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Educação

das Relações
Étnico-Raciais
Unidade IV
Relações étnico-raciais na educação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
GLÓRIA FREITAS
AUTORIA
Glória Freitas
Olá. Meu nome é Glória Freitas. Sou graduada em Pedagogia, com
mestrado e doutorado na área de educação, com diversas experiências
técnico-profissionais, na área de Educação, desde 1984, percorrendo
inicialmente pela Educação Básica (na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental I) em Escolas, posteriormente lecionando em formações
docentes em Organizações Governamentais e Não Governamentais
(ONG’s e OSCIPs), e a partir de 1990, lecionando os fundamentos e
metodologias de ensino, na Formação Docente Inicial e Pós-Graduação,
no Ensino Superior, em Universidades Públicas e Particulares, em São
Paulo, Paraná, Ceará, Rondônia e Maranhão. Sou apaixonada pelo que faço
e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando
em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Reconhecendo a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro
das Diferenças............................................................................................... 10
Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das
Relações Étnico-Raciais............................................................................ 18
Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das Relações
Étnico-Raciais: Questões conceituais............................................................................... 18

Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das Relações


Étnico-Raciais, na busca de reflexivas e criativas práticas................................ 21

Produzindo uma Educação voltada às Relações Étnico-


Raciais...............................................................................................................29
Planejando currículo e práxis pedagógica voltados a
Diversidade Cultural e etnicorracial: Questões iniciais sobre
currículo e Práxis Pedagógica................................................................36
Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural
e etnicorracial: Recomendações curriculares legais brasileiras.................. 39
Educação das Relações Étnico-Raciais 7

04
UNIDADE
8 Educação das Relações Étnico-Raciais

INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o tema diversidade tem trazido muitas
discussões em torno da educação de modo intenso. Profissionais de
ensino e acadêmicos têm se manifestado a favor de uma educação
voltada para a promoção dos direitos humanos, vislumbrando um ensino
plural e democrático, buscando minimizar as diferenças existentes na
nossa sociedade.

Diante disso, você estudará na Unidade 4 sobre novas Metodologia


de Ensino, Currículo e Práxis Pedagógica, na Educação das Relações
Étnico-Raciais, na escola e no Encontro de Diferenças. Preparado? Ao
longo deste estudo você vai mergulhar neste universo!
Educação das Relações Étnico-Raciais 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das


Diferenças;

2. Desenvolver Metodologia de Ensino em Educação para as


Relações Étnico-Raciais;

3. Compreender sobre uma Educação voltada às Relações Étnico-


Raciais; e

4. Planejar Currículo e Práxis Pedagógicas voltadas a Diversidade


Cultural e Étnico-racial.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!Você aprenderá bastante sobre a
Representação da Sociedade, da Criança e do adolescente, na Literatura
Infanto-juvenil, e ainda sobre a poesia em sala de aula.
10 Educação das Relações Étnico-Raciais

Reconhecendo a Escola como Espaço


Privilegiado de Encontro das Diferenças
Ao término deste capítulo você será capaz compreender como
desenvolver metodologia de ensino, currículo e práxis pedagógica, para
a educação voltada às relações étnico-raciais, no espaço privilegiado
de encontro de diferenças, a escola. Inicialmente, você irá reconhecer
a escola como espaço privilegiado de encontro das diferenças. Em
seguida, você compreenderá como desenvolver metodologia de ensino,
em educação para as relações étnico-raciais. Posteriormente, você irá
verificar como produzir uma educação voltada às relações étnico-raciais.
E, por último, entenderá sobre planejar currículo e práxis pedagógicas
voltadas a diversidade cultural e étnico-racial. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Nem sempre as nossas diferenças foram objeto de análise, ao


refletir sobre a escola. Escola e as diferenças dos povos africanos e
indígenas foram palcos de desencontros, no Brasil. Ao longo do período
de colonização portuguesa, as diferenças foram anuladas, desrespeitadas,
vigiadas, punidas, apagadas e tomaram um formato de invisibilidade,
dentro das escolas, bem como em todos os espaços socialmente
compartilhados entre os colonizadores, diferentes povos indígenas e
africanos e seus descendentes.

Quando resolveu empreender suas reformas, o marquês de Pombal,


no século XVIII, prometeu liberdade e igualdade aos povos indígenas e
não surgiram grandes novidades com relação aos tratamentos anteriores,
desde o século XVI. Eles passaram a ser vistos como vassalos (súditos do
rei de Portugal) por motivação geopolítica e econômica, mas isso não lhes
garantia um status muito superior ao dos vadios, vagabundos, ciganos,
elementos inferiores e transgressores da sociedade sobre os quais se
queira impor controle e vigilância. Assim, eram tempos hostis à diferença.

No lugar de serem designados nas suas igualdades eram chamados


de miseráveis, como pobres de bens, de capacidade intelectual e de
costumes morais, por isso deveriam ter tratamento jurídico diferenciado,
não lhe sendo imputada a responsabilidade por seus atos (LOPES, 2005,
Educação das Relações Étnico-Raciais 11

p.96/97), por compaixão e piedade por serem rudes e pobres, tanto quanto
as viúvas e os órfãos. Com igualdades em moldes tão desfavoráveis a eles
e impostos pelos colonizadores, o que falar dos direitos às diferenças, no
século XVIII?

Neste século XVIII, um Diretório dos Índios, localizado no Rio


Grande do Norte, no nordeste brasileiro, determinava, vigiava, punia e
premiava, como em todo o Brasil, conforme o comportamento adequado
ou desviante do que era esperado para súditos do rei. Sem nenhuma
tolerância à diferença!

Tal pedagogia estava vinculada, como persistem algumas práticas


pedagógicas ainda hoje, em vigiar e punir os diferentes para ficarem
de acordo com as normas. Já aos bem conformados, coniventes e que
aceitavam um modo de vida definido como ‘civilizado’ são recompensados
com privilégios e posições honoríficas. Aprendendo com a história, cada
professor terá nos tempos atuais, neste século XXI, reconhecer que este
modelo colonizador não se assemelha com qualquer proposta de Escola
como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças. É o contrário!

Para tal Diretório de índios, do século XVIII, o importante era


diferenciar os indígenas em relação uns aos outros, segundo seu
comportamento, os ‘bons’ e os ‘maus’; distinguir valores e potencialidades
individuais a serem incentivadas e utilizadas para o ‘bem-comum’. Todos
eram coagidos a aceitarem e submeterem ao modelo cultural luso-
brasileiro; e definir os limites das diferenças que, afinal os qualifica de
anormais e os exclui dos demais vassalos. Hoje, a educação pode ser um
Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças. Basta que o professor o
entenda assim e o queira! Existem marcos legais que respaldam isso!

Neste século XVIII, a ciência decidiu na Europa, que a cor da pele


deveria ser acatada como um critério capital e determinante entre as
chamadas diferenças entre raças. De lá para cá, nossa espécie, a humana,
dividiu-se em três raças estagnas, povoando até hoje a cabeça dos que
são racistas, tanto no imaginário coletivo como nas ciências escritas por
ideias racistas. As raças seriam branca, negra e amarela. E cor da pele
é um critério impreciso. Já que somente 1% de nossos genes estariam
12 Educação das Relações Étnico-Raciais

relacionados à transmissão da nossa cor da pele, dos nossos olhos e


nossos cabelos.

Os cientistas naturalistas entre os séculos XVIII até XIX não


caminharam a favor de uma classificação voltada as características
físicas, e que seria facilmente abandonada com o passar dos tempos.
Infelizmente, desde o início, eles se deram o direito de hierarquizar, isto
é, de estabelecer uma escala de valores entre as chamadas raças. Com
teses deterministas e naturalistas sobre raça, implicando em inferiorizar
alguns grupamentos humanos, impondo a superioridade aos europeus.
Assim era a classificação racial proposta pelo cientista Lineu no século
XVIII, escoltada por uma escala de valores que insinua uma hierarquização
errônea e discriminatória entre raças e continentes. Isso tudo acabou!
Hoje, século XXI, já não mais se diferenciam as pessoas por raça!

Lineu definiu que os povos indígenas da América, os Ameríndios,


chamados de americanos, eram moreno, colérico, cabeçudo, amante da
liberdade, governado pelo hábito, tem corpo pintado (MUNANGA, 2004,
p. 25-26). Uma descrição bastante preconceituosa, errônea e a serviço do
racismo. Nada tolerante à diferença. Anulando todas as diferenças que
cada povo indígena da América constituía na época e continua a constituir.
Já o povo asiático era amarelo, melancólico, governado pela opinião e
pelos preconceitos, usa roupas largas.

Quanto ao povo africano composto de muitas etnias, eram e são


diferentes povos, distintas culturas e línguas, foram significados assim:
[...] negro, flegmático, astucioso, preguiçoso, negligente,
governado pela vontade de seus chefes (despotismo),
unta o corpo com óleo ou gordura, sua mulher tem vulva
pendente e quando amamenta seus seios se tornam
moles e alongados.(MUNANGA, 2004, p. 26)

Já o colonizador europeu, parte dele e dos que vieram para o Brasil


são nitidamente descendentes dos povos árabes, vindo do norte da África
seriam bem significados em suas diferenças coma definição a seguir de
Europeu como o branco? O colonizador europeu é o europeu: branco,
sanguíneo, musculoso, engenhoso, inventivo, governado pelas leis, usa
Educação das Relações Étnico-Raciais 13

roupas apertadas. Todos estes estereótipos construíram práticas racistas


persistentes e que ainda seguem até entre educadores.

Evidentemente que estas não são as diferenças nítidas, certas e


aceitáveis no século XXI. E nem serão em nome delas que a Escola se
fez e continuará tentando se fazer como Espaço Privilegiado de Encontro
das Diferenças. A produção histórica destes discursos científicos ou dos
governos coloniais foram desastrosas para os povos originários dos
continentes africanos, asiáticos e americanos, em nome do projeto de
poder econômico e político europeu danoso, injusto e cruel.

