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Didática

Marly Savioli

Aula 04

Processo
Aprendizagem
A Avaliação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
MARLY SAVIOLI
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autora
MARLY SAVIOLI
Olá! Meu nome é Marly Savioli. Sou mestranda em Educação e pós-
graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola. Além disso, sou formada
em Pedagogia, com especialização em Administração e Supervisão Escolar.
Tenho 35 anos de experiência técnico-profissional na área educacional,
durante os quais trabalhei para escolas particulares, Prefeituras Municipais e
Assessorias Educacionais em geral.
Como educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como professora,
orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e diretora.
Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo por meio da
educação, trabalho atualmente para a Fundação Lemann como formadora
de educadores e gestores educacionais, orientando-os e subsidiando seus
trabalhos com caminhos mais eficazes. Por isso, fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Metodologias, procedimentos e técnicas de ensino-
aprendizagem............................................................................................. 10

Metodologia........................................................................................................................12

Procedimentos de ensino...................................................................................... 14

Técnicas de ensino......................................................................................................16

A avaliação: por que, quem e o que se deve avaliar.............. 19

Planejamento educacional: tipos de planos..............................27

Planejamento educacional...................................................................................27

Planejamento curricular..........................................................................................29

Planejamento de ensino........................................................................................ 30

Projetos educacionais.............................................................................32
Didática 7

04
UNIDADE

PROCESSO APRENDIZAGEM – A AVALIAÇÃO


8 Didática

INTRODUÇÃO
Existem muitos aspectos que devemos considerar para que o
ensino se efetive em aprendizagem.
Nesta unidade, vamos explorar o conceito de métodos, técnicas
e procedimentos de aula, entendendo a avaliação como um processo
usado para encaminhar os trabalhos realizados pedagogicamente e
conhecer os diferentes tipos de planejamento que existem na educação.
Além disso, vamos conhecer o que é um projeto educacional e
como devemos construí-lo.
Todas essas informações são fundamentais para o profissional da
educação.
Com certeza, ao final desta unidade, você terá informações
suficientes para iniciar suas reflexões sobre o trabalho que realizará
futuramente.
Didática 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo ao nosso processo de aprendizagem -
A avaliação Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliá-lo no atingimento dos
seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

• Diferenciar métodos, técnicas e procedimentos de ensino;


• Entender a importância da avaliação na educação;
• Conhecer os diferentes tipos de planejamento;
• Identificar importantes aspectos na construção de um projeto
educacional.

Vamos, então, rumo ao conhecimento. Bons estudos!


10 Didática

Metodologias, procedimentos e técnicas


de ensino-aprendizagem
O desafio de ensinar exige do educador uma postura de
pesquisador. Isso significa, por um lado, ser pesquisador de sua prática,
trabalhando e refletindo sobre sua atuação como docente. É por
meio de uma prática reflexiva que o professor pode concretizar o seu
objetivo principal: o de garantir a aprendizagem dos alunos. Por outro
lado, é necessário que ele seja um pesquisador de práticas e teorias
historicamente construídas, que embasem seu trabalho em sala de aula.
O ensino sofreu e continua sofrendo mudanças drásticas em
função de vários fatores, como os avanços tecnológicos que têm
impactado a vida de todos. Considerando isso, o professor precisa
refletir constantemente acerca da forma como tornar sua aula mais
interessante. Nesse caso, uma possibilidade poderia ser a de que o
professor aprendesse a utilizar a tecnologia como sua aliada, deixando
de lutar contra ela como uma inimiga.
A sociedade vive em constante transformação, e a legislação
educacional é pautada por diferentes visões políticas, econômicas e
sociais. Atualmente, vivemos em um mundo globalizado, em que se exige
cada vez mais que os estudantes desenvolvam novas competências
para saber lidar com os desafios do século XXI. Nesse sentido, volta-
se a atenção para as transformações da sociedade e a necessidade de
modificar as tradicionais formas de ensinar, de aprimorar constantemente
as práticas e os saberes docentes (VAILLANT & MARCELO, 2012).
Muitos professores se formam na universidade e já assumem
uma sala de aula; contudo, por vezes, a formação inicial não é suficiente
para garantir uma prática profissional que dê conta da complexidade do
processo de ensino- aprendizagem. Sendo assim, o aprender contínuo é
essencial como forma de ação-reflexão do professor.
Em uma sala de aula, muitas surpresas ocorrem. Não há nada
mais dinâmico e instável que uma sala de aula, que é heterogênea –
composta por pessoas de diversas culturas familias, crenças e costumes.
O maior desafio do professor é saber utilizar as diferenças em seu
Didática 11

trabalho, para que elas se tornem aliadas do processo de aprendizagem.


No entanto, na prática, isso não é tão simples. Compreender que as
turmas são heterogêneas não é o mesmo que saber como trabalhar
com essas diferenças.
Como agir com alunos que estão em constantes conflitos? Alguns
desses problemas podem ser familiares, outros, financeiros. A formação
da personalidade de cada um que dependerá de muitos fatores.

