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Empreendedorismo

Unidade 4
Plano financeiro de um empreendimento
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
AUTORIA
David Stephen
Olá. Meu nome é David Stephen. Sou Empresário há 27 anos. Fundei
faculdades e escolas técnicas em várias cidades do nordeste brasileiro,
com destaque para o Ibratec (1994) e Unibratec (2001). Empreendi vários
projetos inovadores na área de educação a distância, tendo sido um dos
pioneiros no ensino telepresencial interativo (2005). Atualmente, dirijo a
Editora Telesapiens e presto consultoria a instituições de ensino superior
na área de marketing e novas tecnologias educacionais. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Prospectando recursos financeiros...................................................... 12
Diferença entre investimento e despesa........................................................................ 13

Transformando investimentos em despesas............................................................... 15

Transformando despesa variável em despesa fixa................................................. 16

Construindo uma planilha de investimentos............................................................... 16

Planilha de Investimentos....................................................................................... 16

Lidando com despesas e custos........................................................... 19


Despesas fixas versus variáveis............................................................................................ 20

Despesas versus custos............................................................................................................. 20

Custos e despesas fixas.............................................................................................................. 21

Planilha de despesas fixas..................................................................................... 21

Transformando despesas fixas em variáveis............................................23

Despesas variáveis.......................................................................................................23

Lidando com receitas................................................................................. 25


O que é receita?................................................................................................................................26

Apurando o Lucro............................................................................................................................27

Margem de contribuição............................................................................................................27

Viabilidade econômico-financeira........................................................ 32
Planilha de simulação do empreendimento................................................................33

Evolução das receitas................................................................................................33

Primeiro ano......................................................................................................................34

Segundo ano....................................................................................................................35

Terceiro ano...................................................................................................................... 36
Quarto ano..........................................................................................................................37

Quinto ano......................................................................................................................... 38

Evolução da margem de contribuição......................................................... 39

Primeiro ano..................................................................................................................... 39

Segundo ano................................................................................................................... 40

Terceiro ano....................................................................................................................... 41

Quarto ano..........................................................................................................................42

Quinto ano..........................................................................................................................43

Evolução dos resultados.........................................................................................44

Primeiro ano......................................................................................................................44

Segundo ano....................................................................................................................45

Terceiro ano...................................................................................................................... 46

Quarto ano..........................................................................................................................47

Quinto ano..........................................................................................................................47

Calculando o capital inicial...................................................................................................... 48

Análise econômica do negócio............................................................................................ 49


Empreendedorismo 9

04
UNIDADE
10 Empreendedorismo

INTRODUÇÃO
Agora que já avaliamos a oportunidade, analisamos o negócio
e o produto a ser empreendido, chegamos à etapa final de nossos
estudos: desenvolver a análise de viabilidade econômico-financeira
do empreendimento, com foco na atração de investimentos. Em
termos práticos, iremos estudar o comportamento do negócio em um
determinado período de tempo. Neste período, o negócio terá que
receber um recurso financeiro, atingir o ponto de equilíbrio, remunerar
todo o capital investido e proporcionar ganhos financeiros efetivos aos
seus investidores e empreendedores.
Empreendedorismo 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 04. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Entender o processo de prospecção de recursos financeiros para


o projeto de implantação e ciclo de vida do seu negócio.

2. Identificar e discernir sobre despesas fixas e despesas variáveis


de um empreendimento.

3. Estimar e estratificar as receitas bruta e líquida de um negócio,


identificando e mensurando o custo do produto.

4. Analisar a viabilidade econômica e financeira do negócio como


um todo.
12 Empreendedorismo

Prospectando recursos financeiros

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


o processo de prospecção de recursos financeiros para
o projeto de implantação e ciclo de vida do seu negócio.
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Chegamos ao ponto mais crítico do processo empreendedor.


Relevado por muitos, avaliar a viabilidade econômico-financeira do
seu negócio é a atividade mais importante para o sucesso de seu
empreendimento. Assim como em todo projeto, a montagem de um
negócio deve seguir um cronograma rígido e objetivo. Quando se trata
de dinheiro, a rigidez deve ser levada a sério, uma vez que números são
frios e o mau uso e dimensionamento dos recursos financeiros é um ato
imperdoável para o empreendedor que quer ter sucesso em seu projeto.
Figura 1 - Ilustração de conceito de desempenho financeiro

Fonte: Freepik.
Empreendedorismo 13

Assim, planejar um negócio sob o ponto de vista econômico-


financeiro requer o cumprimento dos seguintes passos:

• Prospecte os recursos necessários ao investimento no negócio;

• Planeje as despesas fixas;

• Estratifique as receitas e as despesas variáveis;

• Calcule o capital inicial necessário;

• Avalie os riscos; e

• Desista ou empreenda!

Preparado para mais este aprendizado e avaliação de seu negócio?


Vamos iniciar estudando mais detidamente as questões que envolvem
investimento!

Diferença entre investimento e despesa


Parece simples, mas a aparência clara da diferença existente entre
investimento e despesa não é tão clara assim para a grande maioria dos
administradores e empreendedores brasileiros. Em que pese o fato de o
dinheiro ser igual e vindo da mesma origem, a destinação que se dá a um
e a outro faz toda a diferença na hora de se planejar um negócio.

DEFINIÇÃO:

INVESTIMENTO: Podemos afirmar que investimento é a


quantidade de recursos, monetários ou não, que se injeta
em um projeto, visando a obtenção de algo rentável em
troca.

Pela definição ampla enunciada acima, podemos entender


investimento como todo e qualquer esforço que se empreenda para
obter-se resultado. Assim, o trabalho também entra como investimento,
ao lado dos recursos financeiros injetados por um investidor, por exemplo.

