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Avaliação Teoria

e Prática
Fabíola Maciel Saldão

Aula 03

Avaliação Teoria
e Prática
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
FABÍOLA MACIEL SALDÃO
Olá. Meu nome é Fabíola Maciel Saldão. Sou formada em Letras, com
Mestrado em Estudos Linguísticos pela UNIFESP - SP, com uma experiência
profissional sólida na área de educação básica pública sendo professora de
Línguas por mais de 12 anos. Atuei também como Coordenadora Pedagógica
coordenando projetos e ações voltadas para a formação de professores e
tenho experiência na produção de materiais didáticos para EAD e para cursos
de Línguas. Sou uma profissional apaixonada pelo o que faço e que acredita
no poder da educação para impactar o mundo. Por isso fui convidada pela
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho, irei
contribuir com reflexões sobre avaliação. Conte comigo!
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Gestão e Avaliação................................................................................... 10

A Gestão Escolar e o uso dos resultados das avaliações.........10

A Gestão Escolar e a formação dos professores para uma


nova prática avaliativa............................................................................................... 14

A Gestão Escolar e a qualidade da educação.....................................17

A Gestão Escolar e o uso dos resultados das avaliações......... 19

Projeto Político Pedagógico e Avaliação...................................... 21

A concepção de Projeto Político Pedagógico......................................21

O Projeto Político Pedagógico e a Avaliação........................................24

A avaliação do Projeto Político Pedagógico...............................28

Registros e Avaliação..............................................................................33

Avaliação formativa e registros.........................................................................33

O portfólio como prática de registro............................................................37


Avaliação Teoria e Prática 7

03
UNIDADE
8 Avaliação Teoria e Prática

INTRODUÇÃO
Na Unidade 2 discorremos sobre a Avaliação na perspectiva das
concepções bem como as reflexões sobre fracasso escolar e possíveis
influências e motivações, nesta Unidade estudaremos a relação da
Avaliação com a Gestão e com o projeto político pedagógico da escola.
Estudamos também a importância da modificação da concepção
de avaliação e o quanto é importante um olhar reflexivo e coeso para
as práticas avaliativas, já não cabe mais a rigidez e a seletividade, o
caminhar para a mudança envolve aceitação da realidade, observação,
levantamento das necessidades e fragilidades no desempenho e a
intervenção para o aprimoramento das habilidades e assim o avanço
dos alunos.
Nesta Unidade faremos um caminho de reflexão sobre o papel
de uma área muito importante na escola: Gestão, e quais são as
contribuições desta área para que a prática avaliativa seja eficiente,
moderna, reflexiva e que possa garantir a melhoria do desempenho
dos alunos. Os escritos terão como enfoque também o exercício dos
gestores escolares nas práticas avaliativas e ainda a articulação entre o
projeto político pedagógico da escola e a avaliação da aprendizagem.
Vamos embarcar nessa? Com coragem e certeza que a magia da
educação sempre nos envolve com consciência reflexiva!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até
o término desta etapa de estudos:

•• Identificar os desafios postos para as instituições educativas na


construção de uma nova cultura avaliativa;
•• Entender o papel do projeto político pedagógico no desenvolvimento
de práticas avaliativas;
•• Analisar propostas alternativas de avaliação da aprendizagem;
•• Analisar critérios de avaliação, formas de registro e de comunicação
de resultados.

Agora é a sua vez.


Então? Que tal? Preparado para as leituras e reflexões? Vamos nessa!
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Gestão e Avaliação

INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo você será capaz de compreender


a importância da gestão escolar nas práticas avaliativas e
analisar as possíveis formas de apropriação dos resultados
gerados por essas avaliações pelas equipes gestoras nas
escolas. Mãos a obra!

A Gestão Escolar e o uso dos resultados das


avaliações
A avaliação da aprendizagem a partir da perspectiva mediadora
ocorre em um processo contínuo de acompanhamento e de intervenções
que visam a melhoria do desempenho e o realinhamento de práticas
pedagógicas. Tal processo ocorre a partir de instrumentos de apoio como
tabulação de dados e análise de gráficos e dos resultados de forma
qualitativa e quantitativa colaborando para a construção da intervenção
e assim para um melhor processo de ensino e de aprendizagem em sala
de aula
Sabemos que a avaliação, sempre presente no ambiente escolar,
foi fortalecida e ampliada com visões de acompanhamento contínuo e
intervenção e outro elemento importante para a avaliação educacional foi
a inserção de outra modalidade de avaliação educacional nos sistemas
e escolas, a chamada de avaliação externa ou avaliação em larga
escolar, elaborada fora do ambiente escolar por grupos de estudiosos
ou instituições com certo distanciamento do ambiente escolar
No Brasil, a preocupação em avaliar a qualidade do ensino por
meio de avaliações externas é mais fortemente observada depois do
final da década de 1980, quando foi criado o Sistema de Avaliação
do Ensino Público (Saep) que, posteriormente, foi transformado em
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 1990 o
SAEB teve a sua primeira edição e com isso tornou-se uma avaliação
Avaliação Teoria e Prática 11

muito importante para as iniciativas governamentais e foi neste período


juntamente com o desafio da democratização do ensino é que a atenção
aos resultados da escola se intensificou
Sousa e Oliveira (2010, p. 794) relatam que: [...] a partir da década
de 1990, a avaliação de sistemas escolares passou a ocupar posição
central nas políticas públicas de educação, sendo recomendada e
promovida por agências internacionais, pelo Ministério da Educação e
por Secretarias de Educação de numerosos estados brasileiros, como
elemento privilegiado para a realização das expectativas de promoção
da melhoria da qualidade do ensino básico e superior.
Nesse período de realização efetiva de avaliações externas,
estudos e análises foram realizados tendo com principal objetivo buscar
compreender o cenário educacional e compreender também qual é o
perfil de aluno brasileiro, quais são suas reais necessidades e em quais
níveis de desenvolvimento da aprendizagem pertence e também existe
outra vertente, sobre a apropriação dos resultados destas avaliações
externas pelas equipes gestoras nas escolas.
As redes públicas de ensino estaduais e municipais se organizam
para que estes resultados possam ser divulgados junto a equipe gestora
e docentes bem como junto a comunidade escolar e organizam também
reuniões pedagógicas e momentos de estudo cujo o enfoque é o estudo
das matrizes curriculares, dos quadros de habilidades e da porcentagem
de aluno e em quais níveis de desempenho estão.
Alguns órgãos acabam fazendo uso desta avaliação como política
pública para investimento em questões de formação e benefícios para
os professores, como bônus por desempenho etc...
Nesse sentido, os resultados das avaliações podem se constituir
como um instrumento capaz de subsidiar ações de gestão que visem
promover a organização, a mobilização, a articulação das condições
materiais e humanas necessárias para garantir o alcance do principal
objetivo da escola, que é a aprendizagem dos alunos. Para isso,
ressaltamos que a equipe gestora pode colaborar na promoção de
discussões sobre desafios que se colocam diante da prática educativa
do coletivo de professores, No que se refere à forma como acontece
à apropriação de resultados nas escolas, as escolas públicas recebem
12 Avaliação Teoria e Prática

orientações específicas de órgão como Secretarias e Diretorias de ensino


para que após as informações divulgas pelo MEC (Ministério da Educação)
se reúnem professores e gestores de acordo com o calendário letivo e
analisam os resultados a partir de uma pauta formativa e a partir daí,
elaboram planos de intervenções pedagógicas com o objetivo principal
de trabalhar as dificuldades e melhorar a aprendizagem do aluno.
Com relação a avaliação da aprendizagem escolar, o gestor
também possui papel fundamental no sentido do fortalecimento de
ações que garantam a promoção de uma avaliação muito mais justa e
que considere o processo diagnóstico em detrimento da seletividade.
Os professores necessitam do amparo e da formação necessária
para enxergar as possibilidades didáticas por traz da avaliação da
aprendizagem, é complexo o processo de mudança de prática e exige
antes de mais nada a formação e a quebra de crenças cristalizadas a
respeito do processo avaliativo.
Segundo Freire (1996), para a aprendizagem acontecer, deverá
ter sentido, é preciso que o Gestor juntamente com o professor analise
o que está acontecendo na aprendizagem de seus alunos. O trabalho
do Gestor esta indo de encontro com as expectativas do professor, e
este deve estar correspondendo às expectativas e interesse de seus
alunos. Isso requer desprendimento e sensibilidade da parte de todos
envolvidos no processo de construção do conhecimento.
Conforme Paro (2004), tornar a aprendizagem prazerosa e com
significado é levar o aluno a compreender que em sua vida, seu mundo,
isso trás sentido, transformações, que raramente acontecem. No
decorrer das mudanças, nas finalidades da educação, isto é, acontecem
quando a escola precisa responder às novas exigências da sociedade.
Em segundo lugar, na transformação do perfil social e cultural dos
alunos.
A avaliação executada no âmbito escolar, principalmente na
Educação básica, ganhou importância central em todos os países,
no contexto da reforma educacional com a finalidade de alcançar
maior competitividade internacional, empreenderam políticas de
transformação desse nível educativo. Entendida como elo importante
das reformas, a avaliação transborda os limites propriamente educativos
e se situa nos planos mais amplos da economia e da política.
Avaliação Teoria e Prática 13

