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Avaliação Psicológica

e Psicodiagnóstico

Unidade 2
Contextos de uso da avaliação psicológica
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
JÉSSICA DE ASSIS SILVA
SHEILA MARIA PRADO SOMA
FÁBIO PEREIRA SOMA
AUTORIA
Jéssica de Assis Silva
Sou formada em Psicologia pela Universidade Federal do Pará,
com Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos
e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo.
Adicionalmente, sou especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva
pela USP sendo docente em cursos de graduação e especialização
e gostaria de dividir um pouco dessa experiência com você! A Editora
Telesapiens e eu estamos empenhados em te acompanhar nessa jornada!
Conte conosco!

Sheila Maria Prado Soma


Sou Psicóloga há 22 anos, com mestrado e doutorado pela
Universidade Federal de São Carlos. Tenho experiência em Psicologia
Clínica e docência no ensino superior, pois trabalhei todo esse tempo
com a formação de profissionais nessa área e produção de conteúdos
e pesquisas. Psicologia é a minha paixão e, transmitir minha experiência
profissional e de vida àqueles que estão em formação é um dos focos do
meu trabalho. Por esse motivo fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes.

Fábio Pereira Soma


Tenho formação em Filosofia, Pedagogia e sou Mestre em Filosofia
pela Unesp, com experiência técnico-profissional na área de educação de
mais de 12 anos. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes.

Estamos muito felizes em ajudar você nesta fase de muito estudo e


trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 7

02
UNIDADE
8 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Avaliação Psicológica é uma das mais
versáteis na profissão e fornece bases para outros campos de atuação
e intervenções? Isso mesmo. A área de Avaliação Psicológica pode
se faz presente em diversas etapas de uma intervenção e em vários
campos de atuação. Sua principal responsabilidade é compreender a
amplitude de possibilidades na Avaliação Psicológica a partir dos mais
diversos contextos de atuação.

Você verá o profissional no âmbito clínico e as finalidades da


avaliação atreladas a esse contexto. O ambiente organizacional também
será abordado, além da importância e passos da avaliação psicológica
em contexto escolar. Adicionalmente, a interdisciplinaridade desse
campo de atuação pode ser mais bem vista a partir da aplicação
da avaliação no campo jurídico e no esportivo, ambos os contextos
em desenvolvimento na área são de extrema importância. Entendeu
a importância de aprender um pouco mais sobre essa temática? Ao
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 9

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliá-
lo no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Analisar o contexto clínico e organizacional do uso da avaliação


psicológica.

2. Analisar o contexto da avaliação psicológica em ambiente escolar.

3. Compreender a dinâmica da avaliação psicológica nos campos


esportivos e judiciários.

4. Compreender a dinâmica da avaliação psicológica no ambiente


esportivo e para porte de arma.
10 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Contexto clínico e organizacional do uso


da avaliação psicológica
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona o contexto clínico e organizacional no
campo da avaliação psicológica. Isto será fundamental para
o exercício de sua profissão. As pessoas que se engajaram
na compreensão desses contextos têm maior flexibilidade
no mercado de trabalho e podem adentrar em variados
tipos de instituições. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Contexto clínico
O profissional de avaliação psicológica, que pretende seguir no
campo clínico, deve atentar-se para os princípios teóricos que norteiam
a sua prática e refletir sobre os métodos e técnicas a serem empregados
em sua atuação (ARAÚJO, 2007).

Arzeno (1995) enfatiza que a partir de um bom diagnóstico


estabelecido no campo clínico, tal diagnóstico pode servir para as
mais variadas ações, desde a atuação no âmbito jurídico até o campo
vocacional, por exemplo. A Figura 1 exemplifica as vantagens de se
estabelecer um diagnóstico.
Figura 1 - Vantagens do estabelecimento de um diagnóstico

Compreender o Avaliação de riscos


que ocorre e suas e seguimento do
causas tratamento

Proteção
profissional

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 11

Um diagnóstico é vantajoso a partir do momento em que é possível


uma melhor compreensão acerca do fenômeno analisado e suas possíveis
causas. Adicionalmente, pode-se verificar se de fato é possível seguir com
o tratamento ou intervenção. Ainda, o mesmo favorece a escolha do tipo
de técnica e método a ser utilizado durante a intervenção (ARZENO, 1995).

VOCÊ SABIA?

Estabelecer um diagnóstico também significa uma


proteção profissional no sentido de reforçar ambos os
compromissos: éticos e clínicos. Cabe ao profissional estar
atento a possíveis desdobramentos a partir do diagnóstico
realizado e também fundamentar a sua prática a partir de
uma avaliação consistente (ARZENO, 1995).

A literatura aponta, de maneira geral, três pontos que auxiliam na


escolha da técnica para a realização de uma avaliação em contexto clínico
(ARAÚJO, 2007), conforme exposto na Figura 2.
Figura 2 - Quesitos para a escolha de uma técnica de avaliação
psicológica no contexto clínico segundo Araújo (2007)

Finalidade
Referencial teórico Objetivo
Diagnóstico, tratamento,
Abordagem psicológica Clínico, profissional etc.
prevenção.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Desde a concepção de homem e de mundo (referencial teórico) os


objetivos e fins de uma avaliação são essenciais na seleção das técnicas
e métodos a serem empregados (ARAÚJO, 2007). Para outros autores,
há algumas outras finalidades no psicodiagnóstico clínico que devem
ser enfatizadas. A Figura 3 resume as principais finalidades envolvendo o
estabelecimento de uma avaliação no âmbito clínico:
12 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Figura 3 - Finalidades do estabelecimento de um


psicodiagnóstico clínico segundo Arzeno (1995)

Diagnóstico

Avaliação do tratamento
Psicodiagnóstico
Clínico
Meio de comunicação

Investigação

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Dentre as finalidades de um psicodiagnóstico clínico, Arzeno (1995)


destaca o próprio diagnóstico, mas não no sentido de estabelecer um
rótulo, entendendo que se trata de um processo dinâmico. O uso de testes
padronizados, a análise do vínculo terapêutico em entrevistas iniciais é
fundamental para um bom diagnóstico. Para tanto, o diagnóstico pode ser
realizado para sanar dúvidas na avaliação ou nas etapas de intervenção, e
ainda como resposta a alguma demanda específica (ARZENO, 1995).

IMPORTANTE:

Ao profissional cabe salientar, que quanto mais fontes de


informação são utilizadas na avaliação, maior a segurança
no estabelecimento do diagnóstico na prática clínica.

Uma segunda possibilidade, quanto à realização de um


psicodiagnóstico clínico, pode envolver a própria avaliação do tratamento,
de maneira a verificar possíveis avanços terapêuticos ou mesmo o
estabelecimento e planejamento de uma alta no processo ou reavaliação
para a proposição de uma nova conduta (ARZENO, 1995).

