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Metodologia

do Ensino da
Linguagem
Língua Portuguesa: Histórico e
Aplicação na Educação Básica
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DALILA REGINA MOTA DE MELO
AUTORIA
Dalila Regina Mota de Melo
Sou licenciada em Ciências Agrárias pela Universidade Estadual
da Paraíba (2007), mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural
do Semiárido (2010) e doutora em Fitotecnia pela Universidade Federal
Rural do Semiárido (2014). Ao longo da minha carreira, trabalhei no ensino
fundamental e médio e, atualmente, atuo na área Técnica das Ciências
Agrárias e formação de professores. Além disso, desenvolvo materiais
didáticos como professora conteudista nas áreas das Ciências Agrárias,
das Licenciaturas, e áreas correlatas. Amo o que faço e estou muito feliz
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Então, conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Aprender e Ensinar Língua Portuguesa na Escola - Aspectos
Básicos.............................................................................................................. 10
Definições..............................................................................................................................................10

Aprender e Ensinar.......................................................................................................................... 15

Língua Portuguesa na Escola: Histórico............................................. 19


Língua Portuguesa e Linguagem para a Educação do Ensino
Fundamental..................................................................................................29
Objetivos ................................................................................................................................................ 31

Conteúdos.............................................................................................................................................32

Orientações Didáticas ..................................................................................................................35

Avaliação............................................................................................................................................... 36

Língua Portuguesa e Linguagem para a Educação no Ensino


Médio.................................................................................................................40
Objetivos.................................................................................................................................................44

Conteúdos.............................................................................................................................................45

Orientações Didáticas ..................................................................................................................45

Avaliação............................................................................................................................................... 46
Metodologia do Ensino da Linguagem 7

01
UNIDADE
8 Metodologia do Ensino da Linguagem

INTRODUÇÃO
Ao se pensar em Metodologia do Ensino da Linguagem, é preciso
levar em consideração três aspectos: o aluno, a língua e o ensino. Além
disso, é necessário entendermos que cada momento da história humana
é marcado por determinada exigência social em relação ao uso da
linguagem. Atualmente, as esferas da leitura e da escrita se elevaram
e, consequentemente, a escola assume um importante papel diante
deste cenário. Assim, a escola precisa atender à demanda crescente da
sociedade, revisando constantemente a didática do ensino, exercida na
instituição. Desse modo, iremos discutir e abordar os aspectos básicos
referentes a aprender e ensinar a Língua Portuguesa na escola, o histórico
da Língua Portuguesa e os objetivos, os conteúdos, as orientações
didáticas e a avaliação em Língua Portuguesa e Linguagem para a
Educação nos anos finais do ensino fundamental e da Educação para
o ensino médio. Ao longo desta unidade letiva, você vai imergir neste
mundo da Língua Portuguesa! Está preparado? Vamos?
Metodologia do Ensino da Linguagem 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar os aspectos básicos acerca de aprender e ensinar a


Língua Portuguesa na escola.

2. Compreender o histórico da Língua Portuguesa na escola e suas


etapas.

3. Reconhecer os objetivos, os conteúdos, as orientações didáticas e


a avaliação em Língua Portuguesa e Linguagem para a Educação
nos anos finais do ensino fundamental.

4. Reconhecer os conteúdos, as orientações didáticas e a avaliação


em Língua Portuguesa e Linguagem para a Educação para o
ensino médio.

Então, agora convido vocês para entrar nessa jornada em busca de


expandir nossos conhecimentos. Vamos juntos ao trabalho!
10 Metodologia do Ensino da Linguagem

Aprender e Ensinar Língua Portuguesa


na Escola - Aspectos Básicos

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


os aspectos básicos acerca de aprender e ensinar Língua
Portuguesa na escola; compreender o histórico da Língua
Portuguesa na escola e ainda conhecer os objetivos, os
conteúdos, as orientações didáticas e a avaliação em
Língua Portuguesa e Linguagem para a Educação, nos
anos finais, do ensino fundamental e da Educação para o
ensino médio. E agora? Está preparado para desenvolver
estas competências? Então vamos lá!

Definições
Antes de adentrarmos ao conteúdo propriamente dito, veremos
o conceito de aprender e ensinar para nos ajudar a entender o que é e
como ocorre o ensino da Língua Portuguesa.

Aprender é:
Passar a ter conhecimento sobre; instruir-se; aprender um
novo idioma; nunca conseguiu aprender.

Passar a possuir habilidade técnica (em): aprendeu uma


nova modalidade de judô; certos animais têm dificuldades
para aprender (AURÉLIO, 2020).

Quando se fala em aprendizagem, aprender se refere à “ação,


processo, efeito ou consequência de aprender; aprendizado.”

Mas, o que significa ensinar?


Metodologia do Ensino da Linguagem 11

Ensinar é:
Transmitir conhecimento sobre alguma coisa a alguém;
lecionar: ensinar inglês a brasileiros.

[Por Extensão] Dar instruções sobre alguma coisa a alguém;


instruir: o pintor deve ensinar sua técnica aos estudantes
(AURÉLIO, 2020).

Diante disto, percebemos que antes de ensinar a Língua Portuguesa,


é preciso aprendê-la. E como sabemos esta não é uma língua de fácil
aprendizado.

Neste momento, vamos fazer uma análise da Língua Portuguesa.

A Língua Portuguesa é um dos dez idiomas mais falados do mundo;


é constituído de uma lista significativa de regras e acordos empregados
pela Academia Brasileira de Letras e também a língua oficial de mais de
260 milhões de pessoas.

Esta língua é constituída por um sistema de distintas formas e


significados e de suas misturas. Com isso, é organizada em três áreas
distintas (Figura 1).
Figura 1 - Áreas da Língua Portuguesa

Morfologia: estuda os morfemas, ou seja, tudo que nos diz sobre


gênero e número dos substantivos; tempo, modo, número e
pessoa de um verbo e classe gramatical.

Sintaxe: estuda o modo como o falante transmite a informação,


a maneira com que organiza e relaciona as palavras em uma
oração.

Semântica: estuda o significado das palavras, os sentidos que


elas podem tomar de acordo com o contexto.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


12 Metodologia do Ensino da Linguagem

Ainda pode ser diferenciada em norma culta e coloquial.

DEFINIÇÃO:

A norma culta se refere à “obediência às normas e regras


da comunicação”, sendo mais empregada para produção
de textos para reportagem, redação, leitura científica, entre
outros. Já a norma coloquial, pode ser compreendida como
“a mais próxima da fala”, podendo ser utilizada em cartoon,
fábula e cartaz (VILARINHO, 2020, p. 1).

Nossa língua é originária de Portugal, nosso colonizador, por


isso recebe adjetivação de “portuguesa”. Todavia, o português vindo de
Portugal não continuou em sua colônia de maneira legítima. Ganhou uma
nova conotação, e devido a este fato, falamos do português do Brasil.
Entre outros países também colonizados pelos portugueses e que falam
o português, estão: Moçambique, Angola, Ilha da Madeira, Arquipélago
dos Açores, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

ACESSE:

A história do desenvolvimento da Língua Portuguesa no


Brasil é indispensável para quem deseja aprender e ensinar
esta língua. Portanto, para seu melhor aprendizado e
revisão sobre a história da nossa língua, acesse ao vídeo:
História da Língua Portuguesa no Brasil, clicando aqui.

