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Linguística Básica

Unidade 1
Livro Didático Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
LEONARDO TEIXEIRA DE FREITAS RIBEIRO
VILHAGRA
AUTORIA
Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
Sou formado em Letras Português pela Universidade Federal do
Espírito Santo, tenho mestrado em Estudos Linguísticos pelo Programa
de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos pela mesma instituição e
também MBA em Gestão de Projetos e Equipes E-Learning pela UNIFCV
(em formação). Possuo experiência técnico-profissional na área de ensino
de Língua Portuguesa há mais de dez anos. Passei por escolas de ensino
fundamental e médio, como a rede Salesiano, o Centro Missionário
Agostiniano, o Centro de Ensino União dos Professores, COC; de pré-
vestibular, como o Programa Universidade Para Todos (PUPT); e no ensino
superior, como a Universidade Federal do Espírito Santo e, atualmente, a
Universidade Vila Velha no Espírito Santo. Sou apaixonado pelo que faço
e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando
em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo. Desde
já desejo. Bons estudos a todos!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Breve Percurso Histórico da Linguística............................................ 12
Da Antiguidade Clássica à Gramática de Port-Royal............................................. 12

Comparativismo Histórico ........................................................................................................ 15

Neogramáticos ................................................................................................................................. 18

Saussure e o Estruturalismo ................................................................................................... 19

Principais Teorias Linguísticas................................................................ 22


Gerativismo...........................................................................................................................................23

Sociolinguística..................................................................................................................................25

Linguística Textual...........................................................................................................................26

Pragmática............................................................................................................................................28

Definição e Objeto da Linguística.........................................................30


Objeto de Pesquisa do Gerativismo...................................................................................33

O Objeto de Pesquisa da Sociolinguística.....................................................................34

Objeto de Pesquisa da Linguística Textual....................................................................35

Objeto de Pesquisa da Pragmática.....................................................................................37

A Linguística e as Áreas de Investigação e Pesquisa....................39


Áreas de Pesquisa e de Investigação do Gerativismo......................................... 40

Áreas de Pesquisa e Investigação da Sociolinguística......................................... 41

Área de Pesquisa e Investigação da Linguística Textual.....................................43

Área de Pesquisa e Investigação da Pragmática.....................................................45


Linguística Básica 9

01
UNIDADE
10 Linguística Básica

INTRODUÇÃO
Talvez um dos maiores fatores que nos diferenciam do restante dos
animais é a linguagem. Independente da região, etnia, idade, religião etc.,
todos temos em comum a capacidade de nos comunicar, fato que não
só nos permite viver em sociedade, como também nos possibilita fazer
inúmeras ações complexas.

Diante disso, a fim de trazer possíveis respostas sobre o universo,


nós te convidamos a adentrar à disciplina de Linguística Básica. Nela,
veremos como se deu início aos primeiros estudos sobre a linguagem,
quais foram os seus desdobramentos até ela atingir o nível de ciência
independente, a qual desenvolveu várias linhas teóricas, juntamente com
seus respectivos objetos de estudo e áreas de investigação.

Como você verá, a linguística está vinculada a inúmeros campos


de atuação acadêmica e profissional também, como o ensino de línguas,
a comunicação e afins. Bem, não vamos nos alongar mais, pois daremos
espaço agora ao nosso conteúdo.

Assim, desejamos a vocês um bom estudo e que este material


seja uma excelente oportunidade de aprendizado em relação a esse
fascinante mundo da linguagem.
Linguística Básica 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Contextualizar brevemente o percurso histórico da linguística.

2. Apresentar as principais teorias linguística.

3. Explicar a definição e o objeto da linguística.

4. Apresentar as áreas de investigação e de pesquisa da linguística.

Animado para conhecer mais sobre esse maravilhoso universo que


é a Linguística? Então, ao trabalho!
12 Linguística Básica

Breve Percurso Histórico da Linguística


OBJETIVO:

Ao concluir esta unidade, você será capaz de compreender


a evolução da linguística enquanto ciência da linguagem,
desde os primeiros estudos sobre a linguagem até as
teorias linguísticas modernas, bem como compreender os
vários objetos de pesquisa e suas áreas de investigação.

Da Antiguidade Clássica à Gramática de


Port-Royal
O primeiro passo que inicia o percurso, mesmo que breve, da
história da linguística não começa na sua emancipação enquanto ciência
no início do século XX a partir de Ferdinand de Saussure. Na verdade,
desde muito tempo atrás o ser humano já se indagava acerca da natureza
da linguagem.

Assim, de acordo, com Lyons (2008) e Mattoso Câmara Jr. (1975),


um dos principais marcos das primeiras investigações sobre a linguagem
pode ser encontrado na obra Crátilo, de Platão. Nela, escrita a partir dos
famosos diálogos platônicos, o filósofo apresenta uma discussão entre
dois pensadores: Crátilo e Hermôgenes.

Basicamente, o primeiro argumentava que as coisas têm um


nome natural, ao passo que o segundo defendia que isso não passava
de uma convenção, por um acordo prévio (PLATÃO, 1973). Todavia, essas
abordagens eram mais de cunho filosófico e metafísico.

Essa abordagem filosófica impulsionou, na época, um estudo o


qual se objetiva “[...] estabelecer uma relação entre linguagem e lógica,
buscando sistematizar, através da observação das formas linguísticas, as
leis de elaboração do raciocínio” (CUNHA, COSTA, MARTELOTTA, 2010,
p. 25).

Dava-se início, portanto, às gramáticas tradicionais. Na visão de


Lyons (2008),
Linguística Básica 13

Os gramáticos tradicionais se preocuparam mais ou menos


exclusivamente com a linguagem literária, padrão; e
tendiam a desconsiderar ou a condenar como ‘incorreto’ o
emprego de formas não consagradas ou coloquiais, tanto
no falar como no escrever. Com frequência, deixavam de
compreender que a linguagem padrão é, de um ponto de
vista histórico, tão somente o dialeto regional ou social
que adquiriu projeção, tornando-se o instrumento da
administração, da educação e da literatura. (LYONS, 2008,
p.21)

Assim, os estudos sobre a linguagem, por um bom tempo, ficaram


praticamente centrados na formulação das gramáticas, principalmente as
de caráter normativo.

IMPORTANTE:

Ao ler normativo, associe-o com norma, ou seja, considerar


um modo de se falar uma língua como paradigma, algo
valorizado, correto e que deve ser seguido pelos usuários
de um idioma.