A difusão de teorias racistas e muitos outros fatores produziram,


certamente, a decretação da morte simbólica da diferença. O
despedaçamento dos pertencimentos simbólicos que os povos africanos
e indígenas constituíam no decorrer da colonização traz a demanda atual
de serem vistos como diferentes pejorativamente. As diferenças dos
Povos Originários eram claras para eles como os seus rios transparentes,
e tais diferenças não agradavam ao projeto colonizador europeu. A
escola, ao falar das diferenças, deverá evitar tais refutadas e racistas
teorias. Buscando elementos que constituam as culturas das matrizes
que formaram o povo brasileiro, evitando estigmatizar os povos indígenas,
africanos e afrodescendentes, usando a raça como forma de significá-los.
Ao contrário não estará aberta aos diferentes.

A escola brasileira surge neste cenário colonizador, racista e contra


as diferenças. Elevará o europeu, visto como o branco, ainda que pese
na história de Portugal e Espanha a longa presença de povos árabes e
vindo no norte africano. Tal projeto perverso colonizador não permitiu
nenhuma visão que apontasse alguma igualdade entre o europeu e os
povos indígenas e africanos. Tal projeto produziu desigualdades, ausência
de direitos, racismo e um distanciamento da Escola como Espaço
Privilegiado de Encontro das Diferenças aos povos indígenas e africanos,
como aos seus descendentes. E produziu certezas sobre racismo, raças e
sobre superioridades, qualificando-as em comparação aos detentores do
poder, nem indígenas e nem negros.
A crença na existência de raças naturalmente hierarquizadas
pela relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e
14 Educação das Relações Étnico-Raciais

o intelecto, o físico e o cultural. O racista cria a raça no


sentido sociológico, ou seja, a raça no imaginário do
racista não é exclusivamente um grupo definido pelos
traços físicos. A raça na cabeça dele é um grupo social
com traços culturais, linguísticos, religiosos, etc. que ele
considera naturalmente inferiores ao grupo ao qual ele
pertence. De outro modo, o racismo é essa tendência que
consiste em considerar que as características intelectuais
e morais de um dado grupo são consequências diretas
de suas características físicas ou biológicas (MUNANGA,
2004, p. 24)
Figura 1: Museu Afro-Brasileiro, Salvador

Fonte: Wikimedia Commons.

É somente na reta final do século XX, nos tempos favoráveis


a redemocratização e a participação popular, que resultou na atual
constituição federal, promulgada em 1988, que as diferenças começam
a suscitar debates dentro das universidades, nas formações docentes
e na literatura da área de educação com maiores repercussões nas leis
em geral, nas políticas públicas e no repensar de leis que estivessem
relacionadas à educação. Antes disso o cenário aos diferentes, aos
inaptos, aos que não apresentavam bons resultados escolares era vê-los
como incapazes e portadores de déficits e problemas de aprendizagem.
Educação das Relações Étnico-Raciais 15

Ninguém estava tão preocupado nas escolas em estabelecer debates


sobre as nossas gritantes desigualdades sociais e educacionais, bem
como repensar as atitudes diante das diferenças.

Uma iniciativa de pesquisa pioneira, ainda no século XX, foi


desenvolvido por Maria Helena de Souza Patto (USP), pesquisadora
e questionadora dos abusos, nos usos dentro das escolas em vincular
às diferenças, todas as dificuldades de aprendizagem das crianças
empobrecidas e tratá-las como prováveis déficits de inteligência. Nestes
atos vinculavam o não aprender à capacidade intelectual, tentando
provar que se não aprendiam era por alguma determinação hereditária
e genética. A culpa seria somente da criança moradora da periferia,
em cidades dormitórios, próximas de São Paulo, filha de nordestinos
semialfabetizados, afrodescendentes?

Uma tendência era salvaguardar a escola de qualquer


responsabilidade pelo fracasso escolar. E vincular a preocupação com
as diferenças individuais e seus determinantes, com a detecção científica
dos normais e anormais, dos aptos e inaptos, só poderia ocorrer no
âmbito da ideologia de igualdade de oportunidades como característica
distintiva das sociedades de classes. Não é a mesma lógica que anima
hoje a discussão sobre a diferença, nas décadas seguintes, na virada do
século XX e nas decisivas duas primeiras décadas do século XXI. Antes
disso era uma utopia reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado de
Encontro das Diferenças.

O que os educadores e pesquisadores sensíveis às classes sociais


mais desfavorecidas lamentavam eram as formas rudes de produção do
fracasso escolar, resultando em sucessivas reprovações, em cenários
de horripilantes cotidianos, dentro das escolas, onde os alunos eram
discriminados, tratados com grosseria pelos professores, a avaliação é
feita sem os professores conhecerem a subjetividade dos alunos, os pais
desprotegidos de capital cultural não entendem porque a reprovação
acontece. Eventos apavorantes, da década de 1980. E podemos indagar
tudo isso passou? As diferenças são respeitadas?

Reconhecendo a Escola como Espaço Privilegiado de Encontro


das Diferenças, em pleno século XXI, no Brasil, significa afirmar que as
16 Educação das Relações Étnico-Raciais

diferenças das crianças não são mais silenciadas? A reflexão deverá incluir
a identidade. Já que é necessário entender que identidade e diferença
são inseparáveis, dependendo uma da outra, e compõem o eixo das
principais discussões da atualidade preocupadas com justiça e igualdade.
Isso inverteu completamente o exame das diferenças! Coexistindo juntas
e interdependentes, identidade e diferença são produzidas nas tramas
da linguagem e da cultura, resultando de atos de fala, de enunciados
linguísticos que as instituem. Imaginem a responsabilidade da escola
como Espaço Privilegiado de Encontro das Diferenças!

Estamos perto ou ainda teremos muito a caminhar na busca do


reconhecimento da Escola como Espaço Privilegiado de Encontro das
Diferenças? O cotidiano das práticas pedagógicas precisa refletir mais
sobre as diferenças? Quais diferenças? Quais as diferenças suportadas
pelos professores? Qual é o limite em que serão aceitos? Qual o ponto
em que serão enquadrados a abrir mão de suas diferenças? Quando
tempo levará até serem chamados a abandonar suas diferenças? Como
transformar este cenário complicado? A realidade é que as instituições
escolares estão repletas de rotulados, maltratados, perseguidos, vigiados,
punidos e taxados como:
[...] jovens sujeitos fora da ordem, que não se adaptam,
não obedecem, não estudam, não se comportam
adequadamente e não aprendem as lições da escola
no local e no tempo designados para isso. Desatentos,
desordeiros, agressivos, vândalos, preguiçosos,
desinteressados, violentos, belicosos são alguns dos
adjetivos empregados para descrevê-los como corpos e
almas fora de controle, como alunos-problema, e definir
seu estatuto num certo tipo de cartografia das margens
(COSTA, 2015, p.494)

ACESSE:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo –
Seminário Juventude Negra: Preconceito e Morte - Prefº.
Dr. Kabengele Munanga, da USP. Fala sobre racismo,
construção do preconceito, papel da ciência, na História e
o mito da democracia racial. Acessível aqui.
Educação das Relações Étnico-Raciais 17

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido,
até este momento, a reconhecer a Escola como Espaço
Privilegiado de Encontro das Diferenças, e isso favorecerá
as suas reflexões como realmente agir na escola para que
prevaleça este lugar de Encontro das Diferenças.
18 Educação das Relações Étnico-Raciais

Desenvolvendo Metodologia de Ensino


em Educação das Relações Étnico-
Raciais
Você será capaz de compreender sobre como é o desenvolvimento
de metodologias de ensino, em educação das relações étnico-raciais,
compreendendo as construções de metodologias apropriadas às
experiências educativas e que sejam capazes de promover as relações
étnico-raciais. Você estudará este tema em dois diferentes momentos,
nas questões conceituais sobre metodologia de ensino e a educação das
relações étnico-raciais, e, ainda na busca de reflexivas e criativas práticas
metodológicas voltadas às relações étnico-raciais.

Desenvolvendo Metodologia de Ensino em


Educação das Relações Étnico-Raciais:
Questões conceituais
Desenvolvendo Metodologia de Ensino, em educação das
Relações Étnico-Raciais, você será capaz de entender as construções
de metodologias apropriadas as experiências educativas que promovem
as Relações Étnico-Raciais, inicialmente você refletirá sobre questões
conceituais sobre metodologia de ensino e a Educação das Relações
Étnico-Raciais.

Criar uma metodologia de Ensino, em educação das Relações


Étnico-Raciais representa estar apoiados em uma anterior preparação
dos educadores para entender temas relativos à nossa diversidade
étnico-racial e as necessárias ações por uma educação antirracista.
As metodologias devem ser preparadas para serem vivenciadas, em
sala de aula, nos seguintes passos: a prática inicial dos conteúdos,
seguida da problematização com tais conteúdos, com uma posterior
instrumentalização com os saberes adquiridos, uma movimentação para
chegar à catarse e virar uma prática social final. Então estas são as etapas
necessárias a seguir!
Educação das Relações Étnico-Raciais 19

A Prática inicial dos conteúdos é a preparação, uma mobilização do


aluno, uma primeira leitura da realidade, um contato inicial com o tema a
ser estudado. Isso poderá ser planejado com uma conversa, uma música,
a leitura de um conto ou mito, uma notícia publicada em algum jornal,
livro, revista, uma discussão sobre um tema, uma frase pronunciada por
algum aluno, um jogo ou uma brincadeira, um blog publicado por outros
alunos de uma outra escola e outras inúmeras possibilidades.

A etapa seguinte será a problematização dos conteúdos com a


finalidade de selecionar as principais interrogações levantadas na prática
social.Essas questões em consonância com os objetivos de ensino,
orientam todo o trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos alunos.
Isso significa um necessário e consistente diálogo para fazer chegar
em sala de aula as construções sociais sobre o tema da educação das
relações étnica-raciais. E dialogar é lidar com diferenças e identidades
dos outros!

