, Ilse Maria. Evolução histórica da contabilidade de custos.


Contabilidade Vista & Revista. Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 61-66, fev. 1993.

 BORNIA, Antonio Cezar. Análise Gerencial de Custos. Porto Alegre: Bookman,


2002.
 CHERMAN, Bernado C. Contabilidade de Custos. Vem Concursos, 2002.

 DERBECK, Edward J. Van; NAGY, Charles F. Contabilidade de custos. 11. ed.


São Paulo: Thomson, 2001.

 MASSUDA, Júlio César. Gestão de custos em pequenas empresas industriais


de confecções. Florianópolis, 2003.

 NASCIMENTO, Diogo Toledo do e VARTANIAN, Grigor Haig. O método pleno


- uma abordagem conceitual. Revista CRC-SP nº 09 Set/1999.

PREZ JR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA, Rogério
Guedes. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999.

VARTANIAN, Grigor Haig. O método de custeio pleno: uma análise conceitual


e empírica. São Paulo: FEA/USP, 2000.

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