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Avaliação Psicológica

e Psicodiagnóstico

Unidade 1
Avaliação psicológica: definição,
histórico e formação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
JÉSSICA DE ASSIS SILVA
SHEILA MARIA PRADO SOMA
FÁBIO PEREIRA SOMA
AUTORIA
Jéssica de Assis Silva
Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Pará,
com Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos
e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo.
Adicionalmente, sou especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva
pela USP sendo docente em cursos de graduação e especialização
e gostaria de dividir um pouco dessa experiência com você! A Editora
Telesapiens e eu estamos empenhados em te acompanhar nessa jornada!
Conte conosco!

Sheila Maria Prado Soma


Sou Psicóloga há 22 anos, com mestrado e doutorado pela
Universidade Federal de São Carlos. Tenho experiência em Psicologia
Clínica e docência no ensino superior, pois trabalhei todo esse tempo
com a formação de profissionais nessa área e produção de conteúdos
e pesquisas. Psicologia é a minha paixão e, transmitir minha experiência
profissional e de vida àqueles que estão em formação é um dos focos do
meu trabalho. Por esse motivo fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes.

Fábio Pereira Soma


Tenho formação em Filosofia, Pedagogia e sou Mestre em Filosofia
pela Unesp, com experiência técnico-profissional na área de educação de
mais de 12 anos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes.

Estamos muito felizes em ajudar você nesta fase de muito estudo e


trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conceito e histórico de avaliação psicológica ..................... 10
Conceito de Avaliação Psicológica ..............................................10

Histórico da Avaliação Psicológica ............................................... 15

Ética e legislação em Avaliação Psicológica ...................... 22


Aspectos éticos ....................................................................22

Legislação em Avaliação Psicológica .......................................... 26

Ética e formação em Avaliação Psicológica ................................... 28

Elaboração de documentos em avaliação psicológica .......... 32


Normas para a elaboração de documentos decorrentes de Avaliação
Psicológica ......................................................................... 32

Tipos de documentos psicológicos ............................................ 36

Declaração ............................................................... 36

Atestado psicológico ................................................... 36

Relatório psicológico .................................................... 38

Relatório multiprofissional.................................................................... 39

Laudo psicológico....................................................... 40

Parecer psicológico....................................................... 41

Guarda de documentos decorrentes de Avaliação Psicológica ........... 41

Devolutiva de Avaliação Psicológica ................................ 44


Etapas do processo de Avaliação Psicológica ............................... 44

Entrevista devolutiva .............................................................. 45

Entrevista devolutiva e normatização atual .................................. 50

Entrevista devolutiva e pesquisa em Avaliação Psicológica ............... 52


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 7

01
UNIDADE
8 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Avaliação Psicológica é uma das mais
tradicionais no campo da Psicologia e está em constante crescimento?
Nesta unidade você terá a oportunidade de conhecer mais de perto
essa área a começar pelo capítulo 1, em que abordaremos o conceito
e os principais marcos históricos desse campo.

Já no capítulo 2 você terá a oportunidade de conhecer um pouco


mais sobre os aspectos éticos e a legislação que permeia o trabalho
do profissional no campo de avaliação. Adicionalmente, o capítulo 3
descreve os principais documentos envolvidos em uma avaliação
psicológica, as normas vigentes e discute acerca da guarda desses
documentos. Por fim, a devolutiva da avaliação é importante e discutida
no capítulo 4 para orientar sobre a importância e responsabilidade que
envolve um dos últimos passos que compreende essa avaliação.

Curioso para aprender mais sobre essa área tão importante no


campo da Psicologia? Ao longo desta unidade letiva você mergulhará
neste universo!
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliá-
lo no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Conhecer o desdobramento histórico da Avaliação Psicológica.

2. Discutir princípios éticos e legislação em Avaliação Psicológica.

3. Descrever e diferenciar os principais documentos pertinentes ao


campo de Avaliação Psicológica.

4. Debater sobre formas de devolutiva da Avaliação Psicológica.


10 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Conceito e histórico de avaliação psicológica


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você conseguirá entender como


funciona o processo histórico da Avaliação Psicológica.
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão
e para a compreensão do que se entende hoje por esse
campo de atuação. Então? Motivado para desenvolver essa
competência e ter um diferencial no mercado de trabalho?
Vamos juntos cumprir essa meta!

Conceito de Avaliação Psicológica


A Avaliação Psicológica (AP) é a única atividade reconhecidamente
privativa do profissional de Psicologia, cuja compreensão de determinado
fenômeno se dá a partir de uma base científica que envolve desde
conceitos importantes a teorias e noções que subsidiam as interpretações
acerca desse fenômeno (MÄDER, 2016). No caminho compreendido
entre a demanda e a devolutiva de uma Avaliação Psicológica, segundo
Mäder (2016), “há aspectos tanto técnicos quanto éticos que devem ser
considerados”.

Há muitos profissionais míopes quanto ao verdadeiro formato de


uma avaliação psicológica, a qual jamais deve ser reduzida a aplicação de
testes (MÄDER, 2016).

A Figura 1, a seguir, contempla as dimensões a serem consideradas


na Avaliação Psicológicacomo aponta Cohen et al. (2014):
Figura 1 - Dimensões da Avaliação Psicológica conforme Cohen (2014)

Ética e Legal Relacional

Profissional

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 11

Trata-se de uma prática processual não restrita, cujo método de


avaliação escolhido depende desde a demanda atendida ao foco da
observação (se criança, adulto, idoso etc.) sendo tal prática por vezes
fornecedora das bases da atuação do psicólogo (MÄDER, 2016). A
dimensão técnica refere-se à confiabilidade e ao valor dessa avaliação
que envolve a responsabilidade do profissional, o conhecimento e
suas habilidades, além de sua própria experiência nessa prática. Tal
confiabilidade pode também ser discutida a partir dos tipos de recursos
utilizados, se entrevistas, testes ou mesmo observação e esses analisados
a partir de sua articulação as variáveis estudadas e os diferentes contextos
(MÄDER, 2016).

Há uma distinção, necessária entre testagem psicológica e avaliação


psicológica, e essa diferença será descrito no Quadro 1 a seguir:

Testagem refere-se ao uso de testes psicológicos para a avaliação.


Quadro 1 – Comparativo entre testagem psicológica e avaliação psicológica

Tópico Testagem Psicológica Avaliação Psicológica

Resposta a um encaminhamento,
Objetivo Obtenção de medidas resolução de problema ou tomada
de decisão.

Individual ou em grupo; Descrever o “como”, não é limitado


Processo
envolve o uso de testes a resultados.

Essencial desde o planejamento


Avaliador Não é essencial
até as conclusões.

Habilidades técnicas Habilidades para a seleção,


Habilidade envolvendo a aplicação, avaliação, sistematização,
do avaliador correção e interpretação de integração e leitura,
testes conceitualização da demanda.

Responder à solicitação a partir da


mobilização de diversas fontes de
Resultados Escores
dados para esclarescimento de
uma demanda.

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Mäder (2016, pp. 18-19).
12 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Na literatura, há aqueles autores que criticam o uso de testes, uma


vez que tal prática seria excludente e um trabalho de cunho tecnicista,
enquanto há outros profissionais que destacam a sua legitimidade como
ferramenta para o estabelecimento de rigor científico a avaliação sendo
um importante instrumento de diagnóstico (CESCON, 2013).

O ideal seria a busca por um meio-termo nessa prática, visto que


há de se resguardar o próprio indivíduo em sua relação com a sociedade
na avaliação, a partir do reconhecimento do próprio Código de Ética
Profissional do Psicólogo (2005), ser pautado também na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o que corrobora com a importância de
trabalhar para além do indivíduo, mas o considerando em seu contexto
social e histórico (CESCON, 2013).

Além dos testes, a avaliação psicológica pode conter outros


recursos comuns e fundamentais, tais como a entrevista ou a observação.
Adicionalmente, outras estratégias podem ser utilizadas de forma
complementar a avaliação, como a dinâmica de grupo, estratégias lúdicas
ou mesmo uma pesquisa de cunho documental (MÄDER, 2016). Conforme
destacado por Mäder (2016), “um processo de AP envolve diversas etapas”,
conforme descrito a seguir:
Figura 2 - Exemplo de etapas envolvendo a Avaliação Psicológica

Identificação
Contrato

Instrumentos

Racioncínio
Devolutiva
clínico

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Alguns autoresaproximam esseprocessoà ideia de psicodiagnóstico,


em que há a aquisição de informações relativas à queixa, ao levantamento
dos sintomas presentes, à coleta de dados pertinentes à história clínica do
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 13

cliente, à observação de seu comportamento e, em adição, à discussão


de resultados frutos da aplicação de testes, sejam estes psicométricos
ou projetivos. Dessa forma, tal prática permite estabelecer classificações
e predições quanto ao comportamento do indivíduo além de favorecer o
planejamento de uma intervenção adequada (CUNHA, 2000).

