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Produção de

Conteúdo para
EaD
Andréa César e Tatiane Kuckel

Unidade 3

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoras
ANDRÉA CÉSAR
TATIANE KUCKEL
AS AUTORAS
Andréa César
Olá. Meu nome é Andréa César. Minha trajetória profissional teve
início já na adolescência, com a formação técnica em Higiene e Segurança
do Trabalho, pelo IFPE (1993), seguida pela licenciatura em Administração
e Comércio, pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
do Cabo de Sto. Agostinho, Pernambuco (2003). Sou Especialista em
Educação a Distância pela Faculdade SENAC (2013) e mestranda em
Pedagogia do e-Learning pela Universidade Aberta de Portugal. Tenho
experiência em modelagem de projetos educacionais para Educação a
Distância e gestão de produção de conteúdo para EaD, com ênfase na
Modelagem de Objetos de Aprendizagem, Atuo como consultora para
implementação de projetos de Ensino a Distância e como professora
autora e executora de disciplinas nos eixos de Qualidade, Tecnologias
Educacionais e Segurança do Trabalho.

Tatiane Kuckel
Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel. Sou Mestre em Educação e Novas
Tecnologias, possuo Licenciatura em Desenho pela Escola de Música
e Belas Artes do Paraná e graduação em Gestão da Informação pela
Universidade Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência
em processos e projetos para EAD, arte visuais, sistema de informação,
monitoramento informacional e game. Possuo trabalhos publicadas nas
linhas de Inteligência Artificial, Educação a distância, game e artes visuais.
Atualmente, atuo como Gerente de projetos e inovação na Onilearning.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
O Design Instrucional/Educacional na produção de conteúdo
para EaD ...........................................................................................................10
Competências para produção de materiais didáticos baseados no
Design Instrucional/Educacional....................................................................................... 10

Modelos e etapas do Design Instrucional/Educacional.....................................14

Etapas do Design Instrucional/Educacional............................................18

Gestão da Produção Autoral....................................................................23


Gerenciamento de Projetos.................................................................................................... 23

Etapas de Revisão......................................................................................................................... 29

Direito autoral ................................................................................................34


Legislação de propriedade intelectual........................................................................... 34

Estratégias de prevenção e combate ao plágio......................................................38

REAs......................................................................................................................................41

Normas brasileiras para escrita científica.........................................45


Redação eficaz................................................................................................................................ 45

Norma ABNT.....................................................................................................................................48
Produção de Conteúdo para EaD 7

03
UNIDADE
8 Produção de Conteúdo para EaD

INTRODUÇÃO
Nesta etapa de nossa trilha de aprendizagem, já temos uma boa
bagagem de conhecimentos e competências construídas que nos
possibilitam contextualizar a dinâmica da produção de conteúdo na
educação a distância, sua complexidade e multidisciplinaridade. A missão
de produzir recursos didáticos é nobre, como toda tarefa relacionada
à educação, e como toda grande obra, envolve a participação de
múltiplos talentos, sintonizados com o propósito comum de transformar
positivamente o mundo em que vivemos, e, na EaD, sem as barreiras do
tempo ou espaço.

Nesse contexto temos uma equipe que permeia todo o processo


de produção de conteúdo para EaD, e que já conhecemos brevemente
na unidade passada: o time de design instrucional/educacional, com
foco na proposição de estratégias que potencializem os processos de
ensino-aprendizagem, em conformidade com as intenções pedagógicas
do projeto; estratégias essas que nascem do conhecimento e observação
sistemática de todas as variáveis que interagem com o projeto, direta ou
indiretamente, como usuários finais ou desenvolvedores dos respectivos
recursos. Os profissionais que compõem essa importante equipe têm um
olhar especial sobre o processo de ensinar e aprender e trabalham de
foram sistemática e focada para que as experiências de aprendizagem
sejam plenas, tanto do ponto de vista efetivo, no qual as competências
são construídas com eficácia, como do ponto de vista afetivo, no qual
o prazer em estudar e aprender está presente durante todo o percurso
formativo de nossos clientes finais: os estudantes.

Convido você a conhecer como esse time trabalha. Vamos juntos?


Produção de Conteúdo para EaD 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Entender o conceito e as funções do desenho instrucional na


esteira de produção de conteúdo para EaD;

2. Dominar o processo gerencial da produção autoral, considerando


as etapas de revisão de plágio, língua portuguesa, ABNT e parecer técnico;

3. Aplicar a legislação referente ao direito de propriedade intelectual,


bem como suas ferramentas tecnológicas e métodos para detecção ao
diagnóstico e combate à prática do plágio;

4. Aplicar métricas e métodos de acompanhamento da revisão de


língua portuguesa e normas da ABNT.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Produção de Conteúdo para EaD

O Design Instrucional/Educacional na
produção de conteúdo para EaD
INTRODUÇÃO:

Nossa meta neste capitulo é desenvolver os conteúdos que


permitam entender o conceito e as funções do desenho
instrucional na esteira de produção de conteúdo para EaD,
a partir do conhecimento de seus modelos e as fases nas
quais as respectivas funções são realizadas.

Competências para produção de materiais


didáticos baseados no Design Instrucional/
Educacional
Inicialmente vamos revisitar o conceito de Design Instrucional,
estudado no segundo capítulo da unidade passada:

DEFINIÇÃO:

É a ação intencional e sistemática de ensino que envolve o


planejamento, o desenvolvimento e aplicação de métodos,
técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos
educacionais em situações didáticas específicas, a fim
de promover, a partir dos princípios de aprendizagem e
instruções conhecidos, a aprendizagem humana. (FILATRO,
2008, p. 64–65)

Percebemos claramente que a finalidade do design instrucional/


educacional é a promoção da aprendizagem humana, a partir de um
planejamento e articulação de recursos e estratégias de ensino que
oportunize experiências de aprendizagem efetivas para os estudantes.
Produção de Conteúdo para EaD 11

Para que esse objetivo seja alcançado, várias competências


precisam ser mobilizadas. E, por falar em competência, acredito que você
já percebeu que utilizo bastante esse termo, não é?

Gosto muito da reflexão de Perrenoud (2000, p. 13), que associa a


noção da competência a “uma capacidade de mobilizar diversos recursos
cognitivos para enfrentar um tipo de situação”.

A abordagem de Perrenoud sobre as competências está baseada


em quatro aspectos:

1. As competências integram e orquestram os saberes, as habilidades


(chamadas por ele de savoir-faire, cuja tradução do francês é ‘saber
como’) e atitudes;

2. As competências mobilizadas são pertinentes a uma situação


específica;

3. Operações mentais complexas são acionadas no exercício das


competências, para adaptar as ações a cada situação específica;

4. As competências profissionais são construídas não apenas na


formação acadêmica, mas no exercício diário do trabalho.