No modelo norte-americano de capital de risco, o trabalho aparece


como moeda altamente valorizada, entrando como ativo de um projeto,
com a devida mensuração monetária correspondente.
14 Empreendedorismo

Mas o investimento vai muito além de valores monetários ou da força


de trabalho injetados em um empreendimento. Ele tem a ver, sobretudo,
com a expectativa de quem investe seu capital em um negócio.

Em outras palavras, não importa se o investimento entrou em


uma empresa em forma de dinheiro, trabalho ou de algum outro item
patrimonial; o que realmente importa é que tudo isso deve e tem que ser
valorado em moeda corrente, para depois ser integralizado no capital da
empresa.

Bem, mas e quanto à diferença entre investimento e despesa? O


que vem a ser despesa, na concepção da palavra?

DEFINIÇÃO:

DESPESA: Despesa é a quantidade de recursos monetários


que se injeta em uma operação produtiva recorrente.

Restou-nos claro que a diferença substancial entre esses dois


conceitos está no fator tempo. Enquanto o investimento está associado
à fase inicial de um projeto empreendedor, a despesa está atrelada à
operação propriamente dita, após sua implantação.

Para entendermos melhor, vamos imaginar que, no projeto de


implantação de uma agência de carros chineses (ChinaCar), precisaremos
contratar uma agência de publicidade e propaganda para lançar o
empreendimento na região. O valor a ser pago para essa agência de
propaganda é encarado como despesa pré-operacional, que, em termos
práticos, entra como investimento no projeto de implantação do negócio.

Já, se essa mesma agência publicitária for contratada novamente


para aplicar uma verba mensal de propaganda de sustentação do
empreendimento, de forma ininterrupta, podemos dizer que esse recurso
financeiro alocado é, na verdade, uma despesa operacional, e não mais
um investimento.
Empreendedorismo 15

Transformando investimentos em despesas


Quando não se tem muitos recursos financeiros para investir, há três
alternativas plausíveis para não inviabilizar o empreendimento:

• Tomar recurso de terceiros, como bancos;

• Atrair um sócio investidor para aportar capital no negócio; ou

• Transformar investimentos em despesas.

A conversão de investimentos em despesas é uma prática bem


brasileira. É mais ou menos como aquela velha avaliação do: comprar
ou alugar? Por exemplo: imagine que o investimento em um sistema de
gestão empresarial para a ChinaCar seja muito alto. Em vez de captar
recursos externos ou se endividar para adquirir o software, você pode
simplesmente transformar o fornecedor daquele sistema informatizado
em um parceiro estrutural, convencendo-o a instalar e implantar o sistema
em troca de uma pequena participação sobre todos os pagamentos
realizados pelos clientes.

Com essa atitude, se de um lado você onerou a despesa mensal da


operação, do outro, a operação ficou mais barata sob o ponto de vista do
investimento inicial. Em outras palavras, transformamos um fornecedor
em um parceiro, trocando investimento por despesa.

Nesse sentido, vamos discorrer sobre algumas dicas preciosas de


como você pode aplicar essa e outras práticas em prol da saúde financeira
de seu empreendimento.

IMPORTANTE:

Cuidado! Transformar investimento em despesa nem


sempre é um bom negócio. Quando se aumenta a despesa
de uma operação, reduz-se proporcionalmente a margem
de lucro do negócio, perdendo competitividade.

Desse modo, em algumas situações, é melhor recorrer à capital de


terceiros para adquirir um ativo, desde que esse investimento consiga ser
absorvido pelo empreendimento em curto espaço de tempo.
16 Empreendedorismo

Transformando despesa variável em


despesa fixa
Para outros tipos de negócio, em vez de transformar investimento
em despesa variável, você poderá transformar despesas fixas em
despesas variáveis. Um bom exemplo disso pode ser observado no caso
dos cursinhos preparatórios para concursos públicos.

Muitas dessas empresas preferem fazer contratos de risco com seus


instrutores. Em vez de contratá-los em folha de pagamento, preferem
entregar-lhes um percentual do faturamento com as inscrições dos
alunos de suas turmas. O instrutor certamente ganhará mais, e a empresa
minimizará os riscos no caso de turmas deficitárias.

E para o seu negócio? Quem serão seus fornecedores? Quais deles


poderão ser transformados em parceiros? Valerá a pena converter esses
investimentos em custos?

Construindo uma planilha de


investimentos
É imprescindível, para o empreendedor, o domínio de uma Planilha
Eletrônica. Quer seja a do MS-Office, do Open-Office ou outra qualquer;
planilhas eletrônicas deverão ser utilizadas como ferramentas de auditoria
e planejamento econômico-financeiro de seu empreendimento. Nas
próximas unidades iremos nos dedicar à análise econômico-financeira de
nosso estudo de caso, lembra? Isso mesmo, a ChinaCar. Acompanhe bem
a construção dessas planilhas para usar como referência na construção
das planilhas de seu empreendimento.

Planilha de Investimentos
Antes de começar a trabalhar os números de seu negócio, é
importante que você já tenha seguido a cartilha do ABC, ou seja, ter
realizado a pesquisa de mercado, a análise de SWOT, de ERRC, enfim,
todos os passos até chegar a este ponto. Não que a construção de
uma planilha de investimentos seja irreversível, até porque você poderá
Empreendedorismo 17

adaptá-la e atualizá-la durante todo o processo da análise econômico-


financeira. Mas é importante que você, neste momento, já não perca muito
tempo com idas e vindas nesta esteira empreendedora. Bem, para iniciar
nossa planilha de investimentos, vamos montar uma matriz contendo,
mês a mês, os valores previstos para desembolso de cada item que você
conseguir prever para a montagem de sua operação. No caso de nossa
Agência de Veículos, a matriz de investimentos poderia ser a seguinte:
Planilha 1 - Investimentos de janeiro a maio.

Fonte: o autor.

A figura 1 ilustra bem os centros de custo da Planilha de


Investimentos para os primeiros 5 meses do projeto. Observe que a
planilha prevê, na linha de totais, qual o desembolso previsto para cada
mês do ano. Na linha seguinte “Saldo Acumulado”, a planilha contabiliza
cumulativamente o capital investido.