Já a instrumentalização com os saberes adquiridos é aquele intenso


momento em que as crianças tocaram nos conteúdos, aprendendo
novos saberes sobre as relações étnica-raciais. É o caminho através do
qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que
assimilem e o recriem e, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento
de construção pessoal e profissional. Aprendendo novas verdades! Neste
significativo momento é necessário pensar em escolhas metodológicas
que não sejam enfadonhas, movidas por percursos repetitivos, pouco
criativos, desanimadas e sem a participação ativa dos alunos.

É sempre bom lembrar que os professores não são nativos


digitais, mas seus alunos possuem mais habilidades e competências
com a pesquisa no universo digital, já disponível em smartphones e
que possibilitam pesquisas na internet, em consistentes sites. A escolha
metodológica poderá ser inspirada em metodologias ativas, que
antecipem no aluno a possibilidade de ir atrás de saberes para trazer para
este momento de instrumentalização.

Uma grande especialista em metodologias ativas, Moran define


metodologias como diretrizes que orientam os processos de ensino
e aprendizagem, que se concretizam em estratégias, abordagens e
20 Educação das Relações Étnico-Raciais

técnicas concretas, específicas e diferenciadas (MORAN, 2018, p.4). E as


Metodologias Ativas, apropriadas aos tempos da Era Digital que vivem
as crianças e os adolescentes, dão ênfase ao papel de protagonista do
aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as
etapas do processo.

Isso significa dar protagonismo aos educandos, fazê-los


participantes ativos nas conduções metodológicas e não meros ouvintes
e decoradores de conteúdo. É importante dialogar com eles e inseri-los
em conteúdos digitais salutares para a educação das relações étnico-
raciais. Sozinhos poderão perder-se nos emaranhados da rede mundial
de computadores e correndo o risco de embrenhar-se em sites suspeitos,
racistas, divulgando verdades que parecem mentiras sobre raça, etnia e
os povos formadores do nosso Brasil.

Tais metodologias ativas podem ser usadas com os Estudos de


Casos, ou seja, relatos de situações ocorridas no mundo real, apresentadas
aos estudantes com a finalidade de prepará-los para a prática ao mesmo
tempo em que se ensina a teoria. E, ainda, com o recurso metodológico
da Sala Invertida, em que a professora produz pequenos vídeos
disponibilizados na internet para os alunos e que poderão ser vistos em
computadores e smartphones (celulares), antes da próxima aula, em casa
ou no laboratório de informática da escola. O que normalmente é feito em
sala de aula, passa a ser executado em casa e vice-versa. A sala de aula
passa a ser um espaço para tirar dúvidas e realizar outras atividades como
as de laboratório e resolução de problemas.

Já a fase da catarse é de síntese, aqueles fabulosos momentos em


que o educando exterioriza se os conteúdos planejados pelos educadores
e os processos pensados para a construção do conteúdo representaram
ou não sentidos. A catarse é aquele exato momento, na condução de uma
metodologia de ensino para a educação das relações étnico-raciais em
que o aluno demonstra o quanto se aproximou da solução dos problemas
anteriormente levantados sobre o tema em questão. São as expressões
dos próprios educandos afirmando se realizou a almejada síntese do
cotidiano e do científico, do teórico e do prático. E, ainda, a síntese que
é a superação do sincretismo inicial da realidade social do conteúdo
Educação das Relações Étnico-Raciais 21

trabalhado, expressando se conseguiu chegar ou não ao momento em


que ele estrutura, em nova forma, seu pensamento.

Estruturou-se novas formas de ver as relações étnico-raciais, isso


significará que repensaram retrógradas e racistas concepções, sendo
que as metodologias pensadas foram muito eficazes. Caso não tenha
conseguido, novas e outras metodologias devem ser pensadas para
facilitar novos entendimentos.

A etapa seguinte, chamada de prática social final, configura o


momento da diferença. O educando percebe e poderá expressar que já
não é o mesmo com relação aos pré-conceitos socialmente aprendidos,
com relação aos povos indígenas e aos africanos e seus descendentes.
A criança, o adolescente ou o jovem educando, junto ao seu grupo de
colegas e ao seu educador percebe que adquiriu novas modalidades
de compreensão da realidade e inovadoras formas de posicionamento,
passando a pensar diferente sobre as relações étnico-raciais brasileiras,
os acontecimentos históricos e suas importâncias reais em um país tão
diversificado do ponto de vista etnicorracial.

É chegada o momento da ação consciente, na perspectiva da


transformação social, retornando à prática social inicial, agora modificada
pela aprendizagem. Assim, inúmeras tarefas podem ser construídas
dentro da escola, na comunidade com as novas ideias sobre as relações
étnico-raciais, com práticas reflexivas e criativas.

Desenvolvendo Metodologia de Ensino em


Educação das Relações Étnico-Raciais, na
busca de reflexivas e criativas práticas
Ao pensar em Metodologia de Ensino em educação das Relações
Étnico-Raciais, para as escolas brasileiras, pensemos nas crianças que
receberam um legado desses antepassados, a cultura que eles receberam
de seus ancestrais, valorizando-a. A vida real desta criança não poderá ser
desconsiderada, se o assunto passa por uma escolha metodológica de
como educar para as relações étnico-raciais, buscando o diálogo entre
todos.
22 Educação das Relações Étnico-Raciais

Neste sentido, cada professor é convocado a refletir sobre a


brasilidade das crianças, repletas de marcas culturais africanas e
indígenas, entre outras:
[...] Professores, fazemos parte de uma população
culturalmente afro-brasileira, e trabalhamos com ela;
portanto, apoiar e valorizar a criança negra não constitui
em mero gesto de bondade, mas preocupação com
a nossa própria identidade de brasileiros que têm raiz
africana. Se insistirmos em desconhecê-la, se não a
assumimos, nos mantemos alienados dentro de nossa
própria cultura, tentando ser o que nossos antepassados
poderão ter sido, mas nós já não somos. Temos que lutar
contra os preconceitos que nos levam a desprezar as
raízes negras e também as indígenas da cultura brasileira,
pois, ao desprezar qualquer uma delas, desprezamos
a nós mesmos. Triste é a situação de um povo, triste é a
situação de pessoas que não admitem como são, e tentam
ser, imitando o que não são.(Gonçalves e Silva, 1996:175)

Desenvolvendo Metodologia de Ensino em Educação das Relações


Étnico-Raciais, requer que você esteja com disponibilidade para fincar os
pés na nossa diversidade cultural e étnico-racial, refletindo sobre como
vivenciá-la em sala de aula, de uma forma envolvente, alegre e adequada
a cada etapa da Educação Básica em que cada professor esteja atuando.

Ao pensar em metodologias em uma perspectiva antirracista,


as escolhas devem ser focadas para propiciar ao educando a gestão
do ensinar e do aprender, consoante sua identidade e objetivos da
modalidade, ou seja, ficado na sua atuação, significando que cada criança
poderá articular os saberes sobre as relações étnico-raciais através de
atividades e de metodologias que o enxergam assim como eles são, nas
suas constituições de diversidade cultural e étnico-racial, na identidade
cultural e étnico-racial que construiu, em sua realidade social e nas suas
interações.

Levando em conta a sua realidade familiar, desmascarando os


preconceitos étnico-raciais, enfatizando o respeito pela dignidade da
pessoa humana, a diversidade cultural, a igualdade de direitos e a
corresponsabilidade pela vida social, como elementos que orientam a
seleção de conteúdos e a organização de situações de aprendizagem.
Educação das Relações Étnico-Raciais 23

As escolhas de metodologias deverão promovem não apenas o


reconhecimento, mas a incorporação de atitudes que ressaltem
as diferenças de forma que sejam tomadas como constituintes de
identidade dos sujeitos. A metodologia deverá agir em uma perspectiva
de transformação das relações sociais e das excludentes relações étnico-
raciais.

A escolha metodológica mais apropriada à educação das relações


étnico-raciais deve ser uma aposta em práticas antirracistas. E trazer
atividades que possam desconstruir olhares aprendidos e que ensinaram
que negros, brancos e indígenas são diferentes, as diferenças são
introjetadas em nossa forma de ser e ver o outro, na nossa subjetividade,
nas relações sociais mais amplas. Aprendemos, na cultura e na sociedade,
a perceber as diferenças, a comparar, a classificar.

O problemático nesta aprendizagem social é a demasiada


hierarquização das classificações sociais, raciais, de gênero, entre outras.
O que traz uma demanda na escolha da metodologia a ser usada: não
permitir que as crianças continuem a tratar os diferentes como desiguais.
Antes da escolha metodológica e das sucessivas escolhas de atividades
reflita bastante. Na perspectiva de escolha de uma metodologia em
educação das relações étnico-raciais, as atividades precisaram ter
objetivos relacionados a esclarecer
[...] que algumas diferenças construídas na cultura e nas
relações de poder foram, aos poucos, recebendo uma
interpretação social e política que as enxerga como
inferioridade. A consequência disso é a hierarquização e a
naturalização das diferenças, bem como a transformação
destas em desigualdades supostamente naturais. (GOMES,
2005, p. 49)

A escolha da metodologia deverá estar amparada em uma atitude


do educador de realizar vastas pesquisas e compreender mais sobre a
história da África e da cultura afro-brasileira e aprender a nos orgulhar
da marcante, significante e respeitável ancestralidade africana no Brasil.
Assim como precisamos saber sobre a história dos povos originários,
nossos povos indígenas, presentes ao continente americano, muitos
milênios antes da chegada dos colonizadores europeus.
24 Educação das Relações Étnico-Raciais

Sendo necessário conhecer as contribuições de todos os povos


que vieram viver aqui, de forma fundamentada, com leituras consistentes.
Um exemplar material para realizar este caminho é o material da Unesco,
traduzido em português, para fundamentar sobre o assunto da história
da África, a coleção história geral da África (Disponível aqui), bem como
o material organizado pelo Instituto Socioambiental, com detalhadas
informações sobre os povos indígenas do Brasil (Disponível aqui).

