Você está na página 1de 12

| 116

GESTÃO ESCOLAR E
AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO:
DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Linha 12 – Tecnologia e Educação

Resumo: O presente artigo contempla discussões acerca do preparo dos profissionais da educação para atuarem
na gestão escolar e como a gestão escolar pode auxiliar os professores em suas práticas. Se reto­mou a legislação
educacional atual (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96), ao para reconhecer as
funções e o que diz respeito a gestão dentro da escola, o auxílio na formação de professores e trazendo a utilização
de ferramentas tecnológicas na educação. Compreende­-se que o ambiente escolar precisa ser gerenciado para que
se efetive, da melhor maneira possível, os processos pedagógicos e administrativos. O interesse pelo universo da
gestão escolar surgiu no contato em ambiente de trabalho atuando na área escolar e também através de experiências
ao longo do curso de Licenciatura em Pedagogia.

Palavras­-chave: Gestão escolar. Responsabilidade. Práticas pedagógicas.

Abstract: This article contemplates discussions about the preparation of education professionals to work in school
management and how school management can assist teachers in their practices. We used the current Brazilian
educational legislation (Law of Directives and Bases of National Education ­- LDBEN 9394/96), to recognize the
functions and what concerns management within the school, the help in the training of teachers and bringing the
use of technological tools On education area. It is understood that the school environment needs to be managed
so that the pedagogical and administrative processes are carried out in the best possible way. The interest in the
universe of school management arose from the contact in the work environment working in the school area and
also through experiences throughout the degree course in Pedagogy.

Key words: School management. Responsibility. Pedagogical practices.

1. Introdução

O presente artigo aborda o tema gestão escolar. A instituição escolar é um ambiente com­
plexo onde prevalece a diversidade, gerando assim diversos conflitos. Sendo que a escola se
configura como uma das instituições responsáveis pela formação dos sujeitos da sociedade,
cabe a ela o desenvolvimento de valores para que os educandos contribuam para o progresso e
boa convivência social.
Este trabalho tem como questão norteadora descrever como a gestão escolar pode auxiliar os
professores nas suas práticas pedagógicas e busca atingir o seguinte objetivo geral: compreender
como a gestão escolar pode auxiliar os professores nas suas práticas pedagógicas. O objetivo
geral teve como proposta de desdobramento os objetivos específicos: a) identificar como a
gestão escolar consta na legislação educacional brasileira e seus conceitos; b) reconhecer as
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 117

funções que são desenvolvidas na gestão escolar e como são designadas; e c) reconhecer a
responsabilidade da gestão escolar na formação continuada dos professores e na utilização de
ferramentas tecnológicas.
A premissa que me levou a realizar essa pesquisa mostra que a gestão escolar é pilar essen­
cial dentro da escola, cabe a ela o andamento de todo o setor escolar. A direção deve manter
sua equipe ativa, a fim de contribuir para uma qualidade de ensino a todos. O trabalho aqui
apresentado se justifica em função dessa realidade educacional, que visa uma participação da
comunidade escolar na gestão, levando a escola a proporcionar os alunos novas oportunidades
para construírem seus conhecimentos através de uma participação ativa.

2. Gestão escolar: conceitos e legislação educacional brasileira

A gestão escolar é o setor responsável pelas decisões dentro do ambiente escolar, o profis­
sional da gestão é aquele que lidera e supervisiona os trabalhos dos demais profissionais da es­
co­la. Por isso é importante que ele tenha uma visão ampla da instituição em que está inserido, ele
precisa ter noções de administração, além da consciência dos objetivos da escola. O significa­do
da gestão escolar para Lück (2009, p. 24) é

o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas


educacionais públicas para a implementação de seu projeto político­-pedagógico e
compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem
e criem condições para um ambiente educacional autônomo de participação e com­
partilhamento e autocontrole.

