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Introdução a

Fitoterapia
Luciano Senti da Costa

Unidade 03

Processo
produtivo de
plantas medicinais
e medicamentos
fitoterápicos
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
LUCIANO SENTI DA COSTA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
O autor
LUCIANO SENTI DA COSTA

Olá. Meu nome é Luciano Senti da Costa. Sou formado em Ciências


Biológicas e tenho mestrado e doutorado em Farmacologia. Em minha
carreira acadêmica e profissional atuei em diversas áreas laboratoriais
por aproximadamente 25 anos, na parte experimental, na docência e na
pesquisa científica, dentre estas, a Fitoterapia. Atualmente trabalho como
diretor técnico-científico na empresa Studio Educacional DL, além de
exercer consultorias em assuntos relacionados à Biologia para empresas.
Em minha jornada aprendi que o professor deve ser uma pessoa capaz de
conduzir seus alunos ao conhecimento, indicando os melhores caminhos
e colaborando para seu desenvolvimento acadêmico, profissional e como
cidadão. Seguindo este mesmo ideal, hoje faço parte da equipe da Editora
Telesapiens e o material a seguir foi produzido pensando em você! Desejo
que tenha muito sucesso em seus estudos.
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de
aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Processo produtivo de plantas medicinais e medicamentos
fitoterápicos..............................................................................12
Processo produtivo de plantas medicinas ...................................12
Processo de preparação e estabilização da droga vegetal............13
Colheita..........................................................................13
Secagem..........................................................................14
Extração..........................................................................14
Formas farmacêuticas básicas ou intermediárias.........................14
Rasurada.........................................................................14
Pó...................................................................................15
Extratos...........................................................................15
Extratos aquosos............................................................16
Extrato alcoólicos...............................................16
Extratos fluídos..............................................................16
Extratos moles................................................................16
Extratos pilulares...........................................................17
Extratos secos.................................................................17
Extratos secos padronizados..........................................17
Processo produtivo de medicamentos fitoterápicos.....................17
Pesquisa..........................................................................18
Colheita..........................................................................18
Estudos fitoquímicos......................................................18
Controle de Qualidade....................................................20
Plantas Medicinais....................................................................24
Monografia das plantas medicinais..............................................26
Medicamentos Fitoterápicos.....................................................32
Fitoterápicos distribuídos na Rede Pública de Saúde..................33
Formas farmacêuticas para a prescrição de fitoterápicos........34
Uso interno.................................................................................35
Plantas rasuradas............................................................35
Cápsulas.........................................................................36
Envelopes ou sachês.......................................................36
Comprimidos..................................................................37
Pílulas.............................................................................37
Tinturas e extratos fluídos...............................................38
Xaropes e melitos............................................................38
Uso externo.................................................................................38
Pomadas.........................................................................38
Cremes ...........................................................................38
Géis................................................................................38
Loções cremosas............................................................39
Supositórios....................................................................39
Óvulos vaginais...............................................................39
Óleos medicinais.............................................................39
Introdução a Fitoterapia 9

03
UNIDADE

PROCESSO PRODUTIVO DE PLANTAS


MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS
10 Introdução a Fitoterapia

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Fitoterapia possui uma alta demanda de
profissionais especialistas nesta área? Atualmente as pessoas estão mais
preocupadas com a sua saúde e cada vez mais querem utilizar recursos
naturais para a prevenção e tratamento de patologias. O profissional da
fitoterapia atua de forma multidisciplinar e visa o benefício da saúde
humana, através do uso de recursos naturais. O profissional fitoterapeuta
irá estudar a obtenção dos remédios, através das plantas, explorar o
universo da botânica e da farmacologia, prescrevendo e atuando na
área da medicina alternativa, que atualmente está sendo incorporada a
rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta unidade você irá aprender
os processos de produção dos medicamentos oriundos da plantas
medicinais e dos fitoterápicos, irá conhecer as principais plantas medicinais
e suas aplicabilidades, assim como os principais fitoterápicos distribuídos
pelo SUS, você irá conhecer as diferentes formas farmacêuticas e as
prescrições para os fitoterápicos. Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar no universo fitoterápico! Mãos à obra!
Introdução a Fitoterapia 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:
• Conhecer e diferenciar os diferentes processos produtivos de
plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos.
• Aprender sobre a aplicabilidade das Plantas Medicinais.
• Conhecer os principais medicamentos fitoterápicos e suas
aplicações.
• Aprender sobre as diferentes formas farmacêuticas para a
prescrição de fitoterápicos.
O câncer é uma doença muito complexa, por isso exige muita
dedicação para conhece-la. Então? Preparado para uma viagem sem volta
rumo ao conhecimento? Ao trabalho!
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao
conhecimento? Ao trabalho!
12 Introdução a Fitoterapia

Processo produtivo de plantas medicinais


e medicamentos fitoterápicos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de entender
como funciona o processo de produção das plantas
medicinas e dos medicamentos fitoterápicos, este
conhecimento será essencial para o seu desenvolvimento
acadêmico cientifico e profissional. Trata-se de um tema
complexo e que se compreendido de forma adequada,
será um diferencial no seu mercado de trabalho. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Processo produtivo de plantas medicinas


As plantas medicinais, são utilizadas por todo o mundo e por
todas as civilizações, desde os tempos mais remotos a sua principal
utilização era para estabelecer a cura nos enfermos. Assim como nos
alimentos, as plantas medicinais precisam ser conservadas, afinal de
contas, precisamos delas, em todas as épocas do ano, isto quer dizer,
em diferentes estações do ano.

Tabela 1: Plantas Medicinais: parte da planta usada e seu respectivo período de coleta

Parte usada Período de coleta


Brotos Final do Inverno
Caules Outono
Flores Desabrochadas, antes de fecundadas
Folhas Antes da formação do botão floral
Frutos Maduros
Madeira (lenho) Inverno
Raízes, rizomas e Outono
bulbos
Ramos floridos Antes da formação dos frutos
Introdução a Fitoterapia 13

As plantas, assim como todos os seres vivos, possuem seus


processos fisiológicos que são dinâmicos e complexos e realizam
milhares de reações químicas diárias. Imagine o que acontece quando
a planta é colhida? Consequentemente todos os processos fisiológicos
diários, são interrompidos e, é neste momento, que ocorre o processo
de degradação dos seus princípios ativos. Agora, nós vamos conhecer
os diferentes processos de produção e conservação das plantas, que
tem por finalidade estabilizar as drogas vegetais.