Em síntese, as competências são formadas a partir das teorias


aprendidas, das habilidades desenvolvidas para aplicar as respectivas
teorias e a aplicação de tudo isso para resolver problemas e enfrentar
situações, a partir das ações e atitudes.
Figura 1: Representação da Competência

Fonte: Autora.
12 Produção de Conteúdo para EaD

Behar e Torrezan (2013), também se dedicaram a refletir sobre


as competências, mais especificamente as que são necessárias para
a construção de materiais educacionais digitais (MEDs), baseados no
design pedagógico, como também é conhecido o design instrucional/
educacional. Elas apontam que o desenvolvimento das competências
para a construção dos MEDs, baseados no design instrucional/
educacional, necessita envolver conhecimentos, habilidades e atitudes
nas áreas de design, pedagogia e informática, e que “essas características
devem ser distribuídas entre os membros da equipe desenvolvedora de
um material educacional digital para que o projeto possa ser executado
com excelência” (Behar e Torrezan. 2013,

Como o foco de nossos estudos nesta unidade é a atuação do


design instrucional/educacional no contexto da produção de conteúdo
para EaD, fizemos um recorte das competências requeridas dessa equipe
de especialistas:
Tabela 1: Competência do Design Instrucional/Educacional

Conhecimento Habilidade Atitude


(Saber) (Saber fazer) (Saber ser)
•Elaborar dinâmicas
pedagógicas
que envolvam o
•Semiótica desenvolvimento
•Criativo
•Experiência estética de conhecimentos,
•Comunicativo
•Educação por habilidades e atitudes
•Pesquisador
competência •Abordar a
experiência estética
em práticas
pedagógicas

Fonte: Adaptado de Behar e Torrezan. 2013, p. 259.


Produção de Conteúdo para EaD 13

VOCÊ SABIA?

A semiótica, de maneira geral, é uma doutrina ou um modo


de reflexão sistemática sobre os signos (elemento que
aponta ou dá significado a algo), sua classificação, as leis
que os regem e seus usos no âmbito da comunicação e
seus significados. (Fonte: https://bit.ly/2Gjm4Vx, acesso em
12/08/2020).

Trazendo para a aplicação prática das respectivas competências,


teremos as seguintes atividades relacionadas na etapa de design
instrucional/educacional:

• Semiótica: a partir deste conhecimento, o DI/DE poderá orientar


o autor a utilizar de forma adequada a iconografia do projeto, que
consiste nos signos que representam elementos de destaque que
chamam a atenção do leitor para um aspecto importante do percurso
de aprendizagem.

Exemplo: a iconografia de nosso livro, indicada pelo autor a partir


das orientações do DI/DE, a fim de deixar a leitura mais fluída e eficaz.
14 Produção de Conteúdo para EaD

• Experiência estética: Consiste no olhar cuidadoso sobre o conjunto


dos elementos gráficos que compõem os recursos que estão sendo
desenvolvidos, como imagens, gráficos, cores, tabelas etc.; de tal
forma a assegurar a harmonia do conjunto e o prazer do estudante
em acessar os recursos didáticos.

Exemplo: A partir do projeto gráfico de identidade visual dos


recursos educacionais, construído pela equipe de Design Gráfico, o
DI/DE assegurará que os elementos indicados pelo autor estejam em
coerência, dosando a aplicação para não poluir visualmente e apresentar
imagens bonitas e pertinentes, além de outras estratégias para quebrar a
linearidade da leitura, combatendo a monotonia.

• Educação por competência: lembra-se de que falamos que temos


excelentes professores com nível técnico e domínio teórico, mas com
dificuldades na transposição desses conteúdos para uma linguagem
dialogada e vinculada com a aplicação prática? É nesse campo que o
conhecimento da educação por competência vai conferir na atuação
do DI/DE a capacidade de orientar o professor a vincular sempre a
teoria com a prática, através da linguagem simples e objetiva, na qual
o autor apresenta de forma leve o conteúdo, sempre lançando mão
de exemplos, estudos de caso, elementos gráficos etc.

Exemplo: Ao final de cada sessão de estudos pode-se orientar o


professor a contextualizar a aplicação, a partir de estratégias como um
box de “Na prática é assim”, “Aprendendo com a vida real”, “Mãos na
massa” etc.

Agora que já nos apropriamos das competências básicas que


fundamentam a atuação do DI/DE no processo de produção de conteúdo
para EaD, vamos conhecer os modelos e etapas de aplicação.

Modelos e etapas do Design Instrucional/


Educacional
A complexidade do processo de produção de conteúdo para EaD
compreende, como já estudamos em nossa primeira unidade, a atuação
de várias equipes de especialistas, em tempos que podem ser síncronos
Produção de Conteúdo para EaD 15

ou assíncronos. Todas as equipes trabalham de forma integrada, porém


com etapas e modelagens específicas, coerente com a natureza da
atividade que está sendo executada, como, por exemplo, as etapas de
produção audiovisual, que serão detalhadas em nossa próxima unidade,
que são diferentes das de DI/DE, as quais conheceremos a partir de
agora.
Figura 3 – Continuum de modelos para a produção de conteúdos educacionais

Fonte: Filatro e Cairo (2015, p. 115)

Para compreendermos os modelos de DI/DE, precisaremos traçar


um paralelo com a evolução dos processos de ensino formais, que sempre
estiveram sintonizados com os avanços tecnológicos e de pesquisa
científica aplicados para otimizar os processos de ensino e aprendizagem.

A figura 3, segundo Filatro e Cairo (2015, p. 115), ilustra a série de


acontecimentos, sequências e ininterruptos que retratam a evolução dos
modelos de produção de conteúdo, associando os respectivos modelos
às etapas de evolução da economia mundial, representadas pelos
macrociclos de produção artesanal, industrial e pós-industrial. Vejamos
suas características:

• Modelos de produção artesanal (Design Instrucional aberto)

De forma semelhante à produção econômica artesanal, na qual o


artesão era o único responsável por todas as etapas, neste modelo de DI/
DE a produção é centralizada no professor, que assume integralmente
todas as etapas da produção. Na maioria dos casos não há apoio
institucional, que não disponibiliza tempo, recursos e remuneração para
16 Produção de Conteúdo para EaD

que o professor desenvolva conteúdos inéditos. Este modelo de produção


pode acontecer nos seguintes contextos:

Produção descentralizada — Um ou mais professores têm


autonomia conferida pela instituição de ensino para desenvolver o próprio
material didático, da forma que preferirem;

Docência independente — É um termo criado por Regis Tractenberg


e Leonel Tractenberg (2006) que define docente online independente
como “aquele professor que cria e oferece os seus cursos a distância
ou semipresenciais de forma autônoma, com o apoio das tecnologias
de informação e de comunicação (TICs) (TRACTENBERG, 2006. p. 3).
Nesse contexto o professor não está subordinado a nenhuma instituição
de ensino, assumindo total responsabilidade por todas as etapas de
produção.

• Modelos de produção industrial

Neste modelo, ao contrário do modelo artesanal, o trabalho é


dividido em etapas, mobilizando equipes específicas que atuarão em
cada uma. Os contextos de aplicação deste modelo são:

Autor-editor — Corresponde ao modo clássico de produção, no


qual o autor desenvolve um texto base, que será trabalhado pelo DI/DE
(ou editor pedagógico, em alguns contextos), de forma integrada com
as demais etapas: revisão, validação técnica, diagramação, produção
audiovisual, desenvolvimento de recursos interativos, empacotamento do
artefato digital etc.

Modelo de equipe — Diferenciado do modelo autor-editor pela não


concentração da autoria de conteúdo, que fica sob responsabilidade de
uma equipe de profissionais de diferentes formações.

