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Mercado

Financeiro e de
Capitais
Rosilda do Rocio do Vale

Unidade 2

Ambiente
Financeiro
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
ROSILDA DO ROCIO DO VALE
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
Rosilda do Rocio do Vale
Olá. Meu nome é Rosilda do Rocio do Vale. Sou mestre em
Administração com ênfase em finanças pela PUCPR, especialista
em finanças corporativas e gestão organizacional e graduada em
administração. Possuo experiência na área financeira, adquiridas ao longo
dos anos realizando operações financeiras em empresa de comércio
exterior. Faz sete anos que atuo no ensino superior, em disciplinas
nas áreas de finanças e comércio exterior. Sou apaixonada pelo que
faço. É muito gratificante poder transmitir meu conhecimento e minha
experiência com quem está buscando aprendizado para atingir os seus
objetivos pessoais e/ou profissionais. Por isso fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Seja
bem vindo e conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução ao Sistema Financeiro Nacional.................................... 11
Principais conceitos do sistema financeiro nacional............................................11

Definição de sistema financeiro........................................................................14

Sistema financeiro nacional....................................................................................................19

Conselho Monetário Nacional – CMN.........................................................20

Banco Central do Brasil – BCB ou Bacen..................................................20

Comissão de Valores Mobiliários – CVM...................................................21

O sistema Financeiro Nacional.............................................................. 22


Estrutura do sistema financeiro nacional......................................................................22

Banco Central do Brasil - BACEN....................................................................28

Comissão de Valores Mobiliários – CVM...................................................28

Instituições especiais...............................................................................................29

Bancos comerciais e múltiplos.........................................................................31

Política monetária....................................................................................... 39
Instrumentos de política monetária ................................................................................39

Recolhimentos compulsórios............................................................................41

Operações de mercado aberto........................................................................42

Redesconto bancário e empréstimo de liquidez................................42

Títulos públicos...............................................................................................................................44

Principais indicadores e títulos públicos ..................................................44

Títulos privados...............................................................................................................................48

Característica dos principais títulos privados .......................................49


Mercado Cambial........................................................................................ 53
Preço Unitário (PU) de um ativo..........................................................................................53

Anuidades perpétuas..................................................................................................................53

Taxa Interna de Retorno............................................................................................................55

Taxa Over..............................................................................................................................................56

Mercado cambial............................................................................................................................56

Taxas de câmbio nominal e taxa de câmbio real................................61

Regimes cambiais......................................................................................................62
8 Mercado Financeiro e de Capitais

02
UNIDADE

AMBIENTE FINANCEIRO
Mercado Financeiro e de Capitais 9

INTRODUÇÃO
Você sabia que o mercado financeiro é muito importante tanto para
a vida das pessoas, quanto para as empresas, sejam elas nacionais ou
internacionais? É importante, pois qualquer coisa que ocorra no mercado
financeiro, vai interferir de forma financeira no caixa das empresas ou no
bolso das pessoas em geral. Ultimamente sempre que ligamos a TV em
um telejornal, ouvimos os apresentadores falarem que o dólar apresentou
um alta ou teve uma leva queda, sim é isso mesmo, pois já fazem alguns
meses que o dólar vem se mantendo em alta. E muitas vezes, podemos
até pensar que isso não vai interferir em nosso dia a dia, mais sim. Vai
impactar sim, pois o dólar impacta diretamente no sistema financeiro o
que reflete no meu, no seu bolso e de todos, bem como no caixa das
empresas e nos resultados. Entendeu? Ao longo deste estudo você vai
mergulhar neste universo! Irá aprender quais são os principais conceitos
do sistema financeiro nacional e a estrutura do mesmo e os principais
conceitos dos órgãos que os compõe, além de estudar sobre a política
monetária e o mercado cambial.
10 Mercado Financeiro e de Capitais

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 - Ambiente Financeiro. Nosso
propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de
aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

1. Entender os conceitos do sistema financeiro nacional, bem


como seu impacto no sistema econômico.

2. Entender a estrutura e funcionamento do sistema financeiro


nacional.

3. Compreender o funcionamento da política monetária.

4. Compreender o funcionamento do mercado cambial.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
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Introdução ao Sistema Financeiro


Nacional

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender os


principais conceitos do sistema financeiro nacional, bem como
seu impacto no sistema econômico. Isto será fundamental para
o entendimento dos demais conteúdos que serão abordados.
Bem como no exercício de sua profissão, em especial se você
for atuar no setor financeiro de uma empresa, ou em bancos.
Caso contrário você poderá ter dificuldades no entendimento
dos demais conteúdos, bem como na execução de tarefas do
seu dia a dia no trabalho. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Principais conceitos do sistema financeiro


nacional
Caro estudante, Lagioia (2011) sugere que para falar sobre sistema
financeiro se faça uma abordagem fundamentada nos princípios das
instituições que o formam. Particularmente é representado pelos bancos,
uma vez que rodo o processo de intermediação financeira é baseado nas
suas origens.

VOCÊ SABIA?

Que o primeiro Banco no Brasil foi instalado quando o


Príncipe Regente D. João chegou ao Brasil e, aconselhado
por D. Rodrigo, Conde de Linhares, Ministro da Guerra e dos
Negócios Estrangeiros, determinou a instalação de um banco
“banco de troco” que tinha por finalidade fazer chegar aos
cofres da coroa o ouro disponível em poder do público. Diante
disso, o modelo bancário introduzido no Brasil obedeceu ao
perfil europeu, pela influência da família real.
12 Mercado Financeiro e de Capitais

De acordo com Lagioia (2011) em 12 de outubro de 1808 pelo alvará


do Príncipe Regente é criado o primeiro Banco do Brasil, definido como
banco de depósitos, descontos e emissão e, a partir de 1836 surgiram
novas instituições e também os primeiros bancos estrangeiros. A figura 1
mostra a logo do Banco Brasil, que como já vimos, foi o primeiro banco
brasileiro.

Figura 3 – Logomarca do Banco do Brasil

Fonte: Logo Download

De acordo com Lagioia (2011) o período pós-guerra (1946) foi


marcado pelo crescimento industrial nos estados do sul do Brasil, quando
se iniciava um processo de substituição de importações de bens de
consumo duráveis. Época em que predominava a LEI DE USURA que
limitava os juros a 12% ao ano, o que impedia o governo de financiar o
crescimento industrial através da emissão de títulos públicos. Devido a
isso, a emissão de moeda era a única forma de satisfazer às necessidades
financeiras, o que contribui para acelerar o processo inflacionário. Na
época o sistema financeiro se deparava com deficiências que impediam
um processo de intermediação financeira capaz de mobilizar os
investimentos, o que significa baixo nível de poupança oficializada. Você
não sabe o que é LEI DA USURA? Quer saber mais? Então veja o que diz o
Decreto 22.626 de abril de 1933.
Mercado Financeiro e de Capitais 13

ACESSE:

E leia na integra a publicação original do Decreto 22.626


disponível no link a seguir: https://bit.ly/2WeTsBy

Lagioia (2011) diz que ao mesmo tempo em que a produção de


automóveis, eletrodomésticos et. se expandia, o crédito era carente. E
isso tudo aliado a um processo inflacionário crescente, fazendo com que
não existissem os depósitos a prazo. E diante disso, os fundos disponíveis
para operar eram em depósitos à vista. Sendo assim, por prudência os
bancos só podiam emprestar no curto prazo, sob o risco de promover
um desequilíbrio de seu caixa por saques inesperados. E você? Está
conseguindo associar o que vimos no que se refere produção, risco e
necessidade de recursos, com o que está sendo abordado aqui?

Lagioia (2011) diz que enquanto os bancos remuneravam os


correntistas a vista até o limite de 12%, ou seja, percentual máximo de
juros pagos para os que faziam poupança, eles encontravam uma forma
de burlar quando se tratava de fazer operações de crédito, ou seja,
emprestar para os que necessitavam de recursos financeiros, os bancos
aproveitavam a escassez de recursos em médio prazo que forçava
cada vez mais as operações em prazos mais curtos e, passaram a levar
significativa vantagem, com isso a rentabilidade proporcionada pela alta
rotatividade era conseguida com uma diferença de taxa de até 50% a.a. a
Figura 2 mostra o símbolo da porcentagem, pois sempre que nos referimos
a taxas, e neste caso em específico taxa de juros, elas são representadas
em porcentagem.
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Figura 2 – Símbolo da porcentagem

Fonte: Pixabay

De acordo com Lagioia (2011) diante das situações apresentadas


e outras que ocorreram, viu-se a necessidade de reestruturar o sistema
Financeiro Nacional, por meio de uma revisão geral de normas e
procedimentos, visando a adequação ao momento econômico e, nos
anos 1964/1965 foi realizada a modificação estrutural, com a criação do
Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central do Brasil (BACEN), e
assim constitui a base atual do Sistema Financeiro Nacional (SFN) com a
incorporação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 1979.

Definição de sistema financeiro


De acordo com Pinheiro (2012) o sistema financeiro pode ser visto
como uma rede de mercados e instituições que tem por função transferir
os fundos disponíveis dos agentes superavitários, ou seja, aqueles cuja
renda é maior que seus gastos, para os agentes deficitários, ou seja,
aqueles cujas oportunidades de gastos são maiores que sua renda.
Parece que você já conhece este assunto? Muito bem. Na unidade 1
abordamos sobre noções de economia e finanças e dentre os temas
tivemos a “intermediação financeira”, que tem relação com o tema que
estamos abordando aqui. Vamos recordar um pouco?
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VOCÊ SABIA?

Que em 2019 a produção de automóveis aumentou em 2,3% e


que as vendas cresceram em 8,6%. Quer saber mais? Acesse
o link https://glo.bo/2CdANPE

Será que todas as pessoas compraram os automóveis e pagaram


a vista? Ou precisaram financiar? E a empresa para produzir os 2,3% a
mais de automóveis, talvez precisasse tomar recursos financeiros. Será?
E quantos empregos ela gerou? Você já pensou o que essas pessoas
que foram contratadas para suprir a demanda de produção, fizeram com
sua renda? Em quantos outros setores talvez elas contribuíssem para
aumentar a produção, por exemplo: de alimentos, vestuário, etc. E agora
para finalizar suas reflexões. Pense em tudo o que já abordamos até agora
e veja se você consegue fazer a relação entre (agente superavitário, agente
intermediário e agente deficitário). Viu como é importante? Conseguiu?
Muito bem.

Para melhor compreensão do significado do sistema financeiro,


que tal recordar de alguns conteúdos que você já estudou? Pois bem,
imagine a renda gerada pelos fatores de produção, tais como trabalho,
terra e capital. Esta renda, que pode ser representada pelo salário, aluguel
e juros respectivamente, poderá gerar um excedente ou não. Caso gere
um excedente, poderíamos denominar esta parte de poupança, ou seja, é
a parcela da renda que não foi consumida. Então, aqueles que consomem
menos que sua renda são chamados de agentes superavitários. E aqueles
16 Mercado Financeiro e de Capitais

que estão na posição inversa, ou seja, os que necessitam de poupança


alheia para completar as suas necessidades de consumo ou investimentos
são os agentes deficitários.

Agentes superavitários são os poupadores são pessoas, empresas


e instituições públicas que conseguem poupar e aplicam esses recursos
e recebem uma remuneração, que é representado pelo juro o qual faz o
dinheiro render, e do outro lado temos os agentes deficitários, que são
os que necessitam de recursos financeiros e que também podem ser
pessoas, empresas e instituições públicas, os quais pagam pelo uso dos
recursos tomados, que também é representado pelos juros. Porém, para
que os recursos financeiros dos agentes superavitários cheguem até os
agentes deficitários, existe o agente intermediário, que são as instituições
financeiras (ex. banco) os quais fazem a intermediação financeira.