Figura 1: Plantas medicinais

Fonte: Wikimedia Commons

Processo de preparação e estabilização da


droga vegetal
Colheita
A colheita é o processo de interrupção dos processos fisiológicos
naturais da planta. É indicado a utilização de planta medicinal logo após
a sua colheita, caso não seja utilizada imediatamente, é necessário
realizar o processo de estabilização o mais rápido possível, para evitar
a deterioração das substancias medicinais. É imprescindível observar as
estações do ano para a colheita, as plantas devem ser limpas e tratadas
antes do seu uso ou do início do processo de estabilização.
14 Introdução a Fitoterapia

Secagem
A secagem é um processo antigo realizado para estabilização das
plantas. A técnica parece relativamente simples, mas requer um processo
minucioso por parte do especialista, pois se não for bem realizada, o
material terá uma qualidade inferior, a planta que ainda contém qualquer
grau de umidade pode favorecer o crescimento de microrganismos,
ficando sujeita a contaminações microbiológicas, presença de fungos e
leveduras e perda dos princípios ativos.

Extração
A extração é a etapa que adicionamos solventes como o álcool
etílico, bebidas alcoólicas (cachaça e vinho), óleos ou vinagres a planta
recém colhida, esta inserção de solventes possibilita a estabilização dos
princípios ativos. Existem diversos exemplos de extração caseira como:
“Cachaça de Catuaba”, “Vinagre de Manjericão”, “Azeite de Alecrim”,
“Tintura de Arnica do Campo” e “Vinho de Ginseng”.
Após a colheita e secagem, a parte de interesse da planta, que pode
ser a raiz, folhas e flores, chama-se de droga vegetal. Esta droga vegetal
irá passar por processos farmacotécnicos, estes processos otimizam
a sua utilização e são necessárias preparações mais sofisticadas. Esta
etapa é chamada de formas farmacêuticas básicas ou intermediárias e
serão utilizadas na preparação para dispensação ao paciente.

Formas farmacêuticas básicas ou


intermediárias

Rasurada
Este processo consiste na fragmentação da droga vegetal por
de meio de moinho. É uma forma preliminar à pulverização, também
indicada como processo inicial para maceração e digestão. A droga
vegetal rasurada é utilizada no preparo de chás pelo próprio paciente.
Introdução a Fitoterapia 15


O pó é obtido através da droga vegetal por meio de moinhos, ao
ponto de pós. Após a pulverização, o pó é passado por um tamis, para
que se torne homogêneo. A farmacopeia determina e alguns casos, o
tamanho da partícula para cada droga vegetal.
Tamis é uma peneira utilizada pela indústria farmacêutica.
A droga vegetal no estado pulverizado é largamente utilizada
como ponto de partida dos processos extrativos pelos seguintes motivos:
• Aumenta a área de contato entre a droga e o veículo extrator;
• Padroniza o tamanho das partículas da droga vegetal e garante
a homogeneidade da extração dos princípios ativos (PA);
• Acelera o tempo de extração dos PA.
A droga vegetal pulverizada, ou seja, o pó, também é o ponto
inicial de formas farmacêuticas para administração ao paciente, como
comprimidos e cápsulas.

Extratos
Os extratos são compostos por preparações concentradas, são
obtidos de drogas vegetais e animais, frescas ou secas, por meio de um
dissolvente próprio, seguido de sua evaporação total ou parcial e ajuste
do concentrado a padrões estabelecidos.
Este processo de obtenção de extratos se dá por difusão
osmótica e pode ser feita por decocção, infusão, digestão, maceração,
percolação, ou até mesmo pelas expressão das partes das plantas
frescas, de acordo com a técnica indicada para cada caso.

EXPLICANDO MELHOR
A difusão de solvente, chama-se de osmose, a osmose é
o processo em que a água move-se sem gasto de energia
pela célula, neste caso, do meio menos concentrado.
16 Introdução a Fitoterapia

Extratos aquosos
É um processo de extração no qual utiliza-se água como
veículo extrator. Nestas preparações observa-se um pouco tempo de
conservação e por este motivo, não devem ser estocadas. O infuso é
preconizado para as partes mais “moles” das plantas, como as folhas e
flores. Obtemos o infuso, vertendo água quente sobre a planta.
O decocto é indicado para as partes mais “duras” das plantas
como rizomas, raízes e cascas, sendo obtido através da fervura da planta
no tempo indicado.
Decocção é uma técnica de laboratório para análise química,
que consiste em manter um material vegetal em contato durante certo
tempo com um solvente em ebulição.

Extrato alcoólicos
O extrato alcoólico ou tintura é a preparação que resulta da
extração por maceração ou percolação das substancias medicinais da
planta. O veículo utilizado é uma mistura hidroalcoólica em diferentes
graduações especificada nas monografias das plantas.
As tinturas oficiais encontram-se em concentração de 20%, ou
seja, 20g de droga vegetal para 80g de veículo hidroalcoólico, à exceção
de plantas consideradas heroicas, no qual a concentração é de 10%.

Extratos fluídos
Estes extratos são obtidos através da evaporação do extrato
alcoólico ou aquoso, e a temperatura não deve exceder 50ºC, até atingir
a concentração 1:1.

Extratos moles
Estes extratos apresentam-se numa consistência de mel e são
obtidos pela evaporação do extrato alcoólico ou aquoso, sendo que sua
temperatura não deve exceder os 50ºc, e seu peso não pode ultrapassar
de 15 a 20% de seu peso em água.
Introdução a Fitoterapia 17

Extratos pilulares
Estes extratos contem a consistência de uma massa pilular, ele
e obtido através da evaporação do extrato alcoólico ou aquoso, sua
temperatura não deve ultrapassar 50ºc e não deve exceder 10 a 15% de
seu peso em água.

Extratos secos
Estes extratos apresentam-se sob forma de pó, são obtidos
pela evaporação do extrato alcoólico ou aquoso, sob temperatura e
pressão controlada, não podendo exceder 5% de seu peso em água. As
farmacopeias determinam que os excipientes que devem ser utilizados
para o ajuste de concentração da extração para atingir o teor padrão de
princípios ativos de planta. Os excipientes recomendados são: amido,
açúcar, carbonato de magnésio, óxido de magnésio, fosfato tricálcico,
ou o resíduo a extração reduzido a pó.

