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Instituto Superior de Ciências de Educação

ISCED- Huíla

MANUAL DE APOIO DA DISCIPLINA


DE DIDÁCTICA DA INFORMÁTICA

CAPITULO II– Teórias de Aprendizagem Aplicadas no


Ensino da Informática

Autor: Prof. Manuel Teixeira, MSc.

Email: teixeira9@live.com.pt

LUBANGO

2019
Índice Geral

1.1. Introdução................................................................................... 1

1.2. O Behaviorismo .......................................................................... 2

1.3. O Cognitivismo ........................................................................... 4

1.4. O construtivismo ........................................................................ 8

1.5. A Abordagem Conectivista ...................................................... 10

Bibliografia ......................................................................................... 18
CAPITULO TEÓRIAS
II DE
- APRENDIZAGEM
APLICADAS NO ENSINO DA INFORMÁTICA
1.1. Introdução
Ao longo dos últimos anos, tem havido uma grande quantidade de

pesquisas empíricas sobre a forma como os alunos aprendem e sobre

métodos de ensino eficazes que, no seu melhor, são impulsionadas por

uma forte e explicita base teórica. Como resultado nem sempre o que as

pessoas enxergam como melhores práticas são universalmente partilhadas

por outros, mesmo que, em geral, vistas e aceitas como senso comum

(Bates, 2016, p. 84).

As teorias de aprendizagem abordam a dinâmica envolvida no processo de

ensino e aprendizagem, partindo da evolução cognitiva do homem e

tentando explicar a relação entre o conhecimento já existente e o novo

conhecimento, estando intrinsecamente ligadas aos conceitos

epistemológicos, como estudo do conhecimento. As três principais teorias

de aprendizagem são: o Behaviorismo, o Cognitivismo e o Construtivismo

(Araújo, 2010, p. 106).

Com o conhecimento das abordagens teóricas alternativas, professores e

instrutores estão em melhor posição para fazer escolhas sobre como

abordar seu ensino da maneira que melhor se adeque as necessidades

percebidas de seus alunos, dentro dos muitos contextos de aprendizagem

diferentes que os professores e instrutores enfrentam (Bates, 2016, p. 87).

Segundo (Leal, 2009) e (Mota & Pereira, 2009, p. 100), George Siemens

apresenta uma teoria alternativa de aprendizagem, adaptada à nova

realidade tecnológica e à sociedade em rede, denominada por:

Conectivismo. A escolha ou preferência por uma abordagem teórica

1
particular terá implicações importantes sobre a maneira como a tecnologia

é usada para apoiar o ensino (Bates, 2016, p. 87).

1.2. O Behaviorismo
O Behaviorismo foi desenvolvido, no início do século XX, com experiências

iniciais em animais, principalmente com os estudiosos Ivan Pavlov, Edward

Thorndike, Edward C. Tolman, Clark L. Hull, BF Skinner, entre outros

(Alvarenga, 2012, p. 21). O behaviorismo tem a sua ênfase em recompensas

e punições como direcionadores da aprendizagem (Bates, 2016, p. 90).

Baseia-se essencialmente na premissa de que a mudança de

comportamento acontece por meio de uma resposta dada a um estímulo: o

comportamento é controlado pelas consequências, se for positiva aumenta

a tendência da conduta, se for negativa a frequência da resposta tende a

diminuir. Não é necessário recorrer à atividade mental do sujeito, entre o

estímulo e a resposta (Alvarenga, 2012, p. 21). O behaviorismo trata-se de

uma linha na psicologia com a teoria de como seu comportamento pode

ser controlado e condicionado devido a estímulos e interação ao seu redor

(Frontin, Diniz, & Cardoso, 2007).