• Modelo de produção pós-industrial:

Neste modelo, “os processos essenciais de análise, design e


desenvolvimento muitas vezes se mesclam à implementação, da mesma
forma que a avaliação é muito mais processual do que somativa” (Filatro
Produção de Conteúdo para EaD 17

e Cairo, 2016, p. 120), apoiando-se nos seguintes princípios do período de


pós-industrialização:

a. Eliminação da divisão do trabalho;

b. Redução da produção em massa (tendemos à personalização);

c. Produção sob demanda;

d. Trabalhadores flexíveis e versáteis;

e. Hierarquia organizacional nivelada.

Partindo desses princípios, esse modelo nos apresenta algumas


possibilidades:

Rapid Instructional Design (RID) — Neste modelo a instituição


disponibiliza para o autor softwares, banco de imagens e padronização
para criação de conteúdos, atividades e feedbacks. Nesse formato o
professor conteudista realiza tarefas normalmente desenvolvidas por
equipes especializadas. São modelos rápidos de produção, com forte
suporte de sistemas computacionais, que mesclam o DI fixo com o DI
aberto.

Soluções customizadas — Atendem às demandas educacionais


ainda não mapeadas, para as quais alguns recursos são produzidos,
permitindo o empacotamento em um formato que possa ser personalizado
à medida que as demandas sejam consolidadas.

Produção compartilhada — Neste modelo os estudantes atuam


como produtores de conteúdos, validados institucionalmente e servindo
como conteúdos fixos para novas situações didáticas.

Crowdsourcing — Busca agrupar conhecimentos coletivos por meio


de plataforma de cooperação online. Faz uso da colaboração em massa;
como exemplo de aplicação temos a Wikipédia.
18 Produção de Conteúdo para EaD

VOCÊ SABIA?

O termo crowdsourcing foi citado pela primeira vez em


2006, quando os editores da Revista Wired, Jeff Howe e
Mark Robinson fundiram as palavras crowd (multidão) e
outsourcing (terceirização) para se referirem a um novo
conceito de interação social, baseado na construção
coletiva de soluções com benefícios a todos. (Fonte:
https://bit.ly/3l4Trdq. Acesso em 12/08/2020)

Em todos os modelos citados, temos as características de DI


Aberto, quando a modelagem é construída no processo, oportunizando
ampla liberdade e autonomia ao autor; já o DI fixo define a atuação dentro
de uma modelagem pré-definida, e que deve ser mantida; e, por último,
a junção das três formas, que corresponde ao DI contextualizado, que
contempla elementos fixos na modelagem do projeto, e que possam ser
livremente modificados e/ou criados.

Etapas do Design Instrucional/Educacional


Em nossa primeira unidade apresentamos o termo ADDIE, você se
lembra?

Estudamos que corresponde a um modelo de Design Instrucional


cuja primeira letra de cada palavra em inglês caracteriza as seguintes
etapas:

• Analyze: Análise;

• Design: Desenho/Modelagem;

• Develop: Desenvolvimento;

• Implement: Implementação;

• Evaluate: Avaliação.
Produção de Conteúdo para EaD 19

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre o modelo ADDIE, acesse https://bit.


ly/36nO4SF

Figura 4: Representação gráfica do modelo ADDIE

Fonte: CDC

As etapas do processo de Design Instrucional/Educacional,


geralmente seguem, em maior ou menor medida, o modelo ADDIE.
(FILATRO et al., 2019, p. 27).

Vejamos a relação entre as etapas do DI/DE e seus respectivos


processos:
20 Produção de Conteúdo para EaD

Tabela 2: Etapas e processos do Design Instrucional/Educacional

Processo geral de
Etapas do DI Descrição
design
Consiste basicamente
em:
a) Identificar as
necessidades de
aprendizagem;
Compreender o b) Caracterizar o
Análise
problema público-alvo;
c) Levantar as
potencialidades
e restrições
institucionais.

Abarca o desenho
de uma solução
geral que, uma
vez aprovada, é
detalhada em termos
de mapeamento e
sequenciamento
de conteúdos,
Projetar uma solução Design
estratégias e
atividades de
aprendizagem,
seleção de mídias
e ferramentas e
instrumentos de
avaliação a serem
elaborados.
Produção de Conteúdo para EaD 21

Compreende
a produção e a
adaptação de
recursos e materiais
didáticos impressos
Desenvolver a e/ou digitais, a
Desenvolvimento
solução parametrização de
ambientes virtuais
e a preparação dos
suportes pedagógico,
tecnológico e
administrativo.
Constitui a
experiência de
aprendizagem
Implementar a
Implementação propriamente dita,
solução
quando ocorre
a aplicação da
proposta de DI.
Etapa transversal
que ocorre ao longo
Avaliar Avaliação de todo o processo
de construção da
solução educacional.
Fonte: FILATRO et al., 2019, p. 27.

Desejo que você esteja desenvolvendo a segurança necessária


para atuar não produção de conteúdo para EaD, a partir do conhecimento
das características, recursos e processos envolvidos. No próximo capítulo
vamos aprofundar ainda mais nossos estudos, dessa vez com foco na
gestão e controles.
22 Produção de Conteúdo para EaD

RESUMINDO:

Neste capítulo aprendemos sobre a importância da


educação baseada em competências, que correspondem à
mobilização de saberes, habilidade e atitudes para resolver
alguma situação prática, conhecendo as competências
necessárias para atuar no processo de design instrucional/
educacional. Conhecemos os principais modelos de DI/DE
e as respectivas etapas de desenvolvimento, baseados no
método ADDIE. Nós nos veremos no próximo capítulo! Até
breve!
Produção de Conteúdo para EaD 23

Gestão da Produção Autoral


INTRODUÇÃO:

Em nosso segundo capítulo desenvolveremos a


competência necessária para que você seja capaz de
dominar o processo gerencial da produção autoral,
considerando as etapas de revisão de plágio, língua
portuguesa, ABNT e parecer técnico.

Gerenciamento de Projetos
Ao longo de nossos estudos, vez por outra nos apropriamos de
alguns exemplos que ilustram a aplicação do tema estudado. Assim foi
com as engrenagens que simbolizam a necessidade de interação entre
as partes que formam o fluxo de produção dos conteúdos para EaD, que
precisam atuar de forma integrada e harmoniosa, para que o resultado
apresente a qualidade requerida.

Os requisitos de qualidade devem ser delimitados logo no início,


momento em que realizamos o planejamento, e que estão intimamente
relacionados ao projeto e sua gestão.

Focaremos na gestão de projetos neste tópico, seguido das etapas


de revisão, que têm por objetivo assegurar a qualidade.

Vamos começar compreendendo o que é um projeto? A partir deste


ponto faremos as interseções possíveis com a produção de conteúdo
para EaD.

