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CAMPUS DE CASCAVEL

CENTRO DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES


CURSO DE LETRAS – PORTUGUÊS/INGLÊS

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES PARA O


ENSINO

Autor: GONÇALVES, Henrique1


Orientador: CASAGRANDE, SUZANA2

Resumo: Este artigo tem o objetivo de discutir os conceitos de letramento e


alfabetização, bem como as contribuições de pesquisas desenvolvidas na área, que
impactaram métodos de ensino. Para fundamentar essas discussões, em primeiro
lugar, realizou-se uma reflexão sobre os conceitos de Alfabetização e Letramento a
partir das pesquisas realizadas por Soares (2003; 2009); Kleiman (2005) e Rojo
(2009). Na sequência, realizou-se uma revisão da literatura, pesquisa realizada na
plataforma Periódicos Capes, em que foram selecionados para análise qualitativa os
dez estudos apontados pela plataforma como os mais relevantes sobre
alfabetização e letramento no período de 2011 a 2021. Constatou-se a importância
da reflexão sobre esses conceitos teóricos e a aplicabilidade deles à prática docente
do ensino de língua portuguesa, especialmente, em relação às novas abordagens
relacionadas à alfabetização e ao letramento, como as práticas vinculadas à
ludicidade, que podem motivar, nos alunos, o desenvolvimento de habilidades como
a criatividade e autonomia em seu meio social. Uma análise  breve sobre os meios
de ensinar a teoria de ensino no âmbito escolar e entender que ela perpassa para
outras esferas e considera o indivíduo. Serão apontados de forma breve estudos de
jovens e adultos, o uso da linguagem de sinais (surdos) que geram novas
possibilidades de Letramento e campos de estudo, o uso de tecnologias digitais para
facilitar o aprendizado.

Palavras-Chave: Letramento, Alfabetização, Ensino.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo geral de discutir os conceitos de


letramento e alfabetização, bem como as contribuições de pesquisas desenvolvidas
na área, que impactaram métodos de ensino. Assim, houve a reflexão sobre
pesquisas que versam sobre a alfabetização e o letramento, de modo a contribuir
com o trabalho desenvolvido pelos professores em sala de aula.

1
Acadêmico do Curso de Letras-Unioeste, henrique.assis@unioeste.br.
2
Doutoranda e Mestre em Letras, Univerdade Estadual do Oeste do Paraná,
suzana.casagrande@unioeste.br.
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Segundo Soares (2003), alfabetização é uma técnica específica e


fundamental de aquisição do sistema de escrita, de domínio do código alfabético e
ortográfico, conforme as convenções gramaticais da língua, possibilitando ao
indivíduo autonomia para ler e escrever. Sendo que um soma-se ao outro em suas
aplicações, a alfabetização e a porta de entrada do ensino. Já o letramento, de
acordo com a autora, compreende não só o ato de saber ler e escrever, mas
também tornar-se capaz de fazer o uso da leitura e da escrita.
Considerando que, no Brasil, esses conceitos ainda se mesclam, este
trabalho se justifica, pois é imprescindível que os educadores dominem e reflitam
sobre perspectivas práticas e teóricas, de modo a contribuir para uma melhor
condução das atividades desenvolvidas em classe.
Em relação ao percurso metodológico deste trabalho, optou-se pelo
desenvolvimento de uma análise crítica de revisão de literatura. Para isso,
selecionaram-se para as discussões estudos basilares, indicados por esta disciplina,
além da consulta à plataforma Periódicos Capes, em que se realizou uma pesquisa
a partir da palavra-chave alfabetização e letramento, selecionada a opção “mostrar
somente periódicos revisados por pares”. A consulta revelou a existência de 244
artigos sobre o tema pesquisado, assim, foram selecionados os 10 estudos
apontados pela plataforma como os mais relevantes da área.
Espera-se que este artigo possa contribuir para uma ampla compreensão do
letramento, das práticas de letramento e a função social que ele carrega. Desse
modo, uma abordagem clara da teoria aplicada em sala e do seu uso por esse aluno
nas esferas sociais que ele adentrara. 
Para o desenvolvimento deste percurso, na seção 2, apresentam-se
discussões sobre pesquisas basilares, no Brasil, em relação às concepções de
alfabetização e letramento. Na seção 3, realiza-se uma análise crítica de revisão de
literatura sobre alfabetização e letramento, seguida das considerações finais e das
referências deste trabalho.
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2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: REFLEXÃO SOBRE OS CONCEITOS E A