Esta teoria não leva em consideração o que se passa dentro de cada um. A

aprendizagem é vista como mudança de comportamento, onde o aprendiz

responde a estímulos do meio exterior. O conhecimento é o resultado

direto de experiências planeadas, dando assim relevância ao

comportamento observável (Skinner, 1976, apud Araújo, 2010, p. 107). O

professor transmite o conhecimento, determinando os objectivos e o ritmo

do ensino, fixa os comportamentos finais do aluno e avalia-o segundo

critérios baseados nos objectivos alcançados. Por outro lado, o aluno

escuta o professor, repete as informações transmitidas, tantas vezes

quanto forem necessárias, para aprender o conteúdo transmitido. O aluno

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deverá questionar pouco, ou quase nada, e ser pouco criativo (Araújo, 2010,

p. 7).

Segundo Alvarenga (2012, p. 21), o ensino poderia, segundo essa

perspectiva, ser definido como uma sequência organizada de reforços que

facilitariam a aprendizagem, com ou sem professor; o papel deste seria o

de criar contingências de reforço, elaborando situações de aprendizagem

nas quais se reforçam as respostas que aumentariam as possibilidades de

o aluno chegar ao comportamento esperado, respondendo corretamente

sobre o que deveria ser aprendido.

A influência do behaviorismo pode ser de especial importância para a

memorização de facto ou procedimentos padrões, tais como tabelas de

multiplicação, para lidar com crianças ou adultos com capacidade cognitiva

limitada devido a distúrbios cerebrais, ou para o cumprimento de normas e

processos industriais ou comerciais que são invariáveis e não requerem

julgamento individual (Bates, 2016, p. 90).

Na prespectiva de Araújo (2010, p. 106), na teoria behaviorista, a

aprendizagem é um comportamento observável, adquirido de forma

mecânica e automática através de estímulos e respostas, assente nas

seguintes premissas:

--A aprendizagem acontece através da repetição a estímulos;

--Os reforços positivos e negativos têm influência fundamental para a

formação dos hábitos

desejados;

--A aprendizagem ocorre melhor se as actividades forem graduadas;

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--O comportamento observável é mais valorizado, resultando de respostas

a estímulos emitidas pelo sujeito. A mente, as sensações, a consciência, o

imaginário eram vistos como uma caixa negra, não sendo observáveis;

--A aprendizagem está relacionada com mudança de comportamento.

Os primeiros passos do ensino a da Informática foram baseadas, sem

qualquer dúvida, nos trabalhos dos psicólogos behavioristas, utilizando as

teorias do estímulo-resposta. Tal técnica foi a base dos primeiros ensaios

de ensino programado da década de 90. No entanto, nas metodologias de

ensino da Informática as teorias de estímulo não têm sido adotadas como

teoria mas sim como técnica. De facto, no desenvolvimento do ensino da

Informática há muitas situações em que ao estímulo se sucede de imediato

uma previsível e detalhada resposta (Lagarto 1994, p. 41).

1.3. O Cognitivismo
Contrariamente ao behaviorismo, que se centra no comportamento

humano, o cognitivismo propõe-se analisar a mente, ou seja, o sujeito pode

interpretar os estímulos e tem poder de decisão. A teoria Cognitivista dá

importância à forma como se conhece, processa, compreende e dá

significado à informação. A aprendizagem é um processo no qual as novas

informações se relacionam com informações já existentes. Pode ser vista

como um processo de armazenamento de informação para ser utilizada

mais tarde (Araújo, 2010, p. 107). O cognitivismo incide sobre o domínio

pensar (Bates, 2016, p. 92).

Segundo Nunes & Giraffa (2003) citado por Santos & Tarouco (2007. p. 2), o

processo cognitivo humano refere-se ao estudo do processamento humano

de informações, ou seja, o estudo de como os seres humanos percebem,

processam, codificam, estocam, recuperam e utilizam as informações. A

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estrutura cognitiva humana inclui três sistemas de memória: a memória

sensorial, a memória de curta duração e a memória de longa duração, as

quais trabalham juntas.