DEFINIÇÃO:

Projeto é um esforço temporário empreendido para criar


um produto, serviço ou resultado único. (PMBOK, Guia do
conhecimento em gerenciamento de projetos, disponível
em https://bit.ly/2GsSrkj
24 Produção de Conteúdo para EaD

Figura 4 – Características de um projeto

Fonte: autora, a partir do PMBOK, 2017

Ainda de acordo com o documento de referência mundial para


gerenciamento de projetos (PMBOK, 2017, p.4), o cumprimento dos
objetivos do projeto pode produzir uma ou mais das seguintes entregas:

• Um produto único que pode ser um componente de outro item, um


aprimoramento ou correção de um item ou um novo item final (por
exemplo, a correção de um defeito em um item final);

• Um serviço único ou uma capacidade de realizar um serviço (por


exemplo, uma função de negócios que dá suporte à produção ou
distribuição);

• Um resultado único, como um produto ou documento (por exemplo,


um projeto de pesquisa que desenvolve o conhecimento que pode
ser usado para determinar se uma tendência existe ou se um novo
processo beneficiará a sociedade);

• Uma combinação única de um ou mais produtos, serviços ou


resultados (por exemplo, um aplicativo de software, a documentação
associada e serviços de centrais de atendimento).
Produção de Conteúdo para EaD 25

Facilmente percebemos que a transposição dessas características


que enquadram os projetos aplica-se ao fluxo de produção de conteúdo
para EaD. Diante desse pressuposto, vamos traçar um paralelo entre o
nosso objeto de estudo e o gerenciamento de projeto.
Figura 5 – Áreas de conhecimento da gestão de projetos

Fonte: Baseado no PMBOK, 2017

A relação entre a gestão de projetos e a do design instrucional/


educacional é objeto de estudo de FILATRO e CAIRO (2016), que fazem um
recorte das áreas de conhecimento, extraindo três que são consideradas
críticas, devido ao fato de delimitarem claramente o projeto e serem
também fortemente dependentes entre si:

1. Escopo — Conteúdo que será desenvolvido;

2. Tempo — Tempo necessário para a produção;

3. Custo — Mobilização dos recursos financeiros para viabilizar a


produção.
26 Produção de Conteúdo para EaD

Partindo da delimitação desse triângulo de prioridades, cuja falta de


gestão compromete seriamente todo o projeto, as autoras propõem uma
integração do plano de projeto com a seguinte organização das áreas de
conhecimento do PMBOK:
Figura 6 – Plano de Projeto integrado

Fonte: FILATRO e CAIRO (2016, p. 163)

Um requisito fundamental dos sistemas de gestão de qualidade é


a documentação, que deve conter os registros de todas as ações que
podem impactar os resultados que se deseja alcançar. Esse mesmo
requisito também é fundamental em qualquer processo de gestão, que
deve ser cuidadosamente organizado.

A seguir, apresentaremos uma estrutura em tópicos para cada área


de conhecimento que forma o triângulo de prioridades. A partir dela você
poderá montar um registro documental de todas as etapas, em conjunto
com as respectivas lideranças de cada etapa, quando aplicável.
Produção de Conteúdo para EaD 27

Tabela 3: Requisitos para as etapas prioritárias de um projeto de produção de conteúdo

Declaração de escopo:
•Identificação: título do projeto
•Responsáveis: nome do cliente,
do gestor e dos membros da
equipe principal, com respectivas
atribuições
•Público-alvo: apresentar o
resultado da análise contextual
realizada na primeira fase do
projeto
•Justificativa: apresentar a razão
de ser do projeto
• Produtos: delimitar o produto
final e respectivos subprodutos,
caso aplicável
Escopo •Características gerais dos
produtos: informações
detalhadas de cada recurso que
será produzido: formato, carga
horária, duração, modalidade,
métricas etc.
•Diferenciais: quando aplicável,
evidenciar o elemento que será
incorporado e que agregará valor
ao produto
•Principais atividades: delimitar
as etapas (análise contextual,
planejamento pedagógico,
autoria, roteirização, produção
audiovisual etc.)
28 Produção de Conteúdo para EaD

•Orçamento básico: valor


designado e previsão geral de
despesas
•Marcos: datas gerais de entregas
EAP – Estrutura Analítica do
Projeto
•Documento a partir do qual as
etapas do projeto são subdividias
em pacotes de trabalho menores,
o que facilita a visualização do
fluxo e a respectiva gestão.
Deve ser produzido com os
especialistas de cada etapa.

• Definição das atividades, com


clareza de escopo
• Sequenciamento das atividades,
definindo a ordem de execução
de cada uma
• Duração das atividades,
partindo da delimitação do tempo
Tempo para execução, contemplando
também as possíveis
intercorrências que podem atuar
como fatores de riscos
• Elaboração do cronograma,
contemplando de forma geral
todas as etapas
Produção de Conteúdo para EaD 29

•...............................................................................
Elaboração do orçamento, a
partir do capital investido para a
Custos
produção, prever a alocação dos
recursos por atividades, de forma
detalhada.
Fonte: Adaptado de FILATRO e CAIRO, 2016

A partir desse roteiro você poderá estruturar toda a documentação


pertinente ao planejamento, implementação e melhoria contínua dos
processos de produção de conteúdo para EaD no qual estiver participando.

E por falar em melhoria contínua, falaremos no próximo capítulo


sobre as dinâmicas de revisões, etapas diretamente relacionadas à
qualidade do projeto. Vamos lá?

Etapas de Revisão
A etapas de revisão contempladas no processo de produção de
conteúdo para EaD têm como meta prioritária assegurar a qualidade das
disciplinas que serão ofertadas nos cursos a distância.

Sobre esse quesito, BATES (2016, p. 457, apud Jung e Latchem,


2012), destaca as seguintes afirmações importantes sobre os processos
de qualidade em educação on-line e a distância:

a. Foco em resultados como a medida mais importante da qualidade;

b. Ter uma abordagem sistêmica ao controle de qualidade;

c. Enxergar o controle de qualidade como um processo de melhoria


contínua;

d. Mover a instituição de controles externos para uma cultura interna de


qualidade;

e. Má qualidade tem custo muito elevado; por isso, o investimento na


qualidade vale a pena.

Um material didático de qualidade tem um grande peso na validação


geral de um curso ofertado na modalidade a distância, além de otimizar
30 Produção de Conteúdo para EaD

os processos de tutoria e a construção colaborativa das competências


requeridas.

O processo de produção deve contemplar etapas de revisão que


contemplem, basicamente, os seguintes elementos:

1. Validação técnica (parecer técnico);

2. Similaridades (plágio);

3. Adequação às normas gramaticais (língua portuguesa);

4. Adequação às normas técnicas (ABNT).

A sequência numerada que apresentamos é a indicada também


para o projeto na fase de desenvolvimento.

Na sequência, vamos conhecer melhor cada uma delas.

1. Validação técnica (parecer técnico)

Estudamos que o saber e o conhecer é um dos elementos para a


formação das competências e um dos pilares para a educação do século
XXI.

Esse elemento está diretamente relacionado à matéria-prima que


possibilita a produção dos conteúdos educacionais, que nos é fornecido
pelo professor autor, tendo por base sua formação acadêmica e expertise
prática na área de conhecimento que está sendo trabalhada.

É fundamental que o conteúdo desenvolvido atenda às


competências previstas no projeto do curso, com propriedade e de forma
atualizada, pois as conformidades técnica e científica são inegociáveis.

Quanto à verificação superficial de atendimento aos elementos


constantes na ementa e plano de ensino, a etapa de DI/DE tem aptidão
para validar o atendimento, partindo da verificação dos respectivos
elementos na produção do autor, mas, se os conteúdos estão corretos ou
não, há necessidade de um especialista que pode ser alocado no processo
no momento final da produção autoral: o revisor técnico. Geralmente com
as seguintes características:

• Mesma formação do autor;


Produção de Conteúdo para EaD 31

• Titularidade acadêmica igual ou superior ao autor;

• Independência (preferencialmente não ter conhecimento pessoal


com o autor);

• Experiência prévia com validações técnicas de conteúdos


educacionais;

• Estar em pleno exercício profissional (para fins de atualização).