IMPORTANTE:

Note que esse capital aumenta a cada mês. Na figura 2,


continuamos com a prospecção desses mesmos centros
de custo até o mês a partir do qual não mais haverá saída
de capital para investimento, pelo menos em nossas
previsões. No caso de nosso estudo em tela, este mês será
dezembro daquele mesmo ano.
18 Empreendedorismo

Planilha 2 - Investimentos de junho a dezembro.

Fonte: o autor.

A conclusão a que chegamos, ao término dessa planilha, é que o


negócio consumirá mais de 4 milhões de reais em capital investido, sendo
que 3,4 milhões desse capital é considerado CAPITAL DE GIRO, ou seja,
recurso necessário para abastecer o estoque inicial do empreendimento.

SAIBA MAIS:

Você conhece os recursos básicos de uma planilha


eletrônica? Como empreendedor, você não pode deixar de
utilizar essa importante ferramenta. Por isso, recomendamos
o seguinte conjunto de videoaulas para você se iniciar no
MS-Excel: Vídeos: “O Quadro de Modelo de Negócios”,
Clique aqui, aqui, aqui e aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que ao longo deste tópico você compreendeu a importância
da avaliação da viabilidade econômico-financeira para
abertura de uma empresa. Alguns itens fundamentais
foram explicitados: prospecção de recursos necessários ao
investimento para o ciclo de vida do negócio; planejamento
de receitas e despesas, sendo elas fixas ou variáveis;
cálculo do capital inicial; e avaliação dos riscos.
Empreendedorismo 19

Lidando com despesas e custos

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de de identificar


e discernir sobre custos e despesas fixas e variáveis em um
empreendimento. Isto será fundamental para o exercício
de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Vimos anteriormente que a diferença entre investimento e despesa


estava associada ao fator tempo, ou seja, o investimento em um negócio
é caracterizado pelas despesas pré-operacionais, ou seja, aquelas que
ocorrem antes da inauguração do empreendimento. Decerto que essa
definição encontra várias objeções em algumas correntes de pensamento,
que associam investimento à aquisição de patrimônio (ativos). Mas agora,
vamos nos debruçar sobre as despesas propriamente ditas. Como elas
se classificam? Qual a diferença entre despesa e custo? Enfim, vamos
mergulhar no cerne dos maiores problemas enfrentados pelas start-ups:
como gerenciar custos e despesas de modo a favorecer a geração de
lucro para o negócio?
Figura 2 – Ilustração de um relatório financeiro

Fonte: Freepik.
20 Empreendedorismo

Despesas fixas versus variáveis


Compreender a real diferença entre despesas fixas e variáveis é de
suma importância para a saúde econômico-financeira do empreendimento.
O mal entendimento desses dois conceitos leva os empreendedores a
vários equívocos na hora de planejar o seu negócio.

DEFINIÇÃO:

DESPESAS FIXAS: São aquelas que não variam


significativamente com o crescimento ou retração do
negócio.

Mas cuidado! O que é despesa fixa para um negócio, pode ser


variável para outro. Por exemplo: a conta de energia elétrica é considerada
uma despesa fixa para a grande maioria das empresas.

Mas, se o seu negócio é indústria de manufatura, dependendo


do que você produza e de que equipamentos são utilizados, a conta de
energia pode ser considerada uma despesa variável.

DEFINIÇÃO:

DESPESAS VARIÁVEIS: São aquelas que variam de forma


indexada ao crescimento ou retração do negócio.

Normalmente, as despesas variáveis têm seu valor atrelado


a algum indicador de produtividade ou ao próprio faturamento do
negócio. No exemplo que acabamos de ilustrar, quanto mais produtos
são industrializados, mais energia se gasta. Se nada se produz, pode se
considerar a conta de energia nula ou quase nula.

Despesas versus custos


Esses são dois conceitos muito próximos um do outro e, por vezes,
de difícil distinção. Há inclusive muita controvérsia sobre o que pode e o
que não pode ser considerado como despesa ou custo.
Empreendedorismo 21

DEFINIÇÃO:

CUSTO: O dicionário da língua portuguesa define a palavra


custo como sendo o trabalho despendido na produção de
bens e serviços.

Note que o conceito de custo está associado diretamente à produção


de um negócio. Assim, um modo bastante eficaz de se distinguir despesas
de custos é questionar se a eliminação de determinada despesa influiria
diretamente na produção de bens e serviços, ou na comercialização e
estocagem de mercadorias. Se a resposta for afirmativa, essa despesa é
considerada um custo. Caso contrário, o gasto será entendido como uma
despesa.

Custos e despesas fixas


Devemos tomar cuidado com o que elegemos para ser despesa
fixa e o que conseguimos transformar em variáveis. Os custos fixos
inspiram bastante cuidado, sobretudo em negócios que envolvem
serviços. Lembre-se de que as despesas fixas são sempre correntes,
independentemente de quanto se fatura. Quando mal dimensionadas,
essas despesas geram muita dor de cabeça no final do mês. As despesas
são certas, mas as receitas são incertas!

Assim sendo, se há um item de custo fixo que extrapola a sua


capacidade de pagamento ou torna o risco do negócio extremamente
elevado, tente transformá-lo em custo variável. O contrário também é
verdadeiro, ou seja, se há um custo variável que absorve praticamente
toda a sua receita, tente transformá-lo em um custo fixo.

Planilha de despesas fixas


Vamos retomar nosso estudo de caso ChinaCar? Para entender
melhor como se comportará a nossa agência de automóveis, vamos
mapear os itens de despesas e custos fixos, sem termos a preocupação
de classifica-los entre custos e despesas por agora.
22 Empreendedorismo

Planilha 3 - Despesas fixas da ChinaCar.

Fonte: o autor.

Note que todas essas rubricas de despesa praticamente não variam


em função do faturamento da empresa, o que realmente as caracterizam
como despesas fixas.