Da antiguidade até a Idade Média, a maioria dos estudos gramaticais


giravam em torno das línguas latinas e grega. Já na transição do medievo
para a época moderna, começou o período da formação das nações
europeias. Em virtude disso, as línguas nacionais também passaram a ser
estudadas:
No Renascimento, começaram a surgir gramáticas das
línguas vernáculas (gramática de la lengua castellana,
de Antonio de Nebrija, 1492; gramática da linguagem
portuguesa, de Fernão de Oliveira, 1536; gramática de
João de Barros, 1540), mas fortemente inspiradas nas
gramáticas clássicas de até então. (AZEVEDO apud
SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014, p. 20)

Porém, em 1660, foi elaborada uma gramática a qual se diferenciou


das anteriores. Com base no racionalismo francês e nas pesquisas de
René Descartes, surgiu a Gramática de Port-Royal (Grammaire générale et
raisonnée de Port-Royal).
14 Linguística Básica

Escrita por Antoine Arnauld e Claude Lancelot, essa gramática


representa um corte epistemológico e uma ruptura com o
modelo latino. Surge como resposta às insatisfações com
a gramática formal do Renascimento. Inicia-se a busca do
rigor científico, na ruptura com o método das gramáticas
anteriores. (RANAURO, 2003, p. 253)

Isto é, em vez de se buscar analisar e estruturar uma forma ideal de


se manifestar uma língua, esse estudo teoriza os princípios e as normas
ideais que regem todas as línguas, bem como explica a associação entre
linguagem e pensamento do ser humano, porém com uma postura
científica ainda incipiente.
Figura 1 - Gramática de Port-Royal

Fonte: EPISTEMOS (2009).


Linguística Básica 15

Portanto, nesta primeira fase, os estudos sobre a linguagem, mas


ainda não linguísticos, enfocaram o aspecto gramatical das línguas,
objetivando descrever e apregoar as regras e normas de uma forma de se
falar e de escrever uma língua.

REFLITA:

Aproveitando esse momento, convidamos você a refletir


sobre uma questão: será que os estudos da gramática
tradicional ainda existem nos dias de hoje? Se sim, são do
mesmo jeito ou apresentam formas diferentes?

Comparativismo Histórico
Até a gramática de Port-Royal no século XVII, os estudos da
linguagem praticamente eram centrados nas formulações de gramáticas.
Porém, gradativamente, houve uma mudança desse paradigma, porque,
a partir do século XVIII, passou-se a estudar a evolução delas.

Em 1768, Sir Willians Jones apresentou à Sociedade Asiática de


Bengali um discurso denominado On Hindus, o qual era baseado em seus
estudos sobre o sânscrito (LYONS, 2008).

VOCÊ SABIA?

Sânscrito é uma língua da região do Nepal e da Índia, além


de ser empregada nos textos sagrados hindus.

SAIBA MAIS:

Se você quiser saber mais sobre Sir Willians Jones, acesse


aqui.

A partir de seu discurso, Jones mostrou na época uma série de


similaridades entre as línguas antigas, no caso, o latim, o grego, o persa
e o próprio sânscrito. Tal descoberta não só trouxe um alvoroço na época
por comprovar que existia um parentesco entre idiomas de diferentes
16 Linguística Básica

continentes, como também revolucionou a maneira de se estudar as


línguas e, por sua vez, os estudos da linguagem da época.

De um modo geral, a pesquisa de Jones era baseada na


observação de palavras de diferentes línguas a partir do seu nível fonético
e morfológico, a fim de identificar semelhanças e diferenças ocorridas ao
longo do tempo.

Em outras palavras, a pesquisa dele foi feita por meio de um método


comparativo-histórico.

Na visão de Weendwood (2002),


Concorda-se em geral que a mais extraordinária
façanha dos estudos linguísticos do século XIX foi o
desenvolvimento do método comparativo, que resultou
num conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam
ser sistematicamente comparadas no tocante a seus
sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário,
de modo a demonstrar que eram ‘genealogicamente’
aparentadas. (WEENDWOOD, 2002, p.103)

Aproveitando ainda a fala de Weendwood (2002), queremos


destacar outros desdobramentos causados pelo surgimento do método
comparativo-histórico. Um deles é de que foi constatado que as línguas
mudam de fato ao longo do tempo, do modo sistemático e também
geográfico, independentemente dos seres humanos que as falam.

Além disso, essas, por mudarem constantemente, tinham um caráter


orgânico, característica advinda das influências do darwinismo da época.
Outra consequência é a de pesquisadores da época se empenharem em
procurar a chamada “protolíngua”, ou seja, a língua mãe a qual originou
todas.
Linguística Básica 17

Um exemplo desse tipo de investigação linguística pode ser


encontrado em Lyons (2008):
Quadro 1 - Exemplo de estudo linguístico a partir do método comparativo histórico

Francês Espanhol
    Latim (L) Italiano (I)
(F) (E)

Coisa Causa Chose Cosa


Cosa
Cabeça Caput Chef Capo
Cabo
Cavalo Caballus Cheval Cavalo
1 Caballo
Cantar Cantaste Chanter Cantare
Cantar
Cachorro Canis Chien Cane
Cabra
Cabra Capra Chevre Canecapra

Planta Planta Plante Planta Llanta


2 Chave Clavis Clef Chiave Llave
Chuva Plavia Pluic pioggiia llavia

Octo
Oito Huit Otto Ocho
Nos/
Noite Nuit Notte Noche
3 noctis
Fato Fait Fato Hecho
Factum
Leite lait Latte leche
Lacte

Filha Filsa Hija


4 fille figlia
Formosa formosus hermoso
Fonte: Lyons (2008, p. 145).

Somado a isso, existiram outros pesquisadores de destaque na


época os quais eram adeptos do método comparativo-histórico, como
Friedrich Schlegel, August Schlegel, Ramus Rask, J. Adelung, Wilhelm
Von Humboldt, August Schleicher, Hermann Steinthal.

Por conseguinte, nesta segunda fase, os estudos da linguagem


passaram a ter uma natureza filológica, ou seja, estudar o desenvolvimento
de um idioma baseado em documentos históricos.
18 Linguística Básica

Neogramáticos
Já no final do século XIX, a hegemonia dos estudos comparativos-
históricos nos estudos linguísticos encontrou o seu auge. Todavia, isso
começou a mudar, principalmente com o surgimento dos neogramáticos.

Nas universidades alemãs, vários estudos sobre os idiomas


germânicos e escandinavos começaram a aparecer, porém, diferentemente
dos comparativistas históricos, esses pesquisadores olhavam os idiomas
fazendo um recorte temporal presente, isto é, as “línguas vivas atuais”
(FARACO, 2005, p. 140), e não mais a partir da sua evolução.

Somado a isso, esses também começaram a incluir fatores


individuais dos falantes, a fim de observar quais são os aspectos que
regulam as alterações nas línguas. Aliás, de todos os níveis de uma língua,
o fonético é o mais sensível e que mais evidencia as mudanças em um
idioma. Em virtude disso, os pesquisadores neogramáticos estudaram
mais os aspectos sonoros do que os sintáticos, morfológicos etc.