Pinheiro (2012) diz que sistema financeiro pode ser entendido como
a soma das unidades operacionais que o compõem e dos responsáveis
pelas políticas monetárias, creditícias, cambial e fiscal, que regulam seu
funcionamento, bem como dos fluxos monetários entre os que dispõem
de recursos financeiros e os que deles careçam, para suas atividades
de produção e de consumo. Lagioia (2011) diz que o sistema financeiro
possui outros valores agregados, mas fundamentalmente aproxima os
agentes superavitários dos deficitários ou vice-versa, sem que os mesmos
necessariamente precisem se conhecer. Você já havia parado para pensar
de onde veem os recursos financeiros que o banco lhe fornece para você
financiar seu imóvel, seu automóvel, etc. ou os recursos que financiam
máquinas e equipamentos para as empresas? Para você entender melhor
o que é e o que faz o sistema financeiro, a figura 3 a seguir mostra a
dinâmica do sistema financeiro.
Mercado Financeiro e de Capitais 17

Figura 3 - Dinâmica do sistema financeiro

Fonte: Adaptado pela autora Pinheiro

Você pode ver na figura que as instituições financeiras não realizam


apenas empréstimos e financiamentos, realizam muitas outras operações
financeiras, as quais serão abordadas no decorrer desta unidade, bem
como nas demais unidades. Então, vamos em frente!

Com Lagioia (2011) o sistema financeiro pode ser definido como


um conjunto de mercados, instituições e instrumentos financeiros que
possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores finais para os
tomadores finais. Sendo que os tomadores finais são os agentes deficitários,
18 Mercado Financeiro e de Capitais

ou seja, aqueles que não dispõem de excedente de renda e por isso


necessitam de recursos para gastar com consumo ou investimento, os
quais estão dispostos a pagar juros pelo capital tomado. Enquanto, que
os ofertadores finais são os agentes superavitários, os quais possuem
excedente de renda, ou seja, pretendem gastar menos do que ganham.

E você, é um superavitário ou deficitário? Ou já foi os dois em


diferentes momentos de sua vida?

A figura 4 mostra a moeda brasileira, pois quando falamos em


recursos financeiros ou renda estamos nos referindo ao Real.

Figura 4 – “Real” a moeda brasileira

Fonte: Pixabay

Pinheiro (2012), diz que o sistema financeiro é um dos setores mais


regulamentados no mundo. Isso ocorre porque os governos devem
aumentar a informação disponível aos participantes, garantir o adequado
funcionamento do sistema e melhorar ou exercer o controle sobre a oferta
de moeda. Pinheiro (2012) também diz que o sistema financeiro deve
acompanhar as exigências e modificações acusadas pela economia, pois
se funcionar em sentido oposto, poderá tornar-se um grave obstáculo às
atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade. E agora
você está conseguindo entender por que você teve que aprender noções
de economia e finanças na Unidade 1? Está conseguindo fazer a relação
Mercado Financeiro e de Capitais 19

do que você estudou lá com o que está sendo abordado nesta unidade?
Sim. Muito bem. Então, vamos adiante.

De acordo com Pinheiro (2012) pode-se dizer que as principais


funções de um sistema financeiro na economia são: promover a poupança;
arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes; transformar a
poupança em créditos especiais; encaminhar os créditos às atividades
produtivas; e gerenciar as aplicações realizadas e manter um mercado
para elas.

Sistema financeiro nacional


De acordo com Hoji (2012) o Sistema Financeiro Nacional (STF) é
formado por instituições que têm como finalidade intermediar o fluxo de
recursos entre os poupadores e investidores e os tomadores de recursos,
em condições satisfatórias para o mercado.

De uma forma simples a figura 5 a seguir, mostra como ocorre


a intermediação financeira, ou seja, o sistema financeiro por meio do
agente intermediário capta os recursos financeiros do ofertador final que
é o agente superavitário e aplica junto ao tomador final que é o agente
deficitário .Lhe ajudou?

Figura 5 – Modelo simplificado de intermediação financeira

Fonte: Adaptado pela autora Pinheiro

Hoji (2012) diz que o mercado financeiro é regulamentado e


fiscalizado principalmente pelo Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen) e
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que estão subordinados ao
Conselho Monetário Nacional (CMN).

Rogante (2009), diz que de acordo com o Banco Central do Brasil, em


dezembro de 2005 o sistema financeiro brasileiro contava com 135 bancos.
Diz também que os 20 maiores bancos detinham aproximadamente 80%
do total de ativos do sistema, em 2001 essa concentração era de cerca
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de 77%. A concentração é consequência da competitividade no setor,


obrigando os bancos a atingirem uma maior escala operacional.

REFLITA:

E você é cliente de algum banco? É um cliente que utiliza os


serviços por meio do sistema tradicional (vai até a agência
bancária, enfrenta fila, realiza pagamentos no caixa) ou você é
mais digital e faz tudo pela internet? Você sabe quais foram os
melhores bancos em 2019? Não sabe?

Então veja a reportagem que mostra uma pesquisa “Os cinco


melhores bancos do Brasil em 2019” foi realizada pela Forbes em parceria
com a Estatista e avaliaram os melhores bancos de 23 países, e dentre
eles o Brasil. Ficou interessado, então veja quais foram os cinco melhores
bancos do Brasil e porque foram eleitos. https://bit.ly/3j1k9Dr

Conselho Monetário Nacional – CMN


De acordo com Fortuna (2008) o Conselho Monetário Nacional, é
um órgão normativo e não lhe cabem funções executivas, o mesmo é
responsável pela fixação das diretrizes das políticas monetária, creditícia
e cambial do país. A Medida Provisória 542 de 06/94, que criou o Plano
Real, simplificou a composição da CMN, caracterizando seu perfil
monetário, que passou a ser integrado pelo Ministro da Fazenda, Ministro
do Planejamento, Orçamento e Gestão, e Presidente do Banco Central.
Segundo Hoji (2012) o CMN é o órgão mais importante do Sistema
Financeiro Nacional, ou seja, é a entidade superior do sistema financeiro
e, é presidido pelo Ministro da Fazenda.

Banco Central do Brasil – BCB ou Bacen


De acordo com Fortuna (2008) o Banco Central do Brasil é a
entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema
financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as
Mercado Financeiro e de Capitais 21

disposições que regulam o funcionamento do STF e as normas expedidas


pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O Bacen está sediado em
Brasília, possuindo representações regionais em Belém, Belo Horizonte,
Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Hoji (2012) diz
que a missão institucional do Bacen é zelar pela estabilidade do poder de
compra da moeda e solidez do sistema financeiro.

Comissão de Valores Mobiliários – CVM


De acordo com Fortuna (2008) a Comissão de Valores Mobiliários,
foi criada pela Lei 6.385 em 07 de dezembro de 1976, até aquela data não
tinha uma entidade que realizasse a regulamentação e a fiscalização do
mercado de capitais, especialmente no que se referia às sociedades de
capitais aberto. E a CVM foi fixada como o órgão normativo do sistema
financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina
e a fiscalização do mercado de valores mobiliários, exceto os emitidos
pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional. Segundo Hoji (2012) a
principal atribuição da CVM é a regulação e fiscalização da emissão e
negociação de títulos pelas companhias abertas. Você está lembrado o
que é uma companhia aberta, ou seja, uma empresa de capital aberto?
Lembrou? Isso mesmo, na unidade 1 quando foi abordado sobre decisão
de financiamento, foi colocada uma definição por meio de uma nota.

RESUMINDO:

Neste capitulo foi lhe apresentado, como surgiu o primeiro


banco no Brasil e os principais conceitos sobre o sistema
financeiro nacional. Vale destacar que os agentes deficitários
e superavitários são (governo, empresas e famílias) e que
os agentes intermediários são as instituições financeiras, as
quais possibilitam que os recursos financeiros dos agentes
superavitários cheguem até os agentes deficitários.
22 Mercado Financeiro e de Capitais

O sistema Financeiro Nacional

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender a


estrutura do Sistema financeiro nacional (SFN) e as principais
características das instituições financeiras que o compõem.
A necessidade de conhecimento do sistema financeiro é
crescente ao longo do tempo, explicada pela importância que
exerce na economia e no segmento empresarial de um país,
como também pela maior complexidade que suas operações
vêm apresentando no cotidiano. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Estrutura do sistema financeiro nacional


De acordo com Assaf Neto (2014) o sistema financeiro é composto
por um conjunto de instituições financeiras públicas e privadas existentes
no país, e seu órgão normativo máximo Conselho Monetário Nacional
(CMN), os quais visam transferir recursos dos agentes econômicos
(pessoas, empresas, governo) superavitários para os deficitários.

Assaf Neto (2014) diz que todo o processo de desenvolvimento de


uma economia exige a participação crescente de capitais, os quais são
identificados por meio da poupança disponível em poder dos agentes
econômicos e direcionados para os setores produtivos carentes de
recursos mediante intermediários e instrumentos financeiros. E é em
função desse processo de distribuição de recursos no mercado que se
evidencia a função econômica e social do sistema financeiro.

Segundo Assaf Neto (2014) o Sistema Financeiro Nacional foi


estruturado e regulado pela Lei de Reforma Bancária (1864), Lei do
Mercado de Capitais (1965) e, mais recentemente, com a Lei de Criação
dos Bancos Múltiplos (1988).
Mercado Financeiro e de Capitais 23

De acordo com Assaf Neto (2014) as instituições podem ser


classificadas em dois tipos: bancárias ou monetárias e não bancárias ou
não monetárias.

Segundo Assaf Neto (2014) as instituições financeiras bancárias são


aquelas a quem se permite a criação de moeda por meio de depósitos
à vista, operam basicamente com ativos financeiros monetários que
representam os meios de pagamento da economia. Essas instituições são
representadas fundamentalmente pelos bancos comerciais e múltiplos.
Você sabe o que são Bancos Comercial e múltiplo? Não. Fique tranquilo
que veremos mais adiante.

SAIBA MAIS:

As instituições bancárias (ou monetárias) são aquelas que


podem captar depósitos a vista, e usar esses recursos para
realizarem empréstimos e financiamentos, geralmente
de curto e médio prazo, as pessoas físicas e jurídicas. São
criadoras de moedas escritural através do efeito multiplicador
do crédito. Enquanto que as instituições financeiras não
bancárias (ou não monetárias) não recebem depósito à
vista. A figura 6 exemplifica que os as instituições bancárias
movimentam com moeda, (Real).

Figura 6 – Moeda brasileira atual

Fonte: Pixabay
24 Mercado Financeiro e de Capitais

Conforme Assaf Neto (2014) as instituições financeiras não bancárias,


ao contrário das bancárias, não estão legalmente autorizadas a receber
depósitos a vista e, portanto, não existe a faculdade de criação de moeda.
Essas instituições trabalham basicamente com ativos não monetários,
tais como ações, letras de câmbio, certificados de depósitos bancários,
debêntures, etc. São constituídas por praticamente todas as instituições
financeiras que operam no mercado financeiro, exceto bancos comerciais
e bancos múltiplos. Você consegue identificar a diferença entre as
instituições financeiras bancárias das não bancárias? Vou lhe apresentar
um exemplo de instituições não bancárias, tenho certeza que vai lhe
ajudar. As instituições não bancárias são sociedades corretoras, bancos
de investimento, sociedades de arrendamento mercantil, etc.

Conseguiu entender? Talvez agora você esteja se perguntando


o que são corretoras de valores ou banco de investimento, nunca ouvi
falar. Ouviu sim. Certamente você já deve ter visto na TV os comerciais
da XP Investimentos. Ainda não. Então acesse o link a seguir e você
saberá mais. Pode navegar a vontade, certamente vai lhe agregam muito
conhecimento.

EXEMPLO: https://bit.ly/2OpNcTq

O Sistema Financeiro Nacional é composto por diversas instituições,


as quais segundo Kerr (2011) podem ser agrupadas em dois grandes
subsistemas. Sendo que o primeiro é o subsistema normativo, que edita as
normas que regem o sistema financeiro e fiscaliza suas aplicações, o qual
é composto dos órgãos normativos propriamente ditos e das entidades
supervisoras.