Figura 1: Escolha de métodos pelo professor

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

O professor precisa estar pronto para enfrentar esses desafios e


ser capaz de criar uma cultura escolar em que o aluno seja capaz de
entender que aquele espaço é de aprendizagem e, ao entrar em sala de
aula, esteja comprometido com as atividades ali propostas.
A experiência do professor ajuda muito, pois sua vivência já lhe
permite estabelecer algumas condições que o ajudam a identificar
possíveis focos de dispersão e saber contorná-los.
Devemos ainda insistir que o professor não tem somente de
trabalhar conteúdos, mas sim formar alunos para a sociedade, o que
amplifica o grau de dificuldade em sua atuação. Com isso, considera-se
que o docente, em sua trajetória profissional, constrói e reafirma seus
12 Didática

conhecimentos, levando em conta a necessidade de sua utilização, suas


experiências e seu percurso na formação (NUNES, 2001).
Não existem mais métodos definidos, e sim a busca de caminhos
que garantam a aprendizagem.
O que é certo é que os professores devem:
• Ter formação adequada para ministrar aulas;
• Ter domínio sobre o conteúdo a ser trabalho;
• Ter conhecimentos metodológicos e didáticos de que farão
uso de acordo com os objetivos e as características da sala de aula e da
comunidade escolar;
• Estar em formação contínua, ou seja, conscientizar- se da
necessidade de busca constante por novos caminhos que garantam a
aprendizagem;
• Estar cientes de seus objetivos, ter expectativas definidas e
clareza dos objetivos da instituição de ensino.
Em razão de tantas questões que envolvem o ensino e,
consequentemente, o aprendizado, exploramos o percurso histórico da
didática nos módulos anteriores, bem como as influências políticas e
sociais e as teorias surgidas em função dessas condições em busca de
um ensino mais qualificado.
Verificamos também que houve progressos e retrocessos nas
teorias educacionais, em função de influências políticas, econômicas e
sociais. É fundamental que o professor tenha conhecimento das diferentes
perspectivas teóricas, que demarcaram distintos posicionamentos
acerca do processo de ensino-aprendizagem. Assim, ele deve conhecer
caminhos didáticos e adaptá-los à realidade em que está inserido,
alinhando-os com a proposta político-pedagógica da escola.

Metodologia
Mas o que é metodologia de ensino? Nérice (1987, p. 285) define
método de ensino como um “conjunto de procedimentos lógica e
psicologicamente ordenados utilizados pelo professor a fim de levar o
educando a elaborar conhecimentos, adquirir técnicas ou habilidades e
a incorporar atitudes e ideais”.
Didática 13

A metodologia está ligada à epistemologia e ao conhecimento,


buscando em teorias o apoio para garantir o ensino-aprendizagem
pretendido.
O método de ensino é o caminho escolhido para ensinar, o qual
pode ser um processo intelectual que analisa, reflete e questiona um
fenômeno estudado. Pode ser também operacional, perseguindo formas
de organizar de forma lógica a aula e garantindo técnicas e sequências
que levem ao objetivo esperado.

VOCÊ SABIA?

Epistemologia é uma palavra grega que significa


conhecimento. Em outras palavras, poderia ser definida
como a teoria que estuda a origem do conhecimento e
busca responder o que é conhecimento. Como é possível
ter conhecimento?

Ainda de acordo com Nérice (1987), os métodos podem ser


pensados objetivando o ensino em grupo, coletivo, individualizado e
socializado-individualizante. A seguir serão apresentadas essas três
modalidades de organização do ensino, que expressam relações
diferenciadas entre professor e alunos.
O método de ensino coletivo consiste em garantir a aprendizagem
de um grupo de estudantes com equivalências pessoais, buscando uma
média nos resultados. A principais metodologias usadas nesse método
consistem em aulas expositiva, leituras etc.
O método de ensino em grupo consiste em proporcionar a
aprendizagem por meio da interação de grupos, os quais enfrentarão
atividades em conjunto. Debates, reflexões, painéis e exposições são
práticas comuns nesse método.
O método de ensino individualizado, por sua vez, considera um
ensino-aprendizagem que atenda às condições pessoais de cada aluno. Para
isso, lança-se mão de instruções personalizadas, como estudos dirigidos
individuais, supervisionados, tarefas dirigidas, módulos instrucionais etc.
14 Didática

Já o método de ensino socializado-individualizado apropria-se


dos métodos acima expostos, considerando atividades que possibilitem
trabalhos em grupos e individualizados, visando formar um cidadão
consciente de suas decisões com base no seu próprio raciocínio.
Há de se entender que, seja qual for a metodologia escolhida, as
técnicas que o professor irá usar em sala de aula precisam ser planejadas
com intencionalidade e devem estar alinhadas aos objetivos da aula e
à realidade dos estudantes. O objetivo do plano de aula é ajudar o
professor a garantir a aprendizagem e, por isso, ele precisa ter claro
aonde deve chegar para pensar em caminhos que a concretizem.
O professor deve se perguntar: quais técnicas posso usar para
que os alunos se interessem por esse assunto? Que atividades
posso realizar para que eles ampliem seus conhecimentos e queiram
saber mais? Como essas técnicas podem me ajudar a alcançar o tema
explorado sem que eu corra o risco de me distanciar dos objetivos
pretendidos?
Para isso, é preciso conhecer os alunos, suas potencialidades e
os recursos de que se dispõe na escola, pois não adiantará propor
atividades que os alunos não estejam preparados para enfrentar e nem
que precisem de equipamentos não disponíveis na escola.

