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Linguística

Aplicada ao Ensino
do Inglês
Débora Hradec

Unidade 2

Livro Didático Digital


Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autora
DÉBORA HRADEC
A AUTORA
Débora Hradec
Olá. Meu nome é Débora Hradec. Sou formada como Bacharel
em Letras, Tradutores e Intérpretes, licenciada para Português e Inglês,
Especialista em Língua Inglesa pela USP e Mestre em Tecnologia e
Gestão da Educação pela FATEC/UNESP, com uma experiência técnico-
profissional na área de ensino superior, tradução, revisão e autoria de
livros didáticos de mais de 20 anos. Passei por empresas como a Uninove,
FAM entre outras como docente, Panasonic, Otis Elevadores, Sharp entre
outras como tradutora. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Aquisição da Segunda Língua............................................................ 10
Métodos e Abordagens para Ensino de Línguas............................. 14
Como se dá a Aquisição da Língua de Forma Geral...................... 23
A Forma como o Cérebro Aprende as LEs.......................................... 25
Há Idade para Aprender a L2?................................................................................................ 31

As Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem e o Ensino das LEs..... 36


Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 7

02
UNIDADE

LIVRO DIDÁTICO DIGITAL


8 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

INTRODUÇÃO
Como você já deve saber, o estudo da língua inglesa é uma das
maiores vantagens no mercado de trabalho, sem contar a satisfação
pessoal em poder se comunicar com o mundo. Isso mesmo. A área de
ensino do idioma é muito rica e oferece grande satisfação ao docente.
Para isso é necessário conhecer todas as vertentes dos estudos que a
concernem. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar
neste universo!
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Saber o motivo de estudar a aquisição da segunda língua.

2. Conhecer teorias e abordagens sobre a aquisição da língua


inglesa como segunda língua.

3. Compreender a aquisição da língua.

4. Identificar a aquisição da segunda língua desde a infância

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

A Aquisição da Segunda Língua


INTRODUÇÃO:

Ao término desta unidade, você será capaz de entender


qual a importância de estudar uma segunda língua na
atualidade e mais ainda, vai adquirir conhecimentos que o
ajudarão a ensinar essa língua. Isto será fundamental para
o exercício de sua profissão no contexto atual. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá!

É um fator amplamente conhecido que, para que o homem possa


se relacionar ordenadamente com as pessoas em um mundo globalizado,
há a necessidade de uma língua que seja amplamente conhecida por
vários povos. Consequentemente, a tarefa do docente que leciona
inglês é muito importante para a interação mundial em todas as áreas do
conhecimento.

A fim de garantir o pleno domínio da competência comunicativa


dos alunos, é necessário que o docente tenha total domínio das quatro
habilidades que precisam ser aprendidas pelos estudantes de idiomas
estrangeiros: falar, ler, escrever e ouvir; sempre de forma compreensiva e
plenamente integrada.

As quatro habilidades garantem a competência comunicativa


promovendo a correta interpretação das mensagens entre os
interlocutores, usando as estruturas corretas do idioma, além de entender
o que se fala ao ouvir o que é dito no idioma estrangeiro.

IMPORTANTE:

Mas, é importante que o docente tenha claro o segmento no


idioma que o aluno objetiva, visto que é possível ter alunos
que queiram aprender inglês como língua estrangeira para
trabalho ou lazer, com exposição ao idioma centrado na sala
de aula, chamado “EFL (English as a Foreign Language)”
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 11

O aluno pode desejar se preparar para aprender o idioma como


segunda língua, como “ESL (English as a Second Language)”, comumente
usado por pessoas que farão intercâmbio, imersão ou para os que se
mudam para um novo país onde o idioma objetivado é falado. O foco deste
tipo de ensino é o preparo para a fluência extensiva para que o estudante
se insira socialmente em um outro país ou situação que necessite fluência
plena.

Há ainda o inglês aprendido em escolas regulares, cujo foco


é voltado à estrutura, habilidades de leitura e escrita, para exames
admissionais em universidades, por exemplo.

Com a crescente conscientização em relação à importância


de aprender um idioma estrangeiro como o inglês, os cientistas que
estudam a linguagem, já há alguns anos, começaram a ter seus interesses
despertados no sentido de tentar compreender o processo de ensino-
aprendizagem desse idioma em todas as vertentes, como cognitiva,
metodológica, etc. Atualmente, há consenso entre alguns estudiosos de
que o inglês é uma LF (lingua franca, sem acento) sobretudo no mundo
dos negócios, da tecnologia e nos assuntos diplomáticos mundiais.

DEFINIÇÃO:

“lingua franca”, sem acento, é uma língua adotada como


de uso comum entre interlocutores cujas línguas nativas
são diferentes. É uma “ponte” que permite a comunicação
intercultural.

Em todos os fins, é muito importante não relegar importância menor


a nenhuma das quatro habilidades que devem ser plenamente integradas.
É muito comum que os aprendizes de idiomas pensem que falar o idioma
estrangeiro é a garantia do pleno desempenho. No entanto, das quatro
habilidades, a que mais é deixada para trás é a compreensão ao ouvir.
Não basta saber falar para uma comunicação eficaz, sendo necessária
12 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

a interação entre os interlocutores, ou seja, falar e compreender o que é


falado.