A avaliação segundo Vasconcellos (2005), utilizada na escola com


testes exames dizem muito pouco sobre aprendizagem. Na verdade
os alunos passam por testes para os quais são treinados. A avaliação
tem tudo a ver com a maneira que o Gestor idealiza e orienta a prática
educativa, tornando assim um processo altamente eficaz. É interessante
notar que o fenômeno aprendizagem é reconhecido em todas as
espécies e está relacionado diretamente à busca da sobrevivência.
[...] A avaliação tratada no contexto educativo como intervenção
para conhecer o resultado do processo ensino e aprendizagem,
garante a essência das discussões. Se pensarmos a partir dessa
perspectiva, estaremos entendendo também o sentido crucial
desta no processo educativo, como reflexão e como intervenção,
tendo o intuito de descobrir as deficiências do processo
educativo, no sentido de resolvê-los, (VASCONCELLOS, 2005,
p.19).
Conforme enfatiza Vasconcellos (2005) sobre a avaliação do
processo de ensino-aprendizagem, afirma que deve ter o caráter
de acompanhamento de processo, intervindo no sentido de sanar as
deficiências encontradas. Dessa forma o Gestor para encaminhar o
processo avaliativo, no sentido de informar as pessoas que fazem parte
do processo de aprendizagem dos alunos, deve captar as necessidade
e falhas e comprometer-se com a busca da superação; possibilitar
aos professores e alunos refletirem conjuntamente sobre a realidade,
selecionar as formas apropriadas de dar continuidade ao processo,
tomada de decisão, uma mudança de atitude e comportamento. Para
tanto, é preciso definir os critérios a serem avaliados com todos os
envolvidos.
[...] Não basta ensinar conhecimentos, Mas, também, atitudes
de investigar, de debater, de respeitar posições divergentes,
de organizar-se, de tomar decisões coletivamente; capacidade
de estabelecer relações, de administrar seu tempo e seu
espaço, de criticar e interferir na realidade de forma reflexiva
e criativa, de adotar estratégias de resolução de problemas
(ANDRÉ, 2007, p 59).
14 Avaliação Teoria e Prática

Assim concebida, a avaliação se torna coerente com a concepção


de educação e da aprendizagem, quando busca por uma aprendizagem
eficaz, haja vista que o conhecimento é passado de forma integral. A
educação é uma aprendizagem no contexto de uma busca da realidade.
Esta realidade não pode estar definida por uma instituição, nem sequer
através de um controle e dos métodos pedagógicos. Deve através do
processo avaliativo, determinar a que realidade se quer alcançar, se
é através de um assunto uma situação concreta, se através de uma
pesquisa.
Desta maneira, quando se afirma que pela avaliação se verifica
continuamente o progresso da aprendizagem, reconhece a importância
de um Gestor quando este se manifesta auxiliando os professores no
processo de interação com os sujeitos da aprendizagem e estes com o
mundo social, que acontece de fora para dentro, isto é, o professor é o
agente que exerce sua ação sobre o aluno, orienta sua prática segundo
uma concepção de ensino caracterizado pela transmissão de algo
externo, pela instrução de objetivos e de conteúdos específicos. Esse
conteúdo é o centro do processo educativo. Ele está “sobre” os sujeitos
que ensinam e aprendem e o gestor deve ser o intermediário nesse
processo (ANDRÉ, 2007).

AGestão Escolar e a formação dos professores


para uma nova prática avaliativa
Carvalho (2003) defende que o desenvolvimento do professor deve
estar intimamente relacionado com o desenvolvimento do trabalho do
Gestor, e este com o desenvolvimento e a inovação curricular. Apoiando-
se nas ideias do autor, enfatiza a visão da escola como unidade básica
de mudança e formação, salientando alguns aspectos necessários ao
desenvolvimento dessa formação, existência de liderança instrucional
entre os professores, a existência de uma cultura de colaboração e, em
terceiro lugar existência de uma gestão democrática e participativa,
para que se consiga a relação entre o desenvolvimento profissional
e o desenvolvimento organizacional. Tal gestão deve proporcionar
autonomia aos professores, nas tomadas de decisão acerca do ensino,
das questões organizacionais, profissionais etc.
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Quanto às relações entre desenvolvimento profissional e


desenvolvimento e inovação curricular, o autor aponta que estas vão
ser determinadas pelas concepções e pelo papel que os professores
assumem na prática cotidiana, ou seja, o desenvolvimento profissional
tem relação com a imagem assumida pelo trabalho do Gestor.
Para Machado (2001), se o Gestor, executar seu papel de
mediador do ensino transparente e democrático na instituição escolar,
abrirá portas para a sua equipe envolver os demais segmentos escolares
no processo do ensino e aprendizagem, não se limitando apenas aos
alunos e professores, mas envolvendo toda a comunidade em geral,
mobilizando para que todos busquem a promoção do principal objetivo,
que é a aprendizagem dos alunos.
Em se tratando do desenvolvimento do Papel do Gestor no
âmbito escolar, Carvalho (2003) indica que novas metodologias deverão
ser desencadeadoras da ampliação do foco de estudo, em relação
as mudança mais significativa no aprendizado e, nesses últimos anos,
diz respeito à concepção do ensino que o Gestor tem se imbuído em
desenvolver junto a sua equipe. [...] as atividades desenvolvidas pelo
Gestor, é como um conjunto de processos e estratégias que facilitam
a reflexão dos professores sobre a sua prática, que contribui para
que os professores gerem conhecimento prático, estratégia e sejam
capazes de aprender com a A organização do trabalho do gestor é de
suma importância para a escola, uma vez que é ele que lidera, orienta
e conscientiza a equipe a desenvolver um ensino de qualidade. Nesse
contexto, até então existente, evidencia-se a necessidade do gestor,
de encaminhar e consolidar mudanças na perspectiva de se obter uma
formação inicial e continuada dos docentes na realidade atual.
A expectativa que deve ser criada pelos gestores, é de encontrarem
paradigmas, abordagens ou tendências pedagógicas inovadoras e que
seja transformadora da compreensão dos fenômenos educativos, das
atitudes do professor e do seu compromisso com a aprendizagem
dos alunos, é imprescindível considerar os processos pelos quais os
professores se apropriam e constroem seus conhecimentos, suas
características pessoais e suas experiências de vida e profissional.
16 Avaliação Teoria e Prática

[...] A formação inicial e permanente do profissional de educação


deve se preocupar-se fundamentalmente com a gênese do
pensamento prático pessoal do professor, incluindo tanto os
processos cognitivos como afetivos que de algum modo se
interpretam, determinando a atuação do professor, (GIMENO,
1988, p. 61).
Nesse pensamento, o autor coloca que a dimensão educativa da
profissão docente mostra-se mais concisa se considerar o gestor com
a competência profissional, dotar os professores de conhecimentos,
habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos e
investigadores. A formação do professor é o desenvolvimento da
capacidade de refletir sobre a própria prática docente, com o objetivo
de aprender a interpretar, compreender e refletir realidade social e a
docência.
Desta maneira, como acrescenta Vieira (2002), a formação deveria
dotar o professor de instrumentos intelectuais que sejam úteis ao
conhecimento e à interpretação das situações complexas em que se
situa e, por outro lado, envolver os professores em tarefas de formação
comunitária para dar à educação escolarizada a dimensão de vínculo
entre o saber intelectual e a realidade social, co a qual deve manter
estreita relações.
Portanto a formação do professor por parte da ação gestora,
deve transformar num papel ativo no planejamento, desenvolvimento,
avaliação e reformulação de estratégias e programas de intervenção
educacional e conjunta e com a comunidade que se envolve a escola.
A formação assume um papel que vai além do ensino que transmite,
além de uma mera atualização científica, pedagógica e didática e se
transforma na possibilidade de criar espaço de participação, reflexão
e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder
conviver com a mudança e com incertezas.
O trabalho de gestão escolar em qualquer dos níveis da escola
deve contemplar a necessidade de acompanhamento do processo em
termos de monitoramento e de avaliação.
O diretor escolar com sua equipe precisam explicitar a
compreensão de avaliação que perpassa o cotidiano da escola. Neste
Avaliação Teoria e Prática 17

sentido, para ser coerente com os fundamentos de educação, a


avaliação deve ser entendida como processo que inclui produtos, com
certeza, mas que não se limita a eles.
O diretor escolar deve estar atento para os diagnósticos de
necessidades a serem trabalhadas, monitorando com toda sua equipe as
atividades de ensino e de aprendizagem. Quando se exercita a avaliação
como processo, alteram-se significativamente os rituais engessados
porventura existentes no ambiente escolar. O tipo de aula do professor,
a forma como ele divide o tempo, o jeito de organizar os espaços, enfim
toda relação com o aluno ganha significado.
O diretor e todos os professores percebem que a avaliação como
processo vai reconfigurar a interação com a família, o planejamento dos
conteúdos, a forma deorganizar as turmas, e só assim a proposta da
escola vai se desenhando de forma coerente com os valores explicitados
no seu Projeto Político Pedagógico.
A avaliação de caráter meramente classificatório, por meio
de notas, provas e outros instrumentos similares, tem mantido a
repetência e a exclusão nas escolas. A avaliação contínua e qualitativa
da aprendizagem com a participação do aluno e tendo, inclusive, a
intenção de aprimorar o ensino e torná-lo cada vez mais adequado à
aprendizagem de todos os alunos diminuiria substancialmente o número
dos que são indevidamente avaliados e categorizados como deficientes,
nas escolas comuns

A Gestão Escolar e a qualidade da educação


No mundo atual, repleto de incertezas e desafios, o diretor
escolar, os professores, pais e toda comunidade demandam uma escola
de qualidade. Essa escola precisa ser de “qualidade”, não apenas para o
presente, mas que prepare para o futuro.
Estudos e pesquisas têm sinalizado que o perfil do cidadão
do século 21, deve atender a algumas características básicas tais como,
a criatividade, o relacionamento e a interatividade com outras pessoas,
a capacidade de liderança, a vontade de estudar e pesquisar sempre,
entre outros requisitos. Esta configuração não pode ser outorgada e
nem mesmo gestada em uma escola autoritária, mas sim construída em
18 Avaliação Teoria e Prática

espaços de conhecimento, de socialização e de cidadania.