Procedimentos de ensino
Segundo o Dicionário Michaelis, procedimento consiste na
ação ou operação contínua e prolongada de alguma atividade; curso,
decurso, seguimento. Outra forma de compreendermos o que
significam procedimentos de ensino é utilizando a definição de Scarpato
(2004, p. 28): ”são ações do professor e do aluno, no processo ensino-
aprendizagem.
É preciso haver cuidado entre as palavras método e procedimento
para que não se confundam. O professor pode ter um método
preestabelecido pela escola, ou mesmo de sua escolha. Por exemplo, um
professor poderá usar um método construtivista, porém, para atingir um
objetivo geral, existem vários caminhos e procedimentos a serem tomados.
Didática 15

São vários os processos que o professor pode utilizar para


trabalhar um determinado conteúdo, como: apresentação em grupos,
aula expositiva, debates, dramatizações, ensino com pesquisa, ensino
por projetos, seminário, soluções para situações-problema etc.

Figura 2: Procedimentos de ensino

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

De qualquer forma, para quaisquer procedimentos que sejam


escolhidos, é preciso ter claro o objetivo da aula, quais serão as atribuições
do professor nesse processo e as atribuições dos alunos. É comum que a
escolha do processo não tenha nenhum critério estabelecido, mas ela
precisa garantir uma articulação coerente entre professor, conteúdo e aluno.
Normalmente o processo escolhido é o expositivo, e os alunos
ficam inertes aguardando as falas dos professores, sem interação
com o conhecimento específico e recebendo-o de forma fechada e
impassível. Mas existem processos mistos nos quais o professor trabalha
explanando, porém na sequência, dá oportunidade de o aluno vivenciar
os conteúdos na prática.
O importante é que atualmente defende-se a ideia de que o
conhecimento deve ser construído de forma conjunta, isto é, com o
16 Didática

professor e o estudante dividindo o protagonismo no processo de


ensino-aprendizagem.
Existem momentos em que o professor poderá assumir um papel
mais ativo, expondo, explicando, propondo,exemplificando conteúdos.
Em outros momentos, o conhecimento poderá ser explorado em
conjunto, permitindo ao aluno participar dessa construção, dando sua
opinião, mostrando sua forma de resolver um problema, realizando a
atividade proposta com auxílio do professor, ou mesmo o professor
resolvendo uma atividade com auxílio do aluno. Em outros momentos,
ainda, o conhecimento poderá ficar somente na mão do aluno, quando
ele sozinho resolverá uma determinada situação, como em uma avaliação.
É relevante que os professores pensem em procedimentos que
garantam essas três fases e assim transformem suas aulas em momentos
ativos e dialógicos.
Os procedimentos de ensino são geralmente escolha do professor
e devem estar alinhados com os objetivos e ser praticados com
intencionalidade. Eles podem ser atitudinais, procedimentais e conceituais.

Técnicas de ensino
Segundo Anastasiou e Alves (2006, p. 68-69): “a palavra técnica
deriva do grego e diz respeito à arte. Refere-se à arte material ou ao
conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito ou habilidade especial
de executar ou fazer algo”. Em resumo, o método é o caminho que
escolhemos para ensinar, e as técnicas concretizarão esse caminho.
As técnicas pedagógicas devem ajudar o professor a atingir
seus objetivos. Mas como tornar o conteúdo mais interessante? A técnica
escolhida poderá tornar o ensino mais agradável, motivar os alunos
e despertar seu interesse. De acordo com Araújo (1991), o método de
ensino deve ser constituído por um conjunto de processos de que o
professor lança mão para perseguir a finalidade de ensinar.
Existem várias técnicas de ensino, e Doug Lemov, em seus livros
Aula nota 10 e Aula nota 10 2.0, expõe algumas que teve oportunidade de
observar em centenas de professores e elegeu como as mais eficientes
e eficazes.
Didática 17

Figura 3: Técnicas de ensino

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Lemov apresenta técnicas que garantem uma cultura escolar


mais voltada à aprendizagem, com o aproveitamento de 100% do tempo
de aula, de leituras, de escrita, de comportamentos e de envolvimento
dos alunos. Essas técnicas já foram testadas e realizadas com
intencionalidade, e ajudam muito os professores.
O professor deve se perguntar como pode garantir que os alunos
entrem em sala já comprometidos com o aprendizado. Para isso, ele
precisa estar ciente do que espera, informando aos alunos, de forma
clara, suas expectativas, e deve manter essa conduta durante todas as
aulas. Se o professor não tiver claro o que quer, não saberá escolher
técnicas adequadas aos seus alunos, a fim de que os ajudem a atingir
seus objetivos. Qualquer técnica poderá ser utilizada; no entanto, se
não for exemplo do que solicita, não terá bons resultados. Como exigir
organização se não há organizado para demonstrar isso?
Doug Lemov propôs muitas técnicas, entre as quais se destaca
a que ele denominou “De surpresa”. Essa técnica visa garantir que todos
os alunos fiquem atentos à aula e dela participem integralmente. É
18 Didática