Mas, se dentre os funcionários que compõem a folha de pagamento


dessa agência figurarem os vendedores e seus comissionamentos de
venda, a rubrica “Folha de pagamento” deverá ser desmembrada em duas:

• Folha de pagamento fixa; e

• Folha de pagamento variável.

Evidentemente, a “Folha de pagamento variável” deverá sair dessa


planilha e entrar na de “Despesas Variáveis”, que será vista mais adiante.

Há quem encare energia elétrica como custo variável. De um modo


ou de outro, esse pensamento está correto, pois pode haver significativa
variação na conta de energia elétrica quando a operação está a pleno
vapor. Somente uma análise mais detalhada sobre o comportamento
dessa despesa poderá fornecer subsídios para se decidir quanto ao
melhor posicionamento dessa rubrica.
Empreendedorismo 23

Transformando despesas fixas em variáveis


Ao analisarmos uma planilha de custos fixos como a do exemplo em
questão, a primeira coisa que deve nos chamar a atenção é o percentual
em que cada um desses itens compromete nosso faturamento. Como
ainda não chegamos na planilha de previsão de receitas, vamos nos limitar,
por agora, a compararmos os itens de custos fixos entre eles mesmos.

No caso de nossa Agência de Veículos, dois itens saltam aos olhos:


Folha de Pagamento e Aluguel do Imóvel. Em primeira análise, esses
seriam os dois primeiros itens sobre os quais é interessante avaliar a
possibilidade de convertê-los, senão total, mas parcialmente, em custos
variáveis.

• Que tal perguntarmos ao proprietário do imóvel se ele não


gostaria de reduzir o valor do aluguel em troca de uma pequena
participação nas vendas? Shopping Centers costumam fazer isto.

• Que tal identificar que funcionários poderiam ser trocados por


empresas prestadoras de serviços, reduzindo assim os encargos
sociais que já aparecem em terceiro lugar na lista dos maiores
custos fixos?

Usando esse mesmo raciocínio, você poderá ir racionalizando os


custos fixos, tentando minimizá-los o mais que possível, reduzindo assim
os riscos na fase inicial da operação de seu negócio.

Despesas variáveis
Como dissemos anteriormente, as despesas variáveis têm seu
valor indexado ao faturamento ou a algum outro índice de produtividade
do negócio. As despesas variáveis (ou custos variáveis), quando bem
dimensionados, representam menor risco, sobretudo na fase inicial da
operação do empreendimento, momento em que as receitas ainda não
são suficientes para cobrirem os investimentos e os custos fixos.

Mas, qual o melhor dimensionamento possível para se chegar a um


custo variável? A que devemos indexá-los?
24 Empreendedorismo

Para compreender melhor este item de custo de nossa matriz


econômico-financeira, precisaremos dar um salto na sequência natural de
construção dessa planilha, visitando agora outro conceito importantíssimo
para nosso estudo de viabilidade: as Receitas do Empreendimento.

É fácil entendermos porque teremos de fazer isto. Como identificar


um custo variável sem antes analisarmos nossas receitas previstas, se
esses custos, na maioria dos casos, estão vinculados à própria receita do
negócio? É isto que estudaremos no tópico seguinte.

SAIBA MAIS:

Entender custos e despesas fixas é a base de um


empreendimento saudável. Continue se aprofundando
neste tema, acessando a seguinte fonte de consulta:
Manual: “Gestão de Custos”, Clique aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o investimento em um negócio é caracterizado pelas
despesas pré-operacionais, ou seja, aquelas que ocorrem
antes da inauguração do empreendimento. Este tópico
esclareceu a diferença entre investimento e despesa,
respondendo à três questões básicas: Como elas (as
despesas) se classificam? Qual a diferença entre despesa
e custo? Como gerenciar custos e despesas de modo a
favorecer a geração de lucro para o negócio?
Empreendedorismo 25

Lidando com receitas


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de estimar


e estratificar as receitas bruta e líquida de um negócio,
identificando e mensurando o custo do produto. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Agora que temos clareza sobre os investimentos e os custos fixos


de nosso negócio, vamos analisar os dois últimos itens para fechamento
de nosso estudo de viabilidade econômico-financeira: Receita e Custo
Variável. Como dissemos anteriormente, esses itens estão visceralmente
relacionados, uma vez que as despesas variáveis são calculadas, na
maioria das vezes, em função das receitas. E mesmo quando não estão
diretamente vinculadas às receitas, estão associadas a indicadores que
variam em função dessas receitas. É importante que o empreendedor
faça um exercício mental para prever a receita que obterá nos primeiros
meses de seu funcionamento. Esta não é uma tarefa das mais fáceis.
O segredo é desenvolver um bom trabalho de pesquisa, pesquisa esta
que, quanto mais aprimorada for, menores serão as discrepâncias entre a
receita esperada e a receita realizada mês a mês, ano a ano.
Figura 3 - Ilustração de cálculo receita/despesa

Fonte: Freepik.
26 Empreendedorismo

O que é receita?
Chamamos de receita tudo aquilo que é recebido, arrecadado ou
apurado por um indivíduo, empresa, instituição ou pelo próprio Estado.

Existe um ditado antigo e inteligente no mundo dos negócios:

Apurado não é lucro.