Extratos secos padronizados


O teor dos princípios ativos pode variar muito dentro da mesma
espécie de planta, em função dos fatores como época de colheita,
condições do clima e do solo e as técnicas de manejo. Os extratos
vegetais “padronizados” surgiram com o objetivo de garantir a qualidade e
padronização dos aspectos fitoquímicos da droga vegetal, neste sentido,
a indústria farmacêutica, poderia desenvolver produtos fitoterápicos que
tivessem os requisitos preconizados, de qualidade, eficácia e segurança
que são exigidos para qualquer medicamento.

Processo produtivo de medicamentos


fitoterápicos
O processo de produção dos medicamentos fitoterápicos envolve
as etapas iniciais do processo produtivo de plantas medicinais, mas com
18 Introdução a Fitoterapia

algumas características peculiares, vamos aprender sobre estas, sendo


semelhante ao processo produtivo de plantas medicinais.

Pesquisa
Primeiramente realiza-se uma pesquisa na literatura cientifica e
nos catálogos internacionais sobre a planta em especifico, em paralelo
realiza-se uma pesquisa sobre a etnobotânica. Você pode também
realizar uma pesquisa de quimiotaxonômica, neste tipo de pesquisa você
irá estudar o aspecto morfológico, este aspecto pode revelar a presença
de determinados grupos químicos que tenham atividade farmacológica.

Colheita
Após a pesquisa, é necessário que se realize a colheita do
espécime da planta, faz-se uma identificação botânica e o registro em um
museu ou herbário. A seguir remete-se o vegetal aos estudos botânicos,
que tem por finalidade a identificação da espécie vegetal, por meio da
análise das características anatômicas, é importante a realização do
estudo das características botânicas comparativas, este tipo de análise
nos permite detectar a presença de uma ou mais espécies no mesmo
organismo.
Realizada o estudo botânico é necessário um estudo agronômico,
este estudo irá analisar a se existe possibilidade de produção abundante
e homogênea de matéria-prima, preservando a espécie e biodiversidade.

Estudos fitoquímicos
Os estudos fitoquímicos compreendem as etapas pós colheita
como a compreensão estrutural e identificação dos constituintes mais
importantes da planta, principalmente de substâncias originárias do
metabolismo secundário. Esses conhecimentos permitem identificar a
espécie vegetal, juntamente com ensaios de atividade biológica, analisar
e caracterizar frações ou substâncias bioativas.
Para o desenvolvimento dos fitoterápicos é necessário o
estabelecimento dos marcadores químicos, estes são essenciais para o
Introdução a Fitoterapia 19

monitoramento das ações que consistem na transformação da matéria,


em conjunto com os estudos de estabilidade dos produtos intermediário
e final. Para isso, o conhecimento da estrutura química é fundamental
para o armazenamento e utilização dos fitoterápicos, pois existem
substâncias por exemplo que são facilmente degradáveis por fatores
como a luz, calor e solventes, atrelados ao processo tecnológico.
A análise da atividade biológica inclui a verificação da atividade
farmacológica e toxicológica das substâncias isoladas, de frações
obtidas ou extratos totais da droga vegetal. A necessidade de constatar
e verificar a atividade biológica de uma planta e dos produtos derivados
pode ser abordada de duas formas.
O primeiro, é investigar uma sequência de aspectos, iniciando
pela seleção das ações farmacológicas atribuídas à planta. Quando
selecionamos a atividade farmacológica específica a ser explorada,
identificamos o farmacógeno, e quais são os princípios ativos que
podem ser utilizados de forma terapêutica. Logo em seguida, identifica-
se a concentração e potência da substância ativa em questão, e neste
momento, podemos realizar uma busca da presença de substâncias que
podem ser relativamente tóxicas a nossa fração de interesse.
O segundo ponto, nos diz respeito ao estabelecimento de
estratégias de desenvolvimento tecnológico, no qual a sua validação
exige a conservação da composição química e, sobretudo, da atividade
farmacológica a ser explorada. O conhecimento dos aspectos de
atividade biológica do vegetal é requisito essencial para a transformação
da planta medicinal no produto fitoterápico, sendo necessário também
explorar os estudos que permitem o desenvolvimento de melhorias
nas metodologias analíticas. Esses métodos permitem a avaliação
da qualidade do produto fitoterápico, promovem a garantia da ação
terapêutica e a segurança de na sua utilização.
É importante lembrar que para mantermos todos esses
fatores relacionados a qualidade, temos que avaliar o teor de
substância ou grupo de substâncias ativas e o perfil qualitativo dos
constituintes químicos de interesse, presentes na matéria-prima
vegetal, produtos intermediários e produto final; por meio de métodos
espectrofotométricos, cromatográficos, físicos, físico-químicos ou
20 Introdução a Fitoterapia

químicos, devendo possuir especificidade, exatidão, precisão e tempo


de rotina analítica, viabilizando-se que o mesmo possa ser utilizado em
estudos de estabilidade, permitindo, inclusive, a detecção de produtos
oriundos da degradação das substâncias ativas ou dos marcadores
químicos.
Inclui-se nesta avaliação o estudo das características físicas
e físico-químicas dos produtos já transformados, em virtude de que
estas características podem interferir sobre o perfil biofarmacêutico
do produto fitoterápico. Além disso, a utilização de métodos analíticos
visando à quantificação de substâncias ativas ou de referência bem
como de aspectos relativos à forma farmacêutica são essenciais para a
obtenção da homogeneidade dos lotes de produção.
Farmacógeno é a porção vegetal ou animal, onde localiza-se os
princípios ativos com finalidade terapêutica.