Dessa maneira, é realizado o estudo da gramática da língua


portuguesa, entendida como “a averiguação da correspondência entre
o que se fala ou escreve e as normas ou leis vigentes para o uso da
comunicação de forma culta, polida” (VILARINHO, 2020, p. 1).

A linguagem pode ser entendida como uma ação interindividual


norteada por um objetivo específico e esse processo é realizada por meio
das práticas sociais dos diversos grupos de uma sociedade, em diferentes
épocas de sua história.
Metodologia do Ensino da Linguagem 13

VOCÊ SABIA?
A concepção de linguagem determina o que e como
ensinar. Assista o vídeo, clicando aqui.

Uma interação por meio da linguagem pode ocorrer de diversas


maneiras, por exemplo, um e-mail pessoal, uma conversa entre amigos,
uma redação, um relatório de uma empresa, entre outros.

Diante de tudo que vimos até agora, você ainda pode se questionar
sobre o que é a língua?

Basicamente, a língua
Nos remete a um órgão do corpo que é usado na
comunicação, e é a partir daí que começamos a entender
que o idioma escrito hoje foi, um dia, apenas falado.
(VILARINHO, 2020)

Seguindo este princípio de fala, a língua pode ser definida como “o


conjunto de letras que formam palavras com sentidos diversos.” Sendo
a relação dessas palavras e suas significações entendida como sistema.
Portanto, a língua é um sistema, isto é, “um conjunto de elementos que
relacionam entre si e formam um significado” (VILARINHO, 2020).

VOCÊ SABIA?
A língua é um órgão constituído de músculo e revestido de
mucosa e que está relacionado à deglutição, ao paladar e à
fala. Faz parte do aparelho digestório. Leia o texto de Varela
(2020), no qual ele descreve anatomicamente este órgão,
clicando aqui.

Conforme percebemos, a língua é um código social, podendo ser


entendida como uma combinação de letras, que em diferentes acordos
entre si contraem distintos significados, dependendo do grupo social.
Porém, existe um acordo linguístico que continua em uma sociedade para
que a comunicação em meio aos falantes possa ocorrer. Entretanto, não
significa dizer que a escrita e a fala de todas as pessoas serão iguais, pois
cada um tem uma peculiaridade e uma finalidade ao se comunicar.
14 Metodologia do Ensino da Linguagem

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o vídeo - Por


que estudar a Língua Portuguesa? clicando aqui.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (5ª a 8ª séries) vão dizer


que aprender a língua não significa aprender apenas “palavras e saber
combiná-las em expressões complexas, mas apreender pragmaticamente
seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas
entendem e interpretam a realidade e a si mesmas.”.

Como sabemos cada período da vida proporciona ao indivíduo


desafios que são indispensáveis para o seu desenvolvimento. Por isso que
o ser humano permanece no processo de aprendizagem e este processo
sofre influência de vários fatores que podem ser de ordem biológica,
social ou ainda histórica. Porém, lembrando que estes são responsáveis
pela constituição de um indivíduo de maneira isolada.

Nesse processo de aprendizagem, o homem designa formas


para se relacionar com o mundo e o convívio social está diretamente
ligado com a história individual e coletiva do ser humano. Portanto, para
entender o desenvolvimento não podem ser considerados apenas os
fatores biológicos.

O processo do desenvolvimento do sujeito acontece devido aos


diferentes fatores e ações que se instituem ao longo de sua vida. Com
isso, podemos afirmar que a interação com as diferentes pessoas é
indispensável para haver a formação pessoal.
Metodologia do Ensino da Linguagem 15

Aprender e Ensinar
Ao analisar a relação entre aprender e ensinar, precisamos ponderar
que para ambos acontecerem não é necessário depender um do outro,
entretanto, juntos podem obter grandes resultados (figura 2).
Figura 2 - Aprender e ensinar

Fonte: Freepik.

Imagine a seguinte situação:

Alguém lhe faz um questionamento e, no mesmo instante, você


com suas próprias palavras reponde à indagação da pessoa mostrando
que, anteriormente, aprendeu o que era necessário para que pudesse
passar a informação adiante, ou seja, ensinar.

Quando refletirmos sobre aprender e ensinar, logo nos lembramos


da relação professor-aluno a qual está perpetuada na história e muitas
foram às reflexões sobre o oficio de educar. Grandes nomes e as obras
dos pensadores da educação influenciam a prática pedagógica com suas
ideias até hoje.

Como a nossa vida e a sociedade são dinâmicas, torna-se necessário


sempre pararmos, pensarmos e revermos a nossa prática docente, e, se
for preciso, iniciar um novo caminho e uma nova história para que de fato
a aprendizagem aconteça. Neste sentido, é importante lembrarmos que
enquanto vivermos, temos a possibilidade de aprender algo novo.
16 Metodologia do Ensino da Linguagem

Conforme Freire (1996, p.12) “[...] ensinar não é transferir conhecimento,


mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.”

Neste sentido, é necessário termos imaginação, persistência,


sermos criativos e gostar daquilo que fazemos. Atualmente, cabe ao
professor manter a disciplina do aluno e ainda despertar a sua curiosidade.
Pode até parecer uma tarefa fácil, porém, ao adentrarmos no nosso atual
contexto social, conseguir despertar o interesse e curiosidade do aluno é
verdadeiramente uma arte.

Alguns autores defendem a prática docente como um trabalho


humano sendo edificada por sujeitos socialmente delimitados por um
espaço histórico. Por este motivo, o passo mais importante para formação
deste profissional seja o primeiro contato com a sala de aula, porque
é a chance de colocar em prática toda a teoria absorvida ao longo da
graduação e ainda proporciona um momento de reflexão sobre a atuação
como docente.

Neste sentido, o momento do estágio supervisionado (ES) das


licenciaturas, especificamente, auxilia no processo de aplicação da teoria-
prática. Após a experiência do ES, o aluno começa a ter um olhar mais
acurado e mais crítico em relação às futuras metodologias de ensino. Até
porque com o avanço das tecnologias, é preciso repensar a prática da
docência, inovando, criando e recriando formas para ministrar os conteúdos.

Percebemos então que


O dinamismo dessa era em que as inovações são frequentes
requer acadêmicos cada vez mais multifuncionais, todavia
tal exigência faz com que a demanda por qualificações
seja algo rotineiro e cada vez maior, ao mesmo tempo em
que é lançado o desafio da inovação constante no mediar
para aprender. (MELO, 2018, p. 20)

Para alguns autores, “o professor representa o espelho social


de uma nação”, por isso ”o trabalho do professor tem uma relevância
importantíssima para a formação de uma sociedade” (MELO, 2018, p. 19).

Neste sentido, podemos compreender que é necessária a formação


de um profissional adequado aos aspectos teórico e prático, abrangendo
os conhecimentos específicos e pedagógicos que auxiliem na ação
educativa para a criação de outras práticas pedagógicas.
Metodologia do Ensino da Linguagem 17

Portanto, no atual campo de aprendizagem, as escolas carecem


de docentes dinâmicos, independentes, competentes, inventivos,
capazes de questionarem as situações e encontrarem alternativas para
ultrapassarem os desafios.

