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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA
PEDAGOGIA BILÍNGUE

Disciplina:Estágio Curricular Supervisionado - Gestão da Escola e Prática


Pedagógica

Alunas: Amanda Tavares Dourado e Rosina Cavalcante de Carvalho Alves

TRAVESSIAS NO ESTÁGIO EM GESTÃO DE ESCOLAS: ÊNFASE NO CAMPO


PEDAGÓGICO Jerônimo Sartori - jetori55@yahoo.com.br Campus Erechim - UFFS

O texto "Travessias no estágio em gestão de escolas: ênfases no campo


pedagógico" escrito por Jerônimo Sartori tem como finalidade o estágio
supervisionado em gestão escolar. É uma síntese escrita pelo autor baseada em
pesquisar bibliografias, experiências e pelo relatório de estágio dos seus alunos.

Problematizando o tema estágio

Primeiramente é importante entender a história do curso de Pedagogia ao


longo do tempo. Em 1939 o sistema de formação pedagógica era misto, sendo
assim a estrutura do curso era dividida entre bacharelado e licenciatura. eram 3
anos na estrutura de bacharelado, onde era uma parte burocrática e técnica, e um
ano em licenciatura, que formava o professor para dar aula. Esta prática
pedagógica também era conhecida como "esquema 3+1".

Pode-se entender que o bacharelado habilitava o pedagogo para atuar como


técnico em educação, enquanto a licenciatura habilitava o professor para ministrar
aulas no curso normal.Em 1968 a lei da Reforma Universitária n° 5.540/68 modifica
o perfil do curso de Pedagogia, nesta época o ensino técnico predominava, e no
curso em específico oferecia as habitações: Administração Escolar, Inspeção
Escolar, Orientação Educacional, e Supervisor Escolar. Por volta dos anos 1969 o
curso de Pedagogia deveria formar docentes para o curso normal e especialistas.

Na década de 80 o curso de Pedagogia passa a habitar professores para a


docência dos anos iniciais. Já na década de 90 passou a ter habilitação específica,
em Educação de Jovens e Adultos, Educação Infantil e Educação Especial. Já em
2006 houve os adventos das novas Diretrizes Curriculares.

Com a implementação das novas DCNs, o curso de Pedagogia passa a


formar o pedagogo para atuar na docência dos anos iniciais do ensino fundamental,
na educação infantil, na gestão e nos espaços escolares e não escolares,
extinguindo-se as demais habilitações até então existentes.

A Partir de 2006 com a criação das novas DCNs para o curso de Pedagogia
o campo da gestão permanece como habilidade do pedagogo, algumas instituições
ao reformularem seus PPCs trazem como necessidade a realização de estágio
curricular obrigatório na área da gestão educacional e escolar.

O objetivo do autor através deste texto é “socializar o processo vivenciado


na relação direta com a orientação e o acompanhamento do estágio na área da
gestão pedagógica e curricular na escola”. O estudo apoia-se na concepção de que
a “gestão educacional" é entendida como a forma de organização e dinamização do
trabalho pedagógico, tendo em vista o seu planejamento, a sua execução e a sua
avaliação.

Metodologia do estudo

Quando falamos em Gestão escolar, é importante ressaltar que existem


diferenças entre Gestão Educacional. A gestão educacional é um sistema de
ensino, como exemplo o sistema federal e estadual, enquanto a gestão escolar é a
especificidade de cada escola, visto que cada escola possui uma característica no
sistema de gestão. Mesmo possuindo significados diferentes, ambas têm uma
relação direta, entre conflito e harmonia.

Referências à gestão educacional e à gestão da escola

Sartori apresenta alguns conceitos referente a “gestão educacional”: de


acordo com: Paro (1998), Libâneo; Oliveira; Toschi (2011) o autor entende que
“gestão educacional”, tem uma estrita relação com os sistemas educacionais
(federal, estadual, municipal), sendo que cada sistema tem seu papel, mas em suas
diferenciadas responsabilidades, precisam estar articulados entre si, considerando
que as padronizações, geralmente, emanam do macro-sistema educacional
brasileiro.