No entanto, os seres humanos têm capacidade para o pensamento

consciente, para tomar decisões, têm emoções e a capacidade de expressar

ideias por meio do discurso social, que são altamente significativos para

aprendizagem. A abordagem cognitiva sustenta que, se quisermos

compreender a aprendizagem, não podemos limitar-nos ao

comportamento observável, mas também devemos nos preocupar com a

capacidade mental do aluno para reorganizar seu campo psicológico.

Portanto, o cognitivismo da importância não só sobre o meio ambiente,

mas sobre a maneira pela qual o individuo interpreta e tenta dar sentido ao

ambiente. Vê o individuo não como o produto mecânico do seu meio, mas

sim como um agente activo no processo de aprendizagem, tentando

deliberadamente processar e categorizar o fluxo de informações trazidas a

ele pelo mundo externo (Bates, 2016, p. 91)

A ciência cognitiva mudou o modo como os educadores viam a

aprendizagem, enfatizando o que é ignorado pela visão behaviorista: a

cognição, ato de conhecer, como o ser humano conhece o mundo. Para

seus seguidores, o foco da aprendizagem devia estar nas variáveis

inferentes entre o estímulo e a resposta, nas cognições, nos processos

mentais superiores: processamento de informações, percepções, resolução

de problemas, tomadas de decisões. O foco é a mente, de maneira objetiva

e científica e não especulativa. Trata, então, dos processos mentais, se

ocupa da atribuição de significados, de compreensão, da transformação, do

armazenamento e uso da informação envolvida na cognição. Esta se dá por

5
construção, considerando o aluno como um agente da construção do

conhecimento (Alvarenga, 2012, p. 22).

No cognitivismo a aprendizagem se dá de maneira melhor quando o

processo de informação estiver alinhado com o processo cognitivo

humano, ou seja, quando o volume de informações oferecidas ao aluno for

compatível com a capacidade de compreensão humana (Sweller, 2003 apud

Santos & Tarouco, 2007, p. 3). Cognitivistas consideram processos mentais

básicos como sendo genéticos ou inatos, mas podem ser programados ou

modificados por factores externos, como novas experiencias (Bates, 2016,

p. 93).

Para Araújo (2010, p. 107), o Cognitivismo assenta nas seguintes premissas:

--A aprendizagem é um processo de armazenamento de informações;

--Pode existir transferência de conhecimentos adquiridos de um contexto

para outro;

--A construção do conhecimento é efectuada através da interacção da

experiência sensorial e da razão;

--A interacção com o meio é necessária para o desenvolvimento do

indivíduo;

--Aborda o processo de compreensão, transformação, armazenamento e

uso da informação envolvida na cognição.

Quanto a aplicação do cognitivismo no ensino da Informática, Quelhas,

(2009) refere que, todo aluno, no ensino de procedimentos e práticas na

aprendizagem, constrói esquemas cognitivos que servem como

ferramentas na hora de reconstruir representações mentais do que está

sendo aprendido. No processo de ensino e aprendizagem da Informática


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precisamos ter o cognitivismo em mente, seguindo alguns termos utilizados

por Piaget em seu discurso sobre o cognitivismo:

- Assimilação: ação de incorporar a nova representação mental ao

repertório de esquemas já contruídos.

- Acomodação: transformação e ampliação dos esquemas cognitivos já

interiorizados.

- Adaptação: Ocorre a partir de assimilações e acomodações constantes,

que desencadeiam uma restruturação de todos os esquemas já

construídos.

- Equilibração: É processo que faz os esquemas de adaptação gerar

significado para o sujeito. O que foi adaptado passa a ser compreendido.

Havendo interesse, a equilibração acontece mais efetivamente, porém, não

pra sempre! A cada nova aprendizagem, os processos de assimilação e

acomodação produzirão uma desequilibração, que rearrumará todo o

esquema. Logo, todo o aprendizado é transitório e é modificado a cada

novo objeto aprendido (Quelhas, 2009).

