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Morfologia do

Português
Débora Luiza da Silva
Angela Francisca Mendez

Unidade 1

Introdução à
morfologia
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autor
DÉBORA LUIZA DA SILVA
ANGELA FRANCISCA MENDEZ
AS AUTORAS
Débora Luiza da Silva
Olá! Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras
(habilitação Português e suas respectivas literaturas) pela Universidade do
Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Especialista em Educação a Distância:
Gestão e Docência, pela mesma instituição. Atualmente participo do
Programa de Educação Continuada do Mestrado em Educação, na linha
de Tecnologias Aplicadas à Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Tenho experiência técnico-profissional na área
da docência, bem como na elaboração de conteúdos pedagógicos para
cursos das modalidades presencial e a distância. Profissionalmente passei
por diferentes instituições, entre elas o Governo do Estado do Rio Grande do
Sul, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o Centro Universitário
Ritter dos Reis (UniRitter) e a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande
do Sul (Fadergs), ambas do Grupo Laureate International Universities, nas
quais já atuei como analista acadêmica de EaD, professora-tutora, designer
educacional e docente. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa
e Literatura da EJA EaD do Serviço Social da Indústria (SESI/RS). Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida,
bem como contribuir com o aprendizado daqueles que estão iniciando em
suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos!

Angela Francisca Mendez


Olá! Meu nome é Angela Francisca Mendez. Sou graduada em Letras
(habilitação em Português e Literaturas da Língua Portuguesa) pelo Centro
Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), e Mestre em Letras – Linguagem,
Interação e Processos de Aprendizagem (UniRitter), com ênfase na área
Discurso, Linguagem e Sociedade. No ensino superior, atuei como professora
na UniRitter – Laureate International Universities (40h), ministrando as disciplinas
de Morfologia; Literaturas da Língua Portuguesa; Leitura, Produção e Revisão
de Texto; Escrita Criativa; Literatura Brasileira e Memória Cultural; entre outras.
Tenho larga experiência no Ensino a Distância (EaD), tanto na produção de
conteúdo, quanto na coordenação de ensino. Estou muito feliz em poder ajudar
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Morfologia: identificando morfemas, morfes e estrutura de
palavras............................................................................................................ 12
Conceito de morfema................................................................................................................... 13

Conceito de morfe........................................................................................................................... 15

Estrutura das palavras.................................................................................................................. 17

Conhecendo a classificação e a função dos morfemas.............. 21


Raiz.............................................................................................................................................................. 21

Radical...................................................................................................................................................... 22

Tema ou vogal temática..............................................................................................................23

Afixos ........................................................................................................................................................23

Prefixos..................................................................................................................................23

Sufixos...................................................................................................................................26

Desinências...........................................................................................................................................28

Vogal e consoante de ligação................................................................................................28

Analisando os processos de estrutura das palavras ...................30


Derivação.............................................................................................................................................. 30

Derivação prefixal (ou prefixação).................................................................... 30

Derivação sufixal (ou sufixação)..........................................................................32

Derivação regressiva..................................................................................................32

Derivação imprópria....................................................................................................33

Derivação parassintética (ou parassíntese)................................................34

Composição.........................................................................................................................................35

Justaposição.....................................................................................................................35

Aglutinação........................................................................................................................35
Outros processos de formação de palavras................................................................35

Hibridismo......................................................................................................................... 36

Onomatopeias................................................................................................................ 36

Abreviação vocabular................................................................................................37

Siglonimização............................................................................................................... 38

Radicais gregos e latinos....................................................................................... 38

Neologismos................................................................................................................... 40

Empréstimos linguísticos........................................................................................42

Examinando as palavras primitivas e derivadas, simples e


compostas.......................................................................................................44
O fenômeno que é a língua......................................................................................................44

Palavras primitivas e derivadas ........................................................................................... 48

Palavras simples e compostas ............................................................................................. 51


Morfologia do Português 9

01
UNIDADE

INTRODUÇÃO À MORFOLOGIA
10 Morfologia do Português

INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar em como são formadas as palavras
da língua portuguesa? Nossa língua é derivada do latim, mas também
recebeu, desde sua origem, a influência de outros idiomas, como o grego,
as línguas indígenas e africanas, árabes, entre outros. Nesta disciplina,
no entanto, estudaremos a morfologia da língua portuguesa, parte da
gramática a qual estuda, além da formação, a classificação e a flexão das
palavras. Iniciaremos pela compreensão dos morfemas, classificação e
função desses elementos, para entendermos os processos de estrutura
das palavras. Preparado? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar
neste universo! Bons estudos!
Morfologia do Português 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Introdução à morfologia.
Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Identificar morfemas, morfes e estrutura de palavras;

2. Conhecer a classificação e a função dos morfemas;

3. Analisar os processos de estrutura das palavras (dedução);

4. Examinar as palavras primitivas e derivadas, simples e compostas.

Então? Vamos juntos para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho e ótimos estudos!
12 Morfologia do Português

Morfologia: identificando morfemas,


morfes e estrutura de palavras

OBJETIVO:

Ao término desta competência, você será capaz de


conhecer os elementos que fazem parte da estrutura das
palavras. Isto será fundamental para sua prática docente
como profissional da área de Letras, bem como para
conhecer mais sobre nossa língua materna. Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Boa parte das palavras de nossa língua provém de outras já


existentes. Como a língua é um organismo dinâmico e mutável, outras
palavras vão surgindo a partir da influência de povos e de escritores que
ultrapassam fronteiras (BEZERRA, p. 111). O estudo da formação e da
evolução das palavras é de interesse de outra ciência, a ETIMOLOGIA.
Aqui nos deteremos a estudar a MORFOLOGIA.

DEFINIÇÃO:

A palavra morfologia etimologicamente é formada a


partir de dois radicais: “morf(o)-” e “-logia”. Ambos são
provenientes do grego transliterado morphe, que significa
“forma”, e logía, que significa “estudo”. Então, de modo
geral, podemos afirmar que morfologia, em linguística,
trata-se do estudo da estrutura e da formação das palavras.

Ao estudar morfologia, estudamos a formação de palavras através


de elementos morfológicos (ou mórficos), que são as unidades que
formam uma palavra. Será essa nossa matéria nesta disciplina.

Para a linguística, no nível de análise morfológica encontramos duas


unidades formais: a palavra e o morfema. A peculiaridade da morfologia é,
Morfologia do Português 13

como já definimos, estudar as palavras analisando-as isoladamente e não


dentro da sua participação na frase ou no período – isso cabe à sintaxe.