O autor lembra que a “gestão escolar” está ligada àquilo que faz parte da
especificidade de cada unidade escolar, sempre respeitadas as normas comuns dos
diferentes sistemas de ensino. Cada escola precisa elaborar e executar seu próprio
Projeto Político-Pedagógico (PPP), tendo em consideração a administração dos
recursos humanos, financeiros e materiais, o cuidado com o processo ensino
aprendizagem do estudante; a integração família, escola e comunidade.

Sartori ressalta que os fazeres ligados à gestão educacional e da escola não


se baseiam apenas nos modos da prática da administração escolar burocrática e
técnica, por muito tempo, denominada e orientada pela matriz da razão
instrumental. ao mesmo tempo, o termo gestão ganhou espaço significativo por
abranger o sistema de ensino como um todo, isto é, a gestão administrativa, que
envolve a parte financeira e os recursos humanos e a gestão pedagógica, que
envolve o planejamento pedagógico e curricular da escola. Para Lück (1997, p. 13).

O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização


do processo pedagógico, à participação responsável de todos nas decisões
necessárias e na sua efetivação mediante um compromisso coletivo com
resultados educacionais cada vez mais efetivos e significativos.

De acordo com Sartori, por meio desse conceito é possível notar a


importância da gestão democrática nas instituições de ensino. Mas, para que isso
aconteça é preciso que exista formação inicial e continuada de qualidade para todos
os docentes; é papel da gestão da escola organizar e promover formação
continuada qualificada aos seus professores. Pois são eles que atuam nos
estabelecimentos de ensino, concretizando as propostas constantes no projeto
político-pedagógico de cada estabelecimento de ensino.

Conforme Sartori(), os processos formativos não estão limitados à escola - ao


ensino formal, ensino é educação, e, a escola é parte integrante da sociedade e
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Sartori() aponta a responsabilidade do estado em ofertar uma educação


qualificada, que conduza o indivíduo à emancipação. O desafio da escola encontra-
se na identificação dos elementos culturais essenciais à formação humana.

O autor afirma que a escola como instituição social e política, não é neutra, e
passa por todas as dimensões que definem os rumos da sociedade atual, a qual se
orienta pelo capitalismo. a escola precisa priorizar a formação de sujeitos críticos
que através da apropriação do conhecimento sistematizado, consigam agir para
transformar, situando-se como sujeitos do seu próprio processo de ensino-
aprendizagem.

Conforme Sartori () a gestão democrática representa o principal desafio aos


sistemas de ensino e à escola. Para Veiga (1998), a gestão democrática necessita
considerar os princípios legais sem desmerecer o sentido político que define o
cidadão que se quer formar e para que sociedade, bem como o sentido pedagógico
que se vincula às intencionalidades e ao compromisso sociopolítico de transformar a
sociedade. Ao tratar da educação escolar, é essencial caminhar no sentido de
efetivar a gestão democrática, compreendendo o seu caráter político.
Para o autor à escola tem a possibilidade de formar sujeitos capazes de agir
e transformar, orientados por professores que compreendem o contexto social,
econômico, político e cultural, que dialogam com a teoria e que refletem e
problematizam suas práticas, a função da escola como lugar de produção do
conhecimento e da formação do cidadão.

A gestão dos processos pedagógicos na escola

considerando os processos pedagógicos. O primeiro seria o papel político


pedagógico, articular e integrar todos os sujeitos na atividade educativa para
sujeitos ativos. E em segundo a própria coordenação pedagógica, na função de agir
ou gerir o processo pedagógico na organização do PPP e propor ações para
mobilizar os demais profissionais no corpo escolar.

A pluralidade dos achados nos percursos de estágio

De acordo com Sartori, a compreensão da união entre a teoria e a prática


passa pelo entendimento de que uma prática contextualizada é que possibilita
dialogar com os contextos e os diferentes sujeitos escolares, fazendo pensar e
repensar a própria formação - a práxis educativa.

Sartori () destacou o mapeamento do material empírico, três grandes


dimensões: formação continuada de professores; projeto político pedagógico;
relação professor-aluno. A formação continuada está diretamente relacionada ao
campo pedagógico curricular, que na maioria das escolas está sob a
responsabilidade do coordenador pedagógico.

