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sentido do leitor, não prevê que nesse ato acontece uma relação intersub
jetiva. O autor, nesse caso, é o dono das respostas sobre o texto, normalmente
pré-fabricadas pelo professor. A democracia da diversidade de leitura é
substituída pelo autoritarismo de uma interpretação única ou o utilitarismo
massificador da repetição.
O texto literário é arte, não é pedagogia. Dialoga com a subjetividade,
não com a técnica.
Não há nada de errado em utilizar textos da literatura quando tra
tamos do estudo da língua portuguesa; seria incoerente pensar assim,
quando reconhecemos na literatura uma especial manifestação da língua.
A ressalva está na tendência a sua pura escolarização. Dar utilidade para
o texto literário, antes de permitir o encontro do estudante com a arte,
é sabotar o leitor e desconsiderar o papel humanizador que a escola pre
cisa ter.
4 Leitura e leitura da literatura
A solução foi trocar o docente por engrenagens que atuassem em seu lugar:
uma metodologia que acreditasse em mecanismos autorreguláveis, como a
cibernética, que, na mesma época, fazia sua estreia na educação nacional;
uma fachada de modernização, fornecida pela mesma metodologia, para
encobrir a improvisação; e a adoção de técnicas didáticas que, por funcio
narem sozinhas, podiam dispensar a interferência – e esconder as falhas –
do professor ... (Zilberman, 1991, p. 74-75)