comum um professor usar perguntas para engajar os alunos, mas


muitos ficam dispersos. Por exemplo, se fizermos uma pergunta sobre
algum assunto e, de antemão, solicitarmos que ela seja respondida por
determinado aluno, os demais poderão relaxar e não tentar responder à
questão apresentada. Vejam uma forma de isso acontecer:
– Valquíria, qual a fórmula da água?
Se Valquíria é a aluna que irá responder à pergunta, os outros
alunos poderão não se preocupar em pensar na resposta. Já se usarmos
a técnica de “De surpresa”, a pergunta seria realizada da seguinte forma:
– Qual a fórmula da água, Valquíria?
Primeiro foi feita a pergunta, e depois escolhida a pessoa que
iria respondê-la. Assim, todos elaboram a resposta mentalmente, pois
sabem que podem ser chamados a qualquer momento.
Essa é uma técnica simples e que garante que todos participem
da aula. Eu, como professora, posso dar meu testemunho, pois ainda
hoje a utilizo em minhas palestras e aulas. Funciona!
Muitas pessoas podem confundir o uso da técnica de ensino
com uma educação tecnicista, mas a relação entre elas, apesar de ser
muito tênue, também é diferenciada. Eu posso oferecer uma educação
tecnicista em que o ensino seja extremamente mecânico, mas posso
também oferecer uma educação crítica que faça uso de técnicas que
jamais tentarão transformar o aluno em um ser apático e sem opinião,
como essa citada acima, a “De surpresa”, na qual o aluno é estimulado a
participar de toda a aula.
Métodos, procedimentos e técnicas: todas essas questões
dependem muito da intencionalidade e dos objetivos especificados.
Nesse sentido, as técnicas de ensino não constituem o foco central
do processo ensino-aprendizagem, mas precisam estar vinculadas
aos objetivos e conteúdos, permitindo, assim, que os estudantes
estabeleçam relações entre os conceitos trabalhados.
Didática 19

Figura 4: Intencionalidade definindo caminhos para ensinar

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

A avaliação: por que, quem e o que se


deve avaliar
A palavra “avaliação”, quando mencionada, é normalmente
relacionada à palavra “prova” e não traz nenhum conforto para os alunos.
Por quê?
A prova vem sendo usada de forma ameaçadora. Dentro de uma
perspectiva comportamental proposta por Skinner, temos a ideia de
que o comportamento pode ser controlado por meio de recompensas
e punições. A sensação é de que as provas são recompensas para
quem atinge boas notas e punições para quem não atinge as notas
mínimas que demonstrem o aproveitamento.
Nesse sentido, os estudantes relacionam a prova a um “acerto
de contas”, em que o professor vai elogiar quem teve um desempenho
satisfatório e punir quem ficou abaixo da média.
20 Didática

Figura 5: Avaliação

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Outro aspecto que pode ocorrer é a utilização das avaliações como


um instrumento de repressão e de controle por parte dos professores.
Frases como “quero ver a hora da prova!”, “Vamos ver quem vai se sair
bem na prova?”, “Se continuarem assim, vou realizar uma prova” são
usadas na tentativa de conscientizar o aluno de que ele deverá estudar,
ignorando a possibilidade de usar métodos adequados para engajá-lo
na aula, envolvendo-o como partícipe de suas próprias aprendizagens.
Mas, se a avaliação não deve ter esse tom, qual será sua função?
A avaliação deve ser realizada naturalmente para que o professor
possa verificar a compreensão dos alunos sobre determinados conteúdos
trabalhados, observar se seus métodos e procedimentos escolhidos
atingiram seu objetivo, se existem estudantes que precisam de um processo
diferenciado; enfim, avaliar se o processo de ensino está garantindo a
aprendizagem.
O que fazer com essas informações? Após realizar a avaliação, o
professor precisa tomar decisões. Se for constatado que os objetivos de
aprendizagem foram alcançados, ele poderá dar prosseguimento às
aulas aumentando o nível de dificuldade cognitiva dos alunos sobre os
assuntos já trabalhados e outros.
Se o professor constatar que existem alguns alunos com
dificuldades, qual será seu procedimento? Continuará o conteúdo,
Didática 21

deixando-os sem condições de avançarem? Ou realizará atividades


que propiciem a recuperação dos conteúdos trabalhados usando
técnicas e processos diferentes? Qual será seu objetivo a partir disso?
Recuperar a nota ou criar condições para que ocorra a aprendizagem?
A avaliação não precisa ser realizada somente por meio de
provas. O professor poderá avaliar processualmente seus alunos,
observando outras atividades realizadas, suas produções, sua
participação e considerando vários aspectos que podem influenciar
suas aprendizagens.

Figura 6: Observação do professor

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Um aluno tímido poderá não se pronunciar em uma aula, mas,


na atividade escrita, pode se sair muito bem. Um aluno disléxico, por
sua vez, poderá ter entendimento certeiro do conteúdo, mas, na prova
escrita, não ter as mesmas condições para expressar seu conhecimento,
em função de sua dificuldade para ler e escrever. Assim, a avaliação
deve ser entendida como um instrumento que norteará os trabalhos
realizados em sala de aula.
Por ser um processo que deve nortear o processo de ensino e
aprendizagem, a avaliação poderá ser realizada pelo professor, pelo
diretor, pelo coordenador e, principalmente, pelo aluno.
Normalmente, o professor deve realizar a avaliação para
garantir a aprendizagem, e o coordenador e o diretor devem realizar
22 Didática