ACESSE:

Para as quatro habilidades, assista ao vídeo: disponível em:


https://bit.ly/3cfU28X

Após determinar a necessidade, foco e finalidade de estudo dos


alunos, o professor deve conhecer os métodos disponíveis adequados à
construção integrada das habilidades.

Ainda, de acordo com o linguista Noam Chomsky, “Nobody is taught


language; in fact you can’t prevent the child from learning it”1, o que nos
elucida o sentido de linguagem como algo inerente ao desenvolvimento
do ser, e língua, em amplo sentido, como um código passível de aquisição.
Neste ponto deparamo-nos com o conceito de L1 e L2, em que a primeira
consiste da língua materna e a segunda, um idioma adquirido a posteriori.
A teoria é de que o ser humano tem conhecimento desde a infância da
estrutura gramatical básica que rege todas as línguas e esse fator inato foi
por Chomsky chamado de Gramática Universal.

ACESSE:

Assista aos vídeos sobre aprendizagem (Noam Chomsky.


1

The Human Language Series: Part 1,2,3; 1994). Disponível


em: https://bit.ly/2RCygTy

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado.O ensino


e aprendizagem de idiomas deve ser pautado no pleno
desenvolvimento de habilidades comunicativas orais e
escritas dos alunos, viabilizando tanto a compreensão
quanto a transmissão do pensamento e o uso progressivo
de vocabulário à medida que é construído.
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 13

Para tal, o ensino reflexivo baseia a aprendizagem na experimentação


como estímulo ao aluno (DUARTE, FITZGERALD, 2006). Ao teorizar o
ensino-aprendizagem, é fundamental lembrar que a aprendizagem é o
fator fundamental na formação dos seres humanos e é um fenômeno
social.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que desde o dia que nascemos e por toda a


vida, aprender é adquirir atitudes, desenvolver a linguagem
verbal e não verbal, os interesses e posturas, formar a
personalidade e atribuir sentido ao convívio com outros
seres humanos de forma produtiva e eficaz. Aprender um
idioma estrangeiro não é diferente? Dentro das discussões
e pesquisas sobre aprendizagem, Mizukami (1986, p. 71)
indica que aprender é a “condição formadora necessária ao
desenvolvimento natural do ser humano. Este, por sua vez,
não iria adquirir suas estruturas mentais mais essenciais
sem a intervenção exterior.”

Podemos continuar com nosso raciocínio?


14 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

Métodos e Abordagens para Ensino de


Línguas
INTRODUÇÃO:

Iniciamos este capítulo com uma pergunta: qual a diferença


entre método e abordagem? Método é uma maneira
estruturada em um plano para que algo seja realizado.
Uma forma de ensinar uma LE fruto de um planejamento.
O método conta com fatores como a abordagem, o
procedimento e também o planejamento. A abordagem
é o modelo teórico, o aporte usado como recurso para
ensinar. O plano é o preparo antecipado de como será a
aula incluindo objetivos, atividades, materiais, entre outros.
Procedimento são as aplicações colocadas em prática ou
as técnicas utilizadas no momento de ensinar.

SAIBA MAIS:

Para mais informações sobre o assunto, acesse o texto


disponível em: https://bit.ly/3caT4eb

Figura 1: Método e Abordagem

Fonte: elaborado pelo autor]]


Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 15

As teorias de ensino e aprendizagem se valem de diferentes


abordagens (planos e procedimentos) que são parte de métodos mais
amplos; alguns especificamente idealizados, à cada época, para o ensino
da língua estrangeira.

ACESSE:

Para teorias sobre o processo do ensino-aprendizagem


em geral, visite o trabalho muito interessante de SANTOS
(2005 p.20) disponível em https://bit.ly/32GkZzn

Segundo Totis (1991), muitos foram os métodos vigentes no passado,


como por volta do século XVIII, em que a aprendizagem de idiomas
se baseava na indução e dedução, seguido do método de tradução e
gramática (ou método tradicional), ainda para, à sua época, ensinar o
grego e o latim (Ur, 2013).

DEFINIÇÃO:

Segundo Sócrates, a base para desenvolver um método


pode ser a indução ou a dedução. No primeiro, as
conclusões decorrentes das reflexões são baseadas
em proposições que levam a uma conclusão; indícios. A
exemplo, “A canary has two wings. A parakeet is two winged
too. So, those are both birds and all animals with wings are
birds”. Na dedução, baseamo-nos em proposições para
chegar a uma conclusão por inferência: “Martha wears a
coat and, in her coat as in her hands, we can see chalks
and chalk spots. Martha is inside the classroom. Therefore,
Martha must be the teacher”.
16 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

SAIBA MAIS:

O método tradução e gramática em uso a partir de 1450


aproximadamente, teve foco no uso da comparação entre
a L1 para ensinar a L2. As instruções eram em L1 e a base
era estrutural e tradutória da L2, sempre em comparação
com a L1.