Esta escola de qualidade, precisa ser equacionada de forma
concreta, porque não existe a escola de “qualidade” de forma genérica,
universal. Há que se “referenciar” a qualidade e os indicadores ainda
presentes na sociedade atual estão fortemente relacionados à cultura
escolar tradicional, que enfatiza crenças de que aprendizagem equivale
a conteúdos prontos transmitidos pelo professor e absorvidos pela
memorização.
No entanto, essas crenças já foram derrubadas pelo
desenvolvimento da neurociência e outras contribuições. As pesquisas
de ponta indicam que aprendizagem é um processo complexo, que
envolve aspectos intelectuais, afetivos, sociais, entre outros, e deve ser
ativa e interativa na construção de conhecimentos. Nesse processo, cada
ser humano é um ser em movimento, sempre inconcluso, e a escola
precisa ter clareza dessa visão de pessoa, de educação e de sociedade.
Por isso, uma escola de qualidade é, também, uma escola atenta
às diferenças, ou seja, uma escola que enxerga cada aluno em sua
identidade, promovendo a interação e garantindo a efetiva aprendizagem.
É nesse contexto que a compreensão e a defesa de uma escola para
todos, alunos com deficiência ou não, se tornam tão necessárias
sinalizando que inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças e a
intolerância é uma das principais causas de desumanidade.
Uma escola para todos não significa o barateamento de conteúdos
porque a sua função não é a de ministrar conteúdos prontos de alto
nível para alguns alunos, mas, sim, desenvolver cidadania para se viver
em um mundo plural e existem dimensões cognitivas, afetivas, sociais a
serem contempladas.
O professor da escola comum, quando começa a trabalhar com
as diferenças, abandona a postura tradicional de educação que acredita
que todos os alunos são iguais. O professor da escola comum só melhora,
proporcionando um ensino de qualidade quando descobre que todos
os alunos são especiais, ou seja, quando reconhece o trabalho com as
diferenças nas turmas escolares.
A escola de qualidade é uma escola inclusiva e o diretor,
juntamente com os professores e os pais não podem abrir mão desse
Avaliação Teoria e Prática 19

projeto, pois a atenção às diferenças vai contribuir para a construção


de uma sociedade mais justa, exigindo a transformação de práticas
excludentes que estão presentes na maioria das escolas comuns da
sociedade, impedindo a construção de uma cidadania por inteiro e a
construção de uma sociedade mais justa.
Gestão, Aprendizagem e Ensino: possibilidades e desafios, com
certeza!

A Gestão Escolar e o uso dos resultados das


avaliações
A educação brasileira é apontada por diversos estudiosos
(ABICALIL, 2011) como um campo de tensões e de desigualdades,
o qual tem raízes históricas e necessita de prioridades para sanar
essa perspectiva. Nesse contexto, a Constituição Federal de 1988
é compreendida como a Constituição Cidadã (CURY, 2008), porque
viabiliza diferentes conquistas e direitos sociais, entre eles, a educação.
A Constituição Federal apresenta uma estrutura legal na qual
proporciona oportunidades para que a sociedade brasileira assegure
uma significativa organicidade educacional. Entre os principais aspectos,
a autora menciona: a) a oferta da educação de zero aos dezessete anos;
b) o financiamento da educação e a responsabilização dos entes da
federação (União, estados/Distrito Federal, municípios); c) o regime
de colaboração; d) a gestão democrática, e outros. A gestão escolar
democrática como mecanismo de participação e de interesses ético-
políticos surge no final da década 1980. Essa concepção de gestão
escolar configura-se devido à abertura política e à democratização das
práticas sociais, visto que:
[...] a Educação brasileira nas últimas décadas, sob o imperativo
da democratização do país, abertura política, reorganização do
Estado e as exigências mercadológicas da economia global
a reforma educacional da década de 90 a qual detemos,
marca o início de uma nova etapa na construção histórica da
educação brasileira (LIMA, 2011, p. 151). (sic)
No processo de implantação da gestão democrática, a educação
pública se caracteriza em alguns documentos os quais destacam as
20 Avaliação Teoria e Prática

políticas educacionais visando a um caráter de qualidade na educação,


deixando de lado o autoritarismo, buscando inserir a gestão democrática
como direito e dever nas escolas. A representação é vista na Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 206 e na Lei de
Diretrizes e Bases 9394/96 em seus artigos 14 e 15
É interessante observar que a LDB (9.394/96) apresenta como
destaque da gestão democrática o projeto político pedagógico e
o conselho escolar, tendo como base a questão da autonomia nos
interesses pedagógicos, mas o que pode ser encontrado em algumas
escolas públicas, além desses componentes destacados, é a Eleição
de Diretores, o Grêmio Estudantil e a Associação de Pais e Mestres
que não são destacados na LDB, cada um com suas especificidades,
necessitando da presença das pessoas que fazem parte da comunidade.
Esses mecanismos são instrumentos significativos para o processo de
avaliação das atividades desenvolvidas no cenário escolar, sendo a
avaliação da aprendizagem uma dessas ações necessárias. De acordo
com Silva (2010, p. 53) “A auto - avaliação se constitui um processo
interno promovido pela própria comunidade acadêmica, segundo seus
ritmos, suas finalidades e suas regras. Há possibilidade do processo ser
participativo, dirigido ao social e destinado aos próprios sujeitos [...]”. É
necessário saber que a melhoria de qualidade da escola pública não se
dá de uma hora para outra; mas com a prática dos conhecimentos que
envolvem a gestão democrática de um modo generalizado, ou seja, o
ponto principal para a melhoria e mudança na instituição é a participação.
Nesse sentido, a avaliação da aprendizagem se caracteriza como um
componente necessário e pertinente para as vivências educativas.
Para tanto, a prática da participação carece da compreensão dos
sujeitos envolvidos sobre as ações que são vivenciadas e avaliadas. No
cenário escolar, a avaliação da aprendizagem se caracteriza como um
importante recurso didático-pedagógico, visto que viabiliza à instituição
escolar cumprir sua principal função que é a aprendizagem significativa
(SILVA, 2010).
Avaliação Teoria e Prática 21

Projeto Político Pedagógico e Avaliação

INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo você será capaz de compreender


a importância da gestão escolar nas práticas avaliativas e
analisar as possíveis formas de apropriação dos resultados
gerados por essas avaliações pelas equipes gestoras nas
escolas. Mãos a obra!

A concepção de Projeto Político Pedagógico


A concepção de projeto nos remete a ideia de lançar um novo
caminho, buscar um novo percurso, esquematizar uma nova atividade.
Um projeto pode estar em diferentes áreas da vida, projeto de uma casa
nova, projeto da reforma de um móvel antigo, projeto de uma viagem
internacional etc... O Projeto Político Pedagógico traz um percurso do
que a escola busca ideologicamente e pedagogicamente.
Em 1980, o Brasil vivia o movimento de democratização, após um
longo período de ditadura. Na concepção da Constituição de 1988, o
Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública foi um dos grandes agentes
pela “gestão democrática do ensino público”. Nessa época, iniciaram-
se as produções teóricas e as pesquisas sobre o Projeto Pedagógico,
tanto por estudiosos brasileiros como por franceses e portugueses
que refletiam as mudanças políticas em seus países. Na Constituição
Federal, no capítulo que se refere à Educação, encontramos, no artigo
206, incisos I, III, VI e VII (igualdade de condições de acesso à escola,
garantia de padrão de qualidade e pluralismo de ideias), os princípios
norteadores que favorecem a gestão democrática dos sistemas de
ensino público, que passou a incluir a população, antes excluída.
A lei de diretrizes e bases da Educação desde 1996 traz em seu
artigo 12, inciso 1º traz a orientação de que os estabelecimentos de ensino
do país, tem como objetivo elaborar e colocar em prática a proposta
pedagógica deixando claro o fato de que a escola não pode deixar de
lado sua intencionalidade educativa a gestão democrática da escola foi
22 Avaliação Teoria e Prática