Ainda sobre as dimensões da AP, a dimensão ética e legal envolve


atentar-se ao nível de complexidade do fenômeno estudado além do
próprio tipo de intervenção utilizada. Cabe ao profissional destacar alguns
pontos presentes na figura a seguir, sobre essa dimensão da avaliação:
Figura 3 - Exemplo do que deve ser avaliado quanto
a dimensão ética e legal da Avaliação Psicológica

emocionais

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Nesse quesito, embora variáveis do contexto estejam presentes e


por vezes façam parte de uma avaliação, essas devem ser ponderadas na
avaliação (MÄDER, 2016).
14 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Cabe ao profissional, nesse caso, lembrar-se do caráter técnico,


científico e ético a que deve se referir à avaliação (MÄDER, 2016). A
conduta ética pode ser avaliada desde antes de uma avaliação, na escolha
do método, por exemplo, até a elaboração e guarda de documentos
decorrentes da avaliação.

IMPORTANTE:

O Código de Ética Profissional e a normatização


estabelecidapelo Conselho Federal de Psicologia (CFP)
devem ser revistas e atualizadas por parte do avaliador no
exercer de sua profissão (MÄDER, 2016).

Outra dimensão deve ser discutida na AP, essa dimensão é a


relacional. Para tanto, é imprescindível que o profissional busque sempre a
postura de neutralidade e imparcialidade mesmo diante de conflito ou em
meio a pressões externas. A fragilidade do objeto de análise fica exposta
e nesse momento é importante compreender que há uma análise dos
fenômenos psicológicos e a funcionalidade dos mesmos (MÄDER, 2016).
A própria avaliação pode ter um efeito terapêutico e a busca de um vínculo
salutar entre o profissional e o observado é fundamental (MÄDER, 2016).

Para Mäder (2016), dimensão social refere-se à atenção aos possíveis


desdobramentos de uma AP à pessoa parte dessa avaliação, sobretudo
a maneira com a qual repercute socialmente os resultados oriundos de
uma avaliação.

Segundo Tavares (2010), a AP pode tanto ser instrumento de auxílio


como de exclusão ao avaliado. Nesse sentido, deve-se sempre ponderar
as consequências positivas ou negativas e as motivações envolvendo
essa avaliação. Adicionalmente e de maneira geral, atenção aos direitos
humanos torna-se imperativa nesse contexto.

Por último, a dimensão profissional implica que o profissional fique


atento a aspectos teórico práticos de sua intervenção. A capacitação ou
o domínio do seu exercer profissional reflete no conhecimento desse
profissional quanto à legislação vigente (normas do CFP e código de ética
profissional), o domínio no campo da psicopatologia e da psicometria,
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 15

além das habilidades envolvendo o planejamento e execução da AP ou


mesmo a integração das informações obtidas. Para tal, é fundamental a
formação e atualização continuada do profissional (MÄDER, 2016).

DEFINIÇÃO:

Segundo a Resolução do CFP nº 007/2003, a AP é um


processo que envolve desde a coleta de dados e estudos
acerca de um fenômeno, mas também envolve o interpretar
de dados a respeito desse fenômeno psicológico, devendo
contemplar, pois, a relação também desse com o indivíduo e
com a sociedade num contexto mais amplo (CESCON, 2013).

Histórico da Avaliação Psicológica


Conhecer o processo histórico de AP é fundamental pois ao longo
do tempo, a demanda de estudo envolvendo diferentes fenômenos
apresenta diferentes configurações também desse exercer profissional
(MÄDER, 2016). Inclusive Cunha (2000) cita que a confusão de que a
AP seja o sinônimo de testagem implica no fator histórico que permeia
o início do século XX, no qual o profissional de fato tinha essa função
como seu principal atributo profissional. Tal prática, por vezes, implicava
na classificação do indivíduo em aspectos de normalidade e adequação
à sociedade.

Desde o início do século XIX, na Alemanha e França, começou a


haver a preocupação quanto a avaliação do grau de funcionamento
cognitivo do indivíduo que tivesse danos no cérebro, bem como o
diagnóstico de algum transtorno (MCREYNOLDS, 1986 apud AMBIEL;
PACARANO, 2011).

A Alemanha também foi o local de criação do primeiro laboratório


voltado à pesquisa psicológica em Leipzig na Alemanha, pelo teórico
Wilhelm Wundt. Como desdobramento, muitos pesquisadores
começaram a ser treinados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos
(AMBIEL; PACARANO, 2011).
16 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 4 - Wilhelm Wundt

Fonte: Wikimedia Commons

Francis Galton começou o estudo envolvendo a mensuração de


funções psicológicas em seu laboratório antropométrico, com estudos
voltados á discriminação sensorial, por exemplo. Posterior a esse
teórico, temos o americano James M. Catell, cujo foco de estudo seria
o funcionamento da mente em seus processos elementares (AMBIEL;
PACARANO, 2011).

Em 1900, na França, Binet e Simon foram os responsáveis pela


preocupação com uma maior precisão de medidas de avaliação e
também com o estudo de funções mais amplas, tais como a memória
entre outras. Dessa forma, foi criada a Escala Binet-Simon que consistia
num instrumento envolvendo 30 itens classificados em ordem crescente,
conforme a dificuldade apresentada (AMBIEL; PACARANO, 2011). Em tal
teste, sob encomenda do governo francês, havia a avaliação de funções
que convergiam para a avaliação do nível de inteligência de crianças
na cidade de Paris para que fosse possível o direcionamento dessas
crianças a um sistema que contemplasse possíveis dificuldades (AMBIEL;
PACARANO, 2011).

Segundo Ambiel e Pacarano (2011), foi Wilhelm Stern a estabelecer


o quoeficiente intelectual posteriormente aprimorado por Terman na
Universidade de Stanford nos Estados Unidos em 1916. Com a adaptação
da Escala Binet Simon para os EUA, foi estabelecida a Escala Stanford-
Binet.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 17

VOCÊ SABIA?

Para o teste de QI era realizada uma avaliação da


capacidade intelectual, sugerida por Stern e Terman, a
partir da divisão do índice estabelecido a partir da idade
mental (IM) pela idade cronológica (IC) e posteriormente
era realizada a multiplicação desse valor por 100. Se a
idade mental ultrapassasse a idade cronológica, o escore
correspondente seria acima de 100, ao passo que se a
idade cronológica ultrapassasse a idade mental, o escore
seria abaixo de 100.

Dubois (1970 apud AMBIEL e PACARANO, 2011) destaca que


após o estabelecimento e disseminação da escala Stanford Binet
outros instrumentos foram construídos, principalmente no contexto da
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Nesse contexto, eram apreciados
testes que tinham como características a simplicidade e rapidez em sua
aplicação, bem como formas de avaliação que pudessem ser aplicados
de maneira coletiva, a exemplo dos instrumentos Army Alpha e Army
Beta, instrumentos não-verbais voltados a avaliação de inteligência. No
pós-guerra, por exemplo, esses instrumentos foram liberados para uso
civil após revisão, estudos em diferentes contextos e com indivíduos de
diferentes faixas etárias (AMBIEL; PACARANO, 2011).

Segundo Ambiel e Pacarano (2011), o contexto da Primeira Guerra


Mundial foi fundamental para a construção e aprimoramento do uso de
testes, favorecendo tanto a sua qualidade quanto a sistematização de sua
administração ou mesmo correção. Além do mais, os mesmos autores
apontam que a partir de 1920 houve o desenvolvimento de testes nos
mais variados contextos e demandas, como o escolar, a exemplo do
surgimento do School Aptitude Test (SAT).