Desta forma, a gestão escolar tem como uma de suas responsabilidades a mobilização
de pessoas para realização de um trabalho coletivo, que favoreça o envolvimento de todos.
Para a autora, ainda, a gestão relaciona­-se ao fortalecimento da democratização do processo
pedagógico, à participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação
mediante um compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais efetivos e
significativos (LÜCK, 2000).
A gestão é um conceito muito mais amplo do que apenas administração de recursos, ela de­
ve considerar a aplicação correta dos recursos para um determinado fim, a modo de contribuir
positivamente para o cenário educacional, formando cidadãos capazes e independentes. Dou­
rado (2003, p. 18) traz à reflexão a percepção de gestão da escola como a articulação entre
aspectos administrativos, pedagógicos, políticos e financeiros que possibilitam a dinamização
das ações educativas, entendida a escola como espaço de “socialização da cultura e do saber
his­toricamente produzido”.
Através do que a lei nos apresenta a gestão tem como dever dar conta de toda a parte bu­ro­
crática da escola, desde a frequência escolar como o rendimento dos alunos e professores. A
gestão escolar democrática está assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio­
nal 9394/96 nos seguintes artigos:

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 118

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] VIII­- gestão
democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
ensino [...]. Art. 14 Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme
os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração
do projeto pedagógico da escola; II – participação da comunidade escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes; [...] Art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às
unidades escolares públicas de educação básica que integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas
gerais do direito financeiro público (BRASIL, 1996).

A legislação apresenta a gestão educacional democrática como um princípio da educação,


destacando, posteriormente, como essa gestão deve ser organizada. O foco da gestão está
na participação da comunidade escolar (professores, pais, alunos, etc.) em todo o processo
de desenvolvimento da escola, desde a elaboração da proposta pedagógica até a autonomia
financeira, pedagógica e administrativa.
Ainda segundo a LDBEN 9394/96 em seu art. 64, estabelece que:

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção,


supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de
graduação em Pedagogia ou em nível de pós­-graduação, a critério da instituição de
ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Desde então, as funções
desses profissionais passaram a ser prescritas de modo genérico como funções do
gestor. São esses os profissionais que passarão a ser tratados também como gestores
da escola ao assumirem uma dessas especialidades (BRASIL, 1996, p. 41/42).

O art. 64 destaca que os profissionais que atuarem na gestão necessitam de uma formação
específica para essa função. Neste caso, o destaque está no curso de Pedagogia como formação
inicial em graduação e como formação em especialização (pós­-graduação) na área de gestão.
Essas formações fomentam a reflexão acerca da área de gestão educacional, visando a formação
de um profissional qualificado.
Para que aconteça uma gestão democrática e participativa a comunidade escolar como um
todo deve estar ligada como uma rede na tomada de algumas decisões, como destaca Lück
(2009, p. 23)

A gestão escolar, como área de atuação, constitui­-se, pois, em um meio para a


realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais orientadores
da promoção de ações educacionais com qualidade social, isto é, atendendo bem
a toda a população, respeitando e considerando as diferenças de todos os seus
alunos, promovendo o acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas
educacionais participativas, que fornecem condições para que o educando possa
enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da
realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanente aos
seus estudos.

Portanto, para que aconteça uma gestão democrática e participativa, a comunidade esco­lar
como um todo deve estar ligada como uma rede na tomada de decisões. Sendo que, o gestor,
a equipe diretiva e a comunidade necessitam conhecer as normas e propósitos da instituição.

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 119

3. Gestão escolar e as formas de designação das funções

A gestão dentro da escola tem algumas funções designadas para determinados cargos e
membros, sendo fundamentais para o progresso da instituição. Para que estes cargos sejam rea­
lizados de forma eficaz, é preciso precisa­-se ter uma gestão bem preparada. Segundo Libâneo
(2013, p. 91)

[...] para atingir os objetivos de uma gestão democrática e participativa e o cumpri­


men­to de metas e responsabilidades decididas de forma colaborativa e compartilhada
é preciso a mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo
de todos. Portanto a organização escolar democrática implica não só a participação
na gestão, mas, também, a gestão da participação em função dos objetivos da escola.
A gestão da participação implica a existência de uma sólida estrutura organizacional,
responsabilidade muito bem definidas, posições seguras em relação às formas de
assegurar relações interativas democráticas, procedimentos explícitos de tomada de
decisões formas de acompanhamento e de avaliação. Tais características da gestão da
participação são competências próprias da direção e da coordenação pedagógica da
escola, tendo em vista que a tarefa essencial da instituição escolar é a qualidade dos
processos de ensino e a aprendizagem que mediante práticas pedagógicas­-didáticas e
curriculares, propiciam melhores resultados de aprendizagem dos alunos.