Acerca disso, Melo e Pimentel (2018) afirmam que:


Diferentemente dos estudos anteriores que buscavam
chegar a uma língua comum, gênese das demais línguas,
chamada de indo-europeia, os estudos neogramáticos
buscavam dar ênfase nas línguas vivas e à investigação
que ocasionam as mudanças. Fazendo correspondências
sistemáticas entre as línguas para seus estudos. (MELO;
PIMENTEL, p.500)

Essa mudança de perspectiva trouxe uma visão distinta em relação


aos comparativistas históricos, conforme Faraco (2005) atesta:
A linguística anterior, como ninguém pode negar,
aproximava-se de seu objeto de investigação, as línguas
indo-europeias, sem ter previamente construído uma ideia
clara de como a linguagem humana realmente vive e se
desenvolve, que fatores operando em conjunto causam a
progressão e a mudança da substância da fala. (FARACO,
2005, p.141)

Um dos principais marcos dos neogramáticos é a publicação do


livro As investigações morfológicas (Morphologischen Untersuchungen), de
Hermann Osthoff e Karl Brugmann, em 1879.
Linguística Básica 19

Além de Osthoff e Brugmann, existiram outros pesquisadores


neogramáticos de destaque, como Theodor Wilhelm Braune, Hermann
Paul, Berthold Delbrück e Karl Verner.

Então, após um longo período referente aos estudos sobre a


linguagem, os neogramáticos foram o último elemento que pavimentou
a estrada que levou a linguística a se tornar a ciência que estuda a
linguagem, principalmente, através de Ferdinand de Saussure.

Saussure e o Estruturalismo
A linguística somente passou a ser uma ciência a partir de Ferdinand
de Saussure, o qual recebeu a alcunha de pai da linguística moderna.
Nascido em meados do século XIX em Genebra na Suíça, Saussure
estudou física e química, mas também tinha uma formação humanística
considerável, a qual o levou a se dedicar a diversas línguas, como o grego,
o latim e o sânscrito. Inclusive, seu doutorado, defendido na Universidade
de Leipzig, na Alemanha, estava relacionado ao genitivo sânscrito.
Figura 2 - Ferdinand de Saussure

Fonte: Commons Wikimedia


20 Linguística Básica

Já no início do século XX, o mestre genebrino passou a dar aula


de filologia na Universidade de Genebra. Em 1907, começou a ministrar
temas sobre o que ele chamou de linguística geral, sendo que renderam
ao pesquisador dois discípulos: Charles Bally e Albert Sechehaye.

Infelizmente, de maneira precoce, Saussure morre aos 56 anos.


Contudo, a partir das anotações de seus dois discípulos referentes às
aulas de seu antigo professor, eles publicam a obra póstuma denominada
Curso de Linguística Geral (Cours de Linguistique Générale).

Dessa forma, um dos importantes desdobramentos que a


publicação do curso trouxe foi de oficializar a linguística como ciência da
linguagem, essencialmente por meio da definição de dois elementos: o
objeto de estudo e um método de pesquisa relacionado ao primeiro.

Na visão de Saussure, o objeto de estudo do linguista é a língua


(langue), uma parte essencial da linguagem pela qual os seres
humanos interagem uns com os outros. Portanto, é papel do linguista,
segundo o mestre genebrino, entender e descrever os “[...] elementos
coesos, inter-relacionados, que funcionam a partir de um conjunto de
regras, [que constituem] uma organização, um sistema, uma estrutura”
(COSTA, 2012, p. 114).

IMPORTANTE:

Por causa disso, a primeira teoria da linguística enquanto


ciência foi denominada Estruturalismo. Assim, com a
delimitação da língua como objeto de estudo, Saussure
também (2012) definiu uma série de pressupostos teórico-
metodológicos voltados à análise desse sistema – mais
adiante, vamos nos aprofundar acerca disso.

Nesse viés é interessante destacar outras diferenças que a


linguística a partir de Saussure passou a ter em relação aos estudos da
linguagem anteriores a ele. Inicialmente, os estudos pré-Saussure estavam
vinculados e subjugados diretamente a outras áreas do saber, como a
Filosofia, a Filologia, a História etc. Por causa disso, os estudos sobre a
linguagem não tinham um objeto e um aporte teórico-metodológico
Linguística Básica 21

próprio, estando, assim, em função de objetivos e de maneiras distintas


de se pesquisar o que se pretendia.

Exemplo: Em relação às diferenças entre os estudos sobre a


linguagem e a linguística moderna, podemos apontar alguns exemplos
disso. Durante a Grécia Antiga até a Era Moderna, período no qual as
gramáticas eram muito estudadas, a meta era sistematizar as regras
que regem uma língua e definir uma melhor forma de se falar/escrever
tal idioma, diferentemente da proposta de Saussure, que era analisar,
compreender e descrever como o sistema de uma língua se comporta.

Já no que diz respeito ao comparativismo histórico, esse grupo tinha


uma natureza filológica e privilegiava a evolução históricas das línguas. Já
a linguística do mestre genebrino propunha estudar a língua enquanto
sistema, descartando esse olhar temporal.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter
compreendido como contextualizar brevemente o percurso
histórico da linguística.
22 Linguística Básica

Principais Teorias Linguísticas


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


apresentar as principais teorias linguística. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Um dos principais motivos deste tópico estar no plural e não no


singular se deve ao termo de Borges Neto (2004): a pluralidade teórica
linguística. Segundo o autor, a linguagem é tão complexa e multifacetada
que uma teoria não dá conta de abarcar todos os fenômenos linguísticos.

Essa característica, porém, não faz a linguística uma área do


conhecimento inferior ou deficitária. Na verdade, segundo Cabral (2014,
p. 88), “[...] isso é importante à medida que dá ao pesquisador a liberdade
de escolher seu objeto teórico – e favorece, também, o desenvolvimento
da área”.

Pode-se afirmar que essa pluralidade começou depois da


publicação do Curso de Linguística Geral, ou seja, após o estabelecimento
da linguística enquanto ciência. Segundo Wilson (2012), dois grandes
polos de pesquisas linguísticas surgiram a partir da obra: o polo formalista
e o funcionalista.

O polo formalista deu ênfase à língua enquanto sistema,


perpetuando e aprofundando os estudos saussurianos, como é o caso do
gerativismo. Já o polo funcionalista privilegiou a língua em uso, quando
ela é aplicada em situações reais de comunicação. Alguns exemplos
disso são a sociolinguística, a linguística textual e a pragmática.