Charles Spearman foi um dos nomes expressivos na fase inicial da


Psicometria com o estudo de modelos matemáticos associados tanto à
discussão quanto ao funcionamento mental, sendo o responsável pelo
refinamento do método de correlação de Karl Pearson. Houve, nesse
período, a sugestão de que as habilidades cognitivas eram convergentes
a uma capacidade mais ampla, o nomeado “fator g”.
18 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Ambiel e Pacarano (2011) reforçam o papel de Thurstone em 1938


em contraponto a essa capacidade geral, sugerindo que houvesse
habilidades específicas e independentes sem a articulação para uma
habilidade geral. Foi Carroll, em 1993 a propor uma integração das teorias
de inteligência que envolvesse um modelo hierárquico a respeito das
habilidades estudadas.
Figura 5 - Karl Pearson, biometricista, um dos responsáveis pelo método de correlação

Fonte: Wikimedia Commons

A discussão e o desenvolvimento acerca dos testes foram de


extrema importância para a Psicologia, uma vez que, permitiram que a
teoria fosse também testada num contexto real, auxiliando nos avanços
científicos dessa ciência (AMBIEL; PACARANO, 2011).

Ao longo da história e durante o surgimento de várias abordagens


psicológicas o objetivo em comum era a compreensão do homem sob uma
perspectiva individual, ou seja, o papel do profissional na Psicologia ainda
era uma forma de avaliação (BOCK, 2001). Essa forma de avaliar o sujeito
no âmbito individual foi se modificando, principalmente com o surgimento
da Psicologia Sócio-Histórica, no qual se passou a contemplar o indivíduo
como um ser também ativo no processo e arraigado de aspectos sociais,
histórico e culturais, sendo impossível dissociá-lo de sua realidade social
(CESCON, 2013).
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 19

Ao refletir sobre o histórico brasileiro no âmbito da Avaliação


Psicológica, o uso de testes, inicialmente refletiu num período de
empolgação em seu uso, posteriormente surgiram críticas quanto a esse
método restrito de avaliação e a habilidade de avaliadores, o que levou
a prática para uma etapa de organização e regulamentação da mesma,
sempre em constante atualização (PASQUALI; ALCHIERI, 2001).
Figura 6 - Fases no Histórico de Avaliação Psicológica
no Brasil segundo Pasquali e Alchieri (2001)

1836-1930
1930-1962 1962-1970 1970-1987

Laboratórios

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A Figura 6 aponta que uma das fases iniciais na discussão do


desenvolvimento da AP no Brasil, envolve a Psicologia como sendo
parte da grade curricular de cursos de Medicina, sobretudo envolvendo
a discussão de processos psicológicos básicos. A partir de 1930 houve a
presença da Psicologia em outros cursos na área aplicada, tais como o
jornalismo e administração, por exemplo, e uma maior disseminação e
construção de saberes dentro desse campo. Os autores apontam ainda,
que o próprio estabelecimento da Psicologia enquanto profissão, a partir
da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, contribuiu para a criação de cursos
de graduação e que, posteriormente, a criação do Conselho Federal
de Psicologia e os Conselhos regionais na década de 1970 auxiliaram a
reflexão acerca de currículos mínimos e nos conteúdos básicos para a
formação profissional.

Ambiel e Pacarano (2011) destacam que essa nova configuração


contribuiu ao debate quanto ao uso de testes em Psicologia, uma
discussão de cunho científico e político com destaque para a baixa
qualidade de formação dos profissionais no âmbito da avaliação. Após
críticas quanto a práticas abusivas no uso da testagem psicológica nas
décadas de 80 e 90, houve o investimento em formação.

A Fundação do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica


favoreceu não só a construção de testes, mas também o debate quanto a
adaptação e a validação de testes psicológicos no Brasil. Uma das ações
20 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

foi a criação da Revista de Avaliação Psicológica, além disso a promoção


de eventos científicos na área. Com o tempo, cursos de pós-graduação
nessa área também foram possíveis e contribuíram para os alicerces da
prática realizada atualmente no Brasil (AMBIEL; PACARANO, 2011).

A Resolução nº 02/2003 contribuiu para o estabelecimento de


critérios mínimos de qualidade para o uso de testes, favorecendo a
adaptação dos mesmos ao contexto brasileiro e também o aumento de
pesquisas na área (AMBIEL; PACARANO, 2011; CFP, 2003).

Em 2003, foi estabelecido o Sistema de Avaliação de Testes


Psicológicos (SATEPsi) em que há avaliação de instrumentos psicológicos
conforme a sua adequação a realidade brasileira e ao seu alcance
quanto ao fenômeno a ser observado e avaliado, o que contribuiu para o
aprimoramento da AP (AMBIEL; PACARANO, 2011; CFP, 2003).

ACESSE:

Acesso o site do SATEPSI para a verificação de testes


validados e de uso autorizado em atividades de avaliação.
Clique aqui.

Adicionalmente, no ano de 2011 foi estabelecido em uma ação


do CFP como um ano temático da Avaliação Psicológica em que houve
discussões em três eixos: formação, relações institucionais e participação
da psicologia em outros contextos e áreas e um terceiro eixo que
articulasse os dois primeiros (AMBIEL; PACARANO, 2011).

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre o ano de 2011, uma boa dica é


acessar o material do CFP que conta com textos sobre os
três eixos debatidos naquele ano elaborado pelo Grupo de
Trabalho responsável. Grupo de Trabalho do Ano Temático
da Avaliação Psicológica. Ano da Avaliação Psicológica:
Textos geradores. Brasiília: Conselho Federal de Psicologia,
2011. Clique aqui.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 21

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo,
vamos resumir tudo o que o que foi proposto. Você deve
ter aprendido que a Avaliação Psicológica é uma prática
privativa do psicólogo e daí a importância para o seu
conhecimento e devida realização. Para uma avaliação bem
sucedida, o profissional deve se atentar não só a teoria, mas
a diretrizes técnicas e éticas no exercício de sua profissão. A
Avaliação Psicológica pode ser entendida em pelo menos
cinco dimensões, sendo elas: a)técnica; b) ética e legal;
c) relacional; d) social; e e) profissional.Essa prática não
deve ser confundida com testagem psicológica, embora
o uso de testes tenha uma importância significativa, tanto
historicamente quanto no período atual para a prática de
avaliação. A Avaliação Psicológica não é restrita ao uso de
testes e diferencia-se da testagem psicológica desde os
objetivos de seu trabalho até os resultados provenientes
dessas práticas. Embora por vezes ter recebido críticas, o
uso de testes foram fundamentais para o aprimoramento
da Psicologia enquanto ciência, e mesmo para o
estabelecimento do campo de Avaliação Psicológica no
Brasil e no mundo.
22 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Ética e legislação emAvaliação Psicológica


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você entenderá como


funcionam os aspectos éticos e a legislação no exercício
da Avaliação Psicológica. Isso será fundamental para
entender a responsabilidade técnica e a normatização
que envolve esse campo de atuação. Adicionalmente,
para a compreensão completa da ética é fundamental o
entendimento de que essa também deve passar pela
reflexão da formação profissional. E então? Motivado para
levar uma prática segura e responsável, contemplando o
papel de um verdadeiro profissional na área de Avaliação
Psicológica?Vamos juntos conhecer um pouco mais desses
aspectos fundamentais para uma formação completa
nesse campo!

Aspectos éticos
Muniz (2018) destaca que 2011, o ano temático da Avaliação
Psicológica no Brasil, estabelecido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP), foi fundamental na articulação dessa área com aspectos não só
técnicos, éticos, mas também em diálogo constante com os Direitos
Humanos.

Ética profissional implica tanto na reflexão quanto na normatização


estabelecida sobre a conduta do profissional no exercício de sua profissão
e que deve ser colocada em prática (MUNIZ, 2018).

Tanto o Código de ética Profissional quanto as normas


disponibilizadas pelo Sistema Conselhos (Conselho Federal e Conselhos
Regionais) são importantes para nortear a reflexão quanto a prática.
Segundo Hutz (2015), a primeira atitude ética do profissional em Avaliação
Psicológica é concernente ao se afirmar como apto ou não a realizar esse
tipo de trabalho, questionando o nível de domínio teórico prático para a
sua execução.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 23

Figura 7 - Tópicos importantes para a conduta ética profissional

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

ACESSE:

A Resolução nº 010/2005 é relativa ao Código de Ética


Profissional que versa sobre os princípios fundamentais e
conta com 72 condutas orientativas ao profissional, baseado
nos direitos humanos universais com ideias envolvendo
princípios de justiça social, bem comum, reforçando
aspectos de dignidade, envolvendo a prática profissional e
seu elo com a comunidade atendida. Clique aqui.

