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GUIA DE ESTUDO

Diversidade, Currículo Escolar e


Projetos Pedagógicos
UNIDADE I
UNIDADE I

A DINÂMICA DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA


ATUAL: A PRÁTICA DO TRABALHO DOCENTE E SUAS DIMENSÕES.

Palavras do Professor

Olá, alun@!

Para que inicie a sua caminhada acadêmica na disciplina DIVERSIDADE, CURRÍCULO ESCOLAR E
PROJETOS PEDAGÓGICOS: A RELAÇÃO FAMÍLIA, ESCOLA E COMUNIDADE I, você deve, inicialmente,
fazer uma leitura atenta da primeira unidade do seu livro texto e em seguida retornar ao seu guia de
estudo para assim dialogarmos sobre os pontos relativos à referida disciplina.

Nesta unidade vamos abordar os seguintes temas:

1. A escola atual: novas realidades sociais, as reformas educativas, a organização e a sua


gestão;
2. A escola nova;
3. O movimento escolanovista no Brasil;
4. A escola nova – críticas;
5. As dimensões da prática do trabalho do docente;
6. A influência de Paulo freire.

Conto com sua participação neste caminho que percorreremos juntos, que se inicia agora e vai até a nossa
quarta unidade! Realize as atividades do ambiente, participe dos fóruns, tire suas dúvidas com o seu
tutor sempre que precisar, pesquise, leia o seu livro texto, assista aos vídeos, acesse os links sugeridos e
consulte sua biblioteca virtual. Lá tem exemplares maravilhosos sobre esse nosso assunto!

Podemos ir em frente?

Vamos lá!

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A ESCOLA ATUAL: NOVAS REALIDADES SOCIAIS, AS REFORMAS EDUCATIVAS, A
ORGANIZAÇÃO E A SUA GESTÃO

Inicialmente destaco que o sistema educacional brasileiro, desde quando o Brasil foi colonizado, vem
passando por um processo de mudanças estruturais e funcionais que vem tentando buscar explicações
para os problemas enfrentados nos processos relativos ao ensino-aprendizagem, respaldando a culpa pelo
insucesso escolar ora no contexto cultural do aluno, no trabalho pedagógico do professor, nos métodos
utilizados, na qualidade deficiente do material didático ou no próprio contexto social em que as escolas
estão inseridas.

Nota-se que o processo de ensino-aprendizagem tem sido uma questão bastante discutida pelos que se
preocupam com a educação, já que há muitas décadas se observam as mesmas dificuldades em relação a
inúmeras reprovações e evasão escolar, e observa-se que atualmente essa questão vem recebendo uma
atenção especial, seja pela mídia, que divulga informações através dos rankings das melhores e piores
escolas, o que legitima, ainda mais, a diferença de classes também presente no contexto educativo, ou
através das reformas educativas que através das políticas públicas instituídas vem tentando minimizar os
impactos negativos da formação educacional brasileira.

Sabemos que nos últimos tempos a nossa sociedade tem vivido mudanças rápidas, seja a partir do uso
das novas tecnologias como também pelas diversas formas requeridas de aprendizagem para o mundo
moderno.

A escola, inserida nesse contexto social marcado pela competitividade e com características muitas
vezes excludentes, vem sendo questionada como uma instituição educativa imersa nos desafios políticos,
sociais e econômicos do mundo contemporâneo.

Veja o vídeo!

Para ilustrar essa questão podemos identificar no vídeo abaixo uma nova forma de repensar a
escola na atualidade. O vídeo tem três minutos de duração e convido você a assisti-lo.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=YNoJeT7e_Ks

Nesse cenário permeado por mudanças no contexto escolar, encontram-se tanto o gestor responsável
por articular a construção coletiva das práticas pedagógicas como os próprios professores, responsáveis,
diretamente, pelas aprendizagens dos seus estudantes.

Assim, refletir sobre essa escola atual, as novas realidades sociais advindas com as mudanças geradas
dessa nova contemporaneidade, as reformas educativas, a organização e a gestão escolar, como também,
as relações geradas nas organizações educacionais, onde os gestores escolares podem firmam-se como
figuras autoritárias sendo respeitados pelos cargos que ocupam e não por suas competências gerenciais,
tem sido ponto de debate na conjuntura educacional.

