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Educação

em Direitos
Humanos

Conteúdo Educacional
de Direitos Humanos
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poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer
outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora Telesapiens.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Educação em Direitos Humanos

Vittorio Leandro Oliveira Lo Bianco

Massaru Coracini Okada

Debora Luiza da Silva


AUTORIA
Debora Luiza da Silva
Olá! Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras
(Habilitação Português) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISNOS) e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Docência
pela mesma instituição, com uma experiência técnico-profissional na
área da docência e elaboração de conteúdos pedagógicos para cursos
da modalidade a distância. Passei por diferentes instituições, entre elas
o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e outras privadas, tais como
a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), a Uniritter e a
Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul - Fadergs, ambas do
Grupo Laureate International Universities, nas quais já atuei como analista
acadêmica de EAD, professora-tutora, designer educacional e docente de
EAD. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa e Literatura da EJA
EAD do Serviço Social da Indústria - SESI/RS. Sou apaixonada pelo que
faço e adoro transmitir minha experiência de vida, bem como contribuir
com o aprendizado daqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Direitos Humanos na Educação não Escolar ...................................10

O papel das organizações sociais na educação dos direitos humanos... 11

Educação para paz como uma proposta de Educação em


Direitos Humanos.........................................................................................16

A paz como direito.......................................................................................................................... 17

Educação em valores como uma proposta de Educação em


Direitos Humanos ....................................................................................... 20

O papel da escola na sociedade contemporânea................................................... 21

Propostas para a Educação em Direitos Humanos baseada em

valores...................................................................................................................................................... 22

Tendências da Educação em Direitos Humanos ...........................25

Desafios e tendências da Educação em Direitos Humanos: da teoria à

prática.......................................................................................................................................................26
Educação em Direitos Humanos 7

04
UNIDADE

CONTEÚDO EDUCACIONAL DE DIREITOS HUMANOS


8 Educação em Direitos Humanos

INTRODUÇÃO
Olá! Você sabia que a educação em direitos humanos ainda não
faz parte dos currículos oficiais das escolas brasileiras? Conforme já
estudamos, esta temática está prevista como tema de estudos em uma
série de documentos oficiais, bem como na legislação do nosso país. Por
isso, em tempos de crise dos valores sociais, é fundamental ampliarmos
as discussões acerca da educação em direitos humanos dentro e fora
das instituições de ensino. Por isso, nesta última unidade letiva da
disciplina, refletiremos sobre esse assunto em espaços não escolares,
reconheceremos a educação para paz e a educação em valores como
propostas para a educação em direitos humanos e por fim, conheceremos
as tendências da educação em direitos humanos. Vamos lá? Ao longo
desta unidade você vai mergulhar neste universo! Bons estudos!
Educação em Direitos Humanos 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Refletir sobre a Educação em Direitos Humanos na Educação não


escolar;

2. Reconhecer a educação para paz como uma proposta de


Educação em Direitos Humanos;

3. Interpretar a educação em valores como uma proposta de


Educação em Direitos Humanos;

4. Identificar as tendências da Educação em Direitos Humanos.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Educação em Direitos Humanos

Direitos Humanos na Educação não


Escolar

INTRODUÇÃO:

Entre os objetivos da educação em direitos humanos está


a necessidade de assegurar este tema como um aspecto
transversal e dialógico entre os diversos atores sociais. Isso
significa que dentro das instituições escolares, os direitos
humanos podem ser abordados em diversas áreas de
conhecimento, bem como pelos diversos setores que
compõem a sociedade. Além disso, o diálogo entre as
instituições se torna fundamental para que os direitos
humanos estejam garantidos sob a perspectiva econômica,
social, cultural, educacional e muitas outras.

Figura 1 - Ciclo da Educação em Direitos Humanos

Papel do
Mediador Parceiro
professor

Dialógico Estudante

Fonte: Elaborado pela autora, 2019

A década das Nações Unidas, entre os anos de 1995 a 2004, ganhou


considerável destaque no que diz respeito às discussões da temática da
educação em direitos humanos. Nesse período, foram oferecidos diversos
programas para o desenvolvimento dos direitos humanos no contexto
social e escolar de inúmeros países. Tais programas foram elaborados
com o apoio e a assistência técnica da Organização das Nações Unidas
(ONU), financiados por agências internacionais e posteriormente, foram
Educação em Direitos Humanos 11

transformados em programas a longo prazo, certificados por universidades


e proporcionando a formação de professores para que fossem aplicados
na educação formal. Além disso, foram contemplados por projetos de
educação popular conduzidos pela ONU, os quais são objetos de estudo
desse tópico.