Logo, considerando essa fala inicial, vamos discutir neste tópico as


principais teorias linguísticas em voga não só no Brasil, mas também no
mundo, apontando suas características básicas e os pesquisadores de
destaque.
Linguística Básica 23

Gerativismo

DEFINIÇÃO:

O gerativismo é o ramo da linguística que objetiva explicar


a maneira pela qual o ser humano, a partir de um conjunto
de regras internalizadas em sua mente, consegue criar
inúmeras sentenças e enunciados.

Ele surgiu a fim de contestar o estruturalismo saussuriano, o


distribucionalismo de Bloomfield e o behaviorismo de Skinner.

Logo, se você encontrar temas como competência e desempenho


linguístico, gramática gerativa, dispositivo de aquisição de linguagem,
princípios e parâmetros, eles fazem parte do interesse do gerativismo.

O cerne dessa teoria linguística está intrinsecamente associado ao


seu fundador: Noam Chomsky. Em 1957, quando lecionava no MIT nos
EUA, Chomsky publicou o livro Estruturas Sintáticas (Syntactic Structures).
Figura 3 - Noam Chomsky

Fonte: Wikimedia Commons


24 Linguística Básica

Para Chomsky (1972), todos os seres humanos falam e entendem


uma língua, pois existe um dispositivo inato presente em nossa mente,
a faculdade da linguagem. Assim, todos nós temos internalizados em
nossos cérebros um conjunto de regras e de normas que utilizamos para
construir e gerar infinitas frases e sentenças, por isso o nome gerativismo.

Esse posicionamento de que a linguagem humana tem um caráter


natural, na visão gerativista pode parecer inconsistente, porém, conforme
explicita Kenedy (2010),
excluindo-se os casos patológicos graves, todos os
indivíduos humanos, de todas as raças, em qualquer
condição social, em todas as regiões do planeta e em
todos os tempos da história foram e são capazes de
manifestar, ao cabo de alguns anos de vida e sem receber
instrução explícita para tanto, uma competência linguística
– a capacidade natural e inconsciente de produzir e
entender frases. (KENEDY, 2010)

Logo, devido a isso, Chomsky (1972) notou que existe um caráter


universal da linguagem humana, a qual é regida por uma Gramática
Universal (GU). Dessa forma, com o intuito de descrever a GU, foram
desenvolvidas duas outras teorias chamadas Princípios e Parâmetros. Na
visão de Kenedy (2010),
As pesquisas da teoria de princípios e parâmetros foram
e são desenvolvidas sobretudo na área da sintaxe,
pois é exatamente nas estruturas sintáticas que mais
evidentemente se percebem as grandes semelhanças
entre todas as línguas do mundo, mesmo entre aquelas
que não possuem nenhum parentesco. (KENEDY, 2010,
p.135)

Como bem atestou Kenedy (2010), em virtude dessa preocupação


de investigar tais conjuntos de normas e regras de caráter universal, o
gerativismo acabou privilegiando o nível sintático da língua, pois é a partir
disso que as diversas combinações entre palavras, frases, orações etc.
são feitas, bem como os aspectos universais das línguas. Por sua vez,
essa postura teórico-metodológica acabou não considerando elementos
extralinguísticos, muito menos a heterogeneidade dos idiomas.
Linguística Básica 25

Sociolinguística
A Sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a língua inserida
nas comunidades de fala, associando aspectos formais (elementos da
própria língua) com fatores externos a ela (elementos sociais). Ela foi fruto
das contribuições teóricas de Ferdinand de Saussure (dicotomia língua
x fala), de Antoine Meillet (língua como fato social) e de Bakhtin (língua
possui natureza ideológica).

Assim, ao se deparar com os termos variação linguística,


comunidades linguísticas, preconceito linguístico, contato linguístico,
políticas linguísticas, elas fatalmente estarão relacionadas com essa área
da linguística.

SAIBA MAIS:

O principal nome da sociolinguística é William Labov. Caso


queira saber um pouco mais acerca da vida de Labov,
assista ao vídeo aqui.

A grande contribuição de Labov é que, além de praticamente fundar


a sociolinguística, ele propôs uma mudança de perspectiva das estruturas
das línguas, principalmente observando a questão da variação linguística.

De acordo com o autor, as línguas não são homogêneas, pois elas


são afetadas pelo fenômeno da variação, isto é, a existência de duas
ou mais formas de se manifestar uma unidade linguística (seja nos mais
variados níveis, como o fonético, o morfológico, o sintático etc.) dentro de
um mesmo idioma, denominadas variantes (LABOV, 2008).

SAIBA MAIS:

Para aprofundar um pouco nessa discussão, sugerimos o


vídeo Variação linguística diversidade de usos da língua -
não sou burro. Disponível aqui.
26 Linguística Básica

Assim, no que tange ao papel da Sociolinguística, Mollica (2008)


afirma que ela pretende:
investigar o grau de estabilidade ou de mutabilidade da
variação, diagnosticar as variáveis que têm efeito positivo
ou negativo sobre a emergência dos usos linguísticos
alternativos e prever seu comportamento regular e
sistemático. (MOLLICA, 2008, p.11)

Somado a isso, essa vertente linguística também pode analisar a


relação entre uma variante de prestígio e outra marginalizada, observando
se existem propostas políticas associadas a elas, por exemplo, se nos
currículos escolares elas são retratadas e ensinadas.

Linguística Textual

DEFINIÇÃO:

A Linguística Textual é a vertente da linguística que estuda


o texto, desde a sua concepção até a sua compreensão.
Ela nasceu nos anos 1960 na Europa, principalmente na
Alemanha, em resposta a uma série de questionamentos e
de limites teóricos do Estruturalismo (ROCHA; SILVA, 2017).

Logo, caso você se depare com algum tema envolvendo


textualidade, coesão e coerência, intertextualidade, anáforas,
referenciação, processamento textual, progressão textual, gênero textual,
produção textual etc., com certeza estarão relacionados com a linguística
textual.

Conforme falamos anteriormente, o desenvolvimento desse ramo


da linguística está associado diretamente a estudos que vão além do
sistema da língua do estruturalismo.

Assim, uma das obras que foi considerada balizar da linguística


textual é a Introdução à linguística textual (Einführung in die textlinguistik)
dos pesquisadores da universidade de Leipzig, Robert Beaugrande e
Wolfang Dressler.
Linguística Básica 27

Figura 4 - Linguística

Fonte: Freepik.

Uma das contribuições relevantes que os autores deram e que


abriram espaço para a linguística textual está no conceito de texto
produzido por eles. Segundo Beaugrande e Dressler (1983), o texto é uma
unidade de sentido pela qual todos os seres humanos se comunicam,
indo além de um amontoado de frases e palavras.