Neste cenário, é importante o professor “procurar sempre saber


mais e nunca chegar ao ponto de dizer que sabe tudo e que já tem o
suficiente e sim que está sempre faltando algo para ele aprender e buscar
no seu dia a dia” (MELO, 2018, p. 51).

Afinal, não podemos deixar de acreditar na capacidade que o ser


humano tem para aprender, se transformar e ainda transformar o outro.
Sabemos que não temos capacidade e poder para mudar tudo, entretanto
podemos buscar uma educação de melhor qualidade e não perder a fé
que um dia este sonho possa se tornar realidade!

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo


- A prática docente no contexto da sala de aula frente às
reformas curriculares, clicando aqui.

Em relação ao ensino da Língua Portuguesa, este tem sido


caracterizado por uma sequência de conteúdos, ou seja, “ensina-se a
juntar sílabas (ou letras) para formar palavras, a juntar palavras para formar
frases e a juntar frases para formar textos”. Essa metodologia aditiva
induziu a escola a utilizar “textos” que não fazem sentido fora da escola.

Já no tocante à linguagem, esta é realizada por meio de atividades


de caráter reflexivo, isto é, uma análise linguística. Reflexão que é essencial
para a ampliação da habilidade para produzir e interpretar textos.

No Brasil, a Língua Portuguesa é constituída de diversas variedades


dialetais. Geralmente, se identificam as pessoas geográfica e socialmente
pela maneira como falam. Infelizmente, em nosso país, ainda há muitos
preconceitos devido ao valor social que é atribuído aos diferentes modos de
falar. O que deve ser levando em consideração é a maneira de utilizar a fala,
observando os aspectos da comunicação e não se o falar é certo ou errado.
18 Metodologia do Ensino da Linguagem

Mas, atenção! O aluno saber escrever não significa dizer que


conseguirá compreender e produzir textos em linguagem escrita.
Para tanto, é necessário que seja realizado um trabalho pedagógico
sistemático. Porque se o aluno não conviver com verdadeiros escritores
fica muito difícil ensiná-lo a escrever textos.

O ensino da Língua Portuguesa nas escolas passou por várias fases


e mudanças, as quais veremos no próximo item. Acompanhem!

RESUMINDO:

Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo mesmo?


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter entendido que aprender é
quando você passa a conhecer algo novo e ensinar é o ato
de transferir este conhecimento adquirido a alguém. Por
exemplo, é necessário aprender a Língua Portuguesa, antes
de ensiná-la. Organizada por sistema de diversas maneiras
e significados e suas misturas, a Língua Portuguesa é
constituída de três áreas diferentes: morfologia, sintaxe
e semântica. Vimos também que aprender e ensinar são
ações independentes, porém quando são desenvolvidas
juntamente produzem bons resultados. Aprendemos
ainda que devido a nossa sociedade ser dinâmica, há
a necessidade de constante reflexão e atualização da
prática docente para que a aprendizagem seja realmente
alcançada. Além de percebermos que o ensino da Língua
Portuguesa passou por diversas modificações ao longo da
nossa história.
Metodologia do Ensino da Linguagem 19

Língua Portuguesa na Escola: Histórico

OBJETIVO:

Agora faremos uma viagem no tempo para entendermos


a história do ensino da Língua Portuguesa na escola
brasileira..

No Brasil, até o século XVIII, não havia uma língua oficial. Apesar do
português, oriundo pelos colonizadores ser oficial, não era dominante no
momento, pois existiam as línguas indígenas e o latim. Ainda, ela não fazia
parte do currículo escolar.

Nas escolas menores, o idioma português servia apenas como


instrumento para a alfabetização e ainda era traduzido para o latim,
seguindo as instruções do programa de estudos da Companhia de Jesus,
programa esse utilizado mundialmente naquela época.

Uma das explicações para esse fato ocorrer era que raras eram as
pessoas que tinham acesso à escola, pois quem tinha este privilégio na
colônia era apenas quem pertencia à elite.

Foi a partir de 1750 que o Português se tornou a língua obrigatória


do Brasil pelas mãos do Marquês de Pombal. Ele também proibiu a
utilização de outras línguas e incluiu o português na escola, ocorrendo
assim a sua valorização nacionalmente. E ainda, posterior às reformas, o
aluno começou a estudar também a gramática da língua portuguesa, não
mais apenas aprender a ler e escrever.

No entanto, a língua portuguesa, presente no currículo, era


estudada de maneira retórica, poética e gramatical. Foi só no fim do
Império que houve a unificação destas disciplinas e ficou conhecida como
Português. Sendo que até o fim do século XIX, a língua conservou em
seus conteúdos e componentes curriculares a gramática e a retórica -
incluindo a poética. Logo depois, a poética se tornou um componente
curricular independente.
20 Metodologia do Ensino da Linguagem

O privilégio de somente a elite ter acesso ao conhecimento se


manteve até o século XX, por volta dos anos 1940. Até este momento,
o ensino do Português continuava sendo gramática, retórica e poética.
Como percebemos, a escola era para poucos e o ensino da Língua
Portuguesa era realizado de acordo com os interesses culturais da elite.

Este cenário de apenas a elite ter acesso aos estudos começou a


mudar a partir dos anos 1950 e 1960 como resultado das reivindicações
das classes populares que lutavam pelo direito à escolarização. Com
isso, a escola precisava rever sua função e objetivo, adequação dos
componentes curriculares, sobretudo a Língua Portuguesa, pois o público
agora tinha uma diversidade linguística jamais vista na escola.

Com esta mudança e o aumento do número de alunos, os


professores começaram a ser menos exigentes. Até porque não tinha
professor suficiente para a demanda de estudantes e, muitas vezes, os
que tinham não estavam preparados para atendê-los.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto sobre a história do


ensino da Língua Portuguesa no Brasil, acesse o artigo
de Malfacini (2015) - Breve histórico do Ensino de Língua
Portuguesa no Brasil: da Reforma Pombalina ao uso de
materiais didáticos apostilados, clicando aqui.

Diante do exposto, percebemos que a implantação da Língua


Portuguesa no Brasil foi marcada por quatro períodos diferentes, veja a
Figura 3.
Metodologia do Ensino da Linguagem 21

Figura 3 - Períodos da implantação Língua Portuguesa no Brasil

Da colonização até a
saída dos holandeses do
Primeiro
Brasil em 1954

Começa com a saída


dos holandeses e até a
chegada da família real
Segundo
portuguesa ao Brasil em
1808.
Períodos
Se inicia 1826, com a
transformação da língua
Terceiro
do colonizador em língua
da nação brasileira.

Se inicia 1826, com a


Quarto transformação da língua
do colonizador em língua
da nação brasileira.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Até os anos 1970, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)


mostram que o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa era
comparado a um foguete em dois estágios. No primeiro estágio, ia até a
criança ser alfabetizada, aprendendo o sistema de escrita. No segundo, já
se iniciava quando a criança tivesse o domínio básico da escrita e então
seria convidada a produzir textos, observar as normas gramaticais e ler as
produções clássicas (figura 4).
22 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 4 - Aprendizagem da Língua Portuguesa. Primeiro estágio (A) e segundo estágio (B)

Fonte: Freepik (2020).