Por mais óbvia que essa informação pareça ser, muitos dos
pequenos empresários confundem o que entra em suas contas bancárias
com o lucro gerado pelos seus negócios e, literalmente, metem a mão no
dinheiro e terminam por amargar sérios prejuízos mais na frente. Até uma
receita se transformar em lucro, existe uma longa esteira a ser percorrida,
começando pelo entendimento de alguns conceitos básicos, como os
seguintes:

DEFINIÇÃO:

RECEITA BRUTA: É aquela que aparece na nota fiscal, e


que, na maioria das vezes, é efetivamente recebida pela
empresa que presta o serviço ou que vende um produto.
RECEITA LÍQUIDA: Da receita bruta são calculados e
deduzidos os impostos, o que sobra dessa conta pode ser
chamado de receita líquida.
RECEITA OPERACIONAL: A receita operacional é toda
aquela que é gerada a partir da operação do negócio, ou
seja, as entradas advindas do serviço prestado ou da venda
do produto que está devidamente qualificado no objeto
social da empresa.
A receita operacional pode ser bruta ou líquida, ou seja,
esse conceito é não-excludente em relação aos demais
vistos anteriormente.
RECEITA NÃO-OPERACIONAL: É aquela gerada
indiretamente por ganhos financeiros, aplicações bancárias,
locação ou sublocação de imóveis (desde que este não
seja o objetivo do negócio), enfim, tudo aquilo que não está
previsto no objeto social da empresa, mas que abastece o
seu caixa.
Empreendedorismo 27

Apurando o Lucro
Somando todas as receitas de uma empresa e subtraindo o
resultado delas das despesas apuradas, teremos o lucro.

DEFINIÇÃO:

LUCRO: Entende-se por lucro o resultado da subtração


entre as receitas e as despesas apuradas em um
empreendimento.

Vamos testar esses conceitos? Imagine um faturamento de


R$100,00 a partir da prestação de um serviço qualquer. Se os impostos
incidentes sobre esse faturamento forem de 12% (a média entre empresas
de serviços), teremos a seguinte conta:

• Receita bruta: R$ 100,00

• Impostos (12%): R$ 12,00

• Receita líquida: R$ 88,00

Mas cuidado. Ainda estamos longe de apurar o nosso lucro.


Da receita líquida do negócio, independentemente de ser ou não ser
operacional, precisamos extrair os custos variáveis, ou seja, aquelas
despesas que variam diretamente em função dessas receitas. Imagine,
então, que desse serviço, tenhamos que remunerar um vendedor com
uma comissão de 10% sobre o faturamento bruto da venda. Teremos
então a seguinte conta em cascata:

• Receita bruta: $ 100,00

• Impostos (12%): R$ 12,00

• Receita líquida: R$ 88,00

Margem de contribuição
Deduzidos os custos variáveis em cima de uma venda, por exemplo,
teremos o que chamamos de margem de contribuição. A margem de
contribuição (MC), como diz o próprio nome, é o saldo que irá contribuir
28 Empreendedorismo

para a amortização dos custos fixos e remuneração do capital investido.


No exemplo acima, teremos a seguinte margem de contribuição:

• Receita bruta: R$ 100,00

• Impostos (12%): R$ 12,00

• Receita líquida: R$ 88,00

Para que um negócio tenha reais chances de ser lucrativo e seguro,


a MC deve ser superior a 40% (ideal entre 65% e 75%). Claro que essas
definições são meramente ilustrativas e genéricas. Quem vai calcular se
o negócio será ou não será lucrativo é você mesmo, ou seus investidores.
Se seus custos fixos forem muito elevados, a margem de contribuição
gerada a partir de suas receitas terá que ser maior.

Na prática, cada produto ou serviço de sua empresa tem que deixar


a sua margem de contribuição. Se ela for inferior ao considerável razoável,
como no intervalo dito anteriormente, ele passará a não contribuir
significativamente com os custos fixos. Nesses casos, eles ainda poderão
ser interessantes, se estimularem a venda de outros produtos.

Vender um produto com prejuízo não é nada bom, mas, algumas


vezes, isto é feito deliberadamente pelas empresas no intuito de estimular
a venda de outro produto. Um exemplo disso é quando um supermercado
lança uma oferta de determinada mercadoria a um preço de venda abaixo
do de compra. Normalmente, ele anuncia fortemente este produto, que
acaba trazendo clientes para consumirem os outros também.

Para calcular a margem de contribuição de seu negócio, é preciso


fazer isto produto a produto. A margem de contribuição do negócio será
a média ponderada das margens de contribuição dos produtos, onde os
pesos utilizados nessa média ponderada serão as quantidades de vendas
previstas (ou realizadas) para cada produto, respectivamente.

Calcular a margem de contribuição de cada produto é uma


atividade importantíssima, e poucos empresários se preocupam com
isso. Muitas vezes tocamos nossos negócios iludidos com a receita,
e esquecemos aquele velho provérbio: “apurado não é lucro”. Mesmo
quando aparentemente estamos tendo lucro, alguns produtos podem dar
Empreendedorismo 29

prejuízos em detrimento de outros que dão bons resultados. No longo


prazo, esses produtos deficitários podem comprometer a saúde financeira
de seu negócio como um todo.

A seguir, temos um bom exemplo de como se deve calcular a


margem de contribuição de um produto. Os itens de custo variável que
elencamos podem não ser todos os previstos para o seu negócio, por
isso, identifique todos os itens que podem variar em função do preço de
seu produto:

Preço bruto

• Impostos

Preço líquido – despesas variáveis

• Custo da mercadoria (compra) e/ou insumos

• Taxas (royalties, franquia, taxas de cobrança...)

• Custos operacionais apropriáveis à venda

• Custos financeiros (inadimplência, tarifas bancárias...)

Margem de contribuição (ou spread)

Lembre-se! Precifique seu produto de tal maneira que, no todo, sua


margem de contribuição seja o suficiente para cobrir seus custos fixos,
levando em consideração a quantidade de itens que você acha que vai
conseguir vender dentro de um mês típico. Com esse raciocínio, vamos
aplicar esta mesma fórmula para chegarmos à margem de contribuição
de cada item de receita que identificamos anteriormente, construindo a
seguinte planilha:
30 Empreendedorismo

Planilha 4 - Margem de contribuição de cada produto da ChinaCar.

Fonte: o autor.

Poderíamos resumir essa planilha apenas com os totais gerais de


cada produto, como mostra a ilustração a seguir.
Planilha 5 - Resumo da planilha de margens de contribuição.

