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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.

23ª
ed. São Paulo: Cortez, 1989.

RESUMO
Roberta Yasmim Fernandes da Costa

O livro “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam” traz à


tona uma problemática bastante interessante sobre o contexto educacional no que diz
respeito ao processo de alfabetização e sua relação com a forma de ler, não só as
palavras mas como também o mundo ao redor, do indivíduo. Além disso é colocado em
pauta também a alfabetização de adultos e a introdução das bibliotecas populares. É de
suma importância que o leitor desta obra esteja preparado para poder compreender toda
a criticidade que se aloja nas entrelinhas do discurso de Paulo Freire.

Atualmente a educação em geral encontrasse presa à um sistema altamente


metódico que induz os educadores e consequentemente os educandos a darem mais
importância a quantidade do que qualidade. Quando se exige que um aluno leia
determinado livro nas escolas, na maioria das vezes o objetivo não é fazer com que
aquele aluno compreenda, de fato, o que o autor quer transmitir, mas sim em cumprir
um cronograma existente.

Um livro que deveria fazer diferença na vida acadêmica e social de alguém pode
acabar sendo apenas um amontoado de palavras se não for lido da forma correta. Para
mudar isso é necessário que exista uma leitura mais crítica sobre o cenário educacional,
implantando métodos que estimulem os educandos à serem mais críticos não só em
relação aos conteúdos programáticos como também sobre o contexto que cerca a
realidade desse educando.

A maneira como as pessoas são ensinadas nas escolas muda de acordo com sua
posição social, e por isso pode-se fazer uma associação entre educação e política. As
classes mais favorecidas acabam recebendo uma educação mais consistente, com
questões de mundo que estimulam a visão crítica. Já as classes menos favorecidas são
ensinadas a aceitar e se conformar com essa diferença gritante nas condições de ensino
entre uma classe e outra, e dessa forma não são estimuladas a aflorarem seu lado crítico.
É impossível negar a natureza política do processo educativo tanto quanto negar
o caráter educativo do ato político uma vez que o sistema educacional é implementado
de acordo com as necessidades de uma parcela especifica. Isto quer dizer que é
praticamente impossível existir uma educação neutra, que esteja a serviço da sociedade
em geral independente de divisões e de necessidades sociais especificas. Do outro lado,
implica também ser impossível haver uma política sem significação educativa, uma vez
que todo partido político é sempre educador e suas propostas vão ganhando adeptos de
acordo com o que é anunciado e “ensinado”.

Existe um alto número de pessoas adultas que ainda não completaram totalmente
o processo de alfabetização, e isso se dá devido inúmeros motivos, o mais comum está
relacionado ao contexto social desses indivíduos. É certo que diante dessa situação é
necessário que exista procedimentos educativos especiais uma vez que os adultos se
encontram em um estágio totalmente diferente de uma criança que está se alfabetizando
pela primeira vez, por exemplo. Esses procedimentos especiais se dão em parceria do
educador através de uma leitura crítica da situação com o educando, que por já possuir
conhecimento de mundo consegue ter uma nova perspectiva sobre o aprendizado.

Insere-se nesse contexto as bibliotecas populares, que incentivam o povo a


fazerem suas experiências educacionais se transformarem em conhecimento
genuinamente popular e de fácil acesso e entendimento. Nesse cenário o povo torna-se
sujeito da pesquisa que procura conhece-lo melhor e não objeto.

Existe uma preocupação com os “textos”, as “palavras” e as “letras” do contexto


em que a percepção era experimentada pelo aluno. E notou-se que quanto mais se
“codifica” a leitura da realidade, mais aumenta a capacidade do indivíduo de perceber e
aprender. O que resulta em uma série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão
acontece por meio da relação com o concreto e com os pares.

Pode-se observar os desafios do texto sem contexto, e dos esforços que levam ao
sentido de uma correta compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem, as relações
com o contexto de quem fala, de quem lê e escreve e, portanto, da relação entre
“leitura” do mundo e leitura da palavra.

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