No cognitivismo o professor deve assumir o papel de mediador,

investigador, pesquisador, orientador e coordenador, propondo problemas

que despertem os alunos para a construção do conhecimento. O aluno

deve ser activo e observador, deve experimentar, comparar, relacionar,

analisar, justapor, encaixar, levantar hipóteses, argumentar, etc. Cabe ao

aluno encontrar a solução para os problemas que lhe são apresentados

(Araújo, 2010, p 108).

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1.4. O construtivismo
A teoria construtivista enfatiza a construção de novo conhecimento e

maneiras de pensar mediante a exploração e a manipulação ativa de

objetos e ideias, tanto abstratas como concretas, e explicam a

aprendizagem através das trocas que o indivíduo realiza com o meio. Os

trabalhos de maior influência para a concepção construtivista foram os de

Piaget (1896-1980) e Vygotsky (1896-1934), e esta tem sido apropriada por

diversos autores que expandiram seu escopo e desenvolveram novas

abordagens (Souza, 2006, p. 42)

Para os construtivistas a aprendizagem é um processo activo de construir o

conhecimento e não de adquirir conhecimento, e o objectivo desta teoria

de aprendizagem é ajudar a construção do conhecimento e não a

transmissão do conhecimento. Nesta perspectiva, é o aprendiz quem

detém o papel principal, ele passa de um processador de conhecimento,

papel que lhe outorgava o cognitivismo para um construtor do

conhecimento, ou seja passa a ser o centro do processo e os demais

elementos, tais como, o professor, os conteúdos, os média, o ambiente,

fazem sentido apenas se contribuírem para criar condições para que o

aprendiz construa o conhecimento (Coutinho, 2005).

Na vertente construtivista, o processo de ensino e aprendizagem está

centrado no aluno e a aprendizagem é o processo pelo qual ele próprio

constrói o seu conhecimento. O crescimento pessoal é valorizado e o aluno

tem liberdade para aprender. O professor não é apenas um transmissor de

informações, mas deve estimular a aprendizagem (Araújo, 2010, p. 108).

Segundo Driscoll (1994) apud Araújo (2010, p. 108), o conhecimento é

construído pelo aluno, dando sentido às suas próprias experiências. As

8
experiências da vida, o clima psicológico da sala de aula, a interacção

professor e aluno são factores fundamentais para a aprendizagem.

A visão central do construtivismo é a noção do organismo como ativo, não

preocupado em responder a estímulos como no behaviorismo, mas

engajado, participante e buscando o sentido e o significado das ocorrências

no mundo. Os alunos fazem interpretações das experiências, elaboram

e testam estas interpretações além de armazenarem as informações

dadas (Campos & Rocha, 1998). Os alunos provavelmente irão trabalhar em

grupo, ajudar uns aos outros e comparar soluções para o problema. Pode

não haver uma solução considerada correcta, mas o grupo pode considerar

algumas soluções melhores do que outras, dependendo dos critérios

combinados para resolver o problema (Bates, 2016, p. 98).

Quer para Vygostky como para Piaget a aprendizagem significativa é a que

ocorre da interacção entre pessoas, dando ambos menos relevância a

outras formas de aprendizagem como a imitação, a observação, a

demonstração, a exemplificação e prática dirigida (Marques, 2005 apud

Araújo, 2010, p. 108).

Para Araújo (2010, p. 108), o construtivismo tem por premissas:

--Valorizar o aluno na sua dimensão pessoal;

--Promover a auto-realização e o crescimento pessoal;

--O indivíduo ser livre de fazer as suas escolhas e ser visto como fonte dos

seus actos;

--A aprendizagem não será apenas um aumento de conhecimento, mas

influenciará escolhas e atitudes.

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Assim, professores construtivistas colocam forte ênfase sobre o

desenvolvimento dos alunos no sentido pessoal por intermédio da reflexão,

analise e construção gradual de camadas ou profundidades do

conhecimento pelo processamento mental consciente e permanente.

