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Alfabetização e Letramento

Unidade 3
O Processo de Letramento
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
IRIA HELENA DUARTE
MAURO JOSÉ KUMMER
AUTORIA
Iria Helena Duarte
Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do
Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com uma experiência técnico-
profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em
Psicopedagogia e especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha
carreira como docente em diversas escolas do Estado de São Paulo,
Estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino
Fundamental I. Em 2008 fui convidada por uma empresa em expansão
em EAD a participar do departamento Pedagógico como Coordenadora
Pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área
da Pedagogia e ensino de Línguas. Também trabalhei para algumas
faculdades, para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e
preparatórios como ENADE. Atualmente sou sócia de uma escola EAD de
ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas e também atuo
como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual da Universidade
Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão e sou apaixonada
pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos
porque acredito no poder da educação e da reciclagem. Adoro poder
transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo!

Mauro José Kummer


Mestre em educação pela PUCPR, Especialista em gestão da
qualidade aplicada a educação pela Organização dos Estados Americanos.
Trabalha na Educação a distância como professor conteudista e professor
palestrante, além de tutor. Sua formação de base é em Engenharia de
Produção. Além de professor também é revisor de textos, atuou em
diversas instituições como UFPR, PUCPR, UniBrasil e Estácio. Professor
para pós-graduação em gestão da qualidade aplicada a educação.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Perspectivas de alfabetizar letrando.................................................. 10
Letramento e seus processos ...............................................................................................10

A Psicogênese- Parte II............................................................................................ 13

Novas perspectivas no processo de aquisição da língua


escrita............................................................................................................... 15
O que e como se ensina? (Para que se ensina?)....................................................... 16

O Alfabetismo..................................................................................................................................... 17

O alfabetismo e suas perspectivas.................................................................. 19

Concepções Empiristas e Socio construtivistas............................. 21


O Empirismo......................................................................................................................................... 21

O Socio Construtivismo...............................................................................................................23

Piaget e Vygotsky.........................................................................................................24

Estratégias de leitura – Parte III............................................................ 25


Considerações finais...................................................................................................................... 31
Alfabetização e Letramento 7

03
UNIDADE
8 Alfabetização e Letramento

INTRODUÇÃO
Olá alunos!

Daremos início a mais uma unidade! Nessa unidade faremos uma


análise da importância da definição de letramento em nossa sociedade
e o impacto no âmbito educacional. Nesse capítulo, faremos muito
mais reflexões, pois como educador, precisa se apropriar desse mundo
chamado “letramento” de maneira que não tenha alguma dúvida tanto
sobre a sua definição, quanto à sua prática.

Entenderemos que esse tema tão complexo deveria ser praticado


em nossas escolas e que infelizmente não é isso que acontece.
Precisamos então, fazer uma análise da nossa situação real e o que o
letramento pode nos ajudar no processo de ensino-aprendizagem.

Sabemos que não é uma tarefa fácil, pois além de demandar


muitas habilidades, ainda existem questionamentos inerentes à essa
definição que não podemos descartar. Vimos como se dá o processo de
aquisição de leitura e escrita, agora estudaremos como esses processos
podem fazer toda a diferença para nossas crianças.

Nas abordagens anteriores, estudamos sobre algumas abordagens,


porém nessa, dissertaremos sobre as concepções empiristas e também
sociointeracionistas sempre baseados em fundamentos teóricos que
ainda fazem parte do cotidiano educacional de nossas escolas.

E por fim, a terceira parte das estratégias de leitura. Neste capitulo,


você aprenderá algumas estratégias de leitura com crianças que estão
no processo de alfabetização.

Há muito ainda para ser estudado, pensado e discutido! Seja parte


integrante nesse processo!

Bons estudos!
Alfabetização e Letramento 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3, e o nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Identificar tópicos importantes acerca das intenções de alfabetizar


o indivíduo na sua totalidade.

2. Interpretar os novos pontos de vista no processo de ensino-


aprendizagem e na aquisição de leitura e de escrita.

3. Interpretar as concepções empiristas e as sociointeracionistas e


compreender os impactos delas no ambiente educacional.

4. Aplicar as principais estratégias de leitura com as crianças no


processo de alfabetização.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Alfabetização e Letramento

Perspectivas de alfabetizar letrando

OBJETIVO:

Qual a definição de letramento para você? Não quero que


você olhe no dicionário ou até mesmo no material que
você estudou até agora, mas que você possa definir o que
é letramento. Qual a importância desse tema para nossas
crianças e o que a “falta de letramento” pode ocasionar?
O que deve permanecer e o que precisa ser modificado?
Quero que você responda essas perguntas em seu caderno
de estudos antes que possamos dar início a esse primeiro
tópico. Compartilhe suas ideias com seus colegas, deixe-
os compartilhar as deles com você. Faça essa interação!
Sua definição pode conter muitas ou poucas palavras, não
importa. O que vale é que você possa se apropriar desse
universo tão rico e desafiador. Então, mãos à obra!