Nesse sentido, é extremamente importante no contexto clínico a


atitude imparcial do profissional psicólogo quanto ao seu trabalho e a
intervenção realizada, assumindo o papel de um observador/ “fotógrafo”
da situação (ARZENO, 1995). Araújo (2007) enfatiza, todavia, a postura
profissional para além da neutralidade e objetividade: os avanços no
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 13

psicodiagnóstico a partir do momento que cederam lugar a subjetividade


e a relação terapêutica permitiram uma compreensão do indivíduo de
forma global.
Figura 4 - Fotógrafo

Fonte: FreeImages

O psicodiagnóstico clínico também pode funcionar como um meio


de comunicação de maneira a ampliar a consciência do cliente acerca
do que foi analisado ou mesmo do que é necessário intervir, sendo uma
das formas de auxiliar no engajamento para a resolução do problema
disposto. Por fim, o psicodiagnóstico também pode servir como fonte de
investigação, cujos objetivos podem ser a construção de instrumentos
ou mesmo a avaliação quanto a validade das conclusões/ informações
obtidas dentro do processo clínico (ARZENO, 1995).

IMPORTANTE:

É válido frisar que o diagnóstico clínico pode ser um meio


também para que haja um melhor aceite por parte do
cliente, das condições estabelecidas para o tratamento e
mesmo uma forma de discutir com os familiares, quando é o
caso, sobre o melhor tipo de tratamento a ser estabelecido
e as diretrizes da intervenção.
14 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Um processo de psicodiagnóstico pode ser longo e engloba


diferentes etapas. Ocampo (2005) destaca quatro etapas envolvendo o
diagnóstico clínico, conforme destacado na figura 5.
Figura 5 - Etapas envolvendo o diagnóstico segundo Ocampo (2005).

Aplicação de testes
Entrevista Inicial
e técnicas projetivas

Encerramento com
Laudo
devolutiva oral

Fonte: Elaborado pelos autores (2001).

As etapas do psicodiagnóstico clínico devem envolver desde o


contato inicial do avaliador com o cliente até a devolutiva, também por
escrito, a respeito do que foi realizado, apresentando a seguinte sequência:
1) entrevista inicial, de maneira a conhecer a demanda e estabelecer
os objetivos do trabalho; 2) a aplicação de testes e técnicas projetivas,
compreendendo a base de um psicodiagnóstico no âmbito psicodinâmico;
3) a devolutiva oral, a respeito de todas as etapas e resultados obtidos ao
longo do processo a serem devolvidos ao cliente ou aos responsáveis (ex.
pais, em se tratando de avaliação infantil); 4) Elaboração de um laudo, um
documento escrito como retorno da avaliação de maneira a registrar e
finalizar o processo.

Arzeno (1995) detalha as etapas do psicodiagnóstico clínico em sete


momentos, a saber:

1. Solicitação da consulta: tal etapa é referente ao contato inicial do


profissional com a demanda.

2. Entrevista: Etapa em que há a coleta de informações e histórico


de vida e clínico do cliente.

3. Reflexão: Etapa na qual são elaboradas hipóteses iniciais e, é


realizado o planejamento da intervenção.

4. Estratégia diagnóstica: Etapa na qual as técnicas selecionadas


são empregadas ao longo do processo.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 15

5. Análise: integração dos dados frutos do processo de avaliação.

6. Devolução: Etapa na qual há a entrevista devolutiva a partir do


que foi observado e concluído do processo.

7. Laudo: Elaboração de um documento por escrito devolvido a


quem de interesse na avaliação.

Sobre as etapas iniciais no processo de avaliação clínico, há autores


que enfatizam e incluem nesse contato inicial com a demanda, a prática
do enquadre (ARAÚJO, 2007; ARZENO, 1995).

DEFINIÇÃO:

Enquadre, de maneira geral, consiste em um contrato


terapêutico estabelecido com o cliente de maneira a
elucidar os pontos acerca do tratamento e estabelecer os
limites de seu trabalho (CATANI, 2013).

Araújo (2007) destaca alguns tópicos que são úteis no


estabelecimento do contrato terapêutico entre terapeuta e cliente e/ou
responsáveis, como detalhar os objetivos da intervenção, os principais
papéis desempenhados na relação, a duração, local, horário/tempo da
avaliação, bem como, quais os honorários e como serão realizados os
pagamentos.
Figura 6 - Pessoa organizando a agenda

Fonte: FreeImages.
16 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

O enquadre pode ser realizado em outros contextos que não só


o clínico. O texto de Catani (2013) aborda o enquadre na abordagem
psicanalítica e no contexto hospitalar, discutindo possibilidades e limites
dessa etapa. Acesso-o clicando aqui.

Contexto organizacional
No contexto organizacional, há a responsabilidade do profissional em
avaliação, entre outras atividades, contribuir junto as tarefas de recrutamento
e seleção. Tal responsabilidade se reflete tanto na captação, quanto na
classificação de pessoas em organizações (MAHL; SCHWAB, 2017).
Figura 7 – Avaliação em empresa

Fonte: Freepik

DEFINIÇÃO:

Recrutamento refere-se ao processo cujo objetivo é atrair


pessoas com potencial para compor vagas existentes em
uma organização (LACOMBE, 2005).

O quadro 1 mostra a diferença entre recrutamento interno e


recrutamento externo, conforme exposto por Mahl e Schwab (2017) e de
acordo com outros autores, condizente com o que é descrito na literatura
da área.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 17

Quadro 1 – Comparativo entre Recrutamento interno e


Recrutamento externo conforme apontado por Mahl e Schwab (2017)

Tipos de Recrutamento

Recrutamento Interno Recrutamento Externo

Envolve, sobretudo, o remanejamento Envolve o preenchimento da vaga por


de colaboradores em uma empresa uma pessoa externa à organização, mas
(Exemplo: promoção, transferência). com potencial a esse preenchimento.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Seleção implica em uma vaga a ser preenchida a partir da escolha de


um candidato conforme o seu potencial para a vaga, de maneira a prezar
pela manutenção ou aumento do desempenho da equipe, ou mesmo um
aumento da eficácia da empresa em questão (CHIAVENATO, 2009).

Segundo Pereira et al. (2003 apud MAHL; SCHWAB, 2017), o


processo de seleção depende inicialmente da própria descrição do cargo
e as competências que são exigidas para a ocupação do mesmo. Apesar
de haver essa variação, Lacombe (2005) enfatiza algumas possíveis etapas
envolvendo o processo de seleção, conforme apontado pela Figura 8.
Figura 8 - Etapas de um processo de seleção de pessoas para
cargos em uma organização segundo Lacombe (2005)

Análise de curriculo Triagem preliminar Entrevista

Testes técnico-
Testes psicológicos Dinâmicas
profissionais

Entrevista com os Análise de histórico Informações


chefes laboral cadastrais

Exame médico

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A avaliação psicológica em contexto organizacional permite a


comparação entre as características que são pessoais/individuais do
candidato às características compatíveis a demanda da função a ser
18 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

executada. Cabe destacar que a seleção pode não só impactar diretamente


na função, mas também no próprio clima organizacional, o que mostra a
relevância de se realizar uma boa seleção (MAHL; SCHWARB, 2017).