O método direto surge a partir de 1890 e enfatiza o uso da L2 em


detrimento da L1. Nesse método a gramática e a cultura são ensinadas
indutivamente e as lições são baseadas em um tema para conversação,
sem usar a L1. A interação é auxiliada pelas figuras (como cue cards),
mímicas e o professor deveria ser altamente proficiente ou nativo.

Meu caro, em 1920 surge a abordagem da leitura centrada também


nas atividades de tradução na forma escrita, expansão de vocabulário e
gramática adjacente à leitura. O professor não precisava ser proficiente
na L2.

Em 1940 surge nos Estados Unidos o método áudio-lingual que


tem foco nas habilidades orais adquiridas mecanicamente por estímulo
e resposta, e a L2 precisava ser estudada através da aquisição de suas
regras; haviam atividades de treino mecânico e repetição, entre outros. As
aulas nesse método eram baseadas em diálogos estudados em partes,
usa-se mímica, muita memorização e indução para chegar ao assunto. As
quatro habilidades são trabalhadas e os professores tem que conhecer
plenamente a estruturação da L2. Esta metodologia foi muito utilizada no
Brasil até a década de 80 até mesmo por motivos políticos.

Na mesma época do método áudio-lingual, o método situacional


surge na Inglaterra também com preceitos parecidos com o método
áudio-lingual, mas com o avanço no foco da habilidade de ouvir e falar e
ênfase para práticas moldadas em situações e locais específicos (hotéis,
aeroportos, etc.), mas ainda com aprendizagem baseada em regras
gramaticais e de estrutura, em geral, através das atividades de leitura,
escrita e repetição. A gramática era ensinada de forma progressiva (do
mais fácil para as estruturas mais difíceis) e o ensino da cultura se baseia
na forma indutiva como ocorria no método direto. A diferença básica entre
o método áudio-lingual e o situacional é ainda que o primeiro se baseou
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 17

na psicologia comportamental e o segundo se baseava na linguística


geral e pedagogia das LEs.

Até 1950, uma teoria bastante considerada por alguns foi a teoria
Behaviorista radical de Skinner (1978), que considerava que todo tipo de
aprendizagem, mesmo a linguagem, decorria de estímulos do ambiente
em contraposição às respostas do aprendiz; nessa teoria, aprendizagem é
um condicionamento operante.

Um linguista importante nesta cronologia foi Leonard Bloomfield


que desenvolveu a linguística estrutural em uso entre os anos 30 e 40 no
Estados Unidos.

Em 1960 viu-se o surgimento do método estrutural situacional,


menos mecânico do que o áudio-lingual, mas ainda ligado às estruturas
e à repetição mecânica.

Em 1965 surge o método cognitivo, a partir do qual começa a ser


considerada a questão da relevância cultural e a importância do estudo
das quatro habilidades conjuntamente. Neste método não é necessária
a perfeição na pronúncia, somente a corretude para haver compreensão
entre as partes, ou seja, a manutenção do sotaque da L1 não era um
empecilho.

À mesma época, surge a abordagem da compreensão, em que se


acreditava que a L2 poderia ser aprendida em qualquer idade como a
L1. A habilidade de escutar era a mais importante e não havia correção
de erros, os alunos deveriam ser deixados à vontade para falar quando
estivessem prontos.

NOTA:

A crescente preocupação com aspectos comunicativos


e práticos da língua em situações reais, sobretudo na
compreensão oral, levou, nos anos 70, ao desenvolvimento da
abordagem comunicativa. O aprendiz passou a ser colocado
no centro do processo e o professor passou a ser um mediador
da aprendizagem, considerando-se o desenvolvimento
prioritário das habilidades orais com foco na necessidade de
comunicar-se eficazmente em diversas situações.
18 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

[...] However, it is usually an open question whether success is


due to the properties of an approach or to the enthusiasm with
which it is promoted by its adherents. (Crystal, 1987 p. 250)

A abordagem comunicativa, ou método comunicativo (ambos os


termos são usados), muito usada pela maioria dos profissionais do ensino
de idiomas atualmente e pelos elaboradores de material didático para esse
fim, baseia-se na Teoria Sociointeracionista de Vygotsky, que determina
que a aprendizagem acontece através do contato com a sociedade e
tem seu foco no significado e na interação entre os participantes do ato
comunicativo através de atividades que envolvem as quatro habilidades
baseadas em recortes de material autêntico (discursos e textos autênticos)
da língua que se deseja aprender, da língua alvo ou L2. O professor deve
conhecer a L2 fluentemente.