O processo de validão técnica geralmente é conduzido pelo núcleo


pedagógico, quando existente no projeto, ou pelo núcleo de Design
Instrucional/Educacional.

Importante destacar que esse processo deve ser gerenciado


de forma ética e transparente, para que a evidência seja sempre a
da conformidade e atualização dos conteúdos produzidos, e não
posicionamentos pessoais e subjetivos.

Para isso faz-se necessário que a documentação seja clara, em


formato de checklist, vinculada à ementa ou plano de ensino, com
campos para as considerações, que devem sempre ser baseadas em
alguma fonte segura de informação (legislação, conselho da categoria,
literatura científica, órgãos internacionais etc.).

2. Similaridades (plágio)

Esse tema será aprofundado no próximo capítulo, com as reflexões


cabíveis a seu potencial negativo no processo de produção de conteúdo
para EaD (e para toda produção científica).

Como o foco deste capítulo são os processos gerenciais, destacamos


as orientações propostas por FILATRO e CAIRO (2016), relacionadas às
boas práticas que assegurem o respeito aos direitos autorais:

• Definir e apresentar com antecedência a política de direitos autorais,


compartilhando com toda equipe;

• Compartilhar informações sobre as políticas públicas de direitos


autorais;
32 Produção de Conteúdo para EaD

• Contar com suporte jurídico que assegure a intermediação de direitos


de uso, quando necessário;

• Formalizar todas as solicitações de autorização aos detentores de


direitos autorais;

• Não conceder autorização de materiais próprios que contenham


direitos de uso autorizados por terceiros, salvo quando o tipo da
licença assim o permitir.

É importante que o processo de produção seja conduzido de


forma que os aspectos envolvidos no uso complementar de conteúdo de
terceiros não sejam motivo de bloqueio para a produção do conteúdo por
parte do autor, e para isso ele deve ser orientado sobre como fazer uso
de forma correta e juridicamente reconhecida.

3. Adequação às normas gramaticais (língua portuguesa) e normas


técnicas (ABNT)

Erros ortográficos e gramaticais podem comprometer seriamente


a qualidade dos recursos didáticos produzidos, até porque seu uso terá
finalidade formal e vinculada a sistemas de ensino.

Dessa forma, é fundamental que seja contemplado do processo


de produção a etapa de revisão de Língua Portuguesa e das normas da
ABNT — Associação Brasileira de Normas Técnicas, que serão estudadas
com mais profundidade no próximo capítulo.
Produção de Conteúdo para EaD 33

RESUMINDO:

Em nosso segundo capítulo de estudos, mergulhamos


no tema de gerenciamento de projetos e conhecemos
as áreas de conhecimento do PMBOK, com o respectivo
ajuste às prioridades da produção de conteúdo para
EaD, conhecendo os requisitos que devem nortear o
planejamento e a gestão da produção. Refletimos também
sobre a importância de validarmos a qualidade dos
materiais ao longo do processo, organizando etapas de
produção que devem começar com a validação técnica
do conteúdo, o combate ao plágio, a conformidade com
as normas gramaticais e da ABNT. Vamos continuar nossos
estudos? Espero você!
34 Produção de Conteúdo para EaD

Direito autoral
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo nosso foco será desenvolver as


competências que tornarão você capaz de aplicar a
legislação referente ao direito de propriedade intelectual,
bem como suas ferramentas tecnológicas e métodos para
detecção, diagnóstico e combate à prática do plágio.

Legislação de propriedade intelectual


Utilizar obra ou parte da obra de terceiros sem as devidas permissões
e referências é crime, regulamentado pela Lei nº 9610/98, que consolida
a legislação sobre direitos autorais no Brasil.
Figura 7 – Ilustração sobre plágio

Fonte:Freepik

Para termos uma pequena amostra da seriedade, segue trecho que


trata das sanções civis:

Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida,


divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a
Produção de Conteúdo para EaD 35

apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da


divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem


autorização do titular, perderá para este os exemplares que
se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.

Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares


que constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o
valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.

Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir,


distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma
reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter
ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si
ou para outrem, será solidariamente responsável com o
contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo
como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de
reprodução no exterior.

Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio


ou processo, e a comunicação ao público de obras artísticas,
literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas,
realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares,
deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela
autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária
pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis,
independentemente das sanções penais aplicáveis; caso
se comprove que o infrator é reincidente na violação aos
direitos dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da
multa poderá ser aumentado até o dobro. (Fonte: https://bit.
ly/2EXndl2 )
36 Produção de Conteúdo para EaD

Infelizmente ainda encontramos produções que apresentam esses


problemas, mas não nos cabe nesta obra discorrer sobre os motivos.

Fato é que todo o cuidado é pouco nessa etapa de validação, a


fim de não comprometer todo o projeto com sanções disciplinares legais,
com grandes prejuízos financeiros também.

SAIBA MAIS:

A Lei nº 9610/98, conhecida como Lei contra o plágio, altera,


atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e
dá outras providências. Você pode acessar na íntegra e
conhecer melhor, através do link https://bit.ly/2EXndl2

Em conjunto com a Lei de Direitos Autorais, temos também outros


referenciais jurídicos que protegem a propriedade das obras, e que se
encontram detalhados no site da ABDR — Associação Brasileira de
Direitos Reprográficos. Vejamos algumas referências :

Convenção de Berna – Tratado internacional do qual o Brasil é


signatário.

“Art. 9º

1- Os autores de obras literárias e artísticas protegidas pela


presente Convenção gozam do direito exclusivo de autorizar
a reprodução de suas obras por qualquer procedimento e sob
qualquer forma.

2- Reserva-se às legislações dos países membros da União


a faculdade de permitir a reprodução de ditas obras em
determinados casos especiais, desde que tal reprodução não
atente contra a exploração normal da obra nem cause um
prejuízo injustificado aos interesses legítimos do autor.”
Produção de Conteúdo para EaD 37

Constituição Federal

“Art.5º

XXVII- aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar.”

Código Civil

“Art. 159 - Aquele que por ação ou omissão voluntária,


negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo
a outrem, fica obrigado a reparar o dano.”

Código Penal

“Art. 184 - Violar direito autoral:

Pena - detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa.

§ 1º - Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio,


com intuito de lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte,
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente,
ou consistir na reprodução de fonograma e videofonograma,
sem autorização do produtor ou de quem o represente:

Pena - reclusão de um a quatro anos e multa, de Cr$ 10.000,00


(dez mil cruzeiros) a Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros)...

§ 2º - Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem


vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire,
oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de
lucro, original ou cópia de obra intelectual, fonograma ou
videofonograma, produzidos com violação de direito autoral.”

Os direitos autorais incidem sobre produtos concretos, como


livros, ilustrações, fotos, músicas, vídeos, imagens criadas digitalmente,
podcasts etc.

Quanto à classificação, os direitos autorais podem ser:

• Moral: o reconhecimento incondicional da autoria;


38 Produção de Conteúdo para EaD

• Patrimonial: determina as regras para reprodução e distribuição, que


podem ou não envolver ganhos financeiros.