Letramento e seus processos


Podemos dizer que o processo de alfabetização passou por quatro
impactantes momentos, sendo eles:

1. Método de soletração ou método alfabético: Teve seu inicio na


antiguidade até a idade média;

2. Os métodos sintéticos e analíticos: iniciou no século XVI até


década de 1960);

3. A Psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky:


Década de 60 até meados da década de 1980);

4. Conceito de alfabetização e letramento: de 1980 aos dias atuais.

Segundo SOARES(2008, p.20):


Só recentemente passamos a enfrentar a essa nova realidade
social em que não basta sabe ler e escrever, é preciso
também faze o uso do ler e do escrever, saber responder
as exigências da leitura e de escrita que a sociedade faz
continuamente – daí o surgimento do termo letramento.
Alfabetização e Letramento 11

O termo letramento surgiu do inglês literacy, que significa


alfabetização. No entanto, sua definição aqui é um pouco mais ampla e
não nos remete apenas a definição da alfabetização e sim outros conceitos
específicos que habilitam o usuário da língua se apropriar inteiramente do
seu conhecimento. E qual a história do letramento? Você tem ideia?

O letramento tem uma história, podemos dizer bastante breve,


através de problemas crônicos da educação em detrimento ao fracasso
escolas e a exclusão social.

Na década de 1980, muitos fatores contribuíram para influenciar


o desenvolvimento nas práticas de alfabetização relacionadas com o
emprego da escrita e suas situações complexas. O que mais marcou
nessa época, foi as práticas naturais, no qual possuem grande influência
de Paulo Freire, no sentido da escrita, como forma de expressão, não foi
muito clara para alguns alunos.

Depois disso, a ideia de que a prática da leitura se dava depois da


alfabetização acabou mudando, pois acreditava-se que a pratica da leitura
pudesse também ocorrer antes da alfabetização. Nesse pressuposto,
muitos alunos poderiam ser capazes de fazer o reconhecimento no
sentido da escrita antes mesmo de estar na escola, por meio de sua
experiência pessoal. Outros, poderiam não ter a experiência da escrita em
seu cotidiano. Então, para essas pessoas, houve a necessidade de pensar
que a alfabetização precisava passar por uma evolução, deveria se tornar
um processo de descoberta, de uma cultura, em que a escrita realmente
faria total sentido. Desse questionamento, tomado pela conscientização
escolar quanto à necessidade de uma combinação entre praticas da
escrita a processos de integração com a cultura escrita, surge a definição
de letramento.

SAIBA MAIS:

Sabemos que os métodos naturais também denominados


de “estudos culturais”, ainda ocupam um espaço bastante
importante nas práticas de alfabetização. Sugerimos que
você faça a leitura do texto Histórias infantis e aquisição da
escrita, de Vera Simões, Clique aqui.
12 Alfabetização e Letramento

A Psicogênese – Parte I
Desde o inicio do nosso curso você tem deparado com esse
assunto e suas autoras, essa teoria foi marco de um processo mental da
língua escrita, pois antes disso, sabíamos que o processo de aquisição era
mais mecânico e metódico.

Acreditamos que essa teoria foi um divisor de águas pois consiste


em fazer formulações para explicar o processo mental por meio do qual a
criança faz a construção da sua escrita. Mas o que seria a construção da
escrita, afinal?

Segundo (GODOY e SENNA, 2013, p.211):


Construir a escrita significa desenvolver certo
conhecimento que proporcione ao indivíduo:

a) Discriminar os grafemas;

b) Empregá-los na produção e na leitura de textos escritos


que atendam aos princípios de uso variáveis conforme
cada um dos tipos de gêneros empregados em dada
sociedade.

Os autores ainda afirmam que devemos atentar também para o


uso dos gêneros textuais, que seriam o uso de um sistema gramatical e
também de cunho de gênero textual, como poesia, narrativa, drama etc.
Ou seja, o individuo deve ter domínio de todos esses conceitos para que
possa ser considerado um indivíduo letrado.

Não podemos deixar de citar também, que nos dias de hoje


existem outras formas de comunicação escrita, como blogs, e-mails
etc. Os gêneros textuais também se encontram nos quadrinhos, jornais,
diários, bilhetes e em contos. É o que podemos perceber na concepção
de (GODOY e SENNA, 2013, p.212-13):
A noção de gênero textual implica uma gama de fatores
que em muito transcendem os limites da alfabetização
em seu sentido tradicional, relacionado à construção do
código escrito.