ACESSE:

Para abordagem comunicativa, assista ao vídeo: disponível


em: https://bit.ly/3hIv2Z7

E visite também, para a mesma abordagem, o site disponível


em: https://bit.ly/35MBziY, espero que gostem.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que essa abordagem comunicativa é centrada no


aluno que se envolve totalmente no processo, estimulando,
adicionalmente, as experiências pessoais do aprendiz como
contribuição comunicativa para ligar a situação de sala de
aula ao material autêntico oferecido? É muito comum que as
atividades desta abordagem incluam entrevistas, debates,
dramatizações, trabalhos em equipe, temas sobre cultura e
civilização, entre outros. Nessa abordagem, a competência
sociolinguística é muito relevante, para que o aluno possa
discernir o tipo de linguagem (formal ou não), inferir, prever
e selecionar discursos.
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 19

Novos estudiosos começaram a despertar para a aprendizagem


de idiomas e um linguista muito relevante é o americano Stephen
Krashen com sua Abordagem Natural para as línguas, indicando que a
aprendizagem se dá espontaneamente e de forma natural, sem uma
ordem específica, conforme o aproveitamento circunstancial.

[…] Acquisition requires meaningful interaction in the target language


- natural communication - in which speakers are concerned not
with the form of their utterances but with the messages they are
conveying and understanding. (Krashen, 1982, p. 90)

SAIBA MAIS:

Vale a pena a leitura da obra de Krashen, um clássico disponível


em https://bit.ly/3mvILGm referenciada como: KRASHEN,
Stephen D. Principles and Practice in Second Language
Acquisition. California: Pergamon Press Inc., 1982, 209 p.

Ainda, em 1980, surgiu também a abordagem humanista com ênfase


no ensino afetivo, no qual o ambiente da sala é fator muito importante,
com trabalhos em equipe e o docente é o facilitador não somente na
aprendizagem como também nas relações pessoais. Esta abordagem
tem muitas semelhanças com a humana docência idealizada no Brasil.

Em 1997, surge ainda a abordagem lexical, que embora tenha


muitas semelhanças com a comunicativa, dá grande ênfase às variações
lexicais de diferentes culturas. Este método tem como diferencial o uso do
computador e as habilidades orais são mais importantes. A ênfase deste
método recai sobre os diferentes usos das palavras, portanto, o processo
de aprendizagem é muito relevante, onde compara-se por exemplo, o
verbo “run” (correr) com o phrasal verb “run away” cuja tradução se torna
“escape”: o mesmo verbo acrescido de preposição adquire outro valor no
léxico da L2. Observe esta imagem com o exemplo, na prática, de palavras
homógrafas, preocupação típica a ser elucidada por este método:
20 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

Figura 2: Homografas, palavras com a mesma forma escrita e significados diferentes em


determinados contextos

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2FJbKFQ


Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 21

Em 1998 surge o método psicolinguístico, em que professor e


aluno criam um envolvimento comunicativo baseado no relacionamento
interpessoal com a sala como facilitador (Crystal, 1987 p.179). As aulas são
baseadas nas vivências e assuntos que o aluno traz para a sala. Estes são
discutidos e os erros são elementos secundários à comunicação na L2.

IMPORTANTE:

Falar não basta, é preciso conseguir compreender o


que se escuta no idioma estrangeiro e a interação de
estratégias pode ser uma solução factível muito buscada
pelos docentes em geral. É um erro muito comum nos
aprendizes de idiomas estrangeiros enfatizar a fala como
principal habilidade de desempenho. Mas o fato é que os
interlocutores precisam entender o que é ouvido para que
seja concretizado o ato comunicativo.

RESUMINDO:

A docência do idioma estrangeiro na abordagem


comunicativa implica em pleno expertise comunicativo,
profundo conhecimento do assunto, amplo vocabulário
e excelente preparo técnico no idioma pelo docente. A
afetividade pelo processo educativo e o gosto pelo estudo
das ciências da linguagem garantem uma postura amistosa
característica da humana docência de Arroyo (2001) que
vem tomando proporções amplas no Brasil, visando
criar um espírito de equipe em grupos de alunos, que
certamente se sentirão mais confiantes para experimentar
a comunicação em um novo código sem timidez social
característica deste tipo de aprendizagem de LEs.
22 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

ACESSE:

Para uma amostra em abordagem comunicativa, visite


material disponível em: https://bit.ly/2H4oKGw

E para visualizar 5 atividades na abordagem comunicativa, veja


disponível em: https://bit.ly/3iGHlGt

Meu caro estudante, seja(m) qual(is) for(em) o(s) método(s) que


você venha a escolher para lecionar, é importante pensar em alguns
fatores relevantes como propiciar a inclusão linguística em ambientes e
atividades educacionais.

Ainda, o ensino de língua para alunos com dificuldades de


aprendizagem deve ser uma preocupação para que haja preparo; a
linguagem deve propiciar a inclusão social escolar; os ambientes de
aprendizagem devem, preferencialmente, ser mediados pelo computador
pensando sempre na inclusão digital.

A escolha de material didático deve ser cuidadosa e a abordagem


deve relevar assuntos atuais e a leitura e produção escrita e oral,
assim como a compreensão deve ser baseada em gêneros muito bem
selecionados.

O inglês para finalidades específica (English for Special Purposes,


antigo inglês instrumental) é hoje um recurso muito presente para o
ensino rápido que responde à leitura e comunicação breve no mercado
de trabalho, ideal para os cursos técnicos.