APLICAÇÃO AO ENSINO

Existe uma preocupação significativa no contexto educacional em relação à


compreensão integral dos conceitos de letramento e alfabetização, bem como suas
particularidades, de modo que o processo de ensino não enfatize excessivamente
um em detrimento do outro. Ademais, o letramento é uma questão social que
transcende as esferas de ensino, alcançando diversos ambientes e contextos.
Nesse sentido, é fundamental que os professores compreendam a complexidade
desses conceitos e as implicações de sua aplicação no contexto educacional e
social.
Conforme Soares (2003), no Brasil, os conceitos de alfabetização e de
letramento se mesclam e frequentemente se confundem. Além disso, a construção
do conceito de letramento se deu de modo diferente de países como a França e os
Estados Unidos da América (EUA).

Enquanto nesses outros países a discussão do letramento – illettrisme,


literacy e illiteracy – se fez e se faz de forma independente em relação à
discussão da alfabetização – apprendre à lire et à écrire, reading instruction,
emergent literacy, beginning literacy –, no Brasil a discussão do letramento
surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado,
apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma
inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do
conceito de letramento [...], o que tem conduzido a um certo apagamento da
alfabetização que, talvez com algum exagero, denomino desinvenção da
alfabetização” (SOARES, 2003, p. 08).

Apesar de serem perspectivas complementares no Brasil, a autora reconhece


especificidades desses conceitos. A saber: a alfabetização é “entendida como
processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico”
(SOARES, 2003, p. 16). Em decorrência desta, desenvolve-se o letramento,
entendido como “o desenvolvimento de habilidades textuais de leitura e de escrita, o
convívio com tipos e gêneros variados de textos e de portadores de textos, a
compreensão das funções da escrita” (SOARES, 2003, p. 15). Desse modo um
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primeiro contato com a escrita e a leitura em seus dois convívios em casa e na sala
de aula que passara a ter autonomia desse ensino.
Da mesma forma, Kleiman (2005, p. 11) afirma que “letramento não é a
alfabetização, mas o inclui”. É um processo que envolve o uso da língua escrita não
só na escola, mas também em todos os outros contextos. Assim, o “o conceito de
letramento surge como uma forma de explicar o impacto da escrita em todas as
esferas de atividades e não somente nas atividades escolares” (KLEIMAN, 2005, p.
06).
Considerando que o letramento envolve as práticas sociais que extrapolam a
escola, Soares (2009) afirma que o conceito de letramento varia de acordo com o
contexto social, cultural e político:

O nível de letramento de grupos sociais relaciona-se fundamentalmente


com as suas condições sociais, culturais e econômicas. É preciso que haja,
pois, condições para o letramento. Uma primeira condição é que haja
escolarização real e efetiva da população - só nos demos conta da
necessidade de letramento quando o acesso à escolaridade se ampliou e
tivemos mais pessoas sabendo ler e escrever, passando a aspirar a um
pouco mais do que simplesmente aprender a ler e a escrever. Uma segunda
condição é que haja disponibilidade de material de leitura" (SOARES, 2009,
p. 58).