Conforme Kerr (2011) o segundo é o subsistema operador ou de


intermediação financeira, que é composto das instituições que fazem a
Mercado Financeiro e de Capitais 25

intermediação financeira entre agentes superavitários e agentes deficitários


do Sistema Financeiro Nacional. Para que você possa entender melhor,
vou lhe apresentar o conceito de outro autor, o qual detalha melhor cada
um dos subsistemas. Vamos lá, ver o que Assaf Neto tem para nos dizer?

Assaf Neto (2014) diz que subsistema normativo é responsável pelo


funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições, fiscaliza
e regulamenta suas atividades por meio principalmente do Conselho
Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil (Bacen). E a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão normativo de apoio
do sistema financeiro, o qual atua mais especificamente no controle e
fiscalização do mercado de valores mobiliários (ações e debêntures).

Assaf Neto (2014) diz que se enquadram também no sistema


normativo mais três outras instituições financeiras que apresentam um
caráter especial de atuação, assumindo certas responsabilidades próprias
e interagindo com vários outros segmentos do mercado financeiro, como
é o caso do Banco do Brasil (BB), do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal (CEF).

No que se refere ao subsistema de intermediação ou operador,


Assaf Neto (2014) diz que essas instituições são classificadas em bancárias
e não bancárias, de acordo com a capacidade que apresentam de emitir
moeda, instituições auxiliares do mercado e instituições definidas como
não financeiras, porém integrantes do mercado financeiro. Também faz
parte dessa classificação o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos
(SBPE) O que são instituições bancárias e não bancárias, você lembra?
Já abordamos anteriormente nesta unidade. Para que possa melhor
entender a estrutura do sistema financeiro nacional, vou lhe apresentar
a figura 7.
26 Mercado Financeiro e de Capitais

Figura 7 – Estrutura do sistema financeiro nacional

Fonte: Adaptado pela autora


Mercado Financeiro e de Capitais 27

Quer saber mais sobre as diversas instituições que compõem o


sistema financeiro nacional? Vamos lá.

Conselho Monetário Nacional - CMN

De acordo com Assaf Neto (2014) o Conselho Monetário Nacional


é um órgão eminentemente normativo, o mesmo não desempenha
nenhuma atividade executiva. A CMN estabelece as diretrizes para o bom
funcionamento e processa todo o controle do sistema financeiro nacional,
influenciando as ações de órgãos normativos como BNDES. A principal
atribuição do Conselho Monetário é a formulação de toda a política
de moeda e do crédito, que tem como objetivo atender aos interesses
econômicos e sociais do país.

De acordo com Assaf Neto (2014, p. 43) as principais atribuições do


Conselho Monetário são:

•• fixar as diretrizes e as normas da política cambial,


regulamentar as operações de câmbio, visando ao
controle da paridade da moeda e ao equilíbrio do balanço
de pagamentos;

•• regulamentar, sempre que julgar necessário as taxas de


juros, comissões e qualquer outra forma de remuneração
praticada pelas instituições financeiras;

•• regular a constituição e o funcionamento das instituições


financeiras, bem como zelar pela liquidez e solvência;

•• estabelecer as diretrizes para as instituições financeiras;

•• acionar medidas de prevenção ou correção de desiquilíbrio


econômicos, surtos inflacionários, etc;

•• disciplinar todos os tipos de créditos e orientar as


instituições financeiras no que se refere a aplicação de seus
recursos, tendo como objetivo promover desenvolvimento
equilibrado da economia;

•• regular as operações de redescontos e as operações no


âmbito do mercado aberto.
28 Mercado Financeiro e de Capitais

Assaf Neto (2014) diz que o Conselho Monetário Nacional é


atualmente composto pelo Ministro da Fazenda o qual é o presidente,
Ministro do Planejamento e o Presidente do Banco Central.

Banco Central do Brasil - BACEN


Conforme Assaf Neto (2014) o Banco Central do Brasil é o principal
poder executivo das políticas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional
é órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional. Assaf Neto (2014)
diz que se pode tratar o Banco Central como um banco fiscalizador e
disciplinador do mercado financeiro, também é considerado um executor
da política monetária, ao executar o orçamento monetário em um banco
do governo, na gestão da dívida pública interna e externa. O Banco Central
atua em negociações de títulos públicos de emissão do Tesouro Nacional,
tendo como objetivo regular a demanda e a oferta da moeda na economia
e as taxas de juros.

De acordo com Kerr (2011) o Banco Central responde pela defesa


do poder de compra da moeda nacional e, tem como objetivos: zelar pela
adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais em
nível adequado; estimular a formação de poupança; zelar pela estabilidade
e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.

No Brasil a cunhagem (impressão) da moeda é realizada com


exclusividade pela Casa da Moeda, e a emissão da moeda (entrega do
numerário ao sistema bancário) é de responsabilidade do Banco Central.

Comissão de Valores Mobiliários – CVM


Segundo Assaf Neto (2014) a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) é uma autarquia vinculada ao poder executivo (Ministério da
Fazenda), que age sob a orientação do Conselho Monetário Nacional, é
administrada por um presidente e quatro diretores, todos nomeados pelo
Presidente da República. A CVM tem por finalidade básica a normatização,
fiscalização e o controle do mercado de valores mobiliários, representado
principalmente por ações, partes beneficiárias e debêntures, commercial
Mercado Financeiro e de Capitais 29

papers e outros títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizadas


pelo Conselho Monetário Nacional.

De acordo com Kerr (2001) as principais funções da CVM são


assegurar o funcionamento eficiente e regular os mercados de bolsa e
de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir
modalidades de fraude ou manipulação no mercado; assegurar o acesso
do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as
companhias que os tenham emitido; assegurar a observância de práticas
comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; estimulara a
formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover
a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações
e estimular aplicação permanente em ações do capital social das
companhias abertas.

Caro estudante, são muitas informações a respeito da CVM,


infelizmente não é possível abordar tudo aqui neste material, por isso
abordei somente as principais informações, mas sei que você quer saber
mais a respeito da CVM. Por isso, estou lhe disponibilizando o site da CVM
lá você encontrará muitas informações importante que certamente vão
agregar muito para seu conhecimento. Vamos lá? Acesse o link a seguir.
https://bit.ly/3gYV9Li .

Instituições especiais
Conforme você observou na figura que mostra a estrutura do
Sistema Financeiro Nacional (STF), temos as instituições especiais que
são: o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica Federal, agora
vamos saber um pouco mais sobre cada uma dessas instituições.

Segundo Assaf Neto (2014) o Banco do Brasil é uma sociedade


anônima de capital misto, cujo controle acionário é exercido pela União.
No desenvolvimento de suas atividades o Banco do Brasil assume
três funções: agente financeiro do Governo Federal, na execução de
sua política creditícia e financeira e atua sob a supervisão do CMN, e
dentre as operações realizadas ele recebe os tributos e rendas federais,
realiza os pagamentos da União, recebe depósitos compulsórios, bem
como pode executar a política de comércio exterior, etc. A outra função
30 Mercado Financeiro e de Capitais

é de Banco Comercial, quando exerce atividades tais como: mantém


conta corrente de pessoas físicas e jurídicas, opera com caderneta de
poupança, concede créditos de curto prazo aos vários segmentos da
economia, executa operações de descontos, além de outras funções
de bancos comerciais. A terceira função exercida é a de um Banco de
Investimento e Desenvolvimento. É um Banco de investimento quando
operar em algumas modalidades de crédito a médio e longo prazo,
podendo financiar atividades rurais, comerciais, industriais e de serviços.
E atua como Banco de Desenvolvimento quando fomenta a economia de
diferentes regiões, ao atender a suas necessidades creditícias, objetiva o
fortalecimento do setor empresarial do país por meio do apoio a setores
estratégicos e às pequenas e médias empresas nacionais.

De acordo com Pinheiro (2012) o BNDES é um órgão vinculado


ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o
desenvolvimento do Brasil, que resultem na melhoria da competitividade
da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua
população. O objetivo principal dos bancos de desenvolvimento é
proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários
ao financiamento, a médios e longos prazos, de programas e projetos
que visem promover o desenvolvimento econômico e social, conforme
determinação governamental.

De acordo com Assaf Neto (2014) a Caixa Econômica Federal


(CEF) é uma instituição financeira pública que atua de forma autônoma
e apresenta um objetivo claramente social, pois é o principal agente do
Sistema Financeiro de Habitação (SFH), atuando no segmento da casa
própria, principalmente no segmento de baixa renda. A CEF ao longo
do tempo vem alternando os diversos programas de financiamento à
aquisição ou construção da casa própria, procurando viabilizar o acesso
da população mais pobre à moradia.

Assaf Neto (2014) diz que a CEF também executa atividades


características de bancos comerciais e múltiplos, como recebimento
de depósitos a vista e a prazo, cadernetas de poupança, concessão de
empréstimos sob consignação com desconto em folha de pagamento,
Mercado Financeiro e de Capitais 31

etc. Segundo Assaf Neto (2014) os estatutos da CEF preveem outros


objetivos, tais como: administrar com exclusividade os serviços das
lotéricas federais; constituir-se no principal arrecadador do FGTS; ter o
monopólio das operações de penhor. Você sabia que o principal objetivo
da Caixa Econômica Federal é social?

SAIBA MAIS:

Atualmente a Caixa Econômica Federal (CEF) é o maior banco


público da América Latina, focado em grandes operações
comerciais, mas ainda assim não perdendo seu lado social,
pois a mesma é centralizadora de operações como FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), PIS (Programa
de Integração Social) e Habitação Popular (PAR – Programa
de Arrendamento Residencial, por meio de carta de crédito,
FGTS entre outros). É agente pagador do Bolsa-Família, o qual
é um programa de complementação de renda do Governo
Federal e do Seguro Desemprego.

Bancos comerciais e múltiplos


Conforme você já viu na estrutura do sistema financeiro nacional
temos o subsistema de intermediação ou operacional, o qual é composto
por instituições bancárias e não bancárias, as quais atuam em operações
de intermediação financeira, e elas estão divididas em cinco grandes
grupos de instituições (Bancárias; Não Bancárias; Sistema de Poupança
e Empréstimo – SPE; Auxiliares e Instituições Não Financeiras). Que tal
sabermos mais sobre essas instituições?

Assaf Neto diz (2014) diz que as instituições financeiras bancárias,


englobam os Bancos Comerciais, Bancos Múltiplos e Caixas Econômicas.
Então vamos saber quais são as principais características dessas
instituições financeiras bancárias.

De acordo com Assaf Neto (2014) os Bancos Comerciais são


instituições financeiras constituídas obrigatoriamente sob a forma de
sociedades anônimas.
32 Mercado Financeiro e de Capitais

NOTA:

De acordo com o artigo 1º do capítulo 1, da Lei nº 6.404, de 15


de dezembro de 1976, a companhia ou sociedade anônima
terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos
sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das
ações subscritas ou adquiridas.

De acordo com Hoji (2012) os Bancos Comerciais, por suas múltiplas


funções, constituem a base do sistema monetário. Os mesmos são
intermediários financeiros que têm o objetivo de conseguir os recursos
necessários para financiar a curto e médio prazo o comércio, a indústria,
as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas.

No que refere-se às atividades realizadas pelos bancos comerciais,


segundo Assaf Neto (2014) os bancos comerciais têm a prestação de
serviços como uma importante atividade, podendo realizar pagamentos
de cheques, transferências de fundos e ordens de pagamentos, cobranças
diversas, recebimentos de impostos e tarifas públicas, aluguel de cofres
e custódia de valores.

De acordo com Assaf Neto (2014) os bancos vêm apresentando


rápida evolução em sua estrutura de funcionamento, procurando adaptar
suas operações e produtos a um mercado cada vez mais exigente e
globalizado.