Ficamos em acordo que a morfologia é um dos assuntos mais


importantes e interessantes da nossa gramática, pois seu estudo está
relacionado à estrutura das palavras, a como ela é formada e a como se
dá sua classificação na língua portuguesa. É a partir do conhecimento da
palavra que tudo se forma e todos os sentidos se ampliam. Vamos ver
detalhadamente esses conceitos da morfologia.

Conceito de morfema
Como sabemos, morfologia é a área da gramática que estuda
a estrutura, a formação, a classificação e as flexões das palavras. Para
darmos início à compreensão dos aspectos morfológicos da nossa
língua, teremos como ponto de partida a compreensão dos morfemas,
considerados elementos ou unidades de significação que formam as
palavras e que alteram seu significado.

Figura 1 - Morfemas na formação das palavras

Fonte: Pixabay
14 Morfologia do Português

Vejamos a sequência de palavras a seguir:

•• governo;

•• governa;

•• desgoverno;

•• desgoverna;

•• governadores;

•• governativa;

•• governança;

•• ingovernável;

•• ingovernabilidade.

Todas essas palavras têm ao menos um elemento comum: “govern”.


Da mesma forma, todas apresentam elementos dotados de significado.

Exemplo: Nas palavras governo e desgoverno, o que as difere é o


elemento inicial “des” (prefixo), que apresenta o sentido de ausência, falta,
ação contrária.

Em suma, cada um dos elementos que formam as palavras,


que fornecem noções de significado mínimo e são indecomponíveis
denominam-se morfemas (PASQUALE, 2008).

NOTA:

[[Nota ]] A análise da estrutura das palavras nos revela a


existência desses pequenos elementos que a formam.
Quando tratamos de morfemas, “a menor unidade
linguística que possui significado”, é importante ressaltar
que os elementos que possuem o significado básico
da palavra chamamos de morfemas lexicais. Já os que
indicam a flexão das palavras, ou seja, as variações para
indicar gênero, número, pessoa, modo e tempo, chamamos
de morfemas gramaticais (ALMEIDA, p. 65).
Morfologia do Português 15

Exemplo: Em MENINAS, temos: MENIN- (morfema lexical) + A


(morfema gramatical de gênero) + S (morfema gramatical de número).

É possível afirmar ainda, que o conjunto de morfemas lexicais de


uma língua é aberto, visto que sempre podem ser criadas novas palavras.
No entanto, o conjunto dos morfemas gramaticais é sempre fechado,
pois a qualquer radical (elemento cujas características estudaremos
em seguida), sempre devem ser associados outros elementos que
também conheceremos nesta unidade letiva: os sufixos, os prefixos e as
desinências. Evidenciamos com o seguinte exemplo:

Exemplo: A palavra “surfe” é de origem inglesa, entretanto criamos


o substantivo surfista, usando um sufixo -ista, o qual já usamos na língua
portuguesa em outras palavras, como em artista, motorista, diarista,
desenhista etc.

Conceito de morfe
Se um morfema é uma unidade mínima de significação, de natureza
gramatical ou lexical que possui valor gramatical, um morfe constitui a
realização desse morfema. Muitos morfemas são realizados por um único
morfe.

Exemplo: Em CANTAR, temos o morfe {cant-} (representado com


chaves), que se mantém ao longo da conjugação: canto, cantei, cantava.

Morfe é a concretização de um morfema, ou seja, uma sequência


fonêmica mínima a que se pode atribuir um significado. Vejamos a
diferença entre ambos os elementos do ponto de vista do significado
dessas palavras:

•• morfema: fonema

•• morfe: fone

Um conceito importante que surge quando estudamos o fone


(morfe) é o de alomorfia. Mas o que é alomorfia? A palavra alomorfe, de
16 Morfologia do Português

origem grega (állos = outro + morphé = forma), indica a realização de um


morfema por dois ou mais morfes diferentes, ou seja, é a concretização
em morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos valores
significativos.

DEFINIÇÃO:

Fala-se em alomorfe quando um morfema é realizado por


dois ou mais morfes distintos. Em Portugal, por exemplo, o
morfema nov- que ocorre em NOVO tem dois alomorfes
(de novo representados com chaves): {nôv-} em novo e
{nóv-} (com [ó] aberto) em nova.

Exemplo: Observem outros exemplos de alomorfia:

•• Alomorfia no prefixo:

injusto / ilegal: [in] ~ [i] → duas formas para um significado (algo negativo).
subaquático / soterrar: [sub] ~ [só] → duas formas para um significado
(algo que está embaixo da superfície terrestre).

•• Alomorfia na raiz

ouro / áureo: [our] ~ [aur] → duas formas para um significado (palavra ouro).
cabelo / capilar: [cabel] ~ [capil] → duas formas para um significado (palavra
cabelo).
Figura 2 - O morfe e a atribuição do significado

Fonte: Pixabay
Morfologia do Português 17

Exemplo: Nas ocorrências do prefixo “IN” – infeliz, incomum,


inconstante –, verificamos que em todas as palavras o fonema tem a
mesma função, que é a de negar o significado do elemento da palavra
que vem na sequência. Já nas palavras imoral, ilegal, foi acrescido o
prefixo “I”, que tem exatamente o mesmo significado de “IN”. Neste caso, o
prefixo “IN” sofreu uma alomorfia, isto é, uma mudança de forma, e pode
ser identificado através de dois ALOMORFES: os prefixos “IN” e “I”.

Estrutura das palavras


Para estudarmos a estrutura das palavras, é necessário
conhecermos os elementos que as formam. Já sabemos o que significa
morfe e morfema, mas os elementos mórficos (ou morfemas) também
apresentam diferenças entre si.

As palavras têm em sua estrutura os seguintes elementos


(CEGALLA, 2009):

1) Raiz, radical, tema: são os elementos básicos e significativos das


palavras.

Raiz é o constituinte da palavra que contém significado lexical mas


não inclui afixos derivacionais ou flexionais (cf. carr- raiz nominal de carro).

Radical é o constituinte da palavra com significado lexical que


não inclui afixos de flexão, mas que pode incluir afixos derivacionais.
Os radicais podem ser: radicais adjetivais, radicais adverbiais, radicais
nominais e radicais verbais. Os radicais podem ter uma estrutura simples
(constituídos por um único morfema, como cas-, radical simples de casa)
ou complexa (constituídos por mais de um morfema, como nacionaliza-,
de nacionalização).

Tema é o constituinte da palavra que inclui uma raiz ou um radical


e um índice temático ou uma vogal temática. Os temas, assim como os
radicais, podem ser adjetivais, adverbiais, nominais ou verbais.
18 Morfologia do Português

Exemplo:

[[cant] radical verbal [a] vogal temática] tema verbal

[[doc] radical adjectival [e] índice temático] tema adjetival

[[bol] radical nominal [a] índice temático] tema nominal

2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: são


elementos modificadores da significação.

Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma)


que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas.

Exemplo: Sabemos que o acréscimo do morfema "-mente", por exemplo,


cria uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo.

Dentro dos afixos, dependendo da sua posição na palavra, temos:


prefixo (antes do radical) e sufixo (depois do radical).

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das


palavras. Existem dois tipos de desinências: nominais e verbais.

a) Desinências nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e


feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplos

alun-o aluno-s

alun-a aluna-s

IMPORTANTE:

Só podemos falar em desinências nominais de gêneros e


de números em palavras que admitem tais flexões, como
nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo,
telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal
de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência
nominal de número.
Morfologia do Português 19

Figura 3 - Desinências nominais de gênero

Fonte: Pixabay

b) Desinências verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de


modo e tempo dos verbos.

Exemplos:

compr-o

compra-s

compra-mos

compra-is

compra-m

compra-va

compra-va-s
20 Morfologia do Português

VOCÊ SABIA?

A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência


número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira
pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é desinência modo-
temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito
imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.

Vogal temática é o afixo que identifica o paradigma de flexão verbal


a que pertence o verbo. No Português há três vogais temáticas: -a, -e, -i:

(ele) canta

(ele) come

(eu) parti'

3) Vogal de ligação, consoante de ligação: são elementos de


ligação ou eufônicos. As vogais ou consoantes de ligação são morfemas
cujas funções são formar, facilitar ou possibilitar a pronúncia de
determinadas palavras da Língua Portuguesa. As vogais e as consoantes
de ligação são fonemas que aparecem no interior das palavras permitindo
a ligação entre o radical e as desinências.

RESUMINDO:

Nesta competência você conheceu os elementos


estruturais das palavras e a importância da morfologia
para os estudos da Língua Portuguesa. Essa competência
é fundamental para que você possa compreender como
são formados os vocábulos da Língua Portuguesa. A partir
dos estudos da morfologia, o significado e o conceito das
palavras se ampliam, ganhando novas roupagens que
auxiliam na hora de interpretar e compreender melhor o
mundo e as comunicações que nele se estabelecem. Agora
que já estudamos esses elementos, veremos a seguir as
características e as funções de cada um deles.
Morfologia do Português 21

Conhecendo a classificação e a função


dos morfemas

OBJETIVO:

Nesta competência, você irá estudar, além da classificação


de cada um dos morfemas, a função que cada um deles
desempenha nas palavras do léxico da nossa língua.

Raiz
A raiz é um elemento originário e irredutível, no qual se concentra
a significação das palavras. Esse elemento tem como característica ser
monossilábico e é comum às palavras que pertencem à mesma família
etimológica (CEGALLA, 2009).

IMPORTANTE:

O estudo das raízes é um campo de estudo de interesse da


gramática histórica ou da etimológica, não sendo, portanto,
foco da gramática normativa.

Vejamos um exemplo, observando as seguintes palavras:

•• nocivo, nocividade;

•• inocente, inocentar, inócuo.

De acordo com CEGALLA (2009, p. 91), “a raiz noc (do latim nocere
= prejudicar) tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem,
pela origem comum” das palavras acima.
22 Morfologia do Português

Radical
Para entendermos a função desse elemento na formação das
palavras, iniciaremos considerando as seguintes palavras:

•• livr- o;

•• livr- inho;

•• livr- eiro;

•• livr- eco.

Observamos que todas elas têm um elemento constante, “livr”, o


qual é impossível de ser decomposto em unidades de menor significação.
A esse elemento mórfico (ou morfema) damos o nome de radical.

Figura 4 - O radical é a base de significação de palavras da mesma família

Fonte: Pixabay

De acordo com o linguista Celso Cunha Cintra (2001), esse elemento


irmana as palavras da mesma família e lhes dá uma base comum de
significação.
Morfologia do Português 23

Tema ou vogal temática


De acordo com CEGALLA (2009, p. 92), “Tema é o radical acrescido
de uma vogal (chamada vogal temática)”.

•• Nos verbos, obtém-se o tema destacando-se o -r do infinitivo:

CANTA-r, BATE-r, PARTl-r etc.

•• Nos nomes, o tema é mais evidente em derivados de verbos:

CAÇA-dor, DEVE-dor, FINGl-mento, PERDOÁ-vel, FERVE-nte etc.

Afixos
Esses elementos têm valor gramatical e se unem ao radical das
palavras, modificando-as quanto ao significado ou até mesmo à função.
Existem dois tipos de afixos, os quais veremos na sequência.

Prefixos
Ao afixo anteposto ao radical, damos o nome de prefixos. Na língua
portuguesa, a maioria dos prefixos é de origem latina ou grega e alguns
desses elementos, embora sejam diferentes, podem apresentar o mesmo
significado.
24 Morfologia do Português

Figura 5 - Estudo dos prefixos nas palavras da língua portuguesa

Fonte: Pexels

Considere os seguintes prefixos, usados frequentemente em nosso


idioma, verificando sua origem e seu significado (NORMA CULTA, 2019):

•• Prefixos que indicam negação e oposição:

des- (origem latina): desfavorável, desigual, desnecessário,


descontente etc.

in- (origem latina): infeliz, inacabado, inconsequente, inconstante etc.

contra- (origem latina): contramão, contrassenso, contracorrente,


contracurva etc.

anti- (origem grega): anti-inflamatório, anticoncepcional, antirrugas,


antitetânica etc.

a- / an- (origem grega): acéfalo, anaeróbico, anônimo, amoral etc.

•• Prefixos que indicam duplicidade:

di- (origem grega): ditongo, dióxido, digrafia, di-iodado etc.


Morfologia do Português 25

bi- (origem latina): bicampeão, bimensal, bicarbonato, bissexual etc.

ambi- (origem latina): ambidestro, ambivalente, ambilátero etc.

•• Prefixos que indicam movimento para dentro:

in- / im- (origem latina): ingerir, imigrar, importar, imigração etc.

en- / em- (origem latina): enterrar, enterrado, embarcar, enraizar etc.

intra- (origem latina): intramuscular, intravenoso, intraocular,


intrapulmonar etc.

endo- (origem grega): endovenoso, endotérmico, endoscópio,


endocarpo etc.

•• Prefixos que indicam movimento para fora:

ex- / e- (origem latina): exportar, extrair, emigrar, exprimir etc.

ec- / ex- (origem grega): êxodo, eclipse, exantema, eczema etc.

•• Prefixos que indicam repetição:

re- (origem latina): refazer, recomeçar, reeditar, reaver etc.

ana- (origem grega): anáfora, anagrama, analogia, análise etc.