Este cuidado, em pesquisar sobre as histórias e as culturas dos povos


formadores do Povo Brasileiro, é essencial e dará um suporte considerável na
hora das escolhas metodológicas, apurando os olhares e a criticidade diante
de algumas publicações que veiculam verdades que parecem mentiras.
Muitas vezes tais mentiras estão contidas em livros didáticos e as pesquisas
dos professores evitarão a propagação de informações falsas, nos livros
didáticos sobre os povos africanos, afrodescendentes e indígenas. É bem
importante ter este cuidado e saber suficientemente sobre tais povos!

Os educadores, na perspectiva da procura de uma metodologia para


a educação das relações étnico-raciais deverão ficar atentos aos discursos
veiculados nos livros didáticos e paradidáticos, já que transmitem estereótipos
sobre tais povos, sendo visto como fonte só de verdades e são escritos por
pessoas humanas, podem conter erros, e vale observá-los apuradamente
dada as significações que carregam. O livro didático carrega sua autoridade,
é inegável sua utilidade constante, sendo necessário entender que é potente
para lançar visões distorcidas e cristalizadas da realidade humana e social.
A identificação da criança com as mensagens dos textos concorre para a
dissociação da sua identidade individual e social. Mesmo que sejam usados
devem ser contemporaneidades, com os educandos, nos seus eventuais erros.

As escolhas metodológicas devem estar pautadas nas realidades


que vemos nas ruas, nas comunidades, nas festas brasileiras, nas nossas
danças populares, em múltiplos festejos religiosos ou não que o povo
brasileiro cuida muito em preservar e valorizar. E este potente conjunto
de manifestações poderão conceder algumas certezas metodológicas
experimentadas já a alguns séculos, no Brasil, por tantos brincantes e
mestres.
Educação das Relações Étnico-Raciais 25

Se nossa sociedade é plural, étnica e culturalmente, desde


os primórdios de sua invenção pela força colonial, só
podemos construí-la democraticamente respeitando a
diversidade do nosso povo, ou seja, as matrizes étnico-
raciais que deram ao Brasil atual sua feição multicolor
composta de índios, negros, orientais, brancos e mestiços
(MUNANGA, 2008, 17

O caminho metodológico assentado nas artes em gerais e das artes


populares, nas manifestações da cultura tradicional popular brasileira,
africana, afrodescendente ou afro-brasileira e indígena, regionais, locais
e comunitárias farão excelentes contribuições para a educação das
relações étnica-raciais. Ensinar as manifestações artísticas africanas
transpõe o caráter técnico, relaciona o conteúdo e a forma, situando-as
no contexto, englobando os processos socioculturais e conferindo-lhes
uma significação cultural.

São inúmeros os vídeos, filmes, documentários e materiais


fotográficos produzidos a partir das descobertas arqueológicas na África
e no continente americano e que serão fundamentais para conhecer
melhor as duas matrizes, negra e indígena. Compreendendo-os nos seus
aspectos histórico-culturais, tendo uma relação com outras áreas do
conhecimento como a arquitetura, a antropologia, a religião, a história, a
etnologia, a crítica de arte, entre outras. Isso trará muitos benefícios, além
de ricos momentos para argumentar, refletir, corrigir injustiças e perceber
a riqueza da diversidade étnica e as mudanças culturais de um povo.

Quando o educador conhecer melhor as verdadeiras histórias e


culturas dos povos indígenas e dos africanos e afro-brasileiros, já contidas
nestas danças, folguedos e manifestações queridas do povo brasileiro,
inúmeras (como o bumba-meu-boi, auto natalinos, festas juninas,
carnaval, entre tantas outras), será possível narrar tais histórias e culturas
verdadeiras em sala de aula. Serão momentos incríveis de viagens aos
tempos anteriores as colonizações e como viviam africanos e povos
indígenas, originalmente.

Isso motivará a construção de um conjunto de atividades, baseadas


em metodologias apropriadas a educação das relações étnico-raciais,
26 Educação das Relações Étnico-Raciais

como dramatizações de fatos históricos, culturais, míticos destes povos.


As metodologias serão movimentadas com atividades como:
[...] dramatização dos diferentes grupos étnicos que
contribuíram para a formação do povo brasileiro;
sensibilização para conhecer as diferentes etnias africanas
(maneira de vestir, calçar, pentear; como carregam os
filhos; hábitos; costumes; religiosidade, etc.); o aluno
conta a história do seu próprio nome, sua origem; o aluno
será levado a entender porque os negros perderam a
identidade do nome; o aluno será levado a conhecer a
história de outros nomes significativos para a comunidade
negra; desenhando o próprio nome; trabalhando plástica e
gestualmente o próprio nome, etc.; movimentos corporais
dos mitos e lendas; brincadeiras e jogos de percepção,
levando a que os alunos se conheçam uns aos outros e
respeitem suas características fenotípicas.(SILVA, 2008, p.
130)

Com relação aos jogos é interessante a pesquisa de tradicionais


jogos africanos e indígenas, como o Mancala, jogado em duplas em um
tabuleiro de seis orifícios (covas) de cada lado contendo quatro sementes
ou pequenas pedras em todos esses, ou seja, cada jogador inicia com
24 sementes. Bem fácil de confeccionar na escola, até com caixas ou
estojos de ovos. Neste tabuleiro existe um depósito em cada lado, de
cada extremidade, lá as sementes ficam armazenadas, no depósito ou
mancala. Será uma interessante maneira de falar da África!

Uma significativa fonte bibliográfica, entre tantas existentes é um


e-book produzido pelo projeto Ludicidade Africana e Afro-brasileira
(LAAB), criado em 2011, publicado pela Universidade Federal do Pará,
com o objetivo de capacitar docentes para a educação das relações
étnico-raciais, com o uso de metodologias lúdicas. A ludicidade africana
e afro-brasileira significa:
[...]remeter a vivência lúdica alimentada pelos conteúdos,
valores, histórias, ritmos, enfim, pela cultura negra, em suas
mais diferentes manifestações. Sejam os fragmentos de
cultura dos antigos povos africanos, como seus Mancalas
e o Senet, sejam as expressões musicais contemporâneas,
como o Hip Hop, que para Ferreira (2004), representa
processos criativos de ressignificação da diáspora. Sejam
as alegrias dos dançantes da Roda de Jongo, no Rio de
Educação das Relações Étnico-Raciais 27

Janeiro, sejam os giros e batuques do Samba de Cassete


em Cametá, na Amazônia paraense (CUNHA, 2016, p.16)

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


às seguintes fontes de consulta e aprofundamento: Vídeo:
Aprenda a jogar Mancala em árabe NAGAAL que significa
‘mover’. Existem muitas variações do mancala pelo mundo.
É chamado Wari no Sudão, Gâmbia, Senegal e Haiti. No
Burkina é conhecido como Aware e como Adi, no Benin.
Já na Costa do marfim é chamado de Baulé. Na Nigéria é
chamado de Ayo Olopon. Acessível aqui. A outra fonte é
o E-Book (livro eletrônico) –Brincadeiras Africanas para a
educação cultural. Acessível aqui.

Figura 2: Mulheres africanas jogando Mancala

Fonte: Wikimedia Commons.


28 Educação das Relações Étnico-Raciais

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido,
até este momento, você conseguiu entender como
desenvolver Metodologia de Ensino em educação para
as Relações Étnico-Raciais, inicialmente refletindo sobre
questões conceituais relativas a este tema e por último
refletindo sobre a busca de reflexivas e criativas práticas
pedagógicas.
Educação das Relações Étnico-Raciais 29

Produzindo uma Educação voltada às


Relações Étnico-Raciais
Neste capítulo você refletirá sobre as possibilidades da promoção
de uma Educação que incorpore as Relações Étnico-Raciais. Isso deverá
configurar um compromisso para aqueles que pensam e produzem a
Educação, em qualquer instância, em um país com o Brasil, formado por
pujante diversidade cultural e étnico-cultural.

No decorrer dos últimos anos do século XX e nas duas primeiras


décadas do século XXI, a educação brasileira foi motivada por muitas
legislações, diretrizes curriculares e políticas públicas relacionadas à
Produção de uma Educação voltada às Relações Étnico-Raciais, como
nunca tinha sido pensada, programada e executada na História da
Educação brasileira.

Realmente aconteceu um empenho governamental, em trazer para


o campo da educação a discussão, em prol de uma convivência social
igualitária, nas suas relações Étnico-Racial, contemplando considerável
parte do povo brasileiro.Isso foi configurado em muitas iniciativas de ouvir
a voz dos silenciados, das matrizes formadoras do Povo Brasileiro, dos
movimentos organizados dos povos indígenas e negros, de uma séria
intenção governamental em enfrentar a nossa real desigualdade étnico-
racial.

No Relatório das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação


das Relações Étnico-Raciais, configura o entendimento de que a Educação
das relações Étnico-Raciais é interdependente das políticas públicas do
Estado Brasileiro (institucionais e pedagógicas), focadas nas aguardadas
reparações, além do reconhecimento e da valorização da identidade, da
cultura e da história dos negros brasileiros depende necessariamente
de condições físicas, materiais, intelectuais e afetivas favoráveis para o
ensino e para aprendizagens.

Isso significa que produzir uma Educação voltada às Relações


Étnico-Raciais configura um trabalho colaborativo e que envolva todos os
que fazer a educação escolar acontecer ou ser esquecida. A produção de
30 Educação das Relações Étnico-Raciais

uma Educação voltada às Relações Étnico-Raciais dependeria e continua


a depender da:
[..]reeducação das relações entre negros e brancos, o que
aqui estamos designando como relações étnico-raciais.
Depende, ainda, de trabalho conjunto, de articulação
entre processos educativos escolares, políticas públicas,
movimentos sociais, visto que as mudanças éticas,
culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-
raciais não se limitam à escola.(BRASIL, 2004, p.13)

Foi criado um Plano Nacional de Implementação das Diretrizes


Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para
o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana, com o objetivo
focado na colaboração com todo o sistema de ensino e as mais diversas
instituições educacionais brasileiras, sugerindo reflexões para enfrentar
todas as formas de preconceito, racismo e discriminação para garantir
o direito de aprender e a equidade educacional a fim de promover uma
sociedade mais justa e solidária.