Nesse contexto, Rojo (2009) afirma que as abordagens mais recentes sobre
letramento apontem para a heterogeneidade das práticas sociais de leitura, escrita e
uso da língua. Assim, deve-se reconhecer a existência de múltiplos letramentos, que
variam no tempo e no espaço e que são contestados nas diferentes relações de
poder e contextos ideológicos. Nesse cenário, Rojo (2009, p. 102) destaca que o
conceito de letramento “passa a ser plural: letramentos”, que podem ser,
principalmente, dominantes (como os institucionais) ou marginalizados (como os
vernaculares).
Ao pensar, especificamente, nos letramentos que ocorrem em espaços
institucionais, Rojo (2009) afirma que cabe a escola possibilitar que seus alunos
tenham acesso a várias práticas sociais de leitura e escrita, “de maneira ética, crítica
e democrática” (ROJO, 2009, p. 107). Assim, a educação linguística deve considerar
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os multiletramentos, que consideram aspectos da cultura local e da cultura global; os


letramentos multi-ssemióticos, que versam não só sobre os signos verbais, mas
também sobre os não-verbais, como cores, sons, imagens etc.; e os letramentos
críticos e protagonistas, requeridos para o trato ético dos discursos. Para a autora,

Trabalhar com a leitura e a escrita na escola hoje é muito mais que trabalhar
com a alfabetização ou com alfabetismos: é trabalhar com os letramentos
múltiplos, com as leituras múltiplas – a leitura na vida e a leitura na escola –
e que os conceitos de gêneros discursivos e suas esferas de circulação
podem nos ajudar a organizar esses textos, eventos e práticas de
letramento (ROJO, 2009, p. 118).

Nesta seção, foram apresentadas as concepções de alfabetização e


letramento a partir de estudos que norteiam as pesquisas brasileiras na área. Além
disso, também se refletiu, brevemente, sobre essas abordagens no contexto
educacional ao que tange o mesmo. Na seção a seguir, apresenta-se uma revisão
da literatura, que considerou pesquisas recentes e relevantes sobre o tema e podem
auxiliar em uma compreensão mais assertiva. 

3 ANÁLISE CRÍTICA DA REVISÃO DE LITERATURA SOBRE ALFABETIZAÇÃO


E LETRAMENTO

Nesta seção, realiza-se uma análise crítica de estudos contemporâneos


realizados sobre os temas, alfabetização e letramento. A título de sistematização e
didatização do breve estado da arte realizado, desenvolveu-se o Quadro 1, em que
são apresentados os 10 artigos mais relevantes da área 3, na última década,
conforme classificação da plataforma Periódicos Capes.

Quadro 1 – Síntese da revisão de literatura realizada na plataforma Periódicos


Capes
Autoria Título da pesquisa e ano de Periódico
publicação
3
Segundo o Guia de uso do Portal de Periódicos Capes (2019), para apresentar a ordem de
relevância dos estudos, a plataforma da Capes considera, primeiramente, a ordem dos termos de
busca e a sua proximidade tanto nos metadados quanto no texto completo. Na sequência, o critério
de relevância considera métricas de citações do texto em todo o mundo.
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0 Sônia Santana da Costa, João Alfabetização e letramento em uma Obutchénie: R. de


1 Paulo Godoy, Wanessa perspectiva histórico-cultural (2017) Didat. e Psic. Pedag.
Manhente
0 Marta Coelho Castro Troquez, Alfabetização e letramento na Revista
2 Thaise da Silva, Andreia educação brasileira pós 1988 (2018) Contemporânea de
Vicência Alves Educação
0 Daniela Martins Alfabetização e letramento: métodos Revista Eventos
3 e práticas escolares (2015) Pedagógicos
0 Márcia Martins de Oliveira Alfabetização e letramento: desafios Revista de
4 Abreu contemporâneos à docência nas Educação PUC-
séries iniciais (2012) Campinas
0 Julia Maria Domingos Lima, As Fábulas no processo de Revista Mosaico
5 Vera Vieira Martins, Marinéa Alfabetização e Letramento (2016)
Silva Figueira Rodrigues
0 Priscila Marengo Segrillo, Alfabetização e letramento na Revista Eventos
6 Albina Pereira de Pinho Silva Educação de Jovens e Adultos Pedagógicos
(2011)
0 Eliane de Souza Silva Práticas pedagógicas na perspectiva Cadernos de
7 da alfabetização e letramento (2016) Pesquisa
Pensamento
educacional
0 Marilene Bortolotti Boraschi Alfabetização e letramento em Revista Gestão &
8 crianças com deficiência intelectual Saúde
(2013)
0 Jéssica Trainotti Klug, Roseli Alfabetização e letramento: qual o Zero-a-Seis
9 Nazario entendimento de professoras da
educação infantil sobre estes
processos? (2016)
1 Heloísa Andreia de Matos Lins Alfabetização e letramento (também Texto Livre:
0 digitais) de alunos surdos: Linguagem e
possibilidades de intervenção (2012) Tecnologia
Fonte: Elaborado pelo autor após consulta realizada na plataforma Periódicos Capes