•• Prefixos que indicam superioridade ou excesso:

super- (origem latina): superpovoado, superpor, super-homem,


superdotado etc.

sobre- (origem latina): sobrecarga, sobrepor, sobrescrito, sobrevir etc.

supra- (origem latina): suprassumo, supradito, supracitado, supra-


humano etc.

ultra- (origem latina): ultrapassar, ultrassom, ultraconservador,


ultrassofisticado etc.
26 Morfologia do Português

hiper- (origem grega): hipérbole, hipertensão, hipermercado,


hipermetropia etc.

arqui- (origem grega): arquiduque, arqui-inimigo, arquibilionário,


arquiconhecido etc.

•• Prefixo que indica inferioridade:

hipo- (origem grega): hipotensão, hipocalórico, hipoglicemia,


hipoalergênico etc.

•• Prefixos que indicam simultaneidade ou companhia:

co- / com- / con- (origem latina): cooperar, compor, coordenar,


conviver etc.

si- /sin- /sim- (origem grega): sinfonia, sincronia, sinônimo,


sinestesia etc.

•• Prefixos que indicam anterioridade:

ante- (origem latina): antebraço, antessala, anteontem, antepasto etc.

pre- (origem latina): prefácio, prever, pré-história, pré-adolescente etc.

•• Prefixos que indicam posterioridade:

pos- (origem latina): pospor, pós-eleitoral, pós-graduação, posfácio etc.

epi- (origem grega): epílogo, epígrafe, epiderme, epidemia etc.

Sufixos
Assim como os prefixos, os sufixos também são elementos
importantes na formação das palavras. No entanto, esses elementos
estão pospostos ao radical.
Morfologia do Português 27

Tabela 1 - Principais sufixos utilizados na língua portuguesa

Tipos de
Principais sufixos Exemplos
sufixos
Aumentativo: -alhão, -ão, Corpázio, bocarra,
-anzil, -arra, -orra, ázio corpanzil, casarão
Diminutivo: -acho, -eto, Riacho, filhote,
-inho, -inha, -ote livrinho
Superlativo: -íssimo, Belíssimo,
-érrimo, -limo paupérrimo, facílimo

Padaria, internato,
Nominais Lugar: -aria, -ato, -douro, -ia
bebedouro
Formam
Barista, dentista,
substantivos e Profissão: -ão, -dor, -ista
vendedor
adjetivos
Polonês, sergipano,
Origem: -ano, -eiro, -ês
mineiro
Coleção, aglomeração,
Folhagem, cabeleira,
conjunto: -al, -eira, -ada,
capinzal
-agem
Excesso, abundância: Delicioso, ciumento,
-oso, -entro, -udo cabeludo

Folhear, farejar,
-ear, -ejar, -ecer, -entear
Verbais amanhecer,
etc.
presentear

Geralmente,
Adverbiais
facilmente,
(advérbio de -mente
rapidamente,
modo)
frequentemente etc.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).


28 Morfologia do Português

Desinências
São elementos com valor gramatical usados para indicar:

•• Gênero: nos nomes (adjetivos e substantivos) e em alguns pronomes,


o gênero feminino ou masculino.

•• Número: nos nomes (adjetivos e substantivos) e em alguns pronomes,


singular ou plural.

Exemplo:

GAROT – O – S

Radical Des. de Des. de Número


Gênero (plural)

•• Pessoa e número, tempo e modo: nos verbos.

Exemplo:

FAL Á SSE MOS

Radical Vogal Des. de De pessoa e número


Temática Tempo (1ª do plural)

Vogal e consoante de ligação


Diferente dos elementos que vimos até aqui, esses não trazem
nenhuma informação gramatical ou modificação de sentido nas palavras
– apenas vêm entre dois morfemas (ou elementos mórficos), a fim de
facilitar a pronúncia.
Morfologia do Português 29

Vogal de ligação

GÁS Ô METRO

Radical Vogal de ligação Sufixo

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Consoante de ligação

PAU L ADA

Radical Consoante de ligação Sufixo

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

RESUMINDO:

Nesta competência você aprendeu o que é raiz, radical,


vogal temática, prefixos, sufixos, desinências, vogais e
consoantes de ligação – conhecidos como morfemas.
Seguiremos estudando os processos estruturais das
palavras.
30 Morfologia do Português

Analisando os processos de estrutura das


palavras

OBJETIVO:

Agora que já conhecemos como são estruturadas


as palavras na língua portuguesa, chegou a hora de
compreendermos como ocorre a formação das palavras do
nosso léxico. Dois processos básicos são responsáveis por
formar novas palavras: derivação e composição.

Derivação
Segundo CEGALLA (2009, p. 96), “A derivação consiste em formar
uma palavra nova (derivada), a partir de outra já existente (primitiva)”.
Vamos retomar esse conceito, observando o quadro abaixo:

Palavra primitiva Palavra Derivada


mar marinheiro, marujo, marítimo
terra enterrar, aterrar, terreiro

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Derivação prefixal (ou prefixação)


Esse processo é o resultado da formação de uma nova palavra
formada pelo acréscimo de um prefixo.
Morfologia do Português 31

Figura 6 - Atenção para o processo de prefixação

Fonte: Pixabay

Vejamos:

•• incapaz;

•• desligar;

•• refresco;

•• supersônico;

•• pré-história.

Figura 7 - Processos de formação de palavras

Fonte: Pixabay
32 Morfologia do Português

Em resumo, esse processo acontece antepondo-se um prefixo a


um radical.

Derivação sufixal (ou sufixação)


Esse processo se dá quando uma nova palavra é formada por meio
do acréscimo de um sufixo juntamente ao radical.

Vejamos os diferentes tipos de derivação sufixal:

•• Nominal - formando substantivos e adjetivos:

- Papel – papelaria

- Riso – risonho

•• Verbal - formando verbos:

-Atual – atualizar

•• Adverbial – formando advérbios de modo, com o acréscimo do sufixo


“mente”:

- Feliz – felizmente

Derivação regressiva
Acontece quando a palavra é formada não pelo acréscimo, mas
pela redução de algum elemento.

Por exemplo, do verbo beijar deriva o substantivo beijo. Já o verbo


falar dá origem ao substantivo fala.
Morfologia do Português 33

VOCÊ SABIA?

Para descobrirmos se um substantivo é derivado de um


verbo ou se ocorre o contrário, podemos refletir sobre a
seguinte situação: Se o substantivo indica ação, será palavra
derivada, e consequentemente o verbo será primitivo.
Contudo, se o nome denota algum objeto ou substância,
verifica-se o contrário (CUNHA, 2001). No exemplo acima, as
palavras fala e beijo indicam ações, portanto são derivadas.

Derivação imprópria
Chamamos de derivação imprópria quando uma palavra muda sua
classe gramatical ao sofrer alguma alteração em sua formação.