IMPORTANTE:

De acordo com a Lei de Direitos autorais, o direito moral


tem “caráter personalíssimo, intransmissível, perpétuo,
imprescritível, inalienável e irrenunciável”; ou seja, mesmo
com a cessão do direito patrimonial, a autoria deve ser,
sempre, reconhecida e enfatizada.

Agora que já temos o conhecimento básico da legislação que


regula os direitos autorais no Brasil, vamos refletir sobre as estratégias de
combate e prevenção do plágio.

Estratégias de prevenção e combate ao


plágio
Geralmente, quando pensamos em plágio, lembramo-nos
das práticas estudantis que estão enraizadas em nossa cultura, mas
percebemos que no meio acadêmico também encontramos similaridades
com esse padrão equivocado de comportamento.

ACESSE:

Uma produção alemã mostra, em formato audiovisual, um


conto sobre o plágio na vida de um estudante universitário.
Acesse e assista, clicando aqui: https://bit.ly/30sUqwm

Para atuar nessa etapa, cabe adotar uma ferramenta que possibilite o
rastreamento das similaridades de forma rápida e gerando os respectivos
registros.

Apresentamos algumas:

• Turnitin - https://www.turnitin.com/pt

• IThenticate - http://www.ithenticate.com/

• Plagiarism - http://plagiarism-detect.com/
Produção de Conteúdo para EaD 39

• Plagius - https://www.plagius.com/br/home

• Ephorus - https://www.ephorus.com/

• Farejador de Plágio - http://www.plagiarismcombat.com/

O DI/DE pode atuar de forma preventiva, destacando esse tema


no treinamento dos autores, que deve proceder a produção, indicando
também repositórios cujos recursos têm a licença aberta, regulada pelo
Creative Commons.

VOCÊ SABIA?

O Creative Commons é uma organização sem fins


lucrativos, que permite o compartilhamento e o uso da
criatividade e do conhecimento através de licenças jurídicas
gratuitas. Acesse e conheça mais através do link https://bit.
ly/2Gt5KRN

Mesmo sendo de caráter aberto, autorizando o uso sem a cobrança


dos direitos, as licenças Creative Commons possuem uma classificação:
40 Produção de Conteúdo para EaD

Tabela 4: Classificação das licenças Creative Commons

Fonte: Creative Commons


Produção de Conteúdo para EaD 41

Percebemos pela classificação que a licença mais aberta é a CC


BY, possibilitando amplo uso e até modificação. Mas lembre-se de que a
autoria do produto original deve ser sempre citada. A mais restritiva é a CC
BY-NC-ND, que não pode ser alterada e nem usada para fins comerciais.

Na Internet, números recursos podem ser usados livremente,


sempre referenciando a fonte, e estão disponíveis nos repositórios de
REAs — Recursos Educacionais Abertos. Não sabe o que é REA? Não se
preocupe, vamos conhecer melhor no próximo tópico!

REAs
A produção de conteúdo para educação a distância apresenta
uma complexidade baseada em seu caráter multi e interdisciplinar, que
envolve e articula inúmeros especialistas, responsáveis pela produção de
inúmeros recursos, todos com o foco na tradução dos conteúdos para
linguagens múltiplas que venham contribuir a fim de que a experiência de
aprendizagem do estudante seja plena e efetiva.

Esses conteúdos devem ser autorais, mas, em seu conjunto,


poderão também incluir conteúdos que já estejam prontos, desde que
possuam a licença de uso liberada, como já estudamos no tópico anterior.

A esses conteúdos chamamos REAs, correspondente à sigla


de Recursos Educacionais Abertos, e, segundo LITTO, “representam
uma significativa opção para estender e democratizar o acesso ao
conhecimento, à racionalização de despesas com livros-texto e outros
materiais para aprendizagem em todos os níveis.” (2009, p. 304).

O termo REA deriva da sigla em inglês correspondente a OER —


Open Educacional Resources, e foi oficializado na conferência mundial da
UNESCO — Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura, em 2002. Vejamos a definição:

Recursos Educacionais Abertos (REA): REA são materiais de


ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer meio disponível
no domínio público, que foram disponibilizados com licenças
abertas, permitindo acesso, uso, redestinação, reutilização e
42 Produção de Conteúdo para EaD

redistribuição por terceiros, com poucas ou sem nenhuma


restrição. (UNESCO, 2015, p. V)

Ainda segunda a UNESCO, os Recursos Educacionais Abertos


podem incluir:

“[...] cursos/ programas completos, materiais de curso,


módulos, guias do aluno, anotações de aula, livros didáticos,
artigos de pesquisa, vídeos, ferramentas e instrumentos de
avaliação, materiais interativos (por exemplo, simulações),
dramatizações, softwares, aplicativos (incluindo para celulares)
e quaisquer outros materiais úteis à educação.” (UNESCO,
2015, p. V)

Os REAs podem ser encontrados em repositórios hospedados na


web, sendo fundamental que toda equipe de produção de conteúdos os
conheça e mantenha o hábito de pesquisa presente em seu dia a dia,
compartilhando com os pares suas descobertas.

A seguir, relacionamos alguns desses repositórios, para que você


possa iniciar suas descobertas.

1. UNICAMP - Conteúdos Educacionais de Acesso Livre: https://ggte.


unicamp.br/wp/?page_id=647

2. Educopedia - http://www.educopedia.com.br/

3. Domínio Público - https://bit.ly/2GsYWUg

4. Portal do Professor - https://bit.ly/3lc7Zbp

5. Curriculo+ - https://bit.ly/2Sn8Fyg

6. Banco Internacional de Objetos Educacionais - https://bit.ly/2HJ8jQe

7. Ambiente Educacional Web Bahia - https://bit.ly/3jqTmQO

8. Cátedra UNESCO em Educação a Distância - http://educacaoaberta.


org/

9. Biblioteca Brasiliana - https://www.bbm.usp.br/pt-br/


Produção de Conteúdo para EaD 43

10. PHET - https://phet.colorado.edu/pt_BR/

Os REAs são formados pelos Objetos de Aprendizagem — OAs,


que correspondem a qualquer elemento (digital ou não), que possa ser
utilizado nos processos de ensino-aprendizagem.

Para SILVA (2011), devem-se considerar dois aspectos fundamentais


para que os OAs possam ser disponibilizados e reutilizados em repositórios:

• Pedagógico — capacidade de garantir a aprendizagem e avaliação;

• Técnicos — protocolos específicos e padrões para a entrega de


conteúdos, tornando possível que o OA possa ser integrado nos
ambientes virtuais de aprendizagem.

Mais uma vez a integração de múltiplas especialidades é validada,


tornando a integração e fluidez do desenvolvimento um aspecto essencial
para que a produção dos conteúdos aconteça de forma eficaz.