(...) Assim, a noção de alfabetizar passa a ser compreendida


como promover a integração do indivíduo às diversas
práticas sociais de escrita.
Alfabetização e Letramento 13

(...) Então, não bastava mais a um trabalhador saber assinar


o nome, simplesmente. Não bastava mais uma educação
que resumisse a adestrar pessoas para trabalharem em
linhas de produção.

A Psicogênese ganhou então, olhar de diversos países para que a


educação fosse algo comum a todos e que não limitasse os conhecimentos
do indivíduo, mas que ele fosse capaz de uma gama de conhecimentos e
que pudesse desenvolvê-los de forma prática e adequada.

SAIBA MAIS:

Na obra de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, foram


apresentadas cítricas severas quanto ao caráter mecanicista
no emprego da cartilha no processo de alfabetização.
Além disso, há também no uso da cartilha uma intenção
ideológica em que é apresentado no texto Aprender a ler
entre cartilhas: civilidade, civilização e civismo pelas lentes
do livro didático, de Cartola Boto, Clique aqui.

Faremos um aprofundamento sobre as etapas da construção da


língua escrita sob o foco na Psicogênese mais para frente, inicialmente
queremos que você faça a compreensão dos “porquês” e acontecimentos
que culminaram essa mudança tão significativa no processo de
alfabetização.

REFLITA:

Na sua opinião, quais foram as contribuições dos métodos


naturais nas práticas de alfabetização?

A Psicogênese- Parte II
Vamos agora estudar a segunda parte da Psicogênese da Língua
escrita. Podemos dizer que essa teoria de cunho construtivista, é dividida
em quatro etapas:

1. Etapa pré-silábica: é empregado nessa etapa, o uso de grafismos


que não estão associados aos grafemas do sistema alfabético. É
dividida em duas fases. A primeira fase são os traços metonímicos
14 Alfabetização e Letramento

(quando há um desenho com similaridade com o que é


representado; e a segunda fase a relação entre a forma gráfica e
o que representa.
Figura 1

Fonte : https://bit.ly/2T2QHVE

2. Etapa silábica: se dá quanto o descobrimento da forma dos sinais


do sistema alfabético, porém, utilizados por grafemas em que
uma letra representa um conjunto de grafemas:

Exemplo:

A letra “p” por pé

3. Etapa silábico- alfabética: nesse ponto, a escrita tem uma


significativa evolução, porém pode ocorrer algumas presenças
das marcas da fala na escrita:

Exemplo:

“tanbein” por também

“prasco” como plástico

4. Etapa alfabética: a escrita agora passa a ser representação da fala


e sua forma passa a ser regrada pela ortografia.
Alfabetização e Letramento 15

Novas perspectivas no processo de


aquisição da língua escrita
OBJETIVO:

Um dos motivos que impulsionou uma nova concepção


de alfabetização foi a evidência do fracasso escolar que
vem sendo revelado por avaliações estaduais, nacionais
e até mesmo internacionais no nível da linguagem escrita
pelos alunos do ensino básico. Outro fator importante foi
decorrente às mudanças teóricas e de conceitos sob um
novo olhar das ciências psicológicas e linguísticas.

A pesquisadora Magda Soares denomina que essas divergências


nos remetem a alguns questionamentos, com por exemplo, o que funciona
na alfabetização. Sugere ainda, que em torno dessa crise educacional,
também existem algumas discordâncias que deveriam ser estudadas.
Em primeiro lugar, a ideia de o que se ensina e a segunda, referente
ao método que é utilizado, pois devemos além de saber o que ensinar,
também é importante saber como ensinar.

Existem uma separação distinta no que se refere a plena inserção


da língua escrita e que pode ser dividida em algumas dimensões, é o que
sugere SOARES(2003, p.133):
A plena inserção no mundo da escrita, pelo exercício
competente da leitura e da escrita, envolve pelo menos
três complexas dimensões que se articulam e se
complementam: uma dimensão linguística,- a conversão
da oralidade em escrita; uma dimensão cognitiva-, as
atividades da mente em interação tanto com o sistema
de escrita, no processo de aquisição do código, quanto
com o texto em sua integridade, no processo de produção
de significado e sentido; e uma dimensão sociocultural-
a adequação das atividades de leitura e escrita aos
diferentes eventos e práticas em que essas atividades são
exercidas.
16 Alfabetização e Letramento

Compreendemos então, que esse processo é subdividido em três


partes:

1. Linguística

2. Cognitivo

3. Sociocultural

Por esse motivo a sua complexidade, pois cada “dimensão”


complementa a outra e não se pode ter uma totalidade de resultados
sem que as três estejam inteiramente desenvolvidas.

O que e como se ensina? (Para que se


ensina?)
Faremos uma nova reflexão sobre a sua experiência no processo de
alfabetização. Você se lembra quais foram os métodos utilizados que sua
professora utilizou para alfabetiza-lo(a)?