regulamentada e assim foram criadas orientações para a organização


do espaço físico, para o trabalho pedagógico e para a participação de
pais, alunos e educadores, fortalecendo a articulação entre a instituição
e a comunidade. Diante dessas mudanças, surgiu a necessidade de criar
formas de gerir os processos e as tomadas de decisão nas unidades. A
instauração de um Projeto Pedagógico nasceu como um instrumento
importante para assegurar à gestão escolar essas novas perspectivas
políticas e educacionais.
Com isso, entende-se que a LDB 9394/96 levanta a questão
de construir o Projeto Político Pedagógico reconhecendo na escola a
capacidade de planejar e organizar as suas ações pedagógicas e políticas
em um ambiente de gestão participativa, ou seja, envolvendo todos os
sujeitos participantes da comunidade escolar (docentes, administração,
funcionários, alunos, pais e comunidade).
Porém, a conquista de leis que apoiam tal proposta para educação
não são suficiente para alcançar a verdadeira autonomia da escola,
pois o Projeto Político Pedagógico é consequência de um processo
determinado coletivo e democrático.
Segundo Brito (1997) o Projeto Político Pedagógico não é visto
como um instrumental legal e burocrático, ele oferece um significado à
atuação da escola norteando suas práticas educacionais.
Os atuais desafios da escola solicitam um projeto político pedagógico
verdadeiro, não é uma moda falar sobre a importância do projeto político
pedagógico e também não é um documento que deve ficar guardado na
gaveta, pois se torna um documento instrumental de toda a escola, o qual indica
caminhos, traça rotas e mostra quais são as culturas e ideologias que permeiam
aquela escola.
O Projeto Político Pedagógico (PPP) define a ambição da escola.
É, ao mesmo tempo, processo e produto, porque, com base no ponto
de partida, sinaliza o caminho a ser percorrido e aonde se chegará. Qual
escola temos e qual escola queremos.
No projeto político pedagógico há o planejamento que tem o
objetivo de orientar o funcionamento e a organização da escola para
assim poder conquistar uma educação de excelência e contextualizada.
A escola ao elaborar o projeto político pedagógico, reconhece sua
Avaliação Teoria e Prática 23

identidade e dá forma a sua organização, metas e seus planos a toda a


comunidade, o que proporciona avanços e a elaboração de estratégias
para se relacionar de forma significativa com o entorno. Muitos dos
estudiosos da área da educação ressaltam a importância da elaboração
participar do projeto político pedagógico de forma que todos deem
sentido ao documento e, com isso, haja a ruptura a experiência de
documento burocrático cumprido e entregue à Secretaria de Educação,
algo muito comum. Na ação coletiva devem envolver-se gestores,
coordenadores, professores, funcionários, alunos, pais e familiares e
representantes da comunidade vinculada ao processo educativo da
escola. Além desses participantes, a escola conta com instâncias de
colegiado, como o Conselho Escolar, a Associação de Pais e Mestres
(APM), o Conselho de Classe e os grêmios estudantis, os quais são
grupos de ação coletiva. É o envolvimento de todos que dá vida ao
projeto e garante sua reflexão. A produção coletiva e democrática
permite com que alunos, familiares e comunidade escolar sinta que há
representatividade. Essa integração proporciona a criação da imagem
pública da instituição e para a construção coletiva de um sonho. O
projeto político pedagógico também auxilia no processo de organização
do trabalho pedagógico da escola, ao apontar não apenas o que fazer,
mas como fazer para que cada um e todos os alunos desenvolvam
com excelência suas aprendizagens, contribuindo para a vida social
da instituição, sabendo lidar com conflitos e agregando valores
humanizadores a todas as relações.
Pensar em um Projeto Político Pedagógico de qualquer Instituição
de Ensino significa buscar elementos norteadores de toda a vida escolar
que, fundamentalmente devem estar vinculados a um projeto bem
maior que é o histórico/social. No momento da elaboração de um PPP,
pressupõe-se que haja espaços onde educadores e educandos possam
se manifestar; que haja uma definição clara sobre a concepção de PPP
que se quer adotar e que as diferentes habilidades sejam respeitadas
por todos, desde que ao final (no momento da elaboração), haja um
consenso em torno das opções políticas, sociais, culturais e pedagógicas
por parte das pessoas envolvidas,
24 Avaliação Teoria e Prática

Uma vez que, “por não ser neutra, minha prática exige de
mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão” (Paulo
Freire, 1996).

O Projeto Político Pedagógico e a Avaliação


Nas unidades anteriores vimos que a avaliação não é mais vista
como uma forma rudimentar, discriminatória, com data marcada. Vimos
que a avaliação é um processo contínuo e que permite a reconstrução
permanente de conceitos, sendo uma espécie de bússola que traz a rota
para as conquistas no sentido de permitir a reconstrução permanente
de conceitos, sendo uma espécie de mapeamento que vai identificando
as conquistas e os problemas dos alunos em seu desenvolvimento.
A relação entre objetivos e avaliação transformou-se a partir do
momento da “ampliação do conceito de aprendizagem, pois atualmente
aprender é considerado mais do que a simples memorização de
informações” (HAIDT, 2004, p. 225). Superando esse conceito impositivo,
a visão de avaliar muda e dessa forma, são os objetivos que norteiam o
processo de ensino, determinando o que e como julgar, ou seja, “o que
avaliar” (HAIDT, 2004, p. 295). À medida que vai conduzindo o trabalho
e observando a reação dos alunos, os objetivos vão classificando, o
que possibilita tomar decisões para as atividades subsequentes. Dessa
forma, respondendo ao argumento proposto por Haidt, que Luckesi
(2001, p. 03) é remissivo e recomenda:
A concepção de avaliar não é mais um ato impositivo, mas sim
um ato dialógico, amoroso e construtivo. Desse modo, a avaliação
orienta possibilidades novas e certamente mais adequadas, porque são
assentadas nos dados do presente.
O que é válido pontuar é que o ato de avaliar não é algo simples,
um estudo de suas várias conformações prevê a complexidade do
processo. Não pode ser concebido como instrumento de persuasão
forçosa de aprendizado mnemônico, mas deve ser edificado no respeito
às condições de aprendizagem e objetivos que se espera para o aluno,
compartilhadas. Afinal, sempre há o que se avaliar e sempre o que dizer
em se tratando de avaliar. Ainda acrescenta Luckesi (2001, p.03):O ato de
avaliar não serve como pausa para pensar a prática e retomar a ela, mas
Avaliação Teoria e Prática 25

sim como um meio de julgar a prática e torná-la estratificada, portanto,


sendo parte de um todo, o ato de avaliar é uma pequena parcela de um
processo de assimilação, de aprendizagem.
Compreender a avaliação como ato pedagógico significa
transportar as teorias desenvolvidas no cenário escolar, para o cotidiano
da escola. Assim, o currículo, a didática, a concepção de educação, de
homem e de sociedade são mecanismos necessários para a compreensão
da escola que queremos e quais os principais pressupostos que
serão contemplados nas ações de cada instituição. Para tanto, um dos
mecanismos do ato pedagógico se destaca nesse processo, o Projeto
Político Pedagógico. Nesse documento, que tem como característica
a identidade da escola, permeiam todos os mecanismos pertinentes
para a compreensão da educação que querem vivenciar. As propostas
pedagógicas devem ser explícitas, para a divulgação e vivência das
práticas cotidianas. Luckesi (2011, p. 60) afirma que: O Projeto Político,
que configura nossos sonhos e desejos de emancipação humana por
intermédio da escola, necessita de um projeto pedagógico como um
dos seus mediadores teóricos, ou seja, uma proposta pedagógica
que traduza nossos anseios filosóficos e políticos em compreensões e
orientações práticas e executáveis.
Nessa perspectiva, o projeto político de cada instituição precisa
ser construído coletivamente, numa concepção democrática e
articulada com a realidade de cada Estado, cidade e bairro. Contudo, a
presença de todos os segmentos que compõem a escola é importante,
visto que, os atores sociais que formam o lugar em que a escola está
inserida necessitam compreender as práticas educativas que norteiam a
concepção de educação, de homem e de sociedade, presente no dia a
dia. Para uma significativa proposta pedagógica de cada unidade escolar,
faz-se necessário que estejam explícitos os principais mecanismos
de avaliação e as perspectivas de auto – avaliação, bem como os
referenciais que norteiam as práticas educativas (LUCKESI, 2011). A
equipe gestora tem um importante papel nesse processo, pois é a partir
da definição concreta das ações avaliativas que a instituição iniciará
suas atividades. Luckesi (2011) destaca alguns princípios necessários
que a escola deve ter sobre a avaliação, enfatizando a nota na escola, a
26 Avaliação Teoria e Prática