Vejamos alguns casos:

•• Um substantivo usado no lugar de adjetivo: homem paulista;

•• Um adjetivo é usado como substantivo: Os melhores serão


premiados.

•• Um verbo é usado como substantivo: O jantar está pronto.

•• Um advérbio é usado como substantivo: A resposta foi um sim.

Vamos recordar quais são as classes gramaticais da língua


portuguesa?

Conforme CEGALLA (2009, p. 15), “Na língua portuguesa há dez


classes de palavras ou classes gramaticais:

1. Substantivo;

2. Artigo;

3. Adjetivo;

4. Numeral;

5. Pronome;
34 Morfologia do Português

6. Verbo;

7. Advérbio;

8. Preposição;

9. Conjunção;

10. Interjeição.

As seis primeiras classes são variáveis, isto é, flexionam-se, sofrem


alterações na forma. As quatro outras são invariáveis”. Em momento
oportuno desta disciplina seguiremos nos aprofundando algumas delas.

Figura 8 - Classes gramaticais

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Derivação parassintética (ou parassíntese)


Quando acrescidos simultaneamente um prefixo e um sufixo,
ocorre a derivação parassintética. Por meio desse processo, são formados
nomes (substantivos e adjetivos) e verbos.
Morfologia do Português 35

Vejamos no quadro abaixo:

Palavras Palavras
Prefixos Radicais Sufixos
primitivas novas

alma des alm ado desalmado


mudo e mud ecer emudecer

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Composição
Quando há junção de dois ou mais radicais, ocorre a formação de
palavras por composição. Esse processo, por sua vez, pode acontecer por
meio da justaposição ou da aglutinação.

Justaposição
Esse processo se dá quando os radicais não sofrem nenhuma
alteração para formarem uma nova palavra.

Exemplo: passatempo, guarda-sol, quinta-feira, cachorro-quente,


beija-flor, couve-flor, guarda-roupa etc.

Aglutinação
Quando pelo menos um dos radicais da palavra sofre algum tipo de
alteração, ocorre o processo de composição por aglutinação.

Exemplo: planalto (plano+alto), aguardente (água+ardente), fidalgo


(filho de algo), hidrelétrico (hidro+elétrico).

Outros processos de formação de palavras


Além dos processos que já vimos, existem outros processos que
formam novas palavras: hibridismo, onomatopeia, abreviação vocabular,
36 Morfologia do Português

sigla e, ainda, a partir de radicais gregos e latinos, muitas palavras de uso


científico podem ser criadas.

É o que veremos a seguir.

Hibridismo
Segundo o linguista CEGALLA (2009, p. 99), “Hibridismos são
palavras em cuja formação entram elementos de línguas diferentes”. São
alguns exemplos de palavras formadas por esse processo:

•• monocultura (mono+cultura, grego e latim);

•• alcoômetro (álcool+metro, árabe e grego);

•• lactômetro (lact+metro, latim e grego);

•• televisão (tele+visão, grego e latim);

•• automóvel (auto+móvel, grego e latim);

•• abreugrafia (Abreu+grafia, português e grego).

Onomatopeias
Seguindo com a ideia de Cegalla (2009, p. 99):

Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência


constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da
natureza. Semelhantes vocábulos, chamados onomatopeias,
reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres.

Entre as principais vozes imitativas, alguns exemplos:

•• arrulhar - pombo, rola;

•• badalar, bimbalhar, repicar, repenicar;


Morfologia do Português 37

•• balir - ovelha, cordeiro;

•• blaterar - camelo;

•• bramar, bramir, rugir - feras, mar;

•• cascalhar - risadas;

•• coaxar - rã;

•• cocoricar, cucuricar, cucuritar - galo;

•• chiar - carro de bois, insetos;

•• chilrar, chilrear - aves.

Além disso, as onomatopeias podem compreender palavras


imitativas que procuram reproduzir certos sons ou ruídos. Esses casos são
muito comuns em histórias em quadrinhos e charges.

Figura 9 - Onomatopeias nas histórias em quadrinhos

Fonte: Pixabay

Abreviação vocabular
Esse processo consiste na redução de uma palavra até o limite da
sua compreensão. Vejamos algumas palavras que se encaixam nesse
processo:
38 Morfologia do Português

•• Moto (redução de motocicleta);

•• Foto (redução de fotografia);

•• Quilo (redução de quilograma).

IMPORTANTE:

Fique atento para não confundir abreviação com abreviatura.


Esta, por sua vez, é a representação de uma palavra apenas
pela utilização de algumas letras. É o caso das palavras Dr.
(doutor), Av. (avenida), Prof. (professor), entre outras.

Siglonimização
Utiliza-se essa opção quando, para abreviar o nome de uma
associação, entidade, instituição ou organização, usamos uma sigla, a
qual é formada por letras iniciais que compõem um nome.

Exemplo: ONU (Organização das Nações Unidas), Funai (Fundação


Nacional do Índio), Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) etc.

Radicais gregos e latinos


É muito comum a utilização de radicais gregos e latinos na criação
de palavras científicas ou artísticas, por isso é fundamental que esses
elementos sejam conhecidos, para melhor compreendermos o sentido
de muitas palavras que utilizamos em nosso dia a dia.

De acordo com CEGALLA (2009, p. 117):

O conhecimento dos radicais gregos é de indiscutível


importância para a exata compreensão e fácil memorização
de inúmeras palavras criadas e vulgarizadas pela linguagem
científica.
Morfologia do Português 39

Tabela 2 - Exemplos de radicais gregos e seus significados

Radicais Significados Exemplos


acro- alto acrópole
aero- ar aeródromo
-agogo que conduz pedagogo
biblio- livro bibliófilo
bio- vida biografia
cardio- coração cardiologia
deca- dez decâmetro
-delo visível psicodélico
enea- nove eneassílabo
entero- intestino entérico
fito- planta fitoide
fisis- natureza fisiológico
gero- velho geriatria
gimno- nu gimnofobia
nefro- rim nefrite
neo- novo neolatino
onico- unha onicofagia
oniro- sonho onírico
penta- cinco pentágono
Fonte: Elaborado pela autora, com base em Cegalla (2009, p. 117).

Além desses, segue uma pequena lista de radicais latinos com as


respectivas formações vernáculas, de cunho erudito, isto é, palavras que
entraram na língua portuguesa por via literária e científica, a maioria delas
entre os séculos XVIII e XX, conforme a obra de Cegalla (2009).