Particularmente, o conhecimento acerca do Código de Ética


Profissional é imprescindível, pois viabiliza a consciência do profissional
quanto a sua responsabilidade e também para que esse esteja ciente de
que há consequências no exercer de sua profissão (MUNIZ, 2018).
24 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 8 - Resumo estrutural do Código de Ética Profissional

7 princípios
fundamentais
Código de ética
Profissional
7 princípios
fundamentais

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

É importante pensar que, o primeiro código de ética remete ao


ano de 1975 e que, a partir do que foi discutido ao longo do tempo em
articulação com a categoria profissional e demandas da sociedade, foi
feita uma reformulação para um novo documento em 2005. Dessa forma,
é necessário frisar que se trata de um processo dinâmico e articulado com
as alterações tanto de direitos como de deveres do indivíduo ao longo do
tempo (MUNIZ, 2018).

Apesar de uma estrutura ampla, algumas condutas presentes,


sobretudo nos artigos 1º e 2º do Código de Ética profissional, que
envolvem respectivamente deveres fundamentais. Assim, o que é vedado
ao profissional de Psicologia no exercer de sua profissão, aproxima-se ao
que é esperado no contexto de avaliação (MUNIZ, 2018), verifica-se essa
informação conforme o Quadro 2, a seguir:
Quadro 2 – Condutas esperadas e vedadas ao profissional de Psicologia segundo
os artigos 1º e 2º do código de ética profissional (Resolução nº 010/2005)
em consonância com a área de Avaliação Psicológica

É dever do profissional É vedado ao profissional


(artigo 1º) (artigo 2º)

Ter o domínio teórico e técnico sobre a Emitir documento sem a devida qualidade
execução de seu trabalho. teórica, técnica ou científica.

Interferência quanto a validação das


Informar sobre os objetivos e
informações ou fidedignidade dos resultados
procedimentos do trabalho realizado.
de instrumentos e técnicas psicológicas.

Fornecer informações necessárias a


Ser avaliador em situações cujo vínculo
quem de direito a respeito dos resultados
profissional ou pessoal estão presentes.
obtidos por meio de avaliação.

Realizar diagnósticos ou mesmo realizar a


Cuidados sob a guarda, empréstimo,
divulgação de procedimentos bem como de
comercialização etc. de materiais
resultados pertinentes a prática, pecando na
privativos.
manutenção do sigilo.

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Muniz (2018).


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 25

Adicionalmente, Muniz (2018) aponta que o artigo 18 do código de


ética também contempla a área de avaliação, visto que discorre sobre
a viabilidade de empréstimo, venda, divulgação ou mesmo ensino de
instrumentos psicológicos de maneira a impedir o exercício ilegal da
profissão. É válido frisar que o Código de ética é de cunho transversal
(Figura 9) e implica a articulação entre sociedade, profissão, entidades e
a própria ciência.
Figura 9 - Transversalidade do código de ética profissional

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Primi (2011) destaca que o processo de avaliação psicológica


deve favorecer condições e igualdade de direitos, compreendendo que
as pessoas têm diferenças e que o profissional lida com situações que
envolvem decisões de impacto direto a esses indivíduos, lidando não só
com interesses individuais, mas também sociais, devendo prezar pelo
bem-estar de ambos, ou seja, indivíduo e o meio social em que vive.
26 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

O autor supracitado sugere que a prática psicológica no âmbito de


avaliação deve ter como base evidências científicas e a reflexão acerca
dos limites que envolvem o exercer profissional, sempre respeitando
o que é preconizado pelos órgãos e as comunidades tanto no campo
científico como profissional; limites do que deve ou não ser feito,
considerando o grau de influência de suas decisões sob os direitos das
pessoas (PRIMI, 2011).

Legislação em Avaliação Psicológica


Além do Código de ética profissional, outras legislações
estabelecidas pelo Sistema Conselhos são essenciais para a reflexão e
norteamento de condutas profissionais envolvendo a avaliação.
Quadro 3 – Alguns marcos de legislação na área de Avaliação Psicológica no Brasil

Tipo de Documento Número

Resolução 002/2001

Resolução 002/2003

Resolução/Código de ética 010/2005

Resolução 005/2012

Nota Técnica 01/2017

Nota Técnica 02/2017

Resolução 009/2018

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Em termos históricos, a Resolução nº 003/2003 em aprimoramento


da Resolução nº 025/2001 pode ser considerada um marco, porque
contribuiu para o campo dos testes, tanto com a regulamentação quanto
com a comercialização e elaboração dos mesmos. Adicionalmente
enfatizou a preocupação quanto à qualidade dos instrumentos, sendo
esses necessariamente munidos de evidências para a sua consideração
enquanto válidos, precisos e consequente normatização.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 27

Para Muniz (2018), a Resolução nº 003/2003 favoreceu ainda um


aumento no número de testes e de pesquisas relativas a sua aplicabilidade,
além de reforçar o princípio fundamental IV do código de ética relativo à
responsabilidade na atuação profissional.

A Resolução nº 009/2018 forneceu diretrizes básicas para a área


de Avaliação em Psicologia, refletindo não só sobre os instrumentos, mas
também sobre métodos, técnicas e critérios para que os testes utilizados
fossem considerados aptos ao seu uso. Essa resolução revogou as
Resoluções nº 002/2003 e nº 005/2012 e as Notas Técnicas nº 01/2017
e nº 02/2017.
Figura 10 - Martelo de juiz

Fonte: Freeimages

Outras resoluções são importantes e podem ser revisadas pelo


profissional que deseja atuar no campo de avaliação. Um exemplo seria
a Resolução nº 002/2016 que versa a respeito do contexto envolvendo
concursos públicos e processos seletivos, em que é comum a participação
de um profissional de psicologia exercendo atividades de avaliação.

A Resolução nº 011/2018 contempla a Avaliação Psicológica e


a prestação de serviços nesse campo por meios tecnológicos. Nesse
caso, cabe não só a reflexão do profissional para além da resolução, mas
também para refletir sobre questões que envolvam o acesso restrito
a esses meios por parte da população, que apresenta a demanda por
avaliação ou mesmo o debate quanto à manutenção da qualidade e ética
do serviço (MUNIZ, 2018).
28 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 11 – Pessoa em atendimento remoto

Fonte: Freepik

Pellini e Leme (2011) enfatizam que nem avaliações, nem mesmo


decisões sob resultados que envolvam medidas desatualizadas e sem
verificação sobre a validade devem ser consideradas. Adicionalmente,
o próprio contexto em que ocorre a avaliação deve ser um ambiente
próprio para tal. Os Princípios Éticos e Código de Conduta da Associação
Americana de Psicologia, embora mais antigos que as resoluções atuais
brasileiras, já versavam sobre isso (1992, apud PELLINI; LEME, 2011).

Ética e formação em Avaliação Psicológica


De acordo com Bandeira (2011), a formação em Avaliação Psicológica
no Brasil passou por transformações ao longo do tempo, principalmente
após a década de 1990. A autora enfatiza que inicialmente essa formação
era voltada apenas para o campo dos testes, restringindo essa formação
a sua aplicação e correção, sem o investimento acerca da reflexão de sua
prática ou mesmo da própria utilização desses testes.

Com os diversos grupos de trabalho envolvendo as associações de


profissionais como avaliadores, professores, pesquisadores, foi necessária
a criação de debates ao longo do tempo, para tanto, isso favoreceu alguns
avanços nesse sentido.

EXEMPLO: Alguns exemplos de entidades de cunho técnico e


científico, cujos profissionais contribuíram para o desenvolvimento e
melhor formação da Avaliação Psicológica no país, foram a Associação
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 29

Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), o


Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) (BANDEIRA, 2011).

Para Fonseca (2011), a prática, por si só, exclusiva do profissional


psicólogo, deveria ser a principal motivação para o investimento na
formação adequada e crítica desses profissionais. A autora destaca que
o que acontece recorrentemente é uma prática inadequada e por vezes
distante da formação e, quando essa ocorre, por vezes envolvem estágios
sem a devida supervisão e formação. Embora haja uma diversidade de
campos e abordagens, Löhr (2011) aponta ser necessário o conhecimento
acerca de comportamento humano, epistemologia e compreensão
quanto a instrumentos e técnicas que envolvem o exame psicológico
(LÖHR, 2011).
Figura 12 - Estudantes em formação

Fonte: Freeimages

Verifica-se que a competência profissional é consonante também


com o quanto esse profissional é hábil em extrair uma maior quantidade
de informações dos métodos e instrumentos empregados. Por esse
motivo e pelo fato de ser uma área em constante diálogo com outras
(Medicina, Direito, Administração) e também atuante em uma amplitude
de contextos (saúde, jurídica, escolar, trânsito etc.) a formação é uma
maior garantia de um trabalho responsável e ético (FONSECA, 2011).
30 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Em um estudo realizado por Jesus Jr (2007), de maneira a verificar


a percepção de alunos de Psicologia sobre ética, foi constatado que
estudantes do último ano do curso tiveram pior desempenho do que
os do primeiro ciclo, o que demonstra a necessidade de uma formação
continuada para a garantia da conduta ética para além da academia e em
contextos aplicados da profissão.