Vale considerar sempre a análise de necessidades dos alunos e


pensar nos temas sobre linguagem e identidade. É fundamental considerar
o componente afetivo no ensino e aprendizagem.
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 23

Como se dá a Aquisição da Língua de


Forma Geral
INTRODUÇÃO:

Segundo CRYSTAL, (1987 p.239) a aquisição da língua em


geral e de forma essencialmente endógena, consiste da
capacidade comunicativa que nos garante um bom convívio
social. O Sistema Nervoso Central é responsável pelas
funções do cérebro humano, como a visão, a linguagem,
a aprendizagem, por exemplo. Ambos os hemisférios
cerebrais atuam nas funções da linguagem, mas de formas
diferentes, embora a maior parte tenha a linguagem mais
amplamente localizada no hemisfério esquerdo para certas
funções específicas, já que em cada hemisfério, o cérebro
percebe os estímulos e a realidade de forma diferente.

Nenhum é completamente controlador de tudo ou de algo


essencialmente específico, pois precisam trabalhar juntos. O esquerdo
é voltado ao verbal, à análise e o direito à agilidade de processamento,
noção de espaço e passível de percepção para configurações. Como já
se sabe, o hemisfério direito controla o lado esquerdo de nosso corpo
e o esquerdo controla o lado direito de modo geral. Um exemplo é que
o hemisfério direito que trabalha com a orientação do espaço precisa
do esquerdo para verbalizar dados e tirar conclusões para emitir a um
receptor ou armazenar na memória.

[...] Os teóricos se dividem entre a ênfase da natureza genética


de Chomsky e da experiência no meio ambiente de Skinner,
como sendo fatores importantes na aquisição do idioma
estrangeiro. (SOUZA, 2010 p.247)
24 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

SAIBA MAIS:

Até os 07 anos a criança aprende o idioma estrangeiro e


a língua nativa naturalmente, da mesma forma, porque
as conexões neurais ocorrem de forma rápida pelo
desenvolvimento cerebral acelerado CRYSTAL, (1987 p.237).
Após essa idade, aproximadamente, a aprendizagem passa
a ser bilíngue.

[...] do ponto de vista neuropsicológico, é perfeitamente


compreensível e aceitável que uma criança possa iniciar
seus primeiros contatos com outras línguas, e isso é possível
porque a base neural para o aprendizado é a capacidade de
relações sinápticas realizadas entre os neurônios [...] (SOUZA,
2015 p.26)

Mas é interessante dar uma olhada na publicação sobre o assunto


da Veja, disponível em https://bit.ly/2ZKvY9m
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 25

A Forma como o Cérebro Aprende as LEs


INTRODUÇÃO:

O cérebro funciona de forma interligada e é responsável por


todas as funções de aprendizagem e seu funcionamento
é em rede, e a aprendizagem, como todas as funções do
corpo, dependem dessa conexão.

As áreas do cérebro são chamadas lobos e são denominadas


frontal, temporal, parietal ou occipital. A frontal é a parte responsável pelas
funções onde precisamos planejar, tomar decisões, organizar, estabelecer
sequências, determinar nossos interesses, ter atenção seletiva, coordenar
prioridades, cuidar da inibição do comportamento, fazer análises e
sínteses, memória de trabalho, saber quando precisamos perceber se
há erros e fazer correções (resolver problemas). É a maior parte e é a
que move todo o funcionamento do corpo; é altamente desenvolvida e
responsável pela formação da personalidade.
Figura 2: Lobo frontal

Fonte: @wikipedia.
26 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

A área temporal é responsável pela percepção auditiva, pelo


reconhecimento dos sons e percepção da linguagem fonológica geral. É
o centro de toda a linguagem no cérebro. Ela se divide em duas subáreas:
Wenicke e Broca, onde a primeira é associada com a compreensão da
fala e a segunda é associada com a produção da fala. A Broca é associada
ao planejamento motor e produção da fala, responsável também pelo
processamento do léxico e dos aspectos fonológicos específicos da
produção da fala.

EXPLICANDO MELHOR:

Pessoas com problemas nesta área podem apresentar


afasia, uma dificuldade ao falar que não atrapalha em nada
a compreensão da língua. A área de Wernicke é associada
diretamente com a compreensão da língua, além do
processamento dos sons da fala. Pessoas com problemas
nesta região têm problemas de compreensão da fala e
embora sejam capazes de produzir sons e sequências de
palavras em ritmo normal, não conseguem produzir um
diálogo passível de compreensão.

Figura 3: Lobo temporal

Fonte: @freepik.
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 27

VOCÊ SABIA?

O Cortex motor é a região da vocalização que controla os


lábios e a boca, também envolvidos na produção física da
fala. O córtex auditivo recebe sinais dos nervos auditivos
que ficam dentro do ouvido e transmitem estruturas
espaciais e temporais de referência para os dados que
recebe.