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Destacamos que a escola é uma instituição complexa que vai além das atividades de ensino e
aprendizagem ou das atividades pedagógicas, e ela possui muito mais do que a sua regimentação legal
ou as determinações burocráticas que lhe são impostas.

Guarde essa ideia!

A escola constrói e reconstrói suas atividades educativas, considerando que na escola o


processo educativo não se dá no vazio, mas entre pessoas, num contexto social.

Nesse sentido, a ideia de considerar a escola enquanto uma instituição imersa num ambiente democrático
que contribui para a formação dos sujeitos sociais pertencentes ao espaço escolar enquanto cidadão
participativo, é uma diretriz bastante considerável no contexto atual.
Vale muito considerar, então, até que ponto as relações travadas no interior das escolas se pautam numa
perspectiva de uma relação dialógica, com a participação de todos, considerando a relação existente
entre o gestor escolar e os atores da escola.

Veja o vídeo!

No que diz respeito à gestão escolar, indico o vídeo abaixo que tem a duração de 5 minutos e 40 segundos.
Vale à pena assisti-lo.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=mBluNKV2SWQ

No que diz respeito às organizações educacionais, compreendemos que as mesmas apresentam


características organizacionais peculiares, carregadas de significados e focadas em atingir determinados
objetivos.

Nesse sentido, o trabalho do gestor de uma instituição educacional encontra-se imerso no universo
simbólico presente na cultura dessa instituição, o que requer um olhar crítico sobre as possibilidades de
atuação dos mesmos em paralelo com as reformas educativas instituídas.

IMPORTANTE!
Não podemos desconsiderar que o processo de ensino-aprendizagem precisa estar, acima de tudo, no
contexto pedagógico, porque é a razão de ser dos sistemas educacionais!

Esta questão merece atenção, pois não basta apenas gerenciar a escola num aspecto administrativo,
mas garantir de fato que a escola assuma a sua função política e o gestor escolar se configure como um
mobilizador de iniciativas que permitam uma maior articulação no ambiente escolar.

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Presume-se, assim, que a própria gestão da escola não tem como objetivo apenas a melhoria do
gerenciamento da escola, mas a melhoria da qualidade do ensino e essa qualidade do ensino deve se
pautar em mudanças organizacionais no contexto pedagógico.

Os processos pedagógicos existentes na escola devem fazer sentido para os estudantes e cada vez a
pedagogia tradicional vem sendo questionada por não atender mais aos anseios de uma sociedade que
se atualiza a cada momento e que pressupõe a existência de habilidades que não se resumem apenas em
decorar matérias escolares em detrimento de uma aprendizagem realmente significativa.

Veja o vídeo!

Podemos encontrar vários exemplos dessa pedagogia tradicional, ainda presente no contexto
escolar, no vídeo abaixo, em que são apresentadas situações cotidianas num ambiente escolar. O vídeo
possui 5 minutos e 26 segundos de duração.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=P5LRa8P6-Qk

Assim, as situações que envolvem o processo de ensino-aprendizagem devem buscar proporcionar o


desenvolvimento da autonomia e o constante estímulo a criatividade dos estudantes.

Nesse contexto, tornar a escola como um ambiente de aprendizagem é garantir que os conhecimentos a
serem ensinados tenham consistência na sua fundamentação e que o trabalho do gestor escolar possa
contribuir para o aperfeiçoamento da atividade de docência, a partir de um trabalho de gestão em que
a prioridade organizativa seja a preocupação com os processos pedagógicos e não puramente com as
questões administrativas e financeiras da escola.

Nesse entendimento, é na escola que se assume um lugar de intervenção pedagógica intencional e o


gestor assume uma posição estratégica na articulação do processo ensino-aprendizagem, pois as tarefas
de gestão escolar são gigantescas, uma vez que a sua principal função é criar condições para que a
aprendizagem dos alunos seja realmente garantida.