Fonte: o autor.
Empreendedorismo 31

SAIBA MAIS:

Recomendamos que você continue estudando, de forma


mais aprofundada, as margens de contribuição de um
negócio. Para isto, indicamos a seguinte fonte de consulta:
Artigo: “Margem de Contribuição como auxílio à Tomada
de Decisão: um estudo na J. M. Serraria de Divino de São
Lourenço/ES”, Clique aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
os dois últimos itens para fechamento do estudo sobre
viabilidade econômico-financeira: Receita e Custo Variável.
Estes itens estão visceralmente relacionados, uma vez que
as despesas variáveis são calculadas, na maioria das vezes,
em função das receitas. É fundamental o desenvolvimento
de uma boa pesquisa, a qual, quanto mais aprimorada for,
menores serão as discrepâncias entre a receita esperada e a
receita realizada, isso a partir da identificação e mensuração
do custo do produto.
32 Empreendedorismo

Viabilidade econômico-financeira

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de analisar a


viabilidade econômica e financeira do negócio como um
todo. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Chegou a hora de juntarmos tudo o que estudamos em termos de


investimentos, despesas fixas e variáveis, receitas brutas e líquidas, entre
outros, para encontrarmos os indicadores de desempenho do negócio
em estudo. Ao término de toda essa análise, precisaremos chegar aos
seguintes indicadores:

• Margem de contribuição do produto ou serviço a ser comercializado;

• Lucro mês a mês ou ano a ano;

• Ponto de equilíbrio, ou breakeven; e o

• Retorno do investimento (ROI ou payback).

Figura 4 - Ilustração de viabilidade econômica

Fonte: Freepik
Empreendedorismo 33

Em resumo, de posse de tudo isso, você será capaz de encontrar as


respostas para as seguintes perguntas:

• Qual o capital inicial realmente necessário para se montar o


negócio?

• Quanto tempo levará até a receita empatar com a despesa?

• Quanto tempo levará até que todo o capital injetado possa retornar
ao bolso de seu investidor, e com que margem de retorno?

Para isso, teremos que retomar todas as planilhas elaboradas


anteriormente e as consolidar em uma única. A ideia é fazermos uma
simulação do negócio ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Planilha de simulação do empreendimento


Para iniciarmos a elaboração desta planilha consolidada, precisamos
estabelecer um período de análise. Este período pode ser de 5, 10, 15
ou 20 anos. Dificilmente algum negócio necessitará de uma avaliação
econômico-financeira em mais de 20 anos. Analogamente, não faria
sentido a análise de um negócio em um período inferior a cinco anos. Em
nosso estudo de caso, a ChinaCar, faremos nosso estudo de viabilidade,
considerando um ciclo de vida de apenas cinco anos.

Evolução das receitas


Não há previsão de receitas na fase de implantação do negócio,
portanto, cabe a você, empreendedor, prever em quanto tempo o seu
negócio estará habilitado a faturar. Assim sendo, a primeira decisão
a ser tomada antes de iniciar a previsão das receitas mensais é o
dimensionamento do prazo de implantação do empreendimento, também
chamado de período pré-operacional. O segundo passo é replicar os
itens de receita que adicionamos à planilha da margem de contribuição
(construída anteriormente) em uma nova planilha. Nessa nova planilha
adicionaremos colunas representando os meses de cada ano, do primeiro
ao quinto ano. Vamos, a partir de agora, tentar estimar o comportamento
do negócio em cada um desses anos?
34 Empreendedorismo

Primeiro ano
Para efeito do nosso estudo de caso, vamos imaginar um prazo
de implantação de sete meses, tempo suficiente para iniciarmos as
operações de venda de veículos, para os seguintes modelos de carro:
Planilha 6 - Receitas mês a mês para cada produto
ou item de serviço na fase pré-operacional.

Fonte: o autor.

Planilha 7 - Continuação da planilha de receitas mês a mês,


passando da fase pré para a operacional.

Fonte: o autor.

Note que, a partir de agosto daquele mesmo ano, já há previsão


de receitas. Isso significa que a fase pré-operacional se encerra em julho,
cumprindo os sete meses de prazo para a implantação. Observe que,
para cada item de receita, foi estipulado um valor de faturamento. Estes
valores devem ser estabelecidos, não por adivinhação, mas com base em
Empreendedorismo 35

pesquisa de mercado e na experiência da equipe de sócios e gestores


à frente da operação. Assim como ocorre na planilha de investimentos,
a planilha de receitas totaliza as receitas de cada mês e o acumulado
mensal. Vamos prosseguir com nossas previsões durante o primeiro ciclo
de vida do negócio, como ilustrado nas demais figuras a seguir. Como já
dissemos anteriormente, o ciclo de vida que determinamos para nosso
estudo será de cinco anos – prazo razoável para o planejamento de um
negócio de pequeno-médio porte.

Segundo ano
Planilha 8 - Receitas previstas para o segundo ano de operação (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 9 - Receitas previstas para o segundo ano de operação (parte 2).

Fonte: o autor.
36 Empreendedorismo

Terceiro ano
Planilha 10 - Receitas previstas para o terceiro ano de operação (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 11 - Receitas previstas para o terceiro ano de operação (parte 2).

Fonte: o autor.
Empreendedorismo 37

Quarto ano
Planilha 12 - Receitas previstas para o quarto ano de operação (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 13 - Receitas previstas para o quarto ano de operação (parte 2).

Fonte: o autor.
38 Empreendedorismo

Quinto ano
Planilha 14 - Receitas previstas para o quinto ano de operação (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 15 - Receitas previstas para o quinto ano de operação (parte 2).

Fonte: o autor.

Com o recurso de fórmulas da planilha eletrônica você consegue


clicar e arrastar, montando tudo muito rápido.

