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Belém/ PA
2017
NÁDIA DOS PASSOS SERIQUE
BELÉM/PA
2017
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1 TEMA
2 JUSTIFICATIVA
A temática sobre a interdisciplinaridade vem sendo discutida ao longo dos anos nas
diferentes áreas do conhecimento, uma vez que aumentam os debates sobre as mais diversas
formas de ensinar e aprender num mundo globalizado que exige do professor e da escola um
olhar mais profundo sobre o conhecimento científico. O processo de globalização, fenômeno
contemporâneo, que vem se constituindo há décadas não deixa dúvidas de que estamos
realmente vivendo um grande processo de transformação em todas as esferas que vai desde a
política até a econômica.
Nesse sentido, o século XXI traz essa urgência de revermos os antigos paradigmas para
nos adequarmos a uma nova realidade, envolvida numa dinâmica social que foge aos padrões
etnocêntricos e questiona a lógica positivista que durante o século XX exerceu grande
influência em todos os campos e fortemente no sistema educacional.
Os impactos causados pela transformação da sociedade afetaram a produção do
conhecimento e colocaram em pauta a mudança de postura pedagógica que muitas vezes ainda
é pouco reflexiva e isso se deve também a modelos que foram impostos por muito tempo no
nosso sistema educacional, como o fordismo e taylorismo que acentuaram a divisão social do
trabalho, as hierarquias e a fragmentação do conhecimento. O resultado disso foi a sustentação
de uma escola que sempre exerceu um papel de detentora do conhecimento formal e de
transmissora dos saberes que em muitas situações, desconsidera os outros diferentes espaços de
aprendizagem e o conhecimento de mundo do aluno. Assim, o professor acaba sendo o único
protagonista do sucesso ou do fracasso do aluno, a quem se atribui toda e qualquer
responsabilidade.
Em contraposição a isso surgiram movimentos educacionais que discutem a organização
do trabalho pedagógico pautado no diálogo e na conexão entre as diversas áreas do
conhecimento. Dessa maneira, a função do professor e da escola ganharam outras dimensões,
no sentido de priorizar o envolvimento do aluno, por meio da relação horizontal de troca de
saberes, bem como na integração e construção coletiva do conhecimento.
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com 21 anos de idade, sem experiência, com muitas angústias e dúvidas. Aos poucos fiz da
sociologia, minha aliada para entender não só a minha sala de aula, mas a realidade social dos
meus alunos, vindos da periferia, inseridos num contexto de tráfico de drogas, de pobreza, de
desigualdade social, de violência, enfim de uma carga emocional as vezes muito pesada para
uma criança “carregar”. O meu envolvimento com eles foi tamanho que no quinto ano os meus
alunos se sentiam à vontade para escreverem textos falando dos mais diferentes assuntos da
realidade em que eles estavam inseridos. Foi assim também que em muitos momentos me senti
sozinha na escola, porque cada um trabalhava na sua “caixinha” e trabalhar de forma
diferenciada significava ter mais trabalho para os meus colegas, ainda assim continuei
questionando o sistema de ensino excludente, que coloca para fora por exemplo a criança que
não tem dinheiro para comprar uniforme. Parece simples, mas o cotidiano de uma sala de aula
é muito desafiador e as dúvidas só aumentam com a experiência, por isso fiz das minhas
“inquietudes” uma problemática que me trouxe ao mestrado.
Acredito que esse projeto de dissertação trará um aporte social e acadêmico relevante
uma vez que ao mapear as teses e dissertações dos últimos 10 anos, terei um panorama do que
está sendo discutindo sobre interdisciplinaridade na educação básica. A pós-graduação nos
permite tecer contribuições para as mais diversas áreas do conhecimento, os quais devem ser
socializados para o fortalecimento de pesquisas posteriores.