Tabela 3 - Exemplos de radicais latinos e seus significados

Radicais Significados Exemplos

Agri Campo Agricultura


Ambi Ambos Ambidestro
Arbori- Árvore Arborícola
40 Morfologia do Português

Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô


Calori- Calor Calorífero
Cruci- cruz Crucifixo
Curvi- curvo Curvilíneo
Equilátero,
Equi- igual
equidistante
Ferri-, ferro- ferro Ferrífero, ferrovia
Loco- lugar Locomotiva
Morti- morte Mortífero
Multi- muito Multiforme
Olei-, oleo- Azeite, óleo Oleígeno, oleoduto
Oni- todo Onipotente
Pedi- pé Pedilúvio
Pisci- peixe Piscicultor
Pluri- Muitos, vários Pluriforme
Quadri-, quadru- quatro Quadrúpede
Reti- reto Retilíneo
Semi- metade Semimorto
Tri- Três Tricolor
Fonte: Elaborado pela autora, com base em Cegalla (2009, p. 123).

Neologismos
É muito comum acrescentarmos significados a determinadas
palavras sem modificá-las estruturalmente. Para muitos estudiosos da
língua, isso é considerado um processo extremamente enriquecedor,
visto que em muitos casos até mesmo se esquece do significado inicial
das palavras (PASQUALE, 2008).

Pense, por exemplo, em situações em que a palavra arara é utilizada


para evidenciar a irritação de uma pessoa, ou ainda quando alguém
comete um equívoco e dizemos que ela está “pagando um mico”. Nessas
situações, temos exemplos do uso de neologismos semânticos, que
consistem em utilizar uma palavra atribuindo-lhe um significado diferente
do seu original.
Morfologia do Português 41

EXPLICANDO MELHOR:

Os neologismos nascem em decorrência do progresso


e do desenvolvimento da cultura humana. Novas ideias
e invenções criam novas necessidades de expressão
(CEGALLA, 2009).

Os neologismos são criados a partir do contato das pessoas


com diferentes áreas de conhecimento, como a política e a ciência, e
atualmente, com o acelerado crescimento da tecnologia. No entanto,
cabe ressaltar que existem diferentes tipos de neologismos.

Tabela 4 - Conhecendo os neologismos

TIPO DE
CONCEITO EXEMPLOS
NEOLOGISMO

- A professora ficou
uma arara porque
entramos atrasados
Palavra que já existe
na aula. (ficou brava)
SEMÂNTICO no léxico e adquire
- Meu vizinho fez um
um novo significado
gato na rede elétrica.
(ligação elétrica
irregular)

- “Vou deletar você


da minha vida”.
(apagar/esquecer)
Designa a criação de - O chefe pediu
LEXICAL
uma nova palavra para escanear os
documentos da
reunião. (digitalizar/
fazer cópias)
42 Morfologia do Português

- Joana deu a volta


por cima e venceu as
Construção sintática drogas. (superou)
SINTÁTICO que adquire um - Lucas me deu
significado específico o bolo e não
compareceu ao
encontro. (enganou)

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Empréstimos linguísticos
Conforme já mencionamos nesta unidade letiva, o contato entre
culturas produz efeitos no vocabulário das línguas (PASQUALE, 2008).
Pense nas seguintes palavras:

•• Bife;

•• Futebol;

•• Abajur;

•• Xampu.

Todas elas são muito frequentes em nosso dia a dia e não nos
damos conta de que são originárias de outros idiomas. Contudo, a
maioria das palavras de origem estrangeira passa por algum processo de
aportuguesamento, tanto do aspecto fonológico quanto gráfico.

Outro fato bastante influenciador no léxico da Língua Portuguesa é


o surgimento constante de produtos e processos tecnológicos. Sobretudo
com a chegada da internet, muitas palavras passaram a fazer parte do
nosso vocabulário. Tomemos como exemplo: deletar, clicar, blogue,
avatar, emoji, selfie e muitas outras. Assim, como sabemos, nossa língua
é viva e, com o passar dos anos, muitas outras palavras ainda surgirão,
dependendo da necessidade dos falantes de se comunicarem.
Morfologia do Português 43

RESUMINDO:

Nesta competência você aprendeu os principais processos


de formação de palavras que ocorrem em nosso idioma:
o processo de derivação (prefixal, sufixal, regressiva,
imprópria e parassintética), e de composição (justaposição
e aglutinação). Também conheceu processos outros, como
hibridismo, onomatopeia, abreviação, siglonimização,
neologismos e empréstimos linguísticos. Seguiremos
estudando os processos de formação das palavras.
44 Morfologia do Português

Examinando as palavras primitivas e


derivadas, simples e compostas

OBJETIVO:

Nesta competência, veremos que algumas palavras quanto


à formação podem ser primitivas ou derivadas, ou ainda,
simples e compostas. Por isso, para encerrar esta unidade
letiva, vamos verificar o que as diferencia entre si.

O fenômeno que é a língua


Como estudamos aqui nesta unidade 1, boa parte das palavras
de nossa língua provém de outras já existentes. Como a língua é um
organismo dinâmico e mutável, outras palavras vão surgindo a partir da
influência de povos e de escritores que ultrapassam fronteiras (BEZERRA,
p. 111). E o processo não é novo, visto que nossa própria língua é resultante
de mutação e de mistura.

Em diálogo remoto sobre a língua portuguesa, Rodrigues Lobo fala


com carinho da nossa língua e nos dá algumas pistas da sua formação.

“E verdadeiramente que não tenho a nossa língua por grosseira,


nem por bons os argumentos com que alguns querem provar que
é essa; antes é branda para deleitar, grave para engrandecer, eficaz
para mover, doce para pronunciar, breve para resolver e acomodada
às matérias mais importantes da prática e escritura. Para falar é
engraçada com um todo senhoril, para cantar é suave com um certo
sentimento que favorece a música; para pregar é substanciosa, com
uma gravidade que autoriza as razões e as sentenças; para escrever
cartas nem tem infinita cópia que dane, nem brevidade estéril que
a limite; para histórias nem é tão florida que se derrame, nem tão
seca que busque o favor das alheias. A pronunciação não obriga a
ferir o céu da boca com aspereza, nem a arrancar as palavras com
Morfologia do Português 45

veemência do gargalo. Escreve-se da maneira que se lê, e assim se


fala. Tem de todas as línguas o melhor: a pronunciação da Latina,
a origem da Grega, a familiaridade da Castelhana, a brandura da
Francesa, a elegância da Italiana. Tem mais adágios e sentenças que
todas as vulgares, em fé da sua antiguidade. E se à língua Hebreia,
pela honestidade das palavras, chamaram santa, certo que não sei
eu outra que tanto fuja de palavras claras em matéria descomposta
quanto a nossa. E, para que diga tudo, só um mal tem: e é que, pelo
pouco que lhe querem seus naturais, a trazem mais remendada
que capa de pedinte”.