Reflexão, seminário, fóruns de discussão, trabalhos em pequenos grupos e

projectos são os principais métodos utilizados para apoiar a aprendizagem

construtivista no ensino presencial, e aprendizagem colaborativa online

(Bates, 2016, p. 97).

O professor deve ser um guia capaz de ajudar o aluno a entender um

determinado assunto, dando maior ênfase ao aluno em si, através do

diálogo, oportunidade, cooperação, união e organização, até alcançar a

solução dos problemas. O aluno deve participar no processo de

aprendizagem juntamente com o professor e interagir com outros alunos,

construir a sua própria compreensão dos assuntos, trazendo as suas

experiências para serem discutidas em sala de aula. Deverá reelaborar os

significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural e criar algo de

novo a partir da observação efectuada nos outros (Araújo, 2010, p. 109).

A abordagem construtivista é a que tem gerado mais benefícios e a que

melhor contextualiza e aproveita os recursos tecnológicos para os

processos de ensino e aprendizagem (Souza, 2006, p. 42).

1.5. A Abordagem Conectivista


O século XXI nos revela profundas e significativas mudanças nos modos de

nos relacionarmos, de nos comunicarmos e sobretudo na construção e

transmissão do conhecimento nos diferentes contextos sociais. No âmbito

educacional, o conhecimento, que sempre esteve pautado na atuação do

professor, este visto como principal detentor e transmissor das

informações, agora possui outras fontes, mais rápidas e atrativas. A web 2.0
10
permite a interação em tempo real de todo e qualquer individuo na rede e

através de diferentes tipos de dispositivos. É possível construir juntos,

compartilhar ideias, informações e assim alcançar o conhecimento (Oliveira,

Nunes, & Ribeiro, 2014, p. 4).

As teorias de aprendizagem tradicionais, utilizadas como suporte à

educação presencial, não foram produzidas tendo em mente ambientes

virtuais. Muitos autores, por consequência, defendem que são necessárias

novas teorias, ou no mínimo uma revisão dessas teorias tradicionais, para

suportar as novas práticas de aprendizagem em educação online,

plataformas da web 2.0, redes sociais e dispositivos móveis. Seriam

necessárias, portanto, novas estratégias pedagógicas para dar conta da

interação, comunicação e produção de conteúdo colaborativo em

ambientes virtuais (Mattar, 2013, p. 22)

As teorias da aprendizagem deveriam ser ajustadas em um momento em

que o conhecimento não é mais adquirido de maneira linear, a tecnologia

realiza muitas das operações cognitivas anteriormente desempenhadas

pelos aprendizes (armazenamento e recuperação da informação) e, em

muitos momentos, o desempenho é necessário na ausência de uma

compreensão completa. O aprendizado não é mais um processo que está

inteiramente sob controle do indivíduo, uma atividade interna,

individualista, está também fora de nós, em outras pessoas, em uma

organização ou em um banco de dados, e essas conexões externas, que

potencializam o que podemos aprender, são mais importantes que nosso

estado atual de conhecimento. E a cognição e a aprendizagem são

distribuídas não apenas entre pessoas, mas também entre artefatos, já que

podemos descarregar trabalho cognitivo em dispositivos que são mais

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eficientes que os próprios seres humanos na realização de tarefas (Mattar,

2013, p. 30).

Downes (2011) Citado por Mattar (2013, p. 29) propõe uma pedagogia

baseada em rede e Siemens (2005) também citado por Mattar (2013, p. 29),

discute as limitações do behaviorismo, cognitivismo e construtivismo como

teorias de aprendizagem, porque elas não abordariam a aprendizagem que

ocorre fora das pessoas (ou seja, que é armazenada e manipulada pela

tecnologia, nem a que ocorre nas organizações. O conectivismo ou

aprendizado distribuído é proposto então como uma teoria mais adequada

para a era digital, quando é necessária ação sem aprendizado pessoal,

utilizando informações fora do nosso conhecimento primário (Mattar, 2013,

p. 29).