O que funciona na alfabetização?

Por um lado, podemos dizer que o que funciona é o ensino sistemático


da língua escrita; por outro lado, o que funciona na alfabetização é o
desenvolvimento da compreensão de textos, na qual a criança adquire
progressivamente. Existe ainda uma terceira questão que seria a junção
desses processos.

SOARES(2003, p.134-133) assim explica:


[...], sustentam que a aprendizagem da língua escrita deve
envolver, de forma simultânea e integrada, a apropriação
da tecnologia da escrita- essencialmente, do sistema
de relações fonema-grafema -, a leitura compreensiva
e a produção de textos de diferentes gêneros, e os usos
da escrita em experiências reais de leitura e de escrita.
(...) Nessa perspectiva, o que funciona na alfabetização
seria o ensino integrado das múltiplas dimensões da
aprendizagem da língua escrita.
Alfabetização e Letramento 17

Figura 2

Fonte: https://bit.ly/3xRxdlu

Portanto, o questionamento sobre o que funciona na alfabetização


deve ser repensado baseado nas seguintes indagações:

O que funciona? = para que?

1. Para que o indivíduo seja capaz de fazer a codificação e


decodificação da linguagem escrita.

2. Para que a escrita tenha sentido para a criança e que possa se


desenvolver suas habilidades nesse processo.

3. Para que a criança possa estar inserida no mundo da escrita em


todos os seus aspectos culturais.

O Alfabetismo
O conceito de alfabetismo pode até causar estranheza, pois é muito
comum ouvirmos o contrário dessa palavra, que seria o analfabetismo.
Mas o qual o significado dessa palavra então?

Em seu conceito literal, no dicionário a definição de alfabetismo é :”


estado ou condição das pessoas que foram alfabetizadas, que receberam
instrução formal ou sabem ler e escrever”
Extraído de: https://www.dicio.com.br/alfabetismo/.
18 Alfabetização e Letramento

Seguindo essa definição, o analfabeto então, é “aquele que não


sabe ler e nem escrever”, já o alfabetizado é aquele que aprendeu a ler
e a escrever. Vivemos em uma época que não basta apenas saber ler e
escrever, mas devem ter o domínio e saber fazer o uso adequado dessas
habilidades. Segundo Magda Soares, podemos separar em dois grandes
grupos o desenvolvimento do alfabetismo, a pesquisadora chamou esses
grupos de dimensões:

1. Dimensão individual: o alfabetismo é visto como uma atribuição


individual e pessoal.

2. Dimensão social: o alfabetismo é visto como algo cultural no


qual se refere a um “conjunto de atividades sociais” que podem
envolver a linguagem escrita.

A ideia é que a leitura e a escrita são habilidades totalmente


distintas, embora façam parte de um mesmo processo. É o que podemos
ver na reflexão de SOARES (2003, p.152):
[...] a leitura e as habilidades e os conhecimentos que
constituem a escrita são radicalmente diferentes,
como também são consideravelmente diferentes os
processos de aprendizagem da leitura e os processos de
aprendizagem da escrita.

[...] – pode saber ler sem saber escrever. Pode ser um leitor
fluente e um mau escritor.

A autora afirma que as habilidades de leitura e escrita ocorrem de


formas diferentes e também devem ser utilizadas de maneiras diferentes.
Portanto, o alfabetismo em sua dimensão individual, deve ser visto como
um conjunto de práticas sociais com associação à leitura e escrita e que
devem ser exercidas efetivamente em um contexto social.

SCRIBNER (1984, p.9) define o alfabetismo funcional como algo de


muita importância para nossa sobrevivência:
A necessidade de habilidade de alfabetismo na vida
cotidiana é óbvia; no trabalho, dirigindo na cidade,
comprando em supermercados, todos nós encontramos
situações que demandam leitura ou produção de
símbolos escritos. Não é preciso justificar a insistência na
obrigação que têm as escolas de desenvolver nas crianças
Alfabetização e Letramento 19

habilidades de alfabetismo que as tornem capazes de


responder a essas demandas em situações da vida
cotidiana. Programas de educação básica têm a mesma
obrigação de desenvolver em adultos as habilidades
que precisam ter para obter trabalho progredir nele, para
receber o treinamento e os benefícios a que têm direito e
assumir suas responsabilidades cívicas e políticas.

O alfabetismo e suas perspectivas


Há inúmeras perspectivas metodológicas e teóricas no que se diz
respeito a esse fenômeno e por se tratar de um assunto multifacetado,
Magda Soares subdividiu essas perspectivas, sem esquecer da dimensão
individual e social:

1. Perspectiva histórica: que faz investigação da história do sistema


da escrita, entre outros temas.