Ainda nos anos de 1970, uma nova mudança conceitual modificou


as práticas escolares. A linguagem passou a ser entendida como um
instrumento da comunicação, no qual envolve um interlocutor e a
mensagem a ser compreendida e não apenas como a expressão do
pensamento. No processo de transmissão de mensagens, todos os
gêneros começaram a ser observados como instrumentos importantes.
Com isso, é necessário que o aluno aprenda os aspectos de cada um
deles para então reproduzi-los na escrita e ainda identificá-los nos textos
lidos.

Mas, a partir dos anos 1980, o ensino começou a ser visto como um
processo contínuo, não mais uma sucessão de etapas. Para que o aluno
desenvolva diversas habilidades e competências, ao longo dos anos, são
necessários ter acesso a um processo de dificuldades progressivas do
conteúdo.

Deste momento em diante, os trabalhos básicos desenvolvidos no


ensino fundamental eram os seguintes, apresentados na Figura 5.
Metodologia do Ensino da Linguagem 23

Figura 5 - Trabalhos básicos da Língua Portuguesa - ensino fundamental

Ler e ouvir a leitura do docente. Escrever.

Produzir textos oralmente para


um educador-escriba (quando Fazer atividades para
o aluno ainda não compreende desenvolver a linguagem oral.
o sistema).

Enfrentar situações de análise e reflexão sobre a língua e a


sistematização de suas características e normas.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Este novo modelo caracterizava-se por apresentar diversas


diferenças, quando comparada com as perspectivas anteriores. Do
século XIX a meados do século XX, a linguagem era apresentada como
sendo uma demonstração do pensamento. Ler e escrever bem eram uma
decorrência do pensar e as metodologias, utilizadas pelos professores,
eram centradas na discussão em torno das particularidades descritivas e
normativas da língua.

Analisada como um código de transcrição da fala, a aprendizagem


da escrita necessitaria ser desenvolvida nos primeiros anos da disciplina.
Por vários anos reinaram dois tipos de métodos de alfabetização. Observe-
os na figura 6.
24 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 6 - Tipos de método de alfabetização

Métodos de alfabetização

Sintéticos Analíticos

Começavam da parte e
Começavam no sentido oposto,
iam para o todo, mostrando
o que garantiria uma visão mais
pequenas partes das palavras,
ampliada do aluno sobre aquilo
como as letras e as sílabas,
que estava no papel, facilitando o
para, então, formar sentenças.
seu entendimento. Pelo modelo, o
Compõem o grupo os
ensino partia das frases e palavras,
métodos alfabético, fônico e
decompostas em sílabas ou letras.
silábico.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

O objetivo principal destes métodos era “o treinamento da


capacidade de identificar, suprimir, agregar ou comparar fonemas.” Com
isso, o leitor estaria formado.

Quando o aluno dominava a primeira fase da aprendizagem, passava


para a fase seguinte. Ao se tratar da escrita, era necessário que o aluno
reproduzisse consagrados textos da literatura e ainda apresentasse uma
letra bem desenhada. No tocante à leitura, o aluno precisava compreender
com clareza o que o autor quis transmitir naquele texto.

O foco das aulas eram as características normativas e descritivas da


língua e não se estudavam os textos. A língua informal não era considerada
no âmbito escolar.

Com o avanço das correntes acadêmicas, uma nova concepção de


linguagem foi apresentada por Mikhail Bakhtin. A partir de então foi dada a
atenção à relação interpessoal, as diferentes situações de comunicação, o
contexto de produção dos textos, os gêneros, a interpretação e a intenção
de quem o produz.
Metodologia do Ensino da Linguagem 25

Com isso, o aluno começou a ser compreendido como um sujeito


ativo e atuante no momento da leitura e escrita.

Esta nova metodologia fortaleceu-se com as pesquisas com base


na aprendizagem construtivista que considera o sujeito como elaborador
do conhecimento, não apenas aquele transmitido pelo mestre.

Os teóricos fundamentais desta linha de pensamento são Lev


Vygostsky e Jean Piaget. O primeiro foi quem apresentou o valor da
interação social, bem como as trocas de saberes entre as crianças. O
segundo é considerado o pai da teoria construtivista.

Nesse período, foi desenvolvida uma pesquisa pelas autoras Emilia


Ferreiro e Ana Teberosky sobre a alfabetização, na qual se mostrou que
o aluno elabora hipóteses sobre a escrita e ainda aprende ao reorganizar
esses dados em sua mente. Logo depois, o conhecimento sobre o ensino
e a aprendizagem foi produzido a partir de pesquisas sobre a didática de
leitura e escrita.

Atualmente, a proposta é que algumas atividades sejam realizadas


com os alunos de todas as séries para que seja desenvolvida as habilidades
de leitura e escrita. Algumas destas atividades podem ser as leituras e
escritas elaboradas pelo professor e os alunos da turma para aprender os
gêneros do discurso, pode ser utilizada, também, a comunicação oral e as
análises e reflexões sobre a língua.

É importante atentar para uma prática que não pode faltar em sala
de aula: a leitura realizada de forma individual e coletiva que pode ser feita
em voz baixa ou alta.

Quanto à linguagem oral, esta necessita ser desenvolvida por


meio de exposições de diversos conteúdos, discussões e arguições,
comentário sobre determinado assunto lido. A devida atenção à fala é
necessária para que haja a adequação para as diversas situações sociais
de comunicação oral.

Nesse sentido, os objetivos da educação são alterados devido à


compreensão da leitura, escrita e oralidade. Assim, os leitores e escritores
passam a ter destaque nos conteúdos básicos do ensino.

Com isso podemos entender que o educador precisa ir, além da


escrita escolar, e considerar as práticas sociais de seus alunos. Fazendo
26 Metodologia do Ensino da Linguagem

assim, os alunos terão a oportunidade de ter contato com os gêneros que


se aplicam a sua vida real.

Agora observe na figura 7 a linha do tempo do ensino da Língua


Portuguesa no Brasil.
Figura 7 - Linha do tempo do ensino da Língua Portuguesa no Brasil

1759 - A Reforma Pomba- 1800 - A linguagem é vista 1850 - A maneira unânime


lina torna obrigatório no como uma expressão do de ensinar a ler é o método
Brasil o ensino de Língua pensamento e a capaci- sintético. As letras, as sílabas
Portuguesa nas escolas. A dade de escrever é con- e o valor sonoro das letras
intenção é transmitir o co- sequência do pensar. Na servem de ponto de partida
nhecimento da norma culta escola, os textos literários para o entendimento das
da língua materna aos filhos são valorizados, e os regio- palavras. 
das classes mais abastadas.  nalismos, ignorados..

1876 - O poeta João de 1911 - O método analítico se


1860 - Desde os primeiros
Deus (1830-1896) lança a torna obrigatório no ensino
registros sobre o ensino da
Cartilha Maternal. Defende da alfabetização no estado
língua, a escrita é vista inde-
a palavração, modelo que de São Paulo. A regra é vá-
pendentemente da leitura e
mostra que o aprendizado lida até 1920, quando a Re-
como uma habilidade mo-
deve se basear na análise forma Sampaio Dória passa
tora, que demanda treino e
de palavras inteiras. É um a garantir autonomia didática
cópia do formato da letra por
dos marcos de criação do aos professores. 
parte do aprendiz. 
método analítico. 