Controle de Qualidade
Após a produção dos fitoterápicos, todas as etapas analíticas
foram realizadas, estando os procedimentos e etapas de processamento
alinhados com a legislação vigente. A obtenção de produtos
fitoterápicos, quer seja em escala oficinal, hospitalar ou industrial, requer
conhecimentos e habilidades específicas dos três pontos do ciclo de
produção de medicamentos.
Tais conhecimentos e habilidades devem relacionar-se,
objetivando a produção de produtos farmacêuticos adequados, de
acordo com os conceitos atuais de qualidade, que são o nível de
satisfação do produtor e usuário do medicamento e o cumprimento de
requisitos pré-fixados que conduzem à sua total adequação ao fim a que
se destinam. Portanto, o conhecimento do que se pretende fazer deve
ser correlacionado às normas que permitam alcançar o objetivo traçado,
para alcançar a qualidade total.
O insumo é o conjunto de bens e serviços que permite, por
meio das ações de transformação, a obtenção do medicamento. É
imprescindível que o produtor conheça detalhadamente as matérias-
primas empregadas a fim de estabelecer, para cada uma delas, uma
Introdução a Fitoterapia 21

monografia completa, que vai servir como documento básico para


o estabelecimento da ficha de especificações para aquisição, dos
protocolos de controle de qualidade e das instruções para suas
transformações. De acordo com o tipo de matéria-prima, deverão ser
determinados os controles de qualidade e tomados os cuidados de
conservação e manipulação para cada fitoterápico em produção.
O conhecimento dos adjuvantes empregados deverá abranger,
em primeiro lugar, as especificações adequadas de conservação e
manipulação. Para manter o material embalado de forma correta, é
necessário que se tenha um conhecimento detalhado da composição
do material. A sua reatividade, representada pela capacidade de
absorver substâncias, de ser permeável a gases ou vapores no sentido
do ambiente ou do interior da embalagem ou de ceder componentes
para o produto, pode comprometer a qualidade do produto final.
As técnicas de produção e de controle de qualidade devem estar
alinhadas e correlacionadas para que ocorra o controle completo das
operações. A área física da empresa, atendendo à escala de produção,
objetiva a adequação de cada área ao tipo de ação que será desenvolvida.
Na produção de produtos fitoterápicos, o planejamento das áreas deve
ser priorizado os setores que trabalham com à preservação da qualidade
físico-química e microbiológica, quer da matéria-prima ativa, quer dos
produtos intermediários e final.
A validação dos equipamentos, é um conjunto de ações que
visam verificar o correto funcionamento dos mesmos, e a manutenção
preventiva complementam as atitudes necessárias de conformidade às
boas práticas de produção que deve ser de acordo com o Procedimento
Operacional Padrão (POP). É no POP, que encontramos os parâmetros
de operação a serem mantidos e determinam as técnicas de controle
de qualidade a serem executadas. A obtenção de formas farmacêuticas
derivadas de matéria-prima vegetal necessita de um planejamento
inicial, com a finalidade de planejar o manejo da matéria-prima vegetal
e demais adjuvantes de acordo com as especificações dos mesmos,
além da determinação sequencial das ações de transformação e
monitoramento dos pontos e metodologias de controle mais apropriados.
22 Introdução a Fitoterapia

Normalmente o produto intermediário que inicia o processamento


da forma farmacêutica classifica-se como preparação complexa, trata-se
de um produto oriundo da transformação da planta ou do farmacógeno.
Dependendo da disponibilidade de mercado, a matéria-prima pode ser
um extrato ou produto derivado, contendo adjuvantes farmacêuticos
ou não. Este requer uma série de operações de transformação. A
transformação do material vegetal para um produto tecnicamente
elaborado, que pode ser intermediário ou acabado, implica a utilização
de operações de transformação tecnológica.
A complexidade do processo e o número de operações
envolvidas estão determinados pelo grau de transformação tecnológica
requerido, que pode ser mínimo, como é o caso de pós e drogas
rasuradas destinados à preparação de chás; ou bem maior, quando o
objetivo é obter frações purificadas ou fórmulas sólidas revestidas.
Para cada uma das etapas do processo tecnológico, a escolha de uma
operação específica é determinada pelas características físicas e físico-
químicas do produto a ser obtido, pela natureza da matéria-prima a ser
transformada e pelo volume de produção exigido.
A garantia de qualidade do material vegetal a ser processado é
fundamental na preparação de fitoterápicos, devendo considerar-se
aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e de pureza. Por esse
motivo, além do teor de substância ativa e intensidade das atividades
farmacológica e toxicológica, outros aspectos de qualidade a serem
avaliados são a carga microbiana, contaminação química por metais
pesados, pesticidas e outros defensivos agrícolas, e presença de
matéria estranha, como terra, areia, partes vegetais, insetos e pequenos
vertebrados ou de produtos oriundos destes.
O medicamento fitoterápico é o produto acabado contendo
o derivado vegetal e demais veículos farmacêuticos. Podem ser
encontrados nas formas de xaropes, drágeas, comprimidos, cápsulas ou
sachês para uso oral e na forma de cremes, pomadas para aplicação
tópica. É o produto obtido de matéria prima ativa vegetal, exceto
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa,
incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico,
Introdução a Fitoterapia 23

podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única


espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente
de mais de uma espécie vegetal.

RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Primeiramente você
deve ter aprendido sobre o processo produtivo das plantas
medicinais, este processo é totalmente dependente das
estações do ano, vimos que as plantas passam por várias
etapas para a estabilização da droga vegetal, que será o
princípio ativo usado posteriormente, estas etapas incluem:
a colheita, a secagem da planta e a extração propriamente
dita. Após a extração é possível trabalhar com esta planta e
transformá-la em diferentes formas como: rasurada, pós e
extratos, este último diversas subclassificações. Depois que
você aprendeu as várias etapas do processo produtivo das
plantas medicinais, nós vimos algumas particularidades do
processo produtivo de fitoterápicos. O processo produtivo
de fitoterápicos em algumas etapas como a colheita,
secagem e extração são similares as etapas do processo
produtivo das plantas medicinais, mas nos produtos
fitoterápicos temos algumas particularidades como:
primeiramente após a colheita, deve ser realizado uma
extensa pesquisa sobre a planta de interesse, passando
por estudos botânicos e agrônomos, sequencialmente a
planta passará por estudos fitoquímicos, com o objetivo
de avaliar a toxicidade a atividade farmacológica e a
fisiologia da planta, afinal de contas, temos que conhecer
tudo sobre ela, pois ela irá torna-se um futuro fitoterápico
que irá auxiliar os pacientes na prevenção e tratamento
das doenças. Após todos os estudos realizados, este novo
princípio ativo, terá que ser submetido a alguns parâmetros
para análise da sua qualidade, pois assim como todos os
medicamentos, o fitoterápico não pode gerar nenhum tipo
de risco a população. Ufa! Quantas informações! Espero
que vocês tenham gostado! Agora, vamos conhecer um
pouco mais sobre as plantas medicinais! Vamos em frente!
24 Introdução a Fitoterapia