A participação, então, seria a chave para o trabalho coletivo participativo. A participação


co­mo cumprimento de metas e responsabilidades, desenvolvidas de forma colaborativa com
di­visão de tarefas e comprometimento de todos para o bem comum.
Para promover uma participação efetiva, que reforce o envolvimento de todos, Lück (2009,
p. 17) expõe o seguinte ponto de vista:

Na escola, o diretor é o profissional a quem compete a liderança e organização do


tra­balho de todos os que nela atuam, de modo a orientá­-los no desenvolvimento de
ambiente educacional capaz de promover aprendizagens e formação dos alunos, no
nível mais elevado possível, de modo que estejam capacitados a enfrentar os novos
desafios que são apresentados.

O gestor necessita conhecer e promover um ambiente colaborativo para que aconteça um


trabalho coletivo. O principal aspecto, destacado pela autora, que o gestor deve desenvol­ver
é a habilidade de liderança, seguida da habilidade de organização e devem ser promovi­das,
também, nos sujeitos que atuam na comunidade escolar.
Para Lück (2000, p. 17)

A fim de desincumbir­-se do seu papel, o diretor assume uma série de funções, tanto
de natureza administrativa, quanto pedagógica. Como função administrativa temos,
organização e articulação de todas as unidades componentes da escola; controle
dos aspectos materiais e financeiros da escola; articulação e controle de recursos
humanos; articulação da escola­-Comunidade; articulação da escola com nível supe­
rior de administração do sistema educacional;formulação de normas, regulamentos e
adoção de medidas condizentes com os objetivos e princípios propostos; supervisão e
orientação a todos aqueles a quem são delegadas responsabilidades.

Quando o diretor assume muitas funções, sem permitir a colaboração efetiva dos demais

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 120

sujeitos da comunidade escolar, resulta no acúmulo de tarefas que poderiam ser compartilhadas,
evitando a sobre carga de trabalho da direção. Na função administrativa essa sobrecarga de
trabalho fica bem evidente.
Ainda, segundo Lück (2000, p. 20) a função pedagógica

Impulsiona e assistência aos membros da escola para que promovam ações condizen­
tes com os objetivos e princípios educacionais propostos; liderança e inspiração no
sentido de enriquecimento desses objetos e princípios; promoção de um sistema de
ação integrada e cooperativa; manutenção de um processo de comunicação claro e
aberto entre os membros da escola e entre a escola e a comunidade; estimulação à
ino­vação e melhoria do processo educacional.

Uma gestão democrática participativa não isenta os participantes de terem responsabilidades


definidas, porém devem ser compartilhadas. Essa gestão seria um dos caminhos para alcançar
as finalidades da Educação, visando à cooperação entre a comunidade escolar como ponto de
integração das diversas habilidades que podem ser utilizadas na inovação didático­-pedagógica.

4. Gestão escolar, a formação de professores e as tecnologias

As chances de sucesso na gestão escolar aumentam, consideravelmente, quando os pro­fis­


sionais responsáveis por ela buscam qualificação para si e para os profissionais e atuam dentro
da escola. Há no mercado diversos cursos ideais para a formação de um gestores e do­centes,
são eles que um profissional deve recorrer para a capacitação de sua eficiência. Desta forma,
Anísio Teixeira

Já discutia no início do século passado, a importância da formação dos gestores edu­


cacionais, foi a partir das pesquisas desenvolvidas nos últimos 35 anos do século XX
e início deste, sinalizando uma correlação positiva entre a qualidade do processo e
dos resultados educacionais e o desempenho competente dos gestores educacionais
comprometidos com os bons resultados educativos (LUCK, et al., 2008, p. 167).