Com relação ao tipo de atendimento dispensado, de acordo


com Assaf Neto (2014) as instituições financeiras costumam atuar como
private bank, em que atendem pessoas físicas de elevada renda e/ ou
patrimônio; personal bank, em que dão atendimento a pessoas físicas
de alta renda e, muitas vezes, a pequenas e médias empresas; corporate
bank, são voltados preferencialmente para empresas (pessoa jurídica) de
grande porte. Sei que você está aí tentando lembrar-se de uma empresa
de grande porte. Então vou lhe ajudar, estou disponibilizando o link com
o ranking das 20 maiores empresas brasileiras de capital aberto em 2019.
Vamos acessar e conferir quais são? https://bit.ly/2Ca4WQ2
Mercado Financeiro e de Capitais 33

De acordo com Assaf Neto (2014) o Governo vem incentivando


os bancos a realizarem fusões e incorporações, e assim diminuindo
consideravelmente o número de redes bancárias e promovendo um
acentuado incremento na quantidade de agências. Assaf Neto (2014)
diz que os objetivos de concentração, são para reduzir, via economia de
escala, o custo operacional e, consequentemente, o custo final do dinheiro,
e elevar a eficiência administrativa e produtividade das instituições,
capacitando-os a atuar em contextos de maior competitividade.

Maia (2014) diz que o setor bancário brasileiro foi palco de grandes
fusões, em 1996, havia no Brasil 247 bancos, em 1998, apenas 208. Poucos
foram os liquidados de pelo Banco Central, a grande diferença deve-se
a fusões ou aquisições. Você lembra de algum banco que fez fusão ou
incorporação? Não lembrou? Então vou lhe ajudar, acesse o link a seguir e
leia a matéria sobre a incorporação do HSBC pelo Bradesco.

SAIBA MAIS:

Sobre incorporação do banco HSBC pelo banco Bradesco:


https://bit.ly/2ZpOVyi

De acordo com Assaf Neto (2014) os bancos múltiplos surgiram


como reflexo da própria evolução dos bancos comerciais e crescimento
do mercado. Hoji (2012) diz que os bancos múltiplos foram criados com a
finalidade de racionalizar a administração das instituições financeiras. Pois
várias instituições financeiras do mesmo grupo econômico constituem-se
em uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria,
com a consequente redução de custos operacionais. Um banco múltiplo
pode ter as seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito
imobiliário, de desenvolvimento e de arrendamento mercantil. Assaf Neto
(2014) diz que para que uma instituição seja configurada como um banco
múltiplo, ela deve operar pelo menos duas das carteiras apresentadas,
sendo que uma delas necessariamente deve ser de banco comercial ou
34 Mercado Financeiro e de Capitais

de banco de investimento. Para que você possa melhor entender, o banco


múltiplo é como se fosse vários bancos dentro de um único banco. Ficou
mais claro o que é um banco múltiplo? Que tal, lembrar-se de um ou mais
banco múltiplo.

Os bancos múltiplos podem ser bancos privados ou públicos.


A Caixa Econômica Federal é um banco público e, também um banco
múltiplo, pois ela trabalha com mais de uma carteira.

Está lembrado da figura que mostra a estrutura do Sistema


Financeiro Nacional? Sim? Ótimo, como vimos na figura, no subsistema
de intermediação temos as instituições financeiras não bancárias, é o que
veremos agora. Vamos lá?

De acordo com Assaf Neto (2014) as instituições classificadas como


instituições financeiras não bancárias são as que não apresentam
capacidade de emitir moeda ou meios de pagamentos, como os bancos
comerciais. Dentre elas estão os bancos de investimento; bancos de
desenvolvimento; as sociedades de crédito, financiamento e investimento;
as sociedades de arrendamento mercantil; as cooperativas de crédito,
as sociedades de crédito imobiliário e, as associações de poupança e
empréstimo. Quer saber mais sobre eles? Vamos lá?

De acordo com Hoji (2012) a principal função dos Bancos de


Investimentos é a de intermediar recursos de médio e longo prazo para
financiamento de capital fixo ou de giro das empresas. Esses bancos
não podem captar recursos por meio de depósitos a vista, eles captam
recursos por meio de Certificados de Depósitos Bancário (CDBs) e
Recibos de Depósito Bancário (RDBs), ou pela venda de cotas de fundos
de investimento. Assaf Neto (2014) diz que os bancos de investimentos
podem dedicar-se também a prestação de vários tipos de serviços, tais
como: avais, fianças, custódias, administração de carteiras de títulos e
valores mobiliários, etc.

Hoji (2012) diz que dentre os Bancos de Desenvolvimento, o


BNDES destaca-se como o principal agente do Governo Federal para
financiamento de médio e longo prazo. As instituições de fomento
regionais são o Banco do Nordeste do Brasil e o Banco da Amazônia. Os
Mercado Financeiro e de Capitais 35

bancos de desenvolvimento estaduais são controlados pelos governos


estaduais, e repassam recursos oficiais e externos. Assaf Neto (2014) diz
que os bancos de desenvolvimento apóiam formalmente o setor privado
da economia, por meio principalmente de operações de empréstimos e
financiamentos, arrendamento mercantil, garantias entre outras.

Segundo Assaf Neto (2014) as sociedades de crédito,


financiamento e investimento, mas conhecidas como financeiras,
dedicam-se basicamente ao financiamento de bens duráveis às pessoas
físicas (usuários finais) por meio do mecanismo denominado crédito direto
ao consumidor – CDC. As financeiras podem também realizar repasses de
recursos governamentais, financiar profissionais autônomos legalmente
habilitados e conceder crédito pessoal. Você conseguiu entender o que é
uma financeira? Não? Então vou lhe disponibilizar

De acordo com Hoji (2012) as sociedades de arrendamento


mercantil são mais conhecidas por empresas de leasing. Essas empresas
captam recursos por meio da emissão de debentures e empréstimos
de médio e longo prazo e financia a compra de bens como máquinas e
veículos. Assaf Neto (2014) diz que essas instituições também praticam
operações de cessões de créditos, que consistem na negociação das
contraprestações dos contratos de arrendamento realizados com outras
instituições financeiras.

Os principais tipos de leasing, são: leasing operacional, leasing


financeiro e lease-back.

Assaf Neto (2014) diz que as cooperativas de crédito são instituições


voltadas a oferecer créditos a prestar determinados serviços financeiros
a seus associados. De acordo com a legislação em vigor a cooperativa
de crédito é equiparada a uma instituição financeira, tendo seu
funcionamento regulado e autorizado pelo Banco Central. Os recursos
são captados dos associados através de depósitos a vista e a prazo,
e também de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras
instituições financeiras, bem como podem receber doações. A concessão
de crédito pode ser realizada mediante empréstimos, descontos de títulos
e financiamentos.
36 Mercado Financeiro e de Capitais

Segundo Assaf Neto (2014) as sociedades de crédito imobiliário são


voltadas para o financiamento de operações imobiliárias, que envolvem
a compra e venda de bens imóveis. Também prestam apoio financeiro
a outras operações do setor imobiliário, como vendas de loteamentos,
incorporações de prédios, etc. Os recursos são levantados por meio de
letras imobiliárias e caderneta de poupança.

VOCÊ SABIA?

Que a MRV e Participações S.A. é a maior incorporadora e


construtora brasileira no segmento de empreendimentos
residenciais populares, e já está no mercado a mais de 40
anos.

Conforme Assaf Neto (2014) as sociedades de poupança e


empréstimos (APEs) são instituições financeiras que atuam também na
área habitacional, por meio de financiamentos imobiliários, fazem parte
do Sistema Brasileiro de Poupança (SBPE) atuam de forma restrita em
determinada região e, a principal alternativa de captação financeira é a
caderneta de poupança, cujos depositantes são pessoas físicas.

Você está lembrado que na figura da estrutura do SFN, temos o


Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE, e Assaf Neto
(2014) diz que com a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH),
o sistema financeiro de habitação do Brasil passou a ser constituído
praticamente pelas instituições integrantes do SBPE, que são: Caixa
Econômica Federal, sociedade de crédito imobiliário, associações de
poupança e empréstimos e bancos múltiplos com carteira de crédito
imobiliário. A captação de recursos é identificada principalmente pelas
cadernetas de poupança e pelos fundos do FGTS.

De acordo com a estrutura do SFN no subsistema de intermediação,


estão as instituições auxiliares, que são formadas pelas bolsas de valores,
sociedades corretoras, sociedades distribuidoras e, agentes autônomos
de investimentos. Vamos ver o que os autores têm a nos dizer a respeito
delas?
Mercado Financeiro e de Capitais 37

De acordo com Hoji (2012) as bolsas de valores, de mercadorias e


de futuros são instituições constituídas pelas corretoras de valores para
fornecer a infraestrutura do mercado de ações, mercadorias e futuros.
A principal função da bolsa é a de manter um local adequado para as
negociações de compra e venda de ações, mercadorias e índices.
Esse local chama-se pregão e, as operações feitas fora das bolsas são
chamadas operações de balcão. A única bolsa que negocia ações no
Brasil é a BM&FBovespa, criada em 2008 com a fusão entre a Bolsa de
Mercadorias & Futuros (BM&F) e a Bolsa de valores de São Paulo (Bovespa).

Porém em 22 de março de 2017, a partir de uma fusão da Central


de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) com a Bolsa
de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) foi criada a B3 (Brasil,
Bolsa, Balcão), é uma das principais empresas de infraestrutura de
mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de
balcão, a mesma está localizada na cidade de São Paulo, na rua XV de
novembro no Centro da cidade.

Caro estudante, se você ainda não visitou, sugiro realizar uma visita,
assim que tiver uma oportunidade. Duas vezes no ano eu levo meus
alunos e posso lhe afirmar que vale a pena pelo conhecimento que se
adquire lá, já teve alunos meus que a partir da visita passaram a realizar
investimentos em ações. Ficou interessado e quer saber mais sobre a B3,
acesse o site o que está disponível no link a seguir e navegue a vontade.
https://bit.ly/2ZpPzvI

De acordo com Assaf Neto (2014) as sociedades corretoras são


instituições que efetuam, com exclusividade, a intermediação financeira
nos pregões das bolsas de valores.

No que refere-se as sociedades distribuidoras, Assaf Neto (2014) diz


que são instituições intermediárias de títulos e valores mobiliários, cujo os
objetivos básicos se assemelham aos das corretoras.

Assaf Neto (2014) diz que os agentes autônomos de investimentos


são pessoas físicas credenciadas pelas instituições financeiras
intermediárias (corretoras, distribuidoras, bancos e financeiras) para
38 Mercado Financeiro e de Capitais

atuarem na colocação de títulos e valores mobiliários e outros serviços


financeiros no mercado, recebendo em troca uma comissão.

Vamos recordar a estrutura do SFN, lá temos as instituições não


financeiras, que de acordo com Assaf Neto (2014) as sociedades de
fomento comercial – factoring são empresas comerciais (não financeiras)
que operam por meio de aquisições de duplicatas, cheque, etc, de forma
similar a uma operação de desconto bancário. Hoji (2012) diz que as
factoring não estão sujeitas às normas do Banco Central.

RESUMINDO:

Neste capítulo você aprendeu como que é composta a


estrutura do Sistema Financeiro Nacional e quais são os
principais conceitos e as atividades de cada um dos órgãos
que compõem.
Mercado Financeiro e de Capitais 39

Política monetária

INTRODUÇÃO:

Ao término deste estudo você será capaz de compreender


o funcionamento da política monetária. Irá adquirir
conhecimentos a respeito de quais são os títulos públicos e
privados disponíveis no mercado financeiro. Se um dia desejar
se tornar um investidor já terá os conhecimentos básicos.
Vamos lá aprender!