Por isso, a importância e a necessidade do trabalho do gestor escolar devem ser pautadas nas atividades-
fim da escola que se referem aos processos de ensino-aprendizagem, considerando que as tarefas de
cunho administrativo-burocrático não devem absorver todo o tempo de trabalho do gestor, considerando
que as atividades-meio (administrativo-burocráticas) devem criar condições para que as atividades-fim
(docente-pedagógicas) aconteçam com mais plenitude.

O gestor escolar, então, deve ser capaz de mediar a realidade concreta da sociedade com mudanças na
escola para atender as exigências da contemporaneidade, já que a maior mudança com a qual a escola
precisará se preocupar na pós-modernidade é o seu comprometimento em relação aos seus resultados e,
diante desse contexto, o gestor escolar não pode perder de vista a questão da totalidade da escola e sua
missão: a preocupação maior com o núcleo do currículo e o produto da aprendizagem escolar.

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No que diz respeito ao trabalho dos professores é de suma importância que os mesmos estejam atualizados
em relação aos conhecimentos pedagógicos, métodos, metodologias, processos avaliativos e fontes de
informação didáticas, para só assim conduzir o processo pedagógico de uma forma eficaz.

Vale considerar a escola como um lócus dinâmico e permeado pelas relações interpessoais, muitas vezes
conflitivas, e rotinas burocratizadas. Nesse sentido, cabe ao gestor escolar uma atuação especial de
liderança e tomada de posição, articulando com o coletivo, mudando as relações sociais praticadas na
escola, almejando, assim, uma aprendizagem com qualidade para todos os alunos.

A ESCOLA NOVA

Pensar sobre a escola atual e as novas demandas existentes para a formação de sujeitos reflexivos,
exigência do mundo atual, nos faz voltar ao tempo na história da educação no Brasil e assim refletirmos
sobre um movimento educacional subjacente a primeira metade do século XX.

Esse movimento educacional presente no Brasil nessa época foi chamado de Escola Nova, também
conhecida como Escola Ativa, Escola Progressiva ou escolanovismo e foi um movimento que pregava a
renovação do ensino, sendo inicialmente implantada na Europa e posteriormente na América.

??? Você sabia?


Vários estudiosos como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Heinrich Pestalozzi (1746-1827),
Freidrich Fröebel (1782-1852), Edouard Claparède (1873-1940) e Adolphe Ferrière (1879-1960), entre
muitos outros, levantaram a bandeira desse movimento educacional nos seus países e na Europa.

Na América, especificamente, o filósofo e pedagogo John Dewey (1859-1952) se destacou como grande
defensor da Escola Nova, influenciando os admiradores e defensores desse movimento ao propor que
as escolas deviam deixar de ser apenas locais de transmissão de conhecimentos e sim, deveriam ser
pequenas comunidades, onde os alunos deveriam ter atitudes condizentes com a vida em coletividade.

Para John Dewey, a educação parte da premissa que é uma necessidade social e por isso as pessoas
devem ser incentivadas para que vivam em sociedade e assim sendo, possam dar andamento às suas
ideias e conhecimentos.

Veja o vídeo!

Para que você conheça as ideias de John Dewey indico que assista ao vídeo abaixo, em que
é mostrada a repercussão das ideias de Dewey na educação. A duração é de 7 minutos e 46
segundos.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=KKE_rO9cdm4&list=PLB27728B007CDD7D7

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No Brasil, especificamente, as reflexões sobre a Escola Nova foram introduzidas por Rui Barbosa (1849-
1923), em 1882. Mas, foi somente no século XX, que vários educadores brasileiros se posicionaram a
favor da Escola Nova através da divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), tendo
como destaques principais os educadores Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira.

Veja o vídeo!

Como forma de complementar o conteúdo do seu livro texto, assista ao vídeo desse mesmo
assunto no link: https://www.youtube.com/watch?v=f6LTmh7Vn04. O vídeo tem 9 minutos de duração.