avaliação, a seleção e o exame e a autoridade do professor. Em relação à


nota como mecanismo da avaliação da aprendizagem na escola, o autor
destaca que o sistema de educação brasileiro sente a necessidade desse
registro, visto que se caracteriza como memória do processo educativo.
Mas, enfatiza, “todavia há que distinguir “registro” de “aprendizagem”. É a
aprendizagem que apresenta determinada qualidade, mais positiva ou
menos positiva; a nota representa apenas seu registro. São fenômenos
diferentes” (LUCKESI, 2011, p. 408). Assim, é necessário diferenciar que
a aprendizagem acontece em todo o processo, por meio de todas as
práticas vivenciadas enquanto que, o registro é um aspecto pontual das
experiências e aprendizagens alcançadas. Nessa mesma perspectiva,
Luckesi (2011, p. 422) diferencia avaliação de seleção, destacando: A
avaliação da aprendizagem está comprometida com a construção da
própria aprendizagem. Ela incide sobre o que está acontecendo com o
aprendiz. [...] A seleção é uma certificação que serve de base para uma
classificação. E é a classificação que, por si, seleciona, não a certificação.
Na avaliação, há a preocupação com a aprendizagem, com as
experiências vivenciadas e, em especial, há um olhar para os avanços
obtidos no cotidiano. Já a seleção é uma ação que visa classificar por
meio do exame e norteia as atividades de concurso público e a avaliação
em larga escala no cenário escolar que permeia desde a educação
básica (Prova e Provinha Brasil, ANA, ENEM) ao ensino superior (ENADE).
Assim, o exame não se caracteriza como recurso apropriado para a
avaliação da aprendizagem, mesmo sendo o mais recorrente nas salas
de aula. Muitos professores veem no exame uma forma de mostrar sua
autoridade e, por consequência, se apropriam desse mecanismo para
intimidar os educandos. O exame nas instituições educacionais é o
modo mais frequente de verificar as possibilidades de aprendizagem dos
estudantes, visto que: O ato de examinar encerra-se com a classificação
do estudante, tendo por base os dados de seu desempenho. Para tanto,
não há necessidade de interação entre professor e estudante, o que
poderia significar uma proteção para o professor, visto não ter de tratar
diretamente com o estudante sobre essa sensível área que é a atribuição
de qualidade com base em seu desempenho. Nesse contexto, a prática
do exame pode ter essa característica de “proteção do professor”
(LUCKESI, 2011, p. 427).
Avaliação Teoria e Prática 27

Diferentemente, da avaliação que necessita de diálogo,


aproximação entre o professor e o estudante e compreensão do papel
de cada ator envolvido no processo, o ato de examinar exime todos esses
princípios, a fim de favorecer uma relação monótona com superioridade
do professor. Essas são algumas concepções que necessitam estar
explícitas no Projeto Político Pedagógico da instituição, para que a
relação pedagógica entre todos os envolvidos nesse processo consiga
nortear sua prática e possibilitar uma educação pública que atenda aos
princípios da igualdade, da qualidade e da humanidade.
Conhecer as concepções políticas e pedagógicas que norteiam
as atividades da escola via Projeto Político-Pedagógico é importante,
pois a partir dessa referência mudam-se as práticas avaliativas e as
propostas no cotidiano da escola.
A avaliação cidadã perpassa em especial pela coletividade
vivenciada em cada instituição escolar, possibilitando a participação de
todos no processo de ensino aprendizagem, assim como na organização
pedagógica da escola. Nessa perspectiva, é possível destacar que
a equipe gestora tem como papel acompanhar o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes e contribuir no desenvolvimento de cada etapa.
A contribuição da equipe gestora no processo de aprendizagem dos
estudantes e na avaliação em todas as etapas mostra que os gestores
educacionais estão em atenção especial para a função pedagógica da
instituição, ou seja, a aprendizagem como atividade fim da educação.
28 Avaliação Teoria e Prática

A avaliação do Projeto Político Pedagógico


Como já vínhamos discutindo, o PPP trata-se de um documento
que expressa a identidade da comunidade escolar. Por isso, ele não
deve ser imposto, mas sim construído coletivamente, pois este processo
de elaboração coletiva faz com que as pessoas reflitam sobre suas
práticas, explicitem seus sonhos, expressem seus saberes e limitações,
apresentem sua visão de mundo e da educação.
Para que se possa falar de um projeto impregnado por uma
intencionalidade significadora, impõe-se que todas as partes envolvidas
na prática educativa de uma escola estejam profundamente integradas
na constituição e vivenciação dessa intencionalidade [...] para tanto,
impõe-se que toda a comunidade escolar seja efetivamente envolvida
na construção e explicitação dessa mesma intencionalidade (SEVERINO
1998, p. 89).
O primeiro passo para a elaboração coletiva do PPP é mobilizar
toda comunidade escolar, visando à melhoria da prática educativa,
analisando significados e conseqüências desta para a transformação da
escola e da sociedade. Mobilizar para fazer com que todos se sintam
parte desta mudança, e possam colaborar efetivamente para levá-la
a diante na prática do dia-a-dia. Vasconcellos (2004, p.24) afirma isto
quando cita:
A participação é uma resposta a um dos anseios mais
fundamentais do homem: ser levado em conta, tomar parte, ser incluído,
ser respeitado. Todavia, a participação só tem sentido quando existe
por detrás uma ética,uma disposição em mudar realmente o que for
necessário não apenas as aparências. Quando citamos a participação de
toda comunidade escolar estamos referindo aos funcionários da escola
(setor administrativo, financeiro, manutenção e pedagógico), aos alunos,
às famílias e a comunidade, pois estes são agentes que interferem
diretamente no cotidiano escolar. Considerando todos estes agentes,
na elaboração do PPP, retrata-se a realidade global da comunidade
escolar, no qual a equipe articuladora deve ter o conhecimento de
todos os segmentos. A participação de todos os funcionários da escola
na construção do PPP oferece uma conscientização da coletividade,
compreendendo o papel, a importância, a influência e a função de cada
Avaliação Teoria e Prática 29

um dentro da organicidade da escola. Cabe destacar aqui a importância


dos professores no processo de elaboração e construção do PPP,
eles proporcionam para as discussões sua visão de educação e as
possibilidades das ações, são agentes essenciais na redação e na busca
do referencial teórico.
Tal conscientização, citada no parágrafo acima, pode gerar um
ambiente deenvolvimento profissional e ético por parte dos funcionários
e dos professores da escola,e pressupomos aqui que isso antecede o
envolvimento dos alunos e da família. Os alunos devem ser escutados,
pois os mesmos têm uma historia de vida, uma realidade atual e sonhos,
isso cabe ao papel da equipe articuladora que antes de sensibilizar a
participação dos alunos na elaboração do PPP, busca meios para que
eles manifestem a importância da escola para a vida deles.
Entender a realidade dos alunos e promover a participação deles
no PPP mostra a preocupação, a responsabilidade e o desejo da escola
de transformar a realidade que eles vivem. Os pais são agentes que
possibilitam a compreender e aprofundar mais no conhecimento dos
alunos como também oferecem uma visão da comunidade e realidade
que cerca a escola. Para que esta construção coletiva seja realizada de
forma efetiva alguns autores discutem as estratégias de planejamento
coletivo do PPP. Vasconcellos (1995) cita que
para acontecer algo concreto, não basta apenas planejar,
pois “há toda uma luta ideológica, política, econômica,
social para ser enfrentada, seja consigo mesmo, com seus
colegas de trabalho, com os educandos, com as famílias e
com as instituições em geral”.O mesmo autor reforça que: A
participação aumenta o grau de consciência política, reforça
o controle sobre autoridade e também revigora o grau de
legitimidade do poder-serviço [...] quanto maior a participação
na elaboração, maior a probabilidade de que as coisas
planejadas venham de fato a acontecer. Todavia, quanto
maior a participação, maior a dificuldade de lidar com a massa
de dados e, sobretudo, de intenções, propostas, conflitos.
(VASCONCELLOS 2004, p.26)
30 Avaliação Teoria e Prática

SAIBA MAIS:

Moacir Gadotti é um autor muito utilizado nas ementas dos


cursos de Pedagogia. Na maioria dos seus artigos ele fala
sobre o Projeto Político Pedagógico. O livro Projeto político
pedagógico da escola: fundamentos para sua realização”. In:
GADOTTI, Moacir & ROMÃO, José Eustaquio (orgs.). Autonomia
da escola: princípios e propostas. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2001 traz inúmeras reflexões sobre a autonomia da escola na
perspectiva do Projeto Político Pedagógico.