Instrumentos de política monetária


De acordo com Assaf Neto (2014) a política monetária enfatiza sua
atuação sobre os meios de pagamento, títulos públicos e taxas de juros,
modificando o custo e o nível de oferta do crédito. A política monetária
é geralmente executada pelo Banco Central de cada país, o qual possui
poderes e competência próprios para controlar a quantidade de moeda
na economia. Conforme Assaf Neto (2014) o Banco Central administra a
política monetária por intermédio dos seguintes instrumentos clássicos de
controle monetário: recolhimento de compulsórios; operação de mercado
aberto (open market) e, políticas de redesconto bancário e empréstimos
de liquidez.

De acordo com Assaf Neto (2014) uma política monetária é


expansionista quando eleva a liquidez da economia, injetando maior
volume de recursos nos mercados e elevando, em consequência, os
meios de pagamentos. Com isso, dinamizando o consumo e o investimento
agregados, o que gera reflexos positivos sobre a expansão da atividade
econômica. Essa situação é geralmente adotada em momentos de
retração do nível da economia.

Assaf Neto (2014) diz que por outro lado, uma política é restritiva
quando as autoridades monetárias promovem redução dos meios de
pagamento da economia, retraindo a demanda agregada (consumo e
investimento) e a atividade econômica. As medidas restritivas são tomadas
40 Mercado Financeiro e de Capitais

sempre que o crescimento da demanda e dos investimentos empresariais


se situarem acima da capacidade da oferta de moeda da economia. Essa
política visa restringir a oferta de crédito e elevar seu custo de forma a
adequar ao consumo e o investimento agregado à oferta monetária da
economia.

De acordo com Assaf Neto (2014) devido à falta de sincronização


entre os momentos dos recebimentos e os vencimentos dos compromissos
financeiros, faz com que as pessoas e empresas mantenham dinheiro
disponível em caixa para efetuar seus pagamentos correntes; o dinheiro
deixado em caixa como precaução para despesas imprevistas; e o
aproveitamento de oportunidades especulativas com relação a certos
ativos (ações, imóveis, etc.). Diante dos motivos expostos, pode-se
afirmar que a demanda por moeda numa economia se eleva à medida
que se produz mais renda, ou seja, que a atividade produtiva agrega mais
riqueza. Por outro lado, a procura decresce, quando as taxas de juros
crescem, gerando maiores expectativas de ganhos aos investidores, e
também o aumento intenso do processo inflacionário, o qual destrói a
capacidade de compra da moeda pela alta provocada nos preços dos
bens e serviços. A figura 8 representa que a moeda (dinheiro) pode
induzir ao consumo e investimento e que a velocidade que ela gira é
importante para o equilíbrio.

Figura 8 - Moeda X consumo e investimento

Fonte: Pixabay
Mercado Financeiro e de Capitais 41

Assaf Neto (2014) também diz que a velocidade com que a moeda
circula é relevante no estabelecimento de um equilíbrio monetário, pois
indica como o estoque de moeda está girando na economia. O exemplo a
seguir vai lhe ajudar entender melhor como ocorre.

EXEMPLO: Se Existe um montante de $ 3 bilhão de unidades


monetárias lastreando os fluxos de pagamentos e recebimentos de uma
economia, e cada moeda é utilizada uma única vez no ano, então o lastro
monetário cobre exatamente operações no valor de $3 bilhões. Porém,
se a moeda for utilizada mais de uma vez, sua quantidade será capaz de
financiar um volume também maior de transações. Se a moeda girar duas
vezes, ela será capaz de financiar operações no montante de $6 bilhões;
se girar três vezes viabiliza negócios de $9 bilhões.

Assaf Neto (2014) diz que a velocidade com que uma moeda gira na
economia ajusta-se no tempo pelas taxas de juros, alterações de hábitos
de pagamentos dos agentes (uso do cartão de crédito), expectativas
conjunturais, etc.

Recolhimentos compulsórios
De acordo com Hoji (2012) o Banco Central utiliza o depósito
compulsório para inibir o crescimento indesejado do multiplicador
bancário e regular o nível de expansão monetária.

Assaf Neto (2014) diz que os recolhimentos compulsórios


representam o percentual incidente sobre os depósitos captados pelos
bancos (comerciais, múltiplos e caixas econômicas) que devem ser
colocados a disposição do Banco Central. É um instrumento de controle
monetário bastante eficiente, já que atua diretamente sobre os meios de
pagamentos através do multiplicador bancário.

De acordo com Assaf Neto (2014) sempre que as autoridades


monetárias alterarem as taxas de recolhimento compulsório, é modificado
o multiplicador bancário e, consequentemente, os meios de pagamento
da economia, determinando a expansão ou a retração da atividade
econômica.
42 Mercado Financeiro e de Capitais

EXPLICANDO MELHOR:

Quanto maior o recolhimento compulsório, menor o volume


de dinheiro disponível na economia e maior é a taxa de juros
cobrada pelos bancos nos empréstimos. Enquanto que,
recolhimento compulsório menor libera mais recursos na
economia, elevando a oferta de dinheiro e reduzindo, em
consequência a taxa de juros cobrada.

Operações de mercado aberto


Segundo Assaf Neto (2014) as operações de mercado aberto
(open Market) funcionam como um instrumento bastante ágil de política
monetária a fim de melhor regular o fluxo monetário da economia e
influenciar os níveis das taxas de juros em curto prazo. As operações de
mercado aberto são fundamentadas por meio da compra e venda de títulos
da dívida pública no mercado. Sendo que uma expansão no volume dos
meios de pagamentos da economia eleva a liquidez e reduz as taxas de
juros, então, as autoridades monetárias intervêm no mercado, resgatando
(adquirindo) títulos públicos em poder dos agentes econômicos. Sendo
que, ao contrário ao desejar limitar a oferta monetária (reduzir a liquidez
do mercado) e ao mesmo tempo elevar as taxas de juros vigentes em
curto prazo, a postura assumida é de emitir e colocar em circulação novos
títulos da dívida pública.

Redesconto bancário e empréstimo de liquidez


De acordo com Assaf Neto (2014) o Banco Central costuma realizar
diversos empréstimos para as instituições financeiras, conhecidos
por empréstimos de assistência a liquidez, visando equilibrar suas
necessidades de caixa diante de um aumento mais acentuado de
demanda por recursos de seus depositantes, a taxa de juros cobrada pelo
Banco Central nessas operações é denominada de taxa de redesconto.

Assaf Neto (2014) dia que a taxa de redesconto age, ao mesmo


tempo, sobre o nível de liquidez monetária da economia e, também,
sobre as taxas de juros praticados pelos bancos. Se a taxa cobrada no
redesconto for menor àquela adotada pelo mercado, as instituições
Mercado Financeiro e de Capitais 43

financeiras são incentivadas a elevar a oferta de crédito, porém, se ao


se elevar a taxa de redesconto, reduz-se em consequência, a oferta de
crédito no mercado, incentivando um aumento das taxas de juros.

NOTA:

O instrumento de redesconto é muito utilizado como forma


de incentivar a atividade econômica, elevando a oferta de
empréstimos em longo prazo para determinados setores
estratégicos ao desenvolvimento econômico. No Brasil
essa política vem sendo adotada como auxílio financeiro
aos bancos que passam eventualmente por dificuldades
financeiras, colaborando para o saneamento do seu caixa.

O Quadro 1, mostra um resumo das decisões tomadas para promover


a contração ou expansão da liquidez da economia, pode-se observar que
na 1ª coluna os instrumentos de controle monetário, os quais já foram
conceituados anteriormente, e são utilizados para contrair ou expandir a
liquidez da economia, observe quais são as ações e/ou impactos quando
apresenta maior liquidez e quando se tem menor liquidez.

Quadro 1 - Decisões para contrair ou expandir a liquidez da economia

EXPANSIONISTA RESTRITIVA
Maior Liquidez Menor Liquidez
Aumenta o
Depósitos Diminui o percentual
percentual de
Compulsórios de recolhimento
recolhimento
Governo injeta Governo retira
Mercado Aberto dinheiro na economia dinheiro da economia
Open Market adquirindo títulos vendendo títulos
públicos públicos
Autoridade monetária Autoridade monetária
Política de
reduz a taxa de juro e aumenta a taxa de
Redesconto
aumenta o prazo da juro e reduz o prazo
Bancário
operação da operação

Fonte: Adaptado pela autora


44 Mercado Financeiro e de Capitais

Títulos públicos
De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) os títulos
públicos são a forma pela qual o poder público se financia no mercado
financeiro, com finalidades específicas, como o refinanciamento da dívida
pública, o financiamento do déficit orçamentário, bem como outras
operações com fins específicos e definidos em lei. Os títulos públicos são
acessíveis ao grande público através do sistema do Tesouro Direto.

NOTA:

No Tesouro Direto o mercado tem acesso a um sistema


de negociação de títulos públicos federais em mercado
de varejo, que funciona diretamente com o investidor e, a
operação pode ser feita diretamente pela internet. Uma das
principais características dos negócios com o Tesouro Direto é
que a liquidez é garantida pelo Tesouro Nacional.

Principais indicadores e títulos públicos


De acordo com Assaf Neto (2014) no Brasil os títulos públicos podem
ser emitidos pelos três níveis do poder executivo (Federal, Estadual e
Municipal) com rendimentos Pós-fixados, Prefixados e Indexados ao dólar.
Porém, Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) dizem que na prática os títulos
de grande circulação no mercado financeiro são os títulos federais, os
quais são de responsabilidade do Tesouro Nacional e distribuídos sob
iniciativa do Banco Central do Brasil.

De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) os títulos


públicos são ativos de renda fixa que se constituem em opção de
investimento para investidores em geral. Nos governos federal, estadual e
municipal, as emissões servem para: refinanciar a dívida pública; financiar
o déficit orçamentário e, realizar operações com fina específicos definidos
em lei.
Mercado Financeiro e de Capitais 45

Conforme Assaf Neto (2014) os títulos públicos federais são


adquiridos no mercado primário por instituições financeiras por meio de
leilões, promovidos pelo Banco Central e, posteriormente, podem ser
negociadas no mercado secundário para outras instituições financeiras
ou não financeiras.

Entende-se por mercado primário onde são negociados, pela


primeira vez, os valores são emitidos pelas companhias, ou seja, quem
vende os valores mobiliários (ações, por exemplo) são as próprias
companhias emissoras, as quais utilizam os recursos para financiar seus
investimentos. Esses valores são, em sequência revendidos no mercado
secundário para os investidores em geral. O mercado secundário registra
unicamente a transferência de propriedade dos títulos e valores mobiliários.
O funcionamento do mercado secundário ocorre principalmente nas
Bolsas de Valores, as quais viabilizam aos investidores a oportunidade de
realizarem novos negócios com títulos anteriormente emitidos.

De acordo com Assaf Neto (2014) os títulos pós fixados tem a


rentabilidade atrelada à variação de algum índice de preços previamente
selecionadas ou taxa de juros, alguns dos indexadores são o IPCA, IGPM,
taxa SELIC, e assim por diante. Você lembrou-se desses indicadores?
Isso mesmo, nós já os vimos na unidade 1. Muito bem, vamos em frente.
Assaf Neto (2014) diz que os títulos prefixados não possuem indexadores
e tem a rentabilidade definida no momento da compra, sendo garantida
ao investidor desde que permaneça com o papel até o seu vencimento,
ou seja, não realize venda antecipada.

Segundo Assaf Neto (2014) os títulos federais negociados


no mercado financeiro, visam: à consecução da política monetária
estabelecida pelo Governo, regulando o fluxo dos meios de pagamentos
da economia; financiar o déficit orçamentário e de caixa do governo e;
prover o Governo de fundos para realizar os investimentos públicos
necessários na economia.

Assaf Neto (2014) diz que a gestão da dívida pública federal, interna
e externa, é de responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional
46 Mercado Financeiro e de Capitais

(STN) e que o Banco Central é o agente financeiro do Tesouro Nacional,


e responsável pelos negócios (compra e venda) com títulos mobiliários
internos, visando exclusivamente a execução da política monetária. O
quadro 2, apresenta o principais títulos federais do Tesouro Nacional em
negociação no Brasil, bem como o tipo de rentabilidade e a forma de
resgate de cada um dos títulos.