1920 - Inicia-se uma disputa 1930 - O termo alfabetiza- 1940- As primeiras edições
acirrada entre os defenso- ção é usado para deter- das cartilhas Caminho Suave
res dos métodos analíticos minar o processo inicial de e Sodré são lançadas nessa
e sintéticos. Alguns profes- aprendizagem de leitura década, respeitando a téc-
sores passam a mesclar as e escrita. Esta passa a ser nica dos métodos mistos, e
ideias básicas defendidas considerada um instrumen- marcam a aprendizagem de
até então, dando origem aos to de linguagem e é ensina- gerações. 
métodos mistos.  da junto com a leitura. 

1984 - Lançamento do li- 1970 - A linguagem passa


1997 - São publicados os vro Psicogênese da Língua a ser vista como um instru-
PCNs pelo governo fede- Escrita, de Emilia Ferreiro mento de comunicação. O
ral para todo o ensino fun- e Ana Teberosky. A con- aluno deve respeitar mo-
damental, defendendo as cepção de linguagem é delos para construir textos
práticas sociais (interação) modificada nessa década e e transmitir mensagens. Os
de linguagem no ensino da influencia o ensino até hoje: gêneros não literários são
Língua Portuguesa.  o foco deveria estar na inte- incorporados às aulas. 
ração entre as pessoas. 

Fonte: Elaborado pela autora com base em SANTOMAURO (2009).


Metodologia do Ensino da Linguagem 27

Como percebemos cada época foi e é marcada por características


específicas. Como foi mostrado na Figura 7, a partir do ano de 1997 e até
nossos dias, o professor da Língua Portuguesa usa como base de suas
aulas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

O PCN é um documento que foi elaborado com intuito de ajudar


aos educadores a desenvolverem suas atividades junto aos educandos,
com a finalidade de proporcionar melhor rendimento dos professores e
alunos.

Para auxiliar, na execução da proposta dos PCNs, são utilizados


os livros didáticos (LD) e, para tanto o governo criou uma comissão para
analisar e classificar os LDs que existem no mercado, observando se estes
atendem a sua orientação para o ensino da Língua Portuguesa.

Entretanto, devido à complexidade da realidade em nosso país e


os vários problemas que enfrentamos para termos uma educação de
qualidade e efetiva, são necessários alguns avanços como a formação
de professores, melhores condições de trabalho e de situação social dos
alunos e seus familiares.

Quanto ao ensino da Língua Portuguesa, como deve ocorrer? Para


que o ensino da Língua Portuguesa seja desempenhado na escola é
necessário desenvolver diversas atividades nas quais os gêneros textuais
façam parte como a utilização de jornais, receitas, revistas etc. Em relação
aos recursos culturais, estes dependerão da atitude do professor, pois ele
pode aproveitar os recursos disponíveis na sala de aula em sua escola.

Vale lembrar, também, que independente da condição da escola, o


acesso aos materiais citados anteriormente não é difícil. Principalmente se
o professor for aquele profissional que permanece em crescimento, saberá
tranquilamente desenvolver suas atividades, transmitindo efetivamente o
conteúdo, conforme a idade e a série de seus alunos.

Entretanto, é valioso ressaltar que, quando a escola tem uma


estrutura com biblioteca, constituída de um bom acervo de livros, vários
materiais, laboratórios das diversas áreas, recursos audiovisuais, entre
outras, será muito mais fácil para os professores diversificarem a dinâmica
de suas aulas.
28 Metodologia do Ensino da Linguagem

Ainda não esqueça que mais importante que passar o conteúdo


de maneira lúdica, a missão dos educadores deve ser preparar os alunos
para enfrentarem a vida fora dos muros da escola, aproveitando as
particularidades de cada cultura que vem junto com eles.

Por isso, os PCNs servem para auxiliar as discussões entre


orientadores e professores e, com as devidas adequações, seguir a
realidade de cada estado, cidade e escola.

RESUMINDO:

Enfim, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo?


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a história
da língua portuguesa no Brasil só se tornou obrigatória,
a partir de 1970 pelo Marquês de Pombal. Até esse
momento a escola era direito apenas da elite da Colônia,
sendo estudada de forma retórica, poética e gramática.
Entretanto, a partir dos anos 1950 e 1960, a escola passou a
ser um direito de todos e não apenas para a elite, fruto das
reivindicações das classes populares. Foi nos anos de 1970,
com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
um novo conceito mudou as práticas escolares. A partir de
então, entendeu-se a linguagem como um instrumento da
comunicação, envolvendo um interlocutor e a mensagem
a ser compreendida. Nos anos de 1980, o ensino foi
compreendido como um processo contínuo, no qual o
aluno é considerado um sujeito ativo e atuante na hora
da leitura e escrita. Vimos também uma demonstração da
linha do tempo do ensino da Língua Portuguesa no Brasil.
Metodologia do Ensino da Linguagem 29

Língua Portuguesa e Linguagem para a


Educação do Ensino Fundamental

OBJETIVO:

Com a finalidade de superar o desafio da educação em


nosso país, o governo brasileiro tem procurado elaborar
estratégias que visam à universalização do ensino em toda
a nação, com base na demanda da sociedade e também
nas ideias de cada governo. Atualmente, vigora a proposta
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), como vimos
anteriormente..

O objetivo dos PCNs com o ensino de Língua Portuguesa é


estabelecer uma “referência para as discussões curriculares da área em
curso há vários anos em muitos estados e municípios” e ainda, servir de
base para auxiliar os técnicos e professores no processo de revisão e
elaboração de propostas didáticas (BRASIL, 1998).

O ser humano só terá uma participação ativa na sociedade, se ele


conseguir se comunicar. Para tanto, é preciso dominar a língua oral e
escrita, podendo a partir de então ter acesso à informação e conseguir
questionar e defender sua opinião sobre determinado tema.

Portanto, a escola tem o papel de ensinar a seus alunos os saberes


linguísticos para que seja possível a sua atuação na sociedade, exercendo
assim a sua cidadania, que é um direito inegável a todos.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os


Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos
do ensino fundamental - Língua Portuguesa e conheça
seus objetivos, clicando aqui.

O PCN para o ensino médio está estruturado por área e ciclos. Veja
na figura 8.
30 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 8 - Organização dos ciclos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

1º Ciclo 1ª e 2ª séries

2º Ciclo 3ª e 4ª séries
Ciclos

3º Ciclo 5ª e 6ª séries

4º Ciclo 7ª e 8ª séries

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Mas lembre-se de que a Lei Federal nº 11.114, aprovada em maio


de 2005, alterou quatro artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) e agora o ensino fundamental de 1ª a 8ª séries precisa ser distendido
para nove anos.

Mas o que de fato aconteceu? Ocorreu que foi extinta a nomenclatura


‘alfabetização do ensino infantil’ e substituída por 1ª série, com isso
o ensino fundamental agora fica com nove anos. Assim poderíamos
fazer uma retificação na distribuição no s ciclos do ensino fundamental,
conforme consta na figura 9.
Figura 9 - “Atualização” da organização dos ciclos dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN)

1º Ciclo 2ª e 3ª séries

2º Ciclo 4ª e 5ª séries
Ciclos

3º Ciclo 6ª e 7ª séries

4º Ciclo 8ª e 9ª séries

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Metodologia do Ensino da Linguagem 31

Diante disso, pode-se afirmar que o ensino da Língua Portuguesa


e Linguagem para a Educação, nos anos finais do ensino fundamental,
se referem aos 3º e 4º ciclos. Nesta fase, é preciso que os educadores
tenham total compreensão para entender que os alunos se encontram na
adolescência, pois é nesse momento que o indivíduo passa por diversas
mudanças em vários sentidos de sua vida.