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3 PROBLEMATIZAÇÃO
se não ocultarem realidades globais. Nesse sentido, o conhecimento tem que estar interligado a
uma realidade global, dentro de um determinado contexto, uma vez que a realidade é constituída
de muitos saberes que para fazer sentido devem estar conectados.
A proposta interdisciplinar apresentada por diferentes autores, aponta para esse diálogo
e conexão das áreas do conhecimento, porém trata-se de um tema muito amplo e polissêmico
que não tem conceitos bem estabelecidos. Conforme Fazenda (1994) a indefinição de
interdisciplinaridade origina-se ainda dos equívocos sobre o conceito de disciplina, o que acaba
permitindo um enfoque pragmático em que a ação é um fator convergente entre o fazer e o
pensar interdisciplinar. Um dos objetivos pretendidos pela interdisciplinaridade é estabelecer
uma relação uma interação/conexão entre as disciplinas, o que não acontece. Ainda espera-se
que o aluno faça a relação entre uma e outra, o que acaba não acontecendo por ser um processo
que entre muitos outros aspectos exige esforço intelectual.
O que se pretende não é uma eliminação das disciplinas, mas sim um diálogo possível
entre elas para que o conhecimento seja assimilado de maneira mais completa e global e não de
forma parcelada, mecânica em que ao encerramento de cada aula o aluno desligue-se de uma
disciplina para começar outra. Assim,
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Compreender como vem se constituindo a produção acadêmica de dissertações
e teses sobre interdisciplinaridade na educação básica no período de 2006 a 2016.
4.2 ESPECÍFICOS
5 METODOLOGIA
de estudo; c) Existe um interesse maior pelo processo do que simplesmente pelos resultados
ou produtos; d) os pesquisadores tendem a analisar seus dados de forma indutiva, o que significa
dizer que não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipótese
construídas previamente; ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os dados
particulares que foram recolhidos vão se agrupando; d) o significado é de uma importância
vital, uma vez que os investigadores estão interessados no modo como diferentes pessoas dão
sentido às suas vidas.
Somando-se a abordagem qualitativa, a qual foi fundamentada por importantes teóricos
dessa área, a próxima etapa é definir o tipo de pesquisa. Após várias leituras e conversas com
o meu orientador sobre o tema, optou-se pela escolha da pesquisa bibliográfica, do tipo Estado
da Arte, para conduzir os objetivos, o problema e a problemática aqui levantados. De acordo
com Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa
bibliográfica está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que poderia pesquisar diretamente.
O levantamento bibliográfico é uma etapa fundamental para a pesquisa, pois nos permite
ampliar o conhecimento, além de nos dá profundidade, clareza e subsídios teóricos sobre o tema
em questão. Por intermédio de algumas leituras que foram sugeridas, observou-se vários tipos
de metodologias para extrair informações do grande número de publicações que através de
análises mais refinadas servem como suporte para novos trabalhos acadêmicos, tais como como
os estudos do estado da arte. A expressão estado da arte, ou estado do conhecimento, segundo
Brandão, Baeta e Rocha (1986), resulta de uma tradução literal do inglês, e conforme a autora
tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a
partir das pesquisas realizadas em uma determinada área.
O estado da arte trata-se de uma pesquisa que busca mapear e sistematizar as produções
acadêmicas no sentido espacial e temporal, dentro de um determinado campo do conhecimento
afim de subsidiar futuros estudos. É amplo e complexo, porém direciona e aponta possibilidades
que permitem um diálogo histórico-cultural e uma ampla leitura da realidade dos temas em
questão. Fortalece alguns resultados, abre espaço para possíveis questionamentos e instiga o
pesquisador a criar novos caminhos para o desenvolvimento do estudo. Esse mapeamento
mostra as evoluções das pesquisas, através da diversidade de trabalhos que são encontrados. A
esse respeito, Messina diz que:
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Um estado da arte é um mapa que nos permite continuar caminhando; é também uma
possibilidade de perceber discursos que em um primeiro momento se apresentam como
descontínuos ou contraditórios. Em um estudo da arte está presente a possibilidade de contribuir
com a teoria e a prática de um campo do conhecimento (1998, p.1)
É importante destacar que esse tipo pesquisa requer organização, análise, flexibilidade
e um olhar sensível para os desdobramentos que surgirão ao longo do processo, pois a
pluralidade de enfoques tanto teóricos como metodológicos do estado da arte precisam inspirar
o pesquisador para transformar a vastidão de produções em bancos de dados sólidos que darão
segurança para a escrita do texto. Nesse sentido, Goergen (1998) diz que é necessário levar em
conta que, na medida em que o número de pesquisas aumenta e cresce o volume de informações,
a área de investigação vai adquirindo densidade, surgindo a necessidade de parar e olhar em
volta para ver o que já foi feito, por onde se andou e para onde se pretende ir.