Quadro 2 - Principais títulos do Tesouro Nacional

TÍTULOS DO
TESOURO PRINCIPAIS INFORMAÇÕES DO TÍTULO
NACIONAL
Títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no
Letras do Tesouro
momento da compra. Forma de pagamento: no
Nacional (LTN)
vencimento.
Títulos com rentabilidade diária vinculada à
taxa de juros básica da economia (taxa média
Letras Financeiras
de operações diárias com títulos públicos
do Tesouro (LFT)
registrados no sistema SELIC, ou, simplesmente,
taxa Selic). Forma de Pagamento: no vencimento.
Título com rentabilidade vinculada à variação do
IGP-M, acrescida de juros definidos no momento
Notas do Tesouro
da compra. Ideal para formar poupança de
Nacional (NTN–C
médio e longo prazo, garantindo seu poder de
série - C)
compra. Forma de pagamento: semestralmente
(juros) e no vencimento (principal).
Título com rentabilidade vinculada à variação do
IPCA, acrescida de juros definidos no momento
Nota do Tesouro
da compra. Ideal para formar poupança de
Nacional (NTN–B –
médio e longo prazo, garantindo seu poder de
série B
compra. Forma de pagamento: semestralmente
(juros) e no vencimento (principal).
Mercado Financeiro e de Capitais 47

Título com rentabilidade vinculada à variação


do IPCA, acrescida de juros definidos no
Nota do Tesouro momento da compra. Não há pagamento de
Nacional (NTN –B cupom de juros semestral, e é ideal para formar
Principal)–série B: poupança de médio e longo prazo, garantindo
seu poder de compra. Forma de pagamento: no
vencimento (principal).
Título com rentabilidade prefixada, acrescida de
Nota do Tesouro
juros definidos no momento da compra. Forma
Nacional (NTN-F)-
de pagamento: semestralmente (juros) e no
série F:
vencimento (principal).
Certificado do Tem como objetivo levantar recursos visando
Tesouro Nacional cobrir déficits orçamentários. É atualizado por
(CTN) um indicador da economia.
O objetivo é atender as finalidades específicas
em lei. O prazo de emissão é definido no
Certificado
momento do seu lançamento, bem como a
Financeiro do
taxa de juro oferecida também é definida na
Tesouro (CFT)
emissão, sendo calculada sobre o valor nominal
atualizado.
Certificado da Tem como objetivo exclusivo a quitação de
Dívida Pública débitos junto ao Instituto Nacional de Segurança
(CDP) (INSS).

Fonte: Adaptado pela autora

NOTA:

O investidor não é obrigado a manter o título até o seu


vencimento, pois a negociação desses papéis ocorre à taxa
do dia, podendo ser diferente da taxa da contratação. Porém o
investidor garante a rentabilidade do título somente se manter
o título até o seu vencimento.
48 Mercado Financeiro e de Capitais

Títulos privados
De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) as ações das
companhias, que circulam nos mercados de bolsa de valores e de balcão
organizado, atingiram novo patamar nos últimos anos, e estão entre as
alternativas de investimentos mais em evidência entre os investidores. Kerr
(2011) diz que no mercado de capitais negociam-se valores mobiliários,
como ações, comercial papers e debentures.

De acordo com Pinheiro (2012) os ativos financeiros podem ser


diferenciados em ativos de renda fixa e ativos de renda variável ou ações.
Sendo que os ativos de renda fixa representam promessas de pagamento
futuros de valores específicos e em datas estipuladas, nesses ativos os
investidores conhecem antecipadamente os fluxos monetários que vão
obter, os títulos de renda fixa podem ser emitidos pelo governo ou por
uma empresa. Enquanto que os ativos de renda variável são aqueles em
que não há um conhecimento prévio dos rendimentos futuros e o valor
de resgate pode assumir valores, iguais ou inferiores ou igual ao valor
aplicado. As ações e as debêntures conversíveis em ações são os produtos
de renda variável de mais destaque e, talvez, os mais popularmente
conhecidos pelos investidores no mercado de capitais.

Pinheiro (2012) diz que as características principais dos ativos


financeiros concentram-se em: liquidez, que é a facilidade e rapidez
em recuperar o valor nominal investido, ou seja, a capacidade de
conversibilidade em outros bens ou ativos; risco, que dependerá de um
conjunto de variáveis relacionadas com o emissor, o mercado e outros
fatores diversos e; rentabilidade, que é a capacidade de ganho que esses
ativos podem auferir aos seus possuidores. Em geral a rentabilidade
depende da liquidez e do risco.

SAIBA MAIS:

Um ativo financeiro é um instrumento que canaliza a poupança


até o investimento. Sendo que as empresas em sua busca por
financiamento podem acudir ao mercado mediante os ativos
financeiros emitindo ações ou emitindo títulos de dívida.
Pode-se dizer que um ativo, consiste em algo que possuímos
e que tem um valor de troca.
Mercado Financeiro e de Capitais 49

Característica dos principais títulos privados


De acordo com Ferreira (2012) as ações são títulos de participação
negociáveis, que representam parte do capital social de uma empresa, ou
seja, as ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social
da empresa que a emitiu e, que confere ao seu possuidor o direito de
participação no resultado da mesma. O acionista é, portanto, proprietário
de uma parcela da empresa, correspondente ao número de ações que
possui. Ferreira (2012) diz também, que as ações são títulos de renda
variável e que apesar da oscilação de preço no curto prazo, é preciso
ter em mente que uma ação é um ativo real que dá direito a participar
da rentabilidade da empresa e, que cedo ou tarde o preço de uma ação
acaba convergindo para a evolução dos lucros. Segundo Cavalcante,
Misumi e Rudge (2009) as ações podem ser negociadas em mercados
organizados (bolsa de valores) e por serem objetos de negociação diária,
os preços das ações podem aumentar ou diminuir de acordo com o maior
ou menor interesse dos investidores.

Caro estudante observe a figura 9 a seguir ela ilustra o painel de uma


bolsa de valores, na qual pode observar que determinada ação aumentou
ou diminuiu, e você pode observar olhando o sinal de positivo ou negativo
junto a cada percentual que aparece na tela, sendo o percentual que está
acompanhado do sinal positivo a ação está operando em alta em relação
ao dia anterior, enquanto que o percentual que está acompanhado do sinal
negativo a ação está operando em baixa em relação ao dia anterior. E dessa
forma uma determinada ação pode render mais ou menos no decorrer de
um dia, dependendo da movimentação da mesma. Essa oscilação pode
ocorrer por diversos motivos, algo que aconteça no mercado interno ou
externo, seja positivo ou negativo. Lembra o que aconteceu com as ações
da Petrobras na época de início das investigações da operação Lava Jato?
Lembrou?

De acordo com Kerr (2011) atualmente as ações funcionam como


uma conta corrente cujos valores são lançados a débito ou a crédito dos
acionistas, e não há movimentação física de documentos, mas nominativa.
Kerr (2012) diz que hoje em dia, no Brasil, há somente ações escriturais
50 Mercado Financeiro e de Capitais

nominativas, as ON (ordinárias nominativas) e as PN (preferenciais


nominativas), que podem ser emitidas em séries diferentes identificadas
pelas letras do alfabeto. Sendo assim. Uma mesma empresa pode ter
ações ON, PNA, PNB.

SAIBA MAIS:

Ações escriturais são ações que não são representadas por


cautelas ou certificados, funcionando como um registro
eletrônico, no qual os valores são lançados a débito ou
crédito dos acionistas, não havendo movimentação física de
documentos. Nesse caso, elas são escriturado por um banco,
também conhecido como escriturador, que é fiel depositário
das ações da companhia, processa os pagamentos de direitos
e resultados e as transferências de propriedade na forma da
lei, comprovando esse processamento através de extratos
bancários.

Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) apresentam algumas


características essenciais das ações: a ação é considerada contabilmente
como um crédito não exigível do acionista para com a companhia; não tem
prazo de resgate; do ponto de vista da companhia, é o instrumento básico
para levantar recursos financeiros a fim de cumprir com seus objetivos
sociais; é representada materialmente por um certificado denominado
cautela; atualmente, é predominantemente em formato escritural, através
de extrato bancário comprovador da propriedade.

De acordo com Kerr (2012) debênture é um título emitido por uma


sociedade anônima, previamente autorizada pela CVM, com a finalidade
de captar recursos de médio e de longo prazo, destinados normalmente
a financiamento de projetos de investimentos ou alongamento de perfil
do passivo, ou seja, são títulos emitidos por empresas quando precisam
captar recursos a médio e longo prazos. Caracteriza-se como um título
de valor mobiliário, com remuneração baseada em taxas de renda fixa.
As debêntures podem ser emitidas por sociedades anônimas ou em
comandita por ações, de capital aberto ou fechado.
Mercado Financeiro e de Capitais 51

As sociedades anônimas de capital fechado geralmente são


empresas familiares e têm um número restrito de sócios portadores das
ações. Já as sociedades anônimas de capital aberto estão necessariamente
registradas na CVM, e são obrigadas a fornecer ao mercado uma série de
informações de caráter econômico, social e financeiro, pois suas ações
podem ser negociadas na bolsa de valores ou no mercado de balcão.

Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) as debêntures estão entre os


mais antigos tipos de investimentos do Brasil e que a legislação original,
do tempo do império, que regula a comunhão de debenturistas, mantém-
se até o momento. Pela legislação atual, a debênture pode ser emitida
por companhia aberta ou fechada, ou por sociedades em comandita por
ações, mas a emissão pública é reservada apenas às companhias abertas
com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Caro estudante, sei do seu anseio por conhecimento e que você


ficou interessado em querer saber mais, então estou lhe disponibilizando
o link no qual você encontrará muita informação referente debêntures.
https://bit.ly/30aSuaM.

De acordo com Assaf Neto (2014) commercial papers, são títulos de


crédito emitidos visando à captação pública de recursos para o capital
de giro das empresas, ou seja, no curto prazo. O título é negociado no
mercado, constituindo-se em importante mecanismo de financiamento
para as companhias de capital aberto. Como vantagem em relação às
operações convencionais de empréstimos, o baixo custo financeiro e a
maior agilidade em tomar recursos no mercado. Além dos juros pagos, a
empresa emitente dos títulos incorre também nas despesas de emissão,
tais como registro na CVM, publicações, etc. Esses títulos são negociados
sem garantia, podendo oferecer garantia de fiança bancária.

Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) dizem commercial papers que


são títulos que podem ter remuneração prefixada ou pós fixada, sendo
que a prefixada é a mais comum. Você já deve ter lido na internet ou visto
em telejornais algo do tipo, o Brasil foi rebaixado por uma determinada
agência de risco. Então para que da próxima vez que você assistir isso na
52 Mercado Financeiro e de Capitais

TV, lei o que está no Saiba Mais, bem como acesse o link que estou lhe
disponibilizando.

De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) nos países


desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, tanto as debentures
como os comercial papers têm um forte mercado secundário, e esses
títulos costuma ser avaliados e classificados pelas agências especializadas
em classificação de risco, principalmente as debêntures. Há inúmeras
agências classificadoras de risco, algumas com nomes bem conhecidos
como: Moody’s, Standard & Poors, Fitc Ratings e Tompson.

ACESSE:

Acesse o link e tenha mais informações a respeito das


agências classificadoras de risco. https://bit.ly/2Wkw0Tr

De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2009 alguns títulos


privados de investimentos, emitidos por instituições financeiras, de
modo a agilizar e respaldar operações de intermediação financeira para
companhias e para pessoas físicas e outras sociedades comerciais, são:
Certificado de Depósito Bancário (CDB); Cédula de Crédito Bancário
(CCB); Cédula de Crédito Imobiliário (CCI); Cédula de Produto Rural (CPR);
Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI); Certificado de Potencial
Adicional de Construção (CEPAC); Letra de Crédito Imobiliário (LCI), etc.