O Plano Nacional preconizava a formação docente em História


e Cultura dos Povos Africanos e da Cultura Afro-brasileira do papel
exercido pela diversidade no Brasil, além da colaboração com os mais
distintos sistemas de ensino, com as ações necessárias com vistas à
implementação da Lei 10639/03. Outra frente de ação do plano era
o desenvolvimento de pesquisas e a produção de materiais didáticos
e paradidáticos que valorizem, nacional e regionalmente, a cultura
afrobrasileira e a diversidade brasileira. (BRASIL, 2009, p. 26)

A lei 10639/03 é de 2003. Só alguns anos depois é que conquistamos


a lei 11645/08 e foram incluídas as histórias e culturas dos povos indígenas.
O Este Plano Nacional, de 2009, trata das histórias e culturas dos povos
indígenas e africanos. Isso explica o fato de você está estudando a
Educação das Relações Étnico-Raciais neste momento, focando nas
histórias e culturas dos povos indígenas, africanos e afro-brasileiros.

Isso respondeu a demanda de produzir uma Educação voltada às


Relações Étnico-Raciais e estabelecer melhores inter-relações étnicas?
Certamente que contribuiu dado o ineditismo da situação. O Governo
Federal deu um passo ímpar, nunca experimentado antes nas longas
Educação das Relações Étnico-Raciais 31

histórias dolorosas para negros e indígenas, nas tensas Relações Étnico-


Raciais, no Brasil.

É relevante entender que a educação voltada às Relações Étnico-


Raciais, como qualquer outra forma ou intenção de educação é sempre
um ato constante e inacabável. Já na sua especificidade, a educação
voltada às Relações Étnico-Raciais passou pela construção da superação
e posturas racistas, por um modo de viver antirracista. Ainda é visível e
existente nas ruas, nos casos declarados de injúrias raciais e anunciados
pelos meios de comunicação, na quantidade intensa de jovens pobres
e pretos perseguidos e mortos, em operações policiais. Estamos longe
ou os programas foram insuficientes e devem seguir? Significa que a
educação voltada às Relações Étnico-Raciais precisa estar presente no
cotidiano e nas atividades oferecidas aos alunos, constantemente, em
uma luta que já leva mais de 500 anos, de racismo e de discriminação
racial. E continuará a fazer seus efeitos.

Nas buscas para produzir uma Educação voltada às Relações Étnico-


Raciais é importante, no dia-a-dia das inter-relações entre as crianças,
observar aqueles codinomes pejorativos, algumas vezes escamoteados
de carinhosos ou jocosos, que identificam alunos (as) negros(as), sinalizam
que, também na vida escolar, as crianças negras estão ainda sob o jugo
de práticas racistas e discriminatórias. E precisam desaparecer!

Melhor será produzir uma Educação voltada às Relações Étnico-


Raciais que transforme as diferenças étnico-raciais, em marcas de uma
cultura que seja apresentada não com o deboche, mas sim com jogos
e cantos de origem africana ou indígenas. Perfeito será produzir uma
Educação voltada às Relações Étnico-Raciais, que caminhem além
das diferenças dos tons de pele ou dos cabelos, focando nas marcas
significativas das culturas indígenas e afro-brasileiras, abandonando a
zombaria com as diferenças étnico-raciais, planejando uma vivência
construtiva com o patrimônio material e imaterial, artístico e cultural, dos
povos que construíram a Amazônia antes da chegada dos colonizadores
e com as danças e os folguedos criadas pelos africanos, modificadas e
reatualizadas pelos afrodescendentes e que todos apreciam.
32 Educação das Relações Étnico-Raciais

Produzir uma Educação voltada às relações étnico-raciais passa pelo


prévio entendimento dos professores de que não existe uma única forma
de se estar no mundo,mas múltiplas formas que vão tecendo conforme
os desafios propostos por nós, pelos outros e pela nossa interação
com e sobre a natureza. Isso abre o caminho para a produção de uma
educação voltada às Relações Étnico-Raciais que possibilitem encontros
pedagógicos alegres e reflexivos, conhecendo e se apropriando das
múltiplas formas através da recriação, da reinvenção, redescoberta, e que
nos leve a equacionar o nosso ser e estar no mundo em suas múltiplas
dimensões.

Além disso, essa produção, passa por uma escuta atenta dos sujeitos
historicamente excluídos, indígenas e afro-brasileiros, suas culturas e
histórias reais e dignas. A sociedade democrática brasileira ainda tende
de forma bastante sistemática a colocar/situar negros e negras num lugar
desigual ante os demais grupos étnico-raciais e culturais, construtores da
nossa brasilidade.

O que deixamos de aprender com preconceitos que desqualificam


os povos indígenas como pessoas que produzem uma educação das
Relações Étnico-Raciais. E o que podemos aprender com eles e que fazem
falta para melhorar nossos conflitos Inter étnicos? Em suas sociedades,
os povos indígenas, lutam para que o ensino e a aprendizagem ocorrem
no espaço abrangente da comunidade e em qualquer tempo. Todos são
responsáveis pela formação das pessoas, sendo que os mais velhos
assumem tarefas mais específicas. Assim, novas gerações aprendem com
as velhas!

Podemos aprender muito com os saberes indígenas. Os grupos


que vivem na mesma comunidade em que está localizada a escola são
ouvidos? Eles são convidados a participar da produção de uma educação
das Relações Étnico-Raciais? Seus grupos artísticos e culturais estão
presentes nas comemorações do dia da consciência negra ou no dia do
índio? Alguma vez foram convidados a narrar a história de lutas daquele
bairro por políticas públicas ou a contar histórias reais. Os poetas do
bairro visitam a escola? Um pequeno bloco de carnaval antigo do bairro é
chamado a falar de carnaval, nesta época?
Educação das Relações Étnico-Raciais 33

Até que ponto o educador e sua escola estão abertos e se sente


preparado para produzir uma Educação das Relações Étnico-Raciais
que leve em conta a revitalização, transmissão e valorização da cultura e
identidade do povo, como fazem os povos indígenas ao discutir os rumos
da educação que oferecem as novas gerações?

É necessário indagar nas práticas educativas se a comunidade é


chamada para produzir uma Educação das Relações Étnico-Raciais, na
escola? Existe uma procura pela produção de uma Educação Étnico-
Racial que caminhe em direção a um conceito de ser humano que produz
história não a partir de grandes sagas e heróis, mas a partir de relações
comunitárias vividas e vivenciadas pelos grupamentos humanos. Ao
produzir uma educação voltada para a relação Étnico-Racial é necessária
a construção de ambiente escolar que favoreça a formação sistemática
da comunidade sobre a diversidade étnico-racial, a partir da própria
comunidade, considerando a contribuição que esta pode dar ao currículo
escolar. Isso demanda um mapeamento das potencialidades artísticas e
culturais do bairro, da cidade e da comunidade.

Esta produção coletiva de uma educação às relações Étnico-Raciais


passa por encarar a existência do racismo, das desigualdades sociais,
da histórica exclusão de africanos, de seus descendentes, dos povos
originários que viram os colonizadores chegarem e de seus descendentes,
refletindo sobre tais deploráveis práticas, com o intuito de vencê-las.
Passa, ainda, pela aceitação, convivência e abertura para aprender,
dentro da escola, com as cosmovisões destes povos, formadores do
povo brasileiro, nas suas semelhanças e nas suas diferenças com aquilo
que costumamos chamar de manifestações tradicionais e populares, da
nossa festiva e criativa cultura popular tradicional brasileira. Prima pela
necessidade de diálogos entre os educadores, seus saberes, os marcos
legais que foram construídos no Brasil com o intuito de superar o racismo,
o preconceito e todas as dificuldades no enfrentamento das relações
Interétnicas.

Produzir uma educação das relações étnica-raciais passa por


evocar a questão racial como um potencial conteúdo multidisciplinar,
a atravessar várias disciplinas, a trazer elementos significativos aos
34 Educação das Relações Étnico-Raciais

conteúdos curriculares, juntamente com a valorização de todos os povos


formadores dos povos brasileiros (negro, indígena, árabes, europeus,
japoneses e tantos outros). Passa pelo questionamento do etnocentrismo.
Qual a razão que faz com que o português seja visto como melhor e mais
avançado que o Povo Tupy ou Tupiniquim? Conhecendo muito e melhor
da história e da cultura dos povos indígenas e africanos para respaldar
falas mais verdadeiras e coerentes, isso abolirá falsas imagens do negro
e do indígena inconvenientes e que são mentiras que parecem verdades.

É necessário examinar e refletir sobre o modelo social em que a


escola está imersa, refletindo sobre mudanças necessárias, a partir
da análise sobre a realidade. Não podemos falar apenas por falar, sem
produzir mudanças. Isso requer que seja observado se coexistem na
escola as
[...] desigualdades sociais, raciais, culturais econômicas e
que determinados grupos sociais ainda estão submetidos
na sociedade brasileira. Do mesmo modo, temos nela as
possibilidades para a superação das formas mais variadas
de preconceito e desigualdade. (PASSOS, 2002, p.21)
Figura 3: Folguedos

Fonte: Wikimedia Commons.


Educação das Relações Étnico-Raciais 35

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido, até este
momento sobre como produzir uma Educação das Relações
Étnica-Raciais. Refletindo sobre tudo o que foi lido deverá
estar mais preparado para futuras inserções e construções de
uma educação antirracista e antidiscriminatórias, refletindo
sobre o assunto para estar mais qualificado a trabalhá-los
situações diversas em sala de aula.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o


acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
vídeo:Educação para Relações Etnicorraciais. Acessível aqui.
36 Educação das Relações Étnico-Raciais

Planejando currículo e práxis pedagógica


voltados a Diversidade Cultural e
etnicorracial: Questões iniciais sobre
currículo e Práxis Pedagógica
Neste capítulo, você será capaz de repensar e dinamizar currículos
e práxis pedagógicas, voltadas a Diversidade Cultural e Étnico-Racial.