ACESSE:

Vamos assistir a um vídeo sobre o REA? Acesse a primeira


vídeoanimação brasileira sobre Recursos Educacionais
Abertos. Uma parceria da Open Knowledge Brasil (OKBr), o
Instituto Educadigital (IED), o Núcleo de Informática Aplicada
à Educação (NIED) e a Escuela Superior Politécnica del
Litoral (ESPOL). Disponível em https://bit.ly/3ioNLJD

Para finalizar nossos estudos sobre os REAs no contexto da produção


de conteúdo para educação a distância, destacamos a importância de
que seja realizado um alinhamento da política de uso desses recursos
no projeto, com formação de toda equipe sobre as possiblidades de
uso, já que vários desses recursos podem ser modificados. Há de se ter
coerência com o planejamento pedagógico, para que a qualidade não
seja comprometida.
44 Produção de Conteúdo para EaD

RESUMINDO:

Neste capítulo de estudos discorremos sobre a importância


de respeito aos diretos autorais, conhecendo licenças que
permitem o uso livre dos recursos, sem comprometer o
direito moral que é devido ao autor da obra. Conhecemos
também os Recursos Educacionais Abertos, conhecidos
como REAs, e a possiblidade de integrá-los ao projeto de
produção de conteúdo para EaD, enriquecendo o acervo e
as possiblidades de abordagem dos temas, com redução
do custo operacional, assegurando os cuidados necessários
para assegurar a concordância com o planejamento
pedagógico. Vamos adiante, para nosso último capítulo da
unidade 3. Contamos com sua dedicação! Bons estudos!
Produção de Conteúdo para EaD 45

Normas brasileiras para escrita científica


INTRODUÇÃO:

Em nosso quarto capítulo de estudos apresentaremos a


base teórica que tornará você capaz de aplicar métricas
e métodos de acompanhamento da revisão de língua
portuguesa e normas da ABNT nos processos de produção
de conteúdo para EaD.

Redação eficaz
A língua portuguesa é falada em 10 países distribuídos em diferentes
continentes do globo terrestre (figura 7), e podemos, por inferência,
delimitar o grande alcance dos conteúdos produzidos para a educação a
distância, já que as distâncias geográficas não afetam a transmissão dos
conteúdos nessa modalidade.

Essa percepção acerca da grandeza de nossa língua natal aumenta


muito a responsabilidade em produzir um material cuja escrita seja
impecável, pois é isso que se espera de conteúdos educacionais; e que
passem pelo crivo da qualidade linguística em todos os lugares que falem
a língua portuguesa.
Figura 8 – Países que falam a língua portuguesa

Fonte: IPINIMG
46 Produção de Conteúdo para EaD

O novo acordo ortográfico firmado e celebrado pelos países


que falam a língua portuguesa passou a vigorar em janeiro de 2016,
com objetivo de unificar a escrita entre si. Apesar de a língua falada
ser compreendida entre todos os habitantes desses países, a escrita
ainda guardava algumas características peculiares a cada região, como
podemos verificar na figura a seguir:
Figura 9 – Exemplos de mudanças a partir do novo acordo ortográfico entre os países
lusófonos

Fonte: BP BLOGSPOT

Para assegurar a qualidade linguística do material produzido,


independentemente da mídia que esteja sendo utilizada para a veiculação
do conteúdo (texto, áudio, vídeo etc.), é fundamental que o processo
de produção contemple revisores focados na adequação às normas
gramaticais vigentes, zelando pela ortografia correta e uma linguagem
coerente e coesa. Esses revisores devem ter formação em letras, com
foco em uma segunda língua, caso a disciplina envolva o ensino de outro
idioma.
Produção de Conteúdo para EaD 47

VOCÊ SABIA?

Coesão e coerência são elementos diferentes e muito


importantes na produção textual. Um texto pode ser
coeso e incoerente ao mesmo tempo. O ponto principal
da coesão textual são as regras da gramática, ou seja,
articulação interna. A coerência textual, ao contrário, aborda
a articulação externa e mais profunda do texto: o seu
conteúdo. Para saber mais, acesse https://bit.ly/3jE1L3p

Partindo das reflexões de Filatro e Cairo (2016), apresentamos


algumas dicas para boas práticas de redação, que devem ser incorporadas
à capacitação dos professores autores para a escrita do material:

• Objetividade: deve-se evitar redundâncias e divagações, indo-se


diretamente ao ponto que se deseja apresentar, começando pelas
informações mais importantes;

• Evitar gírias e clichês: denota limitação vocabular, que deve ser


substituída por termos adequados. Ainda nesse ponto de uso de termos
inadequados, os termos regionais também devem ser evitados, salvo
como a segmentação do público-alvo prevê a apropriação cultural
da região na qual o curso será aplicado. Devemos nos lembrar de
que a EaD alcança múltiplas culturas e um termo conhecido em uma
determinada região pode ser totalmente desconhecido em outra,
comprometendo o entendimento acerca do conteúdo que esteja
sendo trabalhado;

• Eliminar redundâncias: os pleonasmos empobrecem o texto.


Exemplos: subir para cima, sair para fora, acabamento final, fato real,
25 anos de idade, hemorragia de sangue, manteve inalterados etc.;

• Simplificar expressões: usar verbos que sintetizem a mensagem,


como, por exemplo:

• Chagar à conclusão = concluir

• Dar uma informação = informar

• Fazer uma apresentação = apresentar


48 Produção de Conteúdo para EaD

• Ter desejo = desejar

• Expressões-ponte: auxiliam os alunos a acompanhar o raciocínio


e deixam clara a relação entre as frases: por outro lado, assim, no
entanto, porém, em resumo, mais uma vez etc.;

• Linguagem dialogada: reforçar a proximidade e o diálogo com o


aluno é possível quando o tratamos como interlocutor direto. Isso
é possível quando o texto faz referência direta, como, por exemplo,
nesta afirmação: “Você dominará as boas práticas de escrita!”;

• Intratextualidade: corresponde à ‘costura’ dos textos, interligando-os


através de relações lógicas e harmoniosas. Isso acontece quando
o autor relaciona os tópicos, reforça os sinônimos, explica melhor
palavras fora do vocabulário comum; enfim, quando o autor faz com
que os conteúdos conversem entre si.

A etapa de revisão textual com foco na língua portuguesa é uma


etapa fundamental para assegurar a qualidade dos conteúdos produzidos.
Deve ser contemplada em todos os projetos e gerenciada de forma a
gerar os documentos que validem os ajustes e adequações.

Vamos agora para mais uma etapa importante, que pode ser
absorvida pela equipe de revisores textuais: a revisão ABNT.

Norma ABNT
A qualidade de produtos e serviços tem como meta assegurar a
satisfação dos clientes e a conformidade com os requisitos que foram
delimitados na etapa de planejamento, a partir do levantamento cuidadoso
das expectativas e das demandas do mercado.

No contexto educacional não é diferente, e todas as ações devem


ter como foco a qualidade final do serviço prestado, fundamentado no
objetivo de construir competências que possam ser aplicadas pelos
estudantes, no seu dia a dia pessoal, social ou profissional.

Nesse contexto temos várias instituições que trabalham para


estabelecer normas que forneçam os requisitos de conformidade, a partir
Produção de Conteúdo para EaD 49

de um estudo multidisciplinar de todo o processo. Essas normas são


aceitas e aplicadas para assegurar a qualidade de produtos e serviço.