REVISANDO: De acordo com o Plano Nacional de Educação em


Direitos Humanos (2006):

A educação não formal em direitos humanos orienta-se pelos


princípios da emancipação e da autonomia. Sua implementa-
ção configura um permanente processo de sensibilização e
formação de consciência crítica, direcionada para o encami-
nhamento de reivindicações e a formulação de propostas para
as políticas públicas. (BRASIL, 2006)

Por isso, a seguir, verificaremos qual o papel das organizações


sociais na educação em direitos humanos, compreendo qual o impacto
das associações, das organizações não governamentais, dos sindicatos,
entre outras entidades quando se trata desse assunto.

O papel das organizações sociais na


educação dos direitos humanos
Ao iniciar as práticas pedagógicas voltadas à educação em direitos
humanos, é preciso agir com respeito à individualidade e às características
de cada sujeito e essa atitude deve prevalecer tanto dentro quanto fora do
ambiente escolar. É possível promover atividades em que o próprio sujeito
seja capaz de explorar e realizar às suas próprias descobertas.

Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos


Humanos (PNEDH, 2006), a educação não formal age diretamente no
empoderamento dos grupos sociais de maneira a proteger, defender e
reparar os direitos humanos na sociedade.

EXEMPLO: A prática da educação não formal desenvolvida


por diversas instituições ocupam o aluno com atividades produtivas e
longe do tempo ocioso inverso ao escolar, em que um número grande
12 Educação em Direitos Humanos

de crianças ficariam pelas ruas, sujeitas a conhecerem uma realidade


bastante real no país, como drogas, cigarro e bebida, por exemplo. Ao
contrário, a criança ou o adolescente frequentador de projetos sociais tem
a oportunidade de aprender uma profissão, praticar um esporte, aprender
a tocar um instrumento musical pelo fato de que a maioria das instituições
e projetos de educação não formal desenvolvem seus trabalhos por meio
de oficinas culturais, esportivas e profissionalizantes, entre outras.
Figura 2 - Organizações sociais e educação em direitos humanos

Fonte: Pixabay

Cabe ressaltar que esse documento ainda apresenta importantes


ações pragmáticas para a educação em direitos humanos não formal, que
compreendem uma série de ações e indicam diferentes espaços em que
elas podem ser desenvolvidas, tais como:

• A alfabetização de jovens e adultos.

• A educação popular.

• O acompanhamento de pessoas com necessidades especiais.

• A execução de projetos de pesquisa voltados aos direitos humanos.

• A promoção de educação em direitos humanos para quilombolas,


aldeias indígenas, assentados, imigrantes, entre outras
comunidades específicas.

• A incorporação de programas de inclusão digital e de educação


a distância.
Educação em Direitos Humanos 13

• As produções artísticas voltadas à educação em direitos humanos.

• As capacitações para agentes de esporte, cultura e lazer.

SAIBA MAIS:

Para conferir todas as ações pragmáticas no que se refere à


educação não formal em direitos humanos, leia na íntegra o
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, através
do link: https://bit.ly/2B3iPey.

A educação não formal dos direitos humanos compreende uma série


de segmentos, que vai desde comunidades, movimentos e organizações
sociais até o Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos
(PNEDH, 2006). Incluem-se nesse grupo os segmentos políticos e não
governamentais, bem como os setores que compreendem a cultura e a
educação.

Esses grupos desempenham um importante papel na educação


não formal dos direitos humanos, pois auxiliam e incentivam a sociedade
à reflexão das suas próprias realidades. Além disso, colaboram para que
haja interlocução entre a sociedade e as autoridades públicas, de maneira
a elaborar e encaminhar propostas para a realização de políticas públicas
em diversos setores.

Assim, a educação popular ou não formal pode contribuir de forma


decisiva para que os direitos humanos, de fato, sejam de todos e todas.
Entretanto, como em todo o processo educativo, ela deve ser realizada
com objetivos, com rotas a serem traçadas, sabendo o que alcançar e
onde se deseja chegar.