Porém, é importante ressaltar que, no caso dos autores anteriores,


eles falam em texto no sentido estrito, pois, como Fávero (2009) aponta:
Texto em sentido amplo, designando toda e qualquer
manifestação da capacidade textual do ser humano (uma
música, um filme, uma escultura, um poema etc.) e, em
se tratando de linguagem verbal, temos o discurso,
atividade comunicativa de um sujeito, numa situação de
comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados
produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor,
no caso dos diálogos) e o evento de sua enunciação.
(FÁVERO, 2009, p.7)

Dessa forma, independente de sua extensão, seja uma linha, ou a


Ilíada, o texto diz respeito mais a um fenômeno dinâmico do que estático,
uma vez que isso envolve tanto a produção dele quanto a leitura e
interpretação.
28 Linguística Básica

Figura 5 – Oswald de Andrade

Fonte: Wikimedia Commons

Inclusive, nessa perspectiva teórica, o texto se transforma não em


um produto, mas sim em um processo por meio do qual os seres humanos
se comunicam e os sentidos são construídos entre o(s) produtor(es) e o(s)
leitor(es) do texto.

Pragmática

DEFINIÇÃO:

A pragmática é a vertente da linguística que pesquisa


a língua em uso, envolvendo também a relação entre a
interação social e os seus interlocutores.

Ela surgiu como desdobramento dos estudos da Filosofia da


Linguagem e também em resposta à falta de investigações sobre as
manifestações individuais da linguagem humana em situações reais nas
quais é empregada (WEEDWOOD, 2002).

Logo, se você entrar em contato com temas como atos de fala,


máximas conversacionais, implicatura conversacional, pressuposição e
Linguística Básica 29

subentendido e princípios da comunicação, com certeza estará entrando


também em contato com a pragmática.

Essa vertente linguística foi fundada por John Austin, o qual é


estudado e revisitado até hoje.

Em 1962 na Inglaterra, Austin publicou o livro Quando dizer é fazer


(How to do things with words), dando início aos estudos pragmáticos. Além
do mais, somente pelo título da obra já podemos compreender um pouco
mais sobre a pragmática.

Para o autor, comunicar-se é um ato, isto é, os seres humanos,


independentemente de sua origem, não se comunicam apenas
empregando morfemas, palavras, frases, orações, mas também possuem
intenções de agir sobre o outro, através do que ele chama de atos de fala
(AUSTIN, 1962).

Inclusive, através do desenvolvimento da Pragmática por meio de


Austin, Wilson (2008) nos mostra que isso foi muito relevante, porque
possibilitou que outros fatores pudessem também ser pesquisados da
linguística, como o papel das convenções sociais, bem como a aplicação
desses nos momentos comunicativos, as intenções dos interlocutores no
momento da fala etc.

SAIBA MAIS:

Caso queira saber um pouco mais acerca dessa teoria


linguística, te convidamos a assistir ao seguinte vídeo da
professora Lúcia de Assis disponível aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter visto as
principais teorias linguísticas.
30 Linguística Básica

Definição e Objeto da Linguística


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de explicar a


definição e o objeto da linguística. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Lembra-se de que, com a publicação do Curso de Linguística Geral,


a linguística passou a ser uma ciência, uma vez que ela passou a ter um
método, como também elegeu um objeto de pesquisa próprio, no caso
a língua.

Pois bem, neste tópico, vamos discutir acerca do objeto de estudo


e, por sua vez, da possível definição da linguística enquanto área do
conhecimento.

Em primeiro lugar, vamos nos recordar qual é a definição de


Saussure acerca da linguagem. Para ele,
a linguagem é multiforme e heteróclita; um cavaleiro de
diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica
e psíquica, ela pertence além disso ao domínio individual
e ao domínio social; não se deixa classificar em nenhuma
categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir
sua unidade. (SAUSSURE, 2012, p. 17)

Assim, ela é muito ampla e diversa, atravessando inúmeros aspectos


e níveis. Inclusive, vale ressaltar que tal afirmação é coerente, uma vez
que existe a linguagem musical, a das artes plásticas e visuais etc.
Linguística Básica 31

Figura 6 - Linguagem das artes plásticas

Fonte: Freepik.

Por causa disso, o mestre genebrino nos alerta que:


Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde
com a linguagem; é somente uma parte determinada,
essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um
produto social da faculdade de linguagem e um produto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social
para permitir o exercício desta faculdade nos indivíduos.
(SAUSSURE, 2012, p. 17)

Dessa forma, o objeto da linguística é estudar a linguagem humana


em seu caráter verbal, isto é, a língua.

DEFINIÇÃO:

Esse fato nos leva a uma possível definição da linguística:

A Linguística Pura de Saussure é


constituída por todas as manifestações
da língua humana, sem considerar
apenas a linguagem correta, mas sim
todas as expressões. (SILVA; CASTRO,
2017, p. 36)
32 Linguística Básica

Dialogando com as pesquisadoras anteriores, Martinet complementa


a definição dizendo que:
A linguística é o estudo científico da linguagem humana.
Diz-se que um estudo é científico quando se baseia na
observação dos fatos e se abstém de propor qualquer
escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios
estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’.
No caso da linguística, importa especialmente insistir no
caráter científico e não prescritivo do estudo. (MARTINET,
1978, p. 11)

É por isso que a paternidade da linguística enquanto ciência é


atribuída a Saussure, e não aos estudos sobre a linguagem antes dele,
como é o caso das gramáticas gregas e dos neogramáticos, os quais
buscavam estudar uma língua e prescrever uma forma ideal e tida como
correta, muito menos aos comparativistas históricos, cujo objetivo era
descrever e comparar idiomas ao longo do tempo, mas em um viés
filológico.

Contudo, devemos nos lembrar que a linguística é uma ciência


relativamente nova, com pouco mais de 100 anos. Desde a sua fundação,
o seu objeto de estudo foi se expandindo à medida que outras teorias
foram sendo desenvolvidas.

IMPORTANTE:

Sobre esse fato, é relevante nos recordar da fala de


Cabral (2014) no que diz respeito à pluralidade de teorias
linguísticas:

É de suma importância que cada vez


mais teorias façam parte da linguística,
para que cada recorte feito possa ser
aprofundado, abdicando do todo, mas
detendo-se com atenção especial a sua
teoria e seu respectivo objeto. (CABRAL,
2014, p.88)
Linguística Básica 33

Cada teoria linguística, portanto, acaba criando um novo recorte de


pesquisa em relação à vasta e plurifacetada linguagem humana.

Aliás, ficou curioso para saber como isso é feito? Então veja os
tópicos que virão a seguir.

Objeto de Pesquisa do Gerativismo


O gerativismo, como você viu anteriormente, pesquisa a capacidade
humana de gerar e entender uma língua a partir do viés inatista, isto é,
tirando os casos patológicos, todos nascemos com uma aptidão natural
de falar uma língua.