No Brasil, temos a ABNT — Associação Brasileira de Normas Técnicas,


fundada em 28 de setembro de 1940, Foro Nacional de Normalização,
tem o propósito de elaborar as Normas Brasileiras (ABNT NBR), por seus
Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial
(ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE). (https://bit.
ly/3l7UYzl, acesso em 18/08/2020)
Figura 10 – Logo da Associação Brasileira de Normas Técnicas

Fonte: ABNT

No campo editorial e de produção de conteúdo, uma norma muito


usada, que regulamenta os padrões que devem ser respeitados na
produção de obras científicas, é a ABNT NBR 6023, que delibera sobre
informação e documentação, referências e elaboração, com o seguinte
escopo:

• Estabelecer os elementos a serem incluídos em referências;

• Fixar a ordem dos elementos das referências e estabelece


convenções para transcrição e apresentação da informação originada
do documento e/ou outras fontes de informação;

• Orientar a preparação e compilação de referências de material


utilizado para a produção de documentos e para inclusão em
bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros.
50 Produção de Conteúdo para EaD

O escopo da norma trata detalhadamente dos seguintes elementos,


que devem ser considerados na produção textual:

• Elementos de referência;

• Localização;

• Regras gerais de apresentação;

• Modelos de referências;

• Transcrição dos elementos;

• Ordenação das referências.

Outras normas da ABNT também devem ser usadas para nortear as


revisões dos padrões que assegurem a conformidade. São elas:

NBR 14724/2011 - Trabalho Acadêmico

NBR 10520/2002 - Citações

NBR 6027/2012 - Sumário

NBR 6028/2003 - Resumo e Abstract

NBR 6024/2012 - Numeração progressiva das seções de um


documento

NBR 6034/2004 - Índice

NBR 15287/2011 - Projeto de pesquisa.

SAIBA MAIS:

Para conhecer melhor o trabalho da ABNT, acesse o site:


http://www.abnt.org.br/

Assim como na etapa de revisão de língua portuguesa, é importante


que a verificação dos padrões definidos pelas normas da ABNT seja
contemplada no processo editorial, com os registros necessários e os
referenciais que devem ser aplicados.

Os autores devem ser previamente orientados quanto à necessidade


de aplicação dos padrões.
Produção de Conteúdo para EaD 51

As normas atualizadas da ABNT para formatação de trabalhos


acadêmicos podem ser acessadas pela Internet, em sites de universidades.
Algumas publicações impressas também fornecem informações sobre
essas normas, no entanto, é importante verificar se estão devidamente
atualizadas.

Uma citação é a “menção, no texto que se está escrevendo, de uma


informação extraída de um livro ou artigo que se leu” (POZZEBON, 2006,
p. 111). Essas menções devem ser indicadas com método e precisão. O
uso de citações é definido pela NBR: 10520: Informação e documentação:
Apresentação de citações em documentos — é a norma que fixa as
condições exigidas para a redação e apresentação de citações em
documentos, ou seja, ajuda a referenciar os autores que você citou em
seu trabalho. É obrigatório indicar os dados completos das fontes de onde
foram extraídas as citações, seja em nota de rodapé, ou em lista no fim
do texto.

Citação é o uso do pensamento ou da ideia de outra pessoa — um


autor — para descrever ou explicar determinado assunto. A citação é o
elemento básico da redação científica e seu uso correto demonstra que o
pesquisador estudou trabalhos anteriores a respeito do tema pesquisado
52 Produção de Conteúdo para EaD

e também soube comparar adequadamente as teorias encontradas na


literatura.

As citações utilizadas nos trabalhos acadêmicos podem ser diretas


curtas, diretas longas ou indiretas.

IMPORTANTE:

Cada forma de citação, portanto, exige uma formatação


correta, de acordo com as normas da ABNT. Cada citação
também deve incluir sua referência, que é a fonte original
de onde foi retirada. Essa referência deve incluir o(s)
sobrenome(s) do(s) autor(es) e o ano da publicação. Nas
citações diretas curtas e longas — que são transcrições
literais dos textos da forma como constavam no original —
deve-se incluir também o(s) número(s) da(s) página(s) de
onde a citação foi retirada.

As referências nada mais são do que um conjunto de elementos


que permite a identificação de documentos impressos ou registrados
em qualquer suporte físico, seja ele livros, artigos publicados em revistas,
jornais, anais, congressos e materiais especiais, como mapas, gravações e
filmes, dentre outros. Esse material deverá ser informado no final do texto,
é o que chamamos de referência.

Então as referências vêm em página independente e numerada. A


palavra REFERÊNCIA vem grafada e em caixa alta, de forma centralizada.

Ao final do seu trabalho, no caso das referências, é preciso que você


insira os dados completos da obra na qual há um trecho dela no corpo do
trabalho (nos elementos textuais). Isso significa que se você mencionou
uma citação de Rocha (2007) ao final do seu trabalho, é preciso que
indique todos os dados da obra onde se encontra presente aquele trecho.

Qualquer trabalho científico realizado no Brasil, portanto, segue a


mesma formatação, o que facilita o trabalho daqueles que buscam algum
tipo de informação específica.

Um dos elementos a ser considerado é a apresentação gráfica


e estética, apesar de a ABNT NBR 14724 versar sobre a apresentação
Produção de Conteúdo para EaD 53

dos trabalhos acadêmicos — deixar o projeto gráfico a critério do autor


garantindo-lhe liberdade para produzir a apresentação visual do seu
trabalho —, ou seja, o projeto gráfico é de responsabilidade do autor do
trabalho (o importante é manter a uniformidade em todo o trabalho).

Saiba que a construção do trabalho científico implica considerar


dois aspectos: primeiro, o aspecto lógico e metodológico da construção
textual, que requer pesquisa teórica fundamentada; segundo, o aspecto
normativo que implica a construção dos aspectos de normalização do
trabalho segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No
primeiro aspecto, destacamos a importância da construção dos elementos
textuais e de apoio; no segundo aspecto, é importante considerar a
importância da normalização desses elementos.

Antes da apresentação de todos esses elementos que dissemos


anteriormente, porém, é fundamental dizer que você não se sinta obrigado
a internalizar e até mesmo a decorar todas as informações e detalhes
presentes na normas da ABNT. É importante que você saiba que existe
um padrão que deve ser seguido e, quando houver a necessidade, você
pode consultá-lo para colocar os seus trabalhos na norma estabelecida.

RESUMINDO:

Neste capitulo estudamos os aspectos que devem ser


observados na etapas de revisão de língua portuguesa,
assegurando a qualidade na escrita e as boas práticas para
que a linguagem seja coesa, coerente, correta e dialogada;
e também na etapa de revisão das normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, que regulam os
padrões de definem como os textos devem ser formatados.
Sigamos adiante, para o nosso último capítulo de estudos!
54 Produção de Conteúdo para EaD

REFERÊNCIAS
ABNT. Informação e documentação — Referências — Elaboração.
NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. Disponível em: http://www.abnt.
org.br/ . Acesso em; 17 ago. 2020.

BEHAR, P. A.; TORREZAN, C. A. W. Competências para a construção


de materiais educacionais baseados no design pedagógico. In: BEHAR.
P.A. (org.). Competências em Educação a Distância. Porto Alegre: Penso
Editora. 2013. p. 237/262.

BATES, A. W. Educar na Era Digital – Design, ensino e aprendizagem.


São Paulo: Artesanato Educacional, 2016.

FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educação e


tecnologia. São Paulo: Senac, 2004.

FILATRO, A. Design Instrucional na Prática. São Paulo: Pearson, 2008.

FILATRO, A. CAIRO, S. Produção de Conteúdos Educacionais. São


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Produção de Conteúdo para
EaD
Andréa César e Tatiane Kuckel

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