O MOVIMENTO ESCOLANOVISTA NO BRASIL

Destacamos que o movimento da Escola Nova desenvolveu-se no Brasil tendo como pano de fundo os
impactos de transformações econômicas, políticas e sociais gerados na década de 1930, considerando
que nessa época preponderava uma crescente urbanização e ampliação da cultura cafeeira, o que refletiu
no progresso industrial e econômico do país, no entanto, essas mudanças de cunho político, econômico e
social ocasionaram desajustes na organização da sociedade brasileira o que levou às mudanças do ponto
de vista intelectual brasileiro a partir da ampliação do pensamento liberal no Brasil, o que fez propagar as
ideias e concepções do movimento da Escola Nova.

Nesse ponto de vista, o movimento da Escola Nova ou escolanovismo tem como alicerce a concepção
que a educação é o caminho eficaz para a construção de uma sociedade democrática e que leva em
consideração as diversidades, respeitando a individualidade do sujeito, tornando-os aptos a refletir sobre
a sociedade e capaz de inserir-se na sociedade.

Nesse caso, a educação escolarizada deveria ser sustentada no indivíduo integrado à democracia, o
cidadão atuante e democrático, sendo um movimento contrário ao modelo tradicional de ensino ao
evidenciar a necessidade da existência de um posicionamento não crítico e passivo.

Numa visão geral, a proposta pedagógica da Escola Nova se baseia no entendimento de que o interesse e
as atividades dos alunos deveriam ser um fator principal no trabalho pedagógico, portanto, propunha um
movimento de renovação do ensino.

Veja o vídeo!

Para continuar o assunto sobre a Escola Nova, recomendo que assista ao vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=Lr5xe2LXoqs. O vídeo tem 4 minutos e 19 segundos de duração.

Nesse sentido, a concepção subjacente ao movimento da Escola Nova se ancora na perspectiva que o
centro da ação educativa situa-se na relação professor – aluno, considerando que o aluno é o centro das
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atividades escolares, portanto, elemento nuclear do processo de ensino-aprendizagem, tendo a interação
com o meio social como um dos pilares dessa concepção pedagógica a partir das considerações das
habilidades a serem desenvolvidas no aluno que diz respeito à participação e a democracia.

O processo avaliativo no viés da Escola Nova tem como premissa levar os estudantes ao crescimento da
sua aprendizagem de uma forma que a atividade e a experiência dos alunos sejam alicerces pedagógicos
para o seu desenvolvimento.

A avaliação, então, tem um aspecto qualitativo, onde o que importa é participação ativa dos estudantes
no processo de construção de sua aprendizagem.

Nesse interim, o professor passar a ser um agente que deve provocar estimular e orientar o processo
de ensino-aprendizagem. Assim, com o escolanovismo, as questões que envolvem os sentimentos, os
processos psicológicos, os processos pedagógicos, os interesses e a espontaneidade dos estudantes
se destacam em detrimento as questões que envolvem os aspectos lógicos, o intelecto, os conteúdos,
a disciplina, enfim, o eixo pedagógico se desloca fundamentalmente do professor para o estudante,
onde o professor é o orientador da aprendizagem, tendo com máxima desse movimento o jargão que “o
importante não é aprender, mas aprender a aprender”.

A ESCOLA NOVA - CRÍTICAS

Apesar das ideias inovadoras no que diz respeito à função da escola, o movimento da Escola Nova foi
alvo de muitas críticas, principalmente por deixar de lado os conteúdos tradicionais e de potencializar a
aprendizagem advinda da espontaneidade dos alunos.

Nesse sentido, a Escola Nova não conseguiu alterar a maneira como se organizavam as escolas e,
portanto, não chegou a transformar o cotidiano pedagógico nas escolas de uma forma geral.

Mesmo assim, os ideais da Escola Nova ainda continuam a inspirar os rumos da nossa educação, pois as
experiências advindas com esse movimento, mesmo que se tenham ressalvas ou críticas, ainda continuam
servindo como fonte de inspiração pedagógica por destacar no processo educacional a relevância da
experiência e da aprendizagem na vida do estudante e por enfatizar que a educação deveria ter como
força maior a função democratizadora de proporcionar oportunidades iguais para todos.