Considerando isso, segundo Vitral (1992) o gerativismo,


vai se ocupar, privilegiadamente, da sintaxe das línguas,
mas não é a sintaxe das línguas seu objeto de estudo. A
sintaxe das línguas é apenas um meio para se descrever
uma entidade teórica chamada de Gramática Universal.
Este é o objeto de estudo da Gramática Gerativa. (VITRAL,
1992, p.69)

Com o intuito de detalhar a Gramática Universal, foram desenvolvidos


outros dois conceitos, os princípios e os parâmetros. Assim, todos esses
elementos estão ligados ao objeto de estudo do gerativismo.

Exemplo: A fim de ilustrar melhor tal objeto, vamos empregar o


exemplo do termo sintático sujeito.

(1) Carlos saiu agora.

(2) Charles left now.

A sentença (1) é da língua portuguesa e a sentença (2) é da língua


inglesa.

A segunda é a versão da primeira. Contudo, observem que,


sintaticamente, ambas são iguais, isto é, estão ordenadas a partir do
sujeito > verbo> complementos.

Exemplo: Agora, notem o outro exemplo:

(3) Gabriela falou que vai se casar.


34 Linguística Básica

(4) Gabriela said (that) she is going to get married.

Novamente, a sentença (3) é da língua portuguesa e a sentença (4) é


da língua inglesa, sendo que a segunda é a versão da primeira. Note que
na sentença (4), a palavra “that” é opcional de uso meramente estilístico,
não alterando o sentido da frase.

Segundo a afirmação de Kenedy (2010, p. 137), podemos


entender por
“princípio” as propriedades gramaticais que são válidas
para todas as línguas naturais, ao passo que “parâmetro”
deve ser compreendido como as possibilidades [...] de
variação entre as línguas. (KENEDY, 2010, p.137)

Nesse viés, um princípio das línguas é de que existe o termo


sintático “sujeito”, o qual interage com o “verbo” e com o “complemento”.
Por decorrência disso, o parâmetro é que o sujeito pode não aparecer
em algumas sentenças do português, mas sempre vai se manifestar no
inglês. Logo, tais aspectos integram uma parte da Gramática Universal
gerativista.

O Objeto de Pesquisa da Sociolinguística


A sociolinguística, de acordo como foi exposto anteriormente, é
uma teoria linguística a qual pesquisa a língua dentro de uma comunidade
específica de falantes, analisando os elementos linguísticos e sociais e
também enfocando nas denominadas variantes.

Dessa forma, para Luchessi e Araújo (2016), o objeto de estudo da


sociolinguística são:
os padrões de comportamento linguístico observáveis
dentro de uma comunidade de fala e os formaliza
analiticamente através de um sistema heterogêneo,
constituído por unidades e regras variáveis. (LUCHESSI;
ARAÚJO, 2016, p.71)

Exemplo: Considerando isso, vamos analisar um exemplo de objeto


de pesquisa desse ramo da linguística:
Linguística Básica 35

Na língua portuguesa falada no Brasil, manifestar a palavra que


designa a terceira pessoa do discurso pode ser feita a partir de mais de
uma forma:

Variante 1 - Nós pescamos o peixe.

Variante 2 - A gente pesca o peixe.

Além disso, na língua portuguesa falada no Brasil, pronunciar a


palavra “nós” pode ocorrer de duas formas diferentes:

Variante 3 - Nós [n′os] “nós”.

Variante 4 - Nós [n′oiz] “nóiz”.

Note que a manifestação da unidade linguística “nós” pode ocorrer


de duas formas distintas em relação ao nível fonético da língua, ou seja,
ao som.

Já a manifestação da unidade linguística “terceira pessoa do


discurso” também pode ocorrer de duas formas possíveis, ou seja, a
partir do “nós” e do “a gente”. Esse aspecto, por sua vez, está no nível
morfológico, ou seja, no nível da palavra.

Nesse viés, o sociolinguista registra essas variantes, geralmente em


gravações, trata o material, contabiliza a frequência dessas ocorrências
e observa quais elementos extralinguísticos estão relacionados a tais
manifestações, ou seja, qual grupo social fala mais uma variante e não
outra, qual é a mais bem aceita, qual é estigmatizada, qual gênero tal
variante é mais recorrente etc.

Aliás, ressaltamos que a sociolinguística não julga qual dessas


variantes é a melhor, qual é a forma ideal a ser usada pelos falantes da
língua portuguesa, diferentemente da gramática normativa tradicional.

Objeto de Pesquisa da Linguística Textual


Relembrando brevemente sobre a linguística textual, essa é a
vertente da linguística que se ocupa a estudar os fenômenos linguísticos
associados ao texto, ou seja, os fatores de produção, de recepção e de
interpretação (FÁVERO; KOCH, 2000, p. 11).
36 Linguística Básica

Exemplo: Quer um exemplo de objeto de estudo da linguística


textual? Então veja abaixo:

Joana foi à feira. A esposa do Marcos voltou com tomates frescos.

Nesse caso, para essa teoria linguística, (1) é um texto, ainda que seja
formado por uma linha. Isso se deve porque não importa a sua extensão,
mas sim se há uma unidade linguística de sentido completo que promove
a interação entre os falantes de uma língua.

Sabendo disso, vamos nos aprofundar mais nesse objeto de


estudo. No texto (1) existem dois termos destacados: “Joana” e “A esposa
do Marcos”. Embora sejam termos diferentes, ambos agem de maneira
articulada e auxiliam no estabelecimento de sentido do texto.

O agir de maneira articulada, deve-se ao fato de “a esposa do


Marcos”, nesse texto, funcionar como um sinônimo de “Joana”, uma vez
que, na língua portuguesa, “Joana” é uma palavra feminina, bem como “a
esposa”.

Além disso, é estabelecido um sentido ligado a uma história


envolvendo Joana, uma vez que, por meio do processamento textual,
pode-se inferir que existe uma narrativa, ou seja, narra-se uma sucessão
de fatos envolvendo a personagem em questão. Por meio disso, podemos
compreender que ela, além de ser mulher, é casada com Marcos e possui
o hábito de ir à feira de sua cidade.

Vale frisar que o fenômeno textual em questão é denominado


correferência e que essa análise só foi possível, porque não ficamos
restritos à frase, mas sim a uma unidade maior, o texto.