Para Romanowki (2002) fazer uma pesquisa do tipo estado da arte são necessários
alguns procedimentos que auxiliam e facilitam a sua realização, tais como: definição dos
descritores para direcionar as buscas a serem realizadas; localização dos bancos de pesquisa,
teses e dissertações, catálogos e acervos de bibliotecas, biblioteca eletrônica que possam
proporcionar acesso a coleções de periódicos, assim como aos textos completos dos artigos;
estabelecimento de critérios para a seleção que compõe o corpus do estado da arte;
levantamento de teses e dissertações catalogadas; leitura das publicações com elaboração de
síntese preliminar, considerando o tema, os objetivos, a problemática, metodologia, conclusões
e a relação entre o pesquisador e a área; organização do relatório do estudo compondo a
sistematização das sínteses, identificando as tendências dos temas abordados e as relações
indicadas nas teses e dissertações e; análise e elaboração das conclusões preliminares.
Para o estudo sobre interdisciplinaridade na educação básica serão utilizadas as
ferramentas de busca da internet, por facilitarem e agregarem o maior número de informações,
especialmente as bibliotecas virtuais, como a da CAPES, as quais oferecem tanto as bases
referenciais, como também os textos completos, com base nos indicadores (palavras-chaves):
interdisciplinaridade, educação, educação básica. Também serão utilizadas as estratégias de
busca, como os operadores booleanos que relacionam as palavras ou grupo de palavras no
processo de elaboração da pesquisa, informando ao sistema de busca como combinar os termos
da pesquisa: AND (intersecção dos conjuntos, mostra apenas artigos que contenham todas as
palavras chaves digitadas, restringindo a amplitude da pesquisa) e OR (união de conjuntos, a
qual a base de dados fornece a lista de artigos que contenham pelo menos uma das palavras,
ampliando o resultado da pesquisa). Numa explicação mais didática serão utilizados seguindo
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6 CRONOGRAMA
ATIVIDADES 2017
JAN FEV MA ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
R
Pesquisa exploratória x X x X
Reelaboração do x x x X
projeto de pesquisa-
Entrega do projeto de X
pesquisa para
apreciação
Apresentação do X
projeto de pesquisa
Inserção das x
considerações no
projeto de pesquisa,
após apresentação
Levantamento e coleta x x x
de dados (Estado da
Arte)
Pesquisa bibliográfica X x x x x x
(Fundamentação
teórica)
Redação dos capítulos x x x x
introdutórios
Organização dos dados x x x
Entrega de material x
para qualificação
2018
Qualificação X
Tratamento dos dados X x x
Discussão dos x x x x
resultados
Pré-defesa x
Inserção das x
contribuições na
dissertação após pré-
defesa
Finalização e redação x x x x x
da discussão dos
resultados
Preparação para a x
defesa- Composição da
banca
Entrega de material x
para defesa
Defesa x
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REFERÊNCIAS
CUNHA, Luiz Antônio. Educação, Estado e democracia no Brasil. São Paulo: Cortez;
Niterói: Ed.UFF; Brasília: FLACSO do Brasil, 1991.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo: Atlas,
2002.