Sobre os artigos da área apontados como os mais relevantes pela plataforma


Periódicos Capes, observa-se que contemplam perspectivas diversas, que envolvem
desde discussões teóricas e históricas até propostas que auxiliam nas práticas de
ensino em diferentes contextos. O multiletramentos que seria tese (em foco) para
futuras novas pesquisas acerca deste conceito transmutado do letramento.
O estudo 1, desenvolvido por Costa, Godoy e Manhente (2017), discute a
alfabetização e o letramento por meio da perspectiva histórico-cultural. Uma
contribuição importante da pesquisa é considerar a alfabetização e o letramento
como um processo singular, multifacetário e indissociável, que é permeado por meio
da “tríade dialética: oralidade, leitura e escrita” (COSTA; GODOY; MANHENTE,
2017, p. 553).
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Para apresentar as reflexões, os autores consideraram não só perspectivas


teóricas inerentes à área de alfabetização e de letramento, mas também subsídios
da concepção de linguagem bakhtiniana, em interface com conceitos vigotskianos.
Segundo os pesquisadores, a alfabetização e o letramento devem possibilitar às
crianças

oportunidades de fala, de gestos, de interações que lhes permitam


externalizar seu pensamento e seu modo de ser. Da mesma forma
oferecemos textos, conforme os gêneros estabelecidos para aquele
ano escolar, para que a criança leia, se deleite, se posicione,
concorde ou conteste, se aproprie de sua estrutura e assim tenha
elementos para construir a sua escrita, tenha vontade e necessidade
de fazê-lo (COSTA; GODOY; MANHENTE, 2017, p. 573-574).

Por meio da leitura de Costa, Godoy e Manhente (2017), constata-se a


importância de os professores possibilitarem que as crianças sejam as principais
agentes no processo de construção do conhecimento, a alfabetização e o letramento
devem contribuir para a autonomia e o exercício da cidadania dos próprios
educandos.
O estudo 2, elaborado por Troquez, Silva e Alves (2018), diferentemente da
pesquisa discutida anteriormente, não apresenta contribuições diretas para o ensino
de Língua Portuguesa. Contudo, ressalta-se que se trata de importante reflexão
sobre o letramento na normatização educacional brasileira a partir da Constituição
Federal de 1988.
Ao analisar documentos que regulamentam a construção de currículos para a
educação básica, os pesquisadores constataram que a legislação trouxe muitos
avanços em relação à alfabetização e ao letramento, mas apenas no plano do
discurso, pois, no plano prático, os autores observaram que faltam políticas que
viabilizem o cumprimento desses avanços teóricos.
Os estudos 3, 4, 5, 7 e 9 apresentam propostas que contribuem diretamente
para o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental I. A proposta de
Martins (2015), por exemplo, foi desenvolvida em espaço escolar e versa sobre a
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valorização dos conhecimentos prévios dos alunos do 2º ano. O estudo aponta que
o ensino deve “estar comprometido com a aprendizagem e a formação de pessoas
autônomas, é respeitar fases e tempos de aprendizagem, é aceitar que na sala de
aula se configure uma multiplicidade de saberes” (MARTINS, 2015, p. 75).
Da mesma forma, Abreu (2012, p. 83) refletiu sobre a alfabetização e o
letramento nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, e constatou que são
processos contínuos, sendo que “as experiências com o universo da leitura e da
escrita podem influenciar mais na qualidade do desenvolvimento desses dois
processos do que a idade ou a série de escolarização”. Assim, a pesquisadora
ressalta a importância do papel desenvolvido pelos professores no desenvolvimento
da leitura e da escrita nos alunos, especialmente no período que contempla os
primeiros três anos do Ensino Fundamental. A descoberta de mundo por meio dos
livros, que no que lhe concerne, somam-se com seu conhecimento de mundo desde
seu nascimento, com ensino dos pais.
Já o estudo de Lima, Martins e Rodrigues (2016) apresenta contribuições
práticas ao ensino relacionadas à alfabetização e ao letramento. As autoras
evidenciaram a importância das fábulas nesse processo, descrevendo a concepção
de Esopo, Fedro, La Fontaine e Monteiro Lobato. Conforme as pesquisadoras,