2. Perspectiva antropológica: estudo dos processos de aquisição da


escrita em diferentes culturas e tradições.

3. Perspectiva sociológica: que tem como leitura e escrita como uma


prática social.

4. Perspectiva psicológica e psicolinguística: que investiga as


diferentes estruturações do pensamento, os processos cognitivos
e a neuropsicologia da leitura e escrita.

5. Perspectiva sociolinguística: as relações entre leitura e escrita em


seus diversos contextos culturais e linguísticos.

6. Perspectiva linguística: que envolve o sistema fonológico da língua


e seu sistema ortográfico, as diferenças morfossintáticas e lexicais
da língua.

7. Perspectiva discursiva: tem como objetivo a teoria do discurso.

8. Perspectiva Textual: estuda as diferenças entre o texto escrito e o


texto oral, assim também como a coesão e coerência.

9. Perspectiva literária: características orais em diversos tipos de


textos dentro das literaturas.
20 Alfabetização e Letramento

10. Perspectiva educacional ou pedagógica: implica na construção


e investigação de condições institucionais, dos processos
metodológicos e didáticos.

11. Perspectiva política: faz uma análise sobre programas que


promovem a promoção do alfabetismo em sua totalidade.

Nas palavras de GNERRE (1985, p.28) podemos concluir os estudos


do alfabetismo sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas:
Podemos dizer que o campo de estudos da escrita, como
foi constituído nas últimas décadas, é um cruzamento
estimulante das principais áreas de categorização das
atividades intelectuais tradicionais do pensamento
ocidental, tais como a História, a Linguística, a Sociologia,
a Educação, a Antropologia e a Psicologia. Por essa razão,
alcançar uma boa compreensão da série de fatos e de
ideias que são relevantes para o campo de estudos da
escrita é uma façanha complexa.

SAIBA MAIS:

O texto da BBC remete à problematização sobre o


analfabetismo funcional e como é a sua influência em
relação as redes sociais em nosso país. Vale muito a pena
você fazer essa leitura, Clique aqui.
Alfabetização e Letramento 21

Concepções Empiristas e Socio


construtivistas
OBJETIVO:

Estudaremos agora, duas abordagens bastante significativas


que influenciaram e ainda influenciam no ambiente
educacional. É certo que existem outras abordagens e que
foram também muito impactantes no desenvolvimento
educativo, porém as concepções que citaremos tiveram
um impacto maior.

O Empirismo
O termo foi introduzido pelo filósofo britânico John Locke (1632-
1704), e que significa experiência” em nossa língua. A teoria empirista
afirma que todo o conhecimento se origina de uma experiência. Embora
todas as pessoas nasçam com capacidades para o aprendizado, elas
precisam das experiências de vida para que possam se desenvolver. Para
os empiristas, o indivíduo recebe as informações do conhecimento por
meio de suas experiências enquanto esse processo passa a ser um hábito
na vida da pessoa.
Figura 3

Fonte: Freepik
22 Alfabetização e Letramento

A ideia empirista é como se todo o conhecimento fosse absorvido


como uma esponja que retém líquido no qual as informações são
fixadas e acumuladas. Pela primeira vez, a mente humana passa a ser
descrita como uma “tábula rasa” que pode ser dirigida de acordo com as
experiências vividas e “absorvidas”.

Outros filósofos como, em meados dos séculos 16 e 17 também


foram adeptos ao Empirismo, entre eles podemos citar Francis Bacon
(1561- 1626) e Thomas Hobbes (1588-1679). Do ponto de vista empirista,
a escola era responsável em formar o individuo e que ele fosse capaz de
julgar, conhecer e agir entre o certo e o errado.

Ainda hoje muitas concepções empiristas se encontram em


nossas escolas, com a ideia que o aluno deve simplesmente receber as
informações sem fazer interação com o objeto de estudo. O conhecimento
é um artefato somente do professor, como forma de produto, ou seja, só
o professor possui esse conhecimento e o aluno deve apenas recebe-lo.

Os empiristas sustentam que o conhecimento é fator exteriorizado


e o professor o detém. O principal método empirista é por meio da cópia
e também da memorização.

REFLITA:

Sob essa abordagem procure lembrar os métodos


empiristas que muitos professores utilizaram (e ainda
utilizam) na sala de aula. Você nunca teve um professor que
o(a) fez copiar textos e textos durante a aula? Esse professor
fez alguma interação com você?