“Nós” são entidades externas que podem ser usados para formar uma

rede. Ou “nós” podem ser pessoas, organizações, bibliotecas, sites, livros,

jornais, banco de dados, ou qualquer outra fonte de informação (Siemens,

2006, p. 29 apud Linhares & Chagas, 2015, p.74). Uma rede pode,

simplesmente, ser definida como conexões entre entidades. Redes de

computadores, redes sociais, todas funcionam através do princípio simples

de que as pessoas, grupos, sistemas, nós, entidades podem ser conectadas

para criar um todo integrado. (Siemens, 2006, p. 5). Siemens & Aristóteles,

(2010) citam Downes, definindo uma rede como fruto de conexões entre

pessoas, comunidades e conteúdos, constitui-se no aspecto fundamental

da aprendizagem.

Para Siemens (2004) citado por Bates (2016, p. 99), a conexão é a forma

como a informação flui que resulta no conhecimento existente, para além

do individuo. Aprender torna-se a capacidade de tocar em fluxos

significativos de informação e de seguir estes fluxos. O conectismo


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apresenta um modelo de aprendizagem que reconhece as mudanças

tectónicas na sociedade onde a aprendizagem não é mais uma atividade

individual e interna.

Conectivismo é a integração de princípios explorados pelo caos, rede, e

teorias da complexidade e auto-organização. A aprendizagem é um

processo que ocorre dentro de ambientes nebulosos onde os elementos

centrais estão em mudança, não inteiramente sob o controle das pessoas.

A aprendizagem (definida como conhecimento acionável) pode residir fora

de nós mesmos (dentro de uma organização ou base de dados), é focada

em conectar conjuntos de informações especializados, e as conexões que

nos capacitam a aprender, mais são mais importantes que nosso estado

atual de conhecimento (Siemens, 2004, p. 5).

As teorias da aprendizagem estão preocupadas com o processo atual de

aprendizagem, não com o valor do que está sendo aprendido. Em um

mundo ligado em rede, a espécie exata de informação que adquirimos é

explorando a sua importância. Muitas questões importantes são levantadas

quando as teorias da aprendizagem estabelecidas são vistas através da

tecnologia. A tentativa natural dos teóricos é continuar a revisar e

desenvolver as teorias na medida em que as condições mudam. A inclusão

da tecnologia e do fazer conexões como atividades de aprendizagem

começa a mover as teorias da aprendizagem para uma idade digital. Não

podemos mais, pessoalmente, experimentar e adquirir a aprendizagem de

que necessitamos para agir. Nós alcançamos nossa competência como

resultado da formação de conexões (Siemens, 2004, p. 4-5).

No cerne do conectivismo, portanto, repousa a ideia de que o

conhecimento está distribuído por uma rede de conexões, e a

aprendizagem consiste na capacidade de circular por essas redes.


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Segundo os propositores do conectivismo, a originalidade desta abordagem

reside no fato de se colocar enquanto uma teoria de aprendizagem que

está condizente a nova realidade tecnológica e à sociedade em rede

(Siemens & Aristóteles, 2010)

Segundo Castells & Cardoso (2015, p. 20), a sociedade em rede, em termos

simples, é uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias

de comunicação e informação fundamentadas na microelectrónica e em

redes digitais de computadores que geram, processam e distribuem

informação a partir de conhecimento acumulado nos nós dessas redes.