acompanhamento sistemático dos resultados e pensar em investigar


os motivos e capacitar os professores para realizarem seu trabalho
cada vez melhor, oferecendo condições de um trabalho cada vez mais
orientado e eficaz.
E o aluno? O aluno precisa muito ter consciência do seu
aprendizado. Entender como se aprende é fundamental para achar
caminhos para os estudos e preparar-se para as avaliações. Isso se
chama metacognição, ou seja, permitir ao estudante compreender as
estratégias mais eficientes na realização das tarefas.
A metacognição é muito ignorada atualmente, mas é um
dos processos que mais influenciam a aprendizagem. Como tenho
consciência de que aprendo mais quando escrevo, sempre que tenho de
estudar, escrevo sobre o assunto. Outras pessoas aprendem mais com
recursos audiovisuais, e outras com a reflexão, e por isso os professores
devem pensar em aulas que propiciem várias formas de aprendizagem,
como usar recursos audiovisuais, propiciar reflexões, debates, solicitar
que escrevam e assim por diante.

Figura 7: Metacognição

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora


Didática 23

Alguns professores estimulam a autoavaliação, propondo


instrumentos reflexivos e que levem o aluno a perceber seu rendimento.
Mas é preciso ir além. Os professores precisam usar instrumentos
que ajudem os alunos a entenderem esses resultados e ainda planejarem
formas de vencerem os obstáculos. É importante elencar algumas
sugestões de avaliação que favoreçam esse processo.
Vamos conhecer a “Lista de verificação”. Por meio da lista de
verificação, o aluno poderá acompanhar e avaliar o trabalho que está
desenvolvendo. Veja um exemplo:

Tabela 1: Lista de verificação

Como me
saí nessa
Data da Qual o próximo
Atividade Já fiz? atividade?
entrega passo?
Preciso mudar
alguma coisa?

Ler o capítulo
1 do livro A 05-05
profetiza.

Realizar o
resumo do 08-05
capítulo 1.

Listar
evidências
sobre a 10-05
personalidade
da profetiza.

Listas
inferências
15-05
sobre sua
personalidade.

Fonte: Elaborada pela Autora, 2019


24 Didática

Observe que nessa lista de verificação o aluno sabe exatamente


o que deve ser feito e o prazo que tem para isso. Preenchendo essa
tabela, ele poderá verificar seu desempenho e realizar um planejamento
de recuperação, caso seja necessário.
Outro instrumento interessante é a tabela SIAR.
SIAR vem de:
• S - Saber;
• I - Indagar;
• A - Aprender;
• R - Refletir.
Ao início de um conteúdo, o professor poderá oferecer ao aluno o
preenchimento das colunas S e I. Verifique a imagem abaixo:

Tabela 2: Tabela SIAR

S - Saber I - Indagar A - Aprender R - Refletir

O que eu O que eu
sei sobre gostaria de
determinado saber sobre
assunto? esse assunto?

Fonte: Elaborada pela Autora, 2019

Assim, o professor consegue identificar os conhecimentos prévios


dos alunos e quais aspectos poderá abordar para criar interesse sobre o
conteúdo a ser desenvolvido.
Depois do uso de alguns procedimentos de aula sobre o assunto,
o professor poderá oferecer o preenchimento das duas últimas colunas.
Didática 25

Tabela 3: Tabela SIAR

S - Saber I - Indagar A - Aprender R - Refletir

O que eu O que eu
O que eu Como eu
sei sobre gostaria de
aprendi sobre o aprendi sobre
determinado saber sobre
assunto? esse assunto?
assunto? esse assunto?

Fonte: Elaborada pela Autora, 2019

Dessa forma, o professor identifica o conhecimento construído e


percebe quais foram as técnicas que o ajudaram nessa aprendizagem,
enquanto o aluno percebe quais formas o ajudam a aprender.
Outra questão importante é: o que devemos avaliar? Tudo
dependerá dos objetivos do professor. Ter os objetivos estabelecidos e
como será feita a avaliação antes de pensar em procedimentos de aula
é importante, pois garante que esses sejam alinhados tanto ao objetivo
quanto à avaliação.
O professor deve se perguntar: o que meu aluno precisa saber
sobre isso? Como vou avaliar se ele aprendeu? A escolha de mecanismos
de avaliação precisa ser levada a sério.
Avaliar implica definir critérios. Já viram um professor avaliando
redações? Se ele não tiver critérios preestabelecidos, correrá o risco de
avaliar os alunos de forma diferente.
Imagine a disposição do professor avaliando sua primeira prova
com questões dissertativas. Agora, imagine-o corrigindo a prova de
número 89. Será da mesma forma?
Estabelecer critérios de correção é fundamental para que haja
coerência e justiça. Para isso, alguns professores usam as rubricas
de avaliação, que são instrumentos que determinam critérios
preestabelecidos e que podem ser oferecidos aos alunos antes das
avaliações. Por exemplo, se for solicitada uma pesquisa para o aluno,
ele receberá os critérios que serão utilizados na correção. Vamos a um
exemplo?
26 Didática

Tabela 4: Lista de verificação

4 3 2 1

Não pesquisou
Pesquisou em Pesquisou em
Pesquisou em o tema nem
fontes variadas várias fontes,
duas fontes e citou suas
e citou essas mas não as
citou-as ao final fontes para a
fontes ao final citou ao final do
do trabalho. elaboração do
da pesquisa. trabalho.
trabalho.