SAIBA MAIS:

Ficou interessado em conhecer um pouco mais sobre a


correferência textual? Se sim, indicamos o seguinte artigo:
Processos de referenciação na produção discursiva, de
Ingedore Villaça Koch e Luiz Antônio Marcushi.
Linguística Básica 37

Objeto de Pesquisa da Pragmática


Conforme vimos antes, a pragmática é uma vertente da linguística
cujo objetivo é estudar a língua em seu contexto de uso a partir não só dos
elementos linguísticos em si, mas também dos elementos além desses,
como o contexto, as intenções entre os interlocutores etc. Dessa forma, o
objeto de pesquisa está relacionado ao sentido.

Exemplo: Isso pode parecer um pouco abstrato de início, mas te


convido a observar o exemplo a seguir. Imagine duas situações diferentes.

Na primeira situação: antes de irem ao casamento, o marido chega


para a mulher e pergunta a ela: “Meu bem, como estou?”. Ela responde a
seguinte sentença: “hummm... bonito, hein!”.
Figura 7 - Homem

Fonte: Freepik.
38 Linguística Básica

Agora, imagine a segunda situação: durante uma aplicação de


prova na escola, um estudante está colando do outro, mas acaba sendo
flagrado pela professora, que diz o seguinte: “hummm... bonito, hein!”.
Figura 8 - Mulher estudando

Fonte: Freepik.

Observem que nós temos a mesma sentença. Mas essa foi


empregada diferentemente na situação 1 e na 2. Na primeira há um objetivo
de elogio, enquanto que na segunda há um objetivo de repreensão por
meio da ironia.

Se fôssemos analisar apenas no nível da estrutura, ou seja, das


palavras, isso não seria possível, uma vez que existem elementos
extralinguísticos, tais quais o contexto de uso, as intenções dos
interlocutores, os interlocutores etc.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve
ter compreendido como explicar a definição e o objeto da
linguística.
Linguística Básica 39

A Linguística e as Áreas de Investigação


e Pesquisa
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de apresentar as


áreas de investigação e de pesquisa da linguística. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!.

Neste tópico, veremos as principais áreas de investigação e pesquisa


voltados à linguística. Para tal, é importante relembrar das contribuições
de Borges Neto (2004) e Cabral (2014) no que tange ao pluralismo teórico
da linguística.

Segundo os autores, em virtude do caráter complexo que a


linguagem possui, foram desenvolvidas teorias linguísticas destinadas a
estudar uma face dela. Em consequência disso, também foram escolhidos
objetos de pesquisa específicos para cada linha teórica.

Logo, esses fatores anteriores acabam desenvolvendo também as


áreas de pesquisa e de investigação linguística, isto é, campos específicos
compostos por temas de estudos associados a determinados fenômenos
da linguagem.

IMPORTANTE:

Contudo, é interessante destacar que ao falarmos “área”


não entenda como um espaço físico, delimitado e fechado,
mas sim tal qual um domínio que se expande, é poroso e
que pode ser acessado não só por uma, mas por outras
teorias.
40 Linguística Básica

Bem, fazendo essas ponderações iniciais, vamos conhecer algumas


das principais áreas de pesquisa e de investigação linguísticas.

Áreas de Pesquisa e de Investigação do


Gerativismo

NOTA:

Ao se optar pela teoria linguística gerativista, a área de


pesquisa e de investigação acabam se voltando para temas
relacionados à descrição e à compreensão da faculdade da
linguagem como uma capacidade natural humana.

Em função disso, podemos evidenciar alguns exemplos, conforme


veremos a seguir.

Uma área que pode ser estudada com base no gerativismo diz
respeito à aquisição de linguagem, a qual pesquisa a maneira como uma
pessoa consegue entender uma língua (LORANDI; CRUZ; SCHERER, 2011).

Isso se deve, pois como a teoria gerativista se interessa pela


faculdade da linguagem do ponto de vista inatista, a maneira pela qual
os seres humanos desenvolvem a linguagem é uma questão relevante
para a área.

Exemplo: Assim, um exemplo disso pode ser encontrado na tese


de doutorado de Vicente Cerqueira denominada A sintaxe do possessivo
no português brasileiro.

Essa pesquisa se encontra na área de aquisição de linguagem,


porque ela examinou a manifestação dos pronomes possessivos da
língua portuguesa (“meus” e “seus”) de maneira oral. Segundo o autor,
basicamente, os possessivos eram encontrados após o substantivo,
porém, com o tempo, as crianças estudadas começaram a colocar
antes daquele, evidenciando uma competência linguística autônoma
(CERQUEIRA, 1999).
Linguística Básica 41

Existe outra área ligada ao gerativismo, que é o ensino de língua


portuguesa. Isso pode ser visto no artigo Linguística gerativa e gramática
na educação básica, de Talita da Silva e Eloisa Pilati.

Depois de uma revisão bibliográfica dos principais conceitos


do gerativismo aliados aos trabalhos acerca da realidade das aulas de
língua portuguesa na educação básica, as autoras observaram que os
pressupostos teóricos dessa teoria linguística podem otimizar as aulas
envolvendo o ensino da gramática, oferecendo
ao aluno um aprendizado que gera a reflexão e a
compreensão da língua e de seus fenômenos, e não a
memorização de normas que, na maioria das vezes, não
trazem sentido algum ao aluno. (SILVA; PILATI, 2017, p. 62)

SAIBA MAIS:

Para se aprofundar no trabalho das autoras, acesse aqui.

Áreas de Pesquisa e Investigação da


Sociolinguística
A sociolinguística está vinculada à área de pesquisa e de investigação
que envolve diretamente as línguas e a sociedade, principalmente em
relação ao fenômeno da variação. Sabendo disso, a seguir, evidenciaremos
algumas dessas variações que podem ser pesquisadas a partir dessa
perspectiva teórica.

Inicialmente, uma possível área que pode ser explorada é a


denominada políticas linguísticas, isto é, o campo que trata da correlação
entre línguas e poder no âmbito do Estado (CALVET, 2007).

Com os estudos sobre variação linguística, foi observado que


existem relações de poder entre variantes de prestígio e marginalizadas,
necessitando, por exemplo, de políticas públicas direcionadas à
preservação ou à manutenção dessas, principalmente no que tange às
42 Linguística Básica

comunidades sem muita expressão política (quilombolas, pomeranos,


indígenas etc.).

Assim, uma pesquisa que ilustra isso é o artigo Projeto Escolas


Interculturais Bilíngues de Fronteira, de Karina Thomaz.

Nesse trabalho, a autora examina, por meio dos documentos


oficiais formulados pelo Mercosul, que política linguística fundamenta
seu projeto, enfocando instituições de ensino tanto brasileiras quanto
argentinas.

SAIBA MAIS:

Caso tenha curiosidade sobre essa área, você pode assistir


à entrevista de Xoán Langares, professor que explana sobre
o que é políticas linguísticas, a questão do bilinguismo e as
línguas em um contexto geopolítico atual. Disponível aqui.

Um outro possível tema diz respeito ao Atlas Linguístico.