A gestão escolar é muito importante no processo de oferecer capacitação aos profissionais


atuantes em sua escola para que esse profissional se qualifique para assumir funções que exi­
gem enorme responsabilidade. É fundamental que o gestor seja um profissional dinâmico, que
se mantém sempre atualizado, levar novidades para sua escola, de modo a não deixar que a
instituição fique para trás no mercado educacional. Cabe a ele identificar as maiores lacunas
tanto em sua formação como dos demais profissionais e procurar recursos e qualificações que o
ajudem nas questões necessárias.
Segundo Pena (2015, p. 72) “o gestor escolar tem papel importante no auxílio aos professo­
res, para que eles encontrem no processo de ensino uma forma de crescerem no conhecimen­to,
dando aos seus alunos condições também de se desenvolverem na aprendizagem e no convívio
social”. Através de uma gestão preocupada com a formação de seus docentes que a escola pode
reunir as condições necessárias para educar adequadamente seus alunos.
O uso de ferramentas tecnológicas pode ser um instrumento facilitador dentro da escola,

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 121

o modo em que o uso é conduzido pode ajudar na rotina e processo educacional dos alunos,
professores, gestores e demais funcionários. O professor deve ser o mediador, incentivador e
orientador, promovendo situações favoráveis à aprendizagem, onde o aluno atribui significado
às informações. Cabe ao gestor proporcionar capacitações onde os professores possam usar
deste instrumento, conforme Pena (2015, p. 72)

[...] forma, ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho apenas em sala de aula,
ao contrário, implica modificar o que fazemos dentro e fora dela, principalmente
devido aos diversos recursos tecnológicos disponíveis aos professores e alunos. Isso
quer dizer que o ensino não pode ignorar os avanços tecnológicos, mas sim, explorar
e usufruir o que eles podem oferecer de melhor e, com a consciência de que nós só
podemos nos conectar com aquilo que gera aprendizagem positiva.

É importante que cada sujeito, tenha clareza e conhecimento de seu papel enquanto par­
ticipante na comunidade escolar. Parece fácil, quando se fala da participação e colaboração de
todos em prol da qualidade da educação. Portanto, o gestor deve investir em formação dos seus
professores para o aprimoramento da educação para todos.

5. Procedimento metodológicos

Para o alcance dos objetivos, propostos nesta pesquisa, os procedimentos metodológicos


foram organizados para melhor compreensão dos aspectos abordados. Esta é uma pesquisa
básica, que segundo Silva e Menezes, (2001, p. 20) se caracteriza como uma pesquisa que
“objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática
prevista. Envolve verdades e interesses universais”. Do ponto de vista de seus objetivos, Silva
e Menezes, (2001, p. 20) destacam que se classifica como um estudo exploratório que “visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná­-lo explícito ou a construir
hipóteses”.
De acordo com os procedimentos técnicos, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que segun­
do Silva e Menezes, (2001, p. 22) é “elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na
Internet”.
A pesquisa contou com a coleta de dados através de uma entrevista. A razão da escolha
do sujeito do entrevistado foi de forma intencional. Por questões que envolveram tempo a
entrevista foi realizada com um profissional da área da educação. Os dados fornecidos foram
de um profissional atuante, com formação em doutorado em educação, com experiência na área
de Educação, com ênfase em Mídia­-Educação, Educação e Tecnologias, plataformas digitais/
virtuais de aprendizagem (LMS).
Os dados dessa pesquisa foram tratados qualitativamente, por meio da análise de conteúdo
que serviu de base para explicar as informações coletadas na entrevista. Do ponto de vista da
forma de abordagem, Silva e Menezes, (2001, p. 20), descrevem que a pesquisa qualitativa

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 122

Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não
pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de
dados e o pesquisador é o instrumento­-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem
a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos
principais de abordagem.