Trabalhar com narrações de fábulas nas classes de alfabetização é um


excelente recurso na educação de nossas crianças, pois temos uma
variedade de temas, podemos utilizar poucos recursos materiais em sua
aplicação e trabalha-se com aspectos internos da criança: caráter,
imaginação, raciocínio, criatividade, senso crítico dentre outros. Devemos
destacar, também, que a fábula é um recurso a mais a se trabalhar no
processo de alfabetização, pois a leitura e vivência dessa narrativa é um
incentivo na formação dos hábitos de leitura e, o encantamento de suas
narrações levam as crianças a vivência de situações desafiadoras e lúdicas,
levando-as a pensar, representar, criar, brincar, desenhar... Por isso, cabe
ao professor programar práticas pedagógicas prazerosas, como contar e ler
textos de fábulas, assegurando uma relação escolar bem-sucedida, em que
a criança se aventure nos ‘meandros da ficção’, desenvolvendo assim o seu
lado imaginário e sua competência literária, bem como desenvolvendo sua
personalidade de forma íntegra capaz de levá-la a agir em sociedade de
forma justa e equilibrada (LIMA; MARTINS; RODRIGUES, 2016).
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Nota-se que uma das contribuições do estudo de Lima, Martins e Rodrigues


(2016) é a reflexão sobre a importância da ludicidade durante o processo de
alfabetização e de letramento. As autoras, assim como Klug e Nazario (2016),
compreendem esse processo como concomitante, pois, à medida que as crianças
aprendem a decifrar e utilizar a língua escrita, também se apropria de aspectos
externos, como as convenções culturais, mas de forma crítica e lúdica, o que
contribui para a formação de indivíduos autônomos e críticos. Sendo que o uso de
livros lúdicos com cores que ativam seu interesse pelos livros, pela leitura, explorar a
criatividade respeitando sua autonomia cognitiva. Visto que, o professor e figura de
extrema importância para mostrar o mundo escolar das letras, da compreensão dos
objetos.
O estudo de Silva (2016) avaliou a prática de professores na educação
básica, e constatou que as práticas oscilam entre as perspectivas tradicionais e as
mais atuais. A autora constatou que “em alguns momentos preocupam-se com as
necessidades dos alunos, mas, em determinadas atividades desenvolvidas em sala
de aula, prevalecem algumas práticas tradicionais, mecanizadas e distantes da
realidade social dos sujeitos” (SILVA, 2016, p. 353).
O estudo 6, diferentemente dos analisados anteriormente nesta seção, versa
sobre a educação de jovens e adultos. Segrillo e Silva (2011) demonstraram sobre a
importância de o processo de alfabetização e letramento valorizar e respeitar a
experiência de vida dos educandos jovens e adultos. As autoras ressaltaram a
importância de partir dos anseios dos alunos. Por exemplo, é possível que pessoas
idosas que não tiveram a oportunidade de serem alfabetizadas na infância procurem
o ensino nesta fase da vida com o anseio de contribuir com práticas religiosas, como
a leitura da bíblia. Ao explorar esses anseios singulares, os professores podem
motivar a eficácia do processo de desenvolvimento de seus alunos, que possuem
expectativas individuais. À importância do ensino transformador independentemente
da sua idade, para que poder aprender a escrever seu nome, e ter o domínio dos
diferentes gêneros textuais (receita, jornal).
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Os estudos 8 e 10 apresentam contribuições para a alfabetização e o


letramento de pessoas com deficiência. Boraschi (2013), especificamente, discutiu
sobre a alfabetização e o letramento de pessoas com deficiência. Conforme a
pesquisa,