Os espaços sociais, tais como os lares, as próprias escolas, as


associações, os sindicatos e as organizações não governamentais são
lugares com grande senso de solidariedade. Neles, o fazer da cidadania
está presente com as oportunidades de diálogo, encaminhamentos para
a solução de problemas coletivos e ainda as reivindicações de demandas
sociais se fazem presentes.
14 Educação em Direitos Humanos

No que se refere ao ponto de vista metodológico, a educação


não formal em direitos humanos contribui para a sistematização, a
reorganização e a (re)elaboração de medidas, programas e políticas
públicas para a concretização dos mais diversos direitos de uma
sociedade.
Figura 3: As minorias e os direitos humanos

Fonte: Pixabay

Além disso, parte-se da oportunidade de considerar a própria


realidade dos trabalhadores, cidadãos da periferia, produtores rurais,
indígenas e muitos outros grupos específicos, os quais necessitam de
apoio social. Dessa forma, a educação em direitos humanos também
cumpre o papel de formar intelectualmente diversos indivíduos, que
inúmeras vezes, são excluídos das instituições que têm como obrigação
promover mudanças em nossa sociedade.
Educação em Direitos Humanos 15

RESUMINDO:

Nesta unidade, estudamos o ciclo da educação em Direitos


Humanos. Ainda vimos que a década das Nações Unidas
ganhou destaque nas discussões do tema educação em
direitos humanos no âmbito escolar e social em vários
países.
Ao iniciar as práticas pedagógicas voltadas à educação
em direitos humanos, é preciso agir com respeito à
individualidade e às características de cada sujeito e
essa atitude deve prevalecer tanto dentro quanto fora do
ambiente escolar.
Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos (PNED, 2006), a educação não formal age
diretamente no empoderamento dos grupos sociais, de
maneira a proteger, defender e reparar os direitos humanos
na sociedade. A educação não formal inclui os segmentos
políticos e não governamentais, bem como os setores
que compreendem a cultura e a educação. Esses grupos
desempenham um importante papel na educação não
formal dos direitos humanos.
Assim, a educação popular ou não formal pode contribuir
de forma decisiva para que os direitos humanos, de fato,
sejam de todos e todas
No que se refere ao ponto de vista metodológico, a
educação não formal em direitos humanos contribui
para a sistematização, a reorganização e a (re)elaboração
de medidas, programas e políticas públicas para a
concretização dos mais diversos direitos de uma sociedade.
16 Educação em Direitos Humanos

Educação para paz como uma proposta


de Educação em Direitos Humanos
Objetivo: Ao final desta unidade, você compreenderá que quando
nos referimos à pratica pedagógica dos direitos humanos voltada à cultura
de paz, devemos entender que esse processo precisa ocorrer de maneira
coletiva, enfatizando os espaços de diálogo e reflexão. Você verá que a
paz pode ser entendida como um processo educativo, dinâmico, contínuo
e permanente, que ajudará a entender a realidade em que se está inserido.
Verificaremos ainda qual a importância da paz na educação em direitos
humanos e como esse direito atua na transformação da sociedade.
Figura 4 - A educação para a paz

Fonte: Pixabay

O século XX foi marcado por uma série de episódios de violência


e conflitos na sociedade humana, caracterizados pelo autopoder de
destruição em massa. Nesse sentido, as propostas de educação em
direitos humanos para a paz têm como principais finalidades informar,
formar e transformar. Por isso, a cultura de paz deve ser cultivada nas
sociedades e ser vista como um processo a ser construído de maneira
coletiva e colaborativa.
Educação em Direitos Humanos 17

A paz como direito


O artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma
que “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras
com espírito de fraternidade”.

A paz pode ser compreendida como um processo educativo,


dinâmico, contínuo e permanente, assim como a cultura da paz contribuiu
para ajudar as pessoas a desvendarem de maneira crítica a realidade em
que estão inseridas, a fim de serem capazes de poder modificá-la de
acordo com as suas necessidades.