Nesta sociedade em rede é fundamental aprender e sistematizar formas de

adquirir informações. Esta nova visão leva-nos a considerar que a

aprendizagem assenta no princípio de que o conhecimento está distribuído,

logo não é transferível nem transaccionável, pois consiste numa rede de

conexões formada pela experiência e pela interacção desenvolvida numa

dada sociedade. Atendendo a que as teorias de aprendizagem, frequentes

em ambientes institucionais, não acompanham o avanço tecnológico do

mundo de hoje, onde a aprendizagem informal cresce significativamente

(Araújo, 2010, p. 109)

No conectivismo o indivíduo, por si, não terá condições de suportar dados e

informações que serão outorgados às redes e sua permanente conexão e

reorganização. A ação do indivíduo será da ordem de buscar, agregar e

avaliar a pertinência da informação para seus propósitos. E isso exigirá

propor combinações inteligentes que serão realizadas por software em

razão da impossibilidade para os sujeitos em lidar individual e

solitariamente com a abundância de dados e informação. O conhecimento

será derivado e provisório para o sujeito e para o conjunto da rede. Os nós

da rede, seu peso valorativo e sua ascendência sobre outros nós manterão
14
em circulação as ideias e a formação de novos conhecimentos. Para o

conectivismo, o conhecimento é definido como o reconhecimento de

padrões particulares de relações que ocorrem na rede entre nós, e a

aprendizagem é definida como a criação de novas conexões (Siemens,

2008, p. 29, apud Carvalho, 2013, p. 10-11).

Conectivistas como Siemnes e Downes argumentam que a internet mudou

a natureza do conhecimento. Argumentam que o conhecimento importante

ou válido agora é diferente das formas anteriores de conhecimento, em

particular do conhecimento académico. Downes tem defendido que as

novas tecnologias permitem a desinstitucionalização da aprendizagem

(Bates, 2016, p. 102)

No conectivismo uma frase como construção de significado não faz sentido.

Conecções se formam naturalmente através de um processo de associação,

e não são construídas por meio de algum tipo de acção intencional.

Consequentemente, no conetivismo não há nenhum conceito real de

transferência de conhecimento, obtenção de conhecimento ou construção

de conhecimento. Em vez disto, as actividades que compreendemos

quando conduzimos práticas a fim de aprender são mais parecidas com o

crescimento ou desenvolvimento de nós mesmos e de nossa sociedade em

determinada maneiras (Bates, 2016, p. 99). Downes (2005) citado por Araújo

(2010, p. 110), defende que o conhecimento resulta de conexões

interactivas.

Siemens (2004, p. 6), define os seguintes princípios do conectivismo:

• Aprendizagem e conhecimento apoiam-se na diversidade de opiniões.

• Aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de

informação.

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• Aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos.

• A capacidade de saber mais é mais crítica do que aquilo que é conhecido

atualmente.

• É necessário cultivar e manter conexões para facilitar a aprendizagem

contínua.

• A habilidade de enxergar conexões entre áreas, ideias e conceitos é uma

habilidade fundamental.

• Atualização é a intenção de todas as atividades de aprendizagem

conectivistas.

• A tomada de decisão é, por si só, um processo de aprendizagem. Escolher

o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar

através das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma

resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas

condições que cercam a informação e que afetam a decisão.

O conectivismo não vê mais o professor como o único responsável por

definir, gerar ou organizar o conteúdo, que conta também com a

colaboração dos alunos, em uma estrutura emergente que não é eficiente

para atingir objetivos de aprendizagem (Mattar, 2013, 24).

Siemens e Downes, tendem a ser um pouco vagos sobre o papel dos

professores ou instrutores, visto que o foco do conectivismo é mais sobre

os participantes individuais, redes, fluxo de informações e as novas formas

de conhecimento que daí resultam. O objectivo principal de um professor

parece ser o de proporcionar o ambiente de aprendizagem inicial e o

contexto que congregam os alunos, para ajuda-los a construir seus próprios

ambientes sociais de aprendizagem que lhes permitam conectar-se a redes

16
bem sucedidas, com o pressuposto de que a aprendizagem irá

automaticamente ocorrer como resultado, por meio da exposição ao fluxo

de informações e da reflexão autónoma do individuo a respeito dos

significados. Não há necessidade de instituições formais para apoiar este

tipo de aprendizagem, pois tal aprendizagem geralmente depende muito

das mídias sociais prontamente disponíveis para todos os participantes

(Bates, 2016, p. 101).

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