DEFINIÇÃO:

O Atlas Linguístico é um mapa que evidencia a disposição e


distribuição dos falantes de uma língua em relação às suas
próprias variantes.

Nas palavras de Cardoso e Mota (2012),


O Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB) constitui-
se na primeira tentativa, em nível nacional, de descrição
do português brasileiro com base em dados coletados,
in loco, nas diversas regiões geográficas, a partir da
investigação em uma rede de pontos que se estende
do Oiapoque (ponto 001) ao Chuí (ponto 250). Trata-se,
portanto, de um projeto que se desenvolve no campo da
variação linguística. (CARDOSO; MOTA, 2012, p.885)

Inclusive, sobre a importância desse projeto, podemos citar a fala


de Paim (2016), o qual diz que
um atlas linguístico pode ser de extrema importância para
os estudos da língua, além de salvaguardar a memória
sociolinguística de um povo (documentação da história
Linguística Básica 43

da língua), pode ser um poderoso instrumento para as


políticas linguísticas (principalmente no que tange às
políticas de ensino), constituindo-se como um tesouro
muito valioso para vários ramos da ciência. (PAIM, 2016,
p.73)

SAIBA MAIS:

Ficou interessado em saber mais sobre o Atlas Linguístico


brasileiro? Então acesse o link disponível aqui e conheça.

Área de Pesquisa e Investigação da


Linguística Textual
De acordo com o que foi exposto anteriormente, a linguística textual
é a teoria linguística que investiga os vários fenômenos ligados ao texto.
Acerca disso, vamos apresentar algumas áreas de pesquisa de tal vertente.

Uma área que pode ser pesquisada com base nessa teoria é o
processamento textual. Relembrando que o texto é uma unidade de
comunicação pela qual o sentido é construído, isto é, processado, para que
isso ocorra, os seres humanos dispõem de uma série de conhecimentos de
natureza cognitiva, no caso, o linguístico, o enciclopédico e o interacional
(FÁVERO; KOCH, 2000).

Exemplo: Logo, um exemplo disso pode ser encontrado no artigo


A linguística de texto e o processamento textual de tirinhas no ENEM, de
Dikson e Rocha (2015).

Nele, os autores analisam como ocorre o processamento textual


em uma questão do Enem que contém uma história em quadrinhos.
Após isso, eles concluem que tal processamento textual concebido pela
linguística textual é de extrema importância, uma vez que esclarecem
as etapas da compreensão e da interpretação de textos, ainda mais se
tratando de um ambiente de concurso referente ao Exame Nacional do
Ensino Médio.
44 Linguística Básica

Somado ao caso anterior, também existe a área da produção textual,


que está diretamente ligada aos gêneros textuais.

DEFINIÇÃO:

Para Marcuschi (2002), esses são textos os quais possuem


uma função social, manifestam-se em situações cotidianas
de comunicação e apresentam uma série de características
de composição específica.

Uma pesquisa que ilustra a área da produção a partir dos gêneros


textuais é o artigo de Zilda Aquino e Gabriela Dioguardi denominado
Aprender a argumentar, argumentando: o gênero tweet no ensino de língua
materna.

As autoras analisam, nesse trabalho, o gênero textual digital tweet e


descrevem a sua aplicação voltada ao ensino da argumentação nas aulas
de língua portuguesa.

Na visão delas, os resultados da análise evidenciam que os


procedimentos empregados na análise do objeto de pesquisa,
além de motivarem os alunos em termos da observação
de textos que realmente circulam nas interações diárias
em sociedade, propiciaram a aprendizagem de gêneros da
ordem do argumentar. (AQUINO; DIOGUARDI, 2015, p. 60)

SAIBA MAIS:

Se você ficou curioso em relação ao trabalho anterior, é


possível acessá-lo aqui.
Linguística Básica 45

Área de Pesquisa e Investigação da


Pragmática
No capítulo passado, vimos que a pragmática é a teoria linguística
destinada ao estudo da linguagem humana em uso e das intenções dos
interlocutores relacionadas a ela dentro de um contexto real (WEEDWOOD,
2002). Recapitulando brevemente sua definição, vamos apresentar
algumas áreas de pesquisa e de investigação relacionados a ela.

Dentro da perspectiva teórica da pragmática, uma área que pode


ser estudada diz respeito à própria interpretação textual. Isso pode ser
observado no artigo de Penha Lins chamado A pragmática e a análise de
textos.

Nele, a autora se propõe a apresentar alguns conceitos dessa


linha teórica, como a relevância, a polidez e as máximas conversacionais.
Depois disso, ela analisa a maneira pela qual eles podem ser aplicados no
momento de se interpretar algum texto.

Sobre isso, Lins (2008) conclui que:


Em nossas interações do dia a dia, existe mais do que uma
troca de palavras: há uma dança social, e nós, enquanto
ouvintes, devemos ficar atentos ao ritmo da comunicação.
A Pragmática lida com essas mensagens veladas. (LINS,
2008, p.175)

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre o trabalho da autora, acesse aqui.

Além do caso anterior, outro que podemos citar é a aplicação


dessa teoria linguística na área publicitária. Isso é visto na dissertação
de Reginaldo Moreira, denominada (Des)cortesia linguística na nova
pragmática e a problemática da intencionalidade nos atos de fala violentos
na publicidade brasileira; quem é o responsável?.
46 Linguística Básica

O autor examina processos ligados a ações publicitárias que foram


alvo de denúncias junto ao CONAR a partir dos conceitos de atos de fala
descorteses e sem polidez. Segundo as conclusões de Moreira (2016),
Inferimos que essas campanhas publicitárias ofensivas
e desrespeitosas associadas às agências de publicidade
e propaganda que criam não representam a essência do
profissional do publicitário, pois seu compromisso primeiro
é criar e manter uma imagem positiva do anunciante, não
associando a marca às experiências negativas, como o
desrespeito, a violência linguística e a descortesia no
discurso publicitário. (MOREIRA, 2016, p. 138)

SAIBA MAIS:

Você gostou dessa pesquisa da qual falamos? Se sim,


acesse-a aqui.
Linguística Básica 47

REFERÊNCIAS
AQUINO, Z.; DIOGARDI, G. Aprender a argumentar, argumentado: o
genêro tweet no ensino de língua materna. Linha D’Água, São Paulo, v. 28,
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ARAÚJO, S.; LUCCHESI, D. Um estudo contrastivo sobre a


concordância verbal em Feira de Santana e em Luanda. PAPIA: Revista
Brasileira de Estudos do Contato Linguístico, v. 26, p. 71-99, 2016.

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Parábola, 2004.

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CARDOSO, S. A.; MOTA, J. A. Projeto Atlas Linguístico do Brasil:


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