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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

PRÓ – REITORIA DE PESQUISA E PÓS – GRADUAÇÃO – PPPG


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCSO

Disciplina: Aprendizagem Escolar e Trabalho Pedagógico - AETP


Professora: Raquel Tavares de Morais

Mauthus Rogério Nunes Ripardo1


Lucinéia Nunes Leal2

O Processo de Aprendizagem na Perspectiva da Interação professor-professor

Introdução
Desde que o homem passou a registrar seus sentimentos e pensamentos por meio
da escrita ou mesmo antes através de gravuras, este deixou evidente a sua capacidade e
necessidade de interação. E contemporaneamente especialistas tem se debruçado sobre
este tema no campo educacional.
Isto se dá talvez por entender que o processo de ensino e aprendizagem é
complexo e como tal, envolve fatores diversos que podem determinar o sucesso ou
fracasso de um aluno, ou até mesmo de uma comunidade inteira, uma vez que o
desenvolvimento desse processo não ocorre de maneira isolada.
Dito isto, é preciso compreender que dentre os inúmeros fatores que compõe esse
universo da aprendizagem, pode-se acrescentar a ele a qualidade das relações entre os
professores, dentro de uma perspectiva pedagógica, no intuito de elaborar e melhor
desenvolver seus projetos. Tudo, claro, com foco no aluno.

Talvez seja “chover no molhado” dizer que um ambiente saudável é também fonte
de aprendizagem, assim como os espaços escolares e, tudo aquilo que envolve este
cenário. Por isso, é fundamental cuidar melhor de nossas relações.

2 – A Relevância das Relações professor-professor

Não é de hoje que especialistas têm alertado para a importância das relações
professor-professor, ressaltando que uma boa relação entre estes gera um clima de

1
Graduado em Filosofia. Pós-graduando em Coordenação Pedagógica.
2
Graduada em Letras. Pós-graduando em Coordenação Pedagógica.
confiança e segurança que pré-dispõe o aluno para a iniciação do processo de ensino
aprendizagem, assim como nos atesta M. Raposo e D. A. Maciel (2005, p.309):

... A esse respeito, quem está imerso no dia-a-dia da escola sabe que a
qualidade dessas interações é fundamental para o desenvolvimento do projeto
pedagógico e, portanto, das condições curriculares vividas de fato pelo aluno.

De igual modo importante e, bem mais estudado, as relações professor-aluno, que


podem a partir de uma “sedução” e cultivo dessa relação, encontrar um solo fértil para
plantar e fazer germinar a semente do conhecimento. Isto é verbalizado sem poesia ou
idealismos, mas como algo factual, corroborado em diversos estudos. De alguma forma,
todos precisam se sentir motivados para absorverem num processo dialético, as questões
relacionadas à aprendizagem.

Em contrapartida a esta realidade, aparece às relações interpessoais entre aqueles


que são os responsáveis na condução do processo de aprendizagem. Esse “detalhe”, bem
como outros elementos, como: o currículo, a avaliação escolar e outros, fazem parte de
uma esfera complexa com o qual possibilita uma educação de qualidade efetiva e
concomitantemente, a aprendizagem.

Para que as ações possam ganhar corpo é necessário que todos os anseios da
comunidade escolar estejam presentes no Projeto Político Pedagógico, pois um bom PPP
tem sua maior eficácia quando é construído a partir de um ambiente saudável, de relações
maduras e de conversas francas. Do contrário, o mesmo construído num ambiente um
tanto hostil, é como uma promessa que ficou por se cumprir.

Por outro lado, observamos que, nas escolas onde se consegue co-construir um
bom nível de interações sociais, constata-se a potencialização dos resultados
educacionais e do desenvolvimento dos trabalhos, tanto individuais quanto
coletivos.

Não é razoável imaginar o homem sem uma capacidade tremenda para a


sociabilidade. É também por meio dela que ele constrói o mundo, ao passo que este é
construído dentro de seus processos históricos e culturais, enquanto sujeito que “não fica
na janela vendo o bonde passar”, mas se lança em vista de seu próprio desenvolvimento.

No ambiente escolar até mesmo os conflitos ou as divergências, como salienta os


autores, são fontes de reconstrução de saberes e seus significados. Saber tal que não para
em si mesmo, mas que gera novas possibilidades, como pode ser constatado no texto de
Raposo e Maciel (2005, p.310).

De acordo com esta perspectiva, em contextos de interação social, divergências


podem representar um movimento que favorece a emergência de novos
elementos de informação e, consequentemente, podem conduzir a uma
atividade reconstrutiva que resulta em novos padrões de interação.

O professor como “aprendente”, precisa de algum modo, está de posse de uma


postura reflexiva e interacionista com seus pares, bem como todo o espaço a sua volta. O
aprendizado contínuo o eleva a um novo patamar de emancipação, dando-lhe bases
sólidas às suas decisões em sala de aula. Isto ele o faz porque acredita que o aprendizado
contínuo é fundamental.

O professor do século XXI, não pode ter medo de está em contato com seus alunos
e muito menos com seus pares. Precisa sim, despojamento nas relações, no intuito de
desenvolver a capacidade de entregar-se, afim de que produza ações mais efetivas no
contexto educacional, consequentemente também no âmbito pessoal.

Dito isto, fica em destaque a necessidade de uma mudança de paradigma, afim de


que haja uma prática de ensino diferenciada, onde seguramente este “novo” profissional
estará sempre propenso ao crescimento, nascido de um esforço conjunto na busca de
soluções concretas e eficientes aos “novos” sempre velhos problemas educacionais.

3 – Considerações Finais

O texto de Raposo e Maciel nos fazem refletir muito sobre algo que muitas vezes
é negligenciado dentro do processo educacional: as interações como fonte de
aprendizagem. É, pois, preciso entender que tais relações são cheias de informações e
formações. Mudar o foco nessa relação parece ser essencial para poder olhar as
instituições escolares não apenas como local onde o professor é quem ensina, mas,
sobretudo, como espaço onde ele também aprende. Por que pensar assim?

Porque a troca de experiências oportuniza ao professor um modelo alternativo na


forma de transmitir o conhecimento por ele produzido ou adquirido. Consequentemente,
irá dar outra dinâmica de aprendizagem ao seu aluno.
Desta forma, faz-se necessário que o apelo coletivo precisa ser reforçado no
interior das escolas, ele precisa ser a voz dentro das escolas na tentativa histórica pela
superação da identidade individualista ou superação da figura isolada do professor.
Talvez, o mais importante que se queira dizer é que não se deve empreender uma batalha
solitária. Há sempre que recorrer à ajuda de outros.

Na educação temos muitos exemplos desses perigosos empreendimentos, uma vez


que se elaboram projetos maravilhosos, com enormes chances de se tornarem um marco
na vida da escola e de toda a comunidade escolar, no entanto, por serem pensados,
elaborados e executados apenas por uma “única cabeça”, perde-se no vazio, e com ele
perdem-se também formas significativas de aprendizagem.

Referencia

RAPOSO,M.; MACIEL, D. A.As interações professor-professor na Co-construção


dos projetos pedagógicos na escola._In: Psicologia: Teoria e pesquisa. Universidade de
Brasília. Brasília DF, 2005. Vol 21.

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