As conclusões
As conclusões Havia
da pesquisa
estavam conclusões,
tinham Não havia
coerentes e a mas não
coerência e conclusões na
estrutura era estavam
apresentavam pesquisa.
parcialmente estruturadas
estrutura de
representada. coerentemente.
início e fim.

Fonte: Elaborada pela Autora, 2019

É um pequeno exemplo referente a critérios de avaliação,


que podem designar um quadro de referências, possibilitando o
monitoramento dos níveis de aprendizagem alcançados. Cabe lembrar
que nesse exemplo de escala de valoração o aluno deve orientar-se no
trabalho na coluna com graduação “quatro”. O professor poderá elaborar
a nota final com base nessas graduações.
Sugiro que os professores pesquisem sobre essa forma de
avaliar, pois existem vários modelos que podem auxiliá- los a construir
sua própria rubrica, de acordo com os objetivos e conteúdos propostos.
É importante que o professor tenha claro o que avaliar. Se ele
trabalhou com produção de textos discursivos, não poderá avaliar a
produção de textos poéticos. É necessário haver coerência entre o que
se ensina e o que se avalia.
Outra questão é que o professor deve explorar ao máximo o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, mas nas salas de aulas temos
diferentes alunos em condições variadas. Assim, é interessante que uma
Didática 27

avaliação possibilite a todos os alunos realizarem pelo menos parte da


prova. Oferecer questões das mais simples às mais complexas ajudará a
perceber os níveis de aprendizagem da sala e programar a recuperação
de conteúdos específicos.

Planejamento educacional: tipos de planos


Como já comentamos em outras unidades, planejar é um ato
inerente à atividade humana. Planejamos o fim de semana, uma viagem,
o dia de trabalho e até a vida de nossos filhos.
Neste momento, vamos nos concentrar em entender o que é
planejamento na escola.
Na escola, existem vários níveis de planejamento. São eles:
Planejamento educacional, Planejamento escolar, Planejamento
curricular, Planejamento de ensino. Vamos entender o que cada um
representa e como influenciam a aprendizagem dos alunos e o trabalho
do professor.

Planejamento educacional
O Planejamento Educacional é o mais abrangente na escola.
Podemos pensar que, se existe uma hierarquia, esse planejamento é o
principal, pois vem de uma esfera maior e que influencia todas as escolas.
Esses são os planejamentos em âmbito nacional, estadual, regional.
Alicerçado neles é que vamos planejar a escola. O planejamento é o
reflexo das políticas nacionais.
Como exemplo, temos a Leis de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). E é com
base nessas diretrizes que as escolas podem desenvolver seus próprios
planejamentos.
28 Didática

Figura 8: Plano Educacional

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

O planejamento escolar, ou da escola, baseado nas diretrizes


mencionadas acima, desenvolverá toda a organização da escola. Esse
plano envolve reflexões sobre organização geral, funcionamento e
proposta pedagógica da instituição. “É um processo de racionalização,
organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade
escolar e a problemática do contexto social.” (LIBÂNEO, 1992, p. 221)
Na construção de um plano educacional, é preciso considerar o
histórico da escola, suas percepções, sua caracterização da comunidade
e planejar o futuro, entendendo que todo planejamento deve ser flexível
e poderá ser aperfeiçoado sempre de acordo com a realidade vivenciada.
O planejamento deve partir da realidade e tentar suprimir as
defasagens que existem na escola.
Para planejar é preciso ter consciência dos recursos disponíveis
para realizar determinados planos de ação, prever consequências, ter
metas específicas, determinando ações que serão realizadas, quais
serão os prazos e uma maneira de mensurar se os objetivos foram
alcançados ao final do período.
Esse plano deve ser construído conjuntamente com a comunidade
escolar. Todos devem ter conhecimento e ajudar a concretizá-lo.
Didática 29

É preciso ter consciência de que não se conseguirá resolver todos


os problemas em um plano apenas. Por esse motivo, dar prioridade
para um determinado período e planejar ações para atingir os objetivos
principais fazem parte de um bom plano de escola.
Para que este não seja um documento “de gaveta”, é preciso
que o gestor esteja consciente de sua importância e supervisione
periodicamente sua implementação.

Planejamento curricular
Posteriormente à construção coletiva do planejamento escolar,
o planejamento curricular deverá atender as demandas estabelecidas
e definir a dinâmica escolar. O planejamento curricular será a previsão
sistemática e ordenada da vida escolar do aluno.
De acordo com Luckesi (2006, p. 112):
“o planejamento curricular é uma tarefa multidisciplinar que
tem por objetivo a organização de um sistema de relações
lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos de
conhecimento, de tal modo que se favoreça ao máximo o
processo ensino-aprendizagem.”
É com o planejamento curricular que analisaremos os objetivos
amplos e específicos da educação, definindo os objetivos das disciplinas
e os conteúdos que serão tratados para atingi-los.
Nessa construção, o professor precisa ter em mente os recursos
e a metodologia que poderá utilizar, sendo que esta não deve entrar em
conflito com o planejamento da escola.
Sua construção é tão delicada que pode incluir ou excluir pessoas
nesse processo de educação, e por isso é importante que ele reflita o
planejamento escolar e que tenha traços da caracterização regional e da
comunidade em que está inserida.
30 Didática