A área parietal é a do “toque”, que está conectada com a


sensibilidade em geral, como a dor, com o que é macio, duro, com o
calor, a sensibilidade tátil, a coordenação, a orientação da atenção e a
percepção. Esta área está dividida em anterior e posterior e também
concerne o sabor e o cheiro. Esta área ajuda na integração de outras áreas.
Figura 4: Lobo parietal

@wikipedia.
28 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

A região occipital concerne a habilidade visual em geral para todos


os tipos de tarefas visuais. É localizada na base do cérebro, na região
posterior central.
Figura 5: Lobo occipital

Fonte: @commons.

O cérebro tem dois hemisférios, o esquerdo e o direito, conectados


pelo corpo caloso (um conjunto de terminações nervosas que permite
que os lados se comuniquem) apesar de cada lado processar as coisas de
forma diferente. Veja como cada lado processa as informações:
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 29

Figura 6: Forma como cada lado do cérebro processa as informações.

No lobo frontal fica localizada a chamada memória de trabalho


que armazena as informações de curto prazo e as memórias de longo
prazo ficam localizadas em todo o córtex, conectadas por neurônios.
As memórias de curto prazo “atraem” as memórias de longo prazo
armazenadas quando precisamos delas. Essa é a base do raciocínio, ou
seja, a conexão entre memórias de curto e de longo prazo. Esse processo
fortalece as conexões e as sinapses do cérebro.

DEFINIÇÃO:

Sinapse é o local entre os neurônios onde são transmitidos


os impulsos de um neurônio a outro. Disponível em: https://
dicionario.priberam.org/
30 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

VOCÊ SABIA?

Você sabia que nos anos 50, Chomsky declarou que


nascemos com o dispositivo de aquisição da língua que nos
dá uma habilidade inata para tal aquisição? Esta hipótese
explicava a complexidade dos sistemas da linguagem que
permitem fazer “uso infinito de meios finitos”. Com relação à
essa teoria foi idealizada a Gramática Universal que sugere
que existem propriedades gramaticais comuns a todas
as línguas humanas. Em outras palavras, nosso cérebro
compreende e percebe as mesmas regras gramaticais em
diferentes línguas.

Já os pesquisadores da linha de Skinner argumentam que o ambiente


é a influência mais significativa em se tratando de aquisição da linguagem.
Crianças que não são expostas à linguagem dentro de um ambiente
adequado à essa aprendizagem não aprendem a falar espontaneamente.
Para esses estudiosos, todos somos “páginas em branco” e aprendemos
pela imitação e repetição dos sons que ouvimos de nossos pais.

IMPORTANTE:

Não deixe de assistir ao filme marcante sobre a


experimentação da aquisição da linguagem chamado “O
enigma de Kaspar Hauser” de 1974, que demonstra, através
da ficção e em tom de documentário, o que ocorre se
houver a privação do convívio com o ambiente e com os
pais pela criança. Disponível em:https://bit.ly/2H1ocBd

ACESSE:

Veja este vídeo que demonstra com clareza a forma como


o cérebro “aprende”: disponível em: https://bit.ly/3hHOnJM
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 31

RESUMINDO:

O cérebro recebe informações através de seus sentidos,


armazena essas informações em grande escala, analisa
reconhecendo padrões e organizando para fazer sentido e
em seguida, libera as informações através do pensamento,
fala, movimento, etc. O hemisfério esquerdo é responsável
pelo raciocínio lógico. O direito é relacionado às artes, dança
e criatividade. Os dois são ligados por um corpo caloso que
é um sistema químico que trabalha muito rápido ligando as
informações através de milhares de células.

Há Idade para Aprender a L2?


Quanto mais aprendemos, mais desenvolvemos o cérebro. Em
relação à capacidade de aquisição da linguagem e o envelhecimento
cerebral, há muitas opiniões diferentes entre os estudiosos, mas há
um consenso sobre o que seriam os períodos mais críticos, quando a
aprendizagem se torna mais difícil. O que é consenso é que quanto mais
nova a pessoa exposta a uma LE, maior a chance de alcançar a proficiência
na L2.

Em 1989, um estudo sobre o assunto realizado por duas estudiosas,


Jacqueline Johnson e Elissa Newport, comparou os resultados de testes
feitos por imigrantes que foram para os Estados Unidos, com base na
idade. O resultado sugere, aproximadamente, que entre os 3 a 7 anos
(idade reconhecida como sendo aquela em que a criança aprende a L2
da mesma forma que a língua nativa), a apreensão foi de 98% a 100%, de 8
a 10 anos a assimilação foi de 91%, de 11 a 15 anos a assimilação foi de 83%
e dos 17 aos 39 anos, houve uma queda para 76% em média.

Além de acelerar a margem de proficiência em idades mais tenras,


o estudo precoce de uma L2 traz outros benefícios como a melhoria das
habilidades cognitivas, maiores níveis de pensamento abstrato, oferecendo
mais flexibilidade mental, superior idealização de conceitos, entre outras
habilidades mentais diversificadas, como o combate à demência e o
Alzheimer devido às articulações estruturais e lexicais ampliadas. Além
32 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

disso, há uma melhoria em outras áreas acadêmicas quando alunos do


ensino regular estudam uma segunda língua, as notas em geral passam a
melhorar. A expressão oral geral também melhora amplamente de acordo
com o centro de linguística aplicada da Universidade da Pensilvânia.
(Britannica, 2017).