crianças com deficiência intelectual são capazes de aprender e


necessitam de adaptações de atividades do currículo escolar para
terem um maior êxito nos processos educativos promotores de seu
desenvolvimento harmônico ao longo da infância. Tais adaptações
devem ser realizadas por um professor de Atendimento Educacional
Especializado (AEE), o qual está preparado para acompanhar essa
criança, avaliando-a, auxiliando-a e, principalmente, preparando-a
para ser inserida no contexto escolar. O professor do AEE deve estar
em contato constantemente com o professor da sala de aula comum,
orientando-o de forma que possa planejar suas aulas visando um
maior compromisso com as práticas pedagógicas, buscando
atividades capazes de sanar as dificuldades apresentadas pelas
crianças (BORASCHI, 2013, p. 621).

Já a proposta de Lins (2012) versa sobre a alfabetização e o letramento de


alunos surdos, considerando a possibilidade de utilização de tecnologias neste
processo. Apesar de a pesquisa não apresentar resultados, visto que se trata de um
relato de um estudo de caso em desenvolvimento, o artigo motiva pesquisadores e
professores a colaborem para a apropriação da escrita pelos sujeitos surdos, em
uma perspectiva bilíngue.
Além disso, ressalta-se que a pesquisa de Lins (2012) é a única a refletir que
a alfabetização e o letramento devem contemplar também o letramento digital,
“subsidiando reflexões sobre tais processos de um modo mais amplo, entendidos
como possíveis no que se refere ao campo do humano e da esfera sociocultural, ou
seja, para além da surdez”.
A pesquisa evidenciou que o Letramento não se limita a um só modo, ele
explora as possibilidades, novas formas de compreender os meios, da
contextualização do mundo. Portanto, esses indivíduos terão novas dificuldades no
ingresso ao ensino médio, mas já terá um domínio pleno para essa nova etapa da
sua vida escolar, e poderá questionar e interpretar os gêneros que manter contato.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do desenvolvimento deste artigo, alcançou-se o objetivo de discutir


os conceitos de letramento e alfabetização, bem como as contribuições de
pesquisas desenvolvidas na área, que impactaram métodos de ensino, com foco em
estudos fundamentais da área e em artigos disponíveis na plataforma Periódicos
Capes.
A realização da pesquisa possibilitou ao acadêmico a reflexão sobre os
conceitos teóricos e a aplicabilidade deles à prática docente do ensino de língua
portuguesa, especialmente, na utilidade de novas abordagens relacionadas à
alfabetização e ao letramento, como as práticas vinculadas à ludicidade, que podem
motivar, nos alunos, o desenvolvimento de habilidades como a criatividade e
autonomia.
A consulta demonstrou que a maior parte das pesquisas desenvolvidas sobre
alfabetização e letramento na última década tem como foco a contribuição para o
ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental e, em número menor, sobre o
ensino para pessoas com deficiências e a educação de jovens e adultos.
E imprescindível que esses dois conceitos andem juntos formando assim
novas fórmulas de ensinar, que auxiliem os professores na construção do
conhecimento e na formulação de didáticas diversas, do social, às políticas e do
desenvolvimento amplo das competências desse aluno, portanto, um dos pontos
que posso concluir que cheguei com a escrita desse artigo sobre letramento e
alfabetização a compreensão total dos termos e criação de novas formas de
transmitir e desenvolver o potencial desse aluno .
Dessa forma, uma formação continuada do professor para atender todas as
demandas didáticas para qualquer indivíduo que queira estudar e ter um domínio
pleno do seu ensino, das práticas de leitura e escrita e do social onde ele se insere.
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Contudo, ressaltam-se as limitações deste estudo, e sugere-se a realização


de novas pesquisas que contemplem uma análise de pesquisas publicadas também
em outras plataformas, que apontem novas visões e inúmeras outras problemáticas
do ensino na totalidade, estudos que possam contribuir para uma gama ampla de
compreensão da área da educação e outras esferas que fazem o uso.

REFERÊNCIAS

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https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/16618/pdf_1. Acesso em 01 ago.
2021.

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