Sabe-se, e Rodrigo Lobo nos aponta em seu diálogo, que nossa


língua portuguesa brasileira é resultante de muitas outras. O processo
histórico nos conta que, com a expansão marítima portuguesa, o português
foi levado a todas as colônias de Portugal, chegando, assim, ao Brasil
em 1500. De origem latina, a língua portuguesa em território brasileiro
misturou-se com a dos índios e tem grande influência na formação de
inúmeros vocábulos de nosso dia a dia. Também as línguas africanas
provenientes do tráfico de escravos influenciaram grandemente a nossa
língua. Não à toa, hoje estudamos radicais e afixos provenientes de outras
línguas, sobretudo grega e latina, como quer o estudo da etimologia.

Figura 10 - Formação da Língua Portuguesa no Brasil

Fonte: Pixabay
46 Morfologia do Português

Segundo Ricardo Lima, professor do Departamento de Estudos da


Linguagem (UERJ), a língua é um organismo vivo e está em constante
transformação. "A língua é viva porque está sendo usada sempre, em vários
contextos, em várias situações, o que faz com que ela tenha novos usos e
novas possibilidades. Isso acontece tanto no espaço quanto no tempo. No
espaço geográfico, diferentes regiões; no tempo, em diferentes situações
que mudam na sociedade. Assim como a sociedade vai mudando, a
língua acompanha essas mudanças da sociedade" (LIMA, p. 51).

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre as origens da nossa língua e o


fenômeno de mutação desta, assista ao documentário
“Português, a língua do Brasil”.

Sinopse: O documentário apresenta depoimentos de


16 Acadêmicos, membros da Academia Brasileira de
Letras, sobre o atual estado da Língua Portuguesa. Nossa
realidade idiomática é mostrada com as cores do Brasil na
experiência personalíssima de cada Acadêmico. O diretor
escolheu como cenário a Casa de Machado de Assis que,
simbolicamente, representa a Casa da Língua Portuguesa.
No documentário, os depoimentos se sucedem, registrados
sempre com a presença do próprio Nelson, o grande
anfitrião deste encontro de notáveis.

ACESSE:

https://www.youtube.com/watch?v=-bbT7QmdNSE

Se a língua é um organismo em movimento constante, ao estudar


morfologia estudamos a formação de palavras através de elementos
morfológicos (ou mórficos), que são as unidades que formam uma palavra.

Para tanto, alguns conceitos nos auxiliam no entendimento dessa


mutação linguística e nos levam a observar a língua como fenômeno
Morfologia do Português 47

que é. Entre esses conceitos, nos cabe agora os de palavras primitivas,


derivadas, simples e compostas.

Entendemos que no processo de formação de palavras existem


aquelas que dão origem a outras, às quais chamamos de primitivas.

DEFINIÇÃO:

Palavras primitivas são aquelas que não se formam a partir


de um vocábulo preexistente. São também denominadas
“derivantes” (BEZERRA, p. 128).

Exemplo: terra / pedra / ferro / luz / janela / carro

DEFINIÇÃO:

Já um dos processos mais recorrentes de formação


de palavras é a derivação. Entendemos por palavras
derivadas, então, aquelas formadas a partir de um
vocábulo preexistente (os vocábulos primitivos).

Exemplo: terraço / pedreira / ferrugem / luzeiro / janelão


/ carroceiro

Também neste processo fenomenal de formação de palavras,


temos os conceitos que se ligam ao radical dos vocábulos. Entre eles, nos
interessam os conceitos de palavras simples e compostas.

DEFINIÇÃO:

Palavras simples dizemos que são aquelas que apresentam


um único radical (BEZERRA, p. 128).

Exemplo: água / guarda / perfume / perna


48 Morfologia do Português

DEFINIÇÃO:

Palavras compostas, por sua vez, como o próprio nome já


indica, são aquelas que se compõem com dois ou mais
radicais.

Exemplo: água-benta / guarda-chuva / lança-perfume /


pernalta

Abaixo vamos organizar esses conceitos para fins de estudo.

Palavras primitivas e derivadas


a) Palavras primitivas: são as que não derivam de outras, dentro da
Língua Portuguesa.

Exemplos: pedra, terra, dente, pobre, etc.

As palavras a que chamamos de primitivas são aquelas originárias


do fenômeno de mutação das línguas. Trata-se de um conjunto que
se forma pela influência de outras línguas e de outros países. A Língua
Portuguesa possui vários vocábulos primitivos e a grande maioria, para
não dizer a totalidade, têm sua origem em outras nacionalidades.

Existem influências vindas do latim, grego, inglês, árabe, francês,


africano, entre outros locais. Todas essas contribuíram e deixaram seu
legado na atual Língua Portuguesa. Sem falar da mistura com as línguas
que aqui já existiam, como o tupi-guarani.

Para ampliar nosso entendimento, abaixo temos uma lista com


alguns vocábulos primitivos e, ao seu lado, a origem e sua tradução.

•• cafuné: essa palavra veio do quimbundo e é escrita kafundu.

•• xampu: vocábulo de origem latina, veio do inglês shampoo.

•• quilo: vem do grego khylós.

•• alface: esse termo tem origem árabe e é escrito al-hassa.


Morfologia do Português 49

•• batom: proveniente do francês bâton.

•• sapato: palavra originária do árabe sabbat.

•• piano: esse termo é procedente do italiano e tem como tradução a


palavra pianoforte.

•• máquina: provém do latim machina.

•• gelo: descendente do latim, tem como tradução gelus.

•• azul: palavra natural do persa e originalmente chama-se lazward.

b) Palavras derivadas: são as que provêm de outras.

Exemplos: pedreiro, enterrar, dentista, pobrezinho etc.

Os vocábulos derivados, como o próprio nome aponta, são aqueles


que derivam de outras palavras já existentes na Língua Portuguesa, as
palavras primitivas vistas acima.

As palavras definidas como derivadas nasceram pelos termos


primitivos. Um mesmo substantivo primitivo, por exemplo, pode gerar várias
palavras derivadas, não se restringindo a apenas uma. Abaixo, uma lista
com alguns vocábulos primitivos e algumas derivações dessas palavras:

•• mar: maresia, marinheiro e maremoto.

•• morte: mortal, mortuário e mortífero.

•• pedra: pedreiro, pedregulho e pedraria.

•• jornal: jornaleiro, jornada e jornalista.

•• dia: diário, diurno e diarista.

•• campo: camponês, campina e campinho.

•• terra: terreno, terreiro e terraplanagem.

•• casa: caseiro, casinha e casarão.

•• banana: bananada, bananinha e bananeira.

•• dente: dentadura, dentista e dentição.