E agora? O que falta para chegarmos ao que interessa, o Lucro


do Empreendimento? Calma. Vamos avançar nesse sentido, iniciando a
avaliação da margem de contribuição prevista para o ciclo de vida do
negócio.
Empreendedorismo 39

Evolução da margem de contribuição


Estamos cada vez mais próximos de chegar ao lucro de nosso
empreendimento. Já sabemos o quanto investiremos, quais serão
as nossas despesas fixas e o quanto faturaremos a cada mês. Agora
precisamos aplicar as margens de contribuição à receita líquida apurada
em cada mês. Para isso, vamos recorrer à planilha de receitas desenvolvida
anteriormente para chegarmos à planilha de Margens de Contribuição
do negócio. Assim sendo, as planilhas que você verá a seguir são muito
parecidas com as das receitas, porém, em vez de receitas brutas, as
células conterão as margens de contribuição de cada produto por mês,
com as margens acumuladas na última linha.

IMPORTANTE:

Não confunda margem de contribuição com lucro. O lucro


só é obtido no final, depois dos custos.

Primeiro ano
Planilha 16 - Evolução da margem de contribuição mês a mês (parte 1).

Fonte: o autor.
40 Empreendedorismo

Planilha 17 - Evolução da margem de contribuição mês a mês (parte 2).

Fonte: o autor.

Segundo ano
Planilha 18 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 2 (parte 1).

Fonte: o autor.
Empreendedorismo 41

Planilha 19 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 2 (parte 2).

Fonte: o autor.

Terceiro ano
Planilha 20 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 3 (parte 1).

Fonte: o autor.
42 Empreendedorismo

Quarto ano
Planilha 21 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 4 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 22 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 4 (parte 2).

Fonte: o autor.
Empreendedorismo 43

Quinto ano
Planilha 23 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 5 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 24 - Evolução da margem de contribuição mês a mês, ano 5 (parte 2).

Fonte: o autor.
44 Empreendedorismo

Evolução dos resultados


Agora que completamos todas as dimensões de nosso estudo de
viabilidade econômico-financeiro, tudo o que temos a fazer é juntar essas
planilhas em uma só, denominada planilha de resultados.

• Receitas Líquidas – Custos Variáveis = Margens de Contribuição

• Margens de Contribuição – Custos fixos – Investimento = Resultado.

A Planilha de Resultados é, na realidade, a consolidação de todas as


outras planilhas que elaboramos anteriormente, totalizando os resultados
acumulados mês a mês do investimento, receita, despesa e lucro.

Assim, vamos repetir o que fizemos antes: conectar os resultados


das planilhas elaboradas às linhas da seguinte:

Primeiro ano
Planilha 25 - Evolução dos resultados econômicos
e financeiros do negócio como um todo, mês a mês, ano 1 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 26 - Evolução dos resultados econômicos


e financeiros do negócio como um todo, mês a mês, ano 1 (parte 2).

Fonte: o autor.
Empreendedorismo 45

Observe que já aparecem os primeiros resultados do negócio e,


como era de se esperar, não há lucro nos primeiros meses, mas sim um
prejuízo (penúltima linha em vermelho) que se acumula mês a mês, dando
a dimensão do nível de desembolso que terá de haver nos primeiros
meses da operação.

Note ainda que o primeiro ano se encerra com um prejuízo


acumulado da ordem de 400 mil reais, mas, apesar disso, a partir de
agosto os prejuízos mensais começam a declinar em função do início da
operação e suas receitas decorrentes.

Segundo ano
Planilha 27 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros
do negócio como um todo, mês a mês, ano 2 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 28 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros


do negócio como um todo, mês a mês, ano 2 (parte 2).

Fonte: o autor.

Note que, a partir de novembro do segundo ano de funcionamento,


o negócio passa a não mais dar prejuízo. Tecnicamente, dizemos que,
neste mês, o empreendimento atingiu o breakeven. Esse é o primeiro
indício de êxito do empreendimento. Atingir o breakeven é a primeira boa
notícia a ser dada a seus investidores. Podemos afirmar, portanto, que
a ChinaCar atingirá o seu breakeven em 23 meses, ou seja, em pouco
menos de 2 anos. Este é um tempo razoável para um negócio começar a
dar lucro. Claro que esse tempo dependerá bastante do tipo de negócio
46 Empreendedorismo

com o qual se esteja lidando. Mas observe que, no décimo terceiro mês
de funcionamento, ainda não houve o retorno do capital investido. É
justamente sobre isso que iremos falar no próximo tópico.

Terceiro ano
Planilha 29 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros
do negócio como um todo, mês a mês, ano 3 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 30 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros


do negócio como um todo, mês a mês, ano 3 (parte 2).

Fonte: o autor.

Perceba que, a partir de agosto do terceiro ano de operação do


negócio, o capital acumulado passa a ser positivo, ou seja, nesse ponto
da linha do tempo, o negócio chegou a pagar todo o capital investido,
passando, a partir de então, a remunerá-lo. Nesse ponto, dizemos
tecnicamente que o negócio atingiu o ROI (Return of Investment) após 3
anos e meio de operação.

Para alguns negócios, este ROI é considerado muito bom. Para


outros, é insuficiente. Isso dependerá unicamente do perfil dos investidores
que você captou.

Mas, que retorno esse negócio propiciará ao longo de seu ciclo de


vida prospectado, ou seja, após 5 anos? Vamos prosseguir com nossa
planilha até o quinto ano?
Empreendedorismo 47

Quarto ano
Planilha 31 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros
do negócio como um todo, mês a mês, ano 4 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 32 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros


do negócio como um todo, mês a mês, ano 4 (parte 2).

Fonte: o autor.

Quinto ano
Planilha 33 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros
do negócio como um todo, mês a mês, ano 5 (parte 1).

Fonte: o autor.

Planilha 34 - Evolução dos resultados econômicos e financeiros


do negócio como um todo, mês a mês, ano 5 (parte 2).