Outros estudos tais como o de Frizzo (2004) ou de Muniz (2018)


analisam algumas infrações cometidas por profissionais em que há
destaques quanto a infrações envolvendo aspectos de perícia, avaliação
e aplicação de procedimentos ou o julgamento quanto ao comportamento
envolvendo aspectos técnicos.

SAIBA MAIS:

O texto de Amêndola (2014) traça um perfil histórico


envolvendo a formação em psicologia e sua articulação
com aspectos éticos e demandas sociais. É uma excelente
fonte de conhecimento sobre esse tema.
Amendola, M. F. Formação em Psicologia, Demandas
Sociais Contemporâneas e Ética: uma Perspectiva.
Psicologia: Ciência e Profissão, 2014, v. 34, n. 4, pp. 971-983,
Brasília, 2014. Clique aqui.

É válido frisar que a formação tem sido apontada na literatura


como uma das vias para a garantia de uma conduta ética (ANACHE;
REPPOLD, 2010; FRIZZO, 2004; JESUS JR. et al., 2007; MUNIZ, 2018) e que
o profissional deve ser treinado inclusive quanto a uma consciência social
do seu trabalho.

Uma formação continuada nos diversos níveis de formação


(graduação e pós-graduação stricto e latu sensu) viabilizam uma avaliação
a ser realizada de tanto de forma ética e de qualidade quanto técnico-
científica (ZAIA et al., 2018).

A conduta ética em avaliação psicológica por vezes destaca


aspectos técnicos que refletem a ética. Todavia, conforme aponta Pellini
e Leme (2011), além de aspectos técnicos, uma conduta ética e crítica,
sendo o exercer profissional em avaliação psicológica também uma ação
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 31

ético-política. Para Bicalho (2011) o reconhecimento quanto a necessidade


de um trabalho político engloba a aceitação de que o profissional, nesse
caso, não é isento ou neutro.

Aprática psicológica abarca a discussão sobre concepções relativas ao


mundo, o homem e a sociedade em contexto mais amplo. Compreendendo
que o trabalho envolve tomada de decisão e consequências diretas ao
indivíduo e o seu ser social, é importante assumir posições quais sejam
arraigadas de princípios éticos (BICALHO, 2011).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a conduta ética profissional em Avaliação Psicológica é
permeada por vários quesitos, como a legislação vigente,
a constante informação e atualização profissional, os
contextos em que ocorrem a avaliação,sendo necessário
haver ainda uma preocupação com relação ao sigilo das
informações oriundas dessa prática, bem como uma
preocupação não só teórica mas também técnica, o que
é característico de um exercer profissional de qualidade.
Você deve ter visto ainda, que para a consulta de questões
envolvendo a ética pode ser feita a partir do Código de Ética
Profissional e as normas disponíveis no Sistema Conselhos
(Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de
Psicologia). É importante destacar que a formação ética
foi modificada ao longo da história pensando também nas
transformações da concepção do indivíduo e sociedade,
seus direitos e deveres. Adicionalmente, por ser uma área
atuante em diversos contextos e demandas é imprescindível
considerar a formação em avaliação psicológica como
uma formação política e social com desdobramentos ao
indivíduo e suas relações a curto, médio e longo prazo.
32 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Elaboração de documentos em avaliação


psicológica
OBJETIVO:

Ao término desse capítulo você compreenderá


os principais pontos pertinentes a elaboração de
documentos psicológicos e aqueles específicos oriundos
de uma Avaliação Psicológica. Você conhecerá sobre
a normatização vigente quanto a sua elaboração e a
importância da guarda de documentos. Isto será essencial
para dar prosseguimento ao seu trabalho, uma vez que é
parte do atendimento às demandas apresentadas nesse
processo. E então? Engajado para aprender os principais
pontos e diferenciar os tipos de documentos que permeiam
essa prática? Conte conosco para conhecer um pouco mais
e se capacitar quanto a essa habilidade tão importante para
a sua prática!

Normas para a elaboração de documentos


decorrentes de Avaliação Psicológica
É interessante, além da elaboração de um contrato descritivo
quanto a prestação dos serviços a serem realizados durante a Avaliação
Psicológica, a emissão de documentos consonantes às normas
estabelecidas, e que isso ocorra de maneira estruturada seguindo
aspectos também formais (MÄDER, 2016).

Segundo Mäder (2016), o documento produzido é uma forma de


materialização do trabalho realizado e acaba por demonstrar, dentre
outros aspectos, a competência teórico-técnica do avaliador, e cabe a
esse profissional, a partir do momento em que é disponibilizado esse
documento, responder pelos procedimentos realizados e por todo o
conteúdo alí indicado. O norte para essa elaboração deve ser o Código de
ética profissional e a legislação vigente.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 33

Entende-se por documento psicológico uma ferramenta de


comunicação por escrito sendo esse resultado de uma prestação de
serviço a pessoas ou grupos, bem como a instituições. Tal documento
pode ser solicitado pelo usuário do serviço ou por equipes profissionais,
por exemplo, devendo ser mantidos os princípios éticos, técnicos e
científicos, além de uma linguagem profissional formal (CFP, 2019).

O ano de 2001 é um dos marcos para o âmbito de elaboração


de documentos psicológicos decorrentes de avaliação, a partir do
fornecimento de orientações concernentes a elaboração de documentos
psicológicos. Dessa forma, é facilitada a padronização e regularidade dos
materiais produzidos tanto pela sua forma como qualidade (CFP, 2019).

A Figura 13 mostra alguns dos marcos históricos na elaboração de


documentos em psicologia.
Figura 13 - Resoluções do CFP importantes para a compreensão
acerca da Elaboração de Documentos Psicológicos

17/2002

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Em dezembro de 2000 ocorreu o I Fórum Nacional de Avaliação


Psicológica que subsidiou a construção da Resolução nº 30/2001 do CFP,
oriunda também de outras ações importantes no campo de avaliação, tal
como a Assembleia das Políticas Administrativas e Financeiras datada de
maio de 2001. Refletindo-se sobre os princípios éticos e norteando quanto
a uma postura técnica profissional, o Conselho Federal de Psicologia
estabeleceu o Manual de Elaboração de Documentos Psicológicos
decorrentes da Avaliação (CFP, 2001). Essa resolução foi revisada na
Resolução nº 17/2002.

A Resolução nº 17/2002 destaca, mediante queixas de


representatividade ética e a necessidade de uma produção que seja
qualificada desses documentos, que haja uma linguagem profissional,
contemplando clareza e concisão, além de reconhecer a avaliação
enquanto um processo dinâmico cuja determinação também engloba
fatores históricos, sociais e mesmo econômicos.
34 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

A Resolução nº 07/2003 discute sobre o Manual de Elaboração


de Documentos escritos, mas sob o enfoque daqueles envolvidos
na prestação de serviços em Psicologia, sobretudo aqueles frutos de
avaliação psicológica. A Figura 14 resume os principais quesitos para essa
elaboração, segundo tal resolução:
Figura 14 - Tópicos de destaque para a elaboração de
documentos escritos segundo a Resolução nº 07/2003

Princípios norteadores

Conceito/Finalidade/Estrutura

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Dentre as resoluções destacadas, a mais recente envolvendo


a elaboração de documentos psicológicos se trata da Resolução nº
06/2019. Tal resolução revoga a Resolução nº 07/2003 e contempla além
dos campos de atuação profissional da Psicologia, também a inclusão de
orientações acerca do Relatório Multiprofissional.

Outro destaque dessa resolução é o destino e envio de documentos


e as discussões que permeiam a entrevista devolutiva, bem como, a
ênfase na responsabilidade do profissional ao elaborar os documentos
se capacitando eticamente e tecnicamente para essa ação. Tal resolução
também aponta a necessidade de prezar pela estrutura própia de cada
um dos documentos, sendo essa relacionada, sobretudo a sua finalidade.