Portanto nesse período, as maneiras didáticas devem ser aplicadas


de forma que possam auxiliar na formação do indivíduo. É necessário levar
em consideração as especificidades dos alunos, da escola, da linguagem
e suas técnicas.

A partir de agora veremos quais são os objetivos, conteúdos,


orientações didáticas e maneira de avaliação. Preparado? Vamos em
frente!

Objetivos
Entre as atividades realizadas pela escola, seu principal objetivo deve
ser favorecer o desenvolvimento do aluno para que ele chegue ao domínio
da “expressão oral e escrita em situações de uso público da linguagem”,
observando a condição da produção social e material do texto para ter
base para escolher os gêneros apropriados para o desenvolvimento da
produção textual, respeitando os aspectos pragmáticos, semânticos e
gramaticais da Língua Portuguesa.

Agora veja na Figura 10 os processos da aprendizagem da Língua


Portuguesa nos anos finais do ensino fundamental. Os respectivos
objetivos estão apresentados no PCNs – Língua Portuguesa (terceiro e
quarto ciclos do ensino fundamental).
32 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 10 - Objetivos da Língua Portuguesa - anos finais do ensino fundamental

Processos

Leitura Produção
Escuta de Produção de Análise
de Textos de Textos
Textos Orais Textos Orais Linguística
Escritos Escritos

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse Parâmetros


Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental - Língua Portuguesa, clicando aqui.

Conteúdos
Nos anos finais do ensino fundamental, os conteúdos serão
aplicados para promover a competência discursiva e linguística do
estudante com base nos objetivos referentes a cada ciclo.

Os PCNs apresentam todos os conteúdos conceituais e


procedimentais alusivos a cada prática citada anteriormente nos objetivos.
Veremos na quadro 1, os gêneros de trabalhos com a finalidade ajudar
na seleção dos conteúdos para desenvolver as atividades de análise
linguística.
Metodologia do Ensino da Linguagem 33

Quadro 1 - Gêneros privilegiados - escuta e leitura de textos

GÊNEROS PRIVILEGIADOS PARA A PRÁTICA DE ESCUTA


E LEITURA DE TEXTOS

LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA

- conto
- cordel, causos e - novela
similares - romance
LITERÁRIOS LITERÁRIOS
- texto dramático - crônica
- canção - poema
- texto dramático

- notícia
- comentário - editorial
radiofônico - artigo
DE IMPRENSA - entrevista DE IMPRENSA - reportagem
- debate - carta do leitor
- depoimento - entrevista
- charge e tira
- verbete
enciclopédico
(nota/artigo)
- exposição
DE DE - relatório de
- seminário
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO experiências
- debate
CIENTÍFICA CIENTÍFICA - didático (textos,
- palestra
enunciados de
questões)
- artigo

PUBLICIDADE - propaganda PUBLICIDADE - propaganda

Fonte: BRASIL (1998).

Vejamos agora no quadro 2, quais são os gêneros indicados nos


PCNs com a finalidade de auxiliar na seleção dos conteúdos para trabalhar
a produção de textos orais e escritos.
34 Metodologia do Ensino da Linguagem

Quadro 2 – Gêneros- de produção de textos orais e escritos

GÊNEROS SUGERIDOS PARA A PRÁTICA DE PRODUÇÃO


DE TEXTOS ORAIS E ESCRITOS

LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA

- canção - crônica
LITERÁRIOS - textos LITERÁRIOS - conto
dramáticos - poema

- notícia
- notícia
- artigo
- entrevista
DE IMPRENSA DE IMPRENSA - carta do
- debate
leitor
- depoimento
- entrevista

- relatório de
experiências
DE - exposição DE - esquema e
DIVULGAÇÃO - seminário DIVULGAÇÃO resumo de
CIENTÍFICA - debate CIENTÍFICA artigos ou
verbetes de
enciclopédia

Fonte: BRASIL (1998).

Quanto aos valores e atitudes subjacentes, relacionados às práticas


de linguagem, deve-se levar em consideração a variedade de gêneros,
por isso os PCNs priorizam os principais para que haja a participação
socialmente efetiva.

Outro detalhe importante é que a escola precisa atender à demanda


específica de seu público. Assim, poderão ser selecionados outros
materiais com esta finalidade.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse Parâmetros


Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental - Língua Portuguesa, clicando aqui.
Metodologia do Ensino da Linguagem 35

Orientações Didáticas
Ao selecionar um conteúdo para alcançar determinado objetivo já
é uma ação didática. Neste sentido, quando o professor planeja esta ação
necessita levar em consideração qual a competência desejada para seu
aluno. A definição deste alvo determina quais os conteúdos e como serão
aplicados para que seu objetivo seja alcançado.

Quando se trata da Língua Portuguesa, outro fator que irá auxiliar na


aprendizagem dos alunos é a imagem que ele constrói da maneira como
o professor lida com a própria linguagem.

Portanto, para que o currículo da Língua Portuguesa seja elaborado


na escola, é preciso estabelecer com clareza as atividades de cada
professor em relação a cada série, conforme o objetivo de cada uma
delas. Lembrando que esta missão não cabe apenas ao professor, mas é
uma ação coletiva, ou seja, envolve todos do projeto educativo.

Ao organizar os conteúdos de Língua Portuguesa devem ser


observados os princípios apresentados na figura 11.
Figura 11- Princípios básicos para organização dos conteúdos de Língua Portuguesa

USO

REFLEXÃO

USO

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A atenção dada aos conteúdos caracteriza-se por uma atitude


metodológica que agrega a reflexão com as atividades linguísticas dos
estudantes de maneira que eles ampliem sua habilidade discursiva nas
aulas de escuta, leitura e produção de textos.
36 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 12 - Atitude metodológica para reflexão das atividades linguísticas

AÇÃO REFLEXÃO AÇÃO

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Sendo assim, quando o professor faz o planejamento de suas


ações leva em consideração identificar a maneira como as habilidades
almejadas para seus alunos, ao terminarem o ensino fundamental, serão
convertidas em objetivos no projeto educativo de sua escola.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse Parâmetros


Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental - Língua Portuguesa para entender quais os
princípios e orientações para o trabalho didático, com os
conteúdos para a prática de escuta de e leitura de textos
escritos, e produção de textos orais e escritos, clicando aqui.

Avaliação
Conforme os PCNs a avaliação:
Deve ser compreendida como conjunto de ações
organizadas com a finalidade de obter informações
sobre o que o aluno aprendeu, de que forma e em quais
condições. Para tanto, é preciso elaborar um conjunto de
procedimentos investigativos que possibilitem o ajuste e a
orientação da intervenção pedagógica para tornar possível
Metodologia do Ensino da Linguagem 37

o ensino e a aprendizagem de melhor qualidade. (BRASIL,


1998, p. 93)

A avaliação também deve ser uma ferramenta que permita ao


professor analisar-se de maneira crítica e, ainda, permitir que o aluno
acompanhe seus progressos, desafios e suas possibilidades. Assim, precisa
ser realizada ao longo do desenvolvimento do ensino e aprendizagem e
não como, geralmente, acontece, sendo efetivada apenas em situações
específicas, por exemplo, ao concluir uma etapa de um trabalho.