Mesmo considerando que na atualidade o escolanovismo não se faz presente em todo o contexto
educacional, não podemos deixar de considerar que os professores, nas suas práticas pedagógicas,
podem se inspirar e realizar o seu fazer pedagógico a partir das ideias do movimento da Escola Nova.

A esse respeito deve ser evidenciada a necessidade de compreender os alunos como sujeitos ativos
da construção do conhecimento e que esse processo ocorra mediante a interação com o meio social,
enfatizando a aprendizagem significativa à medida que o professor tem a preocupação em contextualizar
os conteúdos articulando com as vivências e experiências dos alunos

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AS DIMENSÕES DA PRÁTICA DO TRABALHO DO DOCENTE

Destacamos que há séculos a profissão docente vem buscando o seu espaço e valorização na sociedade.
Nesse sentido, em atendimento às demandas da sociedade, as profissões surgem, desaparecem e
transformam-se e a profissão de professor, como outras, emergem em dado contexto e momento histórico,
portanto, sofrem influências do contexto social.

O professor, de uma forma geral, tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades de
organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e
virtualmente, de avaliá-los. Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias
tecnologias e procedimentos metodológicos à sua práxis pedagógica.

É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem,
ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de
realizar atividades, de avaliar.

Neste sentido, é preciso que o professor pense sobre a prática pedagógica numa forma dialética,
fazendo da instituição escolar um lugar que não se centralize exclusivamente nas aquisições intelectuais,
concedendo maior atenção ao desenvolvimento de capacidades emocionais, sociais e afetivas e, assim,
o educador possa compreender que o conteúdo programático não é um fim em si mesmo do seu trabalho
docente, mas apenas um dos elementos que formam o conhecimento e a construção do pensamento.

Refletir sobre as dimensões da prática do trabalho docente é refletir, também, que desde a Grécia antiga,
onde a figura do professor (pedagogo) assume uma grande importância para a sociedade.

??? Você sabia?

No início, o professor era um serviçal que conduzia a criança no caminho da escola. Com o passar
do tempo, as funções atribuídas ao professor foram se modificando, mas, essa atividade pedagógica
não perdeu sua importância e seu caráter de condução. Ao longo da história, a profissão docente foi se
institucionalizando e assumindo as responsabilidades, não só de levar a criança à escola, mas levá-la ao
saber, ensiná-la e contribuir para sua formação integral.

Hoje, para que o profissional docente obtenha sucesso em sua prática, é necessário que adquira alguns
saberes, pois os professores possuem saberes específicos ao seu ofício e ao seu trabalho. Esses saberes,
que são adquiridos e construídos ao longo do tempo em diversas áreas da vida, acabam por moldar a sua
identidade profissional.

Visite a Página

Como forma de complementar o conteúdo do seu livro texto, leia o conteúdo completo desse artigo sobre
os saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Link: www.scielo.br.

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Sendo assim, a identidade do professor depende de suas significações sociais, suas ideologias, crenças,
posições políticas, de sua história de vida, etc. Entretanto, essa identidade é interior, subjetiva e está em
constante mudança, conforme os novos saberes obtidos e, portanto, conhecer a identidade do professor é
imprescindível para uma melhor compreensão dos seus sabres docentes e práticas pedagógicas.

Desse modo, acreditamos que nas práticas docentes reflexivas o contexto de interações e de reflexão sobre
a práxis pedagógica deve estar norteando o saber-fazer profissional, direcionada por uma pluralidade de
saberes, intuição, paixão e questionamentos constantes, alicerçada numa perspectiva interativa, dialógica
e humanizadora.

A INFLUÊNCIA DE PAULO FREIRE

Ao falarmos na perspectiva interativa, dialógica e humanizadora da educação destacamos a importância


dos estudos de Paulo Freire no contexto educacional, já que o mesmo ressalta que o processo de ensinar
exige uma disciplina intelectual dos docentes, isto é, uma busca permanente com a qualidade de sua
formação docente, com a construção e reflexão do saber.