É muito provável, que muitos de vocês já tenham passado por


situações muito parecidas. Lembre-se que não estamos julgando
qualquer método utilizado, apenas uma comparação entre a teoria e o
real. Quando o professor passa um texto e pede que o aluno faça uma
copia do mesmo, a intenção não é que o aluno seja um sujeito ativo nesse
processo, muito pelo contrário, como sujeito passivo o aluno faz a cópia e
as atividades propostas pelo docente. É um método mecanizado.
Alfabetização e Letramento 23

O filósofo Aristóteles (384-322 a.c) também já tinha preconizado


essa teoria e faz críticas severas contra o inatismo, pois acreditava que o
ser adquiria seus conhecimentos em sua prática, até que isso poderia se
tornar um hábito. Causou sem dúvida, uma revolução na ciência, pois foi a
partir dele que surgiu a metodologia científica.

O Socio Construtivismo
A teoria socio construtivista foi calcada no por Levy Vygotsky,
também conhecida como Psicologia de Aprendizagem. Essa teoria define
que o conhecimento é fruto de uma construção social entre a interação
com os indivíduos, ou seja, para que exista um conhecimento, também
deve existir uma interação com o meio em que a criança está inserida.

A teoria de Vygotsky afirma que a criança, desde ao nascer é


envolvida em hábitos, gestos, linguagens e tradições, pois esses fatores
favorecem para o seu desenvolvimento. Para os construtivistas, a
linguagem é fundamental e é considerada como um poderoso artefato
cultural, capaz de modificar todo o desenvolvimento. O individuo então,
aprende na interação com o seu meio, ouvindo e observando o que as
pessoas fazem e não somente na exploração do ambiente.

Vygotsky sugere que existem algumas linguagens simbólicas,


como a linguagem matemática, bastante significante nessa teoria. Enfoca
a importância da cultura no desenvolvimento da criança e sua importância
na aquisição da linguagem, pois é por meio dela, que o individuo faz a
apropriação e ele só faz isso por meio da interação.

O modelo socio construtivista é mais amplo que o modelo


construtivista no qual o seu percursor é Jean Piaget. Porém, tanto
construtivistas quanto socio interacionistas, afirmam que a criança deve
ter o papel de ativo, e falam da importância de os alunos trabalharem e
discutirem juntos por meio de debates e discussões em grupo, assim cada
participante pode expressar suas ideias e opiniões. Essa pratica, ajuda
com que os alunos possam refletir sobre as opiniões alheias e também
compreender as atividades que são propostas. Nessa teoria a criança é
coautora do processo do seu conhecimento.
24 Alfabetização e Letramento

Figura 4

Fonte: Freepik

Piaget e Vygotsky
Ambos os teóricos possuem suas similaridades e também
diferenças. Analise o quadro abaixo quanto as principais características
dos dois teóricos:
Alfabetização e Letramento 25

Estratégias de leitura – Parte III


OBJETIVO:

Estudamos anteriormente que a leitura deve ser um hábito


diário para a criança e que ela deve estar familiarizada
com essa pratica antes mesmo de ingressar no ambiente
escolar. A leitura é, portanto, uma prática cultural que passa
de pais para filhos. Quanto maior o contato com os objetos
de leitura sejam livros ou periódicos, maior também será o
processo motivador.

Como você pode notar, não se pode querer então que aconteçam
milagres dentro da sala de aula com crianças que não tiveram acesso à
leitura. O professor pode estimular e aguçar a curiosidade para a pratica
da leitura, porém deve ter em mente que nem sempre a criança se sentirá
estimulada logo no início de sua tentativa.

Como podemos então, promover um ambiente favorável em que as


crianças se sintam motivadas a iniciar essa prática? O que você utilizaria
para promover essa interação entre seu aluno e o livro?

Vamos então, pensar em algumas estratégias que podem estimular


o gosto pela leitura para os seus alunos. Seguem algumas estratégias que
foram pensadas e desenvolvidas justamente em situações como essa,
porque encontrar crianças que são estimuladas antes da alfabetização
para a leitura, infelizmente em nosso país não é muito costumeiro.

1. Ofereça um ambiente motivador

Lembra que vários teóricos disseram que a criança deve estar


exposta a um ambiente educacional que seja estimulante para o seu
desenvolvimento cognitivo? É exatamente essa a ideia, fazer com que a
criança “entre” em um mundo diferente ao que ela está acostumada.

Podemos estimular a leitura antes mesmo de iniciarmos o processo


de alfabetização na criança por meio de diversos recursos:
26 Alfabetização e Letramento

a. Decoração da sala de aula: Faça uma decoração simples na sala


de aula dos personagens que quer apresentar para as crianças.
Seja criativo(a), tenha em mente que a criança nessa fase é muito
curiosa e figuras e cores irão com certeza promover uma interação
maior.

b. Conte pequenos contos: uma forma muito rica de estimular a


pratica da leitura é a contação de histórias. Procure escolher
histórias curtas, pois nessa idade, as crianças se dispersam com
muita facilidade. O objetivo é que as crianças prestem atenção
na história para que depois, você possa trabalhar com elas sobre
esse assunto. Você pode utilizar marionetes ou até mesmo se
vestir apropriadamente para a contação da sua história, pois é uma
forma de chamar a atenção dos pequenos.