Wechsler (1999 apud MAHL; SCHWARB, 2017) enfatiza que o


profissional nesses processos deve não só conhecer a organização, mas
o departamento no qual essa função será executada. Adicionalmente, o
mesmo autor destaca a importância de conhecer as características da
vaga além das relações estabelecidas a partir da função desempenhada.

Apesar do profissional de psicologia ser o mais adequado para a


realização da seleção, outras pessoas podem executar a seleção sem
quaisquer impedimentos, ainda que não tenham a formação adequada
para isso (MAHL; SCHWARB, 2017). Há muitos testes utilizados no contexto
organizacional. Nesse sentido, em meio a realidade de testes muitas vezes
sem a adaptação para o contexto brasileiro, há a necessidade natural da
adaptação ou construção de um instrumento na área. Para que isso seja
feito é importante e recomendável o contato com os responsáveis pelo
teste e, em seguida, seguir algumas etapas, conforme apontado por
Bandeira e Hutz (2020) e dispostas na Figura 9.

SAIBA MAIS:

O estudo de Borsa et al. (2012) fornece maiores detalhes


e exemplificação a respeito do processo de adaptação de
instrumentos para uso profissional.
BORSA, J. C. et al. Adaptação e validação de instrumentos
psicológicos entre culturas: algumas considerações.
Paidéia, v. 22, n. 53, p. 423-432, Ribeirão Preto, 2012.

Figura 9 - etapas de adaptação de testes estrangeiros para


uso no campo organizacional segundo Bandeira e Hutz (2020)

Tradução Síntese Avaliação por especialistas

Estudo piloto Tradução reversa Avaliação pelo público-alvo

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 19

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que é possível aplicar a avaliação psicológica
considerando contextos diferentes, a exemplo da clínica
e das organizações. No contexto clínico a importância
da avaliação reside também no fato de poder servir de
base para a atuação em outros contextos. Tal avaliação
depende do referencial adotado, do objetivo e de sua
finalidade. Além disso, o diagnostico nesse âmbito pode
ser entendido também como forma de proteção além de
um cuidado ético e técnico profissional. O processo de
avaliação psicológica clínico é composto por várias etapas
desde o primeiro contato com a demanda até a finalização
do processo envolvendo a elaboração de um documento
psicológico. Já no contexto organizacional, as etapas de
avaliação dependem do contexto organizacional e uma das
formas de trabalhar é dentro de processos de recrutamento
e seleção. Você viu que há dois tipos de recrutamento,
interno e externo, e diversas etapas no processo de
seleção que envolve desde a análise de currículo até o
preenchimento no cargo. Você também viu que em alguns
casos são necessárias adaptações de instrumentos para
avaliação pensando na realidade brasileira e que não
necessariamente o processo de seleção seja exclusivo
do psicólogo, muito embora seja um dos profissionais
mais indicados para o desempenho dessa função.
Resumidamente, é tarefa do profissional em avaliação no
âmbito organizacional e envolvendo contratação, verificar a
compatibilidade de habilidades individuais e de habilidades
exigidas pela função a ser desempenhada.
20 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Contexto da avaliação psicológica em


ambiente escolar
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a avaliação psicológica no contexto escolar.
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão,
sobretudo para aqueles profissionais que têm interesse em
adentrar no campo da Educação. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Psicologia escolar e da educação


É importante para a discussão do profissional da psicologia inserido
no contexto escolar compreender a diferença entre Psicologia Escolar e
Psicologia Educacional. Embora sejam campos passíveis de articulação,
as ênfases são distintas (ANTUNES, 2008).

Psicologia Educacional é relativa a uma subárea da Psicologia,


cujos objetivos são relativos à produção de conhecimento em torno do
processo psicológico e discussão de processos educativos (ANTUNES,
2008).
Figura 10 - Livro aberto

Fonte: FreeImages
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 21

A Resolução nº 13/2007 do Conselho Federal de Psicologia (CFP)


reconhece a Psicologia Escolar enquanto área de atuação do profissional
da Psicologia. Há a possibilidade para o profissional refletir quanto a
processos de ensino e aprendizagem, bem como os impactos de vários
fatores sobre esse processo.

A Psicologia Escolar refere-se ao campo de atuação profissional e


lida diretamente com o processo de escolarização, bem como, com as
relações estabelecidas em ambiente escolar.

A Resolução nº 13/2007 do CFP também destaca que o profissional


pode realizar o trabalho dentro de uma equipe interdisciplinar, possuindo
algumas tarefas, exemplificadas na Figura 11.
Figura 11 - Tarefas executadas por um psicólogo na área escolar

Aplicação de
Análise de relações no Prestação de serviços
conhecimentos
sistema de ensino a agentes educacionais
psicológicos

Estudo de processo Desenvolver


Desenvolvimento
ensino-aprendizagem habilidades para
de programas de
e produtividade aquisição de
qualidade de vida
educacional conhecimento

Validação e utilização Desenvolvimento


de testes científico

Fonte: Elaborado pelos autores (2021) com base na Resolução nº 13/2007 do CFP.

ACESSE:

A resolução versa sobre as especialidades do profissional


de Psicologia, dentre elas a Psicologia Escolar/Educacional.
Clique aqui para acessá-la.
22 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

É válido frisar que o campo da educação sempre esteve em destaque


na Psicologia, seja auxiliando no estabelecimento da Psicologia enquanto
profissão ou contribuindo para o status científico da mesma (MÄDER,
2016). É importante que o profissional, nessa área, tenha conhecimentos
acerca do desenvolvimento humano e que compreenda como uma de
suas possibilidades de atuação também pode ser a de facilitar o trabalho
de educadores.

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre o histórico da Psicologia Escolar e


Educacional, o artigo de Antunes (2008) é uma excelente
referência, fornecendo inclusive um debate a respeito de
perspectivas na área. Acesse-o clicando aqui.

Embora adentre no campo escolar, cabe destacar que o psicólogo


não se torna pedagogo, mas dele é exigido conhecimentos acerca da
área e um trabalho com enfoque interdisciplinar. Antunes (2008) enfatiza
que o profissional na área escolar deve atuar em três instâncias, sendo:
a) aquele que se compromete; b) aquele com quem se compromete e c)
aquilo com o que se compromete.
Figura 12 - Menina realizando atividades escolares

Fonte: FreeImages
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 23

Avaliação em contexto escolar


Inicialmente o uso de testes no campo escolar era visto de maneira
ruim e passava desconfiança quanto à validade dos resultados, visto que
muitas avaliações eram realizadas como caráter classificatório (OLIVEIRA
et al., 2007).