Tudo isso sem contar a satisfação de comunicar-se mais facilmente


em um mundo globalizado e a qualificação profissional ampliada que o
conhecimento de uma L2 pode proporcionar.
Figura 7

Fonte:@commons.

ACESSE:

As apresentações abaixo para informações preciosas sobre


a aprendizagem e aquisição da linguagem:

•• Aquisição da linguagem. https://bit.ly/3cgG9re

•• A linguagem e o cérebro. https://bit.ly/3kw83T1

•• A linguagem e o cérebro. https://bit.ly/3iHfSoi

•• A linguagem e o cérebro. https://bit.ly/3mEsXRR


Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 33

Figura 8: Benefícios de uma mente bilíngue.

Fonte: https://bit.ly/3hHQRb6
34 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

IMPORTANTE:

É relevante dizer que existem diferentes estilos de


aprendizagem. Algumas pessoas são mais físicas (como
crianças que preferem tocar os objetos de aprendizagem
ou usar o corpo para aprender), outras são mais lógicas,
como as crianças que preferem usar o raciocínio lógico
matemático e reconhecer padrões no que aprendem. Há os
que são mais verbais, que preferem usar as palavras, como
o uso de diálogos e representações ou dramatizações.
Existem os mais auditivos que preferem aprender com uma
música ou através de exercícios de “listening”. Os visuais,
ou espaciais, são os que preferem aprender através de
imagens e aprendem por observação e memorização.
Um aluno pode preferir aprender socialmente, de forma
interpessoal, como a criança que prefere atividades em
grupo e gosta de comunicar-se com os colegas de sala
e existem ainda, os que preferem aprender sozinhos,
chamados de aprendizes intrapessoais, como as crianças
que preferem aprender e trabalhar sozinhos e têm um
desempenho muito independente.

Mas, independente da forma como preferimos aprender, que é


uma tendência individual, há estudos que avaliam o quanto conseguimos
memorizar durante uma atividade de aprendizagem ativa, visual ou verbal.

Howard Gardner (2003), psicólogo cognitivista criou a teoria das


múltiplas inteligências que regem nossa aprendizagem e a forma como
desempenhamos nossos papéis sociais. Para ele, há uma inteligência
linguística que é do âmbito das palavras e quem tem essa inteligência
se sai bem com as letras, língua, retórica (arte de convencer, como os
políticos), é um bom orador, enfim, tudo que se relaciona com a linguagem,
até mesmo a mnemônica que é o uso da linguagem para que possamos
nos lembrar das informações.

Ainda, há uma inteligência lógica e matemática com facilidade


nas contas, resolver problemas, estabelecer seriações e classificações.
Gardner fala da inteligência espacial ou visual que é aquela que
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 35

determina grande facilidade para perceber o que ocorre em volta de


si, com sensibilidade a formas e cores, como artistas, arquitetos, etc. A
inteligência corporal ou sinestésica é a que diz respeito ao movimento,
muito comum nas pessoas que trabalham com o corpo expressando
ideias e sentimentos como dançarinos e atores. A inteligência musical
e auditiva é a das pessoas que percebem, discriminam, transformam e
expressam a musicalidade com facilidade porque são sensíveis ao tom,
melodia, ritmo, etc., como os músicos.

EXPLICANDO MELHOR:

A chamada inteligência interpessoal é a que facilita o


convívio social e é a capacidade de identificar expressões
faciais, tons de voz. É muito útil na vida em sociedade, na
interação com as pessoas. A inteligência intrapessoal é a
que concerne uma capacidade grande de introspecção,
autoanálise e autoconhecimento. Segundo Gardner,
podemos ter mais de uma dessas inteligências entrelaçadas,
mesmo que uma ou outra pareça ser a mais evidente.

Figura 9: Comparativo entre o tipo de atividade em sala e a margem de retenção da


informação
36 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

As Dificuldades e Transtornos de
Aprendizagem e o Ensino das LEs
O cérebro se transforma, o que se chama neuroplasticidade, e
quanto mais nutrido de aprendizagem, mais o cérebro se desenvolve
em todas as idades. Existem dois tipos, uma chamada neuroplasticidade
funcional e outra estrutural. A primeira consiste da capacidade que o
cérebro tem de transferir dados e funções de áreas que estão danificadas
para outras partes do cérebro que estejam saudáveis, como em um
derrame, por exemplo. A segunda é a capacidade de alterar-se fisicamente
devido ao aprendizado. O cérebro pode aumentar de tamanho com a
neuroplasticidade estrutural. Quanto mais o cérebro é utilizado, melhor.

EXPLICANDO MELHOR:

Um transtorno de aprendizagem ou um distúrbio são


dificuldades fisiológicas, corrigíveis ou não, em que o
aprendiz pode ter em determinada área do conhecimento.
O que nos interessa neste momento são os que se referem
à língua e linguagem.