Se a elaboração do Projeto Político Pedagógico ou PPP não


for bem planejada e estruturada pode ocorrer um tumultuo de ideias
e opiniões tornando-o um fardo, podendo até desmotivar os agentes
envolvidos. Por isso que todo processo sempre requer uma liderança,
ou seja, um articulador.
No caso do PPP esta liderança pode ser o diretor, o supervisor,
coordenador, ou seja, qualquer pessoa que tenha significância na
realidade escolar. Este articulador age juntamente com uma equipe
articuladora, que tem como finalidade cuidar da construção do PPP, ou
seja, o planejamento de estratégias para a sensibilização e a efetivação
da elaboração do PPP. A sensibilização é o período que precede a
elaboração, é onde todos os agentes descobrem a necessidade de se
fazer o Projeto. Tal etapa é de suma importância, pois aqui se quebra o
fazer Projeto por um cumprimento da lei ou por ordens da direção.
A sensibilização faz os sujeitos verem além, pois “uma atividade
torna-se significativa para um sujeito quanto corresponde a uma
necessidade e a uma possibilidade” (VASCONCELLOS 2004, p.39) eles
refletem a real importância de elaborarem e aplicarem o Projeto.
Essas duas exigências, necessidade e possibilidade, oferecem
sentido no fazer Projeto, principalmente, aos professores que muitas
vezes não vêem perspectiva de mudança com o planejamento. Bom,
depois da sensibilização segue-se com a construção do PPP, mas
agora a elaboração efetiva do mesmo. Aqui ocorre a deliberação da
Avaliação Teoria e Prática 31

metodologia que será utilizada para a elaboração, é imprescindível que


a metodologia seja explicada a todos os participantes da construção do
projeto pra que assim tenham uma visão geral e de conjunto dos passos
que serão percorridos.
Considerando a concepção assumida nesta pesquisa, o
Planejamento Participativo, a metodologia de elaboração ocorre
fundamentada em perguntas que tem como referência as dimensões
fundamentais da instituição. Essas perguntas são respondidas em um
primeiro momento individualmente, depois elas vão para um grupo no
qual se monta coletivamente um texto, para assim apresentar os textos
de cada grupo e uma plenária no qual se constroem o documento final.
Essas etapas são equivalentes para a construção dos três elementos
que apresentamos no ponto acima:
•• O Marco Referencial: Como foi citado no ponto acima o Marco
Referencial é a analise da situação atual da escola e a direção a ser
seguida, baseada na expressão da idéia sobre a educação e sua função
social que exige uma reflexão da concepção e finalidade da educação
com a sociedade.
•• Diagnóstico: Utilizando o documento citado acima, este passo
permite uma visão da organização atual da escola e do seu trabalho
pedagógico, para que assim, se defina um plano de ação e as estratégias
para alcançar a intencionalidade proposta no marco referencial.
•• Programação: É a definição das propostas. Como o próprio
nome já diz, este é o passo no qual se pensa nas ações concretas de
curto, médio e longo prazo. Com base no que apresentamos neste
ponto elabora-se o PPP de forma coletiva e significativa, pois “não
havendo adesão do coletivo, um projeto pode ser elaborado pela equipe
de direção, tanto para cumprir uma exigência, quanto para ter alguns
elementos de referência para o próprio trabalho, mas entendo que não é
o da escola como um todo”.(VASCONCELLOS 2004, p. 41). A elaboração
devida do PPP garante que da mesma forma coletiva no qual o mesmo
foi elaborado, ele também seja executado, avaliado e (re) planejado.
32 Avaliação Teoria e Prática

IMPORTANTE:

Infelizmente muitos gestores enxergam o PPP como uma


burocracia a ser cumprida, mas é importante sempre
considerar o quão é importante este documento para a prática
da gestão democrática.

O Projeto Político-Pedagógico é repleto de momentos de


avaliação, avalia-se na elaboração a realidade da instituição, assim
como o ponto no qual se quer chegar e o papel de cada um neste
processo, por fim avaliam-se os resultados e andamento da prática.
Neste momento de avaliação o produto são os indicadores de mudança,
“é avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico”
(VEIGAS 1998, p.32).
A avaliação abrange o Pedagógico, o Comunitário e o
Administrativo, de maneira formativa e emancipatória. Sendo um ato
dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao Projeto, e que direciona
as ações dos educandos e educadores. O processo de avaliação se dá
em momentos de descrição e problematização da realidade escolar,
na compreensão e crítica da realidade descrita e problematizada, e na
proposição de alternativas de ação, sendo um momento de “criação”
coletiva. Tais momentos podem ocorrer nos espaços de conselho de
escola, abrangendo aqui os educandos e os pais, e também nas reuniões
pedagógicas semanais, espaço de discussão dos professores.
Segundo Veigas (1998, p.32):
Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos à reflexão,
com base em dados concretos sobre como a escola organiza-
se para colocar em ação seu Projeto Político-Pedagógico.
A avaliação do PPP, numa crítica, parte da necessidade de se
conhecer a realidade escolar, busca explicar, compreender criticamente
as causas da existência de problemas, bem como suas relações, suas
mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva).
Na avaliação do Projeto analisa-se a Programação feita e suas
ações concretas, as atividades permanentes, a linha de ação e as
Avaliação Teoria e Prática 33

normas, também se revê as necessidades da escola e analisa se o


Marco Referencial realmente ajudou a iluminar a prática. É uma avaliação
global que vê o PPP como um ponto concreto, um passo, dentro de uma
grande caminhada, e não como a fórmula mágica, de transformação da
realidade escolar.

Registros e Avaliação

INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo você será capaz de refletir sobre


as formas de registros e avaliação e qual seu papel no
desenvolvimento com excelência da aprendizagem.

Avaliação formativa e registros


Ressaltamos Freire (1996) no entendimento de que a base para
a transformação das práticas encontra-se na relação e construção
desenvolvida com o conhecimento e sociedade e que essa mudança
possibilita uma nova forma de organização do trabalho pedagógico e,
consequentemente, dos métodos de ensino-aprendizagem.
De acordo com Freire (1996),
O educador libertador tem que estar atento para o fato de
que a transformação não é só uma questão de métodos
e técnicas. Se a Educação libertadora fosse somente uma
questão de métodos, então o problema seria mudar algumas
metodologias tradicionais por outras mais modernas. Mas não
é esse o problema. A questão é o estabelecimento de uma
relação diferente com o conhecimento e com a sociedade
(FREIRE, 1996, p. 48).
Nessa perspectiva, Villas Boas (2007) explicita que é necessário
planejamento para que se possa desenvolver a avaliação formativa,
bem como o entendimento de que se avalia “para conhecer o que
cada um dos seus alunos já aprendeu de modo que [o professor] possa
34 Avaliação Teoria e Prática

reorganizar as atividades para que os alunos aprendam o que ainda não


aprenderam” (VILLAS BOAS, 2007, p. 24).
Ainda, de acordo com Villas Boas (2011, p. 16), o professor tem
o “objetivo de orientar [os alunos] para a realização do seu trabalho,
ajudando-os a localizar dificuldades e a progredir na aprendizagem”,
assim como a avaliação que desenvolve tem a “finalidade de fornecer
informações que permitam a reorganização do trabalho pedagógico em
atendimento às diferenças individuais observadas”.
Isso significa compreender que a “avaliação tem compromisso
com a aprendizagem” e pode ocorrer de diferentes formas, a partir do
uso de: procedimentos de avaliação (VILLAS BOAS, 2007, 2010, 2011),
instrumentos metodológicos, instrumentos de registro (FREIRE, 1983),
registros como instrumento, instrumentos do trabalho pedagógico
(BRASIL, e/ou instrumentos de avaliação, todas elas desenvolvidas na
perspectiva formativa.
No entanto, no decorrer de nossas investigações, buscamos
compreender quais eram os caminhos avaliativos e designações que
poderiam abarcar a concepção no sentido de superar o termo usado
tradicionalmente como “instrumento avaliativo”, considerado a partir de
uma perspectiva técnica e por isso restrita para o campo da avaliação
formativa. Penso que não se trata de uma mera questão semântica, mas
antes de uma questão histórica que tem alguma relevância teórica.
Na verdade, a designação instrumento de avaliação está associada
ao movimento taylorista da gestão científica das escolas do século XIX;
ou seja, a um contexto em que predominava uma racionalidade técnica
em que avaliar e medir eram sinônimos.
Consequentemente, um instrumento de avaliação media
exactamente as aprendizagens dos alunos, tal como um metro
media exactamente o comprimento de um segmento de recta, ou
um termômetro media exactamente a temperatura do corpo de um
paciente. Julgo que designações tais como tarefa de avaliação, métodos
de avaliação ou mesmo estratégia de avaliação poderão, na maioria dos
casos, ser mais congruentes com a concepção emergente de avaliação
formativa (FERNANDES, 2006, p. 40).
Avaliação Teoria e Prática 35

Ou seja, o autor pondera que a denominação “técnicas de


avaliação ou instrumentos avaliativos” são termos atribuídos a uma
concepção de avaliação behaviorista e tecnicista. A partir desse
entendimento, Villas Boas utiliza o termo procedimentos de avaliação
em vez de instrumentos de avaliação, pois Instrumento diz respeito a
um ‘objeto, em geral mais simples do que um aparelho, e que serve
de agente mecânico na execução de qualquer trabalho’ e a ‘qualquer
objeto considerado em sua função ou utilidade’.
Procedimento diz respeito a ‘processo, métodos’. Portanto,
procedimento é mais amplo do que instrumento. Esse é parte do
processo (FERREIRA apud VILLAS BOAS, 2010, p. 104).
Dito de outro modo, Procedimentos são os meios que nos permitem
coletar informações para realizar a avaliação. Todos eles compõem o
que chamamos de processo avaliativo. Não se pode dizer que 198 uma
prova isoladamente constitui a avaliação. Relatórios, questionários e
outras atividades dos alunos também não são a avaliação. Tudo isso nos
fornece meios para que se faça a avaliação. Cada procedimento cumpre
objetivos próprios (VILLAS BOAS, 2010, p. 25).
Assim, por concordarmos com as afirmações apresentadas sobre
os limites acerca do termo instrumentos, optamos por substituí-lo por
métodos de avaliação3 , conforme apontado por Fernandes (2006)
anteriormente.
No entanto, ressaltamos que essa denominação não pretende
abarcar a amplitude do conceito em relação às metodologias, mas
a processos avaliativos diversificados e variados para se atingir um
determinado fim embasados nos princípios da avaliação formativa.
Assim, assumiremos essa denominação, inclusive no plural, enfatizando
que não se trata de um método de avaliação, mas de vários métodos
de avaliação que, no seu conjunto, podem materializar os percursos de
ensino- aprendizagem, a partir do entendimento de que, na avaliação
formativa, lidamos periodicamente com uma vasta diversidade de
métodos avaliativos, que no seu conjunto dimensionam a totalidade e
ao mesmo tempo a especificidade do trabalho pedagógico, de modo
intencional e sistemático.
36 Avaliação Teoria e Prática