Em 2003, estudiosos da Universidade de Columbia, nos Estados


Unidos, se reuniram com o intuito de elaborar um manual de planejamento
e avaliação no sentido de restaurar a paz em diferentes zonas de conflito.
Desse estudo, resultou um manual educativo com a finalidade de orientar
e implementar a temática da educação em direitos humanos em locais
com altos índices de violência e opressão, tais como Libéria, Serra Leoa,
El Salvador, Guatemala, México, entre outros.

Mas mesmo em nosso país, muitas crianças e jovens vivem fora da


escola momentos de discriminação, sofrimento, dor e violência. Por isso,
é necessário que os educadores pensem em criar espaços cada vez mais
humanizados. Assim, é fundamental que as práticas de ensino partam das
vivências dos alunos e não apenas das teorias e dos conteúdos.

Por isso, a educação para a paz é reconhecida como uma ação


internacional voltada às práticas educacionais. Essa atitude contribui de
maneira efetiva, sobretudo, para que a educação seja ofertada de forma
adequada e significativa.

Nesse sentido, conforme afirma Jares (2007), esse processo


deve acontecer de maneira contínua e permanente, fundamentado
nos dois conceitos principais (concepção de paz positiva e perspectiva
criativa do conflito) que, pela aplicação de métodos problematizados,
pretende desenvolver um novo tipo de cultura, a cultura da paz, que
ajude as pessoas a entender criticamente a realidade, a desigualdade
18 Educação em Direitos Humanos

e a violência complexa e conflituosa, para poder ter uma atitude e uma


ação diante dela.
Figura 5 - A paz como direito humano

Fonte: Pixabay

Todo modelo pedagógico voltado à educação para a paz parte das


recomendações da UNESCO sobre a Educação para a compreensão,
a cooperação e a paz internacional. Não se pode realizar tal trabalho
sem considerar a realidade social em que os alunos estão inseridos. O
educador deve propor a eles que reconheçam os conflitos, mas que
sejam capazes de buscar conviver em harmonia, sem aceitar quaisquer
formas de violência, sejam elas verbais, morais ou físicas.

Ao tratarmos de maneira efetiva a aplicabilidade da paz como


proposta para a educação em direitos humanos, o primeiro passo é
considerar a legislação brasileira. Além disso, as atividades permeadas
no direito da paz devem contribuir para a formação da cidadania, para a
responsabilidade ética, respeito à tolerância e importância da democracia.

Também se faz necessário considerar a importância da família


neste processo, mesmo que a escola seja reconhecida como o veículo
fundamental para as mudanças da sociedade, tão necessárias nos dias de
hoje. Dessa forma, a sociedade contemporânea entende a educação para
Educação em Direitos Humanos 19

a paz e para os direitos humanos como uma proposta desafiadora, mas


capaz de assegurar o desenvolvimento sustentável das sociedades,
garantindo que os direitos humanos sejam respeitados, tais como a
justiça social.

Em suma, a educação para a paz em direitos humanos contribui


na formação de indivíduos para uma sociedade pacífica, capaz de evitar
catástrofes sociais, além de promover o respeito pelas diversidades, a
fim de agir como um mecanismo de crescimento e interdependência
dos sujeitos.

RESUMINDO:

Você estudou que as propostas de educação em direitos


humanos para a paz têm como principais finalidades
informar, formar e transformar. Por isso, a cultura de paz
deve ser cultivada nas sociedades e deve ser vista como
um processo a ser construído de maneira coletiva e
colaborativa.
Você estudou que em nosso país, muitas crianças e
jovens vivem fora da escola momentos de discriminação,
sofrimento, dor e violência, por isso é necessário que os
educadores pensem em criar espaços cada vez mais
humanizados. Você estudou que é importante que as
práticas de ensino partam das vivências dos alunos e não
apenas das teorias e dos conteúdos.
Cabe ao educador propor que os conflitos sejam
reconhecidos, buscando conviver em harmonia, sem aceitar
quaisquer formas de violência, sejam elas verbais, morais
ou físicas. É necessário considerar a importância da família
neste processo, mesmo que a escola seja reconhecida
como o veículo fundamental para as mudanças da
sociedade.
20 Educação em Direitos Humanos

Educação em valores como uma proposta


de Educação em Direitos Humanos

INTRODUÇÃO:

Neste capítulo você vai aprender que muitos professores


e profissionais da área educacional vivenciam diversas
situações cotidianas em que observam o desrespeito
aos direitos humanos. Você vai considerar as inúmeras
realidades do contexto social e escolar que podem ser o
ponto de partida para a educação em valores como uma
proposta para o trabalho sobre a temática dos direitos
humanos, objeto deste capítulo.