IMPORTANTE:

Transtornos de aprendizagem são falhas na habilidade


física específica, como na leitura ou escrita originada numa
falha no desenvolvimento neurológico de origem genética,
por exemplo, que causa uma incapacidade do cérebro para
processar ou receber alguns tipos de informações. Distúrbio
de aprendizagem são dificuldades geradas pelas conexões
dos neurônios, sem falha física, social nem emocional e é
um problema reversível que pode ser corrigido ou adaptado
com um método de ensino adequado para cada caso.

Um docente de língua estrangeira, como o inglês precisa ter em


mente quais os problemas de aprendizagem que seus alunos podem
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 37

apresentar, sobretudo lembrando que por vezes, tais problemas não


foram diagnosticados na escola (caso você seja um professor de inglês
em escolas de ensino livre de idiomas), ou ainda, pode ser que você seja
um docente que leciona inglês para o infantil, fundamental e médio, o
que o torna parte de um corpo de professores que deve estar preparado
para resolver situações que ofereçam conforto ao aluno e possibilitem
sua aprendizagem, visto que nem sempre, idealmente, o docente pode
contar com um psicopedagogo na equipe docente. Assim, vamos a alguns
rudimentos sobre os principais transtornos que podem ser relevantes ao
professor de idiomas.

Os transtornos que são relevantes para a aprendizagem da LE são


a dislexia em que o aluno tem dificuldade de reconhecer as palavras,
decodifica-las e tem dificuldades com a ortografia das mesmas.
Figura 10: Amostra de dislexia.

Fonte: https://bit.ly/2RysIt0

Há ainda a disgrafia, que é um transtorno psicomotor e influi na


fluência da forma escrita, que pode ser na junção de palavras para dar
38 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

sentido à frase, ou ainda, na força (muita ou pouca, tida equivocadamente


por alguns como “grafia feia”) aplicada na escrita.
Figura 11: Amostras de disgrafia.

Fonte: https://bit.ly/2RysIt0
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 39

A disortografia caracteriza-se pela produção escrita com vários


erros ortográficos que ao aluno parecem corretos.
Figura 12: Como o aluno com disortografia vê seu texto.

Fonte: https://bit.ly/2RysIt0

ACESSE:

Os vídeos abaixo para informações preciosas sobre o


assunto, espero que goste:
Problemas comuns de aprendizagem. Disponível em:
https://bit.ly/3kw8Jb1
O que é a disgrafia? Não é somente um problema de escrita.
Como reparar esse problema. Disponível em: https://bit.
ly/3iGomvL
Pontos fortes nos alunos com problemas de aprendizagem
e outros transtornos. Disponível em: https://bit.ly/2FLZmES
40 Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês

REFERÊNCIAS
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Cambridge University Press, 1987.

DUARTE, Fernanda; FITZGERALD, Anneke. Guiding Principles for a


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University Teaching & Learning Practice, 2006. v.3, 1a. ed. Sidney: University
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<Disponível em: http://ro.uow.edu.au/jutlp/vol3/iss1/3> Acesso em 7 out


2019.

GARNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2003.

KRASHEN, Stephen D. Principles and Practice in Second Language


Acquisition. California: Pergamon Press Inc., 1982, 209 p.

Disponível em< http://www.sdkrashen.com/content/books/principles_


and_practice.pdf> Acesso em 15 out 2019

Second Language Acquisition and Second Language Learning. Nova


Jersey: Prentice-Hall International, 1988.

LAPKOSKI, Graziella Araujo de Oliveira. Do texto ao sentido: teoria e prática


de leitura em língua inglesa. Curitiba: InterSaberes, 2012. 204 p.

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU,


1986.

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In Integração, 2005, jan/fev/mai, ano XI n.40 <Disponível em: https://
Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês 41

social.stoa.usp.br/articles/0034/1812/abordagens_de_processo_de_
ensino_e_aprendizagem.pdf> Acesso em 16 out 2019.

SKINNER, B. F. O comportamento verbal. São Paulo: Cultrix, 1978.

SOUZA, A.S. O Processo De Aquisição De Um Segundo Idioma Em


Crianças E Adultos In Revista Estação Científica - Juiz de Fora, nº 14, julho
– dezembro / 2015

SOUZA, E.de L.B. A Aprendizagem De Línguas Estrangeiras E Sua Relação


Com A Anatomia Cerebral. In Anuário Da Produção De Iniciação Científica
Vol. XII, N. 14, Ano 2009. Valinhos: IPADE, 2010.

TOTIS, Verônica Pakrauskas. Língua inglesa: leitura. São Paulo: Cortez,


1991.

UR, Penny. Teaching Listening Comprehension. Cambridge: Cambridge


University Press, 2013.

BRITANNICA E-BOOKS. in Britannica Digital Learning. Encyclopædia


Britannica, Inc., 2017. Disponível em: < https://britannica.com.br/products/
online/Pt/BritannicaEbooks.html Acesso em 26 out 2019
Livro Didático Digital

Débora Hradec

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