Ao repensar ou planejar novos currículos, aos olhos da realidade do


povo brasileiro, das matrizes que formaram nossa gente, serão necessários
empenhos para que sejam voltados a nossa Diversidade Étnico-Racial,
não esquecendo que currículos são produtos de escolhas teóricas e
metodológicas, fruto de uma seleção. Os currículos nunca são neutros.
Expressam disputas políticas, consensos, aproximações, esquecimentos,
estão em permanente reconstrução.

Antes de prosseguir com o foco sobre a diversidade cultural e étnico-


racial, o que é currículo? para alguns currículos são conteúdos e para outros
são experiências de aprendizagem. outros determinam que currículo é um
plano, contendo os objetivos educacionais, e para alguns é algo relativo
à avaliação, unicamente. Faz-se necessário a articulação dos diferentes
elementos enfatizados em cada uma das concepções apresentadas e,
ao mesmo tempo, considerar o conhecimento como a matéria prima do
currículo. E entendendo então o currículo como um grandioso e potente
conjunto de experiências de conhecimento que os professores oferecem
aos educandos nas escolas. É fundamentalmente pelo conhecimento que
se procura atingir as metas definidas para um curso, para uma escola ou para
um sistema educacional. Sendo assim o currículo é muito importante!

É interessante refletir que o currículo é um relevante instrumento


usado por distintas sociedades tanto para desenvolver os processos
de conservação, transformação e renovação dos conhecimentos
historicamente acumulados como para socializar as crianças e os jovens
segundo valores tidos como desejáveis.

No foco da Diversidade Étnico-Racial interessa pensar o currículo


como uma sofisticada seleção da cultura, colhendo na cultura entre tantas
Educação das Relações Étnico-Raciais 37

possibilidades de escolha de conhecimentos, a partir do ponto de vista de


que a cultura é o lugar produtor de significados. Assim, é concebido o
currículo como uma prática de significação que, expressando-se em meio
a conflitos e relações de poder, contribui para a produção de identidades
sociais.

Quando uma escola faz a escolha de produzir ou repensar seus


currículos e Práxis Pedagógica para fazê-los viver a Diversidade Cultural
e Etnicorracial, da nossa sociedade brasileira, já está evidenciado que
os professores, a equipe de coordenação e direção pedagógica estão
apostando em conciliar as diferenças e as identidades das matrizes
formadoras do povo brasileiro, todas elas, sem nenhuma exceção ou
silenciamentos, sem nenhum preconceito ou dogmas que qualifiquem
que uma diversidade cultural é menos válida que a outra para a população
brasileira e para a educação. O currículo é visto como território em que
ocorrem disputas culturais, em que se travam lutas entre diferentes
significados do indivíduo, do mundo e da sociedade, no processo de
formação de identidades.

Então Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a


Diversidade Cultural e Étnico-racial, reunidos e dispostos a construir um
espaço para a diferença,você terá que responder sobre as identidades
que tal novo currículo deverá produzir. Identidades em sintonia com
padrões dominantes ou identidades plurais? Identidades comprometidas
com o arranjo social existente ou identidades questionadoras e críticas.

E fica a necessidade de responder a outra indagação: O que é


Práxis? É a atividade produtora da unidade entre o homem e o mundo em
que vive, entre a matéria presente ao mundo e o espírito humano, entre
qualquer teoria e sua respectiva prática, entre aquilo que se chama sujeito
e aquilo outro que se chama objeto. Práxis é esta intrigante atividade
produzida pela humanidade, socialmente, dentro e na realidade em que
vivem as pessoas. Práxis é a atividade material do homem que transforma
o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano.

Práxis é a humanização que oferecemos a realidade, ao mundo


em que vivemos. Evidentemente que isso está inserido na realidade da
educação, nas escolas, nos encontros entre educadores, seus educandos
38 Educação das Relações Étnico-Raciais

e os conhecimentos discutidos em sala de aula. Assim, os alunos chegam


à escola com uma determinada concepção de suas diversidades cultural e
étnico-raciais e com o passar do tempo, e as vivências em sala de aula irão
ampliando a consciência, superando ingenuidades sobre a diversidade
dele e dos outros, assumindo posições mais críticas e transcendentes.

A práxis constitui e mantém a humanidade, sendo a atividade


concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo, modificando
a realidade objetiva e, para poderem alterá-la, transformando-se a si
mesmos. Na práxis nada ficará imóvel e imutável. Sendo que a práxis
é a ação capaz, que exige, aprofundamento, precisa da reflexão, do
autoquestionamento, da teoria; e é a teoria que remete à ação, que
enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-os
com a prática. Assim, práxis demanda a reflexão e a mudança.

O educador Paulo Freire (Freire, 1987) refletiu muito sobre o


discurso pedagógico, a discussão do fazer educativo como uma práxis
pedagógica. Seu projeto educativo envolvia a humanização, dialogicidade,
problematização, conscientização e emancipação. Freire afirmava que
os humanos são os seres da práxis, significando que somos aqueles
que realizam, continuamente, atos de reflexão e ação, simultaneamente
e de forma verdadeira para transformar nossa realidade. E a realidade
que os professores e os alunos enxergam é a inesgotável fonte, repleta
de conhecimento reflexivo, de novas criações e das transformações
necessárias e operadas por nós, a humanidade, e com a nossa
humanidade. Freire (1987) defende que na medida em que a humanidade
cria história, vai se constituindo como formada de seres histórico-sociais.

Assim, Freire (1987) explica que os temas geradores, escolhidos


para suscitar debates na sala de aula, possuem significados sociopolíticos
e culturais dos educandos, exigindo uma metodologia conscientizadora
de tais significados, que faz os educandos entenderem seus sentidos,
inserindo-os em atividades que possibilitem pensar o mundo de um
modo crítico. As diversidades Cultural e Étnico-Raciais certamente
fazem parte deste mundo. Assim, Freire afirmou que investigar o
tema gerador é investigar, repitamos, o pensar dos homens referido à
realidade, é investigar seu atuar sobre a realidade, que é sua práxis. Ou
Educação das Relações Étnico-Raciais 39

seja, Planejando Currículo e Práxis Pedagógicas voltados a Diversidade


Cultural e Etnicorracial, o educador deverá significar que um Currículo
é planejado, vivenciado na Práxis Pedagógica, ou seja, no modo como
professores e alunos atuam sobre a realidade, se o momento já é o da
ação, esta se fará autêntica práxis se o saber dela resultante se faz objeto
da reflexão crítica.

Não será útil um conhecimento que não ajude os alunos a refletir,


repensar e mudar a realidade de Diversidade Cultural e Étnico-racial que
vivem. Devem questionar, com o professor, se são silenciados ou possuem
visibilidade nas suas manifestações de Diversidade Cultural e Étnico-racial.
Pensando se debocham ou valorizam a Diversidade Cultural e Étnico-
racial do ‘outro’, do diferente, do divergente. E todos juntos poderão refletir
sobre, e ao mesmo tempo celebrar, com as suas diferenças, identidades,
diversidades, bem como sobre as lutar contra as desigualdades e refletindo
como superá-las.

Planejando Currículo e Práxis Pedagógica


voltados a Diversidade Cultural e
etnicorracial: Recomendações curriculares
legais brasileiras
Uma questão significativa é refletir sobre o conjunto de experiências
necessárias ao Planejar Currículo e Práxis Pedagógica voltados a
Diversidade Cultural e etnicorracial. Como isso se deu na história da
educação brasileira, a partir da promulgação da constituição federal de
1988, sonhada pelos grupos e movimentos engajados, de corpo e alma
com este tema.

O passo significativo seguinte foi a promulgação da Lei de Diretrizes


e Bases da Educação, em 1996, passando por necessárias alterações
posteriores, para contemplar justamente estes elementos relacionados
a Diversidade Cultural e etnicorracial e que respaldaram diretrizes
curriculares, focadas em tais diversidades características da formação do
povo brasileiro.
40 Educação das Relações Étnico-Raciais

Já no Artigo 3.º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação/LDB, são


preconizados os princípios que deverão embasar o ensino. Configurando
entre outros princípios, a igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola, o relevante pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas, além do respeito à liberdade e apreço à tolerância e, por fim
a recomendação da consideração com a diversidade etnicorracial.

Já no Artigo 33 é explicitado uma significativa e esclarecedora


recomendação aliviadora relativa ao ensino religioso, em que é assegurado
o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, cabendo esclarecer
ainda que em 2017 o Supremo Tribunal Federal decidiu que o ensino
religioso nas escolas públicas brasileiras poderá ter natureza confessional,
significando que poderá estar vinculado às diversas religiões.

A seguir, diante dos últimos ajustes na Base Nacional Comum


Curricular, o Conselho Nacional de Educação/ CNE deu parecer
homologado da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) recomendando:
Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos
religiosos e filosóficos de vida, a partir de pressupostos científicos,
filosóficos, estéticos e éticos. Isso é salutar contra descabidas intolerâncias!

E, ainda recomenda: Compreender, valorizar e respeitar as


manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes,
em diferentes tempos, espaços e territórios. Todo este histórico sobre o
Ensino religioso, as diversas decisões em diferentes âmbitos, revela que
existe um embate sobre o assunto. E traz a reflexão da importante tarefa
que os currículos e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e
Étnico-racial terão ao se debruçar sobre a diversidade religiosa.