Fonte: o autor.
48 Empreendedorismo

Chegamos ao término de nosso estudo de viabilidade. Após 5 anos


de empreendimento, pelas nossas previsões (que são falhas), o negócio
terá remunerado o capital em cerca de 250 milhões de reais (a valor
presente). Tecnicamente, dizemos que este capital retornado é o payback
do negócio.

Calculando o capital inicial


Por tudo que aprendemos até aqui, é possível identificar algumas
variáveis determinantes para o planejamento econômico-financeiro
do negócio. Um item importantíssimo é o Capital Inicial necessário ao
negócio.

É através dessa informação que podemos decidir se teremos


ou não que recorrer a capital de terceiros, como bancos de fomento
ou investidores externos. Calcular o capital inicial de um negócio é um
procedimento de alto risco e, quão mais preciso for o seu planejamento,
menores as chances de errar.

E quanto à ChinaCar? Resumindo todos os indicadores de nossa


Agência de Automóveis, sentimos falta de apenas um: Capital de Giro.

DEFINIÇÃO:

CAPITAL DE GIRO: É o valor monetário necessário para


suportar o negócio enquanto esteja dando prejuízo. Já
na área de comércio de bens, o capital de giro pode ser
considerado como sendo a quantidade de recursos
financeiros necessária para custear os estoques enquanto
estes não sejam remunerados pelo cliente.

Então, capital de giro é o recurso financeiro a ser provisionado, em


volume suficiente, para sustentar o prejuízo acumulado até o período
previsto para o breakeven. Foi assim que chegamos a esse número, como
mostra a figura abaixo.
Empreendedorismo 49

Planilha 35 - Evolução do resultado anual da ChinaCar.

Fonte: o autor.

No caso da agência de veículos em questão, note que o capital de


giro pode ser calculado em função do maior déficit acumulado em cada
ano, até que seja atingido o breakeven. Este maior déficit, como podemos
observar na figura acima, é o valor de R$ 663.253,73, atingido no segundo
ano de operação.

Somando o capital de giro ao investimento previsto para a fase de


implantação, teremos então o Capital Inicial necessário para o negócio.
Isso significa que você não deve pensar em abrir esse negócio, com
segurança, sem dispor do capital de 4,7 milhões de reais, pelo menos.
Por fim, analisando o spread (margem) do negócio como um todo, que é a
média das margens de lucratividade mensais ao longo de todo o ciclo de
vida, chegamos a um percentual de 9%.

Análise econômica do negócio


Agora sim, nosso quadro de indicadores econômicos está completo,
como mostra o sumário executivo do investimento a seguir.
Planilha 36 - Sumário executivo do investimento.

Fonte: o autor.
50 Empreendedorismo

Com o quadro apresentado na ilustração acima, é possível


responder a uma importante pergunta: Será que estamos diante de um
bom negócio? Quanto a isso, vamos esboçar algumas considerações:

• O spread de apenas 9% é considerado baixo e pouco atraente para


investidores externos. Recomenda-se, no mínimo, 21%.

• Margens reduzidas como esta aumentam o risco do negócio, pois


qualquer intempérie pode ocasionar prejuízos significativos.

Algumas recomendações:

• Aplique uma margem de 30% a mais no capital de giro necessário.

• Lance um incremento gradual nos custos fixos, da ordem de 20%


ao ano.

• Reduza em 40% a receita esperada a cada mês.

• Se você não dispõe do capital inicial, procure um investidor ou


um financiamento com taxas subsidiadas pelo Governo (até 12%
ao ano).

SAIBA MAIS:

Agora que chegamos ao término de nosso conteúdo


didático sobre empreendedorismo, recomendamos um
aprofundamento sobre como desenvolver um plano de
negócio. Para isso, indicamos a seguinte fonte de leitura
e aprofundamento: Artigo: “Saiba quais são as etapas do
plano de negócio”, Clique aqui.
Empreendedorismo 51

RESUMINDO:

Calcular o capital inicial de um negócio é um procedimento


de alto risco, quanto mais preciso for o seu planejamento,
menores as chances de erro. Com o objetivo de analisar a
viabilidade econômica e financeira do negócio como um
todo, este tópico exemplificou, por meio de um estudo
de caso com dados simulados em planilhas, as respostas
para as questões apresentadas inicialmente: Margem de
contribuição do produto ou serviço a ser comercializado;
Lucro mês a mês ou ano a ano; Ponto de equilíbrio, ou
breakeven; e o Retorno do investimento (ROI ou payback).
Qual o capital inicial realmente necessário para se montar o
negócio? Quanto tempo levará até a receita empatar com
a despesa? Quanto tempo levará até que todo o capital
injetado possa retornar ao bolso de seu investidor, e com
que margem de retorno? A obtenção dos dados possibilita
a tomada de decisão sobre recorrer ou não à capital de
terceiros, como bancos ou investidores externos.
52 Empreendedorismo

REFERÊNCIAS
EQUIPE IBC. Saiba quais são as etapas do plano de negócio.
Disponível em: http://bit.ly/2MkPaXi. Acesso em: 30/12/2020.

MIRANDA, R. B., ALMEIDA, F. M., & SIMÃO, F. P. (2012). Margem de


Contribuição como auxílio à Tomada de Decisão: um estudo na J. M.
Serraria de Divino de São Lourenço/ES. IX SEGeT 2012 - Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia. Disponível em: https://bit.ly/3n0b3I2.
Acesso em: 30/12/2020.

STEPHEN, D. (Jan de 2012). Curso de Excel Básico. Fonte: Youtube:


https://youtu.be/F6c9R8_GBnQ; https://youtu.be/Dwh6NsEYskw;
https://youtu.be/CvWe9_-vJm4; https://youtu.be/pOPP1pyirwQ.

SEBRAE/SC. (2008). Gestão de Custos. Curitiba: SEBRAE/PR.


Disponível em: http://bit.ly/3pMLDQ6. Acesso em: 30/12/2020.

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