Quando pensamos em avaliação, logo nos vem à mente: quais


os critérios de avaliação? Bem, esses critérios são definidos com base
nos objetivos do ensino. Estes precisam ter uma definição clara para que
o professor concretize seu trabalho de maneira eficiente e os alunos
consigam responder com qualidade o que lhes foi proposto.

Observe na Figura 13, os critérios que são apresentados nos PCNs


para avaliação da aprendizagem dos anos finais do ensino fundamental.
38 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 13- Critérios para avaliação da aprendizagem dos anos finais do ensino fundamental

Demonstrar compreensão Atribuir sentido a textos Ler de maneira indepen-


de textos orais, nos gêne- orais e escritos, posicio- dente textos com os quais
ros previstos para o ciclo, nando-se criticamente tenha construído familiari-
por meio de retomada dos diante deles. dade.
tópicos do texto.. 

Coordenar estratégias de
Compreender textos a
leitura não lineares, uti-
partir do estabelecimento
Selecionar procedimentos lizando procedimentos
de relações entre diversos
de leitura adequados a di- adequados para resolver
segmentos do próprio tex-
ferentes objetivos e interes- dúvidas na compreensão
to e entre o texto e outros
ses e a características do e articulando informações
diretamente implicados por
gênero e suporte textuais com conhecimen-
ele.
tos prévios.

Redigir textos na moda-


Produzir textos orais nos
lidade escrita nos gêne- Escrever textos coerentes
gêneros previstos para o ci-
ros previstos para o ciclo, e coesos, observando as
clo, considerando as espe-
considerando as especifi- restrições impostas pelo
cificidades das condições
cidades das condições de gênero.
de produção.
produção.

Redigir textos , utilizando


Escrever textos, sabendo
alguns recursos próprios Revisar os próprios textos
utilizar os padrões da es-
do padrão escrito relativos com o objetivo de aprimo-
crita, observando regulari-
à paragrafação, pontuação rá-los.
dades linguísticas e orto-
e outros sinais gráficos, em
gráficas.
função do projeto textual.

Utilizar os conceitos e pro-


cedimentos constituídos na
prática de análise linguísti-
ca.

Fonte: BRASIL ,(1998).

Por fim, é importante ponderar que os critérios apresentados nos


PCNs são úteis para avaliação de alunos que estão inseridos em escolas
que utilizam adequadamente as práticas indicadas neste documento e as
devidas adequações são realizadas pelas equipes de cada escola.
Metodologia do Ensino da Linguagem 39

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os Parâmetros


Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental - Língua Portuguesa e aprecie todos objetivos
para cada processo de aprendizado, incluindo ensino e
avaliação, clicando aqui.

RESUMINDO:

Enfim, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo:


Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que no Brasil,
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) é o documento
que rege toda metodologia de ensino e aprendizagem do
ensino fundamental. Havendo as devidas adequações
nas próprias escolas, conforme a demanda de seus
alunos. Vimos que as séries do ensino fundamental estão
organizadas em ciclos e os anos correspondem aos 3º e
4º ciclos. Também destacamos quais as sugestões dos
PCNs para os objetivos, conteúdos, orientações didáticas e
avalição do ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa
e Linguagem para a Educação nos anos finais do ensino
fundamental.
40 Metodologia do Ensino da Linguagem

Língua Portuguesa e Linguagem para a


Educação no Ensino Médio

OBJETIVO:

E agora, está preparado para o último capítulo desta


unidade? Vamos juntos analisar este item!.

Conforme a Base Nacional Curricular Comum- BNCC, no período


do ensino médio os alunos:
Intensificam o conhecimento sobre seus sentimentos,
interesses, capacidades intelectuais e expressivas;
ampliam e aprofundam vínculos sociais e afetivos; e
refletem sobre a vida e o trabalho que gostariam de ter.
Encontram-se diante de questionamentos sobre si próprios
e seus projetos de vida, vivendo juventudes marcadas por
contextos socioculturais diversos. (EDUCAÇÃO, 2018, p.
481)

Assim, espera-se que o aluno, ao concluir o ensino médio


desenvolva habilidades capazes de desempenhar as possibilidades que
estão apresentadas na Figura 14.
Figura 14 - Possibilidades para o aluno que conclui o ensino médio

Avançar em níveis mais complexos de estu-


dos.

Integrar-se ao mundo do trabalho, com condi-


Possibilidades do ções para prosseguir, com autonomia, no ca-
ensino médio minho de seu aprimoramento profissional

Atuar, de forma ética e responsável, na socie-


dade, tendo em vista as diferentes dimensões
da prática social.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Metodologia do Ensino da Linguagem 41

O ensino da linguagem é responsável por promover a oportunidade


ao aluno de consolidar e ampliar as suas competências de uso e reflexão
da linguagem artística, corporal e verbal, as quais são estudadas nos
diferentes componentes do ensino médio.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino médio - PCNs


(BRASIL, 2000) consideram o currículo como instrumento de uma cidadania
democrata que precisa abranger conteúdos e táticas de aprendizagem
que auxiliem o indivíduo a desenvolver a habilidade dos três domínios de
sua ação (figura 15), com a finalidade de integrar os homens e as mulheres
no universo da “política, do trabalho e da simbolização subjetiva.”.
Figura 15 - Critérios para avaliação da aprendizagem dos anos finais do ensino fundamental

Vida em sociedade

Atividade produtiva

Experiência subjetiva

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Nesse contexto, as diretrizes da proposta curricular têm como base


os elementos, apresentados pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sendo entendidos como
pilares da educação em nossa sociedade (figura 16).
42 Metodologia do Ensino da Linguagem

Figura 16 - Pilares da Educação

Aprender a
conhecer

Aprender a PILARES DA Aprender a


ser Educação fazer

Aprender a
viver

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Conforme os PCNs
As propostas de mudanças qualitativas para o processo
de ensino-aprendizagem no nível médio indicam a
sistematização de um conjunto de disposições e atitudes
como pesquisar, selecionar informações, analisar,
sintetizar, argumentar, negociar significados, cooperar,
de forma que o aluno possa participar do mundo social,
incluindo-se aí a cidadania, o trabalho e a continuidade
dos estudos. (BRASIL, 2000, p. 5),

A linguagem tem sido considerada como transdisciplinar, pois todas


as disciplinas a tem como objeto de estudo.

Os PCNs definem a linguagem como


A capacidade humana de articular significados coletivos e
compartilhá-los, em sistemas arbitrários de representação,
que variam de acordo com as necessidades e experiências
da vida em sociedade. A principal razão de qualquer ato de
linguagem é a produção de sentido. (BRASIL, 2000, p. 5)

Assim, é importante perceber que as linguagens e seus códigos


permanecem em constante dinâmica, conforme o tempo e o espaço, em
decorrência de seu caráter sociológico, histórico e antropológico.
Metodologia do Ensino da Linguagem 43

Segundo os PCNs, a linguagem transpõe “o conhecimento e as


formas de conhecer, o conhecimento e as formas de pensar e modos de
comunicar, a ação e os modos de agir” (BRASIL, 2000). Esta mobiliza o
homem e é mobilizada pelo homem. É originada das práticas sociais da
humanidade e apresenta em um só tempo as características apresentadas
na Figura 17.
Figura 17 - Características da linguagem

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

O maior objetivo da linguagem é o desenvolvimento da comunicação


entre os indivíduos de uma comunidade linguística.