O fundamental, levando em conta a Diversidade Cultural e Étnico-


racial, será preparar debates que incidam na importância do respeito
as mais diferentes matrizes do povo brasileiro, relacionadas aos seus
ancestrais, como são os casos das Religiões de Matriz Religiosa Africana
e as religiosidades dos Povos Indígenas, seus pajés,além de suas
cosmologias e cultos aos ancestrais.
Educação das Relações Étnico-Raciais 41

O Artigo 26 da LDB (BRASIL, 2017a) foi modificado para determinar


a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e
indígena (vinculado as duas Leis 10.639/03 (2003) e 11.645/08 (2008).
Esta modificação traz significativas contribuições aos currículos e Práxis
Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnico-racial. Definidos
assim:
[...]O conteúdo programático a que se refere este artigo
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira
e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
(Brasil, 2017, p. 19)

Planejando Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade


Cultural e Étnico-racial, as escolas deverão levar em conta, ainda, com
relação as modificações neste artigo, com as Leis já citadas, Leis 10.639/03
(2003) e 11.645/08 (2008) que os conteúdos referentes à história e cultura
afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras.

Seguidas tais recomendações deste artigo da Lei de Diretrizes e


Bases da educação Nacional (Brasil, 2017) será possível realizar excelentes
e coerentes planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a
Diversidade Cultural e Etnicorracial, respeitadas suas recomendações.

E, ainda, referente a Edição de livros e de materiais didáticos,


dedicados aos distintos níveis e modalidades de ensino, surgiu como
recomendação para cumprir o Artigo 26 da LDB (BRASIL, 2017 a),
abordando o tema da pluralidade cultural e da diversidade etnicorracial
do povo brasileiro, que fossem observados e corrigidos distorções e
equívocos em obras já publicadas sobre a história, a cultura, a identidade
dos afrodescendentes, sob o incentivo e supervisão dos programas de
difusão de livros educacionais do MEC. Isso proporcionou um intenso
trabalho!
42 Educação das Relações Étnico-Raciais

Trata-se do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e Programa


Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE), do Ministério da Educação.
Isso propiciou um grande incentivo governamental, nos anos seguintes
de promulgações de tais leis e das modificações na LDB, com o envio
para as escolas públicas brasileiras de material didático apropriado aos
planejamentos de Currículo e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade
Cultural e Etnicorracial, cultura e história afro-brasileira e indígena.

Esclarecido que as modificações que a LDB incorporou trouxe


elementos que faltavam e contribuem para a hora de planejar Currículo
e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnico-racial, nas
escolas, pelo nosso grande e diverso país, você vai voltar sua atenção aos
resultados imediatos da promulgação da LDB em 1996, com relação ao
tema Diversidade Cultural e Étnico-racial e seus planejamentos na escola.

Voltando um pouco atrás, uma significativa iniciativa foi tratar


da pluralidade cultural, no fim do século XX, foram os Parâmetros
Curriculares Nacionais. Configurando entre os objetivos do ensino
fundamental oportunizar aos alunos atividades que os façam ser capazes
de valorizar e conhecer a nossa pluralidade, presente no patrimônio
sociocultural brasileiro e de outros povos, fora do Brasil,posicionando-se
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais
e sociais.

No texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais/PCN’s é ressaltado


o fato do Brasil ser pensado como composto por diversidade étnica e
cultural, plural em sua identidade: é índio, afrodescendente, imigrante, é
urbano, sertanejo, caiçara, caipira, mas coexistirem preconceitos, relações
de discriminação e exclusão social que impedem muitos brasileiros de ter
uma vivência plena de sua cidadania.

A proposta dos PCN’s (BRASIL, 1997), recomenda aos professores


que trabalhem a temática da pluralidade cultural, com atividades que
possam favorecer, tanto o conhecimento, como a valorização das nossas
características étnicas e culturais, presentes nos diferentes grupamentos
sociais brasileiros, tratando das desigualdades socioeconômicas e de
reflexões críticas às relações sociais discriminatórias e excludentes que
Educação das Relações Étnico-Raciais 43

permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade


de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas
vezes paradoxal. Um pouco mais de duas décadas depois, ainda estamos
a dever aos vários grupamentos étnico-culturais, que os planejamentos
de novos Currículos nas escolas, signifiquem realmente que a Práxis
Pedagógica seja voltada a Diversidade Cultural e Étnico-racial.

Neste momento, as intenções do Ministério da Educação estavam


voltadas a oferecer parâmetros, ou seja, diretrizes ordenadas para nortear
os educadores, através da indicação de elementos essenciais para cada
disciplina e no caso do tema das diversidades estariam apresentadas as
indicações, não como uma disciplina, mas como tema transversal para
aparecer nas diversas disciplinas (português, matemática, história, etc).

A intenção que sustentava o tema transversal Pluralidade cultural


era ser um norteador de temas afins à nossa Diversidade Cultural e Étnico-
racial, oferecidos aos corpos docentes, as equipes de coordenação
pedagógica de demais atores dos planejamentos de currículos nas escolas
pelo vasto país, ressaltando a necessária adaptação às particularidades
locais.

OS PCN’s asseguram que a realidade brasileira é de coexistência


da ampla diversidade étnica, linguística e religiosa em solo brasileiro,
os brasileiros viviam e continuam vivendo submersos no plural que
se constata, seja no convívio direto, seja por outras mediações. E para
que tratar da diversidade cultural, nos currículos e nas práxis? Para
que reconhecer, valorizar, e pôr fim superar as discriminações dentro
das salas? Segundo o texto referente a Pluralidade Cultural, dos PCN’s
para atuar sobre um dos mecanismos de exclusão — tarefa necessária,
ainda que insuficiente, para caminhar na direção de uma sociedade mais
plenamente democrática.

A ideia, pós-constituição de 1988, era que as atividades em


sala de aula deveriam ser voltadas à cidadania, uma vez que tanto a
desvalorização cultural — traço bem característico de país colonizado
— quanto a discriminação são entraves à plenitude da cidadania para
todos; portanto, para a própria nação. E, ainda, refletir sobre uma proposta
curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se necessariamente
44 Educação das Relações Étnico-Raciais

com as diversidades existentes na sociedade, uma das bases concretas


em que se praticam os preceitos éticos. Os PCN’s deram um passo inicial
importante na redemocratização.

Quanto aos conteúdos curriculares, nas suas interconexões com


o tema da diversidade cultural, é recomendado lembrar que tantos os
aspectos históricos como os geográficos expõem uma diversidade regional
marcada pela desigualdade, do ponto de vista do atendimento pleno
dos direitos de cidadania, de valorização desigual de práticas culturais. E
não seria uma escolha pelas belas e festivas demonstrações diversidade
cultural somente. Nada de submergir e esconder as dificuldades vividas
pela diversidade, enquanto se dá destaque apenas à sua característica
de ser um dos potenciais mais férteis, tipicamente brasileiros, levou por
muito tempo a acreditar que o racismo era uma mazela social que o Brasil
soube evitar. A discussão extremamente atual de perceber que o mito
da igualdade racial é uma mentira, juntamente com a errada difusão da
teoria da integração das raças, tradicionalmente divulgada na maioria das
escolas de ensino fundamental, deixou pouco ou nenhum espaço para
que se encarassem as reais dificuldades das diferentes etnias no contexto
social brasileiro.

Os Povos Indígenas, diante dos avanços conquistados na


Constituição de 1988, constituíram presentes aos temas, nos PCN’s.
Indicando a necessária explicitação, da ampla diversidade, de forma a
corrigir uma visão deturpada que homogeneíza as sociedades indígenas
como se fossem de um único grupo, pela justaposição aleatória de
traços retirados de diversas etnias. O texto aponta para a necessidade da
valorização dos povos indígenas, através da inclusão nos currículos de
conteúdos que informem sobre a riqueza de suas culturas e a influência
delas sobre a sociedade como um todo, quanto pela consolidação das
escolas indígenas, levando em conta os termos da Constituição, bem
como a pedagogia apropriada às escolas interculturais indígenas.

Para combater os reducionismos científicos e seus danos racistas,


o texto sobre Pluralidade Cultural dos PCN’s, recomenda levar em conta
que a diversidade das sociedades humanas, não deve ser esclarecida
pela diferença genética, já que é enorme a variação dos nossos caracteres
Educação das Relações Étnico-Raciais 45

genéticos internos de qualquer grupo é muito grande, o elemento de


real interesse seria a cultura. Os currículos em suas conexões com a
diversidade deveriam lembrar que divisão biológica da nossa espécie
humana não implica hierarquia, ainda que diferentes visões de mundo
expliquem de múltiplas formas a diversidade humana. Do ponto de vista
de dignidade, de Direitos Universais, há uma só humanidade.

Os currículos deveriam considerar ao planejar conteúdos


relacionados as línguas, a valorização de diferentes formas de linguagem
oral e escrita, pelo respeito às manifestações regionais, pela possibilidade
de contato e integração com a diversidade de línguas e de linguagens
presentes. Ainda, ressaltando o bilinguismo dos povos indígenas,
relacionado ao fato de existirem mais de 180 línguas indígenas faladas
no Brasil, em conjunto com o português. Tudo isso continua muito válido!

Entre os objetivos gerais de Pluralidade Cultural para o Ensino


Fundamental, voltados à construção da cidadania, em uma sociedade
pluriétnica e pluricultural, consta com fins no desenvolvimento de
capacidades como o conhecimento da diversidade do nosso patrimônio
étnico-cultural, tendo atitude de respeito para com pessoas e grupos que
a compõem, reconhecendo a diversidade cultural como um direito dos
povos e dos indivíduos e elemento de fortalecimento da democracia. Esta
garantia de respeito constitucional não pode ser desprezada.

Os professores, na virada para o século XX, deveriam levar em conta


como critérios a serem utilizados na seleção dos conteúdos, a relevância
sociocultural e política, considerando a necessidade e a importância
da atuação da escola em fornecer informações básicas que permitam
conhecer a ampla diversidade sociocultural brasileira. Isso implicaria
na divulgação das contribuições dessas diferentes culturas presentes
em território nacional e eliminar conceitos errados, culturalmente
disseminados, acerca de povos e grupos humanos que constituem o
Brasil.