Fernandes (2002) enfatiza que aquilo que é valorizado e avaliado na


escola vai influenciar não só os resultados escolares dos alunos, mas também
a sua motivação, autoconceito, hábitos de estudos e estilos de aprendizagem
(FERNANDES, 2002, p. 66).
Ainda segundo Fernandes (2002):
É importante que sejam proporcionados aos alunos vários
momentos de avaliação, multiplicando as suas oportunidades
de aprendizagem e diversificando os métodos utilizados, pois
assim, se permite que os alunos apliquem os conhecimentos
que vão adquirindo, exercitem e controlem eles próprios as
aprendizagens e competências a desenvolver, recebendo
feedback frequente sobre as dificuldades e progressos
alcançados (FERNANDES, 2002, p. 66).
Os métodos podem consolidar uma prática de avaliação formativa,
quando as “tarefas são planejadas com o propósito de subsidiar, com
dados, a análise do professor acerca do momento de aprendizagem
de seus estudantes 200 [...] em vez de fazer uma medição pontual do
seu desempenho”. (FERNANDES; FREITAS, 2007, p. 27-29), Villas Boas
(2010, p. 26) destaca o fato de a avaliação formativa utilizar “todas as
informações disponíveis sobre o aluno para assegurar sua aprendizagem”,
ressaltando as possibilidades de produção e seleção de dados sobre o
ensino e a aprendizagem que podem ser obtidos por meio da interação
entre professor e aluno durante o período que trabalharem juntos.
“Avaliação é aprendizagem: enquanto se aprende se avalia e
enquanto se avalia se aprende” (VILLAS BOAS, 2009, p. 11).
Na mesma perspectiva, Fernandes (2006) enfatiza a importância
da sistematização e comprometimento com a coleta de informações
acerca da aprendizagem dos alunos, com vistas a análise, reflexão,
(auto) regulação e intervenção. Atualmente, a maioria dos especialistas
considera a avaliação formativa como um processo contínuo de
aprendizagem e avaliação, e não um tipo específico de avaliação que
ocorre pontualmente, frequentemente por aplicação de um teste
formativo.
De acordo com esse entendimento, 201 a avaliação formativa
deve ser concebida com um processo ativo e intencional que envolve
Avaliação Teoria e Prática 37

professores e alunos na recolha sistemática de dados sobre a


aprendizagem. Inclui todas as atividades em que professores e alunos
obtêm informações sobre como decorre a aprendizagem e os utilizam
para modificar o ensino e a aprendizagem, com o desempenho expresso
de melhorar o desempenho dos alunos (LOPES; SILVA, 2012, p. 13).
Em outras palavras, a contribuição da prática de registros e do
uso dos métodos de avaliação nas teorias de avaliação formativa está
na compreensão da sua natureza em relação aos objetivos propostos,
aos contextos em que ocorrem, aos sujeitos envolvidos, aos limites e
possibilidades apresentados.

O portfólio como prática de registro.


Em tempos onde se privilegiam a aprendizagem colaborativa,
a autonomia do aluno,os processos de auto-avaliação, as atividades
criativas e a parceria aluno-professor, entre outros elementos do processo
de aprender, não é de se estranhar que, cada vez mais, os professores
usem um instrumento de avaliação denominado Portfólio. Nascimento,
Ramos e Aroeira (2011, p. 3) admitem que as críticas ao modelo cartesiano
de ensino-aprendizagem, baseadas na fragmentação do conhecimento,
possibilitaram o repensar de muitas práticas pedagógicas, inclusive
aquelas relacionadas aos processos avaliativos.
Neste repensar ficou evidente a relevância do acompanhamento
contínuo das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos, o que acabou
por colocar luz no Portfólio. Para essas autoras, “o portfólio é tido como
um conjunto de registros, informações sobre o trabalho realizado, ou
em processo de realização, sendo considerado não apenas como
procedimento de avaliação, mas como eixo organizador do trabalho
pedagógico”. Elas destacam que o portfólio pode ser construído
pelo próprio aluno, englobando todas as tarefas realizadas, o que vai
contribuir, de modo significativo, para os processos de auto-avaliação.
Assim, os alunos participam diretamente de sua avaliação, organizando
os resultados de sua aprendizagem.
Segundo Zílio (2010, p. 1), “a utilização dos portfólios de
aprendizagem fundamentou-se na necessidade de articular a teoria e
a prática da avaliação”. A autora entende que o portfólio, como prática
38 Avaliação Teoria e Prática

avaliativa, potencializa a aprendizagem e, no caso de sua aplicação


em curso de formação de professores, contribui para a compreensão
de como pode se dar a sua transposição para as situações de ensino-
aprendizagem a serem enfrentadas na vida profissional. Ela salienta
que o uso do portfólio pode levar a uma mudança na concepção de
avaliação: o professor deixa de ser o ‘examinador’ e o aluno o ‘examinado’,
pois o que prevalece é a situação de parceria, sem perda do rigor e da
seriedade impostos pela complexidade dos processos avaliativos.
Assim, o portfólio vai muito além da perspectiva de mero
instrumento de coleta de dados sobre o desempenho dos alunos,
sendo visualizado como uma oportunidade “de vivenciar reflexivamente
o próprio processo de formação, permitindo identificar dificuldades,
necessidades e concepções que o compõem.” (ZÍLIO, 2010, p. 3).
Cada portfólio é uma criação única, pelo fato de o próprio
aluno selecionar as produções que incluirá. Como instrumento de
avaliação, potencializa a formação de alunos reflexivos, daí ser muito
utilizado no ensino superior, especialmente nas situações de formação
de professores, ressaltam Nascimento, Ramos e Aroeira (2011). Essas
autoras esclarecem que não há uma maneira específica de produzir um
portfólio, o que contribui para a criatividade e liberdade de expressão
do aluno.
Soares (2012, p. 5) entende que o portfólio tanto é um instrumento
como uma metodologia de avaliação. Como metodologia envolve a
postura de professores e alunos comprometidos com uma prática
pedagógica baseada na transformação / superação das dificuldades.
Neste sentido “se efetiva em um movimento tríplice: de crítica
da construção do conhecimento novo; nova síntese do plano de
conhecimento; e ação em relação à nova síntese estabelecida”.
Como instrumento, cumpre as finalidades de coleta e registro de
informações, transcendendo o aspecto instrumental na medida em que
fomenta a relação teoria-prática.
No rastro de considerações de Villas Boas (2001), depreende-se
seis princípiosbásicos no uso do portfólio:
a. Construção pelo próprio aluno
b. Reflexão sobre as produções;
Avaliação Teoria e Prática 39

c. Criatividade discente na organização do material;


d. Auto-avaliação do aluno,
e. Parceria professor-aluno e entre alunos;
f. Autonomia do aluno perante o trabalho.
Assim, o portfólio oportuniza ao professor em formação
experimentar alternativas diversificadas e refletir sobre a possibilidade
de utilização futura em sua própria prática profissional.
Os registros escritos constituem as principais amostras em
um portfólio por serem eles os meios pelos quais se documentam
os comentários do professor, do aluno e dos pais. Dessa maneira, os
registros, ou seja, a comunicação escrita tem importante papel na medida
em que pode fazer a ligação entre a escola e a casa. Vale destacar que
existem uma variedade de registros escritos que podem proporcionar
a comunicação entre alunos, pais e professores mesmo quando não
há possibilidades de encontros. Registros sistemáticos documentam
as ações planejadas com cada aluno como possibilitam decisões de
currículo e instrução. (SHORES e GRACE, 2001).
Os comentários do professor nas amostras de trabalhos, imagens
e diários de aprendizagem dos alunos também constituem registros
escritos, sendo que os principais deles são classificados por Shores e
Grace (2001) como entrevistas, registros sistemáticos, registros de caso,
resumo de reuniões de análise de portfólio entre alunos, professor e pai
e os relatos narrativos.
As entrevistas são momentos em que professor e aluno discutem
um único assunto em profundidade. Exemplo: uma discussão do
professor com o aluno sobre um livro lido pode desencadear uma ação
do professor em direção ao interesse do aluno por aquele assunto.
Como resultado dessa entrevista, o aluno pode ser orientado a pesquisar
sobre o assunto e arquivar em seu portfólio de aprendizagem o material
coletado. Durante uma reunião de análise do portfólio pode-se fazer
uma revisão sobre o progresso da pesquisa. Os registros sistemáticos
são breves anotações feitas pelo professor das atividades casuais
específicas que documentam o progresso do educando e podem
envolver um grupo de alunos conforme a atividade. Como registros
sistemáticos, têm-se:
40 Avaliação Teoria e Prática