Assim, considera-se, na perspectiva do pensamento de Paulo Freire, que o professor possua a competência
educativa ancorada em duas dimensões distintas, mas que se interpenetram. São elas:

§ A dimensão técnica (domínio de conteúdos articulados com o saber pragmático, das


técnicas para a realização de suas atribuições profissionais);
§ A dimensão política (compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e
democrática), permeada pela dimensão ética, isto é, pautando o seu agir em ações
que correspondam aos valores morais e sociais, necessários à convivência humana em
sociedade.

Veja o vídeo!

Para complementar o entendimento sobre esse assunto, recomendo que você assista ao vídeo
abaixo, que relaciona as competências para ensinar elencadas por Philippe Perrenoud. O vídeo tem 4
minutos e 24 segundos de duração. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=7Xuw1PuvsTk

Nesse sentido, a prática docente alicerçada nas competências elencadas por Philippe Perrenoud, exige
dos professores o domínio de conhecimentos teórico-metodológicos da educação para conduzir, organizar
o contexto da aula e orientar pedagogicamente a aprendizagem, perceber os conflitos existentes e a buscar
estratégias que favoreçam as relações dialógicas, cognoscentes, afetivas, interativas e cooperativas
entre os alunos

É nessa reflexão sobre a prática docente que se destaca o pensamento de Paulo Freire, o qual enfatiza,
nos seus estudos, que “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos”, permite-nos pensar e
reconhecer a escola enquanto espaço interativo, democrático e de dimensão dialógica com a função

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social de contribuir para a humanização dos sujeitos escolares, que trazem consigo suas vivências, suas
histórias de vida, sonhos e expectativas futuras.

Assim, o processo interativo pressupõe um crescimento pessoal tanto do aluno quanto do professor,
uma vez que para Paulo Freire, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

Veja o vídeo!

Mas antes de aprofundarmos sobre as ideias de Paulo Freire indico que você assista ao vídeo
sobre a sua biografia. A duração é de 24 minutos e 49 segundos.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE

Após você ter conhecido sobre a vida de Paulo Freire poderemos, agora, conhecer mais a importância da
sua obra literária para o contexto educativo.

Paulo Freire é considerado um dos mais célebres educadores brasileiros, com atuação e reconhecimento
internacional, sendo reconhecido, principalmente, por suas propostas de alfabetização de adultos de base
crítica e política.

Para esse autor, o objetivo maior da educação é a construção da consciência crítica do estudante, o que
se alinha, em relação às parcelas socialmente desfavorecidas, um tipo de educação que proporcione
condições para entender a sua situação de oprimidos e agir em favor da sua libertação, a partir dos ideais
de uma pedagogia libertadora.

Um dos livros de Paulo Freire que mais se tem conhecimento é o livro “Pedagogia do Oprimido”, onde
é destacado que uma educação problematizadora se contrapõe à uma concepção bancária de ensino,
onde é geralmente “depositado” no aluno determinados conhecimentos sem a reflexão dos mesmos, não
proporcionando ao estudante possibilidades de problematização do mundo e do outro, elemento central
da produção do conhecimento de uma forma crítica.

IMPORTANTE!
Nesse sentido, a educação não pode ser considerada um depósito de informações do professor sobre o
aluno, mas sim uma oportunidade de diálogo respeitando-se a realidade do aluno e o contexto social,
no intuito de que o estudante analise o mundo que o cerca e tome consciência crítica do seu papel na
sociedade.

Nesse contexto, o professor na perspectiva do pensamento de Paulo Freire é um sujeito necessário no


processo educacional, pois ao teorizar sua prática reflete o seu fazer pedagógico com vistas à humanização
dos sujeitos escolares.

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Visite a Página

Nesse ponto, indico a leitura do artigo “Cartas de Paulo Freire aos professores”.
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013

No contexto da teoria de Paulo Freire o diálogo impulsiona o pensar crítico e a realização de uma práxis
educativa alicerçada na formação humana e cidadã dos sujeitos. Assim, acredita-se que professores
precisam criar um elo pessoal entre si e os alunos, estabelecendo um ambiente interativo e dialógico na
perspectiva de favorecer uma aprendizagem prazerosa.