Sisto et al. (2001 apud OLIVEIRA et al., 2007) destacam que os testes
são mais um recurso para a avaliação e não devem ser considerados
como fonte única de informação. O autor indica possibilidades de
complementação dos dados de maneira qualitativa, a partir do uso de
entrevistas ou técnicas de observação, por exemplo.

Oliveira et al. (2007) enfatizaram que a avaliação psicológica em


contexto escolar abarca múltiplas dimensões e que os instrumentos
utilizados podem variar entre uma abordagem direta ou indireta do
fenômeno observado. A Figura 13 aponta as dimensões passíveis de
avaliação psicológica no referido contexto.
Figura 13 - Dimensões debatidas em uma avaliação psicológica escolar

Aspectos Aspectos Aspectos Aspectos


cognitivos afetivos culturais sociais

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Oliveira et al. (2007) destacam como possibilidades de investigação


em avaliação psicológica, habilidades de leitura e escrita, que são
os estudos tradicionalmente realizados, além de outros pontos
de investigação, tais como as habilidades sociais, dificuldades de
aprendizagem ou avaliação da interação entre os participantes do ambiente
escolar. A literatura aponta, como principal causa de encaminhamento
para avaliação, as dificuldades escolares (SANTOS; CAVALCANTE, 2016;
SPRADA; GARGUETTI, 2016). Nesse sentido, cabe destacar o fato de que a
deficiência nem sempre equivale a dificuldade de aprendizagem, embora
em ambos os casos exista a necessidade de adaptações num modelo de
atendimento especial (SPRADA; GARGUETTI, 2016).

Segundo Arzeno (1995), um psicodiagnóstico clínico poderia servir


como fundamentos para um psicodiagnóstico psicopedagógico. A autora
24 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

relata que muitos profissionais restringem a sua prática à aplicação de


testes e uma análise quanto a aptidões do indivíduo, embora uma
contextualização da história de vida e das relações estabelecidas pelo
cliente possa favorecer uma atuação mais contemplativa do fenômeno.

Cabe lembrar que apesar de mais comum, a avaliação em contexto


de aprendizagem engloba não só crianças, pois adolescentes e adultos
também recorrentemente precisam de atenção a respeito das dificuldades
no campo de aprendizagem (ARZENO, 1995).
Figura 14 - Pessoa adulta estudando

Fonte: Freepik

As dificuldades de aprendizagem podem causar impactos sob


o desenvolvimento da criança, por isso a necessidade não só da sua
identificação, mas também da sua avaliação e tratamento (SPRADA;
GARGUETTI, 2016).

Dificuldades de aprendizagem envolvem e podem ter sua influência


na escola, na família ou fatores da própria criança. Rotta (2006) enfatiza
que as questões podem ser então relativas a fatores orgânicos, de ordem
psicológica ou ambiental. Dessa forma, uma abordagem multidisciplinar
favoreceria essa avaliação.

Furtado (2010 apud SPRADA; GARGUETTI, 2016) fala que uma pessoa
em situação de aprendizagem pode apresentar uma disponibilidade tanto
favorável quanto desfavorável em aprender. A Figura 15 indica os fatores
que influenciam tal disponibilidade.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 25

Figura 15 - Fatores que exercem influência sob a


disponibilidade para aprender segundo Furtado

Momento de vida

História pessoal

Percepção do contexto de aprendizagem

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A análise dos fatores que influenciam a disponibilidade de aprender


em articulação com os fatores mais comuns atrelados a dificuldades de
aprendizagem, fornecem uma visão global do indivíduo e favorecem o
processo de avaliação (SPRADA; GARGUETTI, 2016).

O quadro 2 exemplifica os dois tipos de enfoque apontados por


Mäder (2016) para ações desenvolvidas no contexto escolar, sendo cada
um desses enfoques responsáveis por diferentes estratégias ou mesmo
locais onde ocorrem a intervenção.
Quadro 2 – Diferentes enfoques na Avaliação Psicológica
em contexto educacional segundo Mäder (2016)

Foco de Avaliação Psicopedagógica Preliminar

Focal, com demandas de


Compreensão do processo
processo de aprendizagem,
de aprendizagem, verificando
Objetivo sendo útil para a realização
potencialidades e obstáculos
de encaminhamentos ou
a aquisição de conhecimento.
orientação.

Entrevistas, aplicação
de testes, escalas e Entrevistas, análise
questionários, recursos documental, recursos
Estratégias comuns complementares, análise complementares, observação,
documental, observação, contato com outros
contato institucional e com profissionais.
outros profissionais.

Número de Depende do objetivo e Depende do objetivo e


encontros fenômeno envolvido. fenômenos envolvidos.

Clínicas psicológicas e
Local Instituições educacionais.
multiprofissionais.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021) com base em Mäder (2016).


26 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Mäder (2016) aponta ainda processos que são comuns as etapas de


avaliação psicológica em contexto educacional:

1. Acolhimento da demanda: motivo da avaliação, queixa etc.

2. Caracterização do objeto de estudo: quem e o que será avaliado.

3. Análise da demanda: Detalhamento da demanda e hipóteses


iniciais relativas ao fenômeno.

4. Definição do objetivo da avaliação: o que o profissional pretende


realizar a partir da demanda e avaliação inicial.

5. Construção do planejamento técnico: seleção das melhores


estratégias e estabelecimento do método e enquadre.

6. Aplicação do plano estabelecido: desenvolvimento da intervenção


em si.

7. Levantamento, análise e interpretação dos dado: a partir do que


foi observado e das técnicas e instrumentos aplicados.

8. Integração dos resultados: A partir do que foi avaliado dos


resultados, estabelecimento de um raciocínio crítico.

9. Discussão dos dados a partir da perspectiva teórica adotada para


a avaliação.

10. Elaboração de uma conclusão de maneira sintética a respeito do


que foi observado e avaliado.

11. Planejamento da proposta de intervenção.

12. Elaboração de documento psicológico de maneira a concluir/


finalizar a avaliação realizada.

13. Seleção de uma metodologia adequada para a sessão ou sessões


de devolutiva.