Plantas Medicinais
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo você será capaz de entender
a importância das plantas medicinais, pois são elas que
nos fornecem a matéria prima ativa para a fabricação dos
medicamentos fitoterápicos, além disso, você conhecerá
as principais plantas medicinais empregadas nos diferentes
sistemas biológicos humano. Trata-se de um tema
complexo e que se compreendido de forma adequada,
será um diferencial no seu mercado de trabalho. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Para o estudo dos fitoterápicos é essencial falarmos sobre as


plantas medicinais e o seu potencial farmacêutico, muitos dos fármacos
são derivados de forma direta ou indiretamente de produtos oriundos de
plantas superiores. O conhecimento sobre plantas foi um dos primeiros
estudos da humanidade, pois era necessário coletar raízes, folhas e
frutos, destinados a alimentação e a cura dos males. Imaginem vocês
que o primeiro estudo sistemático de plantas medicinais foi realizado,
cerca de 2.700 anos A.C, durante o império Shennung. Durante este
império foi encontrado cerca de 365 drogas vegetais mencionadas no
Inventário de Shennung, encontram-se espécie, tais como Ephedra,
Ricinus communis além do ópio de Papaver somniferum. Espécies
estas que fornecem respectivamente efedrina, óleo de rícino e morfina,
princípios ativos conhecidos e utilizados até os dias atuais para os
mesmos propósitos.
O termo planta medicina foi oficialmente reconhecido, durante
a 31ª Assembleia da OMS, sendo então definido como “aquela que
administrada ao homem ou animais, por qualquer via ou sob qualquer
forma, exerce alguma espécie de ação farmacológica”. Baseado na
definição anterior e, considerando a finalidade da sua utilização e a
forma de uso das plantas medicinais, estas podem ser classificadas
como aquelas destinadas:
1. À obtenção de substâncias puras;
Introdução a Fitoterapia 25

2. À produção de fitoterápicos;
3. À utilização na medicina caseira.
Atualmente, apesar de várias drogas clássicas serem derivadas de
plantas terem perdido muito espaço para os fármacos de origem sintética,
outras têm aparecido e recebido atenção especial em aspectos clínicos
e terapêutico. Vislumbramos a reutilização de fármacos derivados de
fontes vegetais, quando observamos o progresso das pesquisas clínicas,
na área dos agentes anticancerígenos, como a utilização do taxol,
podofilotoxina e camptotecina, a presença das plantas medicinais no
combate aos parasitas como a malária, através da artemisinina.
Para você ver a grande amplitude que as plantas medicinais
atingem, de acordo com a OMS, atualmente, 80% da humanidade
dependem da medicina tradicional para tratamento de doenças. Isto
corresponde a aproximadamente 5 bilhões de pessoas e, ainda de
acordo com a OMS, 85% desta medicina tradicional envolvem o uso de
extratos vegetais.
E quando analisamos a utilização das plantas medicinais, dentre
os 520 fármacos aprovados em um período de 10 anos pela FDA, 196
vieram de forma direta ou indiretamente de fontes naturais. Existem
vários exemplos de fármacos oriundos de plantas medicinais, mas
podemos destacar a utilização de alguns como: a aspirina, a codeína,
a digitoxina e o eugenol. Além destes, pode-se ainda destacar a
podofilotoxina, isolada de Podophylum peltatum, que possui dois
derivados semi-sintéticos: o etoposide, empregado no tratamento de
câncer de testículo e certos tipos de câncer de pulmão, e o teniposide,
que tem emprego no tratamento leucemia linfoblástica aguda, linfoma
não-Hodgkin e neuroblastoma e não obstante é necessário salientar o
uso do psolarem, uma cumarina isolada de Psorelea corylifolia, que tem
sido utilizada em pacientes com vitiligo.
Além destas, mas talvez uma das formas mais significativas do
uso de fontes vegetais seria o uso dos alcaloides da vinca, vincristina
e vimblastina. Estes alcalóides são utilizados em todo o mundo. A
vincristina é utilizada no tratamento de câncer de pele e em condições
não cancerosas também, existem relatos da sua utilização no câncer de
mama, testículo e linfoma. Atualmente são conhecidas 119 substancias
26 Introdução a Fitoterapia

que são extraídas de cerca de 90 espécies, sendo que existem


aproximadamente 250.000 espécies vegetais, ou seja, ainda temos
muito para explorar no campo das plantas medicinais.

Monografia das plantas medicinais


Para que se entenda a fitoterapia, é necessário o conhecimento
das plantas medicinais, para isso, organizamos algumas plantas de
importância médica com seus nomes populares e científicos, e sua área
de atuação nos sistemas fisiológicos humanos. Segue em seguida esta
organização de forma completa, chamada de monografia das plantas
medicinais.
Introdução a Fitoterapia 27