6 Análise e discussão dos dados

A pesquisa conta com estudo exploratório, organizado por meio de um instrumento de en­
trevista estruturada, que continha seis perguntas de simples interpretação e resposta. Estas
respostas conseguiram mostrar a situação do ponto de vista do profissional da área de tecnolo­gia
sendo uma entrevista com concordância e opinião do respondente. Para análise das respostas as
seis questões foram agrupadas, buscando as categorias emergentes que estão intitulando cada
parte desta análise.

Categoria 1 – Contribuições da tecnologia para a Educação:


Iniciamos com as duas primeiras perguntas: a) Quais as contribuições que a tecnologia tem
a oferecer a educação? b) Como a educação é vista através da tecnologia? Essas foram as
perguntas feitas para compreender mais sobre as contribuições da tecnologia para a educação.

R1 A grande contribuição da tecnologia à educação pode ser considerada a demo­


cratização do acesso ao conhecimento e a construção deste conhecimento que pode
acontecer de maneira colaborativa.
R2 As tecnologias, por sua vez, por meio da Internet, dos dispositivos móveis, das
redes sem fio, resinificam completamente a forma de comunicação e isto produz
reflexos importantes nos modos de ensinar e de aprender, também ressignificados
com as tecnologias.

Ao analisar as respostas, percebe se que a gestão escolar tem uma grande responsabilidade
no contexto. Cabe a ela fazer um trabalho democrático e participativo e assegurar aos seus
professores um maior conhecimento dentro das diversas áreas da educação.
Diante das respostas podemos nos embasar de acordo Stinghen (2016, p. 27)

[…] é necessária a criação de conteúdos inovadores, que utilizem toda a competência


dessas tecnologias. Não basta usar os recursos tecnológicos para projetar em uma
tela e fazer o aluno copiar em seu caderno. A questão é como repassar o que se tem
objetivo de uma maneira que só é possível por meio das ferramentas de tecnologias.

O professor deve conhecer os instrumentos que tem em mãos, facilitando e incentivando


seus alunos. Dando um objetivo maior para o seu uso, não apenas seja uma aula em frente à tela.

Categoria 2 – Contato entre professor e alunos via tecnologia


Os professores, muitas vezes, encontram dificuldades com o uso de tecnologias. É papel da
es­cola possibilitar esse contato desde cedo e favorecer um ambiente estimulante com o devido

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 123

acesso.
Conforme o entrevistado

R3 Não se pode falar em educação com tecnologias quando não temos nas escolas
infraestrutura técnica mínima, quando não oferecemos formação técnica e pedagógica
para a apropriação das tecnologias em sala de aula.

Na resposta do entrevistado foi possível perceber que nem todas as escolas oferecem uma
infraestrutura adequada ao trabalho docente. Para Menezes (2010, p. 122)

Não se pode cobrar um bom desempenho das escolas se elas estiverem décadas
atrás do que já se tornou trivial nas práticas sociais, e isto é uma realidade, pois há
escolas com salas de informática onde a estrutura física aparentemente sustenta a
ideia de escola munida de tecnologias, porém não há apropriação das mesmas, o que
acaba tornando o uso obsoleto, uma vez que os professores muitas vezes não estão
preparados para utilizar estas tecnologias.

Cabe à escola motivarem seus professores ao uso das ferramentas e também dar o suporte
necessário. A tecnologia deve estar dentro dos temas de cursos de capacitação, pois ela evolui
muito a cada dia e o professor precisa conhecer e estarem preparados para se beneficiar desse
recurso.

Categoria 3 -­ Tecnologia dentro da sala de aula


Esse cenário ligado à tecnologia precisa de práticas educativas que contribuam com a
formação dos professores.

R4 Também podem ampliar o repertório didático dos professores, proporcionar fer­


ramentas de gestão e avaliação da aprendizagem, aumentar a eficiência orga­ni­zacio­nal
das instituições de ensino, mediante a implementação de sistemas computacionais de
administração baseados em recursos digitais e contribuir para a democratização da
educação por meio da oferta de cursos e modalidades de ensino acessíveis e de menor
custo, como a educação a distância.