14. Devolutiva.

A escola por si só já é um ambiente diferente para a criança, por


isso a apreensão dos pais é algo recorrente. Normalmente há a ideia de
fracasso se opondo ao sucesso, e compreender que muitas vezes se
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 27

busca um ideal de comportamento da criança (SANTOS; CAVALCANTE,


2016). A contextualização da criança em suas relações e seu histórico é
fundamental e imperativa: trata-se de uma análise biopsicossocial a ser
realizada.
Figura 16 - Crianças na escola

Fonte: FreeImages

Santos e Cavalcante (2016) enfatizam que há a necessidade de


atentar-se, quando se trabalha com crianças no contexto escolar, em
realizar uma boa anamnese, complementada por uma entrevista com
pais. Os autores destacam ainda a necessidade de empatia na relação
profissional-criança, para a garantia de uma intervenção bem-sucedida.
Inclusive, a ação dos professores, quando motivadores, favorecem
também o desenvolvimento saudável da criança.
Figura 17 - Adulto auxiliando criança

Fonte: FreeImages
28 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a relação da Psicologia com o campo da Educação
é uma relação antiga. Há a necessidade, pois, de você
aprender a diferenciação entre Psicologia Educacional e
Psicologia Escolar, sendo a primeira um campo de saber
e produção de conhecimento, uma subárea da Psicologia
e a segunda um campo de atuação, uma especialidade na
prática profissional do psicólogo. Em se tratando de atuação,
o psicólogo em contexto escolar pode exercer múltiplas
funções, desdeaavaliaçãodacriançaeseudesenvolvimento
até a promoção de processos de aprendizagem mais
favoráveis. A avaliação psicológica é uma das ações que
podem ser desempenhadas. É importante destacar que
as dificuldades de aprendizagem representam a maior
demanda nesse contexto e, por tanto, o principal motivo
de solicitação de avaliação. Cabe lembrar que o profissional
deve realizar uma análise global do indivíduo a partir da
avaliação das seguintes dimensões: cognitiva, afetiva, social
e/ou cultural. A avaliação psicológica em contexto escolar
não deve ser restrita a testes, entendo que há recursos
complementares que podem favorecer essa avaliação, tais
como a entrevista envolvendo pais. A avaliação psicológica
em contexto escolar pode ter enfoques diferentes, mas
o psicodiagnóstico clínico pode fornecer bases para a
atuação profissional na escola. Escola, família e indivíduo
devem ser avaliados, destacando-se que não só crianças
participam desse processo, mas adolescentes e adultos
também podem ser objetos de avaliação, principalmente
quando se trata de dificuldades de aprendizagem.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 29

A avaliação psicológica no campo


judiciário e esportivo
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona o contexto jurídico da avaliação psicológica,
bem como, possibilidades para a atuação profissional no
campo esportivo. Isto será fundamental para compreender
a amplitude do exercício de sua profissão. As pessoas que
se engajarem na compreensão desses contextos terão
maior flexibilidade no mercado de trabalho, no sentido
que compreenderão um pouco mais sobre o trabalho
profissional em contextos interdisciplinares. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

A Psicologia e suas aproximações com o


Direito
Para Urra e Mezquita, (1993, apud PENSO; CONCEIÇÃO; COSTA,
2018), o termo “Psicologia Jurídica” seria o termo adequado para abarcar
ambas as práticas, tanto a Psicologia Forense quanto a Psicologia Criminal.
Figura 18 - Homem sendo preso

Fonte: Freepik
30 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

A interdisciplinaridade do campo recai sobre o comportamento


humano, todavia o Direito é responsável pela regulamentação do mesmo,
enquanto que a Psicologia trabalha em prol da sua compreensão e
contextualização (GAUDÊNCIO et al., 2015). Dessa forma, a Psicologia
está interessada além da aplicação de uma lei, também na aplicação de
princípios do comportamento humano para fornecer suporte à prática
jurídica (HUSS, 2001), contribuindo com a objetividade e a mensuração,
tanto do que é passível de observação, como o que é de cunho privado,
como crenças, processos tanto cognitivos como emocionais (QUINTERO;
LOPEZ, 2010).

Não há subordinação entre o Direito e a Psicologia, são áreas


autônomas podendo ser complementares na Psicologia Jurídica/
Forense. A Figura 19 enfatiza algumas diferenças entre a Psicologia
e o Direito, conforme apontado por Huss (2001).
Figura 19 - Quadro comparativo entre as ciências Direito e Psicologia

Psicologia Direito

Empírica
Dogmático
Nomotética
Ideográfico
Caráter Probabilístico
Caráter definitivo
Pesquisa objetiva
Sistema adversarial (disputa)
(experimentação)
Caráter prescritivo
Caráter descritivo

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Observando o contexto histórico, a década de 50 foi um marco


para a entrada da Psicologia no âmbito jurídico, muito embora com uma
prática restrita a diagnósticos, mais como um parecer para servir de base a
decisões dos profissionais de direito (PENSO; CONCEIÇÃO; COSTA, 2018).

É a partir de 1984 que ocorrem mudanças pertinentes à prática


psicológica no campo da justiça, no qual no Código Criminal Federal
Brasileiro o testemunho de profissionais psicólogos é adicionado, prática
antes restrita apenas ao campo da Psicologia (GOMIDE, 2016).
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 31

A Resolução nº 02/2001 do Conselho Federal de Psicologia (CFP)


foi fundamental, sobretudo na criação de uma prática fruto da inserção
do profissional no contexto jurídico, a de Psicologia Jurídica. Tal resolução
contribuiu estabelecendo regras pertinentes à função do profissional,
bem como a elaboração de documentos relativos a essa especialidade.

ACESSE:

A Resolução nº 02/2001 versa sobre o título de especialista


em Psicologia. Para saber mais acesse-a clicando aqui.

Figura 20 - Alguns marcos da prática psicológica forense

Déc. 50 1984 Resolução


Entrada da Testemunho 02/2001 - CFP
Psicologia no de Profissionais Especialidade
Direito psicólogos de Psicologia
Jurídica.

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A Resolução nº 007/2003 envolveu o esclarecimento quanto


à elaboração de laudos, pareceres ou relatórios psicológicos como
exemplos de documentos envolvidos na prática de perito ou assistente
técnico do judiciário.

ACESSE:

A Resolução nº 007/2003 versa sobre a elaboração de


documentos escritos oriundos da prática de avaliação
psicológica. Para acessá-la, Clique aqui.

Para Huss (2001) há três subáreas principais na prática forense,


sendo elas a de avaliação, tratamento e consultoria. Gomide (2016) destaca
outras possibilidades de atuação, inclusive enfatizando a relevância que a
pesquisa tem, não só na proposição e modificação no contexto legislativo,
mas também produzindo bases científicas para atuação nas medidas de
32 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

conflito e justiça. A figura 21 apresenta um resumo das áreas de atuação


do profissional na prática forense.
Figura 21 - Áreas de atuação no campo forense segundo Gomide (2016)

Psicologia do Avaliação
Clínica Forense
Crime Forense

Psicologia
Psicologia
aplicada a Psicologia da
do Sistema
Programas de Polícia
Correcional
Prevenção

Assessoria/
Pesquisa
consultoria

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

O psicólogo em trabalho na área jurídica/forense pode auxiliar


em questões de inimputabilidade ou mesmo avaliar sobre aspectos
de negligência. Adicionalmente, pode auxiliar em tratativas acerca de
danos oriundos de crimes na esfera civil (HUSS, 2021). Apesar de muitas
possibilidades de atuação, Gomide (2016) aponta que na literatura a prática
de avaliação é considera como prática nuclear da Psicologia Forense.