Guarde essa ideia!

A base educativa do pensamento de Paulo Freire é o diálogo que liberta e não oprime, onde o aluno é
respeitado em sua totalidade.

A concepção de mundo que permeia o pensamento de Paulo Freire é alicerçada na ideia de superação
das desigualdades sociais, e para isso é preciso que se realize o desenvolvimento da consciência crítica
dos estudantes a partir de uma teoria do conhecimento que tenha como base primordial o respeito pelo
educando, na conquista da autonomia e no diálogo enquanto princípios e processos metodológicos.

Na concepção freiriana, a dialogicidade é um elemento indissolúvel no processo de aprendizagem, já


que o ser humano é um aprendiz em constante busca por almejar uma sociedade mais justa e mais
humana. Assim, o pensamento de Paulo Freire é um marco no que diz respeito aos estudos que tratam
da criação da concepção de uma educação popular, educação essa pautada na luta por uma sociedade
democrática e libertadora.

O pensamento e sua obra são conhecidos mundialmente e as contribuições trazidas por Paulo Freire
para a educação são inúmeras do ponto de vista antropológico, filosófico e pedagógico, já que trás nas
suas concepções a preocupação com a educação atrelada à consciência social e assim, mais do apenas
transmitir os conteúdos que a sociedade exige, a função da escola seria desvelar as contradições da
sociedade em que vivemos, pois para Paulo Freire “a educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela tampouco a sociedade muda”, e assim o processo pedagógico se constrói a partir da contínua
interação entre o homem e o meio.

O contexto sociocultural no qual os indivíduos estão inseridos deve ser contemplado nas práticas de
ensino e nos programas de formação docente, visto que além de ser um elemento de “ponto de partida”
para a transposição didática dos conteúdos, também representa a possibilidade de dar voz aos alunos,
valorizando-os como sujeito na relação ensino-aprendizagem.

Sabemos que a função social da escola não pode limitar-se somente a instrução, cabe a ela participar
efetivamente da formação ética de seus alunos, portanto, a educação escolar, de uma forma geral, é

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essencial para a formação de cidadãos conscientes e atentos com o mundo em que vivemos e nesse
ponto Paulo Freire contribuiu com seus estudos ao enfatizar o papel da escola e análise crítica do contexto
social.

A escola é criticada, de uma maneira geral, por não corresponder aos ideais da escola moderna, exceto para
um reduzido número de pessoas, e por não criar outras perspectivas de valor social. No entanto, sabemos
que a função principal da escola é o processo de ensino-aprendizagem de conteúdos e conhecimentos
necessários à vida social, podendo exercer um papel de democratização ou negação do saber, dependendo
da forma como organiza o trabalho pedagógico ou podendo instrumentalizar os estudantes para sua vida
consciente e reflexiva na sociedade.

Nesse sentido, consideramos o professor como um sujeito necessário no processo educacional, teorizando
a sua prática, com a função social de promover a humanização dos sujeitos escolares e, também, na
relação com o aluno, constrói e ressignifica seus próprios saberes.

Veja o vídeo!

Para finalizarmos essa unidade indico o vídeo abaixo, que aborda a escola ideal e o papel do
professor nesse mundo moderno.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=qjyNv42g2XU. A duração é de 9 minutos e 40 segundos.

Palavra Final

Chegamos ao final da nossa primeira unidade!

A partir de agora, e após ter lido com toda atenção este guia e o capítulo do seu livro texto referente a
esta unidade, é imprescindível que você realize as atividades solicitadas no ambiente, que são a atividade
avaliativa e o fórum.

A realização destas atividades é de extrema importância no contexto da sua disciplina, porque além
de valerem nota, elas fixam o conteúdo e, sobretudo, servem como um termômetro de como está o seu
entendimento do assunto.

Caso tenha alguma dúvida, entre em contato com o seu tutor! Ele está à postos para te ajudar no que for
preciso. Conte com ele!

Na segunda unidade vamos abordar as questões de gênero na escola! O assunto é muito interessante!

Eu espero você lá!

Bons estudos!
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