Como princípios fundamentais na elaboração de documentos


psicológicos, é importante destacar: a) princípios técnicos; b) princípios de
linguagem técnica; c) princípios éticos. Os envolvidos na avaliação têm o
direito de saber tanto sobre os objetivos como dos resultados do serviço
prestado, podendo inclusive ter acesso a esses documentos escritos.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 35

A Figura 15 elenca os diferentes tipos de documentos a serem


produzidos pelos profissionais, segundo a Resolução nº 06/2019 do
Conselho Federal de Psicologia. O detalhamento dos documentos
segundo essa norma será descrito no subtópico a seguir “Tipos de
documentos psicológicos”.
Figura 15 - Documentos elaborados pelo profissional de psicologia no
exercer de sua profissão detalhados na Resolução nº 06/2019 do CFP

Relatório Relatório
Psicológico Multiprofissional

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

ACESSE:

Para saber mais sobre a elaboração de documentos


psicológicos contemplando as mudanças ocorridas a partir
da Resolução do CFP nº 06/2019, que tal acessar o vídeo
do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul,
no qual são abordadas detalhadamente essas mudanças
e fornecidas orientações quanto as novas diretrizes?
CRP RS, 2020. Orientação e Elaboração de Documentos
Psicológicos. Clique aqui.

Cabe destacar que quaisquer dúvidas acerca da elaboração de


documentos psicológicos, há a jurisprudência dos conselhos regionais
e mesmo, se cabível, a orientação do Conselho Federal. É importante
destacar que o não cumprimento das disposições estabelecidas na
norma vigente incorre em falta ético-disciplinar (CFP, 2019).
36 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Tipos de documentos psicológicos


Declaração
Dentre os documentos a serem elaborados pelo profissional, a
declaração é o mais objetivo, pois é um documento breve e sucinto, cujo
objetivo principal é de prestar informações sobre o serviço.Tal documento
aborda pontos como o comparecimento da pessoa ao atendimento ou
o acompanhamento psicológico prestado. Pode-se, nesse documento,
inserir informações quanto ao tempo de atendimento, dias e horários
relativos à prestação desse serviço. Segundo a Resolução nº 06/2019, a
declaração segue a seguinte estrutura:

• Título: “Declaração”.

• Identificação, com nome completo do usuário.

• Finalidade, que é o que resguarda o profissional no que se


concerne ao uso do dado.

• Informações sobre local, dias, horários.

• Encerrar incluindo, local, data e carimbo com assinatura do


profissional.

É válido lembrar que, na declaração, não é permitido que o


profissional descreva sobre os sintomas, situações ou mesmo estados
psicológicos, incorrendo em infração ética caso isso aconteça.

Atestado psicológico
O atestado psicológico, diferentemente da declaração, é resultante
de um processo de avaliação psicológica e deve ser realizado à medida
que é contemplada a competência profissional para tal elaboração. Tal
documento visa informar sobre o estado psicológico de um indivíduo ou
uma situação específica sobre o mesmo. Deve seguir a estrutura abaixo:

• Título.

• Identificação, nome completo e quando necessário incluir alguma


informação sociodemográfica.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 37

• Solicitante, especificando detalhadamente quem fez a solicitação


do referido documento.

• Finalidade, ou seja, o motivo do pedido.

• Descrição das condições emocionais/psicológicas, fruto


do raciocínio psicológico ou avaliação. É facultado o uso de
classificações diagnósticas.

• Encerrar incluindo, local, data e carimbo com assinatura do


profissional e rubrica em todas as páginas.

IMPORTANTE:

O atestado psicológico é útil no que se concerne à


comunicação de justificativa de faltas e/ou impedimentos,
além disso, se o indivíduo está apto ou não para a realização
de alguma atividade. O profissional também pode atestar
sobre motivos de afastamento ou dispensa de alguma
atividade. É importante frisar que não se trata de um
diagnóstico nosológico.

É facultado ao profissional destacar, ao fim do atestado, que não


está autorizada a utilização do documento para outros fins que não aquele
requerido. Cabe ao profissional realizar a guarda da cópia do atestado
junto ao material utilizado para a avaliação, podendo ser solicitado pelo
órgão regulamentador.
Figura 16 - Assinatura de documento

Fonte: Freeimages
38 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Relatório psicológico
Orelatório Psicológicopodeter caráterinformativoe deve contemplar
variáveis também históricas e sociais. Trata-se de um documento repleto
de detalhes cujo objetivo é comunicar sobre a atuação profissional,
compondo recomendações, intervenções e encaminhamentos do caso
em atendimento.

Tal documento possui tanto valor técnico como científico, e é


imperativo que seja composto por uma narrativa detalhada embasada
no Código de Ética profissional. É diferente de um relatório de atividades
instucional.

Esse documento deve ser estruturado da seguinte forma:

• Identificação, contendo o título do documento, o nome da pessoa


ou instituição foco, solicitante, finalidade e autor (Detalhes do
profissional, inscrição no conselho).

• Descrição da demanda, na qual deve descrever com detalhes


acerca do que motivou a busca pelo serviço, quem forneceu as
informações etc.

• Procedimento, que deve detalhar todos os passos sustentados


de maneira técnico-cientifica, enfatizando o referencial teórico
adotado. Deve-se, nesse tópico, citar todos os envolvidos
no processo de avaliação de maneira detalhada, fornecendo
informações como o número de encontros realizados, a sua
duração e relatos de maneira objetiva. Os procedimentos adotados
devem respeitar a complexidade do que é avaliado.

• Análise, na qual deve-se apresentar toda a evolução do trabalho


de maneira sistêmica e com fundamentação tanto técnica quanto
teórica, consonante com a demanda apresentada. Tudo o que for
citado nesse tópico deve ser sustentado cientificamente. Deve-se
prezar pela linguagem objetiva e precisa, mesmo com informações
de cunho subjetivo.

• Conclusão, que deve abarcar a natureza dinâmica do evento


observado, bem como trazer conclusões a partir da análise
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 39

realizada. É nas conclusões que, caso necessário, devem constar


possíveis encaminhamentos, orientações ou mesmo a sugestão
de continuidade do serviço.

• Encerrar incluindo, local, data e carimbo com assinatura do


profissional e rubrica em todas as páginas.

Ao profissional é facultado enfatizar que o relatório não pode ser


utilizado para outros fins que não aqueles descritos na identificação do
documento, reforçar o sigilo das informações ali descritas ou mesmo a sua
responsabilidade sob o que é feito com o documento após a devolutiva
da avaliação.

Relatório multiprofissional
Figura 17 - Reunião Profissional

Fonte: Freeimages

O relatório multiprofissional é um documento com orientações


semelhantes aquelas descritas no item anterior, “Relatório Psicológico”,
com a diferença de que se trata de um relatório produzido em contexto
multiprofissional e com a possibilidade de elaboração em conjunto com
os demais profissionais envolvidos na equipe, ainda que preservado
os princípios éticos e a autonomia desses profissionais. Tem a seguinte
estrutura:

• Identificação.

• Descrição da Demanda.
40 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

• Procedimentos.

• Análises.

• Conclusão.

• Encerramento é realizado com o nome completo ou social tembém


completo, o número de inscrição profissional do responsável
ou responsáveis, com as laudas numeradas, rubricadas e com
assinatura e carimbo ao final da última página.

Embora seja um relatório multiprofissional, as informações contidas


que sejam pertinentes a métodos e técnicas privativas do psicólogo devem
constar em tópico separado dos demais, mantendo a responsabilidade e
sigilo por parte daquilo que lhe cabe enquanto profissional.

Laudo psicológico
O laudo psicológico trata-se de um documento fruto de uma avaliação
psicológica, de maneira a embasar decisões em relação a demandas
específicas. Tal documento é constituído por informações técnicas sobre
procedimentos, devendo ser fundamentado com referências sobre o tema
e baseado no código de Ética profissional. Sua estrutura é:

• Identificação.

• Descrição da demanda.

• Procedimento.

• Análise.

• Conclusão.

• Referências.

• Encerrar incluindo, local, data e carimbo com assinatura do


profissional e rubrica em todas as páginas.