O processo de avaliação no contexto


jurídico
É importante pontuar que a avaliação psicológica no contexto
jurídico depende, entre outros quesitos, de variáveis como idade, gênero,
tipologia e gravidade dos crimes envolvidos (GOMIDE, 2016). Nessa
área podem ser trabalhadas desde a identificação de psicopatologias a
elaboração e aplicação de testes. A avaliação neuropsicológica também
se faz presente nesse campo, sobretudo no fornecimento de subsídios
em perícias (SERAFIM et al., 2010). Há pelo menos três campos de
possibilidade de atuação profissional indicados por Serafim et al. (2016) e
dispostos na Figura 22.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 33

Figura 22 - Possibilidades de atuação em avaliação neuropsicológica forense

Vara trabalhista
Vara cível
Relações de trabalho,
Vara criminal Interesses privados;
engloba também o
Ministério Público Vara da Família; Vara da
Direito Administrativo e
Infância e Juventude
Direito Militar

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Gomide (2016) destaca a possibilidade do psicólogo forense em


atender demandas voltadas não só para o agressor, como também para
a vítima, avaliando desde a responsabilidade criminal do réu em questão,
a indicação de reclusão ou reinserção social; quanto a vítima, verificar os
impactos a partir da ocorrência do crime. O profissional no campo jurídico
também pode atuar em situações que envolvem o assédio moral no
trabalho ou em outros contextos, como em disputas de guarda.

Há muitos procedimentos voltados tanto para o agente, quanto para o


receptor de ações no campo jurídico e, normalmente a procura pelo serviço
se dá por uma imposição de um juiz, dificilmente há demanda espontânea
(GAUDÊNCIO et al., 2015). É importante constar que o próprio ambiente
jurídico impacta o indivíduo e seu comportamento, o que pode se tornar
um obstáculo a prática da avaliação, sendo essa de caráter multifatorial
(GAUDÊNCIO et al., 2015). Tavares (2012) aponta algumas variáveis relevantes
pertinentes ao processo avaliativo, destacadas na Figura 23.
Figura 23 - Variáveis relevantes no processo de
avaliação segundo apontado por Tavares (2012)

Relação sujeito x avaliador

Características do sujeito

Técnicas do procedimento

Complexidade da tarefa

Sujeito x contexto avaliativo

História/ contexto de vida do sujeito

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


34 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

A literatura aponta que há algumas condutas comumente


associadas à prática de crimes, tais como o baixo engajamento a papéis
sociais tradicionais ou valores e mesmo alguns transtornos, a exemplo
do Transtorno de Personalidade Antissocial, cuja indiferença relativa aos
sentimentos do outro é marcante (GAUDÊNCIO; CARVALHO, 2015).

Cabe destacar que há dificuldades quanto a instrumentos de


avaliação psicológica no sistema prisional brasileiro (GAUDÊNCIO;
CARVALHO, 2015).

Figura 24 - Individuo em avaliação

Fonte: Freepik
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 35

As vantagens do uso de diversos recursos para um psicodiagnóstico


completo, de cunho dinâmico e com maior viabilidade para a realização
de inferências na prática clínica são apontadas por Costa e Costa (2016).
As autoras validam, sobretudo, a entrevista como fonte de informação e
uma atenção especial a confiabilidade dos testes utilizados, visto que os
resultados impactam diretamente no trabalho de outras áreas, como o
Direito ou mesmo a Psiquiatria.

O profissional de psicologia no contexto de avaliação psicológica


em articulação com o direito deve sempre refletir sobre os objetivos da
avaliação, a qual instância ele responde e quem deve ser priorizado nessa
avaliação (WILLIAMS; CASTRO, 2016).

É comum a existência de múltiplos informantes durante a avaliação.


Em questões de disputa sobre guarda de uma criança, é interessante
elencar os fatores de risco e proteção presentes no ambiente familiar, bem
como, os tipos de relacionamento presentes (WILLIAMS; CASTRO, 2016).

Baish e Lago (2016) destacam que o relacionamento entre os pais


deve ser considerado, bem como a comunicação entre os mesmos ou
flexibilidade do contato. Atenção especial quando há comportamentos
cujo objetivo seja desqualificar o ex-companheiro. Para uma criança
com necessidades de cuidado e proteção, a organização de tempo e
financeira do cuidador frente às demandas da criança/adolescente deve
ser considerada. O psicólogo pode então indicar ou contraindicar uma
guarda compartilhada, por exemplo.
Figura 25 - Criança diante do conflito dos pais

Fonte: Freepik
36 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:

O texto de Lago e Bandeira (2008) exemplifica processos


de disputa de guarda no Brasil e o papel da avaliação
psicológica nesse contexto. Vale à pena conferir! Clique
aqui para ler!

Outra possibilidade de atuação profissional é em casos de adoção


no qual cabe ao psicólogo avaliar ambos, adotado e adotante, orientando
os pais no que se concerne a essa nova etapa de vida e trabalhando em
prol da garantia de um ambiente familiar saudável (MAGALHÃES, 2017).

É importante destacar que o psicólogo, nesses casos, não necessita


fornecer a devolutiva diretamente ao indivíduo avaliado, o que muitas
vezes gera conflito inclusive com os princípios éticos da profissão. A
demanda judicial é a que deve ser atendida (WILLIAMS; CASTRO, 2016).

Psicologia no esporte: possibilidades para


avaliação psicológica
A Psicologia no campo do esporte normalmente é ligada a práticas
envolvendo o estudo do atleta de alto rendimento, mas pode ser ligado
também a atividades esportivas e atividades não regulamentadas
(RABELO, 2016).

DEFINIÇÃO:

Entende-se por esporte, não somente as práticas


profissionais e de alto rendimento, mas uma classificação
mais abrangente, envolvendo qualquer atividade física
(RABELO, 2016).
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 37

Figura 26 - Grupo de pessoas jogando basquete

Fonte: FreeImages

O esporte pode ser considerado um elemento que viabiliza a


interação social e pode ser um meio de auxílio a políticas de saúde
ou mesmo uma forma de promoção de lazer. Nesse sentido, pode
ser considerado inclusive como uma oportunidade de promoção de
igualdade e justiça social (RABELO, 2016).