De acordo com Ribeiro (2016, p. 10) “é de suma importância que o professor tenha co­
nhe­cimento dessas ferramentas, para transmitir e contribuir no contexto escolar adequando
às culturas que se desenvolvem em toda a comunidade escolar’’. A escola deve simplificar o
processo para que ocorra formação onde os professores consigam ter as ferramentas tecnologias
como sua aliada e não a veja como um empecilho, promovendo uma aprendizagem significativa
que aproxime aluno e professor em um diálogo constante na busca do saber.
O entrevistado, também destacou que

R4 Para além disso, existe uma outra possibilidade de formação que é a formação para
esta cultura que é também digital. Formar sujeitos capazes de agir criticamente sobre
os processos hegemônicos (que também são digitais), formar para a desconstrução
dos preconceitos que circulam por meio do discurso de ódio. Formar para que os
sujeitos possam estar na cultura digital como cidadãos ávidos e desejosos da ação
transformadora.

Ribeiro (2016, p.16) ainda traz

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 124

Para mudar essa realidade compreendemos que é necessária a conscientização dos


professores para a importância da utilização das tecnologias, uma vez que elas vieram
pra ficar, e cabe aos professores a busca pela atualização, pois vivemos na sociedade
onde a informação que o professor precisa está no aprendizado sobre a chamada
tecnologia digital, abandonando o papel de dono da verdade, assumindo o papel de
investigador do conhecimento, crítico e reflexivo, sendo também parceiro de seus
alunos no processo de aprendizagem, assumindo um novo papel o de orientador/
mediador.

Com todas as mudanças frente à sala de aula e ao uso de ferramentas tecnológicas no dia a
dia das crianças, cabe ao professor ser paciente e compreender a necessidade de auxiliar seus
alunos, por isso a importante estar sempre se atualizando. As crianças estão muito avançadas
frente aos jogos e as redes disponíveis, principalmente em celulares, mas não conhecem todos
os recursos disponíveis, nessa hora o professor deve ser o mediador dessa nova aprendizagem.

Categoria 4 -­ Tecnologia presente em sala de aula


O acesso fácil às informações por meio das redes vem interferindo e modificando o perfil do
educador e educando e vem afetando o comportamento e a forma em que os sujeitos vivem e
interagem. Mas questão é, porque isso acontece?

R5 A tecnologia já estava em sala de aula. Quando os alunos levam ou ficam com os


celulares em mãos, a tecnologia já está ali. O que acontece é que há o silenciamento,
ou seja, desliga o celular que a aula é aqui. Mas aula pode ser ali também. Porque não
dialogar com os alunos a partir do lugar que eles estão que é na internet, no acesso aos
dispositivos móveis?

A afirmação do entrevistado suscita a seguinte questão: será que o celular sempre esteve
dentro da sala de aula? Talvez a pergunta deva ser outra: como o celular está em sala de aula? Ou
ainda como os docentes aproveitam o celular em sala de aula? Muitos são os questionamentos
que surgem a partir do olhar do entrevistado.
Segundo a legislação PL 2.547/2007 é

Veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sem fins educacionais, em salas de


aula ou quaisquer outros ambientes em que estejam sendo desenvolvidas atividades
educacionais nos níveis de ensino fundamental, médio e superior nas escolas públicas
do País.

Para complementar essa situação a mesma legislação declara que

O presente Projeto de Lei visa assegurar a essência do ambiente escolar, onde a atenção
do aluno deve estar integralmente direcionada aos estudos, na fixação do aprendizado
passado pelos professores, sem que nada possa competir ou desviá­-lo desse objetivo.
[...] o uso do celular no ambiente escolar compromete o desenvolvimento e a
concentração dos alunos, e são preocupantes os relatos de professores e alunos de
como é comum o uso do celular dentro das salas de aulas (PL nº 2.547/2007).