c. Não deixe que o conto fique esquecido: utilize a sua história para
realizar atividades com as crianças. Quanto maior for o contato
com a história, maior também será o estimulo.

d. Utilize contos novos: uma dica importante é a ideia de contar novas


histórias para os pequenos, algo que eles ainda não conheçam. É
claro que você pode utilizar de contos conhecidos, porém a ideia
é que você também apresente uma diversidade de temas.

e. Faça da leitura uma aula uma aula de educação: existem muitas


histórias que também promovem o exercício da cidadania, do
respeito ao próximo e às diversidades. Lembre-se que as crianças
estão em uma fase de descobertas e quanto mais elas tiverem
o exercício do respeito, dos bons costumes, do amor em suas
vidas, mais chances que elas se tornem crianças mais saudáveis e
educadas.
Alfabetização e Letramento 27

Figura 5

Fonte: https://bit.ly/2SW3v08

2. A leitura em grupo

Lembre-se que o processo de leitura deve acontecer até mesmo


antes da alfabetização e a leitura em grupo é uma ferramenta riquíssima
para o professor, seja com turmas não alfabetizadas, no processo de
alfabetização ou já totalmente alfabetizadas.

O objetivo é que a história seja apresentada para todos eles e que os


pequenos possam interagir com a história, indagando, fazendo diversos
questionamentos. Mas como fazer uma leitura em grupo com crianças
que ainda não são alfabetizadas?

Caro professor, o céu é o limite. Você pode utilizar de diversos


recursos para esse processo, sem esquecer que o objetivo é que todas as
crianças tenham acesso à história e se apropriem dela.

Participei de uma contação de história muito interessante. Fui


convidada a assistir a aula da professora no 1º ano do ensino fundamental.
Muitas crianças ainda não eram alfabetizadas, porém a professora utilizou
algumas praticas que fizeram toda a diferença. A mestra utilizou dois
exemplares do livro que estava sendo trabalhado, assim um exemplar
ficava com ela e o outro com as crianças. Colocou seus alunos em círculo,
todos sentados no chão. Enquanto ela contava a história, o livro de leitura
passava de aluno para aluno e de vez em quando ela parava a leitura para
socializar com os pequenos. Eles interagiam com a história e acabavam
28 Alfabetização e Letramento

contanto à professora experiencias parecidas no seu cotidiano. No final da


história, todos estavam motivados e fizeram diversas atividades sobre ela.
A história não durou 10 minutos.

Já com crianças no processo de alfabetização, o processo pode


ser um pouco mais simples, pois cada aluno pode ler uma frase do texto
proposto.

Sabemos que existem inúmeras as maneiras de fazer leitura em


grupo com os seus alunos, nesse processo é muito importante que eles
possam fazer a interação com a história de como que já possam fazer a
compreensão do texto oralmente.

3. Gêneros para a leitura

Os gêneros estabelecem uma relação com a leitura de acordo com


a idade e formação de cada criança. Destacaremos os principais que você
pode utilizar em sala de aula:

a. Abecedários: Logo no início do processo de alfabetização, a criança


é estimulada a reconhecer as letras e os sons. Os abecedários
são muito significativos nesse processo porque além de explorar
a sonoridade das letras, também facilitam o reconhecimento das
palavras, podendo tornar a leitura prazerosa.

b. Conto de fadas: essas histórias tão antigas acabam fazendo parte


da nossa cultura e passam de pais para filhos. Qual a criança que
não conhece a história da Branca de Neve e os sete anões, por
exemplo? Essas histórias podem estimular o gosto pela leitura
além de estimular o mundo simbólico nos pequenos.

c. Contos de acumulação: muito usadas em leitura em voz alta,


nesse tipo de história o enredo sempre se repete com novos
personagens e que tem sempre uma disposição de resolver
problemas. Essa é uma prática muito útil para a memorização e
por se de fácil assimilação, as crianças percebem os elementos
que se repetem e acabam por fazer uma antecipação sobre o que
vai acontecer, interagindo com a história.

Exemplo: A casa sonolenta, de Audrey Wood


Alfabetização e Letramento 29

d. Contos de repetição: o tipo de história eu predomina a repetição


das palavras e também algumas expressões, além de terem
histórias fáceis de memorizar.

Exemplo: Tanto, tanto, de Trish Cooke

e. Cantigas e parlendas: esses textos tem muita sonoridade e ritmos


e chamam a atenção das crianças para a sonoridade das palavras.
As cantigas e parlendas fazem parte de nossa cultura patrimonial
e também pode aproximar pais e filhos e relembrar e compartilhar
ideias e brincadeiras que realizaram no passado.