As práticas de avaliação nesse campo podem envolver o


aprimoramento do indivíduo, considerando aspectos físicos, técnicos
e emocionais, bem como o enfoque no máximo aproveitamento das
potencialidades individuais, agindo em prol também do desenvolvimento
das ciências do esporte.
38 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a avaliação psicológica pode ser aplicada em diversos
contextos, inclusive no âmbito jurídico e nas ciências
esportivas. O trabalho do psicólogo em avaliação psicológica
no contexto jurídico é um campo interdisciplinar e o que é
comunicado como forma de devolutiva normalmente é de
posse do juiz o que pode causar algum conflito quanto a
princípios éticos. É importante, pois, o profissional refletir
a quem ele presta serviços naquele momento. Nesse
contexto, cabe diferenciar Psicologia e Direito como
ciências autônomas e, mesmo na área jurídica não deve
haver submissão, mas sim, colaboração entre ambas as
partes para um trabalho envolvendo o comportamento
humano sob essas diferentes perspectivas. Dentre as
várias possibilidades de atuação o profissional pode atuar
em casos de imputabilidade, disputa de guarda, saúde do
trabalhador e adoção. Cabe ao profissional uma leitura de
diversos aspectos do avaliando, desde o contexto no qual
ele se insere, as suas relações e histórico. No campo do
esporte, é válido frisar que se entende por essa prática a
atividade esportiva num sentido amplo, e a avaliação não
é feita apenas em situações que envolvem atletas de
alto rendimento, mas qualquer atividade, mesmo as não
regulamentadas. O trabalho no esporte pode atuar em
complemento com princípios de saúde e igualdade entre
os indivíduos.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 39

Avaliação Psicológica no esporte e para


porte de arma de fogo
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona o contexto de avaliação no âmbito da
Psicologia do Esporte e do Exercício. Adicionalmente,
você aprenderá sobre a Avaliação Psicológica no contexto
da segurança pública e privada, sobretudo no que se
concerne a avaliação para porte de arma de fogo. As
pessoas que se engajaram na compreensão desses
contextos têm maior flexibilidade no mercado de trabalho
e podem ampliar sua prática e senso de contribuição social.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Avaliação Psicológica no esporte


A Resolução nº 013/2007 do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
regulamenta a prática do profissional de Psicologia no âmbito esportivo.
Tal prática é concernente tanto ao auxílio a atletas, como ao auxílio à
comissão técnica, sobretudo com vias de aumento de desempenho do
atleta como melhora em sua performance (GARCIA; BORSA, 2016).
Figura 27 - Ciclistas

Fonte: FreeImages
40 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:

O texto de Vieira et al. (2010) traz uma discussão a respeito


do desenvolvimento da Psicologia como uma Psicologia
do Esporte. São discutidas questões históricas do
desenvolvimento da área, bem como aspectos da ética e
formação. Clique aqui.

É válido frisar que o profissional pode atuar em prol do aumento do


engajamento de participantes nas atividades esportivas, sejam adultos,
crianças ou pessoas portadoras de necessidades especiais (GARCIA;
BORSA, 2016).

Testes psicológicos no campo esportivo são raros, sobretudo no


Brasil. Tem sido realizado um esforço em termos de pesquisas na área e,
quando necessários, são utilizados instrumentos do contexto clínico ou
educacional para melhor embasamento da avaliação. Pesquisas nesse
sentido são necessárias, embora ainda seja importante a diferenciação
da prática de avaliação de uma simples testagem psicológica (GARCIA;
BORSA, 2016).

Rabelo (2016) coloca a avaliação psicológica no campo do esporte


aproximando-a de um processo psicodiagnóstico esportivo, cujos
objetivos normalmente envolvem a avaliação de características individuais
do esportista ou equipe esportiva em situações como preparação ou
mesmo competições. A Figura 28 descreve o enfoque do psicodiagnóstico
esportivo nas três categorias de análise segundo estabelecido por Fleury
(2002).
Figura 28 - Tópicos de atenção no psicodiagnóstico esportivo segundo Fleury (2002)

Característica do esportista

Requisitos técnicos do esporte

Objetivos do treinamento

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 41

As características do esportista são relevantes no que concerne a


sua idade, o nível de competitividade e histórico na modalidade praticada,
bem como recursos sociais. Já os requisitos técnicos envolvem, por
exemplo, a modalidade e as regras ou o que é demandado no esporte. Por
fim, os objetivos específicos do treinamento seria uma maneira de refletir
se a finalidade é aumento de desempenho, melhora na performance,
competitividade etc. (FLEURY, 2002).
Figura 29 - Jogadora de vôlei de praia

Fonte: FreeImages

O profissional da Psicologia do Esporte e do Exercício deve adotar


uma postura investigativa de maneira a aprimorar o desempenho do
atleta em situações de treino ou competições (RABELO, 2016).

Além de auxiliar o atleta, a avaliação pode favorecer também a


equipe ou técnico esportivo de maneira a favorecer o desempenho do
atleta em questão (RABELO, 2016).

Como estratégias de avaliação, o profissional pode fazer uso de


entrevistas, observação do comportamento, realizar dinâmicas de grupo
ou aplicação de testes, entre outros recursos. Para uma boa prática no
campo do esporte, o profissional deve ampliar seus conhecimentos
acerca do esporte e mesmo da modalidade com a qual irá trabalhar,
sempre preocupado com as bases científicas ao exercer sua função,
embora pesquisas na área ainda sejam escassas (RABELO, 2016).
42 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

Ao profissional, também é recomendada uma parceria e


conhecimento, sobretudo com as áreas de tecnologia e informática, as
quais podem auxiliar o profissional e a equipe no fornecimento de maior
controle e gestão de dados produzidos (RABELO, 2016).
Figura 30 - Time e treinador de futebol americano

Fonte: FreeImages

Para atletas de alto rendimento, podem ser trabalhados


também, aspectos motivacionais e as relações com técnico e equipe.
Adicionalmente, é possível não só quantificar, como também qualificar as
emoções envolvidas nos diversos contextos nos quais o atleta participa.
É importante destacar que quanto maior a consciência do indivíduo
sobre a atividade a qual ele participa, maiores as chances de regulação
(RABELO, 2016).

SAIBA MAIS:

O texto de Rubio (2007) discute a singularidade da


prática em avaliação esportiva no Brasil, comparando ao
desenvolvimento em outros países e a necessidade de se
ampliar a visão sobre as possibilidades da prática no país.
Clique aqui para acessá-lo.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 43

Avaliação Psicológica para porte de arma


de fogo
Mäder (2016) destaca que há a possibilidade de trabalho do
profissional de psicologia no campo da avaliação psicológica tanto na
segurança pública como na segurança privada. A Figura 31 destaca as
possibilidades de atuação nesse campo.
Figura 31 - Possibilidades de Avaliação Psicológica na segurança pública e privada

Avaliação Psicológica Admissional

Segurança pública
Avaliação Psicológica Periódica
ou privada

Avaliação Psicológica para


porte/registro de arma de fogo

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

No âmbito da segurança, seja na esfera pública ou privada o


profissional pode trabalhar com a Avaliação Psicológica Admissional que
envolve a prática de avaliação voltada para concursos em uma interface
com práticas de recrutamento e seleção (MÄDER, 2016).