•• Descrição Diária – o professor registra de forma regular um


aluno documentando suas mudanças de comportamento e de seus
interesses;
•• Registros Contínuos – o professor registra cada ato de um
aluno durante um período de tempo. Os registros de caso constituem
anotações que o professor fez dos atos espontâneos de cada aluno
ou de um grupo de alunos. São, segundo Shore e Grace, as chamadas
“observações das educandos” (2001, p.66). Fotografias podem ser um
bom instrumento para auxiliar no registro.
Os resumos de reuniões de análise de portfólio consistem em
uma síntese explicativa do que tratou a reunião de análise do portfólio,
mediante um encontro privado entre aluno, pais e professor em que
estes conversam sobre as experiências de aprendizado do aluno em um
período de tempo. E, por último, os relatos narrativos, que são relatos
periódicos escritos pelo professor do progresso global de cada aluno,
podem complementar os tradicionais boletins de notas.
Existe uma infinidade de tipos de registros nas amostras de
trabalho que podem compor um portfólio. Além dos mais comuns, já
citados, existem ainda os que compreendem os chamados trabalhos
artísticos. Observa-se que um registro pode apresentar elementos de
mais de um dos tipos descritos a seguir.
Os trabalhos artísticos são amostras que representam uma
importante ferramenta para o processo de interdisciplinaridade, assim
como para o processo de avaliação. Estes devem ter a identificação
do aluno, ou seja, o nome completo do aluno, a data em que foi
realizado e comentários do professor. Legendas em desenhos, cartas
para pais e para outras pessoas, registros em diários, relatórios,
histórias e livros originais são itens que podem compor o portfólio.
Outros registros são interessantes tipos de amostra na medida em que
podem demonstrar pensamentos, sentimentos e reflexões do aluno.
Relato de uma experiência ou explicações de desenhos podem conter
informações substanciais. As fotografias são excelentes na medida
em que representam a imagem de uma atividade do aluno e, quando
acompanhadas de breves anotações do professor, podem contribuir
para análises posteriores sobre o progresso do aluno.
Avaliação Teoria e Prática 41

As listagens e escalas de classificação de habilidades e conceitos


são instrumentos utilizados para rápida avaliação e registro das
habilidades de um aluno em um certo domínio do desenvolvimento;
podem ser importantes para fomentar o pensamento para o professor
em relação a sua prática. Os produtos de avaliações de desempenho
são resultantes de avaliação do rendimento e podem compreender
resenhas ditadas de livros, demonstrações de experimentos, atividades
em pequenos grupos que quando inclusas no portfólio podem ser muito
informativas quanto aos produtos finais. Os diários de aprendizagem
vêm a contribuir na medida em que são os registros de desempenho
do aluno.
Esses tipos de registro, que podem compor um portfólio, são
excelentes instrumentos para que o professor realize uma avaliação
do processo de ensino e aprendizagem, mediante relatos narrativos
que se apresentam como instrumentos mais adequados do que listas
de desenvolvimento cognitivo, socioemocional e físico ou escalas de
classificação.
O portfólio possibilita ao aluno participar da tomada de decisões
levando-o a formular suas próprias ideias e realizar escolhas e não
apenas a cumprir o que foi definido pelo professor e pela escola,
servindo para vincular a avaliação ao trabalho pedagógico. Modifica-se,
assim, o contexto, a avaliação deixa de ser classificatória e unilateral para
se comprometer com a aprendizagem de cada aluno, onde o portfólio é
uma das possibilidades de uma prática comprometida com formação do
aluno. (VILLAS BOAS, 2007).
Com relação a construção do portfólio, é importante ressaltar:
•• A orientação que o professor fará durante o caminhar do
aluno frente a produção e a construção do portfólio, levando-se
em consideração a idade dos educandos, o curso, o tempo para ser
desenvolvido e outros;
•• O processo deve ser bem planejado e as famílias devem ser
sempre bem informadas;
•• O professor precisa ser preparado para desenvolver o trabalho,
por isso é preciso estudar o referencial teórico e conhecer a bibliografia
sobre portfólio e as iniciativas de sucesso;
42 Avaliação Teoria e Prática

•• É imprescindível atentar em relação à forma de utilização do


portfólio, não se trata de substituir a prova, ambos são procedimentos
de avaliação, no entanto, cumprem propósitos diferentes;
•• Trabalhar as relações desenvolvidas entre os participantes do
processo de avaliação, professor e aluno, pois mudar práticas requer
tempo e estabelecimento de confiança;
•• Criar um clima favorável à construção do portfólio – a
percepção do professor e do aluno em relação a esta construção deverá
ser que este é um aliado do processo de ensino e aprendizagem e não
como uma dificultador;
•• Compreensão por parte de todos (escola e pais) de que o
portfólio é um procedimento avaliativo de construção pelos alunos e
não pelos pais, ou seja pais não devem realizar tarefas de seus filhos.
Nesse sentido, há que se observar princípios norteadores que
irão orientar sua construção, tais como:
1. A construção pelo aluno possibilitando as escolhas e decisões
de sua parte;
2. A construção é realizada por meio da reflexão, assim o aluno
tem a possibilidade de decidir o que incluir e ao mesmo tempo analisar
sua produção, podendo refazê-las ou não (recomenda-se que todas as
versões permaneçam no portfólio mesmo as que forem reconstruídas,
documenta-se assim o processo de aprendizagem do aluno);
3. O desenvolvimento da criatividade. O professor deverá
organizar o trabalho com a turma de forma criativa, oportunizando a
formulação de ideias variadas.
Estes princípios conduzem o aluno a desenvolver a capacidade
de avaliar seu próprio desempenho com o sentido de avançar, ou seja,
requer o desenvolvimento da habilidade crítica. Esta autoavaliação
auxilia o aluno a estabelecer comparação com os parâmetros que
foram formulados pelo professor, a conhecer e compreender os
objetivos específicos da aprendizagem e os critérios de avaliação que
serão utilizados para avaliar seus trabalhos. E ainda, a reconhecer suas
potencialidades e fragilidades, reagindo ao seu trabalho e fornecendo
suas percepções quanto à sua aprendizagem de forma a trabalhar
visando alcançar outros objetivos.
Avaliação Teoria e Prática 43

A partir das discussões realizadas durantes décadas sobre


modelos de avaliação, educadores e pesquisadores insatisfeitos com as
formas habituais de avaliação e aferição do desempenho dos educandos,
questionando as limitações de métodos tradicionais baseados muito mais
na verificação de respostas do que no acompanhamento de produções e
construções do aluno que demonstrem seu desenvolvimento, optaram
pelo uso de portfólios como uma valiosa ferramenta de avaliação.
O portfólio utilizado comumente nas artes plástica (artistas
utilizam portfólios para apresentar amostras de seu trabalho, registrando
momentos significativos de sua trajetória em uma ordem cronológica)
passou a ser aplicado na avaliação da aprendizagem escolar.
No que se refere à trabalhos ou produções escolares, de uma
turma, disciplina ou aluno, o portfólio é um repositório que agrupa
amostras de atividades e de construções, individuais e coletivas,
construídas pelos alunos com as devidas anotações do professores
sobre os documentos em questão. Trata-se de uma ferramenta versátil
que pode ser utilizadas desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino
Fundamental e Médio e até mesmo na Educação Superior.
Em alguns casos o próprio professor monta o portfólio de seus
alunos, porém de modo mais participativo e ideal, deve-se contar com
a contribuição dos alunos criando uma metodologia processual de
arquivamento e registro das produções, respeitando-se sempre o nível
de desenvolvimento do aluno segundo sua idade/ série. O portfólio
pode ser considerado um elemento de comunicação, registro e reflexão
sobre aprendizagens e metodologias de ensino, como destaca Smole
(1996): o portfólio constitui importante elemento de comunicação
entre aluno e professor, entre professor e pais, entre alunos e pais
funcionando ao mesmo tempo como regulação do processo educativo
e como instrumento de avaliação eficiente, uma vez que propicia uma
análise contínua dos progressos individuais dos alunos. É exatamente
nessa confluência comunicativa que o portfólio pode contribuir para
levar o aluno se enxergar na ação de aprender, sendo responsável por
ela (p.185).
Eis algumas razões a serem pontuadas como motivadoras para a
utilização de portfólios como instrumento de avaliação (CARVALHO, 2007):
44 Avaliação Teoria e Prática

•• Permite a avaliação formativa do aluno;


•• Possibilita a reflexão por parte de todos os participantes do
processo: alunos, professores, pais e gestores;
•• Fornece suporte à continuidade do trabalho em caso de troca
de professor, ou caso o aluno mude de escola;
•• Apresenta-se como ótima ferramenta metodológica para
registro do ensino e acompanhamento da aprendizagem;
•• Propicia aos pais compreender o processo escolar por meio
do acompanhamento do desenvolvimento dos filhos.
A utilização de portfólio nas escolas, especialmente como
instrumento de avaliação ainda é recente, no entanto, inovações no
modo de aplicação já têm sido descritas, especialmente com o uso de
tecnologias de informação.
Um cuidado fundamental que professores devem tomar ao
compor portfólios como ferramentas de avaliação é estar consciente de
que um portfólio difere em muito de um mero agrupamento organizado
de produções dos alunos.
Avaliação Teoria e Prática 45

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