No laudo é obrigatória a inserção das referências utilizadas como


fonte científicas e referências bibliográficas do que foi utilizado. No
procedimento, a descrição tanto de fontes fundamentais, como fontes
complementares de informação devem estar detalhadas.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 41

Parecer psicológico
O parecer psicológico é um documento que visa à apresentação
de uma análise técnica a respeito de uma demanda específica, com a
finalidade de diminuir as dúvidas sobre questões-problema tanto no
campo documental, como no campo de avaliação. Esse documento não
é resultante de uma avaliação psicológica ou intervenção psicológica.
Assim como no laudo, é importante citar as fontes científicas utilizadas,
preferencialmente nas notas de rodapé.

Esse documento tem a seguinte estrutura:

• Identificação.

• Descrição da demanda.

• Análise.

• Conclusão.

• Referências.

• Encerrar incluindo, local, data e carimbo com assinatura do


profissional e rubrica em todas as páginas.

SAIBA MAIS:

O documento do Conselho Federal de Psicologia reflete


sobre os tipos de documentos e suas finalidades e orienta
sobre sua elaboração.Conselho Federal de Psicologia
(2019). Resolução CFP 06/2019 comentada: Orientações
sobre a elaboração de documentos escritos produzidos
pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional. Brasília: CFP.
Clique aqui.

Guarda de documentos decorrentes de


Avaliação Psicológica
No sigilo das informações, fruto da avaliação psicológica, é essencial
refletir sobre a guarda desses documentos, pois isso é uma postura ética
esperada como conduta profissional (MÄDER, 2016).
42 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 18 - Gavetas para guardar documentos

Fonte: Freepik

A guarda de materiais, sobretudo aquela dos instrumentos que


são restritos à prática psicológica é imperativa: todos os instrumentos e
quaisquer formas de registro devem ser mantidos em sigilo, em armários
com chave. É válido ressaltar que a depender da instituição em que
ocorra o trabalho, essa informação pode erroneamente estar de fácil
acesso a outras pessoas e profissionais, o que pode comprometer o sigilo
do trabalho realizado, por isso reforça-se a necessidade do cumprimento
dessa orientação (MÄDER, 2016).
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 43

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo,


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu que há
diferentes documentos psicológicos e a preocupação e
formatação dos mesmos depende de uma norma vigente.
A normatização quanto à elaboração de documentos
psicológicos mudou ao longo do tempo, acompanhando
não só as mudanças na profissão, mas também uma
demanda de garantia ética e técnica por parte dos
profissionais. A elaboração de documentos implica
numa responsabilidade profissional técnico-científica e
ética, contemplando as orientações do Código de Ética
Profissional e daquilo que é estabelecido pelo Sistema
Conselhos. Para cada tipo de documento há uma estrutura
pertinente e a finalidade de cada tipo também é norteadora
das informações que devem ser ali contidas. Embora,
por vezes, haja a articulação com outros profissionais, é
importante o psicólogo manter o que é privativo de sua
função mesmo na confecção desses documentos.
44 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Devolutiva de Avaliação Psicológica


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como é realizada uma devolutiva de Avaliação Psicológica,
bem como seus principais fatores a serem considerados,
seja o contexto em que ocorre essa avaliação seja
as normativas vigentes. Isto será fundamental para a
completude do seu trabalho de avaliação e importante para
o objeto a ser avaliado. E então? Encorajado a compreender
e capacitar-se para uma finalização adequada do processo
desse trabalho? Vamos juntos conhecer um pouco mais da
devolutiva nessa área!

Etapas do processo de Avaliação


Psicológica
O processo de Avaliação Psicológica é composto por seis etapas, a
exemplo do que o Conselho Federal de Psicologia estabelece (CFP, 2018):

1. Entrevista clínica – é nessa primeira etapa que o profissional


psicólogo realiza uma entrevista a partir da utilização de roteiros,
cuja finalidade seja compreender qual o motivo da demanda por
avaliação, além disso é um momento importante para a obtenção
de informações fundamentais para a aplicação da bateria de
testes a serem selecionados para compor a avaliação.

2. Bateria de testes – é nesse momento que o psicólogo, a partir


das informações obtidas por meio da entrevista inicial, definirá os
testes a serem utilizados, respeitando a demanda apresentada e
verificando a compatibilidade com o objeto analisado.

3. Administração, pontuação e interpretação de testes – nesse


momento ocorre a aplicação dos testes e demais instrumentos a
serem utilizados, de acordo com o que foi planejado. O psicólogo
corrige e verifica os resultados obtidos.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 45

4. Integrar e conceituar informações coletadas – é nessa etapa que o


profissional de psicologia reúne todas as informações de maneira
a articular o que foi observado e avaliado para a elaboração de um
documento, a exemplo do relatório psicológico.

5. Relatório de avaliação psicológica – talrelatório deve serestabelecido


de acordo com as diretrizes do Conselho Federal de Psicologia
em suas normas vigentes e respeitando o seu caráter técnico e
científico, além dos princípios éticos. É de extrema importância ser
considerado também o caráter dinâmico da avaliação.

6. Feedback – aqui o psicólogo faz a devolutiva ao cliente sobre os


resultados obtidos na avaliação. Uma das formas para que isso
seja realizado é por meio da entrevista devolutiva.

Figura 19 - Etapas da avaliação psicológica segundo CFP (2018)

Entrevista clínica Bateria de Testes

Administração
conceitualização

Relatório de

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Entrevista devolutiva
Pellini e Leme (2011) destacam a Resolução nº 01/2002, que discute
também o papel da Avaliação Psicológica em concursos públicos e outros
processos seletivos e, nesse contexto, enfatizava a importância de uma
entrevista devolutiva como sendo direito do indivíduo ser informado sobre
os serviços prestados pelo profissional da Psicologia, além disso, ser um
direito ter acesso aos resultados obtidos a partir da avaliação.
46 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 20 – Profissional em entrevista devolutiva com o cliente

Fonte: Freepik

Conforme apontado por Pellini e Leme (2011), o próprio Código


de Ética Profissional discute o quesito da devolutiva já no seu artigo 1º,
resumidamente, têm-se as seguintes informações:

• Transmitir o que é de direito ao usuário para tomada de decisões


(alínea g).

• Orientar a quem de direito sobre os desdobramentos, como


exemplo,encaminhamentos do serviço prestado, fornecendo
quando solicitado documentos pertinentes ao trabalho (alínea h).

É considerada entrevista devolutiva aquela que é resultante de um


processo de avaliação psicológica, a considerar determinantes históricos
e sociais, bem como os seus efeitos sob o indivíduo. O profissional deve
atuar e se preocupar não só sob o indivíduo mas sob esses condicionantes.

A respeito do tipo de linguagem utilizada em uma devolutiva


envolvendo outros profissionais, cabe diferenciar a postura do profissional
psicólogo nesse contexto, conforme apontado no Quadro 4.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 47

Quadro 4 – Linguagem adotada pelo profissional psicólogo em devolutiva,


a depender do contexto no qual se insere segundo Pellini e Leme (2011)

Tipo de profissional Linguagem adotada

Entre colegas Podem ser utilizados termos técnicos e referenciar as fontes


psicólogos utilizadas.

Rever os pontos da avaliação de maneira acessível, mas deve


Outros profissionais
haver a preocupação em resguardar o sigilo.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A devolutiva pode ser realizada como oriunda de solicitação de


várias áreas de atuação e, independente da área, é importante esclarecer
o trabalho realizado e os motivos envolvendo a atuação, bem como, o
profissional deve estar atento aos impactos que essa avaliação pode
causar ao cliente e o contexto mais amplo do qual ele participa (PELLINI;
LEME, 2011). Para cada área/contexto em que ocorre a devolutiva, faz-se
necessário destacar que há de se considerar diferentes formas e ênfases
na devolução.

Pode ocorrer também casos em que a devolutiva ocorre em


contexto escolar. Nesse campo, é sempre importante selecionar o
tipo de informação que é transmitida durante a devolutiva, havendo a
preocupação em trabalhar questões no campo pedagógico e facilitar a
linguagem, realizando o trabalho de maneira acessível aos envolvidos
(PELLINI; LEME, 2011).
Figura 21 – Contexto escolar

Fonte: Freeimages
48 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Nas devolutivas realizadas no âmbito jurídico, por exemplo, por


vezes a comunicação é feita diretamente para operadores do direito.
Nesses casos, é importante avaliar a forma com que as informações
chegam e o tipo de informação que deve ser transmitida a esse outro
profissional (PELLINI; LEME, 2011).