Figura 6 - O papel da educação na sociedade contemporânea

Fonte: Pixabay

A escola, sobretudo, é um espaço de formação de cidadãos, por


isso as atividades escolares devem, acima de tudo, valorizar o diálogo,
o respeito e a justiça entre os atores da comunidade escolar, que inclui
pais, alunos, professores e equipe diretiva. Nesse sentido, é importante
promover um trabalho educativo baseado em valores e articulado aos
conteúdos curriculares.
Educação em Direitos Humanos 21

O papel da escola na sociedade contemporânea


Atualmente, muito se atribui ao processo de ensino-aprendizagem
baseado no conhecimento científico, mas é fundamental primar pela
formação integral dos cidadãos, visto que a sociedade contemporânea
clama por uma educação de qualidade, capaz de valorizar além dos
aspectos cognitivos, os aspectos sociais, afetivos e morais.

Por isso, faz-se necessário que ocorram discussões voltadas à


preparação dos alunos para o convívio em sociedade, formando-os como
sujeitos críticos e questionadores da sua realidade, sendo capazes de
transformar o mundo do qual fazem parte em um lugar justo e igualitário.

Mas, para que o aprendizado dos cidadãos seja considerado


significativo, é preciso considerar e estimular os alunos a entenderem
que espaços ocupam na sociedade. Além de instruir, a educação deve
formar, por isso ambas as ações devem ser compreendidas como ações
inseparáveis.

Nesse sentido, também se torna fundamental que os professores


e educadores estejam preparados para atender às demandas de uma
sociedade que necessita ser transformada.

Padilha (2005) discorre sobre esses aspectos a partir dos seguintes


questionamentos:

[...] como alguém que não se respeita, que não respeita os


seus próprios direitos, que às vezes nem os conhece e que
não sabe defendê-los, poderia ensinar outro alguém sobre o
exercício de algum direito ou sobre qualquer outro conteúdo
de forma crítica e emancipadora? Ou como alguém que está
desacostumado a ser ético e agir, socialmente com justiça?
Ou, ainda, como um professor que se deixa vencer pela rotina,
por mais dura que possa ser, pode contribuir para a formação
de sujeitos que exerçam plenamente a sua cidadania e saibam
defender os seus direitos civis, sociais e políticos? (PADILHA,
2005, p. 169)
22 Educação em Direitos Humanos

Portanto, as instituições de ensino são vistas como um cenário


importante na transmissão e na promoção dos direitos e dos valores. A
escola, sobretudo, tem o poder de contribuir para a formação de uma
nova sociedade, cuja dignidade humana se realiza dentro da constituição
do próprio direito à educação e a partir dela, outros direitos passam a ser
reconhecidos.

Propostas para a Educação em Direitos


Humanos baseada em valores
A realidade nos remete a pensar na educação baseada em valores
como um trabalho a ser realizado pela família, visto que esse processo
envolve uma série de aspectos, tais como sociais, os morais e os psíquicos,
entre outros.
Figura 7 - valores e direitos humanos

Fonte: Pixabay

Mas é na escola que se observam e se constituem muitos episódios


de violência, indisciplina, bem como o desconhecimento de diversos
valores trazidos do ambiente familiar. Por isso, é inquestionável que a
escola não seja reconhecida como um espaço para a educação em
direitos humanos baseada em valores.
Educação em Direitos Humanos 23

Outro fator bastante comum na sociedade atual é a ideia de que os


valores estão, na maioria das vezes, associados às questões religiosas,
por isso, muito se questiona que indivíduos que não praticam alguma
religião possam estar desprovidos de alguns valores.

REFLITA:

Você sabe explicar o que são valores? Para que eles


servem? Como são adquiridos? Convido você a refletir
sobre essas questões, antes de darmos continuidades aos
nossos estudos!

Os valores são constituídos por uma série de hábitos e comporta-


mentos de um ser humano. Ao longo da sua vida, cada indivíduo atribui,
de acordo com as suas vivências, quais são os valores que deseja carre-
gar consigo, os que estejam diretamente ligados às suas ações.