Quadro 2: Plantas medicinais aplicadas no tecido nervoso e digestório

Sistema Nervoso Sistema Digestório


Abóbora (Cucurbita pepo)
Alcachofra (Cynara scolymus)
Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra)
Alecrim (Rosmarinus officinalis)
Alevante (Mentha x piperita)
Alho (Allium sativum)
Artemísia (Artemisia vulgaris)
Camomila (Matricaria chamomilla)
Boldo (Plectranthus barbatus)
Capim-limão (Cymbopogon
Boldo-do-chile (Peumus boldus)
citratus)
Camomila (Matricaria chamomilla)
Crataego (Crataegus oxyacantha)
Canela (Cinnamomum zeylanicum)
Erva-cidreira (Lippia alba)
Carqueja (Baccharis trimera)
Funcho (Foeniculum vulgare)
Cúrcuma (Curcuma longa)
Hipérico (Hypericum perforatum)
Erva-cidreira (Lippia alba)
Kava-kava (Piper methysticum)
Espinheira-santa (Maytenus
Lúpulo (Humulus lupulus)
ilicifolia)
Macela (Achyrocline satureoides)
Funcho (Foeniculum vulgare)
Maracujá (Passiflora sp.)
Gengibre (Zingiber officinale)
Marapuama (Ptychopetalum
Gergelim (Sesamum indicum)
olacoides)
Goiaba (Psidium guajava)
Melissa (Melissa officinalis)
Hortelã (Mentha spicata)
Mulungu (Erythrina mulungu)
Jurubeba (Solanum paniculatum)
Sálvia (Salvia officinalis)
Laranja-da-terra (Citrus aurantium)
Sálvia-vermelha (Salvia miltiorrhiza)
Melissa (Melissa officinalis)
Valeriana (Valeriana officinalis).
Mil-folhas (Achillea millefolium)
Pitanga (Eugenia uniflora)
Psilium (Plantago psyllium)
Ruibarbo (Rheum officinale)
Sálvia (Salvia officinalis)
Sene (Cassia occidentalis)
Tamarindo (Tamarindus indica)
Tangerina (Citrus reticulata)
28 Introdução a Fitoterapia

Quadro 3: Plantas medicinais aplicadas no tecido respiratório e cardiovascular

Sistema Respiratório Sistema Cardiovascular


Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra) Abacate (Persea americana)
Alho (Allium sativum) Alho (Allium sativum)
Assa-peixe (Vernonia polyanthes) Berinjela (Solanum melongena)
Canela (Cinnamomum zeylanicum) Castanha-da-índia (Aesculus
Cebolinha (Allium fistulosum) hippocastanum)
Chambá (Justicia pectoralis) Cavalinha (Equisetum arvense)
Copaíba (Copaifera langsdorffii) Centela asiática (Centella asiatica)
Éfedra (Ephedra sinica) Chapéu-de-couro (Echinodorus
Embaúba (Cecropia sp.) grandiflorus)
Equinácea (Echinacea purpurea) Colônia (Alpinia speciosa)
Eucalipto (Eucalyptus globulus) Crataego (Crataegus oxyacantha)
Funcho (Foeniculum vulgare) Cúrcuma (Curcuma longa)
Gengibre (Zingiber officinale) Embaúba (Cecropia sp.)
Guaco (Mikania glomerata) Estigma de milho (Zea mays)
Laranja-da-terra (Citrus aurantium) Ginkgo (Ginkgo biloba)
Pitanga (Eugenia uniflora) Hamamélis (Hamamelis virginiana)
Poejo (Mentha pulegium) Laranja-da-terra (Citrus aurantium)
Romã (Punica granatum) Meliloto (Melilotus officinalis)
Saião (Bryophillum pinnatum) Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)
Transagem (Plantago major). Valeriana (Valeriana officinalis)
Introdução a Fitoterapia 29

Quadro 4: Plantas medicinais aplicadas no tecido geniturinário e tegumentar

Sistema Geniturinário Sistema Tegumentar


Abacate (Persea americana)
Abóbora (Cucurbita pepo)
Agoniada (Himatanthus lancifolius)
Angélica (Angelica sinensis)
Andiroba (Carapa guianensis)
Aroeira (Schinus terebinthifolius)
Arnica (Arnica montana)
Cana-do-brejo (Costus spicatus)
Arnica-do-campo (Solidago
Canela (Cinnamomum zeylanicum)
chilensis)
Cavalinha (Equisetum arvense)
Babosa (Aloe sp.)
Chapéu-de-couro (Echinodorus
Barbatimão (Stryphnodredron
grandiflorus)
adstringens)
Cranberry (Vaccinium
Calêndula (Calendula officinalis)
macrocarpon)
Camomila (Chamomilla recutita)
Dente-de-leão (Taraxacum
Cebolinha (Allium fistulosum)
officinale)
Confrei (Symphytum officinale)
Erva-mate (Ilex paraguariensis)
Copaíba (Copaifera langsdorffii)
Estigma de milho (Zea mays)
Cravo-da-índia (Eugenia
Lágrima-de-nossa-senhora (Coix
caryophyllata)
lachryma jobi)
Cúrcuma (Curcuma longa)
Melaleuca (Melaleuca alternifolia)
Dente-de-leão (Taraxacum
Pigeum (Pygeum africanum)
officinale)
Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)
Hortelã (Mentha sp.)
Saw palmetto (Serenoa repens)
Melaleuca (Melaleuca alternifolia)
Sete-sangrias (Cuphea
Saião (Kalanchoe pinnata)
carthagenensis)
Salsaparrilha (Smilax brasiliensis)
Transagem (Plantago major)
Uva (Vitis vinifera).
Urtiga (Urtica dioica)
Uva-ursi (Arctostaphylos uva-ursi)
Vítex (Vitex agnus-castus).
30 Introdução a Fitoterapia

Quadro 5: Plantas medicinais aplicadas no tecido muscoloesquelético e sistema endócrino

Sistema Musculoesquelético Sistema Endócrino


Alcachofra (Cynara scolymus)
Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra)
Angélica chinesa (Angelica
Abacate (Persea americana) sinensis)
Andiroba (Carapa guianensis) Cajueiro (Anacardium occidentale)
Arnica (Arnica montana) Cimicífuga (Cimicifuga racemosa)
Arnica-do-campo (Solidago Espirulina (Spirulina maxima)
chilensis) Estévia (Stevia rebaudiana)
Chapéu-de-couro (Echinodorus Funcho (Foeniculum vulgare)
grandiflorus) Garcínia (Garcinia cambogia)
Cúrcuma (Curcuma longa) Gimnema (Gymnema sylvestre)
Erva-baleeira (Cordia verbenacea) Glucomanan (Amorphophallus
Garra-do-diabo (Harpagophytum konjac)
procumbens) Goma guar (Cyanopsis
Lágrima-de-nossa-senhora (Coix tetragonolobus)
lachryma-jobi) Inhame-selvagem (Dioscorea
Mentrasto (Ageratum conyzoides) villosa)
Pimenta (Capsicum annuum) Jambolão (Syzygium cumini)
Tanaceto (Tanacetum parthenium) Lúpulo (Humulus lupulus)
Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) Pata-de-vaca (Bauhinia forficata)
Urtiga (Urtica dioica). Sálvia (Salvia officinalis)
Soja (Glycine max)
Trevo-vermelho (Trifolium
pratense)
Vítex (Vitex agnus-castus).
Introdução a Fitoterapia 31