Em alguns casos, é válido destacar que o profissional deve se abster


de fornecer e realizar uma devolutiva de maneira direta ao indivíduo
avaliado, o que pode também entrar em conflito com os princípios éticos
e diretrizes de conduta no seu exercer profissional. No entanto, em
situações como essa, o trabalho do psicólogo quando atrelado ao Poder
Judiciário deve atentar-se e responder em primeira instância a demanda
estabelecida judicialmente (WILLIAMS; CASTRO, 2016).

Em contexto de recrutamento e seleção, é sempre importante na


devolutiva enfatizar as características do cargo, bem como as técnicas
exigidas e empregadas cabíveis a esse contexto. Para tanto, isso deve
ser realizado com o cuidado de não expressar ao indivíduo que suas
características implicam em um problema para a empresa ou para a
vaga em questão, entretanto, deve-se discutir o perfil necessário para
essa contratação ou uma indicação positiva para o preenchimento nessa
seleção (PELLINI; LEME, 2011).

SAIBA MAIS:

O livro a seguir discute sobre Avaliação Psicológica,


contemplando a atuação profissional no âmbito das
organizações e sobre os principais temas pertinentes a
esse contexto de avaliação.
HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M. (orgs.).
Avaliação Psicológica no contexto organizacional e do
trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2015.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 49

Figura 22 – Contexto de recrutamento e seleção

Fonte: Freepik

Independente da área em que ocorra a avaliação e o processo de


devolutiva, é imprescindível prezar e promover o crescimento do indivíduo.
Sempre que solicitado e de acordo com o Código de Ética Profissional
(010/2005) a devolutiva deve ser fornecida por escrito quando solicitada
(PELLINI; LEME, 2011).

Outros contextos também podem fazer parte da avaliação, como


em contextos de habilitação para CNH ou na área da clínica e da saúde.
O momento de transmissão da informação pode ser feito tanto durante o
atendimento, como na situação clínica, ou ao final do processo, como no
contexto de trânsito ou de um concurso (PELLINI; LEME, 2011).

Sobre as informações e formas de realização dessa devolutiva, é


dever profissional avaliar quais as informações serão documentadas,
sempre contemplando qual a situação e o contexto envolvido, os
objetivos, a fundamentação e atentando-se para os cuidados éticos e
técnicos nessa tarefa, afinal deve-se ter preocupação primordial com o
sigilo das informações (PELLINI; LEME, 2011).
50 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:

Vídeo do Conselho Federal de Psicologia sobre Entrevista


Devolutiva, o qual discute a entrevista devolutiva a partir
da Resolução nº 04/2019, uma das resoluções que debate
a prática a partir do que é estabelecido nas diretrizes da
norma. Acesse-o clicando aqui.

Entrevista devolutiva e normatização atual


Segundo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº
06/2019, no artigo 16 da Seção V que trata do destino e envio de
documentos, é importante destacar que essa entrega deve ser realizada
de maneira direta a quem de interesse (seja beneficiário, responsável
legal ou mesmo o solicitante), mas que isso seja feito por meio de uma
entrevista devolutiva.

Ainda de acordo com tal resolução, deve-se manter o protocolo


quanto a entrega de documentos na entrevista, solicitando a assinatura
do solicitante no documento. A entrevista é uma maneira de esclarecer
verbalmente o conteúdo do documento.

Ainda que seja realizada a entrevista devolutiva e entrega de


documentos envolvendo a assinatura do solicitante, como prova de que a
recebeu, é de extrema importância a guarda de documentos em função
da possibilidade de fiscalização por parte do Conselho ou mesmo em
meio a uma solicitação de parte judicial (CFP, 2019).

A Resolução nº 11/2018 do CFP versa sobre protocolos envolvendo


o ambiente de tecnologia e recursos digitais de informação. Ainda que
digital, a importância da assinatura é destacada. Caso seja impossibilitada
a assinatura, faz-se necessário um protocolo digital, envolvendo o envio e
confirmação do e-mail sobre a devolutiva dos documentos, para tanto o
solicitante acusar recebimento.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 51

SAIBA MAIS:

A Resolução nº 11/2018 discute sobre a prestação de


serviços em Psicologia que são mediados por meio de
tecnologia de informação e comunicação, as famosas TICs.
Num contexto em que essas práticas têm avançado, é de
extrema importância a atualização nesse quesito. Essa é a
versão comentada da resolução que discute os principais
pontos. Acesse-a clicando aqui.

Caso ocorra a tentativa de realizar a entrega de documentos


oriundos da avaliação e entrevista devolutiva e isso seja impossibilitado,
é recomendado, a partir da mesma resolução, detalhar o registro de
tentativas de contato junto ao prontuário do indivíduo. Se for um prontuário
digital, é imperativo o escaneamento dos documentos para compor o
mesmo.

Na seção VII da Resolução 06/2019 é essencial a entrega de


relatório, laudo a realização da entrevista devolutiva. Essa entrevista pode
ser realizada com uma diversidade de atores, a exemplo do que pode ser
visto na figura.
Figura 23 - Possibilidades de realização de entrevista
devolutiva segundo Resolução nº 06/2019 do CFP

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


52 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

ACESSE:

Para saber mais sobre a legislação atual que trata sobre a


elaboração de documentos psicológicos e o componente
final da Entrevista Devolutiva, é necessário consultar a
última seção do documento, Clique aqui.

Entrevista devolutiva e pesquisa em


Avaliação Psicológica
É sempre importante ao final do processo avaliativo explicitar as
razões do que está escrito no documento. Além disso, o profissional deve
realizar a entrevista sempre que essa for solicitada, seja pelo indivíduo,
instituição ou responsáveis.

Nunes et al. (2012) aponta que apesar de ser um direito do


participante, poucas pesquisas envolvendo o campo de Avaliação
Psicológica abordam esse tema. A entrevista devolutiva é uma etapa
essencial para a conclusão do estudo, além de reforçar o direito e a
consideração quanto aos participantes.

A entrevista pode ser utilizada tanto no início da coleta de dados


como ao final, numa perspectiva de fornecer uma devolutiva sobre o
trabalho realizado, além de ser uma forma também de integração de
dados a respeito do que foi avaliado/observado.

SAIBA MAIS:

O artigo de Cassep-Borges (2009) é um dos poucos que


abordam a devolutiva de dados de pesquisa e fornece
dados importantes inclusive sobre a percepção dos
participantes quanto a essa prática. Confira!
CASSEP-BORGES, V. Devoluçăo de dados por correio
eletrônico: uma alternativa para pesquisas quantitativas.
Avaliaçăo Psicológica, v. 8, n.1, p. 149-152, 2009. Clique aqui.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 53

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve
ter aprendido que o processo de avaliação psicológico
é composto por várias etapas. Essas etapas podem ser
desde a entrevista inicial, de maneira a coletar dados e
compreensão da demanda, a seleção de instrumentos e
técnicas até a sua aplicação e discussão de resultados.
Outras etapas, como a integralização das informações
obtidas no processo de avaliação, bem como, a produção
de documentos nesse contexto, é o que vai fornecer
bases para a realização de uma última etapa, a devolutiva.
A entrevista devolutiva é fruto do processo de avaliação
e deve conter as principais informações pertinentes ao
processo, seja os objetivos do trabalho realizado, seja as
discussões quanto a encaminhamentos ou adequação ao
contexto do qual a avaliação faz parte. É válido frisar que é
um direito ao indivíduo a devolutiva e deve ser embasada
tecnicamente e cientificamente. A linguagem adotada
varia de acordo com quem participa da devolutiva, sempre
devendo manter o sigilo das informações. A normatização
06/2019 do CFP, além de discutir sobre a elaboração de
documentos psicológicos, também fornece as diretrizes
para a elaboração da entrevista devolutiva. Sempre que
essa devolutiva for solicitada, o profissional deve realizá-la,
independente de um contexto presencial ou à distância.
54 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

REFERÊNCIAS
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éticas. In SANTOS, A. A. et al. (orgs.). Avaliação psicológica: Diretrizes para
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Brasília: CFP. Disponível em: https://bit.ly/2VJziCA. Acesso em: 3 ago. 2021.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 06/2019


comentada: Orientações sobre a elaboração de documentos escritos
produzidos pela (o) psicóloga (o) no exercício profissional. Brasília: CFP.
Disponível em: https://bit.ly/3fRUmO4. Acesso em: 3 ago. 2021.
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Federal. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 38, n.1, p. 8-21, 2018.

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