RESUMINDO:

Neste capítulo você teve a oportunidade de aprender sobre


a política monetária, sua importância para a economia, bem
como aprendeu quais são os principais títulos públicos e
privados do sistema financeiro.
Mercado Financeiro e de Capitais 53

Mercado Cambial
INTRODUÇÃO:

Ao término deste estudo você será capaz de compreender


o funcionamento do mercado cambial. Verá que o mercado
cambial inclui as operações de troca de moedas de um
país pela de outro, determinada pela pratica do comércio
internacional, bem como, que ele é controlado pelo BACEN.
Poderá perceber que as alterações no mercado cambiam
impactam na sua renda. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Preço Unitário (PU) de um ativo


De acordo com Assaf Neto (2012) no mercado financeiro brasileiro,
o prazo das operações é geralmente definido para operações da taxa
de juros em contagem de dias corridos, tendo como padrão um ano de
360 dias, sendo o ano base definido em 252 dias úteis. Segundo Assaf
Neto (2012) o preço unitário, ou preço de aquisição, equivale ao valor de
negociação de um ativo no mercado. É calculado, na data da negociação,
pelo valor de resgate (valor nominal) do ativo descontado por uma taxa de
juros referente o risco do investimento (taxa de atratividade do investidor).
Estou lhe disponibilizando o link do site da bolsa de valores B3, para que
tenha mais informações, que certamente serão de seu interesse.
https://bit.ly/2Omw3cX

Anuidades perpétuas
De acordo com Mathias e Gomes (2011) anuidades perpétuas são
aquelas de duração ilimitada. O cálculo de perpetuidade é utilizado dentre
outros para avaliar os valores de imóveis e aposentadoria. Sendo que no
caso de avaliação rápida de imóveis, é necessária a hipótese de que o
imóvel tenha um horizonte de aproveitamento infinito e que renda um
aluguel constante. O cálculo é realizado por meio da fórmula apresentada
a seguir:
54 Mercado Financeiro e de Capitais

P = R / i, ou seja, o principal é obtido dividindo-se o valor do termo


pela taxa de juros.

A Figura 9 ilustra uma pessoa realizando cálculos que podem ser


referentes o valor de um imóvel ou de uma aposentadoria.

Figura 9 - Realizando cálculos

Fonte: Pixabay

Diante das condições apresentadas Mathias e Gomes (2011) dizem


que o valor do imóvel pode ser entendido como sendo o valor atual da
soma dos aluguéis descontados, desconto este à taxa de juros (i) que
representa o ganho que o possuidor do imóvel teria se aplicasse seu
dinheiro a juros compostos no mercado financeiro, ou seja, a taxa de
juros representa o custo de oportunidade do investidor, que é a taxa de
juros que ele receberia na melhor aplicação. O aluguel, portanto, seria
o pagamento pela utilização de um capital (igual ao valor do imóvel),
pagando-se os juros, mas sem devolver o principal, pois o imóvel nunca
pertencerá ao locatário.

EXEMPLO: Se um apartamento está rendendo um aluguel de


R$500,00 por mês e se a taxa da melhor aplicação no mercado financeiro
é de 1% a.m., qual seria uma primeira estimativa do valor do imóvel?
Portanto, admitindo-se as hipóteses de duração ilimitada do apartamento
Mercado Financeiro e de Capitais 55

e de ser o aluguem constante, tem-se: P = 500 / 0,01 → P = R$50.000,00,


ou seja, o imóvel seria avaliado em R$50.000,00.

Taxa Interna de Retorno


De acordo com Kerr (2011) a taxa de interna de retorno (do inglês
internal rate of retun – IRR) é a taxa de desconto que faz o VPL (Valor
Presente Liquido) do projeto ser igual a zero, ou seja, em valor presente,
as entradas de caixa serão iguais, em valor absoluto, às saídas de caixa,
tendo um resultado em VPL igual a zero. Para isso deverá estimar-se o
horizonte de tempo do projeto, os fluxos positivos e negativos, e calculará
a taxa que fará o VPL do projeto ser nulo, essa taxa é a TIR. Com relação a
aceitação ou rejeição, aceita-se o projeto se a TIR for maior ou igual à taxa
mínima de atratividade. A seguir o quadro 4 mostra fluxo de caixa de um
projeto. nele você observa que no momento inicial teve um investimento
de 200 mil reais e o retorno do investimento aconteceu em 5 anos, sendo
que no 1º ano o retorno foi de 45 mil reais, no 2º foi de 75 mil reais, no 3º
foi de 90 mil, no 4º foi de 85 mil e no 5º ano foi de 60 mil reais.

Quadro 3 - Fluxo de caixa do projeto

Investimento Entradas

-R$200 mil R$45 mil R$75 mil R$90 mil R$85 mil R$60 mil

Fonte: Adaptado pela autora

O cálculo da TIR pode ser realizado utilizando a calculadora HP 12C,


ou softwares de planilhas eletrônicas, como o Microsoft Excel. A seguir
será lhe apresentado como realizar o cálculo na calculadora HP 12C.

Como os fluxos de caixas apresentados no quadro 4 são diferentes


um dos outros, utilize as funções CF0 e CFj, fazendo-se CF0 = -200 e CFj
igual a cada um dos fluxos positivos (45,75,90,85 e 60). Depois de inserir
todos os dados, deve-se usar a função IRR para obter a TIR = 21,43% ao
ano.
56 Mercado Financeiro e de Capitais

Neste exemplo a taxa mínima de atratividade era de 20%, portanto


como obteve-se uma TIR de 21,3% ao ano, deve-se aceita o projeto, pois
a é maior do que a taxa mínima de atratividade.

Taxa Over
De acordo com Assaf Neto (2014) a denominada taxa over é uma
taxa de juro nominal com capitalização diária, porém válida somente
para dias úteis, ou seja, sua capitalização ocorre unicamente em dia de
funcionamento do mercado financeiro. A taxa costuma ser expressa ao
mês, obtida pela simples multiplicação da taxa ao dia por 30.

EXEMPLO: Admita que em determinado mês a taxa over esteja


fixada em 2,4%, sendo computados 22 dias úteis no período. Logo a taxa
de juro a ser considerada em cada dia útil é a proporcional de 0.08%, ou
seja, (2,4% ao mês / 30 dias).

Portanto, estando definidos 22 dias úteis no prazo de referência da


taxa over, a taxa efetiva apurada por capitalização composta de acordo
com a fórmula apresentada a seguir, atinge:

EFE (i) = (1 + OVER/30)du – 1 → EFE (i) = (1 + 0,0008)22 – 1 = 1,77%


a.m.

Mercado cambial
De acordo com Lagioia (2011) o mercado cambial é o segmento
financeiro em que ocorrem operações de compras e vendas de moedas
internacionais conversíveis, ou seja, em que se realizam conversões de
moeda nacional em estrangeira e vice-versa.

Kerr (2011) diz que nas transações cambiais o dólar norte-americano


é a moeda internacional dominante. O mercado cambial tem como
principal função a transferência de recursos de um país para outro, a
necessidade da troca de moedas entre dois países surge por diversos
motivos, tais como: comércio exterior (importações e exportações),
Mercado Financeiro e de Capitais 57

despesas de turistas, investimentos estrangeiros (diretos e indiretos),


captação de empréstimos ou aplicações no exterior, entre outros. Caro
aluno, observe que a Figura 10 ilustra uma das necessidades de troca de
moedas entre países, que é a de comércio exterior realizada por meio das
importações e exportações.

Figura 10 - Comércio exterior

Fonte: Freepik

De acordo com Assaf Neto (2014) o Banco Central, de forma mais


específica, atua nesse mercado cambial visando principalmente ao
controle das reservas cambiais da economia e manter o valor da moeda
nacional em relação a outras moedas internacionais. As operações de
câmbio são realizadas entre os agentes autorizados (bancos, corretoras e
distribuidoras, caixas econômicas, agências de turismo, etc.), e entre estes
agentes e seus clientes. A Figura 11 mostra a ilustração da do dólar, moeda
utilizada como na relação de troca entre moeda nacional e estrangeira
“câmbio”.
58 Mercado Financeiro e de Capitais

Figura 11 - Dólar

Fonte: Pixabay

Segundo Kerr (2011) operacionalmente, cada vez mais, as


transferências de recursos de um país para outro, é feita por meio
eletrônico, com isso os mercados cambiais ficaram mais globalizados,
pois as transações exigem somente alguns segundos de execução e
ocorrem 24 horas por dia.

De acordo com Kerr (2009) as taxas de câmbio dependem de


vários fatores interdependentes. Alguns são determinantes das taxas de
câmbio no curto prazo, outros no médio prazo e outros no longo prazo. No
curto prazo, a especulação entre moedas e taxas de juros é um dos mais
relevantes direcionadores de taxas de juros.

EXEMPLO: Na década de 1990, no Japão, a taxa básica de juros


muito baixa causou operação de arbitragem, em que o investidor tomava
empréstimos no Japão em ienes, convertia em dólares e aplicava nos
Estados Unidos, onde as taxas estavam mais altas.

Kerr (2011) diz que no médio prazo, os riscos políticos e os


investimentos internacionais diretos e indiretos são os direcionadores
de taxas de câmbio mais relevantes. O risco político diz respeito à
Mercado Financeiro e de Capitais 59

possibilidade de haver alterações nas regulamentações dos governos,


taxando as entradas e saídas de capital estrangeiro em um país.

EXEMPLO: Em outubro de 2009, o Brasil mudou a regulamentação,


aplicando o imposto sobre operações financeiras (IOF) nas entradas de
moeda estrangeira e, em outubro de 2010, aumentou a alíquota de IOF
duas vezes seguidas, com poucos dias de diferença, na intenção de
segurar a cotação do dólar.

Segundo Kerr (2011) no longo prazo, a paridade do poder de compra


e a paridade de juros são os direcionadores de taxa de câmbio mais
relevantes. A paridade de juros determina qual a taxa de juros de equilíbrio
que torna indiferente para um investidor aplicar seu dinheiro em um ou
em outro país. Já a paridade do poder de compra (PPC) é um conceito
antigo, Ker (2011) diz que em um mercado perfeito, não é possível um
mesmo bem ter preços diferentes, fenômeno conhecido como lei do
preço único. Arbitradores, comprando no lugar mais barato e vendendo no
lugar mais caro, garantiriam que os preços voltassem a ficar iguais. A ação
dos arbitradores causaria uma pressão de demanda no lugar mais barato
e uma pressão de oferta no lugar mais caro, e essas forças tenderiam a
equilibrar novamente os preços nos dois lugares.

Em 2010, a revista The Economic, publicou um interessante índice


denominado “Big Mac Index”, com o intuito de medir a PPC. The Economic
utiliza o preço do sanduíche Big Mac da rede do McDonald’s, (o qual tem
presença mundial e padroniza os ingredientes de seus lanches no mundo
todo). O indicador tinha como objetivo mostrar o quanto as diferentes
moedas do mundo estão distantes de seu valor justo. No estudo a taxa de
câmbio implícita pela PPC é a taxa de câmbio que faria o Big Mac custar
o mesmo preço que custa nos Estados Unidos. Quando foi realizado este
estudo, no Brasil nesse dia, o Real estava 34,7% sobrevalorizado. Pode-se
observar que dentre os países que foram pesquisados, as variações foram
grandes, ficando entre (-39,5%) na Rússia, o que mostra que na época a
moeda da Rússia estava desvalorizada e (34,7%) no Brasil, o que mostra
que na época a moeda brasileira “Real) estava sobrevalorizado.
60 Mercado Financeiro e de Capitais

Se você tiver interesse em saber mais sobre o índice “Big Mac Index”
estou disponibilizando o link do conversor. Ficou curioso? Então acesse o
link oficial ou o traduzido para o português. https://bit.ly/3j1GVLB

No que refere-se a valorização e desvalorização do câmbio,


de acordo com Assaf Neto (2014) um câmbio encontra-se valorizado
quando se necessita de menor volume de moeda nacional para adquirir
um volume de moeda estrangeira, neste caso, o ambiente econômico
mostra-se favorável aos importadores, os quais podem adquirir produtos
por um valor em moeda nacional mais baixo. E o câmbio é definido como
desvalorizado quando é necessária mais moeda nacional para se comprar
moeda estrangeira, neste caso, o câmbio está desvalorizado e, é atraente
aos exportadores, os quais podem receber, em moeda nacional, um
volume maior de moeda para vender seus produtos. Consegui entender?
Ainda tem dúvidas? Vou lhe apresentar um exemplo.