Por isso, a educação em direitos humanos baseada em valores


trata-se de uma construção, ou seja, um processo. Diante dessas
razões, constata-se que os valores dos sujeitos não são como fatores
genéticos, herdados por seus ancestrais, mas trata-se de um resultado
de comportamentos e atitudes.
Figura 8 - Direitos humanos para um mundo mais justo

Fonte: Pixabay
24 Educação em Direitos Humanos

Nesse processo, a escola desenvolve um importante papel na


educação em direitos humanos. As instituições de ensino contribuem
para que os alunos percebam que são capazes de viver em um mundo
mais justo, mais digno, mais sustentável e mais seguro.

Aliar os direitos humanos aos valores e às metodologias de ensino


contribui para a formação de cidadãos agentes e críticos ao seu meio
social. Assim, os valores aprendidos ou adquiridos na escola são levados
para a vida do aluno, a fim de fazerem sentido em suas práticas sociais.

RESUMINDO:

Aprendemos que a escola é um espaço de formação de


cidadãos, por isso as atividades escolares devem valorizar o
diálogo, o respeito e a justiça entre os atores da comunidade
escolar, que inclui pais, alunos, professores e equipe diretiva.
Vimos que é necessário que ocorram discussões voltadas
à preparação dos alunos para o convívio em sociedade,
formando-os como sujeitos críticos e questionadores da
sua realidade, sendo capazes de transformar o mundo do
qual fazem parte em um lugar justo e igualitário. Estudamos
ainda que, nesse sentido, também se torna fundamental
que os professores e educadores estejam preparados para
atender as demandas de uma sociedade que necessita ser
transformada.
Educação em Direitos Humanos 25

Tendências da Educação em Direitos Humanos


Objetivo: Neste capítulo você verá que não se pode negar que a
educação é a ferramenta mais eficiente para o crescimento pessoal, além
de ser considerada como um direito de qualquer indivíduo. Através da
educação, muitos outros direitos podem ser alcançados, sejam sociais,
econômicos ou culturais.

Nesse sentido, o papel exercido pela educação em direitos


humanos contribui na formação das futuras gerações. Porém, mesmo que
esta temática tenha sido efetivamente uma obrigação dos Estados, das
instituições de ensino e das próprias pessoas, há cerca de 50 anos sua
aceitação em todo o mundo ainda é considerada recente.
Figura 9 - Tendências da educação em direitos humanos na sociedade

Fonte: Pixabay
26 Educação em Direitos Humanos

Desafios e tendências da Educação em


Direitos Humanos: da teoria à prática

IMPORTANTE:

Para Roberto Bobbio “deve-se ter a preocupação inicial de


manter a distinção entre teoria e prática, ou melhor, deve-
se ter em mente, antes de mais nada, que teoria e prática
percorrem duas estradas diversas com velocidades muito
desiguais” (2004, p. 33).

Muito se discutiu sobre a importância dos direitos humanos ao


longo dos anos, mas pouco se avançou para que as diversas teorias
fossem colocadas em prática. Segundo o Programa Mundial de Educação
em Direitos Humanos (2005, p. 25) “A educação contribui para: a) Criar uma
cultura universal dos direitos humanos; b) Exercitar o respeito, a tolerância,
a promoção e a valorização das diversidades”.

A sociedade atual ainda se encontra em uma realidade que prima


pela educação bancária, cujo sujeito encontra-se em uma posição de
receptor de conteúdos, que são gravados e reproduzidos. Dessa forma,
destaca-se a concepção de ensino defendida por Paulo Freire, o qual
considerava o ser humano como um sujeito livre e ativo na sociedade.
Por isso, é tão importante que o processo educativo se dê de maneira
libertadora, isto é, reconhecendo a realidade dos educandos.

Paulo Freire denominou de educação bancária o processo de


ensino-aprendizagem em que o professor deposita o conhecimento em
alunos desprovidos dos seus próprios pensamentos. Para ele, esse tipo
de ensino serviria apenas como treinamento para a formação em massa
exclusivamente para o trabalho. Ou seja, nestas situações, os alunos não
eram estimulados a desenvolver o pensamento crítico, tão pouco se
permitiria que eles atuassem como seres questionadores.