Quadro 6: Plantas medicinais tônicas adaptogênicas, imunoestimulantes, antineoplásicas e


antioxidantes

Plantas tônicas, adaptogênicas, imunoestimulantes, antineoplásicas e


antioxidantes
Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra)
Angélica chinesa (Angelica sinensis)
Astrágalo (Astragalus membranaceus)
Babosa (Aloe sp.)
Catuaba (Anemopaegma arvense)
Chá (Thea sinensis)
Cranberry (Vaccinium macrocarpon)
Cúrcuma (Curcuma longa)
Equinácea (Echinacea purpurea)
Erva-botão (Eclipta alba)
Erva-mate (Ilex paraguariensis)
Gergelim (Sesamum indicum)
Ginkgo (Ginkgo biloba)
Ginseng (Panax ginseng)
Guaraná (Paullinia cupana)
Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa)
Marapuama (Ptychopetalum olacoides)
Noz-de-cola (Cola acuminata)
Pfáfia (Pfaffia paniculata)
Pigeum (Pygeum africanum)
Unha-de-gato (Uncaria tomentosa)
Uva (Vitis vinifera).

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu
o tema de estudo deste capítulo, vamos recapitular tudo o que vimos.
Neste capítulo você pode aprender sobre as possíveis aplicabilidades
das plantas medicinais, embora o estudo das plantas medicinais venha
de longa data, foi a partir de 31ª reunião da Organização Mundial de
Saúde que a planta medicinal ganhou sua definição e diante das
suas aplicabilidades foi classificada como aquelas destinadas: 1- à
obtenção de substâncias puras; 2- à produção de fitoterápicos; 3- à
utilização na medicina caseira. Você pode perceber que embora a
indústria farmacêutica lance muitas drogas sintéticas, cada vez mais
32 Introdução a Fitoterapia

temos pesquisas investigando o potencial de drogas vegetais para


diversas patologias como: câncer, leucemia, linfoma, neuroblastoma e
até mesmo para o tratamento de indivíduos acometidos pelo vitiligo.
Diante do exposto você pode perceber o quanto nós podemos explorar
o campo da fitoterapia. E para finalizar este capítulo, foi apresentado a
você a monografia das plantas medicinais, nesta monografia contém
as principais plantas utilizadas para cada grupo dos tecidos humanos:
sistema nervoso, digestório, respiratório, cardiovascular, genitourinário,
tegumentar, musculoesquelético, endócrino e o grupo que fazem parte
as plantas tônicas, adaptogênicas, imunoestimulantes, antineoplásicas e
antioxidantes. Agora que você sabe tudinho sobre as plantas medicinais,
vamos estudar os medicamentos fitoterápicos! Vamos em frente!

Medicamentos Fitoterápicos
Ao término deste capítulo você será capaz de entender e
diferenciar as plantas medicinais dos medicamentos fitoterápicos, irá
conhecer os fitoterápicos empregados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) em algumas regiões do Brasil e suas principais indicações. Este
conhecimento será essencial para o seu desenvolvimento acadêmico
cientifico e profissional. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!
Os medicamentos fitoterápicos são aqueles que empregam,
exclusivamente, matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança
e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam
caracterizados pela constância de sua qualidade. Para que um produto
possa ser classificado como um produto tradicional fitoterápico, o mesmo
deve ser obtido por meio do emprego exclusivo de matérias-primas
ativas vegetais cuja segurança e efetividade sejam baseadas em dados
de uso seguro e efetivo, publicados nas literaturas técnico-científicas
e, que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um
médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização.
Introdução a Fitoterapia 33

IMPORTANTE
Outras características dos produtos tradicionais
fitoterápicos é que: não podem se referir a doenças,
distúrbios, condições ou ações consideradas graves,
não podem conter matérias-primas em concentração de
risco tóxico conhecido e não devem ser administrados
pelas vias injetável e oftálmica.

Fitoterápicos distribuídos na Rede Pública


de Saúde
Os benefícios das plantas medicinais e de medicamentos
fitoterápicos são reconhecidos em todo o mundo como elementos
importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde. Para
ampliar o acesso a esses medicamentos, o Ministério da Saúde
disponibiliza a utilização de fitoterápicos na rede pública. Atualmente,
alguns fitoterápicos são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde,
entre eles estão a Aloe vera (Babosa) para o tratamento de psoríase
e queimaduras, o Salix Alba (Salgueiro) contra dores lombares e a
Rhamnus purshiana (Cáscara-sagrada) para prisão de ventre.
Financiados com recursos da União, estados e municípios, os
medicamentos podem ser manipulados ou industrializados, e devem
possuir registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

ACESSE
Para saber mais sobre os fitoterápicos disponibilizados
pelo Sistema Único de Saúde acesse o portal do Programa
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério
da Saúde, disponível em: https://bit.ly/2AD4FAR.
34 Introdução a Fitoterapia

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Você deve ter aprendido que os medicamentos fitoterápicos
são aqueles que utilizam somente matérias-primas ativas de vegetais,
cuja a qualidade, segurança e eficácia são baseados em evidencias
clínicas, ou seja, estudos clínicos que seguem um rigor metodológico
e que visa fornecer a segurança na utilização de novas drogas. Você
aprendeu uma característica muito importante do uso de fitoterápicos,
estes, não podem se referir a doenças, distúrbios, condições ou ações
consideradas graves, de forma nenhuma podem conter matérias-
primas em concentração de risco tóxico conhecido e não devem ser
administrados pelas vias injetável e oftálmica. Após você conhecer o uso
do fitoterápico, foi demonstrado a inclusão do uso dos fitoterápicos pelo
SUS. O governo liberou o tratamento com doze tipos de fitoterápicos,
cada um deles possui uma indicação específica, imagine que este é só o
início, daqui um tempo, mais opções de fitoterápicos devem ser incluídas.
Mas você como futuro fitoterapeuta, irá participar deste progresso!
Espero que vocês tenham gostado! Agora, vamos conhecer sobre as
diferentes formas farmacêuticas e prescrições para os fitoterápicos?
Vamos em frente!