SAIBA MAIS:

O texto de Parpinelli e Lunardelli (2006) destaca sobre a


avaliação psicológica em processos seletivos, embasada
na abordagem sistêmica. É uma excelente fonte de
pesquisa para você conhecer um pouquinho mais sobre a
área. Clique aqui para acessá-lo.

A Avaliação Psicológica Periódica é comum na segurança privada


e normalmente envolve o período de renovação a cada dois anos,
juntamente com a reciclagem e atualização da formação. Se inapto, o
profissional tem suas atividades suspensas por 30 dias, podendo refazer a
avaliação após esse período (MÄDER, 2016).

Na Avaliação Psicológica envolvendo o porte ou registro de arma de


fogo é avaliada desde a necessidade do indivíduo em fazer uso e possuir
44 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

a arma, até a sua capacidade técnica e aptidão psicológica para tal. O


profissional nesse campo deve estar em constante atualização quanto a
sua formação e normatizações (MÄDER, 2016). Trata-se de uma área com
interfaces, demonstradas na Figura 32.
Figura 32 - Áreas da Psicologia com envolvimento
na avaliação de porte ou registro de armas

Psicologia Organizacional e do Trabalho

Psicologia Forense

Psicologia da Saúde

Psicologia Social

Psicologia Clínica

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Os psicólogos, para realizar a avaliação de porte de armas, devem


atender aos requisitos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Armas
– SINARM. A Polícia Federal é a responsável pelo credenciamento
e capacitação de indivíduos para exercer a função de avaliação. Tal
credenciamento é necessário, exceto pelos casos previstos na Lei nº
10.826/03 (BRASIL, 2003).

Há em algumas legislações da qual o profissional dessa área


deve estar ciente para exercer adequadamente a sua prática, conforme
apontado a seguir:

• Código de ética profissional do psicólogo, estabelecido pelo


Conselho Federal de Psicologia (2005), que elucida sobre a
postura ética do profissional.

• Resolução CFP nº 007/2003: que envolvia o antigo Manual de


Elaboração de Documentos Escritos, com vias de elaboração dos
documentos psicológicos.

• Resolução nº 006/2019: envolve as diretrizes atuais sobre a


elaboração de documentos psicológicos.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 45

• Resolução CFP nº 018/2008: envolvendo as diretrizes do trabalho


profissional para o registro e/ou porte de armas de fogo.

• Resolução CFP nº 002/2009 altera a Resolução CFP nº 018/2008.

• Resolução CFP nº 009/2018: fornece diretrizes para avaliação e


para o sistema de avaliação de testes psicológicos – SATEPSI.

• Lei Federal nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o Estatuto do


Desarmamento.

• Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre


registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição,
sobre o Sistema Nacional de Armas (SINARM) e define crimes.

• Instrução Normativa do Departamento de Polícia Federal n° 78,


no qual há diretrizes tanto para o credenciamento como para a
fiscalização, aplicação e correção de exames realizados pelos
profissionais credenciados e laudos sobre a aptidão do manuseio de
arma de fogo para o exercer da profissão no campo de segurança.
Figura 33 - Arma apontada para o céu

Fonte: FreeImages.

Para Gaudêncio et al (2015) a avaliação psicológica, no que tange


ao porte de armas é de extrema importância, uma vez que pode auxiliar
na minimização da violência na sociedade. A violência é compreendida
também, como um fenômeno social e de grandes impactos ao indivíduo
e nas suas diferentes formas, além disso, a violência envolvendo armas é
destaque na violência urbana.
46 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

SAIBA MAIS:

O estudo de Caneda e Teodoro (2012) traz uma revisão da


literatura a respeito da avaliação psicológica envolvendo o
porte de armas no Brasil. Vale à pena conhecer um pouco
mais sobre o que é discutido nessa temática.

CANEDA, C. R. G.; TEODORO, M. L. M. Contribuições da avaliação


psicológica ao porte de arma: uma revisão de estudos brasileiros. n. 38-39.
Aletheia, 2012. p. 162-172
Figura 34 - Assalto envolvendo arma

Fonte: FreeImages

Para a avaliação, o profissional deve estar atento desde aos aspectos


cognitivos, ao grau de impulsividade, à presença de psicopatologia ou
mudanças em seu estado emocional. É imprescindível que o indivíduo
seja avaliado quanto a sua capacidade em avaliar situações de risco
ou planejamento (GAUDÊNCIO et al., 2015). Impulsividade pode ser
compreendida, conforme apontado por (VON DIEMEN, 2006 apud
GAUDÊNCIO et al., 2015) condutas tipicamente precipitadas com ausência
de planejamento e com impactos negativos aos indivíduos.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 47

Figura 25 - Atirador

Fonte: FreeImages

É válido frisar que para profissionais das forças armadas, profissionais


de corporações policiais, empresas do ramo privado de segurança ou
em contextos de transporte de valores e caçadores, são permitidos o
manuseio de arma mediante avaliação, sendo avaliados quesitos como a
tomada de decisão desses indivíduos (GAUDÊNCIO et al., 2015).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que tanto o contexto do esporte como o contexto de
segurança são passíveis de atuação do profissional de
avaliação psicológica. No campo esportivo normalmente
a avaliação psicológica coincide com a nomenclatura de
psicodiagnóstico esportivo e tal área é comprometida tanto
com o auxílio ao atleta como a comissão técnica.
48 Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico

RESUMINDO:

Para se atuar no campo esportivo, faz-se necessário obter


informações sobre as características do esportista tanto
quanto se informar a respeito das técnicas e objetivos do
esporte e do treinamento, respectivamente. Normalmente
nesse tópico são trabalhados tanto a melhora no
desempenho como na performance do indivíduo. Podem
ser trabalhados ainda, aspectos motivacionais. Você
também viu que, embora sejam fontes importantes de
informação, há uma escassez de testes que servem a essa
área de avaliação esportiva, sendo recorrente a necessidade
de fazer uso de instrumentos de outros campos de
avaliação. Adicionalmente, é uma área que pode envolver o
trabalho com indivíduos de diferentes idades, promovendo
um aprimoramento de seu desempenho. No campo da
segurança, o trabalho do profissional psicólogo em avaliação
pode ser concernente tanto a esfera pública como a esfera
privada. Há pelo menos três tipos de avaliação que servem
a esse contexto, como a avaliação admissional, a periódica
e a de porte e registro de armas, amplamente discutida
nesse capítulo. Para a atuação enquanto psicólogo avaliador
de porte de armas, faz-se necessário o credenciamento
no conselho de classe, bem como no Departamento de
Policia Federal, exceto por casos presentes na lei. É de
extrema importância que o profissional esteja atento as
normatizações envolvendo a prática nesse contexto, para
que sejam garantidos o compromisso técnico e ético com
sua prática. Adicionalmente, a importância de se trabalhar
com avaliação psicológica no contexto de porte de armas
promove ainda um reflexo de comprometimento social,
sendo uma das formas de combate à violência instaurada
em nossa sociedade.
Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico 49

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