Exemplo de uma parlenda:


Hoje é domingo, pede cachimbo.

O cachimbo é de ouro, bate no touro.

O touro é valente, bate na gente.

A gente é fraco, cai no buraco.

O buraco é fundo, acabou-se o mundo!

Exemplo de uma cantiga:


Atirei o pau no gato, tô

Mas o gato, tô

Não morreu, reu , reu

Dona Chica, cá cá

Admirou-se se

Do berro, do berro, que o gato deu: Miau!

Figura 6

Fonte: Freepik
30 Alfabetização e Letramento

f. Poemas: Quando as crianças descobrem o jogo de palavras e


começam a pensar sobre seus sons e significados, descobrem um
mundo novo e nada mais instigante do que os poemas em que
elas podem ler e também recitar.

Exemplo:
“Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles

Ou se tem chuva e não se tem sol

ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa

estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,

ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...

e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,

se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda

qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Alfabetização e Letramento 31

Figura 7

Fonte: Freepik

Considerações finais
Finalizamos mais uma etapa do nosso curso!

Fizemos grandes reflexões sobre o cotidiano dentro da sala de aula


e as perspectivas que nos trazem sobre a questão do letramento nos dias
de hoje. É fato que essa “necessidade” de fazer com que o indivíduo fosse
não somente capaz de ler e escrever, mas de dominar todos os aspectos
de leitura e escrita no seu meio social veio de diversos questionamentos
e também do fracasso educacional.

Em nossa realidade ainda persistem esses problemas, pois é


muito comum muitas crianças ingressarem para o próximo ano escolar
sem adquiria as habilidades de leitura e escrita. E por que esse fracasso
ainda persiste? O que precisa ser mudado? Há muito o que ser mudado
e repensado sobre o sistema educacional atual, isso não há contestação!

Os métodos existem para nos guiar um caminho, porém não são


milagrosos. Acreditamos que existam muitos métodos que são bastante
significativos e outros nem tanto, os tempos são outros, estamos na era da
Globalização, do acesso rápido à comunicação. Precisamos nos reciclar e
também nos atualizar!
32 Alfabetização e Letramento

A Psicogênese da Língua Escrita foi introduzida em nosso ambiente


educativo para mudar os parâmetros tradicionais, proporcionando uma
oportunidade nova para o individuo em sua fase de conhecimento (seja
externo ou interno). Embora depois de tanto tempo, existem ainda muitos
questionamentos sobre essa pratica que precisa ser estudada novamente,
analisada e quem sabe, até mesmo adaptada em nossas escolas. Já
vimos que muitos docentes acabam por optar pelos métodos tradicionais
porque desconhecem e não possuem domínio para outras práticas! É
hora de mudar, e temos urgência nisso!

O conceito de letramento nos trouxe uma ideia muito mais ampla


sobre as etapas de alfabetização e ele faz parte desse processo e é tão
importante quanto o simples ato de saber ler e escrever.

Sob as novas perspectivas no processo de aquisição da leitura


e escrita, devemos ter em mente que o mais importante sobre fazer o
questionamento sobre o que ensinar, é para que ensinar.

Essa aquisição não se dá por apenas um único fator, mas pelo fator
linguístico, cognitivo e sociocultural. Não podemos dissocia-los, pois
fazem parte de um mesmo processo.

E o alfabetismo? Qual a importância desse conceito? Tanto


alfabetismo como analfabetismo possuem suas características em suas
dimensões individuais e sociais.

Estudamos as ideias empiristas no qual o conhecimento é adquirido


através da experiência e que a criança nasce desprovida de nenhum
conhecimento prévio, é uma tabua rasa que com ao passar dos anos, vai
absorvendo todo o conhecimento que é imposto a ela. Diferentemente
é o que pensava Vygotsky em sua abordagem socio construtivista, em
que admite que as crianças fazem a aquisição da linguagem através da
interação com o seu meio social.

E por fim, as estratégias de leitura que fazem tanta diferença em


nossa pratica como educadores em que podemos aplicar dentro e fora da
sala de aula, seja com os nossos filhos ou nossos alunos.
Alfabetização e Letramento 33

Em meio de tanta essa riqueza de informações, te convido a procurar


ainda mais. Faça pesquisas sobre o assunto, leia livros e artigos científicos!
Faça a interação com os seus colegas, criem grupos de estudos.

Precisamos de profissionais que estejam dispostos em ser e fazer


a diferença!

Então, mãos à obra!


34 Alfabetização e Letramento

REFERÊNCIAS
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione,
1994om.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004.

COMENIUS, J. A. Didática Magna: tratado da arte universal de


ensinar tudo a todos. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1985.

FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984.

SOARES, M. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2003.

VIGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins


Fontes, 2001.

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