Figura 9: Planejamento da escola

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Planejamento de ensino
Por ser um assunto já explorado em outras unidades, vamos
relembrar aspectos de muita importância quanto ao planejamento de
ensino, que podemos também chamar de planejamento de aula. O
planejamento resultará no plano de aula. De acordo com Padilha
(2001, p. 98), o plano é a “apresentação sistematizada e justificada das
decisões tomadas relativas à ação a realizar”. Em outras palavras, o plano
de aula é o documento em que serão registradas as ações planejadas.
Pensando que todos os planos anteriores influenciam as aulas
dos professores, importante levar em consideração o aproveitamento do
tempo na condução das aulas. Para que seja um tempo bem aproveitado,
é importante que haja um plano de ensino, ou seja, o que ele e os alunos
farão para atingir um objetivo específico que vá ao encontro dos objetivos
escolares. É importante que o objetivo específico esteja muito claro, pois
ele indica o que o aluno deve saber ao final de cada aula.
Didática 31

O ensino não é uma via de mão única e, como os demais


planejamentos, existe o momento em que o professor deverá pensar:
para quem é esse planejamento? Assim, ele deverá ter consciência de
quem é seu aluno, em cada sala de aula, para pensar em estratégias de
ensino que promovam a motivação e a participação deles.
É no plano de ensino que o professor planeja formas de levar
os alunos a aprendizagens de determinados conteúdos. Nesse plano,
ele lançará mão de seus conhecimentos científicos, filosóficos e
pedagógicos, como os procedimentos e técnicas que o ajudarão nessa
empreitada do ensino.
Não existe um plano de ensino único e que servirá para todas as
classes e alunos. Ele precisa atender a demanda da maioria, mas deve
ser também flexível, sofrendo alterações quando necessário. E deve
estar sempre em busca de atingir o objetivo determinado.
Para isso, o professor precisa ter claro o tempo que terá e o
que fará em cada momento, prevendo a organização dos materiais
necessários, a disposição da sala de aula, recursos tecnológicos etc.

Figura 10: Plano

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Após a realização do plano de aula, é importante que os


professores realizem um registro reflexivo, em que poderão ponderar
sobre as atividades e seus resultados, trazendo assim informações que
orientem os próximos planos de aula.
32 Didática

Projetos educacionais
A palavra “projeto” pode ser encontrada em diversos contextos. Por
exemplo: projeto de lei, projeto pedagógico, projeto de marketing, projeto
de pesquisa etc. Nosso foco será, obviamente, o projeto pedagógico.
Nesse sentido, podemos entender projetos como atividades
para a realização de um objetivo específico, que geralmente têm
um período estabelecido que surgem normalmente em função de um
desafio ou oportunidade.
“É uma sequência de tarefas com um início e um fim que são
limitadas pelo tempo, pelos recursos e resultados desejados.
Um projeto possui um resultado desejável específico; um
prazo para execução; e um orçamento que limita a quantidade
de pessoas, insumos e dinheiro que podem ser usados para
completar o projeto.” (BAKER & BAKER, 1998, p. 5)
Na escola, o projeto objetiva o desenvolvimento de um
conhecimento desejado, a formação de competências e habilidades,
ou mesmo a correção de encaminhamentos pedagógicos.

Figura 11: Projeto escolar

Fonte: Editorial Telesapiens baseado na autora

Qualquer projeto precisa ter um objetivo, ações previstas e


períodos estabelecidos para se atingir uma determinada meta.
Os projetos perpassam por algumas fases, como: inicialização,
planejamento, execução, controle e encerramento. Importante confirmar
Didática 33

que ele não precisa ser sequencial. As fases devem estar adaptadas à
realidade local e suas possibilidades.
Para iniciar um projeto, é importante que se identifique um
foco importante, que se gere uma situação-problema e se determine
exatamente o que se pretende com ele.
Na fase de planejamento, é preciso identificar as ações que
efetivamente ajudarão a concretizar o objetivo, de forma sequenciada e
submetida a um cronograma.
A execução deve contar com uma supervisão que incentive,
determine e, de certa forma, cobre resultados e a realização das ações.
Se uma determinada pessoa ficou responsável por tabular algum resultado,
ela deve ter um período para realizar e alguém deverá supervisionar esse
trabalho e garantir que seja realizado no tempo previsto.
É muito interessante que esse processo seja registrado e arquivado
em um portfólio, que dará noções importantes para próximos projetos.
Para encerrar, é preciso avaliar o que foi realizado e se o objetivo
foi atingido.
Vamos a um exemplo?
Se identificamos na escola que os alunos do 3º ano do ensino
fundamental estão encerrando o ano e a maioria ainda não aprendeu
a ler e escrever, encontramos aí um bom objetivo. Poderia ser: garantir
que 100% dos alunos do 3º ano avancem para as séries seguintes
apropriados da leitura e escrita básicas.
É muito relevante que as conclusões que levaram a montar esse
objetivo sejam baseadas em evidências, e não em inferências.
De que forma sabemos que não estão alfabetizados? Devem
existir dados que possam ser tabulados e fundamentem a escolha
desse tema para trabalhar. O objetivo deve atender a uma necessidade
importante da escola e, para além disso, é preciso notar se o objetivo é
uma causa ou uma consequência. Por exemplo: sabemos que os alunos
não estão alfabetizados, mas qual o motivo dessa situação? É o
professor? São os alunos? Por quê? Se a causa do fracasso escolar
for os professores, talvez o objetivo devesse ser: realzar formação junto
aos professores dos anos iniciais do ensino fundamental para que sejam
exímios alfabetizadores.
34 Didática