O coordenador pedagógico tem o papel de orientar a execução da prática


educativa em consonância com o PPP da escola, criando metodologias com
estratégias que imprimem à ação pedagógica caráter de eficiência, respeitando
ritmos de aprendizagem, diferenças individuais, contextos de inserção da
comunidade escolar e outros..( sartori)

O autor afirma que na escola é perceptível que as demandas pontuais


emanam de problemáticas em relação ao aluno e que são vinculadas à indisciplina,
desmotivação, desinteresse. No discurso tácito ou implícito o professor logo
encontra um culpado – o aluno, a família, as condições de trabalho, o sistema de
ensino.

Conforme Sartori () Os discursos do corpo docente e os documentos


materializados anunciam a configuração de uma escola que se pauta pela
democracia, pela participação, pelo esforço coletivo. É preciso frisar que em alguns
casos as práticas realizadas contradizem, tanto o discurso como as proposições do
PPP da escola. Para Freire (1988) não é o discurso que ajuíza a prática, mas ao
contrário, é a prática que ajuíza o discurso.

"O PPP é proposto com o objetivo de descentralizar e democratizar a tomada


de decisões pedagógicas, jurídicas e organizacionais na escola, buscando maior
participação dos agentes escolares” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2011, p. 178).
Para os autores, o PPP representa um meio de todos os segmentos escolares
tornarem-se co-partícipes e co-responsáveis pelo bom êxito da escola e do
educando.

O autor visualiza três desafios envolvidos nesse processo de gestão escolar.


O primeiro é pensar na formação continuada de professores, O segundo é pensar o
projeto político pedagógico (PPP). E em terceiro a relação entre professor e aluno,
pois fica o desafio de encontrar os meios adequados para mediação.

O autor relata que na relação professor-aluno é que reside um dos grandes


desafios, pois, significativa parcela dos docentes, evidenciam dificuldades para
conduzir a ação pedagógica, desconsiderando que a criança, o adolescente, o
jovem, são datados e situados num momento histórico, de rápidas e sucessivas
mudanças.

Para Sartori() os conteúdos trabalhados na escola seguem a dinâmica do


livro didático, por isso, não são contextualizados e nem problematizados para que o
estudante reconheça o seu significado. sendo assim cabe ao professor encontrar
alternativas, para desenvolver o processo ensino-aprendizagem, e também construir
no espaço escolar situações de interação mútua que favoreçam ao aluno crescer,
respeitar o outro e respeitar-se a si mesmo.

As diferenças culturais são representações da desigualdade de classes, que


devem ser consideradas no processo ensino-aprendizagem. Os estudantes, por sua
vez, têm universos de significados variados, que nem sempre são contemplados na
linguagem e nas práticas pedagógicas

O que o olhar crítico permite configurar?

Pimenta e Lima (2004) indicam que uma concepção de estágio propicia a


aproximação com a realidade de atuação. Sendo assim, a partir da vigência do
estágio em gestão de escolas é permitido vivenciar a rotina escolar e conhecer mais
essa realidade.

Bibliografia: BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.


BRASIL. MEC/CNE. Resolução CNE/CP 1/2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura.
_____. Parecer CNE/CP n. 3/2006 - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Pedagogia.
_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 20 dez. 1996.
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22. ed. São
Paulo: Cortez, 1988.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
LÜCK, Heloísa. A evolução da gestão educacional a partir de mudança paradigmática.
Gestão em rede, n. 03, nov, 1997, p. 13-18. Disponível em: . Acesso em: 22 maio 2013.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 1997.
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; SOUZA, Vera Lucia Trevisan de. O trabalho do
coordenador pedagógico na visão de professores e diretores: contribuições à compreensão
de sua identidade profissional. In: PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza;
ALMEIDA, Laurinda Ramalho de (orgs.). O coordenador pedagógico: provocações e
possibilidades de atuação. São Paulo: Loyola, 2012. p. 9-20. PIMENTA, Selma Garrido;
LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica. 10. ed. São Paulo: Autores Associados.
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