Formas farmacêuticas para a prescrição


de fitoterápicos
Ao término deste capítulo você será capaz de entender e diferenciar
as diferentes formas farmacêuticas que podem ser administradas aos
pacientes e os diferentes tipos de prescrições de fitoterápicos, este
conhecimento será essencial para o seu desenvolvimento acadêmico
cientifico e profissional. E então, motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!
Os fitoterápicos podem ser administrados ao paciente em uma
formulação de monodroga ou em uma composição com mais de uma
droga vegetal, estas são preparadas em uma ampla diversidade de
Introdução a Fitoterapia 35

apresentações farmacêuticas, observe a imagem 2, segundo técnicas


especificas na qual é denominada de formas farmacêuticas para
dispensação. Vamos conhecer cada uma delas?
Figura 2: Dispensação em forma líquida

Fonte: Pixabay

Uso interno
Plantas rasuradas
As plantas rasuradas normalmente são acondicionadas em sacos
ou pacotes para serem comercializadas. Estas fórmulas apresentam-
se com várias plantas rasuradas, e estas preparações não ficam muito
homogêneas, diante da diferente natureza dos materiais utilizados.
36 Introdução a Fitoterapia

Envelopes ou sachês
Os envelopes ou sachês são as formas tradicionais para
acondicionamento dos pós em doses exatas para os pacientes. As
plantas em pó ou extrato seco são pesadas e misturadas até completa
homogeneização.

Figura 3: Prescrição de envelopes

Cápsulas
As cápsulas são normalmente de gelatina, no qual a planta em
pó ou extrato seco são acondicionados pelo processo de encapsulação.
Introdução a Fitoterapia 37

Figura 4: Prescrição de cápsulas

Fonte: Wikimedia

Comprimidos
Os comprimidos são preparações nas quais as plantas em pó ou
extrato seco são homogeneizados e moldados por compressão, sendo
adicionados ou não de excipientes e/ou agentes adjuvantes como
aglutinantes, desintegrantes, secantes, lubrificantes e antioxidantes.

Pílulas
As pílulas são preparações nas quais as plantas em pó, extrato
seco ou extrato de consistência pilular são misturados e um excipiente e
moldados em forma esférica.
38 Introdução a Fitoterapia

Tinturas e extratos fluídos


As tinturas devem ser administradas diluídas em água, devido
ao seu alto teor alcoólico e de forte sabor das plantas. O extrato fluído,
possui um teor alcoólico menor que o da tintura, mas também deve ser
diluído.

Xaropes e melitos
Os xaropes são preparados a partir do xarope simples, ou seja,
água destilada mais açúcar, e inserção de tinturas ou extratos fluídos,
em uma concentração de até 10% em relação ao peso do excipiente. Os
melitos possuem em sua composição a base com mel, nas quais são
incorporados tinturas e/ou extratos fluidos.

Uso externo
Pomadas
As pomadas são de consistência pastosas, possuem como base
vaselina e lanolina, geralmente seguem a proporção 7:3. É utilizada
como insumo ativo em tinturas em uma concentração de 10% do peso
da pomada, você pode encontrar outros excipientes como a base de
polietilenoglicol (PEG).

Cremes
Os cremes são preparados a partir de emulsões água-óleo ou
óleo-água, de consistência firme, tendo composições variadas.

Géis
Géis são preparados a partir de preparação coloidal, obtida a
partir de substancias como carboximetilcelulose, ágar-ágar, pectina,
alginato de sódio e água.
Introdução a Fitoterapia 39

Loções cremosas
As loções cremosas são emulsões parecidas com os cremes,
porém possuem uma fluidez maior, devido ao alto teor de água.
Incorporam bem óleos e tinturas.

Supositórios
São preparações farmacêuticas sólidas com forma e peso
adequados, destina-se à introdução por via retal, devendo fundir-se.
Utiliza como base a manteiga de cacau ou a base novata.

Óvulos vaginais
São preparações de forma ovóide, possuem constituição sólida,
introduzidas por via vaginal. Utiliza como base uma mistura de gelatina,
glicerina e água destilada ou a base novata.

Óleos medicinais
Os óleos são obtidos através do processo de prensagem ou
digestão, em que a planta medicinal é macerada em um óleo mineral ou
vegetal em banho maria.
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Inicialmente você deve ter aprendido que existem diversas
formas para a comercialização dos produtos fitoterápicos, e eles podem
ser administrados de forma externa ou forma interna aos pacientes. Os
fitoterápicos que são administrados de forma interna podem apresentar-
se na seguinte forma: plantas rasuradas, envelopes ou sachês, pílulas,
comprimidos, cápsulas, tintura ou extratos fluídos, xaropes ou melitos.
Os que são de uso externo, podem apresentar-se da seguinte forma:
pomadas, géis, cremes, loções cremosas, supositórios, óvulos vaginais
e óleos medicinais. Para cada uso de fitoterápico é necessário que haja
uma prescrição, nesta prescrição deve conter o nome do paciente,
40 Introdução a Fitoterapia

os constituintes das fórmulas com sua respectiva quantidade e as


instruções para o uso do paciente.
Introdução a Fitoterapia 41

BIBLIOGRAFIA
FONSÊCA, S. G. DA C. Farmacotécnica de Fitoterápicos.
Departamento de Farmácia - Universidade Federal do Ceará, 2005.

OLIVEIRA, A. C. D.; ROPKE, C. Os dez anos da Política Nacional de


Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e os principais entraves da
cadeia produtiva de extratos vegetais e medicamentos fitoterápicos no
Brasil. Revista Fitos, v. 10, n. 2, p. 185–198, 2016.

PEREIRA, J.; DAVID, D. L.; DAVID, J. M. Produtos Fitoterápicos: Uma


perspectiva de negócio para a indústria, um campo pouco explorado
pelos farmacêuticos. Infarma, v. 16, p. 71–76, 2004.

SAAD, A. Glaucia, LÉDA, O.H. Paulo, SÁ, M. Ivone, SEIXLACK,


C. Carlos. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática
Clínica. 2ª ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2016.

TOLEDO, A. C. O. et al. Fitoterápicos : uma abordagem


farmacotécnica. Revista Lecta, n. January 2003, 2014.
42 Introdução a Fitoterapia

Introdução a Fitoterapia
Luciano Senti da Costa

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