Percebe-se, portanto que a educação em direitos humanos enfrenta


alguns desafios, entre eles:
Educação em Direitos Humanos 27

• Formar professores e educadores, que sempre problematizem e


enfatizem a realidade dos estudantes na elaboração das atividades.

• Dialogar com os problemas sociais dos alunos ao promover a


educação em direitos humanos.
Figura 10 - Os desafios da educação em direitos humanos na sociedade

Fonte: Pixabay

Conforme afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais da


Educação Básica, os direitos humanos, reconhecidos como temáticas
transversais, tradicionalmente eram considerados como direitos
individuais de cada indivíduo. Portanto, trabalha-los como um direito
coletivo, assim como a paz, torna-se um desafio do ensino.

EXEMPLO: Os direitos defendidos pelos povos indígenas, por


exemplo, tais como a terra e seus recursos, são considerados tanto
individuais, como coletivos, visto que através deles é possível respeitar a
sua identidade e as suas culturas.

Em suma, a educação em direitos humanos deve ser orientada para


que a dignidade humana e o impedimento do sofrimento humano sejam
as bases do trabalho com esta temática, independente se ele ocorrer na
28 Educação em Direitos Humanos

educação formal ou não formal. E esse processo só se tornará possível,


à medida que as autoridades e a sociedade em geral, reconheçam a
capacidade dos indivíduos em desenvolverem o pensamento crítico.

A educação em direitos humanos deve ser vista como uma política


pública capaz de transformar os valores e as atitudes daqueles que são
excluídos e marginalizados nos espaços sociais. Além disso, é preciso
considerar cada vez mais a necessidade de respeitar as diferenças e as
diversidades existentes entre os seres humanos.
Figura 11 - Direitos humanos e um mundo mais igualitário

Fonte: Pixabay

Sabemos que muitos avanços já ocorreram ao longo dos anos


no que diz respeito aos direitos humanos. Mas há urgência em acelerar
programas e políticas públicas capazes de combater o racismo, a
violência, o sexismo, a xenofobia e tantas outras situações causadoras do
sofrimento dos seres humanos de todo o mundo.
Educação em Direitos Humanos 29

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar sobre a Declaração Universal dos


Direitos Humanos? Recomendamos o acesso à seguinte
fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo – “LEANDRO
KARNAL - Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH)”. Disponível no link: https://bit.ly/2IG2X6e. Confira!

RESUMINDO:

Nesta última unidade letiva desta disciplina, estudamos


alguns dos importantes aspectos da educação em direitos
humanos fora da Escola. Retomamos a importância da
educação não formal para os direitos humanos, destacando
o papel fundamental das instituições sociais em nosso
país, as quais desenvolvem muitos projetos culturais,
esportivos e educacionais. Além disso, reconhecemos a
paz e os valores como propostas de Educação em Direitos
Humanos, discorrendo sobre tais aspectos, a partir da
perspectiva de direitos que, quando são assegurados,
garantem a promoção de outros direitos. Por fim,
terminamos esse capítulo, conhecendo as propensões
da educação em direitos humanos, refletindo sobre os
desafios e as tendências de promover esse assunto como
temática de estudos. Como falamos, esse tema sempre
merece muita atenção e requer muito estudo, por isso,
esperamos que esta disciplina lhe possibilite continuar
aprendendo mais sobre os direitos humanos. Não deixe de
realizar as atividades propostas com base nesta temática.
Bons estudos!
30 Educação em Direitos Humanos

REFERÊNCIAS
BOBBIO, N. A Era dos Direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho.
Rio de Janeiro, 19ª. Reimpressão. São Paulo: Elservier, 1992.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos
temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf. Acesso em: 23 maio 2019.

BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos-


PNEDH. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Brasília: Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério
da Justiça, Unesco, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
docman/2191-plano-nacional-pdf/file. Acesso em: 23 maio 2019.

JARES, X. R. Educar para a paz em Tempos Difíceis. São Paulo:


Palas Athena, 2007.

UNESCO. Plano de Ação: Programa Mundial para Educação em


Direitos Humanos. Paris: UNESCO, 2006. Disponível em: https://unesdoc.
unesco.org/ark:/48223/pf0000147853. Acesso em: 23 maio 2019.

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