Todos estes aspectos são profundamente contemporâneos e


necessários ao pensar em um currículo novo, Planejando Currículo
e Práxis Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnico-racial.
Tratando da singularidade do Brasil, no real de seu feitio, uma população
46 Educação das Relações Étnico-Raciais

de origem diversificada, portadora de culturas que se preservaram em


suas especificidades, ao mesmo tempo em que se amalgamaram em
novas configurações.

Os PCN’s clamam à valorização das estruturas em comuns para


todos, dos entrelaçamentos socioculturais que permitem valorizar aquilo
que é próprio da identidade de cada grupo, e aquilo que permite uma
construção comum, onde cabe pronunciar o pronome ‘nós’(BRASIL, 1997,
p. 48). A Pluralidade Cultural, dentro dos currículos e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, trouxe para dentro das discussões sobre currículos
e práxis, no interior das escolas brasileiras, o objetivo didático, relacionado
à escolha de conteúdos que sejam capazes de suscitar aproximações
da noção de igualdade quanto aos direitos, quanto à dignidade e que
embasem a valorização da diversidade cultural.

Surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação


das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, do Conselho Nacional de Educação, aprovada em
2004, propondo a Consciência Política e Histórica da Diversidade, para
conduzir com tal princípio à igualdade básica de toda pessoa humana, visto
como sujeito de direitos, ao reconhecimento de que a formação do povo
brasileiro deu-se em grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura
e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto constroem, na
nação brasileira, sua história. Posto isso é necessário o conhecimento e à
valorização da história dos povos africanos e da cultura afro-brasileira na
construção histórica e cultural brasileira.

Nestes sentidos estas Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana contribuem de uma forma muito significativa e
devem ser levadas em conta ao planejar Currículo e Práxis Pedagógica
voltados a Diversidade Cultural e Étnico-racial, em todas as escolas do
Brasil.

Nesta perspectiva de Consciência Política e Histórica da Diversidade,


estas Diretrizes propõem inovadoras propostas:
[...]à superação da indiferença, injustiça e desqualificação
com que os negros, os povos indígenas e também as
Educação das Relações Étnico-Raciais 47

classes populares às quais os negros, no geral, pertencem,


são comumente tratados; - à desconstrução, por meio de
questionamentos e análises críticas, objetivando eliminar
conceitos, ideias, comportamentos veiculados pela
ideologia do branqueamento, pelo mito da democracia
racial, que tanto mal fazem a negros e brancos; - à busca,
da parte de pessoas, em particular de professores não
familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e
sociais com o estudo de história e cultura afro-brasileira e
africana, de informações e subsídios que lhes permitam
formular concepções não baseadas em preconceitos e
construir ações respeitosas; - ao diálogo, via fundamental
para entendimento entre diferentes, com a finalidade de
negociações, tendo em vista objetivos comuns, visando a
uma sociedade justa. (BRASIL, 2004, p. 19)

Estas relevantes Diretrizes agem em prol do fortalecimento de


Identidades e de Direitos, indo além do que foi possível com os PCN’s,
sendo que este princípio, com relação a diversidade, deve orientar para
a ampliação do acesso a informações sobre a diversidade da nação
brasileira e sobre a recriação das identidades, provocada por relações
étnico-raciais.

A partir de toda esta movimentação histórica o que começou a ser


demandado com novos currículos era a existência efetiva de uma pedagogia
que respeitasse realmente as diferenças. E fosse capaz de lidar com a
questão racial como conteúdo inter e multidisciplinar durante todo o ano
letivo, estabelecendo um diálogo permanente entre o tema etnicorracial e
os demais conteúdos trabalhados na escola.

A RESOLUÇÃO Nº 5, do Conselho Nacional de Educação/CNE, de


Junho de 2012 avançou com relação a nossa diversidade indígena, definiu
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena
na Educação Básica (BRASIL, 2012), atendendo as mobilizações antigas,
insistentes e justas dos Povos Indígenas do Brasil. E que devem ser
levadas a cabo por aqueles que Planejam Currículos e Práxis Pedagógicas
voltados a Diversidade Cultural e Etnicorracial e aquelas oferecidas aos
povos indígenas pelo país.

Tais diretrizes curriculares devem ser consideradas como resultantes


do que é garantido como direito aos Povos Indígenas brasileiros nos
48 Educação das Relações Étnico-Raciais

seguintes marcos legais: Constituição Federal de 1988; Convenção 169 da


Organização Internacional do Trabalho, promulgada no Brasil por meio do
Decreto nº 5.051/2004, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
da ONU (1948), Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos
indígenas de 2007 pela nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional/LDBEN (Lei 9.394/96). Com 500 anos de atraso é começada
uma nova trilha!

E o que é assegurado é direito a uma educação escolar diferenciada


para os povos indígenas. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais
estão pautadas pelos princípios da igualdade social, da diferença, da
especificidade, do bilinguismo e da interculturalidade, fundamentos da
Educação Escolar Indígena. Isso foi um avanço significativo!

Quanto aos objetivos da Educação Escolar Indígena consta


proporcionar aos indígenas, suas comunidades e povos, tanto a
recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas
identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências, quanto o
acesso às informações, conhecimentos técnicos, científicos e culturais da
sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-indígenas. Isso
é relevante e traz reflexões às pessoas que estranham até um indígena
usar um celular quanto mais chegar ao ENEM! Novos tempos!

Quanto aos currículos da Educação Básica na Educação Escolar


Indígena, estas Diretrizes respaldam suas construções em perspectiva
intercultural, levando em conta devem valores e interesses etnopolíticos
das comunidades indígenas em relação aos seus projetos de sociedade
e de escola, definidos nos projetos político-pedagógicos. O currículo
precisará ser flexível, ajustado aos contextos socioculturais de cada
comunidade indígena, relacionados com os projetos de Educação Escolar
Indígena de tal comunidade.

São incentivados, em tal currículo a construção de eixos temáticos,


projetos de pesquisa, eixos geradores ou matrizes conceituais, em que
os conteúdos das diversas disciplinas podem ser trabalhados numa
perspectiva interdisciplinar. E deverão ser garantidas condições para que
os currículos possam ser aportados com os materiais didáticos específicos,
escritos na língua portuguesa, nas línguas indígenas e bilíngues, que
Educação das Relações Étnico-Raciais 49

reflitam a perspectiva intercultural da educação diferenciada, elaborados


pelos professores indígenas e seus estudantes e publicados pelos
respectivos sistemas de ensino.

Isso garante que o currículo e Práxis Pedagógica sejam voltados


a Diversidade Cultural e Étnico-racial indígena, contemplando
aspectos comunitários, bilíngues e multilíngues, de interculturalidade e
diferenciação, e uma necessária flexibilização ao organizar os tempos e
espaços curriculares, possibilitando a inclusão dos importantes saberes e
relevantes procedimentos culturais construídos por diversas comunidades
indígenas, tais como línguas indígenas, crenças, memórias, saberes
ligados à identidade étnica, às suas organizações sociais, às relações
humanas, às manifestações artísticas, às práticas desportivas.

Vale ressaltar que a Meta 7 do Plano Nacional de Educação/PNE


(válido para acontecer até 2024), contido na Lei nº 13.005/2014, recomenda
o estabelecimento e a implantação, em formato de pacto federativo entre
os entes da Federação (Governo Federal, Estados e municípios), as mais
apropriadas diretrizes pedagógicas para a educação básica e a uma base
nacional comum dos currículos, ressaltados seus direitos e objetivos de
aprendizagem, bem como o desenvolvimento dos educandos, entre o
ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e
local (BRASIL, 2017b, p. 02). A diversidade prossegue focada na realidade.

Chegamos a 2.ª década do século XXI com um arcabouço legal


que possibilitam planejamento de Currículo e Práxis Pedagógica voltados
à verdadeira e esquecida Diversidade Cultural e Étnico-racial brasileira.
A Base Nacional Comum Curricular/BNCC preconiza, que entre as dez
competências gerais comuns, indicadas às etapas da Educação Básica,
que expressam os direitos de aprendizagem dos estudantes, consta a
valorização da
[...] diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-
se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho e
fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade. (BRASIL, 2017b, p.27)
50 Educação das Relações Étnico-Raciais

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo:
A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-
brasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia
na Sala de Aula. Disponível no link: https://www.youtube.
com/watch?v=_QE6ppxk0vQ (Acesso em 09/01/2020). E,
ainda: Vídeo:Escola democrática e diversidade, com a Prof.ª
Dr.ª Mônica Amaral, da USP, acessível aqui.

Figura 4

Fonte: Wikimedia Commons.


Educação das Relações Étnico-Raciais 51

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo:
A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-
brasileira e indígena Como e Porque Trabalhar com a Poesia
na Sala de Aula. Disponível no link:https://www.youtube.
com/watch?v=_QE6ppxk0vQ(Acesso em 09/01/2020). E,
ainda: Vídeo:Escola democrática e diversidade, com a Prof.ª
Dr.ª Mônica Amaral, da USP, acessível aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve
ter aprendido, até este momento, e deverá ser capaz de
compreender como desenvolver Metodologia de Ensino,
Currículo e Práxis Pedagógica, para a Educação voltada
às relações Étnico-Raciais, no espaço privilegiado de
Encontro de Diferenças, a escola. Inicialmente, você foi
capaz de reconhecer a Escola como Espaço Privilegiado
de Encontro das Diferenças. Em seguida, você foi capaz de
compreender como desenvolver Metodologia de Ensino,
em educação para as Relações Étnico-Raciais. Em seguida,
você foi capaz de verificar como produzir uma Educação
voltada às Relações Étnico-Raciais. E, por último, você
foi capaz de entender sobre planejar Currículo e Práxis
Pedagógica voltados a Diversidade Cultural e Étnico-Racial.
52 Educação das Relações Étnico-Raciais

REFERÊNCIAS
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Educação das Relações Étnico-Raciais 53

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54 Educação das Relações Étnico-Raciais

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