A preocupação do uso dos celulares em sala de aula é a qualidade do ensino, mas a realidade
é que o recurso já faz parte do cotidiano das crianças, o questionamento é, será que esse aparelho

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 125

não pode auxiliar no ensino? Frente aos novos recursos o professor pode incrementar as aulas,
oferecendo conteúdos mais interativos onde envolva os alunos na aula de aula e utilize o celular
como facilitador, uma motivação de novos aprendizados. A escola precisa se adaptar a novas
realidades e os celulares são uma delas, tentar converter algo que possa ser negativo em um
ponto positivo, criando possibilidades e diminuindo conflitos pelo não uso em sala de aula, é
uma tarefa difícil, mas torná­-la em um aspecto positivo e bom é mais fácil.
Moran (2000, p. 1) alerta que:

Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando


conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as tele­má­
ticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais. Pas­samos
muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o com­putador e a
Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio.

Por isso é fundamental pensar na evolução tecnológica como uma conquista inovadora
para a educação. A presença do aparelho celular na escola trouxe muitas possibilidades de co­
municação entre os vários segmentos escolares.

Categoria 5 -­ Relação educação, tecnologia e Gestão escolar


A gestão tem o papel de ser o facilitador desta relação. A capacitação dos profissionais
que atuam dentro do espaço escolar com uma formação adequada para terem condições de
identificar os problemas e buscar ações positivas que contribuam para tornar o ambiente escolar
favorável ao processo de ensinar e aprender.

R6 É a gestão escolar que vislumbra as soluções aos desafios impostos pelas


tecnologias na escola. Isso claro, se a gestão for uma gestão democrática, baseada na
escuta, no acolhimento e na compreensão das dificuldades relatadas pelos professores.
Sem ouvir e acolher os avanços e os recuos, fica impossível demandar soluções para
uma integração com resultados significativos das tecnologias na educação.

Portanto, evidencia­-se que devem ocorrer mudanças de diferentes ordens para realizar
práticas pedagógicas que fazem uso de recursos tecnológicos. Também foi evidenciado que os
usuários em questão não têm muito conhecimento em como utilizar tecnologia, isso justifica
o fato de não buscarem o recurso como um facilitador no trabalho escolar. Todavia contribuiu
para a confecção do presente artigo uma rica experiência de torná­-la mais acessível e presente
a todos através da gestão escolar.

7. Considerações finais

Dada à importância do assunto, torna­-se necessário o desenvolvimento de formas de par­


ticipação dos professores, alunos, corpo de funcionários e comunidade escolar na gestão.
Dar a oportunidade às pessoas de sentirem­-se autoras e responsáveis pelos seus resultados,
construindo, sua autonomia. Fazendo elas se sentirem parte da realidade escolar e não apenas
instrumento para a realização de objetivos institucionais. Realizando a prática participativa é

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 126

possível que o poder de hierarquia tão visto em escolas se acabe.


As tecnologias estão cada vez mais presentes nas unidades escolares. Cabe à gestão
contribuir para a formação dos professores para que a inovação aconteça. Não basta somente a
presença física dos equipamentos em ambiente escolar o professor deve ser capaz de usufruir
dos benefícios que este trará para o seu cotidiano.
As conclusões retiradas até o presente momento é a importância de a escola ter uma equipe
qualificada, colaborativa onde todos estejam percorrendo os mesmos objetivos por uma
educação de qualidade. O melhor caminho para transformar a educação é agir coletivamente.
A gestão escolar tem o papel de mediar essas situações, incluindo o corpo docente, fun­cio­
nários e comunidade escolar, com a responsabilidade de serem protagonistas. Essa divisão faz
com que consequências no desempenho escolar. Por isso deve­-se prevenir que a gestão deve
evitar ficar apenas com o trabalho administrativo, ela deve estar em todos os campos dentro da
escola. É muito comum os gestores dividirem entre si as tarefas observa­-se que reforça o caráter
individualista da atividade ao invés de abrir espaço para uma ação coletiva que possibilitaria
trazer para a discussão outros problemas comuns que possam estar ocorrendo dentro da escola.
É trabalho da gestão escolar ter a consciência de buscar caminhos novos para obter uma
escola mais eficiente e democrática, uma escola aberta a novas formas de expressão, ideias,
aberta a diversidade de culturas e pensamentos. E principalmente, aberta ao diálogo, onde
toda a comunidade tenha a oportunidade de se expressar, alunos, corpo docente, funcionários
e comunidade escolar. A escola deve ser um lugar onde todos possam ser ouvidos e juntos
consigam achar soluções para as problemáticas contextuais. E é tarefa da administração fazer
com que isso seja possível.
A direção deve saber quais são suas funções e o seu papel dentro da escola, conhecer os
objetivos educacionais que a escola esta proposta a desenvolver. O que não pode acontecer é a
administração tomar decisões sozinha com base em critérios internos da escola. Esse ambiente
engloba muitas pessoas e decisões que devem ser tomadas em conjunto e a direção deve permitir
essa expansão.
A administração escolar deve alimentar­-se para definir a sua proposta de ação e aplicação dos
recursos existentes do conhecimento efetivo da comunidade escolar e de suas reais necessida­
des para definir a sua proposta de ação e aplicação dos recursos existentes. Espera do diretor
uma ação provedora das condições e facilitadora desse trabalho, é de se supor que ele desenvol­
va instrumentos adequados de acompanhamento e orientação das atividades pedagógicas,
permitindo a ele e aos demais educadores o controle dessas ações segundo critérios claramente
estabelecidos com os professores e demais membros da comunidade escolar.
A direção escolar é a responsável pelo desempenho escolar e é ela que em como obrigação de
dar as condições necessárias para que o trabalho pedagógico possa desenvolver da melhor forma
possível e de acordo com a Proposta Pedagógica estabelecida em conjunto com a comunidade
escolar.
A melhor forma da gestão favorecer a construção de um ambiente saudável a escola é