EXEMPLO: A taxa de câmbio expressa uma relação entre uma


moeda e outra. Vamos pegar como exemplo o Real frente ao euro.
Portanto, ao admitir-se que são necessários 2,50 Reais para se adquirir
1,0 Euro, se diz que a taxa de câmbio é de 2,50 Reais por 1,0 Euro. Se
em algum momento forem necessários mais reais para adquirir a mesma
quantidade de euros, conclui-se que a moeda nacional se desvalorizou;
em caso contrário, entende-se que o Real se valorizou frente à moeda
estrangeira. A figura 13 ilustra a valorização ou desvalorização do câmbio,
sendo que podemos necessitar de mais ou menos moeda nacional (real)
para adquirir o mesmo volume de moeda estrangeira.

Figura 12 - Valorização ou desvalorização do câmbio

Fonte: Pixabay
Mercado Financeiro e de Capitais 61

Taxas de câmbio nominal e taxa de câmbio real


De acordo com Blanchard (2011) quando os mercados de bens
são abertos, os consumidores domésticos se deparam com a decisão,
se compram bens domésticos ou bens estrangeiros. De fato todos os
compradores, inclusive as empresas domésticas e estrangeiras e os
governos têm de tomar uma decisão semelhante, que exerce um efeito
direto sobre o produto doméstico. Se os compradores decidem comprar
mais bens domésticos, a demanda por bens domésticos aumenta. Porém,
se decidem comprar mais bens estrangeiros, é o produto estrangeiro que
aumenta em vez do produto doméstico.

Blanchard (2011) diz que o determinante da decisão em comprar


bens domésticos ou bens estrangeiros, é o preço dos bens domésticos
em relação ao preço dos bens estrangeiros. Chamamos esse preço
relativo de taxa real de câmbio. A taxa real de câmbio não é diretamente
observável, e você não encontra em jornais, o que você encontra nos
jornais são as taxa nominais de câmbio, ou seja, o preço relativo da moeda.

Segundo Blanchard (2011) a taxa nominal de câmbio é definida


como o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira, ou
seja, expressa o preço de uma unidade de moeda nacional em relação à
moeda estrangeira ou vice versa.

EXEMPLO: Pode-se dizer que a taxa nominal de câmbio entre a


moeda nacional (Real) e o Dólar é de 4,21 por unidade de dólar ou US$
0,2375 por unidade de moeda nacional. Para definir a taxa nominal de
câmbio foi utilizada a taxa do dólar do dia 29/01/2020. Caso você tenha
interesse em fazer com outras taxas, basta consultar a taxa do dólar da
data que desejar e (dividir 1 pelo valor da taxa do dia).

No exemplo apresentado, temos uma desvalorização da moeda


nacional, pois precisamos de mais unidades de moeda nacional para
comprar a mesma quantia de moeda estrangeira, ou seja, se formos
comprar bens estrangeiros pagaremos mais caro pelos mesmos.

Conforme Blanchard (2011) as taxas de câmbio entre o dólar e a


maioria das moedas estrangeiras mudam a cada dia, a cada minuto do dia
62 Mercado Financeiro e de Capitais

essas mudanças são chamadas de apreciação ou depreciação, podendo


ser nominal ou real. Porém, quando o país opera com taxa de câmbio fixa
, são denominadas valorização (em vez de apreciação) e desvalorização
(em vez de depreciação).

Blanchard (2011) a taxa de câmbio real é definida como a relação


de preços entre o produto nacional e o produto estrangeiro, a mesma é
obtida multiplicando-se o nível de preços doméstico pela taxa nominal de
câmbio e, então divide-se pelo índice de preços estrangeiros

Regimes cambiais
De acordo com Ker (2011) os direcionadores de taxa de câmbio
influenciam no balanço de pagamentos de um país, pois a taxa de câmbio
influencia o fluxo cambial. Pois, há uma interdependência entre o fluxo
cambial e balanço de pagamentos. A influência da taxa de câmbio sobre
o balanço de pagamentos dependerá do regime cambial adotado pelo
país, os regimes mais comuns são os de taxa fixa, taxa flutuante, banda
cambial e flutuação administrada.

De acordo com Assaf Neto (2014) uma taxa de câmbio é fixa quando
tem seu valor atrelado a um referencial fixo, como ouro, dólar ou até mesmo
uma cesta de moedas de diversas economias. As taxas de câmbio fixas
permitem maior nível de certeza ao comércio internacional, por revelarem
previamente, o valor futuro da moeda. No entanto, a manutenção desse
padrão é de maior risco aos governos, obrigando, em momentos de
desequilíbrio, que gastem elevadas somas de suas reservar cambiais para
manter a cotação da moeda nacional.

Segundo Kerr (2011) o Banco Central é responsável por manter


a taxa constante, administrando a oferta de moeda estrangeira. Se
houver uma oferta grande, a tendência e a moeda local se valorizar em
relação à estrangeira e, para manter a taxa constante, o Banco Central
deve intervir no mercado de câmbio, comprando a moeda estrangeira
e vendendo a moeda doméstica (nacional). Porém, isso causará um
excesso de oferta de moeda doméstica, o que tende a causar inflação
Mercado Financeiro e de Capitais 63

e, para conter a tendência inflacionária, o Banco Central vende títulos


recomprando a moeda doméstica. Tendo como consequência a elevação
da dívida pública. Porém neste regime o país pode ficar sujeito a ataques
especulativos se os investidores estrangeiros suspeitarem que o Banco
Central não será capaz de sustentar o câmbio.

De acordo com Kerr (2011) no regime de taxa flutuante, as taxas de


conversão são livremente determinadas pelo mercado e, o equilíbrio é
dado pela lei de oferta e demanda. Sendo, que se houver uma grande
oferta de moeda estrangeira, o ajuste se dará por meio da alteração da taxa
de câmbio. Nesse caso, a moeda local se valoriza, a moeda estrangeira se
desvaloriza e a taxa de câmbio da moeda estrangeira cai.

EXEMPLO: Vamos pegar o Brasil como exemplo. Se o dólar


estivesse cotado a R$2,33 e houvesse um grande fluxo de investimentos
estrangeiros no país, a maior oferta de dólares faria a taxa de conversão
cair, por exemplo, para R$1,73.

Bom, e você deve estar ansioso para saber quais são os impactos,
então vamos ver um impacto positivo (vantagem) e outro negativo
(desvantagem). De acordo com Kerr (2011) a vantagem é que o nível de
reservas em moeda estrangeira não é tão afetado e a política monetária
do governo fica mais independente do câmbio. E desvantagem é que
os importadores e exportadores do país ficam sujeitos a uma maior
volatilidade na taxa de câmbio e, persistindo a tendência de valorização
da moeda interna, o que causará dificuldades competitivas para os
exportadores.

Assaf Neto(2014) diz que, o cambio flutuante permite maior liberdade


às economias na execução de suas políticas monetárias. Atribui, também,
agilidade no tratamento de eventuais desequilíbrios econômicos,
promovendo alterações nas taxas de câmbio em consonância com as
variações da oferta e procura de moeda no mercado. Pois, no modelo
de câmbio flutuante, as taxas acompanham livremente as oscilações da
economia, ajustando-se mediante alterações em seus valores.
64 Mercado Financeiro e de Capitais

SAIBA MAIS:

O equilíbrio de uma taxa de câmbio processa-se pela


interação entre a oferta de divisas em que se situam os agentes
econômicos com disponibilidade de moeda estrangeira para
conversão, e a demanda, em que estão aqueles que procuram
divisas estrangeiras para efetuar pagamento no exterior.

De acordo com Assaf Neto (2014) valorizações e desvalorizações


do câmbio promovem diversas consequências, tais como: uma
desvalorização cambial permite maior competitividade ao produto
nacional no exterior, estimulando as exportações do país; por elevar
a quantidade de moeda nacional necessária para comprar divisas
internacionais, há um encarecimento das importações, desestimulando
essa forma de comércio, e assim por diante.

Assaf Neto (2014) diz que o câmbio flutuante é o regime cambial


atualmente adotado na economia brasileira. Neste regime não está
prevista a obrigação do governo de intervir no mercado, sendo a cotação
das moedas fixada pela livre interação entre forças da oferta e procura, ou
seja, não há uma obrigação do governo em manter o câmbio fixo.

SAIBA MAIS:

Quanto mais dólar estiver em circulação na economia, seja


trazido por investidores, turistas, ou resultado superavitário da
balança comercial, menor o seu valor em relação à moeda
nacional. Ao contrário, se ocorrer maior saída de dólar da
economia, a cotação da moeda se desvaloriza.

De acordo com Kerr (2011) no regime de banda cambial, há uma


espécie de meio-termo entre a taxa fixa e a taxa flutuante, isto é, o banco
central estipula um limite mínimo e um limite máximo, ou seja, uma banda
de flutuação para a taxa de câmbio. Se a cotação cair abaixo do limite
Mercado Financeiro e de Capitais 65

mínimo, o banco intervém comprando moeda estrangeira. Porém, se a


cotação ultrapassar o limite superior, o banco intervém vendendo moeda
estrangeira. Segundo Assaf Neto (2014) o Brasil após um longo período
de turbulências econômicas, adotou durante um período o sistema de
cambial de bandas, que permite uma oscilação da taxa cambial dentro de
certos limites mínimos e máximos estabelecidos. Vamos ver um exemplo
que lhe ajudará entender, como acontecia.

De acordo com Kerr (2011) o regime de flutuação administrada (suja)


é uma variante do regime de taxas flutuante. Porém, a diferença é que
nele o banco central, de surpresa e, portanto, sem uma regra definida,
pode intervir no mercado de câmbio, comprando ou vendendo moeda,
visando a impedir ou aplainar flutuações excessivas nas cotações em
curtos espaços de tempo.

RESUMINDO:

Neste capítulo você pode aprender sobre Preço Unitário,


Anuidades Perpétuas, Taxa Interna de Retorno. Taxa Over,
bem como aprendeu como funciona o mercado cambial.
66 Mercado Financeiro e de Capitais

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 12 ed. São Paulo: Atlas 2014.

ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 12.ed. São Paulo:


Atlas 2012.

BLANCHARD. O. Macroeconomia. 5.ed. São Paulo: Person. 2011.

CAVALCANTI, F.; MISUMI, J. Y.; RUDGE, L. F. Mercado de capitais: o que é,


como funciona. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

FORTUNA, E. Mercado Financeiro: produtos e Serviços. 17. ED. Rio de Janeiro:


Qualitymark, 2008.

HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária: matemática financeira


aplica, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 10. Ed. São Paulo: Atlas,
2012.

LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 3. ed. São Paulo:


Atlas, 2011.

MAIA, J.M. Economia Internacional e Comércio Exterior. 16. Ed. São Paulo: Atlas,
2014.

MATHIAS, W.F; GOMES, J.M. Matemática financeira. 6.ed. São Paulo: Atlas,
2011.

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

ROGANTE, S. Mercado financeiro brasileiro: mudanças esperadas para


adaptação a um ambiente de taxas declinantes. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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Capitais
Rosilda do Rocio do Vale

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