50 Morfologia do Português

Nos exemplos citados acima é possível perceber o modo como cada


vocábulo primitivo consegue dar vida às novas palavras e assim aumentar
o vocabulário da Língua Portuguesa. Nossa língua é vasta e diversa
justamente por conta de suas origens múltiplas e pelas possibilidades
que o recurso morfológico, a partir dos processos de formação, possibilita.

Relembrando: O radical é o morfema que contém o significado


básico da palavra e a ele podem ser acrescidos outros elementos mórficos,
como as desinências e os afixos – é o que acontece na série casa, casebre,
casarão, caseiro. Por terem o mesmo radical e uma significação comum,
dizemos que pertencem a uma família de palavras. As palavras que
compõem uma mesma família são chamadas de cognatas. Vejamos
outros grupos de palavras cognatas: régua, regra, regular, irregular;
corpo, corpinho, corpanzil, corpúsculo, corporal, incorporação, corpanzil;
fugir, fuga, refúgio.

Figura 11 - Estudo das palavras primitivas e derivadas, simples e compostas

Fonte: Pixabay
Morfologia do Português 51

Palavras simples e compostas


Com relação ao radical, dividem-se as palavras em simples e
compostas.

a) Palavras simples: são as que têm um só radical.

Exemplos: livre, beleza, recomeçar, maquinismo, desmatamento.

b) Palavras compostas: são as que apresentam mais de um radical.


Seus elementos, em muitos casos, unem-se sem hífen.

Exemplos: passatempo, automóvel, ferrovia, peixe-elétrico, melão-


de-São-Caetano.

Revisando: Radical é um morfema básico (que mostra o sentido


básico da palavra), indivisível (porém existem palavras cujo radical se
altera, como na conjugação de verbos anômalos), e comum a uma série
de palavras. Também pode ser classificado como um morfema lexical. O
radical retém o significado básico da palavra – é o núcleo. No português,
diversas palavras são compostas a partir de radicais gregos e latinos – os
chamados compostos eruditos.

Lista de radicais gregos

•• aero (aér = ar): aeroporto

•• astro (áster = estrela): astronomia

•• biblio (bibl-íon = livro): biblioteca

•• bio (bi-os = vida): biografia

•• cardio (kard-ia = coração): cardíaco

•• crono (chron-os = tempo): cronômetro

•• deca (deka = dez): década


52 Morfologia do Português

•• derme (derm-a = pele): dermatologista

•• di (dis = dois): dissílabo

•• etno (ethn-os = raça): etnia

•• gastro (gáster = estômago): gástrico

•• hetero (héter-os = diferente): heterogêneo

•• hidro (hyd-ro = água): hidrografia

•• macro (makr-ós = grande): macróbio

•• micro (mikrós = pequeno): micróbio

•• mono (mónos = um): monólogo

•• neo (né-os = novo): neologismo

•• oftalmo (ophthálmos = olho): oftalmologia

•• poli (polys = muito): poligamia

•• pseudo (pseudos = falsidade): pseudônimo

•• psico (psiqué = alma): psicologia

•• tele (têle = longe): telefone

•• termo (termós = calor): termômetro

•• tri (triás = três): tríade

•• zoo (zô-on = animal): zoológico

Lista de radicais latinos

•• agri (agri = campo): agricultura

•• alter (alter = outro): alternativa

•• ambi (ambi = ambos): ambidestro

•• audio (audire = ouvir): auditório

•• beli (bellum = guerra): bélico


Morfologia do Português 53

•• bi (bis = duas vezes): bisavó

•• cídio (cidio = matar): suicídio

•• clar (clarus = claro): claridade

•• cruci (crux = cruz): crucificar

•• curv (curvus = curvo): curvilíneo

•• duo (duo = dois): dueto

•• equi (aequus = igual): equilátero

•• escri (scríbere = escrever): escrita

•• lac (lactis = leite): lácteo

•• loco (locus = lugar): locomover

•• loquo (lóquor = fala): ventríloquo

•• ludo (ludis = jogo): lúdico

•• mort (mortis = morte): mortandade

•• oni (omni = todo): onipresente

•• ped (pedis = pé): pedal

•• pisci (piscis = peixe): piscicultura

•• quadru (quattuor = quatro): quádruplo

•• tri (tres = três): tripé

•• uni (unus = um): uniforme

•• verm (vermis = verme): vermicida


54 Morfologia do Português

SAIBA MAIS:

[[Saiba Mais]]: Quer se aprofundar mais sobre os


processos de formação e estruturação das palavras da
língua portuguesa? Recomendamos acessar a seguinte
fonte de consulta e aprofundamento: Artigo “Prefixos
e Sufixos gregos e latinos: uma proposta de ensino”.
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/60667/000861827.pdf?sequence=1. Boa
leitura e bons estudos!

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o conteúdo de estudo deste capítulo,
vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido
que cada um dos elementos que formam as palavras,
que fornecem noções de significado mínimo e são
indecomponíveis denominam-se morfemas. Existem
diferentes tipos de elementos mórficos na estrutura das
palavras do nosso idioma: raiz, radical, tema: elementos
básicos e significativos; afixos (prefixos, sufixos), desinência,
vogal temática: elementos modificadores da significação;
vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de
ligação ou eufônicos. No que se refere à formação das
palavras, estudamos os dois tipos de processos: derivação
(e seus casos específicos) e composição (por justaposição
ou aglutinação). Ainda, conhecemos outros tipos de
formação de palavras, entre elas siglas, abreviações
vocabulares, hibridismos, neologismos e estrangeirismos,
além de conhecermos o significado dos principais prefixos
e sufixos de origem grega e latina, bastante comuns na
formação das nossas palavras. Em nossa próxima unidade
letiva, seguiremos com o estudo da morfologia da língua
portuguesa. Até lá!
Morfologia do Português 55

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, N. T. de. Gramática da língua portuguesa. São Paulo:
Saraiva, 2009.

BEZERRA, R. Nova gramática da língua portuguesa para


concursos. São Paulo: Método, 2013.

CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da língua portuguesa. 3.


ed. São Paulo: Scipione, 2014.

CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.


ed. São Paulo: IBEP, 2009.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português


contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

LIMA, R.; KENEDY, E. Linguística II. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação


CECIERJ, 2013.

NORMA CULTA. Língua portuguesa em bom português. Disponível


em: https://www.normaculta.com.br/prefixos/. Acesso em: 18 out. 2019.

WIKIPÉDIA. Morfologia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/


Morfologia_(linguística)#:~:text=A%20morfologia%20(“morf(o,estrutura%20
e%20formação%20das%20palavras. Acesso em: 15 jul. 2020.
Morfologia do Português

Débora Luiza da Silva


Angela Francisca Mendez

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