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021
Anais do IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | 127

torná­-la um lugar estimulante através do trabalho colaborativo. Tornar situações que reduz a
distância entre gestores, professores, alunos, comunidade escolar e funcionários. Romper com a
hierarquia que foi construída na forma de administrar. O trabalho educativo tem que ser produto
de interação onde todos os envolvidos de alguma maneira sejam influenciadores e resultado
final seja de pessoas comprometidas pela mesma finalidade, pois educação é uma via de mão
dupla, onde todos devem se apoiar.

Referências bibliográficas

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso 24 de novembro de 2020.

CAMARGO, I. Gestão e Políticas da Educação. Organizadora Ieda Camargo, Santa Cruz:


EDUNISC, 2006.

CÁRIA, N. P.; OLIVEIRA, S. M. da S. S.; CUNHA, N. de B. Gestão educacional e


avaliação: Perspectivas e desafios contemporâneos. Campinas, SP: Pontes ed. 2015.

CUNHA, Maria Couto. Gestão Educacional dos Municípios. Salvador: EDUFBA, 2009.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. rev. e ampl.­- São
Paulo: Heccus Editora, 2013.

LUCK, H. et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Petrópolis: Vozes, 2008.

LUCK, H. Ação integrada: administração, supervisão e orientação educacional. Petrópolis:


Vozes, 2000.

LÜCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Ed.Positivo. 2009.

DE MATTOS, C. M. A escola como espaço de inclusão digital. Disponível em: https://


monografias.brasilescola.uol.com.br/matematica/a­-escola­-como­-espaco­-inclusao­-digital.htm.
Acesso em: 01 dez. 2020.

PRATA, C. L. Gestão escola e tecnologias. Disponível em: http://www.virtual.ufc.br/


cursouca/modulo_3b_gestores/tema_05/anexos/anexo_5_tics_na_gestao_escolar2010_
CarmemPrata.pdf. Acesso em 24 de novembro de 2020.

RIBEIRO, S. M. A ESCOLA E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS. 2016. 36 f. Curso de


Educação na Cultura Digital, Ufsc, Maravilha, 2016.

DA SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação.


3. ed. rev. atual. – Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. 121p.

STINGHEN, R. S. Tecnologias na Educação: dificuldades encontradas para utilizá­-la no


ambiente escolar. 2016. 32 f. Curso de Educação na Cultura Digital, UFSC, Florianópolis,
2016.

Anais IV Congresso Internacional Uma Nova Pedagogia para a Sociedade Futura | ISBN 978-85-68901-29-8 | p. 116-127 | jul. 2021

Você também pode gostar