Atualmente, a produção é principalmente simbólica e para existir


um diálogo é necessário que o indivíduo tenha o domínio das linguagens.
Ainda, devido à informação imediata, a reflexão da linguagem e seus
sistemas são vitais para uma vida socialmente ativa.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse Parâmetros


Curriculares Nacionais (ensino médio): Parte I - Bases
Legais, clicando aqui.
44 Metodologia do Ensino da Linguagem

Objetivos
Toda a descrição dos objetivos do ensino da Língua Portuguesa,
no ensino médio, aparece nos PCNs e estes levam em consideração a
visão geral da área a ser desenvolvida, ao longo do processo de ensino e
aprendizagem, neste período de formação do aluno.

A proposta dos PCNs é delimitar quais competências o aluno


que conclui o ensino médio necessita desempenhar para que este dê
prosseguimento aos estudos e também participe ativamente de uma vida
social.

Agora veja na figura 18, os objetivos que precisam ser alcançados


pelo aluno que conclui o ensino médio.
Figura 18 - Objetivos que os alunos que concluem o ensino médio precisam alcançar

Analisar, interpretar e
Compreender e usar os aplicar os recursos ex-
sistemas simbólicos das pressivos das linguagens,
Confrontar opiniões e
diferentes linguagens relacionando textos com
pontos de vista sobre as
como meios de organiza- seus contextos, mediante
diferentes linguagens
ção cognitiva da realidade a natureza, função, orga-
e suas manifestações
pela constituição de signi- nização das manifesta-
específicas.
ficados, expressão, comu- ções, de acordo com as
nicação e informação. condições de produção e
recepção.

Respeitar e preservar as
Utilizar-se das linguagens
diferentes manifestações
como meio de expressão, Compreender e usar a Lín-
da linguagem, utilizadas
informação e comu- gua Portuguesa como lín-
por diferentes grupos so-
nicação em situações gua materna, geradora de
ciais; usufruir do patrimô-
intersubjetivas e saber significação e integradora
nio nacional e internacional
colocar-se como prota- da organização de mundo
e construir categorias de
gonista no processo de e da própria identidade.
diferenciação, apreciação
produção/recepção.
e criação.

Fonte: BRASIL (2000).

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os Parâmetros


Curriculares Nacionais (ensino médio): Parte II - Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, clicando aqui.
Metodologia do Ensino da Linguagem 45

Conteúdos
Em relação aos conteúdos da Língua Portuguesa, no ensino médio,
quando lemos os PCNs percebemos que os conteúdos tradicionais foram
inseridos em outra perspectiva, na qual a linguagem foi compreendida
como um universo dialógico, do qual os locutores se comunicam entre si.

Neste sentido, os conteúdos são selecionados para que o aluno


desenvolva esta habilidade, ou seja, consiga se comunicar com o outro.

Já os conteúdos clássicos da Língua Portuguesa, a gramática


e a literatura são estudadas como conteúdos secundários. Com isso, a
gramática é utilizada para que seja possível a “compreensão, interpretação
e produção de textos” e a literatura está agregada com o âmbito da leitura.

SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os Parâmetros
Curriculares Nacionais (ensino médio): Parte II - Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, clicando aqui.

Orientações Didáticas
As orientações didáticas, propostas no PCNs para o processo de
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, devem ser apresentadas
de maneira interativa, atuando a língua e a linguagem de forma conjunta,
pois são importantes no desenvolvimento do pensamento constitutivo e
simbólico dos alunos em sua vida tanto individual como comunitária.

Com isso, as atividades dos professores precisam ser focadas no


desenvolvimento e na sistematização da linguagem no interior de cada
estudante. Os alunos, por sua vez, precisam ser incentivados a verbalizar
a linguagem que foi construída.

SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os Parâmetros
Curriculares Nacionais (ensino médio): Parte II - Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, clicando aqui.
46 Metodologia do Ensino da Linguagem

Avaliação
A avaliação, ao longo do desempenho do ensino da Língua
Portuguesa no ensino médio, observa se o aluno conseguiu desenvolver
as competências e as habilidades propostas nos PCNs, conforme vemos
no Quadro 3.
Quadro 3 - Competências e habilidades que os alunos precisam desenvolver no ensino da
Língua Portuguesa ao final do ensino médio

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
REPRESENTAÇÃO E INVESTIGAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
COMUNICAÇÃO COMPREENSÃO SOCIOCULTURAL
- Analisar os recursos
- Considerar a Língua
expressivos da
Portuguesa como fonte de
linguagem verbal,
- Confrontar legitimação de acordos e
relacionando textos/
pontos de vista condutas sociais e como
contextos, mediante
sobre as diferentes representação simbólica
a natureza, função,
manifestações da de experiências humanas
organização, estrutura,
linguagem verbal. manifestas nas formas de
de acordo com as
sentir, pensar e agir na vida
condições de produção
social.
e recepção.
- Recuperar, pelo
estudo do texto
literário, as formas
instituídas de
construção do
- Compreender e usar imaginário coletivo,
a Língua Portuguesa o patrimônio
como língua materna. representativo - Entender os impactos
da cultura e as das tecnologias de
classificações comunicação na vida, nos
preservadas e processos de produção,
divulgadas, no eixo no desenvolvimento do
temporal e espacial. conhecimento e na vida
social.
- Aplicar as - Articular as redes
tecnologias de de diferenças e
comunicação e da semelhantes entre a
informação na escola, língua oral e escrita
no trabalho e em e seus códigos
outros contextos sociais, contextuais e
relevantes da vida. linguísticos.
Fonte: BRASIL (2000).
Metodologia do Ensino da Linguagem 47

Nas próximas unidades, vamos entender como a fala funciona, qual


sua variação linguística, a fonologia na escola, o que é ler, quais os tipos
de leitura, a leitura na escola, o ato de escrever, como ocorre a construção
textual e análise das produções de textos, quais os jogos e brincadeiras,
utilizados no ensino da linguagem e as metodologias ativas.

RESUMINDO:

Enfim, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo


mesmo? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que em
nosso país, o ensino da Língua Portuguesa e da Linguagem,
no ensino médio, é orientado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Este documento serve como guia para as
atividades que precisam ser desenvolvidas na escola para
que o aluno consiga desempenhar todas as competências
e habilidades que lhes são propostas. E claro, que quando
for preciso, as escolas realizam adequações, conforme as
necessidades de seus alunos. Vimos que, no ensino médio,
os conteúdos e as metodologias são utilizados para que
os alunos desempenhem a comunicação em seu meio
social. Ainda estudamos quais as sugestões dos PCNs para
os objetivos, conteúdos, orientações didáticas e avalição
do ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa e da
Linguagem para a Educação no ensino médio.
48 Metodologia do Ensino da Linguagem

REFERÊNCIAS
AURÉLIO. Dicionário digital. 2020. Disponível em: https://www.
dicio.com.br/aprender/. Acesso em: 4 fev.2020.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa.


Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível aqui: http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/portugues.pdf. Acesso em: 4 fev.2020.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto


ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/
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