O que é preciso entender, é que devemos desenvolver um projeto


sobre uma questão real e que dá ensejo a várias outras. Quando trabalho
sobre o efeito, e não a causa, tenho resultados efêmeros.
Determinados e fundamentados os objetivos, será necessário
comunicar à comunidade escolar e engajar a todos nesse objetivo. Esse
é um momento importante, quando os gestores devem estar abertos a
contribuições e sugestões diversas.
Garantindo o apoio de toda a comunidade escolar, e isso inclui
até mesmo as famílias, é preciso pensar nas ações que podem ser
realizadas para assegurar que o objetivo seja alcançado.
Elencadas as ações, é preciso determinar os responsáveis por
cada ação e o período em que será realizada.
As ações devem ser muito bem planejadas e acompanhadas. É
preciso também garantir que os custos sejam sustentáveis e que haja
disponibilidade humana para colaborar com as ações. Por exemplo,
podemos pensar em idas a uma biblioteca local semanalmente, mas, se
não houver um transporte, essa ação ficará comprometida.
Se vamos pensar na formação de professores, precisamos
garantir que os formadores estejam em condições de estudar para
organizar pautas bem elaboradas e que fortaleçam os professores rumo
ao objetivo do projeto.
Como nem todo planejamento garante a efetividade das ações,
é importante que se tenha como avaliar o andamento do projeto. Para
isso, recomenda-se que se iniciem as atividades já com dados iniciais,
como quantos alunos estão começando o projeto com pouco domínio
em leitura e escrita.
Durante o processo, deve-se realizar mais uma avaliação, para
constatar se as ações estão surtindo efeito. Os resultados deverão ser
analisados e, se for verificado que não houve uma boa melhora, então
será preciso repensar ações, qualificá-las e inová-las.
Ao final, uma nova avaliação mostrará se o objetivo foi ou não
alcançado. Desse resultado, faz-se necessário refletir:
• Se objetivo foi parcialmente atingido, o que faltou? O que
poderia garantir melhores resultados?
Didática 35

• O que será realizado na sequência? Insistiremos nesse projeto


até atingir os 100%, ou vamos passar para outras questões?
Observem que abordei um projeto educacional, mas existem
projetos escolares, que visam ao aprendizado do aluno. Um professor
poderá usar um projeto sobre o rio local para abordar diversas questões
de sua disciplina, e os alunos serão protagonistas nas descobertas, de
forma contextualizada, dentro de sua realidade e desse tipo de trabalho.
Muitas soluções já foram apresentadas às Prefeituras Municipais, por
exemplo, para solucionar problemas.

RESUMINDO:

O professor precisa de muita qualificação e informação para


realizar o seu trabalho, sendo que suas atribuições vêm
sendo ampliadas a cada dia. Cabe ao professor estudar,
informar-se e formar-se para cumprir bem seu papel e
escolher os métodos, procedimentos e técnicas que que
forem convenientes e eficazes.
A avaliação faz parte dos processos que o professor usa
para saber se seu trabalho é eficiente e identificamos a
importância de definir critérios e alinhá-lo aos objetivos,
sem que seja uma prática ameaçadora.
A educação é baseada em planejamentos que podem ser:
educacional, de ensino e curricular.
É importante que as escolas implementem projetos para
ensinar ou mesmo para corrigir alguns procedimentos, e
para isso é necessário seguir algumas indicações, como
identificar o problema mais importante e planejar para
resolvê-lo, organizando ações, tempos e responsáveis.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura


do livro: O planejamento estratégico. Um instrumento para
o gestor de Escola Pública, de Claudia Zuppini Dalcorso
(Paco Editorial).
36 Didática

BIBLIOGRAFIA
ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. (orgs.) Processos de ensinagem
na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula.
Joinville: Univille, 2003.

ARAÚJO, J. C. S. Para umaAnálise das Representações sobre as


Técnicas de Ensino. In: VEIGA, I. A. P. Técnicas de Ensino: Por Que Não?
Campinas: Papirus, 1991.

BAKER, S., BAKER, K. E. Project Management. New York: Alpha


books, 1998.

MICHAELIS moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo:


Companhia Melhoramentos, 1998.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4.


ed. Goiânia: Alternativa, 1992.

LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e


Proposições. São Paulo: Cortez, 2006.

NÉRICE, I. G. Didática geral dinâmica. 10 ed., São Paulo: Atlas, 1987.

NUNES, C. M. F. Saberes docentes e formação de professores: um


breve panorama da pesquisa brasileira. Educação & Sociedade, v. 22, n.
74, p. 27-42, 2001.

PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto


político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

SCARPATO M. (org.); CARLINI A. L, et al. Os procedimentos


de ensino fazem a aula acontecer. São Paulo: Editora Avercamp, 2004.

VAILLANT, D.; MARCELO, C. Ensinando a ensinar. As quatro etapas


de uma aprendizagem. Curitiba: Editora da Universidades Tecnológica
Federal do Paraná, 2012.

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